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História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena

Adauto José da Costa

APROPRIAÇÃO DE TERRITÓRIOS MATERIAIS E


IMATERIAIS DE POVOS INDÍGENAS.

Introdução
Friedrich Ratzel, geógrafo alemão, em seus estudos contribuiu para a sistematização do
conceito de território nas ciências geográficas. Para a geografia, o conceito de território esta
relacionado a disputas de poder. Essas considerações ratizeliana contribuem para uma nova visão
sobre a relação de poder entre os indígenas e os colonizadores no território brasileiro.

Desenvolvimento
Levando em conta esse conceito a conquista e tomada gradual da localização de São Paulo pelos
Jesuítas é um marco na ocupação do espaço. Esse território antes era ocupado por uma nação
indígena poderosa e importante, os Tupiniquins. A província de São Paulo serve aos portugueses
como base da organização do seu território devido a sua localização estratégica e recursos naturais.

Um povo em processo de decadência verifica-se que está não poderá absolutamente ser compreendida, nem
mesmo no seu início, se não levar em conta o território. (Apud, Moraes; p.74)

O conceito de território abrange aspectos que vão além do espaço físico e adentra ao campo
imaterial da cultural. Um princípio da geografia é o conceito conexão. Um território é ligado por
redes de informações, crenças e cultura, com o objetivo de manter coeso as fronteiras do território.
Os Jesuítas, bandeirantes e indigenistas tem uma atuação importantíssima a favor da expansão do
capitalismo mercantil. Os aldeamentos eram organizados pelos Jesuítas e alimentados por cativos
trazidos pelos bandeirantes. Um dos objetivos dos aldeamentos era a quebra dessa conexão cultural
entre as nações indígenas. Por outro lado os indigenistas eram contrários aos aldeamentos,
defendiam que os índios deviam ter contato com os brancos. Para esses indigenistas a associação
com os brancos era uma maneira de civilizá-los por meio da mestiçagem. Os índios deviam ser
civilizados seguindo os ideais iluministas. Para a sociedade intelectual da época os aborígenes
estavam longe do seu padrão aceitável. E ainda, para cientistas evolucionistas a civilização era um
favor para esses aborígenes, porque consideravam com raça atrasada.
O trabalho dos indigenistas a princípio altruísta servia aos interesses da coroa. A mestiçagem
dos indígenas adentra as disputas do território cultural. Os mestiços agora civilizados iriam tem uma
postura sedentária e abandonariam suas tradições e cultural indígenas. Eram educados com uma
visão de liberdade falsa, mas estavam presos a cultura europeia.

Se o indigenismo de Arouche se enquadrava num padrão aparentemente simpático aos índios, pelos menos no
planos dos direitos, esta vertente do pensamento indigenista também pregava a superação da barbárie e, por
conseguinte, a extinção dos índios. (Monteiro, 2001 p.115)

A categoria da geografia de território adentra o campo da geografia cultural. Desta maneira


observa-se a apropriação do território da memória das nações indígenas contemporâneas. Assim
como a mestiçagem tinha como objetivo apagar a cultura e a genealogia dos povos indígenas.
Assim, o território entende-se por relação de poder. Essa relação de poder é o processo contínuo de
ocupação, tomada e manutenção do território apropriado. Segundo pesquisadoras, observou-se essa
manutenção da apropriação de um território, no campo dos livros didáticos de história, mais
especificamente com relação a história dos povos indígenas e suas atividades políticas atuais.

De forma geral, observou-se a ausência de abordagens sistemáticas sobre as políticas indigenistas no período
e no material selecionado, o que indica grande distanciamento entre as pesquisas acadêmicas e os manuais
didáticos. (Garzoni, Trevisan 2018)

Considerações Finais
Através da análise dos documentos históricos e pesquisas recentes, com critérios na
epistemologia das ciências geográficas, conclui-se que a existência de qualquer nação deve-se levar
em consideração o território, ou seja, o espaço. Seguindo os princípios geográficos da conexão,
passamos a entender a relação da mestiçagem, entendemos esse distanciamento contemporâneo de
temáticas em livros didáticos sobre a história e atividades indígenas como uma manutenção das
relações de poder por parte do Estado na apropriação do território material e imaterial de nações
indígenas.

Bibliografia
MONTEIRO, Jhon Tupis, Tapuias e Historiadores Estudos de História Indígena e do Indigenismo Departamento
de antropologia IFCH – Unicamp – Campinas, agosto de 2001

MORAES, Antônio Carlos Robert. Geografia: Pequena História Critica. São Paulo, Hucitec, 1996.

TREVISAN [1],Julia; GARZONI[2], Lerice -POLÍTICAS INDIGENISTAS NA REPÚBLICA BRASILEIRA: os


livros didáticos de história e a lei 11.645/2008 – Poços de Caldas 2018

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