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RESUMO
O presente artigo tem como objetivo apontar possibilidades para o uso do Romance Hibisco
Roxo para auxiliar a compreensão da colonização inglesa na Nigéria relacionando-o com a
religião Católica, e, por conseguinte mostrar a influência da religião em relações familiares
utilizando como fonte o romance citado da autora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie. A
obra é narrada por Kambili, que conta a história de sua família. Ela é filha do Eugene que é
dono de fábricas de alimento e de um jornal progressista na Nigéria. Este por sua vez teve
educação vinda de um grupo de missionários católicos e através disso se tornou um católico
fervoroso rejeitando tudo que estivesse ligado a práticas tradicionalistas mantendo sua família
sob um rigoroso domínio religioso e com gestos religiosos. Em decorrência da conversão,
Eugene se afasta do pai, adota o inglês como forma de manter-se um homem “civilizado”. Em
suma, a obra em questão poderá auxiliar a entender os processos de colonização inglesa na
Nigéria, para isso se faz necessário discutir o romance como possibilidade de ensino de
História e escolhermos alguns trechos do romance importantes para serem usados em sala.
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Discente do VII semestre em História na Universidade do Estado da Bahia, Campus XVIII Eunápolis.
Endereço de e-mail: jaiseteles@hotmail.com, bolsista de IC do projeto: Novas conquistas e "fortalecimento do
Evangelho" no(s) interior (es) da África: As missões brasileiras Batistas e Assembleianas em Angola e
Moçambique (1974-2017), cuja orientadora é a professora Joceneide Cunha.
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Doutora em História Social, professora da Universidade do Estado da Bahia Campus XVIII – Eunápolis, do
mestrado do PPGEAFIN/UNEB e PPGER/UFSB. Endereço de e-mail: joceneidecunha@gmail.com
Começando um diálogo
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ADICHIE, Chimamanda Ngozi. Hibisco Roxo. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
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https://brasil.elpais.com/brasil/2017/10/01/cultura/1506882356_458023.html acessado dia 24 de janeiro de
2019.
possibilitar a construção de novos mapas mentais sobre os negros. (AMÂNCIO & JORGE,
2008, pp.108-109)
A religião católica foi introduzida em várias colônias por missionários de origens
diversas, no romance se ressalta os missionários e missionárias, os padres brancos ingleses e
as freiras. Essa conversão causava mudanças consideráveis no ambiente cultural e social, bem
como nas relações familiares. Não foi diferente na família de Kambili, uma ibo, nigeriana de
quinze anos, personagem que também assume o papel de condutora do romance Hibisco
Roxo. O tema da conversão também aparece no conto Historiadora obstinada da mesma
autora, também mostrando as mudanças que ocorreram no âmbito familiar, em decorrência da
conversão/colonização.
A Nigéria foi colonizada pelos ingleses, e mesmo após sua independência (1960) a
colonização continuou influenciando o modo de vida de parte da população seja nos aspectos
religiosos, bem como na adoção do idioma, o inglês. Com isso vários costumes chamados no
romance de tradicionalistas perderam adeptos com o tempo. O que seria valorizado era a
“civilização” trazida pelas pessoas brancas. E no personagem do Eugene/Papa temos essa
valorização do idioma inglês, conforme dito anteriormente ele pode ser classificado como
possuidor do complexo do próspero, aspecto que fica visível nessa passagem:
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https://lehaf.paginas.ufsc.br/files/2016/03/Hibisco-Roxo-Chimamanda-Ngozi-Adichie.pdf acessado
dia 1 de dezembro de 2019.
personagem narradora jovem pode provocar empatia entre as alunas e alunos. Pensamos
nessas séries porque são as que comumente são tratados os assuntos referentes à
independência do continente africano.
Conforme já foi citado, a utilização do romance permite atividades interdisciplinares,
entre história e literatura, o cumprimento da lei 10639/03, uma discussão racial, já que há uma
valorização do padre branco em detrimento do padre negro debate sobre respeito religioso.
Como é possível visualizar nesses trechos: ‘... "O padre Benedict já estava em St. Agnes havia
sete anos, porém as pessoas ainda se referiam a ele como "o nosso novo padre". Talvez não
tivessem feito isso se ele não fosse branco.” (CHIMAMANDA, 2013,16) Ou ainda... “Ele
(Eugene) se mostrou gracioso e ansioso por agradar, como sempre era com os religiosos,
principalmente os religiosos brancos.” (CHIMAMANDA, 2013,146).
Este romance, Hibisco Roxo, também possibilita vermos uma representação de África
através da fala de uma mulher ibo nigeriana, o que permite uma diversificação de olhares.
Para Munanga, a inserção de História da África nos currículos possibilita vários
elementos, dentre eles uma construção de cultura da paz, com o término do conflito entre
religiões e entre culturas. (MUNANGA, 2015) E a utilização do romance pode contribuir para
esse ensino e atingir esses objetivos, já que um dos eixos principais do romance é o
catolicismo e os conflitos culturais decorrentes dele.
Também ressaltamos que a literatura possui uma leitura mais acessível e prazerosa
para os alunos que tem dificuldade de leitura de alguns conteúdos dos livros didáticos. E
através da leitura do romance ele pode compreender as mesmas temáticas, e os professores
podem solicitar atividades com o romance que estimulem a escrita dos alunos.
Na tentativa de concluir...
ADICHIE, Chimamanda Ngozi. Hibisco Roxo. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
AMÂNCIO, Iris M. da Costa & JORGE, Míriam L. dos Santos. Literaturas africanas e afro-
brasileira na prática pedagógica. In: Literaturas africanas e afro-brasileira na prática
pedagógica. Org. GOMES, Nilma Lino, AMÂNCIO, Iris M. da Costa & JORGE, Míriam L.
dos Santos. 1ªed. 1ª reimpressão. BH: Autêntica, 2008. Pp.107-126
DORES, Hugo Filipe Gonçalves das. Uma Missão para o Império: Política missionária e o
“novo imperialismo” (1885-1926). Doutoramento em História Especialidade: Impérios,
Colonialismo e Pós-Colonialismo, 2014.
MUNANGA, Kabengele. Por que ensinar a história da África e do negro no Brasil de hoje?
Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, Brasil, n. 62, p. 20–31, dez. 2015.
Sites Consultados:
<https://lehaf.paginas.ufsc.br/files/2016/03/Hibisco-Roxo-Chimamanda-Ngozi-Adichie.pdf>
Acessado dia 1 de dezembro de 2019.