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COLÉGIO ESTADUAL VIRGÍLIO PEREIRA DE ALMEIDA DATA:____/____/______

PROFESSOR(A):ANA SELMA C. CURRICULAR: SOCIOLOGIA


ESTUDANTE:_______________________ SÉRIE/TURMA: 2ºANO_____

Os dilemas da construção da identidade na era da informação

Na sociedade moderna, um dos temas mais utilizados para refletir sobre a


relação entre indivíduo e sociedade é o da identidade social. Produto direto da
interação entre o individuo e a coletividade, a identidade social é o modo pelo qual os
indivíduos se percebem no mundo e definem sua maneira de interferir nele. Se
decodificamos o mundo mediante a cultura, é pela identidade social que o
classificamos, nos damos conta de sua diversidade e nos posicionamos nas questões
do dia a dia. As mudanças ocorridas no mundo nas ultimas décadas do século XX
modificaram aposição de relativa estabilidade no modo como essa identidade era
construída, assim como intensificaram o debate acerca do tema nas Ciências Sociais,
especialmente na Sociologia.
O processo de construção da identidade social espelha a maneira como se
efetiva a relação entre o indivíduo e a coletividade em determinada estrutura social.
Para o sociólogo francês Robert Castel, a extensão do assalariamento no século XX
possibilitou a construção de uma identidade social de trabalhador assalariado. Nesse
contexto, a mediação entre o indivíduo e a sociedade se dá na esfera do trabalho. É
pela inserção profissional que ele se constrói como sujeito e estabelece sua relação
com a coletividade.
A partir das últimas décadas do século XX, a estrutura social das
sociedades capitalistas vem sendo moldada para absorver um novo modelo de
indivíduo, que se realiza como cidadão por meio do consumo. Nesse sentido, há um
duplo movimento: redução da representatividade e dos direitos sociais e políticos dos
indivíduos, que fica evidente principalmente na esfera do trabalho, e a extensão dos
direitos ligados ao consumo, com a ampliação da proteção do indivíduo como
consumidor.
Essa duplicidade é criticada por Richard Sennett, que aponta um
problema: a particularização cada vez maior da experiência social resulta em
indivíduos fragmentados e, por vezes, desconectados da coletividade. A lógica de
consumo produzida pela ação combinada das empresas e da indústria cultural cria nos
indivíduos uma subjetividade que redunda apenas em consumismo desenfreado.
Nesse contexto, uma cultura superficial e geral, globalizada, passa a ser a referência
social.
O sociólogo jamaicano Stuart Hall estabelece uma ponderação em relação
a essa crítica na medida em que as identidades construídas na modernidade muitas
vezes sobrepunham a estrutura aos indivíduos. Hoje em dia, com o processo de
transformações em curso, as identidades sociais ganham novos contornos,
valorizando as especificidades dos grupos locais, o que fortalece a perspectiva do
indivíduo.Nessa nova configuração, Nestor Canclini, antropólogo mexicano, observa a
existência de um indivíduo que, na esfera do consumo, é visto como portador de
singularidades que devem ser satisfeitas pela estrutura social. Assim, o consumo é
analisado positivamente como a principal marca de pertencimento à sociedade do
século XXI e constitui elemento gerador das identidades sociais. O indivíduo
consumidor pode estabelecer laços sociais com outros consumidores e criar diferentes
modos de intervenção na estrutura social.
Em outra perspectiva, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman critica as
novas configurações sociais que determinam os modos de construção da identidade
social. O modo fragmentado e volátil como as identidades vêm se desenvolvendo não
pode ser visto de forma positiva, pois as condições sólidas de reprodução da vida
individual estão sendo substituídas por relações sociais e econômicas que não
permitem identidades coletivas perenes, levando os indivíduos à busca de uma
referência que nunca poderá ser dada pelo consumo.
De uma maneira ou de outra, é evidente a importância da identidade social
na definição do papel que o indivíduo exerceu, exerce ou ainda exercerá na
sociedade.

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