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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

ESCOLA DO MAR, CIÊNCIA E TECNOLOGIA

ANA LAURA HEINSKE DOS SANTOS


ANA PAULA GALVÃO POTTER

EMBALAGEM DE ALIMENTOS
avaliação dos tipos de alimentos acondicionados em embalagens cartonadas

Itajaí
2018
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
ESCOLA DO MAR, CIÊNCIA E TECNOLOGIA

ANA LAURA HEINSKE DOS SANTOS


ANA PAULA GALVÃO POTTER

EMBALAGEM DE ALIMENTOS
avaliação dos tipos de alimentos acondicionados em embalagens cartonadas

Trabalho apresentado como requisito parcial para


obtenção de nota na M2 na disciplina de Tecnologia
de Alimentos do curso de Engenharia Química da
Escola do Mar, Ciência e Tecnologia da
Universidade do Vale do Itajaí.
Professora: Andréa Dal-Bó.

Itajaí
2018
1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Também chamadas de embalagens longa vida, as embalagens cartonadas


foram primeiro produzidas em 1947 em formato de tetraedro, como é possível
observar na Figura 1, estando presentes no Brasil desde 1957, porém a primeira
fábrica só foi inaugurada em 1978, em Monte Mor, pela empresa Tetra Pak®. Somente
em 1961 as embalagens começaram a ser produzidas no formato em que hoje são
apresentadas. São diferenciadas por apresentarem 3 diferentes tipos de materiais em
sua composição em multicamadas (BORGES, 2007; SOUZA, 2011).

Figura 1 – Embalagem original e embalagem atual.

Fonte: Souza, 2011.

1.1 Camadas

As embalagens são constituídas por 6 camadas, ilustradas na Figura 2, onde, de


dentro para fora, as duas primeiras consistem em uma camada dupla de polietileno
para impermeabilização, evitando o contato do alimento com as outras camadas,
principalmente a de alumínio. Em seguida, há uma camada de alumínio que tem o
objetivo de bloquear a luz, a entrada de oxigênio e microrganismos e a perda de
aromas. Logo após, existe outra camada de polietileno com a utilidade de fornecer
aderência do papel ao alumínio, uma de papel duplex (fibra longa) para fornecer
suporte mecânico à embalagem e mais uma de polietileno, como proteção à umidade
externa (NEVES, 1999; BORGES, 2007).
Figura 2 - Camadas de embalagens cartonada.

Fonte: Tetra Pak®.

O papel cartão é geralmente feito de fibras de celulose de madeira de árvores


reflorestadas, como Pinus e eucalipto, e suas propriedades mais relevantes são:
ópticas (brilho e alvura), índice de tração para rigidez e resistência à tração, índice de
arrebentamento, mecânicas (dobras e laminação), capacidade de absorção de água
e desempenho gráfico (capacidade de impressão, lisura e resistência ao
arrancamento superficial da fibra) (BORGES, 2007; SOUZA, 2011).

O polietileno utilizado é o de baixa densidade (PEBD), onde, em suas 4


camadas, as principais propriedades que devem ser consideradas são: densidade,
índice de fluidez que está relacionado com a viscosidade e a massa molar do
polímero, e a distribuição do peso molecular (BORGES, 2007).

A camada de alumínio deve ser feita com espessuras superiores a 18 µm, onde
sua resistência química a solventes e à gordura é boa, porém à água é regular. Sua
resistência a ácidos e aos álcalis é pobre, com exceção a ácidos muito fracos, a menos
que ele seja revestido com verniz ou cera. Esse material não é afetado pela luz nem
por temperaturas menores do que 288 °C, onde, a temperaturas muito baixas, sua
resistência mecânica é boa, sendo conveniente para embalagens que ficam em
ambientes frigoríficos (BORGES, 2007).
A Figura 3 apresenta a proporção dos materiais dos quais as embalagens
cartonadas são constituídas.

Figura 3 – Composição de embalagens cartonadas.

Fonte: Souza, 2011.

1.2 Vantagens

A maior vantagem na utilização de embalagens longa vida é o prolongamento do


tempo de consumo do alimento que por elas é armazenado. Por não necessitar de
refrigeração no seu transporte, assim como em sua conservação enquanto não
aberto, há a economia de energia; comparando-se uma embalagem cartonada com
uma de vidro, a primeira ocupa espaço reduzido e é mais leve, economizando em
combustível. Com relação ao transporte para indústrias envasadoras de alimentos,
300 embalagens cartonadas de 1 L, vazias e compactas em bobinas, são equivalentes
a apenas 11 L de uma embalagem feita de plástico ou vidro. (SOUZA, 2011).

O polímero utilizado em sua constituição, polietileno de baixa densidade, é um


termoplástico que pode ser reprocessado diversas vezes, além das enormes
vantagens que residem-se no fato de que os alimentos contidos nessas embalagens
têm a assepsia de seu conteúdo garantida (NEVES, 1999; BORGES, 2007).

1.3 Desvantagens

Uma imensa desvantagem no uso de embalagens cartonadas reside-se no


tempo de decomposição dos matérias que as compõem, apresentado na Figura 4,
fator utilizado como justificativa para a crescente necessidade de reciclagem dessas
embalagens (SOUZA, 2011).
Figura 4 – Tempo de decomposição.

Fonte: Souza, 2011.

1.4 Reciclagem

A reciclagem começa com um processo de separação das camadas de


diferentes materiais, a qual pode ocorrer através de um equipamento chamado de
hidrapulper, que hidrata as fibras de papel, separando-as do polietileno e do alumínio,
que são processados separadamente. As fibras removidas são utilizadas para compor
outros diversos papéis, enquanto o polietileno e o alumínio podem ser reciclados por
3 processos diferentes (NEVES, 1999; BORGES, 2007).

O primeiro processo de reciclagem do polietileno e do alumínio consiste na


recuperação de energia através de incineração dos mesmos em caldeiras de
biomassa, gerando vapor ou energia, o que economiza em combustíveis fósseis. A
caldeira, no entanto, deve possuir um sistema de lavagem de gases para impedir que
o alumínio vá para a atmosfera. Quando o alumínio reage com oxigênio, forma-se
trióxido de alumínio, o qual pode ser utilizado na produção de refratários ou para o
tratamento de água (NEVES, 1999).

No segundo processo, ocorre a recuperação do alumínio em fornos de pirólise,


onde a oxidação do mesmo é evitada em uma atmosfera pobre em oxigênio,
propiciando a reação do polietileno com o oxigênio, o que libera energia para o
processo. O terceiro e último é a fabricação de peças por processos de extrusão ou
termo injeção por empresas de reciclagem de plásticos, onde o alumínio não interfere
nas propriedades finais do produto, ficando incorporado na peça final (NEVES, 1999).

Após reciclados, os materiais que compõem as embalagens cartonadas podem


ser aplicados para a produção de papel kraft, papel ondulado, embalagens para ovos,
produção de móveis e divisórias e energia, onde as aplicações variam de acordo com
o país (SOUZA, 2011).
1.5 Legislação

De acordo com Barão (2011), as legislações relativas a embalagens para


alimentos e que se aplicam à embalagem cartonada são:

• Resolução RDC n. 130, de 10 de maio de 2002: aprova o regulamento técnico


“disposições gerais para embalagens e equipamentos celulósicos em contato com
alimentos".

• Portaria n. 28, de 18 de março de 1996: aprova o regulamento técnico sobre as


embalagens e equipamentos metálicos em contato com alimentos.

• Resolução RDC n. 20, de 22 de março de 2007: aprova o regulamento técnico


sobre “disposições para embalagens, revestimentos, utensílios, tampas e
equipamentos metálicos em contato com alimentos".

• Resolução n. 124, de 19 de junho de 2001: aprova o regulamento técnico sobre


“preparados formadores de películas a base de polímeros e/ou resinas destinados ao
revestimento de alimentos”.

• Resolução RDC n. 91, de 11 de maio de 2001: aprova o regulamento técnico


sobre “critérios gerais e classificação de materiais para embalagens e equipamentos
em contato com alimentos”.

• Resolução n. 105, de 19 de maio de 1999: aprova os regulamentos técnicos


sobre “disposições gerais para embalagens e equipamentos plásticos em contato com
alimentos”.
2. OBJETIVO

O presente trabalho tem como objetivo avaliar embalagens cartonadas


encontradas em campo e as informações contidas nas mesmas em se tratando de
seu rótulo e informações adicionais quanto à categoria para reciclagem.
3. APLICAÇÕES

As embalagens cartonadas são aplicadas principalmente para embalar produtos


os quais serão refrigerados e possuem baixo valor agregado por conta do seu bom
desempenho como barreira à umidade e passagem de gases e microrganismos que
possam prejudicar as características do produto ou até mesmo acarretar
contaminações.

As embalagens cartonadas possuem em seu rótulo os seguintes dizeres:


“MISTO – Papel Cartão” na grande maioria dos casos, ou em algum deles vir
acompanhada do símbolo de reciclagem com a letra “T” ao centro. Alguns exemplos
de embalagens cartonadas estão demonstrados a seguir.

Imagem1. Embalagem de suco.

Fonte: As Autoras, 2018.


Imagem 2. Rótulo contendo os dizeres do material da embalagem.

Fonte: As Autoras, 2018.

Imagem 3. Símbolo da TetraPak®.

Fonte: As Autoras, 2018.

As imagens 1, 2 e 3 apresentam uma embalagem cartonada de suco de fruta,


a qual contém os dizeres descritos acima e o símbolo da empresa TetraPak®,
fabricante e percursora das embalagens do tipo cartonada. Este tipo de embalagem
é aplicada neste caso pelo fato de conter um líquido e o mesmo ser exposto a
refrigeração.
Imagem 4. Embalagem de chocolate em pó

Fonte: As Autoras, 2018.

Imagem 5. Rótulo embalagem de chocolate em pó.

Fonte: As Autoras, 2018.


Imagem 6. Embalagem de amido de milho.

Fonte: As Autoras, 2018.

A embalagem de cacau em pó exibida nas imagens 4 e 5, e a embalagem de


amido de milho exibida na imagem 6, apresentam tanto o símbolo de reciclagem com
a letra “T” citado anteriormente, característico destas embalagens. O emprego deste
tipo de embalagem nesses produtos se dá pelo fato de os mesmos serem
relativamente hidroscópicos, ou seja, absorvem facilmente a umidade do ambiente.

Imagem 7. Embalagem de creme de leite.

Fonte: As Autoras, 2018.


Imagem 8. Rótulo de embalagem de creme de leite.

Fonte: As Autoras, 2018.

Imagem 9. Informações de embalagem de creme de leite.

Fonte: As Autoras, 2018.

O creme de leite, por se tratar de um produto lácteo, é de rápida deterioração


se não for armazenado nas condições corretas. Por conta disso, o mesmo é
armazenado em embalagens do tipo cartonada, onde sua identificação está
representada nas imagens 8 e 9, pelos dizeres já citados e o símbolo de reciclável.
REFERÊNCIAS

BARÃO, Mariana Zanon. Embalagens para produtos alimentícios. Dossiê Técnico,


Instituto de Tecnologia do Paraná, 2011. Disponível em:
<http://www.respostatecnica.org.br/dossie-tecnico/downloadsDT/NTY0MQ==>.
Acesso em: 10 out. 2018.

BORGES, Daliana Gomes. Aproveitamento de embalagens cartonadas em


compósito de polietileno de baixa densidade. 2007. 97 p. Dissertação (Mestrado)
– Engenharia Metalúrgica e de Materiais, Escola Politécnica da Universidade de São
Paulo, São Paulo, 2007. Disponível em:
<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3133/tde-08012008-110235/en.php>.
Acesso em: 10 out. 2018.

NEVES, Fernando Luiz. A reciclagem de embalagens cartonadas Tetra Pak. Ed.


53, pág. 24-31, 1999. Arquivo PDF. Disponível em:
<http://www.ablp.org.br/acervoPDF/04_LP53.pdf>. Acesso em: 10 out. 2018.

SOUZA, Fernando Ferreira de. Proposta metodológica para aplicação de logística


reversa de embalagens cartonadas no âmbito municipal. 2011. 195 p. Dissertação
(Mestrado) – Programa de Mestrado Profissional em Meio Ambiente Urbano e
Industrial, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2011. Disponível em:
<https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/33476/R---D---FERNANDO-
FERREIRA-DE-SOUZA.pdf?sequence=1>. Acesso em: 10 out. 2018.

TETRA PAK. Material de embalagem das embalagens cartonadas Tetra Pak.


Disponível em: <https://www.tetrapak.com/br/packaging/materials>. Acesso em: 10
out. 2018.

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