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A constitucionalização do meio ambiente se deu na década de 70, sendo assim elemento fundamental
nas constituições a partir de então, temos como um marco teórico dentro do direito ambiental, a Declaração
de Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano de 1972, elevando o meio ambiente como um direito fundamental.
Assim, as cartas internacionais absorveram dentro do seu ordenamento jurídico interno o meio ambiente,
ratificando o seu caráter internacionalista. Ou seja, temos a confecção de uma declaração que irá servir como
parâmetro à normatização interna de diversos países. Citando como exemplo as seguintes
constituições estrangeiras: Panamá (1972) que buscava uma compatibilização harmônica do
equilíbrio com o desenvolvimento econômico; Hungria também 1972; Grécia em 1975 colocava o
Estado com o dever de proteger de forma preventiva e repressiva danos ao meio ambiente; Portugal
em 1976 garantia ao cidadão o direito ao meio ambiente equilibrado; Espanha em 1978 foi mais
além colocando como um direito dever de todos ao meio ambiente equilibrado, podemos prever o direito
à solidariedade; E por fim temos a nossa Constituição brasileira de 1988, que será melhor
estudada mais à frente, no entanto, é importante salientar que apesar dos movimentos
ambientalistas da década de 70 e toda a comoção social, o Brasil não foi inoperante em relação a tutela
ambiental, pois em 1981 foi promulgada a Politica Nacional do Meio Ambiente, que foi
recepcionada na sua integralidade pela a CF de 1988 do Brasil.
obrigação de proteger e melhorar o meio ambiente para as gerações
presentes e futuras. (Padilha, 2010, p. 52)
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Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
necessitem ser rechaçados, como forma de demonstração do princípio da
solidariedade para que os direitos passados, presentes e futuros possam ser
concretizados.
Partindo desse pressuposto, temos nas palavras de Leite (2003) que o Estado
Socioambiental necessita de politicas públicas, assim como as parcerias privadas
para uma gestão sustentável, que posso utilizar-se do meio ambiente sem degradá-
lo.
Assim, Leite, (2003, p. 34) propõe parâmetros a serem seguidos:
Vislumbramos que tais metas são posições que o Estado deverá tomar
conjuntamente com a coletividade, afinal, o bem ambiental é de interesse coletivo.
Nesse sentindo, o desenvolvimento deverá ser planejado de uma forma que
congregue a dignidade da pessoa humana, o meio ambiente e a justiça social.
O capítulo seguinte trataremos do Direito ao Desenvolvimento, cujos critérios
estão interligados com o principio da solidariedade e dignidade da pessoa humana,
portanto, mostrou-se necessário incluí-lo de forma precípua, uma vez, que será
destrinchado em momento hábil.
Sendo assim, a solidariedade está baseada na melhoria da qualidade vida
humana que no seu ímpeto, gera subsídios para atingir-se a dignidade da pessoa
humana, mais uma vez, retrato-me as sábias palavras de Bobbio em dizer que os
direitos humanos precisam ser vislumbrados como um processo agregador em que as
normas aparentemente divergentes, possuem uma finalidade, função social, da
efetivação da dignidade da pessoa humana e o bem-estar coletivo presente e futuro.
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“A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: [...] III - a
dignidade da pessoa humana” (BRASIL,1988)
de um Estado Social quanto aos direitos fundamentais, lembrando muito o modelo de
Estado de Bem-Estar Social4.
Assim a CF de 1988 apresenta-se sob um contexto único, em relação às
Cartas anteriores em que busca compatibilizar a defesa e proteção do meio
ambiente, no seu texto constitucional e apregoa a livre iniciativa, ou seja, uma
economia de mercado, porém com ponderações que deverão ser observadas de
forma objetiva. Podemos concluir que a economia deverá buscar uma forma que
seja compatível à extração dos recursos naturais, porém sem destruí-los, já que a
natureza apresenta-se com um recurso finito, ao contrário do pensamento clássico
economicista. (DERANI, 2008).
A partir desse aparente conflito deparamo-nos com a conceituação de
desenvolvimento sustentável que busca a conciliação da economia, produção de
bens de consumo e proteção ambiental. Nascendo uma nova forma de utilização
dos recursos naturais. Estamos diante da racionalização ambiental e a natureza
como limite da economia.
Desenvolveremos a presente temática no capítulo segundo, de forma mais
pormenorizada. Porém, mostra-se necessário esclarecer que o conceito
desenvolvimento sustentável foi apresentado, em 1987, resultado de um relatório
denominado Nosso Futuro Comum, também conhecido como Relatório Brundtland,
que em suma apontava as causas e os efeitos do desenvolvimento econômico para o
meio ambiente e trouxe todo o cunho internacionalista desse novo direito, dessa forma
o conceito de desenvolvimento sustentável mostra-se da seguinte forma: “é aquele
que atende às necessidades do presentes sem comprometer a
possibilidades das gerações futuras de atenderem as suas próprias
necessidades”(BARBIERI, 1997, p. 23).
Nesse diapasão é que buscaremos demonstrar que só é possível existir um
Estado de Direito, onde haja, o respeito e a fiscalização do direito ambiental, assim,
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O Estado de Bem Estar Social (EBES) pode ser entendido a partir da formulação dos seguintes
ideais: liberdade, democracia, bem-estar coletivo, políticas públicas de caráter distributivo e de
inclusão. A partir desses ideais o Estado dever-se-á criar mecanismos que sustentem o sistema
capitalista com um mínimo de justiça social, ou seja, existe a intervenção estatal, no sentido de se garantir
o desenvolvimento econômico e social e assim manter a funcionalidade desse sistema. Método
utilizado por países em desenvolvimento, em especial o Brasil, adequando tais procedimentos
do EBES a sua realidade, como por exemplo, a intervenção estatal no domínio econômico,
políticas públicas de incremento de renda, com a finalidade de um desenvolvimento socioeconômico
(DELGADO; PORTO, 2007).
a economia dever-se-á submeter aos preceitos constitucionais de um Estado
de direito ambiental (CANOTILHO; LEITE, 2008).
Assim Américo Luís Martins da Silva (2005, p. 113) esclarece:
Nascendo uma nova forma de pensar no que tange a seara econômica e o meio
ambiente, assim a ordem econômica deverá buscar parâmetros que diminuam a
degradação ambiental.
Nesse sentido, temos um texto de Cunha (2008) que retrata o meio ambiente e
o trabalho humano, elementos que compõe a construção da dignidade da pessoa
humana em face da degradação ambiental. Observemos que a colheita de cana
como é feita no Nordeste brasileiro acarreta diversas consequências ambientais e
para saúde humana, como a desertificação solo, por conta das queimadas, emissão
de gases poluentes que contribuem para as mudanças climáticas e a própria
degradação do trabalho humano frente ao lucro de uma minoria em detrimento de um
coletivo. Assim, deparamo-nos com dois problemas latentes das sociedades
modernas: a exploração do meio ambiente e a precarização do trabalho humano.
A partir dessas desigualdades existentes no Brasil é que buscaremos
trabalhar no capitulo II o desenvolvimento e a sustentabilidade como forma de uma
melhor qualidade de vida aos cidadãos. Aduz Belinda Pereira da Cunha (2008, p.
299):
O princípio da precaução funciona como uma espécie de princípio “in dubio pro
ambiente”: na dúvida sobre a perigosidade de uma certa atividade para o
ambiente, decide-se a favor do ambiente e contra o potencial poluidor, isto é,
o ónus da prova da inocuidade de uma acção em relação ao ambiente, é
transferido do Estado ou do potencial poluído para o potencial poluidor.
(2008, p. 42).
O direito ambiental chama atenção por sua ubiquidade, ou seja, está presente
em qualquer ação humana, desde simples fato de respirarmos até um grande
empreendimento, como a construção de uma usina hidrelétrica.
Assim, é necessário que o direito à informação seja explicitado de forma clara
e objetiva, através de estudos prévios de impacto ambiental, por exemplo. Trata-se
em trazer à tona a discussão sobre que forma o poder público e os
particulares deverão proceder. Antunes (2008, p. 26) aduz: