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Maria Laura Oliveira David1, Maria Ângela Gonçalves de Oliveira Ribeiro2, Maria de Lurdes Zanolli3,
Roberto Teixeira Mendes4, Maíra Seabra de Assumpção5, Camila Isabel Santos Schivinski6
120 Saúde em Debate • Rio de Janeiro, v. 37, n. 96, p. 120-129, jan./mar. 2013
DAVID, M. L. O.; RIBEIRO, M. A. G. O.; ZANOLLI, M. L.; MENDES, R. T.; ASSUMPÇÃO, M. S.; SCHIVINSKI, I. S. • Proposta de atuação da fisioterapia na saúde da criança e
do adolescente: uma necessidade na atenção básica
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do adolescente: uma necessidade na atenção básica
considerando a dificuldade de deslocamento até a UBS, aos pacientes asmáticos, doença hoje responsável por
devido a limitações físicas, financeiras e à dinâmica elevado número de consultas na rede básica. Nas afec-
familiar (BRAGA; COUTO ROSA; NOGUEIRA, ções respiratórias, o treinamento é dirigido para as téc-
2008). Nesse contexto, a prática da visita domiciliar nicas de remoção de secreções brônquicas e exercícios
visa o primeiro contato com a moradia do usuário, sem ventilatórios.
necessariamente vinculá-lo ao atendimento, com pos- Na área motora, este treinamento objetiva orien-
sibilidade de orientações e identificação de problemas tar os familiares para a prevenção de encurtamentos e
locais (PORTES et al., 2011). As ações comunitárias deformidades musculoesqueléticas, uso adequado de
estão geralmente direcionadas à educação em saúde e órteses, cuidados com escaras de decúbito e também na
práticas corporais, com a realização de atividades em aplicação de estímulos para o desenvolvimento sensó-
creches, grupos escolares, envolvendo mulheres, ges- rio-motor da criança.
tantes e idosos. Podem ser oferecidas tanto em espaços Todo o programa de orientação leva em conside-
específicos destinados às reuniões ou nas próprias UBS, ração o nível de entendimento dos cuidadores, a idade
e incluem o desenvolvimento de palestras educativas, da criança, o quadro clínico em questão, bem como os
rodas de conversa ou atividades afins. (FORMIGA; recursos disponíveis para a sua resolução.
RIBEIRO, 2012) Assistência: envolve o tratamento realizado dire-
Assim, algumas possibilidades de atuação do fisio- tamente pelo fisioterapeuta ao paciente pediátrico, re-
terapeuta na AB e em ambiente comunitário são apre- alizado nas UBS ou no domicílio. É indicada para os
sentadas a seguir, mais especificamente foram aborda- casos de afecções respiratórias e motoras.
das questões referentes à saúde e cuidado da criança,
como a orientação, assistência e acompanhamento. Fisioterapia respiratória:
Orientação: corresponde a programas de orienta- Na área respiratória, a intervenção envolve a aplicação
ção por meio de palestras, treinamento aos pais, folhe- de técnicas convencionais (drenagem postural, vibração
tos explicativos e outros veículos de comunicação, so- manual ou mecânica, percussão e padrões ventilató-
bre diferentes assuntos que envolvem os cuidados com rios) a fim de remover secreção brônquica, otimizar a
a criança. Através da apropriação do conhecimento, a ventilação pulmonar e melhorar o padrão respiratório
criança e a família ganham autonomia no manejo da da criança. Outras técnicas, denominadas modernas
doença e na manutenção da saúde. (ciclo ativo da respiração, técnica de expiração forçada
Devido à sua relevância, os temas: profilaxia am- e drenagem autógena), também podem ser utilizadas
biental, métodos de prevenção de acidentes domésti- (LANNEFORS; BUTTON; MCILWAINE, 2004).
cos, conscientização sobre o aleitamento materno e a Dado o perfil especial deste grupo etário, que necessita
imunização, orientações quanto a medidas antirreflexo, de motivação e incentivo, recursos lúdicos como bolhas
limpeza nasal, uso e higiene de inaladores devem ser de sabão, língua de sogra e apitos são bons coadjuvantes
abordados. Assuntos apontados pela comunidade como na terapia respiratória. Além do uso de algumas técnicas
necessários, por meio de questionários e entrevistas, e instrumentais, como o inspirômetro de incentivo, o
são incluídos nessa dinâmica. Em situações especiais, flutter® e a tapotagem podem ser ensinados. Por serem
informações são oferecidas quanto aos cuidados com a recursos facilmente reproduzíveis pelo paciente ou cui-
oxigenoterapia e o suporte ventilatório domiciliar. dador bem treinado e orientado, promovem certa in-
Para o manejo de pacientes crônicos, são realiza- dependência para manutenção do quadro respiratório
dos programas de treinamento aos cuidadores envol- (OBERWALDER, 2000).
vendo técnicas de fisioterapia respiratória e motora, na
tentativa de garantir um cuidado domiciliar adequado. Fisioterapia motora:
Orientações para evitar agudizações ou crises devem ser Na assistência das afecções motoras, o fisioterapeuta
enfatizadas e uma atenção especial deve ser oferecida lança mão de exercícios, mobilizações, manipulações,
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os níveis de atenção básico, secundário e terciário (LU- maioria dos problemas de saúde de uma população
CAS, 2005). Contudo, pela sua própria concepção e (GIOVANELLA, 2006). Sendo que a contemplação
formação ao modelo assistencial curativo, a fisioterapia com ações vinculadas aos setores da Atenção Básica
muitas vezes é vista somente como reabilitadora de se- (AB) é recente, e realizada por meio do trabalho em
quelas e complicações quando a doença já está instala- conjunto com a equipe multiprofissional nas UBS e em
da. Esse conhecimento limitado restringe a atuação do alguns Programas de Saúde em Família (PSF) (BRASIL
profissional e destaca o pensamento popular, no qual o et al., 2005).
fisioterapeuta somente está inserido nos espaços tradi- No modelo tradicional, as UBS configuram uma
cionalmente conhecidos (hospitais e clínicas de reabili- organização territorial, um espaço físico ou até político
tação). Nessa linha, predomina a visão que a fisioterapia operativo do SUS para a prevenção e promoção de saúde
destina-se apenas à recuperação de distúrbios ortopédi- (BARBOSA et al., 2010). No Brasil, as UBS trabalham
co-traumatológicos e neurológicos (BISPO JR., 2010). com dois modelos de atenção: o tradicional, no qual a
Esse pensamento foi historicamente construído: organização dos serviços de saúde acontece por meio
na Antiguidade a principal preocupação na área da saú- de demanda espontânea ou programada, ou através da
de era tratar as doenças; no Renascimento, a divisão en- Estratégia de Saúde da Família (ESF) (TRINDADE,
tre os profissionais que deveriam reabilitar pessoas com 2012). Nas UBS, a atuação da fisioterapia pode ser
alguma morbidade e aqueles que cuidariam da saúde desenvolvida através desses dois modelos com ações de
de pessoas hígidas parece ter contribuído para que o educação em saúde, atividades domiciliares, ativida-
objeto de trabalho da fisioterapia permanecesse direcio- des em grupos, atendimentos individuais, ações inter-
nado ao atendimento de pessoas já enfermas; seguindo setoriais, acolhimento e investigação epidemiológica
com a industrialização e proliferação de novas doenças, (PORTES et al., 2011).
aumentou o interesse pelo tratamento de enfermidades Dentro das ESF, e com a ampliação da cobertura
e suas sequelas; no Brasil, por volta de 1879, teve início assistencial (FORMIGA; RIBEIRO, 2012), o Minis-
o uso de recursos físicos com o intuito de curar e rea- tério da Saúde criou o Núcleo de Apoio à Saúde da Fa-
bilitar doentes. Posteriormente, na década de 50, a alta mília (NASF). O profissional da fisioterapia compõe
incidência de poliomielite e de acidentes de trabalho essa equipe, que tem como proposta a integralidade
fortaleceu ainda mais a concepção da fisioterapia como do SUS, a ampliação das ações de atenção básica e a
reabilitadora (SILVA et al., 2007). interação com outros profissionais (NASCIMENTO;
Atualmente, o processo de formação do fisiote- OLIVEIRA, 2010). No NASF, o fisioterapeuta está apto a
rapeuta está direcionado a desenvolver competências planejar, implementar, controlar e executar políticas, pro-
e habilidades gerais para atenção à saúde, como ações gramas, cursos, pesquisas ou eventos em saúde pública,
de prevenção, promoção e proteção da saúde, além da contribuindo com planejamento, investigação e estudos
reabilitação individual e coletiva. A graduação tem um epidemiológicos. Também pode participar de câmaras téc-
perfil mais humanista, crítico, reflexivo e capacita- nicas de padronização de procedimentos em saúde coleti-
do a atuar em todos os níveis de atenção (CONSE- va; avaliar qualidade, eficácia e riscos à saúde decorrentes
LHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA de equipamentos de uso fisioterapêutico. Além disso, pode
OCUPACIONAL, 2009). No entanto, o discente ain- promover assistência organizada em acolhimento, atendi-
da tem um conhecimento limitado sobre as possibilida- mento individual, domiciliar, grupos operativos e ativida-
des de sua atuação na saúde pública, visto a escassez do des educativas em equipe (BARBOSA et al., 2010).
número de profissionais nesta área (NAVES; BRICK, Dentre os grupos assistidos, que contam com políti-
2011). cas de atenção primária, como a saúde na área da mulher,
Nos serviços de atenção primária destinados ao do trabalhador, do idoso, o enfoque do corrente artigo é a
primeiro contato do paciente com o sistema de saúde, atenção dada à criança e adolescente no que se refere às
visa-se cobrir as afecções mais frequentes e resolver a práticas da fisioterapia.
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do adolescente: uma necessidade na atenção básica
Como uma grande parte das doenças pediátri- que a fisioterapia contribuiu para a redução do nú-
cas requer a atuação da fisioterapia e se beneficia com mero de ocorrências de pneumonias em crianças
o tratamento, a ação sistematizada deste profissional (BRUNETTO, 2002).
pode contribuir para redução na demanda de consul- Existe evidência de que a aplicação de técnicas de
tas as UBS, bem como na morbidade desse grupo etá- fisioterapia respiratória para o tratamento de afecções
rio. A casuística do atendimento pediátrico presente respiratórias na infância contribui para uma melhor re-
na rede também justifica a presença deste profissional, cuperação dos pacientes (JANOSKI, 1990). Portanto,
pois há um número elevado de consultas por situa- a inclusão deste profissional na rede facilita o acesso da
ções de insuficiência respiratória aguda, exacerbações população infantil a essa terapêutica, cujos benefícios es-
de pneumopatias crônicas, debilidades do quadro tão retratados na literatura (VAN DER SCHANS et al.,
motor de diferentes etiologias, queixas álgicas e alte- 1999), principalmente na asma, bronquiolite e crises de
rações posturais de escolares e adolescentes. Para essas ‘chiado’ do lactente.
afecções, a fisioterapia conta com recursos e técnicas Fatores individuais e do ambiente de vida da crian-
manuais que podem prevenir agravos e tratar quadros ça propiciam o aparecimento de doenças e sua evolução,
instalados, por meio do auxílio na remoção de secre- em especial nos dois primeiros anos de vida, em função
ção brônquica e pela recuperação funcional através de de sua característica anatômica e imunológica. A exposi-
exercícios e mobilizações. ção a fatores irritativos e sensibilizantes, ambientes frios
A população infantil é um dos grupos etários mais e úmidos, conglomerados, são aspectos domiciliares que
vulneráveis e é assistido por meio de políticas através explicam os episódios de doenças respiratórias em crian-
do programa de saúde da criança. Este programa tem ças que residem em áreas urbanas, com recidivas, em mé-
como responsabilidades a garantia dos aspectos nutri- dia, de seis a oito vezes por ano (SÃO PAULO, 2003).
cionais, reforço constante quanto ao aleitamento ma- Além das afecções respiratórias, Portes et al. (2011)
terno, acompanhamento regular do crescimento e do destacam que há a necessidade de mais trabalhos envol-
desenvolvimento da criança, imunização por meio de vendo crianças com os outros acometimentos comuns a
campanhas de vacinação, e ainda assistência às doen- esse ciclo de vida, considerando que existe precariedade
ças prevalentes, como diarreia e infecções respiratórias quanto ao levantamento das reais necessidades que esse
agudas. grupo etário depende.
Entre as afecções mais comuns na criança, es- Nessa linha, os quadros motores apresentam altos
tão as enfermidades respiratórias. As infecções res- índices de procura por assistência em saúde, tendo a fi-
piratórias agudas (IRAs) têm relevância universal. sioterapia benefícios reconhecidos. Em situações como
Elas constituem importante causa de adoecimento o atraso do desenvolvimento motor infantil, seja devido
em crianças até os cinco anos de idade e têm ele- à prematuridade ou decorrente de encefalopatias, é uma
vada morbidade e mortalidade na infância, particu- terapêutica reconhecida como eficiente coadjuvante da
larmente nos países em desenvolvimento (NIOBEY clínica médica.
et al., 1992; RODRIGUES; SILVA; BUSH, 2002). As variações posturais são comumente encontra-
No Brasil, parcela significativa da morbidade e da das no período do crescimento e do desenvolvimento e
mortalidade infantis relaciona-se a causas evitáveis, decorrem dos vários ajustes, das adaptações, de mudan-
dependentes das melhorias dos serviços de saúde e in- ças corporais e psicossociais que marcam esta fase (PE-
vestimentos em educação e saneamento básico (RA- NHA et al., 2005). Observa-se um aumento relevante
BELAIS, 2007). na incidência de problemas posturais em crianças, sen-
A fisioterapia respiratória é utilizada com fre- do as causas mais comuns: má postura durante as aulas,
quência no tratamento das doenças respiratórias pe- uso incorreto da mochila escolar, utilização de calça-
diátricas e muitos estudos avaliam os benefícios desta dos inadequados, sedentarismo e obesidade. Através de
intervenção. Um estudo realizado em 2002 mostrou uma avaliação fisioterapêutica minuciosa da postura,
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consegue-se identificar alterações que podem trazer integrada na equipe do PSF, melhora significativamente
consequências prejudiciais à função de sustentação e de o quadro geral de saúde dos pacientes (CONSE-
mobilidade (BANKOFF; BRIGHETTI, 1986), bem LHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA
como iniciar precocemente a terapêutica adequada e OCUPACIONAL, 2005). Estes resultados motivam a
reverter o quadro. sistematização da ação do fisioterapeuta no PSF, cujas
Também o ganho ponderal das crianças resulta de ações podem levar a um grande impacto na saúde da
apoio e orientação que as mães recebem durante o pro- criança.
cesso de amamentação (ONIS; VICTORA, 2004). O Um fato importante a destacar é que a maioria da
fisioterapeuta, através da proposta do acompanhamen- população que utiliza os serviços de saúde o faz através
to indireto, pode reforçar as orientações, além de veri- do SUS. Em estudo realizado no estado do Rio Gran-
ficar a caderneta de saúde regularmente e, juntamente de do Sul verificou-se que, entre os usuários de fisiote-
com a equipe multiprofissional, verificar a adequação rapia, 66% utilizam o SUS, 25% planos de saúde ou
do desenvolvimento pôndero-estatural. convênios e 9% consultas particulares (SIQUEIRA;
Entretanto, Sousa, Erdmann e Mochel (2011) FACCHINI; HALLAL, 2005). Sistematizar a atuação
destacam a ocorrência das condições limitadoras para da fisioterapia no nível de atenção básica, com vistas à
integralidade do cuidado à criança na AB da saúde. Re- promoção da saúde e prevenção de doenças, corrobora
latam que, apesar de ações para esse grupo serem enfa- com a proposta a que este nível de atenção se dispõe
tizadas, ainda encontram-se em processo de formação e (GIOVANELLA, 2006).
implementação. Deve haver a interação entre o profis- No entanto, diante da complexidade das questões
sional da equipe, as famílias e a própria comunidade, o que envolvem os cuidados com a criança e o adolescen-
que na prática não é tão simples. te, fica claro que atuar na AB não é tarefa simples. A
Contudo, em sua revisão, Loures e Silva (2010) compreensão e a inserção do profissional na comuni-
verificam a interface entre as atuações do agente comu- dade devem ser adquiridas pela educação permanente,
nitário e o fisioterapeuta, e relatam haver uma interação bem direcionada e elaborada (PAULA et al., 2009;
entre suas atividades. Esse fato fortalece o trabalho des- RIBEIRO; SILVA; PUCCINI, 2010).
ses profissionais na atenção básica, no que concerne à Isso porque, conforme afirma Fréz e Nobre
importância da realização do trabalho em equipe. (2011), o planejamento e o direcionamento das políti-
Em um estudo realizado no município de Sobral cas públicas relacionadas à saúde são cada vez mais acer-
(Ceará), onde o fisioterapeuta participa diretamente tadas quanto mais fundamentadas estão no respeito às
no programa de saúde da família, foi constatado que perspectivas e necessidades daqueles que a utilizam. São
67% das atividades fisioterapêuticas se relacionam os usuários os mais passíveis de percepção e análises.
com a promoção de saúde e geram um alto índice de No caso das crianças, esta tarefa se destina aos pais, que
satisfação popular (BRASIL et al., 2005). O modelo devem ser educados, orientados e ouvidos com relação
estruturante do PSF deste município incorpora várias às necessidades em saúde e à satisfação com os serviços
categorias profissionais de saúde ao programa, permi- de atendimento aos seus filhos.
tindo o desenvolvimento de ações de muita importân- Importante destacar ainda que a organização atual
cia e impacto na qualidade de vida da população. Os do SUS, em equipes de referência e apoiadores matri-
impactos podem ser sentidos na saúde da criança, onde ciais, que visam a ampliação das possibilidades de realizar
há estudos que mostram redução significativa da desnu- uma clínica abrangente e uma integração dialógica en-
trição no primeiro ano de vida, mortalidade neonatal, tre as diferentes especialidades (CAMPOS; DOMITTI,
mortalidade infantil geral e por diarreia (SIQUEIRA; 2007), tem como finalidade garantir às equipes das UBS
FACCHINI; HALLAL, 2005). um maior apoio no processo de assistência (ARONA,
Também em Ipatinga (MG), há evidências su- 2009). Esse cenário ainda está em fase de construção e
ficientes que demonstram que a fisioterapia, quando envolve alguns obstáculos como a própria estrutura, o
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do adolescente: uma necessidade na atenção básica
excesso de demanda e a carência de recursos, no âmbito profissional na AB com enfoque na saúde da criança
político, de comunicação, cultural, ético e epistemoló- e do adolescente, houve o interesse em apresentar essa
gico (CAMPOS; DOMITTI, 2007), e que configuram proposta.
barreiras a todos os profissionais, incluindo os fisiotera-
peutas. No caso desses profissionais, são escassos os re-
latos quanto a tais experiências e discussões conceituais Conclusão
sobre a importância de suas ações no matriciamento.
Essa lacuna necessita ser sanada, para que a prática da A proposta de atuação do fisioterapeuta na rede bási-
fisioterapia na AB seja constituída de fato, bem como se ca de saúde aqui apresentada sistematiza a participação
defina suas relações com outros promotores da saúde e deste profissional na equipe multiprofissional, de forma
seu real foco de atuação. transdisciplinar e horizontal, além de caracterizar sua
Apesar dos problemas citados, essa nova organi- função, que não se restringe apenas à reabilitação, mas
zação cria as condições para a definitiva incorporação também à promoção da saúde, conforme rege o SUS.
desse tipo de atendimento, por facilitar a interlocução Por se tratar de uma proposta organizada de inserção
multiprofissional e a gestão do procedimento e tais deste profissional no nível primário de atenção, pode
atividades têm envolvido a orientação aos familiares, não só beneficiar o sistema, reduzindo a sobrecarga nos
auxílio no manuseio da criança doente e prevenção de níveis secundário e terciário de assistência, como tam-
enfermidades comuns desta faixa etária. Porém, por bém viabilizar o acesso da criança e do adolescente à
não haver uma descrição sistematizada da atuação deste fisioterapia.
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