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CONSÓRCIO MILHO BRAQUIÁRIA E SEUS BENEFÍCIOS PARA O SOLO

Jorge G. LORENZETTI*1, Alexandra P. SOARES1, Maxsuel A. RODRIGUES1


1
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso, Campus São Vicente, Mato
Grosso, Brasil.
*autor para correspondência: estudante.jorgelorenzetti305@svc.ifmt.edu.br

Resumo: Com o desenvolvimento da agricultura tecnológica o solo passou a ser utilizado


de forma intensa, ficando propício à instalação de processos erosivos, exigindo a utilização
de práticas conservacionistas, que previnam ou recuperem sua qualidade química e física.
O consorcio milho braquiária, além de produzir grãos, gera restos culturais provenientes da
braquiária na superfície do solo, melhorando seus aspectos físicos, químicos e biológicos.
O objetivo deste trabalho foi avaliar diferentes populações de plantas de Braquiária
ruziziensis consorciadas com milho, na umidade e temperatura do solo e nos componentes
de produção dessas plantas. A produtividade do milho e a umidade do solo não foram
afetadas pelo consorcio, o aumento da população de plantas proporcionou aumento na
produção de matéria fresca na superfície do solo, reduzindo sua temperatura superficial.

Palavras-chave: integração lavoura pecuária, temperatura do solo, umidade do solo

1 Introdução
A agricultura tecnológica passou a exigir mais do solo com o passar dos anos, visando
maiores produtividades e consequente rentabilidade. A sequência de safras, o aumento da
população de plantas e o uso de variedades mais exigentes em fertilidade, estão entre os
fatores que contribuem para a degradação química e física do solo, exigindo a adoção de
práticas conservacionistas que favorecem sua reestruturação, adicione nutrientes e
resíduos orgânicos, recuperando dessa forma sua capacidade produtiva.
A técnica do consorcio, cultivo de duas culturas simultaneamente, contribui com a
proteção da superfície do solo. De acordo com Sans e Santana (2002), o milho consegue
se adaptar a diferentes manejos, da rotação ao consórcio, sua combinação com a
braquiária, além de grãos, produz um volume de resíduos orgânicos capaz de promover os
benefícios citados, a curto, médio e longo prazo, devido a constituição desses resíduos
(relação C/N).
Segundo Acosta et al. (2004) a cobertura vegetal gerada pela palhada, além de atuar
como barreira física contra o processo erosivo, também exerce a manutenção da umidade
do solo e a redução da temperatura durante os momentos mais quentes do dia. Assim, esse
trabalho teve como objetivo avaliar diferentes populações de plantas de Braquiária
ruziziensis consorciadas com milho, na umidade e temperatura do solo e nos componentes
de produção dessas plantas.

2 Material e Métodos
O experimento foi conduzido na segunda safra de 2021/21 em condições de campo,
na Fazenda Pirassununga, localizada na região sul do estado de Mato Grosso, município
de Campo Verde – MT. A área utilizada para realização do experimento é nova, foi
incorporada ao cultivo recentemente. O solo predominante na área foi classificado como
Latossolo Vermelho-Amarelo Distrófico Típico (Embrapa, 2018). O delineamento
experimental foi de blocos ao acaso, com quatro repetições, uma variedade de braquiária
(B. ruziziensis) em quatro arranjos populacionais (5, 10, 15 e 20 plantas por m2), tendo o
milho solteiro como testemunha, totalizando 20 unidades experimentais. A cultivar do milho
foi semeada no dia 07 de fevereiro de 2021 de forma manual. A braquiária (B. ruziziensis)
foi semeada manualmente, no mesmo dia, nas entre linhas da cultura de grãos, sendo
incorporada com o auxílio de um rastelo. A variável avaliada na cultura do milho foi a
produtividade, na braquiária a produção de massa fresca, utilizando um quadrado de
madeira, de 0,25 m2 para coletar a mesma. A temperatura do solo foi medida em três
horários, 7; 12 e 17 horas, com um termômetro digital. A umidade gravimétrica do solo foi
medida após coleta de amostras de solo utilizando um enxadão para abertura de trincheiras
nas profundidades (0,0-0,2m;0,2-0,4m), as amostras foram secas em estufa a 105°C, por
24 horas. Os resultados foram avaliados por meio da análise de variância (ANOVA),
comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, utilizando o software Sisvar.

3 Resultados e Discussões
A produtividade do milho (Tabela 1) não foi influenciada pelas diferentes populações
de braquiária, evidenciando a não competição entre as culturas. Com o aumento
populacional de plantas de braquiara por m 2, observa-se o aumento do peso fresco de
braquiária por ha, apresentando o maior valor em 20 plantas por m2, com média de 5.455
Kg/ha (Tabela 1). Apesar disso, os resultados obtidos em relação ao peso seco dos
diferentes tratamentos, não apresentaram diferença estatística entre si (Tabela 1).

Tabela 1 – Produtividade de grãos (PG) em Kg/ha, peso fresco (PF), peso seco (PS), umidade gravi-
métrica (UG) nas profundidades de 0,0-0,2 m e 0,2-0,4 m, com diferentes populações de braquiária.
PG PF PS UG UG
População de braquiária por m 2 (Kg/ha) (Kg/ha) (Kg/ha) 0,0-0,2 0,2-0,4
(%) (%)
0 7.453,33 a 0,00 a 0,00 a 14,75 a 21,25 a
5 6.659,99 a 3.427,50 b 827,17 b 17,00 a 21,00 a
10 7.099,99 a 4.252,50 b c 1.057,60 b 17,50 a 21,00 a
15 6.826,66 a 4.780,00 b c 1.281,20 b 18,50 a 19,75 a
20 6.906,61 a 5.455,00 c 1.462,50 b 18,50 a 19,00 a
Média Geral 6.989,32 3.583,00 925,69 17,25 20,40

A temperatura do solo foi influenciada pelo acréscimo de resíduos, havendo uma


redução da mesma as 12 horas (Figura 1), no entanto essa eficiência permaneceu com o
aumento das populações de braquiária. Silva et al. (2006) destaca a importância dos
resíduos culturais remanescestes na superfície do solo, alterando processos físicos,
químicos e biológicos, influenciando o crescimento e o desenvolvimento vegetal, tendo em
vista a redução da temperatura excessiva e da perda de água.

Figura 1. Temperatura superficial do solo em diferentes horários do dia.


O teor de umidade do solo não sofreu influência dos tratamentos nas profundidades
avaliadas (Tabela 1). Isso se deve provavelmente a baixa quantidade de matéria seca
restante no solo. Resultados diferentes destes foram obtidos por Acosta et. al (2004), que
obtiveram um aumento na umidade do solo, de acordo com o aumento da quantidade de
resíduos de diferentes culturas de cobertura de inverno, chegando a ser até sete vezes
mais alta que os dados do presente trabalho.

4 Conclusão
Através desse trabalho conclui-se que: 1) A produtividade do milho não sofreu
influência do consorcio. 2) O aumento da população de plantas no consorcio proporciona
aumento da produção de matéria fresca. 3) A presença da braquiária reduz a temperatura
do solo independente da população de braquiária avaliada. 4) A matéria seca remanescente
não afetou a umidade do solo nas profundidades avaliadas.

Referências Bibliográficas
ACOSTA, J. A. A.; GIRALDELLO, V.; WEBER, M. A.; ROSSATO, O. B.; SANTI, O. G. R.;
LOVATO, T.; AMADO, T. J. C. Efeito na temperatura e na umidade do solo pelo aporte de
resíduos orgânicos de culturas de cobertura. VII Encontro Latino-Americano de Iniciação
Científica e IV Encontro Americano de Pós-Graduação. Rio Grande do Sul, 2004.
Disponível em: < http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2004/trabalhos/epg/pdf/EPG5-
9.pdf>. Acesso em: 22 set. 2021.

EMBRAPA. Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília: Embrapa Solos, 2018.


SANS, L. M. A.; SANTANA, D. P. Cultivo do Milho. Clima e Solo. Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Sete Lagoas, 2002. 18 p. (Embrapa Milho e
Sorgo. Comunicado Técnico, 132). Disponível em: <
https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CNPMS/15594/1/Com_38.pdf>. Acesso
em: 21 set. 2021.

SILVA, V. R.; REICHERT, J. M.; REINERT, D. J. Variação na temperatura do solo em três


sistemas de manejo na cultura do feijão. R. Brasileira de Ciencia do Solo, 30:391-399,
2006 Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/rbcs/a/q38YvBqZSy8hQfNDdrXkSbx/?format=pdf&lang=pt>.
Acesso em: 21 de set. 2021.

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