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Aula 15-12

Marx – continuação
Marx é um autor que tem muitos escritos, abordando vá rias temas. No entanto, o
que aqui nos interessa é a sua conceção materialista da história.
 Procura explicar a evoluçã o das sociedades humanas a partir de elementos
materiais.
 As épocas histó ricas: o modo de produçã o antigo (escravatura), o modo de
produçã o medieval (feudal), modo de produçã o capitalista ou burguês – e a
seguir, Marx prevê que virá o modo de produçã o socialista.
 Toda a histó ria é caracterizada por uma luta de classes, entre as dominantes
e as dominadas.
 No caso do modo de produçã o feudal, a burguesia é uma classe dominada
que pouco a pouco vai enriquecendo até se tornar uma classe dominante,
conquistando o poder político. Já no modo de produçã o burguês, a classe
dominada é o proletariado (trabalhadores assalariados).
 Marx diz que o proletariado irá revoltar-se contra a burguesia devido à
tensã o existente entre as duas classes – havia uma tendência para a
concentraçã o de capitais da burguesia e para o alargamento e
empobrecimento do proletariado. O papel dos comunistas era apoiar o
proletariado.
 O objetivo era acabar com a existência de classes dominadas e dominantes
e, assim, criar uma sociedade sem classes.
 O socialismo é para Marx o futuro das sociedades humanas
 Á luz da conceçã o materialista da histó ria, a confrontaçã o entre classes
dominadas e classes dominantes nã o se passa apenas a nível estrutural
(estruturas econó micas), mas também ao nível superestrutural (política, lei,
ideologia).
 Modo analisa a questã o religiosa também do ponto de vista social (“A
religiã o é o ó pio do povo” – serve para manter as pessoas subordinadas,
sem se revoltar contra a ordem estabelecida), é um paraíso artificial.
 Todas as ideias sã o analisadas a partir das questõ es sociais, de uma
perspetiva socioeconó mica. O mesmo se passa no Direito, o direito nã o é
neutro, vai mudando ao longo da historia a favor das classes dominantes.
 Marx pretendia que a conceçã o materialista da histó ria fosse cientifica
(Pensador crítico de Marx – Karl Popper – defende que Marx tenta adivinhar o
futuro)
Marx e Engels pretendem realçar o cará ter cientifico do seu socialismo versus
outros socialismos (socialismo burgues, socialismo utó pico, socialismo feudal)
A primeira revoluçã o social marxista dá -se na Rú ssia – nã o está de acordo com
a ló gica de Marx porque a Rú ssia ainda nã o era industrializada (nã o fazia
sentido passar do feudalismo para o socialismo sem passar pelo capitalismo).
Vai ser o marxismo-leninismo que procura explicar porque é que há uma
revoluçã o na Rú ssia. O leninismo e o maoismo sã o versõ es do marxismo que se
adaptam as circunstâ ncias histó ricas especificas, de alguma forma
acrescentando-lhe ideias ou alterando-o.

John Rawls
SOBRE ELE:
 É um pensador americano e faz todo o seu percurso nos EUA
 Teve uma doença marcante – teve uma doença a qual passou ao irmão
(que acabou por falecer) mas ele sobreviveu
 Teria sido jogador de basebol

OBRA: Uma Teoria da Justiça


 A preocupaçã o central de Rawls é formular uma conceçã o de justiça para as
sociedades contemporâ neas, em termos sociais e distributivos. A sua teoria
da justiça é sobre a justiça, nã o dos tribunas, mas da pró pria sociedade.
 Parte da ideia de que a sociedade é um sistema em que existe cooperação e
conflito
 Conflito: existe no modo como se distribuem as desvantagens e as
vantagens da vida social
 Estrutura básica da sociedade é formada por instituiçõ es que
determinam os nossos direitos e deveres: a Constituiçã o, as leis
principais em matéria social e econó mica, etc.
 Instituiçã o – sistema de regras (mesmo as informais: instituiçã o da
cortesia)
 Os indivíduos entram na estrutura bá sica quando nascem e saem
quando morrem – a exceçã o é a imigraçã o

Para Rawls, a conceçã o da justiça aplica-se à estrutura bá sica da sociedade. A


sociedade é o objeto da justiça.
A justiça serve para descobrir como é que as instituiçõ es da estrutura bá sica
devem ser configuradas.
Para resolver este problema, Rawls diz que, primeiro, a justiça se deve ocupar com
a distribuiçã o dos bens sociais primários:
 As liberdades
 As oportunidades
 Rendimento e riqueza
 (as bases sociais do respeito pró prio)
Estes bens sã o sociais porque estã o dependentes da estrutura bá sica da sociedade.
Sã o primários porque sã o instrumentais para todas as outras coisas, sã o os mais
gerais, sã o aqueles que nos permitem o acesso a tudo aquilo que possamos desejar.
Distinçã o entre riqueza e rendimento: A riqueza é aquilo que está acumulado e o
rendimento é aquilo que recebemos periodicamente.
O respeito pró prio é uma interiorizaçã o do respeito que os outros têm.

Conceção de justiça -> Estrutura básica -> Sociedade (cooperação e conflito


entre indivíduos)
A conceçã o de justiça deve-nos indicar de que forma é que os bens sociais
primá rios devem ser distribuídos.
“Todos os valores sociais [ou bens sociais primá rios] – liberdade e oportunidade,
rendimento e riqueza, e as bases sociais do respeito pró prio – devem ser
distribuídos igualmente salvo se uma distribuiçã o desigual de algum desses
valores, ou de todos eles, redunde em beneficio de todos.”
 Nesta formulaçã o esta presente o pressuposto igualitá rio:
A convicçã o das sociedades europeias e americanas desde o iluminismo é que
o que é natural é a igualdade. Ou seja, nas sociedades contemporâ neas, a
convicçã o é que os indivíduos sã o basicamente iguais (nã o existe a convicçã o
que alguns nascem para ser senhores e outros nascem para ser escravos).
Contemporaneamente, nã o precisamos de justificar a igualdade.
 Também pode haver exceçõ es:
Pode haver alguma diferenciaçã o na distribuiçã o de um bem primá rio
(principalmente rendimento e riqueza) desde que seja benéfica para todos.

B
B A
A

Sociedade 1 Sociedade 2

Para Rawls, a sociedade 2 é racionalmente preferível porque, apesar de ser a


menos igualitá ria, a classe menos favorecida (A) está claramente melhor na
sociedade 2 do que na 1 – é uma desigualdade para o benefício de todos.
Algum tipo de desigualdade pode funcionar como um sistema de incentivos que
contribui para uma sociedade mais pró spera.
 A Conceçã o Especial da Justiça (Os Dois Princípios da Justiça):
1) A sociedade deve assegurar a má xima liberdade para cada pessoa compatível
com uma liberdade igual para todos – Princípio da liberdade igual
Quando se fala de liberdade igual, fala-se de um conjunto de liberdades civis e
políticas que devem ser iguais para todos. Podemos recolher este conjunto de
liberdades à tradiçã o constitucional ou podemos dedutivamente pensar quais sã o
as liberdades necessá rias. Para Rawls, é igual seguirmos o caminho dedutivo ou
empírico. As liberdades distribuem-se através da estrutura bá sica: é necessá rio
que estejam constitucionalizadas, nas leis, na prá tica dos agentes do Estado, etc…
2) As desigualdades econó micas e sociais devem:
a) Estar ligadas a postos e posiçõ es acessíveis a todos em condiçõ es de igualdade
equitativa de oportunidades – Princípio da igualdade equitativa de
oportunidades
b) E gerar o maior benefício para os menos beneficiados – Princípio da diferença
Pode ser vantajoso para todos a existência de algumas desigualdades na medida
em que seja benéfico para todos. Quais sã o os limites destas desigualdades? a) e b).
a) Duas conceçõ es da igualdade de oportunidades:
1) Conceçã o formal – Carreiras abertas à s competências (ou ao mérito): este
princípio surge no final do século XVIII. É uma ideia de nã o-descriminaçã o.
2) Conceçã o substantiva – Igualdade equitativa de oportunidades:
O facto de nã o haver descriminaçã o no acesso nã o implica que a igualdade de
oportunidades seja substantiva porque os indivíduos partem de situaçõ es
diferentes. A ideia de carreiras abertas apenas abre acesso a uma corrida, mas para
que esta seja equitativa, é necessá rio garantir que todos partem da mesma posiçã o.
Procura-se igualar os pontos de partida. É impossível atingir uma igualdade de
oportunidades equitativas porque para eliminar as desigualdades era necessá rio
abolir as famílias.
A conceçã o substantiva é muito mais exigente a nível econó mico: implica uma
intervençã o no sistema educativo, na saú de, na fiscalidade, etc. Porque é que é
preferível a conceçã o substantiva à conceçã o formal? Pois a igualdade equitativa
de oportunidades retifica uma situaçã o que é moralmente arbitrá ria – ninguém
deve ser responsabilizado pelas condiçõ es em que nasceu.
Mesmo quando há igualdade equitativa de oportunidades, isso não garante a
igualdade de resultados.
b) Para Rawls, o benefício de todos tem de caminhar para o benefício dos menos
beneficiados (-> as mais pobres – em Portugal, ser pobre significa estar abaixo do
salá rio mínimo). O que está em causa é retificar nã o só os pontos de partida do
ponto de vista social, mas também do ponto de vista natural (ex. talentos, saú de). O
crescimento econó mico só pode ser benéfico para todos se caminhar para o maior
benefício dos mais desfavorecidos.
Estes princípios tem uma ordem lexical: O principio das liberdades é prioritá rio
em relaçã o ao segundo princípio (a realizaçã o do segundo princípio nã o deve por
em causa o primeiro); o princípio da igualdade equitativa de oportunidades é
prioritá rio em relaçã o ao principio da diferença; os dois princípios da justiça sã o
prioritá rios em relaçã o à maximizaçã o da utilidade.

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