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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS DO
PONTAL – ICENP
Curso de Química

Físico-Química de Soluções e Eletroquímica - Experimental


Rosana Maria Nascimento de Assunção e Gilberto Brito

Experimento 3: Propriedades Termodinâmicas da Ionização

Roberta Marcelino 21811QMI017

Ituiutaba-MG
Janeiro/2022
1. INTRODUÇÃO
A Termoquímica é o estudo dos efeitos calóricos que acompanham as reações químicas,
a formação de soluções e as mudanças de estado de agregação, tal como fusão e vaporização.
As transformações físico-químicas são classificadas em endotérmicas, acompanhadas por
absorção de calor, ou exotérmica, por liberação de calor.
Como qualquer outra transferência de calor, o calor de uma reação química depende das
condições que existem durante a reação do processo. Quando uma transformação química
ocorre, a variação de energia interna ou na entalpia que acompanha essas transformações é igual
a entalpia total nas condições finais, ou aos produtos menos a entalpia total nas condições
iniciais. A variação de energia em um processo químico que depende das condições do
processo, como temperatura e pressão.
Uma dessas condições é a pressão constante, que normalmente é utilizada em
experimentos realizados em laboratório. O calor de reação medido a pressão constante, é
exatamente igual à variação de entalpia (ΔH) do sistema.
A constante de proporcionalidade entre uma quantidade de calor e a variação de
temperatura por ela provocada pode ser definida como capacidade calorífica. A capacidade
calorífica é uma propriedade extensiva, ou seja, quanto maior for a amostra, mais calor é
necessário para aumentar a temperatura e maior sua capacidade calorífica. Através de um
dispositivo denominado calorímetro podemos medir a transferência de energia na forma de
calor por meio da variação da temperatura, como realizado no primeiro experimento dessa
disciplina.
A energia de Gibbs padrão é a diferença em energia livre entre os produtos e reagentes
nos seus estados padrão em uma dada temperatura. A entropia padrão de reação é a diferença
entre a entropia padrão molar dos produtos e a dos reagentes.
Julius Thomsen publicou na década de 1880 dados de entalpias de neutralização de
ácidos e bases. Ele verificou que a entalpia de neutralização de um ácido forte por uma base
forte em solução diluída era praticamente constante e igual a -57,7 K.J.mol-1, a 25 ºC. Esse
resultado e alguns dados de condutividade conduziram Svante Arrhenius a propor, quase 7 anos
depois, uma nova teoria para o comportamento das soluções eletrolíticas. O mesmo sugeriu que
na solução existe um equilíbrio entre as moléculas não dissociadas do soluto e os íons que delas
provêm pela dissociação eletrolítica. Os ácidos e as bases fortes sendo quase que totalmente
dissociados e sua interação era para todos os casos na mesma proporção de íons (H+), (OH-) e
(H2O), explicando assim a constância do valor da entalpia de neutralização dos mesmos. Assim
sendo, a entalpia de neutralização pode ser definida como o calor liberado durante a
neutralização de uma solução diluída de ácido por uma solução diluída de base.
Herbert Harned publicou na década de 1930 diversos estudos comparando entalpia,
energia livre, entropia e capacidade calorífica de ionização do ácido acético em diferentes
soluções e proporções de água, metanol e dioxano.
Um dos objetivos deste experimento é obter o calor de reação associado ao processo de
ionização do ácido acético. No entanto, devido ao baixo grau de ionização, a medida
calorimétrica direta não é adequada. Considerando este aspecto, o calor de ionização do ácido
acético será obtido a partir do uso da Lei de Hess, considerando as reações de neutralização de
um ácido forte com uma base forte e da determinação calorimétrica do calor de neutralização
do ácido acético com hidróxido de sódio.

2. OBJETIVO
Determinar os parâmetros termodinâmicos H, G e S relativos à ionização do ácido
acético a partir de medidas calorimétrica e da determinação da constante de ionização do ácido
acético através de medidas de pH.

3. MATERIAIS E REAGENTES
Solução padronizada de CH3COOH 1M.
Solução padronizada de NaOH 1M.
Fenolftaleina.2 provetas de 100mL.
1 pipeta volumétrica de 20 mL.
1 bureta de 25 mL.
1 erlenmeyer de 125 mL.
1 pipeta graduada de 10 mL.
1 calorímetro.
Termômetro.
1 béquer de 100 mL.
1 béquer de 50 mL.
1 pHmetro.

4. PARTE EXPERIMENTAL
4.1 Determinação da capacidade calorífica do calorímetro
Para essa primeira parte, preparou-se o calorímetro e adicionou-se em um béquer de 100
ml limpo e seco 40 ml de água destilada. Fechou-se, agitou-se e anotou-se a temperatura da
água dentro do calorímetro, que foi de 29ºC. Em um outro béquer de 50 ml, adicionou-se a
mesma quantidade de água destilada e aqueceu-se em banho maria por cerca de um minuto e
meio, até que a temperatura da água chegasse até 48ºC. Transferiu-se a água quente para o
calorímetro que continha a água em temperatura ambiente e esperou-se que a temperatura
estabilizasse, o que ocorreu em 37ºC. Sabendo que a capacidade calorífica da água é 4,184 J.K-
1 g -1, determinou-se a capacidade do calorímetro. Os cálculos serão apresentados nos
Resultados e Discussões do presente relatório.
4.2 Determinação do calor de neutralização de CH3COOH (aq) e NaOH (aq)
O mesmo béquer de 100 ml foi utilizado durante todo o experimento, por isso, para essa
segunda etapa, secou-se o béquer, o agitador e o termômetro do calorímetro, em seguida, foram
adicionados 40 ml de uma solução de CH3COOH 1mol.L-1 e 2 gotas de fenolftaleína e aferiu a
temperatura para que a mesma estabilizasse em 29°C.
Para a segunda etapa do experimento, calculou-se o volume de NaOH 1 mol.L-1 capaz
de neutralizar o ácido, observando que por ser uma proporção molar de 1:1, seriam necessários
o mesmo volume de ambas as soluções, adicionou-se, então, 2 ml a mais para garantir a
neutralização. Retirou-se o termômetro da solução no calorímetro e com ele limpoe seco,
mediu-se a temperatura da solução de NaOH, sendo a mesma de 29°C. Misturou-se a solução
básica na ácida e anotou-se a temperatura quando a mesma se estabilizou, sendo de 35°C.
Também se notou a alteração na cor da solução, tornando-se rosa escura.
Por fim, esperou-se a solução alcançar a temperatura ambiente e mediu-se a massa do
béquer, sendo de 134,6825g, para que pudéssemos, posteriormente, calcular a massa total da
solução. Os cálculos serão apresentados nos Resultados e Discussões do presente relatório.
4.3 Determinação da constante de ionização do CH3COOH (aq)
Com os equipamentos do calorímetro limpos e secos, adicionou-se 20 ml de uma
solução de CH3COOH 1mol.L-1 e 3 gotas de fenolftaleína em um Erlenmeyer de 125ml, para
titular essa solução com NaOH 1 mol.L-1, utilizando um volume de 19,80 ml nessa titulação.
Por fim, adicionou-se mais 20 ml dessa mesma solução do ácido, agitou-se para que ocorresse
a mistura completa das soluções e transferiu-se um volume de 40 ml para um béquer de 50 ml
e mediu-se o pH, obtendo uma solução ácida de 4,60.

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1 Determinação da capacidade calorífica do calorímetro
Os cálculos para essa etapa estão presentes no relatório 2, já que o mesmo é apresentado
como a primeira parte do presente relatório.
5.2 Determinação do calor de neutralização de CH3COOH (aq) e NaOH (aq)
Dados: Tamb HAc = 29ºC TNaOH amb = 29ºC Tmist = 35ºC
Coloração da mistura: Rosa escuro. Massa do béquer vazio: 53,5149g
Massa do béquer c/ solução: 134,6825 g Massa da solução: 81,1676 g

qreação + qsolução + qcal = 0


= −(msolução . CNaCH3COO . (T3 − T1) + Ccal (T3 − T1))
= −(81,1676 g . 2,50 J°Cˉ¹gˉ¹ . (35°C − 29°C) + 62,76 J°Cˉ¹gˉ¹ (35°C − 29°C))
𝛥𝐻𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐻 = −6928,52 °𝐶. 𝐽
−6928,52 °𝐶. 𝐽. 𝑚𝑜𝑙ˉ¹
𝛥𝐻𝑚 = = −173213,1 𝐽. 𝑚𝑜𝑙ˉ1 𝑜𝑢 − 173,21 °𝐶. 𝐽. 𝑚𝑜𝑙ˉ¹
0,04 𝑚𝑜𝑙
5.3 Determinação da constante de ionização do CH3COOH (aq)
CH3COOH (aq) + OH- CH3COO- (aq) + H2O (aq) ΔH= -173,21 °CJ.mol-1
H2O (aq) H+ (aq) + OH- (aq) ΔH= 55,9 KJ.mol-1

CH3COOH ⇌ H+ (aq) + CH3COO- (aq) ΔHionização = ???


[CH3COO-] aproximadamente igual [CH3COOH]

Aplicando a Lei de Hess: ΔHionização = (-173,21 °CJ.mol-1 + 55,9 KJ.mol-1 = -117,31


KJ.mol-1
Para encontrar a Energia livre de Gibbs, utilizou-se os seguintes cálculos:
𝑝𝐾𝑎 = −𝑙𝑜𝑔𝐾𝑎
𝐾𝑎 = 10ˉ4 ’60 = 2,50.10ˉ⁵

−𝑅. 𝑇. 𝑙𝑛𝐾 = Δ𝐺
𝛥𝐺° = −0,082 𝑎𝑡𝑚. 302,15𝐾. 𝑙𝑛2,50.10ˉ5
𝛥𝐺° = 262,54 𝑐𝑎𝑙. 𝑔. 𝐾
E por fim, para encontrar a variação de entropia de todo o processo, utilizou-se os
seguintes cálculos:
𝛥𝐺° = ΔHionização − T. ΔS°
262,54 𝑐𝑎𝑙. 𝑔. 𝐾 = −117,61 𝐾𝐽. 𝑚𝑜𝑙ˉ1 − 302,15𝐾. Δ𝑆°
−262,54 𝑐𝑎𝑙. 𝑔. 𝐾 − 117,61 𝐾𝐽. 𝑚𝑜𝑙ˉ1
𝛥𝑆° = =
302,15𝐾
𝛥𝑆° = −1,26 𝐽. 𝐾

6. CONCLUSÃO
Os erros encontrados ao longo dos cálculos devem principalmente a precisão da
temperatura e das vidrarias utilizadas. Os valores encontrados estão próximos aos de referência
da literatura, o que significa que o método utilizado se mostra confiável, considerando a sua
simplicidade. O valor da Energia de Gibbs pode ser considerado mais confiável, já que ele só
depende do valor da constante de acidez da solução, excluindo assim algumas fontes de erros.
Através do experimento 1 foi possível calcular a capacidade calorífica do calorímetro
e com isso obter os valores de variação de entalpia, entropia e Energia de Gibbs padrão no
presente experimento, para a ionização do ácido acético com uma precisão razoável.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- SANTOS, dos Reis Bruna; ALVES, Bruno; MAKARA, Cleyton; PONTES, Marcelo.
Propriedades termodinâmicas da ionização do ácido acético. XDocs, 2013. Disponível em:
https://xdocs.com.br/doc/propriedades-termodinamicas-da-ionizaao-do-acido-acetico-
d8m3dg064pop. Acesso em: 20 de janeiro de 2022.
- CONSTANTINO, M.G., SILVA, G.V.J. DADONATE, P. M. Fundamentos de Química
Experimental. São Paulo: Edusp, 2004.
- ATKINS, P.W., JONES, L. Princípios de Química: Questionando a vida moderna e o meio
ambiente. Porto Alegre: ed. Bookman, 2001.

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