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Prevenção de Acidentes com

Defensivos Agrícolas NR31.7

MÓDULO 3
Conhecendo
as formas de
exposição direta
e indireta aos
defensivos
agrícolas
Você toma os devidos cuidados com os defensivos
agrícolas? Procura se informar antes de manipular
esses produtos? Nesse curso serão abordadas as
maneiras mais adequadas e seguras de manipulação.
Você conhecerá a origem, os princípios legais de sua
utilização, as formas de exposição, as informações de
segurança contidas em rótulos e bulas, quais as medidas
higiênicas mais recomendadas e os procedimentos
práticos para aplicação de defensivos agrícolas.
Programa Gestão de Riscos em Saúde
e Segurança no Trabalho Rural

Prevenção de Acidentes com


Defensivos Agrícolas NR31.7

SENAR, 2021
Estrutura Organizacional
Presidente do Conselho Administrativo
José Mário Schreiner

Superintendente do Senar Goiás


Dirceu Borges

Diretor do Departamento Técnico do Senar Goiás


Flávio Henrique Silva

Gerente de Educação Formal do Senar Goiás


Mara Lopes de Araújo Lima
Prevenção de Acidentes com Defensivos Agrícolas NR31.7

Módulo 3
Conhecendo as Formas de Exposição Direta
e Indireta aos Defensivos Agrícolas
Neste módulo você conhecerá as formas
de exposição aos produtos fitossanitários
e verá como identificar os sinais e os sinto-
mas de intoxicação mais comuns. Conhece-
rá também os tipos de exposição e quais os
procedimentos mais indicados que devem
ser realizados em caso de intoxicações.

Para um melhor entendimento, o conteúdo


está dividido da seguinte forma:

• Aula 1: Conhecimento das formas de


exposição.
• Aula 2: Identificação dos sinais e dos
sintomas de intoxicação e de procedi- Fonte: Shutterstock
mentos a serem realizados em caso de
intoxicação.

Módulo 3 - Conhecendo as Formas de Exposição Direta e Indireta aos Agrotóxicos // 5


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Aula 1

Conhecendo as formas de exposição


Para entender quais são as formas de exposição é preciso entender primeiro o que é exposição
e como ela acontece. As exposições podem ser diretas, indiretas ou sem contato:

Exposição direta

É aquela em que há manipulação direta do


agrotóxico. Um bom exemplo é quando al-
guém está preparando, diluindo ou aplicando
os agrotóxicos na plantação.

Fonte: Shutterstock

Exposição indireta

Quando não há manipulação direta. Por exem-


plo, quando alguém entra em uma área logo
após a aplicação.

Fonte: Shutterstock

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Exposição sem contato

Ocorre com pessoas que não lidam com o


agrotóxico, nem direta, nem indiretamente. Um
exemplo são as contaminações ambientais,
acidentais ou por contaminação de alimentos.

Fonte: Shutterstock

A exposição mais comum entre os trabalhadores que lidam os produtos fitossanitários é a ex-
posição direta. Veja agora como o contato pode acontecer e o que fazer quando ocorrer uma
contaminação:

Exposição dérmica

Esse meio de exposição é o mais comum, pois a exposição acontece através da pele. Assim,
comparada com as outras vias, essa é a de maior área e, portanto, a mais atingida em caso
de exposição.

O que fazer em caso de contaminação?

A recomendação, nesse caso, é que a exposição seja reduzida o mais rápido possível. Isso
pode ser feito retirando imediatamente as roupas contaminadas e removendo o produto
com jato de água corrente. Após esse procedimento inicial, é preciso verificar as recomen-
dações de primeiros socorros do produto e, se não houver contraindicação, lavar com água
e sabão a região exposta, sempre cuidando para não causar maiores irritações.

No caso de a contaminação atingir uma grande área do corpo, o mais indicado é tomar um ba-
nho, tendo cuidado especial na limpeza do couro cabeludo, atrás das orelhas, axilas, unhas e
região genital. Não é indicado adicionar antídoto ou agente neutralizador à água de lavagem.

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Exposição respiratória

Esse tipo é o que tem maior potencial de intoxicação, pois o produto entra pelo sistema
respiratório e, ao atingir os pulmões, é lançado na corrente sanguínea através dos alvéolos
pulmonares.

O que fazer em caso de contaminação?

A indicação no caso de inalação é afastar a pessoa intoxicada do local contaminado e levá-


-la para um local fresco e ventilado. É interessante afrouxar as roupas para facilitar a pas-
sagem do ar ou mesmo retirá-las caso estejam contaminadas. É importante lembrar que ao
entrar em local fechado com a possibilidade da presença de contaminantes no ar ambiente,
deve-se antes ventilá-lo. E, quando possível, a pessoa que está prestando o socorro deve
estar protegida utilizando um respirador apropriado.

Exposição ocular

Esse tipo de intoxicação também ocorre de maneira muito rápida, porém, a quantidade
absorvida é menor em comparação com produtos inalados. Quando um respingo de um
produto fitossanitário atinge os olhos, ele é imediatamente absorvido e logo causa uma
irritação que pode surgir devido às substâncias presentes na formulação do produto, como
os solventes ou o próprio ingrediente ativo, que por si só é irritante.

O que fazer em caso de contaminação?

O procedimento nesses casos é a lavagem imediata dos olhos com água corrente e limpa,
que deve ser realizada de acordo com instruções da bula, normalmente, de quinze a vintes
minutos. A água poderá ser fria ou na temperatura ambiente, mas nunca quente ou con-
tendo substâncias neutralizantes ou antídotos. O jato de lavagem deve ser suave para não
aumentar a irritação. Caso não haja água corrente para o procedimento, o socorrista deve
ficar sentado com as pernas dobradas e a pessoa contaminada apoiando as costas nas
pernas do socorrista. O socorrista deve apoiar a cabeça da pessoa contaminada sobre suas
pernas, inclinado a cabeça dela para trás e mantendo as pálpebras abertas, derramando
água lentamente com auxílio de copo. Após qualquer dessas medidas, é necessário que a
pessoa contaminada procure imediatamente o médico ou o serviço de saúde levando a em-
balagem, rótulo, bula ou receituário agronômico do produto.

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Exposição via oral

Esse tipo de intoxicação em sua maioria ocorre por ingestão voluntária, sendo, então, muito
importante destacar que os produtos fitossanitários devem ficar em local restrito.

O que fazer em caso de contaminação?

O atendimento nesses casos deve seguir as recomendações dos rótulos ou das bulas dos
produtos, principalmente quanto a necessidade ou não de provocar vômito na pessoa into-
xicada. Se a substância ingerida for cáustica ou corrosiva, poderá provocar novas queimadu-
ras ao ser regurgitada. Vários produtos fitossanitários com formulações que utilizam como
veículo solventes derivados do petróleo, têm indicações de restrição ao vômito. A aspiração
pulmonar do conteúdo gástrico pode provocar pneumonite química. Nunca provoque vô-
mito se a vítima estiver inconsciente ou em convulsão, pois poderá sufocá-la, mesmo se a
indicação for a de regurgitar a substância tóxica imediatamente.

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Estudo de caso

Você sabe como agir em caso de intoxicação? Essa é uma situação muito delicada, pois
envolve a vida de outra pessoa, não é mesmo? Mas saiba que mesmo não sendo espe-
cialista da área, com o treinamento adequado e
as medidas corretas você pode fazer os primei-
ros socorros.

Imagine a seguinte situação. Um funcionário esta-


va fazendo a aplicação de produtos fitossanitários
em uma área e acabou inalando o produto, pois
havia um pequeno rasgo em seu equipamento de
proteção. Ao encontrá-lo no local, você percebe
o que acabou de acontecer. Reflita sobre qual ati-
tude tomaria e faça suas anotações a seguir. Você
poderá ler uma reflexão sobre o assunto também
no final desta apostila.

Reflexão

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Aula 2

Identificação de Sintomas e Procedimentos em Caso de


Intoxicação
Quando uma pessoa fica exposta a níveis tóxicos de
produtos fitossanitários, o resultado é uma varieda-
de de sintomas e sinais. Essas reações variam de
acordo com o produto usado, a dose absorvida e as
condições de saúde do indivíduo.

Os principais sintomas encontrados em uma conta-


minação são:

• Com a pele (via dérmica): irritação, pele seca


e rachada, mudança de coloração da pele, com
áreas amareladas ou avermelhadas, e desca-
mação com aspecto de sarna.
Fonte: Shutterstock
• Por inalação (via respiratória): ardor na gar-
ganta e pulmões, tosse, rouquidão e conges-
tionamento das vias respiratórias.

• Por ingestão (via oral): irritação da boca e garganta, dor no peito, náuseas, diarreia, trans-
piração anormal, dor de cabeça, fraqueza e câimbra.

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Veja, no quadro a seguir, as principais ações e lesões e quais são os produtos causadores de cada
uma delas:

Ações ou lesões causadas pelos


Tipo de agrotóxico utilizado
agrotóxicos ao homem

Lesões hepáticas Inseticidas organoclorados

Inseticidas organoclorados
Lesões renais Fungicidas fenil-mercúricos
Fungicidas metoxil-etil-mercúricos

Inseticidas organofosforados
Neurite periférica
Herbicidas clorofenóxis (2,4-D e 2,4,5-T)

Inseticidas organofosforados
Ação neurotóxica retardada
Desfolhantes (DEF e merfós ou Folex)

Atrofia testicular Fungicidas tridemorfo (Calixim)

Esterilidade masculina por oligospermia Nematicida diclorobromopropano

Cistite hemorrágica Acaricida clordimeforme

Hiperglicemia ou diabetes transitória Herbicidas clorofenóxis

Hipertemia Herbicidas dinitrofenóis e pentaclorofenol

Pneumonite e fibrose pulmonar Herbicida paraquat (Gramoxone)

Diminuição das defesas orgânicas pela di-


minuição dos linfócitos imunologicamente Fungicidas trifenil-estânicos
competentes (produtores de anticorpos)

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Reações de hipersensibilidade (urticárias,


Inseticidas piretróides
alergia, asma)

Fungicidas mercuriais
Teratogênese
Dioxina presente no herbicida 2,4,5-T

Herbicida dinitro-orto-cresol
Herbicida trifluralina
Mutagênese
Inseticida organoclorado
Inseticida organofosforado

Diversos inseticidas, acaricidas, fungicidas,


Carcinogênese
herbicidas e reguladores de crescimento

Fonte: Garcia, 1991

Tipos de intoxicações

É aquela na qual os sintomas aparecem muito rápido, algumas ho-


ras após a exposição excessiva (sem equipamentos de proteção),
Intoxicação por curto período, a produtos extremamente ou altamente tóxicos.
aguda Pode ocorrer de forma leve, moderada ou grave, dependendo da
quantidade de produto ativo absorvido. Os sinais e sintomas são
nítidos e objetivos.

Ocorre por exposição moderada ou pequena a produtos altamente


tóxicos ou medianamente tóxicos e tem aparecimento mais lento.
Intoxicação Os sintomas são subjetivos e vagos, tais como dor de cabeça, fra-
subaguda queza, mal-estar, dor de estômago e sonolência. Esses sintomas
são comuns a outras intoxicações e também em intoxicações por
bebidas alcoólicas (ressaca), e, portanto, de difícil comprovação.

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É caracterizada pelo aparecimento vagaroso, em meses ou anos.


Intoxicação Ocorre pela exposição pequena ou moderada a produtos tóxicos
crônica ou a múltiplos produtos, ocasionando agravos irreversíveis, do
tipo paralisias e neoplasias.

É importante considerar que vários fatores participam da determinação desse tipo de intoxicação,
dentre eles os relativos às características químicas e toxicológicas do produto fitossanitário, os
relativos ao indivíduo exposto, às condições de exposição ou às condições gerais do trabalho.

Como a pessoa que irá manipular o produto fitossanitário não consegue alterar a toxicidade do
produto, a única maneira real de reduzir o risco é através da diminuição de sua exposição.

Veja no quadro a seguir o demonstrativo de riscos em função da toxicidade e da exposição:

Toxicidade X Exposição = Risco

Alta X Alta = Alto

Alta X Baixa = Baixo

Baixa X Alta = Alto

Baixa X Baixa = Baixo

Fonte: ANDEF (Adaptado)

Na atual legislação é obrigatório que os produtos fitossanitários tenham informações sobre primei-
ros socorros em seus rótulos e bulas. Além disso, os fabricantes devem possuir telefones de emer-
gência 24 horas para orientar os usuários. Em Goiás pode ser usado o telefone 0800 646-4350
(regional de Goiás) ou 0800 722-6001 (Nacional) do CIT - Centro de Informações Toxicológicas.

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Em caso de acidentes com agrotóxicos, os procedimentos mais indicados são:

• atender a vítima de acordo com as informações contidas no rótulo ou bula do produto;

• só provocar vômito se tal procedimento for indicado no rótulo. Alguns produtos podem
provocar queimaduras ao serem regurgitados;

• em caso de contato com a pele, remova roupas e sapatos contaminados e lave imediata-
mente o local com água e sabão em abundância, vestindo a pessoa exposta com roupas
limpas em seguida;

• levar a vítima imediatamente ao médico, levando consigo a bula ou rótulo do produto ou o


receituário agronômico;

• ligar para o telefone de emergência para obter mais informações sobre a toxicidade do
produto causador da intoxicação.

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Recapitulando
Chegamos ao final do terceiro módulo. Aqui você conheceu as formas de exposição aos produtos
fitossanitários, aprendeu como identificar os sinais e os sintomas de intoxicação mais comuns e
também viu os tipos de exposição e quais os procedimentos mais indicados que devem

ser realizados em caso de intoxicações. No próximo módulo você irá estudar sobre os rótulos
dos produtos e a sinalização de segurança, mas antes disso, precisa fazer as atividades de apren-
dizagem, vamos lá?

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Módulo 3 – Atividades de aprendizagem

1. A atenção às medidas de segurança é excelência para o desenvolvimento seguro de atividades


rurais com exposição direta. Para realizar um trabalho realmente seguro, temos obrigações e
deveres de ambas as partes, empregado e empregador. Munido dessas informações, analise a
situação hipotética: certo trabalhador recebeu uma ordem de serviço para fazer aplicação de de-
fensivo agrícola em uma área de plantio. Mesmo sabendo dos componentes necessários e estes
constarem tanto na OS, quanto na bula do produto, esse trabalhador resolve fazer a aplicação
sem utilizar todos os componentes do EPI, cometendo assim um erro gravíssimo. Passadas al-
gumas horas após a aplicação, ele começa a apresentar sintomas de intoxicação bem nítidos.
Qual é o tipo de intoxicação que aconteceu com esse trabalhador?

a) Intoxicação subaguda.

b) Intoxicação aguda.

c) Intoxicação crônica.

d) Intoxicação direta.

2. As atividades com defensivos agrícolas são tidas como de risco, pois há exposição direta com os
agentes químicos contidos nos defensivos agrícolas, portanto saber como proceder em casos
de emergência pode ser fundamental para se extinguir ou minimizar os efeitos de uma intoxi-
cação acidental. Qual seria o melhor procedimento para ser feito em um colega que tenha tido
uma intoxicação via oral?

a) O atendimento nesses casos deve seguir as recomendações dos rótulos ou das bulas dos pro-
dutos, principalmente quanto à necessidade ou não de provocar vomito na pessoa intoxicada.

b) Provoque vômito imediatamente, mesmo se a vítima estiver inconsciente ou em convul-


são, pois o produto tem que ser eliminado do corpo o mais rápido possível.

c) A primeira medida em caso de intoxicação oral é afastar a pessoa da fonte de contamina-


ção e depois observar e avaliar a presença de anormalidades que possam representar ris-
co de vida imediato, como parada ou dificuldade respiratória, parada circulatória, estado
de choque, convulsão ou coma.

d) Não realize nenhum procedimento, pois somente um médico, enfermeiro ou socorrista


treinado poderá intervir.

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