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9638 – Processos de

Comunicação com
crianças e jovens

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Índice

Enquadramento______________________________________________________________________4
Objetivos do manual__________________________________________________________5
Objetivos pedagógicos________________________________________________________6
Objetivos gerais................................................................................................ 6
Objetivos específicos........................................................................................... 6
Conteúdos programáticos______________________________________________________7
Introdução___________________________________________________________________________8
Introdução__________________________________________________________________9
Desenvolvimento_____________________________________________________________________10
1. Comunicação - definição e conceitos_______________________________________11
1.1. Dinâmica do ato comunicativo......................................................................11
1.2. Elementos do processo de comunicação............................................................12

2. Tipos e formas de comunicação____________________________________________13


2.1. Comunicação verbal.................................................................................14
2.2. Comunicação Não verbal............................................................................15

3. Comunicação e Linguagem_______________________________________________19
3.1. Importância da linguagem..........................................................................19
3.2. A linguagem como veículo de comunicação........................................................20
3.3. Estimulação do desenvolvimento da linguagem e da comunicação..............................20
3.4. Componentes da linguagem.........................................................................21
3.4.1. Função, forma e significado......................................................................22
3.5. Contextos da comunicação..........................................................................23

4. Comunicação na criança e no jovem________________________________________25


4.1. Na interação com os pares...........................................................................25
4.2. Na interação adulto/criança.........................................................................26
4.3. Na interação pais/filhos e a importância do desenvolvimento parental na comunicação......26
4.4. Nos grupos de referência............................................................................28

5. Competências para uma comunicação eficaz e barreiras à comunicação____________29


5.1. Assertividade.........................................................................................29
5.2. Escuta ativa........................................................................................... 30
5.3. Auto-imagem.........................................................................................30
5.4. Clareza de expressão.................................................................................30
5.5. Transparência na comunicação.....................................................................30
5.6. Compreensão da mensagem.........................................................................30
5.7. Saber lidar com as emoções.........................................................................31

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6. Comunicação e o grupo__________________________________________________32
7. Novas tecnologias de informação e comunicação______________________________33
Conclusão___________________________________________________________________________35
Conclusão_________________________________________________________________36
Bibliografia________________________________________________________________37

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|| ENQUADRAMENTO||
Enquadramento

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Objetivos do manual

O presente manual de apoio à aprendizagem tem por objetivo constituir um complemento aos conteúdos
programáticos abordados em sala no âmbito da unidade de formação integrada no percurso de formação
modular em referência.

Os objetivos pedagógicos, conteúdos programáticos e carga horária estão de acordo com o referencial da
unidade de formação.

Pretende constituir-se como um suporte de consulta, aprofundamento e sistematização dos conhecimentos dos
seus utilizadores relativamente às temáticas abordadas na unidade de formação.

Os direitos de autor do presente manual são do formador afeto à execução da unidade de formação, que os cede
ao …………. para efeitos de registo, reprodução e posterior entrega aos formandos.

É proibida a reprodução do manual de formação, no todo ou em parte, sem prévia e expressa autorização da
entidade formadora.

O acesso a este manual por parte do formando constitui um benefício que lhe é atribuído pela inscrição e
frequência do percurso de formação modular.

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Objetivos pedagógicos

Objetivos gerais

A unidade de formação visa desenvolver nos formandos conhecimentos de suporte ao acompanhamento de


crianças e jovens.

Objetivos específicos

Em termos específicos, no âmbito do presente manual, pretende-se apoiar os formandos a atingir os seguintes
objetivos:
 Enunciar os principais conceitos, tipos e formas de comunicação.
 Reconhecer a importância da linguagem nos processos de comunicação.
 Reconhecer a prática pedagógica como processo de comunicação com crianças e jovens.
 Identificar as principais competências para uma comunicação eficaz com crianças e jovens.

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Conteúdos programáticos

O presente manual, de suporte à unidade de formação, apresenta a seguinte estruturação em termos de


conteúdos programáticos:
- Comunicação - definição e conceitos
o Dinâmica do ato comunicativo
o Elementos do processo de comunicação
 Tipos e formas de comunicação
o Comunicação verbal
o Comunicação não-verbal
 Comunicação e linguagem
o Importância da linguagem
o A linguagem como veículo de comunicação
o Estimulação do desenvolvimento da linguagem e da comunicação
o Componentes da linguagem
 - Função, forma e significado
o Contextos da comunicação
 Comunicação na criança e no jovem
o Na interação com os pares
o Na interação adulto/criança
o Na relação pais/filhos e a importância do envolvimento parental na comunicação
o Nos grupos de referência
 Competências para uma comunicação eficaz e barreiras à comunicação
o Assertividade
o Escuta ativa
o Auto-imagem
o Clareza de expressão
o Transparência na comunicação
o Compreensão da mensagem
o Saber lidar com as emoções
 Comunicação e o grupo
 Novas tecnologias de informação e comunicação (TIC)

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|| INTRODUÇÃO||
Introdução

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Introdução

Todos nós precisamos de nos fazer entender e entendermos os outros, e foi através desta necessidade
que ganhámos o principal fator de vantagem evolutiva. Ao desenvolver a linguagem seja ela não-verbal ou
verbal, a nossa espécie permitiu-nos primitivamente dar a conhecer os perigos que o mundo oferecia e dessa
forma alertar a restante prole para o seu efeito, e de forma mais evoluída, a criação de grandes ideias inovadoras
que permitem atualmente o conforto de todos os cidadãos.
A comunicação na sua definição consiste num processo que envolve troca de informações e utiliza
sistemas simbólicos como suporte para este fim. Comunicar é parte da vida sendo através deste processo tão
natural que partilhamos o que somos e a forma como gostaríamos de vir a ser. A comunicação surge no berço e
é fruto da educação, e é por meio dela, que desenvolvemos maior ou menor capacidade de realizar uma ligação
que atende plenamente às necessidades humanas e assim promover uma interação de qualidade com os
semelhantes. Tanto em família como em negócio, não dar importância à comunicação significa perder
oportunidades de construção de um bom relacionamento. E como se sabe, todos somos seres humanos e, por
conseguinte, seres relacionais, logo precisamos de garantir que conseguimos relacionar-nos de forma positiva e
útil.
Na nossa vida pessoal, a comunicação constitui-se como um fator de extrema importância para que
possamos transmitir informações, factos, ideias, desejos, etc., tornando-se evidente que quem não comunica
eficazmente, acaba por ficar fora do círculo que nos permite sentir parte integrante. No mundo empresarial não é
diferente, pois as informações produzidas e transmitidas causam impactos na vida dos funcionários, cujas
consequências se fazem sentir de variadas maneiras (desde a mais positiva à mais negativa) e por isso é tão
importante conseguir-se realizar uma comunicação eficiente e eficaz.

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|| DESENVOLVIMENTO||
Desenvolvimento

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1. Comunicação - definição e conceitos

1.1. Dinâmica do ato comunicativo

Do latim "communicare", comunicação significa pôr em comum, conviver. Este "pôr em comum" implica
que transmissor e recetor estejam dentro da mesma linguagem, caso contrário não se entenderão e não haverá
compreensão.
Desde os primórdios da Humanidade, o ser humano, como ser social que é, sentiu necessidade de comunicar
com os seus semelhantes de modo mais profundo do que através dos processos comunicacionais básicos e
rudimentares utilizados pelas outras espécies. O Homem tem, portanto, uma necessidade crescente de
desenvolver, estudar e aperfeiçoar as técnicas comunicacionais e fenómenos associados. O indivíduo relaciona-
se com os seus semelhantes e adquire a forma de agir e de pensar dominantes na sociedade em que está inserido.
Em média, o ser humano passa ¾ do seu tempo a comunicar com outras pessoas, podendo ser afirmado que a
comunicação humana é uma vertente fundamental no processo das relações interpessoais. Ao adquirir as regras
e normas que regem uma determinada sociedade, o ser humano vai desenvolvendo as suas capacidades de
comunicação. Enquanto ser cultural, cada indivíduo apreende da sociedade valores que se transmitem de
geração em geração, para melhor se relacionar com os outros.
Comunicação, de uma forma sintética, é a ação, efeito ou meio de entrar em relação com o outro. Podemos
dizer que é o processo que realiza a transmissão interpessoal de ideias, sentimentos e atitudes entre dois (ou
mais) indivíduos ou organizações: para além de permitir a troca de informação, possibilita e garante a dinâmica
de grupo e a dinâmica social. Quando comunicamos com alguém, devemos, sempre, recordar-nos de que há um
sem número de interpretações em relação a si próprio, de acordo com o número de pessoas em presença.
Observando o esquema abaixo, podemos compreender as diferentes VERSÕES DO EU:

Os antagonismos entre estas diferentes versões do eu geram – ou podem gerar – tensões e conflitos de difícil
gestão, sendo habitual procurarmos adaptar os nossos comportamentos à imagem que as pessoas desejam ou

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pensam ter de nós. Devemos cultivar a autoconfiança e acreditar nas nossas potencialidades de transformação.
Passamos grande parte da vida a partilhar emoções e afetos, trocando ideias, informações, saberes e
experiências, trabalhando lado a lado com outras pessoas. Por isso mesmo, uma das principais chaves para a
comunicação é a capacidade de estabelecer interação com os outros indivíduos, entendendo-se por interação o
processo de ação e reação recíprocas entre pessoas, que se manifesta através de linguagem verbal ou não verbal.
Sempre que à interação se alia a inter-relação – capacidade de estabelecer elos afetivos – surge a comunicação:
INTERACÇÃO + INTER-RELAÇÃO = COMUNICAÇÃO.
Um aspeto fundamental da comunicação é o reconhecimento da impossibilidade de não comunicar. O
indivíduo que afirma que não comunica porque não fala, apresentando-se aparentemente passivo perante um
determinado episódio comunicacional, está, de facto, e mesmo contra a sua vontade, a comunicar. A inatividade
ou o silêncio possuem um valor de mensagem, por implicarem atitudes valorativas em relação aos outros. Para
além disto, toda a comunicação implica e define uma relação, que, por sua vez, implica sempre
comportamentos. O comportamento é sempre indissociável da comunicação, constituindo, ele próprio, uma
forma de comunicar.

1.2. Elementos do processo de comunicação

Comunicar significa transmitir e receber mensagens e pode ser realizada por meio de:
-Linguagem falada ou escrita,
-Linguagem de sinais,
-Ideias,
-Comportamentos e atitudes.

No entanto, a comunicação jamais poderá ser compreendida como um fenômeno isolado, pois ela somente será
efetiva, se outros elementos estiverem presentes nessa dinâmica.

Os elementos essenciais para que ocorra uma comunicação eficiente são:

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Em suma, o processo de comunicação consiste em um emissor fazer chegar uma mensagem a um recetor através
de um canal de comunicação, utilizando um determinado código. Codificação: capacidade de construir
mensagens segundo um código compreendido pelo emissor e pelo recetor. Descodificação: capacidade de
interpretar uma mensagem. Informação de retorno (feed-back): resposta do recetor à mensagem enviada pelo
emissor.

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2. Tipos e formas de comunicação

2.1. Comunicação verbal

As pessoas comunicam de diversas formas ou tipos, mas a comunicação verbal oral, é a mais comum e
refere-se à emissão de palavras e sons que usamos para nos comunicar, tais como dar instruções, entrevistar ou
informar, já a comunicação verbal escrita é o registo de observações, como pensamentos, interrogações,
informações e sentimentos.
Apesar dos grandes avanços tecnológicos, a palavra continua a ser um dos meios de comunicação mais
eficazes que existem.
Saber comunicar é uma arte, devemos então, aprecia-la, mas não só, também devemos potenciá-la,
porque está será sem dúvida, uma boa condição para o sucesso.
É importante o que se diz numa comunicação, mas mais relevante é a forma como se diz, por isso é tão
essencial a letra como a música e é na conjugação destas duas que surge um bom comunicador.
Então, comunicação verbal é toda a comunicação que utiliza palavras ou signos. Através da comunicação
verbal, simbólica e abstrata, que se faz por palavras, palavras estas, faladas ou escritas, o homem compreende e
domina o mundo que o rodeia e entende, assim, os outros. A linguagem verbal possibilita a memorização de
mensagens, vencendo assim as barreiras do tempo. Os sinais escritos substituem os signos vocais expressos nas
palavras, a escrita é a representação dos sons articulados na fala, em forma de sinais gráficos, uma
transformação da língua natural num código. Língua é um sistema de comunicação verbal herdado, aprendido e
partilhado pelos integrantes de uma mesma comunidade.
Através da comunicação verbal oral, os indivíduos de um mesmo grupo linguístico criam diversas
representações do mundo, interagem, comunicam, trocam experiências e procuram soluções para seus
problemas.

Seis funções da linguagem verbal:

1. Função expressiva ou emotiva

Centrada sobre o sujeito emissor. Uma expressão direta da atitude do sujeito em relação àquilo de que fala.
Tende a dar a impressão de uma certa emoção, verdadeira ou fingida. As interjeições representam o estrato da
língua puramente emotivo, mas a função emotiva é inerente, em vário grau, a qualquer mensagem, quer se
considere o nível fónico, quer o nível gramatical ou lexical. A informação veiculada pela linguagem não pode
ser restringida à informação do tipo cognitivo.

2. Função apelativa

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Orientada para o destinatário, encontra a sua manifestação mais pura no vocativo e no imperativo. As frases
imperativas, ao contrário das declarativas, não podem ser submetidas a uma prova de verdade, nem
transformadas em frases interrogativas.

3. Função referencial

Também chamada denotativa ou cognitiva, orientada para o referente, para o contexto.

4. Função fática

É predominante nas mensagens que têm por finalidade estabelecer, prolongar ou interromper a comunicação,
verificar se o circuito funciona, fixar a atenção do interlocutor.

5. Função metalinguística

Ocorre quando o emissor e/ou o recetor julgam necessário averiguar se ambos utilizam na verdade o mesmo
código. Quando o discurso está centrado no código, desempenha uma função metalinguística. Esta função
representa um instrumento importante nas investigações lógicas, mas o seu papel é também relevante na
linguagem quotidiana.

6. Função poética

Centrada sobre a própria mensagem. Esta função não constitui a função exclusiva do conjunto de textos que
Jakobson designa por "arte da linguagem", trata-se apenas da sua função dominante. A função poética pode,
contudo, desempenhar um papel secundário, embora muito importante, em mensagens cuja função dominante
seja uma das outras funções (publicidade, propaganda política), em que a função dominante é a função
apelativa.

2.2. Comunicação Não verbal

A comunicação não verbal realiza-se através de códigos como os gestos, os movimentos dos olhos e do
rosto ou os tons de voz. Os códigos não são apenas sistemas para organizar e compreender dados: eles
desempenham funções comunicativas e sociais. Os códigos usados na comunicação verbal são chamados de
códigos apresentativos, enquanto os códigos usados para produzir textos são os códigos representativos:
Códigos apresentativos – São indiciais, porque não podem referir-se a algo independente deles mesmos
e do seu codificador. Estão limitados à comunicação frente a frente ou à comunicação onde o comunicador está
presente.

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Têm duas funções:
1. Tratar das informações sobre o orador e a sua situação, através das quais o (s) recetor (es) ficam a
conhecer a sua identidade, emoções, atitudes, etc;
2. Gerir a interação que o codificador quer ter com o outro. Ao usar certos gestos, posições e tom de
voz, o emissor pode tentar dominar os interlocutores, ser conciliador em relação a eles ou desligar-se deles.
Códigos representativos – São usados para produzir mensagens com uma existência independente. Um
texto representa algo independente de si mesmo e do seu codificador, sendo composto por símbolos. A
linguagem verbal ou a fotografia são exemplos de códigos representativos.

A Comunicação Corporal
A Comunicação corporal assume papel de relevo no ato de comunicar: cerca de 65% das mensagens
que se emitem e recebem ao longo do dia são não verbais. O corpo humano é o principal transmissor de
códigos apresentativos, tendo Argyle feito uma lista de dez desses códigos:

1. Contacto fisico

Quem tocamos, onde e quando o fazemos veicula importantes mensagens sobre o relacionamento. É
muito variável entre povos de diferentes culturas;

2. Proximidade

O grau de proximidade com que nos acercamos de alguém pode transmitir uma mensagem quanto ao
relacionamento que temos com essa pessoa. Existem características que diferenciam significativamente
distâncias: Até um metro é íntimo; Mais de dois metros e meio é semipúblico. Estas distâncias variam de
cultura para cultura e de classe social para classe social;

3. Orientação

O ângulo em que nos colocamos relativamente aos outros é uma forma de emitir mensagens sobre o
relacionamento. Olhar alguém de frente pode ser indicador de intimidade ou intimidação;

4. Aparência
Este código é dividido em duas partes: os aspetos de controlo voluntário (cabelo, vestuário, pele) e os
menos controláveis (altura, peso). A aparência é utilizada para enviar mensagens sobre a personalidade e o
estatuto social;

5. Movimentos da Cabeça

Estes têm a ver, principalmente, com a gestão da interação. Um assentimento pode dar licença para se
continuar a falar enquanto movimentos rápidos da cabeça podem significar desejo de falar;

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6. Expressão Facial

Esta pode dividir-se em subcódigos de posição das sobrancelhas, formato dos olhos, formato da boca e
tamanho das narinas. Estes elementos, em diferentes combinações, determinam a expressão do rosto. A
expressão facial revela menos variações inter-culturais do que a maioria dos códigos apresentativos.

7. Gestos

A mão e o braço são os principais transmissores do gesto, sendo os gestos dos pés e cabeça também
importantes. Estão intimamente relacionados com a fala e complementam a comunicação verba. O gesto
intermitente, enfático, para cima e para baixo, indica frequentemente uma tentativa de domínio, enquanto
gestos mais fluidos, contínuos e circulares indicam o desejo de explicar ou de conquistar simpatia. Para além
destes gestos indiciais existem gestos simbólicos, de que o sinal V é um exemplo.

8. Posturas

As formas como nos sentamos, deitamos ou levantamos, podem comunicar diferentes significados.
Relacionam-se, muitas vezes, com atitudes interpessoais: a amistosidade, a hostilidade, a superioridade ou a
inferioridade podem ser indicadas pela postura. A postura pode também indicar um estado emocional,
nomeadamente, o grau de tensão ou descontração. A postura é mais difícil de controlar do que a expressão
facial, podendo denunciar-se na postura um estado de ansiedade não visível no rosto.

9. Movimentos dos olhos e contacto visual

A ocasião, frequência e duração de um olhar é uma forma de enviar importantes mensagens sobre o
relacionamento, seja de domínio ou de aliança. Estabelecer um contacto visual no início ou durante a primeira
fase de um ato verbal, indica o desejo de dominar o ouvinte. O contacto visual posterior ou após um ato verbal
indica mais uma relação de aliança, nomeadamente de desejo de obtenção de feed-back.
Através do corpo, forma privilegiada de comunicação não verbal, reforça-se ou nega-se o que se diz
verbalmente. Cada uma das partes do corpo, funcionando isoladamente ou em conjunto, afirmam ou
contradizem o que se expressa verbalmente.
Em síntese:
O OLHAR: Os olhos sustentam a nossa relação com os outros, denunciando-nos e denunciando. É
com o olhar que aferimos da reacção dos interlocutores e eles se apercebem da autenticidade (ou não) do
conteúdo da nossa mensagem.
O ROSTO: O franzir da testa, o comprimir dos lábios, o rubor repentino… são inúmeras as
manifestações do rosto que representam sinais não verbais perante uma determinada mensagem.

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O GESTO: Batemos palmas, esticamos a mão fechada com o polegar levantado para cima, mandamos
parar ou avançar, agradecemos, tudo com um gesto, notavelmente simples em muitas das circunstâncias, mas
extraordinariamente eficaz e claro para o interlocutor.
A POSTURA DO CORPO: Encolhemos os ombros, cruzamos os braços, viramos o corpo no sentido
oposto ao interlocutor, debruçamo-nos sobre a mesa ou recostamo-nos na cadeira quando ouvimos uma
determinada mensagem, consoante estamos atentos ou distraídos, mais ou menos interessados, de acordo ou
em desacordo com as mensagens emitidas.
A APARÊNCIA FÍSICA: A forma como vestimos, andamos, cumprimentamos, despoletam juízos de
valor que podem ser perceptíveis através de sinais não verbais, de assentimento ou discordância.
O SORRISO: São vários os tipos de sorriso, conforme o classifica Paulo da Trindade Ferreira, no seu
“Guia do Animador na Formação de
Adultos”:

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3. Comunicação e Linguagem

3.1. Importância da linguagem

No termo científico, linguagem é a capacidade a que todos os seres humanos, sem qualquer tipo de
anomalia, são dotados. A linguagem designa por isso um sistema organizado de símbolos, complexo, extenso e
com propriedades particulares, desempenhando uma função de codificação, estruturação e consolidação dos
dados sensoriais, transmitindo um determinado sentido ou significado e permitindo ao homem comunicar as
suas experiências e transmitir os seus saberes. Deste modo, pode dizer-se que a linguagem é um sistema de troca
de informações. Mais ainda, a linguagem desempenha outras funções, entre as quais a apelativa, expressiva,
descritiva, estética, argumentativa e persuasiva e apresenta componentes como a fonologia, a semântica,
morfologia, sintaxe e pragmática.
Em seguida, apresentam-se algumas das características fundamentais da linguagem:

. Transmissível e traduzível noutra linguagem: caracteriza-se pela possibilidade de transformação (mudança de


língua, por exemplo), permitindo a comunicação entre diferentes pessoas que de outra forma não se poderiam
entender.

. Fenómeno social: exprime a relação que uma sociedade estabelece com o mundo circundante; no fundo, a
linguagem é prévia ao indivíduo e impõe-se a ele próprio.

. Organização racional: organização racional na medida em que possui um conjunto de regras, isto é, com uma
determinada sintaxe. São estas regras que, em resultado de um longo esforço de racionalização, estabelecem as
formas de combinar significativamente os símbolos.

. Possibilidade de dar sentido: possibilidade que esta dá de dar sentido/significado às experiências, noções e
pensamentos de cada um.
Sendo a linguagem definida como uma ferramenta de comunicação do ser humano para interagir com o
mundo e consigo próprio através de símbolos verbais e acústicos, a sua aquisição é essencial no sentido em que:
primeiro permite o estabelecimento da comunicação entre os familiares/ cuidadores e o bebe, para que este
possa desenvolver competências de linguagem e, segundo, o estabelecimento da comunicação entre o bebé e o
mundo exterior de modo a que os seus cuidadores possam perceber as suas necessidades. Deste modo, temos
dois pontos muito relacionados com o desenvolvimento humano, a partir do desenvolvimento da linguagem: a
estimulação por parte do meio e a compreensão das necessidades do bebe pelos seus cuidadores.
Na interação com o ser humano, a linguagem representa um papel fundamental. A linguagem dá
oportunidade ao individuo de traduzir o que sente estruturar o seu pensamento e expressar o que já conhece. Os
individuos que têm transtornos específicos de linguagem têm mais probabilidades de ter dificuldades na sua

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vida social, o que pode gerar problemas emocionais, pois estes indivíduos são menos confiantes na comunicação
e mais ansiosos.
Através da aquisição da linguagem, podemos expressarmo-nos de diversas formas. Permitem-nos
expressar pensamentos, emoções, sentimentos entre outros. Coisas que, se não detivéssemos esta capacidade de
desenvolver palavras e frases, não seríamos capazes de exprimir. Tal como Davidson disse: “falar é expressar
pensamento”.
Conforme vamos aprendendo a desenvolver as diferentes linguagens, vamos aprendendo a pensar.
Sendo assim, podemos concluir que o processo entre o desenvolvimento do pensamento e da linguagem
relaciona-se.
Para além de ser um meio de comunicação entre a sociedade, a linguagem permite também a
transmissão de valores culturais que caracterizam cada sociedade.

3.2. A linguagem como veículo de comunicação

Qualquer tipo de comunicação é servido por uma determinada linguagem, conceito entendido, de um
modo geral, enquanto comunicação de ideias, experiências e sentimentos. As linguagens dão inúmeras formas
às mensagens, funcionam ao nível da emissão e da receção, exercem-se por referência a um código social e são
o instrumento de adaptação do indivíduo ao grupo. Devemos adaptar a linguagem às diversas situações sociais
com que nos confrontamos.

3.3. Estimulação do desenvolvimento da linguagem e da comunicação

Desde os anos cinquenta têm surgido várias teorias relativamente à aquisição da linguagem. Enquanto
uns defendem que o bebé a adquire de forma inata, outros dizem que esta aquisição é realizada por imitação, ou
ainda, devido ao contexto social em que está inserido, como já foi referido anteriormente.
Atualmente sabe-se que a aquisição da linguagem está ligada com fatores maturacionais isto é: o
cérebro em desenvolvimento permite que os recém-nascidos tenham uma boa sensibilidade em relação ao que
tocam, vêm, cheiram, provam e ouvem, ou seja, os sentidos desenvolvem-se rapidamente nos primeiros meses
de vida, à medida que os bebés se adaptam ao mundo em torno deles.
A audição é um sentido que já se encontra desenvolvido antes do nascimento do bebé, pois este reage
aos sons e parece aprender a reconhecê-los. Numa perspetiva evolutiva, o primeiro reconhecimento de vozes e
linguagem ouvidas no útero pode estabelecer os fundamentos para a relação com a mãe e mesmo bebes com três
dias de vida podem conseguir distinguir os novos sons das falas. Em suma, a audição é a chave para o
desenvolvimento da linguagem.
Segundo a hipótese inatista, a aquisição da linguagem, o ser humano nasce com uma capacidade inata
no cérebro para adquirir linguagem. A tarefa da criança será a de desenvolver a sua faculdade em função do
ambiente que a rodeia e não apenas a de imitar o que ouve, pois se assim fosse a criança nunca produziria frases
e palavras que nunca ouviu. Chomsky defende que todas as crianças passam por fases semelhantes de aquisição
da linguagem, independentemente da língua que estão a aprender, no entanto, isto não significa que todas as

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crianças passem exatamente pelas mesmas fases. Este processo de aquisição, uma vez que a criança já possui
capacidades inatas para analisar a estrutura da língua, é um processo rápido e simples, que sucede na fase crítica
para a aquisição da linguagem. Este período ocorre nos primeiros anos de vida, sendo que é importante que haja
uma estimulação para que o cérebro possa amadurecer na altura devida.
Concluindo pode-se dizer que os bebés já nascem predispostos para aprender a falar, assim, cada criança
possui à nascença um conjunto de regras que uma língua pode ter. A sua tarefa acaba por ser a de observar a
forma como é utilizada a língua que é falada no meio em que ela está inserida.
Será que deve considerar-se o início do processo de linguagem quando a criança começa a balbuciar, ou
quando produz uma frase? Esta questão tem levantado algumas discussões.
É importante referir que a evolução da criança e o inicio da linguagem acontecem maioritariamente por volta da
mesma altura, sendo que Piaget afirma que o desenvolvimento intelectual de cada pessoa, desde o nascimento à
inteligência, passa por quatro estádios de desenvolvimento: sensório-motor (0-2 anos), pré-operatório (2-7
anos), operações concretas (7-11 anos) operações formais (12 anos para cima). Neste trabalho, iremos centrar-
nos no estádio sensório-motor, pois é nesta fase que as crianças iniciam o desenvolvimento da linguagem.
Quando nasce, a vida mental do bebé manifesta-se por comportamentos inatos, sensoriais e motores, a
partir dos reflexos. Ao longo deste período, há várias fases generalizadas, primeiro a criança começa a
coordenar as informações vindas dos sentidos, sendo que é por esta altura que estabelece as suas primeiras
referências (4 a 8 meses), como a cara e a voz da mãe. Contudo se estas desaparecem do seu campo sensorial,
deixam de existir para as crianças, porque ainda não há noção da permanência do objeto. Mais tarde, dá-se o
início do ato intencional e passa a prestar atenção aos resultados das suas ações. Já por volta dos 11-12 meses,
segundo Piaget, há uma “intensa experimentação ativa”, existindo um desfasamento entre a produção e o
reconhecimento linguístico.
Contudo, cada criança progride conforme o seu próprio ritmo, pois as aquisições seguem mais ou
menos a mesma ordem, mas a velocidade dos progressos varia muito. No estádio pré-operatório, que decorre
entre os 2 e 7 anos, a criança já consegue usar a inteligência e o pensamento. No que toca à linguagem, a
partir desta idade dá-se uma enorme evolução a este nível, adquirindo imensas palavras (com dois anos
compreende entre 200 a 300 palavras aproximadamente, e com cinco anos cerca de 2000). Esta evolução
necessita obviamente de um acompanhamento por parte dos pais ou dos criadores. As crianças têm de ser
estimuladas diariamente. Verificamos este ponto mais à frente.

3.4. Componentes da linguagem

A linguagem é um dos aspetos fundamentais para a comunicação e socialização no mundo ; é um


sistema de símbolos arbitrário e munido de regras para a que se faça a correta combinação, visa à transmissão de
ideias através de código um código comum socialmente compartilhado, a língua.
A linguagem oral possui regras de comunicação, palavras e frases com significado, tendo também por
parte do interlocutor propósito e intencionalidade. No decorrer do desenvolvimento vão se adquirindo
conhecimentos acerca das estruturas e do código para que a mensagem possa ser elabora e entendida. A

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aquisição da linguagem oral é realizada através de um processo interativo que envolve a manipulação,
combinação e integração das formas linguísticas e das regras que lhe estão subjacentes, permitindo o
desenvolvimento de capacidades de perceber a linguagem (linguagem compreensiva) e capacidades para
formular/produzir linguagem (linguagem expressiva). Este processo é determinado pela interação entre fatores
ambientais, psicossociais, cognitivos e biológicos.
A linguagem oral pode será presentada como sendo uma combinação complexa de várias componentes,
categorizadas a 3 níveis: Forma; Conteúdo e Uso.

Forma
Nesta componente incluem-se as regras de organização dos sons e as suas combinações (fonologia); as regras
que determinam a organização interna das palavras (morfologia) e as regras que especificam a forma como as
palavras serão ordenadas e a diversidade nos tipos de frases(sintaxe).

Fonológico
Refere-se aos fonemas, isto é, aos sons que formam as palavras. Dentro deste nível, pode-se diferenciar a
fonética e a fonologia. A fonética estuda os sons enquanto que a fonologia estuda os fonemas. Ao falar, se
realizam e são percebidos um número muito variado de sons, e por outro lado, existe uma série limitada de
regras que formam o sistema expressivo de uma língua. A disciplina que se ocupa dos sons é a fonética,
enquanto que a fonologia se ocupa das regras e organização do significante ou da forma de uma palavra. A
fonética estuda os sons, e a fonologia opera com abstrações, isto é, com fonemas. Domínio da estrutura dos sons
da língua – capacidade de apreensão e utilização das regras referentes aos sons e suas respetivas combinações.

Sintaxe
A sintaxe faz referência à gramática ou estrutura da linguagem, isto é, a ordem em que as diferentes partes da
fala se apresentam em uma oração. Sua função primordial é combinar as palavras de uma determinada língua
para formar orações. Na sua forma mais simples, as orações compõem-se de sujeito, verbo e predicado.

Conteúdo
Esta componente envolve o significado. Este significado poderá ser extraído deforma literal ou não literal,
dependendo de contextos linguísticos ou não linguísticos. O nível semântico é o que faz referência ao
significado do que se diz. Nas unidades deste nível são as palavras e os morfemas.
Os morfemas são as pequenas partículas incluídas em muitas palavras, que isoladas não significam nada, mas
que unidas a outros segmentos (raiz) fazem que o enunciado proporcione uma ou outra informação. O
vocabulário forma parte do nível semântico da linguagem.

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3.4.1. Função, forma e significado

Funções da linguagem são as formas como cada indivíduo organiza sua fala dependendo da mensagem
que se quer transmitir. A linguagem pode ser usada para expressar sentimentos, para informar, para influenciar
outras pessoas etc. A transmissão dessa mensagem pressupõe um emissor, um recetor, um contexto, um código
e um canal entre o emissor e o recetor.
As funções da linguagem são:
1 – Função emotiva ou expressiva – quando a linguagem está centrada no próprio emissor, revelando seus
sentimentos, suas emoções. Ex.: “Solto a voz nas estradas/ Já não posso parar/ Meu caminho é de pedra/ Como
posso sonhar”.

2 – Função apelativa ou conativa – quando o emissor organiza a mensagem com o objetivo de influenciar o
recetor. É muito usada em mensagens publicitárias. Ex.: Não deixe para última hora! Programe suas férias.

3 – Função referencial ou denotativa – quando a intenção do emissor é falar objetivamente sobre o contexto real.
É a linguagem de caráter informativo. Ex.: Textos de jornal, revistas, livros didáticos, científicos etc.

4 – Função metalinguística – quando a linguagem fala dela mesma, se destina à explicação das próprias palavras
(códigos). Ex.: Quando digo “alto”, significa “parem”.

5 – Função fática – quando a linguagem é usada para confirmar se de fato o emissor está sendo ouvido. É um
canal de comunicação. Ex.: Você está me entendendo? Certo? Não é verdade? Etc.

6 – Função poética - quando a linguagem revela um cuidado especial com o ritmo das frases, com a sonoridade
das palavras, com o jogo de ideias. Ex.: Textos literários, provérbios etc.
Linguagem é o sistema através do qual o homem comunica suas ideias e sentimentos, seja através
da fala, da escrita ou de outros signos convencionais. Linguística é o nome da ciência que se dedica ao estudo da
linguagem. Na linguagem do cotidiano, o homem faz uso da linguagem verbal e não-verbal para se comunicar.
A linguagem verbal integra a fala e a escrita (diálogo, informações no rádio, televisão ou imprensa, etc.). Todos
os outros recursos de comunicação como imagens, desenhos, símbolos, músicas, gestos, tom de voz, etc., fazem
parte da linguagem não-verbal.
A linguagem corporal é um tipo de linguagem não-verbal, pois determinados movimentos corporais
podem transmitir mensagens e intenções. Dentro dessa categoria existe a linguagem gestual, um sistema de
gestos e movimentos cujo significado se fixa por convenção, e é usada na comunicação de pessoas com
deficiências na fala e/ou audição.
Linguagem mista é o uso da linguagem verbal e não-verbal ao mesmo tempo. Por exemplo, uma história
em quadrinhos integra, simultaneamente, imagens, símbolos e diálogos.

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Dependendo do contexto social em que a linguagem é produzida, o falante pode usar a linguagem
formal (produzida em situações que exigem o uso da linguagem padrão, por exemplo, salas de aula ou reuniões
de trabalho) ou informal (usada quando existe intimidade entre os falantes, recorrendo a expressões coloquiais).
As linguagens artificiais (que são criadas para servirem a um fim específico, por exemplo, a lógica
matemática ou a informática) também são designadas por linguagens formais. A linguagem de programação de
computadores é uma linguagem formal que consiste na criação de códigos e regras específicas que processam
instruções para computadores.

3.5. Contextos da comunicação

Os contextos de comunicação são organizados de quatro formas distintas, são elas a: comunicação
Interpessoal, comunicação grupal, comunicação organizacional e comunicação de massas.  Estes níveis de
comunicação  são todos eles com bastante importância para obter uma comunicação  eficaz e nunca devemos
considerar cada um deles como se fosse um ato isolado dos outros, é importante compreender que todos os
níveis estão interligados entre si e estão ligados hierarquicamente , em que cada um engloba o anterior
acrescentando-lhe qualidades e características.    Vou fazer um breve resumo sobre os vários níveis de
comunicação, visto ser uma área de estudo muito abrangente.
Comunicação Interpessoal – que ocorre em contextos face-a-face, em eventos de comunicação oral, em
que devem existir duas ou mais pessoas em proximidade física e que percebam a presença uma da outra. Na
comunicação Interpessoal existe uma interdependência comunicativa em que a atitude e comportamento de uma
pessoa é causa e consequência da outra, este tipo de comunicação é relativamente carente de estrutura é
normalmente marcada pela informalidade e pela flexibilidade.  a comunicação Interpessoal envolve a troca de  
mensagens verbais e não-verbais.
Comunicação grupal – é toda a comunicação que se desenvolve em pequenos grupos, é muito
semelhante á comunicação interpessoal, diferenciando-se desta apenas em alguns aspetos, só pelo simples facto
de que as pessoas em grupo se manifestam de forma diferente.
Comunicação Organizacional é o tipo ou processo de comunicação que ocorre no contexto de uma
organização, seja esta pública ou privada. Fazem parte da Comunicação Organizacional o conhecimento e o
estudo dos grupos de interesse de uma instituição (públicos), o planejamento de práticas de comunicação nos
âmbitos interno (comunicação interna) e externo (comunicação externa), aí compreendidos a escolha e os usos
de medias empregadas, sua implementação e sua contínua avaliação  
Comunicação de massas - Podemos citar os meios de comunicação de massa mais comuns, que são:
Televisão, Rádio, Jornal, Revistas, Internet.
Todos eles têm como principal função informar, educar e entreter de diferentes formas, com conteúdos
selecionados e desenvolvidos para seus determinados públicos. Os meios de comunicação de massa podem ser
usados tanto para fornecer informações úteis e importantes para a população, como para alienar, determinar um
modo de pensar, induzindo certos comportamentos e aquisição de certos produtos, por exemplo. Cabe aos
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órgãos responsáveis fiscalizarem que tipo de informação esta sendo veículada por esses meios, como ao recetor
das informações ter criticidade para selecionar e internalizar as informações que considerar úteis para si,
denunciado os abusos aos órgãos competentes.

4. Comunicação na criança e no jovem

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4.1. Na interação com os pares

Relações entre pares na primeira infância são essenciais para a adaptação psicossocial presente e futura.
Vividas em atividades em grupo ou em amizades unipessoais, elas desempenham um papel importante no
desenvolvimento das crianças, ajudando-as a dominar novas habilidades sociais e familiarizar-se com as normas
e processos sociais envolvidos nas relações interpessoais. Este tema apresenta particular interesse na atualidade,
uma vez que cada vez mais as crianças são expostas a outros pares mesmo antes do ingresso na escola, pela
frequência a creches e porque a maioria das crianças interage com irmãos de idades aproximadas no contexto da
família.
Até os quatro anos, ou mais tardar, a maioria das crianças é capaz de ter um melhor amigo e de
conhecer os parceiros de quem gosta ou de quem não gosta. No entanto, entre 5% e 10% das crianças
experimentam dificuldades crônicas nas relações com pares, tais como rejeição ou hostilização. Problemas
precoces com pares podem ter um impacto negativo no desenvolvimento social e emocional posterior. Contudo,
intervenções em relação a essas dificuldades parecem ser particularmente efetivas quando são realizadas mais
cedo na vida.
Há uma série de habilidades emocionais, cognitivas e comportamentais que se desenvolvem nos dois
primeiros anos de vida que ajudam a promover relações positivas entre pares. Entre elas, lidar com a atenção
conjunta, regular emoções, inibir impulsos, imitar as ações de outra criança, compreender relações causa-efeito,
e desenvolver habilidades de linguagem. Alguns fatores externos, tais como as relações das crianças com os
membros da família e sua bagagem cultural ou socioeconômica, e fatores individuais, como incapacidades
físicas, intelectuais de desenvolvimento ou comportamentais, também podem influenciar as experiências de
crianças com seus pares. 

4.2. Na interação adulto/criança

Na visão da população em geral, o vínculo com adultos aparece apenas em quarto lugar entre os itens
importantes ao desenvolvimento da criança de até 3 anos. Antes dele, estão as ações relativas aos cuidados
físicos (levar ao pediatra, amamentar e alimentar).
Também é recorrente a visão da sociedade de que a criança é um ser passivo, cuja atuação se resume a
absorver, como uma esponja, e a refletir, como um espelho, os exemplos oferecidos pelos adultos. Além disso, o
amplo acesso às novas tecnologias é visto pelo público brasileiro como algo positivo. Assistir a desenhos ou
programas infantis na TV é apontado por 55% das mães como a principal ação utilizada para estimular o
desenvolvimento do filho de até 1 ano de idade.
A criança aprende por meio da interação e de relacionamentos significativos, nos quais ela recebe afeto
e estabelece vínculo com outra criança, com outro adulto e consigo mesma. A interação com os pais ou
responsáveis, avós, irmãos mais velhos, professores e outras crianças é fundamental e sua importância é
comprovada pela ciência. Esse é, segundo especialistas, um dos melhores estímulos que a criança pode receber.

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O contato com a natureza e a experimentação de novas texturas, sabores e sons também devem ser
priorizados. A televisão e outros dispositivos eletrónicos, como computador, tablet, videojogos e smartphone,
são atraentes para as crianças pois oferecem estímulos visuais, musicais e rítmicos. Porém, não há qualquer
evidência científica de que tragam benefícios ao desenvolvimento infantil.
Há recomendações a respeito da idade mínima e da exposição máxima diária às telas em geral.
A Academia Americana de Pediatria (AAP) aconselha aos pais que evitem por completo a exposição de
crianças de até 2 anos à televisão. [45] A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) segue essa recomendação e
orienta que o tempo máximo de exposição de crianças com mais de 2 anos a uma tela (incluindo computador,
tablet, videogame e smartphone, além da televisão) seja de duas horas diárias. Para crianças maiores, a
recomendação é de que os pais definam estratégias concretas para gerenciar o uso dos média: assistindo ao
conteúdo junto com ela; não instalando uma televisão no quarto das crianças; e controlando o próprio uso dos
média, de modo a não comprometer o tempo de interação com os filhos.
Atividades como brincar, passear, conversar, cantar e contar histórias são importantes
ao desenvolvimento pleno da criança.
Os adultos devem ficar atentos não apenas à falta de estímulos, mas também ao excesso. A criança
precisa de tempo para descansar e para brincar, bem como para atividades não assistidas, ou seja, sem o
direcionamento e a interação com um adulto. O desenvolvimento da criança também se dá por meio das
próprias descobertas, ou seja, ela deve ser ativa nesse processo, para se tornar capaz de aprender a aprender.

4.3. Na interação pais/filhos e a importância do desenvolvimento parental na comunicação

O exercício da parentalidade representa um modelo de funcionamento familiar caracterizado pela


experiência emocional e por funções executivas específicas. A comunicação torna-se, assim, um conceito
essencial para a compreensão das dinâmicas relacionais que se processam ao nível do exercício da
parentalidade.
O ciclo vital da família representa a co-evolução dos membros que compõem um sistema familiar num
contínuo caracterizado por várias mudanças, nomeadamente ao nível dos hábitos, das atitudes, dos
comportamentos e dos rituais. Esta co-evolução constitui-se por exigências comunicacionais e funcionais
inerentes ao exercício da parentalidade. Para uma melhor compreensão, analisarse-ão duas etapas do ciclo vital
consideradas na classificação proposta por Relvas (1996): Família com Filhos na Escola e Família com Filhos
Adolescentes. Em cada uma destas fases serão abordados os desafios específicos da parentalidade ao nível do
exercício da autoridade, da promoção da socialização e individualização, do cuidado afetivo e, finalmente, da
comunicação estabelecida, dimensão que assume um carácter transversal relativamente às anteriores tarefas.
Família com Filhos em Idade Escolar.
A entrada dos filhos na escola assinala um ponto de viragem importante para a família nuclear de uma
forma direta e para a família alargada e comunidade de forma indireta (Relvas, 1996). De um momento para
outro, o sistema familiar vê-se confrontado com uma nova realidade que precipita a autonomização dos filhos.
O exercício da autoridade passa a ser partilhado com o contexto escolar e a promoção da socialização acontece
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de forma quase acidental, já que se trata de um acontecimento inerente à entrada dos filhos na escola. Fora do
contexto familiar, os pares influenciam e contribuem para a formação das crianças colocando à prova a imagem
que a família promove ao exterior. O contacto com novos amigos conduz a um progressivo afastamento físico
facilitando um distanciamento emocional que promoverá o processo de autonomia (Relvas, 1996). O cuidado
afetivo continua a ser essencialmente prestado no contexto familiar (Relvas, 1996), embora a triangulação com
o sistema escolar seja inevitável (Alarcão, 2006). A dimensão comunicacional está, nesta etapa, muito associada
às discrepâncias entre o sistema escolar e familiar. É através da criança que as mensagens circulam entre os
sistemas, marcando a entrada destas no mundo dos adultos. Vários estudos centram a sua análise na
comunicação, ao nível da parentalidade, constatando-se que: por vezes, a comunicação parento-filial não é tão
frequente quanto o desejável na perceção dos filhos; os pais parecem comunicar de forma mais aberta com as
filhas do que com os filhos; a 392 comunicação suportada na desqualificação parece estar na base da dificuldade
do desenvolvimento das competências sociais, em crianças em idade escolar.
A descrição da adolescência tende a ser feita em termos exagerados, tanto pelas famílias, como pela
sociedade ocidental em geral. No entanto, alguns autores referem que este período constitui “um campo
psicológico privilegiado para o estudo da mudança”. Assim, as dinâmicas familiares são um dos alvos de
mudança e transformação, processando-se de forma mais ou menos conflituosa (Relvas, 1996). Por este motivo,
a flexibilidade tem um papel chave na superação dos desafios familiares (Preto, 1989/1995).
Centrado nas relações estabelecidas entre pais e adolescentes, encontram-se, com frequência,
referências relativas à relação entre a comunicação e o exercício da autoridade. Eckstein (2004) estudou a
violência filio-parental, concluindo que os filhos tendem a percepcionar a postura comunicacional dos pais
como sendo desafiante, precipitando uma interacção negativa. Este estudo, tal como outros, vem corroborar a
necessidade de estabelecer limites e fronteiras claras entre os subsistemas filial e parental, especialmente em
circunstâncias de conflito eminente (Relvas, 1996). Por outro lado, Ochoa, Lopez e Emler (2008) constataram
que o auto-conceito familiar positivo depende do nível de abertura comunicacional entre o adolescente e as
figuras parentais, à semelhança da conclusão retirada pelo estudo de Jackson, Bijstra, Oostra e Bosma (1998),
indicando que quando a comunicação é aberta/livre de problemas os jovens experienciam sentimentos positivos
e menor conflitualidade. Efetivamente, a comunicação parento-filial parece assumir um papel de grande
relevância a longo prazo, enquadrando alguns comportamentos problemáticos (Relvas, 1996) e promovendo,
por vezes, o desenvolvimento de psicopatologias. A investigação longitudinal efetuada por Overbeek, reforça os
efeitos negativos de uma comunicação de baixa qualidade, entre o adolescente e a figura parental, para o
desenvolvimento sócio-emocional na idade adulta. Outros estudos demonstram ainda que a comunicação do
adolescente é preferencialmente mantida com o progenitor do sexo feminino e, geralmente, as figuras parentais
tendem a percecionar uma boa comunicação com os filhos contrariamente ao que é percecionado por estes. A
adolescência parece funcionar enquanto estádio pináculo da socialização e promoção da individualização. Os
grupos de pares são fulcrais para a resolução desta tarefa pois favorecem a descentralização
emocional/relacional do adolescente com o sistema familiar. Além disto, assumem, também, o papel de
cuidadores afetivos, sobretudo pelo facto de gerirem as tensões emocionais que surgem no contexto familiar
(Alarcão, 2006).

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4.4. Nos grupos de referência

No âmbito da sociologia e das ciências sociais em geral, a expressão Grupo de Referência (por vezes também
designado por Grupo Modelo) designa um grupo com o qual um indivíduo se identifica e no qual procura as
normas e os valores e do qual deseja adotar o estilo de vida. Desta forma, os valores, as atitudes e os
comportamentos serão condicionados pelo seu grupo de referência.

Este grupo pode ter um âmbito restrito (grupo de pares ou subgrupo particular) ou ter um âmbito mais alargado
(grupo social, comunidade). Em ambos os casos, o grupo de referência coincide geralmente com o grupo ao
qual o indivíduo pertence mas pode também acontecer ser um grupo diferente deste último.

As atitudes, os comportamentos e os valores do indivíduo são condicionados pelo respetivo grupo de


pertença (a família, o grupo de amigos, etc.), que, desta forma, assume-se também como grupo de referência
(grupo-modelo). No entanto, existem situações onde tal relação aparece "distorcida" - é o caso, por exemplo,
dos membros das classes altas com ideologias mais radicais.
Assim, é essencial recorrer ao grupo de referência do indivíduo (que pode ser um grupo ou um
indivíduo), que não só funciona como fonte de normas, de valores e de atitudes (grupo de referência normativo,
que pode ser positivo ou negativo, de acordo com a sua (des)valorização), como também permite estabelecer
comparações (grupo de referência comparativo, perante o qual o indivíduo percebe o seu grau de privação
relativa).
O conflito entre o grupo de pertença e o grupo de referência revela-se, entre outros, nas experiências de
mobilidade social, onde o indivíduo, enquanto mantém relações com o grupo de pertença, aceita, simultânea e
voluntariamente, as normas e os valores do grupo de referência (muitas vezes em relativa oposição com os do
grupo de pertença), adotando-os como seus através de um processo de socialização antecipada. De salientar que
a seleção de grupo de referência exige um conhecimento, entre outros, das normas e da posição do mesmo por
parte do indivíduo, cuja identificação, por ser percebida, pode ser confusa ou errónea.

5. Competências para uma comunicação eficaz e barreiras à comunicação

Comunicar é uma arte de bem gerir mensagens, enviadas e recebidas, nos processos interacionais. Mas
não só. O tempo, o espaço, o meio físico envolvente, o clima relacional, o corpo, os fatores históricos da vida

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pessoal e social de cada indivíduo em presença, as expectativas e os sistemas de conhecimento que moldam a
estrutura cognitiva de cada ator social condicionam e determinam o jogo relacional dos seres humanos. Assim,
podemos equacionar uma estrutura de variáveis interacionais que, nos processos de comunicação humana, tanto
podem facilitar como barrar ou constituir fontes de ruído às relações face-a-face.

5.1. Assertividade

Pessoas assertivas são capazes de defender os seus direitos e interesses e de exprimir os seus
sentimentos, os seus pensamentos e as suas necessidades de forma aberta, direta e honesta. A pessoa afirmativa
tem respeito por si própria e pelos outros, está aberta ao compromisso e à negociação. Aceita que os outros
pensem de forma diferente da sua: respeita as diferenças e não as rejeita.
Como é fácil constatar, o comportamento assertivo é o mais eficaz e saudável nas relações interpessoais.
Este tipo de comportamento não nasce connosco, é apreendido. Este estilo de comunicação é mais recomendado
na relação face a face e com o público, porque implica um indivíduo confiante em si próprio, que não teme a
relação com os outros, expressando diretamente as suas opiniões e convicções, sentimentos, desejos e
necessidades. Concentrando a nossa atenção neste tipo de estilo comunicacional, observemos um método
pragmático, desenvolvido por Bower (1976), que permite o desenvolvimento da atitude de auto-afirmação. Este
método pressupõe a negociação como base do entendimento e permite reduzir as tensões entre as pessoas.
Esta técnica de auto-afirmação é denominada de D.E.E.C.:
D – Descrever
E – Expressar
E – Especificar
C – Consequência.
Esta atitude assertiva é útil, nomeadamente quando:
É preciso dizer algo desagradável a alguém;
Se pretende pedir qualquer coisa de invulgar;
É necessário dizer não àquilo que alguém pede;
Se é criticado;
Se pretende desmascarar uma manipulação.
O indivíduo que age de forma afirmativa mantém o seu equilíbrio psicológico e favorece o bom clima.
Esta autenticidade do sujeito que se auto-afirma, implica, na sua vida social, abster-se de julgar e fazer juízos de
valor apressados sobre os outros; não utilizar linguagem corporal ou entoações de voz opostas ao que diz por
palavras; descrever as suas reações mais que as reações dos outros; facilitar a expressão dos sentimentos dos
outros, não os bloqueando.

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5.2. Escuta ativa

Ser um bom ouvinte é uma das melhores formas de bem comunicar. Ninguém gosta de falar com
alguém se só se preocupa em falar dos seus assuntos sem ouvir o que a outra parte tem para dizer. Opte sempre
por praticar uma escuta ativa, que envolve prestar atenção à aquilo que a outra pessoa diz, fazer questões de
esclarecimento e reforçar o que a outra pessoas referiu para certificar-se que está tudo bem definido.

5.3. Auto-imagem

A linguagem corporal, o contacto visual, os gestos das mãos e o tom afetam a mensagem que está a
tentar transmitir. Uma posição mais relaxada e um tom amigável farão com que pareça uma pessoa mais
acessível e encorajará as outras pessoas a falar de forma mais aberta. O contacto visual é igualmente importante:
deve olhar a outra pessoa nos olhos para demonstrar que está focado na conversa. No entanto, esteja atento para
não fixar demasiado de forma a ser desconfortável. Com um tom amigável, uma pergunta mais pessoal ou
simplesmente com um sorriso, conseguirá encorajar as outras pessoas a ter uma conversa mais honesta consigo.
Este ponto não se aplica apenas a conversas frente-a-frente. Sempre que possível, personalizar os seus e-mails:
um simples “espero que o fim-de-semana tenha sido fantástico” pode ser suficiente para que o destinatário se
sinta apreciado.

5.4. Clareza de expressão

Tente transmitir a sua mensagem em poucas palavras. Diga aquilo que pretende de forma clara e direta,
esteja a conversas pessoalmente, por telefone ou via e-mail. Se começar a divagar, o ouvinte irá dispersar ou
ficará com dúvidas sobre aquilo que realmente pretende. Pense com antecedência naquilo que pretende dizer e
evite falar excessivamente e de forma confusa.

5.5. Transparência na comunicação

Falar de transparência na comunicação, não é falar apenas de clareza nas informações, mas estar aberto
ao diálogo, saber ouvir e considerar as demandas vindas dos interlocutores. Ou seja, o objetivo é obter um bom
fluxo de comunicação entre os intervenientes.

5.6. Compreensão da mensagem

Os elementos essenciais para que ocorra uma comunicação eficiente são:


Emissor = É aquele que dá início ao processo comunicativo, pois transmite a mensagem.
Receptor = É o alvo do emissor, sendo quem recebe a mensagem.
Mensagem = Pode ser um fato, ideias ou até mesmo, emoções, ou seja, é o conteúdo contido na comunicação.
Canal = É o meio pelo qual a mensagem é enviada do emissor para o receptor.

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Entende-se que a organização deve estar atenta ao que vai além das palavras no processo de
comunicação. É preciso focalizar também os gestos, as expressões e atitudes. Ao mesmo tempo, ressalta-se que
o mais importante é ter capacidade de uma escuta atenta ao que diz o cliente, pois ele repassará para a empresa o
feedback de todo o investimento realizado em sua direção.
O maior cuidado deve estar em não produzir “ruídos” ao realizar a comunicação. Isso quer dizer ter
certeza de que a mensagem emitida foi corretamente recebida e interpretada pelo público-alvo.
É preciso ter o conhecimento das técnicas e dos conceitos para colocar as palavras certas em função da
comunicação certa.

5.7. Saber lidar com as emoções

As nossas emoções foram desenvolvidas naturalmente através de milhões de anos de evolução. Como
resultado, as nossas emoções possuem o potencial de nos servir como um sofisticado e delicado sistema interno
de orientação. Alertam-nos quando as necessidades humanas naturais não são encontradas. Por exemplo,
quando nos sentimos receosos, a nossa necessidade é de segurança. Quando nos sentimos rejeitados, a nossa
necessidade é de aceitação.
As nossas emoções ajudam-nos a comunicar com os outros. As nossas expressões faciais, por exemplo,
podem demonstrar uma grande quantidade de emoções. Com o olhar, podemos sinalizar que precisamos de
ajuda. Se formos também verbalmente hábeis, juntamente com as nossas expressões teremos uma possibilidade
maior de melhor expressar as nossas emoções. Também é necessário que nós sejamos eficazes para ouvir e
compreender, empaticamente, os problemas dos outros.
As nossas emoções são talvez a maior fonte potencial capaz de unir todos os membros da espécie
humana. Claramente, as diferenças religiosas, cultural e política não permitem isto, apesar das emoções serem
"universais".
Daniel Goleman considera que, além de uma inteligência "intelectual" nós possuímos também uma
inteligência "emocional", tão ou mais importante que a outra para o sucesso da vida. Goleman fala até mesmo
num QE (Quociente Emocional), que complementaria o QI (Quociente Intelectual). A base de uma boa e forte
liderança assenta primeiro nas emoções. Quando os gestores criam estratégias ou mobilizam equipas para a
ação, ou seja em tudo o que fazem, o sucesso depende da forma como o fazem. Os líderes funcionam como
guias emocionais dos grupos, isto é, encaminham as emoções coletivas para direções positivas. Emoções
dirigidas com entusiasmo geram desempenhos cada vez melhores e emoções dirigidas com rancor e ansiedade
geram desorientação e paralisação. Os trabalhadores procuram empatia junto do líder, pois este funciona como
um apoio emocional, e esta relação está para além da tarefa meramente desempenhada.

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6. Comunicação e o grupo
A boa comunicação é primordial para a eficácia de qualquer organização ou grupo. Pesquisas
demonstram que as falhas de comunicação são as principais fontes mencionadas como motivo para conflitos
interpessoais. Mas para ter um bom relacionamento com as pessoas é desejável desenvolver algumas
competências assim como auto- estima (considerar que você um ser único com idéias próprias e digno de
respeito); autoconhecimento (conhecer a si próprio); autocontrole (controlar impulsos e emoções); motivação
(determinação para alcançar seus os objetivos); empatia ( saber se colocar no lugar do outro) e habilidades
sociais ( agir cordialmente com as pessoas). A partir do desenvolvimento destas competências podemos
direcionar nossa atenção para atitudes que poderão tornar as relações pessoais mais positivas. Entre elas estão às

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atitudes de conhecer a si mesmo, contrabalançar razão e emoção, compreender e respeitar a visão diferente que
cada pessoa tem das coisas, instituírem relações de confiança e dar e receber feedback.
A comunicação abrange além do que apenas palavras. Assim as palavras acabam por representar apenas
uma pequena parte de nossa forma de se expressar. Pesquisas apontam que em uma apresentação diante de um
grupo 55% do impacto é determinado por nossa linguagem corporal (postura, gestos e contato visual), 38% é
determinado pelo tom de nossa voz, isto é os sons e apenas 7% desse impacto tem a ver com o conteúdo de
nossa apresentação, ou seja, as palavras.
Segundo Lima (2007) como integrante de um determinado grupo jamais podemos dar a impressão que
derrotamos um participante de nosso grupo, pois ela jamais perdoará uma derrota em público. Não podemos
esquecer que dentro de um grupo o importante não é vencer e sim cooperar. Todos integrantes são responsáveis
pelo êxito do grupo assim não busque se sentir o único responsável, ou seja, não procure carregar o grupo nas
costas. Fuja do papel de dominador que se justifica sua atitude alegando que ninguém queria trabalhar e do
papel de tímido que justifica sua atitude alegando que o dominador não deixava ninguém participar. Para o autor
pessoas imaturas precisam de alguém que direcione as atividades já as pessoas maduras sugerem regras de
cooperação então a atitude dentro de um grupo não é de obedecer a regras e sim cooperação. Não comporte
como um parasita que usurpa o grupo sem dar nada em troca, pois você é uma pessoa única o grupo precisa de
você então coopere. Não espere ninguém te convidar para participar no grupo reivindique seu lugar. Procure ser
claro e conciso evitando ser prolixo. Falar demais ou falar de menos pode ser comprometedor, portanto escolha
criteriosamente a medida de sua participação, pois às vezes o silencio pode ser muito eloquente. O autor afirma
que ser responsável é exercer um papel e que participação em grupo gera responsabilidade e se você não se
sentir responsável você não parte deste grupo. È importante ser desportivo ou ser espirituoso, pois todo o
individuo perspicaz sabe rir. Recuse frases feitas seja prontamente criativo. Adote a reciprocidade só respeite
quem o respeitar. Evite um comportamento robótico sem afetividade transmita calor humano e as suas ideias. O
mundo esta em constante transformação aceite as mudanças procure modificar o grupo, mas também se deixe
modificar pelo grupo. Para autor a premissa para existir um diálogo é aceitar mesmo que provisoriamente o
ponto de vista do outro, pois do contrário será um monólogo paralelo. Reivindique que os integrantes de seu
grupo critiquem, pois, a consciência critica resulta de interiorização das críticas que são aceitas.

7. Novas tecnologias de informação e comunicação


Com uma velocidade sem precedentes as redes de comunicação impuseram-se no nosso quotidiano,
revolucionando a maneira como vivemos e fornecendo a base que permitiu o desenvolvimento de ferramentas e
aplicações que possibilitam a aproximação ao conceito de “aldeia global”. O conceito de "aldeia global" foi
criado por um sociólogo canadiano chamado Marshall McLuhan. Foi o primeiro filósofo das transformações
sociais provocadas pela revolução tecnológica do computador e das telecomunicações. Como paradigma da
aldeia global, McLuhan (1967) elegeu a televisão, um meio de comunicação de massas a nível internacional,
que começava a ser integrado via satélite. Esqueceu-se, no entanto, que as formas de comunicação da aldeia são
essencialmente bidireccionais e entre dois indivíduos. Somente agora, com o telemóvel e a Internet é que o
conceito se começa a concretizar. O princípio que preside a este conceito é o de um mundo interligado, com
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estreitas relações económicas, políticas e sociais, fruto da evolução das Tecnologias da Informação e da
Comunicação (vulgo TIC), particularmente da World Wide Web, diminuidoras das distâncias e das
incompreensões entre as pessoas e promotoras da emergência de uma consciência global interplanetária, pelo
menos em teoria.
Essa profunda interligação entre todas as regiões do planeta originaria uma poderosa teia de
dependências mútuas e, desse modo, promoveria a solidariedade e a luta pelos mesmos ideais, ao nível, por
exemplo da ecologia e da economia, em prol do desenvolvimento sustentável da Terra, superfície e habitat desta
"aldeia global". Na verdade, trata-se mais de um conceito filosófico e utópico do que real. O mundo está longe
de viver numa "aldeia" e muito menos global: o conceito de aproximação das pessoas numa aldeia, em que
todos se conhecem e participam na vida e nas decisões comunitárias não se coaduna com a ideia de sociedade
contemporânea. Além disso, partindo da ideia que o mundo está, de facto, interligado, não deixa de ser verdade
que, nesta aldeia, de nome tão utópico e optimista, muitos são os excluídos (basta lembrar o número de
habitantes ligados à Internet em algumas regiões africanas). Para termos uma ideia deste conceito, é preciso,
pois, lembrarmos a sua ambivalência: por um lado, saber que parte do pressuposto de uma maior aproximação
entre as pessoas e da consequente necessidade de uma responsabilidade e responsabilização global; por outro,
saber que é um conceito exclusivo e, como tal, excludente. Estes avanços estão vivenciados por grande parte da
população, sendo tratados como peças fundamentais da maneira de viver e comunicar.

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|| CONCLUSÃO||
Conclusão

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Conclusão

Um aspeto fundamental da comunicação é o reconhecimento da impossibilidade de não comunicar. O


indivíduo que afirma que não comunica porque não fala, apresentando-se aparentemente passivo perante um
determinado episódio comunicacional, está, de facto, e mesmo contra a sua vontade, a comunicar. A inatividade
ou o silêncio possuem um valor de mensagem, por implicarem atitudes valorativas em relação aos outros. Para
além disto, toda a comunicação implica e define uma relação, que, por sua vez, implica sempre
comportamentos. O comportamento é sempre indissociável da comunicação, constituindo, ele próprio, uma
forma de comunicar. Neste módulo, foram abordados os processos de comunicação e os seus elementos;
estratégias para melhoria da comunicação; atitudes que facilitam ou dificultam a comunicação dentro de um
grupo. Ficou assim a perceber-se a importância dos processos da comunicação com crianças e jovens.

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Bibliografia

 ALARCÃO, M. (3 2006). (Des) Equilíbrios familiares: uma revisão sistémica Coimbra: Quarteto.
 Bower, Sharon & Bower, Gordon (1976), Asserting yourself. Beverly, MA: Perseus Books.
 Lima, Lauro de Oliveira. Dinâmicas de grupos nas empresa, no lar e na escola.Petrólis,RJ: Vozes, 2007
 RELVAS, A. P. (1996). O ciclo vital da família, perspectiva sistémica, Porto: Afrontamento.
 WOLF, Mauro. Teorias da Comunicação. 3°. ed. Lisboa: Presença, 1994.

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