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Introdução: Poupança

Quando se fala em investimento, a maioria dos brasileiros


ainda pensa na velha e conhecida poupança. Diz-se comumente que
a poupança é o investimento mais seguro disponível. Será que isso é
verdade?

Rentabilidade: baixa

Inicialmente, temos que saber que a poupança é o


investimento que menos rende. Historicamente, tanto os
investimentos em juros quanto a bolsa de valores costumam render
cerca de 10% acima da inflação. A velha e conhecida poupança,
essa mal consegue render acima da inflação.

Atualmente, um fundo simples de renda fixa ou um CDB


rende 13% a.a. livre de impostos. A poupança rende 7%! Isso é
quase o dobro. Caso a aplicação de renda fixa seja mais bem
escolhida, pode render mais ainda.

Se formos considerar juros acima da inflação, que é o que


mede o quanto aumentou o poder de compra do investidor, a
disputa fica ainda mais desigual. Com uma inflação estimada de 4%,
a poupança oferece 3% de juro real (7% - 4%), versus 9% de juro
real do fundo ou CDB.

Segurança: A Mesma do CDB e dos Fundos

Ainda assim, há os que argumentam que a poupança


compensa, pois é mais segura. Isso também não é verdade. O Plano
Collor está aí para nos mostrar isso. O investidor está sujeito a
perder seu dinheiro em caso de seqüestro/confisco por parte do
governo, ou mesmo, caso o banco quebre.
A segurança da poupança está, na verdade, limitada a R$
20.000,00 por pessoa, por banco. Qualquer quantia acima dessa
será perdida em caso de quebra do banco, ou confisco do governo.

Ora, essa é a mesma garantia que o CDB oferece. Como o


CDB rende mais, a única explicação possível para o investimento em
poupança é a desinformação.

No caso dos fundos, não existe FGC, mas jamais houve


calote. No Plano Collor, todas as aplicações financeiras, foram
tratadas igualmente, não existindo vantagem nenhuma da
Poupança sobre as demais.

Assim, nos próximos tópicos iremos ver como fazer


aplicações em Fundos e CDBs para ganhar mais que a poupança.

Fundos de Renda Fixa

Como Funcionam

Veremos a primeira alternativa ao investimento em


poupança: os fundos de Renda Fixa e Fundos DI. Em um nível
introdutório, esses fundos são bastante semelhantes e portanto não
precisamos ficar focando nas poucas diferenças entre eles.

Os fundos de Renda Fixa existem devido à necessidade que


todos os governos (não é só o brasileiro) têm de dinheiro. Os
governos precisam de dinheiro para pagar dívidas que estejam
vencendo, fazer novas obras, compor reservas, financiar novas
obrigações, etc. Assim, eles precisam de dinheiro, e muito.

A solução é tomar emprestado. E qualquer um de nós pode


emprestar dinheiro ao governo, investindo em um fundo de renda
fixa.
Para isso, você, e milhares de outros correntistas, procuram
um banco e decidem investir seu dinheiro em um fundo de renda
fixa. O banco junta todo o dinheiro e empresta ao governo,
cobrando juros. (Isso é interessante pois o governo paga juros
muito melhores que a poupança, e todos os investidores irão ganhar
mais).

O governo paga os juros sobre o dinheiro, e o dinheiro do


investidor vai rendendo. Da rentabilidade bruta, o banco retira a sua
remuneração (taxa de administração) e o Imposto de Renda. O
restante é a rentabilidade líquida do investidor (que mesmo assim
pode chegar ao dobro da poupança). Veja o exemplo:

Quanto Rendem

Um fundo de renda fixa rende aproximadamente a TAXA


SELIC, menos a TAXA DE ADMINISTRAÇÃO e menos o IMPOSTO DE
RENDA:
Assim:

SELIC

- TX. ADMINISTRAÇÃO

= Rentabilidade Bruta (RB)

- IMPOSTO DE RENDA

Rentabilidade Líquida

Assim, o investidor deve ficar atento a cada um desses


fatores, pois eles influenciam muito o resultado.

SELIC:

A Selic é a taxa de juros que o governo paga em suas


aplicações. Como o governo precisa de interessados em emprestar
dinheiro e precisa controlar a inflação, ela nunca poderá ser baixa
demais, o que é bom para o investidor.

Ela é definida mensalmente, aproximadamente no meio do


mês, pelo COPOM – Comitê de Política Monetária. Historicamente, o
COPOM mira em fazer uma Selic 9% a.a. acima da inflação, mas
sempre acaba fazendo um pouco mais.

Hoje (ago/2005) ela está em 19,75%, com a poupança


rendendo 7% e a inflação projetada de 4%.

Assim, o investidor pode ficar despreocupado pois, subindo


ou descendo, a Selic ainda irá continuar sempre continuar ganhando
da poupança.
TAXA DE ADMINISTRAÇÃO

Esse é o fator que mais varia de um fundo para outro.

As taxas de administração representam quanto o banco irá


retirar para si em um ano.

Por exemplo, com uma Selic de 19% e uma tx. Admin de 3%,
sobram 16% de rentabilidade bruta para o investidor.

Como as taxas de administração variam muito – entre 0,5% e


4,5% - o investidor deve pesquisar bem antes de decidir em qual
fundo investir.

Uma regra simples é que quanto mais dinheiro, menor a taxa


de administração. Vejamos, por exemplo, os fundos oferecidos pelo
Banco do Brasil:

Nome Tx. Administração (a.a.) Investimento Mínimo


BB Referenciado DI Social 200 4,5% R$ 200,00
BB Referenciado DI Mil 3,0% R$ 1.000,00
BB Referenciado DI 10 mil 2,5% R$ 10.000,00
BB Referenciado DI 20 mil 1,5% R$ 20.000,00
BB Referenciado DI LP 50 mil 1,0% R$ 50.000,00

O leitor pode considerar que os valores citados acima estão


normais e que não é possível obter muito melhor que isso. Assim, o
melhor que o pequeno investidor pode fazer é começar em um dos
dois primeiros fundos enquanto acumula energias para ir para um
fundo mais rentável.

Obs. 1: Quando estudarmos Títulos do Tesouro Direto


veremos que é possível livrar-se totalmente da taxa de
administração, até mesmo para quantias pequenas, da ordem de R$
200,00
Obs. 2: Cuidado! 2% ao ano fazem toda a diferença do
mundo, pois são juros compostos.

R$ 10.000,00 investidos durante 20 anos a 11% a.a. viram


R$ 80.000,00.

R$ 10.000,00 no mesmo prazo a 13% a.a. viram R$


115.000,00 – quase 50% a mais.

Imposto de Renda

O imposto de renda incide sobre a rentabilidade bruta obtida


pelo investidor (ou seja, SELIC menos Tx. Admin). Até 2004, o IR
era de 20% sobre os ganhos. Hoje essa alíquota varia, diminuindo
com o tempo.

Caso o investidor não queira decorar essas contas


complicadas, pode continuar calculando com 20% que irá ter um
resultado bastante próximo.

Hoje, existem duas categorias de fundos:

Fundos de Curto Prazo (qualquer coisa que não tenha “Longo


Prazo” no nome) tem IR de 22,5% para resgates no 1º semestre, e
alíquota “normal” de 20% a partir daí.

Fundos de Longo Prazo (fundos que têm escrito “Longo


Prazo” em seu nome) têm alíquota decrescente, podendo chegar até
15% a.a.

Prazo Dias de Alíquota Total Alíquota Básica Alíquota Complementar


Permanência (%) (%) (%)
Até 180 22,5 15 7,5
De 181 a 360 20,0 15 5,0
De 361 a 720 17,5 15 2,5
Acima de 720 15,0 15 0,0

A alíquota de IR de 15% incidirá sobre os rendimentos do


período, semestralmente, nos meses de maio e novembro ou no
resgate, o que ocorrer primeiro.

Dessa forma, o investidor deveria preferir os fundos de longo


prazo, pois podem render mais, contanto que ele não vá precisar do
dinheiro para nada urgente. Fora isso, os fundos de longo prazo
costumam render mais por terem menos movimentações,
diminuindo seus custos.

Exemplos:

» BB Referenciado DI Social 200 (Mínimo: R$ 200,00)

SELIC: 19%

- 4,5% (Taxa Administração)

= 14,5% (RB = Rentabilidade Bruta)

- 2,9% (IR: 20% da RB, ou seja, 20% de 14,5)

= 11,6% (Rent. Líquida)

» BB Referenciado DI LP Mil (Mínimo: R$ 1.000,00)

SELIC: 19%

- 3,0% (Taxa Administração)

= 16% (RB = Rentabilidade Bruta)


- 2,4% (IR: 15% da RB, ou seja, 15% de 16)

= 13,4% (Rent. Líquida)

» BB Referenciado DI 20 Mil (Mínimo: R$ 1.000,00)

SELIC: 19%

- 1,5% (Taxa Administração)

= 17,5% (RB = Rentabilidade Bruta)

- 3,5% (IR: 20% da RB, ou seja, 20% de 17,5)

= 14,0% (Rent. Líquida)

Note que, quanto mais dinheiro aplicado, menor a Taxa.


Admin e portanto, maior rentabilidade. Para ter uma rentabilidade
maior, o investidor pode aplicar em fundos LP (Longo Prazo). Note
que o LP de R$ 1.000,00 quase empata com o fundo normal de R$
20.000,00!

Segurança

Os Fundos de Renda Fixa podem ser considerados


extremamente seguros pois os governos costumam honrar suas
obrigações (especialmente com os pequenos investidores). Nunca
aconteceu calote desse tipo de aplicação na história brasileira.

Portanto, o único risco que o investidor realmente corre é de


má-fé do banco, como aconteceu recentemente com um banco
médio que quebrou em início de 2004. Para evitar esse risco, o
investidor deve sempre preferir os maiores bancos públicos ou
privados, ou instituições de sua extrema confiança. Os maiores
bancos brasileiros, como o Itaú, Bradesco e Banco do Brasil, por
exemplo, têm décadas de história para contar. Isso merece
confiança. Os grandes bancos internacionais aqui instalados,
também.
Como Investir

Para investir, o investidor tem três opções principais:

1. Ir até a agência

Para os novos investidores, ou mesmo quem prefere o “corpo


a corpo” em qualquer negociação, basta ir até a agência em que
mantém conta e conversar com um atendente. Qualquer banco tem
todas as informações sobre rentabilidades passadas, taxas de
administração, etc.

2. Pelo Terminal Eletrônico

Cada banco tem um sistema diferente, mas para quem já


sabe em qual fundo irá investir, os caixas eletrônicos permitem
investir de maneira bastante rápida.

3. Pela Internet

Para quem tem Internet Banking, pode ser a melhor opção. É


como no terminal eletrônico.

A internet também é uma ferramenta bastante útil para obter


informações sobre os fundos disponíveis. Uma página bastante
informativa é a do Banco do Brasil

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