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Introdução
A conversação entre um homem e outro pode acontecer de três maneiras: a
primeira é o simples falar ou tratar de alguma coisa, para a qual o homem
precisa de uma virtude, chamada de verdade, que tem duas extremidades
viciosas: a hipocrisia e a vanglória; a segunda maneira é discutir, juntos, algo
comum, para o quê o homem precisa de uma segunda virtude: a cortesia, que
também tem duas extremidades viciosas, a lisonja[losenga] e a vilania; o
terceiro modo de conversar passa pelos jogos e divertimentos [çogi e solaçi],
que pede do homem outra virtude, aquela que podemos chamar de alegria, que
tem na zombaria [çugolaria] e na amargura ouaspereza [salvadegheça et
aserbeça]49 as suas duas extremidades viciosas50.
48
Doutor em História e Culturas Políticas pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Currículo:
http://lattes.cnpq.br/5461158925668835.
49
Alguns termos do texto paulino são de difícil tradução e não constam nem no glossário que o editor, Adolfo
Mussafia, inseriu em sua publicação. Para arriscar alguma tradução, vali-me do TESORO (2013). Ele não
contempla os termos destacados, mas permite aproximá-los pela semântica: salvadega é uma erva amarga, que
era utilizada na destilação de remédios; usando a figura de linguagem da sinestesia, Paulino atribuiu um sabor
(a amargura) a certo estado de espírito, qualificando, assim, uma maneira específica, um hábito ou ânimo que
se pode observar no trato social, especialmente ruim quando verificado em momentos de alegria, como nos
entretenimentos. Similarmente, aserbeça .
50
arlar o en tratar alguna cousa,
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que havia acabado de ser nomeado Duque de Creta pela Serenissima cargo que ele exerceu
entre 1313 e 1315 (MUSSAFIA, 1868, p. xii)52.
O título do capítulo é elucidativo:
53
. O trecho constitui um
excurso aparentemente estranho, inserido abruptamente dentro de um texto que se dedica a
discutir os vínculos entre moral, economia e política, e a oferecer ao governante (rector) um
manual de virtudes e de bons costumes, a ser observado para o cumprimento de um bom
brincadeir
sendo importantes para as relações de aconselhamento, uma vez que durante eles os governantes
estreitavam laços afetivos com seus pares, ensejando honestidade e fidelidade.
O pequeno opúsculo sobre o entretenimento de elite aparece como um corte discursivo
na primeira parte do livro, dividido em três blocos: a moral (discutida em termos de virtudes,
vícios e costumes); a economia (a administração da casa e da família como módulo
experimental do governo da polis); e a política (entendida como o ordenamento constitucional
da sociedadee do governo, com as suas instituições e mecanismos). De modo que os jogos e a
conversação são inseridos num quadro moral que lhes confere o estatuto de laboratório das
virtudes políticas (especialmente daquelas ligadas à retórica, à arte da conversação), de um
espaço experimental onde os cidadãos podem colocar em prática o modelo aristotélico e ensaiar
as qualidades que caracterizam o homem político e que pautam a vida pública54.
Neste artigo, pretendo analisar o papel que Paulino deu à conversação, ao
entretenimento e à sociabilidade, bem como à articulação que ele fez entre as virtudes, a retórica
52
Paulino era polígrafo e compôs diversas outras obras (BRUNI, 1935): uma , uma
compendium), um provincial romano e outro menorita (ou minorita), além de um mapa-múndi e
plantas citadinas, sempre acompanhadas de textos com detalhadas descrições geográficas, misturadas a
narrativas mitológicas e anedóticas. Alguns de seus manuscritos estão disponíveis na Digital Vatican Library
(https://digi.vatlib.it/search?k_f=0&k_v=paolino+minorita. Acesso em: 9 set 2020). São códices ricamente
ilustrados, com muitos temas orientais, por causa do deslumbre com a Terra Santa e das notícias que chegavam
a Veneza através dos mercadores. O frade, que ganhou muito dinheiro atuando como inquisidor, investiu
bastante na aquisição de livros e na decoração de seus pergaminhos (FONTANA, 2014). Não à toa, já se disse
que
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e a vida cortesã. O objetivo é tentar esclarecer como o frade tomou a corte veneziana como
espécie de protótipo da cidade, através de quais relações causais, de quais implicações ele
entendeu que a vida nesse ambiente, pautada pela verdade, pela cortesia e pela alegria, podia
concorrer para o bom governo citadino e, mais amplamente, imperial, visto que, àquela altura,
Veneza governava muito mais do que a própria urbe. Para tanto, seguirei um método analítico,
dividindo o texto em partes e interpretando-o passo-a-passo.
Após anunciar o tema no capítulo XV, Paulino fez uma pausa para retomar seu discurso
geral sobre as virtudes e os vícios políticos, focando nos atributos ligados à administração dos
bens públicos (materiais e simbólicos). O tema da conversação e da recreação só regressa no
capítulo XXIV, no qual o autor explana sobre a primeira virtude de anunciada: a verdade,
necessária ao parlar:
por tal virtude o homem se mostra para fora, tal como ele é, e não somente em
palavras, mas também em obras e aparências. Por isso, ele não deve ter em
segredo todas as suas coisas e tudo o que sabe de si; é preciso que ele não
mostre ser o contrário do que é. Essa virtude tem duas extremidades viciosas:
uma é dita hipocrisia, pela qual o homem despreza aquilo que ele mesmo
disse; a outra é a vanglória, pela qual o homem diz ou mostra de si coisas
maiores do que ele é55.
Vê-
e se é e o que se apresenta
ao mundo: o homem não deve mentir nem superestimar o que é e o que faz.Através dela é que
ele cultiva boas relações: ainda que a elaentristeça as pessoas, é melhor revelá-la de modo
cortês, é claro do que enganá-las, pois só assim, com confiança, conquistam-se aliados. A
contiguidade entre o subjetivo, a consciência do governante, e a sua imagem pública,
55
tal como ello è. E nota che no fa perciò mester che ello avra tuto çò che ello sa de si e tute le soi cose segrede,
dise o mostra de si maçor cose che elo no è -29). A escrita do texto, em seus diversos
manuscritos
como ypocrisia (como na nota 3), outra como yppocresia. Essa irregularidade pode tanto ser obra do
amanuense a quem Paulino encomendou o manuscrito original quanto dos vários copistas que postumamente
o reproduziram (MUSSAFIA, op. cit., p. xvi-xviii).
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alguns chamam esta virtude de amizade, mas há uma grande diferença entre
as duas, porque na amizade sempre se encontra o amor, enquanto a cortesia
pode ser encontrada sem esse afeto; o homem pode conversar gentilmente com
aqueles que ele não ama nem desama. Essa virtude entristece quando deve e
alegra quando deve, a quem é e a quem não é amigo; a amizade só entristece
ou alegra aos amigos. Portanto, o ofício dela é alcançar, entre os homens que
discutem, o equilíbrio entre o deleite e a tristeza. Aristóteles diz que tal virtude
se ocupa de não evitar nem de infligir demasiado desprazer59.
56
A Pérsia teve mais de um rei Dario, mas Paulino não identifica de qual deles fala. Na passagem acima, se é o
rei contemporâneo de Alexandre, então se trata de Dario III (380-330 a. C.); contudo, em outras passagens o
autor fala de outros Darios, que não parecem ter pertencido à mesma época. Alexandre e os reis da Pérsia estão
entre os personagens antigos mais citados por Paulino, por meio de parábolas que ilustram suas proposições
acerca do que é ser (ou não) virtuoso e de como governar (bem ou mal).
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che siando invidado a desnar cum Dario, adesso che a disnar ello aveva bevudo lo vin, ello se meteva lo napo
orte
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A princípio, a cortesia também parece se relacionar com a verdade, uma vez que ela
implica, igualmente, dizer o que precisa ser dito, mesmo que doa. Mas o frade relacionou a
cortesia ao amor: o métier dessa virtude é causar tristezas e alegrias, a amigos e inimigos, em
medida razoável. É uma qualidade relacionada aos prazeres decorrentes de uma conversa
tremidades
esta virtude é necessária quando o homem joga em grupo, para que ele não
creia que está perdendo tempo quando joga com alguém. Segundo podemos
observar, a naturezaproveu o repouso,isto é, o sono, logo depois que deu ao
corpo o sentimento da fadiga; similarmente, logo depois do dia, que foi feito
para se cansar, vem a noite, feita para descansar. Destarte, devido a muitos
pensamentos e esforços, especialmente do ânimo, é útil, como disse
Aristóteles, divertir-se com algum jogo. A alegria tem duas extremidades
muito viciosas: a primeira é a aspereza, pela qual o homem se torna mais
agreste e duro, em relação ao que ele deve, razoavelmente, ser; ele deve se
divertir com alguma brincadeira e procurar relaxar comedidamente, visto que
também não poderá viver sem nenhuma tristeza. O outro vício é a zombaria,
60
.
Todo o pensamento de Paulino é pautado pela justa medida das coisas. Com a alegria e
a recreação não é diferente: ele as julga necessárias para que o corpo e o ânimo se recuperem
do cansaço e se preparem para suportar as inevitáveis tristezas da vida. E, como se pode
perceber, a diversão se atrela à discussão: são, ambas, atividades que produzem alegrias e
prazeres que, usufruídos em boa razão, fazem bem ao caráter do homem, porque amenizam as
tristezas e ensejam interações saudáveis que evitam o endurecimento das personalidades e das
contristar et allegra quando è da alegrare e amisi e no amisi; amistade fa quella medema cosa solamente alli
amisi. Toncha è officio de questa vertude tegnir lo meço dentro deletacion e tristicia dentro li homini che briga
ensembre. E de çò trase Aristotele che cului che à questa vertude no se move per oldir e sostegnir piçol
desplaxer
60
Questa vertude è necessaria al tempo che li homini çoga ensembre, ka el no è miga da creder che sempre
quando li homini çoga ke quel tempo sai perso, kè, segondo che nu vedemo, la natura a li sentimenti del corpo
dredo la fadiga à proveçudo reposo, çoè el dormir, se semejevelmente dredo lo dì da fadigarse vem la note da
anemo cum algun çogo. Veramente questa vertude à .ij. extremitade assè viciose. La prima si è axerbeça, per
greve a
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Quais eram os jogos e lazeres a que o autor se referia? Ainda no capítulo do excerto
acima, de número XXVI, o frade começou a citar exemplos de jogos que ele considerava
salutares, como a caça de perdizes com arco-e-flecha caso que ele diz ter tirado de São João
Evangelista e que, portanto, não podia ser mais nobre, provando que mesmo o mais cristão dos
homens não pode estar o tempo todo empenhado em operosidades e deve reservar algum tempo
para o lazer61. No capítulo seguinte Paulino foi ainda mais específico, dissertando sobre um
alguém que se chamava
Atthalo. Quando o reino da Ásia foi destruído, esse jogo chegou, de muitas maneiras, até a
62
. Ele também gostava de jogos
de dados, cujo invenção atribuiu a algum rei Dario, da Pérsia63.
61
Exemplo de onesti solaçi avemo da plusor senti. Vette alguno sen Çane Vangelista [são João Evangelista]
çugar cum una pernise, e dèsse meraveja che omo de tanta oppinion desmontasse a così liçer solaço. Et miser
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segundo essa virtude [a alegria] o homem deve usar jogos liberais, isto é, como
os usa os homens honestos e sábios, para a recreação do espírito, de modo que
ele possa se tornar vigoroso acerca da premência das boas obras. Ele não deve
se envolver em jogos e divertimentos tendo o deleite por princípio, mas sim
pela razão que foi dita. Deve, ainda, cuidar para não dizer nem fazer nada que
seja difícil de sustentar64.
64
che en çogo no diga nè faça cosa alguna, la qual a lu fose greve da sostegnire
65
Uma das marcas do ato de jogar é que ele é completamente livre, voluntário (HUIZINGA, 2000, p. 10).
66
Ananti ve
enducto dal demonio et amaistrado a questo pacto, ke çascun çugador de tolle lo devesse adorar, nè algun
podeva metter man al çogode le tolle, se primamente el no sacrificava al demonio. E sengno de çò si è che a
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Similarmente, Paulino apontou que os dados eram jogos de azar, cujo nome derivava de
Açarus. Daí, quem quer jogar com o azar quer jogar com o demônio, porque o nome do jogo
67
vem de Açarus, assim como o nome do jogo de dados vem de Dario . Assim, a patrística teria
proibido os jogos porque eles transmitiriam, supostamente, um pacto demoníaco que desviava
os cristãos de seu bom caminho, de Deus, da família, dos amigos e até de suas propriedades
(perdidas em apostas)68.
Aparentemente, o jogo preferido de Paulino era o xadrez. Ele demonstrou tamanha
predileção pelo jogo que o colocou fora do elenco das diversões potencialmente demoníacas:
e colocam quase todo o seu deleite no xadrez, e se diz que essa é uma bela opção, porque nele
69
. Mais que isso:
o veneziano atribuiu-lhe uma origem mais nobre:
sobre isso, digo que tal jogo foi inventado por Ulisses, durante o assédio dos
Gregos a Troia. Elespassaram tanto tempo lá que, mortos os pais, os filhos os
sucediam na batalha. O tempo era tamanho que eles ficavam ociosos durante
as noites [al tempo de le treve]; então, para que pudessem ter alguma
recreação, logo após grandes fadigas, inventaram esse e outros jogos70.
O mítico rei Ulisses (ou Odisseu) foi dado como exemplo de bom uso político dos
jogos:de acordo com o veneziano, para relaxar e manter o ânimo dos soldados, o afamado grego
jogava com eles durante o cerco a Tróia, assim como fazia com os seus cortesãos, em Ítaca
lembremos que, ao regressar à sua terra natal, Ulisses desmantelou as conspirações para
destroná-lo por meio de um jogo de tiro-ao-alvo, com arco-e-flecha, promovido durante uma
perde cati
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os governantes devem pensar, então, que se tiverem que levar a cabo tão
grandiosas batalhas, como faziam os Gregos, teriam que fazer alguma coisa
pelo governo de si, de sua casa e do distrito que lhe é submetido, o que passa
por ocupar alguma parcela de seu tempo com o xadrez, como foi dito no
capítulo XXVI [sobre a virtude da alegria]. Para os que dizem que isso
prejudica o intelecto, pode-se objetar que, assim como não é coisa razoável
cansar-se demais por utilidades pequenas, é melhor descansar exercitando o
intelecto com outras coisas [do que com o puro e simples ócio]71.
Esse trecho arremata o exemplum de Ulisses, concluindo que ele não jogava porque era
inteligente; ele era inteligente porque jogava. O jogo, para o franciscano, era uma ótima maneira
de exercitar o intelecto. Ele atribuiu a eles, insistentemente, esse caráter de exercício,
configurando-o como um excelente laboratório, um espaço de preparação e testes preliminares
das virtudes cuja teorização o seu tratado oferece considerando que o desenvolvimento (que
nascimento, nem uma graça concedida aos homens escolhidos por Deus.
O frade também dedicou capítulos especiais a outros dois tipos de recreação: o paisar
aparentemente, uma espécie de falcoaria, segundo Mussafia (1868, p. 155) e a caça, objetos
do capítulo XXVIII. Sobre a falcoaria, Paulino lhe atribuiu a mesma origem do xadrez: teria
sido inventado por Ulisses, para divertir o seu séquito, durante o cerco a Troia. Porém, o autor
viu nesse lazer pouca utilidade, pois ele demandava muito tempo, inviabilizando o cultivo do
intelecto72
arte da caça foi inventada pelos Tebanos, gente com a má reputação de homicidas, luxuriosos
e desleais. Ela foi passada para a Frígia, [terra de] gente afeminada e lasciva. Ninguém jamais
foi glorificado por praticá-
deixou de fazer uma ressalva:
71
Pense mo li rector
reçimento de si, de casa soa, de lo destrecto ke lli è comettudo; et en quella fiada se meta a çogo de scachi a
cto en lo capitolo XXVI. Et a quello che se dise de settiar lo
intellecto se po responder, che no à raxonevel cosa molto se fadigar unde che piçola utilità se po trar. Exercitar
-35).
72
Mo disemo un puoco del paisar. Questo çogo atrovà Ulixes a lo tempo che li Gresi asediava Troja, açò che
a li soi citadini el mostrase novelli solaçi per recrearse dredo molte fadige, ma vegando che questo çogo si
fioli usasse lo paisar -37).
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não intento, porém, dizer que não se pode, licitamente, caçar, se a necessidade
e a utilidade o requerem, para que se repouse do cansaço, do modo como foi
dito. De outra maneira, não teria o patriarca Jacó enviado o filho para caçar.
Mas o homem abandonar outras coisas necessárias pelo prazer de caçar73.
e à oração74. Assim como ele alertou, sobre o paisar, mediante uma bonita parábola envolvendo
o imperador Otaviano (63 a.C. 14 d. C.) e o poeta Virgílio (70-19 a. C.): onerosa, o amor por
75
.
O franciscano empregou o mesmo procedimento para falar da música, a última
recreação de que tratou. Ele dedicou um capítulo inteiro (XXIX) ao tema, narrando a história
da invenção de diversos instrumentos musicais e declarando:
quanto ao uso deles, que se saiba que são lícitos, desde que sejam usados em
boa medida: se o homem os usa para exercitar a sua devoção, para a glória
divina e a honra de Deus, como o fizeram os reis Davi e Salomão, bem como
os profetas do velho testamento, faz bem. Se o homem os usa com outra
intenção, para esvaziar o próprio coração, ou o de outrem, ou para se deleitar
73
sì manda questo çogo a quelli de Frigia, çente femmenil e lasiva. Non è laudado algun sento homo de çò, ma
Nemroth çiganto et Exau danado e semejenti
una mos
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com vaidades, faz mal. Pode-se aceitar também que os use para a recreação
da alma, do modo como foi dito sobre os demais jogos, no capítulo XXVI76.
76
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inspetor Guilherme demonstrou ter concordado com as ausações feitas por Aynardo, tomando
Paulino como o estereótipo do inquisidor corrompido78.
A julgar por esse relato, Paulino era mais um homem de corte do que um frade
mendicante, e sua produção intelectual tratou de legitimar seus interesses no plano público,
construindo um horizonte que, de uma só vez, autorizava os divertimentos imbuindo-lhes de
serventia moral e utilidade política e combatia a péssima reputação que eles lhe davam. O
tratado de Paulino, portanto, não defende apenas os jogos; ele defende o próprio autor, com o
seu estilo de vida peculiar, desviante, heterodoxo, pouco convencional, contraditório em termos
franciscanos e, por isso mesmo, antipático aos olhos dos irmãos. A vida de Paulino parece ter
sido adequada para a corte veneziana, mas escandalosa para o convento menorita79.
O que Paulino dispõe sobre a recreação é compatível com o conceito de homo ludens,
80
; ele
78
O testemunho de Aynardo foi citado por Isabelle Heullant-Donat (1993, p. 387-388), que também indicou a
única edição onde podemos encontrar a transcrição integral do processo de que Paulino foi alvo. A autora frisou
que o próprio ofício inquisitorial induzia os investigadores a angariar dinheiro, pois eles mesmos é que deviam
arcar com os custos da instalação, recompensando colaboradores e remunerando a burocracia do tribunal,
composto por um arquivo mantido por um notário, responsável por autenticar os atos do inquisidor e por
um ou dois socii, mais alguns vice-inquisidores, incumbidos de auxiliar o chefe. Ela também lembrou que,
malgrado a vocação religiosa e o princípio pauperista, a Ordem dos Frades Menores havia se tornado uma
oportunidade atraente de carreira para homens como Paulino, permitindo-lhes transitar nos mais altos círculos
e cargos da sociedade italiana do século XIV. Tal trajetória, contudo, frequentemente colocou os frades
irmãos, clérigos e leigos que competiram pelas mesmas
posições de prestígio (ibid., p. 389). Um exemplo é a rivalidade entre Paulino e Boccaccio (1313-1375), durante
-1343), em Nápoles, e disputaram sua
atenção e boa vontade: não à toa o afamado poeta, por um lado, elogiou as obras historiográficas do veneziano,
referenciando- historiarum investigator permaximus
a insultá-
79
O inquérito contra Paulino terminou em concordata: Guilherme levou ao papa as acusações, mas o tratadista
contou com a proteção de seu ministro provincial, frei Olvrado, por quem ele era querido (dilectus); segundo
Aynardo (que denunciou outros inquisidores, além do veneziano), alguns dos vultuosos gastos de Paulino
foram feitos em benefício do ministro, que lhe havia, antes, agraciado com a indicação para a custódia e, depois,
para a própria inquisição (ibid., p. 389); o tratadista estava devolvendo os favores a Olvrado, portanto. Foi com
a intervenção dele que Guilherme
80
Huizinga (2000, passim) fez uma extensa análise etimológica do jogo, em vários idiomas, para mostrar que o
conceito é polissêmico e comporta em si vários sentidos, dentre eles o de diversão, de entretenimento,de
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repleto de atos performáticos e exibicionistas, como a fala e o debate, que serviam para o
homem se mostrar a seus pares; de fato, o ato de brincar tem essa conotação, de fazer seriedade
e recreação se cruzarem (ainda que o frade tenha imposto a tal cruzamento critérios de
validação: a verdade, a piedade, a honestidade e a utilidade do descanso). Trata-se de uma
ha, um intervalo no tempo
cotidiano (HUIZINGA, 2000, p. 10), suspendendo-o e divertindo (ou seja: produzindo prazer83)
através de emoções agonísticas e antagônicas, como a expectativa e a frustração, a dor e a glória,
a tensão e a satisfação da recompensa (HUIZINGA, 2000, p. 6, 9) e que não necessariamente
se prende à lógica e a à racionalidade, como nos jogos de azar, em que o jogador se diverte,
recreação e de competição (por isso os usamos como sinônimos). No latim, nós nos preocuparíamos com o
verbo ludere; porém, no idioma empregado por Paulino devemos atentar para o verbo çogare, que possui o
mesmo sentido (ver o verberte jocare, no glossário DU CANGE, 1883-1887).
81
Com efeito, em seu livro, o historiador holandês relacionou-o não só à arte e ao esporte, mas também à guerra,
à filosofia e ao direito, entre outras dimensões da vida social.
82
Jogar é um ato que se dirige, a priori, para o riso, mas pode comportar, eventualmente, a seriedade
(HUIZINGA, 2000, p. 8; PATTERSON, 2015, p. 8).
83
O descanso parece derivar do , uma ilusão propositalmente forjada, no
jogo, para permitir aos jogadores uma fuga da realidade (PATTERSON, 2015, p. 9).
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gratuita e desinteressadamente, mesmo sabendo que vai perder (HUIZINGA, 2000, p. 7). A
mistura de aspectos antitéticos (o cômico e o sério, o descanso e a operosidade, a piedade e a
impiedade) explica o motivo de Paulino ter estabelecido balizas para separar a boa e a má
prática recreativa, sempre inseridas nesse intervalo de ócio virtuoso, um tempo limitado ao qual
o autor atribuiu um sentido próprio.
Todas essas características configuram o jogo como uma utilidade cultural, ainda que
desinteressada e ociosa (HUIZINGA, 2000, p. 11). No contexto da corte veneziana do século
XVI, podemos entender a defesa feita por Paulino: o jogo lhe parecia útil porque implicava a
observância de regras, o comprometimento e a lealdade ou, a elaboração coletiva de códigos
destinados a arbitrar disputas, questões que, de toda forma, eram similares àquelas que
compunham o ato de governar. Em torno dos jogos, afinal, criam-se laços afetivos e, por
conseguinte, comunidades (HUIZINGA, 2000, p. 12): a comunidade de Paulino é a corte.
Para o estudo da corte medieval, é paradigmática a tese de Norbert Elias, acerca da
ainda que ela tenha sido formulada a partir da corte francesa do Antigo
Regime. Não cabe aqui discuti-la amiúde, mas vale a pena pontuar alguns de seus argumentos,
pertinentes para um confronto com o caso de Paulino.
O fundamental da teoria eliasiana consiste em apresentar a sociedade de corte como
mais do que um espaço político centralizado; ela é tomada como um lugar de vida coletiva
ritualizada, normatizada por um rigoroso código de conduta, que preconiza as maneiras certas
de ser, de falar e até de se divertir (ELIAS, 2001, capítulo V). A etiqueta e a cerimônia regulam
as interações sociais que estruturam a corte, enquanto as escolas, os artistas e os intelectuais,
com a pedagogia de suas obras, se encarregam de introjetar tal código na psique dos indivíduos,
produzindo um habitus ou ethos que os condiciona a obedecer o código. A corte se configura
como uma comunidade sensível que partilha valores comuns.
Segundo o sociólogo (2001, capítulo III), a cada formação social corresponde um
habitus e um
modo particular de arranjar as interrelações sociais84. A sociedade de corte se distingue por
centralizar a aristocracia em torno da casa do rei; a corte é, em sua concepção, uma extensão
do domínio doméstico, que funde a esfera privada do soberano com a esfera pública do estado.
84
A teoria el
tipicamente medieval, operado por meio das escolas eclesiais e empenhado em substituir, na organização da
vida pública, a ética da guerra pela cortesia, por meio da imposição do modelo do clérigo intelectual que
cristianiza o belicoso cavaleiro (LACHAUD, 2001, p. 228).
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Essa nova organização das relações, fruto das transformações vivenciadas em fins da Idade
rivalizou com a aristocracia feudal pelas benesses do governo), teria ensejado a reorganização
dos valores, levando à elaboração dos códigos e, por conseguinte, da paideia cortesã: a
curialitas85, civilitas ou urbanitas86, o modo de ser do cortesão, para quem o luxo traz prestígio
e a etiqueta é um sinal de nobreza. Ali, ser é parecer; a performance é tudo (ELIAS, 2001,
capítulo IV).
Nesse horizonte, podemos entender o gosto de Paulino pelos livros adornados, pelos
jogos e pela música, conforme denunciou Aynardo. Homem de corte, ainda que mendicante,
gastar com o que, aos os olhos dos não-cortesãos, é extravagância. Além disso, vimos que a
cortesia era, de fato, um conceito importante para Paulino: ele consiste na gentileza, em tratar
bem as pessoas87, podendo até ser confundido com a amizade e o amor88. O sociólogo (2001,
p. 109) reconheceu que os códigos comportamentais não impediam que os afetos cumprissem
papel decisivo na sociabilidade de corte; mais que isso, eles integravam os códigos morais e
eram importantes para evitar conflitos. Para o autor (2001, p. 126), a etiqueta devia controlar,
codificar, não suprimir as manifestações afetivas, ideia compatível com a proposta paulina:
deveras, Paulino deu muita importância aos afetos, dedicando vários capítulos ao tema da
amizade (exercitada nos momentos de conversação e recreação, como se viu).
85
Na versão em língua vulgar toscana da obra de Egídio de Roma (c. 1243-1316), curialitas foi traduzida por
cortesia (BRIGUGLIA, 2011, p. 408). Egídio foi a principal referência de Paulino, a ponto de Mussafia (1868,
p. x-xi) ter julgado o De regimine rectoris uma mera tradução do De regimine principum (1292), opus magnus
do romano. Por isso creio que também em Paulino cortesia seja tradução vernácula para curialitas.
86
A ideologia da civilidade nasce na literatura do efervescente mundo urbano italiano, no século XI, mas já no
XIII ela é absorvida pelo mundo monárquico inglês, por exemplo, onde curia se tornou sinônimo de palatium
ou aula, isto é, o espaço cortesão, de gestão do governo régio, incluída a sua escola, destinada a formar os
burocratas (GILLINGHAM, 2002, p. 281-282).
87
De fato, uma das tarefas primordiais da cortesia era evitar ofender outrem (GILLINGHAM, 2002, p. 277).
Similarmente, outra virtude que os educadores de corte consideraram cruciais foi a mansidão (mansuetudo)
(ibid., p. 278), que também cumpre importante papel no discurso de Paulino na esteira do que já havia
proposto Egídio (BRIGUGLIA, 2011, p. 409).
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Ele frisou que havia diferentes formas de amor, que deviam estar presentes em todas as relações humanas:
além do amor e da amizade descreveu também a dileção, que é, em sua perspectiva, um apetite intelect
porque parte de uma escolha; o dileto é alguém que se ama porque se tem vontade, não porque se tem desejo
o amor
comum Deus (mas materializado na coletividade; amava-se Deus na comunidade, e vice-versa,
porque a própria divindade a havia instituído como o bem maior do homem). Essa era a forma de amor que
mais interessava a Paulino, a ponto de ela pautar a própria diversão, durante a qual os homens podiam se fazer
diletos mas não deveriam, jamais, esquecer da caridade, do amor político pela coletividade, fim último e
horizonte mais digno da vida social (PAULINO, 1868, p. 44-45). O amor comum tinha um cunho religioso,
praticado por meio de orações, mas também se fazia sentir nos conselhos governamentais (ibid., p. 47). A
caridade era o único dos amores que não precisava ser comedido (ibid., p. 49).
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Paulino fez dois cortes ao tratar das possibilidades de apropriação e adequação aos costumes: um etário e outro
classista. Para ele, as crianças, por sua inexperiência, não conhecem os costumes, o que as torna desprecavidas;
os adultos o aprendem, então são comedidos (e, por isso, são os mais aptos a governar); os idosos, por sua vez,
não têm mais coragem ou força, mas são os melhores conselheiros, porque dominam o costume (PAULINO,
1868, p. 60-62). Quanto às classes, ele negou que os pobres pudessem ter qualquer costume venerável, uma
vez que a pobreza lhes impedia de conhecer a história e, logo, o mos maiorum. Os ricos e poderosos, porém,
não necessariamente têm costume; eles podem ser soberbos vãos, porque a riqueza e o poder não garantem,
per se, a virtude; para convertê-los em cortesia é necessário investi-los na própria educação, na aquisição de
comum nos tratados da época, cf. BRIGUGLIA, 2011, p. 409; GILLINGHAM, 2002, p. 278), e não de bens
materiais (o que, mais uma vez, explica os gastos do veneziano, citados acima). Do mesmo modo, um homem
bem nascido, de estirpe, tinha maior acesso à virtude, porque podia ser bem educado, mas podia desviar-se do
costume, entregando-se a práticas condenáveis, o que justifica a preocupação do autor em oferecer parâmetros
morais para a vida cortesã (PAULINO, op. cit., p. 63). Em suma, respondendo às mutações socioculturais da
época, os intelectuais, vulgarizando a tratadística latina, redefiniram a nobreza de modo a alargá-la, para
abarcar outros atores (BRIGUGLIA, op. cit., p. 410-411).
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Serina Patterson (2015, p. 7) frisou: os jogos eram experiências intencionalmente desenhadas para modelar o
comportamento dos jogadores, selecionando as habilidades a serem exercitadas, dentro do ambiente abstrato e
controlado criado por ele, cujas regras o participante devia voluntariamente aceitar e obedecer.
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Considerações finais
Paulino não foi o único autor de sua época a tratar dos jogos e suas utilidades; muitos
outros intelectuais de corte o fizeram (PATTERSON, 2015, p. 2). Outros espelhos de príncipe
trataram do tema: em alguns eles foram condenados, mas em outros foram considerados
poderosas ferramentas de ensino. Mesmo entre os clérigos houve grandes divergências e
oscilação entre atitudes positivas e negativas sobre a matéria, sobretudo porque muitos jogos
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Os aristocratas tenderam a aceitar os jogos, mesmo quando eram clérigos. E as camadas populares também
jogavam (BUBCZYK, 2015, passim). Isso nos mostra que uma separação entre clérigos e laicos, em torno
deste tema, não se sustenta, nem uma divisão classista: as diferentes modalidades de diversão foram alvos de
numerosas proibições ao longo do medievo, mas a recorrência dos debates e das condenações indica,
precisamente, a persistência dessas práticas.
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Elias (2001, p. 62) defendeu que a corte era uma metonímia da cidade e, por isso, arguiu que o código cortesão
expandia-se para todo o corpo social (CHARTIER, 2001, p. 8). De fato, creio que Paulino também concebesse
a corte como uma miniatura da cidade, mas isso não garante que os preceitos tratadísticos fossem emulados
por todos os cidadãos: os públicos de educadores como o veneziano eram muito mais restritos e se constituíam,
basicamente, dos pares, isto é, dos cortesãos, daqueles que compunham a sua vizinhança imediata
(LACHAUD, 2001, p. 239). O que esse tipo de proposta faz é sedimentar a concepção da corte como modelo
normativo, arquetípico para toda a sociedade, sem que isso pressuponha, necessariamente, a ampla reprodução
do modelo.
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retratos políticos: eles registram o que o autor acha que deveria acontecer, não o que já
acontecia. De toda forma, o De regimine registra, a um só tempo, as preocupações de um
homem religioso, frade e clérigo, as ideias de um homem político, de estado, e os gostos de um
bom governo cristão. É uma
obra perfeitamente integrada a essas três dimensões que compunham a corte medieval.
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