Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo:
INTRODUÇÃO:
1
Artigo apresentado na XI RAM – Reunião de Antropologia do Mercosul, realizado em Montevidéu
em 2015.
Conta com uma bolsista PIBIC – UFF - Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica.!
2
3
Conta com 12 bolsistas PIBID – CAPES – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência.
4
Programa Novos Talentos – CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (2014), agora com o PROEXT – Programa de Extensão Universitária (2016 - 2017)
Na terceira parte: “Reflexões sobre material didático pra escola indígena”, analiso a
característica dos materiais didáticos produzidos ao longo do processo e o impacto deles na
prática pedagógica, suas relações com uma concepção de currículo e as implicações deles na
formação de professores indígenas e não indígenas.
Finalmente, na quarta parte: “Questões teóricas a partir da prática pedagógica: o
processo de construção curricular e a formação continuada.”, interrogo a Pedagogia e a
Didática na formação de professores, a partir de questões teóricas que a prática da experiência
vem trazendo. Questões relativas ao tripé: Construção Currícular, Formação Continuada e
Produção de Material Didático pra educação escolar indígena, alinhando Ensino, Pesquisa e
Extensão.
7 São Bento da
Itaipuaçu Guarani Lagoa, 12 Indefinida ?
Mbya Itaipuaçu,
Maricá
Bairro na Perequê Casas próprias
Periferia da Angra dos Reis construídas ?
8 cidade e Pataxó e 60 e
Fazenda Iriri S. Gonçalo Situação indefinida
Parati
TOTAL: 715 habitantes
(Fonte: ISA– Instituto Socioambiental e SASDH de Angra de Reis)
5
Como os prédios da Escola da Aldeia Sapukai construídos em mutirão com doações de inúmeras
instituições públicas e privadas ou os prédios das escolas das aldeias de Rio Pequeno e Parati Mirim,
construídos por doação do medico italiano Dr. Aldo Lo Curto, membro do “Médico Sem Fronteiras”.
elaborado pelo IEAR/UFF – Instituto de Educação de Angra dos Reis da Universidade Federal
Fluminense, já sido aprovado pelo CEE-RJ, com aval da SECADI/MEC mas ainda não
implementado. A primeira turma de segundo segmento do Ensino Fundamental - 6o ao 9o Ano
só foi implantada em 2015 em Sapukai e Parati Mirim. Não há prédios escolares em 3 aldeias.
Diversas ações no MP, incluindo por último uma Recomendação à SEEDUC-RJ, vem sendo
proteladas ou descumpridas sistematicamente nos últimos anos.
6
Territórios Etnoeducacionais – Modelo de gestão e implementação das políticas de educação
escolar indígenas baseado na divisão dos territórios por etnias e no regime de colaboração entre os
entes federados, movimentos indígenas e ONGs.
a articulação das Universidades, do Estado e dos 3 Municípios pode levar a cabo ações
efetivas de interesse das comunidades.
Nesse quadro desalentador, os Territórios Etnoeducacionais não têm chance de sucesso
aqui em terras cariocas, pois os atores sequer sentam-se à mesma mesa.
O MEC através do Decreto no 6.861/2009 regulamentou a criação dos Territórios,
antecedendo a I Conferência, em maio de 2009 estabelecendo que:
7
Tais dados (de 2009) não correspondem mais a atual situação fundiária e populacional no estado,
tendo em vista que o numero de aldeias cresce anualmente, entre os Guarani Mbya em todo o Sul-
Sudeste do país.
o que temos hoje é apenas um marco regulatório dúbio com uma pretensa
flexibilidade, mas inoperante: aos Estados cabe a obrigação da oferta,
segundo a Resolução CNE no 04/2012 mas, onde couber também, poderá ser
feita pelos Municípios, em regime de colaboração. Entretanto, a LDB indica
que a oferta do Ensino Fundamental é obrigação dos Municípios… e aos
Estados cabe definir com os Municípios formas de colaboração na oferta do
Ensino Fundamental. Um conflito de atribuições ou uma flexibilidade
colaborativa? (p. 6)
8
Há diversas legislações complementares tratando do tema: Decreto n. 1775, de 08/01/96, sobre processos
administrativos de demarcação de terras indígenas; Decreto n. 1141, de 10/05/94, sobre ações de proteção
do Estado a oferta de uma educação escolar bilingüe e intercultural e uma legislação
regulamentar – a Resolução CEB no 3, e o Parecer no14 do CNE de 1999, a Resolução no
04/2012, o Parecer no 13/2012 e recentemente o Parecer 06/2014 do CNE, que fixa estabelece
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores Indígenas, vieram
estabelecer diretrizes curriculares nacionais e fixar normas para o reconhecimento e
funcionamento das escolas indígenas.
No âmbito do Estado do Rio de Janeiro o CEE-RJ criou só em 2003 a categoria
"Educação Escolar Indígena" no sistema estadual de ensino, publicando o Decreto Estadual nº
33.033.
Em 2004 a Deliberação CEE nº 286 é publicada estabelecendo normas para
autorização, estrutura e funcionamento das escolas indígenas no âmbito da educação básica no
sistema de ensino estadual do Rio de Janeiro.
A turma de 6o Ano Guarani implantada em 2015 nas Aldeias Sapukai e Parati Mirim e
objeto da pesquisa, justifica-se como uma necessidade de atender a uma demanda das
comunidades Guarani Mbya por aumento de escolaridade através de uma política pública
permanente e estruturante.
Isto aponta para um primeiro pressuposto teórico que embasa a proposta curricular em
construção: o currículo nela expresso é um movimento de construção e portanto está em curso.
Não é homogêneo ou harmônico entretanto, pois contém também dimensões de embate,
tensões e contradições teóricas que nos acompanham, as quais são, também, inerentes à
prática pedagógica.
Acreditamos, como Stenhouse (1984) que o currículo tem uma dupla acepção: um
projeto de ensino, portanto, um modelo de planificação, e um marco de análise, portanto, um
modelo de investigação. Os dois enfoques se interpenetram, nesta proposta, na medida que
consideramos a própria atividade de construção curricular como processo de ensino-
aprendizagem dos educadores indígenas e dos assessores não-indígenas.
Não obstante, como aponta Monte (1995), “fez-se necessária e urgente a tarefa de
elaborar um currículo-documento. Este deverá sistematizar o já vivido e apontar situações de
ensino-aprendizagem novas e futuras que poderão completar o traçado, dentro da concepção
de um “currículo planificação”, sustentado sobre um “currículo investigação”.
ambiental, saúde e apoio às atividades produtivas para as comunidades indígenas; Decreto n. 26, de 04/02/91,
sobre educação indígena; Lei n. 6001, de 19/12/73, Estatuto do Índio; Decreto n. 564, de 08/06/92, Estatuto da
FUNAI.
Assim, a realização do Curso é mais um elemento a alimentar a reflexão teórica no
processo de formação dos educadores, cumprindo o currículo uma função pedagógica
fundamental: contribuir para avançar com os níveis de reflexão crítica sobre a prática
pedagógica de educadores indígenas.
O projeto é uma ação de acompanhamento pedagógico, através de pesquisaação
participante, à implantação da primeira turma de 6o Ano Guarani - 2o Segmento do Ensino
Fundamental, oferecido pela SEEDUC-RJ em parceria com o IEAR/UFF que assessora o
Curso e faz a formação continuada de professores. A equipe de pesquisa, integra o Grupo de
Pesquisa (CNPQ): “Espaços Educativos e Diversidade Cultural”.
O Curso de Formação Continuada que se organizou portanto, e o qual esta pesquisa
acompanha, integra um conjunto de políticas públicas demandadas pelas comunidades
Guarani Mbya do Estado do Rio e expressas em algumas reuniões abertas com o Ministério
Público e que a UFF, enquanto instituição parceira, atua agora, em regime de colaboração com
o Estado (SEEDUC-RJ).
Os objetivos da pesquisa são:
a) Subsidiar pedagogicamente o processo de construção do currículo do 6o ao 9o Ano
Guarani desvendando/estimulando componentes curriculares que potencializem o papel da
escola na preservação/fortalecimento da língua e da cultura guarani, a partir dos trabalhos
desenvolvidos nas Áreas: “Matemática”, “História”, “Geografia”, “Ciências”, “Língua
Portuguesa” e “Língua Guarani”;
b) Produzir coletivamente com os alunos e professores indígenas material didático em
audiovisual a ser utilizado nas escolas, a partir do trabalho de filmagens das aulas e do
trabalho de pesquisa
9
Aldeias visitadas na viagem sócio cultural pelos professores e alunos da turma de EJA Guarani, em
2014: Tenonde Porã – São Paulo (SP); Peguao Ty, Sete Barras (SP); Tapixy, Lebre, T.I. de Rio das
Cobras – Nova Laranjeiras (PR); Okoy - S. Miguel do Iguaçu (PR); Jacy Porã – Puerto Iguazu,
Misiones (AR); Koenju – S. Miguel das Missões (RS); Tekoa Porã - Salto Grande do Jacuí (RS); Yy
Morotin Whera – Mbiguaçu - Biguaçu (SC); Pindoty - Ilha da Cotinga – Paranaguá (PR); Sapukai –
Angra dos Reis (RJ).
Força do Guardião”) e o longa-metragem: “Guata Arandu Râ Re” (“Pelo Caminho da
Sabedoria) – que estão sendo utilizados pelos professores não indígenas da turma do 6º Ano
na Escola
Indígena Estadual Guarani Karai Kuery Renda;
b) DVD da Série: “Ensino de Língua Guarani” - Unidades 1 a 7. DVD com
aulas de Língua Guarani contendo textos, som e imagens;
c) Caderno bilíngue de “Estudo da Língua Guarani”, com textos, vocabulário e
conhecimentos linguísticos, com exercícios de gramática textual.
Os filmes foram produzidos por jovens guarani alunos da turma de EJA Guarani
(também de 2o segmento do ensino fundamental10), que já dominam a tecnologia de filmagem
e edição de nível profissional.
O DVD e o Caderno foi produzido com professores guarani com assessoria
linguística11.
Entendemos que a produção de material didático pra escola indígena deve ser balizada
por alguns princípios político-pedagógicos e teórico-metodológicos, a saber:
I- Princípios Político-pedagógicos:
a) A produção de material didático deve estar inserida no âmbito de um processo
maior de discussão do PPP – Projeto Político Pedagógico da Escola, no sentido de
que ele cumpra o papel de fortalecer os princípios educativos elegidos e seja
coerente com a tendência pedagógica adotada;
10
!EJA Guarani – uma parceria entre IEAR/UFF e SECT de Angra – Secretaria Municipal de
Educação Ciência e Tecnologia, nos anos de 2013/14.
11
Das linguistas: Ruth Monserrat (UFRJ) no início do processo e Ivana Ivo (UNICAMP) ao longo
processo que está em curso.
d) Deve também ser um elemento fundamental no processo de formação continuada
dos professores envolvidos na sua produção;
e) Os produtos construídos devem preservar o caráter sócio-cultural de uso da Língua
na escola ou na comunidade, garantindo serventia e valor social ao material.
Em Geografia:
• Como se produz conhecimento cartográfico trabalhando com mapas
políticos?
• Conhecer o nome dos países e o continente a que pertencem, é um
conteúdo acessório ou essencial?
Em Língua Portuguesa:
• Como desenvolver a estrutura narrativa utilizando Histórias em
Quadrinhos - HQ?
• Como se dá o processo de apropriação de uma nova estrutura textual
tipo HQ?
• Como produzir conhecimento linguístico a partir da produção de HQ?
• Como trabalhar mudança da pessoa do discurso usando HQ?
Referências Bibliográficas:
ANGOTTI, J. A. P. “Fragmentos e totalidades no conhecimento científico e no ensino de
ciências”. Tese de Doutoramento. FEUSP. São Paulo. 1991
BRASIL. INEP. MEC. “Estatísticas sobre educação escolar indígena no Brasil” Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. Brasília. 2007.
FOUCAULT, Michel. “La arqueologia del saber”. México: Siglo XXI. 1970.