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CUIABÁ-MT
2021
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CUIABÁ-MT
2021
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AGRADECIMENTOS
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.............................................................................................................5
CAPÍTULO I – MEU PROCESSO DE FORMAÇÃO..............................................7
1.1 Um pouco sobre mim...........................................................................................7
1.2 Educação Infantil..................................................................................................7
1.3 O despertar pela leitura.........................................................................................8
1.4 Dificuldades com a matemática..........................................................................10
1.5 Ensino Fundamental e Médio..............................................................................13
1.6 Ensino Superior...................................................................................................14
1.7 Aprendendo a ensinar: Desafios e descobertas com os estágios.........................16
CAPÍTULO II – UMA PERSPECTIVA DE DESENVOLVIMENTO E
APREENDIZAGEM NA EDUCAÇAO INFANTIL: A PARTIR DO ENSINO DE
LIBRAS................................................................................................................................17
INTRODUÇÃO
alunos mudos e surdos nas escolas regulares, sem a necessidade de exclusão dos mesmos
em uma escola especial para a condição deles.
Em busca de conhecimento e aprofundamento, analisei a situação do país, sobre
processos na escola e as adaptações curriculares que precisam ser feitas para acolher todos
os alunos com qualidade. Para tanto, adotei a pesquisa bibliográfica como material de
estudo, para o presente Dossiê. Observando alguns métodos que poderiam favorecer a
inclusão de alunos surdos no ambiente escolar e ensinar ouvintes a língua Libras com
intuito de aumentar o número de interlocutores.
A vista disso, para que seja possível, além das políticas públicas e garantia dos
direitos reservados por lei para surdos, necessita de uma formação continuada para os
professores. Na graduação, eles têm o ensino de Libras obrigatório por Decreto
5.626/2005, mas na minha opinião como aluna, não foi suficiente para aprender Libras
de fato, precisasse de mais cursos para a formação profissional em Libras. Dessa forma,
os professores saem da faculdade sabendo o básico se tratando do conhecimento em
Libras, apenas com conhecimento da história e sua legislação.
Boa parte das vezes, a capacitação de professores em relação ao ensino de Libras
é pouca. E parte disso, se dá a falta de tempo dos professores, mas apesar desse fato, o
governo federal, disponibiliza o curso de Língua Brasileiras de sinais pelo INES –
Instituto Nacional de Educação de Surdos, de forma gratuita para toda a comunidade,
semestralmente e presencialmente. As vagas são limitadas, por isso é feito um sorteio
eletrônico entre os inscritos para disputa de vagas. A duração do curso é de dois anos e
meio.
O fato de nem todos os professores e funcionários da escola terem conhecimentos
de Libras, reflete diretamente na inclusão dos alunos surdos e mudos na escola de ensino
regular. Dificultando ainda mais o processo de inserção desses alunos.
Dessa maneira, faz-se necessário, garantir e incentivar os professores a se
especializarem em Língua de Sinais, isso ajudaria muito no processo de adaptação dos
alunos com deficiência auditiva nas escolas de ensino regular. Não só por esse fato, como
também poderíamos economizar com estruturas de engenharia de novas escolas para
surdos, e por diante, colocar em prática a ideia de implantar a Libras no currículo desde
a Pré escola e anos iniciais, formando assim futuramente uma sociedade consciente e
ainda, reduzir a taxa de preconceito sofrido por surdos.
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Essa mesma professora levou a turma para conhecer um sitio de sua família.
Fomos de ônibus escolar e passamos o dia lá. Foi possível observar o nascimento de uma
ovelha. Tivemos então nossa primeira experiência com um parto, foi muito empolgante e
interessante, confesso que deu um pouco de agonia pela dor que a pobre ovelha passava
para dar à luz, mas foi legal ver depois que estava tudo bem com os dois.
Imagem 1: Dando leite da mamadeira para os filhotes de ovelhas
Tive a honra de ter como minha professora, a Kátia, mulher inteligente. Ela tinha
uma voz doce como ninguém. Lembro-me de dormir em seu colo quando cantava canções
para turma na hora do soninho, acontecia após o recreio antes de irmos brincar no
parquinho.
Figura: Foto de formatura do Pré – Turma professora Katia
Fonte: 107 e. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1956. [De autoria anônima, a 1a. edição dessas
“Cartas de ABC” é de 1905.
Guardo na memória a professora Jaqueline lendo em voz alta todas as letras do
alfabeto apontando com uma régua as letras na parede, e em seguida os alunos faziam a
leitura e identificação de cada letra. O próximo passo era então fazer a leitura pelo som
que cada letra faz, algumas tinham mais de um som. Isso já abordava um pouco do método
fonético.
Assim, Freire nos mostra o quão é importante o diálogo, o ato de ouvir e agir com
humanidade para com nosso próximo, em especial com os alunos. Para Freire, “o papel
do professor e da professora é ajudar o aluno e a aluna a descobrirem que dentro das
dificuldades há um momento de prazer, de alegria” (2003, p. 52). É essa visão e leitura
de mundo que precisamos transmitir para o aluno.
Lembro que para avaliação, usavam modo tradicional com provas e trabalhos
apresentados oralmente para a sala, as apresentações eram avaliadas e atribuída uma nota
a elas. Nesse caso aqueles que tinham um pouco de dificuldade com o público acabavam
prejudicados, mas com o passar dos anos, as atividades de trabalhos apresentados para a
turma, nos ajudavam a se desinibir. Segundo Libâneo, a avaliação é vista como:
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Ademais, estudava em Colégio Particular, tinha bolsa integral por jogar no time
de Handebol da cidade. Quando não pude mais jogar, por conta de uma lesão, para não
perder a bolsa na Escola, me ofereceram um estágio na parte da tarde, como auxiliar das
pedagogas na educação infantil e assim me formei no Ensino Médio.
Imagem 4: Formatura do Ensino Médio
Lugar onde se faz amigos, [...]gente que trabalha, que estuda, que se alegra, se
conhece, se estima. [...] e a escola será cada vez melhor na medida em que cada
um se comporte como colega, amigo, irmão. [..] nada de ser como a o tijolo
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que forma a parede, indiferente, frio, só. [...] numa escola assim vai ser fácil
estudar, trabalhar, crescer, fazer amigos, educar-se, ser feliz. (FREIRE, 2006).
Jardim e Pré escola. Essa experiência me possibilitou ver como e a rotina na escola, e que
para cada idade existe um planejamento diferente.
Figura: Trote no primeiro ano de Faculdade
Com isso, a criação do Instituto foi um sucesso, sendo o único nessa região das
américas, recebeu alunos do Brasil todo e também de países vizinhos. Consequentemente,
permanece sendo a maior referência ao ensino da comunidade surda da região.
Além do INES, temos outras instituições que apoiam a educação dos surdos no
Brasil. Como o FENEIS – Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos,
filiada à Federação mundial dos surdos, é uma entidade filantrópica sem fins lucrativos
com intenção de ajudar na educação de surdos, e defender a comunidade surda, lutando
por seus direitos de educação, cultura, saúde e assistência social. Com intuito de garantir
uma maior inclusão social aos surdos. Como descrito no site Libras.com.br do autor Almir
Cristiano.
Em conformidade com a importância de se pensar em melhorias que facilitem a
vida do público surdo, a lei n°10.098/00, o artigo 18 diz:
Segundo Sales 2004 (p. 55-56), sobre a filosofia oralista, afirma que:
A metodologia é pautada no ensino de palavras e tais atitudes respaldam-se na
alegação de que o surdo tem dificuldade de abstração. Aprender a falar tem um
peso maior do que aprender a ler e a escrever. Assim, o surdo é considerado
como deficiente auditivo que deve ser curado, corrigido e recuperado.
(Sales,2004)
Nessa linha de pensamento de Sales, entende-se que para o surdo não basta a
língua de sinais, pois ela não é rica de gramatica o suficiente, deixando de ter sinais para
o abstrato, nem verbos, artigos, substantivos e adjetivos.
O autor Capovilla (2001, p. 1482) revela uma pesquisa sobre o aprendizado dos
alunos pelo método oral:
Libras é uma língua incrível, super bela e que se compõe de gramatica própria. A
Lei nº 10.436/2002 garante o reconhecimento da Libras como língua oficial da
comunidade surda brasileira, sendo assim, o Brasil pode ser considerado um país bilingue
por possuir duas línguas oficiais.
Em vista disso, é uma língua rica, se compararmos com o português, a língua de
sinais brasileira também possui suas próprias configurações. De acordo com o autor
Sanches (1993), como os diferentes fonemas da língua oral, a Libras possui mais de
quarenta configurações de sinais com diversos significados, esse fato a faz uma língua
rica.
Algo bastante relevante a se pensar, segundo o autor Lacerda (2006), a
possibilidade de uma aprendizagem tardia de Libras e de Português para os surdos pode
acarretar em consequências emocionais pelo fato de não desenvolver a comunicação
social mais cedo e cognitiva pois não terá exercitado sua mente, seus pensamentos, não
terá treinado seu cérebro o suficiente para o desenvolvimento de uma boa comunicação e
expressão.
Os surdos sofreram bastante preconceito e infelizmente ainda sofrem, o atraso no
processo de inclusão no país, resultou na pouca experiencia com as diversidades, esse
fato acarretou em muito desconforto e estagnação no desenvolvimento das pessoas com
surdas. Acabando por fim deixando essas pessoas isoladas, a margem da sociedade, ou
pelo menos boa parte delas.
Sim, Libras é de fato uma língua. Com isso, existem diferentes possibilidades e
métodos para se ensinar essa língua em uma abordagem gramatical.
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Desse modo, acreditava-se que o ensino da segunda língua deveria ser conforme
o ensino da primeira. Onde o aluno é direcionado pelo professor, mas por sua vez também
participa das interações, sempre estimulado pelo professor a pensar na língua alvo, a qual
se está sendo ensinada.
A partir disso, a ideia é enfatizar o fato de a Libras ser uma língua e não apenas
uma linguagem como algumas pessoas pensam. Essa língua tem o potencial de unir as
pessoas, em especial pessoas mudas e/ou surdas para com os ouvintes. Dessa forma, todo
tempo Audrei coloca reflexões em seus textos, sobre a relação entre surdos e ouvintes: "o
elo que aproxima ouvintes e surdos é o da língua de sinais". (AUDREI GESSER, 2009,
p. 80). Acredito muito nesse fato, a língua de sinais é algo libertador para a comunicação
entre os surdos e até mesmo entre surdos e ouvintes.
Ainda, sua visão sobre Libras indica que a língua é ancorada na ideia de um
“código” simplificado apreendido e transmitido aos surdos de forma geral, conduzido a
concluir que “a Libras, como língua, possui gramática própria, semelhante às línguas
orais, embora a exploração seja realizada através dos gestos” (AUDREI GESSER, p.1,
2009). Portanto, de qualquer lugar do mundo, um surdo é unificado com outro através da
língua de sinais.
A comunicação dos surdos é viso-espacial e a dos ouvintes é oral-auditiva. São
diferentes percepções, ambas merecem ser respeitadas. Houve no Brasil um tempo em
que a língua de sinais foi proibida, e em 1880 durante um Congresso em Milão a língua
de sinais foi proibida para o mundo todo. De acordo com a teoria de Skliar, ressalta que:
Ainda que seja uma tradição mencionar seu caráter decisivo, o Congresso de
Milão, de 1880 - onde os diretores das escolas para surdos mais renomadas da
Europa propuseram acabar com o gestualísmo e dar espaço à palavra pura e
viva, à palavra falada- não foi a primeira oportunidade em que se decidiram
políticas e práticas similares.[...] Apesar de algumas oposições, individuais e
isoladas, o referido congresso constituiu não o começo do ouvintismo e do
oralismo, mas sua legitimação oficial [...] o ouvintismo, ou o oralismo, não
pode ser pensado somente como um conjunto de ideias e práticas simplesmente
destinadas a fazer com que os surdos falem e sejam como os ouvintes.
Convivem dentro dessas ideias outros pressupostos: os filosóficos - o oral
como abstração, o gestual como sinônimo de obscuridade do pensamento; os
religiosos - a importância da confissão oral, e os políticos - a necessidade da
abolição dos dialetos, já dominantes no século XVIII e XIX (SKLIAR, 2010,
p. 16-17).
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Esse fato que ocorreu nesse congresso na Itália, causou muitas revoltas. De acordo
com Skliar (2010), as próprias escolas de surdos propuseram acabar com o gestualísmo
(Forma de comunicação através de gestos). O fato mais questionador foi de que as pessoas
que estavam a frente para decidir acabar com o gestualísmo eram pessoas ouvintes,
intrigante de fato. Somente anos depois, o público surdo conseguiu atingir um cargo alto
no congresso como liderança e tomadas de decisões.
Nas escolas os alunos eram castigados e obrigados a fazer leitura labial para
entender os professores. Conforme pesquisa realizada por mim, auxiliada por uma
intérprete onde seu avô foi o entrevistado, ele nos relatou que algumas professoras
amarravam as mãos dos alunos para impedir que conversassem em códigos de sinais,
interpretados como “códigos secretos”, isso ocorria durante a década de 70. Até que em
1993, a ideia de tornar a língua Brasileira de sinais um idioma regulamentado voltou à
tona, através de um projeto de lei. Conseguindo essa legitimação em 2002 com a Lei n.º
10.436/02, art. 1º, é clara quando diz que:
Logo, como alunos ouvintes são alfabetizados, os alunos surdos também são
capazes de aprender escrever e ler em pensamento, como qualquer criança. Os surdos têm
a mesma capacidade cognitiva e intelectual de aprender. Uma cultura errônea foi criada
e alimentada de que eles não poderiam aprender. Isso é uma batalha que há muitos anos
existe. Com o tempo as coisas foram melhorando. Há dez anos, com a Lei n.º 12.319/20
de setembro de 2020, a profissão de interprete em Libras foi legitimada. Garantindo
assim, direitos aos intérpretes com sua profissão regulamentada.
Em conformidade com a autora Audrei Gesser (2009), no sentido cognitivo e
intelectual, os visuais, não têm impedimentos ou algo para atrapalhar na aprendizagem
da língua oral, em questão da alfabetização e decodificação das palavras. A falta de
interesse de alguns surdos, advém de diversas punições sofridas por quem tentou os
ensinar, exaustas atividades que dificultam ainda mais o entendimento, e que desmotivam
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Dessa forma, Gesser explica como funciona a parte gramatical nas aulas, que ela
é feita através de memorização e internalização dos gestos e conteúdo. Segundo Gesser:
segundo Vygotsky. É através da linguagem que nos tornamos quem somos, através das
interações com o meio social. Linguagem é a expressão da formação do pensamento e
caráter.
Em concordância com Moll: “Amadurecer ou desenvolver funções mentais é algo
que deve ser encorajado e medido pela colaboração, e não por atividades independentes
ou isoladas”, essa frase de Moll, justifica o pensamento de Vygotsky, o qual se preocupa
com a relação de aprendizagem e desenvolvimento dos sujeitos, para que os mesmos
hajam com independência e competência em suas ações. (Moll, 1996, p.5)
Para Vygotsky a linguagem tem o poder de inclusão, ela une as pessoas, o ensino
e aprendizagem das linguagens é um papel fundamental no desenvolvimento social dos
indivíduos. A lição que o estudo da Defectologia deixa, é que o surdo por exemplo, tem
toda a capacidade cerebral de apreender, assim como um ouvinte tem. Com certeza, tem
suas limitações pela surdez, mas as funções são as mesmas.
Sobre a Zona de desenvolvimento proximal na visão de Vygotsky, Moll expõe:
É pelo uso dos conceitos cotidianos que as crianças dão sentido as definições
e explicações de conceitos científicos. Os conceitos do dia a dia fornecem ao
desenvolvimento dos conceitos científicos o “conhecimento vivido”, isto é, os
conceitos do dia a dia medeiam a aquisição de conceitos na resolução de outros
problemas. (Moll, 1996, p. 11)
professor, e apesar das décadas que passaram, as ideias de Vygotsky permanecem super
atuais.
Para Moll, segundo a psicologia Vygotskiana, “as crianças interiorizam e
transformam o auxilio que recebem dos outros, e eventualmente usam esses mesmos
meios como guias para dirigir seus comportamentos na resolução de outros problemas”.
Assim, possivelmente as crianças passam a agir conforme as suas referências. (Moll,
1996, p.12)
Conforme a abordagem Vygotskiana, Moll expõe:
A linguagem, melhora nas relações do sujeito com a sociedade. Assim, para Moll,
a psicologia Vygotskiana trata dos mediadores, sendo eles os familiares ou os professores,
devem instruir com sabedoria, prepara as crianças para o mundo, dessa forma, as
mediações estão em todos os momentos e ações ao lado das crianças, elas estão o tempo
todo atentas para apreender. E através da internalização cultural, que as crianças
apreenderem valores importantes para o convívio social. A comunicação tem poder de
estabelecer relações, e a comunicação se dá através das linguagens.
De acordo com Vygotsky, a Zona de desenvolvimento proximal, define as funções
que ainda não amadureceram, mas que o sujeito ainda vai amadurecer, tem potencial para
esse desenvolvimento. Assim como citado anteriormente, os surdos por exemplo,
possuem as mesmas capacidades e funções cerebrais que um ouvinte, apesar de seu
impedimento auditivo, mas tem o mesmo potencial para apreender, mesmo com as
dificuldades.
Assim, para Moll, “as recompensas, elogios e encorajamentos que sucedem um
comportamento, fortalecem cada avanço através da Zona de desenvolvimento proximal,
prevenido a perda da base evolutiva”. Isto é, a forma com que lidamos com as conquistas
e desafios que os sujeitos alcançam e passam, é fundamental para o bom desempenho
deles. Pode-se dizer que a criança que tem reconhecimento de pequenas e grandes
conquistas, cresce mais desinibida e mais encorajada a enfrentar o mundo. (Moll, 1996,
p.175)
Afirma também, sobre a evolução no processo do desenvolvimento proximal, que:
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Isto significa, que conforme a criança vai se desenvolvendo em seu processo, vai
criando também independência. Assim, para Moll, a criança passa a se auto - regular e
tomar suas decisões com base nos conhecimentos adquiridos até ali.
Para que todo esse processo de desenvolvimento tenha êxito e continuidade no
processo, aquele que começa com os familiares, passa a ser responsabilidade também dos
professores quando a criança ingressa na escola. Segundo Moll, esse processo acontece
em todas as fases da vida, é continuo, nós sempre estamos em busca de um “eu” melhor.
Assim, Moll baseado em Vygotsky relata:
educação especial, é garantido apoio e serviço especializado em casos que necessite tal.
Além da oferta de professores com especialização para lidarem com as especificidades
de cada aluno.
Com as crianças em fase de descobertas, o ensino de Libras a elas, oportuniza
experiências de contato com uma cultura e língua diferente da falada e conhecida
normalmente por elas, mas que devem apreender e tem esse direito, por se tratar da
segunda língua oficial de seu país.
A Base Comum Curricular, tem o intuito de garantir que todas as crianças tenham
acesso ao mesmo conteúdo. Dessa forma, o conteúdo estudado é elaborado por uma
equipe de profissionais da educação, que visam o melhor para as crianças e seu
desenvolvimento.
Com foco na Educação Infantil, esse trabalho tem o intuito de demonstrar a
importância de uma segunda língua, além disso a importância de se trabalhar cultura,
ludicidade, resiliência e amor ao próximo.
A BNCC, divide a Educação Infantil em 3 partes: Bebês (0 - 1 ano e 6 meses);
Crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses – 3 anos e 11 meses); Crianças pequenas (4 anos
– 5 anos e 11 meses). Essas divisões servem para administrar os conteúdos a serem
trabalhado com as crianças em cada fase da infância. Pois com forme vão se
desenvolvendo as necessidades vão mudando.
Assim, para garantir o desenvolvimento das crianças, criou-se os chamados
objetos de aprendizagem e desenvolvimento, que são como indicies demostrando os
principais conteúdos a serem trabalhados com as crianças.
É garantido por lei, que as crianças tenham direitos de aprendizagens, as
competências gerais da Educação básica, assegura os direitos de desenvolvimento,
formação humana, construção da sociedade justa, democracia e inclusiva. Isso inclui,
direito de (Conviver, Brincar, Participar, Explorar, Expressar e Conhecer-se). Assim, na
Educação Infantil, não poderia ser diferente, todos esses direitos devem ser compridos
pelas instituições de ensino, sendo elas públicas ou privadas.
Em conformidade com a BNCC (pag.40), é necessário fazer e ter esse, “arranjo
curricular que acolhe as situações e as experiencias concretas da vida cotidiana das
crianças e seus saberes”, pois, através desse arranjo curricular, passa a ser trabalhado com
as crianças tudo aquilo que é extremamente importante para o seu desenvolvimento e a
fase que está passando.
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Para que a criança cresça e se desenvolva, ela precisa ter uma boa alimentação,
bons cuidados físicos e emocionais, mas também deve entender sua existência e a
existência das pessoas a sua volta, afinal para que o sujeito se forme ele precisa de outros,
para que isso seja possível, segundo Vygotsky. É preciso entender as relações do sujeito
com o meio, isso é o que o forma, isso constrói o “modo de agir, sentir e pensar”. Em
vista disso, vão descobrindo que existem outras pessoas e outros pontos de vista. (BNCC,
p.40)
Passam a entender que existem diferentes pessoas, e cada uma com suas
peculiaridades, as quais merecem e devem ser respeitadas. E é essas diferenças que
constroem a sociedade e que nos forma seres humanos pensantes, capazes de pensar, agir
e interpretar as diferenças.
Com base na BNCC, a família e a escola são as primeiras interações que o sujeito
tem com o mundo. Assim, o primeiro encontro com traços da sociedade. A partir disso,
constroem autonomia, sentido de auto cuidado e reciprocidade com o próximo.
Como profissionais da educação, é nosso dever, criar oportunidades para que as
crianças entrem em contato com outros grupos sociais e culturais. O ensino de Libras na
Educação Infantil para crianças ouvintes, nos provoca o pensamento de inclusão. O
sujeito é sociável, e por isso deve saber e tem o direito de apreender se comunicar com
outros sujeitos, mesmo com as diferenças entre eles. O Brasil é oficialmente um país
bilingue, desde 2002 com a criação da Lei nº 10.436/2002, a qual oficializa a língua de
sinais brasileira.
No campo: Corpo, gestos e movimentos, a BNCC relata que “desde cedo” através
do corpo, os bebes tem a capacidade de “explorar o mundo, o espaço e os objetos ao seu
entorno”. Além disso, expressam-se, brincam, criam relações interpessoais e produzem
conhecimentos sobre si mesmos e sobre o outro. (BNCC, p.41)
Na Educação Infantil, o corpo é o centro, participante das práticas pedagógicas, e
do cuidado físico. É através das experiencias com o conhecimento do próprio corpo, que
a criança passa a entender a liberdade.
Cabe a escola trabalhar o lúdico com as crianças, com intuito de desenvolver nelas
esse sentimento de liberdade e de vontade para conhecer seus limites, com isso trabalhar,
olhares, sons e mimicas/gestos com o corpo. Principalmente se tratando da aprendizagem
de uma nova língua, a língua de sinais brasileira, é necessário trabalhar os gestos, o corpo,
os movimentos, para então entender o significado dos sinais e da gramática própria da
língua.
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tal forma, ou sobre o cargo que você ocupa através do uniforme que é de tal forma como
uma gravata por exemplo.
Os gestos utilizados pela língua de sinais envolvem muito mais do que
movimentos feitos com as mãos. O uso dos gestos, envolve movimentação das mãos com
o corpo, expressões faciais que vão demonstrar a intensidade daquela determinada ação
citada pelo sujeito emissor, cujas ações tem emoções e essas também são expressadas
pela face e corpo, em conjuntura com as mãos e os sinais.
Em relação a capacidade de desenvolvimento, como já dito no Capitulo II, os
surdos possuem sim uma deficiência auditiva, porém essa não afeta sua possibilidade de
desenvolvimento cognitivo, sendo assim, tem a mesma capacidade que um ouvinte tem
de apreender, claro com suas dificuldades e especificidades, mas tem.
E um fato interessante, é que na língua de sinais assim como nas adaptações feitas
com a língua portuguesa oral, existe a forma informal entre os surdos de usar sinais, como
suas “gírias”, são sinais adaptados ou inventados que entre eles tem sentido.
O Bilinguismo tem como pressuposto básico que o surdo deve ser bilingue, ou
seja, deve adquirir como língua materna a língua de sinais, que é considerada
língua natural dos surdos, e como segunda língua, a língua oficial de seu país.
[...] O conceito mais importante que a filosofia bilingue traz é que os surdos
formam uma comunidade, com cultura e língua próprias. (Goldfeld, 1997)
Goldfeld defende que a aquisição de língua para o surdo com base no bilinguismo,
deve ser feita da seguinte forma: primeiramente ensinar a língua de sinais como primeira
língua, língua natural, L1 e como segunda língua, a língua de seu país de origem, no caso
do brasil o português. Com essa metodologia, propicia a comunidade surda,
desempenhando também o papel de suporte do pensamento e estimulo do
desenvolvimento cognitivo e social.
alunos com a língua de sinais, podemos ir aos poucos inserindo vocabulários, gestos de
sinais que se encache no cotidiano das crianças.
O modelo de currículo para esse público infantil, deve levar em conta suas
condições, segundo Giuseppe Rinaldi (1997, p.21):
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