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Biossegurança nas Ações

de Enfermagem
Curso: Técnico em Enfermagem
Eixo Tecnológico: Ambiente e Saúde
Carga Horária: 80 horas/aula
Prof: Enf. M.e Mariana V. C. Nicchio

Seringueiras
2021
Definindo conceitos:
A Biossegurança é o conjunto de ações
voltadas para a prevenção, proteção do
trabalhador, minimização de riscos
inerentes às atividades de pesquisa,
produção, ensino, desenvolvimento
tecnológico.
HISTÓRICO

 Os primeiros hospitais surgiram na Idade Média, onde iniciaram


relatos referentes às infecções. Tratava-se de locais escuros e
de higiene precária.
 Um exemplo no século XVII no hospital DIEUX, em paris em
1788, no qual os pacientes permaneciam em macas e esteiras.
 Não havia seleção ou triagem dos doentes e as moléstias
contagiosas ficam misturadas com as mais brandas, a higiene
era tão precária que a equipe de enfermagem usava máscaras
embebidas em vinagre para suportar o mau cheiro.
 Taxa de mortalidade era das mais altas e o índice de
sobrevivência após cirurgias era rara.
HISTÓRICO

 Conforme estudo de Padilha e Mancia, Florence


Nightingale, influenciada pelos locais onde executava
o cuidado de enfermagem, a valorização do amor ao
próximo, à prática da caridade e a observação do
ambiente, acabou por desenvolver as bases
científicas da Enfermagem.
 Por volta do ano de 1856, Florence Nightingale já se
utilizava de procedimentos relacionados à higiene e
limpeza, medidas que reduziram consideravelmente
os níveis da infecção hospitalar.
Vídeo – Florence
Canal The History Chanel- You Tube
HISTÓRICO

 Em 1847 o médico Ignaz Philipp Semmelweis iniciou estudos


sobre inúmeras mortes por febre puerperal ocorridas em
parturientes. Verificou uma maior incidência de óbitos em
mulheres atendidas por residentes médicos no leito hospitalar,
comparado ao número de mortes ocorridas quando do parto
realizado pelas parteiras ou em domicílio.

 Observou que o fato de os residentes manipularem cadáveres


durante suas aulas práticas e logo após, realizassem
procedimentos nas parturientes, culminava com a infecção,
levando a morte.
HISTÓRICO

 Suas propostas centraram-se em três frentes:


isolamento dos casos, lavagem das mãos, ferver
instrumentais e utensílios, fatos que reduziram
drasticamente o número de óbitos entre as
parturientes.
HISTÓRICO

 Pasteur contribuiu com seus aprofundados estudos dos


microorganismos. No entanto, LISTER é quem foi o
introdutor da antissepsia na cirurgia, tendo empregado o
acido carbólico para curativos, para a desinfecção de
instrumentos e para vaporização do ar ambiente das salas
cirúrgicas.
 Com tais procedimentos Lister conseguiu baixar a taxa de
mortalidade nos casos de amputações, passando de 45% de
óbitos para 15%;
HISTÓRICO

OUTROS MATERIAIS UTILIZADOS NA EPOCA FORAM:

• IODO
• PERMAGANATO DE POTÁSSIO
• ÓLEO DE EUCALIPTO
• CLORETO DE MERCÚRIO

• VISANDO COMBATER e/ou PREVENIR INFECÇÕES.


 Em 1877, John Tyndall, um físico inglês, reconheceu a forma
calor-resistente das bactérias, o esporo, e desenvolveu
métodos de esterilização para lidar com isto.
 O bacteriologista francês e colaborador de Louis Pasteur,
Charles Chamberland, CONSTRUIU O PRIMEIRO
ESTERILIZADOR A VAPOR EM 1880. Semelhante a um "fogão
de pressão", ficou conhecido como a "Autoclave de
Chamberland". Observaram que a esterilização era superior à
desinfecção química.
AUTOCLAVE DE CHAMBERLAND
HISTÓRICO

 Em 1890 as luvas utilizadas com a finalidade de proteger


os médicos, passaram a ser usadas para a proteção dos
pacientes. A luta pelo aperfeiçoamento ou criação de
métodos mais eficazes, que possibilitassem realmente o
controle das infecções, foi cada vez mais se acentuando.

 Durante a cirurgias evitam os diálogos desnecessários, os


médicos raspavam barbas e bigodes e restringiram o
numero de pessoas dentro das salas cirúrgicas;
Comissão de controle de infecção hospitalar

 Os primeiros relatos de infecções hospitalares no Brasil


parecem ter surgido em 1956 a 1959;
 A primeira comissão de controle de infecção hospitalar de que
se tem relato é a de 1963, do Rio Grande do Sul.
 Vários trabalhos científicos na área de controle de infecções
surgiram.
 Em 1976, o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS),
órgãos centralizador do ministério da previdência e assistência
social, determinou a instituição de comissões e controle de
infecção hospitalar em nível de assessoramento da Direção.
Comissão de controle de infecção hospitalar

 Em 24 DE JUNHO DE 1983, o Ministério da Saúde


instituiu a Portaria 196, que determina: Todos os
hospitais do país deverão manter Comissão de
Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), independente
da entidade mantenedora, traçando diretrizes para tal
e definindo suas atribuições.
 Embora com uma série de conceitos polêmicos e
imprecisos, a portaria 196 foi um passo importante na
constituição das CCIHs por todo país.
Tipos de risco

 A Portaria nº 3.214 de 08 de junho de 1978 do


Ministério do Trabalho, aprova as Normas
Regulamentadoras - NR - do Capítulo V, Título II,
da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas
a Segurança e Medicina do Trabalho.
Tipos de risco
Risco de acidentes;
Riscos ergonômicos;
Riscos físicos;
Riscos químicos;
Riscos biológicos.
Riscos de acidentes
 Considera-se risco de acidente qualquer
fator que coloque o trabalhador em
situação de perigo e possa afetar sua
integridade, bem estar físico e moral.
 São exemplos de risco de acidente: as
máquinas e equipamentos sem proteção,
probabilidade de incêndio e explosão,
arranjo físico inadequado, armazenamento
inadequado, etc.
Riscos ergonômicos
 Considera-se risco ergonômico qualquer fator que
possa interferir nas características psicofisiológicas do
trabalhador causando desconforto ou afetando sua
saúde.
 São exemplos de risco ergonômico: o levantamento e
transporte manual de peso, o ritmo excessivo de
trabalho, a monotonia, a repetitividade, a
responsabilidade excessiva, a postura inadequada de
trabalho, o trabalho em turnos, etc.
Riscos físicos
 Consideram-se agentes de riscos físicos as
diversas formas de energia a que possam estar
expostos os trabalhadores, tais como: ruído,
vibrações, pressões anormais, temperaturas
extremas, radiações ionizantes, radiações não
ionizantes, ultra-som, materiais cortantes e
ponteagudos, etc.
Riscos químicos
 Consideram-se agentes de risco químico as
substâncias, compostas ou produtos que possam
penetrar no organismo pela via respiratória, nas
formas de poeiras, fumos, névoas*, neblinas, gases ou
vapores, ou que, pela natureza da atividade de
exposição, possam ter contato ou ser absorvido pelo
organismo através da pele ou por ingestão.
Riscos biológicos
 Consideram-se agentes de risco biológico as
bactérias, fungos, parasitos, vírus, entre outros.
 Especificamente para os trabalhadores da área
da saúde, a NR-32 estabelece as diretrizes
básicas para a implementação de medidas de
proteção à segurança e à saúde dos
trabalhadores dos serviços de saúde, identifica
os riscos biológicos de acordo com:
Patogenicidade; *Capacidade de um agente biológico causar doença
em um hospedeiro suceptível
Virulência; *Capacidade de um vírus ou bactéria de se multiplicar dentro de
um organismo, provocando doença
Modos de transmissão;
Disponibilidade de medidas
* Profilaxia é o termo utilizado para denominar as
profiláticas eficazes; medidas utilizadas na prevenção ou atenuação de
doenças.

Disponibilidade de tratamento
eficaz;
* Endemia: doença infecciosa que ocorre habitualmente e com
Endemia incidência significativa em dada população e/ou região

Epidemia * Epidemia: surto periódico/


transitório de uma doença infecciosa em
dada população e/ou região.
Pandemia * Pandemia: enfermidade epidêmica amplamente disseminada.
* CRMA: Coeficiente de Risco
Médio Anual
ATTs: Acidentes de Trabalho
Típicos
N= 717v
Essa vídeo aula continua...
Microrganismos e a origem das infecções
 Os germes são seres vivos infinitamente pequenos, não sendo
possível vê-los a olho nu. Para serem visualizados, precisamos
da ajuda de um microscópio. Por isso são chamados de
microorganismos ou micróbios; MICRO (pequeno), BIO (vida).
EXEMPLO DE DOENÇAS CAUSADAS:

PROTOZOÁRIOS Temos a giardíase, doença intestinal que


causa diarréia, a doença de chagas causada pelo
TRYPANOSSOMA e ainda a TOXOPLASMOSE, doença
transmitida pelas fezes do gato ou carne mal cozida do
porco e carneiro contaminados.

FUNGOS= temos as micoses de pele, candidíase oral


(sapinho) ou vaginal.

VÍRUS= gripe, hepatites e a AIDS.

BACTÉRIA= furúnculos, amigdalites, cistites, diarréias,


pneumonias.
Definição:
INFECÇÃO é uma doença caracterizada pela
presença de agentes infecciosos que
provocam danos em determinados órgãos ou
tecidos do nosso organismo causando
hipertermia, algia, eritema, edema,
alterações sanguíneas (aumento dos
leucócitos) secreção purulenta do local
afetado.
Todas as pessoas que estão
infectadas estão doentes?
Mas você sabia que, apesar de ser uma doença
contagiosa, apenas 10% das pessoas que entram em contato
com o bacilo adoecem? O M. leprae é considerado um bacilo
de alta infectividade e baixa patogenicidade – isto é, infecta
muitas pessoas, mas poucas adoecem. A evolução depende
do sistema imunológico de cada um e, apesar de não ser
uma doença hereditária, fatores genéticos determinam se
um indivíduo é resistente ou suscetível à doença.
 O contato do ser humano com microorganismos não
significa obrigatoriamente que irão desenvolver algum tipo
de doença, pois a INSTALAÇÃO do processo de doença se
faz necessário ter a tríade: MEIO AMBIENTE, HOSPEDEIRO
VULNERÁVEL E O AGENTE ETIOLÓGICO.

 Toda área do planeta em que se encontra vida, também é


habitada por microorganismos e o ser humano convive
com os mesmos; inclusive no corpo humano onde os
microorganismos auxiliam na proteção da pele e mucosas
contra a invasão de outros germes mais nocivos.
 A doença infecciosa é uma manifestação de um
desequilíbrio no sistema parasito – hospedeiro -ambiente,
causado pelo aumento da patogenicidade de um parasita
em relação aos mecanismos de defesa do hospedeiro, ou
seja, quebra-se a relação harmoniosa entre defesas do
organismo e o número de virulência dos germes,
propiciando a invasão deles no organismo humano.
Entendendo o processo de infecção

Alguns microorganismos possuem


virulência elevada podendo causar
infecção no primeiro contato,
independente das nossas defesas.
Outros, usualmente encontrados na
nossa microbiota normal, não são tão
virulentos , mas podem infectar o nosso
organismo se diminuímos a capacidade
de defesa.
CAPACIDADE DE DEFESA:

- Idade
- Estado nutricional
- Doenças imunossupressoras ( HIV, leucemia )
- Cirurgias
- Estresse
- Uso de corticóides
- Quimioterapia / radioterapia
- Condições socioeconômicas ( higiene , habitação)
- Condições ambientais
 Na natureza, o estado de esterilidade é definido
como AUSÊNCIA de micro-organismos vivos, é
excepcional e transitoriamente encontrado no feto
durante a gestação, excluindo os casos de bebes
contaminados via planetária pela mãe.
 O contato com micro-organismos começa com o
nascimento, durante a passagem pelo canal vaginal
e então se coloniza mantendo-se por toda a sua
existência, até a decomposição total do organismo
após a morte.
INFECÇÃO HOSPITALAR
 O centro de controle de doenças (CDC), dos EUA, definem
como INFECÇÃO HOSPITALAR: aquela que não está presente,
nem incubada quando se dá a admissão hospitalar do
paciente/cliente.
 Ela pode se manifestar durante a internação ou após a alta,
quando puder ser relacionada com a internação ou
procedimento hospitalar.
 O tempo de acompanhamento é de 48 horas após a alta de
UTI, 30 dias após cirurgias sem colocação de prótese ou um
ano após cirurgia com colocação de prótese.
 A infecção neonatal também é classificada como hospitalar se
ocorrida até 28 dias de vida, desde que a via de aquisição não
seja transplacentária.
Atualmente, tem sido sugerida a mudança do
termo Infecção Hospitalar por Infecção
Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS), que
reflete melhor o risco de aquisição dessas
infecções.

Pois, não fica limitado apenas ao ambiente


hospitalar, englobando todos os ambientes
onde é prestada assistência a pacientes
(laboratórios, clínicas).
INFECÇÃO CRUZADA:
 É a infecção ocasionada pela transmissão de um
microrganismo de um paciente para outro,
geralmente pelo pessoal, ambiente ou um
instrumento contaminado.
INFECÇÃO COMUNITÁRIA
 É a infecção constatada ou em incubação no ato
da admissão do paciente, desde que não
relacionada com a internação anterior no mesmo
hospital.
 Aquelas identificadas a partir de amostras colhidas
nas primeiras 48 horas de internação ou em
incubação na admissão do paciente, desde que
não relacionada à internação anterior no mesmo
hospital são categorizadas como infecção
comunitária.
 SURTO DE INFECÇÃO HOSPITALAR

 Define-se como epidemia ou surto de infecção hospitalar o aumento


significativo na incidência da infecção, acima daquela observada
anteriormente. Os surtos podem ser causados por uma fonte comum, por
exemplo, utilização de um anti-séptico contaminado, que esteve em
contato direto com paciente contaminado/infectado.

 Estima-se que 90% das infecções hospitalares são causadas por BACTERIAS.

 As principais envolvidas : STREPTOCOCCUS PYOGENES, ESCHERICHIA COLI,


PSEUDOMONAS AERUGINOSA, STAPHYLOCOCCUS AUREUS, sendo o MRSA (
ESTAFILICOCO METECILINA – RESISTENTE ) um grande problema para o
controle de infecção hospitalar.
FATORES DE RISCO DE INFECÇÃO
HOSPITALAR

INTRÍNSECOS : é a predisposição para a infecção,


determinada pelo tipo e gravidade da doença
base do paciente.

Ex: doenças que afetam seus mecanismos de


defesa, lesões cutaneo-mucosas, próteses,
corpos estranhos, imunodepressão
farmacológica e radiológica.
 EXTRÍNSECOS: Aqueles que estão relacionados ao meio externo do
hospedeiro. Subdivido em:

A) MEIO AMBIENTE E EQUIPAMENTOS: não causam


infecções mas são reservatórios.
 Ex:
- AR: poeira, gotículas, poluição...
- PISOS: deposição de poeira no piso, secreção, sangue, pus, secreções,
vômitos...
- PAREDES: embora em menor grau, também acumulam poeiras, secreções,
umidade, aumentando de acordo com a aspereza.
- EQUIPAMENTOS: os aparelhos e móveis também acumulam poeira,
secreções, etc.
B) INTERVENÇÃO AO PACIENTE

 Quando a intervenção se processa em paciente que


tenha previamente uma contaminação ou infecção,
pode ser inevitável que infecção se agrave;
procedimentos invasivos em doentes portadores de
moléstias que afetam seus mecanismos de defesa
facilmente são vítimas de proliferação bacteriana.

 Ex: a utilização de cateter venoso central, sonda vesical


de demora, ventiladores mecânicos, tricotomia e etc.
C) QUALIDE DE ATENDIMENTO DISPENSADO PELA EQUIPE
DE SAÚDE:

- Falha no uso da técnica apropriada/correta;


- Ausência dos princípios de assepsia e
paramentação correta;
- Nível de atenção ao realizar uma técnica ou
procedimento;*
✓ Alguns procedimentos básicos e simples são
importantes na prevenção das infecções
hospitalares; no entanto são ignorados por
muitos profissionais de saúde:

* Evitar o uso de jóias;


* Não sentar no leito do doente;
* Cabelos longos presos;*
* Usar avental/Jaleco;
*lavar sempre as mãos;
* Manter as unhas aparadas, lixadas e limpas;
* Utilizar calçados fechados;
* Evitar o uso de roupas com alças , dar prioridade em roupas
com mangas;
INFECÇÕES HOSPITALARES

 A CCIH é a Comissão de Controle de Infecção


Hospitalar, órgão consultor, define as
políticas de controle de IHs nos hospitais

 O SCIH é o Serviço de Controle de Infecção


Hospitalar, órgão responsável pela execução
das ações recomendadas pela CCIH
ANVISA e UNIFESP– Infecções relacionadas à assistência à saúde – Investigação e controle
de epidemias (surtos) hospitalares e Vigilância epidemiológica das infecções hospitalares,
SP, 2.004

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