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IFÁ IRÁ CONSERTAR NOSSO MUNDO QUEBRADO

"Pensamentos na Religião e Cultura Yorubá na África e na Diáspora"

(capa)

(índice)

PREFÁCIO

Manter esse trabalho em conjunto não tem sido fácil. A coisa interessante é que não
havia plano para escrever um livro para começar com, mas como as entrevistas
progrediram, ficou claro que um extenso manuscrito estava fora de questão. Para
organizar os diversos assuntos envolvidos nas entrevistas ( conduzida em tempos
diferentes entre outubro 1996 e junho 1997) em um volume coerente tornou-se um real
desafio. Como resultado, não foi inteiramente possível eliminar as repetições em
algumas formas ou outras.

Eu sou grato ao Dr. Ivor Miller que propôs as entrevistas durante nosso primeiro
encontro em Outubro de 1996 na residência do Dr.VIctor Manfredi em Cambridge,
Massachusetts e mais tarde tomou um gosto apurado no trabalho.
Eu devo dizer umas poucas palavras a respeito do próprio Ivor Miller. Um estudante
de longa data e participante nos aspectos culturais dos africanos e afro-americanos,
Ivor Miller tem viajado extensivamente no Oeste Afriacano, na América do Sul, e no
Caribe, especialmente em Cuba aonde ele passou três meses tirando fotos e coletando
videos e conduzindo extensas entrevistas. A experiência e especialidade de Ivor Miller
no campo dos estudos Afro-Caribenhos está evidente em muitas seções deste trabalho.
A extensão da qual um trabalho deste tipo, baseado largamente em entrevistas, é bem
sucedido esta consequencia de um entendimento apurado não apenas das pessoas
entrevistadas, mas também do entrevistador.
A contribuição de Ivor Miller para este volume é muito mais do que de um
entrevistador. Em adição ao trabalho de longas horas em um computador
transcrevendo as entrevistas e auxiliando ao as revisões impressas do trabalho, Ivor
Miller trouxe a este trabalho todas as vantagens de sua experiência e conhecimento da
cultura Yorubá em Cuba o que tem enriquecido imensamente o volume.
O valor principal deste livro, eu acredito, está em providenciar uma discussão geral a
respeito da vasta gama de assuntos na vida yoruba, religião e cultura no Oeste Africano
e nas Américas. As entrevistas induzem a um foco moderno e histórico da cultura
Yoruba no Brasil, Cuba e Estados Unidos da América. Como a religião Yoruba se
desenvolveu muito forte naquelas partes das Américas e se espalhou rapidamente em
outros países, se tornou imperativo estimar a força e pontos fracos a fim de mapear um
claro e estável futuro para o que tem se tornado um mundo religioso. É minha
esperança que este mundo se torne uma adição útil ao debate já em progresso a respeito
da civilização Yoruba tanto em sua base no Oeste Africano como na Diáspora.
Eu tomaria esta oportunidade para expressar meus agradecimentos a Barbara
Neuman, que leu todo o manuscrito e fez sugestões úteis. Eu também sou muito grato a
Tony Vandermeer que me auxiliou de várias formas, especialmente preparando o
manuscrito para publicação bem como com outros aspectos técnicos do trabalho.

Wáñdé Abímbólá
Cambridge, Massachusetts
Julho, 1997.

AGRADECIMENTOS

Nós gostaríamos de agradecer aos seguintes por sua ajuda e aconselhamento:

Susanne Barkan Craig Miller


Jess Boucher Lynn Miller
Jill Cutler Barbara Neuman
Victor Manfredi Joe Platz
Reggie Jackson Christle Rawlins-Jackson
Tony Vandermeer Africana Studies em Vassar College

INTRODUÇÃO

A família Abímbólá é uma das poucas linhagens na Nigéria que nunca se converteu ao
Cristianismo ou ao Islamismo. Desafiando o proselitismo dos missionários chegados
pelo mar, ou os Imans do deserto do Sahara, eles têm mantido suas tradições Yoruba
indigenas de uma geração para outra.
O sistema divinatório de Ifá é a base de muitas culturas no Oeste da África. Na
Yorubaland está intimamente identificado com a história Yoruba, mitologia e religião
e medicina tradicional. Os Yoruba consideram Ifá como o repositório de suas crenças e
valores morais; Ifá incorpora a voz das divindades, chamados Òrìsà, e a sabedoria dos
ancestrais.
Da idade de quatro até os treze anos, Wáñdé Abímbólá tornou-se ele mesmo aprendiz
de divinadores de Ifá, que são também chamados de babaláwo. Em meio a outras
atividades, o aprendiz deve aprender a recitar os versos dos poemas do corpo literário
sagrado de Ifá, que está organizado em 256 capítulos com uma estimativa de 600-800
versos cada.
Muitos anos depois Abímbólá foi consagrado como um divinador de Ifá, uma conclave
de babaláwo mais velhos da Nigéria o selecionou como seu Àwíse, um título o qual ele
carrega até hoje. O Àwíse de Ilè-Ifè é o porta-voz do babaláwo no mundo.
Na idade de doze anos, Abímbóla começou a freqüentar uma escola pública local na
Nigéria. Ele foi o primeiro na sua família a aprender a ler. No nível universitário, ele
desbravou o estudo literário da literatura oral Yoruba. No presente, ele tem escrito mais
de trinta artigos e seis livros no corpo literário de Ifá e seus sistemas divinatórios.
Professor Abímbólá é considerado a primeira autoridade viva em religião e literatura
oral Yoruba.
A carreira de Abímbólá como acadêmico e embaixador cultural está ligada diretamente
aos assuntos chave emergência na nação Nigeriana, particularmente o relacionamento
do governo parlamentar com os líderes tradicionais e o desenvolvimento de um sistema
de educação efetivo. Os estudos acadêmicos da linguagem Yoruba e religião começaram
por meio dos esforços do Professor Abímbólá e seus colegas. Em 1963, o ano em que a
Nigéria tornou-se uma república, Abímbólá foi o primeiro acadêmico nomeado para
estudar a cultura Yorubá na Universidade de Ìbàdàn. Ele foi para a Universidade
Northwestern aonde ganhou o grau de Mestre em linguística, e mais tarde na
Universidade de Lagos, ele alcançou o Ph.D. em Literatura. Em 1972Abímbólá se
mudou para Ilè-Ifè para auxiliar no estabelecimento de um departamento de Línguas e
literatura Africana. Ele foi Professor de Línguas Africanas e Literatura na
Universidade de Ilè-Ifè por quatorze anos, mais tarde teve a função de Vice-Chanceler
(presidente) da Univerdisade por sete anos.
Em 1992 Abímbólá foi eleito como o Lider Majoritário do Senado da Nigéria. Ali ele
planejou para mudar a política educacional do país, que ainda reflete o sistema colonial
Britânico. Infelizmente, este governo eleito foi deposto pelos militares em 1993.
Ciente da importância do Òrìsà Yorùbá nas Américas, o Prof. Abímbólá auxiliou a
inaugurar o Congresso Internacional da Tradição de Òrìsà e Cultura em 1981.Ele foi
eleito o Presidente do Congresso e Líder da Direção do Comitê Internacional. O
congresso se reuniu cinco vezes, duas no Brasil, duas na Nigéria, e este ano em São
Francisco.
Neste volume nós construímos uma vasta linha de assuntos relatados pelo povo Yorùbá
do Oeste Africanao e dos Yorùbá na diáspora das Américas. Nós organizamos isto em
onze partes. A primeira é um enunciado introdutório sobre os quatro elementos
essencias de uma religião: Texto ( se oral ou escrito), iconografia, rituais e compreensão
do mundo. Abímbólá demonstra como estes elemento, quando encontrados nas religiões
indígenas Africanas, tem sido atacados pelas pessoas de fora, até mesmo paralelos são
encontrados em algumas religiões. Um verso de Ifá sugere que conflitos nas sociedades
africanas podem ser evitados por meio da tolerância religiosa.
Na segunda parte Abímbólá discute o relacionamento do povo Yorùbá para um
equilibrio natural com a mitologia Yorùbá. Por que as divindades Yorùbá já se
transformaram em flora e fauna, Abímbólá argumenta que a natureza é respeitada pelo
Yorùbá tradicional sendo superior a humanidade. Ele interpreta um verso da literatura
sagrada de Ifá que diz que nós humanos devemos mudar radicalmente nossas relações
de exploração com humanos do mesmo tipo bem como com a natureza se nós quisermos
sobreviver no mundo.
A terceira parte é baseada em entrevistas relacionadas as missões de Abímbólá como o
Àwíse de Ilè-Ifè, ou porta voz do Babaláwo no mundo. Porque os Yorùbá foram para o
Caribe e para as Américas através do comércio escravo, derivações de suas religiões são
praticadas hoje em dia em Cuba, e Trinidad, bem como nos U.S.A através de todos esses
países.
Abímbólá tem estado viajando através da Diáspora Yorùbá a fim de construir pontes
entre os devotos das divindades Yorùbá, para educá-los sobre a cultura contemporânea
Yorùbá no Oeste da África.
Na quarta seção Abímbólá fala sobre sua família, sua região natal de Òyó, Nigéria, e
suas próprias experiências como um divinador de Ifá, educador, político, e líder
espiritual.
A quinta seção contem uma discussão dos elementos centrais da mitologia Yorùbá, os
nomes e características de divindades específicas (Òrìsà), bem como esta mitologia está
relacionada com o sistema de realeza Yorùbá, com a medicina Yorùbá, o alto valor do
nascimento de gêmeos Yorùbá, e até mesmo os assuntos contemporâneos da ecologia.
A sexta parte examina como o sistema de divinação de Ifá é relacionado com a sociedade
indígena Yorùbá, e como sua vasta literatura oral é executada durante a divinação.
Há um conceito popular equivocado de que a escravidão eliminou as práticas culturais
africanas trazidas para as AMéricas, mas a sobrevivência prova que isto é falso, existe
em Cuba e Brasil aonde a tradição do òrìsà teve sucesso em grandes comunidades. A
divinação de Ifá se estabeleceu em Cuba no século dezenove, aonde existe até hoje e
daonde tem recentemente se espalhado para o México, Colombia, Venezuela e U.S.A .
Na sétima seção nós discutimos os assuntos complexos das religiões Yorùbá-derivadas
e linguagem em Cuba, chamada Santeria, ou a religião Lukumí (Lùkùmi). Um dos
grandes problemas metodológicos na incompreensão das culturas e linguagens
derivadas africanas no Caribe é encontrar pesquisadores que entendam tanto a
linguagem ritual africana (frequentemente usada exclusivamente pelos líderes
tradicionais), e a região Caribenha, sua particular linguagem européia, seu contexto
histórico, bem como as religiões praticadas pelo seu povo local. Nossa discussão
soluciona muitos destes problemas, oferecendo informações originais e novas
perspectivas sobre o impacto da cultura Yorúba em Cuba.
Em muitas culturas africanas Sub-Saarinas, tambores são entidades vivas, e aqueles
dos Yorúbá não são excessão. Na oitava seção nós comparamos anotações entre os
tambores derivados Yorùbá em Cuba e os da Nigéria .
Nós discutimos a divindade do tambor Bàtá conhecido como Àyàn, a importância da
linguagem no tambor, e o fenômeno da literatura do tambor.
Seção nove nasceu com uma avaliação de Abímbólá dos cantos Lukumí (Lùkùmi)
gravados em Matanzas, Cuba em 1940.
Sua identificação de específicos dialetos Yorùbá em Cuba nos auxiliam a mapear o
padrão da migração dos povos, e entender como seus descendentes tiveram sucesso ou
falharam em manter a linguagem e como gradualmente se tornou uma segunda e antes
de mais nada uma linguagem ritual. Nós também discutimos os problemas da tradução
dos termos religiosos Yorùbá para línguas européias que não tem termos comparáveis.
Porque a linguagem Yorùbá não tem gêneros específicos nos pronomes, traduzindo
para a língua européia com seus gêneros altamente especificos é problematica.
Na décima seção nós discutimos a herança colonial na educação contemporânea da
Nigéria. Abímbólá argumenta que a fim de assegurar a estabilidade futura das nações
africanas, a cultura indígena (música, dança, artes, etc) e línguas devem ser ensinadas
em todos os níveis de escolaridade na África, em conjunto com as ciências.
Na décima primeira seção está um glossário de termos Yorùbá usados por toda parte
do texto com traduções em inglês, bem como em versões em Cubano e Brasileiro destes
termos.
Estudar em primeira mão sobre a Diáspora Africana requer um trabalho intensivo e
de tempo integral de colaboração com as entrevistas dos mais velhos. A natureza
interdisciplinar deste trabalho é tanto de rigor intelectual e excitante. Tem sido um
enorme privilégio trabalhar com Wáñdé Abímbólá.

Ivor Miller
Amherst, Massachusetts
Julho, 1997.

(foi pulada a página sobre a tipografia da escrita Yoruba)

O SR. À FORÇA E A DESTRUIÇÃO DO MUNDO (1)

( de uma palestra em Vassar College em 15 de abril de 1997)

O que nós queremos dizer quando falarmos de Religião "tradicional" africana?

Quais são as características significantes destas religiões que são provavelmente


diferentes de algumas das outras bem conhecidas no "mundo" religioso, especialmente
o Judaísmo, Cristianismo, Islamismo, Budismo, e Hinduísmo?

Toda religião, se é chamada de tradicional ou não, tem quatro aspectos principais. Um:
Tem um texto sagrado, se este texto é escrito ou não. Dois: toda religião tem uma
iconografia, até mesmo o Ilsã, que olha negativamente para a iconografia figurativa.
Três: toda religião tem rituais. O quarto ítem é uma filosofia, ou um modo de ver o
mundo, se você desejar, que coloca todas essas outras áreas juntas coerentemente
dentro de sua própria lógica.

Em todas essas quatro áreas, as religiões africanas tem sido sitiadas por séculos. Por
exemplo, dificilmente há uma religião no mundo que não tem a crença em um ser
superior, exceto o Budismo, no qual a idéia de um ser supremo não é tão concreta. A
maioria das outras religiões de alguma forma tem sua idéia de um ser supremo.
Os povos indígenas de todo lugar da África acreditam em seu próprio deus superior.
Entre os Yorùbá seu nome é Olódùmarè ou Olórun. Na maioria das religiões da África,
o deus superior é toda a justiça suprema, mas ele distribui muitas de suas funções com
algumas outras divindades. O deus superior em muitas sociedades africanas não se
assemelha completamente ao deus cristão, ou a Allah do Islamismo. Em alguns casos,
especificamente entre os Yorùbá, há algumas divindades que não foram criadas pelo
deus superior, portanto aquilo que nós encontramos é um tipo de monoteísmo limitado,
não um monoteísmo total.
O sistema de crença de um povo espelha sua organização social. Isto deixa-nos com a
questão se Deus nos criou, ou nós criamos Deus! O deus supremo Yorùbá, por exemplo,
criou o Òrun (céu). Mas as divindades criaram o Ayé (terra). Depois da terra ter sido
criada pelas divindades que desceram do céu penduradas em uma corrente de ferro, a
vegetação surgiu.
Animais também foram trazidos para baixo do céu, e os seres humanos foram criados
pelas divindades, ou particularmente por uma junção de esforços entre as divindades e
Olódùmarè, o deus supremo.
Uma das divindades, cujo nome é Obàtálá, moldou os seres humanos com barro(argila).
Ele moldou os de um esqueleto fornecido por Ògún, a divindade do ferro. Então,
Olódùmarè forneceu o hálito de força vital. Ele foi até o armazem na casa aonde
Obàtálá guardava todos seus trabalhos de humanos moldados em barro, e soprava o
hálito da vida em suas narinas. Até o Yorùbá, e alguns outros povos Oeste africanos são
relacionados, o coração, que é conhecido como Èmí, é uma filha de Olódùmarè. É
apenas quando saca sua filha do corpo de uma pessoa viva que esta pessoa é considerada
morta. Pela definição, uma pessoa está morta quando Èmí, a filha de Olódùmarè dentro
dele ou dela, escapa. Se você alguma vez esteve na presença de alguém que estava
morrendo, você pode observar que há um espasmos causado quando Èmí está
escapando do corpo da pessoa.
Olódùmarè não é exatamente o mesmo como o deus cristão que criou a Terra, humanos
e todo o restante. Olódùmarè dividiu suas funções com certas outras divindades. Após
a terra ter sido criada, vegetação surgiu, animais surgiram, e humanos foram criados,
as próprias divindades desceram do Òkè àrá, uma montanha no (vincinity) de ilé-Ifè.
Mas quando as divindades partiram, após terem cumprido sua missão, eles próprios se
transformaram em forças da natureza. Muitos deles agora residem na crosta da terra,
ou têm surgido na superfície para se manifestarem como rios, montanhas ou lagos, em
alguns casos como árvores, ou metais, como o ferro. Todos os rios de Yorubaland são
divindades. Todas as colinas e montanhas são divindades, e eles são cultuados pelo povo.
A própria Terra é sagrada! Enquanto um corpo de fato, a Terra é uma divindade.
Então, há dois céus: um a cima, de onde as divindades desceram para abrir caminho, e
outro um abaixo, que as divindades escolheram como seu lugar de descanso final, e para
onde os ancestrais vão. Quando morrem as pessoas, eles não são enterrados no céu, eles
são enterrados dentro do solo.
Talvez pela falta do entendimento da filosofia por trás das religiões tradicionais
africanas, o assunto o monoteísmo tenha se tornado muito político. É o fixo no trabalho
de muitos evangelistas cristãos e islâmicos na África dizer que os africanos não
acreditam em um deus. Isto é particularmente devido ao fato de que eles vêem os
afriacnos venerando em um diário baseado são suas divindades que estão perto deles
mais que o próprio Olódùmarè. Por exemplo, o deus supremo Yorùbá, Olódùmarè,
quem reside no céu, não tem uma literatura própria. Ele não tem seu próprio sacerdote.
Ninguém faz sacrifícios para Olòdúmarè, nenhum ícone ou imagens são feitas dele.
Deixe-nos examinar outras idéias dos Yorùbá a respeito do universo. O cosmos Yorùbá
é dividido em duas metades. A metade do lado direito está habitada pelos poderes
sobrenatuais benevolentes, o a metade do lado esquerdo é habitado pelos poderes
sobrenaturais malévolos coletivamente chamados de Ajogun.(1)
(Diferenciações simbólicas de direita e esquerda são virtualmente classificações
culturais universais entre os seres humanos. "Richard C.Martin, "Esquerda e direita",
The Enciclopedia of Religion, Vol.8 Mircea Eliade, Ed. in Chief (Nova York,
Macmillan, 1987) 495. Em Latim, a palavra para "esquerda" é sinistro, e a palavra
para "direita" é destro."[IM])
Os poderes benevolentes são as divindades de que eu tenho estado falando. Os malévolos
tem oito importantes comandantes. Eles são Ikú (morte), Àrùn (doença), Òfò (perda),
Ègbè (paralisia), Òràn (grandes problemas), Èpè (praga/maldição), Èwòn
(aprisionamento, que tem se tornado mais ou menos um poder sobrenatural em
algumas sociedades contemporâneas). O último deles é Èse (todas as outras aflições não
mencionadas pelo nome); por exemplo, dor de estômago é um Ajogun. Dor de cabeça e
lepra também são Ajogun. Os poderes malévolos sobrenaturais da esquerda são 200+1.
Os Òrìsà, ou divindades que habitam a metade do lado direito do universo, são 400+1.A
idéia de "Mais um" denota o princípio de um possível acréscimo no número de poderes
sobrenaturais em ambos os lados do universo. Este é o motivo pelo qual nós somos
capazes de ter novas divindades e novas doenças como a AIDS nos tempos modernos.
Quando os povos africanos entram em contato com uma nova religião, eles tendem a
domesticá-la, e colocar dentro de seu próprio panteon. Este é o porque do cosmos
Yorùbá ser um alfabeto mítico elástico e cheio.

Como então que as forças malévolas e benéficas coexistem no universo?

O assunto deve ser enfatizado de maneira correta que não há coexistência pacífica
entre os dois poderes. Eles estão sempre em conflito. Os poderes sobrenaturais da
esquerda que são malévolos estão em acréscimo sempre lutando contra os humanos.
Então, o assunto mais importante no nosso próprio lado do cosmos é o conflito. Conflito
ao invés da paz é a ordem do dia.Não há nada que você possa fazer estando em conflito
com alguma coisa ou algum outro. Quando você toma café da manhã, ou almoça, você
não tem apenas estado em conflito, você possivelmente está tomando a vida de algumas
outras coisas no universo. Quando você sai de seu carro, quando você arruma sua
grama, você talvez tenha matado insetos, plantas, e outros seres frágeis.

Mas como podemos então nós ter paz em nossa própria parte do cosmos?

Para a maioria dos povos africanos, sacrifício é uma tentativa de reorganizar as forças
do universo a fim de que possam trabalhar para nós, como um resultado do qual nós
temos paz. Sacrifício deve envolver o nível humano do universo e os poderes
sobrenaturais benevolentes, assim como ambos estão do lado direito, bem como os
poderes sobrenaturais malevolos que estão no lado esquerdo.
Sacrifício é uma tentativa dos seres humanos de mandar uma mensagem para todos
esses poderes sobrenaturais do universo, relativos aos nossos próprios assuntos.
Quando todos os poderes sobrenaturais aceitam nosso sacrifício, todos se comprometem
a trabalhar para nós, e nós podemos alcançar a paz.

O povo Yorùbá faz uso de muitas das galinhas em seus sacrifícios. Por que é a galinha
usada?

A galinha acompanhou as divindades do céu para a terra. Ela era umas das que raspou
o solo que as divindades trouxeram do céu e espalhou o em todas as direções antes da
terra seca aparecer da substância líquida primordial. Todo lugar um grão de areia
tocou imediatamente se tornou sólido. A galinha foi o primeiro habitante da terra, e
para nós não há problema em esclarescer o enigma, "Quem veio primeiro, a galinha ou
o ovo?"A galinha veio primeiro, do céu! Parece ser uma tendência humana
fundamental que quando alguma coisa nos serve bem, nós tendemos a transformá-la de
uso contínuo. Um bom exemplo é o cavalo, um outro exemplo é o camelo. Assim, quando
os seres humanos querem enviar uma mensagem espiritual para o céu, nós
relembramos da galinha e dizemos, "Oh, sim, ela foi quem nos acompanho aqui. Ela
conhece tanto o céu e a terra muito bem. Então, se nós queremos mandar uma
mensagem codificada para o céu, por que não mandar a galinha?"
O sacrifício tem sido o centro de uma controvérsia entre muitos acadêmicos, sem
mencionar milhares de evangelistas que ainda estão ativos na África. Sacrificio africano
tem sido muito mal compreendido. Para os Yorùbá, sacrifício é um modo para
reorganizar o universo em favor do ser humano. Os africanos acreditam que a
verbalização não é o suficiente na relação de alguém com o sobrenatural. Como
podemos nós estarmos certos de que Olódùmarè fala nossa língua, ou todas as línguas
do mundo? Como fazem os animais tanto grandes como pequenos, que não falam
nenhuma língua de todas, ou pelo menos que não falam nenhuma língua compreensível,
se comunicarem com olódùmarè?
Pensar nas formigas, baratas e como desenvolveram seu sentido do olfato. Se você
colocar mel em uma mesa a noite, você está certo de encontrar formigas lá no dia
seguinte. Daonde elas vieram? Seu olfato é muito mais apurado que o nosso. Não há
motivo para nós pensarmos que elas não são nada e nós tudo. Muitos povos não podem
cheirar o sal, ou açúcar, já se nós colocarmos açúcar em uma mesa, formigas irão lá.
Elas o tem cheirado. Este é o porque quando fazendo sacrifício, verbalização não é
suficiente. Quando fazendo sacrifício, nós enviamos mensagens simbólicas para o
mundo sobrenatural as quais são freqüentemente acompanhadas de verbalização.
Sempre que um sacrifício é colocado junto a e dado para a divindade que nós cultuamos,
há uma divindade trapaceira que reparte os elementos para ambos os lados direito e
esquerdo do universo.
Esta divindade trapaceira é conhecida como Èsù. Ele é uma divindade benevolente, mas
todas as 200+1 divindades maléficas são também seus meninos de recado. Èsù se reporta
diariamente a Olódùmarè.
Este é o motivo pelo qual o deus supremos entre muitos dos povos africanos parece tão
distante. Cristãos frequente dizem, "Vá falar com Deus, leve seu problema a Ele." Isto
não acontece em muitas das religiões africanas porque tanto as divindades benéficas
como as maléficas do universo são garantidas por este mesmo Ol´dùmarè. Ele deu o que
nós chamamos àse para cada parte. (1)
(Àse é o peder sobrenatural que Olódùmarè usou para criar o universo. Àse era
originalmente uma expressão verbal para Olódùmarè que foi mais tarde materializado
em um chifre aminal, cópias do qual foi dado a Obàtálá, Èsù, e algumas das outras
divindades, e que capacitou-os a executar façanhas sobrenaturais também. {WA})

Por que ele o fez?

Por que ele conhece que há sempre dois lados a todos os problemas. Quando você fala
a respeito de "bem", você já tem pressuposto "mal." Não haveria bem se não houvesse
o mal. Olódùmarè deu àse para a metade do lado esquerdo, com ele deu àse para direito
do universo.
Se, por exemplo, alguém está doente, e um sacrifício é prescrito por um divinador, este
sacrifício tende apenas para a metade do lado direito das divindades, mas também para
os poderes sobrenaturais da esquerda. Humanos não dão sacrifícios diretamente para
os poderes sobrenaturais na esquerda, eles os dão para suas próprias divindades, que
estão na metade do lado direito. Mas Èsù, que distribuios elementos para ambos, é o
único que recebe todos os sacrifícios e que então irá repartí-los com o lado esquerdo
bem como o direito. Desta forma, todos ficam felizes. Èsù irá pegar o sacrifício, dividí-
lo com os poderes na direita, e com os poderes na esquerda. Èsù ordenaria então aos
poderes sobrenaturais maléficos que estão afligindo a vítima que o deixem fora do seu
abraço. Desta forma há uma paz temporária, ou um cessar fogo, por um pequeno
momento. Amanhã talvez, claro, sendo outro dia, e que é a necessidade continuar a
fazer mais e mais sacrifícios.
Este modo de ver o mundo é muito mal compreendido, especialmente na Europa e nas
Américas. Esta é uma visão de mundo muito interessante porque o que é relembrado é
que vocês são tão largamente responsáveis por seu próprio aprimoramento. Se vocês
querem modificar sua própria condição, vocês devem fazer sacrifício. Paz não é
extendida como um tapete na frente de ninguém, deve ser criada! Qualquer um de vocês
tem o que pode sacrificar, ou fazer entrar a fim de o universo possa ser reordenado a
seu favor, é seu próprio sacrifício. Talvez não seja sempre na forma de sangue ou
comida sacrificial. Talvez seja serviço comunitário. Quando uma viúva se oferece para
limpar o altar de Ifá a cada quatro dias, canta e dança lá, ela está fazendo um sacrifício.
A noção Yorúba de sacrifício é uma contribuição importantte do pensamento religioso
da África, mas tem sido frequentemente incompreendido.
Outro aspecto das religiões africanas que não é bem compreendido, e que tem sido
objeto de muita controvérsia, é a matéria dos textos orais sagrados. Um dos motivos
que os povos olham com desdém para as religiões africanas é por causa que eles não
tem um livro. O islamismo tem seu Alcoorão, cristianismo tem sua bíblia. As pessoas
frequentemente esquecem que estes textos sagrados primeiro existiram oralmente antes
que fossem por fim escritos. O budismo levou trezentos anos para escrever seus
próprios livros sagrados. Não há religião que não tenha um livro, mesmo se este livro é
escrito ou não.
Outra área que é incompreendida é esta iconografia. As pessoas frequentemente acham
que são nas imagens que os africanos acreditam, enquanto que eles são apenas
representações. A verdade é que não há religião sem sua própria iconografia, o crucifixo
católico, as imagens da Virgem Maria, e os pingentes de cruz que os cristão usam são
todos ícones cristão. O rosário muçulmano é também um ícone do islamismo, sem falar
da Kabbah que orienta os romeiros em Meca. Não há quem é tolo o suficiente para
saudar árvores ou rochas se aqueles objetos não estão relacionados com um ser
espiritual superior.
As religiões indígenas africanas tem também sido muito duramente adulteradas em
matéria de rituais. O uso do sangue animal no sacrifício Yorùbá e a necessidade de
nutrir os ícones e as representações naturais e figurativas da religião sem sido atacadas
como "fetichismo" ou "primitivas." Mas quando os muçulmanos abatem milhões de
carneiros em um único dia para celebrar seu festival anual Id El Fitr, ninguém se queixa
sobre as toneladas de sangue derramadas em um único dia. Quando um sacerdote
Católico Romano aplica incenso em sua igreja ou quando um Pastor Protestante dá a
comunhão sagrada em uma igreja Batista, este não é visto como um ritual. O fato é que
não existe religião sem um ritual próprio, e esses rituais, é claro, variam de uma religião
para outra.
Os temas políticos não são de grande importância contemporânea quando
mencionamos religião. Muitas das religiões do mundo em nosso meio tem começado a
se radicalizarem, e se tornaram intolerantes. Muitos dos países africanos são sociedades
multi-étnicas, multi-linguísticas. Não existe modo de uma sociedade plurarista poder
sobreviver se não há doutrina de tolerância até o ponto que se acredita ser possível. É
uma coisa boa que o conflito que nós vemos na televisão, ou lemos a respieto nos jornais
a respeito de muitos países africanos, não tem se manifestado em termos religiosos, até
agora, a excessão de alguns países no norte da África.
Suposto que muitas das elites modernas da sociedade africana tem sido cristianizada,
ou islamizada. A coisa interessante é que uma vez que você deixou o laço público de um
modo de viver similar ao qual mantem o povo africano junto, o que você tem é uma luta
entre os mundos religiosos conflitantes do Islamismo e Cristianismo e seus inúmeros
segmentos. Isto é algo que nações construídas na África têm que observar muito
seriamente se nós queremos co-existir em uma sociedade pluralista.Até além de hoje da
Nigéria, bispos e líderes islâmicos vão ao BABALÁWO para divinação. QUando eles
estão estabelecendo uma nova igreja ou mesquita, eles irão a um Babálawo e dizem,
"Por favor, nos dê um talismã para colocarmos no solo a fim de que muitas pessoas
venham a minha igreja ou mesquita!" Eu conheço um pastor protestante que faz
divinação com dezesseis búzios e há muitos grupos cristãos na África cujos membros
tomam banhos espirituais com ervas. Todas essas coisas podem parecer engraçadas,
mas elas tem acontecido, e há algumas pessoas que constroem pontes entre o que tem
previamente dividido o povo. Como eu estou falando agora, eu tenho certeza que há
lugares em Yorubaland aonde controntamentos estão continuando neste entre os
tradicionalistas e os muçulmanod, ou entre os tradicionalistas e cristãos, ou entre os
segmentos competidores do islamismo. Não há modo que os países da África possam
sobreviver se nã há tolerância religiosa.
Um verso de um capítulo de Ifá conhecido como OGBEDI relata este problema.
Conta a estória de uma criatura, um a criatura obscura que é conhecida como Kankna.
Eu traduzi Kankan como Sr. À Força, que fazia tudo pela força. Ele contratou todos os
seus vizinhos em um trabalho coletivo em sua fazenda. Nas áreas rurais da África,
quando o povo constroe suas próprias casas, eles não requerem nenhuma hipoteca. Eles
irão chamar seus vizinhos, alguns dos quais são carpinteiros, pedreiro, pintores, e
pessoas que conhecem como construir um telhado. Todos eles trabalhariam juntos em
uma casa e a terminariam, e a família se mudaria para lá. Isto ainda é feito na África.
Amanha quem sabe se suas próprias fazendas que precisarem de ser carpidas, ou seus
próprios telhados precisem ser consertados, e então eles convidarão as mesmas pessoas
para virem e auxiliá-lo. Isto era o que o Sr.À Força queria fazer.
O gafanhoto foi a primeira pessoa que ele convidou. Ele foi ao gafanhoto e disse,
"Sr.Gafanhoto, eu quero lhe pedir a vir e trabalhar para mim. É para ser um trabalho
de sete dias a contar de hoje em minha fazenda." Gafanhoto disse, "Sim, você é uma
pessoa muito gentil. Eu gostaria de trabalhar para você, por que você trabalhou para
mim antes. Mas eu estou certo que você entende o meu problema." O Sr.À Força
replicou, "Qual é o seu problema?" Gafanhoto disse, "Você conhece a Sra.Galinha?"
Ele disse, "Sim, eu conheço." Ela disse, "ELa é minha inimiga! Se ela me vir e meus
filhos ela nos matará! Mesmo que ela não coma mais do que um gafanhoto, se ela vir
vinte gafanhotos, ela matará todos nós! Você irá convidar a Sra. Galinha?" O Sr.À
Força disse, "Galinha? Aquela uma com penas flutuando por toda parte? Que trabalho
ela pode fazer? Eu não estou indo convidá-la de jeito nenhum." Então gafanhoto disse,
"OK, neste caso eu irei."
Imediatamente o Sr.ÀForça deixou gafanhoto, ele foi à galinha. Ele disse, "Sra.
Galinha, eu preciso que você trabalhe para mim por sete dias a contar de hoje." Galinha
disse, "Sim, eu gostaria de trabalhar para voce. Mas eu tenho um problema." Ele disse,
"Qual é o seu problema?" Ela disse, "Você conhece o Lobo? Ele é meu inimigo. Se eu
produzir vinte pintinhos, ele ira matar todos nós. Ele até mesmo não deixaria meu
marido o galo sozinho, ele tem que matar todos nós! O Lobo está indo?" Sr.À FOrça
disse, "Nãooooo! Quem está indo convidar o lobo?" Logo após aquilo, ele foi convidar
o Lobo. Lobo chamado Cão como seu próprio inimigo. Cão chamado Hiena como sua
inimiga. O inimigo da Hiena era o caçador. O inimigo do caçador era a víbora. O
inimigo da víbora era a bengala. O inimigo da bengala era o fogo. O inimigo do fogo
era a chuva. E o inimigo da chuva era a aridez. Sr. À Força. convidou todos eles. E ele
convidou o orvalho por último deles.
No dia marcado, gafanhoto foi a primeira pessoa a chegar. Ela disse, "Oh, eu sou a
primeira a chegar? Aonde estão meus colegas?" Sr. À Força disse, "Apenas sente se
você quiser." Poucos minutos depois, Sra.Galinha apareceu. Gafanhoto disse, Porque o
Sr.À Força convidou esta mulher? Então, eu irei morreu hoje?" Tão logo a Sra. Galinha
viu gafanhoto, ela disse, "Sr.À Força, muito obrigada! Aaaah! Este trabalho coletivo
vai ser muito agradável. Então, convidou gafanhoto para meu almoço? Oh, isso é bom!
Bem, Eu estou indo negociar com você gafanhoto. Eu não estou com fome justamente
agora. Muito logo eu irei fazer justiça a você."
Depois da Sra. Galinha ter entrado, veio o Lobo. Galinha esta prestes a voar pela janela.
Lobo disse, "Oh, então você toruxe essa mulher? Eu a segui por todo lugar ontem!
Como você conseguiu mantê-la aqui? Oh, muito bom!" Quando o lobo estava se
ajeitando, apareceu o Cão. O Lobo disse, "Ha! O que eu estou fazendo aqui agora?" O
cão disse, "Isto é muito agradável. è muito agradável. Você ainda está por perto? Eu
pensei que tinha matado todos de vocês!" Logo, ele deu as boas vindas a Hiena. O Cão
defecou em suas próprias pernas! Pouco tempo depois, veio o caçador. Todos eles
vieram. Sr.À Força disse, "Meus amigos, é hora, Vamos. Me sigam!"
Quando eles alcançaram a fazenda, Sr.À Força colocou cada criatura próxima a seu
inimigo. Ele colocou gafanhoto em um lado, galinha proxima ao gafanhoto, Lobo
próximo a galinha, cão próximo ao lobo, Hiena próximo ao cão, caçador próximo a
Hiena, Víbora Gaboon próxima ao caçador, bengala próxima a víbora, fogo próximo a
bengala, chuva próxima ao fogo, aridez próxima a chuva, e colocou grão de orvalho
próximo a aridez no outro lado da fazenda. Ele disse, "Meus amigos, é hora, vamos ao
trabalho." Eles começaram a trabalhar.
É costume que uma pessoa que convoca outras em um trabalho coletivo também
cozinha para seus convidados e fornece água para eles beberem. Quando foi hora de
almoçar, todos sentariam sob uma árvore, lavariam suas mãos e então comeriam. Mas
Sr.À Força não fes nada para todos eles. Quando foi por volta de duas da tarde,
gafanhoto foi o primeiro a bocejar aos berros. Ela disse, "Oh, este trabalho coletivo do
Sr.À Força, eu estou com fome!" Galinha disse, "Vocês estão com fome?" Ela atacou
gafanhoto. Lobo atacou a galinha. Cão atacou o Lobo. Hiena mordeu o cão. Caçador
mudou de posição e "kaaa!", atingiu a Hiena com sua arma. QUando ele mudou um pé
para trás, a víbora o picou. Bengala, "Fààà", golpeou a víbora. Fogo veio à tona do
outro lado da bengala. Chuva se pôs sobre o fogo. Aridez aniquilou a chuva.
O Orvalho era a única entidade que não tinha nenhum inimigo. Começou a cair, cair, e
caiu em cada um deles. Quando seus corpos se tornaram com partes frias, eles não
tiveram alternativas, eles começaram a auxiliar uns aos outros a levantar. Gafanhoto
tinha se unido a galinha, e disse, "Veja, eu perdi uma de minhas asas." Galinha disse,
"Oh, veja minha perna, está quebrada." Aqueles que não estavam completamente
mortos começaram a abraçar uns aos outros, e eles se direcionaram para o centro da
fazenda. Eles disseram, "não é hora para nós fazermos um novo pacto? Nós não
podemos continuar assim. Gafanhoto disse, "Veja, Sra. Galinha eu seu que sou seu
almoço, eu sou seu café da manhã, e eu também sou seu jantar, eu e todos os meu filhos.
Mas o que eu estou pedindo por isto: supondo que hajam cem gafanhotos voando ao
redor, você e seus filhos comerão em torno de dez ou vinte, até vocês estarem satisfeitos,
por que você não permite ao restante de nós ir em paz!" Galinha disse, "Você sabe, eu
tenho o mesmo problema com o Sr. Lobo! Quando ele vem nos caçar, ele matará todos
os meus pintinhos. Se eu não voar para longe, ele me matará e até mesmo o galo! Eles
disseram, "Deixe-nos fazer um novo acordo." Então eles disseram:

Ogbèdí kákááká,
Ogbèdí kunkunkun,
Kí gànmùgànmù rè,
Ó mó ba à se ta jáde.
A dífá fún Kankan,
Tí ó lo lè é be Tata lówè,
Yóó be àgbébò adie lówè.
Yóó be kòlòkòlò,
Yóó be ajá.
Yóó be ìkookò,
Yóó be Ode
Yóó be Oká,
Yóó be òpá.
Yóó be iná,
Yóó be òjò,
Yóó be òdá.
Yóó be ìrìwòwò kanyìin won.
Kankan ló wáá bayé jé lónìí o.
Ìrìwòwò wáà tun se.
Ìrìwòwò wáà tun se.
Èyiìn ò rí kankan tó bayé jé lónìí o...
Ìrìwòwò wáà tun se. (1)

(Este verso de Ifá está escrito na forma completa em Wande Abímbóla, 16 Grande
Poemas de Ifá, [Unesco, 1975] 411- 446)

Ogbèdí alguém rude,


Ogbèdí algém forte,
Não permite a grosseria avançar
Para ser vista.
Não as permite sair para fora.
Divinação de Ifá foi feita para Kankan
Quando ele estava indo pedir ao gafanhoto pelo trabalho coletivo.
Ele chamou galinha,
Ele chamou lobo,
Ele chamou cachorro,
Ele chamou Hiena.
Ele chamou caçador.
Ele chamou bengala,
Ele chamou fogo,
Ele chamou chuva.
Ele chamou aridez.
Ele chamou orvalho grosso depois de todos ele.
Fazer as coisas pela força tem destruído o mundo de hoje.
Gotas de orvalho, venham e façam consertos.
Gotas de orvalho, venham e façam correções.
Você não vê, como fazendo coisas pela força tem estragado o mundo de
hoje...
Gotas de orvalho, venham e façam consertos.

(pág.13)

PROCURADO: UM NOVO ACORDO(1)

( De uma palestra na Universidade de Harvard, Maio, 1997)

Ko mò mò ní torí wa bàjé o.
Ko níí torí wa bájé o.
Ayé ò ní torí wa bàjé o.
Ifá o tun un se.

Não iremos destruir nosso próprio tempo.


Não iremos destruir nosso próprio tempo.
O mundo não será destruído em nosso tempo.
Ifá irá consertá-lo.

A grande parte da áre Yorùbá do Oeste da África está situada em uma região que estava
coberta com algumas da melhores florestas tropicais e um luxiriante território de
savana da África. Cinquenta anos atrás,antes daquelas florestas se tornarem esgotadas,
elas eram habitadas por elefantes, leões, leopardos, gorilas, macacos, primatas de
diferentes tipos; muitas espécies de pássaros como igún (falcão/águia), àkàlà (horn-bill),
tè`ntèré ( o comedor de corpos), agbe ( o turacoo azul), odíderé (papagaio), etc. As
florestas de Yorubaland foram também a casa de árvores famosas como o resistente
Ìrókò, àràbà (árvore de algodão), osè (o eternod baobá, alguns dos quais podem viver
por quatrocentos anos), igi-nla (a árvore poderosa, um única delas que forma uma
sombra e uma folhagem que pode cobrir um acre de terra), e várias espécies de cactos
como oró agogo (assim chamado por causa de forma como gongos) e oró adétè (cactu
da lepra).
O ambiente natural dos Yorùbá também incluem vários arbusto maravilhosos e folhas
medicinais como ew´w iná (literalmente traduzido como "folha de fogo" por queimava
como fogo), èsìsì ( que também queima e coça), ipín (árvore de folhas de lixa), Làbelàbe
(que corta como faca), èèsún (grama gigante da floresta), e mèrùwà (grama gigante de
terra seca).
Haviam também muitos répteis e cobras como erè (piton, qu pode ultrapassar os
quarenta pés de comprimento), oká (assim chamada porque quando em repouso sobre
si mesma em um monte), e òlódò (uma cobra que vive dentro da água). Haviam naqueles
dias muitos lagos sagrados nos quais desenvolviam-se bem peixes que nunca deveriam
ser mortos. Em muitas cidades e vilas, as pessoas capturavam crocodilos como animais
de estimação e vestiam cobras ao redor de seus pescoços como suas compania.
Alguém pode ir e enumerar sem parar exemplos de lugares sagrados do meio ambiente
dos Yorùbá, maravilhosos e fascinantes objetos ou criaturas da natureza, muitos dos
quais têm desaparecido ou estão agora em perigo de extinção. Os Yorùbá tem sempre
vivido em um mundo no qual objetos e criaturas da natureza são sagrados ou altamente
respeitados; até mesmo hoje, muitos ainda podem ser encontrados no que restou das
nossas florestas.
O objetivo da minha discussão aqui é traçar uma conecção profunda do povo Yorùbá
com a natureza nos tempos antigos na mitologia Yorùbá quando o Òrìsà (divindades)
vieram do céu acima para a terra na forma humana e criaram os seres humanos em sua
própria imagem, mas ao invés de ficarem humanos quando partiram, decidiram
transformar parte da natureza. Daquele ponto na natureza tornou-se mais importante
que o homem.
Os Yorùbá acreditam que Ilé-Ifè, sua casa ancestral, é também berço da humanidade.
Antes de Ilé-Ifè ter sido criada, a terra estava coberta com água. Os Òrìsà que eram em
número de 400+1 vieram para Ilé-Ifè sob as instruções de seu senhor, Olódùmarè, O
Deus Supremo, para criarem a terra seca da água. Aos 400+1 Òrìsà foi dada parte da
poeira do Òrun (o céu Yorùbá) junto com uma galinha e um camaleão. Eles espalharam
a poeira na água abaixo, como resultado de que a terra seca começou a surgir. Eles
então soltaram a galinha para ciscar e espalhar a terra sólida em todas as direções.
Alguns lugares em particular daqueles que a poeira tocou imediatamente se tornaram
sólidos. Eles então soltaram o camaleão para sentir o quanto estava sólida a terra antes
deles próprios descerem em Ilé-Ifè, que tornou-se então a primeira porçãp de terra a
ficar seca e sólida da substância líquida primordial.
Vegetação apareceu depois na terra não por acidente mas por um desígnio ponderado
de Olódùmarè. Em um verso de Òtúá Ìrosùn, um Odù menor (capítulo) de Ifá, explica
como a vegetação surgiu na terra. Este mesmo capítulo de Ifá conta-nos que a cada
espécie de vegetação foi pedido para fazer sacrifício antes de deixar o òrun (céu).
Aquelas espécies que fizeram o sacrifício são aquelas que são respeitadas, e são,
portanto, não derrubadas indiscriminadamente. Aquelas que não fizeram o sacrifício
têm sido cruelmente exploradas e destruídas desde então.
Exceto a galinha e o camaleão, Olódùmarè também motivou outras espécies de aminais
a virem se estabelecer na terra. No total, 880 espécies de cada animal, planta, e pássaros
foram originalmente enviados para a terra. Sua aparência na terra prenunciou a
aparência dos seres humanos, que foram criados como um resultado da união de
esforços entre Obàtálá (a divindade oleira que moldou o corpo) e Ògún (a divindade do
ferro) que supriu o esqueleto, assim como Àjàlà (outro oleiro do céu) que supriu o
interior ou a cabeça espiritual. O próprio Olódùmarè supriu a força do sopro vital
conhecido como Èmí, referido pelo próprio Ifá como filha de Olódùmarè.
Todos esses atos de criação foram testemunhados por Ifá, cujo outro nome é Òrúnmìlà,
a divindade Yorùbá responsável pela divinação e desenvolvimento intelectual. Foi
Òrúnmìlà quem deu a cada planta, animal ou pássarou seu próprio nome especial e
identidade. Este é o porque de Ifá ser conhecido como elérìí-ìpín (testemunha do
destino) a-jé-ju-òògùn (que é mais efizas que remédio).
Ironicamente, a galinha que foi o primeiro habitante da terra e quem espalhou a poeira
do céu para todos os cantos e esquinas da terra, ao invés de ser respeitada ou deixada
em paz, tornou-se a transportadora de mensagens sacrificiais entre o céu e a terra. A
galinha é uma criatura sagrada muito bem, mas sagrada apenas para ser abatida em
sacrifício. O camaleão não é comido pelos seres humanos muito embora ele também é
usado como um importante ingrediente de remédios de ervas.
Quando todas as espécies de plantas, animais e pássaros chegaram na terra, uma
reunião foi feita que estipulou que nenhuma espécie deveria cruelmente ou
cobiçosamente explorar a outra. Uma reunião similar foi também feita com os seres
humanos. Uma vez que cada espécie dependa da outra para sua sobrevivência, se fez
necessário para algumas espécies comerem as outas ou até mesmo os membros das
mesmas espécies a comerem eles mesmos. Mas isto não era para ser feito cobiçosamente
ou com total falta de respeito que nós testemunhamos no mundo de hoje. Os versos de
Ifá nos contam que naqueles tempos antigos alguns animais e pássaros entendiam e
falavam a linguagem dos humanos e alguns humanos também falavam e entendiam a
língua dos pássaros e animais. Para o antigo pensamento Africano, animais, plantas, e
humanos são parte de uma grande família. Naqueles tempos antigos, se os seres
humanos estavam celebrando importantes festivais, eles convidavam animais e
pássaros. Algumas árvores tinham a habilidade de se tornarem humanas ou em forma
de animais, e elas também eram cordialmente convidadas para os eventos humanos.
Aqueles animais, plantas ou pássaros omitidos de cada grande festival se sentiam
insultados e algumas vezes arrumavam modos e meio de sabotar ou causar confusão
naquelas ocasiões.
Um conto popular Yorùbá, parte do qual está citado abaixo, conta a estória de um
pequeno pássaro deixado de fora de um grande evneto e o qual ele sabotou. Foi como
segue:

Chamado: Oba Aláràán bewe


Resposta: Kììnkin
Chamado: O pe Kíírín eye
Resposta: Kììnkin
Chamado: O pe Kììrìn eye
Resposta: Kììnkin
Chamado: O démi Kììndin sí
Resposta: Kììnkin
Chamado: Kóríko dìde o
Resposta: Kììnkin
Chamado: Mèrùwà dìde
Resposta: Kììnkin
Chamado: Ká relé oba
Resposta: Kììnkin
Chamado: Ká lò ó jó bàtá
Resposta: Kììnkin
Chamado: Bí bàtá ò ró
Resposta: Kììnkin
Chamado: Ká lò ó jábèmò o
Resposta: Kììnkin
Todos: Àbèmò pigbítí pogbítí pi
Àbèmò pii pìì pi
Àbèmò

TRADUÇÃO

Chamado: Rei Aláràán organiou um trabalho coletivo


Resposta: Kììnkin
Chamado: Ele convidou os pássaros pequenos
Resposta: Kììnkin
Chamado: Ele convidou os pássaros minúsculos
Resposta: Kììnkin
Chamado: Mas ele me boicotou.
Resposta: Kììnkin
Chamado: Deixe todas as ervas daninhas aparecerem
Resposta: Kììnkin
Chamado: Deixe todos os arbustos gigantes saírem
Resposta: Kììnkin
Chamado: Deixe-nos ir ao palácio do rei
Resposta: Kììnkin
Chamado: Deixe-nos ir e dançar a música bàtá
Resposta: Kììnkin
Chamado: Se Bàtá não faz som
Resposta: Kììnkin
Chamado: Deixe-nos dançar àbèmò
Resposta: Kììnkin
Todos : Som feito imitando a música àbèmò.

Na estória acima, um importante rei conhecido como Aláràám (literalmente, o rei


veludo cuja linhagem se acredita ter organizado o estilo de roupas de veludo), chamou
todos os animais e pássaros para tomarem parte em um trabalho coletivo em sua
fazenda, mas ele excluiu o Kììnkin, que se acredita ser um pássaro minúsculo. Aláràán
excluiu o Kììnkin por que ele era da opinião que o Kììnkin era tão frágil e fraco para
fazer algum trabalho físico. Isto naturalmente irritou Kììnkin que então foi ao local do
trabalho coletivo manual e recitou encantamentos. Todas as ervas daninhas e arbustos
que foram cortados pela equipe de trabalho coletivo levantou-se novamente e formou
densas florestas de madeiras. Algumas das ervas daninhas e arbustos até mesmo
acompanharam Kììnkin a ir e dançar no palácio do rei. O fazendeiro teve que começar
tudo de novo exatamente no mesmo ponto aonde eles tinham trabalhado no dia
anterior. Rei Aláràán foi então forçado a convidar Kììnkin, e ele foi capaz de cultivar
sua terra sem nenhum outro tipo de problema.
O povo da antiga África não considerava a natureza como algo para ser explorado,
governado ou conquistado. Eles não acreditavam que a natureza foi feita apenas para
humanos usarem, abusar, ou se divertir e explorar apenas para benefício econômico ou
material como eles fazem hoje.
Em adição um acordo das plantas, animais, pássaros, e humanos feito entre eles
mesmos, houve outro acordo (thry) feito com Òrúnmìlà antes de ele dar nome a cada
um e dar seu nome secreto que era sua própria identidade peculiar. O acordo com
Òrúnmìlà é para efetivar que nenhuma criatura deveria ainda lutar com Òrúnmìlà ou
algum de seus filhos. Um acordo similar foi feito entre as outras divindades e Òrúnmìlà
para não atacarem Òrúnmìlà ou seus devotos. Isto é o significado do seguinte ditado:

Àfèké o,
Àfòdàlè;
Bí Sàngó bá pawo,
Ilè ló dà.

Exceto por um sacerdote que é mentiroso,


Exceto por um sacerdote que é desonesto,
Se Sàngó mata um sacerdote de Ifá,
Ele tem quebrado um acordo.

Até mesmo hoje em muitas partes de Yorubaland, quando uma cobra pica uma pessoa
a vitima pode ser curada pronunciando encantamento no ferimento. Um encantamento
deste tipo menciona o antigo e secreto nome da cobra como revelado por Ifá. A cobra
seria invocada pelo antigo nome e se recordaria do acordo que foi feito com Òrúnmìlà.
Seria então dito a cobra que tinha justamente quebrado aquele acordo por que a pessoa
que ela tinha picado era um filho de Òrúnmìlà. A última parte do encantamento
comandaria então a cobra a rapidamente remover seu veneno da vítima em obediência
ao antigo acordo de nunca atacar um filho de Òrúnmìlà.
O antigo acordo entre o reino vegetal, o aminal e os seres humanos foi finalmente
quebrado em Ilé-Ifè. Muitos versos de Ifá contam nos como isto aconteceu. Nos tempos
antigos, seres humanos não nasciam mais do que um bebê por vez. Uma esposa de
Òrúnmìlà conhecida como Pèrègúnlèlè, filha de Awùjalè, foi a primeira mulher a dar a
luz a gêmeos. Eles foram chamados de Edun, o mesmo nome que o Yorùbá deu ao
macaco colobus. Os gêmeos Edun pareciam com macacos muito embora eles fossem
humanos. Eles tinham olhos profundamente encovados como macacos e eles também
tinham cauda, muito embora eles andassem eretos nas duas pernas como humanos. Eles
não eram gêmeos idênticos, e eles não eram do mesmo sexo.
Òrúnmìlà, o pai dos primeiros gêmeos símio-humanos, ensinou a amboscomo divinar e
executar o sacrifício mas uma vez que eles não eram nunca aceitos realmente como
humanos, eles fugiram para dentro da floresta para viver com sua mãe de outros filhos.
Pèrègúnlèlè, sua mãe, tinha casado com vinte diferentes maridos antes de casar com
òrúnmìlà e deu a luz a Edun.
Ela tinha casado com Olúigbó, o poder sobrenatural que governa as florestas, e deu a
luz a erin (o elefante) naquele casamento.
Quando ela casou com Olúòdàn, ela deu a luz a efòn, o búfalo. Ela também foi a mãe de
àgbònrín (antílope), agbe ( o pássaro turaco azul), etc. Foi em companhia dessas outras
crianças que os Gêmeos Edun encontratam aceitação. Eles dessa forma fizeram da
floresta seu lar permanente.
Mas de acordo com este verso de Ifá, aconteceu no dia que Olófin, o sacerdote-rei de
Ifé, estava misteriosamente perdido na floresta. O Edun macho o viu, e resgatou-o, e o
trouxe de volta para a cidade. Olófin então organizou uma grande cerimônia de
agradecimento para marcar seu retorno para a cidade. Ele como de costume convidou
toas as espécies de pássaros e animais. Os animais fizeram Erin,o elefante, seu líder. Ele
foi assistido por efòn, o búfalo. Mas para o espanto dos animais, eles foram voltando
um a um da festa. O elefente foi o primeiro a deixar a festa muito nervoso. Desde então
apenas elefantes mortos entram na cidade; os vivos evitam a cidade. O búfalo, o
antílope, o (duiker) foram todos retornando como o elefante. Mas após alguma
hesitação e dúvidas iniciais, Edun, o macaco colobus, foi pemitido se unir a festa e foi
finalmente readmitido na sociedade dos seres humanos. Ele foi colocado entre os
sacerdotes de Ifá que aconselham o Olófin. Mas todos os outros animais que estavam
voltando nunca mais retornaram.
Dessa forma foram os seres humanos que quebraram o antigo acordo em Ilé-Ifè,
levando a separação dos humanos do restante da criação.
Daquele tempo até agora tem se estabelecido um cruel antagonismo entre humanos e o
meio ambiente, uma situação que tem atingido um tamanho ridículo e criminoso
quando nos aproximamos do final deste milênio.
O sereno e inclusive toda geração do mundo quando humanos e o resto da criação se
respeitavam como irmãos e irmãs é provavelmente o que alguns versos de Ifá se referem
como a idade do Oba jomi jomi ( a idade do rei que comia água). A água mencionada
aqui é provavelmente a água primordial que cobria a terra e começou a recuar quando
a terra seca foi criada em Ilé-Ifè. Esta foi a época de Obàtálá, que era o líder dos 400+1
Òrìsà e quem foi originalmente encarregado com a responsabilidade de criar a terra
seca da água. Mas ele falhou ( ou foi o que ele recusou?) em fazê-lo porque ele bebeu
muito vinho de palma e como resultado caiu em sono até o momento que se suporia que
ele executaria sua tarefa sagrada. De acordo com a estória da criação, Odùduwà, o
irmão mais novo de Obàtálá, então intrometeu-se e criou a terra seca da água. Obàtálá,
entretanto, ainda permanece o líder e o mais velho Òrìsà até hoje. Seu governo que
coincidiu com a idade da água foi um período pacífico e de tranquilidade justamente
como a água.
Mas a sociedade se tornou fixa e populosa, veio outra época que os vérsos de Ifá se
referem como a Idade do Oba jegi jegi ( a idade do rei que comia madeira). Esta foi
uma a idade do ferro que pertence a Ògún, a divindade oeste africana da guerra, da
fabricação, e criatividade. Foi Ògún quem fabricou os utensílios de ferro com as quais
a violência foi feita para o resto da criação.Ògún se aliou a Odùduwà para produzir um
tempo na mitologia Yorùbá quando a sociedade fica mais desenvolvida e quando a
agricultura, a caça, e a manufatura começou.
Possivelmente o governo de Obàtálá não foi chegou ao seu fim sem violência. Hoje, é
Odùduwà e seus descendentes quem dominam como reis da Yorubaland não Obàtálá.
A coroa de Obàtálá conhecida como Arè é agora usada pelo Oòni, o sacerdote rei de Ifè
que celebra todos os anos uma importante cerimônia durante a qual ele e o sacerdote
chefe de Obàtálá se engajam e um combate competitivo. Em um veredito pré-
arranjado, é sempre vencido pelo Oòni. Foi este combate competitivo que deu ao Oòni
o título de Àdimúlà ( ele que combate e como resultado se torna vitorioso).
A próxima época foi a idade do Oba jeun jeun ( o rei que consome). Esta foi a idade da
organização da sociedade humana em comunidades sedentárias de onde pessoas vão
para dentro do lado do país para trabalhar em campos ou caçar nas florestas, mas
retornam a tardinha, uma prática antiga que ainda é característica de muitos na
Yorubaland. Seres humanos já não dependem de comida crua, mas preservam ou semi
processam seus produtos alimentícios. Esta idade de extende até os tempos modernos
que é uma idade de ciência e indústria.
Os versos de Ogbèdí mencionam sobre, contam nos de uma maneira dramática e
satírica que esta idade deve criar um novo acordo, sem o qual nosso jeun jeun (dedicaçã
ao consumo) irá destruir a terra. Este novo acordo, que metaforicamente será um
serviço prestado pelas gotas de orvalho, irá restaurar algo do respeito que os seres
humanos e os reinos animal e vegetaluma vez tiveram uns com os outros.
Nossa época atual poderá testemunhar uma mudança dramática nas nossas relações
com nossos companheiros humanos bem como em nossas relações com o resto da
criação.
Há uma necessidade gritante de um novo acordo baseado na energia de Ifá que é uma
energia pacífica, intelectual e tranquila. O que Ifá está dizendo aqui é que nós não
podemos continuar a nos relacionar com outro na base da força. Nós devemos procurar
um novo meio de viver se nós todos queremos sobreviver no mundo.
O novo acordo de que Ifá está falando aqui é aguardado para conduzir a um novo
mundo no qual nós todos teremos que conter nossa avidez e nossos excessos em nossas
relações com os companheiros humanos e em nossas relações com o restante da criação.
Uma vez que os recursos da terra não são infinitos, não há jeito que nós possamos
continuar com nossa exploração desavergonhada de algum outo ou de nosso ambiente
sem terminar em desastre.
Embora o antigo acordo entre os homens e o resto da criação tenha sido quebrado em
Ilé-Ifè, vestígios do acordo têm sobrevivido, obedecendo a um profundo respeito pela
natureza entre os Yorùbá mesmo hoje. Na própria literatura sagrada de Ifá, toda
criatura ou objeto da natureza é personificada. Quando Ifá fala de uma árvore, um
inseto, um pássaro ou um animal, fala deles como se fossem humanos. Por exemplo,
muitos pássaros, como igún (a águia), agbe (o turaco azul), àlùkò ( o turaco de penas
vermelhas), e àgbìgbònìwòràn, são respeitados como sacerdotes de Ifá no corpo
literário de Ifá. Èèsún, o capim gigante da floresta, é o sacerdote de Ifá da floresta
enquanto mèrùwà, o capim gigante da savana, é o sacerdote de Ifá das terras da savana.
Irínmodò, uma gigantesca e muito alta árvore do vale do rio, é a própria esposa de
Òrúnmìlà. Um verso de Ifá fala de Irínmodò como segue:

Ifá ló firìnmodò joba.


Ifá ló firìnmodò joba.
Òrúnmìlà ló gbé irínmodò níyàwó.
Ifá ló firìnmodò joba.

Foi Ifá quem fez de Irínmodò um soberano.


Foi Ifá quem fez de Irínmodò um soberano.
Foi Òrúnmìlà quem tomou Irínmodò como esposa.
Foi Ifá quem fez de Irínmodò um soberano.

Como mencionado acima, quando os Òrìsà patiram desta terra, eles se tornaram forças
da natureza. Com a possível excessão de Sàngó que mora no céu, todos os outros Òrìsà
moram ou na superfície da terra ou dentro da crosta terrestre. Alguns Òrìsà se
expandem completamente nos níveis de existência animal, vegetal e humano. Por
exemplo, Oya, cujo principal símbolo é o Rio Níger do Oeste da África, foi uma vez um
búfalo mais tarde se tornou um ser humano, então desposou Ògún, divorciou-se dele e
casou com Sàngó. Quando ela partiu, entrou na crosta terrestre em Irá, uma pequena
cidade próxima da antiga Oyo, e reapareceu como o Rio Níger na superfície da terra.
Mas ela também mora no céu com Sàngó, para quem ela prepara o terreno como
tempestades, tornados, furacões antes de seu marido vir com disparos de raios e trovões.
Oya portanto viaja e mora na terra, na água, no solo e no ar.
O Oceano Atlântico,conhecido pelos Yorùbá como Òkun Yemideregbe, se acredita ser
habitado por uma importante divindade da África Ocidental e da África na diáspora.
Esta divindade, Olókun, é a mais antiga das numerosas esposas de Òrúnmìlà. Foi no
âmago e no aquecido abraço de Olókun que o espírito itinerante de Òrúnmìlà encontrou
finalmente paz e contentamento. Originalmente Òrúnmìlà foi a Olókun nas
profundezas do oceano como um médico para curar o único filho de Olókun, Àjàó, a
concha do mar. Mas tal é o amor, carinho e devoção de Olókun ao seu marido que
Òrúnmìlà permaneceu na residência de Olókun, para nunca voltar.
Desde que o primeiro Òrìsà entrou crosta terrestre adentro antes de reemergir na
superfície como força do ambiente físico, Ilè, a própria Terra tornou-se um segundo
òrun (céu). O primeiro céu que é no firmamento, e daonde os 400+1 Òrìsà originais
desceram é conhecido como òrun okè (céu de cima). É a residência permanente de
Olódùmarè.Mas o deus supremo também visita o segundo céu conhecido comko òrun
odò de tempos em tempos. Òrun odò, que literalmente significa "céu de baixo", é
também a residência dos ancestrais (i.e. todos os humanos falecidos). Como a residência
dos Òrìsà e dos ancestrais, e como um Òrìsà em seu próprio direito, Ilè (o planeta Terra)
é um lugar muito sagrado. Ela não foi projetada para ser explorada e violentada
desavergonhadamente como os seres humanos têm feito por séculos. A coisa
interessante é que todos os materiais pensados que os seres humanos têm colecionado
sempre desde que temos estado explorando a terra ainda irão, no final, de uma forma
ou de outra retornar para a terra. Ninguém herdará a terra. Por outro lado, a terra
herdará todos nós quando morrermos.
Meu propósito aqui é apresentar ao leitor alguns elementos do antigo pensamento
africano na subjetiva matéria do meio ambiente. A religião Yorùbá está baseada em um
profundo respeito pelo ambiente natural devido a um acordo antigo entre humanos e
todas as outras criaturas e objetos da natureza. Este antigo acordo que foi quebrado
em Ilé-Ifè deve ser revisto. Em face da excessiva ambição, capitalismo, materialismo,
militarismo, e exploração libertina da terra, as florestas, oceanos, animais, e outras
criaturas da natureza nos tempos atuais, e em face da desumanidade do homem para
o próprio homem no planeta agonizante, eles deverão perguntar a si mesmos a mesma
pergunta que os convidados do Sr.À Força fizeram um para o outro depois que eles
tinham sidio brutalizados:

"Não está na hora de nós fazermos um novo acordo?"

A MISSÃO DO ÀWÍSE

IVOR: Wáñdé Abímbólá, você tem sido selecionado pelos tradiconais líderes Yorùbá
como o porta-voz dos divinadores de Ifá, e embaixador da cultura Yorùbá. Assim como
executando importantes funções rituais na Nigéria, você está construindo pontes entre
os Yorùbá do Oeste da África e seus descendentes nas Américas por meio da
propagação de dois fundamentos da cultura Yorùbá, linguagem e religião.
As religiões derivadas-Yorùbá tem existido nas Américas desde o comércio escravo do
Atlântico. Elas estão atualmente sendo praticadas por milhões de pessoas na Argentina,
Brasil, Colômbia, Cuba, Haiti, México, Trinidad e Tobago, Venezuela, e nos Estados
Unidos. Por muitos anos agora você tem viajado por toda parte das Américas para
estudar estas religiões e guiar seus líderes. Qual é sua agenda atual?

WANDE: Você caracterizou minha missão perfeitamente bem. Eu estou aqui para
difundir a palavra sobre a religião Yorùbá e sua cultura,cuja linguagem é uma parte
integral. Oque me trouxe aqui foi que eu sou ciente do fato que a religião Yorùbá e sua
cultura estão se espalhando nesta época nos Estados Unidos. Está se espalhando
rapidamente, mas eu estou ciente de que as pessoas tem distorcido o sentido e a
mensagem de nossa cultura para seus próprios fins. As pessoas não são sérias a respeito
da religião, e elas a estão comercializando. Alguns se declaram ser BABALÁWO
iniciados em Ifá seja na África ou nos Estados Unidos, apesar disso eles não sabem como
jogar Ifá, e até se eles sabem como jogar, eles não podem citar um simples verso de Ifá.
Eles estão até começando a tratar Ifá como um Òrìsà que "possui" alguém. Eles
divinam como òpèlè ( a corrente de divinação de Ifá), e eles conhecem os sinais dos Odù
que surgem, mas uma vez que eles não conhecem os encantamentos pertencentes a
aquele Odù ou não se preocupam com isso, eles simulam que têm sido "possuídos" por
Ifá, e eles começam a falar, dizendo, "Isto é o que Ifá diz..."

IVOR: No Ocidente, nós ouvimos frequente generalizações grotescas das religiões


Africanas, como por exemplo "possessão espiritual" e "dança" são suas principais
características. Todavia Ifá desafia este esteriótipo sendo sábio e racional. Na realidade,
alguns dos BABALÁWO que eu tenho encontrado em Cuba me disseram que um
BABALÁWO que é "possuído" morrerá. Porque eles dizem isso?

WANDE: Ifá é o único ÒrìsÀ que não "possúi" seus devotos evidentemente, em vez
disso pode inspirá-los.
Eu tenho visto todos estes problemas, e eu sei o poder dos Estados Unidos em termos de
comunicações. Eu sei que se nós não somos cuidadosos, se nós permitirmos a situação
acima descrita ir para uma geração, poderá conduzir a extinção desta religião, ou criar
um novo tipo de espiritualidade que não está distante de ser observada como Yorùbá.
Este é o porque de eu ter vindo para cá para educar as pessoas que eu espero irão se
comprometer a treinar em uma base regular por um número de anos. Eles serão
treinados na literatura de Ifá e nos valores dos Òrìsà. Eles receberão informações gerais
relacionadas com as maiores divindades. Eles se tornaram uma nova geração de
sacerdotes e sacerdotisas versados sobre a cultura e religião Yorùbá. Eles saberão como
divinar competentemente e recitar os versos de Ifá, talvez em tradução. Eles saberão
encantamentos, não os dos Lùkùmi Cubanos ou Camdomblé brasileiro apenas, mas os
encantamentos do Oeste da África. Acima de tudo, eu espero que nós tenhamos sucesso
em alimentar pessoas que têm Ìwàpèlé (bom caráter), que é o sumário da religião. Ìwà
lèsìn (caráter é religião).
Esta é minha missão. Eu não vim em meu propósito particular. Eu sei que a posição que
eu ocupo nesta religião que é Àwíse Awo Ní Àgbáyé, o porta-voz da religião e cultura
Yorùbá no mundo. Meus mais velhos conhecem esta missão e eles a aprovam. Um verso
de Ifá diz,

Rírán le rán mi wá o ò,
Èmi kí mo rán rà mi;
Àse dowó enì tó rán mi wá.
Rírán le rán mi wá,
Èmi kí mo rán rà mi;
Àse dowó enì tó rán mi wá. (1)

(1) - Uma canção comum dos sacerdotes de Ifá na Nigéria. {WA}

Eu fui enviado pelos meus superiores,


Eu não me enviei;
O àse com o qual eu falo pertence a aqueles que me enviaram.
Eu fui enviado pelos meus superiores,
Eu não me enviei;
O àse com o qual eu falo pertence a aqueles que me enviaram.

IVOR: Porque você escolheu não iniciar pessoas neste país?

WANDE: Eu não inicio ninguém fora da Nigéria porque há muitas comunidades de


sacerdotes e sacerdotisas capacitadas para inicar até mesmo uma pessoa. No caso de
certos Òrìsà como Sàngó, Oya, Òsun, e assim por diante, eu não acredito que seja
correto para um BABALÁWO iniciar cada pessoa em todos estes Òrìsà. Um
BABALÁWO poderia inicIar uma pessoa em Ifá, exceto é claro, se ele aconteceu de ter
sido iniciado em outro Òrìsà antes de ser iniciado em Ifá, neste caso, ele tem àse daquele
Òrìsà em sua cabeça.
Eu estou preocupado com o fato de que alguns BABALÁWO nos Estados Unidos estão
iniciando pessoas em outros Òrìsà, separado de Ifá. Meu comentário sobre isto é que
esta situação parece ser peculiar aos Estados Unidos. Meu próprio ponto de vista é que
o àse do qual você não tem na sua cabeça, você não pode dividir com algum outro. Você
não pode dar aquilo que você não tem. Eu espero que a medida que mais e mais pessoas
venham para a religião nos Estados Unidos, pessoas virão a necessidade de deixar o
sacerdote de cada Òrìsà inicar seu próprio povo.

IVOR: Na Nigéria, um BABÁLAWO deve estudar por anos, e então passa por testes
antes que ele possa ser iniciado. Na diáspora Yorùbá em Cuba esta prática foi alterada
para ocultar a cultura Yorùbá do escravocrata, que tentou eliminá-la. Assim deste
modo na Cuba de hoje, um BABÁLAWO pode ser iniciado sem ter conhecimento
algum, e então começar a ser treinado. Você tem dito que "Cem iniciações não fazem
de uma pessoa um BABÁLAWO." O que você pensa a respeito disto?

WANDE: Em Cuba mesmo, há BABÁLAWO altamente versados, sem levar em


consideração de como eles foram iniciados, e se eles conhecem ou não como antes eles
foram iniciados. As pessoas têm feito um esforço para estudar. Alguns dos
BABALÁWO nos Estados Unidos tem problemas de outro tipo. Eles não têm tempo
para aprender nada novo. Tradicionlamente na África uma pessoa não pode ser
iniciada como um BABALÁWO a menos que esta pessoa tenha estudado, e
demonstrado conhecimento suficiente em Ifá tanto quanto honesto no reconhecimento
como um intelectual do sistema de Ifá. Se pessoas são iniciadas primeiro, e então
começam a aprender depois, o perigo está aí que eles podem não aprender nada depois.
Até o ponto que nós estamos preocupados, uma iniciação não faz ninguém um
BABALÁWO. O que faz um BABALÁWO é seu conhecimentode Odù, que são os
versos de Ifá, o conhecimento das ervas e folhas, o conhecimento de como executar o
sacrifício. Isto é que faz um BABALÁWO, e todo esse isto é aprendido apenas pelo
estudo. Iniciação significa o começo, iniciar, para se tornar um membro. Iniciação não
é uma graduação. Na Nigéria nós a fazemos em estágios, e o estágio final é chamado
"wogbó Ifá," que significa "entrar na floresta de Ifá." O iniciado entrará na floresta de
Ifá para ser examinado pelos mestres sacerdotes. Nos tempos antigos, eles podiam durar
cinco dias. Eles examinarão o iniciado a fundo em alguns aspectos de Ifá. Apenas o
iniciado que passe será consagrado.

IVOR: O BABALÁWO de Cuba tem um tabu contra iniciar um homem homossexual


como um divinador de Ifá. Este tabu é encontrado em Yorubaland?

WANDE: Primeiramente, hossexualidade nunca fez parte de nossa tradição cultural;


mas pode ser encontrada hoje em dia em algumas áreas urbanas, assim como Lagos.
Um BABALÁWO mão deve impor seu modo de vida a ninguém. Quem somos nós para
examinar o interior da vida pessoal de outra pessoa? Se uma pessoa quiser impor seu
próprio modo de vida, talvez distancie a si próprio daquela pessoa, mas se ele é um
homossexual ou heeterossexual, nós podemos até mesmo desconhecer. Se nós temos
uma regra a este respeito, nós não temos que investigar toda vida íntima da pessoa.
Supondo que eles até não nos contem a verdade, então nós não teremos sucesso.

IVOR: Por toda história Afro-Americana, a religião tem sido um recurso poderoso de
unificar comunidades para sobrevivência cultural e econômica. Isto é visto mais
dramaticamente nas Igrejas negras e nas nações do Islã nos Estados Unidos. Como pode
a tradição do Òrìsà ser beneficiada neste contexto social?

WANDE: Eu acho que é trabalhando agora mesmo neste modo para alguma medida.
Muitos Afro-Americanos que abraçam aas religiões dos descendentes africanos o estão
fazendo porque estão vendo uma alternativa no modo de vida baseado na identificação
com a África. Não a Áfricam omo é hoje, mas a África que costumava ser. Eu imagino
que com o tempo nós teremos mais pessoas na religião, e uma grande comunidade de
pessoa nas religiões dos afro descendentes irá desabrochar, por exemplo os Yorùbá,
haverá uma comunidade próspera como a nação do Islã. Eu acho que é para aonde eles
estão se direcionando.
Este é provavelmente o motivo pelo qual nós temos o problema da função das pessoas
brancas na religião. Algumas pessoas sentem que eles não querem ver nenhum homem
branco nesta religião. Mas nós sustentamos relembrando os que, primeiramente,
homens brancos estão lá agora mesmo via CUba e Brasil, daonde a religião veio daqui
em primeira instância! Há muitos BABALÁWO cubanos brancos que vivem nos
Estados Unidos. Quando pessoas dizem, "Você não deveria iniciar pessoas brancas," o
ponto é que se você não iniciá-los, haverá algum outro que irá iniciá-los. Em segundo
lugar, eu não apoio nenhuma doutrina da perpetuação do ódio ou retaliação.
Certamentea religião dos Yorùbá não é o melhor instrumento para isto.
Nós aprendemos de Ifá que a cidade de Ilé-Ifè é o berço do Homem. Acredita-se que é
o lugar aonde todos os humanos, sejam brancos ou negros, foram cirados e daonde eles
dispersaram para outras partes do mundo. Quando uma pessoa vem a Ilé-Ifè, seja qual
for sua cor ou nacionalidade, nós dizemos, "Bem vindo de volta, bem vindo ao lar."
Alguém pode entender facilmente porque algumas pessoa sentem o jeito que eles fazem,
baseado em suas experiências no passado, e para alguns extender suas experiências até
agora. Mas nós gostaríamos de ver esta religião como uma ferramenta para curar todos
aqueles ferimentos. Esta religfião não deveria ser parte de um problema racial das
Américas, ou no mundo. Esta religião deveria ser usada como uma ponte, como algo
para curar e tratar aquelas feridas, a fim de que o futuro do mundo seja aquele aonde
não haja ódio, aonde nós possamos todos viver juntos a despeito de nacionalidae, cor ou
credo. Este é o modo que nós antevemos esta religião, nós não a retratamos em termos
de excluir certas pessoas.
Separação não é parte da minha agenda de maneira alguma. Eu não sei de ninguém que
veio de casa, de Yorubalande na África, que propagou isto. Nós queremos que esta
religião seja um bom exemplo de uma religião que todo ser humano possa abraçar, e
aonde não haverá discriminação contra ninguém.
Ifá propaga um mundo no qual animais, pássaros, árvores e toda criação é vista como
nossos próprios irmãos e irmãs. Nós não partiremos da premissa que nós somos
melhores que o resto da criação. Nós até fazemos saudação as árvores, rios, montes, e
montanhas por causa do que eles representam. Nós acreditamos que eles são habitados
por espíritos muito importantes. Se há uma religião na qual o resto da criação é visto
desta forma, se há uma religião baseada na linguagem aonde você não tem nenhum
senso de gênero, como pode você agora começar transformá-la em algo limitado que é
justamente para uma parte da comunidade do mundo? Não trabalhará. Pessoas que
estão procurando por uma religião para usar de certa forma de agenda deveria
procurar em outro lugar. Eles não encontrarão ingredientes para isto na religião
Yorùbá.

Conferências Mundiais de Òrìsà

IVOR:Desde 1981, têm havido uma série de conferências mundiais de Òrìsà


organizadas na Nigéria e no Brasil. Qual é a história destas conferências? Eu entendo
que a idéia começou com seu encontro com Maximiliano Dos Sandos, um descendente
dos imigrantes Yorùbá para a Bahia, Brasil.

WANDE: Bem, Eu me encontrei pela primeira vez com Maximiliano dos Santos, Mestre
Didi, quando ele visitou a Nigéria em 1968.Ele é uma pessoa idosa que é um artista e
um líder da sociedade Egúngún na ilha de Itaparica, ele é o Alápìíni do Brasil. Quando
ele visitou a Nigéria pela primeira vez, eu estava em uma palestra na Univerdidade de
Lagos. O goeveno Nigeriano aproximou a universidade que nós deveriamos unir Didi
com a comunidade de Sàngó de Òyó. Eu o levei a Òyó junto com o falecido Professor
Adéríbigbe, que era o Reitor da Faculdade de Artes na Universidade de Lagos. A
comunidade de Sàngó estava muito satisfeita comigo.
A mãe de Didi tinha agido como líder da comunidade de Òrìsà em Salvador no Ilé Àse
Òpó Àfònjá, que é o maior templo de Sàngó do Brasil. Àfònjá é outro nome de Sàngó.
O povo Yorùbá da Antiga Òyó que foi escravisado e levado ao Brasil levou o àse com
eles para o Brasil. Assim é que foi chamdado o Ilé Àse Òpó Àfònjá, que significa "Pilar
do Àse de Àfònjá."
Líderes da comunidade de Sàngo em Òyó estavam tão satisfeitos com DIdi que o
estabeleceram como o Baálè Sàngó do Brasil. Didi tem desde então recebido o título de
"Baba Mogbà" da comunidade de Sàngó em Salvador.

IVOR: O que é Baálè?

WANDE: Uma pequena vila ou cidade não precisam necessariamente ter um Oba ou
um rei, eles podem ter um Baálè. O título Baálè Sàngó é dado a alguém ao encargo de
Sàngó em defesa do Aláàfin de Òyó.
Eu encontrei Didi novamente em 1981 em Nova York durante o programa anual
"Caribbean Expressions" da Marta Vega no Centro de Estudo Caribenhos. Ali foi
aonde em uma conversação com Didi, nós concordamos em começar o Congresso
Internacional das Tradições e Cultura do Òrìsà. Ele voltou ao Brasil para organizar o
contingente brasileiro. A conferência era para ter lugar em Ilé-Ifè, e eu estava
organizando as pessoas no oeste da África. Marta Vega tinha a responsabilidade de
organizar as pessoas dos Estados Unidos e das ilhas, como Porto Rico, Cuba e Trinidad
e Tobago. A conferência teve lugar em Ilé-Ifè em 1981. Um contingente veio do Brasil.
A conferência teve uma boa participação da comunidade de Òrìsà da Nigéria. Foi nesta
conferência que foi oficialmente inaugurado o Congresso Internacional da Tradição e
Cultura de Òrìsà. O Oòni de Ifè foi feito o Grande Patrono, e eu fui eleito o Presidente
e Chanceller do comitê diretor Internacional. (2)

(2) - Uma publicação contendo ensaios selecionados apresntados nesta conferência está
em uma prensa. [Wa]
IVOR: Eu imagino que as pessoas de toda parte da diáspora Yorùbá vieram para se
apresentarem e repartir suas histórias.

WANDE: Sim, alguns leram ensaios também. Pessoas vieram de muitas nações do
mundo. De Cuba, Porto Rico, Janaica, Trinidad e Tobago, dos USA, Venezuela, Brasil,
Nigéria, da República do Benin, Togo, e Ghana. A conferência teve lugar em 1º a 07 de
junho de 1981, depois do que alguma pessoas ficaram para trás pra ir em tours, e
encontrar alguns sacerdotes e sacerdotisas. Houveram alguns que não retornaram para
seus países até um mês depois!
Então uma segunda conferência teve luar em Salvador em 1983. Nós tivemos o suporte
do governo brasileiro tanto a nível Federal, e a nível local em Salvador. Aqueles de nós
da Nigéria éramos 89 que vieram em um avião da Varig que foi virtualmente fretado!
O Oòni não veio, mas o Ògìyaàn (Rei) de Èjìgbò, o representou. Nós ficamos aqui por
uma semana. Foi a mais bem sucedida na série de conferências que nós temos
organizado desde então. Cada Casa de Òrìsà nos recebeu, e preparou um almoço para
todos. As pessoas que vieram de toda parte do mundo e daqueles no Brasil perfizeram
um número de quase mil. Todo dia nós íamos a um novo local, um novo Camdomblé.
Foi uma experiência única. Algumas pessoas da Nigéria choraram, e pessoas do Brasil
choraram também. Foi uma reunião de pessoas que tinham sido separadas por mais de
trezentos anos.
O contingente nigeriano tinha muitos BABALÀWO e líderes religiosos. Meu irmão, o
Asípade, que é o líder da comunidade de Ògún em Òyó, estava aqui. Haviam dois outros
BABALÁWO da cidadde de Òyó, e muitos de muitas outras cidades. Mas o ponto
culminante da ocasião foi a pesença do falecido ÀrÀbà de Ifè, Chefe Awósopé, que tinha
naquele tempo 90 anos de idade. Ele faleceu em 1986. O Obadío de Ifè, chefe sacerdote
de Odùduwà, também estava lá. Ele também faleceu poucos anos depois. O Obalésùn,
o chefe sacerdote de Obàtálá, quem ainda está vivo, também estava lá. Ele agora tem
cem anos de idade.
A comunidade acadêmica da Nigéria também estava presente. No meio de 89
participantes nigerianos, nós tinhamos dezessete acadêmicos e seis jornalistas, da TV,
rádio, e mídia impressa. Nós também tínhamos o apoio do Itamarati Brasileiro, seu
escritório estrangeiro, e corpo diplomático do Brasil. Os embaixadores Africanos no
Brasil, representando países africanos inclusive a Nigéria, estavam lá. O Prefeito de
Salvador preparou um almoço para participantes seletos no final da conferência.
A terceira conferência foi organizada novamente na Nigéria em 1986 em Ilé-Ifè.
Naquele tempo eu tinha sido indicado como Vice Chanceler da Universidade de Ifè, Ilé-
Ifè, Nigéria (agora conhecido como Obafemi Awolowo University). Aquela foi outro
imenso sucesso. Então em 1990 nós tivemos a quarta conferência em São Paulo, Brasil.
A quinta conferência está sendo organizada no Centro de Estudos Africanos e Afro
Americanos em São Francisco em 1997.

IVOR: Os Cubanos têm participado nas conferências de ÒrÌsà?


WANDE: Sim, lado a lado alguns dos Cubanos nos Estados Unidos ou Venezuela. Um
BABALÁWO cubano que vive na Venezuela foi prominente nas duas primeira
conferências. Seu nome é Félix Cáncio.

Os Méritos da Religião do Òrìsà

IVOR: Muitos religiosos prometem aos seu praticantes uma vida pós morte melhor.
Porque iriam querer praticar a tradição do Òrìsà?

WANDE: A vida aqui na Terra é tão importante quanto a vida no mundo vindouro.
Toda religião é um modo de vida. A religião do Òrìsà tenta fazer todo humano que é
devoto um partidário seguir uma vida de satisfação, felicidade, e contentamento e
conduzí-los a term um bom relacionamento com os companheiros humanos, tanto
quanto com o resto da criação.
Uma das coisas importantes nesta religião é que não vem de uma crença baseada na
arrogância humana. Em algumas outras religiões, humanos consideram o restante da
criação como estando ali para o ser humano explorar e usar (ou abusar)para sua
própria "felicidade".
Esta religião não é como aquela. É uma religião na qual o ser humano e o restante da
criação co-existem lado a lado. Alguns aspectos do restante da criação podem até ser
mais importantes que os humanos, em cujo caso os humanos têm que saudá-los,
reverenciá-los, prestar mesura para elas. Nesta lógica, alguéwm irá dizer que a religião
Yorùbá, a religiãodo Òrìsà, tenta fazer o indivíduo entrar em sintonia com o resto da
criação, se esta é uma criação em forma humana ou em qualquer outra forma. Não é
uma religião materialista, mesmo que hajam três coisas, de acordo com Ifá, que as
pessoas estão procurando na vida. Ifá diz:

Ire méta làwá n´ wá,


Àwá n´ wówó,
Àwá n´ wómo,
Àwá n´ wá átubòtán ayé. (3)

(3) Esta passagem é examinada em Wande Abímbólá, Ifá Divination Poetry (New York:
NOK, 1977)34. [WA]

Nós estamos procurando por três bençãos


Nós estamos procurando por benção de dinheiro,
Nós estamos procurnado por filhos,
Nós estamos procurando por um bom final para nossas vidas.

As bençãos de coisas materiais é a menor parte das três. Então vem a benção de filhos.
A benção mais importante é a de vida longa com boa saúde e morrer em boas condições.
Estes são os três objetivos da vida aqui na Terra.
Quando uma pessoa morre, existe também a necessidade de que essa pessoa esteja em
uma situação aonde ele ou ela serão felizes na vida posterior. Nós não temos um conceito
de inferno tal como no Cristianismo ou Islã. O que você tem é um conceito de
julgamento e punição. Ifá diz:

E mo sìkà láyé o o ò,
Nítorí òrun.
E mó sìkà láyé,
Nítorí òrun.
Bé e de bodè, é ó rojó. (4)

(4) Uma canção dos sacerdotes de Ifá na Nigéria. [WA]

Não faça uma coisa ruim na Terra,


Visto que você está indo para o céu.
Quando você chegar na fronteira (entre o céu e a terra)
Você terá uma questão para responder.

É na fronteira entre o céu e a terra que os julgamentos tomam lugar em nossos próprios
casos. Este portal não é gerenciado por nenhum ser humano, mas por um carneiro, cujo
nome é Àgbò Mòmò. Mòmò é a passagem entre o céu e a terra. Um verso de Ifá diz:

Ajá níí gba bodè ní Ìpóró,


Agbò níí gba bodée Mòmò,
Ewúré níí gba bodeè bóli bòki. (5)

(5) Do Odù Òkànrànsodè. Ver Wande Abímbólá, Àpólà Ogbè, Apá Kìíní(Manuscrito
não publicado) 252

O cão é o porteiro de Ìpóró,


Àgbò, o carneiro, é o porteiro de Mòmò,
Ewúré, o bode, é o porteiro daqueles que não podem manter
suas bocas fechadas!

Quando você chega ao portal entre o céu e a terra, você será julgado, e punido por
aquilo que você fez. Se você fez coisas boas, você será recompensado, e você poderá
voltar novamente como um ancestral. Aqueles que não fizeram o bem, não retornaram,
e irão demorar-se naquele que nós chamamos Òrun àpáàdì. Isto é o mais próximo do
inferno Cristão em noss própria crença. (6)
(6) "Òrun àpáàdì" significa "céu dos potes quebrados." Pessoas que são ruins na Terra
são enviadas para lá para serem punidas.[WA]
As pessoas Yorùbá que estão morrendo irão ver seus ancestrais. As mesmas coisas
acontecem com as pessoas Yorùbá que são Cristãs ou Muçulmanas. Eu não tenho visto
uma única pessoa que quando ela estava morrendo viu um anjo, ou viu Jesus Cristo. As
pessoas irão sempre encontrar seus ancestrais, talvez o pi que tenha morrido vinte anos
atrás, ou uma mãe morta, irmão, irmã, tio ou tia. Quando alguém está doente, e começa
a dizerpara você, "Olhe para fulano e fulano," ou "Minha mãe está aqui! O, mãe, boa
tarde," então você sabe que esta pessoa logo se unirá aos seus ancestrais. Alguns deles
estarão com o Òrìsà que eles cultuam também. Por exemplo caçadores, cultuadores de
ògún, que morrem, são usualmente descritos como sentando nos pés de uma árvorede
ògún no céu, assando carne para Olúmokin. (7)
(7) Olúmokin é outro nome de Ògún. [WA]
Um verso Ìjálá diz:

Wón ´n be níbi tí ò gbé séyelé,


Kò sádìe,
Kò kúkú sí èmìnìkàn
Tí í dami obè é nù;
Kò kúkú sí kurúù tí í gbádíe.

Mo kílé,
Ilé ò jé mó o.
Baba à mi, mo sàgò sàgò títí,
Onílé ò fogùn.
Mo ní, "Níbo lonílé yìí wá.
Omo Oníwàn´nú,
Ó yúnko,
À bó ròde."
Ode tí ´n be lóhùún pò jode ayé lo.
Àwon ´n be nídíí Ògún,
Eran ni wón n´ uan folúmokìn.
Òrun dèdèèdè, mó kan-ánjú mó,
Gbogbo wa là n´ bò. (8)

(8) Ìjálá poesia dos caçadores pelo falecido Làmídí Ode Abón´kaba, em Òyó, Nigéria,
1987. [WA]

Eles estão em um lugar aonde não há pombos,


Aonde não há galinhas,
Aonde não há tremores
Aquele que poderia derramar sopa fora (do lugar do fogo),
Aonde não há kite que carregue pinto. (9)
(9) Kite é um tipo de falcão.
Eu cumprimentei a casa,
Mas ninguém respondeu.
Meu pai, Eu o saudei "àgò!" por muito tempo
Mas ninguém me responde de dentro.
Eu disse, "Aonde estão o proprietário desta casa?"
Filho de Oníwàn´nú,
Ele foi a fazenda,
Ou ele foi a cidade?
Os caçadores do céu são mais numerosos
que os caçadores da terra.
Céu, pendurado acima,
Não seja uma confusão,
Nós todos estamos indo.

A chave para levar uma vida perfeita até a idade avançada, assim como ter uma boa
recompença no céu, é Ìwà Pèlé, bom caráter. Ifá diz que o remédio para a longevidade
é um caráter nobre (benéfico/ pacífico). Então, quando uma pessoa com um bom caráter
morre, ele ou ela irão para o céu bom, aonde os ancestrais estão, e aonde o Òrìsà
também mora. Este é o motivo pelo qual é bom cultuar o ÒrìsÀ e tentar imitar todas as
suas boas qualidades.

IVOR: Muitas religiões são instituições de converção, aonde parte do ato de fé é


evangelizar, disseminando sua crença a outras pessoas. è o proselitismo parte da
tradição Yorùbá?

WANDE: Não, não faz parte da nossa tradição. Nós acreditamos que ninguém deve ser
forçado ou seduzido em mudar seu modo de vida. Eu não penso haja qualquer coisa
que você lucraria seduzindo ou convertendo algum outro para seu próprio modo de
vida. Pssoas que praticam o evangelismo frequentemente têm uma agenda oculta de
controle político e econômico.
Nós não estamos interessados em controlar ou amedrontar pessoas para dentro da
nossa própria convicção no nosso modo de vida. Se, entretanto, nós encontramos uma
pessoa que está interessada em nosso modo de vida, nós podemos auxiliá-la a ter uma
base para esta religião.
Eu acredito que evangelismo ou proselitismo não é uma coisa boa. É a continuação do
escravagismo e colonialismo que o mundo deveria ter esquecido a muito tempo atrás. É
muito espantoso ver que no mundo moderno ainda há pessoas se mudando de um lado
para outro por toda África, América Latina, e em outros países do terceiro mundo
tentando ensinar as pessoas que eles devem esquecer a fé de seus ancestrais, e seguir o
modo Europeu de vida.
O que eles têm a ganhar com isso, outros estão procurando por um bom comércio para
seus artigos, e procurando alguns consumidores que talvez sejam tolos o suficiente para
comprar qualquer coisa que eles queiram vender. É uma agenda oculta ou plano de
controle.
Eu não tenho nenhum plano de evangelismo ou colonialismo. A despeito do nosso,
nenhum proselitismo nesta religião, é disseminado por todo mundo. Nós acreditamos
que é desrespeitoso tentar modificar o modo de vida e a fé de outra pessoa. Que tipo de
arrogânica é esta que faz você pensar que seu modo de vida é melhor do que o de outra
pessoa, e o que você tem para converter outra pessoa a seu próprio modo de vida?
Qualquer que seja o ponto de vista de uma pessoa tem de ser respeitado. Este é o jeito
pelo qual eles vivem a vida. O numdo tem muito a perder se este modo particular de
vida, mesmo que é repartido por apenas menos de cem pessoas, estaria desaparecendo
ou trocado por outros pontos de vista das pessoas. Não há jeito de nós todos podermos
ver o mundo da mesma maneira. Não há necessidade de ninguém converter um outro
em seu próprio modo de vida. Talvez pareça estar trabalhando por um tempo.
Cristianismo tem estado em ascendência por mais do que quatro séculos, e tem
consquistado muitas pessoas no mundo, mas quando nós estamos nos aproximando do
século 21, as comunidades cristãs do mundo estão começando a se questionarem sobre
alguns destes assuntos. Algumas pessoas na Europa e nas Américas estão começando a
se distanciarem deste tipo de idéia imperialista. Sem o povo indígena do mundo chamar
por eles, alguns deles estão abraçando as religiões indígenas dos africanos, ameríndios,
indianos orientais e assim em diante.

IVOR: É possível que uma pessoa possa querer fazer parte da tradição do Òrìsà, mas
através da divinação seja dito que não pode?

WANDE: Sim. Por exemplo, Islamismo esta embutido no sistema de Ifá no décimo
terceiro Odù Òtúrá Méjì. Algumas vezes quando nós divinamos para as pessoas, e nós
vemos Òtúrá Méjì, o BABALÁWO dirá, "Diga para a pessoa ir e abraçar o Islamismo,
por que ele deve encontrar lá a religião que fará sua vida melhor."
Nós não temos nenhuma vontade de romantizar ou glamurizar nossa própria religião
as custas da religião de outras pessoas. Nós ficamos contentes em co-existir com outras
pessoas, mas nós não queremos ser egocêntricos. Se alguém gosta do nosso modo de
vida, e decide vir a nós, nós o aceitaremos e o guiaremos para uma vida melhor. Mas
nós não vemos nada que seja ruim em nenhuma religião. Não é a religião que é ruim,
mas seus praticantes, especialmente os líderes e sacerdotes de algumas religiões do
mundo.

IVOR: Como é ensinado a uma criança a divinação de Ifá?

WANDE: Pupílos se sentarão e irão assistir seus mestres divinadores executarem a


divinação para outros. Algumas vezes eles o auxiliarão a rconhecer o ìbò. O ìbò é o que
nós usamos para atirar partes para saber se alguma coisa é um "sim" ou um "não." É
feito de búzio e osso e de algum outro material bem como. Ocasionalmente, quando o
mestre sentiu que seu pupílo o tem observado o suficiente, ele ensinará como manipuar
o ÒpèlÈ. Uma vez ele podendo fazer isso, eles começam a citar ao mestre o nome do
Odù que cai. Levam dois ou três anos para ler Odù bem. O mestre irá então começar
a ensinar o pupílo os versos um a um. O apreendizado dos verso é o que toma mais
tempo. Fora dos vinte anos qua uma pessoa gasta aprendendo Ifá de um mestre
sacerdote, apender os versos leva mais ou menos quinze anos. O restante é gasto
aprendendo sobre os remédios (encantamentos). Se houverem quatro ou cinco pessoas
aprendendo de um mestre, eles serão enfileriados e ensinados pedaços e partes de um
verso que eles devem repetir após seu mestre. Quando os estudantes vão para casa, eles
começam a repetir o que eles aprenderam até que seja fixado em suas memórias. Este
processo de repetição de um verso de Ifá até que ele seja dominado é o que nós
chamamos rírán Ifá.
Se o pupilo tem passado por cima de alguma parte, o mestre irá auxiliá-lo a retocar.
Pupilos levam dois ou três dias para aprender um verso, dependendo do quanto bom
eles são. Após muitos anos de treinamento com um mestre, eles se tornam muito velozes.
Pupilos aprendem por meio de uma combinação de formas de apreendizado e
observando seu mestre a fazer as coisas. A parte formal não toma muito tempo. Muito
do tempo é gasto assistindo e então imitando o mestre sacerdote.
IVOR: A apreendizagem é uma ocupação de tempo integral?

WANDE: Muitas pessoas moram com seus mestres. Eles vivem lá, comem lá, e eles o
ajudam na sua fazenda, se ele tiver uma. Eles o auxiliam nos trabalhos domésticos. Ele
os envia em missões.

IVOR: Quem foram seus primeiros professores?

WANDE: Meu primeiro professor foi meu pai por algum tempo, e então meu tio
Adéuemo. Depois eu estudei com Ifádáyìíró, que era o Olúwo, o sacerdote chefe de
Akeètàn, Òyó. Em 1960 eu me transferi para Oyèédélé Isòlá, também de uma
lembrança póstuma. Foi de Oyèédéle que eu aprendi a maioria dos meus versos de Ifá.
Ele era um BABLÁWO fantástico com uma mente muito rica e inteligente. Que ele
descanse em paz.

IVOR: Seus filhos estão, como você foi, sendo treinados em Ifá antes de receberem
ensino escolar formal?

WANDE: Não, eles estão treinando Ifá enquanto frequentam a escola.

IVOR: Neste país é comum ouvir dos líderes religiosos que vieram para sua fé através
da revelação, um repentino momento de comunicação com o divino divisor de águas. É
parte de suas experiências de alguma maneira?

WANDE: Não, minha experiência foi aquela que meus pais me disseram que um pouco
antes de eu ter nascido, eles tinham ido a um divinador de Àjàó, a tia da minha mãe,
que lhes disse que eu deveria ser um divinador, e que logo que eu nasci, eles me deram
uma mão de Ifá, o que ele fizeram quendo eu tinha quatro anos de idade. Isto no meu
caso, algumas coisa aconteciam através da divinação. Uma pessoa pode sonhar a
respeito disto, mas para confirmar, você tem que divinar. É ifá que prognostica o
futuro.

Ifá níí so báyé ó tì rí,


Irèmòjé Ògún níí so ibiìlú gbé sè. (10)

(10) Um poema ìjálá criado pelo falecido Lámídì Ode Abón´kaba, em Òyó, Nigéria,
1987. [WA]

É Ifá que desvenda omo o mundo se parecerá,


Irèmòjé, a canção de Ògún, conta a origem das cidades. (11)

(11) Ògún é o fundador de todas as cidades. Não há estabelecimento ou cidade Yorùbá


que não seja fundado por um caçador. Eles podem não ser caçadores no sendo
ordinário da palavra, eles pode ser guerreiros, pescadores, mineiros, ou trabalhadores
das estradas de ferro. Todos eles trabalham com ferramentas de ferro. Todos eles
pertencem a Ògún. [WA]

A HISTÓRIA DE VIDA DE ABÍMBÓLA

pág 41

IVOR: Quando e onde você nasceu?

WANDE: Eu cresci em 1932, em 24 de dezembro. Mas eu não descobri isso até por volta
dos treze anos. A data donascimento que eu tenho estado usando, a qual é 26/06/1936,
não é a real data do meu nascimento. Eu escolhi esta data na escola secundário quando
se tornou necessário para todos terem uma data de nascimento em seu registro. Eu
apenas escolhi a data de lugar algum. Maus pais não sabiam como escrever ou ler e eles
não podiam lembrar nem mesmo o ano que eu nasci porque eles perdido muitos
meninos antes dem im. Após o nascimento do meu irmão mais velho, meus pais tiveram
quatro outros meninos que morreram um após o putro. Minha mãe deu a luz a um
menino e poucos meses depois, ele morria; ela daria a luz a outro, e ele também
morreria. Quando uma mulher perde seus filhos assi, é a crença dos Yorùbá que ela
está com problemas com àbíkú o que significa uma criança que nasceu para morrer
após um curto período.

IVOR: Como Ben Okri descreveu tão eloquentemente em seu romance " The Famiched
Road", uma criança àbíkú é frequentemente seduzida por seus antigos companheiros
no mundo espiritual para retornar para debaixo da terra e brincar com elas. (1)
(1) Ben Okri, "Tht Famished Road (1991; New york: Doubleday, 1992)

WANDE: Sim. Quando eu nasci, eles não pensaram que eu seria o último, e eles
pensaram que eu iria embora como todos os outros tinham ido! Este foi o motivo pelo
qual eles não prestaram muita atençãoa minha data de nascimento, e eles não
lembravam sequer o ano. Por volta dos treze anos, minha irmã mais velha Ògúnyóyin,
que tinha onze anos a mais que eu, veio da sua vila para nossa casa em Òyó e eu a
encontrei sentada próxima da minha mãe. Ela disse, "Eu lembro quando você nasceu,
você nasceu em um sábado, e naquele sábado era a véspera de Natal." Eu repliquei,
"mas eu tenho perguntado a todo mundo, e ninguém conseguia relembrar quando eu
nasci." Ela disse, "Você nunca perguntou para mim." Ela narrou a estória sobre como
no dia após eu ter nascido minha mãe enviou minha irmã a sua tia em uma vila por
volta de cinco milhas ao redor paa informar a tia que ela tinha dado a luz a um menino.
Ela foi e encontrou a tia da minha mãe que estava dançando e celebrando o Natal com
os sobrinhos, que eram cirstãos. Esta tia da minha mãe era Àjàó, a famosa sacerdotisa
de Ifá. Minha irmã ficou naturalmente surpresa e quando ela contou ao homem que
minha mãe tinha um bebê, ele disse, "Eu não posso ir hoje por causa da celebração. Eu
irei amanhã para vê-la." Neste ponto, minha mãe relembrou a estória. Ela disse, "Sim,
eu estava muito infeliz com ele quando ele veio no dia seguinte, e disse que estava
comemorando o Natal, e estava cantando canções como :

Kérélìmesì kengbe e kùn.


Odún dé odún lodún oba.

Natal que faz a barriga das pessoas aparecer" (2)


Festival está chegando, festival do rei!

(2) Por causa da refeição em nuitos lugares![WA]

Minha mãe disse que ela também começou a cantar aquela canção para mim, e daquele
dia se tornou uma das suas cnções favoritas para os recém nascido até hoje.
Após conversar com minha irmão, no dia seguinte eu retornei para a universidade de
Ifè, Ilé-Ifè, e chamei o bibliotecário. Eu pedi ao bibliotecário para encontrar um velho
calendário no qual eu pudesse encontrar as datas de 1930. Eu comecei a ir a escola em
1945, e eu sabia que eu tinha mais do que oito anos, que era a idade de muitas crianças
que iam a escola naquela época. Eu costumava pensar que eu provavelmente estava
com dez em 1945. Mas quando eu localizei o calendario da véspera de natal que caiu
num sábado em 1930, nós encontramos 1932 e 1938; Não podia se r1938 por que aquilo
significaria que eu tinha apenas seis anos quando comecei na escola em janeiro de 1945.
Eu costumava caminhar sete milhas pra a escola e sete milhas de volta para a vila
naquele tempo. Uma criança de seis, ou até mesmo dez acharia difícil fazê-lo. O que
significa que eu era então mais velho do que eu tinha pensado, e que eu tinha nascido
em 24 de dezembro de 1932. Mas a outra data de 26 de junho de 1936, que eu tinha
escolhido arbitrariamente tinha enterrado minhas lembranças, e é muito difícil apagar
da mente pública. Todo dia 26 de junho, os jornais da Nigéria publicavam a minha
fotografia e diziam "Feliz Aniversário!" Então, eu apenas deixei com estava. Talvez
em uma oportunidade futura eu venha a me permitir corrigí-la.

IVOR: Quais são os nomes de seus pais, e de onde eles vieram?

WANDE: O nome do meu pai é Abímbólaá Ìrókò. Ele também tem outros nome,
Asiyanbí, Àkànbí. Ele veio da cidade de Òyó e faleceu em 1971. Minha mãe ainda está
viva. Seu nome é Sàngódayò, Ifágbémisólá Ojóawo Àwèlé. (3)
(3) Madame Sàngódayò Àwèlé nasceu cerca de 1900, fazendo seus noventa e seis anos
na época desta conversa.
Ela também veio da cidade de Òyó. Ela é da área de Ìsèkè da cidade enquanto meu pai
de Akeètàn, que é contígua a Ìsèkè na mesma cidade.
Estes dois lugares sãoalguns dos dezesseis ou então vilas que foram abandonadas por
volta de 1835 quando o Aláàfin (imperador) se mudou para a atual Òyó. O rei solicitou
ao povo para ir e se juntar a ele. Ele solicitou aos chefes das vilas ao redor, e ele forçou
alguns deles a se juntar a ele, a fim de aumentar a população. AKeètàn, uma pequena
vila, ficava por volta de dez milhas da atual Òyó; e Ìsèkè era também uma pequena vila
por volta de seis ou sete milhas da presente òyó. Elas estavam entre as vilas que foram
abandonadas a fim de que o povo pudesse se mudar para cidade para se juntar ao rei.
Meu pai era um caçador e guerreiro muito famoso em Òyó. Ele era muito famoso por
matar búfalos, leões e leopardos. Todos os tipos de animais selvagens na área que eram
muito difíceis de caçar e matar. Este é o porque os artistas de Ìjálá o saudávam desta
forma:

Ìrókò pògìdán, o fi tiè solà.

Ìrókò matou um leão e fez muito proveito dele.

Ele era muito famoso como um caçador e tamém como um homem da medicina. Outro
verso ìjálá vem com isto:

Ta ló ni ode è é lówó lówó o o,


Ta ló nì ode, è é jèrè.
Ìrókò, Àkànbí, asode mó ràágó,
Ide nìdíì ìbon, omo Adéuemo,
Kò pa, kò wálé, baba Ògúndíyà;
Olóògùn baba Ògúnwáñdé o,
Baba Ògúndélé,
O sode, sode,
Ó sì rérè ode je. (4)

(4) Cantado por Sàláwù Elénun´mìí, Onísà, Akeètàn, òyó em 1995. [WA]

Quem disse que um caçador não pode ser rico?


Quem disse que um caçador não pode ter lucro?
Ìrókò Àkànbí, caçador que não é um homem pobre,
O motivo de cuja arma ter sido decorada com bronze,
O filho de Aféyemo;
Ele que não voltaria para casa da floresta a menos que tivesse
feito uma morte, pai de Ògúndíyà;
Dono de poderoso remédio, pai de Ògúnwáñdé,
Pai de Ògúndélé,
Praticou a caça por um longo tempo
E fez um lucro da caça.

Meu pai também era o chefe dos caçadores de òyó e seus arredores. Ele alcançou o título
de Asípade, que é como o líder das forças de Ògún. O líder das forças de Ògún é como
o líder da reserva do exército, desde que o rei não mantenha um grande exército
armado. Se houver uma guerra, o líder dos caçadores da comunidade Ògún será
chamado, a fim de que possa juntar rapidamente um exército para ir e lutar.
Meu pai era um veterando da Primeira Guerra Mundial. Ele lutou nos Camarões ao
lado da França e dos ingleses. Ele foi ferido na guerra e descartado. Quando ele foi
ferido, ele estava tomando Lagos. Eles pensaram que sua perna quebrada nunca se
recuperaria, e eles planejaram amputá-la. Mas ele por acaso ouviu os planos dos
doutores franceses falando no hospital em amputar sua perna. Ele tinha aprendido
alguma coisa de francês enquanto no exército. Ele engatinhou para fora do hospital nas
primeiras horas da manhã seguinte,pulando em uma perna só para a estação de trem.
A estrada de trem para Ìbàdàn, daonde ele viajou para Òyó, a distância de trinta e três
milhas. Ele disse que ele engatinhou pelas últimas dez milhas. Quando ele chegou a òyó,
sua perna boa estava então tão machucada quanto a outra que estava quebrada. Ele
estava cheirando a podridão em seu próprio corpo. Quando ele chegou em casa, ele
encontrou seus parentes no meio de uma celebração. Quando ele chegou ao seu meio,
engatinhando e cheirando como estava, todo mundo correu!
Meu pai não sabiq qua a guerra já tinha acabado. Haviam sete de seus companheiros
que foram para a guerra da cidade de Òyó e apenas dois trouxeram seu sucesso para
casa e contaram aos parentes do meu pai que ele tinha morrido. Então, eles estavam
celebrando seu funeral quando ele chegou! Eles pensaram que ele tinha levantado da
morte! Quando eles se recuperaram do choque, seu irmão, Adéyemo, se aproximou dele
e disse, "Então, você não está morto, mas nós estamos celebrando seu funeral. Eu tinha
chorado e chorado." Meu pai replicou, "Não, eu não morri, mas ninhas duas pernas
estão inúteis, talvez eu logo morrerei de alguma maneira." Mas o irmão disse, "Não,
você não está indo para morrer." Adéuemo rapidamente reuniu os caçadores, homens
de medicina, e alguns BABALÁWO. Eles levaram meu pai a uma floresta mutio
fechada aonde minha casa é agora em òyó, e eles fizeram um acampamento para ele lá.
Quando os Yorùbá querem tratar alguém, que é ferido em um acidente, por exemplo,
uma pessoa que caiu do topo de uma palmeira, ou uma pessoa que acidentalmente foi
atingida na floresta, eles a levaram aquela pessoa para a floresta para fazer um
acampamento lá. Nenhuma mulher deve visitar o lugar.(5)
(5) Ver parte na Linguagem e gênero de uma discussão deste gênero deste caso.
Eles permaneceriam lá até a pessoa melhorar. Na floresta, eles teriam fácil acesso as
folhas, raízes, e a cascas de árvores. Assim foi como meu pai foi curado, e ele não
mancou depois daquilo. Ele era um homem alto, por volta de seis pés, e magro até
morrer. Ele nunca foi gordo porque ele estava constatemente se exercitando.

pág 46

IVOR: Ìjálá é uma poesia dos caçadores cantada em honra de Ògún. Há outros cantos
para sua família em forma de Ìjálá? Os cantos Ìjálá particulares de sua família?

WANDE: Não há ninguém que cante Ìjálá em Òyó e cidades perto e vilas a não ser de
fora cantando em louvor de Abímbólá Ìrókò Àsípade, assim como seu pai e seu irmão
mais velho, Adéyemo. Pessoas sempre cantam em louvor deles porque o pai do meu pai,
cujo nome é Akínsílolá, foi o primeiro Asípade da atual Òyó. Seu nome de louvor é

Aráà Jàyè o meni à á mú o.


Wón mú mi ní bàbáà mi Akíndí lo.
Akínsílolá, Légbèéjùre, fàdá owó è pa jàkùmó.
A gbó lele Ògún yà bàrà

Pessoa de Ijàyè não sabem quem não prender,


Eles prenderam meu pai Akínsi.
Akínsílolá, Légbèéjùre, que matou um leopardo com um
cutelo que ele segurava na sua mão.
Ele que quando ouviu a música rude de Ògún,
se ramificaria rapidamente para todo lugar que estavam vindo.

Ele tinha vindo da velha Akeètàn quando foi abandonada, e se mudou para a atual Òyó
por volta de 1835. Quando ele morreu (por volta de 1919-20), meu pai herdou seu título.
Ele foi um dos líderes do exército de Òyó durante a guerra de Ijàyé de 1860-62. Ele foi
capturado naquela guerra e aprisionado em Ijàyè, mas o exército de Òyó organizou-se
para resgatá-lo. Todos os seus companheiros capturados com ele foram vendidos como
escravos.
Quando meu pai faleceu em 1971, meu irmão mais velho Ògúndíyà herdou seu título de
Àsípade. Este título tem estado em nossa família por um longo temp. Todos em nossa
família são um filho de Ògún. Minha mãe, que está por volta dos 96 ans de idade, é uma
devota de Sàngó, e seu pai Ìsòlá, era um elégùn de Sàngó.(6)

(6) Elégùn é uma pessoa que frequentemente é possuído por Sàngó. Elégùn é um òjísé
ou mensageiro de Sàngó. [WA]

Minha mãe é também de uma família de sacerdotes de Ifá. Seu tio foi um sacerdote de
Ifá. Tanto meu pai como o irmão do meu pai foram também divinadores também.
Como mencionado acima, o irmão mais velho do meu pai era um famoso cantor de Ìjálá,
possivelmente o mais famoso em Òyó naquele tempo. Artistas de Ìjálá o louvam da
seguinte maneira:

Awólenu-mó-wòó-lóhùn, Adéyemo.
Ewé odán rèrè bíi ká sè é lóbè oko Kányin.
Adéyemo, Ògtúgbédè,
Areso bí agbe. (7)

(7) Cantado por Ògúndíya Ìrókò, Asípade de Òyó, 1983. [WA]

Adéyemo, cuja boca tem sofrido colapso, mas cuja voz não.
As folhas da árvore ODÁN são convidativas como se alguém as
colhessem e cozinhassem em uma sopa de vegetais,
marido de Kányin.
Adéyemo, cujo outro nome é Òtúgbédè.
Quem tinge sua roupa como o Agbe. (8)

(8) Agbe é o pássaro turaco azul. [WA]


Todos em minha família canta Ìjálá. Todo undo. Nós somos em cinco irmãos, eu sou o
do meio. Eu tenho um irmão mais velho e uma irmã mais velha, bem como um irmão
mais novo, Ògúndelé, e uma irmã mais nova, ògúntutù. Minha irmã mais velha
Ògúnyóyin é uma hábil cantora de Ìjálá, sem falar do meu irmão mais novo, e meu
irmão mais velho Ògúndíyá, o atual Asípade. Nossa casa é a família número um de
Ògún na cidade de Òyó.

IVOR: Você disse que todo mundo em sua família é um filho de Ògún. Ògún é
importante nos nomes dos membros da família?

WANDE: Como você sabe, meu nome completo é Ògúnwáñdé. Meu primeiro filho é
chamado Bolán´lé, Ògúndèjì. Todos os meus filhos tem três nomes: Olá (honra), um
nome de Ògún, e um nome de Ifá. Abímbóla significa "uma pessoa nascida com honra."
Minha primeira filha, que é minha filha mais velha, e chamada Olábísí.

IVOR: Quais são os Òrìsà mais importantes na sua família?

WANDE: Os três Òrìsà mais importantes em minha família são Ògún, Ifá e Sàngó. Nós
também temos òsun e uma variante de Òòsàála, conhecido como Òósà ìkò. (9)

(9) Òósà ìkò é um Òrìsà chamado de Òósàála (Obàtálá). A terra natal de Òòsà Ìkò é
Ìkònífin próximo ao Rio Obà por volta de 10 milhas ao norte de Òyó.
Minha mãe é uma devota de Sàngo. Ela foi criada no caminho de Sàngó. Eu creio que
ela é uma das mais velhas devotas de Sángó em Yorubaland neste momento. Ela ém
uma voz muito boa para cantar, e ela canta a literatura de Sàngó de tempos em tempos.
Dela eu aprendi como cantar para Sàngó. Minha irmã mais velha qu eu mencionei
acima é uma sacerdotisa de Sàngó também, e muito entusiástica a respeito disso.
Nós somos uma das poucas famílias com pessoas que de uma geração a outra que nunca
se cristianizaram ou converteram ao islamismo. Nós temos seguido a tradição, e tem
passado de uma geração a outra. Até agora meus próprios filhos não são nem cristãos
nem muçulmanos. Muitos deles são ativos na religião. Todo recém-nascido em minha
família é iniciado para Ògún. Isto é feito na semana que eles nascem, usualmente no dia
que nós executamos sua cerimônia do nome. Um dos meus filhos, Oládoyin, foi iniciado
para Obàtálá, enquanto que outro, Olátúndùn foi iniciado para Òsun. Quatro dos meus
filhos, Bolán´lé, Kólápò, Táíwò e Kéhìndé, foram iniciados nos segredos de Ifá. Três
outros filhos meus, Olátúnjì, Oládìran, e Akinola estão estudando ativamente para
serem consagrados como BABALÁWO. Alguns dos meus filhos denominados Títílolá,
Olábùnmi, e Olátúnjì tem tomado apurado interesse no Bàtá, especialmente as danças
e canções daquele tambor falante.

IVOR: Você começoou a aprender Ifá com a idade de quatro anos. Seus irmão também
foram treinados em Ifá, ou você foi especialmente selecionado?

WANDE: Eu fui selecionado antes do meu nascimento, porque minha mãe estava
perdendo seus filhos um após o outro. Ela tinha perdido quatro meninos seguidos. Cada
um vivia por poucos meses e morria, e ela ficou grávida novamente; e como ela deu a
luz a mais um, ele morreria de novo, até que foi minha vez. Quando ela ficou grávida
de mim, ela foi a sua tia para divinar. Sua tia lhe disse que esta gravidez em particular
seria outro menino, e, "Ele não morrerá. Mas você deverá observar as seguintes coisas.
Um, você não fará as marcas na sua face com as marcas usuais que o pov Yorùbá coloca
em suas faces. Dois, você nunca lhe dará nenhum castigo corporal, eninguém deverá
dizer qualquer palavra cruel para ele! Três, o garoto será um BABALÁWO, mas até
certa idade, ele insistirá em fazer algumas coisas que você não gostará muito, você o
deixará fazer isso."
Por toda minha infância, ninguém me bateu. Era comum nessa época dar punição
corporal as crianças. Ninguém me maltratou, ou até fez uso de palavras ásperas contra
mim. Eu fui um perfeito exemplo do que poderia ter sido "uma criança estragada."
Mas eu não me comportei como uma criança estragada! Eu cresci para ser responsável
e alerta. Meu próprio exemplo me convenceu que punição corporal pode ser a causa de
danos pelo menos em respeito a alguém. Quando eu estava na escola, sempre que eu
queria fazer alguma coisa, eu apenas ia adiante e fazia, assim que eu a maquinava em
minha mente. Mas muitos dos meu colegas não eram tão audazes. Eles sempre tinham
medo de seguir adiante como se eles estivessem esperando por aprovação ou recusa de
alguém real ou até mesmo imaginário. Punição corporal que elesl usavam para terem
incutido medo em suas mentes. Antes de fazerem alguma coisa eles provavelmente
pensavam haver uma autoridade imaginária para lhes dizer o que fazer e o que não
fazer.
Mas na infância, se eu pensasse que alguma coisa era boa para fazer, eu faria! E meus
colegas ficavam maravilhados, "Como ele fez isso? É tão difícil!"

IVOR: Através dos conselhos de um divinador, tratamento especial é concedido para


um àbíkú a fim de que eles queiram ficar no mundo dos mortais.

WANDE: Exatamente. Há amor, há cuidado por ele. Ele é querido. Quando eu tinha
quatro ou cinco anos, eu recebi minha primeira "Mão de Ifá" (Owo Ifá Kan). A cada
cinco dias da semana Yorùbá de cinco dias, nós fazíamos sacrifícios com irú o qual Ifá
gosta muito de comer. (10)

(10) Irú é uma semente da árvore alfarrobeira. os Yorùbá usam o irú para temperar o
molho dos vegetais, e também é a comida favorita de Ifá. [WA]

Ocasionalmente, nós sacrificávamos um frango para ele. Então eu comecei a estudar


Ifá primeiro de todos os meus tios, então uma pequena parte do meu pai, e entã eu
estava indo a alguns outros sacerdotes de quem eles tinham me enviado para se tornar
aprendiz e estudar Ifá. Parte do tempo eu também trabalhava na lavoura.

IVOR: Você tinha dito que foi o primeiro de sua família a se preocupar com o estilo da
escola ociental. Como isso aconteceu?

WANDE: Com a idade de doze anos eu fui a cidade de Òyó com meus pais, e eu vi
crianças de uma escola brincando em um campo aberto. Eu não sei se havia uma escola
ali, mesmo de qualquer forma foi estabelecida por volta dos quatro anos após meu
nascimento. Cada vez que nós íamos a cidade de òyó, eu via prédios, mas eu não sabia
o que eles estavam fazendo lá. Nesta ocasião em particular eu vi crianças da minha
idade lá, e eu pensei que era um parquinho para todos por que eu não sabia o que
significava uma escola, ou o que era. Eu fui para lá e estava jogando com os meninos,
mas eu notei que eles estavam todos vestidos da mesma foram. Eu estava maravilhado
e pensando que eles pertenciam a mesma sociedade, ou eles estavam estudando Ifá de
alguém ou aprendendo a trabalhar no comércio com o mesmo mestre. Então um garoto
veio e eu perguntei o que eles estavam fazendo. Ele disse, "Esta é nossa escola." EU
disse, "O que escola significa?" Ele disse, "Então você é um campestre, você veio da
fazenda? è por isso que você está vestido assim? Você é um fazendeiro." Eu disse,
"Sim." Ele então disse, "É melhor você falar com seu pai para enviar você a uma escola.
Você não sabe como escrever seu nome?" Eu disse, "O que significa escrever , como?"
Ele disse, "Veja, olhe para ele, ele é um garoto ignorante. Tanto quanto você, Você não
sabe como escrever seu nome! Qual é seu nome?" Eu disse, "Ògúnw´~ndé." Então ele
escreveu no chão e disse, "Este é o seu nome!" Eu perguntei ao garoto, "O que você está
colocando no chão, como relata meu nome?" Ele retorquiu, "Você é um garoto tolo.
Você não sabe como escrever seu nome. Qual é o nome do seu pai?" Eu o mencionei, e
ele escreveu no chão. "AH!", ele disse, "Sua mão direita, quantos dedos tem?" Eu disse,
"Cinco." "Sua mãe esquerda, quantos tem? E as duas juntas?" Eu disse, cinco e dez.
"Então, ele colocou cinco mais cinco igual a dez no chão. Ele disse, "Que é isto." Ele
disse, "Isto é o que nós estudamos aqui." Eu disse, "Eu gostaria de ver o BABALÁWO
que está ensinando você." Ele disse, "Não há BABALÁWO aqui. Este é nosso professo."
Eu disse, "Professor, o que é isso?" Eu comecei a imagina um homem da medicina; eu
apenas não entendia.
Então, o mesmo garoto tirou um livro. Ele disse, Você vê, um livro. Você pode ler isto?"
Eu disse, "O que você quer dizer com livro?" Ele disse, ""Isto é um livro, você não vê,
é um garoto tolo!" Ele o estava lendo! Eu estava surpreso. Então o sino tocou, e eu o
segui. Ele me mostrou o quatro negro. Então eu deslizei para fora, no primeiro sinal de
sua professora, porque ele olhou para mim como um soldado, o modo como ele estava
vestido em uma camiseta e com calças longas. A única pessoa que eu tinha conhecido
vestido como lá eram soldados durante a segunda guerra mundial! Nós costumávamos
vê-los parados próximos a nossa vila. Eu estava amedrontado, porque eles costumavam
estuprar as mulheres, e bater no povo. Então eu saí. Mas eu comecei a pensar sobre o
que o garoto me disse.
No dia seguinte eu voltei lá, mas eu não os vi lá fora. Eu vaguei um pouco no pátio e os
vi todos sentados em suas salas de aula, quietos. Então eu vi a professora escrevendo
alguma coisa no quadro. Eu disse, "Ha! Como este tipo de coisa está acontecendo na
minha vizinhança e eu deixo passar?" Eu estava tentando desenhar como ele escreveu
meu nome. Eu então relembrei que o povo que morava em Lagos algumas vezes escrevia
cartas para casa e recebiam de cada carta ficavam procurando alguém para ler para
eles. Algumas pessoas que recebiam cartas de Lagos diziam, " Eu recebi uma carta!" e
eu as via em suas mãos, mas eu nunca entendi o que significava! Então eles iam a cidade
para procurar por alguém para ler a carta para eles. Eu disse, "Hòóò!Isto é o que
significa!"
Quando eu voltei para casa eu fui a meu pai e disse, "Você sabe o que eles estão fazendo
naquele prédio lá?" Ele disse, "Naquela escola?" Eu disse, "Mas é bom." Ele disse,
"Bom para que?" Eu disse, "Bem, eu fui lá e vi os garotos da minha idade, e o que eles
estão aprendendo la é bom! Eu tenho imaginado em minha mente que eu quero ir lá."
Ele disse, "Diga de novo?" Eu disse, "Eu quero ir lá e me juntar a eles!" Ele sorriu, e
chamou meu irmão mais velho, e disse, "ògúndíyà, venha, alguma vez eu sempre disse
pra você que este é um garoto malandro? Ele é um garoto malandro! Repita o que você
disse agora mesmo." Eu disse, "Bem, esta tarde eu fui a escola do outro lado e encontrei
algumas pessoas lá, e eles me convenceram que eu devo me juntar a eles e estar
estudando o que eles estão fazendo." Meu pai disse, "Você é um garoto malandro! Você
vê minhas armas? Você pode destruir algum deles se você ouvir um lugar aonde há uma
guerra, você vai e luta lá, e eu ouvirei boas notícia do meu próprio filho que é um
guerreiro lutando algumas guerras em algum lugar! Você nãoe está dizendo que você
quer matar um elefante ou um búfalo ou alguma coisa? Você estuda Ifá, você nem
mesmo chegou a metado do caminho através dos 256 Odù? Agora, você quer ir a escola
e escrever pequenas e pequenas coisas no chão. Todas aquelas pequenas coisas, qual o
seu significado? Me diga, é que trabalho? Que tipo de trabalho é escrever minúsculas
coisas no chão?" Mas eu insisti, e continuei indo naquela escola todo dia mas eu nunca
mais os vi lá fora. Mas eu costumava ouvir eles batendo tambores, cantando e
dançando! Eu disse,"Eu tenho que ir." Ele disse,"Não, ninguém nesta família tem ido
a escola. Se você não está mais interessado em aprender Ifá, vá e use uma de minhas
armas, vá e lute em algum lugar!"
Logo depois eu retornei a vila. Nós tinhamos ido a cidade par um festival, eu não lembro
que festival em particular foi, mas nós estávamos morando em uma vila a sete milhas
de lá. Mas se havia um festival, nós devíamos descer para a cidade e ficar até o festival
estar terminado e então nós voltarmos. Quando nós voltamos para a vila, me recusei a
comer. Eu disse,"Eu devo ir a escola." Depois de eu ter recusado comida por dois dias,
minha mãe ficou assustada. Ela foi ao meu pai e disse "Lembra o que meu tio nos disse
quando eu estava grávida deste menino? Você lembra que ele disse que viria um tempo
quando Wáñdé diria que queria fazer alguma coisa a qual não encontraria nosso apoio.
Talvez seja isto! Deixe o ir se ele quer ir."
Meu pai ficou quieto. Ele então enviou seu irmão mais novo. Seu irmão mais novo òjó
tinha vivido por um bom tempo em Lagos, e ele costumava ir a uma igreja. Ele era um
cristão simbólico. Meu pai chamou seu irmão e disse, "Este é outro homem malandro
como você mesmo. Este é um garoto malandro Leve o! Ele diz que quer ir a escola. Você
conhece soestas coisas lá. Eu não sei o que isto significa." Òjó disse, "Meu irmão, você
tem esquecido, quando eu tive um menino de nome Ìgè, eu vim a você quando foi a
época de colocar as marcas em suas faces, e implorei a você par anão colocar marcas
em suas faces porque eu queria que ele fosse a escola. Eu estava esperando por ele para
ser mais velho. Logo ele está na idade, ambos podem ir juntos." Eu era três ou quatro
anos mais velho que Ìgè. Naqueles dias uma criança devia colocar sua mão do outro
lado do meio de sua cabeça a fim de que a mão alcançasse sua orelha no outro lado. Se
sua mão não alcançava sua orelha, então ele não era velho o suficiente para ir a escola.
Meu tio organizou para mime seu filho irmos a escola poucos meses depois.
Mas é interessante dizer que muito pouco depois eu comecei minha educação, meu pai
mudou de opinião. Ele entendeu como alguns tipos de guerra, ou conpetições sérias.
Não importando quando nós terminamos o trabalho acadêmico de anos, haveira uma
ocasião festiva na escola antes dos pupílos irem para as féria. Meu pai veio de sua vila
e a testemunhou. Eles até o chamarma para alguma cadeira dos eventos da associação
de pais e professores, e ele se divertiu! A qualquer hora minha posição na classe menor
que a primeira, segunda ou terceira, assim que eu voltei para a vila, e ele me perguntou,
"Qual a posição você está neste momento?", e se eu dissesse, "Eu estou na quarta ou
quinta posição, ele diria, "Bem, você tinha melhorad, conte-nos o que aconteceu. Há
colocação como o quarto lugar na esocla? Quando você estava correndo, na escola, eu
estava lá. Ele pegaram aqueles que erma o número um, doie três. Ele não aceitam o
número quatro! Se você não está no primeiro, segundo ou terceiro, significa que você
flahou." Então eu diria, "Eu não falhei, eu passei!"
No dia seguinte enquanto estava caminhando com meu pai para sua fazenda durante
as férias, ele me parou três ou quatro vezes no caminho. Ele me parava e dizia, "Quando
você estava dizendo que você queria ir a escola, este foi um dos meus medos. Você ia
arrastar meu nome na lama lá! Todo mundo sabe que eu sou o número quatro nesta
cidade! Quem é a pessoa que é o número um? Ele tem duas cabeças? QUem é seu pai
nesta cidade? Me conte! Então, você está indo naquela escola para ser o número quatro.
Eu sou a pessoa número quatro nesta cidade?"
Nós caminhamos umaa pequena distância, e ele parou de novo, e disse, "Híín! Alguém
que é o número um é seu mestre agora. Ele pode mandar você em uma missão. Que
boca você tem para dizer "Eu não posso ir" se ele envia você em uma missão?" O efeito
de tudo isso foi que naquele tempo eu voltei pra a escola um breve período, eu tentaria
ser o melhor para ser o número um. Mas eu nunca o fiz, porque havia este garoto, e nós
sentávamos juntos. Ele era sempre primeiro! E ele também era o filho de um
BABALÁWO.
Um dia, meu pai chamou os homens de sua sociedade de caça. Ele disse, "Nós temos
que fazer alguma coisa a respeito deste garoto que sempre é o número um, e meu filho
nunca pode ser o número um." Mas um deles era uma amigo do pai des garoto em
particular que sempre era o número um. Meu pai conhecia o homem. mas o garoto
estava usando outro nome de seu próprio pai na escola. Como resultado, meu pai não
sabia que aquele era a mesma pessoa! Meu pai chamou seus companheiros para faze
um remédio poderoso a fim de que eu fosse sempre o número um ou que o outro não
fosse mais o número um.
Um dia um dos companheiros do meu pai, que era um amigo do pai do meu colega de
classe, veio ao meu pai e disse, "Eu quero ir e visitar um dos meus amigos, vamos
juntos." Eles saíram de casa, e foram a casa do pai do meu amigo que costumava ser o
núemro um na escola. QUando eles chegaram lá, meu pai viu o homem, ele o
cumprimentou, e ele o conhecia. Então o pai do meu pai disse, "Então, você conhece
este homem." Ele disse, "Claro, este é Òsìawo, eu o conheço." Ele disse, "Este é o pai
do amigo de seu filho, que é sempre o número um na escola." "Ah," ele disse, "Mas o
nome que ele usa na escola é diferente." O homem disse, "È meu verdadeiro nome,
Adégbolá. Òsìawo é meu título." Ele disse, "Hàáà!", e eles se cumprimentaram.
Depois que eles foram recepcionados por seu anfitrião, o amigo do meu pai disse, "
"o motivo pelo qual eu trouxe você aqui é que eu quero que ambos se encontrem.
Alguma medicina poderosa que os dois de vocês tenham dado para seus garotos. Não
entrem em competição entre vocês. Eu não quero que você Òsìawo dê alguma medicina
poderosa para seu filho que pode danificar o amigo do meu filho. E você, meu amigo,
nenhuma medicina irá prejudicar o filho de Òsìawo. Algum remédio que vocês tenham,
as juntem para benefício destes dois meninos." Eles se abraçaram, e disseram, "Nós
somos amigos, eu não sabia qual era seu nome." O nome do meu parceiro de classe e
companheiro de cadeira é Okùnadé. Ele esteve sempre em primeiro lugar através dos
nossos anos de escola primária. Mas houve um ano quando a escola nos separou. Eu fui
para classe 5B e ele foi para a classe 5A. Naquele ano, pela primeira vez na escola
primária, eu fui o primeiro. OOkùnadé foi também o primeiro em sua própria sala.
Mas então quando nós chegamos a escola secundária, a história foi diferente. Eu tinha
o melhor resultado certificado na escola em minha classe quando nós nos formamos na
escola secundária em 1958.
Eu costumava caminhar da nossa vila para a escola. Dos cinco dias escolares na semana,
eu podia fazer dois ou três dias. Primeiro eu estava fazendo com meu primo Ìgè, filho
do meu tio. Mas ele retirou-se da escola por volta de três anos depois que nós
começamos. Então, eu fui o único que restou. Eu acordava cedo de manhã, por volta
das 02 a.m., e caminhava sete milhas. Metade das sete milhas era numa rota de
caravana. Não havia estrada em tudo, e havia um rio no caminho. Não é um rio muito
grande normalmente, mas durante as estações das chuvas, em setembro ou outubro, e
podiam desbarrancar suas margens. Quando eu chegava cedo de manhã, eu podia ouvir
o rio como estava correndo. Mas eu tinha que passar por aquele rio. Não havia outro
caminho. Em uma ou duas vezes, eu estava quase me afogando indo através do rio a
noite!
Se eu não chegasse a vila conhecida como Akínmòórìn, a qual está no meio do caminho,
por volta das quatro e trinta da manhã, eu não chegaria a escola as 06:30, e eu sempre
queria estar la entre cinco e seis.
Algumas vezes chovia de manha. Na floresta chuvosa aonde nós morávamos, chovia a
qualquer hora. Durante a estação das chuvas, as chuvas podiam ser tão fortes e
acompanhadas com trovões e raios. Mas sob sol ou chuva, eu ainda ia.
Eu relembro o primeiro dia que deixei a vila por volta das duas da manhã. Meu pari
me escoltou por um pequeno trecho. Ele me seguiu por um kilómetro, então ele entrou
em um arbusto porque era uma noite enluarada e ele queria ir e esperar no caminho
por animais. Aquilo que ele costumava fazer. Ele tinha percebido algum animal vindo
para se alimentar com as frutas do arbusto, e ele foi para lá para emboscá-lo. Eu fiquei
surpreso, então, eu parei. Ele disse,"Por que você está parando? Você não vê a estrada?
Você não conhece a estrada para a cidade? Vá!" Ele disse, "Desde que você tem estado
caminhando ao redor, você viu o crânio de um homem no caminho? (11)Porque você
está com tanto medo? Vá! Você não é um homem? Se alguma coisa o assusta, você a
assusta de volta." Uma vez que eu não tinha outra alternativa, eu segui meu caminho.

(11) A vida era geralmente mais segura naqueles dias, especialmente no campo de
Yorubaland o qual era mais populoso do que no presente. Furto, sequestro, e assalto a
mão armada os quais são comuns hoje em dia no Oeste da África eram raros nas
décadas de 1940 e 1950. [WA]
Logo depois, eu parei ouvindo passos, como se uma pessoa estivesse correndo depois de
mim. Imediatamente eu houvi os passos, eu sabia que era minha mãe. Ela não podia
falar alto porque meu pai não podia saber que ela nos seguiu. Ela disse, "Eu acredito
que você compreende que ele não deve saber que eu segui vocês. Deixe-me acompanhá-
lo a Akínmòórìn." Ela completou, "Eu sei que ele foi para o mato e não poderá seguir
você por um bom tempo. Como pode você ir sozinho a esta hora da noite?" Então, eu
repentinamente me tornei um homem. Eu disse, "mama, volte, nada de errado vai
acontecer comigo. Volte." Ela insistiu, "Deixe-me seguir você, é muito perigoso para
você." Eu disse, " Nada vai me acontecer. Apenas volte." Ela começou a chorar, e eu
tomei meu caminho, e ela foi de volta.
em pouco tempo, eu fiquei acostumado a isso. Algumas vezes a noite, eu podia ouvir
alguns passos me seguindo. A rota das caravanas não tinha mais do que três pés de
largura. Uma pessoa tinha que esperar por outra para passar, de outra forma você
correria uma contra a outra. Em primeiro, foi um pequeino assustador porque eu não
sabia se era um espírito, ou um homem mau vindo. Um dia, quando eu passei por um
homem, ele disse, "Venha cá, venha! Você não sabe como comprimentar alguém? Você
não sabe como dizer bom dia? Mas eu não retornei, eu me apressei no caminho!
Depos de algumas vezes, eu mesmo me tornei muito bom nisto. Se eu ouvia passos, e eu
queria assustar alguém vindo, eu dizia, "Sim, eu estou indo, e você está vindo. Se você
é bravo o suficiente, vamos nos encontrar no meio da estrada. Espere por mim!"
Algumas pessoas corriam para o mato! Quando eu voltei para a vila a noitinha, eu o
escutei contando estórias que havia uma fada no caminho. Ele disse, "Eu encontrei um
iwin (uma fada) no caminho para Akínmòórìn. Havia uma fada lá. Apenas Olórun me
salvou porque eu quase colidi com ele. A fada disse, Se você é bravo o suficiente, espere
por mim. Encontrêmo-nos no meio do caminho; Eu estou indo, você está vindo. Então
eu corri para o mato." Então, ele adicionou alguma coisa a mais que não era verdade.
Ele disse, "Entãoa fada me seguiu!" Quando ele terminou sua história, eu lhe disse que
não era uma fada; era eu. As pessoas começaram a caçoar dele. Foi realmente muito
engraçado naqueles dias, e eu me diverti.
Eu aprendi uma coisa das minhas caminhadas nas primeiras horas matutinas, ou em
algum tempo.
A qualquer hora que uma pessoa possa estar sozinha, e está caminhando calmamente,
é a melhor forma de exercício. Muitas coisas vêm a mente dessa pessoa, e pode ser capaz
de resolver problemas morosos na mente.
Toda hora que tinha trabalho a fazer na escola, assim como ir trabalhar na escola
fazenda, ou fazer algum trabalho de arte após as horas da escola, eu podia ficar com
minha tia na cidade. Se o irmão mais velho do meu pai vinha para a cidade como ele
costumava fazer de tempos em tempos, eu podia ficar com ele na cidade. Assim foi como
eu gastei os primeiros onze anos da minha escolaridade. A escola primária naquele
tempo era oito anos. A escola secundária era seis. Nos três primeiros anos da escola
secundária, eu ainda estava indo da vila parte do tempo. Mas quando eu estava na
quarta ordem naquela escola particular, foi compulsório para todos do quarto grupo
morar no abrigo da escola.
Na minha escola primária, eu frequentei uma escola primária sob a autoridade do
governo local conhecida naquele tempo como Escola da Autoridade Nativa da Cidade.
A escola, como eu disse antes, erma muito próxima da nossa casa. Mas era uma escola
primária fraca. Para um primário melhor, eu tinha que ir a outra escola chamada
Escola da Autoridade Nativa de Durbar. Durbar é uma palavra indiana que significa
uma assembléia de chefes. Aquela escola particular se tornou muitofamosa. Eu acredito
que foi estabelecida em 1929. Naquele ano, o Príncipe de Wales e seus súditos reais
ingleses visitaram a Nigéria e eles queriam encontrar os reis de Yorubaland em Òyó.
Mas de alguma forma, quando ele chegou a Lagos, ele ouviu notícias que havia uma
explosão de varíola no interior. Como resultado, ele foi advertido a não ir. Mas os reis
Yoùbá tinham limpado uma grande parcela das terras e construído casas aonde o
Príncipe iria descansar, e aonde eles também ficariam. Eles plantaram flores e belas
árvores lá também. Eles tinham feito tudo isto antes da visita! Mas, ele não veio, e eles
mais tarde tornaram o lugar em escola.
O primeiro nome da escola foi "Native Authority chiefs'sons'School. Eles mais tarde
mudaram para 'Native Authority Durbar School'. Era uma escola maravilhosa. Nós
tinhamos professores muito bons, e tudo era quase de graça. Eles nos equipavam com
livros de exercício, tinta, livros de texto, tudo livre de custo. Aquilo foi quando eu
terminei minha escola primária em Dezembro de 1952.
O janeiro seguinte, eu entrei na única escola secundária emÒyó naquele tempo. Era
uma escola Batista. Era conhecida naquele tempo como a escola secundária batista dos
meninos, òyó. Eles mudaram o nome em 1960 quando se tornou uma escola de co-
educação, a fim de que as meninas também pudessem ir lá. Eles mudaram o nome para
Olivet Baptist High School, Òyó, a qual é uma das melhores escolas secundárias no
estado de Òyónos dias de hoje.
Nós fomo ensinados por missionários batistas americanos, e eles tinham um
equipamento muito bompara ciência, bem como física, química e biologia. Mas meu
interesse nunca foi as ciências, eu sempre fui interessado nas artes porque eu queria
conhecer sobre os outros lugares no mundo, e sobre minha própria cultura também. Eu
fui naquela escola por seis anos, e mais tarde entrei na única universisade no país
naquele tempo, a Universidade College, Ìbàdàn. Era um Colégio Universitário de
Londres. Que foi aonde eu me graduei como bacharel em 1963, com honras em História.
Eu era um aluno do estado no ano que eu entrei no College. O que significa que eu gozei
de educação gratuíta por todo o meu período de estudo.

IVOR: Era comum para famílias cujo meio de vida dependia de pequenos trabalhos
agrícolas para ter dificuldades de mandarem seus filhos para escola, porque seu auxílio
era necessário em casa. Foi isso um caso em sua família?

WANDE: Não, o caso da minha família foi totalmente diferente. Meu pai nunca viveu
apenas de um pedaço do tempo em casa. Ele sempre estava no mato, procurando por
animais para matar. Ele estava parte do seu tempo na fazenda, mas
surpreendentemente, sua fazenda era maior do que de alguns que eram fazendeiros em
tempo integral! Ele era forte, e rico em recursos, que na verdade não vivia mto na vila.
Quando ele estava lá ele sempre tomava conta de suas fazendas, que eram sempre
coberta pelo tempo que ele voltava da suas expedições de caça.

Desde a escola primária eu frequentei uma escola do governo, não havia religião
envolvida. Mas minha escola secundária foi em uma escola batista americana. Eles
tentaram me converter ao cristianismo. Hávia um clube conhecido como Sociedade
Evangelista. Todo estudante era encorajado a pertencer ao clube. Todo membro do
clube deveria ir a vila para pregar. Eles alocavam um estudante em uma igreja a qual
não tinha um pastor, uma pequen igreja com pouco menos que cem membros. Eu fui
alocado em uma igreja semelhante por dois anos. Eu percoria de bicicleta 15 milhas
para a igreja no domingo para pregar. Então eu voltava de bicicleta no mesmo dia. Mas
isto nunca me impediu de fazer minhas próprias coisas. Eu nunca demonstrei fraqueza,
eu continuei meus estudos de Ifá. Isto foi interrompido um pouco quando eu comecei a
morar em um dormitório. Mar eu nunca quiz ser cristão ou qualquer outra coisa que
não um praticante da nossa própria fé indígena.
IVOR: Eles sabiam que você estava treinando Ifá?

WANDE: Alguns dos poucos estudantes sabia, porque eles me viam recitando, mas
meus professores não.

IVOR: Então você manteve isso para si mesmo.

WANDE: Sim. Mas na escola primária em duas ocasiões quando estudantes foram
picaodos por cobras, eu os salvei. Naquele tempo não havia hospital em Òyó. Havia
apenas uma clínica na Missão Batista, recrutada uma enfermeira. Quando um menino
era picado por uma cobra, a escola corria com ele para lá. A enferimeira não tinha
remédio contra picada de cobra. Eles tinham que trazê-lo de volta. Eu então me ofereci
e disse, "Vocês me permitiriam dizer encantamentos nele." Naquele tempo eles
aceitavam qualquer coisa que pudesse ajudar o menino. Eu disse encantamentos na
ferida, e o garoto passou a dormir. Mas eles pensaram que ele dormia porque estava
cansado. Eles não sabem que ele estava ficando melhor. Quando ele levantou, a dor
tinha acalmado, e ele estava ficando bem. Mas as autoridades da escola não se
convenceram, eles disseram, "Bem, pode ser que o tipo de cobra que mordeu o menino
não fosse venenosa."
Poucos meses depois, outro estudante foi picado por uma cobra muito venenosa, e eles
não tentaram levá-lo a lugar algum, eles foram procurar por mim. Eu disse
encantamentos, e ele dormiu instantaneamente. QUando ele acordou, ele estava melhor.
Alguns dos meus colegas de classe, na escola primária e secundária, costumavam pensar
que o motivo de eu ir tão bem na esola era porque eu conhecia muito de remédios!

IVOR: Você foi batizado para entrar na escola secundária?

WANDE: Sim, eles me batizaram, e eles me deram o nome de Moisés. Mas assim que
eu deixei a escola, eu esqueci disso.

IVOR: Você pode descrever suas experiências de pregação na igreja?

WANDE: De certa forma não há muita diferença porque as mesmas morais que nossa
religião tradicional fala é o que eles pregam na igreja. A bíblia era o objeto e o principal
texto da escola. Naquela escola, nós costumavamos rezar trinta e duas vezes ao dia!

Em 1963, no ano em que fui graduado na universidade, um amigo meu tinha ido a
livraria para ler jornais. Ele tinha o costume de observar o "Federal Government
Gazette" aonde ele viu um anúncio para a vaga de pesquisador universitário júnior nos
estudos Yorùbá. Eles estavam chamando pessoas com graduação de mestre nos cmpos
de antropologia, religião e literatura para adotar. A posição estava embasada em um
recem instalado Instituto de Estudos Africanos da universidade. Meu amigo viu e
trouxe o para mim e disse, "Por que você não se candidata?" Eu disse, "Bem, você sabe
que eles estão procurando por pessoas com o grau de mestrado, e nós aind não temos
escrito nosso exame final para bachareis!" Ele disse, "Você vai e faz." Então eu me
candidatei. Para minha grande surpresa, eu fui chamado para uma entrevista. Eu
pensei que eu era a primeira pessoa a ser chamada porque eles chamaram nossos nomes
por ordem alfabética. Eu estava lá na sala de entrevista por duas horas. O
Vice_Chanceler da universidade, Professor K.O.Dike, era o presidente. Eles
simplesmente não conseguiam acreditar em meus conhecimentos de Ifá e cultura
Yorùbá. Haviam onze de nós para entrevista, e eu fui a primeira pessoa a ir. Os outros
dez estavam esperando fora. Antes de eles entrevistarem os outros, a equipe de
entrevista começou a argumentar comigo. Eles disseram, " O que nós estamos vendo
aqui é muito promissor. Nós estamos tendendo a dar este emprego para você. Você quer
pegá-lo? Você o faria." Mas eu não tinha escrito meu exame final! Sob o antigo sistema
britânico o exame final era o que determinava tudo!
Isto foi pouco depois da independência da Nigéria. Este foi o porque deles terem
estabelecido o Instituto de Estudos Africanos. Por volta de duas ou três semanas depois,
eu vi uma carta em minha caixa de correio que eu tinha sido apontado como um
membro do quadro da universidade para a qual eu estava escrevendo meu exame final!
Eu fui apontado como um professor da minha universidade quando eu ainda era um
estudante! Eles tinham alugado uma casa para mim; naquele tempo todo professor
tinha uma casa no campus.
Eu fiquei nesse emprego por dois anos e três meses, e mais tarde me despedi por que
alguns de nós estavam pensando naquela época que seria uma boa idéia desenvolver
programas a fim de que as pessoas pudesse tomar grau de bacharéis em língua Yorùbá
e outras línguas Nigerianas! No meu caso, minha responsabilidade na Universidade de
Ìbàdàn era coletar textos de Ifá. Eu fique quase que permanentemente em òyó, minha
cidade natal. Eu estava estudando mais e mais Ifá. Eu mudei meus professores de Ifá, e
me tornei um bom estudante. Naquele estágio, meu trabalho espiritual e meus trabalhos
acadêmicos coincidiam. Eu decidi escrever minha tese de Ph.D. em Ifá.
Eu sabia que para escrever uma boa tese, eu precisava conhecer de linguística. Em 1965,
eu fui indicado na Universidade Northwestern como um assistente graduado em um
novo Dpartamento de Língística. Eu vajei para fora de Nigéria para ocupar aquela
indicação, minha primeira vez fora da Nigéria. Eu estava estudando no mesmo
departamento como um estudante aonde eu também estava ensinando Yorùbá. Por que
as classes que eu estava ensinando iam de encontro com meus estudos, o falecido
Professor Berry, que era o chefe do departamento, foi hábil para organizar para mim
uma bolsa de estudos do Programa de Graduação Africana em Nova York. Meu grau
de mestrado levou um ano e um verão; eu escolhi fazê-lo por pesquisa.

IVOR: Naquele tempo o Professor Melville Herskovits, que fundou o primeiro


porgrama de estudos africanos nacional na Universidade Northwestern, tinha
recentemente falecido. Foi seu impacto ainda sentido no campus? Você encontrou
americanos interessados na cultura Oeste Africana?

WANDE: Eu conhecia sua viúva, Frances Herskovits, que costumava ir a um seminário


de Estudos Africano de tempos em tempos. Naquele tempo os estudos africanos estavam
florescendo na Northwestern. Era um dos melhores centros de Estudos Africanos nos
Estados Unidos.
Naquela época o Afro-centrismo ainda não era forte nos Estados Unidos. Bem,
ocasionalmente, alguns de nossos amigos se interessavam em vestir roupas africanas, e
eles as adoravam, mas interesse na África entre as pessoas normais ainda não tinha
crescido. Eu relembro uma visita ao Harlem, no verão antes de retornar para casa. Eu
encontrei alguns homens afro-americanos vestidos em trajes africanos. Um deles disse,
"Ogu,ogu?," e ele me mostrou um anel preto que ele tinha em seu dedo. Todo o esforço
que eu fiz para falar a respeito da cultura Africna e Ifá, não foi muito compreendido
fora da universidade. Pessoas podiam escutar atentamente, mas eles não queriam
adotá-la totalmente.
Logo após meu mestrado, eu retornei para casa, mas eu não fui novamente para Ìbàdàn,
eu fui a Lagos. Naquele momento havia um professor famoso na Universidade de Lagos
cujo nome é Adeboye Babalola. Ele escreveu sua tese de Ph.D sobre Ìjálá, a poesia dos
caçadores entre os Yorùbá. A tese foi escrita para a escola de estudos orientais e
africanos da Universidade de Londres em 1964.(12)

(12) S.A Babalola. "The content and form of Yorùbá ijala (OLAL: Oxford, 1966)

Eu o queria para supervisionar meu trabalho de Ph.D.no corpo literário de Ifá. Com
meu grau de mestrado, a Universidade de Lagos me deu uma indicação como um
conferencista (professor acadêmico), ao invés de assistente do professor, porque eu já
tinha publicado alguns artigos acadêmicos. Nós estabelecemos um programa de
Estudos Yorùbá em Lagos em 1966. Eu projetri mais dos meus cursos de literatura
sobre Ifá. Alguns daqueles cursos ainda estão lá agora.
Hoje, oito Universidades Nigerianas tem graduação em bacharelado, mestrado e Ph.D.
em estudos Yorùbá. Nós estabelecemos o Programa de Estudos Yorùbá em Lagos em
1966, e eu ensinei lá até 1972. Pouco depois eu fui promovido como Professor Senior, eu
fui convidado pela Universidade de Ifè, Ilé-Ifè, sob o falecido Prof. Oluwasanmi, para
organizar um Departamento de Línguas e Literaturas Africanas naquela universidade.
Eles já tinham começado um programa de graduação B.A em Yorùbá. Um ano antes
eu deixei Lagos, em 1971, eu completei meus estudos de Ifá e fui iniciado como um
BABALÁWO. Eu estudei Ifá de 1936 a 1971, um período de 35 anos. Coincidentemente,
foi neste mesmo ano que eu obtive meu Ph.D. da Universidade de Lagos.

IVOR: Você conhece outro BABLÁWO que tenha recebido um Ph.D.?

WANDE: Bem, há um na Universidade de Àkúré que é um BABALÁWO. Ele é um


professoar na Universidde Federal de Tecnologia, Àkúré.
Eu era um BABALÁWO completo e abonado antes de eu voltar para Ilé-Ifè em 1972.
Minha residência temporária em Ifè eram muito interessante. Imediatamente eu fui a
Ilé-Ifè, eu me uni a uma sociedade lá. Eu encontrei um lugar muito bompara mim, e eu
me mudei rapidamente, até no meu trabalho acadêmico. Por volta de 1976, eu tinha me
tornado um professor completo e em 1977 eu fui eleito pelos meus colegas como o Reitor
da Faculdade de Artes.
No final de 1970 em Ìbàdàn e Lagos, eu criei uma série de programas de televisão sobre
Ifá, com um grupo de garotos e garotas recitando Ifá comigo. Um destes programas
permaneceu por treze semanas. Eles ainda estão mostrando estes programas até agora
na Nigéria. Em 1969-70 eu também desenvolvi discos long play de mim mesmo
recitando Ifá por uma gravadora de Lagos.
Ivor: Por todo século vinte Cuba, toda vez que um iniciado de uma religião Afro-
derivada compunha uma canção popular ou escrevia um livro sobre casosíntimos de
sua sociedade secreta, eles eram condenados pelos conservadores. (13) Você foi
criticado por publicar as tradições de Ifá?

(13) Cantor/Compositor Ignácio Piñeiro (1888-1969) foi um membro da sociedade


Abakuá em Havana. Por causa de uma canção que tinha recém escrito usando a
linguagem secreta Abakuá, ele foi barrado de possuir um título avançado nesta
sociedade. Em 1940, a jovem cantora Merceditas Valdés (1928-1996) foi altamente
criticada pelos conservadores por cantar cantigas de Òrìsà no rádio. Ver Ivor Miller,
"The Singer as Priestess: Interviews com Celina González e Merceditas Valdés,"
Sounding Off!: Music as Subversion/Resistance/Revolution. Eds.Ron Sakolsku & Fred
Wei-han Ho (Nova York: Autonomedia, 1995) 297.[IM]

WANDE: De modo algum. Eu fui lá para falar sobre Ifá, e recitar versos de Ifá. Foi
considerada uma boa campanha de religião. Na África, nós não respeitamos canções de
Ifá, ou falar sobre ifá como um segredo. Qualquer um pode treinar para ser um
sacerdote de Ifá se ele foi assim selecionado por Ifá, e se ele está interessado. Não há
segredo sobre isso. Um estrangeiro pode assistir como um BABALÁWO ensina seus
estudandes. O único segredo de Ifá é Odù (Não confundir com Odù, significando um
capítulo da literatura de Ifá, como Òdí Méjì, Èjì Ogbè, etc.) Se alguém não temOdú,
não pode vê-la, e uma mulher, mesmo se for ÌYÁNÍFÁ, não pode ter e não pode ver
Odù. (14)

(14) Ìyánífá é uma divinadora de Ifá. Não há tabu contra uma mulher treinar para se
tornar sacerdote de Ifá na Nigéria. Haviam muitas de tais mulheres sacerdotes no
passado, e bem poucas nos dias presentes em Yorubaland. Elas não são chamadas
BABALÁWO, são conhecidas como ÌYÁNÍFÁ. [WA]

IVOR: Qual é o processo pelo qual alguém se torna Àwíse em Ilé-Ifè e como ovcê foi
selecionado para este título?

WANDE: Para se Àwíse, que é, porta-voz dos sacerdotes de Ifá, alguém deve ser um
BABALÁWO de muitos anos permanecendo que seja bem respeirtado por seu
conhecimento de Ifá, e alguém que deve ter um caráter gentil. Não deve ser tendencioso
a ira. O àwíse Awo Ní Àgbáyé não deve pragejar ou falar mal de ninguém, tanto quanto
suas orações e pragas acontecem.
Em 1981, o BABALÁWO da Ni´geria me encontrou e decidiu me fazer "Àwíse Awo Ní
Àgbáyé" que significa "Porta-vos de Ifá no Mundo." A palavra Àgbáyé significa "o
mundo todo." Cada cidade Yorùbá tem um Àwíse. Mas se você é Àwísé em Ilé-IfÈ, você
é Àwíséde todo mundo. Se voce é Àràbà em Ilé-Ifè, você é Àràbà para todo mundo. Se
você é Akódá em Ilé-Ifè, você é Akódá para todo mundo. Ilé-Ifè é o berço da civilização
Yorùbá.

IVOR: Houve uma eleição?


WANDE: Uma parte contrária da comunidade BABALÁWO da Nigéria se encontrou
e concordaram no consenso da minha instalação como Àwíse. Eu fui selecionado sem
meu conhecimento. Eu fiquei surpreso em ouvir que eu tinha sido tão honrado. Visto
que o Àwíse é alguém do Awo Oòni, o título deve ser aprovado pelo Oòni de Ifè.
Babaláwo foram convocados de todo o Oeste da África para minha instalação, e muitos
deles vieram. A rádio e a televisão foi toda envolvida no evento. O assunto durou o ida
todo, mesmo de qualquer forma pessoas começaram a chegar um dia antes da minha
casa da cidade de Òyó.

IVOR: Quando você foi indicado como um Vice-Chanceller? Foi o seu reinado pacífico?

WANDE: Em 1982, para minha grande surpresa, eu fui apontado como o Vice-
Chanceller, chefe executivo de minha universidade. Eu permaneci no posto por sete
anos. Por todo o tempo que eu estive lá, não houve uma única demonstração por conta
de nada de interno nosso. Houveram duas ocasiões quando nossos estudantes
demonstraram, uma delas foi violenta, mas foi em simpatia a seus colegas, cinco ou seis
dos quais tinham sido mortos em uma universidade do norte. Fizeram a demonstração
em apoio.
Em uma segunda ocasião, houve um aumento no preço dos produtos do petróleo na
nigéria. Os estudantes protestaram contra aquilo. Não houve nada interno em minha
gestão sobre qualquer protesto em sete anos! E até hoje as pessoas não entendem como
aconteceu porque as universidades nigerianas estabelecidas naquele tempo, e até agora,
são muito voláteis. Em um ano algumas universidades tinham dois ou três protestos. Se
a situação se tornava violenta as autoridades da universidade enviavam alguns embora,
apenas para readmití-lo um ou dois meses depois. O que raramente aconteceu quando
eu estava lá.

TRABALHO DE CAMPO

IVOR: Como você negociou sendo um estudante de Ifá assim como um praticante?

WANDE: Bem, em minha bolsa de estudos, eu nunca tive que fazer uso dos meus
próprios versos. Eu quero dizer os versos que eu aprendi de cor durante meu
treinamento como BABALÁWO. Eu os uso agora, para fazer trabalho para meus
clientes. Mas eu nunca realmento os tinha escrito. Há algo o qual alguma coisa oral se
gosta muito e se torna tão precioso para você que passa a não querer partilhá-la. Muitas
destas coisas que eu escrevi são de outros BABALÁWO. Um dia, eu espero escrever
algumas delas.

IVOR: Houve alguma resistência dos BABALÁWO em ter seus versos de Ifá gravados?

WANDE: Perfeitamente, muita resistência. Alguns BABALÁWO não concordavam em


ter tudo gravado. Mas nós conseguimos convencê-los que era bom escrever algumas
destas coisas. Isto não é substituto para o saber versos de cor. Os dois devem andar lado
a lado.

IVOR: QUal é a coisa mais importante que você aprendeu na condução do trabalho de
campo?

WANDE: Fazendo os muitos trabalhos de campo me mostrou muito mais versos, e eu


encontrei então mais outros BABALÁWO. Eu acho que minha pesquisa de alguma
maneira preparou meu caminho para o falecido BABALÁWO que me fez seu Àwíse,
antes de eu me deparar com tantos deles através do país.

IVOR: Você foi treinado no trabalho técnico de campo?

WANDE: Eu aprendi muito dos métodos de campo do falecido Professor


R.G.Armstrong que foi o Diretor Ativo do Instituto de Estudos Africanos, Universidade
de Ìbàdàn, entre 1960 e 1970.

IVOR: Como você cuidou da coleta da Literatura de Ifá entre os BABALÁWO em


Yorubaland?

Wande: Na década de 1960 eu comecei a coletar materiais para o minha tese de Ph.D. .
Eu viajei a muitas partes do Oeste Africano para me unir assim com muitos
BABALÁWO, para coletar o material deles. Naquele tempo, as pessoas eram um pouco
relutantes em se apresentar para conversar sobre religião e divulgar versos de Ifá.
Houveram livros escritos por volta do século em Ifá, mas não houve circulação em
massa. (15)
(15) Um desses é E.M. Lijadu, IFÁ IMOLÈ RÈ TÍ SE ÌSÌN NÍ ILÈ YORÙBÁ (London:
Religious Tract Society, 1901) [WA]

As pessoas estavam esperando que eles tivessem muito cuidado para seus segredos. Eles
não estavam repartindo o com o povo que queria escrever. Mas nós obtivemos sucesso
em coletá-los sabendo o quanto que o treinamento oral era importante, e nós nunca
faríamos nada para diminuir aquilo, também era bom escrever todas essas coisas assim
o restante do mundo pode ler nossos próprios pensamentos e ver que nós acreditamos,
e como nós fazemos as coisas em nossa própria parte do mundo. Isto tomou muito
tempo; as pessoas eram muito lentas em se apresentarem. Eventualmente as pessoas
eram convencidas que era coisa boa escrever os versos de Ifá e gravá-los. Especialmente
quando muitos deles discordavam que eu estava no caminho de me tornar eu mesmo
um BABALÁWO, e que eu não estava aprendendo Ifá por puro interesse acadêmico,
uo por um motivo velado.

IVOR: Você agiu em ajuste com outros quando você tentou convencer os sacerdotes de
Ifá a falar para você?

WANDE: Naquele tempo meu pai ainda estava vivo. Ele foi um homem muito poderoso
entre o povo tradicional, e eu o usei em minha vantagem. Após algum tempo, a palavra
correu o mundo, e as pessoas sabiam quem eu era. Eles logo compreenderam que eu
não estava coletando material para vender ou abastardá-las. Isto foi quando eles
começaram a se apresentar. Se você quer para partilha com informações valiosas, as
quais ele aprendeu após muitos anos de árduo treinamento, ele irá querer saber quem
você é antes de poder lhe dar informações. E ele também irá querer saber o que você
quer fazer com isso. Uma vez que o entendimento foi desenvolvido, tudo começou a
navegar mansamente. Mas houve no início um período de dúvida até que o
entendimento fosse alcançado. É errado para as pessoas pensarem que eles podem
apenas ir a um lugar hoje, e amanhã começar a coletar materiais de valor sem ninguém
saber quem eles são.

IVOR: Seus livros são amplamente lidos em Yorubaland?

WANDE: Houve um tempo quando os livros que eu publiquei foram selecionados como
livros escolares. Por exemplo, ÌJÍNLÈ OHÙN ENU IFÁ, APÁ KÌÍNÍ E APÁ KEJÍ.
Mais tarde no ÀWON OJÚ ODÙ MÉRÈÈRÌNDÍNLÓGÚN. (16) Estes três livros, em
várias vezes, foram selecionados como textos para ensinar nas escolas secundárias.

(16) Wande Abímbólá, Ìjìnlè Ohùn Enu Ifá, Apá Kìíní (1968; Glasgow, UK.:Collins,
1973); Ìjìnlè Ohùn Enu Ifá, Apá Kejí (1969, ìbàdàn: Oxford UP Nigéria, 1978); Àwon
Ojú Odù Méèèrìndílógún (Ìbàdàn: Oxford UP, 1977).

MITOLOGIA YORÙBÁ

A Terra como Òrìsà

IVOR: Você mencionou que o planeta Terra é concebido como um Òrìsà na mitologia
Yorùbá. QUais são os m=nomes e as características deste Òrìsà?

WANDE: Sim, seu nome é Ilè. Ela é algumas vezes chamada também de Ayé. Ela é um
òrìsà feminino.

IVOR: Há um Odù da literatura de Ifá que fale de Ilè?

WANDE: Não há um Odù em específico, mas há versos (ese) que falam deste Òrìsà. Um
verso encontrado no Odù Òsá Méjì segue assim:

Òsá yòóò,
Babaláwo qyé,
Ló dífá fáyé;
Wón láyé ó febo olà á lè
Ebo ajogun ní ó se.
`Njé àwá ´n be,
À ´n bè.
Àwá mò mò ´n be láyé o
Ayé ò níí parun. (1)

(1) Este ese é também encontrado em Wande Abímbólá, Ifá Divination Poetry (Nova
York: NOK, 1977)111.

Òsá, alguém claramente luminoso,


Sacerdote de Ifá para a Terra,
Fez divinação de Ifá para Terra;
Terra foi avisada a parar de fazer sacrifício com a
intenção de fazê-la rica,
Mas fazer ai invés sacrifício que a protegeriam contra seus
inimigos.
Nós certamente estamos vivos,
E nós estamos implorando
Que todo tempo em que permanecemos na Terra,
A Terra talvez nunca seja destruída.

IVOR: Como é a concepção Yorùbá da Terra como Òrìsà em relação a preocupação


dos recursos naturais do equilíbrio ecológico do planeta?

WANDE: O Odù Òsá Méjì diz que a Terra foi alertada a deixar de fazer sacrifício por
conta da riqueza, e fazer sacrifício ao invés, por conta de seus inimigos. Havima muitos
inimigos para a Terra, especialmente nas sociedades Ocidentais. Pensar a Terra como
um lugar para ser explorado é como furtar coisas preciosas que pertencem ao seu òrìsá.
Uma vez que nós sentimos que a Terra é um òrìsá, nós não iremos acreditar em uma
exploração vergonhosa da Terra.
Um provérbio Yorùbá diz:

Omo onílè ´n tè é jéé jéé;


Àjògì a tè é bàsùbàsù.

Os filhos de um proprietário de terras


caminham gentilmente sobre o solo,
Enquanto que um visitante apenas corre calçado perturbando
sobre ela.

Eu relembro a primeira vez que eu vi um veículo motorizado na década de 1930, quando


eu era uma criança. Eu vim da nossa vila para òyó e a vi. Estava em uma estrada rota,
não havima estradas de asfalto naquele tempo na Nigéria. Eu simplesmente não podia
acreditar que todo mundo pudesse se mover com aquele tipo de coisa forte na terra,
com poeira para todo lugar. Eu senti que todo mundo deveria parar de dirigir!
O planeta Terra tinha sido muito gravemente utilizado. Este é o motivo que o verso de
Ifá advertiu a Terra a muito tempo atrás, "Não faza sacrifício para ganhar mais
riquezas, faça sacrifício para ser vitoriosa sobre seus inimigos."

IVOR: Quais cerimônias específicas, ou ebo são executados para Terra?

WANDE: O Planeta Terra (Ilé) pode ser propiciado com animais, galinhas, caracóis, e
tartarugas. Um sacrifício feito para a Terra é conhecido como Èrò Ilè ( um sacrifício
que faz a terra mansa).

IVOR: COmo é a Terra concebida como um Òrìsà?

WANDE: O Planeta Terra é um Òrìsà feminino, cujo nome é Etígbére, Àbèní àdé. A
Terra é a residência assim também de muitos Òrìsà. QUando muitos dos Òrìsà
partiram, eles adentraram na crosta da Terra. Esté é aonde se acredita que eles estejam
agora.
Os Yorùbá prestam juramento por Ilé, da mesma forma como nós juramos por Ògún.
Se uma pessoa morre, quando eles cavam sua cova e pega uma porção daonde há terra
vermelha, a qual é muito comum em Yorubaland, os parentes do morto tomarão uma
porção dela. Eles a guardarão no caso de alguém vir a casa e dizer que a pessoa morta
lhe devia algum dinheiro ou alguma coisa está em disputa a qual a família do morto
está absolutamente certo de não ter acontecido. A família colocara uma pequena parte
da terra vermelha na água e pedirá ao disputante bebê-la, se ele tem certeza de sua
solicitação. Muitas pessoas não irão beber a menos que eles tenham certeza disso.
Quando duas pessoas ou um grupo de pessoas faz um acordou, ou um juramento, elas
irão colocar um pouco da terra vermelha na água e bebê-la, assim se uma pessoa trair
o grupo, Ilè irá cuidar desta pessoa.

IVOR: Porque esta terra vermelha enferrujada é mais importante que outra parte da
terra para a execução de um juramento?

WANDE: Nós chamamos esta terra vermelha de ìlèpa. Quando nós estamos cavando
uma cova, nós normallmente cavamos até encontrarmos um nivel de terra vermelha,
um sinal que nós cavamos profundo o suficiente. Terra vermelha então tem uma
conecção com os ancestrais, porque é seu último lugar de descanço.

IVOR: Assim, a importância desta terra vermelha se encontra no tamanho de sua


profundidade do topo do solo aonde as pessoas plantam as coisas; é mto fundo. Uma
vez que enterramos nosso mortos dentro de nossas próprias casas, nós devemos
procurar aquele nível antes de podermos dizer que a cova é profunda o suficiente. Desta
forma, esta terra vermelha é considerada o portal da morte; este é o porque nós juramos
com ela.

IVOR: Você disse que Òrìsà está na crosta da Terra. Até onde abaixo da superfície
estão eles considerados estar?
WANDE: É muito profundo dentro da Terra. Geo-cientistas teorizam que o centro da
terra é composto de ferro. (2)

(2) "A terra é um corpo em camadas com um coração denso de ferro, uma crosta
superficial composta de materiais luminosos com pontos derretidos mais abaixo, e entre
eles premanecendo o manto." Impresso, Frank e Raymond Siever, Earth(1974; São
Francisco: W.H.Freeman, 1982)12.[IM]

LIDERANÇA YORÙBÁ

IVOR: Na gênese Yorùbá, Olódùmarè criou os humanos com seu hálito divino. Ele
tambem criou o universo da mesma maneira?

WANDE:De acordo com a mitologia Yorùbá, a criação dos seres humanos foi uma
junção de esforços entre Ògún que moldou o esqueleto, Obàtálá (Òòsàála) que moldou
a argila no esqueleto, Olódùmarè que forneceu a força do hálito vital conhecido como
Èmí, e Àjàlà que forneceu Orí-inú (a cabeça interna). O universo foi, contudo, não
criado com o sopro do hálito de Olódùmaré. Foi criado com àse o qual normalmente se
acredita estar contido nas suas palavras divinas. Olódùmarè deu uma cópia de seu àse
para alguns Òrìsà como Èsù e Obàtálá de quem nós humanos podemos acessá-lo. Àse
pode também existir na forma concreta armazenada no chifre animal conhecido como
ìwo àse o qual pode ser apontado para uma pessoa a fim de conceder seu poder para
aquela pessoa ou coisa.

IVOR: O que exatamente é Èmí?

WANDE: Èmí é considerada a filha de Olódùmarè, que a concedeu para os humanos


após Obàtálá ter terminado seu trabalho de moldar os seres humanos na argila.
QUando uma pessoa morre, significa que Olódùmarè tem retirado o Èmí do corpo
daquela pessoa. Por definição, uma pessoa que está morta é uma pessoa cujo èmí
escapou de seu corpo.

IVOR: Há um líder religioso exclusivo para Olódùmarè que poderia ser considerado
um profeta?

WANDE: Não há humanos assim exclusivoa a Olódùmarè como ser considerado como
profeta. Cada pessoa negocia com seu próprio Òrìsà. É através do Òrìsà que nós
encontramos Olódùmarè. Uma pessoa pode rezar para Olódùnarè diretamente, mas
não há pessoas especiais que Olódùmarè tenha escolhido para serem porta-vozes. Não
há uma figura tipo Papa nesta religião. Náo achamos que é arrogância par aum ser
humano sentir que são amigos, profetas, ou escravos de Olódùmarè, ou que eles tem um
relacionamento especial com ele.

IVOR: Muitas religiões são organizadas por um quartel general e umlíder espiritual.
Catolicismo tem o Vaticano e o Papa; o islamismo tem Meca e o Iman. Destes exemplos
paralelos a seu próprio coneito de Ilé-Ifè como um centro da religião Yorùbá em relação
ao oeste africano e a diáspora Yorùbá nas Américas?

WANDE: Ilè-Ifè é nossa própria cidade santa, e o quartel general de nossa religião.
Cada Òrìsà tem sua própria hierarquia de organização. Por exemplo, em Ifá, você tem
o Àràbà de Ifè. Ele é o presidente de todos os BABALÁWO no mundo. O Àràbà é o
chefe da comunidade de Ifá em qualquer parte do mundo, e ele vive em Ilè-Ifè. Ele mora
na montanha Ìtasè, a qual é a terra natal de sua família. Ele é um descendente direto de
Òrúnmìlà.
Então há o Àgbongbòn, que vive no topo de Ìgètí, outro monte em Ilè-Ifè, aonde Ifá
morou primeiro antes de ele se mudar para Ìtasè. O Àgbongbòn é o vice do Àràbà. Nós
temos outro BABALÁWO maior de Ifè, assimcomo Akódá, Asèdá, Àwíse, etc. Exceto
pelo Àràba e o Àgbongbòn, os outros são empossados de acordo com seu conhecimento
em Ifá, suas posições não são hereditárias.
O Òrìsà Sàngó, que se localiza em Òyó, tem o Mogbà como o líder da comunidade de
Sàngó. Há também o Elégùn, a pessoa que é frequentemente "possuído" por Sàngó. Há
a suposição que são pessoas sagradas, que estão muito em sintonia com seu Òrìsà. Mas
isto não confere a nenhum deles um relacionamento especial com Olódùmarè.

PALAVRAS PODEROSAS

IVOR: No sistema de recitação de Ifá é um nodo integral de curar um cliente. É a


prórpia recitação considerada como medicinal?

WANDE: Claro! O remédio Yorùbá está intimamente ligado com os encantamentos e


palavras poderosas que alguém pode expressar. Algumas vezes se você não recita estas
palavras, remédio não revive. Muitas destas citações, que são chamadas ofò, ògèdè e
àyájó tem sua origem em Ifá.

IVOR: QUal o significado destes três tipos de discursos?

WANDE: Àjáyó é mais histórico e mais relacionado a Ifá. Ògèdè é empregado


principalmente para mágica e é também usado pelos caçadores. Ofó é um termo mais
geral. Há todas as variantes do mesmo tipo de coisa que nós podemos chamar de
encantamentos.
As pessoas, que praticam a medicina Yorùbá, inclusive Yorùbá Muçulmanos e Cristãos,
fazem uso de Odù Ifá em seus remédios. Eles estampam o Odù no remédio e recitam
alguns encantamentos relacionados com aquele Odù no remédio para fazê-lo eficaz.
Este aspecto é muito importante. Muitos dos remédios que os BABALÁWO fazem estão
associados a Ifá. Todo ese Ifá tem três etapas. Uma é as próprias citações literárias. A
segunda é o òògùn, ou folhas, ervas, raízes que podem ser usadas para fazer um remédio
os quais normalmente provêm dos versos também. A terceira parte é um talismã o qual
é preparado através de certas citações relacionadas a aquele verso em particular. Nós
não chamamos este de òògùn, nós o chamamos Ifá. Pode também envolver algumas
ervas e raízes, mas um BABALÁWO tem que citar um canto especial do Ifá relacionado
para aquele verso em particular. Um BABALÁWO completo deve conhecer estes três
aspectos. Algumas pessoas conhecem muito de Ifá e esquecem de òògùn. ALgumas
pessoas combinam ambos. Quando um BABALÁWO dá a você um remédio saído de
um talismã Ifá, ele irá lhe dizer, "Este não é um òògùn, é Ifá." Ifá é mais eficaz do que
remédio.

ÒSAN - ÌN

IVOR: O que voce chama òògùn (folhas medicinais, ervas e raízes) é conhecido como
Osaín, o Orishá que é um médico divino em Cuba. São òògùn e Osaín o mesmo para
você?

WANDE: Bem, Ewé Òsan-ìn são "folhas de Òsan-ìn. "Òògùn nãoé um Òrìsà como
Òsan-ìn. Òògùn é um remédio feito das folhas de Òsan-ìn.

IVOR: É Òsan-ìn encontrado em alguma região em particular na Yorubaland?

WANDE: Na África ele é conhecido como Èlésìjé, que significa "rei de Èsìé." Èsìé é
uma cidade ao norte de Yorubaland no estado Kwara da Nigéria aonde Òsan-ìn se
tornou um rei.
Òsan-ìn foi o irmão mais novo de Ifá. A mãe de Òrúnmìlà deu a luz a Òsan-ìn quando
ela já estava em idade avançada, e ele foi seu último filho. Òrúnmìlà era assim muito
mais velho que Òsan-ìn que ele Òrúnmìlà se tornou quase como um pai. òrúnmìlà usava
o para enviar em missões. Ele estava treinando Òsan-ìn para jogar Ifá também. Um
dia, ele deu a Òsan-ìn um facão e uma enchada para limpar um mato próximo de casa.
Mas quando Òrúnmìlà voltou, ele viu seu irmão chorando. Ele perguntou, "Porque
você está chorando, você ainda não fez nada do trabalho." Òsan-ìn replicou, "Eu não
sei porque você me pediu para cortar todas estas árvores, folhas, gramas, e raízes. Está
uma é uma folha da imortalidade. Esta uma é uma folha que pode curar a lepra. Esta
raíz é boa para tosse. Esta é boa para febre. Porque você me mandaria cortar estas
árvores, ervas e raízes valiosas?" Se acredita que Òsan-ìn trouxe seu conhecimento das
ervas do céu, que ele nasceu com ele. Ele não aprendeu de ninguém.
Há assim diferentes espécies de Òsan-ìn. Um que Òsan-ìn que possui uma perna
conhecido como "Òsan-ìn elésè-kan" é muito feroz, e ele conhece muitos dos remédios.
Há um com dezesseis pernas, mas o de uma pernas é mais poderoso.

IVOR: É digno de atenção que Òsanìn, divindade da cura, é deformado. Em Cuba o


Osaín de uma perna tem apenas um olho, e um braço. Eu frequentemente ouço das
pessoas que estudam medicina, e até doutores formados por que eles mesmos tem
alimento o qual eles pegam para remédio. Há uma história sobre porque Òsan-ìn tem
apenas uma perna?

WANDE:Não há uma história em particular tal para por que o Òsan-ìn perneta tem
uma perna só, está é apenas sua natureza. Ele é a divindade da cura. Ele é conhecedor
de muitos remédio. Ele é uma pessoa incapacitada. Na África, acontece que uma pessoa
como aquela tende a ser mais devotado a medicina. Por exemplo, hão muitos homens
da medicina albinos na África. Eu acho esta ênfase de modo que importante que pessoas
especiais possam estar na cultura. Mutias culturas depreciam e maltratam pessoas com um
olho, uma perna, corcundas e assim por diante. Na cultura Yorùbá, eles podem se tornar
uma pessoa importante e são reverenciados.
Alguns dos Òrìsà que nós cultuamos não são apenas na forma humana, alguns são em
forma de animais ou na forma de árvores ou na forma de metais e alguns estão na forma
de idéias.

IVOR: A etnógrafa Lydia Cabrera documentou cém das érvas que são categorizadas
pelos Cubanos praticantes como "pertencentes a" um Orisha específico, por exemplo,
algodão está associado com Obatalá. (3)

(3) Lydia Cabrera, El Monte (1983; Miani: Ediciones Universal, 1992) 313.

Como este Orishá, o algodão é branco, é "frio", tem agentes purificante para limpeza
medicinal. Há associações feitas no Oeste da África?

WANDE: Se alguém fosse fazer estoque de todas as plantas e animais, não é toda planta
que está relacionada a um Òrìsà em particular. A coisa importante é que todas as folhas
são folhas de Òsan-ìn. Todas as plantas e animais também sãorelacionadas a Ifá porque
ele foi quem lhes deu sua identidade, que lhes deu seu nome, quando eles estavam vindo
do céu para a terra. Se você quer relacionais plantas e animais a algum òrìsà de todos,
todos eles podem apenas serem relacionados com Òsan-ìn e Ifá.
Você provavelmente não seria bem sucedido na questão de anotar nomes em 400 Òrìsà,
e relacioná-los a todas as plantas e animais para cada um deles. Para não haver dúvida,
há plantas específicas que nós podemos relacionar a òrìsà específico. Há dezesseis folhas
de Ifá e sete plantas de Ògún, etc.

ERINLÈ

IVOR: Inle é um Orishá Cubano conhecido como um médico divino. Quais as


propriedades de Inle na Nigéria, e quanto ele é diferente de Òsan-ìn?

WANDE: A forma completa da palavra é Erinlè. A tradução literal desta palavra é


"terra de elefante." Ele é um Òrìsà de Ìlobùú. Em nosso próprio sistema de pensamento
ele é certamente um homem da medicina, mas ele é mais do que um caçador.
Ele é chamado Ode dúdú, o caçador negro. Erinlè é um rio hoje que é um afluente de
Òsun. Não é um rio muito longo. O quartel general do Òrìsà é Ìlobùú, que é uma cidade
para onde òbù, o giz que nós usamos ao invez do sal de mesa fosse descoberto do solo
no passado. Naqueles dias os Yorùbá nao conheciam o cloreto de sódio que nós
chamamos de sal. Eles temperavam sua comida com òbù desta cidade de Erinlè. Ìlobùú
desta forma significa "Ìlú-òbú," "cidade de òbú."
Erinlè é o guardião de Ìlobùú. A pessoa que atualmente fundou o lugar é Àyònù. Ele
também era um caçador, como Erinlè, e eles se encontraram no mato e se tornaram
amigos. Erinlè mais tarde revelou a Àyònù que ele não era um ser humano, mas um
caçador que morava dentro da crosta da Terra. Erinlè convidou Àyònù a entrar na
crosta da Terra aonde ele morava, aonde seu amigo descobriu que Erinlè tinha um
grande palácio disfarçado no solo. Erinlè prometeu a seu amigo que ele o ajudaria a
transformar a cabana aonde Àyònù morava em uma grande cidade, sob a qual Àyònù
poderia governar como rei. Assim foi como Ìlobùú foi fundada sob o patrocínio de
Erinlè. Por muito tempo, a qualquer hora que uma guerra colocava Ìlobùú em risco,
Erinlè viria. Há um jeito pelo qual o povo de Ìlobùú pode invocá-lo, e ele viria para fora
da crosta da terra com um exército e ajudaria o povo a se defender de seus inimigos.

IVOR: Erinlè é encontrado em alguma região em particular da Yorubaland?

WANDE: As pessoas vão a Ìlobùú para serem iniciadas em Erinlè. Mas também há
sacerdotes de Erinlè por toda Yorubaland que podem iniciar uma pessoa.

ÒGÚN

Ivor: No Haiti, Danbala Wédo é um termo fon para uma serpente divina (Iwa). QUal é
a serpente relacionada a Ògún na África Ocidental?

WANDE: Mónámóná é a cobra de Ògún. É uma cobra grande com cores diversificadas
as quais são todas muito lindas. Sua picada não é venenosa nas horas do dia. Pessoas
dizem que mónámóná pica apenas ao por do sol, em cuja hora sua picada é fatal. Esta
é a cobra de Ògún. Há muitos sacerdotes de Ògún ou devotos que vestem mónámóná
vivas em seus pescoços na Yorubaland. Esta é a origem de um Ìjálá que diz,

Mónámóná ni ológùún gbé.


Olúùgún tó bá gbé paramólè, yóó dìyonu.

A cobra mónámóná a qual os cultuadores de ògún podem


levantar e carregar em seus pescoços.
O cultuador de Ògún que carrega paramólè (a víbora) no seu
pescoço, está procurando por problemas.

IVOR: Em Cuba, Ogún é representado por um caldeirão de ferro, ou uma caldeira de


ferro moldada, dentro do qual estão tiras de trilhos de trem, ponteiros, facas e uma
pedra. Uma serpente está frequentemente ligada a isto. A serpente é símbolo das mais
poderosas forças da natureza, as quais se acredita serem influenciadas por rituais
experientes. (4)
(4) Serpente também são altamente simbólicas na tradição cubana derivada do COngo.
(Palo Monte/Mayombe), e também nas sociedades derivadas Efik, chamadas Abakuá.
[IM]
Por que seria a serpente um símbolo da medicina profunda, e daqueles velhos que são
sábios o suficiente para usá-la?

WANDE : Provavelmente porque ele residiu no mato aonde nós temos todos os
ingredientes, as folhas e ervas, as cascas e raízes de árvores, e os animais que nós usamos
para remédio. Eles todos são encontrados no mato o qual é o lar das cobras. Há um
relacionamento especial entre ceras cobras e Ògún, especialmente Mónámóná. Alguns
outros Òrìsà também estão ligados com cobras, por exemplo, o arco-íris Òsùmàrè, que
esta relacionado com a boa constrictor. Òsùmàrè é um òrìsà importante de Yorubaland.

IVOR: Em Cuba Oyá é o arco-íris, cujas cores ela veste em suas roupas.

WANDE: Para nós é Òsùmàrè ègò, acredita-se ser a espoda de Olófin. A boa constricto
é o símbolo de òsùmàrè. Se acredita que uma grande boa cosntrictor em uma parte
profunda da floresta é que causa o arco-íris. É da boca desta serpente que o arco-íris
começa.

IVOR: Em Cuba, as cores de Ogún (ògún) são verde e preto. Este é o caso na NIgéria?

WANDE: O que você chama de preto é um azul índigo profundo na Nigéria. Muito antes que
o azul jeans fosse inventado os Yorùbá tinha inventado um pano grosso conhecido como
kíjìpá tingido em índigo o qual as pessoas Yorùbá vestem em seus lugares de trabalho. O
índigo profundo é a cor de Ògún na África.

IVOR: A companhia Francesa que originalmente fez o jeans azul provavelmente trouxe
seus índigo de alguma colônia francesa, como Mali. A palavra jeans veio de Nim, uma
pequena cidade francesa aonde o jeans era feito. Jeans aconteceu por causa de um erro
na pronúncia americana do nome desta cidade. Originalmente era um pano francês,
mas agora o pensamento francês que é americano!

SÀNGÓ
PÁG 77

IVOR: Em Cuba, a qualquer momento que o nome da divindade do trovão Shangó


(Sàngó) é mencionado, nós devemos levantar, ou nos elevar de nossa cadeira em sinal
de respeito. É o caso na África?

WANDE: Sim, nós levantmaos por que ele é o imperador. de certa forma, Sàngó é o
grande Òrìsà de todos. Ele reside no céu com Olódùmarè. Ele é o único Òrìsà que estava
elevado no céu como Olódùmarè.

IVOR: Diz-se em Cuba que Sàngó foi o quarto Aláàfin de Òyó...

WANDE: Isto é verdade se você contar Odùduwà como o primeiro ALáàfin. Ele foi
sucessor de Òrànmíyàn. Então veio Àjàká, que foi sucedido por Sàngó. Entretanto, há
alguns mitos que estabelecem que Òrànmíyàn foi o fundador da Antiga Òyó (òyó Ilé),
o que faz de Sàngó o terceiro Aláàfin de Òyó.

IVOR: De acordo com um trabalho publicado, Sàngo foi um rei de Òyó no século XV.
(5)

(5) Akin Euba, Essays on Music in Africa, Vol.2(Lagos: Elékóto Music Centre, 1989)47.
WANDE: Eu diria que foi mais cedo que isso. Como poderia ser no século XV quando
algumas pessoas Yorùbá começaram a surgir na Diáspora no século XVII? Sàngo
existiu apenas 200 anos antes? Eu acredito que a história de Sàngó tem mais de 1.000
anos.

IVOR: Um dos Orishá mais populares de Cuba, Shangó é saudado cerimonialmente


com "Kabo, kabei sile," frequentemente traduzido como ,"Bem vindo o Rei!" Este
verso é ouvido frequentemente na música popular cubana, do mesmo modo que as
composições da década de 1940 "Cabio Sile Yeyo," executada pelo renomado
trompetista de Cuba Félix Chappotín. (6) Como você traduz esta frase?

(6) Do 33 1/3 rpm album Chappotín y Sus Estrellas (Antilla MLP 594) [IM]

WANDE: Quando nós mencionamos o nome de Sàngó, nós frequentemente dizemos,


"Káwòó ká bíe sílè, Káárá wòó wòó wòó." O último é a imitação do som do trovão.
"Kábíèsílè" vem de "Ká bií é è sí nílè," que significa, "para convidá-lo para alguma
questão não vive." Isto faz referência a autoridade absoluta de Sàngó quando ele era
Imperador da Antiga Òyó.

IVOR: Muito tem sido escrito em outros lugares sobre a mitologia de Sàngó. Eu gostaria
de explorar áreas aonde as idíeas dos intelectuais tradicionais e as teorias dos cientista
ocidentais treinados pudessem encontrar. Por exemplo, o fenômeno dos "fantasmas
vermelhos" chamou a atenção dos meteorologistas só em 1995. Estes flashes luminosos
são vermelho sangue ou rosa, e dificilmente visíveis aos olhos humanos, mesmo assim
eles se elevam a uma altura de 60 milhas na atmosfera do topo das nuvens carregadas
de chuva durante uma grande tempestade de raios. Estes "fantasmas vermelhos"
normalmente vêm em grupos de dois ou mais. (7)

(7) Rosa ou vermelho sangue e muitas milhas mais, esses flashes rosa globulares para a
altura por volta de 60 milhas para aonde os recursos da terra terminam e o espaço
começa... alguns somem a distância logo acima das nuvens de chuva, as quais sua alta
velocidade chega a 10 milhas ou pouco mais sobre a terra.
Curiosamente, os fantasmas vermelhos frequentemente vêm em grupos de dois ou mais.
...Dr.Charles Wilson, a British Nobel lureate..; profetizado ... que o solo golpeado talvez
produza um poderoso campo eletrico logo acima da nuvem." "New Class of Lightining
Found High Above Clouds," New York Times, 1/17/95, Secion C, p.1,c.3;p.9.[IM]

Similarmente, as cores de Sàngó são vermelho e branco, e ele está associado com as
forças binárias. Tlavez o fenômeno dos "fatasmas vermelhos" tenha sido observado
pelos antigos Yorùbá, que então o usou na mitologia de Sàngó?

WANDE: Isto é perfeitamente possível. Algum tipo de raio acredita-se estar


relacionado a Sàngó pelos Yorùbá. TÊm havido mtos trabalhos feitos sobre os raios
internacionalmente. Há um bom conhecimento sobre raios no Instituto de Pesquisa no
Colorado, e outro no Canadá. Pesquisas ainda estão tentando descobrir como a energia
elétrica em um raio pode ser armada, armazenada e usada.
Quando eu trabalhei no Instituto de Estudos Africanos, Universidade de Ìbàdàn na
década de 60, alguns arqueólogos ocidentais vieram e eu fui solicitado para acompanhá-
los ao templo de Sàngó em Òyó. O templo ainda estava intacto então. Eu os levei lá e
eles observaram o edùn, a sagrada pedra do trovão. Eles disseram, " Então, isto é o que
eles chamam de pedra do trovão! Não há nada aqui, estes são pedras pré-históricas de
machado." Mas hoje em dia nós sabemos que quando raios atingem o chão, elas
moldam a terra em seu caminho em uma pedra. O lugar aodo atinge o chão é moldada
uma sólida pedra. Para dentro direto da terra, e quando esfria, você pode pegá-la em
peças como uma rocha sólida.

IVOR: Os Yorùbá acreditam que quando raios atingem o solo, a pedra do trovão é
criada lá.

WANDE: Sim, se acredita que quando raios caem, Sàngó envia edùn do céu. Quando
rios tocam o solo em um lugar, se destói um edifício ou mata pessoa ou não, os sacerdotes
de Sángó serão chamados para lá. Eles irão isolar a área, e muitos rituais serão
executados. Há alguns que são chamados Ayòòsà, "pessoas que tira Òòsà", que é, o ícone
de Sàngó debaixo da terra. Ele inspecionar a área e tirar uma fagulha de raio.

IVOR: Geólogos têm confirmado que raios que atingem pedras podem torná-las em
pedaços de vidro, similares a obsidiana, o vidro preto vulcânico, (8)

(8) Agradecimentos ao Prof. Jack Cheeny do Departamento de Geologia de Amherst


COllege, Junho 23,1997 [IM]

O fenômeno de pedras caindo do céu parece com um meteorito, um aglomerado de


pedras ou metal que cai na Terra do espaço. Seria interessante ver o que pesquisas
futuras irão descobrir a este respeito.
Por conta de seu micro-clima meteorológico, Yorubaland tem taxas extraordinárias de
explosão de trovões. Dois requisitos para um trovão são um sól quente e ar úmido.
Alguém pode esperar ver muitos trovões em Março e em Setembro, quando o
aquecimento solar é mto forte junto ao Equador, e próximo ao mar, o qual umidece o
ar.(9)

(9) O sol é muito forte ao longo do Equador em Março e Setembro. Ar úmido está
próximo ao mar. O calor úmido se eleva até condensar no ar frio. Quando condensa,
perde calor e produz trovões. [IM]

Trovão é comum quando na costa tanto quanto em Òyó, a 120 milhas para o interior
do continente?

WANDE: QUase como mais. Trovõs são muito frequentes em setembro e OUtubro, por volta
do final das estações das chuvas.
Certas colheiras, como millet, são conhecidas por atrairem raios. Alguns grãos que se
desenvolvem como elas pode ser boas condutoras de raios. QUando nós temos raios em
setembro, nós o chamamos de "ÀÀrámokà, ou Trovão das sementes de millet." Trovão é
ààrá, millet é okà. Um nome de louvor de Sàngó é,

Aláàrámokà tí í dérù bojo.

Proprietário da semente do trovão millet a qual amedronta


um covarde.

GÊMEOS

IVOR: Na mitologia romana, a cidade de Roma foi fundada por Gêmeos gerados por
Marte, deus da Guerra, e uma princesa. Estes gêmeos, chamados Romolus e seu irmão
Remus foram amamentados por uma loba, um símbolo de Marte. Rômulo foi deificado
mais tarde e foi morar no Olimpo. Gêmeos também têm fundado importantes cidades
Yorùbá. Você pode falar sobre isto, tanto quando seu papel especial na mitologia
Yorùbá?

WANDE: O fundador de O`ndó foi um dos gêmeos filhos de olófin. Mas o primeiro
conjunto de gêmeos alguma vez nascidos em Yorubaland foram filhos de Òrúnmìlà. Os
gêmeos de Òrúnmìlà se tornaram sacerdotes de Ifá, e os gêmeos de Olófin se tornaram
soberanos de duas cidades diferentes. Um era homem, e outro mulher. O nome do
fundador de O`ndó é Púúpùùpúú, que significa, "alguém muito baixo." (10) Era e
gêmea feminina. O gêmeo masculino foi o fundador de Ilè Olújìí que fica por volta de
cinco milhas de O`ndó.

(10)A consideração de Pupupu, a primeira governante mulher, também obedece ao


tema mítico comum africano no qual as mulheres estão a serviço como uma criadora
primordial dos seres." Jacob K.Olupona. Kingship, Religion, e Rituals in a Nigerian
Community: A phenomenological Study of Ondo Yoruba Festivals. (Almqvist &
Wiksell International, Stockholm, Sweden, 1991).178 [IM]

Muito depois em uma esposa de um determinado rei que teve oito pares de gêmeos em
seguida, e todos eles eram meninos. Isto foi em um lugar chamado Ìssokùn na antiga
Òyó. Este é o motivo que "Èjìré, ará Ìsokùn" ("G~emeos identicos, prole de Ìsokùn"),
é um nome de louvor doe gêmeos. Este Aláàfin em particular teve dezesseis filhos que
eram todos gêmeos.
Táíwò, o primeiro gêmeo, se tornou um rei, Kéhìndé, seu irmão gêmeo, foi noemado
como Òná Ìsokùn, o pai público do rei uma vez que o segundo dos gêmeos se acredita
ser o mais velho que o primeiro. Este é o porque nós dizemos, "ònà Ìsokún baba Oba,"
que significa, "Ònà Ìsokùn, o pai do rei." Então o terceiro gêmeo se tornou Òtún, a mão
direita do homem. O quarto gêmeo se tornou Òsì, o homem mão esquerdado rei. O
restante dos gêmeos receberam títulos similares também. Abaixo segue uma canção
popular servindo aos gêmeos (ìbeji) em Yorubaland.

Epo n´ be,
Èwà n´ be o.
Epo n´ be,
Èwà n´be o.
Àyà mi ò já,
Rárá o,
ÀyÀ mi ò já láti bí bejì,
Epo n´ be,
Èwà n´ be ò. (11)

(11) Esta é uma canção popular da literatura de Ìbejì. Epo (óleo de palma) e èwà
(ervilha de olhos negros) são comidas favoritas de Ìbejì. Isto é uma comida muito
barata, mas tem um grande valor nutricional. Tanto óleo de palma e èwà contém
nutrientes em abundância. [WA]

Há óleo de palma,
Há ervilhas de olhos negros
Há óleo de palma,
Há ervilhas de olhos negros
Eu não tenho medo,
Eu certamente não tenho medo,
Eu não tenho medo de dar a luz a gêmeos.
Há óleo de palma,
Há ervilhas de olhos negros.

SACRIFÍCIO COMO ALIMENTO

IVOR: O assunto comida é central para o culto de Òrìsà. No Oeste, comidas preparadas
são consumidas pelo humanos, e possivelmente por seus queridos animais domésticos.
Mas em Yorubaland e na sua Diáspora, comidas preparadas são também sacrificadas
para os ancestrais e òrìsà. Por que é assim?

WANDE: Alimentação é mais que importante na tradição òrìsá. Nós acreditamos que
tudo na terra precisa de nutrição de uma maneira ou de outra. Alimentando alguma
coisa, você se comunica com aquela coisa e envia um tipo de mensagem boa e positiva
para ela. se aquela coisa é um animal, um vegetal, uma árvore ou um ser humano.
Se você dá comida aos pombos todo dia, quando eles vêem você eles começam a voar ao
seu redor. Se você vive numa casa com mutos meninos e meninas, e uma das crianças
gosta de cuidar do cão da família, alimenta-o, quando o vê ou a vê, ele começa a
comemorar. A mesma coisa é verdade para os seres humanos. Alguma coisa que nutre
um ser humano, um ser humano terá uma imagem positiva a respeito daquela coisa.
Então nós acreditamos que alimentação é uma boa forma de enviar uma mensagem
positiva. Ebo é importatne porque em se fazendo um ebo você nutre cada pessoa, você nutre
o Òrìsà através de seus símbolos, você alimenta o ser humano que participa do ebo. Ebo é
também uma comunhão entre as pessoas que o oferecem e para aqueles que participam dele.
Se você colocar seu ebo em uma estrada, pássaros catadores e animais irão comê-lo, insetos
irão comê-lo. Deste modo nós enviamos uma mensagem positiva para nossos vizinhos que
tem feito parte no sacrifício, e nossos vizinhos não humanos também. Eles todos irão, nós
acreditamos, levarão uma boa mensagem a Olódùmarè a nosso respeito.
IVOR: Como têm os gêneros alimentícios diferentes para os indígenas do oeste africano,
por exemplo milho, se tornado uma comida importante paa certos Òrìsà?

WANDE: De volta para casa, nós temos dito, " Antes do milho ser descoberto, galinhas
deviar estas comendo algo além dele!"

IVOR: A folha do tabaco cubano era originalmente usada pelos povos indígenas da ilha
para práticas rituais. Na Cuba de hoje, cigarros e fumo de cigarro são sacrificados para
Orishá por que eles simbolizam "satisfação e contentamento." Se acredita que um
Orishá contente virá em socorro de alguém. Isto ressoa com suas próprias práticas?

WANDE: Na África, nós não fumamos cigarros perto de algum altar. Nós dizemos, "Akì í
mu tábà á kébora," o que significa, "Ninguém fuma tabaco quando está saudando uma
divindade."

IVOR: O sangue sacrificial incorpora(expressa a idéia/inclui) àse?

WANDE: Não definitivamente não.Àsé é derivado do próprio Òrìsà.


Eu não penso que sangue carregue, um Òrìsà é por si só um àse. Àse vem de Olódùmarè
para o Òrìsà, e então para os seres humanos. Um ser humanod ou um animal não
servem àse para um Òrìsà; é outro caminho de volta. O sangue de um animal pode,
entretanto, auxiliar a nutrir e renovar o àse já inerente (natural) do altar de um òrìsà.

IVOR: Eu entendo que muitos animais são usados para sacrifício no Brasil e Cuba e
então na África? Isto é verdade?

WANDE: Houve uma outra ênfase ao sangue na Diáspora. A êmfase da


reliigão na Diáspora é principalemnte nos rituais, e no aspecto visual. assim
como contas e roupas. Pouca atenção é dada a literatura ou filosofia. Quando
os descendentes dos Yorùbá nas Américas perderam a literaturas eles se
concentraram mais nos aspectos visuais e rituais da religião. Na África, um
BABALÁWO poder atender vinte clientes em um dia sem prescrever nenhum
aminal ou ave. Há então muitos sacrifícios que pnós podemos fazer que não
envolvem sangue para todos. Quando nós damos comida a Ògún, pode ser prescrito
que nós demos inhames assados ou milho tostado. Ocasionalmente um cão pode ser
prescrito, mas que pode não acontecer com frequência. Quando nós damos comida a
Obàtálá, nós preparamos iyan (inhame pilado), e ègúsí ( um tipo de sopa preparada
com sementes de melão).

MITOLOGIAS CONCORRENTES

IVOR: Pesquisadores estrangeiros adoram criar estatísticas perfeits sobre a África. Isto
tornou quase impossível respeitar as crenças religiosas, apesar de que eu tenho visto o
princípio de notas de percentuais precisos de Cristianismo, Islamismo , e comunidades
tradicionalistas em vários estados e nações africanos. A conversão é uma grande
experiência permanente e profunda na sociedade politeista bem como na sua própria?

WANDE: Até mesmo os Cristãos e os muçulmanos que condenam a religião indígena


Yorùbá hoje em suas igrejas e mesquitas, durante o festival anual Egúngún eles
participam voluntariamente. Alguns deles carregam seu próprio Egúngún! O fato é que
conversão verdadeira no sentido de substituir as crenças Yorùbá com aquelas do
cristianismo ou islamismo quase não existe entre os Yorùbá.

IFÁ E O POVO YORÙBÁ

Òré, sáré tofá lo.


Òré, sáré tofá lo.
Bénìyàn n´tàn ó.
O má se gbà o.
Bénìyàn n´ tàn ó.
O má se gbà o.
Òtító korò,
Ifá ní ó layé. (1)

(1) Esta é uma canção popular dos sacerdotes de Ifá. [WA]

Meu amigo, apresse-se para Ifá.


Meu amigo, apresse-se para Ifá.
Se alguém está te ludibriando,
Sem lucrar.
Se alguém está te enganando,
Sem dar frutos.
Verdade é amarga,
Ifá irá herdar o mundo.

Os sacerdotes de Ifá no oeste da África são os intelectuais da sua sociedade.


Isto era especialmente verdadeiro antes do governo colonial. Eles tinham muito
poder e eram parte da nobreza. Eles erm permitidos a vestir objetos de contas, em
alguns casos coroas, e este é o porque eu estou vestindo um sapato bordado de contas,
um ìróké bordado, e um colar de contas.
O ìróké que seguro em minha mão em ocasiões de cerimônia é bordado de contas e caro.
No processo de divinação nós usamos outro similar ao tipo de contas o qual é feito ou
de madeira ou de marfim. Nós usamos ele para bater na tábua de divinação para evocar
a presença de Ifá para vir e comandar o processo divinatório.
IVOR: Como o sistema divinatório de Ifá influencia os princípios de organização da
antiga sociedade Yorúbá?

WANDE: Por toda vida de uma pessoa, Ifá é tão importante. Do nascimento a morte,
uma pessoa vai a um divinador em cada acontecimento em sua vda. Além de que, a
lliteratura de Ifá contém referencias a todos os Òrìsá, bem como idéias e
valores que o povo Yorùbá gosta. Os Yorùbá tem tramado tudo que é querido
para eles por tudo que abrange suas experiências, da mitologia das lendas, a
história e nos tempos contemporâneos, o que envolve Ifá. É a mesmo tempo um
sistema intelectual por que contém muitas idíeas com as quais o povo Yorùbá
tem organizado sua vida através da história. Nos tempos antigos era
compulsório a todo Yorùbá ter "Uma mão de Ifá" (Owo Ifá kan). Todos, tanto
homens e mulheres tinham uma mão de Ifá, e todos estudavam Ifá por poucos
anos. Por volta da idade de quatro ou cinco anos, toda criança devia estudar
Ifá por volta de cinco a sete anos, antes de fazer mais qualquer coisa. O que
era como ira a escola para nós no passado.

IVOR: Em Cuba, a "Uma mão de Ifá" (El mano de Orula) recebida pelo homem é
chamada "Awófakan." Durante o terceiro dia da cerimônia executada por muitos
BABALÁWO, o cliente é ritualisticamente unido a Órúnmìlà. Esta cerimônia é o
primeiro passo para os homens se tornarem um BABALÁWO. Há uma cerimônia
correspondente para as mulheres chamado de "Ikofa de Orula." VOcê reconhece estas
palavras, e esta divisão de rituais existe na África?

WANDE: "Awófakan" é uma corrupção das palavras "Owóo 'Fá kan," que significa "
Uma mão de Ifá." "Kófá" significa "estudar Ifá." Até o ponto em que temos concebido,
nós não fazemos uma distinção entre homens e mulheres, ambos podem estudar Ifá, e
receber uma mão de Ifá.
Mulheres que são divinadoras de Ifá na África são chamadas Íyánífá, mas elas
agem como BABALÁWO. Não há muitas delas. Mas Ìyánífá nõ pode ver Odú.
Odú foi uma vez a mulher que era para ser esposa de òrúnmìlà. Ela foi noiva
de Òrúnmìlà, mas ela não quiz casar com ele porque ela disse que ele era muito
velho, então ela decidiu lhe dar sua própria vida, e morreu. Mas em uma visita
de Òrúnmìlà ao òrun (céu), ele foi capaz de trazê-la de volta. Quando ela
retornou para a terra, ela disse a Òrúnmìlà para escondê-la em um lugar
secreto para que só ele pudesse ter acesso a ela.
Nem todos os BABALÁWO tem Odù. Há muito poucos que tem Odù. Se uma
mulher divinadora com Ifá, ela é uma ìaánífá, não um BABALÁWO, mas ela
não tem Odù. Nenhum BABALÁWO que não tem Odù, pode ver o de outra
pessoa. É um segredo. Um BABALÁWO fala sobre o que está dentro do seu
pote de Odù apenas no sofrimento da morte. Se alguém que não tem Odù for
abrir o pote de Odù de outra pessoa e espiar dentro dele, aquela pessoase
tornara instantaneamente cega. Não há remédio para isto. Ele em adição cairá em
um estado de estupor, até que o proprietário encontre o intruso no mesmo ponto até seu
retorno!

Omodé ò fojú bodù lásán,


Àgbà ò fojú bodù nó òfé,
Eni ó bá fojú bodù,
Ó sì dawo.(2)

(2) Esta é a parte de um verso de Ifá do Òfún Méjì, o décimo sexto Odù de Ifá.
[WA]

Uma criança não comtempla Odù por nada,


Um adulto não vê Odù livre de acusação,
Alguém que tenha colocado seus olhos em Odù,
Deve ser um sacerdote de Ifá.

IVOR: Alguém pode prever o futuro através da divinação de Ifá?

WANDE: Contar o futuro faz parte de Ifá. Ifá fala sobre o passado, o presente e o
futuro. QUando uma pessoa consulta, Ifá irá falar sobre alguma coisa relacionada a sua
condição presente, passada e futura. Quando você sabe o que seu futuro guarda em
estoque para você, você saberá qual o sacrifício fazer, a fim de mudar alguns elementos
lá que podem não ser tão bons. Se há uma doença iminente, ou alguma negatividade,
você poderá fazer um sacrifício, e Ifá irá alterar aquela negatividade para alguma coisa
positiva.

IVOR: Você sabe como e quando você vai morrer?

WANDE: Não, ninguém conhece como ou quando vai morrer, ou a data da sua morte.
Eu não vou a Ifá para descobrir sobre assuntos específicos. Olódùmarè não fala nada
sobre aquilo. Ele é o proprietário do Èmí, o qual também nos faz respirar. Mas ele
nunca fala a ninguém o segredo de quando ele irá retirá-la.

TEXTOS ORAIS E ESCRITOS

IVOR: Uma das características da Santeria, ou Ocha, religião de Cuba é a contínua


contestação de quem é ou quem não é um verdadeiro divinador versado, e o qual papel
eles estão autorizados a executar nas cerimônias. Pode essa contestação ser um
resultado de não haver um texto escrito?
WANDE: Embora não esteja completamente escrito, Ifá é o testo que ata esta
religião. O que você disse tambémé verdade das religiões com um livro. Quando você
escreve algo é quando está sujeito a disputas e contestações com relação a suas
interpretações!

IVOR: Porque haveria menos conflito a cerca de uma literatura oral?

WANDE: Porque a tradição não é rígida, de qualquer forma por mais que você tente
fixá-la, haverão pequenas nuances e mudanças que aparecem.
Apesar de que alguma coisa que está escrita não permite mudanças. Já está
concretizado. Algumas pessoas tendem a pegar alguma coisa que está escrita como
literal. Outras, que podem ser mais filosóficas, podem então tomá-las para além do nível
literal, e eles vêem um profundo significado abaixo delas. Deste modo se torna matéria
para controvérsia. Apesar de que alguma coisa que não está fixada no papel
normalmente deixa o alojamento de algum tipo de acomodação, como no caso da
estrutura do ESE Ifá. (3)

(3) Ver Wande Abímbólá, Ifá: An Exposition of Ifá Literaty Corpus (Ibadan,
Nigeria: OUP, 1976)
Saindo do ambiente da criatividade, que um BABALÁWO pode dizer em suas
próprias palavras, aquilo que ele não pode dizer em suas próprias palavras.
Mas uma vez alguma coisa sendo escrita, você não pode dizer nada mais em
suas próprias palavras. Você tem que dizê-lo do modo como foi escrito.

IVOR: Assim, se torna mais dogmático e autoritário.

WANDE: Sim, mas ao mesmo tempo contencioso. Porque questões então


levantadas como em relação ao sentido, se o texto poderia ser interpretado
literalmente, ou idiomaticamente, ou metaforicamente, ou simbolicamente. Istó
é o que acontece.

IVOR: Que perigo repousa na transformação destes textos orais em páginas


escritas?

WANDE: Sempre há um perigo, há sempre alguma coisa a perder. Mas há o


perigo de todos se tornarem pessoas educadas. Conhecimento e memória não
andam lado a lado com frequência. Quando você conhece como ler e escrever,
você depende mais do lápis e da caneta, do que incutindo as coisas em sua
memória.
Se você tem dois meninos da idade de dez anos, e dá a cada um dinheiro e lhes
diz," Vá ao mercado do outro lado, e compre as seguintes cinco coisas," o
garoto que está na escola irá dizer, "Oh, deixe-me ir e pegar meu lápis." Ele
tem que escrevê-las. O outro garoto que nunca foi a escola, ira pedir para você
repetir a lista duas ou três vezes, ms ele não irá esquecê-la! Escrever coisas
parece dirigir as pessoas que tem aquela habilidade de estar sujeito a perder e
perder na sua memória, e contudo quando você nãousa sua memória, ela
deteriora.
Quando você escreve um texto de Ifá, há o perigo de torná-lo fixo (rígido) o
que o torna muito difícil de mudar qualquer coisa lá, até mesmo nas áreas
aonde o BABALÁWO tenha sido permitido usar suas próprias palavras. Assim,
para de ser alguma coisa que é executada e divertida. Este é o perigo, mas oque
podemos fazer? Nós vivemos em um mundo assim moderno aonde escrita está
em voga.

VERSOS DE IFÁ

IVOR: Você tem escrito que há oito partes para cada ESE de Ifá. Alguns destes
tem um verso métrico como um soneto?

WANDE: Não, eles não têm. ESE Ifá faz uso da poesia, da prosa, e no meio
termo entre poesia e prosa é o que nós chamamos de "versos livres," os quais
são também uma forma um pouco elevada de discurso, mas não é uma canção
ou um salmo como tal. Em um dos meus livros, eu tentei mostrar que há no
máximo de oito partes estruturais para um ESE Ifá. (4)

(4) Ver capítulo "A Estrutura deo ESE Ifá," no "Ifá; An Exposition of Ifpa
Literary Corpus" (ibadan, Nigéira: OUP,1976)

Dentre esses oito, quatro são opcionais, um BABALÁWO pode omití-los ou


fazer uso deles. os outros quatro são obrigatórios. Um dos que são obrigatórios
são realmente o núcleo do ESE Ifá como uma forma de literatura que está
relacionada com a história e mitologia.
Todo ESE Ifá começa com um nome ou nomes dos divinadores prévios, esta é
a primeira parte estrutural. Pode ser um nome, ou chegar a dez ou vinte nomes
porque algumas vezes os Sacerdotes de Ifá praticavam em grupos nos tempos
antigos. Na primeira parte você também pode ter os nomes dos não humanos;
animais ou árvores podedo ser mencionados como sacerdotes de Ifá da história
já que algo que vem dentro da estrutura do ESE IFá está personificado.
A segunda parte é o nome ou nomes do cliente da história para quem o
BABALÁWO na primeira parte divinou. Da mesma forma, estes podem ser
nomes de seres humanos, podem ser pedaços de nomes, ou nome de alguma
criatura. A terceira parte é omotivo ou a razão pela qual a divinação foi feita,
o problema que o cliente tinha o qual o fez procurar a divinação. Estas três são
obrigatórias. Todo verso de Ifá que o BABALÁWO faz incluirá estes três.

IVOR: Mesmo que possam haver 800 ESE em cada Odù, um BABLÁWO deve
memorizar as oito partes de cada ESE?

WANDE: Não exatamente. Partes de um, duas e três devem ser memorizads, e o
BABALÁWO tenta fazer isto fielmente. Eles se esforçam por serem fiéis ao texto
original, e isto é o que nós encontramos mesmo nos testo da divinação de Ifá em Cuba.
Hoje, muitos BABALÁWO em Cuba ainda divinam tentando passar aquelas três
primeiras partes na linguagem Yorùbá! Mas quando eles chegam ao quarto, quinto,
sexto e sétimo, eles podem falar em espanhol.
O mesmo acontece com os divinadores das outras partes do Oeste da África,
por exemplo, Ewe e o Fon, que vêm para Yorubaland para aprender Ifá. Eles
passam uma, duas e três partes do ESE IFá em Yorùbá, e então a quarta parte,
eles começam a falar em seu próprio idioma.
A quarta parte é uma declaração daquele BABALÁWO da história depois da
divinação. O que aquele BABALÁWO conta para seus clientes da história quando eles
lêem para ele? Por exemplo, se eles dizem, "Nós encontramos Òdí Méjì para você. Este
Odù está relacionado a Òsun, está relacionado a Ifá. Você está para ir provavelmente
em uma viagem através do oceano. Você deverá fazer um sacrifício a Òsun, você deverá
fazer sacrifício para Ifá. Nós também vemos assuntos matrimoniais aqui." Assim é
como o BABALÁWO irá falar.
As partes quatro e cinco são opcionais, e se um BABALÁWO não omití-las, ele
pode dizê-las com suas próprias palavras, ele não tem que recitá-las. Algumas
pessoas recitam alguns versos por toda parte, da parte uma a oitava, mas isto não é
obrigatório. A quinta parte nos fala se o cliente do passado executou as instruções do
BABALÁWO ou não. Por exemplo, ele executou o sacrifício? Se eles o preveniram que
ele devia manter um certo tabu, ele cumpriu isso? Parte seis nos fala o que então
aconteceu após ele ter cumprido as instruções de seu divinador. Ou se ele não fez, o que
aconteceu então? O número sete fala qual é a reação do cliente ao sacrifício. Por
exemplo, se ele não executou as instruções, então ele irá começar a se arrepender. Se ele
cumpriu as instruções, ele começará a dançar e fazer agradecimentos. Nesta parte, o
divinador, algumas vezes, repete a primeira parte, a segunda e a terceira de novo.
Então vem a oitava parte aonde eles extraem a moral ou fazem uma conclusão
da mesma história que eles contaram na primeira parte. A oitava parte também
é compulsória por um certo tamanho. Muitos versos de Ifá terão uma
conclusão, mas algumas vezes eles deixam você supor! Eles não salientam uma
conclusão assim tão claramente.
O BABALÁWO tem a liberdade de usar suas próprias palavras nas partes quatro,
cinco, seis e sete, as quais são opcionais.
Estas frequentemente serão feitas em versos livres ou prosa. As partes um, dois, très
e oito são obrigatórias. Elas são frequentemente feitas em pesia, ou alguma
forma peética, linguagem elevada. Usualmentne passadas
como o sacerdote de Ifá aprendeu-as de seu mestre e as regurgitam para seus
próprios clientes. Se houver uma canção na parte oito, ele não cantará sua própria
canção, ele cantará a canção que ele aprendeu de seu mestre.
as partes acima eram da minha tese quando eu estudei a literatura de Ifá na
Universidade de Lagos, as quais me deram meu grau de Ph.D. em 1971. Eu ainda
acredito que essa tese é sustentável. Não tenho visto ninguém coletado algum
subterfúgio maior para me fazer mudar de idéia. Eu acho que foi um estudo claramente
importante, uma exposição original, especialmente naquele tempo.

IVOR: Houveram muitos poemas épicos europeus precoces e recitações de tradição que
podiam ser comparados a Ifá e poesia Ìjálá como uma forma de arte. Antigamente em
Wales, os Bardos eram um poeta-ministrel convidado que compunha e recitava poemas
celebrando as realizações e lendas dos chefes e guerreiros Celtas. O épico nacional
Finlandês, chamado Kalevala, é uma antiga literatura oral que inclui citações
medicinais e encantamentos mágicos. Os Gregos antigos executavam celebrações da
vitória com encantamentos para antídoto de picada de cobra. Quais são os vário modos
executados de ESE Ifá?

WANDE: Um ESE Ifá pode ser recitado, ou entoado com uma elevada forma de
linguagem, a qual pode ser chamada de poesia. Pode também ser executada, mas há
diferentes formas nas quais isso é feito. Especialmente quendo você tem músixa.
Quando o ESE Ifá é executado integralmente com o acompanhamento de música,
podemos chamá-lo de Ìyèrè. TOrna-se uma canção ou liturgia. Assi, há um modo no
qual um verso se torna convertido em música. É alojamento para criatividade.

IVOR: Os cantos para cada Òrìsà também tem execuções de estilos distintos? Como
você os descreve?

WANDE:Cada Òrìsà tem uma literatura própria, com seus próprios tons de
canto. Se alguém está cantando para Òsun dol lado de fora da porta e nós não
podemos ouvir as palavras distintamente, mas nós podemos apenas ouvir o tom
e o rítimo, nós seremos capazer de falar que o que nós estamos ouvindo é uma
canção de Òsun. Se alguém está cantando para Oya, é a mesma coisa. A voz de
cada Òrìsà está expressa em seus cantos passados verbalmente. Os rítimos são
também altamente diferenciados, como são as danças. Cada Òrìsà tem sua
própria personalidade. Em adição, Ifá tem um lugar para cada Òrìsà dentro de
sua própria literatura.

IVOR: De onde vêm os nomes dos Odù? Eles estão baseados nos números, ou nos nomes
de ancestrais específicos?
WANDE: Cada um tem um nome distinto para si próprio. Eele não são
múneros, nossa filosofia não está baseada muito nos números. Cada Odù, assim
como cada Òrìsà, tem seu próprio nome. Há dezesseis deles, e seus filhos são 240. Os
nomes de cada um dos filhos foram dados de seus pais. Os nomes de todos os Odù vêm
dos dezesseis primeiro. No Dílógún, ou sistema de búzios, os nomesm não são unidos
como eles são em Ifá, com a excessão de Èjì Ogbè. Mas em Ifá, eles são todos unidos. Os
nomes reais de cada Odù está contido em sua forma singular, nos dezesseis originais.

IVOR: Se os 16 Odù maiores de Ifá tem 240 filhos, o corpo de Ifá é então considerado
uma família? Quais são os outros modos pelos quais Ifá é personificado?

WANDE: Os dezesseis Odù maiores são considerados como mensageiros de Ifá. Eles
recolocam (replaced?)Ifá após sua partida da terra. Como os Òrìsà, eles também
vieram do céu, mas na forma de seres humanos. Eles deram a luz a 240 filhos. Estes
Odù maiores tem ou no começo ou no final do nome Èjì ou Méjì. A marca para cada
Odù é a mesma tanto para os lados direito como para o esquerdo da corrente
divinatória e quando eles são marcados dentro do opón Ifá (tábua de
divinação).

IVOR: Eles são duplicados. Méjì está relacionado a Ìbejì, os gêmeos?

WANDE: Sim. O conjunto todo de Ifá é uma organização binária de


pensamentos e de sinalizações. Ainda não está claro, mas eu penso que quando
os Odù estavam vindo, possivelmente eles vieram como indivíduos, ao invés de
gêmeos. Como eles se tornaram duplos é provavelmente uma importante
transformação no pensamento e mitologia Yorùbá. Èjì Ogbè menciona alguma
coisa como que quando ele disse,

Èjèèjè ni mo gbè.
Nò gbènìkan soso mó.

Eu abençoarei ou apoiarei as pessoas quando eles estão


emparelhados.(casados/unidos)
Eu não apoiarei tanto as pessoas quando eles se mantiverem
como indivíduos.

A idéia de uma ordem binária é principal nesta cultura, porque todo sistema de
Ifá está baseado nela. Como você sabe, se acredita que os Yorùbá são grandes
geradores de gêmeos em todo mundo. Mais gêmeos são gerados naquela parte
do mundo do que em todo o resto. (5)
(5) Para a genética dos gêmeos Yorùbá, ver Creinin M; Keith LG: 1989; "The
YorubaContribuition to our Understanding of Twinning Process," J.Peprod Med
(JWT)34(6): 379-87. Nylander PPS, 1978: "Causes of high Twinning frequencies in
Nigeria," Progress in Clinical and Biological Research, Vol, 24B, Twin Research; pp.35-
43.[IM]

IVOR: Qual sistema divinatório que você acredita que tenha vindo antes, Ifá ou
Eérìndínlógún?

WANDE: Eu estou trabalhando na possibilidade de que a parte individual do sinal de


Ifá na tábua, ou uma perna do Òpèlè, é mais antiga que duas pernas. Não há modo
logicamente que alguém possa compreender como o duplo começou antes do
indivudual. Um sinal, um lado da corrente assim como Ogbè, ou Òyèkú devem ter
existido antes de se tornarem duplos como Èjì Ogbè ou Òyèkú Méjì. Eu não acho que
teria sentido pensar de outra forma. Alguém pode contudo especualr que
provavelmente Eérìndínlógún é mais velho, levando nos a uma inevitável conclusão que
foi a primeira forma de divinação, da qual cresceu Ifá. Mas o que os sacerdotes de Ifá
agora crêem é que Ifá é a forma original da divinação, e que o Dílógún se desenvolveu
de Ifá.
Ainda na África, BABALÁWO não olha no Dílógún de forma alguma. Nós acreditamos
que Dílógún tenha seu próprio àse. Mesmo quando um sacerdote de Dílógún está
cantando ou recitando os versos do Dílógún, quano ela diz que ela está recitando dd Òdí
Méjì, um BABALÁWO irá encontrar estes versos em Òyèkú, Òdí e ìrosun foram
colocados juntos em seu próprio meio eclético. Dílógún tem selecionado de muitos Odù
e os colocado em um Odù. Isto confunde o BABALÁWO. Mas mesmo assim nenhum
BABALÁWO o verá, porque crê que é recebido seu próprio àse separado de
Olódùmarè. Mas uma vez que uma pessoa tenha se tornado um BABALÁWO, ele não
pode mais divinar com dezesseis búzios.

IVOR: Eu tenho ouvido com frequência de divinadores em Cuba que Yemayá (Yemoja)
foi a primeira mulher a divinar. Ela aprendeu isto observando se marido, Ifá. (6)

(6) Natalia Bolivar escreveu isto em seu livro, Olopo Owo (La Habanna: Ciencias
Sociales, 1994)45.

WANDE: Na África é Òsun quem primeiro o utilizou, sem nenhuma dúvida. Ela se
supõe que tenha aprendido de Ifá quando ela era sua esposa. Yemoja nunca foi casada
com Òrúnmìlà.
Na África há outras estórias quando Òsun imita particularmente Yemoja. Há uma
estória na qual Olódùmarè lança uma sacola da janela, e ele pediu a todos os Òrìsà para
irem procurá-la. Ele disse, "Aquele que a encontrar será o Òrìsà sábio." Todos os Òrìsà
foram procurando por ela por anos, até que Òsun a encontrou. Ela era casada com
Òrúnmìlà, mas vivia separadamente em sua própria casa, porque naquele
tempo, não era obrigatório para uma mulher viver na mesma casa de seu
marido. Quando Òsun encontrou a bolsa da sabedoria, ela começou a se vangloriar e
ela ordenou a Òrúnmìlà a lhe trazer muitos ítens para sacrificar antes de ela lhe ensinar
sobre o que estava na sacola da sabedoria, não sabendo que quando ela colocou a sacola
dentro de seu vestido, um rato de casa tinha comido um pedaço do fundo do bolso do
vestido. Assim, quando ela colocou a bolsa da sabedoria naquele bolso, escorregou
através e caiu no chão. Òrúnmìlà, seu marido, que estava vindo atrás dela, encontrou
a, juntoua, e a escondeu em seu próprio traje. Quando eles chegaram em casa, ela
examinou a roupa para tirar a bolsa, mas ela não a encontrou. Ela teve que se mudar
para casa de Òrúnmìlà para se tornar sábia. Esta bolsa da sabedoria pode não ser
nada mais do que Ifá.
Como você sabe, na Diáspora muitas coisas são ligadas a Yemoja. Olókun
algumas vezes age como Yemoja. No Brasil, todo ano eles vão ao mar com
barcos para presentar oferendas a Uemoja. Eles acreditam que Yemoja é o
oceano. Algumas pessoas dizem, "Ela é a parte superior do oceano, e Olókun é
a parte inferior," enquanto que o rio Yemoja é o rio Òògùn na Nigéria no qual
a água é fresca. Nem mesmo descarrega suas água diretamente no oceano.
Descarrega na lagoa de Lagos.

IVOR: Em Cuba, nenhuma cabeça é "feita" com Olókun. Olókun pode apenas ser
percebido(aceito), não tenho ouvido uma pessoa ser "montada", ou "escalada" por
Olókun, cujo domínio é o fundo do mar. Em alguns patakin cubanos (mitos), Olókun é
masculino, em outros feminino.

WANDE: Na África, cuidam de receber Olókun que entre os Yorùbá se acredita ser a
última espoda se òrúnmìlà. Olókun é a divindade do Oceano Atlântico que é conhecida
como Òkun Yemideregbe. Se acredita que Òrúnmìlà agora vive nas dependências de
Yemideregbe com Olókun, sua esposa.

RELIGIÃO YORÙBÁ: UMA RELIGIÃO MUNDIAL

IVOR: Uns frequentemente ouvem os acadêmicos se referirem a "Grandes religiões do


mundo." Usualmente isso inclui o Judaísmo, Cristianismo, Islamismo, Hinduísmo, e
Budismo, todas as quais tem textos escritos. Porque não deveria outras religiões, como
a Yorùbá, uma cultura com mais de 20 milhões de adeptos, ser incluída nesta categoria?
Parece suspeito pensar que ter um texto escrito é um pré-requisito para essa
"grandeza."

WANDE: Há muitas grandes religiões no mundo. Elas incluiem o Islaminismo,


Cristianismo, Judaísmo, Budismo, Shintoísmo, Cunfucionismo, e Jainísmo da Índia.
Mas muitas delas têm textos sagrados baseados em antigas tradições orais. Os Budistas
levaram trezentos anos para escreverem a bíblia da fé Budista.
As religiões indígenas do mundo também são importantes. ALgumas delas são elevadas
no escalão das religiões do mundo. Se fosse possível fazer um censo aonde as pessõas
são capazes de expressar seus pensamentos, na África Negra nós podemos encontrar
mais pessoas na religião indígena do que no cristianismo e islamismo juntos. Muitas das
pessoas que nunca foram a escola, que vivem nas áreas rurais, ainda são muito
comprometidas com a religião indígena. Na África Negra há muitos países onde a
educação formal nunca atingiu as massas do povo.

A NAÇÃO YORÙBÁ DENTRO DA COMUNIDADE OESTE AFRICANA

IVOR: Acadêmicos têm me dito que a Yorubaland pré-colonial tinha reigões distintas,
cada uma com seu próprio e específico Òrìsà. Como resultado da colonização teve a
criação do Panteão dos Òrìsà Yorùbá como nós conhecemos hoje.

WANDE: Algumas regiões tinham seus próprios Òrìsà, mas muitos Òrìsà são
universais, por exemplo Obàtálá, Ifá, Ògún, Òsun, Oya, Obalúayé, Èsù, etc.
Todos esses òrìsà podem ser encontrados em todo lugar. Há alguns Òrìsà
relacionados com vilas em particular ou cidades nas quais não são adorados
além de lá.

Ivor: A hipótese é que os colonizadores britânicos organizaram os Yorùba a fim de bem


definir as regiões para receber taxas por meio de um Escritório Distrital. Essas
mudanças na esfera econômica e política afetaram toda a cultura, "destruindo-a," até
o ponto que o Òrìsà, uma vez encontrado intermitentemente por toda Yorubaland, se
tornasse codificado e universalizado em um panteão.

WANDE: Isto não é verdade! A idéia de 400-1 Òrìsà tem sempre estado lá. É
um fato de nossos dias que o panteão tenha se tornado mais restrito. Em qual
parte de Yorubaland não tem Ògún sendo celebrado a cada ano no passado?
Em qual parte não tinha um festival para Obàtálá ou um dos Òrìsà
relacionados? Mas com a crisitanização, ocidentalização e islamização, alguns
dos Òrìsà foram esquecidos em algumas áreas, assim eles agora são de fato
restritos. É outro caminho de volta.

IVOR: Muitos grupos de pssoas originalmente se auto denominavam "O Povo." O


nome Yorùbá aparentemente veio de seus vizinhos Hausa no norte.

WANDE: Isto é um fenômeno universal. São os vizinhos de um povo que normalmente


os nomeiam. Isto não significa que a idéia de ser um povo não exista.

IVOR: Eu digo sobre alguns Africanistas que antes da colonização haviam vários "sub-
grupos" Yorùbá, como os Kétu, os Ìyèsà, os Òyó Yorùbá, etc., a tentativa britânica de
taxação de fronteira deles por uma simples etnicidade.

WANDE: Pessoas que falam a mesma linguagem, que vestem as mesmas roupas, que
compartilham do mesmo sistema de crenças, que vestem os mesmos tipos de trajes e
come o mesmo tipo de comida são conhecidos como o mesmo povo. Em alguns casos, há
o Aláàfin de Òyó quem controlava três bairros de Yorubalando muito antes da vinda
dos britânicos. O povo pagava tributo a ele. Muitos rituais eram regulados de Ilè-Ifè, o
que significa que os Yorùbá também estavam sob o controle espiritual de Ifè também.
Como sobre os alemães? Mpor muito, muito tempo os alemães não se centralização em
um estado de nação. Haviam assim muitos pricipados antes de Bismarkuní-los no
último século dezenove. Mesmo a Itália se tornou unida por volta do mesmo tempo por
Garibaldi. Quando os alemães ainda não estavam unidos como um país, eles até sabiam
que eram alemães. O fato que os britânicos começaram a alicar a palavra Yorùbá para
um povo que no passado identificou com seus próprios dialetos, não significa que esls
não sinham senso de que eles eram o mesmo povo. O termo de Yorubaland em Ifá é
Ilè-Ifè, que significa "terra de Ifè." Antes do termo "Yorùbá" se tornar amplamente
utilizado para se dirigir aos povo Yorùbá em geral, nós usávamos a palavra "Ilé-Ifé."

IVOR: Qual é a distinção entre uma "tribo," uma nação," e um "estado-nação"?

WANDE: Os europeus inventaram algumas destas palavras para descrever outros


povos que não eram europeus. A palavre "tribo" eles nunca usariam para si mesmos.
Os holandeses, tchecos, croatas, belgas são chamados de "grupos étnicos," até mesmo
alguns desses grupos europeus tem menos do que cinco milhões de pessoas. Mas os
europeus irão se referir ao Yorùbá, que são 25 milhões de pessoas, como uma "tribo"!
Eles irão se referir aos Hausa e Igbo como uma tribo.
Os Yorùbá são uma nação, ou um grupo étnico. Há duas formas de fazer uso do termo
nação, como um estado, o qual é uma unidade política e geograficamente reconhecida
como um estado independente. Nigéria, por exemplo, é uma coleção de nações dentro
do mesmo estado. Compõe os Yorùbá, que são uma nação, os Hausa/Fulani, que são
uma na~~ao, os Igbo, que são também uma nação, juntos com muitos outro pequenos
grupos que são também nações em seus próprios direitos. Nigéria é portanto um estado
multi-nacional. Para se tornar um país, deve ser uma unidade independente e ser
reconhecido pela Onu.
Um estado deve ser composto de um ou mais grupos étnicos. Um estado é uma área
geográfica aonde há um governo reconhecido por outras áreas geográficas do mundo
como uma entidade independente.

IVOR: Os africanos irão remarcar as fronteiras nacionais estabelecidas pelos europeus


na Conferência de Berlim em 1885?

WANDE: Como o tempo está chegando, nós veremos mais e mais agitação por uma
reelaboração e reorganização das fronteiras nacionais atualmente na África. Há muitos
povos Yorùbá na República do Benin, Togo, e Ghana. Há Hausa na República da
Nigéria, e Fulani em Camarões, e Guiné. Os estado-nação estão se tornando
anacrônicos na idade moderna. NAFTA e as comunidades européias são um exemplo
disto. No futuro, nós poderemos ver todo o Oeste de África como uma região com um
parlamento. Cada país então será uma divisão de cada entidade multi-nacional. Nós já
temos o gérmem disto na ECOWAS (Comunidade econômica dos Estados Oeste
Africanos).
LÙKÙMI : YORÙBÁ EM CUBA

Ivor: De acordo com a lenda, um dos imperadores da Antiga Òyó lançaram uma
maldição em todo povo Yorùbá conduzindo ao esfacelamento de seu império. Como isto
veio a acontecer?

WANDE: Esta histório faz parte de nossa história oral, mas também é muito
bem colocada em Johnson History of Yorubas.(1)

(1) S.Johnson, The history of Yorubas, Lagos, 1921.

Na última década de 1790 Awólè era o Aláàfin ou Inperador da Antiga Òyó, antes de
ser evacuada. AWólè enviou seu exército para ir e capturar uma cidade, mas ele se
rebelaram contra ele. Ele sabia da importância de ter um exército forte sob um governo
centralizado como o Antigo Império de Òyó para proteger seu povo. Ele tinha o
costume de enviar seu exército para lutar para enrijecê-los, assim eles estariam
preparados para uma batalha em qualquer tempo.
Awólè sabia que o comércio escravo era global, que africanos tinham sido levados
embora para algum lugar, e ele tinha protegido o povo Yorùbá com aquele mesmo
exército. Quando o exército fracassou em obedecê-lo, ele os amaldiçoou e a todo povo
Yorùbá dizendo, "Se vocês não acatam mais minha autoridade como seu imperador,
bem, quando a Velha Òyó for destruída, e não houver exército, o povo Yorùbá será
levado como escravo para todos os lugares da Terra." Isto é o que aconteceu
atualmente. Quando ele expressou sua maldição, ele disparou uma flecha para o
norte, leste, e oeste, e esmagou uma peça de porcelana contendo medicina no
chão. Ele disse, "Assim como ninguém remenda a porcelana quebrada,
ninguém será capaz de reverter minha maldição para o povo Yorùbá." Após
expressar a maldição, ele então cometeu suicídio. Isto é o que nós chamamos
"ègún Awólè." Ègún é uma "maldição" quase irreversível . Muitas pessoas
acreditam que a maldição a qual Awólè expressou contra o povo Yorùbá ainda está
afetando nossa nação.
IVOR: Conforme o costume, Aláàfin Awólè Aróngangan se matou tomando uma poção
após dizer esta maldição.(2) Foi o poder de sua maldição guardada no simbolismo da
tigela, ou na eficácia da medicina?

(2) Robert S.Smith, Kingdons of Yoruba, 3rd Ed. (1969; Madison: U of


Wisconsin P, 1988) 113. Smith data a morte de Awólè como 1796,
coincidindo com o final da influência de Òyó ao norte e oeste da sua capital.
Ver pp.40,69 [IM]
WANDE: Foram ambos. Awólè conhecia as consequências de não ter um exército que
fosse confiável, dedicado e forte. Ele estava comprovadamente certo quando Òyó caiu
por volta de 1830. Foi após Òyó ter sido evacuada que grande parte do país Yorùbá
foi afetado pela reviravolta social acarretando um colapso de muitas outras cidades,
como resultado do que muitos povos Yorùbá foram escravizados e levados para as
Américas. Não que o povo Yorùbá não tivesse sido escravizado antes disso, mas eles não
eram escravizados em tão grande número até a dissolução do Antigo Imperio de Òyó
por volta de 1830. Os Yorùbá capturados naquele tempo e levados para o Brasil,
Cuba, e Trinidad incrementaram enormemente a presença dos Yorùbá nestes
países.
Antes do colapso da Antiga Òyó, poucos povos Yorùbá foram levados como escravos,
mas um grande número foi vendido na escravidão quando a Antiga Òyó começou a
enfraquecer no fim do século dezoito. Após a queda da Antiga Òyó, muito mais Yorùbá
foram levados para o assim chamado Novo_mundo até 1888, quando a escravidão foi
abolida no Brasil. Uma das razões pelas quais a cultura Yorùbá ter sido muito
bem relembrada e preservada nas Américas é que os Yorùbá estavam entre os
últimos africanos a chegar.

IVOR: Adeshina (também pronunciado "Adechina") foi um dos primeiros


BABALÁWO cubanos. Se acredita que ele nasceu no Oeste Africano por volta de 1800.
Após chegar em Cuba como um escravo, sua liberdade foi comprada por poucos
Yorùbá, que reconheceram sua estatura real. Adeshina auxiliou a estabelecer Ifá em
Cuba, e treinou muitos jovens divinadores. O que seu nome significa?

WANDE: É um nome comum. "Adésína" significa "a coroa abriu o caminho."


Este nome pode ou não estar ligado com a família real.

IVOR: Tata Gaitan foi outro dos mais famosos BABALÁWO de Cuba, que morreu por
volta d e1945. Este nome tem um significado pra você?

WANDE: "Tata Gaitan" pode ser um nome de louvor Yorùbá embora eu saiba que é
um nome espanhol. Pode significar, " O gafanhoto fez suas pernas altas." Isto implica
em dobrar suas pernas nos joelhos, como estando pronto para pular. Talvez este homem
tenha algum tipo de pernas esquisitas, ou pernas compridas que tinha o hábito de
dobrá-las fequentemente. Eu não o tenho encontrado em lugar algum na Yorubaland,
mas faz sentidocomo apelido. "Tata" é "gafanhoto." "Ga" é "fazer alguma coisa alta."
"Itan" é "perna." Os BABALÁWO bem como os devotos de Ògún, comumente
carregam apelidos.

IVOR: Surpreende você que o primeiro BABALÁWO cubano, praticando durante o


período de escravidão, possa ter divinado para os líderes no governo Colonial?

WANDE: Não de todo. Eu conheço pessoa que estão no governo, em algumas nações e
em algum momento tem problemas de segurança, e eles querem ser assegurados de sua
influência na comunidade, e se há um BABALÁWO que é famoso, ele irãoa ele, da
mesma maneira como os sacerdotes das igrejas católicas vão ao sacerdote de Ifá sob a
cobertura da noite na África. Bispos vêm a nós quando eles consagram uma nova igreja.
Ele pedem por medicinas que eles irão enterrar na igreja para atrair uma multidão de
pessoas para a igreja e afastar a negatividade. Isto não é supresa de todo.

IVOR: Quando você como um divinador recebe uma pessoa importante como um
cliente, se obriga a manter sua identidade e seu relacionamento secreto?

WANDE: Claro. Isto é o que alguém pensa que um BABALÁWO deve sempre fazer. O
nome BABALÁWO significa "pai dos segredos." Um verso de Ifá diz,

Gbogbo ohun tójú bá rí,


Kí enú fi í rò, o jàre,
A dífá fún Ìwòrì,
Níjó tí ´n lo lè é wojú ìdí. (3)

(3) Parte de um verso do Odù ìwòrìwòdí. [WA]

Não é tudo que os olhos vêem


Os quais podem ser reportados pela boca.
Divinação de Ifá foi executada para Ìwòrì
No dia que ele estava indo dar uma espiada dentro do órgão
sexual.

Quando ele terminou de espiar dentro, ele foi questionado, "O que você viu?" Ele disse,
"Não é tudo que os olhos vêem que a boca deve contar." Então, é prática padrão para
um BABALÁWO manter segredos. Assim como um doutor que anuncia os segredos de
seus pacientes; tal doutor não será famoso por muito tempo. Eu tenho divinado para
marido e mulher, mãe e filha, dois amigos íntimos, quen insistiram: "Eu quero minha
divinação feita emparticular, deixe meu amigo/filha/marido sentado em outro lugar. Eu
quero minha divinação feita sem ninguém, é pessoal."

IVOR: Uma lenda popular em Havana conta que em 1930, o presidente cubano
Machado plantou uma árvore ceiba sob os conselhos de seu padrinho na religião
Kongo-derivada Palo Monte. (4)A árvore foi plantada usando terra de todos os países
da América e moedas como oferendas. É supresa para você que um político cubano
possa executar tal ritual numa tentativa de solidificar seu poder?

(4) Esta lenda foi contada por muitos praticantes antigos da Santería, religião Palo
Monte e Abakuá, que vivem nas redondezas desta árvore em particular, muito
notavelmente Andres Flores, tanto um iniciado Palo Monte e Abakuá entitulado velho.
Ver também Romulo Lachatañeré, El sistema religioso de los afrocubanos. (1942; La
Habana: Ciencias Sociales, 1992) 113-114 [IM]

WANDE: Não particularmente, há uma cerimônia similar em Yorubaland. Quando nós


driamos um novo cargo ou num novo lugar no mercado, nós plantaremos uma árvore
como aquela, e nós convidaremos o povo para colocar terra lá para fertilizar suas raízes.
O que Machado fez não está tão distante da forma que uma comunidade africana faria.

IVOR: A árvore Ìrókò é sagrada para os Yorùbá. Em Cuba, a árvore ceiba foi chamada
de Ìrókò pelos cubano Lukumí (Lùkùmi), que também a consideram um Orichá. Para
marcar o aniversário da cidade de Havana em todo 16 de novembro, os líderes cívicos
e então milhares da população circulam uma ceiba específica três vezes, fazendo três
desejos para ser garantido, e então levando algumas moedas como uma oferenda. (5)
Pode este ritual cívico estar relacionado aos Yorùbá?

WANDE: Bem, pode ser porque o Ìrókò é muito importanta na Yorubaland. A árvore
Ceiba a qual os cubanos chamam de Ìrókò não é Ìrókò, apesar disso é uma árvore
sagrada. Nós chamamos a ceiba de Èégun òkèèrè; é também uma árvore sagrada de
Ifá. Ambas as árvores são sagradas, e ainda estão sendo cultuadas na África. Pessoa
colocam sacrifícios e comida nos pés da árvore Ìrókò. Vocês vão lá para fazer desejos,
para rezar por filhos e outras coisas da vida.

IVOR: Por outro lado, a Igreja Católica tem frequentemente retratado a Santeria
Cubana como uma "religião sincrética", principalmente porque seus praticantes por
vezes usam as imagens dos santos e cuidam das multidões. Por outro lado ainda, muitos
praticantes da Santeria expressam que as influências do catolicismo em seu sistema de
crenças é superficial e público, não adentrando de todo na profundidade privada dos
rituais. Historicamente, Lukumí CUbano usou imagens de santos para disfarçar
visualmente seus ritos fundamentalmente Yorùbá em uma repressiva sociedade
católica. Alguns BABALÀWO cubanos vão além disto contando me que "Ifá fala todas
as línguas," o que é seu modo de dizer que o sistema de divinação de Ifá pode dividir
com o espectro perfeito da experiência humana, e deste modo podem cercar todo
sistema de crenças encontrados. Eles dizem que Ifá tem circundado a Igreja Católica
em Cuba, fazendo a um sistem de crença subsidiário. Um exemplos disto é que no dia
da celebração de certo Orishá, alguém encontra EBO (sacrifício) deixado ao redor do
lado de fora de certas igrejas. Qual é sua opinião do tão falado sincretismo?

WANDE: De uma certa forma extenso, eu acredito que o assunto que as pessoas
chamam de sincretismo não é um sincretismo no sentido completo. QUando um
BABALÁWO conta estórias de Odù em Cuba ele não mistura com histórias da Bíblia.
O que é chamado de sincretismo tem principalmente para fazer com os ícones dos Òrìsà,
e isto é apenas as vezes um modo de cumprimentar a divindade de um vizinho ou de um
mestre. No Brasil, quando você entra no Candomblé, a primeira figura que você vê é o
chamado Caboclo. Ele representa os espíritos dos ancestrais dos ameríndios. que eram
o povo nativo do lugar. Isto não é "sincretismo" é um modo de dizer, "nós estamos aqui,
nós somos estrangeiros, mas este povo tem estado aqui bem antes de nós, porque não
colocar alguns de seus ícones em nosso altar como sinal de respeito?" Se fosse
sincretismo verdadeiro, então os outros níveis, não apenas o externo e níveis visuais,
seriam afetados. Há o nível do ritual, aonde há talvez uma pequena parte da mistrua lá
também. Mas você não encontra mistura na liturgia e o sistema de pensamento, a
filosofia por trás da religião. A literatura não é misturada. Eu então concluo que se esta
mistura de símbolos somarem para o sincretismo, o "sincretismo" é superficial, não
mais do que aquilo.

IVOR: Você vê também uma mistura de ícones e práticas religiosas em


Yorubaland?

WANDE: É verdade que os Yorùbá dividem muitos Òrìsà com seus vizinhos.
Por exemplo, os Fon, Eve, e Edo. Então, se há algum sincretismo em todas as
cerimônias religiosas de Cuba e Brasil, é o sincretismo das religiões africanas,
uma tendência que começou na África antes de nossos ancestrais serem levados
para as Américas, e a qual ainda está ocorrendo na África até agora.

IVOR: Surpreende a você que os Cubanos possam pertencer a três ou quatro religiões
distintas sem ter contradição alguma?

WANDE: Não, não é surpreendente, e você sabe porquê não? Isto volta ao assunto dos
sincretismo. Este é um processo o qual tem ocorrido na África toda antes dos Africanos
virem para o assim chamado Novo Mundo. Os povos Oeste Africanos tem estado se
misturando com seus vizinhos mto antes da escravidão. Um bom exemplo é o
relacionamento íntimo entre os Eve, os Fon e os Yorùbá. Outro ponto
importante é que os Eve e os Fon costumam ir a Ilè-IfÈ para estudar Ifá e alguns
ainda vão até lá hoje em dia. O mesmo se aplica aos Edo falando de povos da Nigéria.
Um dos enganos que nós sempre cometemos é pensar que os africanos não se
misturavam com outros antes da colonização européia. Mas nós devemos
relembrar que antes do colonialismo, as atuais fronteiras não existiam; as
pessoas se moviam livremente. Eu diria até mesmo que havia mais
miscigenação de pessoas naquele tempo do que agora.
Atualmente o avião e o carrto tem tornado a movimentação fácil e veloz. Nos mercados
de Dakar, Abidjan, Gabão e Guiné, você pode encontrar inúmeras mulheres Yorùbá
hoje em dia. Mas antes da motocicleta, havia um tipo diferente de interação. Quando
as pessoas viajavam elas eram capazes de observar melhor ao seu redor, e pelo tempo
que eles caminhavam através de uma terra dos Ashante, possivelmente eles começariam
a falar Tswi. Com um carro você pode passar através de uma terra em apenas algumas
horas, e você dificilmente verá ou aprenderá alguma coisa! Você apenas teve uma
impressão de turista. Naqueles dias antigos e alguns se extendem até hoje, havia
pessoas Yorùbá e metade daquela família era Eve ou Fon e que como resultado
praticavam Ifá e Vodum juntos na mesma família.
IVOR: Alguns observadores do argumento Caribenho que sua cultura é composta de
fragmentos ilegíveis das práticas do Velho Mundo. como uma vidraça de espelho que
foi destruída. Outros vêem-nas como novas, criações transformadas baseadas na fusão
das distintas práticas do Velho Mundo. Como você vê isto em termos de culto de Òrìsà?

WANDE: Para uma medida exata, a cultura Yorùbá tem sido transformada nas
Américas. Ver as imagens de Òrìsà nos sagrados potes de porcelanade Cuba (soperias),
as quais nós não temos na África. Isto é uma criação nova com sua própria tecnologia.
Muitos dos vasilhames dos nossos Òrìsà na África são feitos de madeira, pedra, metais,
e terra-cota. Aqui têm havido criações nas Américas na área da literatura
sagrada também. Eu descobri algumas canções do Candomblé as quais devem
ter sido criadas após nossos ancestrais terem chegado no Brasil. (6)

(6) Ver Wande Abímbólá, "Yorùbá Traditional Religion im Brazil: Problems and
Prospects," Actes de Congress Internacional des Americanistes (Paris, 1976).

IVOR: Quando em se falando de seus ancestrais, os Lúkumí Cubanos usam a palavra


Egúngún e sua forma diminutiva Egún. Entretanto a sociedade Egúngún não foi
recriada em Cuba, especialmente na extensão dele que foi no Brasil. Em lugar do
Espiritismo Cubano, uma complexa mistrua da reverência aos ancestrais euroéia e
africana, tem influenciado o sistema egúngún em algumas casas. Você poderia
examinar com atenção o motivo da sociedade Egúngún não é tão forte em Cuba como
é no Brasil?

WANDE: Não houve nenhuma barragem para os YorÚbá levarem para Cuba
conduzindo a sociedade Egúngún através do oceano assim como o Òrìsà foi trazido,
pelo menos mentalmente para dar início. Provavelmente pessoas que estavam
profundamente na sociedade Egúngún não foram a Cuba, diferente do Brasil. Se
houveram escravos cubanos que tinham o conhecimento da sociedade Egúngún, e que
forma treinados nisto na África, por exemplo conhecimento de como fazer as roupas de
Egúngún e conhecimento dos cantos de Egúngún e rituais, eles poderiam facilmente ter
reproduzido estas idéias em Cuba.

IVOR: Em minhas conversações com certos Dílógún cubanos e divinadores de Ifá, o


Odù Ogbèdí foi usado para ilustrar o que eles viam como a situação de Fidel Castro em
Cuba. (7)
(7) Bienvenido Barata, "Chacho." Entrevista em Junho de 1993.[IM]
Aqui, eles disseram, um lider vem com uma visão proveitosa de muitos, mas é traído
por aqueles íntimos a ele que procuram seu próprio lucro.

WANDE: Há um verso de Ogbèdí no qual Èsù Òdàrà se colocou aos serviços como servo
para Òòsà, que é Òòsàála ou Obàtálá, e fez o mesmo com Ifá. Ele tomou emprestado
dinheiro de ambos, e ele não podia pagar o dinheiro. Assim, ele concordou em trabalhar
para eles em suas fazendas. Do total de cinco dias da semana, ele trabalharia para
Obàtálá dois dias, e para ifá dois dias, e tendo apenas um único dia restando para si
mesmo. Após algum tempo, Èsù começou a imaginar como sair deste problema.
Eventualmente, ele planejou um meio com que ele iria e colocaria armadilhas para
peixes em um rio. Assim, ele começou a colocar armadilhas de peixes na hora que ele
terminava o trabalho nas fazendas de seus credores. Cedinho na manhã, ele ia até as
armadilhas e tirava os peixes pegos dentro e os vendia. Ele começou a pagar seu débito!
Logo, Obàtála e Ifá se reuniram, e disseram, "Veja, este homem está indo pagar seu
dinheiro do modo que tá fazendo, o que nós faremos a respeito disto?" Eles
concordaram em dar a Èsù Òdàrà uma tarefa impossível. No dia seguinte, Èsù veio
trabalhar e ele viu os dois credores no mesmo lugar. Òòsàála diss, "Veja, Èsù òdàrà,
não há nenhum trabalho na fazenda hoje. Voce deve ir a Ìrànjé, a casa dos meus pais.
Vá, e traga uma bolsa dentro da qual eu tenho os utensílios com os quais eu moldo os
seres humanos. Quando você chegar lá, peça por ela, minha família irá dar-lhe, traga-
a aqui."
Òrúnmìlà adicionou, "Após você terminar de fazer isto, então, vá a Ilè-Ifè e me traga
meu Ìróké da Montanha Ìgètí, a casa de meus pais."
Uma vez que Èsù já tinha executado o sacrifício, ele foi e voltou no dia seguinte, quando
ele normalmente não retornaria em um mês. Mas os credores já tinham conhecimento
daonde ele tinha deixado suas armadilhas. Eles foram lá, e estavam retirando seus
peixes quando ele apareceu. Eles ficaram surpreendidos! Eles disseram, "Então, você
não foi ainda?"
Ele disse, Eu fui." Etão, os credores adicionaram, "E você retornou logo! Como isso é
possível?" "Eu fui, e eu retornei," Èsù respondeu. "Tudo bem, aonde está minha bolsa
que eu pedi para você trazer?," perguntou Obàtálá. Èsù puxou a bolsa disfarçada em
seu vestuário. "Aqui está sua bolsa," ele disse. Òrúnmìlà perguntou, " E sobre meu
utensílio?" Èsù respondeu, "Aqui está seu utensílio."
Èsù Òdàrà então disse, "Tudo bem, o que vocês estão fazendo agora?" Eles disseram,
"Após você partir, nós ouvimos das pessoas que você tinha colocado algumas
armadilhas de peixes, e nós calculamos que você talvez não voltasse em poucos dias. Nós
estamos apenas ajudando você a tirar suas armadilhas a fim de que os peixes apanhados
dentro não fossem roubados." Èsù disse, "Vocês são ladrões, e eu estou indo revelar os
dois para o mundo todo saber que vocês são os mais velhos, mas são ladrões. Vocês me
escravizaram, eu tenho estado trabalhando para vocês todos esses anos, e este é o único
recurso de dinheiro que eu tenho conseguido para pagar meus débitos com vocês, mas
vocês estão furtando meu peixe."
A próxima coisa foi que os dois credores se prostraram no chão em frente a Èsù, e
disseram, "Por favor, nos perdoe." Ele disse: "Perdão não é a questão. Primeiro de
tudo, o mundo todo deve saber sobre isto." Mas eles disseram de novo, "Por favor,
perdoe-nos! O dinheiro que você nos deve, esqueça isto! Seus débitos estão esquecidos."
Èsù disse, "Tudo bem, meus débitos estão esquecidos, bem, mas não é o suficiente." Eles
disseram: "O.K., nos diga o que além disso você quer, apenas não conte ao mundo o
que nós temos feito." Então, Èsù Òdàrà disse, "Você Òrúnmìlà, não importa a
hora que você estiver divinando, eu devo estar presente e observar a divinação,
e todo sacrifício é oferecido a você, eu devo ser o único a recebê-lo." Assim é
como èsù é o único que recebe os sacrifícios, até mesmo ele não sabendo como
joga Ifá, e sua imagem é encontrada nas bordas de todo OPON Ifá.
De certa forma Ogbèdí pode ser importante aqui. Muitas pessoas estão sendo
enganadas, eles estão escravizados, e talvez Fidel seja visto como Èsù Òdàrà, o
trapaceiro que obtem não apenas a própria liberdade, mas a liberdade de outros. Talvez
eles sintam que eles devem ser libertados, o que de certa forma, eu sinto é verdade.
IVOR: Isto é interessante, porque os iniciados Cubanos frequentemente associam as
ações de Fidel a Eleguá ( um tipo de Èsù). Por exemplo, vermelho e preto são as cores
do Movimento M-26 de Castro (Movimento de 26 de julho).
Estas também são as cores de Eleguá.

WANDE: Ogbèdí é administrado por Ògún, e por Èsù.

IVOR: Eu tenho sido informado pelos entendidos cubanos do Òrìsà que quando o Oòni
de Ifè encontrou com FIdel Castro, o Oòni e seus representantes estavam se limpando
com um rabo de cavalo, porque que eles acreditaram no como uma pessoa poderosa.
(8)
(8) Natalia BOlivar, escritor e iniciado de Palo Mauombe. Entrevista em agosto de
1993.[IM]
WANDE: O Oòni de Ifè está bem protegido de todos na terra. O Oòni não pode
se limpar em frente a ninguém. Ele é o próprio Òrìsà. A forma completa do
nome Oòni é Oònirìsà, que significa Òrìsà Oòni. Ele está acima de qualquer
ser humano. O criado do Oòni cujo título é Sàrun pode ser a pessoa que toca o
rabo de cavalo.(9)
(9) Sàrun. Título do chefe EMESÈ (mensageiro) do Oòni de Ifè.[WA]

IVOR: Alguns Cubanos, testmunhando o gesticular do espanador usado pelo Sàrun e


o Oòni diante de Castro, interpretaram isto como um ato de se limparem diante de uma
pessoa poderosa. Como você interpreta isto?

WANDE: Exita uma maneira pela qual o espanador (Ìrùkè) é girado por aqueles que o
carregam quando o Oòni está falando, apenas para acentuar seu discurso ou para
acompanhá-lo. Isto não é um ato de se limpar, mas um apoio para o discurso do Oòni.
É como uma chamada e resposta, porque o discurso do Oòni deve ser respondido. O
espanador enfatiza e completa suas palavras.

IVOR: Qual a importância do Oòni?

WANDE: O Oòni é um representante de Odùduwà que é considerado


o pai dos Yorùbá. Seu domínio mais importante é sancionar os ritos
e rituais. Por exemplo, um rei maios dos Yorùbá, sempre que ele está
para ser consagrado ou empossado, tem que ir a Ilè-Ifè para receber
os importantes emblemas de seu posto.
A importância do Oòni não deve ser confundida com se o território
que ele governa é maior do que o de algum outro. Políticos o tem feito
para colidir com o Aláàfim de Òyó, o Imperador dos Yorùbá, que
controlou até um ponto mais do que três quartos da Yorubaland. O
Império Òyó mesmo foi muito além da Nigério para partes da
República do Benin, Togo e mesmo adentrando uma pequena porção
dentro da atual Gana para criar um dos maiores impérios de homens
negros já tendo sido construído. Não há jeito do Oòni poder começar
a competir com ele neste sentido. Não é sobre a integridade territorial
que nós estamos falando. O Oòni é o representante de Odùduwà, e
Ilè-Ifè, seu domínio, é o centro, ou chefe, de nossa religião. O Oòni e
o Aláàfin são os dois mais importantes reis de Yorùbá.
IVOR: Qual foi a missão do Oòni em Cuba em 1987?

WANDE: Como pai dos Yorùbá, ele queria visitar as milhões de pessoas em Cuba que
achavam sua ancestralidade em Yorubaland. É importante para o Oòni visitar o lugar,
da mems forma que ele visitou Trinidad e Tobago. Ele também visitou os Estados
Unidos em 1995. Ele foi a Cuba para ver as pessoas que estão praticando o modo de
vida Yorùbá. Ele foi convidado pelos oficiais do governo cubano que foram gentís com
ele. Eles lhe deram uma recepção de estado. Não foi possível estar presente nesta visita
porque eu ainda era o Vice-Chanceller de minha universidade e eu tinha muito trabalho
administrativo para fazer. Eu tinha visitado Cuba pela primeira vez poucos meses antes
dele, e de certa forma eu ladrilhei o caminho para sua visita.

IVOR: Eu entendi que antes de sua visita, não tinha havido um contato oficial entre
Yorubaland e Cuba pelo menos desde que a escravidão foi abolida em 1886, um período
de cem anos. (10)
(10)Talvez tenha sido mais. "No dia de Ano Novo 1852 [Oba Akitoye de Lagos] assinou
um tratado com os representantes britânicos no qual ele concordava em abolir o
comércio escravo e expulsar os comerciantes de escravos." Smith, Kingdoms of the
Yoruba, 136. De acordo com Verger, o último navio escravo deixou o Oeste da África
para Bahia, Brasil em 1851. Pierre Verger, Bahia and the West Coast Trade (1549-
1851), (Ibadan, 1964)37.[IM]

WANDE: Esta foi provavelmente a primeira vez que um chefe executivo da


Universidade Nigeriana visitou Cuba. Eu fui lá em uma missão cultural. Eu queria
cimentar o relacionamento entre os dois países usando a língua como um instrumento.
Quando você está tentando cultivar um bom relacionamento entre duas nações, a
linguagem pode ser o precursos. Uma das razões para a longa separação entre nós e
nossos irmão e irmãs cubanas é a língua. Se eles estivessem falando de língua inglêsa ou
se nós estivessemos falando espanhol, nigerianos teriam estado aqui antes. Eu decidi
que nós estabeleceríamos um programa em espanhol, assim como eu tinha feito para os
Portugueses a dez anos antes quando eu fui reitor da faculdade de artes. Eu tinha
montado um programa de graduação em portugues, o qual ainda é próspero agora em
Ilè-Ifè. Nós então assinamos um acordo bilateral para um câmbio de equipe e estudantes
entre nossas próprias instituições e universidades no Brasil.
Nós queríamos fazer uma coisa similar em Cuba. Usando a agência da embaixada de
Cuba em Lagos, nós tínhamos preparado documentos para as autoridades em Cuba
para assina a fim de nós podermos intercâmbiar professores e estudantes. Eles nos
enviariam professores e estudantes para espanho, e nós enviaríamos para eles
professores e estudantes da língua Yorùbá. Eu estou feliz de informar que nós
executamos nossa própria parte da barganha porque nós estabelecemos imediatamente
um curso certificado de espanho. Desde então a embaixada cubana tem estado nos
enviando professores de espanho. Mas para meu conhecimento os cubanos são ainda
recíprocos para estabelecer um programa em língua Yorùbá em Cuba. pag.112

IVOR: O que mais impressionou você a respeito de estar em Cuba e encontrar com um
BABALÁWO cubano?

WANDE: Eu tinha visto muitos BABALÁWO cubanos em outros lugares antes, assim
isto não foi novidade. Mas vendo tantos deles assim juntos foi realmente muito
impressionante. Um dos mais velhor BABALÁWO da quele tempo atual apresentando
um OPÒN Ifá para mim na Casa de Africa, a qual ainda exite.

IVOR: Como nós dizemos em Cuba, ele é "alaguá laguá," uma pessoa muito velha.

WANDE: Em Yorùbá é "agba lagba." Um velho, pessoa velha.

IVOR: Em Cuba, os divinadores que usam o Dílógún durante uma iniciação Ocha
(Òòsà) é chamado "Oriate," ou algumas vezes o "Oba Oriate." Nas gerações anteriores,
os divinadores de Dílógún se submetiam a um grupo de BABALÁWO para um exame
antes de poderem carregar seu título. Há uma disputa na comunidade Orishá sobre o
que "Oriate" significa linguisticamente. Alguns dizem que significa, "Alguém que
divina na esteira," porque o Dílógún é jogado numa esteira feita de palha.

WANDE: O Oriate não é apenas o único quejoga Dílógún na esteira. Todos


que divinam com o Dílógún o fazem no àte. Faz mais sentido se a palavra Oba
é adicionada, pode então significar, "rei daqueles que fazem divinação no àte."
"Àte" não é ralmente uma esteira, é uma bandeija ou tabuleiro feito de palha
no qual as pessoas que usam os dezesseis búzios divinam.
Outra possibilidade pode ser que "àte" é uma corrupção de "adé," assim que
"Oriate" poderia significar "oríade," cujo significado "cabeça que veste uma
coroa."

IVOR: Em Cuba, um BABALÁWO que tenha iniciado um certo número de


BABALÁWO, eu acho quatro, é chamado Olúo. Qual é o significado de Olúo em
Yorubaland?

WANDE: Olúwo é um título ddo para o chefe divinador ou BABALÁWO de uma área.
ALgumas vezes mesmo de toda cidade. Na cidade de Òyó aonde eu vivo, não não temos
Àràbà. O primeiro BABALÁWO é Olúwo. Nós não damos este título de acordo com o
número de iniciados; são seus colegas que selecionam você como Olúwo. Algumas vezes,
no caso de Òyó, aonde nós não temos Àràbà, a seleção tem de ser reconhecida por um
rei, por que o Olúwo é o sacerdote chefe de Ifá na cidade.

IVOR: Para completar algum ato de ritual, um BABALÁWO cubano costuma dizer,
"Ito, iban echo." O que isto significa para você?

WANDE: Isto é uma derivação do ditado Yorùbá, "Tó, à bà à lá Èsù," ou "Tó, à bà à


wón Èsù." "Tó" é "pingar/gotejar"; "À bà à lá Èsù" significa " uma marca inapagável
de Èsù." Isto é outro modo de dizer, " O que nós temos feito não pode ser desfeito."

IVOR: Que diferença você tem observado entre as religiões de derivação


Yorùbá, como Santería e Candomblé, e que você mesmo pratica na Nigéria?

WANDE: A religião Yorùbá é super ritualizada nas Américas. As religiões em


Cuba e Brasil tem se tornado muito elaboradas e complicadas, enquanto que
na África é muito simples em alguns aspectos. Desde a Diáspora africanos
perderam o uso da língua Yorùbá, eles também perderam uma boa parte de sua
literatura. Eles compensaram por isto relembrando inumeráveis tabus e rituais.

Ivor: Em Cuba, muitos rituais de Orishá envolvem o uso de velas, as quais se parecem
relacionadas a igreja. Há um uso de fogo para o Òrìsà na Nigéria?

WANDE: Nós não usamos velas, mas nós usamos nossas próprias lâmpadas nativas
feitas de barro, dentro da qual se coloca óleo de palma. Mas nós não a usamos para o
nível que eles fazen nas Américas. Algumas delas também podem ter vindo do
catolicismo. Há muitas criações em Cuba em termos de materiais de cultura e ritual.
Houve muita destas criações feitas na Diáspora, e quem sabe, eles relebraram mais dos
rituais do que nós fazemos na África.

IVOR: É possível que anteriormente na história Yorùbá os rituais tivessem sido mais
complexos, apesar de que eles tem se tornado mais simples nas práticas
contemporâneas?

WANDE: É absolutamente possível que nós tenhamos esquecido alguns rituais. Eu


tenho certeza em admitir que um ou outro nós temos esquecido ou nós não enfatizamos
algum lugar distante em alguns destes rituais os quais a DIáspora parece ter enfatizado
por uma grande extensão. Muitos rituais aparentam ser cumpridos e praticados na
Diáspora hoje em dia. Se ele é melhor tanto como é na África hoje como alguma coisa
muito simples, ou se nós cumprimos de todos esses elaborados tiruais da Diáspora é o
que não posso dizer. Um dos problemas é que nós não podemos permití-lo. É muito
caro! Algumas vezes quando eu faço sacrifício para uma pessoa, Diáspora Africana diz.
"Você não deveriam dar apenas um galo par aIfá, vocês deveriam dar dois, e então voce
deve dar um galo ou dois para Legba também." Assim, em uma prescrição de algum
sacrifício talvez hajam oito frangos e oito galinhas. Isto custa uma fortuna!

IVOR: Um antigo BABALÁWO em Cuba tem me falado de sua desaprovação da ênfase


material, e consequentemente comercialização da religião. Ele diz que no passado, eles
colheriam ervas eficazes no mato de graça. Eles sacrificaram apenas animais que eles
encontrassem perdidos nas áreas rurais, e que com apenas uma simples laranja ou
alguma outra fruta como um sacrifício, eles resolveriam um problema.

WANDE: De modo que a religião era mais simples naquele tempo. Nestes casos esta
super-ritualização é um desenvolvimento da Diáspora.

IVOR: Imagens artísiticas cubanas de Orishá (òrìsà), e mesmo imagens populares de


certos santos católicos com frequência tem marcas de cicatrizes na face. As marcas são
frequentemente três linhas paralelas as quais tem um declive diagonal, horizontal ou
vertical atraves da face. O que estas marcas significam?

WANDE: Elas mostram daonde uma pessoa vem. As escarrificações são feitas de
acordo com as famílias, de modo que se membros são perdidos durante o comércio
escravo, quando pessoas são constantemente desalojadas de suas casas, eles poderiam
ser trazidas de volta para suas famílias se eles fossem em algum tempo encontrados de
novo. As marcas faciais são usada para reconhecimento. Uma pessoa perguntaria,
"Daonde você é?" A outra talvez responda, "Eu sou de Òyó Ilé." E o outro diria, " E
de qual casa?" Se aquela pessoa tem a marca facial, sua casa em Òyó será descoberta.
Esta tradição foi re-executada em 1969-70 quando Dr. Danqua, o presidente de Ghana
daquele tempo, ordenou que os Nigerianos, incluindo todo povo Yorùbá em Ghana,
deveria ser expulso. Centendas de povos Yorùbá foram expulsos de Ghana naquele
tempo. Eu relembro vividamente que alguns deles que acreditavam ter vindo da cidade
de Òyó foram colocados em um acampamento naquela cidade. Alguns deles rondavam
as ruas perguntando, "Por favor, você conhece aonde pessoas tem quatro marcas em
suas faces em Òyó? Meu avô me contou que eu sou de Òyó, mas eu nunca estive lá. Ele
tinha quatro marcas em cada uma de suas faces." Assim esta pessoa seria escoltada até
a casa aonde aquela marca facial em particular poderia ser encontrada a fim de
rastrear seus parentes. Imagine se todas as crianças abandonadas como o resultado da
guerra civil de Ruanda ou intranquilidade na Libéria tivessem marcas faciais. Ali não
haveriam problemas para encontrar seus lares originais.

IVOR: Portanto estas marcas podem ter se originado nos tempos antigos, mas foram
amplamente usadas durante o comércio escravo como marcas de localização.

WANDE: Sim, elas se tornaram muito extensamente usadas como um resultado de


despopulação e o caos social naquele tempo.

ASTROLOGIA
IVOR: Um BABALÁWO cubano me contou que eles estudam o movimento dos
planetas, a posição das estrelas antes de conduzir cerimônias importantes.

WANDE: Isto não era nunca uma parte importante da nossa própria religião na África.
Eles podem ter embebido de outros grupos africanos em Cuba, ou de alguma outra
origem. Nós vivemos em áreas de densas florestas, aonde nós não podemos ver o céu
bem. Povos que estudam o céu vivem em áreas de savana, e são povos pastores que
seguem a criação de gado ou ovelhas. Qualquer coisa relacionando Ifá com a
observação de estrelas foi desenvolvida na Diáspora. Para ser claro, nós temos
algumas idéias rudimentares sobre as estrelas e a lua, mas elas não são uma
parte importante da nossa crença e sistema divinatório.

IVOR: Em Cuba, Olórun é o Deus Sol, um Òrìsà importante. (11)

(11) Para informações sobre o deus sol da Santeria Cubana, ver Teodoro Díaz Fabelo,
Olórun (La Habana: Departamento de Folklore del teatro nacional de Cuba, 1960). Isto
pode ter sido o início para Miguel Barnet quando ele escreveu, "O culto do sol é
importante para o Yoruba... Esta pática provavelmente se origina de alguma adoração
antiga ao deus Olorun-o próprio sol- em eras remotas da cultura Yoruba." Miguel
Barnet, "La Regla de Ocha: The Religous System of Santería," Sacred pssessions,
Lizabeth Paravisini-Gebert, Ed.(brunswick, NJ:Rutgers UP, 1997)85.[IM]

WANDE: O nome Olórun vem de O-NÍ-ÒRUN, dignificando "proprietário do céu."


Olórun é o mesmo nome como Olódùmarè, o mais alto deus. Olórun é diferente de
ÒÒRÙN, o sol. Parece que os cubanos confundiram esses dois termos.

IVOR: Em Cuba muitos rituais de iniciação de Ocha (Òòsà)são executados ao meio dia,
quando o sol está diretamente sobre a cabeça. O sol está conectado a Olofi (Olófin), e se
acredita que ao meio dia ele sustenta o testemunho para certas ações rituais.

WANDE: Isto é verdade. Há alguns encantamentos que são potentes nesta hora.

IVOR: Os rituais cubanos executados para Eshu (Èsù), ou algum ritual de limpeza,
aonde os aspectos negativos ou ruins de Eshu são evitados, devem ser executados após
o dia nascer e antes do meio dia. Sacrifíco para Eshu deve ser deixado neste tempo,
frequentemente em uma encruzilhada porque Eshu chega para reclamar o sacrifíco a
meia noite ou ao meio dia.

WANDE: Nós também praticamos coisas como esta em casa.

IVOR: Antes da revolução cubana, Bàtá podia ser tocado das duas da tarde as seis da
tarde. (12)
(12) Como resultado da revolução cubana, a maioria dos cubanos conseguiu emprego
em 1960. Consequentemente muitos trabalhadores iam para seus trabalhos da nove da
manha até as cinco da tarde. Com o intuito de não atrapalhar os trabalhadores em seus
trabalhos com música e danças das cerimônias religiosas, a permissão da polícia local
para organizarem cerimônias não era dada até o dia de trabalho ter acabado. Esta
polícia por sua vez alterou aquelas que tinham sido as horas tradicionais para
cerimônias bàtá.[IM]
Cerimônias Bàtá terminariam as seis da tarde, quando os espíritos potencialmente
maléficos da noite se tornavam ativos. Um Iyawó, um iniciado recente, é proibido de
sair de sua casa após a seis da tarde por pelo menos seis meses.

WANDE:Isto foi uma nova adaptação em Cuba. Na maior parte do ano em


Yorubaland, as seis da tarde ainda é dia claro. O sol se põe as sete danoite. Estas coisas
têm sido mudadas para acomodar a geografia cubana e condições naturais. Em
Yorubaland não há tabus sobre o pôr-do-sol, há certas coisas que você não pode fazer
a noite, e certas coisas que você tem que fazer durante o dia. Nós não relacionamos
rígidos horários para as coisas. porque nós náo somo um povo acostumado a
relógios e horários. Nós falamos em termos de quando o sol nasce, se põe, ou
quando é crepúsculo.
IOVR: A cada dia 31 de dezembro em Havana todo BABALÁWO se reune para jogar
Ifá, para ver qual Orishá (Òrìsà) será forte no próximo ano. Quando eles fazem isto, os
BABALÁWO mais novos, os recém-iniciados, arremessarão o ÒPÈLÈ (a corrente
divinatória por que eles são considerados novos, ou ingênuos, e não podem ludibriar no
jogo do Òpèlè. Isto ressoa com a prática em Yorubaland?

WANDE: Nós temos nosso próprio calendário. Nós não seguimos o calendário Cristão.
O ano do calendário Yorùbá começa na primeira semana de Junho. Isto é
quando nós temos o festival Àgbonnìrègún, que é um festival de Ifá em Ilè-Ifè,
que todo BABALÁWO está presente. Pessoas vêm em um sábado e partem no
domingo a tarde. Nós todos vamos para dentro do templo de Ifá em Ifè, que fica
no topo da montanha Ìtasè, e lá cantaremos, dançaremos e tocaremos tambores
das oito da noite até a manhã seguinte. A noite nós jogaremos Ifá, mas nós não
pedimos a um BABALÁWO novo para fazer isto tudo. Não há modo que um
BABALÁWO posa jogar uma fraude no Òpèlè. Você não toca as sementes, você
toca apenas a corrente. Noviços apenas assistem e mantém suas bocas
fechadas. Isto é um acontecimento para experts não para noviços! A meia noite,
nós iremos dizer orações para o mundo todo. Minha própria responsabilidade
como o Àwíse Awo Ní Àgbáyé ( o porta-voz de todos os BABALÁWO no mundo),
é dizer orações para todo o mundo a meia noite todo ano. Isto marca o começo
de nosso calendário espiritual, após o que as orações para todos os outros Òrìsà se
seguirão. O Àràbà é convidado na tarde para chamar ou evocar todos os Òrìsà, e para
cantar para cada Òrìsà por sua vez. Daí então todos os outros Òrìsà serão propiciados
com sacrifícios.

IVOR: Isto é feito para todos os 400+1 ÒrÌsà?


WANDE: Sim, e muito mais, porque todo Aláàfin de Òyó, todo Oòni de Ifè que
faleceu, se acredita que eles tenham sido transformados em Òrìsà. Nem todos
eles são relembrados, mas teoricamente eles podem ser transformados em
Òrìsà. Estas são pessoas que foram canonizadas e se tornaram ÒrÌsà. Assim é
como Aganjú e Sàngó se tornaram Òrìsà. Ninguém que não esteja relacionado
ao um Òrìsà pelo sangue pode se tornar um ÒrÌsà. A fim de se tornar um ÒrÌsà
após a morte, alguém deve primeiro de tudo ter o sangue d eum Òrìsà correndo
através de suas veia. Uma pessoa normal pode se tornar um Egúungún após a
morte, e o Egúngún nem sempre se mistura com o Òrìsà.
página (119)

IVOR: Em Cuba, as iniciações de Ocha (Òòsà) e IFá levam por volta de sete dias. Isto
é assim em Yorubaland? Qual é a importância do número sete?

WANDE: Sim. Uma pessoa que está para ser iniciada permacece em um lugar
confinado por pelo menos sete dias. O número sete é muito importante no ritual.
Olúgbón kì í sorò, kómó kìje.
Arèsà, àjèjé oòtù lálò,
Kì í sorò, kó mó kìje. (13)

(13) Parte de um Ìjálá gravado pelo falecido Làmídì Ode Abón´kaba, em Òyó, Nigéria,
1987. [WA]

OLúgbón não executa nehum ritual que não continue por sete
dias.
Àrèsà, cujo outro nome é Àjèjé, a menção de tal nome faz as
pessoas tremerem com frio em Àlò,
Não executa um ritual que não dure por menos do que sete
dias. (14)

(14) Olúgbón foi um rei cuja capital foi destruida durante os distúrbios alastrados em
seguida do colapso da Antiga Òyó em 1830.O lugar está sendo reconstruido agora por
volta de 20 milhas da atual Ògbómòsó. Àrèsà é um título de um rei de Ìresà, uma
pequena cidade por volta de 10 milhas a leste da presente Ògbómòso. Àlò é todo o
território sobre o qual Àrèsà governava, incluindo a cidade de Ìresà. [WA]

Alguns rituais duram cinco dias. Os dias importantes para o rituaal são em
números desiguais na maioria das vezes. Quando uma pessoa está sendo feita
um sacerdote ou sacerdotiza de um Òrìsà, o terceiro dia, chamado "ìta," é
muito importante; que é quando a divinação é executada assim nós podemos
saber mais a respeito dos desejos do Òrìsà para esse devoto em particular, ou
sacerdote, que está sendo feito. O quinto dia é também importante, então o
setimo dia, quando é o fim. Em cada um desses dias nós sacrificamos animais.
Há alguns festivais que duram dezessete dias, como Egúngún. No caso do ÒrÌsà
Oko, uma iniciação irá durar por volta de três meses.

IVOR: A semana Yorùbá é de quatro dias...

WANDE: A qual nós consideramos como sendo cinco, incluindo a conta. Por
exemplo hoje é seguns, se nós fazemos alguma coisa hoje, e nós vamos repetí-
la na segunda feira próxima, o YorÚbá irá dizer, "Nós estamos indo repetir isto
no oitovo dia a contar de hoje," não no sétimo. Nós contaríamos hoje, e também
contaríamos a próxima segunda bem como. O que é como quatro dias serem
considerados como cinco.

IVOR: Em Cuba, toda segunda feira é dia de Eleguá, o primeiro dia da semana. Vocês
tem esta noção de rezar para Elégbára no primeiro dia da semana Yorùbá?

WANDE: Não.

IVOR: Em Cuba, eu testemunhei um velho cavelheiro "Montado" (gùn) por Shangó


(Sàngó). Ele dançou com um gigantesco galho de banana verde em sua cabeça. Algumas
vezes o Oní Shangó (sacerdote de Shangó) carrega fogo, ou um pote de metal de sopa
fervendo quando ele dança. Istó é uma cena familiar na África?

WANDE: Sim. Nós temos situações similares na África. A função de um elégùn é muito
importante em Sàngó. Tal pessoa pode ser vidente mesmo quando não estão
"Possuídos." Eles podem ver coisas e relatar mensagens de Sàngó. O pai da minha mãe
cujo nome é Ìsòlá era um eégùn de Sàngó. Elégùn significa alguém que sempre é
"montado" por Sàngó. Em um festival ou uma congregação de Sàngó, ele será a pessoa
através de quem, após ter sido "possuído", Sàngó enviará mensagens para a
congregação. Elégùn é um "médium", ou "cavalo" de Sàngó.

LÚKUMÍ / VOCÁBULOS YORÙBÁ

IVOR: Lúkumí cubana chama a polícia de "aché-lú." (15) Como você traduziria este
termo?

(15) De uma conversação com Sra.Esperanza Corona, "Okántomí," Havana, 1991.[IM]

WANDE: "SE" aqui é para fazer alguma coisa. "ÌLÚ" significa uma cidade. A-se ìlú =
asèlú = achèlú. "Àse-ìlú" significa "aquele que administra a cidade." Nesse momento
nossos ancestrais após deixar a àfrica para Cuba, não havima policiais como nós
conhecemos hoje na África. Policiais, guardas de prisão, vigias, todos estes vieram com
a administração colonial na virada do século. O termo "àse-lu" (achèlú) deve ter sido
desenvolvido por nossos ancestrais na chegada em Cuba. Hoje na Nigéria nós
chamamos os policiais "olópàá," significando "proprietário de uma clava." Isto
também é uma criação recente, por que o policial sempre segurava uma clava
para bater nas pessoas com ela.

IVOR: Em Cuba a palavra "aleyo," é usada para descrever uma pessoa não consagrada
na tradição Orishá. (16)

(16) Ver Ivor Miller, "The Singer as Priestess: Interviews with Celina González e
Merceditas Valdés," Sounding Off!: Music as Subversion/Resistance/Revolution, ROn
Sakolsky e Freed Wei-han Ho (new York: Automedia, 1995) 287-304.

WANDE: A palavra Yorùbá correta é "Àlejò." A influência do espanhol em Cuba


mudou o "j" para um "y." Àlejò significa "estrangeiro" ou um visitante em casa.

IVOR: Uma "apetebi de Orula" é uma mulher que auxilia um BABALÁWO cubano
em suas práticas. É frequente sua esposa, ainda que eu conheça um BABALÁWO cuja
mãe é sua "apetebi." Uma "apetebi" deve ter recebido uma "Mão de Orula."

WANDE: Apètèbí é a esposa de um sacerdote de Ifá. Na África uma "apètèbí" é


frequentemente a esposa de um BABALÁWO que executa esta função. A esposa de um
BABALÁWO é geralmente chamada "apètèbí." Apètèbí era uma das legítimas esposs
de Òrúnmìlà.

IVOR:Awo é traduzido em Cuba como "segredos" e por acadêmicos como


"conhecimento esotérico." Como você traduz este vocábulo?

WANDE: Awo em Yorùbá se refere ao segredo ou conhecimento esotérico relacionado


as cinco principais áreas de nossa tradição.
1) Awo Egúngún, conhecimento esotérico relacionado aos ancestrais.
2) Awo Orò, conhecimento esotérico relacionado a Orò, o que é outro espírito ancestral.
3) Awo Ìsèse, que é o conhecimento relacionado a cura, e medicina das ervas.
4) Awo Ifá, conhecimento relacionado Ifá.
5) Awo ògbóni, conhecimento relacionado a sociedade ògbóni.

A sociedade Ògbóni é a mais profunda de todas elas em termos de segredos nela


contidos, não necessariamente em termos de tamanho ou profundidade de suas
informações ou conhecimento. Alguém que tenha adquirido uma habilidade ou tenha
sido admitido em uma destas sociedades secretas ou semi-secretas pode se chamar um
Awo, mas normalmente a palavra é usada par aum BABALÁWO.

IVOR: Em Cuba, Babalú-Aye é um Orishá importante, cujo nome de louvor é Asujano


Asoyi. (17)

(17)Cantor/ator cubano Desi Arnaz popularizou o nome desta divindade nos Estados
Unidos com sua fravação de 1946 da canção "babalú." [IM]
WANDE: Nós o chamamos Obalúayé. Algumas vezes nós também o chamamos Òrìsá a
Bàbá. Asujano Asoyi eu nã posso decifrar, mas eu estou certo que é Yorùbá. Outro
nome deste Òrìsà é Sònpònná. Sònpònná é provavelmente uma palavra emprestada da
língua fon. Obalúayé significa "rei do mundo."

IVOR:Como este Òrìsà está relacionado a pestilência, como eu estou sabendo que ele
é?

WANDE:Ele é um importante Òrìsà guerreiro que controla o "wòròkó." Estes


são agentes de Obalúayé ue podem travar guerra contra pessoas como os
Ajogun podem. Este é o porque pessoas frequentemente imaginarem que
Obalúayé está relacionado com a peste. Ele apenas não inflinge pessoas com
varíola ou outras doençãs como punição a menos que a pessoa tenha feito
alguma coisa pela qual ele seja punido. Quando um Òrìsà informa a ele sobre
um mal feito por alguem na comunidade, Ogalúayé ordenará a seus próprios
guerreiros para punir aquela pessoa.

IVOR: Em Cuba, o prefíxo Balo, ou Bale, é usado por filhos de ògún, que são chamados
"Balogún."

Wande: A palavra "Balógun" vem de Iba-ní ogun, que significa "Sr da Guerra." Isto
não está diretamente relacionado ao Òrìsà Ògún. Em casa, para se referir a um filho de
Ògún, nós dizemos, "Omo Ògún."

IVOR: Cabrera escreveu que DILOGGÚN (dílógún) significa "dez e seis".(18)

(18) Lydia Cabrera, Anagó: Vocabuario Lucumí (el Yoruba que se habla em Cuba)
(Miami: Ediciones Universal, 1986) 96.

WANDE: Isto é incorreto. Os números importantes nos sistema numérico


Yorùbá são dez, vinte, múltiplos de vinte, mil e múltiplos de mil. Isto aparece
do fato que uma pessoa tem dez dedos, e dez dedos do pé, fazendo vinte, assim
nós podemos facilmente usá-los para conta. Nós temos palavras para um, dois,
três, etc. até dez. Para dizer onze, nós dizemos "dez mais um." Doze é "dez mais
dois," e assim até quatorze. Mas para dizer quinze, nós dizemos "vinte menos
cinco." Dezesseis é "vinte menos quatro," porque a próxima contagem
importante após dez é vinte. Dezesseis é "eérìndínlógún." "Eérin" é quatro, "dí"
é menos, o que significa "quatro a menos em vinte." Dílógún então significa
"quatro a menos que vinte."
pág 123
IVOR: "Ebo de entrada" é uma divinação executada por um BABALÁWO cubano
para averiguar a preparação de um neófito para tomar para si a iniciação de Ocha
(Òòsaà). São divinações similares exectuada em Yorubaland?

WANDE: Sim. Uma pessoa para ser iniciada ficará em confinamento por sete dias. Nos
casos do Òrìsà Oko, o confinamento pode dura até três meses ou mais. Nós queremos
ter certeza que esta pessoa está completamente pura, que eal não será afetada nor
nenhum poder ruim sobrenatural, assim ela não ficaria doente ou teria nenhum
problema enquanto em confinamento. Este é um negócio sério. Eles rapam seus cabelos,
eles fazem incrições em sua cabeça, eles pintam sua cabeça, e você está isolado. Esta
pesso favia EBO para ser capaz de resistir a esta rigorosa e mesmo traumática
experiência.

IVOR: O Orishá cubano (Òrìsà) tem números que são sagrados para eles. Por exemplo,
o número de Yemanyá é sete, e o número de obatalá é oito. O número de Elegrá é 21. e
eçes acreditam terem 21 avatares. Um destes avatares é chamado Eshu (Èsù), um
Orishá trapaceiro que reside nas encruzilhadas e trabalha a meia noite.

WANDE: No nosso caso particular, Èsù é um termo genérico para todos os apectos que
este Òrìsà tem na tradição de Ifà.Algumas das formas de Èsù são chamados de
Elégbára, ou Légbá. O Yorùbá cubano, tem vivido num contexto europeu por muito
tempo, tem se tornado mais consciente dos números, os quais parecem para serem
escritos para tudo. Isto pode ser uma transmissão para um contexto europeu.

IVOR: "Ibae, bayén bayén tonú" é parte de uma oração cubana Lukumí para os
acestrais, frequentemente traduzida como "descanse em paz." Você pode nos dizer a
origem desta frase?

WANDE: Isto vem de "Ìba e, iba e, enì tó nù." Isto significa "Eu saúdo você, eu saúdo
você, você que desapareceu," ou "que não poderá mais ser visto," "Nù" é "ser perdido"
ou "desaparecer."

IVOR: Itá é o terceiro dia de uma cerimônia de Ocha em Cuba.

WANDE: Ìta significa " três" em Yorùba, e em muitas outras línguas oeste africanas.
Quando nós estamos contando em um senso ordinário, nós dizemos "èta" para três.
Mas quando nós falamos de uma coisa espiritual, nós dizemos "Ìta."

IVOR: Em Cuba, "Iyá" é "mãe," como encontrado na palavra para um iniciado de


Ocha feminino (Òòsà), "Iyálocha."

WANDE: Primeiramente, "Ocha" é um diminutivo de "Òrìsà" ou (Òrìchà). "Òòchà"


é um dialeto de "Òòsà." "ìyá-ní-Òòsà," significa "Mãe que tem Òòsà." Ní " é "ter."
Mas no contexto inter-vocálico, que "ní" muda para "ló." É um fenômeno bem
conhecido que "n" mude para "l" em certas circunstâncias. Então se torna
"Ìyaálóòsà."
IVOR: Iyawo literalmente significa "esposa." Isto significa que Iyawo são "casados"
com o Òrìsà?

WANDE: Iyawo é um recém-iniciado. Iyawo significa esposa no sentido espiritual


apenas. Iyawo não está casada com nenhum Òrìsà, mas são ligados a um ÒrÌsà no
sentido de como um marido supõe-se que deva proteger e tomar conta de sua esposa.
Não há conotação sexual aqui no todo.

IVOR: "Maferefún" é uma palavra Lukumí cubana que significa " dar graças para,
em louvor de." É usada antes do nome de um orishá, como em "Maferefún Shangó!"

WANDE: "Mà á fèrè fún" literalmente significa, "Eu darei meu lucro." "Èrè" é
"profit" ou "lucro." Se você divinou, e vocês foram solicitadoa a fazer sacrificio
paraElégbára e você fez o sacrifício e então você foi vitorioso, parte deste progresso de
lucros que você teve deveria estar retornando para o ÒrÌsà que o auxiliou. Poderia
também significar "dar louvor a" um òrìsà. O lucro, ou "èrè" dado a um Òrìsà não
precisa ser material in natura, poderia também ser agradecimentos ou louvores.

IVOR: Mo dupué é um termo Lukumí cubano para "Eu dou graças."

WANDE: Mo dupe, "Eu dou graças." ou "Eu estou agradecido."

IVOR: Óbba é um orishá cubano que simboliza fidelidade matrimonial, ela é


conhecida como o amor eterno de Changó. Um mito muito conhecido conta como Óbba
cortou fora sua própria orelha para alimentar Changó, pensando em agradá-lo. Este
mito é o objeto de uma pintura de Manuel Mendive no Museu Nacional de Havana.
Óbba mora nos cemitérios e é irmã de Ochún.

WANDE: Obá se manifesta como um rio, o qual é afluente do Òsun não muito longe de
Òyó. O mito da orelha de Obà é bem conhecido em Yorubaland.

IVOR: Oddúa é um Orisha cubano conhecido como "o rei de todo os ancestrais" (El
rey de todos los muertos). Ele é considereado um Orishá pacífico, e em algumas
tradicões concebido como femenino. Cabrera o chama "o mais velho avatar de
Obatalá." (19)
(19) Cabrera, Anago 236.
Oddúa é considerado o primeiro ancestral ou fundador mítico do povo Yorùbá.
Mulheres normalmente recebem Oddúa apenas após a menopausa.

WANDE: Odùduwà é a forma completa de seu nome; de cuja forma diminutiva é


Oòduwà. Seu título é Olófin ou Olófin Ayé, que significa "Lei generosa da tera."
Olódùmarè, cujo outro nome é Olórun, é Olófin òrun, que ignifica "Generosa lei do
céu." QUando alguém diz que recebeu OLófin, é Odùduwá de quem eles estão falando.
Durante o festival anual de Obàtálá conhecido como Edì, a rendição de Obàtála para
Odùduwà é celebrada com elaboradas lutas entre o Sacerdote Chefe de Obàtálá e o
Oòni, rei de Ifè e representante de Odùduwà, que sempre termina em derrota do
sacerdote chefe de Obàtálá. Assim é como "arè," a coroa de Obàtálá, foi transferida
para odùduwà. Mas Obàtálá ainda é chamado "Alárè," "proprietário do Arè," até
hoje. Isto mostra que tinham tido muitas lutas entre Obàtálá e Odùduwà antes de uma
rendição formal de Arè para Odùduwà.
Para alguma medida Obàtálá e Odùduwà sãoduas forças opostas. Eles podem ter sido
parentes, mas não não sabemos. O pder de Obàtála é frio, tranquilo com o poder da
água, não é nada radical. Mas Odùduwà representa o poder de estado, alguma coisa
que tem que se fazer ocm violência. Odùduwà não é um Òrìsà pacífico! Ele é na
realidade um òrìsà guerreiro.

IVOR: Ochún, ou Oshún, é um Orishá cubano da água doce, amor, beleza, dinheiro e
esbanjamento. Ela é o símbolo da coqueteirice e sexualidade feminina. Ochún é
afetuosamente chamada "Iyalóde." Ochún, em sua manifestação católica como La
Caridad de Cobre, é a padroeira oficial de Cuba. Na cerimônia ela é saudada com o
nome de louvor, "Ochún moríyeeeeee yéo!" Na Nigéria, Òsun é a divindade do rio que
corre através da cidade de Òsogbo.

WANDE: Na África nós também dizemos "Oore Yèyé," que significa "a mãe
benevolente." "Oore" é benevolência ou benção, "Yèyé" é uma mãe, ou avó; uma
mulher que nãoé apenas uma mulher comum, mas que é grando como um resultado da
idade ou estatus ou alguma coisa. Uma mulher de alguma idade que tenha dado a luz a
filhos é chamada Ìyá. Mas se ela progride de estatus, talvez ela tenha um grande número
de seguidores, ou ela se tornou uma avó, então ela é "yèyé."

IVOR: Em cuba o nome "Ogúndei" tem sido traduzido para mim como "legítimo filho
de Ogún." (20) O que isto significa para você?
(20) Ver Ivor Miller, Belief and Power in Contemporary Cuba, Ph.D. diss,
Northewestern Universiti, 1995.

WANDE: Isto não se refera a legitimidade ou ilegitimidade de um filho. Se uma mulher


uma mulher dá a luz a um filho que morre logo em seguida, e então tem outro filho que
também morre, o Yorùbá irá dizer que esta mulher esta sendo perturbada por uma
criança àbíkú. Ela irá a um BABALÁWO, e ele talvez dia a ela para ir e fazer um
sacrifício para um Òrìsà em particular, ou se tornar a devota daquele Òrìsà. Se o Òrìsà
que o divinador incidou para a família é Ògún, e por união a Ògún, cultuando-o,
tornando se seu devoto, eles tiveram um filho, e aquela criança não morreria mais,
então, isto significa que Ògún "impediu este alguém." Isto é o que significa "Ògúndèí."
"Dè" é "impedir."
Ògúndèí ou Ogúndèyí significam "Ògún impediu este um."

IVOR: Em cuba o termo Ojubona é também pronunciado "yumbona," "yumbon," e


mesmo "jimbon." Ojubona é um assistente para o padrino/madrina de um iniciado que
assume as responsabilidades do padrinho no caso de sua morte. Em Cuba Ojubona roi
traduzido para mim como "os olhos que vêem o destino do iniciado," (21)
(21) Da conversa com Bienvenido "Chacho" Barata, Junho de 1993. [IM]
ou " "os olhos e o guia para o iniciado" (la vista y la guia del ahijado). (22)
(22) Da conversa com Ruben Hernández (Abebe osun), janeiro de 1992.[IM]

WANDE: Este ternmo não tem nada a ver com olhos, ou ojú, o qual tem um tom alto.
Este é ojùgbònà. "Jù" é para limpar alguma coisa, por exemplo um mato muito crescido
ou floresta. "Ònà" é uma estrada. Ojùgbònà é alguém que limpa a estrada. Assim todo
BABALÁWO mais velho deveria ter um Ojùgbònà. Se uma pessoa quer ver um
BABALÁWO, você primeiro vai e vê seu Ojùgbònà que irá limpar o caminho para o
visitante encontrar o BABALAWÓ. Ojògbònà irá fazer algum trabalho de escavação
para ver o BABALÁWO.
Òjùgbònà é um assistente, e ele deve ser ele próprio um BABALÁWO. Um poema Ìjálá
diz:

Bá a bá wòlú
Olúwo là á ké é sí
Òòdò Ojùgbònà là á bèèrè.

Quando nós entramos numa cidade


É pelo Olúwo por quem nós primeiro chamamos
É a casa do Ojùgbònà que nós primeiro perguntaremos por ele.

IVOR: No conceito católido, um padrino carrega a tarefa do pai de laguém no caso da


morte do pai biológico. O termo padrino é usado na Santería para denotar um professor
espiritual, em Yorùbá chamado um "Bàbálòòsà." Este conceito existe no Oeste da
África?

WANDE: O professor de alguém é chamado de Baba se ele for um homem, ou Ìyá se


foruma mulher. Se elea e umam ulher idosa ela é chamada Yèyé.

IVOR: Em Cuba vemos frequentemente competição entre padrinos por afilhados.

WANDE: Nós não temos "casas" como estas na África. Isto pode ser útil aqui nas
Américas por causa do colapso da família; está executando uma função útil. Nossas
próprias famílias ainda estão bem intactas na África, de fato tornando-se muito fortes.
Se nossa sociedade se torna mais industrializada e as pessoas deixam suas casa para
trabalharem em lugares distantes, a situação pode mudar.

IVOR: Na tradição cubana, cada Iyawo pode receber quatro ou seis Orishá em sua
cerimônia Ocha, e mais tarde pode receber até mais. Claro, suas cabeças são
"coroadas" com apenas uma divindade.

WANDE: De fato atualmente, eles não estão fazendo nada diferente do que nós fazemos
por que nõs não colocamos dois Òrìsà na cabeça ao mesmo tempo. Alguém deve saber
como cuidad de cada Òrìsà que recebe. Isto envolve apreendizado sobre tudo que o
Òrìsà tem e saber como cuidar deles. Você também deverá dominar os encantamentos
especiais daquele Òrìsà. Você deve conhecer também seus tabus, e você deve ter
recusros para alimentar cada um deles regularmente. Isto é o porque nós não damos a
uma pessoa seis òrìsà de uma só vez..
Algumas das energias destes òrìsà não são as mesmas. Nós não podemos dar a uma
mesma pessoa um òrìsà que é pacífico e tranquilo, e ao mesmo tempo dar-lhe um òrìsà
que é potente. O recipiente pode simplesmente enlouquecer. Não há tabu contra receber
muito Òrìsà de uma vez, enquanto você não coloca dois na cabeça ao mesmo tempo,
mas isto não é exatamente prático.

IVOR: Em Cuba, os mais velhos descrevem recebendo um Orichá (Òrìsà) a fim de


resolver um certo problema de saúde e progresso quando eles aparecem, quando há
uma necessidade.

WANDE: O Òrìsà não são enfeites. Você não usa estas divindade para decorar sua casa.
Deve haver uma razão pela qual você quer um Òrìsà em particular. Na realidade, é o
Òrìsà que chamará você. Isto deveria aparecer ou ser estabelecido por uma divinação.

BÀTÁ, DÙNDÚN, E LITERATURA DO TAMBOR

IVOR: Os tambores Bàtá são um dos mais famosos instrumentos litúrgicos do povo
YorÚbá. Eles são usados para o culto de certos Òrìsà, ou seja Sàngó, e para Egúngún
(os ancestrais). Os tocadores de Bàtá são membros de uma associação de devotos de
Àyàn, o òrìsà do tambór. Membros desta associação trazidos a Cuba como escravos
recriaram os tambores bàtá aqui em 1820. Este conhecimento tem sido mantido por
meio de linhagens rituaisem Cuba até hoje. Em vez de "àyàn," Cubanos chamaram o
Orishá (Òrìsà) do tambor bàtá "Añá" (pronunciado "Anyá"), e tocadores de bàtá
(bataleros) devem ser consagrados a esta divindade a fim de tocar para as cerimônias
de Òrìsà. Cuba é o único país nas Américas que mantém a tradição bàtá continuamente
desde a era colonial até o presente. Um dos fundadores dos tocadores de batá é chamado
Anyabí.

WANDE: Àyánbí significa "filho de Àyàn." Àyàn é o ÒrÍsà dos tocadores.

IVOR: Outro fundador dos tocadores de bàtá em Cuba é chamado Atandá.

WANDE: Àtàndá é um nome Yorùbá bem conhecido. Há tres nomes que uma pessoa
Yorùbá sustenta, especialmente entre os Òyó. Nós carregamos um nome pessoa. No dia
em que um recém-nascido é nomeado, é responsabilidade do pai dar um nome pessoal
para a criança. Nós também carregamos, especialmente nos dias de hoje, um nome de
família. O terceiro nome é um nome de louvor. Entre os Yorùbá de Òyó, toda criança
tem um nome de louvo. Quando eu acordo de manhã eu cumprimento meus filhos, eu
uso seus nomes de louvor. É apenas dentro da família que os nomes de louvor são
conhecidos; é quase secreto. Muitas pessoas carregam Àtàndá como um nome de
louvor, mas outros carregam-no como um nome de família ou primeiro nome. É um
nome bem conhecido. Eu posso apenas especular sobre significado, o qual se perdeu.

IVOR: Muitos destes tocadores de tambor cubanos tocam um um cabildo chamado


Changó Tedún, também conhedio como "Alakisá." (1)
(1) Fernando Ortiz, Los instrumentos de la música afrocubana, vol.4 (Habana:
Cardenas y CIa, 1954) 318. [IM]
pág 132

WANDE: Sàngótedùn significa "Sàngó acumulou edùn." "Alakisa" não se combina a


algo facilmente sem força, mas é um nome Yorùbá sem dúvida.

IVOR: Tonaché foi o nome de uma orquestra Bàtá em Havana. Foi traduzido como
"Os líderes, aqueles que chefiam o restantne." (2)
(2) Ortiz, vol.4,322.

WANDE: Tonàse significa "aquele que concerta a estrada." Ònà é uma estrada.

IVOR: Pablo Roche foi um dos mais famosos tocadores de tambor Bàtá na primeira
metade do século vinte. Ele era chamado "Okilákpá" (ou Akilakpa) em Lukumí
(LÙkùmi), traduzido para o espanhol como "Brazo fuerte," ou "braço forte." O que
este nome significa para você?

WANDE: Akilápá é um nome bem conhecido. Atualmente é um apelido, não um nome


de nascimento. Significa, "Pessoa com braços fortes." Não é necessariamente dado a
um tocador de Bàtá apenas, mas qualquer um com braços fortes.

IVOR: O chefe do Bàtá é chamado "Kpuatakí" em Cuba. (3)


(3) Ortiz, vol.4,323.

WANDE:Isto pode ser a outra forma da palavra "pàtàkì", significando "pessoa


importante."

IVOR: Em Cuba, um mestre que faz tambores bàtá executa todos os estágios da feitura
de um tambor, começando com as derimônias de derrubar uma árvore específica a
esculpir a madeira, a tosta da pele, a consagração final e jogando para aquele tambor.
(4)
(4) Entrevista com Lázaro Sanabria, "Papaito," em Regla, Cuba, 1996.[IM]
Esta pessoa será chamada "agbéguí" (tadução como "escultor"). (5)
(5) Ortiz,vol.4,318.
Isto lhe é familiar?

WANDE: Nós chamamos qualquer escultor de "agbégi," ou melhor ainda


"agbégilére," o que significa, "pessoa que esculpe uma bela imagem." Na África uma
pessoa não faz tudo. Um escultor esculpe a madeira, então um feitor de tambores coloca
a membrana nele.
IVOR: Nas décadas de 1960 e 70, Jésus Pérz, conhecido como "Obá-Ilú," foi
considerado o principal tocador de Bàtá vivo e feitor de tambores Bàtá na tradição de
Havana. "Obá-Ilú" foi traduzido para mim pela comunidade de Pérez tanto como "rei
do tambor" (rey del tambor), e como "rei de um povo" (rey del pueblo).(6)
(6) Muitas das seguintes referências ao bàtá cubano são do trabalho em andamento na
tradição Añá e bàta em Cuba. Ivor Miller, Jesús hijode Añá: la música Lukumí cubana
hasta la popular en el siglo 20. Manuscrito não publicado.

WANDE: "Obá-ìlù" significa "rei do tambor." Nós temos pessoas chamadas Oba ìlù
na África também. Este apelido é dado a alguem que é tão bom tanto no bàtá ou
dùndún. Mas "ìlú" significa "pessoas" ou "uma cidade." Isto é diferente da forma
"Ìlù" 9percussão). "Oba ìlù" não significa "rei de uma cidade ou povo." A confusão
aparece em relação ao mesmo sentido para "ìlù" (percussão) e "ìlú" (cidade. O Yorùbá
e uma língua tonal. A pequena mudança do tom pode levar a uma total mudança do
sentido.

IVOR: Lukumí cubanos são admiráveis por suas técnicas de preservar seu legado
ancestral Yorùbá. Pérez foi chamado de "Rei do tambor" por sua abilidade de comover
as pessoas emocionalmente com sua música Bàtá. Ao mesmo tempo seu carisma pessoa
o fez extremamente popular, assim ele foi também chamado "rei do povo" (o "povo"
seno a comunidade Lukumí). Mesmo quando a linguagem foi perdendo discursadores
conhecedore, aqueles que relembravam palavras chaves guardaram seus sons ativos no
vocabulário.
Pèrez levou sua trupe ao FESTAC'77 (o fESTIVAL DE aRTES E cULTURA
aFRICANOS) em Lagos, e fez uma visita especial a Òyó, o local de origem de seu Òrìsà
Shangó (Sàngó). Sua presença com o tambor Bàtá é celebrada como a primeira vez que
o tambor Bàtá das Américas retornou para Yorubaland.

WANDE: Isto é absolutamente possivel.

IVOR: Participantes desta visita me contaram que quando Jesús Pérez tocou bàtá
diante do "rei" de Òyó, o "rei" ficou muito surpreso por ouvir seu estilo de "velho"
Yorúbá que eles cantavam e tocavam.

WANDE: Cubanos são apreciadores de falar sobre "velha" Yorùbá. Não há tal coisa,
existe apenas em suas mentes. Se há alguma "velha" Yorùbá de todo, é na linguagem
de Ifá e os cantos de outros Òrìsà, mas ninguém as fala como uma linguagem cotidiana.
O que tem acontecido com os Cubanos é que duas ou três gerações atrás a língua
Yorùbá era a "Lingua franca" das ruas de Havana e Matanzas, mas tem sido esquecida
desde que não houve estudo na escola. Esta negligência oficial tem carregado as pessoas
a esquecerem. Pessoa ainda lembram canções e encantamentos, mas eles não sabem os
significados. A pronúncia é diferente porque eles não sabem o significado do que eles
estão dizendo, mas eles lhe dirão que é o "velho" Yorùbá. Não é o Yorùbá antigo, é o
Yorùbá de alguém que sabe cantigas e encantamentos, mas não fala Yorùbá como um
aparelho cotidiano de pensamento, então haverão lacunas e equívocos no que ele
inverte. É simples assim.
IVOR: Como você avalia a diferença entre os tocadores de Bàtá em Cuba e na Nigéria?

WANDE: Há muita correspondência entre a linguagem do bàtá cubano, o rítmo, as


melodias, e o bàta como é tocado na África. Há diferenças significantes: o Grupo Bàtá
cubano é formado de três tambores, nosso próprio grupo é feito de cinco tambores. Na
África o bàtá tem uma literatura viva. Múicos treinados podem fazer canções e encantos
da literatura do bàtá, e eles podem também usar bàtá para imitar o discurso normal,
eles podem quase falar para alguém com ele. (7)
(7) "Os poemas de tambores de Gana merdional, Nigéria, e Dahomey,
inequivocadamente cai na catergoria da altamente desenvolvida da literatura oral."
Ruth Finnegan, Oral Literatura in Africa, (1970; Nairobi, Kenya: oxford UP, 1995)
499.[IM]
Mas em Cuba, uma boa parte da literatura tem sido esquecida. Somando a isso, parece
que o bàtá africano é mais versátil.

IVOR: Nós aficcionados da música oeste africana frequentemente ouvimos sobre os


"tqmbores falantes" da África. O que você pensa especificamente quando você diz que
um tambor pode falar?

WANDE: Quando nós dizemos que um tambor "fala" nós estamos nos referindo a
literatura daquele tambor que o tocador aprendeu pelo coração, e cuja audiência
também conhece pelo coração. Este é o porque os tocadores reproduzem em seus
tambores. Quando tocador faz uso da literatura, uma vez que você conheça essa
literatura, você pode interpretá-la. Bàtáou dùndún são os dois maiores tambores dos
Yorùbá que falam. Bàtá pode ser usado para fazer discursos normais, mesmo em inglês,
mas não será claro, haverão ambiguidades. Se eu sar o Bàtá ou dùndún para dizer: "Mo
fé jeun" (eu quero comer), desde que não é parte da literatura do bàtá, a audiência
começará a observar parte da literatura que soa como isto, e uma vez que não está na
literatura, diferente das pessoas deixam de dar significados diferentes do que um
simples discurso, e a mensagem se torna ambígua. "Mo féé jeun" pode então ser
erroneamente interpretado como "Mo féé muni," que significa, "eu quero beber." A
literatura de alguns tambores falantes é um texto que os tocadores e sua audiência
ambos conhecem. Tocadores me saúdam com a seguinte literatura tocada em seus
tambores:

Abímbólá, baba n baba á jé.


È bá à tàkìtì,
Ké e forí solè,
baba n baba á jé.
Ifá ó polúwa rè je.
Òpèè ó polúwa rè je.
Eni ó bá fojú èkùó wÒrúnmìlà,
Ifá ó polúwa rè je.

Abímbólá, um pai é sempre um pai,


Mesmo se você der um salto mortal,
E bater sua cabeça no chão,
Um pai é sempre um pai.
Ifá está indo matar aquela pessoa,
Òpèlè está indo matar aquela pessoa;
Alguém que procura por Òrúnmìlà como se ele fosse cocos de palma
comuns
Ifá está indo matar aquela pessoa.

Assim é como os tocadores que tocam dùndún ou bàtá me saudam aonde quer que eles
me vejam. Se você não conhece aquela literatura, você pensará em qualquer outro
significado, mas os tocadores e sua auduência conhece seu significado.
Assim é o que nós pensamos quando nós dizemos que um tambor fala, nós não pensamos
que você pode simplesmente falar com um tambor como nós fazemos em um discurso
normal com humanos.

IVOR: A linguagem Yorùbá veio da linguagem do tambor, como alguns


acadêmicos têm imaginado, ou a linguagem do tambor veio do Yorùbá falado?

WANDE: A linguagem do tambor, ou melhor ainda, a literatura do tambor, vem


da linguagem comum falada. As palavras faladas vieram primeiro. O que os
tambores dizem é parte de uma literatura a qual muitas pessoas conhecem na cultura.
Esta literatura consiste em parte curtas suficientes de ditados, provérvios ou discursos
na cultura.
Não há jeito que nós possamos ter civilização sem um linguagem falada, porque língua
e pensamentos são quase inseparáveis. Linguagem antecede tudo. como você sabe, o
povo Yorùba inventou o bàtá e o dùndún, e muitos outros tambores que falam mais
acuradamente que qualquer outro tambor no mundo. Mas isto vem da linguagem
falada. Da mesma forma que estar tocando um acordeon, ou um piano, tem um texto
(uma partitura). Você pode tentar usar o piano para falar para alguém, mas
provavelmente não entenderá o que você está dizendo. O assunto do tambor falante não
é tão rui, mas ambiguidade virá por conta de que haverá "x" números de outras
construções que soariam como fora do texto da literatura. Tome esta literatura do
tambor dùndún por exemplo:

A wí wíí wí, èlé è fé.


A fò fòò fò, è lé è gbà.
A gbélù sílè, a tún fenu wí.
Àpótí salákàrà kábíáwú.
a wí
Enu ni ò kálásejù;
A wí.

Nós falamos e falamos mas você rejeitou nossas palavras.


Nós alertamos e alertamso mas você não demonstrou piedade.
Nós abaixamos nossos tambores e falamos com palavras da boca.
A banqueta tem agora abaixado a vendedora de àkàrà.
Nós falamos,
Mas palavras da boca não são suficientes para o radical.
Nós falamos.

Assim é como uma canção que todo tocador de dùndún conhece e a audiência também
conhece. Mas se uma pessoa como em Lagos, aonde você não vê com frequência o
dùndún, e vai a um lugar como Òyó e ouve os tocadores dizendo "Awí wíí wi, è lé è
fé...," talvez soe para aquela pessoa como outra sentença ou frase na linguagem Yorùbá.
Aquela pessoa não saberá entretanto o significado correto. A linguagem do tambor é
uma literatura que tem um texto muito definido. Se você não conhece o texto daquela
literatura diferente, você não pode decifrar a linguagem.

IVOR: Desde que tambores bàtá são recriados em Cuba, eles tem estado em uso para
tocar para cerimônias vitais específicas para a continuidade da religião Lukumí. Em
Cuba, "apresentação de bàtá" é uma cerimônia significante na iniciação de um
acerdote (santero); é o reconheciemnto público deste novo sacerdote perante a
comunidade. É também um ritual aondo o Orishá (Òrìsà) Aña se crê apresentar o novo
sacerdote para Olofi (Olófin Òrun), confirmando sua coroação. Bàtá é tocado para
testemunhar o "nascimento " de um novo sacerdote, bem como sua morte, e nenhum
funeral Lukumí, ou "itutu" (etùtù) é completo sem a presença do bàtá. Añá é
considerado um mensageiro de Olofi. Como são usado os bàtá em Yorubaland?

WANDE: Bàtá é um tambor muito versátil. Se vocês estão nomeando um bebe, você
chamará um tocador de bàtá. Se você estão instalando um novo chefe, os tocadores de
Bàtá virão. na nigéria, Bàtá é usado para Egúngún, para Sàngó, Ògún, e para ocasiões
sociais e religiosas também. Em outras palavras, o uso do bàtá não está restrito a
ocasiões rituais na África, mesmo porque é um fato bem conhecido que bàtá era
originalmente um tambor de Sàngó.

IVOR: No século 19 em Cuba haviam tambores específicos para cada orishá, assim
como Olókun, Ògún, e Shangó (Sàngó). Em Matanzas, certas linhagens aindam usam
os tambores Iyesá (Ìyèsà) para Ogún, como nós vimos em 1996 executado pela troupe
"Afro-Cuba" em Boston. (8)
(8) Sr. Felipe Garcia Villamil, originalmente de Matanzas, Cuba, é o criador e zeçador
do único assento conhecido de consagração de tambores Ìyèsà nos Estados Unidos. Ivor
Miller e Ivan Ayala entrevistou Felipe Faría, 09 de setembro, 1992. Nova York. [IM]

Contudo na Cuba atual, bàtá pode ser usado para tocar para todos os Orishá. Como é
organizado o cojunto de tambores em Yorubaland?

WANDE: NaÁfrica você não tem apenas o bàtá, cada Òrìsà tem seu próprio tambor.
Por exemplo, àgèrè é o tambor de Ògún. Agogo e ìpèse (àràn) sãoos tambores de Ifá. Se
nós tocamos para Ògún, deve ser muito rápido. Se nós tocamos para Ifá, é muito
vagaroso.
IVOR: Circunstâncias históricas verdadeiras, dois tipos de tambor bàtá têm se
desenvolvido em Cuba. Um deles é aberikulá, ou "não consagrado." Este pode ter
partes de metal para esticar a pele, e é usado para bandas populares para tocar música
de dança, ou em performances grandes de teatro por alguém que sabe como. O outro
bàtá tem Añá (Àyàn). É construído apenas de madeira e pele, é então consagrado ao
Orishá (Òrìsà) Añá, e usado exclusivamente para cerimônias por aqueles homens
consagrados para tocá-los.

WANDE: Nós não temos esta dicotomia na Nigéria. para dar o tambor bàtá ou dùndun
para alguma pessoa, você tem que consagrá-lo. Uma vez que você o recebeu, você pode
usá-lo tanto para ocasiões rituais como sociais. Corretamente falando a palavra na
África é "Àyàn," não Anyá.

IVOR: Uma pessoa poderia deduzir que a fim de assegurar a sobrevivência de sua
coltura, os Lukumí cubanos usam tambores bàtá consagrados apenas para cerimônias
sagradas no contexto oculto do público geral. A repressão sem pausa dos tamboers afro-
derivados criaram a necessidade deste segredo. Quando bàtá começou a ser usado
experimentalmente no contexto da música popular em 1930, os tocadores bàtá criaram
tambores que não eram "batizados" (chamados judio ou aberikulá), os quais não
seriam um risco para olhos profanos. A frase Lukumí cubana "aberikulá" é
frequentemente traduzida como "profano," ou "não consagrado."

WANDE: Isto é uma corrupção da palavra "aberíkùrá," que significa "pessoa com
cabeça não santificada."

IVOR: Lukumí cubano diz "eleri," ou "leri," pretendendo dizer "orí" para cabeça.

WANDE: A palavra "Erí" é um dialeto de "orí" (cabeça). Em meu próprio dialeto, o


dialeto Òyó, nós dizemos "erí" ao invés de "orí."

IVOR: Em Cuba, tambores bàtá consagrados são criados por um especialista Osain
(Òsan-ìn). Aqueles que tocarão estes tambores devem ter suas "mãos lavadas," ou
consagrados por um BABALÁWO em uma cerimônia chamada "Mão de Orula." É
similar aos tocadores bàtá na Nigéria?

WANDE: Na África, estudantes devem se tornarem aprendizes de um mestre tocador,


aprender como o tambor, e quando eles forem eficientes, eles serão iniciados para Àyàn
a fim de que possam começar a tocar.

IVOR: Muitos Omó Añá importantes (Omo Àyàn, aqueles consagrados para tocar
bàtá) tem se tornado BABALÀWO nos tempos atuais em Cuba, em consequ~encia
condensando a tradição Lukumí fundijndo estas duas linhagens distintas. Isto parece
ser outra estratégia mirada para conservação do conhecimento quando a participação
de estudantes se tornou reduzida. O Omo Añá, quando se torna BABALÁWO, tem um
tipo de sociedade, ou irmandade.
WANDE: Sim! Na África os tocadores de tambor bàtá tem mesmo uma linguagem
secreta de si mesmos com a qual eles falam entre si, e ninguém ainda consegue entendê-
los. É Yorùbá mas não segue as regras normais da linguagem.
Aqui podem ter havido tocadores que foram BABALÁWO no passado na Nigéria, mas
atualmente, não é compulsório para um Àyàn ser um BABALÁWO. Não há cerimônias
para o Bàtá aonde um BABALÁWO é mesmo necessário. Muitos tocadores vão pelo
nome "àyàn." todos os filhos de tocadores recwbem o nome Àyàn pelos seus pais, tal
como Àyàndare, Àyàndùúní, etc.
Àyàn é um Òrìsà do seu jeito particular. Em todo estágio de construção do bàtá,
rituais são feitos, da derrubada da árvore até a finalização do tambor.

IVOR: A palavra wemilere é usada em Havana para descrever uma cerimônia com
bàtá e dança. Esta cerimônia é um tipo de ebo, um sacrifício ou limpeza de um dos
membros da comunidade.

WANDE: Isto provavelmente vem de "Wín mi lérè," que significa "me dar parte de
seu lucro," ou " me empreste parte do sue lucro." Não relata especificamente uma
cerimônia de tambor na África, mas também faz sentido naquele contexto.

IVOR: No começo de algumas cerimônias de Orishá cubanas usando bàtá, os tocadores


executarão um "Oro seco" (lit.: Oro seco), aonde os tambores tocal poesias de louvor
para o Orishá sem o acompanhamento da voz. Apenas após esta literatura tocada é
executado faz se o começo das canções e danças. Isto também acontece em Yorubaland?

WANDE: "Oro" aqui provavelmente vem de "orò,' o que significa "um ritual."
Mas também faz sentido se vem de "Òrò" que é "palavra" ou "discurso." O
problema vem da atual Lukumí Cubana, a qual não tem uma concordância ortográfica.
A língua Yorùbá é tratada como se fosse uma língua européia.
Este tipo de encantamento tocaso sem a voz é o que nós chamamos ìlù-sísè.
Tanto o bàtá quanto o dùndún podem ser usados para esta cerimônia, a qual é feita
para Òrìsà, para o rei, Egúngún, e para o morto. Se uma pessoa morre, os tocadores
estarão lá, e toda manha eles irão tocar para o morto, sem nenhuma dança ou canto.
Esta cerimônia não é cara, mas a família do falecido deve alimentar os tocadores. Isto
permanece por tantos dias quanto a família deseje. Se o filho ou filha do falecido, que é
uma pessoa muito importante financiá-lo, não pode permanecer por mais que três ou
quatro dias, então terminará no quarto dia. Se tocadores vêm e tocam, eles comerão.
Isto normalmente traz uma multidão de pessoas que irão querer assistir o que estão
fazendo. Se os espectadores ficam por um longo período, eles também tem que ser
entretidos com comida e bebidas. Então o comprimento desta atividade depende dos
recursos possíveis para a família. Normalmente este tipo de coisa duraria por volta de
sete, nove, ou dezessete dias. Algumas pessoas o farão no primeiro dia, no segundo, no
terceiro, então vão para seu lugar de trabalho, e voltam para repetí-lo no oitavo, décimo
sétimo, e assim no quadragéssimo oitavo dia. Isto pode ter sido influenciado um pouco
pelo Islamismo, porque eu tenho assistido Muçulmanos fazendo a mesma coisa. Ou
talvez nós os influenciamos!
IVOR: O líder dos cantores na Santería/Lukumí/Ocha na cerimônia bàtá é chamada
Akpón.

WANDE: Esta palavra no padrão Yorùbá é àpón. Em casa nós dizemos,

Àwíse àpón,
Àfòse àpón,
Níí nú Èsù ú kán àpón lénu.
Àpón mò mò dé ò,
Eye Oba
Abèsùú enu sèè.

É porque qualquer àpón diz aconteça,


É porque qualquer àpón expressa aconteça,
Isto é o que compeliu Èsù a endurecer o bico do àpón.
Àpón tem certamente vindo,
Pássaro do Rei,
Cujo bico èsùú é muito vermelho.

IVOR: Alguns estudantes dos rítmos cubanso nos Estados Unidos, têm me dito que os
rítimos cubanos são muito mais complexos que aqueles em Yorubaland. Eles afirmam
que cada tocador toca um complexo maios de rítimos porque enquanto que há cinco
bàtá tocados em Yorubaland, há três em Cuba, e aqueles três devem cirar o som dos
cinco tambores.

WANDE: Não acredito nisso. Espere até você ter escutado o bàtá Nigeriano! Eu venho
da cidade do bàtá. Você sabe que o bàtá pertence a Sàngó, e vem de Òyó.
Dúndún também pertence a Sàngó, e vem de Òyó. A qualuer momento alguém
está tocando bàtá em outro lugar, para uma pessoa que vem de Òyó, soa como
eles estivessem batendo cabaças! Para escutar nosso próprio bàtá, você não
pode imaginar nad que seja mais complexo. Mesmo o bàtá que eles batem na
cidade próxima de nós soa como cabaças. Se você vem para Òyó, e toca
tambores indígenas bàtá ou dùndún de Òyó para você, você entenderá o que eu
estou dizendo. Bàtá fala quase como um ser humano ainda. Bem como o
dùndún.
Pessoas fazem grandes enunciados e comentários como este porque eles não estão
familiarizados como que está acontecendo na África. Eles não entenden de jeito algum,
e eles baseiam a maioria deste discursos em uma ou duas coisas que eles têm visto,
algumas vezes apenas em um vídeo. Esta é apenas uma única ocasião que algum tocador
de bàtá Nigeriano tem estado em algum tour artístico de tocadores de bàtá da África
neste país.(9)

(9) De acordo com Joe Platz, um participante, eles tocaram na cidade City College
(CCNY) em Manhattan em 03 de dezembro de 1989, durante uma celebração de Sàngó.
[IM]
GÊNERO E LINGUAGEM

Registrador - Cabrera

IVOR: Nós temos simplesmente escutado algumas gravações feitas por Lydia Cabrera
em Matanzas, Cuba em 1948. (1)
(1) Música de los cultos africanos en Cuba, Recolhida por Lydia Cabrera, gravação de
Josefina Tarafa, publicado 1952, disco 10 e 11. Este disco 14 esta na Livraria do
Congresso, Washington, D.C. [IM]
Nós ouvimos exemplos de Itutu Lukumí (ètùtù) ou lamentações funerárias. Qual a sua
reação para o que você tem ouvido, o que contam a você sobre a influência Yorùbá em
Cuba?

WANDE: Primeiramente, os rítmos das músicas e modo de cantar são aqueles de


Gèlèdé, que é caracterizado mais por canções de Kétu, Ègbádò e outras partes de
Ò`nkò. Os cubanos que estão cantando são provavelmente daquela parte de
Yorubaland, isto é muito claro.

IVOR: Gèlèdé está associado com os ritos fúnebres?

WANDE: Não necessariamente. É como Egúngún, mas é usado principalmente para


honrar nossa mães. Mas visto que é um aspecto muito importante da cultura de Kétu e
partes de Ò`nkò falando de região, você tem um Gèlèdé parecido em quase todas as
performances. O modo de cantar, de bater nos tambores, os rítimos tem uma cobertura
clara dos estilos Gèlèdé.
Hà algumas áreas de canções gravadas por Cabrera que nós precisamos favorecer um
esclarecimento. Haviam provavelmente canções populares de Kétu e partes de Ò`nkò
antes destas pessoas serem levadas para Cuba, e eles talvez ainda estejam cantando
estas canções na África. Tocando estes tapes para músicos naquelas áreas de
Yorubaland, algum talvez entenda o profundo significado das canções.
O significado destas canções são claros para mim, embora algumas partes sejam
obscuras. Elas são partes de uma lamentação fúnebre dizendo, "Meu marido foi, minha
esposa foi," e coisa como isso.
Uma área de interesse é a mudança no dialeto Yorùbá como um resultado da separação
das pessoas que falavam Yorùbá de CUba do resto de Yorubaland. Por exemplo, "lo"
(ir), eles pronunciam "lo." "Oko," marido, eles passam como "oko." É apenas no
contexto que é possível para alguém compreender. Eu fui surpreendido pelo fato de que
eles ainda são capazes de fazer o duplo parado "gb," como em "Agbe" ou "Elégbára."
Hoje em Cuba, há poucas pessoas que são capazes de dizer que, eles dizem "gw," como
"Eleguá"(pronúnciado "Elegwá"). Visto que as gravações de Cabrera eram de 1940.
Em segundo lugar, alguém pode comparar que o dialeto de Cuba em 1940 com o que é
agora. Nas gravações de Cabrera eles ainda são capazes de fazer "j." Por exemplo, se a
palavra é "aja" em Yorùbá, na gravação eles dizem "aja." Contudo o cubano de hoje
diz "aya" para "cão," e Yemayá" ao contrário de "Yemoja." Eu então teorizo que a
influência do espanhol no idioma Yorùbá de Cuba em 1940 não era tão profunda como
é nos dias de hoje.

IVOR: A língua espanhola não tem a consoante "j,", como em "jar." A palavra "Ojú,"
para olho, se tornou "Oyú" em Cuba, como um dos possíveis nomes para um iniciado
de Shangó, "Oyú Oba,"traduzido como "olhos do rei," ou "olho de Shangó." A
pronúncia da poesia nestas gravações sugere um dialeto Yorùbá específico?

WANDE: Nós temos ouvido os cantos e canções de muitos òrÌsà, nas gravações de
Cabrera, indo de Sàngó, Aganjú, Ìbejì, Oya, Òsun, Ògìyán, Obàtàlá, Odùduwà, Dàda,
e assim por diante. Há muitos cantos antigos. Algusn deles ainda são relembrados na
África, alguns foram esquecidos. A línguagem dos cantos revela muitas coisas.
Primeiro: não há dúvida de tudo como dialeto, daonde vem no Oeste da África. O
dialeto do líder dos poetas e provavelmente do coro é do oeste de Yorubaland, na região
de Ègbádò, aonde eles falam Ò`nkò, que é uma forma de dialeto do Yorùbá aonde "chi"
ou "Che" está preservado, e onde eles também falam com um som fanhoso nasal. Esta
qualidade nasal usada nos movimentos coloridos de muitas destas poesias.
Segundo: as poesias são nítidamente e mais prazeirozamente um Yorùbá compreensível
que as poesias que ouvimos em gravações cubanas dos dias de hoje, das quais alguns
dos Yorùba não podem ser decifrados; muitas pessoas paenas cantam sílabas sem
sentido, pensando que é Yorúbà. Mas uma boa proporção, não toda, dos poetas da
gravação de Cabrera são perfeitamente claros. Assim esta gravação mostra uma
linguagem em transição. As pessoas cantando estas canções e seus contemporâneso
provavelmente não distantes falavam Yorùbá como um veículo para expressões diárias
mesmo naquele tempo. Mas eu acho que eles relembraram muito mais YorÚbá que o
presente povo cubano faz. Aqueles na gravação também não estão longe do tempo
quando o idioma Yorùbá era falado como língua franca em Habana e Matanzas.
Provavelmente seus próprios parentes falavam Yorùbá como aquele. ALguém pode
contudo ver esta língua em um processo de mudança. Lydia Cabrera tem feito coisas
maravilhosas para preservar isto em som para nós.
Os cubanos perderam terrivelmente a linguagem e literatura por verdadeira
negligência oficial. Eles não tinham tido conveção para estabelecer o Yorùbá e
padronizá-la com um alfabeto. O som "ch" por padrão Yorùbá "sh" ou "s" é um
resultado de um dialeto Yorùbá que veio para CUba e parece ter predominado. O
dialeto daqueles da parte ocidental de Yorubaland de Sakí, Ìséyìn, Ìbàràpá, Ègbádò e
Kétu, aonde eles fazem uso do "ch." Nós chamamos mais este dialeto de Ò`nkò.
Também, algumas das vogais nasais são sobrepostas na forma total do discurso. As
pessoas que vieram para Cuba das áreas Ò`nkò parecem ter vindo em grandes
números, ou, por uma razão ou por outra, sua vinda para ser aplicado o dialeto nos
cantos Cubanos.

IVOR: O cumprimento para um BABALÁWO em Cuba é "Iboru, Iboya," e neste


momento o BABALÁWO respende,"Ibo che che." Talves isto também reflita o dialeto
Ò`nkò por causa deste som "che"?

WANDE: Sim, nestas partes de Yorubaland o povo ainda fala desta forma. Quando
cumprimentando um BABALÁWO, eles dizem, "Àború boyè, ibo chí ché" até hoje.
O dialeto conhecido como Ò`Nkò não está limitado a Ègbádò. Eu mencionei Ègbádò
por que alguns cubanos de descendência Yorùbá afirmam ainda que seus ancestrais
que vieram para Habana foram da área de Ègbádò, contudo muitos dos Yorùbá que
vieram para Matanzas vieram da área de Òyó. (2)
(2) De Felipe García Vilamil de Matanzas, Cuba, agora morando nos Estados Unidos.
Agradecimentos ao Rei Chester por dispensar nos sua atenção. [IM]
O dialeto nesta gravação pode ser de Ègbádò ou de algum outro dialeto similar no Oeste
o qual está próximo a Ègbádò.

IVOR: Como uma pessoa cumprimenta um BABALÁWO em sua cidade natal em Òyó?

Wande: Nós cumprimentamos um BABALÁWO da mesma maneira: "àború boyè," ou


"Àborù boyè, bo sísé." "àború boyè" significa, "Possa seus sacrifícios serem aceitos e
abençoados."(3)
(3) Para um exemplo desta frase usada no contexto de um Odù Ifá, ver Wande
Abímbólá, Ifá Divination Poetry (Nova York:NOK, 1977)2.
"Abo sísé" significa, "Possam seus sacrifícios serem aceitos." A reação do
BABALÁWO é, "Ogbó, ató, àsúre, Ìwòrìwòfún." Isto significa, "Possa você viver muito
para estar com boa saúde, bençãos de Ìwòrìwòfún."(4)
(4)Ìwòrìwòfún é o nome do menos Odú de Ifá. [WA]
Ìwòrìwòfún é um Odù. Ìwòrì na direita, Òfún na esquerda. Nós usamos este Odú para
abençoar pessoas, porque uma das histórias aqui se doa para abençoar rapidamente.
Assim como Òsétùúrá, que nós também usamos para abençoar, especialmente quando
um sacrifíco está sendo feito. (5)
(5) Òsétùúrá normalmente acompanha os sacrifícios até o céu. É um Odù
menor que se acredita ser filho de Òsun. [WA]

IVOR: O que mais você aprendeu ouvindo as gravações de Cabrera?

WANDE: A palavra Aganjú é o nome de um Òrìsà de Òyó. As pessoas frequentemente


desejam saber, "Qual é a etimologia de Aganjú?" Na gravação o cantor entoa emlouvor
a Aganjúsolá, que é a forma completa do nome. "Gan" é para ter uma face franca,
alguém que quando ele estava no trono sustentou uma face honesta. "Olá" é uma
nobreza que está usufruindo de um modo honroso de vida, ou status. Assim talvez
quando ele estava no trono, ou na posição para demonstrar seu posto real, ele sempre
mantem uma face honrosa, uma postura digna.

IVOR: Em Cuba Agayú ( Aganjú) é o santo patrono da cidade de Havana. Ele é


considerado o pai de Shangó, assim como o Orishá dos vulcões e terremotos. É dito que
Shangó é fogo, e Agayú é a lava derretida abaixo da crosta terrestre. É raro em Havana
(mas muito comum em Matanzas) que uma pessoa seja iniciada, ou coroada com Agayú
em sua cabeça. Eles dizem que um vulcão Agayú é muito poderoso para a cabeça. Assim
eles consagram a pessoa com Agayú em seus ombros, e usam Shangó ou Oshún (Òsun)
como intermediários na cabeça. Isto é chamado "Agayú com Oro Shangó," ou "Agayú
com Oro Oshún."
WANDE: Em Yorubaland nós não temos vulcões. Aganjú como Sàngó, foram
um Aláàfin de Òyó. Àjàká foi o irmão mais velho de Sàngó, que é conhecido
como Dàdá. Ele é também conhecido como Àjùwòn. Aganjú governou como
Aláàfin de Òyó após Àjàká. Eles todos eram descendentes de Òrànmíyàn.

IVOR: Eu frequentemente ouço a palavra "Tákua" usada em Cuba em relação ao lugar


de origem de Oyá (Oya), como na canção "Oyá Tákua." Outros o afirmam como uma
referência a um tipo de ritual praticado que mistura Yorùbá e Kongo, Bantu, ou
algumas outras religiões vizinhas, como um termo cubano "Lukumí Tákua."

WANDE: A palavra Tákua é uma corrupção da palavra "Tápà (Tákpà). Este é o nome
do povo Nupe, que estão imediatamente a nordeste de Yorubaland. É apenas em
poucos lugares que o Rio Niger adorna Yorubaland. Não há povo Yorùbá na
margem norte do Níger. Em muitos lugares das terras dos Yorùbá nem mesmo se
prolongam para as margens do Níger; São os Nupe que estão em ambos os lados, nas
margens norte e sul. Tápà, ou Nupe, são o povo no norte e sul do Rio Níger em cujo
setor nordestes de Yorubaland. Exceto é clro em Lokoja, aonde há um grupo de
pessoas Yorùbá que vivem na confluência, que são conhecidos como Owóòrò.

IVOR: Por que Tápà seria mencionada em uma canção de Oya?

WANDE: Há confusão a respeito de Oya. Desde que a aantiga Òyó caiu (em 1830) e as
pessoa relamente não compreendiam a geografia daonde estava ainda a antiga Òyó,
pessoas acreditavam que Irá, a casa de Oya, era em território Tápà. Mas os
Yorùbá e os Nupe são vizinhos. Irá não era uma cidade Tápà; era uma cidade
Yorùbá.
Você sabe que Tápà esteve sob influência da antiga Òyó por centenas de anos, assim
houveram muitas referências a Tápà na literatura ora. Algumas pessoas dizem que
Egúngún é de Tápà. O termo "Tákua" em Cuba pode sse referir a alguma área ao lonfo
do Níger aonde os Yorùbá e os Nupe se encontraram e desenvolveram uma cultura em
comum. Eu acho que aí é onde estava localizada Irá naquele tempo. Se diz que pé paa
estar a nove milhas da antiga Òyó.
Há uma linguagem crioula Yorùbá e Tàpá ainda falada em áreas Nupe até hoje. Os
Nupe (Tápà) ao sul do rio Niger tem sido influenciados pelos Yorùbá, isto pode ser o
motivo pelo qual esta linguagem crioula se desenvolveu, aonde quer ao norte tenham
sido influenciados pelos Hausa e Islã.
O lugar daonde muita pessoas foram levadas como escravos ficava a oeste de Ìlorin,
entre Ìlorin e a atual Òyó. Toda aquela áre, aonde você tem Ìkòyì hoje, nove milhas a
noroeste de Ògbómòso, todos os caminhos seguem para òyó, é a áreao aonde meu pai
costumava caçar. Dele eu aprendi os nomes de mais de quarenta ruínas naquela área.
Eu uma vez escrevi um artigo sobre isto entitulado "The ruins of Òyó Divisions." (6)
(6) Wande Abímbólá, The ruins of Òyó division," African Notes, 2/1, (1964) U of
Ibadan.
IVOR: Como nós vemos no Zaire agora, quando você tem uma instabilidade política
procria refugiados, e aonde quer que você tenha refugiados, você tem uma tragédia
humana em larga escala.

WANDE: A escravidão provavelmente continua direto no Zaire, aonde você tem


centenas de crianças abandonadas, cujos pais ninguém conhece. Há pessoas que
negociam com tais coisas, que dizem, "Oh nós queremos cuidar dessas crianças." Eles
irão levantar quinhentas crianças e levá-las em um avião para um país estrangeiro para
adoção. Isto é escravidão! Aquelas crianças não tem escolha sobre seu destino, e nada
pode ser feito por elas.
Tem sido muito bem demonstrado por Eric Williams, o antigo Primeiro Ministro de
Trinidad e Tobago, cujo capitalismo levantou através do comércio escravo.(7)
(7)Eric Williams, Capitalism e Slavery (U da Carolina do Norte p, 1944).
Mas quando terminou oficialmente o comércio escravo, a fim de manter a engrenagem
do capitalismo funcionando, até as crianças dos proprietários de escravos tinham se
tornado escravizadas.

IVOR: É comum ouvir um BABALÀWO cubano dizer que a cultura Yorùbá é mais
forte em Cuba do que em Yorubaland. Alguns até mesmo dizem que eles falam uma
forma de "antigo" Yorùbá, não distante do falado na África, e que os nigerianos têm
viajado para Cuba para se tornarem BABALÁWO, porque o cristianismo da Nigéria
tem destruído a religião. O que isto conta a você sobre Cuba?

WANDE: Não há necessidade de defender um ponto baseado em tal ignorância. Esta é


uma opiniã comum em Cuba por conta das muitas pessoas que não tesm estado na
África e eles são desconhecedores do assunto. O presidente da Associação Yorùbá em
Havana, Antonio Castañeda, não diria isto.

IVOR: Você encontrou esta opinião no Brasil?

WANDE: Não, de modo algum, isto é um fenômeno cubano baseado na ignorância. Se


você pegar um sacerdote de Ifá do estado Òyó sozinho, eles poderão perfazer um
número maior do que os de sacerdotes de Ifá da ilha de Cuba. Nós também não temos
estas guerras por legitimidade na Nigéria, sobre quem conhece mais do que
quem, etc., porque todos conhecem seu lugar. Isto se tornou um problema em
Cuba e na Diáspora Africana, porque as pessoas não deram muita ênfaze no
apreendizado dos versos de Ifá. Eles colocaram ênfase em quantos anos eles
são iniciados. Na África um homem jovbem de trinta anos pode conhecer muito
mais que um homem velho de oitenta. Quando nós jogamos Ifá no chão, e
começamos a entoar e interpretar a mensagem de Ifá, o homem jovem pode
conhecer mais que algum outro, e naquele dia ele é o mestre. É como uma
universidade, aonde não há mestres baseados na idade. Um mestre na
universidade é uma pessoa que é mais versado. Se você não pode entoar, você
não é um sacerdote de Ifá, e se você não pode interpretar a mensagem de Ifá,
você não é um sacerdote de Ifá. Você pode ter sido iniciado por uma centena
de anos, mas você não é um sacerdote e você deverá manter sua boca fechada.
A chave para o entendimento deste fenômeno Cubano é a perda da linguagem e a
literatura como uma coisa viva. Os Cubanos preservam a linguágem Yorùbá como um
idioma ritual, mas não uma linguagem viva. Uma vez que eles não entendem o que
estão entoando, e eles não falam a linguagem como uma expressão de veículo
diária, muito foi perdido. Eles tem colocoado mais ênfase na cultura material,
e em complexos rituais.
Muitos dos Yorùbá que vieram para os Estados Unidos são cristãos, eles são
ignorantes da nossa cultura porque eles são cristãos. E alguns que não são
ignorantes estão envergonhados da cultura porque eles não querem pessoas
que sabem que eles conhecem sobre o Òrìsà. Talvez alguns cubanos estejam
fazendo um julgamento da África baseado nestas pessoas que eles
encontraram, que nem mesmo são representativos da cultura. Isto é o que pode
estar abastecendo a ignorância dos americanos tão bem sobre a cultura Yorùbá,
fazendo-os pensar que nós não temos BABALÁWO, ou não falamos a linguagem mais
de retorno para casa. Fora o árabe, não há linguagem da África a qual seja hoje mais
desenvolvida do que a língua Yorùbá. A língua Yorùbá hoje é a mais estudada, a qual
é escrita a respeito, e mais utilizada línguagem indígema na África. Há jornais, revistas,
jornais diários nesta linguagem. Não há outra língua africana que seja usada por toda
esta extensão do continente da África. É uma ignorância abismante pra alguém dizer
que a língua Yorùbá não existe! Nós temos milhares e milhares de BABALÁWO, e a
mais estão sendo feitos dia a dia.
Para assegurar um futuro melhor para a cultura Yorùbá em Cuba, os cubanos devem
começar a comunicar sua cultura para pessoas novas. Eles deveriam encinar aos jovens
familiares os poucos pedaços do que eles tem sido capazes de preservar.

IVOR: Muitos divinadores em Cuba têm se queixado para mim que seus mais velhos
não querem ensinar aos jovens, e por este motivo importante conheciemnto esotérico
tem sido perdido.

WANDE: As pessoas frequentemente dizem isso, mesmo na África, mas eu sei


que não é verdade. As pessoas dizem isto porque ele spensa que conhecimento
é algo que você pode comprar, ou apenas adquirir em um dia. Como você não
ensinaria alguém que está pronto para aprender? Mas seu estudante deve
primeiro de tudo ter a humildade e a moldura da mente de um estudante que
está pronto para seguir o mestre em qualquer que seja o tempo que leve o
trabalho, paciência, e outros recursos, para aprender pouco a pouco. Eu tenho
ouvido isto em todo lugar, "Oh, nós temos esquecido tudo isso porque nossos
pais não nos ensinaram nada." Se você não fica com seu pai, como você irá
alguma vez aprender alguma coisa? Se você o faz como ponto de imposição
para ficar com seu pai, carregue sua bagagem, saia com ela, você aprenderá.
VOcê não pode ensinar um estudante que se recusa. Deve haver um modo no
qual aqueles que continuam na cultura estudando a e tinham na transmitida
para eles. Aqueles que estão prontos para aprender, irão aprender. Aqueles
que não estão prontos para aprender, não há nada que você possa fazer por
eles. Conhecimento não pode ser comprado no mercado. Não há outro caminho
para o aprender alguma coisa a não ser sentar nos pés dos mestres. Este é o
que pessoas novas sempre não estão aceitando fazer.
O que alguns estão começando a ver é este processo contínuo de negligência pública.
Por enquanto isto vai na escolha de que o conhecimento continue a diminuir. Nós
podemos ver dos cantos das gravações de Cabrera quanto tão distante da linguagem
está a presente geração de Cubanos. BABALÁWO cubanos devem colocar maior ênfase
na educação, eles devem educar seu próprio povo na língua Yorùbá e na religião. Eu
adoraria ver isto como um foco para o futuro.
Turismo traz pessoas de todas as partes do mundo para aprender sobre a religião
Yorùbá em Cuba e no Brasil. Muitas pessoas vêem observar as coisas que tem que fazer
com a religião, o tocador de bàtá, a dança, etc. Não é um segredo que Cuba está fazendo
muito dinheiro de turismo neste dias. Se as religiões dos descendentes de africanos não
estivesse lá, els não poderiam estar fazendo o dinheiro que estão fazendo hoje. Se os
líderes desta religiões reclararem um instituto para estudo da língua Yorùbá, eles talvez
o consigam.
Em seu livro, Maurren Warner-Lewis mostra que no passado algumas pessoas em
Trinidad tentaram estabelecer institutos para o apreendizado de Yorùbá, mas eles de
debateram devido a negligência oficial.(8)
(8)Maurren Warner-Lewis, Trinidad Yoruba:From Mother Tongue to Memory
(Tuscaloosa:U of Alabama P, 1996) 68-70.
Eu penso que está chegando o tempo quando as pessoas possa solicitar sua própria
cultura de volta e exigir um grnde lugar para ela na educação. Isto não é para trocar a
cultura de ninguém. Isto é uma adição ao espanhol. Este problema precisa de uma
solução política, está aguardando um político que tenha este tipo de sonho e este tipo de
objetivo. Se você tem semelhante pessoa irá acontecer.

IVOR: o Fotógrafo e acadêmico da Diáspora Yorùbá Pierre Verger viveu no Brasil por
muitos anos. Ele percebeu que os negros brasileiros guardavam poder em suas
sociedades por causa das religiões derivado-africanas como Umbanda, Makunba, e
Candomblé, as quais milhares de brasileiros adotaram, são práticas nas quais pessoas
de cor predominam como líderes. Deste modo elas são práticas nas quais o povo branco
se submete de bom grado a liderança do olórìsà(sacerdote) dos afro-descendentes. Você
partilha deste ponto de vista?

WANDE: Os negros têm um poder residual ou potencial no Brasil. Mas este poder não
tem sido corrigido. Eu debati este assunto com Verger no passado. Que ele descanse em
paz. Eu convidei Verger para meu gabinete em 1976 em Ilè-Ifè e ele ficou por três anos.
Quando ele estava lá, nós discutirmos isto um bom tanto. Pessoas negras estão no
controle das religiões de seus próprios ancestrais, mas este não conduz ao poder em
outras esferas. Poder real vem do controle político e econômico, o qual pessoas negras
não tem de maneira alguma. De fato, em termos de política e economia a condição do
povo negro tem deteriorado muito mais do que se aprimorado. Antes do exército tomar
o comando em 1964, as pessoas negras estavam em condições melhores. Haviam muito
mais negros advogados e doutores, deputados na assembléia nacional. Os vinte anos de
governo militar colocou o povo negro para baixo, e eles não têm se reestabelecido disto
até agora. Seus controles da religião não têm traduzino em vantagem econômica ou
poder político, até agora. Quando isto for feito é quando eu concordarei que eles tem
poder real. Brasil é um país de homens negros, mesmo assim pessoas negras não são
nada lá. Mais do que 60% do Brasil são pessoas de cor, mesmo assim menos do que
10% deles ocupam uma posição tangível em qualquer lugar no país.
O povo negro do Brasil precisa de um novo despertar para ser capaz de tomar sua
posição de direito em seu próprio país. Eu descordo completa e totalmente com Verger
neste ponto.

PROBLEMAS DE TRADUÇÃO

IVOR: Há muitos problemas nas traduções dos coneitos religiosos Yorùbá para o
inglês, espanhol e outras línguas européias. Um exemplo deste fenômeno chamado
"transe" ou "possessão espiritual" em inglês, ou "montar/subir/cavalgar" para o
espanhol "montarse," e "monte" do Haitiano Creole. (9)
(9) E.W.Védrine, Dictionary of Haitian Creole Verbs (Cambridge, MA:Soup to
Nuts,1992)114. Maya Deren documenta os termos "monter" montar, e "installé," como
"possessão por um loa, que se instala na pessoa." Divine Horsemen: The living Gods of
Haiti (1953;Nova York:MacPherson,1991)331,333.[IM]
Como você concebe este fenômeno e como você o traduz para o inglês?

WANDE: "Climb" (escalar/subir) é a melhor tradução para a idéia de


"Possessão." A idéia de "mounting" (montando) é equivocada. Isto
provavelmente vem da idéia cristã que os anjos residem no céu e o Espírito
Santo o qual também reside no céu "perches" (aterriza) nas pessoas como um
pássaro. Mas no caso da religião Yorùbá, o Òrìsà reside dentro da terra daonde
eles irão "subir" aos seus devotos. A palavra "gùn" em Yorùbá, que significa
"escalar," está aplicada a toda ocasição que uma pessoa se exaltar ou ascender
a um alto nível. Há uma palavra separada para "to mount," (montar/cavalgar)
como monta um bebe em suas costas, e que esta palavra é "pòn." "Gùn," que
significa "escalar/subir," é a palavra apropriada para o que é usualmente
traduzido como "possessão."

IVOR: O verbo reflexivo espanhol "subirse" significa tanto "subir/montar" e


"montar/cavalgar." Lukumí cubano utiliza a para dizer, "O Orichá subiu a cabeça de
seus filhos" (los Orichas se suben a la cabeza de sus hijos).
A idéia de subindo é expressada em conversação Lukumí; está certamente incorporada
na prática ritual. Por carência de informação termos chaves como estes são
frequentemente traduzidos de forma equivocada por escritores.
No Haiti, as divindades (Iwa) "dançam na cabeça" (danse nan tet) do devoto.(10)
(10) Agradecimentos ao professo Liza MacAlister da Universidade Wesleyan por esta
frase. [IM]
Na parte de um filme de Maya Deren do Haiti, alguém vê claramente o Iwa penetrando
os devotos através do chão, quando suas pernas se tornam "grudadas" na terra. (11)
(11) Ver o vídeo de maya Deren, The Divine Horsemen.
De sua própria experiência Deren escreve:

"Eu dei dois passos e minha perna esquerda repentinamente encravou,


de forma entorpecida, no chão, me arremessando adiante... Descansando sob esta perna
eu senti um estranho enfraquecimento entrar nela do próprio chão e subir, dentro da
total medula do osso, quando lentamente e esplendidamente como a energia talvez sobe
no tronco de uma árvore... E não podia arrancar a perna livre ... (it) enchendo para
cima de todo meu corpo, atingiu minha cabeça, me envolveu.(12)
(12) Notar que IWA entra pela perna esquerda. Ver discussão na "esquerda" e
"direita." Deren, 253,259-260.[IM]

WANDE:Sim, muito bom, por que os Òrìsà estão debaixo da crosta da terra. A
parte de Sàngó, que está no céu. Mas antes dele, também, poder possuir
alguém, ele deve tocar o solo. Quando o trovão toca o solo, tem um efeito
devastador. Quando trovão está no céu, pode apavorar você, mas não tem um
efeito real. É como eletricidade, uma pessoa pode tocar um fio vivo se seus pés
estiverem no chão, mas uma vez que eles esteja em contato eletrico ocom o
chão, ele pode ser eletrocutado. De qualquer um anjo que você veja, a idéia de
"montando" não se ajusta. Novamente, quando esta palavra é usada por
escritores ocidentais para justificar sexualidade, está incorreta.
Na interpretação de Bascon de um verso de Dílógún de Ìrosùn, Òrúnmìlà se
supõe ter estuprado Òsun.(13)
(13) Willian Bascon, Sixteen Cowries:Yoruba Divination From Africa to the
New World (1980; Bloomington:Indiana UP, 1993)349.
Quando eu leio o verso original em Yorùbá, ele diz. "Òrúnmìlà fi n`nkan sí
n`nkan," significando "Òrúnmìlà aplicou alguma coisa para alguma coisa."
Você sabe como o Yorùbá fala obliquamente sobre sexo, nós não gostamos de
ser explícitos. Mas nesta tradução Bascom traduziu o acima como "Òrúnmìlà
"estuprou" a!" A fim de produzir uma boa tradução alguém deve conhecer as
duas línguas e culturas muito bem.

IVOR: Ele retirou a sensibilidade. Os italianos dizem, "Traductori tradictori," o


tradutor é um traidor. Qual é a origem linguística da palavra Òrìsà?

WANDE: As pessoas tem especulado sobra a origem da palavra Òrìsà. Eu não sei se
alguém poderia facilmente quebrar esta palavras em suas partes conponentes para ser
possívelh dar algum seentido para ela fora isso. "Rì" pode significar plantar alguma
coisa no chão, ou estabelecer alguma coisa. "Sà" pode significar orar ou prestar
homenagem. Você poderia dizer que a palavra Òrìsà significa algo que você plantou ou
estabeleceu no chão e para o qual você presta homenagem ou ora. Isto é apenas
especulação. Eu não sei se alguém pode facilmente ter uma compreensão geral como as
partes componentes daquela palavra indicada no tempo certo.

IVOR: Isto faz sentido para mim no contexto Cubano, aonde a intenção de muitos
rituais é "estabilizar," "tranquilizar" ou edificar/estabelecer" (como em determinação)
o caráter de uma pessoa e energias assim eles serão capazes de alcançar coisas na vida.
Um objetivo central é estabelecer uma pessoa no conhecimento de quem eles são dentro
da sua comunidade, assim eles não estão andando no ar.

WANDE: Muitos dos emblemas do Òrìsà são atualmente plantados no chão.


Aqueles que não estão no chão são estabelecidos dentro de um pote, ou em
algum outro receptáculo. Mas isto ainda está no nível de etimologia familiar.

IVOR: Alguns estudiosos especulam que o termo Òrìsà é derivado de "orí," a cabeça e
assentmaento do destino, porque a religião está engrenada em direção a salmos ou
melhorar o destino de alguém.

WANDE: Isto é incorreto. A palavra Òrìsà não parece ter nada a ver com "orí,"
por causa da estrutura da palavra. Todos os tons da palavras Òrìsà são baixos,
a prímeira sílaba "Ò" carrega um tom baixo, a sílaba "rì" carrega um tom
baixo, e a sílaba "sà" também carrega um tom baixo. Não poderia estar
relacionado a "Orí" de maneira alguma, cuja estrutura é tom médio e tom alto.

IVOR: É possível que quando uma sentença Yorùbá é compactada em uma


palavra, que um tom algo possa mudar para um tom baixo?

WANDE: Apenas em situações bem definidas. Se a palavra Òrìsà está


relacionada a "orí”, com um tom alto no "í”, e então você adiciona “sà’ nesta,
o tom alto não irá mudar para um tom baixo”.
IVOR: As traduções figuradas que eu tenho ouvido para esta palavra dos estudiosos
têm sido hilárias!

WANDE: As pessoas apenas especulam.

GÊNERO (gramática)

IVOR: Qual a importância o gênero tem na língua Yorùbá?

WANDE: A primeira coisa a dizer é que gênero não é enfatizado na língua


Yorùbá. Quando você escreve uma carta a alguém, o remetente da carta tem
que compreender do contexto a respeito de que está sendo falado, se é homem
ou mulher. Até o ponto que nós estamos interessados, o assunto de ter que
especificar, em todas as sentenças, se a pessoa de quem nós estamos falando é
macho ou fêmea, não é levantado. Nós não levamos o assunto do gênero para
esta extensão. Embora na sociedade o papel de um homem e o papel de uma
mulher está especificado. Não é que o caso de gênero não ocorra na vida social
Yorùbá, se na família, na vila, ou na cidade. Gênero acontece. Mas há algumas
outras áreas aonde nós não focalizamos o gênero. A tradição européia é que a
mulher usa o sobrenome do marido. Até hoje em muitas partes de Yorubaland, isto não
ocorre. Ocorre apenas entre os instruídos, então pessoas ocidentalizadas. Em áreas
rurais, mesmo nas cidades, entre as pessoas que não vão a escola e não foram expostas
aos modos ocidentais de vida, você não pode se referir a mulher como Sra. fulano e
fulano." Eles não compreenderão o que você pretende dizer. A mulher carregaria seu
próprio nome. Mesmo a idéia de um homem ou uma mulher carregando um sobrenome
é uma idéia ocidental para nós em muitas partes da África ocidental. Se uma pessoa
tem três ou quatro nomes, estes são os nomes que ele irá carregar,não necessariamente
nomes de seu pai. Tudo isso são idéias ocidentais.

IVOR: Os méritos sociais relacinados ao gênero, raça, e etnicidade estão refletidos na


língua. De que modo você tem observados estes méritos estarem refletidos na língua
inglesa?

WANDE: O problema com gênero e linguagem não é que gênero esteja relacionado a
alguma coisa, mas que valores são relacionados ao gênero. Valores(méritos) estão
relacionados a raça, como em "esta raça é boa, esta uma não é" e isto é o que o torna
ruim, não o fato de que alguma coisa está colocada em gêneros ou não. As pessoas
tentam fazer uso de gêneros largamente para serem capazes de nomeá-los, e então
controlá-los. Eles dizem, "Isto é fêmea, deve ser submisso; isto é macho, deve ser
dominante." A razão pela qual gênero é tão preponderante na cultura européia é
porque os homens querem o controle. De outa forma não teria sido um assunto
importante. Porque você quer saber se uma pessoa de quem esta se falando é macho ou
fêmea? Porque você quer saber se esta pessoa é Sra.X? O que faz este significado mas
"a propriedade do Sr.X? Qual é a necessidade disso? Ou mesmo dizer, "Este é o filho
de fulano e fulano." Qual a necessidade de tudo isso? Não há necessidade, uma pessoa
é uma pessoa.
É sempre um problema para nós dizermos "Irmão" ou "irmã." Não há tal
palavra em Yorùbá. Nós temos que encontrar um contorno num jeito de
expressá-la, porque não há tal palavra. Nós dizemos, "Este é meu relacionado
(sibling - irmão/relacionado/parente)." Mas você pode dizer, "meu parente
mais novo." É tudo. Ninguém saberia se aquele é um homem ou uma mulher.

IVOR: A carência da designação do gênero na língua Yorùbá é severa para


discursadores nativos de muitas línguas europeias conceberem-na. Em espanho,
português, italiano,e francês mesmo objetos inaminados como mesas e cadeiras tem
gêneros estabelecidos.

WANDE: É muito estranho. Eu acho que eles tem levado esse assunto de gênero muito
longe nas sociedades européias, e é parte do motivo que o assunto de sexo e gênero são
alguns dos problemas mais importantes da sociedade européia e americana
contemporâneas.

IVOR : A palavra Oba é frequentemente traduzida como "rei." Esta disignação


masculina talvez nos fale mais sobre a perspectiva do tradutor do que do
conceito Yorùbá. O tradutor parece pensar, "Se Oba significa "um governante,
deve ser masculino."

WANDE: E quando eles usam a palavra "rainha," dizem com respeito para
Oya, eles acham que é porque ela é a esposa de Sàngó. Em contratpartida de
nós não focarmos os gêneros, mulheres são muito poderosas na sociedade
Yorùbá, especialmente antes do advento do controle europeu. Uma das mais
importantes imagens de mulheres na mitologia Yorùbá é Oya, quem não foi
apenas rainha e consorte de Sàngó, mas também uma governante e soberana
de Irá em seu próprio direito. A canção a seguir de Oya fala sobre isto:

Oya dolú,
Ègàn ò royin.
Oya dolu,
Ègàn ò royin.
Ègàn ò mò le qí pé kóyin má se dùn o.
Oya dolú,
Ègàn ò royin. (14)

(14)Canção popular de Oya na cidade de Òyó.[WA]

Oya se tornou uma soberana,


Zombaria não afeta o mel.
Oya se tornou soberana,
Zombaria não afeta o mel.
Zombaria não pode impedir o mel de ser doce.
Oya se tornou soberana,
Zombaria não pode afetar o mel.

Oya era uma governante em seu próprio direito, não apenas uma rainha no sentido de
ser esposa de Sàngó. Ela era a governante de Irá. Ela é uma das mais importantes
imagens do sexo feminino. Aqui estava uma mulher que era muito mais poderosa que
seu marido. Ela ainda estava casada com o marido, ela tinha filhos, ela era uma mãe,
ela era uma governante, e ela era a mais poderosa ÒrÌsà de todos. Sàngó tinha ido fazer
uma magia, ele tinha procurado por um antídoto para Oya. Este é o significado da
seguinte canção:

Sàngó ti róògùn Oya se,


Sàngó ti róògùn Oya se.
Olúbáñbí, Àfonjá, Ewélére o.
Sàngó ti róògùn Oya se. (15)

(15) Uma cantiga popular de Oyá em Òyó. [WA]

Sàngó tem procurado um antídoto para Oya,


Sàngó tem procurado um antídoto para Oya,
Olúbáñbí, cujo outros nomes são Àfonjá e Ewélére
Sàngó tem procurado um antídoto para Oya.

IVOR: A sociedade Yorùbá é matriarcal ou patriarcal?

WANDE: É patriarcal, sem dúvida. Mas em alguns de nossos poemas, por


exemplo em Ìjálá, a poesia do caçador, os artistas de Ìjálá falam de um tempo
em um passado antigo, quando filhos faziam parte da linhagem feminina. Mas
eles também dizem que foi porque a mulher abusou disso, elas estavam tentando
agir com arrogância sobre seus maridos muito, que foi quando homens tiveram
que se afirmarem e fizeram os filhos pertencerem a sua própria linhagem.
Há também histórias no corpo de Ifá que falam de um tempo quando Òsun era
casada com Òrúnmìlà,e ela não vivia na casa de Òrúnmìlà. Ela vivia na própria
casa, e Òrúnmìlà viva na casa dele. Eles costumavam se visitar uma ao outro.
Foi o interesse em estudar Ifá e adquirir o conhecimento de seu marido, que a
forçou a se mudar para a casa de seu marido e viver lá. Desde então, mulheres
começaram a viver nas casas de seus maridos após eles estarem casados. Antes
então, não era uma regra.
Tudo isso foi reflexo de um tempo quando provavelmente a sociedade era
matriarcal.

IVOR: Isto é um tema recorrente na África Ocidental. De acordo com as lendas cubanas
Abakuá nascidas na região da antiga Calabar, Nigéria uma mulher fundou a sociedade
dos homens. (16)
(16) Ver Lydia Cabrera, La sociedad secreta Abakuá (1958; Miani: Colección del
Chicherekú, 1970).

WANDE: Eu acredito que muitas sociedades antigas eram mais matriarcais do


que patriarcais.
IVOR: Na discussão da vida de seu pai, você mencionou que seu pai foi curado de um
ferimento na floresta, em um local aonde "nenhuma mulher poderia visitar o lugar."
(17)
(17) Ver "Abimbola's Life History" neste volume.
Você pensa que se uma mulher é ferida, ela não seria levada a aquele lugar? Porque é
que nenhuma mulher era permitida ir lá?

WANDE: Uma mulher não deve visitar uma pessoa doente naquele
acampamento. Muitos dos ferimento sérios, como ferimentos de armas de caça,
não acontecem a mulheres, assum normalmente são homens que estão em
semelhante acampamento.
Homens acreditam que mulheres podem corromper a boa medicina.
Possivelmente é porque eles acreditam que algumas mulheres podem ser "àjé"
(uma bruxa). Na sociedade Yorùbá se acredita que apenas uma mulher pode
ser "àjé." Supondo que eram as "àjé" que eram responsáveis pelo acidente em
primeira instância, então elas descobririam aonde o homem está sendo tratado
e fariam o relato para a sua própria sociedade. Eu acredito que é por isto que
mulheres não podem ser levadas para visitar o acampamento.

IVOR: A parte de "bruxa," como além você poderia traduzir o termo "àjé" ?

WANDE: Bruxa não é uma boa tradução. Àjé é uma mulher que é um ser
humano,mas que pode representar uma função negativa as vezes. Elas atacam
pessoas, elas podem tornar uma pessoa doente, elas pode matar uma pessoa,
elas pode absorver seu sangue. E elas também podem fazer o bem para uma
pessoa que elas gostem, elas podem torná-la rica, elas podem torná-la
poderosa. Elas representam o poder feminino.

IVOR: Parece como se alguns título Yorùbá fossem mantidos exclusivamente por
homens, como o Oòni e o Aláàfin de Òyó. É possível para uma mulher ser o Oòni Ilé-
Ifè?

WANDE: É absolutamente possível. Se acredita que houve pelo menos uma ALáàfin
que era provavelmente mulher, que é Oba Òró´npòtò.(18)
(18) Aláàfin Òró`npòtò, que se acredita ser uma mulher, governou Ilé Òyó por volta de
1550 A.D. [WA]

IVOR: Como uma pessoa adquire este poder da liderança?

WANDE: Pelo conhecimento, pelos estudos, pela prática. Ninguém que aspira a
liderança da comunidade de um Òrìsà em particular deve ser muito entendido sobre a
mitologia, a história, os cantos, e muito do caráter daquele Òrìsà. Esta religião é
baseada no conhecimento.
IVOR: Eu entendo que Mae Estella (uma líder feminina no Candomblé) de Salvador,
Brasil possui poder político equivalente a aquele do prefeito. É verdade? Como você
conhece Mae Estella?

WANDE: De 1975 eu fui ao Brasil todo ano, algumas vezes duas ou três vezes no ano,
para pesquisar Candomblé. Eu conheci Mae Estella daquelas visitas. O que eu sei é que
pessoas no Candomblé no Brasil são muito cuidadosas em não o que eles fazem com
política. Em termos de influência, a influência de Mae Estela vai além de Salvador. Eu
não acho que seja jsuto compará-la ao prefeito, ou mesmo ao governador da Bahia. Ela
é muito poderosa no Brasil. Mas o que ela possui não é poder político. Pessoa poderosas
no Candombé frequentemente não querem se envolver em política de maneira alguma.

IVOR: Antes de Mae Estella eram outras mulheres que possuiam o mesmo título que
ela agora tem. (19)
(19) Mãe Nia(d.1940); Mãe Senhora (d.1950).Agradecimentos a Zeca Ligiero do Rio de
Janeiro. [IM]
É este poder baseado somente em conhecimento ou é gênero também um caso?

WANDE: Seu poder está baseado no conhecimento. Parece que é uma mulher popular
que está tomando tempo para estudas, que está instalando grandes casas. Eu não acho
que é o caso que um homem não possa liderar uma sociedade de Òrìsà. Você tem a
mesma coisa acontecendo nos Estados Unidos. Muitas das casas que estão começando
nos Estados Unidos são lideradas por mulheres. Isto é um relfexo do que nós vemos na
grande sociedade, aonde mulheres parecem representar um papel importante
semelhante na educação dos filhos. A função da mulher americana negra em suas
comunidades e famílias desde a escravatura tem sido bem ampla.

EDUCAÇÃO E CULTURA

IVOR: Como o estudo acadêmico da cultura Yorùbá na Nigéria aconteceu?

WANDE: Eu fui apontado no sistema universitário como um Indivíduo Pesquisador


Junior nos estudos Yorùbá na Unviersidade de ìbàdàn em 1963 no Instituto de Estudos
Africanos. Aquele foi o primeiro acadêmico apontado no campo de estudos Yorùbá na
Nigéria. Poucos meses mais tarde, Dr.Ayo Bamgbose foi indicado como um
conferencista no Departamento de Linguística e Línguas Nigerianas. Ele tinha acabado
de completar seu Ph.D. em Linguística de Birmingham. Logo depois veio Dr.Adeboye
Babalola, que recebeu seu próprio Ph.D. de SOAS (School of Oriental and African
Studies) Universidade de Londres. Ele tomou deu Ph.D no campo da literatura usando
os cantos Ìjálá como seu material de estudo. Por um tempo aqueles foram os três únicos
de nós trabalhando na língua Yorúbá e sua literatura. Uma vez que eu tinha apenas o
grau de bacharel naquele tempo, eu decidi ir a Universidade Northwestern para um
grau de mestrado em línguas. Naquele tempo eu retornei, Bamgbose tinha criado um
departamento de Lingística e Línguas Nigerianas na Universidade de Ìbàdàn, e ele
tinha começado um curso de graduação de B.A. em estudo Yorùbá lá.
IVOR: A abundância corrente de publicações em língua Yorùbá, inluindo jornais,
novelas, jogos teria sido possível sem este prévio estudo acadêmico na universidades?

WANDE: Não, não teria sido possível. Hoje nós temos oito universidade aonde as
pessoas tomam graduação em estudos Yorùbá como bacharelado, mestrado e Ph.D.
Após o programa em Ìbàdàn foi estabelecida uma em Lagos foi criado, que era
presidido por Adeboye Babalola. Foi aprovada em 1966. RU ensinei na Universidade
de Lagos de 1966 a 1972. então veio a Universidade de Ifè. Eu me mudei de Lagos para
Ifè em 1972 para fundar um departamento de Línguas Africanas e Literatura naquela
Universidade. Sem as pessoas que nós treinamos em todas estas instituições não teria
sido possível para nós agora termos tantos jornais, novelas, jogos na língua Yorùbá. O
que é até mais popular agora é o teatro. Há muitas pessoas que pertencema teatros
ambulantes que executam totalmente na língua Yorùbá. O que é até mais popular
agora é o teatro. Há muitas pessoas que pertencema teatros ambulantes que executam
totalmente na língua Yorùbá.

IVOR: Estes são teatros pupulares ou são executados pelos universitários?

WANDE: Alguns deles são executados por universitários, outros são populares. Há
frequentemente um efeito multiplicador o qual é criado qudno você treina pessoas em
um alto nível de desenvolvimento cultural, especialmente algo como linguagem e
literatura. Quando você está construindo uma casa de educação, você começaria do
telhado. VOcê não começa da fundaçãoVocê não começa da fundação. Se você quer
agora começar a por no papel uma língua africana igual a que você aprenderia no
primário e secundário da escola, você tem que começar do telhado. Você tem que
começar do nível terciário. Você deve identificar algumas pessoas que são intelectuais
e acadêmicos daquele língua, e estabelecê-las no nível terciário de educação, e então
você pede aquelas pessoas para treinarem outras pessoas que tomarão graus
universitários. Esses donos de graduação irão agora aos professores preparando
instituições para treinarem pessoas que irão ensinar nos níveis secundários e primários.
Não há outro modo de fazê-lo, nós devemos treinar os professores dos altos níveis para
baixo.

IVOR: Haviam jornais em Yorùbá durante os dias da colônia?

WANDE: Sim, Haviam poucos. Mas não tantos quantos há hoje. Haviam alguns
novelistas, poetas, e autores dramáticos também. Mas agora há muto mais.

IVOR: Você tem dito que a pior ameaçã a religião Yorùbá não era o cristianismo mas
a educação gratuita. Porque você diz isso?

WANDE: O que aconteceu foi que em 1955 o Governador da Nigéria Ocidental iniciou
a educação gratuíta no nível primário. A educação gratuíta com o intuito de torná-la
obrigatória, mas eles interromperam repentinamente aquilo. Educação gratuíta
quando a princípio era uma coisa boa. Não há dúvida a respeito disso. Eu relembro
quando eu estava na escola primária, não foi fácil para meus pais pagarem as poucas
taxas que nós pagamos naquele tempo. A educação gratuíta foi uma ajuda bem vinda
para muitos pais.Abertas as portas de um tipo de educação ocidental para muitas
pessoas. Concluindo então, educação era a proteção daqueles que tinham os meios. Por
exemplo, a escola primária aonde eu terminei minha educação primária em Òyó era
originamente direcionada para filhos dos chefes apenas. Educação gratuíta abriu as
portas de todas as escolas primárias para todos. Neste sentido, eu acho que a educação
gratuíta foi uma coisa boa por que as crianças simples, pessoas pobres podiam ira a
escola livre de gastos. Mas não há dúvida que afetou nossa cultura negativamente.
Aqueles que planejaram a educação gratuíta eram principalmente cristãos e pessoas
Yoruba ocidentalizadas. Ele falharam em colocar nossas cultura tracidional no
currículo escolar. Como o resultado, nossas canções, tambores, dança, e tradição
religiosa não foram ensinados na escola! De um certo modo o sistema da escola se tornou
um agente ativo de ocidentalização. Não houve nenhuma mudança real do que estava
em atividade nos empos coloniais! Após uma ou duas gerações, a cultura começou a
carecer de pessoas para cuidarem destas tradições. A corrente de informações de pai
para filho, de mãe para filha foi parada, ou até mesmo reduzida dramaticamente.
Quando uma criança vai para a escola e volta a tarde, ele ou ela tem trabalhos de casa
para fazer, ou quer brincar com os amigos. Ao menos nós tentamos muito, o tempo que
é deixado para aquela criança sentar aos pés de um pai e aprender alguma coisa é muito
pequeno.
Há muitas coisas que não são transmitidas dde pai para filho. Em alguns casos, um filho
tem que tornar-se aprendiz de um mestre, e ficar lá para aprender. Uma criança não
pode fazer isto enquanto está indo para a escola. Aqueles que planejaram a educação
gratuíta deveriam ter colocado aspectos da cultura Yorùbá de volta dentro da escola,
entãoeles seriam uma parte do que as crianças aprendiam lá. Eles não fizeram isso de
certa forma por ignorância, e parte por causa de seus preconceitos. O falecido e
respeitado Obafemi Awolowo, que era um primeiro-Ministroda região ocidental
naquele tempo, foi um devoto cristão. Ele não viu realmente a necessidade de preservar
nossa tradição religiosa.
Agora, se a educação gratuíta tivesse parado no nível primário, quem sabe aquilo não
teria se tornado tão drástico, mas em 1979, o partido de Awolowo ganhou as eleições
em todos os cinco estados da nigéria. Os governantes daqueles cinco estados começaram
com educação gratuíta no nível secundário também. Como resultado, o filho de um
sacerdote de Sángó ou Ifá que foi a escola primária sem pagar nada porque era gratuíto,
e que tinha sido tirado de seus pais até a idade de seis anos, agora foi para a escola
secundária também livre de ônus, mas sem algum aspecto de sua cultura sendo
estudado em alguma parte de algum nível. Esta criança está se desviando por mais e
mais tempo de casa. Mutas destas crianças concluiram a escola secundária como
cristãos ou muçulmanos.
Isto foi como eu acredito que a cultura Yorùbá foi muito gravemente devastada. Nós
ainda estamos indo na direção certa agora, mas nós estamos tentando mudar, insistindo
que os filhos de tradicionalista procurem um jeito de estudar Ifá no final da tarde, e
durante os finais de semana. Mas isto não é suficiente. Estas são coisas que tornam-se
necessárias estarem na escola. Isto é nossa própria cultura! Você pode imaginar uma
criança Yorùbá passando através da escola sem estudar Ifá?Qual tipo de educação
aquela pessoa recebe? Alguém que vai para a escola em Yorubaland e não sabe como
dançar música de bàtá ou dùndún, e não sabe como tocar algum instrumento musical
Yorùbá, o que ele está estudando na escola? Se nós ensinamos nossas criançasestas
coisas, eles poderão ir a qualquer lugar no mundo com seus bàtá ou dùndún e fazer
dinheiro. Na Nigéria eles farão dinheiro também! Em vez disso, nós damos a nossas
crianças uma educação literário, lendo novelas, poemas, um pouco de aritimética,
alguns elemento da então chamada ciência sem laboratórios. Este é um tipo de educação
inútil! (1)
(1) recordando sua educação na Nigéria, Rowland Abiodun diz, "Nós aprendemos
Latin e Francês, nós aprendemos História do império Britânico, nós aprendemos sobre
a América e Austrália. Eu conheço a geografia da Tasmânia! Mas não aprendemos nada
- absolutamente nada! - sobre nosso próprio povo. Sua existência natural foinegada.
Nós temos até mesmo esquecido de falar nossa língua!" Rowland Abiodun e Ulli Beier,
Conversatins Ons Yoruba Culture (IWALEWA, 1994)5. [IM]
Educação gratuíta terveria ter sido baseada na nossa própria cultura. Um sistema de
educação gratuíta que ainda está baseado na agenda e no currículo dos tempos coloniais
é uma continuação do colonialismo. E isto é o que tem sido feito inconscientemente.

IVOR: Um argumento feito frequentemente contra esta idéia é que a fim de que a
Nigéra poder competir no comércio no mundo, os estudantes devem aprender as duras
ciências e matemáticas. Alguns educadores perguntaria, "Como aprender Ifá auxiliaria
um jovem nigeriano a liderar um país para um futuro melhor?"

WANDE:O propósito é este. No currículo agora, tudo não é ciência e matemática. Eles
estudam história, ciências sociais, geografia- coisas relacionadas a cultura. Esta é a área
aonde eles podem colocar mais de nossa cultura. Isto não troca as ciências ou
matemática. Ifá sendo a base real da cultura Yorùbá, precisa ser ensinado nas escola
assim que nosso povo irá conhecer sobre nossa cultura como costumava ser no passado.
Se você tem um escola nos estados ocidentais da Nigéria, a cultura da área deveria ser
um componente da ciência social curricular. Música que ele ensinam na escola é
principalmente órgão, piano, e outros instrumentos ocidentais. O período de música
deve ser reservado para ensinar apenas nossa própria música. Isto não troca de maneira
alguma as ciências" Nós estaremos mais preocupados como como aprender Ifá
elevando a nação Yorùbá primeiro, e uma vez que isto está executado, o interesse da
Nigéria que é uma sociedade plural também será apresentado.

IVOR: Nós ouvimos muito da esera política sobre analfabetismo no "Terceiro Mundo,"
e a necessidade das pessoas se tornarem alfabetizadas para seu progresso na escala
social. Qual é sua posição sobre isto?

WANDE: Por que as pessoas colocam tanto ênfase no alfabetismo ou não alfabetismo?
Este é o modo como o mundo ocidental está organizado. Toda educação formal corre
através do apreendizado e do sistema escolar. Aqueles de nós que têm estado na escola
sabem que algumas pessoas aprendem mais nas ruas, falando com as pessoas e
interagindo com elas. Nós rejeitaríamos esta dicotomia da alfabetização, pré-
alfabetização, ou analfabetismo, aonde uma pessoa que é não analfabeta se supõe ser
como um tolo. Isto é uma diéia elitista que eu acho não possuir água. Se uma pessoa não
sabe como ler ou escrever, não significa que ele seja um tolo. Na África hoje mais de
cinquenta por cento da população não sabe como ler ou escrever.
IVOR: Isto é compreensível na África aonde as tradições orais são parte do processo
cultural vivo. Quais entre os descendentes dos africanos nas Américas, que têm estado
isolados de suas tradições orais?

WANDE: Por que ele estão isolados? É por causa dos sistema de escolas ocidentais e a
ênfase em ser alfabetizado. See o sistema escolar não era o que é, então ainda será uma
sala para crianças aprenderem muito de seus pais, de seus mestres, e assim por diante.
A escola é um motivo do mundo ser organizado como é hoje. Quem sabe seres humanos
aprenderão mais de uma sociedade sem escola.

IVOR: Quais são os passos básicos para construir uma nação na África?

WANDE: O sistema escolar tem de ser descolonizado. Ainda é uma entidade colonial.
As pessoa devem ser permitidas a fazer uso da própria linguagem para estudar!
Imediatamente você educa este sujeito, pessoa dirão, "Como isto é possível, se pessoas
falam duzentas línguas em seu país, como pode eles fazer isso? Vocês irão usar as
duzentas línguas na escola?" Mas isto é uma simplidicação demasiada. Embora hajam
mais do que cem milhões de pessoas na Nigéria que falam duzentas línguas, quando
você se volta para observar, minoridades linguísticas são sempre bilíngues ou
multilíngues. Se você fala uma língua que é tãopequena, você tem que aprender uma
outra língua, provavelmente a língua de seus vizinhos que é mais amplamente flada. A
mesma coisa acontece na Europa. QUantas pessoas falam flamengo? Quantas pessoas
falam tcheco? Quantas pessoas falam Portugês na Europa? Mas as pessoas naquelas
áreas irãoentão aprender Ingês, ou Francês ou Alemão. Mas isto não é um argumento
para dizer que o Flamento não deveria ser usado na escola! OU Portugues deveria ser
esquecido. Veja a China, a qual tem cinquenta e dois grupos de línguas para 1.4 bilhões
de pessoas. Alguns destes 52grupos não são mesmo um milhão de pessoas em número,
e eles permitem-nosa utilizar seu idioma para a educação no primário, secundário, até
mesmo nos níveis universitários. (2)
(2) Dialetos locais são falados nas escolas chinesas por que documentos escritos são
padronizados em caractéres em Mandarim e usados por todo país. Pessoas que falam
cada dialeto pronunciam estes caractéres padrões diferentemente de acordo com seu
próprio dialeto. [IM]
Se você tem especialistas para ensinar Inglês, e laboratórios para ensiná-lo, as crianças
serão capazes de falar Inglês, e usá-lo bem. É apenas na África que as línguas indígenas
não estão sendo utilizadas na educação, em todo mundo! (3)
(3) Exceto é claro por algumas partes do mundo aonde a colonização européia e o
imperialismo ainda continuam.[WA]
Colonialismo e escravidão não terminaram no continente africano! Uma vez que uma
pessoa não tem a permissão de usar sua própria língua mãe para a educaçãop na
infância, suas mentes tem estado colonizadas! o espaço conceptual em suas mentes tem
estados ocupados pela língua que eles agora falam, que faz deles mais ou menos como
robos.
A outra coisa é que a religião deveria ser livre. Pessoas deveriam ser permitidas de
praticar sua religião livremente, e o estado deveria tirar suas mãos da religião
completamente! Se você é muçulmano, e você quer ir a Mecca, tudo bem. Se você quer
ir a Roma e ver o Papa, bom. Mas porque deveria isto ser financiado pelo estado?
Não há um único feriado para celebrar um evento tradicional na África. Nenhum! Eles
tem feriados para celebrar muitos eventos cristãos e muçulmanos, mas nenum dia é
deixado para o povo tradicional.

GLOSSÁRIO

ÀÀRÁ - Trovão.
ÀBÍKÚ - lit.: "nascido para morrer." A mesma criança indo e voltando seguido entre
o mundo mortal e espiritual.
ABÍMBÓLÁ ÌRÓKÓ - (D.1971) o pai do Prof. Abímbólá.
ÀBORUÚ BO YÈ, BO SÍSÉ! - Um cumprimento par aum BABALAWÓ.
ADESINA - O nome do primeito BABALÁWO de Cuba (séc.19). "ADE significa
"coroa." "Adésína" significa "coroa abre o caminho."
ÀFÒNJÁ - O nome de um príncipe de Òyó. Outro nome de Sàngó.
AGANJÚ - Um Aláàfin ancestral que agora é uma divindade. Ele governou após Àjàká
que sucedeu Sàngó. Chamado "Agayú/Aganyú" em Cuba.
ÀGBÒ MÓMÓ - O nome de um carneiro que guarda Mòmò, o portão entre o céu e a
terra.
ÁGBONGBÓN - Uma pessoa cuja função é análoga ao vice imediato do Àràbà de Ifè.
ÀGÈRÈ - Um tambor de Ògún.
ÀGÒ - Permissão, por exemplo, "Àgò" é expressado antes de entrar na casa de outra
pessoa.
AGOGO - Gongos de ferro usados para fazer música para Ifá.
ÀJÀKÁ - Irmão mais velho de Sángó, também conhecido como Dáda, ou Àuùwòn.
ÀJÀLÀ - Um pode sobrenatural (provavelmente não um Òrìsà) que supre os seres
humanos com seus Orí-Inú (cabeça interna) logo após eles nascerem.
ÀJÀÓ - Tia da Mãe do Professor Abímbóla.
ÀJÉ - Com frequência traduzido insatisfatoriamente como "bruxa." Àjé é uma mulher
que é um ser humano, mas que pode ser negativa algumas vezes. Elas atacam as pessoas,
elas podem fazer uma pessoa ficar doente, elas pode matar uma pessoa, elas podem
sugar seu sangue. Elas podem também fazer o bem a uma pessoa que elas gostem, elas
podem fazê-la rica, elas podem fazê-la poderosa. Elas representam o poder feminino e
pertencem a uma sociedade cujos membros se tranformam em pássaros a noite.
AJOGUN - Os oito senhores da guerra dos poderes sobrenaturais malevolentes no lado
esquerdo do cosmos Yorùbá.

ÀKÀRÀ - Um pudim de feijão que é um item alimentício comum na Nigéria e no Brasil.


No Brasil é chamado àkààje. Esta comida é usada para alimentar Egúngún e outros
Òrìsà.

AKÓDÁ - Um importante título Ifá que significa " primeira pessoa a consultar Ifá."
Akódá é a mão direita do homem e o próximo no ranking para Olúwo (sacerdote chefe).

ALÁÀFIN DE ÒYÓ - O Imperador dos Yorùbá.


ALÁPÌÍNI - O sacerdote chefe do Egúngún. Alápìíni de Òyó é o sacerdote chefe de
Egúngún no mundo.

ÀRÀBÀ - Um descendente direto de òrúnmìlà. Ele é o líder hereditário da comunidade


de Ifá em Ifè e no mundo. Sua família natal está na montanha de Ìtasè, a qual está
situada no centro da cidade de Ilè-Ifè.

ARÈ - A coroa de Obàtálá.

ÀRÙN - Doença. Um dos oito senhores da guerra dos poderes sobrenaturais maléficos.

ÀSE - Poder espiritual, o poder de fazer as coisas acontecerem.

ASÈDÁ - Um dos 16 maiores BABALÁWO de Ifè.

ASÍPADE - O líder da comunidade de Ògún.

ÀTE - Uma bandeja feita de palha, na qual as pessoa divinam usando dezesseis búzios.

ÀWÍSE AWO NÍ ÀGBÁYÉ - O título do porta-voz do BABALÁWO Yorùbá no mundo,


atualmente ocupado pelo Professor Abímbólá.

AWO OÒNI - Os dezesseis sacerdotes de Ifá do Oòni de Ilè-Ifè, com o Àràbà como
presidente.

ÀYÀN - Òrìsà do tambor, chamado "Aña" ou "Anyá" em Cuba.

ÀYÒNÙ - Pai fundador da cidade de Ìlobùú.

AYÒÒSÀ - A pessoa que retira "Òòsà," que é, o ícone de Sàngó debaixo do solo após
os raios cairem.

BAÁLÈ - Chefe de uma vila.

BABALÁWO - Divinador de Ifá.

BABA MOGBÀ - Um importante título de Sàngó, atualmente preenchido pelo Sr.


Maximiliano dos Santos, Mestre Didi, em Salvador, Bahia.

BÀTÁ - Um sagrado mas versátil tambor com duas membranas Yorùbá o qual se
acredita ser um tambor de Sàngó.

DÍLÓGÚN, DÍNLÓGÚN - divinação com dezesseis búzios.

DÙNDÚN - Um tambor versátil, normalmente chamado de "tambor falante."


Entretanto não fala mais do que o Bàtá.
EBO - Sacrifício

EDÙN - Pedras sagradas a Sàngó, divindade do trovão, por isso elas são chamadas
"pedras de trovão."

ÈÉGUN ÒKÈÈRÈ - A árvore Ceiba. Isto é a que os cubanos se referem como Ìrókò.
Não é atualmente Ìrókò, mas Èégun òdèèrè, que é, de qualquer forma uma árvore
sagrada na África.

EÉRÌNDÍNLÓGÚN - A forma completa do sistema de divinação Dílógún. A palavra


Dílógún é um diminutivo da palavra Eérìndílógún.

ÈGBÁ - Paralisia. Um dos oito senhores da guerra dos poderes maléficos


sobrenaturais.

ÈGBÁDÒ - A parte sudoeste de Yorubaland fazendo fronteira coma República do


Benin.

ÈGÚN - Uma maldição a qual, uma vez expressada, continua a agir de uma geração
para a próxima.

EGÚNGÚN - Sociedade de cultuadores dos ancestrais. è possivel para alguns humanos


se tornarem òrìsà, mas eles devem estar ligados ao Òrìsà pelo nascimento a fim de se
tornarem Òrìsà. Algum ser humano que não tenha conexão hereditária com o ÒrÌsà irá
se tornar um Egúngún quando ele morre.

ÈGÚSÍ - Uma sopa preparada com sementes de melão.

ELÉGBÁRA - Outro nome de Èsù. "Eleguá" em Cuba.

ELÉGÙN - Um "médium," ou "cavalo." Por exemplo, um Elégùn de Sàngó é uma


pessoas consistentemente "possuída" ou "montada" por Sàngó. Elégùn é um òjísé ou
mensageiro de Sàngó.

ÈMÍ - Respiração/fôlego/hálito, coração. Èmí é considerada como filha de Olódùmarè.

ÈPÈ - Praga. Um dos oito poderes sobrenaturais maléficos. diferente de ègún, esta
praga não vaga para as gerações subsequentes.

ERINLÈ - Divindade. Ele é um homem da medicina bem como um caçador chamado


Ode dúdú, o caçador negro. Erinlè é um triburário do rio Òsun, e considerado o
gruadião, ou o patriarca da cidade de Ìlóbùú. Chamado "Inle" em Cuba.

ESE - Um verso da literatura sagrada de Ifá.

ÈSE - Um dos oito senhores da guerra dos poderes sobrenaturais


maléficos,representando todas as outras aflições não mencionadas pelos nomes.
ÈSÌÉ - Uma cidade ao norte de Yorubaland (Estado Kwara, Nigéria) aonde Òsan-ìn se
tornou rei.

ÈSÙ - Uma divindade Yorùbá trapaceira também conhecido como ELÉGBÁRA,


Eleguá em Cuba, ou Legba no Haiti.

ÈSÙ ÒDARA - Uma das muitas materializações divinas de Èsù.

ÈTÙTÙ - Na base Yorùbá ètùtù significa "um ritual refrescante." Em Cuba, "itutu" é
o nome de um ritual de funeral para um sacerdote Lukumí (Lùkùmi).

ÈWÒN - Aprisionamento. Um dos oito senhores da querra dos poderes sobrenaturais


maléficos.

GÈLÈDÉ - Uma apresentação de mascarados usada principalemtne em honra "nossas


mães." Visto que Gèlèdé é o mais importante aspecto da cultura de Kétu e partes de
Ò`nkò falando de regiões, um estilo de apresentação de lá.

GÙN - Uma palavra Yorùbá que significa "montar." É uma palavra apropriada para
a presença de um Òrìsà em um Elégún, um fenômeno normalmente traduzido como
"possuir."

ÌBÀDÀN - A maior cidade na Nigéria, a capital do estado de Òyó e a segunda maior


cidade Yorùbá na Nigéria. Ìbà - um bosque denso onde caçadores se deitavam a espera
de animais. Òdàn - Savana.

ÌBEJÌ - Lit.: "gêmeos." Crianças gêmeas falecidas são cultuadas como Òrìsà pelos
Yorùbá.

ÌBÒ - Usado pelos divinadores para jogar a sorte para descobrir se a resposta para suas
questões é um "sim" ou um "Não." É feito de um búzio e um osso e alguns outros
implementos também.

IFÁ - Òrúnmìlà, a divindade responsável pela divinação.

IFÁDÁYÌÍRÓ - O falecido Olúwo de Akeètàn, Òyó, que ensinou o Professor Abímbólá.

ÌGÈTÍ - Uma montanha em Ilé-Ifè aonde Ifá morou primeiro antes de mudar-se para
Ìtasè. Ìgètí é agora a casa do Àgbongbòn.

ÌJÁLÁ - Poema dos caçadores entoado em honra de Ògún.

IKÚ - Morte. Um dos oito senhores da querra dos poderes sobrenaturais maléficos.

ILÉ - Casa.
ILÈ - O nome do Òrìsà planeta Terra, também conhecido como ETÍFBÉRE, ÀBÈNÍ,
ÀDÈ.

ILÉ ÀSE ÒPÓ ÀFÒNJÁ - O maior templo de Sàngó no Brasil, localizado em Salvador.

ILÉ - IFÈ - A cidade sagrada Yorùbá, a Jerusalém ou Meca do povo Yorùbá.

ÌLÈKÈ - Colar colorido codificado de cotnas que são ícones de um Òrìsá em particular.

ÌLÈPA - Um tipo de terra vermelha abaixo da superfície do solo, considerada como


portal da morte; é usado para a execução de juramentos.

ÌLÚ - Pessoas ou uma cidade.

ÌLÙ - Percussão.

ILÙ - SÍSÈ - Um concerto de tambores de poesia de louvor sem voz executada usando
Bàtá ou dùndún. É executado parao Òrìsà, o rei, o Egúngún, e para a morte.

ÌPÈSE (ÀRÀN) - Tambores para a divindade Ifá.

IRÁ - Uma cidade Yorùbá as margens do Rio Níger, que se acredita ser a casa de Oya.

ÌRÓKÉ - Madeira esculpida ou pedaço de marfin usadopara bater na bandeja de Ifá


durante a divinação.

ÌRÓKÒ - Uma árvore teca. A árvore Ceiba de Cuba é chamada Ìrókò pelos Lùkùmi.
Entretanto, para os Yorùbá do Oeste da África, esta não é o Ìrókò, mas Èégun òkèèrè,
que é também uma árvore sagrada para os Yorùbá.

ÌROSÙN - Uma árvore da qual é extraído o pó amarelo, deixado pelos cupins, que é
usado pelos divinadores de Ifá. Também o nome de um Odù Ifá.

ÌRÙKÈ - ìrùkè é segurado pelos sacerdotes da religião Yorùbá. É feito do rabo de vacas
ou cavalos. Reis e homens nobres e mulheres também o empunham.

ÌSOKÙN - Uma lugar na antiga Òyó aonde a esposa de um Aláàfin (Imperador) em


particular teve dezesseis filhos gêmeos em sequência, todos eles são homens. O nome de
louvor dos gêmeso, "Ejìré, ará Ìsokùn," significa "gêmeos idênticos, prole de Ìsokùn."

ÌSÒLÁ - O nome do avô materno do Prof..Abímbólá.

ÌTASÈ - Uma montanha aonde o lar do Àràbà de Ifè está localizado em Ilè-Ifè.

ÌYÁ - Mãe.

ÌYÁLÓÒSÀ - "Mãe que tem ÒÒsà." Termo para uma sacerdotisa de um ÒrÌsà.
IYAN - Inhame triturado.

ÌYÁNÍFÁ - Uma divinadora de Ifá (feminina).

IYAWO - Um novo iniciado.

ÌYÈRÈ - Quando ese Ifá é executado integralmente, com direito e reação e algumas
vezes com o acompanhamento de música, é chamado Ìyèrè.

ÌWÀ LÈSÌN - "Caráter é religião."

ÌWÀPÈLÉ - Caráter bom e gentil.

IWIN - Um espírito.

ÌWO ÀSE - Um chifre de animal aonde àse é guardado em sua forma concreta.

ÌWÒRÌWÒFÚN - O nome de um Odù que se acredita carregar muitas bençãos.

LÙKÙMI - O povo Yorùbá de Cuba, seus progenitores, e todos aqueles que praticam
sua religião. escrito "Lukumí/Lucumí" em Cuba.

MÉJÌ - Ordinariamente significa "dois," também se refere as Odù maiores por que a
mesma sinalização no lado direito da corrente ou na tábua de divinação é dobrada ou
gêmea tendo o mesmo sinal na esquerda.

MÉRÈÈRÌNDÍNLÓGÚN - "Todos os dezesseis." Por exemplo, "todos os dezesseis


maiores Odù de Ifá."

MOGBÀ - Título do líder da comunidade Sàngó em Òyó.

OBA - Frequentemente traduzido erroneamente como "rei." "Soberano/poderoso" é


um termo melhor por que como Oba, é um termo de gênero neutro para um
comernador. Por exemplo, o ÒrÌsà Oya tem seu próprio poder, não como um derivativo
do poder de seu marido, como é o poder de uma "rainha."
Soberano/Poderoso/potentado deriva da palavra "poder." "Monarca" é outro termo
sem gênero para um governador, mas por causa das implicâncias da regra de
hereditariedade, não é tão apropriado como "potentado/soberano."

OBADÍO - Sacerdote chefe de Odùduwà que esteve presente na Conferência Mundial


de Òrìsà em São Salvador, Brasil, em 1983.

OBALÉSÙN - Sacerdote Chefe de Obàtálá que esteve na Conferência Mundia de Òrìsà


em São Salvador , Brasil, 1983.
OBÀTÁLÁ - Divindade, "rei do pano branco." Outro de seus nomes é òòsàála.
Chamado "Obatalá" em Cuba.

ÒBÚ - Um giz da cidade de Ìlóbùú que tinh sido usado como sal de mesa nos tempos
antigos. Também conhecido como "Òbúòtóyò."

ÒDÍ - O quarto Odù da literatura de Ifá.

ODÙ - Um capítulo da literatura de Ifá. Cada Odù tem um signo correspondente que
surge na divinação.

ODÙDUWÀ - Também conhecido como Olófin. Ele é considerado o fundador da raça


Yorùbá. O reis Yorùbá delegam sua ancestralidade a ele. Chamado "Oddúa/Odúa" em
Cuba.

ÒGÌYÀN - O Rei de Èjìgbò que representou o Oòni na Conferência Mundia de Òrìsà


em Salvador, Brasil, em 1983. Ògìyà é também um importante Òrìsà guerreiro
relacionado a Obàtálá. O rei de Èjìgbò é um descendente direto de Ògìyàn.

ÒGÚN - Divindade do ferro.

ÒGÚNWÁÑDÉ - Primeiro nome completo do Prof.'Wáñdé Abímbólá. Significa "Ògún


está aqui olhando por mim."

OKÀ - Painço.

ÒKÈ ÀRÀ - Uma montanha nas vizinhanças de Ilè-Ifè de onde as divindades desceram
após a criação da Terra.

OLÁ - Honra.

OLÓDÙMARÈ - O deus supremo Yorùbá, também conhecido como Olófin òrun.

OLÓFIN AYÉ - Este é outro nome de Odùduwà.

OLÓFIN ÒRUN - O deus supremo Yorùbá, também conhecido como Olódùmarè.

OLÓKUN - Acreditado pelos Yorùbá com sendo a última esposa de Òrúnmìlà. Olókun
é a divindade do Oceano Atlântico, que é conhecida como Òkun Yemideregbe.

OLÓRÌSÀ - "Pessoa que tem Òrìsà." De "O-ní-Òrìsà" (ní = ter).

OLÓRUN - Olórun é o mesmo que Olódùmarè. Derivado de O-ní-òrun, significando


"proprietário do òrun," ou "proprietário do céu."

OLÚWO - O sacerdote chefe de todos os BABALÁWO na cidade ou vila.


ÒNÀ - Estrada. No conceito Yorùbá Ònà é para ser uma divindade.

O`NDÓ - Uma cidade nigeriana que se acredita ter sido fundada pela gêmea (feminina)
de Olófin. O nome desta fundadora é Púúpùùpúú. que significa " alguém muito
baixo/pequeno."

Ò`NKÒ - Uma forma de dialeto dos Yorùbá aonde "chi" ou "che" é pronunciado,
contra o "s" ou Sh" de outros dialetos Yorùbá. O dialeto Ò`nkò é baseado naqueles do
ocidente de Yorubaland, enfileirando de Saki para Ìséyìn, Ìbàràpà, Ègbádò e Kétu.

ÒÒGÙN - Folhas, ervas, raízes usadas para fazer um remédio. A palavra pode também
ser usada para se referira a remédios em um senso geral.

Òògùn - Lit.: "Rio de remédio." Um rio dp qual se acredita ter se originado de um pode
de barro de remédios com o qual Yemoja alimenta seus filhos.

OÒNI - O Oòni é o representante de Odùduwà; Ilé-Ifè é seu domínio. O Oòni é ele


mesmo um Òrìsà. A forma completa do nome é Oònirìsà.

ÒÒRÙN - O Sol.

ÒÒSÀ - Um dos ícones de Sàngó encontrados dentro da terra após a queda de um raio.
Òòsà é um diminutivo da palavra "Òrìsà." "Ìyá - ní- Òòsà," significa "Mãe que tem
Òòsà." "Òòchà" é uma forma de dialeto de "Òòsà." Em Cuba a cerimônia "Ocha "
ou "Osha" é o sétimo dia da iniciação de um sacerdote do Orishá (santero).

ÒÒSÀÁLA - Outro nome para Obàtálá, chamado "Oxala" no Brasil.

ÒPÈLÈ - A corrente divinatória usada pelos sacerdotes de Ifá.

ÒPÓ - Pilar.

OPÓN - Tábua da divinação de Ifá.

ÒRÀN - "Grande Problema." Um dos oito senhores da guerra dos poderes


sobrenaturais maléficos.

ÒRÀNMÍYÀN - Òrànmíyàn, Akin Òrun, se acredita ter sido um gigante.(1)


(1) Ver também Morton-Williams, P."An Outline of the Cosmology and Cult
Organization of the Oyo Yoruba." Africa 34,3(1964): 243-60.
Em alguns mitos ele foi o fundador da Antiga Òyò (Òyó Ilé), bem como fundador de
Ogiso a dinastia imperante da cidade de Benin. Ele também reinou como um rei em
Ilè-Ifè. Uma divindade guerreira Yorùbá, ele é também um neto de Odùduwà.
Odùduwà tinha um filho, chamado Òkánbí, que tinha muitos filhos, dos quais
Òrànmíyàn era supostamente para ser o último.

ORÍ - Cabeça.
ÒRÌSÀ - Termo Yorùbá para "divindade." Pronunciado "Orisha/Orichá" em Cuba.

ÒRÚNMÌLÀ - Ifá, a divindade responsável pela divinação.

ÒSAN-ÌN - Divindade das ervas, folhas, e remédios. Chamado "Osaín/Osáin" em Cuba.

ÒSÙMÀRÈ - O Arco-íris que também, é uma divindade.

ÒSUN - Uma divindade feminina associada a fundação da cidade de Òsogbo. Ela agora
existe na forma do rio Òsun. Chamado "Oshún" em Cuba.

OWÓ IFÁ KAN - Lit.: uma mão de Ifá. As dezesseis nozes de palma sagradas que
alguém recebe. Chamada "El mano de Orula" ou "La Ikofa de Orula" em Cuba.

OYA - Uma divindade feminina que era a esposa favorita de Sàngó. Ela é agora
representada pelo Rio Níger. Irá, a cidade Yorùbá nas margens do Rio Níger, é
considerada o lar de Oya. Pronunciado "Oyá" em Cuba.

ÒYÈKÚ - O segundo Odù de Ifá.

ÒYÓ - Uma importante cidade Yorùbá na Nigéria que uma vez foi a capital do imperio
Òyó.

RÍRÁN - "Repetição," um processo através do qual os aprendizes de Ifá memorizam


os versos.

SÀNGÓ - Divindade do Trovão. Chamado "Shangó/Changó" em Cuba.

SÀNGÓDAYÒ, IFÁGBÉMISÓLA, OJÓAWO, ÀWÈLÉ - Mãe do Prof. Abímbólá.

SÀRUN - Título do chefe emesè (mensageiro) do Oòni de Ifè.

TÁÍWÒ - O nome do primeiro gêmeo a nascer.

WOGBO IFÁ - O estágio final da iniciação para um BABALÁWO, que significa


"entrar na floresta de Ifá."

YEMOJA - Uma divindade Yorùbá agora representada pelo Rio Òògùn na Nigéria.
Chamada "Yemayá" em Cuba.

YORÙBÁ - Um grupo lingístico e cultural da África ocidental


IVOR: pág. 164

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