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FACULDADE EVANGÉLICA DE SALVADOR

LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

DANIEL RODRIGUES GAMA

LITERATURA INFANTIL COMO UM CAMINHO IMPORTANTE PARA


APRENDIZAGEM DA CRIANÇA E SUA FORMAÇÃO LEITORA

Igarapé do Meio- MA
2021
DANIEL RODRIGUES GAMA

LITERATURA INFANTIL COMO UM CAMINHO IMPORTANTE PARA


APRENDIZAGEM DA CRIANÇA E SUA FORMAÇÃO LEITORA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Faculdade Evangélica de
Salvador, como requisito avaliativo para
obtenção do título de Graduado na
Primeira Licenciatura em Pedagogia.

Orientadora: Prof. Esp. Maria Ivanilde da


Silva Lima

Igarapé do Meio-MA
2021
DANIEL RODRIGUES GAMA

LITERATURA INFANTIL COMO UM CAMINHO IMPORTANTE PARA


APRENDIZAGEM DA CRIANÇA E SUA FORMAÇÃO LEITORA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Faculdade Evangélica de
Salvador, como requisito avaliativo para
obtenção do título de Graduado na
Primeira Licenciatura em Pedagogia.

Orientadora: Prof. Esp. Maria Ivanilde da


Silva Lima

Data de aprovação: ____ / ___ /_____.

BANCA DE APRESENTAÇÃO

_______________________________________________
Orientadora: Prof. Esp. Maria Ivanilde da Silva Lima

_______________________________________________
Professor Avaliador 1

___________________________________________________
Professor Avaliador 2

Igarapé do Meio- MA
2021
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter me mantido na trilha certa


durante este projeto de pesquisa e de vida, me dando forças e saúde para chegar
até o final.
Sou grato aos meus pais Miguelina do Bom Parto Freire Rodrigues e
João Batista Rodrigues Gama e a toda a minha família pelo apoio que sempre
me deram durante toda a minha vida.
Externo meus agradecimentos a Maria Ivanilde da Silva Lima, minha
orientadora, pelo incentivo e dedicação
Dedico em primeiro lugar a Deus e em
segundo lugar aos meus pais, João Batista
Rodrigues Gama e Miguelina do Bom
Parto Freire Rodrigues Gama, por sempre
estarem ao eu lado durante esta trajetória
acadêmica.
GAMA, Daniel Rodrigues. Literatura Infantil na aprendizagem da criança e sua
formação leitora. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia) -
Faculdade Evangélica de Salvador- FACESA, Igarapé do Meio, 2021.

RESUMO

A leitura é uma necessidade e, se torna um direito e fator indispensável aos


indivíduos, é uma realidade interdisciplinar que, em muitas de suas
manifestações está relacionada com outros modos de expressão que formam a
bagagem comunicativa da criança desde seus primeiros anos, isto é, desde a
educação infantil. É preciso considerar que a educação infantil acolhe crianças
em uma faixa etária em que o desafio faz parte do seu dia a dia. Diante disso, o
mais importante é que as crianças sejam orientadas para a realização de
atividades de leitura, que despertem o gosto e estimule o hábito pela mesma.
Compreender a importância da literatura e administrá-la bem às crianças leva o
professor executar uma proposta transformadora. É um dos aspectos mais
importantes para a criança como ponto de partida para aquisição de
conhecimentos, meios de comunicação e socialização e a literatura infantil é
admirável em possibilitar a imaginação ao mundo das aventuras e sua leitura é
a forma mais sistematizada de elaboração de fantasia. A Literatura Infantil
proporciona a capacidade criadora das crianças, pois esta se constitui numa das
formas de relacionamento e recriação na perspectiva da lógica infantil. Através
da Literatura Infantil as crianças passarão a se identificar com as histórias
contadas em sala de aula, onde o sonho e a fantasia se misturam, criando assim
um desejo pela leitura e assim levá-las a ampliar e educar seus olhares para a
literatura, ser leitor e cidadãos mais preparados para a vida em sociedade.

Palavras-chave: Leitura; Aprendizagem; Literatura infantil; Leitores.


GAMA, Daniel Rodrigues. Literatura Infantil na aprendizagem da criança e sua
formação leitora. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia) -
Faculdade Evangélica de Salvador- FACESA, Igarapé do Meio, 2021.

ABSTRACT

Reading is a necessity and becomes a right and an indispensable factor to


individuals, is an interdisciplinary fact that in many of its manifestations is related
to other modes of expression that make up the child's communicative baggage
from his early years, that is, from early childhood education. One must consider
that the kindergarten welcomes children in an age group where the challenge is
part of your everyday life. Thus, the most important is that children be guided to
conduct reading activities that awaken the taste and stimulate the habit of
reading. Understand the importance of literature and manage it well for children
takes the teacher perform a transforming proposal. One of the most important
aspects of the child as a starting point for the acquisition of knowledge, media
and socialization and children's literature is admirable in allowing the imagination
to the world of adventure and your reading is the most systematic way of
elaboration of fantasy. The Children's Literature provides the creative capacity of
children, as this constitutes one of the forms of relationship and recreation from
the perspective of child logic. Through Children's Literature Children will to
identify with the stories told in the classroom, where the dream and fantasy
mingle, creating a desire for reading and thus lead them to expand and educate
their looks for literature, be player and more prepared citizens for life in society.

Keywords: Reading; Learning; Children's literature; Readers.


SUMÁRIO

1INTRODUÇÃO ................................................................................................. 9
2 A LITERATURA NA SUA ESSENCIA: breves considerações......................12
3 A LITERATURA INFANTIL E SEUS MÚLTIPLOS ASPECTOS: desafios e
possibilidades ................................................................................................... 17

4 A LITERATURA INFANTIL COMO RECURSO NO TRABALHO


EDUCATIVO: a Literatura infantil e a formação leitora .................................... 22

4.1 Características de Uma Obra Infantil Literária....................................... 27

4.2 A literatura infantil na sala de aula ......................................................... 28

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................34
REFERÊNCIAS.............................................................................................35
9

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo ressaltar a literatura infantil


como uma ferramenta no processo de aprendizagem da leitura e na formação
de leitores no contexto da Educação Infantil, uma vez que, a leitura é uma ação
de conhecimento intrínseca à infância, não podendo ser ignorada pela escola.
Diante disso é indispensável o professor em seu exercício conhecer e respeitar
a origem e a evolução da linguagem da criança, para assim utilizar métodos que
capacitem para o seu aprendizado e a leitura que mais agrada e criar
oportunidades, ou seja, colocar a sua frente literatura diversificada, que servirá
para identificar sua preferência.
Observa-se em instituições de Educação Infantil que há uma
necessidade de reflexão sobre a importância de trabalhar a literatura infantil,
saber quais as perspectivas nesse contexto, a fim de que propicie estratégias
aprimoradas para o aprendizado e desenvolvimento da criança, e é necessário
que o professor saiba que a criança no início à sua leitura passa por algumas
fases, dentre elas, há o pré-leitor que é aquele que ainda não tem a competência
de decodificar a linguagem verbal escrita. Nessa primeira fase são indicados os
livros de imagem sem texto verbal, ou seja, o predomínio absoluto de imagem,
como: gravuras, ilustrações desenhos etc. O leitor iniciante é aquele que já
começa a ter contato com a expressão escrita da linguagem verbal, ou seja, é a
fase do letramento, começa o conhecimento das letras, sílabas, etc.
Faz-se necessário que seja revisto o que a realidade escolar vem
apresentando a literatura infantil em seu âmbito, pois, professores não priorizam
ou valorizam o uso da mesma, até sabem da sua importância, porém não
dispõem de recursos e incentivos na escola para desenvolverem atividades com
as crianças, contudo as relações vivenciadas e criadas em sala de aula vão
estabelecer como as crianças aprenderão a ler e como serão seus
comportamentos leitores.
Nesse sentido o modo como a escola organiza o ensino no ato de ler
poderá propiciar ou não o acesso da criança com a leitura como prática na
formação de leitores.
A literatura deveria estar mais presente nas salas de aula, porém para
muitos professores é um conteúdo sem significado, ou seja, a literatura só tem
10

valor acompanhado de algum ensinamento objetivo, exato e que possua


estritamente cunho pedagógico, é que a literatura infantil ainda está
estreitamente vinculada ao que se entende por alfabetização. Entretanto, a
presença da literatura infantil na escola favorece a exploração de inúmeras
possibilidades de educação no desenvolvimento social, emocional e cognitivo da
criança.
O objetivo geral desta pesquisa é mostrar que a literatura infantil é um
caminho importante para a aprendizagem da criança, com ênfase na sua
formação leitora. De forma específica mostrar a literatura infantil como recurso
no trabalho educativo; explanar sobre a literatura na sua essência e discorrer
sobre os múltiplos aspectos da educação infantil.
Utilizou-se como metodologia para o desenvolvimento deste trabalho,
a pesquisa bibliográfica, onde aportou-se em: Beach e Marshall (1991); Cosson
(2011); Lajolo (1987); Solé (1998); Soares (1999); Rizzo (2008), Zilberman
(2008).
Portanto ao tratar a literatura para crianças tem que se pensar,
contudo no problema da leitura e do livro. Hoje a escola atribui aos textos
literários infantis um instrumento só para ensinar a ler, porém as histórias infantis
proporcionam às crianças uma aprendizagem mais lúdica e prazerosa.
A literatura infantil proporciona às crianças, meios para desenvolver
habilidades que agem como facilitadores dos processos de aprendizagem, é um
instrumento de suma importância na construção do conhecimento do educando,
fazendo com que ele desperte para o mundo da leitura, não só como um ato de
aprendizagem significativa, mas também como uma atividade prazerosa, para o
enriquecimento intelectual e cultural, desenvolvendo ainda, seu senso crítico e
despertando-o para novas experiências.
O primeiro contato com os livros e com a leitura ocorre para a maioria
das crianças ainda na infância, mesmo antes de entrar na escola, acontece no
ambiente familiar, portanto nesse período o ato de ler precisa ser ensinado, pois
a leitura é um meio que o homem utiliza para socializar-se com os demais. Sendo
assim, essa relação do homem com o livro deve começar desde cedo, ou seja,
na infância, pois a criança certamente desenvolverá o gosto pela leitura.
Quando crianças, esse contato com a leitura se dá através da relação
prazerosa com o livro infantil, onde a fantasia e imaginação as levam às emoções
11

que se misturam com as personagens da história. Desta forma a leitura deve ser
incentivada para que assim desperte na criança o interesse pelo conhecimento
da literatura e assim contribuir para formação de leitor. Portanto deve partir do
incentivo dos educadores em usarem a literatura infantil como auxílio para a
formação destes, relacionando os contos com a realidade de cada criança e
mostrar a relação que a literatura tem com o cotidiano das mesmas, ou seja, que
relação pode-se fazer dentro de cada história com a realidade delas.
A criança ao se deparar com um livro literário infantil e encontrar afeto
em sua leitura, é relevante que o professor dê voz à criança, oportunidade esta,
que não encontra em outras atividades escolares.
Cabe ressaltar, a relevância que o tema tem para se pensar a
construção de uma ação pedagógica mais qualitativa, fazendo da instituição
escolar um lugar onde as crianças passam a vivenciar e apreciar suas diversas
formas de expressão, pois educar e aprender são momentos fascinantes, cheios
de magia e prazer.
Esta pesquisa apresenta-se estruturada da seguinte forma:
primeiramente será apresentada a parte introdutória desta. No segundo eixo
será falado da Literatura na sua essência, fazendo-se uma breve consideração,
em seguida será falado sobre a leitura da literatura ou leitura literária. No terceiro
eixo será versado sobre a literatura infantil e seus múltiplos aspectos, com vistas
em seus desafios e possibilidades. No quarto eixo será abordado sobre a
literatura infantil como recurso no trabalho educativo, com destaque na formação
leitora. Logo em seguida será falado sobre as características de uma obra infantil
literária e a literatura infantil na sala de aula. No quinto eixo serão apresentadas
as considerações finais e as referências.
12

2 LITERATURA NA SUA ESSÊNCIA: breves considerações

A literatura trata de sentimentos, sensações e situações que vinculam


fantasia e realidade, constantemente presentes na vida. Ao tratar do imaginário,
a literatura não tende a ser vista como fuga da realidade para o leitor, pois é pelo
distante, abstrato, pelo que se afasta do real que o sujeito “trabalha essas
sugestões exteriores, associa-se às correlações do passado, articula-se aos
insumos resultantes das informações armazenadas” (ZILBERMAN 2008, p. 37.).
A literatura enquanto obra de arte, estimula o desenvolvimento
estético de cada pessoa, pois não explica o mundo como o faz a ciência e a
razão. Pode ser rica em intenções e fecunda em ambiguidade, tem o poder de
aflorar sentimentos, o que gera o refinamento do espirito e acarreta nova
percepção sobre o mundo, pessoas e relações existentes.
Por dar voz e vez ao leitor, a literatura se torna importante instrumento
de emancipação do sujeito, uma vez que não permite a existência de uma única
concepção ou maneira de ver o mundo, mas sim promove e admite a emissão
de opiniões diversas e diálogo entre os sujeitos envolvidos.
Supõe-se que quanto mais contato dos alunos com a Literatura,
melhores serão as interações destes com o mundo em que estão inseridos. A
Literatura abre portas para aquisição de competências e habilidades, até mesmo
da escrita de textos.
A literatura promove entretenimento, prazer, mas também informa
contribuindo decisivamente na formação do leitor. Cabe ao professor
redirecionar o uso das mídias impressas e virtuais de forma planejada e assim
ele estará redimensionando a função da escola e agregando a esta e ao seu
trabalho um valor imensurável, e principalmente estará transformando vidas que
por suas atitudes e decisões responsáveis, críticas e criativas transformarão o
mundo.
A Literatura nos diz o que somos e nos incentiva a desejar e a
expressar o mundo por nós mesmos. E isso se dá porque a literatura é
uma experiência a ser realizada é mais que um conhecimento a ser
reelaborada, ela é a incorporação do outros em mim sem renúncia da
minha própria identidade (COSSON, 2011, p.17).

A literatura é mecanismo inigualável, capaz de mudar o homem.


Através desse mecanismo o indivíduo desenvolve sua criatividade e seu
13

autodomínio de leitura e reflexão, propiciando várias vertentes no mundo


literário, pois através do contato com a literatura, que o aluno descobre sua
autonomia enquanto cidadão, arejando o grande fator da língua, que é grande
fator da identidade. Essa literatura é repassada de uma única maneira, com
textos fragmentados, autores classificados como pertencentes a um
determinado período literário, esquecendo que a literatura é além do que se
enxerga e imagina. Porém, mesmo ciente de que trabalhar com literatura não é
tarefa simples e da dificuldade e desinteresse que alguns alunos têm, o professor
deve ter a leitura literária como hábito em sala de aula.
A literatura é a representação da realidade, através da forma artística,
linguagem literária, a criatividade do escritor, que faz com que as palavras
passem a ter outros significados. E tais significados são descobertos pelo leitor
ao realizar esse tipo de leitura.
Para Lajolo (1987), “a literatura pode ser considerada como objeto de
criação”. Pois ela dá existência plena ao que, sem ela, ficaria no caos do
inomeado e, consequentemente, do não existente para cada um. E, o que é
fundamental, ao mesmo tempo em que cria, aponta para o provisório da criação.
É importante lembrar que uma das funções da literatura é formar, e,
nesse sentido, uma de suas tarefas é formar seu próprio leitor, contudo, a
formação do leitor não pode se pautar por estratégias de facilitação, uma vez
que a leitura envolve a solução de problemas. A formação do leitor consiste em
suas possibilidades de estabelecer objetivos e estratégias de leitura, a fim de
superar as dificuldades que a leitura do texto lhe apresenta.
Parte da função da Literatura é conceber conhecimento sobre o ser
humano, é uma meditação sobre a existência. Através da ficção, o homem
estabelece relações de ordem objetiva, social e política com o outro.

2.1 Leitura da Literatura ou Leitura Literária

Muitas discussões existem sobre a inserção da leitura literária na


escola, porém, o grande desafio de tais reflexões ainda é fornecer subsídios
teóricos e metodológicos para auxiliar a prática pedagógica dos professores.
Questionamentos surgem, e encontrar respostas para tais não é tarefa fácil,
principalmente se levar em consideração, que a leitura literária vem competindo
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com outros meios de comunicação, como a internet, que se torna mais atrativa
para os alunos, criando possibilidades de o indivíduo ficcionalizar, imaginar;
funções antes mais ativadas pela leitura literária.
[...] a leitura literária é uma dimensão significativa da cultura, nos
instiga, mexe com nosso íntimo, nos remete a lembranças, nos faz
refletir, pensar a realidade e nos tira do lugar comum, projetando
futuros possíveis [...] (EITERER E ABREU 2009, p. 159).

“A leitura literária deveria ser, na escola, como ato de anunciação e


coenunciação, tendo em vista o caráter dialógico instaurado entre autor-texto-
leitor na negociação de sentidos que a obra literária sugere” (MAINGUENEAU
1996, p. 5).
A leitura literária é um tipo especial de leitura. Pereira (2012), diz que
“sua especificidade decorre, sobretudo, das características do texto literário. E
ela pode ser valorizada como uma manifestação humana que merece lugar entre
as práticas culturais de nossa sociedade”.
Solé (1998) orienta que:
podemos considerara leitura literária como um dos meios mais
importantes na escola para a apropriação de novas aprendizagens.
Ratifica a autora que o perigo maior que envolve o ensino da Literatura
não se encontra no fato dos professores não trabalharem com o texto
em sala de aula, mas como esse texto está sendo trabalhado.

A leitura literária pode proporcionar muitas transformações na vida


das crianças. Independente do contexto em que a criança viva, a intenção de se
ensinar a ler e a ler literatura é promover a sua capacidade de criar, proporcionar
a oportunidade de a criança se tornar um cidadão crítico e ser capaz de
compreender e transformar sua própria realidade.
A leitura literária no ambiente escolar, principalmente, não tem sido
uma prática constante durante as aulas. Há muitas restrições, como falta de
conhecimento pelos próprios professores e falta do hábito de ler.
Ainda conforme o autor acima citado (SOLÉ1998 p. 32):

“É o coenunciador que anuncia a partir das indicações, cuja rede total


constitui o texto da obra. Por mais que uma narrativa se ofereça como
representação de uma história independente, anterior, a história que
conta só surge através de sua decifração por um leitor”.

Na escola, incentiva-se a quantidade de obras literárias lidas durante


o ano, mas não há uma real preocupação sobre como tais obras são de fato
lidas, de que modo se estabelece a relação texto-leitor. Dessa forma o aluno não
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consegue acompanhar o ritmo de leituras indicadas pelo professor e começa a


encarar a leitura literária como prática cansativa.
Contudo, em sala de aula, a literatura sobre um processo de
escolarização, tornando-se alvo de discussões sobre como trabalhar o texto
literário sem torná-lo pretexto para o ensino-aprendizagem de outras questões.
Atualmente a escolarização da leitura literária é um tema muito
abordado por diversos autores. Para Soares (1999, p. 25) existem dois tipos de
escolarização do texto literário. “A adequada e a inadequada, onde na primeira
faz referência às práticas de leitura presentes no contexto social. E a outra diz
respeito ao que ocorre frequentemente em sala de aula, provocando a
resistência e a aversão dos alunos aos livros, estando ainda distantes das
práticas sócias de leitura”.
As atividades com a literatura no ambiente escolar se dão, na maioria
das vezes, por meio de textos fragmentados, extraídos dos livros didáticos, dos
paradidáticos e das apostilas. O professor sabe que a literatura deve ser
trabalhada por meio de textos, mas, sobre o estresse do dia a dia, tendo de dar
aulas em mais de uma escola, sem tempo para ler e fazer a sua própria seleção
de textos, geralmente encontra nos materiais didáticos a ferramenta de trabalho
mais acessível. Os materiais didáticos realizam, portanto, a mediação entre o
que é estabelecido como conteúdo programático para determinada disciplina, e
as atividades a serem realizadas em sala de aula.
Contudo, a leitura literária, como qualquer outra prática de leitura, não
deveria se restringir ao livro didático, pois os alunos começam a ler apenas os
fragmentos de textos apresentados nos manuais didáticos, se, muitas vezes,
conhecerem as obras originais. Todavia, tudo depende da formação do professor
e de sua habilidade.
A leitura literária conduz a indagações sobre o que somos e o que
queremos viver, de tal forma que o diálogo com a literatura traz sempre
a possibilidade de avaliação dos valores postos em uma sociedade.
Tal fato acontece porque textos literários guardam palavras e mundos
tanto mais verdadeiros quanto mais imaginando, desafiando os
discursos prontos da realidade [...] (CONSSON, 2017, p. 50).

É preciso, portanto, segundo Beach e Marshall (1991, p. 39) “que o


professor reconheça dois níveis de leitura”. A leitura realizada pelo aluno que
está construindo sua interpretação a partir, muitas vezes, de um único contato
com o texto. E por outro lado, a leitura do professor que já tem conhecimento de
16

dados contextuais, noções de elementos instrumentais específicos da teoria e


da crítica literária.
A visão da escola sobre a literatura difere consideravelmente da
noção de que o aluno leitor tem acerca do literário. Por isso é preciso repensar
os julgamentos de valor disseminados pelas instituições que abordam a literatura
sob prismas distintos, quando se considera que cabe ao leitor, construir o seu
próprio “canon literário”, valorizando seu repertório de leituras.
17

3 A LITERATURA INFANTIL E SEUS MÚLTIPLOS ASPECTOS: Desafios e


possibilidades

Tem-se que levar em consideração que o ensino de literatura tem


como objetivo primeiro, a formação de leitores. Portanto é importante o professor
verificar quais são as suas expectativas ao oferecer o livro literário infantil ao
aluno. Existem crianças que apresentam resistência ao hábito de ler. O hábito
da leitura é adquirido aos poucos e para isso é preciso que a criança esteja em
contato com as histórias e os livros bem cedo.
A Literatura Infantil traz para o cotidiano da criança situações vividas
pelos personagens e, dão possibilidade de perguntas e respostas que podem
ajudá-las a solucionar questões dentro e fora da escola. Nas crianças, o
desenvolvimento da linguagem oral encontra-se diretamente relacionado com a
qualidade da interação que elas estabelecem com outras crianças e com adultos.
Precisam de motivação e que a leitura seja de grande descontração para que
esse momento se torne de grande importância, fazendo-as sentirem emoções
que as agradam e assim olharem a literatura como um meio de lazer.
Brasil (1997, p.58 apud COIMBRA e SOUTO p. 3 & 4):
Para tornar os alunos bons leitores e para desenvolver muito mais do
que a capacidade de ler, o gosto e o compromisso com a leitura a
escola terão de mobilizá-la internamente, pois aprender a ler e também
ler para aprender, requer esforço. Precisará fazê-los achar que a leitura
é algo interessante e desafiador, algo que conquistado plenamente
dará autonomia e independência. Uma prática de leitura que não
desperte e cultive o desejo de ler não é uma prática pedagógica
eficiente.

Ressalta-se que as condições necessárias ao desenvolvimento de


hábitos positivos de leitura incluem oportunidades para ler de todas as formas
possíveis. Sendo assim, é imprescindível que a criança tenha acesso ao
ambiente que lhe proporcione a prática da leitura, bem como escutar histórias
fazendo-a perceber o mundo que a cerca. A criança que é estimulada a ouvir
histórias desde cedo, que tem contato direto com os livros terá um
desenvolvimento favorável entre outros, o seu vocabulário. Considerando
relevantes estes aspectos para assim favorecer o desenvolvimento de sua
concentração, já que é na infância o período em que a criança possui essa
habilidade de absorver com muita facilidade, logo é necessário que se mostre o
que é preciso ela descobrir e construir no aprendizado da leitura.
18

Na interação da criança com a obra literária está a riqueza dos


aspectos formativos nela apresentados de maneira fantástica, lúdica e simbólica.
Como forma de atingir o objetivo proposto é colocá-los em contato
com as histórias infantis, pois se torna um momento oportuno para a participação
do processo de interação, pois as crianças irão se imaginar no contexto da
história, haja vista, que a criança possui um amplo potencial ao que se refere
imaginação e curiosidade. Na leitura a criança é atraída pela curiosidade.
Considerando esses aspectos preponderantes na criança, isso os facilitará a
compreensão no ato de ler ou escutar as histórias e assim possibilitará seu
ingresso na viagem literária. A aquisição do hábito de ler não é algo simples para
todos. Há aqueles que apresentam resistência até atingir o desenvolvimento
pleno como conscientes e verdadeiros leitores: Abramovich (1997, p.23 apud
PERUZZO, 2011, p.4) nos diz:
O escutar pode ser o início da aprendizagem de se tornar leitor. É
importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas
histórias... Escutá-las é o início da aprendizagem para ser um bom
leitor e ser leitor é ter caminho absolutamente infinito de descobertas e
de compreensão do mundo.

Percebe-se que as crianças na atualidade estão mais interessadas


nas novas tecnologias, deixando de lado os tão importantes livros. A
consequência desse desinteresse pela leitura ocasiona problemas futuros,
dentre eles, dificuldades em produzir e interpretar textos, pois a literatura infantil
em sua dimensão transformadora desenvolve na criança a sua imaginação e a
relaciona ao encantador universo literário infantil. Conforme Silva (1992, p.5
apud FERNANDES, 2010, p.21) “bons livros poderão ser presentes e grandes
fontes de prazer e conhecimento. Descobrir estes momentos desde bebezinho
poderá ser uma excelente conquista para toda a vida”.
Sabe-se que há uma necessidade quanto à leitura para a constituição
do leitor, mas com as novas tecnologias, o mundo mudou, convivemos
diariamente cercados de tanta informação tecnológica e por isso, certamente a
postura da criança mudou também. Sendo assim os livros literários infantis vão
perdendo o seu público, e as crianças deixam de apreciar as tão encantadoras
histórias infantis. Portanto é indispensável a leitura desde a infância, visto que é
por meio dessa que a criança terá acesso em conhecer os diferentes conteúdos,
estabelecer intimidade com os livros e posteriormente com a literatura infantil. E
19

se esse processo for transformado em um grande ato lúdico, participativo e


prazeroso a criança será conquistada facilmente o que favorecerá no caminho
que a levará a ser leitor.
Segundo Peruzzo, (2011, p.6):
O querer construir uma sociedade de leitores vai além do sentimento
do desejo, vai à atitude. Essa atitude deve ser planejada nas ações das
atividades pedagógicas da escola juntamente com todo corpo docente,
desde atividades mais simples, como uma conotação de histórias à
tarefas que exijam planejamentos mais elaborados. A forma que cada
profissional da educação se engajar validará o sucesso dos objetivos
propostos na formação de leitores.

É importante saber se pais e professores despertam nas crianças


o gosto pela leitura da literatura infantil, a qual encanta, envolve, facilita a
interpretação e principalmente forma leitores. Conforme (Risso 2008, p.2)
Ao que se refere à formação de leitores, a escola tem falhado em
desenvolver o lado lúdico da leitura. Essa falha contradiz as propostas
pedagógicas em alta, que apresentam uma educação transformadora
e criativa. Para que tais propostas pedagógicas tenham êxito, é
necessário investimentos da escola e do professor em formar leitores,
e que para tal, se trilhe o caminho do caráter lúdico da literatura infantil.

Portanto para que haja empenho e interesse na arte literária é de


grande importância o uso do lúdico nas atividades do ensino da literatura infantil.
Conforme Frantz (2001, p. 16 apud PAIVA e OLIVEIRA, 2010, p. 3):
A literatura infantil é também ludismo, é fantasia e questionamento, e
dessa forma consegue ajudar a encontrar respostas para inúmeras
indagações do mundo infantil, enriquecendo no leitor a capacidade de
percepção das coisas.

Destaca-se que a escola deve principalmente formar leitores, porém


nota-se dificuldade nos professores, em alguns casos, às vezes porque recebeu
uma formação que não prioriza ouso da literatura e diante disso tem apenas
como uma atividade decorativa no ensino. Contudo, a literatura infantil se fosse
trabalhada em sala de aula e amplamente valorizada e que buscasse uma leitura
prazerosa, as crianças não deixariam de conhecer todas as possibilidades para
a sua formação de leitor. Por isso há uma necessidade de incentivar o hábito da
leitura literária infantil às crianças.
Diante disso, se pais e professores explorassem na função
educacional com as crianças os textos literários utilizando o lúdico no
aprendizado da leitura, nesse momento provavelmente seria construído o prazer
20

pela leitura e certamente serviria como caminho para a formação do pequeno


leitor.
De acordo com Maciel, (2006, p.5)
Através da literatura os alunos passarão a se identificar com as
histórias contadas em sala de aula, criando assim um desejo pela
leitura, assim se formará leitores dentro e fora da escola. A literatura
infantil hoje tem sido um meio para se alfabetizar, em outros casos têm
sido usada somente para passar o tempo em sala de aula, mas será
que ela não pode ser um meio para que os professores dentro da sala
de aula agucem em cada aluno uma vontade maior de ler?

Para Sousa e Santos (2004, p.81 apud SILVA 2010, p.12)


“precisamos discutir o papel da escola que se constitui em âmbito privilegiado
para a formação do leitor.” Ou seja, a instituição escolar além de trabalhar com
o desenvolvimento da linguagem escrita e oral, entre outras, deve formar leitores.
Quando a prática pedagógica no ensino da literatura infantil não
estiver apropriada à maturidade da criança, ou seja, que a mesma não é ainda
capaz de compreender, fica comprometida a interpretação dos textos literários.
Segundo Azevedo (2004 p. 39 apud PARISSOTO e MOCHI, 2011,
p.4).
Destaca a importância da literatura nesse primeiro contato da criança
com a leitura, pois para formar um leitor é imprescindível que entre a
pessoa que lê e o texto se estabeleça uma espécie de comunhão
baseada no prazer, na identificação, no interesse e na liberdade de
interpretação.

Presume-se que a escola poderá formar leitores, quando educadores


apresentam a literatura infantil à criança até mesmo a partir de uma história a
qual faz a criança que lê ou escuta, tornar-se um ser que questiona, opina,
relaciona, duvida, entre outros, etc.
De acordo com Vieira (2004, p.24):
A literatura infantil na educação infantil deve ser compreendida como
uma possibilidade de construção de espaços significativos, não mais
numa visão assistencialista, mas, sim, educativa. Por esse viés adquire
novo significado e possibilita a criança o acesso ao mundo da literatura
aproximando-a de diferentes linguagens, já que o contar histórias pode
se constituir em: corporal, plástica, musical, oral e escrita; em
interações no grupo. É ouvindo histórias que as crianças constroem o
mundo das ideias abstratas, vivenciam experiências que enriquecem o
seu conhecimento real.

Ainda se percebe o quanto as crianças gostam de histórias lidas e


contadas, mergulhando de corpo e alma nos encantos que podem proporcionar,
e esta relação agradável com os livros, além de desenvolver a imaginação,
21

poderá fazer destas crianças futuros leitores, ampliando e permitindo conhecer


cada vez mais as diversidades culturais e sociais, aproximando as situações do
mundo imaginário para o mundo real.
A leitura literária trata de sentimentos, sensações e situações que
vinculam fantasia e realidade. Defende-se a leitura de obras literárias para o
desenvolvimento da formação leitora. Ela transforma em importante instrumento
de formação, o que possibilita ao leitor refletir sobre assuntos relevantes para o
seu desenvolvimento enquanto ser.
Assim, para que este processo ocorra, é necessário tanto a instituição
educacional como a família, permitir, incentivar, proporcionar e desenvolver o
hábito da leitura, considerar como uma das atividades mais importantes para o
desenvolvimento da sensibilidade, da memória, da fantasia e da imaginação. É
por meio deste contato que a criança adquire vocabulário e conhecimento para
fazer sua própria leitura do mundo.
Despertar o interesse de crianças pela leitura é uma tarefa que requer
um professor criativo e ele mesmo um leitor. “[...] aquele que interpreta um texto
à luz do seu contexto, estabelecendo relações entre as ideias produzidas e a
vida concretamente vivida em sociedade.” Silva (2003b, p. 41 apud SOUZA e
FEBA, 2011, p.148).
Partindo do conhecimento da criança, da realidade em que ela vive e
da sociedade da qual faz parte, o professor deve mergulhar na seleção de livros
e textos “[...] permitam o refinamento da compreensão dos estudantes bem como
o desenvolvimento de competências que possam levá-los à autonomia e
maturidade em leitura.” Silva (2003a, p.26 apud SOUZA e FEBA 2011, p.148).
Portanto, foi no espaço da educação infantil, que se buscou
compreender a aplicabilidade da literatura infantil como atividade complementar
para o desenvolvimento infantil.
22

4 A LITERATURA INFANTIL COMO RECURSO NO TRABALHO EDUCATIVO:


a literatura infantil e a formação de leitores

Acredita-se que formar leitor é um grande desafio e, para isso é


preciso aprofundar discussões sobre o trabalho com a leitura no ambiente
escolar, para tanto o professor necessita perceber-se como um agente de
mudança e um multiplicador do ato de ler e fazer a opção individual e
intransferível de como vê e entende a leitura.
Como observa Silva (2003b, p.40 apud SOUZA e FEBA 2011, p.148)
“a maneira pela qual o professor concebe o processo de leitura orienta todas as
suas ações de ensino em sala de aula.”
A função pedagógica da Educação Infantil envolve o favorecimento
de novas aprendizagens, considerando as crianças como parte da totalidade que
as envolve. Todas as atividades desenvolvidas nessa etapa de ensino precedem
de alguma forma, a aprendizagem das técnicas de leitura e escrita e, sem dúvida,
beneficiam o processo de alfabetização.
Nesse sentido, segundo Abramovay; Kramer (1987, p.37 apud
RODRIGUES e SILVA 2011, p.6):
As atividades realizadas na Educação Infantil enriquecem as
experiências infantis e possuem um significado real para a vida das
crianças, elas podem favorecer o processo de alfabetização, quer em
nível do reconhecimento e representação dos objetos e das suas
vivências, quer em nível da expressão de seus pensamentos e afetos.

Para muitos, a função pedagógica da literatura é contribuir para que


a criança aprenda a decifrar o código escrito. Dessa forma, a literatura é vista
como um dos meios para alfabetizar uma criança em seus primeiros anos
escolares.
No entanto para Zilberman (1982, p.23 apud SILVA 2010, p.11 e 12):
A obra de arte literária não se reduz a um determinado conteúdo
reificado, mas depende da assimilação individual da realidade que
recria. Utilizar a literatura infantil somente com a finalidade de
alfabetizar a criança pode limitar sua visão de mundo ficcional e faz
com que ela não aprecie a essência da literatura infantil.

Sabe-se da grande complexidade no início da aprendizagem da


criança em relação à leitura, é muito conflituosa, mas com estratégia envolvente,
incentivo de professores e familiares, certamente contribuirá nessa ação. No
processo de educação, cabe ao professor mediar, transmitir à criança
23

conhecimentos, pois muitas vezes é o único que tem possibilidade de interagir


com as crianças nesse ato educativo. Portanto é importante colocar as crianças
onde existem diversos materiais de leitura como por exemplo: livros, jornais,
revistas, etc. Em decorrência disso a criança sentirá o desejo de conhecer o
mundo das letras e assim facilitará o interesse pela leitura e é neste contexto
que há possibilidade da criança tornar-se leitor. Por isso é de grande importância
que pais, professores, tenham a consciência de seu papel formador. Cabe ainda
levar a criança leitora a perceber o texto, compreender e discutir aquilo que leu.
Portanto é preciso formar leitores desde cedo, mas para isso é preciso ajudá-los
a sentir liberdade e prazer ao estar lendo.
Se o professor despertar a atenção do leitor para a relação que existe
entre o processo de construção do texto e seu significado, ele será capaz de
apreciar mais intensamente as obras que ler e, mais que isso, será capaz de
prosseguir em seu percurso de leitor sozinho.
Segundo Vieira (2004, p.2): “a literatura infantil na Educação Infantil
deve ser compreendida como uma possibilidade de construção de espaço
significativo.”
A iniciação à leitura literária conduz à criança a fruição e o prazer que
favorece o enriquecimento de sua imaginação. Na área educativa essa
experiência dá oportunidade à criança de alargar seus horizontes e seu
conhecimento de mundo, assim como auxilia nas interpretações e atribuições de
sentido do leitor.
A literatura inicia a criança na palavra, no ritmo e na memória,
desenvolvendo a competência literária, cuja formação se produz através do
hábito do leitor.
A literatura no caráter formador faz com que as crianças apreciem a
essência da arte literária, possibilitando uma inter-relação com seu
cotidiano. Quanto mais oferecermos literatura às crianças mais elas
estarão capacitadas a entender o texto, a interpretar, a valorizar e a
ativar os seus intertextos constituídos para o desenvolvimento de uma
competência literária. (SOUZA e FEBA, p.81)

Em se tratando de literatura para a educação infantil cabe à iniciação


da criança no mundo da leitura a apresentação do livro desprovido de texto
verbal como já foi citado à cima, o livro de imagem faz parte do universo infantil
pelo seu encantamento, quanto à qualidade artística que as ilustrações
apresentam.
24

Segundo Camargo (1975, p.79 apud SOUZA e FEBA 2011, p. 82)


O livro de imagem não é um mero livrinho para crianças que não sabem
ler. Segundo a experiência de vida de cada um e das perguntas que
cada leitor faz às imagens, ele pode se tornar o ponto de partida de
muitas leituras, que podem significar um alargamento do campo de
consciência: de nós mesmos, de nosso meio, de nossa cultura e do
entrelaçamento da nossa com outras culturas, no tempo e no espaço.

Logo a leitura de imagem é uma das primeiras leituras da criança, pois


mesmo antes de saber ler e escrever tem contato com diversas imagens, as
quais são importantes fontes para a construção do pensamento.
A tarefa de formar alunos leitores necessita de professores envolvidos
com a literatura desde o início, na Educação Infantil. A literatura infantil é muito
importante na formação do pequeno leitor, porque através dela, a criança, utiliza
a imaginação provocada pela curiosidade, com isso amplia o conhecimento e
viaja num mundo de imaginação.
As histórias infantis cativam as crianças por possuírem uma
linguagem permeada por elementos inusitados e enredos carregados de
possibilidades, para os quais não há limite entre o sonho e a realidade.
A leitura é indispensável e essencial para o homem. Em se tratando
de leitura para criança, essa além de possuir caráter educativo e informativo, não
bastará apenas para ler, terá que despertar a emoção, o imaginário, funções
essas, que apresentam maior afinidade nas crianças, são essenciais para dar
estímulo e transportarem no caminho da formação de leitores.
Buscou-se no espaço educacional da educação infantil observar
como as crianças agiam e interagiam na hora de uma atividade correspondente
à literatura, assim como professores na adequação da sua prática à cerca da
literatura infantil.
Atualmente no ambiente escolar, ou seja, em sala de aula encontram-
se diversificados livros literários, porém voltados para atividades didáticas. Cabe
à escola a responsabilidade de inserir a criança no mundo da literatura, estimular
e assim torná-la leitora e formar leitores é um grande desafio.
Percebe-se que as crianças se sentem atraídas pelas histórias infantis
pelo fato de possuírem em sua linguagem inúmeros elementos que lhes dão
possibilidades de sonhar e assim povoar a sua imaginação, entrar em contato
com as personagens e ficar entre o imaginário e o real. Portanto, ouvindo
25

histórias as crianças constroem um mundo encantador transportados pela


fantasia.
Cabe ressaltar que o professor ao contar uma história às crianças
precisa ter sensibilidade deve transmitir o seu sentimento e estar totalmente
envolvido pela história para expressar toda a sua profundidade para estar
levando as crianças a ampliar e educar seus olhares para a literatura. Observa-
se que as crianças gostam de histórias contadas ou lidas, pois essas lhes
proporcionam momentos de grande fantasia e imaginação e se esse contato com
os livros infantis for agradável, isso implicará em uma formulação de ideias e
conhecimentos.
Estas reflexões fazem acreditar que uma pesquisa sobre este assunto
é oportuna e relevante, pois permite aprofundar os conhecimentos pedagógicos
a respeito de desenvolver a imaginação e fantasia das crianças a partir da
Literatura Infantil.
Pela própria historicidade do gênero, não se deve descartar a literatura
para crianças como um objeto de estudo ou de ensino nos cursos de
formação de professores ou como área de programa de pós-
graduação. Isto é, literatura para crianças deve ser oferecida como arte
e prazer, arte porque é o resultado de um fazer estético do(s) autor(es)
e prazer porque o contato com a arte pode ser encarado desde a mais
tenra idade como uma experiência ricamente prazerosa, capaz de nos
envolver e trazer novas dimensões ao cotidiano. (GREGORIN Filho
2009, p.63)

Desse modo, podem ser criadas atividades de leitura literária que


diminuam a distância existente entre o livro e os leitores, muitas vezes causada
pelos constantes processos de escolarização desse tipo de leitura e até mesmo
da literatura, quando associada apenas ao caráter de obrigatoriedade dos
afazeres escolares. Assim, a perspectiva pedagógica para a pesquisa-ensino de
literatura infantil tem como objetivo voltar a atenção de futuros profissionais da
educação para sua diversidade, no sentido de que um livro pode ser aplicado
em atividades lúdicas, artísticas e como importante aliado das práticas docentes
que envolvem o ler, o escrever e, principalmente, o desenvolvimento de posturas
investigativas e críticas do aluno, pois ensinar a pensar é também uma das
funções mais importantes da escola. Mas é na relação lúdica e prazerosa da
criança com a obra literária que temos uma das possibilidades de formarmos o
leitor. É na exploração da fantasia e da imaginação que se instiga a criatividade
e se fortalece a interação entre texto e leitor.
26

Aliada a essa perspectiva de cunho pedagógico, outras são


igualmente importantes. Por meio da preparação de novos profissionais para o
trabalho com o livro, podemos levar o ambiente escolar a entender e questionar
aspectos históricos e sociais de um povo, educar o olhar para o universo de
imagens e signos do mundo contemporâneo e, ainda, perceber comportamentos
e atitudes de alunos ou grupos de alunos.
Os livros didáticos são essenciais para formação das pessoas, mas
não formam leitores, ao escolher um livro para o seu aluno, seja de literatura ou
não, o educador deve perceber a importância de sua função como agente
transformador da realidade social. É preciso saber diferenciar uma obra literária
de um texto informativo. A literatura está cercada de emoções, sentimentos e
fantasias, etc.
O RCNEI apresenta a literatura como uma das atividades
fundamentais no processo de aprendizagem e desenvolvimento da criança, o
mesmo relata que:
A educação infantil, ao promover experiências significativas de
aprendizagem da língua, por meio de um trabalho com a linguagem
oral e escrita, se constitui em um dos espaços de ampliação das
capacidades de comunicação e expressão e de acesso ao mundo
letrado pelas crianças. Essa ampliação está relacionada ao
desenvolvimento gradativo das capacidades associada às quatro
competências linguísticas básicas: falar, escutar, ler e escrever.
(RCNEI, 1998, p. 117)

A literatura sempre exerceu influência na edificação sociocultural dos


indivíduos numa sociedade. Segundo Oliveira (2008, p.40 apud CORRÊA 2010,
p. 9 e 10), declara:
A literatura infantil é, sobretudo, comunicação, pois cria relação entre
os sujeitos comunicantes: autor e leitor. As propriedades formativas da
literatura infantil, só se realizam e concretizam-se na comunicação da
criança com a história. Nesse sentido, é preciso considerar que na
literatura infantil, o mundo é reproduzido de forma simbólica, mediante
a fantasia, o sonho, o mágico.

Dessa forma, a literatura estimula a curiosidade dos leitores, responde


a necessidade que todos temos de imaginação, devaneio, sonho, de ouvir
histórias, de compartilhar com os outros, etc.
Trabalhar diretamente com crianças é estar atento aos seus gostos,
saber ouvir suas opiniões sobre este ou aquele livro. Aí está a
importância da discussão de alguns pontos teóricos sobre o tema, para
que possamos estar mais bem preparados tanto para a escolha das
obras como para o convívio com a criança leitora. (Gregorin Filho,
2009, p.11)
27

Para tanto, serão discutidos variados aspectos da apresentação da


literatura aos novos leitores, questões relativas à abordagem da literatura nos
livros didáticos e sugeridas algumas formas possíveis da participação efetiva dos
professores como mediadores entre autores literários e leitores, como por
exemplo, a importância dos professores serem leitores plenos. Esse é um
discurso que terá que ser discutido ao que se refere o processo de ensino da
literatura infantil, pois essa é uma aprendizagem que se constrói e que é da maior
importância para a constituição do ser criança e do sujeito do conhecimento.

4.1 Características de uma obra infantil literária

Quando um escritor cria uma obra, ele coloca sua visão de mundo,
suas particularidades no ato de pensar e sentir, portanto ao escrever uma obra
à criança precisa ver o mundo com o olhar dela, reproduzindo o seu universo
imaginativo.
O seu conteúdo deve ser de fácil entendimento, que seja
relativamente curto, com ausência de temas adultos, com a presença de
estímulos visuais, (cores, imagens, fotos, etc.) com uma linguagem simples, que
permita a riqueza de ilustrações, ser interessante e acima de tudo que a criança
encontre em sua leitura, prazer, encantamento e magia. Selecionar obras para
crianças é um questionamento frequente, mas, extremamente genérica, visto
que há uma infinidade de possibilidades e gêneros a serem escolhidos.
Hoje há uma produção literária /artística para as crianças que não
nasce apenas da necessidade de se transformar em mero recurso
pedagógico, mas cujas principais funções são o lúdico, o catártico e o
libertador, além do cognitivo e do pragmático, já que visa a preparar o
indivíduo para a vida num mundo repleto de diversidades.
(GREGORIN FILHO, 2009, p. 29 & 30)

O contato com uma obra chamada de literatura infantil é tomá-la como


um texto portador de uma linguagem específica e cujo objetivo é expressar
experiências humanas, ou seja, são contos de uma pessoa que observa o mundo
com um olhar diferente e que sempre está atenta aos detalhes e, o livro a ser
oferecido à criança é importante que seja adequado à sua maturidade como
leitor, pois os diferentes temas devem ser propostos para leitura e discussão
desde que a criança possua amadurecimento psicológico necessário para que a
28

conversa seja proveitosa e efetivamente apreendida, sendo o texto um conjunto


organizado de ideias, um discurso sobre determinada faceta de fácil
compreensão e que essa literatura seja um veículo de informação e lazer, em
que a leitura recorre às capacidades de reflexão e que também irá influir nas
emoções do pequeno leitor. Se o texto apresenta uma extensão maior do que a
sua competência de leitor pode entender, constitui fator do afastamento da
atividade leitura ou da sua rejeição a essa atividade. Aprender a ler e utilizar-se
da literatura como veículo de informação e lazer promove a formação de um
indivíduo mais capaz de argumentar, de interagir com o mundo que o rodeia e
tornar-se gente de modificações na sociedade em que vive.
Conforme Gregorin Filho (2009, p.53) “Nem só de palavras se constrói
um livro para crianças; a ilustração é uma das linguagens não verbais mais
recorrentes na obra literária infantil.”
A literatura é constituída por vários elementos, é fundamental
entendê-la em sua totalidade não considerando só os contos de histórias,
bastante significativos, mas a música, poesia e poema contribuem para o
desenvolvimento das funções psíquicas das crianças, pois a música é importante
para o desenvolvimento da fala, da memória e da sensibilidade, o encanto das
poesias e dos poemas mostra uma maneira lúdica de olhar o mundo,
apresentando a realidade.

4.2 A literatura infantil na sala de aula

As perspectivas de estudo e ensino de literatura infantil, objetiva-se


dizer que é o resultado da construção do ensino histórico-social vinculada a uma
proposta pedagógica. É importante ressaltar que a literatura infantil não deve ser
só mais uma proposta às crianças para que elas aprendam a ler, mas para poder
formar leitores. Porém muitos professores ao oferecer o livro de literatura infantil
em sala de aula não sabem como proceder e terão que buscar novas orientações
teórico-metodológicas que coloquem professor e aluno frente a frente a esse
desafio de aprendizagem para que alcancem de maneira mais correta e assim
formar crianças leitoras.
O professor deve oportunizar as crianças a convivência com os livros,
esse desvendamento do mundo literário.
29

Advertimos que é preciso oferecer aos estudantes textos literários,


pois de acordo com Kaufman e Rodríguez (1995, p.45 apud SOUZA e FEBA
2011, p.174) “os leitores se formam com a leitura de diferentes obras que contêm
uma diversidade de textos que servem como ocorre nos contextos
extraescolares, para uma multiplicidade de propósitos.”
Conhecer esses elementos construtores do universo textual e
relacioná-los com o estudo da literatura para crianças é de suma
importância para que o professor possa construir com mais segurança
as suas atividades de sala de aula, além de conseguir mais
instrumentos para avaliar os livros que vai oferecer aos alunos.
(Gregorin Filho 2009, p. 21)

A criança no seu processo de conhecimento é fundamental o seu


envolvimento com o brincar, pois, a brincadeira desenvolve certas habilidades,
como por exemplo: a memória, a atenção, a imaginação e favorece a
socialização.
Desse modo, a criança adquire identidade e autonomia, apresenta
interesses diferentes e características individuais. Quando tem seus primeiros
contatos com os livros, é ingressar no mundo da linguagem. A linguagem e a
transição da criança em relação ao livro infantil se dar em diferentes fases da
leitura em decorrência da idade.
A literatura sempre esteve e está presente em nossas vidas muito
antes da leitura e da escrita, seja por meio das cantigas de ninar, das
brincadeiras de roda ou das contações de histórias realizadas por familiares.
Porém quando as crianças chegam à escola é que a literatura passa a ter o poder
de construir uma ligação lúdica entre o mundo da imaginação. A partir do
momento em que a criança tem acesso ao mundo da leitura, ela faz descobertas
e amplia a compreensão de si e do mundo que a cerca. Ressalta-se que, o
professor sem dúvida, é um dos grandes responsáveis pela busca de estratégias
de leitura que melhor atendam aos alunos, e a sua ação alicerçará o processo
de formação de leitores.
Cabe destacar que a promoção da leitura e a formação de leitores no
espaço escolar são propostas básicas no processo ensino-aprendizagem, pois
de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, a prática de leitura tem
como finalidade a formação de leitores. Contudo as práticas de leitura realizada
em sala de aula atualmente não atendem a esse propósito básico. Para se
formar um leitor é preciso oferecer textos diversificados; não apenas a leitura de
30

sala de aula com o livro didático, pode-se até ensinar a ler, mas certamente não
se formarão leitores competentes.
A criança deverá ver a leitura com prazer, assim a tornará um hábito
saudável, capaz de formar cidadãos competentes, com sensibilidade e
imaginação, para isso, cabe ao professor proporcionar momentos de prazer e
descontração utilizando a literatura infantil como ferramenta de diversão e
aprendizagem.
Segundo Coelho (2000, p.20 apud SOUZA e FEBA 2011, p.76):
A escola é hoje o espaço privilegiado, em que deverão ser lançadas as
bases para a formação do indivíduo. E nesse espaço privilegiamos os
estudos literários, pois, de maneira mais abrangente dos que quaisquer
outros, eles estimulam o exercício da mente; a percepção do real em
suas múltiplas significações; a consciência do eu em relação ao outro;
a leitura do mundo em seus níveis e, principalmente dinamizam o
estudo e conhecimento da língua, da expressão verbal significativa e
consciente-condição para a plena realidade do ser.

Por ser o espaço de ensino e aprendizagem onde as transformações


começam a ocorrer, a escola deve ficar atenta à formação do leitor, uma vez que
o elemento básico da cultura, a linguagem, é a precondição de qualquer
realização humana, e a leitura passa a ser vista como fonte de conhecimento e
de responsabilidade na formação da criança leitora.
Ao trazer a literatura infantil para a sala de aula, o professor
estabelece uma relação dialógica com o aluno, o livro, sua cultura e a própria
realidade. A literatura infantil em sala de aula cria condições para que se formem
leitores. A sua utilização deverá ser precedida de uma avaliação diagnóstica para
que se verifiquem as reais condições de leitura e o amadurecimento da criança
para tal atividade.
Ressalta-se a importância para o público infantil a preferência aos
livros sem textos verbais, contudo presentes as imagens, que permitem a
reflexão, aguça a imaginação e ainda proporciona um olhar mais atento às
ilustrações, esses livros se bem trabalhados na sala de aula favorece ao pré-
leitor um fascínio, deixando-o curioso em sua caminhada rumo ao mundo da
leitura.
De acordo com Mello (2002, p.1 apud SOUZA e FEBA 2011, p. 85)
A leitura visual não se restringe a decodificar os elementos narrativos,
simbólicos, e o contexto em que se insere o objeto artístico. A imagem
possui ritmo, contraste, dinâmica, direção e, ainda, uma série de outras
31

características que não suportam ser traduzidas em palavras. A


imagem tem lá os seus silêncios.

Outra observação importante é criar condições para que não se


percam os objetivos desta atividade. É de suma importância a percepção dos
livros de leitura literária como aliados no desenvolvimento da afetividade e da
imaginação da criança.
Segundo Souza e Feba (2011, p.77) “os livros a serem apresentados
às crianças devem trazer em seu bojo muita graça, mistério e fruição, gerando
expectativa no leitor.”
Muitos são os fatores indutivos no processo de introdução à leitura
literária. Por isso o professor precisa ter uma compreensão mais aprimorada
acerca de como se processa todo envolvimento na leitura. Esse envolver é um
processo evolutivo, que começa desde os primeiros contatos com os textos até
o início de uma leitura mais compreensiva. O professor deve estar ciente de que
além de propor atividades de leitura para a criança ele deve ajudá-las mostrando
todo o jogo lúdico que os textos literários trazem, como o quanto de aprendizado
elas irão construir ao longo de todo processo de ensino-aprendizagem escolar.
Assim ele estará ajudando a avançar cognitivamente.
Para Cavalcanti (2009, p.39 apud PAULINO 2012, p.5) “a literatura
pode ser para a criança, um aspecto para expansão do seu ser [...] ampliando o
universo mágico, transreal da criança para que esta se torne um adulto mais
criativo, integrado e feliz.”
Faz-se necessário o incentivo ao hábito da leitura, pois essa atividade
fortalece a liberdade de construção de experiências e conhecimentos. Os textos
literários fazem reflexões sobre o mundo e a vida. Segundo Azevedo (2004, p.
40 apud GODOY 2007, p.7):
Através de uma história inventada e de personagens que nunca
existiram, é possível levantar e discutir, de modo prazeroso e lúdico,
assuntos humanos relevantes, muitos deles, aliás, geralmente evitados
pelo discurso didático-informativo – e mesmo pela ciência – justamente
por serem considerados subjetivos, ambíguos e imensuráveis.

A importância de o professor trabalhar o lúdico na literatura infantil, é


que assim relaciona a fantasia com o concreto, pois é no brincar que as crianças
expressam suas emoções e necessidades e a literatura infantil permite essa
relação partindo das diferentes mensagens que a leitura oferece.
32

A atitude de ler se desloca para o ler-brincando, conhecimento lúdico,


e tal deslocamento pode ser estimulante a outros aprendizados porque
o simples ato de se deslocar muda o aprendizado. Aprender com
prazer altera a recepção, a memória. (SOUZA e FEBA 2011, p. 31)

A criança ao escutar uma história literária ela tem a oportunidade de


aprender, de vivenciar a magia e entrar em contato com o novo, pois a literatura
infantil cria oportunidades para que as crianças alcancem em seu processo de
aprendizagem e conhecimento o prazer e o interesse pela devida leitura.
O importante em oferecer e discutir literatura infantil em sala de aula
é ser mais do que uma simples atividade é ampliar a competência de ver o
mundo e dialogar com a sociedade, além de oferecer um olhar mais apurado
para as diferentes nuances que a literatura para crianças na sala de aula pode
solicitar.
De acordo com Zilberman (1982 apud SILVA 2010, p.11)
A literatura aproveitada em sala de aula na sua natureza ficcional, que
aponta para vários conhecimentos, e não somente para o ensino de
boas maneiras de se comportar, de falar bem, etc. se apresenta como
elemento que poderá levar a escola a romper com o ensino tradicional.
Por meio da literatura, sobretudo na escola, a criança pode se
expressar e refletir sobre suas condições sociais. Não trabalhar com
literatura na escola pode fazer com que a criança cresça impotente e
incapaz diante de muitas possibilidades de ser.

Deve-se observar como o livro de literatura infantil é trabalhado em


sala de aula, pois o mesmo influencia a construção do sentido da criança sobre
o que é leitura e literatura. Cabe ao professor proporcionar momentos de
descontração mostrar que a leitura traz prazer e sensibilidade, utilizando a
literatura infantil como ferramenta de diversão e aprendizagem. Nesse sentido a
criança deverá ver a leitura com prazer “(...) como objeto que provoca emoções,
dá prazer ou diverte e, acima de tudo modifica a consciência do mundo leitor
(...)” (COELHO, 2009, p. 46 apud BATAUS e GIROTTO, 2012, p.3).
O professor poderá criar condições e intervir para que os alunos se
tornem bons leitores, a fim de torná-los capazes de ler, para buscar informação,
ler para se divertir, ler para aprender. Assim a leitura poderá ser um hábito
saudável, capaz de formar leitores com sensibilidade e imaginação.
Ressalta-se ainda que se usar a leitura significativa das fábulas em
sala de aula evidencia muito mais que uma primeira função pedagógica
pragmática expressa pela moral presente, em geral, no final da narrativa
33

A leitura literária das fábulas representa a possibilidade de um trabalho


de fruição estética por parte dos alunos; tem ainda uma função lúdica;
proporciona conhecimento, ao formar culturalmente os educandos,
além de funcionar como catarse para os leitores.
(Souza e Feba 2011, p. 174)

Se professores usarem de modo adequado as fábulas com as


crianças, essa poderá tornar-se um meio de aprendizagem de leitura e escrita,
além de proporcionar emoções a sua leitura. As peculiaridades que distinguem
as fábulas é que seus personagens são simbólicos, são dadas a eles
características humanas. As fábulas além de levar a criança ao imaginário são
excelentes para facilitar a compreensão de certos valores da conduta humana.
34

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao analisar as concepções de leitura presentes no interior da escola,


conclui-se que o ato de ler, da forma como vem sendo trabalhada não tem
contribuído para despertar na criança a sua formação leitora, pois se percebe
que nem todos os professores estão aptos a lidar com este tipo de construção,
é preciso que haja um trabalho em conjunto, da família e da escola.
Buscou-se ainda no espaço educacional da Educação Infantil analisar
a forma que as crianças agiam e interagiam na hora de uma atividade
correspondente à literatura infantil, bem como a adequação da prática do
professor. Quando essa questão é para formar leitores, evidencia-se que, é
necessário repensar esta prática educativa no âmbito escolar, tendo em vista a
profundidade do conhecimento que pode ser adquirido. De acordo com a
pesquisa bibliográfica, constatei que diversos autores são categóricos quando
se referem ao prazer e o gosto pela leitura, porém atualmente onde a tecnologia,
na qual se enquadra os jogos eletrônicos, ocupa grande tempo das crianças, é
um desafio quando se trata de prazer pela leitura.
Para que a criança sinta prazer na leitura, a Literatura Infantil pode ser
aproveitada como recurso lúdico, com base na exploração do fantástico e
imaginário. As histórias do livro infantil como forma de entretenimento são muito
importantes para a criança para o seu desenvolvimento intelectual, psicológico
e afetivo, a criança aprende brincando, através de histórias, brincadeiras e jogos
em atividades lúdicas que tem objetivos para se divertir, socializar e interessar-
se por novos conhecimentos. A própria leitura traz diversas possibilidades de
mostrar o que precisa ser construído. É de responsabilidade do leitor adulto,
mostrar à criança o verdadeiro sentido da leitura.
É preciso que todos os envolvidos nesse processo educativo
repensem a prática pedagógica para assim resgatar o gosto pela leitura, através
do vasto repertório que a Literatura Infantil oferece para assim estar formando
leitor na Educação Infantil.
35

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funções da pré-escola. Cadernos Cedes, São Paulo, n.9. 1987.

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