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SERÁ QUE A CIÊNCIA EVOLUI DE FORMA CONTÍNUA

OU DESCONTÍNUA?

A perspetiva que melhor se adequa à evolução da ciência tem sido um assunto


bastante debatido. Enquanto que, Karl Popper assume que ao eliminar gradualmente
os erros através do método de falsificação, a ciência vai-se aproximando
progressivamente da verdade, Thomas Kuhn assume que a ciência evolui por
revoluções e choques entre paradigmas. Posto isto, será que a ciência evolui de forma
contínua ou descontínua?

Neste sentido, na minha ótica, e como Popper defende, a ciência desenvolve-se num
processo contínuo, sendo o seu desenvolvimento ao mesmo tempo, revolucionário e
conservador. Revolucionário, visto que, a melhoria das teorias dá-se por eliminação de
erros e por isso as novas teorias derrubam as anteriores, e conservador, uma vez
que, incorpora aquilo em que as teorias precedentes tiveram sucesso contendo, então,
fragmentos destas nas conseguintes.

Desta forma, julgo que, a ciência progride pelo alargamento gradual dos limites do
conhecimento científico, que são dados pelo facto inegável de que nem tudo no
mundo foi investigado pela ciência. O progresso da ciência será, então, lento e
contínuo na aquisição de verdades. Portanto, na minha opinião, assumir um processo
descontínuo da ciência não faz sentido, na medida em que, não podemos negar
totalmente as teorias anteriores, visto que, as teorias seguintes iram sempre integrar
informações das que as precedem. Com efeito, podemos observar essa continuidade
na História da Ciência, deste modo, a meu ver, a formação do Neodarwinismo é um
bom exemplo. Efetivamente, uma das principais críticas apontadas à Teoria de Darwin
era o facto de esta não explicar o surgimento de “variações naturais” nos indivíduos de
determinadas espécies, nem o modo como essas variações eram transmitidas à
geração seguinte. No entanto, no início da década de 40, do século XX, começava a
tomar forma uma outra teoria que reunia as conceções originais de Darwin e os dados
revelados por diversas ciências: o Neodarwinismo. Esta nova fase da ciência, além de
possuir dados da teoria anterior, a de Darwin, evoluiu de modo a conseguir responder
às críticas que lhe eram feitas, explicando, assim, o surgimento de “variações naturais”
nos indivíduos de uma espécie e a forma de como essas eram transmitidas às
gerações seguintes, contribuindo para um avanço na ciência demostrando
continuidade.

Em conclusão, considero que, a ciência progride de forma contínua, desenvolvendo-se


por eliminação de erros e debates que acompanham todos os seus momentos,
produzindo, então, a imagem de um desenvolvimento científico que dá passos sempre
seguros, em direção à verdade.

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