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AULA 1
ENQUADRAMENTO
O conflito é parte das sociedades humanas, estando presente no quotidiano das relações
entre indivíduos, grupos e instituições.
Os conflitos podem ser:
o Destrutivos
Quando arruínam as relações entre as pessoas ou comunidades.
o Vistos como uma oportunidade de crescimento e adaptação.
Uma sociedade cada vez mais globalizada, com a emergência de determinadas formas de
violência, cria desafios que requerem a atuação de técnicos capazes de potenciar um
desfecho positivo nestas situações.
AULA 2
MÓDULO I: COMPREENSÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO DO CONFLITO
O conflito é uma incompatibilidade entre condutas, perceções, objetivos e/ou afetos entre
indivíduos ou grupos, que definem as suas metas como mutuamente incompatíveis
(Torrego).
Para Deutsch um conflito também se manifesta quando existem atividades incompatíveis
entre si.
Para Tousard o conflito seria uma situação na qual uns “agentes” procuram metas
diferentes; ou defendem valores contraditórios; ou têm interesses opostos ou distintos; ou
procuram de forma simultânea e competitiva uma mesma meta. Nesta situação é comum
existir a pretensão de controlar a conduta do adversário, para conseguir os objetivos ou o
objetivo em si mesmo.
Quando se fala em conflito devem ser verificadas as seguintes características:
o a existência de interação de, pelo menos, 2 indivíduos ou grupos;
o que se perceba ou exista uma incompatibilidade entre as metas, condutas,
interesses, posições, valores ou desejos próprios e do/a outro/a;
o que pelo menos uma das partes considere uma situação como injusta ou
incompatível.
Tipologia de Conflitos:
o Conflito verdadeiro: Este tipo de conflito existe objetivamente e é claramente
percebido. Não é contingente em relação a algum aspeto facilmente alterado do
ambiente.
o Conflito deslocado: Ambas as partes do conflito não discutem a verdadeira causa do
conflito.
o Conflito manifesto: Expressa um conflito subjacente de uma forma simbólica ou
idiomática.
o Conflito mal atribuído: O conflito ocorre entre partes erradas e como consequência
sobre questões equivocadas.
o Conflito latente: O conflito deveria estar a ocorrer, mas isso não acontece porque o
mesmo foi reprimido, deslocado, mal atribuído ou porque não existe
psicologicamente.
o Conflito falso: este conflito ocorre quando não há base para ele, indicando má
perceção ou incompreensão.
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Técnicas de Resolução de Conflitos
o Conflitos destrutivos: O conflito tem consequências destrutivas se os/as seus/as
participantes estão insatisfeitos/as com as conclusões e sentem, como resultado do
conflito, que perderam.
o Conflitos construtivos: o conflito tem consequências produtivas se todos/as os/as
participantes estão satisfeitos/as com os efeitos e sentem que, resolvido o conflito,
ganharam.
Nota: na maioria das vezes um conflito cujos efeitos são satisfatórios para
todos os participantes será mais construtivo do que um que seja satisfatório
para uns e insatisfatório para outros.
Estilos de Abordagem do Conflito:
Competição:
Que causas
poderão originar
conflitos?
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Técnicas de Resolução de Conflitos
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Técnicas de Resolução de Conflitos
AULA 3
Módulo I: Compreensão e contextualização do conflito
A teoria clássica de William James sobre a emoção pressupõe uma explicação “periférica”,
em que a emoção seria uma tomada de consciência das nossas reações corporais a uma
situação.
Emoções: são sentimentos que geralmente tem elementos psicológicos e cognitivos e que
influenciam o comportamento. (Feldman)
As emoções são reações fisiológicas e psicológicas complexas a estímulos externos.
Podem-se manifestar em alterações neuromusculares, cardiovasculares, respiratórias,
hormonais, ou alterações corporais. (Moore)
As funções das emoções:
o 1 – Preparar-nos para a ação. As emoções interagem como um elo entre
acontecimentos do meio externo e as respostas comportamentais;
o 2 – Moldar o nosso comportamento futuro. As emoções servem para promover a
aprendizagem de informação que nos orienta na escolha das respostas futuras
apropriadas;
o 3 – Ajudar-nos a regular a interação social. As emoções que experimentamos são
frequentemente óbvias para os/as observadores/as, na medida em que estas são
comunicadas através do comportamento verbal e não verbal.
As emoções podem ser classificadas como:
o Emoções positivas: despertam experiências agradáveis e prazerosas, como o amor,
a alegria, a felicidade. Favorecem a comunicação, aproximação, o relacionamento
cooperativo, a criação de opções mútuas para a solução de conflitos, sentimento de
justiça e compromisso com o melhor resultado.
o Emoções negativas: são aquelas que estimulam sentimentos desagradáveis, de
competição, de desconfiança. Os interesses são ignorados e limitam a
comunicação/diálogo pacífico e o entendimento entre as partes, se não forem
compreendidas.
Interação entre Emoção e Conflito:
o Medo - É um sentimento que surge quando estamos diante de um perigo ou
ameaça real à nossa integridade física ou psicológica;
É uma emoção essencial, pois possui uma função protetora, uma vez que
prepara o corpo para enfrentar ou evitar o perigo (luta ou fuga).
Numa situação de conflito, este tipo de resposta dificulta uma resolução
construtiva.
o Ira, Raiva e Ódio - Revolta contida e controlada derivada do desejo ou vontade de
punir alguém por algo que nos fez ou por não concordarmos com ele/a ou agitação
e agressividade intensa, em geral, repentinas e descontroladas;
Aparece geralmente em situações em que alguém nos magoou por algo que
consideramos injusto, incorreto ou inaceitável, sentindo-nos frustrados,
injustiçados ou agredidos;
Pode apresentar um lado positivo quando nos permite tomar atitudes e
provocar mudanças sociais.
o Humilhação – O sentimento de ser humilhado emerge quando uma pessoa é
incapaz de resistir à humilhação de que considera ilegítima, bem como indesejada.
Desconforto intenso resultante da perceção de estarmos a ser ridicularizados,
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Técnicas de Resolução de Conflitos
diminuídos ou inferiorizados em situações em que alguém expõe os nossos erros,
dificuldades, limitações ou problemas.
o Culpa – estado afetivo de arrependimento após se ter feito algo em que se acredita
que não deveria ser feito ou que somos responsáveis por algo que fez alguém sofrer
ou a prejudicou.
Princípios que dão lugar a respostas negativas:
o “Existe uma só e única verdade” – Princípio que defende que a autoridade é a única
portadora do saber e que existe apenas uma interpretação válida da realidade;
o “O mundo é preto e branco” – Princípio que se apoia na interpretação dicotómica da
realidade”;
o “Só se acede ao conhecimento por meio da razão” – Princípio que assenta na
conceção do saber como produto exclusivo de processos racionais;
o “O desacordo como inimizade” – Princípio que as ideias e ações distintas são
desleais.
Estratégias de adaptação bem sucedidas na resolução de conflitos:
o Expressar sentimentos a partir das mensagens “Eu”;
o Contar histórias;
o Capacidade de escuta ativa;
o Testemunhos memoriais, cerimónias de grupo;
o Reconhecer e recompensar;
o Empatia;
o Reformular a análise de problemas.
Comunicação e expressão emocional = promoção de relacionamento
saudável.
o Modelo do Pêndulo – Este modelo caracteriza-se pela deambulação (para trás e
para a frente) entre o nosso ponto de vista e o ponto de vista do outro, facilitando a
compreensão do conflito, promovendo a solidariedade, integração social e
resolvendo com respeito e afeto todas as partes do conflito.
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Técnicas de Resolução de Conflitos
o Tomada de decisão individual: As decisões individuais incluem a escolha de
estratégias, decidir em quem confiar, avaliar as propostas e prioridade das
preocupações.
A teoria da escolha defende que as pessoas tomam decisões com base no
cálculo da utilidade do resultado desejado e nas oportunidades de que o
mesmo ocorra.
o Tomada de decisão em grupo: As decisões em grupo possibilitam a solução do
problema para obter ajuda, na definição de quais os procedimentos a usar e qual a
solução a escolher.
As pessoas podem ser influenciadas pela forma como a informação é
apresentada, por não ter em consideração a perspetiva do outro.
O grupo procura alcançar soluções mais integradores quando as partes são
iguais e as suas aspirações são mais elevadas.
AULA 4
PERCEÇÃO SOCIAL E CONFLITO
CONFLITO INTRATÁVEL
Um conflito intratável é um conflito destrutivo que se prolonga por um longo período de
tempo (persistência) e resiste a tentativas de resolução construtivas, parecendo impossível
de resolver. Tipicamente, tende a provocar resultados negativos (violência) e ameaças aos
valores e direitos humanos, tem por base diferenças identitárias, morais e lutas por poder e
acesso a recursos e perceções sociais e de justiça incompatíveis.
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Técnicas de Resolução de Conflitos
Diferentes características entre Conflito Tratável e Intratável:
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Técnicas de Resolução de Conflitos
Abordagens
para a resolução
de conflitos
intratáveis:
5 paradigmas
o Paradigma Realista:
Os conflitos são vistos como conflitos reais de interesse e poder que
envolvem o uso de estratégias de dominação, controlo, ódio, manipulação e
violência (metáfora política) e também de pacificação pela força.
o Paradigma das Relações Humanas:
A base do conflito intratável está na destruição das relações, do qual
desencadeia uma espiral cada vez mais hostil que parece não ter escapatória
(deriva da Psicologia Social).
o Paradigma Médico:
Os conflitos sociais intratáveis são vistos como doenças patológicas que
podem propagar-se e afetar o sistema, neste sentido necessitam de ser
diagnosticados e tratados corretamente (atuação das ONGs).
o Paradigma Pós-Moderno:
O conflito surge pela perceção e atribuição do significado que fazemos do
mundo. É pelas crenças e suposições atribuídas que diferentes grupos
desenvolvem e mantém o
conflito (metáfora
comunicacional/hermenêutica).
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Técnicas de Resolução de Conflitos
Sugere que a mudança é possível a partir da reflexão critica, diálogo e pelo
confronto direto, promover a consciencialização da complexidade da
realidade, da compreensão arbitrária e necessidade para a mudança.
o Paradigma Sistémico:
O conflito é visto como entidades compostas por elementos interdependentes
e interativos, agrupados dentro de outras entidades complexas.
Sublinha a interdependência de vários objetivos na intervenção da segurança
mútua, estabilidade, igualdade, justiça, cooperação, humanização pelos
outros, reconciliação, tolerância pela diferença, compatibilidade e
complexidade dos significados, cura e reconstrução.
Orientações para a intervenção no conflito intratável:
o Orientação 1: Realizar uma análise profunda do sistema de conflito antes da
intervenção.
A avaliação deve ser sistémica;
Ter em consideração os seguintes subsistemas: motivações, afetos,
cognição, comportamento e meio envolvente;
O nível elevado da escalada do conflito implica elementos hostis em todos os
subsistemas;
Compreender a inter-relação destas experiências e procurar produzir
mudanças.
o Orientação 2: Análise e Intervenção incorporada num quadro multidisciplinar.
Compreensão a partir de várias perspetivas;
Reunir a leitura mais abrangente e útil da situação (vários paradigmas);
Conduzir à mudança;
Conforme Coleman diz que as leituras efetivas são generativas, produzem
ideias e ações que não existem anteriormente e possibilitam novas ações.
o Orientação 3: Promover um amadurecimento entre os principais intervenientes no
conflito intratável.
Normalizar dinâmicas de escalada, destruidoras do conflito;
Compromisso para a mudança na natureza das relações das partes de
orientação destrutiva para um estado mais construtivo;
Localizar e compreender as forças dinâmicas que mantém o conflito num
estado de desequilíbrio;
Criar ou aumentar um compromisso entre os disputantes para a paz,
identificando e removendo os obstáculos (raiva, desconfiança) que atuam na
resistência da maturação.
o Orientação 4: Estabelecer um processo construtivo de conflito – compromisso.
Processo de confronto eficaz, firme e justo;
o Orientação 5: Abordagem à resolução de conflito entre as culturas.
Intervenção adaptada aos problemas, recursos e limitações do contexto
cultural;
Dar voz, respeitar e compreender;
Promover um compromisso de processo para a paz.
o Orientação 6: Intervenções de curto prazo necessitam ser coordenadas tendo em
atenção os objetivos e intervenções a longo prazo.
Pensar em esquemas a longo prazo;
Pensar em termos de décadas pode ajudar a coordenar os trabalhos de paz
conectando a experiência imediata da intervenção em crise com as iniciativas
em direção a um futuro melhor, onde esses problemas podem ser evitados;
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Técnicas de Resolução de Conflitos
Permitir que as mudanças sociais sejam concebidas e implementadas.
o Orientação 7: Estabelecer condições, iniciar e manter a mudança construtiva e não
linear.
A mudança inicial exige que os intervenientes tenham humildade;
A alteração pode ser provocada por três processos interrelacionados: criar
condições para uma mudança radical, iniciar a mudança e criar condições
que mantenham a mudança;
AULA 5
AS DIVERSAS ALTERNATIVAS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS
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Técnicas de Resolução de Conflitos
TÉCNICAS ALTERNATIVAS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS
1. Negociação;
2. Conciliação;
3. Mediação;
4. Arbitragem;
5. Julgados de Paz.
NEGOCIAÇÃO
Processo no qual as partes em conflito, partindo de preferências opostas, comunicam e
influenciam-se mutuamente com vista a alcançar um acordo (com ou sem a intervenção de
uma terceira pessoa).
É um processo lento e gradual, que tem como objetivos:
o Promover a compreensão das diferentes interpretações e avaliações das partes;
o Corrigir perceções distorcidas e enviesadas;
o Resolver impasses;
o Ultrapassar avaliações negativas reativas (importância do jogo político);
o Promover esperança, confiança e aceitação.
CONCILIAÇÃO
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Técnicas de Resolução de Conflitos
Processo semelhante à negociação. O conciliador, ao contrário do árbitro, não tem poder
para impor uma decisão que coloque um ponto final ao litígio.
Conciliação formal: Organização do encontro presencial; redação de um documento
(acordo de conciliação judicial) e sua assinatura na presença de um juiz.
Conciliação informal: Agrupamento dos pontos de vista (possibilidade das partes não se
encontrarem); o acordo pode ser tácito.
MEDIAÇÃO
Forma de resolução de litígios informal e flexível, de caráter voluntário e confidencial para
as partes, conduzido por um terceiro imparcial – o mediador – que tenta facilitar um acordo
para resolução dos conflitos, mas sem poder impositivo.
A mediação é um processo intermédio entre a conciliação e a arbitragem:
o Implica sempre uma terceira pessoa, mas esta não tem poder para impor uma
solução;
o Pode ser formal ou informal (redação ou não de acordo);
o Implica um processo estruturado de sessões em que as partes se encontram;
o Facultativa em Portugal, mas um passo obrigatório noutros países (ex: mediação
familiar em caso de divórcio nos EUA e França).
Quem pode ser mediador?
o Pode candidatar-se a integrar as listas de mediadores públicos (centralizada pelo
GRAL) quem:
Concluído um curso de mediação (curso em conformidade com as linhas
orientadoras definidas pelo Ministério da Justiça no caso do SMF ou SMP ou
pelo Conselho Consultivo do SML);
Tenha uma licenciatura adequada;
Esteja no pleno gozo dos direitos civis e políticos;
Seja pessoa idónea para o exercício das funções;
Tenha mais de 25 anos.
Sistemas de Mediação Pública:
o Os Sistemas de Mediação Pública são serviços coordenados pelo GRAL (Gabinete
de Resolução Alternativa de Litígios), pertencente ao Ministério da Justiça.
o Porquê sistemas de mediação pública?
Vantagens:
São processos voluntários;
São processos rigorosamente confidenciais
o caso não exista acordo, o mediador não pode divulgar o
conteúdo das sessões de mediação, segundo o código de ética;
São processos que promovem a comunicação e a cooperação;
Não existem vencedores nem vencidos: ambas as partes ganham;
Ambas as partes mantêm o poder de decisão sobre os seus próprios
problemas;
São processos que geram soluções inovadoras adaptadas a cada
caso.
Mediação Familiar: Modalidade extrajudicial de resolução alternativa de litígios
emergentes de relações familiares.
o O que é o Sistema de Mediação Familiar?
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Técnicas de Resolução de Conflitos
A Mediação Familiar permite resolver conflitos familiares, em que as partes,
auxiliadas por um mediador, tentam alcançar um acordo (Decreto-Lei nº
20/2007, de 12 de Junho).
O Sistema de Mediação Familiar tem competência, desde o dia 16 de Julho
de 2007, para mediar conflitos no âmbito da generalidade das relações
familiares:
Regulação, alteração e incumprimento do regime de exercício do
poder paternal;
Divórcio e separação de pessoas e bens;
Atribuição e alteração de alimentos;
Atribuição da casa de morada da família;
o Exemplos: Regulação do poder paternal como articulação das
rotinas e alteração da residência da criança; Definição do
destino da casa/morada de família e outros bens; Decisão da
responsabilidade económica da criança e montantes das
pensões de alimentos...
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Técnicas de Resolução de Conflitos
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Técnicas de Resolução de Conflitos
litígios quanto à transferência de um trabalhador para outro local de
trabalho.
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Técnicas de Resolução de Conflitos
os crimes em que o ofendido seja menor de 16 anos; ou
aos crimes seja aplicável a forma de processo sumário ou
sumaríssimo.
o Como funciona?
O processo pode ser remetido para mediação penal, durante o inquérito, a
requerimento das partes ou nos casos em que o Ministério Público o entenda
adequado.
Em seguida, o mediador tenta obter o consentimento das partes para
realizarem sessões de mediação. Se as partes consentirem na mediação são
realizadas as sessões.
Se as partes alcançarem um acordo na mediação este é reduzido a escrito,
assinado e remetido ao Ministério Público (há desistência da queixa; se não
for cumprido a queixa pode ser renovada).
No caso de não resultar acordo, o processo judicial é retomado.
CENTROS DE ARBITRAGEM
INSTITUCIONALIZADOS
Arbitragem
o Processo formal e de comum acordo em que as partes aceitam submeter o seu
diferendo a uma terceira pessoa – o árbitro.
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Técnicas de Resolução de Conflitos
o Tem uma natureza híbrida entre o contrato e o julgamento: o árbitro decide, depois
de ouvidos os argumentos, e a sua decisão é vinculativa (como uma sentença
judicial);
o Este processo funciona nos centros de arbitragem.
Centros de arbitragem:
o Atualmente, existem 36 centros de arbitragem voluntária institucionalizada em
funcionamento em Portugal.
Estes têm competência para dirimir conflitos nas seguintes áreas:
Relações de Consumo; Sector Automóvel; Dívidas Hospitalares;
Propriedade Industrial e Arbitragem Administrativa (Contratos;
Responsabilidade civil da Administração; Funcionalismo público;
Sistemas públicos de protecção social, Urbanismo)
o Os árbitros podem ser nomeados pelo tribunal e/ou escolhidos pelas partes, que se
sujeitam à decisão destes (a decisão tem valor de sentença)
São juízes (licenciados em Direito) ou então peritos em áreas de
especialidade, inscritos no Ministério da Justiça.
JULGADOS DE PAZ
Processo de justiça mais informal, célere e económica, que passa por 3 fases na tentativa
de resolução:
1. Mediação
2. Conciliação
3. Sentença
AULA 6
CAUSAS E INTERVENÇÕES NOS CONFLITOS
OS 12 ESTÁDIOS DA MEDIAÇÃO
I. Estabelecimento de um relacionamento positivo entre as partes em disputa
o Faz contactos iniciais com as partes; constrói credibilidade; promove rapport; instrui
sobre o processo; aumenta o compromisso em relação ao procedimento.
II. Escolha de uma estratégia para orientar a mediação
o Ajuda as partes a avaliar várias abordagens para gerir e resolver o conflito, ajuda à
escolha de uma abordagem; coordena as abordagens das partes.
III. Recolher e analisar a informação básica
o Recolhe e analisa dados importantes sobre as pessoas, a dinâmica e a essência de
um conflito; verifica a precisão dos dados; minimiza o impacto dos dados inexatos
ou indisponíveis.
IV. Projetar um plano detalhado para a mediação
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Técnicas de Resolução de Conflitos
o Identifica as estratégias e movimentos consequentes que permitam às partes
caminharem para um acordo; identifica movimentos contingentes para responder a
situações peculiares ao conflito específico.
V. Construir a confiança e a cooperação
o Prepara psicologicamente os disputantes para participar nas negociações sobre
questões essenciais; lida com emoções fortes; verifica as perceções e minimiza os
efeitos dos estereótipos; constrói o reconhecimento da legitimidade das partes e das
questões; constrói confiança; esclarecer as comunicações.
VI. Iniciar as sessões de mediação
o Abre a negociação entre as partes; estabelece um tom aberto e positivo; estabelece
regras básicas e diretrizes comportamentais; ajuda as partes a expressar as suas
emoções; delimita as áreas e as questões a serem discutidas; ajuda as partes a
explorar compromissos, pontos relevantes e influências.
VII. Definir as questões e estabelecer uma agenda
o Identifica áreas amplas de interesse para as partes; obtém concordância sobre as
questões a serem discutidas; determina a sequência para o tratamento das
questões.
VIII. Revelar os interesses ocultos das partes em disputa
o Identifica os interesses essenciais, psicológicos e de procedimento das partes;
instrui as partes sobre os interesses uma da outra.
IX. Gerar opções para o acordo
o Desenvolve entre as partes uma consciência da necessidade de múltiplas opções;
reduz o compromisso com posições ou alternativas isoladas; gera opções usando a
negociação baseada nas posições ou baseada no interesse.
X. Avaliar as opções para o acordo
o Revê os interesses das partes; avalia como os interesses podem ser satisfeitos
pelas opções disponíveis; avalia os custos e benefícios de se escolher as opções.
XI. Negociação final
o Consegue o acordo através de maior convergência das posições, últimos
movimentos para fechar os acordos, desenvolvimento de uma fórmula consensual
ou estabelecimento de meios de procedimento para se conseguir o acordo final.
XII. Acordo final
o Identifica os passos procedimentais para se operacionalizar o acordo; estabelece
uma avaliação e um procedimento de monitorização; formaliza o acordo (opcional) e
cria um mecanismo de imposição e compromisso.
O PROCESSO DE MEDIAÇÃO
FASE HABILIDADE PARA TAREFAS TÉCNICAS
Pré-Mediação Orientar as partes Conseguir uma Contatar as partes.
síntese do problema. Convocar as partes.
Fazer uma descrição Tratar da
simples da mediação. informação.
Agendar a primeira Esclarecer a
sessão. mediação.
Preparar o contexto Seleção do lugar de
de atuação encontro:
-Neutro;
-Privado;
-- Possibilidade de
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Técnicas de Resolução de Conflitos
comunicação com o
exterior.
Entrada Criar credibilidade. Proporcionar a Confirmação de
Conferir estrutura. Obter dados.
confiança e auto-estima. confiança e Cessão da palavra.
Trabalhar com outros cooperação. Intervir para aliviar
profissionais. Fomentar a a tensão.
participação. Gerar credibilidade.
Demonstrar Normalizar.
neutralidade.
Explicação Identificar e analisar os Exposição de Escuta ativa.
conflitos. Enfrentar a versões. Perguntar.
cólera Reconhecer os
dos participantes. sentimentos.
Equilibrar Parafrasear.
poder. Facilitar e trocar Equilibrar o poder.
informação. Neutralizar os Falar utilizando
comportamentos “mensagens eu”.
negativos.
Situarmo-nos Identificar e ordenar os Elaborar uma Criação da definição
temas. Distinguir e definição partilhada comum do conflito.
esclarecer os temas não do problema. Separar o problema
mediáveis. Criar das pessoas. Enfocar.
consenso, Orientação futura
planear e elaborar a lista positiva. Reuniões
de individuais.
temas.
Arranjo Inventariar opções. Colocar questões Brainstorming.
Reenquadrar temas. básicas Dividir o problema.
Superar Avaliar. Período de
pontos mortos. Centrar-se teste. Agente de
no futuro. Examinar os realidade.
pontos fortes e fracos das
opções. Examinar
consequências
Acordo Esclarecer o que se Avaliar vantagens e Sintetizar.
acordou. desvantagens, e Reconhecer.
Escrever os acordos sem dificuldades. Celebrar.
ambiguidades e com uma Estabelecer: o quê,
linguagem neutra. onde, como e onde
Planear de que forma vão
ser colocados em prática
acordos
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Técnicas de Resolução de Conflitos
SEQUÊNCIA COMUNICACIONAL…
Escutar;
Perguntar;
Compreender;
Mostrar compreensão;
Pedir reflexão
COMUNICAÇÃO EFETIVA
Falar com o outro e não para o outro;
Focar o futuro e não o passado;
Criar opções em vez de barreiras;
Enfrentar o problema em conjunto em vez de discutir o certo ou errado.
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