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Conhecendo Botânica e Ecologia no Cerrado

Book · October 2009

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4 authors:

Osmar Cavassan Ana Maria de Andrade Caldeira


São Paulo State University São Paulo State University
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Veridiana de Lara Weiser Fernanda Brando


São Paulo State University University of São Paulo
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Conhecendo Botânica e
Ecologia no Cerrado

Osmar Cavassan
Ana Maria Andrade Caldeira
Veridiana de Lara Weiser
Fernanda da Rocha Brando
Livro:
Conhecendo Botânica e Ecologia no Cerrado

Autores:
Osmar Cavassan
Ana Maria Andrade Caldeira
Veridiana de Lara Weiser
Fernanda da Rocha Brando

Fotos Capa:
Osmar Cavassan
Veridiana de Lara Weiser
Celso Melani

Joarte Gráfica e Editora


Fone: (14) 3103-6200

Equipe editorial de apoio


Capa, Diagramação e Projeto Gráfico:
Cristiano Vilela

Ficha catalográfica elaborada por


DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO
UNESP - Bauru

581.07 Conhecendo botânica e ecologia no cerrado / Osmar


C759 Cavassan ... [et al.] -- Bauru : Joarte Gráfica e Editora, 2009.
60 p. : il.

ISBN 978-85-98621-48-7

Inclui bibliografia
1. Cerrado. 2. Botânica - Ensino. 3. Ecologia -
Ensino. I. Cavassan, Osmar. II. Título.
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

Universidade Estadual Paulista Prof. Dr. Osmar Cavassan


Prof. Dr. Herman Jacobus Cornelis Voorwald ( VICE-COORDENADOR)
(REITOR) Profa. Dra. Lizete Maria Orquiza de Carvalho
Prof. Dr. Júlio Cezar Durigan Prof. Dr. Roberto Nardi
( VICE-REITOR) Doutorando Francisco Nairon Monteiro Júnior
Profa. Dra. Maria José Soares Mendes Giannini (Repres. Discente)
(PRÓ-REITORA DE PESQUISA) (MEMBROS)
Profa. Dra. Marilza Vieira Cunha Rudge
(PRÓ-REITORA DE PÓS-GRADUAÇÃO) Prof. Dr. Jair Lopes Jr.
Profa. Dra. Sheila Zambello de Pinho Prof. Dr. Washington Luiz Pacheco de Carvalho
(PRÓ-REITORA DE GRADUAÇÃO) Prof. Dr. João José Caluzi
Profa. Dra. Maria Amélia Máximo de Araújo Doutoranda Fulvia Eloá Maricato
(PRÓ-REITORA DE EXTENSÃO (Repres. Discente)
UNIVERSITÁRIA) (SUPLENTES)
Prof. Dr. Ricardo Samih Georges Abi Rached
(PRÓ-REITOR DE ADMINISTRAÇÃO) Pós-Graduação em
Educação para a Ciência
Faculdade de Ciências
Prof. Dr. Olavo Speranza de Arruda Faculdade de Ciências – UNESP
(DIRETOR) Campus de Bauru
Profa. Dra. Dagmar Aparecida Cynthia França Hunger Av. Engenheiro Luiz Edmundo Carrijo Coube, 14-01
( VICE-DIRETORA) Campus Universitário – Vargem Limpa
CEP: 17033-360 – Bauru – São Paulo – Brasil
Programa de Pós-Graduação Fone/Fax: (14) 3103-6077 ou 3103-6177
em Educação para a Ciência E-mail: pgfc@fc.unesp.br
Site: www.fc.unesp.br/fc/pos/index.html
Profa. Dra. Ana Maria de Andrade Caldeira
(COORDENADORA)
CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

Apresentação

E m nossa formação temos dois tipos principais de aprendizado. Aquele formal, realizado a partir da
aquisição de informações passadas pelos nossos mestres ou obtidas nos livros e aquela informal,
que se inicia logo após o nascimento, a partir da percepção do ambiente, através dos órgãos dos sentidos. Se
na primeira nem sempre existe a motivação, pois muito frequentemente, tem-se a obrigação em memorizar-se
uma série de informações, distantes da nossa realidade, para preenchermos com suficiência os documentos de
avaliação, na segunda aprendemos o que nos interessa. A experiência vivida corresponde à melhor fonte de
ensinamentos que interferirão em nossos destinos. Dos conceitos e fenômenos aprendidos passamos a atribuir
valores, tornamo-nos responsáveis e adquirimos a capacidade de julgar o que nos parece certo ou errado.
Quando a educação formal e a informal tornam-se distantes, surge o conflito, mas se complementares, poderão
facilitar em muito o aprendizado.
Durante a minha participação no Curso de Pós-Graduação em Educação para a Ciência, área de Ensino
de Ciências, pude constatar que esta distância existe e é grande. Pesquisadores são avaliados pela quantidade de
comunicações de suas experiências que fazem aos pares através de revistas científicas. Nem todos se preocupam
em produzir transposições didáticas para o Ensino Básico e o conteúdo desenvolvido neste nível de ensino
continua se apoiando em manuais contendo exemplos muitas vezes distantes da realidade do aluno.
Este catálogo tem por objetivo oferecer material didático complementar aos professores, principalmente
àqueles que atuam em ambientes de ocorrência do cerrado. Nele constam experiências dos trabalhos de pesquisa
dos autores, tanto no conhecimento daquele tipo de vegetação quanto nos procedimentos metodológicos
da divulgação daquele conhecimento. Devo reconhecer e agradecer o auxílio Fapesp/Biota no projeto
“Biodiversidade do cerrado: uma proposta de trabalho prático de campo no ensino de botânica e ecologia nos
três níveis de escolaridade” (processo 05/56704-0) e no projeto “Proposta didática para o Ensino Médio de
Biologia: as relações ecológicas no cerrado” (processo 06/58442-5). Agradecer também todos os orientados da
UNESP em nível de iniciação científica do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, Faculdade de Ciências:
Job Antônio Garcia Ribeiro, Bruno Palma Mucheroni, Jamile Cardoso Peres, Sabrina Anselmo Joanitti e Talitha
Plácido Palhares; do Curso de Pós-Graduação em Educação para a Ciência, em especial Tatiana Seniciato e
Patrícia Gomes da Silva, e do Curso de Pós-Graduação em Ciências Biológicas, Botânica do IBB/Botucatu:
Marina Carboni; Ana Gabriela Faraco e Mariana Ninno Rissi, que participaram do primeiro projeto citado.
Os autores deste catálogo o consideram uma primeira experiência de uma série de outras. Assim,
toda crítica será valiosa na elaboração dos futuros documentos, no sentido de cada vez mais, aproximarmos
a produção científica na universidade pública do ensino em todos os níveis de escolaridade e resgatarmos o
interesse pelo estudo dos elementos que compõem o meio em que vivemos.

Bauru, outono de 2009

Osmar Cavassan

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CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

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CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

Sumário

A importância de estudos em ambientes naturais............................................................. 9

Uma experiência com o cerrado....................................................................................... 11

Fisionomias e plantas de cerrado..................................................................................... 15

Propostas de sequências didáticas.................................................................................... 55

Bibliografia consultada...................................................................................................... 59

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CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

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CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

A importância de estudos em ambientes naturais

N o Ensino de Biologia, particularmente


no de Botânica e Ecologia, temos que
considerar que o nosso objeto é o próprio ambiente
que deveria saber ao final daquela fase de ensino
e aprendizagem, respeitando o desenvolvimento
cognitivo do aluno.
natural. Plantas são observadas pelos nossos alunos De acordo com Sanmartí (2002), vários fatores
desde a mais tenra idade e, essa faculdade de influenciam na aprendizagem do conhecimento
observar, precisa ser considerada em todas as aulas, científico: a percepção ou experiência, estratégias
a partir dos anos iniciais escolares. Ou seja, o aluno de raciocínio, interações sócio culturais, emoções e
traz concepções, representações, crenças sobre o linguagens. Esse conjunto de fatores contribui para
conhecimento que aprendeu no seu cotidiano. que as aprendizagens ocorram de maneira efetiva
O professor precisa fazer um levantamento e não se constituam em um processo de mera
dessas concepções para que, a partir do que os alunos atividade memorística sem nenhum significado para
conhecem, possa planejar as sequências didáticas de o aprendiz. Por exemplo: se um professor descrever
seu trabalho, pois visará fundamentalmente, permitir uma planta com toda a riqueza de detalhes que puder
que o aluno passe a conhecer as representações e, em seguida, pedir aos alunos que identifiquem essa
científicas e, assim, construir pensamentos mais planta em ambientes naturais, com certeza poucos a
elaborados. encontrarão. Mas, se ao invés da descrição, apresentar
A aprendizagem se dará por meio de inúmeras uma espécie e os alunos puderem fazer todo tipo de
relações que o aluno estabelecerá ao longo de sua observação, utilizando seus sentidos, com certeza
escolarização para um mesmo objeto. Por exemplo: todos a reconhecerão em ambientes naturais.
aprende inicialmente que uma flor é importante Dessa forma, podemos dizer que a percepção
para o processo de polinização. Mais tarde, estuda os se faz presente primeiramente na visualização, na
mecanismos de interação com os agentes visitantes escuta, na apreensão de cores, formas, movimentos,
e polinizadores e, se for estudante de graduação da na sensação tátil e na expressão das emoções que
área de Ciências Biológicas, estudará com detalhes acompanham o atentar para os fenômenos naturais.
a anatomia e fisiologia desse fenômeno, bem como Em seguida, tenta estabelecer possíveis relações
suas implicações para a humanidade. entre o que sabe e o que esta sendo apresentado
Assim, a prática de ensino e as sequências no decorrer do estudo dos fenômenos naturais
didáticas, que são o eixo da relação entre as teorias observáveis. É a fase da significação. É necessário
de ensino e aprendizagem, devem permitir que os que ocorra uma ressignificação, entendida como o
alunos conheçam cada vez mais profundamente processo de construção do raciocínio que culminará
o objeto de estudo. Nesse processo de aprender o com o conhecimento. Esse processo será mais eficaz se
aluno compreenderá não só os conceitos científicos houver o interesse por parte do aluno, ou apresentar
como também desenvolverá habilidades do pensar relações de afetividade com o objeto de estudo. Se
inerentes ao conhecimento. Esse é o objetivo maior todas essas relações estiverem presentes, o aluno terá
do ensino, pois o conhecimento evolui e esse condições de construir os conceitos e utilizá-los nas
conjunto de habilidades do pensar lógico não só mais diversas formas do pensar e do agir.
acompanhará essa evolução, mas permitirá raciocinar, Um dos problemas que o professor enfrenta
atuar, transformar e aplicar esse conhecimento. ao tentar ensinar conceitos biológicos sobre
Para isso, as sequências didáticas devem ecossistemas naturais presentes em nosso país é a
ser planejadas em função do que o aluno sabe e do falta de material de apoio com ilustrações desses

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CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

ambientes naturais. Necessita também de textos com flores, frutos e sementes, assim como suas respectivas
informações corretas sobre os conceitos ecológicos funções podem ser exploradas. Algumas plantas
para o trabalho de ensino e aprendizagem. Isso pode muitas vezes servem de alimento, ornamentação
ser contemplado pela utilização de um conjunto e material para artesanato para as populações que
de fotos ou imagens de um mesmo ecossistema, residem nas suas proximidades. Assim temas sobre
permitindo ao aluno o estudo das interações entre Etnobotânica podem ser inseridos e discutidos de
os organismos lá existentes e com o ambiente físico. forma contextualizada.
Assim a proposta desse material é oferecer As atividades propostas são alguns exemplos
imagens de espécies do cerrado que complementem de como o material pode ser utilizado e não esgotam,
as atividades de campo com informações botânicas e nem poderiam, todas as possibilidades de utilização
ecológicas que possam ser utilizadas em sequências do catálogo na abordagem de conceitos científicos.
didáticas pelo professor de Educação Básica tendo Nossa intenção é que o professor extrapole as
como referência o ecossistema cerrado. propostas apresentadas propiciando aos alunos
O material se evidencia como um exemplo de outras formas de representação destes conceitos,
que é possível trabalhar vários conceitos de diferentes buscando também outras atividades didáticas que
áreas, tais como Botânica, Ecologia e Etnobotânica permitam aos alunos elaborar e interpretar tabelas
contextualizado a partir de um único sistema. e gráficos construídos com os dados levantados pelo
Nas figuras apresentadas o professor estudo das espécies apresentadas, desenvolvendo
encontrará fotos com plantas em fase de floração e esquemas explicativos sobre os principais conceitos
frutificação que podem facilitar o estabelecimento de abordados, sistematizando os conteúdos aprendidos
relações com os conceitos ecológicos de polinização, na forma de textos, maquetes, relatórios, desenhos,
tipos de dispersão de frutos e sementes entre outras entre outras atividades que possam ser suscitadas a
interações ecológicas, podendo complementar as partir do uso desse material.
atividades com conteúdos pertinentes à Zoologia. No
que se refere à Botânica, morfologia externa de folhas,

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CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

Uma experiência com o cerrado

O conhecimento sobre a diversidade dos


fragmentos de vegetação nativa do
interior do estado de São Paulo torna-se imprescindível
diversa, no que se refere à quantidade de espécies,
formas de vida, fisionomias e consequentemente
nas interações entre seus componentes. Constitui
para uma mais completa avaliação da sua importância, um imenso laboratório natural, onde a riqueza de
assim como, na definição de estratégias de manejo fenômenos biológicos é incomparavelmente superior
e restauração das áreas degradadas. No entanto, se àqueles que podem ser reproduzidos em salas de
a divulgação deste conhecimento à comunidade aulas ou laboratórios didáticos.
científica direciona os processos científicos e técnicos No interior do estado de São Paulo, o
para o manejo destes fragmentos de vegetação cerrado divide espaço com as matas estacionais
nativa, a sua preservação depende da participação semidecíduas, sendo que, em Bauru estes dois tipos
da comunidade. A divulgação científica aliada à de vegetação estão presentes.
educação básica é essencial na formação de cidadãos, Assim, com o estacionais: que sofre transformações de
que conhecem os elementos naturais do meio onde objetivo de divulgar à aspecto ou comportamento conforme as
estações do ano.
vivem e desenvolvem valores éticos em relação ao seu comunidade, exemplos
ambiente. No entanto, tal conhecimento raramente da biodiversidade local, semidecíduas: refere-se à parte lenhosa de
é presente nos livros didáticos utilizados no ensino principalmente aos uma comunidade vegetal, que perde parte
de suas folhas nos períodos desfavoráveis.
fundamental, substituídos por exemplos de organismos professores e alunos
e ecossistemas exóticos. A influência de exemplos da de Educação Básica, despertar valores estéticos,
natureza estrangeira também é presente na educação cognitivos e éticos a respeito dos elementos naturais
exóticos: qualquer elemento, planta ou
não formal dos alunos, presentes no ambiente de vida da comunidade e
animal introduzido artificialmente no por meio de imagens avaliar o interesse pelo estudo prático de Botânica e
ecossistema.
em revistas, televisão e Ecologia, são desenvolvidas ações didáticas de campo
outros meios de comunicação visual (PINHEIRO DA em um fragmento de cerrado na Reserva Legal do
SILVA; CAVASSAN, 2005). Campus de Bauru da UNESP.
Ensinar Botânica e Ecologia em ambientes Cerrado corresponde à nomenclatura
com vegetação nativa, visa aproximar os alunos dos popular para as Savanas Brasileiras, conforme o
elementos naturais do seu meio, não dissociados Manual Técnico da Vegetação Brasileira (1991), e as
dos demais componentes de onde vivem. Permite diferentes fisionomias recebem as denominações:
associar forma e função; utilidades e riscos, gostar savana gramíneo-lenhosa para o campo cerrado
ou não do que vê; sentir-se bem ou não no campo; (Figura 1A), savana arborizada para o cerrado senso
adquirir a capacidade de avaliar a importância restrito (Figura 1B) e savana florestada para o
daquelas áreas. cerradão (Figura 1C).
As aulas de Botânica e Ecologia Estas fisionomias estão associadas às
desenvolvidas em ambientes naturais têm sido variações das características químicas do solo,
apontadas também como uma metodologia eficaz climáticas e frequência de queimadas. Formações
tanto por envolverem e motivarem crianças e jovens mais abertas tendem a ocorrer em solos considerados
nas atividades educativas, quanto por constituírem menos férteis para a agricultura e/ou com histórico
um instrumento de superação da fragmentação do de incêndios mais frequentes e os cerradões em solos
conhecimento (SENICIATO; CAVASSAN, 2004). mais férteis e/ou menos sujeitos à queimadas.
A vegetação do cerrado é considerada bastante O cerrado senso restrito apresenta

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CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

nitidamente um estrato herbáceo e outro arbustivo- de que, pelo menos num passado recente, estiveram
arbóreo. Ambos heliófitos, diferem, no entanto, ligados à porção nuclear. Poucos desses fragmentos
pela suas floras, pelo encontram-se protegidos na forma de unidades de
estrato: determinada camada da vegetação
que constitui o hábitat de determinadas desenvolvimento do conservação estaduais (CAVASSAN, 2002). Neste
espécies.
sistema radicular, Estado, distribuia-se principalmente na Depressão
herbáceo: plantas que têm o porte e a
balanço hídrico e Periférica Paulista, acompanhando de Norte a Sul
consistência de erva, com caule tenro e não resistência ao fogo. a linha de Cuestas Basálticas, expandindo-se para
lenhoso.
Enquanto as plantas algumas regiões no Planalto Ocidental Paulista.
arbustivo: planta que têm o porte de do estrato herbáceo Nestas regiões distribui-se em forma de mosaicos,
arbusto.
tem sistema radicular entre formações de mata estacional semidecídua e,
arbóreo: planta que têm o porte de árvore. predominantemente nos vales, vegetação ribeirinha. Tal situação é aquela
fasciculado e superficial, que ocorre na região de Bauru.
heliófitos: Que só pode crescer e
reproduzir sob total exposição ao sol.
muitas vezes com A importância do cerrado no Brasil reside
órgãos subterrâneos indiscutivelmente na sua alta biodiversidade. Neste
do tipo rizoma, xilopódio ou sóbole, o estrato Estado, além disso, tem-se o limite sul da distribuição
arbustivo-arbóreo apresenta raízes pivotantes deste bioma, em uma situação climática intermediária
e profundas, atingindo muitas vezes até 15 entre tropical e temperada do sul, o que confere
metros de profundidade. Seus troncos são muitas aos ecossistemas que o compõem, uma situação
vezes tortuosos, com súber espesso, folhas distinta da área nuclear bioma: amplo conjunto de ecossistemas
escleromórficas ou densamente pilosas. do bioma Cerrado em terrestres que compartilham as mesmas
características ambientais.
O bioma Cerrado apresenta um tipo de termos de adaptação.
vegetação altamente diverso, com um número estimado No estado de São Paulo, a importância do
de 10.000 espécies de plantas superiores (DURIGAN et cerrado reside em sua localização sobre o aquífero
al., 2004), abrigando também uma grande diversidade Guarani, que vai desde Minas Gerais até o Paraguai.
de outros organismos de diferentes táxons. Assim, Ocorre em uma área de recarga deste aquífero, sendo
tem-se uma vegetação extremamente diversificada mais um bom motivo para preservar o que resta
em fisionomias, táxons e consequentemente, com (BITENCOURT, 2004).
alta diversidade de
rizoma: caule frequentemente
subterrâneo, horizontal, rico em reservas. interelações dos O Cerrado de Bauru
organismos entre si e
xilopódio: órgão subterrâneo, lignificado,
encontrado com frequência em plantas do
com o meio abiótico No município de Bauru, podem-se identificar
cerrado. onde ocorrem. Entre as os seguintes tipos de vegetação nativa: mata estacional
lenhosas destacam-se as semidecídua, mata ribeirinha e cerrado. O cerrado
sóbole: broto ou rebento que surge à
superfície do solo, proveniente de órgãos famílias Fabaceae como ocorre principalmente na região sudeste do município,
subterrâneos da planta.
a mais rica em espécies sendo os remanescentes desta vegetação preservados
súber: tecido protetor e de revestimento e as Poaceae entre as na Reserva Legal do Campus de Bauru da UNESP, na
do caule resultante do crescimento herbáceas. De acordo
secundário da planta.
Reserva do Jardim Botânico Municipal de Bauru e na
com Coutinho (2002), Reserva Florestal da Sociedade Beneficente Dr. Enéas
folhas escleromórficas: folhas duras, a flora do cerrado é Carvalho de Aguiar, em áreas contíguas que totalizam
coriáceas.
superada em riqueza aproximadamente 836,0826 hectares.
em espécies apenas pelas Florestas Amazônica e Apresenta em sua maior parte a fisionomia
Atlântica. florestal, ou seja, grande densidade de árvores,
com dossel contínuo em torno de 6 metros e um
O Cerrado no Estado de São Paulo estrato herbáceo pouco
dossel: conjunto das copas das árvores em
desenvolvido. Esta uma vegetação florestal.
Os remanescentes de cerrado no estado de fisionomia de cerrado
São Paulo constituem áreas disjuntas, sem indicadores é conhecida como cerradão ou savana florestada

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CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

(CAVASSAN et al., 2006). identificadas pelos seus nomes científicos em latim,


O conhecimento científico da flora e seguido das abreviações do autor ou autores que
estrutura fitossociológica da vegetação destas as classificaram e lhes deram nome. Muitas vezes,
áreas, foi obtido a partir de vários levantamentos quando a planta é reclassificada, pode receber novo
(CAVASSAN, 1990; CHRISTIANINI, CAVASSAN, 1998; nome e assim, pode ser conhecida por mais de um.
PINHEIRO et al., 2002; WEISER, 2007; FARACO, Deste modo, na identificação de cada espécie, admite-
2007; CARBONI, 2007). se que alguns nomes possam ser diferentes daqueles
Para a experiência didática, usando o cerrado que o leitor conhece.
como ambiente de aulas de Botânica, fez-se uma O nome popular, no idioma falado no país,
parceria com o Centro de Divulgação e Memória da corresponde aquele em que a planta é conhecida
Ciência e Tecnologia (CDMCT), vinculado ao Grupo na região. Não existem regras para atribuí-los e
de Pesquisa em Educação Científica do Curso de Pós- geralmente refere-se a uma característica morfológica,
Graduação em Educação para a Ciência da Faculdade fitogeográfica, fisionômica ou à sua utilização popular.
de Ciências, Campus de Bauru da UNESP. As aulas A maioria das espécies tem muitos nomes populares,
são ministradas em trilhas de cerrado como parte de assim como, o mesmo nome pode ser atribuído a
um projeto de extensão universitária denominado várias plantas parecidas. Portanto, muitas plantas
“Passeando e aprendendo no cerrado”, oferecido são apresentadas com mais de um nome popular,
aos alunos da Educação Básica. Participam destas podendo muito provavelmente ocorrer situações em
atividades, além do pesquisador responsável, alunos que o leitor as conhecem com nomes não citados.
de pós-graduação e graduação que colaboram nas O sistema de classificação adotado é o
atividades didáticas e auxiliam na coleta de dados. proposto por Angiosperm Phylogeny Group II
A intenção em se oferecer este catálogo (2003) e as atualizações trepadeiras: plantas que germinam no
é apresentar um instrumento de estudo com as mais recentes do solo, mantêm contato com ele durante
toda a vida e que crescem utilizando-se de
informações sobre o cerrado. É constituído por fotos Angiosperm Phylogeny um suporte para ascenderem ao dossel.
acompanhadas de sua identificação taxonômica e Website (STEVENS, epífitas: plantas que germinam, enraízam e
breve descrição. As espécies citadas correspondem 2001 onwards) e crescem utilizando-se de outras como suporte.
Frequentemente confundidas com parasitas.
àquelas identificadas nas bordas da trilha utilizada Souza e Lorenzi
no projeto, sendo constituídas principalmente, de (2005). O material botânico herborizado encontra-
plantas arbustivas e arbóreas, embora inclua poucas se incorporado ao Herbário UNBA do Departamento
herbáceas, trepadeiras e epífitas. de Ciências Biológicas da Faculdade de Ciências,
A flora de uma vegetação corresponde às Campus de Bauru da UNESP.
espécies vegetais lá existentes naturalmente. São

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CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

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CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

Fisionomias e plantas de cerrado

FOTO: O. CAVASSAN

Figura 1A - Fisionomia de cerrado


em Caldas Novas, GO.

FOTO: O. CAVASSAN

Figura 1B - Fisionomia de
cerrado em Analândia, SP.

FOTO: V. de L. WEISER

Figura 1C - Fisionomia de cerrado em Bauru, SP.


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CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

ANNONACEAE
Duguetia furfuracea (A.St.-Hil.) Saff.
Nomes populares: marolinho, marolinho-do-cerrado.

FOTO: O. CAVASSAN

Comentário: Arbusto com aproximadamente 1 metro de altura, típico de cerrado.


Flores róseas a alaranjadas.

Floração: maio

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CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

ANNONACEAE
Xylopia aromatica (Lam.) Mart.
Nomes populares: pimenta-de-macaco, pimenta-de-negro.

A
Comentário:
Árvore com até 7
metros de altura,
típica de cerradão.
Flores brancas.
Frutos maduros
verde-amarelados
externamente
e vermelhos
internamente.

FOTO: O. CAVASSAN

Os frutos são B
muito apreciados
por pássaros que
se alimentam do
arilo que envolve
a semente preta. A
semente apresenta
odor parecido com
o da pimenta-do-
reino.

Floração: fevereiro
a setembro
FOTO: V. de L. WEISER

17
CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

APOCYNACEAE
Aspidosperma tomentosum Mart.
Nomes populares: peroba-do-campo, guatambu, guatambu-do-cerrado.

FOTO: O. CAVASSAN

Comentário: Árvore com até 8 metros de altura, caule bastante suberoso e acinzentado.
Flores brancas.

Floração: abril

18
CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

APOCYNACEAE
Himatanthus obovatus (Müll.Arg.) Woodson
Nome popular: pau-de-leite.

FOTO: V. de L. WEISER

Comentário: Arbusto com até 2 metros de altura e com bastante látex branco. Flores
brancas.

Floração: fevereiro

19
CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

APOCYNACEAE
Odontadenia lutea ( Vell.) Markgr.
Nome popular: cipó-cururu.

FOTO: O. CAVASSAN

Comentário: Trepadeira de caule volúvel com látex branco. Flores brancas.

Floração: fevereiro a julho

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CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

ARALIACEAE
Schefflera vinosa (Cham. & Schltdl.) Frodin & Fiaschi
Nomes populares: mandioqueiro-da-folha-pequena, mandioquinha.

FOTO: O. CAVASSAN

Comentário: Arvoreta com até 3 metros de altura, típica de cerradão. Flores brancas.

Floração: maio a agosto

21
CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

BIGNONIACEAE
Cybistax antisyphilitica (Mart.) Mart.
Nomes populares: caroba-de-flor-verde, ipê-mandioca, ipê-verde.

FOTO: O. CAVASSAN

Comentário: Árvore com até 12 metros. Flores verdes. Frutos maduros marrons. Devido
ao formato de sua copa é indicada para arborização de ruas estreitas.

Floração: agosto a novembro

22
CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

BIGNONIACEAE
Fridericia platyphylla (Cham.) L.G.Lohmann
Nomes populares: tinteiro, cipó-una.

FOTO: O. CAVASSAN

Comentário: Arbusto com até 2 metros de altura. Flores róseas.

Floração: janeiro a março

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CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

BIGNONIACEAE
Pyrostegia venusta (Ker Gawl.) Miers
Nome popular: cipó-de-são joão.

FOTO: O. CAVASSAN

Comentário: Trepadeira com gavinhas. Flores laranjas.

Floração: maio a julho

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CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

BIGNONIACEAE
Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & Hook.f. ex S.Moore
Nomes populares: ipê-amarelo-do-campo, para-tudo, ipê-amarelo-do-cerrado.

FOTO: O. CAVASSAN

Comentário: Árvore com até 5 metros de altura. Flores amarelas.

Floração: setembro

25
CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

BIXACEAE
Cochlospermum regium (Schrank) Pilg.
Nome popular: algodão-do-campo.

FOTO: O. CAVASSAN

Comentário: Arbusto que ocorre em formações abertas de cerrado, exibindo, no final


do inverno e início da primavera, belas inflorescências amarelas.

Floração: julho a setembro

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CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

BROMELIACEAE
Ananas ananassoides (Baker) L.B.Sm.
Nomes populares: abacaxi-do-cerrado, ananás.

FOTO: V. de L. WEISER

B
Comentário:
Herbácea até
0,50 metros de
altura. Flores
liláses. Frutos
maduros amarelos
e semelhantes ao
abacaxi.

Floração: outubro

FOTO: O. CAVASSAN

27
CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

BROMELIACEAE
Billbergia sp
Nome popular: bromélia.

FOTO: O. CAVASSAN

Comentário: Epífita com brácteas róseas protegendo a inflorescência.

Floração: janeiro

28
CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

BROMELIACEAE
Bromelia balansae Mez
Nomes populares: caraguatá, gravatá.

FOTO: V. de L. WEISER

B
Comentário:
Herbácea até 0,70
metros de altura.
Flores róseas.
Frutos maduros
amarelos a
alaranjados.

Floração: outubro e
novembro

FOTO: O. CAVASSAN

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CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

CARYOCARACEAE
Caryocar brasiliense Cambess.
Nomes populares: pequi, piqui, pequizeiro.

FOTO: V. de L. WEISER

Comentário: Árvore com até 10 metros de altura, sendo que no campo cerrado ocorre
na forma arbustiva. É planta típica de cerrado. Flores cremes. Frutos comestíveis ou
cozidos com arroz.

Floração: setembro a novembro

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CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

CLUSIACEAE
Kielmeyera rubriflora Cambess.
Nomes populares: pau-santo, rosa-do-campo.

FOTO: V. de L. WEISER

Comentário: Árvore com até 6 metros de altura e com belas inflorescências róseas.

Floração: março a maio

31
CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

ERYTHROXYLACEAE
Erythroxylum tortuosum Mart.
Nome popular: mercureiro.

FOTO: O. CAVASSAN

Comentário: Arbusto com até 2,5 metros de altura. Flores brancas. Frutos maduros
vermelhos.

Floração: outubro a dezembro

32
CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

EUPHORBIACEAE
Pera glabrata (Schott) Poepp. ex Baill.
Nomes populares: coração-de-bugre, pau-de-tamanco, tamanqueira.

FOTO: O. CAVASSAN

Comentário: Árvore com até 10 metros de altura. Flores amarelo-esverdeadas.

Floração: janeiro a maio

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CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

FABACEAE
Anadenanthera falcata (Benth.) Speg.
Nomes populares: angico-do-cerrado, angico-do-campo.

FOTO: V. de L. WEISER

Comentário: Árvore B
com até 20 metros
de altura. Flores
cremes. Em Bauru,
existem muitos
exemplares em
terrenos baldios
da zona urbana,
remanescentes da
cobertura vegetal
original.

Floração: setembro
e outubro FOTO: O. CAVASSAN

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CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

FABACEAE
Bauhinia holophylla (Bong.) Steud.
Nomes populares: unha-de-vaca, pata-de-vaca.

FOTO: V. de L. WEISER

Comentário: Arvoreta com até 2 metros de altura. Flores brancas.

Floração: abril

35
CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

FABACEAE
Bowdichia virgilioides Kunth
Nomes populares: sucupira, sucupira-do-cerrado.

FOTO: O. CAVASSAN

Comentário: Árvore com até 15 metros de altura. A árvore é muito ornamental


apresentando inflorescências liláses e recomendada para projetos de arborização urbana.

Floração: julho a setembro

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CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

FABACEAE
Dalbergia miscolobium Benth.
Nomes populares: anileiro, jacarandá-do-cerrado, caviúna-do-campo.

FOTO: O. CAVASSAN

Comentário: Árvore com até 15 metros de altura. Flores violáceas.

Floração: janeiro a março

37
CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

FABACEAE
Dimorphandra mollis Benth.
Nomes populares: falso-barbatimão, barbatimão-de-folha-pilosa, faveira.

FOTO: V. de L. WEISER

Comentário: Árvore com até 3 metros de altura. Flores amarelas. Frutos maduros
marrons.

Floração: janeiro

38
CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

FABACEAE
Senna sp
Nome popular: cássia.

FOTO: V. de L. WEISER

Comentário:
Arbusto lenhoso,
ereto, produzindo
muitas flores
amarelas e vistosas.
Frutos maduros
marrons.

Floração: abril

FOTO: V. de L. WEISER

39
CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

FABACEAE
Stryphnodendron sp
Nome popular: barbatimão.

FOTO: V. de L. WEISER

Comentário: Árvore com até 4 metros. Flores brancas.

Floração: abril

40
CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

MALPIGHIACEAE
Byrsonima intermedia A.Juss.
Nomes populares: murici-de-folha-pequena, murici.

FOTO: O. CAVASSAN

Comentário: Arbusto com até 1,5 metros de altura. Flores amarelas.

Floração: outubro a maio

41
CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

MALVACEAE
Eriotheca gracilipes (K.Schum.) A.Robyns
Nomes populares: paininha, paineira-do-campo.

FOTO: V. de L. WEISER

Comentário: Árvore com até 17 metros de altura. Flores brancas.

Floração: julho a setembro

42
CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

MELASTOMATACEAE
Miconia albicans (Sw.) Triana
Nomes populares: quaresmeira-do-campo, folha branca.

FOTO: O. CAVASSAN

Comentário: Árvore com até 5 metros de altura. Flores brancas. Frutos maduros verdes.

Floração: maio a agosto

43
CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

MELASTOMATACEAE
Miconia stenostachya (Schrank & Mart. ex DC.) DC.
Nome popular: papaterra.

FOTO: V. de L. WEISER

Comentário: Arbusto com até 2 metros de altura. Flores brancas.

Floração: setembro e outubro

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CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

PASSIFLORACEAE
Passiflora cincinnata Mast.
Nome popular: maracujá.

FOTO: V. de L. WEISER

Comentário: Trepadeira com gavinhas. Flores violáceas a azuladas.

Floração: fevereiro e março

45
CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

RUBIACEAE
Coussarea hydrangeifolia (Benth.) Müll.Arg.
Nome popular: falsa-quina.

FOTO: V. de L. WEISER

Comentário: Árvore
com até 7 metros
de altura. Flores
brancas. Frutos
maduros brancos.

Floração: julho a
outubro

FOTO: V. de L. WEISER

46
CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

RUBIACEAE
Palicourea rigida Kunth
Nome popular: douradinha-do-campo.

FOTO: O. CAVASSAN

Comentário: Arbusto com até 1 metro de altura. Flores amarelo-alaranjadas.

Floração: dezembro
47
CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

RUBIACEAE
Tocoyena formosa (Cham. & Schltdl.) K.Schum.
Nome popular: marmelada-brava.

FOTO: O. CAVASSAN

B
Comentário:
Arvoreta com até 3
metros de altura.
Flores amarelas.
Frutos maduros
amarelos.

Floração: outubro a
fevereiro

FOTO: V. de L. WEISER

48
CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

SIPARUNACEAE
Siparuna guianensis Aubl.
Nome popular: cafezinho-fedido.

FOTO: O. CAVASSAN

Comentário: Arvoreta com até 4 metros de altura. Flores amarelo-esverdeadas. Frutos


maduros vináceos.

Floração: maio

49
CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

SMILACACEAE
Smilax polyantha Griseb.
Nome popular: salsaparrilha.

FOTO: O. CAVASSAN

Comentário: Trepadeira com gavinhas. Flores verdes. Frutos maduros violáceos.

Floração: setembro a janeiro

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CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

VOCHYSIACEAE
Qualea grandiflora Mart.
Nome popular: pau-terra.

FOTO: O. CAVASSAN

Comentário: Árvore com até 8 metros de altura, sendo a espécie mais frequente nos
levantamentos realizados em cerrado no Brasil. Flores amarelas. Frutos maduros
marrons.

Floração: fevereiro

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CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

VOCHYSIACEAE
Qualea multiflora Mart.
Nomes populares: pau-terra-vermelho, cinzeiro.

FOTO: O. CAVASSAN

Comentário: Árvore com flores brancas ou amarelo-claras.

Floração: fevereiro

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CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

VOCHYSIACEAE
Vochysia cinnamomea Pohl
Nome popular: quina-doce.

FOTO: O. CAVASSAN

Comentário: Árvore com flores amarelas.

Floração: março a maio

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CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

VOCHYSIACEAE
Vochysia tucanorum Mart.
Nomes populares: pau-de-tucano, cinzeiro, cambará.

FOTO: O. CAVASSAN

B
Comentário:
Apresenta lindas
inflorescências
amarelas. Frutos
maduros marrons.
É uma das árvores
mais abundantes
no cerradão
bauruense.

Floração: dezembro
a fevereiro
FOTO: O. CAVASSAN

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CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

Propostas de sequências didáticas

O professor deve saber a necessidade de estimular as habilidades do pensar e a construção de


conhecimentos pelos alunos. Assim, é importante que propicie atividades nas quais os alunos possam também
entrar em contato com os ambientes naturais próximos à escola ou à comunidade onde vivem.
As atividades a seguir se evidenciam como exemplos a serem utilizados com este objetivo ou mesmo
como ponto de partida para outras propostas elaboradas pelo próprio professor.

PERCEPÇÕES INICIAIS

Se possível organize inicialmente uma visita à trilha presente na Reserva Legal do Campus de Bauru da
UNESP, participando do projeto de extensão universitária “Passeando e aprendendo no cerrado”.
Nessa fase inicial o professor poderá utilizar o material para levantar os conhecimentos prévios dos
alunos em relação às características presentes no contexto da vegetação do cerrado.

1. Reconhecimento das fisionomias do cerrado senso amplo


Propõem-se motivar o aluno a identificar as características fisionômicas que permitem diferenciar as
três principais fisionomias de cerrado.

• As Figuras 1A, 1B, 1C, são de vegetação de cerrado senso amplo. Solicite aos alunos que indique qual
figura representa um campo cerrado, um cerrado senso restrito e um cerradão. Discuta com os alunos
quais as características que ele observou para fazer esta identificação.

UTILIZAÇÃO GERAL DO CATÁLOGO

As propostas a seguir englobam exemplos de atividades em que as figuras do catálogo podem ser
utilizadas por escolha do professor ou do aluno.

2. Relações entre as plantas visualizadas no campo e as figuras apresentadas no catálogo


Esta atividade visa estimular o primeiro contato dos alunos com o material didático, explorando as
características das espécies vegetais presentes no cerrado.

• Peça aos alunos que escolha uma das figuras.


• Solicite que ele explique o motivo da escolha da planta.
• Explore com os alunos quais as características das fotos que eles mais gostaram, indagando o porquê
desta escolha.
• Verifique quais alunos sabem o nome daquela planta ou outras curiosidades adicionais.
• Incentive os alunos à pesquisa de outras informações sobre a espécie escolhida.

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CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

3. Relações entre esturuturas e funções


O objetivo desta atividade é reconhecer e relacionar as estruturas da flor com as suas respectivas funções.

• Organize pequenos grupos.


• Solicite que cada grupo escolha três figuras de plantas que apresentem flores coloridas.
• Peça que justifiquem a escolha.
• Pergunte sobre a importância para as plantas de apresentarem flores coloridas.
• Questione qual a função das flores nas plantas.
• Solicite aos alunos que identifiquem as estruturas masculinas e femininas nas flores escolhidas
explicando suas respectivas funções.

4. Relação entre as plantas e a comunidade local


Esta atividade tem por objetivo proporcionar ao aluno contato com o conhecimento popular e histórico
das espécies do cerrado.

• Verifique quais espécies vegetais presentes no catálogo o aluno já conhecia e com qual nome.
• Por vezes, algumas plantas servem de alimento, ornamentação e material para artesanato pela
comunidade local. Pergunte se os alunos conhecem algumas destas relações.
• Solicite aos alunos que realizem pesquisa junto aos familiares e amigos para que possam saber mais
sobre essas relações (ornamental, alimentação, artesanato) e curiosidades dessas espécies.
• Promova discussões sobre como a população poderia adquirir informações sobre o uso sustentável e
consciente destes recursos naturais.

ATIVIDADES DE OBSERVAÇÕES ESPECÍFICAS

As atividades a seguir referem-se à utilização de figuras específicas. Por meio destas podem ser
explorados conceitos relacionados à morfologia externa de flores, frutos, sementes e suas respectivas funções.
Há exemplos de interações ecológicas, tais como polinização e tipos de dispersão de frutos e sementes, a partir
dos quais, conceitos de Zoologia podem ser explorados.

5. ANNONACEAE - Xylopia aromatica (Lam.) Mart.
Pretende-se com esta atividade chamar a atenção dos alunos para as características morfológicas do
fruto que facilitam a dispersão das sementes.

• Peça aos alunos para observarem a figura B na página 17 com os frutos dessa espécie. Chame a atenção para
o fato de que existem vários frutos presos em um único ramo. A este conjunto chamamos infrutescência.
Alguns já estão abertos exibindo o seu interior com uma coloração vermelha diferente da face externa
mais amarelada. Estes frutos abertos revelam em seu interior a semente. É preta, no entanto, na foto tem
um aspecto esbranquiçado devido a uma substância adocicada que a envolve denominada arilo.
• Pergunte aos alunos qual a importância do interior do fruto ter uma coloração vermelha mais intensa
e a semente ser envolvida por um arilo adocicado.

6. BIXACEAE - Cochlospermum regium (Schrank) Pilg.


CLUSIACEAE - Kielmeyera rubriflora Cambess.
O objetivo desta atividade é que a partir da observação direcionada de características o aluno relacione
a importância das colorações das flores na atração de animais polinizadores.

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CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

• Nas figuras das páginas 26 e 31 observam-se fotografias de flores sendo visitadas por um animal. Peça
aos alunos que identifiquem o animal observado. Acrescente informações sobre o grupo taxonômico
ao qual os animais pertencem.
• Questione: Qual característica da flor deve ter atraído esses animais? Como os animais se beneficiam
desta visita? Qual a importância para essas plantas serem visitadas por esse animal?
• Pergunte aos alunos se conhecem outros animais que podem visitar as flores com o mesmo benefício
para as plantas.

7. BROMELIACEAE - Ananas ananassoides (Baker) L.B.Sm.


BROMELIACEAE - Bromelia balansae Mez
O objetivo desta atividade é estimular o aluno a relacionar a importância da coloração das folhas na
atração de animais polinizadores.

• As figuras A na página 27 e A na página 29 representam duas espécies popularmente conhecidas


como ananás e caraguatá, respectivamente, pertencentes à mesma família do abacaxi. Produzem uma
infrutescência resultante de uma inflorescência composta, onde as pétalas são pouco desenvolvidas. As
estruturas avermelhadas abaixo da inflorescência são folhas jovens.
• Pergunte aos alunos qual a importância dessas folhas próximas das inflorescências serem vermelhas.

8. FABACEAE - Bauhinia holophylla (Bong.) Steud.


FABACEAE - Senna sp
PASSIFLORACEAE - Passiflora cincinnata Mast.
Objetiva-se com esta atividade que o aluno possa reconhecer e relacionar as estruturas masculinas e
femininas da flor e suas respectivas funções.

• Na figura da página 35, na figura A na página 39 e na figura da página 45 são apresentadas flores nas
quais é possível observar o gineceu (conjunto de pistilos ou carpelos) e o androceu (conjunto de
estames), partes respectivamente feminina e masculina, das flores.
• Peça aos alunos que identifiquem essas estruturas nas referidas figuras e explique suas respectivas
funções.

APLICANDO O CONHECIMENTO

As duas atividades propostas têm como objetivo verificar a percepção do aluno em relação aos elementos
naturais presentes na comunidade onde reside, aplicando os conhecimentos obtidos em uma possível situação real.

9. Solicite aos alunos que relacionem o nome de todas as plantas presentes neste catálogo que eles já
conheciam. Peça para que descrevam com detalhes o local onde os alunos observaram-nas anteriormente.

10. A partir da preocupação em se realizar o planejamento da arborização de um ambiente urbano, onde


devem ser consideradas adequação do vegetal ao meio, tais como: porte, forma de vida, presença de frutos
carnosos, queda de folhas, presença de flores conspícuas para atração de polinizadores, entre outros, peça aos
alunos que escolham quais as espécies, dentre as presentes no catálogo, que eles escolheriam para compor a
vegetação de um jardim na sua escola, residência ou bairro. Solicite que justifiquem essa escolha, tendo em
vista as características citadas. Se necessário, peça que busquem informações complementares sobre as espécies
escolhidas e discutam sobre o tema.

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CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

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CONHECENDO BOTÂNICA E ECOLOGIA NO CERRADO

Bibliografia consultada

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