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PREVENÇÃO E PRIMEIROS

SOCORROS NO USO DE
DEFENSIVOS AGRÍCOLAS
2021– Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar

1ª. Edição – 2021

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Presidente Especialista em Uso Correto e Seguro


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Diretora-Executiva Analista de Uso Correto e Seguro


Eliane Kay Isabela Rivato

Gerente Administrativa Departamento de Comunicação e Marketing


Patrícia Fédor Valmir Mello
Prevenção e primeiros socorros no uso de defensivos agrícolas

INTRODUÇÃO: CONCEITOS
DE INTOXICAÇÃO
A intoxicação acontece quando uma pessoa se expõe de forma inadequada ou sem
proteção a uma substância tóxica. Essas substâncias, como remédios, produtos de
limpeza e defensivos agrícolas, se usadas em excesso ou de forma errada, podem
causar danos à saúde.

O que determina se um produto vai ou não causar intoxicação é a quantidade ab-


sorvida pela pessoa e o grau de toxicidade da substância.

SAIBA MAIS
O grau de toxicidade da substância é a capacida-
de do produto de causar dano ao organismo.

Quando um produto tóxico entra em contato e é absorvido pelo corpo humano, a


intoxicação só se manifesta quando a substância atinge certos níveis no organismo.
Essa intoxicação pode ser de dois tipos:

A intoxicação aguda ocorre quando a pessoa é exposta a uma alta quantidade de


substância tóxica em um único momento ou em um período curto.

Se o trabalhador que está sem proteção se envolve


em algum acidente e entra em contato direto com
o defensivo, ou quando ele faz o preparo da calda
ou a aplicação sem utilizar o EPI adequado, pode
acontecer esse tipo de intoxicação.
Na imagem ao lado, temos um exemplo de aplica-
ção inadequada, ou seja, sem nenhuma proteção
ao aplicador.

Na falta de Equipamentos de Proteção, opte sempre por não realizar a aplicação.

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Prevenção e primeiros socorros no uso de defensivos agrícolas

Nesses casos, os sinais da intoxicação surgem imediatamente ou logo depois da exposição.

A intoxicação crônica ocorre quando uma pessoa é exposta a pequenas quantida-


des da substância tóxica por um longo período da sua vida.

Nestes casos a substância vai se acumulando no organismo e depois de meses ou


anos o trabalhador pode desenvolver algum tipo de doença. Porém, uma exposição
única ou em pequena quantidade também pode desencadear sintomas semelhantes
a uma intoxicação crônica.

As formas de exposição aos produtos tóxicos podem ser:

A exposição direta ocorre quando o produto entra em contato direto com a pele, os
olhos, a boca ou o nariz de uma pessoa.

Tratando-se de defensivos agrícolas, a exposição direta


geralmente acontece com trabalhadores que lidam com
esses produtos de maneira inadequda sem usar o EPI ade-
quado, ou manuseiam equipamentos sem regulagem, ma-
nutenção e calibração.
Essa exposição pode ocorrer durante o armazenamento, o
transporte, o preparo, a aplicação, a destinação e a limpeza
dos equipamentos e do EPI.

A exposição indireta ocorre quando a pessoa que não está lidando diretamente com
o defensivo acaba exposta quando entra em contato com plantas, alimentos, roupas
ou qualquer outro objeto contaminado.

A exposição indireta pode acontecer principalmente com pessoas que não manu-
seiam diretamente os produtos, mas circulam ou trabalham em áreas recém-trata-
das ou vizinhas aos locais de armazenamento, preparo, aplicação e limpeza de equi-
pamentos e EPI.

Por isso, é necessário seguir corretamente as recomendações de segurança em to-


das as etapas. Assim, você cuida da sua saúde e evita a contaminação das pessoas e
dos animais da região.

Os sintomas da intoxicação podem variar de acordo com:

o produto;
a quantidade absorvida;
a tolerância do organismo de quem foi contaminado.

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Prevenção e primeiros socorros no uso de defensivos agrícolas

O produto tóxico pode ser absorvido pelo organismo de diversas formas. Vamos apre-
sentá-las a seguir:

a) A contaminação através da pele é a mais preocupante e a mais comum. No caso


de defensivos agrícolas, ela ocorre principalmente quando está relacionada às for-
mulações oleosas, que podem causar uma reação mais intensa.

Um cuidado essencial é manusear os defensivos


vestindo o EPI adequado, e não shorts e camise-
ta, usando apenas uma máscara como proteção,
como na imagem ao lado.

Esse tipo de contaminação pode causar danos


graves às pessoas, por isso o uso completo do
EPI recomendado para cada tipo e aplicação de
produto é muito importante.

Os sintomas mais comuns em uma contaminação por contato com a pele são:

o local de exposição pode ficar irritado, com a pele seca e rachada;


a pele pode ficar amarelada ou avermelhada;
pode haver descamação;
as unhas podem ficar escuras e com rachaduras.

b) A contaminação pelo nariz ocorre se respirarmos partículas, gases ou vapores


do produto.

Se o trabalhador não estiver usando máscara du-


rante a pulverização, ou se ela não estiver bem
ajustada, as gotículas do defensivo podem entrar
pelo nariz e serem absorvidas pelos pulmões.
É importante o uso de EPI sempre que for aplicar
um defensivo agrícola.

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Prevenção e primeiros socorros no uso de defensivos agrícolas

Os sintomas mais comuns da contaminação pelo nariz são:


ardor na garganta e nos pulmões;
tosse;
rouquidão;
congestão nasal;
falta de ar e chiado no peito.

c) A contaminação pela boca se dá quando a pessoa ingere o produto. É menos fre-


quente e normalmente ocorre por acidente ou descuido, porém é o tipo que causa as
intoxicações mais graves.

Ela pode acontecer se um trabalhador tentar desentupir mangueiras com a boca ou


sugar o líquido de dentro de um tanque, por exemplo.
Sintomas da contaminação pela boca:

irritação na boca e na garganta;


dor no peito;
enjoo;
diarreia;
transpiração excessiva;
dor de cabeça;
fraqueza;
câimbra.

Outra forma de contaminação pela boca é o ma-


nuseio de defensivos agrícolas sem uso de EPI
e posterior consumo do cigarro ou ingestão de
alimentos sem antes higienizar as mãos.

A ingestão de alimentos e bebidas, bem como o consumo de cigarros, não deve


ocorrer no momento de aplicação de defensivos e preparo da calda.

d) A contaminação pelos olhos é mais comum durante a preparação da calda do


defensivo agrícola.

Durante a preparação da calda, um respingo ou o


vapor do produto concentrado podem atingir os
olhos do trabalhador que não esteja usando EPI.

Veja que na imagem ao lado não há uso de EPI.

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Prevenção e primeiros socorros no uso de defensivos agrícolas

E se a contaminação for pelos olhos, eles podem ficar:

irritados;
vermelhos;
com ardência;
doloridos ou com sensação de areia.

Sobre o EPI:

Vimos que o uso correto do EPI é a melhor prevenção contra acidentes e intoxi-
cações, então precisamos observar algumas regras antes e depois de usá-los:

Reutilizar somente depois de ser lavado corretamente. Porque se você o vestir


novamente, poderá se contaminar com resíduos de produtos que ficaram nele.
Deve ser sempre lavado e guardado separado das roupas comuns, para evitar
a contaminação.

No caso de contaminação, o que você deve fazer:


Se uma pessoa apresentar qualquer sintoma de intoxicação, é muito impor-
tante que ela seja afastada imediatamente do trabalho e levada para receber
atendimento médico.

Não esqueça de levar consigo as informações do rótulo e da bula dos defen-


sivos aos quais ela foi exposta.

Também é importante ligar para o telefone de


emergência fornecido pelo fabricante do produ-
to, assim é possível orientar os médicos sobre a
melhor forma de agir.

PRIMEIROS SOCORROS EM CASO


DE SUSPEITA DE INTOXICAÇÃO
Caso haja suspeitas de intoxicação por defensivos agrícolas, você pode fazer os pri-
meiros socorros. Vamos apresentar um passo a passo do que fazer:

1) Interrompa o quanto antes a absorção do produto pelo corpo da pessoa.

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Prevenção e primeiros socorros no uso de defensivos agrícolas

2) Consulte o rótulo e a bula do produto: siga as recomendações de primeiros so-


corros descritas neles, entre elas: tomar banho com água corrente, vestir roupas
limpas e ser levada imediatamente para o serviço de saúde mais próximo. Não se
esqueça de levar o rótulo e a bula do produto.

3) Na unidade de saúde: entregue o rótulo e a bula ao profissional de saúde, para


que ele possa acionar o número de emergência do fabricante e realizar o atendi-
mento mais adequado à vítima.

Atenção! Lembramos que toda pessoa suspeita de intoxica-


ção por defensivo agrícola deve procurar atendimento mé-
dico imediatamente, mesmo se os sintomas estejam leves.
Não espere até que eles se intensifiquem para buscar ajuda.

Medidas de primeiros socorros:

Existem também algumas medidas de primeiros socorros que você pode tomar an-
tes de encaminhar a vítima ao serviço médico, e que variam de acordo com a parte
do corpo que foi exposta.

Em casos de suspeita de contaminação pela pele, a primeira providência é inter-


romper o contato com o produto o mais rápido possível.

Retire imediatamente as roupas contaminadas e remova o produto com água


corrente. Se a área for muito grande, lave o corpo todo com uma ducha.
Caso não haja contraindicação na bula, você pode lavar a área atingida usando
sabão neutro, sem esfregar com força, para não causar irritações. Lembre-se de
lavar bem o couro cabeludo, atrás das orelhas, axilas, unhas e região genital.
Depois da limpeza, seque bem a área afetada e vista roupas limpas.

Quando a contaminação é nos olhos, você deve:


Lavar os olhos imediatamente com água corrente e limpa.
Se a vítima usar lentes de contato, elas devem ser removidas, desde que isso seja
possível e seguro.
O jato de água deve ser suave para não irritar ainda mais os olhos, e nunca use
água quente, nem adicione outras substâncias à água.

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Prevenção e primeiros socorros no uso de defensivos agrícolas

Se o local não dispuser de jato d’água, deite a pessoa de costas, incline a cabeça
dela para trás, peça para que ela mantenha os olhos abertos e derrame água lim-
pa delicadamente sobre os olhos, usando uma caneca.
Se a irritação ou a dor persistirem, tape os olhos com um pano limpo e encaminhe
a vítima ao médico, levando o rótulo e a bula do produto.

Em caso de suspeita de intoxicação por inalação:


A primeira medida é retirar a vítima do local e levá-la para um ambiente ventilado.
Afrouxe as roupas da pessoa para que ela consiga respirar melhor, ou retire-as
por completo, se estiverem contaminadas.

Nos casos de suspeita de intoxicação por ingestão, é essencial ler as recomenda-


ções de primeiros socorros da bula, pois dependendo do tipo de produto, o vômito
pode ou não ser provocado.

De maneira geral, essa prática é contraindicada, pois pode agravar a situação da vítima.

Se ela estiver inconsciente e vomitar naturalmente, mantenha-a deitada de lado,


para evitar sufocamento.

Quando o vômito não for aconselhado, nem acontecer naturalmente, você pode
oferecer uma solução de cinquenta gramas de carvão ativado diluído em um copo
d’água, pois isso ajuda a reduzir a absorção do produto.

Prevenção:

Para evitar que casos de intoxicação aconteçam,


é fundamental que empregadores e trabalhadores
sigam as recomendações de uso correto e seguro
dos defensivos agrícolas descritas pelo fabrican-
te no rótulo e na bula do produto.

Os trabalhadores e aplicadores devem sempre ter


acesso a informações sobre a área a ser tratada,
o tipo de aplicação e o equipamento a ser usado.

Eles devem ser informados sobre o nome do produto, sua classificação toxicológica,
o intervalo de reentrada, o intervalo de segurança e as medidas de proteção que
devem ser adotadas para evitar a exposição ao produto.

Todas as pessoas que trabalham no local devem ser treinadas para saber o que fa-
zer em caso de acidente.

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Prevenção e primeiros socorros no uso de defensivos agrícolas

É essencial reforçar os procedimentos para limpeza, manutenção e uso do EPI, e


as medidas de higiene pessoal que devem ser adotadas antes e depois do trabalho
com defensivos agrícolas.

E lembre-se: o rótulo, a bula e a ficha de informações de segurança de produtos


químicos sempre trazem os telefones para contato e informações em caso de aci-
dentes e intoxicações.

SAIBA MAIS
A ANVISA também disponibiliza o Disque-Intoxica-
ção: um centro de informações toxicológicas pú-
blico em que você pode notificar o caso e receber
informações sobre como proceder.
Para outras informações, clique aqui.

Notificar as intoxicações ao fabricante é muito importante para que ele possa com-
preender se existe alguma falha de comunicação nos seus produtos e, se necessá-
rio, revisar o rótulo e a bula. Com esses cuidados você poderá salvar vidas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Conteúdo elaborado por: Prof. Sérgio Graff.

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