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1.

RESPOSTA ANTIGENO-HOSPEDEIRO

Uma infecção só é estabelecida em hospedeiros suscetíveis, os quais


possuem eventos coordenados da resposta imunológica inata e/ou adquirida
ineficazes na eliminação do M.O. Os eventos fundamentais durante a
infecção incluem:
1. Entrada do M.O
2. Invasão e colonização dos tecidos
3. Evasão da imunidade
4. Lesão tecidual ou prejuízo funcional.
No momento que acontece uma infecção os primeiros sinais observados
são aqueles relacionados à inflamação: calor, rubor, edema, dor e perda de
função.

O processo inflamatório agudo envolve o influxo de leucócitos, do


complemento, anticorpos e outras proteínas plasmáticas dentro do sítio
infeccioso ou dano tecidual.

2. RESPOTA IMUNE HUMORAL E CELULAR FRENTE AOS


VIRUS

2.1 Células NK
Devido ao vírus ser um parasita intracelular obrigatório a resposta
imunológica natural frente a sua invasão tem o intuito de bloquear a
infecção e eliminar as células infectadas, e seu principal mecanismo é a
inibição pelo IFN tipo 1 e morte das células infectadas por células NK.
Durante o ciclo de vida viral é produzido um RNA de fita dupla, e este é
capaz de induzir a expressão de IFN tipo 1, INF- alpha, e IFN-beta pela
célula infectada, citosinas que também são produzidas por macrófagos,
monócitos e fibroblastos e induz uma resposta antiviral ou de resistência
contra replicação viral nas células infectadas. As citosinas INF-alpha e
IFN-beta também podem induzir as células NK a se tornarem mais
eficientes para eliminar células infectadas por vírus.
Quando a célula NK interage com outras ela pode matá-las ou não, isso vai
ser determinado por uma soma de sinais gerados pelos vários receptores de
ativação e inibição expressos simultaneamente em sua superfície celular.
Existem três receptores de inibição, são eles: KIR, ILT, e NLKG2, estes
são caracterizados por apresentarem uma cauda citoplasmática conhecida
por ITIMs (motivos inibidores do imunorreceptor tirosina) que transmite
sinais de inibição por uma cascata de moléculas.
Já os receptores de ativação só são ativados quando as células NK não
conseguem reconhecer a molécula MHC classe I na superfície da célula,
são eles: CD16, NKp46, NKp30, e NKp44 eles também apresentam a
cauda citoplasmática ITAMs (motivos de ativação do imunorreceptor
baseado em tirosina) porém sua atividade transmite sinais de ativação.

Há também outra forma de agir contra células infectadas por vírus, o


mecanismo de citotoxicidade mediada pelas células NK que se assemelha
ao observado pelas células CTLs, com a liberação de grânulos, conhecidos
como perforinas e granzimas e que contém proteínas que medeiam a
destruição da célula infectada.
A perforina facilita a entrada das granzimas que vou induzir a apoptose.
As células NK também são capazes de secretar a citosina chamada IFN-
gama que ativas os macrófagos para que eles consigam eliminar de forma
mais eficiente os microrganismos fagocitados.
2.2 Imunidade adquirida
Mediada por anticorpos e CTLs, os anticorpos são eficientes apenas quando
o vírus se encontra fora da célula, ou após sua liberação da célula ou
quando a célula morre, eles funcionam como neutralizantes evitando a
ligação dos vírus em outras células e consequentemente sua entrada no
hospedeiro, eles podem agir também opsonizando e promovendo a
fagocitose.

Porém quando o vírus se encontra dentro da célula, a resposta imune mais


eficaz é mediada pelas CTLs ativadas por células infectadas por meio do
reconhecimento ou não do MCHI o que leva a destruição pelos grânulos de
perforinas e granzimas.

3. RESPOSTA IMUNE HUMORAL E CELULAR FRENTE A


PARASITAS
Os parasitas podem ser protozoários, helmintos, ou ectoparasitas e cada um
deles vai ativar um mecanismo de defesa diferente um do outro. A reposta
imunológica adquirida frente a um parasita além de eliminá-lo pode
contribuir com o aparecimento de lesões teciduais no hospedeiro, alguns
estimulam a resposta conhecida como granulomatosa e fibrótica.
3.1 Helmintos
Os helmintos são causadores de várias doenças em humanos e em animais
pois sua infecção se dá de maneira muito simples e o maior problema existe
é que a resposta imune desenvolvida para vermes adultos não é
suficientemente capaz de eliminá-los. Por isso é importante que se tenha
uma ação concomitante da imunidade humoral e celular para que a
eliminação ocorra. A defesa contra infecções helmínticas é mediada
principalmente pela ativação das células TCD4+ que se diferenciam no
padrão Th2 o que induz a produção de anticorpos específicos para
helmintos e a diferenciação dos linfócitos T e B em células efetoras.
Os anticorpos IgE produzidos por plasmócitos são capazes de se ligar a
superfície dos helmintos e ativar os mastócitos, outros tipos como IgG e
IgA também podem ser produzidos durante essa infecção e são capazes de
direcionar os eosinófilos para o sítio infeccioso que assim também são
ativados e secretam seus grânulos, essa ação em conjunto resulta na
eliminação do helminto.

3.2 Protozoários
A principal reposta imune para protozoários é a fagocitose, devido a muitos
deles expressarem as PAMPs que podem ser reconhecidas por PRR como
os TLR (receptores Toll like), porém muitos deles são resistentes a morte
fagocítica e conseguem se multiplicar dentro dos macrófagos.

4. RESPOSTA IMUNE HUMORAL E CELULAR FRENTE ÀS


BACTERIAS

4.1 Intracelulares
Uma característica interessante sobre as bactérias intracelulares facultativas
é que elas conseguem se replicar e sobreviver dentro dos fagócitos, elas
conseguem encontrar uma forma de escapar a ação dos anticorpos
circulantes.
Os primeiros fagócitos a perceberem a infecção são os neutrófilos e em
seguida os macrófagos, esses migram para o sítio infeccioso e fagocitam a
bactéria intracelular, no entanto elas são resistentes à ação de degradação
pelo fagolissômo. Porém essas bactérias ativam esses macrófagos e
estimulam a produzirem e secretarem citosinas como IL-2 que é essencial
para a ativação de células NK. Após ativadas as células NK produzem e
secretam a citosina IFN-gama que tem o papel de estimular e aumentar a
capacidade microbicida dos macrófagos para que assim ocorra a destruição
das bactérias.
A resposta imunológica inata mais eficaz contra bactérias intracelulares é
iniciada pelas células NK, porém na maioria das vezes essa defesa primaria
não é suficiente para eliminar a infecção, por isso a resposta imunológica
adquirida é muito importante.
Os linfócitos T tanto CD4 quanto CD8 conseguem reconhecer os peptídeos
antigênicos de origem proteica, quando esses peptídeos são apresentados
para linfócitos TCD4+ naives estes são ativados, sofrem expansão clonal e
se diferenciam para um padrão de resposta do tipo Th1 e produção de IFN-
gama, essa citosina estimula os plasmócitos a produzirem e secretarem
anticorpos que ativam o sistema complemento o que auxilia os macrófagos.
A ativação dos macrófagos devido a infecções por M.O intracelulares pode
levar a lesões teciduais, como reação de hipersensibilidade tipo tardia
(DTH), como por exemplo na tuberculose com a posterior formação de
granuloma.
Quando uma bactéria intracelular está no citoplasma celular, ela não se
encontra mais suscetível a ação microbiana dos fagócitos, a partir daí sendo
apresentados ao linfócitos TCD4+ entrando em uma via de processamento
antigênico onde serão processadas e apresentadas peptídeos antigênicos por
via MHC I para linfócitos TCD8+.

4.2 Extracelulares
Elas podem viver e replicar no tecido conjuntivo, na circulação ou até
mesmo nos espaços teciduais, essas bactérias quando patogênicas
produzem toxinas que possuem efeitos patológicos diversos e a principal
resposta imunológica inata para conter estas bactérias é a ativação do
sistema complemento, fagocitose e resposta inflamatória.
Essas bactérias podem ser de dois tipos, gram-negativas e gram-positivas,
ambas possuem particularidades que as tornam capazes de ativar o sistema
complemento pela via alternativa, devido a formação do C3 convertase. O
C3 é uma proteína que contêm uma ponte tioester reativa que normalmente
está adormecida, mas ao ser ativada consequentemente forma um complexo
(C3bBbC3b) formando C5 convertase que é muito importante para a
ativação da fase tardia do sistema complemento que culmina na eliminação
do M.O pela formação do M.A.C (complexo de ataque a membrana).
Existem bactérias que possuem em sua parede celular manose, e esta pode
se ligar a lectinas de ligação a manose e assim ativar outra via do sistema
complemento, a via das lectinas. No final este processo também vai
culminar na formação de C5 convertase para originar o complexo de ataque
a membrana (M.A.C)

A fagocitose é um processo que pode ser engrandecido por meio da ajuda


do sistema complemento, pois os M.O que ativam a cascata do sistema
complemento ficam opsonizados, ou seja, recobertos por C3b ou C4b. E as
células fagocíticas, como macrófagos e neutrófilos apresentam em sua
superfície celular receptores para estas proteínas, facilitando os fagócitos a
ingerir os microrganismos.
O sistema complemento também age em parceria com a resposta
inflamatória, levando a liberação de aminas como a histamina, aumentando
a permeabilidade vascular e facilitando a migração dos leucócitos para o
sítio infeccioso, em uma ação conjunta de mastócito, neutrófilo e C5a.
A principal resposta imune adquirida frente a bactérias extracelulares é
mediada por anticorpos, pois se está fora da célula se liga anticorpos
circulantes, a função da imunidade humoral é a defesa contra bactérias
encapsuladas ricas em polissacarídeos o mecanismo nesse tipo de situação
segue, neutralização, opsonização e fagócitos e ativação do sistema
complemento pela via clássica.
Os antígenos proteicos também são capazes de ativar os linfócitos TCD4+,
que contribuem secretando a citocina IFN-gama causando um aumento na
atividade microbicida dos macrófagos, porém essa resposta inflamatória
pode levar a choque séptico no individuo devido aos danos teciduais que
podem ser causados por essas reações usadas pelos macrófagos e
neutrófilos.
Quando a infecção bacteriana leva a presença de LPS (Lipopolissacarideo)
no sangue é chamado de SEPSE, os níveis de citocinas aumentam
drasticamente e a resposta a infecção é alterada. Níveis elevados de LPS
podem resultar em vários processos, apresentando inflamações e trombose
vascular em vários órgãos, levando a falência dele. Quando vários órgãos
são afetados ao mesmo tempo chamamos de choque séptico, e essa
condição geralmente é fatal.

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