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Editora Saber Ltda
Diretor Efeitos de uma
Hélio Fittipaldi
crise econômica

s www.mecatronicaatual.com.br

Editor e Diretor Responsável


Hélio Fittipaldi
Redação
E o ano da crise mundial se foi. Muita coisa aconteceu em diversos países,
mas no Brasil alguns setores se deram melhor que outros. O que notamos é que
havia um concerto entre vários empresários e associações em comparar a queda
Daniele Aoki, de vendas deste ano em relação a 2008. Até parece que o salto significativo de
Monique Souza,
Natália F. Cheapetta,
vendas de 2007 para 2008 não era nada. Se compararmos 2007 com 2009 po-
Thayna Santos deremos notar pequena diferença para melhor ou pior, dependendo do setor.
Revisão Técnica
Eutíquio Lopez Segundo a Abinee o comportamento da área de automação industrial não
Produção
Diego Moreno Gomes,
foi uma das melhores como um todo, e para ilustrar melhor o comportamento
Renato Paiotti do setor resolvemos registrar os 3 últimos anos. Em 2007 tivemos um fatura-
Designer
Carlos C. Tartaglioni, mento de R$ 3097 milhões a preços correntes. Em 2008, R$ 3446 milhões e
Diego Moreno Gomes
Colaboradores
em 2009, R$ 2861 milhões, ou seja pouco abaixo de 2007, logo considerando-se
Alamir da Luz Jr., Anderson Almeida o tamanho da crise, o efeito em nosso país foi mesmo pequeno.
V. de Souza, Carlos Alberto Grosman,
César Cassiolato, Filipe Pereira, Frank Notamos que o empresariado não está demitindo os funcionários qualificados
Zimmermann, Halley R. Monteneri Mora,
Johnson Pontes de Moura, Leonardo e isto mostra a confiança de breve retomada. A Abinee projeta um crescimento em
Pereira Bastos, Marconi Patrício de
Arruda, Pavel Svejda, Renato Paiotti, 2010, de 11 % sobre os resultados de 2009, para a automação industrial, devendo
Rogério de Almeida Otaviano
chegar a R$ 3176 milhões, um pouco acima do número de 2007.
PARA ANUNCIAR: (11) 2095-5339
publicidade@editorasaber.com.br Nesta edição, mostramos ainda a breve história que aconteceu há alguns

Capa
anos com um acidentado em uma prensa. Muitos falam sobre os acidentes e
Arquivo Editora Saber quando acontecem projetam que o futuro do acidentado será difícil, mas não
Impressão
Parma Gráfica e Editora chegam perto de imaginar a realidade dos próximos anos para o acidentado,
Distribuição
Brasil: DINAP sua família e seus colegas de trabalho. Ao constatar em nossa Redação a triste
Portugal: Logista Portugal tel.: 121-9267 800
história do Sr. Jube, resolvemos mostrar o que vem ocorrendo em nosso país
ASSINATURAS
nos últimos anos, e as parcas providências do poder público.
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Mecatrônica Atual é uma publicação da


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administração, publicidade e correspondência:
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03087-020, São Paulo, SP, tel./fax (11) 2095-5333

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3
índice

26
Diagnóstico de falhas
16 e alarmes em Sistemas
Supervisórios e CLPs

40 26 Como programar o CLP


CJ1, da OMRON

44 33 Protocolo digital Hart

40 Segurança em
automação industrial

44 Pintura automatizada Dürr

48 Sitara - Microprocessador
para aplicações industriais

Editorial 03
Notícias 06
Reportagem: Segurança 14

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//notícias

Schneider Electric / divulgação


s
A Schneider Electric atua de forma padronizada na Foz do Brasil,
proporcionando unificação da automação e supervisão, dos
Schneider Electric faz parceria treinamentos e do intercâmbio de seu corpo técnico.
com a Foz do Brasil
A empresa Schneider Electric fechou uma parceria para
o fornecimento de soluções para a Foz do Brasil, uma em- Combustol conquista Recertificação
presa da Organização Odebrecht. A companhia, especialista ISO 9001:2000
na gestão de energia e automação, está modernizando os A Divisão de Tratamento Térmico da Combustol, per-
sistemas de abastecimento de água e esgoto sanitário nas tencente ao Grupo Combustol & Metalpó, acaba de obter a
concessões e parcerias em que a Foz do Brasil atua. recertificação para a ISO 9001:2000, norma que se baseia em
Com a aplicação dos produtos da Schneider a Foz do princípios de gestão usados como um guia para a melhoria
Brasil está alcançando economia e interação. A implantação da performance das organizações.
de novas soluções de automação e supervisão facilitou tam- “A manutenção da certificação é de extrema importância
bém a gestão operacional dos processos de bombeamento e para nossa empresa, pois ela significa uma garantia para nos-
tratamento de água, assim como afastamento e tratamento sos clientes, que exigem esta norma. Com a IS0 9001:2000,
de esgotos. eles sabem que estamos atendendo todos os requisitos de
“Este sistema eficiente auxilia na economia dos recursos qualidade demandados”, diz Edno Zucherato, coordenador
naturais e também financeiros. Essa parceria trará muitos de engenharia e representante da direção no Sistema de
ganhos, tanto para a Foz do Brasil quanto para o meio am- Qualidade da Divisão.
biente”, garante Carlos Alberto Costa Crusciol, gerente de A Divisão de Tratamento Térmico trabalha na implanta-
Contas de Saneamento da Schneider Electric. ção de adequações relacionadas à ISO 9001:2008, revisão
A Schneider Electric atua de forma padronizada na Foz que substituirá a atual norma ISO 9001:2000, até o prazo de
do Brasil, proporcionando unificação da automação e su- 11 de novembro de 2010. De acordo com Zucherato, a nova
pervisão, dos treinamentos e do intercâmbio de seu corpo revisão contempla poucas mudanças na essência da norma.
técnico. Limeira (SP) foi o primeiro município beneficiado “Basicamente, a ISO 9001:2008 traz um maior detalhamento
pelas melhorias do sistema supervisório. Cachoeiro do Itape- na descrição dos requisitos, proporcionando maior clareza
mirim (ES), Vitória (ES), Rio Claro (SP) e Rio das Ostras (RJ) e facilidade de utilização”, completa.
serão as próximas cidades que contarão com as soluções em Na próxima auditoria de manutenção, realizada semes-
suas estações de tratamento de água (ETA), de tratamento tralmente, a divisão de Tratamento Térmico da Combustol
de efluentes (ETE) e elevatórias de esgoto (EEE). já estará com as adequações realizadas conforme as novas
Por meio de soluções que incorporam a instalação de con- exigências, visando a obtenção da ISO 9001:2008.
troladores programáveis, variadores de velocidade, chaves de
partida soft-start e sistemas de supervisão, a Foz do Brasil
acompanha todas as ações em cada uma das cidades pela Curtas
Web. Com isso, a empresa gerencia as redes, as estações de
bombeamento e os reservatórios de forma simples e rápida. Crescimento
Outra vantagem é o monitoramento da distribuição de água A atividade industrial paulista cresceu pelo segundo Em
mês consecutivo em outubro, mas o ritmo de expansão pes
e do transporte de esgotos 24 horas por dia. caiu mais do que pela metade, segundo dados da Fiesp. de
A visualização instantânea de alarmes e o controle da O Indicador de Nível de Atividade (INA) cresceu 1,6% Beb
vazão de entrada e saída das estações elevatórias de esgoto, em outubro ante setembro, segundo dados com ajuste Ent
por exemplo, permitem tomadas de decisões rápidas, caso sazonal. Sem ajuste, houve alta 4,5%. Mas na compara- dad
o sistema identifique entupimento de redes ou problemas ção com outubro de 2008, a atividade recuou 4,6%. No nuc
ano, o INA acumula baixa de 11,6%. dad
com as bombas. Outro destaque das soluções implantadas O dado de setembro foi revisto para baixo para cresci- de
pela Schneider Electric é a geração de relatórios detalhados mento de 3,6% contra agosto com ajuste, ante a leitura
sobre todos os processos. preliminar de alta de 4,3%.

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//notícias
Balanço da Abinee no ano
da crise econômica
O desempenho das indústrias de elétrica e eletrô-
nica não foi tão bom quanto o ano passado. Segundo a
pesquisa da ABINEE - Associação Brasileira da Indústria
Eletroeletrônica, anunciada em coletiva de imprensa
por seu presidente, Humberto Barbato, uma queda de
aproximadamente 9% ocorreu devido aos reflexos da
crise econômica mundial, afetando a economia brasileira,
tanto quanto o setor e seus segmentos. O faturamento
total passou de R$ 123,1 bilhões (2008) para R$ 112,2
bilhões neste ano.
Sustentados pela carteira de pedidos pré-crise e in-
vestimentos dos setores de petróleo e gás, fabricantes
de bens de capital, como Automação Industrial, conse-
guiram níveis razoáveis de faturamento no começo de Queda no faturamento de
2009. Porém, a partir do segundo trimestre começaram outubro preocupa Abimaq
a ressentir a falta de novas encomendas. Esta área apre- Em relação ao mês anterior, a Abimaq, Associação Brasileira
sentou uma queda de 17%, a segunda maior retração, da Indústria de Máquinas e Equipamentos, registrou uma queda
perdendo só para o setor de telecomunicações. Suas de 10,1 % no faturamento de seus associados. Os números con-
exportações fecharam com redução de 18% e as im- tinuam em baixa ao comparar janeiro-outubro deste ano com
portações, 12%. o mesmo período em 2008. A queda do faturamento foi 21,2%,
Para 2010, a expectativa das empresas é que o fatu- passando de R$ 65,63 bilhões para R$ 51,72 bilhões, neste ano.
ramento total atinja R$ 124,9 bilhões. O setor de auto- Com a inflação, o total pode chegar a 23,6% negativo.
mação fica na dependência econômica do país e espera Segundo o Diretor Secretário da Abimaq, Carlos Buch Pas-
um crescimento de aproximadamente 11%. Segundo toriza, a empresa esperava que o volume de faturamento fosse
Nelson Ninnin, diretor da ABINEE da área de Automação chegar a uma queda de 15%, no entando, registrou cerca de
industrial e presidente mundial da ISA (associação dos 20%. “Isto é um reflexo do auge da crise. Este mês de outubro
profissionais de automação fundada nos Estados Unidos foi um buraco negro”, afirma o diretor.
em 1.945), a área de manufatura está lenta e saturada O faturamento bruto real de máquinas e equipamentos,
em comparação com a de processo. de janeiro-outubro, em 2006 foi R$ 49,23 bilhões, crescendo,
O nível de empregos do setor eletroeletrônico em 2007, para R$ 54,55 bilhões. Em 2008, houve um aumento
também está instável. No começo do ano, o número de significativo para R$ 66,35 bilhões. E este ano caiu para R$ 51,47
funcionários chegou a 161 mil, passou para 155 mil em bilhões. A alta porcentagem na queda é consequência de um au-
maio e pode terminar o ano com 160 mil. O fato desta mento significativo no ano passado. Uma vez que os números de
instabilidade ocorrer sem muitas demissões mostra as 2007 e 2009, se comparados, não apresentam tanta diferença.
boas expectativas das empresas para o ano que vem,
pois o custo de demissão e de recontratação a curto Contratações
e médio prazo não compensa. Com isso, o número de Se por um lado, o faturamento anual da Abimaq caiu, por
empregados em 2010, pode chegar a 163 mil ou mais. outro, as contratações feitas pela empresa continuam a subir. O
setor está otimista e por três meses consecutivos, agosto/setem-
bro/outubro, apresentou uma incremento de 0,1%, resultando
em 272 novos contratados. No entanto, em comparação com
o mesmo período do ano passado, que foi um ano excepcional,
o número de empregados caiu 6,8%.
Em outubro, um dos destaques de alta entre os setores Perspectivas
são pesquisados foi Veículos Automotores, com avanço
sp. de 7,9% mês a mês com ajuste sazonal, e Alimentos e Entre as perspectivas para o próximo ano, a desoneração
6% Bebidas com expansão de 7,7%. total do setor é esperada pelo presidente Luiz Aubert Neto.
te Entre os setores, as maiores taxas de uso da capaci- “Esperamos que em 2010, o governo fique sensibilizado com a
a- dade foram de Coque, refino de petróleo, combustíveis nossa situação e desonere a nossa cadeia produtiva para voltar
No nucleares e produção de álcool, com 98,9%, segundo a gerar crescimento e empregos dentro do País”. E como todo
dados sem ajuste sazonal, e Celulose, papel e produtos
sci- de papel com 91,5%. início de ano o primeiro trimestre é fraco para investimentos,
ura a Abimaq acredita que só após o carnaval, o setor poderá
apresentar indícios de melhoria.

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//notícias

www.multimidia2.wordpress.com/Ricardo Stuckert/PR
Com a recente descoberta do pré-sal, o Instituto Mauá de Tecnologia
lança o MBA Engenharia e Negócios do Gás e Petróleo. O Programa
Mauá oferece MBA em Engenharia do curso foi elaborado com as exigências do mercado sob consulta
e Negócios do Gás e Petróleo de grandes empresas do setor.
Com a recente descoberta do pré-sal, a sua exploração
tende a abrir oportunidades para o país e principalmente para
profissionais de diversas áreas. Com o objetivo de preparar
os graduados interessados nesta especialização técnica, o Curtas
Instituto Mauá de Tecnologia - IMT está lançando o MBA
Engenharia e Negócios do Gás e Petróleo. Emprego
O curso terá a carga horária de 360 horas e será minis- O emprego na indústria paulista teve em outubro o
trado às segundas e quartas- feiras no próprio campus do maior aumento desde abril do ano passado, dando
continuidade à recuperação iniciada em setembro.
Instituto. A metodologia de aulas envolve análises, discussões Foram geradas 9 mil vagas no mês, alta de 0,28%
de casos, debates e exercícios ao longo de todo o curso. sobre o mês anterior, segundo dados com ajuste
Este programa foi elaborado a partir da identificação das sazonal divulgados pela Federação das Indústrias
exigências do mercado, mediante consulta a empresas de do Estado de São Paulo (Fiesp) nesta quarta-feira
grande porte do setor, para identificar as habilidades e com- (11). Sem ajuste sazonal, o emprego cresceu 0,41%.
O ajuste sazonal é um cálculo feito para eliminar
petências imprescindíveis ao entendimento da real dinâmica efeitos particulares de cada mês, como os ligados
do modelo de negócios do setor de Gás e Petróleo. a feriados, datas comemorativas, estação do ano e
Assim, entre outras disciplinas, o programa do curso inclui outros.
Regulamentação e Legislação para Atividades de Exploração Na comparação de outubro deste ano com o
e Refino de Petróleo e Distribuição de Petróleo e Gás, Ges- mesmo mês de 2008, o nível de emprego teve baixa
de 7,61%, com 184 mil postos de trabalho a menos.
tão Ambiental, Geopolítica e Usabilidade do Gás Natural, No ano, o nível de emprego na indústria do Estado
Mercado do Gás Natural e Desenvolvimento Tecnológico, acumula baixa de 1,49 %, com o fechamento de 34
Fundamentos da Geologia do Petróleo e Gás; Dinâmica do mil vagas.
Processo de Exploração de Petróleo e Gás, Tecnologia de Dezesseis dos 22 setores pesquisadas registraram
Perfurações de Poços e Sistemas de Distribuição Mercado contratações em outubro, enquanto quatro aponta-
ram demissões e dois tiveram estabilidade. O setor
Internacional: /Trading/ de Petróleo e Gás. com o maior número de abertura de vagas foi o de
As inscrições já estão abertas. A primeira turma tem Veículos Automotores, com 1.763 novos postos.
início em março de 2010. Informações e inscrições no site
www.maua.br/posgraduacao.

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energia

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//notícias
Ford anuncia investimento

www.blig.ig.com.br/salaoford / divulgação
de R$ 4 bilhões no País
A Ford anunciou na Bahia, a ampliação da fábrica
de Camaçari, projeto que ficará com grande parcela
de um investimento de cerca de R$ 4 bilhões que
será gasto pelo grupo em todas as unidades no País
nos próximos cinco anos. É o maior investimento
da empresa no Brasil, segundo fontes do setor auto-
mobilístico e governamental. O programa anterior,
para o período 2007/2012, é de R$ 3,4 bilhões e se
somará ao novo aporte.
A solenidade teve a presença do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva e do governador da Bahia, Jaques
Wagner (PT).
O presidente da Ford Brasil e Mercosul, Marcos
de Oliveira, apresentou os novos projetos da com-
panhia, que incluem desenvolvimento de veículos,
um deles provavelmente o substituto do EcoSport.
A fábrica de Camaçari opera no limite de sua capa-
cidade - de 250 mil carros ao ano - e sua ampliação
vinha sendo negociada há pelo menos dois anos.
Para a construção da fábrica, a primeira de uma
grande montadora do Nordeste, a Ford aplicou US$
1,2 bilhão (na época, o equivalente a R$ 3,2 bilhões).
Na ocasião, foi beneficiada pelo regime automotivo
do Nordeste, que concedeu benefícios fiscais, como
a isenção de impostos por vários anos. A unidade
trabalha no sistema modular de produção, com
vários fornecedores instalados dentro da fábrica e
que também vão arcar com parte do investimento.
São produzidos na linha de montagem os modelos
Fiesta, Fiesta sedã e EcoSport.
Nas próximas semanas, outra montadora, a
Volkswagen, deve anunciar novos investimentos prin-
cipalmente para a fábrica Anchieta, em São Bernardo
do Campo (SP), onde são produzidos os modelos Gol,
“R$ 4 bilhões a serem gastos em todas as unidades no País nos próximos cinco Polo, Saveiro e Kombi, em várias versões. Recente-
anos.” De acordo com o setor automobilístico e governamental, este é o maior mente, a General Motors anunciou um programa de
investimento feito pela empresa no Brasil.
R$ 2 bilhões até 2012.

Produtos
Cognex Visionview disponível play touch screen para os sistemas de positivo de armazenamento externo.
em duas plataformas visão Cognex In-Sight, que permite aos Outra novidade é a opção de execu-
operadores ver e monitorar de perto a tar a interface de operação VisionView
atividade dos sistemas de visão nas linhas em um PC. O software oferece todos
A empresa Cognex Corporation, de produção. os recursos do painel de operações
desenvolvedora de sistemas e sen- O VisionView 1.2 aumenta a captura e flexibilidade para utilização de qual-
sores de visão, aprimorou a interface de dados do aplicativo. A nova função quer display que possa ser conectado
de operação VisionView® com novas de pan e zoom permite um exame mais a um PC.
funções que oferecem visualização minucioso das peças defeituosas e facilita Estes aprimoramentos concedem aos
mais detalhada das peças ou compo- a regulagem precisa do foco do sistema operadores do chão da fábrica um
nentes inspecionados, armazenamento de visão para obtenção de imagens de controle maior sobre seus aplicativos
simplificado de imagens das peças alta resolução. Os operadores das linhas de visão e melhor compreensão.
reprovadas e opção para inspeção de produção também podem transferir
via PCs. É uma interface com dis- imagens de peças reprovadas para um dis-

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//notícias
Produtos

Sensor de Visão vedado com


múltiplos recursos de Inspeção

O sensor de visão vedado da Banner Engineering


com invólucro IP68 oferece durabilidade em rigoro-
sas condições industriais e de lavagem. O invólucro
resistente de alumínio com revestimento de níquel
do novo Presence PLUS P4 OMNI resiste a choques
e vibrações. A unidade autocontida não requer um
controlador à parte.
O novo Sensor de Visão serve para várias aplicações,
como: Inspeção de alinhamento de rótulos;Verifica-
ção e comparação de cores; Detecção de defeitos;
Inspeção de embalagens;Verificação de montagem;
Detecção de nível de preenchimento; Inspeção de
gotas de cola; Inspeção de tampas de frascos; Pre-
venção de erros, entre outros.
Foi projetado para ser utilizado nas indústrias, inclu-
sive as de alimentos e bebidas, farmacêutica, automo-
tiva, embalagens, manuseio de materiais e gráfica. Os modelos estão disponíveis com resolução de 640 x 480, ou de
As ferramentas de posição, análise e geometria do 1280 x 1024 para inspecionar áreas maiores em mais detalhes. Entre as
sensor permitem realizar a inspeção simultânea de opções funcionais destacam-se a leitura de códigos de barra 2D e 1D,
múltiplos itens para abranger aplicações complexas. reconhecimento/verificação óptica de caracteres (OCR/OCV) e inspe-
A interface intuitiva para o usuário, idêntica em ção de esferas. São oferecidos como acessórios tampas de lente e aneis
todos os sensores PresencePLUS, assegura a facili- de luzes LED com classificação IP68 em infra-vermelho, vermelho, verde,
dade de instalação e operação. branco ou azul.

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//notícias
Novidades na Brazil Automation ISA 2009
No mês de novembro a empresa Elipse Software participou
do Brazil Automation ISA 2009, o 13° Congresso Internacio-
Produtos
nal e Exposição Sul-Americana de Automação, Sistemas e
Instrumentação. O evento, considerado o maior nas áreas de Siemens no Brasil desenvolve
instrumentação e automação industrial da América Latina, foi relé de proteção térmica digital
realizado em São Paulo. Durante a feira, a Elipse apresentou para transformadores
seus principais produtos e lançamentos.
A Siemens no Brasil desenvolveu o relé de proteção
A novidade exposta pela empresa foi o Elipse Plant Manager, térmica digital Simotemp, integralmente adequado
historiador de processos capaz de coletar, consolidar e armaze- à tecnologia de redes inteligente (smart grids). A
nar dados provenientes de várias fontes de tempo real ou his- solução foi criada para proteção térmica de trans-
tóricas, proporcionando uma plataforma para a integração dos formadores e é indicada para equipamentos onde
universos de TI e TA. A solução permite desenvolver aplicações são necessários o controle e proteção confiáveis da
temperatura. Esse novo produto indica com maior
de inteligência industrial e análise de dados, auxiliando na tomada precisão a temperatura do óleo e enrolamentos do
de decisões e na melhoria da performance produtiva. transformador, fatores que influenciam diretamente
“Gostei do Elipse Plant Manager por agregar um grande co- no envelhecimento do sistema de isolação (papel
nhecimento na área de automação”, disse Ivando Severino Diniz, e óleo). Com isso é possível um controle mais efi-
professor do curso de Engenharia de Controle e Automação, da ciente do sistema de refrigeração, visando prolongar
o tempo de vida útil do transformador.
Universidade Estadual Paulista – Campus de Sorocaba. Totalmente desenvolvido pela Siemens no País, na
Um outro lançamento foi o E3 Power, plataforma criada fábrica da empresa em Jundiaí (SP), o Simotemp
para garantir confiabilidade, qualidade e eficiência ao processo reforça o posicionamento global da empresa em
de operação de redes de distribuição de energia elétrica. O fornecer ferramentas inovadoras que podem contri-
software apresenta um conjunto de sofisticados aplicativos de buir desde a geração até a distribuição e consumo
de energia elétrica dentro do conceito das smart
análise de sistemas elétricos como: Processador Topológico, grids. Trata-se de um produto confiável, preciso e
Fluxo de Potência e Estimador de Estados. Além disso, possui que pode ser utilizado praticamente em qualquer
um ambiente de simulação que facilita a integração entre os transformador, além de ser de fácil programação e
setores de pré e pós-operação com o centro de controle da aplicação. No País, a companhia já tem solicitações
empresa. para fornecimento dessa solução.
O Simotemp monitora as temperaturas do óleo
A versão 3.2 do E3 também foi exposta na feira. A novidade isolante e a temperatura do ponto quente (hot spot)
traz diversas melhorias em praticamente todos os componentes de até três enrolamentos em um único aparelho.
que integram o software. Uma série de implementações podem Além disso, possui memória de massa para armaze-
ser visualizadas no E3 Playback, E3Alarm, aba Penas do E3Chart, namento de dados e registro de eventos, função de
E3 Studio, E3 Viewer, IODriver / IOServer, entre outros. pré-resfriamento e exercício do sistema de refri-
geração.Visando facilitar a interface com o usuário,
E um outro destaque da Elipse foi o E3 Playback, solução que possui entrada USB frontal e software dedicado
permite a interpretação de ocorrências passadas referentes a para configuração, download e análise dos dados em
qualquer tipo de processo. memória através de ferramenta gráfica, incluído em
Para mais informações acesse o site www.elipse.com.br. cada Simotemp. Sua confiabilidade é obtida através
do emprego de componentes de alta qualidade e
sistema de contingência.

Curtas

Testes
A Cognex disponibiliza para os mais variados setores As empresas interessadas em conhecer as aplicações,
da indústria no Brasil alguns de seus kits desenvolvidos tecnologia e benefícios do sensor de visão Checker
pela empresa para apresentar aos clientes as funcio- 3G, do sistema de controle visual em cores In-Sight
nalidades de suas soluções de rastreabilidade. Dessa Micro, e do menor leitor de identificação fixo de alta
maneira, é possível obter maior conhecimento dos performance do mundo, o DataMan 200, agora podem
recursos técnicos e de suas vantagens para alcançar agendar testes prévios com a presença do engenheiro
alta produtividade, controle minucioso e segurança na de vendas da Cognex, José Carlos Bernardes Oliveira,
produção de todo tipo de mercadoria antes da decisão ou com representantes das distribuidoras da empresa
pela compra. no Brasil, Pollux e OMNI.

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reportagem

Automação Segura
s Por que os acidentes
acontecem!?
Mesmo com a criação de normas de seguran-
ça acidentes continuam sendo frequentes em
algumas empresas.

U
ma coisa que qualquer um pode constatar das sanções de lei. Nem todos os países
são os danos físicos, psicológicos e materiais observam o mesmo rigor, chegando alguns
que os acidentes ocasionam em quem os a ignorar qualquer norma de proteção ao
sofre. Os que convivem com o acidentado trabalhador e ao usuário dos produtos e
também são afetados na parte psicológica, serviços das empresas.
sejam parentes ou colegas de trabalho. Felizmente a globalização tem contribuido
Isto impacta na empresa e nos seus positivamente para que em todo o mundo se
produtos de modos diferentes de acordo adotem normas de proteção, pois a concor-
com o ramo de atividade, a ponto de se rência pelo mercado global é feroz e não se
refletir em seu faturamento e ocasionar admite mais hoje em dia, que se aceite em
sérias consequências para a vida dela. razão de preço menor, um produto que não

saiba mais Conforme essa situação ficou mais


evidente, na segunda metade do século
passado algumas normas começaram a
observa as principais normas internacionais
como a IEC, a ISO e outras.
No Brasil o órgão que estabelece as normas
Segurança Funcional (SIS) - Parte 1 ser elaboradas para tentar corrigir estas é a ABNT - Associação Brasileira de Normas
Reduza o risco de acidentes na fatalidades que, às vezes, atingiam a vida Técnicas, que vem se esforçando para estar
sua empresa
Mecatrônica Atual 24 dos trabalhadores. atualizada como as principais associações
Por isso mesmo, o que muita gente do mundo. Um comitê é formado por um
A máquina que você trabalha é desconhece é que ao se elaborar uma norma grupo de pessoas que representam o setor e
segura? o que é considerado em primeiro lugar, é as empresas que fazem parte da associação,
Mecatrônica Atual 28E a vida do ser humano e dos animais. Nas para discutir as normas sobre determinado
Conheça o CIP Safety, protocolo para nações mais civilizadas e também pioneiras assunto. Na maioria das vezes se baseiam
a área de segurança na adoção dessas normas, o poder público em normas já existentes em outros países e
Mecatrônica Atual 35 zela por sua aplicação correta sob pena as adaptam para a nossa realidade.

14 Mecatrônica Atual :: Novembro/Dezembro 2009

MA43_Report_Acidentes.indd 14 8/12/2009 18:11:38


reportagem

a Deixando de lado o mau atendimento


hospitalar, do INSS e da empresa, per-
gunta-se: as máquinas dessa empresa
tinham manutenção preditiva!? Haviam
normas de segurança, na época, que não
foram observadas pelo fabricante da
prensa e pela fábrica de brinquedos!?
Com as normas atuais e a evolução da
tecnologia consegue-se evitar atualmente
que este tipo de acidente aconteça!?
Nem sempre, pois ainda há muita
máquina antiga funcionando nas indústrias
que não foi atualizada, ou como dizem no
meio, não foi “retrofitada” pela empresa
proprietária. Também existem máquinas
novas que não estão dentro das normas
de segurança.
Em Belo Horizonte/Minas Gerais já
encontramos medidas de segurança para
os trabalhadores. Desde 2003, o Ministé-
rio do Trabalho e Emprego e o Ministério
Público desenvolvem o Projeto Prensa,
cujo o objetivo é fomentar a proteção de
prensas e reduzir o índice de acidentes
com mutilações de trabalhadores no
Caso e Depoimento de Acidentado estado mineiro. Desde que foi iniciado o
Em 1969, trabalhando havia um ano projeto, cerca de 500 máquinas já foram
numa famosa fábrica de brinquedos, o reformadas de acordo com as normas
operário metalúrgico Jube Angelo Tomazi de segurança, segundo informações das
sofreu um acidente numa prensa de 400 procuradoras responsáveis pela sua
toneladas que pegou os dedos das duas condução no Ministério Público do Tra-
Como a norma é estabelecida e não mãos. “Um anel que freava a máquina balho, Sônia Toledo Gonçalves e Maria do
há nenhuma sanção responsável pela não se rompeu e ela entrou em operação Carmo de Araújo.
aplicação e muito menos há fiscalização automática pegando as minhas mãos” “A retirada das prensas por meio de
eficaz, cabe aos prejudicados recorrerem à conta Jube. Na época, ele ficou de licença adjudicação é uma iniciativa piloto, que
Justiça caso algum acidente aconteça e o pelo INPS (atual INSS) por 30 dias. Sem adotamos para garantir a proteção dos
culpado não seja a vítima, fazendo assim os dedos da mão esquerda, e um enxerto trabalhadores com a definitiva eliminação
valer os seus direitos. Aí sim, a norma pode no dedo indicador que ficou torto e sem das máquinas obsoletas do mercado . A
ser usada pelo advogado da vítima para movimento,como mostra a foto tirada mesma providência poderá ser adotada
consubstanciar o processo contra a ré. pela nossa reportagem, teve alta e voltou em outras empresas que se recusarem
O que ocorre muito é que as vítimas a trabalhar na mesma prensa. Em 15 dias a reformar seu maquinário”, enfatizou
não sabem dos seus direitos e não vão gangrenou um dedo da outra mão atingida Maria do Carmo de Araújo.
à Justiça para reinvindicá-los, seja um (a direita) e devido ao discutível atendi- De acordo com dados da Previdência
trabalhador, um usuário de serviços ou mento hospitalar, teve novo afastamento Social, 25% dos acidentes de trabalho
o cliente de um produto. Conforme este para amputá-lo. Ao voltar ao trabalho, ferem ou mutilam as mãos e punhos de
entendimento vem evoluindo por parte das alegou que não tinha condições psicoló- trabalhadores, sendo que as PRENSAS,
empresas, dos trabalhadores e consumido- gicas para continuar na mesma máquina e mecânicas ou hidráulicas, ocupam o pri-
res, as normas são melhor estabelecidas pediu para ser transferido de seção. Dois meiro lugar dentre as máquinas de maior
para o resguardo das partes envolvidas e meses depois foi mandado embora. Dada risco. A PRENSA é um equipamento
todos saem ganhando, pois também são a mutilação e só com ensino primário, não usado para conformar, moldar, cortar,
cada vez mais aplicadas. A Redação de conseguiu mais emprego. Como a maior furar, cunhar e vazar peças. Em geral, são
Mecatrônica Atual vem se preocupando parte dos trabalhos da empresa necessi- máquinas obsoletas, inseguras, responsá-
nos últimos anos com este tema e como tavam das mãos, passou a ser, informal- veis por histórias de esmagamento/ampu-
fazer uma abordagem adequada e técnica mente, vendedor ambulante. tação de dedos e mãos de trabalhadores.
do problema em nosso país. MA

Novembro/Dezembro 2009 :: Mecatrônica Atual 15

MA43_Report_Acidentes.indd 15 8/12/2009 18:11:45


supervisão

Diagnóstico de
s Falhas e Alarmes
em Sistemas
Supervisórios e CLPs
Uma das maiores dificuldades para a solução de problemas
imprevistos em processo é a identificação correta de alarmes no
supervisório. Considerando as paradas súbitas em equipamentos
nos processos dos quais os autores participaram, estima-se que Considerações Iniciais
90% do tempo total foi gasto na identificação da falha. Conheça os A lucratividade de uma empresa ou
negócio vem do resultado de suas receitas
mecanismos implementados para reduzir o tempo de diagnóstico
operacionais, obtidas através de vendas
de falhas, sendo descritos três casos de melhorias promovidas de produtos ou serviços, descontando-se
em processos da ArcelorMittal Tubarão, com as descrições das os custos de produção, que são os gastos
com matéria-prima, recursos humanos e
técnicas escolhidas e os resultados obtidos.
equipamentos. Em um ambiente cada vez
mais competitivo, os custos de uma planta
Johnson Pontes de Moura industrial são controlados individualmente
UNIVC - Professor de Pós-Graduação da e, dentre eles, estão a manutenção das má-
Faculdade do Vale do Cricaré quinas e as paradas da linha de produção,
programadas ou imprevistas, para reparo
Carlos Alberto Grosman
saiba mais UCL - Faculdade do Centro Leste e
Discente da Pós-Graduação da Faculdade
dos equipamentos.
A manutenção tem suas estratégias
de atuação, podendo ser planejadas, com
HANSEN, R. C. Eficiência Global do Vale do Cricaré
aspectos preventivos ou preditivos, ou não
dos Equipamentos, Editora Leonardo Pereira Bastos planejadas, com aspecto corretivo, ocorrendo
Bookman Ltda., Porto Alegre, 2006.
UCL - Faculdade do Centro Leste intervenção apenas quando há uma quebra
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ou defeito de equipamento.
Anderson Almeida Virgílio de Souza
MANUTENÇÃO. Documento Durante a pesquisa sobre o assunto, os
Nacional 2007 - A Situação ArcelorMittal Tubarão
autores observaram que o tratamento da
da Manutenção no Brasil, Rogério de Almeida Otaviano “manutenção corretiva” não tem referências
Florianópolis, Associação Brasileira
de Manutenção, 2007. 1 CD-ROM. ArcelorMittal Tubarão bibliográficas em grande número. Existem
muitas publicações quando se trata de manu-
Marconi Patrício de Arruda
ALMEIDA, M. T. Manutenção tenções preventivas e preditivas, que, é claro,
Preditiva: Confiabilidade e ArcelorMittal Tubarão
são temas de extrema importância para o
Qualidade, Disponível em: www. Alamir da Luz Júnior gerenciamento de falhas em equipamentos.
mtaev.com.br/download/mnt1.pdf.
Acesso em: 28 out.2007, Itajubá. ArcelorMittal Tubarão Mas é sabido que a “manutenção corretiva
custa de 3 a 5 vezes a mais que a manutenção
ROSÁRIO, J. M. Princípios de preventiva e planejada, pois, tempo, trabalho,
Mecatrônica. Editora Prentice Hall, materiais e equipamentos são desperdiçados”
São Paulo, 2005. (HANSEN, 2006, p. 112).

16 Mecatrônica Atual :: Novembro/Dezembro 2009

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supervisão

T2. Indicadores de disponibilidade. Fonte: ABRAMAN (2007).

T1. Custo da manutenção/faturamento


bruto. Fonte: ABRAMAN (2007).

As técnicas de manutenção planejada


não evitam totalmente as falhas de equipa-
mentos de processo. E quando ocorrem estas
falhas, o que fazer? Como identificá-las em
um sistema supervisório? O que fazer para
minimizar o tempo de atendimento e reduzir
a perda de produção? Este trabalho assumiu
parte deste tema e teve como propósito
mostrar caminhos e alternativas simples para
identificar falhas através de mecanismos e T3. Classificação das tasks do CLP.
técnicas que podem ser implementados em
equipamentos que já existem na empresa, manutenção contribuiu com 5,3% do total Controlador Lógico
como CLPs e supervisórios. do tempo indisponível, conforme descrito Programável (CLP)
No item 2 mostram-se dados sobre na tabela 2 (ABRAMAN, 2007). No CLP utilizado nas áreas do LTQ
a manutenção de equipamentos, suas Segundo Hansen (2006), o custo de e do Laminador de Acabamento da Arce-
estratégias e os tipos de falhas. Nos itens uma estratégia de manutenção corretiva lorMittal Tubarão, observam-se algumas
3 e 4 tem-se a descrição do Controlador tem em média um custo cerca de 3 a 5 características próprias do equipamento
Lógico Programável (CLP) e do Sistema vezes maior do que quando se adota um que são essenciais para o entendimento
Supervisório, necessária para a compreensão modo programado ou preventivo. Con- deste trabalho, descritas em seu manual
das técnicas implementadas nos três casos forme levantado por Almeida (2007), a de instruções.
reais, que são detalhados no item 5. O item manutenção corretiva é a que apresenta As linguagens usadas na programação
6 apresenta os resultados obtidos, que, na maior custo operacional devido à sua total são a Ladder, Function Block e Linguagem
opinião dos autores, comprovam a impor- impossibilidade de planejamento e ao seu Gráfica Estruturada (SFC), com velocidade
tância do trabalho, visto a relação custo X aspecto de imprevisibilidade, acarretando de processamento de instruções entre 40
benefício das soluções implementadas. maior tempo de parada de produção, altos ns (contato) e 200 ns (bloco de multipli-
custos de estoques de peças sobressalentes, cação). Utiliza como método de controle
Conceitos de Manutenção e maior tempo gasto para reparo do equipa- o Scan Cíclico, suporta até 20.288 pontos
Sistemas de Automação mento, altos custos de trabalho extra e baixa de E/S e até 128.000 palavras de memória
Segundo dados levantados pela Associação disponibilidade de produção. para a programação. Na estrutura de dados
Brasileira de Manutenção (ABRAMAN) em Para reduzir a perda de produção e o do CLP, todos os tipos de variáveis foram
2007, o custo da manutenção é estimado tempo de parada imprevista das máquinas definidos em conformidade com a norma
em torno de 4% do faturamento bruto das ocasionados por falhas inesperadas de IEC 61131-3, sendo classificados em:
empresas, conforme descrito no tabela 1. equipamentos, é necessário que o pessoal a) ”Local”: variável temporária ou
Visando reduzir este custo, a manutenção da manutenção esteja apto para reagir ime- estática, utilizada para representar
atualmente passa por um processo de mo- diatamente a todas as falhas das máquinas. uma entrada física, por exemplo;
dernização e aperfeiçoamento dos métodos O primeiro passo para tratar uma falha b) ”Global”: pode ser uma variável
utilizados para obtenção do controle do é descobrir o que aconteceu e qual a sua global de estação, de controlador
tempo de parada de produção e, natural- causa. Para este fim, utilizam-se alguns ou de rede. São variáveis lógicas,
mente, das perdas de geração de recursos que mecanismos como efetuar verificações no internas ao CLP.
isto implica. A disponibilidade operacional processo, entrevistar o operador sobre o Na estrutura do CLP existe a integra-
efetiva de uma empresa ficou, no ano de ocorrido e verificar o autodiagnóstico dos ção dos programas de um determinado
2007, em média, em 90,82%, e somente a equipamentos, se houver. controlador em unidades chamadas de

Novembro/Dezembro 2009 :: Mecatrônica Atual 17

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supervisão

tarefas (tasks). Qualquer programa pode Sistema Supervisório o mesmo possa acompanhar, gerenciar ou
ser executado desde que esteja incluso em Um sistema de supervisão e controle tem manipular variáveis do processo automa-
uma task. Estas tasks são classificadas por função a integração dos sistemas lógicos tizado (ROSÁRIO, 2005).
e identificadas conforme sua prioridade e de automação, como os CLPs, através da O sistema supervisório permite a confi-
de execução dos programas, conforme troca de dados entre as estruturas físicas de guração de telas que facilitam a operação,
demonstrado na tabela 3. comando em um ambiente de rede local, tendo geralmente as seguintes funções:
A figura 1 ilustra uma configuração de disponibilizando informações ao operador a) tela de vista geral ou principal:
hardware básico do CLP instalado na área em uma estação de trabalho, chamada de apresenta os setpoints e os desvios,
do Trem Acabador do LTQ. interface homem-máquina (IHM), para que podendo ser constituída de várias
páginas;
b) tela de grupo: apresenta informa-
ções sobre pontos em grupos de
funções com os mesmos detalhes
dos visores de instrumentos ana-
lógicos;
c) telas de malhas: apresentam uma
representação gráfica de cada
malha em detalhe. Nela pode-se
visualizar e/ou alterar as principais
variáveis da malha;
d) telas de alarme: mostram ao opera-
dor as principais falhas ou eventos
do processo e/ou do sistema;
e) telas de tendências: podem ser
configuradas para registrar mu-
dança dos valores das variáveis em
um intervalo de tempo reduzido
(tempo real) ou num intervalo de
tempo maior, como horas, dias e
semanas (histórico).

Implementação das
F1. Hardware do CLP. Modificações
A seguir, é descrito cada um dos três
casos reais, nos quais as implementações
foram realizadas.

Caso do CLP do LTQ


No LTQ, apesar de serem adotados
procedimentos de manutenção preventiva e
preditiva, ocorreram paradas imprevistas dos
equipamentos, causando perda de produção
e impacto negativo na disponibilidade da
linha de laminação. Considerando-se que a
capacidade atual de produção de bobinas é
de 400 toneladas/hora, e um preço médio
de US$ 600,00 para cada tonelada, então
se obtém um valor de produção teórico de
US$ 240.000,00 por hora. Assim, cada
minuto adicional de parada imprevista
implica em uma perda de receita na ordem
de US$ 4.000,00. Para reduzir o tempo de
parada e agilizar a identificação de falhas
ocorridas na linha, foram implementadas
lógicas de monitoramento de variáveis nos
F2. Tela de operação do trem acabador. programas dos CLPs.

18 Mecatrônica Atual :: Novembro/Dezembro 2009

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supervisão

A laminação no trem acabador (ou FM


– Finishing Mill), ilustrado na figura 2,
consiste na redução da espessura do material
nas cadeiras F1 a F6, sequencialmente.
No caso apresentado, ocorreu uma pa-
rada indevida do processo de laminação do
trem acabador e apareceu para o operador
apenas o alarme “parada do FM” na tela
do supervisório, sem maiores detalhes da
ocorrência, conforme figura 3, retornando
à condição normal 29 segundos depois, sem
a intervenção do operador ou de algum
técnico de manutenção.
Mesmo com a existência de telas de
manutenção, com indicações de sensores e
instrumentos, como a mostrada na figura
4 (na qual a atuação do sinal de sensor cor-
responde à indicação vermelha na tela), uma F3. Registro (log) de eventos do supervisório.
falha só seria identificada se permanecesse
constante, o que não foi o caso.
Para solucionar este tipo de ocorrência
foram implementadas lógicas no CLP
chamadas de lógicas de trap, que consis-
tem em criar uma identificação numérica
individual e específica para cada sensor
ou instrumento e colocá-los, utilizando
a programação em ladder, em um bloco
somador, que só irá efetuar a soma quando
ocorrer uma falha em um equipamento.
Neste momento haverá o transporte deste
valor para um campo definido, a fim de
que não seja apagado caso haja uma falha
instantânea, como um pulso de um sinal
de um sensor, por exemplo.
Na figura 5 tem-se a lógica de in-
tertravamento do trem acabador, onde
a saída G_FMMRHRIL (detalhe “a”) é F4. Tela de manutenção do supervisório do trem acabador.
resultado da combinação das condições
de funcionamento das cadeiras F1 a F6
(G_F1MRHRIL a G_F6MRHRIL) e
do grupo de controle (G_FMG_AUT) e
de velocidade (G_FMS_AUT) do trem
acabador em automático ou o sinal de
carga (material presente) no trem acaba-
dor (G_FMLRON), o que corresponde à
equação booleana:

G_FMMRHRIL = ((G_FMS_AUT .
G_FMG_AUT) + G_FMLRON) .
G_F1MRHRIL . G_F2MRHRIL .
G_F3MRHRIL . G_F4MRHRIL .
G_F5MRHRIL . G_F6MRHRIL

A figura 6 destaca que este sinal de


condição de funcionamento do trem aca-
bador (G_FMMRHRIL) habilita o sinal F5. Programa do CLP com a lógica de intertravamento do trem acabador.

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supervisão

de memória para a primeira falha ocorrida (G_F4MRHRIL – detalhe “c”) como cau- transferência dos valores atuais das entradas
(FM_FRST_FLT_MEM – detalhe “b”), sadora da ocorrência no trem acabador. do bloco somador do trap. A memória do
que, por sua vez, efetua a transferência A partir destas informações, inicia-se a dia, hora e minuto em que ocorreram as duas
dos valores atuais das entradas do bloco pesquisa nas condições de funcionamento da falhas mais recentes (F4_TRAP, a atual,
somador do trap. A memória do dia, hora cadeira F4 para detalhar a causa da falha. A e F4_TRAP_OLD, a anterior) também é
e minuto em que ocorreram as duas falhas lógica da cadeira F4, como em qualquer outra atualizada por este sinal.
mais recentes (MRH_TRAP, a atual, e cadeira, tem uma lógica de trap semelhante Ainda analisando a tela mostrada na
MRH_TRAP_OLD, a anterior) também à do trem acabador, conforme descrito na figura 7, encontra-se um bloco somador
é atualizada por este sinal. figura 7. A condição de funcionamento da auxiliar, cuja saída é WORK_N04 (detalhe
Observa-se, ainda na figura 6, que a cadeira F4 (G_F4MRHRIL - detalhe “c”) “f”), que também entra no bloco de trap.
última falha ocorrida (MRH_TRAP) foi habilita o sinal de memória para a primeira Isto foi necessário devido à limitação de
devida à condição “2”, indicando uma falha ocorrida (FM_FRST_FLT_MEMF4 entradas (15, no máximo) configuradas no
falha no intertravamento da cadeira F4 – detalhe “d”), que, por sua vez, efetua a bloco somador do CLP. No caso estudado,
a última falha ocorrida (F4_TRAP– detalhe
“e”) foi devido à condição “18”, indicando
uma falha no intertravamento da cadeira
F4 (G_F4MRHRIL) como causadora da
ocorrência no trem acabador.
A figura 8 mostra a continuação da
lógica de trap da cadeira F4, permitindo
concluir que a condição “18” refere-se a uma
falha no sensor indutivo que indica que o
suporte do spindle (eixo responsável pelo
acoplamento do motor de acionamento com
o cilindro de trabalho da cadeira) inferior
de entrada está posicionado corretamente.
Por questão de segurança do equipamen-
to, a falha neste sensor (L_PB1ZSX46)
intertrava o funcionamento da cadeira
F4 e, consequentemente, de todo o trem
acabador.
Em caso de falha no sinal de um sensor,
a sua indicação na tela de manutenção,
exibida na figura 9, assume a cor cinza,
enquanto sua indicação normal de atuado
fica na cor vermelha. No momento da
captura da tela de manutenção, o sensor
(L_PB1ZSX46) estava com a indicação já
normalizada.
Para solucionar a ocorrência, foi efetu-
ado o ajuste do posicionamento do sensor
e liberado para retornar à operação normal
da linha de laminação.
O tempo total de parada de produção,
medido entre o início da falha até o retor-
no da linha, foi em torno de 15 minutos.
A identificação da falha, com a pesquisa
dos alarmes no supervisório e da lógica de
intertravamento nas tasks do CLP, gastou
cerca de 10 minutos. O ajuste do sensor no
campo, tarefa sem muita complexidade,
foi executado em 5 minutos, aproxima-
damente.
Quando não existia esta lógica de trap,
ocorria perda de tempo considerável na
F6. Tela do CLP com a lógica de trap do trem acabador. investigação de cada condição de intertrava-

20 Mecatrônica Atual :: Novembro/Dezembro 2009

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supervisão

mento do trem acabador, sendo analisadas,


ainda, todas as condições das cadeiras de
laminação. Existem relatos de falhas seme-
lhantes com paradas de mais de 60 minutos
pelo mesmo problema registrados na base
de dados da ArcelorMittal Tubarão, mas
sem a utilização de ferramentas adequadas
de investigação da ocorrência. Além disso,
neste caso específico, por se tratar de uma
falha intermitente, o técnico que estivesse
analisando-a dificilmente encontraria a causa
da ocorrência, a não ser que a freqüência
de falha se tornasse muito maior.

Caso das Telas de Intertravamento


do Laminador de Acabamento
Na área do Laminador de Acabamento,
a dificuldade na identificação da origem de
uma falha inicia-se no fato de, originalmente,
não haver telas de manutenção apropriadas,
com visualização das condições de intertra-
vamento da linha. Por isso, o alarme que
aparece para o operador é muito genérico,
sendo necessário investigar dentro do pro-
grama do CLP, o que demanda tempo e,
consequentemente, parada de produção.
Quando não há telas auxiliares de ma-
nutenção, contendo estados dos sensores e
dos equipamentos, a identificação da falha
deve ser pesquisada diretamente no CLP. Ao
verificar as tasks e as linhas dos programas
no CLP, gasta-se um tempo variável até a F7. Tela do CLP com a lógica de trap da cadeira F4.
localização da causa básica da ocorrência,
pois depende de diversas condições:
a) fatores humanos: conhecimento do
técnico que efetua o atendimen-
to; as informações prestadas pelo
operador; a identificação correta
do alarme no supervisório; e a
condição emocional e psicológica
do técnico e do operador;
b) fatores inerentes ao equipamento:
falha na comunicação da estação
de manutenção com o CLP; e
falha na abertura do programa de
monitoração causado por defeitos
no software ou no hardware.
Com a implantação de telas de ma-
nutenção no supervisório em março de
2007, passou a ficar visível ao operador e
ao técnico a ocorrência de uma falha de
posicionamento de um equipamento, ou
uma indicação indevida causada por um
sensor danificado ou desajustado.
Para melhorar a identificação dos alar-
mes, foram criadas telas de intertravamento F8. Tela do CLP com a lógica de trap da cadeira F4.

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supervisão

(interlock) para monitoração das condições A sequência automática de laminação condição que está faltando na lógica seja
necessárias à lógica de funcionamento dos depende de sensores indutivos e fotocélulas normalizada. Geralmente, por questões
equipamentos. Ao selecionar o campo in- que indicam que os equipamentos estão de segurança do processo ou dos próprios
ferior “F10-Interlock” na tela principal de corretamente posicionados para dar conti- operadores, a lógica fica bloqueada até
operação do Laminador de Acabamento, nuidade ao processo. Caso haja uma falha mesmo para operação em manual, não
aparece o menu de acesso às telas de inter- em um sensor ou no próprio equipamento, permitindo qualquer tipo de manobra na
travamento, indicado na figura 10. o CLP para a linha de produção até que a linha que envolva riscos.
A opção “Principal I/L 1”, primeiro
botão do menu em destaque na figura 10,
abre a primeira sequência de intertrava-
mento, ilustrada na figura 11, que contém
as condições de funcionamento da linha
subdividas em três telas, com as indicações
em verde significando “pronto” e as em
amarelo, “falha”.
A ideia de criar novas telas de intertra-
vamento partiu de ocorrências de paradas
operacionais de 50 minutos, por exemplo,
na qual se gastou em torno de 45 minutos
para encontrar uma falha na sequência
de funcionamento da linha de produção,
causada por um fusível queimado, cuja
substituição não leva 5 minutos.
Atualmente, caso ocorra a mesma falha,
seria identificada a condição que falta na
tela de intertravamento com um tempo
aproximado de 5 a 10 minutos, com a
substituição do fusível no mesmo tempo
de 5 minutos.

Caso do CLP do Laminador de


F9. Tela de manutenção do supervisório do trem acabador. Acabamento
O programa do CLP trabalha com as
entradas físicas (sensores, por exemplo)
como variáveis do tipo local, o que implica
que, caso haja necessidade de se forçar um
ponto no CLP, deve-se pesquisar em todas
as tasks e forçar todas as variáveis (force),
uma a uma. Isto não ocorre no LTQ, uma
vez que a filosofia do projeto implantado
foi transformar estas entradas físicas em
uma variável do tipo global, em uma task
específica para este fim (no caso do LTQ, a
task MS_011), onde se força apenas a variável
de entrada e, automaticamente, a variável
global assume o novo valor, atualizando
todos os pontos da lógica onde for utiliza-
da nas demais tarefas do CLP. Com isto,
ganha-se tempo para providenciar a solução
definitiva do problema no campo.
Para criar esta conversão de tipos de
variáveis, foi implementada no CLP HSP_
Master do Laminador de Acabamento a task
MS_018, com a finalidade de converter os
tipos de variável, sendo iniciado o projeto
F10. Tela de operação do laminador de acabamento. em março de 2007 e concluído em julho

22 Mecatrônica Atual :: Novembro/Dezembro 2009

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supervisão

de 2007. A figura 12 mostra parte da task


MS_018, onde a entrada I_PP1ZSX01
(detalhe “a”) é uma variável do tipo local
que corresponde à indicação de posição alta
do rolo polidor (polisher). Ocorre, então,
a conversão para a variável do tipo global
G_PP1ZSX01_CFT (detalhe “b”), que é
utilizada nas lógicas das demais tasks do
CLP HSP_Master.
Para exemplificar o caso, a figura 13
mostra todos os locais e as tasks que utilizam
o sinal G_PP1ZSX01_CFT. Como cada local
corresponde a um intertravamento ou a uma
função no processo que está interligado a
outras seqüências de funcionamento, seria
necessário forçar (force), individualmente,
no CLP, cada uma destas posições da va-
riável local, identificadas no detalhe “c”.
Existem variáveis que são utilizadas em
mais de 30 pontos diferentes, distribuídos F11. Tela das condições principais do Laminador de Acabamento.
nas tasks existentes.
Um exemplo de aplicação da saída
global G_PP1ZSX01_CFT (detalhe “c”) é
ilustrado na figura 14, onde a task MS_108
é responsável pelo envio de informações
para a tela do supervisório.
O force, em algumas situações, é neces-
sário por motivos de:
a) segurança do pessoal de manuten-
ção: dificuldade de acesso ou de
trabalho no local de instalação do
sensor ou do instrumento;
b) segurança do equipamento: inter-
rupção da lógica ou do intertrava-
mento para evitar movimentação
indevida por falha de algum sensor
ou equipamento;
c) reduzir parada imprevista: alteração
do valor da variável para que permita
funcionamento da lógica ou do in-
tertravamento até que se providencie
material ou peças sobressalentes para F12. Tela com a task MS_018 criada no CLP do Laminador de Acabamento.
efetuar a substituição no local, ou
que se possa programar o reparo
em uma condição em que reduza
a perda de produção.
O tempo para atendimento de uma
ocorrência como a relatada neste caso era
variável em função da quantidade de pon-
tos a serem forçados no CLP. Isto porque
poderiam ocorrer falhas do técnico que
efetuava o atendimento (esquecimento de
um ponto, por exemplo) ou da estação de
trabalho do CLP, como travamento do
programa e lentidão de resposta no acesso
às tasks. Estima-se, baseado em relatos dos F13. Localização da variável G_PP1ZSX01_CFT no CLP do Laminador de Acabamento.

Novembro/Dezembro 2009 :: Mecatrônica Atual 23

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supervisão

técnicos da área, que o tempo médio para todas as demais tasks do CLP assumam o Resultados
este tipo de atendimento ficava em torno novo valor desta variável e normalizem o No primeiro caso, implementou-se em
de 20 minutos. funcionamento da lógica. Com isso, o tempo outubro de 2003 nas tasks do CLP um bloco
Atualmente, com a implantação desta de atendimento, e, consequentemente, de somador atribuindo valores às condições de
conversão das variáveis para o tipo global, perda de produção, decresce para aproxi- intertravamento de um equipamento. Os
é necessário forçar apenas um ponto em madamente 5 minutos. valores das condições de falhas mais recen-
uma task já definida (MS_018) para que tes, com seus registros de data e de horário,
também ficam armazenados no CLP.
A figura 15 mostra a redução anual no
índice de falha, que é, em porcentual da
quantidade de tempo de parada imprevista
da produção dividida pelo tempo de ca-
lendário, no LTQ a partir do ano de 2004
(detalhe “a”), após a implementação do
Caso 1 descrito neste trabalho. O sistema
de controle da operação do LTQ, para efeito
de cálculo do índice de falhas, só registra
paradas acima de 7 minutos.
Já no segundo caso, foram criadas telas
de intertravamento no supervisório, com a
identificação das condições necessárias para a
seqência de funcionamento dos equipamentos.
Em caso de falha de alguma destas condições,
o próprio operador pode tomar alguma ação
F14. Tela com a task MS_108 do CLP do Laminador de Acabamento. ou passar a informação detalhada para o
técnico de manutenção sobre qual sensor
ou instrumento está em falha.
No terceiro e último caso descrito
desenvolveu-se no CLP uma task para a
conversão das variáveis do tipo local para
variáveis do tipo global, que, por ser utiliza-
da em mais de uma task, auxilia nos casos
emergenciais em que é necessário forçar
valores, a fim de evitar danos às pessoas,
aos equipamentos e perdas de produção.
Atuando em apenas uma variável do tipo
global não se gasta tempo com a procura
e com o force em diversas variáveis do tipo
locais, distribuídas pelas tasks no CLP.
A figura 16 apresenta a redução do ín-
F15. Índice de falhas da área do LTQ no período de 2003 a 2007. dice de falha a partir de abril/2007 (detalhe
“b”), depois de implementados os casos 2
e iniciado o 3, descritos neste trabalho. O
sistema de controle da operação do Laminado
e Acabamento, para efeito de cálculo do
índice de falhas, só registra paradas acima
de 15 minutos.
Os casos implementados tiveram baixo
custo de desenvolvimento, sendo necessário
apenas recurso humano, ou seja, custo da
hora trabalhada (HH ou homem-hora) de
um técnico experiente, que tem um valor
aproximado de US$ 10,00 por hora.
No primeiro caso, considerando um
tempo total para inserir e configurar os
F16. Índice de falhas da área do Laminador de Acabamento no período de set/2006 a set/2007. blocos da lógica de trap no CLP aproximado

24 Mecatrônica Atual :: Novembro/Dezembro 2009

MA43_Diagnostico.indd 24 8/12/2009 18:10:08


supervisão

de 40 horas, o custo total do projeto ficou


em torno de US$ 400,00. No segundo
caso, foi preciso aproximadamente 80
horas para configuração e testes das telas
de intertravamento, gerando um custo de
implantação na ordem de US$ 800,00. O
terceiro caso, por se tratar de pesquisar as
variáveis de entrada em todas as tasks do
CLP, criar uma nova task e nela efetuar as
conversões das variáveis do tipo local para
do tipo global, necessitou-se de um tempo
maior para implementação, em torno de
160 horas, o que gerou um custo de US$
1.600,00.
Para comprovar a importância deste
trabalho, basta efetuar o cálculo dos cus-
tos das soluções implantadas com o valor
da perda de produção de bobinas em um
minuto, que é US$ 4.000,00. O terceiro
caso, que gerou o maior custo estimado,
ficou em US$ 1.600,00, sendo pago com
apenas 24 segundos de produção. Os três
casos juntos custaram em torno de US$
2.800,00, o que significa 42 segundos de
produção. O valor de cada minuto ganho
na resolução de uma ocorrência é, de fato,
um ganho operacional significativo para
a empresa.

Considerações Finais
A partir do momento em que a redução
dos prazos de entrega e o aumento da capa-
cidade de produção tornam-se imprescindí-
veis para a sobrevivência de um negócio, a
manutenção torna-se essencial para garantir
a participação de uma empresa no mercado.
E, apesar de todo o esforço em planejar as
paradas dos equipamentos para manutenção,
a ocorrência de falhas imprevistas é um fato
inegável em qualquer linha de produção,
em pequenas ou grandes empresas.
Este artigo mostra exemplos de aplica-
ção de conhecimentos básicos dos sistemas
utilizados em automação industrial, como
lógica do CLP e monitoração de variáveis
pelo supervisório, onde a criatividade foi
peça-chave para a redução de tempo de
perda de produção imprevista, facilitando a
identificação da causa básica da ocorrência
e agilizando a tomada de ação para solução
da falha.
Antes das soluções “mirabolantes”,
existem idéias simples, eficazes e de baixo
custo de implementação que apresentam
ganhos consideráveis com ferramentas de
uso geral na área de automação. MA

Novembro/Dezembro 2009 :: Mecatrônica Atual 25

MA43_Diagnostico.indd 25 8/12/2009 18:10:02


automação

Como programar o
s CLP CJ1,
da OMRON
Acompanhe neste artigo um passo a passo de como programar
um CLP, para o qual tomo como exemplo o CJ1 da Omron

Filipe Pereira
Prof. Eng. Eletrotécnica/Automação
filipe.as.pereira@gmail.com

A
ntes de começar a programar um CLP, é funcionamento da memória. Na tabela 1
importante entender o próprio CLP CJ1, temos as áreas de memória do CJ1.
assim poderemos abordar com objetividade As áreas de memórias mais importantes
a programação de um CLP. de um CLP são:
O CJ1 é um pequeno controlador lógico • Relés Internos – São usados para
programável que pode fornecer funções controlar os pontos de entradas/saí-
básicas para diversos tipos de máquinas, das, outros bits, temporizadores,
tanto de controle como de processo, além contadores e para guardar tempo-
de possuir uma plataforma flexível de rariamente dados.

saiba mais configuração do sistema.


O CJ1 é modular e compatível com as
séries CJ1G/H e CS1, com uma taxa de
• Relés Especiais – Disponibilizam
sinais de clock, flags, bits de controle
e status do sistema.
Pires, J. Norberto. Automação execução binária de 100 ns. Este CLP possui • Relés Auxiliares – Contêm bits e
industrial - 3ª edição - Editora Lidel mais de 60 tipos de unidades de expansão, flags para funções especiais. Retêm
Balcells, Josep e Romeral, José se comunicando com qualquer tipo de o seu estado durante a ausência de
Luis. Autómatas programables rede, facilitando o controle distribuído. No alimentação.
- Editora Marcombo quadro “Ficha Técnica” é possível ver mais • Memória de Dados – São usados
itens deste CLP. No site www.ia.omron. para memorização e manipulação
Pinto, João R. Caldas. Técnicas de com/product/80.html é possível ver os de dados. Retêm os dados durante
automação - Edições Técnicas e
Profissionais diversos módulos que compõem o sistema a ausência de alimentação.
completo do CLP, onde temos o módulo • Relés com Retenção – São usados
Oliveira, Paulo. Curso de Auto- da CPU, da fonte, das entradas básicas para guardar e memorizar dados
mação Industrial - Edições Técnicas e especiais de entrada e saída, de rede e quando o CLP é desligado.
e Profissionais demais módulos. • Relés de Temporizadores e Con-
Pereira, Eng.º Filipe Alexandre Este CLP dispõe de áreas reservadas de tadores – São como operandos das
de Sousa. Manual de Formação memória para cada item, como por exemplo instruções LD (NOT), AND(NOT)
OMRON os temporizadores e controladores utilizam e OR(NOT), informam o estado dos
TC0000 a TC4095, na edição anterior fiz contadores e temporizadores com o
Catálogos OMRON: uma explicação mais abrangente sobre o mesmo endereço.
www.omron.pt

26 Mecatrônica Atual :: Novembro/Dezembro 2009

MA43_CLP_pt3.indd 26 8/12/2009 18:05:33


automação

F1. CLP CJ1, da OMRON.

• Relés de Comunicação – A sua Relés Especiais Ficha Técnica


principal função está associada ao Os CLPs têm uma área de memória Modelo: CJ1M-CPU12 CLP modular
estabelecimento de comunicações dedicada somente aos relés especiais. Devido Entradas: 9 digitais (6 mA/24 VDC)
Saídas: 6 por transístor (50 mA/24 Vdc)
para troca de dados automática as suas funcionalidades eles são bastante Saídas a PWM: 4 (30 mA, 4,75 a 26,4
com outros CLPs. Na ausência desta utilizados na maioria dos programas, na VDC) - 100 kHz
função, podem ser usados como relés tabela 2 temos as informações de alguns Alimentação: 230 VAC
de trabalho. relés mais importantes. Consumo: 12,35 W máx.
• Relés Temporários – São usados Expansibilidade: até 320 entradas/saídas
Memória de programa: 10k passos
para guardar de forma temporária Entradas Analógicas Conjunto de instruções: 400
os estados de condições de execução. Os módulos de entradas analógicas Words de dados: 32k
Estes bits só podem ser usados nas são utilizados nas aplicações em que os Temporizadores e Contadores: 4096
instruções LD e OUT. sinais provenientes do processo sejam Velocidade de processamento: 100
• Memória de Programa – É usada analógicos. ns / instrução
Interface RS-422A e RS-232C, Host Links
para guardar o conjunto de instruções Ao contrário dos sinais discretos, que e NT Links
que constitui o programa do CLP. O têm somente dois estados (On e Off), os 4 Entradas de contagem rápida (50 KHz
número máximo de instruções que sinais analógicos variam no tempo e na bidireccional)
pode ser introduzido nesta memó- amplitude (sinal medido) e são convertidos 4 Entradas de interrupção
ria, depende do tipo de instruções num elevado número de estados. Dimensões: 90 x 73,9 mm
Peso: 120 gramas
usadas. Assim, os módulos de entradas analó-
gicas digitalizam os sinais analógicos para

Novembro/Dezembro 2009 :: Mecatrônica Atual 27

MA43_CLP_pt3.indd 27 8/12/2009 18:05:42


automação

que o CLP possa guardar o valor do sinal,


no instante de conversão, num registro de
memória.
Os módulos de entradas analógicos
digitalizam sinais analógicos para que a
CPU se possa servir dessa informação.
A sequência de eventos que ocorrem
quando se lê um sinal analógico é:
• O sensor detecta a grandeza física
do processo transformando-a, em
seguida, numa grandeza elétrica.
• O módulo de entradas analógicas
transforma o sinal analógico, através
de um conversor Analógico Digital
(A/D), numa informação digital de 12
T1. Áreas da memória. bits, que será guardada num registro
de memória (veja figura 3).
Depois da leitura da informação, a CPU
referencia o endereço do registro onde a
informação foi armazenada, para com ele
realizar comparações e cálculos aritméticos.
Devido à existência de uma grande variedade
de sensores analógicos, os módulos de entradas
analógicas dos CLPs estão preparados para
aceitar uma série de sinais eléctricos standard
(veja figura 4).
É importante notar que a interface
analógica tanto pode ser unipolar (somente
tensão positiva, isto é, 0 até +5 VDC) como
bipolar (tanto tensão negativa como positiva,
isto é, – 5 até +5 VDC).
Este sinal convertido é o equivalente
T2. Alguns dos Relés Especiais mais relevantes no CJ1M. discreto do sinal analógico, no instante da
conversão, medido pelo dispositivo de campo,
ou seja, o sensor ou o transdutor envia um
sinal em corrente, ou em tensão.
A operação de divisão do sinal de entrada
denomina-se resolução.
A resolução do módulo indica em quan-
tas partes o módulo de entradas analógico
divide o sinal analógico.
F2. Conversão de um sinal analógico. Por exemplo, se o conversor A/D divide
o sinal de entrada em 4095 partes (212 – 1 =
4095) ele tem uma resolução de 12 bits.
Alguns CLPs também permitem uma
conversão de escala direta do sinal de en-
trada (0 a 9999).
Na tabela 3 temos a conversão de valores
analógicos para bits.
Esta proporção permite obter novamente
o valor da grandeza física lida pelo sensor,
através da fórmula abaixo:

F3. Leitura e conversão de um sinal analógico num CLP.

28 Mecatrônica Atual :: Novembro/Dezembro 2009

MA43_CLP_pt3.indd 28 8/12/2009 18:05:49


automação

Os módulos de entradas analógicas


podem receber entradas em modo comum
ou em modo diferencial, como é mostrado
na figura 5.
As entradas em modo comum têm o
comum, das suas entradas, referenciado
no mesmo ponto. As entradas diferenciais
têm, entre elas, dois terminais distintos
onde deverão ser ligados os sensores ou
transdutores.

Saídas analógicas
As saídas analógicas são utilizadas para
controlar dispositivos que respondam a uma
variação analógica de tensão ou corrente.
As instruções usadas nas saídas analógicas T3. Tabela de conversão direta de valores analógicos para valores em
são semelhantes às utilizadas nas entradas
analógicas, e são empregadas quando se
pretende enviar uma informação analógica
a um dispositivo de campo.
Um exemplo deste tipo de dispositivo,
apresentado na figura 6, é uma válvula
proporcional que permite controlar o volume
de óleo através da sua abertura proporcional
a uma tensão 0-10V.
O conteúdo de um registro de memória,
geralmente especificado por 16 bits, é enviado
à carta de saída analógica, que converte a
quantidade digital numa quantidade ana-
lógica proporcional à primeira.
As saídas analógicas estão ligadas a
dispositivos através de condicionadores de
sinal que amplificam, reduzem ou alteram
o sinal, para controlar o dispositivo de
campo (figura 7). F4. Condicionamento de sinal num CLP e respectiva conversão para bits.
A resolução do conversor D/A é definida
pelo número de bits usados para a conversão
analógica.
Por exemplo: Um conversor D/A com uma
resolução de 12 bits, cria um sinal analógico
que pode variar em 4095 intervalos.
Para um dispositivo analógico com uma
variação de 0 V (fechado) até 10 V (total-
mente aberto) o valor 2047 é igual a um
sinal de 5 V, na tabela 4 temos a conversão
de bits/decimal e a sua saída .
Cada um dos módulos de saídas analó-
gicas está isolado, quer dos outros módulos
quer do CLP. Este isolamento protege o
sistema de sobretensões ou sobrecorrentes
que possam ocorrer nos módulos de saídas
analógicas.

F5. Módulos de entradas em modo comum e diferencial.

Novembro/Dezembro 2009 :: Mecatrônica Atual 29

MA43_CLP_pt3.indd 29 8/12/2009 18:05:56


automação

As saídas analógicas também podem ser


em modo comum ou em modo diferencial,
como mostra a figura 8.
Em modo comum, o comum de todas as
saídas encontra-se referenciado ao comum
da carta de saídas analógica, enquanto, em
modo diferencial cada saída tem associado
um comum independente.
A corrente máxima necessária nos módulos
de saídas analógicos é superior à dos módulos
de saídas digitais e deverá ser considerada na
computação das correntes de carga.
F6. Válvula proporcional que permite controlar o volume de óleo Encontra-se com frequência nas cartas de
através da sua abertura proporcional a uma tensão.
saídas analógicas um By-Pass para controlar
manualmente a posição de válvulas, contro-
ladores de velocidades, servos hidráulicos,
conversores pneumáticos, entre outros.
Este sistema é bastante útil para diag-
nosticar uma avaria relacionada com uma
saída analógica (Figura 9).

Módulos de I/O especiais


Os módulos de I/O especiais estabele-
cem a ligação entre o CLP e os dispositivos
de campo que têm sinais que, de alguma
forma, são especiais.
F7. Condicionamento de um sinal analógico até ao seu registo na memória de um PLC. Esses sinais, que diferem dos típicos
sinais digitais ou analógicos, não são muito
comuns, encontrando-se apenas em 5 a 10%
dos casos de aplicações com CLPs.
Os módulos de I/O especiais podem
dividir-se em duas categorias: os que têm
uma interface direta com o CLP e os de
interface inteligente.
Os módulos de interface direta, como
T4. Resolução do conversor D/A definida pelo número de Bits usados o próprio nome indica, têm uma interface
para a conversão analógica.
direta com os dispositivos de campo, sejam
eles de entrada ou saída.
Estes módulos apresentam como principal
característica o fato de pré-processarem a
informação de sensores ou atuadores, que
as cartas de I/O standard não conseguem
processar (figura 10).
Os módulos de I/O inteligentes têm
como principal característica, a existência
de um processador capaz de executar tarefas
e/ou informação, independentemente do
processador do CLP.
Apesar de existir uma infinidade de mó-
dulos de entradas e saídas especiais, os mais fre-
quentemente encontrados nas aplicações são:
• Módulos de contagem rápida;
• Módulos analógicos especiais;
• Módulos de eixos ou de posiciona-
mento;
F8. Saídas de um CLP em modo comum e diferencial. • Módulos de comunicação.

30 Mecatrônica Atual :: Novembro/Dezembro 2009

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automação

Módulos de contagem rápida


Os módulos de contagem rápida, como o
próprio nome indica, são módulos especiais
que detectam impulsos de curta duração.
Existem dispositivos que são muito mais
rápidos que o tempo de SCAN da CPU,
logo, estes dispositivos não poderiam ser
detectados por cartas de I/O normais.
As cartas de entradas rápidas procedem
ao aumento do tempo de duração do im-
pulso (figura 11) fazendo com que este F9. By-Pass para controlar manualmente a posição de válvulas, controladores de velocidades,
servos hidráulicos, conversores pneumáticos, etc.
esteja disponível e válido durante um ciclo
de SCAN do PLC.

Módulos analógicos especiais


- Termopar
Os módulos analógicos especiais para
termopares, servem de interface direta entre
o processador e o termopar.
Como existe uma infinidade de termo-
pares, as cartas especiais analógicas aceitam
todos configurando-se unicamente uma
série de conectores.
Os módulos especiais dos termopares
transformam o sinal analógico num sinal
digital e fornecem a temperatura de refe-
rência ao termopar (figura 12).

Módulos analógicos especiais - PID


Outro exemplo de módulos analógicos
especiais, é o caso dos módulos PID usados F10. Módulos de entradas e saídas especiais.
em processos onde o controle em malha
fechada é necessário.
Estes módulos fornecem uma saída de
controle proporcional, integral e derivativo
em função de uma entrada de referência
(SET - POINT) e da saída do processo
(figura 13).
A equação no box abaixo define o
algoritmo de controlo PID:

Módulos de eixos ou
posicionamento
Os módulos de eixos e posicionamento F11. Tempo de um clico de Scan num módulo de contagem rápida.
pertencem ao grupo das cartas especiais
inteligentes. Estes módulos utilizam blocos
de função específicos do CLP (MOVE,
TRANSFER) para transferir dados refe-
rentes ao início de parâmetros, distâncias
e velocidade, do módulo (figura 14).

F12. Ligação eléctrica de um termopar a um CLP.

Novembro/Dezembro 2009 :: Mecatrônica Atual 31

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automação

Módulos de contagem rápida valores de estado para o CLP (figura Os módulos de rede têm internamente
Outro tipo de módulos inteligentes é o 15). A ligação deverá ser feita sempre todas as ligações e protocolos necessários
módulo com contador de alta velocidade com cabo blindado e não deverá exceder para assegurar que as mensagens enviadas
que conta os sinais procedentes de encoders, os 15 metros. para a rede possam ser interpretadas por
com velocidades até 50 kHz. todos os dispositivos que a compõem.
A comunicação entre os módulos com Módulos de rede Em geral, quando a CPU, ou outro
contadores de alta velocidade e a CPU é Os módulos de rede permitem a comuni- dispositivo da rede, envia uma mensagem, o
bidireccional, ou seja, o módulo aceita cação entre CLPs e dispositivos inteligentes, módulo de rede encarrega-se de enviar os dados
ordens de controle do CLP e transmite através de uma rede de comunicação. de acordo com o protocolo estabelecido.
Do outro lado, o módulo de rede do
receptor interpreta a mensagem e encarrega-
se de a enviar à CPU e, se necessário, envia
diretamente um comando ao dispositivo de
campo (figura 16).
Dependendo do tipo de rede e da sua
configuração, as cartas especiais de rede
podem ser ligadas a distâncias superiores
a 3km e desde 100 até 1000 nós.

F13. Módulo PID num PLC. Conclusão


Encerro aqui a parte introdutória do
CLP, e mostrando como é o software de
programação do CJ1, onde é possível come-
çar um novo projeto, programar utilizando
Diagramas de Ladder é bem intuitivo porém
requer um certo treino, por isso recomendo
aos leitores que procurem se familiarizar
com esta forma de programação, pois é de
grande utilidade nesta área de automação.
Até a próxima! MA

F14. Módulo de eixo ou posicionamento.

F15. Módulo de contagem rápida. F16. Módulo de rede.

32 Mecatrônica Atual :: Novembro/Dezembro 2009

MA43_CLP_pt3.indd 32 8/12/2009 18:06:38


conectividade

O protocolo
digital HART
César Cassiolato
Diretor de Marketing
SMAR Equipamentos
Industriais Ltda

Atualmente muito se fala em termos de redes Fieldbus, mas tem-


se muitas aplicações rodando em HART (Highway Addressable
Remote Transducer), tendo vantagens com os equipamentos
inteligentes e utilizando-se da comunicação digital de forma
flexível sob o sinal 4-20 mA para a parametrização e monitora-
ção das informações

I
ntroduzido em 1989, tinha a intenção As especificações são atualizadas con-
inicial de permitir fácil calibração, ajustes tinuamente de tal forma a atender todas
de range e damping de equipamentos ana- as aplicações.
lógicos. Foi o primeiro protocolo digital de Veremos a seguir alguns detalhes do
comunicação bidirecional que não afetava protocolo HART.
o sinal analógico de controle. A simplicidade: o HART e o loop de
Este protocolo tem sido testado com corrente convencional
sucesso em milhares de aplicações, em vários As figuras 1 e 2 nos mostram como
segmentos, mesmo em ambientes perigosos. entender o HART facilmente.
O HART permite o uso de mestres: um Na figura 1, temos um loop de corrente
console de engenharia na sala de controle e analógica, onde os sinais de um transmis-
um segundo mestre no campo, por exemplo sor variam a corrente que passa por ele
um laptop ou um programador de mão. de acordo com o processo de medição. O
Em termos de performance, podemos controlador detecta a variação de corrente
National Instruments

citar como características do HART as através da tensão sobre um resistor sensor


seguintes: de corrente. A corrente de loop varia de
• Comprovado na prática, projeto sim- 4 a 20 mA para frequências usualmente
ples, fácil operação e manutenção; menores que 10 Hz.
• Compatível com a instrumentação A figura 2 é baseada na figura 1, onde
analógica; o HART foi acrescido.Agora ambas termi-
• Sinal analógico e comunicação di- nações do loop possuem um modem e um
gital; amplificador de recepção, sendo que este
• Opção de comunicação ponto-a- tem alta impedância de tal forma a não

pois
saiba mais ponto ou multidrop;
• Flexível acesso de dados usando-se
até dois mestres;
carregar o loop de corrente. Note ainda que
o transmissor possui uma fonte de corrente
com acoplamento AC e o controlador uma
estru- Cassiolato, Cesar - Material de
treinamento LD 301 Smar, 2003. • Suporta equipamentos multivari- fonte de tensão com acoplamento AC. A
na
emas áveis; chave em série com a fonte de tensão no
lhor Manuais de equipamentos • 500 ms de tempo de resposta(com controlador HART em operação normal fica
idade. Hart Smar até duas transações); aberta. No controlador HART os compo-
• Totalmente aberto com vários for- nentes adicionais podem ser conectados no
A tecnologia Hart na Indústria
– Parte 1. Estrutura do Protocolo necedores; loop de corrente, como ilustrado ou através
Mecatrônica Atual 19

Novembro/Dezembro 2009 :: Mecatrônica Atual 33

MA43_Hart.indd 33 8/12/2009 17:16:53


conectividade

do resistor sensor de corrente. Do ponto de A figura 4 ilustra uma conexão típica mente, outros tipos de conexões. Em uma
vista AC o resultado é o mesmo, uma vez entre um device Host e um equipamento de conexão do tipo ponto-a-ponto, como a
que a fonte de alimentação é um curto- campo, onde usualmente se tem comuni- desta figura, é necessário que o endereço
circuito. Note que o sinal analógico não é cação ponto-a-ponto. Veremos, posterior- do equipamento seja configurado para
afetado, pois os componentes adicionados
são acoplados em AC.
O amplificador de recepção é considerado
frequentemente como parte do modem e
usualmente não é mostrado em separado.
Na figura 2 foi desenhado separadamente
para mostrar como se deriva o sinal de
tensão de recepção. O sinal de recepção
não é somente AC, nem no controlador
ou mesmo no transmissor.
Para enviar uma mensagem, o transmissor,
ao ligar sua fonte de corrente, fará com que F1. Loop de corrente convencional.
se sobreponha um sinal de corrente de 1mA
pico-a-pico de alta frequência sobre o sinal
analógico da corrente de saída. O resistor
R no controlador converterá este sinal em
tensão no loop e esta será amplificada no
receptor chegando até ao demodulador do
controlador (modem). Do mesmo modo,
para enviar uma mensagem ao transmissor,
o controlador fecha sua chave, conectando
sua fonte de tensão que sobrepõe uma tensão
de aproximadamente 500 mV pico-a-pico
através do loop. Esta é vista nos terminais
do transmissor e encaminhada ao amplifi-
cador e demodulador. Note que existe uma
implicação na figura 2 dispondo que o mestre
transmita como fonte de tensão enquanto o
escravo, como fonte de corrente.
A figura 3 exibe detalhes do sinal HART,
sendo que as amplitudes podem variar de
acordo com as impedâncias e capacitâncias
de cada equipamento e perdas causadas F2. Loop de corrente acrescido o HART.
por outros elementos no loop. O HART se
utiliza do FSK, chaveamento por mudança
de frequência (Frequency Shift Keying),
onde a frequência de 1200 Hz representa
o 1 binário e a de 2200 Hz, representa o 0
binário. Note que estas frequências estão
bem acima da faixa de frequências do sinal
analógico (0 a 10 Hz) de tal forma que não
há interferências entre elas. Para assegurar
uma comunicação confiável, o protocolo
HART especifica uma carga total do loop
de corrente, incluindo as resistências dos
cabos de, no mínimo, 230 ohms, e no
máximo 1100 ohms.
Equipamentos de campo e handhelds
(programadores de mão) possuem um mo-
dem FSK integrado, onde via port serial ou
USB de um PC ou laptop pode-se conectar
uma estação externamente. F3. Sinal HART. F4. Conexão de equipamentos mestres HART.

34 Mecatrônica Atual :: Novembro/Dezembro 2009

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conectividade

F5. Conexão HART via multiplexador. F5a. Conexão HART em Multidrop.

zero, desde que se use o modo de endereço um operando com corrente nominal de
na comunicação para acessá-lo. 4 a 12 mA e o outro de 12 a 20 mA.
Em sistemas considerado grandes, pode- Nesta condição, os posicionadores são
se usar de multiplexadores para acessar conectados em série no loop de corrente
grandes quantidades de equipamentos com endereços diferentes e o host será
HART, como por exemplo na figura 5, capaz de distingui-los via comunicação.
onde o usuário deverá selecionar o loop de Veja figura 6.
corrente para comunicar via Host.
Nesta situação em cascata, o host Endereçamento em
pode comunicar-se com vários equipa- redes densas
mentos (mais do que 1000), todos com Para endereçar os equipamentos em
endereços zero. redes densas, um formato especial cha-
Ainda podemos ter rede em multidrop e mado de “long form adressing” é usado.
condições de split-range. Na figura 5a, na Durante a configuração,o endereço e o tag
conexão em multidrop, observe que podem de cada equipamento, via ponto-a-ponto são
ser ligados no máximo até 15 transmissores enviados aos equipamentos. Na operação,
em paralelo na mesma linha. A corrente os equipamentos operam com o endereço
que passa pelo resistor de 250 ohms (foi no formato long. Usando o comando 11,
ocultado na figura) será alta, causando o host pode acessar os equipamentos via F6. Conexão HART com técnica split-range.
uma alta queda de tensão. tags. (Figura 7)
Portanto, deve-se assegurar que a tensão
da fonte de alimentação seja adequada para As camadas (layers) do HART
suprir a tensão mínima de operação. O HART foi desenvolvido segundo o
No modo multidrop a corrente fica fixa modelo OSI, de acordo com a figura 8.
em 4 mA, servindo apenas para energizar O meio físico.
os equipamentos no loop. Como visto anteriormente, o HART se
A condição de split-range é usada em utiliza do sinal de 4-20 mA, sobrepondo
uma situação especial onde normalmente um sinal em técnica FSK, chaveamento
dois posicionadores de válvulas recebem por mudança de frequência (Frequency
o mesmo sinal de controle, por exemplo, Shift Keying), onde a frequência de 1200 F7. Formatos short e long de endereços.

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conectividade

F8. Modelo do protocolo HART segundo o F9. Modelo de comunicação Mestre-


modelo OSI. Escravo de troca de dados no HART. F10. Frame padrão de um comando HART.

Hz representa o 1 binário e a de 2200 Hz • Em relação ao aterramento, deve-se retorno junto ao cabeamento, o laço
representa o 0 binário. Cada byte individual ter uma impedância de terra sufi- pode ser minimizado, diminuindo a
do telegrama do layer 2 é transmitido em cientemente baixa com capacidade área de acoplamento. Geralmente, o
11 bits, usando-se 1200 kHz. de dreno suficiente para conduzir e problema resultante deste tipo de falha
prevenir picos de tensão. Recomenda- de instalação, em plantas operando
Cabeamento se evitar múltiplos terras; normalmente, não será aparente, e
Utiliza-se um par de cabos trançados • Evitar loops de terra: quando se tem caso ocorra um desbalanceamento de
onde deve-se estar atento à resistência total, vários equipamentos aterrados a um terra, o defeito trará consequências
uma vez que esta colabora diretamente com terra comum por caminhos diferentes, desastrosas ao sistema, com danos
a carga total, e agindo na atenuação e dis- cria-se diferenças de potenciais que permanentes nos equipamentos;
torção do sinal.Em longas linhas e sujeitas podem danificar os equipamentos; • Para detectar a presença de aterramen-
a interferências, recomenda-se o cabo com • Possíveis fontes de captação de ruído to em múltiplos pontos, recomenda-se,
shield, sendo este aterrado em um único ou de distorções do sinal de comu- uma vez terminada a instalação, abrir
ponto, preferencialmente no negativo da nicação podem ser citadas: cada ponto de aterramento e realizar
fonte de alimentação. Seguem algumas dicas • Sistema de aterramento totalmente a medição da impedância deste ponto
de distribuição do cabeamento, aterramento desbalanceado; para o terra (megagem – a impedância
e shield (blindagem): • Estruturas metálicas mal aterradas lida deve ser bastante alta, da ordem
• Para curtas distâncias, pode-se usar ou isentas de aterramento; de alguns Mega Ohms);
cabos com 0,2 mm2 e sem shield; • Presença de laços com grande área • Se a impedância lida for baixa, isto
• Para distâncias até 1500 m, recomen- de acoplamento magnético; indica que algum ponto da linha
da-se usar cabos de par trançados • O loop de terra do sinal AC determina deve estar em contato com o terra
com 0,2 mm2 e com shield; um circuito elétrico AC, alimentado (curto com a carcaça, conexão de
• Para distâncias até 3000 m, recomen- pela tensão de desbalanceamento equipamentos não isolados com
da-se usar cabos de par trançados do terra e a interferência será tão os sensores aterrados, etc.) e o cur-
com 0,5 mm2 e com shield; maior quanto maior for o nível de to deve ser desfeito. Lembrar que
• Deve-se assegurar a continuidade tensão do ruído e quão próxima for as recomendações são válidas não
da blindagem (shield) do cabo em a frequência do ruído da frequência apenas para o sinal, mas também
mais do que 90% do comprimento do sinal de comunicação; para a própria blindagem dos cabos.
total do cabo. E, ainda, esta deve ser • Estruturas metálicas mal aterradas Uma das ocorrências mais comuns
aterrada somente em um ponto, pre- ou isentas de aterramento podem é abandonar o shield dos cabos mal
ferivelmente na fonte de alimentação. servir de antena, captando ruídos acabado no bandejamento ou no
O shield deve cobrir completamente de tal energia que poderia fazer com próprio invólucro dos equipamentos
os circuitos elétricos através dos co- que o circuito AC passe a conduzir e isto pode levar a curtos indesejáveis
nectores, acopladores, splices e caixas correntes que possam interferir na com a carcaça.A prática recomenda
de distribuição e junção; qualidade do sinal de comunicação. que se faça também a megagem da
• Isolar sinal HART de fontes de ru- Este fenômeno, denominado indução blindagem. As megagens do sinal e
ídos, como cabos de força, motores, magnética, pode ser minimizado com da blindagem devem ser sistemáticas,
inversores de frequência. Colocá-los a implementação de um circuito de repetindo sempre que se faça algum
em guias e calhas separadas; retorno próximo ao cabeamento do tipo de manutenção nos dispositivos
• Quando utilizar cabos multivias, barramento; ou na cablagem. Qualquer manuseio
não misturar sinais de vários pro- • Se o sistema de bandejamento e de em qualquer uma destas partes pode
tocolos; dutos criar um circuito ininterrupto de ocasionar um curto para a carcaça,

36 Mecatrônica Atual :: Novembro/Dezembro 2009

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conectividade

principalmente se o acabamento dos do layer 7, isto é, da aplicação. Os Comandos Universais


cabos for mal executado (curto ao comandos são divididos em classes:
fechar a tampa, curto ao manipular universais, comuns e de acordo com 0 Read Unique Identifier
os cabos nas bandejas, etc); o fabricante; Manufacturer
• Deve-se sempre estar atento as normas • BC: indica o comprimento da men- Device Type
de segurança segundo as exigências sagem.No HART o comprimento Number of Preambles
dos órgãos certificadores e conforme máximo é 25 bytes; Command Revision
a aplicação. • Status: são dois bytes que indicam a Software and Hardware
condição do equipamento. Quando Revison
Layer 2 iguais a zero, o equipamento está Circuit Board Serial Number
O protocolo HART opera segundo o OK; 1 Read Primary Variable
padrão Mestre-Escravo, onde o escravo • Data: são os dados transmitidos e 2 Read Primary Variable Current  and
somente transmitirá uma mensagem se que podem ser em vários formatos Percentage of Range
houver uma requisição do mestre. A figura onde os equipamentos converterão 3 Read Dynamic Variables and PV
9 mostra de maneira simples o modelo convenientemente; Current
de troca de dados entre mestre e escravo. • Parity: contém o checksum, atendo 6 Write Pooling Address
Toda comunicação é iniciada pelo mestre HD = 4 (Hamming distance). 11 Read Unique Identifier Associated
e o escravo só responde algo na linha se Em um frame usando formato short, Tag
houve um pedido para ele. Existe todo um teremos 25 bytes mais 10 bytes de controle. 12 Read Message
controle de tempo entre envios de comandos Como usa 11 bits, teríamos: 13 Read Tag, Descriptor e Date
pelo mestre. Há inclusive, um controle de • 11*35 = 385 bits transmitidos; 14 Read Primary Variable Sensor
tempo entre mestres quando se tem dois • O tempo por bit é de : 1/1200 bit/s Information
mestres no barramento. = 0,83 ms; Sensor Serial Number
Em termos de serviços de comunicação, • O tempo total de transação é de = Unit
o HART provê 3 tipos: 385*0,83 ms = 0,319 s; URL
• Comandos padrões: onde se tem • O tempo de transação do 25 LRL
a troca de dados entre mestres/es- bytes(dados de usuário) é = 0,319 Minimum Span
cravos; s/25 = 12,8 ms. 15 Read Primary Variable Output
• Comandos em broadcast: que são A relação entre o tempo de dados de Information
comandos que todos os equipamentos usuário e o tempo total de transação é: 25 Fail Safe Mode
recebem; * 8 bits / 385 bits = 52 %. Transfer Function
• Modo burst: onde alguns equipa- Observe que em mensagens mais curtas, Unit
mentos ciclicamente a cada 75 ms a proporção entre o dado de usuário e o dado URV
enviam na linha o valor de processo de controle pode chegar a 128 ms para um LRV
medido. Normalmente, tem-se duas byte de dado de usuário. Em geral,tem-se Damping
transações por segundo. Neste modo, um tempo de 500 ms para garantir duas Write Protection
pode-se ter quatro por segundo. transações mais alguma informação adicional 16 Read Final Assembly Number
• Na figura 10 podemos ver um frame de manutenção e sincronização. 17 Write Message
padrão do HART, onde: 18 Write Read Tag, Descriptor, Date
• Preâmbulo: pode ser 3 ou mais Application Layer 19 Write Final Assembly Number
bytes FF de sincronismo dos sinais (Camada de Aplicação)
da mensagem; Como explicado anteriormente, o HART é
• SD: é o byte que indica quem está baseado em comandos que uma vez recebidos Um exemplo de equipamento HART. A
enviando o frame: mestre, escravo pelos escravos, permitem certas ações.Estes figura 13 mostra o diagrama funcional do
ou o escravo em burst mode e ainda, comandos estão divididos em classes: LD301, segundo os padrões HART:
qual o formato, long or short; • Universais: comandos usados e com- Vejamos a figura 11, onde temos o
• AD: é o campo de endereço onde no preendidos por todos equipamentos diagrama de blocos do transmissor de
formato short com um byte, possui um HART; pressão LD301 da Smar.
bit de distinção entre os dois mestres • Práticos e Comuns: suportados pela Este transmissor possui a tecnologia do
possíveis e um para indicar burst maioria dos equipamentos HART sensor capacitivo, que é a tecnologia mais
mode.Em equipamentos de campo, e de acordo com a função do equi- difundida e testada em nível de sensores
4 bits são usados para o endereço, de pamento; de pressão, em milhares de aplicações e
0 a 15.No caso do formato long, o • Específicos de cada equipamento segmentos, desde as mais simples até as
endereço tem 38 bits; conforme o fabricante: são dependen- mais complexas e principalmente onde
• CD: este é o byte que identifica o tes das características particulares de exige-se exatidão e confiabilidade. Não
comando HART que vai depender cada equipamento/fabricante. possui conversor A/D e a leitura dos sinais

Novembro/Dezembro 2009 :: Mecatrônica Atual 37

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conectividade

F11. Transmissor de Pressão HART/4-20 mA. F12. Super Chip HART – HT3012 – Smar.

de capacitâncias é totalmente digital (a


Smar usa desta metodologia digital desde a
década de 80), eliminando drifts comumente
encontrados neste componente.
Graças a um chip desenvolvido e co-
mercializado pela Smar, o HT3012, este
transmissor possui um dos maiores MTBFs
do mercado, onde este chip, além de um
modem HART, um conversor D/A de 15
bits e um controlador de LCD, tem um
coprocessador matemático que garante
alta performance a todos os equipamentos
HART desenvolvido com o mesmo. Com
todas estas funcionalidades e alto nível de
integração, este chip possibilita que este
transmissor de pressão possua somente uma
placa eletrônica, facilitando manutenção e
controle de estoque, uma vez que uma única
F13. Diagrama funcional do LD301. placa atende todos os modelos.
Tudo isto colabora no aumento de con-
fiabilidade e diminui as probabilidades de
falhas, garantindo seu uso em áreas críticas.
Além disso, o LD301 possui rápido tempo de
resposta, funções avançadas de diagnóstico,
totalização com persistência e um bloco PID,
onde em muitas aplicações dispensa o uso de
um controlador. Veja figura 12 a 15.
Para conhecer a linha completa de
equipamentos de campo Smar acesse: www.
smar.com.br

A convivência de vários
protocolos em uma
mesma planta
Daqui para frente é esperado que a
convivência entre vários protocolos torne-
se uma constante, principalmente onde
F14. Uso do LD301 como controlador, dispensando o uso do controlador. o parque instalado for grande e deseja-se

38 Mecatrônica Atual :: Novembro/Dezembro 2009

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conectividade

F17. Utilização de FDT e DTM com o HART.


F15. Recursos de diagnose facilitando a manutenção.
O uso de FDT e DTMs na configuração
de equipamentos HART.
A tecnologia baseada em FDT(Field
Device Tool) e DTM (Device Type Ma-
nager) permite ao usuário ganhar versa-
tilidade e flexibilidade de configuração,
parametrização,calibração e principalmente
mecanismos de download e upload durante
a fase de planejamento/ comissionamento
dos projetos. É uma tecnologia aberta, e
que permite que um DTM de um equi-
pamento de campo rode em qualquer
frame application suportando FDT e ainda
possibilita usar um único ambiente de
software para integrar produtos de dife-
rentes fabricantes e protocolos. O DTM
é um “driver”, ou seja, é um componente
de software (DLL, EXE) que representa
cada equipamento que estiver na planta.
Este “driver” obedece à norma FDT e pode
ser usado em qualquer Frame Application,
independente do fabricante. A figura 17
ilustra um configurador baseado nesta
tecnologia e o DTM do LD301.

Conclusão
Pudemos ver alguns detalhes do pro-
tocolo aberto HART, com uma visão um
pouco diferente do que se tem em nível de
F16. Integração Foundation Fieldbus e HART usando o HI302. usuário, isto é, envolvendo detalhes técnicos
deste padrão. Além disso, vimos o que se
preservar os investimentos feitos. A figura uma ponte entre equipamentos HART e tem em termos de desenvolvimento de
16 é um exemplo típico de sistema onde sistemas Foundation Fieldbus, possui 8 chips HART avançados e os benefícios em
se tem em uma mesma planta os pro- canais HART master e faculta ao usuário performance, recursos e funcionalidades
tocolos Foundation Fieldbus e HART. executar manutenção, calibração, mo- de um transmissor de pressão com este
Neste caso, uma interface HART-FF, o nitoramento de status do sensor, status desenvolvimento. E ainda, a integração
HI302, é utilizado, permitindo conexões geral do equipamento, dentre outras de Fieldbus com HART e o uso do FDT
ponto-a-ponto e multidrop. O HI302 é informações. e DTM na configuração HART. MA

Novembro/Dezembro 2009 :: Mecatrônica Atual 39

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conectividade

Segurança em Através da apresentação dos


sistemas, suas vantagens e
implicações devido a conver-

automação
gência para sistemas abertos
e interconectados, este artigo
mostra como é feita a segu-
rança na automação industrial

industrial
(cyber security) e as práticas
de segurança atualmente
adotadas

Halley Rodrigo Monteneri Mora

D
evido aos problemas decorrentes da con- será afetado. Não existe garantia que um
vergência e interligação entre TI (Tecno- aplicativo desenvolvido para uma versão
logia de Informação) e TA (Tecnologia de plataforma funcionará adequadamente
de Automação), surge a necessidade após este receber uma atualização.
de se avaliar questões principalmente Apesar da convergência da TA para TI,
relacionadas à segurança do ambiente ainda existem muitos equipamentos com
de TA (Cyber Security). Entretanto, não plataformas não usuais, drivers/dlls muito
simplesmente adotando técnicas já con- específicos, emuladores, entre outros que, após
sagradas do ambiente TI, mas analisando uma atualização, podem entrar em conflito
detalhadamente as particularidades e e não funcionar corretamente. Isso explica a
requisitos que a TA possui. existência de sistemas em DOS, Windows
Em função de seus objetivos, caracterís- 95, NT, e também sistemas operacionais sem
ticas do ambiente controlado e dos serviços Service Packs e Patches instalados. É frequente
oferecidos, TA e TI têm prioridades inversas, que usuários e senhas sejam compartilhados
conforme mostra o quadro 1. por diversas pessoas que utilizam o sistema
Diante da dimensão e complexidade de (senhas visíveis na descrição do próprio
administração de uma rede TI, é frequente usuário ou então em anotações ao lado do
enxergar TA como simplesmente uma ex- console de operação), sistemas em operação
tensão desta e, assim, querer administrar com usuários de perfil administrador, senhas
TA utilizando as técnicas e ferramentas padrão, e até sistemas que não exigem au-
de TI. Mas o problema não é de tão fácil tenticação para operação.
solução como parece. Enquanto sistemas Situações como estas aconteciam por-
de TI têm estimativa de vida em média de que não havia preocupações de segurança
cinco anos, sistemas de TA permanecem anteriormente, pois eram sistemas total-
operando por no mínimo 10 anos, geral- mente isolados, não convencionais. Não
mente sem grandes modificações. é simplesmente uma questão de adotar
Em TA não é tão simples atualizar o usuários individuais, pois muitos sistemas
saiba mais sistema operacional de uma máquina sempre
que um Service Pack (correções de um sof-
foram desenvolvidos sem tais recursos,
o que nos dias de hoje, é considerado
Sistema Integrado de Segurança – SIS tware disponibilizadas pelo desenvolvedor) imprescindível.
Mecatrônica Atual 18 ou Patch (correção de um erro específico Outra questão sobre a simples utiliza-
Solução Ethernet para segurança
de um software também disponibilizada ção das ferramentas TI são os softwares
Mecatrônica Atual 38 pelo desenvolvedor) esteja disponível. São antivírus, o gerenciamento de ativos, IPS
necessários testes completos e confiáveis (Intrusion Prevention System) e demais
Sistema Integrado de Segurança – SIS para certificar-se que o processo fabril não softwares permanentemente em execução
Mecatrônica Atual 18

40 Mecatrônica Atual :: Novembro/Dezembro 2009

MA34_seguranca_automacao_industr40 40 8/12/2009 17:18:38


conectividade

(background). Esses softwares podem com- treinamentos também pode ser necessário Toda alteração que possa estar relacionada à
prometer a execução do aplicativo principal e para a correta utilização das ferramentas e segurança deve estar de acordo com a política
ocasionar distúrbios no processo ou em outros manutenção do processo de segurança. adotada. Testes devem ser realizados para
equipamentos da rede, dependendo do local certificar que o sistema não seja afetado, ou
onde forem instalados. Alguns sistemas de Políticas de Segurança que alguma vulnerabilidade seja incluída.
controle utilizam emuladores de tempo real É importante lembrar que decidir sobre a Informações detalhadas para restabelecer a
RAE (Real Time Application Enviromment) adoção de uma ou outra política deve ser feito condição anterior, após as mudanças serem rea-
que podem ter seu desempenho compro- a partir do nível de segurança pretendido. lizadas, também contemplam o gerenciamento
metido ao compartilhar processamento A seguir exemplificamos algumas políticas e fazem parte de um item muito importante do
com antivírus ou softwares para geração que, direta ou indiretamente, contribuem gerenciamento de mudanças. As ferramentas
de imagens online, por exemplo. para a manutenção da segurança: de gerenciamento de configuração de hardware
O Gerenciamento de Ativos demanda pa- • Backups: o que, como e quando reali- e software auxiliam o processo de segurança
cotes de SNMP (Simple Network Management zar backup, locais de armazenamento, e, através de alarmes/logs, é possível detectar
Protocol) para monitorar o sistema objetivo e testes de restauração, etc; alterações não autorizadas e/ou alterações
eles podem comprometer o desempenho da • Antivírus, firewall e outros softwares oriundas de vírus, entre outros.
rede, caso uma configuração criteriosa não relacionados à segurança: como e
seja realizada, uma vez que, inicialmente quando atualizar, políticas para al- Arquitetura segura
redes em TA não foram concebidas para alto teração e desativação de recursos de O princípio para uma rede segura em um
tráfego. Estas redes geralmente são menores segurança, etc; ambiente de automação está na arquitetura
que redes de TI, menores no tamanho dos • Definição de onde utilizar usuários da rede, que deve agrupar equipamentos por
pacotes e no volume de informações. Contu- e senhas compartilhadas ou não, função e proteger as conexões com outras
do, são mais estáveis e previsíveis, visto que perfis de usuários e ativação de logs redes. Estas segmentações, equipamentos
inicialmente ofereciam somente determinismo de registro; e pontos de conexão com outras redes
para controle de processo. • Políticas quanto ao uso de equipa- devem estar claramente documentadas, e
Se por um lado, a simples aplicação de mentos conectados temporariamente isto significa saber e entender o que existe
técnicas de TI não é desejável neste ambiente, é nas redes (por exemplo, notebooks); na rede.
crescente a utilização de funcionalidades como • Desativação de recursos de equi- Para conexões entre redes IP (Internet
telnet, ftp, web services, SNMP, redes wireless, pamentos com potencial de risco Protocol ) recomenda-se a instalação de
entre outras. E a TA, por não estar familiariza- quanto à segurança: desativação de firewall. Em sistemas que necessitam in-
da, acaba ficando exposta às vulnerabilidades drives USB, disquetes e CD-ROMs, formações “de/para” na rede de controle,
características de cada recurso e/ou não as instalação de dispositivos físicos para como PIMS por exemplo, o acesso não deve
exploram adequadamente, sem beneficiar-se impedir o acesso a drives de CD-ROM ser feito diretamente na rede de controle,
dos recursos de cada ferramenta. e disquetes, portas não utilizadas mas em servidores operando como bridge
em switches em ambientes de pouca (ponte) entre estas redes.
Segurança em sistemas circulação de pessoas, etc. Acessos remotos, dispositivos conectados
O conceito de segurança não é unicamente momentaneamente (típico para fornece-
um produto, mas um processo que, ao ser Gerenciamento de mudanças dores, consultores, etc.), recomenda-se
iniciado, sempre demandará esforços para Um bom gerenciamento de TI inclui também que não se conectem diretamente
mantê-lo. Para alcançar determinado nível de controle de políticas, hardware e software. na rede-objetivo, mas através de um servidor
segurança, há alterações físicas, instalação de
produtos, adoção de políticas, mudanças de
paradigmas, etc., e este processo altera rotinas Ambiente TI Ambiente TA
e procedimentos, causando dificuldades na
execução de algumas tarefas. Ao iniciar um Confidencialidade: proteção dos Disponibilidade: o sistema exige
dados quanto ao acesso não au- alta disponibilidade. Pequenas inter-
processo para adequar um sistema aos aspec- torizado; rupções podem ter como conseqüên-
tos de segurança é fundamental estar ciente cias grandes perdas, sejam estas de
destes inconvenientes, dos custos e também Integridade: dados exatos; produção, danos aos equipamentos, e
dos benefícios da solução adotada. em casos mais graves, danos à integri-
Disponibilidade: em geral alguns dade física de pessoas.
sistemas toleram uma interrupção
Divulgação e Treinamento por um curto espaço de tempo. Integridade: dados exatos;
É muito importante divulgar, para todos
os envolvidos, os motivos da implantação Confidencialidade: proteção
do programa de segurança e qual o nível dos dados quanto a acessos não
que se pretende obter. Todos devem ter autorizados;estamos trabalhando so-
consciência das mudanças ocasionadas em mente com estruturas lineares. Ainda
não existe base na literatura para a
função da segurança desejada. Promover identificação de sistemas não lineares,
exigindo assim uma melhor atenção
para os testes de não linearidade.
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conectividade

F1. Arquitetura onde os servidores coletam dados na rede de controle F2. Servidor baixando atualizações, patches, antivírus, firewall, entre
e os disponibilizam para os sistemas da rede de TI (PIMS, MES, etc.) outros, na Internet e fazendo as transferências para a rede de testes.

F3. Depois de realizados os testes, as atualizações e patches F4. Acesso remoto: ao invés de acessar diretamente o equipamento
são transferidas para as redes de controle. desejado, o acesso é feito através dos servidores.

como bridge. A premissa é manter a rede De acordo com a arquitetura e os Devido à existência das segmentações e
de controle isolada e somente acessá-la via exemplos apresentados pelas figuras, a da própria região DMZ, é possível combi-
servidores, dotados de firewall, antivírus e rede de controle fica isolada das demais, nar múltiplas sessões de autenticação para
autenticação. Assim, os servidores ficarão todo acesso a ela é realizado através da obter acesso à rede TA a partir da rede TI.
localizados numa região denominada DMZ área DMZ delimitada pelos firewalls, onde Combinando estas etapas de autenticações
(De-Militarized Zone), uma região segura estão os servidores. Recomenda-se que a com regras de firewall, IPS e antivírus,
entre a rede TI e TA. utilização destes servidores seja exclusiva por exemplo, cria-se um ambiente seguro
Uma rede isolada da rede principal de para a função e que os trabalhos nestas isolando a rede TA e ao mesmo tempo
controle, com equipamentos para testes é máquinas estejam limitados a atividades obtendo controle de acesso a esta - com
uma alternativa para simular modificações pertinentes à função do servidor. Isso é recursos de rastreabilidade em função dos
decorrentes de updates, patches, etc. Cer- importante porque a utilização comparti- logs das aplicações citadas, diferenciando-se
tificada a estabilidade ou segurança do lhada de servidores para atividades típicas de acessos sem autenticação ou com simples
sistema após as modificações, as mesmas de estações de trabalho pode comprome- senhas comuns neste ambiente.
podem ser realizadas nos equipamentos ter os serviços oferecidos, seja inserindo Em estações de engenharia, recomen-
da rede de controle. Observe a figuras alguma vulnerabilidade ou causando da-se a instalação de antivírus e firewall.
1, 2, 3 e 4. instabilidades no sistema. Nos demais equipamentos pertinentes a

42 Mecatrônica Atual :: Novembro/Dezembro 2009

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conectividade

um sistema de controle, é recomendável


o acesso somente de pessoas autorizadas
e conscientes das práticas de segurança,
ou seja, a segurança é obtida mediante o
acesso físico a estes equipamentos somente
de pessoas qualificadas. E, quando não
for possível ou não recomendada a mo-
dificação das configurações do sistema,
que este esteja em um segmento isolado
da rede, protegido por firewall e sessões
de autenticação.

Acesso aos recursos


Servidores e demais equipamentos crí-
ticos devem estar localizados em ambientes
com acesso controlado e sua operação restrita
às pessoas autorizadas. Tal recomendação,
somada a não compartilhar os servidores
com estações de trabalho, buscam garantir
também a disponibilidade do equipamen-
to, já que a parada desta máquina pode
causar a interrupção de um serviço crítico
ao ambiente.
Portas não utilizadas em switches e
hubs podem ser desativadas para evitar a
conexão de equipamentos não autorizados,
dependendo do nível de segurança desejado.
A monitoração do status de cada link das
portas através de recursos SNMP, quando
disponíveis, é uma alternativa à desativação
das portas, pois com o monitoramento
pode ser possível a identificação de algum
usuário não autorizado.
Drives de CD-ROM, disquetes, USB,
entre outros periféricos de estações de
operação e algumas estações de engenharia
podem ser desabilitados ou ter seu acesso
controlado para evitar o uso não autorizado,
porém é preciso sempre avaliar a relação
custo x benefício da solução adotada.

Considerações finais
Não existe uma solução única e ideal
para as questões de segurança no ambiente
de Automação Industrial. Sistemas de TA
já desenvolvidos há algum tempo e que não
possuem recursos nativos de segurança,
por estarem operando em um ambiente
todo interligado, multiusuário, exigem
uma análise detalhada para adequação
à segurança. O caminho é que TI e TA
conheçam melhor as exigências, carac-
terísticas e dificuldades de cada lado e,
unindo esforços, busquem soluções que
satisfaçam as necessidades que cada am-
biente demanda. MA

Novembro/Dezembro 2009 :: Mecatrônica Atual 43

MA34_seguranca_automacao_industr43 43 8/12/2009 17:19:09


case

Pintura automatizada
s
Dürr Processo mais
seguro com
tempo reduzido
de produção

Confira dois exemplos de instalações automatiza-


das que atendem as expectativas e miniminizam
os riscos.

Pavel Svejda, Dr.-Ing.


Frank Zimmermann, Dipl.-Ing.

C
ada vez mais fabricantes de sistemas de suas instalações de pintura de acabamento,
automação de pintura se confrontam com que consistem de duas linhas de pintura com
desafios específicos e peculiares. O período aplicação manual e mecânica, que precisavam
de tempo previsto para a demolição, reforma ser equipadas com a mais recente tecnologia.
e modernização das instalações das fábricas, o Tudo totalmente automatizado. Vejamos os
pão de cada dia de um fabricante de sistemas dados deste impressionante projeto: data
de automação, torna-se cada vez mais curto. da entrega do pedido à Dürr: dezembro
Novos processos, com um número reduzido de 2007; início da instalação: 11 de julho
de etapas de processamento, estão chegando de 2008; pintura da primeira carroceria:
às fábricas e, no final, um fabricante de meados de agosto. Paralelamente, ocorreram
sistemas de automação também entregará a entrega, a montagem e o comissionamento
novos produtos ao mercado que contribuirão de 87 robôs e várias centenas de toneladas de
para o aumento da produtividade e para a construção em aço, cabines e equipamentos

saiba mais redução dos custos por unidade. Tudo isto


somado envolve um potencial considerá-
vel de risco para todos os participantes.
de transporte.
Exemplo 2: Em 2006, um fabricante
japonês de equipamentos originais (OEM)
Voigtländer, H.: 87 robots for VW Entretanto, o cliente espera, e com razão, decidiu construir não apenas novas insta-
Saxony. Two top coat lines conver- que as instalações comecem a funcionar lações para a pintura de parachoques na
ted within three weeks. JOT 11, 2008.
sem qualquer problema. Como é possível sua fábrica da Grã-Bretanha, mas também
Wieland, D.: Dry scrubbing of atender a esta expectativa e simultaneamente equipar todas as suas instalações de pintura
paint overspray. Clear energy and minimizar os riscos? Dois exemplos atuais de carrocerias com a mais recente tecnologia
cost savings. JOT 3, 2009. e extraordinários ilustram a situação de aplicação de pintura interior e exterior,
Exemplo 1: No verão de 2008, a Volkswa- atomizadores rotativos, aplicação de pintura
Site da empresa:
www.durr.com gen da Baixa Saxônia transformou todas as eletrostática, bem como com a tecnologia

44 Mecatrônica Atual :: Novembro/Dezembro 2009

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case

F1. Oitenta e sete robôs para duas linhas de pintura de acabamento instalados e
comissionados em apenas três semanas – um recorde mundial.

de troca de cor integrada ao atomizador. lação dos programas de pintura aumentam do resultado esperado da pintura, usando-se
Um novo processo e uma nova tecnologia a segurança do planejamento e prevêem uma carroceria verdadeira, empregando-se
não apenas para a OEM, mas também questões críticas do projeto. a técnica de aplicação específica do projeto,
para o fornecedor de sistema de pintura As investigações realizadas no Centro bem como o material de pintura real antes
automatizada. Também neste caso, estavam Técnico verificam os resultados da fase do comissionamento, e os resultados são
programadas apenas breves paralisações de de engenharia, asseguram os processos e comparados com os requisitos do cliente.
funcionamento de duas a três semanas, no determinam parâmetros de pintura que Com base nos dois exemplos dos projetos
verão e no inverno. levam rapidamente à qualidade aceitável mencionados, o processo e os conteúdos
Como se pode garantir o início das da pintura no local da construção. O pré- das investigações no Centro Técnico serão
operações nas instalações dentro do prazo comissionamento de todo o sistema dos abordados em mais detalhes.
previsto, com a qualidade necessária? Como robôs de pintura antes da entrega com Em cada caso, o foco das investigações
se pode minimizar os riscos? Os fatores de testes intensivos das funções, onde os pro- estava nas particularidades do projeto.
sucesso têm naturezas diferentes e devem gramas dos robôs são checados e as falhas No primeiro exemplo, não focalizaremos
se complementar para que se obtenha um são reconhecidas, aumenta a qualidade do apenas os tempos extremamente curtos
bom resultado. sistema como um todo. de montagem e de comissionamento, e a
Certamente são necessários times quali- Na sequência da execução do projeto, conversão da aplicação mecânica para a
ficados e bem treinados de ambos os lados, que é descrito aqui de maneira resumida, aplicação robotizada, com a redução do
que cooperem de uma maneira ideal, tanto as investigações do Centro Técnico desem- número de atomizadores, mas principal-
na fase de engenharia, como posteriormente, penham um papel crucial que não deve ser mente a introdução da pintura robotizada
na fase da instalação no local da construção. subestimado. Enquanto as simulações fora do interior. Como primeiro passo, inves-
Outra condição é um planejamento meti- da linha apenas verificam o programa de tigou-se a configuração do atomizador de
culoso e detalhado de todas as atividades. movimentos baseado nos parâmetros padrão ar. Selecionaram-se várias cápsulas de ar.
As investigações fora da linha do plano dos da pintura, os testes do Centro Técnico re- O critério de seleção foi a eficiência da
robôs, a programação dos robôs e a simu- presentam a única possibilidade de obtenção transferência sob a premissa de uma qua-

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F2. Investigações
garantem o
desempenho
do processo
para o chamado
‘processo de
pintura 3-wet’,
onde o primer, a
camada de base,
e a pintura são
aplicados em uma
linha de pintura,
sem secagem
intermediária,
e depois são
curados juntos.

lidade satisfatória. As investigações foram testes, mostrou-se o potencial da atomização Em cada caso, o programa experimental
realizadas em três diferentes módulos do rotativa no exemplo da pintura do interior foi claramente especificado pelo cliente,
programa para capô, porta interior e porta da porta com EcoBell 2HD em relação que devia não apenas fornecer informação
traseira. Rapidamente verificou-se que a à melhoria da eficiência. O resultado foi sobre a qualidade da pintura exigida, mas
cápsula de ar padrão utilizada pela Dürr, evidente: uma economia de material de também fornecer dados que fossem im-
particularmente com os programas de pintura mais de 30%. portantes para a eficiência econômica do
mais complexos para as portas interiores e Enquanto no exemplo da Volkswagen processo de pintura, tal como a eficiência
portas traseiras, levou a uma economia de da Baixa Saxônia os testes ocorreram em da transferência, perdas de tinta na troca
material de cerca de 10%, sendo a espessura um determinado período posterior à data de cor, tempo gasto na troca de cor. E,
da camada ligeiramente maior. da assinatura do contrato, no segundo finalmente, também foram avaliados os
No passo seguinte, os programas da exemplo as investigações foram realizadas critérios que são importantes para o serviço
sequência do comissionamento de todos os em inúmeras etapas individuais distribuídas e para a manutenção.
modelos de carroceria foram otimizados. ao longo de mais de dois anos. O objetivo Depois que a tecnologia de aplicação
Uma condição essencial para isto era a foi primeiramente a seleção da técnica de da Dürr foi aprovada no programa de
capacidade de transferência dos resulta- aplicação ideal. A série de testes começou validação do cliente, e depois que a Dürr
dos da escala do Centro Técnico para as em meados de 2006, com um programa recebeu, no início de 2007, os pedidos para
instalações reais. Isto exigia do Centro de validação das instalações de pintura de as instalações de pintura de parachoques
Técnico alta flexibilidade e reprodutibili- parachoques, e continuou meio ano mais e para a reconstrução das instalações de
dade na determinação dos parâmetros do tarde para a validação das instalações de pintura, investigações detalhadas foram
processo. No terceiro passo desta série de pintura de carrocerias. realizadas em diversas etapas. Até outubro

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de 2008 o cliente havia passado um total de


34 semanas no Centro Técnico. Durante
este tempo, no início de 2008, começaram
as operações nas instalações de pintura de No Centro de Teste de Pintura Ecopaint,
parachoques. A última das quatro etapas quatro cabines de pintura com um total
de doze robôs estão à disposição para
da construção foi concluída em março de todos os processos de aplicação, com
2009. No total, 50 robôs-pintores foram uma grande variedade de tecnologias de
entregues em ambos os projetos. pintura.
Um centro técnico moderno tem um Um robô adicional de medição equi-
papel importante na segurança do de- pado com um sistema remoto de
medição da espessura do filme úmido é
sempenho de novos processos de pintura. usado para gravar o resultado.
Atualmente estão sendo discutidos no setor Dois fornos de convecção, que podem
os chamados processos de pintura sem-pri- ser programados com várias curvas
mer, ou processos 3-wet, que são processos de temperaturas, asseguram uma cura
encurtados, com um número reduzido de flexível correspondente às exigências
do material de pintura utilizado em
etapas. Tais processos já estão em uso em cada caso.
algumas OEMs. Entretanto, eles devem ser F3. Centro de Teste de Pintura Ecopaint.
A inspeção visual da aparência da pin-
garantidos em cada nova instalação quanto tura pode ser feita sob condições espe-
às suas limitações específicas. A garantia cíficas de iluminação em uma cabine
somente pode ocorrer por meio de testes especialmente equipada para isto.
Para a avaliação das séries de testes
em carrocerias completas e em um centro existentes emprega-se uma tecnologia
técnico. Isto confirma o layout planejado, de medição de última geração.
os dados do processo e a qualidade do Para investigações na área de aplica-
produto. Nesta fase ainda é possível fazer ção de mástique, o Centro de Teste de
as correções necessárias no processo, ou Selagem Ecopaint conta com 4 robôs
de selagem e equipamentos periféricos
fazer adaptações no material de pintura necessários, assim como uma estação
sem maiores problemas. de robôs para aplicações de adesivos.
As investigações quanto à segurança Com o Centro Técnico de Processa-
do desempenho do processo no Centro de mento recém- construído, uma área
Teste da Dürr em Bietigheim-Bissingen total de 5.650 m² encontra-se à disposi-
F4. Centro de Teste de Selagem Ecopaint. ção na sucursal de Bietigheim-Bissingen.
têm uma longa tradição. A experiência
mostra que o Centro de Teste de aplicação
de pintura da Dürr (Centro de Teste para
Pintura Ecopaint) desde sua inauguração
em 1992 contribui significativamente para
a introdução e segurança do desempenho
de processos de pintura novos e inovadores. Os testes disponíveis na Dürr, ori- tecnologia de última geração, um fabricante
Como exemplo podemos citar o processo ginalmente limitados às tecnologias de de sistemas de pintura não pode vencê-
de pintura integrado com um verniz à aplicação, expandiram-se nos últimos anos los. Mas também clientes e usuários são
base de uma mistura de pó e água (powder para incluir as áreas de processo de pintura altamente dependentes de tais testes. As
slurry clear coat) na Daimler, em Rastatt, e tecnologias de pré-tratamento. Um centro investigações completas no Centro Técnico
Alemanha, ou a introdução da pintura em de testes adicional está à disposição na da Dürr trazem a segurança necessária do
pó na BMW. sucursal de Bietigheim para investigações processamento e portanto, levam a redu-
Em uma instalação de pintura aplica-se de processos de pintura por imersão com ções significativas de custos. Abdicar-se
não apenas a tinta, mas também materiais uma técnica rotacional e para investigações das múltipas possibilidades de garantia de
altamente viscosos para a selagem das de sistemas de deposição seca de overspray desempenho de processo oferecidas pelo
juntas, para a proteção da parte inferior de pintura. Juntos, os Centros de Teste da Centro Técnico da Dürr, significaria um
da carroceria e, parcialmente, para o Dürr, situados em uma área total de 5.650 mergulho no escuro, risco este que ninguém
amortecimento de ruídos. Pelas mesmas m², formam o maior Centro Técnico no pode se dar ao luxo. MA
razões que as investigações no Centro mundo deste gênero.
Técnico são importantes para a aplicação Os desafios a serem enfrentados na intro-
da pintura, elas também são vitais para dução de novos processos com materiais de
os projetos. Para atender a esta demanda, pintura e produtos em projetos com duração
também o ‘Centro de Teste de Selagem reduzida são enormes. Sem investimentos
Ecopaint’ se encontra em operação na em ferramentas correspondentes, nos quais
Dürr desde 2005. também se inclui um centro técnico com

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Sitara TM
s Microprocessador para
aplicações industriais
Em outubro de 2009, a Texas Instruments anunciou o lançamento
dos microprocessadores AM3505 e AM3517 com a finalidade de
atender o mercado industrial
Renato Paiotti

A necessidade industrial O core do SitaraTM é baseado no ARM


Nem todos os equipamentos eletrônicos CortexTM-A8 de 500 MHz, atingindo
podem ser colocados em operação dentro 1000 Dhrystone MIPS, possibilitando
de uma fábrica. Dependendo do tipo de assim rodar Linux e Windows CE.
produto que está sendo manufaturado, Além do seu tamanho, o componente
como também do local onde isto ocorre, não precisa ser refrigerado, viabilizando
podem diferenças de temperaturas muito assim a construção de um PC compacto
grande, bem como haver sofrer diversos uma única placa. Além de eliminar a neces-
tipos de interferência devido principal- sidade de ventilação, que consome energia
mente dos motores em movimento. Ter para o funcionamento, o core precisa de
um computador ou um equipamento de apenas 1,2 V e os sinais de I O 1,8 V (para
monitoração que opere em tais condições, DDR2) ou 3,3 V.
estando o mais próximo possível da linha Entre outros recursos importantes que
de produção, sempre foi o sonho de muitos estão adicionados na nova família, estão o
projetistas. acesso externo à memórias do tipo DDR2
Colocar equipamentos que dependem (com interfaceamento de 1 GB para espaço
de refrigeração para manter seu sistema de endereçamento), NOR Flash, NAND
funcionando nem sempre funciona da flash, OneNAND e Asynch SRAM, um
forma correta nestes locais, pois em muitos canal SDMA de 32 bits, uma porta de vídeo
casos o ar que seria usado para esfriar os configurável, além de atender a diversos
componentes já está a uma temperatura
muito elevada.
Dhrystone
saiba mais Família Sitara TM

A Texas Instruments, procurando atender


É um Benchmark desenvolvido em 1984
para testar o desempenho bruto de um
Sitara: Microprocessador para processador, isso porque ele simula
aplicações industriais essa procura por processadores que trabalhem
chamadas e operações de escrita e
Saber Eletrônica 441 em ambientes industriais, desenvolveu a leitura de dados. Este benchmarck foi
família SitaraTM de microprocessadores. originalmente desenvolvido em ADA
Site Oficial Um dos pontos principais deste componente por Reinkol P. Weicker, mas o mais uti-
www.ti.com/sitara-pr é a faixa de temperatura em que trabalha, lizado é a sua versão em C distribuida
por Rick Richardson, atualmente ela
ARM Cortex-8 que vai de -40 até 85/105 ºC, dependendo
existe em várias linguagens.
www.arm.com/products/CPUs/ do componente escolhido.
ARM_Cortex-A8.html

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ARM Cortex-A8
Esta arquitetura é conhecida pela sua para áudio, vídeo e gráficos 3D, podendo
alta eficiência e baixo consumo, próprio decodificar MPEG-4 VGA a 30 frames
para projetos mobile, tais como telefo- por segundo.
nes celulares, set-top boxes, consoles A segurança do sistema fica a cargo da
de videogames, aparelhos de navegação tecnologia TrustZone, protegendo peri-
GPS e sistemas de entretenimento para féricos e a memória usada.
automóveis, ou seja, para aparelhos que A arquitetura Cortex-A8 possui duas
possam consumir até 300 mW. ALU (Unidade Lógica de Aritmética),
Ela pode trabalhar numa frequência entre aumentando a eficiência na leitura das
600 MHz e 1 GHz. instruções. A tecnologia NEON utiliza de
O Cortex-A8 teve as suas bases na arqui- forma eficiente estas duas ALU.
tetura ARMv7, que possuía bons recursos Para a área industrial, que requer um
implementados, entre eles o Thumb®-2, código muito enxuto e seguro, esta ar-
que tem a finalidade de condensar o códi- quitetura possui a tecnologia Jazelle-RCT
go, e com isso reduzir o uso da memória que compacta em até 3X o tamanho do
em até 31% e também o gasto de energia programa compilado.
com o processamento dos comandos. Na figura A é possível ver no diagrama
Outra tecnologia empregada na arqui- de blocos, a unidade NEON e o cache L2
tetura é a tecnologia NEON empregada com sua lógica.

FA. Diagrama de Blocos do ARM Cortex – A8.

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F1. Diagrama de blocos do AM3517.

protocolos de comunicação serial, entre


eles a Rede CAN e outros recursos que um
processador pode oferecer.
No diagrama de blocos da figura 1 é
possível ver a estrutura do AM3517.
Tanto o AM3505 como o AM3517 são
montados em sBGA de 491 pinos.

TMDXEVM3517
Este é o módulo de avaliação do Sitar-
aTM AM3517, conforme é possível observar
F2. TMDXEVM3517.
na foto da figura 2, ele possui um display
LCD Touch Screen, podendo rodar com
OMAP3517 Linux SDK, Kernel 2.6.31 Conclusão consolidação, e que o processo de fabricação
U-boot, Windows® Embedded CE in Atualmente, temos até a arquitetura ARM de um microprocessador leva um certo tempo,
4Q09 e Multiple RTOS in 1Q10, tendo Cortex-A9 que possui de 1 a 4 cores (multicore) desde o seu projeto até a sua distribuição.
entradas/saídas EMAC, USB PHY, USB operando a 2,0 DMIPS/MHz cada Core, Em breve teremos dispositivos móveis e
OTG & Host, CAN, SDIO I2C, JTAG, além de consumir menos que o Cortex-A8. computadores industriais empregando não
Keypad, SD/MMC (2), DVID/HDMI, Este tipo de arquitetura a Texas Instruments só o Cortex-A9, mas como outras tecnologias
Video input, Bluetooth e WLAN. utiliza nos seus OMAP4430/40. Porém a que tenham maior poder de processamento
O preço desta placa comprada direta- arquitetura Cortex-A8 é adotada por diver- bem como um baixo consumo, além de
mente do fabricante, sem contar as taxas e sos fabricantes, tais como Apple, Samsung, sobreviver aos ambientes hostis que um
impostos, é de mil dólares. Ericsson entre outras. O motivo está na sua “chão de fábrica” pode provocar. MA

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instrumentação

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