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TRANSTORNOS ALIMENTARES – ANOREXIA E BULIMIA NERVOSA

Transtornos de conduta alimentares, a anorexia e a bulimia são os mais freqüentes


na adolescência e idade adulta.

ANOREXIA

❖ A anorexia caracteriza-se por uma recusa categórica de manter um peso corporal


normal e por medidas extremas e intencionais visando perder ou não ganhar peso na
fase de crescimento.

❖ Distorção da imagem corporal: mesmo estando muito magros, estes indivíduos têm
medo de engordar e dizem que “se sentem gordos” portanto, continuam na sua
tentativa de perder peso.

❖ Afeta igualmente as crianças quase na puberdade.

❖ Pode ser causado por um desequilíbrio físico e afetivo.

❖ Pavor de ficar gordos e de ganhar peso (reforçado pela atual ênfase social e cultural
dada à magreza).

❖ A repugnância ao se alimentar segue sua marcha lentamente progressiva.

❖ A maioria das anoréxicas recorre a comportamentos extremos para perder peso,


como os vômitos provocados, o uso abusivo de laxantes, de diuréticos ou de
preparados para tirar o apetite e a prática excessiva de exercícios físicos.

❖ As anoréxicas também costumam apresentar sintomas depressivos ou transtornos de


humor.

❖ Taxa de comorbidade: 45%

❖ As anoréxicas também tendem a ser suicidas.

BULIMIA
❖ A bulimia caracteriza-se por crises regulares de hiperfagia,(orgias alimentares)
seguidas de comportamentos compensatórios, para evitar ganhar peso, como os
vômitos provocados e o uso abusivo de laxantes.

❖ Na maior parte dos casos, os bulímicos têm peso nos limites da normalidade.

❖ Assim como a anorexia, a bulimia pode ocorrer também em homens.

❖ A bulimia parece um fenômeno psicopatológico novo.

❖ As crises de bulimia se manifestam pelo consumo rápido de alimento, em geral, em


quantidades nitidamente superiores ao normal e sempre em tempo limitado (inferior
a duas horas), esse consumo costuma ser às escondidas, é impulsivo e anárquico: o
adolescente devora com avidez tudo o que está ao alcance da mão.

❖ As crises de bulimia são pontuadas por uma preocupação persistente de alimentar-se


e por uma necessidade de comer que vai se tornando progressivamente irresistível.

❖ Os bulímicos costumam alternar as crises de hiperfagia com períodos de jejum de


um ou mais dias.

❖ Pode ser acompanhada de exercícios físicos excessivos.

❖ Ao caos alimentar dos bulímicos, acrescentam-se atitudes extremas, não apenas em


relação ao alimento, como também, de maneira mais ampla, à percepção de si e dos
outros. As pessoas com esse transtorno têm a tendência, a passar rapidamente de
sentimentos positivos a negativos.

ETIOLOGIA

FATORES BIOLÓGICOS:
Os parentes de primeiro grau de pessoas com anorexia correm um risco 11 vezes
maior de desenvolver um transtorno semelhante, enquanto na bulimia, o risco é 4 vezes
maior.
Embora estudos defendam que a transmissão dos transtornos de condutas seja
genética, não se sabe com precisão o que é herdado.
FATORES NEUROBIOLÓGICOS:
A anorexia e a bulimia têm início após dietas alimentares prolongadas, as quais
provavelmente interferem nos processos neurobiológicos que estão por trás da
alimentação. De maneira geral estudos ilustram a complexidade dos fatores etiológicos
envolvidos e destacam a importância que se deve atribuir à sinergia desses fatores na
etiologia dos transtornos mais do que aos seus efeitos isolados.
FATORES PSICOLÓGICOS E FAMILIARES:
As pessoas próximas desempenham um papel importante na sintomatologia da
anorexia e da bulimia (adolescentes com esse transtorno, percebem sua vida familiar de
forma mais negativa que os demais adolescentes), e os conflitos nessas famílias são
freqüentemente centrados na alimentação.
FATORES SÓCIO-CULTURAIS:
Nos países ricos e industrializados, as famílias se deparam com a abundância e mais
com o ganho do que com a perda de peso e o ideal de beleza feminino mudou na
direção contrária.
EPIDEMIOLOGIA

Mais de 90% dos casos de anorexia nervosa são de adolescentes ou mulheres


jovens. A prevalência é de 0,3 a 0,5. Começa entre 15 e 19 anos e cerca de 40% dos
afetados se encontra nesta faixa etária.
Taxa de prevalência de bulimia é de 1 a 3% em mulheres e 0,1% em homens.

EXPLICAÇÕES PSICODINÂMICAS

Conforme idéia de Freud de que a alimentação pode ser um substituto para o sexo,
foi sugerido que a recusa de comer, a anorexia, reflete a ansiedade do adolescente em
relação a impulsos sexuais, ou seja, as jovens com anorexia estão simbolicamente
evitando a sexualidade, pelo fato de evitar comer. Sendo assim, é digno de nota que
passar fome, como acontece na anorexia de fato retarda o desenvolvimento sexual e
pode inibir o impulso sexual. A anorexia foi também explicada sugerindo que a menina
adolescente identificou-se fortemente com o padrão cultural que enfatiza a magreza
como bonita. Alguns teóricos psicodinâmicos, sugeriram que a bulimia está de algum
modo, relacionada a abuso sexual na infância. Em apoio a esta hipótese, muitos
terapeutas relatam que suas clientes com distúrbios alimentares contam memórias de
abuso sexual na infância. As diversas explicações psicodinâmicas para anorexia são
derivadas de teorias amplamente sustentadas da personalidade, mas em sua maoria elas
não são apoiadas por achados de pesquisa, portanto podem apenas ser consideradas
especulações interessantes.

TRATAMENTO

Pessoas sofrendo de anorexia nervosa em geral desconfiam dos médicos, os quais


elas percebem como interessados apenas em realimentá-las ou em faze-las perder a
vontade de controlar seus pesos.Atitudes relativas ao peso e alimentação devem ser
fundamentalmente discutidas, pois os pacientes devem estar conscientes das
conseqüências clínicas e psicológicas do transtorno que podem ser perturbadoras para
eles. O passo inicial do tratamento é evidentemente uma avaliação diagnóstica
cuidadosa, com ênfase tanto na origem como na evolução do transtorno. Quando o
paciente permanece envolvido com sua família, é adequado uma avaliação familiar. Em
termos de diagnóstico, isto permite avaliar como as relações e atitudes dentro da família
podem predispor o paciente a perpetuar a doença.Em termos terapêuticos, oferece uma
oportunidade para reduzir tensões, culpas e censuras para todos os envolvidos. É
importante pelo menos uma consulta com um médico que entenda de transtornos
alimentares, entretanto, a continuação do tratamento pode ser realizado por um médico
da família, pediatra, psiquiatra, freqüentemente em colaboração com um nutricionista.
As vezes o tratamento hospitalar se faz necessário, sobretudo, para neutralizar a
negação do paciente ao enfatizar que ele está doente, restringe exercício compulsivo e
age como um ponto de partida para recompensas comportamentais para encorajar ganho
de peso. A psicoterapia é indispensável e de suma importância no tratamento de
trasntornos dessa ordem.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

GARFINKEL,Barry D.; CARLSON, Gabrielle A.; WELLER, Elizabeth B.


Transtornos Psiquiátricos na Infância e Adolescência. Porto Alegre, RS: Artes
Médicas, 1992, 475p.

DUMAS, Jean E. Psicopatologia da Infância e da Adolescência. Porto Alegre:


Artmed, 2011, 640p.

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