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Técnico Aplicado
UFRPE
Recife, 2021
1ª Edição
Reitor: Prof. Marcelo Brito Carneiro Leão
Vice-Reitor: Prof. Gabriel Rivas de Melo
Capa e desenhos internos: Vladimir Lira Véras Xavier de Andrade (para as figuras de outro autor,
indicamos a fonte junto da imagem).
Editora filiada à
E-book: PDF
Inclui referências
ISBN: 978-65-86547-27-6
CDD 604.2
SUMÁRIO
Apresentação ............................................................................................................... 7
3. Legenda............................................................................................................ 31
4. Escala ............................................................................................................... 37
6. Cortes............................................................................................................... 73
Corte total ............................................................................................................................ 73
Corte parcial......................................................................................................................... 77
Seção.................................................................................................................................... 77
Hachura................................................................................................................................ 78
7. Dimensionamento ........................................................................................... 81
Cota...................................................................................................................................... 84
8. Perspectiva ...................................................................................................... 87
7
Desejo a todos os leitores que tenham uma leitura prazerosa e que possam utilizar
esses conhecimentos na sua formação.
Vladimir L. V. X. de Andrade
Arquiteto e Urbanista (UFPE)
Doutor em Ensino de Ciências e Matemática (UFRPE)
Doutor em Ciências da Educação (Université Lumière Lyon 2 – França)
8
1. Introdução à linguagem
gráfica
1
Um dos instrumentos mais antigos é o desenho feito sobre uma folha de papel
utilizando diferentes ferramentas tecnológicas (lápis, papel, réguas, esquadros, borrachas
etc). Essas ferramentas evoluíram ao longo do tempo. Como exemplo, temos o papel que
sofreu modificação na forma de fabricação do mesmo, dos seus componentes. Uma outra
forma de representação bem mais recente que o desenho realizado diretamente no papel é
através do uso de softwares voltados à elaboração de projetos. Essas duas tecnologias podem
ser usadas de forma isolada ou combinada, como indicado na Figura 1.
10
Figura 1 – representação gráfica utilizando diferentes meios.
Neste livro, vamos focar em atividades utilizando o desenho à mão (tanto livre como
com a utilização de instrumentos auxiliares), uma vez que o objetivo é a alfabetização na
linguagem gráfica. Os softwares utilizados na representação gráfica evoluíram ao longo dos
anos. De softwares voltados apenas a reproduzir a forma como eram elaborados os desenhos
à mão (na construção de linhas, círculos, volumes, textos, entre outros elementos) o desenho
auxiliado por computador (CAD – Computer Aided Design) chegando à Modelagem da
Informação da Construção (BIM – Building Information Modeling). Também se ampliaram os
dispositivos utilizados, do uso de computadores de grande porte no início, para o uso de
computadores pessoais, tablets e smartphones.
Essas ferramentas possibilitam diferentes formas de apresentação de um projeto.
11
Figura 2 – Exemplo de perspectiva feita à mão livre. Fonte: MILLER, Sam F. Design process: a prime
for achitectural and interior design. New York: ITP, 1995.
12
Figura 3 – imagem elaborada no software Archicad pelo autor deste livro.
13
14
2. Papéis: tipos e
formatos
2
Apresentamos neste capítulo os tipos de papéis muito usados no desenho técnico e
também os formatos utilizados em conformidade com as normas da Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT).
Tipos de papéis
O desenho pode ser feito no papel ou usando um programa de CAD. O produto final,
em muitos casos, deve ser em papel. O papel permite o acompanhamento no campo do projeto
ou consulta rápida. Ele é necessário na aprovação do projeto em órgãos que fiscalizam a
implantação desse. Também é necessária a representação gráfica junto às fontes
financiadoras do projeto, como forma de avaliação da proposta e dos custos previstos no
mesmo. Os papéis mais usados em projetos executivos são o sulfite, o manteiga e o vegetal.
Nas cópias heliográficas, utiliza-se o papel heliográfico.
Sulfite
Possui várias gramaturas. Não se deve usar com gramatura inferior a 75 g/m2 (muito
fino) para folhas pequenas e 90 g/m2 para folhas A2 ou superior. Não se recomenda o uso do
mesmo com nanquim, uma vez que não se tem como corrigir qualquer erro. É usado com lápis
em apresentações de projetos. Ele vem sendo muito usado para impressão de projetos
desenvolvidos no computador.
15
Manteiga
Vegetal
Formatos de papéis
Figura 4 - As folhas da série ISO-A são obtidas pela divisão ou multiplicação das medidas da folha A0.
16
O papel A0 tem 1 m2 e possui os lados na proporção 1: (Figura 5). Os demais papéis
da série obedecem à mesma proporção do A0 (Figura 6). Nas folhas de desenho deve-se deixar
uma margem. Na Tabela 1, apresentamos as dimensões das folhas da série ISO-A (ABNT,
2020).
Todas as folhas devem ter um contorno que vai indicar onde se deve cortar a folha.
Contudo, quando desenhado ou impresso em uma folha exatamente no tamanho do papel da
série ISO-A, não se faz necessário o desenho do contorno. Na Figura 7, indicamos o contorno.
As folhas também devem deixar um espaço que é a margem. Essa margem é constante para
diversos tamanhos: do lado esquerdo tem 20 mm (2 cm) e nos demais lados 10 mm (1 cm).
Dentro da margem, deve-se acrescentar conforme a NBR 16752/2020 (ABNT, 2020), um
sistema de referência por malhas (que serve para identificação da posição de desenhos na
folha). Ela deve ser desenhada com uma largura constante de 5 mm (0,5 cm). A linha entre a
margem e a área do desenho é chamada de quadro e tem espessura variável em função do
17
tamanho da folha do desenho (indicamos na Tabela 1). O sistema de referência por malha tem
uma espessura constante de 0,35 mm (Tabela 1).
A margem esquerda é mais larga do que as outras, pois quando dobrada é nessa
margem que se fura a folha para colocá-la em uma pasta.
Nos vértices do retângulo das folhas de papéis, devem-se utilizar marcas de corte. Elas
servem para indicar os limites da folha. Na Figura 8, apresentamos a representação das marcas
de corte e suas dimensões.
18
Figura 8 – Marca de corte com suas dimensões.
19
6) No lado maior (normalmente representado na horizontal), na parte de baixo, o
último número deve ser substituído pela indicação do formato. No exemplo da
Figura 11, esse formato é o A3.
Figura 10 – Desenho das marcas de referência do lado maior da folha (parte superior figura 9).
20
Figura 11 – Desenho das marcas de referência do lado menor da folha (detalhe figura 9).
Com base nessa organização, temos um número de divisões por malha em função do
formato da folha. Na Tabela 2, apresentamos o total de divisões por malhas em função do
formato.
21
Formatos estendidos
Podemos também usar uma folha pela composição de tamanhos da série ISO-A (ABNT,
2020). Nesse caso, teremos uma combinação do lado menor de um formato maior com o lado
maior de outro formato. Na figura 12, temos a combinação do formato maior A2 com o formato
A3. Para a junção, se utiliza o lado menor do A2 (formato de maior dimensão) com o lado
maior do formato A3 (formato nesse exemplo com menor dimensão). Na figura 13, temos uma
composição do formato A3 com o A4, usando os mesmos princípios para gerar o formato
estendido.
Deve-se indicar as marcas de dobras das folhas no papel, trataremos sobre isso na
próxima seção.
22
Marcas de dobras da folha
Nas folhas em que temos uma dobra inclinada, como por exemplo na folha A0 (Figura
15), no trecho em que ela está inclinada, deve ser desenhada essa marca inclinada. Também
indicamos as medidas onde devem estar as marcas de dobras.
23
Figura 15 – Folha A0. Medidas em milímetros
24
Figura 16 – Folha A1. Medidas em milímetros
Na figura 17, apresentamos a folha A2 com as marcas de dobra junto com as medidas
onde devem ser marcadas.
25
Figura 17 – Folha A2. Medidas em milímetros.
26
Na Figura 18, apresentamos a folha A3 com as marcas de dobras que devem ser
representadas com linha tracejadas.
27
No caso da folha A4, ela não precisa ser dobrada, já é o tamanho final das folhas
maiores quando dobradas. O A4 pode ser usado tanto na horizontal como na vertical (Figura
19). Contudo, nas demais folhas maiores (A3, A2...), deve-se usar preferencialmente com a
maior medida na horizontal.
28
Figura 19 – Folha A4. Cotas em milímetros.
29
30
3. Legenda
3
A legenda contém as informações do projeto. Existem diferentes tipos de legenda. No
desenho arquitetônico temos uma legenda mais específica. Assim, vamos apresentar dois
tipos de legenda neste capítulo. Uma voltada ao desenho técnico e outra ao desenho
arquitetônico.
31
o Indicar as escalas usadas nos desenhos que estão na folha.
8. Numeração da folha.
o O ideal é indicar o número da folha e o total de folhas. Por exemplo: folha 2/3
(segunda folha de um total de 3 folhas que compõem o projeto).
Podemos ter outas informações complementares, caso seja necessário:
• Subtítulo
• Dados do projeto
o Podem ser incluídos o nome do projeto, a fase (por exemplo estudo preliminar),
a localização e outras informações relevantes.
• Classificação do projeto ou ainda palavras-chave.
o Que possibilite identificar, pode ser um registro, um código.
• Nome do arquivo eletrônico (que possibilite uma recuperação fácil do desenho no
computador). Para um arquivo no AutoCad teríamos, por exemplo:
ProjetoIrrigacao.dwg (normalmente evito colocar acentos e outros sinais nos nomes
dos arquivos)
• Unidade de medida (se as medidas estão em metro, indica-se: m. Caso estejam em
centímetros, indica-se: cm)
• Índice da versão ou revisão (por exemplo: IrrigaçãoFazendaX 3ª versão)
• Idioma
• Nome e localização do projeto
• Conteúdo do desenho
• Indicação do método da projeção conforme a NBR 10067 (ABNT, 1995a)
• Além dessas informações, deve-se constar outras que sejam essenciais ao projeto
32
Legenda sugerida para o desenho técnico
Figura 20 – Símbolo utilizado para o primeiro Figura 21 – Símbolo utilizado para o terceiro
diedro diedro
33
1. Cliente. Essa informação pode ser o nome do proprietário, o nome da empresa, marca
de fantasia ou logomarca;
2. Título do desenho;
3. Os responsáveis pelo projeto;
4. Nome do cliente, nome do empreendimento ou projeto;
5. Caracterização do projeto e localização do mesmo;
6. Uso a que se destina o projeto (habitação unifamiliar isolada, habitação multifamiliar
isolada, criação de bovinos de corte, criação de caprino, comércio atacadista etc);
7. Desenhos contidos na prancha;
8. Indicação da sequência do desenho (por exemplo: prancha 03/06 – terceira prancha de
um conjunto de 6 pranchas ou folhas);
9. Escala adotada;
10. Data;
11. Unidade - Unidade das medidas indicadas no projeto. Ex: m (metros), cm
(centímetros);
12. Desenhista – Responsável pelo desenho;
13. Revisão – Responsável pela revisão do desenho;
14. Quadro de áreas contendo: área de construção, área do terreno, área de coberta e área
de solo natural;
15. Nome do autor do projeto e número do CREA – Indicar acima deste uma linha com
espaço reservado à assinatura;
16. Nome do proprietário do imóvel – Indicar acima deste uma linha com espaço reservado
à assinatura.
17. Nome do responsável pela construção – Indicar acima deste uma linha com espaço
reservado à assinatura.
34
Figura 23 – Legenda sugerida para o desenho arquitetônico.
35
36
4. Escala
4
Ao representarmos um objeto qualquer, temos muitas vezes que reduzi-lo ou ampliá-
lo de modo que ele possa ser reproduzido. Uma construção não poderia ser representada no
seu tamanho real sobre um papel, sendo necessária a redução de suas medidas. Por outro lado,
um objeto muito pequeno como uma engrenagem de um relógio, devido às suas medidas
reduzidas, precisa muitas vezes ser ampliado. Quando se faz necessária a redução do desenho,
devemos trabalhar com uma escala de redução. Em se tratando de ampliação das medidas do
objeto representado, trabalhamos com uma escala de ampliação. Para os casos em que o
objeto é representado com as suas medidas reais, trabalhamos então com uma escala natural.
De acordo com o valor da escala (E), nós poderemos ter uma escala de redução, natural (quando
não há alteração das medidas do objeto no desenho) ou ainda uma escala de ampliação.
A NBR 8196 (ABNT, 1999) indica como escalas de redução 1:2, 1:5, 1:10 e como escala de
ampliação: 2:1, 5:1, 10:1. Essa norma informa ainda que essas escalas podem ser reduzidas ou ampliadas
em uma razão de 10. Dessa forma, com a escala 1:5 reduzida por dez, teríamos a escala 1:50 que reduzida
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por dez novamente resultaria na escala 1:500. O mesmo procedimento se aplica para as demais escalas
indicadas. Nas Tabelas 3 e 4, apresentamos as escalas iniciais propostas na NBR 8196 e as escalas
resultantes da divisão (Tabela 3) ou de ampliação desses valores iniciais (Tabela 4), conforme indica
essa norma.
Há alguns casos em que o desenho pode vir a sofrer reduções ou ampliações. Um exemplo disso
são as cópias reduzidas ou ainda quando o desenho é digitalizado. Para esse e outros casos, é necessária
a construção de uma escala gráfica. A escala gráfica acompanha o desenho sofrendo as alterações de
tamanho que o desenho sofre. De acordo com o grau de precisão, uma escala gráfica pode ser simples
ou de transversais (permite aferir medidas menores). Nas figuras 24 e 25, apresentamos dois exemplos
de escalas simples e, na figura 28, um exemplo de escala de transversais.
Para construir uma escala gráfica simples é preciso definir quais os valores que você
vai usar. Na escala de 1/50 podemos colocar as medidas de 2 em 2 cm que correspondem a
1 m cada. Fica um tamanho adequado para representação. Contudo, na escala de 1/10.000 cada
38
metro teria 0,01 cm, o que tornaria inviável para o seu uso e ficaria difícil enxergar. A NBR
8196 (ABNT, 1999, p.2) esclarece que: “escala a ser escolhida para um desenho depende da
complexidade do objeto ou elemento a ser representado e da finalidade da representação. Em
todos os casos, a escala selecionada deve ser suficiente para permitir uma interpretação fácil
e clara da informação representada”. Em um desenho na escala de 1/10.000, um objeto com
1 m não vai aparecer. Se for necessário para a precisão de um levantamento ter informações
com essa precisão, pode-se desenhar o elemento que se queira representar com esse nível de
precisão em uma outra escala. Na escala de 1/10.000, 100 m ficaria com 1 cm. Poderíamos na
escala de 1/10.000 marcar as medidas a cada 200 metros para construir a escala gráfica
simples.
Para exemplificar, vamos imaginar que se observou que em uma determinada escala o
ideal seria representar as unidades de medidas como sendo de 10 em 10 metros. Então,
inicialmente, poderia se marcar as medidas que correspondam a 10 m, ou seja, 5 vezes como
indicado na figura 26. Marca-se o 0, depois o correspondente a 10 m à esquerda e o
correspondente a 10 m quatro vezes à direita. Depois se divide a primeira parte em 10 partes
como na figura 26.
Depois define-se uma altura, por exemplo 1 cm. Marca-se para baixo e traça-se uma
linha paralela à linha horizontal de base. Traça-se uma terceira linha a 1 cm da segunda linha.
Na figura que segue apresentamos ela finalizada.
Um outro tipo de escala que apresenta uma maior precisão em relação à escala simples,
conforme esclarece Montenegro (2017) é a escala de transversais. Na figura 28, apresentamos
uma escala de transversais. Ela demanda mais tempo para a construção, por isso é pouco
usada. Contudo, ela apresenta uma maior precisão.
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Figura 28 – Exemplo de uma escala gráfica de transversais
Traçar uma linha, marcar um ponto que será 0 (zero – início das medições). Marca-se 4 cm à
esquerda do 0 definindo o ponto 1 (que vai representar 1 m). Depois, marca-se à direita 4 cm,
para definir o ponto 1 (equivalente a 1 m de 0). Em seguida, marca-se mais 4 cm à esquerda
marcando o ponto 2. Divide-se em 10 partes iguais o segmento de 1 a 0 (à esquerda do 0.
Marca-se o ponto médio entre o 0 e 1 com 0,5.
Na figura 30, apresentamos os passos seguintes. Deve-se definir uma linha paralela à
linha de base. A altura da linha paralela não tem uma norma para tanto. No exemplo que
iniciamos (escala 1/25) sugerimos que essa medida fique com 4 cm (mas não é norma).
40
Figura 30 – Passos na construção da escala de transversais.
Para mostrar como podemos usar a escala de transversais para determinar as medidas
do desenho, na figura 32 inserimos algumas medidas na escala. Na prática, não se insere as
medidas, apenas se mede um segmento do desenho e cola-se essa medida sobre a escala de
transversais para obter o valor real do desenho.
41
Figura 32 – Exemplo de marcação de medidas na escala de transversais.
Escalas e as grandezas
km – hm – dam – m – dm – cm – mm
42
5. Sistemas de
representação
5
Por meio dos sons e dos gestos, o homem primitivo estabelece as primeiras formas de
comunicação. Em uma segunda fase, o homem primitivo passa a representar nas cavernas os
animais que desejava caçar e cenas do cotidiano (figura 33). Por fim, depois de um longo
período de desenvolvimento, surge a escrita.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Arte_rupestre
O desenho surgiu antes da escrita e constitui ainda hoje uma forma imprescindível de
representação da realidade.
Por mais que possamos descrever um dado objeto por meio da escrita, haverá sempre
informações que, apenas através da linguagem gráfica, poderá se definir. Utilizando-se da
43
representação gráfica, podemos representar com precisão os elementos de um dado projeto,
a sua forma final, dimensionamento, características técnicas, materiais empregados etc.
Contudo, nem sempre o desenho tem por finalidade a descrição de uma realidade com
precisão. Na figura 34, temos uma representação particular da realidade, uma pintura
elaborada pela artista plástica Mazé Andrade. Essa artista procura se expressar de uma
maneira particular. Ao analisar o quadro, cada pessoa vai interpretá-lo de uma forma pessoal
que nem sempre vai ser igual. O objetivo de um desenho artístico, assim como um texto
literário, é a representação pessoal e muitas vezes desvinculada da própria realidade.
Contudo, em um texto científico, existe a necessidade de precisão e exatidão. A forma de
organização do discurso e o seu desenvolvimento devem ser claros e descrever com precisão
o objeto de estudo. O mesmo ocorre quando se trata do desenho técnico. Para tanto, foram
necessários o surgimento e desenvolvimento dos sistemas de representação e das normas
técnicas. Essas normas são necessárias para padronização da linguagem gráfica, não dando
margens a erros de interpretação. Dessa forma, um projeto elaborado com precisão em uma
dada localidade pode ser reproduzido com precisão em uma outra desde que se tenha
conhecimento dos sistemas de representação usados no desenho técnico e das normas de
desenho.
44
Os sistemas de representação são baseados no conceito de projeção. Uma das formas
de representação de um objeto tridimensional sobre um plano bidimensional (papel) é através
da projeção do mesmo sobre o papel. Tomemos como exemplo um aparelho que utiliza a
projeção, o projetor de slide. Do projetor de slides saem raios de luz que passam pelos pontos
que definem o slide e o projetam sobre a tela de projeção. Nesse processo de projeção do slide,
temos como elementos um centro de projeção (luz do projetor), uma figura objeto (slide), raios
projetantes (feixes de luz), um plano de projeção (tela) e a projeção (reprodução do slide sobre
a tela). Na figura 35, apresentamos um esquema similar ao projetor de slides.
1
Para distinguir a figura-objeto da sua projeção, representamos a figura-objeto entre parênteses.
45
Projeção cônica
46
Figura 39 – Projeção cônica de uma circunferência.
Projeção cilíndrica
Tomemos na figura 40, a projeção do ponto (A). Neste exemplo, o centro de projeção
se encontra no infinito e os raios projetantes são paralelos e possuem uma direção . Na
figura 41, temos um exemplo de projeção de um segmento de reta e, na figura 42, a projeção
cilíndrica do triângulo (A)(B)(C). Na figura 43, temos a projeção de um círculo. Nesse caso, o
conjunto dos raios projetantes define um cilindro. Esse tipo de projeção é chamada de
projeção cilíndrica. Quando os raios projetantes formam um ângulo diferente de 90º, temos
uma projeção cilíndrica oblíqua (figura 44). Quando o ângulo formado pelos raios projetantes
com o plano de projeção é reto (figuras 45 e 46), temos uma projeção cilíndrica ortogonal.
47
Figura 41 – Projeção cilíndrica de um segmento de reta
48
Figura 44 – Projeção cilíndrica oblíqua de um ponto
Como podemos observar, temos diferentes tipos de projeções. Essas têm aplicações
específicas. No Quadro 2, apresentamos algumas das aplicações das projeções.
49
Quadro 2 - Aplicação das projeções
Sistema cotado
50
Na Figura 49, temos uma perspectiva que ilustra a representação de alguns pontos no
sistema cotado. A distância do ponto (A) ao plano está indicada na sua projeção. Observe
que o ponto (C) está sobre o plano de projeção confundido com a sua projeção. Nesse caso, a
sua cota é nula. O ponto (B) está abaixo do plano de projeção e por isso a sua cota é negativa.
Apesar das inúmeras aplicações no estudo de retas, planos e figuras planas, esse
sistema se torna inadequado na representação de sólidos geométricos. Na Figura 50,
apresentamos uma perspectiva que ilustra a representação de dois sólidos diferentes no
sistema cotado. Na Figura 51, temos uma mesma representação para os dois sólidos no
sistema cotado. O que nos leva a concluir que esse sistema não é o mais adequado na
representação de sólidos. Os dois sólidos possuem o mesmo número de pontos, nas mesmas
posições. A diferença entre eles está na forma como os pontos foram ligados.
Na figura 52, apresentamos uma solução para esse problema. Nela foi utilizado um
plano perpendicular ao plano horizontal (4) chamado de (4′). As cotas dos pontos podem ser
determinadas graficamente e correspondem à distância entre o encontro dos planos definida
por uma linha (44′) do ponto que se quer obter a cota. Essa forma de representação, que utiliza
51
dois planos perpendiculares entre si para a representação de uma figura no espaço é chamada
de Sistema Mongeano de representação.
Sistema Mongeano
52
Nas figuras 53 e 54, temos uma perspectiva que apresenta os dois planos usados no
Sistema Mongeano. O encontro desses planos determina uma linha chamada de 6 6’ ou linha
de terra. Essa linha, por sua vez, divide esses planos em semiplanos. Assim, o plano vertical é
dividido em semiplano vertical superior (P.V.S.) e semiplano vertical inferior (P.V.I.) e o plano
horizontal em semiplano horizontal anterior (P.H.A.) e semiplano horizontal posterior
(P.H.P.). Os planos também dividem o espaço em quatro regiões definidas pelos ângulos que
os mesmos formam. Temos assim, o 1º, 2º, 3º e 4º diedros.
Para representar sobre um único plano uma figura, rebatemos o plano vertical sobre o
plano horizontal2.(figura 54). Após o rebatimento, dizemos que temos uma representação em
épura dos planos. Na figura 55, apresentamos a representação em épura, que deve ser
representada de forma simplificada, apenas com a linha de terra, como apresentado na figura
56.
2
Segundo Pinheiro (1988, p. 10), convencionou-se, na geometria descritiva, rebater o plano vertical sobre o
horizontal. Embora, se fosse o contrário, o resultado não sofreria alteração.
53
Na figura 57, apresentamos um sólido no espaço e suas projeções sobre os planos vertical e
horizontal. Na figura 58, temos a representação desse sólido em épura. Observe que na representação
em épura temos todas as medidas do sólido, permitindo dessa forma a sua reprodução. Na mesma figura,
temos a cota e o afastamento de todos os pontos que definem os limites do sólido, bem como a
localização exata no espaço. Temos assim, a distância do sólido ao plano vertical e ao plano horizontal.
Na figura 60, o objeto está no segundo diedro. Nesse caso, temos uma sobreposição da
vista superior com a vista frontal. Este tipo de sobreposição não deve ser desejada, pois
dificulta a compreensão das representações.
Figura 60 – Representação do paralelepípedo retângulo no 2º diedro. Observe que nesse caso há uma
sobreposição das representações, o que torna de difícil interpretação.
3
Imagens criadas pelo autor desse livro com o software Graphic for Mac®. O observador foi criado com o Memoji®
para iPhone®.
55
Figura 61 – Representação no 3º diedro. Há uma inversão na posição das projeções em relação ao 1º
diedro. A projeção sobre o plano horizontal está acima da linha de terra (em épura) e a projeção sobre
o plano vertical está abaixo da linha de terra.
4
Nas normas, utiliza-se o símbolo h no lugar de d. As proporções indicadas foram calculadas em função das
medidas indicadas nas normas.
57
projeções sofrem deformações. Na Figura 68, o segmento (AB) da reta AB é projetado em
verdadeira grandeza (medidas reais sem deformações) no plano horizontal, uma vez que a reta
é paralela a esse plano (MONTENEGRO, 2015) e apresenta a sua projeção sobre o plano
vertical com deformações.
B'
B'
A'
A'
(B)
(A)
A
A B
B
Figura 67 – Representação de uma reta qualquer AB inclinada aos planos horizontal e vertical.
58
B'
A' B'
A'
(B)
(A)
A B
B
Figura 68 – Reta AB paralela aos planos horizontal, chamada de reta horizontal. Nesse caso, a
projeção sobre o plano horizontal não sofre deformação. Quando isso ocorre, dizemos que a reta AB
foi projetada em verdadeira grandeza (VG).
B'
B'
A'
A'
(B)
(A)
B
A B
A
Figura 69 – Reta paralela ao plano vertical, chamada de reta frontal. Temos nesse caso a projeção
sobre o plano vertical em verdadeira grandeza.
59
B'
A' B'
A'
(B)
(A)
B
A B
A
Figura 70 – Reta paralela aos planos vertical e horizontal (reta fronto-horizontal). As suas projeções
sobre os planos de projeções não sofrem deformações.
A' B'
C'
D' (A)
E' F' G' H'
G' (B)
H' (D)
E' (C)
F'
(H)
(E) (G) D E A H
(F)
A
D H
B
E CF BG
C G
F
Figura 71 – Representação de um cubo com as faces paralelas aos planos de projeção. As faces se
projetam em VG, nos planos em que as mesmas estão paralelas. A face (A)(B)(C)(D) se projeta em VG
no plano horizontal e tem a sua projeção sobre o plano vertical reduzida a um segmento.
60
A' B' D' C'
C'
D'
B'
A' (D)
(C)
H' F' E' G' H'
G'
E' (B)
(A)
F' (H)
(E)
D
(F) (G) E
D E H
C
F C H
A
FA B
G
GB
Figura 72 – Representação de um cubo com duas faces paralelas ao plano horizontal. A face
(A)(B)(C)(D) e (E)(F)(G)(H)tem sua projeção sobre o plano horizontal em VG. As demais faces sofrem
reduções em relação aos planos de projeções, pois não estão paralelas a nenhum desses planos.
Plano de perfil
O plano de perfil foi introduzido por Gino Loria. Para compreender a aplicação desse
plano, vejamos as Figuras 73 a 75. Elas apresentam sólidos geométricos diferentes com a
mesma representação em épura (Figuras 74 e 76). Para esses casos, é necessário, além da
utilização do plano vertical e horizontal, a utilização de um outro plano de projeção.
61
Figura 73 – Representação em perspectiva das Figura 74 – Representação em épura de um
projeções de um sólido. sólido.
63
Figura 81 – Representação em perspectiva das projeções de um sólido.
64
Na Figura 82, temos a representação das vistas ortográficas do objeto. Observe que a
aresta não visível foi representada com linha tracejada. As linhas auxiliares devem ser feitas
com traço fino. A vista frontal deve ser a mais expressiva. Uma vez construída a vista frontal,
são utilizadas linhas auxiliares para a construção da vista superior. Utilizando as linhas
auxiliares, partindo-se da vista frontal e da vista superior, constrói-se a vista lateral esquerda
(Figura 82).
Além das linhas não visíveis, quando tivermos sólidos com eixo de simetria, esse deve
ser representado através de uma linha com traços e pontos alternados5 (Quadro 3). Quando se
tratar de peças com furos, o centro dos furos deve também ser representado com o mesmo
tipo de linhas usado para definir o eixo de simetria. Em alguns casos, uma mesma linha é
utilizada para os eixos de simetria e o centro de furos em peças (Quadro 4).
Representação na vista
ortográfica do centro do furo
de um objeto.
Representação na vista
ortográfica do eixo de simetria
vertical de um objeto.
5
De acordo com as normas gerais para desenho técnico que abordam os tipos de linhas (NBR8403/1984), como
também na norma para representação de projetos em arquitetura (NBR6492/1994).
65
Quadro 4 – Representação de eixo de simetria e centro de furo.
66
Figura 83 – Representação das 6 vistas no cubo envolvente.
67
Figura 84 – Rebatimento das 6 vistas nas faces do cubo (1º diedro).
68
Figura 85 – Representação no 1º diedro.
69
Figura 87 – Volumes planificados.
70
Podemos utilizar a malha abaixo para representar as vistas de objetos criados com os
volumes planificados (Figura 88).
71
Na Figura 89, temos um exemplo de aplicação da malha usando os volumes 3, 4 e 5
(Figura 87). Se girarmos essa folha, teremos do lado esquerdo as vistas frontal, superior e
lateral esquerda (1º diedro) e do lado direito, temos a perspectiva isométrica do mesmo objeto.
72
6. Cortes
6
O termo corte possui diferentes significados. No desenho técnico ele é utilizado para
mostrar partes do objeto que se pretende representar que são cortadas e também o interior de
um dado objeto. Muitas vezes, as vistas são insuficientes para representar um dado objeto,
sendo comum recorrer ao corte. No Quadro 5, apresentamos diferentes tipos de cortes.
Corte total
O corte total pode ser simples quando realizado por um único plano de corte ou
composto quando se utiliza mais de um plano.
No plano de corte total simples, temos apenas um plano de corte que corta todo o
objeto. Na Figura 90, temos um tubo de concreto sendo cortado por um plano de corte. Depois
73
temos na Figura 91 a remoção da parte do tubo de um dos lados do plano de corte. Na Figura
92, temos o tubo cortado sem o plano de corte.
As Figuras 90, 91 e 92 foram feitas para ilustrar o processo que resulta no corte. Na
prática, as peças não são cortadas. Representa-se a imagem que se teria, caso se cortasse
mostrando a parte interna do objeto. Na Figura 93, temos a ilustração do desenho desse tubo
com o corte total. O corte, nesse exemplo, está no lugar da vista frontal. Como se trata de uma
peça simples, apenas com o corte e com a vista superior temos informações necessárias para
a representação da peça. Na Figura 94, representamos a peça apenas com o corte e a vista
superior do tubo. Acrescentamos as contas e linhas traço-ponto que indicam o centro do furo
na vista superior e no corte tem a função de indicar o eixo de simetria da peça. A parte cortada
foi desenhada com linha grossa no contorno e com uma hachura. A hachura serve para indicar
as áreas de corte e também materiais utilizados. A NBR:12298 (ABNT, 1995b) indica que essas
devem ser traçadas em linha estreita, conforme o desenhos das Figura 93 e 94.
74
Figura 93 – Representação do tubo (vista superior, corte e Figura 94 – Representação do tubo
vista lateral esquerda). com os elementos necessários.
75
Figura 95 – Vista superior com indicação de 3 planos de cortes e corte AA.
Além dos planos paralelos, podemos ter planos concorrentes e planos sucessivos.
Meio corte
O meio corte é comum em objetos simétricos. Nesse caso, no lugar de dar um corte
total, corta-se um dos lados do eixo de simetria apresentando a vista do outro lado. A Figura
96 ilustra esse caso.
76
Corte parcial
No corte parcial, mostra-se apenas uma parte da região cortada e utiliza-se uma linha
curva para delimitar essa parte cortada. A Figura 97 ilustra um caso de corte parcial.
Seção
No corte, se mostra a região cortada e as linhas não cortadas. Na seção, temos apenas
a região cortada. Apoiando-se no mesmo exemplo do cano de concreto, apresentamos uma
seção desse objeto junto com a vista superior (Figura 98).
77
Figura 98 – Seção e vista superior de um tubo.
Hachura
Hachura Material
Elastômeros, vidros, cerâmicas e rochas
Concreto
Líquido
Madeira
Terra
Uma das formas de escoamento da água em um viveiro de peixe é o monge. Ele deve
ser construído no local mais profundo do viveiro (FARIA, 2013). Na Figura 100, elaboramos
um desenho de um monge, no qual se pode observar o emprego do corte e da hachura para
representar o concreto, o solo, a argila e a madeira.
79
Figura 100 – Desenho de um monge
80
7. Dimensionamento
7
O dimensionamento ou cotagem em um desenho é necessário para, de forma rápida,
informar as principais medidas desse desenho. A NBR 10126 (ABNT, 1987) apresenta como
elementos de cotagem: a cota, a linha de cota, os limites da linha de cota e as linhas auxiliares
(Figura 101).
• Cota – corresponde ao número que está sendo medido. Em um projeto, deve-se indicar na
legenda a unidade que corresponde a esse número, nunca junto à cota. Na Figura 101, o
número 52,35 (cota) pode ser dado em metros, centímetros, milímetros ou outra unidade
de medida. No desenho arquitetônico, se indica essa unidade no carimbo e junto à
indicação do título do desenho. No desenho técnico, em geral, ele fica apenas na legenda.
Linhas auxiliares
As linhas auxiliares servem para delimitar melhor o trecho que está sendo medido.
Devemos obedecer a algumas regras no uso da mesma:
• Devem ser perpendiculares às linhas de cotas (em casos especiais, como na Figura 102,
podem ser representadas obliquamente);
• Mantenha sempre uma pequena distância entre as linhas auxiliares e a linha de contorno
do desenho;
81
• Sempre que possível, evitar o cruzamento das linhas auxiliares com as linhas de cotas;
• As linhas de centro e linhas de contorno não devem ser usadas como linhas de cotas.
Contudo, podem ser usadas como linha auxiliar. Nesse caso, a linha de centro deve
continuar como linha de centro até o contorno do objeto.
Figura 102 – Linha auxiliar inclinada (deve ser sempre que possível ser evitada)
Linhas de cotas
As normas estabelecem algumas regras que devem ser seguidas na construção das
linhas de cotas. As linhas de cotas:
Existem alguns erros mais graves que devem ser evitados. A Figura 105 apresenta
alguns erros de dimensionamento:
• Em 1, as cotas parciais estão mais afastadas do objeto do que a cota total, levando ao
cruzamento das linhas de chamada com a linha de cota;
• Em 2, a linha de cota não está paralela ao elemento cotado;
• Em 3, a linha de cota está sobre a linha do desenho.
As cotas podem, segundo a NBR 10126 (ABNT, 1987), ser limitadas por:
• Uma seta com as laterais formando um ângulo de 15º com a linha de cota. As setas podem
ser:
o Fechadas
o Abertas
• Com traço oblíquo curto e inclinado a 45º.
Exemplificamos na Figura 106 esses limites da linha de cota.
83
Figura 106 – Limite das linhas de cotas.
Deve-se adotar o mesmo tipo de limite para a linha de cota em todo o desenho. Em se
tratando de espaçamentos muito pequenos, a norma permite a adoção de outro tipo de limite
diferente do padronizado no restante do desenho.
Cota
O texto com as medidas que chamamos de cota é usado seguindo algumas orientações
das normas:
• As cotas devem ser desenhadas com uma altura de 3 mm e guardar um espaçamento com
a linha de cota de 1,5 mm.
• Os ângulos são medidos em graus. Contudo, para indicação de caimento de pisos,
inclinação de telhados, rampas, esses devem ser indicados em porcentagem.
• Em um mesmo desenho, as cotas devem ter a mesma unidade (ex. metros) indicada na
legenda.
Métodos de cotagem
1º Método
84
Figura 107 – Posição das cotas para o 1º método.
2º Método
As cotas devem ser lidas na base da folha de papel. As linhas de cotas devem ser
interrompidas de preferência no centro para inserção da cota. Apresentamos nas Figuras 110,
111 e 112 exemplos de aplicação do segundo método.
85
Figura 111 – Cotas em diversas posições. Figura 112 – Cotas para medição de ângulos.
86
8. Perspectiva
8
As vistas ortográficas oferecem uma representação precisa do objeto a ser construído.
Contudo, para compreender essa representação, se faz necessária a interpretação das vistas.
Em muitos casos, quando se pretende mostrar uma ideia para um leigo, sem que seja
necessário esmiuçar os detalhes da peça para a sua posterior construção, se utiliza a
perspectiva. Algumas vezes, ela acompanha as vistas ortográficas como forma de facilitar a
compreensão dessas. Para a representação de um objeto tridimensional sobre o plano do
desenho através da perspectiva, faz-se necessário projetar o objeto sobre o plano do papel. De
acordo com o tipo de projeção utilizada, teremos técnicas de representação diferentes. Dessa
forma, em função do tipo de projeção, podemos ter uma perspectiva cônica, axonométrica e
cavaleira (Quadro 7).
Perspectiva cônica
Nas Figuras 116 e 117, apresentamos dois exemplos que se pode observar em uma
fotografia das convergências para os pontos de fuga. Na Figura 117, podemos observar que as
linhas paralelas indicadas convergem para a linha do horizonte.
88
Figura 116 – Convergência de linhas
Figura 117 – Convergência de linhas paralelas para a
paralelas para um ponto de fuga.
linha do horizonte.
Perspectiva cavaleira
faces.
Na perspectiva cavaleira, a face que está paralela aos planos de projeção não sofre
deformação. No entanto, as demais sofrem deformação.
Na Figura 119, temos as grandezas que são demarcadas a partir do ponto A. Quando
temos dimensões que não são paralelas a um dos eixos, como na Figura 120, procuramos
demarcar os pontos sobre os eixos para obter essas medidas. Na Figura 120, o cubo sofre
deformação na largura e na profundidade, permanecendo com a altura sem deformar. Na
89
Figura 121, apresentamos um cubo com alguns ângulos utilizados na perspectiva cavaleira.
Para cada ângulo, temos uma deformação (Tabela 5). Junto a esses ângulos, temos a
deformação das medidas que estão perpendiculares ao plano de projeção (profundidade do
eixo). Essas deformações são adotadas, pois conferem um melhor efeito visual. A partir do
ponto “A”, são demarcadas as medidas que correspondem à largura, altura e profundidade.
No exemplo da Figura 121, as medidas correspondentes à largura e altura do cubo, não sofrem
deformação, uma vez que o mesmo está com uma das faces paralelas ao plano de projeção. É
preciso distinguir a largura, altura e profundidade do eixo com as medidas das peças, pois nem
sempre a largura, altura e profundidade do eixo correspondem às medidas do objeto
representado, uma vez que depende da forma e posicionamento dessa última em relação ao
plano de projeção.
90
Perspectiva Axonométrica
Figura 122 - projeção de um paralelepípedo com Figura 123 - Duas faces inclinadas em relação ao
uma face paralela ao plano de projeção plano de projeção
Figura 125 – Perspectiva isométrica de um cubo: do lado esquerdo com as mesmas medidas e do lado
direito com a deformação da peça resultante da projeção (fator de redução 0,816).
Quando duas faces se projetam com a mesma deformação, temos uma perspectiva
axonométrica dimétrica.
Para os casos em que as deformações são diferentes para cada face projetada, temos
uma perspectiva axonométrica trimétrica.
92
9. Vistas e
perspectivas
9
Apresentamos a seguir algumas perspectivas de objetos com as medidas. Considere as
unidades em metro.
Peça 2
Peça 1
Peça 3 Peça 4
93
Peça 5
Peça 6
94
Peça 7
95
Peça 9
Peça 8
Peça 10 Peça 11
Peça 13
Peça 12
96
Peça 14
Peça 15
Peça 16
Peça 17
97
Peça 19
Peça 18
Peça 20
98
Peça 21
99
Figura 126 – Representação de uma peça através das 6 vistas e da perspectiva.
100
Figura 127 – Representação das 6 vistas de uma peça em uma folha A4 com legenda.
101
Figura 128 – Representação de uma peça através de 3 vistas em uma folha A4.
102
Figura 129 – Representação de um projeto de um cocho.
103
104
10. O projeto
arquitetônico
10
Algumas normas de desenho técnico se aplicam ao desenho arquitetônico. Contudo,
existem algumas normas que são específicas para o desenho arquitetônico (que é
regulamentado pela NBR 6492/1994). Apresentamos a seguir algumas delas.
Tal como no desenho técnico, o desenho arquitetônico também trabalha com as vistas
ortográficas e com cortes. Na Figura 130, apresentamos a representação de uma casa com a
indicação das vistas usadas no desenho técnico.
105
Na Figura 131, temos um corte no terreno em perspectiva mostrando a frente de uma
edificação. Na Figura 132, temos a representação da fachada dessa edificação. Em relação à
perspectiva que apresentamos, temos algumas diferenças. As portas e janelas na perspectiva
foram representadas abertas. Normalmente elas devem ser representadas fechadas na fachada
e abertas na planta baixa.
106
Em função das dimensões dos desenhos, eles não necessariamente são representados
próximos. Também não são apresentados com uma posição definida entre eles na folha, como
no desenho técnico no qual, para o 3º diedro, a vista frontal deve ficar acima da vista superior
e abaixo da vista inferior. Podemos ter em uma folha a fachada em outra folha, a planta de
coberta. Em projetos pequenos, podemos ter a representação dos elementos principais em
uma única folha.
Além das fachadas e planta de coberta, temos outros desenhos com informações
complementares para a correta representação de um projeto. Entres essas representações,
temos a planta de locação que apresenta a locação da construção no lote. Para tanto, faz-se
necessário indicar os recuos da construção em relação aos limites do lote, ou em caso de
grandes áreas, como em construções rurais, a locação da construção em relação a elementos
existentes no terreno. Na planta de locação, também são indicados o acesso de veículos e
pedestres, o agenciamento do terreno (áreas pavimentadas e áreas verdes), outros elementos
que devem ser mantidos ou fazem parte do projeto, tais como: árvores, açudes e outras
construções existentes.
Em alguns casos, a planta de locação é representada em um único desenho com a
planta de coberta sendo chamada de planta de locação e coberta.
Além da planta de coberta e da fachada, é necessária a apresentação de informações
internas, tais como: número de ambientes e dimensões desses ambientes, alturas internas etc.
Para isso, utiliza-se a representação através de cortes verticais e horizontais. O corte
horizontal é chamado de planta baixa e deve ser tomado a 1,5 m do piso interno da construção.
Além desses elementos apresentados, muitas vezes são necessárias informações
detalhadas de partes da construção. Essas informações são normalmente representadas com
uma redução menor do que os demais elementos do projeto.
Etapas de um projeto
107
econômica, estudo de fluxo de veículos, impacto ambiental etc. Já em projetos mais simples,
esses estudos se reduzem.
De forma simplificada, conforme orienta a NBR 6492/1994 (ABNT, 1994), um projeto
pode apresentar as seguintes etapas:
Temos nesta etapa as informações iniciais que envolvem um texto sobre o projeto,
organogramas, fluxogramas, esboços, esquemas, croquis necessários para apresentação
inicial da proposta.
Nesta etapa, temos um aprofundamento da etapa anterior, com desenhos dando uma
ideia do projeto e orçamentos para avaliar a viabilidade do projeto. Através do desenho,
podemos identificar a proposta com as soluções e com os conceitos apropriados pelo autor do
projeto. Essas informações são necessárias para a aprovação do cliente.
Etapa 3: Anteprojeto
No anteprojeto, temos a definição dos elementos que definem o projeto para uma boa
compreensão do mesmo, à aprovação pelo cliente e pelos órgãos oficiais.
Elementos de um projeto
• Programa de necessidades;
• Memorial justificativo;
• Discriminação técnica;
• Especificação;
• Lista de materiais;
• Orçamento.
As peças gráficas são indicadas no Quadro 8.
Ordem de apresentação
1. Planta de situação;
2. Planta de locação ou implantação;
3. Plana de coberta;
4. Planta baixa;
5. Cortes;
6. Fachadas;
7. Detalhes construtivos.
109
Prancha
110
11. Representação do
projeto arquitetônico
11
Apresentamos nesta parte uma descrição mais detalhada dos elementos mais
relevantes da parte gráfica de um projeto. Um projeto de edificação deve procurar atender às
normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Em relação ao desenho
arquitetônico, a norma em vigor é de 1994 que trata-se da NBR 6492: Representação de
projetos de arquitetura (ABNT, 1994).
Planta de situação
Planta que deve apresentar a localização do terreno necessário para sua aprovação. Em
função do projeto, podem conter informações que indiquem a sua finalidade. Em grandes
áreas de terras serve também para localizar a construção na propriedade rural. Escalas usuais
na planta de situação são 1/500, 1/1000 e 1/2000. O porte do projeto e as dimensões dos
terrenos podem indicar a necessidade de utilização de outras escalas.
Na planta de situação, devem constar (algumas dessas informações constam na
NBR6492 e outras que complementamos):
112
Figura 134 – Planta de situação de uma área rural.
113
A NBR6492/1994 indica um conjunto de informações que devem constar na planta de
situação. Acrescentamos outras informações complementares que achamos pertinentes.
Dessa forma, na planta de locação devem constar:
• Eixos do projeto;
• Amarração dos eixos do projeto a um ponto de referência.
Esses últimos consideram que o projeto foi definido por eixos. Contudo, também é
comum a elaboração de projetos de arquitetura com a definição das cotas sem ser por eixo.
Nesse último caso, não faria sentido essa indicação.
Na Figura 135, apresentamos um exemplo de planta de locação e planta de coberta.
Neste exemplo, temos a indicação à esquerda da via de acesso e portões de veículo e de
pedestre. Foram indicados dois níveis: o da calçada (cota 0,00) e do piso no jardim (cota 0,30).
Os recuos dos limites do terreno são: 1,65 m e 1,55 (recuos laterais), 5,00 m (fundos) e 6,85 m
(frente). Na coberta, temos uma inclinação de 25 % nas duas águas do telhado. Com linhas
tracejadas, temos a indicação do contorno da edificação e do piso e degraus sob a coberta. Foi
indicado com um triângulo o espaço ocupado pelo veículo. A escala indicada é de 1/100,
embora o desenho esteja fora dessa escala. O número 2 indica que é o segundo desenho na
prancha.
Na Figura 136, temos um exemplo de planta de locação e coberta de um projeto voltado
à produção de peixes que elaboramos e desenhamos para exemplificar.
114
Figura 135 – Planta de locação e coberta (fora de escala).
115
Planta de edificação ou planta baixa
• Indicação do norte;
• Indicação dos cortes e fachadas;
• Indicação de referência a detalhes, quando necessários;
• Representação dos eixos do projeto;
• Sistema estrutural;
• Apresentação de todas as contas necessárias à sua construção;
• Indicação de diversos elementos como:
o Fechamentos internos e externos;
o Acesso;
o Circulação vertical e horizontal;
o Portas, janelas com suas codificações;
o Representação de projeções, como projeção da coberta e outros elementos que se
fizerem necessários.
Uma escala muito usada nas plantas baixas é 1/50. Na Figura 137, apresentamos um
exemplo de planta baixa (ela foi feita na escala de 1/75. Contudo, essa escala foi alterada ao
inserir na página do livro).
116
Figura 137 – Planta baixa de um quiosque com quarto, banheiro e terraço.
Uma outra forma de demarcar as cotas é através dos eixos horizontais e verticais. Nesse
caso, os eixos são marcados no centro das estruturas e alvenarias. Na Figura 138, temos um
exemplo de uma planta baixa com este tipo de marcação. Trata-se de um projeto de criação
de peixes (sem escala). Na página 119, temos a planta baixa de um projeto arquitetônico de
um escritório. Apresentamos esse desenho em uma escala muito usual em projetos
arquitetônicos, trata-se da escala de 1/50
117
Figura 138 – Planta baixa de construção que faz parte de um projeto de criação de peixes.
118
E
RT
ACESSO
NO
PRINCIPAL + 0,25
2
3
4
1
5.90
1.00
0.15 0.70
0.50
J2
0.50
VARANDA P = 0,70
0,90 x 1,40
0,90 x 2,10
+ 0,55
1.00
2
1
0.15
P2
ADM
PROJEÇÃO DO BEIRAL
4.35
+ 0,60
CUMEEIRA
LINHA DA
2.85
6.15
RECEPÇÃO
P3
0,80 x 2,10
0,70 x 2,10
0.15
P3
COPA
P = 1,70
P1
B.W.C. 1
1
0.15 1.35
1,00 x 1,20
3 3
1,35 x 0,40
J1
P = 0,90
J3
0.70
PLANTA BAIXA
2
3
1 ESCALA : 1/50
Na Figura 139, temos a planta baixa de um pequeno escritório (vamos chamar de
escritório A) para administração de uma pequena propriedade de terra. As cotas desta planta
baixa estão marcadas nos eixos horizontais e verticais
Figura 139 – Planta baixa de um escritório com marcação das cotas em eixos horizontais e verticais.
120
Figura 140 – Perspectiva do escritório A.
Figura 141 – Corte horizontal em uma perspectiva para dar uma ideia da planta baixa do escritório A.
121
Corte
122
Figura 143– Corte 1 (perpendicular à linha da cumeeira).
Na planta baixa da Figura 139 temos dois cortes. O primeiro corte é o corte 1 da folha
3. O segundo corte é o corte 2 da folha 3. Na indicação do corte, além da folha onde está o
desenho, temos também uma seta que indica o sentido do corte. Para ilustrar a mudança no
desenho ao alterarmos o sentido da seta, ilustramos na Figura 143 o corte 1 da folha 3, sendo
representado em perspectiva. Para o caso da seta estar orientada no sentido contrário,
teríamos a mudança para a imagem que representamos em perspectiva na Figura 144.
123
Figura 144 - – Corte com sentido contrário ao corte 1.
Na Figura 145, ilustramos o corte 2 da folha 4 (indicado na planta baixa da figura 139)
em perspectiva.
124
Figura 146– Corte 2 (paralelo à linha da cumeeira).
Segundo a NBR 6492:1994 (ABNT, 1994), nos cortes devem ser indicados: símbolos de
acordo com essa norma, eixos do projeto, o sistema estrutural, as cotas verticais (as
horizontais são indicadas nas plantas); as cotas de nível; os principais elementos do projeto.
125
Esses elementos do projeto incluem: a cobertura, as paredes e fechamentos, as circulações
verticais e horizontais, forros, forma de captação das águas, escalas. Essa norma também
indica a marcação dos cortes. Contudo, achamos desnecessário, em muitos casos, uma vez que
os mesmos estão indicados nas plantas. Também deve-se indicar o nome dos compartimentos
que aparecem nos cortes. A inclinação da coberta e da calha quando cortados devem ser
indicadas.
Fachadas
Na Figura 149, temos a fachada 1 da folha 4 (indicada na planta baixa da Figura 139)
da forma como deveria ser desenhada (ela está representada fora de escala).
6
No desenho técnico, as vistas frontal, lateral e posterior poderiam ser comparadas às fachadas. Apesar disso,
existe uma série de especificidades em cada um desses desenhos que impedem essa comparação.
126
Figura 149 – Fachada 1 da folha 4.
Na Figura 150, temos uma perspectiva que nos dá uma ideia da fachada 2 da folha 4
(indicado na planta baixa).
127
Na Figura 151, temos a fachada 2 da folha 4 da forma como deveria ser desenhada (ela
está representada fora de escala).
128
DESENHO TÉCNICO A - CONVENÇÕES DE DESENHO - ESCALA 1/50
12mm
N NM
3% 3%
ACESSO
PRINCIPAL SÓ PARA
TELHADOS
EM PLANTA
INCLINAÇÃO DE TELHADOS,
NORTE VERDADEIRO NORTE MAGNÉTICO ACESSO PRINCIPAL CAIMENTOS, PISOS, ETC.
Nº DO DESENHO
NA FOLHA
ALTURA 5 mm 1
1 1 2
2 2
1
NÚMERO DA FOLHA 2
ONDE ESTÁ O DESENHO
ALTURA DO NÚMERO 3mm
12 mm
PLANTA BAIXA
0,90 x 2,10
P = 1.00
1,80 x 1,10
1 ESCALA : 1/75
ALTURA DO PEITORIL
LETRAS H= 3 MM
ALTURA 3mm
LARGURA X ALTURA LARGURA X ALTURA
12 mm LETRAS H= 3 MM
LETRAS H= 3 MM
LINHAS DE REPRESENTAÇÃO
DESENHO TÉCNICO A - CONVENÇÕES DE DESENHO - ESCALA 1/50
TETO
VERGA
BANDEIRA
PISO
P1
P1
0,90 x 2,10
0,90 x 2,10
PLANTA BAIXA PLANTA BAIXA
P1
P1 CORRE CORRE CORRE
1,80 x 2,10
3,00 x 2,10
VERGA
TETO
VERGA
VIDRO VIDRO
PEITORIL
PEITORIL
PISO
CORTE CORTE
CORTE CORTE
J1
P = 1.55 J1
1.20 x 0.55
P = 1.00
1,80 x 1,10
PLANTA BAIXA
PLANTA BAIXA
J1
J1 CORRE CORRE CORRE
P = 1.00 P = 1.00
1,80 x 1,10
3,00 x 1,10
JANELA BAIXA DE CORRER COM 2 FOLHAS JANELA BAIXA DE CORRER COM 4 FOLHAS
DESENHO TÉCNICO A - CONVENÇÕES DE DESENHO - ESCALA 1/50
BACIA BIDÊ
VARIÁVEL
PLANTA BAIXA PLANTA BAIXA
(VISTA SUPERIOR BALCÃO) (VISTA SUPERIOR TANQUE)
Dados do projeto:
1. Dados gerais
• Prancha 1/4 – Contém a planta de situação (Esc. 1/1000) e a planta de locação e coberta
(Esc. 1/100).
• Prancha 2/4 – Contém a planta baixa (Esc. 1/50).
• Prancha 3/4 – Contém 2 cortes, representados na escala de 1/50
• Prancha 4/4 – Contém 2 fachadas, representadas na escala de 1/50.
Poderíamos também representar, deixando espaços bem reduzidos em duas folhas A2
(como indicamos na página 135 e 136).
3. Legenda
Apresentamos alguns dados para a legenda deste projeto.
133
• Nome da empresa responsável pelo projeto. Por exemplo: Almeida Projetos e Consultoria
em Pesca.
• PROJETO:
o Projeto de construção de uma residência, lote 12 da quadra P, na rua da Saudade,
número 30, Casa Verde no município de Cana Verde, Pernambuco.
o USO: Residência unifamiliar
• DESENHO: PLANTA DE SITUAÇÃO E PLANTA DE LOCAÇÃO E COBERTA (Para a prancha
1/4)
• ESCALA: devem estar indicadas as escalas dos desenhos apresentados na folha.
• UNIDADE: M (abreviatura de metro)
• ÁREAS: terreno: calcular a área do terreno; construção (área da edificação); coberta (área
da coberta da edificação) e solo natural (área não construída e não pavimentada no lote).
• OBS.: Espessura das paredes internas e do muro = 0,15 m.
Para o cálculo da coberta, deve-se tomar algumas decisões, tais como: definir a altura
do pé direito, o tipo de coberta e a sua inclinação. O ponto mais baixo no interior da residência
é definido pelo pé direito. A altura do pé direito é resultante das necessidades do projeto, de
normas e legislação própria. Em uma área urbana, a prefeitura pode definir como 2,6 m para
uma residência. Em uma garagem de uma fazenda, essa altura deve ser adequada para que se
possa guardar por exemplo um trator. A tecnologia da coberta também vai indicar qual é a
inclinação mínima do telhado, de modo a evitar o acúmulo de água e goteiras.
Apresentamos nas próximas páginas a representação do projeto em duas folhas de A2
e em seguida cada desenho em separado que compõe esse projeto.
134
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
5,00
0,58
1,65
1,88
A A
1.50
01 02 ACESSO
3,00
VEÍCULO
QUADRA F
03 04
QUADRA E
6,80
10.00
1,00
05 06
B B
07 08
2,00
ACESSO
1,55
QUADRA H QUADRA G
6,85 9,50 3,65
C 20.00 C
2
2
D 9.50 D
0.60 0.15 7.40 0.15 1.65 0.15 0.60
PROJEÇÃO DO BEIRAL
NO
0.60
0.60
RT
E
1,20 x 1,10
LAV.
1.15
J1
0.15
P1
+ 0,50
P = 1,00
E E
P = 1,00
0,90 x 2,10
SALA
0.15
3.55
1,50 x 1,10
J2
2
3
0.15
3.70
LINHA DA CUMEEIRA
6.80
6.80
1,60 x 2,10
Abre
F F
COZINHA
ACESSO P2 0,70 x 2,10
P3
0.15
CIRC.
2.45
QUARTO P3
1 1
2 B.W.C. 2
P = 1,60
1.50
1 1,50 x 0,50
G G
TERRAÇO
P = 1,00
J3
J1
0.60 0.50
0.60 .05
PROJEÇÃO DO BEIRAL
0.15 0.15 0.15 0.15
0.60 1.85 4.35 2.70 0.60
2
4
2
H PLANTA BAIXA H
2
3 ESCALA : 1/75
LEGENDA
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 A2
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
.675
A A
1.625
1.625
0.50
1.45
0.50
4,225
0.50
2.60
2.60
B B
2.10
1.70
+ 0,45 + 0,50 + 0,45 + 0,40
.40
0.50
0.45 .05
.11 .34 .05
CORTE
1 ESCALA : 1/50
C C
D D
E E
CORTE FACHADA
2 ESCALA : 1/50
3 ESCALA : 1/50
F F
G G
H H
FACHADA
4 ESCALA : 1/50
LEGENDA
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 A2
01 02
QUADRA F
03 04
QUADRA E
05 06
10,00
20,00
07 08
15,00
12,00
QUADRA H QUADRA G
PLANTA DE SITUAÇÃO
1 ESCALA : 1/1000
5.00
0.58
1.65
1.88
3.00
ACESSO
3.00
VEÍCULO
6.80
10.00
1.00
2.00
ACESSO
PEDESTRE
1.00 4.00 1.00
1.55
20.00
PROJEÇÃO DO BEIRAL
NO
0.60
0.60
RT
E
1,20 x 1,10 LAV.
J1 1.15
0.15
P1
+ 0,50
P = 1,00
P = 1,00
0,90 x 2,10
SALA
0.15
3.55
1,50 x 1,10
J2
2
3
0.15
3.70
LINHA DA CUMEEIRA
6.80
6.80
1,60 x 2,10
Abre
COZINHA
2.45
QUARTO P3
1 1
2 B.W.C. 2
P = 1,60
1.50
1 1,50 x 0,50
TERRAÇO
P = 1,00
J3
J1
0.60 0.50
0.60 .05
PROJEÇÃO DO BEIRAL
0.15 0.15 0.15 0.15
0.60 1.85 2 4.35 2.70 0.60
4
2
PLANTA BAIXA 2
3 ESCALA : 1/75
4,225
0.45 .05 2.60 1.625
.11 .34 .05 2.10 0.50 1.625
1
+ 0,45
ESCALA : 1/50
CORTE
1. Dados gerais
3. Dados da legenda
• Nome da empresa responsável pelo projeto. Por exemplo: Almeida Projetos e Consultoria
Agropecuária.
• PROJETO:
145
o Projeto de construção de uma casa de vegetação no lote 28 da quadra G, na rua dos
Engenheiros da UFRPE, número 30, Casa Verde, na cidade de Cana Verde,
Pernambuco.
• USO: produção de mudas de árvores frutíferas e essências florestais;
• DESENHO: planta de situação e planta de locação e coberta (para a prancha 1/4);
• ESCALA: listar as escalas dos desenhos apresentados na folha;
• UNIDADE: M (abreviatura de metro);
• ÁREAS: terreno: calcular a área do terreno, construção (área da edificação), coberta (área
da coberta da edificação), solo natural (área não construída e não pavimentada no lote).
• OBS.: espessura das paredes baixas internas e do muro = 0,15 m
Apresentamos nas páginas seguintes, na ordem de apresentação de um projeto, os
desenhos das peças gráficas que compõem esse projeto.
146
24 25
QUADRA G
26 27
28 29
12,00
QUADRA F
20,00
30 31
15,00
RUA DA PAZ
12,00
QUADRA H QUADRA I
PLANTA DE SITUAÇÃO
1 ESCALA : 1/500
ÁREA VERDE 135,9 M2 2.00
2.3
ACESSO
1.0
PEDESTRE
35 %
8.00
12.00
35 %
2.00
NO
20.00
R TE
PLANTA DE LOCAÇÃO E COBERTA
2 ESCALA : 1/125
NO
RT
E
3
1
11.65
0.25 0.25 0.25
0.70 0.25 2.60 2.60 2.60 2.60 0.25 0.70
PROJEÇÃO DO BEIRAL
0.20
0.70
0.70
ACESSO
PRINCIPAL
0.25
1,00 x 2,10 + 0,50
0.25
1.00
P1
1.00
0.70
0.10
3,625
0.90
2,525
4
1
0.70
PROJEÇÃO DA LINHA DA CUMEEIRA
8.00
1.00
0.25
0.25
0.70
2 2
0.90
3 0.20 1.60 3
3,625
3,625
0.70
1.00
0.25
0.25
0.70
0.70
0.20
3
1
PLANTA BAIXA 2
1 ESCALA : 1/75 4
CUMEEIRA
TERÇA
CALÇO
CAIBRO
FRECHAL
ORA
0.3
ESC
PE RNA
LINHA
1.6
TELA EM NYLON
0.5 0.9
3
CORTE 3
1 ESCALA : 1/50
TESOURA - DIMENSÕES
LINHA = 8 x 15 ESCORA = 8 x12
PENDURAL = 8 x15 CAIBROS = 5 x 5
PERNA = 8 x 18 TERÇA (FRECHAL E LINHA) = 8 x 20
OBS.: MEDIDAS EM CENTÍMETROS
MESA EM
CONCRETO
0.10
0.05
0.70
CORTE DETALHE
2 ESCALA : 1/75 3 ESCALA : 1/25
FACHADA
1 ESCALA : 1/75
FACHADA
2 ESCALA : 1/75
14. Projeto comedouro
para bovinos de corte
14
Este projeto trata-se de uma instalação simples para alimentação de bovinos de corte.
PEREIRA (1986) esclarece que esse tipo de instalação pode ser feita para oferecer proteção
contra chuvas e raios solares. Ela foi projetada com estrutura com pilares em concreto armado
e coberta com estrutura de tesoura de madeira e telhas do tipo canal. A inclinação da coberta
utilizada foi de 30%.
1. Dados gerais
3. Dados da legenda
• Nome da empresa responsável pelo projeto. Por exemplo: Almeida Projetos e Consultoria
Agropecuária.
• PROJETO:
o Projeto de construção de um comedouro para bovinos de corte localizado na
Fazenda do Gado Gordo, na estrada do Brejo, no município de Pau Brasil,
Pernambuco.
• USO: alimentação de bovinos de corte;
• DESENHO: planta de situação, planta de locação e coberta, planta baixa, corte, fachada;
• ESCALA: listar as escalas dos desenhos apresentados na folha;
153
• UNIDADE: M (abreviatura de metro);
• ÁREAS: terreno: calcular a área de construção e da coberta
Na próxima página, apresentamos a representação do projeto em uma única folha. E
nas páginas seguintes, na ordem de apresentação de um projeto, os desenhos que compõem
esse projeto.
154
N
ESTRADA DO BREJO
2.20 6,00
FAZENDA
DO COCHO
18
GADO MAGRO
FAZENDA DO GADO GORDO
18,5
19
20,5
20 20 19,5 19,0
PLANTA DE SITUAÇÃO
1 ESCALA : 1/500
20
19,5
20
1.75
2.00
30 %
30 %
18
18,5
19
1
4
9.20
PROJEÇÃO DO BEIRAL
0.60
0.70
0.10
0.20
2.00
PROJEÇÃO TESOURA
PROJEÇÃO TESOURA
PROJEÇÃO TESOURA
PROJEÇÃO TESOURA
0.10
COCHO COCHO
LINHA DA CUMEEIRA PARA PARA BEBEDOURO
4.60
0.80
5.00
VOLUMOSOS MINERAIS
0.10
2.00
+ 20,20
0.20
0.10
0.70
0.60
0.20 0.20 0.20 0.20
0.70 2.70 2.80 2.70 0.70
PLANTA BAIXA
1
4
5
3 ESCALA : 1/50 1
COBERTA COM
TELHA CANAL TESOURA EM MADEIRA
INCLINAÇÃO =30 %
1.05
2.80
PILARES EM
CONCRETO ARMADO
0,4 0.20
0.20
0.20
CORTE
4 ESCALA : 1/50
FACHADA
5 ESCALA : 1/100
Referências
FARIA, Regina Helana Sant’Ana de. Manual de criação de peixes em viveiro. Brasília:
Codevasf, 2013.
MONTENEGRO, Gildo A. Geometria descritiva. 2. ed. revista e ampliada. São Paulo: Edgard
Blucher, 2015.
PEIXOTO, Virgílio Vieira. SPECK, Henderson José. Manual básico de desenho técnico.
Florianópolis Editora da UFSC, 1997.
161
PINHEIRO, Virgílio Athayde. Noções de geometria descritiva. Rio de Janeiro: Ao Livro
Técnico, 1988.
SOUZA, Cícero (Celso) Monteiro de. Geometria descritiva o método das projeções
cotadas; o Sistema Mongeano de Representação (complementação). 3. ed. Recife: Imprensa
Universitária - UFRPE, 2002. 167p.
162