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A INFLUÊNCIA DO CICLO MENSTRUAL NO

TREINAMENTO ESPORTIVO

GRASSINI, Glória Marianna Barreto Primeiro


Mestre em Cognição e Linguagem
Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF
gloriamariannabarreto@hotmail.com

AZEVEDO, Priscilla Gonçalves de


Doutoranda em Cognição e Linguagem
Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF
Bolsista CAPES
prigoncalves78@gmail.com

RESUMO
As fases do ciclo menstrual geram mudanças significativas no corpo da mulher, as
transformações hormonais e comportamentais mostram que existem evidências dessas
mudanças na fase pré-menstrual ou pós menstrual. Estudos recentes apresentam casos
que identificam uma influência negativa no funcionamento físico, psicológico e social da
mulher. O presente estudo tem o objetivo de realizar um levantamento bibliográfico de
artigos que abordam o tema ciclo menstrual e exercícios físicos, com intuito de trazer
conceitos e apontamentos que esclareçam o tema em questão. A ausência de cinsenso na
literatura, mostra que ainda é um assunto inacabado, necessitando de novas investigações,
afim de melhorar a performance no treinamento esportivo das mulheres e aprimorar o
conhecimento dos profissionais que atendam o público feminino em clubes e academias.

Palavras-chave: Ciclo menstrual. Treinamento esportivo. Mulher.

ABSTRACT
The phases of the menstrual cycle generate significant changes in the woman's body,
hormonal and behavioral changes show that there is evidence of these changes in the
premenstrual or post menstrual phase. Recent studies present cases that identify a negative
influence on the physical, psychological and social functioning of women. This study
aims to carry out a bibliographic survey of articles that address the topic menstrual cycle
and physical exercises, in order to bring concepts and notes that clarify the topic in
question. The absence of cinsense in the literature, shows that it is still an unfinished
subject, needing further investigations, in order to improve the performance in women's
sports training and improve the knowledge of the professionals who serve the female
public in clubs and gyms.

Key-words: Menstrual cycle. Sports training. Woman.

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INTRODUÇÃO

Os efeitos do exercício físico nas diferentes fases menstruais ainda são pouco
explorados na literatura. Embora existam pesquisas que relatam como o ciclo menstrual
interfere no desempenho esportivo feminino, não há concordância sobre o
desenvolvimento das habilidades físicas em detrimento do período da menstruação.
Porém existem evidências de que a atividade física promove redução da pressão
intraocular, aumento da força máxima, diminuição do cansaço durante a realização das
atividades diárias, maior flexibilidade e resistência, além de proporcionar a sensação de
bem-estar após a prática dos exercícios físicos.
Com isso, a presente pesquisa tem como objetivo realizar um levantamento
bibliográfico de artigos que abordam o tema ciclo menstrual e exercícios físicos com
intuito de trazer apontamentos que elucidem a problemática em questão. Visto que, a
ausência de consenso na literatura sobre o tema mostra que ainda é um assunto inacabado
e que necessita de constantes investigações afim de melhorar a performance no
treinamento esportivo das mulheres.
Para isso, inicialmente, o estudo esclarece, brevemente, as alterações fisiológicas
e hormonais que ocorrem no ciclo menstrual afim de trazer explicações sobre o
funcionamento do corpo feminino durante cada etapa da menstruação. Em seguida, a
pesquisa se propõe identificar estudos que apresentam a influência dos períodos
menstruais no treinamento esportivo.
As diferentes fases do ciclo menstrual acarretam mudanças hormonais e
comportamentais das mulheres. Estudos recentes mostram evidências da existência de
diferenças corporais na fase pré-menstrual e apresentam casos que identificam uma
influência negativa no funcionamento físico, psicológico e social da mulher durante este
período.
A presente pesquisa é um estudo básico, posto que, tem o objetivo de gerar
conhecimento úteis para a ciência sem aplicação prática prévia. No ponto de vista da
abordagem do problema, o estudo é uma pesquisa qualitativa. Esta abordagem considera
que existe uma relação de movimento dinâmico entre o mundo real e o sujeito, isto é, um
vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode
ser traduzido numericamente (KAUARK, MANHÃES e MEDEIROS, 2010).

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1. CICLO MENSTRUAL (CM) E TREINAMENTO DESPORTIVO

Apesar do grande número de publicações sobre o desempenho esportivo feminino


e o ciclo menstrual, não há concordância sobre os aspectos anatômicos, psicológicos e
hormonais que afetam a performance das mulheres praticantes de atividade física. A
literatura reporta que compreender as fases do ciclo menstrual é de grande importância
para a periodização do treinamento. Pois, as modificações biológicas características do
CM repercutem no funcionamento do organismo feminino. Alguns estudos (LOUREIRO
et. al. 2011; NEIS e PIZZI, 2018; RAMOS et. al., 2018; ZUNTINI, ARAÚJO e SOARES,
2018) indicam que as alterações fisiológicas e as concentrações hormonais afetam o
desempenho das capacidades físicas.
A periodização do treinamento esportivo feminino, muitas vezes, não está
organizada de acordo com as fases do ciclo menstrual e pode acarretar em um baixo
rendimento nas sessões de treinamento (MORAES et. al., 2008). De acordo Moraes et. al.
(2008), em cada fase do ciclo menstrual a mulher irá apresentar as particularidades a
apontadas a seguir:
Na fase menstrual, há oclusão e liberação de sangue, período de irritabilidade e
instabilidade emocional, quando ocorre a redução da força, velocidade e resistência. Na
fase seguinte, período pós- menstrual, a progesterona e o estrogênio aumentam, com isso
há uma melhora na capacidade de resistência e velocidade. Na fase ovulatória, a
progesterona aumenta e o estrogênio diminui, reduzindo a capacidade de coordenação e
força. Na fase pós ovulatória, acontece “o pico de liberação de progesterona, quando as
atletas podem estar no seu melhor estado de rendimento, diminuindo a capacidade de
coordenação e força” (MORAES et. al., 2008, p.7). Na fase pré-menstrual, há uma
redução hormonal, período de irritabilidade, queda na concentração, força e aumento da
fadiga.
Segundo Ramos et. al. (2018), as quatro fases do ciclo menstrual podem ser
divididas em “fase menstrual, fase pós-menstrual, fase ovulatória e fase pósovulatória.
Cada fase é caracterizada pela liberação dos hormônios folículo estimulante e luteinizante
alternadamente, assim como há a secreção da progesterona e estrogênio” (p.30). Observa-
se que a fisiologia feminina é modificada pelas alterações hormonais decorrentes do CM.
Contudo, os estudos mostram resultados controversos sobre as oscilações endócrinas no
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rendimento durante o treinamento esportivo. Loureiro et. al. (2011), apontam que:

(...) enquanto alguns estudos mostram que as alterações nas


concentrações séricas de estrogênio/progesterona não são suficientes
para afetar o desempenho físico), outros experimentos demonstram
melhor desempenho em determinadas fases do CM (LOUREIRO et. al.,
2011, p.24).

Apesar de existir muitas pesquisas expondo como o exercício afeta a menstruação,


há poucos que relatam como a menstruação e as fases do ciclo menstrual afetam a
performance feminina (RAMOS et. al., 2018). Vemos que alguns autores irão afirmar que
a um aumento nas medidas da força máxima durante a fase menstrual em comparação
com a fase ovulatória (FLECK e KRAEMER, 2002). Todavia, outros autores dizem que
o desempenho esportivo ótimo é alcançado na fase pós menstrual, devido ao aumento da
taxa de estrogênio (WEINECK, 2005).
A pesquisa de Loureiro et. al. (2011), evidencia que não houve diferença na força
muscular durante a realização de testes de 10RM, com exercícios de membros superiores
e inferiores nas diferentes fases do CM. Para os autores, os dados obtidos durante a
pesquisa, nos mostram implicações práticas na periodização do treinamento esportivo,
visto que, não há adulteração na força muscular, indica-se que não existe a necessidade
de alteração nas particularidades do treinamento em função do CM de mulheres que
apresentem aspectos semelhantes. Do mesmo modo, a aplicação de testes de carga para
controle e/ou acompanhamento do desenvolvimento e da evolução do treino pode ser
realizada sem diferenciação da fase do CM (LOUREIRO et. al., 2011, p. 24).
De acordo com Celestino et. al. (2012) ao comparar a força muscular de mulheres
nas fases, pré-menstrual, menstrual e pós-menstrual, através de testes de 10RM durante o
treinamento, não há variações significantes de força nessas três fases do ciclo menstrual.
No decorrer de sua pesquisa, constataram que não houve uma diferença importante entre
as fases estudadas, percebendo apenas uma diferença na força máxima na fase pós-
menstrual maior do que na fase menstrual e pré-menstrual, sugerindo a necessidade de
um planejamento periodizado para o treinamento de força durante as fases do ciclo
menstrual, mesmo com pequenas alterações no aumento do seu desempenho.
Em contrapartida, estudos recentes, (ZUNTINI, ARAÚJO e SOARES, 2018;

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NEIS e PIZZI, 2018; RAMOS et. al., 2018) mostram informações diferentes da pesquisa
de Loureiro et. al. (2011), visto que se observa diferenças consideráveis no desempenho
esportivo das mulheres em detrimento das fases do ciclo menstrual.
Os dados obtidos no artigo “A influência da Síndrome Pré-menstrual e do Ciclo
menstrual no treinamento de corrida e musculação” (ZUNTINI, ARAÚJO e SOARES,
2018), mostram que tanto o treinamento de corrida, quanto os exercícios de musculação,
sofreram alterações significativas no período anterior e durante a menstruação. Segundo
as autoras, os resultados indicam que em relação a prática da corrida as voluntárias
percorreram uma distância menor nessas fases. Na prática da musculação também houve
variações negativas no período pré-menstrual e menstrual, apresentando um menor
desempenho. Isto posto, indicam ainda que aplicaram a avaliação da Escala de Humor de
Brunel (BRUMS), que foi elaborada com a finalidade de proporcionar uma rápida
verificação dos estados de humor de populações constituídas por adultos e adolescentes.
Para as autoras, por meio da utilização desse instrumento foi possível realizar uma rápida
análise do estado de humor das voluntárias na pesquisa. De acordo com Zuntini, Araújo
e Soares, 2018:

A percepção do estado de humor (escala de humor de Brunel) (...)


apresentaram resultados que evidenciam que houve significativa
variação do estado de humor entre as praticantes de musculação
(p=0,0016), especialmente no que se refere à raiva e ao vigor
(ZUNTINI, ARAÚJO e SOARES, 2018, p. 14).

Diante do texto acima, vemos que não há consenso na literatura sobre a influência
dos períodos menstruais no treinamento esportivo feminino e na alteração da performance.
Talvez, a ausência de concordância sobre esse fator no treinamento tenha relação com as
características subjetivas e individuais de cada organismo nos períodos menstruais, na
alimentação e no volume de treino da mulher praticante de exercícios físicos.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Apesar da existência de muitos estudos que apontam a relação do exercício físico e


a menstruação, poucas pesquisas mostram como o período menstrual interfere na
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performance e quais alterações podem comprometer o potencial físico e psicológico da
mulher. Visto que, não há consenso sobre a exatidão dos melhores períodos menstruais
para o desempenho físico. Enquanto alguns autores afirmam que a um aumento de força
máxima durante a fase menstrual, outros indicam que o despenho esportivo ótimo é
alcançado na fase pós-menstrual (RAMOS et. al., 2018).
O conhecimento sobre o ciclo menstrual e suas diferentes fases é de ampla
importância para podermos compreender o funcionamento fisiológico do corpo feminino,
bem como para interpretar as modificações biológicas que acontecem a cada novo ciclo
e repercutem de maneira global nas mulheres (LOUREIRO et. al., 2011).
As mudanças que ocorrem no sistema neuroendócrino pela alteração hormonal,
provocam as oscilações de cada fase de todo o ciclo menstrual. Vemos que, o ciclo
menstrual (CM) pode variar de 21 a 35 dias, com uma média de 28 dias (LOUREIRO et.
al. 2011). De acordo com Silva et. al. (2017), a fisiologia feminina pode ser afetada pelas
mudanças hormonais que ocorrem durante o CM. Os hormônios sexuais femininos,
estrogênio e progesterona, têm relação direta com os receptores cerebrais e podem
influenciar na percepção sensorial e motora.
Os hormônios femininos estrogênio e progesterona possuem funções específicas no
ciclo menstrual. De acordo com Ferreira, Mannarino e Almeida (2018), o estrogênio
secretado pelas células foliculares promove o desenvolvimento e a manutenção das
estruturas genitais femininas, incluindo o revestimento endometrial feminino e a
progesterona secretada pelo corpo lúteo atua junto com os estrogênios para preparar o
endométrio para implementação do óvulo fertilizado.
Entender o funcionamento hormonal durante o CM pode ajudar a levantar algumas
hipóteses sobre a síndrome pré menstrual e os sintomas percebidos nesse período. Dessa
maneira, Ferreira, Mannarino e Almeida (2018), indicam que:

O GnRH (hormônio de liberação da gonadotrofina) controla o ciclo


menstrual e o ciclo ovariano, estimulando a liberação do FSH
(hormônio folículo estimulante) e do LH (hormônios luteinizantes). As
funções destes hormônios estão descritas a seguir: FSH – induz a
secreção inicial de estrógenos através dos folículos em crescimento. LH
– induz a maturação dos folículos ovarianos e a secreção de estrógenos
por meio destes, levando a ovulação. Ainda, estimula a formação do
corpo lúteo e induz a produção de estrógenos e progesterona pelo corpo
lúteo (FERREIRA, MANARINO e ALMEIDA, 2018, p. 2).

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Segundo os autores citados, a degeneração do corpo lúteo causa a ausência de
progesterona e estrógenos, provocando a menstruação. Os baixos níveis de progesterona
e estrógenos e inibina promovem a liberação de GnRH, FSH e LHM, estimulando o
crescimento folicular e o início de um novo ciclo menstrual. (FERREIRA,
MANNARINO e ALMEIDA, 2018). Essas variações durante um ciclo menstrual de 28
dias, podem ser percebidas na figura abaixo.

Figura 1: Níveis dos hormônios FSH, LH (estrógeno e progesterona)

Fonte: Tortora e Derrickson, 2012.

Durante todo o ciclo menstrual é possível observar variações hormonais constantes,


as altas e baixas concentrações de estrogênio e progesterona podem promover
comportamentos de tensão no dia a dia da mulher. Para Shepherd (2001), os estrogênios
atuam sobre a cognição, o humor e as doenças cerebrais degenerativas.
Em seu trabalho, a autora Shepherd (2001), avaliou o impacto dos estrogênios nas
funções cerebrais. Assim, ela afirma que, o estrogênio exerce ações neuroprotetora,
neurotrófica, de proteção contra o estresse oxidativo, aumenta a concentração e o número
de receptores dos neurotransmissores (serotonina, dopamina e norepinefrina). Em
contrapartida, a deficiência estrogênica prejudica a função cognitiva, provocando danos
na velocidade do processamento cerebral, fato que induz o surgimento de distúrbios do
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humor.

3. RESULTADOS ALCANÇADOS

Na tentativa de explicar brevemente alguns conceitos que traduzem as diferenças


hormonais e fisiológicas que acontecem no corpo da mulher, vemos que, é necessário
entender o funcionamento hormonal durante o CM para favorecer no levantamento de
algumas hipóteses sobre a síndrome pré-menstrual e os sintomas percebidos nesse
período.
Dando sequência as hipóteses trazidas pela literatura revisada, foram encontrados
artigos e revistas que mostram a relevância dos estudos sobre o treinamento esportivo e a
influência do ciclo menstrual para o desenvolvimento das aptidões físicas.
As publicações encontradas relacionadas a presente pesquisa, especificamente
sobre o tema ciclo menstrual, exercício físico e treinamento esportivo elucidaram algumas
breves questões sobre o funcionamento do corpo feminino. Os dados encontrados
puderam esclarecer as diferenças fisiológicas e hormonais que ocorrem durante o período
menstrual, gerando novos questionamentos sobre o assunto.
Não obstante, após trazer resumidamente os conceitos sobre as fases do ciclo
menstrual, foi possível observar estudos que tratam especificamente da influência do ciclo
menstrual no treinamento esportivo e na performance da mulher. Nesse sentido, nota se
que os autores investigados apresentam dados controversos sobre a influência do ciclo
menstrual no desempenho das mulheres praticantes de exercícios físicos.
Os dados obtidos no decorrer da pesquisa evidenciam que as taxas hormonais
femininas sofrem influências do ciclo menstrual, fazendo com que seja perceptível as
mudanças corporais, como por exemplo, a retenção líquida. Este fator indica que a
sensação de inchaço pode vir a ser um dos componentes que influenciam a periodização
do treinamento nesse período. Além disso, a literatura encontrada mostra que as variações
do humor também são justificas em determinados períodos pela baixa de estrogênio, nos
levando a perceber que a mulher fica mais sensível necessitando de estímulos que vão
além do treino resistido.
Dessa maneira, entender os sinais e características de cada organismo será
fundamental para pensar em um programa de treinamento esportivo que perceba o corpo

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da mulher como um todo. As mudanças físicas e emocionais podem ser um indicativo
para que o professor de educação física saiba variar e adaptar o treinamento segundo as
necessidades de cada aluna.
As publicações encontradas, nos artigos e revistas na presente pesquisa, sobre o
tema ciclo menstrual, exercício físico e treinamento esportivo elucidaram algumas breves
questões sobre o funcionamento do corpo feminino. Os dados encontrados puderam
esclarecer as diferenças fisiológicas e hormonais que ocorrem durante o período
menstrual, levantando novos questionamentos sobre o assunto.
Posto que, após trazer resumidamente esses conceitos sobre as fases do ciclo
menstrual foi possível observar estudos que tratam especificamente da influência do ciclo
menstrual no treinamento esportivo e na performance da mulher. Nesse momento, nota
se, que os autores investigados apresentam dados controversos sobre a influência do ciclo
menstrual no desempenho das mulheres praticantes de exercícios físicos.
Enquanto determinados autores dizem que o ciclo menstrual altera o desempenho
da força, a concentração e o humor, outras pesquisas afirmam que o ciclo menstrual não
afeta as capacidades físicas na performance feminina. Fazendo com que o tema em
questão seja inconclusivo e subjetivo para cada leitor interpretar e utilizar as informações.
No entanto, apesar dos dados obtidos no decorrer da pesquisa apontarem
contradições, fica evidente que as taxas hormonais femininas sofrem influências do ciclo
menstrual, fazendo com que seja perceptível as mudanças corporais, como por exemplo,
a retenção líquida. Este fator indica que a sensação de inchaço pode vir a ser um dos
componentes que influenciam a periodização do treinamento nesse período. Além disso,
a literatura mostra que as variações do humor também são justificas em determinados
períodos pela baixa de estrogênio, nos fazendo perceber que a mulher fica mais sensível
necessitando de estímulos que vão além do treino resistido.
Por conseguinte, entender os sinais e características de cada organismo será
fundamental para pensar em um programa de treinamento esportivo que perceba o corpo
da mulher como um todo. As mudanças físicas e emocionais podem ser um indicativo
para que o professor de educação física saiba variar e adaptar o treinamento segundo as
necessidades de cada aluna.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio dos estudos analisados, acredita-se que as oscilações de humor, as dores
e o inchaço causados em determinados períodos do ciclo menstrual podem afetar o
desempenho esportivo da mulher. Caso esta evidência seja percebida pelo professor/
treinador, parece ser de suma importância pensar na periodização do treinamento
considerando esses sinais. Diante disso, vemos que cada profissional deve investigar os
sinais dados pelas alunas/pacientes para pensar nas ações a serem tomadas nas fases do
treinamento esportivo, agindo de acordo com os objetivos a serem alcançados a curto,
médio e longo prazo. Visto que, cabe considerar que cada organismo é único e irá
responder de forma diferente e subjetiva aos estímulos causados pelo treinamento.
Na tentativa de explicar, brevemente, alguns conceitos que traduzem as diferenças
hormonais e fisiológicas que acontecem no corpo da mulher, vemos que, é necessário
entender o funcionamento hormonal durante o CM para favorecer no levantamento de
algumas hipóteses sobre a síndrome pré-menstrual e os sintomas percebidos nesse
período.
Dando sequência as hipóteses trazidas pela literatura revisada, foram encontrados
artigos que mostram a relevância dos estudos sobre o treinamento esportivo e a influência
do ciclo menstrual para o desenvolvimento das aptidões físicas. Nesses estudos, foi
possível notar que não houve concordância nos trabalhos revisados sobre o assunto.
Visto que, apenas alguns autores afirmam que há influência negativa do período
menstrual no treinamento esportivo, outros comprovam que não há interferências no
ganho de força ou de outras habilidades físicas em nenhum dos momentos do ciclo
menstrual.
Entre os estudos analisados, acredita-se que as oscilações de humor, as dores e o
inchaço causados em determinados períodos do ciclo menstrual podem afetar o
desempenho esportivo da mulher. Caso esta evidência seja percebida pelo professor/
treinador, parece ser de suma importância pensar na periodização do treinamento
considerando esses sinais.
Assim sendo, vemos que cada profissional deve investigar os sinais dados pelas
alunas/pacientes para pensar nas ações a serem tomadas nas fases do treinamento
esportivo, agindo de acordo com os objetivos a serem alcançados a curto, médio e longo

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prazo. Visto que, cabe considerar que cada organismo é único e irá responder de forma
diferente e subjetiva aos estímulos causados pelo treinamento.

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