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Pró-Reitoria de Graduação

Curso de Direito
Trabalho de Conclusão de Curso

GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO


CIVIL EXECUTADA POR PESSOA FÍSICA NO
DISTRITO FEDERAL: UM DESAFIO DA SOCIEDADE E
DO PODER PÚBLICO

Autor: Daniel Scarambone Majowka


Orientador: Celso Leardini

Brasília - DF
2014
2

DANIEL SCARAMBONE MAJOWKA

GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL EXECUTADA


POR PESSOA FÍSICA NO DISTRITO FEDERAL: UM DESAFIO DA
SOCIEDADE E DO PODER PÚBLICO

Monografia apresentada ao curso de


graduação em Direito da Universidade
Católica de Brasília, como requisito
parcial para obtenção do Título de
Bacharel em Direito.

Orientador: Celso Leardini


3

Brasília
2014

Monografia de autoria de Daniel Scarambone Majowka, intitulada: “GESTÃO DE


RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL EXECUTADA POR PESSOA
FÍSICA NO DISTRITO FEDERAL: UM DESAFIO DA SOCIEDADE E DO PODER
PÚBLICO”, apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel
em Direito da Universidade Católica de Brasília, em de de 2014,
defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada:

_______________________________________________
Prof°. Celso Leardini
Orientador
Direito – UCB

_______________________________________________
Prof.
Direito – UCB

_________________________________________________
Prof.
Direito – UCB
4

Brasília
2014
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Deus pela


oportunidade de aprender todos os dias
com a vida, por me abençoar com a
serenidade diante dos desafios diários e
conragem para enfrentá-los.
5

AGRADECIMENTO

Agradeço a Natureza, fonte de vida, pela beleza e pureza inspiradora.

Ao professor Celso Leardini que, com paciência e inteligência, me orientou


possibilitando a contretização deste trabalho.

A .minha avó pelo carinho, amor e presença no meu coração.

A minha mãe pela perseverança e amor em me ensinar diariamente a arte


de viver conforme o belo e o justo.
6

“Quando se saciaram, disse Jesus aos


seus discípulos: Recolhei os pedaços
que sobraram para que nada se perca”.
(João 6.12 Bíblia de Jerusalém.)
7

RESUMO

Referência: MAJOWKA, Daniel Scarambone. Título: “GESTÃO DE RESÍDUOS


SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL EXECUTADA POR PESSOA FÍSICA NO
DISTRITO FEDERAL: UM DESAFIO DA SOCIEDADE E DO PODER PÚBLICO”.
Defesa em 2014.2. 33 p. Natureza do Trabalho (DIREITO AMBIENTAL) -
Universidade Católica de Brasília, Brasília - DF, 2014.

No Distrito Federal são produzidos diariamente sete mil toneladas de resíduos


sólidos oriundos da construção civil, atualmente, depositados no aterro a céu aberto
da cidade da Estrutural sem o devido tratamento para arrepio da Lei. No entanto
outra situação problema envolve o tema: além dos resíduos coletados, existem
aqueles que são descartados em locais impróprios, produzido por pessoas físicas,
que eventualmente fazem obras em suas obras particulares e eventualmente
descartam seus materiais inertes em locais impróprios, poluindo o meio ambiente.
Apenas quanto ao tema aqui tratado, qual seja, resíduos sólidos provenientes de
demolições construções, obras, reformas, reparos e etc. operadas por pessoas
físicas, foram analisadas seis Leis distintas: Política Nacional dos Resíduos Sólidos,
Resolução CONAMA 307/2002, Lei de Crimes Ambientais, Lei Distrital n.º 4.704, de
20 de dezembro de 2011, Decreto n.º 6.514, de 22 de julho de 2008. O presente
trabalho tem como objetivo analisar o vasto arsenal jurídico pertinente à matéria,
tanto em âmbito federal, quanto distrital, dispondo de maneira clara as
responsabilidades administrativa, civil e penal, da pessoa física que polui o meio
ambiente com resíduos inertes da construção bem como demonstrar as obrigações
8

pertinentes ao poder público, para o fomento da educação ambiental, aumento da


fiscalização e execução das normas positivadas.

Palavras-chaves: Gestão de Resíduos Sólidos. Direito Ambiental.


Responsabilidade. Pessoa Física. Construção Civil.

ABSTRACT

Reference: MAJOWKA, Daniel Scarambone " SOLID WASTE MANAGEMENT OF


CONSTRUCTION PERFORMED BY A NATURAL PERSON THE FEDERAL
DISTRICT : A CHALLENGE SOCIETY AND PUBLIC POWER." 33 sheets
"Monograph (Right.) - Catholic University of Brasilia - UCB, Brasília, 2014.

The Federal District daily produces 7000 tonnes of solid, coming from construction
waste, illegally left the open-air dump on the outskirts of the city, known as
"Structural", without proper treatment. Discharges of waste in inappropriate places,
produced by individuals who eventually do work in their homes, are also common.
The theme involving solid waste from demolition of buildings, construction,
renovations, repairs, etc., operated by individuals, were treated in six separate laws:
the National Solid Waste Policy, CONAMA Resolution 307/2002, Law of
Environmental Crimes District, District law Nº. 4,704 , of December 20, 2011, Decree
No. 6514, July 22, 2008 . This study aims to analyze the vast legal arsenal on the
matter, both in federal, district , featuring clearly the administrative , civil and criminal
liability , the individual who pollutes the environment with inert construction waste , as
well demonstrate how the relevant obligations to the government for the promotion of
environmental education , increased enforcement and execution of positive
standards .

Keywords: Solid Waste Management. Environmental Law. Problems. Consequences.


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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................10
2 RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL .................................................................... 13
2.1 PREOCUPAÇÃO COM A GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO E
DEMOLIÇÃO – RSCD - DISPENSADOS POR PEQUENOS GERADORES................................... 13
2.2 A COMPOSIÇÃO DOS RSCD ...................................................................................................... 14
2.3 IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELO RSCD. ............................................................. 15
3 NORMATIZAÇÃO DA GESTÃO DE RSCD. .............................................................................. 18
3.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICO-NORMATIVA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS. ................................... 18
3.2 ARSENAL JURÍDICO BRASILEIRO CONTRA A DISPOSIÇÃO IRREGULAR DE RSCD. .. 19
3.3 LEI FEDERAL Nº 12.305/2010 – PNRS DEFINIÇÃO ................................................................. 20
3.3.1 Objetivos da Política Nacional Dos Resíduos Sólidos ............................................................. 21
3.3.2 Instrumentos econômicos .......................................................................................................... 21
3.3.3 Responsabilidade compartilhada .............................................................................................. 22
3.3.4 Penalidades ................................................................................................................................. 22
3.3.5 Responsabilidade pela coleta de resíduos sólidos. ................................................................... 23
3.3.6 Educação ambiental. .................................................................................................................. 23
3.5 LEI DISTRITAL N.º 4.704, DE 20 DE DEZEMBRO DE 2011. ................................................... 25
3.6 LEI DE CRIMES AMBIENTAIS - LEI FEDERAL 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998. ... 26
3.6.1 Responsabilidade Penal. ............................................................................................................ 26
3.6.1.1 Princípios do direito penal aplicáveis aos crimes ambientais. ............................................. 28
3.6.2 Sanções administrativas aplicáveis a pessoas físicas. .............................................................. 29
3.6.2.1 Decreto n.º 6.514, de 22 de julho de 2008. ............................................................................. 30
3.7 Responsabilidade civil da pessoa física infratora. ...................................................................... 32
4 O PAPEL DESEMPENHADO PELO PODER PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL – SLU E A
GESTÃO DO RSCD - COLETA, TRANSPORTE E DISPOSIÇÃO FINAL DE RSCD .................... 34
4.1 Panorama geral da gestão de RSCD no distrito federal - dificuldades na gestão do RSCD .. 34
5. POSSÍVEIS SOLUÇÕES PARA GESTÃO DE RSCD PRODUZIDO POR PESSOA FÍSICA. .... 36
5.1 Áreas de transbordo, triagem e reciclagem de RSCD. .............................................................. 36
5.2 Educação Ambiental ..................................................................................................................... 36
5.3 Fiscalização .................................................................................................................................... 37
6 CONCLUSÃO ................................................................................................................................... 38
BIBLIOGRAFIA................................................................................................................................... 40
10

1 INTRODUÇÃO

A gestão de Resíduos tornou-se um dos problemas mais importantes dos nossos


tempos. O estilo de vida moderno produz enormes quantidades deles e a sociedade é resistente
em alterá-lo, mas começa a despertar para a necessidade de proteger o meio ambiente e a
saúde pública. Indústrias, cidadãos e poder público estão em busca de meios para reduzir a
quantidade crescente de resíduos que lares e empresas produzem e descartam, bem como
tentam encontrar novas maneiras de reutilização ou descarte mais seguro, econômico e com
mínimo dano ambiental.

Inicialmente, cumpre esclarecer, que a poluição por resíduos sólidos é aquela causada
pelas:

“descargas de materiais sólidos, incluindo resíduos sólidos, de materiais


provenientes de operações industriais, comerciais, agrícolas, e de atividades da
comunidade, não incluindo materiais sólidos ou dissolvidos nos esgotos domésticos
ou outros significativos poluentes, existentes nos recursos hídricos, tais como lama,
resíduos sólidos dissolvidos ou suspensos na água, encontrados nos afluentes
industriais, e materiais dissolvidos em correntes de irrigação ou outros poluentes
comuns na água” (MACHADO 2009 p.399) ···.

Sabe-se que atividades humanas manufatureiras ou de consumo geram resíduos de


materiais, que na maior parte das vezes são considerados inúteis. Tais resíduos são
normalmente sólidos e são desperdiçados, sendo rotulados como indesejáveis pela sociedade.
Dentre os resíduos descartados pelo homem, estão os gerados pela construção civil que,
quando dispostos de maneira incorreta, tornam-se extremamente danosos ao meio ambiente e
à sociedade. No entanto, muito desses materiais poderiam ser reutilizados, tornando-se
matéria prima para a indústria, inclusive da própria construção civil, desde que geridos de
forma adequada, reduzindo, assim, impactos ambientais, e melhorando a qualidade de vida da
população e movimentando a economia.

Com o aumento do consumo e consequente descarte pós-consumo, o volume de


resíduos está crescendo. A problemática dos resíduos sólidos se agrava com a toxidade de
11

parte deles e pelo uso indiscriminado de substâncias químicas, particularmente pesticidas, e


por força do uso crescente de materiais radioativos. Segundo Machado (2010 p.400), tais
“problemas são ampliados por causa da aglomeração populacional em áreas urbanas e, entre
outros fatores, pela diminuição ou encarecimento de áreas destinadas a aterros sanitários”.

Ao longo dos últimos anos, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,


aprovaram leis que tratam da gestão de resíduos sólidos, inclusive provenientes de demolições
e construções. O manuseio correto destes resíduos sólidos é uma tarefa complexa que requer
capacidade de organização e cooperação entre as inúmeras partes interessadas, tanto do setor
público quanto do privado. Embora essencial para a saúde pública e proteção ambiental a
gestão desses resíduos, em boa parte das cidades brasileiras, ainda é insatisfatória e, na
maioria dos casos, representa um foco de problemas ambientais.

Segundo o Ministério das Cidades (Brasília, DF, 2005), “a questão se intensifica pela
grande quantidade e volume dos RSCD gerados, pois podem representar de 50 a 70 % da
massa de resíduos sólidos urbanos. Na sua maior parte, são materiais semelhantes aos
agregados naturais e solos.”.

Tratando-se de problema eminentemente local, é competência do Distrito Federal, bem


como das indústrias e demais envolvidos na cadeia produtiva da construção civil, a elaboração
de planos para a gestão de RSCD produzidos no espaço territorial deste ente federado.
Destacando, desde logo, como adequado ao enfrentamento do problema, a coleta seletiva, a
construção de aterros sanitários, implantação da logística reversa e a promoção da educação
ambiental, ou seja, um conjunto de ações interligadas que propiciem o adequado transporte e
a destinação final de RSCD.

O fundamento para a correta gestão de RSCD está na proteção da saúde da população,


em especial dos grupos de baixa renda, eis que estes, por não terem acesso à educação
ambiental e possuírem menos recursos financeiros, acabam por dispor resíduos em
localidades próximas de suas casas, causando grande impacto ambiental e a diminuição da
qualidade de vida de seus vizinhos. Outros fundamentos incluem a promoção da qualidade
ambiental e a sustentabilidade, apoio da produtividade econômica e geração de emprego.

Delimitado o problema, cumpre dizer que o objetivo deste trabalho é o da


problematização das questões e dos desafios envolvidos na gestão dos resíduos sólidos da
construção civil e demolições feitas por particulares, com análise crítica da legislação,
12

identificação das deficiências normativas, de sua eficácia e da efetiva aplicabilidade no


âmbito do Distrito Federal. Tudo com os olhos voltados para as responsabilidades dos sujeitos
envolvidos na cadeia produtiva de demolições e construções feitas por particulares, em
especial os que atuam visando ao atendimento das necessidades próprias ou de terceiros, mas
que não estão vinculados às construtoras e incorporadoras.

A metodologia a ser aplicada é a da interpretação sistemática e teleológica dos textos


normativos, com completa análise das Leis que regulamentam o tema, identificação dos
sujeitos responsáveis, explicitação das sanções administrativas, penais e civis aplicáveis e
adequação dos fatos apontados aos comandos normativos, sem olvidar de possíveis lacunas
ou inadequações legislativas.
13

2 RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

2.1 PREOCUPAÇÃO COM A GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO


E DEMOLIÇÃO – RSCD - DISPENSADOS POR PEQUENOS GERADORES

Nos processos construtivos liderados por construtoras e incorporadoras já existem


controles internos de qualidade onde os resíduos ali gerados são devidamente separados e
quando não reaproveitados na própria obra, são dispensados em contêineres específicos e, no
caso do Distrito Federal, encaminhados para o Lixão da Estrutural. A grande maioria das
empreiteiras da construção civil já possui certificação do controle e qualidade específicos
como a ISO 9001, PBQP-H e até a ISO 14001, implementados dentro do processo
construtivo, ou seja, normas internacionalmente reconhecidas que definem as melhores
formas de gestão com um mínimo de impacto ambiental e observância do equilíbrio entre
manutenção da rentabilidade e a redução do impacto ambiental, por exemplo, com reciclagem
de materiais dentro do próprio canteiro de obra.

Ou seja, a maior parte dos RSCD que causam problemas ambientais são produzidos
por pessoas físicas, que praticam atos construtivos ou demolições sem a gestão correta dos
resíduos, sem atentarem para a otimização do material utilizado, sem cuidados com a
qualidade dos processos, o que evitaria desperdício e diminuiria custos.

Segundo INOJOSA (2009 p.45/46), as empresas transportadoras privadas que


realizam os serviços de coleta e transporte de RSCD, concentram-se no centro da cidade, mas
as deposições irregulares ocorrem com mais frequência na periferia, onde estão as populações
de baixa renda, que não dispõe de soluções acessíveis para o descarte dos RSCD.

A gestão do entulho da construção civil e de demolições deveria incluir-se na pauta de


preocupações da Administração do DF, por se tratar de atribuições pertinentes a esse ente da
Federação, particularmente para atendimento da Resolução nº 307 do CONAMA, e Política
Nacional dos Resíduos Sólidos. Conforme suscitado, a grande maioria dos resíduos de
construção e demolição é disposta no Lixão controlado da Vila Estrutural, ou em áreas
clandestinas, mas de forma precária, com severos impactos ao meio ambiente.
14

2.2 A COMPOSIÇÃO DOS RSCD

A Política Nacional dos Resíduos Sólidos em seu artigo 3º, inciso XVI, conceitua
resíduos sólidos como material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades
humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está
obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em
recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública
de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente
inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.

Os resíduos provenientes de demolições e construções civil, consoante artigo 2º, inciso


I da Resolução CONAMA 307/2002, são os provenientes de reformas, reparos e demolições e
obras além dos resultantes da preparação e da escavação de terrenos. Dentre os resíduos estão
tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e
compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica
etc., comumente chamados de entulhos de obras.

O artigo 3º da supracitada Resolução qualifica os resíduos da construção de acordo


com seu volume e grau de periculosidade ao homem e meio ambiente, em quatro classes, da
seguinte forma:

I - Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como:

a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras


de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;

b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes


cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto;

c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto


(blocos, tubos, meio-fio etc.) produzidas nos canteiros de obras;

II - Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como:


plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras e gesso; (redação dada pela
Resolução n° 431/11).

III - Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias
ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou
recuperação; (redação dada pela Resolução n° 431/11).

IV - Classe D: são resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como


tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde
oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações
industriais e outros bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham
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amianto ou outros produtos nocivos à saúde. (redação dada pela Resolução n°


348/04).

Estabelece ainda, que os aterros para resíduos da construção civil devem visar à
triagem dos RSCD, dispostos conforme desígnio futuro, sendo alocados no menor volume
possível e sem causar danos ambientais ou sanitários. Estabelece ainda que os RSCD
dispostos ou reservados nesses aterros serão aqueles reutilizáveis ou recicláveis tais como
solos provenientes de terraplenagem, resíduos de componentes cerâmicos, de argamassa e de
concreto, classificados como Classe A.

De acordo com o Artigo 10° da resolução em comento, os RSCD de classe A deveriam


ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou encaminhados a áreas de aterro de
resíduos da construção civil, sendo dispostos de modo a permitir sua utilização ou reciclagem
futura. Os resíduos da classe B deverão ser encaminhados para áreas de armazenamento ou
disposição temporária, sendo dispostos de modo a permitir sua utilização ou reciclagem
futura. Os da classe C e D devem ser armazenados, transportados, e destinados conforme
normas técnicas específicas. Os resíduos perigosos deverão ser destinados para Aterros de
Resíduos próprios.

2.3 IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELO RSCD.

Hoje já é reconhecido que os RSCD “são um dos responsáveis pelo esgotamento de


áreas dos aterros de resíduos sólidos urbanos, uma vez que correspondem a mais de 50% dos
resíduos sólidos urbanos (massa/massa)” (ANGULO et al, 2003). Para SJÖSTRÖM (1996
p.6), a cadeia produtiva da construção civil apresenta importantes impactos ambientais em
todos os seus elos. O autor estima que esta cadeia seja uma das maiores consumidoras de
matérias-primas naturais, consumindo de 20 a 50% do total de recursos naturais utilizados
pela sociedade.
Algumas reservas de matérias-primas já estão com seus estoques bastante limitados,
principalmente os próximos aos grandes centros urbanos, onde “recursos naturais utilizados
pela construção civil estão ficando escassos e necessitam ser transportados de distâncias
superiores a 100 km, implicando em enorme consumo de energia e geração de poluição.”
(JOHN, 2004).
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Segundo MOREIRA, (2010) possuem em sua composição materiais indesejáveis, tais


como cimento amianto, gesso de construção e alguns químicos que, se depositados
inadequadamente, podem provocar graves impactos ao meio ambiente e prejuízos para a
sociedade.
ÂNGULO et al. (2001) asseveram que, com o crescimento populacional e o acelerado
processo de urbanização, “os RDC transformaram-se em graves problemas urbanos pois o
atual modelo de produção da indústria da construção civil utiliza-se quase sempre de recursos
naturais não renováveis e resíduos sempre são gerados.”
O problema da deposição inadequada persiste e forma um verdadeiro círculo vicioso.
Fiscais da Agência de Fiscalização do DF (AGEFIS) denominam as áreas usadas para despejo
clandestino de entulho, em locais não autorizados pela SLU de “pontos críticos”. Um
levantamento do SLU em 2009 revelou que existem 537 locais de depósito ilegal em todo o
Distrito Federal. “Os pontos críticos são áreas carentes de salubridade e conservação
ambiental, que, infelizmente, existem porque as pessoas têm a cultura de jogar os entulhos no
local.” (MEDEIROS, 2009).
Os danos provocados são inúmeros: a degradação da paisagem, a obstrução do tráfego
de pedestres e de veículos, dentre os mais visíveis; o entupimento da drenagem urbana, o que
acarreta enchentes, assoreamento de rios, córregos e lagos e o depósito irregular de outros
lixos orgânicos, que propiciam o aparecimento e a multiplicação de vetores de doenças,
atentando contra a saúde da população, os de piores consequências.
Existe uma série de fatores de risco para a população, principalmente àquela que mora
próxima aos locais de deposição irregular e bota-foras. Os resíduos da construção civil não
estão isentos de riscos para a saúde, especialmente pelos componentes que são descartados em
conjunto, em sua grande maioria, compostos de matéria orgânica, que quando em
decomposição, atraem ratos, insetos, além do chorume que infiltra o solo causando maiores
impactos ambientais.

Segundo (LIMA 2012), os resíduos associados podem causar poluição e contaminação


do solo e das águas, além de exalar mau odor, decorrente da degradação de materiais
orgânicos, e emitir gases e materiais particulados, quando houver queima ocasionada pela
ação da população local, por transportadores ou pela combustão espontânea de alguns
materiais, contribuindo para a poluição do ar.
Ainda segunda a autora, o descarte inadequado dos RSCD propícia atração e
reprodução de roedores, moscas, baratas e outros vetores de importância na transmissão de
17

doenças que afetam à saúde da população. Desta forma, a população que mora próxima aos
pontos de deposição irregular e “bota-foras” fica exposta às condições insalubres, vulnerável a
possíveis agravos na saúde que acabam por onerar a rede pública com atendimentos médico-
hospitalares.
PINTO (1999) dispõe acerca do acondicionamento ilegal de RSCD:

“o local de deposição irregular de RDC acaba tornando-se polo de atração para


outros resíduos como: lâmpadas fluorescentes, móveis, eletrodomésticos, galhos e
arbustos, resíduos de serviços de saúde, resíduos domiciliares, resíduos industriais,
animais mortos, entre outro. Sendo os principais impactos sanitários e ambientais
relacionados aos RDC são os associados às deposições irregulares, representados
por uma conjunção de efeitos deteriorantes do ambiente, pois comprometem a
paisagem, o tráfego de pedestres e de veículos e a drenagem urbana, além de atrair
outros tipos de resíduos e de propiciar a proliferação de vetores de importância
sanitária.”
18

3 NORMATIZAÇÃO DA GESTÃO DE RSCD.

3.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICO-NORMATIVA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS.

A primeira referência de preocupação com o lixo foi em ROMA no ano de 736 a.C.,
onde existiam placas escritas “não jogue lixo aqui”. Aproximadamente seiscentos anos se
passaram, quando Londres, no ano de 1354, criou a primeira Lei que obrigava o cidadão a
retirar seus lixos de frente das casas uma vez por semana. No ano de 1407, no mesmo país,
proibiram de jogar detritos na rua, sendo estes, guardados em casa, até que o coletor de lixo
passasse no local. Por fim, Paris no ano de 1919, resolveu seu problema com gestão pública
do lixo, no modelo mais próximo ao atual, com a coleta seletiva.

No Brasil, em 1760, na cidade do Rio de Janeiro, os residentes próximos ao mar


jogavam o resíduo na orla, enquanto os moradores vizinhos às lagoas, brejos, ou rios, faziam
seus despejos nessas áreas. Só em 1830 foi promulgada, naquela cidade, a primeira lei
proibindo o cidadão de jogar lixo nas vias públicas, que se amontoava em grandes
quantidades nas ruas, impedindo a passagem das carroças. A partir daí, lixo e esgoto
começaram a ser jogados prioritariamente no mar.

Porém, a ideia de lançar resíduos ao mar acabou gerando outro problema, porquanto o
lixo voltava para a orla com a maré, causando grande incomodo à população. Para promover a
limpeza das vias públicas e praias locais e diminuir o impacto ambiental gerado, o Estado do
Rio de Janeiro contratou a empresa de Aleixo Gary, em 1885.

Contudo, a evolução da necessidade de proteção ao meio ambiente impôs ao mundo


novas regras, que foram construídas em organismos internacionais, com a intenção de frear a
degradação do meio ambiente pelo homem. Preocupações novas geram novas Leis ou
mudanças significativas nas atuais, seja por força da necessidade de adequação da estrutura
existente, seja por necessidade de atualização constante.
19

3.2 ARSENAL JURÍDICO BRASILEIRO CONTRA A DISPOSIÇÃO IRREGULAR DE

RSCD.

No Brasil, além da Constituição da República, há um conjunto de leis e políticas


públicas, tais como a Lei 6.938/81(Política Nacional de Meio Ambiente); Lei 11.445/07
(Política Nacional de Saneamento Básico); Lei 9.795/99 (Política Nacional de Educação
Ambiental); Lei 10.257/01 (Estatuto das Cidades), que busca viabilizar por meio da
normatização e sancionamento a correta disposição de resíduos sólidos, dentre eles os da
construção civil e de demolições.

A Politica Nacional Dos Resíduos Sólidos (Lei Federal 12.305/2010), a Lei de Crimes
Ambientais (Lei Federal 9.605/1998), e a Resolução CONAMA 307/2002, em conjunto,
definem regras para o correto manuseio de resíduos sólidos da construção civil, bem como
definem sanções penais e administrativas diante de condutas e atividades lesivas ao meio
ambiente.

Um meio ambiente ecologicamente equilibrado é direito de todos, trata-se de direito


fundamental, assegurado pela Constituição da República, que o define no artigo 225, como
um bem de uso comum e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público o
dever de defendê-lo e preservá-lo para a presente e futuras gerações.

O parágrafo terceiro do referido artigo trata da responsabilidade penal, administrativa


e civil dos causadores de dano ao meio ambiente, independente da obrigação de reparar os
danos causados.

Por sua vez, o artigo 14 da Lei Federal 6.938/81 prevê as penalidades a serem
aplicadas, sem prejuízo daquelas previstas na legislação estadual e municipal e, o Supremo
Tribunal Federal, elucidando o dispositivo dispôs que:

“A ratio do dispositivo está em que a ofensa ao meio ambiente pode ser bifronte
atingindo as diversas unidades da federação. O poluidor (responsável direto ou
indireto), por seu turno, com base na mesma legislação, - artigo 14 – “sem obstar a
aplicação das penalidades administrativas” é obrigado, “independentemente da
existência de culpa”, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a
terceiros, “afetados por sua atividade” (REsp n. 467.212-0 – RJ, Rel. Min. Luiz Fux,
1ª Turma).
20

Portanto, a responsabilidade civil pelo dano ambiental é objetiva, nos termos do artigo
14 da Lei n. 6.938/81, bastando, para a responsabilização do agente, a prova do fato e o nexo
de causalidade entre o dano e uma ação ou omissão do causador.

3.3 LEI FEDERAL Nº 12.305/2010 – PNRS DEFINIÇÃO

Objetivando, especificamente, a gestão de resíduos sólidos, foi promulgada a Lei


12.305, em 2 de agosto de 2010, regulamentada por meio do Decreto nº. 7.404, de 2010, que
após vinte anos de tramitação no Congresso Nacional, instituiu a Política Nacional de
Resíduos Sólidos e estabeleceu um novo marco regulatório para o país.

Segundo o Manual de Gestão de Resíduos Sólidos de São Paulo, a PNRS fortalece os


princípios da gestão integrada e sustentável de resíduos, propondo medidas de incentivo à
formação de consórcios públicos para a gestão regionalizada com vistas a ampliar a
capacidade de gestão das administrações municipais, por meio de ganhos de escala e redução
de custos no caso de compartilhamento de sistemas de coleta, tratamento e destinação de
resíduos sólidos. (Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo – SMASP,
Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais – ABRELPE,
2011)

Pela primeira vez na história brasileira publicou-se uma lei totalmente voltada à
problemática dos resíduos sólidos. Vale mencionar que a Política Nacional de Resíduos
Sólidos deve ser aplicada de forma integrada com as demais normas ambientais brasileiras,
tais como a Lei 6.938/81(Política Nacional de Meio Ambiente); Lei 11.445/07 (Política
Nacional de Saneamento Básico); Lei 9.795/99 (Política Nacional de Educação Ambiental);
Lei 10.257/01 (Estatuto das Cidades) e Lei 9.433/97 (Política Nacional de Recursos
Hídricos).

Depreende-se da Política Nacional de Resíduos Sólidos um conjunto de princípios,


objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações, principalmente a serem adotadas pelo
Governo Federal, isoladamente ou em regime de cooperação com Estados, Distrito Federal,
Municípios ou particulares, com vistas à gestão integrada e ao gerenciamento ambientalmente
adequado dos resíduos sólidos. (BRASIL 2010).
21

3.3.1 Objetivos da Política Nacional Dos Resíduos Sólidos

A PNRS possui como objetivos a proteção da saúde pública e da qualidade ambiental,


visando a não geração ou redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos,
bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos com o estímulo à adoção de
padrões sustentáveis de produção e consumo de bens e serviços, adoção, desenvolvimento e
aprimoramento de tecnologias limpas como forma de minimizar impactos ambientais, bem
como a redução do volume e da periculosidade dos resíduos perigosos.

Objetiva, ainda, o incentivo à indústria da reciclagem, tendo em vista fomentar o uso


de matérias-primas e insumos derivados de materiais recicláveis e reciclados, favorecendo a
gestão integrada de resíduos sólidos, através da articulação entre as diferentes esferas do
poder público e destas com o setor empresarial, com vistas à cooperação técnica e financeira
para a gestão integrada de resíduos sólidos frente à capacitação técnica continuada na área de
resíduos sólidos.

3.3.2 Instrumentos econômicos

O fomento econômico vem por iniciativa do poder público, através de incentivos


fiscais ou financeiros e creditícios para empresas públicas ou privadas, cessão de terrenos
públicos para destinação dos resíduos recicláveis descartados pela sociedade e pelos órgãos e
entidades da administração pública federal, por intermédio das associações e cooperativas dos
catadores de materiais recicláveis.

As Instituições Financeiras Federais poderão criar linhas especiais de financiamento


para as Cooperativas ou outras formas de associação de catadores de resíduos, com o objetivo
de aquisição de máquinas e equipamentos utilizados na gestão de resíduos sólidos bem como
a atividades destinadas à reciclagem e ao reaproveitamento de resíduos sólidos.
22

3.3.3 Responsabilidade compartilhada

A PNRS define que a responsabilidade pelo ciclo de vida dos produtos deve ser
compartilhada entre fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, consumidores, e
os titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos,
concorrentemente. Cabe aos quatro primeiros investir no desenvolvimento, na fabricação e na
colocação de produtos que utilizem menor quantidade possível de resíduos sólidos em sua
fabricação, de forma a facilitar a reutilização, reciclagem ou destinação adequada.

Igualmente, o sistema de logística reversa é também tratado como instrumento na


PNRS, juntamente com a coleta seletiva, para a implementação da responsabilidade
compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. Este sistema é caracterizado por um conjunto
de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos
sólidos a sociedade, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou
outra destinação final ambientalmente adequada.

3.3.4 Penalidades

As multas e demais penalidades administrativas serão aplicadas após laudo técnico


elaborado pelo órgão ambiental competente, identificando a dimensão do dano decorrente da
infração e em conformidade com a gradação do impacto.

Diante do sistema de logística reversa, acima mencionado, os consumidores que


descumprirem as respectivas obrigações previstas nos sistemas de logística reversa e de coleta
seletiva estarão sujeitos à penalidade de advertência. Sendo que, no caso de reincidência,
poderá ser aplicada uma multa no valor de R$ 50,00 a R$ 500,00, que poderá ser convertida
em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente.

Nesta linha, dentro do sistema de Coleta Seletiva ou Logística Reversa, os


consumidores são obrigados a acondicionar adequadamente e de forma diferenciada os
resíduos sólidos gerados e disponibilizar os resíduos sólidos reutilizáveis e recicláveis para
coleta ou devolução.
23

3.3.5 Responsabilidade pela coleta de resíduos sólidos.

Consoante Política Nacional dos Resíduos Sólidos o Serviço Público de Limpeza


Urbana e Manejo de Resíduos Sólidos deverá implementar progressivamente a separação de
resíduos secos e úmidos. A segregação dos resíduos conforme sua constituição ou
composição deve ser realizada previamente.

Os titulares do referido serviço público definirão os procedimentos para o


acondicionamento adequado e disponibilização dos resíduos sólidos para a coleta seletiva em
sua respectiva área de abrangência. O Poder Público municipal poderá instituir incentivos
econômicos aos consumidores que participarem do sistema de coleta seletiva.

3.3.6 Educação ambiental.

Importante salientar a obrigação do Poder Público em promover ações de educação


ambiental, como incentivar atividades de caráter educativo e pedagógico, em colaboração
com entidades do setor empresarial e da sociedade civil organizada, realizando ações
educativas voltadas aos fabricantes, importadores, comerciantes e distribuidores, com enfoque
diferenciado para os agentes envolvidos com os sistemas de coleta seletiva e logística reversa.

O Poder Público deve elaborar e desenvolver planos de produção e ações educativas


com base nos estudos, dados e informações sobre o comportamento do consumidor brasileiro,
levantados nas pesquisas realizadas em órgãos oficiais, universidades, organizações não
governamentais e setores empresariais voltados à conscientização dos consumidores ao
consumo sustentável.

Enfim, como contribuição ao Planeta, ao Poder Público cabe gerenciar melhor a coleta
de resíduos, proporcionando maior acesso aos recursos da União como incentivo aos Estados,
Distrito Federal e Municípios.
24

3.4 O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA 307/2002

Diante da necessidade de implementação de diretrizes para a efetiva redução dos


impactos ambientais gerados pelos resíduos oriundos da construção civil, bem antes da edição
da Política Nacional dos Resíduos Sólidos, o CONAMA editou a Resolução n.º 307 de 2002,
uma vez que os RSCD representam um significativo percentual dos resíduos sólidos
produzidos nas áreas urbanas e contribuem para a degradação da qualidade ambiental, quando
dispostos em locais inadequados.

Assevera que os geradores de RSCD devem ser responsáveis pelos resíduos das
atividades de construção, reforma, reparos e demolições de estruturas e estradas, bem como
por aqueles resultantes da remoção de vegetação e escavação de solos, diante da viabilidade
técnica e econômica de produção e uso de materiais provenientes da reciclagem dos RSCD,
com a melhor intenção de proporcionar benefícios de ordem social, econômica e ambiental
por meio da gestão integrada. A Resolução CONAMA nº 307/02 de 5.7.2002 prevê a
elaboração dos planos de gerenciamento desses resíduos pelo Poder Público e estabelece no
artigo 11 o prazo máximo de doze meses para a elaboração do Plano pelos Municípios.

Suas disposições foram incorporadas à Lei Federal nº 12.305/10 de 2.8.2010 que


instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos e estabeleceu que a União, os Estados, os
Municípios e o Distrito Federal estabelecerão os respectivos planos de resíduos sólidos,
condição para que os Municípios e o Distrito Federal tenham acesso a recursos da União ou
por ela destinados a empreendimentos e serviços relacionados à limpeza urbana e ao manejo
de resíduos sólidos, ou para serem beneficiados por incentivos ou financiamentos de entidades
federais de crédito ou fomento para tal finalidade.

Tais imputações de responsabilidades visam a minimizar os impactos ambientais,


estabelecer diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos RSCD através de planos de
gerenciamento integrados entre entes públicos e particulares.

Portanto, a Resolução CONAMA nº 307 delibera, coordena e institui os destinos finais


dos resíduos da construção e demolição. Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para
a gestão dos resíduos da construção civil, prevê, em seu artigo 4ª, que “Os geradores deverão
ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos e, secundariamente, a redução, a
reutilização, a reciclagem e a destinação final”. Também, atribui responsabilidades, tanto para
25

o Poder Público, quanto para os geradores de resíduos, no que se refere à sua correta
destinação. Ao disciplinar os resíduos da construção civil, leva em consideração as definições
da Lei de Crimes Ambientais, de fevereiro de 1998, que prevê penalidades para a disposição
final de resíduos em desacordo com a legislação.

Cumpre, por fim, esclarecer que desde fevereiro de 2011 as atividades dos Grupos de
trabalho nas Câmaras Técnicas do CONAMA 307/02 estão suspensas temporariamente,
porquanto se encontram em revisão, aguardando definição por parte do Comitê Orientador
para implantação de Sistemas de Logística Reversa e demais desdobramentos e medidas
previstas na PNRS.

3.5 LEI DISTRITAL N.º 4.704, DE 20 DE DEZEMBRO DE 2011.

A Lei distrital n.º 4.704/2011 regulamenta a gestão de RSCD de pequeno e grande


volume no âmbito do Distrito Federal.

Tem-se que essa é uma das mais relevantes normas para solução do problema
apresentado no presente trabalho, porquanto, normatiza sobre a correta disposição final de
RSCD no Distrito Federal, além de definir sanções administrativas ao infrator. Outro ponto a
destacar é a ênfase a educação ambiental, medida esta que atinge principalmente a pessoa
física que constrói, sendo este o objeto deste estudo.

Nesta linha, a norma impõe ao Poder Público distrital o controle, fiscalização,


vigilância e proteção ambiental, bem como estímulo ao desenvolvimento científico e
tecnológico voltado para a preservação ambiental além do fomento a educação ambiental,
conforme seu artigo 4º.

Ainda quanto à competência distrital, o artigo 8º da Lei em análise, atribui á Secretaria


do Meio Ambiente, competência para promover a educação ambiental da comunidade.
Destaca-se que a ineficácia jurídica das normas vislumbradas neste trabalho, se dá pelo
desconhecimento de sua existência por parte da pela grande maioria da população.

A norma é destinada aos “geradores de resíduos da construção civil como pessoas


físicas, jurídicas, públicas ou privadas, proprietárias ou responsáveis por obra,
empreendimentos com movimento de terra que produzam resíduos da construção civil.”
26

(BRASIL 2011). A norma distingue ainda, o pequeno gerador de resíduos, com o limite de
volume até 1m³. (um metro cúbico). Esta distinção facilita a elaboração de políticas públicas
votadas para cada tipo de poluidor.

Outro tópico importante a ser salientado é a criação de ponto de entrega para pequeno
volume considerado “equipamento público destinado ao recebimento de pequenos volumes de
resíduos da construção civil e resíduos volumosos” (artigo 3º, inciso XIV). Em outras
palavras, define-se aqui, a criação de pontos de entrega de RSCD, onde o pequeno gerador
pode levar o seu resíduo até um local preparado para sua recepção.

No entanto, no caso de incapacidade de transporte dos resíduos por parte do gerador, o


inciso VII do mesmo artigo, define a implementação de um sistema de informação colocado à
disposição dos habitantes do Distrito Federal visando atender à solicitação de coleta de
pequenos volumes de resíduos da construção civil e de resíduos volumosos, através de um
Disque Coleta.

Assim como a Política Nacional dos Resíduos Sólidos, o legislador prevê Planos para
gerenciamento de RSCD, devendo ser elaborados pelo Distrito Federal, de forma a
estabelecer diretrizes, objetivos, programas e ações específicos e comuns para todos os
aspectos, a começar, consoante inciso I do artigo 4º, pelos pequenos geradores.

Referida norma traz como premissa, portanto, a necessidade de que a degradação seja
afastada por completo, adotando-se todas as medidas possíveis e necessárias para esse fim.

3.6 LEI DE CRIMES AMBIENTAIS - LEI FEDERAL 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE

1998.

A Lei n.º 9.605/98, também conhecida como Lei de Crimes Ambientais e infrações
administrativas ambientais aplica-se à pessoa física ou jurídica que pratique os crimes e
infrações administrativas nela descritas.

3.6.1 Responsabilidade Penal.


27

Está contido no artigo 60 da Lei n. 9.605/98 o dispositivo que integra o conjunto de


sanções penais derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente no âmbito da
construção civil:

Artigo 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer


parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente
poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou
contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

A Lei em comento descreve tipicamente um conjunto de crimes considerados de


menor potencial ofensivo, permite à aplicação da Lei n.º 9.099/95, inova quanto à
possibilidade de conversão da pena privativa de liberdade, em penas alternativas, mediante
transação penal com o Ministério Público, além de ter por escopo e limite da transação, a
reparação do dano.

Destarte, o artigo 27 da Lei n.º 9.605/98 assevera que a proposta ofertada ao


delinquente pelo Ministério Público de aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou
multa, previsão legal do artigo 76 da Lei n.º 9.099/95, somente poderá ser formulada,
mediante anterior composição dos danos ambientais causados, reduzido a escrito e,
homologada pelo Juiz via sentença irrecorrível, conforme dispõe os artigos 72 e 74 da mesma
Lei, podendo ser dispensada nos casos de comprovada impossibilidade.

Outrossim, o Juiz poderá suspender o processo, no momento do recebimento da


denuncia, com fundamento no artigo 89 da Lei n.º 9.099/95, mediante cumprimento de
condições na oportunidade estabelecidas, dentre elas a reparação do dano. A suspenção
poderá ser revogada se o acusado descumprir qualquer condição imposta ou deixar, sem
motivo justificado, de reparar o dano.

Com efeito, a lei nº 9.605/98 introduziu, em seu artigo 28, alterações quanto à
aplicabilidade dos institutos previstos no artigo 89 da Lei n.º 9.099/95 no que tange aos
delitos ambientais:

Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995,


aplicam-se aos crimes de menor potencial ofensivo definidos nesta Lei, com as
seguintes modificações:

I - a declaração de extinção de punibilidade, de que trata o § 5° do artigo referido no


caput, dependerá de laudo de constatação de reparação do dano ambiental,
ressalvada a impossibilidade prevista no inciso I do § 1° do mesmo artigo;
28

II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar não ter sido completa a


reparação, o prazo de suspensão do processo será prorrogado, até o período máximo
previsto no artigo referido no caput, acrescido de mais um ano, com suspensão do
prazo da prescrição;

III - no período de prorrogação, não se aplicarão as condições dos incisos II, III e IV
do § 1° do artigo mencionado no caput;

IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à lavratura de novo laudo de


constatação de reparação do dano ambiental, podendo, conforme seu resultado, ser
novamente prorrogado o período de suspensão, até o máximo previsto no inciso II
deste artigo, observado o disposto no inciso III;

V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração de extinção de


punibilidade dependerá de laudo de constatação que comprove ter o acusado tomado
as providências necessárias à reparação integral do dano.

Portanto, enquanto o artigo 27 da Lei 9605/98 condiciona a proposta de transação à


prévia composição do dano, o artigo 28 condiciona a declaração da extinção de punibilidade
na suspenção do processo à comprovação da reparação do dano por meio de laudo de
constatação. De toda sorte, só pode ser extinta a punibilidade do delinquente, mediante
transação penal ou suspenção condicional do processo, depois de verificada a efetiva
reparação do dano.

Ressalta-se que não há de se falar aqui em responsabilidade civil ou administrativa


pelo dano ambiental eis que as responsabilidades civil, penal e administrativa são de esferas
distintas, onde a penal advém do cometimento de crime ambiental, ficando o delinquente
sujeito à pena de perda da liberdade ou pena pecuniária, sem obstar a recomposição do dano
na esfera cível ou sanções administrativas.

3.6.1.1 Princípios do direito penal aplicáveis aos crimes ambientais.

YOKAICHIYA, (2011) em análise do Direito Penal na jurisdição ambiental, indica


quatro funções gerais das penas previstas para os crimes contra o meio ambiente: repressiva,
preventiva, reparadora e simbólica.

A função repressiva, como forma de punir as infrações já ocorridas, contrárias ao


ordenamento. Trata-se de uma resposta às condutas que ferem os preceitos normativos, sem
29

garantir em contrapartida benefícios ao meio ambiente. A função repressiva equivale à teoria


retributiva da sanção penal.

A função preventiva que, na mesma direção da teoria preventiva, divide-se em duas


vertentes principais (prevenção geral e prevenção especial), com o objetivo de evitar futuros
delitos, seja por intimidação geral da sociedade, seja pelo medo individual do sujeito que
sofreu a pena. A função preventiva corresponde, grosso modo, à teoria preventiva da sanção
penal.

Por fim, a função reparadora, própria do âmbito civil, ganha expressividade no Direito
Penal frente à importância de princípios essenciais no Direito Ambiental, que veremos mais a
seguir.

3.6.2 Sanções administrativas aplicáveis a pessoas físicas.

Além de criar um conjunto de crimes de menor potencial ofensivo, o que possibilita,


dentre outras coisas, a transação penal e a suspensão condicional do processo, a Lei
9.605/1998 tratou das infrações administrativas, com opção preferencial para multas. Com
isso, reforçou sobremaneira a proteção ambiental.

Nota-se que as infrações administrativas e suas respectivas sanções independem da


responsabilidade penal ou civil, fundamentando-se apenas na capacidade das pessoas jurídicas
de direito público de impor condutas aos administrados. A responsabilização administrativa
do agente poluidor não obsta a ação de reparação de danos cíveis ou ação penal pelo
Ministério Público.

O tema é normatizado entre os artigos 70 a77 da Lei 9.605/1998 e regulamentado pelo


Decreto n.º 6.514, de 22 de julho de 2008.

Consoante artigo 72, as infrações administrativas podem ser punidas com:

I - advertência;

II - multa simples;

III - multa diária;


30

IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos,


petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração;

V - destruição ou inutilização do produto;

VI - suspensão de venda e fabricação do produto;

VII - embargo de obra ou atividade;

VIII - demolição de obra;

IX - suspensão parcial ou total de atividades;

XI - restritiva de direitos.

No caso de poluição causada por rejeitos inertes da construção civil, a multa pode
variar de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais), conforme
veremos a seguir.

3.6.2.1 Decreto n.º 6.514, de 22 de julho de 2008.

O Decreto regulamenta a Lei 9.605/98 no particular aspecto das infrações


administrativas, que, segundo MACHADO (2010 pag. 320), “são apuradas em processos
administrativos próprios, segundo o critério da ampla defesa e contraditório observando-se a
as disposições da Lei 9.605/98”.

Consoante artigo 2º do Decreto em tela tem-se “por infração administrativa ambiental,


toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e
recuperação do meio ambiente”. Nota-se a preocupação do legislador, quando da elaboração
da norma, em punir administrativamente aquele que violar quaisquer regras do arsenal
jurídico brasileiro para proteção do meio ambiente.

Os danos ambientais causados pela construção civil efetuada por pessoa física são
passíveis de sancionamento com as multas contidas no artigo 66 do Decreto nº 6.514/2008:

"Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar estabelecimentos,


atividades, obras ou serviços utilizadores de recursos ambientais, considerados
efetiva ou potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos
ambientais competentes, em desacordo com a licença obtida ou contrariando as
normas legais e regulamentos pertinentes: Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a
R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais)."
31

Outrossim, o Decreto, em seu artigo 20, regula demais sanções aplicáveis às pessoas
físicas e jurídicas, quais sejam:

I - suspensão de registro, licença ou autorização;

II - cancelamento de registro, licença ou autorização;

III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais;

IV - perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento em


estabelecimentos oficiais de crédito;

V - proibição de contratar com a administração pública;

Quem incorre nas infrações rotuladas neste regulamento, está sujeito à advertência;
multa simples; multa diária; embargo de obra ou atividade e suas respectivas áreas; demolição
de obra; suspensão parcial ou total das atividades, caso qualquer norma ambiental pertinente
seja descumprida. Destaca-se que tais penalidades podem ser arbitradas cumulativamente e
não são arbitrárias, eis que respeitam o direito da ampla defesa e contraditório, por vias
administrativas.

Nesta linha, incorre nas mesmas sanções administrativas, aquele que descarta de
maneira irregular, ou seja, não abarcada pela legislação, seus resíduos e inertes da construção
civil, independente de tratar-se de pessoa física ou jurídica.

“A multa terá por base a unidade, hectare, metro cúbico, quilograma, metro de carvão-
mdc, estéreo, metro quadrado, dúzia, estipe, cento, milheiros ou outra medida pertinente, de
acordo com o objeto jurídico lesado.” (art. 8º do Decreto nº 6.514/2008). Devendo o órgão
que aplicar a multa, regular qual unidade de medida será aplicada de acordo com objeto da
infração. Em relação aos RSCD produzidos por pessoa física, é plausível o uso de metro
quadrado, metro cúbico ou quilograma.

Constatada a infração administrativa, o fiscal de órgãos ambientais integrantes do


Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA, preenche o auto de infração indicando a
descrição das infrações administrativas constatadas e a indicação dos respectivos dispositivos
legais e regulamentares infringidos, de forma clara e objetiva, bem como dispor o valor do dia
32

multa, devendo esse documento ser encaminhado à unidade administrativa responsável no


prazo de cinco dias úteis.

A partir da ciência da autuação, o autuado possui vinte dias para oferecer defesa contra
o auto de infração, ou efetuar o pagamento recebendo 30% de desconto pelo adimplemento da
obrigação. A defesa é feita por escrito e deve conter os fatos e fundamentos jurídicos que
contrariem o disposto no auto de infração, além de eventuais provas que o autuado pretende
produzir a seu favor.

Passados trinta dias do auto de infração, o julgador administrativo decidirá


motivadamente indicando inclusive, os fatos e fundamentos jurídicos em que se baseia. Desta
decisão, caberá recurso no prazo de vinte dias a ser dirigido ao próprio julgador, que caso não
reconsidere, no prazo de cinco dias, encaminhará ao seu superior hierárquico.

Destaca-se que, consoante artigo 21 do Decreto em comento, “prescreve em cinco


anos a ação da administração objetivando apurar a prática de infrações contra o meio
ambiente, contada da data da prática do ato, ou, no caso de infração permanente ou
continuada, do dia em que esta tiver cessado.”.

Na decisão, são considerados fatores para o bom emprego da sanção, com a finalidade
de adequar a medida prevista na norma, com a conduta do agente de maneira a efetivamente
punir e coibir atos de ação e omissão contra ordenamento jurídico ambiental. Portanto, é
observada, consoante artigo 4º do Decreto em tela, primeiramente, a gravidade dos fatos,
tendo em vista os motivos da infração e suas consequências para a saúde pública e para o
meio ambiente, os antecedentes do infrator, quanto ao cumprimento da legislação ambiental,
além da situação econômica do infrator.

3.7 Responsabilidade civil da pessoa física infratora.

O ordenamento jurídico brasileiro adota a teoria da responsabilidade civil objetiva do


agente poluidor para recuperação in natura do meio ambiente degradado. A previsão legal esta
contida no artigo 14, parágrafo 1° da Lei 6.938/81, que dispões sobre a Política Nacional do
Meio Ambiente, bem como no artigo 225 da Constituição da República.
33

De acordo com o artigo 225 parágrafo 3º da Constituição da República, “As condutas


lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, às sanções
penais e administrativas independente da obrigação de reparar o dano causado”.

Por sua vez, o parágrafo 1º do artigo 14 da Lei 6.938/81 afirma que sem obstar a
aplicação de outras penalidades, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de
culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros afetados por
sua atividade, tendo o Ministério Público legitimidade para propor ação de responsabilidade
civil por danos causados ao meio ambiente.

Ressalta-se que, a legislação abraça a teoria do risco como fundamento da


indenização. O artigo 927 do Código Civil Brasileiro esgrime que “aquele que por ato ilícito
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”. Com efeito, o parágrafo 1º aduz que
“Haverá obrigação de reparar o dano, independente de culpa, nos casos especificados em lei,
ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua
natureza, risco para o direito de outrem”.

Assim sendo, o poluidor tem o dever de reparar civilmente os danos ao meio ambiente
e a terceiros, independente de culpa. Consoante teoria da responsabilidade objetiva, não se
pondera a culpa do infrator, porquanto suficiente à existência do dano e o nexo de casualidade
com o ato poluente. Portanto, a responsabilidade pela reparação civil é do poluidor,
independente da licitude ou não atividade.

Cumpre esclarecer que o Ministério Público da União e dos Estados possui,


legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao
meio ambiente. Ressalta-se que vigora, no ordenamento jurídico, o princípio da
independência da jurisdição penal, civil e administrativa, além de cada esfera possuir sanções
de natureza jurídica distinta. Assim sendo, a responsabilidade objetiva e a recomposição do
dano na esfera civil não obsta as ações ou sanções penais e administrativas.
34

4 O PAPEL DESEMPENHADO PELO PODER PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL –


SLU E A GESTÃO DO RSCD - COLETA, TRANSPORTE E DISPOSIÇÃO FINAL DE
RSCD

O cenário da política de resíduos sólidos no Distrito Federal demonstra uma ausência


de infraestrutura para o Gerenciamento de Resíduos Sólidos inertes, provenientes das
construções e demolições gerenciadas por pessoas físicas, ou seja, aquelas que fazem sua
própria obra, muitas vezes de pequeno porte, e encontram dificuldades para gestão correta dos
resíduos ali gerados. Esta condição acabou por atenuar a capacidade de intervenção do
Estado diante da difícil fiscalização, o que facilitou a criação de inúmeros depósitos
clandestinos que se instalaram, inclusive, em áreas ambientalmente protegidas.

Os resíduos da construção civil e demolição são gerados em quantidade expressiva


diariamente. No DF, 7.000 toneladas em média. Todo esse montante é encaminhado para o da
Estrutural, sem que haja qualquer gestão específica dos de resíduos inertes. (DISTRITO
FEDERAL. ADASA. Programa de Saneamento Ambiental e Gestão Territorial do Distrito
Federal)

O Serviço de Limpeza Urbana (SLU) trabalha com sobrecarga. A frota usada é


insuficiente para atender a demanda tão específica. Há baixa infraestrutura de coleta,
transbordo e tratamento diante do grande volume e distribuição geográfica dos RSCD
produzidos. O pós-coleta, o Distrito Federal dispõe seus resíduos de forma inadequada no
Aterro do Jóquei Clube (Lixão da Estrutural). Ressalta-se que este aterro, é um lixão a céu
aberto, ou seja, um local irregular.

4.1 Panorama geral da gestão de RSCD no distrito federal - dificuldades na gestão do


RSCD

Atualmente, o DF conta com quatro estações de tratamento e destinação final de


resíduos:

- Aterro da Estrutural;

- Usina da L4 Sul (compostagem/ triagem para coleta seletiva);


35

- Usina do P. Sul/ Ceilândia (compostagem/ triagem para coleta seletiva);

- Instalação para Resíduos Sólidos de Saúde (Ceilândia) – (instalações e serviço


contratados de empresa terceirizada);

Consoante Decreto Distrital nº 33.445, de 23 de dezembro de 2011, a implantação de


um novo Sistema de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos no DF – SGIRS/DF está baseada
em um conjunto articulado de seis ações estruturantes:

- Consolidação do Marco Legal de Resíduos Sólidos do DF (regulamentação);

- Reestruturação da infraestrutura de coleta, tratamento e destinação final dos


resíduos;

- Incentivo ao profissionalismo com a redução da informalidade do setor;

- Estímulo às práticas de redução na geração, de reutilização e de reciclagem (3R);

- Criação, indução e fomento a empreendimentos voltados ao reaproveitamento e à


reciclagem dos resíduos sólidos urbanos e ao tratamento adequado aos resíduos
especiais;

-Desenvolvimento e execução das atividades de regulação, fiscalização e


monitoramento da gestão de forma integrada.
36

5. POSSÍVEIS SOLUÇÕES PARA GESTÃO DE RSCD PRODUZIDO POR PESSOA

FÍSICA.

5.1 Áreas de transbordo, triagem e reciclagem de RSCD.

A criação de eco pontos para recepção de RSCD gerados por pequenos construtores é
uma ferramenta de sucesso em outros estados brasileiros, como por exemplo, São Paulo, que
já possui um conjunto de ações integradas em andamento para prevenir o depósito irregular de
entulho. Esta medida concorre para diminuir a degradação ambiental, além de facilitar a
triagem do material depositado, possibilitando a reutilização ou reciclagem de produtos.

Outra medida cabível é a coleta seletiva especializada, a ser ofertada para aquelas
pessoas que não possuem condições de levar o seu entulho a um eco ponto próximo. Desta
forma, o Estado facilitaria a coleta, buscando o entulho na porta das casas. Destacando-se que
nada impede que este serviço seja cobrado.

5.2 Educação Ambiental

O desconhecimento por parte da grande maioria da população é um grande aliado da


ineficácia do arsenal jurídico ambiental. Tem-se que a ignorância, frente aos elementos
normativos, impossibilita seu fiel cumprimento e a desinformação não contribui para a
articulação de interesses locais.

Nesta linha, é dever do Estado para com toda sociedade, facilitar o acesso a
informações relativas à correta gestão de RSCD, evidenciando os possíveis danos ambientais
causados pela disposição irregular, bem como alertando a respeito das sanções penais,
administrativa e civil que o infrator poluidor poderá incorrer.

Neste contexto, resta ao poder público o fomento financeiro de atividades pontuais em


Educação Ambiental propostas com a finalidade de contribuir para o conhecimento da
legislação ambiental e para proporcionar o diálogo entre as diversas percepções e realidades
concebidas como corretas.
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5.3 Fiscalização

A Fiscalização é determinante para que as normas ambientais relativas à gestão de


RSCD produzido por pessoas físicas sejam efetivadas. Por outro lado, sabe-se que é difícil a
fiscalização quanto ao tema abordado, posto que, não raras vezes, a demolição, obra,
construção ou reforma, acontece dentro da casa do ator responsável, e normalmente, sem a
devida ciência ou licença do órgão público competente.

Soma-se a isto, a baixa estrutura ofertada pelo governo Distrital para devida
fiscalização e punição do poluidor. Nesta linha, resta a sensação de impunidade e liberdade
para aquele que infringe as normas neste trabalho citadas, tornando-as por muitas vezes,
ineficazes frente à problemática apresentada. Ou seja, em que pese o direito positivado
oferecer um conjunto de normas aplicáveis ao problema e aptas a solucioná-lo, a realidade
fática é distinta daquela idealizada pelo legislador.

Conforme já suscitado, no Distrito Federal, os órgãos com competência para


fiscalização são AGEFIS e o IBRAM. Em âmbito nacional, cumpre ao IBAMA, fiscalizar
pelo bem do meio ambiente, ou seja, funcionários de órgãos ambientais integrantes do
Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA. Cumpre ressaltar, que sem a devida
fiscalização não se aplicam as sanções ambientais previstas para o tema em comento, ficando
por conta do poder público e da sociedade em geral a restauração in natura dos locais
degradados.
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6 CONCLUSÃO

Consoante exposto no presente trabalho, nota-se que o arsenal jurídico brasileiro para
a proteção do meio ambiente é vasto. Apenas quanto ao tema aqui tratado, qual seja, resíduos
sólidos provenientes de demolições construções, obras, reformas, reparos e etc. operadas por
pessoas físicas, foram analisadas seis Leis distintas: Política Nacional dos Resíduos Sólidos,
Resolução CONAMA 307/2002, Lei de Crimes Ambientais, Lei Distrital n.º 4.704, de 20 de
dezembro de 2011, Lei Distrital n.º 4.704, de 20 de dezembro de 2011, Decreto n.º 6.514, de
22 de julho de 2008.

Tais instrumentos normativos dispõem sobre a correta gestão de RSCD, fomentando o


uso econômico desse material (reutilização e reciclagem) e disposição final adequada com o
fim de não causar impactos ambientais. Ademais, versam sobre Políticas Públicas e seus
respectivos comitês organizacionais, bem como a elaboração de Planos Nacionais e Distritais
para a gestão dos resíduos inertes.

Verifica-se ainda, forte elenco de sanções às pessoas físicas e jurídicas que infringirem
as normas aqui citadas. Neste ponto, cumpre destacar que as penalidades podem ser
administrativas, penais e civis, sendo a dosimetria pautada no impacto ambiental causado pelo
agente, observando o custo para recuperação in natura do meio ambiente, a capacidade
econômica do infrator e se é ou não reincidente.

Quanto ao crime ambiental, em sua maioria, são de menor potencial ofensivo,


admitindo-se, portanto, transação penal e, com isso, pode ser afastada a pena privativa de
liberdade. Por fim, o cumprimento das condições e reparação do dano é que leva à extinção da
punibilidade. De toda sorte, só pode ser extinta a punibilidade do delinquente mediante
transação penal ou suspenção condicional do processo, depois de verificada a efetiva
reparação do dano.

A pessoa física que descarta de maneira irregular, ou em locais inapropriados os


RSCD está sujeita de um a seis meses privativa de liberdade ou prestação pecuniária. Incorre
ainda nas multas pela infração administrativa e reparação civil para recuperação in natura do
meio ambiente degradado, visto que possui obrigação objetiva de ressarcir o prejuízo causado
por sua conduta ou atividade.

Neste ponto há de se destacar que os processos civil, penal e administrativo ocorrem


em esferas distintas onde a existência ou condenação de um não obsta a de outro, eis que
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possuem sanções de naturezas distintas. Para o legislador, a grande preocupação é a


recuperação in natura do meio ambiente e responsabilização do infrator poluidor, de maneira
a evitar a reincidência e coibir novos delitos na sociedade em geral.

Nota-se, ainda, que a ausência de educação ambiental (expressamente prevista nas


normas aqui descritas), de fiscalização, bem como a omissão do poder público quanto ao
fomento da infraestrutura necessária para correta disposição final de RSCD (aterros
adequados, eco pontos, centros de reciclagem, etc.), são motivos fundamentais para ineficácia
das normas. Neste sentido, cumpre salientar que enquanto o poder público for inerte frente à
norma, a mesma continuará sem aplicabilidade no campo fático.

Cumpre ressaltar que, está previsto como direito fundamental, no artigo 225 da
Constituição da República: “o meio ambiente ecologicamente equilibrado é direito de todos,
como um bem de uso comum e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público o dever de defendê-lo e preservá-lo para às presentes e futuras gerações.”.

Por fim, foram apresentadas algumas soluções, já existentes nas normas e que
poderiam ajudar, a princípio, a correta gestão de RSCD, como construção de aterros
sanitários, implantação da logística reversa, fiscalização de canteiros de obras, criação de eco
pontos, áreas de transbordo e triagem, elaboração de planos de gestão, incentivo a educação
ambiental, além de equipes para remoção de pequenos volumes de resíduos em locais de
difícil acesso ou quando aquele que produziu os resíduos não possui condições físicas ou
econômicas para destinar corretamente seu material produzido.
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