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EXCELENTISSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DO 1º JUIZADO ESPECIAL CIVEL
DA COMARCA DE IMPERATRIZ, ESTADO DO MARANHÃO.

RAFAEL SILVA DOS SANTOS, brasileiro, em regime de união estável, soldador, portador
do RG: 0261206620032 e CPF: 036.534.503-22, residente e domiciliado na Rua 20, nº 33, Pq. Buriti, CEP;
65.916-450, em Imperatriz, MA, e, endereço eletrônico (e-mail): desconhecido, por meio de seu advogado e
bastante procurador, Dr. THIAGO FERREIRA MASCARENHAS, OAB-MA 12.253, com escritório profissional
na Rua Godofredo Viana, 714, Centro, CEP: 65.900-100, nesta cidade de Imperatriz, MA, e-mail:
mascarenhas.adv@hotmail.com, onde receberá intimações, vem, respeitosamente perante Vossa
Excelência, propor a presente
________________________________________________________________________________________

AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL c/c RESTITUIÇÃO DE PARCELAS PAGAS


E INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL
________________________________________________________________________________________

em face de , pessoa jurídica de direto privado, inscrita BRDU SPE ZURIQUE LTDA (LOTEAMENTO
VERONA) no CNPJ sob o nº 16.560.949/0001-86, na pessoa de seu representante legal, sito na Rua Coronel
Manoel Bandeira, nº 1757, Sala 6, Bairro Centro, Imperatriz - MA, pelas razões fáticas e jurídicas que passa a
expor:

_______________________________________________________________________________________
Dr. Thiago Ferreira Mascarenhas . Advogado - OAB|MA 12.253
Rua Godofredo Viana, 714, Centro - CEP: 65.900-100 – Imperatriz, MA
Fone: (99) 99132-7985 - e-mail: mascarenhas.adv@hotmail.com
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PRELIMINARMENTE
DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

O Autor, não possui condições de promover a presente ação, arcando com às custas
processuais e honorários advocatícios sem prejuízo do próprio sustento e de sua família, conforme termo de
carência jurídica (documento anexo).

Por tais motivos, requer lhe sejam deferidos os benefícios da justiça gratuita, com
escopo no inciso LXXIV, do art. 5º CF/88 e na lei 1.060/50, com alterações introduzidas pela Lei 7.510/86 em
combinação com o art. 98 do NCPC.

1 – DOS FATOS

O Promovente adquiriu em 03/07/2013, em um stande de vendas, um lote residencial


em um empreendimento da Promovida, denominado LOTEAMENTO RESIDENCIAL VERONA, na QUADRA:
42, LOTE: 08, com área correspondente a 200,00 m² (duzentos metros quadrados), por meio de um contrato
de compromisso de compra e venda, conforme faz prova nos autos (contrato anexo), pelo valor de R$
31.494,40 (trinta e um mil, quatrocentos e noventa e quatro reais e quarenta centavos) , tendo pago no ato da
assinatura do contrato, o valor de R$ 385,00 (trezentos e oitenta e cinco reais), tendo pactuado, o restante em
mais 180 (cento e oitenta) parcelas no valor de R$ 172,83 (cento e setenta e dois reais e oitenta e três
centavos).

Ocorre que em virtude da forte crise ora vivenciada em nosso pais, o Requerente
perdeu grande parte de seu poder aquisitivo, estando neste momento impossibilitado de arcar com as
prestações do objeto do contrato acima apresentado. Até a data da propositura da presente demanda o
Promovente já pagou à Promovida o valor total de R$ 7.989,61 (sete mil, novecentos e oitenta e nove reais e
sessenta e um centavos), que, corrigidos e atualizados somam o montante de R$ 9.126,75 (nove mil, cento e
vinte e seis reais e setenta e cinco centavos)

Ressaltando o que foi apresentado acima, a parte Autora não tem mais interesse na
continuidade do contrato, pelas dificuldades financeiras pelas quais tem passado, restando inviável o
pagamento das parcelas restante por parte deste.

No intuito de resolver a situação amigavelmente, o Promovente buscou à Ré


informando quanto ao seu interesse em rescindir o contrato e receber o que já havia pago referente ao
contrato, recebendo o que lhe é de direito, não obstante os valores a título de restituição que foram oferecidos
nesta negociação estavam muito longe da realidade, sendo até mesmo indecente, ficando em evidente
prejuízo a Promovente, o que desde então tem lhe causado sérios transtornos de ordem financeira e moral.

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Desta maneira não restam alternativas ao Autor a não ser a busca das vias judiciais
para a rescisão do contrato e a satisfação de seu direito.

2 – DO DIREITO

2. i – CONFIGURAÇÃO DA RELAÇÃO DE CONSUMO

Inicialmente, convém destacar que entre a parte Autora e a Ré emerge uma inegável
relação de consumo, vejamos:

Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produtos
ou serviço como destinatário final.

Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou


estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.

§ 1° (…)

§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante


remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária,
salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.

Por esse ângulo, responsabilidade da Ré é objetiva.

Nesse contexto, imperiosa a responsabilização da Requerida, independentemente da


existência da culpa, nos termos do que estipula o Código de Defesa do Consumidor.

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de


culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos
à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas
sobre sua fruição e riscos.

2. ii – DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

No contexto da presente demanda, há evidente direito a inversão do ônus da prova


ante a verossimilhança das alegações, conforme disposto no artigo 6º do Código de Defesa do Consumidor.

Art. 6º São direitos básicos do consumidor: VIII – a facilitação da defesa de seus


direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil,
quando a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente,
seguindo as regras ordinárias de expectativas.

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Desse modo, cabe ao Requerido demonstrar provas em contrário ao que foi exposto
pelo Promovente. Resta informar ainda que as provas seguem em anexo. Assim, as demais provas que se
acharem necessárias para resolução da lide, deverão ser observadas o exposto na citação acima, pois se
trata de princípios básicos do consumidor.

2.iii - DA RESCISÃO CONTRATUAL

A parte Promovente objetiva a rescisão do contrato ora entabulado com o Promovido,


quanto a esta conduta é necessário destacar que a Lei 8.7078/90, em seu art. 51, veda expressamente ao
fornecedor de produtos ou serviços a subtração do consumidor da possibilidade do reembolso de quantias
pagas, vejamos:

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que:

(...)

II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos


previstos neste código;

Cumpre-nos destacar a faculdade do compromissário/promitente comprador o pedido


de distrato do contrato de compromisso/promessa de compra e venda de imovel adquirido junto a
empreendimentos imobiliários, que se amolda ao caso aqui tratado, nos termos da legisção vigente, art. 53 da
Lei 8.078/90, vejamos:

Lei. 8.078/90

(...)

Art. 53. Nos contratos de compra e venda de móveis ou imóveis mediante


pagamento em prestações, bem como nas alienações fiduciárias em garantia,
consideram-se nulas de pleno direito as cláusulas que estabeleçam a perda total
das prestações pagas em benefício do credor que, em razão do inadimplemento,
pleitear a resolução do contrato e a retomada do produto alienado.

De acordo com a previsão supra, vê- se que o promitente vendedor deve proceder com a
devolução das quantias paga, sendo considera nula a cláusula que a veda o seu recebimento pelo
promissário comprador que desiste do contrato. Trata o artigo supra da vedação ao enriquecimento sem
causa, pois se houver a retomada do produto alienado, este poderá novamente ser comercializado, não se
justificando a retenção integral das prestações já pagas.

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Cumpre ainda enfatizar que os valores referentes ao reeembolso devem ser pagos
acrescidos de correção monétária, cabendo ao empreendimento descontar apenas taxas administrativas em
percentual já pacificado, e, inclusive recentemente sumulado pelo STJ, vejamos:

Súmula 543 - STJ

Na hipótese de resolução de contrato de promessa de compra e venda de imóvel


submetido ao Código de Defesa do Consumidor, deve ocorrer a imediata restituição
das parcelas pagas pelo promitente comprador - integralmente, em caso de culpa
exclusiva do promitente vendedor/construtor, ou parcialmente, caso tenha sido o
comprador quem deu causa ao desfazimento.

Não obstante, vejamos demais jurisprudências relacionadas ao caso em tela:

JUIZADO ESPECIAL. PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL.


DISTRATO. SÚMULA 543 DO STJ. VALOR RAZOÁVEL DA MULTA RESCISÓRIA.
INDENIZAÇÃO DE BENFEITORIA. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO DO LAUDO DE
AVALIAÇAO NO MOMENTO OPORTUNO. PRECLUSÃO. SENTENÇA MANTIDA.
RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. 1. Nos termos da Súmula 543 do
Superior Tribunal de Justiça, "na hipótese de resolução de contrato de promessa de
compra e venda de imóvel submetido ao Código de Defesa do Consumidor, deve
ocorrer a imediata restituição das parcelas pagas pelo promitente comprador -
integralmente, em caso de culpa exclusiva do promitente vendedor/construtor, ou
parcialmente, caso tenha sido o comprador quem deu causa ao desfazimento".
Cabível, portanto, na hipótese, a restituição parcial das parcelas pagas pelo
promitente comprador, quando este dá causa ao desfazimento por inadimplemento
contratual. 2. A fixação da multa rescisória em 15% das parcelas pagas pelo
devedor afigura-se razoável e suficiente para ressarcir a empresa vendedora de
eventuais prejuízos decorrentes do desfazimento do negócio, até porque não
demonstrou perdas superiores. 3. Comprovado a construção de benfeitoria útil no
imóvel, cuja avaliação ocorreu conforme Certidão de fls. 69/71, da qual o réu
quedou-se inerte (fl. 83), não há que se falar em ausência de provas ou má-fé do
comprador para afastar o dever de indenizar o valor apurado. Preclusão. 4.
Sentença mantida pelos próprios fundamentos. Recurso conhecido e desprovido.
Custas e honorários advocatícios, fixados em 15% sobre o valor da condenação
pelo recorrente. 5. Julgamento nos moldes do art. 46 da Lei nº 9.099/95.

(TJ-DF - ACJ: 20140210036982, Relator: LUÍS GUSTAVO B. DE OLIVEIRA, Data


de Julgamento: 25/09/2015, 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito
Federal, Data de Publicação: Publicado no DJE : 05/10/2015 . Pág.: 392)

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RESCISÃO CONTRATUAL. Compromisso de compra e venda de unidade


habitacional. Construtora que não tem previsão de entrega do imóvel pactuado.
Inadimplência absoluta caracterizada. Aplicabilidade do CDC. Falta de prazo de
entrega do imóvel compromissado que fere o Direito e a Moral. Fato incontroverso.
Inteligência do art. 334, III do CPC. Restituição integral dos valores pagos pelos
promitentes-compradores. Aplicabilidade da Súmula 543 do STJ. Incidência da pena
convencional prevista para a hipótese de atraso na entrega do imóvel negociado.
HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. Fixação em 15% do valor da condenação.
Ausência de fatores legais à redução. Recurso desprovido.

(TJ-SP - APL: 40012201020138260066 SP 4001220-10.2013.8.26.0066, Relator:


Rômolo Russo, Data de Julgamento: 02/03/2016, 7ª Câmara de Direito Privado,
Data de Publicação: 02/03/2016)

Recentemente o Superior Tribunal de Justiça, decidiu:

AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL. COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA


DE IMÓVEL. DEVOLUÇÃO DAS PARCELAS PAGAS. PRESCRIÇÃO.
INOCORRÊNCIA. RETENÇÃO PARCIAL. CLÁUSULA PENAL. POSSIBILIDADE.
RESTITUIÇÃO IMEDIATA, EM PARCELA ÚNICA. Em se tratando de ação em que
a parte pretende a restituição das parcelas pagas, em decorrência do desfazimento
de compromisso de compra e venda de imóvel, por não haver transcorrido mais da
metade do antigo prazo previsto no Código Civil de 1916, aplica-se o novo prazo
estabelecido no art. 205 do Código Civil de 2002, recomeçando a contagem da
entrada em vigor desta legislação, ou seja, de 11.01.2003, não tendo se operado a
prescrição. - Em caso de descumprimento de contrato de promessa de compra e
venda de imóvel, por culpa do promissário comprador, é razoável a retenção, pelo
promitente vendedor, de parte dos valores pagos, a título de cláusula penal. - A
restituição do valor despendido pelo comprador deve ser feita de imediato e em
parcela única. - Recurso provido em parte. (TJ-MG; APCV 4373076-
29.2008.8.13.0702; Uberlândia; Décima Segunda Câmara Cível; Rel. Des. Alvimar
de Ávila; Julg. 08/02/2012; DJEMG 14/02/2012) CC, art. 205

No caso em comento a parte Autora, não tem interesse continuar com o negócio,
destacando-se que este vem passando por dificuldades financeiras, não obtendo êxito em tentativas
administrativas, conforme já demonstrado.

Enfatiza-se ainda que ainda aquele que se encontra inadimplente e pretende receber o
dinheiro de volta, deve ter devolvido o valor gasto no negócio. O valor deve ser devolvido em parcela única,
corrigida conforme os índices devidos, assim, nada de devolução parcelada para o consumidor

É evidente que assim o seja, para evitar o enriquecimento sem causa do


promitente/compromissário vendedor, em detrimento do promissário comprador, enriquecimento este vedado
expressamente pelos arts. 884 e seguintes Código Civil de 2002.

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Assim, cumpre demonstrar os valores atualizados dos cálculos, enfatizando que até a data
da propositura desta ação, foram pagos R$ 7.989,61 (sete mil, novecentos e oitenta e nove reais e sessenta e
um centavos), que, corrigidos e atualizados somam o montante de R$ 9.126,75 (nove mil, cento e vinte e seis
reais e setenta e cinco centavos), vejamos os demonstrativos abaixo:

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Desta maneira, conforme tudo já apresentado, assiste ao Autor o direito de reembolsar o


que pagou a Ré corrigido e atualizado, conforme acima apresentado.

2.iv - DA TUTELA PROVISÓRIA ANTECIPADA

Destaca-se que a situação apresentada, traz fundado receio de dano de difícil reparação,
haja vista que o autor diante do atitude postergada pela Ré, está impossibilitado de manejar seu patrimônio
econômico aplicado neste negócio, e, como dito veio ao judiciário por não dispor atualmente de condições
para a manutenção do contrato ora objeto desta ação. Desta forma, sente fundado receio de ter o seu nome
incluso no cadastro negativo, o que acarretará mais constrangimentos, principalmente por ser pessoa honesta
e cumprir fielmente suas obrigações, autorizando assim, consoante o disposto nos arts. 300 e seguintes do
NCPC, a concessão da ANTECIPAÇÃO DA TUTELA, de forma notificar a Ré para que não inclua o nome da
reclamante no registro de consumidores inadimplentes (SPC e SERASA).

A antecipação de tutela tem como princípio estruturante o da Efetividade da Prestação


Jurisdicional e como princípios específicos os da Mitigação, da Necessidade, o da Menor Restrição e o da
Proporcionalidade, e tem por finalidade garantir a efetividade de provimento em situações de urgência.

Por oportuno vejamos o entendimento esposado por nossa doutrina:

“Quando a citação do réu puder tornar ineficaz a medida ou, também, quando a
urgência indicar a concessão imediata da tutela, o juiz poderá fazê-la inaudita altera

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pars, que não constitui ofensa, mas sim limitação imanente do contraditório, que fica
diferido para momento posterior do procedimento” (NELSON NERY JUNIOR E
ROSA MARIA DE ANDRADE NERY, Código de Processo Civil Comentado, São
Paulo: RT, 2002, 6ª ed., p.614)

“A demora na resposta jurisdicional muitas vezes invalida toda a eficácia prática da


tutela e quase sempre representa uma grave injustiça para quem depende da justiça
estatal. Daí a necessidade de mecanismos de aceleração do procedimento em
juízo.” (HUMBERTO THEODORO JUNIOR, in Curso de Processo Civil, Rio de
Janeiro, Forense, 2010, vol. II, ed. 45ª, p. 670).

A Corte infraconstitucional há muito já consagrou o posicionamento, infra citado:

"Ementa: Processual civil. Cautelar. Suspensão de medida determinativa de


inscrição do nome do devedor no SPC e SERASA.

I - Não demonstrado o perigo de dano para o credor, não há como deferir seja
determinada a inscrição do nome do devedor no SPC ou SERASA, mormente
quando este discute em ações aparelhadas os valores 'sub judice', com eventual
depósito ou caução do 'quantum'. Precedentes do STJ.

II - Recurso conhecido e provido." (STJ- REsp nº 161.151-SC (97/0093557-4), 3ª


Turma, rel. Min. Waldemar Zveiter, pub. DJU 29.06.98).

Não obstante é ainda necessária a medida liminar para que seja a Ré compelida efetuar a
reembolsar ao autor os valores pretendidos na inicial, ante o evidente enriquecimento sem causa caso
continue de posse do montante econômico aqui tratado.

Nesta senda viável seria a antecipação para a restituição dos valores liminarmente, ainda
que necessária a garantia do juízo.

Não obstante seja outro o entendimento deste juízo, pleiteia o Autor para que se digne em
suspender a exigibilidade das parcelas vincendas a partir do mês de Setembro de 2016, tendo em vista que
em razão do não pagamento das futuras parcelas a Ré poderá vir a incluir o nome do Promovente nos
cadastros restritivos.

2. III – DA NULIDADE DAS CLAUSULAS 18ª – E SEGUINTES DO CONTRATO DE


COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA

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Como disposto no CDC, ao consumidor é assegurado o direito de requerer a decretação


de nulidade de clausulas abusivas impostas leoninamente nos contratos de adesão, qual se estuda no caso
em tela.

No presente caso, as clausulas 18ª (decima oitava) e seguintes do contrato de


compromisso de compra e venda entabulado, constam clausulas excessivamente abusivas, onde o Consumir,
parte mais fraca nesta relação em caso de rescisão contratual acaba que sem receber ou rebendo uma infima
quantia pelo que houver pago ao Promovido.

Ocorre que tais clausulas devem ser banidas destes contratos ante a aplicação do
principio da boa fé objetiva dos contratos, bem como pelo principio da proteção contratual e da facilitação da
defesa de seus direitos.

Desta forma, requer-se desde já a decretação da nulidade da clausula DECIMA


PRIMEIRA, para que não incida qualquer multa sobre a rescisão contratual pretendida pelo Autor, por ser de
direito seu.

Neste sentido, vejamos:

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que:

(...)

II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos


previstos neste código;

Súmula 543 - STJ

Na hipótese de resolução de contrato de promessa de compra e venda de imóvel


submetido ao Código de Defesa do Consumidor, deve ocorrer a imediata restituição
das parcelas pagas pelo promitente comprador - integralmente, em caso de culpa
exclusiva do promitente vendedor/construtor, ou parcialmente, caso tenha sido o
comprador quem deu causa ao desfazimento.

Assim, no que se refere a clausula supra elencada (clausula 18ª) requer-se desde já a
decretação da sua nulidade para que não haja perca de quaisquer valores pagos a titulo de intermediação
imobiliária, por nao ser de conhecimento do autor a contratação referida. Para que não incidam sobre a
rescisão quaiquer multas indenizatórias em face do promovido, para que não haja a perca de valores a titulo
de ressarcimento por despesas tributárias, administrativas etc, para que não haja pagamento mensal de
fruição em qualquer que seja o montante, e para que a devolução dos valores seja efetuada em parcela unica
conforme preve a legislação pertinente ao caso.

2. iv – DOS DANOS MORAIS

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Para se falar em dano moral faz-se imperioso o atingimento da honra subjetiva de quem o
pretende, sua reputação, sua personalidade, seu sentimento de dignidade, passe por dor, humilhação,
constrangimentos, desrespeito ao seu patrimônio.

A responsabilidade civil é composta por pressupostos indissociáveis, quais sejam, o ato


ilícito, o dano efetivo e o nexo de causalidade, conforme ensina Caio Mário da Silva Pereira:

Na etiologia da responsabilidade civil, como visto, são presentes três elementos,


ditos essenciais na doutrina subjetivista, porque sem eles não se configura: a ofensa
a uma norma preexistente ou erro de conduta; um dano; e o nexo de causalidade
entre uma e outro. Não basta que o agente haja procedido contra o direito, isto é,
não se define a responsabilidade pelo fato de cometer um 'erro de conduta'; não
basta que a vítima sofra um 'dano', que é o elemento objetivo do dever de indenizar,
pois se não houver um prejuízo a conduta antijurídica não gera obrigação
ressarcitória. (Responsabilidade Civil, Rio de Janeiro: Forense 1ª ed., 1989. p. 83).

Demonstrada a prática de ato ilícito, resta a verificação da existência de efetivo dano


moral decorrente da conduta da parte demandada.

Assim, a inercia da Promovida quando ao pedido de reembolso apresentado a esta pelo


Autor, frustrou suas expectativas, o qual frente a crise econômica brasileira, encontra-se em dificuldades
financeiras, motivo que o levou a procura da Ré para distratar e receber amigavelmente o que o direito lhe
assiste.

Não obstante, o Autor empreendeu neste imóvel economias importantíssimas para sua
subsistência, e quando necessitou do distrato, mesmo já tendo gerado lucros altos para o Promovido, bem
como sempre ter sido adimplente, este se viu desrespeitado, humilhado por não ter recebido o mínimo de
atenção da Ré.

O sentimento suportado pela Autora, frente a expectativa, demonstra a lesão daquilo que
de mais importante possui a pessoa humana: o seu patrimônio moral; e este foi irremediavelmente ferido pela
conduta reprovável das Requeridas, visto que apesar de cientes, quedaram-se inertes.

Ao dissertar sobre a configuração do dano moral, Aguiar Dias assim se manifesta: “ O


dano moral deve ser compreendido em relação ao seu conteúdo, que não é o dinheiro, mas a dor, o espanto,
a emoção, a vergonha, a injúria física e moral, em geral uma dolorosa sensação experimentada pela pessoa,
atribuída à palavra dor o mais largo significado ”.

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Com efeito, o caso particular distancia-se da regra na medida em que, os efeitos


decorrentes do não atendimento ao pleito do Autor não apenas atingiram sua esfera patrimonial, mas também
na sua dignidade, diante da situação experimentada.

Desse modo, presentes o dano e a conduta negligente da Requerida, comprovado o nexo


causal, restam configurada obrigação de reparar o dano moral causado.

Há, portanto, relativamente ao ato praticado pela Requerida, dano a ser indenizado,
compensando-se, assim, o transtorno sofrido pelo Autor, pelo tempo já esperado sem nenhuma resposta, e,
igualmente, pela evidente frustração.

Não se pode olvidar, que à satisfação compensatória, soma-se o sentimento punitivo e


pedagógico da indenização, de maneira que assumem especial relevo, na fixação do valor indenizatório, as
condições socioeconômicas das partes.

Assim, tem relevância não apenas a análise da intensidade do sofrimento causado para
se estimar o valor da indenização, mas também, a capacidade financeira do infrator, para que se arbitre um
valor suficientemente capaz de prevenir ocorrência de nova conduta idêntica.

Então, em outras palavras, em relação ao valor indenizável, pesa certificar que há de ser
fixado em consonância com o poderio econômico da Promovida, para que não perca o seu caráter de sanção,
uma vez que a pena deve sempre trazer uma desvantagem maior que a vantagem auferida pelo ato ilícito,
para que exerça a prevenção sobre o ato danoso (Teoria da Prevenção).

Portanto, se é certo que o dano é irreparável, é justo que haja ao menos uma
compensação em virtude da atitude das Requeridas, a qual, adequado o caráter punitivo da indenização.

Ademais, além de não o reembolso dos valores pagos, a Promovida tem lhe feito
cobranças posteriores ameaçando-o de mandar as prestações para o cartório de protestos, ou seja, estão
tentando obrigar o Autor a permanência no negócio.

Disso decorre naturalmente a obrigação de reparar. Aliás, a reparação do dano está


prevista na lei e consagrada na doutrina e jurisprudência. Senão vejamos:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.

Ainda no mesmo Código Civil dispõe que:

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Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.

Ora, esses dispositivos legais não deixam dúvida de que o dano a que se refere é o “dano
gênero”, do qual são “espécies” o dano patrimonial e o dano moral. Autoriza, evidentemente, a reparação de
quaisquer dos tipos de dano. Nada impõe a interpretação restritiva, uma vez que o citado artigo é genérico,
não mencionando o tipo de dano que se deve reparar.

Por outro lado, se alguma dúvida persistia sobre admissibilidade da reparação do dano
moral, a Constituição Federal de 1988 aí está para dissipá-la, através do art. 5º, incisos V e X, assim
redigidos:

Art. 5º [...]

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização


por dano material, moral ou à imagem;(grifo meu)

[...]

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,


assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação;(grifo meu)

Cumpre destacar que a questão vertente destes autos refere-se a uma relação
consumerista, da qual se inclui a empresa do ramo edilício. Portanto, o caso em tela merece análise sob a
ótica também do sistema criado pelo Código de Defesa do Consumidor, especialmente sobre o que determina
o art. 14 desse diploma legal que, além de estabelecer a responsabilidade objetiva dos prestadores de
serviço, distribuiu de maneira própria o ônus da prova:

“Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de


culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos
à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes e inadequadas
sobre sua fruição e riscos”.

É neste sentido, conforme restou demonstrado no amparo legal colacionado, bem como
na jurisprudência de nossos Tribunais, que o Autor sofreu abalo emocional, por estar agindo a Ré de má-fé.
Concretizando-se portanto o dano moral.

3 – DOS PEDIDOS

Diante do exposto requer a Vossa Excelência: 

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A)    A citação da Requerida para querendo contestar a presente demanda no prazo legal,
sob pena de revelia;

B)  A concessão do benefício da Justiça Gratuita, haja vista encontrar-se o Autor


atualmente impossibilitado financeiramente de arcar com as custas do processo e
honorários, conforme art.5º, LXXIV da CF e Lei 1.060/50 em combinação com o art. 98 do
NCPC;

C) A concessão da tutela liminar para suspender a exigibilidade das parcelas vincendas a


partir de SETEMBRO/2016, impedindo assim a inscrição do nome do Autor em quaisquer
bancos de dados negativos, caso já tenha sido anotado, determine-se a exclusão, ou de
outra sorte se digne em determinar a respectiva sob pena e multa diária no valor de R$
500,00 (quinhentos reais);

D) Requer, que seja decretada a rescisão contratual, sejam declaradas como nulas as
cláusulas abusivas e ilegais (cláusula 18º, §2º, A e B, §7º - B; §8º - A e B), nos termos da
jurisprudência assente do STJ, inclusive pacificada, onde, coíbe condições prejudiciais ao
consumidor, uma vez impõe onerosidade excessiva ao consumidor, haja vista não serem
estabelecidas em valores justos e razoáveis, sobretudo, em razão da Requerida não ter
suportado despesas que justificassem os descontos extraordinários no limite máximo já
outrora entendido pelo STJ;

E)  O deferimento da inversão do ônus da prova em favor do Autor, nos termos do artigo
6°, VII do CDC;

F) Nos termos do art. 319, VII do NCPC, seja realizada audiência de conciliação ou
mediação por ser de interesse da Autora;

G)  A total procedência da presente ação para confirmar o pedido liminar;

H) A decretação da rescisão do contrato firmado entre as partes, sem qualquer ônus ao


Autor com o consequente pagamento/devolução das parcelas pagas pelo autor em
parcela única;

I) Condenar a requerida na devolução do valor pago pela Autora, corrigido e atualizado, no


importe de R$ 9.126,75 (nove mil, cento e vinte e seis reais e setenta e cinco centavos);

J) Condenar a Requerida ao pagamento de danos morais no valor de R$ 5.000,00 (cinco


mil reais), nos termos do art. 292, V do NCPC; 

K) O Julgamento inteiramente procedente dos presentes pedidos;

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Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito e cabíveis à
espécie, em especial pelos documentos juntados.

Dá-se à causa o valor de R$ 14.126,75 (quatorze mil, cento e vinte e seis reais e
setenta e cinco centavos).

Termos em que,

Pede deferimento.

Imperatriz, MA – 05 de setembro de 2016.

THIAGO FERREIRA MASCARENHAS


ADVOGADO|OAB-MA 12.253

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