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A CONCEPÇÃO HEBRAICA ANTIGA

As almas dos mortos eram como sombras presas no Cheol. Não tinha
uma vida igual a dos vivos. Estavam como que adormecidas, numa semi-
vida  sem alegria, sem consciência da vida no mundo e esquecidas de
Deus. Só Deus poderia livrar do Cheol e ele livrava impedindo que uma
pessoa  morresse . A felicidade consistia em uma vida longa sobre a
terra. Cf. 37,33-35;  Gn. 42,38; Ecl.  9,5-6
A COMPREENSÃO NO HEBRAISMO RECENTE
Após o cativeiro dos judeus par a Babilônia o xeol passou a ser a morada
dos mortos, mas nestes as sombras, ou pessoa falecidas, estavam
separadas. Os bons estavam nas mãos de Deus ou no seio de Abraão e
os maus num estado de sofrimento. (Lc. 16, 19-26)  A ressurreição era a
esperança  dos que faleciam. E esta ressurreição se daria no dia do
julgamento  no final dos tempos.  (Jo. 11, 23-24)
A CONCEPÇÃO DO NOVO TESTAMENTO.
Cristo conhecia a doutrina judaica da Ressurreição. E afirmou a mesma
para o povo quando questionado pelos Saduceus que a negavam. Os
mortos ressuscitam. Cristo não diz apenas Ressuscitarão. (  Lc. 20, 37-
38)  Mas em outras ocasiões Cristo faz também referencia a uma
ressurreição no final dos tempos. (Jo 5,28-29; 6,40) Outra entendimento
de  ressurreição dos mortos  é a manifestação do caráter de uma pessoa
morta em outra viva. Como o poder de fazer milagres de um profeta
manifestado por outro.(Lc 9, 7-8. 18-21; 20, 37-38; Mt 16,13-14;Mc 6,14-
16) Então este profeta  ressuscitou  reaparece  por sua atuação em outra
pessoa. Algo parecido com o o ditado popular “este menino puxou todas
as manias do pai ou é tão ruim como a mãe.” Para os judeus as  
habilidades de uma pessoa morta presentes em outra viva era uma
espécie de ressurreição do espírito daquela pessoa falecida.Por isso o
povo diz que Jesus é Elias, João Batista ou outro profeta que ressuscitou.
ALMA PARA O JUDAÍSMO
A doutrina dos judeus não entendia a alma como independente do corpo.
A alma era necessária ao corpo e  junto corpo e alma formavam o
homem. A alma não habitava  o corpo e o conduzia como faz um
motorista em um veiculo. Corpo e alma estavam permanentemente unidos
e um não poderia existir sem o outro. O ser humano era uma alma vivente
e não um ser que tinha  alma. Cf. Gn 2,7.
A ALMA NA CONCEPÇÃO GREGA
Esta não dependia do corpo. Era por natureza imortal e alguns até
entendiam que precedia o corpo. Este era como a vestimenta da alma.  
Por ser espiritual era imortal por natureza a alma podia mudar de corpo
quanta vez quisesse. Como entidade livre a alma poderia animar o fazer
viver vários corpos com que trocando de roupa.
IMORTALIDADE DA ALMA E RESSUREIÇÃO.
IMORTALIDADE EM JUSTINO (Sec II)
Justino  já professa a fé de que os mortos  estão consciente e são
punidos ou  recompensados  logo após a morte. Escreve no Diálogo com
Trifão: “ As almas dos homens piedosos fuçarão  num lugar bom , as  dos
ímpios  e malvado noutro muito mal, esperando o tempo de juízo. E assim
as primeiras, se forem julgadas dignas diante de Deus, nunca mais hão
de morrer, as outras, serão punidas por tanto tempo quanto    Deus quiser 
que existam e seja castigadas. (Antologia dos Santos Padres, Folch
Gomes, Cirilo,São Paulo, Paulinas, 1979 p. 74) Com efeito, para Justino,
a morte das almas seriam uma grande injustiça para os bonés e uma
vantagem para os maus que não sofreriam imediatamente pro seus atos.
IMORTALIDADE DA ALMA NA IGREJA ANTIGA E  MEDIEVAL.
Logo após a morte as almas ganham um destino eterno. No céu ou no
Inferno. A ressurreição é apenas uma confirmação desta situação. O
corpo ressuscitado será o mesmo que temos, mas não haverá mudança
de estado após a Ressurreição. Há quase uma  autonomia absoluta da
alma semelhante à  concepção grega. Esta é imortal porque foi criada
para ser imortal. Faz parte da sua natureza a imortalidade. Por isso a
ênfase em salvar a alma. Nesta compreensão a ressurreição da carne é
secundária. O corpo ressuscita apenas para se unir alma e compartilhar
de seu  sofrimento ou  da glória. Mas a alma por si mesma é que detém
todas as propriedades da pessoa: Consciência, vontade, inteligência e
absoluta autonomia em relação ao corpo.
IMORTALIDADE DA ALMA NA TEOLOGIA MODERNA.
Aqui há uma retomada da concepção hebraica. Alma e corpo formam
uma unidade. Um não vive sem o outro. Alguns teólogos afirmam   que a
ressurreição se dá logo na norte. Como não haveria mais o tempo na
outra vida, logo após a morte, se daria o juízo final e alma se veria  no fim
dos tempos. Difícil conciliar com o que pregou e acreditava Jesus. Em
todo o Novo Testamento o fim dos tempos é   um evento  cósmico
universal e que se identifica com a volta do Cristo. Dá-se no tempo e
progressivamente. (Cf. Jo5,29; Mt  25,31-46;) Alem disso se todos que
morrem ficam livres do tempo então eles se tornam iguais a Deus. Pois só
Deus não é preso ao tempo. A Eternidade e Deus são uma e mesma
realidade. “Para o cardeal Ratzinger, a eternidade, como posse total e
simultânea do todo, é própria apenas de Deus. Somente Deus há o eterno
presente.” Pe. Elílio de Farias Matos Junior, artigo Entre a morte e
Ressureição Parte III. Outros entendem que a alma  sozinha não está
completa. Reafirmam com ênfase a Ressurreição do  corpo para se
refazer esta unidade que forma a pessoa humana,  pois esta é  composta
de corpo e alma. Mas entendem  a alma como  o motor de um automóvel.
“Para poder desabrochar  na plenitude do seu ser , para ser inteiramente
aquilo que deve ser , a alma precisa do corpo, porque foi criada para  
estar unida a ele e estaria incompleta sem ele (…)Com perdão da
comparação , um tanto rudimentar ,estamos diante de algo semelhante a
motor de um automóvel  que está projetada para funcionar  em conjunto
com o corpo desse automóvel. A Sabedoria do Cristão,   Trese, Leo J. 
Tradução de  Roberto Vidal da Silva Martins, Rei dos Livros, Lisboa,
1992 p. 27
Neste caso a alma está viva apenas para Deus, na mente do Eterno ou
não teria uma vida espiritual plena. Como bem continua o autor no mesmo
livro “É bem possível retirar um motor e pô-lo a funcionar sob uma
bancada,  isolado do chassi…” A Sabedoria do Cristão,  Trese, Leo J. 
Tradução de  Roberto Vidal da Silva Martins, Rei dos Livros, Lisboa,
1992 p. 27 Mas que utilidade teria um motor de automóvel sem o
automóvel? E porque colocá-lo para funcionar sem o próprio automóvel?  
Neste caso a alma não teria o pleno domínio de seus atributos que são a
consciência, a vontade e a relação  com outros e  com Cristo e Deus.
Seria inútil e desnecessário sobreviver à morte.
REUSSUREIÇÃÃO E IMORTALIDE DA ALMA: UMA CONCILIAÇÃO
POSSIVEL
Compreendendo que sendo o ser humano composto de alma e corpo, ele
não é só a alma e nem muito menos só corpo. Então a morte desfaz esta
unidade. A sobrevivência da alma não implica na sobrevivência da
pessoa. A alma está para o corpo como um chip está para um celular.   Ou
um programa de computador  está para  a CPU, a parte material do
mesmo. Posso ter o chip ou programa, mas este só funciona se eu tiver o
aparelho. No entanto se tanto a alma e o corpo se destroem com morte, a
ressurreição consistiria em uma nova criação da pessoa. Uma espécie de
clone da pessoa morta. E desta foram não seria uma verdadeira
ressurreição. Sendo alma que possui todas as faculdades espirituais tais
como racionalidade, vontade e consciência, a Ressurreição individual se
dá na hora  morte e não depois da morte, num sentido de uma morte total
da alma e do corpo. Neste caso a alma forma um veículo sutil ou
provisório substancialmente idêntica à si mesma. Este “corpo” não é o
nosso corpo humano atual ressuscitado. É um “veículo”  da alma e para a
alma . Um meio para a sua plena manifestação no mundo espiritual. Nem
tampouco é um corpo espiritual, o corpo sutil ou astral,  no sentido como 
o  entendem os esotéricos e os  espíritas ( o Peri – espírito)  já que não
está unindo   o nosso corpo mortal à alma e não é um terceiro composto
da natureza humana. É um veículo que possibilita alma manter relação
com Deus e  com as outras almas. Que lhe dá a possibilidade de
manifestar-se no mundo físico porem de forma indireta, provocando
sensações  aos  sentidos dos vivos, que são ocasionados pela alma com
a permissão de Deus. Esta é a razão das aparições dos muitos santos.
Este “corpo da alma” difere do corpo da ressurreição final porque na
ressurreição teremos  o  nosso próprio corpo material idêntico ao nosso
que já se desfez no tumulo.”Ele vai transformar o nosso corpo frágil  
tornando-o semelhante ao  seu corpo glorioso.” (Fl 3,21). O corpo
ressuscitado no último dia será um corpo substancialmente idêntico ao
corpo humano biológico. Terá a possibilidade de assumir neste mundo
todas as propriedades do corpo  atual e ao mesmo tempo todas as
propriedades de um corpo espiritual como o descreve São Paulo. (Cf.
1Cor. 15, 12-15; 2Cor 5, 1-5;)  Na verdade este corpo glorioso  é fruto do
nosso corpo atual pois nosso corpo humano é como uma semente para o
outro corpo ressuscitado.Não poderemos chegar à ressurreição sem
passar primeiro por este corpo mortal e este será um corpo apto a  viver
em dois mundos. O material e o espiritual.  Tal e qual Jesus que se
apresentou comendo e podia ser tocado e sentido com carne e osso. (Cf.
Lc 24, 36-43; Jo 20, 27; Jo 21, 1-14)) Não foi uma visão  provocada pela
alma. Foi uma relação física verdadeira. Jesus se quisesse e fosse
conveniente poderia viver agora aqui na terra tal como viveu antes de
morte. Todas as faculdades físicas do seu corpo funcionariam
normalmente. Da mesma forma no mundo espiritual Jesus tem como
manter  comunicação real com todos os mortos inclusive com aqueles que
ainda não ressuscitaram no corpo glorioso do final dos tempos. Pois ele é
o Senhor dos mortos e dos vivos. (Rm 9,14). Isto em vista da alma ter um
“pré- corpo” um corpo psíquico com o diz São Paulo em 1Cor 15, 44) De
ter Deus dotado a alma da imortalidade na hora da morte  e esta possuir
outra tenda nos céus  logo depois da morte. (2Cor 5, 1-8) Mas se é assim
então porque ressuscitar o corpo humano material e idêntico ao que a  
pessoa tinha antes de morrer? Muito simples. Este “corpo”
substancialmente idêntico à alma não é um corpo humano. Não é
substancialmente idêntico ao nosso que se desfez no túmulo. (Jo
5,29).”Não vos admireis com isto: vem a hora em que todos os que
repousam no sepulcro ouvirão a sua voz e sairão.” Jo 5,28. Os que
repousam no sepulcro são apenas todos os que morreram. O texto não
indica que os mortos estejam literalmente nas sepulturas, já que este
repouso se refere ao corpo e não a alma, ou à consciência individual. No
caso, esta espécie de corpo ou veículo da alma é o meio para  que esta 
possa  estabelecer relações umas com as outras e com o Cristo
Ressuscitado. Seria como um  Hardware provisório, para um software
(alma) que não foi destruído com a morte. Na verdade ele é criado em
vista da ressurreição do corpo glorioso e se desfará neste com a
ressurreição da carne  no ultimo dia..  Por isso Jesus diz que os mortos
ressuscitam logo na hora da morte e também no final dos tempos. Cf. Mt  
22, 29-32; Lc 20,34-36; Jo  11, 25) Além  disso nunca uma alma poderá 
se manifestar  como uma pessoa ressuscitada neste mundo  e nem
tampouco viver nele. A ressurreição se dá no   final dos tempos porque
teremos  uma outra Terra livre do mal  e do pecado, em que habita a
justiça  e em que os ressuscitados poderão  viver como antes da
morte.Um mundo vindouro como refere Jesus ou um mundo renovado
como se ler em  certas traduções do Novo Testamento. (cf. Luc 20,34) em
que os maus não estarão mais presentes. Serão cidadãos de um novo
mundo e de dois mundos . É neste sentido  que São Pedro diz que haverá
um novo céu (onde os corpos ressuscitados manifestam suas faculdades
espirituais e  outro onde os ressuscitados podem viver  normalmente em
uma nova Terra como pessoa,  com  corpo e alma. .( 2Pd 3, 13 ). O
Universo estará  preparado para as duas realidades  que constituem a
pessoa humana. Esta é a liberdade da natureza de que fala o Apostolo
Paulo.(Rm 8, 19-21) O corpo e a  alma  juntos para sempre num universo
incorruptível manifesta a  absoluta vitória sobre a morte.(1Cor 15, 26.50-
55) É uma vitória absoluta  já que a morte não será mais necessária  nem
mesmo do ponto de vista da matéria e da vida. Sem a morte de outros
seres se  extinguiria  também a  vida na terra  porque um ser  depende da
morte dos outro para sobreviver. A morte é um fenômeno puramente
natural em relação à vida. Mas para seres racionais-nós humano- os
únicos que possuem a consciência da própria mortalidade a morte é uma
tragédia inaceitável. Uma verdadeira punição, pois aspiramos à
imortalidade sem passar pela morte.Assim como na terra temos o instinto
de sobrevivência nossa alma traz em sim o instinto de imortalidade.
Nenhum ser racional aceita a morte como um bem, se estiver física e
psicologicamente saudável. Nem mesmo a esperança do céu após a
morte motiva um ser humano a morrer. Bem gostaria de ir para o céu,
alem de bem idoso,sem precisar morrer.Por isto a própria morte é a
verdadeira punição pelo pecado, que só poderia ser cometido, por seres
racionais e livres.Desejaríamos ser revestidos do corpo imortal sem
morrer como disse o Apostolo São Paulo. (2Cor 5,4).
Também não haverá  com a  ressurreição,  a  necessidade de alimento
material . Viver-se-á da gloria de Deus e de sua luz. Não haverá
transformação da matéria pela morte  na nova terra.  Porque ressuscitado
e mantendo as faculdades próprios de um corpo físico, estão livres da
dependência destas necessidades físicas. Poderão se alimentar por 
prazer  e devido a sua real materialidade porém  nunca por necessidade.
Desta forma a imortalidade da alma ou a  sobrevivência desta por uma
primeira ressurreição na morte (Ap 20,6) e a ressurreição corporal ao fim
dos tempos, ficam conciliadas, eliminando-se as contradições de uma
concepção dual do ser humano, como a entendia a filosofia grega  
estranha à concepção bíblica do ser humano,excluindo-se  também  a 
recriação da pessoa se a ressurreição da se desse depois da destruição
do corpo e da alma na hora da morte e fazendo-a  igual a Deus, concedo-
lhe uma eternidade absoluta, por esta entrar no final dos tempos ao
morrer, ou então concedendo à  alma   uma liberdade absoluta em
relação ao corpo, relegando  a ressurreição da carne a  um mero
complemento, sem necessidade, ou simples acréscimo à alma, que por si
mesma constituiria a pessoa;  quando na verdade  esta é uma unidade
indissolúvel  de corpo e alma.
A ALMA É IMORTAL POR SUA PROPRIA NATUREZA?
A Rejeição da imortalidade da alma entre os teólogos modernos decorre
do fato de que esta concepção seria uma infiltração da concepção grega
sobre a pessoa humana. No entanto a Doutrina da imortalidade da alma
foi definida pela Igreja é esta fundamenta o juízo particular ocorrido logo
após a morte. Muitos teólogos entendem que ao morrer, tanto morre a
alma como o corpo. E a ressureição se dá logo após a morte e o morto já
está na ressureição final. Esta teoria teológica é defendida entre outros,
pelo Teólogo Leonardo Boff. E não se harmoniza como a doutrina
tradicional da Igreja.
A alma poderá sobreviver à morte, porque  a pessoa humana  foi criada
para a imortalidade e a morte entrou  no mundo por causa do pecado. E
não é imortal por sua natureza espiritual. Se assim o fosse não teria sido
criada para unir-se a um corpo feito  para ela e dessa forma constituir a
pessoa humana. E  dessa forma seriamos iguais aos anjos em natureza,
quando morrêssemos, ou então, nossos espíritos poderiam ser  pré-
existentes ao corpo, como crerem muitas doutrinas espiritualistas.
A imortalidade da alma decorre da futura ressureição e não de sua
própria natureza espiritual. Pois sendo, a alma, a forma do corpo de
acordo com Santo Tomás de Aquino, se esta morresse junto com o corpo,
não teríamos verdadeira ressurreição, pois tanto a alma como corpo
seriam novamente criados. E o corpo unido novamente a esta alma, não
seria substancialmente, idêntico àquele que se decompôs no sepulcro.
Estaríamos de fato perante a uma recriação da pessoa humana; algo
como que um clone daquele que morreu; mas não uma verdadeira
ressureição. Nem nos tornaremos iguais a  Deus,  possuindo a eternidade
absoluta,  se a ressureição e juízo final  fosse  logo após a morte,  como a
entendem os teólogos modernistas. Além disso, teríamos por toda
eternidade dois mundos paralelos e jamais a vida de um novo mundo,
onde se manifestaria o triunfo de Cristo e a derrota do mal.
A doutrina daí imortalidade da alma, mesmo influenciada pela 
concepção dualista grega, da natureza humana, foi providencial para que
o mistério da ressureição dos corpos implicasse num verdadeiro  
ressurgimento da pessoa humana. Não haveria  de fato ressureição se
desta nada não é conservado. Então a alma deve à sua imortalidade por
causa da ressurreição do corpo e da reconstituição da pessoa e não é um
direito decorrente de sua própria natureza espiritual.
O CASO DOS QUE MORREM ANTES DA IDADE DA RAZÃO
Nosso Senhor é bem claro no que se refere aos meios da Salvação
eterna. O fundamental é professar a fé nele como o único nome por meio
do qual temos a salvação da condenação eterna, renunciar ao mal e
praticar o bem. No entanto muitos morrem sem a capacidade de fazer
esta escolha, como é o caso dos que falecem antes de crer ou de fazer o
bem e renunciar ao mal; Isto ocorre com os   que são abortados ou
morrem logo depois de nascer. Até o presente nunca li uma teoria
teológica ou pronunciamento do magistério da Igreja que solucionasse
esse problema. Em relação aos que morrem sem batismo a Igreja indica o
limbo (Estado de bem aventurança sem a contemplação de Deus) ou
conforme o  Novo Catecismo da Igreja Católica, esta em sua liturgia os
entrega à misericórdia de Deus. (CIC Nº 1258-1283). Outros entendem
que a salvação estaria garantida a todos os que morrem antes da idade
da razão porque nunca pecaram. Mas seriam injusto que uma pessoa
criada para salvar-se em Cristo obtenha a salvação por haver morrido
antes de realizar esta escolha e exercer o livre arbítrio, preferindo   o bem
e evitando o mal. Mais  vantajoso  seria  morrer  no ventre materno ou
logo ao nascer, que crescer e correr  o risco de perder-se para sempre.
Não deixa de se apontar neste caso uma injustiça de Deus, que sendo
onisciente por certo saberia os que morrem antes de chegar à idade de
poder realizar escolhas morais e desta forma já os criaria com a salvação
garantida. Perante  esta situação os  que  crêem na reencarnação se
apóiam para tornar evidente que Deus nunca criaria almas para deixá-las
sem a possibilidade de desenvolvimento e que se as criou para Terra,
justo seria que as enviasse novamente a terra para que tal e qual os
outros tivessem a possibilidade de desenvolver todas as faculdades
inerentes à alma: Racionalidade, liberdade e vontade. Porem como
definimos anteriormente, a alma não é um hóspede num corpo destinada
a mudar de corpos. A alma é parte  fundamental da  pessoa humana e
forma uma unidade com o corpo de modo que cada alma foi criada para
um corpo e o corpo para ela. A morte desfaz esta unidade que a
Ressurreição final Irá refazer. Porem como fica  o caso dos que morrem
antes da idade adulta ainda incapazes de discernir entre o mal e o bem?
Entre a fé e a infidelidade  a Cristo? Deus ao criar todas as criaturas
juntamente com estas criou todas as possibilidades possíveis a estas
criaturas. Em relação aos seres vivos, as possibilidades de não crescer,
de procriar ou não reproduzir-se, de morrer antes de desenvolver-se, de
adoecer, das deficiências físicas; de nascer apenas para um dia ou um
minuto na terra. Alem daquelas que originadas por causa do pecado. No
que se refere aos seres racionais- os humanos- Deus na sua onisciência
eterna previu que muitos morreriam antes da idade da razão e definiu
para estas um estado espiritual em conformidade com o seu
desenvolvimento. Jesus afirmou: ”Na casa de Meu Pai há muitas
moradas” Jo 14,2 Estas moradas se referem aos estados de
desenvolvimento de cada pessoa na hora da morte. Os que morrem antes
de nascer e na infância por certo irão para o estado conveniente ao seu
nível de desenvolvimento racional. E podem desenvolver-se
espiritualmente porque as faculdades da alma como a possibilidade de
conhecer, crescer no amor e na vontade de servir a Deus, não acabam
com a morte. São Paulo Apóstolo também indica que foi arrebatado ao
terceiro Céu. 2COR 12, 2-4, confirmando as muitas moradas eternas
conforme indicara Jesus. Estas almas que deixaram esta vida logo no
início de sua jornada na terra, para as quais não foi possível exercer o
livre arbítrio, estão confirmadas na glória por uma liberação de Deus, mas
podem progredir na gloria pós-morte e alcançar maior felicidade
dependendo de sua disposição em voltar-se cada vez mais para Deus,
porque também diz o apostolo São Paulo: “ …quer estejamos vigilantes
ou adormecidos esforçamos por agradar-lhe.”2 Cor 5,9. Acada nível de
desenvolvimento uma morada conveniente. Por isso Jesus disse aos
Apóstolos: “Na casa de meu há muitas moradas. Irei preparar um lugar
para vós.” Jo. 14, 2 Sem duvida a morada dos mártires, dos apóstolos e
confessores, daqueles que muito batalharam para manter a fé,  não será
a mesma para um indivíduo que morreu logo no alvorecer da vida na
terra, ou para  aquele que chegou a este mundo e viveu apenas alguns
minutos; no máximo poucos anos de vida  ou faleceu antes do
nascimento. Assim os abortados, os que morrem antes da idade da razão,
os que nunca ouviram falar de Cristo, os pagãos que agirem em
conformidade com sua consciência, e obedecerem à lei natural, terão a
morada peculiar ao seu estado quando saírem deste mundo. Deus é
absoluta justiça e não criaria uns para conquistar a vida eterna após
muitos perigos, muitas tentações, e outros para a mesma gloria que os
primeiros, pelo simples fato de morreram logo no iniciar da vida terrena.
Não há uma só possibilidade inerente às criaturas, que Deus não tivesse
prévio conhecimento e juntamente com este a solução adequada. Como
toda criação é imperfeita por ser criação e ao mesmo manifesta perfeição
possível, por haver sido criada por Deus, Deus providenciou   que todas as
criaturas chegassem a  receber o que lhes é devido, no caso de nós
humanos, o que é adequado a situação de cada pessoa nascida nesta
terra. No que se refere aos corpos destes que morrem precocemente,
eles ressuscitarão com um corpo material glorioso, que está liberado das
limitações do corpo presente e poderão assumir a forma do corpo adulto
que não tiveram na terra.
CONCLUSÃO
A alma não constitui uma entidade separada do corpo e independente
deste. Tendo sido criada para o corpo e este para esta, um não pode
existir separado do outro indefinidamente. Se a alma fosse por natureza
própria imortal, a punição pelo pecado seria a sua união com o corpo, a
sua descida à matéria, como acreditavam os gnósticos e crêem hoje, os
esotéricos e espíritas. A finalidade da existência seria libertar-se da
prisão da matéria e não a morte, pois sendo independente em relação ao
corpo o ideal de existência da alma seria libertar-se de sua prisão ao
corpo.
Porem  a morte do corpo não implica também na morte da alma e a
entrada do pessoa no ultimo dia, na ressurreição final em que dois
mundos paralelos nunca haveriam de se encontrar e fazendo a pessoa,
possuidora da eternidade tal e qual Deus, porque estaria livre do tempo.
Deus ao criá-la a fez para uni-la ao corpo e constituir a pessoa. Tendo
entrado o pecado no mundo, pela desobediência dos primeiros pais, este
trouxe a morte. Sem o pecado, nós em enquanto pessoas,   estaríamos
destinados à glorificação sem passar pela morte, Conforme Paulo
escreveu em relação aos vivos, por ocasião da segunda vinda de
Cristo.”Sim vou lhes dizer um segredo: nem todos morreremos, mas todos
seremos transformados. 1 Cor. 15,51s. Deus nos criou para a
ressurreição e não para sermos almas penadas; em vista desta
ressurreição a alma possui a imortalidade como dom de Deus.
A imortalidade da alma é, portanto, dom de Deus concedido na hora da
morte. Os homens têm o poder para tirar a vida do corpo, mas nada
podem fazer à alma. ”Não temam aqueles que matam o corpo, mas não
podem matar a alma” Mt10,28.Deus poderia destruí-la, mesmo sendo ela
espiritual. Mat. “Temam, sim aquele que fazer perecer a alma e o corpo
no inferno.” Mt10,28A  imortalidade não vem da própria natureza da alma
porque o pecado trouxe a morte da pessoa completa; porém em virtude
da ressurreição de Cristo e em vista da ressurreição futura da pessoa, a
alma  é preservada da morte. Criada do nada para a existência e unida a
um corpo próprio e definitivo, a separação entre alma e corpo é a
verdadeira punição do pecado, conforme afirma Paulo “O Salário do
pecado é a morte” 1Cor 15, 56 Mas a vitória sobre a morte é a
Ressurreição da pessoa, corpo e alma, no ultimo dia ,na renovação do
mundo,  quando Deus manifestar a nova terra e o novo céu transfigurados
e libertados de toda corrupção,
A alma foi criada para a imortalidade em vista da ressurreição do corpo e
o nosso corpo foi criado para a Ressurreição, em vista de reconstituição
da pessoa humana e  esta, que é unidade inseparável de corpo e alma,
para a Vida Eterna com Cristo.

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