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situação (Matos, 2019). Com isto em mente, de seguida, pretende-se justificar os domínios
selecionados após a confrontação com o cenário inicial para a colheita inicial de dados. Optou-se, de
uma forma geral, por justificar isoladamente cada domínio, sendo que sempre que se fundamentou
em associação domínios, apresentou-se a devida razão para o fazer.
Consciência: Efetivamente, o AVC pode despoletar alterações na consciência, sendo, por isso,
relevante no primeiro contacto ter em atenção este fator. De facto, seguindo a National Institutes of
Health Stroke Scale, escala concebida para proceder à avaliação neurológica das pessoas
acometidas por AVC, a avaliação de enfermeiro deve iniciar-se com a avaliação do estado de
consciência, de modo a serem determinadas as intervenções a desenvolver de acordo com esta
avaliação (Macedo, 2019).
Força muscular: A força muscular, uma das principais componentes da aptidão física global das
pessoas, é essencial à execução do movimento (Macedo, 2019). Sendo esta afirmação
completamente verdadeira, importa acrescentar-lhe, de maneira a se compreender a seleção deste
domínio, que a hemiparesia e a hemiplegia do lado contralateral à lesão cerebral são as
manifestações motoras mais frequentes na pessoa com AVC e, principalmente, nas pessoas cuja a
artéria acometida é a cerebral média ou a cerebral anterior (Vieira, 2013; Conde, 2018; Matos, 2019;
Macedo, 2019). Assim sendo, a pessoa após o AVC de maneira a, entre outros aspetos, readquirir a
sua autonomia, poderá beneficiar da intervenção do enfermeiro no sentido da
manutenção/recuperação da força muscular, sendo estes também objetivos propostos no modelo de
cuidados na comunidade no sentido de readquirir a autonomia. Para isso, é fundamental a avaliação
da força muscular antes, durante e após a implementação do programa de reabilitação (Bento, 2018;
Macedo, 2019).
Tónus muscular: Após o AVC, a hipotonia do hemicorpo contralateral à lesão cerebral é comum
(Vieira, 2013; Conde, 2018; Matos, 2019; Macedo, 2019). Esta pode perdurar horas ou, até mesmo,
dias, mas é sucedida sempre pela hipertonia desse mesmo hemicorpo (Macedo, 2019). Facilmente
se compreende que, quer na fase de hipotonia, como na fase de hipertonia, as implicações no
autocuidado serão diversas. Assim sendo, é relevante ter em atenção este domínio na avaliação
inicial.
Movimento articular: De facto, motivadas pela idade ou pelo AVC podem existir alterações no
movimento articular, sendo que estas, por sua vez, podem condicionar, em larga medida, o
desempenho em inúmero domínios do autocuidado. Por isso, é importante considerar o movimento
articular na avaliação inicial de modo a, por exemplo, adequar os exercícios musculo-articulares a
realizar, já que estes são um recurso válido quando o objetivo da reabilitação é melhorar a força e a
coordenação (Macedo, 2019).
Função motora fina: O controlo das funções motoras e do movimento, dependem da força,
coordenação motora fina e groseira, equilíbrio e da perceção (Macedo, 2019). Assim sendo, se o
objetivo é a reabilitação funcional e motora, releva considerar inicialmente este domínio.
Equilíbrio estático e dinâmico: Sendo a artéria cerebral média a acometida neste caso clínico, é
comum existir um desvio conjugado para o lado aposto da hemiparesia (Matos, 2019; Macedo,
2019), sendo que este facto poderá facilmente resultar em alterações do equilibro estático e/ou
dinâmico. Para além disso, nas pessoas com sequelas pós AVC, as reações posturais automáticas,
não se observam no hemicorpo afetado, o que implica que a pessoa é incapaz de efetuar uma
variedade de padrões normais de postura e movimento, essenciais para a realização do autocuidado
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(Macedo, 2019). Com exposto, justifica-se a seleção destes dois domínios
Visão: De facto, quandrantópsia contralateral à lesão cerebral, anopia que afeta um quarto do
campo de visão, poderá ser uma das manifestações da afeção da artéria cerebral média (Matos,
2019; Macedo, 2019). Mais uma vez, a justificação do domínio pretende-se com o território vascular
afetado.
Sensibilidade: Hipoestesia contralateral à lesão cerebral, por sua vez, também é manifestação do
AVC na artéria cerebral média (Matos, 2019; Macedo, 2019). Para além disso, as alterações da
sensibilidade são uma das manifestações mais frequentes das lesões cerebrais, especialmente no
AVC e, dentre estas alterações, os défices sensoriais superficiais, propriocetivos e visuais são os
mais limitadores da autonomia (Macedo, 2019). Assim, pensa-se ser relevante atentar este domínio.
Dor: Considerar este domínio resulta da associação de partes das várias justificações dos demais.
De facto, mais de metade das pessoas com hemiparesia/hemiplegia resultante do AVC desenvolvem
contraturas no lado afetado, provocando dor e limitação no autocuidado (American Heart
Association, 2016, citada em Macedo, 2019). Para além disso, de modo a serem realizados exercícios
musculo-articulares, tantas vezes necessários junto das pessoas após AVC, releva, entre outros
aspetos, ter em atenção o limiar da dor (Vieira, 2013; Conde, 2018; Matos, 2019; Macedo, 2019).
Acrescenta-se ainda que as alterações da sensibilidade superficiais, nomeadamente as dolorosas,
poderão contribuir para o aumento de auto-lesões. Adicionalmente, e segundo López-Espuela et al.
(2016), na avaliação inicial, após o AVC, é espectável que os enfermeiros utilizem escalas
padronizadas, válidas e confiáveis para avaliar a dor. Por fim, a dor no membro superior mais
afetado é muito comum no primeiro ano após o AVC, destacando-se o ombro doloroso, com reflexo
no processo de reabilitação (Hatem et al., 2016, citados em Lopes, 2018).
Perceção corporal: Neglect é uma das manifestações da afeção do território vascular da artéria
cerebral média, principalmente no hemisfério direito. Assim sendo, relava ponderar este domínio, até
porque as alterações da sensibilidade poderão, por si só, contribuir para o desenvolvimento da
negligência unilateral.
Comunicação verbal: Apesar da afasia enquanto manifestação do AVC na artéria cerebral média
ser mais comum no hemisfério esquerdo, uma vez que este geralmente é o dominante (Matos,
2019), achou-se pertinente considerar este domínio. De facto, as alterações da comunicação verbal
são consideradas, à semelhança das alterações motoras, limitadoras da qualidade de vida (Macedo,
2019). Para além disso, facilmente se compreende que alterações neste domínio podem condicionar
a implementação de várias intervenções.
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causando dificuldades na mastigação e deglutição (Matos, 2019). Assim, está justificada a relevância
destes domínios.
Pele e mucosas: Ponderar sobre estes domínios pretende-se também com o facto de, muito
provável, aumentarem os períodos de repouso que poderão levar a alterações da pele e mucosas.
Para além disso, o maior risco de auto-lesão por alterações da sensibilidade, já mencionado, também
é um fator preponderante para considerar estes domínios.
Sono: Considerar o sono é relevante no sentido em que permite conhecer as rotinas habituais da
pessoa, de modo a implementar intervenções em tempo oportuno.
Memória: Releva incidir sobre este domínio, primeiramente pela idade e situação de doença, mas
também porque é uma condição necessária, mas não suficiente, para a existência de um potencial
de reconstrução de autonomia no autocuidado.
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e, por isso, antecipar o potencial de reconstrução da autonomia. Por exemplo: o perfil do
autocuidado responsável pressupõe grande capacidade de gestão do regime medicamentoso,
dietético e de exercício e também uma grande necessidade manutenção/reconstrução da
autonomia; já o perfil do autocuidado formalmente guiado prevê a adoção de uma postura de
passividade em relação à autogestão do regime medicamentoso, dietético e de exercício e a mesma
postura também em relação à manutenção/reconstrução da sua autonomia. Para alem disso, colher
dados nestes domínios permite compreender se a pessoa ainda se assume como responsável pela
gestão ou se a mesma já faz parte, ou passou a fazer após o AVC, do papel do familiar cuidador.
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