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Agradeço Gustavo pelo conselho e, a tour pela cidade inicia.

Pois é, aprendi com Gustavo que diz-


se tour.

Começamos por explorar a Universidade em que eu estudaria, fiquei empolgada, é como nos meus
sonhos, aliás, melhor. Não exploramos detalhadamente porque, a agenda de visitas para o dia de
hoje é extensa. A cada lugar que visitamos eu fico mais fascinada e, tiro foto de tudo para mostrar
às minhas avós e a minha mãe. Por último, Gustavo leva-me ao cinema, como havíamos
combinado. A sala é enorme e bastante escura, o ambiente deixa-me em pulos, a vontade de
gritar bate a porta da minha razão, pedindo-me permissão para o fazer mas, recuso. Estamos na
capital.

Gustavo aparece com um balde gigante de pipocas, eu amo pipocas.

— E as tuas? — questiono-o enquanto recebo o balde de suas mãos. Gustavo põe-se a rir, entendo
o recado. Ele sai e vai comprar um balde menor. Bom, ele é quem sabe.

Duas horas de puro mistério e suspense. Estou fascinada pela quantidade de coisas que as
pessoas da minha idade fazem aqui na capital. Saem, jantam, vão ao cinema, bom, há muita
liberdade.

Desfruto da sua companhia e dos lugares incríveis, aqui a felicidade tem cheiro de soberania,
liberdade, independência.

Ao chegar na residência, Gustavo estaciona e fazemos uma retrospectiva do nosso dia e, se


pudéssemos descrevê-lo em uma palavra seria: Sublime.

Despeço-me de Gustavo e, novamente sinto algo estranho. Isto já está a começar a incomodar-me.
Entro no quarto e nem percebo que Cátia cá está.

— Está tudo bem?

— Não.

— Vamos nos comunicar.— Contar o que me está incomodar, significa escutar Cátia a destilar
verdades que me vão custar suportar mas, talvez eu precise ouví-las para solucionar o meu litígio.

Tento contá-la o que está a acontecer,sem parecer tudo bizarro e muito menos caótico, para a
minha sorte, Cátia é muito boa a ler nas entrelinhas e percebe de imediato o que tento explicar
com muita dificuldade.

— Certo,...— Vem verdade por aí. — há duas hipóteses: ou estás a desenvolver algum tipo de
sentimento a mais por ele ou a vossa reaproximação presencial está a deixar-te confusa.— Cruzo
os dedos
para que seja a segunda opção. Não estou disposta a arriscar uma amizade de anos, por sentimentos
que não estão claros.

Cátia continua a falar e, eu bloqueio a mente para não escutá-la. As suas teorias não me são úteis
neste momento, ela tem estado a tentar romantizar uma situação que para mim é apavorante, afinal
de contas, trata-se de Gustavo, meu melhor amigo.

Peço-a gentilmente que se cale, porque dentro de instantes eu começaria a romantizar a expulsão
de uma colega de quarto.

Cátia se ofende mas, entende a minha atitude.

Os dias passam voando e o tempo se apressa em levar-me para algum lugar, de tanto desfrutar das
ruas da capital e dos seus pontos turísticos, acabo involuntariamente me esquecendo da razão pela
qual vim: Estudar.

Primeiro dia de aulas

05:00

Ouço o som do desespero, haaa, é o meu alarme. Cátia como sempre, já está a mil por hora, como
se tivesse acordado antes do sol.

— Bom dia. — Esbanja boa disposição. Como é que ela consegue?

— Bom dia. — O entusiasmo perde-se em meio ao sono que sinto.

Preparo-me para o meu primeiro dia. Recordando-me da solenidade que hoje se assinala, a boa
disposição começa a desabrochar como um girassol numa manhã ensolarada.

Preparamo-nos às pressas para garantir que chegamos à universidade antes das 07:00. A
universidade fica há 10 minutos da nossa residência, caminhámos à passos largos e chegamos à
tempo.

Sinto o poder do nervosismo sobre mim: frio na barriga, estômago revirado, que pode ser também
pela fome que sinto. Procuro pela minha sala de aulas e, finalmente encontro. A sala não está vazia,
alguns estudantes chegaram mais cedo, observo-os e, percebo que somos de faixas etárias
diferentes, fisicamente distintos mas, dentro destas quatro paredes,estamos todos em busca do
mesmo sonho.

A fascinação de encontrar tudo o que procurava para a minha formação faz-me perceber que a
decisão de correr atrás dos meus sonhos foi mais do que acertada.

Era disto que eu falava, conhecimento martelando e rodopiando na minha mente, este é o meu
lugar, é aqui que pertenço.
Um semestre onde os pontos altos da minha vida académica fizeram-me vibrar de alegria e os
pontos baixos,fizeram-me aprender a lidar com as adversidades.

São quase seis meses longe da minha terra, longe das minhas origens,a felicidade por cá estar,não
encapota a minha ligação com o meu povo. Durante a retrospectiva interna que faço, o
contentamento não se demonstra tímido, pois a estranheza que sentia ao ver Gustavo, virou
história. Inconscientemente eu sabia que não era motivo de alarme, eram os ditos hormônios.

Hoje, vou finalmente conhecer o pai de Gustavo, o homem que tem sido a maior referência para ele.
Estou ligeiramente nervosa e ansiosa, não me permito abalar com muita facilidade mas,este almoço
tem-me deixado esquisita.

Chegamos a sua porta. Gustavo toca a campainha e em poucos segundos um homem abre a porta.
Assustado e intrigado, observa-me. Não entendo o que acontece.

— Prazer, eu sou o Alberto.

—Alberto? — Pergunto arrevesada. Gustavo nunca antes me dissera que o seu pai tem o mesmo
nome que o meu.

— Sim sim.

O senhor Alberto,convida-nos para entrar em sua "humilde" casa, que de humilde não tem nem a
fechadura. A conversa durante o almoço gira em torno de mim e da minha família.

— E de onde é que a tua mãe tirou o nome Sibetlana?

— É o nome da minha avó paterna, nunca cheguei a conhecê-la mas, a minha mãe disse-me que o
meu pai era muito ligado à ela, então foi uma homenagem.

— Como é que a tua mãe se chama? — Perguntou com certo receio.

— Sara.

— Sara Mussawizi. — Completou, deixando-me deveras assustada.

— Sim. O senhor conhece a minha mãe?

— Sim, ela foi o meu primeiro e único amor. — Espantei-me ao ter uma noção do que aquilo
significaria.

— O senhor é o meu pai?

— O senhor é o meu pai.— A voz dela sai estremecida, deixando-me arrepiado com a informação e
com o seu semblante.

Tenho uma filha. Há no mundo alguém que carrega o meu sangue e, eu nem sabia, tudo por causa
daquele maldito dia que tive que sair de Pemba.
18 anos atrás

A vida foi-me bastante justa. Sempre tive o que queria, aliás nem tudo. Perdi a minha mãe muito
cedo, com 15 anos de idade, ela era a melhor mulher que eu tinha conhecido e, não o digo pelo
facto de ser minha mãe. Ela criou-me com muito amor e dedicação, ela vivia por mim e, eu morri
com ela.

Quando ela se foi, entristeci-me e, essa tristeza mudou-me, perdi a sensibilidade que ela tanto
esforçava para me ensinar. Não tinha porquê ser justo, a vida não foi comigo. O meu pai tentou
manter acesa a presença dela nas nossas vidas mas, por vezes, ele mesmo se cansava de tanto
lutar contra essa dor.

Em termos financeiros, nunca nos faltou nada. Sempre tivemos uma posição social e financeira
estável, que nos permitia desfrutar de tudo o que vida tinha para oferecer e, com a ausência da
minha mãe, eu explorava ao máximo o mundo afora, para de alguma maneira esquecer o
sofrimento que sentia ao atravessar o portão de casa para o lado de dentro.

Muito cedo, comecei a dar espaço aos meus impulsos libertinos, quando a vida é difícil e a sorte
não vira, muitos preferem acreditar numa mentira, eu vivia uma mentira.

Aos 18 anos, na passagem do segundo aniversário natalício da minha mãe, desde que ela partira,
decidi fazer uma viagem para Pemba, o lugar que ela mais gostava de ir quando viva. Aquele lugar
fazia-me recordar dela com maior intensidade, fazia-me recordar tudo o que ela me ensinara,
sinceramente, era o único lugar onde eu voltava a ser o Alberto, o Alberto da dona Sibetlana.

Caminhar na praia do Wimbe, lembrava-me das nossas brincadeiras, das pulseiras entrelaçadas
que ela ensinou-me a fazer, ali eu sentia a presença dela com maior intensidade. Ao longe, avistei
uma rapariga que me pareceu estar triste, aproximei-me para saber o que havia acontecido, antes
de perguntar qualquer coisa, ofereci-a o meu lenço, para que limpasse o seu rosto. Senti o seu
olhar sobre mim. Ela analisava-me minuciosamente, o seu olhar percorreu cada centímetro do
meu rosto e, ao mesmo tempo que ela fazia o seu estudo, eu fazia o meu. Portadora de uma
beleza invejável.

Ela levou o lenço e limpou o rosto. Sentamo-nos em silêncio e assim ficamos durante alguns
minutos, apesar do barulho das ondas e das pessoas que lá se encontravam, eu conseguia escutar
a sua respiração acelerada. Ela estava nervosa.

A rapariga levantou-se e devolveu-me o lenço, pedi que ficasse com ele mas, as minhas palavras,
estranhamente deixaram-na desconfortável, tanto que saiu a correr.

Pensei no que teria acontecido com ela. Continuei a minha caminhada e, com ela esqueci-me da
rapariga bonita.

Tentei refazer todas as actividades que realizava com a minha mãe, como forma de recordá-la de
diferentes maneiras e, outra das suas favoritas, para além da praia, eram as compras no mercado
que ficava próximo à praia. No dia seguinte, dirigi-me para lá e, visitei as bancas dos artesãos,
onde havia variedade de objectos esculpidos à mão. Cada objecto me fazia pensar nos seus
comentários sobre a arte, ela conseguia entender o que o artista tentava transmitir com o seu
trabalho. Olhei instintivamente para o lado e, lá estava ela. A rapariga bonita.

Aproximei-me, interferindo na sua conversa com um senhor de idade. O seu olhar era sempre
assustado. Ofereci-me para segurar as sacolas que ela levava, com ela, o silêncio era sempre factor
presente. De repente, sem se explicar, ela decidiu levar as suas sacolas de volta, não entendi nada.

Insisti que as levaria mas, ela não aceitou. Senti um desconforto com a minha proposta, por isso,
fi-la outra: Pedi que me encontrasse na praia do Wimbe no final do dia e, de forma desesperada
ela concordou. Deixei-a ir, enquanto acompanhava cada passo dela. Tão bonita.

Conforme prometido, lá estava ela, dissipando beleza e formosura. Não sabia ao certo o que nela
despertava em mim interesse mas, queria estar ao seu lado, ainda que em silêncio.
Surpreendentemente, daquela vez não houve silêncio, falamos de tudo e um pouco mais e, assim
foram os dias consecutivos ao seu lado, cheios de diversão, alegria, há anos que não me sentia
assim, ela fez-me despertar para a vida. Sara Mussawizi.

Decidi surpreendê-la, montei uma tenda perto dos pinheiros que haviam na praia e, enchi-a de
decorações e comida. Queria mostrá-la de alguma maneira o que ela me fazia sentir, retribuindo a
sua doçura com um gesto bonito. Passamos naquela tenda momentos que nunca mais
esqueceriamos. Naquela noite tornamo-nos um só e, transcendemos à existência humana,
estávamos felizes, estávamos apaixonados, não havia lugar no mundo que eu quisesse estar, senão
do lado daquela rapariga bonita.

Arrumamos tudo e, como combinado, encontrarmo-nos-iamos no mesmo lugar à mesma hora mas,
não foi o que aconteceu.

No dia seguinte acordei entusiasmado para rever a minha amada. Fui à praia ligeiramente mais
cedo, a ansiedade não me permitiu ficar mais tempo naquele hotel e, lá aguardei por ela.

Enquanto aguardava, apareceu um rapaz que sentou-se do meu lado e, nada disse enquanto
observava o mar atenciosamente.

Para passar o tempo, começou a puxar conversa.

— É a primeira vez em Cabo Delgado?

—Não, já estive aqui algumas vezes.— ficamos em silêncio por alguns minutos.

— Espera por alguém? — A sua pergunta foi um pouco forasteira e directa. Abanei a cabeça
positivamente.

— Haaa sim, a Sara. — Olhei-o assustado.

— Vivemos na mesma aldeia e, já os vi juntos algumas vezes.


Em meio aquele momento estranho com o rapaz desconhecido,recebi uma chamada do meu tio
avisando-me que o meu pai havia sido levado às urgências do Hospital Central de Maputo. Entrei em
desespero.

— Tudo bem?— Peruntou o rapaz.

— Não, não está tudo bem. O meu pai foi internado e, eu preciso voltar para Maputo.

— Então vá.

— Eu preciso avisar Sara, nós combinamos de nos encontrar aqui.

— Não tem problema nenhum, eu aviso, vivemos bem perto um do outro.

Com o desespero que eu sentia, acabei aceitando a ajuda do rapaz e, deixei-o na responsabilidade
de dar o recado à Sara.

Agradeci a gentileza e perguntei o seu nome.

— Zicuzacuenda. — Respondeu.

Saí a correr e fui ao hotel arrumar os meus pertences, consegui um voo directo para Maputo, apesar
de me "ter custado um olho da cara".

Foram 2h e 30min de puro desespero. O medo de perder o meu pai deixava-me inquieto, já estava
sem a minha mãe, mais uma perda deixar-me-ia desolado.

Quando cheguei à Maputo, fui directamente ao hospital e, recebi boas notícias. O meu pai estava
estável.

O médico disse que foi uma parada cardíaca, que resultou de fortes emoções e, eu sei o porquê.
Com a passagem do aniversário natalício da minha mãe, o meu deve ter embriagado em
pensamentos e recordações que deixaram-no emocionalmente instável.

Não podia deixá-lo sozinho. Passei um mês incrível ao seu lado, estavamos mais próximos e, até
contei-lhe sobre Sara. Ele ficou entusiasmado com ideia de eu ter uma namorada que incentivou-me
à voltar à Cabo Delgado para procurá-la e, assim o fiz.

Voltei a Cabo Delgado para reencontrar à minha Sara e conhecer a sua família. Mas, havia um
problema: Eu não sabia por onde começar. Sempre encontravamo-nos na praia e nunca falamos
sobre a sua residência ou onde procurá-la caso precisasse. Recordei-me que uma vez, deixei-a
próximo à uma aldeia, sendo a única pista, decidi começar por lá. Fui à aldeia e por sorte encontrei
alguém conhecido.

— Zicuzacuenda.—Gritei.

O rapaz olhou-me franzindo o rosto, como se tentasse descobrir de onde é que me conhecia.

— Não sei se te recordas mas, encontramo-nos na praia do Wimbe...

— Sim, tu estavas à espera de Sara.


— É isso, podes levar-me à casa dela?

Ele olhou-me fixamente e abanou a cabeça negativamente.

— Sara não vive mais aqui.

— Como assim? Onde é que ela vive?

— Ninguém sabe, foi tudo repentino. Só sabemos que a mãe levou-a para fora da cidade há dois dias
se não me engano.

Fiquei desapontado. Acabara de perder a minha rapariga bonita. Voltei ao hotel e, fiquei sentado
tentando pensar o que fazer. Desespero.

Voltei à Maputo e contei tudo ao meu pai. Ele aconselhou-me à seguir em frente e a fazer alguma
coisa da minha vida. Assim o fiz.

No ano seguinte, inscrevi-me numa universidade Sul África, para estudar psicologia. Formei-me e,
depois de anos comecei a trabalhar numa clínica particular, como médico chefe, na área de
psicologia.

Profissionalmente, estava realizado, não tinha nada que reclamar mas, sentimentalmente, estava
perdido, tal como a minha rapariga bonita. Até tentei me envolver nalguns relacionamentos mas,
nunca chegavam a lugar nenhum, talvez porque eu tentava fazer delas substitutas da minha rapariga
bonita, que agora deve ser uma mulher bonita.

Há alguns anos a minha vida mudou com a entrada de um paciente especial no meu escritório.
Gustavo, era uma criança bastante sensível mas, a morte do pai deixou-o emocionalmente instável,
eu sabia o que ele sentia, porque passei pelo mesmo, mais do que relação médico-paciente, nós
éramos próximos, arriscar-me-ia em dizer amigos porque apesar da pouca idade, Gustavo era muito
inteligente, muito a frente do seu tempo, compreendia coisas que nem mesmo eu como psicólogo
entendia.

Com a nossa aproximação, inevitavelmente aproximei-me da sua mãe, Marcela, uma mulher
encantadora mas, com alguns complexos de superioridade. Observarvar-nos fazer actividades
juntos, fazia-me pensar que talvez ou fosse feliz com eles, a idade começava a deixar marcas e, não
podia me dar ao luxo de fechar as portas da vida sem experimentar a bonita sensação de ter uma
família.

Tentei criar uma com Marcela e Gustavo. Embora não fosse a que sonhei,estava de bom tamanho,
nunca me casei com Marcela, nunca vivemos oficialmente juntos, passava alguns dias em sua casa e
ela na minha e, desse jeito atípico construímos uma relação de anos ainda que os dois estivéssemos
cientes de que não existia amor verdadeiro. Amava-mo-nos mas, não o suficiente para selar um
compromisso como o matrimônio, a verdade é que, o que nos unia era Gustavo, o amor dela e a
minha afeição por ele, fizeram com que involuntariamente nos sacrificassemos em prol da sua
felicidade.

Viajavamos, passeavamos,fazíamos de tudo um pouco mas, a última viagem que fizemos fez-nos
despertar para a realidade, ou melhor fez-me. O nosso destino era Cabo Delgado mas, não tínhamos
escolhido a cidade, Marcela escolheu Macomia e eu Pemba, a verdade é que o fiz para ter a
pequena possibilidade de reencontrar a rapariga bonita, caso ela tivesse voltado. Sempre que ia à
Cabo Delgado com Marcela, levava-a à Pemba mas, o que nunca me apareceu à mente era, o que
dizer caso a rapariga bonita aparecesse.

Depois de entrarmos em um acordo, fomos a Macomia e a Pemba. Em Macomia, tudo estava a


correr bem, estávamos a divertir-nos imenso, até que o meu passado veio a tona em jeito de
bijuteria, sim bijuteria . Após ver uma jóia artesanal numa banca que me fora indicado por alguém,
eu percebi que talvez estivesse no lugar certo. As bijuterias vendidas naquela banca, eram
únicas,eram entrelaçadas e, só duas pessoas no mundo conheciam essa técnica para além de mim, a
minha falecida mãe e a rapariga bonita. Só poderia ter sido ela a fazer.

— Desculpe-me senhor, onde é que aprendeu a fazer estes colares?

— Não sou eu quem é os faz. É uma jovem que vive numa aldeia aqui perto.

— Como é que ela se chama?

— Porquê que isso é importante?— Marcela perguntou sem entender o motivo de tamanha
relevância.

— Chama-se Sarita, aliás Sara.

Depois de anos, finalmente ouvi alguém pronunciar o seu nome, ela estava lá. Não era justo com
Marcela e Gustavo mas, também não era justo comigo mesmo, abdicar da possibilidade de
reencontrar o amor, o verdadeiro amor.

Não disse nada para não chatea-los, continuamos com os nossos passeios mas, eu só estava lá
fisicamente, mentalmente, estava onde quer que a rapariga bonita estivesse. Depois de deixá-los no
hotel, saí com a desculpa de que precisava comprar algo e regressei ao mercado. Em meio a um
longo bate boca e uma nota de 100 meticais, consegui que ele me explicasse o caminho para a casa
da minha rapariga bonita.

Chegado à zona indicada,comecei a perguntar por ela e, finalmente encontrei alguém que me
pudesse dar respostas:

— Boa tarde senhora.

— Boa tarde.

— Desculpe-me, pode me dizer onde vive a senhora Sara, a que faz colares, pulseiras, etc

— Oh! Meu rapaz,que azar. Ela acabou de se mudar, noutro dia vi um senhor que veio buscá-la e ela
levava malas, acho que não volta tão já. Terá que aguardar para encomendar a bijuteria.

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