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RESUMO
O presente artigo tem por objetivo apresentar elementos concretos acerca da busca pelo
autoconhecimento na sociedade atual além de delimitar a relação existente entre fé e ciência.
Os argumentos explicitados neste documento visam analisar as transformações pelas quais as
crenças religiosas sofreram com o passar dos anos, em algumas sociedades, e o vínculo entre
o indivíduo e as crenças que ele carrega consigo durante a vida e como elas auxiliam no seu
crescimento pessoal e espiritual. Em primeiro lugar, tem-se como foco a conexão entre fé e
ciência e os impactos disso nos indivíduos; em segundo lugar os aspectos relacionados à fé,
enquanto experiência religiosa, ao ato de construir concepções de mundo e ao
autoconhecimento.
Introdução
Vivemos atualmente sob uma rotina cada vez mais intensa, acelerada e infelizmente
sofremos as consequências desta aceleração, não só fisicamente mas também
psicologicamente, afetando nossa consciência e subconsciência. Diante da vida moderna
acelerada, nós seres humanos estamos, muitas vezes, sem a capacidade de meditação e de
realizarmos reflexões dos acontecimentos que envolvem o nosso dia, o que vem prejudicando
relacionamentos e convivências mais saudáveis.
Dando um salto no desenrolar dos estudos científicos, além de que, a teoria de George
Lemaitre não constitui o foco do presente artigo, outra teoria importante ganha espaço: A
teoria da evolucionista. Tendo como um de seus principais representantes o cientista inglês
Charles Darwin, essa teoria consiste, resumidamente, na compreensão de transformação das
espécies através, por exemplo, do processo de seleção natural elaborado pelo cientista inglês,
no qual as espécies mais desenvolvidas poderiam sobreviver, de se adaptar às condições
ambientais. Essa teoria, muito complexa em sua composição e cientificamente embasada por
meio de estudos de anatomia, fósseis, diferencia-se de outra teoria vigente antes da descoberta
das teorias cientificas: A teoria do criacionismo.
Até meados do século XVIII a concepção predominante era de criação divina das
espécies. Essa linha teoria filosófica (não científica) se opõe categoricamente ao
evolucionismo, pois compreende a criação das espécies enquanto ação de um ser divino, além
de não concordar com a transformação de uma espécie para outra. O filósofo britânico Francis
Bacon (1561) explicita sua visão a respeito da relação entre ciência e fé em sua obra The
Advancement of Learning (1901) :
Para concluir, não deixeis crer ou sustentar, devido a uma idéia muito
acentuada da fraqueza humana ou a uma moderação mal entendida, que o
homem pode ir longe ou ser instruído com a palavra de Deus, ou com a do
livro das obras de Deus, isto é, em religião ou em filosofia; mas que todo o
homem se esforce por progredir cada vez mais numa e noutra, e tirando disto
vantagem sem jamais Parar.
existência das civilizações na busca por dar sentido ao mundo e na construção das identidades
dos indivíduos. De acordo com Benkö (1981:14), “Deus não é objeto de investigação
estritamente científica, porém, toda vivência religiosa envolve um ser humano e, como
experiência humana, pode ser objeto de investigação científica”
Crença e sociedade
Africanos
Maias
Incas
Asiáticos e siberianos
Egípcios
Os egípcios, por sua vez, apesar de ser um povo imensamente explorado pela mídia
em decorrência das suntuosas pirâmides dos faraós, possuem em sua história grandes
particularidades quanto ao exercício da crença religiosa. Todos os segmentos sociais, por
exemplo, praticavam a religião egípcia, mas cada cidade priorizava o culto aos seus
“próprios” deuses. Nessa região, inclusive, é possível encontrar mais de um mito acerca da
criação do universo.
Um dos contos mais antigos e importantes, de acordo com BEZERRA (p. 6), conta
que:
no princípio era Nu, o oceano celestial com sua característica de imobilidade
e totalmente estático. Do seu interior surgiu Atum, que criou Shu (ar) Tefnut
(umidade), esse casal produz Geb (terra) e Nut (céu). Por sua vez, os últimos
dão origem a Osíris e Ísis e a Set e Néftis. Segue esse mito o de Osíris, na
qual o mesmo reinava de modo justo, com sua irmã-esposa sobre o Egito.
Seu irmão Set enciumado o matou, mas Ísis logo fez uma múmia do seu
marido, e com seus poderes mágicos, devolveu a vida a Osíris. Com o qual
teve um filho, Hórus. Este se tornou rei do Egito, e os faraós o sucederam.
Osíris tornou-se o rei dos mortos, todos que morrem passam pelo seu
tribunal.
Ainda sobre a religião dos egípcios, constata-se que eram obcecados pela vida eterna e
pela existência e perpetuação da alma. Um exemplo disso era o processo, existente até os dias
atuais, de mumificação, tão expressivos nessa região por carregar a crença de que dessa forma
seria possível preservar a vida e a alma de um indivíduo.
Apesar de pouco estudada, a história dos povos indígenas brasileiros é rodeada por
crendices populares de que a figura do índio se associa à rede, caca e pesca. Em relação a
religião dos índios brasileiros, através de estudos detalhados, observa-se quão rica era e é a
cultura e as crenças religiosas dos povos indígenas e o quanto essas crenças estão relacionadas
ao mistério do surgimento do mundo e da interação social.
Estima-se que hoje, há cerca de 200 povos indígenas identificados com 170 línguas
diferentes, número muito menor do existente na época do descobrimento das terras brasileiras.
De tal modo que pela diversidade de povos, não seria possível encontrarmos uma religião
indígena, e sim várias religiões.
Nas religiões indígenas brasileiras, o pajé é sempre uma figura de muito destaque. Ele
representa o dom de se comunicar com as divindades, de se transformar em animais, de se
expressar em línguas incompreensíveis, de ver as almas dos mortos, de causar e/ou curar
doenças, dentre outras representações.
Apesar da multiplicidade de características entre as mais diversas religiões indígenas
no Brasil, é possível traçar uma linha de elementos comuns entre todas as manifestações
religiosas. Nesse processo, constata-se algo fundamental para o entendimento da relação entre
a fé e a vivencia humana, explicitada no estudo dos povos indígenas: a impossibilidade de
separar a religião da vida social. Para os índios os mitos contêm a verdadeira história do
mundo. Não são fantasias ou ficção e sim a explicação de todos os fenômenos do universo
desde a origem do cosmos à questões humanas tais como a sexualidade, a agricultura, a arte, a
música, etc. Todos os rituais (cerimonias, festas, cantos e rezas) possuem relação intrínseca
com a vida cotidiana dos indivíduos.
Fé e vivência humana
realizado no presente artigo acerca das características das experiências religiosas em algumas
sociedades, e nos estudos realizados por diversos historiadores, antropólogos e sociólogos.
Algumas áreas da ciência têm como objetivo o estudo da relação existente entre as
experiências religiosas e as vivencias humanas. A Psicologia da Religião, um possível método
de análise do fenômeno das experiências religiosas, investiga a origem e a natureza da mente
religiosa, e a influencia dos fenômenos religiosos no psicológico humano. Sendo assim, não
se preocupa em definir o que é a conduta religiosa, e sim como as experiências religiosas
atuam no psicológico humano. Nessa perspectiva, nota-se o papel que as crenças em
entidades divinas, para além do mundo físico, têm no desenvolvimento emocional e moral dos
indivíduos.
Numa época de muitas informações e da possibilidade de comunicação fácil, o ser
humano está cada vez mais solitário e duvidoso de suas certezas. Há espaço para as
informações, mas faltam condições para chegar às conclusões de todos os questionamentos.
Diante disso, as atitudes em relação à todas as indagações presentes na sociedade atual podem
trazer consequências diversas para o psicológico das pessoas. Essas consequências, em muitos
casos, acarretam problemas como as fobias, a ansiedade, a depressão, etc.
Nesse sentido, as vivencias religiosas cumprem um papel importante para o
autoconhecimento humano e demonstram a incansável busca pelo equilíbrio emocional. É
essencial buscar, encontrar e vivenciar o autoconhecimento, ou seja, desvendar os incômodos
inerentes aos indivíduos. Diante de tantas opções, ofertas, facilidades, enfim, informações,
mas em sua essência superficiais, como preencher os questionamentos internos que invadem
nossa mente interrogando a todo o momento os acontecimentos do mundo?
A nossa percepção do mundo, dos acontecimentos e do outro, são influenciados por
tudo que vivenciamos e ouvimos, sentimos, falamos e aprendemos, portanto somos frutos do
ambiente que nos circunda e dos relacionamentos que nos cerca e daqueles que cultivamos.
Mas o desafio é como agir e reagir de maneira a demonstrar um real e necessário
conhecimento, amadurecimento e aprofundamento do que sentimos, de maneira a expressá-
los de forma segura, sábia, controlada , verdadeira , satisfatória e convicta se não podemos de
fato refletir para aprender, conhecer para escolher, para vivenciar e realizar escolhas de forma
equilibrada e saudável ?
Um estudo realizado por psicólogos da PUC de Campinas, Thais de Assis Antunes
Baungart e Mauro Martins Amatuzzi, através da coleta de depoimentos sobre a experiência
com a espiritualidade, demonstram a sua relevância para a vivência humana:
Ainda sobre o método de natureza fenomenológica, Croatto (1992), afirma que para se
falar de religiosidade é necessária uma linguagem fenomenológica, pois tal linguagem busca
se aproximar das vivencias subjetivas dos indivíduos. Isso quer dizer, analisar as religiões é
preciso associar isso aos fenômenos inerentes à expressão das religiosidades na vivência
humana.
possibilidade de as indagações mais profundas para esta vida, desde as questões mais banais
do cotidiano até os grandes mistérios da vida, como a morte. O autoconhecimento pela fé,
deve levar o ser humano à possibilidade de sentir a presença de no seu dia a dia, sentir-se
amado, encorajado, capaz de se tornar melhor a cada dia, não só para sí, mas todos que
convivem a sua volta, pois Deus torna-se seu modelo e suas diretrizes norteiam suas escolhas
no seu dia a dia.
De acordo com Teixeira (2005:19):
Considerações finais
Referências bibliográficas
BACON, F. The Advancement of Learning. New York; P.F. Collier and Son. 1901.
ELIADE, Mircea. História das crenças e das idéias religiosas, volume I: da idade da pedra aos
mistérios de Elêusis. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2010.
______. História das crenças e das idéias religiosas, Tomo II, de Gautama Buda ao triunfo do
cristianismo. volume I, das religiões da China antiga à síntese hinduísta. Rio de Janeiro: Zahar
Editores, 1979.
KUNG, Hans. Religiões do mundo: em busca dos pontos comuns. Campinas, SP: Verus
Editora, 2004.