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Hoje em dia devemos olhar para a administração como atividade.

É mais do que um conjunto de pessoas coletivas


públicas.

A administração atua à volta do interesse comum. Mas pode muitas vezes ir contra interesses individuais
(autoestrada que passa por terreno de um particular).
Como consegue a administração prosseguir o interesse público? Através de expropriação. Administração com
poderes de autoridade.
Outra dimensão da administração é a administração reguladora – muitas atividades que eram exclusivas das
entidades publicas, foram privatizadas. Passam de publicas a privadas. Contudo, regula. Com as suas entidades
(reguladoras).

Autoridade – é uma coação. Obriga alguém a algo. Surge a dúvida da legitimidade. Fonte da legitimidade vem da
lei/juridicidade vinculativo. Tem que ser a lei a permitir a atuação da administração – e a lei é produto da vontade do
povo assim será este a última fonte de legitimidade da administração publica. A legitimidade do poder é sempre
popular.

Tem sempre de haver uma lei, mas muitas vezes a lei deixa uma margem de decisão discricionariedade à
administração. A administração tem de preencher conceitos indeterminados nesses determinados casos. A lei da
margem para isso.
Administração sujeita ao princípio da legalidade.

Não é puramente executiva.


Controlo/responsabilização. Hoje em dia é completo – desde

11/10/2019
DA é relativamente recente (como o conhecemos) - pós revelação francesa.
Com a RF e a noção de separação de poderes… os órgãos de controlo da administração limitavam-se a anular os atos
administrativos que eram ilegais.

Ano 2000 em PT:


Coma reforma do contencioso (2002) passamos a ter vários pedidos possíveis em tribunal. Pedir que anule ou
obrigue a administração a fazer algo.
Casos de indeferimentos ilegais, dirigimo-nos a tribunal para obrigar a administração a deferir um direito.

Antes da reforma não era possível, pois entendia-se que era inconstitucional por violação da separação de poderes.
Entendia-se que assim o era: primeira conceção que o controlo da administração era feito pela própria. (?)
Os órgãos de controlo administrativo podiam apenas dizer que o ato, olhando para a lei, esta em desconformidade
com a lei. Dizia o mínimo. O ministro é que ia tirar consequências disto (parecido com a fiscalização concreta – o TC
não julga o caso concreto, só fiscaliza a constitucionalidade, porque isso é competência dos outros tribunais).

Anulavam o ato por violar a lei. As consequências do caso concreto cabia ao órgão competente (ao Ministro).
Só podíamos pedir ao tribunal a anulação de atos. As consequências cabiam à administração.

Questão da fonte da legitimidade do poder administrativo: juridicidade vinculativa


A lei funciona como limite da administração.

Administração controlada pelo executivo e pelos tribunais.

Vertentes do princípio da legalidade:


 Limite: administração não pode ir contra a lei/ preferência de lei
 Estado liberal
 Administração atua sobre um ato administrativo – determinação unilateral da administração com efeito
conformativo da situação jurídica /muda a situação jurídica por efeito do ato – altera a ordem jurídica.
Autotutela declarativa.
 A administração pode executar – mesmo que não se concorde. Autotutela executiva/privilégio de execução
prévia.
Regulamentos externos (regulamento de avaliação da faculdade de direito) e internos – na Alemanha o equivalente
corresponde regulamentos administrativos e regulamentos jurídicos.
Relações especiais de poder:
Na altura da impermeabilidade jurídica: Ex: reclusos; alunos das universidades; muito próximos da administração,
como se fizessem parte dela. Era impermeável ao direito logo não eram regidas pelo direito, mas sim pela
administração (séc. XIX)

 Precedência de lei - reserva de lei: a administração só pode atuar se houver uma lei prévia que lhe dê
competência. (Ex: capacidade para demolir uma habitação ilegal) *. A reserva de lei não é só formal, é
também material – tem de haver densificação material.

Subordinação da AP à lei. Não pode ir contra a lei.


Estado liberal: ideia de que haja pouca administração pública. (????)
Século XX passamos a ter o Estado social de direito: passa a assumir uma série de atividades. Passa a desenvolver o
seu lado prestador. É só uma generalização não deixa de atuar de forma autoritária.
Atua administrativa passa a ter uma atuação prestacional (subsídio desemprego; bolsa de estudo (embora não seja
um ato administrativo)) e também passa a contratar muito mais.
Faz muitas concessões: porque não há dinheiro. (ex. autoestrada e o empreiteiro que passa a receber as portagens?)

Nova fase: atual


Percebeu-se que não há dinheiro para todo. Certas atividades classificadas pelo estado como publicas (exercidas
pelo estado ou privadas em regime de concessão) e passou a liberalizar e privatizar setores (eletricidade; setores).
Continua, contudo, a regular – criar regras para o exercício de atividades que são privadas, mas que têm interesse
público.

No século XX (conformada no seculo XXI?) temos uma legalidade como limite (preferência de lei) apenas e vamos
passar a ter uma legalidade como fundamento (precedência de lei/reserva de lei).*

Porque temos autonomia privada? Capacidade inerente de atuar juridicamente. A nossa vontade é, antes de mais,
produtora de efeitos jurídicos.

Século XX: Administração não pode atuar se for autorizada por lei – lei como fundamento.
Continuamos a olhar para uma entidade que tem vontade (composta por pessoas coletivas).
Quando dizemos que a AP não pode exercer a sua vontade sem ser previamente autorizada pela lei, demos um
passo em relação há anterior, mas a conceção é igual – há uma entidade com uma vontade.

Seguidamente, pós segunda guerra mundial há uma viragem colocando a dignidade humana na base do sistema:
cada individuo tem um valor que tem de ser contabilizado, colocando a Administração numa posição material em
relação ao indivíduo. Princípio da legalidade como fundamento ganha consistência. A lei constitui a capacidade de
atuação da administração. Só releva juridicamente na medida que a lei permite que releve juridicamente.

Primeiro só se exigia reserva de lei para os atos agressivos e não para os prestacionais (porque eram entendidos
como atos benéficos para as pessoas).
Hoje o entendimento é que a Administração necessita de uma lei prévia para tudo o que passa. A Administração
trabalha/atua para nós.

PC não tem vontade: os indevidos tomam decisões que são imputadas à pessoa coletiva.

Estado: pessoa coletiva; uma criação jurídica. Entidade com poder para governar.
AP antes era como um corpo, uma vontade.

Teoria geral da organização administrativa


Pessoa coletiva – centros de imputação de vontade jurídica.
Teses quanto a esta.
A teoria organicista (que nasce a propósito de Estado que não podia ser tido como uma ficção pois existe antes e
depois das pessoas).
Todas as PC´s existem num plano normativo e não num extra-jurídico.
Esta atua através dos seus órgãos que expressam a sua vontade imputada à sua pessoa coletiva. Quem tem
vontade são as pessoas singulares que constituem os órgãos. (diretor geral da saúde)

Serviços: estruturas humanas democráticas que integram a pessoa coletiva dividindo tarefas (direção geral da
saúde).

Dentro da pessoa coletiva temos de atender:


Concentração: todas as competências pertencem só ao único órgão na pessoa coletiva
Desconcentração: Há mais de um órgão da pessoa coletiva.
 Originaria
 Derivada
Diferente de descentralização e de devolução de poder.

Forma de organização de uma pessoa coletiva – a nível de relações humanas:


Pela hierarquia – “uns mandam nos outros”.

Poderes do superior hierárquico em relação ao subalterne:


- Ordena/dá instruções -poder de direção – determina a conduta a ser tomada
- Poder de supervisão –
- Poder disciplinar

Do lado do subalterne:
- Dever de obediência – que não envolvam prática de crimes, neste caso não tem dever de obediência

Se for uma ordem do superior hierárquico, mas for uma ilegalidade, mas que não for crime o subalterne tem dever
de obediência e só exclui a responsabilidade com o direito de respeitosa representação.

Tipos de incompetência:
Relativa – falta de competência, mas não de atribuições. Ato anulável.
Absoluta – falta de competência e atribuição. Ato nulo.

Organização Administrativa

Ver esquema

Ver esquema PC

Instituos pub
Emp pub na modalidade de entidades publicas empresariais
Assoc pub
Aut locais
RA
Entidades adminisyyrativas indendentes

Territoial
Institucional
Associativo
Resolução em sala de aula dos casos práticas abaixo em destaque
Identifique e classifique, de acordo com a teoria da organização administrativa:

a. Estado;
Administração publica direta
Pessoas coletiva pública de população de população e território
Governo como órgão principal da administração publica – 2º CPA (descende autonomia em face do
Estado)

b. Governo;
Principal órgão(central) (manifestam a vontade imputável à pessoa coletiva) público do Estado.
Órgão complexo e permanente.
Não há hierarquia dentro do governo/de qualquer órgão colegial (mais de um titular), isto porque em
certas matérias várias cabeças pensam melhor que uma, daí haver matérias que só são do âmbito de
órgãos colegiais.

c. Conselho de Ministros;
Órgão colegial do governo

d. Primeiro-Ministro;
Órgão singular representativo
Não tem pasta/atribuições

e. Ministro do Ambiente;
Órgão central singular (decisório)?
Órgão com competência própria e atribuições
Topo da hierarquia do seu ministério

f. Secretário de Estado da Energia;


Membro do governo com competências delegadas
Órgão de poder executivo estadual

g. Diretor Geral da Saúde;


Administração direta central
Órgão do governo
Órgão decisório

h. Direção Regional de Finanças;


Serviço publico
Administração periférica

i. Embaixada de Portugal na Alemanha;


Adm periférica externa
j. Inspeção-Geral da Administração Interna;

Serviço de controlo da administração direta do estado

k. Instituto Português da Qualidade, IP;


Instituto publico
Administração indireta

l. Infraestruturas de Portugal, S.A.;


Empresa publica na modalidade de entidades publicas empresariais de tipo institucional
PC privada

m. CP, E.P.E;
Adm indireta; empresa publica: pessoa coletiva pública

n. EMEL, E.M. S.A.,


Empresa municipal; pessoa coletiva privada
o. Câmara Municipal de Lisboa;
Órgão executivo colegial que pertence à pessoa coletiva (município) é autarquia local
Administração autónoma de lisboa

p. Município de Lisboa;
Pessoa coletiva (autarquia local) de tipo territorial.

q. Presidente da Câmara Municipal de Abrantes;


Orgao de município
Membro do órgão camara municipal
Tem competências próprias, o que significa que é um órgão.

r. Freguesia de Belém;
Pessoa coletiva (autarquia local) de direito público de tipo territorial
Adm autonoma
Sujeita a poderes de tutela de legalidade

s. Assembleia de Freguesia de Alvalade;


Órgão deliberativo do município

t. Área Metropolitana de Lisboa;


Pessoa coletiva de direito publico, mais propriamente uma associação pública de autarquias
locais, de natureza associativa
É uma associação obrigatória de autarquias locais.

u. Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa;

v. Associação dos Municípios com Centros Históricos;


Municípios – entidades publicas
De tipo associativo
Com fins específicos

w. Ordem dos Médicos;


Pessoa coletiva de tipo associativo – associação pública
Administração autónoma

x. Universidade de Lisboa;
Administração autónoma

y. Autoridade da Concorrência;
Pessoa coletiva de tipo institucional – entidade administrativa independente (conjunto de órgãos
do Estado que assegura a prossecução de certas tarefas administrativas de incumbência do Estado
sem estarem sujeitos aos poderes de direção).
Administração estudal indireta independente

z. Banco de Portugal.
Entidade administrativa independente dotada de autonomia administrativa e financeira e de
património próprio.
Entidade reguladora
Caso n.º 2

António, Secretário de Estado das Pescas e grande entusiasta dos desportos náuticos,
celebrou um contrato com a empresa Motonáutica com vista à aquisição de dez lanchas de
alta velocidade para uso da Secretaria de Estado.

Secretários de Estado, membro do governo, têm uma competência delegada, sob orientação do
respetivo ministro. Só pode se receber delegação de poderes para tal.

Berta, Ministra da Agricultura, ao tomar conhecimento da extravagância do Secretário de


Estado, ordenou imediatamente a este que procedesse à afetação das lanchas à Polícia
Marítima, o que António, com grande pena, acabou por fazer.

Cada ministro tem competência apenas para exercer os poderes se superior hierárquico sobre todo o pessoal
do seu ministério, não pode fazer ordens a um membro de outro ministério – ministro como máximo
superior hierárquico do seu ministério.

Temendo que o caso chegasse à comunicação social, o Primeiro-Ministro revogou quer a


ordem dada pelo Ministro quer o ato do Secretário de Estado.

Estamos no âmbito da administração direta. O Primeiro Ministro como superior hierárquico do Estado.
Dirige o funcionamento do governo e coordena e orienta a ação de cada um dos Ministros. Temos um caso
jurídico de incompetência absoluta ferido de invalidade cujo desvalor jurídico é a nulidade
PM não tem poder de direção sobre os outros ministros.

Caso n.º 3

A lei x atribui ao Diretor-Geral da Energia a competência para atribuir ajudas financeiras, no


montante máximo de 500.000€, a empresas que desenvolvam projetos de aproveitamento
de energia solar e que requeiram a respetiva ajuda até final do ano corrente.

Órgão subalterno do Ministro do ambiente, a quem deve obediência. Tem de igual modo de respeitar o princípio da
legalidade, segundo duas vertentes: a lei é o limite e linha orientadora e a reserva de lei (Precedência de lei - reserva
de lei: a administração só pode atuar se houver uma lei prévia que lhe dê competência).

O DG Energia concedeu à empresa A uma ajuda financeira no valor de 250.000€. Quanto à


empresa B, o DG considera que o pedido deve vir a ser indeferido, pois a mesma apenas se
dedica à produção de energia eólica.

Lei aberta com conceitos indeterminados deixando à DG várias possibilidades de decisão, de forma a
escolher a que melhor se coaduna com a melhor prossecução do interesse público – com base no juízo
de mérito, sob pena de desrespeito pelo princípio da boa administração.

Porém, o Ministro da Economia, amigo de longa data do presidente da empresa A, considera


que a ajuda não deve ser dada à empresa A mas antes à empresa B. Assim, revoga o ato de
atribuição de 250.000€ à empresa A e ordena ao DG que, a fim de evitar problemas futuros,
altere a data de entrada do requerimento da empresa A para data posterior ao termo do
prazo. Em relação à empresa B, o Ministro ordena ao DG que atribua uma ajuda financeira
no valor de 750.000€.

Ministro é o superior hierárquico do seu ministério – não pode dar ordens a outro ministério – temos
um caso jurídico de incompetência absoluta ferido de invalidade cujo desvalor jurídico é a nulidade.
Este tem falta de competências e atribuições.

Violação de lei
Caso n.º 4

O dirigente máximo de um serviço personalizado do Estado fez circular pelos diversos


departamentos desse organismo instruções no sentido de ser dada máxima prioridade aos
assuntos apresentados por interessados cuja profissão ou estatuto social os colocasse na
posição de poder afetar a imagem pública do serviço.

Por se ter recusado a acatar tais instruções, o chefe de um dos departamentos foi punido
com uma sanção disciplinar. Porém, o Ministro da Tutela, a quem o funcionário dera
conhecimento dos factos, determina ao dirigente máximo do serviço a revogação das
instruções e da sanção disciplinar aplicada.

Serviço personalizado pertence ao âmbito de administração indireta do Estado – devolução de poderes (44º CPA) –
entidade publica com personalidade diferente do Estado, prosseguido fins singulares.
O estado continua com poder de superintendência (emite diretivas para a ação da entidade, ditando os fins a
prosseguir) e poder de tutela (controlo que incide sobre a legalidade e o mérito) - por esta ser revogatória e
sancionatória, a ação do Ministro é válida.

Caso n.º 5

“Preocupado com a escassez de alojamento para os estudantes, o Ministro da


Educação determina a construção de uma residência universitária no Parque Eduardo VII.
Ministro da educação – órgão superior hierárquico do seu ministério – pertencente à administração direta do Estado
Incompetência - nulidade
Porém, a CM de Lisboa, mais preocupada com o caos do trânsito na cidade, delibera
prolongar a Av. da Liberdade, destruindo o Parque Eduardo VII.
CM – órgão colegial executivo da PC autarquia local, PC de base territorial e populacional – pertencente à
administração autónoma do Estado, por descentralização, afetada a prosseguir fins próprios. (Compete à câmara
municipal:
a) Elaborar e submeter à aprovação da assembleia municipal os planos necessários à realização das atribuições
municipais – 33º LAL).
Perante os protestos dos estudantes, o Primeiro-Ministro revoga a deliberação da CM
de Lisboa.

Poder de intervenção dos interessados.

AL - Sujeita somente a poder de tutela (poder de controlar/fiscalizar; poderes de intervenção de uma PCP na gestão
de outra PC, a fim de assegurar a legalidade e o mérito da sua atuação; podendo ser integrativa, sancionatória,
revogatória/anulatória, substitutiva, inspetiva).
Hoje em dia há apenas uma tutela de legalidade e não de mérito sobre a Administração autónoma 242º/1 CRP
Não há tutela revogatória entre o governo e os atos das autarquias locais – incompetência absoluta.

NOTA: (revogação sempre foi entendida como um ato secundário que destrói os efeitos jurídicos do ato
ou impede que concretiza. A revogação tradicionalmente entendia – revogação com fundamento em
ilegalidade ou por inconveniência (para o interesse publico)

CPA 2015 – revogação passa só a ser por fundamento em inconveniência.


Com fundamento em ilegalidade passou a ser anulatória.

Como saber se tem tutela revogatória? – tutela não se presume, recorrer à lei para ver qual está
prevista.
PM não tem pasta, não pode revogar – incompetência absoluta

Pensar em que qualidade um órgão pode revogar um ato – tutela


 Na qualidade de superior hierárquico (que não é o caso)
 Na posição de delegante
 Se tiver poderes de tutela para isso.

Simultaneamente, o Ministro da Administração Interna ordena um inquérito à atuação da CM


de Lisboa.
Hoje em dia há apenas uma tutela de legalidade e não de mérito sobre a Administração autónoma 242º/1. 2º lei da
tutela administrativa, sendo o inquérito um dos meios de tutela – artigo 3º - consistente na verificação da legalidade
dos atos.

Ministro pode – tutela inspetiva – CM não pode recusar colaborar.

A CM de Lisboa, por seu turno, considera lamentável toda a atuação do Governo e recusa o
inquérito.
Órgãos e serviços vinculados ao dever de informação e cooperação (4º) compete aos designados no artigo 5º da
mesma lei.

Irado, o Ministro da Administração Interna determina a dissolução da CM de Lisboa.”


11º
É causa de dissolução o facto de se obstar a inquéritos – 9º/b lei da tutela administrativa – não se
aplica, à partida, devido à incompetência absoluta anteriormente verificada. Seria uma tutela
sancionatória, mas o Ministro não tem essa competência. Assim, pode só haver tutela inspetiva e não
haver uma tutela revogatória ou também dita anulatória.

Competência judicial dos tribunais administrativos do círculo – usurpação de poderes.

Caso 1.14

Um membro do governo decide:

1) Na sequência de uma pretensão de Abel ao Governo - ato de vontade pelo qual alguém pede ou exige algo à
administração, junto dos órgãos desta. Esta decisão vai contra a Bento. – Litígio entre A e B. há uma violação
do Princípio da separação de poderes: saber quando é que o destinatário da pretensão é a administração ou
os tribunais. Logo temos usurpação de poderes– exerce uma função/poder que não lhe compete a si. Sendo
um ato nulo.
Possibilidade: autotutela declarativa - definição de direito para o caso concreto – ponderação de interesses?

Hoje em dia não podemos dizer que a AP não resolve litígios entre privados. Não resolve é a nível judicial –
resolução definitiva.
Administração entra em relações poligonais. Tem obrigação de tomar em consideração os direitos subjetivos
dos administrados. Quando há colisão de interesses privados, esta tem de decidir. Administração faz isto no
estrito limite das suas competências. Aqui também não há uma resolução definitiva como na função
jurisdicional, pelo que não se confunde.

A Administração, neste caso, não analisa quem detém o direito de propriedade e os seus limites. Ela só de
debruça pelos limites da linha férrea.

2) Universidade como entidade pública - administração indireta ou autónoma? Não há poder de direção. há
sim de tutela e/ou superintendência. Só há hierarquia e, por consequente, subalternos na mesma pessoa
coletiva. Assim, temos um ato ferido de incompetência absoluta – nulidade. Pertence à administração
autónoma o professor FA entende que o poder de tutela não inclui a revogatória/anulatória. Não está a ser
respeitado o princípio da legalidade. Não há dever de obediência.

Se fosse o reitor a dar uma ordem ao júri, ou ele alterar a classificação? Nunca poderia acontecer.
Poderia o Ministro exercer uma tutela substitutiva do ato, ou seja, a classificação? Nunca podia ser
relativamente a este tipo de ato.

3) PO: Os atos nulos não produzem efeitos, e por isso não há discussão sobre se a declaração de nulidade é
retroativa ou não. Contudo, a ordem jurídica permite que possam ser reconhecidos efeitos jurídicos quando
se verificam 2 requisitos: (1) o decurso do tempo e (2) a tutela da confiança (assim como a boa fé) -
permitem o reconhecimento de efeitos jurídicos a atos nulos. Há uma prevalência do princípio da segurança
e da confiança sobre o princípio da legalidade - 282º nº4 CRP - a inconstitucionalidade não obsta a que as
normas produzam efeitos se se verificar um de três fundamentos: razões de interesse público de excecional
relevo, de segurança jurídica ou de equidade. 163º/5 CPA

Incompetência absoluta, logo consequente nulidade do ato.


Um ato de anulação e um ato nulo é ele próprio um ato nulo.

4) Primeira hipótese:

Desconcentração
 Originária – distribuída por lei
 Derivada – por ato administrativo – ato de delegação de competências, quando há habilitação legal.

44º/3 CPA – dispensa a existência de lei – é a exceção – refere-se só aos atos de administração ordinária.

Existência de um poder de direção - permite-lhe emitir ordens e instruções. Há uma competência material
interna comum entre o superior e o subalterno, por isso é que o superior pode emanar ordens sobre todas
as competências do subalterno.
Hierarquia vertical dentro do ministério. Ministro como superior hierárquico no seu ministério.
Ao incentivar à delegação contrária a um artigo do CPA há desrespeito pela lei e do princípio da legalidade
(de uma norma habilitadora)
Porém há dever de há dever de obediência do subalterno às ordens e instruções. Obedecer a ilegalidade
ainda é cumprir a legalidade.
a) Tese moderada (PO concorda): há dever de obediência quando a instrução se consubstancie em atos
anuláveis. Isto, porque o ato anulável produz efeitos até ser declarado como tal, o que significa que deve
haver um dever de obediência até prova em contrário.
b) Outros autores: dizem que deve haver sempre obediência, mesmo no caso de nulidade das instruções.
Com uma exceção: art. 271º nº3 CRP – só há um motivo em que a nulidade 6 determina a cessação de
obediência - quando o caso envolve a prática de um crime.

E o que deve o subalterno fazer perante uma instrução que considere ilegal? - Tem o direito de respeitosa
representação, o que significa que deve chamar à atenção o seu superior. Mas, independentemente da
resposta do superior, mantém-se o dever de obediência às ordens, ainda que ilegais. Isto é: mesmo sendo
ilegais, as ordens do superior devem ser acatadas pelo subalterno. Isto não ofende a CRP? - Art. 112º nº5
CRP: Nenhuma lei pode criar outras categorias de atos legislativos ou conferir a atos de outra natureza o
poder de, com eficácia externa, interpretar, integrar, modificar, suspender ou revogar qualquer dos seus
preceitos.

E se o subalterno não obedecer?????


O superior tem poder de controlo sob aquele – nomeadamente poder disciplinar.
a) Inspeção: inspeção/fiscalização/controlo do modo como o subalterno acata ou não as ordens, as
instruções e a lei;
b) Supervisão: corresponde à faculdade que o superior hierárquico tem de anular, modificar ou revogar os
atos decisórios do subalterno. Mas isto pode não chegar, “porque ele desobedeceu”, pelo que se justifica
um terceiro poder;
c) O poder disciplinar: poder de aplicar sanções ao subalterno. Essas sanções devem-se por o subalterno
não ter cumprido a legalidade, onde se inclui não ter cumprido ordens ou instruções ilegais.

2ª hipótese:
“administração invisível” - (Administração não oficial; missões encobertas - são no fundo mercenários
contratados pelo Estado para desenvolverem uma atuação ao serviço do Estado aos quais é negada
alguma relação).
A administração invisível pode ter duas formas de agir:
1. A forma clássica, de agentes recrutados, pagos e vinculados ao Estado, mas que não aparecem como
agentes secretos da atuação do Estado.
2. No século XXI foi-se mais longe e privatizaram-se algumas destas tarefas: passaram a existir algumas
empresas, sobretudo norte-americanas (mas também britânicas e francesas), cujo objeto é pura e
simplesmente prestarem serviços aos Estados para fazerem missões impossíveis (Exemplo: resgatar alguém
de um Estado que está preso num território estrangeiro; ou, numa segunda hipótese, desencadeando
medidas preventivas). Isto ganha um particular relevo na questão dos chamados "agentes provocadores”:
pessoas que desenvolvem uma atividade com o propósito de defesa do Estado, infiltrando-se, para tal, em
organizações criminosas (terroristas), com o propósito de poderem controlar as suas atuações (Exemplo:
alguém que aparece numa quadrilha de ladrões ou num grupo de droga com o propósito de obter a
localização das intervenções para depois fornecer essa informação a determinado Estado (aparecem, então,
como agentes provocadores). Aparece aqui um problema jurídico muito interessante, que surge quando eles
não se limitam a ouvir ou a transmitir o que ouviram, mas tomam eles próprios a iniciativa de instigar -
“então e se fizéssemos isto, e então se fizéssemos aquilo? E aquele assalto?” - Isto é, passam a ter uma
função não meramente passiva, mas uma função de induzir, de atrair, de, no fundo, proporcionar o efeito
criminoso que eles procuram levar. A questão a que tentamos responder é se aqueles que são atraídos para
isto não olham de uma forma ilícita do modo como são recrutados, do modo como são, no fundo, instigados
a participar. Todavia, a perspetiva da administração, que nos importa, é a da invisibilidade deste agir
administrativo.
Administração não sujeita aos princípios da administração original (aberta e transparente).

A deliberação só ganha eficácia - produz efeitos - quando está exarada em ata e a ata está aprovada ou, em
alternativa, quando está aprovado um estrato da ata. Mas a ata admite votos de vencido, naturalmente,
quando a deliberação não é por escrutínio secreto. O voto do vencido não só é o exercício de uma
liberdade, por parte do titular em causa, como tem a particularidade de isentar de responsabilidade civil e
criminal e financeira o titular que, tendo votado contra, faz exarar em ata o respetivo voto de
discordância. Declaração de voto. Artigo 28º

O autor nestes casos é sempre o órgão e não o titular, pelo que dizemos que se trata de uma competência
e não de um direito subjetivo. Mas o voto de vencido já tem uma consequência pessoal, que é a
responsabilidade civil. Pelo que tende-se a considerar que se trata de um direito subjetivo.

1) Desconformidade 152º CPA


Derrogação administrativa: significa que a lei, para uma determinada previsão, tem duas estatuições - uma
delas é identificada pela própria lei, e a outra é remetida para a decisão da administração. A derrogação
administrativa flexibiliza a estatuição preferencial do legislador (Ex: o material de contrabando apreendido
deve ser destruído, salvo se o Governo lhe der outra utilidade como, por exemplo, distribuir esse material -
televisões, imagine-se - por lares da terceira idade). Isto significa que a solução legal é meramente supletiva,
na medida em que só é aplicada na falta de decisão administrativa. Mas há, claro, limites: a solução não
pode ser contrária ao sistema (Ex: no caso de ser apreendida droga, esta tem de ser destruída, não podendo
obviamente ser distribuída).

Pode haver precedente de derrogação na administração autónoma e na independente? Incompetência


absoluta
Caso n.º 6
Imagine que, nos termos da respetiva lei, compete ao Conselho Diretivo do Instituto de Proteção da
Criança, I.P., a atribuição de licenças de comercialização de novos brinquedos.

Conselho diretivo do instituto de proteção da criança I.P – instituto publico. Pertence à administração interna do
Estado (fenómeno de devolução de poderes) que prossegue fins alheios, do Estado. Desconcentração originária (por
lei)

No dia 1.10, o Conselho Diretivo deliberou delegar no respetivo Presidente todas as competências do
órgão colegial.
Fenómeno de delegação de competências, isto é transferir poderes de exercício para outro órgão (PO elasticidade
do exercício das competências).
Violação do artigo 36º/2 CPA – irrenunciabilidade e inalienabilidade. Violação 45º a (delegação globalidade –
pressupõe que haja lei de habilitação)
É nulo todo o ato ou contrato que tenha por objeto a renúncia à titularidade ou ao exercício da competência
conferida aos órgãos administrativos, sem prejuízo da delegação de poderes e figuras afins. 29º/2 CPA
Pode um inferior hierárquico delegar poderes a um superior hierárquico? À partida sim 35º/3 CPA
Há lei de habilitação? Não? -> invalidade (não é entendido como falta de competência, mas sim um vício de
violação de lei). 36º/2 - nulidade
Tem de haver por respeito do princípio da legalidade/princípio da legalidade da competência

No dia seguinte, o Presidente, sem invocar a delegação de competências, decidiu licenciar a


comercialização de um novo brinquedo.

O órgão delegado ou subdelegado deve mencionar essa qualidade no uso da delegação ou subdelegação. Violação
do artigo 48º CPA – irregularidade do ato.
Questão da publicação: 47º/2 remete para o 159º. Requisito de eficácia (tal como a ata).
Delegação é ilegal, nula e ineficaz (não produz efeitos). Consequentemente este ato (ao abrigo de uma suposta
delegação, que não produz efeitos) é viciado pela incompetência (nem sequer há lei de habilitação).

Porém, o Conselho Diretivo, considerando que se trata de uma decisão ilegal, ordenou ao Presidente a
revogação do respetivo ato.
Recusando-se o Presidente a cumprir a ordem, o próprio Conselho Diretivo anulou a licença atribuída pelo
Presidente.

O delegante tem sempre uma supremacia sobre o delegado (49º CPA):


 Poderes do delegado depende do delegante
 Delegante pode orientar os termos como quer que a competência seja exercida: emissão de
diretivas (se não acatar pode perder o exercício por revogação) e recomendações
 Delegante pode revogar a delegação como os atos do delegado praticados ao abrigo da
delegação. A competência do delegado está nas mãos do delegante, bem como os seus atos,
que podem ser revogados. Se revogar a delegação, automaticamente cessa a delegação e,
consequentemente, a subdelegação.

Não significa o caos haver vários órgãos para uma matéria? Sempre que o delegante exerce os
poderes preclude a competência do delegado sobre essa matéria. Se o delegante se antecipa e
decide, os delegados já não podem decidir sobre a matéria – se o fizerem será um ato inválido.
Se for o delegado a decidir primeiro? Delegante pode revogar o ato, não está proibido de decidir.

Artigo 49º/2 – é delegante visto que o ato de delegação não produz efeitos (por ser ineficaz). Nestes termos, como
pode então revogar o ato? 169º/6 – como órgão competente ( Os atos administrativos praticados por órgão incompetente
podem ser objeto de revogação ou de anulação administrativa pelo órgão competente para a sua prática ).
Meses mais tarde, tendo sido designada uma diferente pessoa para Presidente do Conselho Diretivo,
entendeu este órgão que deveria revogar a delegação de competências.
Art.º 50º - Sempre que muda o titular do órgão delegante ou do órgão delegado. Porque a
delegação tem em atenção da pessoa do delegante e do delegado – a confiança está na base.
Natureza pessoal da revogação.

(E um ato de revogação (que visa cessar os efeitos jurídicos de um ato) de um ato caducado? É um
ato ferido de nulidade).

Mais deliberou que a atribuição das licenças estaria doravante sujeita a aprovação do Ministro da tutela.
(Isto poderia acontecer)
36º - está a renunciar à sua competência.
Administração não pode deixar de exercer competência.

Código procedimento administrativo – pagina 581 legislação


Caso n.º 7
Suponha que ontem a CM do Porto delegou no respetivo Presidente a competência para exercer o
controlo prévio de construções, em deliberação aprovada por 5 votos a favor e 2 contra. A respetiva ata foi
aprovada em minuta, na própria reunião.

Ver lei das autarquias locais – 33º/y


44º/4
 Artigo 29.º
Quórum
1 - Os órgãos colegiais só podem, em regra, deliberar quando esteja presente a maioria do número legal dos seus membros com
direito a voto.

Artigo 32.º
Maioria exigível nas deliberações
1 - As deliberações são tomadas por maioria absoluta de votos dos membros presentes à reunião, salvo nos casos em que, por
disposição legal ou estatutária, se exija maioria qualificada ou seja suficiente maioria relativa.
Neste caso ver a antiga LAL – lei 169/99 57 a CM neste caso tem 13 membros

Artigo 34.º
Ata da reunião
4 - Nos casos em que o órgão assim o delibere, a ata é aprovada, logo na reunião a que diga respeito, em minuta sintética,
devendo ser depois transcrita com maior concretização e novamente submetida a aprovação.

É condição de eficácia das decisões tomadas, se não há ata a decisão existe, mas não pode ser
aplicada. 34º/6 aprovar a ata em minuta é para satisfazer logo o requisito de eficácia (forma de
poupar tempo – conjugando-se, assim, o 34º/4 e 34º/6).
É difícil deliberar num dia e haver logo publicidade/publicação – não é possível (tem de haver
uma exteriorização/formalização do ato). É escrita a ata, mas tem de ser aprovada. A ata é
aprovada por maioria.

Hoje, o Presidente da CM subdelega essa competência num vereador, indicando aos serviços que todos os
pedidos lhe devem ser enviados, dado que passou a exercer a competência em causa.

Fenómeno de subdelegação de poderes precisa de autorização expressa (46º CPA): delegação de poderes
delegados. Durante esta vigência, significa que há três órgãos competentes sobre a mesma
matéria. Nenhum perde poderes. Os três são igualmente competentes.
36º/2 LAL.

Subdelega no dia seguinte, mas não podia porque, apedar da aprovação da minuta, a delegação tinha de ser
publicada.

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