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APLICAÇÕES DA ELETRÔNICA EMBARCADA EM AUTOMÓVEIS

Irlan Baptisti Faé

Departamento de Engenharia Elétrica - Universidade Federal do Espírito Santo


irlanfae@terra.com.br

Resumo – O artigo enfoca as aplicações da eletrônica eletrônicos brasileira é, via de regra, somente para
embarcada em automóveis no Brasil, bem como busca montagem final.
efetuar também um panorama internacional. É claro
que as limitações de tempo disponível para a II – CARACTERIZAÇÃO T ÉCNICA
realização do estudo não possibilitaram a exaustão do
tema, particularmente sobre o enfoque internacional. A eletrônica trata do movimento de cargas
elétricas num gás, vácuo ou semicondutor.
Sobressai do trabalho a importância crescente
dos circuitos integrados, cada vez embutindo maior A eletrônica embarcada trata de como a eletrônica,
capacidade de armazenamento e/ou processamento embutida em sistemas gerais, pode prover meios para
agregando valor ao conforto, a segurança, ao controle garantir mais segurança, maior confiabilidade, maior
e a confiabilidade dos veículos. controle, entre outras coisas.

I – Introdução III - HISTÓRICO

A eletrônica vem assumindo crescente A implantação da indústria automobilística no


importância no mundo atual, estando presente na Brasil remonta à década de 30 quando Getúlio Vargas
informática, nas telecomunicações, nos controles de implantou a Fábrica Nacional de Motores (FNME).
processos industriais, na automação dos serviços
bancários e comerciais e nos bens de consumo. A indústria eletrônica só começou a funcionar
Quanto a esses últimos, ela aparece não apenas nos 20 anos mais tarde, quando teve início a produção de
tradicionais segmentos de áudio e vídeo, mas de forma bens de consumo, os quais eram montados a partir da
disseminada entre os eletrodomésticos, e cada vez importação de componentes, que só começaram a ser
mais inteligentes nos automóveis. A título de fabricados localmente na década de 60.
curiosidade, um carro brasileiro popular, possui
atualmente, um conteúdo eletrônico total da ordem de A união entre as duas indústrias começou na
US$ 700,00. década de 1990. Até então os veículos em geral, seja
de carga ou passeio, não possuíam nada ou muito
Vale registrar que no setor automobilístico, bem pouco de eletrônica embarcada.
como na maior parte dos setores, a indústria de bens
Com o advento da abertura econômica, os
veículos importados invadiram o território brasileiro, e Um grande mostruário de tecnologias
fizeram com que o valor de uso do brasileiro ficasse emergentes para o setor automobilístico é a fórmula 1
mais apurado. Este passou a exigir mais qualidade, e organizações do gênero, que põem a prova diversos
conforto, segurança e confiabilidade dos veículos. mecanismos eletrônicos visando melhorar o
desempenho dos carros.
As montadoras nacionais tiveram que
implementar veículos, com características semelhantes V – Aplicações da Eletrônica
aos importados.
1. Caixa de Câmbio Seqüencial
Um marco da utilização da eletrônica no setor
automobilístico foi o lançamento, feito pela É um câmbio que não dispõe fisicamente de
Volkswagen, do gol GTi. pedal de embreagem e conta com um câmbio em que
são inseridas as relações com toques para cima ou
IV – Situação Atual para baixo, de acordo com a necessidade. Salvo
exceções, estas caixas também contam com a
A eletrônica embarcada em automóveis está possibilidade de um funcionamento automático, em que
consolidada no país. Hoje dentre as partes de um as marchas são mudadas sem que seja necessária
automóvel que podemos garantir o uso da eletrônica uma ação do condutor.
temos:

Ø Painel – computador de bordo;


Ø Sistema de rádio ou CD;
Ø Sistema de freio;
Ø Sistema de injeção de combustível e;
Ø Sistema de alarme.

As novas tecnologias de assistência à


condução, que estão sempre em constante evolução,
são sempre denominadas com nomes difíceis e, na
maioria dos casos, quase inteligíveis. Além disso, cada
fabricante emprega siglas diferentes para um mesmo
conceito.

Estudos mais avançados vêm sendo feitos a 2. Suspensão Inteligente


nível internacional principalmente com a eletrônica
aplicada a controle de sistemas envolvendo Analisa o estado do piso pelo qual o veículo
automóveis. está circulando e o tipo de condução do motorista, para
que a suspensão se adapte aos movimentos da 5. Injeção Direta
carroceria. Este comando está formado por uma central
eletrônica e um circuito de válvulas, normalmente O comando controla o combustível que é
hidráulico, que limita que os impactos de buracos introduzido diretamente na câmara de combustão para
sejam absorvidos pela carroceria, não transmitindo o que o processo seja perfeito, beneficiando assim, o
incômodo aos passageiros. rendimento e o consumo.

3. Controle de Tração 6. Distribuidor Eletrônico de Frenagem

É um sistema eletrônico que evita que as rodas


tracionadas patinem em uma superfície lisa. Existem
dois tipos de controle de tração: um somente atua
sobre o motor, e o outro sobre os freios.

Estes sistema foi implementado primeiramente


em carros de fórmula 1, e posteriormente em veículos
convencionais.

Este sistema distribui a força dos freios entre


os dois eixos de acordo com a necessidade. Reduz a
tendência de bloqueio nas rodas, para isso utiliza os
sensores do ABS.

7. Caixa de Câmbio Auto Adaptativa

Dispõe de um computador que se encarrega de


4. Freada Assistida analisar a atitude do condutor o tempo todo para saber
o tipo de condução que pretende efetuar, como por
É um sistema que se encarrega de aumentar a exemplo: esportiva, tranqüila... Uma vez feito isto,
potência dos freios em freadas de emergência. Isto define as características do câmbio automático para os
acontece quando, o condutor, por medo de bloquear as intervalos entre uma marcha e outra. Simplificando: em
rodas não pisa fundo nos freios. uma condução esportiva selecionará as marchas mais
curtas. Quando estiver dirigindo devagar, o comando
irá eleger trocas de marcha longas para favorecer o
consumo. O controle de estabilidade age sobre os freios e
a potência do motor, juntamente com o ABS. Este
8. Controle de Estacionamento sistema mantém a estabilidade do carro em curvas,
asfalto molhado e em outras ocasiões que põem a
É um radar que funciona emitindo sons quando prova a capacidade de condução do motorista, e a
o veículo se aproxima de algum obstáculo, para isto resposta que o veículo tem de ter em situações de
são aplicados alguns sensores nos pára-choques que risco.
auxiliam o motorista na hora do estacionamento

9. Sistema de Fechadura / Abertura / Alarme Remoto

Sistema remoto onde o transmissor (controle na


forma de um chaveiro) envia um código (raio
infravermelho) que é identificado pelo receptor
(localizado no carro). Este cógido é semelhante à chave
do carro porém eletrônico.

10. Controle de estabilidade

Entre os sistemas de segurança ativa, o


controle de estabilidade foi o que mais evoluiu nos 11. Controle de Fluxo de Tráfego
últimos anos. A especialidade dele é corrigir pequenos
erros que os motoristas cometem na hora de dirigir.
Um conjunto de instalações contendo [2] Revista Control Systems – Vol. 16 nº 5, vol. 16 nº 6,
sensores, atuadores, computadores e programas vol. 18 nº 5 - outubro 2000.
computacionais controlam o fluxo de veículos em uma
rodovia. Isto evita que o comportamento humano [3] Revista Carro On-line.
provoque congestionamento nas rodovias. Algumas
variáveis como concentração, velocidade e fluxo são
apuradas e medidas de controle são provocadas nos
veículos de forma a manter uma velocidade média
comum a todos.

Estudos internacionais comprovam que a


implementação do sistema é mais barata do que a
construção de novas estradas.

Conclusão – O foco central da eletrônica embarcada


em automóveis é o de atender as exigências dos
consumidores, proporcionando sobretudo conforto,
segurança e confiabilidade. O custo relacionado a isso
não é tão alto se comparado aos benefícios agregados.

Existe igualdade nas aplicações da eletrônica


embarcada em automóveis, tanto no Brasil como em
outros países. A diferença que se acentua a nível
internacional é devida ao controle de sistemas
envolvendo não só automóveis.

Seguramente, outras aplicações serão criadas


e colocadas à domínio do homem. Tal fato é
perfeitamente conveniente, visto que o automóvel é
uma ferramenta fundamental para o trabalho e lazer
das pessoas.

Referencias

[1] Complexo Eletrônico: Perspectivas para o Brasil –


Artigo publicado por engenheiros da Gerência Setorial
do BNDS – Março 2001.

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