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Guia OMS
Guia OMS
ESTUDOS
COMBATE À PRECARIZAÇÃO DA
SAÚDE DA MULHER EM CAMPOS
DE REFUGIADOS
"Tudo afeta você, porque lá uma
- Refugiada anônima
Organização
Jornal
Julia Ordonio
Audiovisual
Fernanda Pinaffi
Fotografia
Carolina Lorenzetti
Eduarda Sampaio
Gabriela Trevisol
Rafaela Baisso
Shayenne Chrispim
Staff
Rafaela Franco
10 Anos de Confemack....................................................................................................04
Deveres.............................................................................................................................05
Regras Procedimentais.....................................................................................................06
Documentos.....................................................................................................................09
Avaliação e premiação......................................................................................................16
Sanções............................................................................................................................17
Imprensa...........................................................................................................................17
O Comitê..........................................................................................................................18
Definição do Problema.....................................................................................................19
Panoramas........................................................................................................................27
Comentários da Mesa.......................................................................................................40
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CARTA DE APRESENTAÇÃO
É com imenso deleite que toda a organização agradece à participação de todos os
delegados na histórica décima edição da Confemack. O evento é não só um espaço de
vasto aprendizado, mas também um momento de diversão e crescimento pessoal para cada
um que se envolve com a conferência. Destarte, as experiências vivenciadas no ambiente
da simulação nos marcam para a vida, tanto acadêmica e profissional, quanto particular;
com isso em mente, é com muito esmero que a organização da Confemack prepara cada
detalhe. Isto posto, gostaríamos de apresentar a Mesa Diretora, composta por:
Giovanna Caroline Pantalena, aluna do 3º ano Psi. Dentre suas experiências com
simulações, constam quatro Confemacks, além de eventos como SPMUN e Fórum FAAP,
totalizando oito eventos como delegada e jornalista. O interesse pelas relações geopolíticas
que desenvolveu e a paixão pela pesquisa confirmam o seu desejo de cursar Economia no
ensino superior. Porém, foi principalmente a percepção de outras realidades concebida
durante as simulações da ONU que a inspiraram a entender — e talvez mudar — como
funcionam os mais diversos contextos presentes no mundo. Em suas palavras: “As
simulações são parte de quem eu sou, e a cada experiência eu aprendo infinitas coisas. É
mais do que uma honra poder organizar a Confemack, e que eu, junto com meus colegas
da Mesa e da organização, possamos inspirar os delegados assim como outras Mesas me
inspiraram um dia.”
Marcos Vinícius de Paula, aluno do do 3º ano Sigma. Sempre apaixonado por ciências
humanas e por debates, Marcos iniciou sua trajetória de simulações em 2017, na própria
Confemack, graças ao incentivo da sua professora de geografia Nora. Hodiernamente,
apresenta participações num total de sete eventos, todas como delegado. Dentre os
diversos ganhos dentro de tal universo, ele destaca os fatores de pesquisa e oratória. Em
suas palavras: “Projetos como a Confemack me mudaram por completo, não tenho a
menor dúvida, que levarei as experiências como simuleiro para o resto da minha vida.
Enquanto diretor, darei o meu máximo para proporcionar a todos, a melhor Confemack já
feita, e quem sabe, retribuir tudo que este projeto incrível um dia me promoveu.”
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Sofia Damian Parreira, aluna do 3º ano Ômega. Iniciou nas simulações em 2017,
participando da VII Confemack, como delegada da Bélgica ganhando o prêmio Delegação
Revelação. Continuou sua participação em mais 5 simulações, sendo duas externas: 2018
na SPMUN e 2019 no Fórum FAAP. No Fórum FAAP de 2020, foi Chefe de Delegação
representando o Mackenzie Tamboré. Na IX Confemack sua delegação ganhou o prêmio
Melhor Negociador. Seu contato com as simulações foi muito importante para o seu
desenvolvimento acadêmico e pessoal, garantindo uma melhor oratória, escrita e
negociação, além de aprofundar seus estudos em diversos temas e vários países. Com forte
influência das simulações, irá cursar a Faculdade de Relações Internacionais. Ela diz:
“Fico muito honrada por fazer parte da Mesa Diretora da X Confemack com meus
parceiros Giovanna, Marcos e Stefano e poder fazer parte da história desse evento tão
maravilhoso que muito me fez crescer. Juntamente com meus amigos que compõem a
Mesa Diretora, Imprensa e Staff esperamos que todos os delegados tenham a melhor
experiência e se apaixonem pela Confemack como somos apaixonados.”
Stefano Pires Benetti, aluno do 3º ano Iota. Ao participar da XVII Confemack, veio a se
interessar profundamente por diplomacia e política externa, além das relações que
estabelecem com as ciências. Em 2018 e 2019, Stefano participou duas vezes da
Confemack e do Fórum FAAP de Discussão Estudantil. Em 2020, ele teve a honra de
tornar-se integrante da Mesa Diretora da décima Confemack. Segundo ele “As simulações
têm um poder incrível de mudar tudo que sabe-se sobre si mesmo, moldando a construção
da mentalidade do ser humano, além de expor lhe aos mais belos e complexos fluxos
sociais e acontecimentos, que, como um conjunto de engrenagens, movem o mundo,
criando uma sociedade intrincada e intrigante. Assim, simulações da ONU são um
excelente modo de preparação para a pluralidade à qual o homem é exposto na vida a
partir do ensino superior, além de providenciar-lhe com ferramentas fantásticas, como o
raciocínio lógico e a habilidade de pesquisa efetiva”.
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10 ANOS DE CONFEMACK - Por Leila Mansini Fiamozzini
Em princípio uma ideia puxou outra e outra e, assim, em 2011, juntos, uma equipe
de professores e alunos, realizavam a primeira Confemack. Um sucesso! Um evento de
simulação das discussões da ONU feito pela primeira vez no Colégio Mackenzie Tamboré,
contando com a participação facultativa de alunos do 9º ano do ensino fundamental ao 3º
ano do ensino médio.
A partir daí, nos anos seguintes, cada um com uma nova equipe, preparava-se o
próximo evento. E a cada ano, à medida que novas ideias iam surgindo e a tecnologia
evoluindo, muitas superações e avanços. Lições de hierarquia, liderança, respeito,
aprendizagem, crescimento, escolha de carreira, comemorações, amizades, brigas, até
namoro. Tudo acontecia e sempre de modo intenso!
Até que se chegou aos 10 anos de Confemack. Um momento para lá de especial
que precisava ser comemorado e realizado de forma diferente. Afinal, são 10 anos!! No
entanto, há dez anos não se imaginava chegar tão longe e muito menos num ano como
este, tão fora do planejado. Acontece que Confemack é Confemack e, mais uma vez,
independente de ser 2020 (sabem o que isso significa, certo?), nos superamos.
10 anos de Confemack! Um evento todo realizado com distanciamento social, mas
com qualidade surpreendente, fruto de experiência adquirida ano após ano.
10 anos de Confemack! Buscava-se um evento marcante, diferente, que ficasse na
história. E este evento está acontecendo!
Parabéns aos professores orientadores, à Mesa Diretora, imprensa, staff e aos
delegados, cuja presença é essencial para a realização desse evento.
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DEVERES
❖ Deveres da organização
É dever intrínseco da organização assegurar o bom funcionamento do evento,
garantindo a ordem dentro de todas as sessões e assegurando a realização de todos os
procedimentos necessários. Mais especificamente, é dever da Mesa Diretora declarar o
início, o adiamento e o término de cada sessão, além de realizar o controle do tempo de
cada discurso, mediar votações e avaliar a precedência de questões, moções e de
documentos apresentados.
Dessarte, ressalta-se a soberania da Mesa Diretora, que atua de maneira imparcial a
fim de garantir um debate igualitário para que prevaleça a diplomacia e o direito de
expressão de todas as nações presentes nos comitês.
❖ Deveres dos delegados
É dever dos delegados representarem seu país de maneira correspondente com a as
políticas e princípios desse. Assim, esses devem dedicarem-se ao estudo do tema
apresentado e de todos os assuntos relevantes, a fim de cumprirem com os objetivos dos
comitês e garantirem seu posicionamento segundo a política externa de suas nações.
Ademais, é dever dos delegados manter o decoro durante todas as sessões do comitê,
cumprir todas as regras estabelecidas neste guia, utilizar o linguajar diplomático em seus
discursos e apresentar-se nas sessões trajando vestimentas sociais.
Outro aspecto extremamente importante no que se refere à conduta dos delegados é
a ética. A Confemack, além de acontecer num ambiente escolar que preza pela
honestidade acadêmica, é um evento que acima de tudo educa e forma pessoas. Todos os
participantes devem agir eticamente, antes, durante e após as sessões, em todos os
contextos. Finalmente, é fundamental comunicar-se com a delegação e respeitar os demais
presentes, bem como as decisões tomadas pela organização.
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REGRAS PROCEDIMENTAIS
❖ Quórum
A cada início sessão ocorre a chamada quórum, quando a Mesa Diretora chama
cada delegação, as quais devem declarar-se Presente ou Presente Votante (Presentes
Votantes não podem se abster de votações substanciais). É preciso no mínimo ⅓ das
delegações presentes no comitê para dar início à sessão. Após a chamada, serão
informadas as maiorias simples e qualificada.
1. Questão de Dúvida
Pode ser utilizada por uma delegação que deseja sanar uma dúvida procedimental
ou de outra natureza. (Exemplo: que horas a sessão será adiada?).
2. Questão de Ordem
Empregada para informar à Mesa ou aos Staff a respeito de erros procedimentais
cometidos pela organização (Exemplo: o país X consta duas vezes na lista de discursos).
❖ Moções
As moções são mecanismos para adequar detalhes ou até a organização do debate.
Podem ser levantadas pelos delegados no intervalo entre discursos e a Mesa avaliará a
precedência dessas. As moções mais triviais são:
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1. Moção para debate moderado
Nessa modalidade de debate a Mesa escolhe as delegações a discursarem sem uma
ordem pré definida. Ao pedir a moção, o delegado deve especificar de quantos discursos
será o debate e quanto tempo cada discurso terá, além de apresentar uma justificativa.
Necessário maioria simples para aprovação.
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❖ Modalidades de debate
1. Discurso inicial
Na primeira sessão, todas delegações devem fazer um discurso inicial para afirmar
sua posição em relação ao tema perante o comitê. Os discursos são feitos na ordem
estipulada pela Assembleia Geral (lista em anexo na bibliografia) e os delegados têm um
minuto e meio para realizarem seu pronunciamento. É incentivado que as delegações
façam o discurso inicial na língua nativa do país, e depois profiram o discurso em
português, apesar de não ser obrigatório. Nesse caso, as delegações terão três minutos.
2. Lista de discurso
É a modalidade padrão de debate, sendo a qual iniciam-se todas as sessões. As
delegações que desejam se pronunciar devem sinalizar para o Staff Técnico, que colocará o
país na lista, e assim a Mesa Diretora reconhecerá as nações para discursarem. Ao término
de cada discurso, a Mesa indicará quanto tempo de discurso resta. A delegação tem a
opção de ceder o tempo à Mesa ou cedê-lo à outra delegação.
3. Moderado
Por meio de uma moção, o modelo do debate pode ser alterado para debate
moderado, no qual a Mesa Diretora escolhe as nações que irão se pronunciar sem seguir
uma ordem pré definida.
4. Semi-moderado
No discurso semi-moderado não há qualquer moderação da Mesa, assim os
delegados podem falar em qualquer ordem. A diferença entre debate semi-moderado e
não-moderado é a de que em situações presenciais, no debate não-moderado os delegados
ficam livres para transitar pelo auditório, enquanto no semi-moderado devem permanecer
sentados.
5. Sala anexa
A sala anexa e uma dependência reservada para formalizar os documentos acerca
dos tópicos já debatidos em sessão. Após aviso da Mesa Diretora, um delegado por
delegação poderá se dirigir a sala anexa, que no modelo online será feita por meio de sala
simultânea. Como o objetivo desse recurso e a finalização dos documentos de trabalho, a
única modalidade de debate possível dentro desta é semi-moderado.
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DOCUMENTOS
❖ Documento de Posição Oficial (DPO)
No primeiro dia de Confemack, as delegações devem entregar à Mesa Diretora este
documento pronto. Como o próprio nome já declara, o DPO contém a posição oficial do
país representado pelos delegados no que se refere ao tema a ser discutido. Os delegados
devem preparar dois documentos, um para cada comitê, cada qual com seu respectivo
tema. O Documento de Posição Oficial deve, obrigatoriamente, seguir a seguinte
formatação:
O DPO deve responder às seguintes perguntas, mas NÃO deve ser em tópicos, e
sim na forma de texto dissertativo:
Nas páginas a seguir, constam modelos de DPO usados, respectivamente, pelos
diretores Stefano Benetti, no Conselho Europeu com o tema “Impactos Econômicos do
Brexit à Comunidade Europeia”, representando a Espanha e pela diretora Sofia Damian
Parreira, na Assembleia Geral das Nações Unidas, com o tema “Tensão na Ucrânia: para
além da Crimeia”, representando a Alemanha:
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REINO DA ESPANHA
Conselho Europeu
No cenário atual da comunidade europeia, é iminente um hard brexit por parte do Reino
Unido, o que pode impactar diretamente a economia espanhola. Segundo o ICEX (Instituto
Espanhol de Comércio Exterior), atividades econômicas da Espanha com Reino Unido
correspondem a vinte milhões de Euros anualmente. Trinta e três por cento dessas ações são
relativas à prestação de serviços turísticos a cidadãos ingleses. Com o fim da isenção de impostos e
da livre circulação de pessoas e mercadorias proporcionados pela União Europeia, tais números
podem decrescer acentuadamente.
Propõe-se para a resolução do conflito que os Estados, em conjunto com o FMI e o Banco
Central Europeu, avaliem quais setores de sua economia mantêm mais relações com o Reino Unido,
permitindo a criação de planos de contingência pós brexit, como faz o Reino da Espanha. Além
disso, sugere-se a criação de medidas econômicas para a atração de investimentos estrangeiros,
tendo em vista que o IDE (investimento Direto Estrangeiro) em bolsas europeias cai pela metade
com o brexit.
___________________________________________
Stefano Pires Benetti
Representante do Reino da Espanha frente ao Conselho Europeu
REPÚBLICA FEDERAL DA ALEMANHA
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❖ Documentos de Trabalho
São as compilações de todas as propostas discutidas e conclusões do comitê, e
geralmente são finalizados na sala anexa. Após sua finalização, o documento deve ser
enviado para a Mesa Diretora, que irá verificar a formatação e a validade do documento.
Assim que estiver pronto para ser apresentado, as nações redatoras devem ler todo o
documento para os demais e, se nenhuma ressalva for necessária, a discussão poderá
seguir para o próximo assunto da agenda. Os tópicos são iniciados por verbos na terceira
pessoa do presente do indicativo.
A seguir está um exemplo de Documento de Trabalho usada no tema: Crise da Crimeia
Documento de trabalho #2
Signatários: China, França, Noruega, Alemanha, Índia, Polônia, Paquistão, Reino Unido,
Azerbaijão, África do Sul, Costa do Marfim, Lituânia, República Dominicana, Kuwait, Estados
Unidos da América, República Italiana, Croácia, Moldávia, Nicarágua, Federação Russa, Irã,
Zimbábue, Quirguistão, República da Sérvia, Ucrânia, Bolívia, Síria, Cuba, Indonésia
Bielorrússia, Uzbequistão.
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❖ Proposta de Resolução
No último dia de evento, agrupa-se todos os Documentos de Trabalho (menos a
Agenda), originando as cláusulas operativas da proposta de resolução. Além disso, deve-se
escrever um preâmbulo, que tem como função reiterar fatores, acordos já existentes ou
princípios em que os delegados se basearam para escrever toda a proposta. O preâmbulo é
iniciado sempre por verbos no gerúndio. Ao fim da proposta, estarão listados os países
redatores e os signatários. Assim como os Documentos de Trabalho, a proposta deve ser
enviada à Mesa Diretora e após sua finalização, lida pelos redatores para todo o comitê.
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❖ Votação da Proposta de Resolução
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OMS → Combate à Precarização da Saúde da Mulher em Campos de Refugiados
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envolve muito menos para as necessidades específicas para a saúde das mulheres
refugiadas que vivem nestes campos.
O tema da precarização da saúde da mulher em campos de refugiados pode ser
dividida em três principais vertentes, as quais serão abordadas no comitê da OMS na
décima Confemack: (1) acesso à alimentação, água e medicamentos; (2) número de
profissionais da saúde e profissionais do sexo feminino, infraestrutura hospitalar,
residencial e de saneamento; (3) além da saúde mental da refugiada.
Contextualização do tema
Os campos de refugiados, mundialmente, recebem em torno de 70 milhões de
refugiados, de países como Somália, Síria, Sudão do Sul, Iraque, Palestina, Venezuela,
Myanmar, Coreia do Norte, Ruanda, entre outros. Ao longo do tempo, a ACNUR e a OMS
desenvolveram um modelo ideal de um campo de refugiados, com instalações hospitalares
para prontos socorros, banheiros para desinfecção, hortas para a produção de alimentos,
entre outras edificações de infraestrutura primárias. Ao chegarem no campo, os refugiados
deveriam ser documentados, e em seguida estabelecidos em moradias adjacentes.
No entanto, o status quo é extremamente discrepante do que é alvitrado pela ONU,
com campos de refugiado sofrendo quase que rotineiramente com epidemias,
superlotação, infraestrutura hospitalar, escolar e de saneamento precárias, além da
ausência de moradias apropriadas e baixo número de profissionais da saúde capacitados,
segundo dados da revista Super Interessante.
Definição do Problema
Merece especial destaque a situação de cuidados com a saúde nessas campos de
refugiados. Devido à altíssima densidade populacional dos campos, junto com as precárias
condições de saneamento básico e infraestrutura hospitalar e residencial, é evidente um
elevado número de contaminações por doenças transmissíveis por excrementos como
ancilostomose (causada pelo parasita Ancylostoma duodenale, 150 mil de casos anuais),
cólera (causada pela bactéria vibrio cholerae, 500 mil casos anuais) e leptospirose
(causada pelo agente Leptospira interrogans, 200 mil casos anuais), segundo dados da
OMS. Ademais, campos de refugiados localizados em zonas de clima tropical e equatorial
úmido, como Kakuma, Hagadera, Dagahaley, Ifo e Gatumba são extremamente suscetíveis
a doenças transmitidas por vetores como insetos, tal como Malária (plasmodium
falciparum), Dengue (vírus da dengue) e Febre amarela (flavivírus). No tocante à questão
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do atendimento médico, segundo dados de 2019 da OMS, AGNU, ACNUR e ONU Brasil,
apenas 28,3% dos refugiados mundialmente são atendidos por profissionais básicos de
saúde, como médicos, paramédicos e enfermeiros. Isso significa que há no mundo
atualmente, 3,5 refugiados por profissional da saúde. A situação é cerca de dez vezes pior
ao considerar-se médicos especialistas, como psicólogos, psiquiatras, ginecologistas e
obstetras, especialmente necessários no cuidado individual, onde apenas 3,71% dos
refugiados mundialmente recebem atendimento apropriado, caracterizando-se assim a
proporção de 35 refugiados por médico especialista, segundo o programa Médicos Sem
Fronteiras.
Grande parte dos fluxos migratórios ocorre nas regiões do que demonina-se como
mundo islâmico. Assim como em outras religiões e sociedades de tradição patriarcal,
muitas famílias evitam que as mulheres sejam atendidas por profissionais da saúde do
sexo masculino.
Quanto à disponibilidade de profissionais da saúde, segundo Agência das Nações
Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente, em países como a
Jordânia, também conhecida pela sigla UNRWA, a cada dez médicos, 8 são homens.
Baseado nisso, apenas 20% dos profissionais da saúde em campos de refugiados
pertencem ao sexo feminino e podem, portanto, no mundo islâmico, atender à mulheres.
Historicamente, com um predomínio de sociedades patriarcais, a mulher é
responsável por tarefas como cuidados com a moradia e descendentes. O mesmo se aplica
à esmagadora maioria das regiões atualmente assoladas com crises de refugiados, como o
Oriente Médio e leste africano, onde mulheres devem, além de cuidar de sua saúde e
segurança, também assegurar pela vida dos seus filhos. Tal fenômeno é especialmente
acentuado em áreas onde taxas de natalidade e fecundidade são elevados, como nações tais
quais Somália (6.17 filhos / mulher), Uganda (6.06 filhos / mulher), Sudão do Sul (5.54
filhos / mulher), Iraque ( 3.5 filhos / mulher) e Iêmen ( 4.27 filhos / mulher), todas
assoladas por crises de refugiados e fluxos populacionais migratórios, segundo a OMS.
A precarização da saúde da mulher em campos de refugiados pode ser dividida em
três principais vertentes, as quais serão abordadas no comitê da OMS na décima
Confemack: acesso à alimentação, água e medicamentos, número de profissionais da saúde
e profissionais do sexo feminino, infraestrutura hospitalar, residencial e de saneamento,
além da saúde mental da refugiada.
Problemáticas tangentes a campos de refugiados a serem abordadas:
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1. Saúde e o acesso à alimentação, água e medicamentos
Segundo um relatório conjunto da OMS e ACNUR, ao final de 2018, 75 milhões
de pessoas, ou aproximadamente 1% da população mundial, correspondia a refugiados,
dos quais 85% sofriam de insegurança alimentar. O conceito de insegurança alimentar
corresponde à falta de disponibilidade e do acesso das pessoas aos alimentos. Uma
comunidade é considerada como tendo segurança alimentar quando seus ocupantes não
vivem com fome ou sob o medo de inanição. A insegurança alimentar é especialmente
agravante à saúde feminina quando é necessário que a mãe amamente seu(s)
descendente(s). Atualmente, segundo a UNICEF e a OMS, há 47 milhões de crianças em
condição de subnutrição e 8.9% da população mundial sofre de alimentação deficiente.
Programas como Médicos Sem Fronteiras trabalham para reduzir tais números, por meio
de ações como o Programa Ambulatorial de Nutrição Terapêutica, em campos de
refugiados como Dadaab e Dagahaley, onde mais de dez mil pessoas já são atendidas.
No tocante ao acesso a medicamentos, segundo Lyles, Burton e Burnham, em um
estudo sobre a situação de refugiados Sírios na Jordânia, aproximadamente metade
(51,5%) dos serviços foram procurados em instituições do setor público, 38,7% em
instalações privadas e 9,8% em instituições de caridade / ONGs. Entre os adultos em busca
de cuidados, 87,4% receberam medicamentos prescritos na visita mais recente, 89,8% dos
quais obtiveram o medicamento. No geral, 51,8% das famílias relataram gastos diretos
com a consulta ou medicamentos na visita mais recente (média de US $ 39,9). A partir de
novembro de 2014, tais refugiados Sírios deixaram de ter acesso ao sistema de saúde
universal da Jordânia, que sofria com dificuldades econômicas. Tais refugiados passaram a
ter que pagar em média $600,00 por operações como partos, segundo dados da revista
Brookings. Com o acesso a medicamentos e procedimentos médicos abalado ou
inexistente, demandas familiares e incertezas sobre o futuro têm impactos profundos na
saúde mental e física dos refugiados, segundo a OMS.
2. Número de profissionais da saude e profissionais do sexo feminino
Na década de 1960, a ACNUR e a OMS cunharam o termo “Primary Health Care”,
o qual se refere ao acesso a cuidados de saúde básicos, com compreensão das restrições
físicas, religiosas e sociais de cada indivíduo, e indica o padrão a ser seguido no
oferecimento de primeiros socorros e cuidados básicos a todos os refugiados. No entanto,
atualmente, apenas um terço dos mesmos recebem cuidados médicos adequados, com
respeito às diversidades de cada indivíduo, o que se deve, em grande parte, a um baixo
número de profissionais da saúde, segundo a ACNUR e OMS.
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A falta de profissionais da saúde em campos de refugiados se dá principalmente
pela má administração das instalações, além da crescente superlotação dos campos. A
exemplo, pode-se considerar os campos de refugiados da Grécia, onde, segundo periódicos
locais, o governo agiu de forma a agravar a situação, ao que deixou de contratar médicos
até que o programa PHILOS, da União Europeia (destinado a nomear profissionais da
saúde para agirem em campos de refugiados), havia expirado. No tocante ao aumento do
número de refugiados, de acordo com dados oficiais divulgados pelo ministro grego da
Migração, Dimitris Vitsas, 47.929 pessoas chegaram a campos de refugiados na Grécia no
ano passado, das quais 32.115 vieram por mar da Turquia, enquanto outras 15.814
cruzaram a fronteira terrestre na região de Evros, assim superlotando campos de
refugiados como o de Moria, onde vivem cerca de 13000 pessoas, cerca de seis vezes a
capacidade máxima.
Atualmente, diversas ONGs, como o programa Médicos Sem Fronteiras (MSF),
tem atuado na capacitação de refugiados para a medicina. Entretanto, de acordo com Luíz
Guimarães, diretor do programa MSF no campo de Domeez, Iraque, a situação da equipe
era precária, “Eu ficava baseado na cidade de Erbil, a 20 quilômetros do campo de
refugiados, de onde coordenava a logística tantos nos projetos de controle de infecção em
dois hospitais da região como no campo de refugiados de Domeez”, diz. “Mas, em
fevereiro, tive que passar um mês no campo de refugiados para contratar e treinar novas
pessoas, já que estava havendo um aumento muito grande no número de refugiados, o que
demandava ainda mais das nossas equipes.” Mais de cem pessoas cruzam a fronteira da
Síria com o Iraque diariamente, segundo a ACNUR, para povoar o campo de refugiados, o
que gera uma sobrecarga crescente aos médicos presentes e em treinamento, além de uma
indisponibilidade também crescente de atendimento médico adequado ao refugiado.
A presença de profissionais da saúde do sexo feminino é escassa em grande parte
dos campos de refugiados. É válido ressaltar que em certas religiões, como o islamismo,
mulheres só podem ser examinadas por médicas, o que torna o acesso à serviços de saúde
mais deficiente. De acordo com uma refugiada membro dos rohingya (minoria étnica de
Myanmar, cujos integrantes migram para Bagladesh para fugir de perseguições do governo
Burmês devido à sua religião) que se pronunciou na condição de anonimato, “Uma de
minhas amigas morreu ao dar à luz seu primeiro filho. Ela não teve acesso à clínica
pública. A parteira tradicional que ajudou no parto domiciliar não tinha treinamento
médico”.
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3. Infraestrutura hospitalar, residencial e de saneamento
A infraestrutura de saneamento nos campos de refugiados é extremamente
precária. Segundo um levantamento da Oxfam, mundialmente, nos campos de refugiados,
uma pia é usada por 250 refugiados em média, enquanto 500 refugiados compartilham um
único chuveiro, os quais têm, em muitos casos, acesso à água intermitente. Com menos de
2 metros quadrados de habitação por refugiado, é iminente o risco de proliferação de
doenças como cólera, papilomavírus e doenças fungais diversas, como candidíase.
No campo de refugiados de Moria, na Grécia, abrigos improvisados de dois metros
quadrados, como tendas, chegam a ter até vinte pessoas. O campo de refugiados ideal,
alvitrado pela ONU, conta com moradias para cada família adjacentes ao local de chegada
dos refugiados. No entanto, o que é visto são assentamentos caóticos, como as
comunidades formadas nas proximidades do campo de Burj Al-Shamali, no Líbano, que
contam com uma densidade populacional de 39 hab/m^2, na forma de tendas plásticas e,
em alguns casos, habitações de tijolo e concreto, consideradas abrigos semipermanentes.
A situação crítica dos abrigos semipermanentes se estende para outras regiões. No Sudão
do Sul, por exemplo, apenas 7% dos refugiados vivem em residências consideradas
definitivas, feitas, em muitos casos, de tijolos e barro, o que influencia a transmissão de
doenças como Doença de Chagas. Na Tanzânia, 52% dos 232.716 mil refugiados
burundianos ainda vivem em abrigos de emergência, projetados para serem utilizados a
curto prazo, segundo dados da OMS.
“Fizemos enormes avanços na prestação de cuidados de saúde a todos que
precisam — literalmente salvando vidas e fazendo a diferença todos os dias”, disse Sandra
Harlass, coordenadora de saúde pública do ACNUR. “Em Mianmar, a maioria das
mulheres realizava o parto em casa. Os centros de saúde eram escassos, as taxas de
vacinação eram extremamente baixas e também havia altos níveis de desnutrição aguda”.
Tal depoimento revela a situação da infraestrutura hospitalar disponível a refugiados
mundialmente, que é especialmente deficiente em regiões do oriente médio. Segundo o
Ministério da Saúde da Autoridade Nacional Palestina, a região atualmente conta com
menos de dez respiradores e sessenta leitos de tratamento intensivo. De acordo com o
governo da Jordânia, os melhores hospitais do país contam com cerca de cem leitos de
UTI, podendo assim atender menos de 5% dos habitantes em seu território, composto por
cidadãos e refugiados. A situação na América do Sul é mais agravante. O estado brasileiro
de Roraima, que recebe perto de 35% dos refugiados Venezuelanos, conta com apenas 25
leitos de UTI e mais de 70 mil casos de SARS-CoV-2 (coronavírus), segundo dados da
Folha de São Paulo.
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4. Saúde mental e cultura
A integração da saúde mental nos tratamentos de saúde disponíveis a refugiados é
baixa, com menos de dois por cento do número de todas as consultas realizadas no ano de
2019 correspondendo a atendimentos psicológicos, de acordo com a ACNUR. Os
refugiados têm um substancial aumento de risco de doenças psicológicas, em comparação
com população normal, como perturbações psiquiátricas relacionadas com a exposição à
guerra, violência, tortura, migração forçada, exilio e incerteza quanto ao seu estatuto nos
países onde buscam asilo. No campo de Zaatari, segundo a OMS, mais de trinta por cento
dos refugiados que passaram por consultas psicológicas foram diagnosticados com
estresse pós traumático e ansiedade generalizada. De acordo com a OMS, a prevalência de
tais doenças é cerca de dez vezes maior em refugiados do que na população geral.
Algumas causas de tais transtornos são experiências como prisão, tortura, cenários de
guerra, junto com traumas ligados a privações físicas como fome e sede, além de
incertezas futuras quanto à adaptação a novas culturas frente a frequentes casos de racismo
e xenofobia em países que recebem refugiadsos, como os membros da União Europeia.
Uma das complicações da adaptação a novas culturas é a Síndrome da
Desmoralização, que, de acordo com a OMS, se caracteriza como uma aguda angústia
social, desesperança e desmotivação, em decorrência da falta de apoio ao refugiado e
possíveis rejeições por parte da população do país-destino. Os seus sintomas são
amplificados por condições de habitação severamente debilitadas em campos de refugiados
e incertezas quanto a questões como a obtenção de cidadania no país de acolhimento
Muitas vezes os refugiados com problemas psicológicos relatam queixas físicas, o
que leva a um não tratamento de problemas como depressão e ansiedade, expressas por
sintomas que demonstram o mal-estar físico. Este problema pode ser muito amplificado
pelas barreiras linguísticas e contextos culturais. Muitos pacientes não relatam estressores
psicossociais porque pensam que essas dimensões não são assuntos que recebam atenção
médica ou por acreditarem que a sua situação não será entendida pelos profissionais de
saúde (Kirmayer et al., 2011)
Em muitas sociedades, especialmente no mundo Árabe, a saúde mental feminina é
tratada como inferior, especialmente em tempos de crise humanitária, onde seu bem estar
não é visto como uma prioridade. Tal fato leva, de acordo com a ONU Mulher, a um
número de casos de transtorno de ansiedade cerca de dez vezes maior entre a população de
refugiados do sexo feminino, em comparação com refugiados do sexo masculino.
24
Um dos principais problemas que afeta a saúde mental feminina é a Depressão
Pós-Parto, especialmente comum em regiões com elevadas taxas de natalidade que são
afetadas por crises de refugiadas, como o leste Africano, cujos sintomas incluem
desmotivação e crises de ansiedade. Segundo a ONU Mulher, cerca de 12% da população
feminina de refugiados possui depressão pós parto diagnosticada, mas tal doença pode
afetar mais de 50% de todas as refugiadas. Esta doença é intensificada pela baixa infra
estrutura hospitalar e residencial em campos de refugiados, além de inseguranças quanto
ao futuro da mãe e da criança, em decorrência de problemas como o escasso acesso a
alimentação.
Campo de refugiados de Moria, Grécia
No campo de refugiados de Moria, da ilha de Lesbos, na Grécia, encontra-se uma
das piores situações do mundo. Descrito como uma prisão ao ar livre, e considerado o pior
campo de refugiados do mundo pelos Médicos Sem Fronteiras, o abrigo está superlotado e
enfrenta condições sanitárias desumanas: há um banheiro para cada 70 pessoas. O campo
foi construído para acomodar 3 mil pessoas, no entanto, existem mais de 20 mil refugiados
vivendo ali, entre as quais cerca de 7 mil são crianças menores de 18 anos.
Problemas como violência, condições de higiene precárias e falta de alimentos,
medicamentos e assistência médica, que podem ser vistos em todos os campos de
refugiados do mundo, são questões escancaradas no campo de Moria. A refugiada Sara
Khan explica que sua família passa o dia todo tentando conseguir comida e a noite toda em
alerta, com medo das brigas constantes. Uma mãe contou à BBC News que às vezes há
fezes no chão do abrigo em que ela mora com o filho recém-nascido.
Para as mulheres e crianças, a situação é ainda mais crítica. O refugiado Ali, que
abandonou o campo, conta que “é como a guerra na Síria, inclusive pior. Ouvimos falar de
estupros e assédio sexual”, e de prostituição. De acordo com os MSF, muitas das crianças
têm problemas de pele causados pelas péssimas condições sanitárias, além de terem
desenvolvido doenças respiratórias por causa do gás lacrimogêneo jogado pela polícia no
campo para dispersar brigas. Há relatos de crianças de dez anos tentando suicídio: traumas
e doenças mentais são comuns.
“Estamos sempre prontos para escapar, 24 horas por dia temos nossos filhos
prontos”, diz Sara Khan, originalmente do Afeganistão. Luca Fontana, médico do MSF,
diz que o campo é o pior lugar que ele já viu em sua vida. Ele trabalhou durante os surtos
de Ebola na África Ocidental, mas disse: “Nunca vi o nível de sofrimento que
25
testemunhamos aqui todos os dias. Mesmo as pessoas afetadas pelo Ebola ainda têm
esperança de sobreviver ou contam com o apoio de suas famílias, da sociedade. Aqui, a
esperança é levada pelo sistema”.
O governo grego culpa a União Europeia. Esse posicionamento foi confirmado
pelo representante da Grécia em Moria, George Matthaiou: “Não temos dinheiro. Você
conhece a situação da Grécia, economicamente. Eu quero ajudar, mas não posso fazer
nada, porque a União Europeia fechou as fronteiras”. Recentemente, a A Alemanha
anunciou que pretende receber 1.553 refugiados que estão em campos localizados em ilhas
gregas, além dos refugiados que já abriga.
Considerações
Em face do que foi exposto, no comitê da OMS da X Confemack, é dever dos
senhores delegados elaborarem uma declaração com as resoluções para os principais
problemas de saúde que afligem campos de refugiados, tomando por base o campo de
Moria, Grécia. Durante o debate, e nexessário encontrar soluções que se apliquem a todos
os campos de refugiados, levando em conta particularidades de cada região do planeta,
assim construindo um acordo internacional que vise à proteção da saúde dos refugiados —
em especial aqueles do sexo feminino — de modo harmônico e coeso, com respeito à
pluralidade e soberania das nações presentes e observando o objetivo da OMS
manifestados em sua fundação: a facilitação do acesso à saúde de qualidade por todos.
26
PANORAMAS
África do Sul: Em 2018, a África do Sul acolheu cerca de 273.488 refugiados e
requerentes de asilo. A política de refugiados e requerentes de asilo na África do Sul são
progressivas: os refugiados podem se estabelecer em qualquer lugar do país e desfrutar da
liberdade de movimento — abordagem que está em contraste com a maioria dos estados
africanos, que colocam refugiados em campos. Entretanto, ataques à refugiados (estupros,
agressões, destruição de moradias e empreendimentos) são frequentes na África do Sul,
ações que o então presidente repudiou em 2008, auge dos ataques. Além disso, os
refugiados reclamaram de serem forçados a pagar subornos e terem sido negados serviços
de assistência. Atualmente, há um crescente debate entre os sul-africanos sobre o maior
controle das fronteiras, colocado em prática no início de 2020.
Alemanha: a Alemanha é um dos países industrializados que mais recebe refugiados no
mundo: em 2018, eram 1,06 milhão vivendo no país. O New York Times escreveu que a
Alemanha “estendeu a mão aberta” aos refugiados, e a emissora Al-Jazeera informou que
“a Alemanha abriu suas portas e fronteiras para todos aqueles que procuram refúgio e um
porto seguro”. Porém, as condições não são perfeitas. Habitantes de Fürstenfeldbruck, um
centro de processamento de refugiados perto de Munique, relatam superlotação, sujeira e
um limbo burocrático, levando a pelo menos uma tentativa de suicídio. Autoridades
alemãs dizem que as condições são adequadas. Mesmo assim, a Alemanha ainda procura
ajudar refugiados; exemplo disso é a oferta do governo alemão para receber 1.553
refugiados do campo de Moria, na Grécia, após o incêndio no local.
Argentina: Como resultado da guerra civil na Síria, a Argentina criou junto com o
ACNUR e o CONARE do país (Comisión Nacional del Refugiados), um programa para
receber pessoas que fogem do confronto sírio, sendo o primeiro país americano a auxiliar
os países europeus na recepção dos refugiados. No tempo em que o refugiado permanece
no país ele poderá trabalhar como qualquer outro nacional, assim, adquirir direitos e
obrigações como qualquer outro estrangeiro. A lei argentina determina que o refugiado
tem direito a “não ser expulso ou extraditado para o país onde sua vida, integridade,
liberdade ou segurança possam estar em perigo” e “não ser penalizado por entrar
ilegalmente no país, se demonstrar os motivos que o obrigaram a tomar essa decisão”.
Também é citado o direito a “acesso aos sistemas públicos de saúde, educação e justiça”.
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Austrália: Desde julho de 2013, a Austrália transferiu à força mais de 3.000 requerentes
de asilo que viajaram de barco para campos em Papua Nova Guiné e Nauru. Muitas
pessoas que buscaram proteção na Austrália estão presas em “centros de detenção da
imigração” e enfrentam uma crise de saúde. Eles não têm permissão para sair, não têm
acesso a cuidados médicos adequados ou educação. Muitas das pessoas presas sofrem de
depressão, ansiedade ou PTSD e tem havido cada vez mais casos de suicídio e
automutilação. A existência dos centros de detenção da imigração australiana foi
condenada por motivos de direitos humanos e até mesmo comparada a campos de
concentração. Em 2016, o governo australiano anunciou a intenção de trocar alguns
refugiados comprovados das ilhas de Nauru e/ou Manus por certas pessoas deslocadas na
América Central como parte de um acordo com o governo Obama dos Estados Unidos.
Bangladesh: em um de seus vizinhos, Mianmar, ocorre uma das mais severas crises
humanitárias do mundo: a crise rohingya. Os refugiados, mulçumanos, vão abrigar-se em
Bangladesh, o que gerou desdobramentos negativos na região. Tendo vivido em condições
deploráveis por muitos anos em Bangladesh, centenas de famílias de refugiados em um
acampamento próximo a Teknaf tiveram sua saída pedida pelas autoridades bengali, sem
que se fosse providenciado um novo lugar para ficarem. O acampamento “Tal” é formado
por pequenos abrigos: mais de seis mil pessoas procuraram refúgio onde alimentos e água
potável são escassos e o acesso à saúde é limitado. Essas circunstâncias provocam diarréia,
infecções respiratórias e desnutrição, entre outros problemas de saúde. O Médicos Sem
Fronteiras abriu uma clínica e um Centro de Alimentação Terapêutica (CAT) próximo do
campo. Em um esforço para aumentar as rodovias em todo o país, o governo de
Bangladesh está pedindo que parte do campo de refugiados seja removido.
Brasil: O Brasil tem um histórico de ajuda humanitária notável. No Brasil, encontra-se
uma classe de refugiados chamada refugiados ambientais, que, diferente daqueles que
fogem por questões elencadas na Convenção de 1951, deixam seu país por conta de
desastres naturais, como o do Haiti. O maior fluxo migratório no país atualmente é o da
Venezuela. Entre 2015 e maio de 2019, o Brasil registrou mais de 178 mil solicitações de
refúgio e de residência temporária. Para acolher parte dessa população, 13 abrigos oficiais
foram criados. Eles são administrados pelas Forças Armadas e pelo ACNUR. Mais de 32
mil pessoas vivem nos locais.
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Burundi: A situação dos refugiados no Burundi é, atualmente, a menos financiada no
mundo todo. Até o momento, apenas 28% dos 206 milhões de dólares necessários foram
recebidos. O impacto nos 400 mil refugiados que se encontram nos países vizinhos é
grave: o corte na distribuição de alimentos tem deixado os refugiados sem recursos
suficientes para alimentar suas famílias. Os abrigos estão em condições desesperadoras, os
centros de saúde enfrentam dificuldades para suportar o grande número de pacientes, as
salas de aula estão superlotadas e a capacidade de ajudar crianças desacompanhadas e
vítimas de violência sexual está muito limitada.
Colômbia: O Chanceler da Colômbia, Carlos Holmes Trujillo, alertou que a crise de
migrantes e refugiados venezuelanos continuará enquanto o “governo ditatorial” de
Nicolás Maduro permanecer no poder e pediu mais ajuda internacional para lidar com o
fenômeno. “A crise multidimensional que a Venezuela está enfrentando atualmente é uma
consequência das ações atrozes da ditadura de Maduro. Portanto, é claro, o volume de
migrantes continuará aumentando”, afirmou Trujillo à AFP, em Bruxelas. A Colômbia,
que abriga 1,4 milhão dos 4,5 milhões de venezuelanos que abandonaram o país devido à
crise que atravessa, sendo o principal país envolvido no problema. O Chanceler
colombiano avalia as necessidades de atendê-los em cerca de 1% do PIB colombiano.
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República Democrática do Congo: Na República Democrática do Congo, atualmente
afetada por conflitos, apenas 31% dos 369 milhões de dólares necessários foram
arrecadados, valor imprescindível para custear os programas do ACNUR e de seus
parceiros. A insuficiência de recursos está afetando a capacidade do trabalho humanitário
em fornecer atividades de subsistência, acesso à educação e saúde. Padrões mínimos de
distribuição de alimentos, nutrição, saúde e outras necessidades básicas são,
frequentemente, difíceis de cumprir. Na RDC, é preciso financiamento para
descongestionar os campos, a fim de conter a propagação de doenças transmissíveis.
Espanha: Segundo dados da Comissão Espanhola de Assistência aos Refugiados (CEAR),
a Espanha foi o quarto país da Europa com mais pedidos de asilo em 2018, com 54.065
pedidos, 74% a mais que no ano anterior e 8% do total referente à União Europeia. A
maioria dos migrantes que chegam ao território espanhol são oriundos do Marrocos, Guiné
e Mali. Segundo a CEAR, quase 160 pessoas por dia desembarcaram na Espanha em 2018.
Uma cena tornou-se comum na fronteira entre o Marrocos e Ceuta, cidade autônoma da
Espanha: homens, mulheres e crianças sobrevivendo de lixo.
Estados Unidos da América: Por várias décadas, os Estados Unidos foram o principal
país no mundo em admissões de refugiados. Entretanto, principalmente após o início do
governo Trump, essa não é mais a realidade. Atualmente, 60% dos pedidos de asilo nos
Estados Unidos fracassam ou são rejeitados. Os EUA planejam admitir um máximo de
18.000 refugiados no ano fiscal de 2020, e em 2019 foram 30.000. Este seria o menor
número de refugiados reassentados pelos Estados Unidos em um único ano desde 1980.
Além disso, houve um crescente número de refugiados cristãos em detrimento de outras
religiões: os cristãos representaram 79% dos refugiados que vieram para os EUA em 2019.
Os EUA admitiram cerca de 23.800 cristãos, em comparação com cerca de 4.900
muçulmanos. Outro ponto relevante é a atual situação da fronteira com o México, onde
formou-se um campo de refugiados com cerca de 3.000 pessoas. A recente política do
governo Trump conhecida como "tolerância zero" foi implementada em abril de 2018, e
foi alvo de críticas principalmente por conta da separação de crianças.
Etiópia: De acordo com o ACNUR, milhões de pessoas atravessam a fronteira para a
Etiópia, em Pagak, um dos principais pontos de entrada ao país. Muitos deles estão
fugindo da violência em andamento no Sudão do Sul. Esse dado também inclui pessoas
não registradas que vivem nos campos ou pessoas que estão na fronteira e gostariam de
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aproveitar a oportunidade de ir para o novo acampamento de refugiados inaugurado pelas
autoridades etíopes e o ACNUR. A equipe do Médico Sem Fronteiras relatam que muitos
novos refugiados vivem em situações precárias, a maioria está com malária, diarreia e
doenças de pele. O ACNUR conduziu uma operação de realocação em colaboração com a
Administração Etíope de Refugiados e Assuntos Repatriados (ARRA, na sigla em inglês)
para garantir uma melhor proteção e serviços humanitários. O novo acampamento é menos
vulnerável a inundações, o que tornará mais fácil para lidar com as necessidades, mas as
ONGs e outros parceiros internacionais estão lutando contra o ritmo das realocações. Uma
média de 3.500 pessoas tem sido transferidos por dia e não há latrinas ou água suficientes.
França: A França, assim como todos os países da União Europeia, tem recebido um
enorme fluxo de refugiados. A maioria dos acampamentos em que essas pessoas ficam —
já que o governo francês só possui estrutura para abrigar uma porcentagem de mulheres e
crianças — são improvisados, sem condições básicas de higiene e a maioria ao lado de
estradas. A Selva de Calais (conhecida oficialmente como Camp de la Lande) era um
acampamento de migrantes que existiu de janeiro de 2015 a outubro de 2016, quando foi
removido pela polícia. Ele ficava onde antes era um aterro sanitário. Os migrantes
permaneceram no campo enquanto tentavam entrar no Reino Unido ou enquanto
aguardavam que seus pedidos de asilo na França fossem processados. Um censo do Help
Refugees estimou cerca de 8.143 pessoas vivendo nesse campo, que deu origem a vários
outros após sua demolição. Atualmente, no campo de Aubervilliers na região de Paris,
vivem cerca de 1.000 pessoas. Diversas ONGs denunciam o sistema de recepção francês.
Grécia: Em sua segunda visita à Grécia no ano de 2020, o Alto Comissário do ACNUR
enfatizou a necessidade de membros da União Europeia acelerarem o processo de
realocação de refugiados em território europeu. A Grécia atualmente sofre com uma das
piores crises de refugiados do mundo, especialmente no que tange à deficiente
infraestrutura residencial, hospitalar e de saneamento de seus campos de refugiados, como
Moria, na ilha de Lesbos, onde 250 refugiados devem dividir uma só torneira e famílias de
mais de quatro pessoas habitam uma área de dois metros quadrados, segundo o ACNUR.
A situação dos refugiados na Grécia é agravada pelas más condições econômicas do país,
que sofre com dívidas e um desacelerado crescimento econômico, que impedem o
investimento em áreas que tangem os refugiados, como a criação de estruturas residenciais
abundantes a todos os refugiados.
31
Iêmen: Em 2015, um conflito armado irrompeu no Iêmen, um dos países mais pobres do
Oriente Médio. A crise deixou 80% da população em extrema vulnerabilidade e provocou
o deslocamento de 3,6 milhões de iemenitas dentro de seu próprio país. Lares e hospitais
continuam sendo alvos de bombardeios. Com apenas 50% das instalações de saúde do país
funcionando, os especialistas alertam que a pandemia da COVID-19 poderá devastar o
país. Sem ajuda, muitas vidas serão perdidas em meio à violência, doenças, falta de
comida, água e abrigo. O ACNUR lidera o fornecimento de proteção, abrigo e itens não
alimentares. Fornecemos abrigos de emergência, colchões, cobertores, esteiras, conjuntos
de cozinha, baldes e muito mais para ajudar os mais vulneráveis.
Irã: A República Islâmica do Irã abriga uma das mais prolongadas populações de
refugiados do mundo, com aproximadamente 3 milhões de afegãos vivendo no país.
Aproximadamente 97% desses vivem em áreas urbanas, enquanto 3% residem em 22
campos de refugiados. O campo de refugiados de Jahrom, pode ser um dos mais bem
equipados do país, com casas, assistência médica, educação e instalações recreativas, de
acordo com o ACNUR. Porém, segundo dados da Organização Internacional para as
Migrações mais de 451 mil afegãos voltaram do Irã em 2019. Destes, 254 mil foram
deportados forçados. Além de comportar refugiados, o Irã também é efluente desses. De
acordo com um jovem iraniano que chegou aos Balcãs, “Todo mundo que vem [do Irã] ou
é LGBT, ou cristão, ou oprimido politicamente, ou estava lutando na Síria por Assad”.
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Israel: "Como parte da Convenção de Refugiados de 1951, Israel tem obrigações legais de
proteger os refugiados e outras pessoas que precisam de proteção internacional", afirmou
Volker Türk, alto-comissário assistente da ONU para refugiados. Grupos de direitos
humanos acusam Israel de lentidão para processar pedidos de asilo. Menos de 1% das
solicitações realizadas até hoje foram atendidas. A maioria dos migrantes africanos chegou
atravessando a Península do Sinai. Para impedir o fluxo migratório, Israel concluiu em
2013 a construção de uma cerca de segurança de 245 quilômetros, mas calcula que, antes
disso, cerca de 55 mil pessoas tenham entrado no país. O Supremo Tribunal de Justiça
aprovou a controversa política de deportação forçada de migrantes africanos para "países
terceiros", apesar do apelo de grupos ativistas. A decisão do tribunal prevê, no entanto, que
as autoridades israelenses garantam que os países de destino dos migrantes sejam seguros.
Itália: A Itália, por conta de sua posição geográfica, é uma das principais entradas de
refugiados na Europa. Em 2017,eram mais de 192 mil refugiados no país. Atualmente, a
região da Lampedusa é uma das mais afetadas pela superlotação Estima-se que cerca de
20.000 migrantes desembarcaram na Itália entre janeiro e julho de 2020, de acordo com o
ACNUR. O diretor-geral do MSF Itália, Gabriele Eminente, em Roma diz que as
autoridades de saúde de alguns locais tentaram promover a inclusão de pessoas que vivem
em assentamentos informais no serviço público de saúde. De qualquer forma, "o sistema
de recepção precisa ser reformado", disse ele.
Jordânia: O Reino Hachemita da Jordânia atualmente possui um dos maiores campos de
refugiados do Oriente Médio, o campo de Zaatari, que conta com uma população de mais
de setenta mil refugiados e é considerado um dos melhores campos de refugiados
atualmente, possuindo mais de oito unidades de pronto atendimento com capacidade para
mais de mil refugiados, de acordo com a OMS e o ACNUR. A Jordânia tem atualmente,
um fluxo de mais de 250 mil refugiados, em sua maioria sírios, adentrando seu território
diariamente, de acordo com o ACNUR.
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Líbano: O Líbano abriga o segundo maior campo de refugiados instituído pelo UNRWA
(Agência da ONU de Assistência aos Refugiados da Palestina), o campo Burj-Al-Shamali,
que conta com mais de trinta mil refugiados. Neste campo de refugiados, várias doenças
não transmissíveis afetam o sistema de saúde local, como talassemia e anemia falciforme.
Segundo o ACNUR, o Líbano abriga o maior número de refugiados por nativo, em uma
proporção de quatro cidadãos para cada refugiado, gerando tensões xenofóbicas.
México: Pelo território Mexicano passam, anualmente, diversas caravanas de cidadãos
hondurenhos, que buscam melhores condições de vida nos Estados Unidos. Ao que
centenas tem pedidos de cidadania negados pelo governo Estadounidense, e evitando
retornar ao país de origem, muitos desses cidadãos refugiados optam por permanecer em
território mexicano, se estabelecendo em centros urbanos como Tijuana e Cidade do
México, que possuem melhores condições de vida que cidades como Tegucigalpa,
Honduras. Ao que o governo designa o registro de pedidos de cidadania e refúgio como
uma atividade de prioridade do governo, o México garante que muitas pessoas não sejam
forçadas a retornar a seus países.
Paquistão: A presença do Talibã em territórios paquistaneses e afegãos trouxe diversos
anos de crises econômicas e humanitárias, gerando fluxos de refugiados afegãos para
dentro da nação, especialmente em regiões como Khyber Pakhtunkhwa. Em 2019, o
Secretário Geral das Nações, António Gutierrez, o Alto Comissário da ONU para
Refugiados, Filippo Grandi, e o primeiro-ministro paquistanês organizaram uma
conferência para discutir maneiras mais eficazes de manejar fluxos de refugiados afegãos,
além de melhorias à infraestrutura de campos de refugiados no país. Por mais de quatro
décadas o Paquistão tem trabalhado na efetiva inclusão do refugiado em sua sociedade por
meio de diversos programas governamentais.
Peru: Depois da Colômbia, o Peru e o país que recebe o maior número de refugiados
venezuelanos. Atualmente, 830 mil venezuelanos formam a maior comunidade estrangeira
no Peru. Destes, 480 mil pediram asilo. “Em média, [os refugiados] recebem um salário
40% menor do que os peruanos”, ressalta o representante do ACNUR no Peru, Federico
Agusti. Ademais, a pandemia desencadeou uma segunda onda de refugiados. Porém, esses
fazem o caminho contrário, em direção à Colômbia, Andes até a Venezuela. Agusti diz que
esse caminho de retorno é incomparavelmente mais perigoso para os venezuelanos do que
quando eles foram para o Peru.
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Quênia: Em Dagahaley, um dos cinco campos que compõem a capital queniana Dadaab as
condições de saúde são precárias. Equipes do Médicos Sem Fronteiras atenderam crianças
que chegaram da Somália sem terem sido vacinadas contra uma série de doenças evitáveis;
mulheres grávidas recebem o mínimo de cuidado, o que coloca suas vidas e a de seus
futuros bebês em risco; pessoas com condições médicas crônicas também estão em risco –
seja por terem diabetes e precisarem de insulina para sobreviver ou por terem hipertensão
e, por isso, precisarem de tratamento contínuo. Além disso, em Dagahaley, 70% dos
pacientes de saúde mental do MSF estão sob medicação. “Se um paciente com psicose for
forçado a parar de tomar seus medicamentos, suas funções cognitivas e seu
desenvolvimento comportamental retrocedem. Ficar preso em um país onde os serviços de
saúde mental são inexistentes coloca sua vida em sério perigo”, diz Liesbeth Aelbrecht,
coordenadora-geral de MSF no Quênia.
Reino Unido: O Reino Unido possui um dos maiores programas de reassentamentos já
vistos: o Sistema de Reassentamento de Pessoas Vulneráveis, (VPRS, na sigla em inglês).
Desde 2010, o Reino Unido já acolheu 28 mil crianças refugiadas. A Secretária do Interior
britânica, Amber Rudd, visitou um acampamento de refugiados no Líbano, onde se reuniu
com famílias que fugiram da Síria. Ele te reuniões com especialistas do ACNUR que
atuam no local. Rudd disse que o Reino Unido se orgulha de poder receber as pessoas que
fogem da guerra, e, segundo ela, mais refugiados devem chegar todos os meses. A
Organização Internacional para Migrações está ajudando com orientação cultural, exames
de saúde e a viagem dos refugiados para o Reino Unido. O país é o segundo maior doador
para ações de assistência humanitária e já prometeu o equivalente a quase US$ 3,5 bilhões
em ajuda para a Síria e os países vizinhos.
Federação Russa: Desde 2018, a Rússia tem repatriado diversas crianças em campos de
refugiados no Iraque, de acordo com Dmitry Peskov, porta-voz do presidente Putin. Mais
de 122 crianças foram levadas do Iraque de volta à Rússia nos anos de 2018 e 2019, e o
país tem planos de repatriar mais 26 no ano de 2020. Ademais, a Rússia tem feito vários
ataques a campos de refugiados ocupados pela minoria curda, na região de Idlib, Síria,
onde a presença militar dos Estados Unidos da América é marcante. O primeiro ataque
ocorreu em 2019, onde 26 civis foram mortos em um abrigo onde mais de sete mil curdos
residiam, de acordo com o Conselho de Segurança das Nações Unidas, entretanto mais de
trezentos civis já foram mortos por forças russas, aliadas ao governo de Assad.
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Síria: A Síria vive hoje uma das maiores crises humanitárias do mundo, resultado da
guerra que teve início em 2011. Atualmente, cerca de 5,6 milhões de refugiados sírios na
região e outros 6,2 milhões deslocados dentro do país são afetados pelo déficit de recursos.
Apenas 35% dos 1,9 bilhões de dólares pedidos pelo ACNUR foram atendidos. A
assistência em dinheiro no inverno é especialmente importante no Líbano e na Jordânia,
sendo um meio eficiente e crítico de prestar apoio aos refugiados durante o período de
temperaturas baixas. Além disso, o financiamento é extremamente necessário para cerca
de 500 mil refugiados, para que possam pagar o aluguel, sustentar necessidades diárias e
acessar serviços essenciais. O aumento dos gastos com saúde está ampliando o risco das
famílias refugiadas não conseguirem acessar os serviços médicos de que necessitam.
Sudão do Sul: O conflito em curso na nação mais jovem do mundo já forçou 2,5 milhões
de pessoas a solicitarem refúgio, ao mesmo tempo que outras 2 milhões se encontram
deslocadas no interior do país. Dos 783 milhões de dólares necessários, apenas 33% foram
recebidos. Apenas 7% dos refugiados do Sudão do Sul vivem em abrigos
semipermanentes. Em dez campos do Sudão do Sul, em torno de 80 mil pessoas ainda não
têm acesso a latrinas. Em alguns casos, mais de 70 pessoas precisam usar uma latrina
comum. Cerca de 57 mil refugiados que vivem em assentamentos informais em Cartum
estão sem nenhum tipo de assistência. O fornecimento de água aos refugiados também
permanece abaixo do necessário.
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Nyarugusu, um dos principais campos da Tanzânia, tornou-se cada vez mais superlotado,
os alimentos e a água tornaram-se um problema, e há tensões entre os burundineses, que
estão chegando, e os congoleses, que já estão ali há anos.
Turquia: Desde 2014, a Turquia é o país que hospeda o maior número de refugiados sob o
mandato do ACNUR no mundo — com a grande maioria vindos da Síria. Em 2019, o
número de sírios com status de proteção temporária permaneceu em quase 3,6 milhões,
juntamente com cerca de 370.000 pessoas preocupadas de outras nacionalidades. A
maioria deles leva uma vida precária em circunstâncias difíceis. Na Turquia, a aparição de
infecções como sarampo, tuberculose e poliomielite foi associada à Guerra Civil Síria, em
parte porque uma vez iniciado o conflito, o serviço de saúde sírio perdeu a capacidade de
prosseguir com os seus programas de vacinação. Fatores como esse e a enorme quantidade
de refugiados geram conflitos sociais no país.
Venezuela: A Venezuela, segundo o ACNUR, nos últimos anos, tem tido um número
médio de 200 mil refugiados, onde a maioria massiva veio da Colômbia. Desse modo,
assim como em outros países, a Venezuela também tem um CONARE, Comissão Nacional
de Refugiados. A Venezuela, que era destino de refugiados, hoje é porta de saída desses. A
Declaração de Cartagena é um marco no que refere-se a proteção dos refugiados, pois
ampliou o conceito de refugiado trazido pela Convenção de 1951, colocando como causa
de refúgio “graves violações de direitos humanos”, além de enaltecer a solidariedade e
cooperação entre os países em busca de resolver, ou melhor cuidar, do problema dos
refugiados.
37
LINKS ÚTEIS BIBLIOGRAFIA E PESQUISA
*Recomenda-se que os delegados acessem 1. SCHWINN, Simone Andrea; COSTA, Marli
as fontes aqui citadas para maior Marlene Moraes da. Mulheres Refugiadas e
aprofundamento. Vulnerabilidade: A Dimensão da Violência de Gênero
em Situações de Refúgio e as Estratégias do ACNUR
**Recomenda-se que sejam realizadas no Combate a Essa Violência. Revista Signos.
pesquisas também em inglês. Disponível em:
<http://www.univates.br/revistas/index.php/signos/artic
***As informações dos panoramas de le/view/1100/10711>. Acesso em: 06 out. 2020.
cada país foram obtidas da mídia local.
2. JABBAR, S. A. Impact Of Conflict In Syria On
Syrian Children At The Zaatari Refugee Camp In
Jordan. Disponível em:
Dados gerais sobre os países:
<https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/030044
https://www.cia.gov/library/publications/the-worl
30.2014.916074?scroll=top&needAccess=true&journal
d-factbook/ Code=gecd20>. Acesso em: 6/10/2020.
https://www.imuna.org/resources/country-profiles/
3. Florêncio, D. Das Migrações Forçadas À Contenção
Dados econômicos sobre os países: Territorial: As Geografias Do Campo De Refugiados
http://www.trademap.org/Index.aspx De Dadaab No Quênia. Disponível em:
https://oec.world/ <https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/1795
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Site oficial da ONU no Brasil: NIELA%20FLOR%c3%8aNCIO%20DA%20SILVA%
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Site oficial da OMS:
4. Como Estão Os Campos De Refugiados Em Meio à
https://www.who.int/
Pandemia Do Coronavírus? - Oxfam Brasil.
.Disponível em:
Site oficial da ONU Mulheres no Brasil:
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COMENTÁRIOS DA MESA
A Organização da 10ª Confemack deseja uma explêndida pesquisa a todos os
delegados. Vale ressaltar que as informações neste guia são apenas uma introdução ao
tema e cabe aos senhores se aprofundarem na problemática do comitê e buscarem
conhecimentos que os auxiliarão no decorrer dos debates. Por serem temas atuais e com
constantes novidades, mantenham-se atualizados até o evento, pois todas as informações
são válidas até o dia anterior ao primeiro dia de sessão. Além disso, é dever de cada
delegação realizar pesquisas referentes ao seus respectivos países. Utilizem as informações
e fontes citadas para buscarem a relação de cada país com o tópico, sempre tendo em vista
a política externa de cada nação. Finalmente, a Mesa Diretora coloca-se à total disposição
dos senhores para sanar dúvidas e auxiliar com quaisquer dificuldades. Que todos tenham
um ótimo evento!
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