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1. Apresentação
2. Fundamentos para a formação de um novo professor e para uma
nova Escola de Professores
3. Diretrizes para uma formação de qualidade
4. Organização Curricular e Proposta Pedagógica para formação
Inicial
1. Apresentação
Partindo da LDB, o MEC , construiu um novo perfil para o currículo da
Educação Básica. Este perfil, descrito nas Diretrizes Nacionais , elaboradas
pelo CNE, propõem o desenvolvimento de competências fundamentais
ao exercício pleno da cidadania, enfatiza a formação geral para que o
aluno, egresso do ensino médio, possa continuar estudando e/ou entrar
para o mercado de trabalho. Isso requer uma sólida aquisição dos
conhecimentos tradicionais das ciências e das artes, articulada ao
desenvolvimento de estruturas capazes de operacionalizá-las no
enfrentamento de problemas encontrados pela realidade social
complexa.
A proposta é o desenvolvimento de um projeto pedagógico que
tenha como objetivo o desenvolvimento de competências com as quais
oss alunos possam assimilar informações e saber utilizá-las em contextos
pertinentes A educação agora é para a vida.
Concluída a fase de formulação das reformas do Ensino Médio e da
Educação Profissional , inclusive com referência às Diretrizes e Parâmetros
Curriculares, para ambos os casos, a SEMTEC encontra-se na fase de
implementação dessas reformas.
Uma tarefa necessária e urgente para essa que implementação seja
bem sucedida, é a elaboração de um projeto de formação de
educadores para a efetiva concretização da reforma do Ensino Médio
nos sistemas de ensino.
Tínhamos um ensino baseado no acúmulo de informações.
Tínhamos um professorado para desenvolver aquela tarefa de educar ?
Os dados do INEP mostram que não.
A atual reforma do Ensino Médio pretende um ensino
contextualizado e que faça sentido para o aluno. Temos um professorado
para desenvolver esta nova tarefa de educar ? Também não. Isto é, “ é
consensual a afirmação de que a formação de que dispõem os
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professores hoje no Brasil não contribui suficientemente para que os alunos
se desenvolvam como pessoas, tenham sucesso nas aprendizagens
escolares e, principalmente, participem como cidadãos de pleno direito
num mundo cada vez mais exigente sob todos os aspectos.” 1 Seja em
qualquer etapa da educação básica.
A tarefa agora é unir os esforços dos diversos setores públicos e
privados ligados à educação para, em aproveitando a oportunidade das
reformas na educação básica e, considerando as propostas que já estão
sendo discutidas, avançar na discussão das necessárias mudanças que
devem ocorrer nas práticas tradicionais e sistemas de formação.
A SEMTEC, pode começar a contribuir, tomando como referência
as DNEM, pois delas decorrem implicações para a definição de uma nova
escola para o Ensino Médio e Profissionalizante e, sobretudo, de um novo
ofício de professor: uma nova identidade, um novo profissional.
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V.. Referenciais para Formação de Professores da SEF/MEC
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III. o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a
formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento
crítico;
IV- a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos
produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina.
Artigo 36 – O currículo do ensino médio observará o disposto na Seção I
deste Capítulo e as seguintes diretrizes:
I. destacará a educação tecnológica básica, a compreensão do
significado da ciência, das letras e das artes; o processo histórico de
transformação da sociedade e da cultura; a língua portuguesa como instrumento
de comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da cidadania;
II. adotará metodologias de ensino e de avaliação que estimulem a
iniciativa dos estudantes;
III. será incluída uma língua estrangeira moderna, como disciplina
obrigatória, escolhida pela comunidade escolar, e uma segunda, em caráter
optativo dentro das disponibilidades da instituição.
Parágrafo primeiro – Os conteúdos, as metodologias e as formas de
avaliação serão organizados de tal forma que ao final do ensino médio o
educando demonstre:
I. domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a
produção moderna;
II. conhecimento das formas contemporâneas de linguagem;
III. domínio dos conhecimentos de Filosofia e de Sociologia necessários
ao exercício da cidadania.
Parágrafo segundo – O ensino médio, atendida a formação geral do
educando, poderá prepará-lo para o exercício de profissões técnicas.
Parágrafo terceiro – Os cursos de ensino médio terão equivalência legal e
habilitarão ao prosseguimento de estudos.
Parágrafo quarto – A preparação geral para o trabalho e, facultativamente,
a habilitação profissional, poderão ser desenvolvidas nos próprios
estabelecimentos de ensino médio ou em cooperação com instituições
especializadas em educação profissional.
A lei sinaliza, pois, que mesmo a preparação para o prosseguimento de
estudos terá como conteúdo não o acúmulo de informações mas a continuação
do desenvolvimento da capacidade de aprender e a compreensão do mundo
físico, social e cultural, tal como prevê o artigo 32 para o ensino fundamental, do
qual o nível médio é a consolidação e o aprofundamento.
(...)
Assim entendida, a preparação para o trabalho – fortemente dependente
da capacidade de aprendizagem – destacará a relação da teoria com a prática e a
compreensão dos processos produtivos enquanto aplicações das ciências, em
todos os conteúdos curriculares. A preparação básica para o trabalho não
está, portanto, vinculada a nenhum componente curricular em particular, pois o
trabalho deixa de ser obrigação – ou privilégio – de conteúdos determinados para
integrar-se ao currículo como um todo. Finalmente, no artigo 36, as diretrizes
para a organização do currículo do ensino médio, a fim de que o aluno apresente
o perfil de saída preconizado pela lei, estabelecem o conhecimento dos princípios
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científicos e tecnológicos da produção no nível do domínio, reforçando a
importância do trabalho no currículo.
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• vincular a educação ao mundo do trabalho e à prática social;
• compreender os significados;
• ser capaz de continuar aprendendo;
• preparar-se para o trabalho e o exercício da cidadania;
• ter autonomia intelectual e pensamento crítico;
• ter flexibilidade para adaptar-se a novas condições de ocupação;
• compreender os fundamentos científicos e tecnológicos dos
processos produtivos;
• relacionar a teoria com a prática.
A proposta pedagógica da escola será a aplicação de ambos, princípios
axiológicos e pedagógicos, no tratamento de conteúdos de ensino que facilitem a
constituição das competências e habilidades valorizadas pela LDB. As áreas que
seguem, resultam do esforço de traduzir essas habilidades e competências em
termos mais próximos do fazer pedagógico, mas não tão específicos que
eliminem o trabalho de identificação mais precisa e de escolha dos conteúdos de
cada área e das disciplinas às quais eles se referem em virtude de seu objeto e
método de conhecimento. Essa sintonia fina, que, se espera, resulte de
consensos estabelecidos em instâncias dos sistemas de ensino cada vez mais
próximas da sala de aula, será o espaço no qual a identidade de cada escola se
revelará como expressão de sua autonomia e como resposta à diversidade.
(...)
Do comportamento das universidades e outras instituições de ensino
superior dependerá também, em larga medida, o êxito da concretização destas
diretrizes curriculares para o ensino médio, com o qual elas mantêm dois tipos de
articulação importantes: como nível educacional que receberá os alunos egressos
e como responsável pela formação dos professores.
No primeiro tipo de articulação está colocada toda a problemática do
exame de ingresso no ensino superior, que, até o presente, tem sido a referência
da organização curricular do ensino médio. A continuidade de estudos é e
continuará sendo – com atalhos exigidos pela inserção precoce no mercado de
trabalho, ou de modo mais direto – um percurso desejado por muitos jovens que
concluem a educação básica. E possível, com diferentes graus de dificuldades,
para uma parte deles.
O ensino superior está, assim, convocado a examinar sua missão e seus
procedimentos de seleção, na perspectiva de um ensino médio que deverá ser
mais unificado quanto às competências dos alunos e mais diversificado quanto
aos conhecimentos específicos que darão suporte à constituição dessas
competências. E deverão fazê-lo com a ética de quem reconhece o poder que as
exigências para ingresso no ensino superior exercem, e continuarão exercendo,
sobre a prática curricular e pedagógica das escolas médias.
A preparação de professores, pela qual o ensino superior mantém
articulação decisiva com a educação básica, foi insistente e reiteradamente
apontada como a maior dificuldade para a implementação destas DCNEM, por
todos os participantes, em todos os encontros mantidos durante a preparação
deste parecer. Maior mesmo que os condicionantes financeiros. Uma
unanimidade de tal ordem possui peso tão expressivo que dispensa maiores
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comentários ou análises. Um peso que deve ser transferido às instituições de
ensino superior, para que o considerem quando, no exercício de sua autonomia,
assumirem as responsabilidades com o país e com a educação básica que
considerem procedentes.
É preciso lembrar, no entanto, que a deficiência quantitativa e qualitativa de
recursos docentes para o ensino fundamental e médio há muito se converteu num
problema crônico. Essa deficiência afetará qualquer medida de melhoria ou
reforma da educação que o país se proponha adotar. Resolver esse problema,
portanto, não é condição para a implementação destas DCNEM. É questão de
sobrevivência educacional, cuja dimensão vai muito além dos limites deste
parecer, embora se inclua entre os desafios, felizmente não exclusivos, do
Conselho Nacional de Educação. Das instituições de ensino superior se espera
que sejam parceiras no enfrentamento do desafio e na solução, não apenas na
denúncia do problema.
O próximo Plano Nacional de Educação será uma oportunidade para
discutir questões como a formação de professores, entre outras a serem
equacionadas durante a implementação destas DCNEM. Mas a negociação de
metas entre atores políticos para um plano dessa natureza não o torna
necessariamente eficaz. Mais importante será a negociação que essas metas
terão de fazer com próprias as realidades diversas do país nas quais se incluem
os gestores dos sistemas e os agentes educativos que estão em cada escola.
(...)
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A abordagem por competências
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identidade, resultando num profissional que desenvolva competências
profissionais específicas, tais como:
- Trabalhe regularmente por problemas;
- Crie e utilize vários meios de ensino;
- Negocie e conduza projetos com seus alunos;
- Adote um planejamento flexível e indicativo e que saiba
improvisar;
- Explicite o contrato didático entre ele e os alunos;
- Desenvolva avaliações processuais, durante o trabalho de
modo a poder fazer ajustes em seus planejamentos;
- Dirija-se para uma menor compartimentação disciplinar
A proposta do novo ensino médio, como qualquer reforma no
âmbito educacional, depende da adesão e do engajamento dos
professores para que se concretize. Mas além disso, esta nova proposta
requer um novo professor, é um novo ofício docente, um novo tipo de
profissionalismo, que requer uma nova identidade, uma reorientação na
sua formação. Não pode haver contradição entre o discurso das DNEM e
a formação dos docentes responsáveis pela viabilização do ensino e
aprendizagem dos alunos dentro daqueles parâmetros.
A proposta da DNEM só acontecerá se, a formação profissional dos
professores também acontecer na mesma direção – desenvolvimento de
competências orientado para a profissionalização - e, se , em sua
formação puderem experimentá-la pessoalmente. “Textos novos não
produzem sozinhos, as representações e as práticas dos docentes” ; “ “Se
o modelo de formação de alunos não for reforçado pelo modelo de
formação dos professores , e vice-versa, de onde virá a mudança?” 3
Qual formação?
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Perrenoud
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que serve uma erudição em uma disciplina e na sua didática se não se
baseia as atividades de planejamento e de transposição? Esses
conhecimentos são indispensáveis mas , mas permanecerão estéreis
enquanto o profissional não os souber mobilizar na ação, combiná-los com
saberes intuitivos.
Assim trata-se não tanto de estabelecer uma lista de competências ,
mas de representar de forma precisa os funcionamentos dos professores
em situação. Apenas com imagens detalhadas e realistas do exercício da
profissão poderemos deixar de lutar contra moinhos de vento,
descrevendo simplesmente as competências requeridas bem como os
recursos necessários para fazer face à complexidade. As profissões
relacionais mobilizam competências didático-pedagógicas mas também
pessoas. A formação de professores é necessariamente uma formação
global da pessoa.
Para isso as diretrizes para formação de professores deve:
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9- estimular o aprender em grupo: estimular o trabalho em
equipe, a metacomunicação, a divisão de trabalho, a negociação, a
gestão das diferenças e dos conflitos
10- propiciar a construção de uma identidade profissional:
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em classe ao ensinar determinado conteúdo. Existe já um corpo de
conhecimentos, sobre o ensino e a aprendizagem escolar de alguns
conteúdos.
- o conhecimento didático deve ser um conteúdo de capacitação
dos professores O professor deve construir, por um lado, conhecimentos
sobre um objeto de ensino e, por outro lado, que elaborem
conhecimentos referentes às condições didáticas necessárias para que
seus alunos aprendam. Estas situações contemplam 2 fases sucessivas.
Peguemos um conteúdo de Língua: a natureza do ato de escrever.
Pedimos aos futuros professores para produzirem uma mensagem dirigida
a um destinatário específico, por exemplo, elaborar um pedido para o
diretor da escola de alguns livros sobre ensino e aprendizagem. Solicita-se,
além disso que, enquanto cada grupo escreve, um de seus membros atue
como observador e registre todas as discussões que ocorrem durante a
elaboração da carta. Terminada a escrita, o grupo discute o que
aconteceu durante a produção. Finalmente se compartilha e se acorda
os elementos em comum baseados nas conclusões dos diferentes grupos.
O que aprendem os participantes com este procedimento? Ao
discutir os problemas que se colocam e ao analisar os registros de suas
interações , toma-se consciência que a escrita envolve processos de
planejamento, textualização e revisão, de que estes processos são
recursivos, de que, ao se escrever, é necessário enfrentar e resolver
múltiplos problemas. A socialização e o acordo entre as conclusões dos
diferentes grupos, permite abstrair os aspectos essenciais do ato de
escrever, percebendo-a como uma atividade inserida em um contexto
comunicativo. Neste momento o que está sendo colocado em jogo é a
(res)significação de experiências e conhecimentos anteriores ponto de
vista do saber que o futuro professor deve ter sobre Língua para poder
ensinar. Este é um momento de conceitualização, de conhecimento
conceitual sobre o objeto a ser ensinado. Mas, o modo como o aluno o
experiencia, faz com que se reflita e se tome consciência das
características da situação didática proposta. Esta reflexão, leva à
conceitualização de questões fundamentais do ponto de vista didático: a
necessidade de que a aprendizagem da escrita, mesmo na escola,
conserve o sentido social desta atividade, a necessidade de escrever
para cumprir propósito relevante e a um destinatário real. Enfim, ao viver
uma atividade deste tipo, o futuro professor está aprendendo através da
resolução de um problema real, de uma atividade contextualizada. A
situação se orienta para que haja uma tomada de consciência do que
eles fazem como leitores escritores, os leva a explicitar um saber que já
possuíam implicitamente e que entra em ação quando se lê ou escreve.
Conceitualizar em que consiste o fazer do leitor e do escritor, permite aos
docentes construir um marco de referência que contribuirá para orientar o
planejamento de propostas que apresentarão a seus alunos e as
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intervenções que farão em classe. Estas situações de reflexão sobre os
atos de leitura e escrita, têm sentido na formação dos professores porque
estão vinculadas com opções didáticas de formação. Não teria sentido
ter como objetivo que sirva de modelo para se ensinar aos alunos. Estas
situações têm como objetivo levar o futuro professor a um conhecimento
mais profundo dos aspectos do objeto a ser ensinado (seja língua,
matemática, história, etc.) . A questão de ensino e da aprendizagem dos
conteúdos aos alunos, implica ainda, em termos de formação, em se
conhecer quais são as condições necessárias para que os alunos possam
apropriar-se dos conteúdos.
Isto significa que o conhecimento didático – o saber sobre o
conteúdo ou a disciplina – é construído pelo futuro professor, tanto
através de sua forma como do seu conteúdo. As propostas devem tomar
como objeto de análise o conjunto de todas as interações que se dão
entre o professor e os alunos a propósito do conteúdo a se ensinar e a
aprender.
Agir assim, implica em colocar a classe no processo de
capacitação, colocar em primeiro plano o que ocorre realmente em
classe.
A tarefa do professor, ensinar a partir deste modelo didático, é
fonte de incerteza: colocar o aluno como produtor de conhecimentos
significa conceder-lhe uma margem de liberdade intelectual grande,
permitir-lhe que expresse suas concepções, criar condições para que
ponha em jogo suas próprias estratégias para conhecer e para que corra
o risco de errar sabendo que o erro será considerado como natural e
como ponto de partida para uma nova reflexão, reconhecer e aceitar as
diferenças lidando com elas para que todos aprendam. Um instrumento
essencial para isto, como veremos, é o registro de classe. Considerar como
um dos eixos da capacitação é reconhecer que os problemas que
aparecem na classe são problemas específicos que requerem soluções
também específicas, não resultando, de nenhum modo, que não deva se
considerar as outras ciências , mas, ao contrário, abrir a possibilidade de
se recorrer a elas a partir de questões suscitadas no jogo do ensino e da
aprendizagem, tentando encontrar os elementos necessários para lidar
melhor com os conhecimentos que devem ser ensinados, para
compreender melhor as questões e as conceitualizações dos alunos.
Esta discussão sobre o eixo didático como organizador da
capacitação nos leva à questão da homologia dos processos
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