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1.3) características
O inquérito policial apresenta várias característica que o identifica e
difere do processo judicial. São elas:
1
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 2003. v. 1. p. 192
Art. 9º - Todas as peças do inquérito policial serão, num só
processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso,
rubricadas pela autoridade.
Portaria
Portaria: é a peça que dá início ao IP; decorre do conhecimento pela
autoridade policial em razão de suas atividades de rotina, p. ex. boletim
de ocorrência (documento de natureza estatística), relatório de
investigação, etc.
Requerimento
Requisição
É a ordem emanada do MP ou do juiz para que o delegado instaure o
inquérito policial. Não é requerimento, pois este é feito pela vítima, e
pode ser indeferido pela autoridade policial. Como já disse, apenas se for
manifestamente ilegal é que a autoridade não está obrigado a atender a
requisição. Porém, neste caso, deverá informar ao MP ou ao juiz as
razões do não cumprimento.
1.5. Atribuição.
A atribuição para a condução de inquérito policial está prevista no art. 4º
do Código de Processo Penal, assim escrito:
Art. 4º: A polícia judiciária será exercida pelas autoridades
policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá
por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria.
Parágrafo único. A competência definida neste artigo não
excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja
cometida a mesma função.
I) dirigir-se ao local dos fatos, isolando a área para atuação dos peritos
(zelar para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos
peritos).
Tal providência é necessária para que os peritos possam colher todos os
dados (corpo de delito) necessários para a elaboração da perícia.
Interessante observar que a Lei nº 5.970/1973 (Código de Trânsito
Brasileiro), excluiu a incidência do inciso I, do art. 6º, do CPP,
estatuindo o seguinte:
V) ouvir o indiciado;
1.8. Prazo
O prazo para encerramento do inquérito policial está previsto no art. 10,
CPP. Varia de acordo com a situação do acusado, ou seja, caso esteja
preso ou não.
Estando solto, o prazo é de 30 dias, contado da data do recebimento da
requisição pela autoridade, ou da portaria, podendo ser prorrogado pelo
juiz, desde que o caso seja de difícil elucidação.
Quando o investigado estiver sido preso em flagrante ou preventivamente
o prazo para a conclusão do inquérito é de dez dias, improrrogável,
contado a partir do dia em que se efetivar a prisão. Caso o inquérito não
seja terminado dentro desse prazo, caracterizar-se-á constrangimento
ilegal, passível de ser corrigido pela via do hábeas corpus.
2. Da ação penal:
Nas palavras de Fernando Capez, ação penal é o direito de pedir ao
Estado-Juiz a aplicação do direito penal objetivo a um caso concreto. É
também o direito público subjetivo do Estado-Administração, único titular
do poder-dever de punir, de pleitear ao Estado-Juiz a aplicação do direito
penal objetivo, com a conseqüente satisfação da pretensão punitiva.
2.1. Denúncia
É o instrumento pelo qual o titular da ação penal pública (Ministério
Público) leva ao juízo os fatos e elementos probatórios constantes no
inquérito policial ou outra peça de informação. Em outras palavras, é o
requerimento do Ministério Público para que o Estado, através do Poder
Judiciário, abra o processo contra determinada pessoa.
2.1.d) rejeição
A rejeição da denúncia está prevista no art. 395, CPP, e ocorre quando:
2.2. representação
2.2.a) conceito
Segundo Denílson Feitosa Pacheco , ˝representação é manifestação do
ofendido ou do seu representante legal no sentido de desejar a persecução
penal do agente da infração legal˝. Em outras palavras, é a autorização da
vítima de um crime ou de seu representante legal para que o Estado
investigue e processe o autor do fato. Sem essa autorização, que recebeu
o nome de ‘representação’, o Estado está impedido de agir, ainda que para
tanto ocorra a impunidade.
2.2.c) titularidade
São titulares do direito de representação:
I) ofendido, quando for maior de 18 anos e portador de capacidade
mental;
V) Pessoas jurídicas
Se o ofendido for pessoa jurídica, o direito de representação será exercido
por quem o ato constitutivo (estatuto ou contrato social) designar, ou, no
silêncio, pelos diretores ou sócios-gerentes (art. 37 CPP);
É bom lembrar que, por ser prazo decadencial, não se suspende e nem se
prorroga, sendo que o seu transcurso causa a extinção da punibilidade do
agente, conforme determina o art. 107, IV do Código Penal.
É de todo oportuno consignar que o prazo para exercer o direito de
representação é de direito material, cujo início inclui o dia do começo e
exclui o dia final. Diante disso, é irrelevante se o início ou o fim do prazo
ocorra em final de semana/feriado.
Em caso de morte do ofendido ou declaração da sua ausência, conforme já
salientado, o direito de representação passará aos sucessores – cônjuge,
ascendente, descendente ou irmão. Nesse caso, se na data do óbito do
ofendido ainda não tiver expirado os seis meses, os legitimados terão mais
seis meses para exercer o direito de representação – art. 38, parágrafo
único, c/c art. 24, § 1º, e art. 38, caput, todos do CPP. Exemplo: se,
quando o ofendido faleceu, já havia transcorrido cinco meses do dia em
que obteve ciência da autoria da infração, os sucessores terão mais seis
meses, contados do dia em souberem quem é o autor do ilícito penal, e
não apenas mais um mês, já que o prazo para eles é contado sem levar
em consideração o prazo do ofendido.
2.2.f. Retratação
Estipula o Código de Processo Penal que antes do oferecimento da
denúncia poderá ocorrer a retratação da representação – art. 25 do CPP e
art. 102 do CP. Isso significa que o autor da representação (ofendido ou
ser representante) poderá arrepender-se, e assim desistir, até o momento
anterior à atuação do Ministério Público. Oferecida a denúncia, portanto,
não poderá ocorrer a retratação. Veja-se que o limite é oferecimento da
denúncia e não o seu recebimento pelo juiz, exceto na Lei Maria da Penha
(Lei nº 11.340/06), em que a retratação poderá ocorrer até o recebimento
da denúncia.
2.3. queixa
2.3.a.Conceito.
Queixa é a peça que dá início ao processo em crimes de ação penal
privada. Diz-se queixa-crime subsidiária nas hipóteses de ação penal
privada subsidiária (quando o Ministério Público deixa de oferecer denúncia
dentro do prazo legal).
2.3.b. Titularidade
São titulares do direito de queixa:
I) Vítima maior de 18 anos e capaz
V) Pessoas jurídicas
Se o ofendido for pessoa jurídica, o direito de queixa será exercido por
quem o ato constitutivo (estatuto ou contrato social) designar, ou, no
silêncio, pelos diretores ou sócios-gerentes (art. 37 CPP);
2.3.c. Prazo
O prazo para oferecimento da queixa-crime é de seis meses, a contar do
conhecimento da autoria do delito ou da data em que se esgotou o prazo
para o Ministério Público oferecer denúncia.
Trata-se de prazo decadencial, portanto, não se interrompe, não suspende
e nem se prorroga. Assim, a instauração de inquérito policial não
interrompe o prazo para oferecimento da queixa-crime.
Caso o ofendido seja menor de 18 anos, enquanto não alcançar a
maioridade, o direito de queixa só pode ser exercido pelo seu
representante legal, como já estudando anteriormente. Porém, caso o
representante legal não exerça esse direito, ingressando com a queixa, o
ofendido poderá fazê-lo após completar a maioridade, visto que o prazo
decadencial, neste caso, só se inicia após a data em que completar 18
anos e não a partir do conhecimento da autoria do delito.
2.4. renúncia
2.4.a. Conceito
Renúncia é a desistência do direito de ação por parte do ofendido. Com a
renúncia, o ofendido ou seu representante legal desiste de oferecer a
queixa contra o autor do fato.
Ocorrerá somente antes de oferecida a queixa, pois, uma vez oferecida,
apenas poderá ocorrer o perdão do ofendido ou a perempção.
2.4.c. Classificação:
A renúncia pode ser:
I) Expressa: É a renúncia por meio de declaração escrita, datada e
assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou procurador com
poderes especiais – art. 50, CPP.
A renúncia é unilateral, ou seja, não depende da aceitação do ofensor, o
que não ocorre com o perdão, conforme se verá adiante.
2.5.a. Conceito
Perdão, diz Julio Fabbrini Mirabete, é ˝a revogação do ato praticado pelo
querelante, que desiste do prosseguimento da ação penal, desculpando o
ofensor2˝.
Do conceito depreende-se que só pode haver perdão se já tiver sido
proposta a queixa, pois antes dela o que poderá ocorrer é a renúncia.
O perdão pode ser concedido a qualquer tempo, desde que antes do
trânsito em julgado da sentença condenatória – art. 106, § 2º, CP.
2.5.c. Classificação
Abrangência do perdão:
O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que
produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar – art. 51, CPP. Como
se vê, o ofensor (querelado) pode recusar o perdão, já que se trata de ato
bilateral, o que não ocorre com a renúncia. O prazo para o querelado dizer
se aceita o perdão é de três dias, sendo que o seu silêncio importará
aceitação tácita, desde que da notificação conste tal advertência (art. 58,
CPP). A aceitação poderá ser dada por procurador com poderes especiais
(art. 55, CPP).
Por fim, se o infrator for mentalmente enfermo ou incapaz, e não tiver
representante legal, ou se os seus interesses colidirem com os de seu
representante legal o juiz nomeará curador especial, o qual decidirá se
aceita ou não o perdão – art. 53, CPP.
O perdão, seja dentro ou fora do processo, seja ainda expresso ou tácito,
quando aceito pelo querelado extingue-se a punibilidade – art. 107, V, CP.
O prazo para o querelante perdoar o seu ofensor (querelado) é até o
trânsito em julgado da sentença condenatória – ar. 106, § 2º, CP. Note-se
a diferença, quanto ao prazo do perdão e da renúncia. Esta somente
poderá ocorrer antes de oferecida a queixa, enquanto que o perdão poderá
ser oferecido até o trânsito em julgado da sentença condenatória.
2
Código de Processo Penal Interpretado, Atlas, 11ª edição, 2006, pg. 241.
Finalmente, só é possível o perdão na ação penal privada exclusiva, uma
vez que na ação penal privada subsidiária da pública não é possível
extinguir-se a punibilidade pela vontade do querelante, porquanto o
Ministério Público é o exclusivo titular dessa ação. Caso o querelante
resolva perdoar o querelado, deverá o MP retomar a ação penal, nos
termos do art. 29, CPP.
3. Sujeitos do Processo
3.1. Introdução:
3.1.a. Juiz
b) Poderes jurisdicionais.
São os poderes relacionados à prestação do serviço jurisdicional,
propriamente dito, tais como a colheita de provas, tomada de
decisões/sentença e suas execuções.
c) Impedimento
Impedimento, como o próprio nome sinaliza, é a situação que torna o juiz,
o membro do Ministério Público, os peritos e interpretes, bem como os
servidores da justiça impedidos de atuarem no processo, em razão do
interesse que possui sobre o objeto da demanda. A lei presume que tais
profissionais, em razão do vínculo com o processo, perdem a
imparcialidade.
Observe-se que o impedimento do juiz decorre do vínculo dele com o
objeto do processo, ao passo que a suspeição decorre do vínculo do juiz
com uma das partes.
d) supeição
Suspeição decorre do vínculo do juiz com uma das partes, seja em razão
de amizade íntima, inimizade capital ou parentesco.
d.2. Procedimento
O próprio juiz deverá declarar-se suspeito, quando ocorrer alguma das
hipóteses acima descrita.
Caso, no entanto, nao se declare suspeito, qualquer das partes poderá
rejeitá-lo, arguindo-se a suspeição através da exceção de suspeição.
3.3. Acusado:
a) Identificação do acusado.
O art. 259 sintetiza que “ A impossibilidade de identificação do acusado
com o seu verdadeiro nome ou outros qualificativos não retardará a ação
penal, quando certa a identidade física. A qualquer tempo, no curso do
processo, do julgamento ou da execução da sentença, se for descoberta a
sua qualificação, far-se-á a retificação, por termo, nos autos, sem prejuízo
da validade dos atos precedentes.
3.4. Defensor
Art. 265. O defensor não poderá abandonar o processo senão por motivo
imperioso, comunicado previamente o juiz, sob pena de multa de 10 (dez)
a 100 (cem) salários mínimos, sem prejuízo das demais sanções cabíveis.
Art. 267. Nos termos do art. 252, não funcionarão como defensores os
parentes do juiz.
3.5. Assistente:
Art. 275. O perito, ainda quando não oficial, estará sujeito à disciplina
judiciária.
Art. 276. As partes não intervirão na nomeação do perito.
Art. 277. O perito nomeado pela autoridade será obrigado a aceitar o
encargo, sob pena de multa de cem a quinhentos mil-réis, salvo escusa
atendível.
Parágrafo único. Incorrerá na mesma multa o perito que, sem justa causa,
provada imediatamente:
a) deixar de acudir à intimação ou ao chamado da autoridade;
b) não comparecer no dia e local designados para o exame;
c) não der o laudo, ou concorrer para que a perícia não seja feita, nos
prazos estabelecidos.
Art. 278. No caso de não-comparecimento do perito, sem justa causa, a
autoridade poderá determinar a sua condução.
Art. 279. Não poderão ser peritos:
4. Competência Penal
Competência, no processo penal, é o âmbito dentro do qual cada órgão
jurisdicional (juiz ou tribunal) exerce a jurisdição – aplica o direito aos
casos concretos.
Como se sabe, a jurisdição é exercida por pessoas físicas devidamente
investidas, ou seja, a jurisdição se concretiza na pessoa do juiz.
Ocorre que, como não é possível que um juiz preste o serviço jurisdicional
em todas as matérias ou em qualquer lugar, a competência vem delimitar
a área de atuação desse profissional.