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Universidade Federal do Rio de Janeiro

Instituto de História
Disciplina: Educação Brasileira
Estudante: Maria Eduarda de Moraes Vieira Peixoto
Professor: Armando de Castro

10ª Semana de Integração Acadêmica da UFRJ / SIAC


Comunicação: A História das mulheres na alta Idade Média: considerações
preliminares sobre a atuação eclesiástica
Comunicadora: Letícia Alves Jordão

Letícia Alves Jordão é aluna do 8° período de história da UFRJ, integrante do


Programa de Estudos Medievais (PEM) e orientanda do professor doutor Paulo Duarte.
Sua comunicação se insere na produção de sua monografia de conclusão do curso,
portanto encontra-se ainda em caráter inicial. No entanto, a documentação trabalhada na
comunicação apresenta relações estreitas com a temática proposta para sua pesquisa e
por isso é explorada como tema.

Como objeto da comunicação tem-se a relação estabelecida entre a Igreja,


enquanto instituição política e religiosa, e as mulheres no período medieval, com
destaque à Alta Idade Média. O objetivo de Letícia perpassa uma discussão de como a
Igreja, através do poder episcopal, influenciou nos comportamentos das mulheres a
partir da análise de modelos comportamentais femininos.

A estudante de História afirma que quando nosso objeto de estudo no período


medieval relaciona-se com as mulheres e a figura feminina, nossa preocupação precisa
ser significativa, visto que é um período que a documentação que chega para nós é
fundamentalmente masculina e, somado a isso, eclesiástica. Além disso, a imagem que
temos da mulher medieval foi construída majoritariamente por homens.

Nesse sentido, busca-se na historiografia conceitos a fim de nos servirem como


uma base teórica para a análise e reflexões. Letícia apresenta a noção de gênero de
Joann Scott, a quem entende como “gênero” a organização social da relação entre os
sexos. Esta defende que é uma categoria social imposta sobre um corpo sexuado.
Somado a isso, utiliza o conceito de “dominação masculina” que P. Bourdieu propôs
pela primeira vez em 1998, aonde aborda a interiorização dessa dominação pelas
mulheres, aceitando-as como naturais e inquestionáveis, inscritas na ordem das coisas.
Por fim, entende que essa dominação do masculino sobre o feminino é justificada e
continuada pelo cristianismo enquanto Igreja católica.

Letícia defende então que o discurso cristão aprece muito mais como justificador
teológico da inferioridade social feminina do que inaugurador, visto que desde a
antiguidade existe a presença de um discurso de valorização do masculino, em
detrimento do feminino. O cristianismo se fortalece, portanto, com um discurso que
aprofunda essa depreciação feminina. Este discurso se traduz em dominação masculina,
uma vez que é interiorizado pelas mulheres por meio de algumas estratégias
estabelecidas pela instituição Igreja.

A carta de Gregório, seu documento trabalhado, se insere nessa lógica. Foi


escrita durante o período que foi bispo de Roma, entre 590 e 604, depois de sua volta de
Constantinopla. Gregório foi à Constantinopla a pedido do bispo romano da época e
durante sua estada teria conhecido muitas pessoas. Dentre elas, a senhora de quarto da
Imperatriz Constantina. Essa carta se endereça a ela e seria uma resposta a uma suposta
carta anterior, que se trataria de uma confissão.

Nessa carta, ele funde a figura de três mulheres na figura de Maria Madalena,
onde o destaque recai sobre a pecadora anônima da cidade. O modelo comportamental
oferecido às mulheres de Maria Madalena então se relaciona com essa associação de
Madalena com a prostituição. Não é a figura ativa de Madalena que é oferecida a elas,
mas dessa mulher desonrada que precisa de cristo para dar significado e rumo a sua
vida. E essa visão, que é trabalhada de forma muito mais sistemática nos séculos
seguintes, aparece pela primeira vez nessa carta do século VI.

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