Você está na página 1de 1

Nosso século poético foi marcado por duas grandes revoluções.

A primeira foi a revolução


modernista, nos anos 20. A segunda foi a revolução pop, momento em que a poesia foi
sequestrada pela música, numa sequência de movimentos que, de fins dos anos 50 a fins dos
anos 60, levaram da bossa nova ao tropicalismo. O impacto da primeira evolução foi tão forte
que fez do século um século modernista. (MORICONI, 2002, p.25)

O modernismo modificou para sempre a cultura literária até mesmo os parâmetros pelos quais
a língua portuguesa passou a ser escrita e falada no Brasil. Foi uma revolução que começou nas
artes (música, pintura e literatura foram os focos da Semana de Arte Moderna, realizada em
São Paulo, em fevereiro de 1922), mas espraiou-se por muitas áreas mais, durante o longo
período em que suas consequências se desdobraram. Foi o passo mais significativo na
conquista de nossa independência cultural, depois da independência política, ocorrida cem
anos antes da Semana de 22. (MORICONI, 2002, p. 25-26)

Modernismo = modernização + conscientização nacional. O Brasil ajustando as lentes para


melhor olhar-se a si mesmo. Do modernismo nasceram as bases contemporâneas da auto-
estima brasileira (MORICONI, 2002, p.26)

A lenda mais influente poesia do século, o modernismo deu a música de Villa-Lobos,, de


Camargo Guarnieri, de Francisco Mignone e a pintura de Tarsila do Amaral, Cícero Dias, Ismael
Nery, Di Cavalcânti, Portinari. Na poesia e nas artes plásticas, o modernismo brasileiro
representava um esforço de atualização de nosso ambiente cultural em relação às vanguardas
européias. O modernismo foi, nos anos 20, entre tardio e antenado, nossa vanguarda
tupiniquim. (MORICONI, 2002, p. 27)

O nosso modernismo passou de raspão pelos vanguardismos importados e afirmou-se


sobretudo como movimento abrasileirador da cultura. Foi muito mais em torno de concepções
da relação entre cultura e nacionalidade que se deram as polêmicas entre grupos e periódicos
de combate modernistas no Brasil da década de 1920. (MORICONI, 2002, p. 29)

A reorientação na auto-imagem brasileira conquistada pelo modernismo redundou,


sobretudo, na consciência de que o Brasil não tinha começado ontem, o Brasil não era um país
"novo", como era um clichê da época usado para desculpar nossas mazelas e injustiças. O mo
dernismo não apenas recuperou as glórias artísticas do período colonial, como no caso de
Aleijadinho, mas também as heranças atávicas que, vindas dos tempos da Colônia, ainda
moldavam nosso ser social. (MORICONI, 2002, p.32)

Do modernismo como um todo, fica a lição que todo brasileiro pode aproveitar: amemos
nosso país pelo que ele é e faz na sua sedutora diversidade, mas saibamos ser críticos em
relação a ele e trabalhemos no sentido de aprimorar nossa civilização original, superando as
heranças que precisam ser superadas. (MORICONI, 2002, p. 38)

Você também pode gostar