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Desenho

Técnico Aplicado

Vladimir Lira Véras Xavier de Andrade

UFRPE
Recife, 2021
1ª Edição
Reitor: Prof. Marcelo Brito Carneiro Leão
Vice-Reitor: Prof. Gabriel Rivas de Melo

Diretor da Editora Universitária da UFRPE:


Bruno de Souza Leão
Diretora do Sistema de Bibliotecas da UFPE:
Maria Welita Santos

Capa e desenhos internos: Vladimir Lira Véras Xavier de Andrade (para as figuras de outro autor,
indicamos a fonte junto da imagem).

Editora filiada à

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Sistema Integrado de Bibliotecas da UFRPE
Biblioteca Central, Recife-PE, Brasil

A553d Andrade, Vladimir Lira Véras Xavier de


Desenho técnico aplicado / Vladimir Lira Véras Xavier de
Andrade. - 1. ed. - Recife: EDUFRPE, 2021.
162 p. : il.

E-book: PDF
Inclui referências
ISBN: 978-65-86547-27-6

1. Desenho técnico 2. Desenho arquitetônico 3. Desenho


4. Arquitetura – Projetos 5. Agronomia – Projetos 6. Engenharia
civil – Projetos 7. Representação arquitetônica I. Título

CDD 604.2
SUMÁRIO

Apresentação ............................................................................................................... 7

1. Introdução à linguagem gráfica ......................................................................... 9

Instrumentos utilizados na representação gráfica .............................................................. 10

Formas de apresentação de um projeto.............................................................................. 11

2. Papéis: tipos e formatos................................................................................... 15

Tipos de papéis .................................................................................................................... 15


Sulfite ............................................................................................................................................. 15
Manteiga ........................................................................................................................................ 16
Vegetal ........................................................................................................................................... 16

Formatos de papéis ............................................................................................................. 16


Margens, bordas e dimensões ....................................................................................................... 17
Formatos estendidos ..................................................................................................................... 22
Marcas de dobras da folha............................................................................................................. 23

3. Legenda............................................................................................................ 31

Legenda no desenho técnico ............................................................................................... 31

Legenda sugerida para o desenho técnico .......................................................................... 33

Legenda ou carimbo no desenho arquitetônico .................................................................. 33

4. Escala ............................................................................................................... 37

Escalas e as grandezas ......................................................................................................... 42

5. Sistemas de representação ............................................................................... 43


Projeção cônica .............................................................................................................................. 46
Projeção cilíndrica ......................................................................................................................... 47
Sistema cotado............................................................................................................................... 50

Sistema Mongeano .............................................................................................................. 52

Plano de perfil ...................................................................................................................... 61

Representação no desenho técnico..................................................................................... 63

Explorando os volumes e as vistas ....................................................................................... 69

6. Cortes............................................................................................................... 73
Corte total ............................................................................................................................ 73

Corte total simples ............................................................................................................... 73

Corte composto ou em desvio ............................................................................................. 75

Meio corte ........................................................................................................................... 76

Corte parcial......................................................................................................................... 77

Seção.................................................................................................................................... 77

Hachura................................................................................................................................ 78

7. Dimensionamento ........................................................................................... 81

Linhas auxiliares ................................................................................................................... 81

Linhas de cotas .................................................................................................................... 82

Limite das linhas de cotas .................................................................................................... 83

Cota...................................................................................................................................... 84

Métodos de cotagem ........................................................................................................... 84


1º Método ...................................................................................................................................... 84
2º Método ...................................................................................................................................... 85

8. Perspectiva ...................................................................................................... 87

Perspectiva cônica ............................................................................................................... 87

Perspectiva cavaleira ........................................................................................................... 89

Perspectiva Axonométrica ................................................................................................... 91

9. Vistas e perspectivas ........................................................................................ 93

10. O projeto arquitetônico ................................................................................. 105

Etapas de um projeto ........................................................................................................ 107


Etapa 1: Programa de necessidades ............................................................................................ 108
Etapa 2: Estudo preliminar........................................................................................................... 108
Etapa 3: Anteprojeto .................................................................................................................... 108
Etapa 4: Projeto executivo ........................................................................................................... 108

Elementos de um projeto .................................................................................................. 109

Ordem de apresentação .................................................................................................... 109


Prancha .............................................................................................................................. 110

Legenda ou carimbo ou quadro ......................................................................................... 110

11. Representação do projeto arquitetônico ........................................................ 111

Planta de situação.............................................................................................................. 111

Planta de locação (ou implantação)................................................................................... 113

Planta de edificação ou planta baixa ................................................................................. 116

Corte .................................................................................................................................. 122

Fachadas ............................................................................................................................ 126

Símbolos e convenções do desenho arquitetônico ........................................................... 128

12. Projeto habitação unifamiliar ........................................................................ 133

13. Projeto de uma casa de vegetação.................................................................. 145

14. Projeto comedouro para bovinos de corte ..................................................... 153

Referências .............................................................................................................. 161


Apresentação

Este livro é o resultado de materiais que venho disponibilizando aos estudantes na


forma de apontamentos e apostilas durante mais de 20 anos. Resolvi organizá-los na forma
de um livro, fazendo os ajustes necessários. Para tanto, disponibilizo gratuitamente para que
os discentes de desenho técnico, possam utilizá-lo nos seus estudos. Organizamos o vasto
conteúdo de forma sintética, abordando o desenho técnico e em especial o desenho
arquitetônico, que fazem parte dos conhecimentos que abordamos em algumas disciplinas na
Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) de forma condensada em 60 horas.
Procuramos apresentar de forma superficial alguns elementos dos sistemas de
representação que é a base do desenho técnico, não apenas no desenho realizado a lápis,
como também no desenho no computador. A tela do computador pode apresentar um
projeto através de uma perspectiva cônica (obedecendo os princípios das projeções
cônicas), pode também representar as vistas ortográficas (conforme o conceito de projeção
ortográfica) etc. Os princípios permanecem constantes, apenas a forma de apresentar é que
muda. Tomando como exemplo o uso das calculadoras, dos softwares estatísticos,
entre outros. Essas ferramentas, embora sejam relevantes, não fazem sentido se quem as
usam não possuem um conhecimento matemático suficiente para interpretar os resultados
e observar incoerências, quando alguma técnica for mal-empregada.
Dessa forma, o conhecimento de geometria descritiva, de desenho técnico e de
desenho arquitetônico devem ser construídos procurando uma boa compreensão dos seus
princípios e do desenvolvimento da visão espacial e do conhecimento da linguagem gráfica.

7
Desejo a todos os leitores que tenham uma leitura prazerosa e que possam utilizar
esses conhecimentos na sua formação.
Vladimir L. V. X. de Andrade
Arquiteto e Urbanista (UFPE)
Doutor em Ensino de Ciências e Matemática (UFRPE)
Doutor em Ciências da Educação (Université Lumière Lyon 2 – França)

8
1. Introdução à linguagem
gráfica
1

Em diversas áreas do conhecimento se faz necessário a elaboração de um projeto de


algo que se pretenda construir/produzir. Esse projeto deve atender as necessidades do cliente.
Essas necessidades são de diferentes ordens: econômicas, estéticas, funcionais, de conforto,
de eficiência. Assim, quando um indivíduo pensa em construir uma casa para sua moradia, ele
deve contratar profissionais que analise suas necessidades, suas possibilidades econômicas,
além de outros fatores como o ambiente onde vai ser construído, o clima local, as condições
de conforto, a influência cultural, as questões ambientais (o impacto que o mesmo vai causar
ao ambiente), entre outros. Da mesma forma que um produtor rural ao procurar um
engenheiro agrônomo possui necessidades específicas que podem ser traduzidas em um
projeto de irrigação, de uma barragem, de uma casa de vegetação etc. Assim, para cada
necessidade de um dado cliente, faz se necessário a elaboração de um projeto que possa
atender ao mesmo. Para cada projeto, temos processos que são típicos. Trata-se de um projeto
de arquitetura, um projeto voltado à área de agronomia, de engenharia agrícola, de zootecnia,
de engenharia de pesca, de engenharia mecânica, de engenharia civil etc. Trata-se de uma
construção (residência, silo, fábrica, hospital etc), uma barragem, um projeto de irrigação,
empreendimento destinado à produção animal, um equipamento voltado às necessidades de
um dado segmento (colheitadeira, equipamento de pesca, biodigestor etc). Em muitos
projetos, temos a necessidade de representar o mesmo para que ele possa ser analisado,
orçado, aprovado e executado. A compreensão das peças gráficas impõe muitas vezes a
necessidade de alfabetização visual para uma adequada interpretação de um projeto. Através
9
dessa alfabetização, um profissional qualificado poderá compreender o projeto, emitir um
parecer sobre o mesmo e até elaborá-lo.
Ao ser alfabetizado em um dado idioma, um indivíduo pode ler um texto fazendo
inferências sobre o mesmo, bem como escrever um texto para que outro individuo que foi
alfabetizado no mesmo idioma possa compreender o texto. O mesmo ocorre com a
alfabetização na linguagem gráfica. Um engenheiro agrícola pode interpretar uma
representação gráfica de um projeto na sua área, como também elaborar um projeto na sua
área. O objetivo deste livro é realizar uma introdução à representação gráfica utilizada no
desenho técnico com o objetivo de servir como ferramenta num processo de alfabetização
gráfica. Esse processo envolve: a leitura, a interpretação e a representação gráfica.
Consideramos que para tanto é necessária a realização de atividades voltadas para o
desenvolvimento da capacidade de leitura e interpretação. Em outras palavras, não se pode
chegar ao desenvolvimento dessa capacidade apenas por leitura de textos sem a realização de
atividades práticas que possibilitem o desenvolvimento dessa capacidade. Dessa forma,
consideramos relevante a realização de exercícios práticos como forma de construção dos
conhecimentos apresentados neste livro introdutório. Para a representação gráfica temos
diferentes instrumentos que foram evoluindo ao longo do tempo e que descreveremos a
seguir.

Instrumentos utilizados na representação gráfica

Um dos instrumentos mais antigos é o desenho feito sobre uma folha de papel
utilizando diferentes ferramentas tecnológicas (lápis, papel, réguas, esquadros, borrachas
etc). Essas ferramentas evoluíram ao longo do tempo. Como exemplo, temos o papel que
sofreu modificação na forma de fabricação do mesmo, dos seus componentes. Uma outra
forma de representação bem mais recente que o desenho realizado diretamente no papel é
através do uso de softwares voltados à elaboração de projetos. Essas duas tecnologias podem
ser usadas de forma isolada ou combinada, como indicado na Figura 1.

10
Figura 1 – representação gráfica utilizando diferentes meios.

Neste livro, vamos focar em atividades utilizando o desenho à mão (tanto livre como
com a utilização de instrumentos auxiliares), uma vez que o objetivo é a alfabetização na
linguagem gráfica. Os softwares utilizados na representação gráfica evoluíram ao longo dos
anos. De softwares voltados apenas a reproduzir a forma como eram elaborados os desenhos
à mão (na construção de linhas, círculos, volumes, textos, entre outros elementos) o desenho
auxiliado por computador (CAD – Computer Aided Design) chegando à Modelagem da
Informação da Construção (BIM – Building Information Modeling). Também se ampliaram os
dispositivos utilizados, do uso de computadores de grande porte no início, para o uso de
computadores pessoais, tablets e smartphones.
Essas ferramentas possibilitam diferentes formas de apresentação de um projeto.

Formas de apresentação de um projeto

As formas de apresentação de um projeto dependem da tecnologia disponível e


também do seu objetivo. Quando o objetivo é apresentar uma ideia geral de uma proposta em
um nível inicial, pode-se utilizar o desenho à mão livre para esboçar essa proposta. O desenho
à mão livre também pode ser utilizado em outras etapas de um projeto para ilustrar algumas
fases da proposta. Na Figura 2, temos uma perspectiva elaborada à mão livre.

11
Figura 2 – Exemplo de perspectiva feita à mão livre. Fonte: MILLER, Sam F. Design process: a prime
for achitectural and interior design. New York: ITP, 1995.

Quando se trata de uma representação do anteprojeto ou de um projeto arquitetônico


se utiliza para maior exatidão, instrumentos de desenho tradicionais (régua, esquadro, régua
paralela etc) ou a ferramenta computacional. No primeiro caso, o produto da representação é
apresentado em folhas de papel manteiga (para desenho a lápis) ou em papel vegetal (para
desenho à tinha nanquim ou a lápis). Quando se trabalha em um ambiente computacional,
pode se trabalhar com diferentes softwares e processos que vão influenciar a forma de
representação do projeto. Os dados são digitais e podem ser armazenados utilizando
diferentes dispositivos. Esses podem ser nas unidades de armazenamento do usuário ou nas
nuvens. Dependendo do uso do projeto, ele pode ser apresentando em um dispositivo digital
(computador, tablet, smartphone) ou impresso. Quando impresso, isso pode ser realizado em
impressoras de pequeno porte ou em plotters (impressoras de grande porte). O projeto
também pode ser impresso utilizando impressoras em 3D. Na Figura 3, temos uma perspectiva
feita no ambiente computacional.

12
Figura 3 – imagem elaborada no software Archicad pelo autor deste livro.

Tanto o projeto realizado no computador como no elaborado à mão livre ou com


instrumentos de desenho devem obedecer a sistemas de representação, além de usar uma
linguagem padrão definida pelo desenho técnico.
Tanto no desenho com instrumento, como no desenho feito no computador, o produto
em papel deve obedecer aos formatos recomendados pela ABNT, que abordaremos no próximo
capítulo.

13
14
2. Papéis: tipos e
formatos
2
Apresentamos neste capítulo os tipos de papéis muito usados no desenho técnico e
também os formatos utilizados em conformidade com as normas da Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT).

Tipos de papéis

O desenho pode ser feito no papel ou usando um programa de CAD. O produto final,
em muitos casos, deve ser em papel. O papel permite o acompanhamento no campo do projeto
ou consulta rápida. Ele é necessário na aprovação do projeto em órgãos que fiscalizam a
implantação desse. Também é necessária a representação gráfica junto às fontes
financiadoras do projeto, como forma de avaliação da proposta e dos custos previstos no
mesmo. Os papéis mais usados em projetos executivos são o sulfite, o manteiga e o vegetal.
Nas cópias heliográficas, utiliza-se o papel heliográfico.

Sulfite

Possui várias gramaturas. Não se deve usar com gramatura inferior a 75 g/m2 (muito
fino) para folhas pequenas e 90 g/m2 para folhas A2 ou superior. Não se recomenda o uso do
mesmo com nanquim, uma vez que não se tem como corrigir qualquer erro. É usado com lápis
em apresentações de projetos. Ele vem sendo muito usado para impressão de projetos
desenvolvidos no computador.

15
Manteiga

É frequente sua aplicação na fase de estudo e desenvolvimento do projeto. Também é


comum o seu emprego nas pranchas de detalhamento. Ele é semitransparente e fosco. Não se
deve lançar mão do papel manteiga brilhante que é usado para embrulhar manteiga e frios.

Vegetal

É empregado no projeto executivo. É semitransparente, mais espesso e resistente que


o papel manteiga. É usado com lápis ou tinta nanquim (que confere melhor resultado que o
lápis). Para desenhos realizados com computador (ou outra ferramenta tecnológica), pode-se
também imprimir nesse formato. Ele não pode ser guardado dobrado, devendo ser
armazenado em rolos.

Formatos de papéis

As normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) fixam os formatos de


papéis que devem ser usados em projeto. Esses formatos se baseiam no formato básico
chamado de A0, com base nesse formato temos a série ISO-A (ABNT, 2020), obtida pela
duplicação ou divisão das medidas do mesmo (Figura 4).

Figura 4 - As folhas da série ISO-A são obtidas pela divisão ou multiplicação das medidas da folha A0.

16
O papel A0 tem 1 m2 e possui os lados na proporção 1: (Figura 5). Os demais papéis
da série obedecem à mesma proporção do A0 (Figura 6). Nas folhas de desenho deve-se deixar
uma margem. Na Tabela 1, apresentamos as dimensões das folhas da série ISO-A (ABNT,
2020).

Figura 5 – As folhas da série ISO-A possui os lados na proporção de 1:

Figura 6 – Todas as folhas no formato da série ISO-A mantêm a mesma proporção.

Margens, bordas e dimensões

Todas as folhas devem ter um contorno que vai indicar onde se deve cortar a folha.
Contudo, quando desenhado ou impresso em uma folha exatamente no tamanho do papel da
série ISO-A, não se faz necessário o desenho do contorno. Na Figura 7, indicamos o contorno.
As folhas também devem deixar um espaço que é a margem. Essa margem é constante para
diversos tamanhos: do lado esquerdo tem 20 mm (2 cm) e nos demais lados 10 mm (1 cm).
Dentro da margem, deve-se acrescentar conforme a NBR 16752/2020 (ABNT, 2020), um
sistema de referência por malhas (que serve para identificação da posição de desenhos na
folha). Ela deve ser desenhada com uma largura constante de 5 mm (0,5 cm). A linha entre a
margem e a área do desenho é chamada de quadro e tem espessura variável em função do

17
tamanho da folha do desenho (indicamos na Tabela 1). O sistema de referência por malha tem
uma espessura constante de 0,35 mm (Tabela 1).

Figura 7 – Bordas da folha.

A margem esquerda é mais larga do que as outras, pois quando dobrada é nessa
margem que se fura a folha para colocá-la em uma pasta.

Tabela 1 – Dimensão das folhas da série ISO-A

FORMATO DIMENSÕES ÁREA MARGENS ESPESSURA ESPESSURA


mm m2 ESQUERDA OUTRAS DA LINHA DO DA LINHA DA
QUADRO MALHA
A0 841 x 1189 1,00 20 10 1,0 0,35
A1 594 x 841 0,50 20 10 1,0 0,35
A2 420 x 594 0,25 20 10 0,7 0,35
A3 297 x 420 0,125 20 10 0,7 0,35
A4 210 x 297 0,0625 20 10 0,7 0,35

Nos vértices do retângulo das folhas de papéis, devem-se utilizar marcas de corte. Elas
servem para indicar os limites da folha. Na Figura 8, apresentamos a representação das marcas
de corte e suas dimensões.

18
Figura 8 – Marca de corte com suas dimensões.

Para desenhar o sistema de marcação de malhas, apresentamos uma sugestão de


passos:
1) Definir a margem desenhando a linha do quadro.
2) Traçar a linha do quadro definida pela margem (Figura 7).
3) Representar as marcas do centro da folha. São quatro marcas que avançam 5 mm
(0,5 cm) na área do desenho. Elas correspondem ao centro da folha como um todo.
Na Figura 9, apresentamos as marcas de centro de uma folha A3. Como a folha A3
mede 420 mm x 297 mm, as marcas de centro vão dividir essas medidas ao meio.
4) Uma vez definida as marcas de centro, representam-se as linhas de referência que
devem estar a uma distância entre elas de 50 mm (5 cm). A marcação inicia-se da
marca de centro. Na horizontal, marca-se 50 mm à esquerda e à direita da marca
de centro e depois se continua marcando até próximo da linha do quadro. Na
vertical, marca-se a partir da marca do centro para cima e para baixo com
espaçamento de 50 mm.
5) Colocam-se as letras maiúsculas no lado menor da folha. Quando representado na
vertical o lado menor da folha, as letras são colocadas de cima para baixo e em
ordem alfabética. Para evitar problemas de interpretação, as letras I e O não devem
ser usadas (conforme a NBR 16752:2020). Acredito que essa recomendação seja
porque pode-se confundir i maiúscula com 1 e fica difícil distinguir a letra O do
zero (0).

19
6) No lado maior (normalmente representado na horizontal), na parte de baixo, o
último número deve ser substituído pela indicação do formato. No exemplo da
Figura 11, esse formato é o A3.

Figura 9 – Marcas de centro e outras informações do sistema de referências por malha.

Figura 10 – Desenho das marcas de referência do lado maior da folha (parte superior figura 9).

20
Figura 11 – Desenho das marcas de referência do lado menor da folha (detalhe figura 9).

Com base nessa organização, temos um número de divisões por malha em função do
formato da folha. Na Tabela 2, apresentamos o total de divisões por malhas em função do
formato.

Tabela 2 – Total de divisões das malhas.

Formato da série ISO-A


Lado que se está referenciando A0 A1 A2 A3 A4
Lado maior 24 16 12 8 6
Lado menor 16 12 8 6 4
Fonte: NBR16752:2020 (ABNT, 2020)

21
Formatos estendidos

Podemos também usar uma folha pela composição de tamanhos da série ISO-A (ABNT,
2020). Nesse caso, teremos uma combinação do lado menor de um formato maior com o lado
maior de outro formato. Na figura 12, temos a combinação do formato maior A2 com o formato
A3. Para a junção, se utiliza o lado menor do A2 (formato de maior dimensão) com o lado
maior do formato A3 (formato nesse exemplo com menor dimensão). Na figura 13, temos uma
composição do formato A3 com o A4, usando os mesmos princípios para gerar o formato
estendido.

Figura 12 – Folha com a medida de uma folha A2 e uma folha A3.

Figura 13 – Folha com a medida de duas folhas A3.

Deve-se indicar as marcas de dobras das folhas no papel, trataremos sobre isso na
próxima seção.

22
Marcas de dobras da folha

Os originais são guardados em rolos (no desenho a instrumento) e as cópias (ou


impressões, quando feito com um software) são dobradas, furadas e colocadas em pastas. As
folhas devem ser dobradas de tal forma que o tamanho final das mesmas seja o A4. Para tanto,
deve-se indicar sempre as marcas de dobra nas folhas. Essas marcas ficam indicadas na
margem da folha, com linha tracejada e espessura de 0,18 mm. Na figura 14, apresentamos
um desenho de parte de uma folha A2 com a indicação das marcas de dobras. A maioria das
marcas de dobras são perpendiculares à linha do quadro. Contudo, quando tivermos uma
dobra da folha inclinada, a marca de dobra seguirá essa inclinação como indicado na figura
14. As linhas inclinadas são usadas para que ao dobrar a folha, o papel não fique sobre o local
onde a folha pode ser furada para ser fixada em uma pasta com as folhas dobradas no tamanho
A4. A posição e medida das marcas de dobras é indicada pela NBR 16752:2020 (ABNT, 2020).

Figura 14 – Marca de dobra.

Nas folhas em que temos uma dobra inclinada, como por exemplo na folha A0 (Figura
15), no trecho em que ela está inclinada, deve ser desenhada essa marca inclinada. Também
indicamos as medidas onde devem estar as marcas de dobras.

23
Figura 15 – Folha A0. Medidas em milímetros

Na figura 16, apresentamos a folha A1 com medidas em milímetros. Acrescentamos


em tracejado as linhas no espaço do desenho apenas para que se visualize as dobras no papel.
Contudo, essas linhas na área do desenho não são desenhadas, pois se desenham as linhas
tracejadas indicando as dobras apenas na margem.

24
Figura 16 – Folha A1. Medidas em milímetros

Na figura 17, apresentamos a folha A2 com as marcas de dobra junto com as medidas
onde devem ser marcadas.

25
Figura 17 – Folha A2. Medidas em milímetros.

26
Na Figura 18, apresentamos a folha A3 com as marcas de dobras que devem ser
representadas com linha tracejadas.

Figura 18 – Dobras no formato A3.

27
No caso da folha A4, ela não precisa ser dobrada, já é o tamanho final das folhas
maiores quando dobradas. O A4 pode ser usado tanto na horizontal como na vertical (Figura
19). Contudo, nas demais folhas maiores (A3, A2...), deve-se usar preferencialmente com a
maior medida na horizontal.

28
Figura 19 – Folha A4. Cotas em milímetros.

29
30
3. Legenda
3
A legenda contém as informações do projeto. Existem diferentes tipos de legenda. No
desenho arquitetônico temos uma legenda mais específica. Assim, vamos apresentar dois
tipos de legenda neste capítulo. Uma voltada ao desenho técnico e outra ao desenho
arquitetônico.

Legenda no desenho técnico

Para a identificação do projeto, informação sobre o mesmo e a indicação do desenho


que se encontra na folha, deve ser usada a legenda. De acordo com a NBR 116752/2020 (ABNT,
2020), a legenda deve estar em um quadro com informações relevantes sobre o projeto. Na
legenda deve-se constar:
1. Cliente. O cliente pode ser identificado pelo nome do proprietário, o nome da empresa,
marca de fantasia ou logomarca
2. Título do desenho
3. Um número utilizado para identificar o projeto
4. Tipo de desenho. Esse pode ser um corte, vistas ortográficas, perspectiva etc.
5. Nome completo do responsável que está na folha
o Nesse caso, teríamos o responsável pelo projeto. Se for um engenheiro
agrônomo, por exemplo, pode-se acrescentar também o número do CREA
(Conselho profissional). Também pode-se indicar quem foi o desenhista, quem
fez a checagem do que está no desenho e quem aprovou o que está no desenho.
6. Data
o Pode ser necessário mais informações como: data, local e assinatura.
7. Escala

31
o Indicar as escalas usadas nos desenhos que estão na folha.
8. Numeração da folha.
o O ideal é indicar o número da folha e o total de folhas. Por exemplo: folha 2/3
(segunda folha de um total de 3 folhas que compõem o projeto).
Podemos ter outas informações complementares, caso seja necessário:
• Subtítulo
• Dados do projeto
o Podem ser incluídos o nome do projeto, a fase (por exemplo estudo preliminar),
a localização e outras informações relevantes.
• Classificação do projeto ou ainda palavras-chave.
o Que possibilite identificar, pode ser um registro, um código.
• Nome do arquivo eletrônico (que possibilite uma recuperação fácil do desenho no
computador). Para um arquivo no AutoCad teríamos, por exemplo:
ProjetoIrrigacao.dwg (normalmente evito colocar acentos e outros sinais nos nomes
dos arquivos)
• Unidade de medida (se as medidas estão em metro, indica-se: m. Caso estejam em
centímetros, indica-se: cm)
• Índice da versão ou revisão (por exemplo: IrrigaçãoFazendaX 3ª versão)
• Idioma
• Nome e localização do projeto
• Conteúdo do desenho
• Indicação do método da projeção conforme a NBR 10067 (ABNT, 1995a)
• Além dessas informações, deve-se constar outras que sejam essenciais ao projeto

A legenda para o desenho arquitetônico é diferente da usada em outras aplicações do


desenho técnico, pois requer na maioria dos casos um espaço maior com informações
adicionais sobre o projeto. Apresentamos a seguir uma sugestão de legenda para o desenho
técnico.

32
Legenda sugerida para o desenho técnico

Apresentamos na figura 22, uma sugestão de legenda (a largura de 18 cm é de acordo


com a NBR 116752/2020). Deve-se observar que:
• Quando se tratar de um desenho com as vistas ortográficas, deve-se indicar se o
desenho foi feito no 1º ou no 3º diedro (figura 20 e 21). Na legenda, apresentamos o
símbolo para o primeiro diedro.
• Número da prancha. Em um projeto, as folhas devem ser numeradas na sequência.
Para evitar, por descuido, a falta de uma folha, deve-se no número da prancha indicar
a sequência e a quantidade total de folhas. Dessa forma, em um projeto em que se
foram utilizadas 12 folhas, a quinta folha deve ser indicada desta forma: 5/12 ou ainda
5 de 12 (quinta folha de um total de doze folhas).

Figura 20 – Símbolo utilizado para o primeiro Figura 21 – Símbolo utilizado para o terceiro
diedro diedro

Figura 22 – Legenda sugerida para usar no desenho técnico

Legenda ou carimbo no desenho arquitetônico

O carimbo no desenho arquitetônico tem características específicas do carimbo


utilizado no desenho técnico. Na legenda de um projeto arquitetônico deve constar:

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1. Cliente. Essa informação pode ser o nome do proprietário, o nome da empresa, marca
de fantasia ou logomarca;
2. Título do desenho;
3. Os responsáveis pelo projeto;
4. Nome do cliente, nome do empreendimento ou projeto;
5. Caracterização do projeto e localização do mesmo;
6. Uso a que se destina o projeto (habitação unifamiliar isolada, habitação multifamiliar
isolada, criação de bovinos de corte, criação de caprino, comércio atacadista etc);
7. Desenhos contidos na prancha;
8. Indicação da sequência do desenho (por exemplo: prancha 03/06 – terceira prancha de
um conjunto de 6 pranchas ou folhas);
9. Escala adotada;
10. Data;
11. Unidade - Unidade das medidas indicadas no projeto. Ex: m (metros), cm
(centímetros);
12. Desenhista – Responsável pelo desenho;
13. Revisão – Responsável pela revisão do desenho;
14. Quadro de áreas contendo: área de construção, área do terreno, área de coberta e área
de solo natural;
15. Nome do autor do projeto e número do CREA – Indicar acima deste uma linha com
espaço reservado à assinatura;
16. Nome do proprietário do imóvel – Indicar acima deste uma linha com espaço reservado
à assinatura.
17. Nome do responsável pela construção – Indicar acima deste uma linha com espaço
reservado à assinatura.

Na figura 23, apresentamos uma sugestão de legenda (criamos sobrenomes incomuns


para não coincidir com o nome de nenhuma pessoa).

34
Figura 23 – Legenda sugerida para o desenho arquitetônico.
35
36
4. Escala
4
Ao representarmos um objeto qualquer, temos muitas vezes que reduzi-lo ou ampliá-
lo de modo que ele possa ser reproduzido. Uma construção não poderia ser representada no
seu tamanho real sobre um papel, sendo necessária a redução de suas medidas. Por outro lado,
um objeto muito pequeno como uma engrenagem de um relógio, devido às suas medidas
reduzidas, precisa muitas vezes ser ampliado. Quando se faz necessária a redução do desenho,
devemos trabalhar com uma escala de redução. Em se tratando de ampliação das medidas do
objeto representado, trabalhamos com uma escala de ampliação. Para os casos em que o
objeto é representado com as suas medidas reais, trabalhamos então com uma escala natural.

Escalas Numéricas De Redução


Natural
De Ampliação
Gráficas Simples
De Transversais

De acordo com o valor da escala (E), nós poderemos ter uma escala de redução, natural (quando
não há alteração das medidas do objeto no desenho) ou ainda uma escala de ampliação.

E < 1 – Escala de redução (Pode ser expressa como E= 1/M)


E = 1 – Escala natural
E > 1 – Escala de ampliação (Pode ser expressa como E = M/1)

A NBR 8196 (ABNT, 1999) indica como escalas de redução 1:2, 1:5, 1:10 e como escala de
ampliação: 2:1, 5:1, 10:1. Essa norma informa ainda que essas escalas podem ser reduzidas ou ampliadas
em uma razão de 10. Dessa forma, com a escala 1:5 reduzida por dez, teríamos a escala 1:50 que reduzida
37
por dez novamente resultaria na escala 1:500. O mesmo procedimento se aplica para as demais escalas
indicadas. Nas Tabelas 3 e 4, apresentamos as escalas iniciais propostas na NBR 8196 e as escalas
resultantes da divisão (Tabela 3) ou de ampliação desses valores iniciais (Tabela 4), conforme indica
essa norma.

Tabela 3 – Escalas de redução resultantes das escalas iniciais de redução.

Redução ÷ 10 ÷ 102 ÷ 103 ÷ 104 ÷ 10n


1:2 1:20 1:200 1:2.000 1:20.000 ⋅⋅⋅
1:5 1:50 1:500 1:5.000 1:50.000 ⋅⋅⋅
1:10 1:100 1:1.000 1:10.000 1:100.000 ⋅⋅⋅

Tabela 4 – Escalas de ampliação resultantes das escalas iniciais de ampliação.

Ampliação ×10 ×102 ×103 ×104 ×10n


2:1 20:1 200:1 2.000:1 20.000:1 ⋅⋅⋅
5:1 50:1 500:1 5.000:1 50.000:1 ⋅⋅⋅
10:1 100:1 1.000:1 10.000:1 100.000:1 ⋅⋅⋅

Há alguns casos em que o desenho pode vir a sofrer reduções ou ampliações. Um exemplo disso
são as cópias reduzidas ou ainda quando o desenho é digitalizado. Para esse e outros casos, é necessária
a construção de uma escala gráfica. A escala gráfica acompanha o desenho sofrendo as alterações de
tamanho que o desenho sofre. De acordo com o grau de precisão, uma escala gráfica pode ser simples
ou de transversais (permite aferir medidas menores). Nas figuras 24 e 25, apresentamos dois exemplos
de escalas simples e, na figura 28, um exemplo de escala de transversais.

Figura 24 – Exemplo de escala gráfica simples

Figura 25 – Exemplo de escala gráfica simples

Para construir uma escala gráfica simples é preciso definir quais os valores que você
vai usar. Na escala de 1/50 podemos colocar as medidas de 2 em 2 cm que correspondem a
1 m cada. Fica um tamanho adequado para representação. Contudo, na escala de 1/10.000 cada
38
metro teria 0,01 cm, o que tornaria inviável para o seu uso e ficaria difícil enxergar. A NBR
8196 (ABNT, 1999, p.2) esclarece que: “escala a ser escolhida para um desenho depende da
complexidade do objeto ou elemento a ser representado e da finalidade da representação. Em
todos os casos, a escala selecionada deve ser suficiente para permitir uma interpretação fácil
e clara da informação representada”. Em um desenho na escala de 1/10.000, um objeto com
1 m não vai aparecer. Se for necessário para a precisão de um levantamento ter informações
com essa precisão, pode-se desenhar o elemento que se queira representar com esse nível de
precisão em uma outra escala. Na escala de 1/10.000, 100 m ficaria com 1 cm. Poderíamos na
escala de 1/10.000 marcar as medidas a cada 200 metros para construir a escala gráfica
simples.
Para exemplificar, vamos imaginar que se observou que em uma determinada escala o
ideal seria representar as unidades de medidas como sendo de 10 em 10 metros. Então,
inicialmente, poderia se marcar as medidas que correspondam a 10 m, ou seja, 5 vezes como
indicado na figura 26. Marca-se o 0, depois o correspondente a 10 m à esquerda e o
correspondente a 10 m quatro vezes à direita. Depois se divide a primeira parte em 10 partes
como na figura 26.

Figura 26 – Passos para construção de uma escala gráfica.

Depois define-se uma altura, por exemplo 1 cm. Marca-se para baixo e traça-se uma
linha paralela à linha horizontal de base. Traça-se uma terceira linha a 1 cm da segunda linha.
Na figura que segue apresentamos ela finalizada.

Figura 27 – Escala gráfica

Um outro tipo de escala que apresenta uma maior precisão em relação à escala simples,
conforme esclarece Montenegro (2017) é a escala de transversais. Na figura 28, apresentamos
uma escala de transversais. Ela demanda mais tempo para a construção, por isso é pouco
usada. Contudo, ela apresenta uma maior precisão.

39
Figura 28 – Exemplo de uma escala gráfica de transversais

Na figura 29, apresentamos os primeiros passos na construção da escala gráfica de


transversais. Uma vez definida a escala, determinar os comprimentos referente às medidas a
serem utilizadas. Por exemplo, se for uma escala de 1/25, considerando como unidade de
% ( % (+
medida o metro, teríamos cada metro com: # = & ⟹ )* = (+ ⇒ - = )*
= 0,04 1 = 4 21.

Traçar uma linha, marcar um ponto que será 0 (zero – início das medições). Marca-se 4 cm à
esquerda do 0 definindo o ponto 1 (que vai representar 1 m). Depois, marca-se à direita 4 cm,
para definir o ponto 1 (equivalente a 1 m de 0). Em seguida, marca-se mais 4 cm à esquerda
marcando o ponto 2. Divide-se em 10 partes iguais o segmento de 1 a 0 (à esquerda do 0.
Marca-se o ponto médio entre o 0 e 1 com 0,5.

Figura 29 – primeiros passos no desenho da escala gráfica de transversais.

Na figura 30, apresentamos os passos seguintes. Deve-se definir uma linha paralela à
linha de base. A altura da linha paralela não tem uma norma para tanto. No exemplo que
iniciamos (escala 1/25) sugerimos que essa medida fique com 4 cm (mas não é norma).

40
Figura 30 – Passos na construção da escala de transversais.

Na figura 31, apresentamos os últimos passos na construção da escala de transversais.

Figura 31 – Finalizando a construção da escala de transversais.

Para mostrar como podemos usar a escala de transversais para determinar as medidas
do desenho, na figura 32 inserimos algumas medidas na escala. Na prática, não se insere as
medidas, apenas se mede um segmento do desenho e cola-se essa medida sobre a escala de
transversais para obter o valor real do desenho.

41
Figura 32 – Exemplo de marcação de medidas na escala de transversais.

Escalas e as grandezas

Ao efetuarmos o cálculo da escala, deveremos usar a mesma unidade. Quando se trata


de unidades diferentes, devemos converter para uma mesma unidade.
No Quadro 1, apresentamos o metro que faz parte do Sistema Internacional de Unidade
e os prefixos utilizados. No cálculo da escala deve-se adotar a mesma unidade. Assim, se a
medida real estiver em metros e a medida do desenho em centímetros, deve-se converter uma
dessas. Por exemplo, transformando de metro para centímetros. Também introduzimos o
hectare que é muito usado no Brasil para medidas de área.

Quadro 1 – Unidades para medidas lineares e de superfície.

MEDIDAS LINEARES (COMPRIMENTO)

Quilômetro (1 km = 1000 m) – hectômetro (1 hm = 100 m) – decâmetro (1 dam = 10 m) – metro –


decímetro (1dm = 0,1m) – centímetro (1 cm = 0,01 m) – milímetro (1mm = 0,001m)

km – hm – dam – m – dm – cm – mm

MEDIDAS QUADRADAS (SUPERFÍCIE)

Hectare (1ha =1hm2=10.000 m2)

Fonte: produzido pelo autor.

42
5. Sistemas de
representação
5
Por meio dos sons e dos gestos, o homem primitivo estabelece as primeiras formas de
comunicação. Em uma segunda fase, o homem primitivo passa a representar nas cavernas os
animais que desejava caçar e cenas do cotidiano (figura 33). Por fim, depois de um longo
período de desenvolvimento, surge a escrita.

Figura 33 – Pintura rupestre na caverna em Lascaux (sudoeste da França).

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Arte_rupestre
O desenho surgiu antes da escrita e constitui ainda hoje uma forma imprescindível de
representação da realidade.
Por mais que possamos descrever um dado objeto por meio da escrita, haverá sempre
informações que, apenas através da linguagem gráfica, poderá se definir. Utilizando-se da

43
representação gráfica, podemos representar com precisão os elementos de um dado projeto,
a sua forma final, dimensionamento, características técnicas, materiais empregados etc.
Contudo, nem sempre o desenho tem por finalidade a descrição de uma realidade com
precisão. Na figura 34, temos uma representação particular da realidade, uma pintura
elaborada pela artista plástica Mazé Andrade. Essa artista procura se expressar de uma
maneira particular. Ao analisar o quadro, cada pessoa vai interpretá-lo de uma forma pessoal
que nem sempre vai ser igual. O objetivo de um desenho artístico, assim como um texto
literário, é a representação pessoal e muitas vezes desvinculada da própria realidade.
Contudo, em um texto científico, existe a necessidade de precisão e exatidão. A forma de
organização do discurso e o seu desenvolvimento devem ser claros e descrever com precisão
o objeto de estudo. O mesmo ocorre quando se trata do desenho técnico. Para tanto, foram
necessários o surgimento e desenvolvimento dos sistemas de representação e das normas
técnicas. Essas normas são necessárias para padronização da linguagem gráfica, não dando
margens a erros de interpretação. Dessa forma, um projeto elaborado com precisão em uma
dada localidade pode ser reproduzido com precisão em uma outra desde que se tenha
conhecimento dos sistemas de representação usados no desenho técnico e das normas de
desenho.

Figura 34 – Litogravura fragmentos

Fonte: foto tirada pelo autor deste livro.

44
Os sistemas de representação são baseados no conceito de projeção. Uma das formas
de representação de um objeto tridimensional sobre um plano bidimensional (papel) é através
da projeção do mesmo sobre o papel. Tomemos como exemplo um aparelho que utiliza a
projeção, o projetor de slide. Do projetor de slides saem raios de luz que passam pelos pontos
que definem o slide e o projetam sobre a tela de projeção. Nesse processo de projeção do slide,
temos como elementos um centro de projeção (luz do projetor), uma figura objeto (slide), raios
projetantes (feixes de luz), um plano de projeção (tela) e a projeção (reprodução do slide sobre
a tela). Na figura 35, apresentamos um esquema similar ao projetor de slides.

Figura 35 – Conceito de projeção

A figura 36 apresenta de forma simplificada esse processo. O ponto (P) representa o


centro de projeção. O ponto (S)1, a figura objeto. A reta (P)(S), o raio projetante. O plano( ),
o plano de projeção. O ponto “S” representa a projeção do ponto (S) sobre o plano ( ).

Figura 36 – Projeção de um ponto

1
Para distinguir a figura-objeto da sua projeção, representamos a figura-objeto entre parênteses.
45
Projeção cônica

Quando os raios projetantes partem de um ponto a uma distância finita da figura


objeto, chamamos a esse tipo de projeção de projeção cônica. Na figura 37, temos um exemplo
de uma projeção cônica, pois o centro de projeção está próximo ao objeto. Neste exemplo,
temos como figura-objeto o segmento ( ). Pelo centro de projeção (P), partem infinitos raios
projetantes que passam por todos os pontos entre (A) e (B). Como resultado, temos a projeção
sobre o plano ( ).

Figura 37 – Projeção de um segmento.

Na figura 38, utilizando o mesmo princípio, temos a projeção cônica do triângulo


(A)(B)(C) sobre o plano ( ).

Figura 38 – Projeção do triângulo (A)(B)(C) sobre o plano ( ).

Podemos observar que, ao projetarmos um círculo sobre o plano de projeção,


utilizando-se da projeção cônica, o conjunto de todos os raios projetantes definem um cone
(figura 39).

46
Figura 39 – Projeção cônica de uma circunferência.

Projeção cilíndrica

Tomemos na figura 40, a projeção do ponto (A). Neste exemplo, o centro de projeção
se encontra no infinito e os raios projetantes são paralelos e possuem uma direção . Na
figura 41, temos um exemplo de projeção de um segmento de reta e, na figura 42, a projeção
cilíndrica do triângulo (A)(B)(C). Na figura 43, temos a projeção de um círculo. Nesse caso, o
conjunto dos raios projetantes define um cilindro. Esse tipo de projeção é chamada de
projeção cilíndrica. Quando os raios projetantes formam um ângulo diferente de 90º, temos
uma projeção cilíndrica oblíqua (figura 44). Quando o ângulo formado pelos raios projetantes
com o plano de projeção é reto (figuras 45 e 46), temos uma projeção cilíndrica ortogonal.

Figura 40 – Projeção cilíndrica de um ponto

47
Figura 41 – Projeção cilíndrica de um segmento de reta

Figura 42 – Projeção cilíndrica de um triângulo

Figura 43 – Projeção cilíndrica de um círculo

48
Figura 44 – Projeção cilíndrica oblíqua de um ponto

Figura 45 – Projeção cilíndrica ortogonal de um ponto

Figura 46 – Projeção cilíndrica ortogonal de um triângulo.

Como podemos observar, temos diferentes tipos de projeções. Essas têm aplicações
específicas. No Quadro 2, apresentamos algumas das aplicações das projeções.

49
Quadro 2 - Aplicação das projeções

Projeção Perspectiva cônica


cônica
Projeção Oblíqua Perspectiva cavaleira
cilíndrica Ortogonal Perspectiva axonométrica Isométrica
Dimétrica
Trimétrica
Sistema Mongeano Vistas ortográficas
Sistema cotado Desenho topográfico
Rep. de figuras planas no espaço

Sistema cotado

Esse sistema de representação é muito utilizado na representação de figuras planas no


espaço e no desenho topográfico. Na Figura 47, temos um exemplo de representação no
sistema cotado de um triângulo. A distância de cada ponto ao plano de projeção, chamada de
cota, é indicada junto à projeção do ponto (SOUZA, 2002). Na Figura 48, temos uma
perspectiva que ilustra o processo.

Figura 47 – Representação de um triângulo no sistema cotado.

Figura 48 – Projeção de um triângulo no sistema cotado

50
Na Figura 49, temos uma perspectiva que ilustra a representação de alguns pontos no
sistema cotado. A distância do ponto (A) ao plano está indicada na sua projeção. Observe
que o ponto (C) está sobre o plano de projeção confundido com a sua projeção. Nesse caso, a
sua cota é nula. O ponto (B) está abaixo do plano de projeção e por isso a sua cota é negativa.

Figura 49 – Projeção de pontos no sistema cotado

Apesar das inúmeras aplicações no estudo de retas, planos e figuras planas, esse
sistema se torna inadequado na representação de sólidos geométricos. Na Figura 50,
apresentamos uma perspectiva que ilustra a representação de dois sólidos diferentes no
sistema cotado. Na Figura 51, temos uma mesma representação para os dois sólidos no
sistema cotado. O que nos leva a concluir que esse sistema não é o mais adequado na
representação de sólidos. Os dois sólidos possuem o mesmo número de pontos, nas mesmas
posições. A diferença entre eles está na forma como os pontos foram ligados.

Figura 50 – Representação de dois sólidos no Figura 51 – Representação no sistema cotado.


sistema cotado

Na figura 52, apresentamos uma solução para esse problema. Nela foi utilizado um
plano perpendicular ao plano horizontal (4) chamado de (4′). As cotas dos pontos podem ser
determinadas graficamente e correspondem à distância entre o encontro dos planos definida
por uma linha (44′) do ponto que se quer obter a cota. Essa forma de representação, que utiliza

51
dois planos perpendiculares entre si para a representação de uma figura no espaço é chamada
de Sistema Mongeano de representação.

Figura 52 – projeção de dois sólidos sobre o plano vertical e horizontal.

Sistema Mongeano

O sistema da dupla projeção ou Sistema Mongeano foi sistematizado pelo matemático


francês Gaspard Monge (BOYER, MERZBACH, 2012). Por meio desse sistema, podemos definir
a posição exata de um sólido no espaço, representá-lo com precisão, determinar a interseção
de sólidos, determinar grandezas, entre outras tantas operações. Ele foi idealizado por Monge
como forma de simplificar a construção de fortes, nas quais era necessário determinar o corte
das pedras tendo em vista a resistência das paredes dos fortes, frente aos bombardeios dos
inimigos. Antes, eram necessários complicados cálculos matemáticos para determinar a
posição de cortes das pedras. O primeiro estudo de Monge reduziu em muito o tempo
necessário para a elaboração das fortificações e, por conta disso, foi guardado durante muito
tempo como “segredo militar”.
Na Figura 53, temos uma perspectiva que ilustra um hexaedro (paralelepípedo
retângulo) representado sobre o plano vertical também chamado de (6’) e no plano horizontal
(6) através de suas projeções. Por meio desse sistema, podemos determinar a exata posição
de um ponto qualquer no espaço. Observe nessa mesma figura o ponto A. A distância desse
ponto ao plano horizontal (chamada de cota) é determinada por meio de sua projeção sobre o
plano vertical.
A distância do ponto A ao plano vertical, chamada de afastamento, é determinada na
sua projeção sobre o plano horizontal. Dessa forma, por meio das suas projeções, podemos
representar um sólido no espaço como também determinar a sua posição.

52
Nas figuras 53 e 54, temos uma perspectiva que apresenta os dois planos usados no
Sistema Mongeano. O encontro desses planos determina uma linha chamada de 6 6’ ou linha
de terra. Essa linha, por sua vez, divide esses planos em semiplanos. Assim, o plano vertical é
dividido em semiplano vertical superior (P.V.S.) e semiplano vertical inferior (P.V.I.) e o plano
horizontal em semiplano horizontal anterior (P.H.A.) e semiplano horizontal posterior
(P.H.P.). Os planos também dividem o espaço em quatro regiões definidas pelos ângulos que
os mesmos formam. Temos assim, o 1º, 2º, 3º e 4º diedros.

Figura 53 – Planos no Sistema Mongeano. Figura 54 – Diedros e rebatimento dos planos.

Para representar sobre um único plano uma figura, rebatemos o plano vertical sobre o
plano horizontal2.(figura 54). Após o rebatimento, dizemos que temos uma representação em
épura dos planos. Na figura 55, apresentamos a representação em épura, que deve ser
representada de forma simplificada, apenas com a linha de terra, como apresentado na figura
56.

Figura 55 – Representação após o rebatimento Figura 56 – Como deve ser apresentado a


em épura. representação em épura.

2
Segundo Pinheiro (1988, p. 10), convencionou-se, na geometria descritiva, rebater o plano vertical sobre o
horizontal. Embora, se fosse o contrário, o resultado não sofreria alteração.
53
Na figura 57, apresentamos um sólido no espaço e suas projeções sobre os planos vertical e
horizontal. Na figura 58, temos a representação desse sólido em épura. Observe que na representação
em épura temos todas as medidas do sólido, permitindo dessa forma a sua reprodução. Na mesma figura,
temos a cota e o afastamento de todos os pontos que definem os limites do sólido, bem como a
localização exata no espaço. Temos assim, a distância do sólido ao plano vertical e ao plano horizontal.

Figura 57 – Sólido no espaço e suas projeções. Figura 58 – Representação do sólido em épura.

Nas figuras 57 e 58, apresentamos o sólido no primeiro diedro. O que muda na


representação para os demais diedros? O observador deve estar de frente para os planos de
projeção. Nas figuras 59, 60, 61 e 62, apresentamos uma perspectiva com a posição do
observador e a representação de um objeto nos quatro diedros. Os raios projetantes (raios
visuais que partem dos olhos) partem do observador. O Sistema Mongeano se utiliza da
projeção cilíndrica ortogonal. Nesse tipo de projeção, os raios projetantes são paralelos. Para
que isso ocorra, é necessário que o centro de projeção esteja no infinito. Nesse caso,
considera-se que o observador esteja no infinito. O observador ocupa duas posições, olhando
o objeto de frente (no desenho técnico chamamos de vista frontal) e olhando o objeto de cima
(no desenho técnico chamamos de vista superior). Nas figuras 59, 60, 61 e 62 temos a
representação em perspectiva e em épura do objeto em cada diedro. Observe que no Sistema
Mongeano, um objeto é representado em épura. As perspectivas apresentadas são meramente
ilustrativas para facilitar o entendimento. Na figura 59, temos na representação em épura.
Nela, a vista frontal do objeto está acima da linha de terra e à vista superior abaixo da linha
de terra. Para diferenciar as vistas, colocamos a vista frontal na cor azul e a superior na cor
amarela.
54
Figura 593 – Representação no 1º diedro. A projeção sobre o plano vertical está acima da linha de terra
e projeção sobre o plano horizontal está abaixo.

Na figura 60, o objeto está no segundo diedro. Nesse caso, temos uma sobreposição da
vista superior com a vista frontal. Este tipo de sobreposição não deve ser desejada, pois
dificulta a compreensão das representações.

Figura 60 – Representação do paralelepípedo retângulo no 2º diedro. Observe que nesse caso há uma
sobreposição das representações, o que torna de difícil interpretação.

3
Imagens criadas pelo autor desse livro com o software Graphic for Mac®. O observador foi criado com o Memoji®
para iPhone®.
55
Figura 61 – Representação no 3º diedro. Há uma inversão na posição das projeções em relação ao 1º
diedro. A projeção sobre o plano horizontal está acima da linha de terra (em épura) e a projeção sobre
o plano vertical está abaixo da linha de terra.

Figura 62 – Representação no 4º diedro. As projeções sobre os planos horizontal e vertical se


sobrepõem, dificultando a interpretação.

Quando o objeto se encontra no 2º e 4º diedros (figuras 60 e 62), ocorre uma


sobreposição das projeções, o que leva a uma dificuldade de interpretação. Dessa forma, as
normas de desenho técnico adotam, como posição para o sólido representado, o primeiro ou
o terceiro diedro. As normas de desenho técnico europeias influenciadas pelas normas alemãs
(DIN) adotaram como convenção o 1º diedro, enquanto as normas americanas adotaram como
56
padrão a representação dos sólidos no terceiro diedro. As normas da ABNT (1995a) deixam
margens às duas possibilidades (NBR10067:1995). Para definir qual o diedro que o objeto está
sendo representado, a ABNT recomenda a utilização de um símbolo. Quando a representação
for feita no 1º diedro, deve-se indicar na legenda o símbolo apresentado na Figura 63. Em se
tratando de uma representação no 3º diedro, deve-se utilizar o símbolo da Figura 64.
Adotaremos nos exemplos o 1º diedro. Na Figura 65, indicamos as medidas das indicações de
acordo com as normas da ABNT. A distância entre as duas representações é de 0,3 d. A
espessura do traço deve ser de 1/10 d . A NBR10067:1995 (ABNT, 1995a), indica as seguintes
medidas para d: 3,5 mm, 5 mm, 7 mm, 10 mm, 14 mm e 20 mm4.

Figura 63 – Indicação do 1º diedro. Figura 64 – Indicação do 3º diedro.

Figura 65 – Medidas para o símbolo de indicação da posição em relação aos diedros.

Algumas posições das retas em relação aos planos de referência recebem


denominações específicas. Por exemplo, uma reta paralela ao plano horizontal e vertical é
chamada de fronto-horizontal (Figura 70). O ponto em que a reta corta um dos planos de
referência é chamado de traço da reta.
Apresentamos a seguir a representação de ponto, reta e sólidos no 1º diedro (Figuras
66 a 72). Na Figura 67, como a reta está inclinada em relação aos dois planos de projeção, suas

4
Nas normas, utiliza-se o símbolo h no lugar de d. As proporções indicadas foram calculadas em função das
medidas indicadas nas normas.
57
projeções sofrem deformações. Na Figura 68, o segmento (AB) da reta AB é projetado em
verdadeira grandeza (medidas reais sem deformações) no plano horizontal, uma vez que a reta
é paralela a esse plano (MONTENEGRO, 2015) e apresenta a sua projeção sobre o plano
vertical com deformações.

Figura 66 – Representação de um ponto no Sistema Mongeano.

B'
B'
A'
A'
(B)
(A)

A
A B
B

Figura 67 – Representação de uma reta qualquer AB inclinada aos planos horizontal e vertical.

58
B'
A' B'

A'
(B)
(A)

A B
B

Figura 68 – Reta AB paralela aos planos horizontal, chamada de reta horizontal. Nesse caso, a
projeção sobre o plano horizontal não sofre deformação. Quando isso ocorre, dizemos que a reta AB
foi projetada em verdadeira grandeza (VG).

B'
B'
A'
A'
(B)

(A)

B
A B
A

Figura 69 – Reta paralela ao plano vertical, chamada de reta frontal. Temos nesse caso a projeção
sobre o plano vertical em verdadeira grandeza.

59
B'
A' B'

A'
(B)
(A)

B
A B
A

Figura 70 – Reta paralela aos planos vertical e horizontal (reta fronto-horizontal). As suas projeções
sobre os planos de projeções não sofrem deformações.

D' C' A' B'

A' B'
C'
D' (A)
E' F' G' H'
G' (B)
H' (D)
E' (C)
F'
(H)
(E) (G) D E A H
(F)

A
D H
B
E CF BG
C G
F

Figura 71 – Representação de um cubo com as faces paralelas aos planos de projeção. As faces se
projetam em VG, nos planos em que as mesmas estão paralelas. A face (A)(B)(C)(D) se projeta em VG
no plano horizontal e tem a sua projeção sobre o plano vertical reduzida a um segmento.

60
A' B' D' C'
C'
D'
B'
A' (D)
(C)
H' F' E' G' H'
G'
E' (B)
(A)
F' (H)
(E)
D
(F) (G) E
D E H
C
F C H
A
FA B
G

GB

Figura 72 – Representação de um cubo com duas faces paralelas ao plano horizontal. A face
(A)(B)(C)(D) e (E)(F)(G)(H)tem sua projeção sobre o plano horizontal em VG. As demais faces sofrem
reduções em relação aos planos de projeções, pois não estão paralelas a nenhum desses planos.

Plano de perfil

O plano de perfil foi introduzido por Gino Loria. Para compreender a aplicação desse
plano, vejamos as Figuras 73 a 75. Elas apresentam sólidos geométricos diferentes com a
mesma representação em épura (Figuras 74 e 76). Para esses casos, é necessário, além da
utilização do plano vertical e horizontal, a utilização de um outro plano de projeção.

61
Figura 73 – Representação em perspectiva das Figura 74 – Representação em épura de um
projeções de um sólido. sólido.

Figura 75 – Representação em perspectiva das Figura 76 – Representação em épura de um


projeções de um sólido. sólido.

Nas Figuras 77 e 79 foi utilizado um terceiro plano, o plano de perfil. Na Figura 78 e


80, temos a representação em épura dos sólidos. Através do plano de perfil, podemos
diferenciar, em épura, os objetos apresentados.
62
Figura 77 – Representação em perspectiva
das projeções de um sólido. Figura 78 – Representação em épura de um sólido.

Figura 79 – Representação em perspectiva das Figura 80 – Representação em épura de um


projeções de um sólido. sólido.

Representação no desenho técnico

As projeções, bem como os planos de projeções, possuem uma nomenclatura própria


no desenho técnico. Na Figura 81, apresentamos os termos usados no desenho técnico.

63
Figura 81 – Representação em perspectiva das projeções de um sólido.

Figura 82 – Representação em épura de um sólido.

64
Na Figura 82, temos a representação das vistas ortográficas do objeto. Observe que a
aresta não visível foi representada com linha tracejada. As linhas auxiliares devem ser feitas
com traço fino. A vista frontal deve ser a mais expressiva. Uma vez construída a vista frontal,
são utilizadas linhas auxiliares para a construção da vista superior. Utilizando as linhas
auxiliares, partindo-se da vista frontal e da vista superior, constrói-se a vista lateral esquerda
(Figura 82).
Além das linhas não visíveis, quando tivermos sólidos com eixo de simetria, esse deve
ser representado através de uma linha com traços e pontos alternados5 (Quadro 3). Quando se
tratar de peças com furos, o centro dos furos deve também ser representado com o mesmo
tipo de linhas usado para definir o eixo de simetria. Em alguns casos, uma mesma linha é
utilizada para os eixos de simetria e o centro de furos em peças (Quadro 4).

Quadro 3 – Representação de eixo de simetria e centro de furo.

PERSPECTIVA VISTA ORTOGRÁFICA DESCRIÇÃO

Representação na vista
ortográfica do centro do furo
de um objeto.

Representação na vista
ortográfica do eixo de simetria
vertical de um objeto.

5
De acordo com as normas gerais para desenho técnico que abordam os tipos de linhas (NBR8403/1984), como
também na norma para representação de projetos em arquitetura (NBR6492/1994).
65
Quadro 4 – Representação de eixo de simetria e centro de furo.

PERSPECTIVA VISTA ORTOGRÁFICA DESCRIÇÃO

Objeto com eixo de simetria


vertical e horizontal.
Representação na vista
ortográfica do eixo de simetria
horizontal e vertical.

Objeto com eixo de simetria


vertical. Foi indicado também
o centro do furo retangular.

As normas de desenho técnico acrescentam outros planos e denominações específicas


para cada vista. Na Figura 83, temos um objeto sendo envolvido por outros planos que definem
um hexaedro (paralelepípedo retângulo) envolvente. Ao rebatermos as faces do hexaedro,
temos a representação das vistas ortográficas necessárias à representação do objeto (Figura
84). Na Figura 85, apresentamos a representação com a simbologia técnica de um objeto no
1º diedro. Na Figura 86, temos o mesmo objeto e a sua representação no 3º diedro. No Brasil,
pode-se utilizar tanto uma representação no 1º diedro quanto no 2º diedro (ABNT, 1995). Para
tanto, deve-se especificar o símbolo que identifique o sistema usado.

66
Figura 83 – Representação das 6 vistas no cubo envolvente.

67
Figura 84 – Rebatimento das 6 vistas nas faces do cubo (1º diedro).

68
Figura 85 – Representação no 1º diedro.

Figura 86 – Representação no 3º diedro.

Explorando os volumes e as vistas

Recorte, dobre e cole a figura na página seguinte formando 5 volumes.

69
Figura 87 – Volumes planificados.

70
Podemos utilizar a malha abaixo para representar as vistas de objetos criados com os
volumes planificados (Figura 88).

Figura 88 – malha isométrica e malha quadriculada.

71
Na Figura 89, temos um exemplo de aplicação da malha usando os volumes 3, 4 e 5
(Figura 87). Se girarmos essa folha, teremos do lado esquerdo as vistas frontal, superior e
lateral esquerda (1º diedro) e do lado direito, temos a perspectiva isométrica do mesmo objeto.

Figura 89 – Exemplo de aplicação da malha quadriculada (na representação de vistas ortográficas e da


malha isométrica (perspectiva isométrica).

72
6. Cortes
6

O termo corte possui diferentes significados. No desenho técnico ele é utilizado para
mostrar partes do objeto que se pretende representar que são cortadas e também o interior de
um dado objeto. Muitas vezes, as vistas são insuficientes para representar um dado objeto,
sendo comum recorrer ao corte. No Quadro 5, apresentamos diferentes tipos de cortes.

Quadro 5 – Diferentes tipos de cortes.

Corte total Simples


Corte composto ou em desvio Por planos paralelos
Por planos concorrentes
Por planos sucessivos
Meio corte
Corte parcial
Seção

Corte total

O corte total pode ser simples quando realizado por um único plano de corte ou
composto quando se utiliza mais de um plano.

Corte total simples

No plano de corte total simples, temos apenas um plano de corte que corta todo o
objeto. Na Figura 90, temos um tubo de concreto sendo cortado por um plano de corte. Depois

73
temos na Figura 91 a remoção da parte do tubo de um dos lados do plano de corte. Na Figura
92, temos o tubo cortado sem o plano de corte.

Figura 90 – Tubo de concreto Figura 91 – Remoção de


com plano de corte. parte do tubo antes do
plano de corte. Figura 92 – Tubo cortado em
perspectiva.

As Figuras 90, 91 e 92 foram feitas para ilustrar o processo que resulta no corte. Na
prática, as peças não são cortadas. Representa-se a imagem que se teria, caso se cortasse
mostrando a parte interna do objeto. Na Figura 93, temos a ilustração do desenho desse tubo
com o corte total. O corte, nesse exemplo, está no lugar da vista frontal. Como se trata de uma
peça simples, apenas com o corte e com a vista superior temos informações necessárias para
a representação da peça. Na Figura 94, representamos a peça apenas com o corte e a vista
superior do tubo. Acrescentamos as contas e linhas traço-ponto que indicam o centro do furo
na vista superior e no corte tem a função de indicar o eixo de simetria da peça. A parte cortada
foi desenhada com linha grossa no contorno e com uma hachura. A hachura serve para indicar
as áreas de corte e também materiais utilizados. A NBR:12298 (ABNT, 1995b) indica que essas
devem ser traçadas em linha estreita, conforme o desenhos das Figura 93 e 94.

74
Figura 93 – Representação do tubo (vista superior, corte e Figura 94 – Representação do tubo
vista lateral esquerda). com os elementos necessários.

Corte composto ou em desvio

Podemos ter a necessidade de utilizar planos paralelos, de modo a mostrar partes da


peça. Na Figura 95, em função da necessidade de mostrar as características diferentes dos
furos, foram utilizados três planos de cortes paralelos, indicando assim em um único corte as
características da peça.

75
Figura 95 – Vista superior com indicação de 3 planos de cortes e corte AA.

Além dos planos paralelos, podemos ter planos concorrentes e planos sucessivos.

Meio corte

O meio corte é comum em objetos simétricos. Nesse caso, no lugar de dar um corte
total, corta-se um dos lados do eixo de simetria apresentando a vista do outro lado. A Figura
96 ilustra esse caso.

Figura 96 – Meio corte.

76
Corte parcial

No corte parcial, mostra-se apenas uma parte da região cortada e utiliza-se uma linha
curva para delimitar essa parte cortada. A Figura 97 ilustra um caso de corte parcial.

Figura 97 – Corte parcial.

Seção

No corte, se mostra a região cortada e as linhas não cortadas. Na seção, temos apenas
a região cortada. Apoiando-se no mesmo exemplo do cano de concreto, apresentamos uma
seção desse objeto junto com a vista superior (Figura 98).

77
Figura 98 – Seção e vista superior de um tubo.

Hachura

No corte, podemos utilizar hachuras para representar os tipos de materiais. Para


representar qualquer material, as hachuras devem estar a 45º em relação às linhas principais
do desenho. Quando tiver materiais diferentes, pode-se mudar a direção do ângulo e a
distância entre as linhas, como indicado na Figura 99.

Figura 99 – Hachura padrão para diferentes materiais.


78
As normas da ABNT (1995b) também apresentam hachuras para diferentes materiais
que apresentamos no Quadro 6.

Quadro 6 – Hachuras para materiais específicos.

Hachura Material
Elastômeros, vidros, cerâmicas e rochas

Concreto

Líquido

Madeira

Terra

Uma das formas de escoamento da água em um viveiro de peixe é o monge. Ele deve
ser construído no local mais profundo do viveiro (FARIA, 2013). Na Figura 100, elaboramos
um desenho de um monge, no qual se pode observar o emprego do corte e da hachura para
representar o concreto, o solo, a argila e a madeira.

79
Figura 100 – Desenho de um monge

80
7. Dimensionamento
7
O dimensionamento ou cotagem em um desenho é necessário para, de forma rápida,
informar as principais medidas desse desenho. A NBR 10126 (ABNT, 1987) apresenta como
elementos de cotagem: a cota, a linha de cota, os limites da linha de cota e as linhas auxiliares
(Figura 101).

• Linha auxiliar – delimita o


trecho que está sendo
medido.
• Linha de cota – linha com
a medida.
• Limite da linha de cota –
indica até onde está sendo
medido. Figura 101 – Elementos do dimensionamento

• Cota – corresponde ao número que está sendo medido. Em um projeto, deve-se indicar na
legenda a unidade que corresponde a esse número, nunca junto à cota. Na Figura 101, o
número 52,35 (cota) pode ser dado em metros, centímetros, milímetros ou outra unidade
de medida. No desenho arquitetônico, se indica essa unidade no carimbo e junto à
indicação do título do desenho. No desenho técnico, em geral, ele fica apenas na legenda.

Linhas auxiliares

As linhas auxiliares servem para delimitar melhor o trecho que está sendo medido.
Devemos obedecer a algumas regras no uso da mesma:

• Devem ser perpendiculares às linhas de cotas (em casos especiais, como na Figura 102,
podem ser representadas obliquamente);
• Mantenha sempre uma pequena distância entre as linhas auxiliares e a linha de contorno
do desenho;

81
• Sempre que possível, evitar o cruzamento das linhas auxiliares com as linhas de cotas;
• As linhas de centro e linhas de contorno não devem ser usadas como linhas de cotas.
Contudo, podem ser usadas como linha auxiliar. Nesse caso, a linha de centro deve
continuar como linha de centro até o contorno do objeto.

Figura 102 – Linha auxiliar inclinada (deve ser sempre que possível ser evitada)

Linhas de cotas

As normas estabelecem algumas regras que devem ser seguidas na construção das
linhas de cotas. As linhas de cotas:

• Sempre que possível devem estar fora do desenho (Figura 103);


• Não deve haver cruzamento ou sobreposição com linhas do desenho (Figura 105);
• Sempre que possível evitar o cruzamento com outras linhas;
• As linhas de cotas paralelas devem guardar igual espaçamento;
• As linhas de cotas são representadas paralelas à direção da medida;
• As linhas de cota devem ser organizadas de modo que as cotas parciais fiquem mais
próximas ao elemento cotado do que as cotas totais, evitando assim o cruzamento das
linhas de chamadas com as linhas de cotas;
• Não devem ser interrompidas, mesmo que o elemento cotado seja interrompido (Figura
104).

Figura 103 – Cotas dentro das normas.


82
Figura 104 – As linhas não devem ser interrompidas, mesmo que o elemento cotado seja.

Existem alguns erros mais graves que devem ser evitados. A Figura 105 apresenta
alguns erros de dimensionamento:

• Em 1, as cotas parciais estão mais afastadas do objeto do que a cota total, levando ao
cruzamento das linhas de chamada com a linha de cota;
• Em 2, a linha de cota não está paralela ao elemento cotado;
• Em 3, a linha de cota está sobre a linha do desenho.

Figura 105 – Erros graves.

Limite das linhas de cotas

As cotas podem, segundo a NBR 10126 (ABNT, 1987), ser limitadas por:

• Uma seta com as laterais formando um ângulo de 15º com a linha de cota. As setas podem
ser:
o Fechadas
o Abertas
• Com traço oblíquo curto e inclinado a 45º.
Exemplificamos na Figura 106 esses limites da linha de cota.

83
Figura 106 – Limite das linhas de cotas.

Deve-se adotar o mesmo tipo de limite para a linha de cota em todo o desenho. Em se
tratando de espaçamentos muito pequenos, a norma permite a adoção de outro tipo de limite
diferente do padronizado no restante do desenho.

Cota

O texto com as medidas que chamamos de cota é usado seguindo algumas orientações
das normas:

• As cotas devem ser desenhadas com uma altura de 3 mm e guardar um espaçamento com
a linha de cota de 1,5 mm.
• Os ângulos são medidos em graus. Contudo, para indicação de caimento de pisos,
inclinação de telhados, rampas, esses devem ser indicados em porcentagem.
• Em um mesmo desenho, as cotas devem ter a mesma unidade (ex. metros) indicada na
legenda.

Métodos de cotagem

A NBR 10126/1987 (ABNT, 1987) estabelece dois métodos diferentes de


dimensionamento, devendo-se optar por um dos dois.

1º Método

As cotas devem estar posicionadas acima e paralela à linha de cota e, se possível,


centralizadas. Elas devem estar dispostas de modo a serem lidas da base ou do lado direito
(Figura 107). Para os casos de cotas inclinadas, devemos adotar os exemplos apresentados nas
Figuras 108 e 109.

84
Figura 107 – Posição das cotas para o 1º método.

Figura 108 Figura 109

2º Método

As cotas devem ser lidas na base da folha de papel. As linhas de cotas devem ser
interrompidas de preferência no centro para inserção da cota. Apresentamos nas Figuras 110,
111 e 112 exemplos de aplicação do segundo método.

Figura 110 – Posição das cotas para o 2º método.

85
Figura 111 – Cotas em diversas posições. Figura 112 – Cotas para medição de ângulos.

86
8. Perspectiva
8
As vistas ortográficas oferecem uma representação precisa do objeto a ser construído.
Contudo, para compreender essa representação, se faz necessária a interpretação das vistas.
Em muitos casos, quando se pretende mostrar uma ideia para um leigo, sem que seja
necessário esmiuçar os detalhes da peça para a sua posterior construção, se utiliza a
perspectiva. Algumas vezes, ela acompanha as vistas ortográficas como forma de facilitar a
compreensão dessas. Para a representação de um objeto tridimensional sobre o plano do
desenho através da perspectiva, faz-se necessário projetar o objeto sobre o plano do papel. De
acordo com o tipo de projeção utilizada, teremos técnicas de representação diferentes. Dessa
forma, em função do tipo de projeção, podemos ter uma perspectiva cônica, axonométrica e
cavaleira (Quadro 7).

Quadro 7 – Aplicação das projeções na perspectiva.

Projeção cônica Perspectiva cônica


Projeção cilíndrica Oblíqua Perspectiva cavaleira
Ortogonal Perspectiva axonométrica Isométrica
Dimétrica
Trimétrica

Perspectiva cônica

A perspectiva cônica foi desenvolvida na Renascença e de todos os sistemas é o que


mais se aproxima da forma com o homem percebe o ambiente. Ela é muito usada por
arquitetos. Na Figura 113, apresentamos a perspectiva cônica de um paralelepípedo retângulo.
Pode-se observar nesta representação que as arestas que indicam profundidade convergem
para um ponto. Esse ponto é chamado de ponto de fuga. Em uma perspectiva cônica, podemos
ter mais de um ponto de fuga. Na Figura 114, temos um exemplo com dois pontos de fuga. Na
87
Figura 115, temos um exemplo com três pontos de fuga. As linhas paralelas convergem para
o mesmo ponto de fuga.

Figura 113 – um ponto de fuga. Figura 114 – Dois pontos de fuga.

Figura 115 – Três pontos de fuga.

Nas Figuras 116 e 117, apresentamos dois exemplos que se pode observar em uma
fotografia das convergências para os pontos de fuga. Na Figura 117, podemos observar que as
linhas paralelas indicadas convergem para a linha do horizonte.

88
Figura 116 – Convergência de linhas
Figura 117 – Convergência de linhas paralelas para a
paralelas para um ponto de fuga.
linha do horizonte.

Perspectiva cavaleira

Na perspectiva cavaleira, trabalhamos com a


projeção cilíndrica oblíqua. Na Figura 118, temos
um cubo com uma face paralela ao plano de
projeção. Como os raios projetantes não formam um
ângulo reto com o plano de projeção, podemos ver
além da face paralela ao plano de projeção outras Figura 118 – Perspectiva cavaleira

faces.

Na perspectiva cavaleira, a face que está paralela aos planos de projeção não sofre
deformação. No entanto, as demais sofrem deformação.
Na Figura 119, temos as grandezas que são demarcadas a partir do ponto A. Quando
temos dimensões que não são paralelas a um dos eixos, como na Figura 120, procuramos
demarcar os pontos sobre os eixos para obter essas medidas. Na Figura 120, o cubo sofre
deformação na largura e na profundidade, permanecendo com a altura sem deformar. Na
89
Figura 121, apresentamos um cubo com alguns ângulos utilizados na perspectiva cavaleira.
Para cada ângulo, temos uma deformação (Tabela 5). Junto a esses ângulos, temos a
deformação das medidas que estão perpendiculares ao plano de projeção (profundidade do
eixo). Essas deformações são adotadas, pois conferem um melhor efeito visual. A partir do
ponto “A”, são demarcadas as medidas que correspondem à largura, altura e profundidade.
No exemplo da Figura 121, as medidas correspondentes à largura e altura do cubo, não sofrem
deformação, uma vez que o mesmo está com uma das faces paralelas ao plano de projeção. É
preciso distinguir a largura, altura e profundidade do eixo com as medidas das peças, pois nem
sempre a largura, altura e profundidade do eixo correspondem às medidas do objeto
representado, uma vez que depende da forma e posicionamento dessa última em relação ao
plano de projeção.

Figura 120 – Do ponto são marcadas as


Figura 119 – Medidas marcadas a partir do ponto
medidas no eixo.
A.

Figura 121 – Ângulos utilizados na perspectiva cavaleira.

Tabela 5 - Fator de redução na perspectiva cavaleira

ÂNGULO DOS RAIOS PROJETANTES FATOR DE REDUÇÃO


LARGURA ALTURA PROFUNDIDADE
30º 1 1 2/3
45º 1 1 1/2
60º 1 1 1/3
Fonte: (SPECK e PEIXOTO, 1997)

90
Perspectiva Axonométrica

Neste tipo de perspectiva, trabalhamos com a projeção cilíndrica ortogonal, ou seja, os


raios de projeção são perpendiculares ao plano de projeção. Esse tipo de projeção é o mesmo
utilizado nas vistas ortográficas. Na Figura 122, temos a projeção de um paralelepípedo com
uma face paralela ao plano de projeção. A projeção é um retângulo que não traz maiores
informações sobre a forma do objeto. Quando trabalhamos com as vistas ortográficas,
utilizamos outros planos que são rebatidos sobre um único plano. No caso específico da
perspectiva, a posição do objeto não é o mais adequado ao girarmos, de modo que duas faces
estejam inclinadas em relação ao plano de projeção (Figura 123). Temos como resultado uma
Figura que ainda não nos fornece informações sobre a forma do objeto. Ao dispormos as 3
faces do cubo inclinadas em relação ao plano de projeção, Figura 124, temos como projeção
uma perspectiva axonométrica. Essa nos dá uma ideia da forma do objeto.

Figura 122 - projeção de um paralelepípedo com Figura 123 - Duas faces inclinadas em relação ao
uma face paralela ao plano de projeção plano de projeção

Figura 124 - Projeção de uma perspectiva axonométrica


91
Quanto mais inclinada estiver uma face e suas arestas ao plano de projeção, mais
deformada será a sua projeção. Quando o ângulo entre as arestas de um sólido se encontra a
uma mesma inclinação do plano de projeção, essas se projetam com a mesma deformação.
Nesse caso, temos uma perspectiva axonométrica isométrica. O termo isométrica indica que
as arestas de mesma medida são representadas com mesma medida (sem deformações
diferentes em cada face). A deformação na projeção é de 0,816 (SPECK e PEIXOTO, 1997).
Como a deformação é a mesma, o mais comum é representar com as medidas sem deformação.
Na Figura 125, apresentamos a Figura com deformação e sem deformação.

Figura 125 – Perspectiva isométrica de um cubo: do lado esquerdo com as mesmas medidas e do lado
direito com a deformação da peça resultante da projeção (fator de redução 0,816).

Quando duas faces se projetam com a mesma deformação, temos uma perspectiva
axonométrica dimétrica.
Para os casos em que as deformações são diferentes para cada face projetada, temos
uma perspectiva axonométrica trimétrica.

92
9. Vistas e
perspectivas
9
Apresentamos a seguir algumas perspectivas de objetos com as medidas. Considere as
unidades em metro.

Peça 2
Peça 1

Peça 3 Peça 4

93
Peça 5

Peça 6

94
Peça 7

Apresentamos a seguir algumas vistas ortográficas de diferentes peças (peças 8 a 21),


a posição é para o 1º diedro.

95
Peça 9
Peça 8

Peça 10 Peça 11

Peça 13

Peça 12

96
Peça 14

Peça 15

Peça 16
Peça 17

97
Peça 19
Peça 18

Peça 20

98
Peça 21

Na página seguinte, apresentamos a construção das 6 vistas de acordo com o primeiro


diedro, para facilitar interpretação acrescentamos uma perspectiva (Figura 126). Após esse
desenho, apresentamos na outra página a representação, já na folha A4 (com medidas
reduzidas para caber na página deste livro), conforme as normas (Figura 127). Na Figura 128,
temos um projeto de uma outra peça. Na figura 129, temos a representação de um projeto de
um cocho. Em função das reduções das medidas para inserir na página do livro, as figuras 127,
128 e 129 não estão na escala indicada na legenda.

99
Figura 126 – Representação de uma peça através das 6 vistas e da perspectiva.

100
Figura 127 – Representação das 6 vistas de uma peça em uma folha A4 com legenda.

101
Figura 128 – Representação de uma peça através de 3 vistas em uma folha A4.

102
Figura 129 – Representação de um projeto de um cocho.

103
104
10. O projeto
arquitetônico
10
Algumas normas de desenho técnico se aplicam ao desenho arquitetônico. Contudo,
existem algumas normas que são específicas para o desenho arquitetônico (que é
regulamentado pela NBR 6492/1994). Apresentamos a seguir algumas delas.
Tal como no desenho técnico, o desenho arquitetônico também trabalha com as vistas
ortográficas e com cortes. Na Figura 130, apresentamos a representação de uma casa com a
indicação das vistas usadas no desenho técnico.

Figura 130 – Vistas do desenho técnico

A vista superior corresponde à planta de coberta. A vista inferior é pouco usada. As


vistas laterais, posterior e frontal poderiam ser interpretadas como uma fachada. Contudo,
não podemos fazer essa interpretação direta, pois temos também um corte no terreno para
gerar as fachadas.

105
Na Figura 131, temos um corte no terreno em perspectiva mostrando a frente de uma
edificação. Na Figura 132, temos a representação da fachada dessa edificação. Em relação à
perspectiva que apresentamos, temos algumas diferenças. As portas e janelas na perspectiva
foram representadas abertas. Normalmente elas devem ser representadas fechadas na fachada
e abertas na planta baixa.

Figura 131 - Corte no terreno em perspectiva mostrando a frente de uma edificação

Figura 132 – Fachada de uma edificação.

106
Em função das dimensões dos desenhos, eles não necessariamente são representados
próximos. Também não são apresentados com uma posição definida entre eles na folha, como
no desenho técnico no qual, para o 3º diedro, a vista frontal deve ficar acima da vista superior
e abaixo da vista inferior. Podemos ter em uma folha a fachada em outra folha, a planta de
coberta. Em projetos pequenos, podemos ter a representação dos elementos principais em
uma única folha.
Além das fachadas e planta de coberta, temos outros desenhos com informações
complementares para a correta representação de um projeto. Entres essas representações,
temos a planta de locação que apresenta a locação da construção no lote. Para tanto, faz-se
necessário indicar os recuos da construção em relação aos limites do lote, ou em caso de
grandes áreas, como em construções rurais, a locação da construção em relação a elementos
existentes no terreno. Na planta de locação, também são indicados o acesso de veículos e
pedestres, o agenciamento do terreno (áreas pavimentadas e áreas verdes), outros elementos
que devem ser mantidos ou fazem parte do projeto, tais como: árvores, açudes e outras
construções existentes.
Em alguns casos, a planta de locação é representada em um único desenho com a
planta de coberta sendo chamada de planta de locação e coberta.
Além da planta de coberta e da fachada, é necessária a apresentação de informações
internas, tais como: número de ambientes e dimensões desses ambientes, alturas internas etc.
Para isso, utiliza-se a representação através de cortes verticais e horizontais. O corte
horizontal é chamado de planta baixa e deve ser tomado a 1,5 m do piso interno da construção.
Além desses elementos apresentados, muitas vezes são necessárias informações
detalhadas de partes da construção. Essas informações são normalmente representadas com
uma redução menor do que os demais elementos do projeto.

Etapas de um projeto

Existem várias etapas necessárias à elaboração de um projeto. Em função do tipo de


projeto, algumas dessas etapas são desdobradas em outras ou simplificadas. O conteúdo de
cada etapa depende também da complexidade do projeto. Dessa forma, em um projeto de
grande porte são elaborados vários estudos como, por exemplo, estudo de viabilidade

107
econômica, estudo de fluxo de veículos, impacto ambiental etc. Já em projetos mais simples,
esses estudos se reduzem.
De forma simplificada, conforme orienta a NBR 6492/1994 (ABNT, 1994), um projeto
pode apresentar as seguintes etapas:

• Etapa 1: Programa de necessidades


• Etapa 2: Estudo preliminar
• Etapa 3: Anteprojeto
• Etapa 4: Projeto executivo
• Etapa 5: Projeto como construído

Etapa 1: Programa de necessidades

Temos nesta etapa as informações iniciais que envolvem um texto sobre o projeto,
organogramas, fluxogramas, esboços, esquemas, croquis necessários para apresentação
inicial da proposta.

Etapa 2: Estudo preliminar

Nesta etapa, temos um aprofundamento da etapa anterior, com desenhos dando uma
ideia do projeto e orçamentos para avaliar a viabilidade do projeto. Através do desenho,
podemos identificar a proposta com as soluções e com os conceitos apropriados pelo autor do
projeto. Essas informações são necessárias para a aprovação do cliente.

Etapa 3: Anteprojeto

No anteprojeto, temos a definição dos elementos que definem o projeto para uma boa
compreensão do mesmo, à aprovação pelo cliente e pelos órgãos oficiais.

Etapa 4: Projeto executivo

O projeto executivo deve apresentar todas as informações para a execução da obra.

Etapa 5: Projeto como construído


Após a construção, deve ser elaborado o projeto como construído com todas as
alterações realizadas na fase de construção. Essas informações são importantes para a
manutenção da obra. Por exemplo, em um vazamento de uma tubulação de água, a informação
108
por onde a tubulação passa, pode facilitar o conserto da tubulação. A indicação de alterações
elétricas realizadas pode servir de apoio para futuras ampliações na rede elétrica.

Elementos de um projeto

Um projeto é composto de peças gráficas e peças escritas. Conforme a NBR 6492/1994,


as peças escritas são:

• Programa de necessidades;
• Memorial justificativo;
• Discriminação técnica;
• Especificação;
• Lista de materiais;
• Orçamento.
As peças gráficas são indicadas no Quadro 8.

Quadro 8 – Peças gráficas de um projeto arquitetônico.

Plantas Planta de situação


Planta de locação ou implantação
Planta de coberta
Planta baixa
Cortes Corte simples
Corte em desvio
Fachadas
Elevações
Detalhes ou ampliações

Ordem de apresentação

Os desenhos que constam em um projeto executivo devem obedecer a uma ordem de


apresentação. Esta deve ser:

1. Planta de situação;
2. Planta de locação ou implantação;
3. Plana de coberta;
4. Planta baixa;
5. Cortes;
6. Fachadas;
7. Detalhes construtivos.

109
Prancha

Em um projeto de pequeno porte, os desenhos podem ser representados em uma única


prancha. Quando se trata de um projeto de maiores dimensões são necessárias várias
pranchas. Como já vimos anteriormente, recomenda-se adotar como padrão para as pranchas
as dimensões do formato da série ISO-A (ABNT, 2020).

Legenda ou carimbo ou quadro

O carimbo no desenho arquitetônico tem características específicas do carimbo


utilizado no desenho técnico. No capítulo 3, apresentamos a legenda do desenho técnico e do
desenho arquitetônico.

110
11. Representação do
projeto arquitetônico
11
Apresentamos nesta parte uma descrição mais detalhada dos elementos mais
relevantes da parte gráfica de um projeto. Um projeto de edificação deve procurar atender às
normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Em relação ao desenho
arquitetônico, a norma em vigor é de 1994 que trata-se da NBR 6492: Representação de
projetos de arquitetura (ABNT, 1994).

Planta de situação

Planta que deve apresentar a localização do terreno necessário para sua aprovação. Em
função do projeto, podem conter informações que indiquem a sua finalidade. Em grandes
áreas de terras serve também para localizar a construção na propriedade rural. Escalas usuais
na planta de situação são 1/500, 1/1000 e 1/2000. O porte do projeto e as dimensões dos
terrenos podem indicar a necessidade de utilização de outras escalas.
Na planta de situação, devem constar (algumas dessas informações constam na
NBR6492 e outras que complementamos):

• Os símbolos adotados na NBR6492 para representação gráfica;


• As curvas de nível existentes e as projetadas. Pode-se também indicar sistemas de
coordenadas utilizadas para referenciar o projeto;
• Indicação do norte. Essa indicação é muito importante, não apenas para localizar o
projeto, como também para avaliar se o mesmo foi bem projetado. Através do norte, pode-
se calcular áreas com maiores incidências do sol, a direção do vento nas diferentes épocas
do ano etc;
• As vias para acesso ao terreno (indicando o nome, quando houver), terrenos adjacentes,
equipamentos urbanos, quadras e outras informações existentes que possam servir para
localizar a obra;
• Perímetro do terreno. Consideramos importante destacar esse perímetro (através de
linhas médias ou grossas), de modo a separar dos demais terrenos;
111
• Escalas;
• Notas gerais, desenhos de referência e carimbo;
• Denominação dos diversos edifícios ou blocos;
• Construções existentes, demolições ou blocos;
• Áreas não construídas.
Consideramos que essas três últimas indicações podem ser deixadas para serem
indicadas na planta de locação, que normalmente é apresentada em uma escala com redução
menor do que a da planta de situação.
Nas Figuras 133 e 134, apresentamos dois exemplos de planta de situação. Eles não
estão em escala, foram mantidos apenas as proporções. No primeiro exemplo, temos uma
planta de situação de uma área urbana e no segundo de uma área rural.

Figura 133 – Planta de situação de uma área urbana.

112
Figura 134 – Planta de situação de uma área rural.

Planta de locação (ou implantação)

Esta planta deve indicar a locação (posição) do projeto no terreno, afastamento a


muros ou outros elementos importantes. Em uma área urbana, deve-se indicar todos os recuos
(afastamento em relação aos limites do terreno). Isso é necessário para avaliar se o projeto
atende aos recuos definidos pela lei municipal que regula os projetos de edificações. Também
deve-se indicar construções complementares que fazem parte do projeto e construções
existentes. Segundo a NBR6492 (ABNT, 1994, p. 1), a planta de locação deve conter, além do
projeto arquitetônico, as informações necessárias para os projetos complementares, tais
como: “movimento de terra, arruamento, redes hidráulicas, elétrica e de drenagem, entre
outros”.
Na planta de locação, é comum também indicar a planta de coberta (seria a vista
superior da edificação na qual se visualiza a coberta da edificação). Dessa forma, essa planta
muitas vezes é chamada de planta de locação e coberta.
Escalas usuais para essa planta são de 1/100 e 1/200. Contudo, tudo depende do porte
do projeto.

113
A NBR6492/1994 indica um conjunto de informações que devem constar na planta de
situação. Acrescentamos outras informações complementares que achamos pertinentes.
Dessa forma, na planta de locação devem constar:

• Símbolos e representações que atendam à norma (NBR6492);


• As curvas de nível do terreno, bem como as modificações nas curvas de níveis previstas no
projeto (movimento de terreno);
• A indicação do norte;
• As vias de acesso, vias internas, espaço reservado ao estacionamento, áreas cobertas,
taludes e platôs;
• Perímetro do terreno, marcos topográficos, cotas e níveis;
• Indicação dos limites das edificações, recuos e afastamentos;
• Nome das edificações (por exemplo: garagem, silo, cocheira etc.);
• Escala usada;
• Notas gerais, desenhos de referência e carimbo.
Além desses, a norma indica também:

• Eixos do projeto;
• Amarração dos eixos do projeto a um ponto de referência.
Esses últimos consideram que o projeto foi definido por eixos. Contudo, também é
comum a elaboração de projetos de arquitetura com a definição das cotas sem ser por eixo.
Nesse último caso, não faria sentido essa indicação.
Na Figura 135, apresentamos um exemplo de planta de locação e planta de coberta.
Neste exemplo, temos a indicação à esquerda da via de acesso e portões de veículo e de
pedestre. Foram indicados dois níveis: o da calçada (cota 0,00) e do piso no jardim (cota 0,30).
Os recuos dos limites do terreno são: 1,65 m e 1,55 (recuos laterais), 5,00 m (fundos) e 6,85 m
(frente). Na coberta, temos uma inclinação de 25 % nas duas águas do telhado. Com linhas
tracejadas, temos a indicação do contorno da edificação e do piso e degraus sob a coberta. Foi
indicado com um triângulo o espaço ocupado pelo veículo. A escala indicada é de 1/100,
embora o desenho esteja fora dessa escala. O número 2 indica que é o segundo desenho na
prancha.
Na Figura 136, temos um exemplo de planta de locação e coberta de um projeto voltado
à produção de peixes que elaboramos e desenhamos para exemplificar.

114
Figura 135 – Planta de locação e coberta (fora de escala).

Figura 136 – Planta de locação e coberta de um projeto de criação de peixes.

115
Planta de edificação ou planta baixa

O termo planta de edificação (ABNT, 1994) ou planta baixa corresponde à vista


superior da edificação resultante de um corte realizado por um plano horizontal, em geral a
1,50 m do piso interno de referência. A NBR6492 esclarece que essa altura pode ser variável
em função do projeto, de forma a poder representar os elementos considerados necessários.
Montenegro (2017) indica que o plano horizontal deve ficar em torno de 1,5 m. Para cada
pavimento deve ser feita uma planta baixa. Assim, em uma residência com dois pavimentos,
teremos uma planta baixa do térreo e do primeiro andar. Dessa forma, devemos ter a indicação
de todos os ambientes da edificação com suas medidas.
A planta baixa é resultante de vários estudos de zoneamento dos usos, estudo de
insolação, ventilação etc.
A NBR6492 (ABNT, 1994) indica que as plantas, no projeto executivo, devem constar:

• Indicação do norte;
• Indicação dos cortes e fachadas;
• Indicação de referência a detalhes, quando necessários;
• Representação dos eixos do projeto;
• Sistema estrutural;
• Apresentação de todas as contas necessárias à sua construção;
• Indicação de diversos elementos como:
o Fechamentos internos e externos;
o Acesso;
o Circulação vertical e horizontal;
o Portas, janelas com suas codificações;
o Representação de projeções, como projeção da coberta e outros elementos que se
fizerem necessários.
Uma escala muito usada nas plantas baixas é 1/50. Na Figura 137, apresentamos um
exemplo de planta baixa (ela foi feita na escala de 1/75. Contudo, essa escala foi alterada ao
inserir na página do livro).

116
Figura 137 – Planta baixa de um quiosque com quarto, banheiro e terraço.

Uma outra forma de demarcar as cotas é através dos eixos horizontais e verticais. Nesse
caso, os eixos são marcados no centro das estruturas e alvenarias. Na Figura 138, temos um
exemplo de uma planta baixa com este tipo de marcação. Trata-se de um projeto de criação
de peixes (sem escala). Na página 119, temos a planta baixa de um projeto arquitetônico de
um escritório. Apresentamos esse desenho em uma escala muito usual em projetos
arquitetônicos, trata-se da escala de 1/50

117
Figura 138 – Planta baixa de construção que faz parte de um projeto de criação de peixes.
118
E
RT

ACESSO
NO

PRINCIPAL + 0,25

2
3
4

1
5.90

0.70 0.15 2.85 0.15 2.60 0.15 0.70

1.00

0.15 0.70
0.50

J2
0.50

VARANDA P = 0,70

0,90 x 1,40
0,90 x 2,10

+ 0,55
1.00
2
1

0.15

P2
ADM
PROJEÇÃO DO BEIRAL

4.35
+ 0,60
CUMEEIRA
LINHA DA
2.85

6.15
RECEPÇÃO
P3
0,80 x 2,10
0,70 x 2,10

0.15

P3
COPA
P = 1,70

P1
B.W.C. 1
1
0.15 1.35
1,00 x 1,20

3 3
1,35 x 0,40
J1
P = 0,90

J3
0.70

PLANTA BAIXA
2
3

1 ESCALA : 1/50
Na Figura 139, temos a planta baixa de um pequeno escritório (vamos chamar de
escritório A) para administração de uma pequena propriedade de terra. As cotas desta planta
baixa estão marcadas nos eixos horizontais e verticais

Figura 139 – Planta baixa de um escritório com marcação das cotas em eixos horizontais e verticais.

Para exemplificar o processo de representação da planta baixa, apresentamos algumas


Figuras que ilustram esse processo. Na Figura 140, temos uma perspectiva do escritório A. Na
Figura 141, temos a perspectiva do escritório “A” procurando dar uma ideia do que é visto em
uma planta baixa.

120
Figura 140 – Perspectiva do escritório A.

Figura 141 – Corte horizontal em uma perspectiva para dar uma ideia da planta baixa do escritório A.

121
Corte

O corte é resultante de um plano secante vertical dividindo a edificação em duas


partes. Na planta baixa, deve-se indicar a posição desse plano, bem como a direção do corte.
Esse corte, pode sofrer um desvio, de modo a mostrar as partes mais importantes da
edificação. Recomenda-se selecionar as posições que possam indicar nos cortes as partes que
precisem de um maior detalhamento de como vai ser construída como: banheiros, cozinhas,
laboratórios, escadas etc. Na Figura 139, foi indicada a posição de dois cortes na planta baixa.
Na Figura 142, ilustramos o corte em perspectiva gerada no escritório A e indicado na planta
baixa e na Figura 143 temos a representação do corte para um projeto arquitetônico. Este corte
é perpendicular à linha da cumeeira.

Figura 142 – Corte 1 da folha 3 do escritório A.

122
Figura 143– Corte 1 (perpendicular à linha da cumeeira).

Na planta baixa da Figura 139 temos dois cortes. O primeiro corte é o corte 1 da folha
3. O segundo corte é o corte 2 da folha 3. Na indicação do corte, além da folha onde está o
desenho, temos também uma seta que indica o sentido do corte. Para ilustrar a mudança no
desenho ao alterarmos o sentido da seta, ilustramos na Figura 143 o corte 1 da folha 3, sendo
representado em perspectiva. Para o caso da seta estar orientada no sentido contrário,
teríamos a mudança para a imagem que representamos em perspectiva na Figura 144.

123
Figura 144 - – Corte com sentido contrário ao corte 1.

Na Figura 145, ilustramos o corte 2 da folha 4 (indicado na planta baixa da figura 139)
em perspectiva.

Figura 145 – Corte 2 da folha 4 em perspectiva (paralelo à linha da cumeeira).

Na Figura 146, apresentamos o corte 2 tal como deveria ser apresentado.

124
Figura 146– Corte 2 (paralelo à linha da cumeeira).

Na Figura 147, apresentamos o corte 2 caso as setas indicativas do sentido estivessem


no outro sentido ou sentido contrário.

Figura 147 – Corte 2 em perspectiva no sentido contrário ao indicado na planta baixa

Segundo a NBR 6492:1994 (ABNT, 1994), nos cortes devem ser indicados: símbolos de
acordo com essa norma, eixos do projeto, o sistema estrutural, as cotas verticais (as
horizontais são indicadas nas plantas); as cotas de nível; os principais elementos do projeto.

125
Esses elementos do projeto incluem: a cobertura, as paredes e fechamentos, as circulações
verticais e horizontais, forros, forma de captação das águas, escalas. Essa norma também
indica a marcação dos cortes. Contudo, achamos desnecessário, em muitos casos, uma vez que
os mesmos estão indicados nas plantas. Também deve-se indicar o nome dos compartimentos
que aparecem nos cortes. A inclinação da coberta e da calha quando cortados devem ser
indicadas.

Fachadas

Na fachada temos um corte no terreno de modo a mostrar o terreno cortado e os planos


externos da edificação6. Na Figura 148, temos uma perspectiva dando uma ideia da fachada 1
da folha 4 (indicado na planta baixa) em perspectiva.

Figura 148 – Fachada em perspectiva.

Na Figura 149, temos a fachada 1 da folha 4 (indicada na planta baixa da Figura 139)
da forma como deveria ser desenhada (ela está representada fora de escala).

6
No desenho técnico, as vistas frontal, lateral e posterior poderiam ser comparadas às fachadas. Apesar disso,
existe uma série de especificidades em cada um desses desenhos que impedem essa comparação.
126
Figura 149 – Fachada 1 da folha 4.

Na Figura 150, temos uma perspectiva que nos dá uma ideia da fachada 2 da folha 4
(indicado na planta baixa).

Figura 150 – Fachada 2 da folha 4 em perspectiva (apenas para ilustrar).

127
Na Figura 151, temos a fachada 2 da folha 4 da forma como deveria ser desenhada (ela
está representada fora de escala).

Figura 151 – Fachada 2 da folha 4 (conforme indicação na planta baixa).

A NBR6492 informa que se pode representar na fachada os planos de cortes.


Consideramos normalmente desnecessária essa indicação. Além dessa indicação, temos nessa
norma a informação que na prancha que contém a fachada, deve-se apresentar as simbologias
definidas nessa norma, os eixos do projeto, indicação de cotas de nível acabado, escalas, notas
gerais e a legenda.

Símbolos e convenções do desenho arquitetônico

Apresentamos nas páginas seguintes os símbolos e convenções utilizadas no desenho


arquitetônico. Alguns desses símbolos mudam de tamanho em função da escala. Outros
símbolos são padronizados indiferentes da escala, como o símbolo de indicação de cortes, do
norte, do acesso principal. As portas, janelas, equipamentos sanitários e de cozinha foram
representados na escala de 1/50.

128
DESENHO TÉCNICO A - CONVENÇÕES DE DESENHO - ESCALA 1/50

12mm
N NM
3% 3%

ACESSO
PRINCIPAL SÓ PARA
TELHADOS
EM PLANTA

INCLINAÇÃO DE TELHADOS,
NORTE VERDADEIRO NORTE MAGNÉTICO ACESSO PRINCIPAL CAIMENTOS, PISOS, ETC.

Nº DO DESENHO
NA FOLHA
ALTURA 5 mm 1
1 1 2
2 2
1
NÚMERO DA FOLHA 2
ONDE ESTÁ O DESENHO
ALTURA DO NÚMERO 3mm
12 mm

INDICAÇÃO EM PLANTA DE CORTE INDICAÇÃO EM PLANTA DE CORTE EM DESVIO


Nº DO DESENHO
Nº DO DESENHO NA FOLHA
NA FOLHA RÉGUA 140 + 0,70 + 0,70
ALTURA 5 mm 2
2 12
12 EM PLANTA EM CORTE

NÚMERO DA FOLHA NÚMERO DA FOLHA


ONDE ESTÁ O DESENHO ONDE ESTÁ O DESENHO
ALTURA DO NÚMERO 3mm 16 mm RÉGUA 80

DESENHO A GRAFITE DESENHO À TINTA COTAS DE NÍVEL


INDICAÇÃO DA FACHADA NA PLANTA BAIXA
8 mm 8 mm
ALTURA 5 mm
P1 J1
ALTURA 5 mm

PLANTA BAIXA
0,90 x 2,10

P = 1.00
1,80 x 1,10

1 ESCALA : 1/75
ALTURA DO PEITORIL
LETRAS H= 3 MM
ALTURA 3mm
LARGURA X ALTURA LARGURA X ALTURA
12 mm LETRAS H= 3 MM
LETRAS H= 3 MM

PORTA DE ABRIR JANELA BAIXA


NUMERAÇÃO, TÍTULO E ESCALA DO DESENHO
NUMERAÇÃO E COTAS DE PORTAS E JANELAS
PAREDES CORTADAS - LINHA GROSSA LINHAS DE EIXO OU DE COORDENADAS

PAREDE A 1/2 DE ALTURA - LINHA MÉDIA LINHAS DE COTAS


LINHAS AUXILIARES - PARA CONSTRUÇÃO DE DESENHOS,
LINHAS INTERNAS EM VISTA - LINHA FINA
GUIA DE LETRAS E NÚMEROS - O MAIS FINO POSSÍVEL
LINHAS SITUADAS ALÉM DO PLANO DE DESENHO - L. FINA
LINHAS DE SILHUETA
LINHAS DE PROJEÇÃO - PROJEÇÕES IMPORTANTES COMO BEIRAL,
PAVIMENTOS SUPERIORES, MARQUISES E ETC. LINHAS DE INTERRUPÇÃO DO DESENHO

LINHAS DE REPRESENTAÇÃO
DESENHO TÉCNICO A - CONVENÇÕES DE DESENHO - ESCALA 1/50

TETO

VERGA
BANDEIRA

PISO

CORTE CORTE CORTE CORTE

P1
P1
0,90 x 2,10

0,90 x 2,10
PLANTA BAIXA PLANTA BAIXA

PORTA DE GIRO PORTA DE GIRO COM BANDEIRA

VIDRO VIDRO VIDRO VIDRO VIDRO VIDRO

VIDRO VIDRO VIDRO VIDRO VIDRO VIDRO

CORRE CORRE CORRE

CORTE CORTE CORTE CORTE

P1
P1 CORRE CORRE CORRE
1,80 x 2,10

3,00 x 2,10

PLANTA BAIXA PLANTA BAIXA

PORTA DE CORRER COM 2 FOLHAS PORTA DE CORRER COM 4 FOLHAS


DESENHO TÉCNICO A - CONVENÇÕES DE DESENHO - ESCALA 1/50

VERGA
TETO

VERGA
VIDRO VIDRO

PEITORIL

PEITORIL
PISO

CORTE CORTE
CORTE CORTE
J1

P = 1.55 J1
1.20 x 0.55

P = 1.00
1,80 x 1,10

PLANTA BAIXA
PLANTA BAIXA

JANELA ALTA TIPO MAXIM-AR JANELA DE ABRIR DE EIXO VERTICAL

VIDRO VIDRO VIDRO VIDRO VIDRO VIDRO

CORRE CORRE CORRE

CORTE CORTE CORTE CORTE

J1
J1 CORRE CORRE CORRE

P = 1.00 P = 1.00
1,80 x 1,10

3,00 x 1,10

PLANTA BAIXA PLANTA BAIXA

JANELA BAIXA DE CORRER COM 2 FOLHAS JANELA BAIXA DE CORRER COM 4 FOLHAS
DESENHO TÉCNICO A - CONVENÇÕES DE DESENHO - ESCALA 1/50

CORTE CORTE CORTE CORTE CORTE CORTE


(VISTA FRONTAL (VISTA LATERAL (VISTA FRONTAL (VISTA LATERAL (VISTA FRONTAL (VISTA LATERAL
BACIA E BIDÊ) BACIA OU BIDÊ) LAVATÓRIO) LAVATÓRIO) LAVATÓRIO) LAVATÓRIO)

BACIA BIDÊ

PLANTA BAIXA PLANTA BAIXA PLANTA BAIXA


(VISTA SUPERIOR (VISTA SUPERIOR (VISTA SUPERIOR
BACIA E BIDÊ) LAVATÓRIO) LAVATÓRIO)

BACIA SANITÁRIA E BIDÊ LAVATÓRIO (DE LOUÇA) LAVATÓRIO

CORTE CORTE CORTE CORTE


(VISTA FRONTAL BALCÃO) (VISTA FRONTAL TANQUE) (VISTA LATERAL TANQUE)

VARIÁVEL
PLANTA BAIXA PLANTA BAIXA
(VISTA SUPERIOR BALCÃO) (VISTA SUPERIOR TANQUE)

BALCÃO COM PIA P/ COZINHA TANQUE (ÁREA DE SERVIÇO)


12. Projeto habitação
unifamiliar
12
Apresentamos neste e nos próximos capítulos exemplos de projetos arquitetônicos.
Neste capítulo apresentamos um projeto de habitação unifamiliar isolada. Trata-se de um
projeto com um quarto, um banheiro, uma cozinha, uma área de serviço, uma sala e um
terraço.

Dados do projeto:

1. Dados gerais

• Coberta com telha canal sobre laje inclinada


• Espessura da laje = 0,15 m
• Inclinação da coberta = 40%
• Pé direito = 2,60 m
• Altura espelho degrau = 0,15 m

2. Número de pranchas e conteúdo


O número de folhas pode ser uma escolha do projetista. Esse projeto poderia ser
representado em 4 folhas A2 seguindo a ordem abaixo apresentada:

• Prancha 1/4 – Contém a planta de situação (Esc. 1/1000) e a planta de locação e coberta
(Esc. 1/100).
• Prancha 2/4 – Contém a planta baixa (Esc. 1/50).
• Prancha 3/4 – Contém 2 cortes, representados na escala de 1/50
• Prancha 4/4 – Contém 2 fachadas, representadas na escala de 1/50.
Poderíamos também representar, deixando espaços bem reduzidos em duas folhas A2
(como indicamos na página 135 e 136).

3. Legenda
Apresentamos alguns dados para a legenda deste projeto.

133
• Nome da empresa responsável pelo projeto. Por exemplo: Almeida Projetos e Consultoria
em Pesca.
• PROJETO:
o Projeto de construção de uma residência, lote 12 da quadra P, na rua da Saudade,
número 30, Casa Verde no município de Cana Verde, Pernambuco.
o USO: Residência unifamiliar
• DESENHO: PLANTA DE SITUAÇÃO E PLANTA DE LOCAÇÃO E COBERTA (Para a prancha
1/4)
• ESCALA: devem estar indicadas as escalas dos desenhos apresentados na folha.
• UNIDADE: M (abreviatura de metro)
• ÁREAS: terreno: calcular a área do terreno; construção (área da edificação); coberta (área
da coberta da edificação) e solo natural (área não construída e não pavimentada no lote).
• OBS.: Espessura das paredes internas e do muro = 0,15 m.

Para o cálculo da coberta, deve-se tomar algumas decisões, tais como: definir a altura
do pé direito, o tipo de coberta e a sua inclinação. O ponto mais baixo no interior da residência
é definido pelo pé direito. A altura do pé direito é resultante das necessidades do projeto, de
normas e legislação própria. Em uma área urbana, a prefeitura pode definir como 2,6 m para
uma residência. Em uma garagem de uma fazenda, essa altura deve ser adequada para que se
possa guardar por exemplo um trator. A tecnologia da coberta também vai indicar qual é a
inclinação mínima do telhado, de modo a evitar o acúmulo de água e goteiras.
Apresentamos nas próximas páginas a representação do projeto em duas folhas de A2
e em seguida cada desenho em separado que compõe esse projeto.

134
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

5,00

0,58
1,65

1,88
A A

1.50
01 02 ACESSO

3,00
VEÍCULO
QUADRA F
03 04
QUADRA E

6,80
10.00

1,00
05 06
B B
07 08

2,00
ACESSO

RUA DAS CALÇADAS


PEDESTRE
1,00 4,00 1,00
RUA DAS FLORES

1,55
QUADRA H QUADRA G
6,85 9,50 3,65

C 20.00 C

PLANTA DE SITUAÇÃO PLANTA DE LOCAÇÃO E COBERTA


1 ESCALA : 1/500
2 ESCALA : 1/200

2
2
D 9.50 D
0.60 0.15 7.40 0.15 1.65 0.15 0.60

PROJEÇÃO DO BEIRAL

NO
0.60
0.60

RT
E
1,20 x 1,10
LAV.

1.15
J1

0.15
P1
+ 0,50

P = 1,00
E E

P = 1,00

0,90 x 2,10
SALA

0.15

3.55
1,50 x 1,10
J2

2
3
0.15
3.70

LINHA DA CUMEEIRA

6.80
6.80

1,60 x 2,10
Abre
F F

COZINHA
ACESSO P2 0,70 x 2,10
P3
0.15

PRINCIPAL P4 0,80 x 2,10


0.25

CIRC.

2.45
QUARTO P3
1 1
2 B.W.C. 2
P = 1,60
1.50

1 1,50 x 0,50
G G

TERRAÇO
P = 1,00
J3

J1

0.60 0.50
0.60 .05

PROJEÇÃO DO BEIRAL
0.15 0.15 0.15 0.15
0.60 1.85 4.35 2.70 0.60

2
4

2
H PLANTA BAIXA H
2
3 ESCALA : 1/75
LEGENDA
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 A2
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

.675
A A

1.625
1.625
0.50
1.45

0.50

4,225
0.50

2.60
2.60
B B

2.10
1.70
+ 0,45 + 0,50 + 0,45 + 0,40

.40

0.50

0.45 .05
.11 .34 .05
CORTE
1 ESCALA : 1/50
C C

D D

E E

CORTE FACHADA
2 ESCALA : 1/50
3 ESCALA : 1/50

F F

G G

H H
FACHADA
4 ESCALA : 1/50
LEGENDA
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 A2
01 02
QUADRA F
03 04
QUADRA E
05 06

10,00
20,00

07 08

RUA DAS CALÇADAS


RUA DAS FLORES

15,00
12,00
QUADRA H QUADRA G

PLANTA DE SITUAÇÃO
1 ESCALA : 1/1000
5.00

0.58
1.65

1.88
3.00

ACESSO

3.00
VEÍCULO
6.80
10.00

1.00
2.00
ACESSO
PEDESTRE
1.00 4.00 1.00
1.55

6.85 9.50 3.65

20.00

PLANTA DE LOCAÇÃO E COBERTA


2 ESCALA : 1/100
2
2
9.50
0.60 0.15 7.40 0.15 1.65 0.15 0.60

PROJEÇÃO DO BEIRAL

NO
0.60
0.60

RT
E
1,20 x 1,10 LAV.
J1 1.15

0.15
P1
+ 0,50

P = 1,00
P = 1,00

0,90 x 2,10
SALA
0.15

3.55
1,50 x 1,10
J2

2
3
0.15
3.70

LINHA DA CUMEEIRA

6.80
6.80

1,60 x 2,10
Abre
COZINHA

ACESSO P2 0,70 x 2,10


P3
0.15

PRINCIPAL P4 0,80 x 2,10


0.25
CIRC.

2.45
QUARTO P3
1 1
2 B.W.C. 2
P = 1,60
1.50

1 1,50 x 0,50

TERRAÇO
P = 1,00
J3

J1

0.60 0.50
0.60 .05

PROJEÇÃO DO BEIRAL
0.15 0.15 0.15 0.15
0.60 1.85 2 4.35 2.70 0.60

4
2
PLANTA BAIXA 2
3 ESCALA : 1/75
4,225
0.45 .05 2.60 1.625
.11 .34 .05 2.10 0.50 1.625
1
+ 0,45

ESCALA : 1/50
CORTE

0.50 2.60 0.50


+ 0,50
+ 0,45
+ 0,40
.40 1.70 0.50 1.45 .675
CORTE
2 ESCALA : 1/50
FACHADA
3 ESCALA : 1/50
FACHADA
4 ESCALA : 1/50
144
13. Projeto de uma
casa de vegetação
13
A casa de vegetação possui diversas aplicações como: produção de mudas de árvores,
produção de flores etc. Apresentamos algumas informações que foram usadas na elaboração
dos desenhos.

1. Dados gerais

• Coberta em madeira com telha transparente em policarbonato;


• Inclinação da coberta = 35%
• Pé direito = 2,80 m
• Altura espelho degrau = 0,15 m.

2. Número de pranchas e conteúdo


Este projeto pode ser organizado em 4 pranchas A2 (ou outra configuração que se achar
pertinente). Apresentamos a distribuição das pranchas nas folhas:
• Prancha 1/4 – Contém a planta de situação (Esc. 1/500) e a planta de locação e
coberta (Esc. 1/100).
• Prancha 2/4 – Contém a planta baixa (Esc. 1/50).
• Prancha 3/4 – Contém 2 cortes representados na escala de 1/50
• Prancha 4/4 – Contém 2 fachadas representadas na escala de 1/50.

3. Dados da legenda

• Nome da empresa responsável pelo projeto. Por exemplo: Almeida Projetos e Consultoria
Agropecuária.
• PROJETO:

145
o Projeto de construção de uma casa de vegetação no lote 28 da quadra G, na rua dos
Engenheiros da UFRPE, número 30, Casa Verde, na cidade de Cana Verde,
Pernambuco.
• USO: produção de mudas de árvores frutíferas e essências florestais;
• DESENHO: planta de situação e planta de locação e coberta (para a prancha 1/4);
• ESCALA: listar as escalas dos desenhos apresentados na folha;
• UNIDADE: M (abreviatura de metro);
• ÁREAS: terreno: calcular a área do terreno, construção (área da edificação), coberta (área
da coberta da edificação), solo natural (área não construída e não pavimentada no lote).
• OBS.: espessura das paredes baixas internas e do muro = 0,15 m
Apresentamos nas páginas seguintes, na ordem de apresentação de um projeto, os
desenhos das peças gráficas que compõem esse projeto.

146
24 25

QUADRA G

26 27

28 29

12,00
QUADRA F

20,00

30 31

RUA DOS ENGENHEIROS DA UFRPE

15,00
RUA DA PAZ

12,00
QUADRA H QUADRA I

PLANTA DE SITUAÇÃO
1 ESCALA : 1/500
ÁREA VERDE 135,9 M2 2.00

2.3
ACESSO

1.0
PEDESTRE

35 %
8.00
12.00

35 %
2.00

5.35 11.65 3.00

NO
20.00

R TE
PLANTA DE LOCAÇÃO E COBERTA
2 ESCALA : 1/125
NO
RT
E

3
1
11.65
0.25 0.25 0.25
0.70 0.25 2.60 2.60 2.60 2.60 0.25 0.70

PROJEÇÃO DO BEIRAL

0.20
0.70

0.70
ACESSO
PRINCIPAL

0.25
1,00 x 2,10 + 0,50
0.25

1.00
P1

1.00
0.70

0.10
3,625

0.20 1.00 4.20 0.95 4.20 0.90 0.20

0.90

2,525

4
1
0.70
PROJEÇÃO DA LINHA DA CUMEEIRA
8.00

1.00
0.25

0.25
0.70
2 2

0.90
3 0.20 1.60 3

3,625
3,625

0.70
1.00
0.25

0.25
0.70
0.70

0.20
3
1

PLANTA BAIXA 2
1 ESCALA : 1/75 4
CUMEEIRA

TERÇA
CALÇO
CAIBRO
FRECHAL
ORA
0.3

ESC
PE RNA

LINHA
1.6

TELA EM NYLON
0.5 0.9

3
CORTE 3
1 ESCALA : 1/50

TESOURA - DIMENSÕES
LINHA = 8 x 15 ESCORA = 8 x12
PENDURAL = 8 x15 CAIBROS = 5 x 5
PERNA = 8 x 18 TERÇA (FRECHAL E LINHA) = 8 x 20
OBS.: MEDIDAS EM CENTÍMETROS
MESA EM
CONCRETO
0.10
0.05
0.70

CORTE DETALHE
2 ESCALA : 1/75 3 ESCALA : 1/25
FACHADA
1 ESCALA : 1/75

FACHADA
2 ESCALA : 1/75
14. Projeto comedouro
para bovinos de corte
14
Este projeto trata-se de uma instalação simples para alimentação de bovinos de corte.
PEREIRA (1986) esclarece que esse tipo de instalação pode ser feita para oferecer proteção
contra chuvas e raios solares. Ela foi projetada com estrutura com pilares em concreto armado
e coberta com estrutura de tesoura de madeira e telhas do tipo canal. A inclinação da coberta
utilizada foi de 30%.

1. Dados gerais

• Coberta em madeira com telha canal;


• Inclinação da coberta = 30%
• Pé direito = 2,80 m

2. Número de pranchas e conteúdo


Este projeto foi organizado em uma única prancha que contempla: planta de situação,
planta de locação e coberta, planta baixa, corte e fachada.

3. Dados da legenda

• Nome da empresa responsável pelo projeto. Por exemplo: Almeida Projetos e Consultoria
Agropecuária.
• PROJETO:
o Projeto de construção de um comedouro para bovinos de corte localizado na
Fazenda do Gado Gordo, na estrada do Brejo, no município de Pau Brasil,
Pernambuco.
• USO: alimentação de bovinos de corte;
• DESENHO: planta de situação, planta de locação e coberta, planta baixa, corte, fachada;
• ESCALA: listar as escalas dos desenhos apresentados na folha;
153
• UNIDADE: M (abreviatura de metro);
• ÁREAS: terreno: calcular a área de construção e da coberta
Na próxima página, apresentamos a representação do projeto em uma única folha. E
nas páginas seguintes, na ordem de apresentação de um projeto, os desenhos que compõem
esse projeto.

154
N

ESTRADA DO BREJO

2.20 6,00
FAZENDA
DO COCHO

18
GADO MAGRO
FAZENDA DO GADO GORDO

18,5

19
20,5
20 20 19,5 19,0

PLANTA DE SITUAÇÃO
1 ESCALA : 1/500
20
19,5

20

1.75
2.00

30 %

30 %
18

18,5

19

PLANTA DE LOCAÇÃO E COBERTA


2 ESCALA : 1/75
N

1
4
9.20

0.60 0.10 3.00 3.00 3.00 0.10 0.60

PROJEÇÃO DO BEIRAL

0.60
0.70

0.10
0.20

2.00
PROJEÇÃO TESOURA
PROJEÇÃO TESOURA
PROJEÇÃO TESOURA
PROJEÇÃO TESOURA

0.10
COCHO COCHO
LINHA DA CUMEEIRA PARA PARA BEBEDOURO
4.60

0.80
5.00

VOLUMOSOS MINERAIS

6.10 0.20 0.20 0.10


0.10 1.00 1.50

0.10
2.00
+ 20,20
0.20

0.10
0.70

0.60
0.20 0.20 0.20 0.20
0.70 2.70 2.80 2.70 0.70

PLANTA BAIXA
1
4

5
3 ESCALA : 1/50 1
COBERTA COM
TELHA CANAL TESOURA EM MADEIRA
INCLINAÇÃO =30 %

1.05
2.80

PILARES EM
CONCRETO ARMADO

0,4 0.20
0.20

0.20

CORTE
4 ESCALA : 1/50
FACHADA
5 ESCALA : 1/100
Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 10067: Princípios gerais


de representação em desenho técnico. Rio de Janeiro: ABNT, 1995a.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 10126: Cotagem em


desenho técnico. Rio de Janeiro: ABNT, 1987.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 12298: Representação de


área de corte por meio de hachuras em desenho técnico. Rio de Janeiro: ABNT, 1995b.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 16752: Desenho técnico —


Requisitos para apresentação em folhas de desenho. Rio de Janeiro: ABNT, 2020.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6492: Representação de


projetos de arquitetura. Rio de Janeiro: ABNT, 1995b.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 8196: Desenho técnico -


Emprego de escalas. Rio de Janeiro: ABNT, 1999.

BOYER, Carl B. MERZBACH, Uta C. História da Matemática. Prefácio: Isaac Asimov.


Tradução: Elza F. Gomide. 3. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2012.

FARIA, Regina Helana Sant’Ana de. Manual de criação de peixes em viveiro. Brasília:
Codevasf, 2013.

MONTENEGRO, Gildo A. Desenho arquitetônico. 5. ed. revista e ampliada. São Paulo:


Edgard Blucher, 2017.

MONTENEGRO, Gildo A. Geometria descritiva. 2. ed. revista e ampliada. São Paulo: Edgard
Blucher, 2015.

PEIXOTO, Virgílio Vieira. SPECK, Henderson José. Manual básico de desenho técnico.
Florianópolis Editora da UFSC, 1997.

PEREIRA, Milton Fischer. Construções rurais. São Paulo: Nobel, 1986.

161
PINHEIRO, Virgílio Athayde. Noções de geometria descritiva. Rio de Janeiro: Ao Livro
Técnico, 1988.

SOUZA, Cícero (Celso) Monteiro de. Geometria descritiva o método das projeções
cotadas; o Sistema Mongeano de Representação (complementação). 3. ed. Recife: Imprensa
Universitária - UFRPE, 2002. 167p.

162

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