Você está na página 1de 5

Domínios

Início Domínios Fim


09-06-2020 11:30Consciência
09-06-2020 11:30Força muscular
09-06-2020 11:30Movimento articular
09-06-2020 11:30Tónus muscular
09-06-2020 11:30Função motora fina
09-06-2020 11:30Equilíbrio estático
09-06-2020 11:30Equilíbrio dinâmico
09-06-2020 11:30Visão
09-06-2020 11:30Sensibilidade
09-06-2020 11:30Dor
09-06-2020 11:30Perceção corporal
09-06-2020 11:30Comunicação verbal
09-06-2020 11:30Sistema respiratório
09-06-2020 11:30Sistema cardiovascular
09-06-2020 11:30Mastigação
09-06-2020 11:30Deglutição
09-06-2020 11:30Eliminação intestinal
09-06-2020 11:30Eliminação urinária
09-06-2020 11:30Mucosas
09-06-2020 11:30Pele
09-06-2020 11:30Metabolismo
09-06-2020 11:30Sono
09-06-2020 11:30Autoconceito
09-06-2020 11:30Memória
09-06-2020 11:30Virar-se
09-06-2020 11:30Erguer-se
09-06-2020 11:30Transferir-se
09-06-2020 11:30Sentar-se
09-06-2020 11:30Cuidar da higiene pessoal
09-06-2020 11:30Vestir-se ou despir-se
09-06-2020 11:30Andar
09-06-2020 11:30Alimentar-se
09-06-2020 11:30Autogestão do regime medicamentoso
09-06-2020 11:30Autogestão do regime dietético
09-06-2020 11:30Autogestão do regime de exercício
09-06-2020 11:30Caracterização da família
09-06-2020 11:30Organização do funcionamento da casa
09-06-2020 11:30Edifício residencial
09-06-2020 11:30Preparação da família para integrar um familiar dependente no autocuidado
09-06-2020 11:30Queda
09-06-2020 11:30Atitudes terapêuticas

Os domínios selecionados; sua relação com o quadro


teórico
Para iniciar o processo de reabilitação após AVC com intuito de permitir o retorno às funções é
necessário primeiro compreender as fases de recuperação motora a que a pessoa está sujeita, pelo
que a intervenção do enfermeiro começa pela avaliação rigorosa, que lhe vai permitir enunciar os
diagnósticos e prescrever programa de cuidados de enfermagem de reabilitação adaptados a cada

e4nursing1
situação (Matos, 2019). Com isto em mente, de seguida, pretende-se justificar os domínios
selecionados após a confrontação com o cenário inicial para a colheita inicial de dados. Optou-se, de
uma forma geral, por justificar isoladamente cada domínio, sendo que sempre que se fundamentou
em associação domínios, apresentou-se a devida razão para o fazer.

Consciência: Efetivamente, o AVC pode despoletar alterações na consciência, sendo, por isso,
relevante no primeiro contacto ter em atenção este fator. De facto, seguindo a National Institutes of
Health Stroke Scale, escala concebida para proceder à avaliação neurológica das pessoas
acometidas por AVC, a avaliação de enfermeiro deve iniciar-se com a avaliação do estado de
consciência, de modo a serem determinadas as intervenções a desenvolver de acordo com esta
avaliação (Macedo, 2019).

Força muscular: A força muscular, uma das principais componentes da aptidão física global das
pessoas, é essencial à execução do movimento (Macedo, 2019). Sendo esta afirmação
completamente verdadeira, importa acrescentar-lhe, de maneira a se compreender a seleção deste
domínio, que a hemiparesia e a hemiplegia do lado contralateral à lesão cerebral são as
manifestações motoras mais frequentes na pessoa com AVC e, principalmente, nas pessoas cuja a
artéria acometida é a cerebral média ou a cerebral anterior (Vieira, 2013; Conde, 2018; Matos, 2019;
Macedo, 2019). Assim sendo, a pessoa após o AVC de maneira a, entre outros aspetos, readquirir a
sua autonomia, poderá beneficiar da intervenção do enfermeiro no sentido da
manutenção/recuperação da força muscular, sendo estes também objetivos propostos no modelo de
cuidados na comunidade no sentido de readquirir a autonomia. Para isso, é fundamental a avaliação
da força muscular antes, durante e após a implementação do programa de reabilitação (Bento, 2018;
Macedo, 2019).

Tónus muscular: Após o AVC, a hipotonia do hemicorpo contralateral à lesão cerebral é comum
(Vieira, 2013; Conde, 2018; Matos, 2019; Macedo, 2019). Esta pode perdurar horas ou, até mesmo,
dias, mas é sucedida sempre pela hipertonia desse mesmo hemicorpo (Macedo, 2019). Facilmente
se compreende que, quer na fase de hipotonia, como na fase de hipertonia, as implicações no
autocuidado serão diversas. Assim sendo, é relevante ter em atenção este domínio na avaliação
inicial.

Movimento articular: De facto, motivadas pela idade ou pelo AVC podem existir alterações no
movimento articular, sendo que estas, por sua vez, podem condicionar, em larga medida, o
desempenho em inúmero domínios do autocuidado. Por isso, é importante considerar o movimento
articular na avaliação inicial de modo a, por exemplo, adequar os exercícios musculo-articulares a
realizar, já que estes são um recurso válido quando o objetivo da reabilitação é melhorar a força e a
coordenação (Macedo, 2019).

Função motora fina: O controlo das funções motoras e do movimento, dependem da força,
coordenação motora fina e groseira, equilíbrio e da perceção (Macedo, 2019). Assim sendo, se o
objetivo é a reabilitação funcional e motora, releva considerar inicialmente este domínio.

Equilíbrio estático e dinâmico: Sendo a artéria cerebral média a acometida neste caso clínico, é
comum existir um desvio conjugado para o lado aposto da hemiparesia (Matos, 2019; Macedo,
2019), sendo que este facto poderá facilmente resultar em alterações do equilibro estático e/ou
dinâmico. Para além disso, nas pessoas com sequelas pós AVC, as reações posturais automáticas,
não se observam no hemicorpo afetado, o que implica que a pessoa é incapaz de efetuar uma
variedade de padrões normais de postura e movimento, essenciais para a realização do autocuidado

e4nursing2
(Macedo, 2019). Com exposto, justifica-se a seleção destes dois domínios

Visão: De facto, quandrantópsia contralateral à lesão cerebral, anopia que afeta um quarto do
campo de visão, poderá ser uma das manifestações da afeção da artéria cerebral média (Matos,
2019; Macedo, 2019). Mais uma vez, a justificação do domínio pretende-se com o território vascular
afetado.

Sensibilidade: Hipoestesia contralateral à lesão cerebral, por sua vez, também é manifestação do
AVC na artéria cerebral média (Matos, 2019; Macedo, 2019). Para além disso, as alterações da
sensibilidade são uma das manifestações mais frequentes das lesões cerebrais, especialmente no
AVC e, dentre estas alterações, os défices sensoriais superficiais, propriocetivos e visuais são os
mais limitadores da autonomia (Macedo, 2019). Assim, pensa-se ser relevante atentar este domínio.

Dor: Considerar este domínio resulta da associação de partes das várias justificações dos demais.
De facto, mais de metade das pessoas com hemiparesia/hemiplegia resultante do AVC desenvolvem
contraturas no lado afetado, provocando dor e limitação no autocuidado (American Heart
Association, 2016, citada em Macedo, 2019). Para além disso, de modo a serem realizados exercícios
musculo-articulares, tantas vezes necessários junto das pessoas após AVC, releva, entre outros
aspetos, ter em atenção o limiar da dor (Vieira, 2013; Conde, 2018; Matos, 2019; Macedo, 2019).
Acrescenta-se ainda que as alterações da sensibilidade superficiais, nomeadamente as dolorosas,
poderão contribuir para o aumento de auto-lesões. Adicionalmente, e segundo López-Espuela et al.
(2016), na avaliação inicial, após o AVC, é espectável que os enfermeiros utilizem escalas
padronizadas, válidas e confiáveis para avaliar a dor. Por fim, a dor no membro superior mais
afetado é muito comum no primeiro ano após o AVC, destacando-se o ombro doloroso, com reflexo
no processo de reabilitação (Hatem et al., 2016, citados em Lopes, 2018).

Perceção corporal: Neglect é uma das manifestações da afeção do território vascular da artéria
cerebral média, principalmente no hemisfério direito. Assim sendo, relava ponderar este domínio, até
porque as alterações da sensibilidade poderão, por si só, contribuir para o desenvolvimento da
negligência unilateral.

Comunicação verbal: Apesar da afasia enquanto manifestação do AVC na artéria cerebral média
ser mais comum no hemisfério esquerdo, uma vez que este geralmente é o dominante (Matos,
2019), achou-se pertinente considerar este domínio. De facto, as alterações da comunicação verbal
são consideradas, à semelhança das alterações motoras, limitadoras da qualidade de vida (Macedo,
2019). Para além disso, facilmente se compreende que alterações neste domínio podem condicionar
a implementação de várias intervenções.

Sistema cardiovascular e respiratório: Considera-se relevante debruçar sobre estes domínios,


uma vez que é o primeiro contacto. Por esta razão, pensa-se que se deve primeiramente perceber se
os processos do sistema cardiovascular e respiratório não são encontram comprometidos, já que o
seu compromisso, influenciaria, não só a avaliação dos restantes domínios, nomeadamente os
relacionados com o autocuidado, como também condicionaria as intervenções a realizar. Para além
disso, a hipertensão arterial é considerada um fator de risco modificável de AVC (Matos, 2019;
Macedo, 2019).

Mastigação e deglutição: A hemiparesia contralateral à lesão cerebral de predomínio


braquiofacial é comum quando o processo patológico tem lugar na artéria cerebral média (Macedo,
2019). Efetivamente, a diminuição da força muscular provoca alterações na face, mandíbula e língua

e4nursing3
causando dificuldades na mastigação e deglutição (Matos, 2019). Assim, está justificada a relevância
destes domínios.

Eliminação intestinal e urinária: Decorrente do AVC, poderão existir alterações a nível da


eliminação intestinal e urinária motivadas por alterações do funcionamento do esfíncter anal e
vesical (Matos, 2019; Macedo, 2019). Embora exista uma escassez de estudos que relacionem o AVC
com estes domínios, a incidência de compromisso nos mesmos após o AVC é de 30-60% (Lopes.
2018). Para além disso, a diminuição da mobilidade, a falta de privacidade e a dependência de
terceiros podem levar a alterações a estes níveis (Lopes, 2018).

Metabolismo: De facto, a diabetes é considerada um fator de risco modificável do AVC (Matos,


2019; Macedo, 2019). Assim sendo, faz sentido considerar este foco de modo a compreender a
existência de eventuais comorbilidades.

Pele e mucosas: Ponderar sobre estes domínios pretende-se também com o facto de, muito
provável, aumentarem os períodos de repouso que poderão levar a alterações da pele e mucosas.
Para além disso, o maior risco de auto-lesão por alterações da sensibilidade, já mencionado, também
é um fator preponderante para considerar estes domínios.

Autoconceito: De facto, as complicações do AVC antecedem geralmente diversas implicações no


autocuidado, sendo que este, por sua vez, é uma importante manifestação de autoestima e
autoimagem (Vieira, 2013). Assim sendo, as implicações decorrentes do AVC no âmbito do
autocuidado poderão comprometer o modo como a pessoa se vê, ou seja, o autoconceito. Posto isto,
incidir sobre este domínio é relevante, na medida em que também permite identificar potenciais
fatores de influência na reconstrução da autonomia.

Sono: Considerar o sono é relevante no sentido em que permite conhecer as rotinas habituais da
pessoa, de modo a implementar intervenções em tempo oportuno.

Memória: Releva incidir sobre este domínio, primeiramente pela idade e situação de doença, mas
também porque é uma condição necessária, mas não suficiente, para a existência de um potencial
de reconstrução de autonomia no autocuidado.

Queda: Devido, principalmente, as complicações ao nível da força muscular, tónus muscular,


sensibilidade e equilíbrio decorrentes do AVC, poderão ocorrer episódios de queda, ou seja, existe
potencialmente um risco acrescido de queda. Ademais, o contexto da prestação de cuidados é o
domicílio, por isso, há que considerar as barreiras arquitetónicas e a organização da casa, uma vez
que as mesmas também poderão estar na génese de um episódio de queda. Assim sendo, justifica-
se debruçar-se sobre este domínio.

Virar-se, erguer-se, transferir-se, sentar-se, cuidar da higiene pessoal, vestir-se ou


despir-se, andar, alimentar-se: Tal como já foi referido em algumas justificações dos demais
domínios, as implicações no autocuidado são diversas e frequentes após o AVC. Por isso mesmo, é
importante avaliar inicialmente todos domínios do autocuidado, já que todos podem, de alguma
maneira, estar afetados. Destaca-se a avaliação do o autocuidado: cuidar da higiene pessoal e o
autocuidado: vestir-se e despir-se, já que são considerados como os requerem competências
cognitivas e habilidades complexas e, por isso, maior tempo de recuperação (Bento, 2018).

Autogestão do regime medicamentoso, dietético e de exercício: Considerou-se relevante


considerar este domínio inicialmente, já que permite compreender, em parte, o perfil do autocuidado

e4nursing4
e, por isso, antecipar o potencial de reconstrução da autonomia. Por exemplo: o perfil do
autocuidado responsável pressupõe grande capacidade de gestão do regime medicamentoso,
dietético e de exercício e também uma grande necessidade manutenção/reconstrução da
autonomia; já o perfil do autocuidado formalmente guiado prevê a adoção de uma postura de
passividade em relação à autogestão do regime medicamentoso, dietético e de exercício e a mesma
postura também em relação à manutenção/reconstrução da sua autonomia. Para alem disso, colher
dados nestes domínios permite compreender se a pessoa ainda se assume como responsável pela
gestão ou se a mesma já faz parte, ou passou a fazer após o AVC, do papel do familiar cuidador.

Caracterização da família, organização do funcionamento da casa, edifício residencial e


preparação da família para integrar um familiar dependente no autocuidado: A justificação
da pertinência destes domínios prende-se, em larga medida, com o facto do domicílio ser o contexto
da prestação de cuidados da Equipa de Cuidados Continuados na Comunidade. Para além disso, no
Decreto Lei nº 101/2006, estipula-se com objetivo da Rede Nacional de Cuidados Continuados
Integrados (RNCCI): “a manutenção das pessoas com perda da funcionalidade ou em risco de perder
no domicílio”. Para além disso, sendo verdade que a filha já era familiar cuidadora, também é
verdade que novas necessidades decorrentes do AVC podem surgir e, por isso, novas
responsabilidades que requerem preparação. Assim sendo, considera-se que para atingir a meta da
RNCCI de manter as pessoas em casa, releva conhecer a família, a dinâmica familiar, a casa, as
rotinas, a organização e, por fim, mas muito importante, a preparação para integrar alguém
dependente no autocuidado.

e4nursing5

Você também pode gostar