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Micropolítica

A Atenção Primária a Saúde é uma forma de organizar o atendimento de saúde e


atender à maior parte das necessidades dos usuários do SUS de forma regionalizada, contínua
e sistematizada, e este serviço avança na cobertura de milhões de brasileiros. Muitos
trabalhadores em saúde buscam desenvolver e aprimorar este conjunto de ações de atenção à
saúde.
A micropolítica no trabalho da Estratégia de Saúde da Família percorre o cenário em
que decorre o protagonismo dos trabalhadores e usuários deste nível de atenção, pois, naquele
local os trabalhadores tentam muitas vezes resolver os problemas de saúde dos usuários, e os
usuários muitas vezes buscam mais que uma simples consulta na unidade de saúde, os
profissionais precisam compreender o usuário como um todo, de forma personalizada.
Neste cenário, podemos dizer que os trabalhadores de saúde são dependentes de seus
espaços de trabalho e de suas relações interpessoais e seu modo de vida e ações (BRASIL,
2005).
Para que isso ocorra, o SUS tem o principio da integralidade que é caracterizada como
um valor que merece ser resguardado em relação às práticas de saúde, e não apenas em
relação às práticas de saúde do SUS. Sendo assim, podemos afirmar que a integralidade é o
processo, e não o produto, a integralidade é ver o indivíduo como um todo, e não em partes
anatômicas, e esse principio deve ser desenvolvido pelos trabalhadores do SUS.
Em algumas unidades de saúde há a necessidade de serem revistas às dimensões do
processo de trabalho, pois, muitas vezes estes processos podem estar ultrapassados, ou,
precisam ser adequados a população da área a qual a unidade esta vinculada, sendo assim,
devemos refletir sobre a organização dos serviços de saúde que, na maior parte das vezes, é
determinada a partir das necessidades dos próprios serviços e não considera as necessidades e
prioridades da comunidade.
São muitas as dificuldades que a Estratégia de Saúde da Família encontra para tratar
com a dinâmica familiar e da comunidade, e são muitas as suposições e o empirismo,
sustentados pela experiência individual de cada profissional da saúde, que acabam dando
margem para orientações e práticas de trabalho que podem não ser tão eficientes para
aproximar a população do serviço. Enfim, como nota-se, o trabalho na Estratégia Saúde da
Família exige integrar a racionalidade técnica à solidariedade, as tecnologias ao ‘agir’,
considerando suas fragilidades e vulnerabilidades.
Os vínculos afetivos da equipe e usuários e as responsabilizações geradas no processo
de trabalho revelam a dimensão do cuidado em sua prática profissional. Percebe-se na
singularidade desse serviço e suas atribuições ultrapassam aquelas preconizadas pelas
instituições ordenadoras de políticas públicas
Sendo assim, o vinculo é essencial para estabelecer o elo entre comunidade e equipe
de saúde, e a equipe busca cuidar que significa envolver o estabelecimento de laços e vínculos
com a comunidade, na construção de saberes e fazeres em saúde. Este envolvimento, em que
o outro adquire significado, apresenta-se focado no bem-estar e na superação da dor e do
sofrimento. (PINHEIRO, MATTOS, 2003).
A atitude do cuidado, que é o que as Unidades Básicas de Saúde buscam oferecer aos
usuários, abrange mais que atenção, zelo e desvelo, significam que a população passa a ter
significado. Portanto, também revela preocupação, inquietação e sentido de responsabilidade,
na medida em que, quem cuida, sente-se envolvido e afetivamente ligado ao outro. Cuidar é
mais que um ato, é uma conduta diária construída pelo respeito ao próximo e dedicação.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde.


Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Curso de formação de facilitadores de
educação permanente em saúde: unidade de aprendizagem – trabalho e relações na produção
do cuidado em saúde. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde/Fiocruz; 2005.

Pinheiro, R; Mattos, R.A. Construção da integralidade: cotidiano, saberes e práticas em saúde.


Rio de Janeiro: IMS-UERJ; 2003.

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