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Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

Projeto I – Avaliação de processo de colagem por laser


PME 3361 – Transferência de Calor e Massa

Heitor Fontana de Godoy - 10335677


João Afonso Quinteiro Perosa - 10335805
Mateus Alves Medeiros -10274307
Matheus Stiernet Martins Pereira - 9303140
Renan França Soares - 10335586

Orientadores: Ernani V. Volpe

São Paulo
2019
Introdução
Para a colagem de uma película sobre uma placa de metal (Fig. 01), utiliza-se um
processo no qual é fornecido um fluxo de calor por meio de feixe de laser de valor
constante q” por um intervalo de 10s. A fita de metal possui as seguintes dimensões:
espessura d=1,25 mm; w1=44 mm e w2=132 mm). Além disso, a dimensão ortogonal ao
plano da folha foi admitida igual a 1 m. Admitiu-se também que os dois lados da fita de
metal estão expostos a um fluxo de ar a temperatura de T∞ e com um coeficiente de troca
de calor por convecção h. A partir disso avaliou-se o histórico do perfil de temperatura
durante o processo de fornecimento de calor e por um período posterior a ele. Para que o
processo de colagem fosse realizado satisfatoriamente, durante o intervalo de 10 s, a
temperatura da película deveria se manter dentro do intervalo de 90°C a 200°C, o que de
fato aconteceu.

Figura 1 - Esquema simplificado de processo de colagem de película plástica.

Parâmetros:
 Densidade da fita de metal (ρ): 7850 kg/m3
 Calor específico da fita de metal (cp): 435 J/kg.K
 Condutividade térmica da fita de metal (k): 60 W/m.K
 Parâmetros característicos para o Grupo 12 A, segundo a tabela 1:
𝑊 𝑊
ℎ = 150 𝑚2 .𝐾; 𝑞 ′′ = 80000 𝑚2 ; 𝑇∞ = 30 ℃
1. Desenvolvimento Matemático
Para o devido equacionamento e análise do problema, arbitra-se que o sentido do
comprimento da placa mostrada na figura 1 é o mesmo sentido do eixo x, que o sentido da
espessura é o mesmo do eixo y, e que o sentido da largura (para dentro da figura) é o
mesmo do eixo z.

Para facilitar o desenvolvimento e análise do problema proposto, algumas hipóteses


simplificadoras serão tomadas. Embora isso leve a um distanciamento da situação da
realidade, os resultados ainda terão um grau de confiabilidade alto, e o problema se torna
extremamente mais simples. São elas:

 Efeitos de largura perpendicular ao plano da figura desprezíveis:

Assumindo que o perfil de distribuição do laser se mantenha constante ao longo


da largura da placa, e que ela é perfeitamente simétrica em torno do eixo x, é possível
assumir que o perfil de distribuição de temperaturas no comprimento da placa se
mantém constante ao longo do eixo z. Dessa forma, o problema passa a ser analisado
como um problema de apenas duas dimensões, sendo elas tempo e distribuição
horizontal.

 Perfeita simetria em torno do eixo z:

Assumindo que a película se encontra no meio da chapa, que o laser possui perfil
perfeitamente uniforme, nota-se que o problema passa a apresentar perfeita simetria
ao longo do eixo x. Arbitrando x = 0 no centro da placa, é possível perceber que este
ponto é um ponto de máxima temperatura, devido ao perfil do problema. Logo:

𝜕𝑇
| =0 (𝑝𝑜𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑜)
𝜕𝑥 𝑥=0
 Temperatura constante ao longo da espessura:

Assumindo espessura desprezível, pode-se, também, assumir que a distribuição de


temperaturas ao longo do eixo y é uma distribuição constante. Assim, o estudo do
problema se torna um estudo unidimensional.

 Comprimento da placa é longo (nas extremidades das placas 𝑇 = 𝑇∞ ):


Assumindo que o comprimento da placa é relativamente longo, dadas as
características do problema, pode-se aproximar que a temperatura nas extremidades
da placa é igual a temperatura do fluxo de ar.

Para a obtenção de uma simulação e análise profunda do problema, deve-se obter uma
equação que descreva o comportamento de cada elemento infinitesimal da placa. A figura 2
indica tal elemento infinitesimal, que pode se encontrar na região atingida pelo laser, ou não.
Cabe lembrar que, pelas hipóteses simplificadoras, a análise do problema será feita de forma
unidimensional (ao longo do comprimento da placa).

Figura 2 – Elemento infinitesimal qualquer.

Fazendo o balanço energético para o perfil mostrado na figura 2, chega-se na equação:

𝜕𝑇 𝜕 2 𝑇 2ℎ(𝑇 − 𝑇∞ ) 𝑞̇ 𝐿′′ 𝑘
= 𝛼 2− + , 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝛼 =
𝜕𝑡 𝜕𝑥 𝜌𝑐𝑑 𝜌𝑐𝑑 𝜌𝑐𝑝

Define-se uma função 𝑞̇ 𝐿 ′′ da forma:


𝑤1
≠ 0, |𝑥| ≤ , 𝑒 0 < 𝑡 < ∆𝑡𝐿
𝑞̇ 𝐿′′ (𝑥) ={ 2
= 0, 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑞𝑢𝑎𝑙𝑞𝑢𝑒𝑟 𝑜𝑢𝑡𝑟𝑎 𝑐𝑜𝑛𝑑𝑖çã𝑜

Sendo ∆𝑡𝐿 o período de aplicação do laser. Assim, a equação geral se torna válida
para qualquer ponto e qualquer instante do problema.

A fim de adimensionalizar os problema, impõe-se as igualdades:

𝑇 − 𝑇∞ 𝑑𝑇
𝜃= , 𝑜 𝑞𝑢𝑒 𝑖𝑚𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎 𝑑𝜃 = ;
𝑇∞ 𝑇∞

2𝑥 2𝑑𝑥
𝑥̃ = , 𝑜 𝑞𝑢𝑒 𝑖𝑚𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑥̃ = ;
𝑤2 𝑤2

𝑤2 𝑤1 1 𝑤2
(𝑥 = 0 ⇒ 𝑥̃ = 0; 𝑥 = ⇒ 𝑥̃ = 1; 𝑥 = ⇒ 𝑥̃ = , 𝑝 = );
2 2 𝑝 𝑤1

4𝛼 4𝛼
𝑡̃ = 2
𝑡, 𝑜 𝑞𝑢𝑒 𝑖𝑚𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑡̃ = 𝑑𝑡;
𝑤2 𝑤2 2

Dessa forma, pode-se obter a equação:

𝜕𝜃 𝜕 2 𝜃 2𝐿2 ℎ𝜃 𝑞̇ 𝐿′′ 𝐿2 𝑤2
= 2− + , 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝐿 =
𝜕𝑡̃ 𝜕𝑡̃ 𝑘𝑑 𝑘𝑑𝑇∞ 2

Impondo também que:

𝐿2 ℎ. 1
𝐵𝑖 = (𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑜 1 𝑣𝑒𝑚 𝑑𝑎 𝑙𝑎𝑟𝑔𝑢𝑟𝑎 𝑛𝑜 𝑝𝑙𝑎𝑛𝑜 𝑜𝑟𝑡𝑜𝑔𝑜𝑛𝑎𝑙 à 𝑓𝑖𝑔𝑢𝑟𝑎)
𝑘𝑑. 1

𝑞̇ 𝐿′′ 𝐿2
𝑞̃ =
𝑘𝑑𝑇∞

É possível afirmar que:

𝜕𝜃 𝜕 2 𝜃
= − 2𝐵𝑖 𝜃 + 𝑞̃
𝜕𝑡̃ 𝜕𝑡̃ 2

A função 𝑞̃ passa a ter o seguinte perfil de distribuição - coerente com a distribuição


de 𝑞̇ 𝐿′′ :
𝑞̇ 𝐿′′ 𝐿2 1 ∆𝑡𝐿 . 4𝛼
= , 𝑝𝑎𝑟𝑎 |𝑥̃| ≤ , 𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑡̃ ≤
𝑘𝑑𝑇∞ 𝑝 𝑤2 2
1
𝑞̃𝑟 (𝑥̃) = = 0, 𝑝𝑎𝑟𝑎 |𝑥̃| > , 𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑎 ∀𝑡̃
𝑝
1 ∆𝑡𝐿 . 4𝛼
= 0, 𝑝𝑎𝑟𝑎 |𝑥̃| ≤ , 𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑡̃ >
{ 𝑝 𝑤2 2

2. Simulação Numérica
Uma vez que o problema é demasiado complexo para procurarmos uma solução analítica
exata, optou-se por resolver o problema numericamente.

O problema foi modelado através do software de simulações numéricas, Scilab, cujos


códigos estão descritos abaixo:

//Grupo 12A
clear

//Hipóteses: 1) Desprezando efeitos de largura paralelo ao plano da figura


// 2) Temperatura nos extremos = T inf
// 3) Simetria
// 4) Não há variação de T ao longo da espessura

//Parâmetros:
t = 0.5 //Passo do tempo
t_q = 10 //Instante em que o laser cessa
t_final = 40 //Instante final da simulação

P=0 //Número de passos da simulação


while P < t_final/t
P=P+1
end

for i = 1:P+1 //Vetor do tempo


t_vetor(i) = (i-1)*t
end

N = 100 //Números de pontos da barra


for i = 1:N //Vetor da barra
N_vetor(i) = i-N/2
end

for i = 1:N //Condição inicial de Theta


Theta(i, 1) = 0
end

T_inf = 30 //Temperatura ao longe


h = 150 //Coeficiente de transferência de calor por convecção
w1 = 0.044 //Comprimento da fita
w2 = 0.132 //Comprimento da placa
L = w2/2 //Metade do comprimento da placa
d = 1.25E-3 //Espessura da placa
k_metal = 60 //Condutividade da placa
Bi = (h*L^2)/(k_metal*d) //Número de Biot
rho_metal = 7850 //Massa específica da placa
Cp_metal = 435 //Calor específico da placa
q_dotdot = 80000 //Fluxo de calor do laser
alpha = k_metal/(rho_metal*Cp_metal) //Difusidade térmica do material
ttil = t*4*alpha/w2^2 //Tempo adimensionalizado
x = w2/N //Espaçamento entre os pontos da barra
xtil = 2*x/w2 //Espaçamento adimensionalizado

I = zeros(N, N); //Matriz identidade


for i = 1:N
I(i, i) = 1
end

//Construção da matriz A
A = zeros(N, N);
A(1, 1) = -2/3
A(1, 2) = 2/3
for i = 2:(N-1)
A(i, i - 1) = 1
A(i, i) = -2
A(i, i + 1) = 1
end
A(N, N - 1) = 1
A(N, N) = -2

A = A/(2/N)^2

//Função q
qtil = q_dotdot*L^2/(k_metal*d*T_inf) + zeros(N, P)
for i = 1:N
if (i*x < (w2-w1)/2) then
qtil(i,:) = 0
elseif (i*x > (w2+w1)/2) then
qtil(i,:) = 0
end
end
for j = 1:P
if j > P*t_q/t_final
qtil(:, j) = 0
end
end

//Método Implícito:

invertida = inv( (1 + 2*Bi*ttil)*I - ttil*A)

for j = 1:P
Theta(:,j+1) = invertida * [qtil(:,j)*ttil + Theta(:,j)]
end

T = Theta*T_inf +T_inf //Temperatura da barra


X = x*N_vetor //vetor que representa o tamanho da barra

//Plotagem
scf(1)
title(["Evolução da Temperatura na Placa"], "fontsize", 4)
xlabel("Comprimento da placa (mm)", "fontsize", 4)
ylabel("Tempo (s)", "fontsize", 4)
zlabel("Temperatura (°C)", "fontsize", 4)

f = gcf();
f.color_map = jetcolormap(512);

plot3d1(X*1000, t_vetor, T, 0, 0, , [1, 1, 4], [-80, 80, 0, 40, 30, 160])


3. Resultados Gráficos
Rodando-se o código em Scilab para os parâmetros previamente discutidos obteve-se o
seguinte gráfico tridimensional (Fig.3), sendo os eixos: Temperatura, Comprimento da Placa
e Tempo. Com o objetivo de ilustrar os efeitos das dimensões físicas e temporais, derivou-se
do primeiro gráfico tridimensional, dois gráficos bidimensionais, que ilustram o perfil de
temperaturas em função do comprimento (Fig. 4), para o instante t = 10s e em função do
tempo (Fig. 5), para um corte físico em x = 0. Os cortes dimensionais para a produção dos
gráficos bidimensionais foram escolhidos de forma a majorar o efeito da temperatura,
principal variável analisada neste problema.

Figura 3 – Gráfico tridimensional da evolução da temperatura na placa.

Figura 4 – Variação na temperatura ao longo da placa com T fixado em 10 segundos.


Figura 5 – Variação temporal da temperatura para a posição inicial pré-estabelecida.

Conclusões
Como previsto, a temperatura máxima acontece em x = 0 e o problema apresenta perfeita
simetria em torno desse mesmo ponto, condizendo com as hipóteses tomadas no
equacionamento.

Observando o processo de aquecimento, nota-se que entre o intervalo de 10s de atuação


do laser, a temperatura na posição x = 0 chega a 90 graus em aproximadamente 4 segundos.
Ainda, para o instante de tempo de 10s – instante no qual a temperatura máxima é atingida –
a condição limite de operação (200ºC, conforme indicado no enunciado) não é ultrapassada.

Com relação as condições de operação diversas, caso deseje-se operar por mais tempo em
uma temperatura acima dos 90 graus, pode-se, como alternativa, diminuir o tempo de
intervalo entre as atuações do laser. Assumindo-se, pois, uma situação de processo repetitivo.

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