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TRAVESSIA

BRASILEIROS MIGRANTES
NA LITERATURA
Teresa Sales *

academia se debruça sobre por outros aspectos secundários da trama viagem pelo M éxico, com todo o
o fenômeno das migrações que vieram a tomar o primeiro plano. conteúdo de aventura que ela
analisando seus aspectos Na primeira parte desse artigo analiso necessariamente implica, bem como o
demográficos, econômicos, alguns trabalhos pioneiros que dram a da moça originária de uma
sociais e políticos. Há porém uma outra utilizaram uma abordagem jomalístico- pequena cidade brasileira e que nos
perspectiva pela qual têm sido abordadas descritiva da emigração dos brasileiros Estados Unidos passou a trabalhar de go-
as migrações, sejam elas intemas a um e de seu cotidiano imigrante em países go girl. Apesar de retratar com mais
país ou internacionais. Pelo seu caráter estrangeiros. Na segunda parte analiso ênfase as situações atribuladas do
de epopéia, de êxodo e de aventura que obras de ficção propriamente. Em ambas imigrante brasileiro, onde o frio e a
m obiliza m ilhares de pessoas em as partes sigo a ordem cronológica da saudade são uma constante, aparecem
movimentos de desenrasizamento, as publicação das obras2. Concluo o artigo também os momentos agradáveis da
migrações têm dado origem a uma vasta com algum as considerações sobre vivência brasileira do futebol, da cerveja
produção literária. E nessa produção aspectos sociológicos que emergem e do churrasco compartilhados pelos
literária que melhor se expressa o drama dessas obras literárias. amigos.
humano das migrações. Quem melhor do Escrito com uma linguagem pouco
que Steinbeck para expressar o êxodo NARRATIVAS DAS elaborada e sem uma definição clara
rural provocado pela Crise de 1929 nos entre o trabalho acadêmico e a ficção, o
MIGRAÇÕES
Estados Unidos? livro de Bicalho tem seu valor por ser o
A pesar da recência de nossa Um dos primeiros livros sobre o prim eiro a abordar e docum entar a
emigração em direção a outros países, a imigrante brasileiro em outros países foi imigração dos brasileiros nos Estados
partir do momento em que me interessei o do psiquiatra valadarense José Victor Unidos. Tanto que Maxine Margolis
por esse fenôm eno, fiquei atenta à Bicalho (1989) intitulado: Yes, eu sou (1994) utizou vários dados apresentados
produção literária sobre o assunto1. O brazuca. Para escrever sua narrativa, o por Bicalho para comparar com os seus
que encontrei foi ainda muito pouco. autor viveu ele próprio a experiência de colhidos em Nova York. Além dessa
Porém já com algumas obras sugestivas morar e trabalhar com os brasileiros na incipiente documentação, o livro de
e que indicam um campo fértil para região da Grande Boston, no Estado de Bicalho apontou uma situação que
outros trabalhos, à medida em que o Massachusetts, nos Estados Unidos. A tendería a se intensificar nos anos
Brasil solidifica sua posição de país narrativa se passa basicam ente no subsequentes à sua pesquisa, quando
tam bém de em igração. Sobre a entorno de Fram ingham , um dos afirmou que o verdadeiro brazuca é
imigração de outros povos para nosso municípios daquela região. As estórias aquele que não mais conseguiría viver
país a produção artística e literária é não dos personagens se entrelaçam, qual um no Brasil, aquele que ficaria em um
apenas abundante, como muito presente romance de ficção, até se encontrarem vaivém sem fim. Margolis chamaria a
na mídia de grande audiência, tal como algumas num retorno ao Brasil. Na esse movimento de migração ioiô.
nas novelas da Rede G lobo que narrativa são exploradas as situações de Sobre a migração Brasil-Paraguai,
espalham a imagem do Brasil mundo relações afetivas e sexuais entre os um dos trabalhos mais instigantes que li
afora. Houve apenas uma novela dessa personagens, a comunicação com o quando realizei uma pesquisa sobre
emissora de televisão onde o tema do B rasil, a saudade, e sobretudo o migração entre os países do Mercosul
imigrante brasileiro nos Estados Unidos cotidiano de trabalho e de moradia nos no ano de 1994 foi o da jornalista Cácia
foi levantado, porém logo esmaecido Estados Unidos. Não faltou também uma Cortêz, Os Brasiguaios (1993). Além de

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fornecer um panorama desse movimento mulheres. O que não tira o mérito do sexo, crime, homicídio, suicídio e além
m igratório desde suas origens, a trabalho, pois embora a diferenciação disso com um final de extremo mau
jornalista descreve em cores vivas o positiva em nível educacional tenha gosto. E um livro que expressa contudo,
movimento de retomo dos brasiguaios vindo na bagagem das entrevistadas, a com muita clareza, o estereótipo do
para os primeiros acampamentos em sua identidade de gênero e sobretudo a malandro brasileiro. Cito dois exemplos:
regiões de fronteira entre o Brasil e o sua identidade étnica enquanto grupo um em que o personagem comunica sua
Paraguai. imigrante, foram construídas em grande decisão de deixar Nova York e uma das
Mais do que a emigração do Brasil m edida na sua vivência enquanto razões é que “está vindo muito brasileiro
para o Paraguai, o aspecto mais mulheres imigrantes. pra cá. Isso aqui está virando um troço
interessante da descrição de Cácia O utra narrativa de m ulheres pavoroso. Não é pelos brasileiros. E pela
Cortêz se refere a esse movimento de migrantes na região de Boston está falta de experiência nossa em viver no
retomo desses migrantes brasileiros, que contida em meu livro Brasileiros Longe exterior. A gente quer viver fora como
ficaram conhecidos como brasiguaios de Casa, (Sales, 1999). Copio de mim se estivesse no Brasil. Aí vamos nos
sobretudo nesse retomo. Eles migram de mesma uma fórmula que deu certo em comer, nos devorar: sacanagem pra todo
volta ao Brasil aos primeiros sinais de “Agreste, Agrestes” (Sales, 1982), e pelo lado, durante todo tempo” (p.68). E o
um plano de reforma agrária proposto mesmo motivo: uma certa insatisfação outro ao final do livro, quando o mesmo
pelo então governo da Nova República em não ver incorporadas ao texto final personagem diz: “gostei dele desde que
que se instaura no nosso país após as tantas estórias boas que me foram apareceu na agência. A quele tipo
eleições indiretas que, com a morte de contadas na pesquisa e que ficaram sem esperto, malandrinho mesmo. Made in
Tancredo N eves, leva ao poder o lugar no transcorrer dos capítulos do Brazil, manja?” (p. 156).
presidente José Sarney. Vem daí as livro. Elas se intercalam entre os Esse estereótipo é também um tema
prim eiras experiências de capítulos como se fossem fotografias ou recorrente no livro publicado três anos
acampamentos, que ocorrem justamente desenhos para ilustrar as interpretações. depois, que aliás foi um ano profícuo em
em regiões de fronteira entre o Brasil e São ao todo sete narrativas de mulheres livros de ficção sobre o im igrante
o Paraguai. (por mim recriadas livremente e usando, brasileiro. Trata-se do livro de Roberto
como para todas as demais citações de Athayde, Brasileiros em Manhattan,
Ainda sobre a região da Grande
entrevistas, nomes fictícios), contadas publicado pela Topbooks em 1996.
Boston nos Estados Unidos, existe uma
em três episódios - Aventura, Trabalho, Nesse livro o autor, com mais domínio
outra narrativa mais atual do que aquela
Dilema. da tram a e da linguagem (autor já
de José V ictor B icalho referida
anteriormente. Produzido parcialmente conhecido, tendo antes publicado a
com recursos da própria autora - Heloísa OBRAS DE FICÇÃO conhecida peça de teatro “Apareceu a
Souza, jornalista que mora e trabalha em SOBRE AS MIGRAÇÕES Margarida”), apresenta a todo tempo
Boston, na Secretaria de Educação, além situações de esperteza e malandragem
de estar à frente do Grupo M ulher Os cinco livros publicados e do brasileiro. São porém histórias mais
Brasileira - esse trabalho foi divulgado divulgados em grande circuito por divertidas, frequentemente contrastadas
em 1997 e se chama Retrato em Branco editoras com erciais, são todos eles com a cultura americana através dos
e Preto - narrativa de m ulheres trabalhos de ficção que, a meu juízo, personagens daquele país que entram em
brasileiras im igrantes na área da foram melhorando de qualidade dos cena convivendo com os brasileiros. O
Grande Boston - 1995-1996. Trata-se da primeiro até os últimos. O primeiro que mundo dos brasileiros nesse livro ainda
transcrição ipsis Uteris de 11 entrevistas chegou às livrarias foi 46th Street - o é o submundo de Nova York, onde
realizadas com mulheres brasileiras, caminho americano, de autoria de Luiz esporadicamente aparecem as situações
narrando suas experiências de gênero, A lberto Scotto e publicado pela de trabalho, mas como se fossem cenas
trabalho, família, Brasil versus Estados Brasiliense em 1993. A leitura desse que ficam para trás, sem aparecer no
Unidos. Como a maioria das mulheres livro provocou em mim uma reação palco.
entrevistadas (8 dentre as 11, ou seja, sem elhante a de uma de minhas Esse livro de R oberto A thayde
cerca de 3/4) pertencem a movimentos entrevistadas na pesquisa que realizei em encerra-se com considerações do autor
de apoio à comunidade brasileira na Fram ingham (m unicípio da região sobre a recente migração de brasileiros
região da Grande Boston, sendo também m etropolitana de Boston, Estados para países do Primeiro Mundo: “Nova
a maior parte delas (também cerca de 3/ Unidos) em 1996, em face de sua leitura York, seja pelas vastas perspectivas que
4) constituída de pessoas com nível do livro de Victor Bicalho: “mas ele só oferecia à juventude oriunda do Brasil,
superior de escolaridade, o resultado é viu o lado ruim?” seja pela importância de suas boates ou
de um perfil bastante diferenciado das O livro é uma sucessão de droga, pela intensa vida cultural que lhe

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proporcionava, parecia a Vladimir um brasileiro com outra cultura fica muito estilo, o autor - Sérgio Vilas Boas,
ideal que m erece ser difundido e evidente, porém aqui sem o peso tão jornalista e escritor - baseou seu livro
prom ovido ju n to a todo o povo forte do estereótipo brasileiro malandro. numa com posição de inform ações
brasileiro, sem discriminação [...] É Mas sim um olhar algo irônico de uma extraídas em mais de 100 entrevistas
mister cooptar os segmentos menos jovem brasileira que faz naquele país feitas com imigrantes brasileiros em
visíveis da nossa sociedade, se serviços destinados hoje em dia aos Nova York de setem bro de 1993 a
quisermos penetrar no terceiro milênio imigrantes (no caso da personagem, outubro de 1994, além do material de
com um Brasil firmemente emparelhado sobretudo os serviços domésticos) e que dados secundários.
ao Prim eiro M undo através desses vê por dentro a hipocrisia da falsa moral Paralelo à trama principal do livro, o
heróicos incorformados, dispostos a assentada em valores religiosos autor usa as situações de entrevistas para
empurrar nossas fronteiras ao hemisfério arraigados. apresentar vários personagens
norte” (p.282). Ainda da leva de 1996, o livro secundários (e o gênero aqui é
O outro livro de ficção sobre o tema Clandestinos - Aventuras verídicas de tipicamente masculino, ao contrário do
“brasileiro im igrante em países do um guia de im igrantes ilegais nas livro de Regina Rheda referido acima),
Primeiro Mundo” da leva de 1996, é de Fronteiras Americanas é atípico em através dos quais tece considerações
uma escritora, contista, também ela já relação aos três anteriores, por não ser preciosas sobre a vida de trabalho do
com experiência literária. Trata-se do uma obra de ficção propriamente, muito brasileiro imigrante em Nova York, bem
livro Pau-de-Arara Classe Turística, de embora, tal como o de Victor Bicalho, como de seus parâmetros comparativos
Regina Rheda, publicado pela Editora aqui também o autor faça sua narrativa da cultura brasileira versus a cultura
Record. Esse livro tem claramente a em forma de ficção. O próprio título do americana. Tendo o livro de Maxine
m arca de gênero (é basicam ente a livro já é suficiente para definir o que Margolis (1994) como um parâmetro
experiência de uma imigrante mulher) ele contém. O autor é desconhecido e invisível para sua narrativa, Vilas Boas
encravada na obra de ficção. Fazendo usa o pseudônimo de Thales de Leon. encerra o seu livro constatando a típica
um percurso migratório através de sua U sa-o de propósito para não ser situação do cidadão ioiô vivenciada por
personagem que parte do Brasil e vive identificado, exatamente pelo conteúdo um de seus personagens, onde se passa
suas experiências de vida e de trabalho das estórias que vão relatadas no livro, a convivência de duas metades - uma
em Londres e na Itália, a autora relata algumas com implicações que poderíam brasileira e outra americana. E encerra-
com extrema sensibilidade situações de prejudicá-lo. o também constatando que “ninguém é
liminaridade que poderíam ser vividas o mesmo depois de romper fronteiras”
As situações de risco vividas por um
por qualquer migrante brasileira em hom em comum que se torna (pag. 382).
semelhante situação. atravessador de migrantes brasileiros
Aqui a autora, à semelhança do autor clandestinos na fronteira M éxico- CONSIDERAÇÕES FINAIS
de Brasileiros em Manhattan, introduz Estados Unidos, mostram um retrato
considerações de natureza sociológica m uito próxim o a uma realidade Esse “ninguém é o mesmo” faz parte
em sua obra de ficção, com a diferença frequentem ente referenciada nos na verdade de um processo social vivido
que ela o faz já ao início do livro, e não exemplos e nas representações dos em várias etapas de romper fronteiras.
ao seu final. Assim ela o inicia: “Nas brasileiros imigrantes de minha amostra E esse processo im plica em levas
décadas finais do século XX, o Brasil de pesquisa, como algumas peças de (sucessivas no tempo) de migrantes que
viveu um fenômeno inédito em seus teatro a que lá assisti, escritas e vão, que retomam ao Brasil, que voltam
quinhentos anos de história. Um grande encenadas por pessoas da comunidade novamente ao país de destino, formando
número de jovens brasileiros de classe católica na Paróquia de São Tarcísio em assim uma cadeia que aos poucos vai se
média decidiu trocar o diploma pelo Framingham. solidificando, assentada nas várias redes
esfregão, a roupa de grife pelo avental, E finalmente, o último livro de ficção sociais que nada mais são do que os
o volante pela pia, a prosperidade pela que saiu publicado sobre esse assunto sustentáculos para a continuidade
gorjeta e o Brasil pelo Primeiro Mundo (pela Rocco E ditora em 1997), daquela cadeia migratória, resultando na
[...] A informação de que descendentes Estrangeiros do trem N, tem também formação de um novo grupo étnico.
de estrangeiros tinham direito ao como cenário Nova York. Aqui os Essas redes sociais são então a base
passaporte do país dos ancestrais protagonistas da história fazem uma de sustentação da nova etnia que começa
espalhou-se entre a juventude com a conexão m ais elaborada entre as a se constituir, a partir sobretudo do
velocidade de um mexerico” (p. 7). Essa experiências de trabalho e de vida no momento em que a perspectiva é de uma
é a base da crônica de viagem de sua Brasil e nos Estados Unidos. Embora permanência mais longa (para não falar
personagem , onde o contraste do seja uma obra de pura ficção, do melhor ainda em definitiva) no país de destino.

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A partir do m omento em que o social através dos negócios (ou comércio NOTAS
brasileiro imigrante em outros países étnico) mantidos pelos brasileiros na
1 - E s s e a r t ig o é p a r c i a l m e n t e r e t ir a d o d e m e u

começa a se constituir enquanto um Grande Boston, sobretudo nas cidades liv r o S A L E S , 1 9 9 9 .

grupo étnico, ele vai construindo sua de Fram ingham , M arlborough e 2 - A d i a n t o q u e a m i n h a p e s q u i s a n ã o f o i

própria auto-imagem enquanto grupo, Somerville. e x a u s t i v a e q u e , p o r t a n t o , p o s s i v e l m e n t e

em sua alteridade com os demais grupos A valorização do imigrante brasileiro


e x is t ir ã o o u t r a s o b r a s q u e n ã o c o n h e ç o e s o b r e

a s q u a is g o s t a r i a d e t o m a r c o n h e c i m e n t o , c a s o

étnicos da sociedade de destino. Essa pelo seu trabalho também é um aspecto o s p r e z a d o s le it o r e s d e T r a v e s s ia p u d e r e m s e

auto-imagem é veiculada não apenas recorrente nos livros analisados c o m u n i c a r c o m o s e d i t o r e s d a r e v i s t a c o m

através do olhar do entrevistador, que a anteriormente. Pude observar que há


in d ic a ç õ e s a r e s p e it o .

reproduz em suas análises (refiro-me uma certa sequência temporal nessa


3 - A n a lis o m a i s d e t i d a m e n t e e s s e a s s u n t o e m

S a l e s , 1 9 9 9 .
aqui especificam ente a m eu livro valorização do im igrante pelo seu
Brasileiros Longe de Casa, Sales, 1999), trabalho. Pois os primeiros livros de REFERÊNCIAS
mas tam bém através dos meios de ficção sobre o brasileiro im igrante
comunicação, tanto na imprensa, como, BIBLIOGRÁFICAS
ressaltam muito mais o estereótipo do
no caso aqui analisado, nas obras brasileiro malandro. Essa é a marca A T H A Y D E , R o b e r t o
literárias. principal, por exemplo, do livro de ( 1 9 9 6 ) B r a s i l e i r o s e m M a n h a t t a n . R i o d e

No caso da imprensa3, vale a pena Scotto (1993). No livro de Athayde, J a n e i r o , T o p b o o k s .

ressaltar aqui apenas o contraste entre o publicado três anos depois (1996), B I C A L H O , J o s é V i c t o r

enfoque da imprensa brasileira e o da tam bém há uma exploração m uito ( 1 9 8 9 ) . Y e s , e u s o u b r a z u c a . G o v e r n a ­

imprensa americana. grande desse estereótipo do brasileiro d o r V a l a d a r e s , G r á f i c a I b i t u r u n a .

Quando comecei a acompanhar as malandro no submundo de Nova York. C O R T Ê Z , C á c i a

notícias da imprensa sobre os novos Mas já aparecem aí mais situações que ( 1 9 9 3 ) B r a s i g u a i o s : O s r e f u g i a d o s d e s ­

c o n h e c i d o s . S ã o P a u l o , B r a s i l A g o r a .

fluxos m igratórios da população m ostram o b rasileiro trabalhador,


L E O N , T h a l e s d e

brasileira, a partir do banco de dados situações cada vez mais recorrentes nos ( 1 9 9 6 ) C l a n d e s t i n o s - A v e n t u r a s v e r í d i ­

m antido pelos alunos bolsistas da demais livros de ficção apresentados na c a s d e u m g u i a d e i m i g r a n t e s i l e g a i s n a s

pesquisa desde o primeiro projeto CNPq segunda seção desse artigo. f r o n t e i r a s a m e r i c a n a s . R i o d e J a n e i r o ,

em 1993, um dos aspectos que logo me Na primeira seção do artigo, quando D o m í n i o P ú b l i c o .

chamou a atenção foi o conteúdo das analiso as narrativas relativas ao M A R G O L I S , M a x i n e

( 1 9 9 4 ) L i t l e B r a z i l : I m i g r a n t e s b r a s i l e i ­

notícias que saíam na im prensa imigrante brasileiro na região de Boston r o s e m N o v a Y o r k . C a m p i n a s , P a p i r u s .

americana, em comparação com o que (não estou considerando aqui a narrativa


R H E D A , R e g i n a

era veiculado na imprensa brasileira. Se sobre os Brasilguaios, que tem sua ( 1 9 9 6 ) P a u - d e - a r a r a c l a s s e t u r í s t i c a . R i o

do lado da imprensa brasileira “2/3 dos especificidade por ser um contexto de d e J a n e i r o , R e c o r d .

temas abordados na imprensa, nessa m igração de fronteiras e de S A L E S , T e r e s a

am ostra de m atérias a que tivemos trabalhadores rurais), é sobretudo o ( 1 9 8 2 ) A g r e s t e , A g r e s t e s : T r a n s f o r m a ­

acesso num primeiro levantamento, têm mundo do trabalho que está presente, o ç õ e s r e c e n t e s n a A g r i c u l t u r a N o r d e s t i ­

n a . R i o d e J a n e i r o , P a z e T e r r a ; S ã o
uma sinalização visivelmente negativa que é sem dúvida condizente com o que
P a u l o , E d i t o r a B r a s i l e i r a d e C i ê n c i a s .

quanto ao teor desses novos fluxos se sabe sobre a migração de brasileiros


S A L E S , T e r e s a

migratórios do Brasil” (referia-me aos para essa região dos Estados Unidos, ( 1 9 9 4 ) “ B r a s i l M i g r a n t e , B r a s i l C l a n d e s ­

tem as sobre clandestinidade, caracterizada sobretudo por ser uma t i n o ” . S ã o P a u l o e m P e r s p e c t i v a , v o l . 8 ,

criminalidade e discriminação) (Sales, migração de mão-de-obra (ou migração n fi1 , j a n / m a r .

1994:108), do lado da im prensa laboral, como se diría com mais precisão S A L E S , T e r e s a

americana a sinalização era muito mais linguística em espanhol). Na sequência ( 1 9 9 9 ) B r a s i l e i r o s L o n g e d e C a s a . S ã o

P a u l o , C o r t e z E d i t o r a .
positiva. das narrativas de Bicalho (1989), Souza
S C O T T O , L u i z A l b e r t o

Nas 15 matérias divulgadas pelo (1997) e Sales (1999), há também uma


( 1 9 9 3 ) 4 6 t h S t r e e t - O c a m i n h o a m e r i ­

Boston Globe entre 1993 e 1997 sobre ênfase no imigrante brasileiro pela sua c a n o . S ã o P a u l o , B r a s i l i e n s e .

imigrantes brasileiros (sem contar outros vinculação ao mundo do trabalho, sendo S O U Z A , H e l o í s a

jornais onde os imigrantes brasileiros só esse inclusive o título de um dos ( 1 9 9 7 ) R e t r a t o e m B r a n c o e P r e t o - n a r ­

apareceram esporadicam ente), dois episódios em que se dividem as sete r a t i v a d e m u l h e r e s b r a s i l e i r a s i m i g r a n ­

aspectos que foram recorrentes em histórias de Sales. t e s n a Á r e a d a G r a n d e B o s t o n - 1 9 9 5 -

1 9 9 6 .

várias notícias eram relacionados à * Teresa Sales é Pesquisadora do Núcleo V I L A S B O A S , S é r g i o

valorização do imigrante brasileiro pelo de Estudos de População - NEPO/ ( 1 9 9 7 ) O s E s t r a n g e i r o s d o t r e m N . R i o

seu trabalho, e ao fato de sua ascensão Unicamp. d e J a n e i r o , R o c c o .

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