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Cruz e Sousa
Biografia
Nascido no ano de 1961 no estado brasileiro de Santa Catarina, João da Cruz e Sousa também conhecido
pela alcunha de Cisne Negro ou Dante negro foi um grande poeta brasileiro, sendo o maior expoente do simbolismo
na literatura brasileira. Negro e filho de escravos alforriados, Cruz e Sousa lutou contra a escravidão e o racismo.
Autor de obras e poemas contrários à escravidão, foi um grande ativista abolicionista.

Talentoso, aos oito anos de idade Cruz e Sousa revela-se um poeta precoce ao declamar versos de sua
autoria, homenageando o retorno do coronel Xavier de Sousa da Guerra do Paraguai e sua promoção a marechal.

No período de 1871 a 1875, o jovem cursa, como bolsista, o Ateneu Provincial Catarinense, estabelecimento
educacional frequentado pelos filhos das camadas dominantes do Desterro. Tem como professor de ciências
naturais o naturalista alemão Fritz Muller – amigo, correspondente e colaborador de Darwin e Haeckel. Aluno
brilhante, Cruz e Sousa destaca-se em matemática e línguas: francês, inglês, latim e grego.

Culto e erudito, o poeta foi leitor sofisticado: Baudelaire, Leconte de Lisle, Leopardi, Antero de Quental,
Guerra Junqueiro, entre outros autores europeus de seu tempo. Não obstante o elevado nível cultural de sua
formação escolar, o racismo o confinará – tema recorrente em seu texto “Emparedado”. Desempenhou funções
muito aquém de seu efetivo potencial.

Em 1881, viaja pela primeira vez pelo Brasil, indo desde Porto Alegre até São Luís, como ponto e secretário
da Companhia Dramática Julieta dos Santos, uma atriz mirim. Afasta-se, desse modo, da franca hostilidade da qual se
via cercado e, ao mesmo tempo, adquire uma visão mais abrangente a respeito das condições em que eram
mantidos os negros nos anos finais do escravismo.

Pouco tempo depois, Cruz e Sousa engaja-se na campanha abolicionista e, na Bahia, é recepcionado por uma
comissão: a convite de sociedades dedicadas à causa, como a Libertadora Baiana e a Luiz Gama, o escritor profere
um discurso, tendo sido transcrito em jornal local um poema seu em homenagem a Castro Alves.

Cruz e Sousa insere-se na vida literária e cultural aos 20 anos, fundando com Virgílio Várzea e Santos Losada,
em Santa Catarina, o jornal semanal Colombo, periódico crítico e literário de viés parnasiano. Participa do grupo
Ideia Nova e, em 1885, publica, juntamente com Virgílio Várzea, o livro Tropos e fantasias, obra em prosa na qual se
encontram textos contra a escravidão. Aliás, todo o período catarinense do autor é marcado pelo combate ao
racismo do qual foi vítima em diversas ocasiões e que, inclusive, o impediu de assumir o cargo de Promotor em
Laguna para o qual fora nomeado. Outrossim, dirige o jornal ilustrado O Moleque, fortemente discriminado pelos
círculos sociais locais devido ao seu viés crítico. Colabora no jornal republicano e abolicionista Tribuna Popular,
considerado a mais notável folha catarinense do período. Em sua primeira viagem ao Rio de Janeiro, em busca de
ambiente menos racista e literariamente mais aberto, foi recebido pelo amigo e poeta Oscar Rosas e conheceu o
também poeta catarinense Luís Delfino, bem como Nestor Vítor, grande amigo e divulgador de sua obra.

Em 1890, muda-se para o Rio de Janeiro e colabora com diversos magazines – como a Revista ilustrada e
Novidades – e jornais – como A Cidade do Rio, de José do Patrocínio – além de publicar artigos-manifestos do
simbolismo na Folha Popular, principal órgão de divulgação do movimento e também no jornal O Tempo. Ademais,
convive intelectualmente com Pompéia e Bilac, por intermédio de Oscar Rosas. Trava amizade com o grupo de
escritores que constituirá o núcleo simbolista do qual será o membro mais expressivo. 1893 será um ano
particularmente fecundo em sua bibliografia, com o lançamento de seus livros Missal (poemas em prosa), em
fevereiro, e Broqueis (poemas), em agosto. Em 1895, era tal o destaque de Cruz e Sousa nos meios simbolistas que
Alphonsus de Guimaraens vem de Minas Gerais ao Rio de Janeiro especialmente para conhecê-lo.

Também em 1893 o poeta exercerá vários cargos, todos eles modestos, na Estrada de Ferro Central do
Brasil. Nesse tempo casa-se com a jovem negra Gavita Rosa Gonçalves. O casal terá quatro filhos. A família sofre
sérios problemas financeiros, devido aos baixos salários recebidos por Cruz e Sousa durante sua ocupação na EFCB.
Gavita é acometida de distúrbio mental após o nascimento do segundo filho do casal, Guilherme.
Em 19 de março de 1898 Cruz e Sousa morre acometido de tuberculose. Fundador e um dos principais
representantes do simbolismo no Brasil, Cruz e Souza foi um dos precursores da literatura afro-brasileira e figura
proeminente de seu tempo. Nascido e crescido num meio extremamente hostil ao negro, em província do sul do país
para onde se dirigiram levas de imigrantes europeus brancos, Cruz e Sousa deparou-se, ao longo de sua curta vida,
com inúmeras barreiras, sendo emparedado de diversas maneiras. Em plena vigência das políticas de
branqueamento no país, o poeta afrodescendente foi vítima de vários episódios racistas. A sua contrariedade e
indignação frente à injustiça praticada aos negros é constatada por meio de sua aberta orientação abolicionista e de
seu trabalho literário, inovador e fortemente contrário ao discurso conservador da época.

Característi cas Literárias


O autor compunha poemas geralmente na forma de soneto, com linguagem subjetiva, vaga e imprecisa,
sendo predominante o uso de substantivos abstratos, adjetivos e figuras de linguagem.

O conteúdo de seus poemas era sempre ligado a temas como o misticismo, religiosidade, contemplação, dor
existencial do eu lírico e mistérios como a noite e a morte, além da predominância de um tom pessimista, que
expressa a dor existencial do eu lírico e uma visão de mundo antirracionalista e antimaterialista, o que lembra o
romantismo. Seus poemas são carregados de subjetividade, com reflexões ligadas para o próprio eu-lírico. Dentre as
figuras de linguagem mais usadas pelo poeta estão: Metáfora, Comparação, Aliteração, Assonância e Sinestesia.

Em seus poemas também é possível observar a valorização da rima por causa da sonoridade e musicalidade
que o simbolismo valorizava. Além disso, outras características bem presentes nas obras de Cruz e Sousa é o
pessimismo (visão negativa da realidade) e oposição à racionalidade e ao pensamento científico (incapacidade de
revelar a essência das coisas).

As obras de Cruz e Sousa traziam, além das características do simbolismo, alguns traços autorais específicos
como a profundidade filosófica associada a uma angústia metafísica, a morbidez e a presença recorrente da cor
branca em seus poemas. Quanto a esta última característica, alguns críticos dizem que ela configurava uma obsessão
em de correncia da sociedade em que o autor estava inserido onde havia uma supremacia branca. No entanto, há
críticos que dizem que a recorrência da cor branca em seus poemas nada mais é do que um recurso estilístico usado
pelo autor.

Fugindo um pouco do estilo, o autor as vezes tratava sobre questões sócias, tais como a pobreza e o racismo.

Principais obras de Cruz e Sousa


Broquéis (1893) – poesia

Missal (1893) – poemas em prosa

Tropos e fantasias (1885) – poemas em prosa (parceria com Virgílio Várzea)

Obras póstumas

Últimos sonetos (1905)

Evocações (1898) – poemas em prosa

Faróis (1900) – poesia

Outras evocações (1961) – poemas em prosa

O livro derradeiro (1961) – poesia

Dispersos (1961) – poemas em prosa

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