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Transcrição de aula

Prof(a): Materson Silva


06/10/20
Davi Valentim
Ajustes funcionais e
estéticos em cerâmicas
Ajustes funcionais
O ajuste funcional é feito antes do ajuste estético. Falar de estética é um pouco
complicado porque é subjetivo. O que é feio? O que é bonito? As vezes uma pessoa é
considerada bonita porque já possui traços que a sociedade considera bonita e hoje já
existem diversas técnicas para a harmonização facial.
Os procedimentos estéticos para melhora do sorriso já existem a mais tempo, o sorriso
tem o poder de rejuvenescer uma pessoa e isso vem sendo acompanhado com o advento
do dissilicato de lítio, é possível rejuvenescer uma pessoa melhorando a forma, a textura
e a cor, que é muito valorizada, dos dentes/próteses. Pacientes por volta dos 60/70 anos
buscam muito melhorar essa estética dos dentes porque já estão muito amarelados, já
perderam muita estrutura, rachaduras e restaurações, então, esses dentes podem ser
rejuvenescidos utilizando materiais de cerâmica, que possuem uma aparência próxima
a do esmalte. A expectativa de vida hoje é de 80 anos, em média, então essas
reabilitações dos sorrisos são bastante solicitadas, já que é muito difícil que aos 60 anos
os pacientes ainda tenham suas estruturas dentárias preservadas.
Mas como já foi dito, antes de se pensar em ajuste estético é necessário pensar em ajuste
funcional, e o que significa ajuste funcional?
Nessa imagem ao lado nós temos 4 coroas e iremos
realizar o ajuste na sua forma, na sua textura e a cor é
mais difícil de ajustar, mas em alguns casos é possível
solicitar que o técnico também ajuste a cor,
principalmente se a cor escolhida for muito clara, antes
de finalizar a prótese o dente pode ser escurecido
trabalhando valor e croma (aumentando).

Um dos primeiros passos do ajuste funcional é fazer com que a coroa assente
corretamente (fazer com que ela encaixe). Quando começamos o ajuste funcional
começamos a trabalhar melhor a forma e se pode pensar até em textura. Falando em
forma, as vezes uma vestibularização faz com que o dente não tenha um aspecto
natural. É necessário que se conheça regras para fazer isso.

O primeiro passo para o ajuste funcional é a remoção de excessos internos, em


determinado momentos você pode encontrar excesso de cerâmica na parte interna da
coroa e esse excesso de cerâmica não permite o assentamento, mas também podem ser
encontrados restos de cimentos provisórios sobre os preparos, se a peça for colocada em
cima de um preparo e antes nesse preparo havia uma coroa provisória quando o
provisório é removido ficam restos de cimentos sobre o preparo e esses restos precisam
ser removidos para o correto assentamento da coroa.
O segundo passo é o ajuste do ponto de contato, pode acontecer da coroa vir com
excesso de cerâmica nas proximais e ela não assenta porque encontou nos dentes
vizinhos, o procedimento correto é que entre o dente e a coroa você coloca uma folha de
carbono e força um pouco a coroa e depois retira, aí você vai ver na face da coroa
marcado com carbono onde é esse ponto que não está permitindo assentar a coroa.
O terceiro passo é o ajuste o perfil de emergência, as vezes o técnico aplica muita
cerâmica próximo a cervical e é possível ver uma isquêmia gengival, o perfil de
emergência pode estar errado por falta de cerâmica (subcontorno) ou excesso

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(sobrecontorno). Há casos em que a isquêmia ocorre na hora do assentamento e poucos
tempos depois ela desaparece, pode ocorrer de o provisório estar com subcontorno e
não ter sido notado, nesses casos, o provisório deveria ter sido “engordado” para se ter
um condicionamento gengival.
O quarto passo e último é o ajuste da oclusão, podem ser encontrados vários pontos de
contatos com o papel carbono, mas o mais importante é que esses contatos dirijam a
força para o longo eixo do dente. Se o dente tiver apenas um ponto de contato no centro
estará correto? Sim, porque esse ponto dirige a força para o longo eixo do dente, quando
tem mais de um ponto de contato a resultante desses pontos deve direcionar a força
para o longo eixo do dente.
O papel carbono é preto e vemelho porque o preto é para ajustar a oclusão cêntrica
(dentes posteriores) e o vermelho a desoclusão (deslizamento – dentes anteriores), a
guia canina e a guia incisiva.

Ajustes estéticos
Quando falamos em estética pedimos atenção para três fatores: forma, textura e cor.
Dentro do atual apelo estético já sabemos que o mais valorizado é a cor, muitas vezes,
extrapolando, pessoas que pedem dentes muito brancos, já existem dentes que estão
fora da escala Vita 3D master, fora do espectro da cor normal.

Falando de forma é visto que em muitas situações os dentes já perderam um pouco de


sua forma, textura e cor em pacientes acima de 50 anos de idade. Hoje em dia se
trabalhar para devolver a esse paciente, pricipalmente através das coroas de cerâmica
pura ou os laminados cerâmicos, seu sorriso. Essas cerâmicas foram um avanços nos
últimos 30 anos e nos últimos 20 anos nós tivemos as cerâmicas adesivas onde não é
mais necessário fazer um preparo total e devolver o sorriso de forma satisfatória.
Em um paciente de 60 anos, por exemplo, é feita a cimentação das coroas e após são
feitos alguns pequenos desgastes nas incisais para deixar o dente mais adequado a
idade do paciente, para que fique mais natural.
A forma é mais visível que a cor e a textura, quando você tem uma forma inadequada
ela é o que passa a ser associado a pessoa. (Artigo do Crispim para estudar)

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A “gold proportion” deve ser estudada, está presente na natureza, e apresenta as
medidas 1,618 e 0,618. Ele só falou isso, mas disse que é pra estudar, é chamada de
proporção de ouro ou god proportion.
Outro fenômeno a ser estudado é a gradação, você vê os dentes diminuindo a partir do
centro, da linha média, indo em direção ao fundo da boca formando o corredor bucal,
quando os dentes invadem o corredor bucal e o escuro da boca desaparece a sensação é
de uma boca cheia demais, muitos dentes.
Mais importante que se trabalhar a linha média é trabalhar as arestas que dão forma aos
dentes, definem se o dente vai ser quadrado, triangular, curto... Porém, uma linha
média muito desviada deixa de ser estética, não pode ser um ponto negligenciado.

A textura em grau de importância também é mais importante que a cor, quando o dente
não possui textura ou é inadequada ele não vai parecer um dente, o famoso dente
pastilha. Quando se fala em textura não pode deixar de falar da textura relacionada ao
dente jovem, quanto mais jovem o dente mais textura ele terá. Então se você quer deixar
um sorriso mais jovem você pode criar acidentes anatômicos característicos, como
sulcos vestibulares, as aretas, os lóbulos, os sulcos... as imagens mostram exemplos de
dentes idosos e dentes jovens, respecticamente.

No idoso é observado que o dente vai reduzindo e o labio vai caindo, a tendência do
dente superior é ir desaparecendo, o lábio inferior também vai caindo, logo, os dentes
inferiores começaram a aparecer mais.

Quando você recebe uma prótese do laboratório na maioria da vezes essa prótese já
vem bem ajustada, se você manda com a cor correta, a idade do paciente, fotografia do
antes e fotografia do que você quer, fotografia do substrato (a cor do esmalte desgastado
e da dentina é variável), nada melhor que escolher a cor básica pela escala de cores e os
detalhes definidos por fotografia é a maneira mais fácil e prática de se trabalhar. Outro
recurso bastante utilizado hoje é o espectrofotômetro que joga um feixe de luz no dente
e devolve esse feixe de luz lendo a cor básica, mas os detalhes como translucidez,
fluorescência, transparência precisa ser comunicado ao técnico que foi feito por
mapeamento ou através de fotografia digital que é mais prático.
A definição de área plana consiste em reduzir o que aparece do dente e não reduzir o
dente, um paciente que fez tratamento periodontal e não possui mais bolsas, os dentes
podem parecer mais longos e largos, definindo a área plana pode se dar um aspecto
mais estético.
A individualização consiste na definição das ameias vestibulares para que se consiga
ver os dentes individuais e não com um aspecto de teclado de piano, em uma ponte
fixa, por exemplo, é muito importante para que não seja visto como uma peça única. Na

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prótese final essa definição de ameias é feita com discos diamantados lisos e em
provisórios com discos diamantados picotados. As ameias cervicais e incisais também
devem ser ajustadas. Existem algumas regras para trabalhar as ameias incisais, por
exemplo, da ponta da papila ao bordo incisal você tem uma distância X, essa ameia
incisal deve ser aberta ¼ de X no incisivos centrais, 1/3 de X entre o central e o lateral e
½ de X entre o lateral e o canino. Lembrando que a aresta (linha divisória) do canino
deve ser muito bem posicionada, ligireiramente inclinada para distal na cervical ou para
mesial na incisal fazendo com que se perceba que a porção do canino que vai ser jogada
para mesial é a porção que deve aparecer quando você olha o paciente de frente, e o
quanto deve aparecer é determinado pela proporção de ouro (1, 1,618 e 0,618).
É preciso ter bastante cuidado com o bordo incisal, por exemplo, um paciente de 70
anos com uma prótese com bordos incisais muito longos, são situações inadequadas que
criam uma jovialidade muito artificial e que podem atrapalhar na fonética. O bordo
incisal deve ser trabalhado para que não invada a linha seco-molhada do lábio e que
obedeçam a gradação e o corredor bucal.

Um fenômeno muito importante atualmente é a cor que não é algo simples em dentes
porque é formada por matiz (a cor propriamente dita), croma (a quantidade de
pigmento dada ao matiz), valor (claro-escuro, o valor do dente está em torno de 6/7),
fora essas três propriedades também teremos os fenômenos de transparência
(importante para mascarar ou evidenciar o substrato), fluorescência (alaranjada) e
opalescência (azulada).
Quando se trabalha com cor é importante que desde o início o objetivo seja de que as
coroas se pareçam com dentes naturais e não artificiais. Até pouco tempo atrás se
trabalhava com pigmentos tornando os dentes idosos, mais amarelados, atualmente isso
não é mais feito, os pacientes não querem mais os dentes pigmentados. A caracterização
pode ser intrínseca ou extrínseca, a maquiagem é um exemplo de caracterização
extrínseca porque é uma caracteriação superficial. A caracterização extrínseca é aplicada
na coroa depois que ela está pronta, a caracterização intrínseca é feita pelo técnico na
construção da coroa com a utilização de diferetentes cerâmicas (cerâmica cervical,
incisal, opalescente, transparente). A caracterização extrínseca também pode ser
utilizada para realçar detalhes dos dentes, como sulcos, e para fazer a individualização
dos elementos dentários, os objetivos principais do kit de pigmentação eram de simular
bordas incisais desgastadas e pigmentar sulcos.

Entre os pontos de ajustes estéticos (forma, textura e cor) o que mais se erra é a cor,
quando o técnico faz um lado e vai fazer o outro lado no dia seguinte é mais provável
que a cor saia errada, quando se faz um trabalho extenso é necessário se trabalhar no
mínimo de canino a canino.
A seleção de cor é importante, mas o técnico não faz isso sozinho. O CD deve fazer o
mapeamento cromático para que possa enviar o matiz, o croma, uma ideia de
fluorescência, opalescência e transparência correta, além disso dados como gênero,
idade, etnia são importantes para definição de cor. Em uma escala Vita clássica você terá
quatro matizes (A, B, C e D – Branco, amarelo, cinza, marrom ou laranja). O Matiz deve
ser determinado pelo canino e após determinar o matiz o croma deve ser selecionado.
Se você estiver em dúvida entre um A2 e um A3 você pode usar o A2 e se ficar muito

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branco você pode usar pigmentação para cromatizar esse dente e deixar mais escuro,
mas se você usar um A3 você não vai ter como clarear esse dente.
Resumo para não errar: evitar usar o matiz C e D em próteses extensas, quando tiver
dúvida entre o matiz A e B prefira o B, na dúvida sempre selecionar um croma mais
baixo, evite “tocar gaita na boca do paciente”, ficar escorregando a escala na boca do
paciente para escolher a cor, se você estiver demorando muito a escolher olhe para uma
parede cinza para resetar a visão e voltar para a seleção de cores.
Muito importante na seleção de cor é lembrar que o primeiro passo é determinar a cor
básica e o segundo é a análise de detalhes. A escala 3D vita possui mais cores para
seleção, inclusive de dentes clareados, e são agrupados por valor.

O mapeamento cromático do dente pode ser feito com o espectrofotômetro ou com


fotografias, o espectrofotômetro é utilizado em três porções (incisal, médio e cervical),
ele dá a cor na escala vita clássica e na escala vita 3D master.

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