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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA

JENNIFER THAIS STAGGEMEIER

UMA PERSPECTIVA DE DESENVOLVIMENTO E


APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL:

A PARTIR DO ENSINO DE LIBRAS

CUIABÁ-MT

2021
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JENNIFER THAIS STAGGEMEIER

UMA PERSPECTIVA DE DESENVOLVIMENTO E


APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL:

A PARTIR DO ENSINO DE LIBRAS

Dossiê apresentado como requisito parcial à


obtenção do título de graduação em Licenciatura
Plena em Pedagogia pela Universidade Federal
de Mato Grosso – UFMT.

Orientadora Prof.ª Dr.ª Rubia Helena Naspolini


Coelho Yatsugafu.

CUIABÁ-MT

2021
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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por todo suporte e sustentação dentro e fora da


faculdade, pela sabedoria e por cada sopro de vida que é me oferecido a cada manhã, onde
posso avançar e crescer individual e coletivamente. Agradeço também, às pessoas
maravilhosas que os anos de faculdade puseram em meu caminho.
A todos que de alguma forma contribuíram para meu crescimento intelectual, em
particular a minha orientadora Prof.ª Dr. ª Rubia Helena Naspolini Coelho Yatsugafu,
sempre solícita, com o fornecimento de informações que foram relevantes para o
desenvolvimento e desfecho do trabalho em si.
A minha querida irmã e amiga Jayne Helen Staggemeier, pela oferta do ombro
amigo nos momentos de angustia. Aos meus pais e ao meu esposo Guilherme Barreto
Castilho, pelos momentos de descontração e crescimento que será guardado em minha
memória, por toda vida.
Por fim a Universidade Federal de Mato Grosso que me proporcionou essa grande
realização, em especial aos professores e servidores do Instituto de Educação, pela
atenção, respeito e dedicação dispensada durante todo curso, o meu muito obrigada.
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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................................5
CAPÍTULO I – MEU PROCESSO DE FORMAÇÃO..............................................7
1.1 Um pouco sobre mim...........................................................................................7
1.2 Educação Infantil..................................................................................................7
1.3 O despertar pela leitura.........................................................................................8
1.4 Dificuldades com a matemática..........................................................................10
1.5 Ensino Fundamental e Médio..............................................................................13
1.6 Ensino Superior...................................................................................................14
1.7 Aprendendo a ensinar: Desafios e descobertas com os estágios.........................16
CAPÍTULO II – UMA PERSPECTIVA DE DESENVOLVIMENTO E
APREENDIZAGEM NA EDUCAÇAO INFANTIL: A PARTIR DO ENSINO DE
LIBRAS................................................................................................................................17

2.1 Breve retomada histórica da constituição da Língua de Sinais Brasileira...........17


2.2 Libras é uma língua..............................................................................................23
2.3 Considerações sobre a importância da linguagem...............................................28
CAPÍTULO III – A APRENDIZAGEM DE LIBRAS NA EDUCAÇAO INFANTIL:
UMA PROPOSTA INCLUSIVA..................................................................................31
3.1 Direitos de Aprendizagem: segundo a Base Nacional Comum Curricular.........31
3.2 Especificidades do ensino de Libras....................................................................35
3.3 A Língua Portuguesa como segunda língua........................................................36
3.4 Todos os brasileiros devem aprender Libras.......................................................38
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................43
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INTRODUÇÃO

O presente Dossiê, se designa a uma pesquisa bibliográfica, no campo


exploratório, com intuito de entender e pensar uma pedagogia mais inclusiva, de forma a
ensinar Língua de sinais brasileira para alunos ouvintes na Educação Infantil.
Essa pesquisa foi elaborada, através de consultas bibliográficas, leis, decretos,
declarações, BNCC - Base Nacional Comum Curricular, conhecimento empírico,
pesquisa exploratória bibliográfica de autores como Vygotsky, Capovilla, Goldfeld,
Santos, Benchimol, Junqueira, Lacerda, Almeida e outros.
Segundo Gil (2002) em seu livro “Como elaborar projetos de pesquisa”, expõe
que a pesquisa bibliográfica tem a capacidade de nos mostrar mais de uma perspectiva,
fazendo-nos pensar ainda mais sobre determinado assunto trabalhado.
O intuito dessas pesquisas é, conforme Gil (2002), compreender os desafios e
dificuldades da educação inclusiva na escola regular, entender também como é o ensino
de Libras para ouvintes no ensino regular. Sobre o ensino de Libras para ouvintes,
confesso que encontrei pouco material, acredito que esse fato, torna a pesquisa ainda mais
importante, pois precisa-se de mais pessoas engajadas a aumentar a taxa de inclusão na
sociedade, de todas as diferenças não só da comunidade surda aqui estudada.
Entende-se que para fazer um trabalho, e conseguir contextualizar tudo isso, é
importante analisar a história passada para entender o presente. E assim planejar o futuro
e os novos passos a dar.
A partir, do nascimento dos meus anseios e minha trajetória na graduação, escolhi
o tema para o presente dossiê, sendo ele: “UMA PERSPECTIVA DE
DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A
PARTIR DO ENSINO DE LIBRAS” por ter me apaixonado pela ideia de poder ajudar
na melhora da sociedade, tornando-a mais solidária e menos preconceituosa.
Dados de 2018 do IBGE (IBGE, Sendo Demográfico, 2018), demostram que
quase 10 milhões de pessoas no Brasil possuem alguma deficiência auditiva e mais de 2
milhões entre eles, possuem deficiência auditiva severa. A maioria são jovens, e a
juventude é uma fase de descobertas onde a linguagem é essencial para as trocas com
seus semelhantes. (IBGE,2018).
Assim, com o estudo de metodologias de ensino para alunos ouvintes,
apreenderem Libras na escola regular, desde a educação infantil, com intuito de incluir
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alunos mudos e surdos nas escolas regulares, sem a necessidade de exclusão dos mesmos
em uma escola especial para a condição deles.
Em busca de conhecimento e aprofundamento, analisei a situação do país, sobre
processos na escola e as adaptações curriculares que precisam ser feitas para acolher todos
os alunos com qualidade. Para tanto, adotei a pesquisa bibliográfica como material de
estudo, para o presente Dossiê. Observando alguns métodos que poderiam favorecer a
inclusão de alunos surdos no ambiente escolar e ensinar ouvintes a língua Libras com
intuito de aumentar o número de interlocutores.
A vista disso, para que seja possível, além das políticas públicas e garantia dos
direitos reservados por lei para surdos, necessita de uma formação continuada para os
professores. Na graduação, eles têm o ensino de Libras obrigatório por Decreto
5.626/2005, mas na minha opinião como aluna, não foi suficiente para aprender Libras
de fato, precisasse de mais cursos para a formação profissional em Libras. Dessa forma,
os professores saem da faculdade sabendo o básico se tratando do conhecimento em
Libras, apenas com conhecimento da história e sua legislação.
Boa parte das vezes, a capacitação de professores em relação ao ensino de Libras
é pouca. E parte disso, se dá a falta de tempo dos professores, mas apesar desse fato, o
governo federal, disponibiliza o curso de Língua Brasileiras de sinais pelo INES –
Instituto Nacional de Educação de Surdos, de forma gratuita para toda a comunidade,
semestralmente e presencialmente. As vagas são limitadas, por isso é feito um sorteio
eletrônico entre os inscritos para disputa de vagas. A duração do curso é de dois anos e
meio.
O fato de nem todos os professores e funcionários da escola terem conhecimentos
de Libras, reflete diretamente na inclusão dos alunos surdos e mudos na escola de ensino
regular. Dificultando ainda mais o processo de inserção desses alunos.
Dessa maneira, faz-se necessário, garantir e incentivar os professores a se
especializarem em Língua de Sinais, isso ajudaria muito no processo de adaptação dos
alunos com deficiência auditiva nas escolas de ensino regular. Não só por esse fato, como
também poderíamos economizar com estruturas de engenharia de novas escolas para
surdos, e por diante, colocar em prática a ideia de implantar a Libras no currículo desde
a Pré escola e anos iniciais, formando assim futuramente uma sociedade consciente e
ainda, reduzir a taxa de preconceito sofrido por surdos.
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CAPITULO I - MEU PROCESSO DE FORMAÇÃO

1.1 UM POUCO SOBRE MIM

Com filiação, mãe - Edevina da S. Staggemeier e pai - Romeu Frederico


Staggemeier, criada e nascida no município de Campo Verde, localizado a
aproximadamente 137km da capital Cuiabá, sobre minha família, tenho muito a
agradecer, minha família é bondosa e carinhosa e nunca me faltou nada.
Meus pais se conheceram e vieram casados do interior de Santa Catarina Estado
do sul do país, em Concórdia. Não tiveram uma infância fácil, filhos de agricultores
rurais, estudaram somente até a quarta série, atualmente 5°Ano do E.F - Ensino
Fundamental. Vieram transferidos para o Mato Grosso, pois acabava de ser inaugurada a
Sadia, empresa de exportação e importação de aves e cortes, na cidade de Campo Verde.
Trabalharam por 25 anos na empresa, até que a mesma foi fechada por contaminação de
Salmonela, um conjunto de bactérias maléficas para o organismo humano, após ingerido

1.2 EDUCAÇAO INFANTIL

Ao mergulhar em minhas lembranças recordo que durante esse primeiro contato


com a escola, antigo “Pré”, tive excelentes professoras. Estudei em escola pública até 5º
Ano do Ensino Fundamental, - Escola Municipal Dona Sabina Lazarin Prati. Tenho
lembranças da prof.ª Jaqueline Lenen, ela trabalhava muito com o lúdico, leituras
cantadas, contação de história, apresentação com fantoches, e um projeto super especial
para a minha vida, foi a criação de uma boneca de pano a qual a turma toda ajudou
confeccionar com espumas e linhas de lã como cabelo, com o corpo de TNT. Esse projeto
teve como objetivo aprender a cuidar do próximo, entender as suas necessidades e ajudá-
lo nas horas que fosse preciso.
Sobre o projeto citado acima, achei especial e bastante dinâmico. Cada dia um
aluno ficava responsável por levar e cuidar da boneca, os pais registravam para as
professoras tudo o que acontecia em casa. Ao final do projeto quando todos já tinham
feito a experiência de ser responsável pela boneca, todos os alunos receberam uma boneca
para levar pra casa de recordação do projeto.
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Essa mesma professora levou a turma para conhecer um sitio de sua família.
Fomos de ônibus escolar e passamos o dia lá. Foi possível observar o nascimento de uma
ovelha. Tivemos então nossa primeira experiência com um parto, foi muito empolgante e
interessante, confesso que deu um pouco de agonia pela dor que a pobre ovelha passava
para dar à luz, mas foi legal ver depois que estava tudo bem com os dois.
Imagem 1: Dando leite da mamadeira para os filhotes de ovelhas

Fonte: Acervo Pessoal, Visita a fazenda – Prof.ª Jaqueline

Além do nascimento da ovelhinha, vimos um campo de criação de grama, também


vimos outros animais, tiramos leite da vaca e então fizemos um piquenique debaixo de
árvores antigas enormes.

1.3 O DESPERTAR PELA LEITURA

Tive a honra de ter como minha professora, a Kátia, mulher inteligente. Ela tinha
uma voz doce como ninguém. Lembro-me de dormir em seu colo quando cantava canções
para turma na hora do soninho, acontecia após o recreio antes de irmos brincar no
parquinho.
Figura: Foto de formatura do Pré – Turma professora Katia

Fonte: Acervo pessoal de formatura


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As brincadeiras eram sempre cheias de imaginação, como castelos, princesas e


muito mais. A imagem que me vem à cabeça quando penso na prof.ª Katia é de sempre
vê-la alegre, sorrindo e cantando para os alunos, motivando e acalentando nas horas de
saudade dos pais, ou quando algum incidente e machucado acontecia. Segundo Vygotsky,
“o lúdico influencia muito no desenvolvimento da criança, pois é com jogos e
brincadeiras, que ela estimula a curiosidade, adquire autoconfiança, aprende a agir, e
proporciona o desenvolvimento da linguagem e do pensamento.” Assim, como
profissionais e desenvolvedores de mentes, os professores devem trabalhar com
ludicidade em suas ações. (VYGOTSKY, 1991).
E é por meio dessas estratégias citadas por Vygotsky, que as crianças começam a
apreender com mais facilidade o mundo de novidades que as rodeia. Ademais, se tratando
do modelo de alfabetização utilizado pelas professoras na época, era o método sintético.
De acordo com Mortatti (2006, p.4), esse método citado anteriormente por mim, foi o
primeiro a influenciar a educação, mais precisamente a alfabetização no Brasil. Utilizava
de “Cartilhas do ABC”, como um manual para o passo a passo da aprendizagem do ato
de ler e escrever. Mortatti afirma:

[...] métodos de marcha sintética (da ‘parte’ para o ‘todo’): da soletração


(alfabético), partindo do nome das letras; fônico (partindo dos sons
correspondentes as letras); e da silabação (emissão de sons), partindo das
sílabas. Sempre de acordo com certa ordem crescente de dificuldade. Quanto
à escrita, está se restringia à caligrafia e ortografia, e seu ensino, a cópias,
ditados e formação de frases, enfatizando o desenho correto das letras
(MORTATTI, p. 2006, 4).

A partir do exposto, o autor Mortatti, faz uma abordagem do método sintético,


cujo método fazia com que os alunos aprendessem os nomes das letras do alfabeto,
entendessem como soletrar seu próprio nome e aos poucos, combinassem essas unidades
para formar sílabas e palavras. De modo rápido e simples, os alunos eram alfabetizados,
também contavam com estímulos visuais e auditivos para o aprendizado.
Imagem 2: Exemplo de conteúdo das Cartilhas
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Fonte: 107 e. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1956. [De autoria anônima, a 1a. edição dessas
“Cartas de ABC” é de 1905.
Guardo na memória a professora Jaqueline lendo em voz alta todas as letras do
alfabeto apontando com uma régua as letras na parede, e em seguida os alunos faziam a
leitura e identificação de cada letra. O próximo passo era então fazer a leitura pelo som
que cada letra faz, algumas tinham mais de um som. Isso já abordava um pouco do método
fonético.

1.4 DIFICULDADES COM A MATEMÁTICA

Assim, com tanto aprendizado, é hora do ensino de matemática. Durante o


primeiro ano do Ensino Fundamental, a matemática entrou em peso em minha grade
curricular, a professora nos ensinou as operações básicas, adição, subtração, divisão e
multiplicação, através de métodos usando materiais de nosso convívio, como frutas e lápis
e um material didático chamado “Material Dourado”, se trata de uma caixa com vários
quadrados para fazer as equações.
Com a tabuada anos depois, foi solicitado que decorássemos uma tabela que ia do
1 ao 10 multiplicando. Então, como na alfabetização, com a matemática ocorria à mesma
coisa, também tinha o dia específico na semana para se tomar a tabuada dos alunos. A
professora, escolhia aleatoriamente o aluno que deveria dirigir-se até a mesa da mesma.
Ela por sua vez escolhia um número da tabuada e perguntava, exemplo:
“Quanto é 4 vezes 8?”
Quando o aluno não acertava, tinha como tarefa de casa trazer a tabuada toda
escrita no caderno, para o dia seguinte. A professora vistoriava certificando se a tarefa
exigida foi executada. Creio que ela acreditava que se fizéssemos cópia diversas vezes
chegaríamos ao ponto de aprender ou mesmo decorar, mas sinto em dizer que comigo
este método não funcionou, o que foi uma pena, pois senti falta deste conhecimento para
o restante da minha vida escolar.
A partir de Emília Ferreiro (2001) - pesquisadora, fica indignada com
quem defende o método fônico de alfabetização. Pois, para ela, o ensino não se deve a
um método específico e sim por vivências e o entendimento da criança sobre o conceito
de língua escrita. O método silábico separa decididamente os processos de alfabetização
e letramento, do qual a autora questiona o fato da compreensão da leitura vir supostamente
depois da aprendizagem do processo de decodificação.
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É notório, o fato de eu não me recordar completamente de todos os detalhes do


meu processo de aprendizagem na infância. Porém me lembro de alguns acontecimentos
marcantes que de fato me transformam e me formam na pessoa que sou, com
aprendizados, de conteúdos sim, mas também de vida e de convívio.
Imagem 3: Piquenique com os amigos da escola

Fonte: Acervo Pessoal, Visita a fazenda da Professora Jaqueline.


Dessa forma, minha casa sempre esteve repleta de crianças, entre elas amigos que
moravam no bairro, e outras que conheci na escola. Lembro que sempre fui muito
corajosa, arteira, criativa e interessada pela profissão de Professora, educadora da
Educação Infantil. Desse modo, eu brincava de escolinha na área de casa, tinha o
incentivo dos meus pais, que compravam quadro, caixa de giz, cadeiras e mesinhas para
montar minha escolinha. Eu planejava aula aos 7 anos para minhas amigas do bairro,
algumas nem alfabetizadas eram ainda, e participavam mesmo assim. Conforme Marques
(2001):

Os estudos realizados, em vários países, nas últimas três décadas, mostraram


que, quando os pais se envolvem na educação dos filhos, eles obtêm melhor
aproveitamento escolar. De todas as variáveis estudadas. O envolvimento dos
pais no processo educativo foi a que obteve maior impacte, estando esse
impacte presente em todos os grupos sociais e culturais. (MARQUES, 2001,
p.19).

Acredito muito e concordo com o autor Marques, em relação ao papel da escola


na vida do aluno e da comunidade, também da importância que os pais representam no
processo escolar dos filhos. Assim, desde pequena me encantei pela profissão, é uma
imensa satisfação para eu ter alcançado meu objetivo de estar cursando hoje Pedagogia
em uma Universidade tão prestigiada como a UFMT é. Vendo o que antes era uma
brincadeira de criança, se tornando realidade e algo tão grandioso em minha vida, estou
completamente agradecida.
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Ademais, sobre o ensino de matemática. No dia em que era realizada a prova, os


alunos que terminavam todas as questões podiam ir para casa mais cedo, o que nunca
ocorria comigo, porque eu não tinha decorado a tabuada completa. Mas, com o tempo me
dediquei e aprendi.
Ao meu ver, decorar é um método ineficiente, talvez sua tentativa fosse de fazer
com que eu recordasse, mas o diagnóstico da professora possivelmente estava
equivocado, pois não se tratava de ter decorado ou não, mas de não ter aprendido o
conteúdo, devo reconhecer que ela desejava o meu sucesso, quero crer que por isso
tomava essa atitude acreditando ser um método eficiente.
Durante o Ensino Médio, tive boas professoras, me recordo da Rafaela, professora
de Língua Inglesa, que sempre nos mostrava o lado bom das coisas. Nos motivava a
acreditar que nossos sonhos eram possíveis. Ela era bem dinâmica em sala e sempre nos
colocava em círculo para ela conseguir ver a todos e assim como nós vermos ela também.
O objetivo desta técnica Freiriana utilizada pela professora, era de desenvolver a
segurança, promover a educação participativa e melhorar a concentração dos alunos
através do diálogo e interação coletiva de forma dinâmica. Com isso diminuir conflitos
em sala de aula, além de diminuir conversas paralelas, assim facilitava o andamento das
suas aulas. De acordo com Paulo Freire:

Antes de qualquer tentativa de discussão de técnicas, de materiais, de métodos


para uma aula dinâmica assim, é preciso, indispensável mesmo, que o
professor se ache “repousado” no saber de que a pedra fundamental é a
curiosidade do ser humano. É ela que me faz perguntar, conhecer, atuar, mais
perguntar, reconhecer. (FREIRE, 2007, p. 86)

Assim, Freire nos mostra o quão é importante o diálogo, o ato de ouvir e agir com
humanidade para com nosso próximo, em especial com os alunos. Para Freire, “o papel
do professor e da professora é ajudar o aluno e a aluna a descobrirem que dentro das
dificuldades há um momento de prazer, de alegria” (2003, p. 52). É essa visão e leitura
de mundo que precisamos transmitir para o aluno.
Lembro que para avaliação, usavam modo tradicional com provas e trabalhos
apresentados oralmente para a sala, as apresentações eram avaliadas e atribuída uma nota
a elas. Nesse caso aqueles que tinham um pouco de dificuldade com o público acabavam
prejudicados, mas com o passar dos anos, as atividades de trabalhos apresentados para a
turma, nos ajudavam a se desinibir. Segundo Libâneo, a avaliação é vista como:
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A avaliação é uma tarefa complexa que não se resume a realização de provas


e atribuição de notas. A mensuração apenas proporciona dados que devem ser
submetidos a uma apreciação qualitativa. A avaliação, assim, cumpre funções
pedagógico-didáticas, de diagnóstico e de controle em relação as quais se
recorrem a instrumentos de verificação do rendimento escolar. (LIBÂNEO,
1994, p. 195).

Desse modo a avaliação é um processo importante para que os professores possam


identificar as reais dificuldades dos alunos e trabalhar de uma forma mais individual
entendendo o tempo de cada aluno.

1.5 ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

Ademais, estudava em Colégio Particular, tinha bolsa integral por jogar no time
de Handebol da cidade. Quando não pude mais jogar, por conta de uma lesão, para não
perder a bolsa na Escola, me ofereceram um estágio na parte da tarde, como auxiliar das
pedagogas na educação infantil e assim me formei no Ensino Médio.
Imagem 4: Formatura do Ensino Médio

Fonte: Acervo particular


Vi-me apaixonada pela Educação Infantil, então surgiu-me a vontade de cursar
pedagogia. Meu sonho é poder transformar a convivência das crianças, principalmente
daquelas excluídas socialmente como mudos e surdos, cegos ou portadores de outras
doenças e síndromes. Sabemos que a escola é lugar de apreender, segundo Paulo Freire,
é também:

Lugar onde se faz amigos, [...]gente que trabalha, que estuda, que se alegra, se
conhece, se estima. [...] e a escola será cada vez melhor na medida em que cada
um se comporte como colega, amigo, irmão. [..] nada de ser como a o tijolo
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que forma a parede, indiferente, frio, só. [...] numa escola assim vai ser fácil
estudar, trabalhar, crescer, fazer amigos, educar-se, ser feliz. (FREIRE, 2006).

Então a escola representa muito na vida de um aluno, de um professor ou mesmo


dos pais. Terminei o Ensino Médio com muito amor, com muitos sonhos com a graduação
e minha profissão futura. Optei pela Graduação em Pedagogia pela paixão por ensinar e
a identificação com as crianças. Por conseguinte, me especializar em Psicopedagogia ou
mesmo Neuro-psicopedagogia após a minha formação acadêmica na Graduação.
Com o fim do Ensino Médio, fiz o ENEM 2017 - Exame Nacional do Ensino
Médio), e fui aceita no Curso de Pedagogia, Instituto de Educação, na Universidade
Federal de Mato Grosso, no campus de Cuiabá.
Com isso tive que deixar meus pais no interior em 2017 e vir para a capital.
Cheguei e entreguei vários currículos por toda cidade, batalhei desde o começo da
faculdade, até hoje. Meus pais me ajudaram como puderam e então comecei os estudos.
Até que recebi a ligação da empresa Drogasil, uma rede de farmácias presente em todo o
Brasil, chamando-me para uma entrevista. Passei e lá trabalho até hoje.

1.6 ENSINO SUPERIOR

No primeiro ano na Universidade, tive o prazer de começar um estudo sobre a


deficiência auditiva, através da disciplina Pesquisa na Educação, com o livro “Como
elaborar Projetos de Pesquisa” de Antônio Carlos Gil, com a professora Gleyva Maria,
nesse trabalho criávamos individualmente um projeto com o tema escolhidos por cada
aluno. Já com a disciplina de Psicologia da Educação com a professora Sumaya Persona,
aprendi contextos históricos sobre a educação, trabalhando importantes autores como:
Piaget e Vygotsky. Com isso, objetivar e problematizar os limites e possibilidades do
trabalho educativo escolar e sua complexidade.
No segundo ano de curso, tive a honra de ter incríveis professores, como a Taciana
Sambrano, professora da disciplina de Pedagogia da Infância I, ela nos proporcionou além
de muito aprendizado em sala, um estágio em um CEMEI localizado no bairro Paiáguas.
Nesse estágio tive a oportunidade de passar cada semana em uma turma diferente, a
proposta era de poder ter essa ligação e conhecimento sobre cada idade e as rotinas deles
na creche. Na creche as turmas vão de 0 a 5 anos, denominadas: Berçário, Maternal,
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Jardim e Pré escola. Essa experiência me possibilitou ver como e a rotina na escola, e que
para cada idade existe um planejamento diferente.
Figura: Trote no primeiro ano de Faculdade

Fonte: Acervo pessoa


Ainda no segundo ano, com a disciplina de linguagens, apreendi com a professora
Nilza Araújo, como são as primeiras formas de escritas que as crianças apresentam no
desenvolvimento, como: Pré silábica, silábica e alfabética. E em currículos com a
professora Jorcelina Fernandes, apreendi as divisões de disciplinas e que cada disciplinas
tem seu currículo com conteúdos específicos a serem trabalhados conforme a idade dos
alunos, determinados pela BNCC. Também, com o professor Delarim Gomes, tive a
matéria de Organização e Funcionamento da Educação Básica, aqui apreendi toda a parte
burocrática que se tem na escola, por parte da gestão como será administrado os valores
repassados pelo governo, além de diferentes programas do governo que destinam dinheiro
para as escolas, como: FUNDEB, FNDE e PDDE, por exemplo.
Já durante o terceiro ano de faculdade, tive a oportunidade de estagiar mesmo que
por apenas alguns dias da semana, na EMEB Agostinho Simplício de Figueiredo, na
matéria de Estágio Supervisionado I e Gestão e Organização do Trabalho Pedagógico nas
Instituições de ensino básico, com a professora Rosemery Petter, lá convivi com uma
criança com deficiência auditiva, que sabia a língua de Libras. Interessei-me ainda mais
no assunto e procurei me dedicar a conhecer mais, tendo em vista esse tema como uma
possibilidade para o trabalho de conclusão de curso.
Na disciplina de Didática II com a professora Sandra Regina Lorensini, pude
apreender diferentes formas de trabalhar conteúdos em sala, como: Sistemas de Projetos,
Sistemas de Didática e Tema Gerador. Assim, trabalhar conteúdos de forma que se de
abertura para exposição de ideia dos alunos, sugestões e acompanhamento. Além disso,
teve a disciplina de matemática com a professora Rute Cristina Domingos da Palma, com
práticas de manuseio e trabalho com o ábaco, elaboração, desenvolvimento e avaliação
de atividades de ensino que envolvam conceitos matemáticos para as séries iniciais do
16

Ensino Fundamental. Elaboração de materiais didático-pedagógicos que envolvam


operações fundamentais, potenciação, número fracionário, número decimal e sistema de
medidas.
Com a disciplina de Fundamento e Metodologia do Ensino das Ciências Naturais
II, pela professora Elni Elisa Willms no quarto ano, percebi a importância da interação da
natureza com nos humanos. Percebemos que a criança nasce e por si já desperta interesse
pela natureza e para com os animais. Dessa forma, se faz necessário valorizar atividades
que tenham cunho na natureza possibilitando essa interação dos alunos e o meio ambiente,
como visita a parques ou zoológicos.
No quarto ano, vim a cursar a disciplina de Libras. Faço aqui uma sugestão ao
currículo, a disciplina é muito importante para o currículo da graduação em Pedagogia na
minha opinião ela teria mais aproveitamento se fosse no segundo ano de curso por
exemplo, podendo ter continuação dela nos anos seguintes, e mais aula prática ajudaria.
Pois é de suma importância que nós futuras professoras tenhamos conhecimentos mais
aprofundados em relação a língua de Libras. Que saíamos da faculdade sabendo mais que
o básico para se comunicar com os alunos com necessidades de comunicação especiais.

1.7 APRENDENDO A ENSINAR: DESAFIOS E DESCOBERTAS


COM OS ESTÁGIOS

Sobre a disciplina de Estagio Supervisionado II, estagiar em meio a uma Pandemia


parecia ser algo impossível de dar certo, um desafio. Apesar de alguns impasses, consegui
aproveitar bem essa experiência com o modelo remoto de ensino, pelo qual os alunos
estão estudando no momento, e eu também. Foi possível observar cada habilidade da
BNCC, trabalhada com os alunos, conforme a faixa etária dos mesmos. Como futura
pedagoga, fiquei encantada e honrada por estagiar em uma turma tão animada,
participativa e compromissada de modo geral. A professora Sônia Maria Santos Pessoa
Campos, regente da turma do 4 Ano, mostrou como a simpatia e a simplicidade pode
alcançar a todos os lares, a educação a partir dela, se tornava mais leve e satisfatória para
os alunos.
Dentro da proposta de estagiar em pedagogia, podemos obter um crescimento
acadêmico, profissional e pessoal, bem como a satisfação de poder vislumbrar novos
17

horizontes promissores, com a ajuda de eletrônicos e a tecnologia. Assim, poder exercer


o que nos propusemos por ocasião da escolha do curso acadêmico de Pedagogia.
Com o avanço da tecnologia temos um alargado campo de opções colaborativas
para nos ajudar a trazer o conhecimento com diferentes bases, formas e técnicas que nos
auxilia em muito a diversificar a explanação, aguçar a curiosidade e minimizar a
monotonia de aulas cansativas. No mundo virtual, contamos com uso de vídeos, áudios,
documentários, livros, desenhos, uma infinidade de ferramentas que nos ajudarão a
concretizar o ensino de maneira plena, suave e eficaz.
Mas mesmo com as facilitações oferecidas e propostas pelos eletrônicos e o
mundo virtual, nada poderá suplantar a felicidade de estar frente a frente com suas
crianças em sala de aula, olhar o brilho nos olhos de cada um, sorrir, abraçar e sentir o
calor humano, fato que nos diferencia dos outros seres vivos e nos faz sentir que podemos
atingir nossos objetivos de pensar, criar, absorver e realizar. Para isso o conhecimento é
fundamental, na aplicação de práticas inovadoras, que o tempo nos exige.
É necessário um engajamento comprometido dos futuros pedagogos em poder
atingir com eficácia a transmissão de conhecimento e o saber para que as futuras gerações,
possam atingir a plenitude do bem viver, do bem estar, de conviver em sociedade e em
conformidade com a natureza, perpetuando assim a existência da humanidade.

CAPÍTULO II – UMA PERSPECTIVA DE DESENVOLVIMENTO E


APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PARTIR DO
ENSINO DE LIBRAS

2.1 BREVE RETOMADA HISTÓRICA DA CONSTITUIÇÃO DA


LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA

Analisando a história do Brasil, percebe-se que a educação se caracterizou por não


ser acessível a todos, sendo a educação privilégio de poucos durante muito tempo,
principalmente de pessoas com poder aquisitivo elevado. Conforme Garbe (2012, p. 96),
antes de 1857, “[...] a deficiência física era definida como algo demonizado, julgado como
uma punição, uma consequência de culpa. A deformação ou a falta produzia os
18

segregados, marginalizados e discriminados”. Traços de uma sociedade cheia de


preconceitos e indiferenças.
Durante esse período de histórias cheias de impasses, no Brasil, nos anos 1888 foi
assinado a Lei Aurea, libertando assim os escravos, e no ano de 1889 é constituída a
Republica no Brasil. A partir disso passaram a escravizar os surdos e mudos em sua
educação diante do Oralismo, acontecia de atarem suas mãos para que os mesmos não
falassem na língua de sinais, a ideia do oralismo se baseia em treinar a audição dos mudos,
e a leitura labial da língua oral. Dessa maneira, vemos dois lados da história, de um lado
o povo liberto da escravidão e de outro um povo impedido de usar a própria língua.
A oficialização da Libras como língua, deu-se em 2002, pela Lei nº 10.436 de 24
de abril, dando assim uma certa liberdade de expressão aos surdos, liberdade de
comunicação, mesmo já sendo utilizada a muito tempo mesmo que clandestinamente.
No Brasil, temos duas línguas oficiais, o Português e a Libras. Considerado um
país bilingue a partir do Decreto nº 5.626/05 a Libras passa a ser a língua de instrução dos
alunos surdos e a língua oficial da comunidade surda brasileira. Outrossim, a língua
portuguesa é também a língua dos surdos se tratando da língua predominante no país,
assim, nas escolas os alunos surdos apreender o português como segunda língua. De
forma que a estudam, para ser lida, interpretada e escrita, porém, não falada.
Se formos olhar a situação do Brasil a partir de 1500, veremos o período que
começou a ser explorado e colonizado pelos povos portugueses, enquanto na Europa a
língua de sinais já ganhava espaço. Através da criação de um alfabeto manual, segundo
Goldfeld (1997), por Pedro Ponce de Leon (1520-1584), um monge espanhol, para
ensinar filhos surdos de nobres da época, fundou-se a primeira escola de língua de sinais
na Espanha. A partir desse fato, outros países ficaram instigados a fazer os seus próprios
alfabetos manuais.
A nossa língua de sinais, a Libras tem sua origem na Língua de Sinais Francesa -
LSF, que foi trazida ao Brasil pelo professor surdo Ernest Huet, em 1857. Então, em 26
de setembro de 1857 foi fundado com auxílio de Huet e Dom Pedro II, no Rio de Janeiro
o primeiro Instituto Imperial de Surdos-Mudos, que mais tarde passa a se chamar Instituto
Nacional de Educação de Surdos - INES.
Conforme à legislação do INES, Ana Rimoli de Faria Doria (1958, p.171) detalha
em seu livro “Compendio de educação da criança surda-muda”:

[...] quando a Lei nº 839, de 26 de setembro de 1857, denominou-o ‘Imperial


Instituto de Surdos-Mudos’ (...), o artigo 19 do Decreto nº 6.892 de 19-03-
19

1908, mandava considerar-se o dia 26 de setembro como a data de fundação


do Instituto, o que foi ratificado pelos posteriores regulamentos, todos eles
aprovados por decretos. Inclusive o Regimento de 1949, baixado pelo Decreto
nº 26.974, de 28-7-49 e o atual, aprovado pelo Decreto nº 38.738, de 30-1-56,
(pub. No D. º de 31-1-56), referindo à denominação de ‘Instituto Nacional de
Surdos Mudos’ (...) Tal instituição viu seu nome modificado recentemente pela
Lei nº 3.198, de 6-7-57 (pub. No D. º de 8-7- 57), para ‘Instituto Nacional de
Educação de Surdos’ [...]. (INES, Doria - 1958, p.171)

Com isso, a criação do Instituto foi um sucesso, sendo o único nessa região das
américas, recebeu alunos do Brasil todo e também de países vizinhos. Consequentemente,
permanece sendo a maior referência ao ensino da comunidade surda da região.
Além do INES, temos outras instituições que apoiam a educação dos surdos no
Brasil. Como o FENEIS – Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos,
filiada à Federação mundial dos surdos, é uma entidade filantrópica sem fins lucrativos
com intenção de ajudar na educação de surdos, e defender a comunidade surda, lutando
por seus direitos de educação, cultura, saúde e assistência social. Com intuito de garantir
uma maior inclusão social aos surdos. Como descrito no site Libras.com.br do autor Almir
Cristiano.
Em conformidade com a importância de se pensar em melhorias que facilitem a
vida do público surdo, a lei n°10.098/00, o artigo 18 diz:

“O Poder Público implementará a formação de profissionais intérpretes de


escrita em braile, língua de sinais e de guia intérpretes, para facilitar qualquer
tipo de comunicação direta à pessoa portadora de deficiência sensorial e com
dificuldade de comunicação”. (BRASIL, art. 18, 2000)

Sendo assim, é formalizada a profissão de intérprete de língua de sinais no Brasil.


Fato que é de suma importância, pois os intérpretes possibilitam um acesso ao mundo, a
sociedade aos alunos surdos nas escolas de ensino regular por exemplo.
Outro documento importante a ser destacado é o Decreto n° 5.626 de 22 de
dezembro de 2005, tornando obrigatório o ensino de Libras nas graduações de
Licenciatura. O ato desse Decreto foi de extrema importância, colocando nosso país a
frente mesmo de países desenvolvidos. Essa visão e boas práticas sociais para com o
público surdo, nos tornou um país importante aos olhos de outras nações.
Acrescentando-se que durante muito tempo, segundo Goldfeld (1997) as crianças
com deficiência foram privadas da educação e do convívio social que a escola
proporcionava, vindo a surgir as primeiras escolas especiais por volta da década de 50/60,
porém o trabalho com as crianças era como um atendimento clinico individual através de
20

terapias com os profissionais da fisioterapia, psicologia, psicopedagogia, fonoaudiologia,


etc.
Já a partir de 1960, observou-se o crescimento das instituições de natureza
filantrópica, as APAE´s (Associação de pais e amigos dos excepcionais), estas
instituições ofereciam atendimento aos casos graves de deficiência mental.
Neste contexto de se alcançar uma sociedade inclusiva, onde não haja
preconceitos e diferenças, a partir de movimentos em favor dos direitos humanos, é
importante ressaltar a Declaração de Salamanca, essa trata de assuntos políticos,
princípios e educação especial, reafirmando a promessa da educação e direitos para todos.
Resolução feita pela ONU - Organização das Nações Unidas, para reconvocar os
países, sobre as “Regras padrões sobre Equalização de Oportunidades para Pessoas com
Deficiências”, com um encontro na Cidade de Salamanca na Espanha, reafirmaram os
acordos referentes a inclusão e direitos das pessoas com deficiências, descrito na
Declaração de Salamanca, em 1.994.
Em 1.996 é publicada a atual LDB, Lei n° 9.394/96, que estabelece as diretrizes e
bases da educação nacional, apontando que a “educação especial será oferecida
preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades”. (LDB, art.58, 1996). A partir dessa nova
concepção verificou-se a necessidade de inúmeras medidas para a estruturação do ensino
inclusivo no país, como estruturas físicas, especialização de professores e novos métodos
de ensino para abranger as diversidades, até que seja atingido o objetivo proposto pela
LDB.
Mediante o exposto, a educação inclusiva ao meu ver, merece ser vista como uma
oportunidade de rever conceitos e atender as diversas dificuldades de aprendizagem que
os alunos possam vir a ter, dando uma condição de oportunidades melhor. Logo, assegurar
os direitos de aprender, desenvolver e de socializar. Sendo a linguagem algo essencial
para a comunicação.
Com base na história da Libras, com o método do Oralismo, o ensino de português
aos surdos tornou-se algo mais possível, através do alfabeto datilográfico, defendido por
Alexandre Gohan Bell (1874 – 1922). Porém, no geral, foi marcado sendo um método
bruto, o qual era contra a linguagem com uso de gestos, era a favor da linguagem oral,
onde os surdos deveriam fazer o uso da leitura labial para se comunicar com os ouvintes,
e os mudos deveriam exercitar a audição para ouvir os ouvintes.
21

Segundo Certeau (1994, p.102), diz: “A tática é determinada pela ausência de


poder, enquanto que a estratégia é organizada pelo postulado de um poder”. Apesar das
inúmeras tentativas pelos militares de impedir o uso da língua de sinais e atrocidades
contra o gestual, as táticas de usar diferentes métodos ajudou a chegar onde chegamos,
com os direitos por lei conquistados.
O Oralismo, segundo Goldfeld (1997), foi designado como método do ensino para
surdos, através do Congresso de Milão em 1880, dado como a principal forma de ensinar
os surdos. Esse método exigia que os surdos apreendessem a língua oral, e fizessem
leitura labial para se comunicar com ou ouvintes.
Antes do Oralismo, a Língua de sinais foi proibida, em 1975 por ser mal
interpretada de fato. Mas, segundo Rocha (2007), essa língua continuou sendo utilizada
mesmo que clandestinamente entre a comunidade surda.
De acordo com Fernando Cesar Capovilla (2000), a filosofia do Oralismo, contou
com diversos filósofos como Aristóteles com a aprendizagem, Kant a ideia de que os
sinais são insuficientes e incapazes de ensinar o aluno ler e escrever, e Schopenhauer com
o raciocínio, que segundo ele dependia da linguagem oral.
A princípio, esses filósofos apesar de terem vivido em épocas diferentes,
acreditavam que os surdos só poderiam ser alfabetizados com o método da linguagem
oral – oralismo, onde desenvolveriam pensamento logico e conceitos abstratos.
Em conformidade com a autora Marcia Goldfeld (1997) a filosofia oralista se
baseia na integração do surdo com a comunidade ouvinte, seu ideal é propiciar condições
para que o surdo aprenda a língua de seu país e assim se comunique com a sociedade.
Alguns defensores da filosofia oralista, afirmam de acordo com Goldfeld (1997),
que a linguagem está restrita a língua oral, sendo assim, a única forma possível de
comunicação para a comunidade surda.
O oralismo de acordo com Goldfeld (1997), se baseia no fato de a surdez ser uma
deficiência, e por isso para que o surdo se comunique, ele deve aprender oralizar, assim
minimizando o fato da sua deficiência auditiva atrapalhá-lo na comunicação com o
mundo.
Através do oralismo, o surdo conseguirá se introduzir na sociedade ouvinte
conforme Goldfeld (1997), por se comunicarem da mesma forma, oral. Os defensores
dessa filosofia, afirmam quer para que a criança se desenvolva usando o método oral, ela
precisa do apoio e estimulo de sua família em todas asa fases da vida.
22

Ainda conforme a autora, o oralismo defende o uso de amplificadores sonoros em


forma de aparelhos auditivos individuais, e acompanhamento profissional com
fonoaudiólogas e psicólogas, além de um pedagogo especializado.
Em resumo, as práticas defendidas pelo oralismo são, leitura orofacial e
amplificação sonora.
O oralismo, ganhou força em 11 de setembro de 1880 no Congresso Internacional
de Professores Surdos em Milão. Após o Congresso, ficou decidido o ensino de surdos
baseado no oralismo, com isso dispensaram os professores surdos e proibiram
oficialmente a língua de sinais, conforme Capovilla (2000).

Segundo Sales 2004 (p. 55-56), sobre a filosofia oralista, afirma que:
A metodologia é pautada no ensino de palavras e tais atitudes respaldam-se na
alegação de que o surdo tem dificuldade de abstração. Aprender a falar tem um
peso maior do que aprender a ler e a escrever. Assim, o surdo é considerado
como deficiente auditivo que deve ser curado, corrigido e recuperado.
(Sales,2004)

Nessa linha de pensamento de Sales, entende-se que para o surdo não basta a
língua de sinais, pois ela não é rica de gramatica o suficiente, deixando de ter sinais para
o abstrato, nem verbos, artigos, substantivos e adjetivos.
O autor Capovilla (2001, p. 1482) revela uma pesquisa sobre o aprendizado dos
alunos pelo método oral:

Na Inglaterra, foi observado que, após a educação especial oralista, apenas


25% dos surdos, que se graduaram aos 15-16 anos de idade conseguem
articular a fala de um modo que seja inteligível, pelo menos por seus próprios
professores. Em termos de leitura e escrita, a mesma pesquisa mostrou que dos
graduandos 30% eram analfabetos e menos de 10% tinham um nível de leitura
apropriado a sua idade. Os dados mostram ainda, que suas habilidades de
leitura labial eram insatisfatórias. (Capovilla, 2001)

Em conformidade com a pesquisa apresentada por Capovilla, o método oralista se


mostrou insuficiente para um bom desenvolvimento dos surdos com relação a fala,
interpretação orofacial, leitura e escrita.
Após o oralismo, uma nova filosofia, um novo momento na comunicação dos
surdos surgiu. A abordagem da comunicação total, visava trabalhar com a língua de sinais
aliada a oral, usando códigos manuais, com o objetivo de ensinar a leitura e a escrita. No
Brasil usa-se o Português sinalizado. De acordo com Capovilla, essa forma de
23

comunicação sinalizada, foi desenvolvida pensando-se na gramática, com uso de artigos


e verbos.
Através do uso da comunicação total, notou-se segundo Capovilla, uma melhora
na comunicação social de surdos e ouvintes, em contra partida na área da leitura e escrita
os resultados continuaram sendo insatisfatórios, assim como no método oralista.
Sendo assim, a comunicação total, acredita que os aspectos cognitivos,
emocionais e sociais não devem ser deixados de lado. Assim, defendendo a utilização de
todo e qualquer recurso que facilite a comunicação, conforme Capovilla (2000).

2.2 LIBRAS É UMA LINGUA

Libras é uma língua incrível, super bela e que se compõe de gramatica própria. A
Lei nº 10.436/2002 garante o reconhecimento da Libras como língua oficial da
comunidade surda brasileira, sendo assim, o Brasil pode ser considerado um país bilingue
por possuir duas línguas oficiais.
Em vista disso, é uma língua rica, se compararmos com o português, a língua de
sinais brasileira também possui suas próprias configurações. De acordo com o autor
Sanches (1993), como os diferentes fonemas da língua oral, a Libras possui mais de
quarenta configurações de sinais com diversos significados, esse fato a faz uma língua
rica.
Algo bastante relevante a se pensar, segundo o autor Lacerda (2006), a
possibilidade de uma aprendizagem tardia de Libras e de Português para os surdos pode
acarretar em consequências emocionais pelo fato de não desenvolver a comunicação
social mais cedo e cognitiva pois não terá exercitado sua mente, seus pensamentos, não
terá treinado seu cérebro o suficiente para o desenvolvimento de uma boa comunicação e
expressão.
Os surdos sofreram bastante preconceito e infelizmente ainda sofrem, o atraso no
processo de inclusão no país, resultou na pouca experiencia com as diversidades, esse
fato acarretou em muito desconforto e estagnação no desenvolvimento das pessoas com
surdas. Acabando por fim deixando essas pessoas isoladas, a margem da sociedade, ou
pelo menos boa parte delas.
Sim, Libras é de fato uma língua. Com isso, existem diferentes possibilidades e
métodos para se ensinar essa língua em uma abordagem gramatical.
24

“enfatizava as habilidades áudio orais e o uso da língua alvo pelo aluno,


relegando como secundária a leitura e a escrita, pois acreditava que os
aprendizes poderiam confundir os sons com a grafia”. (GESSER, 2010, p.14)

Desse modo, acreditava-se que o ensino da segunda língua deveria ser conforme
o ensino da primeira. Onde o aluno é direcionado pelo professor, mas por sua vez também
participa das interações, sempre estimulado pelo professor a pensar na língua alvo, a qual
se está sendo ensinada.
A partir disso, a ideia é enfatizar o fato de a Libras ser uma língua e não apenas
uma linguagem como algumas pessoas pensam. Essa língua tem o potencial de unir as
pessoas, em especial pessoas mudas e/ou surdas para com os ouvintes. Dessa forma, todo
tempo Audrei coloca reflexões em seus textos, sobre a relação entre surdos e ouvintes: "o
elo que aproxima ouvintes e surdos é o da língua de sinais". (AUDREI GESSER, 2009,
p. 80). Acredito muito nesse fato, a língua de sinais é algo libertador para a comunicação
entre os surdos e até mesmo entre surdos e ouvintes.
Ainda, sua visão sobre Libras indica que a língua é ancorada na ideia de um
“código” simplificado apreendido e transmitido aos surdos de forma geral, conduzido a
concluir que “a Libras, como língua, possui gramática própria, semelhante às línguas
orais, embora a exploração seja realizada através dos gestos” (AUDREI GESSER, p.1,
2009). Portanto, de qualquer lugar do mundo, um surdo é unificado com outro através da
língua de sinais.
A comunicação dos surdos é viso-espacial e a dos ouvintes é oral-auditiva. São
diferentes percepções, ambas merecem ser respeitadas. Houve no Brasil um tempo em
que a língua de sinais foi proibida, e em 1880 durante um Congresso em Milão a língua
de sinais foi proibida para o mundo todo. De acordo com a teoria de Skliar, ressalta que:

Ainda que seja uma tradição mencionar seu caráter decisivo, o Congresso de
Milão, de 1880 - onde os diretores das escolas para surdos mais renomadas da
Europa propuseram acabar com o gestualísmo e dar espaço à palavra pura e
viva, à palavra falada- não foi a primeira oportunidade em que se decidiram
políticas e práticas similares.[...] Apesar de algumas oposições, individuais e
isoladas, o referido congresso constituiu não o começo do ouvintismo e do
oralismo, mas sua legitimação oficial [...] o ouvintismo, ou o oralismo, não
pode ser pensado somente como um conjunto de ideias e práticas simplesmente
destinadas a fazer com que os surdos falem e sejam como os ouvintes.
Convivem dentro dessas ideias outros pressupostos: os filosóficos - o oral
como abstração, o gestual como sinônimo de obscuridade do pensamento; os
religiosos - a importância da confissão oral, e os políticos - a necessidade da
abolição dos dialetos, já dominantes no século XVIII e XIX (SKLIAR, 2010,
p. 16-17).
25

Esse fato que ocorreu nesse congresso na Itália, causou muitas revoltas. De acordo
com Skliar (2010), as próprias escolas de surdos propuseram acabar com o gestualísmo
(Forma de comunicação através de gestos). O fato mais questionador foi de que as pessoas
que estavam a frente para decidir acabar com o gestualísmo eram pessoas ouvintes,
intrigante de fato. Somente anos depois, o público surdo conseguiu atingir um cargo alto
no congresso como liderança e tomadas de decisões.
Nas escolas os alunos eram castigados e obrigados a fazer leitura labial para
entender os professores. Conforme pesquisa realizada por mim, auxiliada por uma
intérprete onde seu avô foi o entrevistado, ele nos relatou que algumas professoras
amarravam as mãos dos alunos para impedir que conversassem em códigos de sinais,
interpretados como “códigos secretos”, isso ocorria durante a década de 70. Até que em
1993, a ideia de tornar a língua Brasileira de sinais um idioma regulamentado voltou à
tona, através de um projeto de lei. Conseguindo essa legitimação em 2002 com a Lei n.º
10.436/02, art. 1º, é clara quando diz que:

Art. 1º - É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua


Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados.
Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma
de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-
motora, com estrutura gramatical própria, constitui um sistema linguístico de
transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do
Brasil. (BRASIL, art.1, 2002).

Logo, como alunos ouvintes são alfabetizados, os alunos surdos também são
capazes de aprender escrever e ler em pensamento, como qualquer criança. Os surdos têm
a mesma capacidade cognitiva e intelectual de aprender. Uma cultura errônea foi criada
e alimentada de que eles não poderiam aprender. Isso é uma batalha que há muitos anos
existe. Com o tempo as coisas foram melhorando. Há dez anos, com a Lei n.º 12.319/20
de setembro de 2020, a profissão de interprete em Libras foi legitimada. Garantindo
assim, direitos aos intérpretes com sua profissão regulamentada.
Em conformidade com a autora Audrei Gesser (2009), no sentido cognitivo e
intelectual, os visuais, não têm impedimentos ou algo para atrapalhar na aprendizagem
da língua oral, em questão da alfabetização e decodificação das palavras. A falta de
interesse de alguns surdos, advém de diversas punições sofridas por quem tentou os
ensinar, exaustas atividades que dificultam ainda mais o entendimento, e que desmotivam
26

no processo de aprendizagem, fazendo-os interpretar como desnecessária a leitura e


escrita.
É de suma importância que os visuais saibam ler e escrever, para viver com
tranquilidade em meio a sociedade, tomando como referência a necessidade de precisar
ler uma placa ou um número de telefone, por exemplo, como meio de informação para se
locomover, coisas pequenas e comuns que facilitam o dia de qualquer pessoa na
atualidade. Dessa forma, a surdez é uma condição que pode ter diversas causas, as mais
comuns ocorrem com doenças que acarretam na má formação do sistema auditivo.
Para o ensino de toda e qualquer língua, existem elementos que são essenciais,
como a abordagem, planejamento curricular, os materiais a serem utilizados, a faixa etária
dos alunos, a produção, e a avaliação. De acordo com Gesser (2010), quando todo o
processo é pensado, temos mais chance de obter um maior número de resultados
positivos.
Conforme Gesser (2010, p.7):

A visão de ensino na abordagem gramatical, usualmente se pauta em livros


didáticos ou materiais cujo objetivo é transmitir conteúdo da estrutura
gramatical da língua alvo. Já na abordagem comunicativa ensinar uma língua
é promover o desenvolvimento da competência comunicativa, sempre partindo
da promoção de vivencias do uso real e significativo da língua alvo a partir da
construção de novos significados na e através da interação como outro.
(Gesser, 2010, p.7)

Dessa forma, Gesser explica como funciona a parte gramatical nas aulas, que ela
é feita através de memorização e internalização dos gestos e conteúdo. Segundo Gesser:

[...] a abordagem gramatical o concebe como a internalização das formas


linguísticas e a memorização de modelos sem cogitar quaisquer intervenções
dos alunos nos conteúdos oferecidos. Na comunicativa, por outro lado,
aprender línguas significa saber interpretar e produzir mensagens dentro de
situações e conteúdos particulares. Entra aí a compreensão do aluno em saber
também negociar significados entre e com os seus interlocutores. (AUDREI
GESSER, 2010, p. 8)

A partir da explicação sobre a forma gramatical trabalhada em Libras. Para


começar aplicar conteúdos de Libras, segundo Gesser, necessita-se identificar o público
a qual está se ensinando. Dessa forma, segundo a autora foram criados alguns termos que
definem cada público. Esses termos são: perspectiva L1, L2 e LE.
Ainda, conforme a autora, há uma tendência simplista em se deve conceder os
termos em uma perspectiva exclusivamente de ordem: L1 sendo a primeira língua que
27

falamos; L2 como a segunda língua, e língua estrangeira – LE, a língua pertencente a um


outro país.
Neste Dossiê o foco para a aplicação da metodologia é L2, voltado para a
aprendizagem da língua Libras por alunos ouvintes, ou seja, alunos que escutam e falam,
e que possuem língua materna já definida. Com o objetivo de tornar a sociedade um lugar
mais acolhedor, inclusivo, abrangendo o maior número de pessoas para então ter a
esperança de diminuir o preconceito com o público surdo.
Logo, para o aluno se dedicar e conseguir efetivamente aprender Libras ele precisa
prestar atenção em alguns detalhes importantes relatados por Gesser, como: ao tentar
formular frase com os sinais da língua estudada, fazer um esforço para não falar oralmente
nada na língua materna; fazer expressões faciais e corporais para melhorar a comunicação
e transmitir o sentimento do momento, facilitando o entendimento; não deve ter medo de
errar; desperta a atenção e memórias visuais, e envolver-se com a comunidade surda de
fato para treinar ajuda muito, (Gesser, 2010, p.26).
Consequentemente, para o professor também tem quesitos importantes para saber
e seguir. Ele deve: despertar a segurança dos alunos em si mesmos, ao fazer atividades
individuais com a turma chame aquele aluno que se destaca e entende a proposta da
atividade para que desperte interesse nos outros alunos, estimular a produção, incentivar
o uso da Libras no dia a dia. Além, de atividades que exercitem a visão e criar situações
para comunicação. (Gesser, 2010, p.28).
A língua de sinais, assim como o português pode sofrer alterações conforme o
público e a faixa etária que a utiliza, além de característica regionais e sócio culturais.
Ainda, no que na língua oral é chamado de palavra ou item lexical, na língua de
sinais são denominais sinais. A formação dos sinais se dá do complemento do movimento
das mãos adicionado a uma determinada portar do corpo, denominando articulações das
mãos, essas, podem ser assimiladas aos fonemas e morfemas, chamados de parâmetros.
Segundo Skliar, o alfabeto manual ou chamado datilografia, é um sistema de
representação das letras do alfabeto por meio de sinais com as mãos.
Por meio do alfabeto manual é possível se comunicar, para representar nomes ou
mesmo palavras que não tem sinal definido. Ao todo existem 64 configurações das mãos
para representações das palavras.
Segundo os parâmetros das línguas de sinais descritos por Skliar, os sinais podem
ser feitos com ambas das mãos e também ao mesmo tempo com duas, além disso, os
sinais podem ou não ter movimento.
28

Isto posto, muitos sinais também são acompanhados de expressão facial ou


corporal auxiliando no sentido deles. Além disso, é por meio das expressões faciais que
se dá sentido de afirmação, negação, interrogação e exclamação ao assunto tratado
naquele momento.
Assim como no português, a Libras também atua com uso de pronomes pessoais
indicando sujeito (eu, você e ele), pronomes demonstrativos ou adverbio de lugar de lugar
(este, esse, aquele, aqui ali e lá), pronomes interrogativos e expressões, interrogações
(quem, qual, como, pra que, e porque, quando, que, quanto), pronomes indefinidos dos
(nenhum, nada, ninguém, só, sozinho, cada um, algum, pouco, muito, vários, minoria).
Há também os advérbios, sendo eles de tempo (hoje, agora, ontem, amanhã,
anteontem), adverbio de modo (rápido, barato, caro, calor). Também verbos: direcionais,
não direcionais e com incorporação de negação.
Possui com tipos de frases, afirmativas, exclamativas, interrogativas, negativo ou
imperativa. Atentando-se as expressões a serem adicionadas dependendo do modelo de
frase descrito e o sentido que deseja passar em sua comunicação.

2.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE A IMPORTÂNCIA DA


LINGUAGEM

Com a BNCC – Base Comum Curricular, afirma-se a importância da iniciação da


linguagem de forma lúdica com a Educação Infantil. Também, a iniciação de uma
segunda língua, no caso a Libras.
De acordo com Luís C. Moll, em seu livro “Vygotsky e a educação”, a linguagem
é responsável pela estruturação de processos cognitivos. Dessa maneira, é fundamental
para a formação do sujeito, possibilitando as interações socias explicita o fato defendido
por Vygotsky, de que os sujeitos são formados e transformados pelo convívio social, Moll
diz:
Tais processos psicológicos superiores se desenvolvem nas crianças por meio
da imersão cultural nas práticas das sociedades, pela aquisição dos símbolos e
instrumentos tecnológicos da sociedade e pela educação em todos as suas
formas. (Moll, 1996, p.3)

Assim, os sujeitos constroem suas identidades, a partir do convívio com outros.


Passam a se desenvolver e se formar como seres sociáveis que de fato são, definem-se
como indivíduos sociais. A formação cognitiva do sujeito está relacionada diretamente
com seus hábitos, vivencias e a sua cultura. As relações determinarão sua forma de pensar,
29

segundo Vygotsky. É através da linguagem que nos tornamos quem somos, através das
interações com o meio social. Linguagem é a expressão da formação do pensamento e
caráter.
Em concordância com Moll: “Amadurecer ou desenvolver funções mentais é algo
que deve ser encorajado e medido pela colaboração, e não por atividades independentes
ou isoladas”, essa frase de Moll, justifica o pensamento de Vygotsky, o qual se preocupa
com a relação de aprendizagem e desenvolvimento dos sujeitos, para que os mesmos
hajam com independência e competência em suas ações. (Moll, 1996, p.5)
Para Vygotsky a linguagem tem o poder de inclusão, ela une as pessoas, o ensino
e aprendizagem das linguagens é um papel fundamental no desenvolvimento social dos
indivíduos. A lição que o estudo da Defectologia deixa, é que o surdo por exemplo, tem
toda a capacidade cerebral de apreender, assim como um ouvinte tem. Com certeza, tem
suas limitações pela surdez, mas as funções são as mesmas.
Sobre a Zona de desenvolvimento proximal na visão de Vygotsky, Moll expõe:

O conceito de Zona de desenvolvimento proximal integrou a atividade social


na teoria, enquanto retinha o significado da mediação do signo e do
instrumento na compreensão da aprendizagem e do desenvolvimento humano.
(Moll, 1996, p. 6)

Através das contribuições da psicologia Vygotskiana, o ser humano nasce com as


funções biológicas de forma a estar disposto a apreender, e a partir das vivências e
experiências ele vai se desenvolvendo, e as funções que tinha, vão se tornando funções
superiores, desenvolvendo sua capacidade de raciocínio e pensamento.
Conforme Moll:

É pelo uso dos conceitos cotidianos que as crianças dão sentido as definições
e explicações de conceitos científicos. Os conceitos do dia a dia fornecem ao
desenvolvimento dos conceitos científicos o “conhecimento vivido”, isto é, os
conceitos do dia a dia medeiam a aquisição de conceitos na resolução de outros
problemas. (Moll, 1996, p. 11)

Todo ser, segundo Vygotsky está sujeito a mudanças e novo aprendizados, e


segundo ele essas mudanças acontecem o tempo todo, no dia a dia de convívio com outras
pessoas, essas novas perspectivas permitem que o sujeito consiga lidar com os problemas
e situações da vida. Em sua coletânea de tomos em “Obras escolhidas”, Vygotsky explica
o desenvolvimento humano e com isso a construção do saber. Todos passamos por fases
no processo de aprendizagem, e para isso é necessário um mediador, nesse caso o
30

professor, e apesar das décadas que passaram, as ideias de Vygotsky permanecem super
atuais.
Para Moll, segundo a psicologia Vygotskiana, “as crianças interiorizam e
transformam o auxilio que recebem dos outros, e eventualmente usam esses mesmos
meios como guias para dirigir seus comportamentos na resolução de outros problemas”.
Assim, possivelmente as crianças passam a agir conforme as suas referências. (Moll,
1996, p.12)
Conforme a abordagem Vygotskiana, Moll expõe:

Não deve apenas analisar o ensino e a aprendizagem como parte de práticas


instrucionais existentes, mas, deve criar atividades instrucionais
fundamentalmente novas e avançadas. [...] Essa abordagem deve produzir
aprendizagem ao facilitar novas formas de mediação. (Moll, 1996, p.13)

A linguagem, melhora nas relações do sujeito com a sociedade. Assim, para Moll,
a psicologia Vygotskiana trata dos mediadores, sendo eles os familiares ou os professores,
devem instruir com sabedoria, prepara as crianças para o mundo, dessa forma, as
mediações estão em todos os momentos e ações ao lado das crianças, elas estão o tempo
todo atentas para apreender. E através da internalização cultural, que as crianças
apreenderem valores importantes para o convívio social. A comunicação tem poder de
estabelecer relações, e a comunicação se dá através das linguagens.
De acordo com Vygotsky, a Zona de desenvolvimento proximal, define as funções
que ainda não amadureceram, mas que o sujeito ainda vai amadurecer, tem potencial para
esse desenvolvimento. Assim como citado anteriormente, os surdos por exemplo,
possuem as mesmas capacidades e funções cerebrais que um ouvinte, apesar de seu
impedimento auditivo, mas tem o mesmo potencial para apreender, mesmo com as
dificuldades.
Assim, para Moll, “as recompensas, elogios e encorajamentos que sucedem um
comportamento, fortalecem cada avanço através da Zona de desenvolvimento proximal,
prevenido a perda da base evolutiva”. Isto é, a forma com que lidamos com as conquistas
e desafios que os sujeitos alcançam e passam, é fundamental para o bom desempenho
deles. Pode-se dizer que a criança que tem reconhecimento de pequenas e grandes
conquistas, cresce mais desinibida e mais encorajada a enfrentar o mundo. (Moll, 1996,
p.175)
Afirma também, sobre a evolução no processo do desenvolvimento proximal, que:
31

Ao longo do tempo, a criança gradualmente passa a exigir menos assistência


ao seu desempenho, na medida em que aumenta sua capacidade de auto
regulação. Assim, o avanço pela Zona de desenvolvimento proximal – do
desenvolvimento assistido ao desempenho não assistido e auto -regulado – se
processa gradualmente.

Isto significa, que conforme a criança vai se desenvolvendo em seu processo, vai
criando também independência. Assim, para Moll, a criança passa a se auto - regular e
tomar suas decisões com base nos conhecimentos adquiridos até ali.
Para que todo esse processo de desenvolvimento tenha êxito e continuidade no
processo, aquele que começa com os familiares, passa a ser responsabilidade também dos
professores quando a criança ingressa na escola. Segundo Moll, esse processo acontece
em todas as fases da vida, é continuo, nós sempre estamos em busca de um “eu” melhor.
Assim, Moll baseado em Vygotsky relata:

Assistência e ensino não fluem numa única direção. Os funcionários da escola


também dão assistência aos supervisores, os alunos ensinam os professores, os
professores dão assistência aos seus coordenadores. Em qualquer interação, as
influencias são reciprocas. A assistência usualmente flui do participante mais
preparado para o menos preparado. Do professor para o aluno, do que treina
para o que é treinado, mas o plano interpessoal criado pela atividade
conjuntiva, é um produto coletivo. (Moll, 1996, p.184)

Dessa forma, todos precisam da ajuda de todos, assim juntos se desenvolvem e


tornam-se cada vez seres melhores.

CAPÍTULO III – A APRENDIZAGEM DE LIBRAS NA EDUCAÇAO


INFATIL: UMA PROPOSTA INCLUSIVA

3.1 DIREITOS DE APRENDIZAGEM: SEGUNDO A BASE


NACIONAL COMUM CURRICULAR

A partir da LDBEN n 9394/96, ficou intitulado as diretrizes e bases da educação


Nacional. Sendo a educação, algo que abrange os processos formativos da vida dos
sujeitos. A educação deve proporcionar para os sujeitos, meios para se desenvolverem
como pessoas e sociedade. Assim, com uma educação formativa os alunos tem direitos a
feedbacks sobre suas avaliações e desempenho, bem como auxilio para recuperarem esses
conteúdos, dando apoio físico, psicológico, intelectual e social. No capítulo V sobre a
32

educação especial, é garantido apoio e serviço especializado em casos que necessite tal.
Além da oferta de professores com especialização para lidarem com as especificidades
de cada aluno.
Com as crianças em fase de descobertas, o ensino de Libras a elas, oportuniza
experiências de contato com uma cultura e língua diferente da falada e conhecida
normalmente por elas, mas que devem apreender e tem esse direito, por se tratar da
segunda língua oficial de seu país.
A Base Comum Curricular, tem o intuito de garantir que todas as crianças tenham
acesso ao mesmo conteúdo. Dessa forma, o conteúdo estudado é elaborado por uma
equipe de profissionais da educação, que visam o melhor para as crianças e seu
desenvolvimento.
Com foco na Educação Infantil, esse trabalho tem o intuito de demonstrar a
importância de uma segunda língua, além disso a importância de se trabalhar cultura,
ludicidade, resiliência e amor ao próximo.
A BNCC, divide a Educação Infantil em 3 partes: Bebês (0 - 1 ano e 6 meses);
Crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses – 3 anos e 11 meses); Crianças pequenas (4 anos
– 5 anos e 11 meses). Essas divisões servem para administrar os conteúdos a serem
trabalhado com as crianças em cada fase da infância. Pois com forme vão se
desenvolvendo as necessidades vão mudando.
Assim, para garantir o desenvolvimento das crianças, criou-se os chamados
objetos de aprendizagem e desenvolvimento, que são como indicies demostrando os
principais conteúdos a serem trabalhados com as crianças.
É garantido por lei, que as crianças tenham direitos de aprendizagens, as
competências gerais da Educação básica, assegura os direitos de desenvolvimento,
formação humana, construção da sociedade justa, democracia e inclusiva. Isso inclui,
direito de (Conviver, Brincar, Participar, Explorar, Expressar e Conhecer-se). Assim, na
Educação Infantil, não poderia ser diferente, todos esses direitos devem ser compridos
pelas instituições de ensino, sendo elas públicas ou privadas.
Em conformidade com a BNCC (pag.40), é necessário fazer e ter esse, “arranjo
curricular que acolhe as situações e as experiencias concretas da vida cotidiana das
crianças e seus saberes”, pois, através desse arranjo curricular, passa a ser trabalhado com
as crianças tudo aquilo que é extremamente importante para o seu desenvolvimento e a
fase que está passando.
33

Para que a criança cresça e se desenvolva, ela precisa ter uma boa alimentação,
bons cuidados físicos e emocionais, mas também deve entender sua existência e a
existência das pessoas a sua volta, afinal para que o sujeito se forme ele precisa de outros,
para que isso seja possível, segundo Vygotsky. É preciso entender as relações do sujeito
com o meio, isso é o que o forma, isso constrói o “modo de agir, sentir e pensar”. Em
vista disso, vão descobrindo que existem outras pessoas e outros pontos de vista. (BNCC,
p.40)
Passam a entender que existem diferentes pessoas, e cada uma com suas
peculiaridades, as quais merecem e devem ser respeitadas. E é essas diferenças que
constroem a sociedade e que nos forma seres humanos pensantes, capazes de pensar, agir
e interpretar as diferenças.
Com base na BNCC, a família e a escola são as primeiras interações que o sujeito
tem com o mundo. Assim, o primeiro encontro com traços da sociedade. A partir disso,
constroem autonomia, sentido de auto cuidado e reciprocidade com o próximo.
Como profissionais da educação, é nosso dever, criar oportunidades para que as
crianças entrem em contato com outros grupos sociais e culturais. O ensino de Libras na
Educação Infantil para crianças ouvintes, nos provoca o pensamento de inclusão. O
sujeito é sociável, e por isso deve saber e tem o direito de apreender se comunicar com
outros sujeitos, mesmo com as diferenças entre eles. O Brasil é oficialmente um país
bilingue, desde 2002 com a criação da Lei nº 10.436/2002, a qual oficializa a língua de
sinais brasileira.
No campo: Corpo, gestos e movimentos, a BNCC relata que “desde cedo” através
do corpo, os bebes tem a capacidade de “explorar o mundo, o espaço e os objetos ao seu
entorno”. Além disso, expressam-se, brincam, criam relações interpessoais e produzem
conhecimentos sobre si mesmos e sobre o outro. (BNCC, p.41)
Na Educação Infantil, o corpo é o centro, participante das práticas pedagógicas, e
do cuidado físico. É através das experiencias com o conhecimento do próprio corpo, que
a criança passa a entender a liberdade.
Cabe a escola trabalhar o lúdico com as crianças, com intuito de desenvolver nelas
esse sentimento de liberdade e de vontade para conhecer seus limites, com isso trabalhar,
olhares, sons e mimicas/gestos com o corpo. Principalmente se tratando da aprendizagem
de uma nova língua, a língua de sinais brasileira, é necessário trabalhar os gestos, o corpo,
os movimentos, para então entender o significado dos sinais e da gramática própria da
língua.
34

Com base na BNCC, no campo de experiencia: Traços, sons, cores e formas, a


cultura e manifestações artísticas possibilitam a criança viver diferentes formas de
expressão e linguagem, esse contato com variadas formas de arte mostra a elas as
possibilidades de expressões e vivencias de mundo, também as possibilidades de sonhar
e lutar por aquilo que acreditam.
As artes visuais, como “pinturas, modelagem, colagem e fotografias” por
exemplo, são atividades bastantes relevantes nessa faixa etária, principalmente quando se
trata de ensinar uma nova língua. Pois abre portas para ver e vivenciar novas experiencias,
cultural e uma linguagem diferente da que já tinham acesso.
Além de “manipulação de materiais com recursos tecnológicos”, essas, podem
favorecer momentos de “descoberta artística”, além de “senso ético e crítico”,
“desenvolvimento da sensibilidade, criatividade e da expressão pessoal das crianças”.
(BNCC, p.41)
No campo de experiência “Escuta, fala, pensamento e imaginação”, pode ser
trabalhados contexto de conhecimento do próprio corpo, sendo que as primeiras
interações da criança são com o corpo. Alguns sentidos como chorar, olhar, sorriso vão
se tornando conhecidas, assim vão entrando em uma espécie de vocabulário no bebe, com
o passar dos dias e convívio com outras pessoas, esse vocabulário vai criando forma.
Durante a Educação Infantil, as crianças precisam ser estimuladas com a cultura
oral, são essas experiências que vão as formando e desenvolvendo. Esses estímulos,
podem ser por conversação em momentos de atividades, troca de fralda, brincadeiras ou
mesmo contação de histórias. A partir disso, conseguimos inserir a língua de sinais nesse
contexto de descobertas, iniciação com sinais que remetem a partes do corpo as quais eles
estão conhecendo, como boca, nariz e pé, por exemplo, ou então sinais de algo que foi
lido no texto durante a aula. Pouco a pouco pode-se inserir sinais da Libras que façam
sentido com aquilo que estão apreendendo normalmente na escola.
No quinto e último campo de experiência, “Espaços, tempos, quantidades e
transformações”, desde pequenas as crianças procuram se situar no mundo e no espaço
que vivem, ao passar dos anos vão se tornando ainda mais curiosas, com o próprio corpo,
fenômenos como existência do dia e noite entre outros. Nesse campo, pode-se trabalhar
contexto de parentesco, com sinais da Libras que remetam a sujeitos como, pai, mãe,
irmão, tia e avó, por exemplo. Na questão de quantidades, pode-se trabalhar objetos como
os próprios lápis, ou pecinhas de manipulação de cotidiano delas.
Segundo BNCC p.43, sobre a promoção de experiências:
35

“A Educação Infantil, precisa promover experiencias nas quais as crianças


possam fazer observações, manipular objetos, investigar e explorar seu
entorno, levantar hipóteses e consultar fontes de informação para buscar
respostas as suas curiosidades e indagações”. (BNCC, p.43)

Sendo assim, através da promoção dessas experiencias essenciais para o


desenvolvimento das crianças, tornaremos a formação delas ainda mais agradável e
valida.
Assim, com esses campos de experiências citados acima com base na BNCC, as
crianças precisam ser estimuladas durante toda a sua fase escolar de desenvolvimento,
pois esses estímulos as mantêm interessadas nas aprendizagens, e tornam o processo mais
leve. Trabalhar com os objetos de aprendizagem e desenvolvimento são essenciais para
garantir um ensino de qualidade as crianças.
Conforme a BNCC, objetivo (EI01E001) preza pelas percepções da criança
consigo mesmo e para com os outros. Também destaco, o objetivo (EI02E005) o qual
trata com a importância da comunicação da criança com os colegas e a sociedade, e
respeitas as diferenças conforme objetivo (EI02E005).

3.2 ESPECIFICIDADES DO ENSINO DE LIBRAS

Os surdos e sua comunidade, possuem língua própria, a língua de sinais como já


citada no Capítulo II. Assim, o que a destaca e a diferencia da língua portuguesa e de
outras línguas, é o fato de ser uma língua de sinais, gestos, cujos dão sentido e possibilitam
a comunicação dos surdos entre eles mesmos e também com os ouvintes.
Além disso, a língua de sinais é especial por possuir gramática própria. Dessa
forma, a formulação de frases na língua de sinais, não obrigatoriamente obedecem a
ordem de palavras totais de uma frase falada na língua oral por exemplo. Esse fato se dá,
pois existem palavras que não possuem sinais definidos, algumas palavras tornam-se
abstratas no contexto da língua de sinais.
Assim, existem por exemplo os nomes, que podem ser demostrados tanto pelo
alfabeto datilográfico como também, algo muito especial que ocorre entre os surdos e
seus colegas que é a caracterização de um sinal para cada pessoa, aquele sinal irá te
representar a todo momento que o surdo for se comunicar e precisar citar você, por tanto
ele usara esse sinal que o caracteriza para ele, podendo ser sobre altura, sorriso, cabelo de
36

tal forma, ou sobre o cargo que você ocupa através do uniforme que é de tal forma como
uma gravata por exemplo.
Os gestos utilizados pela língua de sinais envolvem muito mais do que
movimentos feitos com as mãos. O uso dos gestos, envolve movimentação das mãos com
o corpo, expressões faciais que vão demonstrar a intensidade daquela determinada ação
citada pelo sujeito emissor, cujas ações tem emoções e essas também são expressadas
pela face e corpo, em conjuntura com as mãos e os sinais.
Em relação a capacidade de desenvolvimento, como já dito no Capitulo II, os
surdos possuem sim uma deficiência auditiva, porém essa não afeta sua possibilidade de
desenvolvimento cognitivo, sendo assim, tem a mesma capacidade que um ouvinte tem
de apreender, claro com suas dificuldades e especificidades, mas tem.
E um fato interessante, é que na língua de sinais assim como nas adaptações feitas
com a língua portuguesa oral, existe a forma informal entre os surdos de usar sinais, como
suas “gírias”, são sinais adaptados ou inventados que entre eles tem sentido.

3.3 A LINGUA PORTUGUESA COMO SEGUNDA LINGUA

A partir de 1980, com o desenvolvimento dos estudos referente a língua de sinais,


surge o Bilinguismo, uma nova filosofia para completar ainda mais a ideia das filosofias
antigas existentes até aquele momento.
Bilinguismo, com base no dicionário Oxford, significa a “coexistência de dois
sistemas linguísticos diferentes (língua, dileto, fala, etc.)” em uma coletividade.
Sobretudo significa o uso de duas línguas, como exemplo, a comunidade surda que se
torna bilingue por necessidade, tem a língua de sinais como língua materna e o português
na modalidade escrita como segunda língua.
A partir dos anos 90, começou-se a falar do Bilinguismo, com essa nova visão, a
língua de sinais volta a ser permitida, e entende-se que para os surdos a língua através dos
sinais, nada mais é do que uma forma de comunicação.
Ainda, com as ideias do bilinguismo em alta, e os estudiosos entendendo a
importância da língua de sinais aos surdos, ocorre a Declaração de Salamanca 1994,
citada anteriormente no Capítulo II. Surgiu para uma nova organização escolar, com
intuito de criar uma educação inclusiva, assim alunos surdos poderiam participar das aulas
em escolas regulares.
37

Recentemente, em 3 de agosto de 2021, o governo criou uma Lei nº 14.191/2021,


sobre a educação bilingue de surdos reforçando os direitos da comunidade surda. Dessa
forma, coloca Libras como língua materna sendo sua primeira língua (L1), e o português
como segunda língua (L2).
Infelizmente, não temos no conteúdo curricular da Educação Infantil, o estudo de
Libras para alunos ouvintes. Fato esse, que tenho intuito de poder mudar um dia, sabendo
o quão importante é a língua de sinais a comunicação dos surdos para com os ouvintes na
sociedade. Não só por esse fato, mas também através do ensino dos sinais, as crianças
melhoram sua desenvoltura, expressão e o lado psicomotor, por trabalhar com os
movimentos.
Para Lacerda (2006), na educação infantil o ensino de Libras se dá através da
interação com os sinais, e a compreensão da língua gestual, no contexto vivido nessa fase
em que as crianças se encontram. Podemos imaginar, como é ser alfabetizado em duas
línguas em conjunto. Trabalhar a língua de sinais em conjunto coma língua portuguesa,
pode facilitar ambas das aprendizagens, de modo que se trabalhe com o lúdico.
Para Nunes (2018), o bilinguismo tem sido muito utilizado no Brasil, sabendo que
para o aluno surdo é essencial saber Libras como também o português, para se comunicar
com a sociedade ao seu entorno. Esse fato, melhora a comunicação do surdo em meio a
sociedade. Segundo o autor Junqueira (2016), qualquer pessoa pode se tornar bilingue.
A autora Benchimol (2011), retrata a aquisição de uma segunda língua, ato que
possibilita conhecer novas culturas, sendo ela mais fácil de ser inserida quando junto com
a primeira. Porém, pode ser apreendida em diversas ocasiões e fases da vida.
Para Goldfeld (1997, p. 42-43):

O Bilinguismo tem como pressuposto básico que o surdo deve ser bilingue, ou
seja, deve adquirir como língua materna a língua de sinais, que é considerada
língua natural dos surdos, e como segunda língua, a língua oficial de seu país.
[...] O conceito mais importante que a filosofia bilingue traz é que os surdos
formam uma comunidade, com cultura e língua próprias. (Goldfeld, 1997)

De acordo com Goldfeld, o bilinguismo surgiu para melhorar a comunicação e a


aprendizagem da comunidade surda, devolvendo a sua liberdade de expressão com o uso
da língua de sinais.
A filosofia bilingue segundo Capovilla, considera o canal viso gestual
fundamental para a aquisição de linguagem da pessoa surda. Defende um espaço efetivo
para a língua de sinais.
38

Goldfeld defende que a aquisição de língua para o surdo com base no bilinguismo,
deve ser feita da seguinte forma: primeiramente ensinar a língua de sinais como primeira
língua, língua natural, L1 e como segunda língua, a língua de seu país de origem, no caso
do brasil o português. Com essa metodologia, propicia a comunidade surda,
desempenhando também o papel de suporte do pensamento e estimulo do
desenvolvimento cognitivo e social.

3.4 TODOS OS BRASILEIROS DEVEM APRENDER LIBRAS

O intuito desse trabalho é que através do ensino de Libras seja promovida a


Inclusão social, aumentar o número de fluentes em língua de sinais para facilitar as
relações com os surdos. Assim, multiplicar o número de interlocutores, através das trocas
linguísticas e tornar um país mais comunicativo.
Deve-se formar profissionais capacitados para essa tarefa de desenvolvimento
social, cultural e emocional dos alunos, em função de promover a inclusão. Segundo
Mendes (2015), “Investir na formação do docente, possibilitando meios efetivos de
aprendizagem em Libras durante a graduação”. Com isso, a Libras no currículo da
graduação em licenciaturas e fonoaudiologia é obrigatória.
A ideia é, tornar possível o contato com a Libras juntamente com o primeiro
contato com a escola, para que junto com o português apreenda Libras. Tendo em vista
que nosso país é bilingue, assim possui duas línguas oficiais: Português e a Língua de
sinais brasileira. Então justo que tenhamos o direito de sermos alfabetizados e fluentes
nas duas línguas, já pensando na inclusão social da comunidade surda, pois quando mais
interlocutores houver, maior será a inclusão e facilidade de comunicação entre surdos e
ouvintes. Conforme Santos (2019), “ainda que os direitos dos surdos sejam garantidos
por lei, ainda existem vestígios da exclusão, preconceito e desigualdade na sociedade a
qual pertencemos”. Infelizmente ainda a muito o que se mudar em quentão de inclusão
no país.
Para que mudanças ocorram, e a chave vire, temos desafios a enfrentar. O desafio
é encontrar caminhos, meios para romper as barreiras linguísticas entre alunos surdos e
ouvintes que frequentam a escola regular. Para isso, minha sugestão é a inclusão de Libras
no currículo escolar da educação básica, com foco na educação infantil onde começa o
contexto oral, para que sejam trabalhadas as duas línguas com as crianças, português e
39

Libras. Assim no futuro não muito distante, teremos aumentado o número de


interlocutores e fazer uma sociedade um pouco mais sociável.
Para a inclusão se tornar ainda mais completa, proponho que sejam
disponibilizados curso de Libras aos sábados, para os funcionários das escolas e também
pessoas da comunidade que tenham interesse. Isso seria um projeto que teria que ser
discutido com o poder público, pois acarretaria em necessidade de investimento em uma
pessoa capacitada para ensinar língua de sinais. Fazendo assim com que todos os
funcionários da escola se tornem usuários da Libras.
A ideia é criar um projeto que tenha impacto verdadeiro na sociedade. A escola
inclusiva é um ambiente onde todos se sentem bem e principalmente acolhidos. Ensinar
Libras para crianças ouvintes da educação infantil, parece um desafio, sem dúvidas. Isso
envolve um grande trabalho, mas que no final varela muito a pena, pelos benefícios a
comunidade.
Apreender uma nova língua na Pré escola, lhes dá acesso a um novo universo
cultural até então desconhecidos, melhorando até suas expressões corporais e
relacionamento com o próximo. Pois estão em fase de descobertas, do corpo e do mundo.
A comunicação reflete em uma real importância na vida de todas as pessoas, em
todas as fases da vida. Desde um bebê a um adulto, a comunicação é essencial. Imagine
um bebê, ele precisa de cuidados especiais onde alguém irá interpretar seus sinais para
entender o que ele necessita no momento, alimento, higiene, carinho ou mesmo se está
doente.
Em relação a metodologia e materiais para se trabalhar Libras na Educação
Infantil: necessita, trabalhar o lúdico, através de gravuras e execução de alguns sinais da
língua que façam parte do dia a dia e contexto das crianças como: casa, mãe, pai, amigo,
as cores, os animais e meio ambiente por exemplo.
A educação Infantil está ligada às relações da criança com o meio em que vive,
conforme autores como Piaget, Vygotsky, Wallon e outros. Para os alunos letrados, o
ideal seria trabalhar com mapas, fotos, filmes, textos e objetos, atividades que já fazem
parte de seu dia a dia. Assim estimulando-os a pensar e planejar maneiras de transmitir a
mensagem através do uso da língua de sinais.
Planejar aulas onde se trabalhe conteúdos já entendido pela faixa etária das
crianças, então explorá-los usando criatividade e engajando a turma para que interajam
entre si. A princípio, pode-se trabalhar saudações entre os colegas, por seguinte, tradução
de músicas já conhecidas pelas crianças, pela língua de sinais. Após essa interação dos
40

alunos com a língua de sinais, podemos ir aos poucos inserindo vocabulários, gestos de
sinais que se encache no cotidiano das crianças.
O modelo de currículo para esse público infantil, deve levar em conta suas
condições, segundo Giuseppe Rinaldi (1997, p.21):

O currículo da Educação Infantil deve levar em conta, em sua concepção e


administração, o grau de desenvolvimento da criança, a diversidade social e
cultural das populações infantis e os conhecimentos que se pretendam
universalizar. (RINALDI, 1997, p.21)

O currículo, portanto, deve levar em conta a condição motora, emocional,


cognitiva e expressiva dos sujeitos que ele irá ser aplicado conforme Rinaldi, através do
livro do MEC – Fascículo 4, Deficiência Auditiva, 1997.
Com o passar das aulas, as crianças já estarão entendendo alguns sinais e
interpretando frases completas. Assim, sendo você a professora de língua de sinais,
poderá fazer um trabalho em conjunto a professora regente da sala, no qual trabalhará
conteúdos que ela está aplicando com as crianças no momento, contextualizando assim
os conteúdos para a língua de sinais.
Algo também interessante a se fazer com as crianças nesse processo de
aprendizagem de língua de sinais, seria visitar escolas, institutos voltados para alunos
surdos-mudos, elaborando esse projeto de visitar esses locais como forma de observação
da realidade das crianças com essa necessidade especial. Para que assim, eles vejam a
realidade da vivência de pessoas com deficiência auditiva, e não só isso como também
interajam com essas crianças.
Os surdos possuem alguns institutos de ensino próprios para o atendimento que
necessitam. Ademais, existem pessoas que preferem frequentar a escola regular com as
outras crianças, e é normal. Isso exigira pessoas interpretes treinados para fazer o
acompanhamento dessas crianças na escola. Mas, o processo não é algo fácil, a realidade
nas escolas nos mostra que cada dia é um dia de novas experiencias, desafios e novas
aprendizagens. A partir disso, vamos nos tornando seres mais compreensivos e
acolhedores, basta viver um dia de cada vez e almejar mudanças para o bem coletivo.
É um processo que exige mudanças estruturais e recursos financeiros para realizar
essas mudanças necessárias, com intuito de propiciar um ambiente inclusivo para todos.
41

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Expresso aqui minha gratidão e agradecimentos a UFMT – Universidade Federal


de Mato Grosso, pela formação humanizada e construção do meu lado pessoal e
profissional, agradeço a coordenação e a todos os professores, em especial a professora
Rubia, que não mediu esforços para me ajudar na organização de ideias para o presente
Dossiê.
Através das pesquisas bibliográficas, pude me aprofundar no tema que tanto me
interessa, o fato de ensinar e de ser um direito de todas as pessoas de apreenderem Libras
nas escolas, sabendo que a Libras é uma língua oficial brasileira. Dessa forma, todos
deveriam apreender as duas línguas de nosso país, o Português e a Libras.
Assim, o processo de construção e planejamento desse Dossiê foi de suma
importância para meu desenvolvimento profissional, relembrar minha história, minha
essência, fatos que ocorreram na minha infância e vida escolar me motivou a ser uma
professora incrível assim como as que eu tive em todo o processo de aprendizagem até
hoje.
Essa retomada na minha história, serviu para identificar com um olhar pedagógico
os métodos de ensino utilizados pelas minhas professoras, não só isso, como toda a
questão de trabalhar o respeito, a diversidade e a inclusão com os alunos, observei cada
item dos direitos e objetivos de aprendizagem da BNCC, sendo trabalhados comigo na
infância, e a partir disso, a vontade é de fazer e ser cada vez melhor, assim como minhas
professoras.
A inclusão de Libras na educação infantil em escolas públicas de ensino regular,
pode ser um grande desafio. No entanto, é uma ação possível, nessa reta final da
construção deste trabalho, li uma reportagem online, onde uma professora do Piauí,
colocou Libras no currículo escolar para garantir a inclusão de um de seus alunos em
especial, pois ele tem deficiência auditiva.
Esse fato ocorreu na Escola Municipal H. Dobal na cidade de Teresina, no Piaui.
A professora, Josy Silva, decidiu incluir o ensino de Libras para todos os alunos da sala,
com intuito de despertar o interesse do aluno surdo em suas aulas, pois o mesmo se
mostrava desinteressado com os estudos, a pesar dos esforços de vários professores que
ele teve. Ao final do ano letivo, os alunos receberam um certificado de proficiência na
42

língua de sinais. Além de apreenderem empatia e a omportsncia da inclusão para a


sociedade ser mais justa.
A língua de sinais é encantadora, ela tem o potencial de através dela, manter
comunicação com surdos, mudos e além da comunicação tem a expressão de sentimentos
com movimentos faciais e corporais, os quais demonstram emoções como alegria,
tristeza, duvida, confusão e uma pessoa brava por exemplo.
A inclusão é um processo importante para a vida de todas as pessoas,
principalmente daquelas que possuem alguma necessidade especial como os surdos,
altistas ou cegos. Quanto mais ensinarmos Libras, seja para surdos ou ouvintes, mais
interlocutores estaremos formando e com isso abranger ainda mais a sociedade, de modo
a disseminar a língua.
A inclusão da Libras na educação infantil, fará com que a sociedade se torne mais
receptiva a essas pessoas especiais, tratando-as com mais dignidade e respeito, assim se
sentirão incluídas, respeitados e bem recepcionadas, sem julgamentos, olhares ou
preconceito, sendo olhados de igual para igual.
A Pedagogia é um mundo de oportunidades para a formação de uma sociedade
mais digna para todos. É por onde começa a educação social, aprender a lidar com as
emoções e com as diferenças que possam existir a sua frente. Saber lidar com traumas,
medos, inseguranças é importante para si e para os outros. Criar crianças capazes de fazer
diferente, em meio aos mais velhos, que não tiveram a mesma oportunidade de adquirir
conhecimentos em favor da promoção da inclusão como aprender a Libras por exemplo.
Para concluir esse presente Dossiê, deixo minha indignação e rogo pela inclusão
de Libras nas escolas no currículo, utilizando meios didáticos como brincadeiras, jogos
educativos e gramatica conforme o nível de conhecimento dos alunos com vocabulário.
Tudo em um contexto já vivenciado e conhecido pelas crianças, atividades com gravuras
e apresentações de alguns sinais da Libras, trabalhados aos poucos. Com o auxílio de uma
pessoa capacitada para tal função a ela destinada.
43

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA; A, O: FONSECA; M, C. V: LIBRAS: A inclusão do aluno surdo na escola regular. Volta


Redonda, 2019.

BENCHIMOL. L. A. Bilinguismo, educação e escolas bilingues. Rio de Janeiro. 2011.

BRASIL, 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB. 9394/1996. BRASIL.

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Deficiência.

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BRASIL. Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de


2002, que dispõem sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de
dezembro de 2000. 2005. Disponível em: http://www.planalto.gov.br//ccivil_03/ato2004-
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