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FONTES E USOS DE IMAGENS EM SALA DE

AULA
Francisco Santiago Júnior (UFRN)
A GUERRA DAS IMAGENS NO ESPAÇO
PÚBLICO
A ANSIEDADE COM
AS IMAGENS
Jurassic Park (Steven Spielberg, EUA, 1993).
VIVIDAS NA FICÇÃO
O MEDO DAS IMAGENS SUBSTITUTAS:
MÁQUINAS/REPLICANTES

Blade Runner. Ridley Scott, 1982.


O MEDO DAS IMAGENS
SUBSTITUTAS: CLONES
TERMOS IMPORTANTES
1. Fonte

2. Documento

3. Vestígio

4. Monumento

5. Patrimônio
O PASSADO EM SALA DE
AULA
O conhecimento histórico consiste na produção de
abstrações intelectuais: os fatos históricos.

Ele está baseado em elementos do passado que


permitem analisá-lo: fontes históricas.

A fonte é um passado no presente, mas nem todo


passado no presente é uma fonte.
BASE METÓDICA
1. Elaboração de uma pergunta de base para os alunos, focando numa dada
realidade histórica.

2. Identificação de fontes históricas de diversas matrizes.

3. Pode ser necessária a produção de fontes (notadamente orais).

4. Seleção de fontes mais pertinentes

5. Elaboração de uma narrativa histórica que permita a apropriação das fontes.


Tradições: narrativas orais ou práticas-técnicas corporais
herdadas – sua fonte principal é a memória.

Monumentos: objetos para a lembrança que apontam o


passado

A PRESENÇA DO Arquivos e acervos: cultura material que media a produção


de narrativas de memória ou documenta o passado.

PASSADO Vestígios: tudo o que resta materialmente do passado seja


arquivado ou não.

Fontes: material histórico submetido à pergunta metódica.


RUÍNA
Vista do Tablino da Casa de
Nero, vulgarmente conhecida
como O Templo da Paz.
Gravura em água-forte, 1746-
1774. Giovanni Piranesi.
Lugar: Bento Rodrigues. Foto:
Romerito Pontes, sob licença
Creative Commons, 2021.
Disponível em:
https://conexaoplaneta.com.
br/blog/cinco-anos-depois-
do-desastre-a-agua-da-
bacia-do-rio-doce-ainda-
nao-foi-recuperada/#fechar

RUÍNA/ESCOMBRO
VESTÍGIO/ DOCUMENTO

Adaga de bronze com incrustações de ouro e prata, mostrando o escudo


em oito e o escudo em torre. Proveniente do Círculo Tumular A em
Micenas. XVI-XV a.C. Museu Nacional Arqueológico de Atenas.
DOCUMENTO VS
FONTE
As desconfianças do
historiador.

Quem tem mais interesse: o


poder real (Carta de Pero Vaz
de 1 de maio de 1500) ou o
Grupo Globo (editorial de 1
de abril de 1964?
Um jantar Brasileiro.
Aquarela. Jean-Baptiste
Debret. 1827. Viagem
histórica e pictórica ao
Brasil.
Estrada Grajaú-Jacarepaguá. Luis Morie. 1983. Fotografia premiada no Prêmio Esso 1983.
Tio Sam,
Montgomery
Flagg, 1917.

Uncle Osama,
Tom Paine, 2002.
Medusa, Caravaggio, 1597.
GALERIA DOS OFÍCIOS,
Florença, Itália.
A FONTE RESULTA DO
TRABALHO
Quando se desnaturaliza o estatuto original do vesrtígio
do passado em si mesmo.

Trata-se sempre de um passadop indagado e criticado.

O que é a crítica?

É o conjunto de indagações sobre veracidade, conteúdo


e relações que o vestígio permite construir.
A fonte é um vestígio submetido a uma operação
cognitiva.

FONTE VS Sem a operação o vestígio ocupa outras funções:


ILUSTRAÇÃO/NARRATIVA 1. Documentação em sentido lato.
2. Ilustração básica do objeto de conhecimento.
3. Narrativa ou monumento sobre o passado.
A FONTE NO LDH
Página 37 do livro didático da 7ª série da Coleção
Didática História – Edição Reformulada, da Editora
FTD (1997
Algo que é uma fonte pode
aparecer no LDH, mas não ocupar
uma função cognitiva de fonte.
VESTÍGIOS E Ela documenta um passado, mas
MONUMENTOS mesmo essa documentação ocupa
um lugar anacrônico.
NO LDH
Os vestígios frequentemente
funcionam como monumentos nos
LDH.
VESTÍGIOS E MONUMENTOS
NA VIDA COMUM
O linchamento era um espetáculo de abuso público.

Ele também era organizado para ser fotografado.

Constituia um espetáculo visual.

As fotografias de Fred Gildersleeve resultam da colaboração


com os linchadores.

Elas eram usados como documentação pelos sulistas brancos


CAPTURA DAS FOTOS PELA
IMPRENSA NEGRA
W. B. Du Bois e o movimento negro norte-
americano.

A imprensa negra e o uso antirracista.

A ressignificação das imagens.


THE CRISIS, JULHO 1916.
Os usos diversos de imagens de linchamento.

Novos usos da imprensa negra.

Usos da comunidade negra sulista: honraria aos


mortos.
AUTODOCUMENTAÇÃO: REDES
SOCIAIS
Redes sociais como arquivo

A identificação, seleção e síntese por fontes em sala


de aula.
O PROFESSOR…

Contextualiza o documento inserindo-no na


temporalidade: saberes sobre o passado.

Inventaria com perguntas ao documento: constitui


dúvidas sobre ele.

Orienta o aluno a reorientar o documento por meio


de novas ações
O ENSINO COM FONTES
O uso de fontes está associado ao mecanismo procedimental do
método histórico:
• Perguntas
• Leitura e interpretação
• Produção de sínteses históricas e novas fontes
Associada a pesquisa, a identificação, análise e produção de fontes
è outra potencialidade didática.

Ela envolve transformar professor e aluno nos principais agentes


desse mecanismo
ALUNO PROCEDE AO…
1. Elaborar perguntas focando numa dada realidade histórica.

2. Identificar de fontes históricas de diversas matrizes.

3. Produzir de fontes (notadamente orais).

4. Selecionar as fontes mais pertinentes

5. Elaborar narrativas históricas que permita a apropriação das


fontes.
USOS DE IMAGENS: «VIRADA»
«Virada» remete e «giro» ou «revolução», uma metáfora-conceito transladado da
astronomia para outros campos.

«Virada» remete e um diagnóstico de situação sobre o estado das coisas que sofre
uma mudança significativa.

As viradas adquiriram no século XIX em diante uma dimensão «epocal» – de


descrição do «espírito do tempo» ou da ontologia do presente.
Copernicana Darwiana Linguística

QUANTAS SÃO Cultural/antropo Visual Digital


AS VIRADAS? lógica

Material Documental
VIRADA LINGUÍSTICA
Diagnosticada em 1967 por Richard Rorty – o
mundo não é conhecido em si mesmo, ele é
construído como linguagem.

Mas qual o paradigma da linguagem: é o texto


escrito – modelo escritura e da linguística:
1. Estruturalismo
2. Semiologia
3. Linguística
BASES
Compreender o mundo como texto

Compreender a cultura como um diálogo entre discursos.

Usar ferramentas de análise de discursos.

Entender que não se tem acesso à realidade, mas apenas


à elaboração simbólica sobre ela.
VIRADA VISUAL -
DESLOCAMENTO
Outra forma de dignosticar a experiência ocidental
globalizada.

O mundo composto por imagens torna-se a matriz da


questão:
1. Guerra das imagens
2. Sociedade do espetáculo
3. Sociedade de massa
4. Mundo digital
5. As experiências com mídias visuais e audiovisuais
ADMITE-SE QUE
Imagem e texto têm uma relação tensioda.

O mundo precisa existir como imagem.

As imagens são focos de afetos e ansiedades


constantes.

A imagem é uma alteridade, e um outro do


texto.
AS QUERELAS RELIGIOSAS DE ONTEM E SEMPRE

Erhard Schön, "Lamentação dos pobres perseguidos ídolos e imagens de templos",


xilogravura de folha única, colorida, por volta de 1530,.
A GUERRA DAS IMAGENS NO ESPAÇO
PÚBLICO
A GUERRA DOS ÍCONES
O MEDO DAS IMAGENS
SUBSTITUTAS: CLONES
O MEDO DAS IMAGENS
SUBSTITUTAS
As redes sociais como dimensões da
conversação e simulação subjetiva

Apaga os originais por sua substituição.

O perfil falso como o limite da


substituição
IMAGEM E IDENTIDADE
O existir pessoal como imagem.

A ideia da construção de avatares virtuais.

A transformação dos sujeitos em produtores


de imagens virtuais.

O celular como prótese central da vida


humana.
IMAGEM E
GOVERNANÇA
A onipresença das cameras de
segurança.

A vigilância como fator contemporâneo


central.

A existência como um registro constante


de imagens
VIRADA «ACADÊMICA»
Evidente na história da arte, do cinema e da
fotografia: as imagens são uma forma de
existir/compreender o mundo.

As imagens compõem os textos.

O problema das imagens é um problema com os


artefatos-imagens.
Uma problemática do olhar.

As prática visuais e a
governança

A imagem como dotada de


uma fenomenologia
integrada e própria.

O PROBLEMA DA IMAGEM NA A emergência da cultura


visual.
HISTORIOGRAFIA
VÁRIOS EIXOS
HISTÓRIA
Não são a totalidade das abordagens entre história e imagem.
IMAGEM
Totalidade das
possibilidades de sobre
Não tem caráter absolutista
VIRADA VISUAL
as maneiras como um historiador pode usar uma
Possibilidades
pesquisa
imagem. e
variadas de
narrativa Paradigma
abordar as conceitual que
construídas
Trata-se de uma invenção de imagens
uma abordagemno ensino
para uma serie de experiências e
metodicamente
formas de enfrentá-las, pesquisar e escrever sobre elas. concebe a
de história alteridade das
imagens em
relação aos textos
e corpos.
O ATO DE CRIAR IMAGENS INSTITUI
REALIDADES
A VIDA DAS IMAGENS
A oscilação entre estados de agência e sujeição que as pessoas experimentam com
imagens

Tratar da ficção constitutiva das imagens como seres ‘animados’, quase agentes,
pseudo-pessoas”

Algo similar a um ator social, no sentido de que analiticamente se pode “individuar


a força”.
CORPOS DAS IMAGENS
A “imagem material” e seus horizontes de “imaterialidade”.

Suportes (fotografia, filme, infografia, pintura etc.).

Instituições (cinema, museu, arquivo, praça pública etc.)

Artefatos (fitas, retratos, computadores, carros, quadros etc.)

Articulam modelos de experiência e temporalidades diversas para os sujeitos.


L’ultima cena o
Cenacolo. Leonardo
Da Vinci, 1495-
1498. Refeitório de
Santa Maria delle
Grazie, Milão.
«ZOOM»
COMO
NOVA
JANELA
USOS DAS/COM IMAGENS
Definidas pelas práticas sociais com e por imagens.

Que produzem integrações de performances.

Multimidiáticas e transmidiáticas (nos formatos atuais).


Coletiva à imprensa do governo, dia 18 de março de 2020
COGNIÇÃO E AFETOS
Atividades importantes pelos quais as práticas com imagens definem a cognição que
dá base aos saberes.

Desenhar, pintar, cartografar, filmar, fotografar, decorar, exibir, construir, colecionar,


expor, diagramar, musealizar, arquivar, etc. são atividades-fundamentos do modo de
produção do saber e distribuição do conhecimento nas diversas sociedades, inclusive
na própria organização das noções de presente.

Diz respeito a distribuição do conhecimento como bem cultural.


A INTERSUBJETIVIDADE
Existe uma retórica das imagens que as aproximam das condições subalternas.

A imagem faz ver outras alteridades que nela se espelham.

As alteridades se encarnam e migram por meio de imagens.


La nascita di Venere, Sandro Botticelli, 1483. Galleria Ddegli Uffizi.
Fonte: Instagram @sheacoulee. 12
junho 2020.
Texto: “Ame a pele em que você está” é um conceito que levou muito tempo
para eu aceitar. Disseram-me que sou muito morena, muito fralda, muito
feminina para ser considerada bonita. É por isso que eu queria abraçar
totalmente a beleza negra nesta apresentação de desfile. Eu também queria
me concentrar em minhas raízes. Espero que gostem desta recriação de
‘Nascimento de Vênus’ de Botticelli, mas NEGRO. Estrelando todos os membros
da Maison Couleé. @kenziecoulee, @bambibankscoulee, @ babycouleé, e
apresentando o MAIS NOVO membro da Haus, meu bebê, @khloecoulee!
Certifique-se de ir e dar-lhe um seguimento!

Fonte: Instagram @sheacoulee. 12 junho 2020.


O ENSINO COM FONTES

O uso de fontes está Associada a pesquisa, a Ela envolve transformar


associado ao mecanismo identificação, análise e professor e aluno nos
procedimental do método produção de fontes è outra principais agentes desse
histórico: potencialidade didática. mecanismo
• Perguntas
• Leitura e interpretação
• Produção de sínteses
históricas e novas fontes
PROCESSOS METÓDICOS DO
ENSINO
Investir no aluno que intervem:
1. Localizando e identificando imagens
2. Produzindo imagens
3. Intervindo em imagens

Evidenciar os procedimentos de inscrição, arquivamento e


leitura de imagens

Verificar e confiar nas habilidades já disponíveis junto


aos alunos.
A AUTO-
INSCRIÇÃO
Usar como base as redes
sociais.

Processos de auto-inscrição

Constituição de um arquivo
(in)voluntário.
Transformação dio arquivo pessoal em um
material para ser submetido a retomada e
seleção

A seleção motivada – orientada por


perguntas – de materiais arquivados cria um
A AUTO- princípio de documentação.

DOCUMENTAÇÃO A documentação usa materiais e produz uma


auto-documentação.

Ao aluno se entende como produtor de


documentos assim como apreende a
diversidades destes.
A PRODUÇÃO DE NARRATIVAS
Os formatos visuais permitem a construção de narrativas.

As imagens são convertidas em formas de tratar e/ou narrar material históricos

Os alunos sabem narrar com imagens (habilidade) e precisam aprender a adicionar saber
histórico com o uso delas (competências)
As narrativas podem valorizar:
A intervenção em imagens pré-existentes: remixes
A narração por meio de algum gênero discursivo específico: exposição, vídeo, perfil de rede
social, história emn quadrinhos, etc..
AS INTERVENÇÕES: REMIX
AS NOVAS
Caetana
NARRATIVAS
: USOS E
PRODUÇÃO
DE
MATERIAIS
Caetana
Escravidão e gênero no Brasil oitocentista
por Roberta Veloso
9
MEMES, REMIXES, EXPOSIÇÕES…
Cada um desses produtos correspondem a gêneros diferentes

Mobilizam diferentes graus de dificuldades

Atenção à adequação ao nível de ensino.

Efetivando os saberes em graus de complexidade:


1. Menos complexos: narrativas condensadas (memes, desenhos, charges, remixes em geral).
2. Mais complexos: narrativas completas (vídeos, exposição, HQs).
Diferentes graus de dificul

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