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HIDRÁULICA E RECURSOS HÍDRICOS

1.DEFINIÇÃO

A hidráulica está relacionada com o estudo do comportamento da água e de outros líquidos,


os quais podem estar em repouso ou em movimento. É a área da engenharia que aplica os
conceitos de mecânica dos fluidos na resolução de problemas ligados à captação, controle,
transporte, armazenamento, transportes e usos de água.

2.OBJETIVO

Estudar o equilíbrio e o movimento dos líquidos.

3.EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA HIDRÁULICA

Os primeiros projetos de hidráulica foram desenvolvidos há milhares de anos na Roma antiga e


se destinavam à irrigação dos campos agrícolas, bem como no Egito os quais foram executados
à XXV séculos a.C.
A engenharia hidráulica estava altamente desenvolvida na China antiga, onde estavam sendo
construídos enormes canais com diques e barragens para canalizar a água para irrigação, e
eclusas para permitir a travessia de navios.
No século VI a.C., a partir de grandiosos Projetos Hidráulica, foi construído o Túnel de
Eupalinos pelo engenheiro grego Eupalinos de Mégara, um enorme feito tanto de engenharia
civil como de engenharia hidráulica.
A hidráulica tornou-se altamente desenvolvida no Império Romano, onde foi especialmente
aplicada para à construção e à manutenção de aquedutos para o fornecimento de água e a
drenagem de esgotos urbanos. Além de proverem as necessidades dos cidadãos em termos de
água, os engenheiros romanos usaram meios hidráulicos de mineração, para a prospecção e
extração de depósitos aluviais de ouro e de outros minérios como o estanho e o chumbo.
Posteriores avanços na engenharia hidráulica ocorreram no mundo islâmico, entre os séculos
VIII e XVI. Contudo, foi nas regiões islâmicas medievais que o sistema de gestão da água foi
montado e padronizado, sendo subsequentemente difundido para o resto do mundo.

4.RECURSOS HÍDRICOS

A água é um recurso renovável, porém sua abundância global não caracteriza disponibilidade
para sua utilização. A distribuição irregular, associada ao crescimento desordenado da
população e degradação da qualidade da água, tem dificultado o acesso e utilização deste
recurso pelo homem.

A poluição dos recursos hídricos, decorrentes principalmente do lançamento de esgotos


sanitários sem tratamento gera graves prejuízos ao desenvolvimento socioeconômico,
afetando significativamente a qualidade de vida da população.
O uso sustentável dos recursos hídricos dependem do conhecimento da comunidade sobre as
águas de sua região e de sua participação efetiva em seu gerenciamento. As pesquisas
realizadas nessa área de concentração são aos usos múltiplos da água e à preservação do meio
ambiente, envolvendo estudos analíticos, computacionais e experimentais mediante ensaios
em laboratório e em campo.

O uso racional de água no setor da construção civil levou a Agência Nacional de Águas (ANA) a
lançar no final de 2010 uma chamada pública para atender ao projeto “Desempenho e
Inovação de Sistemas e Componentes para Uso Eficiente de Água em Edifícios”. Tendo como
objetivo estimular experiências voltadas à economia de recursos hídricos, que minimizem
perdas e maximizem a eficiência desses recursos.

Na construção civil existem diversos locais onde a água proveniente da obra ou da chuva pode
ser utilizada como na:

 Confecção de argamassas;
 Lavagem de canteiros de obras;
 Molhar peças de concretos durante a “cura” da argamassa;
 Umectação de matérias finos estocados à temperatura ambiente no próprio canteiro
de obras, em usinas de concreto ou em pedreiras.

5.ESTUDOS HIDROLOGICOS
Os estudos hidrológicos buscam medir a área de contribuição da área de escoamento a partir
de uma planta, tirar o fluxo de água em razão do tempo de recorrência, e projetar os próximos
anos. Estes estudos são utilizados para suportar a construção, reformas ou ampliação de
pontes, travessia de dutos, construções de barragens, transposição de rios, projetos de
irrigação, análise de áreas de inundação para agricultura e pecuária, e loteamentos.

Deverão ser coletados estudos existentes e dados disponíveis em órgãos oficiais que permitam
a caracterização climática, pluviométrica, fluviométrica, meteorológica e geomorfológica da
região de interesse do projeto. Esses dados facilitaram a elaboração dos fluviogramas das
alturas d’água nos postos localizados na área em estudo, contendo a localização, período e
tipo de observação, tipo de aparelho, entidade operadora e outras informações pertinentes.
Deverá apresentar mapa ou planta em escala adequada, destacando a rede hidrográfica
abrangida pelo projeto, contendo o traçado da rodovia, cidades, rios, estradas e ferrovias
existentes.

Serão catalogadas as principais obras hidráulicas existentes ou projetadas que possam influir
nos estudos hidrológicos, como barragens a montante e jusante da rodovia, canalizações e
dragagens.

As principais aplicações dos serviços de estudos hidrológicos são:

 Estudos de escoamento superficial;


 Determinação da vazão;
 Períodos de retorno ou tempo de recorrência;
 Estudos de níveis máximos.
6.Etapas de estudos hidrológicos

6.1.Caracterização física da área


O estudo deverá apresentar as principais características da área em estudo, como
localização, tipo de relevo, ocupação e cobertura do solo e as principais travessias
sobre os cursos da água.

6.2.Estudo das chuvas intensas


O estudo de chuvas intensas tem por finalidade estabelecer as equações intensidade
– duração – frequência. As equações existentes nas regiões próximas ao traçado da
rodovia poderão ser analisadas e incorporadas ao estudo, desde que representem o
regime de chuvas intensas do local da obra em estudo.
Deverão ser apresentados os seguintes elementos:

 Equações de intensidade – duração – frequência indicando a fonte,


localização do posto e período de coleta dos dados;
 Gráficos comparativos relacionando a intensidade pluviométrica e a duração
da chuva para períodos de recorrência de 10, 25, 50 e 100 anos.

6.3.Caracterização do regime fluvial

Esta caracterização deverá apresentar a listagem dos postos fluviométricos da região


de interesse para o projeto, além de tabelas contendo as cotas máximas de cheias
observadas na região e o período de ocorrências e, sob a forma de histogramas, os
seguintes elementos da série de vazões:

 Vazões médias mensais;


 Máximas vazões médias diárias;
 Mínimas vazões médias diárias.

6.4.Estudos de escoamento superficial

Os estudos de escoamento superficial das bacias de drenagem deverão abranger a


análise das características fisiográficas da bacia, tipo de solo e sua cobertura,
inclusive estimativa da evolução futura quanto ao uso e ocupação do solo.

6.5 Métodos e parâmetros para determinação da vazão de projeto

Para se projetar uma obra hidráulica qualquer é necessário o conhecimento da magnitude e frequência das
vazões (ou níveis) que essa obra deverá conduzir, conter, armazenar, escoar. O projeto envolve
dimensionamento e localização de barragens, pontes, diques, canais, bueiros, condutos
forçados, sistemas de drenagem, redes pluviais, estações de recalque, estações de tratamento
de águas e esgotos, usinas hidroelétricas e uma grande variedade de estruturas com
elas relacionadas.A máxima vazão que qualquer uma dessas estruturas pode suportar com seg
urança é denominada vazão de projeto.

6.6. Intensidade Pluviométrica

Deverá ser calculado os seguintes elementos: média anual de chuvas da região e média
mensal, número de dias de chuva por mês e total anual, alturas máximas e mínimas, registro
de chuvas e respectivos pluviogramas, precipitação total, indicação do trimestre mais chuvoso
e mais seco, precipitação máxima em 24 horas.

Métodos Estatísticos Diretos

Os Métodos Estatísticos Diretos são baseados na análise probabilística dos registros


fluviométricos, a partir da análise de freqüência das cheias.

A análise de freqüência das cheias tem por objetivo estabelecer a relação entre os
valores das vazões máximas anuais numa determinada seção de um curso d’água e
os períodos de retorno a eles associados. A seqüência mínima de procedimentos que
será adaptada nos estudos conforme a suficiência dos dados é a seguinte:

- Determinação da série de vazões máximas anuais;


- Análise de homogeneidade da série;
- Escolha da função distribuição de probabilidade (Gumbel EV-1, Log-Pearson III, Log-
Normal
Determinação das vazões máximas em função do período de recorrência.

Deverão ser apresentados todos os elementos utilizados nos estudos, entre eles:

- Análise para determinação da curva chave;


- Extrapolação da curva chave;
- Análise de consistência e homogeneidade da série;
- Correlações;
- Séries de níveis e vazões máximas;
- Curvas de probabilidade de ocorrência de vazões máximas;
- Estudos de regionalização;
- Tabela resumo dos resultados obtidos.

4.3 Períodos de Retorno ou Tempos de Recorrência

O período de retorno utilizado na determinação da vazão de projeto e,


conseqüentemente, no dimensionamento do dispositivo de drenagem, será fixado em
função dos seguintes itens:

a) Importância e segurança da obra;


b) Estudo benefício-custo, a partir da avaliação dos danos para vazões superiores à
vazão de projeto, considerando danos a terceiros e custos para restauração da
estrada.

Em princípio, desde que não haja recomendação específica da Fiscalização, os


períodos de recorrência a serem adotados são:

a) Para dispositivos de drenagem superficial, T = 10 anos;


b) Para bueiros ou galerias, T = 50 anos;
c) Para canalização de córregos, T = 50 anos, com verificação para T = 100 anos sem
considerar borda livre;
d) Para pontes, T = 100 anos.

4.4 Subsídios para os Estudos de Níveis Máximos

Deverão ser fornecidas as informações que subsidiem os estudos de níveis d’água


máximos nas principais travessias e interferências da rodovia com os rios de porte da
região. Estas informações consistirão de:

a)     Vazão de projeto;


b)     Curvas-chaves de postos fluviométricos próximos à travessia;
c)      Níveis d’água correlacionados;
d)     Marcas de cheias, obtidas em inspeções locais.

5. APRESENTAÇÃO DOS TRABALHOS


Os estudos hidrológicos deverão ser apresentados em Memorial Descritivo (MD)
específico, contendo, de forma detalhada e conclusiva para avaliação da Fiscalização,
além dos elementos discriminados anteriormente, toda a metodologia, procedimentos,
parâmetros, ábacos e tabelas auxiliares utilizados, bem como as fontes de referência.

FASES DO ESTUDO

Os Estudos Hidrológicos serão desenvolvidos em duas fases:

a) Fase Preliminar;
b) b) Fase Definitiva.

FASE PRELIMINAR

Os Estudos Hidrológicos na Fase Preliminar têm como objetivos:

 Coletar dados hidrológicos;

 Definir as bacias de contribuição.

Deverá abranger:

 Coleta de dados hidrológicos junto aos órgãos oficiais, estudos existentes, que permitam a
caracterização climática, pluviométrica, fluviométrica e geomorfológica da região, e mais
especificamente, da área em que se localiza o trecho em estudo;
 Coleta de elementos que permitam a definição das dimensões e demais características
físicas das bacias de contribuição (forma, declividade, tipo de solo, recobrimento vegetal) tais
como: levantamentos aerofotogramétricos, cartas geográficas, levantamentos radamétricos,
levantamentos fitopedológicos e/ou outras cartas disponíveis;

 Para as grandes bacias, cujas dimensões possam requerer um excessivo número de


fotografias; conduzindo a distorção dos resultados ou mesmo no caso de pequenas bacias
quando não se dispuser de levantamentos aerofotogramétricos considerados aceitáveis, as
características físicas das bacias hidrográficas envolvidas poderão ser determinadas por cartas
hipsométricas de qualidade e precisão confiáveis;

 Para as bacias assim definidas serão determinados também os talvegues principais, através
das linhas de fundo de vales, estabelecendo-se o talvegue mais importante, a sua extensão
total, o desnível a montante da transposição prevista e, consequentemente, a sua declividade
média;

 Coleta de elementos que permita a identificação das modificações futuras que ocorrerão nas
bacias tais como projetos, planos diretores e tendências de ocupação. Na coleta de dados
hidrológicos deve ser seguida a sistemática:

a) pluviometria - coleta de dados de chuva


 Apresentação de mapa em escala conveniente destacando a rede hidrográfica
básica comprometida pelo projeto e a localização do trecho em estudo;
 O mapa de bacias deverá ser numerado de forma a ser associada uma única bacia
para cada Obra-de-Arte projetada;
 Coleta dos dados de chuvas dos postos localizados na área e apresentados em mapa
com indicação da entidade responsável pela coleta e os respectivos períodos de
observação;
 Caracterização dos instrumentos medidores tais como: pluviômetros, pluviógrafos,
réguas linimétricas, e outros;
 Escolha criteriosa do posto onde é caracterizado o regime pluviométrico do trecho,
justificando o aspecto hidrológico;
 Na ausência absoluta de posto na região, indicação precisa das fontes que
forneceram os dados pluviométricos, os mapas isoietas, atlas meteorológico, com os
respectivos autores;
 Cálculo dos seguintes elementos: média anual de chuvas da região; média mensal;
número de dias de chuva por mês; total anual; alturas máximas e mínimas; registro de
chuvas e respectivos pluviogramas; precipitação total; indicação do trimestre mais
chuvoso e mais seco; precipitação máxima em 24 horas.
b) fluviometria

 Coleta de elementos para elaboração dos fluviogramas das alturas d’água médias,
máximas e mínimas mensais, dos principais rios da região;

 Registro de cheia máxima dos cursos d’água menores, desprovidos de medidores, o qual
deverá ser feito por meio de vestígios e informações locais;

 Apresentação de mapa contendo os postos fluviométricos da região de interesse para o


projeto, com identificação das entidades que os operam e os calendários de observação;
 Fluviogramas das alturas máximas, médias e mínimas mensais e/ou outros Curvas de
frequência de níveis; curvas de descargas;

 Levantamentos topo-hidrológicos nas travessias dos principais cursos d’água, que


possibilitem a elaboração de plantas compatíveis para o projeto de implantação de pontes
ou bueiros celulares de grandes dimensões.

FASE DEFINITIVA

Na Fase Definitiva serão consolidados os estudos realizados na fase anterior, envolvendo


as seguintes atividades:

PROCESSAMENTO DE DADOS PLUVIOMÉTRICOS

Os dados pluviométricos serão processados de modo a se obter:

a) Curvas de intensidade - duração – freqüência para 5, 10, 15, 25, 50 e 100 anos, no
mínimo;

b) Curvas de altura - duração – freqüência para 5, 10, 15, 25, 50 e 100 anos, no mínimo;

c) Histogramas das precipitações pluviométricas mensais mínimas, médias e máximas;

d) Histogramas com as distribuições mensais dos números de dias de chuva mínimos,


médios e máximos.

PROCESSAMENTO DE DADOS FLUVIOMÉTRICOS Os dados fluviométricos serão


processados de modo a se obter:

a) Tabela contendo os valores extremos das vazões médias diárias (m3/s), em caso de
disponibilidade de réguas milimétricas nos cursos d’água em local próximo ao da obra-de-
arte a ser projetada;

b) Tabela contendo as cotas das máximas cheias observadas na região, no caso de não se
dispor de réguas milimétricas.

ANÁLISE DOS DADOS PROCESSADOS

a) Período de recorrência
Salvo expressa indicação contrária, deverão ser adotados os seguintes períodos de
recorrência, em correspondência aos diversos tipos de obra:  Obras de Arte Especiais
(Ponte) - TR = 100 anos;  Obras de Arte Corrente (Bueiros) - TR = 25 anos para
escoamento livre e ISF-208 : 4 verificação com T = 50 anos, considerando-se o
afogamento e sobrelevação de até 1 metro;  Obras de Drenagem Superficial - TR = 15
anos. Nos casos de travessias de cursos d'água, a que correspondam aproveitamentos
hídricos, tais como: tomadas de água, reservatórios, eclusas etc., o período de
recorrência deverá ser compatibilizado ao adotado no dimensionamento daqueles
aproveitamentos.
b) Tempo de concentração

O tempo de concentração das bacias deverá ser avaliado por metodologia e modelos usuais, e
que apresentem resultados compatíveis e que considerem:

 Comprimento e declividade do talvegue principal;


 Área da bacia;

 Recobrimento vegetal;

 Uso da terra;

 Outros.

Para as obras de drenagem superficial, envolvendo bacias de reduzidas dimensões, será


adotado o tempo de concentração igual a 5 minutos.

c) Coeficiente de deflúvio

Os coeficientes de escoamento superficial ou de deflúvio (run-off) serão determinados


levando-se em consideração todos os fatores que possam influenciar no escoamento difuso
nas vertentes, notadamente no que concerne à:

 Características geotopográficas das bacias;

 Declividade e recobrimento vegetal das bacias;

 Forma e dimensões dos talvegues;

 Porosidade e permeabilidade dos solos;

 Utilização pretendida para as áreas de montante.

Referencias
See more at: http://www.agenda21comperj.com.br/temas/ordem-ambiental/recursos-
hidricos#sthash.YbyBQ2nA.dpuf

http://www.dnit.gov.br/download/sala-de-imprensa/isf-208-estudos-hidrologicos.pdf

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