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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL/PDE

VILMA HIDEKO SUMIGAWA

A CONSTRUÇÃO DO TRIDIMENSIONAL PELO ORIGAMI

LONDRINA – 2011
VILMA HIDEKO SUMIGAWA

A CONSTRUÇÃO DO TRIDIMENSIONAL PELO ORIGAMI

Orientadora: Profa.Dra. Roberta Puccetti.

LONDRINA

2011
PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA NA ESCOLA

A) DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Professor PDE: VILMA HIDEKO SUMIGAWA
Escola de Atuação: COLÉGIO ESTADUAL ANTÔNIO DE MORAES BARROS
Município da Escola: LONDRINA
NRE: LONDRINA
Professor Orientador IES: Profa. Dra. ROBERTA PUCCETTI
IES vinculada: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA
Área PDE: ARTES
Produção Didático-Pedagógica: A CONSTRUÇÃO DO TRIDIMENSIONAL PELO
ORIGAMI
Público objeto da intervenção: Alunos da 2ª e 3ª série do Ensino Médio.
Localização: Colégio Estadual Antônio de Moraes Barros, situado na Rua Serra
do Roncador, 574, Jardim Bandeirantes.

TEMA DE ESTUDO DO PROFESSOR PDE


A Tridimensionalidade no Ensino da Arte.

C) TÍTULO
A Construção do Tridimensional pelo Origami.
I. INTRODUÇÃO

O uso do origami para a compreensão do tridimensional permite explorar


os elementos visuais das imagens em suas diversas formas de composição.
Assim, a produção artistica explorando os materiais, as formas e os espaços com
composições criativas através da técnica de dobradura “origami”, relevos e
recortes no papel “kirigami”, facilitará a compreensão dos padrões estéticos e
artísticos das diferentes culturas e etnias. Além disso, esta proposta contribuirá
para a composição das próprias produções dos alunos de forma lúdica e artística.
O sistema de ensino Fundamental nas séries iniciais apresenta dificuldades
principalmente da rede municipal por não oferecer as aulas de Arte e é realizado
inadequadamente em algumas escolas de Londrina. Quando ingressam no
Fundamental 5a a 8a (séries finais), não apresentam pré-requisitos básicos em
Arte e ao chegarem no Ensino Médio os alunos apresentam dificuldades de
percepção espacial, e de noções do bi e do tridimensional e ainda não usam
corretamente os instrumentos de desenho (régua, compasso, transferidor,
esquadros). Resultando em suas composições, a falta de proporção e
profundidade, contribuindo no desinteresse dos alunos por trabalhos práticos de
artes visuais. O projeto possilbilitará ao aluno a apropriação prática e teórica dos
modos de composição das artes visuais, visando a atuação do aluno em seu
ambiente escolar.
A construção do tridimensional pelo origami tem por objetivo o
desenvolvimento e a exploração do movimento das formas no objeto a ser
construído.
Propomos o estudo do contexto histórico dos origamis; a importância da
compreensão do espaço tridimensional para o desenvolvimento da percepção e
do pensamento visual; a manipulação das formas e proporções: a construção,
visualização e exploração de objetos tridimensionais pelo origami.
Possibilidades de explorar as formas, proporção e movimento: a
possibilidades de criação e manipulação das novas figuras; a transformação de
suas produções; a apropriação e significação das figuras com recursos diversos.
Neste sentido a importância de explorar e manusear corretamente os
instrumentos, as formas de linguagens, movimentos e períodos na melhoria da
qualidade estética e artística de suas produções de Arte se faz necessário.

Bem como desenvolvimento e a exploração do movimento das formas no


objeto a ser construído, a apropriação e o desenvolvimento das proporções no
contexto histórico do origami nas diversas culturas por meio de atividades de
exploração da proporção (tamanhos) dos papéis, na construção, confecção de
formas básicas e a criação de novas estruturas.

O objetivo da proposta está na expressão, por meios de composições


próprias e leituras tridimensionais; na relação das formas e composições com os
movimentos, períodos e produções. Na interação com as variedades de materiais
e artístas na construção e exploração da tridimensionalidade, levando ao
conhecimento de conceitos de representação espacial em artes de forma
interdisciplinar.Neste contexto proporcionar a compreensão da Arte como fato
histórico e contextualizado nas diversas culturas, conhecendo, respeitando a
existência de diferenças nos padrões artísticos e estéticos de diferentes culturas e
etnias.A proposta explora o desenvolvimento e movimento das formas no objeto
manipulando as formas básicas e a criação de novas estruturas em origami na
apresentação das produções tridimensionais artísticos.

O ORIGAMI
Origami (dobraduras) é a arte japonesa que consiste na dobradura artística
do papel, permite a confecção de inúmeras figuras e animais.
O origami proporciona entretenimento instrutivo, não exige aptidão
especial, prende a atenção da criança e do adulto, diverte, distrai e instrui.
Requer um pouco de paciência. Começar com figuras mais simples e
progredir aos poucos para adquirir prática e executar cada etapa devagar, com
cuidado prestando muita atenção nas instruções.
Hoje com o crescimento da cultura de apertar botões, controlada por
computador, a arte de transformação de um simples pedaço de papel em um
modelo de origami é um tipo de magia agradável e envolvente.
A história do origami é bastante obscura, mas é claro que não pode ser
anterior à invenção do papel há dois mil anos atrás na China. O mundo do
“origami” não é Chinês e sim Japonês e é utilizado no mundo inteiro com o
respeito de ancestral da arte caseira. Quando a China foi invadida pelo Japão em
610 DC, o segredo do papel viajou com eles e foi imediatamente assimilado
dentro da cultura japonesa, não somente como origami, mas também como
biombos, esteiras, bolsas, guarda-chuvas, roupas e muitos outros objetos.
Como uma indicação da importância do papel para os japoneses, a palavra
“origami” é formada por “ori” (dobrar) e “kami” que significa papel ou também
Deus (“kami” tornou-se “gami”, quando combinado com “ori”). Na verdade, os
primeiros modelos de origami foram criados com propostas simbólicas ou
religiosas, não para recreação.
O crescimento do origami criativo no Ocidente iniciou-se na década de 50,
embora fosse uma tradição espanhola sem importância e praticada pela
criatividade individual ocasionalmente antes daquela época. Curiosamente, desde
aquela década, esta arte também passou por uma evolução criativa no Japão,
tanto que há hoje várias centenas de livros impressos na língua Japonesa, a
maioria contendo novos trabalhos criativos. Uma grande quantidade de novos
trabalhos também está vindo do Ocidente, toda arte de estilos dispondo da
encantadora simplicidade à espantosa complexidade e da expressividade à
geometria.
O origami é a arte de dobrar papéis, que a muito tempo esteve relacionada
as festas japonesas, mas seu reconhecimento mundial, fizeram com que
surgissem outras faces dessa arte, com algumas transformações, culturais e
estéticas.

“As dobraduras tradicionais eram feitas sem o auxilio de cola ou


tesoura, também sem o uso de pintura ou adornos, hoje já permitidos
em uma espécie de Origami denominado de vanguarda, difundido em
todo o mundo. Os temas antes essencialmente orientais, abrem espaço
para o trabalho de profissionais dedicados ao estudo dessa arte: os
origamistas que desenvolvem figuras regionais com a utilização de
materiais diferentes, abrangendo hoje públicos e objetivos dos mais
diversos. Esse livro é um convite à imaginação de todo aquele que se
encantar pela magia de transformar uma folha de papel em uma figura e
criar, criar, criar...” (Lombardi, 1997:p.3).

Segundo Horiuchi, o origami é um importante auxiliar no ensino básico


da geometria além de desenvolver a capacidade motora e criativa do indivíduo, a
qual desde a invenção do papel, ainda alguns origamis remanescentes daquela
época são usados ainda hoje como recurso didático.
“Com a invenção do papel há cerca de 2.000 anos possibilitou
aos japoneses criarem a fascinante arte de dobradura – origami – que
reúne ricas simbologias, retratando a história e o folclore do Japão.
Segundo os historiadores, durante a antiguidade “Kodai”, era que
antecede a Medieval japonesa, Estado e religião eram unos e o origami
era empregado, então, somente em ocasiões como coroação,
casamento, funeral e festivais. O origami se tornou mais popular a partir
da era Heian (7941-1192) e atingiu o auge durante o período
Muromachi (1338-1392), quando foram criados cerca de 70 tipos de
dobraduras. São remanescentes dessa época, as dobraduras do sapo,
garça, navio, cesto, balão, homem e lírio. Como recurso didático, o
origami teve seu valor reconhecido na era Meiji (1868), quando foi
introduzido no jardim de infância e nos primeiros anos do curso
primário. A partir da era Taisho (1912-1926), começaram a surgir os
papéis colorido e quadrados de aproximadamente 15 cm, difundindo
ainda mais os origamis recreativos e educativos”. (Horiuchi, 1995:p.11).

1.“A EDUCAÇÃO DE ORIGAMI” – filosofia e fundamentos:

1.1 ORIME TADASHII HITO (Pessoa correta) – A honestidade, diligência e


agilidade são valores tipicamente japoneses que devem permanecer
como méritos. Estes conceitos são elementos importantes para um
melhor conhecimento da cultura japonesa.

1.2 ORI-TATAMU: Tatcu (ESTÉTICA DA DOBRADURA) – Até há 100 anos


as roupas como o KIMONO, HAKAMA, KENDÔGUI, JUDOGUI eram
dobradas religiosamente pela manhã e à noite de forma precisa para
não se formarem duplos vincos. Vemos também em um corte de tecido
(Tanmono: 10,6 m X 30 cm), com que se costura um “KIMONO” sem
cortes, mesmos nas curvas isso revela o cuidado e atenção para a
conservação desta roupa, que para lavá-la, descostura-se totalmente
apenas puxando um fio de linha de costurar e remontado após cada
lavada. Esta lógica da Dobradura da roupa é exatamente a essência do
origami.

1.3 A FOLHA DE PAPEL QUADRADO (Seihôkei) – O Japão de origami, há


alguém que fala, a cultura do “SEIHÔKEI”, as formas de esculpir
correto. Tomando um certo cuidado, observa-o, no cotidiano do povo
japonês encontrar para manter costumes do uso, o Jyûbako (Caixa de
encaixe em 3 ou 4 : 20 x 20 x 5 cm: usado para alimentos = a marmita),
o Furoshiki (pano para embrulhar o objeto: 72 x 72 cm), o Zabuton
(almofada: 52 x 52 cm), e o Tatami(180 x 90 cm) etc. Nocaso de
origami, aquela forma de esculpir ou dobrar. Os primeiros milímetro (1
mm) de erros, dentro disso, a “alegria” (Yorokobi), tranqüilo (yuttari), a
busca, procura ou abatido, harmonia (Tyôwa). Quero semear, como
também é semeado a vida. (Oração = fala mais ação; Amor = valor
dedicar as pessoas). O valor: o espírito-mente-consciência; a
“importância” de uma folha de papel, abertura de algum centímetro se
abre por último, assim a alegria (Yorokobi) a “melodia” ecoa (Horiuchi,
K. 2001:p.1).

O Origami e a tridimensão modular

O origami é uma arte, que se caracteriza por confeccionar figuras fazendo


dobras no papel. A construção de um origami, na sua forma mais habitual, não
envolve o uso de cortes nem colagem, partindo, na maioria das vezes, de um
pedaço de papel quadrado com uma de suas faces colorida. O resultado final
depende do corte do papel utilizado e da confecção de dobras perfeitas, exigindo
paciência e concentração do executor ao seguir os passos indicados para cada
figura.

O origami modular distingue-se pela quantia de peças de papel


utilizadas em sua confecção. O tradicional utiliza apenas uma peça de
papel, e o modular se baseia na construção de módulos ou unidades
(quase sempre iguais), formando figuras aos seres encaixados. É nos
poliedros que se tem a principal fonte de inspiração do origami modular”.
BUSKE e MURARI (2006:p.3).

Os conhecimentos referentes ao origami foram aprofundados, com base


nas obras de autores como IMENES (1988), HORIUCHI (1995), MATTOS (2001),
KASAHARA (2005), nas quais encontramos subsídios para realizar todas as
construções, assim como o embasamento matemático necessário para justificar
tais construções.

Exemplos de módulos de encaixe do origami:


A proporção áurea, número de ouro, número áureo ou proporção de ouro é
uma constante real algébrica irracional denotada pela letra grega (PHI) (em
homenagem ao escultor Phideas, que a teria utilizado para conceber o Parthenon)
e com o valor arredondado a três casas decimais de 1,618. Também é chamada
de seção áurea ( do latim sectio áurea), razão áurea, razão de ouro, divina
proporção, divina seção(do latim sectio divina), proporção em extrema razão ou
áurea excelência. O número de ouro é ainda frequentemente chamado razão de
Phidias.
Desde a Antiguidade, a proporção áurea é empregada na arte. É freqüente
a sua utilização em pinturas renascentistas, como as do mestre giotto. Este
número está envolvido com a natureza do crescimento. O número de ouro, pode
ser encontrado na proporção das conchas (o nautilus, por exemplo), dos seres
humanos (o tamanho das falanges, ossos dos dedos, por exemplo) e nas
colméias, entre inúmeros outros exemplos que envolvem a ordem do crescimento.
Essa sequência aparece na natureza, no DNA, no comportamento da
refração da luz, dos átomos, nas vibrações sonoras, no crescimento das plantas,
nas espirais das galáxias, dos marfins de elefantes, nas ondas no oceano,
furacões, etc.

Proporção áurea em retângulos:

O ORIGAMI E OS ELEMENTOS DA BIDIMENSIONALIDADE E


TRIDIMENSIONALIDADE

Tridimensional
Uma superfície plana tem duas dimensões: altura e largura, por isso se
chama bidimensional. Sobre esta superfície podemos traçar linhas, fazer figuras
ou manchar com cores.
Quando um objeto com volume tem três dimensões: altura, largura e
profundidade é um objeto tridimensional. Sobre este objeto podemos acrescentar
ou retirar elementos em qualquer lado e não só em um plano.

Escultura – Forma tridimensional


As esculturas ou as obras tridimensionais ocupam um lugar no espaço e podem
ser observadas em toda sua volta. Tem peso, massa, volume e espessura. São
criadas pela retirada, agregação ou modelagem de matéria. Para sua elaboração
são usados materiais que lhe dão consistência, peso e dimensão. As pedras,
como o granito, mármore, madeira ou metal, são os materiais tradicionais, mas há
obras executadas ainda com o barro (cerâmica) ou resinas. Há ainda os móbiles,
que são esculturas que se movimentam sem auxílio mecânico suas peças são
dispostas de maneira que parecem soltas e deslocam-se com a vibração do ar ou
do vento. Os escultores utilizam diversos materiais que permitem usar forma
tridimensional, o ferro, o vidro,o marfim, o plástico, a madeira etc. É na arte da
escultura onde vemos, a materialização da forma e a idéia da obra.Geralmente, o
escultor segue algumas etapas para a realização de sua criação: o projeto
(esboço no papel ou construção de uma maquete); a estrutura (esqueleto do
objeto em metal, madeira ou outro material) e a finalização (acabamento). Essas
etapas visam o equilíbrio harmonioso da peça, que apresenta as características
próprias do escultor, independente dos materiais utilizados, a qual denominamos
estilo. O mundo em que vivemos é dimensional, e o tom é um dos melhores
instrumentos de que dispõe o visualizador para indicar e expressar essa
dimensão. A perspectiva é o método para a criação de muitos dos efeitos visuais
especiais de nosso ambiente natural, e para a representação do modo
tridimensional que vemos em uma forma gráfica bidimensional. Recorremos a
muitos artifícios para simular a distância, a massa, o ponto de vista, o ponto de
fuga, a linha do horizonte, o nível do olho, etc. No entanto, mesmo com a ajuda da
perspectiva, a linha não criará, por si só, uma ilusão convincente da realidade,
para tanto, precisa recorrer ao tom. O acréscimo de um fundo tonal reforça a
aparência de realidade através da sensação de luz refletida e sombras
projetadas. Esse efeito é ainda mais extraordinário nas formas simples e básicas
como o círculo, que, sem informação tonal, não pareceria ter dimensão.

A Forma
Na linguagem das artes visuais, a linha descreve uma forma, a linha
articula a complexidade da forma.
Existem três formas básicas: o quadrado, o círculo e o triângulo equilátero.
Cada uma das formas é dado características específicas, e a cada uma é
atribuído significados, outros, ainda por associá-los através de nossas próprias
percepções psicológicas e fisiológicas. Ao quadrado se associam enfado,
honestidade, retidão e esmero; ao triângulo, ação, conflito, tensão; ao círculo
infinitude, calidez, proteção. Todas as figuras planas são formas básicas e
simples, que podem ser facilmente descritas e construídas, de forma verbal e não
iguais com o mesmo comprimento. O círculo é uma figura de curva contínua, e
seu contorno é equidistante de seu ponto central. O triângulo equilátero é uma
figura de três lados e três ângulos iguais. A partir de combinações e variações
infinitas dessas três formas básicas, derivam todas as formas físicas da natureza
e da imaginação humana.

Volume
As imagens representadas sobre uma superfície, como o papel, são
bidimensionais (os desenhos, pinturas e fotografias). Os objetos que caracterizam
volume tem três dimensões: comprimento, largura e profundidade; são as formas
sólidas, também chamadas de tridimensionais. Para se desenhar um objeto
tridimensional em uma folha de papel (plano), temos que usar um artifício para
dar ao observador a ilusão de profundidade e de volume do objeto, usando a
perspectiva de observação.
Configurando volumes, as próprias linhas e superfícies passam a
desempenhar novas funções. Sem perderem a identidade espacial própria,
ou as funções anteriores (portadoras de movimento ou contornos), as linhas
individuais assinalam agora linhas comuns entre áreas vizinhas, unindo-as ao
mesmo tempo que as separam, e indicando em que lugar, precisamente, ocorre
uma mudança de direção nas várias faces que compõem a figura do volume.
Também as superfícies terão novas funções. Como áreas separadas, embora
vizinhas, cada qual atuando como plano bidimensional, as superfícies se
configuram sempre no sentido diagonal para formar um espaço que será
tridimensional. O espaço característico de volume é o da profundidade.
Lembramos que na pintura a noção de profundidade é sempre visual, virtual.
As formas de uma escultura podem ser percebidas também pelo tato. Ao
fecharmos os olhos e passarmos os dedos em uma escultura, poderíamos
percebermos pelo tato como ela é, se é leve ou pesada, seu tamanho, se tem
forma grande ou pequena, sua textura, se são lisas ou ásperas, redondas ou
angulares.(OSTROWER,1989)

Movimento.
Embora o movimento visual se condense em determinadas áreas do plano,
as linhas não se detêm nunca, dessas áreas de condensação surgem
impulsionadas e novamente se dissolvem em rítmos amplos, quase que
movimentos de respiração de espaços infinitamente constantes.Introduzimos um
novo elemento espacial a superfície. Ela representa uma forma específica de
organização do espaço, caracterizando-se pela presença simultânea de duas
dimensões: altura e largura. Elas se compensam, cada uma contrabalançando a
projeção da outra no espaço. Dependendo das proporções, elas se mobilizam.
Na presença de superfícies, portanto, o movimento visual é reduzido. É como se
tivéssemos diante de nós um espaço em repouso. Aqui, o movimento visual
resulta unicamente da diferença de tamanho entre as várias superfícies, da
posição assimétrica que ocupam no plano e das linhas do ornamento. É bem
pouco o movimento.
O conteúdo expressivo de uma obra de arte se baseia no caráter dinâmico
ou estático do movimento visual articulado. Ou melhor, há sempre uma
combinação de ambos – dinâmico/estático – integrando estados de ser
contrastantes (estados que são fundamentais): movimento e não-movimento,
tensão e não-tensão. Dai se formula o estado de ânimo da obra. A referência para
o conteúdo expressivo é direta na arte ou na vida.
O movimento “além de ser expressivo, é também descritivo. A
espontaneidade de ação é controlada pela intensão de imitar propriedades de
ações ou objetos. Os gestos descritivos usam as mãos e os braços,
frequentemente sustentados pelo corpo todo, para mostrar como alguma coisa é,
ou poderia ser, grande ou pequena, rápida ou lenta, arredondada ou angulosa,
distante ou próxima. Tais gestos podem se referir a objetos ou eventos concretos.
A representação pictórica deliberada, provavelmente tem sua origem motora no
movimento descritivo”.(ARNHEIM,1986:p.162).

“Essa liberdade de construção favorece o rompimento com a forma


estática das esculturas tradicionais. Assim, são criadas outras esculturas que
expressam movimentos e também esculturas movidas pela ação da água, de
motores ou do ar, como os móbiles” (Coll e Teberosky,2000:p.47).

O ORIGAMI: DO LÚDICO À ARTE


O origami é um trabalho de extrema habilidade manual e mental,
conjugando o raciocínio espacial e a descoberta do fazer, na realização das
dobras que permitem o movimento, no encontro com outra cultura que se
manifestava através do prazer lúdico.
Foi na série “Bichos” de Lygia Clark, artista brasileira de grande destaque
no cenário da arte moderna no país. O qual encontramos a mesma magia do
fazer e do interagir, proporcionou o envolvimento das crianças da escolas da
professora artista Helena Yoko Nishino na realização dos origamis. Criou
esculturas interativas a partir da série “Bichos”, relacionando-as com as
dobraduras ou origamis que haviam produzido anteriormente. Embora essa
relação não tenha sido imaginada pela artista, ela serviu para criar um elo inter-
cultural muito expressivo. As dobraduras representaram uma situação já dada,
mais artesanal, chegando à criação artística proporcionada pelas esculturas, que
foram realizadas com triângulos-retângulos, unidos entre si de forma a criar
diferentes possibilidades de organização. Os elementos formais foram articulados
espacialmente, produzindo efeitos diferenciados, embora a partir de um mesmo
elemento formal, ou seja, o triângulo.

“Lygia Clark é pintora, escultora. Trabalha com instalações e


body-art. Em 1959 participa da 1ª Exposição Neoconcreta. O neoconcretismo
define-se como uma tomada de posição com relação à arte concreta
exacerbadamente racionalista e é formado por artistas que pretendem continuar a
trabalhar no sentido da experimentação, do encontro de soluções próprias,
integrando autor, obra e fruidor. Inicia em 1960, os “Bichos”, obras constituídas
por placas de metal polido unidas por dobradiças, que lhe permitem a articulação.
As obras são inovadoras: encorajam a manipulação do espectador, que
conjugada à dinâmica da própria peça, resulta em novas configurações”(ver site
www.google.com.br).

Outro artista que podemos destacar é “MMM, Ascânio, que em 1963


ingressou na Escola Nacional de Belas Artes e em 1965 entrou para a Faculdade
de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Desde
1966 vem participando do movimento artístico nacional. Quando Ascânio
começou a se interessar por arte, o que mais o impressionava eram as maquetes
de edifícios. Vendo uma exposição de Victor Pasmorre, artista inglês, com
pedaços de madeira dispostos sobre painéis de vidro, sentiu-se influenciado e
declarou mais tarde: “Minhas primeiras peças foram praticamente uma seqüência
das dele”.
Trabalhou inicialmente em pintura, sempre utilizando os princípios do
construtivismo, e lentamente evoluindo para o tridimensional de que se ocupa
hoje. De seu trabalho em ripas sobre painéis ou paredes, numa fase que
poderíamos denominar de pictórica, disse Frederico Morais: “Ritmos rigorosos,
que contudo podem chegar a preciosos efeitos óticos. Presas ao suporte, as ripas
podem indicar, à primeira vista, uma composição estática. Porém, o movimento
existe, virtualmente. E isto devido precisamente às ripas que retiram ao trabalho
seu caráter pictórico, melhor, seus relevos resultam numa espécie de “pintura
projetada” para usar uma expressão de Herbert Read, que varia segundo a luz e
o ângulo de visão do espectador. No “campo” previamente estruturado para
recebê-las, as sombras são projetadas pela luz vinda do exterior, em alguns
casos as próprias ripas são “projetadas” para fora da “tela” sobre os painéis ou
parede. E como se o relevo continuasse indefinidamente, virtualmente. (ver site
www.masterarte.com/br/artista).
Ascanio MMM - Escultura em madeira
INSTALAÇÃO
A instalação consiste em juntar objetos e ou materiais de forma harmônica,
fazendo com que haja uma interatividade do espectador (fruidor) com a obra.
Como boa parte da produção contemporânea a instalação não permite
rotulação única, por seu princípio experimental.
Nas instalações podemos fazer combinações de várias linguagens como
vídeos, filmes, esculturas, perfomances, computação gráfica, e outros. O público
passa de simples expectador a ser parte da obra, sem ele a obra está incompleta.

“O origami é uma forma de representação visual/escultural, definida


principalmente pela dobradura do meio (usualmente papel). De uma ou
mais folhas simples de papel, emerge um universo de formas. Em uma
determinada época acreditava-se que não é bem assim, porque não é
possível captar a essência de um objeto se antes não conhecemos o
objeto a ser reproduzido com a dobradura.”(LEMOS e BAIRRAL,
2ed,2008)

Segundo RICHTER (2005), dobradura (origami), de “origem japonesa,


percebemos o quanto esta arte está presente em sua cultura.

CONCLUSÃO
A proposta em ação
O projeto desenvolvido no Colégio Estadual Antonio de Moraes Barros, localizado
na região oeste de Londrina, com alunos da 2a e 3a série do Ensino Médio.
Propomos o estudo do contexto histórico do origami nas diversas culturas, a
apropriação e o desenvolvimento das proporções, por meio de atividades para
exploração dos tamanhos dos papéis a serem utilizados nas etapas dos módulos
de encaixe dos origamis, a manipulação e a confecção de formas básicas e a
criação de novas estruturas. As ações envolvem produções artísticas, na
construção do tridimensional pelo origami. A Experimentação de materiais para
dobraduras seguindo o estudo do retângulo áureo na construção das medidas
proporcionais dos módulos de papel para encaixe das figuras ou seres a serem
produzidos e articulados: na forma, espaço e movimento; construções
tridimensionais básicas; estudo da forma e proporções do material a ser utilizado,
levando ao conhecimento conceitos de representação espacial em artes de forma
interdisciplinar. Procurando desenvolver através destas atividades a percepção
visual e a produção de formas tridimensionais, bem como a representação do
objeto tridimensional no bidimensional. Como compartilhar estudos e pesquisas
na composição de formas tridimensionais com o uso do origami possibilitará ao
aluno a apropriação prática e teórica dos modos em suas composições nas
diversas culturas, relacionadas à produção, divulgação e consumo. Produzindo
assim, trabalhos de artes visuais visando a atuação efetiva do aluno em seu
ambiente escolar.
A proposta prevê ainda exposição das produções para a posterior exploração e
aproveitamento das imagens nas multimídias com o público alvo do tema e a
apresentação dos resultados desse trabalho para a comunidade escolar envolvida
no projeto.A proposta revela a importância da produção do Origami (a dobradura)
na articulação dos elementos que envolvem a tridimensionalidade, como a forma,
espaço e movimento suas relações na composição e representação visual,
propiciando ao educando a construção do conhecimento em Arte. Enfatizando o
fato histórico, as diversas culturas, conhecendo, respeitando a existência de
diferenças nos padrões artísticos, estéticos e culturais. No desenvolvimento e
exploração dos conhecimentos da técnica e formas do origami, utilizando-se dos
sistemas de medidas, proporções, comparando, analizando características da
matemática de uma forma lúdica e artística. Esta forma de linguagem possibilitou
a manipulação de diferentes técnicas e modelos. Ao trabalhar o movimento,
observação e apreciação das suas produções com módulos simples, mostraram-
se interessados em reproduzir módulos mais difíceis. Este envolvimento
possibilitou a mediação dos conhecimentos de arte e matemática de uma forma
concreta, de forma a proporcionar a apreciação, comparação a outras áreas da
natureza por toda sua vida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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Paulo, 1986.

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o Ensino de Geometria. VIII EPEM, São Paulo, 2006: p.01-13.

COLL, C. e TEBEROSKY, A. Aprendendo Arte. Editora Ática, São Paulo, 2000.

DONDIS, D. A. Sintaxe da Linguagem Visual. 2ª Ed.,Editora Martins Fontes,


1997.

GÊNOVA, C. Origami. Nova Sampa, São Paulo.

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São Paulo, SP, 1988.

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LEMOS, W. G. e BAIRRAL, M. A. Recursos na internet e dobraduras para


poliedros estrelados: uma proposta para o trabalho no ensino médio.UFR, RJ,
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LORETO, E.L.S. e SEPEL, L.M.N. Estrutura do DNA em Origami –


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