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RODOLFO SOUZA

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RAPHAEL CÉSAR INSTITUTO RODOLFO SOUZA
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GRACE SHELEM R. LAGARES ESCRITÓRIO

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GRÁFICA E EDITORA AMÉRICA LTDA WHATSAPP

Rodolfo Souza é formado em Direito (UFG) e Gestão em


Segurança Pública (UEG) e atua há mais de dez anos
como educador. Em sua trajetória de 17 anos na Polícia
Militar do Estado de Goiás, conquistou mais de 50 elogios
policiais, algumas medalhas de destaque e uma promo-
ção por ato de bravura. Como professor, foi responsável
pela aprovação de milhares de candidatos em concursos
na área de segurança pública.

O Instituto Rodolfo Souza é o maior preparatório para concursos em carreiras policiais do


Centro-Oeste e está entre os maiores do Brasil, com milhares de alunos matriculados.

O sistema de ensino conta com aulas presenciais e em vídeo, aulas de nivelamento, simulados,
transmissões ao vivo e todo o material de estudo disponível Em plataforma online.

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Fala, Galerinha do Brasil!

Aqui é o Professor e policial militar de Goiás, Rodolfo


Souza, escrevo-lhes para apresentar nossa Coleção
de Vade-mécum para concursos de carreiras poli-
ciais.

Se você é nosso aluno, você já sabe o quanto valori-


zamos a leitura da lei seca. No mundo dos concursos
públicos, falamos muito sobre o tripé da aprovação,
composto por: aulas teóricas, leitura da lei seca e
resolução de exercícios.

Pensando nisso, decidi fornecer a vocês este incrível


vade-mécum de Carreiras Policiais elaborado, feito
sob medida e a partir dos principais editais. Espero
que você faça bom uso, tenha-o sempre com você na
hora dos estudos.

Ah, e tem mais, é importante esclarecer que este va-


de-mécum foi atualizado até a data de 15.02.2021.
Portanto, saímos à frente mais uma vez e estamos em
dia com as atualizações legislativas.

Por fim, se você está lendo este material e ainda não é


nosso aluno, quero convidá-lo a fazer parte do nosso
legado, conheça nossos cursos, nosso time de pro-
fessores e o Instituto que mais aprova no Brasil:
INSTITUTO RODOLFO SOUZA.

Que sua aprovação venha tão rápida quanto a sua dedi-


cação, encontro você na Polícia, futuro policial!

Bons estudos.

Acesse e saiba mais sobre nosso curso:


Rodolfo Souza
https://institutorodolfosouza.com.br/
Professor e Policial Militar de Goiás

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ÍNDICE

DIREITO CONSTITUCIONAL............................................................................................7

CONSTITUIÇÃO FEDERAL 1988.................................................................................................................7


ADCT - ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS....................................................97
DIREITO PENAL......................................................................................................125

CÓDIGO PENAL......................................................................................................................................125
DIREITO PROCESSUAL PENAL.....................................................................................185

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL.............................................................................................................185


DIREITO PENAL MILITAR...........................................................................................273

CÓDIGO PENAL MILITAR.......................................................................................................................273


DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR..........................................................................333

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL MILITAR..............................................................................................333


DIREITO ELEITORAL.................................................................................................433

CÓDIGO ELEITORAL...............................................................................................................................433
DIREITO ADMINISTRATIVO.........................................................................................489

ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL - LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990...........489


LEI DE PROCESSO ADMINISTRATIVO FEDERAL - LEI Nº 9.784 , DE 29 DE JANEIRO DE 1999.............525
LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA - LEI Nº 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992.............................533
LEI DE LICITAÇÕES - LEI Nº 8.666, DE 21 DE JUNHO DE 1993.............................................................539
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE......................................................................................575

LEI DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS - DECRETO-LEI Nº 3.688, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941...............575


LEI DE IDENTIFICAÇÃO PESSOAL - LEI Nº 5.553, DE 6 DE DEZEMBRO DE 1968.................................582
LEI DE EXECUÇÃO PENAL - LEI Nº 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984..................................................582
LEI DOS CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
LEI NO 7.492, DE 16 DE JUNHO DE 1986..............................................................................................609
LEI DOS CRIMES RESULTANTES DE PRECONCEITO DE RAÇA OU DE COR
LEI Nº 7.716, DE 5 DE JANEIRO DE 1989...............................................................................................612
LEI DE PRISÃO TEMPORÁRIA - LEI Nº 7.960, DE 21 DE DEZEMBRO DE 1989......................................614
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - LEI Nº 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990.....................615

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990...................633
LEI DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA - LEI Nº 8.137, DE 27 DE DEZEMBRO DE 1990.....684
LEI DOS CRIMES HEDIONDOS – LEI Nº 8.072, DE 25 DE JULHO DE 1990..........................................687
LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS
LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE 1995.........................................................................................690
LEI DE INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA - LEI Nº 9.296, DE 24 DE JULHO DE 1996...............................700
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO - LEI Nº 9.503, DE 23 DE SETEMBRO DE 1997............................702
LEI DOS CRIMES DE TORTURA E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS
LEI Nº 9.455, DE 7 DE ABRIL DE 1997....................................................................................................769
LEI DOS CRIMES AMBIENTAIS - LEI Nº 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998....................................770
LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS NO ÂMBITO DA JUSTIÇA FEDERAL
LEI Nº 10.259, DE 12 DE JULHO DE 2001..............................................................................................781
ESTATUTO DO IDOSO - LEI NO 10.741, DE 1º DE OUTUBRO DE 2003..................................................785
ESTATUTO DO DESARMAMENTO - LEI NO 10.826, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2003.............................800
LEI MARIA DA PENHA - LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006......................................................809
LEI DE DROGAS - LEI Nº 11.343, DE 23 DE AGOSTO DE 2006..............................................................818
LEI DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA - LEI Nº 12.850, DE 2 DE AGOSTO DE 2013.................................839
LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE - LEI Nº 13.869, DE 5 DE SETEMBRO DE 2019..................................846
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS.........................................................................852
LEGISLAÇÃO DE GOIÁS.............................................................................................855

ESTATUTO DOS POLICIAIS-MILITARES DO ESTADO DE GOIÁS


LEI Nº 8.033, DE 02 DEZEMBRO DE 1975..............................................................................................855
ESTATUTO DOS BOMBEIROS MILITARES DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS
LEI Nº 11.416, DE 05 DE FEVEREIRO DE 1991.......................................................................................874
CÓDIGO DE ÉTICA E DISCIPLINA DOS MILITARES DO ESTADO DE GOIÁS
LEI Nº 19.969, DE 11 DE JANEIRO DE 2018...........................................................................................896
ESTATUTO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DO ESTADO DE GOIÁS, DAS AUTARQUIAS
E FUNDAÇÕES PÚBLICAS ESTADUAIS - LEI Nº 20.756, DE 28 DE JANEIRO DE 2020..........................917
SÚMULAS DO STF E STJ............................................................................................978

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.............................................................................................................978


SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA........................................................................................................983

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DIREITO CONSTITUCIONAL

II - garantir o desenvolvimento nacional;


CONSTITUIÇÃO FEDERAL 1988 III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
desigualdades sociais e regionais;
PREÂMBULO
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas
Assembléia Nacional Constituinte para instituir um de discriminação.
Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício
dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segu- Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas
rança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
a justiça como valores supremos de uma sociedade I - independência nacional;
fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na
harmonia social e comprometida, na ordem interna e II - prevalência dos direitos humanos;
internacional, com a solução pacífica das controvér- III - autodeterminação dos povos;
sias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO IV - não-intervenção;
BRASIL. V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
TÍTULO I
Dos Princípios Fundamentais VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela
IX - cooperação entre os povos para o progresso da
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Dis-
humanidade;
trito Federal, constitui-se em Estado Democrático de
Direito e tem como fundamentos: X - concessão de asilo político.
I - a soberania; Parágrafo único. A República Federativa do Brasil bus-
cará a integração econômica, política, social e cultural
II - a cidadania
dos povos da América Latina, visando à formação de
III - a dignidade da pessoa humana; uma comunidade latino-americana de nações.
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
TÍTULO II
V - o pluralismo político. Dos Direitos e Garantias Fundamentais
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o
exerce por meio de representantes eleitos ou direta- CAPÍTULO I
mente, nos termos desta Constituição. DOS DIREITOS E DEVERES
INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmô-
nicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
Federativa do Brasil: aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; propriedade, nos termos seguintes:

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I - homens e mulheres são iguais em direitos e obriga- resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao
ções, nos termos desta Constituição; exercício profissional;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer XV - é livre a locomoção no território nacional em tem-
alguma coisa senão em virtude de lei; po de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da
lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento
desumano ou degradante; XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem ar-
mas, em locais abertos ao público, independentemente
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo veda-
de autorização, desde que não frustrem outra reunião
do o anonimato;
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
agravo, além da indenização por dano material, moral
XVII - é plena a liberdade de associação para fins líci-
ou à imagem; 
tos, vedada a de caráter paramilitar;
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença,
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religio-
cooperativas independem de autorização, sendo vedada
sos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais
a interferência estatal em seu funcionamento;
de culto e a suas liturgias;
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de
dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por deci-
assistência religiosa nas entidades civis e militares de
são judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito
internação coletiva;
em julgado;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a
crença religiosa ou de convicção filosófica ou política,
permanecer associado;
salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a
todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alterna- XXI - as entidades associativas, quando expressamente
tiva, fixada em lei; autorizadas, têm legitimidade para representar seus fi-
liados judicial ou extrajudicialmente;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artísti-
ca, científica e de comunicação, independentemente de XXII - é garantido o direito de propriedade;
censura ou licença; XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapro-
e a imagem das pessoas, assegurado o direito a inde- priação por necessidade ou utilidade pública, ou por
nização pelo dano material ou moral decorrente de sua interesse social, mediante justa e prévia indenização em
violação; dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Consti-
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém tuição;
nela podendo penetrar sem consentimento do morador, XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade
salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para competente poderá usar de propriedade particular, as-
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação segurada ao proprietário indenização ulterior, se houver
judicial; dano;
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das co- XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em
municações telegráficas, de dados e das comunicações lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, de penhora para pagamento de débitos decorrentes de
nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios
de investigação criminal ou instrução processual penal; de financiar o seu desenvolvimento;
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de
profissão, atendidas as qualificações profissionais que utilização, publicação ou reprodução de suas obras,
a lei estabelecer; transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:

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a) a proteção às participações individuais em obras d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos
coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, contra a vida;
inclusive nas atividades desportivas; XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômi- pena sem prévia cominação legal;
co das obras que criarem ou de que participarem aos XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o
criadores, aos intérpretes e às respectivas representa- réu;
ções sindicais e associativas;
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos indus- dos direitos e liberdades fundamentais;
triais privilégio temporário para sua utilização, bem
como proteção às criações industriais, à propriedade XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável
das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos
distintivos, tendo em vista o interesse social e o desen- da lei;
volvimento tecnológico e econômico do País; XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insusce-
XXX - é garantido o direito de herança; tíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no os definidos como crimes hediondos, por eles respon-
País será regulada pela lei brasileira em benefício do dendo os mandantes, os executores e os que, podendo
cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes evitá-los, se omitirem;
seja mais favorável a lei pessoal do “de cujus”;
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa ação de grupos armados, civis ou militares, contra a
do consumidor; ordem constitucional e o Estado Democrático;
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado,
informações de seu interesse particular, ou de interes- podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação
se coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da do perdimento de bens ser, nos termos da lei, esten-
lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas didas aos sucessores e contra eles executadas, até o
cujo sigilo seja imprescindível à segurança da socieda- limite do valor do patrimônio transferido;
de e do Estado;
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adota-
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente rá, entre outras, as seguintes:
do pagamento de taxas:
a) privação ou restrição da liberdade;
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa
de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; b) perda de bens;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, c) multa;
para defesa de direitos e esclarecimento de situações d) prestação social alternativa;
de interesse pessoal;
e) suspensão ou interdição de direitos;
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judi-
ciário lesão ou ameaça a direito; XLVII - não haverá penas:

XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
jurídico perfeito e a coisa julgada; termos do art. 84, XIX;

XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; b) de caráter perpétuo;

XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a or- c) de trabalhos forçados;


ganização que lhe der a lei, assegurados: d) de banimento;
a) a plenitude de defesa; e) cruéis;
b) o sigilo das votações; XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos dis-
c) a soberania dos veredictos; tintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o
sexo do apenado;

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XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade sáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial;
física e moral; LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela
L - às presidiárias serão asseguradas condições para autoridade judiciária;
que possam permanecer com seus filhos durante o pe- LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido,
ríodo de amamentação; quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o natu- fiança;
ralizado, em caso de crime comum, praticado antes LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do
da naturalização, ou de comprovado envolvimento em responsável pelo inadimplemento voluntário e inescu-
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma sável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
da lei;
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que al-
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por guém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência
crime político ou de opinião; ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegali-
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão dade ou abuso de poder;
pela autoridade competente; LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para pro-
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus teger direito líquido e certo, não amparado por habeas
bens sem o devido processo legal; corpus ou habeas data, quando o responsável pela ile-
galidade ou abuso de poder for autoridade pública ou
LV - aos litigantes, em processo judicial ou adminis-
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições
trativo, e aos acusados em geral são assegurados o
do Poder Público;
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos
a ela inerentes; LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser im-
petrado por:
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas
por meios ilícitos; a) partido político com representação no Congresso
Nacional;
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito
em julgado de sentença penal condenatória; b) organização sindical, entidade de classe ou asso-
ciação legalmente constituída e em funcionamento há
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a
pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus
identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas
membros ou associados;
em lei;
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação
que a falta de norma regulamentadora torne inviável o
pública, se esta não for intentada no prazo legal;
exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e
processuais quando a defesa da intimidade ou o inte- à cidadania;
resse social o exigirem;
LXXII - conceder-se-á habeas data:
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou
a) para assegurar o conhecimento de informações re-
por ordem escrita e fundamentada de autoridade ju-
lativas à pessoa do impetrante, constantes de registros
diciária competente, salvo nos casos de transgressão
ou bancos de dados de entidades governamentais ou
militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
de caráter público;
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fa-
encontre serão comunicados imediatamente ao juiz
zê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
competente e à família do preso ou à pessoa por ele
indicada; LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor
ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimô-
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os
nio público ou de entidade de que o Estado participe,
quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a
à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
assistência da família e de advogado;
patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo
LXIV - o preso tem direito à identificação dos respon-

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comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus bitrária ou sem justa causa, nos termos de lei comple-
da sucumbência; mentar, que preverá indenização compensatória, dentre
outros direitos;
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral
e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recur- II - seguro-desemprego, em caso de desemprego in-
sos; voluntário;
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro ju- III - fundo de garantia do tempo de serviço;
diciário, assim como o que ficar preso além do tempo IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente uni-
fixado na sentença; ficado, capaz de atender a suas necessidades vitais
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente po- básicas e às de sua família com moradia, alimentação,
bres, na forma da lei: educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e
previdência social, com reajustes periódicos que lhe
a) o registro civil de nascimento;
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vincu-
b) a certidão de óbito; lação para qualquer fim;
LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e V - piso salarial proporcional à extensão e à complexi-
habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao dade do trabalho;
exercício da cidadania.
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, convenção ou acordo coletivo;
são assegurados a razoável duração do processo e os
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para
meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
os que percebem remuneração variável;
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fun-
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração
damentais têm aplicação imediata.
integral ou no valor da aposentadoria;
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constitui-
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do
ção não excluem outros decorrentes do regime e dos
diurno;
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacio-
nais em que a República Federativa do Brasil seja parte. X - proteção do salário na forma da lei, constituindo
crime sua retenção dolosa;
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre di-
reitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do XI – participação nos lucros, ou resultados, desvincu-
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos lada da remuneração, e, excepcionalmente, participação
dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes na gestão da empresa, conforme definido em lei;
às emendas constitucionais XII - salário-família pago em razão do dependente do
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. XIII - duração do trabalho normal não superior a oito
horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a
CAPÍTULO II compensação de horários e a redução da jornada, me-
DOS DIREITOS SOCIAIS diante acordo ou convenção coletiva de trabalho;

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a ali- XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em
mentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação
segurança, a previdência social, a proteção à materni- coletiva;
dade e à infância, a assistência aos desamparados, na XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente
forma desta Constituição. aos domingos;
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior,
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,
no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal;
além de outros que visem à melhoria de sua condição
social: XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo me-
nos, um terço a mais do que o salário normal;
I - relação de emprego protegida contra despedida ar-

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XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do Parágrafo único. São assegurados à categoria dos
salário, com a duração de cento e vinte dias; trabalhadores domésticos os direitos previstos nos in-
cisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX,
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, me- as condições estabelecidas em lei e observada a sim-
diante incentivos específicos, nos termos da lei; plificação do cumprimento das obrigações tributárias,
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, principais e acessórias, decorrentes da relação de tra-
sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; balho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I,
II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por à previdência social.
meio de normas de saúde, higiene e segurança;
XXIII - adicional de remuneração para as atividades pe- Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, ob-
nosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; servado o seguinte:
XXIV - aposentadoria; I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a
fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes
competente, vedadas ao Poder Público a interferência e
desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em
a intervenção na organização sindical;
creches e pré-escolas;
II - é vedada a criação de mais de uma organização
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos co-
sindical, em qualquer grau, representativa de categoria
letivos de trabalho;
profissional ou econômica, na mesma base territorial,
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei; que será definida pelos trabalhadores ou empregadores
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do interessados, não podendo ser inferior à área de um
empregador, sem excluir a indenização a que este está Município;
obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interes-
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das re- ses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em
lações de trabalho, com prazo prescricional de cinco questões judiciais ou administrativas;
anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em
de dois anos após a extinção do contrato de trabalho; se tratando de categoria profissional, será descontada
a) (Revogada). em folha, para custeio do sistema confederativo da re-
presentação sindical respectiva, independentemente da
b) (Revogada). contribuição prevista em lei;
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se
de funções e de critério de admissão por motivo de filiado a sindicato;
sexo, idade, cor ou estado civil;
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas ne-
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante gociações coletivas de trabalho;
a salário e critérios de admissão do trabalhador porta-
dor de deficiência; VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser vota-
do nas organizações sindicais;
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual,
técnico e intelectual ou entre os profissionais respec- VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado
tivos; a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou
representação sindical e, se eleito, ainda que suplente,
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou até um ano após o final do mandato, salvo se cometer
insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho falta grave nos termos da lei.
a menores de dezesseis anos, salvo na condição de
aprendiz, a partir de quatorze anos; Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-
-se à organização de sindicatos rurais e de colônias de
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com pescadores, atendidas as condições que a lei estabe-
vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso. lecer.

12
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos § 1º Aos portugueses com residência permanente no
trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros,
e sobre os interesses que devam por meio dele defen- serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, sal-
der. vo os casos previstos nesta Constituição.
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais § 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasi-
e disporá sobre o atendimento das necessidades inadi- leiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos
áveis da comunidade. nesta Constituição.
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
penas da lei. I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em III - de Presidente do Senado Federal;
que seus interesses profissionais ou previdenciários
sejam objeto de discussão e deliberação. IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos emprega- VI - de oficial das Forças Armadas.
dos, é assegurada a eleição de um representante destes
com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendi- VII - de Ministro de Estado da Defesa
mento direto com os empregadores. § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do bra-
sileiro que:
CAPÍTULO III
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença ju-
DA NACIONALIDADE
dicial, em virtude de atividade nociva ao interesse na-
cional;
Art. 12. São brasileiros:
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
I - natos:
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda
lei estrangeira;
que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam
a serviço de seu país; b) de imposição de naturalização, pela norma estran-
geira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro,
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe
como condição para permanência em seu território ou
brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da
para o exercício de direitos civis;
República Federativa do Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da Repú-
mãe brasileira, desde que sejam registrados em re- blica Federativa do Brasil.
partição brasileira competente ou venham a residir na
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a
República Federativa do Brasil e optem, em qualquer
bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.
tempo, depois de atingida a maioridade, pela naciona-
lidade brasileira; § 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios po-
derão ter símbolos próprios.
II - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade CAPÍTULO IV
brasileira, exigidas aos originários de países de língua DOS DIREITOS POLÍTICOS
portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto
e idoneidade moral; Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residen- universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual
tes na República Federativa do Brasil há mais de quinze para todos, e, nos termos da lei, mediante:
anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que I - plebiscito;
requeiram a nacionalidade brasileira.

13
II - referendo; Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substi-
tuído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo
III - iniciativa popular.
se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são:
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos; condições:
II - facultativos para: I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afas-
a) os analfabetos; tar-se da atividade;

b) os maiores de setenta anos; II - se contar mais de dez anos de serviço, será agrega-
do pela autoridade superior e, se eleito, passará auto-
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. maticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.
§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangei- § 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de
ros e, durante o período do serviço militar obrigatório, inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de
os conscritos. proteger a probidade administrativa, a moralidade para
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei: exercício de mandato considerada vida pregressa do
candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições
I - a nacionalidade brasileira;
contra a influência do poder econômico ou o abuso do
II - o pleno exercício dos direitos políticos; exercício de função, cargo ou emprego na administra-
III - o alistamento eleitoral; ção direta ou indireta.

IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; § 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a
Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da
V - a filiação partidária; diplomação, instruída a ação com provas de abuso do
VI - a idade mínima de: poder econômico, corrupção ou fraude.
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente § 11. A ação de impugnação de mandato tramitará em
da República e Senador; segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da
lei, se temerária ou de manifesta má-fé.
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de
Estado e do Distrito Federal;
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado perda ou suspensão só se dará nos casos de:
Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de
I - cancelamento da naturalização por sentença transi-
paz;
tada em julgado;
d) dezoito anos para Vereador.
II - incapacidade civil absoluta;
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
III - condenação criminal transitada em julgado, en-
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de quanto durarem seus efeitos;
Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou
houver sucedido, ou substituído no curso dos manda-
prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
tos poderão ser reeleitos para um único período sub-
seqüente. V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37,
§ 4º.
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente
da República, os Governadores de Estado e do Distrito
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em
Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos
vigor na data de sua publicação, não se aplicando à
mandatos até seis meses antes do pleito.
eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência.
§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do ti-
tular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, CAPÍTULO V
até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da DOS PARTIDOS POLÍTICOS
República, de Governador de Estado ou Território, do

14
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extin- TÍTULO III
ção de partidos políticos, resguardados a soberania Da Organização do Estado
nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os
direitos fundamentais da pessoa humana e observados CAPÍTULO I
os seguintes preceitos: DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
I - caráter nacional;
Art. 18. A organização político-administrativa da Re-
II - proibição de recebimento de recursos financeiros de pública Federativa do Brasil compreende a União, os
entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autô-
a estes; nomos, nos termos desta Constituição.
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral; § 1º Brasília é a Capital Federal.
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei. § 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para criação, transformação em Estado ou reintegração ao
definir sua estrutura interna e estabelecer regras sobre Estado de origem serão reguladas em lei complementar.
escolha, formação e duração de seus órgãos permanen- § 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdi-
tes e provisórios e sobre sua organização e funciona- vidir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros,
mento e para adotar os critérios de escolha e o regime ou formarem novos Estados ou Territórios Federais,
de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada a mediante aprovação da população diretamente interes-
sua celebração nas eleições proporcionais, sem obri- sada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional,
gatoriedade de vinculação entre as candidaturas em por lei complementar.
âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, de-
vendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina § 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembra-
e fidelidade partidária. mento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro
do período determinado por Lei Complementar Federal,
§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem persona- e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito,
lidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus às populações dos Municípios envolvidos, após divul-
estatutos no Tribunal Superior Eleitoral. gação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresen-
§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidá- tados e publicados na forma da lei.
rio e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da
lei, os partidos políticos que alternativamente: Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Fe-
deral e aos Municípios:
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputa-
dos, no mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos, I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subven-
distribuídos em pelo menos um terço das unidades da cioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter
Federação, com um mínimo de 2% (dois por cento) dos com eles ou seus representantes relações de dependên-
votos válidos em cada uma delas; ou cia ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colabora-
ção de interesse público;
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Fede-
rais distribuídos em pelo menos um terço das unidades II - recusar fé aos documentos públicos;
da Federação. III - criar distinções entre brasileiros ou preferências
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de entre si.
organização paramilitar.
CAPÍTULO II
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os re-
DA UNIÃO
quisitos previstos no § 3º deste artigo é assegurado o
mandato e facultada a filiação, sem perda do mandato,
a outro partido que os tenha atingido, não sendo essa Art. 20. São bens da União:
filiação considerada para fins de distribuição dos recur- I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem
sos do fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo a ser atribuídos;
de rádio e de televisão.
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das

15
fronteiras, das fortificações e construções militares, das nal ou nele permaneçam temporariamente;
vias federais de comunicação e à preservação ambien- V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a
tal, definidas em lei; intervenção federal;
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de
terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um material bélico;
Estado, sirvam de limites com outros países, ou se es-
tendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem VII - emitir moeda;
como os terrenos marginais e as praias fluviais; VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscali-
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com zar as operações de natureza financeira, especialmente
outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas as de crédito, câmbio e capitalização, bem como as de
e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a seguros e de previdência privada;
sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais
serviço público e a unidade ambiental federal, e as re- de ordenação do território e de desenvolvimento eco-
feridas no art. 26, II; nômico e social;
V - os recursos naturais da plataforma continental e da X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
zona econômica exclusiva;
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização,
VI - o mar territorial; concessão ou permissão, os serviços de telecomuni-
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; cações, nos termos da lei, que disporá sobre a organi-
zação dos serviços, a criação de um órgão regulador e
VIII - os potenciais de energia hidráulica; outros aspectos institucionais;
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; XII - explorar, diretamente ou mediante autorização,
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios ar- concessão ou permissão:
queológicos e pré-históricos; a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e ima-
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. gens;
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, à União, aos Esta- b) os serviços e instalações de energia elétrica e o
dos, ao Distrito Federal e aos Municípios a participação aproveitamento energético dos cursos de água, em ar-
no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, ticulação com os Estados onde se situam os potenciais
de recursos hídricos para fins de geração de energia hidroenergéticos;
elétrica e de outros recursos minerais no respectivo c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura
território, plataforma continental, mar territorial ou zona aeroportuária;
econômica exclusiva, ou compensação financeira por
essa exploração. d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário
entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que
§ 2º A faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de transponham os limites de Estado ou Território;
largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada
como faixa de fronteira, é considerada fundamental para e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e
defesa do território nacional, e sua ocupação e utiliza- internacional de passageiros;
ção serão reguladas em lei. f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;

Art. 21. Compete à União: XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Minis-
tério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a
I - manter relações com Estados estrangeiros e partici- Defensoria Pública dos Territórios;
par de organizações internacionais;
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia penal, a
II - declarar a guerra e celebrar a paz; polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distri-
III - assegurar a defesa nacional; to Federal, bem como prestar assistência financeira ao
Distrito Federal para a execução de serviços públicos,
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, por meio de fundo próprio;
que forças estrangeiras transitem pelo território nacio-

16
XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatísti- II - desapropriação;
ca, geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional; III - requisições civis e militares, em caso de iminente
XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de perigo e em tempo de guerra;
diversões públicas e de programas de rádio e televisão; IV - águas, energia, informática, telecomunicações e
XVII - conceder anistia; radiodifusão;
XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra V - serviço postal;
as calamidades públicas, especialmente as secas e as VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias
inundações; dos metais;
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de re- VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência
cursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de valores;
de seu uso;
VIII - comércio exterior e interestadual;
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano,
inclusive habitação, saneamento básico e transportes IX - diretrizes da política nacional de transportes;
urbanos; X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, ma-
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema rítima, aérea e aeroespacial;
nacional de viação; XI - trânsito e transporte;
XXII - executar os serviços de polícia marítima, aero- XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e meta-
portuária e de fronteiras; lurgia;
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a
pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, XIV - populações indígenas;
a industrialização e o comércio de minérios nucleares XV - emigração e imigração, entrada, extradição e ex-
e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e pulsão de estrangeiros;
condições:
XVI - organização do sistema nacional de emprego e
a) toda atividade nuclear em território nacional somente condições para o exercício de profissões;
será admitida para fins pacíficos e mediante aprovação
XVII - organização judiciária, do Ministério Público do
do Congresso Nacional;
Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria Públi-
b) sob regime de permissão, são autorizadas a comer- ca dos Territórios, bem como organização administra-
cialização e a utilização de radioisótopos para a pesqui- tiva destes;
sa e usos médicos, agrícolas e industriais;
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produ- geologia nacionais;
ção, comercialização e utilização de radioisótopos de
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da
meia-vida igual ou inferior a duas horas;
poupança popular;
d) a responsabilidade civil por danos nucleares inde-
XX - sistemas de consórcios e sorteios;
pende da existência de culpa;
XXI - normas gerais de organização, efetivos, material
XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do tra-
bélico, garantias, convocação, mobilização, inativida-
balho;
des e pensões das polícias militares e dos corpos de
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercí- bombeiros militares;
cio da atividade de garimpagem, em forma associativa.
XXII - competência da polícia federal e das polícias ro-
doviária e ferroviária federais;
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
XXIII - seguridade social;
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral,
agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;

17
XXV - registros públicos; e minerais em seus territórios;
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; XII - estabelecer e implantar política de educação para a
segurança do trânsito.
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em
todas as modalidades, para as administrações públicas Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas
diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito
Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do
art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.
de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III;
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Fe-
marítima, defesa civil e mobilização nacional; deral legislar concorrentemente sobre:

XXIX - propaganda comercial. I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômi-


co e urbanístico;
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os
Estados a legislar sobre questões específicas das maté- II - orçamento;
rias relacionadas neste artigo. III - juntas comerciais;
IV - custas dos serviços forenses;
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios: V - produção e consumo;
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natu-
instituições democráticas e conservar o patrimônio reza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção
público; do meio ambiente e controle da poluição;
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artísti-
garantia das pessoas portadoras de deficiência; co, turístico e paisagístico;
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao
valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estéti-
paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; co, histórico, turístico e paisagístico;
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracteriza- IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecno-
ção de obras de arte e de outros bens de valor histórico, logia, pesquisa, desenvolvimento e inovação;
artístico ou cultural; X - criação, funcionamento e processo do juizado de
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à edu- pequenas causas;
cação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação; XI - procedimentos em matéria processual;
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;
qualquer de suas formas;
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
XIV - proteção e integração social das pessoas portado-
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o ras de deficiência;
abastecimento alimentar;
XV - proteção à infância e à juventude;
IX - promover programas de construção de moradias
e a melhoria das condições habitacionais e de sanea- XVI - organização, garantias, direitos e deveres das
mento básico; polícias civis.

X - combater as causas da pobreza e os fatores de mar- § 1º No âmbito da legislação concorrente, a competên-


ginalização, promovendo a integração social dos seto- cia da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
res desfavorecidos; § 2º A competência da União para legislar sobre nor-
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de mas gerais não exclui a competência suplementar dos
direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos Estados.

18
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Es- des, remuneração, perda de mandato, licença, impedi-
tados exercerão a competência legislativa plena, para mentos e incorporação às Forças Armadas.
atender a suas peculiaridades. § 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas ge- por lei de iniciativa da Assembléia Legislativa, na ra-
rais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for zão de, no máximo, setenta e cinco por cento daquele
contrário. estabelecido, em espécie, para os Deputados Federais,
observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, § 7º,
CAPÍTULO III 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
DOS ESTADOS FEDERADOS § 3º Compete às Assembléias Legislativas dispor sobre
seu regimento interno, polícia e serviços administrati-
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas vos de sua secretaria, e prover os respectivos cargos.
Constituições e leis que adotarem, observados os prin-
cípios desta Constituição. § 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo
legislativo estadual.
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que
não lhes sejam vedadas por esta Constituição. Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou me- de Estado, para mandato de quatro anos, realizar-se-á
diante concessão, os serviços locais de gás canalizado, no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno,
na forma da lei, vedada a edição de medida provisória e no último domingo de outubro, em segundo turno,
para a sua regulamentação. se houver, do ano anterior ao do término do mandato
de seus antecessores, e a posse ocorrerá em primeiro
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar,
de janeiro do ano subseqüente, observado, quanto ao
instituir regiões metropolitanas, aglomerações urba-
mais, o disposto no art. 77.
nas e microrregiões, constituídas por agrupamentos
de municípios limítrofes, para integrar a organização, § 1º Perderá o mandato o Governador que assumir
o planejamento e a execução de funções públicas de outro cargo ou função na administração pública direta
interesse comum. ou indireta, ressalvada a posse em virtude de concurso
público e observado o disposto no art. 38, I, IV e V.
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: § 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Governador
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, e dos Secretários de Estado serão fixados por lei de
emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na iniciativa da Assembléia Legislativa, observado o que
forma da lei, as decorrentes de obras da União; dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e
153, § 2º, I.
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estive-
rem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da
CAPÍTULO IV
União, Municípios ou terceiros;
Dos Municípios
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à
União; Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias,
União. e aprovada por dois terços dos membros da Câmara
Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios
Art. 27. O número de Deputados à Assembléia Legisla- estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do
tiva corresponderá ao triplo da representação do Esta- respectivo Estado e os seguintes preceitos:
do na Câmara dos Deputados e, atingido o número de I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Verea-
trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os dores, para mandato de quatro anos, mediante pleito
Deputados Federais acima de doze. direto e simultâneo realizado em todo o País;
§ 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no
Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras desta Consti- primeiro domingo de outubro do ano anterior ao tér-
tuição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunida- mino do mandato dos que devam suceder, aplicadas as

19
regras do art. 77, no caso de Municípios com mais de habitantes;
duzentos mil eleitores; n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de
III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de mais de 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habi-
janeiro do ano subseqüente ao da eleição; tantes e de até 1.350.000 (um milhão e trezentos e cin-
quenta mil) habitantes;
IV - para a composição das Câmaras Municipais, será
observado o limite máximo de: o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de
1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil) ha-
a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000
bitantes e de até 1.500.000 (um milhão e quinhentos
(quinze mil) habitantes;
mil) habitantes;
b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de
p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de
15.000 (quinze mil) habitantes e de até 30.000 (trinta
mais de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habi-
mil) habitantes;
tantes e de até 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil)
c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais de habitantes;
30.000 (trinta mil) habitantes e de até 50.000 (cinquen-
q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios de
ta mil) habitantes;
mais de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habi-
d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais de tantes e de até 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos
50.000 (cinquenta mil) habitantes e de até 80.000 (oi- mil) habitantes;
tenta mil) habitantes;
r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios de
e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais mais de 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil)
de 80.000 (oitenta mil) habitantes e de até 120.000 habitantes e de até 3.000.000 (três milhões) de habi-
(cento e vinte mil) habitantes; tantes;
f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de mais s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de
de 120.000 (cento e vinte mil) habitantes e de até mais de 3.000.000 (três milhões) de habitantes e de até
160.000 (cento sessenta mil) habitantes; 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes;
g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios de
de 160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e de até mais de 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes e de
300.000 (trezentos mil) habitantes; até 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes;
h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de mais u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Municípios de
de 300.000 (trezentos mil) habitantes e de até 450.000 mais de 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes e de
(quatrocentos e cinquenta mil) habitantes; até 6.000.000 (seis milhões) de habitantes;
i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Municípios de
mais de 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habi- mais de 6.000.000 (seis milhões) de habitantes e de até
tantes e de até 600.000 (seiscentos mil) habitantes; 7.000.000 (sete milhões) de habitantes;
j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de mais w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Municípios de
de 600.000 (seiscentos mil) habitantes e de até 750.000 mais de 7.000.000 (sete milhões) de habitantes e de até
(setecentos cinquenta mil) habitantes; 8.000.000 (oito milhões) de habitantes; e
k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios
mais de 750.000 (setecentos e cinquenta mil) habitan- de mais de 8.000.000 (oito milhões) de habitantes;
tes e de até 900.000 (novecentos mil) habitantes;
V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secre-
l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de tários Municipais fixados por lei de iniciativa da Câma-
mais de 900.000 (novecentos mil) habitantes e de até ra Municipal, observado o que dispõem os arts. 37, XI,
1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes; 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas res-
mais de 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habi- pectivas Câmaras Municipais em cada legislatura para
tantes e de até 1.200.000 (um milhão e duzentos mil)

20
a subseqüente, observado o que dispõe esta Constitui- vés de manifestação de, pelo menos, cinco por cento
ção, observados os critérios estabelecidos na respecti- do eleitorado;
va Lei Orgânica e os seguintes limites máximos: XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do art.
a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio 28, parágrafo único.
máximo dos Vereadores corresponderá a vinte por cen-
to do subsídio dos Deputados Estaduais; Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo Mu-
b) em Municípios de dez mil e um a cinqüenta mil nicipal, incluídos os subsídios dos Vereadores e exclu-
habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corres- ídos os gastos com inativos, não poderá ultrapassar os
ponderá a trinta por cento do subsídio dos Deputados seguintes percentuais, relativos ao somatório da receita
Estaduais; tributária e das transferências previstas no § 5º do art.
153 e nos arts. 158 e 159, efetivamente realizado no
c) em Municípios de cinqüenta mil e um a cem mil exercício anterior:
habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corres-
ponderá a quarenta por cento do subsídio dos Deputa- I - 7% (sete por cento) para Municípios com população
dos Estaduais; de até 100.000 (cem mil) habitantes;

d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil habi- II - 6% (seis por cento) para Municípios com popula-
tantes, o subsídio máximo dos Vereadores correspon- ção entre 100.000 (cem mil) e 300.000 (trezentos mil)
derá a cinqüenta por cento do subsídio dos Deputados habitantes;
Estaduais; III - 5% (cinco por cento) para Municípios com po-
e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos pulação entre 300.001 (trezentos mil e um) e 500.000
mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores (quinhentos mil) habitantes;
corresponderá a sessenta por cento do subsídio dos IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cen-
Deputados Estaduais; to) para Municípios com população entre 500.001
f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, (quinhentos mil e um) e 3.000.000 (três milhões) de
o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a habitantes;
setenta e cinco por cento do subsídio dos Deputados V - 4% (quatro por cento) para Municípios com popu-
Estaduais; lação entre 3.000.001 (três milhões e um) e 8.000.000
VII - o total da despesa com a remuneração dos Verea- (oito milhões) de habitantes;
dores não poderá ultrapassar o montante de cinco por VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) para
cento da receita do Município; Municípios com população acima de 8.000.001 (oito
VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, milhões e um) habitantes.
palavras e votos no exercício do mandato e na circuns- § 1º A Câmara Municipal não gastará mais de setenta
crição do Município; por cento de sua receita com folha de pagamento, inclu-
IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da ído o gasto com o subsídio de seus Vereadores.
vereança, similares, no que couber, ao disposto nesta § 2º Constitui crime de responsabilidade do Prefeito
Constituição para os membros do Congresso Nacional Municipal:
e na Constituição do respectivo Estado para os mem-
I - efetuar repasse que supere os limites definidos neste
bros da Assembléia Legislativa;
artigo;
X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça;
II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou
XI - organização das funções legislativas e fiscalizado-
III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada na
ras da Câmara Municipal;
Lei Orçamentária.
XII - cooperação das associações representativas no
§ 3º Constitui crime de responsabilidade do Presidente
planejamento municipal;
da Câmara Municipal o desrespeito ao § 1º deste artigo.
XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse
específico do Município, da cidade ou de bairros, atra- Art. 30. Compete aos Municípios:

21
I - legislar sobre assuntos de interesse local; CAPÍTULO V
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS
couber;
Seção I
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, DO DISTRITO FEDERAL
bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obriga-
toriedade de prestar contas e publicar balancetes nos Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Mu-
prazos fixados em lei; nicípios, reger- se-á por lei orgânica, votada em dois
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada
legislação estadual; por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulga-
rá, atendidos os princípios estabelecidos nesta Cons-
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de
tituição.
concessão ou permissão, os serviços públicos de in-
teresse local, incluído o de transporte coletivo, que tem § 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências
caráter essencial; legislativas reservadas aos Estados e Municípios.
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da § 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador,
União e do Estado, programas de educação infantil e de observadas as regras do art. 77, e dos Deputados Dis-
ensino fundamental; tritais coincidirá com a dos Governadores e Deputados
Estaduais, para mandato de igual duração.
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da
União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da § 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa
população; aplica-se o disposto no art. 27.
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento § 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo
territorial, mediante planejamento e controle do uso, do do Distrito Federal, da polícia civil, da polícia penal, da
parcelamento e da ocupação do solo urbano; polícia militar e do corpo de bombeiros militar.
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cul-
Seção II
tural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora
DOS TERRITÓRIOS
federal e estadual.
Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa
Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo
e judiciária dos Territórios.
Poder Legislativo Municipal, mediante controle exter-
no, e pelos sistemas de controle interno do Poder Exe- § 1º Os Territórios poderão ser divididos em Municí-
cutivo Municipal, na forma da lei. pios, aos quais se aplicará, no que couber, o disposto
no Capítulo IV deste Título.
§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será exer-
cido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Esta- § 2º As contas do Governo do Território serão subme-
dos ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de tidas ao Congresso Nacional, com parecer prévio do
Contas dos Municípios, onde houver. Tribunal de Contas da União.
§ 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente § 3º Nos Territórios Federais com mais de cem mil
sobre as contas que o Prefeito deve anualmente prestar, habitantes, além do Governador nomeado na forma
só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos desta Constituição, haverá órgãos judiciários de
membros da Câmara Municipal. primeira e segunda instância, membros do Ministério
Público e defensores públicos federais; a lei disporá
§ 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta
sobre as eleições para a Câmara Territorial e sua com-
dias, anualmente, à disposição de qualquer contribuin-
petência deliberativa.
te, para exame e apreciação, o qual poderá questionar-
-lhes a legitimidade, nos termos da lei.
CAPÍTULO VI
§ 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou ór- DA INTERVENÇÃO
gãos de Contas Municipais.
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Dis-

22
trito Federal, exceto para: ção de lei, de ordem ou de decisão judicial.
I - manter a integridade nacional;
Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da
Federação em outra; I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legis-
lativo ou do Poder Executivo coacto ou impedido, ou de
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pú- requisição do Supremo Tribunal Federal, se a coação
blica; for exercida contra o Poder Judiciário;
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes II - no caso de desobediência a ordem ou decisão ju-
nas unidades da Federação; diciária, de requisição do Supremo Tribunal Federal, do
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior
que: Eleitoral;
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de
de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior; representação do Procurador-Geral da República, na
hipótese do art. 34, VII, e no caso de recusa à execução
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias de lei federal.
fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabe-
lecidos em lei; IV - (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004)
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão
judicial; § 1º O decreto de intervenção, que especificará a ampli-
tude, o prazo e as condições de execução e que, se cou-
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios ber, nomeará o interventor, será submetido à apreciação
constitucionais: do Congresso Nacional ou da Assembléia Legislativa
a) forma republicana, sistema representativo e regime do Estado, no prazo de vinte e quatro horas.
democrático; § 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional
b) direitos da pessoa humana; ou a Assembléia Legislativa, far-se-á convocação ex-
traordinária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas.
c) autonomia municipal;
§ 3º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV,
d) prestação de contas da administração pública, direta
dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional ou
e indireta.
pela Assembléia Legislativa, o decreto limitar-se-á a
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante suspender a execução do ato impugnado, se essa me-
de impostos estaduais, compreendida a proveniente de dida bastar ao restabelecimento da normalidade.
transferências, na manutenção e desenvolvimento do
§ 4º Cessados os motivos da intervenção, as autori-
ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.
dades afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo
impedimento legal.
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios,
nem a União nos Municípios localizados em Território
CAPÍTULO VII
Federal, exceto quando:
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por
dois anos consecutivos, a dívida fundada; Seção I
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei; DISPOSIÇÕES GERAIS
III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita Art. 37. A administração pública direta e indireta de
municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
e nas ações e serviços públicos de saúde; Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representa- princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
ção para assegurar a observância de princípios indica- publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
dos na Constituição Estadual, ou para prover a execu- I - os cargos, empregos e funções públicas são aces-

23
síveis aos brasileiros que preencham os requisitos ais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder
estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Su-
forma da lei; premo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos
Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no
II - a investidura em cargo ou emprego público depende
Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no
de aprovação prévia em concurso público de provas ou
âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados
de provas e títulos, de acordo com a natureza e a com-
Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e
plexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em
o subsidio dos Desembargadores do Tribunal de Jus-
lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão
tiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centé-
declarado em lei de livre nomeação e exoneração;
simos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos
III - o prazo de validade do concurso público será de Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do
até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período; Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores
convocação, aquele aprovado em concurso público de Públicos;
provas ou de provas e títulos será convocado com prio- XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo
ridade sobre novos concursados para assumir cargo ou e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos
emprego, na carreira; pagos pelo Poder Executivo;
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quais-
por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos quer espécies remuneratórias para o efeito de remune-
em comissão, a serem preenchidos por servidores de ração de pessoal do serviço público;
carreira nos casos, condições e percentuais mínimos
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por ser-
previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de
vidor público não serão computados nem acumulados
direção, chefia e assessoramento;
para fins de concessão de acréscimos ulteriores;
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de
associação sindical;
cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalva-
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos do o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos
limites definidos em lei específica; arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos
públicos para as pessoas portadoras de deficiência e públicos, exceto, quando houver compatibilidade de
definirá os critérios de sua admissão; horários, observado em qualquer caso o disposto no
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tem- inciso XI:
po determinado para atender a necessidade temporária a) a de dois cargos de professor;
de excepcional interesse público;
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou
X - a remuneração dos servidores públicos e o sub- científico;
sídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profis-
ser fixados ou alterados por lei específica, observada
sionais de saúde, com profissões regulamentadas;
a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão
geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos
índices; e funções e abrange autarquias, fundações, empresas
públicas, sociedades de economia mista, suas subsidi-
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de car-
árias, e sociedades controladas, direta ou indiretamen-
gos, funções e empregos públicos da administração
te, pelo poder público;
direta, autárquica e fundacional, dos membros de qual-
quer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito XVIII - a administração fazendária e seus servidores
Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e
eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, jurisdição, precedência sobre os demais setores admi-
pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos nistrativos, na forma da lei;
cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pesso-

24
XIX – somente por lei específica poderá ser criada au- negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na
tarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de administração pública.
sociedade de economia mista e de fundação, cabendo § 4º - Os atos de improbidade administrativa impor-
à lei complementar, neste último caso, definir as áreas tarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da
de sua atuação; função pública, a indisponibilidade dos bens e o res-
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, sarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em
a criação de subsidiárias das entidades mencionadas lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
no inciso anterior, assim como a participação de qual- § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilí-
quer delas em empresa privada; citos praticados por qualquer agente, servidor ou não,
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respec-
as obras, serviços, compras e alienações serão contra- tivas ações de ressarcimento.
tados mediante processo de licitação pública que asse- § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de di-
gure igualdade de condições a todos os concorrentes, reito privado prestadoras de serviços públicos respon-
com cláusulas que estabeleçam obrigações de paga- derão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
mento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
termos da lei, o qual somente permitirá as exigências contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
de qualificação técnica e econômica indispensáveis à
garantia do cumprimento das obrigações. § 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições
ao ocupante de cargo ou emprego da administração
XXII - as administrações tributárias da União, dos Es- direta e indireta que possibilite o acesso a informações
tados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades privilegiadas.
essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por
servidores de carreiras específicas, terão recursos prio- § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira
ritários para a realização de suas atividades e atuarão dos órgãos e entidades da administração direta e in-
de forma integrada, inclusive com o compartilhamento direta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser
de cadastros e de informações fiscais, na forma da lei firmado entre seus administradores e o poder público,
ou convênio. que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho
para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, servi-
ços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter cará- I - o prazo de duração do contrato;
ter educativo, informativo ou de orientação social, dela II - os controles e critérios de avaliação de desempenho,
não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes;
caracterizem promoção pessoal de autoridades ou ser-
vidores públicos. III - a remuneração do pessoal.”

§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III § 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas
implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade públicas e às sociedades de economia mista, e suas
responsável, nos termos da lei. subsidiárias, que receberem recursos da União, dos
Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usu- pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em
ário na administração pública direta e indireta, regulan- geral.
do especialmente:
§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e
públicos em geral, asseguradas a manutenção de servi- 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função
ços de atendimento ao usuário e a avaliação periódica, pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma
externa e interna, da qualidade dos serviços; desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em
II - o acesso dos usuários a registros administrativos comissão declarados em lei de livre nomeação e exo-
e a informações sobre atos de governo, observado o neração.
disposto no art. 5º, X e XXXIII; § 11. Não serão computadas, para efeito dos limites
III - a disciplina da representação contra o exercício remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste

25
artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas em contado para todos os efeitos legais, exceto para pro-
lei. moção por merecimento;
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput V - na hipótese de ser segurado de regime próprio de
deste artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Fe- previdência social, permanecerá filiado a esse regime,
deral fixar, em seu âmbito, mediante emenda às respec- no ente federativo de origem.
tivas Constituições e Lei Orgânica, como limite único,
o subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo Seção II
Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte DOS SERVIDORES PÚBLICOS
e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos
Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se aplican- Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
do o disposto neste parágrafo aos subsídios dos Depu- Municípios instituirão, no âmbito de sua competência,
tados Estaduais e Distritais e dos Vereadores. regime jurídico único e planos de carreira para os ser-
§ 13. O servidor público titular de cargo efetivo poderá vidores da administração pública direta, das autarquias
ser readaptado para exercício de cargo cujas atribuições e das fundações públicas.
e responsabilidades sejam compatíveis com a limitação
que tenha sofrido em sua capacidade física ou mental, Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
enquanto permanecer nesta condição, desde que pos- nicípios instituirão conselho de política de administra-
sua a habilitação e o nível de escolaridade exigidos para ção e remuneração de pessoal, integrado por servidores
o cargo de destino, mantida a remuneração do cargo designados pelos respectivos Poderes
de origem. § 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais
§ 14. A aposentadoria concedida com a utilização de componentes do sistema remuneratório observará:
tempo de contribuição decorrente de cargo, emprego I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexi-
ou função pública, inclusive do Regime Geral de Previ- dade dos cargos componentes de cada carreira;
dência Social, acarretará o rompimento do vínculo que
II - os requisitos para a investidura;
gerou o referido tempo de contribuição.
III - as peculiaridades dos cargos.
§ 15. É vedada a complementação de aposentadorias
de servidores públicos e de pensões por morte a seus § 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão
dependentes que não seja decorrente do disposto nos escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamen-
§§ 14 a 16 do art. 40 ou que não seja prevista em lei que to dos servidores públicos, constituindo-se a participa-
extinga regime próprio de previdência social. ção nos cursos um dos requisitos para a promoção na
carreira, facultada, para isso, a celebração de convênios
Art. 38. Ao servidor público da administração direta, ou contratos entre os entes federados.
autárquica e fundacional, no exercício de mandato ele- § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo pú-
tivo, aplicam-se as seguintes disposições: blico o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV,
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei es-
distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou fun- tabelecer requisitos diferenciados de admissão quando
ção; a natureza do cargo o exigir.
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eleti-
cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar vo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais
pela sua remuneração; e Municipais serão remunerados exclusivamente por
subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo
III - investido no mandato de Vereador, havendo com-
de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, ver-
patibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu
ba de representação ou outra espécie remuneratória,
cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remunera-
obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X
ção do cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade,
e XI.
será aplicada a norma do inciso anterior;
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o
dos Municípios poderá estabelecer a relação entre a
exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será

26
maior e a menor remuneração dos servidores públicos, tar do respectivo ente federativo.
obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI. § 2º Os proventos de aposentadoria não poderão ser
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário pu- inferiores ao valor mínimo a que se refere o § 2º do
blicarão anualmente os valores do subsídio e da remu- art. 201 ou superiores ao limite máximo estabelecido
neração dos cargos e empregos públicos. para o Regime Geral de Previdência Social, observado
o disposto nos §§ 14 a 16.
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios disciplinará a aplicação de recursos or- § 3º As regras para cálculo de proventos de aposen-
çamentários provenientes da economia com despesas tadoria serão disciplinadas em lei do respectivo ente
correntes em cada órgão, autarquia e fundação, para federativo.
aplicação no desenvolvimento de programas de qua- § 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios di-
lidade e produtividade, treinamento e desenvolvimento, ferenciados para concessão de benefícios em regime
modernização, reaparelhamento e racionalização do próprio de previdência social, ressalvado o disposto
serviço público, inclusive sob a forma de adicional ou nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º.
prêmio de produtividade.
§ 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei complementar
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organiza- do respectivo ente federativo idade e tempo de contri-
dos em carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º. buição diferenciados para aposentadoria de servidores
§ 9º É vedada a incorporação de vantagens de caráter com deficiência, previamente submetidos a avaliação
temporário ou vinculadas ao exercício de função de biopsicossocial realizada por equipe multiprofissional
confiança ou de cargo em comissão à remuneração do e interdisciplinar.
cargo efetivo. § 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei complementar
do respectivo ente federativo idade e tempo de contri-
Art. 40. O regime próprio de previdência social dos ser- buição diferenciados para aposentadoria de ocupantes
vidores titulares de cargos efetivos terá caráter contri- do cargo de agente penitenciário, de agente socioedu-
butivo e solidário, mediante contribuição do respectivo cativo ou de policial dos órgãos de que tratam o inciso
ente federativo, de servidores ativos, de aposentados e IV do caput do art. 51, o inciso XIII do caput do art. 52
de pensionistas, observados critérios que preservem o e os incisos I a IV do caput do art. 144.
equilíbrio financeiro e atuarial.
§ 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei complementar
§ 1º O servidor abrangido por regime próprio de previ- do respectivo ente federativo idade e tempo de contri-
dência social será aposentado: buição diferenciados para aposentadoria de servidores
I - por incapacidade permanente para o trabalho, no cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição
cargo em que estiver investido, quando insuscetível a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à
de readaptação, hipótese em que será obrigatória a saúde, ou associação desses agentes, vedada a caracte-
realização de avaliações periódicas para verificação da rização por categoria profissional ou ocupação.
continuidade das condições que ensejaram a conces- § 5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade
são da aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente mínima reduzida em 5 (cinco) anos em relação às ida-
federativo; des decorrentes da aplicação do disposto no inciso III
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao do § 1º, desde que comprovem tempo de efetivo exercí-
tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, cio das funções de magistério na educação infantil e no
ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de ensino fundamental e médio fixado em lei complemen-
lei complementar; tar do respectivo ente federativo.
III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos § 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos
de idade, se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) anos de cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é
idade, se homem, e, no âmbito dos Estados, do Distrito vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à
Federal e dos Municípios, na idade mínima estabele- conta de regime próprio de previdência social, aplican-
cida mediante emenda às respectivas Constituições e do-se outras vedações, regras e condições para a acu-
Leis Orgânicas, observados o tempo de contribuição e mulação de benefícios previdenciários estabelecidas no
os demais requisitos estabelecidos em lei complemen- Regime Geral de Previdência Social.

27
§ 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, quando fechada de previdência complementar ou de entidade
se tratar da única fonte de renda formal auferida pelo aberta de previdência complementar.
dependente, o benefício de pensão por morte será con- § 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção,
cedido nos termos de lei do respectivo ente federativo, o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao ser-
a qual tratará de forma diferenciada a hipótese de mor- vidor que tiver ingressado no serviço público até a data
te dos servidores de que trata o § 4º-B decorrente de da publicação do ato de instituição do correspondente
agressão sofrida no exercício ou em razão da função. regime de previdência complementar.
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para § 17. Todos os valores de remuneração considerados
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão devi-
conforme critérios estabelecidos em lei. damente atualizados, na forma da lei.
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual, distrital § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de apo-
ou municipal será contado para fins de aposentadoria, sentadorias e pensões concedidas pelo regime de que
observado o disposto nos §§ 9º e 9º-A do art. 201, e o trata este artigo que superem o limite máximo estabele-
tempo de serviço correspondente será contado para fins cido para os benefícios do regime geral de previdência
de disponibilidade. social de que trata o art. 201, com percentual igual ao
§ 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de estabelecido para os servidores titulares de cargos efe-
contagem de tempo de contribuição fictício. tivos.
§ 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma § 19. Observados critérios a serem estabelecidos em lei
total dos proventos de inatividade, inclusive quando do respectivo ente federativo, o servidor titular de car-
decorrentes da acumulação de cargos ou empregos pú- go efetivo que tenha completado as exigências para a
blicos, bem como de outras atividades sujeitas a contri- aposentadoria voluntária e que opte por permanecer em
buição para o regime geral de previdência social, e ao atividade poderá fazer jus a um abono de permanência
montante resultante da adição de proventos de inativi- equivalente, no máximo, ao valor da sua contribuição
dade com remuneração de cargo acumulável na forma previdenciária, até completar a idade para aposentado-
desta Constituição, cargo em comissão declarado em ria compulsória.
lei de livre nomeação e exoneração, e de cargo eletivo. § 20. É vedada a existência de mais de um regime pró-
§ 12. Além do disposto neste artigo, serão observa- prio de previdência social e de mais de um órgão ou
dos, em regime próprio de previdência social, no que entidade gestora desse regime em cada ente federativo,
couber, os requisitos e critérios fixados para o Regime abrangidos todos os poderes, órgãos e entidades autár-
Geral de Previdência Social. quicas e fundacionais, que serão responsáveis pelo seu
financiamento, observados os critérios, os parâmetros
§ 13. Aplica-se ao agente público ocupante, exclusiva-
e a natureza jurídica definidos na lei complementar de
mente, de cargo em comissão declarado em lei de livre
que trata o § 22.
nomeação e exoneração, de outro cargo temporário,
inclusive mandato eletivo, ou de emprego público, o § 21. (Revogado).
Regime Geral de Previdência Social. § 22. Vedada a instituição de novos regimes próprios
§ 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu- de previdência social, lei complementar federal estabe-
nicípios instituirão, por lei de iniciativa do respectivo lecerá, para os que já existam, normas gerais de organi-
Poder Executivo, regime de previdência complementar zação, de funcionamento e de responsabilidade em sua
para servidores públicos ocupantes de cargo efetivo, gestão, dispondo, entre outros aspectos, sobre:
observado o limite máximo dos benefícios do Regime I - requisitos para sua extinção e consequente migração
Geral de Previdência Social para o valor das aposenta- para o Regime Geral de Previdência Social;
dorias e das pensões em regime próprio de previdência
social, ressalvado o disposto no § 16. II - modelo de arrecadação, de aplicação e de utilização
dos recursos;
§ 15. O regime de previdência complementar de que
trata o § 14 oferecerá plano de benefícios somente na III - fiscalização pela União e controle externo e social;
modalidade contribuição definida, observará o disposto IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial;
no art. 202 e será efetivado por intermédio de entidade

28
V - condições para instituição do fundo com finalidade Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos
previdenciária de que trata o art. 249 e para vinculação de Bombeiros Militares, instituições organizadas com
a ele dos recursos provenientes de contribuições e dos base na hierarquia e disciplina, são militares dos Esta-
bens, direitos e ativos de qualquer natureza; dos, do Distrito Federal e dos Territórios.
VI - mecanismos de equacionamento do deficit atua- § 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito
rial; Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado
em lei, as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e
VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do regi-
do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual específica
me, observados os princípios relacionados com gover-
dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sen-
nança, controle interno e transparência;
do as patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos
VIII - condições e hipóteses para responsabilização governadores.
daqueles que desempenhem atribuições relacionadas,
§ 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do
direta ou indiretamente, com a gestão do regime;
Distrito Federal e dos Territórios aplica-se o que for
IX - condições para adesão a consórcio público; fixado em lei específica do respectivo ente estatal
X - parâmetros para apuração da base de cálculo e de- § 3º Aplica-se aos militares dos Estados, do Distrito
finição de alíquota de contribuições ordinárias e extra- Federal e dos Territórios o disposto no art. 37, inciso
ordinárias. XVI, com prevalência da atividade militar.

Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício Seção IV
os servidores nomeados para cargo de provimento efe- DAS REGIÕES
tivo em virtude de concurso público.
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: Art. 43. Para efeitos administrativos, a União poderá ar-
ticular sua ação em um mesmo complexo geoeconômi-
I - em virtude de sentença judicial transitada em jul- co e social, visando a seu desenvolvimento e à redução
gado; das desigualdades regionais.
II - mediante processo administrativo em que lhe seja § 1º - Lei complementar disporá sobre:
assegurada ampla defesa;
I - as condições para integração de regiões em desen-
III - mediante procedimento de avaliação periódica de volvimento;
desempenho, na forma de lei complementar, assegura-
da ampla defesa. II - a composição dos organismos regionais que execu-
tarão, na forma da lei, os planos regionais, integrantes
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do ser- dos planos nacionais de desenvolvimento econômico e
vidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupan- social, aprovados juntamente com estes.
te da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem,
sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo § 2º - Os incentivos regionais compreenderão, além de
ou posto em disponibilidade com remuneração propor- outros, na forma da lei:
cional ao tempo de serviço. I - igualdade de tarifas, fretes, seguros e outros itens de
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessida- custos e preços de responsabilidade do Poder Público;
de, o servidor estável ficará em disponibilidade, com II - juros favorecidos para financiamento de atividades
remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu prioritárias;
adequado aproveitamento em outro cargo.
III - isenções, reduções ou diferimento temporário de
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, tributos federais devidos por pessoas físicas ou jurídi-
é obrigatória a avaliação especial de desempenho por cas;
comissão instituída para essa finalidade.
IV - prioridade para o aproveitamento econômico e
social dos rios e das massas de água represadas ou
Seção III
represáveis nas regiões de baixa renda, sujeitas a secas
DOS MILITARES DOS ESTADOS, DO DISTRITO
periódicas.
FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS

29
§ 3º - Nas áreas a que se refere o § 2º, IV, a União in- Seção II
centivará a recuperação de terras áridas e cooperará DAS ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO NACIONAL
com os pequenos e médios proprietários rurais para o
estabelecimento, em suas glebas, de fontes de água e Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do
de pequena irrigação. Presidente da República, não exigida esta para o espe-
cificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as ma-
TÍTULO IV térias de competência da União, especialmente sobre:
DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de
rendas;
CAPÍTULO I
DO PODER LEGISLATIVO II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamen-
to anual, operações de crédito, dívida pública e emis-
SEÇÃO I sões de curso forçado;
DO CONGRESSO NACIONAL III - fixação e modificação do efetivo das Forças Arma-
das;
Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso
IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais
Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e
de desenvolvimento;
do Senado Federal.
V - limites do território nacional, espaço aéreo e maríti-
Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de
mo e bens do domínio da União;
quatro anos.
VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de
Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de repre- áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas
sentantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, Assembléias Legislativas;
em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal. VII - transferência temporária da sede do Governo Fe-
§ 1º O número total de Deputados, bem como a repre- deral;
sentação por Estado e pelo Distrito Federal, será esta- VIII - concessão de anistia;
belecido por lei complementar, proporcionalmente à
população, procedendo-se aos ajustes necessários, no IX - organização administrativa, judiciária, do Ministé-
ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas rio Público e da Defensoria Pública da União e dos Ter-
unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de ritórios e organização judiciária e do Ministério Público
setenta Deputados. do Distrito Federal;

§ 2º Cada Território elegerá quatro Deputados. X – criação, transformação e extinção de cargos, em-
pregos e funções públicas, observado o que estabelece
Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes o art. 84, VI, b;
dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o XI – criação e extinção de Ministérios e órgãos da ad-
princípio majoritário. ministração pública;
§ 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Se- XII - telecomunicações e radiodifusão;
nadores, com mandato de oito anos.
XIII - matéria financeira, cambial e monetária, institui-
§ 2º A representação de cada Estado e do Distrito Fede- ções financeiras e suas operações;
ral será renovada de quatro em quatro anos, alternada-
XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da
mente, por um e dois terços.
dívida mobiliária federal.
§ 3º Cada Senador será eleito com dois suplentes.
XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal, observado o que dispõem os arts. 39,
Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário,
§ 4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I.
as deliberações de cada Casa e de suas Comissões se-
rão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Na-
absoluta de seus membros.
cional:

30
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão
atos internacionais que acarretem encargos ou compro- de terras públicas com área superior a dois mil e qui-
missos gravosos ao patrimônio nacional; nhentos hectares.
II - autorizar o Presidente da República a declarar guer-
ra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal,
transitem pelo território nacional ou nele permaneçam ou qualquer de suas Comissões, poderão convocar Mi-
temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei nistro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos dire-
complementar; tamente subordinados à Presidência da República para
prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto
III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da Re- previamente determinado, importando crime de res-
pública a se ausentarem do País, quando a ausência ponsabilidade a ausência sem justificação adequada.
exceder a quinze dias;
§ 1º Os Ministros de Estado poderão comparecer ao
IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, Senado Federal, à Câmara dos Deputados, ou a qual-
autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma quer de suas Comissões, por sua iniciativa e mediante
dessas medidas; entendimentos com a Mesa respectiva, para expor as-
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que sunto de relevância de seu Ministério.
exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de de- § 2º As Mesas da Câmara dos Deputados e do Sena-
legação legislativa; do Federal poderão encaminhar pedidos escritos de
VI - mudar temporariamente sua sede; informações a Ministros de Estado ou a qualquer das
pessoas referidas no caput deste artigo, importando em
VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais crime de responsabilidade a recusa, ou o não - atendi-
e os Senadores, observado o que dispõem os arts. 37, mento, no prazo de trinta dias, bem como a prestação
XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; de informações falsas.
VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presi-
dente da República e dos Ministros de Estado, observa- Seção III
do o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, DA CÂMARA DOS DEPUTADOS
III, e 153, § 2º, I;
IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Pre- Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Depu-
sidente da República e apreciar os relatórios sobre a tados:
execução dos planos de governo; I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instau-
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer ração de processo contra o Presidente e o Vice-Presi-
de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos dente da República e os Ministros de Estado;
os da administração indireta; II - proceder à tomada de contas do Presidente da Repú-
XI - zelar pela preservação de sua competência legislati- blica, quando não apresentadas ao Congresso Nacional
va em face da atribuição normativa dos outros Poderes; dentro de sessenta dias após a abertura da sessão le-
gislativa;
XII - apreciar os atos de concessão e renovação de con-
cessão de emissoras de rádio e televisão; III - elaborar seu regimento interno;

XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de IV – dispor sobre sua organização, funcionamento,
Contas da União; polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos,
empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes lei para fixação da respectiva remuneração, observados
a atividades nucleares; os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orça-
XV - autorizar referendo e convocar plebiscito; mentárias;
XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o V - eleger membros do Conselho da República, nos
aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e la- termos do art. 89, VII.
vra de riquezas minerais;

31
Seção IV Federal e dos Municípios;
DO SENADO FEDERAL X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei
declarada inconstitucional por decisão definitiva do Su-
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: premo Tribunal Federal;
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presiden- XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a
te da República nos crimes de responsabilidade, bem exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da Repúbli-
como os Ministros de Estado e os Comandantes da ca antes do término de seu mandato;
Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da
mesma natureza conexos com aqueles; XII - elaborar seu regimento interno;
II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento,
Federal, os membros do Conselho Nacional de Justi- polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos,
ça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de
Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da lei para fixação da respectiva remuneração, observados
União nos crimes de responsabilidade; os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orça-
mentárias;
III - aprovar previamente, por voto secreto, após argüi-
ção pública, a escolha de: XIV - eleger membros do Conselho da República, nos
termos do art. 89, VII.
a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Cons-
tituição; XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Siste-
ma Tributário Nacional, em sua estrutura e seus com-
b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados ponentes, e o desempenho das administrações tributá-
pelo Presidente da República; rias da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos
c) Governador de Território; Municípios.
d) Presidente e diretores do banco central; Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e
II, funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal
e) Procurador-Geral da República;
Federal, limitando-se a condenação, que somente será
f) titulares de outros cargos que a lei determinar; proferida por dois terços dos votos do Senado Federal,
IV - aprovar previamente, por voto secreto, após argüi- à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para
ção em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão o exercício de função pública, sem prejuízo das demais
diplomática de caráter permanente; sanções judiciais cabíveis.

V - autorizar operações externas de natureza financeira, Seção V


de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, DOS DEPUTADOS E DOS SENADORES
dos Territórios e dos Municípios;
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, li- Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil
mites globais para o montante da dívida consolidada e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu- e votos.
nicípios; § 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do
VII - dispor sobre limites globais e condições para as diploma, serão submetidos a julgamento perante o Su-
operações de crédito externo e interno da União, dos premo Tribunal Federal.
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas § 2º Desde a expedição do diploma, os membros do
autarquias e demais entidades controladas pelo Poder Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em
Público federal; flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos
VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa
de garantia da União em operações de crédito externo respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus
e interno; membros, resolva sobre a prisão.
IX - estabelecer limites globais e condições para o § 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputa-
montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito do, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo

32
Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, blico eletivo.
por iniciativa de partido político nela representado e
pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador:
decisão final, sustar o andamento da ação.
I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas
§ 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa no artigo anterior;
respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco
II - cujo procedimento for declarado incompatível com
dias do seu recebimento pela Mesa Diretora.
o decoro parlamentar;
§ 5º A sustação do processo suspende a prescrição,
III - que deixar de comparecer, em cada sessão legisla-
enquanto durar o mandato.
tiva, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que
§ 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada;
testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas
IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos;
em razão do exercício do mandato, nem sobre as pes-
soas que lhes confiaram ou deles receberam informa- V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos pre-
ções. vistos nesta Constituição;
§ 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados e VI - que sofrer condenação criminal em sentença tran-
Senadores, embora militares e ainda que em tempo de sitada em julgado.
guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva. § 1º - É incompatível com o decoro parlamentar, além
§ 8º As imunidades de Deputados ou Senadores sub- dos casos definidos no regimento interno, o abuso das
sistirão durante o estado de sítio, só podendo ser sus- prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Na-
pensas mediante o voto de dois terços dos membros da cional ou a percepção de vantagens indevidas.
Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do § 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato
recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatí- será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Se-
veis com a execução da medida. nado Federal, por maioria absoluta, mediante provoca-
ção da respectiva Mesa ou de partido político represen-
Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão: tado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.
I - desde a expedição do diploma: § 3º - Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda
a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de di- será declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício
reito público, autarquia, empresa pública, sociedade de ou mediante provocação de qualquer de seus membros,
economia mista ou empresa concessionária de serviço ou de partido político representado no Congresso Na-
público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas cional, assegurada ampla defesa.
uniformes; § 4º A renúncia de parlamentar submetido a processo
b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remu- que vise ou possa levar à perda do mandato, nos termos
nerado, inclusive os de que sejam demissíveis “ad nu- deste artigo, terá seus efeitos suspensos até as delibe-
tum”, nas entidades constantes da alínea anterior; rações finais de que tratam os §§ 2º e 3º.
II - desde a posse:
Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou Senador:
a) ser proprietários, controladores ou diretores de em-
I - investido no cargo de Ministro de Estado, Gover-
presa que goze de favor decorrente de contrato com
nador de Território, Secretário de Estado, do Distrito
pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer fun-
Federal, de Território, de Prefeitura de Capital ou chefe
ção remunerada;
de missão diplomática temporária;
b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis
II - licenciado pela respectiva Casa por motivo de do-
“ad nutum”, nas entidades referidas no inciso I, “a”;
ença, ou para tratar, sem remuneração, de interesse
c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer particular, desde que, neste caso, o afastamento não
das entidades a que se refere o inciso I, “a”; ultrapasse cento e vinte dias por sessão legislativa.
d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato pú- § 1º O suplente será convocado nos casos de vaga, de

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investidura em funções previstas neste artigo ou de li- de sítio e para o compromisso e a posse do Presidente
cença superior a cento e vinte dias. e do Vice-Presidente da República;
§ 2º Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes
eleição para preenchê-la se faltarem mais de quinze da Câmara dos Deputados e do Senado Federal ou a
meses para o término do mandato. requerimento da maioria dos membros de ambas as
Casas, em caso de urgência ou interesse público rele-
§ 3º Na hipótese do inciso I, o Deputado ou Senador
vante, em todas as hipóteses deste inciso com a apro-
poderá optar pela remuneração do mandato.
vação da maioria absoluta de cada uma das Casas do
Congresso Nacional.
Seção VI
DAS REUNIÕES § 7º Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso
Nacional somente deliberará sobre a matéria para a qual
Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, foi convocado, ressalvada a hipótese do § 8º deste ar-
na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de tigo, vedado o pagamento de parcela indenizatória, em
1º de agosto a 22 de dezembro. razão da convocação.
§ 1º As reuniões marcadas para essas datas serão § 8º Havendo medidas provisórias em vigor na data
transferidas para o primeiro dia útil subseqüente, quan- de convocação extraordinária do Congresso Nacional,
do recaírem em sábados, domingos ou feriados. serão elas automaticamente incluídas na pauta da con-
vocação.
§ 2º A sessão legislativa não será interrompida sem a
aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias.
Seção VII
§ 3º Além de outros casos previstos nesta Constituição, DAS COMISSÕES
a Câmara dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-
-ão em sessão conjunta para: Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão co-
I - inaugurar a sessão legislativa; missões permanentes e temporárias, constituídas na
forma e com as atribuições previstas no respectivo re-
II - elaborar o regimento comum e regular a criação de gimento ou no ato de que resultar sua criação.
serviços comuns às duas Casas;
§ 1º Na constituição das Mesas e de cada Comissão,
III - receber o compromisso do Presidente e do Vice- é assegurada, tanto quanto possível, a representação
-Presidente da República; proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares
IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar. que participam da respectiva Casa.
§ 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões pre- § 2º Às comissões, em razão da matéria de sua com-
paratórias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano petência, cabe:
da legislatura, para a posse de seus membros e eleição I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na for-
das respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos, ma do regimento, a competência do Plenário, salvo se
vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição houver recurso de um décimo dos membros da Casa;
imediatamente subseqüente.
II - realizar audiências públicas com entidades da so-
§ 5º A Mesa do Congresso Nacional será presidida ciedade civil;
pelo Presidente do Senado Federal, e os demais car-
gos serão exercidos, alternadamente, pelos ocupantes III - convocar Ministros de Estado para prestar informa-
de cargos equivalentes na Câmara dos Deputados e no ções sobre assuntos inerentes a suas atribuições;
Senado Federal. IV - receber petições, reclamações, representações ou
§ 6º A convocação extraordinária do Congresso Nacio- queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões
nal far-se-á: das autoridades ou entidades públicas;

I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de de- V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou ci-
cretação de estado de defesa ou de intervenção federal, dadão;
de pedido de autorização para a decretação de estado VI - apreciar programas de obras, planos nacionais,

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regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles III - de mais da metade das Assembléias Legislativas
emitir parecer. das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma
delas, pela maioria relativa de seus membros.
§ 3º As comissões parlamentares de inquérito, que te-
rão poderes de investigação próprios das autoridades § 1º A Constituição não poderá ser emendada na vi-
judiciais, além de outros previstos nos regimentos das gência de intervenção federal, de estado de defesa ou
respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos De- de estado de sítio.
putados e pelo Senado Federal, em conjunto ou sepa- § 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa
radamente, mediante requerimento de um terço de seus do Congresso Nacional, em dois turnos, consideran-
membros, para a apuração de fato determinado e por do-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos
prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, en- votos dos respectivos membros.
caminhadas ao Ministério Público, para que promova a
responsabilidade civil ou criminal dos infratores. § 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas
Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal,
§ 4º Durante o recesso, haverá uma Comissão com o respectivo número de ordem.
representativa do Congresso Nacional, eleita por suas
Casas na última sessão ordinária do período legislativo, § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de
com atribuições definidas no regimento comum, cuja emenda tendente a abolir:
composição reproduzirá, quanto possível, a proporcio- I - a forma federativa de Estado;
nalidade da representação partidária.
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
Seção VIII III - a separação dos Poderes;
DO PROCESSO LEGISLATIVO
IV - os direitos e garantias individuais.
Subseção I § 5º A matéria constante de proposta de emenda rejei-
Disposição Geral tada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de
nova proposta na mesma sessão legislativa.
Art. 59. O processo legislativo compreende a elabora-
ção de: Subseção III
Das Leis
I - emendas à Constituição;
II - leis complementares; Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordiná-
III - leis ordinárias; rias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara
dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso
IV - leis delegadas; Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo
V - medidas provisórias; Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procura-
dor-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos
VI - decretos legislativos; casos previstos nesta Constituição.
VII - resoluções. § 1º São de iniciativa privativa do Presidente da Repú-
Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a blica as leis que:
elaboração, redação, alteração e consolidação das leis. I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Arma-
das;
Subseção II
Da Emenda à Constituição II - disponham sobre:
a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante administração direta e autárquica ou aumento de sua
proposta: remuneração;
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara b) organização administrativa e judiciária, matéria tri-
dos Deputados ou do Senado Federal; butária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da
II - do Presidente da República; administração dos Territórios;

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c) servidores públicos da União e Territórios, seu re- o último dia daquele em que foi editada.
gime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e § 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos
aposentadoria; §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não fo-
d) organização do Ministério Público e da Defensoria rem convertidas em lei no prazo de sessenta dias, pror-
Pública da União, bem como normas gerais para a or- rogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período,
ganização do Ministério Público e da Defensoria Pú- devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto
blica dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes.
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da admi- § 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da publi-
nistração pública, observado o disposto no art. 84, VI; cação da medida provisória, suspendendo-se durante
os períodos de recesso do Congresso Nacional.
f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico,
provimento de cargos, promoções, estabilidade, remu- § 5º A deliberação de cada uma das Casas do Congres-
neração, reforma e transferência para a reserva. so Nacional sobre o mérito das medidas provisórias
dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus
§ 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela apre-
pressupostos constitucionais.
sentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei
subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado § 6º Se a medida provisória não for apreciada em até
nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, quarenta e cinco dias contados de sua publicação, en-
com não menos de três décimos por cento dos eleitores trará em regime de urgência, subseqüentemente, em
de cada um deles. cada uma das Casas do Congresso Nacional, ficando
sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as de-
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente mais deliberações legislativas da Casa em que estiver
da República poderá adotar medidas provisórias, com tramitando.
força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Con- § 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a
gresso Nacional. vigência de medida provisória que, no prazo de sessen-
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre ta dias, contado de sua publicação, não tiver a sua vota-
matéria: ção encerrada nas duas Casas do Congresso Nacional.
I – relativa a: § 8º As medidas provisórias terão sua votação iniciada
na Câmara dos Deputados.
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos
políticos e direito eleitoral; § 9º Caberá à comissão mista de Deputados e Senado-
res examinar as medidas provisórias e sobre elas emitir
b) direito penal, processual penal e processual civil;
parecer, antes de serem apreciadas, em sessão separa-
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Pú- da, pelo plenário de cada uma das Casas do Congresso
blico, a carreira e a garantia de seus membros; Nacional.
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orça- § 10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa,
mento e créditos adicionais e suplementares, ressalva- de medida provisória que tenha sido rejeitada ou que
do o previsto no art. 167, § 3º; tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo.
II – que vise a detenção ou seqüestro de bens, de pou- § 11. Não editado o decreto legislativo a que se refe-
pança popular ou qualquer outro ativo financeiro; re o § 3º até sessenta dias após a rejeição ou perda
III – reservada a lei complementar; de eficácia de medida provisória, as relações jurídicas
constituídas e decorrentes de atos praticados durante
IV – já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo sua vigência conservar-se-ão por ela regidas.
Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do
Presidente da República. § 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando
o texto original da medida provisória, esta manter-se-
§ 2º Medida provisória que implique instituição ou ma- -á integralmente em vigor até que seja sancionado ou
joração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, vetado o projeto.
I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício
financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até Art. 63. Não será admitido aumento da despesa prevista:

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I - nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da Presidente da República importará sanção.
República, ressalvado o disposto no art. 166, § 3º e § 4º; § 4º O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro
II - nos projetos sobre organização dos serviços ad- de trinta dias a contar de seu recebimento, só podendo
ministrativos da Câmara dos Deputados, do Senado ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Depu-
Federal, dos Tribunais Federais e do Ministério Público. tados e Senadores.
§ 5º Se o veto não for mantido, será o projeto enviado,
Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de para promulgação, ao Presidente da República.
iniciativa do Presidente da República, do Supremo Tri-
bunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início na § 6º Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no
Câmara dos Deputados. § 4º, o veto será colocado na ordem do dia da sessão
imediata, sobrestadas as demais proposições, até sua
§ 1º O Presidente da República poderá solicitar urgên- votação final.
cia para apreciação de projetos de sua iniciativa.
§ 7º Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e
§ 2º Se, no caso do § 1º, a Câmara dos Deputados e o oito horas pelo Presidente da República, nos casos dos
Senado Federal não se manifestarem sobre a proposi- § 3º e § 5º, o Presidente do Senado a promulgará, e, se
ção, cada qual sucessivamente, em até quarenta e cinco este não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice-Presi-
dias, sobrestar-se-ão todas as demais deliberações dente do Senado fazê-lo.
legislativas da respectiva Casa, com exceção das que
tenham prazo constitucional determinado, até que se Art. 67. A matéria constante de projeto de lei rejeitado
ultime a votação. somente poderá constituir objeto de novo projeto, na
§ 3º A apreciação das emendas do Senado Federal pela mesma sessão legislativa, mediante proposta da maio-
Câmara dos Deputados far-se-á no prazo de dez dias, ria absoluta dos membros de qualquer das Casas do
observado quanto ao mais o disposto no parágrafo Congresso Nacional.
anterior.
§ 4º Os prazos do § 2º não correm nos períodos de Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presi-
recesso do Congresso Nacional, nem se aplicam aos dente da República, que deverá solicitar a delegação ao
projetos de código. Congresso Nacional.
§ 1º Não serão objeto de delegação os atos de compe-
Art. 65. O projeto de lei aprovado por uma Casa será tência exclusiva do Congresso Nacional, os de compe-
revisto pela outra, em um só turno de discussão e vo- tência privativa da Câmara dos Deputados ou do Se-
tação, e enviado à sanção ou promulgação, se a Casa nado Federal, a matéria reservada à lei complementar,
revisora o aprovar, ou arquivado, se o rejeitar. nem a legislação sobre:
Parágrafo único. Sendo o projeto emendado, voltará à I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Pú-
Casa iniciadora. blico, a carreira e a garantia de seus membros;
II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, polí-
Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação ticos e eleitorais;
enviará o projeto de lei ao Presidente da República, que,
aquiescendo, o sancionará. III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e or-
çamentos.
§ 1º - Se o Presidente da República considerar o pro-
jeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário § 2º A delegação ao Presidente da República terá a for-
ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no ma de resolução do Congresso Nacional, que especifi-
prazo de quinze dias úteis, contados da data do recebi- cará seu conteúdo e os termos de seu exercício.
mento, e comunicará, dentro de quarenta e oito horas, § 3º Se a resolução determinar a apreciação do projeto
ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto. pelo Congresso Nacional, este a fará em votação única,
§ 2º O veto parcial somente abrangerá texto integral de vedada qualquer emenda.
artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea.
 Art. 69. As leis complementares serão aprovadas por
§ 3º Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do maioria absoluta.

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Seção IX V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supra-
DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E nacionais de cujo capital social a União participe, de
ORÇAMENTÁRIA forma direta ou indireta, nos termos do tratado cons-
titutivo;
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repas-
operacional e patrimonial da União e das entidades da sados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou
administração direta e indireta, quanto à legalidade, le- outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito
gitimidade, economicidade, aplicação das subvenções Federal ou a Município;
e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso
Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso
controle interno de cada Poder. Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer
das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contá-
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa físi- bil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial
ca ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arreca- e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas;
de, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e
valores públicos ou pelos quais a União responda, ou VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalida-
que, em nome desta, assuma obrigações de natureza de de despesa ou irregularidade de contas, as sanções
pecuniária. previstas em lei, que estabelecerá, entre outras comi-
nações, multa proporcional ao dano causado ao erário;
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Na- IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as
cional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Con- providências necessárias ao exato cumprimento da lei,
tas da União, ao qual compete: se verificada ilegalidade;
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Pre- X - sustar, se não atendido, a execução do ato impug-
sidente da República, mediante parecer prévio que de- nado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados
verá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu e ao Senado Federal;
recebimento;
XI - representar ao Poder competente sobre irregulari-
II - julgar as contas dos administradores e demais res- dades ou abusos apurados.
ponsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da
§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado
administração direta e indireta, incluídas as fundações
diretamente pelo Congresso Nacional, que solicitará, de
e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público
imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis.
federal, e as contas daqueles que derem causa a perda,
extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo § 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no
ao erário público; prazo de noventa dias, não efetivar as medidas previstas
no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos
de admissão de pessoal, a qualquer título, na adminis- § 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação
tração direta e indireta, incluídas as fundações instituí- de débito ou multa terão eficácia de título executivo.
das e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as no- § 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional,
meações para cargo de provimento em comissão, bem trimestral e anualmente, relatório de suas atividades.
como a das concessões de aposentadorias, reformas e
pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não
Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refere
alterem o fundamento legal do ato concessório;
o art. 166, §1º, diante de indícios de despesas não au-
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos De- torizadas, ainda que sob a forma de investimentos não
putados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou programados ou de subsídios não aprovados, poderá
de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contá- solicitar à autoridade governamental responsável que,
bil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, no prazo de cinco dias, preste os esclarecimentos ne-
nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, cessários.
Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no
§ 1º Não prestados os esclarecimentos, ou considera-
inciso II;
dos estes insuficientes, a Comissão solicitará ao Tri-

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bunal pronunciamento conclusivo sobre a matéria, no plurianual, a execução dos programas de governo e dos
prazo de trinta dias. orçamentos da União;
§ 2º Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Co- II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados,
missão, se julgar que o gasto possa causar dano irre- quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária,
parável ou grave lesão à economia pública, proporá ao financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da ad-
Congresso Nacional sua sustação. ministração federal, bem como da aplicação de recur-
sos públicos por entidades de direito privado;
Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por III - exercer o controle das operações de crédito, avais
nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro e garantias, bem como dos direitos e haveres da União;
próprio de pessoal e jurisdição em todo o território
nacional, exercendo, no que couber, as atribuições pre- IV - apoiar o controle externo no exercício de sua mis-
vistas no art. 96. . são institucional.
§ 1º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão § 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem
nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os seguin- conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalida-
tes requisitos: de, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União,
sob pena de responsabilidade solidária.
I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco
anos de idade; § 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou
sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denun-
II - idoneidade moral e reputação ilibada; ciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal
III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, eco- de Contas da União.
nômicos e financeiros ou de administração pública;
Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção apli-
IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efe-
cam-se, no que couber, à organização, composição e
tiva atividade profissional que exija os conhecimentos
fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do
mencionados no inciso anterior.
Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos
§ 2º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão de Contas dos Municípios.
escolhidos:
Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão
I - um terço pelo Presidente da República, com apro- sobre os Tribunais de Contas respectivos, que serão
vação do Senado Federal, sendo dois alternadamente integrados por sete Conselheiros.
dentre auditores e membros do Ministério Público jun-
to ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, CAPÍTULO II
segundo os critérios de antigüidade e merecimento;
DO PODER EXECUTIVO
II - dois terços pelo Congresso Nacional.
§ 3° Os Ministros do Tribunal de Contas da União te- Seção I
rão as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, DO PRESIDENTE E DO VICE-PRESIDENTE
vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior DA REPÚBLICA
Tribunal de Justiça, aplicando-se-lhes, quanto à apo-
sentadoria e pensão, as normas constantes do art. 40. Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente
§ 4º O auditor, quando em substituição a Ministro, terá da República, auxiliado pelos Ministros de Estado.
as mesmas garantias e impedimentos do titular e, quan-
do no exercício das demais atribuições da judicatura, as Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da
de juiz de Tribunal Regional Federal. República realizar-se-á, simultaneamente, no primeiro
domingo de outubro, em primeiro turno, e no último
Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do
manterão, de forma integrada, sistema de controle in- ano anterior ao do término do mandato presidencial
terno com a finalidade de: vigente.
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano § 1º A eleição do Presidente da República importará a

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do Vice-Presidente com ele registrado. será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Con-
gresso Nacional, na forma da lei.
§ 2º Será considerado eleito Presidente o candidato
que, registrado por partido político, obtiver a maioria § 2º - Em qualquer dos casos, os eleitos deverão com-
absoluta de votos, não computados os em branco e os pletar o período de seus antecessores.
nulos.
§ 3º Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta Art. 82. O mandato do Presidente da República é de
na primeira votação, far-se-á nova eleição em até vinte quatro anos e terá início em primeiro de janeiro do ano
dias após a proclamação do resultado, concorrendo os seguinte ao da sua eleição.
dois candidatos mais votados e considerando-se eleito
aquele que obtiver a maioria dos votos válidos. Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da República
não poderão, sem licença do Congresso Nacional, au-
§ 4º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer sentar-se do País por período superior a quinze dias,
morte, desistência ou impedimento legal de candidato, sob pena de perda do cargo.
convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior
votação. Seção II
§ 5º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, rema- Das Atribuições do Presidente da República
nescer, em segundo lugar, mais de um candidato com a
mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso. Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da Re-
pública:
Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da Repúbli- I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
ca tomarão posse em sessão do Congresso Nacional,
prestando o compromisso de manter, defender e cum- II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a
prir a Constituição, observar as leis, promover o bem direção superior da administração federal;
geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integrida- III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos
de e a independência do Brasil. previstos nesta Constituição;
Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem
para a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo como expedir decretos e regulamentos para sua fiel
motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este execução;
será declarado vago.
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedi- VI – dispor, mediante decreto, sobre:
mento, e suceder- lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente. a) organização e funcionamento da administração fe-
Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além deral, quando não implicar aumento de despesa nem
de outras atribuições que lhe forem conferidas por lei criação ou extinção de órgãos públicos;
complementar, auxiliará o Presidente, sempre que por b) extinção de funções ou cargos públicos, quando
ele convocado para missões especiais. vagos;

Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do VII - manter relações com Estados estrangeiros e acre-
Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, ditar seus representantes diplomáticos;
serão sucessivamente chamados ao exercício da Pre- VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacio-
sidência o Presidente da Câmara dos Deputados, o do nais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal.
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Pre- X - decretar e executar a intervenção federal;
sidente da República, far-se-á eleição noventa dias de- XI - remeter mensagem e plano de governo ao Con-
pois de aberta a última vaga. gresso Nacional por ocasião da abertura da sessão
§ 1º - Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do legislativa, expondo a situação do País e solicitando as
período presidencial, a eleição para ambos os cargos providências que julgar necessárias;

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XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, Parágrafo único. O Presidente da República poderá
se necessário, dos órgãos instituídos em lei; delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI,
XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao
XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas,
Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral
nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da
da União, que observarão os limites traçados nas res-
Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-
pectivas delegações.
-los para os cargos que lhes são privativos;
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Seção III
Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Da Responsabilidade do Presidente da República
Superiores, os Governadores de Territórios, o Procu-
rador-Geral da República, o presidente e os diretores Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Pre-
do banco central e outros servidores, quando determi- sidente da República que atentem contra a Constituição
nado em lei; Federal e, especialmente, contra:
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Mi- I - a existência da União;
nistros do Tribunal de Contas da União;
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Ju-
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nes- diciário, do Ministério Público e dos Poderes constitu-
ta Constituição, e o Advogado-Geral da União; cionais das unidades da Federação;
XVII - nomear membros do Conselho da República, nos III - o exercício dos direitos políticos, individuais e so-
termos do art. 89, VII; ciais;
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o IV - a segurança interna do País;
Conselho de Defesa Nacional;
V - a probidade na administração;
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira,
autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado VI - a lei orçamentária;
por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões le- VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
gislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei
parcialmente, a mobilização nacional;
especial, que estabelecerá as normas de processo e
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do julgamento.
Congresso Nacional;
XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas; Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da Re-
pública, por dois terços da Câmara dos Deputados, será
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complemen- ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal
tar, que forças estrangeiras transitem pelo território na- Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Se-
cional ou nele permaneçam temporariamente; nado Federal, nos crimes de responsabilidade.
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano pluria- § 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções:
nual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as
propostas de orçamento previstos nesta Constituição; I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia
ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal;
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional,
dentro de sessenta dias após a abertura da sessão le- II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração
gislativa, as contas referentes ao exercício anterior; do processo pelo Senado Federal.

XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, § 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o jul-
na forma da lei; gamento não estiver concluído, cessará o afastamento
do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos do processo.
termos do art. 62;
§ 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Cons- infrações comuns, o Presidente da República não estará
tituição. sujeito a prisão.

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§ 4º O Presidente da República, na vigência de seu VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta
mandato, não pode ser responsabilizado por atos estra- e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Pre-
nhos ao exercício de suas funções. sidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal
e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com
Seção IV mandato de três anos, vedada a recondução.
DOS MINISTROS DE ESTADO
Art. 90. Compete ao Conselho da República pronun-
Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre ciar-se sobre:
brasileiros maiores de vinte e um anos e no exercício I - intervenção federal, estado de defesa e estado de
dos direitos políticos. sítio;
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além II - as questões relevantes para a estabilidade das insti-
de outras atribuições estabelecidas nesta Constituição tuições democráticas.
e na lei:
§ 1º O Presidente da República poderá convocar Minis-
I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos tro de Estado para participar da reunião do Conselho,
órgãos e entidades da administração federal na área de quando constar da pauta questão relacionada com o
sua competência e referendar os atos e decretos assina- respectivo Ministério.
dos pelo Presidente da República;
§ 2º A lei regulará a organização e o funcionamento do
II - expedir instruções para a execução das leis, decre- Conselho da República.
tos e regulamentos;
III - apresentar ao Presidente da República relatório Subseção II
anual de sua gestão no Ministério; Do Conselho de Defesa Nacional
IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe
forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente da Re- Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de con-
pública. sulta do Presidente da República nos assuntos relacio-
nados com a soberania nacional e a defesa do Estado
democrático, e dele participam como membros natos:
Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de Mi-
nistérios e órgãos da administração pública. I - o Vice-Presidente da República;
II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
Seção V
DO CONSELHO DA REPÚBLICA E DO III - o Presidente do Senado Federal;
CONSELHO DE DEFESA NACIONAL IV - o Ministro da Justiça;
V - o Ministro de Estado da Defesa;
Subseção I
Do Conselho da República VI - o Ministro das Relações Exteriores;
VII - o Ministro do Planejamento.
Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de
consulta do Presidente da República, e dele participam: VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica.
I - o Vice-Presidente da República;
§ 1º Compete ao Conselho de Defesa Nacional:
II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de
III - o Presidente do Senado Federal; celebração da paz, nos termos desta Constituição;
IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do
Deputados; estado de sítio e da intervenção federal;
V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Fe- III - propor os critérios e condições de utilização de
deral; áreas indispensáveis à segurança do território nacional
VI - o Ministro da Justiça; e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa

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de fronteira e nas relacionadas com a preservação e a a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por três
exploração dos recursos naturais de qualquer tipo; vezes consecutivas ou cinco alternadas em lista de me-
recimento;
IV - estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento
de iniciativas necessárias a garantir a independência b) a promoção por merecimento pressupõe dois anos
nacional e a defesa do Estado democrático. de exercício na respectiva entrância e integrar o juiz
a primeira quinta parte da lista de antigüidade desta,
§ 2º A lei regulará a organização e o funcionamento do
salvo se não houver com tais requisitos quem aceite
Conselho de Defesa Nacional.
o lugar vago;
CAPÍTULO III c) aferição do merecimento conforme o desempenho e
DO PODER JUDICIÁRIO pelos critérios objetivos de produtividade e presteza no
exercício da jurisdição e pela freqüência e aproveita-
mento em cursos oficiais ou reconhecidos de aperfei-
Seção I çoamento;
DISPOSIÇÕES GERAIS
d) na apuração de antigüidade, o tribunal somente po-
derá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:
de dois terços de seus membros, conforme procedi-
I - o Supremo Tribunal Federal; mento próprio, e assegurada ampla defesa, repetindo-
I-A o Conselho Nacional de Justiça; -se a votação até fixar-se a indicação;

II - o Superior Tribunal de Justiça; e) não será promovido o juiz que, injustificadamente,


retiver autos em seu poder além do prazo legal, não po-
II-A - o Tribunal Superior do Trabalho; dendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; ou decisão;
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; III - o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por
antigüidade e merecimento, alternadamente, apurados
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
na última ou única entrância;
VI - os Tribunais e Juízes Militares;
IV - previsão de cursos oficiais de preparação, aper-
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito feiçoamento e promoção de magistrados, constituindo
Federal e Territórios. etapa obrigatória do processo de vitaliciamento a parti-
§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacio- cipação em curso oficial ou reconhecido por escola na-
nal de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na cional de formação e aperfeiçoamento de magistrados;
Capital Federal. V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores
§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Supe- corresponderá a noventa e cinco por cento do subsídio
riores têm jurisdição em todo o território nacional. mensal fixado para os Ministros do Supremo Tribunal
Federal e os subsídios dos demais magistrados serão
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo fixados em lei e escalonados, em nível federal e esta-
Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistra- dual, conforme as respectivas categorias da estrutura
tura, observados os seguintes princípios: judiciária nacional, não podendo a diferença entre uma
e outra ser superior a dez por cento ou inferior a cinco
I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz por cento, nem exceder a noventa e cinco por cento do
substituto, mediante concurso público de provas e títu- subsídio mensal dos Ministros dos Tribunais Superio-
los, com a participação da Ordem dos Advogados do res, obedecido, em qualquer caso, o disposto nos arts.
Brasil em todas as fases, exigindo-se do bacharel em 37, XI, e 39, § 4º;
direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e obe-
decendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação; VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão de
seus dependentes observarão o disposto no art. 40;
II - promoção de entrância para entrância, alternada-
mente, por antigüidade e merecimento, atendidas as VII - o juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo
seguintes normas: autorização do tribunal;

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VIII - o ato de remoção ou de disponibilidade do ma- Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal
gistrado, por interesse público, fundar-se-á em decisão formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo,
por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou que, nos vinte dias subseqüentes, escolherá um de
do Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla seus integrantes para nomeação.
defesa;
VIII -A a remoção a pedido ou a permuta de magistrados Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:
de comarca de igual entrância atenderá, no que couber, I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquiri-
ao disposto nas alíneas a, b, c e e do inciso II; da após dois anos de exercício, dependendo a perda do
IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciá- cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o
rio serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença
sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, judicial transitada em julgado;
em determinados atos, às próprias partes e a seus ad- II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse pú-
vogados, ou somente a estes, em casos nos quais a blico, na forma do art. 93, VIII;
preservação do direito à intimidade do interessado no
III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto
sigilo não prejudique o interesse público à informação;
nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, §
X - as decisões administrativas dos tribunais serão mo- 2º, I.
tivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares to-
Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
madas pelo voto da maioria absoluta de seus membros;
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo
XI - nos tribunais com número superior a vinte e cinco
ou função, salvo uma de magistério;
julgadores, poderá ser constituído órgão especial, com
o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco mem- II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou par-
bros, para o exercício das atribuições administrativas ticipação em processo;
e jurisdicionais delegadas da competência do tribunal III - dedicar-se à atividade político-partidária.
pleno, provendo-se metade das vagas por antigüidade e
a outra metade por eleição pelo tribunal pleno; IV receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas
XII - a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei;
vedado férias coletivas nos juízos e tribunais de segun-
do grau, funcionando, nos dias em que não houver ex- V exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se
pediente forense normal, juízes em plantão permanente; afastou, antes de decorridos três anos do afastamento
do cargo por aposentadoria ou exoneração.
XIII - o número de juízes na unidade jurisdicional será
proporcional à efetiva demanda judicial e à respectiva Art. 96. Compete privativamente:
população;
I - aos tribunais:
XIV - os servidores receberão delegação para a prática
de atos de administração e atos de mero expediente a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regi-
sem caráter decisório; mentos internos, com observância das normas de pro-
cesso e das garantias processuais das partes, dispondo
XV - a distribuição de processos será imediata, em to- sobre a competência e o funcionamento dos respecti-
dos os graus de jurisdição. vos órgãos jurisdicionais e administrativos;

Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regio- b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e
nais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito os dos juízos que lhes forem vinculados, velando pelo
Federal e Territórios será composto de membros, do exercício da atividade correicional respectiva;
Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os car-
de advogados de notório saber jurídico e de reputação gos de juiz de carreira da respectiva jurisdição;
ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade pro-
d) propor a criação de novas varas judiciárias;
fissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de
representação das respectivas classes. e) prover, por concurso público de provas, ou de provas
e títulos, obedecido o disposto no art. 169, parágrafo

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único, os cargos necessários à administração da Justi- peciais no âmbito da Justiça Federal.
ça, exceto os de confiança assim definidos em lei; § 2º As custas e emolumentos serão destinados exclu-
f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus sivamente ao custeio dos serviços afetos às atividades
membros e aos juízes e servidores que lhes forem ime- específicas da Justiça.
diatamente vinculados;  Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia
II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Supe- administrativa e financeira.
riores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Le- § 1º Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentá-
gislativo respectivo, observado o disposto no art. 169: rias dentro dos limites estipulados conjuntamente com
a) a alteração do número de membros dos tribunais os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias.
inferiores; § 2º O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros
b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração tribunais interessados, compete:
dos seus serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem I - no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo
vinculados, bem como a fixação do subsídio de seus Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, com a
membros e dos juízes, inclusive dos tribunais inferio- aprovação dos respectivos tribunais;
res, onde houver;
II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e
c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores; Territórios, aos Presidentes dos Tribunais de Justiça,
d) a alteração da organização e da divisão judiciárias; com a aprovação dos respectivos tribunais.
III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais § 3º Se os órgãos referidos no § 2º não encaminharem
e do Distrito Federal e Territórios, bem como os mem- as respectivas propostas orçamentárias dentro do prazo
bros do Ministério Público, nos crimes comuns e de estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder
responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça Executivo considerará, para fins de consolidação da
Eleitoral. proposta orçamentária anual, os valores aprovados na
lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com os
Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus limites estipulados na forma do § 1º deste artigo.
membros ou dos membros do respectivo órgão espe- § 4º Se as propostas orçamentárias de que trata este ar-
cial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalida- tigo forem encaminhadas em desacordo com os limites
de de lei ou ato normativo do Poder Público. estipulados na forma do § 1º, o Poder Executivo proce-
derá aos ajustes necessários para fins de consolidação
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e da proposta orçamentária anual.
os Estados criarão:
§ 5º Durante a execução orçamentária do exercício, não
I - juizados especiais, providos por juízes togados, poderá haver a realização de despesas ou a assunção de
ou togados e leigos, competentes para a conciliação, obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na
o julgamento e a execução de causas cíveis de menor lei de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente
complexidade e infrações penais de menor potencial autorizadas, mediante a abertura de créditos suplemen-
ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssi- tares ou especiais. 
mo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a tran-
sação e o julgamento de recursos por turmas de juízes Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públi-
de primeiro grau; cas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtu-
II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos de de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na
eleitos pelo voto direto, universal e secreto, com man- ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à
dato de quatro anos e competência para, na forma da conta dos créditos respectivos, proibida a designação
lei, celebrar casamentos, verificar, de ofício ou em face de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e
de impugnação apresentada, o processo de habilitação nos créditos adicionais abertos para este fim.
e exercer atribuições conciliatórias, sem caráter jurisdi- § 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem
cional, além de outras previstas na legislação. aqueles decorrentes de salários, vencimentos, pro-
§ 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados es- ventos, pensões e suas complementações, benefícios

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previdenciários e indenizações por morte ou por invali- complementares ou suplementares de valor pago, bem
dez, fundadas em responsabilidade civil, em virtude de como o fracionamento, repartição ou quebra do valor
sentença judicial transitada em julgado, e serão pagos da execução para fins de enquadramento de parcela do
com preferência sobre todos os demais débitos, exceto total ao que dispõe o § 3º deste artigo.
sobre aqueles referidos no § 2º deste artigo. § 9º No momento da expedição dos precatórios,
§ 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares, independentemente de regulamentação, deles
originários ou por sucessão hereditária, tenham 60 deverá ser abatido, a título de compensação, valor
(sessenta) anos de idade, ou sejam portadores de correspondente aos débitos líquidos e certos, inscritos
doença grave, ou pessoas com deficiência, assim ou não em dívida ativa e constituídos contra o credor
definidos na forma da lei, serão pagos com preferência original pela Fazenda Pública devedora, incluídas
sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente parcelas vincendas de parcelamentos, ressalvados
ao triplo fixado em lei para os fins do disposto no § aqueles cuja execução esteja suspensa em virtude de
3º deste artigo, admitido o fracionamento para essa contestação administrativa ou judicial.
finalidade, sendo que o restante será pago na ordem § 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal
cronológica de apresentação do precatório. solicitará à Fazenda Pública devedora, para resposta
§ 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à em até 30 (trinta) dias, sob pena de perda do direito
expedição de precatórios não se aplica aos pagamentos de abatimento, informação sobre os débitos que
de obrigações definidas em leis como de pequeno valor preencham as condições estabelecidas no § 9º, para os
que as Fazendas referidas devam fazer em virtude de fins nele previstos.
sentença judicial transitada em julgado. § 11. É facultada ao credor, conforme estabelecido
§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser em lei da entidade federativa devedora, a entrega
fixados, por leis próprias, valores distintos às entidades de créditos em precatórios para compra de imóveis
de direito público, segundo as diferentes capacidades públicos do respectivo ente federado.
econômicas, sendo o mínimo igual ao valor do maior § 12. A partir da promulgação desta Emenda
benefício do regime geral de previdência social. Constitucional, a atualização de valores de
§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das requisitórios, após sua expedição, até o efetivo
entidades de direito público, de verba necessária ao pagamento, independentemente de sua natureza, será
pagamento de seus débitos, oriundos de sentenças feita pelo índice oficial de remuneração básica da
transitadas em julgado, constantes de precatórios caderneta de poupança, e, para fins de compensação
judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o da mora, incidirão juros simples no mesmo percentual
pagamento até o final do exercício seguinte, quando de juros incidentes sobre a caderneta de poupança,
terão seus valores atualizados monetariamente. ficando excluída a incidência de juros compensatórios.
§ 6º As dotações orçamentárias e os créditos abertos § 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus
serão consignados diretamente ao Poder Judiciário, créditos em precatórios a terceiros, independentemente
cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a da concordância do devedor, não se aplicando ao
decisão exequenda determinar o pagamento integral e cessionário o disposto nos §§ 2º e 3º.
autorizar, a requerimento do credor e exclusivamente § 14. A cessão de precatórios somente produzirá efeitos
para os casos de preterimento de seu direito de após comunicação, por meio de petição protocolizada,
precedência ou de não alocação orçamentária do valor ao tribunal de origem e à entidade devedora.
necessário à satisfação do seu débito, o sequestro da
quantia respectiva. § 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei
complementar a esta Constituição Federal poderá
§ 7º O Presidente do Tribunal competente que, por estabelecer regime especial para pagamento de crédito
ato comissivo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar de precatórios de Estados, Distrito Federal e Municípios,
a liquidação regular de precatórios incorrerá em crime dispondo sobre vinculações à receita corrente líquida e
de responsabilidade e responderá, também, perante o forma e prazo de liquidação.
Conselho Nacional de Justiça.
§ 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União
§ 8º É vedada a expedição de precatórios poderá assumir débitos, oriundos de precatórios, de

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Estados, Distrito Federal e Municípios, refinanciando- acordos diretos, perante Juízos Auxiliares de Concilia-
os diretamente. ção de Precatórios, com redução máxima de 40% (qua-
renta por cento) do valor do crédito atualizado, desde
§ 17. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
que em relação ao crédito não penda recurso ou defesa
Municípios aferirão mensalmente, em base anual,
judicial e que sejam observados os requisitos definidos
o comprometimento de suas respectivas receitas
na regulamentação editada pelo ente federado.
correntes líquidas com o pagamento de precatórios e
obrigações de pequeno valor.
Seção II
§ 18. Entende-se como receita corrente líquida, para DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
os fins de que trata o § 17, o somatório das receitas
tributárias, patrimoniais, industriais, agropecuárias, Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de
de contribuições e de serviços, de transferências onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais
correntes e outras receitas correntes, incluindo as de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de
oriundas do § 1º do art. 20 da Constituição Federal, idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada.
verificado no período compreendido pelo segundo
mês imediatamente anterior ao de referência e os 11 Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal
(onze) meses precedentes, excluídas as duplicidades, Federal serão nomeados pelo Presidente da República,
e deduzidas: depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do
Senado Federal.
I - na União, as parcelas entregues aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios por determinação Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, preci-
constitucional; puamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
II - nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios I - processar e julgar, originariamente:
por determinação constitucional;
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato
III - na União, nos Estados, no Distrito Federal e nos normativo federal ou estadual e a ação declaratória de
Municípios, a contribuição dos servidores para custeio constitucionalidade de lei ou ato normativo federal;
de seu sistema de previdência e assistência social e as
receitas provenientes da compensação financeira referi- b) nas infrações penais comuns, o Presidente da Re-
da no § 9º do art. 201 da Constituição Federal. pública, o Vice-Presidente, os membros do Congresso
Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral
§ 19. Caso o montante total de débitos decorrentes de da República;
condenações judiciais em precatórios e obrigações
de pequeno valor, em período de 12 (doze) meses, c) nas infrações penais comuns e nos crimes de res-
ultrapasse a média do comprometimento percentual ponsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandan-
da receita corrente líquida nos 5 (cinco) anos tes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalva-
imediatamente anteriores, a parcela que exceder esse do o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais
percentual poderá ser financiada, excetuada dos limites Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os
de endividamento de que tratam os incisos VI e VII do chefes de missão diplomática de caráter permanente;
art. 52 da Constituição Federal e de quaisquer outros d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pes-
limites de endividamento previstos, não se aplicando soas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de
a esse financiamento a vedação de vinculação de re- segurança e o habeas data contra atos do Presidente
ceita prevista no inciso IV do art. 167 da Constituição da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e
Federal. do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do
§ 20. Caso haja precatório com valor superior a 15% Procurador-Geral da República e do próprio Supremo
(quinze por cento) do montante dos precatórios apre- Tribunal Federal;
sentados nos termos do § 5º deste artigo, 15% (quinze e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo in-
por cento) do valor deste precatório serão pagos até ternacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou
o final do exercício seguinte e o restante em parcelas o Território;
iguais nos cinco exercícios subsequentes, acrescidas
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a
de juros de mora e correção monetária, ou mediante

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União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclu- decididas em única ou última instância, quando a de-
sive as respectivas entidades da administração indireta; cisão recorrida:
g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro; a) contrariar dispositivo desta Constituição;
h) Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei
2004) federal;
i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Su- c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado
perior ou quando o coator ou o paciente for autoridade em face desta Constituição.
ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente d) julgar válida lei local contestada em face de lei fe-
à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se tra- deral.
te de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única
instância; § 1.º A argüição de descumprimento de preceito funda-
mental, decorrente desta Constituição, será apreciada
j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus jul- pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.
gados;
§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo
l) a reclamação para a preservação de sua competência Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de incons-
e garantia da autoridade de suas decisões; titucionalidade e nas ações declaratórias de constitu-
m) a execução de sentença nas causas de sua compe- cionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito
tência originária, facultada a delegação de atribuições vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder
para a prática de atos processuais; Judiciário e à administração pública direta e indireta,
nas esferas federal, estadual e municipal.
n) a ação em que todos os membros da magistratura
sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela § 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá de-
em que mais da metade dos membros do tribunal de monstrar a repercussão geral das questões constitucio-
origem estejam impedidos ou sejam direta ou indireta- nais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que
mente interessados; o Tribunal examine a admissão do recurso, somente
podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de
o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal
seus membros.
de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Supe-
riores, ou entre estes e qualquer outro tribunal;
Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucio-
p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de nalidade e a ação declaratória de constitucionalidade:
inconstitucionalidade;
I - o Presidente da República;
q) o mandado de injunção, quando a elaboração da
norma regulamentadora for atribuição do Presidente da II - a Mesa do Senado Federal;
República, do Congresso Nacional, da Câmara dos De- III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
putados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas
IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara
Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de
Legislativa do Distrito Federal;
um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo
Tribunal Federal; V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e VI - o Procurador-Geral da República;
contra o Conselho Nacional do Ministério Público; VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do
II - julgar, em recurso ordinário: Brasil;
a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habe- VIII - partido político com representação no Congresso
as data e o mandado de injunção decididos em única Nacional;
instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a IX - confederação sindical ou entidade de classe de
decisão; âmbito nacional.
b) o crime político; § 1º O Procurador-Geral da República deverá ser pre-
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas viamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade e

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em todos os processos de competência do Supremo do pelo respectivo tribunal;
Tribunal Federal. III - um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indi-
§ 2º Declarada a inconstitucionalidade por omissão de cado pelo respectivo tribunal;
medida para tornar efetiva norma constitucional, será IV - um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado
dada ciência ao Poder competente para a adoção das pelo Supremo Tribunal Federal;
providências necessárias e, em se tratando de órgão
administrativo, para fazê-lo em trinta dias. V - um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal
Federal;
§ 3º Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a
inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato VI - um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo
normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da Superior Tribunal de Justiça;
União, que defenderá o ato ou texto impugnado. VII - um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal
§ 4.º (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de de Justiça;
2004) VIII - um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indica-
do pelo Tribunal Superior do Trabalho;
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofí-
cio ou por provocação, mediante decisão de dois terços IX - um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Supe-
dos seus membros, após reiteradas decisões sobre rior do Trabalho;
matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de X - um membro do Ministério Público da União, indica-
sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculan- do pelo Procurador-Geral da República;
te em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário
XI - um membro do Ministério Público estadual, es-
e à administração pública direta e indireta, nas esferas
colhido pelo Procurador-Geral da República dentre os
federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua
nomes indicados pelo órgão competente de cada ins-
revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.
tituição estadual;
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpre-
XII - dois advogados, indicados pelo Conselho Federal
tação e a eficácia de normas determinadas, acerca das
da Ordem dos Advogados do Brasil;
quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários
ou entre esses e a administração pública que acarrete XIII - dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputa-
grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de ção ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados
processos sobre questão idêntica. e outro pelo Senado Federal.
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em § 1º O Conselho será presidido pelo Presidente do
lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula Supremo Tribunal Federal e, nas suas ausências e im-
poderá ser provocada por aqueles que podem propor a pedimentos, pelo Vice-Presidente do Supremo Tribunal
ação direta de inconstitucionalidade. Federal.
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que § 2º Os demais membros do Conselho serão nomeados
contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a pelo Presidente da República, depois de aprovada a es-
aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal colha pela maioria absoluta do Senado Federal.
que, julgando-a procedente, anulará o ato administrati- § 3º Não efetuadas, no prazo legal, as indicações pre-
vo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determi- vistas neste artigo, caberá a escolha ao Supremo Tri-
nará que outra seja proferida com ou sem a aplicação bunal Federal.
da súmula, conforme o caso.
§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação admi-
Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se nistrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumpri-
de 15 (quinze) membros com mandato de 2 (dois) anos, mento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe,
admitida 1 (uma) recondução, sendo além de outras atribuições que lhe forem conferidas
pelo Estatuto da Magistratura:
I - o Presidente do Supremo Tribunal Federal;
I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cum-
II - um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indica- primento do Estatuto da Magistratura, podendo expedir

49
atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou nais, inclusive nos Estados, Distrito Federal e Territó-
recomendar providências; rios.
II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício § - 6º Junto ao Conselho oficiarão o Procurador-Geral
ou mediante provocação, a legalidade dos atos admi- da República e o Presidente do Conselho Federal da
nistrativos praticados por membros ou órgãos do Poder Ordem dos Advogados do Brasil.
Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar § - 7º A União, inclusive no Distrito Federal e nos Ter-
prazo para que se adotem as providências necessárias ritórios, criará ouvidorias de justiça, competentes para
ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da compe- receber reclamações e denúncias de qualquer interes-
tência do Tribunal de Contas da União; sado contra membros ou órgãos do Poder Judiciário,
III - receber e conhecer das reclamações contra mem- ou contra seus serviços auxiliares, representando dire-
bros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra tamente ao Conselho Nacional de Justiça.
seus serviços auxiliares, serventias e órgãos pres-
tadores de serviços notariais e de registro que atuem Seção III
por delegação do poder público ou oficializados, sem DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
prejuízo da competência disciplinar e correicional dos
tribunais, podendo avocar processos disciplinares em Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de,
curso, determinar a remoção ou a disponibilidade e no mínimo, trinta e três Ministros.
aplicar outras sanções administrativas, assegurada
Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de
ampla defesa;
Justiça serão nomeados pelo Presidente da República,
IV - representar ao Ministério Público, no caso de crime dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos
contra a administração pública ou de abuso de autori- de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e
dade; reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela
V - rever, de ofício ou mediante provocação, os pro- maioria absoluta do Senado Federal, sendo:
cessos disciplinares de juízes e membros de tribunais I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Fede-
julgados há menos de um ano; rais e um terço dentre desembargadores dos Tribunais
VI - elaborar semestralmente relatório estatístico sobre de Justiça, indicados em lista tríplice elaborada pelo
processos e sentenças prolatadas, por unidade da Fe- próprio Tribunal;
deração, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário; II - um terço, em partes iguais, dentre advogados e
VII - elaborar relatório anual, propondo as providências membros do Ministério Público Federal, Estadual, do
que julgar necessárias, sobre a situação do Poder Judi- Distrito Federal e Territórios, alternadamente, indicados
ciário no País e as atividades do Conselho, o qual deve na forma do art. 94.
integrar mensagem do Presidente do Supremo Tribunal
Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, por oca- Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
sião da abertura da sessão legislativa. I - processar e julgar, originariamente:
§ 5º O Ministro do Superior Tribunal de Justiça exercerá a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e
a função de Ministro-Corregedor e ficará excluído da do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade,
distribuição de processos no Tribunal, competindo-lhe, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Es-
além das atribuições que lhe forem conferidas pelo Es- tados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais
tatuto da Magistratura, as seguintes: de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos
I - receber as reclamações e denúncias, de qualquer Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais
interessado, relativas aos magistrados e aos serviços Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou
judiciários; Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério
Público da União que oficiem perante tribunais;
II - exercer funções executivas do Conselho, de inspe-
ção e de correição geral; b) os mandados de segurança e os habeas data contra
ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da
III - requisitar e designar magistrados, delegando-lhes Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio
atribuições, e requisitar servidores de juízos ou tribu- Tribunal;

50
c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for b) julgar válido ato de governo local contestado em face
qualquer das pessoas mencionadas na alínea “a”, ou de lei federal;
quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe
Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do haja atribuído outro tribunal.
Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência
da Justiça Eleitoral; Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribu-
nal de Justiça:
d) os conflitos de competência entre quaisquer tribu-
nais, ressalvado o disposto no art. 102, I, “o”, bem I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento
como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre de Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras funções,
juízes vinculados a tribunais diversos; regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e pro-
moção na carreira;
e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus
julgados; II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer,
na forma da lei, a supervisão administrativa e orçamen-
f) a reclamação para a preservação de sua competência tária da Justiça Federal de primeiro e segundo graus,
e garantia da autoridade de suas decisões; como órgão central do sistema e com poderes correi-
g) os conflitos de atribuições entre autoridades admi- cionais, cujas decisões terão caráter vinculante.
nistrativas e judiciárias da União, ou entre autoridades
judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou Seção IV
do Distrito Federal, ou entre as deste e da União; DOS TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS E DOS
h) o mandado de injunção, quando a elaboração da JUÍZES FEDERAIS
norma regulamentadora for atribuição de órgão, enti-
dade ou autoridade federal, da administração direta ou Art. 106. São órgãos da Justiça Federal:
indireta, excetuados os casos de competência do Su- I - os Tribunais Regionais Federais;
premo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar,
II - os Juízes Federais.
da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça
Federal;
Art. 107. Os Tribunais Regionais Federais compõem-se
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a conces- de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possí-
são de exequatur às cartas rogatórias; vel, na respectiva região e nomeados pelo Presidente
II - julgar, em recurso ordinário: da República dentre brasileiros com mais de trinta e
menos de sessenta e cinco anos, sendo:
a) os habeas corpus decididos em única ou última
instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos
tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, de efetiva atividade profissional e membros do Minis-
quando a decisão for denegatória; tério Público Federal com mais de dez anos de carreira;

b) os mandados de segurança decididos em única II - os demais, mediante promoção de juízes federais


instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos com mais de cinco anos de exercício, por antigüidade e
tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, merecimento, alternadamente.
quando denegatória a decisão; § 1º A lei disciplinará a remoção ou a permuta de juí-
c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro zes dos Tribunais Regionais Federais e determinará sua
ou organismo internacional, de um lado, e, do outro, jurisdição e sede.
Município ou pessoa residente ou domiciliada no País; § 2º Os Tribunais Regionais Federais instalarão a justiça
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, itinerante, com a realização de audiências e demais fun-
em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais ções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais
Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Fe- da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos
deral e Territórios, quando a decisão recorrida: públicos e comunitários.

a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigên- § 3º Os Tribunais Regionais Federais poderão funcionar
cia; descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais,

51
a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos
justiça em todas as fases do processo. casos determinados por lei, contra o sistema financeiro
e a ordem econômico-financeira;
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais: VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua
I - processar e julgar, originariamente: competência ou quando o constrangimento provier de
autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos
a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos
a outra jurisdição;
os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos cri-
mes comuns e de responsabilidade, e os membros do VIII - os mandados de segurança e os habeas data con-
Ministério Público da União, ressalvada a competência tra ato de autoridade federal, excetuados os casos de
da Justiça Eleitoral; competência dos tribunais federais;
b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julga- IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aerona-
dos seus ou dos juízes federais da região; ves, ressalvada a competência da Justiça Militar;
c) os mandados de segurança e os habeas data contra X - os crimes de ingresso ou permanência irregular
ato do próprio Tribunal ou de juiz federal; de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o
“exequatur”, e de sentença estrangeira, após a homolo-
d) os habeas corpus, quando a autoridade coatora for
gação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a
juiz federal;
respectiva opção, e à naturalização;
e) os conflitos de competência entre juízes federais vin-
XI - a disputa sobre direitos indígenas.
culados ao Tribunal;
§ 1º As causas em que a União for autora serão aforadas
II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pe-
na seção judiciária onde tiver domicílio a outra parte.
los juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício
da competência federal da área de sua jurisdição. § 2º As causas intentadas contra a União poderão ser
aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que
deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa,
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou
ou, ainda, no Distrito Federal.
empresa pública federal forem interessadas na condi-
ção de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as § 3º Lei poderá autorizar que as causas de competência
de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à da Justiça Federal em que forem parte instituição de
Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; previdência social e segurado possam ser processadas
e julgadas na justiça estadual quando a comarca do do-
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo
micílio do segurado não for sede de vara federal.
internacional e Município ou pessoa domiciliada ou
residente no País; § 4º Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível
será sempre para o Tribunal Regional Federal na área de
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União
jurisdição do juiz de primeiro grau.
com Estado estrangeiro ou organismo internacional;
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos huma-
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas
nos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade
em detrimento de bens, serviços ou interesse da União
de assegurar o cumprimento de obrigações decorren-
ou de suas entidades autárquicas ou empresas públi-
tes de tratados internacionais de direitos humanos
cas, excluídas as contravenções e ressalvada a compe-
dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante
tência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do
V - os crimes previstos em tratado ou convenção in- inquérito ou processo, incidente de deslocamento de
ternacional, quando, iniciada a execução no País, o competência para a Justiça Federal.
resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro,
ou reciprocamente; Art. 110. Cada Estado, bem como o Distrito Federal,
V - A as causas relativas a direitos humanos a que se constituirá uma seção judiciária que terá por sede a
refere o § 5º deste artigo; respectiva Capital, e varas localizadas segundo o es-
tabelecido em lei.

52
Parágrafo único. Nos Territórios Federais, a jurisdição de suas decisões.
e as atribuições cometidas aos juízes federais caberão
aos juízes da justiça local, na forma da lei. Art. 112. A lei criará varas da Justiça do Trabalho, po-
dendo, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdi-
Seção V ção, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o
Do Tribunal Superior do Trabalho, dos Tribunais respectivo Tribunal Regional do Trabalho.
Regionais do Trabalho e dos Juízes do Trabalho
Art. 113. A lei disporá sobre a constituição, investidura,
Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho: jurisdição, competência, garantias e condições de exer-
cício dos órgãos da Justiça do Trabalho.
I - o Tribunal Superior do Trabalho;
II - os Tribunais Regionais do Trabalho; Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e
III - Juizes do Trabalho. julgar:
§§ 1º a 3º I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos
os entes de direito público externo e da administração
Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho com- pública direta e indireta da União, dos Estados, do Dis-
por-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre trito Federal e dos Municípios;
brasileiros com mais de trinta e cinco anos e menos II - as ações que envolvam exercício do direito de greve;
de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e
III - as ações sobre representação sindical, entre sindi-
reputação ilibada, nomeados pelo Presidente da Repú-
catos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindica-
blica após aprovação pela maioria absoluta do Senado
tos e empregadores;
Federal, sendo:
IV - os mandados de segurança, habeas corpus e ha-
I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos
beas data, quando o ato questionado envolver matéria
de efetiva atividade profissional e membros do Ministé-
sujeita à sua jurisdição;
rio Público do Trabalho com mais de dez anos de efeti-
vo exercício, observado o disposto no art. 94; V - os conflitos de competência entre órgãos com juris-
dição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, o;
II - os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do
Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indica- VI - as ações de indenização por dano moral ou patri-
dos pelo próprio Tribunal Superior. monial, decorrentes da relação de trabalho;
§ 1º A lei disporá sobre a competência do Tribunal Su- VII - as ações relativas às penalidades administrativas
perior do Trabalho. impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscaliza-
ção das relações de trabalho;
§ 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Traba-
lho: VIII - a execução, de ofício, das contribuições sociais
previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais,
I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento
decorrentes das sentenças que proferir;
de Magistrados do Trabalho, cabendo-lhe, dentre ou-
tras funções, regulamentar os cursos oficiais para o IX - outras controvérsias decorrentes da relação de tra-
ingresso e promoção na carreira; balho, na forma da lei.
II - o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, ca- § 1º Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão
bendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão ad- eleger árbitros.
ministrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da § 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação
Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, como coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de
órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza
vinculante. econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o
§ 3º Compete ao Tribunal Superior do Trabalho proces- conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de
sar e julgar, originariamente, a reclamação para a pre- proteção ao trabalho, bem como as convencionadas
servação de sua competência e garantia da autoridade anteriormente.

53
§ 3º Em caso de greve em atividade essencial, com pos- Federal;
sibilidade de lesão do interesse público, o Ministério b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal
Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, de Justiça;
competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito.
II - por nomeação do Presidente da República, dois
Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho com- juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico
põem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quan- e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal
do possível, na respectiva região, e nomeados pelo Federal.
Presidente da República dentre brasileiros com mais de Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá
trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo: seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os Ministros
I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos do Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral
de efetiva atividade profissional e membros do Ministé- dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça.
rio Público do Trabalho com mais de dez anos de efeti-
vo exercício, observado o disposto no art. 94; Art. 120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Ca-
pital de cada Estado e no Distrito Federal.
II - os demais, mediante promoção de juízes do trabalho
por antigüidade e merecimento, alternadamente. § 1º - Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão:
§ 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão I - mediante eleição, pelo voto secreto:
a justiça itinerante, com a realização de audiências e a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribu-
demais funções de atividade jurisdicional, nos limites nal de Justiça;
territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de
equipamentos públicos e comunitários. b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos
pelo Tribunal de Justiça;
§ 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão fun-
cionar descentralizadamente, constituindo Câmaras II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede
regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdi- na Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não
cionado à justiça em todas as fases do processo. havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso,
pelo Tribunal Regional Federal respectivo;
Art. 116. Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será exer- III - por nomeação, pelo Presidente da República, de
cida por um juiz singular. dois juízes dentre seis advogados de notável saber ju-
Parágrafo único. rídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de
Justiça.
Art. 117. e Parágrafo único. § 2º - O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presi-
dente e o Vice-Presidente- dentre os desembargadores.
Seção VI
DOS TRIBUNAIS E JUÍZES ELEITORAIS Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organização
e competência dos tribunais, dos juízes de direito e das
Art. 118. São órgãos da Justiça Eleitoral: juntas eleitorais.
I - o Tribunal Superior Eleitoral; § 1º Os membros dos tribunais, os juízes de direito e os
integrantes das juntas eleitorais, no exercício de suas
II - os Tribunais Regionais Eleitorais;
funções, e no que lhes for aplicável, gozarão de plenas
III - os Juízes Eleitorais; garantias e serão inamovíveis.
IV - as Juntas Eleitorais. § 2º Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo jus-
tificado, servirão por dois anos, no mínimo, e nunca
Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no por mais de dois biênios consecutivos, sendo os subs-
mínimo, de sete membros, escolhidos: titutos escolhidos na mesma ocasião e pelo mesmo
I - mediante eleição, pelo voto secreto: processo, em número igual para cada categoria.

a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal § 3º São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior

54
Eleitoral, salvo as que contrariarem esta Constituição Seção VIII
e as denegatórias de habeas corpus ou mandado de DOS TRIBUNAIS E JUÍZES DOS ESTADOS
segurança.
§ 4º Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, obser-
somente caberá recurso quando: vados os princípios estabelecidos nesta Constituição.

I - forem proferidas contra disposição expressa desta § 1º A competência dos tribunais será definida na
Constituição ou de lei; Constituição do Estado, sendo a lei de organização ju-
diciária de iniciativa do Tribunal de Justiça.
II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois
ou mais tribunais eleitorais; § 2º Cabe aos Estados a instituição de representação de
inconstitucionalidade de leis ou atos normativos esta-
III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de duais ou municipais em face da Constituição Estadual,
diplomas nas eleições federais ou estaduais; vedada a atribuição da legitimação para agir a um único
IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de man- órgão.
datos eletivos federais ou estaduais; § 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do
V - denegarem habeas corpus, mandado de segurança, Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, consti-
habeas data ou mandado de injunção. tuída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos
Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio
Seção VII Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar
DOS TRIBUNAIS E JUÍZES MILITARES nos Estados em que o efetivo militar seja superior a
vinte mil integrantes.
Art. 122. São órgãos da Justiça Militar: § 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e
I - o Superior Tribunal Militar; julgar os militares dos Estados, nos crimes militares
definidos em lei e as ações judiciais contra atos dis-
II - os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei. ciplinares militares, ressalvada a competência do júri
quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal compe-
Art. 123. O Superior Tribunal Militar compor-se-á de tente decidir sobre a perda do posto e da patente dos
quinze Ministros vitalícios, nomeados pelo Presiden- oficiais e da graduação das praças.
te da República, depois de aprovada a indicação pelo
Senado Federal, sendo três dentre oficiais-generais da § 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar
Marinha, quatro dentre oficiais-generais do Exército, processar e julgar, singularmente, os crimes militares
três dentre oficiais-generais da Aeronáutica, todos da cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos
ativa e do posto mais elevado da carreira, e cinco dentre disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Jus-
civis. tiça, sob a presidência de juiz de direito, processar e
julgar os demais crimes militares.
Parágrafo único. Os Ministros civis serão escolhidos
pelo Presidente da República dentre brasileiros maiores § 6º O Tribunal de Justiça poderá funcionar descentra-
de trinta e cinco anos, sendo: lizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de
assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça
I - três dentre advogados de notório saber jurídico e em todas as fases do processo.
conduta ilibada, com mais de dez anos de efetiva ativi-
dade profissional; § 7º O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante,
com a realização de audiências e demais funções da ati-
II - dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e vidade jurisdicional, nos limites territoriais da respec-
membros do Ministério Público da Justiça Militar. tiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos
e comunitários.
Art. 124. à Justiça Militar compete processar e julgar os
crimes militares definidos em lei. Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de
Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o Justiça proporá a criação de varas especializadas, com
funcionamento e a competência da Justiça Militar. competência exclusiva para questões agrárias.

55
Parágrafo único. Sempre que necessário à eficiente Art. 128. O Ministério Público abrange:
prestação jurisdicional, o juiz far-se-á presente no local I - o Ministério Público da União, que compreende:
do litígio.
a) o Ministério Público Federal;
CAPÍTULO IV b) o Ministério Público do Trabalho;
DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA
c) o Ministério Público Militar;
SEÇÃO I d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;
DO MINISTÉRIO PÚBLICO II - os Ministérios Públicos dos Estados.

Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, § 1º O Ministério Público da União tem por chefe
essencial à função jurisdicional do Estado, incumbin- o Procurador-Geral da República, nomeado pelo
do-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrá- Presidente da República dentre integrantes da carreira,
tico e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. maiores de trinta e cinco anos, após a aprovação de
seu nome pela maioria absoluta dos membros do Se-
§ 1º São princípios institucionais do Ministério Público nado Federal, para mandato de dois anos, permitida a
a unidade, a indivisibilidade e a independência funcio- recondução.
nal.
§ 2º A destituição do Procurador-Geral da República,
§ 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia por iniciativa do Presidente da República, deverá ser
funcional e administrativa, podendo, observado o precedida de autorização da maioria absoluta do Sena-
disposto no art. 169, propor ao Poder Legislativo a do Federal.
criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares,
§ 3º Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Dis-
provendo-os por concurso público de provas ou de
trito Federal e Territórios formarão lista tríplice dentre
provas e títulos, a política remuneratória e os planos
integrantes da carreira, na forma da lei respectiva, para
de carreira; a lei disporá sobre sua organização e
escolha de seu Procurador-Geral, que será nomeado
funcionamento.
pelo Chefe do Poder Executivo, para mandato de dois
§ 3º O Ministério Público elaborará sua proposta or- anos, permitida uma recondução.
çamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de
§ 4º Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito
diretrizes orçamentárias.
Federal e Territórios poderão ser destituídos por deli-
§ 4º Se o Ministério Público não encaminhar a respec- beração da maioria absoluta do Poder Legislativo, na
tiva proposta orçamentária dentro do prazo estabeleci- forma da lei complementar respectiva.
do na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo
§ 5º Leis complementares da União e dos Estados, cuja
considerará, para fins de consolidação da proposta
iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-Ge-
orçamentária anual, os valores aprovados na lei orça-
rais, estabelecerão a organização, as atribuições e o
mentária vigente, ajustados de acordo com os limites
estatuto de cada Ministério Público, observadas, rela-
estipulados na forma do § 3º.
tivamente a seus membros:
§ 5º Se a proposta orçamentária de que trata este artigo
I - as seguintes garantias:
for encaminhada em desacordo com os limites estipu-
lados na forma do § 3º, o Poder Executivo procederá a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não po-
aos ajustes necessários para fins de consolidação da dendo perder o cargo senão por sentença judicial tran-
proposta orçamentária anual. sitada em julgado;
§ 6º Durante a execução orçamentária do exercício, b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse pú-
não poderá haver a realização de despesas ou a blico, mediante decisão do órgão colegiado competente
assunção de obrigações que extrapolem os limites do Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de
estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto seus membros, assegurada ampla defesa;
se previamente autorizadas, mediante a abertura de c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art.
créditos suplementares ou especiais. 39, § 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI,
150, II, 153, III, 153, § 2º, I;

56
II - as seguintes vedações: de entidades públicas.
a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, § 1º A legitimação do Ministério Público para as ações
honorários, percentagens ou custas processuais; civis previstas neste artigo não impede a de terceiros,
nas mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta
b) exercer a advocacia;
Constituição e na lei.
c) participar de sociedade comercial, na forma da lei;
§ 2º As funções do Ministério Público só podem ser
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer ou- exercidas por integrantes da carreira, que deverão
tra função pública, salvo uma de magistério; residir na comarca da respectiva lotação, salvo
e) exercer atividade político-partidária; autorização do chefe da instituição.

f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou § 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas se-á mediante concurso público de provas e títulos,
ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei. assegurada a participação da Ordem dos Advogados
do Brasil em sua realização, exigindo-se do bacharel
§ 6º Aplica-se aos membros do Ministério Público o em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica
disposto no art. 95, parágrafo único, V. e observando-se, nas nomeações, a ordem de
classificação.
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Pú-
blico: § 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o
disposto no art. 93.
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na
forma da lei; § 5º A distribuição de processos no Ministério Público
será imediata.
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e
dos serviços de relevância pública aos direitos asse- Art. 130. Aos membros do Ministério Público junto aos
gurados nesta Constituição, promovendo as medidas Tribunais de Contas aplicam-se as disposições desta
necessárias a sua garantia; seção pertinentes a direitos, vedações e forma de in-
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, vestidura.
para a proteção do patrimônio público e social, do meio
ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministério
Público compõe-se de quatorze membros nomeados
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou re-
pelo Presidente da República, depois de aprovada a
presentação para fins de intervenção da União e dos
escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, para
Estados, nos casos previstos nesta Constituição;
um mandato de dois anos, admitida uma recondução,
V - defender judicialmente os direitos e interesses das sendo:
populações indígenas;
I - o Procurador-Geral da República, que o preside;
VI - expedir notificações nos procedimentos adminis-
II - quatro membros do Ministério Público da União,
trativos de sua competência, requisitando informações
assegurada a representação de cada uma de suas car-
e documentos para instruí-los, na forma da lei comple-
reiras;
mentar respectiva;
III - três membros do Ministério Público dos Estados;
VII - exercer o controle externo da atividade policial,
na forma da lei complementar mencionada no artigo IV - dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal
anterior; Federal e outro pelo Superior Tribunal de Justiça;
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instau- V - dois advogados, indicados pelo Conselho Federal
ração de inquérito policial, indicados os fundamentos da Ordem dos Advogados do Brasil;
jurídicos de suas manifestações processuais; VI - dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e
desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe outro pelo Senado Federal.
vedada a representação judicial e a consultoria jurídica § 1º Os membros do Conselho oriundos do Ministério

57
Público serão indicados pelos respectivos Ministérios § 4º O Presidente do Conselho Federal da Ordem dos
Públicos, na forma da lei. Advogados do Brasil oficiará junto ao Conselho.
§ 2º Compete ao Conselho Nacional do Ministério Pú- § 5º Leis da União e dos Estados criarão ouvidorias do
blico o controle da atuação administrativa e financeira Ministério Público, competentes para receber reclama-
do Ministério Público e do cumprimento dos deveres ções e denúncias de qualquer interessado contra mem-
funcionais de seus membros, cabendo lhe: bros ou órgãos do Ministério Público, inclusive contra
seus serviços auxiliares, representando diretamente ao
I - zelar pela autonomia funcional e administrativa do
Conselho Nacional do Ministério Público.
Ministério Público, podendo expedir atos regulamen-
tares, no âmbito de sua competência, ou recomendar
providências; Seção II
DA ADVOCACIA PÚBLICA
II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de
ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição
administrativos praticados por membros ou órgãos do que, diretamente ou através de órgão vinculado, re-
Ministério Público da União e dos Estados, podendo presenta a União, judicial e extrajudicialmente, caben-
desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se do-lhe, nos termos da lei complementar que dispuser
adotem as providências necessárias ao exato cumpri- sobre sua organização e funcionamento, as atividades
mento da lei, sem prejuízo da competência dos Tribu- de consultoria e assessoramento jurídico do Poder
nais de Contas; Executivo.
III - receber e conhecer das reclamações contra mem- § 1º A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advo-
bros ou órgãos do Ministério Público da União ou dos gado-Geral da União, de livre nomeação pelo Presiden-
Estados, inclusive contra seus serviços auxiliares, sem te da República dentre cidadãos maiores de trinta e cin-
prejuízo da competência disciplinar e correicional da co anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada.
instituição, podendo avocar processos disciplinares
em curso, determinar a remoção ou a disponibilidade § 2º O ingresso nas classes iniciais das carreiras da
e aplicar outras sanções administrativas, assegurada instituição de que trata este artigo far-se-á mediante
ampla defesa; concurso público de provas e títulos.

IV - rever, de ofício ou mediante provocação, os proces- § 3º Na execução da dívida ativa de natureza tributária,
sos disciplinares de membros do Ministério Público da a representação da União cabe à Procuradoria-Geral da
União ou dos Estados julgados há menos de um ano; Fazenda Nacional, observado o disposto em lei.

V - elaborar relatório anual, propondo as providências Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito
que julgar necessárias sobre a situação do Ministério Federal, organizados em carreira, na qual o ingresso
Público no País e as atividades do Conselho, o qual dependerá de concurso público de provas e títulos, com
deve integrar a mensagem prevista no art. 84, XI. a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em
§ 3º O Conselho escolherá, em votação secreta, um todas as suas fases, exercerão a representação judicial
Corregedor nacional, dentre os membros do Ministério e a consultoria jurídica das respectivas unidades
Público que o integram, vedada a recondução, compe- federadas.
tindo-lhe, além das atribuições que lhe forem conferi- Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste arti-
das pela lei, as seguintes: go é assegurada estabilidade após três anos de efetivo
I - receber reclamações e denúncias, de qualquer inte- exercício, mediante avaliação de desempenho perante
ressado, relativas aos membros do Ministério Público e os órgãos próprios, após relatório circunstanciado das
dos seus serviços auxiliares; corregedorias.
II - exercer funções executivas do Conselho, de inspe-
SEÇÃO III
ção e correição geral;
DA ADVOCACIA
III - requisitar e designar membros do Ministério Públi-
co, delegando-lhes atribuições, e requisitar servidores Art. 133. O advogado é indispensável à administração
de órgãos do Ministério Público. da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifesta-

58
ções no exercício da profissão, nos limites da lei. Seção I
DO ESTADO DE DEFESA
SEÇÃO IV
DA DEFENSORIA PÚBLICA Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o
Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacio-
Art. 134. A Defensoria Pública é instituição nal, decretar estado de defesa para preservar ou pronta-
permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, mente restabelecer, em locais restritos e determinados,
incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave
regime democrático, fundamentalmente, a orientação e iminente instabilidade institucional ou atingidas por
jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, calamidades de grandes proporções na natureza.
em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos § 1º O decreto que instituir o estado de defesa deter-
individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos minará o tempo de sua duração, especificará as áreas
necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta a serem abrangidas e indicará, nos termos e limites
Constituição Federal. da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, dentre as
§ 1º Lei complementar organizará a Defensoria Pública seguintes:
da União e do Distrito Federal e dos Territórios e I - restrições aos direitos de:
prescreverá normas gerais para sua organização
nos Estados, em cargos de carreira, providos, na a) reunião, ainda que exercida no seio das associações;
classe inicial, mediante concurso público de provas b) sigilo de correspondência;
e títulos, assegurada a seus integrantes a garantia da
inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia fora c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;
das atribuições institucionais. II - ocupação e uso temporário de bens e serviços pú-
§ 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são blicos, na hipótese de calamidade pública, responden-
asseguradas autonomia funcional e administrativa e do a União pelos danos e custos decorrentes.
a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos § 2º O tempo de duração do estado de defesa não será
limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias superior a trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez,
e subordinação ao disposto no art. 99, § 2º. por igual período, se persistirem as razões que justifi-
§ 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Públi- caram a sua decretação.
cas da União e do Distrito Federal. § 3º Na vigência do estado de defesa:
§ 4º São princípios institucionais da Defensoria I - a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo
Pública a unidade, a indivisibilidade e a independência executor da medida, será por este comunicada imedia-
funcional, aplicando-se também, no que couber, o tamente ao juiz competente, que a relaxará, se não for
disposto no art. 93 e no inciso II do art. 96 desta legal, facultado ao preso requerer exame de corpo de
Constituição Federal. delito à autoridade policial;
II - a comunicação será acompanhada de declaração,
Art. 135. Os servidores integrantes das carreiras disci- pela autoridade, do estado físico e mental do detido no
plinadas nas Seções II e III deste Capítulo serão remu- momento de sua autuação;
nerados na forma do art. 39, § 4º.
III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não pode-
rá ser superior a dez dias, salvo quando autorizada pelo
TÍTULO V
Poder Judiciário;
Da Defesa do Estado e Das Instituições
Democráticas IV - é vedada a incomunicabilidade do preso.
§ 4º Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação,
o Presidente da República, dentro de vinte e quatro ho-
CAPÍTULO I
ras, submeterá o ato com a respectiva justificação ao
DO ESTADO DE DEFESA E DO Congresso Nacional, que decidirá por maioria absoluta.
ESTADO DE SÍTIO
§ 5º Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será

59
convocado, extraordinariamente, no prazo de cinco Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com
dias. fundamento no art. 137, I, só poderão ser tomadas con-
tra as pessoas as seguintes medidas:
§ 6º O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro
de dez dias contados de seu recebimento, devendo I - obrigação de permanência em localidade determi-
continuar funcionando enquanto vigorar o estado de nada;
defesa. II - detenção em edifício não destinado a acusados ou
§ 7º Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado condenados por crimes comuns;
de defesa. III - restrições relativas à inviolabilidade da correspon-
dência, ao sigilo das comunicações, à prestação de
Seção II informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e
DO ESTADO DE SÍTIO televisão, na forma da lei;

Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o IV - suspensão da liberdade de reunião;


Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacio- V - busca e apreensão em domicílio;
nal, solicitar ao Congresso Nacional autorização para
VI - intervenção nas empresas de serviços públicos;
decretar o estado de sítio nos casos de:
VII - requisição de bens.
I - comoção grave de repercussão nacional ou ocor-
rência de fatos que comprovem a ineficácia de medida Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inciso
tomada durante o estado de defesa; III a difusão de pronunciamentos de parlamentares efe-
tuados em suas Casas Legislativas, desde que liberada
II - declaração de estado de guerra ou resposta a agres-
pela respectiva Mesa.
são armada estrangeira.
Parágrafo único. O Presidente da República, ao solicitar Seção III
autorização para decretar o estado de sítio ou sua pror- DISPOSIÇÕES GERAIS
rogação, relatará os motivos determinantes do pedido,
devendo o Congresso Nacional decidir por maioria Art. 140. A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os
absoluta. líderes partidários, designará Comissão composta de
cinco de seus membros para acompanhar e fiscalizar a
Art. 138. O decreto do estado de sítio indicará sua execução das medidas referentes ao estado de defesa e
duração, as normas necessárias a sua execução e as ao estado de sítio.
garantias constitucionais que ficarão suspensas, e,
depois de publicado, o Presidente da República de- Art. 141. Cessado o estado de defesa ou o estado de
signará o executor das medidas específicas e as áreas sítio, cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da
abrangidas. responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus exe-
§ 1º - O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não cutores ou agentes.
poderá ser decretado por mais de trinta dias, nem pror- Parágrafo único. Logo que cesse o estado de defesa ou
rogado, de cada vez, por prazo superior; no do inciso II, o estado de sítio, as medidas aplicadas em sua vigên-
poderá ser decretado por todo o tempo que perdurar a cia serão relatadas pelo Presidente da República, em
guerra ou a agressão armada estrangeira. mensagem ao Congresso Nacional, com especificação
§ 2º - Solicitada autorização para decretar o estado de e justificação das providências adotadas, com relação
sítio durante o recesso parlamentar, o Presidente do nominal dos atingidos e indicação das restrições apli-
Senado Federal, de imediato, convocará extraordinaria- cadas.
mente o Congresso Nacional para se reunir dentro de
cinco dias, a fim de apreciar o ato. CAPÍTULO II
§ 3º - O Congresso Nacional permanecerá em funciona- DAS FORÇAS ARMADAS
mento até o término das medidas coercitivas.
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Mari-

60
nha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições gamento previsto no inciso anterior;
nacionais permanentes e regulares, organizadas com VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, inci-
base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade sos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos
suprema do Presidente da República, e destinam-se à XI, XIII, XIV e XV, bem como, na forma da lei e com
defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais prevalência da atividade militar, no art. 37, inciso XVI,
e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. alínea “c”;
§ 1º Lei complementar estabelecerá as normas gerais IX - (Revogado pela Emenda Constitucional nº 41, de
a serem adotadas na organização, no preparo e no em- 19.12.2003)
prego das Forças Armadas.
X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas,
§ 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições os limites de idade, a estabilidade e outras condições
disciplinares militares. de transferência do militar para a inatividade, os di-
§ 3º Os membros das Forças Armadas são denominados reitos, os deveres, a remuneração, as prerrogativas e
militares, aplicando-se-lhes, além das que vierem a ser outras situações especiais dos militares, consideradas
fixadas em lei, as seguintes disposições: as peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas
cumpridas por força de compromissos internacionais
I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a
e de guerra.
elas inerentes, são conferidas pelo Presidente da Repú-
blica e asseguradas em plenitude aos oficiais da ativa,
da reserva ou reformados, sendo-lhes privativos os tí- Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da
tulos e postos militares e, juntamente com os demais lei.
membros, o uso dos uniformes das Forças Armadas; § 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei,
II - o militar em atividade que tomar posse em cargo atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de paz,
ou emprego público civil permanente, ressalvada a hi- após alistados, alegarem imperativo de consciência,
pótese prevista no art. 37, inciso XVI, alínea “c”, será entendendo-se como tal o decorrente de crença
transferido para a reserva, nos termos da lei; religiosa e de convicção filosófica ou política, para
se eximirem de atividades de caráter essencialmente
III - o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar militar.
posse em cargo, emprego ou função pública civil tem-
porária, não eletiva, ainda que da administração indi- § 2º As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do
reta, ressalvada a hipótese prevista no art. 37, inciso serviço militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos,
XVI, alínea “c”, ficará agregado ao respectivo quadro porém, a outros encargos que a lei lhes atribuir.
e somente poderá, enquanto permanecer nessa situa-
ção, ser promovido por antiguidade, contando-se-lhe CAPÍTULO III
o tempo de serviço apenas para aquela promoção e DA SEGURANÇA PÚBLICA
transferência para a reserva, sendo depois de dois anos
de afastamento, contínuos ou não, transferido para a
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e
reserva, nos termos da lei;
responsabilidade de todos, é exercida para a preserva-
IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve; ção da ordem pública e da incolumidade das pessoas e
V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
filiado a partidos políticos; I - polícia federal;
VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for jul- II - polícia rodoviária federal;
gado indigno do oficialato ou com ele incompatível,
III - polícia ferroviária federal;
por decisão de tribunal militar de caráter permanente,
em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo IV - polícias civis;
de guerra; V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar VI - polícias penais federal, estaduais e distrital.
a pena privativa de liberdade superior a dois anos, por
sentença transitada em julgado, será submetido ao jul- § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão per-

61
manente, organizado e mantido pela União e estrutura- cipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e
do em carreira, destina-se a:» instalações, conforme dispuser a lei.
I - apurar infrações penais contra a ordem política e § 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes
social ou em detrimento de bens, serviços e interesses dos órgãos relacionados neste artigo será fixada na for-
da União ou de suas entidades autárquicas e empresas ma do § 4º do art. 39.
públicas, assim como outras infrações cuja prática te- § 10. A segurança viária, exercida para a preservação da
nha repercussão interestadual ou internacional e exija ordem pública e da incolumidade das pessoas e do seu
repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; patrimônio nas vias públicas:
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes I - compreende a educação, engenharia e fiscalização
e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem de trânsito, além de outras atividades previstas em lei,
prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urba-
nas respectivas áreas de competência; na eficiente; e
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportu- II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal
ária e de fronteiras; e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia executivos e seus agentes de trânsito, estruturados em
judiciária da União. Carreira, na forma da lei.
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente,
organizado e mantido pela União e estruturado em TÍTULO VI
carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento DA TRIBUTAÇÃO E DO ORÇAMENTO
ostensivo das rodovias federais.
§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, CAPÍTULO I
organizado e mantido pela União e estruturado em DO SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL
carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento
ostensivo das ferrovias federais.
Seção I
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polí- DOS PRINCÍPIOS GERAIS
cia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da
União, as funções de polícia judiciária e a apuração de Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
infrações penais, exceto as militares. Municípios poderão instituir os seguintes tributos:
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e I - impostos;
a preservação da ordem pública; aos corpos de bom-
beiros militares, além das atribuições definidas em lei, II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou
incumbe a execução de atividades de defesa civil. pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públi-
cos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte
§ 5º-A. Às polícias penais, vinculadas ao órgão admi- ou postos a sua disposição;
nistrador do sistema penal da unidade federativa a que
pertencem, cabe a segurança dos estabelecimentos III - contribuição de melhoria, decorrente de obras pú-
penais. blicas.
§ 6º As polícias militares e os corpos de bombeiros § 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter
militares, forças auxiliares e reserva do Exército subor- pessoal e serão graduados segundo a capacidade eco-
dinam-se, juntamente com as polícias civis e as polí- nômica do contribuinte, facultado à administração tri-
cias penais estaduais e distrital, aos Governadores dos butária, especialmente para conferir efetividade a esses
Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais
e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as
§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento atividades econômicas do contribuinte.
dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de
maneira a garantir a eficiência de suas atividades. § 2º As taxas não poderão ter base de cálculo própria
de impostos.
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas muni-

62
Art. 146. Cabe à lei complementar: impostos estaduais e, se o Território não for dividido em
Municípios, cumulativamente, os impostos municipais;
I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria
ao Distrito Federal cabem os impostos municipais.
tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal
e os Municípios;
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá
II - regular as limitações constitucionais ao poder de instituir empréstimos compulsórios:
tributar;
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação de calamidade pública, de guerra externa ou sua imi-
tributária, especialmente sobre: nência;
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, II - no caso de investimento público de caráter urgente
em relação aos impostos discriminados nesta Cons- e de relevante interesse nacional, observado o disposto
tituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de no art. 150, III, “b”.
cálculo e contribuintes;
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e deca- de empréstimo compulsório será vinculada à despesa
dência tributários; que fundamentou sua instituição.
c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo
praticado pelas sociedades cooperativas. Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir
contribuições sociais, de intervenção no domínio eco-
d) definição de tratamento diferenciado e favorecido
nômico e de interesse das categorias profissionais ou
para as microempresas e para as empresas de pequeno
econômicas, como instrumento de sua atuação nas
porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no
respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146,
caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribui-
III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195,
ções previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contri-
§ 6º, relativamente às contribuições a que alude o dis-
buição a que se refere o art. 239.
positivo.
Parágrafo único. A lei complementar de que trata o in-
§ 1º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
ciso III, d, também poderá instituir um regime único de
nicípios instituirão, por meio de lei, contribuições para
arrecadação dos impostos e contribuições da União,
custeio de regime próprio de previdência social, co-
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, ob-
bradas dos servidores ativos, dos aposentados e dos
servado que:
pensionistas, que poderão ter alíquotas progressivas
I - será opcional para o contribuinte; de acordo com o valor da base de contribuição ou dos
II - poderão ser estabelecidas condições de enquadra- proventos de aposentadoria e de pensões.
mento diferenciadas por Estado; § 1º-A. Quando houver deficit atuarial, a contribuição
III - o recolhimento será unificado e centralizado e a ordinária dos aposentados e pensionistas poderá inci-
distribuição da parcela de recursos pertencentes aos dir sobre o valor dos proventos de aposentadoria e de
respectivos entes federados será imediata, vedada qual- pensões que supere o salário-mínimo.
quer retenção ou condicionamento; § 1º-B. Demonstrada a insuficiência da medida prevista
IV - a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão no § 1º-A para equacionar o deficit atuarial, é facultada
ser compartilhadas pelos entes federados, adotado ca- a instituição de contribuição extraordinária, no âmbito
dastro nacional único de contribuintes. da União, dos servidores públicos ativos, dos aposen-
tados e dos pensionistas.
Art. 146-A. Lei complementar poderá estabelecer cri- § 1º-C. A contribuição extraordinária de que trata o §
térios especiais de tributação, com o objetivo de pre- 1º-B deverá ser instituída simultaneamente com outras
venir desequilíbrios da concorrência, sem prejuízo da medidas para equacionamento do deficit e vigorará por
competência de a União, por lei, estabelecer normas de período determinado, contado da data de sua instituição.
igual objetivo. § 2º As contribuições sociais e de intervenção no domí-
nio econômico de que trata o caput deste artigo:
Art. 147. Competem à União, em Território Federal, os

63
I - não incidirão sobre as receitas decorrentes de ex- servado o disposto na alínea b;
portação; IV - utilizar tributo com efeito de confisco;
II - incidirão também sobre a importação de produtos V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou
estrangeiros ou serviços; bens, por meio de tributos interestaduais ou intermuni-
III - poderão ter alíquotas: cipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização
de vias conservadas pelo Poder Público;
a) ad valorem, tendo por base o faturamento, a receita
bruta ou o valor da operação e, no caso de importação, VI - instituir impostos sobre:
o valor aduaneiro; a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
b) específica, tendo por base a unidade de medida ado- b) templos de qualquer culto;
tada.
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políti-
§ 3º A pessoa natural destinatária das operações de im- cos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais
portação poderá ser equiparada a pessoa jurídica, na dos trabalhadores, das instituições de educação e de
forma da lei. assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os
§ 4º A lei definirá as hipóteses em que as contribuições requisitos da lei;
incidirão uma única vez. d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua
impressão.
Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão
instituir contribuição, na forma das respectivas leis, e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos
para o custeio do serviço de iluminação pública, obser- no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de
vado o disposto no art. 150, I e III. autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas
por artistas brasileiros bem como os suportes materiais
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa
a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a
elétrica. laser.

Seção II § 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tribu-


DAS LIMITAÇÕES DO PODER DE TRIBUTAR tos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II;
e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem
ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Dis- à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos
trito Federal e aos Municípios: arts. 155, III, e 156, I.

I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; § 2º A vedação do inciso VI, «a», é extensiva às autar-
quias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder
II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos
se encontrem em situação equivalente, proibida qual- serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou
quer distinção em razão de ocupação profissional ou às delas decorrentes.
função por eles exercida, independentemente da deno-
minação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos; § 3º As vedações do inciso VI, «a», e do parágrafo
anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos
III - cobrar tributos: serviços, relacionados com exploração de atividades
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empre-
início da vigência da lei que os houver instituído ou endimentos privados, ou em que haja contraprestação
aumentado; ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem
exonera o promitente comprador da obrigação de pagar
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido pu- imposto relativamente ao bem imóvel.
blicada a lei que os instituiu ou aumentou;
§ 4º As vedações expressas no inciso VI, alíneas «b»
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja e «c», compreendem somente o patrimônio, a renda e
sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, ob- os serviços, relacionados com as finalidades essenciais

64
das entidades nelas mencionadas. ou nacionalizados;
§ 5º A lei determinará medidas para que os consumido- III - renda e proventos de qualquer natureza;
res sejam esclarecidos acerca dos impostos que inci- IV - produtos industrializados;
dam sobre mercadorias e serviços.
V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas
§ 6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base a títulos ou valores mobiliários;
de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou
remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, VI - propriedade territorial rural;
só poderá ser concedido mediante lei específica, fede- VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.
ral, estadual ou municipal, que regule exclusivamente
as matérias acima enumeradas ou o correspondente § 1º É facultado ao Poder Executivo, atendidas as
tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as
art. 155, § 2.º, XII, g. alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II,
IV e V.
§ 7º A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação
tributária a condição de responsável pelo pagamento de § 2º O imposto previsto no inciso III:
imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer I - será informado pelos critérios da generalidade, da
posteriormente, assegurada a imediata e preferencial universalidade e da progressividade, na forma da lei;
restituição da quantia paga, caso não se realize o fato
II - (Revogado pela Emenda Constitucional nº 20, de
gerador presumido.
1998)
Art. 151. É vedado à União: § 3º O imposto previsto no inciso IV:
I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o ter- I - será seletivo, em função da essencialidade do pro-
ritório nacional ou que implique distinção ou preferên- duto;
cia em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Muni- II - será não-cumulativo, compensando-se o que for
cípio, em detrimento de outro, admitida a concessão de devido em cada operação com o montante cobrado nas
incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do anteriores;
desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes
regiões do País; III - não incidirá sobre produtos industrializados desti-
nados ao exterior.
II - tributar a renda das obrigações da dívida pública
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem IV - terá reduzido seu impacto sobre a aquisição de
como a remuneração e os proventos dos respectivos bens de capital pelo contribuinte do imposto, na forma
agentes públicos, em níveis superiores aos que fixar da lei.
para suas obrigações e para seus agentes; § 4º O imposto previsto no inciso VI do caput:
III - instituir isenções de tributos da competência dos I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de
Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. forma a desestimular a manutenção de propriedades
improdutivas;
Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e
II - não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas
aos Municípios estabelecer diferença tributária entre
em lei, quando as explore o proprietário que não pos-
bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua
sua outro imóvel;
procedência ou destino.
III - será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que
Seção III assim optarem, na forma da lei, desde que não implique
DOS IMPOSTOS DA UNIÃO redução do imposto ou qualquer outra forma de renún-
cia fiscal.
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: § 5º O ouro, quando definido em lei como ativo finan-
I - importação de produtos estrangeiros; ceiro ou instrumento cambial, sujeita-se exclusivamen-
te à incidência do imposto de que trata o inciso V do
II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais «caput» deste artigo, devido na operação de origem;

65
a alíquota mínima será de um por cento, assegurada a § 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao se-
transferência do montante da arrecadação nos seguin- guinte:
tes termos: I - será não-cumulativo, compensando-se o que for
I - trinta por cento para o Estado, o Distrito Federal ou o devido em cada operação relativa à circulação de mer-
Território, conforme a origem; cadorias ou prestação de serviços com o montante co-
brado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou
II - setenta por cento para o Município de origem.
pelo Distrito Federal;
Art. 154. A União poderá instituir: II - a isenção ou não-incidência, salvo determinação em
contrário da legislação:
I - mediante lei complementar, impostos não previstos
no artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e a) não implicará crédito para compensação com o mon-
não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios tante devido nas operações ou prestações seguintes;
dos discriminados nesta Constituição; b) acarretará a anulação do crédito relativo às opera-
II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos ções anteriores;
extraordinários, compreendidos ou não em sua compe- III - poderá ser seletivo, em função da essencialidade
tência tributária, os quais serão suprimidos, gradativa- das mercadorias e dos serviços;
mente, cessadas as causas de sua criação.
IV - resolução do Senado Federal, de iniciativa do Pre-
Seção IV sidente da República ou de um terço dos Senadores,
DOS IMPOSTOS DOS ESTADOS E aprovada pela maioria absoluta de seus membros, esta-
DO DISTRITO FEDERAL belecerá as alíquotas aplicáveis às operações e presta-
ções, interestaduais e de exportação;
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal V - é facultado ao Senado Federal:
instituir impostos sobre:
a) estabelecer alíquotas mínimas nas operações inter-
I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer nas, mediante resolução de iniciativa de um terço e
bens ou direitos; aprovada pela maioria absoluta de seus membros;
II - operações relativas à circulação de mercadorias e b) fixar alíquotas máximas nas mesmas operações para
sobre prestações de serviços de transporte interesta- resolver conflito específico que envolva interesse de
dual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as Estados, mediante resolução de iniciativa da maioria
operações e as prestações se iniciem no exterior; absoluta e aprovada por dois terços de seus membros;
III - propriedade de veículos automotores. VI - salvo deliberação em contrário dos Estados e do
§ 1º O imposto previsto no inciso I: Distrito Federal, nos termos do disposto no inciso XII,
“g”, as alíquotas internas, nas operações relativas à cir-
I - relativamente a bens imóveis e respectivos direitos, culação de mercadorias e nas prestações de serviços,
compete ao Estado da situação do bem, ou ao Distrito não poderão ser inferiores às previstas para as opera-
Federal ções interestaduais;
II - relativamente a bens móveis, títulos e créditos, com- VII - nas operações e prestações que destinem bens
pete ao Estado onde se processar o inventário ou arrola- e serviços a consumidor final, contribuinte ou não do
mento, ou tiver domicílio o doador, ou ao Distrito Federal; imposto, localizado em outro Estado, adotar-se-á a alí-
III - terá competência para sua instituição regulada por quota interestadual e caberá ao Estado de localização
lei complementar: do destinatário o imposto correspondente à diferença
entre a alíquota interna do Estado destinatário e a alí-
a) se o doador tiver domicilio ou residência no exterior; quota interestadual;
b) se o de cujus possuía bens, era residente ou domi- a) (revogada);
ciliado ou teve o seu inventário processado no exterior;
b) (revogada);
IV - terá suas alíquotas máximas fixadas pelo Senado
Federal; VIII - a responsabilidade pelo recolhimento do imposto

66
correspondente à diferença entre a alíquota interna e a serviços;
interestadual de que trata o inciso VII será atribuída: e) excluir da incidência do imposto, nas exportações
a) ao destinatário, quando este for contribuinte do im- para o exterior, serviços e outros produtos além dos
posto; mencionados no inciso X, “a”;
b) ao remetente, quando o destinatário não for contri- f) prever casos de manutenção de crédito, relativamente
buinte do imposto; à remessa para outro Estado e exportação para o exte-
rior, de serviços e de mercadorias;
IX - incidirá também:
g) regular a forma como, mediante deliberação dos
a)sobre a entrada de bem ou mercadoria importados do
Estados e do Distrito Federal, isenções, incentivos e
exterior por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja
benefícios fiscais serão concedidos e revogados.
contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a
sua finalidade, assim como sobre o serviço prestado no h) definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais
exterior, cabendo o imposto ao Estado onde estiver si- o imposto incidirá uma única vez, qualquer que seja a
tuado o domicílio ou o estabelecimento do destinatário sua finalidade, hipótese em que não se aplicará o dis-
da mercadoria, bem ou serviço; posto no inciso X, b;
b) sobre o valor total da operação, quando mercadorias i) fixar a base de cálculo, de modo que o montante do
forem fornecidas com serviços não compreendidos na imposto a integre, também na importação do exterior de
competência tributária dos Municípios; bem, mercadoria ou serviço
X - não incidirá: § 3º À exceção dos impostos de que tratam o inciso II
do caput deste artigo e o art. 153, I e II, nenhum ou-
a) sobre operações que destinem mercadorias para o
tro imposto poderá incidir sobre operações relativas a
exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários
energia elétrica, serviços de telecomunicações, deriva-
no exterior, assegurada a manutenção e o aproveita-
dos de petróleo, combustíveis e minerais do País.
mento do montante do imposto cobrado nas operações
e prestações anteriores; § 4º Na hipótese do inciso XII, h, observar-se-á o se-
guinte:
b) sobre operações que destinem a outros Estados pe-
tróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e I - nas operações com os lubrificantes e combustíveis
gasosos dele derivados, e energia elétrica; derivados de petróleo, o imposto caberá ao Estado onde
ocorrer o consumo;
c) sobre o ouro, nas hipóteses definidas no art. 153,
§ 5º; II - nas operações interestaduais, entre contribuintes,
com gás natural e seus derivados, e lubrificantes e
d) nas prestações de serviço de comunicação nas mo-
combustíveis não incluídos no inciso I deste parágrafo,
dalidades de radiodifusão sonora e de sons e imagens
o imposto será repartido entre os Estados de origem
de recepção livre e gratuita;
e de destino, mantendo-se a mesma proporcionalidade
XI - não compreenderá, em sua base de cálculo, o que ocorre nas operações com as demais mercadorias;
montante do imposto sobre produtos industrializados,
III - nas operações interestaduais com gás natural e
quando a operação, realizada entre contribuintes e rela-
seus derivados, e lubrificantes e combustíveis não in-
tiva a produto destinado à industrialização ou à comer-
cluídos no inciso I deste parágrafo, destinadas a não
cialização, configure fato gerador dos dois impostos;
contribuinte, o imposto caberá ao Estado de origem;
XII - cabe à lei complementar:
IV - as alíquotas do imposto serão definidas mediante
a) definir seus contribuintes; deliberação dos Estados e Distrito Federal, nos termos
b) dispor sobre substituição tributária; do § 2º, XII, g, observando-se o seguinte:

c) disciplinar o regime de compensação do imposto; a) serão uniformes em todo o território nacional, po-
dendo ser diferenciadas por produto;
d) fixar, para efeito de sua cobrança e definição do es-
tabelecimento responsável, o local das operações rela- b) poderão ser específicas, por unidade de medida
tivas à circulação de mercadorias e das prestações de adotada, ou ad valorem, incidindo sobre o valor da

67
operação ou sobre o preço que o produto ou seu si- § 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do
milar alcançaria em uma venda em condições de livre caput deste artigo, cabe à lei complementar:
concorrência; I - fixar as suas alíquotas máximas e mínimas;
c) poderão ser reduzidas e restabelecidas, não se lhes II - excluir da sua incidência exportações de serviços
aplicando o disposto no art. 150, III, b. para o exterior.
§ 5º As regras necessárias à aplicação do disposto no III – regular a forma e as condições como isenções,
§ 4º, inclusive as relativas à apuração e à destinação do incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e re-
imposto, serão estabelecidas mediante deliberação dos vogados.
Estados e do Distrito Federal, nos termos do § 2º, XII, g.
§ 4º (Revogado pela Emenda Constitucional nº 3, de
§ 6º O imposto previsto no inciso III: 1993)
I - terá alíquotas mínimas fixadas pelo Senado Federal;
II - poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo Seção VI
e utilização. DA REPARTIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS

Seção V Art. 157. Pertencem aos Estados e ao Distrito Federal:


DOS IMPOSTOS DOS MUNICÍPIOS I - o produto da arrecadação do imposto da União sobre
renda e proventos de qualquer natureza, incidente na
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por
sobre: eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem
e mantiverem;
I - propriedade predial e territorial urbana;
II - vinte por cento do produto da arrecadação do im-
II - transmissão “inter vivos”, a qualquer título, por ato
posto que a União instituir no exercício da competência
oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão
que lhe é atribuída pelo art. 154, I.
física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de
garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição;
Art. 158. Pertencem aos Municípios:
III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos
no art. 155, II, definidos em lei complementar. I - o produto da arrecadação do imposto da União sobre
renda e proventos de qualquer natureza, incidente na
IV - (Revogado pela Emenda Constitucional nº 3, de fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por
1993) eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem
§ 1º Sem prejuízo da progressividade no tempo a que e mantiverem;
se refere o art. 182, § 4º, inciso II, o imposto previsto II - cinqüenta por cento do produto da arrecadação do
no inciso I poderá: imposto da União sobre a propriedade territorial rural,
I - ser progressivo em razão do valor do imóvel; e relativamente aos imóveis neles situados, cabendo a
totalidade na hipótese da opção a que se refere o art.
II - ter alíquotas diferentes de acordo com a localização 153, § 4º, III;
e o uso do imóvel.
III - cinqüenta por cento do produto da arrecadação do
§ 2º O imposto previsto no inciso II: imposto do Estado sobre a propriedade de veículos au-
I - não incide sobre a transmissão de bens ou direitos tomotores licenciados em seus territórios;
incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em re- IV - vinte e cinco por cento do produto da arrecada-
alização de capital, nem sobre a transmissão de bens ção do imposto do Estado sobre operações relativas à
ou direitos decorrente de fusão, incorporação, cisão ou circulação de mercadorias e sobre prestações de ser-
extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a viços de transporte interestadual e intermunicipal e de
atividade preponderante do adquirente for a compra e comunicação.
venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis
ou arrendamento mercantil; Parágrafo único. As parcelas de receita pertencentes
aos Municípios, mencionadas no inciso IV, serão cre-
II - compete ao Município da situação do bem.

68
ditadas conforme os seguintes critérios: parágrafo.
I - 65% (sessenta e cinco por cento), no mínimo, na § 1º Para efeito de cálculo da entrega a ser efetuada de
proporção do valor adicionado nas operações relativas acordo com o previsto no inciso I, excluir-se-á a parce-
à circulação de mercadorias e nas prestações de ser- la da arrecadação do imposto de renda e proventos de
viços, realizadas em seus territórios; (Redação dada qualquer natureza pertencente aos Estados, ao Distrito
pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020) Federal e aos Municípios, nos termos do disposto nos
arts. 157, I, e 158, I.
II - até 35% (trinta e cinco por cento), de acordo com
o que dispuser lei estadual, observada, obrigatoria- § 2º A nenhuma unidade federada poderá ser destinada
mente, a distribuição de, no mínimo, 10 (dez) pontos parcela superior a vinte por cento do montante a que
percentuais com base em indicadores de melhoria nos se refere o inciso II, devendo o eventual excedente ser
resultados de aprendizagem e de aumento da equidade, distribuído entre os demais participantes, mantido, em
considerado o nível socioeconômico dos educandos. relação a esses, o critério de partilha nele estabelecido.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº § 3º Os Estados entregarão aos respectivos Municípios
108, de 2020) vinte e cinco por cento dos recursos que receberem nos
termos do inciso II, observados os critérios estabeleci-
Art. 159. A União entregará: dos no art. 158, parágrafo único, I e II.
I - do produto da arrecadação dos impostos sobre ren- § 4º Do montante de recursos de que trata o inciso III
da e proventos de qualquer natureza e sobre produtos que cabe a cada Estado, vinte e cinco por cento serão
industrializados, 49% (quarenta e nove por cento), na destinados aos seus Municípios, na forma da lei a que
seguinte forma: se refere o mencionado inciso.
a) vinte e um inteiros e cinco décimos por cento ao Fun-
do de Participação dos Estados e do Distrito Federal; Art. 160. É vedada a retenção ou qualquer restrição à
entrega e ao emprego dos recursos atribuídos, nesta se-
b) vinte e dois inteiros e cinco décimos por cento ao
ção, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,
Fundo de Participação dos Municípios;
neles compreendidos adicionais e acréscimos relativos
c) três por cento, para aplicação em programas de fi- a impostos.
nanciamento ao setor produtivo das Regiões Norte,
Parágrafo único. A vedação prevista neste artigo não
Nordeste e Centro-Oeste, através de suas instituições
impede a União e os Estados de condicionarem a en-
financeiras de caráter regional, de acordo com os pla-
trega de recursos:
nos regionais de desenvolvimento, ficando assegurada
ao semi-árido do Nordeste a metade dos recursos des- I – ao pagamento de seus créditos, inclusive de suas
tinados à Região, na forma que a lei estabelecer; autarquias;
d) um por cento ao Fundo de Participação dos Municí- II – ao cumprimento do disposto no art. 198, § 2º, in-
pios, que será entregue no primeiro decêndio do mês cisos II e III.
de dezembro de cada ano;
e) 1% (um por cento) ao Fundo de Participação dos Art. 161. Cabe à lei complementar:
Municípios, que será entregue no primeiro decêndio do I - definir valor adicionado para fins do disposto no art.
mês de julho de cada ano; 158, parágrafo único, I;
II - do produto da arrecadação do imposto sobre pro- II - estabelecer normas sobre a entrega dos recursos de
dutos industrializados, dez por cento aos Estados e ao que trata o art. 159, especialmente sobre os critérios de
Distrito Federal, proporcionalmente ao valor das res- rateio dos fundos previstos em seu inciso I, objetivando
pectivas exportações de produtos industrializados. promover o equilíbrio sócio-econômico entre Estados e
III - do produto da arrecadação da contribuição de in- entre Municípios;
tervenção no domínio econômico prevista no art. 177, III - dispor sobre o acompanhamento, pelos beneficiá-
§ 4º, 29% (vinte e nove por cento) para os Estados e o rios, do cálculo das quotas e da liberação das participa-
Distrito Federal, distribuídos na forma da lei, observada ções previstas nos arts. 157, 158 e 159.
a destinação a que se refere o inciso II, c, do referido

69
Parágrafo único. O Tribunal de Contas da União efetuará Art. 164. A competência da União para emitir moeda
o cálculo das quotas referentes aos fundos de participa- será exercida exclusivamente pelo banco central.
ção a que alude o inciso II. § 1º É vedado ao banco central conceder, direta ou
indiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacional e a
Art. 162. A União, os Estados, o Distrito Federal e os qualquer órgão ou entidade que não seja instituição
Municípios divulgarão, até o último dia do mês sub- financeira.
seqüente ao da arrecadação, os montantes de cada um
dos tributos arrecadados, os recursos recebidos, os § 2º O banco central poderá comprar e vender títulos de
valores de origem tributária entregues e a entregar e a emissão do Tesouro Nacional, com o objetivo de regu-
expressão numérica dos critérios de rateio. lar a oferta de moeda ou a taxa de juros.
Parágrafo único. Os dados divulgados pela União serão § 3º As disponibilidades de caixa da União serão de-
discriminados por Estado e por Município; os dos Es- positadas no banco central; as dos Estados, do Distrito
tados, por Município. Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do
Poder Público e das empresas por ele controladas, em
instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos
CAPÍTULO II
previstos em lei.
DAS FINANÇAS PÚBLICAS
Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabe-
Seção I lecerão:
NORMAS GERAIS
I - o plano plurianual;
Art. 163. Lei complementar disporá sobre: II - as diretrizes orçamentárias;
I - finanças públicas; III - os orçamentos anuais.
II - dívida pública externa e interna, incluída a das autar- § 1º A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá,
quias, fundações e demais entidades controladas pelo de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas
Poder Público; da administração pública federal para as despesas de
capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos
III - concessão de garantias pelas entidades públicas; programas de duração continuada.
IV - emissão e resgate de títulos da dívida pública; § 2º A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá
V - fiscalização financeira da administração pública as metas e prioridades da administração pública fede-
direta e indireta; ral, incluindo as despesas de capital para o exercício
financeiro subseqüente, orientará a elaboração da lei
VI - operações de câmbio realizadas por órgãos e enti-
orçamentária anual, disporá sobre as alterações na le-
dades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
gislação tributária e estabelecerá a política de aplicação
Municípios;
das agências financeiras oficiais de fomento.
VII - compatibilização das funções das instituições ofi-
§ 3º O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o
ciais de crédito da União, resguardadas as caracterís-
encerramento de cada bimestre, relatório resumido da
ticas e condições operacionais plenas das voltadas ao
execução orçamentária. (Vide Emenda constitucio-
desenvolvimento regional.
nal nº 106, de 2020)
Art. 163-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os § 4º Os planos e programas nacionais, regionais e seto-
Municípios disponibilizarão suas informações e dados riais previstos nesta Constituição serão elaborados em
contábeis, orçamentários e fiscais, conforme perio- consonância com o plano plurianual e apreciados pelo
dicidade, formato e sistema estabelecidos pelo órgão Congresso Nacional.
central de contabilidade da União, de forma a garantir a § 5º A lei orçamentária anual compreenderá:
rastreabilidade, a comparabilidade e a publicidade dos
dados coletados, os quais deverão ser divulgados em I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União,
meio eletrônico de amplo acesso público. (Incluído seus fundos, órgãos e entidades da administração dire-
pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020) ta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas

70
pelo Poder Público; limites de despesas e não impede o cancelamento ne-
cessário à abertura de créditos adicionais;
II - o orçamento de investimento das empresas em que
a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do II - não se aplica nos casos de impedimentos de ordem
capital social com direito a voto; técnica devidamente justificados;
III - o orçamento da seguridade social, abrangendo III - aplica-se exclusivamente às despesas primárias
todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da ad- discricionárias.
ministração direta ou indireta, bem como os fundos e § 12. Integrará a lei de diretrizes orçamentárias, para
fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público. o exercício a que se refere e, pelo menos, para os 2
§ 6º O projeto de lei orçamentária será acompanhado (dois) exercícios subsequentes, anexo com previsão
de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as re- de agregados fiscais e a proporção dos recursos para
ceitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, re- investimentos que serão alocados na lei orçamentária
missões, subsídios e benefícios de natureza financeira, anual para a continuidade daqueles em andamento.
tributária e creditícia. § 13. O disposto no inciso III do § 9º e nos §§ 10, 11 e
§ 7º Os orçamentos previstos no § 5º, I e II, deste artigo, 12 deste artigo aplica-se exclusivamente aos orçamen-
compatibilizados com o plano plurianual, terão entre tos fiscal e da seguridade social da União.
suas funções a de reduzir desigualdades inter-regio- § 14. A lei orçamentária anual poderá conter previsões
nais, segundo critério populacional. de despesas para exercícios seguintes, com a especi-
§ 8º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo ficação dos investimentos plurianuais e daqueles em
estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, andamento.
não se incluindo na proibição a autorização para aber- § 15. A União organizará e manterá registro centralizado
tura de créditos suplementares e contratação de opera- de projetos de investimento contendo, por Estado ou
ções de crédito, ainda que por antecipação de receita, Distrito Federal, pelo menos, análises de viabilidade,
nos termos da lei. estimativas de custos e informações sobre a execução
§ 9º Cabe à lei complementar: física e financeira.
I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os
prazos, a elaboração e a organização do plano pluria- Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano pluria-
nual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orça- nual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual
mentária anual; e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas
Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento
II - estabelecer normas de gestão financeira e patrimo- comum.
nial da administração direta e indireta bem como con-
dições para a instituição e funcionamento de fundos. § 1º Caberá a uma Comissão mista permanente de Se-
nadores e Deputados:
III - dispor sobre critérios para a execução equitativa,
além de procedimentos que serão adotados quando I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos
houver impedimentos legais e técnicos, cumprimento neste artigo e sobre as contas apresentadas anualmente
de restos a pagar e limitação das programações de ca- pelo Presidente da República;
ráter obrigatório, para a realização do disposto nos §§ II - examinar e emitir parecer sobre os planos e pro-
11 e 12 do art. 166. gramas nacionais, regionais e setoriais previstos nesta
§ 10. A administração tem o dever de executar as pro- Constituição e exercer o acompanhamento e a fiscaliza-
gramações orçamentárias, adotando os meios e as me- ção orçamentária, sem prejuízo da atuação das demais
didas necessários, com o propósito de garantir a efetiva comissões do Congresso Nacional e de suas Casas,
entrega de bens e serviços à sociedade. criadas de acordo com o art. 58.

§ 11. O disposto no § 10 deste artigo, nos termos da lei § 2º As emendas serão apresentadas na Comissão
de diretrizes orçamentárias: mista, que sobre elas emitirá parecer, e apreciadas,
na forma regimental, pelo Plenário das duas Casas do
I - subordina-se ao cumprimento de dispositivos cons- Congresso Nacional.
titucionais e legais que estabeleçam metas fiscais ou

71
§ 3º As emendas ao projeto de lei do orçamento anual serviços públicos de saúde previsto no § 9º, inclusive
ou aos projetos que o modifiquem somente podem ser custeio, será computada para fins do cumprimento do
aprovadas caso: inciso I do § 2º do art. 198, vedada a destinação para
pagamento de pessoal ou encargos sociais.
I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a
lei de diretrizes orçamentárias; § 11. É obrigatória a execução orçamentária e financeira
das programações a que se refere o § 9º deste artigo,
II - indiquem os recursos necessários, admitidos ape-
em montante correspondente a 1,2% (um inteiro e dois
nas os provenientes de anulação de despesa, excluídas
décimos por cento) da receita corrente líquida realiza-
as que incidam sobre:
da no exercício anterior, conforme os critérios para a
a) dotações para pessoal e seus encargos; execução equitativa da programação definidos na lei
b) serviço da dívida; complementar prevista no § 9º do art. 165.

c) transferências tributárias constitucionais para Esta- § 12. A garantia de execução de que trata o § 11 deste
dos, Municípios e Distrito Federal; ou artigo aplica-se também às programações incluídas por
todas as emendas de iniciativa de bancada de parla-
III - sejam relacionadas: mentares de Estado ou do Distrito Federal, no montante
a) com a correção de erros ou omissões; ou de até 1% (um por cento) da receita corrente líquida
realizada no exercício anterior.
b) com os dispositivos do texto do projeto de lei.
§ 13. As programações orçamentárias previstas nos §§
§ 4º As emendas ao projeto de lei de diretrizes orça-
11 e 12 deste artigo não serão de execução obrigatória
mentárias não poderão ser aprovadas quando incom-
nos casos dos impedimentos de ordem técnica.
patíveis com o plano plurianual.
§ 14. Para fins de cumprimento do disposto nos §§ 11
§ 5º O Presidente da República poderá enviar mensa-
e 12 deste artigo, os órgãos de execução deverão ob-
gem ao Congresso Nacional para propor modificação
servar, nos termos da lei de diretrizes orçamentárias,
nos projetos a que se refere este artigo enquanto não
cronograma para análise e verificação de eventuais im-
iniciada a votação, na Comissão mista, da parte cuja
pedimentos das programações e demais procedimentos
alteração é proposta.
necessários à viabilização da execução dos respectivos
§ 6º Os projetos de lei do plano plurianual, das diretri- montantes.
zes orçamentárias e do orçamento anual serão enviados
I - (revogado);
pelo Presidente da República ao Congresso Nacional,
nos termos da lei complementar a que se refere o art. II - (revogado);
165, § 9º. III - (revogado);
§ 7º Aplicam-se aos projetos mencionados neste artigo, IV - (revogado).
no que não contrariar o disposto nesta seção, as demais
normas relativas ao processo legislativo. § 15. (Revogado)

§ 8º Os recursos que, em decorrência de veto, emenda § 16. Quando a transferência obrigatória da União para
ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual, fica- a execução da programação prevista nos §§ 11 e 12
rem sem despesas correspondentes poderão ser utili- deste artigo for destinada a Estados, ao Distrito Federal
zados, conforme o caso, mediante créditos especiais e a Municípios, independerá da adimplência do ente fe-
ou suplementares, com prévia e específica autorização derativo destinatário e não integrará a base de cálculo
legislativa. da receita corrente líquida para fins de aplicação dos
limites de despesa de pessoal de que trata o caput do
§ 9º As emendas individuais ao projeto de lei orçamen- art. 169.
tária serão aprovadas no limite de 1,2% (um inteiro
e dois décimos por cento) da receita corrente líquida § 17. Os restos a pagar provenientes das programações
prevista no projeto encaminhado pelo Poder Executivo, orçamentárias previstas nos §§ 11 e 12 poderão ser
sendo que a metade deste percentual será destinada a considerados para fins de cumprimento da execução
ações e serviços públicos de saúde. financeira até o limite de 0,6% (seis décimos por cento)
da receita corrente líquida realizada no exercício ante-
§ 10. A execução do montante destinado a ações e

72
rior, para as programações das emendas individuais, e II - pertencerão ao ente federado no ato da efetiva trans-
até o limite de 0,5% (cinco décimos por cento), para as ferência financeira; e
programações das emendas de iniciativa de bancada de III - serão aplicadas em programações finalísticas das
parlamentares de Estado ou do Distrito Federal. áreas de competência do Poder Executivo do ente fe-
§ 18. Se for verificado que a reestimativa da receita e da derado beneficiado, observado o disposto no § 5º deste
despesa poderá resultar no não cumprimento da meta artigo.
de resultado fiscal estabelecida na lei de diretrizes orça- § 3º O ente federado beneficiado da transferência es-
mentárias, os montantes previstos nos §§ 11 e 12 deste pecial a que se refere o inciso I do caput deste artigo
artigo poderão ser reduzidos em até a mesma propor- poderá firmar contratos de cooperação técnica para fins
ção da limitação incidente sobre o conjunto das demais de subsidiar o acompanhamento da execução orçamen-
despesas discricionárias. tária na aplicação dos recursos.
§ 19. Considera-se equitativa a execução das progra- § 4º Na transferência com finalidade definida a que se
mações de caráter obrigatório que observe critérios refere o inciso II do caput deste artigo, os recursos se-
objetivos e imparciais e que atenda de forma igualitária rão:
e impessoal às emendas apresentadas, independente-
mente da autoria. I - vinculados à programação estabelecida na emenda
parlamentar; e
§ 20. As programações de que trata o § 12 deste artigo,
quando versarem sobre o início de investimentos com II - aplicados nas áreas de competência constitucional
duração de mais de 1 (um) exercício financeiro ou cuja da União.
execução já tenha sido iniciada, deverão ser objeto de § 5º Pelo menos 70% (setenta por cento) das transfe-
emenda pela mesma bancada estadual, a cada exercí- rências especiais de que trata o inciso I do caput deste
cio, até a conclusão da obra ou do empreendimento. artigo deverão ser aplicadas em despesas de capital,
observada a restrição a que se refere o inciso II do §
Art. 166-A. As emendas individuais impositivas apre- 1º deste artigo.
sentadas ao projeto de lei orçamentária anual poderão
alocar recursos a Estados, ao Distrito Federal e a Muni- Art. 167. São vedados:
cípios por meio de:
I - o início de programas ou projetos não incluídos na
I - transferência especial; ou lei orçamentária anual;
II - transferência com finalidade definida. II - a realização de despesas ou a assunção de obriga-
§ 1º Os recursos transferidos na forma do caput deste ções diretas que excedam os créditos orçamentários ou
artigo não integrarão a receita do Estado, do Distrito adicionais;
Federal e dos Municípios para fins de repartição e para III - a realização de operações de créditos que excedam
o cálculo dos limites da despesa com pessoal ativo e o montante das despesas de capital, ressalvadas as au-
inativo, nos termos do § 16 do art. 166, e de endivi- torizadas mediante créditos suplementares ou especiais
damento do ente federado, vedada, em qualquer caso, com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legisla-
a aplicação dos recursos a que se refere o caput deste tivo por maioria absoluta; (Vide Emenda constitucio-
artigo no pagamento de: nal nº 106, de 2020)
I - despesas com pessoal e encargos sociais relativas a IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo
ativos e inativos, e com pensionistas; e ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da ar-
II - encargos referentes ao serviço da dívida. recadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e
159, a destinação de recursos para as ações e serviços
§ 2º Na transferência especial a que se refere o inciso I públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento
do caput deste artigo, os recursos: do ensino e para realização de atividades da adminis-
I - serão repassados diretamente ao ente federado bene- tração tributária, como determinado, respectivamente,
ficiado, independentemente de celebração de convênio pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de
ou de instrumento congênere; garantias às operações de crédito por antecipação de
receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o dispos-

73
to no § 4º deste artigo; § 2º Os créditos especiais e extraordinários terão vi-
gência no exercício financeiro em que forem autoriza-
V - a abertura de crédito suplementar ou especial sem
dos, salvo se o ato de autorização for promulgado nos
prévia autorização legislativa e sem indicação dos re-
últimos quatro meses daquele exercício, caso em que,
cursos correspondentes;
reabertos nos limites de seus saldos, serão incorpora-
VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência dos ao orçamento do exercício financeiro subseqüente.
de recursos de uma categoria de programação para ou-
§ 3º A abertura de crédito extraordinário somente será
tra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização
admitida para atender a despesas imprevisíveis e ur-
legislativa;
gentes, como as decorrentes de guerra, comoção in-
VII - a concessão ou utilização de créditos ilimitados; terna ou calamidade pública, observado o disposto no
VIII - a utilização, sem autorização legislativa específi- art. 62.
ca, de recursos dos orçamentos fiscal e da seguridade § 4º É permitida a vinculação de receitas próprias gera-
social para suprir necessidade ou cobrir déficit de em- das pelos impostos a que se referem os arts. 155 e 156,
presas, fundações e fundos, inclusive dos mencionados e dos recursos de que tratam os arts. 157, 158 e 159, I,
no art. 165, § 5º; a e b, e II, para a prestação de garantia ou contragarantia
IX - a instituição de fundos de qualquer natureza, sem à União e para pagamento de débitos para com esta.
prévia autorização legislativa. § 5º A transposição, o remanejamento ou a transferên-
X - a transferência voluntária de recursos e a concessão cia de recursos de uma categoria de programação para
de empréstimos, inclusive por antecipação de receita, outra poderão ser admitidos, no âmbito das atividades
pelos Governos Federal e Estaduais e suas instituições de ciência, tecnologia e inovação, com o objetivo de
financeiras, para pagamento de despesas com pessoal viabilizar os resultados de projetos restritos a essas
ativo, inativo e pensionista, dos Estados, do Distrito funções, mediante ato do Poder Executivo, sem ne-
Federal e dos Municípios. cessidade da prévia autorização legislativa prevista no
inciso VI deste artigo.
XI - a utilização dos recursos provenientes das contri-
buições sociais de que trata o art. 195, I, a, e II, para a Art. 168. Os recursos correspondentes às dotações or-
realização de despesas distintas do pagamento de be- çamentárias, compreendidos os créditos suplementares
nefícios do regime geral de previdência social de que e especiais, destinados aos órgãos dos Poderes Legis-
trata o art. 201. lativo e Judiciário, do Ministério Público e da Defenso-
XII - na forma estabelecida na lei complementar de que ria Pública, ser-lhes-ão entregues até o dia 20 de cada
trata o § 22 do art. 40, a utilização de recursos de re- mês, em duodécimos, na forma da lei complementar a
gime próprio de previdência social, incluídos os valo- que se refere o art. 165, § 9º.
res integrantes dos fundos previstos no art. 249, para
a realização de despesas distintas do pagamento dos Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da
benefícios previdenciários do respectivo fundo vincu- União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
lado àquele regime e das despesas necessárias à sua pios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei
organização e ao seu funcionamento; complementar.
XIII - a transferência voluntária de recursos, a conces- § 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento
são de avais, as garantias e as subvenções pela União de remuneração, a criação de cargos, empregos e fun-
e a concessão de empréstimos e de financiamentos por ções ou alteração de estrutura de carreiras, bem como a
instituições financeiras federais aos Estados, ao Distrito admissão ou contratação de pessoal, a qualquer título,
Federal e aos Municípios na hipótese de descumpri- pelos órgãos e entidades da administração direta ou in-
mento das regras gerais de organização e de funciona- direta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo
mento de regime próprio de previdência social. poder público, só poderão ser feitas:
§ 1º Nenhum investimento cuja execução ultrapasse I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente
um exercício financeiro poderá ser iniciado sem prévia para atender às projeções de despesa de pessoal e aos
inclusão no plano plurianual, ou sem lei que autorize a acréscimos dela decorrentes;
inclusão, sob pena de crime de responsabilidade.

74
II - se houver autorização específica na lei de diretrizes I - soberania nacional;
orçamentárias, ressalvadas as empresas públicas e as II - propriedade privada;
sociedades de economia mista.
III - função social da propriedade;
§ 2º Decorrido o prazo estabelecido na lei comple-
mentar referida neste artigo para a adaptação aos pa- IV - livre concorrência;
râmetros ali previstos, serão imediatamente suspensos V - defesa do consumidor;
todos os repasses de verbas federais ou estaduais aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios que não VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante trata-
observarem os referidos limites. mento diferenciado conforme o impacto ambiental dos
produtos e serviços e de seus processos de elaboração
§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos e prestação;
com base neste artigo, durante o prazo fixado na lei
complementar referida no caput, a União, os Estados, o VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
Distrito Federal e os Municípios adotarão as seguintes VIII - busca do pleno emprego;
providências:
IX - tratamento favorecido para as empresas de pe-
I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas queno porte constituídas sob as leis brasileiras e que
com cargos em comissão e funções de confiança; tenham sua sede e administração no País.
II - exoneração dos servidores não estáveis. Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício
§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo de qualquer atividade econômica, independentemente
anterior não forem suficientes para assegurar o cum- de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos
primento da determinação da lei complementar referida previstos em lei.
neste artigo, o servidor estável poderá perder o cargo,
desde que ato normativo motivado de cada um dos Art. 171. (Revogado pela Emenda Constitucional nº 6,
Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou de 1995)
unidade administrativa objeto da redução de pessoal.
Art. 172. A lei disciplinará, com base no interesse na-
§ 5º O servidor que perder o cargo na forma do parágra- cional, os investimentos de capital estrangeiro, incenti-
fo anterior fará jus a indenização correspondente a um vará os reinvestimentos e regulará a remessa de lucros.
mês de remuneração por ano de serviço.
§ 6º O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Consti-
anteriores será considerado extinto, vedada a criação tuição, a exploração direta de atividade econômica pelo
de cargo, emprego ou função com atribuições iguais ou Estado só será permitida quando necessária aos impe-
assemelhadas pelo prazo de quatro anos. rativos da segurança nacional ou a relevante interesse
§ 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem coletivo, conforme definidos em lei.
obedecidas na efetivação do disposto no § 4º. § 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa
pública, da sociedade de economia mista e de suas
TÍTULO VII subsidiárias que explorem atividade econômica de pro-
Da Ordem Econômica e Financeira dução ou comercialização de bens ou de prestação de
serviços, dispondo sobre:
I - sua função social e formas de fiscalização pelo Esta-
CAPÍTULO I do e pela sociedade;
DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA
II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas
ATIVIDADE ECONÔMICA
privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações ci-
vis, comerciais, trabalhistas e tributários;
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização
III - licitação e contratação de obras, serviços, compras
do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim as-
e alienações, observados os princípios da administra-
segurar a todos existência digna, conforme os ditames
ção pública;
da justiça social, observados os seguintes princípios:

75
IV - a constituição e o funcionamento dos conselhos de I - o regime das empresas concessionárias e permissio-
administração e fiscal, com a participação de acionistas nárias de serviços públicos, o caráter especial de seu
minoritários; contrato e de sua prorrogação, bem como as condições
de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou
V - os mandatos, a avaliação de desempenho e a res-
permissão;
ponsabilidade dos administradores.
II - os direitos dos usuários;
§ 2º As empresas públicas e as sociedades de econo-
mia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não III - política tarifária;
extensivos às do setor privado. IV - a obrigação de manter serviço adequado.
§ 3º A lei regulamentará as relações da empresa pública
com o Estado e a sociedade. Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos
§ 4º - lei reprimirá o abuso do poder econômico que minerais e os potenciais de energia hidráulica cons-
vise à dominação dos mercados, à eliminação da con- tituem propriedade distinta da do solo, para efeito de
corrência e ao aumento arbitrário dos lucros. exploração ou aproveitamento, e pertencem à União,
garantida ao concessionário a propriedade do produto
§ 5º A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual da lavra.
dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a res-
ponsabilidade desta, sujeitando-a às punições com- § 1º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o apro-
patíveis com sua natureza, nos atos praticados contra veitamento dos potenciais a que se refere o «caput»
a ordem econômica e financeira e contra a economia deste artigo somente poderão ser efetuados mediante
popular. autorização ou concessão da União, no interesse na-
cional, por brasileiros ou empresa constituída sob as
leis brasileiras e que tenha sua sede e administração
Art. 174. Como agente normativo e regulador da ativi-
no País, na forma da lei, que estabelecerá as condições
dade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as
específicas quando essas atividades se desenvolverem
funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sen-
em faixa de fronteira ou terras indígenas.
do este determinante para o setor público e indicativo
para o setor privado. § 2º - É assegurada participação ao proprietário do solo
nos resultados da lavra, na forma e no valor que dis-
§ 1º A lei estabelecerá as diretrizes e bases do plane-
puser a lei.
jamento do desenvolvimento nacional equilibrado, o
qual incorporará e compatibilizará os planos nacionais § 3º A autorização de pesquisa será sempre por prazo
e regionais de desenvolvimento. determinado, e as autorizações e concessões previstas
neste artigo não poderão ser cedidas ou transferidas,
§ 2º A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras
total ou parcialmente, sem prévia anuência do poder
formas de associativismo.
concedente.
§ 3º O Estado favorecerá a organização da atividade ga-
§ 4º Não dependerá de autorização ou concessão o
rimpeira em cooperativas, levando em conta a proteção
aproveitamento do potencial de energia renovável de
do meio ambiente e a promoção econômico-social dos
capacidade reduzida.
garimpeiros.
§ 4º As cooperativas a que se refere o parágrafo ante- Art. 177. Constituem monopólio da União:
rior terão prioridade na autorização ou concessão para
pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de minerais ga- I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás
rimpáveis, nas áreas onde estejam atuando, e naquelas natural e outros hidrocarbonetos fluidos;
fixadas de acordo com o art. 21, XXV, na forma da lei. II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro;
III - a importação e exportação dos produtos e deriva-
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, dos básicos resultantes das atividades previstas nos
diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, incisos anteriores;
sempre através de licitação, a prestação de serviços
públicos. IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origem
nacional ou de derivados básicos de petróleo produzi-
Parágrafo único. A lei disporá sobre:

76
dos no País, bem assim o transporte, por meio de con- reciprocidade.
duto, de petróleo bruto, seus derivados e gás natural de Parágrafo único. Na ordenação do transporte aquático,
qualquer origem; a lei estabelecerá as condições em que o transporte de
V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reproces- mercadorias na cabotagem e a navegação interior pode-
samento, a industrialização e o comércio de minérios e rão ser feitos por embarcações estrangeiras.
minerais nucleares e seus derivados, com exceção dos
radioisótopos cuja produção, comercialização e utiliza- Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
ção poderão ser autorizadas sob regime de permissão, Municípios dispensarão às microempresas e às em-
conforme as alíneas b e c do inciso XXIII do caput do presas de pequeno porte, assim definidas em lei, tra-
art. 21 desta Constituição Federal. tamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las
§ 1º A União poderá contratar com empresas estatais pela simplificação de suas obrigações administrativas,
ou privadas a realização das atividades previstas nos tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela elimi-
incisos I a IV deste artigo observadas as condições es- nação ou redução destas por meio de lei.
tabelecidas em lei.
Art. 180. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
§ 2º A lei a que se refere o § 1º disporá sobre: Municípios promoverão e incentivarão o turismo como
I - a garantia do fornecimento dos derivados de petróleo fator de desenvolvimento social e econômico.
em todo o território nacional;
Art. 181. O atendimento de requisição de documento ou
II - as condições de contratação;
informação de natureza comercial, feita por autoridade
III - a estrutura e atribuições do órgão regulador do mo- administrativa ou judiciária estrangeira, a pessoa física
nopólio da União; ou jurídica residente ou domiciliada no País dependerá
§ 3º A lei disporá sobre o transporte e a utilização de de autorização do Poder competente.
materiais radioativos no território nacional.
CAPÍTULO II
§ 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no
domínio econômico relativa às atividades de importa- DA POLÍTICA URBANA
ção ou comercialização de petróleo e seus derivados,
gás natural e seus derivados e álcool combustível deve- Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, execu-
rá atender aos seguintes requisitos: tada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes
I - a alíquota da contribuição poderá ser: gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno
desenvolvimento das funções sociais da cidade e ga-
a) diferenciada por produto ou uso; rantir o bem- estar de seus habitantes.
b) reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, § 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal,
não se lhe aplicando o disposto no art. 150,III, b; obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitan-
II - os recursos arrecadados serão destinados: tes, é o instrumento básico da política de desenvolvi-
mento e de expansão urbana.
a) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte
de álcool combustível, gás natural e seus derivados e § 2º A propriedade urbana cumpre sua função social
derivados de petróleo; quando atende às exigências fundamentais de ordena-
ção da cidade expressas no plano diretor.
b) ao financiamento de projetos ambientais relaciona-
dos com a indústria do petróleo e do gás; § 3º As desapropriações de imóveis urbanos serão fei-
tas com prévia e justa indenização em dinheiro.
c) ao financiamento de programas de infra-estrutura de
transportes. § 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante
lei específica para área incluída no plano diretor, exi-
Art. 178. A lei disporá sobre a ordenação dos trans- gir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo
portes aéreo, aquático e terrestre, devendo, quanto à urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado,
ordenação do transporte internacional, observar os que promova seu adequado aproveitamento, sob pena,
acordos firmados pela União, atendido o princípio da sucessivamente, de:

77
I - parcelamento ou edificação compulsórios; no exercício.
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial ur- § 5º São isentas de impostos federais, estaduais e mu-
bana progressivo no tempo; nicipais as operações de transferência de imóveis desa-
propriados para fins de reforma agrária.
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da
dívida pública de emissão previamente aprovada pelo
Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, Art. 185. São insuscetíveis de desapropriação para fins
em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o de reforma agrária:
valor real da indenização e os juros legais. I - a pequena e média propriedade rural, assim definida
em lei, desde que seu proprietário não possua outra;
Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de II - a propriedade produtiva.
até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco
anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à
para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o propriedade produtiva e fixará normas para o cumpri-
domínio, desde que não seja proprietário de outro imó- mento dos requisitos relativos a sua função social.
vel urbano ou rural.
Art. 186. A função social é cumprida quando a proprie-
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão
dade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e
conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, inde-
graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes
pendentemente do estado civil.
requisitos:
§ 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo pos-
I - aproveitamento racional e adequado;
suidor mais de uma vez.
II - utilização adequada dos recursos naturais disponí-
§ 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por
veis e preservação do meio ambiente;
usucapião.
III - observância das disposições que regulam as rela-
CAPÍTULO III ções de trabalho;
DA POLÍTICA AGRÍCOLA E FUNDIÁRIA IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietá-
E DA REFORMA AGRÁRIA rios e dos trabalhadores.

Art. 187. A política agrícola será planejada e executa-


Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse da na forma da lei, com a participação efetiva do setor
social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que de produção, envolvendo produtores e trabalhadores
não esteja cumprindo sua função social, mediante pré- rurais, bem como dos setores de comercialização, de
via e justa indenização em títulos da dívida agrária, com armazenamento e de transportes, levando em conta,
cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no especialmente:
prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua
emissão, e cuja utilização será definida em lei. I - os instrumentos creditícios e fiscais;
§ 1º As benfeitorias úteis e necessárias serão indeniza- II - os preços compatíveis com os custos de produção e
das em dinheiro. a garantia de comercialização;
§ 2º O decreto que declarar o imóvel como de interesse III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia;
social, para fins de reforma agrária, autoriza a União a IV - a assistência técnica e extensão rural;
propor a ação de desapropriação.
V - o seguro agrícola;
§ 3º Cabe à lei complementar estabelecer procedimento
contraditório especial, de rito sumário, para o processo VI - o cooperativismo;
judicial de desapropriação. VII - a eletrificação rural e irrigação;
§ 4º O orçamento fixará anualmente o volume total de VIII - a habitação para o trabalhador rural.
títulos da dívida agrária, assim como o montante de
§ 1º Incluem-se no planejamento agrícola as atividades
recursos para atender ao programa de reforma agrária
agro-industriais, agropecuárias, pesqueiras e florestais.

78
§ 2º Serão compatibilizadas as ações de política agríco- estrangeiro nas instituições que o integram. (Redação
la e de reforma agrária. dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003)
I - (Revogado). (Redação dada pela Emenda Constitu-
Art. 188. A destinação de terras públicas e devolutas cional nº 40, de 2003)
será compatibilizada com a política agrícola e com o
plano nacional de reforma agrária. II - (Revogado). (Redação dada pela Emenda Constitu-
cional nº 40, de 2003)
§ 1º A alienação ou a concessão, a qualquer título, de
terras públicas com área superior a dois mil e quinhen- III - (Revogado). (Redação dada pela Emenda Constitu-
tos hectares a pessoa física ou jurídica, ainda que por cional nº 40, de 2003)
interposta pessoa, dependerá de prévia aprovação do a) (Revogado). (Redação dada pela Emenda Constitu-
Congresso Nacional. cional nº 40, de 2003)
§ 2º Excetuam-se do disposto no parágrafo anterior as b) (Revogado). (Redação dada pela Emenda Constitu-
alienações ou as concessões de terras públicas para cional nº 40, de 2003)
fins de reforma agrária.
IV - (Revogado). (Redação dada pela Emenda Constitu-
cional nº 40, de 2003)
Art. 189. Os beneficiários da distribuição de imóveis
rurais pela reforma agrária receberão títulos de domí- V -(Revogado). (Redação dada pela Emenda Constitu-
nio ou de concessão de uso, inegociáveis pelo prazo cional nº 40, de 2003)
de dez anos. VI - (Revogado). (Redação dada pela Emenda Constitu-
Parágrafo único. O título de domínio e a concessão de cional nº 40, de 2003)
uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a am- VII - (Revogado). (Redação dada pela Emenda Constitu-
bos, independentemente do estado civil, nos termos e cional nº 40, de 2003)
condições previstos em lei.
VIII - (Revogado). (Redação dada pela Emenda Consti-
Art. 190. A lei regulará e limitará a aquisição ou o ar- tucional nº 40, de 2003)
rendamento de propriedade rural por pessoa física ou § 1°- (Revogado). (Redação dada pela Emenda Consti-
jurídica estrangeira e estabelecerá os casos que depen- tucional nº 40, de 2003)
derão de autorização do Congresso Nacional.
§ 2°- (Revogado). (Redação dada pela Emenda Consti-
tucional nº 40, de 2003)
Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel
rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos inin- § 3°- (Revogado). (Redação dada pela Emenda Consti-
terruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, tucional nº 40, de 2003)
não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produ-
tiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua TÍTULO VIII
moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. Da Ordem Social
Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adqui-
ridos por usucapião.
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÃO GERAL
CAPÍTULO IV
DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
Art. 193. A ordem social tem como base o primado
do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça
Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de sociais.
forma a promover o desenvolvimento equilibrado do
País e a servir aos interesses da coletividade, em todas Parágrafo único. O Estado exercerá a função de plane-
as partes que o compõem, abrangendo as cooperati- jamento das políticas sociais, assegurada, na forma da
vas de crédito, será regulado por leis complementares lei, a participação da sociedade nos processos de for-
que disporão, inclusive, sobre a participação do capital mulação, de monitoramento, de controle e de avaliação
dessas políticas. (Incluído pela Emenda Constitu-

79
cional nº 108, de 2020) c) o lucro;
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdên-
CAPÍTULO II cia social, podendo ser adotadas alíquotas progressivas
DA SEGURIDADE SOCIAL de acordo com o valor do salário de contribuição, não
incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão
Seção I concedidas pelo Regime Geral de Previdência Social;
DISPOSIÇÕES GERAIS III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto de quem a lei a ele equiparar.
integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e
da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relati- § 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos
vos à saúde, à previdência e à assistência social. Municípios destinadas à seguridade social constarão
dos respectivos orçamentos, não integrando o orça-
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos ter- mento da União.
mos da lei, organizar a seguridade social, com base nos
seguintes objetivos: § 2º A proposta de orçamento da seguridade social será
elaborada de forma integrada pelos órgãos responsá-
I - universalidade da cobertura e do atendimento; veis pela saúde, previdência social e assistência social,
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e servi- tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na
ços às populações urbanas e rurais; lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área
a gestão de seus recursos.
III - seletividade e distributividade na prestação dos be-
nefícios e serviços; § 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da se-
guridade social, como estabelecido em lei, não poderá
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;
contratar com o Poder Público nem dele receber bene-
V - eqüidade na forma de participação no custeio; fícios ou incentivos fiscais ou creditícios.
VI - diversidade da base de financiamento, identifi- § 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a ga-
cando-se, em rubricas contábeis específicas para cada rantir a manutenção ou expansão da seguridade social,
área, as receitas e as despesas vinculadas a ações de obedecido o disposto no art. 154, I.
saúde, previdência e assistência social, preservado o
§ 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social
caráter contributivo da previdência social;
poderá ser criado, majorado ou estendido sem a corres-
VII - caráter democrático e descentralizado da adminis- pondente fonte de custeio total.
tração, mediante gestão quadripartite, com participação
§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só
dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposenta-
poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da
dos e do Governo nos órgãos colegiados.
data da publicação da lei que as houver instituído ou
modificado, não se lhes aplicando o disposto no art.
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda
150, III, «b».
a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da
lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da § 7º São isentas de contribuição para a seguridade so-
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- cial as entidades beneficentes de assistência social que
pios, e das seguintes contribuições sociais: atendam às exigências estabelecidas em lei.
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equi- § 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário
parada na forma da lei, incidentes sobre: rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos
cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho
economia familiar, sem empregados permanentes, con-
pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física
tribuirão para a seguridade social mediante a aplicação
que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo emprega-
de uma alíquota sobre o resultado da comercialização
tício;
da produção e farão jus aos benefícios nos termos da
b) a receita ou o faturamento; lei.

80
§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I I - descentralização, com direção única em cada esfera
do  caput deste artigo poderão ter alíquotas diferen- de governo;
ciadas em razão da atividade econômica, da utilização II - atendimento integral, com prioridade para as ati-
intensiva de mão de obra, do porte da empresa ou da vidades preventivas, sem prejuízo dos serviços assis-
condição estrutural do mercado de trabalho, sendo tenciais;
também autorizada a adoção de bases de cálculo di-
ferenciadas apenas no caso das alíneas “b” e “c” do III - participação da comunidade.
inciso I do caput. § 1º O sistema único de saúde será financiado, nos ter-
§ 10. A lei definirá os critérios de transferência de recur- mos do art. 195, com recursos do orçamento da seguri-
sos para o sistema único de saúde e ações de assistên- dade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal
cia social da União para os Estados, o Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes. (Parágrafo
e os Municípios, e dos Estados para os Municípios, único renumerado para § 1º pela Emenda Consti-
observada a respectiva contrapartida de recursos. tucional nº 29, de 2000)
§ 11. São vedados a moratória e o parcelamento em § 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
prazo superior a 60 (sessenta) meses e, na forma de lei nicípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços
complementar, a remissão e a anistia das contribuições públicos de saúde recursos mínimos derivados da apli-
sociais de que tratam a alínea «a» do inciso I e o inciso cação de percentuais calculados sobre: (Incluído pela
II do caput. Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica I - no caso da União, a receita corrente líquida do res-
para os quais as contribuições incidentes na forma dos pectivo exercício financeiro, não podendo ser inferior a
incisos I, b; e IV do caput, serão não-cumulativas. 15% (quinze por cento);
§ 13. (Revogado). II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto
da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155
§ 14. O segurado somente terá reconhecida como tem- e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso
po de contribuição ao Regime Geral de Previdência I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que fo-
Social a competência cuja contribuição seja igual ou rem transferidas aos respectivos Municípios; (Incluído
superior à contribuição mínima mensal exigida para sua pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
categoria, assegurado o agrupamento de contribuições.
III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o
Seção II produto da arrecadação dos impostos a que se refere
DA SAÚDE o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e
159, inciso I, alínea b e § 3º. (Incluído pela Emenda
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, Constitucional nº 29, de 2000)
garantido mediante políticas sociais e econômicas que § 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos
visem à redução do risco de doença e de outros agravos a cada cinco anos, estabelecerá: (Incluído pela Emen-
e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços da Constitucional nº 29, de 2000)
para sua promoção, proteção e recuperação.
I - os percentuais de que tratam os incisos II e III do
§ 2º;
Art. 197. São de relevância pública as ações e servi-
ços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos II – os critérios de rateio dos recursos da União vin-
termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização culados à saúde destinados aos Estados, ao Distrito
e controle, devendo sua execução ser feita diretamente Federal e aos Municípios, e dos Estados destinados a
ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou seus respectivos Municípios, objetivando a progressiva
jurídica de direito privado. redução das disparidades regionais; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde inte- III – as normas de fiscalização, avaliação e controle
gram uma rede regionalizada e hierarquizada e consti- das despesas com saúde nas esferas federal, estadual,
tuem um sistema único, organizado de acordo com as distrital e municipal; (Incluído pela Emenda Consti-
seguintes diretrizes:

81
tucional nº 29, de 2000) substâncias de interesse para a saúde e participar da
produção de medicamentos, equipamentos, imunobio-
IV - (revogado).
lógicos, hemoderivados e outros insumos;
§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde po-
II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemio-
derão admitir agentes comunitários de saúde e agentes
lógica, bem como as de saúde do trabalhador;
de combate às endemias por meio de processo seletivo
público, de acordo com a natureza e complexidade de III - ordenar a formação de recursos humanos na área
suas atribuições e requisitos específicos para sua atu- de saúde;
ação. IV - participar da formulação da política e da execução
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso das ações de saneamento básico;
salarial profissional nacional, as diretrizes para os Pla- V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvi-
nos de Carreira e a regulamentação das atividades de mento científico e tecnológico e a inovação;
agente comunitário de saúde e agente de combate às
endemias, competindo à União, nos termos da lei, pres- VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido
tar assistência financeira complementar aos Estados, ao o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e
Distrito Federal e aos Municípios, para o cumprimento águas para consumo humano;
do referido piso salarial. VII - participar do controle e fiscalização da produção,
§ 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no transporte, guarda e utilização de substâncias e produ-
§ 4º do art. 169 da Constituição Federal, o servidor que tos psicoativos, tóxicos e radioativos;
exerça funções equivalentes às de agente comunitário VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele
de saúde ou de agente de combate às endemias poderá compreendido o do trabalho.
perder o cargo em caso de descumprimento dos requi-
sitos específicos, fixados em lei, para o seu exercício. Seção III
DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa pri-
vada. Art. 201. A previdência social será organizada sob a for-
§ 1º As instituições privadas poderão participar de for- ma do Regime Geral de Previdência Social, de caráter
ma complementar do sistema único de saúde, segundo contributivo e de filiação obrigatória, observados crité-
diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou rios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e
convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e atenderá, na forma da lei, a:
as sem fins lucrativos. I - cobertura dos eventos de incapacidade temporária
§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos para ou permanente para o trabalho e idade avançada;
auxílios ou subvenções às instituições privadas com II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;
fins lucrativos.
III - proteção ao trabalhador em situação de desempre-
§ 3º - É vedada a participação direta ou indireta de em- go involuntário;
presas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde
no País, salvo nos casos previstos em lei. IV - salário-família e auxílio-reclusão para os depen-
dentes dos segurados de baixa renda;
§ 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos
que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substân- V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher,
cias humanas para fins de transplante, pesquisa e trata- ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado
mento, bem como a coleta, processamento e transfusão o disposto no § 2º.
de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de § 1º É vedada a adoção de requisitos ou critérios di-
comercialização. ferenciados para concessão de benefícios, ressalvada,
nos termos de lei complementar, a possibilidade de
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de previsão de idade e tempo de contribuição distintos da
outras atribuições, nos termos da lei: regra geral para concessão de aposentadoria exclusiva-
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e mente em favor dos segurados:

82
I - com deficiência, previamente submetidos a avaliação des de que tratam os arts. 42, 142 e 143 e o tempo de
biopsicossocial realizada por equipe multiprofissional e contribuição ao Regime Geral de Previdência Social ou
interdisciplinar; a regime próprio de previdência social terão contagem
recíproca para fins de inativação militar ou aposenta-
II - cujas atividades sejam exercidas com efetiva expo-
doria, e a compensação financeira será devida entre as
sição a agentes químicos, físicos e biológicos prejudi-
receitas de contribuição referentes aos militares e as
ciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a
receitas de contribuição aos demais regimes.
caracterização por categoria profissional ou ocupação.
§ 10. Lei complementar poderá disciplinar a cobertura
§ 2º Nenhum benefício que substitua o salário de con-
de benefícios não programados, inclusive os decorren-
tribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá
tes de acidente do trabalho, a ser atendida concorrente-
valor mensal inferior ao salário mínimo.
mente pelo Regime Geral de Previdência Social e pelo
§ 3º Todos os salários de contribuição considerados setor privado.
para o cálculo de benefício serão devidamente atuali-
§ 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer
zados, na forma da lei.
título, serão incorporados ao salário para efeito de con-
§ 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para tribuição previdenciária e conseqüente repercussão em
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, benefícios, nos casos e na forma da lei.
conforme critérios definidos em lei.
§ 12. Lei instituirá sistema especial de inclusão pre-
§ 5º É vedada a filiação ao regime geral de previdência videnciária, com alíquotas diferenciadas, para atender
social, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa aos trabalhadores de baixa renda, inclusive os que se
participante de regime próprio de previdência. encontram em situação de informalidade, e àqueles
§ 6º A gratificação natalina dos aposentados e pensio- sem renda própria que se dediquem exclusivamente ao
nistas terá por base o valor dos proventos do mês de trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde
dezembro de cada ano. que pertencentes a famílias de baixa renda.

§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de § 13. A aposentadoria concedida ao segurado de que


previdência social, nos termos da lei, obedecidas as trata o § 12 terá valor de 1 (um) salário-mínimo.
seguintes condições: § 14. É vedada a contagem de tempo de contribuição
I - 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 62 fictício para efeito de concessão dos benefícios previ-
(sessenta e dois) anos de idade, se mulher, observado denciários e de contagem recíproca.
tempo mínimo de contribuição; § 15. Lei complementar estabelecerá vedações, regras
II - 60 (sessenta) anos de idade, se homem, e 55 (cin- e condições para a acumulação de benefícios previden-
quenta e cinco) anos de idade, se mulher, para os traba- ciários.
lhadores rurais e para os que exerçam suas atividades § 16. Os empregados dos consórcios públicos, das em-
em regime de economia familiar, nestes incluídos o presas públicas, das sociedades de economia mista e
produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal. das suas subsidiárias serão aposentados compulsoria-
§ 8º O requisito de idade a que se refere o inciso I do mente, observado o cumprimento do tempo mínimo de
§ 7º será reduzido em 5 (cinco) anos, para o professor contribuição, ao atingir a idade máxima de que trata o
que comprove tempo de efetivo exercício das funções inciso II do § 1º do art. 40, na forma estabelecida em lei.
de magistério na educação infantil e no ensino funda-
mental e médio fixado em lei complementar. Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter
complementar e organizado de forma autônoma em
§ 9º Para fins de aposentadoria, será assegurada a relação ao regime geral de previdência social, será
contagem recíproca do tempo de contribuição entre o facultativo, baseado na constituição de reservas que
Regime Geral de Previdência Social e os regimes pró- garantam o benefício contratado, e regulado por lei
prios de previdência social, e destes entre si, observada complementar.
a compensação financeira, de acordo com os critérios
estabelecidos em lei. § 1° A lei complementar de que trata este artigo asse-
gurará ao participante de planos de benefícios de enti-
§ 9º-A. O tempo de serviço militar exercido nas ativida- dades de previdência privada o pleno acesso às infor-

83
mações relativas à gestão de seus respectivos planos. de deficiência e a promoção de sua integração à vida
comunitária;
§ 2° As contribuições do empregador, os benefícios e
as condições contratuais previstas nos estatutos, regu- V - a garantia de um salário mínimo de benefício men-
lamentos e planos de benefícios das entidades de previ- sal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que
dência privada não integram o contrato de trabalho dos comprovem não possuir meios de prover à própria ma-
participantes, assim como, à exceção dos benefícios nutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme
concedidos, não integram a remuneração dos partici- dispuser a lei.
pantes, nos termos da lei.
§ 3º É vedado o aporte de recursos a entidade de pre- Art. 204. As ações governamentais na área da assistên-
vidência privada pela União, Estados, Distrito Federal cia social serão realizadas com recursos do orçamento
e Municípios, suas autarquias, fundações, empresas da seguridade social, previstos no art. 195, além de
públicas, sociedades de economia mista e outras en- outras fontes, e organizadas com base nas seguintes
tidades públicas, salvo na qualidade de patrocinador, diretrizes:
situação na qual, em hipótese alguma, sua contribuição I - descentralização político-administrativa, cabendo
normal poderá exceder a do segurado. a coordenação e as normas gerais à esfera federal e a
§ 4º Lei complementar disciplinará a relação entre a coordenação e a execução dos respectivos programas
União, Estados, Distrito Federal ou Municípios, inclusi- às esferas estadual e municipal, bem como a entidades
ve suas autarquias, fundações, sociedades de economia beneficentes e de assistência social;
mista e empresas controladas direta ou indiretamente, II - participação da população, por meio de organiza-
enquanto patrocinadores de planos de benefícios previ- ções representativas, na formulação das políticas e no
denciários, e as entidades de previdência complemen- controle das ações em todos os níveis.
tar.
Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao Distrito
§ 5º A lei complementar de que trata o § 4º aplicar-se-á, Federal vincular a programa de apoio à inclusão e pro-
no que couber, às empresas privadas permissionárias moção social até cinco décimos por cento de sua recei-
ou concessionárias de prestação de serviços públicos, ta tributária líquida, vedada a aplicação desses recursos
quando patrocinadoras de planos de benefícios em en- no pagamento de:
tidades de previdência complementar.
I - despesas com pessoal e encargos sociais;
§ 6º Lei complementar estabelecerá os requisitos para
II - serviço da dívida;
a designação dos membros das diretorias das entida-
des fechadas de previdência complementar instituídas III - qualquer outra despesa corrente não vinculada di-
pelos patrocinadores de que trata o § 4º e disciplinará a retamente aos investimentos ou ações apoiados.
inserção dos participantes nos colegiados e instâncias
de decisão em que seus interesses sejam objeto de dis- CAPÍTULO III
cussão e deliberação. DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA
E DO DESPORTO
Seção IV
DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
Seção I
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela DA EDUCAÇÃO
necessitar, independentemente de contribuição à segu-
ridade social, e tem por objetivos: Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Es-
tado e da família, será promovida e incentivada com
I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à ado- a colaboração da sociedade, visando ao pleno desen-
lescência e à velhice; volvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da
II - o amparo às crianças e adolescentes carentes; cidadania e sua qualificação para o trabalho.
III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos se-
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras guintes princípios:

84
I - igualdade de condições para o acesso e permanência III - atendimento educacional especializado aos porta-
na escola; dores de deficiência, preferencialmente na rede regular
de ensino;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar
o pensamento, a arte e o saber; IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crian-
ças até 5 (cinco) anos de idade;
III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógi-
cas, e coexistência de instituições públicas e privadas V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pes-
de ensino; quisa e da criação artística, segundo a capacidade de
cada um;
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos
oficiais; VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às con-
dições do educando;
V - valorização dos profissionais da educação escolar,
garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com in- VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da
gresso exclusivamente por concurso público de provas educação básica, por meio de programas suplementa-
e títulos, aos das redes públicas; res de material didáticoescolar, transporte, alimentação
e assistência à saúde.
VI - gestão democrática do ensino público, na forma
da lei; § 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito
público subjetivo.
VII - garantia de padrão de qualidade.
§ 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo
VIII - piso salarial profissional nacional para os pro-
Poder Público, ou sua oferta irregular, importa respon-
fissionais da educação escolar pública, nos termos de
sabilidade da autoridade competente.
lei federal.
§ 3º Compete ao Poder Público recensear os educan-
IX - garantia do direito à educação e à aprendizagem ao
dos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e
longo da vida. (Incluído pela Emenda Constitucio-
zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela freqüência
nal nº 108, de 2020)
à escola.
Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de tra-
balhadores considerados profissionais da educação bá- Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas
sica e sobre a fixação de prazo para a elaboração ou ade- as seguintes condições:
quação de seus planos de carreira, no âmbito da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. I - cumprimento das normas gerais da educação na-
cional;
Art. 207. As universidades gozam de autonomia didá- II - autorização e avaliação de qualidade pelo Poder
tico-científica, administrativa e de gestão financeira e Público.
patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabi-
lidade entre ensino, pesquisa e extensão. Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensi-
§ 1º É facultado às universidades admitir professores, no fundamental, de maneira a assegurar formação bási-
técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei. ca comum e respeito aos valores culturais e artísticos,
nacionais e regionais.
§ 2º O disposto neste artigo aplica-se às instituições de
pesquisa científica e tecnológica. § 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, cons-
tituirá disciplina dos horários normais das escolas pú-
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efeti- blicas de ensino fundamental.
vado mediante a garantia de:
§ 2º O ensino fundamental regular será ministrado em
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) língua portuguesa, assegurada às comunidades indí-
aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive genas também a utilização de suas línguas maternas e
sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram processos próprios de aprendizagem.
acesso na idade própria;
II - progressiva universalização do ensino médio gra- Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
tuito; Municípios organizarão em regime de colaboração seus

85
sistemas de ensino. de ensino federal, estadual e municipal e os recursos
aplicados na forma do art. 213.
§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e
o dos Territórios, financiará as instituições de ensino § 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará
públicas federais e exercerá, em matéria educacional, prioridade ao atendimento das necessidades do ensino
função redistributiva e supletiva, de forma a garantir obrigatório, no que se refere a universalização, garantia
equalização de oportunidades educacionais e padrão de padrão de qualidade e equidade, nos termos do pla-
mínimo de qualidade do ensino mediante assistência no nacional de educação.
técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e § 4º Os programas suplementares de alimentação e
aos Municípios assistência à saúde previstos no art. 208, VII, serão fi-
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino nanciados com recursos provenientes de contribuições
fundamental e na educação infantil. sociais e outros recursos orçamentários.
§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritaria- § 5º A educação básica pública terá como fonte adicio-
mente no ensino fundamental e médio. nal de financiamento a contribuição social do salário-
-educação, recolhida pelas empresas na forma da lei.
§ 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios § 6º As cotas estaduais e municipais da arrecadação
definirão formas de colaboração, de forma a assegurar da contribuição social do salário-educação serão dis-
a universalização, a qualidade e a equidade do ensino tribuídas proporcionalmente ao número de alunos
obrigatório. (Redação dada pela Emenda Constitu- matriculados na educação básica nas respectivas redes
cional nº 108, de 2020) públicas de ensino.
§ 5º A educação básica pública atenderá prioritariamen- § 7º É vedado o uso dos recursos referidos no caput e
te ao ensino regular. nos §§ 5º e 6º deste artigo para pagamento de aposen-
tadorias e de pensões. (Incluído pela Emenda Cons-
§ 6º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
titucional nº 108, de 2020)
cípios exercerão ação redistributiva em relação a suas
escolas. (Incluído pela Emenda Constitucional nº § 8º Na hipótese de extinção ou de substituição de
108, de 2020) impostos, serão redefinidos os percentuais referidos
no caput deste artigo e no inciso II do caput do art.
§ 7º O padrão mínimo de qualidade de que trata o §
212-A, de modo que resultem recursos vinculados
1º deste artigo considerará as condições adequadas de
à manutenção e ao desenvolvimento do ensino, bem
oferta e terá como referência o Custo Aluno Qualidade
como os recursos subvinculados aos fundos de que
(CAQ), pactuados em regime de colaboração na forma
trata o art. 212-A desta Constituição, em aplicações
disposta em lei complementar, conforme o parágrafo
equivalentes às anteriormente praticadas. (Incluído
único do art. 23 desta Constituição. (Incluído pela
pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
§ 9º A lei disporá sobre normas de fiscalização, de ava-
Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos liação e de controle das despesas com educação nas
de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Mu- esferas estadual, distrital e municipal. (Incluído pela
nicípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
resultante de impostos, compreendida a proveniente de
transferências, na manutenção e desenvolvimento do Art. 212-A. Os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
ensino. cípios destinarão parte dos recursos a que se refere o
caput do art. 212 desta Constituição à manutenção e
§ 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida
ao desenvolvimento do ensino na educação básica e à
pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Mu-
remuneração condigna de seus profissionais, respeita-
nicípios, ou pelos Estados aos respectivos Municípios,
das as seguintes disposições: (Incluído pela Emenda
não é considerada, para efeito do cálculo previsto neste
Constitucional nº 108, de 2020)
artigo, receita do governo que a transferir.
I - a distribuição dos recursos e de responsabilidades
§ 2º Para efeito do cumprimento do disposto no
entre o Distrito Federal, os Estados e seus Municípios
«caput» deste artigo, serão considerados os sistemas
é assegurada mediante a instituição, no âmbito de cada

86
Estado e do Distrito Federal, de um Fundo de Manu- çarem evolução de indicadores a serem definidos, de
tenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de atendimento e melhoria da aprendizagem com redução
Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), das desigualdades, nos termos do sistema nacional de
de natureza contábil; (Incluído pela Emenda Cons- avaliação da educação básica; (Incluído pela Emenda
titucional nº 108, de 2020) Constitucional nº 108, de 2020)
II - os fundos referidos no inciso I do caput deste artigo VI - o VAAT será calculado, na forma da lei de que
serão constituídos por 20% (vinte por cento) dos recur- trata o inciso X do caput deste artigo, com base nos
sos a que se referem os incisos I, II e III do caput do art. recursos a que se refere o inciso II do caput deste ar-
155, o inciso II do caput do art. 157, os incisos II, III e tigo, acrescidos de outras receitas e de transferências
IV do caput do art. 158 e as alíneas «a» e «b» do inciso vinculadas à educação, observado o disposto no § 1º
I e o inciso II do caput do art. 159 desta Constituição; e consideradas as matrículas nos termos do inciso III
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de do caput deste artigo; (Incluído pela Emenda Cons-
2020) titucional nº 108, de 2020)
III - os recursos referidos no inciso II do caput des- VII - os recursos de que tratam os incisos II e IV do
te artigo serão distribuídos entre cada Estado e seus caput deste artigo serão aplicados pelos Estados e
Municípios, proporcionalmente ao número de alunos pelos Municípios exclusivamente nos respectivos âm-
das diversas etapas e modalidades da educação bási- bitos de atuação prioritária, conforme estabelecido nos
ca presencial matriculados nas respectivas redes, nos §§ 2º e 3º do art. 211 desta Constituição; (Incluído
âmbitos de atuação prioritária, conforme estabelecido pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
nos §§ 2º e 3º do art. 211 desta Constituição, observa- VIII - a vinculação de recursos à manutenção e ao
das as ponderações referidas na alínea «a» do inciso X desenvolvimento do ensino estabelecida no art. 212
do caput e no § 2º deste artigo; (Incluído pela Emen- desta Constituição suportará, no máximo, 30% (trinta
da Constitucional nº 108, de 2020) por cento) da complementação da União, considerados
IV - a União complementará os recursos dos fundos a para os fins deste inciso os valores previstos no inci-
que se refere o inciso II do caput deste artigo; (Inclu- so V do caput deste artigo; (Incluído pela Emenda
ído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020) Constitucional nº 108, de 2020)
V - a complementação da União será equivalente a, no IX - o disposto no caput do art. 160 desta Constitui-
mínimo, 23% (vinte e três por cento) do total de recur- ção aplica-se aos recursos referidos nos incisos II e
sos a que se refere o inciso II do caput deste artigo, IV do caput deste artigo, e seu descumprimento pela
distribuída da seguinte forma: (Incluído pela Emenda autoridade competente importará em crime de respon-
Constitucional nº 108, de 2020) sabilidade; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
108, de 2020)
a) 10 (dez) pontos percentuais no âmbito de cada Esta-
do e do Distrito Federal, sempre que o valor anual por X - a lei disporá, observadas as garantias estabelecidas
aluno (VAAF), nos termos do inciso III do caput deste nos incisos I, II, III e IV do caput e no § 1º do art. 208
artigo, não alcançar o mínimo definido nacionalmente; e as metas pertinentes do plano nacional de educação,
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de nos termos previstos no art. 214 desta Constituição,
2020) sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº
108, de 2020)
b) no mínimo, 10,5 (dez inteiros e cinco décimos) pon-
tos percentuais em cada rede pública de ensino munici- a) a organização dos fundos referidos no inciso I do
pal, estadual ou distrital, sempre que o valor anual total caput deste artigo e a distribuição proporcional de seus
por aluno (VAAT), referido no inciso VI do caput deste recursos, as diferenças e as ponderações quanto ao va-
artigo, não alcançar o mínimo definido nacionalmente; lor anual por aluno entre etapas, modalidades, duração
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de da jornada e tipos de estabelecimento de ensino, ob-
2020) servados as respectivas especificidades e os insumos
necessários para a garantia de sua qualidade; (Incluído
c) 2,5 (dois inteiros e cinco décimos) pontos percen-
pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
tuais nas redes públicas que, cumpridas condiciona-
lidades de melhoria de gestão previstas em lei, alcan- b) a forma de cálculo do VAAF decorrente do inciso III

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do caput deste artigo e do VAAT referido no inciso VI II - cotas estaduais e municipais da arrecadação do
do caput deste artigo; (Incluído pela Emenda Consti- salário-educação de que trata o § 6º do art. 212 desta
tucional nº 108, de 2020) Constituição; (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 108, de 2020)
c) a forma de cálculo para distribuição prevista na alí-
nea “c” do inciso V do caput deste artigo; (Incluído III - complementação da União transferida a Estados,
pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020) ao Distrito Federal e a Municípios nos termos da alínea
“a” do inciso V do caput deste artigo. (Incluído pela
d) a transparência, o monitoramento, a fiscalização e o
Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
controle interno, externo e social dos fundos referidos
no inciso I do caput deste artigo, assegurada a criação, § 2º Além das ponderações previstas na alínea «a» do
a autonomia, a manutenção e a consolidação de con- inciso X do caput deste artigo, a lei definirá outras re-
selhos de acompanhamento e controle social, admitida lativas ao nível socioeconômico dos educandos e aos
sua integração aos conselhos de educação; (Incluído indicadores de disponibilidade de recursos vinculados
pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020) à educação e de potencial de arrecadação tributária de
cada ente federado, bem como seus prazos de imple-
e) o conteúdo e a periodicidade da avaliação, por parte
mentação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
do órgão responsável, dos efeitos redistributivos, da
108, de 2020)
melhoria dos indicadores educacionais e da ampliação
do atendimento; (Incluído pela Emenda Constitucio- § 3º Será destinada à educação infantil a proporção de
nal nº 108, de 2020) 50% (cinquenta por cento) dos recursos globais a que
se refere a alínea «b» do inciso V do caput deste artigo,
XI - proporção não inferior a 70% (setenta por cento)
nos termos da lei.» (Incluído pela Emenda Constitu-
de cada fundo referido no inciso I do caput deste ar-
cional nº 108, de 2020)
tigo, excluídos os recursos de que trata a alínea «c»
do inciso V do caput deste artigo, será destinada ao
pagamento dos profissionais da educação básica em Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às
efetivo exercício, observado, em relação aos recursos escolas públicas, podendo ser dirigidos a escolas co-
previstos na alínea «b» do inciso V do caput deste munitárias, confessionais ou filantrópicas, definidas em
artigo, o percentual mínimo de 15% (quinze por cen- lei, que:
to) para despesas de capital; (Incluído pela Emenda I - comprovem finalidade não-lucrativa e apliquem seus
Constitucional nº 108, de 2020) excedentes financeiros em educação;
XII - lei específica disporá sobre o piso salarial pro- II - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra
fissional nacional para os profissionais do magistério escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao
da educação básica pública; (Incluído pela Emenda Poder Público, no caso de encerramento de suas ati-
Constitucional nº 108, de 2020) vidades.
XIII - a utilização dos recursos a que se refere o § 5º do § 1º - Os recursos de que trata este artigo poderão ser
art. 212 desta Constituição para a complementação da destinados a bolsas de estudo para o ensino fundamen-
União ao Fundeb, referida no inciso V do caput deste tal e médio, na forma da lei, para os que demonstrarem
artigo, é vedada. (Incluído pela Emenda Constitu- insuficiência de recursos, quando houver falta de va-
cional nº 108, de 2020) gas e cursos regulares da rede pública na localidade
§ 1º O cálculo do VAAT, referido no inciso VI da residência do educando, ficando o Poder Público
do caput deste artigo, deverá considerar, além dos re- obrigado a investir prioritariamente na expansão de sua
cursos previstos no inciso II do caput deste artigo, pelo rede na localidade.
menos, as seguintes disponibilidades: (Incluído pela § 2º - As atividades de pesquisa, de extensão e de
Emenda Constitucional nº 108, de 2020) estímulo e fomento à inovação realizadas por universi-
I - receitas de Estados, do Distrito Federal e de Municí- dades e/ou por instituições de educação profissional e
pios vinculadas à manutenção e ao desenvolvimento do tecnológica poderão receber apoio financeiro do Poder
ensino não integrantes dos fundos referidos no inciso I Público.
do caput deste artigo; (Incluído pela Emenda Cons-
titucional nº 108, de 2020) Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educa-

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ção, de duração decenal, com o objetivo de articular o Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os
sistema nacional de educação em regime de colabora- bens de natureza material e imaterial, tomados indivi-
ção e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias dualmente ou em conjunto, portadores de referência à
de implementação para assegurar a manutenção e identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos
desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, formadores da sociedade brasileira, nos quais se in-
etapas e modalidades por meio de ações integradas dos cluem:
poderes públicos das diferentes esferas federativas que I - as formas de expressão;
conduzam a:
II - os modos de criar, fazer e viver;
I - erradicação do analfabetismo;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
II - universalização do atendimento escolar;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e de-
III - melhoria da qualidade do ensino; mais espaços destinados às manifestações artístico-
IV - formação para o trabalho; -culturais;
V - promoção humanística, científica e tecnológica do V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico,
País. paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico,
ecológico e científico.
VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos
públicos em educação como proporção do produto in- § 1º O Poder Público, com a colaboração da comuni-
terno bruto. (Incluído pela Emenda Constitucional dade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural bra-
nº 59, de 2009) sileiro, por meio de inventários, registros, vigilância,
tombamento e desapropriação, e de outras formas de
Seção II acautelamento e preservação.
DA CULTURA § 2º Cabem à administração pública, na forma da lei,
a gestão da documentação governamental e as pro-
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício vidências para franquear sua consulta a quantos dela
dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura na- necessitem.
cional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão
das manifestações culturais. § 3º A lei estabelecerá incentivos para a produção e o
conhecimento de bens e valores culturais.
§ 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas
populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros § 4º Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão
grupos participantes do processo civilizatório nacional. punidos, na forma da lei.

2º A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas § 5º Ficam tombados todos os documentos e os sítios
de alta significação para os diferentes segmentos étni- detentores de reminiscências históricas dos antigos
cos nacionais. quilombos.

3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de § 6º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vin-
duração plurianual, visando ao desenvolvimento cultu- cular a fundo estadual de fomento à cultura até cinco
ral do País e à integração das ações do poder público décimos por cento de sua receita tributária líquida, para
que conduzem à: o financiamento de programas e projetos culturais, ve-
dada a aplicação desses recursos no pagamento de
I - defesa e valorização do patrimônio cultural brasi-
leiro; I - despesas com pessoal e encargos sociais;

II - produção, promoção e difusão de bens culturais; II - serviço da dívida;

III - formação de pessoal qualificado para a gestão da III - qualquer outra despesa corrente não vinculada di-
cultura em suas múltiplas dimensões; retamente aos investimentos ou ações apoiados.

IV - democratização do acesso aos bens de cultura; Art. 216-A. O Sistema Nacional de Cultura, organizado
V - valorização da diversidade étnica e regional. em regime de colaboração, de forma descentralizada e
participativa, institui um processo de gestão e promo-

89
ção conjunta de políticas públicas de cultura, demo- IX - sistemas setoriais de cultura.
cráticas e permanentes, pactuadas entre os entes da § 3º Lei federal disporá sobre a regulamentação do Sis-
Federação e a sociedade, tendo por objetivo promover tema Nacional de Cultura, bem como de sua articulação
o desenvolvimento humano, social e econômico com com os demais sistemas nacionais ou políticas seto-
pleno exercício dos direitos culturais. riais de governo.
§ 1º O Sistema Nacional de Cultura fundamenta-se na § 4º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios or-
política nacional de cultura e nas suas diretrizes, esta- ganizarão seus respectivos sistemas de cultura em leis
belecidas no Plano Nacional de Cultura, e rege-se pelos próprias.
seguintes princípios
I - diversidade das expressões culturais; Seção III
II - universalização do acesso aos bens e serviços cul- DO DESPORTO
turais;
Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas despor-
III - fomento à produção, difusão e circulação de conhe- tivas formais e não-formais, como direito de cada um,
cimento e bens culturais; observados:
IV - cooperação entre os entes federados, os agentes I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes
públicos e privados atuantes na área cultural; e associações, quanto a sua organização e funciona-
V - integração e interação na execução das políticas, mento;
programas, projetos e ações desenvolvidas; II - a destinação de recursos públicos para a promoção
VI - complementaridade nos papéis dos agentes cul- prioritária do desporto educacional e, em casos especí-
turais; ficos, para a do desporto de alto rendimento;
VII - transversalidade das políticas culturais; III - o tratamento diferenciado para o desporto profis-
sional e o não- profissional;
VIII - autonomia dos entes federados e das instituições
da sociedade civil; IV - a proteção e o incentivo às manifestações desporti-
vas de criação nacional.
IX - transparência e compartilhamento das informações;
§ 1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à
X - democratização dos processos decisórios com par-
disciplina e às competições desportivas após esgota-
ticipação e controle social;
rem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em
XI - descentralização articulada e pactuada da gestão, lei.
dos recursos e das ações;
§ 2º A justiça desportiva terá o prazo máximo de ses-
XII - ampliação progressiva dos recursos contidos nos senta dias, contados da instauração do processo, para
orçamentos públicos para a cultura. proferir decisão final.
§ 2º Constitui a estrutura do Sistema Nacional de Cultu- § 3º O Poder Público incentivará o lazer, como forma de
ra, nas respectivas esferas da Federação: promoção social.
I - órgãos gestores da cultura;
CAPÍTULO IV
II - conselhos de política cultural;
DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
III - conferências de cultura;
IV - comissões intergestores; Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o desenvol-
V - planos de cultura; vimento científico, a pesquisa, a capacitação científica e
tecnológica e a inovação.
VI - sistemas de financiamento à cultura;
§ 1º A pesquisa científica básica e tecnológica receberá
VII - sistemas de informações e indicadores culturais; tratamento prioritário do Estado, tendo em vista o bem
VIII - programas de formação na área da cultura; e público e o progresso da ciência, tecnologia e inovação.

90
§ 2º A pesquisa tecnológica voltar-se-á preponderan- científico e tecnológico e de inovação, mediante contra-
temente para a solução dos problemas brasileiros e partida financeira ou não financeira assumida pelo ente
para o desenvolvimento do sistema produtivo nacional beneficiário, na forma da lei.
e regional.
§ 3º O Estado apoiará a formação de recursos humanos Art. 219-B. O Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia
nas áreas de ciência, pesquisa, tecnologia e inovação, e Inovação (SNCTI) será organizado em regime de co-
inclusive por meio do apoio às atividades de extensão laboração entre entes, tanto públicos quanto privados,
tecnológica, e concederá aos que delas se ocupem com vistas a promover o desenvolvimento científico e
meios e condições especiais de trabalho. tecnológico e a inovação.

§ 4º A lei apoiará e estimulará as empresas que invis- § 1º Lei federal disporá sobre as normas gerais do
tam em pesquisa, criação de tecnologia adequada ao SNCTI.
País, formação e aperfeiçoamento de seus recursos § 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios le-
humanos e que pratiquem sistemas de remuneração gislarão concorrentemente sobre suas peculiaridades.
que assegurem ao empregado, desvinculada do salário,
participação nos ganhos econômicos resultantes da CAPÍTULO V
produtividade de seu trabalho. DA COMUNICAÇÃO SOCIAL
§ 5º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vin-
cular parcela de sua receita orçamentária a entidades Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a
públicas de fomento ao ensino e à pesquisa científica expressão e a informação, sob qualquer forma, proces-
e tecnológica. so ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observa-
do o disposto nesta Constituição.
§ 6º O Estado, na execução das atividades previstas no
caput, estimulará a articulação entre entes, tanto públi- § 1º Nenhuma lei conterá dispositivo que possa cons-
cos quanto privados, nas diversas esferas de governo. tituir embaraço à plena liberdade de informação jor-
nalística em qualquer veículo de comunicação social,
§ 7º O Estado promoverá e incentivará a atuação no observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.
exterior das instituições públicas de ciência, tecnolo-
gia e inovação, com vistas à execução das atividades § 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza polí-
previstas no caput. tica, ideológica e artística.
§ 3º Compete à lei federal:
Art. 219. O mercado interno integra o patrimônio na-
I - regular as diversões e espetáculos públicos, caben-
cional e será incentivado de modo a viabilizar o desen-
do ao Poder Público informar sobre a natureza deles, as
volvimento cultural e sócio-econômico, o bem-estar
faixas etárias a que não se recomendem, locais e horá-
da população e a autonomia tecnológica do País, nos
rios em que sua apresentação se mostre inadequada;
termos de lei federal.
II - estabelecer os meios legais que garantam à pes-
Parágrafo único. O Estado estimulará a formação e o
soa e à família a possibilidade de se defenderem de
fortalecimento da inovação nas empresas, bem como
programas ou programações de rádio e televisão que
nos demais entes, públicos ou privados, a constituição
contrariem o disposto no art. 221, bem como da propa-
e a manutenção de parques e polos tecnológicos e de
ganda de produtos, práticas e serviços que possam ser
demais ambientes promotores da inovação, a atuação
nocivos à saúde e ao meio ambiente.
dos inventores independentes e a criação, absorção,
difusão e transferência de tecnologia. § 4º A propaganda comercial de tabaco, bebidas al-
coólicas, agrotóxicos, medicamentos e terapias estará
Art. 219-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os sujeita a restrições legais, nos termos do inciso II do
Municípios poderão firmar instrumentos de cooperação parágrafo anterior, e conterá, sempre que necessário,
com órgãos e entidades públicos e com entidades pri- advertência sobre os malefícios decorrentes de seu uso.
vadas, inclusive para o compartilhamento de recursos § 5º Os meios de comunicação social não podem, direta
humanos especializados e capacidade instalada, para a ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopó-
execução de projetos de pesquisa, de desenvolvimento lio.

91
§ 6º A publicação de veículo impresso de comunicação do, público e estatal.
independe de licença de autoridade. § 1º O Congresso Nacional apreciará o ato no prazo do
art. 64, § 2º e § 4º, a contar do recebimento da men-
Art. 221. A produção e a programação das emissoras sagem.
de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios:
§ 2º A não renovação da concessão ou permissão de-
I - preferência a finalidades educativas, artísticas, cultu- penderá de aprovação de, no mínimo, dois quintos do
rais e informativas; Congresso Nacional, em votação nominal.
II - promoção da cultura nacional e regional e estímulo § 3º O ato de outorga ou renovação somente produzirá
à produção independente que objetive sua divulgação; efeitos legais após deliberação do Congresso Nacional,
III - regionalização da produção cultural, artística e jor- na forma dos parágrafos anteriores.
nalística, conforme percentuais estabelecidos em lei; § 4º O cancelamento da concessão ou permissão, antes
IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e de vencido o prazo, depende de decisão judicial.
da família. § 5º O prazo da concessão ou permissão será de dez
anos para as emissoras de rádio e de quinze para as
Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de de televisão.
radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de
brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, Art. 224. Para os efeitos do disposto neste capítulo, o
ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasi- Congresso Nacional instituirá, como seu órgão auxiliar,
leiras e que tenham sede no País. o Conselho de Comunicação Social, na forma da lei.
§ 1º Em qualquer caso, pelo menos setenta por cento
do capital total e do capital votante das empresas jorna- CAPÍTULO VI
lísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens DO MEIO AMBIENTE
deverá pertencer, direta ou indiretamente, a brasileiros
natos ou naturalizados há mais de dez anos, que exer-
cerão obrigatoriamente a gestão das atividades e esta- Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecolo-
belecerão o conteúdo da programação. gicamente equilibrado, bem de uso comum do povo
e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
§ 2º A responsabilidade editorial e as atividades de Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
seleção e direção da programação veiculada são pri- preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
vativas de brasileiros natos ou naturalizados há mais
de dez anos, em qualquer meio de comunicação social. § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe
ao Poder Público:
§ 3º Os meios de comunicação social eletrônica, inde-
pendentemente da tecnologia utilizada para a prestação I - preservar e restaurar os processos ecológicos es-
do serviço, deverão observar os princípios enunciados senciais e prover o manejo ecológico das espécies e
no art. 221, na forma de lei específica, que também ecossistemas;
garantirá a prioridade de profissionais brasileiros na II - preservar a diversidade e a integridade do patrimô-
execução de produções nacionais. nio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas
§ 4º Lei disciplinará a participação de capital estrangei- à pesquisa e manipulação de material genético;
ro nas empresas de que trata o § 1º. III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços
§ 5º As alterações de controle societário das empresas territoriais e seus componentes a serem especialmente
de que trata o § 1º serão comunicadas ao Congresso protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas
Nacional. somente através de lei, vedada qualquer utilização que
comprometa a integridade dos atributos que justifiquem
Art. 223. Compete ao Poder Executivo outorgar e reno- sua proteção;
var concessão, permissão e autorização para o serviço IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou
de radiodifusão sonora e de sons e imagens, observado atividade potencialmente causadora de significativa de-
o princípio da complementaridade dos sistemas priva- gradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto

92
ambiental, a que se dará publicidade; proteção do Estado.
V - controlar a produção, a comercialização e o empre- § 1º O casamento é civil e gratuita a celebração.
go de técnicas, métodos e substâncias que comportem § 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos
risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; da lei.
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis § 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida
de ensino e a conscientização pública para a preserva- a união estável entre o homem e a mulher como enti-
ção do meio ambiente; dade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, casamento.
as práticas que coloquem em risco sua função ecológi- § 4º Entende-se, também, como entidade familiar a
ca, provoquem a extinção de espécies ou submetam os comunidade formada por qualquer dos pais e seus
animais a crueldade. descendentes.
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obriga- § 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade con-
do a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo jugal são exercidos igualmente pelo homem e pela
com solução técnica exigida pelo órgão público com- mulher.
petente, na forma da lei.
§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao
meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físi- § 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa
cas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, humana e da paternidade responsável, o planejamento
independentemente da obrigação de reparar os danos familiar é livre decisão do casal, competindo ao Esta-
causados. do propiciar recursos educacionais e científicos para o
exercício desse direito, vedada qualquer forma coerciti-
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, va por parte de instituições oficiais ou privadas.
a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona
Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far- § 8º O Estado assegurará a assistência à família na pes-
-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegu- soa de cada um dos que a integram, criando mecanis-
rem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto mos para coibir a violência no âmbito de suas relações.
ao uso dos recursos naturais.
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecada-
assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com
das pelos Estados, por ações discriminatórias, neces-
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimen-
sárias à proteção dos ecossistemas naturais.
tação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cul-
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão tura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivên-
ter sua localização definida em lei federal, sem o que cia familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de
não poderão ser instaladas. toda forma de negligência, discriminação, exploração,
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII violência, crueldade e opressão.
do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práti- § 1º O Estado promoverá programas de assistência in-
cas desportivas que utilizem animais, desde que sejam tegral à saúde da criança, do adolescente e do jovem,
manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 admitida a participação de entidades não governamen-
desta Constituição Federal, registradas como bem de tais, mediante políticas específicas e obedecendo aos
natureza imaterial integrante do patrimônio cultural bra- seguintes preceitos:
sileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica
I - aplicação de percentual dos recursos públicos desti-
que assegure o bem-estar dos animais envolvidos.
nados à saúde na assistência materno-infantil;
CAPÍTULO VII II - criação de programas de prevenção e atendimento
Da Família, da Criança, do Adolescente, especializado para as pessoas portadoras de deficiência
do Jovem e do Idoso física, sensorial ou mental, bem como de integração so-
cial do adolescente e do jovem portador de deficiência,
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial mediante o treinamento para o trabalho e a convivência,

93
e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, II - o plano nacional de juventude, de duração decenal,
com a eliminação de obstáculos arquitetônicos e de to- visando à articulação das várias esferas do poder públi-
das as formas de discriminação. co para a execução de políticas públicas.
§ 2º A lei disporá sobre normas de construção dos lo-
gradouros e dos edifícios de uso público e de fabrica- Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de
ção de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial.
acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência.
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar
§ 3º O direito a proteção especial abrangerá os seguin- os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de
tes aspectos: ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou en-
I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao fermidade.
trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII;
Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever
II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;
de amparar as pessoas idosas, assegurando sua parti-
III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e cipação na comunidade, defendendo sua dignidade e
jovem à escola; bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.
IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribui- § 1º Os programas de amparo aos idosos serão execu-
ção de ato infracional, igualdade na relação processual tados preferencialmente em seus lares.
e defesa técnica por profissional habilitado, segundo
§ 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a
dispuser a legislação tutelar específica;
gratuidade dos transportes coletivos urbanos.
V - obediência aos princípios de brevidade, excepcio-
nalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em CAPÍTULO VIII
desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer
DOS ÍNDIOS
medida privativa da liberdade;
VI - estímulo do Poder Público, através de assistência
Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização
jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da
social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os di-
lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança
reitos originários sobre as terras que tradicionalmente
ou adolescente órfão ou abandonado;
ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e
VII - programas de prevenção e atendimento especiali- fazer respeitar todos os seus bens.
zado à criança, ao adolescente e ao jovem dependente
§ 1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios
de entorpecentes e drogas afins.
as por eles habitadas em caráter permanente, as utiliza-
§ 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a das para suas atividades produtivas, as imprescindíveis
exploração sexual da criança e do adolescente. à preservação dos recursos ambientais necessários a
§ 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na for- seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física
ma da lei, que estabelecerá casos e condições de sua e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.
efetivação por parte de estrangeiros. § 2º As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o
ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualifica- usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos
ções, proibidas quaisquer designações discriminató- lagos nelas existentes.
rias relativas à filiação. § 3º O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos
§ 7º No atendimento dos direitos da criança e do ado- os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das ri-
lescente levar-se- á em consideração o disposto no art. quezas minerais em terras indígenas só podem ser efe-
204. tivados com autorização do Congresso Nacional, ouvi-
das as comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada
§ 8º A lei estabelecerá: participação nos resultados da lavra, na forma da lei.
I - o estatuto da juventude, destinado a regular os di- § 4º As terras de que trata este artigo são inalienáveis e
reitos dos jovens;

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indisponíveis, e os direitos sobre elas, imprescritíveis. III - o Tribunal de Contas terá três membros, nomeados,
pelo Governador eleito, dentre brasileiros de comprova-
§ 5º É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas
da idoneidade e notório saber;
terras, salvo, «ad referendum» do Congresso Nacional,
em caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco IV - o Tribunal de Justiça terá sete Desembargadores;
sua população, ou no interesse da soberania do País, V - os primeiros Desembargadores serão nomeados
após deliberação do Congresso Nacional, garantido, pelo Governador eleito, escolhidos da seguinte forma:
em qualquer hipótese, o retorno imediato logo que
cesse o risco. a) cinco dentre os magistrados com mais de trinta e cin-
co anos de idade, em exercício na área do novo Estado
§ 6º São nulos e extintos, não produzindo efeitos ju- ou do Estado originário;
rídicos, os atos que tenham por objeto a ocupação, o
domínio e a posse das terras a que se refere este artigo, b) dois dentre promotores, nas mesmas condições, e
ou a exploração das riquezas naturais do solo, dos rios advogados de comprovada idoneidade e saber jurídico,
e dos lagos nelas existentes, ressalvado relevante in- com dez anos, no mínimo, de exercício profissional,
teresse público da União, segundo o que dispuser lei obedecido o procedimento fixado na Constituição;
complementar, não gerando a nulidade e a extinção VI - no caso de Estado proveniente de Território Fede-
direito a indenização ou a ações contra a União, sal- ral, os cinco primeiros Desembargadores poderão ser
vo, na forma da lei, quanto às benfeitorias derivadas da escolhidos dentre juízes de direito de qualquer parte do
ocupação de boa fé. País;
§ 7º Não se aplica às terras indígenas o disposto no art. VII - em cada Comarca, o primeiro Juiz de Direito, o
174, § 3º e § 4º. primeiro Promotor de Justiça e o primeiro Defensor
Público serão nomeados pelo Governador eleito após
Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações concurso público de provas e títulos;
são partes legítimas para ingressar em juízo em defesa
de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério VIII - até a promulgação da Constituição Estadual,
Público em todos os atos do processo. responderão pela Procuradoria-Geral, pela Advocacia-
-Geral e pela Defensoria-Geral do Estado advogados de
notório saber, com trinta e cinco anos de idade, no mí-
TÍTULO IX nimo, nomeados pelo Governador eleito e demissíveis
Das Disposições Constitucionais Gerais “ad nutum”;
IX - se o novo Estado for resultado de transformação de
Art. 233. (Revogado pela Emenda Constitucional nº 28, Território Federal, a transferência de encargos financei-
de 25/05/2000) ros da União para pagamento dos servidores optantes
que pertenciam à Administração Federal ocorrerá da
Art. 234. É vedado à União, direta ou indiretamente, seguinte forma:
assumir, em decorrência da criação de Estado, encar-
gos referentes a despesas com pessoal inativo e com a) no sexto ano de instalação, o Estado assumirá vinte
encargos e amortizações da dívida interna ou externa da por cento dos encargos financeiros para fazer face ao
administração pública, inclusive da indireta. pagamento dos servidores públicos, ficando ainda o
restante sob a responsabilidade da União;
Art. 235. Nos dez primeiros anos da criação de Estado, b) no sétimo ano, os encargos do Estado serão acres-
serão observadas as seguintes normas básicas: cidos de trinta por cento e, no oitavo, dos restantes
cinqüenta por cento;
I - a Assembléia Legislativa será composta de dezes-
sete Deputados se a população do Estado for inferior a X - as nomeações que se seguirem às primeiras, para
seiscentos mil habitantes, e de vinte e quatro, se igual os cargos mencionados neste artigo, serão disciplina-
ou superior a esse número, até um milhão e quinhentos das na Constituição Estadual;
mil; XI - as despesas orçamentárias com pessoal não po-
II - o Governo terá no máximo dez Secretarias; derão ultrapassar cinqüenta por cento da receita do
Estado.

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Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exer- contas individuais dos participantes.
cidos em caráter privado, por delegação do Poder Pú- § 3º Aos empregados que percebam de empregadores
blico. que contribuem para o Programa de Integração Social
§ 1º Lei regulará as atividades, disciplinará a respon- ou para o Programa de Formação do Patrimônio do
sabilidade civil e criminal dos notários, dos oficiais de Servidor Público, até dois salários mínimos de remune-
registro e de seus prepostos, e definirá a fiscalização de ração mensal, é assegurado o pagamento de um salário
seus atos pelo Poder Judiciário. mínimo anual, computado neste valor o rendimento das
contas individuais, no caso daqueles que já participa-
§ 2º Lei federal estabelecerá normas gerais para fixação
vam dos referidos programas, até a data da promulga-
de emolumentos relativos aos atos praticados pelos
ção desta Constituição.
serviços notariais e de registro.
§ 4º O financiamento do seguro-desemprego receberá
§ 3º O ingresso na atividade notarial e de registro de-
uma contribuição adicional da empresa cujo índice de
pende de concurso público de provas e títulos, não
rotatividade da força de trabalho superar o índice médio
se permitindo que qualquer serventia fique vaga, sem
da rotatividade do setor, na forma estabelecida por lei.
abertura de concurso de provimento ou de remoção,
por mais de seis meses. § 5º Os programas de desenvolvimento econômico
financiados na forma do § 1º e seus resultados serão
Art. 237. A fiscalização e o controle sobre o comércio
anualmente avaliados e divulgados em meio de comu-
exterior, essenciais à defesa dos interesses fazendários
nicação social eletrônico e apresentados em reunião da
nacionais, serão exercidos pelo Ministério da Fazenda.
comissão mista permanente de que trata o § 1º do art.
166.
Art. 238. A lei ordenará a venda e revenda de combus-
tíveis de petróleo, álcool carburante e outros combus-
Art. 240. Ficam ressalvadas do disposto no art. 195
tíveis derivados de matérias-primas renováveis, respei-
as atuais contribuições compulsórias dos empregado-
tados os princípios desta Constituição.
res sobre a folha de salários, destinadas às entidades
privadas de serviço social e de formação profissional
Art. 239. A arrecadação decorrente das contribuições
vinculadas ao sistema sindical.
para o Programa de Integração Social, criado pela Lei
Complementar nº 7, de 7 de setembro de 1970, e para
Art. 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor
Municípios disciplinarão por meio de lei os consórcios
Público, criado pela Lei Complementar nº 8, de 3 de
públicos e os convênios de cooperação entre os entes
dezembro de 1970, passa, a partir da promulgação
federados, autorizando a gestão associada de serviços
desta Constituição, a financiar, nos termos que a lei
públicos, bem como a transferência total ou parcial de
dispuser, o programa do seguro-desemprego, outras
encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à conti-
ações da previdência social e o abono de que trata o
nuidade dos serviços transferidos.
§ 3º deste artigo.
§ 1º Dos recursos mencionados no caput, no mínimo Art. 242. O princípio do art. 206, IV, não se aplica às
28% (vinte e oito por cento) serão destinados para o fi- instituições educacionais oficiais criadas por lei esta-
nanciamento de programas de desenvolvimento econô- dual ou municipal e existentes na data da promulgação
mico, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento desta Constituição, que não sejam total ou preponde-
Econômico e Social, com critérios de remuneração que rantemente mantidas com recursos públicos.
preservem o seu valor.
§ 1º O ensino da História do Brasil levará em conta as
§ 2º Os patrimônios acumulados do Programa de Inte- contribuições das diferentes culturas e etnias para a
gração Social e do Programa de Formação do Patrimô- formação do povo brasileiro.
nio do Servidor Público são preservados, mantendo-se
os critérios de saque nas situações previstas nas leis § 2º O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de
específicas, com exceção da retirada por motivo de ca- Janeiro, será mantido na órbita federal.
samento, ficando vedada a distribuição da arrecadação
de que trata o «caput» deste artigo, para depósito nas Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer
região do País onde forem localizadas culturas ilegais

96
de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho sões concedidas aos respectivos servidores e seus
escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas dependentes, em adição aos recursos dos respectivos
à reforma agrária e a programas de habitação popular, tesouros, a União, os Estados, o Distrito Federal e os
sem qualquer indenização ao proprietário e sem preju- Municípios poderão constituir fundos integrados pelos
ízo de outras sanções previstas em lei, observado, no recursos provenientes de contribuições e por bens,
que couber, o disposto no art. 5º. direitos e ativos de qualquer natureza, mediante lei
que disporá sobre a natureza e administração desses
Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econô-
fundos.
mico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins e da exploração de traba-
lho escravo será confiscado e reverterá a fundo especial Art. 250. Com o objetivo de assegurar recursos para
com destinação específica, na forma da lei. o pagamento dos benefícios concedidos pelo regime
geral de previdência social, em adição aos recursos de
sua arrecadação, a União poderá constituir fundo inte-
Art. 244. A lei disporá sobre a adaptação dos logra-
grado por bens, direitos e ativos de qualquer natureza,
douros, dos edifícios de uso público e dos veículos
mediante lei que disporá sobre a natureza e administra-
de transporte coletivo atualmente existentes a fim de
ção desse fundo.
garantir acesso adequado às pessoas portadoras de
deficiência, conforme o disposto no art. 227, § 2º.
Brasília, 5 de outubro de 1988.
Art. 245. A lei disporá sobre as hipóteses e condições
em que o Poder Público dará assistência aos herdeiros Este texto não substitui o publicado no DOU de
e dependentes carentes de pessoas vitimadas por crime 5.10.1988.
doloso, sem prejuízo da responsabilidade civil do autor
do ilícito. Ulysses Guimarães

Art. 246. É vedada a adoção de medida provisória na ADCT - Ato das Disposições
regulamentação de artigo da Constituição cuja redação
tenha sido alterada por meio de emenda promulgada Constitucionais Transitórias
entre 1º de janeiro de 1995 até a promulgação desta
emenda, inclusive. Art. 1º. O Presidente da República, o Presidente do Su-
premo Tribunal Federal e os membros do Congresso
Art. 247. As leis previstas no inciso III do § 1º do art. 41 Nacional prestarão o compromisso de manter, defender
e no § 7º do art. 169 estabelecerão critérios e garantias e cumprir a Constituição, no ato e na data de sua pro-
especiais para a perda do cargo pelo servidor público mulgação.
estável que, em decorrência das atribuições de seu car-
go efetivo, desenvolva atividades exclusivas de Estado. Art. 2º. No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado
definirá, através de plebiscito, a forma (república ou
Parágrafo único. Na hipótese de insuficiência de de-
monarquia constitucional) e o sistema de governo (par-
sempenho, a perda do cargo somente ocorrerá median-
lamentarismo ou presidencialismo) que devem vigorar
te processo administrativo em que lhe sejam assegura-
no País.
dos o contraditório e a ampla defesa.
§ 1º - Será assegurada gratuidade na livre divulgação
Art. 248. Os benefícios pagos, a qualquer título, pelo dessas formas e sistemas, através dos meios de comu-
órgão responsável pelo regime geral de previdência nicação de massa cessionários de serviço público.
social, ainda que à conta do Tesouro Nacional, e os § 2º - O Tribunal Superior Eleitoral, promulgada a
não sujeitos ao limite máximo de valor fixado para os Constituição, expedirá as normas regulamentadoras
benefícios concedidos por esse regime observarão os deste artigo.
limites fixados no art. 37, XI.
Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após
Art. 249. Com o objetivo de assegurar recursos para cinco anos, contados da promulgação da Constituição,
o pagamento de proventos de aposentadoria e pen- pelo voto da maioria absoluta dos membros do Con-

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gresso Nacional, em sessão unicameral. nham exercido mais da metade do mandato.

Art. 4º. O mandato do atual Presidente da República Art. 6º. Nos seis meses posteriores à promulgação da
terminará em 15 de março de 1990. Constituição, parlamentares federais, reunidos em nú-
mero não inferior a trinta, poderão requerer ao Tribunal
§ 1º A primeira eleição para Presidente da República
Superior Eleitoral o registro de novo partido político,
após a promulgação da Constituição será realizada no
juntando ao requerimento o manifesto, o estatuto e o
dia 15 de novembro de 1989, não se lhe aplicando o
programa devidamente assinados pelos requerentes.
disposto no art. 16 da Constituição.
§ 1º O registro provisório, que será concedido de plano
§ 2º É assegurada a irredutibilidade da atual represen-
pelo Tribunal Superior Eleitoral, nos termos deste arti-
tação dos Estados e do Distrito Federal na Câmara dos
go, defere ao novo partido todos os direitos, deveres e
Deputados.
prerrogativas dos atuais, entre eles o de participar, sob
§ 3º - Os mandatos dos Governadores e dos Vice-Go- legenda própria, das eleições que vierem a ser realiza-
vernadores eleitos em 15 de novembro de 1986 termi- das nos doze meses seguintes a sua formação.
narão em 15 de março de 1991.
§ 2º O novo partido perderá automaticamente seu re-
§ 4º - Os mandatos dos atuais Prefeitos, Vice-Prefeitos gistro provisório se, no prazo de vinte e quatro meses,
e Vereadores terminarão no dia 1º de janeiro de 1989, contados de sua formação, não obtiver registro defini-
com a posse dos eleitos. tivo no Tribunal Superior Eleitoral, na forma que a lei
dispuser.
Art. 5º. Não se aplicam às eleições previstas para 15 de
novembro de 1988 o disposto no art. 16 e as regras do Art. 7º. O Brasil propugnará pela formação de um tribu-
art. 77 da Constituição. nal internacional dos direitos humanos.
§ 1º Para as eleições de 15 de novembro de 1988 será
exigido domicílio eleitoral na circunscrição pelo menos Art. 8º. É concedida anistia aos que, no período de 18 de
durante os quatro meses anteriores ao pleito, podendo setembro de 1946 até a data da promulgação da Cons-
os candidatos que preencham este requisito, atendidas tituição, foram atingidos, em decorrência de motivação
as demais exigências da lei, ter seu registro efetivado exclusivamente política, por atos de exceção, institu-
pela Justiça Eleitoral após a promulgação da Consti- cionais ou complementares, aos que foram abrangidos
tuição. pelo Decreto Legislativo nº 18, de 15 de dezembro de
1961, e aos atingidos pelo Decreto-Lei nº 864, de 12 de
§ 2º Na ausência de norma legal específica, caberá ao setembro de 1969, asseguradas as promoções, na ina-
Tribunal Superior Eleitoral editar as normas necessárias tividade, ao cargo, emprego, posto ou graduação a que
à realização das eleições de 1988, respeitada a legisla- teriam direito se estivessem em serviço ativo, obedeci-
ção vigente. dos os prazos de permanência em atividade previstos
§ 3º Os atuais parlamentares federais e estaduais elei- nas leis e regulamentos vigentes, respeitadas as carac-
tos Vice-Prefeitos, se convocados a exercer a função de terísticas e peculiaridades das carreiras dos servidores
Prefeito, não perderão o mandato parlamentar. públicos civis e militares e observados os respectivos
regimes jurídicos.
§ 4º O número de vereadores por município será fixado,
para a representação a ser eleita em 1988, pelo respec- § 1º O disposto neste artigo somente gerará efeitos
tivo Tribunal Regional Eleitoral, respeitados os limites financeiros a partir da promulgação da Constituição,
estipulados no art. 29, IV, da Constituição. vedada a remuneração de qualquer espécie em caráter
retroativo.
§ 5º Para as eleições de 15 de novembro de 1988, res-
salvados os que já exercem mandato eletivo, são inele- § 2º Ficam assegurados os benefícios estabelecidos
gíveis para qualquer cargo, no território de jurisdição neste artigo aos trabalhadores do setor privado, dirigen-
do titular, o cônjuge e os parentes por consangüinidade tes e representantes sindicais que, por motivos exclusi-
ou afinidade, até o segundo grau, ou por adoção, do vamente políticos, tenham sido punidos, demitidos ou
Presidente da República, do Governador de Estado, do compelidos ao afastamento das atividades remuneradas
Governador do Distrito Federal e do Prefeito que te- que exerciam, bem como aos que foram impedidos de

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exercer atividades profissionais em virtude de pressões a) do empregado eleito para cargo de direção de co-
ostensivas ou expedientes oficiais sigilosos. missões internas de prevenção de acidentes, desde o
registro de sua candidatura até um ano após o final de
§ 3º Aos cidadãos que foram impedidos de exercer,
seu mandato;
na vida civil, atividade profissional específica, em de-
corrência das Portarias Reservadas do Ministério da b) da empregada gestante, desde a confirmação da gra-
Aeronáutica nº S-50-GM5, de 19 de junho de 1964, e videz até cinco meses após o parto.
nº S-285-GM5 será concedida reparação de natureza § 1º Até que a lei venha a disciplinar o disposto no art.
econômica, na forma que dispuser lei de iniciativa do 7º, XIX, da Constituição, o prazo da licença-paternidade
Congresso Nacional e a entrar em vigor no prazo de a que se refere o inciso é de cinco dias.
doze meses a contar da promulgação da Constituição.
§ 2º Até ulterior disposição legal, a cobrança das con-
§ 4º Aos que, por força de atos institucionais, tenham tribuições para o custeio das atividades dos sindicatos
exercido gratuitamente mandato eletivo de vereador rurais será feita juntamente com a do imposto territorial
serão computados, para efeito de aposentadoria no rural, pelo mesmo órgão arrecadador.
serviço público e previdência social, os respectivos
períodos. § 3º Na primeira comprovação do cumprimento das
obrigações trabalhistas pelo empregador rural, na for-
§ 5º A anistia concedida nos termos deste artigo apli- ma do art. 233, após a promulgação da Constituição,
ca-se aos servidores públicos civis e aos empregados será certificada perante a Justiça do Trabalho a regu-
em todos os níveis de governo ou em suas fundações, laridade do contrato e das atualizações das obrigações
empresas públicas ou empresas mistas sob controle trabalhistas de todo o período.
estatal, exceto nos Ministérios militares, que tenham
sido punidos ou demitidos por atividades profissionais
Art. 11. Cada Assembléia Legislativa, com poderes
interrompidas em virtude de decisão de seus trabalha-
constituintes, elaborará a Constituição do Estado, no
dores, bem como em decorrência do Decreto-Lei nº
prazo de um ano, contado da promulgação da Consti-
1.632, de 4 de agosto de 1978, ou por motivos exclu-
tuição Federal, obedecidos os princípios desta.
sivamente políticos, assegurada a readmissão dos que
foram atingidos a partir de 1979, observado o disposto Parágrafo único. Promulgada a Constituição do Estado,
no § 1º. caberá à Câmara Municipal, no prazo de seis meses,
votar a Lei Orgânica respectiva, em dois turnos de dis-
Art. 9º. Os que, por motivos exclusivamente políticos, cussão e votação, respeitado o disposto na Constitui-
foram cassados ou tiveram seus direitos políticos sus- ção Federal e na Constituição Estadual.
pensos no período de 15 de julho a 31 de dezembro de
1969, por ato do então Presidente da República, pode- Art. 12. Será criada, dentro de noventa dias da pro-
rão requerer ao Supremo Tribunal Federal o reconhe- mulgação da Constituição, Comissão de Estudos Ter-
cimento dos direitos e vantagens interrompidos pelos ritoriais, com dez membros indicados pelo Congresso
atos punitivos, desde que comprovem terem sido estes Nacional e cinco pelo Poder Executivo, com a finali-
eivados de vício grave. dade de apresentar estudos sobre o território nacional
e anteprojetos relativos a novas unidades territoriais,
Parágrafo único. O Supremo Tribunal Federal proferirá
notadamente na Amazônia Legal e em áreas pendentes
a decisão no prazo de cento e vinte dias, a contar do
de solução.
pedido do interessado.
§ 1º No prazo de um ano, a Comissão submeterá ao
Art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar a Congresso Nacional os resultados de seus estudos
que se refere o art. 7º, I, da Constituição: para, nos termos da Constituição, serem apreciados
nos doze meses subseqüentes, extinguindo-se logo
I - fica limitada a proteção nele referida ao aumento, após.
para quatro vezes, da porcentagem prevista no art. 6º,
“caput” e § 1º, da Lei nº 5.107, de 13 de setembro de § 2º Os Estados e os Municípios deverão, no prazo de
1966; três anos, a contar da promulgação da Constituição,
promover, mediante acordo ou arbitramento, a demar-
II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa: cação de suas linhas divisórias atualmente litigiosas,

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podendo para isso fazer alterações e compensações de dos candidatos escolhidos e dos demais procedimen-
área que atendam aos acidentes naturais, critérios his- tos legais serão fixadas, em calendário especial, pela
tóricos, conveniências administrativas e comodidade Justiça Eleitoral;
das populações limítrofes. III - são inelegíveis os ocupantes de cargos estaduais
§ 3º Havendo solicitação dos Estados e Municípios in- ou municipais que não se tenham deles afastado, em
teressados, a União poderá encarregar-se dos trabalhos caráter definitivo, setenta e cinco dias antes da data das
demarcatórios. eleições previstas neste parágrafo;
§ 4º Se, decorrido o prazo de três anos, a contar da pro- IV - ficam mantidos os atuais diretórios regionais dos
mulgação da Constituição, os trabalhos demarcatórios partidos políticos do Estado de Goiás, cabendo às co-
não tiverem sido concluídos, caberá à União determinar missões executivas nacionais designar comissões pro-
os limites das áreas litigiosas. visórias no Estado do Tocantins, nos termos e para os
fins previstos na lei.
§ 5º Ficam reconhecidos e homologados os atuais li-
mites do Estado do Acre com os Estados do Amazonas § 4º Os mandatos do Governador, do Vice-Governador,
e de Rondônia, conforme levantamentos cartográficos dos Deputados Federais e Estaduais eleitos na forma do
e geodésicos realizados pela Comissão Tripartite inte- parágrafo anterior extinguir-se-ão concomitantemente
grada por representantes dos Estados e dos serviços aos das demais unidades da Federação; o mandato do
técnico-especializados do Instituto Brasileiro de Geo- Senador eleito menos votado extinguir-se-á nessa mes-
grafia e Estatística. ma oportunidade, e os dos outros dois, juntamente com
os dos Senadores eleitos em 1986 nos demais Estados.
Art. 13. É criado o Estado do Tocantins, pelo desmem- § 5º A Assembléia Estadual Constituinte será instalada
bramento da área descrita neste artigo, dando-se sua no quadragésimo sexto dia da eleição de seus integran-
instalação no quadragésimo sexto dia após a eleição tes, mas não antes de 1º de janeiro de 1989, sob a pre-
prevista no § 3º, mas não antes de 1º de janeiro de sidência do Presidente do Tribunal Regional Eleitoral
1989. do Estado de Goiás, e dará posse, na mesma data, ao
§ 1º - O Estado do Tocantins integra a Região Norte Governador e ao Vice-Governador eleitos.
e limita-se com o Estado de Goiás pelas divisas norte § 6º Aplicam-se à criação e instalação do Estado do
dos Municípios de São Miguel do Araguaia, Porangatu, Tocantins, no que couber, as normas legais disciplina-
Formoso, Minaçu, Cavalcante, Monte Alegre de Goiás doras da divisão do Estado de Mato Grosso, observado
e Campos Belos, conservando a leste, norte e oeste as o disposto no art. 234 da Constituição.
divisas atuais de Goiás com os Estados da Bahia, Piauí,
Maranhão, Pará e Mato Grosso. § 7º Fica o Estado de Goiás liberado dos débitos e en-
cargos decorrentes de empreendimentos no território
§ 2º O Poder Executivo designará uma das cidades do do novo Estado, e autorizada a União, a seu critério, a
Estado para sua Capital provisória até a aprovação da assumir os referidos débitos.
sede definitiva do governo pela Assembléia Constituin-
te. Art. 14. Os Territórios Federais de Roraima e do Amapá
§ 3º O Governador, o Vice-Governador, os Senadores, são transformados em Estados Federados, mantidos
os Deputados Federais e os Deputados Estaduais se- seus atuais limites geográficos.
rão eleitos, em um único turno, até setenta e cinco dias § 1º A instalação dos Estados dar-se-á com a posse dos
após a promulgação da Constituição, mas não antes governadores eleitos em 1990.
de 15 de novembro de 1988, a critério do Tribunal Su-
perior Eleitoral, obedecidas, entre outras, as seguintes § 2º Aplicam-se à transformação e instalação dos Esta-
normas: dos de Roraima e Amapá as normas e critérios seguidos
na criação do Estado de Rondônia, respeitado o dispos-
I - o prazo de filiação partidária dos candidatos será en- to na Constituição e neste Ato.
cerrado setenta e cinco dias antes da data das eleições;
§ 3º O Presidente da República, até quarenta e cinco
II - as datas das convenções regionais partidárias des- dias após a promulgação da Constituição, encami-
tinadas a deliberar sobre coligações e escolha de can- nhará à apreciação do Senado Federal os nomes dos
didatos, de apresentação de requerimento de registro

100
governadores dos Estados de Roraima e do Amapá que ato legislativo ou administrativo, lavrado a partir da ins-
exercerão o Poder Executivo até a instalação dos novos talação da Assembléia Nacional Constituinte, que tenha
Estados com a posse dos governadores eleitos. por objeto a concessão de estabilidade a servidor admi-
tido sem concurso público, da administração direta ou
§ 4º Enquanto não concretizada a transformação em
indireta, inclusive das fundações instituídas e mantidas
Estados, nos termos deste artigo, os Territórios Fede-
pelo Poder Público.
rais de Roraima e do Amapá serão beneficiados pela
transferência de recursos prevista nos arts. 159, I, «a»,
da Constituição, e 34, § 2º, II, deste Ato. Art. 19. Os servidores públicos civis da União, dos Es-
tados, do Distrito Federal e dos Municípios, da admi-
nistração direta, autárquica e das fundações públicas,
Art. 15. Fica extinto o Território Federal de Fernando
em exercício na data da promulgação da Constituição,
de Noronha, sendo sua área reincorporada ao Estado
há pelo menos cinco anos continuados, e que não
de Pernambuco.
tenham sido admitidos na forma regulada no art. 37,
da Constituição, são considerados estáveis no serviço
Art. 16. Até que se efetive o disposto no art. 32, § 2º, da
público.
Constituição, caberá ao Presidente da República, com a
aprovação do Senado Federal, indicar o Governador e o § 1º O tempo de serviço dos servidores referidos neste
Vice-Governador do Distrito Federal. artigo será contado como título quando se submeterem
a concurso para fins de efetivação, na forma da lei.
§ 1º A competência da Câmara Legislativa do Distrito
Federal, até que se instale, será exercida pelo Senado § 2º O disposto neste artigo não se aplica aos ocupan-
Federal. tes de cargos, funções e empregos de confiança ou em
comissão, nem aos que a lei declare de livre exonera-
§ 2º A fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
ção, cujo tempo de serviço não será computado para
operacional e patrimonial do Distrito Federal, enquanto
os fins do “caput” deste artigo, exceto se se tratar de
não for instalada a Câmara Legislativa, será exercida
servidor.
pelo Senado Federal, mediante controle externo, com
o auxílio do Tribunal de Contas do Distrito Federal, ob- § 3º O disposto neste artigo não se aplica aos professo-
servado o disposto no art. 72 da Constituição. res de nível superior, nos termos da lei.
§ 3º Incluem-se entre os bens do Distrito Federal aque-
Art. 20. Dentro de cento e oitenta dias, proceder-se-á à
les que lhe vierem a ser atribuídos pela União na forma
revisão dos direitos dos servidores públicos inativos e
da lei.
pensionistas e à atualização dos proventos e pensões a
eles devidos, a fim de ajustá-los ao disposto na Cons-
Art. 17. Os vencimentos, a remuneração, as vantagens e
tituição.
os adicionais, bem como os proventos de aposentado-
ria que estejam sendo percebidos em desacordo com a
Art. 21. Os juízes togados de investidura limitada no
Constituição serão imediatamente reduzidos aos limites
tempo, admitidos mediante concurso público de provas
dela decorrentes, não se admitindo, neste caso, invo-
e títulos e que estejam em exercício na data da promul-
cação de direito adquirido ou percepção de excesso a
gação da Constituição, adquirem estabilidade, obser-
qualquer título.
vado o estágio probatório, e passam a compor quadro
§ 1º É assegurado o exercício cumulativo de dois car- em extinção, mantidas as competências, prerrogativas e
gos ou empregos privativos de médico que estejam restrições da legislação a que se achavam submetidos,
sendo exercidos por médico militar na administração salvo as inerentes à transitoriedade da investidura.
pública direta ou indireta.
Parágrafo único. A aposentadoria dos juízes de que trata
§ 2º É assegurado o exercício cumulativo de dois car- este artigo regular-se-á pelas normas fixadas para os
gos ou empregos privativos de profissionais de saúde demais juízes estaduais.
que estejam sendo exercidos na administração pública
direta ou indireta. Art. 22. É assegurado aos defensores públicos inves-
tidos na função até a data de instalação da Assembléia
Art. 18. Ficam extintos os efeitos jurídicos de qualquer Nacional Constituinte o direito de opção pela carreira,

101
com a observância das garantias e vedações previstas tidos, nesta data, em medidas provisórias, aplicando-
no art. 134, parágrafo único, da Constituição. -se-lhes as regras estabelecidas no art. 62, parágrafo
único.
Art. 23. Até que se edite a regulamentação do art. 21,
XVI, da Constituição, os atuais ocupantes do cargo de Art. 26. No prazo de um ano a contar da promulgação da
censor federal continuarão exercendo funções com este Constituição, o Congresso Nacional promoverá, através
compatíveis, no Departamento de Polícia Federal, ob- de Comissão mista, exame analítico e pericial dos atos
servadas as disposições constitucionais. e fatos geradores do endividamento externo brasileiro.
Parágrafo único. A lei referida disporá sobre o apro- § 1º A Comissão terá a força legal de Comissão parla-
veitamento dos Censores Federais, nos termos deste mentar de inquérito para os fins de requisição e con-
artigo. vocação, e atuará com o auxílio do Tribunal de Contas
da União.
Art. 24. A União, os Estados, o Distrito Federal e os § 2º Apurada irregularidade, o Congresso Nacional
Municípios editarão leis que estabeleçam critérios proporá ao Poder Executivo a declaração de nulidade
para a compatibilização de seus quadros de pessoal ao do ato e encaminhará o processo ao Ministério Público
disposto no art. 39 da Constituição e à reforma admi- Federal, que formalizará, no prazo de sessenta dias, a
nistrativa dela decorrente, no prazo de dezoito meses, ação cabível.
contados da sua promulgação.
Art. 27. O Superior Tribunal de Justiça será instalado
Art. 25. Ficam revogados, a partir de cento e oitenta dias sob a Presidência do Supremo Tribunal Federal.
da promulgação da Constituição, sujeito este prazo a
prorrogação por lei, todos os dispositivos legais que § 1º Até que se instale o Superior Tribunal de Justiça,
atribuam ou deleguem a órgão do Poder Executivo o Supremo Tribunal Federal exercerá as atribuições e
competência assinalada pela Constituição ao Congres- competências definidas na ordem constitucional pre-
so Nacional, especialmente no que tange a: cedente.
I - ação normativa; § 2º A composição inicial do Superior Tribunal de Jus-
tiça far-se-á:
II - alocação ou transferência de recursos de qualquer
espécie. I - pelo aproveitamento dos Ministros do Tribunal Fe-
deral de Recursos;
§ 1º Os decretos-lei em tramitação no Congresso Na-
cional e por este não apreciados até a promulgação da II - pela nomeação dos Ministros que sejam necessários
Constituição terão seus efeitos regulados da seguinte para completar o número estabelecido na Constituição.
forma: § 3º Para os efeitos do disposto na Constituição, os
I - se editados até 2 de setembro de 1988, serão apre- atuais Ministros do Tribunal Federal de Recursos serão
ciados pelo Congresso Nacional no prazo de até cento considerados pertencentes à classe de que provieram,
e oitenta dias a contar da promulgação da Constituição, quando de sua nomeação.
não computado o recesso parlamentar; § 4º Instalado o Tribunal, os Ministros aposentados do
II - decorrido o prazo definido no inciso anterior, e não Tribunal Federal de Recursos tornar-se-ão, automatica-
havendo apreciação, os decretos-lei alí mencionados mente, Ministros aposentados do Superior Tribunal de
serão considerados rejeitados; Justiça.
III - nas hipóteses definidas nos incisos I e II, terão § 5º Os Ministros a que se refere o § 2º, II, serão indica-
plena validade os atos praticados na vigência dos res- dos em lista tríplice pelo Tribunal Federal de Recursos,
pectivos decretos-lei, podendo o Congresso Nacional, observado o disposto no art. 104, parágrafo único, da
se necessário, legislar sobre os efeitos deles remanes- Constituição.
centes. § 6º Ficam criados cinco Tribunais Regionais Federais,
§ 2º Os decretos-lei editados entre 3 de setembro de a serem instalados no prazo de seis meses a contar da
1988 e a promulgação da Constituição serão conver- promulgação da Constituição, com a jurisdição e sede
que lhes fixar o Tribunal Federal de Recursos, tendo em

102
conta o número de processos e sua localização geo- da União, o Ministério Público Federal, a Procuradoria-
gráfica. -Geral da Fazenda Nacional, as Consultorias Jurídicas
dos Ministérios, as Procuradorias e Departamentos
§ 7º Até que se instalem os Tribunais Regionais Fede-
Jurídicos de autarquias federais com representação
rais, o Tribunal Federal de Recursos exercerá a com-
própria e os membros das Procuradorias das Universi-
petência a eles atribuída em todo o território nacional,
dades fundacionais públicas continuarão a exercer suas
cabendo-lhe promover sua instalação e indicar os can-
atividades na área das respectivas atribuições.
didatos a todos os cargos da composição inicial, me-
diante lista tríplice, podendo desta constar juízes fede- § 1º O Presidente da República, no prazo de cento e
rais de qualquer região, observado o disposto no § 9º. vinte dias, encaminhará ao Congresso Nacional projeto
de lei complementar dispondo sobre a organização e o
§ 8º É vedado, a partir da promulgação da Constituição,
funcionamento da Advocacia-Geral da União.
o provimento de vagas de Ministros do Tribunal Federal
de Recursos. § 2º Aos atuais Procuradores da República, nos termos
da lei complementar, será facultada a opção, de forma
§ 9º Quando não houver juiz federal que conte o tem-
irretratável, entre as carreiras do Ministério Público Fe-
po mínimo previsto no art. 107, II, da Constituição, a
deral e da Advocacia-Geral da União.
promoção poderá contemplar juiz com menos de cinco
anos no exercício do cargo. § 3º Poderá optar pelo regime anterior, no que respeita
às garantias e vantagens, o membro do Ministério Pú-
§ 10. Compete à Justiça Federal julgar as ações nela
blico admitido antes da promulgação da Constituição,
propostas até a data da promulgação da Constituição,
observando-se, quanto às vedações, a situação jurídica
e aos Tribunais Regionais Federais bem como ao Su-
na data desta.
perior Tribunal de Justiça julgar as ações rescisórias
das decisões até então proferidas pela Justiça Federal, § 4º Os atuais integrantes do quadro suplementar dos
inclusive daquelas cuja matéria tenha passado à com- Ministérios Públicos do Trabalho e Militar que tenham
petência de outro ramo do Judiciário. adquirido estabilidade nessas funções passam a inte-
grar o quadro da respectiva carreira.
§ 11. São criados, ainda, os seguintes Tribunais Regio-
nais Federais: o da 6ª Região, com sede em Curitiba, § 5º Cabe à atual Procuradoria-Geral da Fazenda Na-
Estado do Paraná, e jurisdição nos Estados do Paraná, cional, diretamente ou por delegação, que pode ser ao
Santa Catarina e Mato Grosso do Sul; o da 7ª Região, Ministério Público Estadual, representar judicialmente
com sede em Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais, a União nas causas de natureza fiscal, na área da res-
e jurisdição no Estado de Minas Gerais; o da 8ª Região, pectiva competência, até a promulgação das leis com-
com sede em Salvador, Estado da Bahia, e jurisdição plementares previstas neste artigo.
nos Estados da Bahia e Sergipe; e o da 9ª Região, com
sede em Manaus, Estado do Amazonas, e jurisdição Art. 30. A legislação que criar a justiça de paz manterá
nos Estados do Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima. os atuais juízes de paz até a posse dos novos titulares,
assegurando-lhes os direitos e atribuições conferidos a
Art. 28. Os juízes federais de que trata o art. 123, § 2º, da estes, e designará o dia para a eleição prevista no art.
Constituição de 1967, com a redação dada pela Emen- 98, II, da Constituição.
da Constitucional nº 7, de 1977, ficam investidos na
titularidade de varas na Seção Judiciária para a qual Art. 31. Serão estatizadas as serventias do foro judicial,
tenham sido nomeados ou designados; na inexistência assim definidas em lei, respeitados os direitos dos atu-
de vagas, proceder-se-á ao desdobramento das varas ais titulares.
existentes.
Parágrafo único. Para efeito de promoção por antigüi- Art. 32. O disposto no art. 236 não se aplica aos ser-
dade, o tempo de serviço desses juízes será computado viços notariais e de registro que já tenham sido oficia-
a partir do dia de sua posse. lizados pelo Poder Público, respeitando-se o direito de
seus servidores.
Art. 29. Enquanto não aprovadas as leis complementa-
res relativas ao Ministério Público e à Advocacia-Geral Art. 33. Ressalvados os créditos de natureza alimentar, o
valor dos precatórios judiciais pendentes de pagamento

103
na data da promulgação da Constituição, incluído o re- produzirão efeitos a partir da entrada em vigor do siste-
manescente de juros e correção monetária, poderá ser ma tributário nacional previsto na Constituição.
pago em moeda corrente, com atualização, em presta- § 5º Vigente o novo sistema tributário nacional, fica as-
ções anuais, iguais e sucessivas, no prazo máximo de segurada a aplicação da legislação anterior, no que não
oito anos, a partir de 1º de julho de 1989, por decisão seja incompatível com ele e com a legislação referida
editada pelo Poder Executivo até cento e oitenta dias da nos §3º e § 4º.
promulgação da Constituição.
§ 6º Até 31 de dezembro de 1989, o disposto no art.
Parágrafo único. Poderão as entidades devedoras, para 150, III, «b», não se aplica aos impostos de que tratam
o cumprimento do disposto neste artigo, emitir, em os arts. 155, I, «a» e «b», e 156, II e III, que podem ser
cada ano, no exato montante do dispêndio, títulos de cobrados trinta dias após a publicação da lei que os
dívida pública não computáveis para efeito do limite tenha instituído ou aumentado.
global de endividamento.
§ 7º Até que sejam fixadas em lei complementar, as alí-
Art. 34. O sistema tributário nacional entrará em vigor quotas máximas do imposto municipal sobre vendas a
a partir do primeiro dia do quinto mês seguinte ao da varejo de combustíveis líquidos e gasosos não excede-
promulgação da Constituição, mantido, até então, o da rão a três por cento.
Constituição de 1967, com a redação dada pela Emenda § 8º Se, no prazo de sessenta dias contados da pro-
nº 1, de 1969, e pelas posteriores. mulgação da Constituição, não for editada a lei com-
§ 1º Entrarão em vigor com a promulgação da Consti- plementar necessária à instituição do imposto de que
tuição os arts. 148, 149, 150, 154, I, 156, III, e 159, I, trata o art. 155, I, «b», os Estados e o Distrito Federal,
«c», revogadas as disposições em contrário da Cons- mediante convênio celebrado nos termos da Lei Com-
tituição de 1967 e das Emendas que a modificaram, plementar nº 24, de 7 de janeiro de 1975, fixarão nor-
especialmente de seu art. 25, III. mas para regular provisoriamente a matéria.
§ 2º O Fundo de Participação dos Estados e do Distrito § 9º Até que lei complementar disponha sobre a maté-
Federal e o Fundo de Participação dos Municípios obe- ria, as empresas distribuidoras de energia elétrica, na
decerão às seguintes determinações: condição de contribuintes ou de substitutos tributários,
serão as responsáveis, por ocasião da saída do produto
I - a partir da promulgação da Constituição, os per- de seus estabelecimentos, ainda que destinado a ou-
centuais serão, respectivamente, de dezoito por cento tra unidade da Federação, pelo pagamento do imposto
e de vinte por cento, calculados sobre o produto da sobre operações relativas à circulação de mercadorias
arrecadação dos impostos referidos no art. 153, III e IV, incidente sobre energia elétrica, desde a produção ou
mantidos os atuais critérios de rateio até a entrada em importação até a última operação, calculado o imposto
vigor da lei complementar a que se refere o art. 161, II; sobre o preço então praticado na operação final e asse-
II - o percentual relativo ao Fundo de Participação dos gurado seu recolhimento ao Estado ou ao Distrito Fede-
Estados e do Distrito Federal será acrescido de um pon- ral, conforme o local onde deva ocorrer essa operação.
to percentual no exercício financeiro de 1989 e, a partir § 10. Enquanto não entrar em vigor a lei prevista no
de 1990, inclusive, à razão de meio ponto por exercício, art. 159, I, «c», cuja promulgação se fará até 31 de de-
até 1992, inclusive, atingindo em 1993 o percentual es- zembro de 1989, é assegurada a aplicação dos recursos
tabelecido no art. 159, I, “a”; previstos naquele dispositivo da seguinte maneira:
III - o percentual relativo ao Fundo de Participação dos I - seis décimos por cento na Região Norte, através do
Municípios, a partir de 1989, inclusive, será elevado à Banco da Amazônia S.A.;
razão de meio ponto percentual por exercício financeiro,
até atingir o estabelecido no art. 159, I, “b”. II - um inteiro e oito décimos por cento na Região Nor-
deste, através do Banco do Nordeste do Brasil S.A.;
§ 3º Promulgada a Constituição, a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios poderão editar as leis III - seis décimos por cento na Região Centro-Oeste,
necessárias à aplicação do sistema tributário nacional através do Banco do Brasil S.A.
nela previsto. § 11. Fica criado, nos termos da lei, o Banco de Desen-
§ 4º As leis editadas nos termos do parágrafo anterior volvimento do Centro-Oeste, para dar cumprimento, na

104
referida região, ao que determinam os arts. 159, I, «c», da Constituição, excetuados os resultantes de isenções
e 192, § 2º, da Constituição. fiscais que passem a integrar patrimônio privado e os
que interessem à defesa nacional, extinguir-se-ão, se
§ 12. A urgência prevista no art. 148, II, não prejudica
não forem ratificados pelo Congresso Nacional no pra-
a cobrança do empréstimo compulsório instituído, em
zo de dois anos.
benefício das Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletro-
brás), pela Lei nº 4.156, de 28 de novembro de 1962,
com as alterações posteriores. Art. 37. A adaptação ao que estabelece o art. 167, III, de-
verá processar-se no prazo de cinco anos, reduzindo-se
o excesso à base de, pelo menos, um quinto por ano.
Art. 35. O disposto no art. 165, § 7º, será cumprido de
forma progressiva, no prazo de até dez anos, distribuin-
do-se os recursos entre as regiões macroeconômicas Art. 38. Até a promulgação da lei complementar referida
em razão proporcional à população, a partir da situação no art. 169, a União, os Estados, o Distrito Federal e os
verificada no biênio 1986-87. Municípios não poderão despender com pessoal mais
do que sessenta e cinco por cento do valor das respec-
§ 1º Para aplicação dos critérios de que trata este artigo, tivas receitas correntes.
excluem-se das despesas totais as relativas:
Parágrafo único. A União, os Estados, o Distrito Fede-
I - aos projetos considerados prioritários no plano plu- ral e os Municípios, quando a respectiva despesa de
rianual; pessoal exceder o limite previsto neste artigo, deverão
II - à segurança e defesa nacional; retornar àquele limite, reduzindo o percentual excedente
à razão de um quinto por ano.
III - à manutenção dos órgãos federais no Distrito Fe-
deral; Art. 39. Para efeito do cumprimento das disposições
constitucionais que impliquem variações de despesas e
IV - ao Congresso Nacional, ao Tribunal de Contas da receitas da União, após a promulgação da Constituição,
União e ao Poder Judiciário; o Poder Executivo deverá elaborar e o Poder Legislativo
V - ao serviço da dívida da administração direta e indi- apreciar projeto de revisão da lei orçamentária referente
reta da União, inclusive fundações instituídas e manti- ao exercício financeiro de 1989.
das pelo Poder Público federal. Parágrafo único. O Congresso Nacional deverá votar no
§ 2º Até a entrada em vigor da lei complementar a que prazo de doze meses a lei complementar prevista no art.
se refere o art. 165, § 9º, I e II, serão obedecidas as 161, II.
seguintes normas:
I - o projeto do plano plurianual, para vigência até o Art. 40. É mantida a Zona Franca de Manaus, com suas
final do primeiro exercício financeiro do mandato pre- características de área livre de comércio, de exportação
sidencial subseqüente, será encaminhado até quatro e importação, e de incentivos fiscais, pelo prazo de vinte
meses antes do encerramento do primeiro exercício e cinco anos, a partir da promulgação da Constituição.
financeiro e devolvido para sanção até o encerramento Parágrafo único. Somente por lei federal podem ser
da sessão legislativa; modificados os critérios que disciplinaram ou venham
II - o projeto de lei de diretrizes orçamentárias será a disciplinar a aprovação dos projetos na Zona Franca
encaminhado até oito meses e meio antes do encerra- de Manaus.
mento do exercício financeiro e devolvido para sanção
até o encerramento do primeiro período da sessão le- Art. 41. Os Poderes Executivos da União, dos Estados,
gislativa; do Distrito Federal e dos Municípios reavaliarão todos
os incentivos fiscais de natureza setorial ora em vigor,
III - o projeto de lei orçamentária da União será enca- propondo aos Poderes Legislativos respectivos as me-
minhado até quatro meses antes do encerramento do didas cabíveis.
exercício financeiro e devolvido para sanção até o en-
cerramento da sessão legislativa. § 1º Considerar-se-ão revogados após dois anos, a
partir da data da promulgação da Constituição, os in-
Art. 36. Os fundos existentes na data da promulgação centivos que não forem confirmados por lei.

105
§ 2º A revogação não prejudicará os direitos que já seu processo de industrialização.
tiverem sido adquiridos, àquela data, em relação a in- § 3º As empresas brasileiras referidas no § 1º somente
centivos concedidos sob condição e com prazo certo. poderão ter autorizações de pesquisa e concessões de
§ 3º Os incentivos concedidos por convênio entre Esta- lavra ou potenciais de energia hidráulica, desde que a
dos, celebrados nos termos do art. 23, § 6º, da Consti- energia e o produto da lavra sejam utilizados nos res-
tuição de 1967, com a redação da Emenda Constitucio- pectivos processos industriais.
nal nº 1, de 17 de outubro de 1969, também deverão ser
reavaliados e reconfirmados nos prazos deste artigo. Art. 45. Ficam excluídas do monopólio estabeleci-
do pelo art. 177, II, da Constituição as refinarias em
Art. 42. Durante 40 (quarenta) anos, a União aplicará funcionamento no País amparadas pelo art. 43 e nas
dos recursos destinados à irrigação: condições do art. 45 da Lei nº 2.004, de 3 de outubro
de 1953.
I - 20% (vinte por cento) na Região Centro-Oeste;
Parágrafo único. Ficam ressalvados da vedação do art.
II - 50% (cinquenta por cento) na Região Nordeste, pre-
177, § 1º, os contratos de risco feitos com a Petróleo
ferencialmente no Semiárido.
Brasileiro S.A. (Petrobrás), para pesquisa de petróleo,
Parágrafo único. Dos percentuais previstos nos incisos que estejam em vigor na data da promulgação da Cons-
I e II do caput, no mínimo 50% (cinquenta por cento) tituição.
serão destinados a projetos de irrigação que beneficiem
agricultores familiares que atendam aos requisitos pre- Art. 46. São sujeitos à correção monetária desde o ven-
vistos em legislação específica. cimento, até seu efetivo pagamento, sem interrupção ou
suspensão, os créditos junto a entidades submetidas
Art. 43. Na data da promulgação da lei que disciplinar a aos regimes de intervenção ou liquidação extrajudicial,
pesquisa e a lavra de recursos e jazidas minerais, ou no mesmo quando esses regimes sejam convertidos em
prazo de um ano, a contar da promulgação da Consti- falência.
tuição, tornar-se-ão sem efeito as autorizações, conces-
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se tam-
sões e demais títulos atributivos de direitos minerários,
bém:
caso os trabalhos de pesquisa ou de lavra não hajam
sido comprovadamente iniciados nos prazos legais ou I - às operações realizadas posteriormente à decretação
estejam inativos. dos regimes referidos no “caput” deste artigo;
II - às operações de empréstimo, financiamento, refi-
Art. 44. As atuais empresas brasileiras titulares de au- nanciamento, assistência financeira de liquidez, cessão
torização de pesquisa, concessão de lavra de recursos ou sub-rogação de créditos ou cédulas hipotecárias,
minerais e de aproveitamento dos potenciais de energia efetivação de garantia de depósitos do público ou de
hidráulica em vigor terão quatro anos, a partir da pro- compra de obrigações passivas, inclusive as realizadas
mulgação da Constituição, para cumprir os requisitos com recursos de fundos que tenham essas destinações;
do art. 176, § 1º.
III - aos créditos anteriores à promulgação da Cons-
§ 1º Ressalvadas as disposições de interesse nacional tituição;
previstas no texto constitucional, as empresas brasilei-
ras ficarão dispensadas do cumprimento do disposto IV - aos créditos das entidades da administração pú-
no art. 176, § 1º, desde que, no prazo de até quatro blica anteriores à promulgação da Constituição, não
anos da data da promulgação da Constituição, tenham liquidados até 1 de janeiro de 1988.
o produto de sua lavra e beneficiamento destinado a in-
dustrialização no território nacional, em seus próprios Art. 47. Na liquidação dos débitos, inclusive suas re-
estabelecimentos ou em empresa industrial controlado- negociações e composições posteriores, ainda que
ra ou controlada. ajuizados, decorrentes de quaisquer empréstimos con-
cedidos por bancos e por instituições financeiras, não
§ 2º Ficarão também dispensadas do cumprimento do existirá correção monetária desde que o empréstimo
disposto no art. 176, § 1º, as empresas brasileiras titu- tenha sido concedido:
lares de concessão de energia hidráulica para uso em

106
I - aos micro e pequenos empresários ou seus estabe- nanciamento e repasse de recursos pelo banco central.
lecimentos no período de 28 de fevereiro de 1986 a 28 § 7º No caso de repasse a agentes financeiros oficiais
de fevereiro de 1987; ou cooperativas de crédito, o ônus recairá sobre a fonte
II - ao mini, pequenos e médios produtores rurais no de recursos originária.
período de 28 de fevereiro de 1986 a 31 de dezembro
de 1987, desde que relativos a crédito rural. Art. 48. O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte
§ 1º Consideram-se, para efeito deste artigo, microem- dias da promulgação da Constituição, elaborará código
presas as pessoas jurídicas e as firmas individuais com de defesa do consumidor.
receitas anuais de até dez mil Obrigações do Tesouro
Nacional, e pequenas empresas as pessoas jurídicas e Art. 49. A lei disporá sobre o instituto da enfiteuse em
as firmas individuais com receita anual de até vinte e imóveis urbanos, sendo facultada aos foreiros, no caso
cinco mil Obrigações do Tesouro Nacional. de sua extinção, a remição dos aforamentos mediante
aquisição do domínio direto, na conformidade do que
§ 2º A classificação de mini, pequeno e médio produtor dispuserem os respectivos contratos.
rural será feita obedecendo-se às normas de crédito ru-
ral vigentes à época do contrato. § 1º Quando não existir cláusula contratual, serão ado-
tados os critérios e bases hoje vigentes na legislação
§ 3º A isenção da correção monetária a que se refere especial dos imóveis da União.
este artigo só será concedida nos seguintes casos:
§ 2º Os direitos dos atuais ocupantes inscritos ficam
I - se a liquidação do débito inicial, acrescido de juros assegurados pela aplicação de outra modalidade de
legais e taxas judiciais, vier a ser efetivada no prazo contrato.
de noventa dias, a contar da data da promulgação da
Constituição; § 3º A enfiteuse continuará sendo aplicada aos terrenos
de marinha e seus acrescidos, situados na faixa de se-
II - se a aplicação dos recursos não contrariar a fina- gurança, a partir da orla marítima.
lidade do financiamento, cabendo o ônus da prova à
instituição credora; § 4º Remido o foro, o antigo titular do domínio direto
deverá, no prazo de noventa dias, sob pena de respon-
III - se não for demonstrado pela instituição credora que sabilidade, confiar à guarda do registro de imóveis
o mutuário dispõe de meios para o pagamento de seu competente toda a documentação a ele relativa.
débito, excluído desta demonstração seu estabeleci-
mento, a casa de moradia e os instrumentos de trabalho Art. 50. Lei agrícola a ser promulgada no prazo de um
e produção; ano disporá, nos termos da Constituição, sobre os ob-
IV - se o financiamento inicial não ultrapassar o limite jetivos e instrumentos de política agrícola, prioridades,
de cinco mil Obrigações do Tesouro Nacional; planejamento de safras, comercialização, abastecimen-
to interno, mercado externo e instituição de crédito
V - se o beneficiário não for proprietário de mais de
fundiário.
cinco módulos rurais.
§ 4º Os benefícios de que trata este artigo não se esten- Art. 51. Serão revistos pelo Congresso Nacional, atra-
dem aos débitos já quitados e aos devedores que sejam vés de Comissão mista, nos três anos a contar da data
constituintes. da promulgação da Constituição, todas as doações,
§ 5º No caso de operações com prazos de vencimento vendas e concessões de terras públicas com área supe-
posteriores à data- limite de liquidação da dívida, ha- rior a três mil hectares, realizadas no período de 1º de
vendo interesse do mutuário, os bancos e as institui- janeiro de 1962 a 31 de dezembro de 1987.
ções financeiras promoverão, por instrumento próprio, § 1º No tocante às vendas, a revisão será feita com base
alteração nas condições contratuais originais de forma exclusivamente no critério de legalidade da operação.
a ajustá-las ao presente benefício.
§ 2º No caso de concessões e doações, a revisão obe-
§ 6º A concessão do presente benefício por bancos decerá aos critérios de legalidade e de conveniência do
comerciais privados em nenhuma hipótese acarretará interesse público.
ônus para o Poder Público, ainda que através de refi-

107
§ 3º Nas hipóteses previstas nos parágrafos anteriores, creto-Lei nº 5.813, de 14 de setembro de 1943, e am-
comprovada a ilegalidade, ou havendo interesse pú- parados pelo Decreto-Lei nº 9.882, de 16 de setembro
blico, as terras reverterão ao patrimônio da União, dos de 1946, receberão, quando carentes, pensão mensal
Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. vitalícia no valor de dois salários mínimos.
§ 1º - O benefício é estendido aos seringueiros que,
Art. 52. Até que sejam fixadas as condições do art. 192, atendendo a apelo do Governo brasileiro, contribuíram
são vedados: para o esforço de guerra, trabalhando na produção de
I - a instalação, no País, de novas agências de institui- borracha, na Região Amazônica, durante a Segunda
ções financeiras domiciliadas no exterior; Guerra Mundial.
II - o aumento do percentual de participação, no ca- § 2º Os benefícios estabelecidos neste artigo são trans-
pital de instituições financeiras com sede no País, de feríveis aos dependentes reconhecidamente carentes.
pessoas físicas ou jurídicas residentes ou domiciliadas § 3º A concessão do benefício far-se-á conforme lei a
no exterior. ser proposta pelo Poder Executivo dentro de cento e
Parágrafo único. A vedação a que se refere este artigo cinqüenta dias da promulgação da Constituição.
não se aplica às autorizações resultantes de acordos
internacionais, de reciprocidade, ou de interesse do Art. 54-A. Os seringueiros de que trata o art. 54 deste
Governo brasileiro. Ato das Disposições Constitucionais Transitórias rece-
berão indenização, em parcela única, no valor de R$
Art. 53. Ao ex-combatente que tenha efetivamente parti- 25.000,00 (vinte e cinco mil reais).
cipado de operações bélicas durante a Segunda Guerra
Mundial, nos termos da Lei nº 5.315, de 12 de setembro Art. 55. Até que seja aprovada a lei de diretrizes orça-
de 1967, serão assegurados os seguintes direitos: mentárias, trinta por cento, no mínimo, do orçamento
da seguridade social, excluído o seguro-desemprego,
I - aproveitamento no serviço público, sem a exigência
serão destinados ao setor de saúde.
de concurso, com estabilidade;
II - pensão especial correspondente à deixada por se- Art. 56. Até que a lei disponha sobre o art. 195, I, a
gundo-tenente das Forças Armadas, que poderá ser arrecadação decorrente de, no mínimo, cinco dos seis
requerida a qualquer tempo, sendo inacumulável com décimos percentuais correspondentes à alíquota da
quaisquer rendimentos recebidos dos cofres públicos, contribuição de que trata o Decreto-Lei nº 1.940, de 25
exceto os benefícios previdenciários, ressalvado o di- de maio de 1982, alterada pelo Decreto-Lei nº 2.049,
reito de opção; de 1º de agosto de 1983, pelo Decreto nº 91.236, de 8
III - em caso de morte, pensão à viúva ou companheira de maio de 1985, e pela Lei nº 7.611, de 8 de julho de
ou dependente, de forma proporcional, de valor igual à 1987, passa a integrar a receita da seguridade social,
do inciso anterior; ressalvados, exclusivamente no exercício de 1988, os
compromissos assumidos com programas e projetos
IV - assistência médica, hospitalar e educacional gra- em andamento.
tuita, extensiva aos dependentes;
V - aposentadoria com proventos integrais aos vinte e Art. 57. Os débitos dos Estados e dos Municípios rela-
cinco anos de serviço efetivo, em qualquer regime ju- tivos às contribuições previdenciárias até 30 de junho
rídico; de 1988 serão liquidados, com correção monetária, em
VI - prioridade na aquisição da casa própria, para os cento e vinte parcelas mensais, dispensados os juros e
que não a possuam ou para suas viúvas ou companhei- multas sobre eles incidentes, desde que os devedores
ras. requeiram o parcelamento e iniciem seu pagamento no
prazo de cento e oitenta dias a contar da promulgação
Parágrafo único. A concessão da pensão especial do da Constituição.
inciso II substitui, para todos os efeitos legais, qualquer
outra pensão já concedida ao ex-combatente. § 1º O montante a ser pago em cada um dos dois pri-
meiros anos não será inferior a cinco por cento do total
do débito consolidado e atualizado, sendo o restante
Art. 54. Os seringueiros recrutados nos termos do De-

108
dividido em parcelas mensais de igual valor. dada pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
§ 2º A liquidação poderá incluir pagamentos na forma II - 15% (quinze por cento), no segundo ano; (Reda-
de cessão de bens e prestação de serviços, nos termos ção dada pela Emenda Constitucional nº 108, de
da Lei nº 7.578, de 23 de dezembro de 1986. 2020)
§ 3º Em garantia do cumprimento do parcelamento, os III - 17% (dezessete por cento), no terceiro ano; (Re-
Estados e os Municípios consignarão, anualmente, nos dação dada pela Emenda Constitucional nº 108,
respectivos orçamentos as dotações necessárias ao pa- de 2020)
gamento de seus débitos.
IV - 19% (dezenove por cento), no quarto ano; (Reda-
§ 4º Descumprida qualquer das condições estabele- ção dada pela Emenda Constitucional nº 108, de
cidas para concessão do parcelamento, o débito será 2020)
considerado vencido em sua totalidade, sobre ele in-
V - 21% (vinte e um por cento), no quinto ano; (Re-
cidindo juros de mora; nesta hipótese, parcela dos
dação dada pela Emenda Constitucional nº 108,
recursos correspondentes aos Fundos de Participação,
de 2020)
destinada aos Estados e Municípios devedores, será
bloqueada e repassada à previdência social para paga- VI - 23% (vinte e três por cento), no sexto ano. (Re-
mento de seus débitos. dação dada pela Emenda Constitucional nº 108,
de 2020)
Art. 58. Os benefícios de prestação continuada, man- § 1º A parcela da complementação de que trata a alínea
tidos pela previdência social na data da promulgação «b» do inciso V do caput do art. 212-A da Constitui-
da Constituição, terão seus valores revistos, a fim de ção Federal observará, no mínimo, os seguintes valo-
que seja restabelecido o poder aquisitivo, expresso em res: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
número de salários mínimos, que tinham na data de sua 108, de 2020)
concessão, obedecendo-se a esse critério de atualiza-
ção até a implantação do plano de custeio e benefícios I - 2 (dois) pontos percentuais, no primeiro ano; (Re-
referidos no artigo seguinte. dação dada pela Emenda Constitucional nº 108,
de 2020)
Parágrafo único. As prestações mensais dos benefícios
atualizadas de acordo com este artigo serão devidas e II - 5 (cinco) pontos percentuais, no segundo ano; (Re-
pagas a partir do sétimo mês a contar da promulgação dação dada pela Emenda Constitucional nº 108,
da Constituição. de 2020)
III - 6,25 (seis inteiros e vinte e cinco centésimos) pon-
Art. 59. Os projetos de lei relativos à organização da tos percentuais, no terceiro ano; (Redação dada pela
seguridade social e aos planos de custeio e de benefício Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
serão apresentados no prazo máximo de seis meses da IV - 7,5 (sete inteiros e cinco décimos) pontos percen-
promulgação da Constituição ao Congresso Nacional, tuais, no quarto ano; (Redação dada pela Emenda
que terá seis meses para apreciá-los. Constitucional nº 108, de 2020)
Parágrafo único. Aprovados pelo Congresso Nacional, V - 9 (nove) pontos percentuais, no quinto ano; (Re-
os planos serão implantados progressivamente nos de- dação dada pela Emenda Constitucional nº 108,
zoito meses seguintes. de 2020)
Art. 60. A complementação da União referida no inciso VI - 10,5 (dez inteiros e cinco décimos) pontos per-
IV do caput do art. 212-A da Constituição Federal será centuais, no sexto ano. (Redação dada pela Emenda
implementada progressivamente até alcançar a pro- Constitucional nº 108, de 2020)
porção estabelecida no inciso V do caput do mesmo § 2º A parcela da complementação de que trata a alínea
artigo, a partir de 1º de janeiro de 2021, nos seguin- «c» do inciso V do caput do art. 212-A da Constitui-
tes valores mínimos: (Redação dada pela Emenda ção Federal observará os seguintes valores: (Redação
Constitucional nº 108, de 2020) dada pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
I - 12% (doze por cento), no primeiro ano; (Redação I - 0,75 (setenta e cinco centésimos) ponto percentual,

109
no terceiro ano; (Redação dada pela Emenda Cons- privadas que desejem participar dos eventos.
titucional nº 108, de 2020)
II - 1,5 (um inteiro e cinco décimos) ponto percentual, Art. 64. A Imprensa Nacional e demais gráficas da
no quarto ano; (Redação dada pela Emenda Consti- União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
tucional nº 108, de 2020) cípios, da administração direta ou indireta, inclusive
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público,
III - 2 (dois) pontos percentuais, no quinto ano; (Re- promoverão edição popular do texto integral da Cons-
dação dada pela Emenda Constitucional nº 108, tituição, que será posta à disposição das escolas e dos
de 2020) cartórios, dos sindicatos, dos quartéis, das igrejas e
IV - 2,5 (dois inteiros e cinco décimos) pontos percen- de outras instituições representativas da comunidade,
tuais, no sexto ano. (Redação dada pela Emenda gratuitamente, de modo que cada cidadão brasileiro
Constitucional nº 108, de 2020) possa receber do Estado um exemplar da Constituição
do Brasil.
Art. 60-A. Os critérios de distribuição da complemen-
tação da União e dos fundos a que se refere o inciso I Art. 65. O Poder Legislativo regulamentará, no prazo de
do caput do art. 212-A da Constituição Federal serão doze meses, o art. 220, § 4º.
revistos em seu sexto ano de vigência e, a partir dessa
primeira revisão, periodicamente, a cada 10 (dez) anos. Art. 66. São mantidas as concessões de serviços pú-
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de blicos de telecomunicações atualmente em vigor, nos
2020) termos da lei.

Art. 61. As entidades educacionais a que se refere o art. Art. 67. A União concluirá a demarcação das terras in-
213, bem como as fundações de ensino e pesquisa cuja dígenas no prazo de cinco anos a partir da promulgação
criação tenha sido autorizada por lei, que preencham os da Constituição.
requisitos dos incisos I e II do referido artigo e que, nos
últimos três anos, tenham recebido recursos públicos, Art. 68. Aos remanescentes das comunidades dos qui-
poderão continuar a recebê-los, salvo disposição legal lombos que estejam ocupando suas terras é reconhe-
em contrário. cida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-
-lhes os títulos respectivos.
Art. 62. A lei criará o Serviço Nacional de Aprendizagem
Rural (SENAR) nos moldes da legislação relativa ao Art. 69. Será permitido aos Estados manter consultorias
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) jurídicas separadas de suas Procuradorias-Gerais ou
e ao Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio Advocacias-Gerais, desde que, na data da promulga-
(SENAC), sem prejuízo das atribuições dos órgãos pú- ção da Constituição, tenham órgãos distintos para as
blicos que atuam na área. respectivas funções.

Art. 63. É criada uma Comissão composta de nove Art. 70. Fica mantida atual competência dos tribunais
membros, sendo três do Poder Legislativo, três do estaduais até a mesma seja definida na Constituição do
Poder Judiciário e três do Poder Executivo, para pro- Estado, nos termos do art. 125, § 1º, da Constituição.
mover as comemorações do centenário da proclamação
da República e da promulgação da primeira Cons- Art. 71. É instituído, nos exercícios financeiros de 1994
tituição republicana do País, podendo, a seu critério, e 1995, bem assim nos períodos de 01/01/1996 a
desdobrar-se em tantas subcomissões quantas forem 30/06/97 e 01/07/97 a 31/12/1999, o Fundo Social de
necessárias. Emergência, com o objetivo de saneamento financeiro
da Fazenda Pública Federal e de estabilização econômi-
Parágrafo único. No desenvolvimento de suas atribui-
ca, cujos recursos serão aplicados prioritariamente no
ções, a Comissão promoverá estudos, debates e ava-
custeio das ações dos sistemas de saúde e educação,
liações sobre a evolução política, social, econômica e
incluindo a complementação de recursos de que trata
cultural do País, podendo articular-se com os governos
o § 3º do art. 60 do Ato das Disposições Constitucio-
estaduais e municipais e com instituições públicas e

110
nais Transitórias, benefícios previdenciários e auxílios de 1997 e de 1º de julho de 1997 a 31 de dezembro
assistenciais de prestação continuada, inclusive liqui- de 1999, mediante a aplicação da alíquota de setenta
dação de passivo previdenciário, e despesas orçamen- e cinco centésimos por cento, sujeita a alteração por
tárias associadas a programas de relevante interesse lei ordinária posterior, sobre a receita bruta operacional,
econômico e social. como definida na legislação do imposto sobre renda e
proventos de qualquer natureza.
§ 1º Ao Fundo criado por este artigo não se aplica o
disposto na parte final do inciso II do § 9º do art. 165 VI - outras receitas previstas em lei específica.
da Constituição. § 1º As alíquotas e a base de cálculo previstas nos inci-
§ 2º O Fundo criado por este artigo passa a ser denomi- sos III e V aplicar-se-ão a partir do primeiro dia do mês
nado Fundo de Estabilização Fiscal a partir do início do seguinte aos noventa dias posteriores à promulgação
exercício financeiro de 1996. desta Emenda.
§ 3º O Poder Executivo publicará demonstrativo da § 2º As parcelas de que tratam os incisos I, II, III e V se-
execução orçamentária, de periodicidade bimestral, no rão previamente deduzidas da base de cálculo de qual-
qual se discriminarão as fontes e usos do Fundo criado quer vinculação ou participação constitucional ou legal,
por este artigo. não se lhes aplicando o disposto nos artigos, 159, 212
e 239 da Constituição.
Art. 72. Integram o Fundo Social de Emergência; § 3º A parcela de que trata o inciso IV será previamente
I - o produto da arrecadação do imposto sobre renda e deduzida da base de cálculo das vinculações ou partici-
proventos de qualquer natureza incidente na fonte sobre pações constitucionais previstas nos artigos 153, § 5º,
pagamentos efetuados, a qualquer título, pela União, in- 157, II, 212 e 239 da Constituição.
clusive suas autarquias e fundações; § 4º O disposto no parágrafo anterior não se aplica aos
II - a parcela do produto da arrecadação do imposto recursos previstos nos Artigos 158, II e 159 da Cons-
sobre renda e proventos de qualquer natureza e do im- tituição.
posto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou § 5º A parcela dos recursos provenientes do imposto
relativas a títulos e valores mobiliários, decorrente das sobre renda e proventos de qualquer natureza, desti-
alterações produzidas pela Lei nº 8.894, de 21 de junho nada ao Fundo Social de Emergência, nos termos do
de 1994, e pelas Leis nºs 8.849 e 8.848, ambas de 28 de inciso II deste artigo, não poderá exceder a cinco in-
janeiro de 1994, e modificações posteriores; teiros e seis décimos por cento do total do produto da
III - a parcela do produto da arrecadação resultante da sua arrecadação.
elevação da alíquota da contribuição social sobre o lu-
cro dos contribuintes a que se refere o § 1º do Art. 22 Art. 73. Na regulação do Fundo Social de Emergência
da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, a qual, nos não poderá ser utilizado o instrumento previsto no inci-
exercícios financeiros de 1994 e 1995, bem assim no so V do art. 59 da Constituição.
período de 1º de janeiro de 1996 a 30 de junho de 1997,
passa a ser de trinta por cento, sujeita a alteração por lei Art. 74. A União poderá instituir contribuição provisória
ordinária, mantidas as demais normas da Lei nº 7.689, sobre movimentação ou transmissão de valores e de
de 15 de dezembro de 1988; créditos e direitos de natureza financeira.
IV - vinte por cento do produto da arrecadação de todos § 1º A alíquota da contribuição de que trata este artigo
os impostos e contribuições da União, já instituídos ou não excederá a vinte e cinco centésimos por cento, fa-
a serem criados, excetuado o previsto nos incisos I, II e cultado ao Poder Executivo reduzi-la ou restabelecê-la,
III, observado o disposto nos §§ 3º e 4º; total ou parcialmente, nas condições e limites fixados
V - a parcela do produto da arrecadação da contribuição em lei.
de que trata a Lei Complementar nº 7, de 7 de setem- § 2º A contribuição de que trata este artigo não se aplica
bro de 1970, devida pelas pessoas jurídicas a que se o disposto nos arts. 153, § 5º, e 154, I, da Constituição.
refere o inciso III deste artigo, a qual será calculada,
§ 3º O produto da arrecadação da contribuição de que
nos exercícios financeiros de 1994 a 1995, bem assim
trata este artigo será destinado integralmente ao Fun-
nos períodos de 1º de janeiro de 1996 a 30 de junho

111
do Nacional de Saúde, para financiamento das ações e Art. 76-A. São desvinculados de órgão, fundo ou des-
serviços de saúde. pesa, até 31 de dezembro de 2023, 30% (trinta por
cento) das receitas dos Estados e do Distrito Federal
§ 4º A contribuição de que trata este artigo terá sua exi-
relativas a impostos, taxas e multas, já instituídos ou
gibilidade subordinada ao disposto no art. 195, § 6º,
que vierem a ser criados até a referida data, seus adicio-
da Constituição, e não poderá ser cobrada por prazo
nais e respectivos acréscimos legais, e outras receitas
superior a dois anos.
correntes.
Art. 75. É prorrogada, por trinta e seis meses, a cobran- Parágrafo único. Excetuam-se da desvinculação de que
ça da contribuição provisória sobre movimentação ou trata o caput:
transmissão de valores e de créditos e direitos de natu- I - recursos destinados ao financiamento das ações e
reza financeira de que trata o art. 74, instituída pela Lei serviços públicos de saúde e à manutenção e desen-
nº 9.311, de 24 de outubro de 1996, modificada pela Lei volvimento do ensino de que tratam, respectivamente,
nº 9.539, de 12 de dezembro de 1997, cuja vigência é os incisos II e III do § 2º do art. 198 e o art. 212 da
também prorrogada por idêntico prazo. Constituição Federal;
§ 1º Observado o disposto no § 6º do art. 195 da Cons- II - receitas que pertencem aos Municípios decorrentes
tituição Federal, a alíquota da contribuição será de trinta de transferências previstas na Constituição Federal;
e oito centésimos por cento, nos primeiros doze meses,
e de trinta centésimos, nos meses subseqüentes, facul- III - receitas de contribuições previdenciárias e de as-
tado ao Poder Executivo reduzi-la total ou parcialmente, sistência à saúde dos servidores;
nos limites aqui definidos. IV - demais transferências obrigatórias e voluntárias
§ 2º O resultado do aumento da arrecadação, decorrente entre entes da Federação com destinação especificada
da alteração da alíquota, nos exercícios financeiros de em lei;
1999, 2000 e 2001, será destinado ao custeio da pre- V - fundos instituídos pelo Poder Judiciário, pelos
vidência social. Tribunais de Contas, pelo Ministério Público, pelas
§ 3º É a União autorizada a emitir títulos da dívida Defensorias Públicas e pelas Procuradorias-Gerais dos
pública interna, cujos recursos serão destinados ao Estados e do Distrito Federal.
custeio da saúde e da previdência social, em montante
equivalente ao produto da arrecadação da contribuição, Art. 76-B. São desvinculados de órgão, fundo ou des-
prevista e não realizada em 1999. pesa, até 31 de dezembro de 2023, 30% (trinta por
cento) das receitas dos Municípios relativas a impos-
Art. 76. São desvinculados de órgão, fundo ou despesa, tos, taxas e multas, já instituídos ou que vierem a ser
até 31 de dezembro de 2023, 30% (trinta por cento) da criados até a referida data, seus adicionais e respectivos
arrecadação da União relativa às contribuições sociais, acréscimos legais, e outras receitas correntes.
sem prejuízo do pagamento das despesas do Regime Parágrafo único. Excetuam-se da desvinculação de que
Geral da Previdência Social, às contribuições de inter- trata o caput:
venção no domínio econômico e às taxas, já instituídas
ou que vierem a ser criadas até a referida data. I - recursos destinados ao financiamento das ações e
serviços públicos de saúde e à manutenção e desen-
§ 1º (Revogado). volvimento do ensino de que tratam, respectivamente,
§ 2° Excetua-se da desvinculação de que trata o caput a os incisos II e III do § 2º do art. 198 e o art. 212 da
arrecadação da contribuição social do salário-educação Constituição Federal;
a que se refere o § 5º do art. 212 da Constituição Fe- II - receitas de contribuições previdenciárias e de assis-
deral. tência à saúde dos servidores;
§ 3º (Revogado). III - transferências obrigatórias e voluntárias entre entes
§ 4º A desvinculação de que trata o caput não se apli- da Federação com destinação especificada em lei;
ca às receitas das contribuições sociais destinadas ao IV - fundos instituídos pelo Tribunal de Contas do Mu-
custeio da seguridade social. nicípio.

112
Art. 77. Até o exercício financeiro de 2004, os recursos tiverem os seus respectivos recursos liberados ou de-
mínimos aplicados nas ações e serviços públicos de positados em juízo, os precatórios pendentes na data
saúde serão equivalentes: de promulgação desta Emenda e os que decorram de
ações iniciais ajuizadas até 31 de dezembro de 1999 se-
I – no caso da União:
rão liquidados pelo seu valor real, em moeda corrente,
a) no ano 2000, o montante empenhado em ações e acrescido de juros legais, em prestações anuais, iguais
serviços públicos de saúde no exercício financeiro de e sucessivas, no prazo máximo de dez anos, permitida
1999 acrescido de, no mínimo, cinco por cento; a cessão dos créditos.
b) do ano 2001 ao ano 2004, o valor apurado no ano § 1º É permitida a decomposição de parcelas, a critério
anterior, corrigido pela variação nominal do Produto do credor.
Interno Bruto – PIB;
§ 2º As prestações anuais a que se refere o caput deste
II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, doze artigo terão, se não liquidadas até o final do exercício
por cento do produto da arrecadação dos impostos a a que se referem, poder liberatório do pagamento de
que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam tributos da entidade devedora.
os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzi-
§ 3º O prazo referido no caput deste artigo fica reduzi-
das as parcelas que forem transferidas aos respectivos
do para dois anos, nos casos de precatórios judiciais
Municípios; e
originários de desapropriação de imóvel residencial do
III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, quin- credor, desde que comprovadamente único à época da
ze por cento do produto da arrecadação dos impostos a imissão na posse.
que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os
§ 4º O Presidente do Tribunal competente deverá, ven-
arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º.
cido o prazo ou em caso de omissão no orçamento, ou
§ 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que preterição ao direito de precedência, a requerimento do
apliquem percentuais inferiores aos fixados nos incisos credor, requisitar ou determinar o seqüestro de recursos
II e III deverão elevá-los gradualmente, até o exercício financeiros da entidade executada, suficientes à satisfa-
financeiro de 2004, reduzida a diferença à razão de, pelo ção da prestação.
menos, um quinto por ano, sendo que, a partir de 2000,
a aplicação será de pelo menos sete por cento. Art. 79. É instituído, para vigorar até o ano de 2010,
§ 2º Dos recursos da União apurados nos termos deste no âmbito do Poder Executivo Federal, o Fundo de
artigo, quinze por cento, no mínimo, serão aplicados Combate e Erradicação da Pobreza, a ser regulado por
nos Municípios, segundo o critério populacional, em lei complementar com o objetivo de viabilizar a todos
ações e serviços básicos de saúde, na forma da lei. os brasileiros acesso a níveis dignos de subsistência,
cujos recursos serão aplicados em ações suplementa-
§ 3º Os recursos dos Estados, do Distrito Federal e dos res de nutrição, habitação, educação, saúde, reforço de
Municípios destinados às ações e serviços públicos renda familiar e outros programas de relevante interes-
de saúde e os transferidos pela União para a mesma se social voltados para melhoria da qualidade de vida.
finalidade serão aplicados por meio de Fundo de Saúde
que será acompanhado e fiscalizado por Conselho de Parágrafo único. O Fundo previsto neste artigo terá
Saúde, sem prejuízo do disposto no art. 74 da Cons- Conselho Consultivo e de Acompanhamento que conte
tituição Federal. com a participação de representantes da sociedade ci-
vil, nos termos da lei.
§ 4º Na ausência da lei complementar a que se refere o
art. 198, § 3º, a partir do exercício financeiro de 2005,
Art. 80. Compõem o Fundo de Combate e Erradicação
aplicar-se-á à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
da Pobreza:
aos Municípios o disposto neste artigo.
I – a parcela do produto da arrecadação correspondente
Art. 78. Ressalvados os créditos definidos em lei como a um adicional de oito centésimos por cento, aplicável
de pequeno valor, os de natureza alimentícia, os de que de 18 de junho de 2000 a 17 de junho de 2002, na
trata o art. 33 deste Ato das Disposições Constitucio- alíquota da contribuição social de que trata o art. 75 do
nais Transitórias e suas complementações e os que já Ato das Disposições Constitucionais Transitórias;

113
II – a parcela do produto da arrecadação correspon- a transferência de recursos ao Fundo de Combate e
dente a um adicional de cinco pontos percentuais na Erradicação da Pobreza e as demais disposições refe-
alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados rentes ao § 1º deste artigo serão disciplinadas em lei,
– IPI, ou do imposto que vier a substituí-lo, incidente não se aplicando o disposto no art. 165, § 9º, inciso II,
sobre produtos supérfluos e aplicável até a extinção do da Constituição.
Fundo;
III – o produto da arrecadação do imposto de que trata Art. 82. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
o art. 153, inciso VII, da Constituição; devem instituir Fundos de Combate á Pobreza, com os
recursos de que trata este artigo e outros que vierem a
IV – dotações orçamentárias; destinar, devendo os referidos Fundos ser geridos por
V– doações, de qualquer natureza, de pessoas físicas entidades que contem com a participação da sociedade
ou jurídicas do País ou do exterior; civil.
VI – outras receitas, a serem definidas na regulamenta- § 1º Para o financiamento dos Fundos Estaduais e Dis-
ção do referido Fundo. trital, poderá ser criado adicional de até dois pontos
percentuais na alíquota do Imposto sobre Circulação
§ 1º Aos recursos integrantes do Fundo de que trata de Mercadorias e Serviços - ICMS, sobre os produtos
este artigo não se aplica o disposto nos arts. 159 e 167, e serviços supérfluos e nas condições definidas na
inciso IV, da Constituição, assim como qualquer des- lei complementar de que trata o art. 155, § 2º, XII, da
vinculação de recursos orçamentários. Constituição, não se aplicando, sobre este percentual,
§ 2º A arrecadação decorrente do disposto no inciso I o disposto no art. 158, IV, da Constituição.
deste artigo, no período compreendido entre 18 de ju- § 2º Para o financiamento dos Fundos Municipais, po-
nho de 2000 e o início da vigência da lei complementar derá ser criado adicional de até meio ponto percentual
a que se refere a art. 79, será integralmente repassada na alíquota do Imposto sobre serviços ou do imposto
ao Fundo, preservado o seu valor real, em títulos públi- que vier a substituí-lo, sobre serviços supérfluos.
cos federais, progressivamente resgatáveis após 18 de
junho de 2002, na forma da lei.
Art. 83. Lei federal definirá os produtos e serviços su-
pérfluos a que se referem os arts. 80, II, e 82, § 2º .
Art. 81. É instituído Fundo constituído pelos recursos
recebidos pela União em decorrência da desestatiza-
Art. 84. A contribuição provisória sobre movimentação
ção de sociedades de economia mista ou empresas
ou transmissão de valores e de créditos e direitos de
públicas por ela controladas, direta ou indiretamente,
natureza financeira, prevista nos arts. 74, 75 e 80, I,
quando a operação envolver a alienação do respectivo
deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias,
controle acionário a pessoa ou entidade não integrante
será cobrada até 31 de dezembro de 2004.
da Administração Pública, ou de participação societá-
ria remanescente após a alienação, cujos rendimentos, § 1º Fica prorrogada, até a data referida no caput deste
gerados a partir de 18 de junho de 2002, reverterão ao artigo, a vigência da Lei nº 9.311, de 24 de outubro de
Fundo de Combate e Erradicação de Pobreza. 1996, e suas alterações.
§ 1º Caso o montante anual previsto nos rendimentos § 2º Do produto da arrecadação da contribuição social
transferidos ao Fundo de Combate e Erradicação da de que trata este artigo será destinada a parcela corres-
Pobreza, na forma deste artigo, não alcance o valor pondente à alíquota de:
de quatro bilhões de reais. far-se-à complementação I - vinte centésimos por cento ao Fundo Nacional de
na forma do art. 80, inciso IV, do Ato das disposições Saúde, para financiamento das ações e serviços de
Constitucionais Transitórias. saúde;
§ 2º Sem prejuízo do disposto no § 1º, o Poder Exe- II - dez centésimos por cento ao custeio da previdência
cutivo poderá destinar ao Fundo a que se refere este social;
artigo outras receitas decorrentes da alienação de bens
da União. III - oito centésimos por cento ao Fundo de Combate e
Erradicação da Pobreza, de que tratam os arts. 80 e 81
§ 3º A constituição do Fundo a que se refere o caput, deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.

114
§ 3º A alíquota da contribuição de que trata este artigo de mercadorias.
será de:
I - trinta e oito centésimos por cento, nos exercícios Art. 86. Serão pagos conforme disposto no art. 100 da
financeiros de 2002 e 2003; Constituição Federal, não se lhes aplicando a regra de
parcelamento estabelecida no caput do art. 78 deste Ato
II - (Revogado pela Emenda Constitucional nº 42, de das Disposições Constitucionais Transitórias, os débi-
19.12.2003) tos da Fazenda Federal, Estadual, Distrital ou Municipal
oriundos de sentenças transitadas em julgado, que
Art. 85. A contribuição a que se refere o art. 84 deste preencham, cumulativamente, as seguintes condições:
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias não
I - ter sido objeto de emissão de precatórios judiciários;
incidirá, a partir do trigésimo dia da data de publicação
desta Emenda Constitucional, nos lançamentos: II - ter sido definidos como de pequeno valor pela lei de
que trata o § 3º do art. 100 da Constituição Federal ou
I - em contas correntes de depósito especialmente aber-
pelo art. 87 deste Ato das Disposições Constitucionais
tas e exclusivamente utilizadas para operações de:
Transitórias;
a) câmaras e prestadoras de serviços de compensação
III - estar, total ou parcialmente, pendentes de pagamen-
e de liquidação de que trata o parágrafo único do art. 2º
to na data da publicação desta Emenda Constitucional
da Lei nº 10.214, de 27 de março de 2001;
§ 1º Os débitos a que se refere o caput deste artigo, ou
b) companhias securitizadoras de que trata a Lei nº
os respectivos saldos, serão pagos na ordem cronoló-
9.514, de 20 de novembro de 1997;
gica de apresentação dos respectivos precatórios, com
c) sociedades anônimas que tenham por objeto exclu- precedência sobre os de maior valor.
sivo a aquisição de créditos oriundos de operações
§ 2º Os débitos a que se refere o caput deste artigo,
praticadas no mercado financeiro;
se ainda não tiverem sido objeto de pagamento parcial,
II - em contas correntes de depósito, relativos a: nos termos do art. 78 deste Ato das Disposições Cons-
a) operações de compra e venda de ações, realizadas titucionais Transitórias, poderão ser pagos em duas
em recintos ou sistemas de negociação de bolsas de parcelas anuais, se assim dispuser a lei.
valores e no mercado de balcão organizado; § 3º Observada a ordem cronológica de sua apresenta-
b) contratos referenciados em ações ou índices de ção, os débitos de natureza alimentícia previstos neste
ações, em suas diversas modalidades, negociados em artigo terão precedência para pagamento sobre todos
bolsas de valores, de mercadorias e de futuros; os demais.

III - em contas de investidores estrangeiros, relativos Art. 87. Para efeito do que dispõem o § 3º do art. 100
a entradas no País e a remessas para o exterior de re- da Constituição Federal e o art. 78 deste Ato das Dispo-
cursos financeiros empregados, exclusivamente, em sições Constitucionais Transitórias serão considerados
operações e contratos referidos no inciso II deste artigo. de pequeno valor, até que se dê a publicação oficial das
§ 1º O Poder Executivo disciplinará o disposto neste ar- respectivas leis definidoras pelos entes da Federação,
tigo no prazo de trinta dias da data de publicação desta observado o disposto no § 4º do art. 100 da Constitui-
Emenda Constitucional. ção Federal, os débitos ou obrigações consignados em
precatório judiciário, que tenham valor igual ou inferior
§ 2º O disposto no inciso I deste artigo aplica-se so-
a:
mente às operações relacionadas em ato do Poder Exe-
cutivo, dentre aquelas que constituam o objeto social I - quarenta salários-mínimos, perante a Fazenda dos
das referidas entidades. Estados e do Distrito Federal
§ 3º O disposto no inciso II deste artigo aplica-se so- II - trinta salários-mínimos, perante a Fazenda dos Mu-
mente a operações e contratos efetuados por intermédio nicípios.
de instituições financeiras, sociedades corretoras de tí- Parágrafo único. Se o valor da execução ultrapassar o
tulos e valores mobiliários, sociedades distribuidoras estabelecido neste artigo, o pagamento far-se-á, sem-
de títulos e valores mobiliários e sociedades corretoras pre, por meio de precatório, sendo facultada à parte

115
exeqüente a renúncia ao crédito do valor excedente, § 2º Até a data referida no caput deste artigo, a alíquo-
para que possa optar pelo pagamento do saldo sem o ta da contribuição de que trata o art. 84 deste Ato das
precatório, da forma prevista no § 3º do art. 100. Disposições Constitucionais Transitórias será de trinta
e oito centésimos por cento.
Art. 88. Enquanto lei complementar não disciplinar o
disposto nos incisos I e III do § 3º do art. 156 da Cons- Art. 91. A União entregará aos Estados e ao Distrito
tituição Federal, o imposto a que se refere o inciso III do Federal o montante definido em lei complementar, de
caput do mesmo artigo: acordo com critérios, prazos e condições nela determi-
nados, podendo considerar as exportações para o exte-
I – terá alíquota mínima de dois por cento, exceto para
rior de produtos primários e semi-elaborados, a relação
os serviços a que se referem os itens 32, 33 e 34 da
entre as exportações e as importações, os créditos de-
Lista de Serviços anexa ao Decreto-Lei nº 406, de 31 de
correntes de aquisições destinadas ao ativo permanente
dezembro de 1968;
e a efetiva manutenção e aproveitamento do crédito do
II – não será objeto de concessão de isenções, incen- imposto a que se refere o art. 155, § 2º, X, a.
tivos e benefícios fiscais, que resulte, direta ou indi-
§ 1º Do montante de recursos que cabe a cada Es-tado,
retamente, na redução da alíquota mínima estabelecida
setenta e cinco por cento pertencem ao próprio Estado,
no inciso I.
e vinte e cinco por cento, aos seus Municípios, distri-
buídos segundo os critérios a que se refere o art. 158,
Art. 89. Os integrantes da carreira policial militar e os
parágrafo único, da Constituição.
servidores municipais do ex-Território Federal de Ron-
dônia que, comprovadamente, se encontravam no exer- § 2º A entrega de recursos prevista neste artigo perdu-
cício regular de suas funções prestando serviço àquele rará, conforme definido em lei complementar, até que o
ex-Território na data em que foi transformado em Esta- imposto a que se refere o art. 155, II, tenha o produto
do, bem como os servidores e os policiais militares al- de sua arrecadação destinado predominantemente, em
cançados pelo disposto no art. 36 da Lei Complementar proporção não inferior a oitenta por cento, ao Estado
nº 41, de 22 de dezembro de 1981, e aqueles admitidos onde ocorrer o consumo das mercadorias, bens ou
regularmente nos quadros do Estado de Rondônia até a serviços.
data de posse do primeiro Governador eleito, em 15 de § 3º Enquanto não for editada a lei complementar de
março de 1987, constituirão, mediante opção, quadro que trata o caput, em substituição ao sistema de en-
em extinção da administração federal, assegurados os trega de recursos nele previsto, permanecerá vigente
direitos e as vantagens a eles inerentes, vedado o paga- o sistema de entrega de recursos previsto no art. 31 e
mento, a qualquer título, de diferenças remuneratórias. Anexo da Lei Complementar nº 87, de 13 de setembro
§ 1º Os membros da Polícia Militar continuarão pres- de 1996, com a redação dada pela Lei Complementar nº
tando serviços ao Estado de Rondônia, na condição de 115, de 26 de de-zembro de 2002.
cedidos, submetidos às corporações da Polícia Militar, § 4º Os Estados e o Distrito Federal deverão apresen-
observadas as atribuições de função compatíveis com o tar à União, nos termos das instruções baixadas pelo
grau hierárquico. Ministério da Fazenda, as informações relativas ao im-
§ 2º Os servidores a que se refere o caput continuarão posto de que trata o art. 155, II, declaradas pelos con-
prestando serviços ao Estado de Rondônia na condi- tribuintes que realizarem operações ou prestações com
ção de cedidos, até seu aproveitamento em órgão ou destino ao exterior.
entidade da administração federal direta, autárquica ou
fundacional. Art. 92. São acrescidos dez anos ao prazo fixado no art.
40 deste Ato das Disposições Constitucionais Transi-
Art. 90. O prazo previsto no caput do art. 84 deste Ato tórias.
das Disposições Constitucionais Transitórias fica pror-
rogado até 31 de dezembro de 2007. Art. 92-A. São acrescidos 50 (cinquenta) anos ao prazo
fixado pelo art. 92 deste Ato das Disposições Constitu-
§ 1º Fica prorrogada, até a data referida no caput deste
cionais Transitórias.
artigo, a vigência da Lei nº 9.311, de 24 de outubro de
1996, e suas alterações.

116
Art. 93. A vigência do disposto no art. 159, III, e § 4º, simples no mesmo percentual de juros incidentes sobre
iniciará somente após a edição da lei de que trata o re- a caderneta de poupança para fins de compensação da
ferido inciso III. mora, excluída a incidência de juros compensatórios,
diminuído das amortizações e dividido pelo número de
Art. 94. Os regimes especiais de tributação para mi- anos restantes no regime especial de pagamento.
croempresas e empresas de pequeno porte próprios da § 2º Para saldar os precatórios, vencidos e a vencer,
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- pelo regime especial, os Estados, o Distrito Federal e
pios cessarão a partir da entrada em vigor do regime os Municípios devedores depositarão mensalmente, em
previsto no art. 146, III, d, da Constituição. conta especial criada para tal fim, 1/12 (um doze avos)
do valor calculado percentualmente sobre as respecti-
Art. 95. Os nascidos no estrangeiro entre 7 de junho vas receitas correntes líquidas, apuradas no segundo
de 1994 e a data da promulgação desta Emenda Cons- mês anterior ao mês de pagamento, sendo que esse
titucional, filhos de pai brasileiro ou mãe brasileira, percentual, calculado no momento de opção pelo regi-
poderão ser registrados em repartição diplomática ou me e mantido fixo até o final do prazo a que se refere o
consular brasileira competente ou em ofício de registro, § 14 deste artigo, será:
se vierem a residir na República Federativa do Brasil.
I - para os Estados e para o Distrito Federal:
Art. 96. Ficam convalidados os atos de criação, fusão, a) de, no mínimo, 1,5% (um inteiro e cinco décimos por
incorporação e desmembramento de Municípios, cuja cento), para os Estados das regiões Norte, Nordeste e
lei tenha sido publicada até 31 de dezembro de 2006, Centro-Oeste, além do Distrito Federal, ou cujo estoque
atendidos os requisitos estabelecidos na legislação do de precatórios pendentes das suas administrações dire-
respectivo Estado à época de sua criação. ta e indireta corresponder a até 35% (trinta e cinco por
cento) do total da receita corrente líquida;
Art. 97. Até que seja editada a lei complementar de que
b) de, no mínimo, 2% (dois por cento), para os Estados
trata o § 15 do art. 100 da Constituição Federal, os Esta-
das regiões Sul e Sudeste, cujo estoque de precatórios
dos, o Distrito Federal e os Municípios que, na data de
pendentes das suas administrações direta e indireta
publicação desta Emenda Constitucional, estejam em
corresponder a mais de 35% (trinta e cinco por cento)
mora na quitação de precatórios vencidos, relativos às
da receita corrente líquida;
suas administrações direta e indireta, inclusive os emi-
tidos durante o período de vigência do regime especial II - para Municípios:
instituído por este artigo, farão esses pagamentos de a) de, no mínimo, 1% (um por cento), para Municípios
acordo com as normas a seguir estabelecidas, sendo das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, ou cujo
inaplicável o disposto no art. 100 desta Constituição estoque de precatórios pendentes das suas administra-
Federal, exceto em seus §§ 2º, 3º, 9º, 10, 11, 12, 13 e ções direta e indireta corresponder a até 35% (trinta e
14, e sem prejuízo dos acordos de juízos conciliatórios cinco por cento) da receita corrente líquida;
já formalizados na data de promulgação desta Emenda
Constitucional. b) de, no mínimo, 1,5% (um inteiro e cinco décimos
por cento), para Municípios das regiões Sul e Sudeste,
§ 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios su- cujo estoque de precatórios pendentes das suas admi-
jeitos ao regime especial de que trata este artigo opta- nistrações direta e indireta corresponder a mais de 35
rão, por meio de ato do Poder Executivo: % (trinta e cinco por cento) da receita corrente líquida.
I - pelo depósito em conta especial do valor referido § 3º Entende-se como receita corrente líquida, para os
pelo § 2º deste artigo; ou fins de que trata este artigo, o somatório das receitas
II - pela adoção do regime especial pelo prazo de até tributárias, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de
15 (quinze) anos, caso em que o percentual a ser de- contribuições e de serviços, transferências correntes
positado na conta especial a que se refere o § 2º deste e outras receitas correntes, incluindo as oriundas do
artigo corresponderá, anualmente, ao saldo total dos § 1º do art. 20 da Constituição Federal, verificado no
precatórios devidos, acrescido do índice oficial de re- período compreendido pelo mês de referência e os 11
muneração básica da caderneta de poupança e de juros (onze) meses anteriores, excluídas as duplicidades, e
deduzidas:

117
I - nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios diciário, recurso ou impugnação de qualquer natureza,
por determinação constitucional; permitida por iniciativa do Poder Executivo a compen-
sação com débitos líquidos e certos, inscritos ou não
II - nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios,
em dívida ativa e constituídos contra devedor originário
a contribuição dos servidores para custeio do seu sis-
pela Fazenda Pública devedora até a data da expedição
tema de previdência e assistência social e as receitas
do precatório, ressalvados aqueles cuja exigibilidade
provenientes da compensação financeira referida no §
esteja suspensa nos termos da legislação, ou que já
9º do art. 201 da Constituição Federal.
tenham sido objeto de abatimento nos termos do § 9º
§ 4º As contas especiais de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 100 da Constituição Federal;
serão administradas pelo Tribunal de Justiça local, para
III - ocorrerão por meio de oferta pública a todos os
pagamento de precatórios expedidos pelos tribunais.
credores habilitados pelo respectivo ente federativo
§ 5º Os recursos depositados nas contas especiais devedor;
de que tratam os §§ 1º e 2º deste artigo não poderão
IV - considerarão automaticamente habilitado o credor
retornar para Estados, Distrito Federal e Municípios
que satisfaça o que consta no inciso II;
devedores.
V - serão realizados tantas vezes quanto necessário em
§ 6º Pelo menos 50% (cinquenta por cento) dos recur-
função do valor disponível;
sos de que tratam os §§ 1º e 2º deste artigo serão uti-
lizados para pagamento de precatórios em ordem cro- VI - a competição por parcela do valor total ocorrerá
nológica de apresentação, respeitadas as preferências a critério do credor, com deságio sobre o valor desta;
definidas no § 1º, para os requisitórios do mesmo ano e VII - ocorrerão na modalidade deságio, associado ao
no § 2º do art. 100, para requisitórios de todos os anos. maior volume ofertado cumulado ou não com o maior
§ 7º Nos casos em que não se possa estabelecer a pre- percentual de deságio, pelo maior percentual de desá-
cedência cronológica entre 2 (dois) precatórios, pagar- gio, podendo ser fixado valor máximo por credor, ou
-se-á primeiramente o precatório de menor valor. por outro critério a ser definido em edital;
§ 8º A aplicação dos recursos restantes dependerá VIII - o mecanismo de formação de preço constará nos
de opção a ser exercida por Estados, Distrito Federal editais publicados para cada leilão;
e Municípios devedores, por ato do Poder Executivo, IX - a quitação parcial dos precatórios será homologada
obedecendo à seguinte forma, que poderá ser aplicada pelo respectivo Tribunal que o expediu.
isoladamente ou simultaneamente:
§ 10. No caso de não liberação tempestiva dos recursos
I - destinados ao pagamento dos precatórios por meio de que tratam o inciso II do § 1º e os §§ 2º e 6º deste
do leilão; artigo:
II - destinados a pagamento a vista de precatórios não I - haverá o sequestro de quantia nas contas de Estados,
quitados na forma do § 6° e do inciso I, em ordem única Distrito Federal e Municípios devedores, por ordem do
e crescente de valor por precatório; Presidente do Tribunal referido no § 4º, até o limite do
III - destinados a pagamento por acordo direto com os valor não liberado;
credores, na forma estabelecida por lei própria da en- II - constituir-se-á, alternativamente, por ordem do Pre-
tidade devedora, que poderá prever criação e forma de sidente do Tribunal requerido, em favor dos credores
funcionamento de câmara de conciliação. de precatórios, contra Estados, Distrito Federal e Muni-
§ 9º Os leilões de que trata o inciso I do § 8º deste cípios devedores, direito líquido e certo, autoaplicável
artigo: e independentemente de regulamentação, à compensa-
ção automática com débitos líquidos lançados por esta
I - serão realizados por meio de sistema eletrônico ad-
contra aqueles, e, havendo saldo em favor do credor, o
ministrado por entidade autorizada pela Comissão de
valor terá automaticamente poder liberatório do paga-
Valores Mobiliários ou pelo Banco Central do Brasil;
mento de tributos de Estados, Distrito Federal e Muni-
II - admitirão a habilitação de precatórios, ou parcela de cípios devedores, até onde se compensarem;
cada precatório indicada pelo seu detentor, em relação
III - o chefe do Poder Executivo responderá na forma da
aos quais não esteja pendente, no âmbito do Poder Ju-

118
legislação de responsabilidade fiscal e de improbidade cional, a atualização de valores de requisitórios, até o
administrativa; efetivo pagamento, independentemente de sua natureza,
será feita pelo índice oficial de remuneração básica da
IV - enquanto perdurar a omissão, a entidade devedora:
caderneta de poupança, e, para fins de compensação
a) não poderá contrair empréstimo externo ou interno; da mora, incidirão juros simples no mesmo percentual
b) ficará impedida de receber transferências voluntárias; de juros incidentes sobre a caderneta de poupança, fi-
cando excluída a incidência de juros compensatórios.
V - a União reterá os repasses relativos ao Fundo de
Participação dos Estados e do Distrito Federal e ao § 17. O valor que exceder o limite previsto no § 2º do
Fundo de Participação dos Municípios, e os depositará art. 100 da Constituição Federal será pago, durante a
nas contas especiais referidas no § 1º, devendo sua uti- vigência do regime especial, na forma prevista nos §§
lização obedecer ao que prescreve o § 5º, ambos deste 6º e 7º ou nos incisos I, II e III do § 8° deste artigo,
artigo. devendo os valores dispendidos para o atendimento do
disposto no § 2º do art. 100 da Constituição Federal
§ 11. No caso de precatórios relativos a diversos cre- serem computados para efeito do § 6º deste artigo.
dores, em litisconsórcio, admite-se o desmembramento
do valor, realizado pelo Tribunal de origem do precató- § 18. Durante a vigência do regime especial a que se
rio, por credor, e, por este, a habilitação do valor total a refere este artigo, gozarão também da preferência a que
que tem direito, não se aplicando, neste caso, a regra do se refere o § 6º os titulares originais de precatórios que
§ 3º do art. 100 da Constituição Federal. tenham completado 60 (sessenta) anos de idade até a
data da promulgação desta Emenda Constitucional.
§ 12. Se a lei a que se refere o § 4º do art. 100 não
estiver publicada em até 180 (cento e oitenta) dias, con- Art. 98. O número de defensores públicos na unidade
tados da data de publicação desta Emenda Constitucio- jurisdicional será proporcional à efetiva demanda pelo
nal, será considerado, para os fins referidos, em relação serviço da Defensoria Pública e à respectiva população.
a Estados, Distrito Federal e Municípios devedores,
omissos na regulamentação, o valor de: § 1º No prazo de 8 (oito) anos, a União, os Estados e o
Distrito Federal deverão contar com defensores públi-
I - 40 (quarenta) salários mínimos para Estados e para cos em todas as unidades jurisdicionais, observado o
o Distrito Federal; disposto no caput deste artigo.
II - 30 (trinta) salários mínimos para Municípios. § 2º Durante o decurso do prazo previsto no § 1º des-
§ 13. Enquanto Estados, Distrito Federal e Municí- te artigo, a lotação dos defensores públicos ocorrerá,
pios devedores estiverem realizando pagamentos de prioritariamente, atendendo as regiões com maiores ín-
precatórios pelo regime especial, não poderão sofrer dices de exclusão social e adensamento populacional.
sequestro de valores, exceto no caso de não liberação
tempestiva dos recursos de que tratam o inciso II do § Art. 99. Para efeito do disposto no inciso VII do § 2º
1º e o § 2º deste artigo. do art. 155, no caso de operações e prestações que
§ 14. O regime especial de pagamento de precatório destinem bens e serviços a consumidor final não con-
previsto no inciso I do § 1º vigorará enquanto o valor tribuinte localizado em outro Estado, o imposto corres-
dos precatórios devidos for superior ao valor dos recur- pondente à diferença entre a alíquota interna e a interes-
sos vinculados, nos termos do § 2º, ambos deste artigo, tadual será partilhado entre os Estados de origem e de
ou pelo prazo fixo de até 15 (quinze) anos, no caso da destino, na seguinte proporção:
opção prevista no inciso II do § 1º. I - para o ano de 2015: 20% (vinte por cento) para o
§ 15. Os precatórios parcelados na forma do art. 33 ou Estado de destino e 80% (oitenta por cento) para o Es-
do art. 78 deste Ato das Disposições Constitucionais tado de origem;
Transitórias e ainda pendentes de pagamento ingressa- II - para o ano de 2016: 40% (quarenta por cento) para
rão no regime especial com o valor atualizado das par- o Estado de destino e 60% (sessenta por cento) para o
celas não pagas relativas a cada precatório, bem como Estado de origem;
o saldo dos acordos judiciais e extrajudiciais.
III - para o ano de 2017: 60% (sessenta por cento) para
§ 16. A partir da promulgação desta Emenda Constitu- o Estado de destino e 40% (quarenta por cento) para o

119
Estado de origem; 9º do art. 201 da Constituição Federal.
IV - para o ano de 2018: 80% (oitenta por cento) para o § 2º O débito de precatórios será pago com recursos
Estado de destino e 20% (vinte por cento) para o Estado orçamentários próprios provenientes das fontes de
de origem; receita corrente líquida referidas no § 1º deste artigo
e, adicionalmente, poderão ser utilizados recursos dos
V - a partir do ano de 2019: 100% (cem por cento) para
seguintes instrumentos;
o Estado de destino.
I - até 75% (setenta e cinco por cento) dos depósitos
Art. 100. Até que entre em vigor a lei complementar de judiciais e dos depósitos administrativos em dinheiro
que trata o inciso II do § 1º do art. 40 da Constituição referentes a processos judiciais ou administrativos,
Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos tributários ou não tributários, nos quais sejam parte
Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União os Estados, o Distrito Federal ou os Municípios, e as
aposentar-se-ão, compulsoriamente, aos 75 (setenta respectivas autarquias, fundações e empresas estatais
e cinco) anos de idade, nas condições do art. 52 da dependentes, mediante a instituição de fundo garan-
Constituição Federal. tidor em montante equivalente a 1/3 (um terço) dos
recursos levantados, constituído pela parcela restante
Art. 101. Os Estados, o Distrito Federal e os Municí- dos depósitos judiciais e remunerado pela taxa referen-
pios que, em 25 de março de 2015, se encontravam cial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia
em mora no pagamento de seus precatórios quitarão, (Selic) para títulos federais, nunca inferior aos índices e
até 31 de dezembro de 2024, seus débitos vencidos critérios aplicados aos depósitos levantados;
e os que vencerão dentro desse período, atualizados II - até 30% (trinta por cento) dos demais depósitos
pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo judiciais da localidade sob jurisdição do respectivo Tri-
Especial (IPCA-E), ou por outro índice que venha a bunal de Justiça, mediante a instituição de fundo garan-
substituí-lo, depositando mensalmente em conta espe- tidor em montante equivalente aos recursos levantados,
cial do Tribunal de Justiça local, sob única e exclusiva constituído pela parcela restante dos depósitos judi-
administração deste, 1/12 (um doze avos) do valor cal- ciais e remunerado pela taxa referencial do Sistema Es-
culado percentualmente sobre suas receitas correntes pecial de Liquidação e de Custódia (Selic) para títulos
líquidas apuradas no segundo mês anterior ao mês de federais, nunca inferior aos índices e critérios aplicados
pagamento, em percentual suficiente para a quitação aos depósitos levantados, destinando-se:
de seus débitos e, ainda que variável, nunca inferior,
em cada exercício, ao percentual praticado na data da a) no caso do Distrito Federal, 100% (cem por cento)
entrada em vigor do regime especial a que se refere este desses recursos ao próprio Distrito Federal;
artigo, em conformidade com plano de pagamento a ser b) no caso dos Estados, 50% (cinquenta por cento)
anualmente apresentado ao Tribunal de Justiça local. desses recursos ao próprio Estado e 50% (cinquenta
§ 1º Entende-se como receita corrente líquida, para os por cento) aos respectivos Municípios, conforme a
fins de que trata este artigo, o somatório das receitas circunscrição judiciária onde estão depositados os re-
tributárias, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de cursos, e, se houver mais de um Município na mesma
contribuições e de serviços, de transferências correntes circunscrição judiciária, os recursos serão rateados
e outras receitas correntes, incluindo as oriundas do § entre os Municípios concorrentes, proporcionalmente
1º do art. 20 da Constituição Federal, verificado no pe- às respectivas populações, utilizado como referência o
ríodo compreendido pelo segundo mês imediatamente último levantamento censitário ou a mais recente esti-
anterior ao de referência e os 11 (onze) meses prece- mativa populacional da Fundação Instituto Brasileiro de
dentes, excluídas as duplicidades, e deduzidas: Geografia e Estatística (IBGE);

I - nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios III - empréstimos, excetuados para esse fim os limites
por determinação constitucional; de endividamento de que tratam os incisos VI e VII
do  caput do art. 52 da Constituição Federal e quais-
II - nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios, quer outros limites de endividamento previstos em lei,
a contribuição dos servidores para custeio de seu sis- não se aplicando a esses empréstimos a vedação de
tema de previdência e assistência social e as receitas vinculação de receita prevista no inciso IV do caput do
provenientes da compensação financeira referida no §

120
art. 167 da Constituição Federal; de cada ente da Federação aplicados no pagamento de
precatórios;
IV - a totalidade dos depósitos em precatórios e requi-
sições diretas de pagamento de obrigações de pequeno IV - nos empréstimos a que se refere este parágrafo não
valor efetuados até 31 de dezembro de 2009 e ainda se aplicam os limites de endividamento de que tratam
não levantados, com o cancelamento dos respectivos os incisos VI e VII do caput do art. 52 da Constituição
requisitórios e a baixa das obrigações, assegurada a Federal e quaisquer outros limites de endividamento
revalidação dos requisitórios pelos juízos dos proces- previstos em lei.
sos perante os Tribunais, a requerimento dos credores e
após a oitiva da entidade devedora, mantidas a posição Art. 102. Enquanto viger o regime especial previsto
de ordem cronológica original e a remuneração de todo nesta Emenda Constitucional, pelo menos 50% (cin-
o período. quenta por cento) dos recursos que, nos termos do art.
§ 3º Os recursos adicionais previstos nos incisos I, II 101 deste Ato das Disposições Constitucionais Transi-
e IV do § 2º deste artigo serão transferidos diretamente tórias, forem destinados ao pagamento dos precatórios
pela instituição financeira depositária para a conta es- em mora serão utilizados no pagamento segundo a or-
pecial referida no caput deste artigo, sob única e exclu- dem cronológica de apresentação, respeitadas as prefe-
siva administração do Tribunal de Justiça local, e essa rências dos créditos alimentares, e, nessas, as relativas
transferência deverá ser realizada em até sessenta dias à idade, ao estado de saúde e à deficiência, nos termos
contados a partir da entrada em vigor deste parágrafo, do § 2º do art. 100 da Constituição Federal, sobre todos
sob pena de responsabilização pessoal do dirigente da os demais créditos de todos os anos.
instituição financeira por improbidade. § 1º A aplicação dos recursos remanescentes, por
§ 4º No prazo de até seis meses contados da entrada em opção a ser exercida por Estados, Distrito Federal e
vigor do regime especial a que se refere este artigo, a Municípios, por ato do respectivo Poder Executivo, ob-
União, diretamente, ou por intermédio das instituições servada a ordem de preferência dos credores, poderá
financeiras oficiais sob seu controle, disponibilizará ser destinada ao pagamento mediante acordos diretos,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem perante Juízos Auxiliares de Conciliação de Precató-
como às respectivas autarquias, fundações e empresas rios, com redução máxima de 40% (quarenta por cento)
estatais dependentes, linha de crédito especial para pa- do valor do crédito atualizado, desde que em relação
gamento dos precatórios submetidos ao regime espe- ao crédito não penda recurso ou defesa judicial e que
cial de pagamento de que trata este artigo, observadas sejam observados os requisitos definidos na regula-
as seguintes condições: mentação editada pelo ente federado.

I - no financiamento dos saldos remanescentes de pre- § 2º Na vigência do regime especial previsto no art. 101
catórios a pagar a que se refere este parágrafo serão deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias,
adotados os índices e critérios de atualização que inci- as preferências relativas à idade, ao estado de saúde e
dem sobre o pagamento de precatórios, nos termos do à deficiência serão atendidas até o valor equivalente ao
§ 12 do art. 100 da Constituição Federal; quíntuplo fixado em lei para os fins do disposto no §
3º do art. 100 da Constituição Federal, admitido o fra-
II - o financiamento dos saldos remanescentes de pre- cionamento para essa finalidade, e o restante será pago
catórios a pagar a que se refere este parágrafo será feito em ordem cronológica de apresentação do precatório.
em parcelas mensais suficientes à satisfação da dívida
assim constituída; Art. 103. Enquanto os Estados, o Distrito Federal e os
III - o valor de cada parcela a que se refere o inciso II Municípios estiverem efetuando o pagamento da parce-
deste parágrafo será calculado percentualmente sobre a la mensal devida como previsto no caput do art. 101
receita corrente líquida, respectivamente, do Estado, do deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias,
Distrito Federal e do Município, no segundo mês ante- nem eles, nem as respectivas autarquias, fundações e
rior ao pagamento, em percentual equivalente à média empresas estatais dependentes poderão sofrer seques-
do comprometimento percentual mensal de 2012 até o tro de valores, exceto no caso de não liberação tempes-
final do período referido no caput deste artigo, con- tiva dos recursos.
siderados para esse fim somente os recursos próprios Parágrafo único. Na vigência do regime especial previs-

121
to no art. 101 deste Ato das Disposições Constitucio- § 1º Não se aplica às compensações referidas
nais Transitórias, ficam vedadas desapropriações pelos no  caput deste artigo qualquer tipo de vinculação,
Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios, cujos como as transferências a outros entes e as destinadas à
estoques de precatórios ainda pendentes de pagamen- educação, à saúde e a outras finalidades.
to, incluídos os precatórios a pagar de suas entidades § 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municí-
da administração indireta, sejam superiores a 70% pios regulamentarão nas respectivas leis o disposto
(setenta por cento) das respectivas receitas correntes no caput deste artigo em até cento e vinte dias a partir
líquidas, excetuadas as desapropriações para fins de de 1º de janeiro de 2018.
necessidade pública nas áreas de saúde, educação,
segurança pública, transporte público, saneamento bá- § 3º Decorrido o prazo estabelecido no § 2º deste artigo
sico e habitação de interesse social. sem a regulamentação nele prevista, ficam os credores
de precatórios autorizados a exercer a faculdade a que
Art. 104. Se os recursos referidos no art. 101 deste Ato se refere o caput deste artigo.
das Disposições Constitucionais Transitórias para o
pagamento de precatórios não forem tempestivamente Art. 106. Fica instituído o Novo Regime Fiscal no âm-
liberados, no todo ou em parte: bito dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da
União, que vigorará por vinte exercícios financeiros,
I - o Presidente do Tribunal de Justiça local determinará nos termos dos arts. 107 a 114 deste Ato das Disposi-
o sequestro, até o limite do valor não liberado, das con- ções Constitucionais Transitórias
tas do ente federado inadimplente;
II - o chefe do Poder Executivo do ente federado inadim- Art. 107. Ficam estabelecidos, para cada exercício, limi-
plente responderá, na forma da legislação de responsa- tes individualizados para as despesas primárias:
bilidade fiscal e de improbidade administrativa;
I - do Poder Executivo;
III - a União reterá os recursos referentes aos repasses
II - do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal
ao Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Fe-
de Justiça, do Conselho Nacional de Justiça, da Justiça
deral e ao Fundo de Participação dos Municípios e os
do Trabalho, da Justiça Federal, da Justiça Militar da
depositará na conta especial referida no art. 101 deste
União, da Justiça Eleitoral e da Justiça do Distrito Fede-
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, para
ral e Territórios, no âmbito do Poder Judiciário;
utilização como nele previsto;
III - do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e
IV - os Estados reterão os repasses previstos no pa-
do Tribunal de Contas da União, no âmbito do Poder
rágrafo único do art. 158 da Constituição Federal e os
Legislativo;
depositarão na conta especial referida no art. 101 deste
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, para IV - do Ministério Público da União e do Conselho Na-
utilização como nele previsto. cional do Ministério Público; e
Parágrafo único. Enquanto perdurar a omissão, o ente V - da Defensoria Pública da União
federado não poderá contrair empréstimo externo ou § 1º Cada um dos limites a que se refere o caput deste
interno, exceto para os fins previstos no § 2º do art. 101 artigo equivalerá:
deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias,
e ficará impedido de receber transferências voluntárias. I - para o exercício de 2017, à despesa primária paga
no exercício de 2016, incluídos os restos a pagar pagos
Art. 105. Enquanto viger o regime de pagamento de pre- e demais operações que afetam o resultado primário,
catórios previsto no art. 101 deste Ato das Disposições corrigida em 7,2% (sete inteiros e dois décimos por
Constitucionais Transitórias, é facultada aos credores cento); e
de precatórios, próprios ou de terceiros, a compensa- II - para os exercícios posteriores, ao valor do limite
ção com débitos de natureza tributária ou de outra natu- referente ao exercício imediatamente anterior, corrigido
reza que até 25 de março de 2015 tenham sido inscritos pela variação do Índice Nacional de Preços ao Consu-
na dívida ativa dos Estados, do Distrito Federal ou dos midor Amplo - IPCA, publicado pelo Instituto Brasileiro
Municípios, observados os requisitos definidos em lei de Geografia e Estatística, ou de outro índice que vier
própria do ente federado. a substituí-lo, para o período de doze meses encerra-

122
do em junho do exercício anterior a que se refere a lei primária, consoante os valores estabelecidos no projeto
orçamentária. de lei orçamentária encaminhado pelo Poder Executivo
no respectivo exercício, o excesso de despesas primá-
§ 2º Os limites estabelecidos na forma do inciso IV
rias em relação aos limites de que tratam os incisos II a
do caput do art. 51, do inciso XIII do caput do art. 52,
V do caput deste artigo.
do § 1º do art. 99, do § 3º do art. 127 e do § 3º do art.
134 da Constituição Federal não poderão ser superio- § 8º A compensação de que trata o § 7º deste artigo não
res aos estabelecidos nos termos deste artigo. excederá a 0,25% (vinte e cinco centésimos por cento)
do limite do Poder Executivo.
§ 3º A mensagem que encaminhar o projeto de lei or-
çamentária demonstrará os valores máximos de pro- § 9º Respeitado o somatório em cada um dos incisos
gramação compatíveis com os limites individualizados de II a IV do caput deste artigo, a lei de diretrizes or-
calculados na forma do § 1º deste artigo, observados os çamentárias poderá dispor sobre a compensação entre
§§ 7º a 9º deste artigo. os limites individualizados dos órgãos elencados em
cada inciso.
§ 4º As despesas primárias autorizadas na lei orçamen-
tária anual sujeitas aos limites de que trata este artigo § 10. Para fins de verificação do cumprimento dos li-
não poderão exceder os valores máximos demonstra- mites de que trata este artigo, serão consideradas as
dos nos termos do § 3º deste artigo. despesas primárias pagas, incluídos os restos a pagar
pagos e demais operações que afetam o resultado pri-
§ 5º É vedada a abertura de crédito suplementar ou es-
mário no exercício.
pecial que amplie o montante total autorizado de despe-
sa primária sujeita aos limites de que trata este artigo. § 11. O pagamento de restos a pagar inscritos até 31 de
dezembro de 2015 poderá ser excluído da verificação
§ 6º Não se incluem na base de cálculo e nos limites
do cumprimento dos limites de que trata este artigo, até
estabelecidos neste artigo:
o excesso de resultado primário dos Orçamentos Fiscal
I - transferências constitucionais estabelecidas no § e da Seguridade Social do exercício em relação à meta
1º do art. 20, no inciso III do parágrafo único do art. fixada na lei de diretrizes orçamentárias.
146, no § 5º do art. 153, no art. 157, nos incisos I e II
do caput do art. 158, no art. 159 e no § 6º do art. 212, as Art. 108. O Presidente da República poderá propor, a
despesas referentes ao inciso XIV do caput do art. 21 e partir do décimo exercício da vigência do Novo Regime
as complementações de que tratam os incisos IV e V Fiscal, projeto de lei complementar para alteração do
do  caput do art. 212-A, todos da Constituição Fede- método de correção dos limites a que se refere o inciso
ral; (Redação dada pela Emenda constitucional nº II do § 1º do art. 107 deste Ato das Disposições Consti-
108, de 2020) tucionais Transitórias.
II - créditos extraordinários a que se refere o § 3º do art. Parágrafo único. Será admitida apenas uma alteração
167 da Constituição Federal; do método de correção dos limites por mandato pre-
III - despesas não recorrentes da Justiça Eleitoral com a sidencial.
realização de eleições; e
Art. 109. No caso de descumprimento de limite indi-
IV - despesas com aumento de capital de empresas es-
vidualizado, aplicam-se, até o final do exercício de
tatais não dependentes.
retorno das despesas aos respectivos limites, ao Po-
V - transferências a Estados, Distrito Federal e Municí- der Executivo ou a órgão elencado nos incisos II a V
pios de parte dos valores arrecadados com os leilões do caput do art. 107 deste Ato das Disposições Cons-
dos volumes excedentes ao limite a que se refere o § titucionais Transitórias que o descumpriu, sem prejuízo
2º do art. 1º da Lei nº 12.276, de 30 de junho de 2010, e de outras medidas, as seguintes vedações:
a despesa decorrente da revisão do contrato de cessão
I - concessão, a qualquer título, de vantagem, aumento,
onerosa de que trata a mesma Lei.
reajuste ou adequação de remuneração de membros de
§ 7º Nos três primeiros exercícios financeiros da vigên- Poder ou de órgão, de servidores e empregados pú-
cia do Novo Regime Fiscal, o Poder Executivo poderá blicos e militares, exceto dos derivados de sentença
compensar com redução equivalente na sua despesa judicial transitada em julgado ou de determinação legal

123
decorrente de atos anteriores à entrada em vigor desta bém a proposições legislativas.
Emenda Constitucional;
II - criação de cargo, emprego ou função que implique Art. 110. Na vigência do Novo Regime Fiscal, as apli-
aumento de despesa; cações mínimas em ações e serviços públicos de saúde
e em manutenção e desenvolvimento do ensino equi-
III - alteração de estrutura de carreira que implique au- valerão:
mento de despesa;
I - no exercício de 2017, às aplicações mínimas cal-
IV - admissão ou contratação de pessoal, a qualquer culadas nos termos do inciso I do § 2º do art. 198 e
título, ressalvadas as reposições de cargos de chefia e do caput do art. 212, da Constituição Federal; e
de direção que não acarretem aumento de despesa e
aquelas decorrentes de vacâncias de cargos efetivos ou II - nos exercícios posteriores, aos valores calculados
vitalícios; para as aplicações mínimas do exercício imediatamente
anterior, corrigidos na forma estabelecida pelo inciso II
V - realização de concurso público, exceto para as repo- do § 1º do art. 107 deste Ato das Disposições Constitu-
sições de vacâncias previstas no inciso IV; cionais Transitórias.
VI - criação ou majoração de auxílios, vantagens,
bônus, abonos, verbas de representação ou benefícios Art. 111. A partir do exercício financeiro de 2018, até o
de qualquer natureza em favor de membros de Poder, último exercício de vigência do Novo Regime Fiscal, a
do Ministério Público ou da Defensoria Pública e de aprovação e a execução previstas nos §§ 9º e 11 do art.
servidores e empregados públicos e militares; 166 da Constituição Federal corresponderão ao montante
de execução obrigatória para o exercício de 2017, corrigi-
VII - criação de despesa obrigatória; e
do na forma estabelecida pelo inciso II do § 1º do art. 107
VIII - adoção de medida que implique reajuste de des- deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
pesa obrigatória acima da variação da inflação, obser-
vada a preservação do poder aquisitivo referida no inci- Art. 112. As disposições introduzidas pelo Novo Regi-
so IV do caput do art. 7º da Constituição Federal. me Fiscal:
§ 1º As vedações previstas nos incisos I, III e VI I - não constituirão obrigação de pagamento futuro pela
do  caput, quando descumprido qualquer dos limites União ou direitos de outrem sobre o erário; e
individualizados dos órgãos elencados nos incisos
II - não revogam, dispensam ou suspendem o cum-
II, III e IV do caput do art. 107 deste Ato das Dispo-
primento de dispositivos constitucionais e legais que
sições Constitucionais Transitórias, aplicamse ao con-
disponham sobre metas fiscais ou limites máximos de
junto dos órgãos referidos em cada inciso.
despesas.
§ 2º Adicionalmente ao disposto no caput, no caso
de descumprimento do limite de que trata o inciso I Art. 113. A proposição legislativa que crie ou altere
do caput do art. 107 deste Ato das Disposições Cons- despesa obrigatória ou renúncia de receita deverá ser
titucionais Transitórias, ficam vedadas: acompanhada da estimativa do seu impacto orçamen-
I - a criação ou expansão de programas e linhas de fi- tário e financeiro.
nanciamento, bem como a remissão, renegociação ou
refinanciamento de dívidas que impliquem ampliação Art. 114. A tramitação de proposição elencada
das despesas com subsídios e subvenções; e no caput do art. 59 da Constituição Federal, ressalvada
a referida no seu inciso V, quando acarretar aumento de
II - a concessão ou a ampliação de incentivo ou benefí- despesa ou renúncia de receita, será suspensa por até
cio de natureza tributária. vinte dias, a requerimento de um quinto dos membros
§ 3º No caso de descumprimento de qualquer dos li- da Casa, nos termos regimentais, para análise de sua
mites individualizados de que trata o caput do art. 107 compatibilidade com o Novo Regime Fiscal.
deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias,
fica vedada a concessão da revisão geral prevista no in- Brasília, 5 de outubro de 1988.
ciso X do caput do art. 37 da Constituição Federal.
§ 4º As vedações previstas neste artigo aplicam-se tam- Ulysses Guimarães

124
DIREITO PENAL

Territorialidade
CÓDIGO PENAL
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de con-
DECRETO-LEI Nº 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE venções, tratados e regras de direito internacional, ao
1940. crime cometido no território nacional.
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição extensão do território nacional as embarcações e ae-
que lhe confere o art. 180 da Constituição, decreta a ronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço
seguinte Lei: do governo brasileiro onde quer que se encontrem,
bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras,
PARTE GERAL mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou
em alto-mar.
TÍTULO I
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes
praticados a bordo de aeronaves ou embarcações es-
trangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas
Anterioridade da Lei em pouso no território nacional ou em vôo no espaço
aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territo-
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não rial do Brasil.
há pena sem prévia cominação legal.
Lugar do crime 
Lei penal no tempo
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei pos- que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte,
terior deixa de considerar crime, cessando em virtude bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o
dela a execução e os efeitos penais da sentença con- resultado.
denatória.
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo Extraterritorialidade 
favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda
que decididos por sentença condenatória transitada em Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometi-
dos no estrangeiro:
Lei excepcional ou temporária  I - os crimes:

Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decor- a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da Re-
rido o período de sua duração ou cessadas as circuns- pública;
tâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Dis-
durante sua vigência. trito Federal, de Estado, de Território, de Município, de
empresa pública, sociedade de economia mista, autar-
Tempo do crime quia ou fundação instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento serviço;
da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento
do resultado. d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou do-

125
miciliado no Brasil; Parágrafo único - A homologação depende:
II - os crimes: a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da
parte interessada;
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou
a reprimir; b) para os outros efeitos, da existência de tratado de ex-
tradição com o país de cuja autoridade judiciária ema-
b) praticados por brasileiro;
nou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, Ministro da Justiça.
mercantes ou de propriedade privada, quando em terri-
tório estrangeiro e aí não sejam julgados. Contagem de prazo
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo
a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do
estrangeiro. prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo
calendário comum.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei bra-
sileira depende do concurso das seguintes condições:
Frações não computáveis da pena
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi pra- Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liber-
ticado; dade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e,
na pena de multa, as frações de cruzeiro.
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei
brasileira autoriza a extradição; Legislação especial 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou
não ter aí cumprido a pena; Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos
fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por
de modo diverso.
outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo
a lei mais favorável.
TÍTULO II
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime come-
tido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se,
DO CRIME
reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
Relação de causalidade 
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça. Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do
crime, somente é imputável a quem lhe deu causa.
Pena cumprida no estrangeiro  Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o
resultado não teria ocorrido.
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena
imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, Superveniência de causa independente 
ou nela é computada, quando idênticas.
§ 1º - A superveniência de causa relativamente indepen-
Eficácia de sentença estrangeira  dente exclui a imputação quando, por si só, produziu o
resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a
Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da quem os praticou.
lei brasileira produz na espécie as mesmas conseqüên-
cias, pode ser homologada no Brasil para: Relevância da omissão 
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restitui-
ções e a outros efeitos civis; § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omi-
tente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever
II - sujeitá-lo a medida de segurança. de agir incumbe a quem:

126
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vi- I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assu-
gilância; miu o risco de produzi-lo;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de im-
pedir o resultado; Crime culposo 

c) com seu comportamento anterior, criou o risco da II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado
ocorrência do resultado. por imprudência, negligência ou imperícia.

Art. 14 - Diz-se o crime: Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, nin-
guém pode ser punido por fato previsto como crime,
senão quando o pratica dolosamente.
Crime consumado 
Agravação pelo resultado 
I - consumado, quando nele se reúnem todos os ele-
mentos de sua definição legal;
Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a
pena, só responde o agente que o houver causado ao
Tentativa
menos culposamente.
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se con-
Erro sobre elementos do tipo 
suma por circunstâncias alheias à vontade do agente.
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo le-
Pena de tentativa
gal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por
crime culposo, se previsto em lei.
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pu-
ne-se a tentativa com a pena correspondente ao crime
Descriminantes putativas
consumado, diminuída de um a dois terços.
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justi-
Desistência voluntária e arrependimento eficaz 
ficado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que,
se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de
pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível
prosseguir na execução ou impede que o resultado se
como crime culposo.
produza, só responde pelos atos já praticados.
Erro determinado por terceiro 
Arrependimento posterior 
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave
o erro.
ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa,
até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato
Erro sobre a pessoa 
voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois
terços.
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é
praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste
Crime impossível 
caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as
da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia
absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do
Erro sobre a ilicitude do fato 
objeto, é impossível consumar-se o crime
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro
Art. 18 - Diz-se o crime:
sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena;
se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Crime doloso 

127
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém
agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude durante a prática de crimes. (Incluído pela Lei nº
do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter 13.964, de 2019)
ou atingir essa consciência.
TÍTULO III
Coação irresistível e obediência hierárquica DA IMPUTABILIDADE PENAL
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível
ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente Inimputáveis
ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da
coação ou da ordem. Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença
mental ou desenvolvimento mental incompleto ou re-
Exclusão de ilicitude tardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteira-
mente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: determinar-se de acordo com esse entendimento.

I - em estado de necessidade; Redução de pena


II - em legítima defesa;
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exer-
dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de
cício regular de direito.
saúde mental ou por desenvolvimento mental incom-
pleto ou retardado não era inteiramente capaz de en-
Excesso punível
tender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses
deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou cul-
Menores de dezoito anos
poso.
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penal-
Estado de necessidade
mente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabe-
lecidas na legislação especial.
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade
quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não
Emoção e paixão
provocou por sua vontade, nem podia de outro modo
evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas cir-
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:
cunstâncias, não era razoável exigir-se.
I - a emoção ou a paixão;
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem
tinha o dever legal de enfrentar o perigo.
Embriaguez
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do
direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou
dois terços. substância de efeitos análogos.
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez
Legítima defesa
completa, proveniente de caso fortuito ou força maior,
era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente in-
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando
capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determi-
moderadamente dos meios necessários, repele injusta
nar-se de acordo com esse entendimento.
agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços,
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos
se o agente, por embriaguez, proveniente de caso for-
no caput deste artigo, considera-se também em legí-
tuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou
tima defesa o agente de segurança pública que repele

128
da omissão, a plena capacidade de entender o caráter gime fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção,
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade
entendimento. de transferência a regime fechado.
TÍTULO IV § 1º - Considera-se:
DO CONCURSO DE PESSOAS a) regime fechado a execução da pena em estabeleci-
mento de segurança máxima ou média;
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o cri-
me incide nas penas a este cominadas, na medida de b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia
sua culpabilidade. agrícola, industrial ou estabelecimento similar;
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a c) regime aberto a execução da pena em casa de alber-
pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. gado ou estabelecimento adequado.
 § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de § 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser
crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; executadas em forma progressiva, segundo o mérito
essa pena será aumentada até metade, na hipótese de do condenado, observados os seguintes critérios e res-
ter sido previsível o resultado mais grave. salvadas as hipóteses de transferência a regime mais
rigoroso:
Circunstâncias incomunicáveis a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá
começar a cumpri-la em regime fechado;
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as con-
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior
dições de caráter pessoal, salvo quando elementares do
a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde
crime.
o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto;
Casos de impunibilidade c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual
ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início,
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o cumpri-la em regime aberto.
auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não § 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento
são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser da pena far-se-á com observância dos critérios previs-
tentado.  tos no art. 59 deste Código.
§ 4º O condenado por crime contra a administração
TÍTULO V pública terá a progressão de regime do cumprimento
DAS PENAS da pena condicionada à reparação do dano que causou,
ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os
CAPÍTULO I acréscimos legais.
DAS ESPÉCIES DE PENA
Regras do regime fechado
Art. 32 - As penas são:
Art. 34 - O condenado será submetido, no início do
I - privativas de liberdade;
cumprimento da pena, a exame criminológico de clas-
II - restritivas de direitos; sificação para individualização da execução.
III - de multa. § 1º - O condenado fica sujeito a trabalho no período
diurno e a isolamento durante o repouso noturno.
SEÇÃO I
§ 2º - O trabalho será em comum dentro do estabele-
DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE
cimento, na conformidade das aptidões ou ocupações
anteriores do condenado, desde que compatíveis com
Reclusão e detenção a execução da pena.

Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em re- § 3º - O trabalho externo é admissível, no regime fecha-

129
do, em serviços ou obras públicas.  Art. 40 - A legislação especial regulará a matéria pre-
vista nos arts. 38 e 39 deste Código, bem como espe-
Regras do regime semi-aberto cificará os deveres e direitos do preso, os critérios para
revogação e transferência dos regimes e estabelecerá
Art. 35 - Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, as infrações disciplinares e correspondentes sanções.
caput, ao condenado que inicie o cumprimento da pena
em regime semi-aberto. Superveniência de doença mental
§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho em comum
Art. 41 - O condenado a quem sobrevém doença mental
durante o período diurno, em colônia agrícola, indus-
deve ser recolhido a hospital de custódia e tratamento
trial ou estabelecimento similar.
psiquiátrico ou, à falta, a outro estabelecimento ade-
§ 2º - O trabalho externo é admissível, bem como a quado.
freqüência a cursos supletivos profissionalizantes, de
instrução de segundo grau ou superior. Detração

Regras do regime aberto Art. 42 - Computam-se, na pena privativa de liberdade e


na medida de segurança, o tempo de prisão provisória,
Art. 36 - O regime aberto baseia-se na autodisciplina e no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa
senso de responsabilidade do condenado. e o de internação em qualquer dos estabelecimentos
§ 1º - O condenado deverá, fora do estabelecimento e referidos no artigo anterior.
sem vigilância, trabalhar, freqüentar curso ou exercer
outra atividade autorizada, permanecendo recolhido SEÇÃO II
durante o período noturno e nos dias de folga. DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS
§ 2º - O condenado será transferido do regime aberto,
Penas restritivas de direitos
se praticar fato definido como crime doloso, se frustrar
os fins da execução ou se, podendo, não pagar a multa
Art. 43. As penas restritivas de direitos são:
cumulativamente aplicada.
I - prestação pecuniária;
Regime especial II - perda de bens e valores;

Art. 37 - As mulheres cumprem pena em estabeleci- III - limitação de fim de semana.


mento próprio, observando-se os deveres e direitos IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades
inerentes à sua condição pessoal, bem como, no que públicas;
couber, o disposto neste Capítulo.
V - interdição temporária de direitos;
Direitos do preso VI - limitação de fim de semana.

Art. 38 - O preso conserva todos os direitos não atin- Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e
gidos pela perda da liberdade, impondo-se a todas as substituem as privativas de liberdade, quando:
autoridades o respeito à sua integridade física e moral. I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a
quatro anos e o crime não for cometido com violência
Trabalho do preso ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena
aplicada, se o crime for culposo;
Art. 39 - O trabalho do preso será sempre remunera-
II – o réu não for reincidente em crime doloso;
do, sendo-lhe garantidos os benefícios da Previdência
Social. III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social
e a personalidade do condenado, bem como os motivos
e as circunstâncias indicarem que essa substituição
Legislação especial seja suficiente.

130
§ 1º (VETADO) Prestação de serviços à comunidade ou a
§ 2º Na condenação igual ou inferior a um ano, a substi- entidades públicas
tuição pode ser feita por multa ou por uma pena restriti-
va de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a en-
liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva tidades públicas é aplicável às condenações superiores
de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos. a seis meses de privação da liberdade.

§ 3º Se o condenado for reincidente, o juiz poderá apli- § 1º A prestação de serviços à comunidade ou a entida-
car a substituição, desde que, em face de condenação des públicas consiste na atribuição de tarefas gratuitas
anterior, a medida seja socialmente recomendável e a ao condenado.
reincidência não se tenha operado em virtude da prática § 2º A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em
do mesmo crime. entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos
§ 4º A pena restritiva de direitos converte-se em pri- e outros estabelecimentos congêneres, em programas
vativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento comunitários ou estatais.
injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena § 3º As tarefas a que se refere o § 1º serão atribuídas
privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo conforme as aptidões do condenado, devendo ser cum-
cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o pridas à razão de uma hora de tarefa por dia de con-
saldo mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão. denação, fixadas de modo a não prejudicar a jornada
§ 5º Sobrevindo condenação a pena privativa de liber- normal de trabalho.
dade, por outro crime, o juiz da execução penal decidirá § 4º Se a pena substituída for superior a um ano, é fa-
sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for cultado ao condenado cumprir a pena substitutiva em
possível ao condenado cumprir a pena substitutiva an- menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena
terior. privativa de liberdade fixada.

Conversão das penas restritivas de direitos Interdição temporária de direitos 

Art. 45. Na aplicação da substituição prevista no artigo Art. 47 - As penas de interdição temporária de direitos
anterior, proceder-se-á na forma deste e dos arts. 46, são:
47 e 48.
I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade
§ 1º A prestação pecuniária consiste no pagamento em pública, bem como de mandato eletivo;
dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pú-
II - proibição do exercício de profissão, atividade ou
blica ou privada com destinação social, de importância
ofício que dependam de habilitação especial, de licença
fixada pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo
ou autorização do poder público;
nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários
mínimos. O valor pago será deduzido do montante de III - suspensão de autorização ou de habilitação para
eventual condenação em ação de reparação civil, se dirigir veículo.
coincidentes os beneficiários. IV – proibição de freqüentar determinados lugares.
§ 2º No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação V - proibição de inscrever-se em concurso, avaliação
do beneficiário, a prestação pecuniária pode consistir ou exame públicos.
em prestação de outra natureza.
§ 3º A perda de bens e valores pertencentes aos con- Limitação de fim de semana
denados dar-se-á, ressalvada a legislação especial, em
favor do Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá Art. 48 - A limitação de fim de semana consiste na obri-
como teto – o que for maior – o montante do prejuízo gação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5
causado ou do provento obtido pelo agente ou por ter- (cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro
ceiro, em conseqüência da prática do crime. estabelecimento adequado.
§ 4º (VETADO) Parágrafo único - Durante a permanência poderão ser

131
ministrados ao condenado cursos e palestras ou atribu- § 1º - (Revogado pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
ídas atividades educativas. § 2º - (Revogado pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
SEÇÃO III Suspensão da execução da multa
DA PENA DE MULTA
Art. 52 - É suspensa a execução da pena de multa, se
Multa sobrevém ao condenado doença mental.
Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao
fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e cal- CAPÍTULO II
culada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, DA COMINAÇÃO DAS PENAS
no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa.
§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não Penas privativas de liberdade
podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário
mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior Art. 53 - As penas privativas de liberdade têm seus li-
a 5 (cinco) vezes esse salário. mites estabelecidos na sanção correspondente a cada
tipo legal de crime.
§ 2º - O valor da multa será atualizado, quando da exe-
cução, pelos índices de correção monetária.
Penas restritivas de direitos
Pagamento da multa
Art. 54 - As penas restritivas de direitos são aplicáveis,
independentemente de cominação na parte especial,
Art. 50 - A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias em substituição à pena privativa de liberdade, fixada
depois de transitada em julgado a sentença. A reque- em quantidade inferior a 1 (um) ano, ou nos crimes
rimento do condenado e conforme as circunstâncias, culposos.
o juiz pode permitir que o pagamento se realize em
parcelas mensais.
Art. 55. As penas restritivas de direitos referidas nos
§ 1º - A cobrança da multa pode efetuar-se mediante incisos III, IV, V e VI do art. 43 terão a mesma duração
desconto no vencimento ou salário do condenado da pena privativa de liberdade substituída, ressalvado o
quando: disposto no § 4º do art. 46.
a) aplicada isoladamente;
Art. 56 - As penas de interdição, previstas nos incisos
b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de I e II do art. 47 deste Código, aplicam-se para todo o
direitos; crime cometido no exercício de profissão, atividade,
c) concedida a suspensão condicional da pena. ofício, cargo ou função, sempre que houver violação
dos deveres que lhes são inerentes.
§ 2º - O desconto não deve incidir sobre os recursos
indispensáveis ao sustento do condenado e de sua fa-
Art. 57 - A pena de interdição, prevista no inciso III do
mília.
art. 47 deste Código, aplica-se aos crimes culposos de
trânsito.
Conversão da Multa e revogação
Pena de multa
Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória,
a multa será executada perante o juiz da execução penal
Art. 58 - A multa, prevista em cada tipo legal de crime,
e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas
tem os limites fixados no art. 49 e seus parágrafos deste
relativas à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no
Código.
que concerne às causas interruptivas e suspensivas da
prescrição. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de Parágrafo único - A multa prevista no parágrafo único
2019) do art. 44 e no § 2º do art. 60 deste Código aplica-se
independentemente de cominação na parte especial.

132
CAPÍTULO III defesa do ofendido;
DA APLICAÇÃO DA PENA d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou
outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar
Fixação da pena perigo comum;
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos ante-
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de re-
cedentes, à conduta social, à personalidade do agente,
lações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade,
aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do
ou com violência contra a mulher na forma da lei es-
crime, bem como ao comportamento da vítima, esta-
pecífica;
belecerá, conforme seja necessário e suficiente para
reprovação e prevenção do crime: g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a
cargo, ofício, ministério ou profissão;
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites
ou mulher grávida;
previstos;
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa
da autoridade;
de liberdade;
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplica-
qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular
da, por outra espécie de pena, se cabível.
do ofendido;
Critérios especiais da pena de multa l) em estado de embriaguez preordenada.

Art. 60 - Na fixação da pena de multa o juiz deve aten- Agravantes no caso de concurso de pessoas
der, principalmente, à situação econômica do réu.
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao
§ 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz
agente que:
considerar que, em virtude da situação econômica do
réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo. I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou di-
rige a atividade dos demais agentes;
Multa substitutiva II - coage ou induz outrem à execução material do cri-
me;
§ 2º - A pena privativa de liberdade aplicada, não su-
perior a 6 (seis) meses, pode ser substituída pela de III - instiga ou determina a cometer o crime alguém
multa, observados os critérios dos incisos II e III do art. sujeito à sua autoridade ou não-punível em virtude de
44 deste Código. condição ou qualidade pessoal;
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga
Circunstâncias agravantes ou promessa de recompensa.

Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a Reincidência


pena, quando não constituem ou qualificam o crime:
I - a reincidência; Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente
comete novo crime, depois de transitar em julgado a
II - ter o agente cometido o crime: sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha con-
a) por motivo fútil ou torpe; denado por crime anterior.
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a
Art. 64 - Para efeito de reincidência:
impunidade ou vantagem de outro crime;
I - não prevalece a condenação anterior, se entre a
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação,
data do cumprimento ou extinção da pena e a infração
ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a

133
posterior tiver decorrido período de tempo superior a tério do art. 59 deste Código; em seguida serão consi-
5 (cinco) anos, computado o período de prova da sus- deradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por
pensão ou do livramento condicional, se não ocorrer último, as causas de diminuição e de aumento.
revogação; Parágrafo único - No concurso de causas de aumento
II - não se consideram os crimes militares próprios e ou de diminuição previstas na parte especial, pode o
políticos. juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminui-
ção, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente
Circunstâncias atenuantes ou diminua.

Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a Concurso material


pena:
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do
ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou
fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença;
não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas
II - o desconhecimento da lei; de liberdade em que haja incorrido. No caso de apli-
III - ter o agente: cação cumulativa de penas de reclusão e de detenção,
executa-se primeiro aquela.
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social
ou moral; § 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver
sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspen-
b) procurado, por sua espontânea vontade e com efici- sa, por um dos crimes, para os demais será incabível a
ência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as substituição de que trata o art. 44 deste Código.
conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado
o dano; § 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de di-
reitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais.
em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou
sob a influência de violenta emoção, provocada por ato Concurso formal
injusto da vítima;
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou
a autoria do crime; omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou
e) cometido o crime sob a influência de multidão em não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis
tumulto, se não o provocou. ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada,
em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas
aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de
omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de
circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime,
desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo
embora não prevista expressamente em lei.
anterior.
Concurso de circunstâncias agravantes e Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que se-
atenuantes ria cabível pela regra do art. 69 deste Código.

Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a Crime continuado


pena deve aproximar-se do limite indicado pelas cir-
cunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação
as que resultam dos motivos determinantes do crime, ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma es-
da personalidade do agente e da reincidência. pécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de
execução e outras semelhantes, devem os subseqüen-
Cálculo da pena tes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-
-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao cri- mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso,

134
de um sexto a dois terços. desprezando-se, para esse fim, o período de pena já
cumprido.
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas
diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça
à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, Concurso de infrações
os antecedentes, a conduta social e a personalidade do
agente, bem como os motivos e as circunstâncias, au- Art. 76 - No concurso de infrações, executar-se-á pri-
mentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou meiramente a pena mais grave.
a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as
regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste CAPÍTULO IV
Código. DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA
Multas no concurso de crimes
Requisitos da suspensão da pena
Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são
Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não
aplicadas distinta e integralmente.
superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2
(dois) a 4 (quatro) anos, desde que:
Erro na execução
I - o condenado não seja reincidente em crime doloso;
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social
meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pes- e personalidade do agente, bem como os motivos e as
soa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, res- circunstâncias autorizem a concessão do benefício;
ponde como se tivesse praticado o crime contra aquela,
III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista
atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Có-
no art. 44 deste Código.
digo. No caso de ser também atingida a pessoa que o
agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 § 1º - A condenação anterior a pena de multa não impe-
deste Código. de a concessão do benefício.
§ 2º A execução da pena privativa de liberdade, não
Resultado diverso do pretendido superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por qua-
tro a seis anos, desde que o condenado seja maior de
Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem
acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resul- a suspensão.
tado diverso do pretendido, o agente responde por cul-
pa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre Art. 78 - Durante o prazo da suspensão, o condenado
também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. ficará sujeito à observação e ao cumprimento das con-
70 deste Código. dições estabelecidas pelo juiz.

Limite das penas § 1º - No primeiro ano do prazo, deverá o condenado


prestar serviços à comunidade (art. 46) ou submeter-se
Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas à limitação de fim de semana (art. 48).
de liberdade não pode ser superior a 40 (quarenta) § 2° Se o condenado houver reparado o dano, salvo im-
anos. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) possibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do art.
§ 1º Quando o agente for condenado a penas privativas 59 deste Código lhe forem inteiramente favoráveis, o
de liberdade cuja soma seja superior a 40 (quarenta) juiz poderá substituir a exigência do parágrafo anterior
anos, devem elas ser unificadas para atender ao limi- pelas seguintes condições, aplicadas cumulativamente:
te máximo deste artigo. (Redação dada pela Lei nº a) proibição de freqüentar determinados lugares;
13.964, de 2019)
b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside,
§ 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao iní- sem autorização do juiz;
cio do cumprimento da pena, far-se-á nova unificação,
c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, men-

135
salmente, para informar e justificar suas atividades. Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional
ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou
Art. 79 - A sentença poderá especificar outras condi- superior a 2 (dois) anos, desde que
ções a que fica subordinada a suspensão, desde que I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado
adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado. não for reincidente em crime doloso e tiver bons ante-
cedentes;
Art. 80 - A suspensão não se estende às penas restriti-
vas de direitos nem à multa. II - cumprida mais da metade se o condenado for rein-
cidente em crime doloso;
Revogação obrigatória III - comprovado: (Redação dada pela Lei nº
13.964, de 2019)
Art. 81 - A suspensão será revogada se, no curso do
a) bom comportamento durante a execução da pena;
prazo, o beneficiário:
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime
b) não cometimento de falta grave nos últimos 12
doloso;
(doze) meses; (Redação dada pela Lei nº 13.964,
II - frustra, embora solvente, a execução de pena de de 2019)
multa ou não efetua, sem motivo justificado, a repara-
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e
ção do dano;
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Có-
d) aptidão para prover a própria subsistência median-
digo.
te trabalho honesto; (Redação dada pela Lei nº
13.964, de 2019)
Revogação facultativa
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de
§ 1º - A suspensão poderá ser revogada se o condena- fazê-lo, o dano causado pela infração;
do descumpre qualquer outra condição imposta ou é V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos
irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por de condenação por crime hediondo, prática de tortura,
contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de
de direitos. pessoas e terrorismo, se o apenado não for reincidente
específico em crimes dessa natureza.
Prorrogação do período de prova
Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso,
cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a
§ 2º - Se o beneficiário está sendo processado por outro
concessão do livramento ficará também subordinada à
crime ou contravenção, considera-se prorrogado o pra-
constatação de condições pessoais que façam presumir
zo da suspensão até o julgamento definitivo.
que o liberado não voltará a delinqüir.
§ 3º - Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao
invés de decretá-la, prorrogar o período de prova até o Soma de penas
máximo, se este não foi o fixado.
Art. 84 - As penas que correspondem a infrações diver-
Cumprimento das condições sas devem somar-se para efeito do livramento.

Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha havido revoga- Especificações das condições
ção, considera-se extinta a pena privativa de liberdade.
Art. 85 - A sentença especificará as condições a que fica
CAPÍTULO V subordinado o livramento.
DO LIVRAMENTO CONDICIONAL
Revogação do livramento
Requisitos do livramento condicional

136
Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado vem a b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor
ser condenado a pena privativa de liberdade, em sen- que constitua proveito auferido pelo agente com a prá-
tença irrecorrível: tica do fato criminoso.
I - por crime cometido durante a vigência do benefício; § 1º Poderá ser decretada a perda de bens ou valores
equivalentes ao produto ou proveito do crime quando
II - por crime anterior, observado o disposto no art. 84
estes não forem encontrados ou quando se localizarem
deste Código.
no exterior.
Revogação facultativa § 2º Na hipótese do § 1º, as medidas assecuratórias
previstas na legislação processual poderão abranger
Art. 87 - O juiz poderá, também, revogar o livramento, bens ou valores equivalentes do investigado ou acusa-
se o liberado deixar de cumprir qualquer das obriga- do para posterior decretação de perda.
ções constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente
condenado, por crime ou contravenção, a pena que não Art. 91-A. Na hipótese de condenação por infrações às
seja privativa de liberdade. quais a lei comine pena máxima superior a 6 (seis) anos
de reclusão, poderá ser decretada a perda, como pro-
Efeitos da revogação duto ou proveito do crime, dos bens correspondentes
à diferença entre o valor do patrimônio do condenado e
Art. 88 - Revogado o livramento, não poderá ser nova- aquele que seja compatível com o seu rendimento lícito.
mente concedido, e, salvo quando a revogação resulta (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
de condenação por outro crime anterior àquele benefí- § 1º Para efeito da perda prevista no caput deste arti-
cio, não se desconta na pena o tempo em que esteve go, entende-se por patrimônio do condenado todos os
solto o condenado. bens: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Extinção I - de sua titularidade, ou em relação aos quais ele tenha


o domínio e o benefício direto ou indireto, na data da in-
fração penal ou recebidos posteriormente; e (Incluído
Art. 89 - O juiz não poderá declarar extinta a pena, en-
pela Lei nº 13.964, de 2019)
quanto não passar em julgado a sentença em processo
a que responde o liberado, por crime cometido na vi- II - transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante
gência do livramento. contraprestação irrisória, a partir do início da atividade
criminal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 90 - Se até o seu término o livramento não é revoga- § 2º O condenado poderá demonstrar a inexistência da
do, considera-se extinta a pena privativa de liberdade. incompatibilidade ou a procedência lícita do patrimô-
nio. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
CAPÍTULO VI
§ 3º A perda prevista neste artigo deverá ser requerida
DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO expressamente pelo Ministério Público, por ocasião do
oferecimento da denúncia, com indicação da diferença
Efeitos genéricos e específicos apurada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 4º Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o
Art. 91 - São efeitos da condenação: valor da diferença apurada e especificar os bens cuja
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado perda for decretada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
pelo crime; 2019)
II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do § 5º Os instrumentos utilizados para a prática de cri-
lesado ou de terceiro de boa-fé: mes por organizações criminosas e milícias deverão ser
declarados perdidos em favor da União ou do Estado,
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em
dependendo da Justiça onde tramita a ação penal, ainda
coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção
que não ponham em perigo a segurança das pessoas,
constitua fato ilícito;
a moral ou a ordem pública, nem ofereçam sério risco

137
de ser utilizados para o cometimento de novos crimes. privado;
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) III - tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou
demonstre a absoluta impossibilidade de o fazer, até
Art. 92 - São também efeitos da condenação: o dia do pedido, ou exiba documento que comprove a
I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: renúncia da vítima ou novação da dívida.
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tem- Parágrafo único - Negada a reabilitação, poderá ser
po igual ou superior a um ano, nos crimes praticados requerida, a qualquer tempo, desde que o pedido seja
com abuso de poder ou violação de dever para com a instruído com novos elementos comprobatórios dos
Administração Pública; requisitos necessários.
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por
Art. 95 - A reabilitação será revogada, de ofício ou a
tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos.
requerimento do Ministério Público, se o reabilitado for
II – a incapacidade para o exercício do poder familiar, da condenado, como reincidente, por decisão definitiva, a
tutela ou da curatela nos crimes dolosos sujeitos à pena pena que não seja de multa.
de reclusão cometidos contra outrem igualmente titular
do mesmo poder familiar, contra filho, filha ou outro TÍTULO VI
descendente ou contra tutelado ou curatelado;
DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA
III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado
como meio para a prática de crime doloso.
Espécies de medidas de segurança
Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não
são automáticos, devendo ser motivadamente declara- Art. 96. As medidas de segurança são:
dos na sentença.
I - Internação em hospital de custódia e tratamento
psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento ade-
CAPÍTULO VII quado;
DA REABILITAÇÃO
II - sujeição a tratamento ambulatorial.

Reabilitação Parágrafo único - Extinta a punibilidade, não se impõe


medida de segurança nem subsiste a que tenha sido
imposta.
Art. 93 - A reabilitação alcança quaisquer penas aplica-
das em sentença definitiva, assegurando ao condenado
o sigilo dos registros sobre o seu processo e conde- Imposição da medida de segurança para
nação. inimputável

Parágrafo único - A reabilitação poderá, também, atin- Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determina-
gir os efeitos da condenação, previstos no art. 92 deste rá sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto
Código, vedada reintegração na situação anterior, nos como crime for punível com detenção, poderá o juiz
casos dos incisos I e II do mesmo artigo. submetê-lo a tratamento ambulatorial.

Art. 94 - A reabilitação poderá ser requerida, decorridos Prazo


2 (dois) anos do dia em que for extinta, de qualquer
modo, a pena ou terminar sua execução, computando- § 1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, será
-se o período de prova da suspensão e o do livramento por tempo indeterminado, perdurando enquanto não
condicional, se não sobrevier revogação, desde que o for averiguada, mediante perícia médica, a cessação de
condenado: periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 1 (um) a
I - tenha tido domicílio no País no prazo acima referido; 3 (três) anos.
II - tenha dado, durante esse tempo, demonstração
Perícia médica
efetiva e constante de bom comportamento público e

138
§ 2º - A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo § 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido de-
mínimo fixado e deverá ser repetida de ano em ano, ou clarado ausente por decisão judicial, o direito de ofere-
a qualquer tempo, se o determinar o juiz da execução. cer queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge,
ascendente, descendente ou irmão.
Desinternação ou liberação condicional
A ação penal no crime complexo
§ 3º - A desinternação, ou a liberação, será sempre con-
dicional devendo ser restabelecida a situação anterior Art. 101 - Quando a lei considera como elemento ou
se o agente, antes do decurso de 1 (um) ano, pratica circunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos,
fato indicativo de persistência de sua periculosidade. constituem crimes, cabe ação pública em relação àque-
le, desde que, em relação a qualquer destes, se deva
§ 4º - Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, po-
proceder por iniciativa do Ministério Público.
derá o juiz determinar a internação do agente, se essa
providência for necessária para fins curativos.
Irretratabilidade da representação
Substituição da pena por medida de segurança
para o semi-imputável Art. 102 - A representação será irretratável depois de
oferecida a denúncia.
Art. 98 - Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste
Código e necessitando o condenado de especial trata- Decadência do direito de queixa ou de
mento curativo, a pena privativa de liberdade pode ser representação
substituída pela internação, ou tratamento ambulatorial,
pelo prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos, nos termos Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o
do artigo anterior e respectivos §§ 1º a 4º. ofendido decai do direito de queixa ou de representa-
ção se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses,
Direitos do internado contado do dia em que veio a saber quem é o autor do
crime, ou, no caso do § 3º do art. 100 deste Código,
do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da
Art. 99 - O internado será recolhido a estabelecimento
denúncia.
dotado de características hospitalares e será submetido
a tratamento. 
Renúncia expressa ou tácita do direito de queixa
TÍTULO VII Art. 104 - O direito de queixa não pode ser exercido
DA AÇÃO PENAL quando renunciado expressa ou tacitamente.
Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de
Ação pública e de iniciativa privada queixa a prática de ato incompatível com a vontade de
exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei ofendido a indenização do dano causado pelo crime.
expressamente a declara privativa do ofendido.
§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Perdão do ofendido
Público, dependendo, quando a lei o exige, de repre-
sentação do ofendido ou de requisição do Ministro da Art. 105 - O perdão do ofendido, nos crimes em que
Justiça. somente se procede mediante queixa, obsta ao prosse-
guimento da ação.
§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante
queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, expresso
representá-lo. ou tácito:
§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos
crimes de ação pública, se o Ministério Público não aproveita;
oferece denúncia no prazo legal. II - se concedido por um dos ofendidos, não prejudica

139
o direito dos outros; a oito anos e não excede a doze;
III - se o querelado o recusa, não produz efeito. III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a
quatro anos e não excede a oito;
§ 1º - Perdão tácito é o que resulta da prática de ato
incompatível com a vontade de prosseguir na ação. IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a
dois anos e não excede a quatro;
§ 2º - Não é admissível o perdão depois que passa em
julgado a sentença condenatória. V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um
ano ou, sendo superior, não excede a dois;
TÍTULO VIII VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior
DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE a 1 (um) ano.

Extinção da punibilidade Prescrição das penas restritivas de direito

Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de


direito os mesmos prazos previstos para as privativas
I - pela morte do agente; de liberdade.
II - pela anistia, graça ou indulto;
Prescrição depois de transitar em julgado
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o
sentença final condenatória
fato como criminoso;
IV - pela prescrição, decadência ou perempção; Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão a sentença condenatória regula-se pela pena aplicada
aceito, nos crimes de ação privada; e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os
quais se aumentam de um terço, se o condenado é
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei reincidente.
a admite;
§ 1º A prescrição, depois da sentença condenatória com
VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) trânsito em julgado para a acusação ou depois de im-
VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) provido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não
podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
data anterior à da denúncia ou queixa.
Art. 108 - A extinção da punibilidade de crime que é § 2º (Revogado pela Lei nº 12.234, de 2010).
pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância
agravante de outro não se estende a este. Nos crimes Termo inicial da prescrição antes de transitar em
conexos, a extinção da punibilidade de um deles não julgado a sentença final
impede, quanto aos outros, a agravação da pena resul-
tante da conexão. Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a
sentença final, começa a correr:
Prescrição antes de transitar em julgado a I - do dia em que o crime se consumou;
sentença
II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a ativi-
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a dade criminosa;
sentença final, salvo o disposto no § 1º do art. 110 des- III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a
te Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de permanência;
liberdade cominada ao crime, verificando-se:
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração
I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a de assentamento do registro civil, da data em que o fato
doze; se tornou conhecido.
II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e

140
adolescentes, previstos neste Código ou em legislação crime;
especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) II - enquanto o agente cumpre pena no exterior; (Reda-
anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ção dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
ação penal.
III - na pendência de embargos de declaração ou de
Termo inicial da prescrição após a sentença recursos aos Tribunais Superiores, quando inadmissí-
condenatória irrecorrível veis; e (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - enquanto não cumprido ou não rescindido o acor-
Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescri- do de não persecução penal. (Incluído pela Lei nº
ção começa a correr: 13.964, de 2019)
I - do dia em que transita em julgado a sentença conde- Parágrafo único - Depois de passada em julgado a
natória, para a acusação, ou a que revoga a suspensão sentença condenatória, a prescrição não corre duran-
condicional da pena ou o livramento condicional; te o tempo em que o condenado está preso por outro
II - do dia em que se interrompe a execução, salvo motivo.
quando o tempo da interrupção deva computar-se na
pena. Causas interruptivas da prescrição

Prescrição no caso de evasão do condenado ou Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:


de revogação do livramento condicional I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa;
II - pela pronúncia;
Art. 113 - No caso de evadir-se o condenado ou de re-
vogar-se o livramento condicional, a prescrição é regu- III - pela decisão confirmatória da pronúncia;
lada pelo tempo que resta da pena. IV - pela publicação da sentença ou acórdão condena-
tórios recorríveis;
Prescrição da multa
V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena;
Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá: VI - pela reincidência.
I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única comi- § 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste
nada ou aplicada; artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos relati-
II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da vamente a todos os autores do crime. Nos crimes cone-
pena privativa de liberdade, quando a multa for alterna- xos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se
tiva ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aos demais a interrupção relativa a qualquer deles.
aplicada. § 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do
inciso V deste artigo, todo o prazo começa a correr, no-
Redução dos prazos de prescrição vamente, do dia da interrupção.

Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de pres- Art. 118 - As penas mais leves prescrevem com as mais
crição quando o criminoso era, ao tempo do crime, me- graves.
nor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença,
maior de 70 (setenta) anos. Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção
da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, iso-
Causas impeditivas da prescrição ladamente.

Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, Perdão judicial


a prescrição não corre:
I - enquanto não resolvida, em outro processo, ques- Art. 120 - A sentença que conceder perdão judicial não
tão de que dependa o reconhecimento da existência do será considerada para efeitos de reincidência.

141
PARTE ESPECIAL no exercício da função ou em decorrência dela, ou con-
tra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo
até terceiro grau, em razão dessa condição:
TÍTULO I
VIII - (VETADO): (Incluído pela Lei nº 13.964, de
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
2019)
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
CAPÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A VIDA § 2º-A Considera-se que há razões de condição de sexo
feminino quando o crime envolve:

Homicídio simples I - violência doméstica e familiar;


II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Art. 121. Matar alguem:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. Homicídio culposo

Caso de diminuição de pena § 3º Se o homicídio é culposo:


Pena - detenção, de um a três anos.
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo
de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de Aumento de pena
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação
da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um § 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3
terço. (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra
técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa
Homicídio qualificado de prestar imediato socorro à vítima, não procura dimi-
nuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar
§ 2° Se o homicídio é cometido: prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado
outro motivo torpe; contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60
(sessenta) anos.
II - por motivo futil;
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, deixar de aplicar a pena, se as consequências da infra-
tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que pos- ção atingirem o próprio agente de forma tão grave que a
sa resultar perigo comum; sanção penal se torne desnecessária.
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação § 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a me-
ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a tade se o crime for praticado por milícia privada, sob o
defesa do ofendido; pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunida- grupo de extermínio.
de ou vantagem de outro crime: § 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. terço) até a metade se o crime for praticado:
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores
Feminicídio ao parto;
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo
de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de
feminino:
doenças degenerativas que acarretem condição limitan-
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. te ou de vulnerabilidade física ou mental;
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do siste-
III - na presença física ou virtual de descendente ou de
ma prisional e da Força Nacional de Segurança Pública,
ascendente da vítima;

142
IV - em descumprimento das medidas protetivas de ur- cia, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do
gência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 art. 129 deste Código. (Incluído pela Lei nº 13.968,
da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. de 2019)
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometi-
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a do contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem
automutilação  não tem o necessário discernimento para a prática do
ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode ofere-
(Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019) cer resistência, responde o agente pelo crime de homi-
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou cídio, nos termos do art. 121 deste Código. (Incluído
a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material pela Lei nº 13.968, de 2019)
para que o faça: (Redação dada pela Lei nº 13.968,
de 2019) Infanticídio
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (Re-
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o
dação dada pela Lei nº 13.968, de 2019)
próprio filho, durante o parto ou logo após:
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio
Pena - detenção, de dois a seis anos.
resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima,
nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código:
(Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) Aborto provocado pela gestante ou com seu
consentimento
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Incluído
pela Lei nº 13.968, de 2019) Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir
§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutila- que outrem lho provoque:
ção resulta morte: (Incluído pela Lei nº 13.968, de Pena - detenção, de um a três anos.
2019)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Incluído Aborto provocado por terceiro
pela Lei nº 13.968, de 2019)
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da
§ 3º A pena é duplicada: (Incluído pela Lei nº 13.968,
gestante:
de 2019)
Pena - reclusão, de três a dez anos.
I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou
fútil; (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer gestante:
causa, a capacidade de resistência. (Incluído pela Lei
nº 13.968, de 2019) Pena - reclusão, de um a quatro anos.

§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se
realizada por meio da rede de computadores, de rede a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada
social ou transmitida em tempo real. (Incluído pela ou debil mental, ou se o consentimento é obtido me-
Lei nº 13.968, de 2019) diante fraude, grave ameaça ou violência

§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder Forma qualificada


ou coordenador de grupo ou de rede virtual. (Incluído
pela Lei nº 13.968, de 2019) Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anterio-
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta res são aumentadas de um terço, se, em conseqüência
em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo,
contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são
por enfermidade ou deficiência mental, não tem o ne- duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobre-
cessário discernimento para a prática do ato, ou que, vém a morte.
por qualquer outra causa, não pode oferecer resistên-

143
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: de produzí-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Aborto necessário
Diminuição de pena
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é prece- da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um
dido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, terço.
de seu representante legal.
Substituição da pena
CAPÍTULO II
DAS LESÕES CORPORAIS § 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda
substituir a pena de detenção pela de multa, de duzen-
Lesão corporal tos mil réis a dois contos de réis:
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo an-
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de terior;
outrem: II - se as lesões são recíprocas.
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Lesão corporal culposa
Lesão corporal de natureza grave
§ 6° Se a lesão é culposa:
§ 1º Se resulta: Pena - detenção, de dois meses a um ano.
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais
de trinta dias; Aumento de pena
II - perigo de vida;
§ 7º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer
III - debilidade permanente de membro, sentido ou qualquer das hipóteses dos §§ 4º e 6º do art. 121 deste
função; Código.
IV - aceleração de parto: § 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do
Pena - reclusão, de um a cinco anos. art. 121.
§ 2° Se resulta:
Violência Doméstica
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incuravel; § 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descen-
dente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se
IV - deformidade permanente; o agente das relações domésticas, de coabitação ou de
hospitalidade:
V - aborto:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo, se
Lesão corporal seguida de morte as circunstâncias são as indicadas no § 9º deste artigo,
aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam § 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será au-
que o agente não quís o resultado, nem assumiu o risco mentada de um terço se o crime for cometido contra

144
pessoa portadora de deficiência. abandono:
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou Pena - detenção, de seis meses a três anos.
agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição § 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natu-
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força reza grave:
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função
ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, com- Pena - reclusão, de um a cinco anos.
panheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, § 2º - Se resulta a morte:
em razão dessa condição, a pena é aumentada de um
a dois terços. Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

Aumento de pena
CAPÍTULO III
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE § 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se
de um terço:
Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia ve-
nérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado: II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge,
irmão, tutor ou curador da vítima.
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos 
§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Exposição ou abandono de recém-nascido
§ 2º - Somente se procede mediante representação.
Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para
Perigo de contágio de moléstia grave ocultar desonra própria:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza
moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de grave:
produzir o contágio:
Pena - detenção, de um a três anos.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 2º - Se resulta a morte:
Perigo para a vida ou saúde de outrem Pena - detenção, de dois a seis anos.

Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo Omissão de socorro


direto e iminente:
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possí-
constitui crime mais grave. vel fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou
extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desampa-
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a ro ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses
um terço se a exposição da vida ou da saúde de ou- casos, o socorro da autoridade pública:
trem a perigo decorre do transporte de pessoas para a
prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
natureza, em desacordo com as normas legais. Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se
da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e
Abandono de incapaz  triplicada, se resulta a morte.

Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, Condicionamento de atendimento médico-
guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer mo- hospitalar emergencial
tivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do

145
Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente
qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio fato definido como crime:
de formulários administrativos, como condição para o Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
atendimento médico-hospitalar emergencial:
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e imputação, a propala ou divulga.
multa.
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se
da negativa de atendimento resulta lesão corporal de
Exceção da verdade
natureza grave, e até o triplo se resulta a morte.
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
Maus-tratos
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação pri-
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa vada, o ofendido não foi condenado por sentença irre-
sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de corrível;
educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privan- II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indica-
do-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer das no nº I do art. 141;
sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer
abusando de meios de correção ou disciplina: III - se do crime imputado, embora de ação pública, o
ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza Difamação
grave:
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
à sua reputação:
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é Exceção da verdade
praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos.
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se
admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é
CAPÍTULO IV
relativa ao exercício de suas funções.
DA RIXA
Injúria
Rixa
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os con- ou o decoro:
tendores:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou
natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na
diretamente a injúria;
rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos.
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra
CAPÍTULO V injúria.
DOS CRIMES CONTRA A HONRA § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato,
que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se con-
siderem aviltantes:
Calúnia
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além

146
da pena correspondente à violência. Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha
praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de
§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos
meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim
referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condi-
desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se
ção de pessoa idosa ou portadora de deficiência:
praticou a ofensa.
Pena - reclusão de um a três anos e multa.
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere
Disposições comuns calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido
pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumen- a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias,
tam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: responde pela ofensa.
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de
governo estrangeiro; Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente
se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do
II - contra funcionário público, em razão de suas fun- art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
ções;
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art.
facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da 141 deste Código, e mediante representação do ofendi-
injúria. do, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou por- caso do § 3º do art. 140 deste Código.
tadora de deficiência, exceto no caso de injúria.
§ 1º - Se o crime é cometido mediante paga ou promes- CAPÍTULO VI
sa de recompensa, aplica-se a pena em dobro. (Reda- DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE
ção dada pela Lei nº 13.964, de 2019) INDIVIDUAL
§ 2º - (VETADO). (Redação dada pela Lei nº 13.964,
de 2019) SEÇÃO I
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE
Exclusão do crime
PESSOAL
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:
Constrangimento ilegal
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa,
pela parte ou por seu procurador;
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por
ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não
injuriar ou difamar; fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
público, em apreciação ou informação que preste no
cumprimento de dever do ofício. Aumento de pena
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde
pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade. § 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em do-
bro, quando, para a execução do crime, se reúnem mais
Retratação de três pessoas, ou há emprego de armas.
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as cor-
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata respondentes à violência.
cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:
pena.
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consen-

147
timento do paciente ou de seu representante legal, se parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de
justificada por iminente perigo de vida; trabalho;
II - a coação exercida para impedir suicídio. II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho
ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do
Ameaça trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho.
§ 2º A pena é aumentada de metade, se o crime é co-
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou metido:
gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe
mal injusto e grave: I – contra criança ou adolescente;

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, reli-
gião ou origem.
Parágrafo único - Somente se procede mediante repre-
sentação. Tráfico de Pessoas

Sequestro e cárcere privado Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, trans-
ferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a fi-
sequestro ou cárcere privado: nalidade de:
Pena - reclusão, de um a três anos. I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo;
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos: II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou escravo;
companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos; III - submetê-la a qualquer tipo de servidão;
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima IV - adoção ilegal; ou
em casa de saúde ou hospital;
V - exploração sexual.
III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias.
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito)
anos; § 1º A pena é aumentada de um terço até a metade se:

V – se o crime é praticado com fins libidinosos. I - o crime for cometido por funcionário público no
exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las;
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da
natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral: II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou
pessoa idosa ou com deficiência;
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
III - o agente se prevalecer de relações de parentesco,
Redução a condição análoga à de escravo domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de depen-
dência econômica, de autoridade ou de superioridade
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de es- hierárquica inerente ao exercício de emprego, cargo ou
cravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a função; ou
jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições de- IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do terri-
gradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer tório nacional.
meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com
§ 2º A pena é reduzida de um a dois terços se o agente
o empregador ou preposto:
for primário e não integrar organização criminosa.
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da
pena correspondente à violência. SEÇÃO II
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE
I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por DO DOMICÍLIO

148
Violação de domicílio I - quem se apossa indevidamente de correspondência
alheia, embora não fechada e, no todo ou em parte, a
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astu- sonega ou destrói;
ciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de
quem de direito, em casa alheia ou em suas dependên- Violação de comunicação telegráfica,
cias: radioelétrica ou telefônica
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou
§ 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em utiliza abusivamente comunicação telegráfica ou radio-
lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, elétrica dirigida a terceiro, ou conversação telefônica
ou por duas ou mais pessoas: entre outras pessoas;
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da III - quem impede a comunicação ou a conversação re-
pena correspondente à violência. feridas no número anterior;
§ 2º - (Revogado pela Lei nº 13.869, de 2019) IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho radioe-
§ 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em létrico, sem observância de disposição legal.
casa alheia ou em suas dependências: § 2º - As penas aumentam-se de metade, se há dano
I - durante o dia, com observância das formalidades para outrem.
legais, para efetuar prisão ou outra diligência; § 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de função
II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum em serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou telefô-
crime está sendo ali praticado ou na iminência de o ser. nico:
§ 4º - A expressão «casa» compreende: Pena - detenção, de um a três anos.
I - qualquer compartimento habitado; § 4º - Somente se procede mediante representação, sal-
vo nos casos do § 1º, IV, e do § 3º.
II - aposento ocupado de habitação coletiva;
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém Correspondência comercial
exerce profissão ou atividade.
§ 5º - Não se compreendem na expressão «casa»: Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou empregado
de estabelecimento comercial ou industrial para, no
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou suprimir
coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do correspondência, ou revelar a estranho seu conteúdo:
parágrafo anterior;
Pena - detenção, de três meses a dois anos.
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
Parágrafo único - Somente se procede mediante repre-
SEÇÃO III sentação.
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE
DE CORRESPONDÊNCIA SEÇÃO IV
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE
Violação de correspondência DOS SEGREDOS

Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de cor- Divulgação de segredo


respondência fechada, dirigida a outrem:
Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. de documento particular ou de correspondência confi-
dencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja divul-
Sonegação ou destruição de correspondência gação possa produzir dano a outrem:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, de tre-
§ 1º - Na mesma pena incorre:
zentos mil réis a dois contos de réis.

149
§ 1º Somente se procede mediante representação. dois terços se houver divulgação, comercialização ou
transmissão a terceiro, a qualquer título, dos dados ou
§ 1º-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilo-
informações obtidos.
sas ou reservadas, assim definidas em lei, contidas ou
não nos sistemas de informações ou banco de dados da § 5º Aumenta-se a pena de um terço à metade se o cri-
Administração Pública: me for praticado contra:
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. I - Presidente da República, governadores e prefeitos;
§ 2º Quando resultar prejuízo para a Administração Pú- II - Presidente do Supremo Tribunal Federal;
blica, a ação penal será incondicionada. III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Sena-
do Federal, de Assembleia Legislativa de Estado, da
Violação do segredo profissional Câmara Legislativa do Distrito Federal ou de Câmara
Municipal; ou
Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de
que tem ciência em razão de função, ministério, ofício IV - dirigente máximo da administração direta e indireta
ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal.
outrem:
Ação penal
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa de
um conto a dez contos de réis. Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, so-
Parágrafo único - Somente se procede mediante repre- mente se procede mediante representação, salvo se o
sentação. crime é cometido contra a administração pública direta
ou indireta de qualquer dos Poderes da União, Estados,
Invasão de dispositivo informático Distrito Federal ou Municípios ou contra empresas con-
cessionárias de serviços públicos.
Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio,
conectado ou não à rede de computadores, mediante TÍTULO II
violação indevida de mecanismo de segurança e com o DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações
sem autorização expressa ou tácita do titular do dispo-
sitivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem CAPÍTULO I
ilícita: DO FURTO
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e
multa. Furto
§ 1º Na mesma pena incorre quem produz, oferece,
distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia
de computador com o intuito de permitir a prática da móvel:
conduta definida no caput. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 2º Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se da § 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é
invasão resulta prejuízo econômico. praticado durante o repouso noturno.
§ 3º Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a
comunicações eletrônicas privadas, segredos comer- coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão
ciais ou industriais, informações sigilosas, assim de- pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou
finidas em lei, ou o controle remoto não autorizado do aplicar somente a pena de multa.
dispositivo invadido:
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e qualquer outra que tenha valor econômico.
multa, se a conduta não constitui crime mais grave.
§ 4º Na hipótese do § 3º, aumenta-se a pena de um a Furto qualificado

150
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de
se o crime é cometido: subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou
grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do cri-
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à sub-
me ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
tração da coisa;
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade:
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, esca-
lada ou destreza; I – (revogado);
III - com emprego de chave falsa; II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. III - se a vítima está em serviço de transporte de valores
e o agente conhece tal circunstância.
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez)
anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de IV - se a subtração for de veículo automotor que venha
artefato análogo que cause perigo comum. a ser transportado para outro Estado ou para o exterior;
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restrin-
subtração for de veículo automotor que venha a ser gindo sua liberdade.
transportado para outro Estado ou para o exterior. VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de
§ 6º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem
se a subtração for de semovente domesticável de pro- sua fabricação, montagem ou emprego.
dução, ainda que abatido ou dividido em partes no local  VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com
da subtração. emprego de arma branca; (Incluído pela Lei nº
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos 13.964, de 2019)
e multa, se a subtração for de substâncias explosivas ou § 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):
de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibili-
tem sua fabricação, montagem ou emprego. I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego
de arma de fogo;
Furto de coisa comum II – se há destruição ou rompimento de obstáculo me-
diante o emprego de explosivo ou de artefato análogo
Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, que cause perigo comum.
para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém,
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com
a coisa comum:
emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido,
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste arti-
§ 1º - Somente se procede mediante representação. go. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fun- § 3º Se da violência resulta:


gível, cujo valor não excede a quota a que tem direito I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete)
o agente. a 18 (dezoito) anos, e multa;
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trin-
CAPÍTULO II ta) anos, e multa.
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
Extorsão
Roubo
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para
outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar
ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas,

151
ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou
terço até metade. qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para
apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência
alheia:
o disposto no § 3º do artigo anterior.
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
§ 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da li-
berdade da vítima, e essa condição é necessária para § 1º - Na mesma pena incorre quem:
a obtenção da vantagem econômica, a pena é de re-
clusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; Usurpação de águas
se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as
penas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente. I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem,
águas alheias;
Extorsão mediante sequestro
Esbulho possessório
Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para
si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou
ou preço do resgate: mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno
Pena - reclusão, de oito a quinze anos. ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório.

§ 1º Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) ho- § 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na
ras, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior pena a esta cominada.
de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por § 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego
bando ou quadrilha. de violência, somente se procede mediante queixa.
Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
Supressão ou alteração de marca em animais
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza
grave: Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de pro-
priedade:
§ 3º - Se resulta a morte:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorren- CAPÍTULO IV
te que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação
do seqüestrado, terá sua pena reduzida de um a dois
DO DANO
terços.
Dano
Extorsão indireta
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
abusando da situação de alguém, documento que pode
dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou Dano qualificado
contra terceiro:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Parágrafo único - Se o crime é cometido:
I - com violência à pessoa ou grave ameaça;
CAPÍTULO III
II - com emprego de substância inflamável ou explosi-
DA USURPAÇÃO va, se o fato não constitui crime mais grave
III - contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito
Alteração de limites
Federal, de Município ou de autarquia, fundação públi-

152
ca, empresa pública, sociedade de economia mista ou § 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente
empresa concessionária de serviços públicos; recebeu a coisa:
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável I - em depósito necessário;
para a vítima: II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário,
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
além da pena correspondente à violência. III - em razão de ofício, emprego ou profissão.
Introdução ou abandono de animais em Apropriação indébita previdenciária 
propriedade alheia
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as
Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e
alheia, sem consentimento de quem de direito, desde forma legal ou convencional:
que o fato resulte prejuízo:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem deixar de:
Dano em coisa de valor artístico, arqueológico I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra im-
ou histórico portância destinada à previdência social que tenha sido
descontada de pagamento efetuado a segurados, a ter-
Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tom- ceiros ou arrecadada do público;
bada pela autoridade competente em virtude de valor
II – recolher contribuições devidas à previdência social
artístico, arqueológico ou histórico:
que tenham integrado despesas contábeis ou custos re-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. lativos à venda de produtos ou à prestação de serviços;
III - pagar benefício devido a segurado, quando as res-
Alteração de local especialmente protegido
pectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados
à empresa pela previdência social.
Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competen-
te, o aspecto de local especialmente protegido por lei: § 2º É extinta a punibilidade se o agente, espontanea-
mente, declara, confessa e efetua o pagamento das con-
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
tribuições, importâncias ou valores e presta as informa-
ções devidas à previdência social, na forma definida em
Ação penal lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.

Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu § 3º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou apli-
parágrafo e do art. 164, somente se procede mediante car somente a de multa se o agente for primário e de
queixa. bons antecedentes, desde que:
I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes
CAPÍTULO V de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição
DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA social previdenciária, inclusive acessórios; ou
II – o valor das contribuições devidas, inclusive aces-
Apropriação indébita sórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela
previdência social, administrativamente, como sendo o
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.
tem a posse ou a detenção: § 4º A faculdade prevista no § 3º deste artigo não se
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. aplica aos casos de parcelamento de contribuições cujo
valor, inclusive dos acessórios, seja superior àquele es-
Aumento de pena tabelecido, administrativamente, como sendo o mínimo
para o ajuizamento de suas execuções fiscais.

153
Apropriação de coisa havida por erro, caso II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia
fortuito ou força da natureza coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa,
ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer
seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza: dessas circunstâncias;
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Defraudação de penhor
Parágrafo único - Na mesma pena incorre:
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo
Apropriação de tesouro credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia,
quando tem a posse do objeto empenhado;
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria,
no todo ou em parte, da quota a que tem direito o pro- Fraude na entrega de coisa
prietário do prédio;
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de
Apropriação de coisa achada coisa que deve entregar a alguém;

II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, Fraude para recebimento de indenização ou valor
total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono de seguro
ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade
competente, dentro no prazo de quinze dias. V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa pró-
pria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as
Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica- conseqüências da lesão ou doença, com o intuito de
-se o disposto no art. 155, § 2º. haver indenização ou valor de seguro;

CAPÍTULO VI Fraude no pagamento por meio de cheque


DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos
Estelionato em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilíci-
cometido em detrimento de entidade de direito público
ta, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém
ou de instituto de economia popular, assistência social
em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro
ou beneficência.
meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de qui- Estelionato contra idoso
nhentos mil réis a dez contos de réis.
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o § 4º Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido
prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto contra idoso.
no art. 155, § 2º. § 5º Somente se procede mediante representação, sal-
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem: vo se a vítima for: (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
Disposição de coisa alheia como própria I - a Administração Pública, direta ou indireta; (Incluí-
do pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou
II - criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº
em garantia coisa alheia como própria;
13.964, de 2019)
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa III - pessoa com deficiência mental; ou (Incluído pela
própria Lei nº 13.964, de 2019)

154
IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz. § 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Outras fraudes
Duplicata simulada
Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em
Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de
não corresponda à mercadoria vendida, em quantidade recursos para efetuar o pagamento:
ou qualidade, ou ao serviço prestado. Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único - Somente se procede mediante repre-
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquêle sentação, e o juiz pode, conforme as circunstâncias,
que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de deixar de aplicar a pena.
Registro de Duplicatas.
Fraudes e abusos na fundação ou administração
Abuso de incapazes de sociedade por ações

Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ações,
necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da fazendo, em prospecto ou em comunicação ao público
alienação ou debilidade mental de outrem, induzindo ou à assembléia, afirmação falsa sobre a constituição
qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir da sociedade, ou ocultando fraudulentamente fato a ela
efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro: relativo:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato
não constitui crime contra a economia popular.
Induzimento à especulação § 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui
crime contra a economia popular:
Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da
inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade men- I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por
tal de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ações, que, em prospecto, relatório, parecer, balanço ou
ou à especulação com títulos ou mercadorias, sabendo comunicação ao público ou à assembléia, faz afirmação
ou devendo saber que a operação é ruinosa: falsa sobre as condições econômicas da sociedade, ou
oculta fraudulentamente, no todo ou em parte, fato a
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. elas relativo;

Fraude no comércio II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por


qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de outros
Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial, títulos da sociedade;
o adquirente ou consumidor: III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à
I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria sociedade ou usa, em proveito próprio ou de terceiro,
falsificada ou deteriorada; dos bens ou haveres sociais, sem prévia autorização da
assembléia geral;
II - entregando uma mercadoria por outra:
IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. conta da sociedade, ações por ela emitidas, salvo quan-
§ 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a quali- do a lei o permite;
dade ou o peso de metal ou substituir, no mesmo caso, V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito
pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor valor; social, aceita em penhor ou em caução ações da própria
vender pedra falsa por verdadeira; vender, como precio- sociedade;
so, metal de ou outra qualidade:
VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. desacordo com este, ou mediante balanço falso, distri-
bui lucros ou dividendos fictícios;

155
VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
pessoa, ou conluiado com acionista, consegue a apro- § 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do
vação de conta ou parecer; parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregu-
VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII; lar ou clandestino, inclusive o exercício em residência.
IX - o representante da sociedade anônima estrangei- § 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza
ra, autorizada a funcionar no País, que pratica os atos ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela
mencionados nos ns. I e II, ou dá falsa informação ao condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida
Governo. por meio criminoso:
§ 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou
anos, e multa, o acionista que, a fim de obter vantagem ambas as penas.
para si ou para outrem, negocia o voto nas deliberações § 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido
de assembléia geral. ou isento de pena o autor do crime de que proveio a
coisa.
Emissão irregular de conhecimento de depósito
ou “warrant” § 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário,
pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias,
Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou warrant, deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se
em desacordo com disposição legal: o disposto no § 2º do art. 155.

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 6º Tratando-se de bens do patrimônio da União, de


Estado, do Distrito Federal, de Município ou de au-
Fraude à execução tarquia, fundação pública, empresa pública, socieda-
de de economia mista ou empresa concessionária de
Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, serviços públicos, aplica-se em dobro a pena prevista
destruindo ou danificando bens, ou simulando dívidas: no caput deste artigo.

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. Receptação de animal


Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa.
Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir,
CAPÍTULO VII ocultar, ter em depósito ou vender, com a finalidade de
produção ou de comercialização, semovente domesti-
DA RECEPTAÇÃO cável de produção, ainda que abatido ou dividido em
partes, que deve saber ser produto de crime:
Receptação
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou
ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe CAPÍTULO VIII
ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de DISPOSIÇÕES GERAIS
boa-fé, a adquira, receba ou oculte:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos
crimes previstos neste título, em prejuízo:
Receptação qualificada I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco
§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar,
legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.
ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender,
expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em pro-
veito próprio ou alheio, no exercício de atividade co- Art. 182 - Somente se procede mediante representação,
mercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo:
de crime: I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;

156
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; mediante cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou qualquer
outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
da obra ou produção para recebê-la em um tempo e
lugar previamente determinados por quem formula a
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos
demanda, com intuito de lucro, direto ou indireto, sem
anteriores:
autorização expressa, conforme o caso, do autor, do
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, artista intérprete ou executante, do produtor de fono-
quando haja emprego de grave ameaça ou violência à grama, ou de quem os represente:
pessoa;
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
II - ao estranho que participa do crime.
§ 4º O disposto nos §§ 1º, 2º e 3º não se aplica quando
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade se tratar de exceção ou limitação ao direito de autor ou
igual ou superior a 60 (sessenta) anos. os que lhe são conexos, em conformidade com o pre-
visto na Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, nem
TÍTULO III a cópia de obra intelectual ou fonograma, em um só
DOS CRIMES CONTRA A exemplar, para uso privado do copista, sem intuito de
lucro direto ou indireto.
PROPRIEDADE IMATERIAL
Usurpação de nome ou pseudônimo alheio
CAPÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A Art. 185 - (Revogado pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)
PROPRIEDADE INTELECTUAL
Art. 186. Procede-se mediante: (Redação dada pela Lei
nº 10.695, de 1º.7.2003)
Violação de direito autoral
I – queixa, nos crimes previstos no caput do art. 184;
Art. 184. Violar direitos de autor e os que lhe são co- (Incluído pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)
nexos: II – ação penal pública incondicionada, nos crimes pre-
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou vistos nos §§ 1º e 2º do art. 184; (Incluído pela Lei nº
multa. 10.695, de 1º.7.2003)

§ 1º Se a violação consistir em reprodução total ou III – ação penal pública incondicionada, nos crimes
parcial, com intuito de lucro direto ou indireto, por cometidos em desfavor de entidades de direito públi-
qualquer meio ou processo, de obra intelectual, inter- co, autarquia, empresa pública, sociedade de economia
pretação, execução ou fonograma, sem autorização ex- mista ou fundação instituída pelo Poder Público; (Inclu-
pressa do autor, do artista intérprete ou executante, do ído pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)
produtor, conforme o caso, ou de quem os represente: IV – ação penal pública condicionada à representação,
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. nos crimes previstos no § 3º do art. 184.

§ 2º Na mesma pena do § 1º incorre quem, com o intui-


to de lucro direto ou indireto, distribui, vende, expõe à
CAPÍTULO II
venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta, tem em DOS CRIMES CONTRA O
depósito, original ou cópia de obra intelectual ou fono- PRIVILÉGIO DE INVENÇÃO
grama reproduzido com violação do direito de autor, do
direito de artista intérprete ou executante ou do direito Violação de privilégio de invenção
do produtor de fonograma, ou, ainda, aluga original ou
cópia de obra intelectual ou fonograma, sem a expressa Art 187. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.5.1996)
autorização dos titulares dos direitos ou de quem os
represente. Falsa atribuição de privilégio
§ 3º Se a violação consistir no oferecimento ao público,

157
Art 188. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.5.1996) Art. 197 - Constranger alguém, mediante violência ou
grave ameaça:
Usurpação ou indevida exploração de modelo ou I - a exercer ou não exercer arte, ofício, profissão ou
desenho privilegiado indústria, ou a trabalhar ou não trabalhar durante certo
período ou em determinados dias:
Art. 189. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.5.1996)
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da
Falsa declaração de depósito em modelo ou pena correspondente à violência;
desenho II - a abrir ou fechar o seu estabelecimento de trabalho,
ou a participar de parede ou paralisação de atividade
Art. 190. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.5.1996) econômica:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além
Art. 191. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.5.1996) da pena correspondente à violência.

CAPÍTULO III Atentado contra a liberdade de contrato de


DOS CRIMES CONTRA AS MARCAS trabalho e boicotagem violenta
DE INDÚSTRIA E COMÉRCIO
Art. 198 - Constranger alguém, mediante violência ou
grave ameaça, a celebrar contrato de trabalho, ou a não
Violação do direito de marca
fornecer a outrem ou não adquirir de outrem matéria-
-prima ou produto industrial ou agrícola:
Art. 192. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.5.1996)
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da
Uso indevido de armas, brasões e distintivos pena correspondente à violência.
públicos
Atentado contra a liberdade de associação
Art. 193. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.5.1996)
Art. 199 - Constranger alguém, mediante violência ou
Marca com falsa indicação de procedência grave ameaça, a participar ou deixar de participar de
determinado sindicato ou associação profissional:
Art. 194. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.5.1996) Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da
pena correspondente à violência.
Art. 195. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.5.1996)
Paralisação de trabalho, seguida de violência ou
CAPÍTULO IV perturbação da ordem
DOS CRIMES DE CONCORRÊNCIA
DESLEAL Art. 200 - Participar de suspensão ou abandono cole-
tivo de trabalho, praticando violência contra pessoa ou
contra coisa:
Concorrência desleal
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da
Art. 196. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.5.1996) pena correspondente à violência.
Parágrafo único - Para que se considere coletivo o
TÍTULO IV abandono de trabalho é indispensável o concurso de,
DOS CRIMES CONTRA pelo menos, três empregados.
A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
Paralisação de trabalho de interesse coletivo

Atentado contra a liberdade de trabalho Art. 201 - Participar de suspensão ou abandono co-

158
letivo de trabalho, provocando a interrupção de obra Aliciamento para o fim de emigração
pública ou serviço de interesse coletivo:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. Art. 206 - Recrutar trabalhadores, mediante fraude, com
o fim de levá-los para território estrangeiro.
Invasão de estabelecimento industrial, comercial Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.
ou agrícola. Sabotagem
Aliciamento de trabalhadores de um local para
Art. 202 - Invadir ou ocupar estabelecimento industrial, outro do território nacional
comercial ou agrícola, com o intuito de impedir ou em-
baraçar o curso normal do trabalho, ou com o mesmo Art. 207 - Aliciar trabalhadores, com o fim de levá-los
fim danificar o estabelecimento ou as coisas nele exis- de uma para outra localidade do território nacional:
tentes ou delas dispor:
Pena - detenção de um a três anos, e multa.
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
§ 1º Incorre na mesma pena quem recrutar trabalhado-
res fora da localidade de execução do trabalho, dentro
Frustração de direito assegurado por lei
do território nacional, mediante fraude ou cobrança de
trabalhista
qualquer quantia do trabalhador, ou, ainda, não assegu-
rar condições do seu retorno ao local de origem.
Art. 203 - Frustrar, mediante fraude ou violência, direito
assegurado pela legislação do trabalho: § 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço se a ví-
tima é menor de dezoito anos, idosa, gestante, indígena
Pena - detenção de um ano a dois anos, e multa, além ou portadora de deficiência física ou mental.
da pena correspondente à violência.
§ 1º Na mesma pena incorre quem: TÍTULO V
I - obriga ou coage alguém a usar mercadorias de de- DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO
terminado estabelecimento, para impossibilitar o desli- RELIGIOSO E CONTRA O RESPEITO AOS
gamento do serviço em virtude de dívida; MORTOS
II - impede alguém de se desligar de serviços de qual-
quer natureza, mediante coação ou por meio da reten-
CAPÍTULO I
ção de seus documentos pessoais ou contratuais.
DOS CRIMES CONTRA O
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço se a ví- SENTIMENTO RELIGIOSO
tima é menor de dezoito anos, idosa, gestante, indígena
ou portadora de deficiência física ou mental
Ultraje a culto e impedimento ou perturbação de
Frustração de lei sobre a nacionalização do ato a ele relativo
trabalho
Art. 208 - Escarnecer de alguém publicamente, por mo-
Art. 204 - Frustrar, mediante fraude ou violência, obri- tivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar
gação legal relativa à nacionalização do trabalho: cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar pu-
blicamente ato ou objeto de culto religioso:
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da
pena correspondente à violência. Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Parágrafo único - Se há emprego de violência, a pena
Exercício de atividade com infração de decisão é aumentada de um terço, sem prejuízo da correspon-
administrativa dente à violência.

Art. 205 - Exercer atividade, de que está impedido por CAPÍTULO II


decisão administrativa:
DOS CRIMES CONTRA O RESPEITO AOS
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. MORTOS

159
Impedimento ou perturbação de cerimônia Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos
funerária
Art. 214 - (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 209 - Impedir ou perturbar enterro ou cerimônia
funerária: Violação sexual mediante fraude
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato li-
Parágrafo único - Se há emprego de violência, a pena bidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio
é aumentada de um terço, sem prejuízo da correspon- que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade
dente à violência. da vítima:

Violação de sepultura Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.


Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de
Art. 210 - Violar ou profanar sepultura ou urna fune- obter vantagem econômica, aplica-se também multa.
rária:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Importunação sexual

Destruição, subtração ou ocultação de cadáver Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuên-
cia ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria
lascívia ou a de terceiro:
Art. 211 - Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte
dele: Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato
não constitui crime mais grave.
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Art. 216. (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)
Vilipêndio a cadáver
Assédio sexual
Art. 212 - Vilipendiar cadáver ou suas cinzas:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter
vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se
TÍTULO VI o agente da sua condição de superior hierárquico ou
DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo
ou função.
CAPÍTULO I Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE
Parágrafo único. (VETADO)
SEXUAL
§ 2º A pena é aumentada em até um terço se a vítima é
menor de 18 (dezoito) anos.
Estupro 
CAPÍTULO I-A
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou
DA EXPOSIÇÃO DA INTIMIDADE SEXUAL
grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou
permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:
Registro não autorizado da intimidade sexual
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
§ 1º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza Art. 216-B. Produzir, fotografar, filmar ou registrar, por
grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior qualquer meio, conteúdo com cena de nudez ou ato
de 14 (catorze) anos: sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem
autorização dos participantes:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e
§ 2º Se da conduta resulta morte:

160
multa. Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de
14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem reali-
carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascí-
za montagem em fotografia, vídeo, áudio ou qualquer
via própria ou de outrem:
outro registro com o fim de incluir pessoa em cena de
nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.

CAPÍTULO II Favorecimento da prostituição ou de outra forma


DOS CRIMES SEXUAIS de exploração sexual de criança ou adolescente
ou de vulnerável.
CONTRA VULNERÁVEL
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição
Sedução ou outra forma de exploração sexual alguém menor de
18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiên-
Art. 217 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) cia mental, não tem o necessário discernimento para
a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a
Estupro de vulnerável abandone:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos.
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato
libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: § 1º Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem
econômica, aplica-se também multa.
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
§ 2º Incorre nas mesmas penas:
§ 1º Incorre na mesma pena quem pratica as ações des-
critas no caput com alguém que, por enfermidade ou I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidi-
deficiência mental, não tem o necessário discernimento noso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de
para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste
não pode oferecer resistência. artigo;
§ 2º (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo
local em que se verifiquem as práticas referidas
§ 3º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza no caput deste artigo.
grave:
§ 3º Na hipótese do inciso II do § 2º, constitui efeito
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. obrigatório da condenação a cassação da licença de lo-
§ 4º Se da conduta resulta morte: calização e de funcionamento do estabelecimento.
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
Divulgação de cena de estupro ou de cena de
§ 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º estupro de vulnerável, de cena de sexo ou de
deste artigo aplicam-se independentemente do consen- pornografia
timento da vítima ou do fato de ela ter mantido relações
sexuais anteriormente ao crime. Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir,
vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou divul-
Corrupção de menores gar, por qualquer meio - inclusive por meio de comuni-
cação de massa ou sistema de informática ou telemática
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a -, fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que
satisfazer a lascívia de outrem: contenha cena de estupro ou de estupro de vulnerável
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o
consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou por-
Parágrafo único. (VETADO). nografia:

Satisfação de lascívia mediante presença de Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato
criança ou adolescente não constitui crime mais grave.

161
Aumento de pena Aumento de pena

§ 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois Art. 226. A pena é aumentada:
terços) se o crime é praticado por agente que mantém I – de quarta parte, se o crime é cometido com o con-
ou tenha mantido relação íntima de afeto com a vítima curso de 2 (duas) ou mais pessoas;
ou com o fim de vingança ou humilhação.
II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou
Exclusão de ilicitude madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, cura-
dor, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer
§ 2º Não há crime quando o agente pratica as condutas outro título tiver autoridade sobre ela;
descritas no caput deste artigo em publicação de natu- III - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
reza jornalística, científica, cultural ou acadêmica com
IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime
a adoção de recurso que impossibilite a identificação
é praticado:
da vítima, ressalvada sua prévia autorização, caso seja
maior de 18 (dezoito) anos.
Estupro coletivo 
CAPÍTULO III a) mediante concurso de 2 (dois) ou mais agentes;
DO RAPTO
Estupro corretivo
Rapto violento ou mediante fraude
b) para controlar o comportamento social ou sexual da
Art. 219 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) vítima.

Rapto consensual CAPÍTULO V


DO LENOCÍNIO E DO TRÁFICO DE PESSOA
Art. 220 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) PARA FIM DE PROSTITUIÇÃO OU OUTRA
FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL
Diminuição de pena
Art. 221 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
Mediação para servir a lascívia de outrem
Concurso de rapto e outro crime
Art. 227 - Induzir alguém a satisfazer a lascívia de ou-
trem:
Art. 222 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
Pena - reclusão, de um a três anos.
CAPÍTULO IV § 1º Se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de
DISPOSIÇÕES GERAIS 18 (dezoito) anos, ou se o agente é seu ascendente,
descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou
curador ou pessoa a quem esteja confiada para fins de
Art. 223 - (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)
educação, de tratamento ou de guarda:
Art. 224 - (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
Ação penal § 2º - Se o crime é cometido com emprego de violência,
grave ameaça ou fraude:
Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Pena - reclusão, de dois a oito anos, além da pena cor-
Título, procede-se mediante ação penal pública incon- respondente à violência.
dicionada.
§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, apli-
Parágrafo único. (Revogado). ca-se também multa.

162
Favorecimento da prostituição ou outra forma de ízo da pena correspondente à violência.
exploração sexual
Tráfico internacional de pessoa para fim de
Art. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra exploração sexual
forma de exploração sexual, facilitá-la, impedir ou difi-
cultar que alguém a abandone: Art. 231. (Revogado pela Lei nº 13.344, de 2016)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Art. 231-A. (Revogado pela Lei nº 13.344, de 2016)
§ 1º Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, ir- Art. 232 - (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)
mão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador,
preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por Promoção de migração ilegal
lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou
vigilância: Art. 232-A. Promover, por qualquer meio, com o fim
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. de obter vantagem econômica, a entrada ilegal de es-
trangeiro em território nacional ou de brasileiro em país
§ 2º - Se o crime, é cometido com emprego de violên- estrangeiro:
cia, grave ameaça ou fraude:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, além da pena
correspondente à violência. § 1º Na mesma pena incorre quem promover, por qual-
quer meio, com o fim de obter vantagem econômica, a
§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, apli- saída de estrangeiro do território nacional para ingres-
ca-se também multa. sar ilegalmente em país estrangeiro.

Casa de prostituição § 2º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um


terço) se:
Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro, esta- I - o crime é cometido com violência; ou
belecimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou
II - a vítima é submetida a condição desumana ou de-
não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário
gradante.
ou gerente:
§ 3º A pena prevista para o crime será aplicada sem
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
prejuízo das correspondentes às infrações conexas.
Rufianismo
CAPÍTULO VI
Art. 230 - Tirar proveito da prostituição alheia, partici- DO ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR
pando diretamente de seus lucros ou fazendo-se sus-
tentar, no todo ou em parte, por quem a exerça: Ato obsceno
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou
§ 1º Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 aberto ou exposto ao público:
(catorze) anos ou se o crime é cometido por ascenden-
te, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, com- Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
panheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da
vítima, ou por quem assumiu, por lei ou outra forma, Escrito ou objeto obsceno
obrigação de cuidado, proteção ou vigilância:
Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
sua guarda, para fim de comércio, de distribuição ou de
§ 2º Se o crime é cometido mediante violência, grave exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa
ameaça, fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a ou qualquer objeto obsceno:
livre manifestação da vontade da vítima:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem preju-

163
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem: com pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é
punido com reclusão ou detenção, de um a três anos.
I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público
qualquer dos objetos referidos neste artigo; § 2º - Anulado por qualquer motivo o primeiro casa-
mento, ou o outro por motivo que não a bigamia, con-
II - realiza, em lugar público ou acessível ao público,
sidera-se inexistente o crime.
representação teatral, ou exibição cinematográfica de
caráter obsceno, ou qualquer outro espetáculo, que
tenha o mesmo caráter; Induzimento a erro essencial e ocultação de
impedimento
III - realiza, em lugar público ou acessível ao público,
ou pelo rádio, audição ou recitação de caráter obsceno. Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro es-
sencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedi-
CAPÍTULO VII mento que não seja casamento anterior:
DISPOSIÇÕES GERAIS Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do
Aumento de pena contraente enganado e não pode ser intentada senão
depois de transitar em julgado a sentença que, por mo-
Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título a pena é tivo de erro ou impedimento, anule o casamento.
aumentada:
I – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Conhecimento prévio de impedimento
II – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 237 - Contrair casamento, conhecendo a existência
III - de metade a 2/3 (dois terços), se do crime resulta de impedimento que lhe cause a nulidade absoluta:
gravidez;
Pena - detenção, de três meses a um ano.
IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o agente
transmite à vítima doença sexualmente transmissível de Simulação de autoridade para celebração de
que sabe ou deveria saber ser portador, ou se a vítima é casamento
idosa ou pessoa com deficiência.
Art. 238 - Atribuir-se falsamente autoridade para cele-
Art. 234-B. Os processos em que se apuram crimes bração de casamento:
definidos neste Título correrão em segredo de justiça.
Pena - detenção, de um a três anos, se o fato não cons-
titui crime mais grave.
Art. 234-C. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.015, de
2009)
Simulação de casamento
TÍTULO VII Art. 239 - Simular casamento mediante engano de outra
DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA pessoa:
Pena - detenção, de um a três anos, se o fato não cons-
CAPÍTULO I titui elemento de crime mais grave.
DOS CRIMES CONTRA O CASAMENTO
Adultério
Bigamia
Art. 240 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo casa-
mento: CAPÍTULO II
Pena - reclusão, de dois a seis anos.
DOS CRIMES CONTRA O
ESTADO DE FILIAÇÃO
§ 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai casamento

164
Registro de nascimento inexistente clusive por abandono injustificado de emprego ou fun-
ção, o pagamento de pensão alimentícia judicialmente
Art. 241 - Promover no registro civil a inscrição de nas- acordada, fixada ou majorada.
cimento inexistente:
Entrega de filho menor a pessoa inidônea
Pena - reclusão, de dois a seis anos.
Art. 245 - Entregar filho menor de 18 (dezoito) anos a
Parto suposto. Supressão ou alteração de direito
pessoa em cuja companhia saiba ou deva saber que o
inerente ao estado civil de recém-nascido
menor fica moral ou materialmente em perigo:
Art. 242 - Dar parto alheio como próprio; registrar Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
como seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido ou § 1º - A pena é de 1 (um) a 4 (quatro) anos de reclusão,
substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente se o agente pratica delito para obter lucro, ou se o me-
ao estado civil: nor é enviado para o exterior.
Pena - reclusão, de dois a seis anos. § 2º - Incorre, também, na pena do parágrafo anterior
Parágrafo único - Se o crime é praticado por motivo de quem, embora excluído o perigo moral ou material, au-
reconhecida nobreza: xilia a efetivação de ato destinado ao envio de menor
para o exterior, com o fito de obter lucro.
Pena - detenção, de um a dois anos, podendo o juiz
deixar de aplicar a pena.
Abandono intelectual
Sonegação de estado de filiação
Art. 246 - Deixar, sem justa causa, de prover à instrução
primária de filho em idade escolar:
Art. 243 - Deixar em asilo de expostos ou outra insti-
tuição de assistência filho próprio ou alheio, ocultan- Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
do-lhe a filiação ou atribuindo-lhe outra, com o fim de
prejudicar direito inerente ao estado civil: Art. 247 - Permitir alguém que menor de dezoito anos,
sujeito a seu poder ou confiado à sua guarda ou vigi-
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
lância:
CAPÍTULO III I - freqüente casa de jogo ou mal-afamada, ou conviva
com pessoa viciosa ou de má vida;
DOS CRIMES CONTRA A ASSISTÊNCIA
FAMILIAR II - freqüente espetáculo capaz de pervertê-lo ou de
ofender-lhe o pudor, ou participe de representação de
igual natureza;
Abandono material
III - resida ou trabalhe em casa de prostituição;
Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistên- IV - mendigue ou sirva a mendigo para excitar a comi-
cia do cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos seração pública:
ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou
maior de 60 (sessenta) anos, não lhes proporcionando Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
os recursos necessários ou faltando ao pagamento de
pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou CAPÍTULO IV
majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descen- DOS CRIMES CONTRA O PÁTRIO PODER,
dente ou ascendente, gravemente enfermo: TUTELA CURATELA
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa,
de uma a dez vezes o maior salário mínimo vigente no Induzimento a fuga, entrega arbitrária ou
País. sonegação de incapazes
Parágrafo único - Nas mesmas penas incide quem,
sendo solvente, frustra ou ilide, de qualquer modo, in- Art. 248 - Induzir menor de dezoito anos, ou interdito,

165
a fugir do lugar em que se acha por determinação de obra de assistência social ou de cultura;
quem sobre ele exerce autoridade, em virtude de lei ou c) em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de
de ordem judicial; confiar a outrem sem ordem do pai, transporte coletivo;
do tutor ou do curador algum menor de dezoito anos
ou interdito, ou deixar, sem justa causa, de entregá-lo a d) em estação ferroviária ou aeródromo;
quem legitimamente o reclame: e) em estaleiro, fábrica ou oficina;
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. f) em depósito de explosivo, combustível ou inflamável;

Subtração de incapazes g) em poço petrolífico ou galeria de mineração;


h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta.
Art. 249 - Subtrair menor de dezoito anos ou interdito
ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de Incêndio culposo
lei ou de ordem judicial:
Pena - detenção, de dois meses a dois anos, se o fato § 2º - Se culposo o incêndio, é pena de detenção, de
não constitui elemento de outro crime. seis meses a dois anos.

§ 1º - O fato de ser o agente pai ou tutor do menor ou Explosão


curador do interdito não o exime de pena, se destituí-
do ou temporariamente privado do pátrio poder, tutela, Art. 251 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou
curatela ou guarda. o patrimônio de outrem, mediante explosão, arremesso
§ 2º - No caso de restituição do menor ou do interdi- ou simples colocação de engenho de dinamite ou de
to, se este não sofreu maus-tratos ou privações, o juiz substância de efeitos análogos:
pode deixar de aplicar pena. Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
§ 1º - Se a substância utilizada não é dinamite ou explo-
TÍTULO VIII
sivo de efeitos análogos:
DOS CRIMES CONTRA A
INCOLUMIDADE PÚBLICA Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Aumento de pena
CAPÍTULO I
DOS CRIMES DE PERIGO COMUM § 2º - As penas aumentam-se de um terço, se ocorre
qualquer das hipóteses previstas no § 1º, I, do artigo
Incêndio anterior, ou é visada ou atingida qualquer das coisas
enumeradas no nº II do mesmo parágrafo.
Art. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a
integridade física ou o patrimônio de outrem: Modalidade culposa

Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. § 3º - No caso de culpa, se a explosão é de dinamite ou
substância de efeitos análogos, a pena é de detenção,
Aumento de pena de seis meses a dois anos; nos demais casos, é de de-
tenção, de três meses a um ano.
§ 1º - As penas aumentam-se de um terço:
I - se o crime é cometido com intuito de obter vantagem Uso de gás tóxico ou asfixiante
pecuniária em proveito próprio ou alheio;
Art. 252 - Expor a perigo a vida, a integridade física
II - se o incêndio é: ou o patrimônio de outrem, usando de gás tóxico ou
a) em casa habitada ou destinada a habitação; asfixiante:
b) em edifício público ou destinado a uso público ou a Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

166
Modalidade Culposa de incêndio, inundação, naufrágio, ou outro desastre
ou calamidade, aparelho, material ou qualquer meio
Parágrafo único - Se o crime é culposo: destinado a serviço de combate ao perigo, de socorro
ou salvamento; ou impedir ou dificultar serviço de tal
Pena - detenção, de três meses a um ano.
natureza:
Fabrico, fornecimento, aquisição posse ou Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
transporte de explosivos ou gás tóxico, ou
asfixiante Formas qualificadas de crime de perigo comum

Art. 253 - Fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou trans- Art. 258 - Se do crime doloso de perigo comum resulta
portar, sem licença da autoridade, substância ou en- lesão corporal de natureza grave, a pena privativa de
genho explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou material liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é
destinado à sua fabricação: aplicada em dobro. No caso de culpa, se do fato resulta
lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se resulta
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culpo-
so, aumentada de um terço.
Inundação
Difusão de doença ou praga
Art. 254 - Causar inundação, expondo a perigo a vida, a
integridade física ou o patrimônio de outrem:
Art. 259 - Difundir doença ou praga que possa causar
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa, no caso dano a floresta, plantação ou animais de utilidade eco-
de dolo, ou detenção, de seis meses a dois anos, no nômica:
caso de culpa.
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Perigo de inundação
Modalidade culposa
Art. 255 - Remover, destruir ou inutilizar, em prédio pró-
Parágrafo único - No caso de culpa, a pena é de deten-
prio ou alheio, expondo a perigo a vida, a integridade
ção, de um a seis meses, ou multa.
física ou o patrimônio de outrem, obstáculo natural ou
obra destinada a impedir inundação:
CAPÍTULO II
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
DOS CRIMES CONTRA A SEGURANÇA DOS
Desabamento ou desmoronamento MEIOS DE COMUNICAÇÃO E TRANSPORTE
E OUTROS SERVIÇOS PÚBLICOS
Art. 256 - Causar desabamento ou desmoronamento,
expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patri- Perigo de desastre ferroviário
mônio de outrem:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Art. 260 - Impedir ou perturbar serviço de estrada de
ferro:
Modalidade culposa I - destruindo, danificando ou desarranjando, total ou
parcialmente, linha férrea, material rodante ou de tra-
Parágrafo único - Se o crime é culposo: ção, obra-de-arte ou instalação;
Pena - detenção, de seis meses a um ano. II - colocando obstáculo na linha;
III - transmitindo falso aviso acerca do movimento dos
Subtração, ocultação ou inutilização de material
veículos ou interrompendo ou embaraçando o funcio-
de salvamento
namento de telégrafo, telefone ou radiotelegrafia;
Art. 257 - Subtrair, ocultar ou inutilizar, por ocasião IV - praticando outro ato de que possa resultar desastre:

167
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. § 1º - Se do fato resulta desastre, a pena é de reclusão,
de dois a cinco anos.
Desastre ferroviário § 2º - No caso de culpa, se ocorre desastre:

§ 1º - Se do fato resulta desastre: Pena - detenção, de três meses a um ano.

Pena - reclusão, de quatro a doze anos e multa. Forma qualificada


§ 2º - No caso de culpa, ocorrendo desastre:
Art. 263 - Se de qualquer dos crimes previstos nos arts.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
260 a 262, no caso de desastre ou sinistro, resulta lesão
§ 3º - Para os efeitos deste artigo, entende-se por es- corporal ou morte, aplica-se o disposto no art. 258.
trada de ferro qualquer via de comunicação em que cir-
culem veículos de tração mecânica, em trilhos ou por Arremesso de projétil
meio de cabo aéreo.
Art. 264 - Arremessar projétil contra veículo, em mo-
Atentado contra a segurança de transporte vimento, destinado ao transporte público por terra, por
marítimo, fluvial ou aéreo água ou pelo ar:
Pena - detenção, de um a seis meses.
Art. 261 - Expor a perigo embarcação ou aeronave, pró-
pria ou alheia, ou praticar qualquer ato tendente a im- Parágrafo único - Se do fato resulta lesão corporal, a
pedir ou dificultar navegação marítima, fluvial ou aérea: pena é de detenção, de seis meses a dois anos; se re-
sulta morte, a pena é a do art. 121, § 3º, aumentada de
Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
um terço.
Sinistro em transporte marítimo, fluvial ou aéreo
Atentado contra a segurança de serviço de
utilidade pública
§ 1º - Se do fato resulta naufrágio, submersão ou en-
calhe de embarcação ou a queda ou destruição de ae-
Art. 265 - Atentar contra a segurança ou o funciona-
ronave:
mento de serviço de água, luz, força ou calor, ou qual-
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. quer outro de utilidade pública:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Prática do crime com o fim de lucro
Parágrafo único - Aumentar-se-á a pena de 1/3 (um
§ 2º - Aplica-se, também, a pena de multa, se o agente terço) até a metade, se o dano ocorrer em virtude de
pratica o crime com intuito de obter vantagem econômi- subtração de material essencial ao funcionamento dos
ca, para si ou para outrem. serviços.

Modalidade culposa Interrupção ou perturbação de serviço


telegráfico, telefônico, informático, telemático
§ 3º - No caso de culpa, se ocorre o sinistro: ou de informação de utilidade pública
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Art. 266 - Interromper ou perturbar serviço telegráfico,
radiotelegráfico ou telefônico, impedir ou dificultar-lhe
Atentado contra a segurança de outro meio de o restabelecimento:
transporte
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Art. 262 - Expor a perigo outro meio de transporte pú- § 1º Incorre na mesma pena quem interrompe serviço
blico, impedir-lhe ou dificultar-lhe o funcionamento: telemático ou de informação de utilidade pública, ou
Pena - detenção, de um a dois anos. impede ou dificulta-lhe o restabelecimento.
§ 2º Aplicam-se as penas em dobro se o crime é come-

168
tido por ocasião de calamidade pública. Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

CAPÍTULO III Corrupção ou poluição de água potável


DOS CRIMES CONTRA A SAÚDE PÚBLICA
Art. 271 - Corromper ou poluir água potável, de uso co-
mum ou particular, tornando-a imprópria para consumo
Epidemia ou nociva à saúde:

Art. 267 - Causar epidemia, mediante a propagação de Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
germes patogênicos:
Modalidade culposa
Pena - reclusão, de dez a quinze anos.
§ 1º - Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em Parágrafo único - Se o crime é culposo:
dobro. Pena - detenção, de dois meses a um ano.
§ 2º - No caso de culpa, a pena é de detenção, de um a
dois anos, ou, se resulta morte, de dois a quatro anos. Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração
de substância ou produtos alimentícios 
Infração de medida sanitária preventiva
Art. 272 - Corromper, adulterar, falsificar ou alterar
Art. 268 - Infringir determinação do poder público, des- substância ou produto alimentício destinado a con-
tinada a impedir introdução ou propagação de doença sumo, tornando-o nociva à saúde ou reduzindo-lhe o
contagiosa: valor nutritivo:
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa. Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se o § 1º-A - Incorre nas penas deste artigo quem fabrica,
agente é funcionário da saúde pública ou exerce a pro- vende, expõe à venda, importa, tem em depósito para
fissão de médico, farmacêutico, dentista ou enfermeiro. vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a
consumo a substância alimentícia ou o produto falsi-
Omissão de notificação de doença ficado, corrompido ou adulterado.
§ 1º - Está sujeito às mesmas penas quem pratica as
Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade ações previstas neste artigo em relação a bebidas, com
pública doença cuja notificação é compulsória: ou sem teor alcoólico.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Modalidade culposa
Envenenamento de água potável ou de
substância alimentícia ou medicinal § 2º - Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
Art. 270 - Envenenar água potável, de uso comum ou
particular, ou substância alimentícia ou medicinal des- Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração
tinada a consumo: de produto destinado a fins terapêuticos ou
Pena - reclusão, de dez a quinze anos. medicinais 
§ 1º - Está sujeito à mesma pena quem entrega a con-
Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar pro-
sumo ou tem em depósito, para o fim de ser distribuída,
duto destinado a fins terapêuticos ou medicinais:
a água ou a substância envenenada.
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa.
Modalidade culposa § 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, ven-
de, expõe à venda, tem em depósito para vender ou, de
§ 2º - Se o crime é culposo: qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o pro-

169
duto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado. artigos anteriores
§ 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere
este artigo os medicamentos, as matérias-primas, os Art. 276 - Vender, expor à venda, ter em depósito para
insumos farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e vender ou, de qualquer forma, entregar a consumo pro-
os de uso em diagnóstico. duto nas condições dos arts. 274 e 275.

§ 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem pratica Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
as ações previstas no § 1º em relação a produtos em
qualquer das seguintes condições: Substância destinada à falsificação

I - sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância Art. 277 - Vender, expor à venda, ter em depósito ou
sanitária competente; ceder substância destinada à falsificação de produtos
II - em desacordo com a fórmula constante do registro alimentícios, terapêuticos ou medicinais:
previsto no inciso anterior; Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
III - sem as características de identidade e qualidade
admitidas para a sua comercialização; Outras substâncias nocivas à saúde pública
IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua
atividade; Art. 278 - Fabricar, vender, expor à venda, ter em de-
pósito para vender ou, de qualquer forma, entregar a
V - de procedência ignorada; consumo coisa ou substância nociva à saúde, ainda
VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da au- que não destinada à alimentação ou a fim medicinal:
toridade sanitária competente. Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Modalidade culposa Modalidade culposa

§ 2º - Se o crime é culposo:  Parágrafo único - Se o crime é culposo:


Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. Pena - detenção, de dois meses a um ano.

Emprego de processo proibido ou de substância Substância avariada


não permitida
Art. 279 - (Revogado pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
Art. 274 - Empregar, no fabrico de produto destinado a
consumo, revestimento, gaseificação artificial, matéria Medicamento em desacordo com receita médica
corante, substância aromática, anti-séptica, conserva-
dora ou qualquer outra não expressamente permitida Art. 280 - Fornecer substância medicinal em desacordo
pela legislação sanitária: com receita médica:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. Pena - detenção, de um a três anos, ou multa.

Invólucro ou recipiente com falsa indicação Modalidade culposa

Art. 275 - Inculcar, em invólucro ou recipiente de Parágrafo único - Se o crime é culposo:


produtos alimentícios, terapêuticos ou medicinais, a
existência de substância que não se encontra em seu Pena - detenção, de dois meses a um ano.
conteúdo ou que nele existe em quantidade menor que
a mencionada: COMÉRCIO, POSSE OU USO DE ENTORPECENTE
OU SUBSTÂNCIA QUE DETERMINE DEPENDÊNCIA
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. FÍSICA OU PSÍQUICA.

Produto ou substância nas condições dos dois Art. 281. (Revogado pela Lei nº 6.368, 1976)

170
Exercício ilegal da medicina, arte dentária ou Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa.
farmacêutica
Associação Criminosa
Art. 282 - Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão
de médico, dentista ou farmacêutico, sem autorização Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para
legal ou excedendo-lhe os limites: o fim específico de cometer crimes:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Parágrafo único - Se o crime é praticado com o fim de Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se
lucro, aplica-se também multa. a associação é armada ou se houver a participação de
criança ou adolescente.
Charlatanismo
Constituição de milícia privada
Art. 283 - Inculcar ou anunciar cura por meio secreto
ou infalível: Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. custear organização paramilitar, milícia particular, gru-
po ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer
dos crimes previstos neste Código:
Curandeirismo
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos.
Art. 284 - Exercer o curandeirismo:
I - prescrevendo, ministrando ou aplicando, habitual- TÍTULO X
mente, qualquer substância; DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
II - usando gestos, palavras ou qualquer outro meio;
III - fazendo diagnósticos: CAPÍTULO I
DA MOEDA FALSA
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único - Se o crime é praticado mediante re- Moeda Falsa
muneração, o agente fica também sujeito à multa.
Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moe-
Forma qualificada da metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou
no estrangeiro:
Art. 285 - Aplica-se o disposto no art. 258 aos crimes
previstos neste Capítulo, salvo quanto ao definido no Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.
art. 267. § 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta
própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende,
TÍTULO IX troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação
DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA moeda falsa.
§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verda-
Incitação ao crime deira, moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação,
depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção,
Art. 286 - Incitar, publicamente, a prática de crime: de seis meses a dois anos, e multa.

Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa. § 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e
multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou fis-
Apologia de crime ou criminoso cal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza
a fabricação ou emissão:
Art. 287 - Fazer, publicamente, apologia de fato crimi- I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado
noso ou de autor de crime: em lei;

171
II - de papel-moeda em quantidade superior à autori- Falsificação de papéis públicos
zada.
§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
circular moeda, cuja circulação não estava ainda auto- I – selo destinado a controle tributário, papel selado ou
rizada. qualquer papel de emissão legal destinado à arrecada-
ção de tributo;
Crimes assimilados ao de moeda falsa
II - papel de crédito público que não seja moeda de
curso legal;
Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete representativo
de moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhe- III - vale postal;
tes verdadeiros; suprimir, em nota, cédula ou bilhete IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa
recolhidos, para o fim de restituí-los à circulação, sinal econômica ou de outro estabelecimento mantido por
indicativo de sua inutilização; restituir à circulação cé- entidade de direito público;
dula, nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhi-
dos para o fim de inutilização: V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro docu-
mento relativo a arrecadação de rendas públicas ou a
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. depósito ou caução por que o poder público seja res-
Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado a ponsável;
doze anos e multa, se o crime é cometido por funcio- VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de
nário que trabalha na repartição onde o dinheiro se transporte administrada pela União, por Estado ou por
achava recolhido, ou nela tem fácil ingresso, em razão Município:
do cargo.
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Petrechos para falsificação de moeda § 1º Incorre na mesma pena quem:
I – usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis
Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso falsificados a que se refere este artigo;
ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho,
instrumento ou qualquer objeto especialmente destina- II – importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, em-
do à falsificação de moeda: presta, guarda, fornece ou restitui à circulação selo fal-
sificado destinado a controle tributário;
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda,
Emissão de título ao portador sem permissão mantém em depósito, guarda, troca, cede, empresta,
legal fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em provei-
to próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial
Art. 292 - Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, ou industrial, produto ou mercadoria:
ficha, vale ou título que contenha promessa de paga- a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a
mento em dinheiro ao portador ou a que falte indicação controle tributário, falsificado;
do nome da pessoa a quem deva ser pago:
b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tri-
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. butária determina a obrigatoriedade de sua aplicação.
Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como dinheiro § 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando le-
qualquer dos documentos referidos neste artigo incorre gítimos, com o fim de torná-los novamente utilizáveis,
na pena de detenção, de quinze dias a três meses, ou carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização:
multa.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

CAPÍTULO II § 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois de al-


terado, qualquer dos papéis a que se refere o parágrafo
DA FALSIDADE DE TÍTULOS E anterior.
OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS
§ 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora recibo

172
de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou altera- Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento
dos, a que se referem este artigo e o seu § 2º, depois de público, ou alterar documento público verdadeiro:
conhecer a falsidade ou alteração, incorre na pena de Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o
§ 5º Equipara-se a atividade comercial, para os fins do crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de
inciso III do § 1º, qualquer forma de comércio irregular sexta parte.
ou clandestino, inclusive o exercido em vias, praças ou
outros logradouros públicos e em residências. § 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documen-
to público o emanado de entidade paraestatal, o título
Petrechos de falsificação ao portador ou transmissível por endosso, as ações de
sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento
Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guar- particular.
dar objeto especialmente destinado à falsificação de § 3º Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz
qualquer dos papéis referidos no artigo anterior: inserir:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. I – na folha de pagamento ou em documento de in-
formações que seja destinado a fazer prova perante a
Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e comete previdência social, pessoa que não possua a qualidade
o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de segurado obrigatório;
de sexta parte.
II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do
empregado ou em documento que deva produzir efeito
CAPÍTULO III perante a previdência social, declaração falsa ou diver-
DA FALSIDADE DOCUMENTAL sa da que deveria ter sido escrita;
III – em documento contábil ou em qualquer outro do-
Falsificação do selo ou sinal público cumento relacionado com as obrigações da empresa
perante a previdência social, declaração falsa ou diver-
Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: sa da que deveria ter constado.
I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da § 4º Nas mesmas penas incorre quem omite, nos docu-
União, de Estado ou de Município; mentos mencionados no § 3º, nome do segurado e seus
II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato
público, ou a autoridade, ou sinal público de tabelião: de trabalho ou de prestação de serviços.

Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. Falsificação de documento particular


§ 1º - Incorre nas mesmas penas:
Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento
I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado;
particular ou alterar documento particular verdadeiro:
II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verda-
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
deiro em prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou
alheio.
Falsificação de cartão
III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de mar-
cas, logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equi-
utilizados ou identificadores de órgãos ou entidades da para-se a documento particular o cartão de crédito ou
Administração Pública. débito.
§ 2º - Se o agente é funcionário público, e comete o
crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de Falsidade ideológica
sexta parte.
Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular,
Falsificação de documento público declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou

173
fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser Reprodução ou adulteração de selo ou peça
escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação filatélica
ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica
documento é público, e reclusão de um a três anos, e que tenha valor para coleção, salvo quando a reprodu-
multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis, se ção ou a alteração está visivelmente anotada na face ou
o documento é particular. no verso do selo ou peça:

Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, para
falsificação ou alteração é de assentamento de registro fins de comércio, faz uso do selo ou peça filatélica.
civil, aumenta-se a pena de sexta parte.
Uso de documento falso
Falso reconhecimento de firma ou letra
Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados
Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exercício de ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302:
função pública, firma ou letra que o não seja:
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o do-
cumento é público; e de um a três anos, e multa, se o Supressão de documento
documento é particular.
Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício
Certidão ou atestado ideologicamente falso próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documen-
to público ou particular verdadeiro, de que não podia
Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razão dispor:
de função pública, fato ou circunstância que habilite
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o do-
alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de
cumento é público, e reclusão, de um a cinco anos, e
serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem:
multa, se o documento é particular.
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
CAPÍTULO IV
Falsidade material de atestado ou certidão
DE OUTRAS FALSIDADES
§ 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certi-
dão, ou alterar o teor de certidão ou de atestado verda- Falsificação do sinal empregado no contraste de
deiro, para prova de fato ou circunstância que habilite metal precioso ou na fiscalização alfandegária,
alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de ou para outros fins
serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem:
Art. 306 - Falsificar, fabricando-o ou alterando-o, marca
Pena - detenção, de três meses a dois anos. ou sinal empregado pelo poder público no contraste de
§ 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, apli- metal precioso ou na fiscalização alfandegária, ou usar
ca-se, além da pena privativa de liberdade, a de multa. marca ou sinal dessa natureza, falsificado por outrem:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Falsidade de atestado médico
Parágrafo único - Se a marca ou sinal falsificado é o
Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, que usa a autoridade pública para o fim de fiscalização
atestado falso: sanitária, ou para autenticar ou encerrar determinados
objetos, ou comprovar o cumprimento de formalidade
Pena - detenção, de um mês a um ano. legal:
Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de Pena - reclusão ou detenção, de um a três anos, e multa.
lucro, aplica-se também multa.

174
Falsa identidade CAPÍTULO V
DAS FRAUDES EM CERTAMES
Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa iden- DE INTERESSE PÚBLICO
tidade para obter vantagem, em proveito próprio ou
alheio, ou para causar dano a outrem:
Fraudes em certames de interesse público
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o
fato não constitui elemento de crime mais grave.
Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o
fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a
Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de:
eleitor, caderneta de reservista ou qualquer documento
de identidade alheia ou ceder a outrem, para que dele I - concurso público;
se utilize, documento dessa natureza, próprio ou de II - avaliação ou exame públicos;
terceiro:
III - processo seletivo para ingresso no ensino superior;
Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, ou
se o fato não constitui elemento de crime mais grave.
IV - exame ou processo seletivo previstos em lei:
Fraude de lei sobre estrangeiro Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem permite ou facili-
Art. 309 - Usar o estrangeiro, para entrar ou permanecer ta, por qualquer meio, o acesso de pessoas não autori-
no território nacional, nome que não é o seu: zadas às informações mencionadas no caput.
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. § 2º Se da ação ou omissão resulta dano à administra-
Parágrafo único - Atribuir a estrangeiro falsa qualidade ção pública:
para promover-lhe a entrada em território nacional: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 3º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é
cometido por funcionário público.
Art. 310 - Prestar-se a figurar como proprietário ou pos-
suidor de ação, título ou valor pertencente a estrangeiro,
nos casos em que a este é vedada por lei a propriedade
TÍTULO XI
ou a posse de tais bens: DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.

Adulteração de sinal identificador de veículo CAPÍTULO I


automotor  DOS CRIMES PRATICADOS POR
FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA
Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi ou
A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
qualquer sinal identificador de veículo automotor, de
seu componente ou equipamento:
Peculato
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
§ 1º - Se o agente comete o crime no exercício da fun- Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de di-
ção pública ou em razão dela, a pena é aumentada de nheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou
um terço. particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou
§ 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário público desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
que contribui para o licenciamento ou registro do veícu- Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
lo remarcado ou adulterado, fornecendo indevidamente
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário pú-
material ou informação oficial.
blico, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou

175
bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento,
proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou
lhe proporciona a qualidade de funcionário. inutilizá-lo, total ou parcialmente:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não
Peculato culposo constitui crime mais grave.

§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o Emprego irregular de verbas ou rendas públicas


crime de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano. Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação
diversa da estabelecida em lei:
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do
dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a pu- Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
nibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena
imposta. Concussão

Peculato mediante erro de outrem Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indi-
retamente, ainda que fora da função ou antes de assu-
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utili- mi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
dade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
outrem: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Excesso de exação
Inserção de dados falsos em sistema de
informações  § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição
social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravo-
a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevida- so, que a lei não autoriza:
mente dados corretos nos sistemas informatizados ou Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
bancos de dados da Administração Pública com o fim
de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou
para causar dano:  de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher
aos cofres públicos:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. )
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Modificação ou alteração não autorizada de
sistema de informações Corrupção passiva

Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem,
de informações ou programa de informática sem autori- direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
zação ou solicitação de autoridade competente: antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem inde-
vida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e
multa. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um ter- § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequ-
ço até a metade se da modificação ou alteração resulta ência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda
dano para a Administração Pública ou para o adminis- ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica
trado. infringindo dever funcional.
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional,
documento cedendo a pedido ou influência de outrem:

176
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. pena correspondente à violência.

Facilitação de contrabando ou descaminho Abandono de função

Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos
prática de contrabando ou descaminho (art. 334): permitidos em lei:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público:
Prevaricação
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, § 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa
ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de fronteira:
de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agen- prolongado
te público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o
acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de
permita a comunicação com outros presos ou com o satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-
ambiente externo: -la, sem autorização, depois de saber oficialmente que
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. foi exonerado, removido, substituído ou suspenso:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Condescendência criminosa
Violação de sigilo funcional
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de
responsabilizar subordinado que cometeu infração no Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do
exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-
não levar o fato ao conhecimento da autoridade com- -lhe a revelação:
petente:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa,
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. se o fato não constitui crime mais grave.
§ 1º Nas mesmas penas deste artigo incorre quem:
Advocacia administrativa
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimen-
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse to e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o
privado perante a administração pública, valendo-se da acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de infor-
qualidade de funcionário: mações ou banco de dados da Administração Pública;
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: § 2º Se da ação ou omissão resulta dano à Administra-
ção Pública ou a outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da mul-
ta. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

Violência arbitrária Violação do sigilo de proposta de concorrência

Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concor-
a pretexto de exercê-la: rência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de
devassá-lo:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da

177
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa. Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário
público:
Funcionário público Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.

Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os Desacato


efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem
remuneração, exerce cargo, emprego ou função públi- Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da
ca. função ou em razão dela:
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e
quem trabalha para empresa prestadora de serviço
Tráfico de Influência 
contratada ou conveniada para a execução de atividade
típica da Administração Pública.
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a
os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem pretexto de influir em ato praticado por funcionário pú-
ocupantes de cargos em comissão ou de função de blico no exercício da função:
direção ou assessoramento de órgão da administração
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
direta, sociedade de economia mista, empresa pública
ou fundação instituída pelo poder público. Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se
o agente alega ou insinua que a vantagem é também
CAPÍTULO II destinada ao funcionário.
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTI-
Corrupção ativa
CULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM
GERAL Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a
funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir
Usurpação de função pública ou retardar ato de ofício:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se,
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. em razão da vantagem ou promessa, o funcionário re-
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem: tarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo
dever funcional.
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Descaminho
Resistência
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante
direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou
violência ou ameaça a funcionário competente para
pelo consumo de mercadoria 
executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
§ 1º Incorre na mesma pena quem:
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos
Pena - reclusão, de um a três anos.
permitidos em lei;
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a desca-
das correspondentes à violência.
minho;
Desobediência III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de
qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio,

178
no exercício de atividade comercial ou industrial, Impedimento, perturbação ou fraude de
mercadoria de procedência estrangeira que introduziu concorrência
clandestinamente no País ou importou fraudulentamen-
te ou que sabe ser produto de introdução clandestina Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência
no território nacional ou de importação fraudulenta por pública ou venda em hasta pública, promovida pela
parte de outrem; administração federal, estadual ou municipal, ou por
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou entidade paraestatal; afastar ou procurar afastar concor-
alheio, no exercício de atividade comercial ou indus- rente ou licitante, por meio de violência, grave ameaça,
trial, mercadoria de procedência estrangeira, desacom- fraude ou oferecimento de vantagem:
panhada de documentação legal ou acompanhada de Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa,
documentos que sabe serem falsos. além da pena correspondente à violência.
§ 2º Equipara-se às atividades comerciais, para os efei- Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se
tos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular abstém de concorrer ou licitar, em razão da vantagem
ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o oferecida.
exercido em residências.
§ 3º A pena aplica-se em dobro se o crime de desca- Inutilização de edital ou de sinal
minho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou
fluvial. Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou
conspurcar edital afixado por ordem de funcionário pú-
Contrabando blico; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por
determinação legal ou por ordem de funcionário públi-
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: co, para identificar ou cerrar qualquer objeto:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.

§ 1º Incorre na mesma pena quem: Subtração ou inutilização de livro ou documento


I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contra-
bando; Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente,
livro oficial, processo ou documento confiado à custó-
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria
dia de funcionário, em razão de ofício, ou de particular
que dependa de registro, análise ou autorização de ór-
em serviço público:
gão público competente;
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não
III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira
constitui crime mais grave.
destinada à exportação;
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de Sonegação de contribuição previdenciária 
qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio,
no exercício de atividade comercial ou industrial, mer- Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social pre-
cadoria proibida pela lei brasileira; videnciária e qualquer acessório, mediante as seguintes
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou condutas:
alheio, no exercício de atividade comercial ou indus- I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de
trial, mercadoria proibida pela lei brasileira. documento de informações previsto pela legislação
§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os previdenciária segurados empregado, empresário, tra-
efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregu- balhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este
lar ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusi- equiparado que lhe prestem serviços;
ve o exercido em residências. II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios
§ 3º A pena aplica-se em dobro se o crime de contra- da contabilidade da empresa as quantias descontadas
bando é praticado em transporte aéreo, marítimo ou dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo
fluvial. tomador de serviços;

179
III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros au- Tráfico de influência em transação comercial
feridos, remunerações pagas ou creditadas e demais fa- internacional 
tos geradores de contribuições sociais previdenciárias:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si
ou para outrem, direta ou indiretamente, vantagem ou
§ 1º É extinta a punibilidade se o agente, espontanea- promessa de vantagem a pretexto de influir em ato pra-
mente, declara e confessa as contribuições, importân- ticado por funcionário público estrangeiro no exercício
cias ou valores e presta as informações devidas à previ- de suas funções, relacionado a transação comercial
dência social, na forma definida em lei ou regulamento, internacional:
antes do início da ação fiscal.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 2º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou apli-
car somente a de multa se o agente for primário e de Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o
bons antecedentes, desde que: agente alega ou insinua que a vantagem é também des-
tinada a funcionário estrangeiro.
I – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
II – o valor das contribuições devidas, inclusive aces- Funcionário público estrangeiro 
sórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela
previdência social, administrativamente, como sendo o Art. 337-D. Considera-se funcionário público estran-
mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. geiro, para os efeitos penais, quem, ainda que transito-
riamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego
§ 3º Se o empregador não é pessoa jurídica e sua fo-
ou função pública em entidades estatais ou em repre-
lha de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00
sentações diplomáticas de país estrangeiro.
(um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir
a pena de um terço até a metade ou aplicar apenas a Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público es-
de multa. trangeiro quem exerce cargo, emprego ou função em
empresas controladas, diretamente ou indiretamente,
§ 4º O valor a que se refere o parágrafo anterior será
pelo Poder Público de país estrangeiro ou em organiza-
reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices do
ções públicas internacionais.
reajuste dos benefícios da previdência social.

CAPÍTULO III
CAPÍTULO II-A
DOS CRIMES CONTRA A
DOS CRIMES PRATICADOS POR
ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA ESTRANGEIRA
Reingresso de estrangeiro expulso

Corrupção ativa em transação comercial Art. 338 - Reingressar no território nacional o estran-
internacional geiro que dele foi expulso:

Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou indireta- Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de
mente, vantagem indevida a funcionário público estran- nova expulsão após o cumprimento da pena.
geiro, ou a terceira pessoa, para determiná-lo a praticar,
omitir ou retardar ato de ofício relacionado à transação Denunciação caluniosa
comercial internacional:
Art. 339. Dar causa à instauração de inquérito policial,
Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa.
de procedimento investigatório criminal, de processo
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço), judicial, de processo administrativo disciplinar, de in-
se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário quérito civil ou de ação de improbidade administrativa
público estrangeiro retarda ou omite o ato de ofício, ou contra alguém, imputando-lhe crime, infração ético-
o pratica infringindo dever funcional. -disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe inocente:
(Redação dada pela Lei nº 14.110, de 2020)

180
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Coação no curso do processo
§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se
serve de anonimato ou de nome suposto. Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim
de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autori-
§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é dade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou
de prática de contravenção. é chamada a intervir em processo judicial, policial ou
administrativo, ou em juízo arbitral:
Comunicação falsa de crime ou de contravenção
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da
pena correspondente à violência.
Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunican-
do-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que
sabe não se ter verificado: Exercício arbitrário das próprias razões

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para sa-
tisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei
Auto-acusação falsa o permite:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa,
Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime
além da pena correspondente à violência.
inexistente ou praticado por outrem:
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, so-
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
mente se procede mediante queixa.
Falso testemunho ou falsa perícia
Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa
própria, que se acha em poder de terceiro por determi-
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a
nação judicial ou convenção:
verdade como testemunha, perito, contador, tradutor
ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
inquérito policial, ou em juízo arbitral:
Fraude processual
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1º As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de
o crime é praticado mediante suborno ou se cometido processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de
com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz
processo penal, ou em processo civil em que for parte ou o perito:
entidade da administração pública direta ou indireta.
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
§ 2º O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no
processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir
declara a verdade. efeito em processo penal, ainda que não iniciado, as
penas aplicam-se em dobro.
Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer
outra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor Favorecimento pessoal
ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar
a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade
ou interpretação: pública autor de crime a que é cominada pena de re-
clusão:
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto
a um terço, se o crime é cometido com o fim de obter § 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão:
prova destinada a produzir efeito em processo penal ou Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa.
em processo civil em que for parte entidade da adminis-
§ 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descen-
tração pública direta ou indireta.

181
dente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de Arrebatamento de preso
pena.
Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do po-
Favorecimento real der de quem o tenha sob custódia ou guarda:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena
Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-au- correspondente à violência.
toria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro
o proveito do crime:
Motim de presos
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a ordem
Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou ou disciplina da prisão:
facilitar a entrada de aparelho telefônico de comunica-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da
ção móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal,
pena correspondente à violência.
em estabelecimento prisional.
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. Patrocínio infiel

Exercício arbitrário ou abuso de poder Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou procura-
dor, o dever profissional, prejudicando interesse, cujo
Art. 350 - (Revogado pela Lei nº 13.869, de 2019) patrocínio, em juízo, lhe é confiado:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de
segurança
Patrocínio simultâneo ou tergiversação
Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa le-
Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o advoga-
galmente presa ou submetida a medida de segurança
do ou procurador judicial que defende na mesma causa,
detentiva:
simultânea ou sucessivamente, partes contrárias.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
§ 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais Sonegação de papel ou objeto de valor
de uma pessoa, ou mediante arrombamento, a pena é probatório
de reclusão, de dois a seis anos.
Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de
§ 2º - Se há emprego de violência contra pessoa, apli- restituir autos, documento ou objeto de valor probató-
ca-se também a pena correspondente à violência. rio, que recebeu na qualidade de advogado ou procu-
§ 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se rador:
o crime é praticado por pessoa sob cuja custódia ou Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
guarda está o preso ou o internado.
§ 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da Exploração de prestígio
custódia ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de
três meses a um ano, ou multa. Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer ou-
tra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão
Evasão mediante violência contra a pessoa do Ministério Público, funcionário de justiça, perito,
tradutor, intérprete ou testemunha:
Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
indivíduo submetido a medida de segurança detentiva,
usando de violência contra a pessoa: Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço,
se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena também se destina a qualquer das pessoas referidas
correspondente à violência. neste artigo.

182
Violência ou fraude em arrematação judicial Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obri-
gação, nos dois últimos quadrimestres do último ano
Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arrematação do mandato ou legislatura, cuja despesa não possa ser
judicial; afastar ou procurar afastar concorrente ou li- paga no mesmo exercício financeiro ou, caso reste par-
citante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou cela a ser paga no exercício seguinte, que não tenha
oferecimento de vantagem: contrapartida suficiente de disponibilidade de caixa:
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa, Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
além da pena correspondente à violência.
Ordenação de despesa não autorizada 
Desobediência a decisão judicial sobre perda ou
suspensão de direito Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autoridade
ou múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão Prestação de garantia graciosa 
judicial:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. Art. 359-E. Prestar garantia em operação de crédito sem
que tenha sido constituída contragarantia em valor igual
CAPÍTULO IV ou superior ao valor da garantia prestada, na forma da
DOS CRIMES CONTRA AS lei:
FINANÇAS PÚBLICAS Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

Não cancelamento de restos a pagar 


Contratação de operação de crédito
Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de pro-
Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de
mover o cancelamento do montante de restos a pagar
crédito, interno ou externo, sem prévia autorização le-
inscrito em valor superior ao permitido em lei:
gislativa:
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena, Aumento de despesa total com pessoal no último
autoriza ou realiza operação de crédito, interno ou ex- ano do mandato ou legislatura
terno:
I – com inobservância de limite, condição ou montante Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que acar-
estabelecido em lei ou em resolução do Senado Fede- rete aumento de despesa total com pessoal, nos cento
ral; e oitenta dias anteriores ao final do mandato ou da le-
gislatura: 
II – quando o montante da dívida consolidada ultrapas-
sa o limite máximo autorizado por lei. Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

Inscrição de despesas não empenhadas em Oferta pública ou colocação de títulos no


restos a pagar  mercado 

Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a oferta pú-
a pagar, de despesa que não tenha sido previamente blica ou a colocação no mercado financeiro de títulos
empenhada ou que exceda limite estabelecido em lei: da dívida pública sem que tenham sido criados por lei
ou sem que estejam registrados em sistema centraliza-
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. do de liquidação e de custódia:
Assunção de obrigação no último ano do Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
mandato ou legislatura 

183
DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 360 - Ressalvada a legislação especial sobre os


crimes contra a existência, a segurança e a integridade
do Estado e contra a guarda e o emprego da economia
popular, os crimes de imprensa e os de falência, os de
responsabilidade do Presidente da República e dos
Governadores ou Interventores, e os crimes militares,
revogam-se as disposições em contrário.

Art. 361 - Este Código entrará em vigor no dia 1º de


janeiro de 1942.

Rio de Janeiro, 7 de dezembro de 1940; 119º da Inde-


pendência e 52º da República.

GETÚLIO VARGAS
Francisco Campos
Este texto não substitui o publicado no DOU de
31.12.1940

184
DIREITO PROCESSUAL PENAL

tensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento


CÓDIGO DE PROCESSO PENAL dos princípios gerais de direito.

DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE Juiz das Garantias


1941.
Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória,
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição vedadas a iniciativa do juiz na fase de investigação e a
que Ihe confere o art. 180 da Constituição, decreta a substituição da atuação probatória do órgão de acusa-
seguinte Lei: ção. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

LIVRO I Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo con-


DO PROCESSO EM GERAL trole da legalidade da investigação criminal e pela sal-
vaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha
sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário,
TÍTULO I competindo-lhe especialmente: (Incluído pela Lei nº
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES 13.964, de 2019)
I - receber a comunicação imediata da prisão, nos ter-
Art. 1º O processo penal reger-se-á, em todo o território mos do inciso LXII do caput do art. 5º da Constituição
brasileiro, por este Código, ressalvados: Federal; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - os tratados, as convenções e regras de direito in- II - receber o auto da prisão em flagrante para o controle
ternacional; da legalidade da prisão, observado o disposto no art.
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da 310 deste Código; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
República, dos ministros de Estado, nos crimes cone- 2019)
xos com os do Presidente da República, e dos ministros III - zelar pela observância dos direitos do preso,
do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de respon- podendo determinar que este seja conduzido à sua
sabilidade. presença, a qualquer tempo; (Incluído pela Lei nº
III - os processos da competência da Justiça Militar; 13.964, de 2019)

IV - os processos da competência do tribunal especial; IV - ser informado sobre a instauração de qualquer in-
vestigação criminal; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
V - os processos por crimes de imprensa. 2019)
(Vide ADPF nº 130) V - decidir sobre o requerimento de prisão provisória
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código ou outra medida cautelar, observado o disposto no § 1º
aos processos referidos nos nos. IV e V, quando as leis deste artigo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
especiais que os regulam não dispuserem de modo VI - prorrogar a prisão provisória ou outra medida cau-
diverso. telar, bem como substituí-las ou revogá-las, assegura-
do, no primeiro caso, o exercício do contraditório em
Art. 2º A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, audiência pública e oral, na forma do disposto neste
sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vi- Código ou em legislação especial pertinente; (Incluído
gência da lei anterior. pela Lei nº 13.964, de 2019)
VII - decidir sobre o requerimento de produção anteci-
Art. 3º A lei processual penal admitirá interpretação ex-
pada de provas consideradas urgentes e não repetíveis,

185
assegurados o contraditório e a ampla defesa em au- XVI - deferir pedido de admissão de assistente técnico
diência pública e oral; (Incluído pela Lei nº 13.964, para acompanhar a produção da perícia; (Incluído pela
de 2019) Lei nº 13.964, de 2019)
VIII - prorrogar o prazo de duração do inquérito, estan- XVII - decidir sobre a homologação de acordo de não
do o investigado preso, em vista das razões apresen- persecução penal ou os de colaboração premiada,
tadas pela autoridade policial e observado o disposto quando formalizados durante a investigação; (Incluído
no § 2º deste artigo; (Incluído pela Lei nº 13.964, pela Lei nº 13.964, de 2019)
de 2019) XVIII - outras matérias inerentes às atribuições de-
IX - determinar o trancamento do inquérito policial finidas no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº
quando não houver fundamento razoável para sua ins- 13.964, de 2019)
tauração ou prosseguimento; (Incluído pela Lei nº § 1º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de
13.964, de 2019) 2019)
X - requisitar documentos, laudos e informações ao de- § 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias
legado de polícia sobre o andamento da investigação; poderá, mediante representação da autoridade policial e
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única vez,
XI - decidir sobre os requerimentos de: (Incluído pela a duração do inquérito por até 15 (quinze) dias, após o
Lei nº 13.964, de 2019) que, se ainda assim a investigação não for concluída, a
prisão será imediatamente relaxada. (Incluído pela Lei
a) interceptação telefônica, do fluxo de comunicações
nº 13.964, de 2019)
em sistemas de informática e telemática ou de ou-
tras formas de comunicação; (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019) Art. 3º-C. A competência do juiz das garantias abrange
todas as infrações penais, exceto as de menor potencial
b) afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados e ofensivo, e cessa com o recebimento da denúncia ou
telefônico; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) queixa na forma do art. 399 deste Código. (Incluído
c) busca e apreensão domiciliar; (Incluído pela Lei nº pela Lei nº 13.964, de 2019)
13.964, de 2019) § 1º Recebida a denúncia ou queixa, as questões pen-
d) acesso a informações sigilosas; (Incluído pela Lei dentes serão decididas pelo juiz da instrução e julga-
nº 13.964, de 2019) mento. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
e) outros meios de obtenção da prova que restrinjam § 2º As decisões proferidas pelo juiz das garantias não
direitos fundamentais do investigado; (Incluído pela vinculam o juiz da instrução e julgamento, que, após o
Lei nº 13.964, de 2019) recebimento da denúncia ou queixa, deverá reexaminar
a necessidade das medidas cautelares em curso, no
XII - julgar o habeas corpus impetrado antes do ofe- prazo máximo de 10 (dez) dias. (Incluído pela Lei nº
recimento da denúncia; (Incluído pela Lei nº 13.964, 13.964, de 2019)
de 2019)
§ 3º Os autos que compõem as matérias de competên-
XIII - determinar a instauração de incidente de insani- cia do juiz das garantias ficarão acautelados na secreta-
dade mental; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) ria desse juízo, à disposição do Ministério Público e da
XIV - decidir sobre o recebimento da denúncia ou quei- defesa, e não serão apensados aos autos do processo
xa, nos termos do art. 399 deste Código; (Incluído enviados ao juiz da instrução e julgamento, ressalva-
pela Lei nº 13.964, de 2019) dos os documentos relativos às provas irrepetíveis,
medidas de obtenção de provas ou de antecipação de
XV - assegurar prontamente, quando se fizer neces-
provas, que deverão ser remetidos para apensamento
sário, o direito outorgado ao investigado e ao seu de-
em apartado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
fensor de acesso a todos os elementos informativos e
provas produzidos no âmbito da investigação criminal, § 4º Fica assegurado às partes o amplo acesso aos
salvo no que concerne, estritamente, às diligências em autos acautelados na secretaria do juízo das garantias.
andamento; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

186
Art. 3º-D. O juiz que, na fase de investigação, praticar Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou
qualquer ato incluído nas competências dos arts. 4º e 5º de quem tiver qualidade para representá-lo.
deste Código ficará impedido de funcionar no proces- § 1º O requerimento a que se refere o no II conterá sem-
so. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) pre que possível:
Parágrafo único. Nas comarcas em que funcionar ape- a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
nas um juiz, os tribunais criarão um sistema de rodízio
de magistrados, a fim de atender às disposições deste b) a individualização do indiciado ou seus sinais carac-
Capítulo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) terísticos e as razões de convicção ou de presunção de
ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossi-
Art. 3º-E. O juiz das garantias será designado conforme bilidade de o fazer;
as normas de organização judiciária da União, dos Es- c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua
tados e do Distrito Federal, observando critérios objeti- profissão e residência.
vos a serem periodicamente divulgados pelo respectivo
tribunal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 2º Do despacho que indeferir o requerimento de aber-
tura de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia.
Art. 3º-F. O juiz das garantias deverá assegurar o cum- § 3º Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento
primento das regras para o tratamento dos presos, im- da existência de infração penal em que caiba ação pú-
pedindo o acordo ou ajuste de qualquer autoridade com blica poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à
órgãos da imprensa para explorar a imagem da pessoa autoridade policial, e esta, verificada a procedência das
submetida à prisão, sob pena de responsabilidade civil, informações, mandará instaurar inquérito.
administrativa e penal. (Incluído pela Lei nº 13.964, § 4º O inquérito, nos crimes em que a ação pública
de 2019) depender de representação, não poderá sem ela ser
Parágrafo único. Por meio de regulamento, as autorida- iniciado.
des deverão disciplinar, em 180 (cento e oitenta) dias, § 5º Nos crimes de ação privada, a autoridade policial
o modo pelo qual as informações sobre a realização da somente poderá proceder a inquérito a requerimento de
prisão e a identidade do preso serão, de modo padro- quem tenha qualidade para intentá-la.
nizado e respeitada a programação normativa aludida
no caput deste artigo, transmitidas à imprensa, asse-
Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infra-
gurados a efetividade da persecução penal, o direito à
ção penal, a autoridade policial deverá:
informação e a dignidade da pessoa submetida à pri-
são. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se
alterem o estado e conservação das coisas, até a chega-
TÍTULO II da dos peritos criminais;
DO INQUÉRITO POLICIAL II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato,
após liberados pelos peritos criminais;
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autorida- III - colher todas as provas que servirem para o esclare-
des policiais no território de suas respectivas circuns- cimento do fato e suas circunstâncias;
crições e terá por fim a apuração das infrações penais IV - ouvir o ofendido;
e da sua autoria.
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for apli-
Parágrafo único. A competência definida neste artigo cável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Li-
não excluirá a de autoridades administrativas, a quem vro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas
por lei seja cometida a mesma função. testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura;

Art. 5º Nos crimes de ação pública o inquérito policial VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e
será iniciado: a acareações;

I - de ofício; VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de


corpo de delito e a quaisquer outras perícias;
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do

187
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia
datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra.
folha de antecedentes;
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial:
ponto de vista individual, familiar e social, sua con-  I - fornecer às autoridades judiciárias as informações
dição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes necessárias à instrução e julgamento dos processos;
e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros
II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo
elementos que contribuírem para a apreciação do seu
Ministério Público;
temperamento e caráter.
III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas
X - colher informações sobre a existência de filhos,
autoridades judiciárias;
respectivas idades e se possuem alguma deficiência e
o nome e o contato de eventual responsável pelos cui- IV - representar acerca da prisão preventiva.
dados dos filhos, indicado pela pessoa presa.
Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts.
Art. 7º Para verificar a possibilidade de haver a infração 148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e no art. 159
sido praticada de determinado modo, a autoridade poli- do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940
cial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, (Código Penal), e no art. 239 da Lei no 8.069, de 13
desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescen-
pública. te), o membro do Ministério Público ou o delegado de
polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder
Art. 8º Havendo prisão em flagrante, será observado o público ou de empresas da iniciativa privada, dados e
disposto no Capítulo II do Título IX deste Livro. informações cadastrais da vítima ou de suspeitos.
Parágrafo único. A requisição, que será atendida no
Art. 9º Todas as peças do inquérito policial serão, num prazo de 24 (vinte e quatro) horas, conterá:
só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e,
neste caso, rubricadas pela autoridade. I - o nome da autoridade requisitante;
II - o número do inquérito policial; e
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, III - a identificação da unidade de polícia judiciária res-
se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver ponsável pela investigação.
preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipóte-
se, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão,
Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão dos
ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante
crimes relacionados ao tráfico de pessoas, o membro
fiança ou sem ela.
do Ministério Público ou o delegado de polícia poderão
§ 1º A autoridade fará minucioso relatório do que tiver requisitar, mediante autorização judicial, às empresas
sido apurado e enviará autos ao juiz competente. prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou te-
§ 2º No relatório poderá a autoridade indicar testemu- lemática que disponibilizem imediatamente os meios
nhas que não tiverem sido inquiridas, mencionando o técnicos adequados – como sinais, informações e
lugar onde possam ser encontradas. outros – que permitam a localização da vítima ou dos
suspeitos do delito em curso.
§ 3º Quando o fato for de difícil elucidação, e o indicia-
do estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz § 1º Para os efeitos deste artigo, sinal significa posicio-
a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que namento da estação de cobertura, setorização e intensi-
serão realizadas no prazo marcado pelo juiz. dade de radiofrequência.
§ 2º Na hipótese de que trata o caput, o sinal:
Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os obje- I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação
tos que interessarem à prova, acompanharão os autos de qualquer natureza, que dependerá de autorização ju-
do inquérito. dicial, conforme disposto em lei;
II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia

188
móvel celular por período não superior a 30 (trinta) 2019)
dias, renovável por uma única vez, por igual período;
§ 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de
III - para períodos superiores àquele de que trata o inci- 2019)
so II, será necessária a apresentação de ordem judicial.
§ 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de
§ 3º Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito poli- 2019)
cial deverá ser instaurado no prazo máximo de 72 (se-
§ 6º As disposições constantes deste artigo se aplicam
tenta e duas) horas, contado do registro da respectiva
aos servidores militares vinculados às instituições dis-
ocorrência policial.
postas no art. 142 da Constituição Federal, desde que
§ 4º Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 os fatos investigados digam respeito a missões para
(doze) horas, a autoridade competente requisitará às a Garantia da Lei e da Ordem. (Incluído pela Lei nº
empresas prestadoras de serviço de telecomunicações 13.964, de 2019)
e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os
meios técnicos adequados – como sinais, informações Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado
e outros – que permitam a localização da vítima ou dos curador pela autoridade policial.
suspeitos do delito em curso, com imediata comuni-
cação ao juiz. Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a de-
volução do inquérito à autoridade policial, senão para
Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o in- novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da
diciado poderão requerer qualquer diligência, que será denúncia.
realizada, ou não, a juízo da autoridade.
Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arqui-
Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados var autos de inquérito.
às instituições dispostas no art. 144 da Constituição
Federal figurarem como investigados em inquéritos Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inqué-
policiais, inquéritos policiais militares e demais proce- rito pela autoridade judiciária, por falta de base para a
dimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas
de fatos relacionados ao uso da força letal praticados no pesquisas, se de outras provas tiver notícia.
exercício profissional, de forma consumada ou tentada,
incluindo as situações dispostas no art. 23 do Decreto- Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os
-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Pe- autos do inquérito serão remetidos ao juízo competen-
nal), o indiciado poderá constituir defensor. (Incluído te, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu
pela Lei nº 13.964, de 2019) representante legal, ou serão entregues ao requerente,
§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o se o pedir, mediante traslado.
investigado deverá ser citado da instauração do pro-
cedimento investigatório, podendo constituir defensor Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo
no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a contar do necessário à elucidação do fato ou exigido pelo inte-
recebimento da citação. (Incluído pela Lei nº 13.964, resse da sociedade.
de 2019) Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com lhe forem solicitados, a autoridade policial não poderá
ausência de nomeação de defensor pelo investigado, a mencionar quaisquer anotações referentes a instaura-
autoridade responsável pela investigação deverá inti- ção de inquérito contra os requerentes.
mar a instituição a que estava vinculado o investigado à
época da ocorrência dos fatos, para que essa, no prazo Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá
de 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para a sempre de despacho nos autos e somente será permiti-
representação do investigado. (Incluído pela Lei nº da quando o interesse da sociedade ou a conveniência
13.964, de 2019) da investigação o exigir.
§ 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não exce-

189
derá de três dias, será decretada por despacho funda- mações sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o
mentado do Juiz, a requerimento da autoridade policial, lugar e os elementos de convicção.
ou do órgão do Ministério Público, respeitado, em
qualquer hipótese, o disposto no artigo 89, inciso III, Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial
do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei n. ou de quaisquer elementos informativos da mesma
4.215, de 27 de abril de 1963) natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à
vítima, ao investigado e à autoridade policial e encami-
Art. 22. No Distrito Federal e nas comarcas em que nhará os autos para a instância de revisão ministerial
houver mais de uma circunscrição policial, a autorida- para fins de homologação, na forma da lei. (Redação
de com exercício em uma delas poderá, nos inquéritos dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
a que esteja procedendo, ordenar diligências em cir- § 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não con-
cunscrição de outra, independentemente de precatórias cordar com o arquivamento do inquérito policial, po-
ou requisições, e bem assim providenciará, até que derá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da
compareça a autoridade competente, sobre qualquer comunicação, submeter a matéria à revisão da instância
fato que ocorra em sua presença, noutra circunscrição. competente do órgão ministerial, conforme dispuser a
respectiva lei orgânica. (Incluído pela Lei nº 13.964,
Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao de 2019)
juiz competente, a autoridade policial oficiará ao Insti-
tuto de Identificação e Estatística, ou repartição congê- § 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados
nere, mencionando o juízo a que tiverem sido distribu- em detrimento da União, Estados e Municípios, a re-
ídos, e os dados relativos à infração penal e à pessoa visão do arquivamento do inquérito policial poderá ser
do indiciado. provocada pela chefia do órgão a quem couber a sua
representação judicial. (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)
TÍTULO III
DA AÇÃO PENAL Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o
investigado confessado formal e circunstancialmente a
Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovi- prática de infração penal sem violência ou grave ame-
da por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, aça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o
quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Jus- Ministério Público poderá propor acordo de não per-
tiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver secução penal, desde que necessário e suficiente para
qualidade para representá-lo. reprovação e prevenção do crime, mediante as seguin-
§ 1º No caso de morte do ofendido ou quando declarado tes condições ajustadas cumulativa e alternativamente:
ausente por decisão judicial, o direito de representação (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto
§ 2º Seja qual for o crime, quando praticado em detri- na impossibilidade de fazê-lo; (Incluído pela Lei nº
mento do patrimônio ou interesse da União, Estado e 13.964, de 2019)
Município, a ação penal será pública. II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indica-
dos pelo Ministério Público como instrumentos, produ-
Art. 25. A representação será irretratável, depois de ofe- to ou proveito do crime; (Incluído pela Lei nº 13.964,
recida a denúncia. de 2019)
III - prestar serviço à comunidade ou a entidades pú-
Art. 26. A ação penal, nas contravenções, será inicia- blicas por período correspondente à pena mínima co-
da com o auto de prisão em flagrante ou por meio de minada ao delito diminuída de um a dois terços, em
portaria expedida pela autoridade judiciária ou policial. local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma
do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
Art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá provocar a 1940 (Código Penal); (Incluído pela Lei nº 13.964,
iniciativa do Ministério Público, nos casos em que cai- de 2019)
ba a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, infor-

190
IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos abusivas as condições dispostas no acordo de não per-
termos do art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de secução penal, devolverá os autos ao Ministério Públi-
dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade públi- co para que seja reformulada a proposta de acordo, com
ca ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da concordância do investigado e seu defensor. (Incluído
execução, que tenha, preferencialmente, como função pela Lei nº 13.964, de 2019)
proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos apa- § 6º Homologado judicialmente o acordo de não per-
rentemente lesados pelo delito; ou (Incluído pela Lei secução penal, o juiz devolverá os autos ao Ministério
nº 13.964, de 2019) Público para que inicie sua execução perante o juízo
V - cumprir, por prazo determinado, outra condição in- de execução penal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
dicada pelo Ministério Público, desde que proporcional 2019)
e compatível com a infração penal imputada. (Incluído § 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta que
pela Lei nº 13.964, de 2019) não atender aos requisitos legais ou quando não for re-
§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a alizada a adequação a que se refere o § 5º deste artigo.
que se refere o caput deste artigo, serão consideradas (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso § 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos
concreto. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) ao Ministério Público para a análise da necessidade de
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas complementação das investigações ou o oferecimento
seguintes hipóteses: (Incluído pela Lei nº 13.964, de da denúncia. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
2019) § 9º A vítima será intimada da homologação do acordo
I - se for cabível transação penal de competência dos de não persecução penal e de seu descumprimento.
Juizados Especiais Criminais, nos termos da lei; (In- (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
cluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 10. Descumpridas quaisquer das condições estipu-
II - se o investigado for reincidente ou se houver ele- ladas no acordo de não persecução penal, o Ministério
mentos probatórios que indiquem conduta criminal Público deverá comunicar ao juízo, para fins de sua res-
habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignifi- cisão e posterior oferecimento de denúncia. (Incluído
cantes as infrações penais pretéritas; (Incluído pela pela Lei nº 13.964, de 2019)
Lei nº 13.964, de 2019) § 11. O descumprimento do acordo de não persecução
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos penal pelo investigado também poderá ser utilizado
anteriores ao cometimento da infração, em acordo de pelo Ministério Público como justificativa para o even-
não persecução penal, transação penal ou suspensão tual não oferecimento de suspensão condicional do
condicional do processo; e (Incluído pela Lei nº processo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
13.964, de 2019) § 12. A celebração e o cumprimento do acordo de não
IV - nos crimes praticados no âmbito de violência persecução penal não constarão de certidão de antece-
doméstica ou familiar, ou praticados contra a mulher dentes criminais, exceto para os fins previstos no inciso
por razões da condição de sexo feminino, em favor do III do § 2º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.964,
agressor. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) de 2019)
§ 3º O acordo de não persecução penal será formalizado § 13. Cumprido integralmente o acordo de não perse-
por escrito e será firmado pelo membro do Ministério cução penal, o juízo competente decretará a extinção de
Público, pelo investigado e por seu defensor. (Incluído punibilidade. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
pela Lei nº 13.964, de 2019) § 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Públi-
§ 4º Para a homologação do acordo de não persecução co, em propor o acordo de não persecução penal, o in-
penal, será realizada audiência na qual o juiz deverá vestigado poderá requerer a remessa dos autos a órgão
verificar a sua voluntariedade, por meio da oitiva do superior, na forma do art. 28 deste Código. (Incluído
investigado na presença do seu defensor, e sua legali- pela Lei nº 13.964, de 2019)
dade. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação

191
pública, se esta não for intentada no prazo legal, ca- devendo ser representadas por quem os respectivos
bendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la contratos ou estatutos designarem ou, no silêncio des-
e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os tes, pelos seus diretores ou sócios-gerentes.
termos do processo, fornecer elementos de prova, in-
terpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou
do querelante, retomar a ação como parte principal. seu representante legal, decairá no direito de queixa ou
de representação, se não o exercer dentro do prazo de
Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é
representá-lo caberá intentar a ação privada. o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que
se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia.
Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando decla- Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito
rado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer de queixa ou representação, dentro do mesmo prazo,
queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, as- nos casos dos arts. 24, parágrafo único, e 31.
cendente, descendente ou irmão.
Art. 39. O direito de representação poderá ser exerci-
Art. 32. Nos crimes de ação privada, o juiz, a requeri- do, pessoalmente ou por procurador com poderes es-
mento da parte que comprovar a sua pobreza, nomeará peciais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao
advogado para promover a ação penal. juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade
§ 1º Considerar-se-á pobre a pessoa que não puder policial.
prover às despesas do processo, sem privar-se dos § 1º A representação feita oralmente ou por escrito,
recursos indispensáveis ao próprio sustento ou da fa- sem assinatura devidamente autenticada do ofendido,
mília. de seu representante legal ou procurador, será reduzida
§ 2º Será prova suficiente de pobreza o atestado da a termo, perante o juiz ou autoridade policial, presente
autoridade policial em cuja circunscrição residir o o órgão do Ministério Público, quando a este houver
ofendido. sido dirigida.
§ 2º A representação conterá todas as informações que
Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 anos, ou men- possam servir à apuração do fato e da autoria.
talmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver re-
presentante legal, ou colidirem os interesses deste com § 3º Oferecida ou reduzida a termo a representação, a
os daquele, o direito de queixa poderá ser exercido por autoridade policial procederá a inquérito, ou, não sendo
curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimen- competente, remetê-lo-á à autoridade que o for.
to do Ministério Público, pelo juiz competente para o § 4º A representação, quando feita ao juiz ou perante
processo penal. este reduzida a termo, será remetida à autoridade poli-
cial para que esta proceda a inquérito.
Art. 34. Se o ofendido for menor de 21 e maior de 18
§ 5º O órgão do Ministério Público dispensará o inqué-
anos, o direito de queixa poderá ser exercido por ele ou
rito, se com a representação forem oferecidos elemen-
por seu representante legal.
tos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste
caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias.
Art. 35. (Revogado pela Lei nº 9.520, de 27.11.1997)
Art. 40. Quando, em autos ou papéis de que conhece-
Art. 36. Se comparecer mais de uma pessoa com direito
rem, os juízes ou tribunais verificarem a existência de
de queixa, terá preferência o cônjuge, e, em seguida, o
crime de ação pública, remeterão ao Ministério Público
parente mais próximo na ordem de enumeração cons-
as cópias e os documentos necessários ao oferecimen-
tante do art. 31, podendo, entretanto, qualquer delas
to da denúncia.
prosseguir na ação, caso o querelante desista da ins-
tância ou a abandone.
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do
fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a
Art. 37. As fundações, associações ou sociedades le-
qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos
galmente constituídas poderão exercer a ação penal,

192
quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, em relação a um dos autores do crime, a todos se es-
quando necessário, o rol das testemunhas. tenderá.

Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da Art. 50. A renúncia expressa constará de declaração
ação penal. assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou
procurador com poderes especiais.
Art. 43. (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). Parágrafo único. A renúncia do representante legal do
menor que houver completado 18 (dezoito) anos não
Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com privará este do direito de queixa, nem a renúncia do
poderes especiais, devendo constar do instrumento último excluirá o direito do primeiro.
do mandato o nome do querelante e a menção do fato
criminoso, salvo quando tais esclarecimentos depende- Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados apro-
rem de diligências que devem ser previamente requeri- veitará a todos, sem que produza, todavia, efeito em
das no juízo criminal. relação ao que o recusar.

Art. 45. A queixa, ainda quando a ação penal for pri- Art. 52. Se o querelante for menor de 21 e maior de 18
vativa do ofendido, poderá ser aditada pelo Ministério anos, o direito de perdão poderá ser exercido por ele
Público, a quem caberá intervir em todos os termos ou por seu representante legal, mas o perdão concedi-
subseqüentes do processo. do por um, havendo oposição do outro, não produzirá
efeito.
Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, es-
tando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em Art. 53. Se o querelado for mentalmente enfermo ou
que o órgão do Ministério Público receber os autos do retardado mental e não tiver representante legal, ou
inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto colidirem os interesses deste com os do querelado, a
ou afiançado. No último caso, se houver devolução do aceitação do perdão caberá ao curador que o juiz Ihe
inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o nomear.
prazo da data em que o órgão do Ministério Público
receber novamente os autos. Art. 54. Se o querelado for menor de 21 anos, observar-
§ 1º Quando o Ministério Público dispensar o inqué- -se-á, quanto à aceitação do perdão, o disposto no art.
rito policial, o prazo para o oferecimento da denúncia 52.
contar-se-á da data em que tiver recebido as peças de
informações ou a representação Art. 55. O perdão poderá ser aceito por procurador com
§ 2º O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, poderes especiais.
contado da data em que o órgão do Ministério Público
receber os autos, e, se este não se pronunciar dentro do Art. 56. Aplicar-se-á ao perdão extraprocessual expres-
tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar, prosse- so o disposto no art. 50.
guindo-se nos demais termos do processo.
Art. 57. A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão
Art. 47. Se o Ministério Público julgar necessários todos os meios de prova.
maiores esclarecimentos e documentos complementa-
res ou novos elementos de convicção, deverá requisitá- Art. 58. Concedido o perdão, mediante declaração ex-
-los, diretamente, de quaisquer autoridades ou funcio- pressa nos autos, o querelado será intimado a dizer,
nários que devam ou possam fornecê-los. dentro de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo
tempo, ser cientificado de que o seu silêncio importará
Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime aceitação.
obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julgará extinta
velará pela sua indivisibilidade. a punibilidade.
Art. 59. A aceitação do perdão fora do processo cons-
Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa,

193
tará de declaração assinada pelo querelado, por seu re- Art. 64. Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a
presentante legal ou procurador com poderes especiais. ação para ressarcimento do dano poderá ser proposta
no juízo cível, contra o autor do crime e, se for caso,
Art. 60. Nos casos em que somente se procede median- contra o responsável civil.
te queixa, considerar-se-á perempta a ação penal: Parágrafo único. Intentada a ação penal, o juiz da ação
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promo- civil poderá suspender o curso desta, até o julgamento
ver o andamento do processo durante 30 dias seguidos; definitivo daquela.
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua
incapacidade, não comparecer em juízo, para prosse- Art. 65. Faz coisa julgada no cível a sentença penal que
guir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) reconhecer ter sido o ato praticado em estado de neces-
dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, res- sidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de
salvado o disposto no art. 36; dever legal ou no exercício regular de direito.

III - quando o querelante deixar de comparecer, sem Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo
motivo justificado, a qualquer ato do processo a que criminal, a ação civil poderá ser proposta quando não
deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência
condenação nas alegações finais; material do fato.
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se
extinguir sem deixar sucessor. Art. 67. Não impedirão igualmente a propositura da
ação civil:
Art. 61. Em qualquer fase do processo, o juiz, se re- I - o despacho de arquivamento do inquérito ou das
conhecer extinta a punibilidade, deverá declará-lo de peças de informação;
ofício.
II - a decisão que julgar extinta a punibilidade;
Parágrafo único. No caso de requerimento do Ministé-
rio Público, do querelante ou do réu, o juiz mandará au- III - a sentença absolutória que decidir que o fato impu-
tuá-lo em apartado, ouvirá a parte contrária e, se o jul- tado não constitui crime.
gar conveniente, concederá o prazo de cinco dias para
a prova, proferindo a decisão dentro de cinco dias ou Art. 68. Quando o titular do direito à reparação do dano
reservando-se para apreciar a matéria na sentença final. for pobre (art. 32, §§ 1º e 2º), a execução da sentença
condenatória (art. 63) ou a ação civil (art. 64) será pro-
Art. 62. No caso de morte do acusado, o juiz somente à movida, a seu requerimento, pelo Ministério Público.
vista da certidão de óbito, e depois de ouvido o Minis-
tério Público, declarará extinta a punibilidade. TÍTULO V
DA COMPETÊNCIA
TÍTULO IV
DA AÇÃO CIVIL Art. 69. Determinará a competência jurisdicional:
I - o lugar da infração:
Art. 63. Transitada em julgado a sentença condenatória,
II - o domicílio ou residência do réu;
poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o
efeito da reparação do dano, o ofendido, seu represen- III - a natureza da infração;
tante legal ou seus herdeiros. IV - a distribuição;
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença con- V - a conexão ou continência;
denatória, a execução poderá ser efetuada pelo valor fi-
xado nos termos do inciso iv do caput do art. 387 deste VI - a prevenção;
Código sem prejuízo da liquidação para a apuração do VII - a prerrogativa de função.
dano efetivamente sofrido.
CAPÍTULO I

194
DA COMPETÊNCIA PELO LUGAR DA Art. 74. A competência pela natureza da infração será
INFRAÇÃO regulada pelas leis de organização judiciária, salvo a
competência privativa do Tribunal do Júri.

Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo § 1º Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos cri-
lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de mes previstos nos arts. 121, §§ 1º e 2º, 122, parágrafo
tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato único, 123, 124, 125, 126 e 127 do Código Penal, con-
de execução. sumados ou tentados. (Redação dada pela Lei nº 263,
de 23.2.1948)
§ 1º Se, iniciada a execução no território nacional, a
infração se consumar fora dele, a competência será de- § 2º Se, iniciado o processo perante um juiz, houver
terminada pelo lugar em que tiver sido praticado, no desclassificação para infração da competência de outro,
Brasil, o último ato de execução. a este será remetido o processo, salvo se mais gradu-
ada for a jurisdição do primeiro, que, em tal caso, terá
§ 2º Quando o último ato de execução for praticado fora sua competência prorrogada.
do território nacional, será competente o juiz do lugar
em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido § 3º Se o juiz da pronúncia desclassificar a infração
ou devia produzir seu resultado. para outra atribuída à competência de juiz singular, ob-
servar-se-á o disposto no art. 410; mas, se a desclas-
§ 3º Quando incerto o limite territorial entre duas ou sificação for feita pelo próprio Tribunal do Júri, a seu
mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter presidente caberá proferir a sentença (art. 492, § 2º).
sido a infração consumada ou tentada nas divisas de
duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á
pela prevenção.
CAPÍTULO IV
DA COMPETÊNCIA POR DISTRIBUIÇÃO
Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou perma-
nente, praticada em território de duas ou mais jurisdi- Art. 75. A precedência da distribuição fixará a compe-
ções, a competência firmar-se-á pela prevenção. tência quando, na mesma circunscrição judiciária, hou-
ver mais de um juiz igualmente competente.
CAPÍTULO II Parágrafo único. A distribuição realizada para o efeito
DA COMPETÊNCIA PELO DOMICÍLIO OU da concessão de fiança ou da decretação de prisão pre-
RESIDÊNCIA DO RÉU ventiva ou de qualquer diligência anterior à denúncia ou
queixa prevenirá a da ação penal.
Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a
competência regular-se-á pelo domicílio ou residência CAPÍTULO V
do réu. DA COMPETÊNCIA POR CONEXÃO OU
§ 1º Se o réu tiver mais de uma residência, a competên- CONTINÊNCIA
cia firmar-se-á pela prevenção.
§ 2º Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado Art. 76. A competência será determinada pela conexão:
o seu paradeiro, será competente o juiz que primeiro I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem
tomar conhecimento do fato. sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas
reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora
Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o quere- diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas
lante poderá preferir o foro de domicílio ou da residên- contra as outras;
cia do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração.
II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas
para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir
CAPÍTULO III impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas;
DA COMPETÊNCIA PELA NATUREZA DA III - quando a prova de uma infração ou de qualquer
INFRAÇÃO de suas circunstâncias elementares influir na prova de

195
outra infração. prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo rele-
vante, o juiz reputar conveniente a separação.
Art. 77. A competência será determinada pela continên-
cia quando: Art. 81. Verificada a reunião dos processos por conexão
ou continência, ainda que no processo da sua compe-
I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma
tência própria venha o juiz ou tribunal a proferir sen-
infração;
tença absolutória ou que desclassifique a infração para
II - no caso de infração cometida nas condições pre- outra que não se inclua na sua competência, continuará
vistas nos arts. 51, § 1º, 53, segunda parte, e 54 do competente em relação aos demais processos.
Código Penal.
Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri a
competência por conexão ou continência, o juiz, se vier
Art. 78. Na determinação da competência por conexão
a desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver
ou continência, serão observadas as seguintes regras:
o acusado, de maneira que exclua a competência do
I - no concurso entre a competência do júri e a de outro júri, remeterá o processo ao juízo competente.
órgão da jurisdição comum, prevalecerá a competência
do júri; Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência, fo-
Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria: rem instaurados processos diferentes, a autoridade de
jurisdição prevalente deverá avocar os processos que
a) preponderará a do lugar da infração, à qual for comi- corram perante os outros juízes, salvo se já estiverem
nada a pena mais grave; com sentença definitiva. Neste caso, a unidade dos pro-
b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o cessos só se dará, ulteriormente, para o efeito de soma
maior número de infrações, se as respectivas penas ou de unificação das penas.
forem de igual gravidade;
c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos ou- CAPÍTULO VI
tros casos; DA COMPETÊNCIA POR PREVENÇÃO
III - no concurso de jurisdições de diversas categorias,
predominará a de maior graduação; Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção
toda vez que, concorrendo dois ou mais juízes igual-
IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial,
mente competentes ou com jurisdição cumulativa, um
prevalecerá esta.
deles tiver antecedido aos outros na prática de algum
ato do processo ou de medida a este relativa, ainda
Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa
de processo e julgamento, salvo: (arts. 70, § 3º, 71, 72, § 2º, e 78, II, c).
I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar;
II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo CAPÍTULO VII
de menores. DA COMPETÊNCIA PELA
§ 1º Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, PRERROGATIVA DE FUNÇÃO
se, em relação a algum co-réu, sobrevier o caso previs-
to no art. 152. Art. 84. A competência pela prerrogativa de função é
§ 2º A unidade do processo não importará a do julga- do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de
mento, se houver co-réu foragido que não possa ser Justiça, dos Tribunais Regionais Federais e Tribunais
julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do art. 461. de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, relativa-
mente às pessoas que devam responder perante eles
Art. 80. Será facultativa a separação dos processos por crimes comuns e de responsabilidade.
quando as infrações tiverem sido praticadas em cir- § 1º (Vide ADIN nº 2797)
cunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quan-
§ 2º (Vide ADIN nº 2797)
do pelo excessivo número de acusados e para não Ihes

196
Art. 85. Nos processos por crime contra a honra, em Art. 91. Quando incerta e não se determinar de acordo
que forem querelantes as pessoas que a Constituição com as normas estabelecidas nos arts. 89 e 90, a com-
sujeita à jurisdição do Supremo Tribunal Federal e dos petência se firmará pela prevenção.
Tribunais de Apelação, àquele ou a estes caberá o julga-
mento, quando oposta e admitida a exceção da verdade. TÍTULO VI
DAS QUESTÕES E
Art. 86. Ao Supremo Tribunal Federal competirá, priva-
tivamente, processar e julgar:
PROCESSOS INCIDENTES
I - os seus ministros, nos crimes comuns;
CAPÍTULO I
II - os ministros de Estado, salvo nos crimes conexos
DAS QUESTÕES PREJUDICIAIS
com os do Presidente da República;
III - o procurador-geral da República, os desembar- Art. 92. Se a decisão sobre a existência da infração de-
gadores dos Tribunais de Apelação, os ministros do pender da solução de controvérsia, que o juiz repute
Tribunal de Contas e os embaixadores e ministros di- séria e fundada, sobre o estado civil das pessoas, o
plomáticos, nos crimes comuns e de responsabilidade. curso da ação penal ficará suspenso até que no juízo
cível seja a controvérsia dirimida por sentença passada
Art. 87. Competirá, originariamente, aos Tribunais de em julgado, sem prejuízo, entretanto, da inquirição das
Apelação o julgamento dos governadores ou interven- testemunhas e de outras provas de natureza urgente.
tores nos Estados ou Territórios, e prefeito do Distrito
Federal, seus respectivos secretários e chefes de Polí- Parágrafo único. Se for o crime de ação pública, o Mi-
cia, juízes de instância inferior e órgãos do Ministério nistério Público, quando necessário, promoverá a ação
Público. civil ou prosseguirá na que tiver sido iniciada, com a
citação dos interessados.
CAPÍTULO VIII
Art. 93. Se o reconhecimento da existência da infração
DISPOSIÇÕES ESPECIAIS penal depender de decisão sobre questão diversa da
prevista no artigo anterior, da competência do juízo cí-
Art. 88. No processo por crimes praticados fora do ter- vel, e se neste houver sido proposta ação para resolvê-
ritório brasileiro, será competente o juízo da Capital do -la, o juiz criminal poderá, desde que essa questão seja
Estado onde houver por último residido o acusado. Se de difícil solução e não verse sobre direito cuja prova
este nunca tiver residido no Brasil, será competente o a lei civil limite, suspender o curso do processo, após
juízo da Capital da República. a inquirição das testemunhas e realização das outras
provas de natureza urgente.
Art. 89. Os crimes cometidos em qualquer embarcação § 1º O juiz marcará o prazo da suspensão, que poderá
nas águas territoriais da República, ou nos rios e la- ser razoavelmente prorrogado, se a demora não for im-
gos fronteiriços, bem como a bordo de embarcações putável à parte. Expirado o prazo, sem que o juiz cível
nacionais, em alto-mar, serão processados e julgados tenha proferido decisão, o juiz criminal fará prosseguir
pela justiça do primeiro porto brasileiro em que tocar o processo, retomando sua competência para resolver,
a embarcação, após o crime, ou, quando se afastar do de fato e de direito, toda a matéria da acusação ou da
País, pela do último em que houver tocado. defesa.
Art. 90. Os crimes praticados a bordo de aeronave na- § 2º Do despacho que denegar a suspensão não caberá
cional, dentro do espaço aéreo correspondente ao terri- recurso.
tório brasileiro, ou ao alto-mar, ou a bordo de aeronave § 3º Suspenso o processo, e tratando-se de crime de
estrangeira, dentro do espaço aéreo correspondente ao ação pública, incumbirá ao Ministério Público intervir
território nacional, serão processados e julgados pela imediatamente na causa cível, para o fim de promover-
justiça da comarca em cujo território se verificar o pou- -lhe o rápido andamento.
so após o crime, ou pela da comarca de onde houver
partido a aeronave.

197
Art. 94. A suspensão do curso da ação penal, nos casos juiz ou relator a rejeitará liminarmente.
dos artigos anteriores, será decretada pelo juiz, de ofí-
cio ou a requerimento das partes. Art. 101. Julgada procedente a suspeição, ficarão nulos
os atos do processo principal, pagando o juiz as custas,
CAPÍTULO II no caso de erro inescusável; rejeitada, evidenciando-se
DAS EXCEÇÕES a malícia do excipiente, a este será imposta a multa de
duzentos mil-réis a dois contos de réis.

Art. 95. Poderão ser opostas as exceções de: Art. 102. Quando a parte contrária reconhecer a pro-
I - suspeição; cedência da argüição, poderá ser sustado, a seu re-
querimento, o processo principal, até que se julgue o
II - incompetência de juízo;
incidente da suspeição.
III - litispendência;
IV - ilegitimidade de parte; Art. 103. No Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais
de Apelação, o juiz que se julgar suspeito deverá decla-
V - coisa julgada. rá-lo nos autos e, se for revisor, passar o feito ao seu
substituto na ordem da precedência, ou, se for relator,
Art. 96. A argüição de suspeição precederá a qualquer apresentar os autos em mesa para nova distribuição.
outra, salvo quando fundada em motivo superveniente.
§ 1º Se não for relator nem revisor, o juiz que houver de
Art. 97. O juiz que espontaneamente afirmar suspeição dar-se por suspeito, deverá fazê-lo verbalmente, na ses-
deverá fazê-lo por escrito, declarando o motivo legal, e são de julgamento, registrando-se na ata a declaração.
remeterá imediatamente o processo ao seu substituto, § 2º Se o presidente do tribunal se der por suspeito,
intimadas as partes. competirá ao seu substituto designar dia para o julga-
mento e presidi-lo.
Art. 98. Quando qualquer das partes pretender recusar o § 3º Observar-se-á, quanto à argüição de suspeição
juiz, deverá fazê-lo em petição assinada por ela própria pela parte, o disposto nos arts. 98 a 101, no que Ihe for
ou por procurador com poderes especiais, aduzindo as aplicável, atendido, se o juiz a reconhecer, o que esta-
suas razões acompanhadas de prova documental ou do belece este artigo.
rol de testemunhas.
§ 4º A suspeição, não sendo reconhecida, será julgada
Art. 99. Se reconhecer a suspeição, o juiz sustará a mar- pelo tribunal pleno, funcionando como relator o pre-
cha do processo, mandará juntar aos autos a petição do sidente.
recusante com os documentos que a instruam, e por § 5º Se o recusado for o presidente do tribunal, o relator
despacho se declarará suspeito, ordenando a remessa será o vice-presidente.
dos autos ao substituto.
Art. 104. Se for argüida a suspeição do órgão do Minis-
Art. 100. Não aceitando a suspeição, o juiz mandará au- tério Público, o juiz, depois de ouvi-lo, decidirá, sem
tuar em apartado a petição, dará sua resposta dentro em recurso, podendo antes admitir a produção de provas
três dias, podendo instruí-la e oferecer testemunhas, no prazo de três dias.
e, em seguida, determinará sejam os autos da exceção
remetidos, dentro em 24 vinte e quatro horas, ao juiz ou Art. 105. As partes poderão também argüir de suspeitos
tribunal a quem competir o julgamento. os peritos, os intérpretes e os serventuários ou fun-
§ 1º Reconhecida, preliminarmente, a relevância da cionários de justiça, decidindo o juiz de plano e sem
argüição, o juiz ou tribunal, com citação das partes, recurso, à vista da matéria alegada e prova imediata.
marcará dia e hora para a inquirição das testemunhas,
seguindo-se o julgamento, independentemente de mais Art. 106. A suspeição dos jurados deverá ser argüida
alegações. oralmente, decidindo de plano do presidente do Tribu-
nal do Júri, que a rejeitará se, negada pelo recusado,
§ 2º Se a suspeição for de manifesta improcedência, o

198
não for imediatamente comprovada, o que tudo cons- a exceção de suspeição.
tará da ata.
CAPÍTULO IV
Art. 107. Não se poderá opor suspeição às autoridades DO CONFLITO DE JURISDIÇÃO
policiais nos atos do inquérito, mas deverão elas decla-
rar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal.
Art. 113. As questões atinentes à competência resolver-
Art. 108. A exceção de incompetência do juízo pode- -se-ão não só pela exceção própria, como também pelo
rá ser oposta, verbalmente ou por escrito, no prazo de conflito positivo ou negativo de jurisdição.
defesa.
Art. 114. Haverá conflito de jurisdição:
§ 1º Se, ouvido o Ministério Público, for aceita a decli-
natória, o feito será remetido ao juízo competente, onde, I - quando duas ou mais autoridades judiciárias se con-
ratificados os atos anteriores, o processo prosseguirá. siderarem competentes, ou incompetentes, para conhe-
cer do mesmo fato criminoso;
§ 2º Recusada a incompetência, o juiz continuará no
feito, fazendo tomar por termo a declinatória, se formu- II - quando entre elas surgir controvérsia sobre unidade
lada verbalmente. de juízo, junção ou separação de processos.

Art. 109. Se em qualquer fase do processo o juiz reco- Art. 115. O conflito poderá ser suscitado:
nhecer motivo que o torne incompetente, declará-lo-á I - pela parte interessada;
nos autos, haja ou não alegação da parte, prosseguin-
II - pelos órgãos do Ministério Público junto a qualquer
do-se na forma do artigo anterior.
dos juízos em dissídio;
Art. 110. Nas exceções de litispendência, ilegitimidade III - por qualquer dos juízes ou tribunais em causa.
de parte e coisa julgada, será observado, no que Ihes
for aplicável, o disposto sobre a exceção de incompe- Art. 116. Os juízes e tribunais, sob a forma de repre-
tência do juízo. sentação, e a parte interessada, sob a de requerimento,
darão parte escrita e circunstanciada do conflito, peran-
 § 1º Se a parte houver de opor mais de uma dessas
te o tribunal competente, expondo os fundamentos e
exceções, deverá fazê-lo numa só petição ou articulado.
juntando os documentos comprobatórios.
§ 2º A exceção de coisa julgada somente poderá ser
§ 1º Quando negativo o conflito, os juízes e tribunais
oposta em relação ao fato principal, que tiver sido ob-
poderão suscitá-lo nos próprios autos do processo.
jeto da sentença.
§ 2º Distribuído o feito, se o conflito for positivo, o rela-
Art. 111. As exceções serão processadas em autos tor poderá determinar imediatamente que se suspenda
apartados e não suspenderão, em regra, o andamento o andamento do processo.
da ação penal. § 3º Expedida ou não a ordem de suspensão, o relator
requisitará informações às autoridades em conflito, re-
CAPÍTULO III metendo-lhes cópia do requerimento ou representação.
DAS INCOMPATIBILIDADES § 4º As informações serão prestadas no prazo marcado
E IMPEDIMENTOS pelo relator.
§ 5º Recebidas as informações, e depois de ouvido o
Art. 112. O juiz, o órgão do Ministério Público, os ser- procurador-geral, o conflito será decidido na primeira
ventuários ou funcionários de justiça e os peritos ou sessão, salvo se a instrução do feito depender de di-
intérpretes abster-se-ão de servir no processo, quando ligência.
houver incompatibilidade ou impedimento legal, que
declararão nos autos. Se não se der a abstenção, a § 6º Proferida a decisão, as cópias necessárias serão
incompatibilidade ou impedimento poderá ser argüido remetidas, para a sua execução, às autoridades contra
pelas partes, seguindo-se o processo estabelecido para as quais tiver sido levantado o conflito ou que o hou-

199
verem suscitado. com os proventos da infração, aplica-se o disposto
no art. 133 e seu parágrafo.
Art. 117. O Supremo Tribunal Federal, mediante avo-
catória, restabelecerá a sua jurisdição, sempre que Art. 122. Sem prejuízo do disposto no art. 120, as coi-
exercida por qualquer dos juízes ou tribunais inferiores. sas apreendidas serão alienadas nos termos do dispos-
to no art. 133 deste Código. (Redação dada pela Lei
CAPÍTULO V nº 13.964, de 2019)
DA RESTITUIÇÃO DAS Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela
COISAS APREENDIDAS Lei nº 13.964, de 2019)

Art. 123. Fora dos casos previstos nos artigos anterio-


Art. 118. Antes de transitar em julgado a sentença final,
res, se dentro no prazo de 90 dias, a contar da data em
as coisas apreendidas não poderão ser restituídas en-
que transitar em julgado a sentença final, condenatória
quanto interessarem ao processo.
ou absolutória, os objetos apreendidos não forem re-
clamados ou não pertencerem ao réu, serão vendidos
Art. 119. As coisas a que se referem os arts. 74 e 100
em leilão, depositando-se o saldo à disposição do juízo
do Código Penal não poderão ser restituídas, mesmo
de ausentes.
depois de transitar em julgado a sentença final, salvo se
pertencerem ao lesado ou a terceiro de boa-fé.
Art. 124. Os instrumentos do crime, cuja perda em fa-
vor da União for decretada, e as coisas confiscadas, de
Art. 120. A restituição, quando cabível, poderá ser or-
acordo com o disposto no art. 100 do Código Penal,
denada pela autoridade policial ou juiz, mediante termo
serão inutilizados ou recolhidos a museu criminal, se
nos autos, desde que não exista dúvida quanto ao di-
houver interesse na sua conservação.
reito do reclamante.
§ 1º Se duvidoso esse direito, o pedido de restituição Art. 124-A. Na hipótese de decretação de perdimento de
autuar-se-á em apartado, assinando-se ao requerente o obras de arte ou de outros bens de relevante valor cultu-
prazo de 5 (cinco) dias para a prova. Em tal caso, só o ral ou artístico, se o crime não tiver vítima determinada,
juiz criminal poderá decidir o incidente. poderá haver destinação dos bens a museus públicos.
§ 2º O incidente autuar-se-á também em apartado e só (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
a autoridade judicial o resolverá, se as coisas forem
apreendidas em poder de terceiro de boa-fé, que será CAPÍTULO VI
intimado para alegar e provar o seu direito, em prazo DAS MEDIDAS ASSECURATÓRIAS
igual e sucessivo ao do reclamante, tendo um e outro
dois dias para arrazoar.
Art. 125. Caberá o seqüestro dos bens imóveis, adquiri-
§ 3º Sobre o pedido de restituição será sempre ouvido dos pelo indiciado com os proventos da infração, ainda
o Ministério Público. que já tenham sido transferidos a terceiro.
§ 4º Em caso de dúvida sobre quem seja o verdadeiro
dono, o juiz remeterá as partes para o juízo cível, orde- Art. 126. Para a decretação do seqüestro, bastará a
nando o depósito das coisas em mãos de depositário existência de indícios veementes da proveniência ilícita
ou do próprio terceiro que as detinha, se for pessoa dos bens.
idônea.
Art. 127. O juiz, de ofício, a requerimento do Ministé-
§ 5º Tratando-se de coisas facilmente deterioráveis, rio Público ou do ofendido, ou mediante representação
serão avaliadas e levadas a leilão público, depositan- da autoridade policial, poderá ordenar o seqüestro, em
do-se o dinheiro apurado, ou entregues ao terceiro que qualquer fase do processo ou ainda antes de oferecida
as detinha, se este for pessoa idônea e assinar termo de a denúncia ou queixa.
responsabilidade.
Art. 128. Realizado o seqüestro, o juiz ordenará a sua
Art. 121. No caso de apreensão de coisa adquirida

200
inscrição no Registro de Imóveis. dido ou sujeito a qualquer medida assecuratória pelos
órgãos de segurança pública previstos no art. 144 da
Art. 129. O seqüestro autuar-se-á em apartado e admi- Constituição Federal, do sistema prisional, do sistema
tirá embargos de terceiro. socioeducativo, da Força Nacional de Segurança Públi-
ca e do Instituto Geral de Perícia, para o desempenho
Art. 130. O seqüestro poderá ainda ser embargado: de suas atividades. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
I - pelo acusado, sob o fundamento de não terem os
bens sido adquiridos com os proventos da infração; § 1º O órgão de segurança pública participante das
ações de investigação ou repressão da infração penal
II - pelo terceiro, a quem houverem os bens sido trans-
que ensejou a constrição do bem terá prioridade na sua
feridos a título oneroso, sob o fundamento de tê-los
utilização. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
adquirido de boa-fé.
§ 2º Fora das hipóteses anteriores, demonstrado o in-
Parágrafo único. Não poderá ser pronunciada decisão
teresse público, o juiz poderá autorizar o uso do bem
nesses embargos antes de passar em julgado a senten-
pelos demais órgãos públicos. (Incluído pela Lei nº
ça condenatória.
13.964, de 2019)
Art. 131. O seqüestro será levantado: § 3º Se o bem a que se refere o caput deste artigo for
veículo, embarcação ou aeronave, o juiz ordenará à au-
I - se a ação penal não for intentada no prazo de ses- toridade de trânsito ou ao órgão de registro e controle
senta dias, contado da data em que ficar concluída a a expedição de certificado provisório de registro e li-
diligência; cenciamento em favor do órgão público beneficiário, o
II - se o terceiro, a quem tiverem sido transferidos os qual estará isento do pagamento de multas, encargos e
bens, prestar caução que assegure a aplicação do dis- tributos anteriores à disponibilização do bem para a sua
posto no art. 74, II, b, segunda parte, do Código Penal; utilização, que deverão ser cobrados de seu responsá-
vel. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - se for julgada extinta a punibilidade ou absolvido o
réu, por sentença transitada em julgado. § 4º Transitada em julgado a sentença penal condenató-
ria com a decretação de perdimento dos bens, ressalva-
Art. 132. Proceder-se-á ao seqüestro dos bens móveis do o direito do lesado ou terceiro de boa-fé, o juiz pode-
se, verificadas as condições previstas no art. 126, não rá determinar a transferência definitiva da propriedade
for cabível a medida regulada no Capítulo Xl do Título ao órgão público beneficiário ao qual foi custodiado o
Vll deste Livro. bem. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Art. 133. Transitada em julgado a sentença condenató- Art. 134. A hipoteca legal sobre os imóveis do indiciado
ria, o juiz, de ofício ou a requerimento do interessado poderá ser requerida pelo ofendido em qualquer fase do
ou do Ministério Público, determinará a avaliação e processo, desde que haja certeza da infração e indícios
a venda dos bens em leilão público cujo perdimento suficientes da autoria.
tenha sido decretado. (Redação dada pela Lei nº
13.964, de 2019) Art. 135. Pedida a especialização mediante requerimen-
to, em que a parte estimará o valor da responsabilidade
§ 1º Do dinheiro apurado, será recolhido aos cofres
civil, e designará e estimará o imóvel ou imóveis que
públicos o que não couber ao lesado ou a terceiro de
terão de ficar especialmente hipotecados, o juiz manda-
boa-fé. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
rá logo proceder ao arbitramento do valor da responsa-
§ 2º O valor apurado deverá ser recolhido ao Fundo bilidade e à avaliação do imóvel ou imóveis.
Penitenciário Nacional, exceto se houver previsão di-
§ 1º A petição será instruída com as provas ou indi-
versa em lei especial. (Incluído pela Lei nº 13.964,
cação das provas em que se fundar a estimação da
de 2019)
responsabilidade, com a relação dos imóveis que o res-
ponsável possuir, se outros tiver, além dos indicados
Art. 133-A. O juiz poderá autorizar, constatado o inte-
no requerimento, e com os documentos comprobató-
resse público, a utilização de bem sequestrado, apreen-
rios do domínio.

201
§ 2º O arbitramento do valor da responsabilidade e a do dano ao ofendido.
avaliação dos imóveis designados far-se-ão por perito
nomeado pelo juiz, onde não houver avaliador judicial, Art. 141. O arresto será levantado ou cancelada a hipo-
sendo-lhe facultada a consulta dos autos do processo teca, se, por sentença irrecorrível, o réu for absolvido
respectivo. ou julgada extinta a punibilidade.
§ 3º O juiz, ouvidas as partes no prazo de dois dias,
que correrá em cartório, poderá corrigir o arbitramento Art. 142. Caberá ao Ministério Público promover as
do valor da responsabilidade, se Ihe parecer excessivo medidas estabelecidas nos arts. 134 e 137, se houver
ou deficiente. interesse da Fazenda Pública, ou se o ofendido for po-
bre e o requerer.
§ 4º O juiz autorizará somente a inscrição da hipoteca
do imóvel ou imóveis necessários à garantia da respon- Art. 143. Passando em julgado a sentença condenató-
sabilidade. ria, serão os autos de hipoteca ou arresto remetidos ao
§ 5º O valor da responsabilidade será liquidado defini- juiz do cível (art. 63).
tivamente após a condenação, podendo ser requerido
novo arbitramento se qualquer das partes não se con- Art. 144. Os interessados ou, nos casos do art. 142, o
formar com o arbitramento anterior à sentença conde- Ministério Público poderão requerer no juízo cível, con-
natória. tra o responsável civil, as medidas previstas nos arts.
134, 136 e 137.
§ 6º Se o réu oferecer caução suficiente, em dinheiro ou
em títulos de dívida pública, pelo valor de sua cotação
em Bolsa, o juiz poderá deixar de mandar proceder à Art. 144-A. O juiz determinará a alienação antecipada
inscrição da hipoteca legal. para preservação do valor dos bens sempre que es-
tiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou
depreciação, ou quando houver dificuldade para sua
Art. 136. O arresto do imóvel poderá ser decretado de
manutenção.
início, revogando-se, porém, se no prazo de 15 (quin-
ze) dias não for promovido o processo de inscrição da § 1º O leilão far-se-á preferencialmente por meio ele-
hipoteca legal. trônico.
§ 2º Os bens deverão ser vendidos pelo valor fixado
Art. 137. Se o responsável não possuir bens imóveis ou na avaliação judicial ou por valor maior. Não alcança-
os possuir de valor insuficiente, poderão ser arrestados do o valor estipulado pela administração judicial, será
bens móveis suscetíveis de penhora, nos termos em realizado novo leilão, em até 10 (dez) dias contados da
que é facultada a hipoteca legal dos imóveis. realização do primeiro, podendo os bens ser alienados
§ 1º Se esses bens forem coisas fungíveis e facilmen- por valor não inferior a 80% (oitenta por cento) do esti-
te deterioráveis, proceder-se-á na forma do § 5º do pulado na avaliação judicial.
art. 120. § 3º O produto da alienação ficará depositado em conta
§ 2º Das rendas dos bens móveis poderão ser forneci- vinculada ao juízo até a decisão final do processo, pro-
dos recursos arbitrados pelo juiz, para a manutenção do cedendo-se à sua conversão em renda para a União,
indiciado e de sua família. Estado ou Distrito Federal, no caso de condenação, ou,
no caso de absolvição, à sua devolução ao acusado.
Art. 138. O processo de especialização da hipoteca e do § 4º Quando a indisponibilidade recair sobre dinheiro,
arresto correrão em auto apartado. inclusive moeda estrangeira, títulos, valores mobiliá-
rios ou cheques emitidos como ordem de pagamento, o
Art. 139. O depósito e a administração dos bens arres- juízo determinará a conversão do numerário apreendido
tados ficarão sujeitos ao regime do processo civil. em moeda nacional corrente e o depósito das corres-
pondentes quantias em conta judicial.
Art. 140. As garantias do ressarcimento do dano al-
§ 5º No caso da alienação de veículos, embarcações ou
cançarão também as despesas processuais e as penas
aeronaves, o juiz ordenará à autoridade de trânsito ou
pecuniárias, tendo preferência sobre estas a reparação
ao equivalente órgão de registro e controle a expedição

202
de certificado de registro e licenciamento em favor do inquérito, mediante representação da autoridade
arrematante, ficando este livre do pagamento de multas, policial ao juiz competente.
encargos e tributos anteriores, sem prejuízo de execu- § 2º O juiz nomeará curador ao acusado, quando
ção fiscal em relação ao antigo proprietário.
determinar o exame, ficando suspenso o processo, se
§ 6º O valor dos títulos da dívida pública, das ações das já iniciada a ação penal, salvo quanto às diligências que
sociedades e dos títulos de crédito negociáveis em bol- possam ser prejudicadas pelo adiamento.
sa será o da cotação oficial do dia, provada por certidão
ou publicação no órgão oficial. Art. 150. Para o efeito do exame, o acusado, se estiver
§ 7º (VETADO). preso, será internado em manicômio judiciário, onde
houver, ou, se estiver solto, e o requererem os peritos,
em estabelecimento adequado que o juiz designar.
CAPÍTULO VII
DO INCIDENTE DE FALSIDADE § 1º O exame não durará mais de quarenta e cinco dias,
salvo se os peritos demonstrarem a necessidade de
maior prazo.
Art. 145. Argüida, por escrito, a falsidade de documento
constante dos autos, o juiz observará o seguinte pro- § 2º Se não houver prejuízo para a marcha do processo,
cesso: o juiz poderá autorizar sejam os autos entregues aos
peritos, para facilitar o exame.
I - mandará autuar em apartado a impugnação, e em
seguida ouvirá a parte contrária, que, no prazo de 48 Art. 151. Se os peritos concluírem que o acusado
horas, oferecerá resposta; era, ao tempo da infração, irresponsável nos termos
II - assinará o prazo de três dias, sucessivamente, a do art. 22 do Código Penal, o processo prosseguirá,
cada uma das partes, para prova de suas alegações; com a presença do curador.
III - conclusos os autos, poderá ordenar as diligências
Art. 152. Se se verificar que a doença mental sobreveio
que entender necessárias;
à infração o processo continuará suspenso até que o
IV - se reconhecida a falsidade por decisão irrecorrível, acusado se restabeleça, observado o § 2º do art. 149.
mandará desentranhar o documento e remetê-lo, com
§ 1º O juiz poderá, nesse caso, ordenar a internação
os autos do processo incidente, ao Ministério Público.
do acusado em manicômio judiciário ou em outro
estabelecimento adequado.
Art. 146. A argüição de falsidade, feita por procurador,
exige poderes especiais. § 2º O processo retomará o seu curso, desde que se
restabeleça o acusado, ficando-lhe assegurada a
Art. 147. O juiz poderá, de ofício, proceder à verificação faculdade de reinquirir as testemunhas que houverem
da falsidade. prestado depoimento sem a sua presença.

Art. 148. Qualquer que seja a decisão, não fará coisa Art. 153. O incidente da insanidade mental processar-
julgada em prejuízo de ulterior processo penal ou civil. -se-á em auto apartado, que só depois da apresentação
do laudo, será apenso ao processo principal.
CAPÍTULO VIII
Art. 154. Se a insanidade mental sobrevier no curso da
DA INSANIDADE MENTAL DO ACUSADO execução da pena, observar-se-á o disposto no art. 682.

Art. 149. Quando houver dúvida sobre a integrida- TÍTULO VII


de mental do acusado, o juiz ordenará, de ofício ou a
DA PROVA
requerimento do Ministério Público, do defensor, do
curador, do ascendente, descendente, irmão ou cônjuge
do acusado, seja este submetido a exame médico-legal. CAPÍTULO I
§ 1º O exame poderá ser ordenado ainda na fase do DISPOSIÇÕES GERAIS

203
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apre- (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
ciação da prova produzida em contraditório judicial,
não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indis-
nos elementos informativos colhidos na investigação, pensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto,
ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e an- não podendo supri-lo a confissão do acusado.
tecipadas.
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pes- exame de corpo de delito quando se tratar de crime que
soas serão observadas as restrições estabelecidas na envolva:
lei civil.
I - violência doméstica e familiar contra mulher;
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pes-
sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: soa com deficiência.
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a
Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjun-
produção antecipada de provas consideradas urgentes
to de todos os procedimentos utilizados para manter e
e relevantes, observando a necessidade, adequação e
documentar a história cronológica do vestígio coletado
proporcionalidade da medida;
em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de pro- posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até
ferir sentença, a realização de diligências para dirimir o descarte. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
dúvida sobre ponto relevante.
§ 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a preser-
vação do local de crime ou com procedimentos poli-
Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranha-
ciais ou periciais nos quais seja detectada a existência
das do processo, as provas ilícitas, assim entendidas
de vestígio. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
as obtidas em violação a normas constitucionais ou
legais. § 2º O agente público que reconhecer um elemento
como de potencial interesse para a produção da prova
§ 1º São também inadmissíveis as provas derivadas das
pericial fica responsável por sua preservação. (Incluí-
ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de cau-
do pela Lei nº 13.964, de 2019)
salidade entre umas e outras, ou quando as derivadas
puderem ser obtidas por uma fonte independente das § 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou
primeiras. latente, constatado ou recolhido, que se relaciona à in-
fração penal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º Considera-se fonte independente aquela que por
si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios
Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastrea-
da investigação ou instrução criminal, seria capaz de
mento do vestígio nas seguintes etapas: (Incluído pela
conduzir ao fato objeto da prova.
Lei nº 13.964, de 2019)
§ 3º Preclusa a decisão de desentranhamento da prova
I - reconhecimento: ato de distinguir um elemento
declarada inadmissível, esta será inutilizada por decisão
como de potencial interesse para a produção da prova
judicial, facultado às partes acompanhar o incidente.
pericial; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 4º (VETADO)
II - isolamento: ato de evitar que se altere o estado das
§ 5º O juiz que conhecer do conteúdo da prova decla- coisas, devendo isolar e preservar o ambiente imediato,
rada inadmissível não poderá proferir a sentença ou mediato e relacionado aos vestígios e local de crime;
acórdão. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - fixação: descrição detalhada do vestígio conforme
CAPÍTULO II se encontra no local de crime ou no corpo de delito, e a
DO EXAME DE CORPO DE DELITO, DA sua posição na área de exames, podendo ser ilustrada
CADEIA DE CUSTÓDIA E DAS PERÍCIAS EM por fotografias, filmagens ou croqui, sendo indispen-
GERAL sável a sua descrição no laudo pericial produzido pelo
perito responsável pelo atendimento; (Incluído pela

204
Lei nº 13.964, de 2019) § 1º Todos vestígios coletados no decurso do inquérito
ou processo devem ser tratados como descrito nesta
IV - coleta: ato de recolher o vestígio que será subme-
Lei, ficando órgão central de perícia oficial de natureza
tido à análise pericial, respeitando suas características
criminal responsável por detalhar a forma do seu cum-
e natureza; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
primento. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
V - acondicionamento: procedimento por meio do qual
§ 2º É proibida a entrada em locais isolados bem como
cada vestígio coletado é embalado de forma individu-
a remoção de quaisquer vestígios de locais de crime
alizada, de acordo com suas características físicas,
antes da liberação por parte do perito responsável, sen-
químicas e biológicas, para posterior análise, com ano-
do tipificada como fraude processual a sua realização.
tação da data, hora e nome de quem realizou a coleta e
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
o acondicionamento; (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)
Art. 158-D. O recipiente para acondicionamento do ves-
VI - transporte: ato de transferir o vestígio de um lo- tígio será determinado pela natureza do material. (In-
cal para o outro, utilizando as condições adequadas cluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
(embalagens, veículos, temperatura, entre outras), de
modo a garantir a manutenção de suas características § 1º Todos os recipientes deverão ser selados com
originais, bem como o controle de sua posse; (Incluído lacres, com numeração individualizada, de forma a
pela Lei nº 13.964, de 2019) garantir a inviolabilidade e a idoneidade do vestígio
durante o transporte. (Incluído pela Lei nº 13.964,
VII - recebimento: ato formal de transferência da posse de 2019)
do vestígio, que deve ser documentado com, no míni-
mo, informações referentes ao número de procedimen- § 2º O recipiente deverá individualizar o vestígio, pre-
to e unidade de polícia judiciária relacionada, local de servar suas características, impedir contaminação e
origem, nome de quem transportou o vestígio, código vazamento, ter grau de resistência adequado e espaço
de rastreamento, natureza do exame, tipo do vestígio, para registro de informações sobre seu conteúdo. (In-
protocolo, assinatura e identificação de quem o rece- cluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
beu; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que
VIII - processamento: exame pericial em si, manipula- vai proceder à análise e, motivadamente, por pessoa
ção do vestígio de acordo com a metodologia adequada autorizada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
às suas características biológicas, físicas e químicas, § 4º Após cada rompimento de lacre, deve se fazer cons-
a fim de se obter o resultado desejado, que deverá ser tar na ficha de acompanhamento de vestígio o nome e
formalizado em laudo produzido por perito; (Incluído a matrícula do responsável, a data, o local, a finalidade,
pela Lei nº 13.964, de 2019) bem como as informações referentes ao novo lacre uti-
IX - armazenamento: procedimento referente à guarda, lizado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
em condições adequadas, do material a ser processado, § 5º O lacre rompido deverá ser acondicionado no inte-
guardado para realização de contraperícia, descartado rior do novo recipiente. (Incluído pela Lei nº 13.964,
ou transportado, com vinculação ao número do laudo de 2019)
correspondente; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019) Art. 158-E. Todos os Institutos de Criminalística deve-
X - descarte: procedimento referente à liberação do ves- rão ter uma central de custódia destinada à guarda e
tígio, respeitando a legislação vigente e, quando per- controle dos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada
tinente, mediante autorização judicial. (Incluído pela diretamente ao órgão central de perícia oficial de natu-
Lei nº 13.964, de 2019) reza criminal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Toda central de custódia deve possuir os serviços
Art. 158-C. A coleta dos vestígios deverá ser realizada de protocolo, com local para conferência, recepção,
preferencialmente por perito oficial, que dará o encami- devolução de materiais e documentos, possibilitando a
nhamento necessário para a central de custódia, mes- seleção, a classificação e a distribuição de materiais,
mo quando for necessária a realização de exames com- devendo ser um espaço seguro e apresentar condições
plementares. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) ambientais que não interfiram nas características do

205
vestígio. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a
prova ou para responderem a quesitos, desde que o
§ 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de ves-
mandado de intimação e os quesitos ou questões a
tígio deverão ser protocoladas, consignando-se infor-
serem esclarecidas sejam encaminhados com antece-
mações sobre a ocorrência no inquérito que a eles se
dência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as
relacionam. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
respostas em laudo complementar;
§ 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio
II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar
armazenado deverão ser identificadas e deverão ser re-
pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inqui-
gistradas a data e a hora do acesso. (Incluído pela Lei
ridos em audiência.
nº 13.964, de 2019)
§ 6º Havendo requerimento das partes, o material pro-
§ 4º Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado,
batório que serviu de base à perícia será disponibiliza-
todas as ações deverão ser registradas, consignando-se
do no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre
a identificação do responsável pela tramitação, a desti-
sua guarda, e na presença de perito oficial, para exame
nação, a data e horário da ação. (Incluído pela Lei nº
pelos assistentes, salvo se for impossível a sua con-
13.964, de 2019)
servação.
Art. 158-F. Após a realização da perícia, o material de- § 7º Tratando-se de perícia complexa que abranja mais
verá ser devolvido à central de custódia, devendo nela de uma área de conhecimento especializado, poder-se-
permanecer. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) -á designar a atuação de mais de um perito oficial, e a
parte indicar mais de um assistente técnico.
Parágrafo único. Caso a central de custódia não pos-
sua espaço ou condições de armazenar determinado
Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde
material, deverá a autoridade policial ou judiciária de-
descreverão minuciosamente o que examinarem, e res-
terminar as condições de depósito do referido material
ponderão aos quesitos formulados.
em local diverso, mediante requerimento do diretor do
órgão central de perícia oficial de natureza criminal. (In- Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no
cluído pela Lei nº 13.964, de 2019) prazo máximo de 10 dias, podendo este prazo ser pror-
rogado, em casos excepcionais, a requerimento dos
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias peritos.
serão realizados por perito oficial, portador de diploma
de curso superior. Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em
qualquer dia e a qualquer hora.
§ 1º Na falta de perito oficial, o exame será realizado
por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma
de curso superior preferencialmente na área específica, Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas
dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos
com a natureza do exame. sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes da-
quele prazo, o que declararão no auto.
§ 2º Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de
bem e fielmente desempenhar o encargo. Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o
simples exame externo do cadáver, quando não houver
§ 3º Serão facultadas ao Ministério Público, ao assis- infração penal que apurar, ou quando as lesões exter-
tente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acu- nas permitirem precisar a causa da morte e não houver
sado a formulação de quesitos e indicação de assistente necessidade de exame interno para a verificação de al-
técnico. guma circunstância relevante.
§ 4º O assistente técnico atuará a partir de sua admissão
pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico,
do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intima- a autoridade providenciará para que, em dia e hora pre-
das desta decisão. viamente marcados, se realize a diligência, da qual se
lavrará auto circunstanciado.
§ 5º Durante o curso do processo judicial, é permitido
às partes, quanto à perícia: Parágrafo único. O administrador de cemitério público

206
ou particular indicará o lugar da sepultura, sob pena de sido praticada a infração, a autoridade providencia-
desobediência. No caso de recusa ou de falta de quem rá imediatamente para que não se altere o estado das
indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir
lugar não destinado a inumações, a autoridade proce- seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas
derá às pesquisas necessárias, o que tudo constará do elucidativos.
auto. Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as
alterações do estado das coisas e discutirão, no rela-
Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na tório, as conseqüências dessas alterações na dinâmica
posição em que forem encontrados, bem como, na me- dos fatos.
dida do possível, todas as lesões externas e vestígios
deixados no local do crime. Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos guar-
darão material suficiente para a eventualidade de nova
Art. 165. Para representar as lesões encontradas no ca- perícia. Sempre que conveniente, os laudos serão ilus-
dáver, os peritos, quando possível, juntarão ao laudo trados com provas fotográficas, ou microfotográficas,
do exame provas fotográficas, esquemas ou desenhos, desenhos ou esquemas.
devidamente rubricados.
Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou
Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou por
exumado, proceder-se-á ao reconhecimento pelo Ins- meio de escalada, os peritos, além de descrever os ves-
tituto de Identificação e Estatística ou repartição con- tígios, indicarão com que instrumentos, por que meios
gênere ou pela inquirição de testemunhas, lavrando-se e em que época presumem ter sido o fato praticado.
auto de reconhecimento e de identidade, no qual se
descreverá o cadáver, com todos os sinais e indicações. Art. 172. Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação
Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados de coisas destruídas, deterioradas ou que constituam
e autenticados todos os objetos encontrados, que pos- produto do crime.
sam ser úteis para a identificação do cadáver. Parágrafo único. Se impossível a avaliação direta, os
peritos procederão à avaliação por meio dos elementos
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de de- existentes nos autos e dos que resultarem de diligên-
lito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova cias.
testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verificarão a
Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro causa e o lugar em que houver começado, o perigo que
exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio
exame complementar por determinação da autoridade alheio, a extensão do dano e o seu valor e as demais
policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do circunstâncias que interessarem à elucidação do fato.
Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de
seu defensor. Art. 174. No exame para o reconhecimento de escritos,
§ 1º No exame complementar, os peritos terão presente por comparação de letra, observar-se-á o seguinte:
o auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a defici- I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o
ência ou retificá-lo. escrito será intimada para o ato, se for encontrada;
§ 2º Se o exame tiver por fim precisar a classificação II - para a comparação, poderão servir quaisquer do-
do delito no art. 129, § 1º, I, do Código Penal, deverá cumentos que a dita pessoa reconhecer ou já tiverem
ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado sido judicialmente reconhecidos como de seu punho,
da data do crime. ou sobre cuja autenticidade não houver dúvida;
§ 3º A falta de exame complementar poderá ser suprida III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para
pela prova testemunhal. o exame, os documentos que existirem em arquivos ou
estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a dili-
Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver gência, se daí não puderem ser retirados;

207
IV - quando não houver escritos para a comparação ou aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.
forem insuficientes os exibidos, a autoridade mandará
que a pessoa escreva o que Ihe for ditado. Se estiver au- Art. 183. Nos crimes em que não couber ação pública,
sente a pessoa, mas em lugar certo, esta última diligên- observar-se-á o disposto no art. 19.
cia poderá ser feita por precatória, em que se consigna-
rão as palavras que a pessoa será intimada a escrever. Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o
juiz ou a autoridade policial negará a perícia requerida
Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumentos em- pelas partes, quando não for necessária ao esclareci-
pregados para a prática da infração, a fim de se Ihes mento da verdade.
verificar a natureza e a eficiência.
CAPÍTULO III
Art. 176. A autoridade e as partes poderão formular DO INTERROGATÓRIO DO ACUSADO
quesitos até o ato da diligência.
Art. 185. O acusado que comparecer perante a au-
Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos pe- toridade judiciária, no curso do processo penal, será
ritos far-se-á no juízo deprecado. Havendo, porém, no qualificado e interrogado na presença de seu defensor,
caso de ação privada, acordo das partes, essa nomea- constituído ou nomeado.
ção poderá ser feita pelo juiz deprecante.
§ 1º O interrogatório do réu preso será realizado, em
Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes serão sala própria, no estabelecimento em que estiver reco-
transcritos na precatória. lhido, desde que estejam garantidas a segurança do
juiz, do membro do Ministério Público e dos auxiliares
Art. 178. No caso do art. 159, o exame será requisitado bem como a presença do defensor e a publicidade do
pela autoridade ao diretor da repartição, juntando-se ao ato.
processo o laudo assinado pelos peritos. § 2º Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamen-
tada, de ofício ou a requerimento das partes, poderá
Art. 179. No caso do § 1º do art. 159, o escrivão lavrará realizar o interrogatório do réu preso por sistema de
o auto respectivo, que será assinado pelos peritos e, se videoconferência ou outro recurso tecnológico de
presente ao exame, também pela autoridade. transmissão de sons e imagens em tempo real, desde
Parágrafo único. No caso do art. 160, parágrafo único, que a medida seja necessária para atender a uma das
o laudo, que poderá ser datilografado, será subscrito e seguintes finalidades:
rubricado em suas folhas por todos os peritos. I - prevenir risco à segurança pública, quando exista
fundada suspeita de que o preso integre organização
Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir du-
consignadas no auto do exame as declarações e res- rante o deslocamento;
postas de um e de outro, ou cada um redigirá separada-
mente o seu laudo, e a autoridade nomeará um terceiro; II - viabilizar a participação do réu no referido ato pro-
se este divergir de ambos, a autoridade poderá mandar cessual, quando haja relevante dificuldade para seu
proceder a novo exame por outros peritos. comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra
circunstância pessoal;
Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, ou III - impedir a influência do réu no ânimo de testemu-
no caso de omissões, obscuridades ou contradições, nha ou da vítima, desde que não seja possível colher
a autoridade judiciária mandará suprir a formalidade, o depoimento destas por videoconferência, nos termos
complementar ou esclarecer o laudo. do art. 217 deste Código;
Parágrafo único. A autoridade poderá também ordenar IV - responder à gravíssima questão de ordem pública.
que se proceda a novo exame, por outros peritos, se
§ 3º Da decisão que determinar a realização de interro-
julgar conveniente.
gatório por videoconferência, as partes serão intimadas
com 10 (dez) dias de antecedência.
Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo

208
§ 4º Antes do interrogatório por videoconferência, o § 1º Na primeira parte o interrogando será perguntado
preso poderá acompanhar, pelo mesmo sistema tec- sobre a residência, meios de vida ou profissão, oportu-
nológico, a realização de todos os atos da audiência nidades sociais, lugar onde exerce a sua atividade, vida
única de instrução e julgamento de que tratam os arts. pregressa, notadamente se foi preso ou processado
400, 411 e 531 deste Código. alguma vez e, em caso afirmativo, qual o juízo do pro-
cesso, se houve suspensão condicional ou condena-
§ 5º Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz
ção, qual a pena imposta, se a cumpriu e outros dados
garantirá ao réu o direito de entrevista prévia e reser-
familiares e sociais.
vada com o seu defensor; se realizado por videocon-
ferência, fica também garantido o acesso a canais tele- § 2º Na segunda parte será perguntado sobre:
fônicos reservados para comunicação entre o defensor I - ser verdadeira a acusação que lhe é feita;
que esteja no presídio e o advogado presente na sala de
audiência do Fórum, e entre este e o preso. II - não sendo verdadeira a acusação, se tem algum mo-
tivo particular a que atribuí-la, se conhece a pessoa ou
§ 6º A sala reservada no estabelecimento prisional pessoas a quem deva ser imputada a prática do crime,
para a realização de atos processuais por sistema de e quais sejam, e se com elas esteve antes da prática da
videoconferência será fiscalizada pelos corregedores e infração ou depois dela;
pelo juiz de cada causa, como também pelo Ministério
Público e pela Ordem dos Advogados do Brasil. III - onde estava ao tempo em que foi cometida a infra-
ção e se teve notícia desta;
§ 7º Será requisitada a apresentação do réu preso em
juízo nas hipóteses em que o interrogatório não se rea- IV - as provas já apuradas;
lizar na forma prevista nos §§ 1º e 2º deste artigo. V - se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas
§ 8º Aplica-se o disposto nos §§ 2º, 3º, 4º e 5º deste ou por inquirir, e desde quando, e se tem o que alegar
artigo, no que couber, à realização de outros atos pro- contra elas;
cessuais que dependam da participação de pessoa que VI - se conhece o instrumento com que foi praticada a
esteja presa, como acareação, reconhecimento de pes- infração, ou qualquer objeto que com esta se relacione
soas e coisas, e inquirição de testemunha ou tomada de e tenha sido apreendido;
declarações do ofendido.
VII - todos os demais fatos e pormenores que condu-
§ 9º Na hipótese do § 8º deste artigo, fica garantido zam à elucidação dos antecedentes e circunstâncias da
o acompanhamento do ato processual pelo acusado e infração;
seu defensor.
VIII - se tem algo mais a alegar em sua defesa.
§ 10. Do interrogatório deverá constar a informação
sobre a existência de filhos, respectivas idades e se Art. 188. Após proceder ao interrogatório, o juiz indaga-
possuem alguma deficiência e o nome e o contato de rá das partes se restou algum fato para ser esclarecido,
eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indica- formulando as perguntas correspondentes se o enten-
do pela pessoa presa. der pertinente e relevante.

Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cienti- Art. 189. Se o interrogando negar a acusação, no todo
ficado do inteiro teor da acusação, o acusado será in- ou em parte, poderá prestar esclarecimentos e indicar
formado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do provas.
seu direito de permanecer calado e de não responder
perguntas que lhe forem formuladas. Art. 190. Se confessar a autoria, será perguntado sobre
Parágrafo único. O silêncio, que não importará em os motivos e circunstâncias do fato e se outras pessoas
confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da concorreram para a infração, e quais sejam.
defesa.
Art. 191. Havendo mais de um acusado, serão interro-
Art. 187. O interrogatório será constituído de duas par- gados separadamente.
tes: sobre a pessoa do acusado e sobre os fatos.
Art. 192. O interrogatório do mudo, do surdo ou do sur-

209
do-mudo será feito pela forma seguinte: cado e perguntado sobre as circunstâncias da infração,
quem seja ou presuma ser o seu autor, as provas que
I - ao surdo serão apresentadas por escrito as pergun-
possa indicar, tomando-se por termo as suas declara-
tas, que ele responderá oralmente;
ções.
II - ao mudo as perguntas serão feitas oralmente, res-
§ 1º Se, intimado para esse fim, deixar de comparecer
pondendo-as por escrito;
sem motivo justo, o ofendido poderá ser conduzido à
III - ao surdo-mudo as perguntas serão formuladas por presença da autoridade.
escrito e do mesmo modo dará as respostas.
§ 2º O ofendido será comunicado dos atos processuais
Parágrafo único. Caso o interrogando não saiba ler ou relativos ao ingresso e à saída do acusado da prisão, à
escrever, intervirá no ato, como intérprete e sob com- designação de data para audiência e à sentença e res-
promisso, pessoa habilitada a entendê-lo. pectivos acórdãos que a mantenham ou modifiquem.
§ 3º As comunicações ao ofendido deverão ser feitas no
Art. 193. Quando o interrogando não falar a língua na-
endereço por ele indicado, admitindo-se, por opção do
cional, o interrogatório será feito por meio de intérprete.
ofendido, o uso de meio eletrônico.
Art. 195. Se o interrogado não souber escrever, não § 4º Antes do início da audiência e durante a sua reali-
puder ou não quiser assinar, tal fato será consignado zação, será reservado espaço separado para o ofendido.
no termo. § 5º Se o juiz entender necessário, poderá encaminhar
o ofendido para atendimento multidisciplinar, especial-
Art. 196. A todo tempo o juiz poderá proceder a novo mente nas áreas psicossocial, de assistência jurídica e
interrogatório de ofício ou a pedido fundamentado de de saúde, a expensas do ofensor ou do Estado.
qualquer das partes.
§ 6º O juiz tomará as providências necessárias à pre-
servação da intimidade, vida privada, honra e imagem
CAPÍTULO IV do ofendido, podendo, inclusive, determinar o segredo
DA CONFISSÃO de justiça em relação aos dados, depoimentos e outras
informações constantes dos autos a seu respeito para
Art. 197. O valor da confissão se aferirá pelos critérios evitar sua exposição aos meios de comunicação.
adotados para os outros elementos de prova, e para a
sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as de- CAPÍTULO VI
mais provas do processo, verificando se entre ela e DAS TESTEMUNHAS
estas existe compatibilidade ou concordância.

Art. 198. O silêncio do acusado não importará confis- Art. 202. Toda pessoa poderá ser testemunha.
são, mas poderá constituir elemento para a formação do
convencimento do juiz. Art. 203. A testemunha fará, sob palavra de honra, a
promessa de dizer a verdade do que souber e Ihe for
Art. 199. A confissão, quando feita fora do interroga- perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade, seu
tório, será tomada por termo nos autos, observado o estado e sua residência, sua profissão, lugar onde exer-
disposto no art. 195. ce sua atividade, se é parente, e em que grau, de alguma
das partes, ou quais suas relações com qualquer delas,
e relatar o que souber, explicando sempre as razões de
Art. 200. A confissão será divisível e retratável, sem
sua ciência ou as circunstâncias pelas quais possa ava-
prejuízo do livre convencimento do juiz, fundado no
liar-se de sua credibilidade.
exame das provas em conjunto.
Art. 204. O depoimento será prestado oralmente, não
CAPÍTULO V sendo permitido à testemunha trazê-lo por escrito.
DO OFENDIDO
Parágrafo único. Não será vedada à testemunha, entre-
tanto, breve consulta a apontamentos.
Art. 201. Sempre que possível, o ofendido será qualifi-

210
Art. 205. Se ocorrer dúvida sobre a identidade da tes- autoridade policial.
temunha, o juiz procederá à verificação pelos meios ao
seu alcance, podendo, entretanto, tomar-lhe o depoi- Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes
mento desde logo. diretamente à testemunha, não admitindo o juiz aquelas
que puderem induzir a resposta, não tiverem relação
Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da obriga- com a causa ou importarem na repetição de outra já
ção de depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo respondida.
o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o Parágrafo único. Sobre os pontos não esclarecidos, o
cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, juiz poderá complementar a inquirição.
ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não for
possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a pro-
Art. 213. O juiz não permitirá que a testemunha mani-
va do fato e de suas circunstâncias.
feste suas apreciações pessoais, salvo quando insepa-
ráveis da narrativa do fato.
Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em
razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam
Art. 214. Antes de iniciado o depoimento, as partes po-
guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte in-
derão contraditar a testemunha ou argüir circunstâncias
teressada, quiserem dar o seu testemunho.
ou defeitos, que a tornem suspeita de parcialidade, ou
indigna de fé. O juiz fará consignar a contradita ou ar-
Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude güição e a resposta da testemunha, mas só excluirá a
o art. 203 aos doentes e deficientes mentais e aos me- testemunha ou não Ihe deferirá compromisso nos casos
nores de 14 (quatorze) anos, nem às pessoas a que se previstos nos arts. 207 e 208.
refere o art. 206.
Art. 215. Na redação do depoimento, o juiz deverá cin-
Art. 209. O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir gir-se, tanto quanto possível, às expressões usadas pe-
outras testemunhas, além das indicadas pelas partes. las testemunhas, reproduzindo fielmente as suas frases.
§ 1º Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as
pessoas a que as testemunhas se referirem. Art. 216. O depoimento da testemunha será reduzido a
§ 2º Não será computada como testemunha a pessoa termo, assinado por ela, pelo juiz e pelas partes. Se a
que nada souber que interesse à decisão da causa. testemunha não souber assinar, ou não puder fazê-lo,
pedirá a alguém que o faça por ela, depois de lido na
presença de ambos.
Art. 210. As testemunhas serão inquiridas cada uma de
per si, de modo que umas não saibam nem ouçam os
depoimentos das outras, devendo o juiz adverti-las das Art. 217. Se o juiz verificar que a presença do réu pode-
penas cominadas ao falso testemunho. rá causar humilhação, temor, ou sério constrangimento
à testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique
Parágrafo único. Antes do início da audiência e durante a verdade do depoimento, fará a inquirição por vide-
a sua realização, serão reservados espaços separados oconferência e, somente na impossibilidade dessa
para a garantia da incomunicabilidade das testemu- forma, determinará a retirada do réu, prosseguindo na
nhas. inquirição, com a presença do seu defensor.
Parágrafo único. A adoção de qualquer das medidas
Art. 211. Se o juiz, ao pronunciar sentença final, reco-
previstas no caput deste artigo deverá constar do termo,
nhecer que alguma testemunha fez afirmação falsa, ca-
assim como os motivos que a determinaram.
lou ou negou a verdade, remeterá cópia do depoimento
à autoridade policial para a instauração de inquérito.
Art. 218. Se, regularmente intimada, a testemunha dei-
Parágrafo único. Tendo o depoimento sido prestado em xar de comparecer sem motivo justificado, o juiz poderá
plenário de julgamento, o juiz, no caso de proferir deci- requisitar à autoridade policial a sua apresentação ou
são na audiência (art. 538, § 2º), o tribunal (art. 561), ou determinar seja conduzida por oficial de justiça, que
o conselho de sentença, após a votação dos quesitos, poderá solicitar o auxílio da força pública.
poderão fazer apresentar imediatamente a testemunha à

211
Art. 219. O juiz poderá aplicar à testemunha faltosa a sive, durante a realização da audiência de instrução e
multa prevista no art. 453, sem prejuízo do processo julgamento.
penal por crime de desobediência, e condená-la ao pa-
gamento das custas da diligência. Art. 222-A. As cartas rogatórias só serão expedidas se
demonstrada previamente a sua imprescindibilidade,
Art. 220. As pessoas impossibilitadas, por enfermidade arcando a parte requerente com os custos de envio.
ou por velhice, de comparecer para depor, serão inqui- Parágrafo único. Aplica-se às cartas rogatórias o dis-
ridas onde estiverem. posto nos §§ 1º e 2º do art. 222 deste Código.
Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da Repúbli- Art. 223. Quando a testemunha não conhecer a língua
ca, os senadores e deputados federais, os ministros de nacional, será nomeado intérprete para traduzir as per-
Estado, os governadores de Estados e Territórios, os guntas e respostas.
secretários de Estado, os prefeitos do Distrito Federal
e dos Municípios, os deputados às Assembléias Legis- Parágrafo único. Tratando-se de mudo, surdo ou sur-
lativas Estaduais, os membros do Poder Judiciário, os do-mudo, proceder-se-á na conformidade do art. 192.
ministros e juízes dos Tribunais de Contas da União,
dos Estados, do Distrito Federal, bem como os do Tri- Art. 224. As testemunhas comunicarão ao juiz, dentro
bunal Marítimo serão inquiridos em local, dia e hora de um ano, qualquer mudança de residência, sujeitan-
previamente ajustados entre eles e o juiz. do-se, pela simples omissão, às penas do não-com-
parecimento.
§ 1º O Presidente e o Vice-Presidente da República,
os presidentes do Senado Federal, da Câmara dos De-
Art. 225. Se qualquer testemunha houver de ausentar-
putados e do Supremo Tribunal Federal poderão optar
-se, ou, por enfermidade ou por velhice, inspirar receio
pela prestação de depoimento por escrito, caso em que
de que ao tempo da instrução criminal já não exista, o
as perguntas, formuladas pelas partes e deferidas pelo
juiz poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer
juiz, Ihes serão transmitidas por ofício.
das partes, tomar-lhe antecipadamente o depoimento.
§ 2º Os militares deverão ser requisitados à autoridade
superior. CAPÍTULO VII
§ 3º Aos funcionários públicos aplicar-se-á o disposto DO RECONHECIMENTO DE
no art. 218, devendo, porém, a expedição do mandado PESSOAS E COISAS
ser imediatamente comunicada ao chefe da repartição
em que servirem, com indicação do dia e da hora mar-
cados. Art. 226. Quando houver necessidade de fazer-se o re-
conhecimento de pessoa, proceder-se-á pela seguinte
Art. 222. A testemunha que morar fora da jurisdição do forma:
juiz será inquirida pelo juiz do lugar de sua residência, I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será
expedindo-se, para esse fim, carta precatória, com pra- convidada a descrever a pessoa que deva ser reconhe-
zo razoável, intimadas as partes. cida;
§ 1º A expedição da precatória não suspenderá a ins- Il - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será
trução criminal. colocada, se possível, ao lado de outras que com ela ti-
§ 2º Findo o prazo marcado, poderá realizar-se o julga- verem qualquer semelhança, convidando-se quem tiver
mento, mas, a todo tempo, a precatória, uma vez devol- de fazer o reconhecimento a apontá-la;
vida, será junta aos autos. III - se houver razão para recear que a pessoa chamada
§ 3º Na hipótese prevista no caput deste artigo, a oitiva para o reconhecimento, por efeito de intimidação ou
de testemunha poderá ser realizada por meio de vide- outra influência, não diga a verdade em face da pessoa
oconferência ou outro recurso tecnológico de trans- que deve ser reconhecida, a autoridade providenciará
missão de sons e imagens em tempo real, permitida a para que esta não veja aquela;
presença do defensor e podendo ser realizada, inclu- IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto por-

212
menorizado, subscrito pela autoridade, pela pessoa Art. 232. Consideram-se documentos quaisquer escri-
chamada para proceder ao reconhecimento e por duas tos, instrumentos ou papéis, públicos ou particulares.
testemunhas presenciais. Parágrafo único. À fotografia do documento, devida-
Parágrafo único. O disposto no no III deste artigo não mente autenticada, se dará o mesmo valor do original.
terá aplicação na fase da instrução criminal ou em ple-
nário de julgamento. Art. 233. As cartas particulares, interceptadas ou ob-
tidas por meios criminosos, não serão admitidas em
Art. 227. No reconhecimento de objeto, proceder-se-á juízo.
com as cautelas estabelecidas no artigo anterior, no que Parágrafo único. As cartas poderão ser exibidas em juí-
for aplicável. zo pelo respectivo destinatário, para a defesa de seu di-
reito, ainda que não haja consentimento do signatário.
Art. 228. Se várias forem as pessoas chamadas a efetuar
o reconhecimento de pessoa ou de objeto, cada uma Art. 234. Se o juiz tiver notícia da existência de docu-
fará a prova em separado, evitando-se qualquer comu- mento relativo a ponto relevante da acusação ou da
nicação entre elas. defesa, providenciará, independentemente de reque-
rimento de qualquer das partes, para sua juntada aos
CAPÍTULO VIII autos, se possível.
DA ACAREAÇÃO
Art. 235. A letra e firma dos documentos particulares
Art. 229. A acareação será admitida entre acusados, serão submetidas a exame pericial, quando contestada
entre acusado e testemunha, entre testemunhas, entre a sua autenticidade.
acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as
pessoas ofendidas, sempre que divergirem, em suas Art. 236. Os documentos em língua estrangeira, sem
declarações, sobre fatos ou circunstâncias relevantes. prejuízo de sua juntada imediata, serão, se necessário,
traduzidos por tradutor público, ou, na falta, por pessoa
Parágrafo único. Os acareados serão reperguntados, idônea nomeada pela autoridade.
para que expliquem os pontos de divergências, redu-
zindo-se a termo o ato de acareação. Art. 237. As públicas-formas só terão valor quando
conferidas com o original, em presença da autoridade.
Art. 230. Se ausente alguma testemunha, cujas declara-
ções divirjam das de outra, que esteja presente, a esta se Art. 238. Os documentos originais, juntos a processo
darão a conhecer os pontos da divergência, consignan- findo, quando não exista motivo relevante que justifique
do-se no auto o que explicar ou observar. Se subsistir a sua conservação nos autos, poderão, mediante reque-
a discordância, expedir-se-á precatória à autoridade do rimento, e ouvido o Ministério Público, ser entregues à
lugar onde resida a testemunha ausente, transcrevendo- parte que os produziu, ficando traslado nos autos.
-se as declarações desta e as da testemunha presente,
nos pontos em que divergirem, bem como o texto do
referido auto, a fim de que se complete a diligência, ou- CAPÍTULO X
vindo-se a testemunha ausente, pela mesma forma es- DOS INDÍCIOS
tabelecida para a testemunha presente. Esta diligência
só se realizará quando não importe demora prejudicial Art. 239. Considera-se indício a circunstância conheci-
ao processo e o juiz a entenda conveniente. da e provada, que, tendo relação com o fato, autorize,
por indução, concluir-se a existência de outra ou outras
CAPÍTULO IX circunstâncias.
DOS DOCUMENTOS
CAPÍTULO XI
Art. 231. Salvo os casos expressos em lei, as partes DA BUSCA E DA APREENSÃO
poderão apresentar documentos em qualquer fase do
processo.

213
Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal. elemento do corpo de delito.
§ 1º Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas
razões a autorizarem, para: Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, no
caso de prisão ou quando houver fundada suspeita de
a) prender criminosos; que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de
b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios cri- objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou
minosos; quando a medida for determinada no curso de busca
domiciliar.
c) apreender instrumentos de falsificação ou de contra-
fação e objetos falsificados ou contrafeitos;
Art. 245. As buscas domiciliares serão executadas de
d) apreender armas e munições, instrumentos utiliza- dia, salvo se o morador consentir que se realizem à
dos na prática de crime ou destinados a fim delituoso; noite, e, antes de penetrarem na casa, os executores
e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou mostrarão e lerão o mandado ao morador, ou a quem
à defesa do réu; o represente, intimando-o, em seguida, a abrir a porta.

f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acu- § 1º Se a própria autoridade der a busca, declarará pre-
sado ou em seu poder, quando haja suspeita de que o viamente sua qualidade e o objeto da diligência.
conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à eluci- § 2º Em caso de desobediência, será arrombada a porta
dação do fato; e forçada a entrada.
g) apreender pessoas vítimas de crimes; § 3º Recalcitrando o morador, será permitido o emprego
h) colher qualquer elemento de convicção. de força contra coisas existentes no interior da casa,
para o descobrimento do que se procura.
§ 2º Proceder-se-á à busca pessoal quando houver
fundada suspeita de que alguém oculte consigo arma § 4º Observar-se-á o disposto nos §§ 2º e 3º, quando
proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e le- ausentes os moradores, devendo, neste caso, ser inti-
tra h do parágrafo anterior. mado a assistir à diligência qualquer vizinho, se houver
e estiver presente.
Art. 241. Quando a própria autoridade policial ou judi- § 5º Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai
ciária não a realizar pessoalmente, a busca domiciliar procurar, o morador será intimado a mostrá-la.
deverá ser precedida da expedição de mandado. § 6º Descoberta a pessoa ou coisa que se procura, será
imediatamente apreendida e posta sob custódia da au-
Art. 242. A busca poderá ser determinada de ofício ou a toridade ou de seus agentes.
requerimento de qualquer das partes.
§ 7º Finda a diligência, os executores lavrarão auto
Art. 243. O mandado de busca deverá: circunstanciado, assinando-o com duas testemunhas
presenciais, sem prejuízo do disposto no § 4º.
I - indicar, o mais precisamente possível, a casa em que
será realizada a diligência e o nome do respectivo pro- Art. 246. Aplicar-se-á também o disposto no artigo an-
prietário ou morador; ou, no caso de busca pessoal, o terior, quando se tiver de proceder a busca em compar-
nome da pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que timento habitado ou em aposento ocupado de habitação
a identifiquem; coletiva ou em compartimento não aberto ao público,
II - mencionar o motivo e os fins da diligência; onde alguém exercer profissão ou atividade.
III - ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autori-
Art. 247. Não sendo encontrada a pessoa ou coisa pro-
dade que o fizer expedir.
curada, os motivos da diligência serão comunicados a
§ 1º Se houver ordem de prisão, constará do próprio quem tiver sofrido a busca, se o requerer.
texto do mandado de busca.
§ 2º Não será permitida a apreensão de documento em Art. 248. Em casa habitada, a busca será feita de modo
poder do defensor do acusado, salvo quando constituir que não moleste os moradores mais do que o indispen-
sável para o êxito da diligência.

214
Art. 249. A busca em mulher será feita por outra mulher, funções ou servido como testemunha;
se não importar retardamento ou prejuízo da diligência. III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pro-
nunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão;
Art. 250. A autoridade ou seus agentes poderão pene-
trar no território de jurisdição alheia, ainda que de outro IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consan-
Estado, quando, para o fim de apreensão, forem no se- güíneo ou afim em linha reta ou colateral até o terceiro
guimento de pessoa ou coisa, devendo apresentar-se grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no
à competente autoridade local, antes da diligência ou feito.
após, conforme a urgência desta.
Art. 253. Nos juízos coletivos, não poderão servir no
§ 1º Entender-se-á que a autoridade ou seus agentes mesmo processo os juízes que forem entre si parentes,
vão em seguimento da pessoa ou coisa, quando: consangüíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o
a) tendo conhecimento direto de sua remoção ou trans- terceiro grau, inclusive.
porte, a seguirem sem interrupção, embora depois a
percam de vista; Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer,
b) ainda que não a tenham avistado, mas sabendo, por poderá ser recusado por qualquer das partes:
informações fidedignas ou circunstâncias indiciárias, I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer
que está sendo removida ou transportada em determi- deles;
nada direção, forem ao seu encalço.
II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente,
§ 2º Se as autoridades locais tiverem fundadas razões estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre
para duvidar da legitimidade das pessoas que, nas re- cujo caráter criminoso haja controvérsia;
feridas diligências, entrarem pelos seus distritos, ou da
III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo, ou
legalidade dos mandados que apresentarem, poderão
afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda
exigir as provas dessa legitimidade, mas de modo que
ou responder a processo que tenha de ser julgado por
não se frustre a diligência.
qualquer das partes;

TÍTULO VIII IV - se tiver aconselhado qualquer das partes;


DO JUIZ, DO MINISTÉRIO PÚBLICO, V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qual-
DO ACUSADO E DEFENSOR, DOS quer das partes;
ASSISTENTES E AUXILIARES DA JUSTIÇA Vl - se for sócio, acionista ou administrador de socieda-
de interessada no processo.
CAPÍTULO I Art. 255. O impedimento ou suspeição decorrente de
DO JUIZ parentesco por afinidade cessará pela dissolução do
casamento que Ihe tiver dado causa, salvo sobrevindo
Art. 251. Ao juiz incumbirá prover à regularidade do descendentes; mas, ainda que dissolvido o casamento
processo e manter a ordem no curso dos respectivos sem descendentes, não funcionará como juiz o sogro,
atos, podendo, para tal fim, requisitar a força pública. o padrasto, o cunhado, o genro ou enteado de quem for
parte no processo.
Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no pro-
cesso em que: Art. 256. A suspeição não poderá ser declarada nem
reconhecida, quando a parte injuriar o juiz ou de propó-
I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consan-
sito der motivo para criá-la.
güíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro
grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do
Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da jus- CAPÍTULO II
tiça ou perito; DO MINISTÉRIO PÚBLICO
II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas
Art. 257. Ao Ministério Público cabe:

215
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na Art. 264. Salvo motivo relevante, os advogados e soli-
forma estabelecida neste Código; e citadores serão obrigados, sob pena de multa de cem a
quinhentos mil-réis, a prestar seu patrocínio aos acusa-
II - fiscalizar a execução da lei.
dos, quando nomeados pelo Juiz.
Art. 258. Os órgãos do Ministério Público não funcio-
Art. 265. O defensor não poderá abandonar o processo
narão nos processos em que o juiz ou qualquer das
senão por motivo imperioso, comunicado previamen-
partes for seu cônjuge, ou parente, consangüíneo ou
te o juiz, sob pena de multa de 10 (dez) a 100 (cem)
afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, in-
salários mínimos, sem prejuízo das demais sanções
clusive, e a eles se estendem, no que Ihes for aplicável,
cabíveis.
as prescrições relativas à suspeição e aos impedimen-
tos dos juízes. § 1º A audiência poderá ser adiada se, por motivo justi-
ficado, o defensor não puder comparecer.
CAPÍTULO III § 2º Incumbe ao defensor provar o impedimento até a
DO ACUSADO E SEU DEFENSOR abertura da audiência. Não o fazendo, o juiz não deter-
minará o adiamento de ato algum do processo, devendo
Art. 259. A impossibilidade de identificação do acusado nomear defensor substituto, ainda que provisoriamente
com o seu verdadeiro nome ou outros qualificativos ou só para o efeito do ato.
não retardará a ação penal, quando certa a identidade
física. A qualquer tempo, no curso do processo, do jul- Art. 266. A constituição de defensor independerá de
gamento ou da execução da sentença, se for descoberta instrumento de mandato, se o acusado o indicar por
a sua qualificação, far-se-á a retificação, por termo, nos ocasião do interrogatório.
autos, sem prejuízo da validade dos atos precedentes.
Art. 267. Nos termos do art. 252, não funcionarão como
Art. 260. Se o acusado não atender à intimação para defensores os parentes do juiz.
o interrogatório, reconhecimento ou qualquer outro ato
que, sem ele, não possa ser realizado, a autoridade po- CAPÍTULO IV
derá mandar conduzi-lo à sua presença. DOS ASSISTENTES
Parágrafo único. O mandado conterá, além da ordem de
condução, os requisitos mencionados no art. 352, no Art. 268. Em todos os termos da ação pública, poderá
que Ihe for aplicável. intervir, como assistente do Ministério Público, o ofen-
dido ou seu representante legal, ou, na falta, qualquer
Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou fora- das pessoas mencionadas no Art. 31.
gido, será processado ou julgado sem defensor.
Parágrafo único. A defesa técnica, quando realizada por Art. 269. O assistente será admitido enquanto não pas-
defensor público ou dativo, será sempre exercida atra- sar em julgado a sentença e receberá a causa no estado
vés de manifestação fundamentada. em que se achar.

Art. 262. Ao acusado menor dar-se-á curador. Art. 270. O co-réu no mesmo processo não poderá in-
tervir como assistente do Ministério Público.
Art. 263. Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomeado
defensor pelo juiz, ressalvado o seu direito de, a todo Art. 271. Ao assistente será permitido propor meios de
tempo, nomear outro de sua confiança, ou a si mesmo prova, requerer perguntas às testemunhas, aditar o libe-
defender-se, caso tenha habilitação. lo e os articulados, participar do debate oral e arrazoar
os recursos interpostos pelo Ministério Público, ou por
Parágrafo único. O acusado, que não for pobre, será ele próprio, nos casos dos arts. 584, § 1º, e 598.
obrigado a pagar os honorários do defensor dativo,
arbitrados pelo juiz. § 1º O juiz, ouvido o Ministério Público, decidirá acerca
da realização das provas propostas pelo assistente.

216
§ 2º O processo prosseguirá independentemente de I - os que estiverem sujeitos à interdição de direito
nova intimação do assistente, quando este, intimado, mencionada nos ns. I e IV do art. 69 do Código Penal;
deixar de comparecer a qualquer dos atos da instrução II - os que tiverem prestado depoimento no processo ou
ou do julgamento, sem motivo de força maior devida- opinado anteriormente sobre o objeto da perícia;
mente comprovado.
III - os analfabetos e os menores de 21 anos.
Art. 272. O Ministério Público será ouvido previamente
sobre a admissão do assistente. Art. 280. É extensivo aos peritos, no que Ihes for aplicá-
vel, o disposto sobre suspeição dos juízes.
Art. 273. Do despacho que admitir, ou não, o assistente,
não caberá recurso, devendo, entretanto, constar dos Art. 281. Os intérpretes são, para todos os efeitos, equi-
autos o pedido e a decisão. parados aos peritos.

CAPÍTULO V TÍTULO IX
DOS FUNCIONÁRIOS DA JUSTIÇA DA PRISÃO, DAS MEDIDAS CAUTELARES
E DA LIBERDADE PROVISÓRIA
Art. 274. As prescrições sobre suspeição dos juízes es-
tendem-se aos serventuários e funcionários da justiça, CAPÍTULO I
no que Ihes for aplicável. DISPOSIÇÕES GERAIS
CAPÍTULO VI
Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título
DOS PERITOS E INTÉRPRETES deverão ser aplicadas observando-se a:
I - necessidade para aplicação da lei penal, para a
Art. 275. O perito, ainda quando não oficial, estará su- investigação ou a instrução criminal e, nos casos ex-
jeito à disciplina judiciária. pressamente previstos, para evitar a prática de infrações
penais;
Art. 276. As partes não intervirão na nomeação do pe-
rito. II - adequação da medida à gravidade do crime, cir-
cunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado
Art. 277. O perito nomeado pela autoridade será obri- ou acusado.
gado a aceitar o encargo, sob pena de multa de cem a § 1º As medidas cautelares poderão ser aplicadas isola-
quinhentos mil-réis, salvo escusa atendível. da ou cumulativamente.
Parágrafo único. Incorrerá na mesma multa o perito § 2º As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz
que, sem justa causa, provada imediatamente: a requerimento das partes ou, quando no curso da in-
a) deixar de acudir à intimação ou ao chamado da au- vestigação criminal, por representação da autoridade
toridade; policial ou mediante requerimento do Ministério Públi-
co. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
b) não comparecer no dia e local designados para o
exame; § 3º Ressalvados os casos de urgência ou de perigo
de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido de
c) não der o laudo, ou concorrer para que a perícia não medida cautelar, determinará a intimação da parte con-
seja feita, nos prazos estabelecidos. trária, para se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias,
acompanhada de cópia do requerimento e das peças
Art. 278. No caso de não-comparecimento do perito, necessárias, permanecendo os autos em juízo, e os ca-
sem justa causa, a autoridade poderá determinar a sua sos de urgência ou de perigo deverão ser justificados e
condução. fundamentados em decisão que contenha elementos do
caso concreto que justifiquem essa medida excepcio-
Art. 279. Não poderão ser peritos: nal. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

217
§ 4º No caso de descumprimento de qualquer das çável a infração;
obrigações impostas, o juiz, mediante requerimento do e) será dirigido a quem tiver qualidade para dar-lhe
Ministério Público, de seu assistente ou do querelante, execução.
poderá substituir a medida, impor outra em cumulação,
ou, em último caso, decretar a prisão preventiva, nos
Art. 286. O mandado será passado em duplicata, e o
termos do parágrafo único do art. 312 deste Código.
executor entregará ao preso, logo depois da prisão, um
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
dos exemplares com declaração do dia, hora e lugar da
§ 5º O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, re- diligência. Da entrega deverá o preso passar recibo no
vogar a medida cautelar ou substituí-la quando verificar outro exemplar; se recusar, não souber ou não puder
a falta de motivo para que subsista, bem como voltar escrever, o fato será mencionado em declaração, assi-
a decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. nada por duas testemunhas.
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 6º A prisão preventiva somente será determinada Art. 287. Se a infração for inafiançável, a falta de exi-
quando não for cabível a sua substituição por outra bição do mandado não obstará a prisão, e o preso, em
medida cautelar, observado o art. 319 deste Código, tal caso, será imediatamente apresentado ao juiz que
e o não cabimento da substituição por outra medida tiver expedido o mandado, para a realização de audiên-
cautelar deverá ser justificado de forma fundamentada cia de custódia. (Redação dada pela Lei nº 13.964,
nos elementos presentes do caso concreto, de forma de 2019)
individualizada. (Redação dada pela Lei nº 13.964,
de 2019) Art. 288. Ninguém será recolhido à prisão, sem que seja
exibido o mandado ao respectivo diretor ou carcereiro,
Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante a quem será entregue cópia assinada pelo executor ou
delito ou por ordem escrita e fundamentada da autori- apresentada a guia expedida pela autoridade compe-
dade judiciária competente, em decorrência de prisão tente, devendo ser passado recibo da entrega do preso,
cautelar ou em virtude de condenação criminal transita- com declaração de dia e hora.
da em julgado. (Redação dada pela Lei nº 13.964,
de 2019) Parágrafo único. O recibo poderá ser passado no pró-
prio exemplar do mandado, se este for o documento
§ 1º As medidas cautelares previstas neste Título não se exibido.
aplicam à infração a que não for isolada, cumulativa ou
alternativamente cominada pena privativa de liberdade. Art. 289. Quando o acusado estiver no território na-
§ 2º A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e cional, fora da jurisdição do juiz processante, será de-
a qualquer hora, respeitadas as restrições relativas à precada a sua prisão, devendo constar da precatória o
inviolabilidade do domicílio. inteiro teor do mandado.
§ 1º Havendo urgência, o juiz poderá requisitar a pri-
Art. 284. Não será permitido o emprego de força, salvo são por qualquer meio de comunicação, do qual deverá
a indispensável no caso de resistência ou de tentativa constar o motivo da prisão, bem como o valor da fiança
de fuga do preso. se arbitrada.

Art. 285. A autoridade que ordenar a prisão fará expedir § 2º A autoridade a quem se fizer a requisição tomará as
o respectivo mandado. precauções necessárias para averiguar a autenticidade
da comunicação.
Parágrafo único. O mandado de prisão:
§ 3º O juiz processante deverá providenciar a remoção
a) será lavrado pelo escrivão e assinado pela autorida- do preso no prazo máximo de 30 (trinta) dias, contados
de; da efetivação da medida.
b) designará a pessoa, que tiver de ser presa, por seu
nome, alcunha ou sinais característicos; Art. 289-A. O juiz competente providenciará o imedia-
to registro do mandado de prisão em banco de dados
c) mencionará a infração penal que motivar a prisão;
mantido pelo Conselho Nacional de Justiça para essa
d) declarará o valor da fiança arbitrada, quando afian- finalidade.

218
§ 1º Qualquer agente policial poderá efetuar a prisão Art. 291. A prisão em virtude de mandado entender-se-á
determinada no mandado de prisão registrado no Con- feita desde que o executor, fazendo-se conhecer do réu,
selho Nacional de Justiça, ainda que fora da competên- Ihe apresente o mandado e o intime a acompanhá-lo.
cia territorial do juiz que o expediu.
§ 2º Qualquer agente policial poderá efetuar a prisão Art. 292. Se houver, ainda que por parte de terceiros,
decretada, ainda que sem registro no Conselho Nacio- resistência à prisão em flagrante ou à determinada por
nal de Justiça, adotando as precauções necessárias autoridade competente, o executor e as pessoas que o
para averiguar a autenticidade do mandado e comu- auxiliarem poderão usar dos meios necessários para
nicando ao juiz que a decretou, devendo este provi- defender-se ou para vencer a resistência, do que tudo se
denciar, em seguida, o registro do mandado na forma lavrará auto subscrito também por duas testemunhas.
do caput deste artigo. Parágrafo único. É vedado o uso de algemas em mu-
§ 3º A prisão será imediatamente comunicada ao juiz do lheres grávidas durante os atos médico-hospitalares
local de cumprimento da medida o qual providenciará preparatórios para a realização do parto e durante o
a certidão extraída do registro do Conselho Nacional de trabalho de parto, bem como em mulheres durante o
Justiça e informará ao juízo que a decretou. período de puerpério imediato.

§ 4º O preso será informado de seus direitos, nos ter- Art. 293. Se o executor do mandado verificar, com se-
mos do inciso LXIII do art. 5º da Constituição Federal e, gurança, que o réu entrou ou se encontra em alguma
caso o autuado não informe o nome de seu advogado, casa, o morador será intimado a entregá-lo, à vista da
será comunicado à Defensoria Pública. ordem de prisão. Se não for obedecido imediatamente,
§ 5º Havendo dúvidas das autoridades locais sobre a o executor convocará duas testemunhas e, sendo dia,
legitimidade da pessoa do executor ou sobre a identi- entrará à força na casa, arrombando as portas, se preci-
dade do preso, aplica-se o disposto no § 2º do art. 290 so; sendo noite, o executor, depois da intimação ao mo-
deste Código. rador, se não for atendido, fará guardar todas as saídas,
tornando a casa incomunicável, e, logo que amanheça,
§ 6º O Conselho Nacional de Justiça regulamenta-
arrombará as portas e efetuará a prisão.
rá o registro do mandado de prisão a que se refere
o caput deste artigo. Parágrafo único. O morador que se recusar a entregar
o réu oculto em sua casa será levado à presença da au-
Art. 290. Se o réu, sendo perseguido, passar ao territó- toridade, para que se proceda contra ele como for de
rio de outro município ou comarca, o executor poderá direito.
efetuar-lhe a prisão no lugar onde o alcançar, apresen-
tando-o imediatamente à autoridade local, que, depois Art. 294. No caso de prisão em flagrante, observar-se-á
de lavrado, se for o caso, o auto de flagrante, providen- o disposto no artigo anterior, no que for aplicável.
ciará para a remoção do preso.
Art. 295. Serão recolhidos a quartéis ou a prisão es-
§ 1º - Entender-se-á que o executor vai em perseguição
pecial, à disposição da autoridade competente, quando
do réu, quando:
sujeitos a prisão antes de condenação definitiva:
a) tendo-o avistado, for perseguindo-o sem interrup-
I - os ministros de Estado;
ção, embora depois o tenha perdido de vista;
II - os governadores ou interventores de Estados ou Ter-
b) sabendo, por indícios ou informações fidedignas,
ritórios, o prefeito do Distrito Federal, seus respectivos
que o réu tenha passado, há pouco tempo, em tal ou
secretários, os prefeitos municipais, os vereadores e os
qual direção, pelo lugar em que o procure, for no seu
chefes de Polícia;
encalço.
III - os membros do Parlamento Nacional, do Conselho
§ 2º Quando as autoridades locais tiverem fundadas
de Economia Nacional e das Assembléias Legislativas
razões para duvidar da legitimidade da pessoa do exe-
dos Estados;
cutor ou da legalidade do mandado que apresentar, po-
derão pôr em custódia o réu, até que fique esclarecida IV - os cidadãos inscritos no “Livro de Mérito”;
a dúvida. V – os oficiais das Forças Armadas e os militares dos

219
Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; Art. 300. As pessoas presas provisoriamente ficarão
separadas das que já estiverem definitivamente conde-
VI - os magistrados;
nadas, nos termos da lei de execução penal.
VII - os diplomados por qualquer das faculdades supe-
Parágrafo único. O militar preso em flagrante delito,
riores da República;
após a lavratura dos procedimentos legais, será re-
VIII - os ministros de confissão religiosa; colhido a quartel da instituição a que pertencer, onde
IX - os ministros do Tribunal de Contas; ficará preso à disposição das autoridades competentes.

X - os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente


a função de jurado, salvo quando excluídos da lista
CAPÍTULO II
por motivo de incapacidade para o exercício daquela DA PRISÃO EM FLAGRANTE
função;
XI - os delegados de polícia e os guardas-civis dos Es- Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades po-
tados e Territórios, ativos e inativos. liciais e seus agentes deverão prender quem quer que
seja encontrado em flagrante delito.
§ 1º A prisão especial, prevista neste Código ou em ou-
tras leis, consiste exclusivamente no recolhimento em Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
local distinto da prisão comum.
I - está cometendo a infração penal;
§ 2º Não havendo estabelecimento específico para o
preso especial, este será recolhido em cela distinta do II - acaba de cometê-la;
mesmo estabelecimento. III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo
§ 3º A cela especial poderá consistir em alojamento ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça
coletivo, atendidos os requisitos de salubridade do presumir ser autor da infração;
ambiente, pela concorrência dos fatores de aeração, IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos,
insolação e condicionamento térmico adequados à armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele
existência humana. autor da infração.
§ 4º O preso especial não será transportado juntamente
com o preso comum. Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o
agente em flagrante delito enquanto não cessar a per-
§ 5º Os demais direitos e deveres do preso especial manência.
serão os mesmos do preso comum.
Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competente,
Art. 296. Os inferiores e praças de pré, onde for pos- ouvirá esta o condutor e colherá, desde logo, sua as-
sível, serão recolhidos à prisão, em estabelecimentos sinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de
militares, de acordo com os respectivos regulamentos. entrega do preso. Em seguida, procederá à oitiva das
testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório
Art. 297. Para o cumprimento de mandado expedido do acusado sobre a imputação que lhe é feita, colhendo,
pela autoridade judiciária, a autoridade policial poderá após cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando,
expedir tantos outros quantos necessários às diligên- a autoridade, afinal, o auto.
cias, devendo neles ser fielmente reproduzido o teor do
mandado original. § 1º Resultando das respostas fundada a suspeita
contra o conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo
Art. 298. (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011). à prisão, exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar
fiança, e prosseguirá nos atos do inquérito ou proces-
Art. 299. A captura poderá ser requisitada, à vista de so, se para isso for competente; se não o for, enviará os
mandado judicial, por qualquer meio de comunicação, autos à autoridade que o seja.
tomadas pela autoridade, a quem se fizer a requisição, § 2º A falta de testemunhas da infração não impedirá
as precauções necessárias para averiguar a autentici- o auto de prisão em flagrante; mas, nesse caso, com o
dade desta. condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas

220
que hajam testemunhado a apresentação do preso à Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante,
autoridade. no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após
a realização da prisão, o juiz deverá promover audiência
§ 3º Quando o acusado se recusar a assinar, não souber
de custódia com a presença do acusado, seu advoga-
ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em flagrante será
do constituído ou membro da Defensoria Pública e o
assinado por duas testemunhas, que tenham ouvido
membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o
sua leitura na presença deste.
juiz deverá, fundamentadamente:
§ 4º Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá
I - relaxar a prisão ilegal; ou
constar a informação sobre a existência de filhos, res-
pectivas idades e se possuem alguma deficiência e o II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quan-
nome e o contato de eventual responsável pelos cuida- do presentes os requisitos constantes do art. 312 deste
dos dos filhos, indicado pela pessoa presa. Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as
medidas cautelares diversas da prisão; ou
Art. 305. Na falta ou no impedimento do escrivão, qual- III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.
quer pessoa designada pela autoridade lavrará o auto,
depois de prestado o compromisso legal. § 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante,
que o agente praticou o fato em qualquer das condições
Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde constantes dos incisos I, II ou III do caput do art. 23 do
se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Có-
competente, ao Ministério Público e à família do preso digo Penal), poderá, fundamentadamente, conceder ao
ou à pessoa por ele indicada. acusado liberdade provisória, mediante termo de com-
parecimento obrigatório a todos os atos processuais,
§ 1º Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização sob pena de revogação. (Renumerado do parágrafo
da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto único pela Lei nº 13.964, de 2019)
de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o
nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria § 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que
Pública. integra organização criminosa armada ou milícia, ou
que porta arma de fogo de uso restrito, deverá denegar
§ 2º No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante a liberdade provisória, com ou sem medidas cautela-
recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com res. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
o motivo da prisão, o nome do condutor e os das tes-
temunhas. § 3º A autoridade que deu causa, sem motivação idô-
nea, à não realização da audiência de custódia no prazo
Art. 307. Quando o fato for praticado em presença da estabelecido no caput deste artigo responderá admi-
autoridade, ou contra esta, no exercício de suas fun- nistrativa, civil e penalmente pela omissão. (Incluído
ções, constarão do auto a narração deste fato, a voz de pela Lei nº 13.964, de 2019)
prisão, as declarações que fizer o preso e os depoimen- § 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o de-
tos das testemunhas, sendo tudo assinado pela autori- curso do prazo estabelecido no caput deste artigo, a
dade, pelo preso e pelas testemunhas e remetido ime- não realização de audiência de custódia sem motivação
diatamente ao juiz a quem couber tomar conhecimento idônea ensejará também a ilegalidade da prisão, a ser
do fato delituoso, se não o for a autoridade que houver relaxada pela autoridade competente, sem prejuízo da
presidido o auto. possibilidade de imediata decretação de prisão preven-
tiva. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 308. Não havendo autoridade no lugar em que se
tiver efetuado a prisão, o preso será logo apresentado à CAPÍTULO III
do lugar mais próximo.
DA PRISÃO PREVENTIVA
Art. 309. Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em
liberdade, depois de lavrado o auto de prisão em fla- Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou
grante. do processo penal, caberá a prisão preventiva decre-
tada pelo juiz, a requerimento do Ministério Público,

221
do querelante ou do assistente, ou por representação criminal ou da apresentação ou recebimento de denún-
da autoridade policial. (Redação dada pela Lei nº cia. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
13.964, de 2019)
Art. 314. A prisão preventiva em nenhum caso será
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como decretada se o juiz verificar pelas provas constantes
garantia da ordem pública, da ordem econômica, por dos autos ter o agente praticado o fato nas condições
conveniência da instrução criminal ou para assegurar a previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 23 do
aplicação da lei penal, quando houver prova da existên- Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Có-
cia do crime e indício suficiente de autoria e de perigo digo Penal.
gerado pelo estado de liberdade do imputado. (Reda-
ção dada pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou denegar
§ 1º A prisão preventiva também poderá ser decretada a prisão preventiva será sempre motivada e fundamen-
em caso de descumprimento de qualquer das obriga- tada. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
ções impostas por força de outras medidas cautelares § 1º Na motivação da decretação da prisão preventiva
(art. 282, § 4º). (Redação dada pela Lei nº 13.964, ou de qualquer outra cautelar, o juiz deverá indicar con-
de 2019) cretamente a existência de fatos novos ou contemporâ-
§ 2º A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser neos que justifiquem a aplicação da medida adotada.
motivada e fundamentada em receio de perigo e exis- (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
tência concreta de fatos novos ou contemporâneos que § 2º Não se considera fundamentada qualquer decisão
justifiquem a aplicação da medida adotada. (Incluído judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão,
pela Lei nº 13.964, de 2019) que: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfrase
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa
admitida a decretação da prisão preventiva: ou a questão decidida; (Incluído pela Lei nº 13.964,
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de de 2019)
liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos; II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em explicar o motivo concreto de sua incidência no caso;
sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, III - invocar motivos que se prestariam a justificar qual-
de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; quer outra decisão; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar 2019)
contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no
ou pessoa com deficiência, para garantir a execução processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão
das medidas protetivas de urgência; adotada pelo julgador; (Incluído pela Lei nº 13.964,
IV - (revogado). (Revogado pela Lei nº 12.403, de de 2019)
2011). V - limitar-se a invocar precedente ou enunciado de sú-
§ 1º Também será admitida a prisão preventiva quando mula, sem identificar seus fundamentos determinantes
houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta
quando esta não fornecer elementos suficientes para àqueles fundamentos; (Incluído pela Lei nº 13.964,
esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediata- de 2019)
mente em liberdade após a identificação, salvo se outra VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudên-
hipótese recomendar a manutenção da medida. (Reda- cia ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar
ção dada pela Lei nº 13.964, de 2019) a existência de distinção no caso em julgamento ou
§ 2º Não será admitida a decretação da prisão preven- a superação do entendimento. (Incluído pela Lei nº
tiva com a finalidade de antecipação de cumprimento 13.964, de 2019)
de pena ou como decorrência imediata de investigação

222
Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das par- 318-A poderá ser efetuada sem prejuízo da aplicação
tes, revogar a prisão preventiva se, no correr da inves- concomitante das medidas alternativas previstas no art.
tigação ou do processo, verificar a falta de motivo para 319 deste Código.
que ela subsista, bem como novamente decretá-la, se
sobrevierem razões que a justifiquem. (Redação dada CAPÍTULO V
pela Lei nº 13.964, de 2019) DAS OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES
Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva, deverá
o órgão emissor da decisão revisar a necessidade de Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão:
sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante
decisão fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas
prisão ilegal. condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar
atividades;
CAPÍTULO IV II - proibição de acesso ou frequência a determinados
DA PRISÃO DOMICILIAR lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao
fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante
desses locais para evitar o risco de novas infrações;
Art. 317. A prisão domiciliar consiste no recolhimento
do indiciado ou acusado em sua residência, só poden- III - proibição de manter contato com pessoa determi-
do dela ausentar-se com autorização judicial. nada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato,
deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante;
Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a
pela domiciliar quando o agente for: permanência seja conveniente ou necessária para a in-
I - maior de 80 (oitenta) anos; vestigação ou instrução;
II - extremamente debilitado por motivo de doença gra- V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos
ve; dias de folga quando o investigado ou acusado tenha
residência e trabalho fixos;
III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa
menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência; VI - suspensão do exercício de função pública ou de
atividade de natureza econômica ou financeira quando
IV - gestante; houver justo receio de sua utilização para a prática de
V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade infrações penais;
incompletos; VII - internação provisória do acusado nas hipóteses
VI - homem, caso seja o único responsável pelos cui- de crimes praticados com violência ou grave ameaça,
dados do filho de até 12 (doze) anos de idade incom- quando os peritos concluírem ser inimputável ou se-
pletos. mi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco
de reiteração;
Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá pro-
va idônea dos requisitos estabelecidos neste artigo. VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para asse-
gurar o comparecimento a atos do processo, evitar a
Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à mulher ges- obstrução do seu andamento ou em caso de resistência
tante ou que for mãe ou responsável por crianças ou injustificada à ordem judicial;
pessoas com deficiência será substituída por prisão IX - monitoração eletrônica.
domiciliar, desde que:
§ 1º (Revogado). (Revogado pela Lei nº 12.403, de
I - não tenha cometido crime com violência ou grave 2011).
ameaça a pessoa;
§ 2º (Revogado). (Revogado pela Lei nº 12.403, de
II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou de- 2011).
pendente.
§ 3º (Revogado). (Revogado pela Lei nº 12.403, de
Art. 318-B. A substituição de que tratam os arts. 318 e 2011).

223
§ 4º A fiança será aplicada de acordo com as disposi- 327 e 328 deste Código;
ções do Capítulo VI deste Título, podendo ser cumulada II - em caso de prisão civil ou militar;
com outras medidas cautelares.
III - (revogado);
Art. 320. A proibição de ausentar-se do País será co- IV - quando presentes os motivos que autorizam a de-
municada pelo juiz às autoridades encarregadas de cretação da prisão preventiva (art. 312).
fiscalizar as saídas do território nacional, intimando-se
o indiciado ou acusado para entregar o passaporte, no Art. 325. O valor da fiança será fixado pela autoridade
prazo de 24 (vinte e quatro) horas. que a conceder nos seguintes limites:
a) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 12.403, de
CAPÍTULO VI 2011).
DA LIBERDADE PROVISÓRIA,
b) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 12.403, de
COM OU SEM FIANÇA
2011).
c) (revogada).
Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a decre-
tação da prisão preventiva, o juiz deverá conceder liber- I - de 1 (um) a 100 (cem) salários mínimos, quando se
dade provisória, impondo, se for o caso, as medidas tratar de infração cuja pena privativa de liberdade, no
cautelares previstas no art. 319 deste Código e obser- grau máximo, não for superior a 4 (quatro) anos;
vados os critérios constantes do art. 282 deste Código. II - de 10 (dez) a 200 (duzentos) salários mínimos,
I - (revogado) (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011). quando o máximo da pena privativa de liberdade comi-
nada for superior a 4 (quatro) anos.
II - (revogado). (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
§ 1º Se assim recomendar a situação econômica do
Art. 322. A autoridade policial somente poderá conce- preso, a fiança poderá ser:
der fiança nos casos de infração cuja pena privativa de I - dispensada, na forma do art. 350 deste Código;
liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.
II - reduzida até o máximo de 2/3 (dois terços); ou
Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será re-
querida ao juiz, que decidirá em 48 (quarenta e oito) III - aumentada em até 1.000 (mil) vezes.
horas. § 2º (Revogado): (Revogado pela Lei nº 12.403, de
2011).
Art. 323. Não será concedida fiança:
I - (revogado); (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
I - nos crimes de racismo;
II - (revogado); (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
II - nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes
III - (revogado). (Revogado pela Lei nº 12.403, de
e drogas afins, terrorismo e nos definidos como crimes
2011).
hediondos;
III - nos crimes cometidos por grupos armados, civis Art. 326. Para determinar o valor da fiança, a autoridade
ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado terá em consideração a natureza da infração, as condi-
Democrático; ções pessoais de fortuna e vida pregressa do acusado,
IV - (revogado); (Revogado pela Lei nº 12.403, de as circunstâncias indicativas de sua periculosidade,
2011). bem como a importância provável das custas do pro-
cesso, até final julgamento.
V - (revogado). (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 327. A fiança tomada por termo obrigará o afiança-
Art. 324. Não será, igualmente, concedida fiança: do a comparecer perante a autoridade, todas as vezes
I - aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fian- que for intimado para atos do inquérito e da instrução
ça anteriormente concedida ou infringido, sem motivo criminal e para o julgamento. Quando o réu não compa-
justo, qualquer das obrigações a que se referem os arts. recer, a fiança será havida como quebrada.

224
Art. 328. O réu afiançado não poderá, sob pena de que- que julgar conveniente.
bramento da fiança, mudar de residência, sem prévia
permissão da autoridade processante, ou ausentar-se Art. 334. A fiança poderá ser prestada enquanto não
por mais de 8 (oito) dias de sua residência, sem comu- transitar em julgado a sentença condenatória.
nicar àquela autoridade o lugar onde será encontrado.
Art. 335. Recusando ou retardando a autoridade policial
Art. 329. Nos juízos criminais e delegacias de polícia, a concessão da fiança, o preso, ou alguém por ele, po-
haverá um livro especial, com termos de abertura e de derá prestá-la, mediante simples petição, perante o juiz
encerramento, numerado e rubricado em todas as suas competente, que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas.
folhas pela autoridade, destinado especialmente aos
termos de fiança. O termo será lavrado pelo escrivão e Art. 336. O dinheiro ou objetos dados como fiança
assinado pela autoridade e por quem prestar a fiança, e servirão ao pagamento das custas, da indenização do
dele extrair-se-á certidão para juntar-se aos autos. dano, da prestação pecuniária e da multa, se o réu for
Parágrafo único. O réu e quem prestar a fiança serão condenado.
pelo escrivão notificados das obrigações e da sanção Parágrafo único. Este dispositivo terá aplicação ainda
previstas nos arts. 327 e 328, o que constará dos autos. no caso da prescrição depois da sentença condenatória.

Art. 330. A fiança, que será sempre definitiva, consisti- Art. 337. Se a fiança for declarada sem efeito ou passar
rá em depósito de dinheiro, pedras, objetos ou metais em julgado sentença que houver absolvido o acusado
preciosos, títulos da dívida pública, federal, estadual ou ou declarada extinta a ação penal, o valor que a cons-
municipal, ou em hipoteca inscrita em primeiro lugar. tituir, atualizado, será restituído sem desconto, salvo o
§ 1º A avaliação de imóvel, ou de pedras, objetos ou disposto no parágrafo único do art. 336 deste Código.
metais preciosos será feita imediatamente por perito
nomeado pela autoridade. Art. 338. A fiança que se reconheça não ser cabível na
espécie será cassada em qualquer fase do processo.
§ 2º Quando a fiança consistir em caução de títulos da
dívida pública, o valor será determinado pela sua cota- Art. 339. Será também cassada a fiança quando reco-
ção em Bolsa, e, sendo nominativos, exigir-se-á prova nhecida a existência de delito inafiançável, no caso de
de que se acham livres de ônus. inovação na classificação do delito.

Art. 331. O valor em que consistir a fiança será reco- Art. 340. Será exigido o reforço da fiança:
lhido à repartição arrecadadora federal ou estadual, ou
entregue ao depositário público, juntando-se aos autos I - quando a autoridade tomar, por engano, fiança in-
os respectivos conhecimentos. suficiente;
Parágrafo único. Nos lugares em que o depósito não se II - quando houver depreciação material ou perecimento
puder fazer de pronto, o valor será entregue ao escrivão dos bens hipotecados ou caucionados, ou depreciação
ou pessoa abonada, a critério da autoridade, e dentro de dos metais ou pedras preciosas;
três dias dar-se-á ao valor o destino que Ihe assina este III - quando for inovada a classificação do delito.
artigo, o que tudo constará do termo de fiança.
Parágrafo único. A fiança ficará sem efeito e o réu será
recolhido à prisão, quando, na conformidade deste arti-
Art. 332. Em caso de prisão em flagrante, será compe-
go, não for reforçada.
tente para conceder a fiança a autoridade que presidir
ao respectivo auto, e, em caso de prisão por mandado,
o juiz que o houver expedido, ou a autoridade judiciária Art. 341. Julgar-se-á quebrada a fiança quando o acu-
ou policial a quem tiver sido requisitada a prisão. sado:
I - regularmente intimado para ato do processo, deixar
Art. 333. Depois de prestada a fiança, que será con- de comparecer, sem motivo justo;
cedida independentemente de audiência do Ministério II - deliberadamente praticar ato de obstrução ao anda-
Público, este terá vista do processo a fim de requerer o mento do processo;

225
III - descumprir medida cautelar imposta cumulativa- impostas, aplicar-se-á o disposto no § 4º do art. 282
mente com a fiança; deste Código.
IV - resistir injustificadamente a ordem judicial;
TÍTULO X
V - praticar nova infração penal dolosa.
DAS CITAÇÕES E INTIMAÇÕES
Art. 342. Se vier a ser reformado o julgamento em que
se declarou quebrada a fiança, esta subsistirá em todos CAPÍTULO I
os seus efeitos DAS CITAÇÕES
Art. 343. O quebramento injustificado da fiança impor-
tará na perda de metade do seu valor, cabendo ao juiz Art. 351. A citação inicial far-se-á por mandado, quando
decidir sobre a imposição de outras medidas cautelares o réu estiver no território sujeito à jurisdição do juiz que
ou, se for o caso, a decretação da prisão preventiva. a houver ordenado.

Art. 344. Entender-se-á perdido, na totalidade, o valor Art. 352. O mandado de citação indicará:
da fiança, se, condenado, o acusado não se apresentar I - o nome do juiz;
para o início do cumprimento da pena definitivamente
II - o nome do querelante nas ações iniciadas por quei-
imposta.
xa;
Art. 345. No caso de perda da fiança, o seu valor, de- III - o nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus
duzidas as custas e mais encargos a que o acusado sinais característicos;
estiver obrigado, será recolhido ao fundo penitenciário, IV - a residência do réu, se for conhecida;
na forma da lei.
V - o fim para que é feita a citação;
Art. 346. No caso de quebramento de fiança, feitas as VI - o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá
deduções previstas no art. 345 deste Código, o valor comparecer;
restante será recolhido ao fundo penitenciário, na forma VII - a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz.
da lei.
Art. 353. Quando o réu estiver fora do território da
Art. 347. Não ocorrendo a hipótese do art. 345, o saldo jurisdição do juiz processante, será citado mediante
será entregue a quem houver prestado a fiança, depois precatória.
de deduzidos os encargos a que o réu estiver obrigado.
Art. 354. A precatória indicará:
Art. 348. Nos casos em que a fiança tiver sido prestada
por meio de hipoteca, a execução será promovida no I - o juiz deprecado e o juiz deprecante;
juízo cível pelo órgão do Ministério Público. II - a sede da jurisdição de um e de outro;

Art. 349. Se a fiança consistir em pedras, objetos ou Ill - o fim para que é feita a citação, com todas as es-
metais preciosos, o juiz determinará a venda por leilo- pecificações;
eiro ou corretor. IV - o juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu deverá
comparecer.
Art. 350. Nos casos em que couber fiança, o juiz, ve-
rificando a situação econômica do preso, poderá con- Art. 355. A precatória será devolvida ao juiz deprecante,
ceder-lhe liberdade provisória, sujeitando-o às obriga- independentemente de traslado, depois de lançado o
ções constantes dos arts. 327 e 328 deste Código e a “cumpra-se” e de feita a citação por mandado do juiz
outras medidas cautelares, se for o caso. deprecado.
Parágrafo único. Se o beneficiado descumprir, sem § 1º Verificado que o réu se encontra em território su-
motivo justo, qualquer das obrigações ou medidas jeito à jurisdição de outro juiz, a este remeterá o juiz

226
deprecado os autos para efetivação da diligência, desde § 2º (VETADO)
que haja tempo para fazer-se a citação. § 3º (VETADO)
§ 2º Certificado pelo oficial de justiça que o réu se ocul- § 4º Comparecendo o acusado citado por edital, em
ta para não ser citado, a precatória será imediatamente qualquer tempo, o processo observará o disposto
devolvida, para o fim previsto no art. 362. nos arts. 394 e seguintes deste Código.
Art. 356. Se houver urgência, a precatória, que conte- Art. 364. No caso do artigo anterior, no I, o prazo será
rá em resumo os requisitos enumerados no art. 354, fixado pelo juiz entre 15 (quinze) e 90 (noventa) dias,
poderá ser expedida por via telegráfica, depois de re- de acordo com as circunstâncias, e, no caso de no II, o
conhecida a firma do juiz, o que a estação expedidora prazo será de trinta dias.
mencionará.
Art. 365. O edital de citação indicará:
Art. 357. São requisitos da citação por mandado:
I - o nome do juiz que a determinar;
I - leitura do mandado ao citando pelo oficial e entre-
ga da contrafé, na qual se mencionarão dia e hora da II - o nome do réu, ou, se não for conhecido, os seus
citação; sinais característicos, bem como sua residência e pro-
fissão, se constarem do processo;
II - declaração do oficial, na certidão, da entrega da con-
trafé, e sua aceitação ou recusa. III - o fim para que é feita a citação;
IV - o juízo e o dia, a hora e o lugar em que o réu deverá
Art. 358. A citação do militar far-se-á por intermédio do comparecer;
chefe do respectivo serviço.
V - o prazo, que será contado do dia da publicação do
edital na imprensa, se houver, ou da sua afixação.
Art. 359. O dia designado para funcionário público
comparecer em juízo, como acusado, será notificado Parágrafo único. O edital será afixado à porta do edifício
assim a ele como ao chefe de sua repartição. onde funcionar o juízo e será publicado pela imprensa,
onde houver, devendo a afixação ser certificada pelo ofi-
Art. 360. Se o réu estiver preso, será pessoalmente ci- cial que a tiver feito e a publicação provada por exem-
tado. plar do jornal ou certidão do escrivão, da qual conste a
página do jornal com a data da publicação.
Art. 361. Se o réu não for encontrado, será citado por
edital, com o prazo de 15 (quinze) dias. Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não compa-
recer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o
Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser processo e o curso do prazo prescricional, podendo
citado, o oficial de justiça certificará a ocorrência e pro- o juiz determinar a produção antecipada das provas
cederá à citação com hora certa, na forma estabelecida consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão
nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de preventiva, nos termos do disposto no art. 312.
1973 - Código de Processo Civil. § 1º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
Parágrafo único. Completada a citação com hora cer- § 2º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
ta, se o acusado não comparecer, ser-lhe-á nomeado
defensor dativo. Art. 367. O processo seguirá sem a presença do acusa-
do que, citado ou intimado pessoalmente para qualquer
Art. 363. O processo terá completada a sua formação ato, deixar de comparecer sem motivo justificado, ou,
quando realizada a citação do acusado. no caso de mudança de residência, não comunicar o
I - (revogado); novo endereço ao juízo.
II - (revogado).
Art. 368. Estando o acusado no estrangeiro, em lugar
§ 1º Não sendo encontrado o acusado, será procedida sabido, será citado mediante carta rogatória, suspen-
a citação por edital.

227
dendo-se o curso do prazo de prescrição até o seu ainda que este não se tenha constituído como assis-
cumprimento. tente:
I - durante a instrução criminal após a apresentação da
Art. 369. As citações que houverem de ser feitas em defesa ou do prazo concedido para esse fim;
legações estrangeiras serão efetuadas mediante carta
rogatória. II - na sentença de pronúncia;
III - na decisão confirmatória da pronúncia ou na que,
CAPÍTULO II em grau de recurso, pronunciar o réu;
DAS INTIMAÇÕES IV - na sentença condenatória recorrível.
§ 1º No caso do no I, havendo requerimento de aplica-
Art. 370. Nas intimações dos acusados, das testemu- ção da medida, o réu ou seu defensor será ouvido no
nhas e demais pessoas que devam tomar conhecimento prazo de 2 (dois) dias.
de qualquer ato, será observado, no que for aplicável, o
disposto no Capítulo anterior. § 2º Decretada a medida, serão feitas as comunicações
necessárias para a sua execução, na forma do disposto
§ 1º A intimação do defensor constituído, do advogado no Capítulo III do Título II do Livro IV.
do querelante e do assistente far-se-á por publicação
no órgão incumbido da publicidade dos atos judiciais Art. 374. Não caberá recurso do despacho ou da parte
da comarca, incluindo, sob pena de nulidade, o nome da sentença que decretar ou denegar a aplicação provi-
do acusado. sória de interdições de direitos, mas estas poderão ser
§ 2º Caso não haja órgão de publicação dos atos judi- substituídas ou revogadas:
ciais na comarca, a intimação far-se-á diretamente pelo I - se aplicadas no curso da instrução criminal, durante
escrivão, por mandado, ou via postal com comprovante esta ou pelas sentenças a que se referem os ns. II, III e
de recebimento, ou por qualquer outro meio idôneo. IV do artigo anterior;
§ 3º A intimação pessoal, feita pelo escrivão, dispensa- II - se aplicadas na sentença de pronúncia, pela decisão
rá a aplicação a que alude o § 1º. que, em grau de recurso, a confirmar, total ou parcial-
§ 4º A intimação do Ministério Público e do defensor mente, ou pela sentença condenatória recorrível;
nomeado será pessoal. III - se aplicadas na decisão a que se refere o no III do
artigo anterior, pela sentença condenatória recorrível.
Art. 371. Será admissível a intimação por despacho na
petição em que for requerida, observado o disposto Art. 375. O despacho que aplicar, provisoriamente,
no art. 357. substituir ou revogar interdição de direito, será funda-
mentado.
Art. 372. Adiada, por qualquer motivo, a instrução cri-
minal, o juiz marcará desde logo, na presença das par- Art. 376. A decisão que impronunciar ou absolver o réu
tes e testemunhas, dia e hora para seu prosseguimento, fará cessar a aplicação provisória da interdição ante-
do que se lavrará termo nos autos. riormente determinada.

TÍTULO XI Art. 377. Transitando em julgado a sentença conde-


DA APLICAÇÃO PROVISÓRIA DE natória, serão executadas somente as interdições nela
INTERDIÇÕES DE DIREITOS E aplicadas ou que derivarem da imposição da pena
principal.
MEDIDAS DE SEGURANÇA
Art. 378. A aplicação provisória de medida de seguran-
Art. 373. A aplicação provisória de interdições de di- ça obedecerá ao disposto nos artigos anteriores, com
reitos poderá ser determinada pelo juiz, de ofício, ou a as modificações seguintes:
requerimento do Ministério Público, do querelante, do
assistente, do ofendido, ou de seu representante legal, I - o juiz poderá aplicar, provisoriamente, a medida de

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segurança, de ofício, ou a requerimento do Ministério cional do processo, o juiz procederá de acordo com o
Público; disposto na lei.
II - a aplicação poderá ser determinada ainda no cur- § 2º Tratando-se de infração da competência de outro
so do inquérito, mediante representação da autoridade juízo, a este serão encaminhados os autos.
policial;
III - a aplicação provisória de medida de segurança, a Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se enten-
substituição ou a revogação da anteriormente aplicada der cabível nova definição jurídica do fato, em conse-
poderão ser determinadas, também, na sentença abso- qüência de prova existente nos autos de elemento ou
lutória; circunstância da infração penal não contida na acusa-
ção, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou
IV - decretada a medida, atender-se-á ao disposto queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta
no Título V do Livro IV, no que for aplicável. houver sido instaurado o processo em crime de ação
pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando
Art. 379. Transitando em julgado a sentença, observar- feito oralmente.
-se-á, quanto à execução das medidas de segurança
§ 1º Não procedendo o órgão do Ministério Público ao
definitivamente aplicadas, o disposto no Título V do
aditamento, aplica-se o art. 28 deste Código.
Livro IV.
§ 2º Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cin-
Art. 380. A aplicação provisória de medida de seguran- co) dias e admitido o aditamento, o juiz, a requerimento
ça obstará a concessão de fiança, e tornará sem efeito a de qualquer das partes, designará dia e hora para con-
anteriormente concedida. tinuação da audiência, com inquirição de testemunhas,
novo interrogatório do acusado, realização de debates
TÍTULO XII e julgamento.
DA SENTENÇA § 3º Aplicam-se as disposições dos §§ 1º e 2º do art.
383 ao caput deste artigo.
Art. 381. A sentença conterá: § 4º Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até
3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando
I - os nomes das partes ou, quando não possível, as
o juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento.
indicações necessárias para identificá-las;
§ 5º Não recebido o aditamento, o processo prossegui-
II - a exposição sucinta da acusação e da defesa;
rá.
III - a indicação dos motivos de fato e de direito em que
se fundar a decisão; Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá
IV - a indicação dos artigos de lei aplicados; proferir sentença condenatória, ainda que o Ministé-
rio Público tenha opinado pela absolvição, bem como
V - o dispositivo; reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido
VI - a data e a assinatura do juiz. alegada.

Art. 382. Qualquer das partes poderá, no prazo de 2 Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa
(dois) dias, pedir ao juiz que declare a sentença, sempre na parte dispositiva, desde que reconheça:
que nela houver obscuridade, ambigüidade, contradi- I - estar provada a inexistência do fato;
ção ou omissão.
II - não haver prova da existência do fato;
Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato con- III - não constituir o fato infração penal;
tida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe defini-
IV – estar provado que o réu não concorreu para a in-
ção jurídica diversa, ainda que, em conseqüência, tenha
fração penal;
de aplicar pena mais grave.
V – não existir prova de ter o réu concorrido para a
§ 1º Se, em conseqüência de definição jurídica diversa,
infração penal;
houver possibilidade de proposta de suspensão condi-

229
VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou Art. 390. O escrivão, dentro de três dias após a publi-
isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1º do cação, e sob pena de suspensão de cinco dias, dará
art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver conhecimento da sentença ao órgão do Ministério Pú-
fundada dúvida sobre sua existência; blico.
VII – não existir prova suficiente para a condenação.
Art. 391. O querelante ou o assistente será intimado da
Parágrafo único. Na sentença absolutória, o juiz: sentença, pessoalmente ou na pessoa de seu advogado.
I - mandará, se for o caso, pôr o réu em liberdade; Se nenhum deles for encontrado no lugar da sede do
juízo, a intimação será feita mediante edital com o prazo
II – ordenará a cessação das medidas cautelares e pro- de 10 dias, afixado no lugar de costume.
visoriamente aplicadas; (
III - aplicará medida de segurança, se cabível. Art. 392. A intimação da sentença será feita:
I - ao réu, pessoalmente, se estiver preso;
Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória:
II - ao réu, pessoalmente, ou ao defensor por ele cons-
I - mencionará as circunstâncias agravantes ou ate- tituído, quando se livrar solto, ou, sendo afiançável a
nuantes definidas no Código Penal, e cuja existência infração, tiver prestado fiança;
reconhecer;
III - ao defensor constituído pelo réu, se este, afiançá-
II - mencionará as outras circunstâncias apuradas e vel, ou não, a infração, expedido o mandado de prisão,
tudo o mais que deva ser levado em conta na aplicação não tiver sido encontrado, e assim o certificar o oficial
da pena, de acordo com o disposto nos arts. 59 e 60 de justiça;
do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940
- Código Penal; IV - mediante edital, nos casos do no II, se o réu e o de-
fensor que houver constituído não forem encontrados,
III - aplicará as penas de acordo com essas conclusões; e assim o certificar o oficial de justiça;
IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos cau- V - mediante edital, nos casos do no III, se o defensor
sados pela infração, considerando os prejuízos sofridos que o réu houver constituído também não for encontra-
pelo ofendido; do, e assim o certificar o oficial de justiça;
V - atenderá, quanto à aplicação provisória de interdi- VI - mediante edital, se o réu, não tendo constituído de-
ções de direitos e medidas de segurança, ao disposto fensor, não for encontrado, e assim o certificar o oficial
no Título Xl deste Livro; de justiça.
VI - determinará se a sentença deverá ser publicada na § 1º O prazo do edital será de 90 dias, se tiver sido
íntegra ou em resumo e designará o jornal em que será imposta pena privativa de liberdade por tempo igual ou
feita a publicação (art. 73, § 1º, do Código Penal). superior a um ano, e de 60 dias, nos outros casos.
§ 1º O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a ma- § 2º O prazo para apelação correrá após o término do
nutenção ou, se for o caso, a imposição de prisão pre- fixado no edital, salvo se, no curso deste, for feita a in-
ventiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do timação por qualquer das outras formas estabelecidas
conhecimento de apelação que vier a ser interposta. neste artigo.
§ 2º O tempo de prisão provisória, de prisão adminis-
trativa ou de internação, no Brasil ou no estrangeiro, Art. 393. (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
será computado para fins de determinação do regime
inicial de pena privativa de liberdade. LIVRO II
DOS PROCESSOS EM ESPÉCIE
Art. 388. A sentença poderá ser datilografada e neste
caso o juiz a rubricará em todas as folhas.
TÍTULO I
Art. 389. A sentença será publicada em mão do escri- DO PROCESSO COMUM
vão, que lavrará nos autos o respectivo termo, regis-
trando-a em livro especialmente destinado a esse fim.

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CAPÍTULO I para a defesa começará a fluir a partir do compareci-
DA INSTRUÇÃO CRIMINAL mento pessoal do acusado ou do defensor constituído.

Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá argüir pre-


Art. 394. O procedimento será comum ou especial. liminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa,
§ 1º O procedimento comum será ordinário, sumário oferecer documentos e justificações, especificar as pro-
ou sumaríssimo: vas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as
e requerendo sua intimação, quando necessário.
I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção
máxima cominada for igual ou superior a 4 (quatro) § 1º A exceção será processada em apartado, nos ter-
anos de pena privativa de liberdade; mos dos arts. 95 a 112 deste Código.
II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção § 2º Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o
máxima cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de acusado, citado, não constituir defensor, o juiz nomeará
pena privativa de liberdade; defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos au-
tos por 10 (dez) dias.
III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor
potencial ofensivo, na forma da lei.
Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-
§ 2º Aplica-se a todos os processos o procedimento A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver
comum, salvo disposições em contrário deste Código sumariamente o acusado quando verificar:
ou de lei especial.
I - a existência manifesta de causa excludente da ilici-
§ 3º Nos processos de competência do Tribunal do Júri, tude do fato;
o procedimento observará as disposições estabelecidas
nos arts. 406 a 497 deste Código. II - a existência manifesta de causa excludente da culpa-
bilidade do agente, salvo inimputabilidade;
§ 4º As disposições dos arts. 395 a 398 deste Códi-
go aplicam-se a todos os procedimentos penais de III - que o fato narrado evidentemente não constitui
primeiro grau, ainda que não regulados neste Código. crime; ou

§ 5º Aplicam-se subsidiariamente aos procedimentos IV - extinta a punibilidade do agente.


especial, sumário e sumaríssimo as disposições do
procedimento ordinário. Art. 398. (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).

Art. 394-A. Os processos que apurem a prática de crime Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz desig-
hediondo terão prioridade de tramitação em todas as nará dia e hora para a audiência, ordenando a intimação
instâncias. do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e,
se for o caso, do querelante e do assistente.
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: § 1º O acusado preso será requisitado para comparecer
I - for manifestamente inepta; ao interrogatório, devendo o poder público providenciar
sua apresentação.
II - faltar pressuposto processual ou condição para o
exercício da ação penal; ou § 2º O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a
sentença.
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.
Parágrafo único. (Revogado). Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a
ser realizada no prazo máximo de 60 (sessenta) dias,
Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, ofe- proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à
recida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e
liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acu- pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art.
sado para responder à acusação, por escrito, no prazo 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos
de 10 (dez) dias. peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas
e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado.
Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo

231
§ 1º As provas serão produzidas numa só audiência, em livro próprio, assinado pelo juiz e pelas partes, con-
podendo o juiz indeferir as consideradas irrelevantes, tendo breve resumo dos fatos relevantes nela ocorridos.
impertinentes ou protelatórias. § 1º Sempre que possível, o registro dos depoimentos
§ 2º Os esclarecimentos dos peritos dependerão de pré- do investigado, indiciado, ofendido e testemunhas será
vio requerimento das partes. feito pelos meios ou recursos de gravação magnética,
estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audio-
Art. 401. Na instrução poderão ser inquiridas até 8 visual, destinada a obter maior fidelidade das informa-
(oito) testemunhas arroladas pela acusação e 8 (oito) ções.
pela defesa. § 2º No caso de registro por meio audiovisual, será
§ 1º Nesse número não se compreendem as que não encaminhado às partes cópia do registro original, sem
prestem compromisso e as referidas. necessidade de transcrição.
§ 2º A parte poderá desistir da inquirição de qualquer
das testemunhas arroladas, ressalvado o disposto CAPÍTULO II
no art. 209 deste Código. DO PROCEDIMENTO RELATIVO AOS
PROCESSOS DA COMPETÊNCIA
Art. 402. Produzidas as provas, ao final da audiência, DO TRIBUNAL DO JÚRI
o Ministério Público, o querelante e o assistente e, a
seguir, o acusado poderão requerer diligências cuja
necessidade se origine de circunstâncias ou fatos apu- Seção I
rados na instrução. Da Acusação e da Instrução Preliminar

Art. 403. Não havendo requerimento de diligências, Art. 406. O juiz, ao receber a denúncia ou a queixa,
ou sendo indeferido, serão oferecidas alegações finais ordenará a citação do acusado para responder a acusa-
orais por 20 (vinte) minutos, respectivamente, pela ção, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.
acusação e pela defesa, prorrogáveis por mais 10 (dez), § 1º O prazo previsto no caput deste artigo será conta-
proferindo o juiz, a seguir, sentença. do a partir do efetivo cumprimento do mandado ou do
§ 1º Havendo mais de um acusado, o tempo previsto comparecimento, em juízo, do acusado ou de defensor
para a defesa de cada um será individual. constituído, no caso de citação inválida ou por edital.

§ 2º Ao assistente do Ministério Público, após a ma- § 2º A acusação deverá arrolar testemunhas, até o máxi-
nifestação desse, serão concedidos 10 (dez) minutos, mo de 8 (oito), na denúncia ou na queixa.
prorrogando-se por igual período o tempo de manifes- § 3º Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares
tação da defesa. e alegar tudo que interesse a sua defesa, oferecer do-
§ 3º O juiz poderá, considerada a complexidade do caso cumentos e justificações, especificar as provas preten-
ou o número de acusados, conceder às partes o prazo didas e arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito),
de 5 (cinco) dias sucessivamente para a apresentação qualificando-as e requerendo sua intimação, quando
de memoriais. Nesse caso, terá o prazo de 10 (dez) dias necessário.
para proferir a sentença.
Art. 407. As exceções serão processadas em apartado,
Art. 404. Ordenado diligência considerada imprescin- nos termos dos arts. 95 a 112 deste Código.
dível, de ofício ou a requerimento da parte, a audiência
será concluída sem as alegações finais. Art. 408. Não apresentada a resposta no prazo legal, o
juiz nomeará defensor para oferecê-la em até 10 (dez)
Parágrafo único. Realizada, em seguida, a diligência de- dias, concedendo-lhe vista dos autos.
terminada, as partes apresentarão, no prazo sucessivo
de 5 (cinco) dias, suas alegações finais, por memorial, Art. 409. Apresentada a defesa, o juiz ouvirá o Ministé-
e, no prazo de 10 (dez) dias, o juiz proferirá a sentença. rio Público ou o querelante sobre preliminares e docu-
mentos, em 5 (cinco) dias.
Art. 405. Do ocorrido em audiência será lavrado termo

232
Art. 410. O juiz determinará a inquirição das testemu- Art. 413. O juiz, fundamentadamente, pronunciará o
nhas e a realização das diligências requeridas pelas acusado, se convencido da materialidade do fato e da
partes, no prazo máximo de 10 (dez) dias. existência de indícios suficientes de autoria ou de par-
ticipação.
Art. 411. Na audiência de instrução, proceder-se-á à to- § 1º A fundamentação da pronúncia limitar-se-á à indi-
mada de declarações do ofendido, se possível, à inqui- cação da materialidade do fato e da existência de indí-
rição das testemunhas arroladas pela acusação e pela cios suficientes de autoria ou de participação, devendo
defesa, nesta ordem, bem como aos esclarecimentos o juiz declarar o dispositivo legal em que julgar incurso
dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pes- o acusado e especificar as circunstâncias qualificadoras
soas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado e as causas de aumento de pena.
e procedendo-se o debate.
§ 2º Se o crime for afiançável, o juiz arbitrará o valor da
§ 1º Os esclarecimentos dos peritos dependerão de pré- fiança para a concessão ou manutenção da liberdade
vio requerimento e de deferimento pelo juiz. provisória.
§ 2º As provas serão produzidas em uma só audiência, § 3º O juiz decidirá, motivadamente, no caso de ma-
podendo o juiz indeferir as consideradas irrelevantes, nutenção, revogação ou substituição da prisão ou me-
impertinentes ou protelatórias. dida restritiva de liberdade anteriormente decretada e,
§ 3º Encerrada a instrução probatória, observar-se-á, se tratando-se de acusado solto, sobre a necessidade da
for o caso, o disposto no art. 384 deste Código. decretação da prisão ou imposição de quaisquer das
medidas previstas no Título IX do Livro I deste Código.
§ 4º As alegações serão orais, concedendo-se a pala-
vra, respectivamente, à acusação e à defesa, pelo prazo
Art. 414. Não se convencendo da materialidade do fato
de 20 (vinte) minutos, prorrogáveis por mais 10 (dez).
ou da existência de indícios suficientes de autoria ou de
§ 5º Havendo mais de 1 (um) acusado, o tempo pre- participação, o juiz, fundamentadamente, impronuncia-
visto para a acusação e a defesa de cada um deles será rá o acusado.
individual.
Parágrafo único. Enquanto não ocorrer a extinção da
§ 6º Ao assistente do Ministério Público, após a ma- punibilidade, poderá ser formulada nova denúncia ou
nifestação deste, serão concedidos 10 (dez) minutos, queixa se houver prova nova.
prorrogando-se por igual período o tempo de manifes-
tação da defesa. Art. 415. O juiz, fundamentadamente, absolverá desde
§ 7º Nenhum ato será adiado, salvo quando imprescin- logo o acusado, quando:
dível à prova faltante, determinando o juiz a condução I – provada a inexistência do fato;
coercitiva de quem deva comparecer.
II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato;
§ 8º A testemunha que comparecer será inquirida, inde-
pendentemente da suspensão da audiência, observada III – o fato não constituir infração penal;
em qualquer caso a ordem estabelecida no caput deste IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de ex-
artigo. clusão do crime.
§ 9º Encerrados os debates, o juiz proferirá a sua deci- Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV
são, ou o fará em 10 (dez) dias, ordenando que os autos do caput deste artigo ao caso de inimputabilidade pre-
para isso lhe sejam conclusos. vista no caput do art. 26 do Decreto-Lei no 2.848, de 7
de dezembro de 1940 – Código Penal, salvo quando
Art. 412. O procedimento será concluído no prazo má- esta for a única tese defensiva.
ximo de 90 (noventa) dias.
Art. 416. Contra a sentença de impronúncia ou de ab-
Seção II solvição sumária caberá apelação.
Da Pronúncia, da Impronúncia e da Absolvição
Sumária Art. 417. Se houver indícios de autoria ou de partici-
pação de outras pessoas não incluídas na acusação, o

233
juiz, ao pronunciar ou impronunciar o acusado, deter- Art. 423. Deliberando sobre os requerimentos de pro-
minará o retorno dos autos ao Ministério Público, por vas a serem produzidas ou exibidas no plenário do júri,
15 (quinze) dias, aplicável, no que couber, o art. 80 e adotadas as providências devidas, o juiz presidente:
deste Código. I – ordenará as diligências necessárias para sanar
qualquer nulidade ou esclarecer fato que interesse ao
Art. 418. O juiz poderá dar ao fato definição jurídica julgamento da causa;
diversa da constante da acusação, embora o acusado
fique sujeito a pena mais grave. II – fará relatório sucinto do processo, determinando
sua inclusão em pauta da reunião do Tribunal do Júri.
Art. 419. Quando o juiz se convencer, em discordân-
cia com a acusação, da existência de crime diverso Art. 424. Quando a lei local de organização judiciária
dos referidos no § 1º do art. 74 deste Código e não não atribuir ao presidente do Tribunal do Júri o preparo
for competente para o julgamento, remeterá os autos para julgamento, o juiz competente remeter-lhe-á os
ao juiz que o seja. autos do processo preparado até 5 (cinco) dias antes
do sorteio a que se refere o art. 433 deste Código.
Parágrafo único. Remetidos os autos do processo a
outro juiz, à disposição deste ficará o acusado preso. Parágrafo único. Deverão ser remetidos, também, os
processos preparados até o encerramento da reunião,
Art. 420. A intimação da decisão de pronúncia será feita: para a realização de julgamento.

I – pessoalmente ao acusado, ao defensor nomeado e Seção IV


ao Ministério Público: Do Alistamento dos Jurados
II – ao defensor constituído, ao querelante e ao assis-
tente do Ministério Público, na forma do disposto no § Art. 425. Anualmente, serão alistados pelo presidente
1º do art. 370 deste Código. do Tribunal do Júri de 800 (oitocentos) a 1.500 (um
mil e quinhentos) jurados nas comarcas de mais de
Parágrafo único. Será intimado por edital o acusado
1.000.000 (um milhão) de habitantes, de 300 (tre-
solto que não for encontrado.
zentos) a 700 (setecentos) nas comarcas de mais de
100.000 (cem mil) habitantes e de 80 (oitenta) a 400
Art. 421. Preclusa a decisão de pronúncia, os autos
(quatrocentos) nas comarcas de menor população.
serão encaminhados ao juiz presidente do Tribunal do
Júri. § 1º Nas comarcas onde for necessário, poderá ser
aumentado o número de jurados e, ainda, organizada
§ 1º Ainda que preclusa a decisão de pronúncia,
lista de suplentes, depositadas as cédulas em urna
havendo circunstância superveniente que altere a
especial, com as cautelas mencionadas na parte final
classificação do crime, o juiz ordenará a remessa dos
do § 3º do art. 426 deste Código.
autos ao Ministério Público.
§ 2º O juiz presidente requisitará às autoridades
§ 2º Em seguida, os autos serão conclusos ao juiz para
locais, associações de classe e de bairro, entidades
decisão.
associativas e culturais, instituições de ensino em
geral, universidades, sindicatos, repartições públicas
Seção III
e outros núcleos comunitários a indicação de pessoas
Da Preparação do Processo
que reúnam as condições para exercer a função de
para Julgamento em Plenário
jurado.
Art. 422. Ao receber os autos, o presidente do Tribunal
Art. 426. A lista geral dos jurados, com indicação das
do Júri determinará a intimação do órgão do Ministério
respectivas profissões, será publicada pela imprensa
Público ou do querelante, no caso de queixa, e do de-
até o dia 10 de outubro de cada ano e divulgada em
fensor, para, no prazo de 5 (cinco) dias, apresentarem
editais afixados à porta do Tribunal do Júri.
rol de testemunhas que irão depor em plenário, até o
máximo de 5 (cinco), oportunidade em que poderão § 1º A lista poderá ser alterada, de ofício ou mediante
juntar documentos e requerer diligência. reclamação de qualquer do povo ao juiz presidente até o

234
dia 10 de novembro, data de sua publicação definitiva. pronúncia.
§ 2º Juntamente com a lista, serão transcritos os arts. § 1º Para a contagem do prazo referido neste artigo, não
436 a 446 deste Código. se computará o tempo de adiamentos, diligências ou
incidentes de interesse da defesa.
§ 3º Os nomes e endereços dos alistados, em cartões
iguais, após serem verificados na presença do § 2º Não havendo excesso de serviço ou existência de
Ministério Público, de advogado indicado pela Seção processos aguardando julgamento em quantidade que
local da Ordem dos Advogados do Brasil e de defensor ultrapasse a possibilidade de apreciação pelo Tribunal
indicado pelas Defensorias Públicas competentes, do Júri, nas reuniões periódicas previstas para o
permanecerão guardados em urna fechada a chave, sob exercício, o acusado poderá requerer ao Tribunal que
a responsabilidade do juiz presidente. determine a imediata realização do julgamento.
§ 4º O jurado que tiver integrado o Conselho de
Sentença nos 12 (doze) meses que antecederem à Seção VI
publicação da lista geral fica dela excluído. Da Organização da Pauta

§ 5º Anualmente, a lista geral de jurados será, Art. 429. Salvo motivo relevante que autorize alteração
obrigatoriamente, completada. na ordem dos julgamentos, terão preferência:

Seção V I – os acusados presos;


Do Desaforamento II – dentre os acusados presos, aqueles que estiverem
há mais tempo na prisão;
Art. 427. Se o interesse da ordem pública o reclamar ou III – em igualdade de condições, os precedentemente
houver dúvida sobre a imparcialidade do júri ou a se- pronunciados.
gurança pessoal do acusado, o Tribunal, a requerimento
do Ministério Público, do assistente, do querelante ou § 1º Antes do dia designado para o primeiro julgamento
do acusado ou mediante representação do juiz compe- da reunião periódica, será afixada na porta do edifício
tente, poderá determinar o desaforamento do julgamen- do Tribunal do Júri a lista dos processos a serem
to para outra comarca da mesma região, onde não exis- julgados, obedecida a ordem prevista no caput deste
tam aqueles motivos, preferindo-se as mais próximas. artigo.
§ 1º O pedido de desaforamento será distribuído § 2º O juiz presidente reservará datas na mesma reunião
imediatamente e terá preferência de julgamento na periódica para a inclusão de processo que tiver o
Câmara ou Turma competente. julgamento adiado.
§ 2º Sendo relevantes os motivos alegados, o relator
Art. 430. O assistente somente será admitido se tiver
poderá determinar, fundamentadamente, a suspensão
requerido sua habilitação até 5 (cinco) dias antes da
do julgamento pelo júri.
data da sessão na qual pretenda atuar.
§ 3º Será ouvido o juiz presidente, quando a medida não
tiver sido por ele solicitada. Art. 431. Estando o processo em ordem, o juiz pre-
§ 4º Na pendência de recurso contra a decisão de sidente mandará intimar as partes, o ofendido, se for
pronúncia ou quando efetivado o julgamento, não possível, as testemunhas e os peritos, quando houver
se admitirá o pedido de desaforamento, salvo, nesta requerimento, para a sessão de instrução e julgamen-
última hipótese, quanto a fato ocorrido durante ou após to, observando, no que couber, o disposto no art. 420
a realização de julgamento anulado. deste Código. 

Art. 428. O desaforamento também poderá ser deter- Seção VII


minado, em razão do comprovado excesso de serviço, Do Sorteio e da Convocação dos Jurados
ouvidos o juiz presidente e a parte contrária, se o jul-
gamento não puder ser realizado no prazo de 6 (seis) Art. 432. Em seguida à organização da pauta, o juiz pre-
meses, contado do trânsito em julgado da decisão de sidente determinará a intimação do Ministério Público,
da Ordem dos Advogados do Brasil e da Defensoria Pú-

235
blica para acompanharem, em dia e hora designados, o bléias Legislativas e das Câmaras Distrital e Munici-
sorteio dos jurados que atuarão na reunião periódica. pais;
IV – os Prefeitos Municipais;
Art. 433. O sorteio, presidido pelo juiz, far-se-á a portas
abertas, cabendo-lhe retirar as cédulas até completar o V – os Magistrados e membros do Ministério Público e
número de 25 (vinte e cinco) jurados, para a reunião da Defensoria Pública;
periódica ou extraordinária. VI – os servidores do Poder Judiciário, do Ministério
§ 1º O sorteio será realizado entre o 15º (décimo quinto) Público e da Defensoria Pública;
e o 10º (décimo) dia útil antecedente à instalação da VII – as autoridades e os servidores da polícia e da se-
reunião. gurança pública;
§ 2º A audiência de sorteio não será adiada pelo não VIII – os militares em serviço ativo;
comparecimento das partes.
IX – os cidadãos maiores de 70 (setenta) anos que re-
§ 3º O jurado não sorteado poderá ter o seu nome nova- queiram sua dispensa;
mente incluído para as reuniões futuras.
X – aqueles que o requererem, demonstrando justo
impedimento.
Art. 434. Os jurados sorteados serão convocados pelo
correio ou por qualquer outro meio hábil para compa-
recer no dia e hora designados para a reunião, sob as Art. 438. A recusa ao serviço do júri fundada em con-
penas da lei. vicção religiosa, filosófica ou política importará no
dever de prestar serviço alternativo, sob pena de sus-
Parágrafo único. No mesmo expediente de convocação pensão dos direitos políticos, enquanto não prestar o
serão transcritos os arts. 436 a 446 deste Código. serviço imposto.
§ 1º Entende-se por serviço alternativo o exercício de
Art. 435. Serão afixados na porta do edifício do Tribunal
atividades de caráter administrativo, assistencial, filan-
do Júri a relação dos jurados convocados, os nomes do
trópico ou mesmo produtivo, no Poder Judiciário, na
acusado e dos procuradores das partes, além do dia,
Defensoria Pública, no Ministério Público ou em enti-
hora e local das sessões de instrução e julgamento.
dade conveniada para esses fins.
Seção VIII § 2º O juiz fixará o serviço alternativo atendendo aos
Da Função do Jurado princípios da proporcionalidade e da razoabilidade.

Art. 436. O serviço do júri é obrigatório. O alistamen- Art. 439. O exercício efetivo da função de jurado consti-
to compreenderá os cidadãos maiores de 18 (dezoito) tuirá serviço público relevante e estabelecerá presunção
anos de notória idoneidade. de idoneidade moral.
§ 1º Nenhum cidadão poderá ser excluído dos traba-
Art. 440. Constitui também direito do jurado, na condi-
lhos do júri ou deixar de ser alistado em razão de cor
ção do art. 439 deste Código, preferência, em igualdade
ou etnia, raça, credo, sexo, profissão, classe social ou
de condições, nas licitações públicas e no provimento,
econômica, origem ou grau de instrução.
mediante concurso, de cargo ou função pública, bem
§ 2º A recusa injustificada ao serviço do júri acarretará como nos casos de promoção funcional ou remoção
multa no valor de 1 (um) a 10 (dez) salários mínimos, voluntária.
a critério do juiz, de acordo com a condição econômica
do jurado. Art. 441. Nenhum desconto será feito nos vencimentos
ou salário do jurado sorteado que comparecer à sessão
Art. 437. Estão isentos do serviço do júri: do júri.
I – o Presidente da República e os Ministros de Estado;
Art. 442. Ao jurado que, sem causa legítima, deixar de
II – os Governadores e seus respectivos Secretários; comparecer no dia marcado para a sessão ou retirar-se
III – os membros do Congresso Nacional, das Assem- antes de ser dispensado pelo presidente será aplicada

236
multa de 1 (um) a 10 (dez) salários mínimos, a critério Art. 449. Não poderá servir o jurado que:
do juiz, de acordo com a sua condição econômica. I – tiver funcionado em julgamento anterior do mesmo
processo, independentemente da causa determinante
Art. 443. Somente será aceita escusa fundada em mo- do julgamento posterior;
tivo relevante devidamente comprovado e apresentada,
ressalvadas as hipóteses de força maior, até o momento II – no caso do concurso de pessoas, houver integrado
da chamada dos jurados. o Conselho de Sentença que julgou o outro acusado;
III – tiver manifestado prévia disposição para condenar
Art. 444. O jurado somente será dispensado por deci- ou absolver o acusado.
são motivada do juiz presidente, consignada na ata dos
trabalhos. Art. 450. Dos impedidos entre si por parentesco ou re-
lação de convivência, servirá o que houver sido sortea-
Art. 445. O jurado, no exercício da função ou a pretexto do em primeiro lugar.
de exercê-la, será responsável criminalmente nos mes-
mos termos em que o são os juízes togados. Art. 451. Os jurados excluídos por impedimento, sus-
peição ou incompatibilidade serão considerados para a
Art. 446. Aos suplentes, quando convocados, serão constituição do número legal exigível para a realização
aplicáveis os dispositivos referentes às dispensas, da sessão.
faltas e escusas e à equiparação de responsabilidade
penal prevista no art. 445 deste Código. Art. 452. O mesmo Conselho de Sentença poderá co-
nhecer de mais de um processo, no mesmo dia, se as
Seção IX partes o aceitarem, hipótese em que seus integrantes
Da Composição do Tribunal do Júri e da deverão prestar novo compromisso.
Formação do Conselho de Sentença
Seção X
Art. 447. O Tribunal do Júri é composto por 1 (um) juiz Da reunião e das sessões do
togado, seu presidente e por 25 (vinte e cinco) jurados Tribunal do Júri
que serão sorteados dentre os alistados, 7 (sete) dos
quais constituirão o Conselho de Sentença em cada Art. 453. O Tribunal do Júri reunir-se-á para as sessões
sessão de julgamento. de instrução e julgamento nos períodos e na forma es-
tabelecida pela lei local de organização judiciária.
Art. 448. São impedidos de servir no mesmo Conselho:
I – marido e mulher; Art. 454. Até o momento de abertura dos trabalhos da
sessão, o juiz presidente decidirá os casos de isenção
II – ascendente e descendente; e dispensa de jurados e o pedido de adiamento de jul-
III – sogro e genro ou nora; gamento, mandando consignar em ata as deliberações.
IV – irmãos e cunhados, durante o cunhadio;
Art. 455. Se o Ministério Público não comparecer, o
V – tio e sobrinho; juiz presidente adiará o julgamento para o primeiro dia
VI – padrasto, madrasta ou enteado. desimpedido da mesma reunião, cientificadas as partes
e as testemunhas.
§ 1º O mesmo impedimento ocorrerá em relação às
pessoas que mantenham união estável reconhecida Parágrafo único. Se a ausência não for justificada, o fato
como entidade familiar. será imediatamente comunicado ao Procurador-Geral
de Justiça com a data designada para a nova sessão.
§ 2º Aplicar-se-á aos jurados o disposto sobre os im-
pedimentos, a suspeição e as incompatibilidades dos Art. 456. Se a falta, sem escusa legítima, for do advoga-
juízes togados. do do acusado, e se outro não for por este constituído,
o fato será imediatamente comunicado ao presidente da

237
seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, com a assim for certificado por oficial de justiça.
data designada para a nova sessão.
§ 1º Não havendo escusa legítima, o julgamento será Art. 462. Realizadas as diligências referidas nos arts.
adiado somente uma vez, devendo o acusado ser julga- 454 a 461 deste Código, o juiz presidente verificará se
do quando chamado novamente. a urna contém as cédulas dos 25 (vinte e cinco) jurados
sorteados, mandando que o escrivão proceda à chama-
§ 2º Na hipótese do § 1º deste artigo, o juiz intimará a da deles.
Defensoria Pública para o novo julgamento, que será
adiado para o primeiro dia desimpedido, observado o Art. 463. Comparecendo, pelo menos, 15 (quinze)
prazo mínimo de 10 (dez) dias. jurados, o juiz presidente declarará instalados os tra-
balhos, anunciando o processo que será submetido a
Art. 457. O julgamento não será adiado pelo não com- julgamento.
parecimento do acusado solto, do assistente ou do
advogado do querelante, que tiver sido regularmente § 1º O oficial de justiça fará o pregão, certificando a
intimado. diligência nos autos.

§ 1º Os pedidos de adiamento e as justificações de não § 2º Os jurados excluídos por impedimento ou suspei-


comparecimento deverão ser, salvo comprovado motivo ção serão computados para a constituição do número
de força maior, previamente submetidos à apreciação legal.
do juiz presidente do Tribunal do Júri.
Art. 464. Não havendo o número referido no art. 463
§ 2º Se o acusado preso não for conduzido, o julga- deste Código, proceder-se-á ao sorteio de tantos su-
mento será adiado para o primeiro dia desimpedido da plentes quantos necessários, e designar-se-á nova data
mesma reunião, salvo se houver pedido de dispensa de para a sessão do júri.
comparecimento subscrito por ele e seu defensor.
Art. 465. Os nomes dos suplentes serão consignados
Art. 458. Se a testemunha, sem justa causa, deixar de em ata, remetendo-se o expediente de convocação,
comparecer, o juiz presidente, sem prejuízo da ação pe- com observância do disposto nos arts. 434 e 435 deste
nal pela desobediência, aplicar-lhe-á a multa prevista Código.
no § 2º do art. 436 deste Código.
Art. 466. Antes do sorteio dos membros do Conselho
Art. 459. Aplicar-se-á às testemunhas a serviço do Tri- de Sentença, o juiz presidente esclarecerá sobre os
bunal do Júri o disposto no art. 441 deste Código. impedimentos, a suspeição e as incompatibilidades
constantes dos arts. 448 e 449 deste Código.
Art. 460. Antes de constituído o Conselho de Sentença,
as testemunhas serão recolhidas a lugar onde umas não § 1º O juiz presidente também advertirá os jurados de
possam ouvir os depoimentos das outras. que, uma vez sorteados, não poderão comunicar-se en-
tre si e com outrem, nem manifestar sua opinião sobre
o processo, sob pena de exclusão do Conselho e multa,
Art. 461. O julgamento não será adiado se a testemunha
na forma do § 2º do art. 436 deste Código.
deixar de comparecer, salvo se uma das partes tiver re-
querido a sua intimação por mandado, na oportunidade § 2º A incomunicabilidade será certificada nos autos
de que trata o art. 422 deste Código, declarando não pelo oficial de justiça.
prescindir do depoimento e indicando a sua localiza-
ção. Art. 467. Verificando que se encontram na urna as cé-
§ 1º Se, intimada, a testemunha não comparecer, o juiz dulas relativas aos jurados presentes, o juiz presidente
presidente suspenderá os trabalhos e mandará condu- sorteará 7 (sete) dentre eles para a formação do Conse-
zi-la ou adiará o julgamento para o primeiro dia desim- lho de Sentença.
pedido, ordenando a sua condução.
Art. 468. À medida que as cédulas forem sendo reti-
§ 2º O julgamento será realizado mesmo na hipótese de radas da urna, o juiz presidente as lerá, e a defesa e,
a testemunha não ser encontrada no local indicado, se depois dela, o Ministério Público poderão recusar os

238
jurados sorteados, até 3 (três) cada parte, sem motivar Seção XI
a recusa. Da Instrução em Plenário
Parágrafo único. O jurado recusado imotivadamente
por qualquer das partes será excluído daquela sessão Art. 473. Prestado o compromisso pelos jurados, será
de instrução e julgamento, prosseguindo-se o sorteio iniciada a instrução plenária quando o juiz presidente,
para a composição do Conselho de Sentença com os o Ministério Público, o assistente, o querelante e o de-
jurados remanescentes. fensor do acusado tomarão, sucessiva e diretamente,
as declarações do ofendido, se possível, e inquirirão as
Art. 469. Se forem 2 (dois) ou mais os acusados, as testemunhas arroladas pela acusação.
recusas poderão ser feitas por um só defensor. § 1º Para a inquirição das testemunhas arroladas pela
§ 1º A separação dos julgamentos somente ocorrerá se, defesa, o defensor do acusado formulará as perguntas
em razão das recusas, não for obtido o número mínimo antes do Ministério Público e do assistente, mantidos
de 7 (sete) jurados para compor o Conselho de Sen- no mais a ordem e os critérios estabelecidos neste ar-
tença. tigo.

§ 2º Determinada a separação dos julgamentos, será § 2º Os jurados poderão formular perguntas ao ofen-
julgado em primeiro lugar o acusado a quem foi atri- dido e às testemunhas, por intermédio do juiz presi-
buída a autoria do fato ou, em caso de co-autoria, apli- dente.
car-se-á o critério de preferência disposto no art. 429 § 3º As partes e os jurados poderão requerer acarea-
deste Código. ções, reconhecimento de pessoas e coisas e esclareci-
mento dos peritos, bem como a leitura de peças que se
Art. 470. Desacolhida a argüição de impedimento, de refiram, exclusivamente, às provas colhidas por carta
suspeição ou de incompatibilidade contra o juiz presi- precatória e às provas cautelares, antecipadas ou não
dente do Tribunal do Júri, órgão do Ministério Público, repetíveis.
jurado ou qualquer funcionário, o julgamento não será
suspenso, devendo, entretanto, constar da ata o seu Art. 474. A seguir será o acusado interrogado, se estiver
fundamento e a decisão. presente, na forma estabelecida no Capítulo III do Título
VII do Livro I deste Código, com as alterações introdu-
Art. 471. Se, em conseqüência do impedimento, sus- zidas nesta Seção.
peição, incompatibilidade, dispensa ou recusa, não § 1º O Ministério Público, o assistente, o querelante e o
houver número para a formação do Conselho, o jul- defensor, nessa ordem, poderão formular, diretamente,
gamento será adiado para o primeiro dia desimpedido, perguntas ao acusado.
após sorteados os suplentes, com observância do dis-
posto no art. 464 deste Código. § 2º Os jurados formularão perguntas por intermédio
do juiz presidente.
Art. 472. Formado o Conselho de Sentença, o presiden- § 3º Não se permitirá o uso de algemas no acusado
te, levantando-se, e, com ele, todos os presentes, fará durante o período em que permanecer no plenário do
aos jurados a seguinte exortação: júri, salvo se absolutamente necessário à ordem dos
Em nome da lei, concito-vos a examinar esta causa com trabalhos, à segurança das testemunhas ou à garantia
imparcialidade e a proferir a vossa decisão de acordo da integridade física dos presentes.
com a vossa consciência e os ditames da justiça.
Art. 475. O registro dos depoimentos e do interroga-
Os jurados, nominalmente chamados pelo presidente, tório será feito pelos meios ou recursos de gravação
responderão: magnética, eletrônica, estenotipia ou técnica similar,
Assim o prometo. destinada a obter maior fidelidade e celeridade na co-
lheita da prova.
Parágrafo único. O jurado, em seguida, receberá cópias
da pronúncia ou, se for o caso, das decisões posterio- Parágrafo único. A transcrição do registro, após feita a
res que julgaram admissível a acusação e do relatório degravação, constará dos autos.
do processo.

239
Seção XII laudos, quadros, croqui ou qualquer outro meio asse-
Dos Debates melhado, cujo conteúdo versar sobre a matéria de fato
submetida à apreciação e julgamento dos jurados.
Art. 476. Encerrada a instrução, será concedida a pa-
lavra ao Ministério Público, que fará a acusação, nos Art. 480. A acusação, a defesa e os jurados poderão, a
limites da pronúncia ou das decisões posteriores que qualquer momento e por intermédio do juiz presidente,
julgaram admissível a acusação, sustentando, se for o pedir ao orador que indique a folha dos autos onde se
caso, a existência de circunstância agravante. encontra a peça por ele lida ou citada, facultando-se,
ainda, aos jurados solicitar-lhe, pelo mesmo meio, o
§ 1º O assistente falará depois do Ministério Público.
esclarecimento de fato por ele alegado.
§ 2º Tratando-se de ação penal de iniciativa privada,
§ 1º Concluídos os debates, o presidente indagará dos
falará em primeiro lugar o querelante e, em seguida,
jurados se estão habilitados a julgar ou se necessitam
o Ministério Público, salvo se este houver retomado a
de outros esclarecimentos.
titularidade da ação, na forma do art. 29 deste Código.
§ 2º Se houver dúvida sobre questão de fato, o presi-
§ 3º Finda a acusação, terá a palavra a defesa.
dente prestará esclarecimentos à vista dos autos.
§ 4º A acusação poderá replicar e a defesa treplicar,
§ 3º Os jurados, nesta fase do procedimento, terão
sendo admitida a reinquirição de testemunha já ouvida
acesso aos autos e aos instrumentos do crime se so-
em plenário.
licitarem ao juiz presidente.
Art. 477. O tempo destinado à acusação e à defesa será
Art. 481. Se a verificação de qualquer fato, reconhecida
de uma hora e meia para cada, e de uma hora para a
como essencial para o julgamento da causa, não puder
réplica e outro tanto para a tréplica.
ser realizada imediatamente, o juiz presidente dissolve-
§ 1º Havendo mais de um acusador ou mais de um rá o Conselho, ordenando a realização das diligências
defensor, combinarão entre si a distribuição do tempo, entendidas necessárias.
que, na falta de acordo, será dividido pelo juiz presiden-
Parágrafo único. Se a diligência consistir na produção
te, de forma a não exceder o determinado neste artigo.
de prova pericial, o juiz presidente, desde logo, nome-
§ 2º Havendo mais de 1 (um) acusado, o tempo para a ará perito e formulará quesitos, facultando às partes
acusação e a defesa será acrescido de 1 (uma) hora e também formulá-los e indicar assistentes técnicos, no
elevado ao dobro o da réplica e da tréplica, observado o prazo de 5 (cinco) dias.
disposto no § 1º deste artigo.
Seção XIII
Art. 478. Durante os debates as partes não poderão, sob Do Questionário e sua Votação
pena de nulidade, fazer referências:
I – à decisão de pronúncia, às decisões posteriores que Art. 482. O Conselho de Sentença será questionado
julgaram admissível a acusação ou à determinação do sobre matéria de fato e se o acusado deve ser absolvido.
uso de algemas como argumento de autoridade que be- Parágrafo único. Os quesitos serão redigidos em pro-
neficiem ou prejudiquem o acusado; posições afirmativas, simples e distintas, de modo que
II – ao silêncio do acusado ou à ausência de interroga- cada um deles possa ser respondido com suficiente
tório por falta de requerimento, em seu prejuízo. clareza e necessária precisão. Na sua elaboração, o
presidente levará em conta os termos da pronúncia ou
Art. 479. Durante o julgamento não será permitida a lei- das decisões posteriores que julgaram admissível a
tura de documento ou a exibição de objeto que não tiver acusação, do interrogatório e das alegações das partes.
sido juntado aos autos com a antecedência mínima de 3
(três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte. Art. 483. Os quesitos serão formulados na seguinte or-
dem, indagando sobre:
Parágrafo único. Compreende-se na proibição deste
artigo a leitura de jornais ou qualquer outro escrito, I – a materialidade do fato;
bem como a exibição de vídeos, gravações, fotografias, II – a autoria ou participação;

240
III – se o acusado deve ser absolvido; § 1º Na falta de sala especial, o juiz presidente determi-
nará que o público se retire, permanecendo somente as
IV – se existe causa de diminuição de pena alegada pela
pessoas mencionadas no caput deste artigo.
defesa;
§ 2º O juiz presidente advertirá as partes de que não
V – se existe circunstância qualificadora ou causa de
será permitida qualquer intervenção que possa pertur-
aumento de pena reconhecidas na pronúncia ou em de-
bar a livre manifestação do Conselho e fará retirar da
cisões posteriores que julgaram admissível a acusação.
sala quem se portar inconvenientemente.
§ 1º A resposta negativa, de mais de 3 (três) jurados,
a qualquer dos quesitos referidos nos incisos I e II Art. 486. Antes de proceder-se à votação de cada que-
do caput deste artigo encerra a votação e implica a ab- sito, o juiz presidente mandará distribuir aos jurados
solvição do acusado. pequenas cédulas, feitas de papel opaco e facilmente
§ 2º Respondidos afirmativamente por mais de 3 dobráveis, contendo 7 (sete) delas a palavra sim, 7
(três) jurados os quesitos relativos aos incisos I e II (sete) a palavra não.
do caput deste artigo será formulado quesito com a se-
guinte redação: O jurado absolve o acusado? Art. 487. Para assegurar o sigilo do voto, o oficial de
justiça recolherá em urnas separadas as cédulas cor-
§ 3º Decidindo os jurados pela condenação, o julga-
respondentes aos votos e as não utilizadas.
mento prossegue, devendo ser formulados quesitos
sobre:
Art. 488. Após a resposta, verificados os votos e as
I – causa de diminuição de pena alegada pela defesa; cédulas não utilizadas, o presidente determinará que o
II – circunstância qualificadora ou causa de aumento de escrivão registre no termo a votação de cada quesito,
pena, reconhecidas na pronúncia ou em decisões pos- bem como o resultado do julgamento.
teriores que julgaram admissível a acusação. Parágrafo único. Do termo também constará a confe-
§ 4º Sustentada a desclassificação da infração para rência das cédulas não utilizadas.
outra de competência do juiz singular, será formulado
quesito a respeito, para ser respondido após o 2º (se- Art. 489. As decisões do Tribunal do Júri serão tomadas
gundo) ou 3º (terceiro) quesito, conforme o caso. por maioria de votos.

§ 5º Sustentada a tese de ocorrência do crime na sua Art. 490. Se a resposta a qualquer dos quesitos estiver
forma tentada ou havendo divergência sobre a tipifica- em contradição com outra ou outras já dadas, o presi-
ção do delito, sendo este da competência do Tribunal dente, explicando aos jurados em que consiste a con-
do Júri, o juiz formulará quesito acerca destas ques- tradição, submeterá novamente à votação os quesitos a
tões, para ser respondido após o segundo quesito. que se referirem tais respostas.
§ 6º Havendo mais de um crime ou mais de um acusa- Parágrafo único. Se, pela resposta dada a um dos que-
do, os quesitos serão formulados em séries distintas. sitos, o presidente verificar que ficam prejudicados os
seguintes, assim o declarará, dando por finda a votação.
Art. 484. A seguir, o presidente lerá os quesitos e in-
dagará das partes se têm requerimento ou reclamação Art. 491. Encerrada a votação, será o termo a que se
a fazer, devendo qualquer deles, bem como a decisão, refere o art. 488 deste Código assinado pelo presidente,
constar da ata. pelos jurados e pelas partes.
Parágrafo único. Ainda em plenário, o juiz presidente
explicará aos jurados o significado de cada quesito. Seção XIV
Da sentença
Art. 485. Não havendo dúvida a ser esclarecida, o juiz
presidente, os jurados, o Ministério Público, o assis- Art. 492. Em seguida, o presidente proferirá sentença
tente, o querelante, o defensor do acusado, o escrivão e que:
o oficial de justiça dirigir-se-ão à sala especial a fim de I – no caso de condenação:
ser procedida a votação.

241
a) fixará a pena-base; (quinze) anos de reclusão não terá efeito suspensivo.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
b) considerará as circunstâncias agravantes ou atenu-
antes alegadas nos debates; § 5º Excepcionalmente, poderá o tribunal atribuir efeito
suspensivo à apelação de que trata o § 4º deste artigo,
c) imporá os aumentos ou diminuições da pena, em
quando verificado cumulativamente que o recurso: (In-
atenção às causas admitidas pelo júri;
cluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
d) observará as demais disposições do art. 387 deste
I - não tem propósito meramente protelatório; e (Inclu-
Código;
ído pela Lei nº 13.964, de 2019)
e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-á à
II - levanta questão substancial e que pode resultar em
prisão em que se encontra, se presentes os requisitos
absolvição, anulação da sentença, novo julgamento ou
da prisão preventiva, ou, no caso de condenação a uma
redução da pena para patamar inferior a 15 (quinze)
pena igual ou superior a 15 (quinze) anos de reclusão,
anos de reclusão.
determinará a execução provisória das penas, com
expedição do mandado de prisão, se for o caso, sem § 6º O pedido de concessão de efeito suspensivo po-
prejuízo do conhecimento de recursos que vierem a ser derá ser feito incidentemente na apelação ou por meio
interpostos; (Redação dada pela Lei nº 13.964, de de petição em separado dirigida diretamente ao rela-
2019) tor, instruída com cópias da sentença condenatória,
das razões da apelação e de prova da tempestividade,
f) estabelecerá os efeitos genéricos e específicos da
das contrarrazões e das demais peças necessárias à
condenação;
compreensão da controvérsia. (Incluído pela Lei nº
II – no caso de absolvição: 13.964, de 2019)
a) mandará colocar em liberdade o acusado se por ou-
tro motivo não estiver preso; Art. 493. A sentença será lida em plenário pelo presi-
dente antes de encerrada a sessão de instrução e jul-
b) revogará as medidas restritivas provisoriamente de- gamento.
cretadas;
c) imporá, se for o caso, a medida de segurança cabível. Seção XV
§ 1º Se houver desclassificação da infração para outra, Da Ata dos Trabalhos
de competência do juiz singular, ao presidente do Tri-
bunal do Júri caberá proferir sentença em seguida, apli- Art. 494. De cada sessão de julgamento o escrivão la-
cando-se, quando o delito resultante da nova tipificação vrará ata, assinada pelo presidente e pelas partes.
for considerado pela lei como infração penal de menor
potencial ofensivo, o disposto nos arts. 69 e seguintes Art. 495. A ata descreverá fielmente todas as ocorrên-
da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995. cias, mencionando obrigatoriamente:

§ 2º Em caso de desclassificação, o crime conexo que I – a data e a hora da instalação dos trabalhos;
não seja doloso contra a vida será julgado pelo juiz II – o magistrado que presidiu a sessão e os jurados
presidente do Tribunal do Júri, aplicando-se, no que presentes;
couber, o disposto no § 1º deste artigo.
III – os jurados que deixaram de comparecer, com escu-
§ 3º O presidente poderá, excepcionalmente, deixar de sa ou sem ela, e as sanções aplicadas;
autorizar a execução provisória das penas de que trata
IV – o ofício ou requerimento de isenção ou dispensa;
a alínea e do inciso I do caput deste artigo, se hou-
ver questão substancial cuja resolução pelo tribunal V – o sorteio dos jurados suplentes;
ao qual competir o julgamento possa plausivelmente VI – o adiamento da sessão, se houver ocorrido, com a
levar à revisão da condenação. (Incluído pela Lei nº indicação do motivo;
13.964, de 2019)
VII – a abertura da sessão e a presença do Ministério
§ 4º A apelação interposta contra decisão condenatória Público, do querelante e do assistente, se houver, e a
do Tribunal do Júri a uma pena igual ou superior a 15 do defensor do acusado;

242
VIII – o pregão e a sanção imposta, no caso de não realização das diligências requeridas ou entendidas ne-
comparecimento; cessárias, mantida a incomunicabilidade dos jurados;
IX – as testemunhas dispensadas de depor; VIII – interromper a sessão por tempo razoável, para
proferir sentença e para repouso ou refeição dos jura-
X – o recolhimento das testemunhas a lugar de onde
dos;
umas não pudessem ouvir o depoimento das outras;
IX – decidir, de ofício, ouvidos o Ministério Público e a
XI – a verificação das cédulas pelo juiz presidente;
defesa, ou a requerimento de qualquer destes, a argüi-
XII – a formação do Conselho de Sentença, com o re- ção de extinção de punibilidade;
gistro dos nomes dos jurados sorteados e recusas;
X – resolver as questões de direito suscitadas no curso
XIII – o compromisso e o interrogatório, com simples do julgamento;
referência ao termo;
XI – determinar, de ofício ou a requerimento das partes
XIV – os debates e as alegações das partes com os res- ou de qualquer jurado, as diligências destinadas a sa-
pectivos fundamentos; nar nulidade ou a suprir falta que prejudique o esclare-
XV – os incidentes; cimento da verdade;

XVI – o julgamento da causa; XII – regulamentar, durante os debates, a intervenção de


uma das partes, quando a outra estiver com a palavra,
XVII – a publicidade dos atos da instrução plenária, das podendo conceder até 3 (três) minutos para cada aparte
diligências e da sentença. requerido, que serão acrescidos ao tempo desta última.

Art. 496. A falta da ata sujeitará o responsável a sanções


administrativa e penal.
CAPÍTULO III
DO PROCESSO E DO JULGAMENTO
Seção XVI DOS CRIMES DA COMPETÊNCIA
Das Atribuições do Presidente do Tribunal do Júri DO JUIZ SINGULAR

Art. 497. São atribuições do juiz presidente do Tribunal Art. 498. (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
do Júri, além de outras expressamente referidas neste
Código: Art. 499. (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
I – regular a polícia das sessões e prender os deso-
bedientes; Art. 500. (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
II – requisitar o auxílio da força pública, que ficará sob
sua exclusiva autoridade; Art. 501. (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).

III – dirigir os debates, intervindo em caso de abuso, Art. 502. (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
excesso de linguagem ou mediante requerimento de
uma das partes;
TÍTULO II
IV – resolver as questões incidentes que não dependam DOS PROCESSOS ESPECIAIS
de pronunciamento do júri;
V – nomear defensor ao acusado, quando considerá-lo
CAPÍTULO I
indefeso, podendo, neste caso, dissolver o Conselho e
designar novo dia para o julgamento, com a nomeação DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS
ou a constituição de novo defensor; CRIMES DE FALÊNCIA
VI – mandar retirar da sala o acusado que dificultar a
realização do julgamento, o qual prosseguirá sem a sua Art. 503. (Revogado pela Lei nº 11.101, de 2005)
presença;
Art. 504. (Revogado pela Lei nº 11.101, de 2005)
VII – suspender a sessão pelo tempo indispensável à

243
Art. 505. (Revogado pela Lei nº 11.101, de 2005) acusado ou do seu defensor, da inexistência do crime
ou da improcedência da ação.
Art. 506. (Revogado pela Lei nº 11.101, de 2005)
Art. 517. Recebida a denúncia ou a queixa, será o acu-
Art. 507. (Revogado pela Lei nº 11.101, de 2005) sado citado, na forma estabelecida no Capítulo I do
Título X do Livro I.
Art. 508. (Revogado pela Lei nº 11.101, de 2005)
Art. 518. Na instrução criminal e nos demais termos
Art. 509. (Revogado pela Lei nº 11.101, de 2005) do processo, observar-se-á o disposto nos Capítulos
I e III, Título I, deste Livro.
Art. 510. (Revogado pela Lei nº 11.101, de 2005)
CAPÍTULO III
Art. 511. (Revogado pela Lei nº 11.101, de 2005) DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS
CRIMES DE CALÚNIA E INJÚRIA,
Art. 512. (Revogado pela Lei nº 11.101, de 2005)
DE COMPETÊNCIA DO JUIZ SINGULAR
CAPÍTULO II
Art. 519. No processo por crime de calúnia ou injúria,
DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS para o qual não haja outra forma estabelecida em lei
CRIMES DE RESPONSABILIDADE DOS especial, observar-se-á o disposto nos Capítulos I e III,
FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS Titulo I, deste Livro, com as modificações constantes
dos artigos seguintes.
Art. 513. Os crimes de responsabilidade dos funcio-
nários públicos, cujo processo e julgamento competi- Art. 520. Antes de receber a queixa, o juiz oferecerá às
rão aos juízes de direito, a queixa ou a denúncia será partes oportunidade para se reconciliarem, fazendo-as
instruída com documentos ou justificação que façam comparecer em juízo e ouvindo-as, separadamente,
presumir a existência do delito ou com declaração sem a presença dos seus advogados, não se lavrando
fundamentada da impossibilidade de apresentação de termo.
qualquer dessas provas.
Art. 521. Se depois de ouvir o querelante e o querelado,
Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia o juiz achar provável a reconciliação, promoverá enten-
ou queixa em devida forma, o juiz mandará autuá-la e dimento entre eles, na sua presença.
ordenará a notificação do acusado, para responder por
escrito, dentro do prazo de quinze dias. Art. 522. No caso de reconciliação, depois de assinado
pelo querelante o termo da desistência, a queixa será
Parágrafo único. Se não for conhecida a residência do arquivada.
acusado, ou este se achar fora da jurisdição do juiz,
ser-lhe-á nomeado defensor, a quem caberá apresentar
Art. 523. Quando for oferecida a exceção da verdade ou
a resposta preliminar.
da notoriedade do fato imputado, o querelante poderá
contestar a exceção no prazo de dois dias, podendo
Art. 515. No caso previsto no artigo anterior, durante ser inquiridas as testemunhas arroladas na queixa, ou
o prazo concedido para a resposta, os autos permane- outras indicadas naquele prazo, em substituição às pri-
cerão em cartório, onde poderão ser examinados pelo meiras, ou para completar o máximo legal.
acusado ou por seu defensor.
Parágrafo único. A resposta poderá ser instruída com CAPÍTULO IV
documentos e justificações. DO PROCESSO E DO JULGAMENTO
Art. 516. O juiz rejeitará a queixa ou denúncia, em des-
DOS CRIMES CONTRA A
pacho fundamentado, se convencido, pela resposta do PROPRIEDADE IMATERIAL

244
Art. 524. No processo e julgamento dos crimes con- possibilitaram a sua existência, desde que estes se des-
tra a propriedade imaterial, observar-se-á o disposto tinem precipuamente à prática do ilícito
nos Capítulos I e III do Título I deste Livro, com as mo-
dificações constantes dos artigos seguintes. Art. 530-C. Na ocasião da apreensão será lavrado ter-
mo, assinado por 2 (duas) ou mais testemunhas, com a
Art. 525. No caso de haver o crime deixado vestígio, a descrição de todos os bens apreendidos e informações
queixa ou a denúncia não será recebida se não for ins- sobre suas origens, o qual deverá integrar o inquérito
truída com o exame pericial dos objetos que constituam policial ou o processo.
o corpo de delito.
Art. 530-D. Subseqüente à apreensão, será realizada,
Art. 526. Sem a prova de direito à ação, não será rece- por perito oficial, ou, na falta deste, por pessoa tecnica-
bida a queixa, nem ordenada qualquer diligência preli- mente habilitada, perícia sobre todos os bens apreendi-
minarmente requerida pelo ofendido. dos e elaborado o laudo que deverá integrar o inquérito
policial ou o processo.
Art. 527. A diligência de busca ou de apreensão será
realizada por dois peritos nomeados pelo juiz, que ve- Art. 530-E. Os titulares de direito de autor e os que lhe
rificarão a existência de fundamento para a apreensão, são conexos serão os fiéis depositários de todos os
e quer esta se realize, quer não, o laudo pericial será bens apreendidos, devendo colocá-los à disposição do
apresentado dentro de 3 (três) dias após o encerramen- juiz quando do ajuizamento da ação.
to da diligência.
Parágrafo único. O requerente da diligência poderá im- Art. 530-F. Ressalvada a possibilidade de se preservar o
pugnar o laudo contrário à apreensão, e o juiz ordenará corpo de delito, o juiz poderá determinar, a requerimen-
que esta se efetue, se reconhecer a improcedência das to da vítima, a destruição da produção ou reprodução
razões aduzidas pelos peritos. apreendida quando não houver impugnação quanto
à sua ilicitude ou quando a ação penal não puder ser
iniciada por falta de determinação de quem seja o autor
Art. 528. Encerradas as diligências, os autos serão con-
do ilícito.
clusos ao juiz para homologação do laudo.
Art. 530-G. O juiz, ao prolatar a sentença condenatória,
Art. 529. Nos crimes de ação privativa do ofendido, não
poderá determinar a destruição dos bens ilicitamen-
será admitida queixa com fundamento em apreensão
te produzidos ou reproduzidos e o perdimento dos
e em perícia, se decorrido o prazo de 30 dias, após a
equipamentos apreendidos, desde que precipuamente
homologação do laudo.
destinados à produção e reprodução dos bens, em
Parágrafo único. Será dada vista ao Ministério Público favor da Fazenda Nacional, que deverá destruí-los ou
dos autos de busca e apreensão requeridas pelo ofen- doá-los aos Estados, Municípios e Distrito Federal, a
dido, se o crime for de ação pública e não tiver sido instituições públicas de ensino e pesquisa ou de assis-
oferecida queixa no prazo fixado neste artigo. tência social, bem como incorporá-los, por economia
ou interesse público, ao patrimônio da União, que não
Art. 530. Se ocorrer prisão em flagrante e o réu não for poderão retorná-los aos canais de comércio.
posto em liberdade, o prazo a que se refere o artigo an-
terior será de 8 (oito) dias. Art. 530-H. As associações de titulares de direitos de
autor e os que lhes são conexos poderão, em seu pró-
Art. 530-A. O disposto nos arts. 524 a 530 será apli- prio nome, funcionar como assistente da acusação nos
cável aos crimes em que se proceda mediante queixa. crimes previstos no art. 184 do Código Penal, quando
praticado em detrimento de qualquer de seus associa-
Art. 530-B. Nos casos das infrações previstas nos §§ dos.
1º, 2º e 3º do art. 184 do Código Penal, a autoridade
policial procederá à apreensão dos bens ilicitamente Art. 530-I. Nos crimes em que caiba ação penal públi-
produzidos ou reproduzidos, em sua totalidade, junta- ca incondicionada ou condicionada, observar-se-ão
mente com os equipamentos, suportes e materiais que as normas constantes dos arts. 530-B, 530-C, 530-D,

245
530-E, 530-F, 530-G e 530-H. vada em qualquer caso a ordem estabelecida no art. 531
deste Código.
CAPÍTULO V
DO PROCESSO SUMÁRIO Art. 537. (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).

Art. 538. Nas infrações penais de menor potencial ofen-


Art. 531. Na audiência de instrução e julgamento, a ser sivo, quando o juizado especial criminal encaminhar ao
realizada no prazo máximo de 30 (trinta) dias, proceder- juízo comum as peças existentes para a adoção de outro
-se-á à tomada de declarações do ofendido, se possível, procedimento, observar-se-á o procedimento sumário
à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e previsto neste Capítulo.
pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art.
222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos § 1º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
peritos, às acareações e ao reconhecimento de pesso- § 2º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
as e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado e
§ 3º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
procedendo-se, finalmente, ao debate.
§ 4º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 532. Na instrução, poderão ser inquiridas até 5
(cinco) testemunhas arroladas pela acusação e 5 (cin- Art. 539. (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
co) pela defesa.
Art. 540. (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 533. Aplica-se ao procedimento sumário o dispos-
to nos parágrafos do art. 400 deste Código. CAPÍTULO VI
§ 1º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). DO PROCESSO DE RESTAURAÇÃO DE
§ 2º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). AUTOS EXTRAVIADOS OU DESTRUÍDOS
§ 3º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 541. Os autos originais de processo penal extravia-
§ 4º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). dos ou destruídos, em primeira ou segunda instância,
serão restaurados.
Art. 534. As alegações finais serão orais, concedendo-
-se a palavra, respectivamente, à acusação e à defesa, § 1º Se existir e for exibida cópia autêntica ou certidão
pelo prazo de 20 (vinte) minutos, prorrogáveis por mais do processo, será uma ou outra considerada como
10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, sentença. original.

§ 1º Havendo mais de um acusado, o tempo previsto § 2º Na falta de cópia autêntica ou certidão do processo,
para a defesa de cada um será individual. o juiz mandará, de ofício, ou a requerimento de qualquer
das partes, que:
§ 2º Ao assistente do Ministério Público, após a
manifestação deste, serão concedidos 10 (dez) a) o escrivão certifique o estado do processo, segundo
minutos, prorrogando-se por igual período o tempo de a sua lembrança, e reproduza o que houver a respeito
manifestação da defesa. em seus protocolos e registros;
b) sejam requisitadas cópias do que constar a respeito
Art. 535. Nenhum ato será adiado, salvo quando im- no Instituto Médico-Legal, no Instituto de Identificação
prescindível a prova faltante, determinando o juiz a con- e Estatística ou em estabelecimentos congêneres, re-
dução coercitiva de quem deva comparecer. partições públicas, penitenciárias ou cadeias;
§ 1º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). c) as partes sejam citadas pessoalmente, ou, se não
§ 2º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). forem encontradas, por edital, com o prazo de dez dias,
para o processo de restauração dos autos.
Art. 536. A testemunha que comparecer será inquirida, § 3º Proceder-se-á à restauração na primeira instância,
independentemente da suspensão da audiência, obser- ainda que os autos se tenham extraviado na segunda.

246
Art. 542. No dia designado, as partes serão ouvidas, Art. 548. Até à decisão que julgue restaurados os au-
mencionando-se em termo circunstanciado os pontos tos, a sentença condenatória em execução continuará
em que estiverem acordes e a exibição e a conferência a produzir efeito, desde que conste da respectiva guia
das certidões e mais reproduções do processo apresen- arquivada na cadeia ou na penitenciária, onde o réu es-
tadas e conferidas. tiver cumprindo a pena, ou de registro que torne a sua
existência inequívoca.
Art. 543. O juiz determinará as diligências necessárias
para a restauração, observando-se o seguinte: CAPÍTULO VII
I - caso ainda não tenha sido proferida a sentença, rein- DO PROCESSO DE APLICAÇÃO DE
quirir-se-ão as testemunhas podendo ser substituídas MEDIDA DE SEGURANÇA POR
as que tiverem falecido ou se encontrarem em lugar não FATO NÃO CRIMINOSO
sabido;
II - os exames periciais, quando possível, serão repeti- Art. 549. Se a autoridade policial tiver conhecimento
dos, e de preferência pelos mesmos peritos; de fato que, embora não constituindo infração penal,
III - a prova documental será reproduzida por meio de possa determinar a aplicação de medida de segurança
cópia autêntica ou, quando impossível, por meio de (Código Penal, arts. 14 e 27), deverá proceder a inqué-
testemunhas; rito, a fim de apurá-lo e averiguar todos os elementos
que possam interessar à verificação da periculosidade
IV - poderão também ser inquiridas sobre os atos do
do agente.
processo, que deverá ser restaurado, as autoridades, os
serventuários, os peritos e mais pessoas que tenham
Art. 550. O processo será promovido pelo Ministério
nele funcionado;
Público, mediante requerimento que conterá a exposi-
V - o Ministério Público e as partes poderão oferecer ção sucinta do fato, as suas circunstâncias e todos os
testemunhas e produzir documentos, para provar o teor elementos em que se fundar o pedido.
do processo extraviado ou destruído.
Art. 551. O juiz, ao deferir o requerimento, ordenará a
Art. 544. Realizadas as diligências que, salvo motivo de intimação do interessado para comparecer em juízo, a
força maior, deverão concluir-se dentro de vinte dias, fim de ser interrogado.
serão os autos conclusos para julgamento.
Parágrafo único. No curso do processo, e depois de su- Art. 552. Após o interrogatório ou dentro do prazo de
birem os autos conclusos para sentença, o juiz poderá, dois dias, o interessado ou seu defensor poderá ofe-
dentro em cinco dias, requisitar de autoridades ou de recer alegações.
repartições todos os esclarecimentos para a restaura- Parágrafo único. O juiz nomeará defensor ao interessa-
ção. do que não o tiver.

Art. 545. Os selos e as taxas judiciárias, já pagos nos Art. 553. O Ministério Público, ao fazer o requerimento
autos originais, não serão novamente cobrados. inicial, e a defesa, no prazo estabelecido no artigo ante-
rior, poderão requerer exames, diligências e arrolar até
Art. 546. Os causadores de extravio de autos responde- três testemunhas.
rão pelas custas, em dobro, sem prejuízo da responsa-
bilidade criminal. Art. 554. Após o prazo de defesa ou a realização dos
exames e diligências ordenados pelo juiz, de ofício ou
Art. 547. Julgada a restauração, os autos respectivos a requerimento das partes, será marcada audiência, em
valerão pelos originais. que, inquiridas as testemunhas e produzidas alegações
Parágrafo único. Se no curso da restauração aparece- orais pelo órgão do Ministério Público e pelo defensor,
rem os autos originais, nestes continuará o processo, dentro de dez minutos para cada um, o juiz proferirá
apensos a eles os autos da restauração. sentença.
Parágrafo único. Se o juiz não se julgar habilitado a

247
proferir a decisão, designará, desde logo, outra audiên- II - por ilegitimidade de parte;
cia, que se realizará dentro de cinco dias, para publicar III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:
a sentença.
a) a denúncia ou a queixa e a representação e, nos pro-
Art. 555. Quando, instaurado processo por infração cessos de contravenções penais, a portaria ou o auto de
penal, o juiz, absolvendo ou impronunciando o réu, prisão em flagrante;
reconhecer a existência de qualquer dos fatos previstos b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam
no art. 14 ou no art. 27 do Código Penal, aplicar-lhe-á, vestígios, ressalvado o disposto no Art. 167;
se for caso, medida de segurança.
c) a nomeação de defensor ao réu presente, que o não
tiver, ou ao ausente, e de curador ao menor de 21 anos;
TÍTULO III
DOS PROCESSOS DE COMPETÊNCIA DO d) a intervenção do Ministério Público em todos os
termos da ação por ele intentada e nos da intentada
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E DOS pela parte ofendida, quando se tratar de crime de ação
TRIBUNAIS DE APELAÇÃO pública;
e) a citação do réu para ver-se processar, o seu inter-
CAPÍTULO I rogatório, quando presente, e os prazos concedidos à
DA INSTRUÇÃO acusação e à defesa;
f) a sentença de pronúncia, o libelo e a entrega da res-
(Revogado pela Lei nº 8.658, de 26.5.1993) pectiva cópia, com o rol de testemunhas, nos processos
perante o Tribunal do Júri;
Art. 556. a Art. 560 (Revogado pela Lei nº 8.658, de g) a intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo
26.5.1993) Tribunal do Júri, quando a lei não permitir o julgamento
à revelia;
CAPÍTULO II
h) a intimação das testemunhas arroladas no libelo e na
DO JULGAMENTO contrariedade, nos termos estabelecidos pela lei;
i) a presença pelo menos de 15 jurados para a consti-
(Revogado pela Lei nº 8.658, de 26.5.1993) tuição do júri;

Art. 561. e Art. 562. (Revogado pela Lei nº 8.658, de j) o sorteio dos jurados do conselho de sentença em
26.5.1993) número legal e sua incomunicabilidade;
k) os quesitos e as respectivas respostas;
LIVRO III l) a acusação e a defesa, na sessão de julgamento;
DAS NULIDADES E DOS
m) a sentença;
RECURSOS EM GERAL
n) o recurso de oficio, nos casos em que a lei o tenha
estabelecido;
TÍTULO I
o) a intimação, nas condições estabelecidas pela lei,
DAS NULIDADES para ciência de sentenças e despachos de que caiba
recurso;
Art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nu-
p) no Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de Ape-
lidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a
lação, o quorum legal para o julgamento;
defesa.
IV - por omissão de formalidade que constitua elemento
Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: essencial do ato.
I - por incompetência, suspeição ou suborno do juiz; V - em decorrência de decisão carente de fundamenta-
ção. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

248
Parágrafo único. Ocorrerá ainda a nulidade, por defici- V - as ocorridas posteriormente à pronúncia, logo de-
ência dos quesitos ou das suas respostas, e contradi- pois de anunciado o julgamento e apregoadas as partes
ção entre estas. (Incluído pela Lei nº 263, de 23.2.1948) (art. 447);
VI - as de instrução criminal dos processos de compe-
Art. 565. Nenhuma das partes poderá argüir nulidade tência do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais de
a que haja dado causa, ou para que tenha concorrido, Apelação, nos prazos a que se refere o art. 500;
ou referente a formalidade cuja observância só à parte
contrária interesse. VII - se verificadas após a decisão da primeira instância,
nas razões de recurso ou logo depois de anunciado o
Art. 566. Não será declarada a nulidade de ato proces- julgamento do recurso e apregoadas as partes;
sual que não houver influído na apuração da verdade VIII - as do julgamento em plenário, em audiência ou
substancial ou na decisão da causa. em sessão do tribunal, logo depois de ocorrerem.

Art. 567. A incompetência do juízo anula somente os Art. 572. As nulidades previstas no art. 564, Ill, d e e,
atos decisórios, devendo o processo, quando for decla- segunda parte, g e h, e IV, considerar-se-ão sanadas:
rada a nulidade, ser remetido ao juiz competente.
I - se não forem argüidas, em tempo oportuno, de acor-
do com o disposto no artigo anterior;
Art. 568. A nulidade por ilegitimidade do representante
da parte poderá ser a todo tempo sanada, mediante rati- II - se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido
ficação dos atos processuais. o seu fim;
III - se a parte, ainda que tacitamente, tiver aceito os
Art. 569. As omissões da denúncia ou da queixa, da seus efeitos.
representação, ou, nos processos das contravenções
penais, da portaria ou do auto de prisão em flagrante, Art. 573. Os atos, cuja nulidade não tiver sido sanada,
poderão ser supridas a todo o tempo, antes da sentença na forma dos artigos anteriores, serão renovados ou
final. retificados.

Art. 570. A falta ou a nulidade da citação, da intimação § 1º A nulidade de um ato, uma vez declarada, causará
ou notificação estará sanada, desde que o interessa- a dos atos que dele diretamente dependam ou sejam
do compareça, antes de o ato consumar-se, embora conseqüência.
declare que o faz para o único fim de argüi-la. O juiz § 2º O juiz que pronunciar a nulidade declarará os atos
ordenará, todavia, a suspensão ou o adiamento do ato, a que ela se estende.
quando reconhecer que a irregularidade poderá preju-
dicar direito da parte. TÍTULO II
DOS RECURSOS EM GERAL
Art. 571. As nulidades deverão ser argüidas:
I - as da instrução criminal dos processos da compe-
tência do júri, nos prazos a que se refere o art. 406; CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
II - as da instrução criminal dos processos de compe-
tência do juiz singular e dos processos especiais, salvo
os dos Capítulos V e Vll do Título II do Livro II, nos Art. 574. Os recursos serão voluntários, excetuando-se
prazos a que se refere o art. 500; os seguintes casos, em que deverão ser interpostos, de
ofício, pelo juiz:
III - as do processo sumário, no prazo a que se refere
o art. 537, ou, se verificadas depois desse prazo, logo I - da sentença que conceder habeas corpus;
depois de aberta a audiência e apregoadas as partes; II - da que absolver desde logo o réu com fundamento
IV - as do processo regulado no Capítulo VII do Título II na existência de circunstância que exclua o crime ou
do Livro II, logo depois de aberta a audiência; isente o réu de pena, nos termos do art. 411.

249
Art. 575. Não serão prejudicados os recursos que, por III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de
erro, falta ou omissão dos funcionários, não tiverem se- suspeição;
guimento ou não forem apresentados dentro do prazo. IV – que pronunciar o réu;
Art. 576. O Ministério Público não poderá desistir de V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar ini-
recurso que haja interposto. dônea a fiança, indeferir requerimento de prisão pre-
ventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou
Art. 577. O recurso poderá ser interposto pelo Ministé- relaxar a prisão em flagrante;
rio Público, ou pelo querelante, ou pelo réu, seu procu- VI - (Revogado pela Lei nº 11.689, de 2008)
rador ou seu defensor.
VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu
Parágrafo único. Não se admitirá, entretanto, recurso da valor;
parte que não tiver interesse na reforma ou modificação
VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro
da decisão.
modo, extinta a punibilidade;
Art. 578. O recurso será interposto por petição ou por IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da pres-
termo nos autos, assinado pelo recorrente ou por seu crição ou de outra causa extintiva da punibilidade;
representante. X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus;
§ 1º Não sabendo ou não podendo o réu assinar o XI - que conceder, negar ou revogar a suspensão con-
nome, o termo será assinado por alguém, a seu rogo, dicional da pena;
na presença de duas testemunhas.
XII - que conceder, negar ou revogar livramento con-
§ 2º A petição de interposição de recurso, com o despa- dicional;
cho do juiz, será, até o dia seguinte ao último do prazo,
entregue ao escrivão, que certificará no termo da junta- XIII - que anular o processo da instrução criminal, no
da a data da entrega. todo ou em parte;

§ 3º Interposto por termo o recurso, o escrivão, sob XIV - que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir;
pena de suspensão por dez a trinta dias, fará conclusos XV - que denegar a apelação ou a julgar deserta;
os autos ao juiz, até o dia seguinte ao último do prazo.
XVI - que ordenar a suspensão do processo, em virtude
de questão prejudicial;
Art. 579. Salvo a hipótese de má-fé, a parte não será
prejudicada pela interposição de um recurso por outro. XVII - que decidir sobre a unificação de penas;
Parágrafo único. Se o juiz, desde logo, reconhecer a im- XVIII - que decidir o incidente de falsidade;
propriedade do recurso interposto pela parte, mandará XIX - que decretar medida de segurança, depois de
processá-lo de acordo com o rito do recurso cabível. transitar a sentença em julgado;

Art. 580. No caso de concurso de agentes (Código Pe- XX - que impuser medida de segurança por transgres-
nal, art. 25), a decisão do recurso interposto por um dos são de outra;
réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter XXI - que mantiver ou substituir a medida de segurança,
exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros. nos casos do art. 774;
XXII - que revogar a medida de segurança;
CAPÍTULO II
XXIII - que deixar de revogar a medida de segurança,
DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
nos casos em que a lei admita a revogação;

Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, XXIV - que converter a multa em detenção ou em prisão
despacho ou sentença: simples.

I - que não receber a denúncia ou a queixa; XXV - que recusar homologação à proposta de acordo
de não persecução penal, previsto no art. 28-A desta
II - que concluir pela incompetência do juízo; Lei. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

250
Art. 582 - Os recursos serão sempre para o Tribunal de oportunidade do recurso, e o termo de interposição.
Apelação, salvo nos casos dos ns. V, X e XIV.
Parágrafo único. O recurso, no caso do no XIV, será Art. 588. Dentro de dois dias, contados da interposição
para o presidente do Tribunal de Apelação. do recurso, ou do dia em que o escrivão, extraído o
traslado, o fizer com vista ao recorrente, este oferecerá
as razões e, em seguida, será aberta vista ao recorrido
Art. 583. Subirão nos próprios autos os recursos:
por igual prazo.
I - quando interpostos de oficio;
Parágrafo único. Se o recorrido for o réu, será intimado
II - nos casos do art. 581, I, III, IV, VI, VIII e X; do prazo na pessoa do defensor.
III - quando o recurso não prejudicar o andamento do
processo. Art. 589. Com a resposta do recorrido ou sem ela, será
o recurso concluso ao juiz, que, dentro de dois dias,
Parágrafo único. O recurso da pronúncia subirá em reformará ou sustentará o seu despacho, mandando
traslado, quando, havendo dois ou mais réus, qualquer instruir o recurso com os traslados que Ihe parecerem
deles se conformar com a decisão ou todos não tiverem necessários.
sido ainda intimados da pronúncia.
Parágrafo único. Se o juiz reformar o despacho recor-
Art. 584. Os recursos terão efeito suspensivo nos casos rido, a parte contrária, por simples petição, poderá re-
de perda da fiança, de concessão de livramento condi- correr da nova decisão, se couber recurso, não sendo
cional e dos ns. XV, XVII e XXIV do art. 581. mais lícito ao juiz modificá-la. Neste caso, indepen-
dentemente de novos arrazoados, subirá o recurso nos
§ 1º Ao recurso interposto de sentença de impronúncia próprios autos ou em traslado.
ou no caso do no VIII do art. 581, aplicar-se-á o dispos-
to nos arts. 596 e 598. Art. 590. Quando for impossível ao escrivão extrair o
§ 2º O recurso da pronúncia suspenderá tão-somente traslado no prazo da lei, poderá o juiz prorrogá-lo até
o julgamento. o dobro.
§ 3º O recurso do despacho que julgar quebrada a fian-
ça suspenderá unicamente o efeito de perda da metade Art. 591. Os recursos serão apresentados ao juiz ou tri-
do seu valor. bunal ad quem, dentro de cinco dias da publicação da
resposta do juiz a quo, ou entregues ao Correio dentro
do mesmo prazo.
Art. 585. O réu não poderá recorrer da pronúncia senão
depois de preso, salvo se prestar fiança, nos casos em
que a lei a admitir. Art. 592. Publicada a decisão do juiz ou do tribunal ad
quem, deverão os autos ser devolvidos, dentro de cinco
dias, ao juiz a quo.
Art. 586. O recurso voluntário poderá ser interposto no
prazo de cinco dias.
CAPÍTULO III
Parágrafo único. No caso do art. 581, XIV, o prazo será
de vinte dias, contado da data da publicação definitiva
DA APELAÇÃO
da lista de jurados.
Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:
Art. 587. Quando o recurso houver de subir por ins- I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvi-
trumento, a parte indicará, no respectivo termo, ou em ção proferidas por juiz singular;
requerimento avulso, as peças dos autos de que pre-
tenda traslado. II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas,
proferidas por juiz singular nos casos não previstos no
Parágrafo único. O traslado será extraído, conferido e Capítulo anterior;
concertado no prazo de cinco dias, e dele constarão
sempre a decisão recorrida, a certidão de sua intima- III - das decisões do Tribunal do Júri, quando:
ção, se por outra forma não for possível verificar-se a a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia;

251
b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei ex- so será de quinze dias e correrá do dia em que terminar
pressa ou à decisão dos jurados; o do Ministério Público.
c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da  Art. 599. As apelações poderão ser interpostas quer em
pena ou da medida de segurança; relação a todo o julgado, quer em relação a parte dele.
d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária
à prova dos autos. Art. 600. Assinado o termo de apelação, o apelante e,
depois dele, o apelado terão o prazo de oito dias cada
§ 1º Se a sentença do juiz-presidente for contrária à um para oferecer razões, salvo nos processos de con-
lei expressa ou divergir das respostas dos jurados aos travenção, em que o prazo será de três dias.
quesitos, o tribunal ad quem fará a devida retificação.
§ 1º Se houver assistente, este arrazoará, no prazo de
§ 2º Interposta a apelação com fundamento no no III, c, três dias, após o Ministério Público.
deste artigo, o tribunal ad quem, se Ihe der provimento,
retificará a aplicação da pena ou da medida de segu- § 2º Se a ação penal for movida pela parte ofendida,
rança. o Ministério Público terá vista dos autos, no prazo do
parágrafo anterior.
§ 3º Se a apelação se fundar no no III, d, deste artigo,
e o tribunal ad quem se convencer de que a decisão § 3º Quando forem dois ou mais os apelantes ou apela-
dos jurados é manifestamente contrária à prova dos dos, os prazos serão comuns.
autos, dar-lhe-á provimento para sujeitar o réu a novo § 4º Se o apelante declarar, na petição ou no termo,
julgamento; não se admite, porém, pelo mesmo motivo, ao interpor a apelação, que deseja arrazoar na superior
segunda apelação. instância serão os autos remetidos ao tribunal ad quem
§ 4º Quando cabível a apelação, não poderá ser usado o onde será aberta vista às partes, observados os prazos
recurso em sentido estrito, ainda que somente de parte legais, notificadas as partes pela publicação oficial. (In-
da decisão se recorra. cluído pela Lei nº 4.336, de 1º.6.1964)

Art. 594. (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). Art. 601. Findos os prazos para razões, os autos se-
rão remetidos à instância superior, com as razões ou
sem elas, no prazo de 5 (cinco) dias, salvo no caso
Art. 595. (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
do art. 603, segunda parte, em que o prazo será de
trinta dias.
Art. 596. A apelação da sentença absolutória não impe-
dirá que o réu seja posto imediatamente em liberdade. § 1º Se houver mais de um réu, e não houverem todos
sido julgados, ou não tiverem todos apelado, caberá ao
Parágrafo único. A apelação não suspenderá a execu-
apelante promover extração do traslado dos autos, o
ção da medida de segurança aplicada provisoriamente.
qual deverá ser remetido à instância superior no prazo
de trinta dias, contado da data da entrega das últimas
Art. 597. A apelação de sentença condenatória terá efei-
razões de apelação, ou do vencimento do prazo para a
to suspensivo, salvo o disposto no art. 393, a aplicação
apresentação das do apelado.
provisória de interdições de direitos e de medidas de
segurança (arts. 374 e 378), e o caso de suspensão § 2º As despesas do traslado correrão por conta de
condicional de pena. quem o solicitar, salvo se o pedido for de réu pobre ou
do Ministério Público.
Art. 598. Nos crimes de competência do Tribunal do
Júri, ou do juiz singular, se da sentença não for inter- Art. 602. Os autos serão, dentro dos prazos do artigo
posta apelação pelo Ministério Público no prazo legal, anterior, apresentados ao tribunal ad quem ou entre-
o ofendido ou qualquer das pessoas enumeradas no gues ao Correio, sob registro.
art. 31, ainda que não se tenha habilitado como assis- Art. 603. A apelação subirá nos autos originais e, a não
tente, poderá interpor apelação, que não terá, porém, ser no Distrito Federal e nas comarcas que forem sede de
efeito suspensivo. Tribunal de Apelação, ficará em cartório traslado dos ter-
Parágrafo único. O prazo para interposição desse recur- mos essenciais do processo referidos no art. 564, n. III.

252
Art. 604. (Revogado pela Lei nº 263, de 23.2.1948) Art. 612. Os recursos de habeas corpus, designado o
relator, serão julgados na primeira sessão.
Art. 605. (Revogado pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
Art. 613. As apelações interpostas das sentenças profe-
Art. 606. (Revogado pela Lei nº 263, de 23.2.1948) ridas em processos por crime a que a lei comine pena
de reclusão, deverão ser processadas e julgadas pela
CAPÍTULO IV forma estabelecida no Art. 610, com as seguintes mo-
dificações:
DO PROTESTO POR NOVO JÚRI
I - exarado o relatório nos autos, passarão estes ao re-
visor, que terá igual prazo para o exame do processo e
(Revogado pela Lei nº 11.689, de 2008)
pedirá designação de dia para o julgamento;
Art. 607. (Revogado pela Lei nº 11.689, de 2008) II - os prazos serão ampliados ao dobro;
III - o tempo para os debates será de um quarto de hora.
Art. 608. (Revogado pela Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 614. No caso de impossibilidade de observância de
CAPÍTULO V qualquer dos prazos marcados nos arts. 610 e 613, os
DO PROCESSO E DO JULGAMENTO motivos da demora serão declarados nos autos.
DOS RECURSOS EM SENTIDO ESTRITO
E DAS APELAÇÕES, NOS TRIBUNAIS Art. 615. O tribunal decidirá por maioria de votos.
DE APELAÇÃO § 1º Havendo empate de votos no julgamento de re-
cursos, se o presidente do tribunal, câmara ou turma,
não tiver tomado parte na votação, proferirá o voto de
Art. 609. Os recursos, apelações e embargos serão jul-
desempate; no caso contrário, prevalecerá a decisão
gados pelos Tribunais de Justiça, câmaras ou turmas
mais favorável ao réu.
criminais, de acordo com a competência estabelecida
nas leis de organização judiciária. § 2º O acórdão será apresentado à conferência na pri-
meira sessão seguinte à do julgamento, ou no prazo de
Parágrafo único. Quando não for unânime a decisão
duas sessões, pelo juiz incumbido de lavrá-lo.
de segunda instância, desfavorável ao réu, admitem-se
embargos infringentes e de nulidade, que poderão ser
Art. 616. No julgamento das apelações poderá o tribu-
opostos dentro de 10 (dez) dias, a contar da publicação
nal, câmara ou turma proceder a novo interrogatório do
de acórdão, na forma do art. 613. Se o desacordo for
acusado, reinquirir testemunhas ou determinar outras
parcial, os embargos serão restritos à matéria objeto de
diligências.
divergência.
Art. 617. O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas
Art. 610. Nos recursos em sentido estrito, com exceção
decisões ao disposto nos arts. 383, 386 e 387, no que
do de habeas corpus, e nas apelações interpostas das
for aplicável, não podendo, porém, ser agravada a pena,
sentenças em processo de contravenção ou de crime a
quando somente o réu houver apelado da sentença.
que a lei comine pena de detenção, os autos irão ime-
diatamente com vista ao procurador-geral pelo prazo de
cinco dias, e, em seguida, passarão, por igual prazo, ao Art. 618. Os regimentos dos Tribunais de Apelação es-
relator, que pedirá designação de dia para o julgamento. tabelecerão as normas complementares para o proces-
so e julgamento dos recursos e apelações.
Parágrafo único. Anunciado o julgamento pelo presi-
dente, e apregoadas as partes, com a presença destas CAPÍTULO VI
ou à sua revelia, o relator fará a exposição do feito e, em DOS EMBARGOS
seguida, o presidente concederá, pelo prazo de 10 (dez)
minutos, a palavra aos advogados ou às partes que a Art. 619. Aos acórdãos proferidos pelos Tribunais de
solicitarem e ao procurador-geral, quando o requerer, Apelação, câmaras ou turmas, poderão ser opostos em-
por igual prazo.

253
bargos de declaração, no prazo de dois dias contados § 2º Nos Tribunais de Justiça ou de Alçada, o julgamen-
da sua publicação, quando houver na sentença ambi- to será efetuado pelas câmaras ou turmas criminais,
guidade, obscuridade, contradição ou omissão. reunidas em sessão conjunta, quando houver mais de
uma, e, no caso contrário, pelo tribunal pleno.
Art. 620. Os embargos de declaração serão deduzidos § 3º Nos tribunais onde houver quatro ou mais câmaras
em requerimento de que constem os pontos em que o ou turmas criminais, poderão ser constituídos dois ou
acórdão é ambíguo, obscuro, contraditório ou omisso. mais grupos de câmaras ou turmas para o julgamento
§ 1º O requerimento será apresentado pelo relator e de revisão, obedecido o que for estabelecido no respec-
julgado, independentemente de revisão, na primeira tivo regimento interno.
sessão.
Art. 625. O requerimento será distribuído a um relator
§ 2º Se não preenchidas as condições enumeradas nes-
e a um revisor, devendo funcionar como relator um de-
te artigo, o relator indeferirá desde logo o requerimento.
sembargador que não tenha pronunciado decisão em
qualquer fase do processo.
CAPÍTULO VII
DA REVISÃO § 1º O requerimento será instruído com a certidão de
haver passado em julgado a sentença condenatória e
com as peças necessárias à comprovação dos fatos
Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida: argüidos.
I - quando a sentença condenatória for contrária ao tex- § 2º O relator poderá determinar que se apensem os au-
to expresso da lei penal ou à evidência dos autos; tos originais, se daí não advier dificuldade à execução
II - quando a sentença condenatória se fundar em de- normal da sentença.
poimentos, exames ou documentos comprovadamente § 3º Se o relator julgar insuficientemente instruído o
falsos; pedido e inconveniente ao interesse da justiça que se
III - quando, após a sentença, se descobrirem novas apensem os autos originais, indeferi-lo-á in limine,
provas de inocência do condenado ou de circunstância dando recurso para as câmaras reunidas ou para o
que determine ou autorize diminuição especial da pena. tribunal, conforme o caso (art. 624, parágrafo único).
§ 4º Interposto o recurso por petição e independente-
Art. 622. A revisão poderá ser requerida em qualquer mente de termo, o relator apresentará o processo em
tempo, antes da extinção da pena ou após. mesa para o julgamento e o relatará, sem tomar parte
Parágrafo único. Não será admissível a reiteração do na discussão.
pedido, salvo se fundado em novas provas. § 5º Se o requerimento não for indeferido in limine,
abrir-se-á vista dos autos ao procurador-geral, que dará
Art. 623. A revisão poderá ser pedida pelo próprio réu parecer no prazo de dez dias. Em seguida, examinados
ou por procurador legalmente habilitado ou, no caso de os autos, sucessivamente, em igual prazo, pelo relator e
morte do réu, pelo cônjuge, ascendente, descendente revisor, julgar-se-á o pedido na sessão que o presidente
ou irmão. designar.

Art. 624. As revisões criminais serão processadas e Art. 626. Julgando procedente a revisão, o tribunal po-
julgadas: derá alterar a classificação da infração, absolver o réu,
I - pelo Supremo Tribunal Federal, quanto às condena- modificar a pena ou anular o processo.
ções por ele proferidas; Parágrafo único. De qualquer maneira, não poderá ser
II - pelo Tribunal Federal de Recursos, Tribunais de Jus- agravada a pena imposta pela decisão revista.
tiça ou de Alçada, nos demais casos.
Art. 627. A absolvição implicará o restabelecimento de
§ 1º No Supremo Tribunal Federal e no Tribunal Federal todos os direitos perdidos em virtude da condenação,
de Recursos o processo e julgamento obedecerão ao devendo o tribunal, se for caso, impor a medida de se-
que for estabelecido no respectivo regimento interno. gurança cabível.

254
Art. 628. Os regimentos internos dos Tribunais de Ape- tabelecida por leis especiais, pela lei processual civil
lação estabelecerão as normas complementares para o e pelos respectivos regimentos internos. (Redação
processo e julgamento das revisões criminais. dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

Art. 629. À vista da certidão do acórdão que cassar a CAPÍTULO IX


sentença condenatória, o juiz mandará juntá-la ime- DA CARTA TESTEMUNHÁVEL
diatamente aos autos, para inteiro cumprimento da
decisão.
Art. 639. Dar-se-á carta testemunhável:
Art. 630. O tribunal, se o interessado o requerer, pode- I - da decisão que denegar o recurso;
rá reconhecer o direito a uma justa indenização pelos
II - da que, admitindo embora o recurso, obstar à sua
prejuízos sofridos.
expedição e seguimento para o juízo ad quem.
§ 1º Por essa indenização, que será liquidada no juízo
cível, responderá a União, se a condenação tiver sido Art. 640. A carta testemunhável será requerida ao es-
proferida pela justiça do Distrito Federal ou de Territó- crivão, ou ao secretário do tribunal, conforme o caso,
rio, ou o Estado, se o tiver sido pela respectiva justiça. nas quarenta e oito horas seguintes ao despacho que
§ 2º A indenização não será devida: denegar o recurso, indicando o requerente as peças do
processo que deverão ser trasladadas.
a) se o erro ou a injustiça da condenação proceder de
ato ou falta imputável ao próprio impetrante, como a Art. 641. O escrivão, ou o secretário do tribunal, dará
confissão ou a ocultação de prova em seu poder; recibo da petição à parte e, no prazo máximo de cin-
b) se a acusação houver sido meramente privada. co dias, no caso de recurso no sentido estrito, ou de
sessenta dias, no caso de recurso extraordinário, fará
Art. 631. Quando, no curso da revisão, falecer a pessoa, entrega da carta, devidamente conferida e concertada.
cuja condenação tiver de ser revista, o presidente do
tribunal nomeará curador para a defesa. Art. 642. O escrivão, ou o secretário do tribunal, que se
negar a dar o recibo, ou deixar de entregar, sob qual-
CAPÍTULO VIII quer pretexto, o instrumento, será suspenso por trinta
dias. O juiz, ou o presidente do Tribunal de Apelação,
DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO
em face de representação do testemunhante, imporá a
pena e mandará que seja extraído o instrumento, sob a
Art. 632. (Revogado pela Lei nº 3.396, de 2.6.1958): mesma sanção, pelo substituto do escrivão ou do se-
cretário do tribunal. Se o testemunhante não for atendi-
Art. 633. (Revogado pela Lei nº 3.396, de 2.6.1958): do, poderá reclamar ao presidente do tribunal ad quem,
que avocará os autos, para o efeito do julgamento do
Art. 634. (Revogado pela Lei nº 3.396, de 2.6.1958): recurso e imposição da pena.

Art. 635. (Revogado pela Lei nº 3.396, de 2.6.1958): Art. 643. Extraído e autuado o instrumento, observar-
-se-á o disposto nos arts. 588 a 592, no caso de recur-
Art. 636. (Revogado pela Lei nº 3.396, de 2.6.1958): so em sentido estrito, ou o processo estabelecido para
o recurso extraordinário, se deste se tratar.
Art. 637. O recurso extraordinário não tem efeito sus-
pensivo, e uma vez arrazoados pelo recorrido os autos Art. 644. O tribunal, câmara ou turma a que competir
do traslado, os originais baixarão à primeira instância, o julgamento da carta, se desta tomar conhecimento,
para a execução da sentença. mandará processar o recurso, ou, se estiver suficiente-
mente instruída, decidirá logo, de meritis.
Art. 638. O recurso extraordinário e o recurso especial
serão processados e julgados no Supremo Tribunal Art. 645. O processo da carta testemunhável na instân-
Federal e no Superior Tribunal de Justiça na forma es- cia superior seguirá o processo do recurso denegado.

255
Art. 646. A carta testemunhável não terá efeito suspen- cançados ou omissos em fazer o seu recolhimento nos
sivo. prazos legais, salvo se o pedido for acompanhado de
prova de quitação ou de depósito do alcance verificado,
CAPÍTULO X ou se a prisão exceder o prazo legal.
DO HABEAS CORPUS E SEU PROCESSO
Art. 651. A concessão do habeas corpus não obstará,
nem porá termo ao processo, desde que este não esteja
Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém em conflito com os fundamentos daquela.
sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou
coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos ca- Art. 652. Se o habeas corpus for concedido em virtude
sos de punição disciplinar. de nulidade do processo, este será renovado.

Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal: Art. 653. Ordenada a soltura do paciente em virtude


I - quando não houver justa causa; de habeas corpus, será condenada nas custas a auto-
ridade que, por má-fé ou evidente abuso de poder, tiver
II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que
determinado a coação.
determina a lei;
Parágrafo único. Neste caso, será remetida ao Ministé-
III - quando quem ordenar a coação não tiver compe-
rio Público cópia das peças necessárias para ser pro-
tência para fazê-lo;
movida a responsabilidade da autoridade.
IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a
coação; Art. 654. O habeas corpus poderá ser impetrado por
V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem como
nos casos em que a lei a autoriza; pelo Ministério Público.

VI - quando o processo for manifestamente nulo; § 1º A petição de habeas corpus conterá:

VII - quando extinta a punibilidade. a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de


sofrer violência ou coação e o de quem exercer a vio-
Art. 649. O juiz ou o tribunal, dentro dos limites da sua lência, coação ou ameaça;
jurisdição, fará passar imediatamente a ordem impetra- b) a declaração da espécie de constrangimento ou, em
da, nos casos em que tenha cabimento, seja qual for a caso de simples ameaça de coação, as razões em que
autoridade coatora. funda o seu temor;
c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo,
Art. 650. Competirá conhecer, originariamente, do pedi-
quando não souber ou não puder escrever, e a designa-
do de habeas corpus:
ção das respectivas residências.
I - ao Supremo Tribunal Federal, nos casos previstos
§ 2º Os juízes e os tribunais têm competência para ex-
no Art. 101, I, g, da Constituição;
pedir de ofício ordem de habeas corpus, quando no
II - aos Tribunais de Apelação, sempre que os atos de curso de processo verificarem que alguém sofre ou está
violência ou coação forem atribuídos aos governadores na iminência de sofrer coação ilegal.
ou interventores dos Estados ou Territórios e ao prefeito
do Distrito Federal, ou a seus secretários, ou aos chefes Art. 655. O carcereiro ou o diretor da prisão, o escrivão,
de Polícia. o oficial de justiça ou a autoridade judiciária ou policial
§ 1º A competência do juiz cessará sempre que a vio- que embaraçar ou procrastinar a expedição de ordem
lência ou coação provier de autoridade judiciária de de habeas corpus, as informações sobre a causa da
igual ou superior jurisdição. prisão, a condução e apresentação do paciente, ou a
sua soltura, será multado na quantia de duzentos mil-
§ 2º Não cabe o habeas corpus contra a prisão ad- -réis a um conto de réis, sem prejuízo das penas em que
ministrativa, atual ou iminente, dos responsáveis por incorrer. As multas serão impostas pelo juiz do tribunal
dinheiro ou valor pertencente à Fazenda Pública, al- que julgar o habeas corpus, salvo quando se tratar de

256
autoridade judiciária, caso em que caberá ao Supremo do processo judicial.
Tribunal Federal ou ao Tribunal de Apelação impor as § 4º Se a ordem de habeas corpus for concedida para
multas. evitar ameaça de violência ou coação ilegal, dar-se-á ao
paciente salvo-conduto assinado pelo juiz.
Art. 656. Recebida a petição de habeas corpus, o juiz,
se julgar necessário, e estiver preso o paciente, manda- § 5º Será incontinenti enviada cópia da decisão à auto-
rá que este Ihe seja imediatamente apresentado em dia ridade que tiver ordenado a prisão ou tiver o paciente
e hora que designar. à sua disposição, a fim de juntar-se aos autos do pro-
cesso.
Parágrafo único. Em caso de desobediência, será ex-
pedido mandado de prisão contra o detentor, que será § 6º Quando o paciente estiver preso em lugar que não
processado na forma da lei, e o juiz providenciará para seja o da sede do juízo ou do tribunal que conceder a
que o paciente seja tirado da prisão e apresentado em ordem, o alvará de soltura será expedido pelo telégrafo,
juízo. se houver, observadas as formalidades estabelecidas
no art. 289, parágrafo único, in fine, ou por via postal.
Art. 657. Se o paciente estiver preso, nenhum motivo
escusará a sua apresentação, salvo: Art. 661. Em caso de competência originária do Tribunal
de Apelação, a petição de habeas corpus será apre-
I - grave enfermidade do paciente; sentada ao secretário, que a enviará imediatamente ao
Il - não estar ele sob a guarda da pessoa a quem se presidente do tribunal, ou da câmara criminal, ou da
atribui a detenção; turma, que estiver reunida, ou primeiro tiver de reunir-
-se.
III - se o comparecimento não tiver sido determinado
pelo juiz ou pelo tribunal.
Art. 662. Se a petição contiver os requisitos do art. 654,
Parágrafo único. O juiz poderá ir ao local em que o pa- § 1º, o presidente, se necessário, requisitará da autori-
ciente se encontrar, se este não puder ser apresentado dade indicada como coatora informações por escrito.
por motivo de doença. Faltando, porém, qualquer daqueles requisitos, o presi-
dente mandará preenchê-lo, logo que Ihe for apresen-
Art. 658. O detentor declarará à ordem de quem o pa- tada a petição.
ciente estiver preso.
Art. 663. As diligências do artigo anterior não serão or-
Art. 659. Se o juiz ou o tribunal verificar que já ces- denadas, se o presidente entender que o habeas cor-
sou a violência ou coação ilegal, julgará prejudicado pus deva ser indeferido in limine. Nesse caso, levará a
o pedido. petição ao tribunal, câmara ou turma, para que delibere
a respeito.
Art. 660. Efetuadas as diligências, e interrogado o pa-
ciente, o juiz decidirá, fundamentadamente, dentro de Art. 664. Recebidas as informações, ou dispensadas,
24 (vinte e quatro) horas. o habeas corpus será julgado na primeira sessão, po-
§ 1º Se a decisão for favorável ao paciente, será logo dendo, entretanto, adiar-se o julgamento para a sessão
posto em liberdade, salvo se por outro motivo dever ser seguinte.
mantido na prisão. Parágrafo único. A decisão será tomada por maioria de
§ 2º Se os documentos que instruírem a petição evi- votos. Havendo empate, se o presidente não tiver toma-
denciarem a ilegalidade da coação, o juiz ou o tribunal do parte na votação, proferirá voto de desempate; no
ordenará que cesse imediatamente o constrangimento. caso contrário, prevalecerá a decisão mais favorável ao
paciente.
§ 3º Se a ilegalidade decorrer do fato de não ter sido
o paciente admitido a prestar fiança, o juiz arbitrará o Art. 665. O secretário do tribunal lavrará a ordem que,
valor desta, que poderá ser prestada perante ele, reme- assinada pelo presidente do tribunal, câmara ou turma,
tendo, neste caso, à autoridade os respectivos autos, será dirigida, por ofício ou telegrama, ao detentor, ao
para serem anexados aos do inquérito policial ou aos carcereiro ou autoridade que exercer ou ameaçar exer-

257
cer o constrangimento. Art. 671. Os incidentes da execução serão resolvidos
pelo respectivo juiz.
Parágrafo único. A ordem transmitida por telegrama
obedecerá ao disposto no art. 289, parágrafo único, in
fine. Art. 672. Computar-se-á na pena privativa da liberdade
o tempo:
Art. 666. Os regimentos dos Tribunais de Apelação es- I - de prisão preventiva no Brasil ou no estrangeiro;
tabelecerão as normas complementares para o proces- II - de prisão provisória no Brasil ou no estrangeiro;
so e julgamento do pedido de habeas corpus de sua
competência originária. III - de internação em hospital ou manicômio.

Art. 667. No processo e julgamento do habeas cor- Art. 673. Verificado que o réu, pendente a apelação por
pus de competência originária do Supremo Tribunal ele interposta, já sofreu prisão por tempo igual ao da
Federal, bem como nos de recurso das decisões de pena a que foi condenado, o relator do feito mandará
última ou única instância, denegatórias de habeas pô-lo imediatamente em liberdade, sem prejuízo do
corpus, observar-se-á, no que Ihes for aplicável, o dis- julgamento do recurso, salvo se, no caso de crime a
posto nos artigos anteriores, devendo o regimento in- que a lei comine pena de reclusão, no máximo, por
terno do tribunal estabelecer as regras complementares. tempo igual ou superior a 8 anos, o querelante ou o
Ministério Público também houver apelado da sentença
LIVRO IV condenatória.
DA EXECUÇÃO
TÍTULO II
DA EXECUÇÃO DAS PENAS EM ESPÉCIE
TÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
CAPÍTULO I
DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE
Art. 668. A execução, onde não houver juiz especial,
incumbirá ao juiz da sentença, ou, se a decisão for do
Tribunal do Júri, ao seu presidente. Art. 674. Transitando em julgado a sentença que impu-
ser pena privativa de liberdade, se o réu já estiver preso,
Parágrafo único. Se a decisão for de tribunal superior,
ou vier a ser preso, o juiz ordenará a expedição de carta
nos casos de sua competência originária, caberá ao
de guia para o cumprimento da pena.
respectivo presidente prover-lhe a execução.
Parágrafo único. Na hipótese do art. 82, última parte,
Art. 669. Só depois de passar em julgado, será exeqüí- a expedição da carta de guia será ordenada pelo juiz
vel a sentença, salvo: competente para a soma ou unificação das penas.
I - quando condenatória, para o efeito de sujeitar o réu
Art. 675. No caso de ainda não ter sido expedido man-
a prisão, ainda no caso de crime afiançável, enquanto
dado de prisão, por tratar-se de infração penal em que
não for prestada a fiança;
o réu se livra solto ou por estar afiançado, o juiz, ou o
II - quando absolutória, para o fim de imediata soltura presidente da câmara ou tribunal, se tiver havido recur-
do réu, desde que não proferida em processo por crime so, fará expedir o mandado de prisão, logo que transite
a que a lei comine pena de reclusão, no máximo, por em julgado a sentença condenatória.
tempo igual ou superior a oito anos.
§ 1º No caso de reformada pela superior instância, em
grau de recurso, a sentença absolutória, estando o réu
Art. 670. No caso de decisão absolutória confirmada solto, o presidente da câmara ou do tribunal fará, logo
ou proferida em grau de apelação, incumbirá ao relator após a sessão de julgamento, remeter ao chefe de Polí-
fazer expedir o alvará de soltura, de que dará imediata- cia o mandado de prisão do condenado.
mente conhecimento ao juiz de primeira instância.
§ 2º Se o réu estiver em prisão especial, deverá, ressal-
vado o disposto na legislação relativa aos militares, ser

258
expedida ordem para sua imediata remoção para prisão § 1º Em caso de urgência, o diretor do estabelecimen-
comum, até que se verifique a expedição de carta de to penal poderá determinar a remoção do sentenciado,
guia para o cumprimento da pena. comunicando imediatamente a providência ao juiz, que,
em face da perícia médica, ratificará ou revogará a me-
Art. 676. A carta de guia, extraída pelo escrivão e assi- dida.
nada pelo juiz, que a rubricará em todas as folhas, será § 2º Se a internação se prolongar até o término do prazo
remetida ao diretor do estabelecimento em que tenha de restante da pena e não houver sido imposta medida de
ser cumprida a sentença condenatória, e conterá: segurança detentiva, o indivíduo terá o destino aconse-
I - o nome do réu e a alcunha por que for conhecido; lhado pela sua enfermidade, feita a devida comunicação
ao juiz de incapazes.
Il - a sua qualificação civil (naturalidade, filiação, idade,
estado, profissão), instrução e, se constar, número do
Art. 683. O diretor da prisão a que o réu tiver sido re-
registro geral do Instituto de Identificação e Estatística
colhido provisoriamente ou em cumprimento de pena
ou de repartição congênere;
comunicará imediatamente ao juiz o óbito, a fuga ou a
III - o teor integral da sentença condenatória e a data da soltura do detido ou sentenciado para que fique cons-
terminação da pena. tando dos autos.
Parágrafo único. Expedida carta de guia para cumpri- Parágrafo único. A certidão de óbito acompanhará a
mento de uma pena, se o réu estiver cumprindo outra, comunicação.
só depois de terminada a execução desta será aquela
executada. Retificar-se-á a carta de guia sempre que Art. 684. A recaptura do réu evadido não depende de
sobrevenha modificação quanto ao início da execução prévia ordem judicial e poderá ser efetuada por qual-
ou ao tempo de duração da pena. quer pessoa.

Art. 677. Da carta de guia e seus aditamentos se reme- Art. 685. Cumprida ou extinta a pena, o condenado será
terá cópia ao Conselho Penitenciário. posto, imediatamente, em liberdade, mediante alvará do
juiz, no qual se ressalvará a hipótese de dever o conde-
Art. 678. O diretor do estabelecimento, em que o réu nado continuar na prisão por outro motivo legal.
tiver de cumprir a pena, passará recibo da carta de guia
Parágrafo único. Se tiver sido imposta medida de se-
para juntar-se aos autos do processo.
gurança detentiva, o condenado será removido para
estabelecimento adequado (art. 762).
Art. 679. As cartas de guia serão registradas em livro
especial, segundo a ordem cronológica do recebimen-
to, fazendo-se no curso da execução as anotações ne- CAPÍTULO II
cessárias. DAS PENAS PECUNIÁRIAS

Art. 680. Computar-se-á no tempo da pena o período Art. 686. A pena de multa será paga dentro em 10 dias
em que o condenado, por sentença irrecorrível, perma- após haver transitado em julgado a sentença que a im-
necer preso em estabelecimento diverso do destinado puser.
ao cumprimento dela.
Parágrafo único. Se interposto recurso da sentença,
Art. 681. Se impostas cumulativamente penas privati- esse prazo será contado do dia em que o juiz ordenar o
vas da liberdade, será executada primeiro a de reclusão, cumprimento da decisão da superior instância.
depois a de detenção e por último a de prisão simples.
Art. 687. O juiz poderá, desde que o condenado o re-
Art. 682. O sentenciado a que sobrevier doença mental, queira:
verificada por perícia médica, será internado em mani- I - prorrogar o prazo do pagamento da multa até três
cômio judiciário, ou, à falta, em outro estabelecimento meses, se as circunstâncias justificarem essa prorro-
adequado, onde Ihe seja assegurada a custódia. gação;

259
II - permitir, nas mesmas circunstâncias, que o paga- tância do desconto será, semestralmente, recolhida ao
mento se faça em parcelas mensais, no prazo que fixar, Tesouro Nacional, delegacia fiscal ou coletoria federal,
mediante caução real ou fidejussória, quando necessá- como receita do selo penitenciário.
rio. § 4º As quantias descontadas em folha de pagamento
§ 1º O requerimento, tanto no caso do no I, como no do de funcionário federal constituirão renda do selo peni-
no II, será feito dentro do decêndio concedido para o tenciário.
pagamento da multa.
§ 2º A permissão para o pagamento em parcelas será Art. 689. A multa será convertida, à razão de dez mil-
revogada, se o juiz verificar que o condenado dela se -réis por dia, em detenção ou prisão simples, no caso
vale para fraudar a execução da pena. Nesse caso, a de crime ou de contravenção:
caução resolver-se-á em valor monetário, devolvendo- I - se o condenado solvente frustrar o pagamento da
-se ao condenado o que exceder à satisfação da multa e multa;
das custas processuais.
II - se não forem pagas pelo condenado solvente as par-
celas mensais autorizadas sem garantia.
Art. 688. Findo o decêndio ou a prorrogação sem que
o condenado efetue o pagamento, ou ocorrendo a hipó- § 1º Se o juiz reconhecer desde logo a existência de
tese prevista no § 2º do artigo anterior, observar-se-á causa para a conversão, a ela procederá de ofício ou a
o seguinte: requerimento do Ministério Público, independentemen-
te de audiência do condenado; caso contrário, depois
I - possuindo o condenado bens sobre os quais possa de ouvir o condenado, se encontrado no lugar da sede
recair a execução, será extraída certidão da sentença do juízo, poderá admitir a apresentação de prova pelas
condenatória, a fim de que o Ministério Público proce- partes, inclusive testemunhal, no prazo de três dias.
da à cobrança judicial;
§ 2º O juiz, desde que transite em julgado a decisão, or-
II - sendo o condenado insolvente, far-se-á a cobrança: denará a expedição de mandado de prisão ou aditamen-
a) mediante desconto de quarta parte de sua remune- to à carta de guia, conforme esteja o condenado solto
ração (arts. 29, § 1º, e 37 do Código Penal), quando ou em cumprimento de pena privativa da liberdade.
cumprir pena privativa da liberdade, cumulativamente § 3º Na hipótese do inciso II deste artigo, a conversão
imposta com a de multa; será feita pelo valor das parcelas não pagas.
b) mediante desconto em seu vencimento ou salário,
se, cumprida a pena privativa da liberdade, ou conce- Art. 690. O juiz tornará sem efeito a conversão, expedin-
dido o livramento condicional, a multa não houver sido do alvará de soltura ou cassando a ordem de prisão, se
resgatada; o condenado, em qualquer tempo:
c) mediante esse desconto, se a multa for a única pena I - pagar a multa;
imposta ou no caso de suspensão condicional da pena.
II - prestar caução real ou fidejussória que Ihe assegure
§ 1º O desconto, nos casos das letras b e c, será feito o pagamento.
mediante ordem ao empregador, à repartição competen-
Parágrafo único. No caso do no II, antes de homologada
te ou à administração da entidade paraestatal, e, antes
a caução, será ouvido o Ministério Público dentro do
de fixá-lo, o juiz requisitará informações e ordenará
prazo de dois dias.
diligências, inclusive arbitramento, quando necessário,
para observância do art. 37, § 3º, do Código Penal.
CAPÍTULO III
§ 2º Sob pena de desobediência e sem prejuízo da exe-
DAS PENAS ACESSÓRIAS
cução a que ficará sujeito, o empregador será intimado
a recolher mensalmente, até o dia fixado pelo juiz, a
importância correspondente ao desconto, em selo peni- Art. 691. O juiz dará à autoridade administrativa com-
tenciário, que será inutilizado nos autos pelo juiz. petente conhecimento da sentença transitada em julga-
do, que impuser ou de que resultar a perda da função
§ 3º Se o condenado for funcionário estadual ou muni-
pública ou a incapacidade temporária para investidura
cipal ou empregado de entidade paraestatal, a impor-

260
em função pública ou para exercício de profissão ou Art. 697. O juiz ou tribunal, na decisão que aplicar pena
atividade. privativa da liberdade não superior a 2 (dois) anos, de-
verá pronunciar-se, motivadamente, sobre a suspensão
Art. 692. No caso de incapacidade temporária ou per- condicional, quer a conceda quer a denegue.
manente para o exercício do pátrio poder, da tutela ou
da curatela, o juiz providenciará para que sejam acau- Art. 698. Concedida a suspensão, o juiz especificará as
telados, no juízo competente, a pessoa e os bens do condições a que fica sujeito o condenado, pelo prazo
menor ou do interdito. previsto, começando este a correr da audiência em que
se der conhecimento da sentença ao beneficiário e Ihe
Art. 693. A incapacidade permanente ou temporária for entregue documento similar ao descrito no art. 724.
para o exercício da autoridade marital ou do pátrio po- § 1º As condições serão adequadas ao delito e à perso-
der será averbada no registro civil. nalidade do condenado.

Art. 694. As penas acessórias consistentes em inter- § 2º Poderão ser impostas, além das estabelecidas
dições de direitos serão comunicadas ao Instituto de no art. 767, como normas de conduta e obrigações, as
Identificação e Estatística ou estabelecimento congêne- seguintes condições:
re, figurarão na folha de antecedentes do condenado e I - freqüentar curso de habilitação profissional ou de
serão mencionadas no rol de culpados. instrução escolar; (
II - prestar serviços em favor da comunidade;
Art. 695. Iniciada a execução das interdições temporá-
rias (art. 72, a e b, do Código Penal), o juiz, de ofício, a III - atender aos encargos de família;
requerimento do Ministério Público ou do condenado, IV - submeter-se a tratamento de desintoxicação.
fixará o seu termo final, completando as providências
determinadas nos artigos anteriores. § 3º O juiz poderá fixar, a qualquer tempo, de ofício ou
a requerimento do Ministério Público, outras condições
além das especificadas na sentença e das referidas no
TÍTULO III
parágrafo anterior, desde que as circunstâncias o acon-
DOS INCIDENTES DA EXECUÇÃO selhem.
§ 4º A fiscalização do cumprimento das condições de-
CAPÍTULO I verá ser regulada, nos Estados, Territórios e Distrito Fe-
DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA deral, por normas supletivas e atribuída a serviço social
penitenciário, patronato, conselho de comunidade ou
Art. 696. O juiz poderá suspender, por tempo não infe- entidades similares, inspecionadas pelo Conselho Pe-
rior a 2 (dois) nem superior a 6 (seis) anos, a execução nitenciário, pelo Ministério Público ou ambos, devendo
das penas de reclusão e de detenção que não excedam o juiz da execução na comarca suprir, por ato, a falta das
a 2 (dois) anos, ou, por tempo não inferior a 1 (um) nem normas supletivas.
superior a 3 (três) anos, a execução da pena de prisão § 5º O beneficiário deverá comparecer periodicamente
simples, desde que o sentenciado: à entidade fiscalizadora, para comprovar a observância
I - não haja sofrido, no País ou no estrangeiro, conde- das condições a que está sujeito, comunicando, tam-
nação irrecorrível por outro crime a pena privativa da li- bém, a sua ocupação, os salários ou proventos de que
berdade, salvo o disposto no parágrafo único do art. 46 vive, as economias que conseguiu realizar e as dificul-
do Código Penal; dades materiais ou sociais que enfrenta.

II - os antecedentes e a personalidade do sentenciado, § 6º A entidade fiscalizadora deverá comunicar ime-
os motivos e as circunstâncias do crime autorizem a diatamente ao órgão de inspeção, para os fins legais
presunção de que não tornará a delinqüir. (arts. 730 e 731), qualquer fato capaz de acarretar a
revogação do benefício, a prorrogação do prazo ou a
Parágrafo único. Processado o beneficiário por outro modificação das condições.
crime ou contravenção, considerar-se-á prorrogado o
prazo da suspensão da pena até o julgamento definitivo. § 7º Se for permitido ao beneficiário mudar-se, será

261
feita comunicação ao juiz e à entidade fiscalizadora do Parágrafo único. O juiz poderá revogar a suspensão, se
local da nova residência, aos quais deverá apresentar- o beneficiário deixa de cumprir qualquer das obriga-
-se imediatamente. ções constantes da sentença, de observar proibições
inerentes à pena acessória, ou é irrecorrivelmente con-
Art. 699. No caso de condenação pelo Tribunal do Júri, denado a pena que não seja privativa da liberdade; se
a suspensão condicional da pena competirá ao seu pre- não a revogar, deverá advertir o beneficiário, ou exa-
sidente. cerbar as condições ou, ainda, prorrogar o período da
suspensão até o máximo, se esse limite não foi o fixado.
Art. 700. A suspensão não compreende a multa, as
penas acessórias, os efeitos da condenação nem as Art. 708. Expirado o prazo de suspensão ou a prorro-
custas. gação, sem que tenha ocorrido motivo de revogação, a
pena privativa de liberdade será declarada extinta.
Art. 701. O juiz, ao conceder a suspensão, fixará, tendo Parágrafo único. O juiz, quando julgar necessário, re-
em conta as condições econômicas ou profissionais do quisitará, antes do julgamento, nova folha de antece-
réu, o prazo para o pagamento, integral ou em presta- dentes do beneficiário.
ções, das custas do processo e taxa penitenciária.
Art. 709. A condenação será inscrita, com a nota de
Art. 702. Em caso de co-autoria, a suspensão poderá suspensão, em livros especiais do Instituto de Identi-
ser concedida a uns e negada a outros réus. ficação e Estatística, ou repartição congênere, averban-
do-se, mediante comunicação do juiz ou do tribunal,
Art. 703. O juiz que conceder a suspensão lerá ao réu, a revogação da suspensão ou a extinção da pena. Em
em audiência, a sentença respectiva, e o advertirá das caso de revogação, será feita a averbação definitiva no
conseqüências de nova infração penal e da transgres- registro geral.
são das obrigações impostas.
§ 1º Nos lugares onde não houver Instituto de Identifi-
Art. 704. Quando for concedida a suspensão pela su- cação e Estatística ou repartição congênere, o registro
perior instância, a esta caberá estabelecer-lhe as con- e a averbação serão feitos em livro próprio no juízo ou
dições, podendo a audiência ser presidida por qualquer no tribunal.
membro do tribunal ou câmara, pelo juiz do processo § 2º O registro será secreto, salvo para efeito de infor-
ou por outro designado pelo presidente do tribunal ou mações requisitadas por autoridade judiciária, no caso
câmara. de novo processo.
§ 3º Não se aplicará o disposto no § 2º, quando houver
Art. 705. Se, intimado pessoalmente ou por edital com sido imposta ou resultar de condenação pena acessória
prazo de 20 dias, o réu não comparecer à audiência a consistente em interdição de direitos.
que se refere o art. 703, a suspensão ficará sem efeito
e será executada imediatamente a pena, salvo prova de
justo impedimento, caso em que será marcada nova CAPÍTULO II
audiência. DO LIVRAMENTO CONDICIONAL

Art. 706. A suspensão também ficará sem efeito se, em Art. 710. O livramento condicional poderá ser conce-
virtude de recurso, for aumentada a pena de modo que dido ao condenado a pena privativa da liberdade igual
exclua a concessão do benefício. ou superior a 2 (dois) anos, desde que se verifiquem as
condições seguintes:
Art. 707. A suspensão será revogada se o beneficiário:
I - cumprimento de mais da metade da pena, ou mais de
I - é condenado, por sentença irrecorrível, a pena priva- três quartos, se reincidente o sentenciado;
tiva da liberdade;
II - ausência ou cessação de periculosidade;
II - frustra, embora solvente, o pagamento da multa,
III - bom comportamento durante a vida carcerária;
ou não efetua, sem motivo justificado, a reparação do
dano. IV - aptidão para prover à própria subsistência mediante

262
trabalho honesto; der-se-á a exame mental do sentenciado.
V - reparação do dano causado pela infração, salvo im-
possibilidade de fazê-lo. Art. 716. A petição ou a proposta de livramento será
remetida ao juiz ou ao tribunal por ofício do presidente
do Conselho Penitenciário, com a cópia do respectivo
Art. 711. As penas que correspondem a infrações diver-
parecer e do relatório do diretor da prisão.
sas podem somar-se, para efeito do livramento.
§ 1º Para emitir parecer, o Conselho poderá determinar
Art. 712. O livramento condicional poderá ser conce- diligências e requisitar os autos do processo.
dido mediante requerimento do sentenciado, de seu § 2º O juiz ou o tribunal mandará juntar a petição ou a
cônjuge ou de parente em linha reta, ou por proposta proposta, com o ofício ou documento que a acompa-
do diretor do estabelecimento penal, ou por iniciativa nhar, aos autos do processo, e proferirá sua decisão,
do Conselho Penitenciário. previamente ouvido o Ministério Público.

Art. 713. As condições de admissibilidade, conveniên- Art. 717. Na ausência da condição prevista no art. 710,
cia e oportunidade da concessão do livramento serão I, o requerimento será liminarmente indeferido.
verificadas pelo Conselho Penitenciário, a cujo parecer
não ficará, entretanto, adstrito o juiz. Art. 718. Deferido o pedido, o juiz, ao especificar as
condições a que ficará subordinado o livramento, aten-
Art. 714. O diretor do estabelecimento penal remeterá derá ao disposto no art. 698, §§ 1º, 2º e 5º.
ao Conselho Penitenciário minucioso relatório sobre:
§ 1º Se for permitido ao liberado residir fora da jurisdi-
I - o caráter do sentenciado, revelado pelos seus ante- ção do juiz da execução, remeter-se-á cópia da senten-
cedentes e conduta na prisão; ça do livramento à autoridade judiciária do lugar para
II - o procedimento do liberando na prisão, sua apli- onde ele se houver transferido, e à entidade de observa-
cação ao trabalho e seu trato com os companheiros e ção cautelar e proteção.
funcionários do estabelecimento; § 2º O liberado será advertido da obrigação de apresen-
III - suas relações, quer com a família, quer com es- tar-se imediatamente à autoridade judiciária e à entida-
tranhos; de de observação cautelar e proteção.
IV - seu grau de instrução e aptidão profissional, com a
Art. 719. O livramento ficará também subordinado à
indicação dos serviços em que haja sido empregado e
obrigação de pagamento das custas do processo e da
da especialização anterior ou adquirida na prisão;
taxa penitenciária, salvo caso de insolvência compro-
V - sua situação financeira, e seus propósitos quanto vada.
ao seu futuro meio de vida, juntando o diretor, quando
Parágrafo único. O juiz poderá fixar o prazo para o pa-
dada por pessoa idônea, promessa escrita de colocação
gamento integral ou em prestações, tendo em consi-
do liberando, com indicação do serviço e do salário.
deração as condições econômicas ou profissionais do
Parágrafo único. O relatório será, dentro do prazo de liberado.
quinze dias, remetido ao Conselho, com o prontuário
do sentenciado, e, na falta, o Conselho opinará livre- Art. 720. A forma de pagamento da multa, ainda não
mente, comunicando à autoridade competente a omis- paga pelo liberando, será determinada de acordo com
são do diretor da prisão. o disposto no art. 688.

Art. 715. Se tiver sido imposta medida de segurança Art. 721. Reformada a sentença denegatória do livra-
detentiva, o livramento não poderá ser concedido sem mento, os autos baixarão ao juiz da primeira instância,
que se verifique, mediante exame das condições do a fim de que determine as condições que devam ser
sentenciado, a cessação da periculosidade. impostas ao liberando.
Parágrafo único. Consistindo a medida de segurança
em internação em casa de custódia e tratamento, proce- Art. 722. Concedido o livramento, será expedida carta

263
de guia, com a cópia integral da sentença em duas vias, I - fazer observar o cumprimento da pena acessória,
remetendo-se uma ao diretor do estabelecimento penal bem como das condições especificadas na sentença
e outra ao presidente do Conselho Penitenciário. concessiva do benefício;
II - proteger o beneficiário, orientando-o na execução
Art. 723. A cerimônia do livramento condicional será de suas obrigações e auxiliando-o na obtenção de ati-
realizada solenemente, em dia marcado pela autoridade vidade laborativa.
que deva presidi-la, observando-se o seguinte:
Parágrafo único. As entidades encarregadas de ob-
I - a sentença será lida ao liberando, na presença dos servação cautelar e proteção do liberado apresentarão
demais presos, salvo motivo relevante, pelo presidente relatório ao Conselho Penitenciário, para efeito da re-
do Conselho Penitenciário, ou pelo seu representante presentação prevista nos arts. 730 e 731.
junto ao estabelecimento penal, ou, na falta, pela auto-
ridade judiciária local; Art. 726. Revogar-se-á o livramento condicional, se o
II - o diretor do estabelecimento penal chamará a aten- liberado vier, por crime ou contravenção, a ser con-
ção do liberando para as condições impostas na sen- denado por sentença irrecorrível a pena privativa de
tença de livramento; liberdade.
III - o preso declarará se aceita as condições.
Art. 727. O juiz pode, também, revogar o livramento,
§ 1º De tudo, em livro próprio, se lavrará termo, subs- se o liberado deixar de cumprir qualquer das obriga-
crito por quem presidir a cerimônia, e pelo liberando, ções constantes da sentença, de observar proibições
ou alguém a seu rogo, se não souber ou não puder inerentes à pena acessória ou for irrecorrivelmente
escrever. condenado, por crime, à pena que não seja privativa da
§ 2º Desse termo, se remeterá cópia ao juiz do proces- liberdade.
so. Parágrafo único. Se o juiz não revogar o livramento,
deverá advertir o liberado ou exacerbar as condições.
Art. 724. Ao sair da prisão o liberado, ser-lhe-á entre-
gue, além do saldo do seu pecúlio e do que Ihe perten- Art. 728. Se a revogação for motivada por infração
cer, uma caderneta que exibirá à autoridade judiciária penal anterior à vigência do livramento, computar-se-
ou administrativa sempre que Ihe for exigido. Essa -á no tempo da pena o período em que esteve solto o
caderneta conterá: liberado, sendo permitida, para a concessão de novo
I - a reprodução da ficha de identidade, ou o retrato do livramento, a soma do tempo das duas penas.
liberado, sua qualificação e sinais característicos;
Art. 729. No caso de revogação por outro motivo, não
II - o texto impresso dos artigos do presente capítulo;
se computará na pena o tempo em que esteve solto o li-
III - as condições impostas ao liberado; berado, e tampouco se concederá, em relação à mesma
IV - a pena acessória a que esteja sujeito. pena, novo livramento.

§ 1º Na falta de caderneta, será entregue ao liberado um Art. 730. A revogação do livramento será decretada me-
salvo-conduto, em que constem as condições do livra- diante representação do Conselho Penitenciário, ou a
mento e a pena acessória, podendo substituir-se a ficha requerimento do Ministério Público, ou de ofício, pelo
de identidade ou o retrato do liberado pela descrição juiz, que, antes, ouvirá o liberado, podendo ordenar di-
dos sinais que possam identificá-lo. ligências e permitir a produção de prova, no prazo de
§ 2º Na caderneta e no salvo-conduto deve haver es- cinco dias.
paço para consignar o cumprimento das condições
referidas no art. 718. Art. 731. O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério
Público, ou mediante representação do Conselho Peni-
Art. 725. A observação cautelar e proteção realizadas tenciário, poderá modificar as condições ou normas de
por serviço social penitenciário, patronato, conselho de conduta especificadas na sentença, devendo a respecti-
comunidade ou entidades similares, terá a finalidade de: va decisão ser lida ao liberado por uma das autoridades

264
ou por um dos funcionários indicados no inciso I do tidão de qualquer de suas peças, se ele o determinar.
art. 723, observado o disposto nos incisos II e III, e
§§ 1º e 2º do mesmo artigo. Art. 738. Concedida a graça e junta aos autos cópia do
decreto, o juiz declarará extinta a pena ou penas, ou
Art. 732. Praticada pelo liberado nova infração, o juiz ou ajustará a execução aos termos do decreto, no caso de
o tribunal poderá ordenar a sua prisão, ouvido o Conse- redução ou comutação de pena.
lho Penitenciário, suspendendo o curso do livramento
condicional, cuja revogação ficará, entretanto, depen- Art. 739. O condenado poderá recusar a comutação da
dendo da decisão final no novo processo. pena.

Art. 733. O juiz, de ofício, ou a requerimento do inte- Art. 740. Os autos da petição de graça serão arquivados
ressado, do Ministério Público, ou do Conselho Peni- no Ministério da Justiça.
tenciário, julgará extinta a pena privativa de liberdade,
se expirar o prazo do livramento sem revogação, ou na Art. 741. Se o réu for beneficiado por indulto, o juiz, de
hipótese do artigo anterior, for o liberado absolvido por ofício ou a requerimento do interessado, do Ministério
sentença irrecorrível. Público ou por iniciativa do Conselho Penitenciário,
providenciará de acordo com o disposto no art. 738.
TÍTULO IV
DA GRAÇA, DO INDULTO, Art. 742. Concedida a anistia após transitar em julgado
a sentença condenatória, o juiz, de ofício ou a reque-
DA ANISTIA E DA REHABILITAÇÃO
rimento do interessado, do Ministério Público ou por
iniciativa do Conselho Penitenciário, declarará extinta
CAPÍTULO I a pena.
DA GRAÇA, DO INDULTO E DA ANISTIA
CAPÍTULO II
Art. 734. A graça poderá ser provocada por petição do DA REABILITAÇÃO
condenado, de qualquer pessoa do povo, do Conselho
Penitenciário, ou do Ministério Público, ressalvada, Art. 743. A reabilitação será requerida ao juiz da con-
entretanto, ao Presidente da República, a faculdade de denação, após o decurso de quatro ou oito anos, pelo
concedê-la espontaneamente. menos, conforme se trate de condenado ou reincidente,
contados do dia em que houver terminado a execução
Art. 735. A petição de graça, acompanhada dos docu- da pena principal ou da medida de segurança detentiva,
mentos com que o impetrante a instruir, será remetida devendo o requerente indicar as comarcas em que haja
ao ministro da Justiça por intermédio do Conselho Pe- residido durante aquele tempo.
nitenciário.
Art. 744. O requerimento será instruído com:
Art. 736. O Conselho Penitenciário, à vista dos autos do
processo, e depois de ouvir o diretor do estabelecimen- I - certidões comprobatórias de não ter o requerente
to penal a que estiver recolhido o condenado, fará, em respondido, nem estar respondendo a processo penal,
relatório, a narração do fato criminoso, examinará as em qualquer das comarcas em que houver residido du-
provas, mencionará qualquer formalidade ou circuns- rante o prazo a que se refere o artigo anterior;
tância omitida na petição e exporá os antecedentes do II - atestados de autoridades policiais ou outros docu-
condenado e seu procedimento depois de preso, opi- mentos que comprovem ter residido nas comarcas in-
nando sobre o mérito do pedido. dicadas e mantido, efetivamente, bom comportamento;
III - atestados de bom comportamento fornecidos por
Art. 737. Processada no Ministério da Justiça, com os pessoas a cujo serviço tenha estado;
documentos e o relatório do Conselho Penitenciário, a
petição subirá a despacho do Presidente da República, IV - quaisquer outros documentos que sirvam como
a quem serão presentes os autos do processo ou a cer- prova de sua regeneração;

265
V - prova de haver ressarcido o dano causado pelo cri- Art. 752. Poderá ser imposta medida de segurança, de-
me ou persistir a impossibilidade de fazê-lo. pois de transitar em julgado a sentença, ainda quando
não iniciada a execução da pena, por motivo diverso de
Art. 745. O juiz poderá ordenar as diligências necessá- fuga ou ocultação do condenado:
rias para apreciação do pedido, cercando-as do sigilo I - no caso da letra a do no I do artigo anterior, bem
possível e, antes da decisão final, ouvirá o Ministério como no da letra b, se tiver sido alegada a periculo-
Público. sidade;

Art. 746. Da decisão que conceder a reabilitação haverá II - no caso da letra c do no I do mesmo artigo.
recurso de ofício.
Art. 753. Ainda depois de transitar em julgado a sen-
Art. 747. A reabilitação, depois de sentença irrecorrível, tença absolutória, poderá ser imposta a medida de se-
será comunicada ao Instituto de Identificação e Estatís- gurança, enquanto não decorrido tempo equivalente ao
tica ou repartição congênere. da sua duração mínima, a indivíduo que a lei presuma
perigoso.
Art. 748. A condenação ou condenações anteriores não
serão mencionadas na folha de antecedentes do reabili- Art. 754. A aplicação da medida de segurança, nos ca-
tado, nem em certidão extraída dos livros do juízo, salvo sos previstos nos arts. 751 e 752, competirá ao juiz da
quando requisitadas por juiz criminal. execução da pena, e, no caso do art. 753, ao juiz da
sentença.
Art. 749. Indeferida a reabilitação, o condenado não
poderá renovar o pedido senão após o decurso de dois Art. 755. A imposição da medida de segurança, nos ca-
anos, salvo se o indeferimento tiver resultado de falta sos dos arts. 751 a 753, poderá ser decretada de ofício
ou insuficiência de documentos. ou a requerimento do Ministério Público.
Parágrafo único. O diretor do estabelecimento penal,
Art. 750. A revogação de reabilitação (Código Penal, que tiver conhecimento de fatos indicativos da pericu-
art. 120) será decretada pelo juiz, de ofício ou a reque- losidade do condenado a quem não tenha sido imposta
rimento do Ministério Público. medida de segurança, deverá logo comunicá-los ao
juiz.
TÍTULO V
DA EXECUÇÃO DAS MEDIDAS Art. 756. Nos casos do no I, a e b, do art. 751, e no I
do art. 752, poderá ser dispensada nova audiência do
DE SEGURANÇA
condenado.

Art. 751. Durante a execução da pena ou durante o Art. 757. Nos casos do no I, c, e no II do art. 751 e no
tempo em que a ela se furtar o condenado, poderá ser II do art. 752, o juiz, depois de proceder às diligências
imposta medida de segurança, se: que julgar convenientes, ouvirá o Ministério Público e
I - o juiz ou o tribunal, na sentença: concederá ao condenado o prazo de três dias para ale-
gações, devendo a prova requerida ou reputada neces-
a) omitir sua decretação, nos casos de periculosidade sária pelo juiz ser produzida dentro em dez dias.
presumida;
§ 1º O juiz nomeará defensor ao condenado que o re-
b) deixar de aplicá-la ou de excluí-la expressamente; querer.
c) declarar os elementos constantes do processo insu- § 2º Se o réu estiver foragido, o juiz procederá às dili-
ficientes para a imposição ou exclusão da medida e or- gências que julgar convenientes, concedendo o prazo
denar indagações para a verificação da periculosidade de provas, quando requerido pelo Ministério Público.
do condenado;
§ 3º Findo o prazo de provas, o juiz proferirá a sentença
II - tendo sido, expressamente, excluída na sentença a dentro de três dias.
periculosidade do condenado, novos fatos demonstra-
rem ser ele perigoso.

266
Art. 758. A execução da medida de segurança incumbi- observadas durante a liberdade vigiada.
rá ao juiz da execução da sentença. § 1º Serão normas obrigatórias, impostas ao indivíduo
sujeito à liberdade vigiada:
Art. 759. No caso do art. 753, o juiz ouvirá o curador
já nomeado ou que então nomear, podendo mandar a) tomar ocupação, dentro de prazo razoável, se for apto
submeter o condenado a exame mental, internando-o, para o trabalho;
desde logo, em estabelecimento adequado. b) não mudar do território da jurisdição do juiz, sem
prévia autorização deste.
Art. 760. Para a verificação da periculosidade, no caso
§ 2º Poderão ser impostas ao indivíduo sujeito à liber-
do § 3º do art. 78 do Código Penal, observar-se-á o
dade vigiada, entre outras obrigações, as seguintes:
disposto no art. 757, no que for aplicável.
a) não mudar de habitação sem aviso prévio ao juiz, ou
Art. 761. Para a providência determinada no art. 84, à autoridade incumbida da vigilância;
§ 2º, do Código Penal, se as sentenças forem proferidas b) recolher-se cedo à habitação;
por juízes diferentes, será competente o juiz que tiver
sentenciado por último ou a autoridade de jurisdição c) não trazer consigo armas ofensivas ou instrumentos
prevalente no caso do art. 82. capazes de ofender;
d) não freqüentar casas de bebidas ou de tavolagem,
Art. 762. A ordem de internação, expedida para execu- nem certas reuniões, espetáculos ou diversões públi-
tar-se medida de segurança detentiva, conterá: cas.
I - a qualificação do internando; § 3º Será entregue ao indivíduo sujeito à liberdade vi-
II - o teor da decisão que tiver imposto a medida de giada uma caderneta, de que constarão as obrigações
segurança; impostas.

III - a data em que terminará o prazo mínimo da inter- Art. 768. As obrigações estabelecidas na sentença se-
nação. rão comunicadas à autoridade policial.

Art. 763. Se estiver solto o internando, expedir-se-á Art. 769. A vigilância será exercida discretamente, de
mandado de captura, que será cumprido por oficial de modo que não prejudique o indivíduo a ela sujeito.
justiça ou por autoridade policial.
Art. 770. Mediante representação da autoridade in-
Art. 764. O trabalho nos estabelecimentos referidos cumbida da vigilância, a requerimento do Ministério
no art. 88, § 1º, III, do Código Penal, será educativo e Público ou de ofício, poderá o juiz modificar as normas
remunerado, de modo que assegure ao internado meios fixadas ou estabelecer outras.
de subsistência, quando cessar a internação.
§ 1º O trabalho poderá ser praticado ao ar livre. Art. 771. Para execução do exílio local, o juiz comuni-
cará sua decisão à autoridade policial do lugar ou dos
§ 2º Nos outros estabelecimentos, o trabalho dependerá
lugares onde o exilado está proibido de permanecer ou
das condições pessoais do internado.
de residir.
Art. 765. A quarta parte do salário caberá ao Estado ou, § 1º O infrator da medida será conduzido à presença
no Distrito Federal e nos Territórios, à União, e o res- do juiz que poderá mantê-lo detido até proferir decisão.
tante será depositado em nome do internado ou, se este § 2º Se for reconhecida a transgressão e imposta, con-
preferir, entregue à sua família. seqüentemente, a liberdade vigiada, determinará o juiz
que a autoridade policial providencie a fim de que o
Art. 766. A internação das mulheres será feita em esta- infrator siga imediatamente para o lugar de residência
belecimento próprio ou em seção especial. por ele escolhido, e oficiará à autoridade policial desse
lugar, observando-se o disposto no art. 768.
Art. 767. O juiz fixará as normas de conduta que serão

267
Art. 772. A proibição de freqüentar determinados luga- que já expirado o prazo de duração mínima da medida
res será comunicada pelo juiz à autoridade policial, que de segurança;
Ihe dará conhecimento de qualquer transgressão. VIII - ouvidas as partes ou realizadas as diligências a
que se refere o número anterior o juiz proferirá a sua
Art. 773. A medida de fechamento de estabelecimento decisão, no prazo de três dias.
ou de interdição de associação será comunicada pelo
juiz à autoridade policial, para que a execute. Art. 776. Nos exames sucessivos a que se referem
o § 1º, II, e § 2º do art. 81 do Código Penal, observar-
Art. 774. Nos casos do parágrafo único do art. 83 do -se-á, no que Ihes for aplicável, o disposto no artigo
Código Penal, ou quando a transgressão de uma me- anterior.
dida de segurança importar a imposição de outra, ob-
servar-se-á o disposto no art. 757, no que for aplicável. Art. 777. Em qualquer tempo, ainda durante o prazo
mínimo de duração da medida de segurança, poderá o
Art. 775. A cessação ou não da periculosidade se veri- tribunal, câmara ou turma, a requerimento do Ministé-
ficará ao fim do prazo mínimo de duração da medida de rio Público ou do interessado, seu defensor ou curador,
segurança pelo exame das condições da pessoa a que ordenar o exame, para a verificação da cessação da
tiver sido imposta, observando-se o seguinte: periculosidade.
I - o diretor do estabelecimento de internação ou a au- § 1º Designado o relator e ouvido o procurador-geral,
toridade policial incumbida da vigilância, até um mês se a medida não tiver sido por ele requerida, o pedido
antes de expirado o prazo de duração mínima da medi- será julgado na primeira sessão.
da, se não for inferior a um ano, ou até quinze dias nos
outros casos, remeterá ao juiz da execução minucioso § 2º Deferido o pedido, a decisão será imediatamente
relatório, que o habilite a resolver sobre a cessação ou comunicada ao juiz, que requisitará, marcando prazo,
permanência da medida; o relatório e o exame a que se referem os ns. I e II do
art. 775 ou ordenará as diligências mencionadas no no
II - se o indivíduo estiver internado em manicômio judi- IV do mesmo artigo, prosseguindo de acordo com o
ciário ou em casa de custódia e tratamento, o relatório disposto nos outros incisos do citado artigo.
será acompanhado do laudo de exame pericial feito por
dois médicos designados pelo diretor do estabeleci- Art. 778. Transitando em julgado a sentença de revoga-
mento; ção, o juiz expedirá ordem para a desinternação, quan-
III - o diretor do estabelecimento de internação ou a do se tratar de medida detentiva, ou para que cesse a
autoridade policial deverá, no relatório, concluir pela vigilância ou a proibição, nos outros casos.
conveniência da revogação, ou não, da medida de se-
gurança; Art. 779. O confisco dos instrumentos e produtos do
IV - se a medida de segurança for o exílio local ou a crime, no caso previsto no art. 100 do Código Penal,
proibição de freqüentar determinados lugares, o juiz, será decretado no despacho de arquivamento do in-
até um mês ou quinze dias antes de expirado o prazo quérito, na sentença de impronúncia ou na sentença
mínimo de duração, ordenará as diligências necessá- absolutória.
rias, para verificar se desapareceram as causas da apli-
cação da medida; LIVRO V
V - junto aos autos o relatório, ou realizadas as dili- DAS RELAÇÕES JURISDICIONAIS COM
gências, serão ouvidos sucessivamente o Ministério AUTORIDADE ESTRANGEIRA
Público e o curador ou o defensor, no prazo de três dias
para cada um; TÍTULO ÚNICO
VI - o juiz nomeará curador ou defensor ao interessado
que o não tiver;
CAPÍTULO I
VII - o juiz, de ofício, ou a requerimento de qualquer DISPOSIÇÕES GERAIS
das partes, poderá determinar novas diligências, ainda

268
Art. 780. Sem prejuízo de convenções ou tratados, deral, por intermédio do presidente do Tribunal de Ape-
aplicar-se-á o disposto neste Título à homologação de lação, o qual, antes de devolvê-la, mandará completar
sentenças penais estrangeiras e à expedição e ao cum- qualquer diligência ou sanar qualquer nulidade.
primento de cartas rogatórias para citações, inquirições
e outras diligências necessárias à instrução de proces- Art. 786. O despacho que conceder o exequatur mar-
so penal. cará, para o cumprimento da diligência, prazo razoável,
que poderá ser excedido, havendo justa causa, fican-
Art. 781. As sentenças estrangeiras não serão homolo- do esta consignada em ofício dirigido ao presidente
gadas, nem as cartas rogatórias cumpridas, se contrá- do Supremo Tribunal Federal, juntamente com a carta
rias à ordem pública e aos bons costumes. rogatória.

Art. 782. O trânsito, por via diplomática, dos docu- CAPÍTULO III


mentos apresentados constituirá prova bastante de sua DA HOMOLOGAÇÃO DAS
autenticidade.
SENTENÇAS ESTRANGEIRAS
CAPÍTULO II
Art. 787. As sentenças estrangeiras deverão ser pre-
DAS CARTAS ROGATÓRIAS
viamente homologadas pelo Supremo Tribunal Federal
para que produzam os efeitos do art. 7º do Código Pe-
Art. 783. As cartas rogatórias serão, pelo respectivo nal.
juiz, remetidas ao Ministro da Justiça, a fim de ser pe-
dido o seu cumprimento, por via diplomática, às autori- Art. 788. A sentença penal estrangeira será homolo-
dades estrangeiras competentes. gada, quando a aplicação da lei brasileira produzir na
espécie as mesmas conseqüências e concorrem os
Art. 784. As cartas rogatórias emanadas de autoridades seguintes requisitos:
estrangeiras competentes não dependem de homologa-
I - estar revestida das formalidades externas necessá-
ção e serão atendidas se encaminhadas por via diplo-
rias, segundo a legislação do país de origem;
mática e desde que o crime, segundo a lei brasileira,
não exclua a extradição. II - haver sido proferida por juiz competente, mediante
citação regular, segundo a mesma legislação;
§ 1º As rogatórias, acompanhadas de tradução em lín-
gua nacional, feita por tradutor oficial ou juramentado, III - ter passado em julgado;
serão, após exequatur do presidente do Supremo Tri- IV - estar devidamente autenticada por cônsul brasilei-
bunal Federal, cumpridas pelo juiz criminal do lugar ro;
onde as diligências tenham de efetuar-se, observadas
as formalidades prescritas neste Código. V - estar acompanhada de tradução, feita por tradutor
público.
§ 2º A carta rogatória será pelo presidente do Supremo
Tribunal Federal remetida ao presidente do Tribunal de
Art. 789. O procurador-geral da República, sempre
Apelação do Estado, do Distrito Federal, ou do Territó-
que tiver conhecimento da existência de sentença pe-
rio, a fim de ser encaminhada ao juiz competente.
nal estrangeira, emanada de Estado que tenha com o
§ 3º Versando sobre crime de ação privada, segundo a Brasil tratado de extradição e que haja imposto medida
lei brasileira, o andamento, após o exequatur, depen- de segurança pessoal ou pena acessória que deva ser
derá do interessado, a quem incumbirá o pagamento cumprida no Brasil, pedirá ao Ministro da Justiça pro-
das despesas. vidências para obtenção de elementos que o habilitem a
§ 4º Ficará sempre na secretaria do Supremo Tribunal requerer a homologação da sentença.
Federal cópia da carta rogatória. § 1º A homologação de sentença emanada de autorida-
de judiciária de Estado, que não tiver tratado de extradi-
Art. 785. Concluídas as diligências, a carta rogatória ção com o Brasil, dependerá de requisição do Ministro
será devolvida ao presidente do Supremo Tribunal Fe- da Justiça.

269
§ 2º Distribuído o requerimento de homologação, o grave ou perigo de perturbação da ordem, o juiz, ou o
relator mandará citar o interessado para deduzir embar- tribunal, câmara, ou turma, poderá, de ofício ou a re-
gos, dentro de dez dias, se residir no Distrito Federal, querimento da parte ou do Ministério Público, determi-
de trinta dias, no caso contrário. nar que o ato seja realizado a portas fechadas, limitando
o número de pessoas que possam estar presentes.
§ 3º Se nesse prazo o interessado não deduzir os em-
bargos, ser-lhe-á pelo relator nomeado defensor, o qual § 2º As audiências, as sessões e os atos processuais,
dentro de dez dias produzirá a defesa. em caso de necessidade, poderão realizar-se na resi-
dência do juiz, ou em outra casa por ele especialmente
§ 4º Os embargos somente poderão fundar-se em dú-
designada.
vida sobre a autenticidade do documento, sobre a inte-
ligência da sentença, ou sobre a falta de qualquer dos
requisitos enumerados nos arts. 781 e 788. Art. 793. Nas audiências e nas sessões, os advogados,
as partes, os escrivães e os espectadores poderão estar
§ 5º Contestados os embargos dentro de dez dias, pelo sentados. Todos, porém, se levantarão quando se diri-
procurador-geral, irá o processo ao relator e ao revisor, girem aos juízes ou quando estes se levantarem para
observando-se no seu julgamento o Regimento Interno qualquer ato do processo.
do Supremo Tribunal Federal.
Parágrafo único. Nos atos da instrução criminal, peran-
§ 6º Homologada a sentença, a respectiva carta será te os juízes singulares, os advogados poderão requerer
remetida ao presidente do Tribunal de Apelação do Dis- sentados.
trito Federal, do Estado, ou do Território.
§ 7º Recebida a carta de sentença, o presidente do Art. 794. A polícia das audiências e das sessões com-
Tribunal de Apelação a remeterá ao juiz do lugar de pete aos respectivos juízes ou ao presidente do tribu-
residência do condenado, para a aplicação da medida nal, câmara, ou turma, que poderão determinar o que
de segurança ou da pena acessória, observadas as dis- for conveniente à manutenção da ordem. Para tal fim,
posições do Título II, Capítulo III, e Título V do Livro IV requisitarão força pública, que ficará exclusivamente à
deste Código. sua disposição.

Art. 790. O interessado na execução de sentença penal Art. 795. Os espectadores das audiências ou das ses-
estrangeira, para a reparação do dano, restituição e ou- sões não poderão manifestar-se.
tros efeitos civis, poderá requerer ao Supremo Tribunal Parágrafo único. O juiz ou o presidente fará retirar da
Federal a sua homologação, observando-se o que a sala os desobedientes, que, em caso de resistência,
respeito prescreve o Código de Processo Civil. serão presos e autuados.

LIVRO VI Art. 796. Os atos de instrução ou julgamento prosse-


DISPOSIÇÕES GERAIS guirão com a assistência do defensor, se o réu se portar
inconvenientemente.
Art. 791. Em todos os juízos e tribunais do crime, além
das audiências e sessões ordinárias, haverá as extra- Art. 797. Excetuadas as sessões de julgamento, que não
ordinárias, de acordo com as necessidades do rápido serão marcadas para domingo ou dia feriado, os demais
andamento dos feitos. atos do processo poderão ser praticados em período de
férias, em domingos e dias feriados. Todavia, os julga-
mentos iniciados em dia útil não se interromperão pela
Art. 792. As audiências, sessões e os atos processuais
superveniência de feriado ou domingo.
serão, em regra, públicos e se realizarão nas sedes dos
juízos e tribunais, com assistência dos escrivães, do se-
cretário, do oficial de justiça que servir de porteiro, em Art. 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão
dia e hora certos, ou previamente designados. contínuos e peremptórios, não se interrompendo por
férias, domingo ou dia feriado.
§ 1º Se da publicidade da audiência, da sessão ou do
ato processual, puder resultar escândalo, inconveniente § 1º Não se computará no prazo o dia do começo, in-
cluindo-se, porém, o do vencimento.

270
§ 2º A terminação dos prazos será certificada nos autos forem os excedidos. Na contagem do tempo de serviço,
pelo escrivão; será, porém, considerado findo o prazo, para o efeito de promoção e aposentadoria, a perda será
ainda que omitida aquela formalidade, se feita a prova do dobro dos dias excedidos.
do dia em que começou a correr.
§ 3º O prazo que terminar em domingo ou dia feriado Art. 802. O desconto referido no artigo antecedente far-
considerar-se-á prorrogado até o dia útil imediato. -se-á à vista da certidão do escrivão do processo ou
do secretário do tribunal, que deverão, de ofício, ou
§ 4º Não correrão os prazos, se houver impedimento a requerimento de qualquer interessado, remetê-la às
do juiz, força maior, ou obstáculo judicial oposto pela repartições encarregadas do pagamento e da contagem
parte contrária. do tempo de serviço, sob pena de incorrerem, de pleno
§ 5º Salvo os casos expressos, os prazos correrão: direito, na multa de quinhentos mil-réis, imposta por
autoridade fiscal.
a) da intimação;
b) da audiência ou sessão em que for proferida a deci- Art. 803. Salvo nos casos expressos em lei, é proibida
são, se a ela estiver presente a parte; a retirada de autos do cartório, ainda que em confiança,
c) do dia em que a parte manifestar nos autos ciência sob pena de responsabilidade do escrivão.
inequívoca da sentença ou despacho.
Art. 804. A sentença ou o acórdão, que julgar a ação,
Art. 799. O escrivão, sob pena de multa de cinqüenta a qualquer incidente ou recurso, condenará nas custas o
quinhentos mil-réis e, na reincidência, suspensão até vencido.
30 (trinta) dias, executará dentro do prazo de dois dias
os atos determinados em lei ou ordenados pelo juiz. Art. 805. As custas serão contadas e cobradas de acor-
do com os regulamentos expedidos pela União e pelos
Art. 800. Os juízes singulares darão seus despachos e Estados.
decisões dentro dos prazos seguintes, quando outros
não estiverem estabelecidos: Art. 806. Salvo o caso do art. 32, nas ações intentadas
mediante queixa, nenhum ato ou diligência se realizará,
I - de dez dias, se a decisão for definitiva, ou interlo- sem que seja depositada em cartório a importância das
cutória mista; custas.
II - de cinco dias, se for interlocutória simples; § 1º Igualmente, nenhum ato requerido no interesse da
III - de um dia, se se tratar de despacho de expediente. defesa será realizado, sem o prévio pagamento das cus-
tas, salvo se o acusado for pobre.
§ 1º Os prazos para o juiz contar-se-ão do termo de
conclusão. § 2º A falta do pagamento das custas, nos prazos fixa-
dos em lei, ou marcados pelo juiz, importará renúncia à
§ 2º Os prazos do Ministério Público contar-se-ão do diligência requerida ou deserção do recurso interposto.
termo de vista, salvo para a interposição do recurso
(art. 798, § 5º). § 3º A falta de qualquer prova ou diligência que deixe de
realizar-se em virtude do não-pagamento de custas não
§ 3º Em qualquer instância, declarando motivo justo, implicará a nulidade do processo, se a prova de pobreza
poderá o juiz exceder por igual tempo os prazos a ele do acusado só posteriormente foi feita.
fixados neste Código.
§ 4º O escrivão que não enviar os autos ao juiz ou ao Art. 807. O disposto no artigo anterior não obstará à
órgão do Ministério Público no dia em que assinar ter- faculdade atribuída ao juiz de determinar de ofício in-
mo de conclusão ou de vista estará sujeito à sanção quirição de testemunhas ou outras diligências.
estabelecida no art. 799.
Art. 808. Na falta ou impedimento do escrivão e seu
Art. 801. Findos os respectivos prazos, os juízes e os substituto, servirá pessoa idônea, nomeada pela autori-
órgãos do Ministério Público, responsáveis pelo retar- dade, perante quem prestará compromisso, lavrando o
damento, perderão tantos dias de vencimentos quantos respectivo termo.

271
Art. 809. A estatística judiciária criminal, a cargo do Rio de Janeiro, em 3 de outubro de 1941; 120o da Inde-
Instituto de Identificação e Estatística ou repartições pendência e 53º da República.
congêneres, terá por base o boletim individual, que é
parte integrante dos processos e versará sobre: GETÚLIO VARGAS
I - os crimes e as contravenções praticados durante o Francisco Campos
trimestre, com especificação da natureza de cada um,
meios utilizados e circunstâncias de tempo e lugar; Este texto não substitui o publicado no DOU de
II - as armas proibidas que tenham sido apreendidas; 13.10.1941 e retificado em 24.10.1941

III - o número de delinqüentes, mencionadas as infra-


ções que praticaram, sua nacionalidade, sexo, idade,
filiação, estado civil, prole, residência, meios de vida
e condições econômicas, grau de instrução, religião, e
condições de saúde física e psíquica;
IV - o número dos casos de co-delinqüência;
V - a reincidência e os antecedentes judiciários;
VI - as sentenças condenatórias ou absolutórias, bem
como as de pronúncia ou de impronúncia;
VII - a natureza das penas impostas;
VIII - a natureza das medidas de segurança aplicadas;
IX - a suspensão condicional da execução da pena,
quando concedida;
X - as concessões ou denegações de habeas corpus.
§ 1º Os dados acima enumerados constituem o mínimo
exigível, podendo ser acrescidos de outros elementos
úteis ao serviço da estatística criminal.
§ 2º Esses dados serão lançados semestralmente em
mapa e remetidos ao Serviço de Estatística Demográfica
Moral e Política do Ministério da Justiça.
§ 3º O boletim individual a que se refere este artigo é
dividido em três partes destacáveis, conforme mode-
lo anexo a este Código, e será adotado nos Estados, no
Distrito Federal e nos Territórios. A primeira parte ficará
arquivada no cartório policial; a segunda será remetida
ao Instituto de Identificação e Estatística, ou repartição
congênere; e a terceira acompanhará o processo, e,
depois de passar em julgado a sentença definitiva, lan-
çados os dados finais, será enviada ao referido Instituto
ou repartição congênere.

Art. 810. Este Código entrará em vigor no dia 1º de ja-


neiro de 1942.

Art. 811. Revogam-se as disposições em contrário.

272
DIREITO PENAL MILITAR

§ 2° Para se reconhecer qual a mais favorável, a lei


CÓDIGO PENAL MILITAR posterior e a anterior devem ser consideradas separa-
damente, cada qual no conjunto de suas normas apli-
cáveis ao fato.
DECRETO-LEI Nº 1.001, DE 21 DE OUTUBRO DE
1969.
Medidas de segurança
Os Ministros da Marinha de Guerra, do Exército e
Art. 3º As medidas de segurança regem-se pela lei vi-
da Aeronáutica Militar, usando das atribuições que lhes
gente ao tempo da sentença, prevalecendo, entretanto,
confere o art. 3º do Ato Institucional nº 16, de 14 de
se diversa, a lei vigente ao tempo da execução.
outubro de 1969, combinado com o § 1° do art. 2°,
do Ato Institucional n° 5, de 13 de dezembro de 1968,
decretam: Lei excepcional ou temporária

Art. 4º A lei excepcional ou temporária, embora decor-


CÓDIGO PENAL MILITAR rido o período de sua duração ou cessadas as circuns-
tâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado
PARTE GERAL durante sua vigência.

Tempo do crime
LIVRO ÚNICO
Art. 5º Considera-se praticado o crime no momento da
TÍTULO I ação ou omissão, ainda que outro seja o do resultado.
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL MILITAR
Lugar do crime

Princípio de legalidade Art. 6º Considera-se praticado o fato, no lugar em que


se desenvolveu a atividade criminosa, no todo ou em
Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina, nem parte, e ainda que sob forma de participação, bem como
pena sem prévia cominação legal. onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
Nos crimes omissivos, o fato considera-se praticado no
Lei supressiva de incriminação lugar em que deveria realizar-se a ação omitida.

Art. 2° Ninguém pode ser punido por fato que lei pos- Territorialidade, Extraterritorialidade
terior deixa de considerar crime, cessando, em virtude
dela, a própria vigência de sentença condenatória irre- Art. 7º Aplica-se a lei penal militar, sem prejuízo de
corrível, salvo quanto aos efeitos de natureza civil. convenções, tratados e regras de direito internacional,
ao crime cometido, no todo ou em parte no território
Retroatividade de lei mais benigna nacional, ou fora dêle, ainda que, neste caso, o agente
esteja sendo processado ou tenha sido julgado pela
§ 1º A lei posterior que, de qualquer outro modo, favo- justiça estrangeira.
rece o agente, aplica-se retroativamente, ainda quando
já tenha sobrevindo sentença condenatória irrecorrível. Território nacional por extensão

Apuração da maior benignidade

273
§ 1° Para os efeitos da lei penal militar consideram-se e) por militar em situação de atividade, ou assemelha-
como extensão do território nacional as aeronaves e os do, contra o patrimônio sob a administração militar, ou
navios brasileiros, onde quer que se encontrem, sob a ordem administrativa militar;
comando militar ou militarmente utilizados ou ocupa- f) revogada. (Redação dada pela Lei nº 9.299, de
dos por ordem legal de autoridade competente, ainda 8.8.1996)
que de propriedade privada.
III - os crimes praticados por militar da reserva, ou re-
Ampliação a aeronaves ou navios estrangeiros formado, ou por civil, contra as instituições militares,
considerando-se como tais não só os compreendidos
§ 2º É também aplicável a lei penal militar ao crime no inciso I, como os do inciso II, nos seguintes casos:
praticado a bordo de aeronaves ou navios estrangeiros, a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou
desde que em lugar sujeito à administração militar, e o contra a ordem administrativa militar;
crime atente contra as instituições militares.
b) em lugar sujeito à administração militar contra mili-
tar em situação de atividade ou assemelhado, ou contra
Conceito de navio
funcionário de Ministério militar ou da Justiça Militar,
no exercício de função inerente ao seu cargo;
§ 3º Para efeito da aplicação dêste Código, considera-
-se navio tôda embarcação sob comando militar. c) contra militar em formatura, ou durante o período de
prontidão, vigilância, observação, exploração, exercí-
Pena cumprida no estrangeiro cio, acampamento, acantonamento ou manobras;
d) ainda que fora do lugar sujeito à administração mi-
Art. 8° A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena litar, contra militar em função de natureza militar, ou no
imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, desempenho de serviço de vigilância, garantia e preser-
ou nela é computada, quando idênticas. vação da ordem pública, administrativa ou judiciária,
quando legalmente requisitado para aquêle fim, ou em
Crimes militares em tempo de paz obediência a determinação legal superior.
§ 1º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de
contra a vida e cometidos por militares contra civil, se-
paz:
rão da competência do Tribunal do Júri.
I - os crimes de que trata êste Código, quando defini-
§ 2º Os crimes de que trata este artigo, quando dolo-
dos de modo diverso na lei penal comum, ou nela não
sos contra a vida e cometidos por militares das Forças
previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição
Armadas contra civil, serão da competência da Justiça
especial;
Militar da União, se praticados no contexto:
II – os crimes previstos neste Código e os previstos na
I – do cumprimento de atribuições que lhes forem esta-
legislação penal, quando praticados:
belecidas pelo Presidente da República ou pelo Minis-
a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, tro de Estado da Defesa;
contra militar na mesma situação ou assemelhado;
II – de ação que envolva a segurança de instituição mili-
b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, tar ou de missão militar, mesmo que não beligerante; ou
em lugar sujeito à administração militar, contra militar
III – de atividade de natureza militar, de operação de
da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil;
paz, de garantia da lei e da ordem ou de atribuição sub-
c) por militar em serviço ou atuando em razão da fun- sidiária, realizadas em conformidade com o disposto no
ção, em comissão de natureza militar, ou em formatura, art. 142 da Constituição Federal e na forma dos seguin-
ainda que fora do lugar sujeito à administração militar tes diplomas legais:
contra militar da reserva, ou reformado, ou civil;
a) Lei no 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código
d) por militar durante o período de manobras ou exer- Brasileiro de Aeronáutica;
cício, contra militar da reserva, ou reformado, ou asse-
b) Lei Complementar no 97, de 9 de junho de 1999;
melhado, ou civil;

274
c) Decreto-Lei no 1.002, de 21 de outubro de 1969 - Defeito de incorporação
Código de Processo Penal Militar; e
d) Lei no 4.737, de 15 de julho de 1965 - Código Elei- Art. 14. O defeito do ato de incorporação não exclui a
toral. aplicação da lei penal militar, salvo se alegado ou co-
nhecido antes da prática do crime.
Crimes militares em tempo de guerra
Tempo de guerra
Art. 10. Consideram-se crimes militares, em tempo de
guerra: Art. 15. O tempo de guerra, para os efeitos da aplicação
da lei penal militar, começa com a declaração ou o re-
I - os especialmente previstos neste Código para o tem- conhecimento do estado de guerra, ou com o decreto
po de guerra; de mobilização se nêle estiver compreendido aquêle re-
II - os crimes militares previstos para o tempo de paz; conhecimento; e termina quando ordenada a cessação
das hostilidades.
III - os crimes previstos neste Código, embora também
o sejam com igual definição na lei penal comum ou es-
Contagem de prazo
pecial, quando praticados, qualquer que seja o agente:
a) em território nacional, ou estrangeiro, militarmente Art. 16. No cômputo dos prazos inclui-se o dia do
ocupado; comêço. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo
b) em qualquer lugar, se comprometem ou podem com- calendário comum.
prometer a preparação, a eficiência ou as operações
militares ou, de qualquer outra forma, atentam contra a Legislação especial. Salário-mínimo
segurança externa do País ou podem expô-la a perigo;
Art. 17. As regras gerais dêste Código aplicam-se aos
IV - os crimes definidos na lei penal comum ou espe- fatos incriminados por lei penal militar especial, se esta
cial, embora não previstos neste Código, quando pra- não dispõe de modo diverso. Para os efeitos penais,
ticados em zona de efetivas operações militares ou em salário mínimo é o maior mensal vigente no país, ao
território estrangeiro, militarmente ocupado. tempo da sentença.

Militares estrangeiros Crimes praticados em prejuízo de país aliado

Art. 11. Os militares estrangeiros, quando em comissão Art. 18. Ficam sujeitos às disposições dêste Código os
ou estágio nas fôrças armadas, ficam sujeitos à lei pe- crimes praticados em prejuízo de país em guerra contra
nal militar brasileira, ressalvado o disposto em tratados país inimigo do Brasil:
ou convenções internacionais.
I - se o crime é praticado por brasileiro;
Equiparação a militar da ativa II - se o crime é praticado no território nacional, ou em
território estrangeiro, militarmente ocupado por fôrça
Art. 12. O militar da reserva ou reformado, emprega- brasileira, qualquer que seja o agente.
do na administração militar, equipara-se ao militar em
situação de atividade, para o efeito da aplicação da lei Infrações disciplinares
penal militar.
Art. 19. Êste Código não compreende as infrações dos
Militar da reserva ou reformado regulamentos disciplinares.

Art. 13. O militar da reserva, ou reformado, conserva Crimes praticados em tempo de guerra


as responsabilidades e prerrogativas do pôsto ou gra-
duação, para o efeito da aplicação da lei penal militar, Art. 20. Aos crimes praticados em tempo de guerra, sal-
quando pratica ou contra êle é praticado crime militar. vo disposição especial, aplicam-se as penas cominadas

275
para o tempo de paz, com o aumento de um têrço. Justiça Militar

Assemelhado Art. 27. Quando êste Código se refere a funcionários,


compreende, para efeito da sua aplicação, os juízes, os
Art. 21. Considera-se assemelhado o servidor, efetivo representantes do Ministério Público, os funcionários e
ou não, dos Ministérios da Marinha, do Exército ou da auxiliares da Justiça Militar.
Aeronáutica, submetido a preceito de disciplina militar,
em virtude de lei ou regulamento. Casos de prevalência do Código Penal Militar

Pessoa considerada militar Art. 28. Os crimes contra a segurança externa do país


ou contra as instituições militares, definidos neste
Art. 22. É considerada militar, para efeito da aplicação Código, excluem os da mesma natureza definidos em
dêste Código, qualquer pessoa que, em tempo de paz outras leis.
ou de guerra, seja incorporada às fôrças armadas, para
nelas servir em pôsto, graduação, ou sujeição à disci- TÍTULO II
plina militar. DO CRIME
Equiparação a comandante
Relação de causalidade
Art. 23. Equipara-se ao comandante, para o efeito da
aplicação da lei penal militar, tôda autoridade com fun- Art. 29. O resultado de que depende a existência do
ção de direção. crime sòmente é imputável a quem lhe deu causa.
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o
Conceito de superior resultado não teria ocorrido.
§ 1º A superveniência de causa relativamente indepen-
Art. 24. O militar que, em virtude da função, exerce dente exclui a imputação quando, por si só, produziu o
autoridade sôbre outro de igual pôsto ou graduação, resultado. Os fatos anteriores, imputam-se, entretanto,
considera-se superior, para efeito da aplicação da lei a quem os praticou.
penal militar.
§ 2º A omissão é relevante como causa quando o omi-
tente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever
Crime praticado em presença do inimigo de agir incumbe a quem tenha por lei obrigação de cui-
dado, proteção ou vigilância; a quem, de outra forma,
Art. 25. Diz-se crime praticado em presença do inimigo, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; e
quando o fato ocorre em zona de efetivas operações mi- a quem, com seu comportamento anterior, criou o risco
litares, ou na iminência ou em situação de hostilidade. de sua superveniência.

Referência a “brasileiro” ou “nacional” Art. 30. Diz-se o crime:

Art. 26. Quando a lei penal militar se refere a “brasilei- Crime consumado


ro” ou “nacional”, compreende as pessoas enumeradas
como brasileiros na Constituição do Brasil. I - consumado, quando nêle se reúnem todos os ele-
mentos de sua definição legal;
Estrangeiros
Tentativa
Parágrafo único. Para os efeitos da lei penal militar, são
considerados estrangeiros os apátridas e os brasileiros II - tentado, quando, iniciada a execução, não se con-
que perderam a nacionalidade. suma por circunstâncias alheias à vontade do agente.

Os que se compreendem, como funcionários da Pena de tentativa

276
Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a pena corres- lei, se escusáveis.
pondente ao crime, diminuída de um a dois terços, po-
dendo o juiz, no caso de excepcional gravidade, aplicar Êrro de fato
a pena do crime consumado.
Art. 36. É isento de pena quem, ao praticar o crime, su-
Desistência voluntária e arrependimento eficaz põe, por êrro plenamente escusável, a inexistência de
circunstância de fato que o constitui ou a existência de
Art. 31. O agente que, voluntàriamente, desiste de pros- situação de fato que tornaria a ação legítima.
seguir na execução ou impede que o resultado se pro-
duza, só responde pelos atos já praticados. Êrro culposo

Crime impossível 1º Se o êrro deriva de culpa, a êste título responde o


agente, se o fato é punível como crime culposo.
Art. 32. Quando, por ineficácia absoluta do meio em-
pregado ou por absoluta impropriedade do objeto, é Êrro provocado
impossível consumar-se o crime, nenhuma pena é
aplicável. 2º Se o êrro é provocado por terceiro, responderá êste
pelo crime, a título de dolo ou culpa, conforme o caso.
Art. 33. Diz-se o crime:
Êrro sôbre a pessoa
Culpabilidade
Art. 37. Quando o agente, por êrro de percepção ou no
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assu- uso dos meios de execução, ou outro acidente, atinge
miu o risco de produzi-lo; uma pessoa em vez de outra, responde como se tivesse
II - culposo, quando o agente, deixando de empregar a praticado o crime contra aquela que realmente preten-
cautela, atenção, ou diligência ordinária, ou especial, a dia atingir. Devem ter-se em conta não as condições
que estava obrigado em face das circunstâncias, não e qualidades da vítima, mas as da outra pessoa, para
prevê o resultado que podia prever ou, prevendo-o, su- configuração, qualificação ou exclusão do crime, e
põe levianamente que não se realizaria ou que poderia agravação ou atenuação da pena.
evitá-lo.
Êrro quanto ao bem jurídico
Excepcionalidade do crime culposo
§ 1º Se, por êrro ou outro acidente na execução, é atin-
Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, nin- gido bem jurídico diverso do visado pelo agente, res-
guém pode ser punido por fato previsto como crime, ponde êste por culpa, se o fato é previsto como crime
senão quando o pratica dolosamente. culposo.

Nenhuma pena sem culpabilidade Duplicidade do resultado

Art. 34. Pelos resultados que agravam especialmente as § 2º Se, no caso do artigo, é também atingida a pessoa
penas só responde o agente quando os houver causa- visada, ou, no caso do parágrafo anterior, ocorre ainda
do, pelo menos, culposamente. o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 79.

Êrro de direito Art. 38. Não é culpado quem comete o crime:

Art. 35. A pena pode ser atenuada ou substituída por Coação irresistível


outra menos grave quando o agente, salvo em se tra-
tando de crime que atente contra o dever militar, supõe a) sob coação irresistível ou que lhe suprima a faculda-
lícito o fato, por ignorância ou êrro de interpretação da de de agir segundo a própria vontade;

277
Obediência hierárquica manobras urgentes, para salvar a unidade ou vidas, ou
evitar o desânimo, o terror, a desordem, a rendição, a
b) em estrita obediência a ordem direta de superior hie- revolta ou o saque.
rárquico, em matéria de serviços.
Estado de necessidade, como excludente do
1° Responde pelo crime o autor da coação ou da ordem.
crime
2° Se a ordem do superior tem por objeto a prática de
ato manifestamente criminoso, ou há excesso nos atos Art. 43. Considera-se em estado de necessidade quem
ou na forma da execução, é punível também o inferior. pratica o fato para preservar direito seu ou alheio, de
perigo certo e atual, que não provocou, nem podia de
Estado de necessidade, com excludente de outro modo evitar, desde que o mal causado, por sua
culpabilidade natureza e importância, é consideràvelmente inferior ao
mal evitado, e o agente não era legalmente obrigado a
Art. 39. Não é igualmente culpado quem, para proteger arrostar o perigo.
direito próprio ou de pessoa a quem está ligado por
estreitas relações de parentesco ou afeição, contra Legítima defesa
perigo certo e atual, que não provocou, nem podia de
outro modo evitar, sacrifica direito alheio, ainda quando Art. 44. Entende-se em legítima defesa quem, usando
superior ao direito protegido, desde que não lhe era ra- moderadamente dos meios necessários, repele injusta
zoàvelmente exigível conduta diversa. agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.

Coação física ou material Excesso culposo

Art. 40. Nos crimes em que há violação do dever mili- Art. 45. O agente que, em qualquer dos casos de ex-
tar, o agente não pode invocar coação irresistível senão clusão de crime, excede culposamente os limites da
quando física ou material. necessidade, responde pelo fato, se êste é punível, a
título de culpa.
Atenuação de pena
Excesso escusável
Art. 41. Nos casos do art. 38, letras a e b , se era pos-
sível resistir à coação, ou se a ordem não era manifes- Parágrafo único. Não é punível o excesso quando re-
tamente ilegal; ou, no caso do art. 39, se era razoàvel- sulta de escusável surprêsa ou perturbação de ânimo,
mente exigível o sacrifício do direito ameaçado, o juiz, em face da situação.
tendo em vista as condições pessoais do réu, pode
atenuar a pena. Excesso doloso

Exclusão de crime Art. 46. O juiz pode atenuar a pena ainda quando puní-
vel o fato por excesso doloso.
Art. 42. Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade; Elementos não constitutivos do crime
II - em legítima defesa;
Art. 47. Deixam de ser elementos constitutivos do cri-
III - em estrito cumprimento do dever legal; me:
IV - em exercício regular de direito. I - a qualidade de superior ou a de inferior, quando não
Parágrafo único. Não há igualmente crime quando o conhecida do agente;
comandante de navio, aeronave ou praça de guerra, na II - a qualidade de superior ou a de inferior, a de oficial
iminência de perigo ou grave calamidade, compele os de dia, de serviço ou de quarto, ou a de sentinela, vi-
subalternos, por meios violentos, a executar serviços e gia, ou plantão, quando a ação é praticada em repulsa

278
a agressão. ainda que não tenham atingido essa idade:
a) os militares;
TÍTULO III
b) os convocados, os que se apresentam à incorporação
DA IMPUTABILIDADE PENAL e os que, dispensados temporàriamente desta, deixam
de se apresentar, decorrido o prazo de licenciamento;
Inimputáveis
c) os alunos de colégios ou outros estabelecimentos
de ensino, sob direção e disciplina militares, que já te-
Art. 48. Não é imputável quem, no momento da ação nham completado dezessete anos.
ou da omissão, não possui a capacidade de entender
o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acôrdo
Art. 52. Os menores de dezesseis anos, bem como os
com êsse entendimento, em virtude de doença mental,
menores de dezoito e maiores de dezesseis inimputá-
de desenvolvimento mental incompleto ou retardado.
veis, ficam sujeitos às medidas educativas, curativas ou
disciplinares determinadas em legislação especial.
Redução facultativa da pena

Parágrafo único. Se a doença ou a deficiência mental


TÍTULO IV
não suprime, mas diminui consideràvelmente a capaci- DO CONCURSO DE AGENTES
dade de entendimento da ilicitude do fato ou a de auto-
determinação, não fica excluída a imputabilidade, mas Co-autoria
a pena pode ser atenuada, sem prejuízo do disposto no
art. 113. Art. 53. Quem, de qualquer modo, concorre para o cri-
me incide nas penas a êste cominadas.
Embriaguez
Condições ou circunstâncias pessoais
Art. 49. Não é igualmente imputável o agente que, por
embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou § 1º A punibilidade de qualquer dos concorrentes é in-
fôrça maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, intei- dependente da dos outros, determinando-se segundo a
ramente incapaz de entender o caráter criminoso do fato sua própria culpabilidade. Não se comunicam, outros-
ou de determinar-se de acôrdo com êsse entendimento. sim, as condições ou circunstâncias de caráter pessoal,
Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois salvo quando elementares do crime.
terços, se o agente por embriaguez proveniente de caso
fortuito ou fôrça maior, não possuía, ao tempo da ação Agravação de pena
ou da omissão, a plena capacidade de entender o ca-
ráter criminoso do fato ou de determinar-se de acôrdo § 2° A pena é agravada em relação ao agente que:
com êsse entendimento. I - promove ou organiza a cooperação no crime ou diri-
ge a atividade dos demais agentes;
Menores
II - coage outrem à execução material do crime;
Art. 50. O menor de dezoito anos é inimputável, salvo III - instiga ou determina a cometer o crime alguém
se, já tendo completado dezesseis anos, revela sufi- sujeito à sua autoridade, ou não punível em virtude de
ciente desenvolvimento psíquico para entender o cará- condição ou qualidade pessoal;
ter ilícito do fato e determinar-se de acôrdo com êste
IV - executa o crime, ou nêle participa, mediante paga
entendimento. Neste caso, a pena aplicável é diminuída
ou promessa de recompensa.
de um têrço até a metade.
Atenuação de pena
Equiparação a maiores
§ 3º A pena é atenuada com relação ao agente, cuja par-
Art. 51. Equiparam-se aos maiores de dezoito anos,
ticipação no crime é de somenos importância.

279
Cabeças rações de guerra, pode ser imediatamente executada,
quando o exigir o interêsse da ordem e da disciplina
§ 4º Na prática de crime de autoria coletiva necessária, militares.
reputam-se cabeças os que dirigem, provocam, insti-
gam ou excitam a ação. Mínimos e máximos genéricos
§ 5º Quando o crime é cometido por inferiores e um ou
mais oficiais, são êstes considerados cabeças, assim Art. 58. O mínimo da pena de reclusão é de um ano, e o
como os inferiores que exercem função de oficial. máximo de trinta anos; o mínimo da pena de detenção é
de trinta dias, e o máximo de dez anos.
Casos de impunibilidade
Pena até dois anos imposta a militar
Art. 54. O ajuste, a determinação ou instigação e o auxí-
lio, salvo disposição em contrário, não são puníveis se Art. 59 - A pena de reclusão ou de detenção até 2 (dois)
o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. anos, aplicada a militar, é convertida em pena de prisão
e cumprida, quando não cabível a suspensão condicio-
nal:
TÍTULO V
DAS PENAS I - pelo oficial, em recinto de estabelecimento militar;
II - pela praça, em estabelecimento penal militar, onde
ficará separada de presos que estejam cumprindo pena
CAPÍTULO I disciplinar ou pena privativa de liberdade por tempo
DAS PENAS PRINCIPAIS superior a dois anos.

Penas principais Separação de praças especiais e graduadas

Art. 55. As penas principais são: Parágrafo único. Para efeito de separação, no cumpri-
mento da pena de prisão, atender-se-á, também, à con-
a) morte;
dição das praças especiais e à das graduadas, ou não;
b) reclusão; e, dentre as graduadas, à das que tenham graduação
c) detenção; especial.

d) prisão; Pena do assemelhado


e) impedimento;
f) suspensão do exercício do pôsto, graduação, cargo Art. 60. O assemelhado cumpre a pena conforme o pôs-
ou função; to ou graduação que lhe é correspondente.

g) reforma. Pena dos não assemelhados

Pena de morte Parágrafo único. Para os não assemelhados dos Minis-


térios Militares e órgãos sob contrôle dêstes, regula-se
Art. 56. A pena de morte é executada por fuzilamento. a correspondência pelo padrão de remuneração.

Comunicação Pena superior a dois anos, imposta a militar

Art. 57. A sentença definitiva de condenação à morte é Art. 61 - A pena privativa da liberdade por mais de 2
comunicada, logo que passe em julgado, ao Presidente (dois) anos, aplicada a militar, é cumprida em peni-
da República, e não pode ser executada senão depois tenciária militar e, na falta dessa, em estabelecimento
de sete dias após a comunicação. prisional civil, ficando o recluso ou detento sujeito ao
Parágrafo único. Se a pena é imposta em zona de ope- regime conforme a legislação penal comum, de cujos

280
benefícios e concessões, também, poderá gozar. Art. 66. O condenado a que sobrevenha doença mental
deve ser recolhido a manicômio judiciário ou, na falta
Pena privativa da liberdade imposta a civil dêste, a outro estabelecimento adequado, onde lhe seja
assegurada custódia e tratamento.
Art. 62 - O civil cumpre a pena aplicada pela Justiça Mi-
litar, em estabelecimento prisional civil, ficando ele su- Tempo computável
jeito ao regime conforme a legislação penal comum, de
cujos benefícios e concessões, também, poderá gozar. Art. 67. Computam-se na pena privativa de liberdade o
tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro,
Cumprimento em penitenciária militar e o de internação em hospital ou manicômio, bem como
o excesso de tempo, reconhecido em decisão judicial
Parágrafo único - Por crime militar praticado em tempo irrecorrível, no cumprimento da pena, por outro crime,
de guerra poderá o civil ficar sujeito a cumprir a pena, desde que a decisão seja posterior ao crime de que se
no todo ou em parte em penitenciária militar, se, em trata.
benefício da segurança nacional, assim o determinar a
sentença. Transferência de condenados

Pena de impedimento Art. 68. O condenado pela Justiça Militar de uma re-


gião, distrito ou zona pode cumprir pena em estabeleci-
Art. 63. A pena de impedimento sujeita o condenado mento de outra região, distrito ou zona.
a permanecer no recinto da unidade, sem prejuízo da
instrução militar. CAPÍTULO II
DA APLICAÇÃO DA PENA
Pena de suspensão do exercício do pôsto,
graduação, cargo ou função
Fixação da pena privativa de liberdade
Art. 64. A pena de suspensão do exercício do pôsto,
graduação, cargo ou função consiste na agregação, no Art. 69. Para fixação da pena privativa de liberdade, o
afastamento, no licenciamento ou na disponibilidade do juiz aprecia a gravidade do crime praticado e a perso-
condenado, pelo tempo fixado na sentença, sem preju- nalidade do réu, devendo ter em conta a intensidade do
ízo do seu comparecimento regular à sede do serviço. dolo ou grau da culpa, a maior ou menor extensão do
Não será contado como tempo de serviço, para qual- dano ou perigo de dano, os meios empregados, o modo
quer efeito, o do cumprimento da pena. de execução, os motivos determinantes, as circunstân-
cias de tempo e lugar, os antecedentes do réu e sua ati-
tude de insensibilidade, indiferença ou arrependimento
Caso de reserva, reforma ou aposentadoria
após o crime.
Parágrafo único. Se o condenado, quando proferida a
Determinação da pena
sentença, já estiver na reserva, ou reformado ou apo-
sentado, a pena prevista neste artigo será convertida em
pena de detenção, de três meses a um ano. § 1º Se são cominadas penas alternativas, o juiz deve
determinar qual delas é aplicável.
Pena de reforma
Limites legais da pena
Art. 65. A pena de reforma sujeita o condenado à situa-
ção de inatividade, não podendo perceber mais de um § 2º Salvo o disposto no art. 76, é fixada dentro dos
vinte e cinco avos do sôldo, por ano de serviço, nem limites legais a quantidade da pena aplicável.
receber importância superior à do sôldo.
Circunstâncias agravantes
Superveniência de doença mental

281
Art. 70. São circunstâncias que sempre agravam a pena, § 1º Não se toma em conta, para efeito da reincidência,
quando não integrantes ou qualificativas do crime: a condenação anterior, se, entre a data do cumprimento
ou extinção da pena e o crime posterior, decorreu perí-
I - a reincidência;
odo de tempo superior a cinco anos.
II - ter o agente cometido o crime:
a) por motivo fútil ou torpe; Crimes não considerados para efeito da
reincidência
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a
impunidade ou vantagem de outro crime;
§ 2º Para efeito da reincidência, não se consideram os
c) depois de embriagar-se, salvo se a embriaguez de- crimes anistiados.
corre de caso fortuito, engano ou fôrça maior;
d) à traição, de emboscada, com surprêsa, ou mediante Art. 72. São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
outro recurso insidioso que dificultou ou tornou impos-
sível a defesa da vítima; Circunstância atenuantes

e) com o emprêgo de veneno, asfixia, tortura, fogo, ex- I - ser o agente menor de vinte e um ou maior de setenta
plosivo, ou qualquer outro meio dissimulado ou cruel, anos;
ou de que podia resultar perigo comum;
II - ser meritório seu comportamento anterior;
f) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
III - ter o agente:
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a
cargo, ofício, ministério ou profissão; a) cometido o crime por motivo de relevante valor social
ou moral;
h) contra criança, velho ou enfêrmo;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com efici-
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção ência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as
da autoridade; conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, encalhe, alaga- o dano;
mento, inundação, ou qualquer calamidade pública, ou c) cometido o crime sob a influência de violenta emo-
de desgraça particular do ofendido; ção, provocada por ato injusto da vítima;
l) estando de serviço; d) confessado espontâneamente, perante a autoridade,
m) com emprêgo de arma, material ou instrumento de a autoria do crime, ignorada ou imputada a outrem;
serviço, para êsse fim procurado; e) sofrido tratamento com rigor não permitido em lei.
n) em auditório da Justiça Militar ou local onde tenha Não atendimento de atenuantes
sede a sua administração; Parágrafo único. Nos crimes em que a pena máxima co-
o) em país estrangeiro. minada é de morte, ao juiz é facultado atender, ou não,
às circunstâncias atenuantes enumeradas no artigo.
Parágrafo único. As circunstâncias das letras c , salvo
no caso de embriaguez preordenada, l , m e o , só agra-
Quantum da agravação ou atenuação
vam o crime quando praticado por militar.
Art. 73. Quando a lei determina a agravação ou atenu-
Reincidência
ação da pena sem mencionar o quantum , deve o juiz
fixá-lo entre um quinto e um têrço, guardados os limites
Art. 71. Verifica-se a reincidência quando o agente
da pena cominada ao crime.
comete nôvo crime, depois de transitar em julgado a
sentença que, no país ou no estrangeiro, o tenha con-
Mais de uma agravante ou atenuante
denado por crime anterior.
Art. 74. Quando ocorre mais de uma agravante ou mais
Temporariedade da reincidência
de uma atenuante, o juiz poderá limitar-se a uma só

282
agravação ou a uma só atenuação. so da mesma natureza, punível com pena privativa de
liberdade em período de tempo não superior a cinco
Concurso de agravantes e atenuantes anos, descontado o que se refere a cumprimento de
pena;
Art. 75. No concurso de agravantes e atenuantes, a
pena deve aproximar-se do limite indicado pelas cir- Habitualidade reconhecível pelo juiz
cunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais
as que resultam dos motivos determinantes do crime, b) embora sem condenação anterior, comete sucessiva-
da personalidade do agente, e da reincidência. Se há mente, em período de tempo não superior a cinco anos,
equivalência entre umas e outras, é como se não tives- quatro ou mais crimes dolosos da mesma natureza,
sem ocorrido. puníveis com pena privativa de liberdade, e demonstra,
pelas suas condições de vida e pelas circunstâncias
Majorantes e minorantes dos fatos apreciados em conjunto, acentuada inclina-
ção para tais crimes.
Art. 76. Quando a lei prevê causas especiais de aumen-
to ou diminuição da pena, não fica o juiz adstrito aos Criminoso por tendência
limites da pena cominada ao crime, senão apenas aos
da espécie de pena aplicável (art. 58). § 3º Considera-se criminoso por tendência aquêle que
comete homicídio, tentativa de homicídio ou lesão cor-
Parágrafo único. No concurso dessas causas especiais,
poral grave, e, pelos motivos determinantes e meios ou
pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só
modo de execução, revela extraordinária torpeza, per-
diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais
versão ou malvadez.
aumente ou diminua.
Ressalva do art. 113
Pena-base
§ 4º Fica ressalvado, em qualquer caso, o disposto no
Art. 77. A pena que tenha de ser aumentada ou diminu-
art. 113.
ída, de quantidade fixa ou dentro de determinados limi-
tes, é a que o juiz aplicaria, se não existisse a circuns-
tância ou causa que importa o aumento ou diminuição. Crimes da mesma natureza

Criminoso habitual ou por tendência § 5º Consideram-se crimes da mesma natureza os pre-


vistos no mesmo dispositivo legal, bem como os que,
embora previstos em dispositivos diversos, apresen-
Art. 78. Em se tratando de criminoso habitual ou por
tam, pelos fatos que os constituem ou por seus motivos
tendência, a pena a ser imposta será por tempo inde-
determinantes, caracteres fundamentais comuns.
terminado. O juiz fixará a pena correspondente à nova
infração penal, que constituirá a duração mínima da
pena privativa da liberdade, não podendo ser, em caso Concurso de crimes
algum, inferior a três anos.
Art. 79. Quando o agente, mediante uma só ou mais
Limite da pena indeterminada de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes,
idênticos ou não, as penas privativas de liberdade de-
vem ser unificadas. Se as penas são da mesma espécie,
§ 1º A duração da pena indeterminada não poderá exce-
a pena única é a soma de tôdas; se, de espécies dife-
der a dez anos, após o cumprimento da pena imposta.
rentes, a pena única e a mais grave, mas com aumento
correspondente à metade do tempo das menos graves,
Habitualidade presumida
ressalvado o disposto no art. 58.
§ 2º Considera-se criminoso habitual aquêle que:
Crime continuado
a) reincide pela segunda vez na prática de crime dolo-

283
Art. 80. Aplica-se a regra do artigo anterior, quando o DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA
agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica
dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas con-
Pressupostos da suspensão
dições de tempo, lugar, maneira de execução e outras
semelhantes, devem os subseqüentes ser considerados
Art. 84 - A execução da pena privativa da liberdade,
como continuação do primeiro.
não superior a 2 (dois) anos, pode ser suspensa, por 2
Parágrafo único. Não há crime continuado quando se (dois) anos a 6 (seis) anos, desde que:
trata de fatos ofensivos de bens jurídicos inerentes à
I - o sentenciado não haja sofrido no País ou no estran-
pessoa, salvo se as ações ou omissões sucessivas são
geiro, condenação irrecorrível por outro crime a pena
dirigidas contra a mesma vítima.
privativa da liberdade, salvo o disposto no 1º do art. 71;
Limite da pena unificada II - os seus antecedentes e personalidade, os motivos
e as circunstâncias do crime, bem como sua conduta
Art. 81. A pena unificada não pode ultrapassar de trin- posterior, autorizem a presunção de que não tornará a
ta anos, se é de reclusão, ou de quinze anos, se é de delinqüir.
detenção.
Restrições
Redução facultativa da pena
Parágrafo único. A suspensão não se estende às penas
§ 1º A pena unificada pode ser diminuída de um sexto a de reforma, suspensão do exercício do pôsto, gradua-
um quarto, no caso de unidade de ação ou omissão, ou ção ou função ou à pena acessória, nem exclui a aplica-
de crime continuado. ção de medida de segurança não detentiva.

Graduação no caso de pena de morte Condições

§ 2° Quando cominada a pena de morte como grau Art. 85. A sentença deve especificar as condições a que
máximo e a de reclusão como grau mínimo, aquela fica subordinada a suspensão.
corresponde, para o efeito de graduação, à de reclusão
por trinta anos. Revogação obrigatória da suspensão

Cálculo da pena aplicável à tentativa Art. 86. A suspensão é revogada se, no curso do prazo,
o beneficiário:
§ 3° Nos crimes punidos com a pena de morte, esta I - é condenado, por sentença irrecorrível, na Justiça
corresponde à de reclusão por trinta anos, para cálculo Militar ou na comum, em razão de crime, ou de con-
da pena aplicável à tentativa, salvo disposição especial. travenção reveladora de má índole ou a que tenha sido
imposta pena privativa de liberdade;
Ressalva do art. 78, § 2º, letra b
II - não efetua, sem motivo justificado, a reparação do
Art. 82. Quando se apresenta o caso do art. 78, § 2º, le- dano;
tra b , fica sem aplicação o disposto quanto ao concurso III - sendo militar, é punido por infração disciplinar con-
de crimes idênticos ou ao crime continuado. siderada grave.

Penas não privativas de liberdade Revogação facultativa

Art. 83. As penas não privativas de liberdade são apli- § 1º A suspensão pode ser também revogada, se o
cadas distinta e integralmente, ainda que previstas para condenado deixa de cumprir qualquer das obrigações
um só dos crimes concorrentes. constantes da sentença.

CAPÍTULO III Prorrogação de prazo

284
§ 2º Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao Penas em concurso de infrações
invés de decretá-la, prorrogar o período de prova até o
máximo, se êste não foi o fixado. § 1º No caso de condenação por infrações penais em
§ 3º Se o beneficiário está respondendo a processo que, concurso, deve ter-se em conta a pena unificada.
no caso de condenação, pode acarretar a revogação,
considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o Condenação de menor de 21 ou maior de 70 anos
julgamento definitivo.
§ 2º Se o condenado é primário e menor de vinte e um
Extinção da pena ou maior de setenta anos, o tempo de cumprimento da
pena pode ser reduzido a um têrço.
Art. 87. Se o prazo expira sem que tenha sido revogada
a suspensão, fica extinta a pena privativa de liberdade. Especificações das condições

Não aplicação da suspensão condicional da pena Art. 90. A sentença deve especificar as condições a que
fica subordinado o livramento.
Art. 88. A suspensão condicional da pena não se aplica:
Preliminares da concessão
I - ao condenado por crime cometido em tempo de
guerra; Art. 91. O livramento sòmente se concede mediante
II - em tempo de paz: parecer do Conselho Penitenciário, ouvidos o diretor
do estabelecimento em que está ou tenha estado o
a) por crime contra a segurança nacional, de aliciação
liberando e o representante do Ministério Público da
e incitamento, de violência contra superior, oficial de
Justiça Militar; e, se imposta medida de segurança de-
dia, de serviço ou de quarto, sentinela, vigia ou plan-
tentiva, após perícia conclusiva da não periculosidade
tão, de desrespeito a superior, de insubordinação, ou
do liberando.
de deserção;
b) pelos crimes previstos nos arts. 160, 161, 162, 235, Observação cautelar e proteção do liberado
291 e seu parágrafo único, ns. I a IV.
Art. 92. O liberado fica sob observação cautelar e
CAPÍTULO IV proteção realizadas por patronato oficial ou particular,
DO LIVRAMENTO CONDICIONAL dirigido aquêle e inspecionado êste pelo Conselho Pe-
nitenciário. Na falta de patronato, o liberado fica sob
observação cautelar realizada por serviço social peni-
Requisitos tenciário ou órgão similar.
Art. 89. O condenado a pena de reclusão ou de detenção Revogação obrigatória
por tempo igual ou superior a dois anos pode ser libe-
rado condicionalmente, desde que:
Art. 93. Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser
I - tenha cumprido: condenado, em sentença irrecorrível, a penal privativa
a) metade da pena, se primário; de liberdade:

b) dois terços, se reincidente; I - por infração penal cometida durante a vigência do


benefício;
II - tenha reparado, salvo impossibilidade de fazê-lo, o
dano causado pelo crime; II - por infração penal anterior, salvo se, tendo de ser
unificadas as penas, não fica prejudicado o requisito do
III - sua boa conduta durante a execução da pena, sua art. 89, nº I, letra a
adaptação ao trabalho e às circunstâncias atinentes a
sua personalidade, ao meio social e à sua vida pregres- Revogação facultativa
sa permitem supor que não voltará a delinqüir.

285
§ 1º O juiz pode, também, revogar o livramento se o Penas Acessórias
liberado deixa de cumprir qualquer das obrigações
constantes da sentença ou é irrecorrìvelmente conde- Art. 98. São penas acessórias:
nado, por motivo de contravenção, a pena que não seja
I - a perda de pôsto e patente;
privativa de liberdade; ou, se militar, sofre penalidade
por transgressão disciplinar considerada grave. II - a indignidade para o oficialato;
III - a incompatibilidade com o oficialato;
Infração sujeita à jurisdição penal comum
IV - a exclusão das fôrças armadas;
§ 2º Para os efeitos da revogação obrigatória, são toma- V - a perda da função pública, ainda que eletiva;
das, também, em consideração, nos têrmos dos ns. I e II
VI - a inabilitação para o exercício de função pública;
dêste artigo, as infrações sujeitas à jurisdição penal co-
mum; e, igualmente, a contravenção compreendida no VII - a suspensão do pátrio poder, tutela ou curatela;
§ 1º, se assim, com prudente arbítrio, o entender o juiz. VIII - a suspensão dos direitos políticos.

Efeitos da revogação Função pública equiparada

Art. 94. Revogado o livramento, não pode ser novamen- Parágrafo único. Equipara-se à função pública a que é
te concedido e, salvo quando a revogação resulta de exercida em emprêsa pública, autarquia, sociedade de
condenação por infração penal anterior ao benefício, economia mista, ou sociedade de que participe a União,
não se desconta na pena o tempo em que estêve sôlto o Estado ou o Município como acionista majoritário.
o condenado.
Perda de pôsto e patente
Extinção da pena
Art. 99. A perda de pôsto e patente resulta da condena-
Art. 95. Se, até o seu têrmo, o livramento não é revoga- ção a pena privativa de liberdade por tempo superior a
do, considera-se extinta a pena privativa de liberdade. dois anos, e importa a perda das condecorações.
Parágrafo único. Enquanto não passa em julgado a sen-
tença em processo, a que responde o liberado por in- Indignidade para o oficialato
fração penal cometida na vigência do livramento, deve o
juiz abster-se de declarar a extinção da pena. Art. 100. Fica sujeito à declaração de indignidade para
o oficialato o militar condenado, qualquer que seja a
Não aplicação do livramento condicional pena, nos crimes de traição, espionagem ou cobardia,
ou em qualquer dos definidos nos arts. 161, 235, 240,
Art. 96. O livramento condicional não se aplica ao con- 242, 243, 244, 245, 251, 252, 303, 304, 311 e 312.
denado por crime cometido em tempo de guerra.
Incompatibilidade com o oficialato
Casos especiais do livramento condicional
Art. 101. Fica sujeito à declaração de incompatibilidade
Art. 97. Em tempo de paz, o livramento condicional com o oficialato o militar condenado nos crimes dos
por crime contra a segurança externa do país, ou de arts. 141 e 142.
revolta, motim, aliciação e incitamento, violência contra
superior ou militar de serviço, só será concedido após Exclusão das fôrças armadas
o cumprimento de dois terços da pena, observado ainda
o disposto no art. 89, preâmbulo, seus números II e III Art. 102. A condenação da praça a pena privativa de
e §§ 1º e 2º. liberdade, por tempo superior a dois anos, importa sua
exclusão das fôrças armadas.
CAPÍTULO V
DAS PENAS ACESSÓRIAS Perda da função pública

286
Art. 103. Incorre na perda da função pública o asseme- Imposição de pena acessória
lhado ou o civil:
I - condenado a pena privativa de liberdade por crime Art. 107. Salvo os casos dos arts. 99, 103, nº II, e 106,
cometido com abuso de poder ou violação de dever ine- a imposição da pena acessória deve constar expressa-
rente à função pública; mente da sentença.

II - condenado, por outro crime, a pena privativa de li- Tempo computável


berdade por mais de dois anos.
Parágrafo único. O disposto no artigo aplica-se ao mili- Art. 108. Computa-se no prazo das inabilitações tem-
tar da reserva, ou reformado, se estiver no exercício de porárias o tempo de liberdade resultante da suspensão
função pública de qualquer natureza. condicional da pena ou do livramento condicional, se
não sobrevém revogação.
Inabilitação para o exercício de função pública
CAPÍTULO VI
Art. 104. Incorre na inabilitação para o exercício de fun- DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO
ção pública, pelo prazo de dois até vinte anos, o con-
denado a reclusão por mais de quatro anos, em virtude
de crime praticado com abuso de poder ou violação do Obrigação de reparar o dano
dever militar ou inerente à função pública.
Art. 109. São efeitos da condenação:
Têrmo inicial I - tornar certa a obrigação de reparar o dano resultante
do crime;
Parágrafo único. O prazo da inabilitação para o exercí-
cio de função pública começa ao têrmo da execução da Perda em favor da Fazenda Nacional
pena privativa de liberdade ou da medida de segurança
imposta em substituição, ou da data em que se extingue II - a perda, em favor da Fazenda Nacional, ressalvado o
a referida pena. direito do lesado ou de terceiro de boa-fé:
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em
Suspensão do pátrio poder, tutela ou curatela
coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção
constitua fato ilícito;
Art. 105. O condenado a pena privativa de liberdade por
mais de dois anos, seja qual fôr o crime praticado, fica b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor
suspenso do exercício do pátrio poder, tutela ou curate- que constitua proveito auferido pelo agente com a sua
la, enquanto dura a execução da pena, ou da medida de prática.
segurança imposta em substituição (art. 113).
TÍTULO VI
Suspensão provisória DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA
Parágrafo único. Durante o processo pode o juiz decre-
Espécies de medidas de segurança
tar a suspensão provisória do exercício do pátrio poder,
tutela ou curatela.
Art. 110. As medidas de segurança são pessoais ou
patrimoniais. As da primeira espécie subdividem-se em
Suspensão dos direitos políticos
detentivas e não detentivas. As detentivas são a interna-
ção em manicômio judiciário e a internação em estabe-
Art. 106. Durante a execução da pena privativa de liber-
lecimento psiquiátrico anexo ao manicômio judiciário
dade ou da medida de segurança ìmposta em substi-
ou ao estabelecimento penal, ou em seção especial de
tuição, ou enquanto perdura a inabilitação para função
um ou de outro. As não detentivas são a cassação de
pública, o condenado não pode votar, nem ser votado.
licença para direção de veículos motorizados, o exílio
local e a proibição de freqüentar determinados lugares.

287
As patrimoniais são a interdição de estabelecimento ou Art. 113. Quando o condenado se enquadra no parágra-
sede de sociedade ou associação, e o confisco. fo único do art. 48 e necessita de especial tratamento
curativo, a pena privativa de liberdade pode ser subs-
Pessoas sujeitas às medidas de segurança tituída pela internação em estabelecimento psiquiátrico
anexo ao manicômio judiciário ou ao estabelecimento
Art. 111. As medidas de segurança sòmente podem ser penal, ou em seção especial de um ou de outro.
impostas:
Superveniência de cura
I - aos civis;
II - aos militares ou assemelhados, condenados a pena § 1º Sobrevindo a cura, pode o internado ser transferido
privativa de liberdade por tempo superior a dois anos, para o estabelecimento penal, não ficando excluído o
ou aos que de outro modo hajam perdido função, pôsto seu direito a livramento condicional.
e patente, ou hajam sido excluídos das fôrças armadas;
III - aos militares ou assemelhados, no caso do art. 48; Persistência do estado mórbido
IV - aos militares ou assemelhados, no caso do art. 115,
§ 2º Se, ao término do prazo, persistir o mórbido estado
com aplicação dos seus §§ 1º, 2º e 3º.
psíquico do internado, condicionante de periculosidade
atual, a internação passa a ser por tempo indetermina-
Manicômio judiciário do, aplicando-se o disposto nos §§ 1º a 4º do artigo
anterior.
Art. 112. Quando o agente é inimputável (art. 48), mas
suas condições pessoais e o fato praticado revelam que Ébrios habituais ou toxicômanos
êle oferece perigo à incolumidade alheia, o juiz determi-
na sua internação em manicômio judiciário.
§ 3º À idêntica internação para fim curativo, sob as
mesmas normas, ficam sujeitos os condenados reco-
Prazo de internação nhecidos como ébrios habituais ou toxicômanos.

§ 1º A internação, cujo mínimo deve ser fixado de entre Regime de internação


um a três anos, é por tempo indeterminado, perdurando
enquanto não fôr averiguada, mediante perícia médica,
Art. 114. A internação, em qualquer dos casos previs-
a cessação da periculosidade do internado.
tos nos artigos precedentes, deve visar não apenas ao
tratamento curativo do internado, senão também ao seu
Perícia médica aperfeiçoamento, a um regime educativo ou de traba-
lho, lucrativo ou não, segundo o permitirem suas con-
§ 2º Salvo determinação da instância superior, a perícia dições pessoais.
médica é realizada ao término do prazo mínimo fixado à
internação e, não sendo esta revogada, deve aquela ser Cassação de licença para dirigir veículos
repetida de ano em ano. motorizados

Desinternação condicional Art. 115. Ao condenado por crime cometido na direção


ou relacionadamente à direção de veículos motoriza-
§ 3º A desinternação é sempre condicional, devendo ser dos, deve ser cassada a licença para tal fim, pelo prazo
restabelecida a situação anterior, se o indivíduo, antes mínimo de um ano, se as circunstâncias do caso e os
do decurso de um ano, vem a praticar fato indicativo de antecedentes do condenado revelam a sua inaptidão
persistência de sua periculosidade. para essa atividade e conseqüente perigo para a inco-
§ 4º Durante o período de prova, aplica-se o disposto lumidade alheia.
no art. 92. § 1º O prazo da interdição se conta do dia em que ter-
mina a execução da pena privativa de liberdade ou da
Substituição da pena por internação medida de segurança detentiva, ou da data da suspen-

288
são condicional da pena ou da concessão do livramento Confisco
ou desinternação condicionais.
§ 2º Se, antes de expirado o prazo estabelecido, é ave- Art. 119. O juiz, embora não apurada a autoria, ou ainda
riguada a cessação do perigo condicionante da interdi- quando o agente é inimputável, ou não punível, deve
ção, esta é revogada; mas, se o perigo persiste ao têrmo ordenar o confisco dos instrumentos e produtos do cri-
do prazo, prorroga-se êste enquanto não cessa aquêle. me, desde que consistam em coisas:

§ 3º A cassação da licença deve ser determinada ainda I - cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção cons-
no caso de absolvição do réu em razão de inimputa- titui fato ilícito;
bilidade. II - que, pertencendo às fôrças armadas ou sendo de
uso exclusivo de militares, estejam em poder ou em uso
Exílio local do agente, ou de pessoa não devidamente autorizada;
III - abandonadas, ocultas ou desaparecidas.
Art. 116. O exílio local, aplicável quando o juiz o con-
sidera necessário como medida preventiva, a bem da Parágrafo único. É ressalvado o direito do lesado ou de
ordem pública ou do próprio condenado, consiste na terceiro de boa-fé, nos casos dos ns. I e III.
proibição de que êste resida ou permaneça, durante um
ano, pelo menos, na localidade, município ou comarca Imposição da medida de segurança
em que o crime foi praticado.
Art. 120. A medida de segurança é imposta em senten-
Parágrafo único. O exílio deve ser cumprido logo que
ça, que lhe estabelecerá as condições, nos têrmos da
cessa ou é suspensa condicionalmente a execução da
lei penal militar.
pena privativa de liberdade.
Parágrafo único. A imposição da medida de segurança
Proibição de freqüentar determinados lugares não impede a expulsão do estrangeiro.

Art. 117. A proibição de freqüentar determinados luga- TÍTULO VII


res consiste em privar o condenado, durante um ano, DA AÇÃO PENAL
pelo menos, da faculdade de acesso a lugares que fa-
voreçam, por qualquer motivo, seu retôrno à atividade
criminosa. Propositura da ação penal

Parágrafo único. Para o cumprimento da proibição, Art. 121. A ação penal sòmente pode ser promovida por
aplica-se o disposto no parágrafo único do artigo an- denúncia do Ministério Público da Justiça Militar.
terior.
Dependência de requisição
Interdição de estabelecimento,
sociedade ou associação Art. 122. Nos crimes previstos nos arts. 136 a 141, a
ação penal, quando o agente for militar ou assemelha-
Art. 118. A interdição de estabelecimento comercial ou do, depende da requisição do Ministério Militar a que
industrial, ou de sociedade ou associação, pode ser aquêle estiver subordinado; no caso do art. 141, quan-
decretada por tempo não inferior a quinze dias, nem do o agente fôr civil e não houver co-autor militar, a
superior a seis meses, se o estabelecimento, sociedade requisição será do Ministério da Justiça.
ou associação serve de meio ou pretexto para a prática
de infração penal. TÍTULO VIII
§ 1º A interdição consiste na proibição de exercer no DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
local o mesmo comércio ou indústria, ou a atividade
social. Causas extintivas
§ 2º A sociedade ou associação, cuja sede é interditada,
Art. 123. Extingue-se a punibilidade:
não pode exercer em outro local as suas atividades.

289
I - pela morte do agente; te o réu tenha recorrido, a prescrição passa a regular-se
pela pena imposta, e deve ser logo declarada, sem pre-
II - pela anistia ou indulto;
juízo do andamento do recurso se, entre a última causa
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o interruptiva do curso da prescrição (§ 5°) e a sentença,
fato como criminoso; já decorreu tempo suficiente.
IV - pela prescrição;
Têrmo inicial da prescrição da ação penal
V - pela reabilitação;
VI - pelo ressarcimento do dano, no peculato culposo § 2º A prescrição da ação penal começa a correr:
(art. 303, § 4º).
a) do dia em que o crime se consumou;
Parágrafo único. A extinção da punibilidade de crime,
b) no caso de tentativa, do dia em que cessou a ativi-
que é pressuposto, elemento constitutivo ou circuns-
dade criminosa;
tância agravante de outro, não se estende a êste. Nos
crimes conexos, a extinção da punibilidade de um dêles c) nos crimes permanentes, do dia em que cessou a
não impede, quanto aos outros, a agravação da pena permanência;
resultante da conexão. d) nos crimes de falsidade, da data em que o fato se
tornou conhecido.
Espécies de prescrição
Caso de concurso de crimes ou de crime
Art. 124. A prescrição refere-se à ação penal ou à exe- continuado
cução da pena.
§ 3º No caso de concurso de crimes ou de crime con-
Prescrição da ação penal tinuado, a prescrição é referida, não à pena unificada,
mas à de cada crime considerado isoladamente.
Art. 125. A prescrição da ação penal, salvo o disposto
no § 1º dêste artigo, regula-se pelo máximo da pena Suspensão da prescrição
privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-
-se: § 4º A prescrição da ação penal não corre:
I - em trinta anos, se a pena é de morte; I - enquanto não resolvida, em outro processo, ques-
II - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a tão de que dependa o reconhecimento da existência do
doze; crime;
III - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.
a oito e não excede a doze;
Interrupção da prescrição
IV - em doze anos, se o máximo da pena é superior a
quatro e não excede a oito;
§ 5º O curso da prescrição da ação penal interrompe-se:
V - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois
I - pela instauração do processo;
e não excede a quatro;
II - pela sentença condenatória recorrível.
VI - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um
ano ou, sendo superior, não excede a dois; § 6º A interrupção da prescrição produz efeito rela-
tivamente a todos os autores do crime; e nos crimes
VII - em dois anos, se o máximo da pena é inferior a
conexos, que sejam objeto do mesmo processo, a inter-
um ano.
rupção relativa a qualquer dêles estende-se aos demais.
Superveniência de sentença condenatória
Prescrição da execução da pena ou da medida de
de que somente o réu recorre
segurança que a substitui
§ 1º Sobrevindo sentença condenatória, de que sòmen-
Art. 126. A prescrição da execução da pena privativa de

290
liberdade ou da medida de segurança que a substitui Art. 131. A prescrição começa a correr, no crime de in-
(art. 113) regula-se pelo tempo fixado na sentença e ve- submissão, do dia em que o insubmisso atinge a idade
rifica-se nos mesmos prazos estabelecidos no art. 125, de trinta anos.
os quais se aumentam de um têrço, se o condenado é
criminoso habitual ou por tendência. Prescrição no caso de deserção
§ 1º Começa a correr a prescrição:
Art. 132. No crime de deserção, embora decorrido o
a) do dia em que passa em julgado a sentença condena- prazo da prescrição, esta só extingue a punibilidade
tória ou a que revoga a suspensão condicional da pena quando o desertor atinge a idade de quarenta e cinco
ou o livramento condicional; anos, e, se oficial, a de sessenta.
b) do dia em que se interrompe a execução, salvo quan-
do o tempo da interrupção deva computar-se na pena. Declaração de ofício
§ 2º No caso de evadir-se o condenado ou de revo-
Art. 133. A prescrição, embora não alegada, deve ser
gar-se o livramento ou desinternação condicionais, a
declarada de ofício.
prescrição se regula pelo restante tempo da execução.
§ 3º O curso da prescrição da execução da pena sus- Reabilitação
pende-se enquanto o condenado está prêso por outro
motivo, e interrompe-se pelo início ou continuação do Art. 134. A reabilitação alcança quaisquer penas impos-
cumprimento da pena, ou pela reincidência. tas por sentença definitiva.

Prescrição no caso de reforma ou suspensão de § 1º A reabilitação poderá ser requerida decorridos cin-
exercício co anos do dia em que fôr extinta, de qualquer modo,
a pena principal ou terminar a execução desta ou da
medida de segurança aplicada em substituição (art.
Art. 127. Verifica-se em quatro anos a prescrição nos
113), ou do dia em que terminar o prazo da suspensão
crimes cuja pena cominada, no máximo, é de reforma
condicional da pena ou do livramento condicional, des-
ou de suspensão do exercício do pôsto, graduação,
de que o condenado:
cargo ou função.
a) tenha tido domicílio no País, no prazo acima referido;
Disposições comuns a ambas as espécies de b) tenha dado, durante êsse tempo, demonstração
prescrição efetiva e constante de bom comportamento público e
privado;
Art. 128. Interrompida a prescrição, salvo o caso do §
3º, segunda parte, do art. 126, todo o prazo começa a c) tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou de-
correr, novamente, do dia da interrupção. monstre absoluta impossibilidade de o fazer até o dia
do pedido, ou exiba documento que comprove a renún-
Redução cia da vítima ou novação da dívida.
§ 2º A reabilitação não pode ser concedida:
Art. 129. São reduzidos de metade os prazos da prescri- a) em favor dos que foram reconhecidos perigosos, sal-
ção, quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor vo prova cabal em contrário;
de vinte e um anos ou maior de setenta.
b) em relação aos atingidos pelas penas acessórias do
Imprescritibilidade das penas acessórias art. 98, inciso VII, se o crime fôr de natureza sexual em
detrimento de filho, tutelado ou curatelado.
Art. 130. É imprescritível a execução das penas aces-
sórias. Prazo para renovação do pedido

Prescrição no caso de insubmissão § 3º Negada a reabilitação, não pode ser novamente


requerida senão após o decurso de dois anos.

291
§ 4º Os prazos para o pedido de reabilitação serão con- § 2º Se resulta guerra:
tados em dôbro no caso de criminoso habitual ou por Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
tendência.
Provocação a país estrangeiro
Revogação
Art. 137. Provocar o militar, diretamente, país estran-
§ 5º A reabilitação será revogada de ofício, ou a reque- geiro a declarar guerra ou mover hostilidade contra o
rimento do Ministério Público, se a pessoa reabilitada Brasil ou a intervir em questão que respeite à soberania
fôr condenada, por decisão definitiva, ao cumprimento nacional:
de pena privativa da liberdade.
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Cancelamento do registro de condenações penais
Ato de jurisdição indevida
Art. 135. Declarada a reabilitação, serão cancelados,
mediante averbação, os antecedentes criminais. Art. 138. Praticar o militar, indevidamente, no território
nacional, ato de jurisdição de país estrangeiro, ou favo-
Sigilo sôbre antecedentes criminais recer a prática de ato dessa natureza:
Pena - reclusão, de cinco a quinze anos.
Parágrafo único. Concedida a reabilitação, o registro
oficial de condenações penais não pode ser comuni- Violação de território estrangeiro
cado senão à autoridade policial ou judiciária, ou ao
representante do Ministério Público, para instrução Art. 139. Violar o militar território estrangeiro, com o
de processo penal que venha a ser instaurado contra fim de praticar ato de jurisdição em nome do Brasil:
o reabilitado.
Pena - reclusão, de dois a seis anos.
PARTE ESPECIAL
Entendimento para empenhar o Brasil à
neutralidade ou à guerra
LIVRO I
DOS CRIMES MILITARES Art. 140. Entrar ou tentar entrar o militar em entendi-
EM TEMPO DE PAZ mento com país estrangeiro, para empenhar o Brasil à
neutralidade ou à guerra:
TÍTULO I Pena - reclusão, de seis a doze anos.
DOS CRIMES CONTRA A
SEGURANÇA EXTERNA DO PAÍS Entendimento para gerar conflito ou divergência
com o Brasil

Hostilidade contra país estrangeiro Art. 141. Entrar em entendimento com país estrangei-
ro, ou organização nêle existente, para gerar conflito
Art. 136. Praticar o militar ato de hostilidade contra país ou divergência de caráter internacional entre o Brasil e
estrangeiro, expondo o Brasil a perigo de guerra: qualquer outro país, ou para lhes perturbar as relações
Pena - reclusão, de oito a quinze anos. diplomáticas:
Pena - reclusão, de quatro a oito anos.
Resultado mais grave
Resultado mais grave
§ 1º Se resulta ruptura de relações diplomáticas, repre-
sália ou retorsão: § 1º Se resulta ruptura de relações diplomáticas:
Pena - reclusão, de dez a vinte e quatro anos. Pena - reclusão, de seis a dezoito anos.

292
§ 2º Se resulta guerra: Art. 144. Revelar notícia, informação ou documento,
cujo sigilo seja de interêsse da segurança externa do
Pena - reclusão, de dez a vinte e quatro anos.
Brasil:
Tentativa contra a soberania do Brasil Pena - reclusão, de três a oito anos.

Art. 142. Tentar: Fim da espionagem militar


I - submeter o território nacional, ou parte dêle, à sobe-
§ 1º Se o fato é cometido com o fim de espionagem
rania de país estrangeiro;
militar:
II - desmembrar, por meio de movimento armado ou
Pena - reclusão, de seis a doze anos.
tumultos planejados, o território nacional, desde que o
fato atente contra a segurança externa do Brasil ou a
sua soberania; Resultado mais grave

III - internacionalizar, por qualquer meio, região ou par- § 2º Se o fato compromete a preparação ou a eficiência
te do território nacional: bélica do país:
Pena - reclusão, de quinze a trinta anos, para os cabe- Pena - reclusão, de dez a vinte anos.
ças; de dez a vinte anos, para os demais agentes.
Modalidade culposa
Consecução de notícia, informação ou
documento para fim de espionagem § 3º Se a revelação é culposa:

Art. 143. Conseguir, para o fim de espionagem militar, Pena - detenção, de seis meses a dois anos, no caso
notícia, informação ou documento, cujo sigilo seja de do artigo; ou até quatro anos, nos casos dos §§ 1° e 2.
interêsse da segurança externa do Brasil:
Turbação de objeto ou documento
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
§ 1º A pena é de reclusão de dez a vinte anos: Art. 145. Suprimir, subtrair, deturpar, alterar, desviar,
ainda que temporàriamente, objeto ou documento con-
I - se o fato compromete a preparação ou eficiência bé-
cernente à segurança externa do Brasil:
lica do Brasil, ou o agente transmite ou fornece, por
qualquer meio, mesmo sem remuneração, a notícia, Pena - reclusão, de três a oito anos.
informação ou documento, a autoridade ou pessoa es-
trangeira; Resultado mais grave
II - se o agente, em detrimento da segurança externa do
Brasil, promove ou mantém no território nacional ativi- § 1º Se o fato compromete a segurança ou a eficiência
dade ou serviço destinado à espionagem; bélica do país:

III - se o agente se utiliza, ou contribui para que outrem Pena - Reclusão, de dez a vinte anos.
se utilize, de meio de comunicação, para dar indicação
que ponha ou possa pôr em perigo a segurança externa Modalidade culposa
do Brasil.
§ 2º Contribuir culposamente para o fato:
Modalidade culposa Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

§ 2º Contribuir culposamente para a execução do crime: Penetração com o fim de espionagem


Pena - detenção, de seis meses a dois anos, no caso do
artigo; ou até quatro anos, no caso do § 1º, nº I. Art. 146. Penetrar, sem licença, ou introduzir-se clan-
destinamente ou sob falso pretexto, em lugar sujeito
Revelação de notícia, informação ou documento à administração militar, ou centro industrial a serviço

293
de construção ou fabricação sob fiscalização militar, IV - ocupando quartel, fortaleza, arsenal, fábrica ou
para colhêr informação destinada a país estrangeiro ou estabelecimento militar, ou dependência de qualquer
agente seu: dêles, hangar, aeródromo ou aeronave, navio ou viatura
militar, ou utilizando-se de qualquer daqueles locais
Pena - reclusão, de três a oito anos.
ou meios de transporte, para ação militar, ou prática de
Parágrafo único. Entrar, em local referido no artigo, sem violência, em desobediência a ordem superior ou em
licença de autoridade competente, munido de máquina detrimento da ordem ou da disciplina militar:
fotográfica ou qualquer outro meio hábil para a prática
Pena - reclusão, de quatro a oito anos, com aumento de
de espionagem:
um têrço para os cabeças.
Pena - reclusão, até três anos.
Revolta
Desenho ou levantamento de plano ou planta de
local militar ou de engenho de guerra Parágrafo único. Se os agentes estavam armados:
Pena - reclusão, de oito a vinte anos, com aumento de
Art. 147. Fazer desenho ou levantar plano ou planta de
um têrço para os cabeças.
fortificação, quartel, fábrica, arsenal, hangar ou aeró-
dromo, ou de navio, aeronave ou engenho de guerra
motomecanizado, utilizados ou em construção sob Organização de grupo para a prática de violência
administração ou fiscalização militar, ou fotografá-los
ou filmá-los: Art. 150. Reunirem-se dois ou mais militares ou as-
semelhados, com armamento ou material bélico, de
Pena - reclusão, até quatro anos, se o fato não constitui propriedade militar, praticando violência à pessoa ou à
crime mais grave. coisa pública ou particular em lugar sujeito ou não à
administração militar:
Sobrevôo em local interdito
Pena - reclusão, de quatro a oito anos.
Art. 148. Sobrevoar local declarado interdito:
Omissão de lealdade militar
Pena - reclusão, até três anos.
Art. 151. Deixar o militar ou assemelhado de levar ao
TÍTULO II conhecimento do superior o motim ou revolta de cuja
DOS CRIMES CONTRA A AUTORIDADE OU preparação teve notícia, ou, estando presente ao ato
DISCIPLINA MILITAR criminoso, não usar de todos os meios ao seu alcance
para impedi-lo:
Pena - reclusão, de três a cinco anos.
CAPÍTULO I
DO MOTIM E DA REVOLTA Conspiração

Motim Art. 152. Concertarem-se militares ou assemelhados


para a prática do crime previsto no artigo 149:
Art. 149. Reunirem-se militares ou assemelhados:
Pena - reclusão, de três a cinco anos.
I - agindo contra a ordem recebida de superior, ou ne-
gando-se a cumpri-la; Isenção de pena
II - recusando obediência a superior, quando estejam
agindo sem ordem ou praticando violência; Parágrafo único. É isento de pena aquêle que, antes
da execução do crime e quando era ainda possível
III - assentindo em recusa conjunta de obediência, ou evitar-lhe as conseqüências, denuncia o ajuste de que
em resistência ou violência, em comum, contra supe- participou.
rior;

294
Cumulação de penas Pena - reclusão, de três a nove anos.
§ 2º Se a violência é praticada com arma, a pena é au-
Art. 153. As penas dos arts. 149 e 150 são aplicáveis mentada de um têrço.
sem prejuízo das correspondentes à violência.
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal, aplica-
-se, além da pena da violência, a do crime contra
CAPÍTULO II
a pessoa.
DA ALICIAÇÃO E DO INCITAMENTO
§ 4º Se da violência resulta morte:
Aliciação para motim ou revolta Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
§ 5º A pena é aumentada da sexta parte, se o crime
Art. 154. Aliciar militar ou assemelhado para a prática ocorre em serviço.
de qualquer dos crimes previstos no capítulo anterior:
Pena - reclusão, de dois a quatro anos. Violência contra militar de serviço

Incitamento Art. 158. Praticar violência contra oficial de dia, de ser-


viço, ou de quarto, ou contra sentinela, vigia ou plantão:
Art. 155. Incitar à desobediência, à indisciplina ou à Pena - reclusão, de três a oito anos.
prática de crime militar:
Pena - reclusão, de dois a quatro anos. Formas qualificadas
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem intro-
§ 1º Se a violência é praticada com arma, a pena é au-
duz, afixa ou distribui, em lugar sujeito à administração
mentada de um têrço.
militar, impressos, manuscritos ou material mimeogra-
fado, fotocopiado ou gravado, em que se contenha inci- § 2º Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se,
tamento à prática dos atos previstos no artigo. além da pena da violência, a do crime contra a pessoa.
§ 3º Se da violência resulta morte:
Apologia de fato criminoso ou do seu autor
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Art. 156. Fazer apologia de fato que a lei militar consi-
dera crime, ou do autor do mesmo, em lugar sujeito à Ausência de dôlo no resultado
administração militar:
Art. 159. Quando da violência resulta morte ou lesão
Pena - detenção, de seis meses a um ano. corporal e as circunstâncias evidenciam que o agente
não quis o resultado nem assumiu o risco de produ-
CAPÍTULO III zi-lo, a pena do crime contra a pessoa é diminuída de
DA VIOLÊNCIA CONTRA SUPERIOR OU metade.
MILITAR DE SERVIÇO
CAPÍTULO IV
Violência contra superior DO DESRESPEITO A SUPERIOR E A
SÍMBOLO NACIONAL OU A FARDA
Art. 157. Praticar violência contra superior:
Pena - detenção, de três meses a dois anos. Desrespeito a superior

Formas qualificadas Art. 160. Desrespeitar superior diante de outro militar:


Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não
§ 1º Se o superior é comandante da unidade a que per- constitui crime mais grave.
tence o agente, ou oficial general:

295
Desrespeito a comandante, oficial general ou Pena - detenção, de seis meses a um ano a quem pro-
oficial de serviço move a reunião; de dois a seis meses a quem dela par-
ticipa, se o fato não constitui crime mais grave.
Parágrafo único. Se o fato é praticado contra o coman-
dante da unidade a que pertence o agente, oficial-ge- Publicação ou crítica indevida
neral, oficial de dia, de serviço ou de quarto, a pena é
aumentada da metade. Art. 166. Publicar o militar ou assemelhado, sem licen-
ça, ato ou documento oficial, ou criticar públicamente
Desrespeito a símbolo nacional ato de seu superior ou assunto atinente à disciplina
militar, ou a qualquer resolução do Govêrno:
Art. 161. Praticar o militar diante da tropa, ou em lugar Pena - detenção, de dois meses a um ano, se o fato não
sujeito à administração militar, ato que se traduza em constitui crime mais grave.
ultraje a símbolo nacional:
Pena - detenção, de um a dois anos. CAPÍTULO VI
DA USURPAÇÃO E DO EXCESSO OU ABUSO
Despojamento desprezível
DE AUTORIDADE
Art. 162. Despojar-se de uniforme, condecoração mili-
tar, insígnia ou distintivo, por menosprêzo ou vilipên- Assunção de comando sem ordem ou autorização
dio:
Art. 167. Assumir o militar, sem ordem ou autorização,
Pena - detenção, de seis meses a um ano.
salvo se em grave emergência, qualquer comando, ou a
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o direção de estabelecimento militar:
fato é praticado diante da tropa, ou em público.
Pena - reclusão, de dois a quatro anos, se o fato não
constitui crime mais grave.
CAPÍTULO V
DA INSUBORDINAÇÃO Conservação ilegal de comando

Recusa de obediência Art. 168. Conservar comando ou função legitimamente


assumida, depois de receber ordem de seu superior
Art. 163. Recusar obedecer a ordem do superior sôbre para deixá-los ou transmiti-los a outrem:
assunto ou matéria de serviço, ou relativamente a dever Pena - detenção, de um a três anos.
impôsto em lei, regulamento ou instrução:
Pena - detenção, de um a dois anos, se o fato não cons- Operação militar sem ordem superior
titui crime mais grave.
Art. 169. Determinar o comandante, sem ordem supe-
Oposição a ordem de sentinela rior e fora dos casos em que essa se dispensa, movi-
mento de tropa ou ação militar:
Art. 164. Opor-se às ordens da sentinela: Pena - reclusão, de três a cinco anos.
Pena - detenção, de seis meses a um ano, se o fato não
constitui crime mais grave. Forma qualificada

Reunião ilícita Parágrafo único. Se o movimento da tropa ou ação mi-


litar é em território estrangeiro ou contra fôrça, navio ou
Art. 165. Promover a reunião de militares, ou nela tomar aeronave de país estrangeiro:
parte, para discussão de ato de superior ou assunto ati- Pena - reclusão, de quatro a oito anos, se o fato não
nente à disciplina militar: constitui crime mais grave.

296
Ordem arbitrária de invasão Parágrafo único. Se da violência resulta lesão corporal
ou morte é também aplicada a pena do crime contra a
Art. 170. Ordenar, arbitràriamente, o comandante de pessoa, atendendo-se, quando fôr o caso, ao disposto
fôrça, navio, aeronave ou engenho de guerra motome- no art. 159.
canizado a entrada de comandados seus em águas ou
território estrangeiro, ou sobrevoá-los: Ofensa aviltante a inferior
Pena - suspensão do exercício do pôsto, de um a três
anos, ou reforma. Art. 176. Ofender inferior, mediante ato de violência
que, por natureza ou pelo meio empregado, se consi-
dere aviltante:
Uso indevido por militar de uniforme, distintivo
ou insígnia Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no parágrafo úni-
Art. 171. Usar o militar ou assemelhado, indevidamen- co do artigo anterior.
te, uniforme, distintivo ou insígnia de pôsto ou gradu-
ação superior:
CAPÍTULO VII
Pena - detenção, de seis meses a um ano, se o fato não DA RESISTÊNCIA
constitui crime mais grave.

Uso indevido de uniforme, distintivo ou insígnia Resistência mediante ameaça ou violência


militar por qualquer pessoa
Art. 177. Opor-se à execução de ato legal, mediante
Art. 172. Usar, indevidamente, uniforme, distintivo ou ameaça ou violência ao executor, ou a quem esteja
insígnia militar a que não tenha direito: prestando auxílio:

Pena - detenção, até seis meses. Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Abuso de requisição militar Forma qualificada

Art. 173. Abusar do direito de requisição militar, ex- § 1º Se o ato não se executa em razão da resistência:
cedendo os podêres conferidos ou recusando cumprir Pena - reclusão de dois a quatro anos.
dever impôsto em lei:
Pena - detenção, de um a dois anos. Cumulação de penas

Rigor excessivo § 2º As penas dêste artigo são aplicáveis sem prejuízo


das correspondentes à violência, ou ao fato que consti-
Art. 174. Exceder a faculdade de punir o subordinado, tua crime mais grave.
fazendo-o com rigor não permitido, ou ofendendo-o
por palavra, ato ou escrito: CAPÍTULO VIII
Pena - suspensão do exercício do pôsto, por dois a seis DA FUGA, EVASÃO, ARREBATAMENTO E
meses, se o fato não constitui crime mais grave. AMOTINAMENTO DE PRESOS

Violência contra inferior Fuga de prêso ou internado

Art. 175. Praticar violência contra inferior: Art. 178. Promover ou facilitar a fuga de pessoa le-
Pena - detenção, de três meses a um ano. galmente prêsa ou submetida a medida de segurança
detentiva:
Resultado mais grave Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

297
Formas qualificadas detenção de um a dois anos.

§ 1º Se o crime é praticado a mão armada ou por mais Responsabilidade de participe ou de oficial


de uma pessoa, ou mediante arrombamento:
Pena - reclusão, de dois a seis anos. Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem parti-
cipa do amotinamento ou, sendo oficial e estando pre-
§ 2º Se há emprêgo de violência contra pessoa, aplica- sente, não usa os meios ao seu alcance para debelar o
-se também a pena correspondente à violência. amotinamento ou evitar-lhe as conseqüências.
§ 3º Se o crime é praticado por pessoa sob cuja guarda,
custódia ou condução está o prêso ou internado: TÍTULO III
Pena - reclusão, até quatro anos. DOS CRIMES CONTRA O SERVIÇO MILITAR
E O DEVER MILITAR
Modalidade culposa
CAPÍTULO I
Art. 179. Deixar, por culpa, fugir pessoa legalmente prê-
sa, confiada à sua guarda ou condução: DA INSUBMISSÃO
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Insubmissão
Evasão de prêso ou internado
Art. 183. Deixar de apresentar-se o convocado à in-
corporação, dentro do prazo que lhe foi marcado, ou,
Art. 180. Evadir-se, ou tentar evadir-se o prêso ou inter-
apresentando-se, ausentar-se antes do ato oficial de
nado, usando de violência contra a pessoa:
incorporação:
Pena - detenção, de um a dois anos, além da corres-
Pena - impedimento, de três meses a um ano.
pondente à violência.
§ 1º Se a evasão ou a tentativa ocorre mediante arrom- Caso assimilado
bamento da prisão militar:
Pena - detenção, de seis meses a um ano. § 1º Na mesma pena incorre quem, dispensado tem-
porariamente da incorporação, deixa de se apresentar,
Cumulação de penas decorrido o prazo de licenciamento.

§ 2º Se ao fato sucede deserção, aplicam-se cumulati- Diminuição da pena


vamente as penas correspondentes.
§ 2º A pena é diminuída de um têrço:
Arrebatamento de prêso ou internado a) pela ignorância ou a errada compreensão dos atos da
convocação militar, quando escusáveis;
Art. 181. Arrebatar prêso ou internado, a fim de maltra-
b) pela apresentação voluntária dentro do prazo de um
tá-lo, do poder de quem o tenha sob guarda ou custódia
ano, contado do último dia marcado para a apresen-
militar:
tação.
Pena - reclusão, até quatro anos, além da correspon-
dente à violência. Criação ou simulação de incapacidade física

Amotinamento Art. 184. Criar ou simular incapacidade física, que ina-


bilite o convocado para o serviço militar:
Art. 182. Amotinarem-se presos, ou internados, pertur-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
bando a disciplina do recinto de prisão militar:
Pena - reclusão, até três anos, aos cabeças; aos demais, Substituição de convocado

298
Art. 185. Substituir-se o convocado por outrem na apre- Art. 189. Nos crimes dos arts. 187 e 188, ns. I, II e III:
sentação ou na inspeção de saúde.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Atenuante especial

Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem substi- I - se o agente se apresenta voluntariamente dentro em
tui o convocado. oito dias após a consumação do crime, a pena é dimi-
nuída de metade; e de um terço, se de mais de oito dias
Favorecimento a convocado e até sessenta;

Art. 186. Dar asilo a convocado, ou tomá-lo a seu ser- Agravante especial
viço, ou proporcionar-lhe ou facilitar-lhe transporte ou
meio que obste ou dificulte a incorporação, sabendo II - se a deserção ocorre em unidade estacionada em
ou tendo razão para saber que cometeu qualquer dos fronteira ou país estrangeiro, a pena é agravada de um
crimes previstos neste capítulo: têrço.
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Deserção especial
Isenção de pena
Art. 190. Deixar o militar de apresentar-se no momento
Parágrafo único. Se o favorecedor é ascendente, des- da partida do navio ou aeronave, de que é tripulante, ou
cendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento do deslocamento da unidade ou força em que serve:
de pena. Pena - detenção, até três meses, se após a partida ou
deslocamento se apresentar, dentro de vinte e quatro
CAPÍTULO II horas, à autoridade militar do lugar, ou, na falta desta,
DA DESERÇÃO à autoridade policial, para ser comunicada a apresenta-
ção ao comando militar competente.
Deserção § 1º Se a apresentação se der dentro de prazo superior a
vinte e quatro horas e não excedente a cinco dias:
Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade Pena - detenção, de dois a oito meses.
em que serve, ou do lugar em que deve permanecer, por
mais de oito dias: § 2º Se superior a cinco dias e não excedente a oito
dias:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos; se oficial,
a pena é agravada. Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 2º-A. Se superior a oito dias:
Casos assimilados
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Art. 188. Na mesma pena incorre o militar que:
Aumento de pena
I - não se apresenta no lugar designado, dentro de oito
dias, findo o prazo de trânsito ou férias; § 3º A pena é aumentada de um terço, se se tratar de
II - deixa de se apresentar a autoridade competente, sargento, subtenente ou suboficial, e de metade, se
dentro do prazo de oito dias, contados daquele em que oficial.
termina ou é cassada a licença ou agregação ou em que
é declarado o estado de sítio ou de guerra; Concêrto para deserção

III - tendo cumprido a pena, deixa de se apresentar, den- Art. 191. Concertarem-se militares para a prática da
tro do prazo de oito dias; deserção:
IV - consegue exclusão do serviço ativo ou situação de I - se a deserção não chega a consumar-se:
inatividade, criando ou simulando incapacidade.
Pena - detenção, de três meses a um ano.

299
Modalidade complexa Art. 196. Deixar o militar de desempenhar a missão que
lhe foi confiada:
II - se consumada a deserção: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato
Pena - reclusão, de dois a quatro anos. não constitui crime mais grave.
§ 1º Se é oficial o agente, a pena é aumentada de um
Deserção por evasão ou fuga têrço.

Art. 192. Evadir-se o militar do poder da escolta, ou de § 2º Se o agente exercia função de comando, a pena é
recinto de detenção ou de prisão, ou fugir em seguida à aumentada de metade.
prática de crime para evitar prisão, permanecendo au-
sente por mais de oito dias: Modalidade culposa

Pena - detenção, de seis meses a dois anos. § 3º Se a abstenção é culposa:

Favorecimento a desertor Pena - detenção, de três meses a um ano.

Art. 193. Dar asilo a desertor, ou tomá-lo a seu serviço, Retenção indevida
ou proporcionar-lhe ou facilitar-lhe transporte ou meio
de ocultação, sabendo ou tendo razão para saber que Art. 197. Deixar o oficial de restituir, por ocasião da
cometeu qualquer dos crimes previstos neste capítulo: passagem de função, ou quando lhe é exigido, objeto,
plano, carta, cifra, código ou documento que lhe haja
Pena - detenção, de quatro meses a um ano. sido confiado:

Isenção de pena Pena - suspensão do exercício do pôsto, de três a seis


meses, se o fato não constitui crime mais grave.
Parágrafo único. Se o favorecedor é ascendente, des- Parágrafo único. Se o objeto, plano, carta, cifra, código,
cendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento ou documento envolve ou constitui segrêdo relativo à
de pena. segurança nacional:
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não
Omissão de oficial
constitui crime mais grave.
Art. 194. Deixar o oficial de proceder contra desertor,
Omissão de eficiência da fôrça
sabendo, ou devendo saber encontrar-se entre os seus
comandados:
Art. 198. Deixar o comandante de manter a fôrça sob
Pena - detenção, de seis meses a um ano. seu comando em estado de eficiência:
Pena - suspensão do exercício do pôsto, de três meses
CAPÍTULO III a um ano.
DO ABANDONO DE PÔSTO E DE OUTROS
CRIMES EM SERVIÇO Omissão de providências para evitar danos

Abandono de pôsto Art. 199. Deixar o comandante de empregar todos os


meios ao seu alcance para evitar perda, destruição ou
inutilização de instalações militares, navio, aeronave ou
Art. 195. Abandonar, sem ordem superior, o pôsto ou
engenho de guerra motomecanizado em perigo:
lugar de serviço que lhe tenha sido designado, ou o
serviço que lhe cumpria, antes de terminá-lo: Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Modalidade culposa
Descumprimento de missão
Parágrafo único. Se a abstenção é culposa:

300
Pena - detenção, de três meses a um ano. Exercício de comércio por oficial

Omissão de providências para salvar Art. 204. Comerciar o oficial da ativa, ou tomar parte na
comandados administração ou gerência de sociedade comercial, ou
dela ser sócio ou participar, exceto como acionista ou
Art. 200. Deixar o comandante, em ocasião de incêndio, cotista em sociedade anônima, ou por cotas de respon-
naufrágio, encalhe, colisão, ou outro perigo semelhan- sabilidade limitada:
te, de tomar tôdas as providências adequadas para sal- Pena - suspensão do exercício do pôsto, de seis meses
var os seus comandados e minorar as conseqüências a dois anos, ou reforma.
do sinistro, não sendo o último a sair de bordo ou a
deixar a aeronave ou o quartel ou sede militar sob seu
comando: TÍTULO IV
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
Pena - reclusão, de dois a seis anos.

Modalidade culposa CAPÍTULO I


DO HOMICÍDIO
Parágrafo único. Se a abstenção é culposa:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Homicídio simples

Omissão de socorro Art. 205. Matar alguém:


Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Art. 201. Deixar o comandante de socorrer, sem justa
causa, navio de guerra ou mercante, nacional ou estran- Minoração facultativa da pena
geiro, ou aeronave, em perigo, ou náufragos que hajam
pedido socorro:
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de
Pena - suspensão do exercício do pôsto, de um a três relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de vio-
anos ou reforma. lenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da
vítima, o juiz pode reduzir a pena, de um sexto a um têrço.
Embriaguez em serviço
Homicídio qualificado
Art. 202. Embriagar-se o militar, quando em serviço, ou
apresentar-se embriagado para prestá-lo: § 2° Se o homicídio é cometido:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. I - por motivo fútil;
II - mediante paga ou promessa de recompensa, por
Dormir em serviço cupidez, para excitar ou saciar desejos sexuais, ou por
outro motivo torpe;
Art. 203. Dormir o militar, quando em serviço, como
oficial de quarto ou de ronda, ou em situação equiva- III - com emprêgo de veneno, asfixia, tortura, fogo, ex-
lente, ou, não sendo oficial, em serviço de sentinela, plosivo, ou qualquer outro meio dissimulado ou cruel,
vigia, plantão às máquinas, ao leme, de ronda ou em ou de que possa resultar perigo comum;
qualquer serviço de natureza semelhante: IV - à traição, de emboscada, com surprêsa ou mediante
Pena - detenção, de três meses a um ano. outro recurso insidioso, que dificultou ou tornou im-
possível a defesa da vítima;
CAPÍTULO IV V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunida-
DO EXERCÍCIO DE COMÉRCIO de ou vantagem de outro crime;
VI - prevalecendo-se o agente da situação de serviço:

301
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Art. 208. Matar membros de um grupo nacional, étnico,
religioso ou pertencente a determinada raça, com o fim
Homicídio culposo de destruição total ou parcial dêsse grupo:
Pena - reclusão, de quinze a trinta anos.
Art. 206. Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de um a quatro anos. Casos assimilados
§ 1° A pena pode ser agravada se o crime resulta de
Parágrafo único. Será punido com reclusão, de quatro a
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou
quinze anos, quem, com o mesmo fim:
ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro
à vítima. I - inflige lesões graves a membros do grupo;
II - submete o grupo a condições de existência, físicas
Multiplicidade de vítimas ou morais, capazes de ocasionar a eliminação de todos
os seus membros ou parte dêles;
§ 2º Se, em conseqüência de uma só ação ou omis-
são culposa, ocorre morte de mais de uma pessoa ou III - força o grupo à sua dispersão;
também lesões corporais em outras pessoas, a pena é IV - impõe medidas destinadas a impedir os nascimen-
aumentada de um sexto até metade. tos no seio do grupo;
V - efetua coativamente a transferência de crianças do
Provocação direta ou auxílio a suicídio
grupo para outro grupo.
Art. 207. Instigar ou induzir alguém a suicidar-se, ou
prestar-lhe auxílio para que o faça, vindo o suicídio CAPÍTULO III
consumar-se: DA LESÃO CORPORAL E DA RIXA
Pena - reclusão, de dois a seis anos.
Lesão leve
Agravação de pena
Art. 209. Ofender a integridade corporal ou a saúde de
§ 1º Se o crime é praticado por motivo egoístico, ou a outrem:
vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer motivo, Pena - detenção, de três meses a um ano.
a resistência moral, a pena é agravada.
Lesão grave
Provocação indireta ao suicídio
§ 1° Se se produz, dolosamente, perigo de vida, debi-
§ 2º Com detenção de um a três anos, será punido lidade permanente de membro, sentido ou função, ou
quem, desumana e reiteradamente, inflige maus tratos a incapacidade para as ocupações habituais, por mais de
alguém, sob sua autoridade ou dependência, levando- trinta dias:
-o, em razão disso, à prática de suicídio.
Pena - reclusão, até cinco anos.
Redução de pena § 2º Se se produz, dolosamente, enfermidade incurável,
perda ou inutilização de membro, sentido ou função,
§ 3° Se o suicídio é apenas tentado, e da tentativa resul- incapacidade permanente para o trabalho, ou deformi-
ta lesão grave, a pena é reduzida de um a dois terços. dade duradoura:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
CAPÍTULO II
DO GENOCÍDIO Lesões qualificadas pelo resultado

Genocídio § 3º Se os resultados previstos nos §§ 1º e 2º forem


causados culposamente, a pena será de detenção,

302
de um a quatro anos; se da lesão resultar morte e as CAPÍTULO IV
circunstâncias evidenciarem que o agente não quis o DA PERICLITAÇÃO DA VIDA OU DA SAÚDE
resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena
será de reclusão, até oito anos.
Abandono de pessoa
Minoração facultativa da pena
Art. 212. Abandonar o militar pessoa que está sob seu
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo cuidado, guarda, vigilância ou autoridade e, por qual-
de relevante valor moral ou social ou sob o domínio de quer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resul-
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação tantes do abandono:
da vítima, o juiz pode reduzir a pena, de um sexto a Pena - detenção, de seis meses a três anos.]
um têrço.
§ 5º No caso de lesões leves, se estas são recíprocas, Formas qualificadas pelo resultado
não se sabendo qual dos contendores atacou primeiro,
ou quando ocorre qualquer das hipóteses do parágra- § 1º Se do abandono resulta lesão grave:
fo anterior, o juiz pode diminuir a pena de um a dois Pena - reclusão, até cinco anos.
terços.
§ 2º Se resulta morte:
Lesão levíssima Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

§ 6º No caso de lesões levíssimas, o juiz pode conside- Maus tratos


rar a infração como disciplinar.
Art. 213. Expor a perigo a vida ou saúde, em lugar su-
Lesão culposa jeito à administração militar ou no exercício de função
militar, de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigi-
Art. 210. Se a lesão é culposa: lância, para o fim de educação, instrução, tratamento ou
custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalhos excessi-
§ 1º A pena pode ser agravada se o crime resulta de vos ou inadequados, quer abusando de meios de cor-
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou reção ou disciplina:
ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
à vítima.
Formas qualificadas pelo resultado
Aumento de pena
§ 1º Se do fato resulta lesão grave:
§ 2º Se, em conseqüência de uma só ação ou omissão
culposa, ocorrem lesões em várias pessoas, a pena é Pena - reclusão, até quatro anos.
aumentada de um sexto até metade. § 2º Se resulta morte:

Participação em rixa Pena - reclusão, de dois a dez anos.

Art. 211. Participar de rixa, salvo para separar os con- CAPÍTULO V


tendores: DOS CRIMES CONTRA A HONRA
Pena - detenção, até dois meses.
Calúnia
Parágrafo único. Se ocorre morte ou lesão grave, apli-
ca-se, pelo fato de participação na rixa, a pena de de-
tenção, de seis meses a dois anos. Art. 214. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente
fato definido como crime:

303
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. II - contra superior;
§ 1º Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a im- III - contra militar, ou funcionário público civil, em razão
putação, a propala ou divulga. das suas funções;
IV - na presença de duas ou mais pessoas, ou de infe-
Exceção da verdade rior do ofendido, ou por meio que facilite a divulgação
da calúnia, da difamação ou da injúria.
§ 2º A prova da verdade do fato imputado exclui o cri-
me, mas não é admitida: Parágrafo único. Se o crime é cometido mediante paga
ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dô-
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação pri- bro, se o fato não constitui crime mais grave.
vada, o ofendido não foi condenado por sentença irre-
corrível; Ofensa às fôrças armadas
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indica-
das no nº I do art. 218; Art. 219. Propalar fatos, que sabe inverídicos, capazes
de ofender a dignidade ou abalar o crédito das fôrças
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o
armadas ou a confiança que estas merecem do público:
ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
Pena - detenção, de seis meses a um ano.
Difamação Parágrafo único. A pena será aumentada de um têrço, se
o crime é cometido pela imprensa, rádio ou televisão.
Art. 215. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo
à sua reputação: Exclusão de pena
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Art. 220. Não constitui ofensa punível, salvo quando
Parágrafo único. A exceção da verdade sòmente se ad-
inequívoca a intenção de injuriar, difamar ou caluniar:
mite se a ofensa é relativa ao exercício da função públi-
ca, militar ou civil, do ofendido. I - a irrogada em juízo, na discussão da causa, por uma
das partes ou seu procurador contra a outra parte ou
Injúria seu procurador;
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística
Art. 216. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou ou científica;
o decôro:
III - a apreciação crítica às instituições militares, salvo
Pena - detenção, até seis meses. quando inequívoca a intenção de ofender;

Injúria real IV - o conceito desfavorável em apreciação ou informa-


ção prestada no cumprimento do dever de ofício.
Art. 217. Se a injúria consiste em violência, ou outro ato Parágrafo único. Nos casos dos ns. I e IV, responde pela
que atinja a pessoa, e, por sua natureza ou pelo meio ofensa quem lhe dá publicidade.
empregado, se considera aviltante:
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena Equivocidade da ofensa
correspondente à violência.
Art. 221. Se a ofensa é irrogada de forma imprecisa ou
Disposições comuns equívoca, quem se julga atingido pode pedir explica-
ções em juízo. Se o interpelado se recusa a dá-las ou,
Art. 218. As penas cominadas nos antecedentes artigos a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela
dêste capítulo aumentam-se de um têrço, se qualquer ofensa.
dos crimes é cometido:
CAPÍTULO VI
I - contra o Presidente da República ou chefe de govêr-
no estrangeiro; DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE

304
Seção I - Dos crimes contra a liberdade Art. 224. Desafiar outro militar para duelo ou aceitar-lhe
Individual o desafio, embora o duelo não se realize:
Pena - detenção, até três meses, se o fato não constitui
Constrangimento ilegal crime mais grave.

Art. 222. Constranger alguém, mediante violência ou Seqüestro ou cárcere privado


grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por
qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não Art. 225. Privar alguém de sua liberdade, mediante se-
fazer o que a lei permite, ou a fazer ou a tolerar que se qüestro ou cárcere privado:
faça, o que ela não manda: Pena - reclusão, até três anos.
Pena - detenção, até um ano, se o fato não constitui
crime mais grave. Aumento de pena

Aumento de pena § 1º A pena é aumentada de metade:


I - se a vítima é ascendente, descendente ou cônjuge
§ 1º A pena aplica-se em dôbro, quando, para a exe- do agente;
cução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou
há emprêgo de arma, ou quando o constrangimento II - se o crime é praticado mediante internação da vítima
é exercido com abuso de autoridade, para obter de em casa de saúde ou hospital;
alguém confissão de autoria de crime ou declaração III - se a privação de liberdade dura mais de quinze dias.
como testemunha.
§ 2º Além da pena cominada, aplica-se a correspon- Formas qualificadas pelo resultado
dente à violência.
§ 2º Se resulta à vítima, em razão de maus tratos ou da
Exclusão de crime natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
§ 3º Não constitui crime:
§ 3º Se, pela razão do parágrafo anterior, resulta morte:
I - Salvo o caso de transplante de órgãos, a intervenção
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente
ou de seu representante legal, se justificada para conju-
rar iminente perigo de vida ou de grave dano ao corpo Seção II
ou à saúde; Do crime contra a inviolabilidade do
II - a coação exercida para impedir suicídio. domicílio

Ameaça Violação de domicílio

Art. 223. Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou ges- Art. 226. Entrar ou permanecer, clandestina ou astu-
to, ou qualquer outro meio simbólico, de lhe causar mal ciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de
injusto e grave: quem de direito, em casa alheia ou em suas dependên-
cias:
Pena - detenção, até seis meses, se o fato não constitui
crime mais grave. Pena - detenção, até três meses.
Parágrafo único. Se a ameaça é motivada por fato refe-
rente a serviço de natureza militar, a pena é aumentada Forma qualificada
de um têrço.
§ 1º Se o crime é cometido durante o repouso noturno,
Desafio para duelo ou com emprêgo de violência ou de arma, ou mediante
arrombamento, ou por duas ou mais pessoas:

305
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da § 1º Nas mesmas penas incorre:
pena correspondente à violência. I - quem se apossa de correspondência alheia, fechada
ou aberta, e, no todo ou em parte, a sonega ou destrói;
Agravação de pena
II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem
§ 2º Aumenta-se a pena de um têrço, se o fato é come- ou utiliza, abusivamente, comunicação telegráfica ou
tido por militar em serviço ou por funcionário público radioelétrica dirigida a terceiro, ou conversação telefô-
civil, fora dos casos legais, ou com inobservância das nica entre outras pessoas;
formalidades prescritas em lei, ou com abuso de poder. III - quem impede a comunicação ou a conversação re-
ferida no número anterior.
Exclusão de crime
Aumento de pena
§ 3º Não constitui crime a entrada ou permanência em
casa alheia ou em suas dependências: § 2º A pena aumenta-se de metade, se há dano para
I - durante o dia, com observância das formalidades outrem.
legais, para efetuar prisão ou outra diligência em cum- § 3º Se o agente comete o crime com abuso de função,
primento de lei ou regulamento militar; em serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou telefô-
II - a qualquer hora do dia ou da noite para acudir vítima nico:
de desastre ou quando alguma infração penal está sen- Pena - detenção, de um a três anos.
do ali praticada ou na iminência de o ser.
Natureza militar do crime
Compreensão do têrmo “casa”
§ 4º Salvo o disposto no parágrafo anterior, qualquer
§ 4º O termo «casa» compreende: dos crimes previstos neste artigo só é considerado mi-
I - qualquer compartimento habitado; litar no caso do art. 9º, nº II, letra a.

II - aposento ocupado de habitação coletiva; Seção IV - Dos crimes contra a inviolabilidade dos se-
gredos de caráter particular
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém
exerce profissão ou atividade. Divulgação de segrêdo
§ 5º Não se compreende no têrmo «casa»:
Art. 228. Divulgar, sem justa causa, conteúdo de docu-
I - hotel, hospedaria, ou qualquer outra habitação co-
mento particular sigiloso ou de correspondência confi-
letiva, enquanto aberta, salvo a restrição do nº II do
dencial, de que é detentor ou destinatário, desde que da
parágrafo anterior;
divulgação possa resultar dano a outrem:
II - taverna, boate, casa de jôgo e outras do mesmo
Pena - detenção, até seis meses.
gênero.
Violação de recato
Seção III
Dos crimes contra a inviolabilidade de Art. 229. Violar, mediante processo técnico o direito ao
correspondência ou comunicação recato pessoal ou o direito ao resguardo das palavras
que não forem pronunciadas publicamente:
Violação de correspondência Pena - detenção, até um ano.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem divulga
Art. 227. Devassar indevidamente o conteúdo de cor-
os fatos captados.
respondência privada dirigida a outrem:
Pena - detenção, até seis meses. Violação de segrêdo profissional

306
Art. 230. Revelar, sem justa causa, segrêdo de que tem Presunção de violência
ciência, em razão de função ou profissão, exercida em
local sob administração militar, desde que da revelação Art. 236. Presume-se a violência, se a vítima:
possa resultar dano a outrem:
I - não é maior de quatorze anos, salvo fundada suposi-
Pena - detenção, de três meses a um ano. ção contrária do agente;
II - é doente ou deficiente mental, e o agente conhecia
Natureza militar do crime
esta circunstância;
Art. 231. Os crimes previstos nos arts. 228 e 229 sò- III - não pode, por qualquer outra causa, oferecer re-
mente são considerados militares no caso do art. 9º, sistência.
nº II, letra a .
Aumento de pena
CAPÍTULO VII
Art. 237. Nos crimes previstos neste capítulo, a pena é
DOS CRIMES SEXUAIS agravada, se o fato é praticado:
I - com o concurso de duas ou mais pessoas;
Estupro
II - por oficial, ou por militar em serviço.
Art. 232. Constranger mulher a conjunção carnal, me-
diante violência ou grave ameaça: CAPÍTULO VIII
Pena - reclusão, de três a oito anos, sem prejuízo da DO ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR
correspondente à violência.
Ato obsceno
Atentado violento ao pudor
Art. 238. Praticar ato obsceno em lugar sujeito à admi-
Art. 233. Constranger alguém, mediante violência ou nistração militar:
grave ameaça, a presenciar, a praticar ou permitir que
com êle pratique ato libidinoso diverso da conjunção Pena - detenção de três meses a um ano.
carnal: Parágrafo único. A pena é agravada, se o fato é pratica-
Pena - reclusão, de dois a seis anos, sem prejuízo da do por militar em serviço ou por oficial.
correspondente à violência.
Escrito ou objeto obsceno
Corrupção de menores
Art. 239. Produzir, distribuir, vender, expor à venda,
Art. 234. Corromper ou facilitar a corrupção de pessoa exibir, adquirir ou ter em depósito para o fim de venda,
menor de dezoito e maior de quatorze anos, com ela distribuição ou exibição, livros, jornais, revistas, escri-
praticando ato de libidinagem, ou induzindo-a a prati- tos, pinturas, gravuras, estampas, imagens, desenhos
cá-lo ou presenciá-lo: ou qualquer outro objeto de caráter obsceno, em lugar
sujeito à administração militar, ou durante o período de
Pena - reclusão, até três anos. exercício ou manobras:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Pederastia ou outro ato de libidinagem
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem dis-
Art. 235. Praticar, ou permitir o militar que com êle se tribui, vende, oferece à venda ou exibe a militares em
pratique ato libidinoso, homossexual ou não, em lugar serviço objeto de caráter obsceno.
sujeito a administração militar:
Pena - detenção, de seis meses a um ano. TÍTULO V
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

307
CAPÍTULO I Furto de uso
DO FURTO
Art. 241. Se a coisa é subtraída para o fim de uso mo-
mentâneo e, a seguir, vem a ser imediatamente restituí-
Furto simples da ou reposta no lugar onde se achava:

Art. 240. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia Pena - detenção, até seis meses.
móvel: Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se a
Pena - reclusão, até seis anos. coisa usada é veículo motorizado; e de um têrço, se é
animal de sela ou de tiro.
Furto atenuado
CAPÍTULO II
§ 1º Se o agente é primário e é de pequeno valor a coisa DO ROUBO E DA EXTORSÃO
furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela
de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou consi-
Roubo simples
derar a infração como disciplinar. Entende-se pequeno
o valor que não exceda a um décimo da quantia mensal
Art. 242. Subtrair coisa alheia móvel, para si ou para
do mais alto salário mínimo do país.
outrem, mediante emprêgo ou ameaça de emprêgo
§ 2º A atenuação do parágrafo anterior é igualmente de violência contra pessoa, ou depois de havê-la, por
aplicável no caso em que o criminoso, sendo primário, qualquer modo, reduzido à impossibilidade de resis-
restitui a coisa ao seu dono ou repara o dano causado, tência:
antes de instaurada a ação penal.
Pena - reclusão, de quatro a quinze anos.
Energia de valor econômico § 1º Na mesma pena incorre quem, em seguida à sub-
tração da coisa, emprega ou ameaça empregar violên-
§ 3º Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou cia contra pessoa, a fim de assegurar a impunidade do
qualquer outra que tenha valor econômico. crime ou a detenção da coisa para si ou para outrem.

Furto qualificado Roubo qualificado

§ 4º Se o furto é praticado durante a noite: § 2º A pena aumenta-se de um têrço até metade:


Pena reclusão, de dois a oito anos. I - se a violência ou ameaça é exercida com emprêgo
de arma;
§ 5º Se a coisa furtada pertence à Fazenda Nacional:
II - se há concurso de duas ou mais pessoas;
Pena - reclusão, de dois a seis anos.
III - se a vítima está em serviço de transporte de valôres,
§ 6º Se o furto é praticado: e o agente conhece tal circunstância;
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à sub- IV - se a vítima está em serviço de natureza militar;
tração da coisa;
V - se é dolosamente causada lesão grave;
II - com abuso de confiança ou mediante fraude, esca-
lada ou destreza; VI - se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que
o agente não quis êsse resultado, nem assumiu o risco
III - com emprêgo de chave falsa; de produzi-lo.
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas:
Pena - reclusão, de três a dez anos. Latrocínio

§ 7º Aos casos previstos nos §§ 4º e 5º são aplicáveis § 3º Se, para praticar o roubo, ou assegurar a impunida-
as atenuações a que se referem os §§ 1º e 2º. Aos pre- de do crime, ou a detenção da coisa, o agente ocasiona
vistos no § 6º é aplicável a atenuação referida no § 2º. dolosamente a morte de alguém, a pena será de reclu-

308
são, de quinze a trinta anos, sendo irrelevante se a lesão para outrem, indevida vantagem econômica, mediante
patrimonial deixa de consumar-se. Se há mais de uma a ameaça de revelar fato, cuja divulgação pode lesar a
vítima dessa violência à pessoa, aplica-se o disposto sua reputação ou de pessoa que lhe seja particularmen-
no art. 79. te cara:
Pena - reclusão, de três a dez anos.
Extorsão simples
Parágrafo único. Se a ameaça é de divulgação pela im-
Art. 243. Obter para si ou para outrem indevida van- prensa, radiodifusão ou televisão, a pena é agravada.
tagem econômica, constrangendo alguém, mediante
violência ou grave ameaça: Extorsão indireta
a) a praticar ou tolerar que se pratique ato lesivo do seu Art. 246. Obter de alguém, como garantia de dívida,
patrimônio, ou de terceiro; abusando de sua premente necessidade, documento
b) a omitir ato de interêsse do seu patrimônio, ou de que pode dar causa a procedimento penal contra o de-
terceiro: vedor ou contra terceiro:
Pena - reclusão, de quatro a quinze anos. Pena - reclusão, até três anos.

Formas qualificadas Aumento de pena

§ 1º Aplica-se à extorsão o disposto no § 2º do art. 242. Art. 247. Nos crimes previstos neste capítulo, a pena
é agravada, se a violência é contra superior, ou militar
§ 2º Aplica-se à extorsão, praticada mediante violência,
de serviço.
o disposto no § 3º do art. 242.

Extorsão mediante seqüestro CAPÍTULO III


DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA
Art. 244. Extorquir ou tentar extorquir para si ou para
outrem, mediante seqüestro de pessoa, indevida van- Apropriação indébita simples
tagem econômica:
Pena - reclusão, de seis a quinze anos. Art. 248. Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem
a posse ou detenção:
Formas qualificadas Pena - reclusão, até seis anos.

§ 1º Se o seqüestro dura mais de vinte e quatro horas, Agravação de pena


ou se o seqüestrado é menor de dezesseis ou maior de
sessenta anos, ou se o crime é cometido por mais de Parágrafo único. A pena é agravada, se o valor da coi-
duas pessoas, a pena é de reclusão de oito a vinte anos. sa excede vinte vêzes o maior salário mínimo, ou se o
§ 2º Se à pessoa seqüestrada, em razão de maus tratos agente recebeu a coisa:
ou da natureza do seqüestro, resulta grave sofrimento I - em depósito necessário;
físico ou moral, a pena de reclusão é aumentada de um
têrço. II - em razão de ofício, emprêgo ou profissão.

§ 3º Se o agente vem a empregar violência contra a pes- Apropriação de coisa havida acidentalmente
soa seqüestrada, aplicam-se, correspondentemente, as
disposições do art. 242, § 2º, ns. V e VI,e § 3º.
Art. 249. Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao
seu poder por êrro, caso fortuito ou fôrça da natureza:
Chantagem
Pena - detenção, até um ano.
Art. 245. Obter ou tentar obter de alguém, para si ou
Apropriação de coisa achada

309
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem acha V - defrauda de qualquer modo o pagamento de cheque
coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou par- que emitiu a favor de alguém.
cialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo § 2º Os crimes previstos nos ns. I a V do parágrafo an-
possuidor, ou de entregá-la à autoridade competente, terior são considerados militares sòmente nos casos do
dentro do prazo de quinze dias. art. 9º, nº II, letras a e e .
Art. 250. Nos crimes previstos neste capítulo, aplica-se Agravação de pena
o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 240.
§ 3º A pena é agravada, se o crime é cometido em detri-
CAPÍTULO IV mento da administração militar.
DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES
Abuso de pessoa
Estelionato
Art. 252. Abusar, em proveito próprio ou alheio, no
Art. 251. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, exercício de função, em unidade, repartição ou estabe-
em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em lecimento militar, da necessidade, paixão ou inexperi-
êrro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio ência, ou da doença ou deficiência mental de outrem,
fraudulento: induzindo-o à prática de ato que produza efeito jurídico,
em prejuízo próprio ou de terceiro, ou em detrimento da
Pena - reclusão, de dois a sete anos. administração militar:
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: Pena - reclusão, de dois a seis anos.

Disposição de coisa alheia como própria Art. 253. Nos crimes previstos neste capítulo, aplica-se
o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 240.
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou
em garantia, coisa alheia como própria;
CAPÍTULO V
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa DA RECEPTAÇÃO
própria
Receptação
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia
coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, Art. 254. Adquirir, receber ou ocultar em proveito pró-
ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante prio ou alheio, coisa proveniente de crime, ou influir
pagamento em prestações, silenciando sôbre qualquer para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte:
dessas circunstâncias;
Pena - reclusão, até cinco anos.
Defraudação de penhor Parágrafo único. São aplicáveis os §§ 1º e 2º do art.
240.
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo
credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, Receptação culposa
quando tem a posse do objeto empenhado;
Art. 255. Adquirir ou receber coisa que, por sua natu-
Fraude na entrega de coisa reza ou pela manifesta desproporção entre o valor e o
preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presu-
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de mir-se obtida por meio criminoso:
coisa que entrega a adquirente; Pena - detenção, até um ano.
Parágrafo único. Se o agente é primário e o valor da
Fraude no pagamento de cheque
coisa não é superior a um décimo do salário mínimo, o

310
juiz pode deixar de aplicar a pena. Dano simples

Punibilidade da receptação Art. 259. Destruir, inutilizar, deteriorar ou fazer desapa-


recer coisa alheia:
Art. 256. A receptação é punível ainda que desconheci- Pena - detenção, até seis meses.
do ou isento de pena o autor do crime de que proveio
a coisa. Parágrafo único. Se se trata de bem público:
Pena - detenção, de seis meses a três anos.
CAPÍTULO VI
DA USURPAÇÃO Dano atenuado

Art. 260. Nos casos do artigo anterior, se o criminoso


Alteração de limites
é primário e a coisa é de valor não excedente a um dé-
cimo do salário mínimo, o juiz pode atenuar a pena, ou
Art. 257. Suprimir ou deslocar tapume, marco ou
considerar a infração como disciplinar.
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para
apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel sob Parágrafo único. O benefício previsto no artigo é igual-
administração militar: mente aplicável, se, dentro das condições nele estabe-
lecidas, o criminoso repara o dano causado antes de
Pena - detenção, até seis meses.
instaurada a ação penal.
§ 1º Na mesma pena incorre quem:
Dano qualificada
Usurpação de águas
Art. 261. Se o dano é cometido:
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem,
I - com violência à pessoa ou grave ameaça;
águas sob administração militar;
II - com emprêgo de substância inflamável ou explosi-
Invasão de propriedade va, se o fato não constitui crime mais grave;
III - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável:
II - invade, com violência à pessoa ou à coisa, ou com
grave ameaça, ou mediante concurso de duas ou mais Pena - reclusão, até quatro anos, além da pena corres-
pessoas, terreno ou edifício sob administração militar. pondente à violência.

Pena correspondente à violência Dano em material ou aparelhamento de guerra

§ 2º Quando há emprêgo de violência, fica ressalvada a Art. 262. Praticar dano em material ou aparelhamento
pena a esta correspondente. de guerra ou de utilidade militar, ainda que em constru-
ção ou fabricação, ou em efeitos recolhidos a depósito,
pertencentes ou não às fôrças armadas:
Aposição, supressão ou alteração de marca
Pena - reclusão, até seis anos.
Art. 258. Apor, suprimir ou alterar, indevidamente, em
gado ou rebanho alheio, sob guarda ou administração Dano em navio de guerra ou mercante em serviço
militar, marca ou sinal indicativo de propriedade: militar
Pena - detenção, de seis meses a três anos.
Art. 263. Causar a perda, destruição, inutilização, enca-
lhe, colisão ou alagamento de navio de guerra ou de na-
CAPÍTULO VII vio mercante em serviço militar, ou nêle causar avaria:
DO DANO
Pena - reclusão, de três a dez anos.
§ 1º Se resulta lesão grave, a pena correspondente é

311
aumentada da metade; se resulta a morte, é aplicada em Art. 267. Obter ou estipular, para si ou para outrem, no
dôbro. contrato de mútuo de dinheiro, abusando da premente
 § 2º Se, para a prática do dano previsto no artigo, usou necessidade, inexperiência ou leviandade do mutuário,
o agente de violência contra a pessoa, ser-lhe-á aplica- juro que excede a taxa fixada em lei, regulamento ou
da igualmente a pena a ela correspondente. ato oficial:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Dano em aparelhos e instalações de aviação e
navais, e em estabelecimentos militares Casos assimilados

Art. 264. Praticar dano: § 1º Na mesma pena incorre quem, em repartição ou


I - em aeronave, hangar, depósito, pista ou instalações local sob administração militar, recebe vencimento ou
de campo de aviação, engenho de guerra motomecani- provento de outrem, ou permite que êstes sejam recebi-
zado, viatura em comboio militar, arsenal, dique, doca, dos, auferindo ou permitindo que outrem aufira provei-
armazém, quartel, alojamento ou em qualquer outra to cujo valor excede a taxa de três por cento
instalação militar;
Agravação de pena
II - em estabelecimento militar sob regime industrial, ou
centro industrial a serviço de construção ou fabricação 2º A pena é agravada, se o crime é cometido por supe-
militar: rior ou por funcionário em razão da função.
Pena - reclusão, de dois a dez anos.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto nos parágrafos TÍTULO VI
do artigo anterior. DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE
PÚBLICA
Desaparecimento, consunção ou extravio
CAPÍTULO I
Art. 265. Fazer desaparecer, consumir ou extraviar com-
bustível, armamento, munição, peças de equipamento DOS CRIMES DE PERIGO COMUM
de navio ou de aeronave ou de engenho de guerra mo-
tomecanizado: Incêndio
Pena - reclusão, até três anos, se o fato não constitui
crime mais grave. Art. 268. Causar incêndio em lugar sujeito à adminis-
tração militar, expondo a perigo a vida, a integridade
Modalidades culposas física ou o patrimônio de outrem:
Pena - reclusão, de três a oito anos.
Art. 266. Se o crime dos arts. 262, 263, 264 e 265 é § 1º A pena é agravada:
culposo, a pena é de detenção de seis meses a dois
anos; ou, se o agente é oficial, suspensão do exercício
Agravação de pena
do pôsto de um a três anos, ou reforma; se resulta lesão
corporal ou morte, aplica-se também a pena cominada
I - se o crime é cometido com intuito de obter vantagem
ao crime culposo contra a pessoa, podendo ainda, se o
pecuniária para si ou para outrem;
agente é oficial, ser imposta a pena de reforma.
II - se o incêndio é:
CAPÍTULO VIII a) em casa habitada ou destinada a habitação;
DA USURA b) em edifício público ou qualquer construção desti-
nada a uso público ou a obra de assistência social ou
Usura pecuniária de cultura;
c) em navio, aeronave, comboio ou veículo de trans-

312
porte coletivo; Emprêgo de gás tóxico ou asfixiante
d) em estação ferroviária, rodoviária, aeródromo ou
construção portuária; Art. 270. Expor a perigo a vida, a integridade física ou o
patrimônio de outrem, em lugar sujeito à administração
e) em estaleiro, fábrica ou oficina; militar, usando de gás tóxico ou asfixiante ou prejudi-
f) em depósito de explosivo, combustível ou inflamável; cial de qualquer modo à incolumidade da pessoa ou
da coisa:
g) em poço petrolífero ou galeria de mineração;
Pena - reclusão, até cinco anos.
h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta.
§ 2º Se culposo o incêndio: Modalidade culposa

Incêndio culposo Parágrafo único. Se o crime é culposo:


Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Abuso de radiação
Explosão
Art. 271. Expor a perigo a vida ou a integridade física de
Art. 269. Causar ou tentar causar explosão, em lugar outrem, em lugar sujeito à administração militar, pelo
sujeito à administração militar, expondo a perigo a vida, abuso de radiação ionizante ou de substância radioa-
a integridade ou o patrimônio de outrem: tiva:
Pena - reclusão, até quatro anos. Pena - reclusão, até quatro anos.
Forma qualificada Modalidade culposa
§ 1º Se a substância utilizada é dinamite ou outra de Parágrafo único. Se o crime é culposo:
efeitos análogos:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Pena - reclusão, de três a oito anos.
Inundação
Agravação de pena
Art. 272. Causar inundação, em lugar sujeito à admi-
§ 2º A pena é agravada se ocorre qualquer das hipóte- nistração militar, expondo a perigo a vida, a integridade
ses previstas no § 1º, nº I, do artigo anterior, ou é visada física ou o patrimônio de outrem:
ou atingida qualquer das coisas enumeradas no nº II do
mesmo parágrafo. Pena - reclusão, de três a oito anos.
§ 3º Se a explosão é causada pelo desencadeamento de
Modalidade culposa
energia nuclear:
Pena - reclusão, de cinco a vinte anos. Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Modalidade culposa
Perigo de inundação
§ 4º No caso de culpa, se a explosão é causada por
dinamite ou substância de efeitos análogos, a pena é
Art. 273. Remover, destruir ou inutilizar obstáculo na-
detenção, de seis meses a dois anos; se é causada pelo
tural ou obra destinada a impedir inundação, expondo
desencadeamento de energia nuclear, detenção de três
a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de
a dez anos; nos demais casos, detenção de três meses
outrem, em lugar sujeito à administração militar:
a um ano.
Pena - reclusão, de dois a quatro anos.

313
Desabamento ou desmoronamento aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, au-
mentada de um têrço.
Art. 274. Causar desabamento ou desmoronamento, em
lugar sujeito à administração militar, expondo a perigo Difusão de epizootia ou praga vegetal
a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem:
Pena - reclusão, até cinco anos. Art. 278. Difundir doença ou praga que possa causar
dano a floresta, plantação, pastagem ou animais de
utilidade econômica ou militar, em lugar sob adminis-
Modalidade culposa
tração militar:
Parágrafo único. Se o crime é culposo: Pena - reclusão, até três anos.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Modalidade culposa
Subtração, ocultação ou inutilização de material
Parágrafo único. No caso de culpa, a pena é de deten-
de socorro
ção, até seis meses.
Art. 275. Subtrair, ocultar ou inutilizar, por ocasião de
Embriaguez ao volante
incêndio, inundação, naufrágio, ou outro desastre ou
calamidade, aparelho, material ou qualquer meio des-
tinado a serviço de combate ao perigo, de socorro ou Art. 279. Dirigir veículo motorizado, sob administração
salvamento; ou impedir ou dificultar serviço de tal na- militar na via pública, encontrando-se em estado de
tureza: embriaguez, por bebida alcoólica, ou qualquer outro
inebriante:
Pena - reclusão, de três a seis anos.
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Fatos que expõem a perigo aparelhamento
militar Perigo resultante de violação de regra de trânsito

Art. 276. Praticar qualquer dos fatos previstos nos ar- Art. 280. Violar regra de regulamento de trânsito, di-
tigos anteriores dêste capítulo, expondo a perigo, em- rigindo veículo sob administração militar, expondo a
bora em lugar não sujeito à administração militar navio, efetivo e grave perigo a incolumidade de outrem:
aeronave, material ou engenho de guerra motomecani- Pena - detenção, até seis meses.
zado ou não, ainda que em construção ou fabricação,
destinados às fôrças armadas, ou instalações especial- Fuga após acidente de trânsito
mente a serviço delas:
Pena - reclusão de dois a seis anos. Art. 281. Causar, na direção de veículo motorizado, sob
administração militar, ainda que sem culpa, acidente de
Modalidade culposa trânsito, de que resulte dano pessoal, e, em seguida,
afastar-se do local, sem prestar socorro à vítima que
Parágrafo único. Se o crime é culposo: dêle necessite:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Pena - detenção, de seis meses a um ano, sem prejuízo
das cominadas nos arts. 206 e 210.
Formas qualificadas pelo resultado
Isenção de prisão em flagrante
Art. 277. Se do crime doloso de perigo comum resul-
ta, além da vontade do agente, lesão grave, a pena é Parágrafo único. Se o agente se abstém de fugir e, na
aumentada de metade; se resulta morte, é aplicada em medida que as circunstâncias o permitam, presta ou
dôbro. No caso de culpa, se do fato resulta lesão cor- providencia para que seja prestado socorro à vítima,
poral, a pena aumenta-se de metade; se resulta morte, fica isento de prisão em flagrante.

314
CAPÍTULO II ção militar, bem como praticar qualquer ato tendente a
DOS CRIMES CONTRA OS MEIOS DE impedir ou dificultar navegação aérea, marítima, fluvial
ou lacustre sob administração, guarda ou proteção mi-
TRANSPORTE E DE COMUNICAÇÃO
litar:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
Perigo de desastre ferroviário
Superveniência de sinistro
Art. 282. Impedir ou perturbar serviço de estrada de
ferro, sob administração ou requisição militar emanada
de ordem legal: § 1º Se do fato resulta naufrágio, submersão ou encalhe
do navio, ou a queda ou destruição da aeronave:
I - danificando ou desarranjando, total ou parcialmente,
linha férrea, material rodante ou de tração, obra de arte Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
ou instalação;
Modalidade culposa
II - colocando obstáculo na linha;
III - transmitindo falso aviso acêrca do movimento dos § 2º No caso de culpa, se ocorre o sinistro:
veículos, ou interrompendo ou embaraçando o funcio- Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
namento dos meios de comunicação;
IV - praticando qualquer outro ato de que possa resultar Atentado contra viatura ou outro meio de
desastre: transporte
Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
Art. 284. Expor a perigo viatura ou outro meio de trans-
porte militar, ou sob guarda, proteção ou requisição
Desastre efetivo
militar emanada de ordem legal, impedir-lhe ou dificul-
tar-lhe o funcionamento:
§ 1º Se do fato resulta desastre:
Pena - reclusão, até três anos.
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
§ 2º Se o agente quis causar o desastre ou assumiu o Desastre efetivo
risco de produzi-lo:
Pena - reclusão, de quatro a quinze anos. § 1º Se do fato resulta desastre, a pena é reclusão de
dois a cinco anos.
Modalidade culposa
Modalidade culposa
§ 3º No caso de culpa, ocorrendo desastre:
§ 2º No caso de culpa, se ocorre desastre:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Pena - detenção, até um ano.
Conceito de “estrada de ferro”
Formas qualificadas pelo resultado
§ 4º Para os efeitos dêste artigo, entende-se por «es-
trada de ferro» qualquer via de comunicação em que Art. 285. Se de qualquer dos crimes previstos nos arts.
circulem veículos de tração mecânica, em trilhos ou por 282 a 284, no caso de desastre ou sinistro, resulta mor-
meio de cabo aéreo. te de alguém, aplica-se o disposto no art. 277.

Atentado contra transporte Arremêsso de projétil

Art. 283. Expor a perigo aeronave, ou navio próprio ou Art. 286. Arremessar projétil contra veículo militar, em
alheio, sob guarda, proteção ou requisição militar ema- movimento, destinado a transporte por terra, por água
nada de ordem legal, ou em lugar sujeito à administra- ou pelo ar:

315
Pena - detenção, até seis meses. substância entorpecente, ou que determine dependên-
cia física ou psíquica, em lugar sujeito à administração
Forma qualificada pelo resultado militar, sem autorização ou em desacôrdo com determi-
nação legal ou regulamentar:
Parágrafo único. Se do fato resulta lesão corporal, Pena - reclusão, até cinco anos.
a pena é de detenção, de seis meses a dois anos; se
resulta morte, a pena é a do homicídio culposo, aumen- Casos assimilados
tada de um têrço.
§ 1º Na mesma pena incorre, ainda que o fato incri-
Atentado contra serviço de utilidade militar minado ocorra em lugar não sujeito à administração
militar:
Art. 287. Atentar contra a segurança ou o funcionamen-
to de serviço de água, luz, fôrça ou acesso, ou qualquer I - o militar que fornece, de qualquer forma, substância
outro de utilidade, em edifício ou outro lugar sujeito à entorpecente ou que determine dependência física ou
administração militar: psíquica a outro militar;

Pena - reclusão, até cinco anos. II - o militar que, em serviço ou em missão de natureza
militar, no país ou no estrangeiro, pratica qualquer dos
Parágrafo único. Aumentar-se-á a pena de um têrço até fatos especificados no artigo;
metade, se o dano ocorrer em virtude de subtração de
material essencial ao funcionamento do serviço. III - quem fornece, ministra ou entrega, de qualquer
forma, substância entorpecente ou que determine de-
Interrupção ou perturbação de serviço ou meio de pendência física ou psíquica a militar em serviço, ou em
comunicação manobras ou exercício.

Art. 288. Interromper, perturbar ou dificultar serviço te- Forma qualificada


legráfico, telefônico, telemétrico, de televisão, teleper-
cepção, sinalização, ou outro meio de comunicação mi- § 2º Se o agente é farmacêutico, médico, dentista ou
litar; ou impedir ou dificultar a sua instalação em lugar veterinário:
sujeito à administração militar, ou desde que para esta Pena - reclusão, de dois a oito anos.
seja de interêsse qualquer daqueles serviços ou meios:
Pena - detenção, de um a três anos. Receita ilegal

Aumento de pena Art. 291. Prescrever o médico ou dentista militar, ou


aviar o farmacêutico militar receita, ou fornecer subs-
Art. 289. Nos crimes previstos neste capítulo, a pena tância entorpecente ou que determine dependência físi-
será agravada, se forem cometidos em ocasião de ca- ca ou psíquica, fora dos casos indicados pela terapêuti-
lamidade pública. ca, ou em dose evidentemente maior que a necessária,
ou com infração de preceito legal ou regulamentar, para
uso de militar, ou para entrega a êste; ou para qual-
CAPÍTULO III quer fim, a qualquer pessoa, em consultório, gabinete,
DOS CRIMES CONTRA A SAÚDE farmácia, laboratório ou lugar, sujeitos à administração
militar:
Tráfico, posse ou uso de entorpecente ou Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
substância de efeito similar
Casos assimilados
Art. 290. Receber, preparar, produzir, vender, fornecer,
ainda que gratuitamente, ter em depósito, transportar, Parágrafo único. Na mesma pena incorre:
trazer consigo, ainda que para uso próprio, guardar,
ministrar ou entregar de qualquer forma a consumo I - o militar ou funcionário que, tendo sob sua guarda
ou cuidado substância entorpecente ou que determine

316
dependência física ou psíquica, em farmácia, laborató- Caso assimilado
rio, consultório, gabinete ou depósito militar, dela lança
mão para uso próprio ou de outrem, ou para destino § 1º Está sujeito à mesma pena quem em lugar sujeito
que não seja lícito ou regular; à administração militar, entrega a consumo, ou tem em
II - quem subtrai substância entorpecente ou que de- depósito, para o fim de ser distribuída, água ou subs-
termine dependência física ou psíquica, ou dela se tância envenenada.
apropria, em lugar sujeito à administração militar, sem
prejuízo da pena decorrente da subtração ou apropria- Forma qualificada
ção indébita;
§ 2º Se resulta a morte de alguém:
III - quem induz ou instiga militar em serviço ou em
manobras ou exercício a usar substância entorpecente Pena - reclusão, de quinze a trinta anos.
ou que determine dependência física ou psíquica;
Modalidade culposa
IV - quem contribui, de qualquer forma, para incentivar
ou difundir o uso de substância entorpecente ou que
§ 3º Se o crime é culposo, a pena é de detenção, de
determine dependência física ou psíquica, em quartéis,
seis meses a dois anos; ou, se resulta a morte, de dois
navios, arsenais, estabelecimentos industriais, aloja-
a quatro anos.
mentos, escolas, colégios ou outros quaisquer estabe-
lecimentos ou lugares sujeitos à administração militar,
Corrupção ou poluição de água potável
bem como entre militares que estejam em serviço, ou o
desempenhem em missão para a qual tenham recebido
Art. 294. Corromper ou poluir água potável de uso de
ordem superior ou tenham sido legalmente requisita-
quartel, fortaleza, unidade, navio, aeronave ou estabele-
dos.
cimento militar, ou de tropa em manobras ou exercício,
tornando-a imprópria para consumo ou nociva à saúde:
Epidemia
Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
Art. 292. Causar epidemia, em lugar sujeito à adminis-
tração militar, mediante propagação de germes patogê- Modalidade culposa
nicos:
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena - reclusão, de cinco a quinze anos.
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Forma qualificada
Fornecimento de substância nociva
§ 1º Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em dô-
bro. Art. 295. Fornecer às fôrças armadas substância ali-
mentícia ou medicinal corrompida, adulterada ou falsi-
Modalidade culposa ficada, tornada, assim, nociva à saúde:
Pena - reclusão, de dois a seis anos.
§ 2º No caso de culpa, a pena é de detenção, de um a
dois anos, ou, se resulta morte, de dois a quatro anos. Modalidade culposa

Envenenamento com perigo extensivo Parágrafo único. Se o crime é culposo:

Art. 293. Envenenar água potável ou substância alimen- Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
tícia ou medicinal, expondo a perigo a saúde de milita-
res em manobras ou exercício, ou de indefinido número Art. 296. Fornecer às fôrças armadas substância ali-
de pessoas, em lugar sujeito à administração militar: mentícia ou medicinal alterada, reduzindo, assim, o seu
valor nutritivo ou terapêutico:
Pena - reclusão, de cinco a quinze anos.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

317
Modalidade culposa Desobediência

Parágrafo único. Se o crime é culposo: Art. 301. Desobedecer a ordem legal de autoridade mi-
litar:
Pena - detenção, até seis meses.
Pena - detenção, até seis meses.
Omissão de notificação de doença
Ingresso clandestino
Art. 297. Deixar o médico militar, no exercício da fun-
ção, de denunciar à autoridade pública doença cuja Art. 302. Penetrar em fortaleza, quartel, estabelecimento
notificação é compulsória: militar, navio, aeronave, hangar ou em outro lugar su-
jeito à administração militar, por onde seja defeso ou
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
não haja passagem regular, ou iludindo a vigilância da
sentinela ou de vigia:
TÍTULO VII
DOS CRIMES CONTRA A Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato
não constitui crime mais grave.
ADMINISTRAÇÃO MILITAR
CAPÍTULO II
CAPÍTULO I DO PECULATO
DO DESACATO E DA DESOBEDIÊNCIA
Peculato
Desacato a superior
Art. 303. Apropriar-se de dinheiro, valor ou qualquer
Art. 298. Desacatar superior, ofendendo-lhe a dignidade outro bem móvel, público ou particular, de que tem a
ou o decôro, ou procurando deprimir-lhe a autoridade: posse ou detenção, em razão do cargo ou comissão, ou
Pena - reclusão, até quatro anos, se o fato não constitui desviá-lo em proveito próprio ou alheio:
crime mais grave. Pena - reclusão, de três a quinze anos.
§ 1º A pena aumenta-se de um terço, se o objeto da
Agravação de pena
apropriação ou desvio é de valor superior a vinte vêzes
o salário mínimo.
Parágrafo único. A pena é agravada, se o superior é ofi-
cial general ou comandante da unidade a que pertence
Peculato-furto
o agente.
§ 2º Aplica-se a mesma pena a quem, embora não tendo
Desacato a militar
a posse ou detenção do dinheiro, valor ou bem, o sub-
trai, ou contribui para que seja subtraído, em proveito
Art. 299. Desacatar militar no exercício de função de próprio ou alheio, valendo-se da facilidade que lhe pro-
natureza militar ou em razão dela: porciona a qualidade de militar ou de funcionário.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato
não constitui outro crime. Peculato culposo

Desacato a assemelhado ou funcionário § 3º Se o funcionário ou o militar contribui culposa-


mente para que outrem subtraia ou desvie o dinheiro,
Art. 300. Desacatar assemelhado ou funcionário civil no valor ou bem, ou dele se aproprie:
exercício de função ou em razão dela, em lugar sujeito à Pena - detenção, de três meses a um ano.
administração militar:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato Extinção ou minoração da pena
não constitui outro crime.

318
§ 4º No caso do parágrafo anterior, a reparação do aceitar promessa de tal vantagem:
dano, se precede a sentença irrecorrível, extingue a pu- Pena - reclusão, de dois a oito anos.
nibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena
imposta.
Aumento de pena
Peculato mediante aproveitamento do êrro de
§ 1º A pena é aumentada de um terço, se, em conse-
outrem
qüência da vantagem ou promessa, o agente retarda
ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica
Art. 304. Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade infringindo dever funcional.
que, no exercício do cargo ou comissão, recebeu por
êrro de outrem:
Diminuição de pena
Pena - reclusão, de dois a sete anos.
§ 2º Se o agente pratica, deixa de praticar ou retarda o
CAPÍTULO III ato de ofício com infração de dever funcional, cedendo
DA CONCUSSÃO, EXCESSO DE a pedido ou influência de outrem:
EXAÇÃO E DESVIO Pena - detenção, de três meses a um ano.

Concussão Corrupção ativa

Art. 305. Exigir, para si ou para outrem, direta ou indire- Art. 309. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou vanta-
tamente, ainda que fora da função ou antes de assumi- gem indevida para a prática, omissão ou retardamento
-la, mas em razão dela, vantagem indevida: de ato funcional:

Pena - reclusão, de dois a oito anos. Pena - reclusão, até oito anos.

Excesso de exação Aumento de pena

Art. 306. Exigir impôsto, taxa ou emolumento que sabe Parágrafo único. A pena é aumentada de um têrço, se,
indevido, ou, quando devido, empregar na cobrança em razão da vantagem, dádiva ou promessa, é retardado
meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: ou omitido o ato, ou praticado com infração de dever
funcional.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Participação ilícita
Desvio
Art. 310. Participar, de modo ostensivo ou simulado,
Art. 307. Desviar, em proveito próprio ou de outrem, o diretamente ou por interposta pessoa, em contrato, for-
que recebeu indevidamente, em razão do cargo ou fun- necimento, ou concessão de qualquer serviço concer-
ção, para recolher aos cofres públicos: nente à administração militar, sôbre que deva informar
Pena - reclusão, de dois a doze anos. ou exercer fiscalização em razão do ofício:
Pena - reclusão, de dois a quatro anos.
CAPÍTULO IV Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem adquire
DA CORRUPÇÃO para si, direta ou indiretamente, ou por ato simulado,
no todo ou em parte, bens ou efeitos em cuja adminis-
Corrupção passiva tração, depósito, guarda, fiscalização ou exame, deve
intervir em razão de seu emprêgo ou função, ou entra
Art. 308. Receber, para si ou para outrem, direta ou em especulação de lucro ou interêsse, relativamente a
indiretamente, ainda que fora da função, ou antes de êsses bens ou efeitos.
assumi-la, mas em razão dela vantagem indevida, ou

319
CAPÍTULO V § 1º Salvo o caso do art. 245, é irrelevante ter sido o
DA FALSIDADE cheque emitido para servir como título ou garantia de
dívida.

Falsificação de documento Atenuação de pena

Art. 311. Falsificar, no todo ou em parte, documento § 2º Ao crime previsto no artigo aplica-se o disposto
público ou particular, ou alterar documento verdadei- nos §§ 1º e 2º do art. 240.
ro, desde que o fato atente contra a administração ou
o serviço militar:
Certidão ou atestado ideológicamente falso
Pena - sendo documento público, reclusão, de dois a
seis anos; sendo documento particular, reclusão, até Art. 314. Atestar ou certificar falsamente, em razão de
cinco anos. função, ou profissão, fato ou circunstância que habilite
alguém a obter cargo, pôsto ou função, ou isenção de
Agravação da pena ônus ou de serviço, ou qualquer outra vantagem, des-
de que o fato atente contra a administração ou serviço
§ 1º A pena é agravada se o agente é oficial ou exerce militar:
função em repartição militar. Pena - detenção, até dois anos.

Documento por equiparação Agravação de pena

§ 2º Equipara-se a documento, para os efeitos penais, o Parágrafo único. A pena é agravada se o crime é pra-
disco fonográfico ou a fita ou fio de aparelho eletromag- ticado com o fim de lucro ou em prejuízo de terceiro.
nético a que se incorpore declaração destinada à prova
de fato jurìdicamente relevante.
Uso de documento falso
Falsidade ideológica
Art. 315. Fazer uso de qualquer dos documentos falsi-
ficados ou alterados por outrem, a que se referem os
Art. 312. Omitir, em documento público ou particular, artigos anteriores:
declaração que dêle devia constar, ou nêle inserir ou
fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação
ou alterar a verdade sôbre fato jurìdicamente relevante, Supressão de documento
desde que o fato atente contra a administração ou o
serviço militar: Art. 316. Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício
próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documen-
Pena - reclusão, até cinco anos, se o documento é pú-
to verdadeiro, de que não podia dispor, desde que o
blico; reclusão, até três anos, se o documento é par-
fato atente contra a administração ou o serviço militar:
ticular.
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o documento
Cheque sem fundos é público; reclusão, até cinco anos, se o documento é
particular.
Art. 313. Emitir cheque sem suficiente provisão de
fundos em poder do sacado, se a emissão é feita de Uso de documento pessoal alheio
militar em favor de militar, ou se o fato atenta contra a
administração militar: Art. 317. Usar, como próprio, documento de identidade
alheia, ou de qualquer licença ou privilégio em favor
Pena - reclusão, até cinco anos.
de outrem, ou ceder a outrem documento próprio da
mesma natureza, para que dêle se utilize, desde que o
Circunstância irrelevante
fato atente contra a administração ou o serviço militar:

320
Pena - detenção, até seis meses, se o fato não constitui meses.
elemento de crime mais grave.
Não inclusão de nome em lista
Falsa identidade
Art. 323. Deixar, no exercício de função, de incluir, por
Art. 318. Atribuir-se, ou a terceiro, perante a adminis- negligência, qualquer nome em relação ou lista para o
tração militar, falsa identidade, para obter vantagem efeito de alistamento ou de convocação militar:
em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a Pena - detenção, até seis meses.
outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não Inobservância de lei, regulamento ou instrução
constitui crime mais grave.
Art. 324. Deixar, no exercício de função, de observar lei,
CAPÍTULO VI regulamento ou instrução, dando causa direta à prática
DOS CRIMES CONTRA O DEVER FUNCIONAL de ato prejudicial à administração militar:
Pena - se o fato foi praticado por tolerância, detenção
Prevaricação até seis meses; se por negligência, suspensão do exer-
cício do pôsto, graduação, cargo ou função, de três
Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, meses a um ano.
ato de ofício, ou praticá-lo contra expressa disposição
de lei, para satisfazer interêsse ou sentimento pessoal: Violação ou divulgação indevida de
correspondência ou comunicação
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Art. 325. Devassar indevidamente o conteúdo de cor-
Violação do dever funcional com o fim de lucro respondência dirigida à administração militar, ou por
esta expedida:
Art. 320. Violar, em qualquer negócio de que tenha sido
incumbido pela administração militar, seu dever fun- Pena - detenção, de dois a seis meses, se o fato não
cional para obter especulativamente vantagem pessoal, constitui crime mais grave.
para si ou para outrem: Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, ainda
Pena - reclusão, de dois a oito anos. que não seja funcionário, mas desde que o fato atente
contra a administração militar:
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou I - indevidamente se se apossa de correspondência,
documento embora não fechada, e no todo ou em parte a sonega
ou destrói;
Art. 321. Extraviar livro oficial, ou qualquer documento, II - indevidamente divulga, transmite a outrem, ou abu-
de que tem a guarda em razão do cargo, sonegá-lo ou sivamente utiliza comunicação de interêsse militar;
inutilizá-lo, total ou parcialmente:
III - impede a comunicação referida no número anterior.
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o fato não cons-
titui crime mais grave.
Violação de sigilo funcional
Condescendência criminosa
Art. 326. Revelar fato de que tem ciência em razão do
cargo ou função e que deva permanecer em segrêdo, ou
Art. 322. Deixar de responsabilizar subordinado que facilitar-lhe a revelação, em prejuízo da administração
comete infração no exercício do cargo, ou, quando lhe militar:
falte competência, não levar o fato ao conhecimento da
autoridade competente: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato
não constitui crime mais grave.
Pena - se o fato foi praticado por indulgência, detenção
até seis meses; se por negligência, detenção até três

321
Violação de sigilo de proposta de concorrência Abuso de confiança ou boa-fé

Art. 327. Devassar o sigilo de proposta de concorrência Art. 332. Abusar da confiança ou boa-fé de militar,
de interêsse da administração militar ou proporcionar a assemelhado ou funcionário, em serviço ou em razão
terceiro o ensejo de devassá-lo: dêste, apresentando-lhe ou remetendo-lhe, para apro-
vação, recebimento, anuência ou aposição de visto,
Pena - detenção, de três meses a um ano.
relação, nota, empenho de despesa, ordem ou fôlha
de pagamento, comunicação, ofício ou qualquer outro
Obstáculo à hasta pública, concorrência ou
documento, que sabe, ou deve saber, serem inexatos ou
tomada de preços
irregulares, desde que o fato atente contra a administra-
ção ou o serviço militar:
Art. 328. Impedir, perturbar ou fraudar a realização de
hasta pública, concorrência ou tomada de preços, de Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato
interêsse da administração militar: não constitui crime mais grave.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Forma qualificada
Exercício funcional ilegal
§ 1º A pena é agravada, se do fato decorre prejuízo ma-
terial ou processo penal militar para a pessoa de cuja
Art. 329. Entrar no exercício de pôsto ou função militar,
confiança ou boa-fé se abusou.
ou de cargo ou função em repartição militar, antes de
satisfeitas as exigências legais, ou continuar o exercí-
Modalidade culposa
cio, sem autorização, depois de saber que foi exonera-
do, ou afastado, legal e definitivamente, qualquer que
§ 2º Se a apresentação ou remessa decorre de culpa:
seja o ato determinante do afastamento:
Pena - detenção, até seis meses.
Pena - detenção, até quatro meses, se o fato não cons-
titui crime mais grave.
Violência arbitrária
Abandono de cargo
Art. 333. Praticar violência, em repartição ou estabe-
lecimento militar, no exercício de função ou a pretexto
Art. 330. Abandonar cargo público, em repartição ou
de exercê-la:
estabelecimento militar:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da
Pena - detenção, até dois meses.
correspondente à violência.
Formas qualificadas
Patrocínio indébito
§ 1º Se do fato resulta prejuízo à administração militar:
Art. 334. Patrocinar, direta ou indiretamente, interêsse
Pena - detenção, de três meses a um ano. privado perante a administração militar, valendo-se da
§ 2º Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa qualidade de funcionário ou de militar:
de fronteira: Pena - detenção, até três meses.
Pena - detenção, de um a três anos. Parágrafo único. Se o interêsse é ilegítimo:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Aplicação ilegal de verba ou dinheiro

Art. 331. Dar às verbas ou ao dinheiro público aplicação CAPÍTULO VII


diversa da estabelecida em lei: DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICU-
Pena - detenção, até seis meses. LAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO MILITAR

322
Usurpação de função quinto do valor da transação, seja alterando substância,
qualidade ou quantidade da coisa ou mercadoria for-
Art. 335. Usurpar o exercício de função em repartição necida, seja impedindo a livre concorrência de outros
ou estabelecimento militar: fornecedores, ou por qualquer modo tornando mais
onerosa a transação:
Pena - detenção, de três meses a dois anos.
Pena - detenção, de um a três anos.
Tráfico de influência § 1º Na mesma pena incorre o intermediário na tran-
sação.
Art. 336. Obter para si ou para outrem, vantagem ou
promessa de vantagem, a pretexto de influir em militar § 2º É aumentada a pena de um terço, se o crime ocorre
ou assemelhado ou funcionário de repartição militar, no em período de grave crise econômica.
exercício de função:
TÍTULO VIII
Pena - reclusão, até cinco anos.
DOS CRIMES CONTRA A
Aumento de pena ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA MILITAR

Parágrafo único. A pena é agravada, se o agente alega Recusa de função na Justiça Militar
ou insinua que a vantagem é também destinada ao mi-
litar ou assemelhado, ou ao funcionário. Art. 340. Recusar o militar ou assemelhado exercer,
sem motivo legal, função que lhe seja atribuída na ad-
Subtração ou inutilização de livro, processo ou ministração da Justiça Militar:
documento
Pena - suspensão do exercício do pôsto ou cargo, de
dois a seis meses.
Art. 337. Subtrair ou inutilizar, total ou parcialmente,
livro oficial, processo ou qualquer documento, desde
Desacato
que o fato atente contra a administração ou o serviço
militar:
Art. 341. Desacatar autoridade judiciária militar no
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não exercício da função ou em razão dela:
constitui crime mais grave.
Pena - reclusão, até quatro anos.
Inutilização de edital ou de sinal oficial
Coação
Art. 338. Rasgar, ou de qualquer forma inutilizar ou
Art. 342. Usar de violência ou grave ameaça, com o fim
conspurcar edital afixado por ordem da autoridade mi-
de favorecer interêsse próprio ou alheio, contra auto-
litar; violar ou inutilizar sêlo ou sinal empregado, por
ridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona,
determinação legal ou ordem de autoridade militar, para
ou é chamada a intervir em inquérito policial, processo
identificar ou cerrar qualquer objeto:
administrativo ou judicial militar:
Pena - detenção, até um ano.
Pena - reclusão, até quatro anos, além da pena corres-
pondente à violência.
Impedimento, perturbação ou fraude de
concorrência
Denunciação caluniosa
Art. 339. Impedir, perturbar ou fraudar em prejuízo
Art. 343. Dar causa à instauração de inquérito policial
da Fazenda Nacional, concorrência, hasta pública ou
ou processo judicial militar contra alguém, imputando-
tomada de preços ou outro qualquer processo admi-
-lhe crime sujeito à jurisdição militar, de que o sabe
nistrativo para aquisição ou venda de coisas ou merca-
inocente:
dorias de uso das fôrças armadas, seja elevando arbi-
tràriamente os preços, auferindo lucro excedente a um Pena - reclusão, de dois a oito anos.

323
Agravação de pena Publicidade opressiva

Parágrafo único. A pena é agravada, se o agente se ser- Art. 348. Fazer pela imprensa, rádio ou televisão, antes
ve do anonimato ou de nome suposto. da intercorrência de decisão definitiva em processo pe-
nal militar, comentário tendente a exercer pressão sôbre
Comunicação falsa de crime declaração de testemunha ou laudo de perito:
Pena - detenção, até seis meses.
Art. 344. Provocar a ação da autoridade, comunicando-
-lhe a ocorrência de crime sujeito à jurisdição militar, Desobediência a decisão judicial
que sabe não se ter verificado:
Pena - detenção, até seis meses. Art. 349. Deixar, sem justa causa, de cumprir decisão
da Justiça Militar, ou retardar ou fraudar o seu cum-
Auto-acusação falsa primento:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Art. 345. Acusar-se, perante a autoridade, de crime su-
jeito à jurisdição militar, inexistente ou praticado por § 1º No caso de transgressão dos arts. 116, 117 e 118,
outrem: a pena será cumprida sem prejuízo da execução da me-
dida de segurança.
Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 2º Nos casos do art. 118 e seus §§ 1º e 2º, a pena
Falso testemunho ou falsa perícia pela desobediência é aplicada ao representante, ou re-
presentantes legais, do estabelecimento, sociedade ou
Art. 346. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a ver- associação.
dade, como testemunha, perito, tradutor ou intérprete,
em inquérito policial, processo administrativo ou judi- Favorecimento pessoal
cial, militar:
Art. 350. Auxiliar a subtrair-se à ação da autoridade au-
Pena - reclusão, de dois a seis anos. tor de crime militar, a que é cominada pena de morte
ou reclusão:
Aumento de pena
Pena - detenção, até seis meses.
1º A pena aumenta-se de um têrço, se o crime é pratica-
do mediante subôrno. Diminuição de pena

Retratação § 1º Se ao crime é cominada pena de detenção ou impe-


dimento, suspensão ou reforma:
2º O fato deixa de ser punível, se, antes da sentença o Pena - detenção, até três meses.
agente se retrata ou declara a verdade.
Isenção de pena
Corrupção ativa de testemunha, perito ou
intérprete § 2º Se quem presta o auxílio é ascendente, descenden-
te, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento da pena.
Art. 347. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qual-
quer outra vantagem a testemunha, perito, tradutor ou Favorecimento real
intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a
verdade em depoimento, perícia, tradução ou interpre- Art. 351. Prestar a criminoso, fora dos casos de co-au-
tação, em inquérito policial, processo administrativo ou toria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro
judicial, militar, ainda que a oferta não seja aceita: o proveito do crime:
Pena - reclusão, de dois a oito anos. Pena - detenção, de três meses a um ano.

324
Inutilização, sonegação ou descaminho de DA TRAIÇÃO
material probante
Traição
Art. 352. Inutilizar, total ou parcialmente, sonegar ou
dar descaminho a autos, documento ou objeto de valor
Art. 355. Tomar o nacional armas contra o Brasil ou Es-
probante, que tem sob guarda ou recebe para exame:
tado aliado, ou prestar serviço nas fôrças armadas de
Pena - detenção, de seis meses a três anos, se o fato nação em guerra contra o Brasil:
não constitui crime mais grave.
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos,
grau mínimo.
Modalidade culposa
Favor ao inimigo
Parágrafo único. Se a inutilização ou o descaminho re-
sulta de ação ou omissão culposa:
Art. 356. Favorecer ou tentar o nacional favorecer o ini-
Pena - detenção, até seis meses. migo, prejudicar ou tentar prejudicar o bom êxito das
operações militares, comprometer ou tentar comprome-
Exploração de prestígio ter a eficiência militar:
I - empreendendo ou deixando de empreender ação
Art. 353. Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra militar;
utilidade, a pretexto de influir em juiz, órgão do Minis-
tério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, II - entregando ao inimigo ou expondo a perigo dessa
intérprete ou testemunha, na Justiça Militar: conseqüência navio, aeronave, fôrça ou posição, enge-
nho de guerra motomecanizado, provisões ou qualquer
Pena - reclusão, até cinco anos. outro elemento de ação militar;
Aumento de pena III - perdendo, destruindo, inutilizando, deteriorando ou
expondo a perigo de perda, destruição, inutilização ou
Parágrafo único. A pena é aumentada de um têrço, se deterioração, navio, aeronave, engenho de guerra moto-
o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade mecanizado, provisões ou qualquer outro elemento de
também se destina a qualquer das pessoas referidas no ação militar;
artigo. IV - sacrificando ou expondo a perigo de sacrifício fôrça
militar;
Desobediência a decisão sôbre perda ou
V - abandonando posição ou deixando de cumprir mis-
suspensão de atividade ou direito
são ou ordem:
Art. 354. Exercer função, atividade, direito, autoridade Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos,
ou múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão grau mínimo.
da Justiça Militar:
Tentativa contra a soberania do Brasil
Pena - detenção, de três meses a dois anos.
Art. 357. Praticar o nacional o crime definido no art.
LIVRO II 142:
DOS CRIMES MILITARES
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos,
EM TEMPO DE GUERRA grau mínimo.

TÍTULO I Coação a comandante


DO FAVORECIMENTO AO INIMIGO
Art. 358. Entrar o nacional em conluio, usar de violência
ou ameaça, provocar tumulto ou desordem com o fim
CAPÍTULO I de obrigar o comandante a não empreender ou a cessar

325
ação militar, a recuar ou render-se: Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos,
grau mínimo. Cobardia qualificada

Informação ou auxílio ao inimigo Art. 364. Provocar o militar, por temor, em presença do
inimigo, a debandada de tropa ou guarnição; impedir a
reunião de uma ou outra, ou causar alarme com o fim de
Art. 359. Prestar o nacional ao inimigo informação ou
nelas produzir confusão, desalento ou desordem:
auxílio que lhe possa facilitar a ação militar:
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos,
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos,
grau mínimo.
grau mínimo.
Fuga em presença do inimigo
Aliciação de militar
Art. 365. Fugir o militar, ou incitar à fuga, em presença
Art. 360. Aliciar o nacional algum militar a passar-se
do inimigo:
para o inimigo ou prestar-lhe auxílio para êsse fim:
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos,
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos,
grau mínimo.
grau mínimo.

Ato prejudicial à eficiência da tropa CAPÍTULO IV


DA ESPIONAGEM
Art. 361. Provocar o nacional, em presença do inimigo,
a debandada de tropa, ou guarnição, impedir a reunião Espionagem
de uma ou outra ou causar alarme, com o fim de nelas
produzir confusão, desalento ou desordem: Art. 366. Praticar qualquer dos crimes previstos nos
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, arts. 143 e seu § 1°, 144 e seus §§ 1º e 2º, e 146, em
grau mínimo. favor do inimigo ou comprometendo a preparação, a
eficiência ou as operações militares:
CAPÍTULO II Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos,
DA TRAIÇÃO IMPRÓPRIA grau mínimo.

Caso de concurso
Traição imprópria
Parágrafo único. No caso de concurso por culpa, para
Art. 362. Praticar o estrangeiro os crimes previstos nos
execução do crime previsto no art. 143, § 2º, ou de re-
arts. 356, ns. I, primeira parte, II, III e IV, 357 a 361:
velação culposa (art. 144, § 3º):
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de dez anos, grau
Pena - reclusão, de três a seis anos.
mínimo.
Penetração de estrangeiro
CAPÍTULO III
DA COBARDIA Art. 367. Entrar o estrangeiro em território nacional,
ou insinuar-se em fôrça ou unidade em operações de
Cobardia guerra, ainda que fora do território nacional, a fim de
colhêr documento, notícia ou informação de caráter mi-
Art. 363. Subtrair-se ou tentar subtrair-se o militar, por litar, em benefício do inimigo, ou em prejuízo daquelas
temor, em presença do inimigo, ao cumprimento do operações:
dever militar: Pena - reclusão, de dez a vinte anos, se o fato não cons-
titui crime mais grave.

326
CAPÍTULO V CAPÍTULO VII
DO MOTIM E DA REVOLTA DA INOBSERVÂNCIA DO DEVER MILITAR

Motim, revolta ou conspiração Rendição ou capitulação

Art. 368. Praticar qualquer dos crimes definidos nos Art. 372. Render-se o comandante, sem ter esgotado os
arts. 149 e seu parágrafo único, e 152: recursos extremos de ação militar; ou, em caso de capi-
tulação, não se conduzir de acôrdo com o dever militar:
Pena - aos cabeças, morte, grau máximo; reclusão, de
quinze anos, grau mínimo. Aos co-autores, reclusão, de Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos,
dez a trinta anos. grau mínimo.

Forma qualificada Omissão de vigilância

Parágrafo único. Se o fato é praticado em presença do Art. 373. Deixar-se o comandante surpreender pelo
inimigo: inimigo.
Pena - aos cabeças, morte, grau máximo; reclusão, de Pena - detenção, de um a três anos, se o fato não cons-
vinte anos, grau mínimo. Aos co-autores, morte, grau titui crime mais grave.
máximo; reclusão, de quinze anos, grau mínimo.
Resultado mais grave
Omissão de lealdade militar
Parágrafo único. Se o fato compromete as operações
Art. 369. Praticar o crime previsto no artigo 151: militares:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. Pena - reclusão, de cinco a vinte anos, se o fato não
constitui crime mais grave.
CAPÍTULO VI
DO INCITAMENTO Descumprimento do dever militar

Art. 374. Deixar, em presença do inimigo, de conduzir-


Incitamento -se de acôrdo com o dever militar:

Art. 370. Incitar militar à desobediência, à indisciplina Pena - reclusão, até cinco anos, se o fato não constitui
ou à prática de crime militar: crime mais grave.

Pena - reclusão, de três a dez anos. Falta de cumprimento de ordem


Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem intro-
duz, afixa ou distribui, em lugar sujeito à administração Art. 375. Dar causa, por falta de cumprimento de ordem,
militar, impressos, manuscritos ou material mimeogra- à ação militar do inimigo:
fado, fotocopiado ou gravado, em que se contenha inci- Pena - reclusão, de dois a oito anos.
tamento à prática dos atos previstos no artigo.
Resultado mais grave
Incitamento em presença do inimigo
Parágrafo único. Se o fato expõe a perigo fôrça, posição
Art. 371. Praticar qualquer dos crimes previstos no art. ou outros elementos de ação militar:
370 e seu parágrafo, em presença do inimigo:
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos,
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de dez anos, grau grau mínimo.
mínimo.
Entrega ou abandono culposo

327
Art. 376. Dar causa, por culpa, ao abandono ou à entre- comando superior:
ga ao inimigo de posição, navio, aeronave, engenho de Pena - reclusão, até quatro anos, se o fato não constitui
guerra, provisões, ou qualquer outro elemento de ação crime mais grave.
militar:
Pena - reclusão, de dez a trinta anos. Tolerância culposa

Captura ou sacrifício culposo Art. 381. Deixar, por culpa, evadir-se prisioneiro:
Pena - reclusão, até quatro anos.
Art. 377. Dar causa, por culpa, ao sacrifício ou captura
de fôrça sob o seu comando:
Entendimento com o inimigo
Pena - reclusão, de dez a trinta anos.
Art. 382. Entrar o militar, sem autorização, em entendi-
Separação reprovável mento com outro militar ou emissário de país inimigo,
ou servir, para êsse fim, de intermediário:
Art. 378. Separar o comandante, em caso de capitula- Pena - reclusão, até três anos, se o fato não constitui
ção, a sorte própria da dos oficiais e praças: crime mais grave.
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos,
grau mínimo. CAPÍTULO VIII
DO DANO
Abandono de comboio

Art. 379. Abandonar comboio, cuja escolta lhe tenha Dano especial
sido confiada:
Art. 383. Praticar ou tentar praticar qualquer dos cri-
Pena - reclusão, de dois a oito anos. mes definidos nos arts. 262, 263, §§ 1º e 2º, e 264, em
benefício do inimigo, ou comprometendo ou podendo
Resultado mais grave comprometer a preparação, a eficiência ou as opera-
ções militares:
§ 1º Se do fato resulta avaria grave, ou perda total ou
parcial do comboio: Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos,
grau mínimo.
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos,
grau mínimo. Modalidade culposa

Modalidade culposa Parágrafo único. Se o crime é culposo:

§ 2º Separar-se, por culpa, do comboio ou da escolta: Pena - detenção, de quatro a dez anos.

Pena - reclusão, até quatro anos, se o fato não constitui Dano em bens de interêsse militar
crime mais grave.
Art. 384. Danificar serviço de abastecimento de água,
Caso assimilado luz ou fôrça, estrada, meio de transporte, instalação te-
legráfica ou outro meio de comunicação, depósito de
§ 3º Nas mesmas penas incorre quem, de igual forma, combustível, inflamáveis, matérias-primas necessárias
abandona material de guerra, cuja guarda lhe tenha sido à produção, depósito de víveres ou forragens, mina, fá-
confiada. brica, usina ou qualquer estabelecimento de produção
de artigo necessário à defesa nacional ou ao bem-estar
Separação culposa de comando da população e, bem assim, rebanho, lavoura ou plan-
tação, se o fato compromete ou pode comprometer a
Art. 380. Permanecer o oficial, por culpa, separado do preparação, a eficiência ou as operações militares, ou

328
de qualquer forma atenta contra a segurança externa do Coação contra oficial general ou comandante
país:
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, Art. 388. Exercer coação contra oficial general ou co-
grau mínimo. mandante da unidade, mesmo que não seja superior,
com o fim de impedir-lhe o cumprimento do dever
Envenenamento, corrupção ou epidemia militar:
Pena - reclusão, de cinco a quinze anos, se o fato não
Art. 385. Envenenar ou corromper água potável, víveres constitui crime mais grave.
ou forragens, ou causar epidemia mediante a propa-
gação de germes patogênicos, se o fato compromete Violência contra superior ou militar de serviço
ou pode comprometer a preparação, a eficiência ou as
operações militares, ou de qualquer forma atenta contra Art. 389. Praticar qualquer dos crimes definidos nos
a segurança externa do país: arts. 157 e 158, a que esteja cominada, no máximo,
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, reclusão, de trinta anos:
grau mínimo. Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos,
grau mínimo.
Modalidade culposa
Parágrafo único. Se ao crime não é cominada, no máxi-
mo, reclusão de trinta anos, mas é praticado com arma
Parágrafo único. Se o crime é culposo: e em presença do inimigo:
Pena - detenção, de dois a oito anos. Pena - morte, grau máximo; reclusão, de quinze anos,
grau mínimo.
CAPÍTULO IX
DOS CRIMES CONTRA A CAPÍTULO XI
INCOLUMIDADE PÚBLICA DO ABANDONO DE PÔSTO

Crimes de perigo comum Abandono de pôsto

Art. 386. Praticar crime de perigo comum definido nos Art. 390. Praticar, em presença do inimigo, crime de
arts. 268 a 276 e 278, na modalidade dolosa: abandono de pôsto, definido no art. 195:
I - se o fato compromete ou pode comprometer a prepa- Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos,
ração, a eficiência ou as operações militares; grau mínimo.
II - se o fato é praticado em zona de efetivas operações
militares e dêle resulta morte: CAPÍTULO XII
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, DA DESERÇÃO E DA FALTA
grau mínimo. DE APRESENTAÇÃO

CAPÍTULO X Deserção
DA INSUBORDINAÇÃO E DA VIOLÊNCIA
Art. 391. Praticar crime de deserção definido no Capítu-
Recusa de obediência ou oposição lo II, do Título III, do Livro I, da Parte Especial:
Pena - a cominada ao mesmo crime, com aumento da
Art. 387. Praticar, em presença do inimigo, qualquer metade, se o fato não constitui crime mais grave.
dos crimes definidos nos arts. 163 e 164: Parágrafo único. Os prazos para a consumação do cri-
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de dez anos, grau me são reduzidos de metade.
mínimo.

329
Deserção em presença do inimigo CAPÍTULO XIV
DO FAVORECIMENTO
Art. 392. Desertar em presença do inimigo: CULPOSO AO INIMIGO
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos,
grau mínimo. Favorecimento culposo

Falta de apresentação Art. 397. Contribuir culposamente para que alguém


pratique crime que favoreça o inimigo:
Art. 393. Deixar o convocado, no caso de mobilização
total ou parcial, de apresentar-se, dentro do prazo mar- Pena - reclusão, de dois a quatro anos, se o fato não
cado, no centro de mobilização ou ponto de concen- constitui crime mais grave.
tração:
Pena - detenção, de um a seis anos.
TÍTULO II
DA HOSTILIDADE E DA
Parágrafo único. Se o agente é oficial da reserva, apli-
ORDEM ARBITRÁRIA
ca-se a pena com aumento de um têrço.

CAPÍTULO XIII Prolongamento de hostilidades


DA LIBERTAÇÃO, DA EVASÃO E DO
Art. 398. Prolongar o comandante as hostilidades, de-
AMOTINAMENTO DE PRISIONEIROS pois de oficialmente saber celebrada a paz ou ajustado
o armistício.
Libertação de prisioneiro Pena - reclusão, de dois a dez anos.

Art. 394. Promover ou facilitar a libertação de prisionei- Ordem arbritária


ro de guerra sob guarda ou custódia de fôrça nacional
ou aliada:
Art. 399. Ordenar o comandante contribuição de guerra,
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de quinze anos, sem autorização, ou excedendo os limites desta:
grau mínimo.
Pena - reclusão, até três anos.
Evasão de prisioneiro
TÍTULO III
Art. 395. Evadir-se prisioneiro de guerra e voltar a tomar DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
armas contra o Brasil ou Estado aliado:
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, CAPÍTULO I
grau mínimo. DO HOMICÍDIO
Parágrafo único. Na aplicação dêste artigo, serão con-
siderados os tratados e as convenções internacionais, Homicídio simples
aceitos pelo Brasil relativamente ao tratamento dos pri-
sioneiros de guerra. Art. 400. Praticar homicídio, em presença do inimigo:
I - no caso do art. 205:
Amotinamento de prisioneiros
Pena - reclusão, de doze a trinta anos;
Art. 396. Amotinarem-se prisioneiros em presença do II - no caso do § 1º do art. 205, o juiz pode reduzir a
inimigo: pena de um sexto a um terço;
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos,
grau mínimo. Homicídio qualificado

330
III - no caso do § 2° do art. 205: Minoração facultativa da pena
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos,
grau mínimo. § 4º No caso do § 4º do art. 209, o juiz pode reduzir a
pena de um sexto a um têrço.
CAPÍTULO II § 5º No caso do § 5º do art. 209, o juiz pode diminuir a
DO GENOCÍDIO pena de um têrço.

TÍTULO IV
Genocídio
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
Art. 401. Praticar, em zona militarmente ocupada, o cri-
me previsto no art. 208: Furto
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos,
grau mínimo. Art. 404. Praticar crime de furto definido nos arts. 240 e
241 e seus parágrafos, em zona de operações militares
Casos assimilados ou em território militarmente ocupado:
Pena - reclusão, no dôbro da pena cominada para o
Art. 402. Praticar, com o mesmo fim e na zona referida tempo de paz.
no artigo anterior, qualquer dos atos previstos nos ns. I,
II, III, IV ou V, do parágrafo único, do art. 208: Roubo ou extorsão
Pena - reclusão, de seis a vinte e quatro anos.
Art. 405. Praticar crime de roubo, ou de extorsão defi-
nidos nos arts. 242, 243 e 244, em zona de operações
CAPÍTULO III militares ou em território militarmente ocupado:
DA LESÃO CORPORAL
Pena - morte, grau máximo, se cominada pena de reclu-
são de trinta anos; reclusão pelo dôbro da pena para o
Lesão leve tempo de paz, nos outros casos.

Art. 403. Praticar, em presença do inimigo, crime defi- Saque


nido no art. 209:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Art. 406. Praticar o saque em zona de operações milita-
res ou em território militarmente ocupado:
Lesão grave Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos,
grau mínimo.
§ 1º No caso do § 1° do art. 209:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos. TÍTULO V
§ 2º No caso do § 2º do art. 209: DO RAPTO E DA VIOLÊNCIA CARNAL
Pena - reclusão, de seis a quinze anos.
Rapto
Lesões qualificadas pelo resultado
Art. 407. Raptar mulher honesta, mediante violência ou
§ 3º No caso do § 3º do art. 209: grave ameaça, para fim libidinoso, em lugar de efetivas
operações militares:
Pena - reclusão, de oito a vinte anos no caso de lesão
grave; reclusão, de dez a vinte e quatro anos, no caso Pena - reclusão, de dois a quatro anos.
de morte.
Resultado mais grave

331
§ 1º Se da violência resulta lesão grave: LUÍS ANTÔNIO DA GAMA E SILVA
Pena - reclusão, de seis a dez anos.
Este texto não substitui o publicado no DOU de
§ 2º Se resulta morte: 21.10.1969
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

Cumulação de pena

§ 3º Se o autor, ao efetuar o rapto, ou em seguida a


êste, pratica outro crime contra a raptada, aplicam-se,
cumulativamente, a pena correspondente ao rapto e a
cominada ao outro crime.

Violência carnal

Art. 408. Praticar qualquer dos crimes de violência car-


nal definidos nos arts. 232 e 233, em lugar de efetivas
operações militares:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

Resultado mais grave

Parágrafo único. Se da violência resulta:


a) lesão grave:
Pena - reclusão, de oito a vinte anos;
b) morte:
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de quinze anos,
grau mínimo.

DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 409. São revogados o Decreto-lei número 6.227, de


24 de janeiro de 1944, e demais disposições contrárias
a êste Código, salvo as leis especiais que definem os
crimes contra a segurança nacional e a ordem política
e social.

Art. 410. Êste Código entrará em vigor no dia 1º de ja-


neiro de 1970.

Brasília, 21 de outubro de 1969; 148º da Independência


e 81º da República.

AUGUSTO HAMANN RADEMAKER GRUNEWALD


AURÉLIO DE LYRA TAVARES
MÁRCIO DE SOUZA E MELLO

332
DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR

Interpretação literal
CÓDIGO DE PROCESSO
PENAL MENTAL Art. 2º A lei de processo penal militar deve ser interpre-
tada no sentido literal de suas expressões. Os têrmos
DECRETO-LEI Nº 1.002, DE 21 DE OUTUBRO DE técnicos hão de ser entendidos em sua acepção espe-
1969. cial, salvo se evidentemente empregados com outra
significação.
Os Ministros da Marinha de Guerra, do Exército e
da Aeronáutica Militar, usando das atribuições que lhes Interpretação extensiva ou restritiva
confere o art. 3º do Ato Institucional nº 16, de 14 de
outubro de 1969, combinado com o § 1º do art. 2º do § 1º Admitir-se-á a interpretação extensiva ou a inter-
Ato Institucional n° 5, de 13 de dezembro de 1968, de- pretação restritiva, quando fôr manifesto, no primeiro
cretam: caso, que a expressão da lei é mais estrita e, no segun-
do, que é mais ampla, do que sua intenção.
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL MILITAR
Casos de inadmissibilidade de interpretação não
literal
LIVRO I
§ 2º Não é, porém, admissível qualquer dessas inter-
TÍTULO I pretações, quando:
a) cercear a defesa pessoal do acusado;
CAPÍTULO ÚNICO b) prejudicar ou alterar o curso normal do processo, ou
DA LEI DE PROCESSO PENAL lhe desvirtuar a natureza;
MILITAR E DA SUA APLICAÇÃO c) desfigurar de plano os fundamentos da acusação que
deram origem ao processo.
Fontes de Direito Judiciário Militar
Suprimento dos casos omissos
Art. 1º O processo penal militar reger-se-á pelas nor-
mas contidas neste Código, assim em tempo de paz Art. 3º Os casos omissos neste Código serão supridos:
como em tempo de guerra, salvo legislação especial
a) pela legislação de processo penal comum, quando
que lhe fôr estritamente aplicável.
aplicável ao caso concreto e sem prejuízo da índole do
processo penal militar;
Divergência de normas
b) pela jurisprudência;
§ 1º Nos casos concretos, se houver divergência entre c) pelos usos e costumes militares;
essas normas e as de convenção ou tratado de que o
d) pelos princípios gerais de Direito;
Brasil seja signatário, prevalecerão as últimas.
e) pela analogia.
Aplicação subsidiária
Aplicação no espaço e no tempo
§ 2º Aplicam-se, subsidiàriamente, as normas dêste
Código aos processos regulados em leis especiais. Art. 4º Sem prejuízo de convenções, tratados e regras

333
de direito internacional, aplicam-se as normas dêste Aplicação à Justiça Militar Estadual
Código:
Art. 6º Obedecerão às normas processuais previstas
Tempo de paz neste Código, no que forem aplicáveis, salvo quanto à
organização de Justiça, aos recursos e à execução de
I - em tempo de paz: sentença, os processos da Justiça Militar Estadual, nos
crimes previstos na Lei Penal Militar a que responde-
a) em todo o território nacional;
rem os oficiais e praças das Polícias e dos Corpos de
b) fora do território nacional ou em lugar de extrater- Bombeiros, Militares.
ritorialidade brasileira, quando se tratar de crime que
atente contra as instituições militares ou a segurança TÍTULO II
nacional, ainda que seja o agente processado ou tenha
sido julgado pela justiça estrangeira;
CAPÍTULO ÚNICO
c) fora do território nacional, em zona ou lugar sob
administração ou vigilância da fôrça militar brasileira, DA POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR
ou em ligação com esta, de fôrça militar estrangeira
no cumprimento de missão de caráter internacional ou Exercício da polícia judiciária militar
extraterritorial;
d) a bordo de navios, ou quaisquer outras embarcações, Art. 7º A polícia judiciária militar é exercida nos têrmos
e de aeronaves, onde quer que se encontrem, ainda que do art. 8º, pelas seguintes autoridades, conforme as
de propriedade privada, desde que estejam sob coman- respectivas jurisdições:
do militar ou militarmente utilizados ou ocupados por a) pelos ministros da Marinha, do Exército e da Aero-
ordem de autoridade militar competente; náutica, em todo o território nacional e fora dêle, em
e) a bordo de aeronaves e navios estrangeiros desde relação às fôrças e órgãos que constituem seus Minis-
que em lugar sujeito à administração militar, e a infra- térios, bem como a militares que, neste caráter, desem-
ção atente contra as instituições militares ou a segu- penhem missão oficial, permanente ou transitória, em
rança nacional; país estrangeiro;
b) pelo chefe do Estado-Maior das Fôrças Armadas, em
Tempo de guerra relação a entidades que, por disposição legal, estejam
sob sua jurisdição;
II - em tempo de guerra:
c) pelos chefes de Estado-Maior e pelo secretário-geral
a) aos mesmos casos previstos para o tempo de paz; da Marinha, nos órgãos, fôrças e unidades que lhes são
b) em zona, espaço ou lugar onde se realizem opera- subordinados;
ções de fôrça militar brasileira, ou estrangeira que lhe d) pelos comandantes de Exército e pelo comandante-
seja aliada, ou cuja defesa, proteção ou vigilância inte- -chefe da Esquadra, nos órgãos, fôrças e unidades com-
resse à segurança nacional, ou ao bom êxito daquelas preendidos no âmbito da respectiva ação de comando;
operações;
e) pelos comandantes de Região Militar, Distrito Naval
c) em território estrangeiro militarmente ocupado. ou Zona Aérea, nos órgãos e unidades dos respectivos
territórios;
Aplicação intertemporal f) pelo secretário do Ministério do Exército e pelo chefe
de Gabinete do Ministério da Aeronáutica, nos órgãos e
Art. 5º As normas dêste Código aplicar-se-ão a partir da serviços que lhes são subordinados;
sua vigência, inclusive nos processos pendentes, res-
salvados os casos previstos no art. 711, e sem prejuízo g) pelos diretores e chefes de órgãos, repartições, esta-
da validade dos atos realizados sob a vigência da lei belecimentos ou serviços previstos nas leis de organi-
anterior. zação básica da Marinha, do Exército e da Aeronáutica;
h) pelos comandantes de fôrças, unidades ou navios;

334
Delegação do exercício bem como as demais prescrições dêste Código, nesse
sentido;
§ 1º Obedecidas as normas regulamentares de jurisdi- f) solicitar das autoridades civis as informações e medi-
ção, hierarquia e comando, as atribuições enumeradas das que julgar úteis à elucidação das infrações penais,
neste artigo poderão ser delegadas a oficiais da ativa, que esteja a seu cargo;
para fins especificados e por tempo limitado.
g) requisitar da polícia civil e das repartições técnicas
§ 2º Em se tratando de delegação para instauração de civis as pesquisas e exames necessários ao comple-
inquérito policial militar, deverá aquela recair em oficial mento e subsídio de inquérito policial militar;
de pôsto superior ao do indiciado, seja êste oficial da
ativa, da reserva, remunerada ou não, ou reformado. h) atender, com observância dos regulamentos milita-
res, a pedido de apresentação de militar ou funcionário
§ 3º Não sendo possível a designação de oficial de pôs- de repartição militar à autoridade civil competente, des-
to superior ao do indiciado, poderá ser feita a de oficial de que legal e fundamentado o pedido.
do mesmo pôsto, desde que mais antigo.
§ 4º Se o indiciado é oficial da reserva ou reformado, TÍTULO III
não prevalece, para a delegação, a antiguidade de pôs-
to.
CAPÍTULO ÚNICO
Designação de delegado e avocamento de DO INQUÉRITO POLICIAL MILITAR
inquérito pelo ministro
Finalidade do inquérito
§ 5º Se o pôsto e a antiguidade de oficial da ativa ex-
cluírem, de modo absoluto, a existência de outro ofi- Art. 9º O inquérito policial militar é a apuração sumária
cial da ativa nas condições do § 3º, caberá ao ministro de fato, que, nos têrmos legais, configure crime militar,
competente a designação de oficial da reserva de pôsto e de sua autoria. Tem o caráter de instrução provisória,
mais elevado para a instauração do inquérito policial cuja finalidade precípua é a de ministrar elementos ne-
militar; e, se êste estiver iniciado, avocá-lo, para tomar cessários à propositura da ação penal.
essa providência.
Parágrafo único. São, porém, efetivamente instrutórios
Competência da polícia judiciária militar da ação penal os exames, perícias e avaliações reali-
zados regularmente no curso do inquérito, por peritos
idôneos e com obediência às formalidades previstas
Art. 8º Compete à Polícia judiciária militar:
neste Código.
a) apurar os crimes militares, bem como os que, por
lei especial, estão sujeitos à jurisdição militar, e sua Modos por que pode ser iniciado
autoria;
b) prestar aos órgãos e juízes da Justiça Militar e aos Art. 10. O inquérito é iniciado mediante portaria:
membros do Ministério Público as informações neces- a) de ofício, pela autoridade militar em cujo âmbito de
sárias à instrução e julgamento dos processos, bem jurisdição ou comando haja ocorrido a infração penal,
como realizar as diligências que por êles lhe forem atendida a hierarquia do infrator;
requisitadas;
b) por determinação ou delegação da autoridade militar
c) cumprir os mandados de prisão expedidos pela Jus- superior, que, em caso de urgência, poderá ser feita por
tiça Militar; via telegráfica ou radiotelefônica e confirmada, poste-
d) representar a autoridades judiciárias militares acêrca riormente, por ofício;
da prisão preventiva e da insanidade mental do indi- c) em virtude de requisição do Ministério Público;
ciado;
d) por decisão do Superior Tribunal Militar, nos têrmos
e) cumprir as determinações da Justiça Militar relati- do art. 25;
vas aos presos sob sua guarda e responsabilidade,
e) a requerimento da parte ofendida ou de quem legal-

335
mente a represente, ou em virtude de representação Escrivão do inquérito
devidamente autorizada de quem tenha conhecimento
de infração penal, cuja repressão caiba à Justiça Militar; Art. 11. A designação de escrivão para o inquérito ca-
f) quando, de sindicância feita em âmbito de jurisdição berá ao respectivo encarregado, se não tiver sido feita
militar, resulte indício da existência de infração penal pela autoridade que lhe deu delegação para aquêle fim,
militar. recaindo em segundo ou primeiro-tenente, se o indicia-
do fôr oficial, e em sargento, subtenente ou suboficial,
Superioridade ou igualdade de pôsto do infrator nos demais casos.

§ 1º Tendo o infrator pôsto superior ou igual ao do Compromisso legal


comandante, diretor ou chefe de órgão ou serviço, em
cujo âmbito de jurisdição militar haja ocorrido a infra- Parágrafo único. O escrivão prestará compromisso de
ção penal, será feita a comunicação do fato à autoridade manter o sigilo do inquérito e de cumprir fielmente as
superior competente, para que esta torne efetiva a dele- determinações dêste Código, no exercício da função.
gação, nos têrmos do § 2° do art. 7º.
Medidas preliminares ao inquérito
Providências antes do inquérito
Art. 12. Logo que tiver conhecimento da prática de in-
§ 2º O aguardamento da delegação não obsta que o fração penal militar, verificável na ocasião, a autoridade
oficial responsável por comando, direção ou chefia, ou a que se refere o § 2º do art. 10 deverá, se possível:
aquêle que o substitua ou esteja de dia, de serviço ou a) dirigir-se ao local, providenciando para que se não
de quarto, tome ou determine que sejam tomadas ime- alterem o estado e a situação das coisas, enquanto ne-
diatamente as providências cabíveis, previstas no art. cessário;
12, uma vez que tenha conhecimento de infração penal
b) apreender os instrumentos e todos os objetos que
que lhe incumba reprimir ou evitar.
tenham relação com o fato;
Infração de natureza não militar c) efetuar a prisão do infrator, observado o disposto no
art. 244;
§ 3º Se a infração penal não fôr, evidentemente, de na- d) colhêr tôdas as provas que sirvam para o esclareci-
tureza militar, comunicará o fato à autoridade policial mento do fato e suas circunstâncias.
competente, a quem fará apresentar o infrator. Em se
tratando de civil, menor de dezoito anos, a apresentação Formação do inquérito
será feita ao Juiz de Menores.
Art. 13. O encarregado do inquérito deverá, para a for-
Oficial general como infrator mação dêste:

§ 4º Se o infrator fôr oficial general, será sempre comu- Atribuição do seu encarregado
nicado o fato ao ministro e ao chefe de Estado-Maior
competentes, obedecidos os trâmites regulamentares. a) tomar as medidas previstas no art. 12, se ainda não
o tiverem sido;
Indícios contra oficial de pôsto superior ou mais
antigo no curso do inquérito b) ouvir o ofendido;
c) ouvir o indiciado;
§ 5º Se, no curso do inquérito, o seu encarregado ve-
d) ouvir testemunhas;
rificar a existência de indícios contra oficial de pôsto
superior ao seu, ou mais antigo, tomará as providências e) proceder a reconhecimento de pessoas e coisas, e
necessárias para que as suas funções sejam delegadas acareações;
a outro oficial, nos têrmos do § 2° do art. 7º. f) determinar, se fôr o caso, que se proceda a exame de
corpo de delito e a quaisquer outros exames e perícias;

336
g) determinar a avaliação e identificação da coisa sub- dispostas nos arts. 42 a 47 do Decreto-Lei nº 1.001, de
traída, desviada, destruída ou danificada, ou da qual 21 de outubro de 1969 (Código Penal Militar), o indi-
houve indébita apropriação; ciado poderá constituir defensor. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
h) proceder a buscas e apreensões, nos têrmos dos
arts. 172 a 184 e 185 a 189; § 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o
investigado deverá ser citado da instauração do pro-
i) tomar as medidas necessárias destinadas à proteção
cedimento investigatório, podendo constituir defensor
de testemunhas, peritos ou do ofendido, quando coac-
no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a contar do
tos ou ameaçados de coação que lhes tolha a liberdade
recebimento da citação. (Incluído pela Lei nº 13.964,
de depor, ou a independência para a realização de pe-
de 2019)
rícias ou exames.
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º com ausên-
Reconstituição dos fatos cia de nomeação de defensor pelo investigado, a au-
toridade responsável pela investigação deverá intimar
Parágrafo único. Para verificar a possibilidade de ha- a instituição a que estava vinculado o investigado à
ver sido a infração praticada de determinado modo, o época da ocorrência dos fatos, para que esta, no prazo
encarregado do inquérito poderá proceder à reprodu- de 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para a
ção simulada dos fatos, desde que esta não contrarie representação do investigado. (Incluído pela Lei nº
a moralidade ou a ordem pública, nem atente contra a 13.964, de 2019)
hierarquia ou a disciplina militar. § 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
Assistência de procurador
§ 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de
Art. 14. Em se tratando da apuração de fato delituoso de 2019)
excepcional importância ou de difícil elucidação, o en- § 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de
carregado do inquérito poderá solicitar do procurador- 2019)
-geral a indicação de procurador que lhe dê assistência.
§ 6º As disposições constantes deste artigo aplicam-se
aos servidores militares vinculados às instituições dis-
Encarregado de inquérito. Requisitos postas no art. 142 da Constituição Federal, desde que
os fatos investigados digam respeito a missões para
Art. 15. Será encarregado do inquérito, sempre que a Garantia da Lei e da Ordem. (Incluído pela Lei nº
possível, oficial de pôsto não inferior ao de capitão 13.964, de 2019)
ou capitão-tenente; e, em se tratando de infração pe-
nal contra a segurança nacional, sê-lo-á, sempre que Incomunicabilidade do indiciado. Prazo.
possível, oficial superior, atendida, em cada caso, a sua
hierarquia, se oficial o indiciado.
Art. 17. O encarregado do inquérito poderá manter in-
comunicável o indiciado, que estiver legalmente prêso,
Sigilo do inquérito por três dias no máximo.

Art. 16. O inquérito é sigiloso, mas seu encarregado Detenção de indiciado


pode permitir que dêle tome conhecimento o advogado
do indiciado.
Art. 18. Independentemente de flagrante delito, o in-
diciado poderá ficar detido, durante as investigações
Art. 16-A. Nos casos em que servidores das polícias policiais, até trinta dias, comunicando-se a detenção
militares e dos corpos de bombeiros militares figu- à autoridade judiciária competente. Êsse prazo poderá
rarem como investigados em inquéritos policiais mi- ser prorrogado, por mais vinte dias, pelo comandante
litares e demais procedimentos extrajudiciais, cujo da Região, Distrito Naval ou Zona Aérea, mediante so-
objeto for a investigação de fatos relacionados ao uso licitação fundamentada do encarregado do inquérito e
da força letal praticados no exercício profissional, de por via hierárquica.
forma consumada ou tentada, incluindo as situações

337
Prisão preventiva e menagem. Solicitação dos, ou haja necessidade de diligência, indispensáveis
à elucidação do fato. O pedido de prorrogação deve ser
Parágrafo único. Se entender necessário, o encarregado feito em tempo oportuno, de modo a ser atendido antes
do inquérito solicitará, dentro do mesmo prazo ou sua da terminação do prazo.
prorrogação, justificando-a, a decretação da prisão pre-
ventiva ou de menagem, do indiciado. Diligências não concluídas até o inquérito

Inquirição durante o dia § 2º Não haverá mais prorrogação, além da prevista no


§ 1º, salvo dificuldade insuperável, a juízo do ministro
Art. 19. As testemunhas e o indiciado, exceto caso de de Estado competente. Os laudos de perícias ou exames
urgência inadiável, que constará da respectiva assenta- não concluídos nessa prorrogação, bem como os do-
da, devem ser ouvidos durante o dia, em período que cumentos colhidos depois dela, serão posteriormente
medeie entre as sete e as dezoito horas. remetidos ao juiz, para a juntada ao processo. Ainda,
no seu relatório, poderá o encarregado do inquérito
Inquirição. Assentada de início, interrupção e indicar, mencionando, se possível, o lugar onde se en-
encerramento contram as testemunhas que deixaram de ser ouvidas,
por qualquer impedimento.
§ 1º O escrivão lavrará assentada do dia e hora do início
das inquirições ou depoimentos; e, da mesma forma, Dedução em favor dos prazos
do seu encerramento ou interrupções, no final daquele
período. 3º São deduzidas dos prazos referidos neste artigo as
interrupções pelo motivo previsto no § 5º do art. 10.
Inquirição. Limite de tempo
Reunião e ordem das peças de inquérito
§ 2º A testemunha não será inquirida por mais de qua-
tro horas consecutivas, sendo-lhe facultado o descanso Art. 21. Tôdas as peças do inquérito serão, por ordem
de meia hora, sempre que tiver de prestar declarações cronológica, reunidas num só processado e dactilo-
além daquele têrmo. O depoimento que não ficar con- grafadas, em espaço dois, com as fôlhas numeradas e
cluído às dezoito horas será encerrado, para prosseguir rubricadas, pelo escrivão.
no dia seguinte, em hora determinada pelo encarregado
do inquérito. Juntada de documento
§ 3º Não sendo útil o dia seguinte, a inquirição poderá
ser adiada para o primeiro dia que o fôr, salvo caso de Parágrafo único. De cada documento junto, a que pre-
urgência. cederá despacho do encarregado do inquérito, o escri-
vão lavrará o respectivo têrmo, mencionando a data.
Prazos para terminação do inquérito
Relatório
Art 20. O inquérito deverá terminar dentro em vinte
dias, se o indiciado estiver prêso, contado esse prazo a Art. 22. O inquérito será encerrado com minucioso rela-
partir do dia em que se executar a ordem de prisão; ou tório, em que o seu encarregado mencionará as diligên-
no prazo de quarenta dias, quando o indiciado estiver cias feitas, as pessoas ouvidas e os resultados obtidos,
sôlto, contados a partir da data em que se instaurar o com indicação do dia, hora e lugar onde ocorreu o fato
inquérito. delituoso. Em conclusão, dirá se há infração disciplinar
a punir ou indício de crime, pronunciando-se, neste
último caso, justificadamente, sôbre a conveniência da
Prorrogação de prazo
prisão preventiva do indiciado, nos têrmos legais.
§ 1º Êste último prazo poderá ser prorrogado por mais
Solução
vinte dias pela autoridade militar superior, desde que
não estejam concluídos exames ou perícias já inicia-

338
§ 1º No caso de ter sido delegada a atribuição para a § 1º Verificando a hipótese contida neste artigo, o juiz
abertura do inquérito, o seu encarregado enviá-lo-á à remeterá os autos ao Ministério Público, para os fins do
autoridade de que recebeu a delegação, para que lhe disposto no art. 10, letra c.
homologue ou não a solução, aplique penalidade, no § 2º O Ministério Público poderá requerer o arquiva-
caso de ter sido apurada infração disciplinar, ou deter- mento dos autos, se entender inadequada a instauração
mine novas diligências, se as julgar necessárias. do inquérito.
Advocação Devolução de autos de inquérito
§ 2º Discordando da solução dada ao inquérito, a au- Art. 26. Os autos de inquérito não poderão ser devolvi-
toridade que o delegou poderá avocá-lo e dar solução dos a autoridade policial militar, a não ser:
diferente.
I — mediante requisição do Ministério Público, para
Remessa do inquérito à Auditoria da diligências por ele consideradas imprescindíveis ao
Circunscrição oferecimento da denúncia;
II — por determinação do juiz, antes da denúncia,
Art. 23. Os autos do inquérito serão remetidos ao audi- para o preenchimento de formalidades previstas nes-
tor da Circunscrição Judiciária Militar onde ocorreu a te Código, ou para complemento de prova que julgue
infração penal, acompanhados dos instrumentos desta, necessária.
bem como dos objetos que interessem à sua prova.
Parágrafo único. Em qualquer dos casos, o juiz marcará
prazo, não excedente de vinte dias, para a restituição
Remessa a Auditorias Especializadas
dos autos.
§ 1º Na Circunscrição onde houver Auditorias Espe-
Suficiência do auto de flagrante delito
cializadas da Marinha, do Exército e da Aeronáutica,
atender-se-á, para a remessa, à especialização de
Art. 27. Se, por si só, fôr suficiente para a elucidação do
cada uma. Onde houver mais de uma na mesma sede,
fato e sua autoria, o auto de flagrante delito constituirá o
especializada ou não, a remessa será feita à primeira
inquérito, dispensando outras diligências, salvo o exa-
Auditoria, para a respectiva distribuição. Os incidentes
me de corpo de delito no crime que deixe vestígios, a
ocorridos no curso do inquérito serão resolvidos pelo
identificação da coisa e a sua avaliação, quando o seu
juiz a que couber tomar conhecimento do inquérito, por
valor influir na aplicação da pena. A remessa dos autos,
distribuição.
com breve relatório da autoridade policial militar, far-
§ 2º Os autos de inquérito instaurado fora do território -se-á sem demora ao juiz competente, nos têrmos do
nacional serão remetidos à 1ª Auditoria da Circunscri- art. 20.
ção com sede na Capital da União, atendida, contudo, a
especialização referida no § 1º. Dispensa de Inquérito

Arquivamento de inquérito. Proibição Art. 28. O inquérito poderá ser dispensado, sem pre-
juízo de diligência requisitada pelo Ministério Público:
Art. 24. A autoridade militar não poderá mandar arqui-
a) quando o fato e sua autoria já estiverem esclarecidos
var autos de inquérito, embora conclusivo da inexistên-
por documentos ou outras provas materiais;
cia de crime ou de inimputabilidade do indiciado.
b) nos crimes contra a honra, quando decorrerem de
Instauração de nôvo inquérito escrito ou publicação, cujo autor esteja identificado;
c) nos crimes previstos nos arts. 341 e 349 do Código
Art 25. O arquivamento de inquérito não obsta a instau- Penal Militar.
ração de outro, se novas provas aparecerem em relação
ao fato, ao indiciado ou a terceira pessoa, ressalvados
o caso julgado e os casos de extinção da punibilidade.
TÍTULO IV

339
CAPÍTULO ÚNICO Informações
DA AÇÃO PENAL MILITAR E DO SEU
EXERCÍCIO § 1º As informações, se escritas, deverão estar devi-
damente autenticadas; se verbais, serão tomadas por
têrmo perante o juiz, a pedido do órgão do Ministério
Promoção da ação penal Público, e na presença dêste.

Art. 29. A ação penal é pública e sòmente pode ser Requisição de diligências
promovida por denúncia do Ministério Público Militar.
§ 2º Se o Ministério Público as considerar procedentes,
Obrigatoriedade dirigir-se-á à autoridade policial militar para que esta
proceda às diligências necessárias ao esclarecimento
Art. 30. A denúncia deve ser apresentada sempre que do fato, instaurando inquérito, se houver motivo para
houver: esse fim.
a) prova de fato que, em tese, constitua crime;
b) indícios de autoria.
TÍTULO V
DO PROCESSO PENAL MILITAR EM GERAL
Dependência de requisição do Govêrno
CAPÍTULO ÚNICO
Art. 31. Nos crimes previstos nos arts. 136 a 141 do DO PROCESSO
Código Penal Militar, a ação penal; quando o agente
fôr militar ou assemelhado, depende de requisição, que
será feita ao procurador-geral da Justiça Militar, pelo Direito de ação e defesa. Poder de jurisdição
Ministério a que o agente estiver subordinado; no caso
do art. 141 do mesmo Código, quando o agente fôr civil Art. 34. O direito de ação é exercido pelo Ministério
e não houver co-autor militar, a requisição será do Mi- Público, como representante da lei e fiscal da sua
nistério da Justiça. execução, e o de defesa pelo acusado, cabendo ao juiz
exercer o poder de jurisdição, em nome do Estado.
Comunicação ao procurador-geral da República
Relação processual. Início e extinção
Parágrafo único. Sem prejuízo dessa disposição, o
procurador-geral da Justiça Militar dará conhecimento Art. 35. O processo inicia-se com o recebimento da de-
ao procurador-geral da República de fato apurado em núncia pelo juiz, efetiva-se com a citação do acusado e
inquérito que tenha relação com qualquer dos crimes extingue-se no momento em que a sentença definitiva
referidos neste artigo. se torna irrecorrível, quer resolva o mérito, quer não.

Proibição de existência da denúncia Casos de suspensão

Art. 32. Apresentada a denúncia, o Ministério Público Parágrafo único. O processo suspende-se ou extingue-
não poderá desistir da ação penal. -se nos casos previstos neste Código.

Exercício do direito de representação TÍTULO VI


DO JUIZ, AUXILIARES E
Art. 33. Qualquer pessoa, no exercício do direito de PARTES DO PROCESSO
representação, poderá provocar a iniciativa do Minis-
tério Publico, dando-lhe informações sôbre fato que
constitua crime militar e sua autoria, e indicando-lhe os CAPÍTULO I
elementos de convicção. DO JUIZ E SEUS AUXILIARES

340
SEÇÃO I a) se fôr amigo íntimo ou inimigo de qualquer delas;
Do Juiz b) se êle, seu cônjuge, ascendente ou descendente, de
um ou de outro, estiver respondendo a processo por
Função do juiz fato análogo, sôbre cujo caráter criminoso haja contro-
vérsia;
Art. 36. O juiz proverá a regularidade do processo e a c) se êle, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo ou
execução da lei, e manterá a ordem no curso dos res- afim até o segundo grau inclusive, sustentar demanda
pectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a fôrça ou responder a processo que tenha de ser julgado por
militar. qualquer das partes;
§ 1º Sempre que êste Código se refere a juiz abrange, d) se êle, seu cônjuge, ou parente, a que alude a alínea
nesta denominação, quaisquer autoridades judiciárias, anterior, sustentar demanda contra qualquer das partes
singulares ou colegiadas, no exercício das respectivas ou tiver sido procurador de qualquer delas;
competências atributivas ou processuais.
e) se tiver dado parte oficial do crime;
Independência da função f) se tiver aconselhado qualquer das partes;
g) se êle ou seu cônjuge fôr herdeiro presuntivo, dona-
§ 2º No exercício das suas atribuições, o juiz não deverá tário ou usufrutuário de bens ou empregador de qual-
obediência senão, nos têrmos legais, à autoridade judi- quer das partes;
ciária que lhe é superior.
h) se fôr presidente, diretor ou administrador de socie-
Impedimento para exercer a jurisdição dade interessada no processo;
i) se fôr credor ou devedor, tutor ou curador, de qual-
Art. 37. O juiz não poderá exercer jurisdição no pro- quer das partes.
cesso em que:
a) como advogado ou defensor, órgão do Ministério Pú- Suspeição entre adotante e adotado
blico, autoridade policial, auxiliar de justiça ou perito,
tiver funcionado seu cônjuge, ou parente consangüíneo Art. 39. A suspeição entre adotante e adotado será
ou afim até o terceiro grau inclusive; considerada nos mesmos têrmos da resultante entre
ascendente e descendente, mas não se estenderá aos
b) ele próprio houver desempenhado qualquer dessas respectivos parentes e cessará no caso de se dissolver
funções ou servido como testemunha; o vínculo da adoção.
c) tiver funcionado como juiz de outra instância, pro-
nunciando-se, de fato ou de direito, sôbre a questão; Suspeição por afinidade
d) êle próprio ou seu cônjuge, ou parente consangüíneo
Art. 40. A suspeição ou impedimento decorrente de
ou afim, até o terceiro grau inclusive, fôr parte ou dire-
parentesco por afinidade cessará pela dissolução do
tamente interessado.
casamento que lhe deu causa, salvo sobrevindo des-
cendentes. Mas, ainda que dissolvido o casamento,
Inexistência de atos
sem descendentes, não funcionará como juiz o parente
afim em primeiro grau na linha ascendente ou descen-
Parágrafo único. Serão considerados inexistentes os dente ou em segundo grau na linha colateral, de quem
atos praticados por juiz impedido, nos têrmos dêste fôr parte do processo.
artigo.
Suspeição provocada
Casos de suspeição do juiz
Art. 41. A suspeição não poderá ser declarada nem re-
Art. 38. O juiz dar-se-á por suspeito e, se o não fizer, conhecida, quando a parte injuriar o juiz, ou de propó-
poderá ser recusado por qualquer das partes: sito der motivo para criá-la.

341
SEÇÃO II SEÇÃO III
Dos auxiliares do juiz Dos peritos e intérpretes

Funcionários e serventuários da Justiça Nomeação de peritos

Art. 42. Os funcionários ou serventuários da justiça Mi- Art. 47 Os peritos e intérpretes serão de nomeação do
litar são, nos processos em que funcionam, auxiliares juiz, sem intervenção das partes.
do juiz, a cujas determinações devem obedecer.
Preferência
Escrivão
Art. 48. Os peritos ou intérpretes serão nomeados de
Art. 43. O escrivão providenciará para que estejam em preferência dentre oficiais da ativa, atendida a especia-
ordem e em dia as peças e têrmos dos processos. lidade.

Oficial de Justiça Compromisso legal

Art. 44. O oficial de justiça realizará as diligências que Parágrafo único. O perito ou intérprete prestará com-
lhe atribuir a lei de organização judiciária militar e as promisso de desempenhar a função com obediência à
que lhe forem ordenadas por despacho do juiz, certi- disciplina judiciária e de responder fielmente aos que-
ficando o ocorrido, no respectivo instrumento, com sitos propostos pelo juiz e pelas partes.
designação de lugar, dia e hora.
Encargo obrigatório
Diligências
Art. 49. O encargo de perito ou intérprete não pode ser
§ 1º As diligências serão feitas durante o dia, em perío- recusado, salvo motivo relevante que o nomeado justi-
do que medeie entre as seis e as dezoito horas e, sem- ficará, para apreciação do juiz.
pre que possível, na presença de duas testemunhas.
Penalidade em caso de recusa
Mandados
Art. 50. No caso de recusa irrelevante, o juiz poderá
§ 2º Os mandados serão entregues em cartório, logo aplicar multa correspondente até três dias de venci-
depois de cumpridos, salvo motivo de fôrça maior. mentos, se o nomeado os tiver fixos por exercício de
função; ou, se isto não acontecer, arbitrá-lo em quantia
Convocação de substituto. Nomeação ad hoc que irá de um décimo à metade do maior salário míni-
mo do país.
Art. 45. Nos impedimentos do funcionário ou serventu-
ário de justiça, o juiz convocará o substituto; e, na falta Casos extensivos
dêste, nomeará um ad hoc, que prestará compromisso
de bem desempenhar a função, tendo em atenção as Parágrafo único. Incorrerá na mesma pena o perito ou o
ordens do juiz e as determinações de ordem legal. intérprete que, sem justa causa:
a) deixar de acudir ao chamado da autoridade;
Suspeição de funcionário ou serventuário
b) não comparecer no dia e local designados para o
Art. 46. O funcionário ou serventuário de justiça fica exame;
sujeito, no que fôr aplicável, às mesmas normas refe- c) não apresentar o laudo, ou concorrer para que a perí-
rentes a impedimento ou suspeição do juiz, inclusive o cia não seja feita, nos prazos estabelecidos.
disposto no art. 41.
Não comparecimento do perito

342
Art. 51. No caso de não comparecimento do perito, sem Art. 55. Cabe ao Ministério Público fiscalizar o cumpri-
justa causa, o juiz poderá determinar sua apresentação, mento da lei penal militar, tendo em atenção especial o
oficiando, para êsse fim, à autoridade militar ou civil resguardo das normas de hierarquia e disciplina, como
competente, quando se tratar de oficial ou de funcio- bases da organização das Fôrças Armadas.
nário público.
Independência do Ministério Público
Impedimentos dos peritos
Art. 56. O Ministério Público desempenhará as suas
Art. 52. Não poderão ser peritos ou intérpretes: funções de natureza processual sem dependência a
quaisquer determinações que não emanem de decisão
a) os que estiverem sujeitos a interdição que os inabilite
ou despacho da autoridade judiciária competente, no
para o exercício de função pública;
uso de atribuição prevista neste Código e regularmente
b) os que tiverem prestado depoimento no processo ou exercida, havendo no exercício das funções recíproca
opinado anteriormente sôbre o objeto da perícia; independência entre os órgãos do Ministério Público e
c) os que não tiverem habilitação ou idoneidade para o os da ordem judiciária.
seu desempenho;
Subordinação direta ao procurador-geral
d) os menores de vinte e um anos.
Parágrafo único. Os procuradores são diretamente su-
Suspeição de peritos e intérpretes bordinados ao procurador-geral.

Art. 53. É extensivo aos peritos e intérpretes, no que Impedimentos


lhes fôr aplicável, o disposto sôbre suspeição de juízes.
Art. 57. Não pode funcionar no processo o membro do
CAPÍTULO II Ministério Público:
DAS PARTES a) se nêle já houver intervindo seu cônjuge ou paren-
te consangüíneo ou afim, até o terceiro grau inclusive,
SEÇÃO I como juiz, defensor do acusado, autoridade policial ou
Do acusador auxiliar de justiça;
b) se êle próprio houver desempenhado qualquer des-
Ministério Público sas funções;
c) se êle próprio ou seu cônjuge ou parente consangüí-
Art. 54. O Ministério Público é o órgão de acusação neo ou afim, até o terceiro grau inclusive, fôr parte ou
no processo penal militar, cabendo ao procurador-ge- diretamente interessado no feito.
ral exercê-la nas ações de competência originária no
Superior Tribunal Militar e aos procuradores nas ações Suspeição
perante os órgãos judiciários de primeira instância.
Art. 58. Ocorrerá a suspeição do membro do Ministério
Pedido de absolvição Público:
a) se fôr amigo íntimo ou inimigo do acusado ou ofen-
Parágrafo único. A função de órgão de acusação não
dido;
impede o Ministério Público de opinar pela absolvição
do acusado, quando entender que, para aquêle efeito, b) se êle próprio, seu cônjuge ou parente consangüíneo
existem fundadas razões de fato ou de direito. ou afim, até o terceiro grau inclusive, sustentar deman-
da ou responder a processo que tenha de ser julgado
Fiscalização e função especial do Ministério pelo acusado ou pelo ofendido;
Público c) se houver aconselhado o acusado;
d) se fôr tutor ou curador, credor ou devedor do acu-

343
sado; qualidade ou como procurador de qualquer acusado.
e) se fôr herdeiro presuntivo, ou donatário ou usufrutá-
rio de bens, do acusado ou seu empregador; Ofendido que fôr também acusado

f) se fôr presidente, diretor ou administrador de socie- Art 64. O ofendido que fôr também acusado no mesmo
dade ligada de qualquer modo ao acusado. processo não poderá intervir como assistente, salvo se
absolvido por sentença passada em julgado, e daí em
Aplicação extensiva de disposição diante.

Art. 59. Aplica-se aos membros do Ministério Público o Intervenção do assistente no processo
disposto nos arts. 39, 40 e 41.
Art. 65. Ao assistente será permitido, com aquiescência
SEÇÃO II do juiz e ouvido o Ministério Público:
Do assistente a) propor meios de prova;
b) requerer perguntas às testemunhas, fazendo-o de-
Habilitação do ofendido como assistente pois do procurador;

Art. 60. O ofendido, seu representante legal e seu su- c) apresentar quesitos em perícia determinada pelo juiz
cessor podem habilitar-se a intervir no processo como ou requerida pelo Ministério Público;
assistentes do Ministério Público. d) juntar documentos;
e) arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Pú-
Representante e sucessor do ofendido
blico;
Parágrafo único. Para os efeitos dêste artigo, conside- f) participar do debate oral.
ra-se representante legal o ascendente ou descendente,
tutor ou curador do ofendido, se menor de dezoito anos Arrolamento de testemunhas e interposição de
ou incapaz; e sucessor, o seu ascendente, descendente recursos
ou irmão, podendo qualquer dêles, com exclusão dos
demais, exercer o encargo, ou constituir advogado para § 1º Não poderá arrolar testemunhas, exceto requerer
êsse fim, em atenção à ordem estabelecida neste pará- o depoimento das que forem referidas, nem requerer a
grafo, cabendo ao juiz a designação se entre êles não expedição de precatória ou rogatória, ou diligência que
houver acôrdo. retarde o curso do processo, salvo, a critério do juiz e
com audiência do Ministério Público, em se tratando de
Competência para admissão do assistente apuração de fato do qual dependa o esclarecimento do
crime. Não poderá, igualmente, impetrar recursos, sal-
Art. 61. Cabe ao juiz do processo, ouvido o Ministério vo de despacho que indeferir o pedido de assistência.
Público, conceder ou negar a admissão de assistente
de acusação. Efeito do recurso

Oportunidade da admissão § 2º O recurso do despacho que indeferir a assistência


não terá efeito suspensivo, processando-se em autos
Art. 62. O assistente será admitido enquanto não passar apartados. Se provido, o assistente será admitido ao
em julgado a sentença e receberá a causa no estado em processo no estado em que êste se encontrar.
que se achar.
Assistente em processo perante o Superior
Advogado de ofício como assistente Tribunal Militar

Art. 63. Pode ser assistente o advogado da Justiça § 3º Caberá ao relator do feito, em despacho irrecorrí-
Militar, desde que não funcione no processo naquela vel, após audiência do procurador-geral, admitir ou não

344
o assistente, em processo da competência originária do Art. 71. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragi-
Superior Tribunal Militar. Nos julgamentos perante êsse do, será processado ou julgado sem defensor.
Tribunal, se o seu presidente consentir, o assistente
poderá falar após o procurador-geral, por tempo não Constituição de defensor
superior a dez minutos. Não poderá opor embargos,
mas lhe será consentido impugná-los, se oferecidos § 1º A constituição de defensor independerá de instru-
pela defesa, e depois de o ter feito o procurador-geral. mento de mandado, se o acusado o indicar por ocasião
do interrogatório ou em qualquer outra fase do proces-
Notificação do assistente so por têrmo nos autos.

Art. 66. O processo prosseguirá independentemente de Defensor dativo


qualquer aviso ao assistente, salvo notificação para as-
sistir ao julgamento. § 2º O juiz nomeará defensor ao acusado que o não
tiver, ficando a êste ressalvado o direito de, a todo o
Cassação de assistência tempo, constituir outro, de sua confiança.

Art. 67. O juiz poderá cassar a admissão do assistente, Defesa própria do acusado
desde que êste tumultue o processo ou infrinja a disci-
plina judiciária. § 3º A nomeação de defensor não obsta ao acusado o
direito de a si mesmo defender-se, caso tenha habili-
Não decorrência de impedimento tação; mas o juiz manterá a nomeação, salvo recusa
expressa do acusado, a qual constará dos autos.
Art. 68. Da assistência não poderá decorrer impedimen-
to do juiz, do membro do Ministério Público ou do es- Nomeação preferente de advogado
crivão, ainda que supervenientes na causa. Neste caso,
o juiz cassará a admissão do assistente, sem prejuízo § 4º É, salvo motivo relevante, obrigatória a aceitação
da nomeação de outro, que não tenha impedimento, do patrocínio da causa, se a nomeação recair em ad-
nos têrmos do art. 60. vogado.

SEÇÃO III Defesa de praças


Do acusado, seus defensores e curadores
§ 5º As praças serão defendidas pelo advogado de ofí-
cio, cujo patrocínio é obrigatório, devendo preferir a
Personalidade do acusado
qualquer outro.
Art. 69. Considera-se acusado aquêle a quem é impu-
Proibição de abandono do processo
tada a prática de infração penal em denúncia recebida.
§ 6º O defensor não poderá abandonar o processo, se-
Identificação do acusado
não por motivo imperioso, a critério do juiz.
Art. 70. A impossibilidade de identificação do acusado
Sanções no caso de abandono do processo
com o seu verdadeiro nome ou outros qualificativos
não retardará o processo, quando certa sua identidade
§ 7º No caso de abandono sem justificativa, ou de não
física. A qualquer tempo, no curso do processo ou da
ser esta aceita, o juiz, em se tratando de advogado, co-
execução da sentença, far-se-á a retificação, por têrmo,
municará o fato à Seção da Ordem dos Advogados do
nos autos, sem prejuízo da validade dos atos preceden-
Brasil onde estiver inscrito, para que a mesma aplique
tes.
as medidas disciplinares que julgar cabíveis. Em se tra-
tando de advogado de ofício, o juiz comunicará o fato
Nomeação obrigatória de defensor
ao presidente do Superior Tribunal Militar, que aplicará

345
ao infrator a punição que no caso couber. Requisitos da denúncia

Nomeação de curador Art. 77. A denúncia conterá:


a) a designação do juiz a que se dirigir;
Art. 72. O juiz dará curador ao acusado incapaz.
b) o nome, idade, profissão e residência do acusado,
Prerrogativa do pôsto ou graduação ou esclarecimentos pelos quais possa ser qualificado;
c) o tempo e o lugar do crime;
Art. 73. O acusado que fôr oficial ou graduado não
d) a qualificação do ofendido e a designação da pessoa
perderá, embora sujeito à disciplina judiciária, as prer-
jurídica ou instituição prejudicada ou atingida, sempre
rogativas do pôsto ou graduação. Se prêso ou compe-
que possível;
lido a apresentar-se em juízo, por ordem da autoridade
judiciária, será acompanhado por militar de hierarquia e) a exposição do fato criminoso, com tôdas as suas
superior a sua. circunstâncias;
Parágrafo único. Em se tratando de praça que não tiver f) as razões de convicção ou presunção da delinqüên-
graduação, será escoltada por graduado ou por praça cia;
mais antiga. g) a classificação do crime;

Não comparecimento de defensor h) o rol das testemunhas, em número não superior a


seis, com a indicação da sua profissão e residência; e o
Art 74. A falta de comparecimento do defensor, se mo- das informantes com a mesma indicação.
tivada, adiará o ato do processo, desde que nêle seja
indispensável a sua presença. Mas, em se repetindo a Dispensa de testemunhas
falta, o juiz lhe dará substituto para efeito do ato, ou, se
a ausência perdurar, para prosseguir no processo. Parágrafo único. O rol de testemunhas poderá ser dis-
pensado, se o Ministério Público dispuser de prova
Direitos e deveres do advogado documental suficiente para oferecer a denúncia.

Art. 75. No exercício da sua função no processo, o ad- Rejeição de denúncia


vogado terá os direitos que lhe são assegurados e os
deveres que lhe são impostos pelo Estatuto da Ordem Art. 78. A denúncia não será recebida pelo juiz:
dos Advogados do Brasil, salvo disposição em contrá- a) se não contiver os requisitos expressos no artigo
rio, expressamente prevista neste Código. anterior;
b) se o fato narrado não constituir evidentemente crime
Impedimentos do defensor
da competência da Justiça Militar;
Art. 76. Não poderá funcionar como defensor o cônjuge c) se já estiver extinta a punibilidade;
ou o parente consangüíneo ou afim, até o terceiro grau d) se fôr manifesta a incompetência do juiz ou a ilegiti-
inclusive, do juiz, do membro do Ministério Público ou midade do acusador.
do escrivão. Mas, se em idênticas condições, qualquer
dêstes fôr superveniente no processo, tocar-lhe-á o im- Preenchimento de requisitos
pedimento, e não ao defensor, salvo se dativo, caso em
que será substituído por outro.
§ 1º No caso da alínea a, o juiz antes de rejeitar a de-
núncia, mandará, em despacho fundamentado, remeter
TÍTULO VII o processo ao órgão do Ministério Público para que,
dentro do prazo de três dias, contados da data do re-
CAPÍTULO ÚNICO cebimento dos autos, sejam preenchidos os requisitos
que não o tenham sido.
DA DENÚNCIA

346
Ilegitimidade do acusador nhecida e declarada em qualquer fase do processo, de
ofício ou a requerimento de qualquer das partes, ouvido
§ 2º No caso de ilegitimidade do acusador, a rejeição da o Ministério Público, se dêste não fôr o pedido.
denúncia não obstará o exercício da ação penal, desde
que promovida depois por acusador legítimo, a quem o Morte do acusado
juiz determinará a apresentação dos autos.
Parágrafo único. No caso de morte, não se declarará a
Incompetência do juiz. Declaração extinção sem a certidão de óbito do acusado.

§ 3º No caso de incompetência do juiz, êste a declarará TÍTULO VIII


em despacho fundamentado, determinando a remessa
do processo ao juiz competente.
CAPÍTULO ÚNICO
Prazo para oferecimento da denúncia DO FÔRO MILITAR

Art. 79. A denúncia deverá ser oferecida, se o acusado Fôro militar em tempo de paz
estiver prêso, dentro do prazo de cinco dias, contados
da data do recebimento dos autos para aquêle fim; e, Art. 82. O foro militar é especial, e, exceto nos crimes
dentro do prazo de quinze dias, se o acusado estiver dolosos contra a vida praticados contra civil, a ele estão
sôlto. O auditor deverá manifestar-se sôbre a denúncia, sujeitos, em tempo de paz: (Redação dada pela Lei nº
dentro do prazo de quinze dias. 9.299, de 7.8.1996)

Prorrogação de prazo Pessoas sujeitas ao fôro militar

§ 1º O prazo para o oferecimento da denúncia poderá, I - nos crimes definidos em lei contra as instituições
por despacho do juiz, ser prorrogado ao dôbro; ou ao militares ou a segurança nacional:
triplo, em caso excepcional e se o acusado não estiver
prêso. a) os militares em situação de atividade e os asseme-
lhados na mesma situação;
§ 2º Se o Ministério Público não oferecer a denúncia
dentro dêste último prazo, ficará sujeito à pena disci- b) os militares da reserva, quando convocados para o
plinar que no caso couber, sem prejuízo da responsabi- serviço ativo;
lidade penal em que incorrer, competindo ao juiz pro- c) os reservistas, quando convocados e mobilizados,
videnciar no sentido de ser a denúncia oferecida pelo em manobras, ou no desempenho de funções militares;
substituto legal, dirigindo-se, para êste fim, ao procu-
d) os oficiais e praças das Polícias e Corpos de Bom-
rador-geral, que, na falta ou impedimento do substituto,
beiros, Militares, quando incorporados às Fôrças Ar-
designará outro procurador.
madas;
Complementação de esclarecimentos
Crimes funcionais
Art. 80. Sempre que, no curso do processo, o Ministé-
II - nos crimes funcionais contra a administração militar
rio Público necessitar de maiores esclarecimentos, de
ou contra a administração da Justiça Militar, os audito-
documentos complementares ou de novos elementos
res, os membros do Ministério Público, os advogados
de convicção, poderá requisitá-los, diretamente, de
de ofício e os funcionários da Justiça Militar.
qualquer autoridade militar ou civil, em condições de
os fornecer, ou requerer ao juiz que os requisite.
Extensão do fôro militar
Extinção da punibilidade. Declaração
§ 1° O fôro militar se estenderá aos militares da reserva,
aos reformados e aos civis, nos crimes contra a segu-
Art. 81. A extinção da punibilidade poderá ser reco-

347
rança nacional ou contra as instituições militares, como indicados nos artigos anteriores, em caso de:
tais definidas em lei. a) conexão ou continência;
§ 2° Nos crimes dolosos contra a vida, praticados b) prerrogativa de pôsto ou função;
contra civil, a Justiça Militar encaminhará os autos do
inquérito policial militar à justiça comum. c) desaforamento.

Fôro militar em tempo de guerra CAPÍTULO II


DA COMPETÊNCIA PELO
Art. 83. O fôro militar, em tempo de guerra, poderá, por LUGAR DA INFRAÇÃO
lei especial, abranger outros casos, além dos previstos
no artigo anterior e seu parágrafo.
Lugar da infração
Assemelhado
Art. 88. A competência será, de regra, determinada pelo
Art. 84. Considera-se assemelhado o funcionário efe- lugar da infração; e, no caso de tentativa, pelo lugar em
tivo, ou não, dos Ministérios da Marinha, do Exército que fôr praticado o último ato de execução.
ou da Aeronáutica, submetidos a preceito de disciplina
militar, em virtude de lei ou regulamento. A bordo de navio

Art. 89. Os crimes cometidos a bordo de navio ou em-


TÍTULO IX
barcação sob comando militar ou militarmente ocupado
em pôrto nacional, nos lagos e rios fronteiriços ou em
CAPÍTULO I águas territoriais brasileiras, serão, nos dois primeiros
DA COMPETÊNCIA EM GERAL casos, processados na Auditoria da Circunscrição Ju-
diciária correspondente a cada um daqueles lugares; e,
no último caso, na 1ª Auditoria da Marinha, com sede
Determinação da competência na Capital do Estado da Guanabara.

Art. 85. A competência do fôro militar será determinada: A bordo de aeronave


I - de modo geral:
a) pelo lugar da infração; Art. 90. Os crimes cometidos a bordo de aeronave mi-
litar ou militarmente ocupada, dentro do espaço aéreo
b) pela residência ou domicílio do acusado; correspondente ao território nacional, serão processa-
c) pela prevenção; dos pela Auditoria da Circunscrição em cujo território
se verificar o pouso após o crime; e se êste se efetuar
II - de modo especial, pela sede do lugar de serviço. em lugar remoto ou em tal distância que torne difíceis
as diligências, a competência será da Auditoria da Cir-
Na Circunscrição Judiciária cunscrição de onde houver partido a aeronave, salvo
se ocorrerem os mesmos óbices, caso em que a com-
Art. 86. Dentro de cada Circunscrição Judiciária Militar, petência será da Auditoria mais próxima da 1ª, se na
a competência será determinada: Circunscrição houver mais de uma.
a) pela especialização das Auditorias;
Crimes fora do território nacional
b) pela distribuição;
c) por disposição especial dêste Código. Art. 91. Os crimes militares cometidos fora do território
nacional serão, de regra, processados em Auditoria da
Modificação da competência Capital da União, observado, entretanto, o disposto no
artigo seguinte.
Art. 87. Não prevalecem os critérios de competência

348
Crimes praticados em parte no território nacional a) quando incerto o lugar da infração, por ter sido prati-
cado na divisa de duas ou mais jurisdições;
Art. 92. No caso de crime militar sòmente em parte b) quando incerto o limite territorial entre duas ou mais
cometido no território nacional, a competência do fôro jurisdições;
militar se determina de acôrdo com as seguintes regras:
c) quando se tratar de infração continuada ou perma-
a) se, iniciada a execução em território estrangeiro, o nente, praticada em território de duas ou mais jurisdi-
crime se consumar no Brasil, será competente a Audi- ções;
toria da Circunscrição em que o crime tenha produzido
ou devia produzir o resultado; d) quando o acusado tiver mais de uma residência ou
não tiver nenhuma, ou forem vários os acusados e com
b) se, iniciada a execução no território nacional, o crime diferentes residências.
se consumar fora dele, será competente a Auditoria da
Circunscrição em que se houver praticado o último ato
ou execução. CAPÍTULO V
DA COMPETÊNCIA PELA SEDE
Diversidade de Auditorias ou de sedes DO LUGAR DE SERVIÇO

Parágrafo único. Na Circunscrição onde houver mais de Lugar de serviço


uma Auditoria na mesma sede, obedecer-se-á à distri-
buição e, se fôr o caso, à especialização de cada uma. Art. 96. Para o militar em situação de atividade ou as-
Se as sedes forem diferentes, atender-se-á ao lugar da semelhado na mesma situação, ou para o funcionário
infração. lotado em repartição militar, o lugar da infração, quando
êste não puder ser determinado, será o da unidade, na-
CAPÍTULO III vio, fôrça ou órgão onde estiver servindo, não lhe sendo
DA COMPETÊNCIA PELO LUGAR DA RESI- aplicável o critério da prevenção, salvo entre Auditorias
DÊNCIA OU DOMICÍLIO DO ACUSADO da mesma sede e atendida a respectiva especialização.

Residência ou domicílio do acusado


CAPÍTULO VI
DA COMPETÊNCIA PELA
Art. 93. Se não fôr conhecido o lugar da infração, a ESPECIALIZAÇÃO DAS AUDITORIAS
competência regular-se-á pela residência ou domicílio
do acusado, salvo o disposto no art. 96. Auditorias Especializadas

CAPÍTULO IV Art. 97. Nas Circunscrições onde existirem Auditorias


DA COMPETÊNCIA POR PREVENÇÃO Especializadas, a competência de cada uma decorre de
pertencerem os oficiais e praças sujeitos a processo
perante elas aos quadros da Marinha, do Exército ou da
Prevenção. Regra
Aeronáutica. Como oficiais, para os efeitos dêste artigo,
se compreendem os da ativa, os da reserva, remunerada
Art. 94. A competência firmar-se-á por prevenção, sem- ou não, e os reformados.
pre que, concorrendo dois ou mais juízes igualmente
competentes ou com competência cumulativa, um dêles
Militares de corporações diferentes
tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do
processo ou de medida a êste relativa, ainda que ante-
Parágrafo único. No processo em que forem acusados
rior ao oferecimento da denúncia.
militares de corporações diferentes, a competência da
Auditoria especializada se regulará pela prevenção. Mas
Casos em que pode ocorrer
esta não poderá prevalecer em detrimento de oficial da
ativa, se os co-réus forem praças ou oficiais da reserva
Art. 95. A competência pela prevenção pode ocorrer:

349
ou reformados, ainda que superiores, nem em detri- Art. 101. Na determinação da competência por conexão
mento dêstes, se os co-réus forem praças. ou continência, serão observadas as seguintes regras:

CAPÍTULO VII Concurso e prevalência


DA COMPETÊNCIA POR DISTRIBUIÇÃO
I - no concurso entre a jurisdição especializada e a
cumulativa, preponderará aquela;
Distribuição
II - no concurso de jurisdições cumulativas:
Art. 98. Quando, na sede de Circunscrição, houver mais a) prevalecerá a do lugar da infração, para a qual é co-
de uma Auditoria com a mesma competência, esta se minada pena mais grave;
fixará pela distribuição.
b) prevalecerá a do lugar onde houver ocorrido o maior
número de infrações, se as respectivas penas forem de
Juízo prevento pela distribuição
igual gravidade;
Parágrafo único. A distribuição realizada em virtude
Prevenção
de ato anterior à fase judicial do processo prevenirá o
juízo.
c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos de-
mais casos, salvo disposição especial dêste Código;
CAPÍTULO VIII
DA CONEXÃO OU CONTINÊNCIA Categorias

Casos de conexão III — no concurso de jurisdição de diversas categorias,


predominará a de maior graduação.
Art. 99. Haverá conexão:
Unidade do processo
a) se, ocorridas duas ou mais infrações, tiverem sido
praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reu-
Art. 102. A conexão e a continência determinarão a uni-
nidas ou por várias pessoas em concurso, embora di-
dade do processo, salvo:
verso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas
contra as outras;
Casos especiais
b) se, no mesmo caso, umas infrações tiverem sido
praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para a) no concurso entre a jurisdição militar e a comum;
conseguir impunidade ou vantagem em relação a qual-
b) no concurso entre a jurisdição militar e a do Juízo
quer delas;
de Menores.
c) quando a prova de uma infração ou de qualquer de
suas circunstâncias elementares influir na prova de ou- Jurisdição militar e civil no mesmo processo
tra infração.
Parágrafo único. A separação do processo, no concurso
Casos de continência entre a jurisdição militar e a civil, não quebra a conexão
para o processo e julgamento, no seu fôro, do militar
Art. 100. Haverá continência: da ativa, quando êste, no mesmo processo, praticar em
a) quando duas ou mais pessoas forem acusadas da concurso crime militar e crime comum.
mesma infração;
Prorrogação de competência
b) na hipótese de uma única pessoa praticar várias in-
frações em concurso.
Art. 103. Em caso de conexão ou continência, o juízo
prevalente, na conformidade do art. 101, terá a sua
Regras para determinação

350
competência prorrogada para processar as infrações corram perante os outros juízes, salvo se já estiverem
cujo conhecimento, de outro modo, não lhe competiria. com sentença definitiva. Neste caso, a unidade do pro-
cesso só se dará ulteriormente, para efeito de soma ou
Reunião de processos de unificação de penas.

Art. 104. Verificada a reunião dos processos, em virtu- CAPÍTULO IX


de de conexão ou continência, ainda que no processo DA COMPETÊNCIA PELA PRERROGATIVA
da sua competência própria venha o juiz ou tribunal a
DO PÔSTO OU DA FUNÇÃO
proferir sentença absolutória ou que desclassifique a
infração para outra que não se inclua na sua compe-
tência, continuará êle competente em relação às demais Natureza do pôsto ou função
infrações.
Art. 108. A competência por prerrogativa do pôsto ou da
Separação de julgamento função decorre da sua própria natureza e não da natu-
reza da infração, e regula-se estritamente pelas normas
Art 105. Separar-se-ão sòmente os julgamentos: expressas nêste Código.
a) se, de vários acusados, algum estiver foragido e não
puder ser julgado à revelia; CAPÍTULO X
DO DESAFORAMENTO
b) se os defensores de dois ou mais acusados não acor-
darem na suspeição de juiz de Conselho de Justiça, su-
perveniente para compô-lo, por ocasião do julgamento. Caso de desaforamento

Separação de processos Art. 109. O desaforamento do processo poderá ocorrer:


a) no interêsse da ordem pública, da Justiça ou da dis-
Art 106. O juiz poderá separar os processos: ciplina militar;
a) quando as infrações houverem sido praticadas em b) em benefício da segurança pessoal do acusado;
situações de tempo e lugar diferentes;
c) pela impossibilidade de se constituir o Conselho
b) quando fôr excessivo o número de acusados, para de Justiça ou quando a dificuldade de constituí-lo ou
não lhes prolongar a prisão; mantê-lo retarde demasiadamente o curso do processo.
c) quando ocorrer qualquer outro motivo que êle pró-
prio repute relevante. Competência do Superior Tribunal Militar

Recurso de ofício § 1º O pedido de desaforamento poderá ser feito ao Su-


perior Tribunal Militar:
§ 1º Da decisão de auditor ou de Conselho de Justiça
em qualquer dêsses casos, haverá recurso de ofício Autoridades que podem pedir
para o Superior Tribunal Militar.
a) pelos Ministros da Marinha, do Exército ou da Ae-
§ 2º O recurso a que se refere o parágrafo anterior su- ronáutica;
birá em traslado com as cópias autênticas das peças
necessárias, e não terá efeito suspensivo, prosseguin- b) pelos comandantes de Região Militar, Distrito Naval
do-se a ação penal em todos os seus têrmos. ou Zona Aérea, ou autoridades que lhe forem superio-
res, conforme a respectiva jurisdição;
Avocação de processo c) pelos Conselhos de Justiça ou pelo auditor;
d) mediante representação do Ministério Público ou do
Art. 107. Se, não obstante a conexão ou a continência,
acusado.
forem instaurados processos diferentes, a autoridade de
jurisdição prevalente deverá avocar os processos que

351
Justificação do pedido e audiência do Negativo
procurador-geral
b) negativo, quando cada uma de duas ou mais autori-
§ 2º Em qualquer dos casos, o pedido deverá ser jus- dades judiciárias entender, ao mesmo tempo, que cabe
tificado e sôbre êle ouvido o procurador-geral, se não a outra conhecer do mesmo processo;
provier de representação dêste.
Controvérsia sôbre função ou separação de
Audiência a autoridades processo

§ 3º Nos casos das alíneas c e d, o Superior Tribunal II - em razão da unidade de juízo, função ou separação
Militar, antes da audiência ao procurador-geral ou a de processos, quando, a êsse respeito, houver contro-
pedido dêste, poderá ouvir autoridades a que se refere vérsia entre duas ou mais autoridades judiciárias.
a alínea b.
Suscitantes do conflito
Auditoria onde correrá o processo
Art. 113. O conflito poderá ser suscitado:
§ 4º Se deferir o pedido, o Superior Tribunal Militar a) pelo acusado;
designará a Auditoria onde deva ter curso o processo.
b) pelo órgão do Ministério Público;
Renovação do pedido c) pela autoridade judiciária.

Art. 110. O pedido de desaforamento, embora denega- Órgão suscitado


do, poderá ser renovado se o justificar motivo super-
veniente. Art 114. O conflito será suscitado perante o Superior
Tribunal Militar pelos auditores ou os Conselhos de
TÍTULO X Justiça, sob a forma de representação, e pelas partes
interessadas, sob a de requerimento, fundamentados
e acompanhados dos documentos comprobatórios.
CAPÍTULO ÚNICO Quando negativo o conflito, poderá ser suscitado nos
DOS CONFLITOS DE COMPETÊNCIA próprios autos do processo.
Parágrafo único. O conflito suscitado pelo Superior Tri-
Questões atinentes à competência bunal Militar será regulado no seu Regimento Interno.

Art. 111. As questões atinentes à competência resolver- Suspensão da marcha do processo


-se-ão assim pela exceção própria como pelo conflito
positivo ou negativo. Art. 115. Tratando-se de conflito positivo, o relator do
feito poderá ordenar, desde logo, que se suspenda o
Art. 112. Haverá conflito: andamento do processo, até a decisão final.

Conflito de competência Pedido de informações. Prazo, requisição de


autos
I - em razão da competência:
Art. 116. Expedida, ou não, a ordem de suspensão, o
Positivo relator requisitará informações às autoridades em con-
flito, remetendo-lhes cópia da representação ou reque-
a) positivo, quando duas ou mais autoridades judiciá- rimento, e, marcando-lhes prazo para as informações,
rias entenderem, ao mesmo tempo, que lhes cabe co- requisitará, se necessário, os autos em original.
nhecer do processo;
Audiência do procurador-geral e decisão

352
Art 117. Ouvido o procurador-geral, que dará parecer Alegação irrelevante
no prazo de cinco dias, contados da data da vista, o
Tribunal decidirá o conflito na primeira sessão, salvo se b) se entender que a alegação é irrelevante ou que não
a instrução do feito depender de diligência. tem fundamento legal, prosseguirá no feito;

Remessa de cópias do acórdão Alegação séria e fundada

Art. 118. Proferida a decisão, serão remetidas cópias c) se reputar a alegação séria e fundada, colherá as pro-
do acórdão, para execução, às autoridades contra as vas inadiáveis e, em seguida, suspenderá o processo,
quais tiver sido levantado o conflito ou que o houverem até que, no juízo cível, seja a questão prejudicial diri-
suscitado. mida por sentença transitada em julgado, sem prejuízo,
entretanto, da inquirição de testemunhas e de outras
Inexistência do recurso provas que independam da solução no outro juízo.

Art. 119. Da decisão final do conflito não caberá recur- Suspensão do processo. Condições
so.
Art. 124. O juiz poderá suspender o processo e aguar-
Avocatória do Tribunal dar a solução, pelo juízo cível, de questão prejudicial
que se não relacione com o estado civil das pessoas,
Art. 120. O Superior Tribunal Militar, mediante avocató- desde que:
ria, restabelecerá sua competência sempre que invadida a) tenha sido proposta ação civil para dirimi-la;
por juiz inferior.
b) seja ela de difícil solução;
Atribuição ao Supremo Tribunal Federal c) não envolva direito ou fato cuja prova a lei civil limite.

Art 121. A decisão de conflito entre a autoridade ju- Prazo da suspensão


diciária da Justiça Militar e a da Justiça comum será
atribuída ao Supremo Tribunal Federal. Parágrafo único. O juiz marcará o prazo da suspensão,
que poderá ser razoàvelmente prorrogado, se a demora
TÍTULO XI não fôr imputável à parte. Expirado o prazo sem que
o juiz do cível tenha proferido decisão, o juiz criminal
fará prosseguir o processo, retomando sua competên-
CAPÍTULO ÚNICO cia para resolver de fato e de direito tôda a matéria da
DAS QUESTÕES PREJUDICIAIS acusação ou da defesa.

Decisão prejudicial Autoridades competentes

Art 122. Sempre que o julgamento da questão de mérito Art. 125. A competência para resolver a questão preju-
depender de decisão anterior de questão de direito ma- dicial caberá:
terial, a segunda será prejudicial da primeira. a) ao auditor, se argüida antes de instalado o Conselho
de Justiça;
Estado civil da pessoa
b) ao Conselho de Justiça, em qualquer fase do proces-
Art. 123. Se a questão prejudicial versar sôbre estado so, em primeira instância;
civil de pessoa envolvida no processo, o juiz: c) ao relator do processo, no Superior Tribunal Militar,
a) decidirá se a argüição é séria e se está fundada em se argüida pelo procurador-geral ou pelo acusado;
lei; d) a êsse Tribunal, se iniciado o julgamento.

353
Promoção de ação no juízo cível Parágrafo único. Se a suspeição fôr de natureza íntima,
comunicará os motivos ao auditor corregedor, podendo
Art. 126. Ao juiz ou órgão a que competir a apreciação fazê-lo sigilosamente.
da questão prejudicial, caberá dirigir-se ao órgão com-
petente do juízo cível, para a promoção da ação civil ou Recusa do juiz
prosseguimento da que tiver sido iniciada, bem como
de quaisquer outras providências que interessem ao Art. 131. Quando qualquer das partes pretender recusar
julgamento do feito. o juiz, fa-lo-á em petição assinada por ela própria ou
seu representante legal, ou por procurador com podê-
Providências de ofício res especiais, aduzindo as razões, acompanhadas de
prova documental ou do rol de testemunhas, que não
Art. 127. Ainda que sem argüição de qualquer das par- poderão exceder a duas.
tes, o julgador poderá, de ofício, tomar as providências
referidas nos artigos anteriores. Reconhecimento da suspeição alegada

TÍTULO XII Art. 132. Se reconhecer a suspeição ou impedimento, o


DOS INCIDENTES juiz sustará a marcha do processo, mandará juntar aos
autos o requerimento do recusante com os documentos
que o instruam e, por despacho, se declarará suspeito,
CAPÍTULO I ordenando a remessa dos autos ao substituto.
DAS EXCEÇÕES EM GERAL
Arguição de suspeição não aceita pelo juiz
Exceções admitidas
Art. 133. Não aceitando a suspeição ou impedimento, o
juiz mandará autuar em separado o requerimento, dará
Art. 128. Poderão ser opostas as exceções de:
a sua resposta dentro em três dias, podendo instruí-la
a) suspeição ou impedimento; e oferecer testemunhas. Em seguida, determinará a re-
b) incompetência de juízo; messa dos autos apartados, dentro em vinte e quatro
horas, ao Superior Tribunal Militar, que processará e
c) litispendência; decidirá a argüição.
d) coisa julgada.
Juiz do Conselho de Justiça
SEÇÃO I
Da exceção de suspeição ou impedimento § 1º Proceder-se-á, da mesma forma, se o juiz argüido
de suspeito fôr membro de Conselho de Justiça.

Precedência da argüição de suspeição Manifesta improcedência da argüição

Art. 129. A argüição de suspeição ou impedimento § 2º Se a argüição fôr de manifesta improcedência, o


precederá a qualquer outra, salvo quando fundada em juiz ou o relator a rejeitará liminarmente.
motivo superveniente.
Reconhecimento preliminar da argüição do
Motivação do despacho Superior Tribunal Militar

Art. 130. O juiz que se declarar suspeito ou impedido § 3º Reconhecida, preliminarmente, a relevância da ar-
motivará o despacho. güição, o relator, com intimação das partes, marcará dia
e hora para inquirição das testemunhas, seguindo-se
Suspeição de natureza íntima o julgamento, independentemente de mais alegações.

354
Nulidade dos atos praticados pelo juiz suspeito Art. 139. Os peritos e os intérpretes poderão ser, pelas
partes, argüidos de suspeitos ou impedidos; e os pri-
Art. 134. Julgada procedente a argüição de suspeição meiros, por elas impugnados, se não preencherem os
ou impedimento, ficarão nulos os atos do processo requisitos de capacidade técnico-profissional para as
principal. perícias que, pela sua natureza, os exijam, nos têrmos
dos arts. 52, letra c, e 318.
Suspeição declarada de ministro de Superior
Tribunal Militar Decisão do plano irrecorrível

Art. 135. No Superior Tribunal Militar, o ministro que se Art. 140. A suspeição ou impedimento, ou a impug-
julgar suspeito ou impedido declará-lo-á em sessão. Se nação a que se refere o artigo anterior, bem como a
relator ou revisor, a declaração será feita nos autos, para suspeição ou impedimento argüidos, de serventuário
nova distribuição. ou funcionário da Justiça Militar, serão decididas pelo
auditor, de plano e sem recurso, à vista da matéria ale-
Argüição de suspeição de ministro ou do gada e prova imediata.
procurador-geral. Processo
Declaração de suspeição quando evidente
Parágrafo único. Argüida a suspeição ou o impedimen-
to de ministro ou do procurador-geral, o processo, se a Art. 141. A suspeição ou impedimento poderá ser de-
alegação fôr aceita, obedecerá às normas previstas no clarada pelo juiz ou Tribunal, se evidente nos autos.
Regimento do Tribunal.
Suspeição do encarregado de inquérito
Suspeição declarada do procurador-geral
Art. 142. Não se poderá opor suspeição ao encarrega-
Art. 136. Se o procurador-geral se der por suspeito ou do do inquérito, mas deverá êste declarar-se suspeito
impedido, delegará a sua função, no processo, ao seu quando ocorrer motivo legal, que lhe seja aplicável.
substituto legal.
SEÇÃO II
Suspeição declarada de procurador, perito, Da exceção de incompetência
intérprete ou auxiliar de justiça

Art. 137. Os procuradores, os peritos, os intérpretes e Oposição da exceção de incompetência


os auxiliares da Justiça Militar poderão, motivadamen-
te, dar-se por suspeitos ou impedidos, nos casos pre- Art. 143. A exceção de incompetência poderá ser oposta
vistos neste Código; os primeiros e os últimos, antes verbalmente ou por escrito, logo após a qualificação do
da prática de qualquer ato no processo, e os peritos acusado. No primeiro caso, será tomada por têrmo nos
e intérpretes, logo que nomeados. O juiz apreciará de autos.
plano os motivos da suspeição ou impedimento; e, se
os considerar em têrmos legais, providenciará imedia- Vista à parte contrária
tamente a substituição.
Art. 144. Alegada a incompetência do juízo, será dada
Argüição de suspeição de procurador vista dos autos à parte contrária, para que diga sôbre a
argüição, no prazo de quarenta e oito horas.
Art. 138. Se argüida a suspeição ou impedimento de
procurador, o auditor, depois de ouvi-lo, decidirá, sem Aceitação ou rejeição da exceção. Recurso em
recurso, podendo, antes, admitir a produção de provas autos apartados. Nulidade de autos
no prazo de três dias.
Art. 145. Se aceita a alegação, os autos serão remetidos
Argüição de suspeição de perito e intérprete ao juízo competente. Se rejeitada, o juiz continuará no

355
feito. Mas, neste caso, caberá recurso, em autos apar- certidão passada pelo cartório do juízo ou pela Secre-
tados, para o Superior Tribunal Militar, que, se lhe der taria do Superior Tribunal Militar, perante o qual esteja
provimento, tornará nulos os atos praticados pelo juiz em curso o outro processo.
declarado incompetente, devendo os autos do recurso
ser anexados aos do processo principal. Prazo para a prova da alegação

Alegação antes do oferecimento da denúncia. Art. 151. Se o argüente não puder apresentar a prova da
Recurso nos próprios autos alegação, o juiz poderá conceder-lhe prazo para que o
faça, ficando-lhe, nesse caso, à discrição, suspender ou
Art. 146. O órgão do Ministério Público poderá alegar não o curso do processo.
a incompetência do juízo, antes de oferecer a denúncia.
A argüição será apreciada pelo auditor, em primeira Decisão de plano irrecorrível
instância; e, no Superior Tribunal Militar, pelo relator,
em se tratando de processo originário. Em ambos os Art 152. O juiz ouvirá a parte contrária a respeito da
casos, se rejeitada a argüição, poderá, pelo órgão do argüição, e decidirá de plano, irrecorrìvelmente.
Ministério Público, ser impetrado recurso, nos próprios
autos, para aquêle Tribunal. SEÇÃO IV
Da exceção de coisa julgada
Declaração de incompetência de ofício

Art. 147. Em qualquer fase do processo, se o juiz reco- Existência de coisa julgada. Arquivamento de
nhecer a existência de causa que o torne incompetente, denúncia
declará-lo-á nos autos e os remeterá ao juízo compe-
tente. Art 153. Se o juiz reconhecer que o feito sob seu julga-
mento já foi, quanto ao fato principal, definitivamente
SEÇÃO III julgado por sentença irrecorrível, mandará arquivar a
nova denúncia, declarando a razão por que o faz.
Da exceção de litispendência
Argüição de coisa julgada
Litispendência, quando existe. Reconhecimento
e processo Art. 154. Qualquer das partes poderá argüir, por escrito,
a existência de anterior sentença passada em julgado,
Art. 148. Cada feito sòmente pode ser objeto de um juntando-lhe certidão.
processo. Se o auditor ou o Conselho de Justiça re-
conhecer que o litígio proposto a seu julgamento já Argüição do acusado. Decisão de plano. Recurso
pende de decisão em outro processo, na mesma Au- de ofício
ditoria, mandará juntar os novos autos aos anteriores.
Se o primeiro processo correr em outra Auditoria, para Parágrafo único. Se a argüição fôr do acusado, o juiz
ela serão remetidos os novos autos, tendo-se, porém, ouvirá o Ministério Público e decidirá de plano, re-
em vista, a especialização da Auditoria e a categoria do correndo de ofício para o Superior Tribunal Militar, se
Conselho de Justiça. reconhecer a existência da coisa julgada.

Argüição de litispendência Limite de efeito da coisa julgada

Art. 149. Qualquer das partes poderá argüir, por escrito, Art. 155. A coisa julgada opera sòmente em relação às
a existência de anterior processo sôbre o mesmo feito. partes, não alcançando quem não foi parte no processo.

Instrução do pedido CAPÍTULO II


Art 150. A argüição de litispendência será instruída com
DO INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL

356
DO ACUSADO prova em que seja indispensável a presença do acusado
submetido ao exame pericial.
Dúvida a respeito de imputabilidade
Quesitos pertinentes
Art. 156. Quando, em virtude de doença ou deficiência
Art. 159. Além de outros quesitos que, pertinentes ao
mental, houver dúvida a respeito da imputabilidade pe-
fato, lhes forem oferecidos, e dos esclarecimentos que
nal do acusado, será êle submetido a perícia médica.
julgarem necessários, os peritos deverão responder aos
seguintes:
Ordenação de perícia
Quesitos obrigatórios
§ 1º A perícia poderá ser ordenada pelo juiz, de ofício,
ou a requerimento do Ministério Público, do defensor,
a) se o indiciado, ou acusado, sofre de doença mental,
do curador, ou do cônjuge, ascendente, descendente ou
de desenvolvimento mental incompleto ou retardado;
irmão do acusado, em qualquer fase do processo.
b) se no momento da ação ou omissão, o indiciado, ou
Na fase do inquérito acusado, se achava em algum dos estados referidos na
alínea anterior;
§ 2º A perícia poderá ser também ordenada na fase do c) se, em virtude das circunstâncias referidas nas alí-
inquérito policial militar, por iniciativa do seu encarre- neas antecedentes, possuía o indiciado, ou acusado,
gado ou em atenção a requerimento de qualquer das capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de se
pessoas referidas no parágrafo anterior. determinar de acôrdo com êsse entendimento;

Internação para a perícia d) se a doença ou deficiência mental do indiciado, ou


acusado, não lhe suprimindo, diminuiu-lhe, entretanto,
consideràvelmente, a capacidade de entendimento da
Art. 157. Para efeito da perícia, o acusado, se estiver
ilicitude do fato ou a de autodeterminação, quando o
prêso, será internado em manicômio judiciário, onde
praticou.
houver; ou, se estiver sôlto e o requererem os peritos,
em estabelecimento adequado, que o juiz designará. Parágrafo único. No caso de embriaguez proveniente
de caso fortuito ou fôrça maior, formular-se-ão quesitos
Apresentação do laudo congêneres, pertinentes ao caso.

§ 1º O laudo pericial deverá ser apresentado dentro Inimputabilidade. Nomeação de curador. Medida
do prazo de quarenta e cinco dias, que o juiz poderá de segurança
prorrogar, se os peritos demonstrarem a necessidade
de maior lapso de tempo. Art. 160. Se os peritos concluírem pela inimputabilida-
de penal do acusado, nos têrmos do art. 48 (preâmbu-
Entrega dos autos a perito lo) do Código Penal Militar, o juiz, desde que concorde
com a conclusão do laudo, nomear-lhe-á curador e lhe
§ 2º Se não houver prejuízo para a marcha do processo, declarará, por sentença, a inimputabilidade, com apli-
o juiz poderá autorizar a entrega dos autos aos peritos, cação da medida de segurança correspondente.
para lhes facilitar a tarefa. A mesma autorização poderá
ser dada pelo encarregado do inquérito, no curso dêste. Inimputabilidade relativa. Prosseguimento do
inquérito ou de processo. Medida de segurança
Não sustentação do processo e caso excepcional
Parágrafo único. Concluindo os peritos pela inimpu-
Art. 158. A determinação da perícia, quer na fase poli- tabilidade relativa do indiciado, ou acusado, nos têr-
cial militar quer na fase judicial, não sustará a prática de mos do parágrafo único do artigo 48 do Código Penal
diligências que possam ficar prejudicadas com o adia- Militar, o inquérito ou o processo prosseguirá, com a
mento, mas sustará o processo quanto à produção de presença de defensor neste último caso. Sendo conde-

357
natória a sentença, será aplicada a medida de segurança Argüição de falsidade
prevista no art. 113 do mesmo Código.
Art. 163. Argüida a falsidade de documento constante
Doença mental superveniente dos autos, o juiz, se o reputar necessário à decisão da
causa:
Art 161. Se a doença mental sobrevier ao crime, o in-
quérito ou o processo ficará suspenso, se já iniciados, Autuação em apartado
até que o indiciado ou acusado se restabeleça, sem
prejuízo das diligências que possam ser prejudicadas a) mandará autuar em apartado a impugnação e, em
com o adiamento. seguida, ouvirá a parte contrária, que, no prazo de qua-
renta e oito horas, oferecerá a resposta;
Internação em manicômio
Prazo para a prova
§ 1º O acusado poderá, nesse caso, ser internado em
manicômio judiciário ou em outro estabelecimento b) abrirá dilação probatória num tríduo, dentro do qual
congênere. as partes aduzirão a prova de suas alegações;

Restabelecimento do acusado Diligências

§ 2º O inquérito ou o processo retomará o seu curso, c) conclusos os autos, poderá ordenar as diligências
desde que o acusado se restabeleça, ficando-lhe asse- que entender necessárias, decidindo a final;
gurada a faculdade de reinquirir as testemunhas que
houverem prestado depoimento sem a sua presença Reconhecimento. Decisão irrecorrível.
ou a repetição de diligência em que a mesma presença Desanexação do documento
teria sido indispensável.
d) reconhecida a falsidade, por decisão que é irrecor-
Verificação em autos apartados rível, mandará desentranhar o documento e remetê-lo,
com os autos do processo incidente, ao Ministério
Art. 162. A verificação de insanidade mental correrá em Público.
autos apartados, que serão apensos ao processo princi-
pal sòmente após a apresentação do laudo. Argüição oral
§ 1º O exame de sanidade mental requerido pela defesa,
de algum ou alguns dos acusados, não obstará sejam Art. 164. Quando a argüição de falsidade se fizer oral-
julgados os demais, se o laudo correspondente não mente, o juiz mandará tomá-la por têrmo, que será au-
houver sido remetido ao Conselho, até a data marcada tuado em processo incidente.
para o julgamento. Neste caso, aquêles acusados serão
julgados oportunamente. Por procurador

Procedimento no inquérito Art. 165. A argüição de falsidade, feita por procurador,


exigirá poderes especiais.
§ 2º Da mesma forma se procederá no curso do inqué-
rito, mas êste poderá ser encerrado sem a apresentação Verificação de ofício
do laudo, que será remetido pelo encarregado do in-
quérito ao juiz, nos têrmos do § 2.° do art. 20. Art. 166. A verificação de falsidade poderá proceder-se
de ofício.
CAPÍTULO III
Documento oriundo de outro juízo
DO INCIDENTE DE FALSIDADE
DE DOCUMENTO Art. 167. Se o documento reputado falso fôr oriundo de

358
repartição ou órgão com sede em lugar sob jurisdição a) prender criminosos;
de outro juízo, nêle se procederá à verificação da falsi- b) apreender coisas obtidas por meios criminosos ou
dade, salvo se esta fôr evidente, ou puder ser apurada guardadas ilìcitamente;
por perícia no juízo do feito criminal.
c) apreender instrumentos de falsificação ou contrafa-
Providências do juiz do feito ção;
d) apreender armas e munições e instrumentos utiliza-
Parágrafo único. Caso a verificação deva ser feita em dos na prática de crime ou destinados a fim delituoso;
outro juízo, o juiz do feito criminal dará, para aquêle
e) descobrir objetos necessários à prova da infração ou
fim, as providências necessárias.
à defesa do acusado;
Sustação do feito f) apreender correspondência destinada ao acusado ou
em seu poder, quando haja fundada suspeita de que o
Art. 168. O juiz poderá sustar o feito até a apuração conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à eluci-
da falsidade, se imprescindível para a condenação ou dação do fato;
absolvição do acusado, sem prejuízo, entretanto, de ou- g) apreender pessoas vítimas de crime;
tras diligências que não dependam daquela apuração.
h) colhêr elemento de convicção.
Limite da decisão
Compreensão do têrmo “casa”
Art 169 . Qualquer que seja a decisão, não fará coisa
julgada em prejuízo de ulterior processo penal. Art. 173. O têrmo “casa” compreende:
a) qualquer compartimento habitado;
TÍTULO XIII b) aposento ocupado de habitação coletiva;
DAS MEDIDAS PREVENTIVAS
c) compartimento não aberto ao público, onde alguém
E ASSECURATÓRIAS exerce profissão ou atividade.

CAPÍTULO I Não compreensão


DAS PROVIDÊNCIAS QUE RECAEM
Art. 174. Não se compreende no têrmo “casa”:
SÔBRE COISAS OU PESSOAS
a) hotel, hospedaria ou qualquer outra habitação cole-
tiva, enquanto abertas, salvo a restrição da alínea b do
SEÇÃO I artigo anterior;
Da busca
b) taverna, boate, casa de jôgo e outras do mesmo gê-
nero;
Espécies de busca
c) a habitação usada como local para a prática de in-
Art. 170. A busca poderá ser domiciliar ou pessoal. frações penais.

Busca domiciliar Oportunidade da busca domiciliar

Art. 171. A busca domiciliar consistirá na procura ma- Art. 175. A busca domiciliar será executada de dia, sal-
terial portas adentro da casa. vo para acudir vítimas de crime ou desastre.
Parágrafo único. Se houver consentimento expresso do
Finalidade morador, poderá ser realizada à noite.

Art. 172. Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fun- Ordem da busca


dadas razões a autorizarem, para:

359
Art 176. A busca domiciliar poderá ordenada pelo juiz, criar obstáculo usará da fôrça necessária para vencer
de ofício ou a requerimento das partes, ou determinada a resistência ou remover o empecilho e arrombará, se
pela autoridade policial militar. necessário, quaisquer móveis ou compartimentos em
que, presumìvelmente, possam estar as coisas ou pes-
Parágrafo único. O representante do Ministério Público,
soas procuradas;
quando assessor no inquérito, ou dêste tomar conheci-
mento, poderá solicitar do seu encarregado, a realiza-
ção da busca. Ausência do morador

Precedência de mandado II — se o morador estiver ausente:


a) tentará localizá-lo para lhe dar ciência da diligência e
Art. 177. Deverá ser precedida de mandado a busca aguardará a sua chegada, se puder ser imediata;
domiciliar que não fôr realizada pela própria autoridade b) no caso de não ser encontrado o morador ou não
judiciária ou pela autoridade que presidir o inquérito. comparecer com a necessária presteza, convidará pes-
soa capaz, que identificará para que conste do respecti-
Conteúdo do mandado vo auto, a fim de testemunhar a diligência;

Art. 178. O mandado de busca deverá: c) entrará na casa, arrombando-a, se necessário;

a) indicar, o mais precisamente possível, a casa em que d) fará a busca, rompendo, se preciso, todos os obstá-
será realizada a diligência e o nome do seu morador ou culos em móveis ou compartimentos onde, presumivel-
proprietário; ou, no caso de busca pessoal, o nome da mente, possam estar as coisas ou pessoas procuradas;
pessoa que a sofrerá ou os sinais que a identifiquem;
Casa desabitada
b) mencionar o motivo e os fins da diligência;
c) ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autorida- III - se a casa estiver desabitada, tentará localizar o pro-
de que o fizer expedir. prietário, procedendo da mesma forma como no caso
de ausência do morador.
Parágrafo único. Se houver ordem de prisão, constará
do próprio texto do mandado.
Rompimento de obstáculo
Procedimento
§ 1º O rompimento de obstáculos deve ser feito com o
menor dano possível à coisa ou compartimento pas-
Art. 179. O executor da busca domiciliar procederá da
sível da busca, providenciando-se, sempre que possí-
seguinte maneira:
vel, a intervenção de serralheiro ou outro profissional
habilitado, quando se tratar de remover ou desmontar
Presença do morador
fechadura, ferrolho, peça de segrêdo ou qualquer outro
aparelhamento que impeça a finalidade da diligência.
I — se o morador estiver presente:
a) ler-lhe-á, o mandado, ou, se fôr o próprio autor da Reposição
ordem, identificar-se-á e dirá o que pretende;
b) convidá-lo-á a franquiar a entrada, sob pena de a § 2º Os livros, documentos, papéis e objetos que não
forçar se não fôr atendido; tenham sido apreendidos devem ser repostos nos seus
lugares.
c) uma vez dentro da casa, se estiver à procura de pes-
soa ou coisa, convidará o morador a apresentá-la ou § 3º Em casa habitada, a busca será feita de modo que
exibi-la; não moleste os moradores mais do que o indispensável
ao bom êxito da diligência.
d) se não fôr atendido ou se se tratar de pessoa ou coisa
incerta, procederá à busca; Busca pessoal
e) se o morador ou qualquer outra pessoa recalcitrar ou

360
Art. 180. A busca pessoal consistirá na procura mate- Apreensão de pessoas ou coisas
rial feita nas vestes, pastas, malas e outros objetos que
estejam com a pessoa revistada e, quando necessário, Art. 185. Se o executor da busca encontrar as pessoas
no próprio corpo. ou coisas a que se referem os artigos 172 e 181, deverá
apreendê-las. Fá-lo-á, igualmente, de armas ou objetos
Revista pessoal pertencentes às Fôrças Armadas ou de uso exclusivo de
militares, quando estejam em posse indevida, ou seja
Art. 181. Proceder-se-á à revista, quando houver funda- incerta a sua propriedade.
da suspeita de que alguém oculte consigo:
a) instrumento ou produto do crime; Correspondência aberta

b) elementos de prova. § 1º A correspondência aberta ou não, destinada ao


indiciado ou ao acusado, ou em seu poder, será apreen-
Revista independentemente de mandado dida se houver fundadas razões para suspeitar que pode
ser útil à elucidação do fato.
Art. 182. A revista independe de mandado:
a) quando feita no ato da captura de pessoa que deve Documento em poder do defensor
ser prêsa;
§ 2º Não será permitida a apreensão de documento em
b) quando determinada no curso da busca domiciliar; poder do defensor do acusado, salvo quando constituir
c) quando ocorrer o caso previsto na alínea a do artigo elemento do corpo de delito.
anterior;
d) quando houver fundada suspeita de que o revistando Território de outra jurisdição
traz consigo objetos ou papéis que constituam corpo
de delito; Art. 186. Quando, para a apreensão, o executor fôr em
seguimento de pessoa ou coisa, poderá penetrar em
e) quando feita na presença da autoridade judiciária ou território sujeito a outra jurisdição.
do presidente do inquérito.
Parágrafo único. Entender-se-á que a autoridade ou
Busca em mulher seus agentes vão em seguimento de pessoa ou coisa,
quando:
Art. 183. A busca em mulher será feita por outra mulher, a) tendo conhecimento de sua remoção ou transporte,
se não importar retardamento ou prejuízo da diligência. a seguirem sem interrupção, embora depois a percam
de vista;
Busca no curso do processo ou do inquérito b) ainda que não a tenham avistado, mas forem em
seu encalço, sabendo, por informações fidedignas ou
Art. 184. A busca domiciliar ou pessoal por mandado circunstâncias judiciárias que está sendo removida ou
será, no curso do processo, executada por oficial de transportada em determinada direção.
justiça; e, no curso do inquérito, por oficial, designado
pelo encarregado do inquérito, atendida a hierarquia do Apresentação à autoridade local
pôsto ou graduação de quem a sofrer, se militar.
Art. 187. O executor que entrar em território de juris-
Requisição a autoridade civil dição diversa deverá, conforme o caso, apresentar-se
à respectiva autoridade civil ou militar, perante a qual
Parágrafo único. A autoridade militar poderá requisitar se identificará. A apresentação poderá ser feita após a
da autoridade policial civil a realização da busca. diligência, se a urgência desta não permitir solução de
continuidade.
SEÇÃO II
Da apreensão Pessoa sob custódia

361
Art. 188. Descoberta a pessoa ou coisa que se procura, b) não interesse mais ao processo;
será imediatamente apreendida e posta sob custódia da c) não exista dúvida quanto ao direito do reclamante.
autoridade ou de seus agentes.
Direito duvidoso
Requisitos do auto
Art. 192. Se duvidoso o direito do reclamante, sòmente
Art. 189. Finda a diligência, lavrar-se-á auto circuns- em juízo poderá ser decidido, autuando-se o pedido em
tanciado da busca e apreensão, assinado por duas tes- apartado e assinando-se o prazo de cinco dias para a
temunhas, com declaração do lugar, dia e hora em que prova, findo o qual o juiz decidirá, cabendo da decisão
se realizou, com citação das pessoas que a sofreram e recurso para o Superior Tribunal Militar.
das que nelas tomaram parte ou as tenham assistido,
com as respectivas identidades, bem como de todos os
Questão de alta indagação
incidentes ocorridos durante a sua execução.
Parágrafo único. Se a autoridade judiciária militar en-
Conteúdo do auto
tender que a matéria é de alta indagação, remeterá o
reclamante para o juízo cível, continuando as coisas
Parágrafo único. Constarão do auto, ou dêle farão parte apreendidas até que se resolva a controvérsia.
em anexo devidamente rubricado pelo executor da dili-
gência, a relação e descrição das coisas apreendidas,
Coisa em poder de terceiro
com a especificação:
a) se máquinas, veículos, instrumentos ou armas, da Art. 193. Se a coisa houver sido apreendida em poder
sua marca e tipo e, se possível, da sua origem, número de terceiro de boa-fé, proceder-se-á da seguinte ma-
e data da fabricação; neira:
b) se livros, o respectivo título e o nome do autor; a) se a restituição fôr pedida pelo próprio terceiro, o juiz
c) se documentos, a sua natureza. do processo poderá ordená-la, se estiverem preenchi-
dos os requisitos do art. 191;
SEÇÃO III b) se pedida pelo acusado ou pelo lesado e, também,
Da restituição pelo terceiro, o incidente autuar-se-á em apartado e os
reclamantes terão, em conjunto, o prazo de cinco dias
Restituição de coisas para apresentar provas e o de três dias para arrazoar,
findos os quais o juiz decidirá, cabendo da decisão re-
Art. 190. As coisas apreendidas não poderão ser resti- curso para o Superior Tribunal Militar.
tuídas enquanto interessarem ao processo.
Persistência de dúvida
§ 1º As coisas a que se referem o art. 109, nº II, letra a, e
o art. 119, nºs I e II, do Código Penal Militar, não pode-
rão ser restituídas em tempo algum. § 1º Se persistir dúvida quanto à propriedade da coisa,
os reclamantes serão remetidos para o juízo cível, onde
§ 2º As coisas a que se refere o art. 109, nº II, letra b, do se decidirá aquela dúvida, com efeito sôbre a restitui-
Código Penal Militar, poderão ser restituídas sòmente ção no juízo militar, salvo se motivo superveniente não
ao lesado ou a terceiro de boa-fé. tornar a coisa irrestituível.

Ordem de restituição Nomeação de depositário

Art. 191. A restituição poderá ser ordenada pela auto- § 2º A autoridade judiciária militar poderá, se assim
ridade policial militar ou pelo juiz, mediante têrmo nos julgar conveniente, nomear depositário idôneo, para a
autos, desde que: guarda da coisa, até que se resolva a controvérsia.
a) a coisa apreendida não seja irrestituível, na conformi-
dade do artigo anterior; Audiência do Ministério Público

362
Art. 194. O Ministério Público será sempre ouvido em forem reclamados por quem de direito, serão vendidos
pedido ou incidente de restituição. em leilão, depositando-se o saldo à disposição do juiz
de ausentes.
Parágrafo único. Salvo o caso previsto no art. 195, ca-
berá recurso, com efeito suspensivo, para o Superior
Tribunal Militar, do despacho do juiz que ordenar a res- CAPÍTULO II
tituição da coisa. DAS PROVIDÊNCIAS QUE
RECAEM SÔBRE COISAS
Coisa deteriorável

Art. 195. Tratando-se de coisa fàcilmente deteriorável, SEÇÃO I


será avaliada e levada a leilão público, depositando-se Do seqüestro
o dinheiro apurado em estabelecimento oficial de crédi-
to determinado em lei. Bens sujeitos a seqüestro

Sentença condenatória Art. 199. Estão sujeitos a seqüestro os bens adquiridos


com os proventos da infração penal, quando desta haja
Art. 196. Decorrido o prazo de noventa dias, após o resultado, de qualquer modo, lesão a patrimônio sob
trânsito em julgado de sentença condenatória, pro- administração militar, ainda que já tenham sido trans-
ceder-se-á da seguinte maneira em relação aos bens feridos a terceiros por qualquer forma de alienação, ou
apreendidos: por abandono ou renúncia.
§ 1º Estão, igualmente, sujeitos a seqüestro os bens
Destino das coisas
de responsáveis por contrabando, ou outro ato ilícito,
em aeronave ou embarcação militar, em proporção aos
a) os referidos no art. 109, nº II, letra a, do Código Pe-
prejuízos e riscos por estas sofridos, bem como os dos
nal Militar, serão inutilizados ou recolhidos a Museu
seus tripulantes, que não tenham participado da prática
Criminal ou entregues às Fôrças Armadas, se lhes in-
do ato ilícito.
teressarem;
b) quaisquer outros bens serão avaliados e vendidos Bens insusceptíveis de seqüestro
em leilão público, recolhendo-se ao fundo da organi-
zação militar correspondente ao Conselho de Justiça o § 2º Não poderão ser seqüestrados bens, a respeito
que não couber ao lesado ou terceiro de boa-fé. dos quais haja decreto de desapropriação da União, do
Estado ou do Município, se anterior à data em que foi
Destino em caso de sentença absolutória praticada a infração penal.

Art. 197. Transitando em julgado sentença absolutória, Requisito para o seqüestro


proceder-se-á da seguinte maneira:
a) se houver sido decretado o confisco (Código Penal Art. 200. Para decretação do seqüestro é necessária a
Militar, art. 119), observar-se-á o disposto na letra a do existência de indícios veementes da proveniência ilícita
artigo anterior; dos bens.

b) nos demais casos, as coisas serão restituídas àquele Fases da sua determinação
de quem houverem sido apreendidas.
Art. 201. A autoridade judiciária militar, de ofício ou a
Venda em leilão requerimento do Ministério Público, poderá ordenar o
seqüestro, em qualquer fase do processo; e, antes da
Art. 198. Fora dos casos previstos nos artigos anterio- denúncia, se o solicitar, com fundado motivo, o encar-
res, se, dentro do prazo de noventa dias, a contar da regado do inquérito.
data em que transitar em julgado a sentença final, con-
denatória ou absolutória, os objetos apreendidos não

363
Providências a respeito to ao recurso da decisão que os aceitou;
b) se a ação penal não fôr promovida no prazo de ses-
Art 202. Realizado o seqüestro, a autoridade judiciária senta dias, contado da data em que foi instaurado o
militar providenciará: inquérito;
a) se de imóvel, a sua inscrição no Registro de Imóveis; c) se o terceiro, a quem tiverem sido transferidos os
b) se de coisa móvel, o seu depósito, sob a guarda de bens, prestar caução real ou fidejussória que assegure
depositário nomeado para êsse fim. a aplicação do disposto no artigo 109, nºs I e II, letra b,
do Código Penal Militar;
Autuação em embargos d) se fôr julgada extinta a ação penal ou absolvido o
acusado por sentença irrecorrível.
Art 203. O seqüestro autuar-se-á em apartado e admiti-
rá embargos, assim do indiciado ou acusado como de Sentença condenatória. Avaliação da venda
terceiro, sob os fundamentos de:
I - se forem do indiciado ou acusado: Art. 205. Transitada em julgado a sentença condenató-
ria, a autoridade judiciária militar, de ofício ou a reque-
a) não ter ele adquirido a coisa com os proventos da
rimento do Ministério Público, determinará a avaliação
infração penal;
e a venda dos bens em leilão público.
b) não ter havido lesão a patrimônio sob administração
militar. Recolhimento de dinheiro
II - se de terceiro:
§ 1º Do dinheiro apurado, recolher-se-á ao Tesouro
a) haver adquirido a coisa em data anterior à da infração Nacional o que se destinar a ressarcir prejuízo ao pa-
penal praticada pelo indiciado ou acusado; trimônio sob administração militar.
b) havê-la, em qualquer tempo, adquirido de boa-fé. § 2º O que não se destinar a êsse fim será restituído
a quem de direito, se não houver controvérsia; se esta
Prova. Decisão. Recurso existir, os autos de seqüestro serão remetidos ao juízo
cível, a cuja disposição passará o saldo apurado.
§ 1º Apresentada a prova da alegação dentro em dez
dias e ouvido o Ministério Público, a autoridade judi-
SEÇÃO II
ciária militar decidirá de plano, aceitando ou rejeitando
os embargos, cabendo da decisão recurso para o Supe- Da hipoteca legal
rior Tribunal Militar.
Bens sujeitos a hipoteca legal
Remessa ao juízo cível
Art. 206. Estão sujeitos a hipoteca legal os bens imó-
§ 2º Se a autoridade judiciária militar entender que se veis do acusado, para satisfação do dano causado pela
trata de matéria de alta indagação, remeterá o embar- infração penal ao patrimônio sob administração militar.
gante para o juízo cível e manterá o seqüestro até que
seja dirimida a controvérsia. Inscrição e especialização da hipoteca
§ 3º Da mesma forma procederá, desde logo, se não se
tratar de lesão ao patrimônio sob administração militar. Art. 207. A inscrição e a especialização da hipoteca
legal serão requeridas à autoridade judiciária militar,
Levantamento do sequestro pelo Ministério Público, em qualquer fase do processo,
desde que haja certeza da infração penal e indícios su-
Art. 204. O sequestro será levantado no juízo penal ficientes de autoria.
militar:
Estimação do valor da obrigação e do imóvel
a) se forem aceitos os embargos, ou negado provimen-

364
Art. 208. O requerimento estimará o valor da obrigação Imóvel clausulado de inalienabilidade
resultante do crime, bem como indicará e estimará o
imóvel ou imóveis, que ficarão especialmente hipoteca- Art. 211. A hipoteca legal não poderá recair em imóvel
dos; será instruído com os dados em que se fundarem com cláusula de inalienabilidade.
as estimativas e com os documentos comprobatórios
do domínio. Caso de hipoteca anterior

Arbitramento Art. 212. No caso de hipoteca anterior ao fato delituo-


so, não ficará prejudicado o direito do patrimônio sob
Art. 209. Pedida a especialização, a autoridade judici- administração militar à constituição da hipoteca legal,
ária militar mandará arbitrar o montante da obrigação que se considerará segunda hipoteca, nos têrmos da
resultante do crime e avaliar o imóvel ou imóveis indi- lei civil.
cados, nomeando perito idôneo para êsse fim.
§ 1º Ouvidos o acusado e o Ministério Público, no pra- Renda dos bens hipotecados
zo de três dias, cada um, a autoridade judiciária militar
poderá corrigir o arbitramento do valor da obrigação, se Art. 213. Das rendas dos bens sob hipoteca legal, pode-
lhe parecer excessivo ou deficiente. rão ser fornecidos recursos, arbitrados pela autoridade
judiciária militar, para a manutenção do acusado e sua
Liquidação após a condenação família.

§ 2º O valor da obrigação será liquidado definitivamente Cancelamento da inscrição


após a condenação, podendo ser requerido nôvo arbi-
tramento se o acusado ou o Ministério Público não se Art. 214. A inscrição será cancelada:
conformar com o anterior à sentença condenatória. a) se, depois de feita, o acusado oferecer caução sufi-
ciente, real ou fidejussória;
Oferecimento de caução
b) se fôr julgada extinta a ação penal ou absolvido o
acusado por sentença irrecorrível.
§ 3º Se o acusado oferecer caução suficiente, real ou fi-
dejussória, a autoridade judiciária militar poderá deixar
de mandar proceder à inscrição da hipoteca. SEÇÃO III
Do arresto
Limite da inscrição
Bens sujeitos a arresto
§ 4º Sòmente deverá ser autorizada a inscrição da hipo-
teca dos imóveis necessários à garantia da obrigação. Art. 215. O arresto de bens do acusado poderá ser de-
cretado pela autoridade judiciária militar, para satisfa-
Processos em autos apartados ção do dano causado pela infração penal ao patrimônio
sob a administração militar:
Art. 210. O processo da inscrição e especialização cor-
a) se imóveis, para evitar artifício fraudulento que os
rerá em autos apartados.
transfira ou grave, antes da inscrição e especialização
da hipoteca legal;
Recurso
b) se móveis e representarem valor apreciável, tentar
§ 1º Da decisão que a determinar, caberá recurso para o ocultá-los ou dêles tentar realizar tradição que burle a
Superior Tribunal Militar. possibilidade da satisfação do dano, referida no preâm-
bulo deste artigo.
§ 2º Se o caso comportar questão de alta indagação, o
processo será remetido ao juízo cível, para a decisão.
Revogação do arresto

365
§ 1º Em se tratando de imóvel, o arresto será revogado, SEÇÃO I
se, dentro em quinze dias, contados da sua decretação, Da prisão provisória
não fôr requerida a inscrição e especialização da hipo-
teca legal.
DISPOSIÇÕES GERAIS
Na fase do inquérito
Definição
§ 2º O arresto poderá ser pedido ainda na fase do in-
quérito. Art. 220. Prisão provisória é a que ocorre durante o in-
quérito, ou no curso do processo, antes da condenação
Preferência definitiva.

Art. 216. O arresto recairá de preferência sôbre imóvel, Legalidade da prisão


e sòmente se estenderá a bem móvel se aquêle não tiver
valor suficiente para assegurar a satisfação do dano; Art. 221. Ninguém será prêso senão em flagrante delito
em qualquer caso, o arresto sòmente será decretado ou por ordem escrita de autoridade competente.
quando houver certeza da infração e fundada suspeita
da sua autoria. Comunicação ao juiz

Bens insuscetíveis de arresto Art. 222. A prisão ou detenção de qualquer pessoa será
imediatamente levada ao conhecimento da autoridade
Art. 217. Não é permitido arrestar bens que, de acôrdo judiciária competente, com a declaração do local onde
com a lei civil, sejam insuscetíveis de penhora, ou, de a mesma se acha sob custódia e se está, ou não, inco-
qualquer modo, signifiquem confôrto indispensável ao municável.
acusado e à sua família.
Prisão de militar
Coisas deterioráveis
Art 223. A prisão de militar deverá ser feita por outro
Art. 218. Se os bens móveis arrestados forem coisas militar de pôsto ou graduação superior; ou, se igual,
facilmente deterioráveis, serão levadas a leilão público, mais antigo.
depositando-se o dinheiro apurado em conta corrente
de estabelecimento de crédito oficial. Relaxamento da prisão

Processo em autos apartados Art. 224. Se, ao tomar conhecimento da comunicação,


a autoridade judiciária verificar que a prisão não é legal,
Art. 219. O processo de arresto correrá em autos apar- deverá relaxá-la imediatamente.
tados, admitindo embargos, se se tratar de coisa móvel,
com recurso para o Superior Tribunal Militar da decisão Expedição de mandado
que os aceitar ou negar.
Art. 225. A autoridade judiciária ou o encarregado do
Disposições de seqüestro inquérito que ordenar a prisão fará expedir em duas vias
o respectivo mandado, com os seguintes requisitos:
Parágrafo único. No processo de arresto seguir-se-ão
as disposições a respeito do seqüestro, no que forem Requisitos
aplicáveis.
a) será lavrado pelo escrivão do processo ou do inqué-
CAPÍTULO III rito, ou ad hoc, e assinado pela autoridade que ordenar
DAS PROVIDÊNCIAS QUE RECAEM SÔBRE a expedição;
PESSOAS b) designará a pessoa sujeita a prisão com a respectiva

366
identificação e moradia, se possível; que, por via diplomática, sejam tomadas as providên-
cias que no caso couberem.
c) mencionará o motivo da prisão;
d) designará o executor da prisão. Art. 230. A captura se fará:

Assinatura do mandado Caso de flagrante

Parágrafo único. Uma das vias ficará em poder do a) em caso de flagrante, pela simples voz de prisão;
prêso, que assinará a outra; e, se não quiser ou não
puder fazê-lo, certificá-lo-á o executor do mandado, na Caso de mandado
própria via dêste.
b) em caso de mandado, pela entrega ao capturando de
Tempo e lugar da captura uma das vias e conseqüente voz de prisão dada pelo
executor, que se identificará.
Art. 226. A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia
e a qualquer hora, respeitadas as garantias relativas à Recaptura
inviolabilidade do domicílio.
Parágrafo único. A recaptura de indiciado ou acusado
Desdobramento do mandado evadido independe de prévia ordem da autoridade, e
poderá ser feita por qualquer pessoa.
Art. 227. Para cumprimento do mandado, a autorida-
de policial militar ou a judiciária poderá expedir tantos Captura em domicílio
outros quantos necessários às diligências, devendo
em cada um dêles ser fielmente reproduzido o teor do Art. 231. Se o executor verificar que o capturando se
original. encontra em alguma casa, ordenará ao dono dela que o
entregue, exibindo-lhe o mandado de prisão.
Expedição de precatória ou ofício
Caso de busca
Art. 228. Se o capturando estiver em lugar estranho à
jurisdição do juiz que ordenar a prisão, mas em terri- Parágrafo único. Se o executor não tiver certeza da pre-
tório nacional, a captura será pedida por precatória, da sença do capturando na casa, poderá proceder à busca,
qual constará o mesmo que se contém nos mandados para a qual, entretanto, será necessária a expedição do
de prisão; no curso do inquérito policial militar a pro- respectivo mandado, a menos que o executor seja a
vidência será solicitada pelo seu encarregado, com os própria autoridade competente para expedi-lo.
mesmos requisitos, mas por meio de ofício, ao coman-
dante da Região Militar, Distrito Naval ou Zona Aérea, Recusa da entrega do capturando
respectivamente.
Art. 232. Se não fôr atendido, o executor convocará
Via telegráfica ou radiográfica duas testemunhas e procederá da seguinte forma:

Parágrafo único. Havendo urgência, a captura poderá a) sendo dia, entrará à fôrça na casa, arrombando-lhe a
ser requisitada por via telegráfica ou radiográfica, au- porta, se necessário;
tenticada a firma da autoridade requisitante, o que se b) sendo noite, fará guardar tôdas as saídas, tornando a
mencionará no despacho. casa incomunicável, e, logo que amanheça, arrombar-
-lhe-á a porta e efetuará a prisão.
Captura no estrangeiro
Parágrafo único. O morador que se recusar à entrega do
capturando será levado à presença da autoridade, para
Art. 229. Se o capturando estiver no estrangeiro, a auto-
que contra êle se proceda, como de direito, se sua ação
ridade judiciária se dirigirá ao Ministro da Justiça para
configurar infração penal.

367
Flagrante no interior de casa Parágrafo único. Se o juiz deprecado verificar que o
capturando se encontra em território sujeito à jurisdição
Art. 233. No caso de prisão em flagrante que se deva de outro juiz militar, remeter-lhe-á os autos da preca-
efetuar no interior de casa, observar-se-á o disposto no tória. Se não tiver notícia do paradeiro do capturando,
artigo anterior, no que fôr aplicável. devolverá os autos ao juiz deprecante.

Emprêgo de fôrça Entrega de prêso. Formalidades

Art. 234. O emprego de fôrça só é permitido quando Art. 237. Ninguém será recolhido à prisão sem que
indispensável, no caso de desobediência, resistência ao responsável pela custódia seja entregue cópia do
ou tentativa de fuga. Se houver resistência da parte de respectivo mandado, assinada pelo executor, ou apre-
terceiros, poderão ser usados os meios necessários sentada guia expedida pela autoridade competente,
para vencê-la ou para defesa do executor e auxiliares devendo ser passado recibo da entrega do prêso, com
seus, inclusive a prisão do ofensor. De tudo se lavrará declaração do dia, hora e lugar da prisão.
auto subscrito pelo executor e por duas testemunhas.
Recibo
Emprêgo de algemas
Parágrafo único. O recibo será passado no próprio
§ 1º O emprêgo de algemas deve ser evitado, desde que exemplar do mandado, se êste fôr o documento exibido.
não haja perigo de fuga ou de agressão da parte do prê-
so, e de modo algum será permitido, nos presos a que Transferência de prisão
se refere o art. 242.
Art. 238. Nenhum prêso será transferido de prisão sem
Uso de armas que o responsável pela transferência faça a devida co-
municação à autoridade judiciária que ordenou a pri-
§ 2º O recurso ao uso de armas só se justifica quando são, nos têrmos do art. 18.
absolutamente necessário para vencer a resistência ou
proteger a incolumidade do executor da prisão ou a de Recolhimento a nova prisão
auxiliar seu.
Parágrafo único. O prêso transferido deverá ser recolhi-
Captura fora da jurisdição do à nova prisão com as mesmas formalidades previs-
tas no art. 237 e seu parágrafo único.
Art. 235. Se o indiciado ou acusado, sendo perseguido,
passar a território de outra jurisdição, observar-se-á, no Separação de prisão
que fôr aplicável, o disposto nos arts. 186, 187 e 188.
Art. 239. As pessoas sujeitas a prisão provisória deve-
Cumprimento de precatória rão ficar separadas das que estiverem definitivamente
condenadas.
Art. 236. Ao receber precatória para a captura de al-
guém, cabe ao auditor deprecado: Local da prisão
a) verificar a autenticidade e a legalidade do documento;
Art. 240. A prisão deve ser em local limpo e arejado,
b) se o reputar perfeito, apor-lhe o cumpra-se e expedir onde o detento possa repousar durante a noite, sendo
mandado de prisão; proibido o seu recolhimento a masmorra, solitária ou
c) cumprida a ordem, remeter a precatória e providen- cela onde não penetre a luz do dia.
ciar a entrega do prêso ao juiz deprecante.
Respeito à integridade do prêso e assistência
Remessa dos autos a outro juiz
Art. 241. Impõe-se à autoridade responsável pela cus-

368
tódia o respeito à integridade física e moral do detento, Pessoas que efetuam prisão em flagrante
que terá direito a presença de pessoa da sua família e a
assistência religiosa, pelo menos uma vez por semana, Art. 243. Qualquer pessoa poderá e os militares deve-
em dia prèviamente marcado, salvo durante o período rão prender quem fôr insubmisso ou desertor, ou seja
de incomunicabilidade, bem como à assistência de ad- encontrado em flagrante delito.
vogado que indicar, nos têrmos do art. 71, ou, se estiver
impedido de fazê-lo, à do que fôr indicado por seu côn- Sujeição a flagrante delito
juge, ascendente ou descendente.
Parágrafo único. Se o detento necessitar de assistência Art. 244. Considera-se em flagrante delito aquêle que:
para tratamento de saúde ser-lhe-á prestada por médico a) está cometendo o crime;
militar.
b) acaba de cometê-lo;
Prisão especial c) é perseguido logo após o fato delituoso em situação
que faça acreditar ser êle o seu autor;
Art. 242. Serão recolhidos a quartel ou a prisão espe- d) é encontrado, logo depois, com instrumentos, obje-
cial, à disposição da autoridade competente, quando tos, material ou papéis que façam presumir a sua parti-
sujeitos a prisão, antes de condenação irrecorrível: cipação no fato delituoso.
a) os ministros de Estado;
Infração permanente
b) os governadores ou interventores de Estados, ou Ter-
ritórios, o prefeito do Distrito Federal, seus respectivos
secretários e chefes de Polícia; Parágrafo único. Nas infrações permanentes, conside-
ra-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar
c) os membros do Congresso Nacional, dos Conselhos a permanência.
da União e das Assembléias Legislativas dos Estados;
d) os cidadãos inscritos no Livro de Mérito das ordens Lavratura do auto
militares ou civis reconhecidas em lei;
Art. 245. Apresentado o prêso ao comandante ou ao ofi-
e) os magistrados;
cial de dia, de serviço ou de quarto, ou autoridade cor-
f) os oficiais das Fôrças Armadas, das Polícias e dos respondente, ou à autoridade judiciária, será, por qual-
Corpos de Bombeiros, Militares, inclusive os da reser- quer dêles, ouvido o condutor e as testemunhas que o
va, remunerada ou não, e os reformados; acompanharem, bem como inquirido o indiciado sôbre
g) os oficiais da Marinha Mercante Nacional; a imputação que lhe é feita, e especialmente sôbre o
lugar e hora em que o fato aconteceu, lavrando-se de
h) os diplomados por faculdade ou instituto superior de tudo auto, que será por todos assinado.
ensino nacional;
§ 1º Em se tratando de menor inimputável, será apre-
i) os ministros do Tribunal de Contas; sentado, imediatamente, ao juiz de menores.
j) os ministros de confissão religiosa.
Ausência de testemunhas
Prisão de praças
§ 2º A falta de testemunhas não impedirá o auto de pri-
Parágrafo único. A prisão de praças especiais e a de são em flagrante, que será assinado por duas pessoas,
graduados atenderá aos respectivos graus de hierar- pelo menos, que hajam testemunhado a apresentação
quia. do preso.

SEÇÃO II Recusa ou impossibilidade de assinatura do auto


Da prisão em flagrante § 3º Quando a pessoa conduzida se recusar a assinar,
não souber ou não puder fazê-lo, o auto será assinado

369
por duas testemunhas, que lhe tenham ouvido a leitura Registro das ocorrências
na presença do indiciado, do condutor e das testemu-
nhas do fato delituoso. Art. 248. Em qualquer hipótese, de tudo quanto ocorrer
será lavrado auto ou têrmo, para remessa à autoridade
Designação de escrivão judiciária competente, a fim de que esta confirme ou
infirme os atos praticados.
§ 4º Sendo o auto presidido por autoridade militar, de-
signará esta, para exercer as funções de escrivão, um Fato praticado em presença da autoridade
capitão, capitão-tenente, primeiro ou segundo-tenente,
se o indiciado fôr oficial. Nos demais casos, poderá de- Art. 249. Quando o fato fôr praticado em presença da
signar um subtenente, suboficial ou sargento. autoridade, ou contra ela, no exercício de suas funções,
deverá ela própria prender e autuar em flagrante o infra-
Falta ou impedimento de escrivão tor, mencionando a circunstância.

§ 5º Na falta ou impedimento de escrivão ou das pesso- Prisão em lugar não sujeito à administração
as referidas no parágrafo anterior, a autoridade designa- militar
rá, para lavrar o auto, qualquer pessoa idônea, que, para
êsse fim, prestará o compromisso legal. Art. 250. Quando a prisão em flagrante fôr efetuada em
lugar não sujeito à administração militar, o auto pode-
Recolhimento a prisão. Diligências rá ser lavrado por autoridade civil, ou pela autoridade
militar do lugar mais próximo daquele em que ocorrer
Art. 246. Se das respostas resultarem fundadas suspei- a prisão.
tas contra a pessoa conduzida, a autoridade mandará
recolhê-la à prisão, procedendo-se, imediatamente, se Remessa do auto de flagrante ao juiz
fôr o caso, a exame de corpo de delito, à busca e apre-
ensão dos instrumentos do crime e a qualquer outra Art. 251. O auto de prisão em flagrante deve ser remeti-
diligência necessária ao seu esclarecimento. do imediatamente ao juiz competente, se não tiver sido
lavrado por autoridade judiciária; e, no máximo, dentro
Nota de culpa em cinco dias, se depender de diligência prevista no
art. 246.
Art. 247. Dentro em vinte e quatro horas após a prisão,
será dada ao prêso nota de culpa assinada pela autori- Passagem do prêso à disposição do juiz
dade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os
das testemunhas. Parágrafo único. Lavrado o auto de flagrante delito, o
prêso passará imediatamente à disposição da autori-
Recibo da nota de culpa dade judiciária competente para conhecer do processo.

§ 1º Da nota de culpa o prêso passará recibo que será Devolução do auto


assinado por duas testemunhas, quando êle não sou-
ber, não puder ou não quiser assinar. Art. 252. O auto poderá ser mandado ou devolvido à
autoridade militar, pelo juiz ou a requerimento do Mi-
Relaxamento da prisão nistério Público, se novas diligências forem julgadas
necessárias ao esclarecimento do fato.
§ 2º Se, ao contrário da hipótese prevista no art. 246,
a autoridade militar ou judiciária verificar a manifesta Concessão de liberdade provisória
inexistência de infração penal militar ou a não partici-
pação da pessoa conduzida, relaxará a prisão. Em se Art. 253. Quando o juiz verificar pelo auto de prisão em
tratando de infração penal comum, remeterá o prêso à flagrante que o agente praticou o fato nas condições
autoridade civil competente. dos arts. 35, 38, observado o disposto no art. 40, e dos

370
arts. 39 e 42, do Código Penal Militar, poderá conceder Desnecessidade da prisão
ao indiciado liberdade provisória, mediante têrmo de
comparecimento a todos os atos do processo, sob pena Art. 257. O juiz deixará de decretar a prisão preventiva,
de revogar a concessão. quando, por qualquer circunstância evidente dos autos,
ou pela profissão, condições de vida ou interêsse do
SEÇÃO III indiciado ou acusado, presumir que êste não fuja, nem
Da prisão preventiva exerça influência em testemunha ou perito, nem impeça
ou perturbe, de qualquer modo, a ação da justiça.

Competência e requisitos para a decretação Modificação de condições

Art 254. A prisão preventiva pode ser decretada pelo Parágrafo único. Essa decisão poderá ser revogada a
auditor ou pelo Conselho de Justiça, de ofício, a re- todo o tempo, desde que se modifique qualquer das
querimento do Ministério Público ou mediante repre- condições previstas neste artigo.
sentação da autoridade encarregada do inquérito po-
licial-militar, em qualquer fase dêste ou do processo, Proibição
concorrendo os requisitos seguintes:
a) prova do fato delituoso; Art. 258. A prisão preventiva em nenhum caso será de-
b) indícios suficientes de autoria. cretada se o juiz verificar, pelas provas constantes dos
autos, ter o agente praticado o fato nas condições dos
arts. 35, 38, observado o disposto no art. 40, e dos arts.
No Superior Tribunal Militar
39 e 42, do Código Penal Militar.
Parágrafo único. Durante a instrução de processo ori-
Revogação e nova decretação
ginário do Superior Tribunal Militar, a decretação com-
pete ao relator.
Art. 259. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se,
no curso do processo, verificar a falta de motivos para
Casos de decretação
que subsista, bem como de nôvo decretá-la, se sobre-
vierem razões que a justifiquem.
Art. 255. A prisão preventiva, além dos requisitos do
artigo anterior, deverá fundar-se em um dos seguintes Parágrafo único. A prorrogação da prisão preventiva
casos: dependerá de prévia audiência do Ministério Público.
a) garantia da ordem pública;
Execução da prisão preventiva
b) conveniência da instrução criminal;
c) periculosidade do indiciado ou acusado; Art. 260. A prisão preventiva executar-se-á por manda-
do, com os requisitos do art. 225. Se o indiciado ou
d) segurança da aplicação da lei penal militar; acusado já se achar detido, será notificado do despacho
e) exigência da manutenção das normas ou princípios que a decretar pelo escrivão do inquérito, ou do proces-
de hierarquia e disciplina militares, quando ficarem so, que o certificará nos autos.
ameaçados ou atingidos com a liberdade do indiciado
ou acusado. Passagem à disposição do juiz

Fundamentação do despacho Art. 261. Decretada a prisão preventiva, o prêso passará


à disposição da autoridade judiciária, observando-se o
Art. 256. O despacho que decretar ou denegar a prisão disposto no art. 237.
preventiva será sempre fundamentado; e, da mesma for-
ma, o seu pedido ou requisição, que deverá preencher CAPÍTULO IV
as condições previstas nas letras a e b , do art. 254. DO COMPARECIMENTO ESPONTÂNEO

371
Tomada de declarações Cassação da menagem

Art. 262. Comparecendo espontâneamente o indiciado Art. 265. Será cassada a menagem àquele que se retirar
ou acusado, tomar-se-ão por têrmo as declarações que do lugar para o qual foi ela concedida, ou faltar, sem
fizer. Se o comparecimento não se der perante a autori- causa justificada, a qualquer ato judicial para que tenha
dade judiciária, a esta serão apresentados o têrmo e o sido intimado ou a que deva comparecer independente-
indiciado ou acusado, para que delibere acêrca da pri- mente de intimação especial.
são preventiva ou de outra medida que entender cabível.
Parágrafo único. O têrmo será assinado por duas tes- Menagem do insubmisso
temunhas presenciais do ocorrido; e, se o indiciado ou
acusado não souber ou não puder assinar, sê-lo-á por Art. 266. O insubmisso terá o quartel por menagem,
uma pessoa a seu rôgo, além das testemunhas men- independentemente de decisão judicial, podendo, en-
cionadas. tretanto, ser cassada pela autoridade militar, por conve-
niência de disciplina.
CAPÍTULO V
Cessação da menagem
DA MENAGEM
Art. 267. A menagem cessa com a sentença condenató-
Competência e requisitos para a concessão ria, ainda que não tenha passado em julgado.
Parágrafo único. Salvo o caso do artigo anterior, o juiz
Art. 263. A menagem poderá ser concedida pelo juiz, poderá ordenar a cessação da menagem, em qualquer
nos crimes cujo máximo da pena privativa da liberdade tempo, com a liberação das obrigações dela decorren-
não exceda a quatro anos, tendo-se, porém, em atenção tes, desde que não a julgue mais necessária ao interês-
a natureza do crime e os antecedentes do acusado. se da Justiça.

Lugar da menagem Contagem para a pena

Art. 264. A menagem a militar poderá efetuar-se no Art. 268. A menagem concedida em residência ou cida-
lugar em que residia quando ocorreu o crime ou seja de não será levada em conta no cumprimento da pena.
sede do juízo que o estiver apurando, ou, atendido o
seu pôsto ou graduação, em quartel, navio, acampa-
Reincidência
mento, ou em estabelecimento ou sede de órgão militar.
A menagem a civil será no lugar da sede do juízo, ou em
Art. 269. Ao reincidente não se concederá menagem.
lugar sujeito à administração militar, se assim o enten-
der necessário a autoridade que a conceder.
CAPÍTULO VI
Audiência do Ministério Público DA LIBERDADE PROVISÓRIA

§ 1º O Ministério Público será ouvido, prèviamente, Casos de liberdade provisória


sôbre a concessão da menagem, devendo emitir pare-
cer dentro do prazo de três dias. Art. 270. O indiciado ou acusado livrar-se-á sôlto no
caso de infração a que não fôr cominada pena privativa
Pedido de informação de liberdade.

§ 2º Para a menagem em lugar sujeito à administra- Parágrafo único. Poderá livrar-se sôlto:
ção militar, será pedida informação, a respeito da sua
conveniência, à autoridade responsável pelo respectivo a) no caso de infração culposa, salvo se compreendida
comando ou direção. entre as previstas no Livro I, Título I, da Parte Especial,
do Código Penal Militar;

372
b) no caso de infração punida com pena de detenção Irrecorribilidade de despacho
não superior a dois anos, salvo as previstas nos arts.
157, 160, 161, 162, 163, 164, 166, 173, 176, 177, 178, Art. 273. Não caberá recurso do despacho que decretar
187, 192, 235, 299 e 302, do Código Penal Militar. ou denegar a aplicação provisória da medida de segu-
rança, mas esta poderá ser revogada, substituída ou
Suspensão modificada, a critério do juiz, mediante requerimento
do Ministério Público, do indiciado ou acusado, ou de
Art. 271. A superveniência de qualquer dos motivos representante legal de qualquer dêstes, nos casos das
referidos no art. 255 poderá determinar a suspensão da letras a e c do artigo anterior.
liberdade provisória, por despacho da autoridade que
a concedeu, de ofício ou a requerimento do Ministério Necessidade da perícia médica
Público.
Art. 274. A aplicação provisória da medida de seguran-
CAPÍTULO VII ça, no casos da letra a do art. 272 não dispensa nem
DA APLICAÇÃO PROVISÓRIA supre realização da perícia médica, nos têrmos dos arts.
156 e 160.
DE MEDIDAS DE SEGURANÇA
Normas supletivas
Casos de aplicação
Art. 275. Decretada a medida, atender-se-á, no que fôr
Art. 272. No curso do inquérito, mediante representação aplicável, às disposições relativas à execução da sen-
do encarregado, ou no curso do processo, de ofício ou tença definitiva.
a requerimento do Ministério Público, enquanto não fôr
proferida sentença irrecorrível, o juiz poderá, observado Suspensão do pátrio poder, tutela ou curatela
o disposto no art. 111, do Código Penal Militar, subme-
ter às medidas de segurança que lhes forem aplicáveis: Art. 276. A suspensão provisória do exercício do pátrio
a) os que sofram de doença mental, de desenvolvimen- poder, da tutela ou da curatela, para efeito no juízo penal
to mental incompleto ou retardado, ou outra grave per- militar, deverá ser processada no juízo civil.
turbação de consciência;
b) os ébrios habituais; TÍTULO XIV
c) os toxicômanos;
CAPÍTULO ÚNICO
d) os que estejam no caso do art. 115, do Código Penal
Militar.
DA CITAÇÃO, DA INTIMAÇÃO
E DA NOTIFICAÇÃO
Interdição de estabelecimento ou sociedade
Formas de citação
§ 1° O juiz poderá, da mesma forma, decretar a interdi-
ção, por tempo não superior a cinco dias, de estabeleci- Art. 277. A citação far-se-á por oficial de justiça:
mento industrial ou comercial, bem como de sociedade
I - mediante mandado, quando o acusado estiver ser-
ou associação, que esteja no caso do art. 118, do Có-
vindo ou residindo na sede do juízo em que se promove
digo Penal Militar, a fim de ser nela realizada busca ou
a ação penal;
apreensão ou qualquer outra diligência permitida neste
Código, para elucidação de fato delituoso. II - mediante precatória, quando o acusado estiver ser-
vindo ou residindo fora dessa sede, mas no País;
Fundamentação III - mediante requisição, nos casos dos arts. 280 e 282;

§ 2° Será fundamentado o despacho que aplicar qual- IV - pelo correio, mediante expedição de carta;
quer das medidas previstas neste artigo. V — por edital:

373
a) quando o acusado se ocultar ou opuser obstáculo c) declaração do oficial de justiça, na certidão, da leitura
para não ser citado; do mandado.
b) quando estiver asilado em lugar que goze de extrater-
ritorialidade de país estrangeiro; Recusa ou impossibilidade da parte do citando

c) quando não fôr encontrado; Parágrafo único. Se o citando se recusar a ouvir a lei-
d) quando estiver em lugar incerto ou não sabido; tura do mandado, a receber a contrafé ou a declarar o
seu recebimento, o oficial de justiça certificá-lo-á no
e) quando incerta a pessoa que tiver de ser citada.
próprio mandado. Do mesmo modo procederá, se o
Parágrafo único. Nos casos das letras a, c e d, o oficial citando, embora recebendo a contrafé, estiver impos-
de justiça, depois de procurar o acusado por duas vê- sibilitado de o declarar por escrito.
zes, em dias diferentes, certificará, cada vez, a impos-
sibilidade da citação pessoal e o motivo. No caso da Citação a militar
letra b, o oficial de justiça certificará qual o lugar em
que o acusado está asilado. Art. 280. A citação a militar em situação de atividade ou
a assemelhado far-se-á mediante requisição à autorida-
Requisitos do mandado de sob cujo comando ou chefia estiver, a fim de que o
citando se apresente para ouvir a leitura do mandado e
Art 278. O mandado, do qual se extrairão tantas du- receber a contrafé.
plicatas quantos forem os acusados, para servirem de
contrafé, conterá: Citação a funcionário
a) o nome da autoridade judiciária que o expedir;
Art. 281. A citação a funcionário que servir em repar-
b) o nome do acusado, seu pôsto ou graduação, se tição militar deverá, para se realizar dentro desta, ser
militar; seu cargo, se assemelhado ou funcionário de precedida de licença do seu diretor ou chefe, a quem se
repartição militar, ou, se fôr desconhecido, os seus si- dirigirá o oficial de justiça, antes de cumprir o manda-
nais característicos; do, na forma do art. 279.
c) a transcrição da denúncia, com o rol das testemu-
nhas; Citação a preso
d) o lugar, dia e hora em que o acusado deverá com-
Art. 282. A citação de acusado preso por ordem de
parecer a juízo;
outro juízo ou por motivo de outro processo, far-se-á
e) a assinatura do escrivão e a rubrica da autoridade nos têrmos do art. 279, requisitando-se, por ofício, a
judiciária. apresentação do citando ao oficial de justiça, no recinto
da prisão, para o cumprimento do mandado.
Assinatura do mandado
Requisitos da precatória
Parágrafo único. Em primeira instância a assinatura do
mandado compete ao auditor, e, em ação originária do Art. 283. A precatória de citação indicará:
Superior Tribunal Militar, ao relator do feito.
a) o juiz deprecado e o juiz deprecante;
Requisitos da citação do mandado b) a sede das respectivas jurisdições;
c) o fim para que é feita a citação, com tôdas as espe-
Art. 279. São requisitos da citação por mandado: cificações;
a) a sua leitura ao citando pelo oficial de justiça, e en- d) o lugar, dia e hora de comparecimento do acusado.
trega da contrafé;
b) declaração do recebimento da contrafé pelo citando, Urgência
a qual poderá ser feita na primeira via do mandado;
Parágrafo único. Se houver urgência, a precatória, que

374
conterá em resumo os requisitos dêste artigo, poderá Exilado ou foragido em país estrangeiro
ser expedida por via telegráfica, depois de reconhecida
a firma do juiz, o que a estação expedidora mencionará. § 4º O exilado ou foragido em país estrangeiro, salvo se
internado em lugar certo e determinado pelo Govêrno
Cumprimento da precatória dêsse país, será citado por edital, conforme o parágrafo
anterior.
Art. 284. A precatória será devolvida ao juiz deprecante, § 5º A publicação do edital a que se refere o parágrafo
independentemente de traslado, depois de lançado o anterior sòmente será feita após certidão do oficial de
“cumpra-se” e de feita a citação por mandado do juiz justiça, afirmativa de estar o citando exilado ou foragido
deprecado, com os requisitos do art. 279. em lugar incerto e não sabido.
§ 1º Verificado que o citando se encontra em território
sujeito à jurisdição de outro juiz, a êste o juiz deprecado Requisitos do edital
remeterá os autos, para efetivação da diligência, desde
que haja tempo para se fazer a citação. Art. 286. O edital de citação conterá, além dos requi-
§ 2º Certificada pelo oficial de justiça a existência de sitos referidos no art. 278, a declaração do prazo, que
qualquer dos casos referidos no nº V, do art. 277, a será contado do dia da respectiva publicação na im-
precatória será imediatamente devolvida, para o fim prensa, ou da sua afixação.
previsto naquele artigo. § 1 ° Além da publicação por três vêzes em jornal oficial
do lugar ou, na falta deste, em jornal que tenha ali cir-
Carta citatória culação diária, será o edital afixado em lugar ostensivo,
na portaria do edifício onde funciona o juízo. A afixação
Art. 285. Estando o acusado no estrangeiro, mas em será certificada pelo oficial de justiça que a houver feito
lugar sabido, a citação far-se-á por meio de carta cita- e a publicação provada com a página do jornal de que
tória, cuja remessa a autoridade judiciária solicitará ao conste a respectiva data.
Ministério das Relações Exteriores, para ser entregue
ao citando, por intermédio de representante diplomático Edital resumido
ou consular do Brasil, ou preposto de qualquer deles,
com jurisdição no lugar onde aquêle estiver. A carta § 2º Sendo por demais longa a denúncia, dispensar-
citatória conterá o nome do juiz que a expedir e as indi- -se-á a sua transcrição, resumindo-se o edital às in-
cações a que se referem as alíneas b, c e d, do art. 283. dicações previstas nas alíneas a, b, d e e, do art. 278
e à declaração do prazo a que se refere o preâmbulo
Caso especial de militar dêste artigo. Da mesma forma se procederá, quando o
número de acusados exceder a cinco.
§ 1º Em se tratando de militar em situação de atividade,
a remessa, para o mesmo fim, será solicitada ao Minis- Prazo do edital
tério em que servir.
Art. 287. O prazo do edital será conforme o art. 277,
Carta citatória considerada cumprida nº V:
a) de cinco dias, nos casos das alíneas a e b;
§ 2º A citação considerar-se-á cumprida desde que, por
qualquer daqueles Ministérios, seja comunicada ao juiz b) de quinze dias, no caso da alínea c;
a entrega ao citando da carta citatória. c) de vinte dias, no caso da alínea d;
d) de vinte a noventa dias, no caso da alínea e.
Ausência do citando
Parágrafo único. No caso da alínea a, dêste artigo, bas-
§ 3° Se o citando não fôr encontrado no lugar, ou se tará publicar o edital uma só vez.
ocultar ou opuser obstáculo à citação, publicar-se-á
edital para êste fim, pelo prazo de vinte dias, de acôrdo Intimação e notificação pelo escrivão
com o art. 286, após

375
Art 288. As intimações e notificações, para a prática de Mudança de residência de acusado civil
atos ou seu conhecimento no curso do processo, pode-
rão, salvo determinação especial do juiz, ser feitas pelo Art. 290. O acusado civil, sôlto, não poderá mudar de
escrivão às partes, testemunhas e peritos, por meio de residência ou dela ausentar-se por mais de oito dias,
carta, telegrama ou comunicação telefônica, bem como sem comunicar à autoridade judiciária processante o
pessoalmente, se estiverem presentes em juízo, o que lugar onde pode ser encontrado.
será certificado nos autos.
Antecedência da citação
Residente fora da sede do juízo
Art. 291. As citações, intimações ou notificações serão
§ 1º A intimação ou notificação a pessoa que residir fora sempre feitas de dia e com a antecedência de vinte e
da sede do juízo poderá ser feita por carta ou telegrama, quatro horas, pelo menos, do ato a que se referirem.
com assinatura da autoridade judiciária.
Revelia do acusado
Intimação ou notificação a advogado ou curador
Art. 292. O processo seguirá à revelia do acusado que,
§ 2º A intimação ou notificação ao advogado consti- citado, intimado ou notificado para qualquer ato do
tuído nos autos com podêres ad juditia, ou de ofício, processo, deixar de comparecer sem motivo justificado.
ao defensor dativo ou ao curador judicial, supre a do
acusado, salvo se êste estiver prêso, caso em que de- Citação inicial do acusado
verá ser intimado ou notificado pessoalmente, com co-
nhecimento do responsável pela sua guarda, que o fará Art. 293. A citação feita no início do processo é pes-
apresentar em juízo, no dia e hora designados, salvo soal, bastando, para os demais têrmos, a intimação ou
motivo de fôrça maior, que comunicará ao juiz. notificação do seu defensor, salvo se o acusado estiver
prêso, caso em que será, da mesma forma, intimado
Intimação ou notificação a militar ou notificado.

§ 3º A intimação ou notificação de militar em situação TÍTULO XV


de atividade, ou assemelhado, ou de funcionário lotado
DOS ATOS PROBATÓRIOS
em repartição militar, será feita por intermédio da auto-
ridade a que estiver subordinado. Estando prêso, o ofi-
cial deverá ser apresentado, atendida a sua hierarquia, CAPÍTULO I
sob a guarda de outro oficial, e a praça sob escolta, de DISPOSIÇÕES GERAIS
acôrdo com os regulamentos militares.
Irrestrição da prova
Dispensa de comparecimento
Art. 294. A prova no juízo penal militar, salvo quanto
§ 4º O juiz poderá dispensar a presença do acusado,
ao estado das pessoas, não está sujeita às restrições
desde que, sem dependência dela, possa realizar-se o
estabelecidas na lei civil.
ato processual.
Admissibilidade do tipo de prova
Agregação de oficial processado
Art 295. É admissível, nos têrmos dêste Código, qual-
Art 289. Estando sôlto, o oficial sob processo será
quer espécie de prova, desde que não atente contra a
agregado em unidade, fôrça ou órgão, cuja distância da
moral, a saúde ou a segurança individual ou coletiva,
sede do juízo lhe permita comparecimento imediato aos
ou contra a hierarquia ou a disciplina militares.
atos processuais. A sua transferência, em cada caso,
deverá ser comunicada à autoridade judiciária proces-
sante. Ônus da prova. Determinação de diligência

376
Art. 296. O ônus da prova compete a quem alegar o Art. 299. O interrogatório ou inquirição do mudo, do
fato, mas o juiz poderá, no curso da instrução crimi- surdo, ou do surdo-mudo será feito pela forma seguin-
nal ou antes de proferir sentença, determinar, de ofício, te:
diligências para dirimir dúvida sôbre ponto relevante. a) ao surdo, serão apresentadas por escrito as pergun-
Realizada a diligência, sôbre ela serão ouvidas as par- tas, que êle responderá oralmente;
tes, para dizerem nos autos, dentro em quarenta e oito
horas, contadas da intimação, por despacho do juiz. b) ao mudo, as perguntas serão feitas oralmente, res-
pondendo-as êle por escrito;
Inversão do ônus da prova c) ao surdo-mudo, as perguntas serão formuladas por
escrito, e por escrito dará êle as respostas.
§ 1º Inverte-se o ônus de provar se a lei presume o fato
§ 1º Caso o interrogado ou inquirido não saiba ler ou
até prova em contrário.
escrever, intervirá no ato, como intérprete, pessoa habi-
litada a entendê-lo.
Isenção
§ 2º Aplica-se ao ofendido o disposto neste artigo e
§ 2º Ninguém está obrigado a produzir prova que o in- § 1º.
crimine, ou ao seu cônjuge, descendente, ascendente
ou irmão. Consignação das perguntas e respostas

Avaliação de prova Art. 300. Sem prejuízo da exposição que o ofendido,


o acusado ou a testemunha quiser fazer, a respeito do
Art. 297. O juiz formará convicção pela livre apreciação fato delituoso ou circunstâncias que tenham com êste
do conjunto das provas colhidas em juízo. Na conside- relação direta, serão consignadas as perguntas que lhes
ração de cada prova, o juiz deverá confrontá-la com as forem dirigidas, bem como, imediatamente, as respecti-
demais, verificando se entre elas há compatibilidade e vas respostas, devendo estas obedecer, com a possível
concordância. exatidão, aos têrmos em que foram dadas.

Prova na língua nacional Oralidade e formalidades das declarações

Art. 298. Os atos do processo serão expressos na lín- § 1º As perguntas e respostas serão orais, podendo es-
gua nacional. tas, entretanto, ser dadas por escrito, se o declarante,
embora não seja mudo, estiver impedido de enunci-
Intérprete á-las. Obedecida esta condição, o mesmo poderá ser
admitido a respeito da exposição referida neste artigo,
§ 1º Será ouvido por meio de intérprete o acusado, a desde que escrita no ato da inquirição e sem interven-
testemunha ou quem quer que tenha de prestar escla- ção de outra pessoa.
recimento oral no processo, desde que não saiba falar § 2º Nos processos de primeira instância compete ao
a língua nacional ou nela não consiga, com exatidão, auditor e nos originários do Superior Tribunal Militar
enunciar o que pretende ou compreender o que lhe é ao relator fazer as perguntas ao declarante e ditar as
perguntado. respostas ao escrivão. Qualquer dos membros do Con-
selho de Justiça poderá, todavia, fazer as perguntas que
Tradutor julgar necessárias e que serão consignadas com as
respectivas respostas.
§ 2º Os documentos em língua estrangeira serão tra-
§ 3º As declarações do ofendido, do acusado e das
duzidos para a nacional, por tradutor público ou por
testemunhas, bem como os demais incidentes que lhes
tradutor nomeado pelo juiz, sob compromisso.
tenham relação, serão reduzidos a têrmo pelo escrivão,
assinado pelo juiz, pelo declarante e pelo defensor do
Interrogatório ou inquirição do mudo, do surdo e acusado, se o quiser. Se o declarante não souber escre-
do surdo-mudo ver ou se recusar a assiná-lo, o escrivão o declarará à fé

377
do seu cargo, encerrando o têrmo. Art. 305. Antes de iniciar o interrogatório, o juiz ob-
servará ao acusado que, embora não esteja obrigado
Observância no inquérito a responder às perguntas que lhe forem formuladas,
o seu silêncio poderá ser interpretado em prejuízo da
Art. 301. Serão observadas no inquérito as disposições própria defesa.
referentes às testemunhas e sua acareação, ao reconhe-
cimento de pessoas e coisas, aos atos periciais e a do- Perguntas não respondidas
cumentos, previstas neste Título, bem como quaisquer
outras que tenham pertinência com a apuração do fato Parágrafo único. Consignar-se-ão as perguntas que o
delituoso e sua autoria. acusado deixar de responder e as razões que invocar
para não fazê-lo.
CAPÍTULO II
DA QUALIFICAÇÃO E DO Forma e requisitos do interrogatório
INTERROGATÓRIO DO ACUSADO
Art. 306. O acusado será perguntado sôbre o seu nome,
naturalidade, estado, idade, filiação, residência, profis-
Tempo e lugar do interrogatório são ou meios de vida e lugar onde exerce a sua ativi-
dade, se sabe ler e escrever e se tem defensor. Respon-
Art. 302. O acusado será qualificado e interrogado num didas essas perguntas, será cientificado da acusação
só ato, no lugar, dia e hora designados pelo juiz, após pela leitura da denúncia e estritamente interrogado da
o recebimento da denúncia; e, se presente à instrução seguinte forma:
criminal ou prêso, antes de ouvidas as testemunhas.
a) onde estava ao tempo em que foi cometida a infração
e se teve notícia desta e de que forma;
Comparecimento no curso do processo
b) se conhece a pessoa ofendida e as testemunhas arro-
Parágrafo único. A qualificação e o interrogatório do ladas na denúncia, desde quando e se tem alguma coisa
acusado que se apresentar ou fôr prêso no curso do a alegar contra elas;
processo, serão feitos logo que ele comparecer perante c) se conhece as provas contra êle apuradas e se tem
o juiz. alguma coisa a alegar a respeito das mesmas;
d) se conhece o instrumento com que foi praticada a
Interrogatório pelo juiz
infração, ou qualquer dos objetos com ela relacionados
e que tenham sido apreendidos;
Art. 303. O interrogatório será feito, obrigatòriamente,
pelo juiz, não sendo nêle permitida a intervenção de e) se é verdadeira a imputação que lhe é feita;
qualquer outra pessoa. f) se, não sendo verdadeira a imputação, sabe de algum
motivo particular a que deva atribuí-la ou conhece a
Questões de ordem pessoa ou pessoas a que deva ser imputada a prática do
crime e se com elas esteve antes ou depois desse fato;
Parágrafo único. Findo o interrogatório, poderão as
partes levantar questões de ordem, que o juiz resolverá g) se está sendo ou já foi processado pela prática de
de plano, fazendo-as consignar em ata com a respectiva outra infração e, em caso afirmativo, em que juízo, se foi
solução, se assim lhe fôr requerido. condenado, qual a pena imposta e se a cumpriu;
h) se tem quaisquer outras declarações a fazer.
Interrogatório em separado
Nomeação de defensor ou curador
Art. 304. Se houver mais de um acusado, será cada um
dêles interrogado separadamente. § 1º Se o acusado declarar que não tem defensor, o juiz
dar-lhe-á um, para assistir ao interrogatório. Se menor
Observações ao acusado de vinte e um anos, nomear-lhe-á curador, que poderá

378
ser o próprio defensor. tório, será tomada por têrmo nos autos, observado o
disposto no art. 304.
Caso de confissão
CAPÍTULO IV
§ 2º Se o acusado confessar a infração, será especial- DAS PERGUNTAS AO OFENDIDO
mente interrogado:
a ) sôbre quais os motivos e as circunstâncias da in- Qualificação do ofendido. Perguntas
fração;
b) sôbre se outras pessoas concorreram para ela, quais Art. 311. Sempre que possível, o ofendido será qualifi-
foram e de que modo agiram. cado e perguntado sôbre as circunstâncias da infração,
quem seja ou presuma ser seu autor, as provas que
Negativa da imputação possa indicar, tomando-se por têrmo as suas declara-
ções.
§ 3º Se o acusado negar a imputação no todo ou em
parte, será convidado a indicar as provas da verdade de Falta de comparecimento
suas declarações.
Parágrafo único. Se, notificado para êsse fim, deixar de
CAPÍTULO III comparecer sem motivo justo, poderá ser conduzido à
presença da autoridade, sem ficar sujeito, entretanto, a
DA CONFISSÃO
qualquer sanção.

Validade da confissão Presença do acusado

Art. 307. Para que tenha valor de prova, a confissão Art. 312. As declarações do ofendido serão feitas na
deve: presença do acusado, que poderá contraditá-las no
a) ser feita perante autoridade competente; todo ou em parte, após a sua conclusão, bem como
requerer ao juiz que o ofendido esclareça ou torne mais
b) ser livre, espontânea e expressa; precisa qualquer das suas declarações, não podendo,
c) versar sôbre o fato principal; entretanto, reperguntá-lo.
d) ser verossímil;
Isenção de resposta
e) ter compatibilidade e concordância com as demais
provas do processo. Art. 313. O ofendido não está obrigado a responder
pergunta que possa incriminá-lo, ou seja estranha ao
Silêncio do acusado processo.

Art. 308. O silêncio do acusado não importará confis- CAPÍTULO V


são, mas poderá constituir elemento para a formação do
DAS PERÍCIAS E EXAMES
convencimento do juiz.

Retratabilidade e divisibilidade Objeto da perícia

Art. 309. A confissão é retratável e divisível, sem preju- Art. 314. A perícia pode ter por objeto os vestígios
ízo do livre convencimento do juiz, fundado no exame materiais deixados pelo crime ou as pessoas e coisas,
das provas em conjunto. que, por sua ligação com o crime, possam servir-lhe
de prova.
Confissão fora do interrogatório
Determinação
Art. 310. A confissão, quando feita fora do interroga-

379
Art 315. A perícia pode ser determinada pela autorida- Art. 319. Os peritos descreverão minuciosamente o que
de policial militar ou pela judiciária, ou requerida por examinarem e responderão com clareza e de modo po-
qualquer das partes. sitivo aos quesitos formulados, que serão transcritos
no laudo.
Negação
Fundamentação
Parágrafo único. Salvo no caso de exame de corpo de
delito, o juiz poderá negar a perícia, se a reputar desne- Parágrafo único. As respostas poderão ser fundamenta-
cessária ao esclarecimento da verdade. das, em seqüência a cada quesito.

Formulação de quesitos Apresentação de pessoas e objetos

Art 316. A autoridade que determinar perícia formulará Art. 320. Os peritos poderão solicitar da autoridade
os quesitos que entender necessários. Poderão, igual- competente a apresentação de pessoas, instrumentos
mente, fazê-lo: no inquérito, o indiciado; e, durante a ou objetos que tenham relação com crime, assim como
instrução criminal, o Ministério Público e o acusado, os esclarecimentos que se tornem necessários à orien-
em prazo que lhes fôr marcado para aquêle fim, pelo tação da perícia.
auditor.
Requisição de perícia ou exame
Requisitos
Art. 321. A autoridade policial militar e a judiciária po-
Art 317. Os quesitos devem ser específicos, simples derão requisitar dos institutos médico-legais, dos la-
e de sentido inequívoco, não podendo ser sugestivos boratórios oficiais e de quaisquer repartições técnicas,
nem conter implícita a resposta. militares ou civis, as perícias e exames que se tornem
necessários ao processo, bem como, para o mesmo
Exigência de especificação e esclarecimento fim, homologar os que nêles tenham sido regularmente
realizados.
§ 1º O juiz, de ofício ou a pedido de qualquer dos peri-
tos, poderá mandar que as partes especifiquem os que- Divergência entre os peritos
sitos genéricos, dividam os complexos ou esclareçam
os duvidosos, devendo indeferir os que não sejam per- Art. 322. Se houver divergência entre os peritos, serão
tinentes ao objeto da perícia, bem como os que sejam consignadas no auto de exame as declarações e res-
sugestivos ou contenham implícita a resposta. postas de um e de outro, ou cada um redigirá separada-
mente o seu laudo, e a autoridade nomeará um terceiro.
Esclarecimento de ordem técnica Se êste divergir de ambos, a autoridade poderá mandar
proceder a nôvo exame por outros peritos.
§ 2º Ainda que o quesito não permita resposta decisiva
do perito, poderá ser formulado, desde que tenha por Suprimento do laudo
fim esclarecimento indispensável de ordem técnica, a
respeito de fato que é objeto da perícia. Art. 323. No caso de inobservância de formalidade ou
no caso de omissão, obscuridade ou contradição, a au-
Número dos peritos e habilitação toridade policial militar ou judiciária mandará suprir a
formalidade, ou completar ou esclarecer o laudo. Pode-
Art. 318. As perícias serão, sempre que possível, feitas rá igualmente, sempre que entender necessário, ouvir
por dois peritos, especializados no assunto ou com ha- os peritos, para qualquer esclarecimento.
bilitação técnica, observado o disposto no art. 48.
Procedimento de nôvo exame
Resposta aos quesitos
Parágrafo único. A autoridade poderá, também, ordenar

380
que se proceda a nôvo exame, por outros peritos, se Parágrafo único. Não sendo possível o exame de corpo
julgar conveniente. de delito direto, por haverem desaparecido os vestígios
da infração, supri-lo-á a prova testemunhal.
Ilustração dos laudos
Oportunidade do exame
Art. 324. Sempre que conveniente e possível, os laudos
de perícias ou exames serão ilustrados com fotografias, Art. 329. O exame de corpo de delito poderá ser feito em
microfotografias, desenhos ou esquemas, devidamente qualquer dia e a qualquer hora.
rubricados.
Exame nos crimes contra a pessoa
Prazo para apresentação do laudo
Art. 330. Os exames que tiverem por fim comprovar a
Art. 325. A autoridade policial militar ou a judiciária, existência de crime contra a pessoa abrangerão:
tendo em atenção a natureza do exame, marcará prazo a) exames de lesões corporais;
razoável, que poderá ser prorrogado, para a apresenta-
ção dos laudos. b) exames de sanidade física;
c) exames de sanidade mental;
Vista do laudo
d) exames cadavéricos, precedidos ou não de exuma-
ção;
Parágrafo único. Do laudo será dada vista às partes,
pelo prazo de três dias, para requererem quaisquer e) exames de identidade de pessoa;
esclarecimentos dos peritos ou apresentarem quesitos f) exames de laboratório;
suplementares para êsse fim, que o juiz poderá admitir,
desde que pertinentes e não infrinjam o art. 317 e seu g) exames de instrumentos que tenham servido à prá-
§ 1º. tica do crime.

Liberdade de apreciação Exame pericial incompleto

Art. 326. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo Art. 331. Em caso de lesões corporais, se o primeiro
aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a
exame complementar, por determinação da autoridade
Perícias em lugar sujeito à administração militar policial militar ou judiciária, de ofício ou a requerimento
ou repartição do indiciado, do Ministério Público, do ofendido ou do
acusado.
Art. 327. As perícias, exames ou outras diligências
que, para fins probatórios, tenham que ser feitos em Suprimento de deficiência
quartéis, navios, aeronaves, estabelecimentos ou re-
partições, militares ou civis, devem ser precedidos de § 1º No exame complementar, os peritos terão presente
comunicações aos respectivos comandantes, diretores o auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a defici-
ou chefes, pela autoridade competente. ência ou retificá-lo.

Infração que deixa vestígios Exame de sanidade física

Art. 328. Quando a infração deixar vestígios, será indis- § 2º Se o exame complementar tiver por fim verificar a
pensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, sanidade física do ofendido, para efeito da classificação
não podendo supri-lo a confissão do acusado. do delito, deverá ser feito logo que decorra o prazo de
trinta dias, contado da data do fato delituoso.
Corpo de delito indireto
Suprimento do exame complementar

381
§ 3º A falta de exame complementar poderá ser suprida tografados na posição em que forem encontrados.
pela prova testemunhal.
Identidade do cadáver
Realização pelos mesmos peritos
Art. 337. Havendo dúvida sôbre a identidade do ca-
§ 4º O exame complementar pode ser feito pelos mes- dáver, proceder-se-á ao reconhecimento pelo Instituto
mos peritos que procederam ao de corpo de delito. de Identificação e Estatística, ou repartição congênere,
pela inquirição de testemunhas ou outro meio de direi-
Exame de sanidade mental to, lavrando-se auto de reconhecimento e identidade,
no qual se descreverá o cadáver, com todos os sinais
Art. 332. Os exames de sanidade mental obedecerão, e indicações.
em cada caso, no que fôr aplicável, às normas prescri-
tas no Capítulo II, do Título XII. Arrecadação de objetos

Autópsia Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados


e autenticados todos os objetos que possam ser úteis
Art 333. Haverá autópsia: para a identificação do cadáver.
a) quando, por ocasião de ser feito o corpo de delito, os
Exumação
peritos a julgarem necessária;
b) quando existirem fundados indícios de que a morte Art. 338. Haverá exumação, sempre que esta fôr neces-
resultou, não da ofensa, mas de causas mórbidas ante- sária ao esclarecimento do processo.
riores ou posteriores à infração;
c) nos casos de envenenamento. Designação de dia e hora

Ocasião da autópsia § 1º A autoridade providenciará para que, em dia e hora


prèviamente marcados, se realize a diligência e o exame
Art. 334. A autópsia será feita pelo menos seis horas cadavérico, dos quais se lavrará auto circunstanciado.
depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos
sinais da morte, julgarem que possa ser feita antes da- Indicação de lugar
quele prazo, o que declararão no auto.
§ 2º O administrador do cemitério ou por êle respon-
Impedimento de médico sável indicará o lugar da sepultura, sob pena de de-
sobediência.
Parágrafo único. A autópsia não poderá ser feita por
médico que haja tratado o morto em sua última doença. Pesquisas

Casos de morte violenta § 3º No caso de recusa ou de falta de quem indique a


sepultura, ou o lugar onde esteja o cadáver, a autorida-
Art. 335. Nos casos de morte violenta, bastará o sim- de mandará proceder às pesquisas necessárias, o que
ples exame externo do cadáver, quando não houver tudo constará do auto.
infração penal que apurar, ou quando as lesões exter-
nas permitirem precisar a causa da morte e não houver Conservação do local do crime
necessidade de exame interno, para a verificação de
alguma circunstância relevante. Art. 339. Para o efeito de exame do local onde houver
sido praticado o crime, a autoridade providenciará ime-
Fotografia de cadáver diatamente para que não se altere o estado das coisas,
até a chegada dos peritos.
Art. 336. Os cadáveres serão, sempre que possível, fo-

382
Perícias de laboratório mente reconhecidos como de seu punho, ou sôbre cuja
autenticidade não houver dúvida;
Art. 340. Nas perícias de laboratório, os peritos guar-
darão material suficiente para a eventualidade de nova Requisição de documentos
perícia.
c) a autoridade, quando necessário, requisitará, para o
Danificação da coisa exame, os documentos que existirem em arquivos ou
repartições públicas, ou nêles realizará a diligência, se
Art. 341. Nos crimes em que haja destruição, danifica- dali não puderem ser retirados;
ção ou violação da coisa, ou rompimento de obstáculo d) quando não houver escritos para a comparação ou
ou escalada para fim criminoso, os peritos, além de forem insuficientes os exibidos, a autoridade mandará
descrever os vestígios, indicarão com que instrumen- que a pessoa escreva o que lhe fôr ditado;
tos, por que meios e em que época presumem ter sido
o fato praticado. Ausência da pessoa
Avaliação direta e) se estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta
última diligência poderá ser feita por precatória, em que
Art. 342. Proceder-se-á à avaliação de coisas destruí- se consignarão as palavras a que a pessoa será intima-
das, deterioradas ou que constituam produto de crime. da a responder.

Avaliação indireta Exame de instrumentos do crime

Parágrafo único. Se impossível a avaliação direta, os Art. 345. São sujeitos a exame os instrumentos empre-
peritos procederão à avaliação por meio dos elementos gados para a prática de crime, a fim de se lhes verificar
existentes nos autos e dos que resultem de pesquisas a natureza e a eficiência e, sempre que possível, a ori-
ou diligências. gem e propriedade.

Caso de incêndio Precatória

Art. 343. No caso de incêndio, os peritos verificarão Art. 346. Se a perícia ou exame tiver de ser feito em ou-
a causa e o lugar em que houver começado, o perigo tra jurisdição, policial militar ou judiciária, expedir-se-á
que dêle tiver resultado para a vida e para o patrimônio precatória, que obedecerá, no que lhe fôr aplicável, às
alheio, e, especialmente, a extensão do dano e o seu prescrições dos artigos 283, 359, 360 e 361.
valor, quando atingido o patrimônio sob administração
militar, bem como quaisquer outras circunstâncias que Parágrafo único. Os quesitos da autoridade deprecante
interessem à elucidação do fato. Será recolhido no lo- e os das partes serão transcritos na precatória.
cal o material que os peritos julgarem necessário para
qualquer exame, por êles ou outros peritos especializa- CAPÍTULO VI
dos, que o juiz nomeará, se entender indispensáveis. DAS TESTEMUNHAS
Reconhecimento de escritos
Notificação de testemunhas
Art. 344. No exame para o reconhecimento de escritos,
Art. 347. As testemunhas serão notificadas em decor-
por comparação de letra, observar-se-á o seguinte:
rência de despacho do auditor ou deliberação do Con-
a) a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o selho de Justiça, em que será declarado o fim da noti-
escrito, será intimada para o ato, se fôr encontrada; ficação e o lugar, dia e hora em que devem comparecer.
b) para a comparação, poderão servir quaisquer docu-
mentos que ela reconhecer ou já tiverem sido judicial- Comparecimento obrigatório

383
§ 1º O comparecimento é obrigatório, nos têrmos da local, dia e hora prèviamente ajustados entre êles e o
notificação, não podendo dêle eximir-se a testemunha, juiz;
salvo motivo de fôrça maior, devidamente justificado. b) as pessoas impossibilitadas por enfermidade ou por
velhice, que serão inquiridas onde estiverem.
Falta de comparecimento
Capacidade para ser testemunha
§ 2º A testemunha que, notificada regularmente, deixar
de comparecer sem justo motivo, será conduzida por Art. 351. Qualquer pessoa poderá ser testemunha.
oficial de justiça e multada pela autoridade notificante
na quantia de um vigésimo a um décimo do salário mí-
Declaração da testemunha
nimo vigente no lugar. Havendo recusa ou resistência
à condução, o juiz poderá impor-lhe prisão até quinze
Art. 352. A testemunha deve declarar seu nome, idade,
dias, sem prejuízo do processo penal por crime de de-
estado civil, residência, profissão e lugar onde exerce
sobediência.
atividade, se é parente, e em que grau, do acusado e do
ofendido, quais as suas relações com qualquer dêles,
Oferecimento de testemunhas
e relatar o que sabe ou tem razão de saber, a respeito
do fato delituoso narrado na denúncia e circunstâncias
Art. 348. A defesa poderá indicar testemunhas, que de- que com o mesmo tenham pertinência, não podendo
verão ser apresentadas independentemente de intima- limitar o seu depoimento à simples declaração de que
ção, no dia e hora designados pelo juiz para inquirição, confirma o que prestou no inquérito. Sendo numerária
ressalvado o disposto no art. 349. ou referida, prestará o compromisso de dizer a verdade
sôbre o que souber e lhe fôr perguntado.
Requisição de militar ou funcionário
Dúvida sôbre a identidade da testemunha
Art. 349. O comparecimento de militar, assemelhado,
ou funcionário público será requisitado ao respectivo § 1º Se ocorrer dúvida sôbre a identidade da testemu-
chefe, pela autoridade que ordenar a notificação. nha, o juiz procederá à verificação pelos meios ao seu
alcance, podendo, entretanto, tomar-lhe o depoimento
Militar de patente superior desde logo.

Parágrafo único. Se a testemunha fôr militar de patente Não deferimento de compromisso


superior à da autoridade notificante, será compelida a
comparecer, sob as penas do § 2º do art. 347, por inter- § 2º Não se deferirá o compromisso aos doentes e defi-
médio da autoridade militar a que estiver imediatamente cientes mentais, aos menores de quatorze anos, nem às
subordinada. pessoas a que se refere o art. 354.
Dispensa de comparecimento Contradita de testemunha antes do depoimento
Art. 350. Estão dispensados de comparecer para depor: § 3º Antes de iniciado o depoimento, as partes pode-
a) o presidente e o vice-presidente da República, os rão contraditar a testemunha ou argüir circunstâncias
governadores e interventores dos Estados, os ministros ou defeitos que a tornem suspeita de parcialidade ou
de Estado, os senadores, os deputados federais e esta- indigna de fé. O juiz fará consignar a contradita ou ar-
duais, os membros do Poder Judiciário e do Ministério güição e a resposta da testemunha, mas só não lhe de-
Público, o prefeito do Distrito Federal e dos Municípios, ferirá compromisso ou a excluirá, nos casos previstos
os secretários dos Estados, os membros dos Tribunais no parágrafo anterior e no art. 355.
de Contas da União e dos Estados, o presidente do Ins-
tituto dos Advogados Brasileiros e os presidentes do Após o depoimento
Conselho Federal e dos Conselhos Secionais da Ordem
dos Advogados do Brasil, os quais serão inquiridos em § 4º Após a prestação do depoimento, as partes pode-

384
rão contestá-lo, no todo ou em parte, por intermédio Caso de constrangimento da testemunha
do juiz, que mandará consignar a argüição e a resposta
da testemunha, não permitindo, porém, réplica a essa Art. 358. Se o juiz verificar que a presença do acusado,
resposta. pela sua atitude, poderá influir no ânimo de testemunha,
de modo que prejudique a verdade do depoimento, fará
Inquirição separada retirá-lo, prosseguindo na inquirição, com a presença
do seu defensor. Neste caso, deverá constar da ata da
Art. 353. As testemunhas serão inquiridas cada uma sessão a ocorrência e os motivos que a determinaram.
de per si, de modo que uma não possa ouvir o depoi-
mento da outra. Expedição de precatória

Obrigação e recusa de depor Art. 359. A testemunha que residir fora da jurisdição do
juízo poderá ser inquirida pelo auditor do lugar da sua
Art. 354. A testemunha não poderá eximir-se da obri- residência, expedindo-se, para êsse fim, carta precató-
gação de depor. Excetuam-se o ascendente, o descen- ria, nos têrmos do art. 283, com prazo razoável, intima-
dente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que des- das as partes, que formularão quesitos, a fim de serem
quitado, e o irmão de acusado, bem como pessoa que, respondidos pela testemunha.
com êle, tenha vínculo de adoção, salvo quando não
fôr possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a Sem efeito suspensivo
prova do fato e de suas circunstâncias.
§ 1º A expedição da precatória não suspenderá a ins-
Proibição de depor trução criminal.

Art. 355. São proibidas de depor as pessoas que, em Juntada posterior


razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam
guardar segrêdo, salvo se, desobrigadas pela parte in- § 2º Findo o prazo marcado, e se não fôr prorrogado,
teressada, quiserem dar o seu testemunho. poderá realizar-se o julgamento, mas, a todo tempo,
a carta precatória, uma vez devolvida, será junta aos
Testemunhas suplementares autos.

Art. 356. O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir Precatória a juiz do fôro comum
outras testemunhas, além das indicadas pelas partes.
Art. 360. Caso não seja possível, por motivo relevan-
Testemunhas referidas te, o comparecimento da testemunha perante auditor, a
carta precatória poderá ser expedida a juiz criminal de
§ 1º Se ao juiz parecer conveniente, ainda que não haja comarca onde resida a testemunha ou a esta seja aces-
requerimento das partes, serão ouvidas as pessoas a sível, observado o disposto no artigo anterior.
que as testemunhas se referirem.
Precatória a autoridade militar
Testemunha não computada
Art. 361. No curso do inquérito policial militar, o seu
§ 2º Não será computada como testemunha a pessoa encarregado poderá expedir carta precatória à autorida-
que nada souber que interesse à decisão da causa. de militar superior do local onde a testemunha estiver
servindo ou residindo, a fim de notificá-la e inquiri-la,
Manifestação de opinião pessoal ou designar oficial que a inquira, tendo em atenção as
normas de hierarquia, se a testemunha fôr militar. Com
Art. 357. O juiz não permitirá que a testemunha mani- a precatória, enviará cópias da parte que deu origem ao
feste suas apreciações pessoais, salvo quando insepa- inquérito e da portaria que lhe determinou a abertura, e
ráveis da narrativa do fato. os quesitos formulados, para serem respondidos pela

385
testemunha, além de outros dados que julgar necessá- d) entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida;
rios ao esclarecimento do fato. e) entre as pessoas ofendidas.
Inquirição deprecada do ofendido Pontos de divergência
Parágrafo único. Da mesma forma, poderá ser ouvido Art. 366. A autoridade que realizar a acareação explicará
o ofendido, se o encarregado do inquérito julgar des- aos acusados quais os pontos em que divergem e, em
necessário solicitar-lhe a apresentação à autoridade seguida, os reinquirirá, a cada um de per si e em pre-
competente. sença do outro.
Mudança de residência da testemunha § 1º Da acareação será lavrado têrmo, com as perguntas
e respostas, obediência às formalidades prescritas no §
Art. 362. As testemunhas comunicarão ao juiz, dentro 3º do art. 300 e menção na ata da audiência ou sessão.
de um ano, qualquer mudança de residência, sujeitan- § 2º As partes poderão, por intermédio do juiz, reper-
do-se, pela simples omissão, às penas do não compa- guntar as testemunhas ou os ofendidos acareados.
recimento.
Ausência de testemunha divergente
Antecipação de depoimento
Art. 367. Se ausente alguma testemunha cujas declara-
Art. 363. Se qualquer testemunha tiver de ausentar- ções divirjam das de outra, que esteja presente, a esta
-se ou, por enfermidade ou idade avançada, inspirar se darão a conhecer os pontos da divergência, consig-
receio de que, ao tempo da instrução criminal, esteja nando-se no respectivo têrmo o que explicar.
impossibilitado de depor, o juiz poderá, de ofício ou a
requerimento de qualquer das partes, tomar-lhe anteci- CAPÍTULO VIII
padamente o depoimento.
DO RECONHECIMENTO
Afirmação falsa de testemunha DE PESSOA E DE COISA

Art. 364. Se o Conselho de Justiça ou o Superior Tri- Formas de procedimento


bunal Militar, ao pronunciar sentença final, reconhecer
que alguma testemunha fêz afirmação falsa, calou ou Art. 368. Quando houver necessidade de se fazer o re-
negou a verdade, remeterá cópia do depoimento à conhecimento de pessoa, proceder-se-á pela seguinte
autoridade policial competente, para a instauração de forma:
inquérito.
a) a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será
convidada a descrever a pessoa que deva ser reconhe-
CAPÍTULO VII cida;
DA ACAREAÇÃO b) a pessoa cujo reconhecimento se pretender, será
colocada, se possível, ao lado de outras que com ela
Admissão da acareação tiverem qualquer semelhança, convidando-se a apontá-
-la quem houver de fazer o reconhecimento;
Art. 365. A acareação é admitida, assim na instrução
c) se houver razão para recear que a pessoa chamada
criminal como no inquérito, sempre que houver diver-
para o reconhecimento, por efeito de intimidação ou
gência em declarações sôbre fatos ou circunstâncias
outra influência, não diga a verdade em face da pessoa
relevantes:
que deve ser reconhecida, a autoridade providenciará
a) entre acusados; para que esta não seja vista por aquela.
b) entre testemunhas; § 1º O disposto na alínea c só terá aplicação no curso
c) entre acusado e testemunha; do inquérito.

386
§ 2º Do ato de reconhecimento lavrar-se-á têrmo por- Declaração em documento particular
menorizado, subscrito pela autoridade, pela pessoa
chamada para proceder ao reconhecimento e por duas Art 374. As declarações constantes de documento par-
testemunhas presenciais. ticular escrito e assinado, ou sómente assinado, presu-
men-se verdadeiras em relação ao signatário.
Reconhecimento de coisa
Parágrafo único. Quando, porém, contiver declaração
de ciência, tendente a determinar o fato, documento
Art. 369. No reconhecimento de coisa, proceder-se-á particular prova a declaração, mas não o fato declarado,
com as cautelas estabelecidas no artigo anterior, no que competindo o ônus de provar o fato a quem interessar
fôr aplicável a sua veracidade.

Variedade de pessoas ou coisas Correspondência obtida por meios criminosos

Art. 370. Se várias forem as pessoas chamadas a efetuar Art. 375. A correspondência particular, interceptada ou
o reconhecimento de pessoa ou coisa, cada uma o fará obtida por meios criminosos, não será admitida em ju-
em separado, evitando-se qualquer comunicação entre ízo, devendo ser desentranhada dos autos se a êstes
elas. Se forem varias as pessoas ou coisas que tiverem tiver sido junta, para a restituição a seus donos.
de ser reconhecidas, cada uma o será por sua vez.
Exibição de correspondência em juízo
CAPÍTULO IX
DOS DOCUMENTOS Art. 376. A correspondência de qualquer natureza po-
derá ser exibida em juízo pelo respectivo destinatário,
Natureza para a defesa do seu direito, ainda que não haja con-
sentimento do signatário ou remetente.
Art. 371. Consideram-se documentos quaisquer escri-
tos, instrumentos ou papéis, públicos ou particulares. Exame pericial de letra e firma

Presunção de veracidade Art. 377. A letra e firma dos documentos particulares


serão submetidas a exame pericial, quando contestada
Art. 372. O documento público tem a presunção de ve- a sua autenticidade.
racidade, quer quanto à sua formação quer quanto aos
fatos que o serventuário, com fé pública, declare que Apresentação de documentos
ocorreram na sua presença.
Art. 378. Os documentos poderão ser apresentados
Identidade de prova em qualquer fase do processo, salvo se os autos dêste
estiverem conclusos para julgamento, observado o dis-
Art. 373. Fazem a mesma prova que os respectivos posto no art. 379.
originais:
Providências do juiz
a) as certidões textuais de qualquer peça do processo,
do protocolo das audiências ou de outro qualquer livro § 1º Se o juiz tiver notícia da existência de documento
a cargo do escrivão, sendo extraídas por êle, ou sob sua relativo a ponto relevante da acusação ou da defesa,
vigilância e por êle subscritas; providenciará, independentemente de requerimento das
b) os traslados e as certidões extraídas por oficial públi- partes, para a sua juntada aos autos, se possível.
co, de escritos lançados em suas notas;
Requisição de certidões ou cópias
c) as fotocópias de documentos, desde que autentica-
das por oficial público;
§ 2º Poderá, igualmente, requisitar às repartições ou
estabelecimentos públicos as certidões ou cópias au-

387
tênticas necessárias à prova de alegações das partes. Definição
Se, dentro do prazo fixado, não fôr atendida a requi-
sição, nem justificada a impossibilidade do seu cum- Art 382. Indício é a circunstância ou fato conhecido e
primento, o juiz representará à autoridade competente provado, de que se induz a existência de outra circuns-
contra o funcionário responsável. tância ou fato, de que não se tem prova.

Providências do curso do inquérito Requisitos

§ 3º O encarregado de inquérito policial militar poderá, Art. 383. Para que o indício constitua prova, é neces-
sempre que necessário ao esclarecimento do fato e sua sário:
autoria, tomar as providências referidas nos parágrafos
a) que a circunstância ou fato indicante tenha relação de
anteriores.
causalidade, próxima ou remota, com a circunstância
ou o fato indicado;
Audiências das partes sôbre documento
b) que a circunstância ou fato coincida com a prova re-
Art. 379. Sempre que, no curso do processo, um do- sultante de outro ou outros indícios, ou com as provas
cumento fôr apresentado por uma das partes, será ou- diretas colhidas no processo.
vida, a respeito dêle, a outra parte. Se junto por ordem
do juiz, serão ouvidas ambas as partes, inclusive o LIVRO II
assistente da acusação e o curador do acusado, se o Dos Processos em Espécie
requererem.

Conferência da pública-forma TÍTULO I


DO PROCESSO ORDINÁRIO
Art. 380. O juiz, de ofício ou a requerimento das partes,
poderá ordenar diligência para a conferência de públi- CAPÍTULO ÚNICO
ca-forma de documento que não puder ser exibido no
original ou em certidão ou cópia autêntica revestida dos
DA INSTRUÇÃO CRIMINAL
requisitos necessários à presunção de sua veracidade.
A conferência será feita pelo escrivão do processo, em SEÇÃO I
dia, hora e lugar prèviamente designados, com ciência Da prioridade de instrução. Da polícia e
das partes.
ordem das sessões. Disposições Gerais
Devolução de documentos
Preferência para a instrução criminal
Art. 381. Os documentos originais, juntos a processo
findo, quando não exista motivo relevante que justifique Art 384. Terão preferência para a instrução criminal:
a sua conservação nos autos, poderão, mediante reque- a) os processos, a que respondam os acusados prêsos;
rimento, e depois de ouvido o Ministério Público, ser
entregues à parte que os produziu, ficando traslado nos b) dentre os prêsos, os de prisão mais antiga;
autos; ou recibo, se se tratar de traslado ou certidão de c) dentre os acusados soltos e os revéis, os de priori-
escritura pública. Neste caso, do recibo deverão constar dade de processo.
a natureza da escritura, a sua data, os nomes das pes-
soas que a assinaram e a indicação do livro e respectiva Alteração da preferência
fôlha do cartório em que foi celebrada.
Parágrafo único. A ordem de preferência poderá ser al-
CAPÍTULO X terada por conveniência da justiça ou da ordem militar.
DOS INDÍCIOS
Polícia das sessões

388
Art. 385. A polícia e a disciplina das sessões da instru- curador ou ao escrivão, o presidente do Conselho ou
ção criminal serão, de acôrdo com o art. 36 e seus §§ 1º o auditor determinará a lavratura do auto de flagrante
e 2º, exercidas pelo presidente do Conselho de Justiça, delito, que será remetido à autoridade judiciária com-
e pelo auditor, nos demais casos. petente.

Conduta da assistência Prazo para a instrução criminal

Art. 386. As partes, os escrivães e os espectadores po- Art. 390. O prazo para a conclusão da instrução cri-
derão estar sentados durante as sessões. Levantar-se- minal é de cinqüenta dias, estando o acusado prêso,
-ão, porém, quando se dirigirem aos juízes ou quando e de noventa, quando sôlto, contados do recebimento
êstes se levantarem para qualquer ato do processo. da denúncia.

Prerrogativas Não computação de prazo

Parágrafo único. O representante do Ministério Público § 1º Não será computada naqueles prazos a demora
e os advogados poderão falar sentados, e êstes terão, determinada por doença do acusado ou defensor, por
no que fôr aplicável, as prerrogativas que lhes assegura questão prejudicial ou por outro motivo de fôrça maior
o art. 89 da Lei n° 4.215, de 27 de abril de 1963. justificado pelo auditor, inclusive a inquirição de tes-
temunhas por precatória ou a realização de exames
Publicidade da instrução criminal periciais ou outras diligências necessárias à instrução
criminal, dentro dos respectivos prazos.
Art. 387. A instrução criminal será sempre pública,
podendo, excepcionalmente, a juízo do Conselho de Doença do acusado
Justiça, ser secreta a sessão, desde que o exija o in-
terêsse da ordem e disciplina militares, ou a segurança § 2º No caso de doença do acusado, ciente o seu ad-
nacional. vogado ou curador e o representante do Ministério Pú-
blico, poderá o Conselho de Justiça ou o auditor, por
Sessões fora da sede delegação dêste, transportar-se ao local onde aquêle se
encontrar, procedendo aí ao ato da instrução criminal.
Art 388. As sessões e os atos processuais poderão, em
caso de necessidade, realizar-se fora da sede da Audi- Doença e ausência do defensor
toria, em local especialmente designado pelo auditor,
intimadas as partes para êsse fim. § 3º No caso de doença do defensor, que o impossi-
bilite de comparecer à sede do juízo, comprovada por
Conduta inconveniente do acusado atestado médico, com a firma de seu signatário devi-
damente reconhecida, será adiado o ato a que aquêle
Art 389. Se o acusado, durante a sessão, se portar de devia comparecer, salvo se a doença perdurar por mais
modo inconveniente, será advertido pelo presidente do de dez dias, caso em que lhe será nomeado substituto,
Conselho; e, se persistir, poderá ser mandado retirar da se outro defensor não estiver ou não fôr constituído
sessão, que prosseguirá sem a sua presença, perante, pelo acusado. No caso de ausência do defensor, por
porém, o seu advogado ou curador. Se qualquer dêstes outro motivo ou sem justificativa, ser-lhe-á nomeado
se recusar a permanecer no recinto, o presidente nome- substituto, para assistência ao ato e funcionamento no
ará defensor ou curador ad hoc ao acusado, para fun- processo, enquanto a ausência persistir, ressalvado ao
cionar até o fim da sessão. Da mesma forma procederá acusado o direito de constituir outro defensor.
o auditor, em se tratando de ato da sua competência.
Prazo para devolução de precatória
Caso de desacato
§ 4º Para a devolução de precatória, o auditor marca-
Parágrafo único. No caso de desacato a juiz, ao pro- rá prazo razoável, findo o qual, salvo motivo de fôrça

389
maior, a instrução criminal prosseguirá, podendo a Art. 394. O acusado sôlto não será dispensado do exer-
parte juntar, posteriormente, a precatória, como docu- cício das funções ou do serviço militar, exceto se, no
mento, nos têrmos dos arts. 378 e 379. primeiro caso, houver incompatibilidade com a infração
cometida.
Atos procedidos perante o auditor
Lavratura de ata
§ 5º Salvo o interrogatório do acusado, a acareação nos
têrmos do art. 365 e a inquirição de testemunhas, na Art. 395. De cada sessão será, pelo escrivão, lavrada
sede da Auditoria, todos os demais atos da instrução ata, da qual se juntará cópia autêntica aos autos, dela
criminal poderão ser procedidos perante o auditor, com constando os requerimentos, decisões e incidentes
ciência do advogado, ou curador, do acusado e do re- ocorridos na sessão.
presentante do Ministério Público.
§ 6º Para os atos probatórios em que é necessária a Retificação de ata
presença do Conselho de Justiça, bastará o compare-
cimento da sua maioria. Se ausente o presidente, será Parágrafo único. Na sessão seguinte, por determinação
substituído, na ocasião, pelo oficial imediato em anti- do Conselho ou a requerimento de qualquer das partes,
güidade ou em pôsto. a ata poderá ser retificada, quando omitir ou não houver
declarado fielmente fato ocorrido na sessão.
Juntada da fé de ofício ou antecedentes
SEÇÃO II
Art. 391. Juntar-se-á aos autos do processo o extrato da Do início do processo ordinário
fé de ofício ou dos assentamentos do acusado militar.
Se o acusado fôr civil será junta a fôlha de antecedentes Início do processo ordinário
penais e, além desta, a de assentamentos, se servidor
de repartição ou estabelecimento militar.
Art. 396. O processo ordinário inicia-se com o recebi-
mento da denúncia.
Individual datiloscópica
Falta de elementos para a denúncia
Parágrafo único. Sempre que possível, juntar-se-á a
individual datiloscópica do acusado.
Art. 397. Se o procurador, sem prejuízo da diligência a
que se refere o art. 26, n° I, entender que os autos do
Proibição de transferência ou remoção inquérito ou as peças de informação não ministram os
elementos indispensáveis ao oferecimento da denúncia,
Art. 392. O acusado ficará à disposição exclusiva da requererá ao auditor que os mande arquivar. Se êste
Justiça Militar, não podendo ser transferido ou removi- concordar com o pedido, determinará o arquivamento;
do para fora da sede da Auditoria, até a sentença final, se dêle discordar, remeterá os autos ao procurador-ge-
salvo motivo relevante que será apreciado pelo auditor, ral.
após comunicação da autoridade militar, ou a requeri-
mento do acusado, se civil. Designação de outro procurador

Proibição de transferência para a reserva § 1º Se o procurador-geral entender que há elementos


para a ação penal, designará outro procurador, a fim
Art. 393. O oficial processado, ou sujeito a inquérito de promovê-la; em caso contrário, mandará arquivar o
policial militar, não poderá ser transferido para a reser- processo.
va, salvo se atingir a idade-limite de permanência no
serviço ativo. Avocamento do processo

Dever do exercício de função ou serviço militar § 2º A mesma designação poderá fazer, avocando o pro-

390
cesso, sempre que tiver conhecimento de que, existin- da o oficial de pôsto mais elevado ou mais antigo e,
do em determinado caso elementos para a ação penal, nos outros lugares, alternadamente, os demais juízes,
esta não foi promovida. conforme os seus postos ou antigüidade, ficando o es-
crivão em mesa próxima ao auditor e o procurador em
Alegação de incompetência do juízo mesa que lhe é reservada — o presidente, na primeira
reunião do Conselho de Justiça, prestará em voz alta,
Art. 398. O procurador, antes de oferecer a denúncia, de pé, descoberto, o seguinte compromisso: “Prometo
poderá alegar a incompetência do juízo, que será pro- apreciar com imparcial atenção os fatos que me forem
cessada de acôrdo com o art. 146. submetidos e julgá-los de acôrdo com a lei e a prova
dos autos.” Êsse compromisso será também prestado
SEÇÃO III pelos demais juízes, sob a fórmula: “Assim o prometo.”
Da instalação do Conselho de Justiça Parágrafo único. Dêsse ato, o escrivão lavrará certidão
nos autos.
Providências do auditor
Assento dos advogados
Art 399. Recebida a denúncia, o auditor:
Art. 401. Para o advogado será destinada mesa espe-
cial, no recinto, e, se houver mais de um, serão, ao lado
Sorteio ou Conselho
da mesa, colocadas cadeiras para que todos possam
assentar-se.
a) providenciará, conforme o caso, o sorteio do Con-
selho Especial ou a convocação do Conselho Perma-
Designação para a qualificação e interrogatório
nente, de Justiça;
Art. 402. Prestado o compromisso pelo Conselho de
Instalação do Conselho
Justiça, o auditor poderá, desde logo, se presentes as
partes e cumprida a citação prevista no art. 277, desig-
b) designará dia, lugar e hora para a instalação do Con-
nar lugar, dia e hora para a qualificação e interrogatório
selho de Justiça;
do acusado, que se efetuará pelo menos sete dias após
a designação.
Citação do acusado e do procurador militar
Presença do acusado
c) determinará a citação do acusado, de acôrdo com o
art. 277, para assistir a todos os têrmos do processo até
Art. 403. O acusado prêso assistirá a todos os têrmos
decisão final, nos dias, lugar e horas que forem desig-
do processo, inclusive ao sorteio do Conselho de Jus-
nados, sob pena de revelia, bem como a intimação do
tiça, quando Especial.
representante do Ministério Público;

Intimação das testemunhas arroladas e do SEÇÃO IV


ofendido Da qualificação e do interrogatório
do acusado. Das exceções que podem
d) determinará a intimação das testemunhas arroladas ser opostas. Do comparecimento do
na denúncia, para comparecerem no lugar, dia e hora ofendido.
que lhes fôr designado, sob as penas de lei; e se couber,
a notificação do ofendido, para os fins dos arts. 311 e
312. Normas da qualificação e interrogatório

Compromisso legal Art. 404. No lugar, dia e hora marcados para a qualifi-
cação e interrogatório do acusado, que obedecerão às
Art. 400. Tendo à sua direita o auditor, à sua esquer- normas prescritas nos artigos 302 a 306, ser-lhe-ão
lidos, antes, pelo escrivão, a denúncia e os nomes das

391
testemunhas nela arroladas, com as respectivas iden- Art. 409. A declaração de menoridade do acusado vale-
tidades. rá até prova em contrário. Se, no curso da instrução cri-
minal, ficar provada a sua maioridade, cessarão as fun-
Solicitação da leitura de peças do inquérito ções do curador, que poderá ser designado advogado
de defesa. A verificação da maioridade não invalida os
§ 1º O acusado poderá solicitar, antes do interrogatório atos anteriormente praticados em relação ao acusado.
ou para esclarecer qualquer pergunta dêle constante,
que lhe seja lido determinado depoimento, ou trechos Comparecimento do ofendido
dêle, prestado no inquérito, bem como as conclusões
do relatório do seu encarregado. Art. 410. Na instrução criminal em que couber o com-
parecimento do ofendido, proceder-se-á na forma pres-
Dispensa de perguntas crita nos arts. 311, 312 e 313.

§ 2º Serão dispensadas as perguntas enumeradas no SEÇÃO V


art. 306 que não tenham relação com o crime. Da revelia
Interrogatório em separado
Revelia do acusado prêso
Art. 405. Presentes mais de um acusado, serão interro-
gados separadamente, pela ordem de autuação no pro- Art. 411. Se o acusado prêso recusar-se a comparecer
cesso, não podendo um ouvir o interrogatório do outro. à instrução criminal, sem motivo justificado, ser-lhe-á
designado o advogado de ofício para defendê-lo, ou
outro advogado se êste estiver impedido, e, indepen-
Postura do acusado
dentemente da qualificação e interrogatório, o processo
prosseguirá à sua revelia.
Art. 406. Durante o interrogatório o acusado ficará de
pé, salvo se o seu estado de saúde não o permitir.
Qualificação e interrogatório posteriores
Exceções opostas pelo acusado
Parágrafo único. Comparecendo mais tarde, será qua-
lificado e interrogado mas sem direito a opor qualquer
Art. 407. Após o interrogatório e dentro em quarenta
das exceções previstas no art. 407 e seu parágrafo úni-
e oito horas, o acusado poderá opor as exceções de
co.
suspeição do juiz, procurador ou escrivão, de incom-
petência do juízo, de litispendência ou de coisa julgada,
Revelia do acusado sôlto
as quais serão processadas de acôrdo com o Título XII,
Capítulo I, Seções I a IV do Livro I, no que fôr aplicável.
Art. 412. Será considerado revel o acusado que, estan-
do sôlto e tendo sido regularmente citado, não atender
Matéria de defesa
ao chamado judicial para o início da instrução criminal,
ou que, sem justa causa, se prèviamente cientificado,
Parágrafo único. Quaisquer outras exceções ou ale-
deixar de comparecer a ato do processo em que sua
gações serão recebidas como matéria de defesa para
presença seja indispensável.
apreciação no julgamento.
Acompanhamento posterior do processo
Exceções opostas pelo procurador militar
Art. 413. O revel que comparecer após o início do pro-
Art. 408. O procurador, no mesmo prazo previsto no
cesso acompanhá-lo-á nos têrmos em que êste estiver,
artigo anterior, poderá opor as mesmas exceções em
não tendo direito à repetição de qualquer ato.
relação ao juiz ou ao escrivão.
Defesa do revel. Recursos que pode interpor
Presunção da menoridade

392
Art. 414. O curador do acusado revel se incumbirá da Indicação das testemunhas de defesa
sua defesa até o julgamento, podendo interpor os re-
cursos legais, excetuada a apelação de sentença con- § 2º As testemunhas de defesa poderão ser indicadas
denatória. em qualquer fase da instrução criminal, desde que não
seja excedido o prazo de cinco dias, após a inquirição
SEÇÃO VI da última testemunha de acusação. Cada acusado po-
Da inquirição de testemunhas, derá indicar até três testemunhas, podendo ainda re-
querer sejam ouvidas testemunhas referidas ou infor-
do reconhecimento de pessoa ou mantes, nos têrmos do § 3º.
coisa e das diligências em geral
Testemunhas referidas e informantes
Normas de inquirição
§ 3º As testemunhas referidas, assim como as infor-
Art. 415. A inquirição das testemunhas obedecerá às mantes, não poderão exceder a três.
normas prescritas nos arts. 347 a 364, além dos artigos
seguintes. Substituição, desistência e inclusão

Leitura da denúncia § 4º Quer o Ministério Público quer a defesa poderá


requerer a substituição ou desistência de testemunha
Art 416. Qualificada a testemunha, o escrivão far-lhe-á arrolada ou indicada, bem como a inclusão de outras,
a leitura da denúncia, antes da prestação do depoimen- até o número permitido.
to. Se presentes várias testemunhas, ouvirão tôdas, ao
mesmo tempo, aquela leitura, finda a qual se retirarão Inquirição pelo auditor
do recinto da sessão as que não forem depor em segui-
da, a fim de que uma não possa ouvir o depoimento da Art. 418. As testemunhas serão inquiridas pelo auditor
outra, que a preceder. e, por intermédio dêste, pelos juízes militares, procura-
dor, assistente e advogados. Às testemunhas arroladas
Leitura de peças do inquérito pelo procurador, o advogado formulará perguntas por
último. Da mesma forma o procurador, às indicadas
Parágrafo único. As partes poderão requerer ou o audi- pela defesa.
tor determinar que à testemunha seja lido depoimento
seu prestado no inquérito, ou peça dêste, a respeito da Recusa de perguntas
qual seja esclarecedor o depoimento prestado na ins-
trução criminal. Art. 419. Não poderão ser recusadas as perguntas das
partes, salvo se ofensivas ou impertinentes ou sem re-
Precedência na inquirição lação com o fato descrito na denúncia, ou importarem
repetição de outra pergunta já respondida.
Art. 417. Serão ouvidas, em primeiro lugar, as teste-
munhas arroladas na denúncia e as referidas por estas, Consignação em ata
além das que forem substituídas ou incluídas posterior-
mente pelo Ministério Público, de acôrdo com o § 4º Parágrafo único. As perguntas recusadas serão, a re-
dêste artigo. Após estas, serão ouvidas as testemunhas querimento de qualquer das partes, consignadas na ata
indicadas pela defesa. da sessão, salvo se ofensivas e sem relação com o fato
descrito na denúncia.
Inclusão de outras testemunhas
Testemunha em lugar incerto. Caso de prisão
§ 1º Havendo mais de três acusados, o procurador
poderá requerer a inquirição de mais três testemunhas Art 420. Se não fôr encontrada, por estar em lugar
numerárias, além das arroladas na denúncia. incerto, qualquer das testemunhas, o auditor poderá

393
deferir o pedido de substituição. Se averiguar que a constará da ata da sessão.
testemunha se esconde para não depor, determinará a
sua prisão para êsse fim. Determinação de acareação

Notificação prévia Art. 425. A acareação entre testemunhas poderá ser


determinada pelo Conselho de Justiça, pelo auditor ou
Art. 421. Nenhuma testemunha será inquirida sem que, requerida por qualquer das partes, obedecendo ao dis-
com três dias de antecedência pelo menos, sejam noti- posto nos arts. 365, 366 e 367.
ficados o representante do Ministério Público, o advo-
gado e o acusado, se estiver prêso. Determinação de reconhecimento de pessoa ou
coisa
Redução a têrmo, leitura e assinatura de
depoimento Art. 426. O reconhecimento de pessoa e de coisa, nos
têrmos dos arts. 368, 369 e 370, poderá ser realizado
Art. 422. O depoimento será reduzido a têrmo pelo es- por determinação do Conselho de Justiça, do auditor
crivão e lido à testemunha que, se não tiver objeção, ou a requerimento de qualquer das partes.
assiná-lo-á após o presidente do Conselho e o auditor.
Assinarão, em seguida, conforme se trate de teste- Conclusão dos autos ao auditor
munha de acusação ou de defesa, o representante do
Ministério Público e o assistente ou o advogado e o Art. 427. Após a inquirição da última testemunha de
curador. Se a testemunha declarar que não sabe ler ou defesa, os autos irão conclusos ao auditor, que dêles
escrever, certificá-lo-á o escrivão e encerrará o têrmo, determinará vista em cartório às partes, por cinco dias,
sem necessidade de assinatura a rôgo da testemunha. para requererem, se não o tiverem feito, o que fôr de
direito, nos têrmos dêste Código.
Pedido de retificação
Determinação de ofício e fixação de prazo
1º A testemunha poderá, após a leitura do depoimento,
pedir a retificação de tópico que não tenha, em seu en- Parágrafo único. Ao auditor, que poderá determinar de
tender, traduzido fielmente declaração sua. ofício as medidas que julgar convenientes ao processo,
caberá fixar os prazos necessários à respectiva execu-
Recusa de assinatura ção, se, a êsse respeito, não existir disposição especial.

2º Se a testemunha ou qualquer das partes se recusar Vista para as alegações escritas


a assinar o depoimento, o escrivão o certificará, bem
como o motivo da recusa, se êste fôr expresso e o inte- Art. 428. Findo o prazo aludido no artigo 427 e se não
ressado requerer que conste por escrito. tiver havido requerimento ou despacho para os fins nêle
previstos, o auditor determinará ao escrivão abertura de
Têrmo de assinatura vista dos autos para alegações escritas, sucessivamen-
te, por oito dias, ao representante do Ministério Públi-
Art. 423. Sempre que, em cada sessão, se realizar in- co e ao advogado do acusado. Se houver assistente,
quirição de testemunhas, o escrivão lavrará têrmo de constituído até o encerramento da instrução criminal,
assentada, do qual constarão lugar, dia e hora em que ser-lhe-á dada vista dos autos, se o requerer, por cinco
se iniciou a inquirição. dias, imediatamente após as alegações apresentadas
pelo representante do Ministério Público.
Período da inquirição
Dilatação do prazo
Art. 424. As testemunhas serão ouvidas durante o dia,
das sete às dezoito horas, salvo prorrogação autorizada § 1º Se ao processo responderem mais de cinco acusa-
pelo Conselho de Justiça, por motivo relevante, que dos e diferentes forem os advogados, o prazo de vista

394
será de doze dias, correndo em cartório e em comum Comparecimento do revel
para todos. O mesmo prazo terá o representante do Mi-
nistério Público. § 1º Se o acusado revel comparecer nessa ocasião, sem
ter sido ainda qualificado e interrogado, proceder-se-á
Certidão do recebimento das alegações. a êstes atos, na conformidade dos arts. 404, 405 e 406,
Desentranhamento perguntando-lhe antes o auditor se tem advogado. Se
declarar que não o tem, o auditor nomear-lhe-á um,
§ 2° O escrivão certificará, com a declaração do dia e cessando a função do curador, que poderá, entretanto,
hora, o recebimento das alegações escritas, à medida ser nomeado advogado.
da apresentação. Se recebidas fora do prazo, o auditor
mandará desentranhá-las dos autos, salvo prova ime- Revel de menor idade
diata de que a demora resultou de óbice irremovível
materialmente. § 2º Se o acusado revel fôr menor, e a sua menoridade
só vier a ficar comprovada na fase de julgamento, o pre-
Observância de linguagem decorosa nas sidente do Conselho de Justiça nomear-lhe-á curador,
alegações que poderá ser o mesmo já nomeado pelo motivo da
revelia.
Art. 429. As alegações escritas deverão ser feitas em
têrmos convenientes ao decôro dos tribunais e à dis- Falta de apresentação de acusado prêso
ciplina judiciária e sem ofensa à autoridade pública, às
partes ou às demais pessoas que figuram no processo, § 3º Se o acusado, estando prêso, deixar de ser apre-
sob pena de serem riscadas, de modo que não possam sentado na sessão de julgamento, o auditor providen-
ser lidas, por determinação do presidente do Conse- ciará quanto ao seu comparecimento à nova sessão que
lho ou do auditor, as expressões que infrinjam aquelas fôr designada para aquêle fim.
normas.
Adiamento de julgamento no caso de acusado
Sanação de nulidade ou falta. Designação de dia sôlto
e hora do julgamento
§ 4º O julgamento poderá ser adiado por uma só vez,
Art. 430. Findo o prazo concedido para as alegações no caso de falta de comparecimento de acusado sôlto.
escritas, o escrivão fará os autos conclusos ao audi- Na segunda falta, o julgamento será feito à revelia, com
tor, que poderá ordenar diligência para sanar qualquer curador nomeado pelo presidente do Conselho.
nulidade ou suprir falta prejudicial ao esclarecimento
da verdade. Se achar o processo devidamente prepara- Falta de comparecimento do advogado
do, designará dia e hora para o julgamento, cientes os
demais juízes do Conselho de Justiça e as partes, e re- § 5º Ausente o advogado, será adiado o julgamento
quisição do acusado prêso à autoridade que o detenha, uma vez. Na segunda ausência, salvo motivo de fôr-
a fim de ser apresentado com as formalidades previstas ça maior devidamente comprovado, será o advogado
neste Código. substituído por outro.

SEÇÃO VII Falta de comparecimento de assistente ou


Da sessão do julgamento e da sentença curador

§ 6º Não será adiado o julgamento, por falta de compa-


Abertura da sessão
recimento do assistente ou seu advogado, ou de cura-
dor de menor ou revel, que será substituído por outro,
Art. 431. No dia e hora designados para o julgamento,
de nomeação do presidente do Conselho de Justiça.
reunido o Conselho de Justiça e presentes todos os
seus juízes e o procurador, o presidente declarará aberta
Saída do acusado por motivo de doença
a sessão e mandará apresentar o acusado.

395
§ 7º Se o estado de saúde do acusado não lhe permitir réplica.
a permanência na sessão, durante todo o tempo em que
durar o julgamento, êste prosseguirá com a presença Defesa de vários acusados
do defensor do acusado. Se o defensor se recusar a
permanecer na sessão, a defesa será feita por outro, no- § 4º O advogado que tiver a seu cargo a defesa de mais
meado pelo presidente do Conselho de Justiça, desde de um acusado terá direito a mais uma hora, além do
que advogado. tempo previsto no § 1º, se fizer a defesa de todos em
conjunto, com alteração, neste caso, da ordem prevista
Leitura de pecas do processo no preâmbulo do artigo.

Art. 432. Iniciada a sessão de julgamento, o presidente Acusados excedentes a dez


do Conselho de Justiça ordenará que o escrivão proce-
da à leitura das seguintes peças do processo: § 5º Se os acusados excederem a dez, cada advogado
a) a denúncia e seu aditamento, se houver; terá direito a uma hora para a defesa de cada um dos
seus constituintes, pela ordem da respectiva autuação,
b) o exame de corpo de delito e a conclusão de outros se não usar da faculdade prevista no parágrafo anterior.
exames ou perícias fundamentais à configuração ou Não poderá, entretanto, exceder a seis horas o tempo
classificação do crime; total, que o presidente do Conselho de Justiça marcará,
c) o interrogatório do acusado; e o advogado distribuirá, como entender, para a defesa
de todos os seus constituintes.
d) qualquer outra peça dos autos, cuja leitura fôr pro-
posta por algum dos juízes, ou requerida por qualquer
Uso da tribuna
das partes, sendo, neste caso, ordenada pelo presidente
do Conselho de Justiça, se deferir o pedido.
§ 6º O procurador, o assistente ou seu procurador, o
advogado e o curador desenvolverão a acusação ou a
Sustentação oral da acusação e defesa
defesa, da tribuna para êsse fim destinada, na ordem
que lhes tocar.
Art. 433. Terminada a leitura, o presidente do Con-
selho de Justiça dará a palavra, para sustentação das
Disciplina dos debates
alegações escritas ou de outras alegações, em primeiro
lugar ao procurador, em seguida ao assistente ou seu
§ 7º A linguagem dos debates obedecerá às normas do
procurador, se houver, e, finalmente, ao defensor ou
art. 429, podendo o presidente do Conselho de Justiça,
defensores, pela ordem de autuação dos acusados que
após a segunda advertência, cassar a palavra de quem
representam, salvo acôrdo manifestado entre eles.
as transgredir, nomeando-lhe substituto ad hoc.
Tempo para acusação e defesa
Permissão de apartes
§ 1º O tempo, assim para a acusação como para a defe-
§ 8° Durante os debates poderão ser dados apartes,
sa, será de três horas para cada uma, no máximo.
desde que permitidos por quem esteja na tribuna, e não
tumultuem a sessão.
Réplica e tréplica
Conclusão dos debates
§ 2º O procurador e o defensor poderão, respectiva-
mente, replicar e treplicar por tempo não excedente a
Art. 434. Concluídos os debates e decidida qualquer
uma hora, para cada um.
questão de ordem levantada pelas partes, o Conselho
de Justiça passará a deliberar em sessão secreta, po-
Prazo para o assistente
dendo qualquer dos juízes militares pedir ao auditor
esclarecimentos sôbre questões de direito que se rela-
§ 3º O assistente ou seu procurador terá a metade do
cionem com o fato sujeito a julgamento.
prazo concedido ao procurador para a acusação e a

396
Pronunciamento dos juízes objetiva, ainda que nenhuma tenha sido arguida.

Art. 435. O presidente do Conselho de Justiça convida- Conteúdo da sentença


rá os juízes a se pronunciarem sôbre as questões preli-
minares e o mérito da causa, votando em primeiro lugar Art. 438. A sentença conterá:
o auditor; depois, os juízes militares, por ordem inversa
a) o nome do acusado e, conforme o caso, seu pôsto
de hierarquia, e finalmente o presidente.
ou condição civil;
Diversidade de votos b) a exposição sucinta da acusação e da defesa;
c) a indicação dos motivos de fato e de direito em que
Parágrafo único. Quando, pela diversidade de votos, se fundar a decisão;
não se puder constituir maioria para a aplicação da
pena, entender-se-á que o juiz que tiver votado por pena d) a indicação, de modo expresso, do artigo ou artigos
maior, ou mais grave, terá virtualmente votado por pena de lei em que se acha incurso o acusado;
imediatamente menor ou menos grave. e) a data e as assinaturas dos juízes do Conselho de
Justiça, a começar pelo presidente e por ordem de hie-
Interrupção da sessão na fase pública rarquia e declaração dos respectivos postos, encerran-
do-as o auditor.
Art. 436. A sessão de julgamento será permanente. Po-
derá, porém, ser interrompida na fase pública por tem- Declaração de voto
po razoável, para descanso ou alimentação dos juízes,
auxiliares da Justiça e partes. Na fase secreta não se § 1º Se qualquer dos juízes deixar de assinar a sen-
interromperá por motivo estranho ao processo, salvo tença, será declarado, pelo auditor, o seu voto, como
moléstia de algum dos juízes, caso em que será transfe- vencedor ou vencido.
rida para dia designado na ocasião.
Redação da sentença
Conselho Permanente. Prorrogação de jurisdição
§ 2º A sentença será redigida pelo auditor, ainda que
Parágrafo único. Prorrogar-se á a jurisdição do Con- discorde dos seus fundamentos ou da sua conclusão,
selho Permanente de Justiça, se o nôvo dia designado podendo, entretanto, justificar o seu voto, se vencido,
estiver incluído no trimestre seguinte àquele em que no todo ou em parte, após a assinatura. O mesmo po-
findar a sua jurisdição, fazendo-se constar o fato de ata. derá fazer cada um dos juízes militares.

Definição do fato pelo Conselho Sentença datilografada e rubricada

Art. 437. O Conselho de Justiça poderá: § 3º A sentença poderá ser datilografada, rubricando-a,
a) dar ao fato definição jurídica diversa da que constar neste caso, o auditor, fôlha por fôlha.
na denúncia, ainda que, em conseqüência, tenha de
aplicar pena mais grave, desde que aquela definição Sentença absolutória. Requisitos
haja sido formulada pelo Ministério Público em alega-
ções escritas e a outra parte tenha tido a oportunidade Art. 439. O Conselho de Justiça absolverá o acusado,
de respondê-la; mencionando os motivos na parte expositiva da senten-
ça, desde que reconheça:
Condenação e reconhecimento de agravante não a) estar provada a inexistência do fato, ou não haver
arguida prova da sua existência;
b) não constituir o fato infração penal;
b) proferir sentença condenatória por fato articulado na
denúncia, não obstante haver o Ministério Público opi- c) não existir prova de ter o acusado concorrido para a
nado pela absolvição, bem como reconhecer agravante infração penal;

397
d) existir circunstância que exclua a ilicitude do fato ou de pena não privativa de liberdade será comunicada à
a culpabilidade ou imputabilidade do agente (arts. 38, autoridade competente, para os devidos efeitos.
39, 42, 48 e 52 do Código Penal Militar);
e) não existir prova suficiente para a condenação; Permanência do acusado absolvido na prisão

f) estar extinta a punibilidade. § 1º Se a sentença fôr absolutória, por maioria de vo-


tos, e a acusação versar sôbre crime a que a lei comina
Especificação pena, no máximo por tempo igual ou superior a vinte
anos, o acusado continuará prêso, se interposta apela-
§ 1º Se houver várias causas para a absolvição, serão ção pelo Ministério Público, salvo se se tiver apresen-
tôdas mencionadas. tado espontâneamente à prisão para confessar crime,
cuja autoria era ignorada ou imputada a outrem.
Providências
Cumprimento anterior do tempo de prisão
§ 2º Na sentença absolutória determinar-se-á:
a) pôr o acusado em liberdade, se fôr o caso; § 2º No caso de sentença condenatória, o réu será pôsto
em liberdade se, em virtude de prisão provisória, tiver
b) a cessação de qualquer pena acessória e, se fôr o cumprido a pena aplicada.
caso, de medida de segurança provisòriamente aplica-
da; § 3º A cópia da sentença, devidamente conferida e
subscrita pelo escrivão e rubricada pelo auditor, ficará
c) a aplicação de medida de segurança cabível. arquivada em cartório.

Sentença condenatória. Requisitos Indícios de outro crime

Art. 440. O Conselho de Justiça ao proferir sentença Art. 442. Se, em processo submetido a seu exame, o
condenatória: Conselho de Justiça, por ocasião do julgamento, verifi-
a) mencionará as circunstâncias apuradas e tudo o mais car a existência de indícios de outro crime, determinará
que deva ser levado em conta na fixação da pena, tendo a remessa das respectivas peças, por cópia autêntica,
em vista obrigatòriamente o disposto no art. 69 e seus ao órgão do Ministério Público competente, para os
parágrafos do Código Penal Militar; fins de direito.
b) mencionará as circunstâncias agravantes ou ate-
Leitura da sentença em sessão pública e
nuantes definidas no citado Código, e cuja existência
intimação
reconhecer;
c) imporá as penas, de acôrdo com aquêles dados, fi- Art. 443. Se a sentença ou decisão não fôr lida na ses-
xando a quantidade das principais e, se fôr o caso, a são em que se proclamar o resultado do julgamento,
espécie e o limite das acessórias; sê-lo-á pelo auditor em pública audiência, dentro do
d) aplicará as medidas de segurança que, no caso, cou- prazo de oito dias, e dela ficarão, desde logo, intimados
berem. o representante do Ministério Público, o réu e seu de-
fensor, se presentes.
Proclamação do julgamento e prisão do réu
Intimação do representante do Ministério Público
Art. 441. Reaberta a sessão pública e proclamado o re-
sultado do julgamento pelo presidente do Conselho de Art. 444. Salvo o disposto no artigo anterior, o escrivão,
Justiça, o auditor expedirá mandado de prisão contra o dentro do prazo de três dias, após a leitura da sentença
réu, se êste fôr condenado a pena privativa de liberdade, ou decisão, dará ciência dela ao representante do Mi-
ou alvará de soltura, se absolvido. Se presente o réu, nistério Público, para os efeitos legais.
ser-lhe-á dada voz de prisão pelo presidente do Con-
selho de Justiça, no caso de condenação. A aplicação Intimação de sentença condenatória

398
Art. 445. A intimação da sentença condenatória será couber, os arts. 385, 386 e seu parágrafo único, 389,
feita, se não o tiver sido nos têrmos do art. 443: 411, 412 e 413.
a) ao defensor de ofício ou dativo;
TÍTULO II
b) ao réu, pessoalmente, se estiver prêso;
DOS PROCESSOS ESPECIAIS
c) ao defensor constituído pelo réu.

Intimação a réu sôlto ou revel CAPÍTULO I


DA DESERÇÃO EM GERAL
Art. 446. A intimação da sentença condenatória a réu
sôlto ou revel far-se-á após a prisão, e bem assim ao Têrmo de deserção. Formalidades
seu defensor ou advogado que nomear por ocasião da
intimação, e ao representante do Ministério Público. Art. 451. Consumado o crime de deserção, nos casos
previsto na lei penal militar, o comandante da unida-
Requisitos da certidão de intimação de, ou autoridade correspondente, ou ainda autoridade
superior, fará lavrar o respectivo termo, imediatamente,
Parágrafo único. Na certidão que lavrar da intimação, o que poderá ser impresso ou datilografado, sendo por
oficial de justiça declarará se o réu nomeou advogado ele assinado e por duas testemunhas idôneas, além do
e, em caso afirmativo, intimá-lo-á também da sentença. militar incumbido da lavratura.
Em caso negativo, dará ciência da sentença e da prisão
§ 1º A contagem dos dias de ausência, para efeito da
do réu ao seu defensor de ofício ou dativo.
lavratura do termo de deserção, iniciar-se-á a zero hora
do dia seguinte àquele em que for verificada a falta in-
Certidões nos autos
justificada do militar.
Art. 447. O escrivão lavrará nos autos, em todos os § 2º No caso de deserção especial, prevista no art. 190
casos, as respectivas certidões de intimação, com a do Código Penal Militar, a lavratura do termo será, tam-
indicação do lugar, dia e hora em que houver sido feita. bém, imediata.

Lavratura de ata Efeitos do têrmo de deserção

Art. 448. O escrivão lavrará ata circunstanciada de tôdas Art. 452. O termo de deserção tem o caráter de instrução
as ocorrências na sessão de julgamento. provisória e destina-se a fornecer os elementos neces-
sários à propositura da ação penal, sujeitando, desde
Anexação de cópia da ata logo, o desertor à prisão.

Parágrafo único. Da ata será anexada aos autos cópia Art. 453. O desertor que não for julgado dentro de ses-
autêntica datilografada e rubricada pelo escrivão. senta dias, a contar do dia de sua apresentação volun-
tária ou captura, será posto em liberdade, salvo se tiver
Efeitos da sentença condenatória dado causa ao retardamento do processo.

Art. 449. São efeitos de sentença condenatória recor- CAPÍTULO II


rível: DO PROCESSO DE DESERÇÃO DE OFICIAL
a) ser o réu prêso ou conservado na prisão;
b) ser o seu nome lançado no rol dos culpados. Lavratura do têrmo de deserção e sua publicação
em boletim
Aplicação de artigos
Art. 454. Transcorrido o prazo para consumar-se o cri-
Art. 450. Aplicam-se à sessão de julgamento, no que me de deserção, o comandante da unidade, ou auto-

399
ridade correspondente ou ainda a autoridade superior, ordenará a leitura da denúncia, seguindo-se o interro-
fará lavrar o termo de deserção circunstanciadamente, gatório do acusado, ouvindo-se, na ocasião, as teste-
inclusive com a qualificação do desertor, assinando-o munhas arroladas pelo Ministério Público. A defesa
com duas testemunhas idôneas, publicando-se em bo- poderá oferecer prova documental e requerer a inqui-
letim ou documento equivalente, o termo de deserção, rição de testemunhas, até o número de três, que serão
acompanhado da parte de ausência. arroladas dentro do prazo de três dias e ouvidas dentro
do prazo de cinco dias, prorrogável até o dobro pelo
Remessa do têrmo de deserção e documentos à conselho, ouvido o Ministério Público.
Auditoria
Julgamento
§ 1º O oficial desertor será agregado, permanecendo
nessa situação ao apresentar-se ou ser capturado, até §2º Findo o interrogatório, e se nada for requerido ou
decisão transitada em julgado. determinado, ou finda a inquirição das testemunhas
arroladas pelas partes e realizadas as diligências orde-
Autuação e vista ao Ministério Público nadas, o presidente do conselho dará a palavra às par-
tes, para sustentação oral, pelo prazo máximo de trinta
§ 2º Feita a publicação, a autoridade militar remeterá, minutos, podendo haver réplica e tréplica por tempo
em seguida, o termo de deserção à auditoria competen- não excedente a quinze minutos, para cada uma delas,
te, juntamente com a parte de ausência, o inventário do passando o conselho ao julgamento, observando-se o
material permanente da Fazenda Nacional e as cópias rito prescrito neste código. 
do boletim ou documento equivalente e dos assenta-
mentos do desertor. CAPÍTULO III
§ 3º Recebido o termo de deserção e demais peças, o DO PROCESSO DE DESERÇÃO DE PRAÇA
Juiz-Auditor mandará autuá-los e dar vista do processo COM OU SEM GRADUÇÃO E DE PRAÇA
por cinco dias, ao Procurador, podendo este requerer o ESPECIAL.
arquivamento, ou que for de direito, ou oferecer denún-
cia, se nenhuma formalidade tiver sido omitida, ou após
o cumprimento das diligências requeridas. Inventário dos bens deixados ou extraviados pelo
ausente
§ 4º Recebida a denúncia, o Juiz-Auditor determinará
seja aguardada a captura ou apresentação voluntária do Art. 456. Vinte e quatro horas depois de iniciada a con-
desertor. tagem dos dias de ausência de uma praça, o comandan-
te da respectiva subunidade, ou autoridade competente,
Apresentação ou captura do desertor. Sorteio do encaminhará parte de ausência ao comandante ou chefe
Conselho da respectiva organização, que mandará inventariar o
material permanente da Fazenda Nacional, deixado ou
Art. 455. Apresentando-se ou sendo capturado o deser- extraviado pelo ausente, com a assistência de duas tes-
tor, a autoridade militar fará a comunicação ao Juiz-Au- temunhas idôneas.
ditor, com a informação sobre a data e o lugar onde o
§ 1º Quando a ausência se verificar em subunidade
mesmo se apresentou ou foi capturado, além de quais-
isolada ou em destacamento, o respectivo comandante,
quer outras circunstâncias concernentes ao fato. Em
oficial ou não providenciará o inventário, assinando-o
seguida, procederá o Juiz-Auditor ao sorteio e à con-
com duas testemunhas idôneas .
vocação do Conselho Especial de Justiça, expedindo o
mandado de citação do acusado, para ser processado
e julgado. Nesse mandado, será transcrita a denúncia. Parte de deserção

Rito processual § 2º Decorrido o prazo para se configurar a deserção, o


comandante da subunidade, ou autoridade correspon-
dente, encaminhará ao comandante, ou chefe compe-
§1º Reunido o Conselho Especial de Justiça, presen-
tente, uma parte acompanhada do inventário.
tes o procurador, o defensor e o acusado, o presidente

400
Lavratura de têrmo de deserção § 3º Reincluída que a praça especial ou a praça sem
estabilidade, ou procedida à reversão da praça estável,
§ 3º Recebida a parte de que trata o parágrafo anterior, o comandante da unidade providenciará, com urgência,
fará o comandante, ou autoridade correspondente, la- sob pena de responsabilidade, a remessa à auditoria de
vrar o termo de deserção, onde se mencionarão todas cópia do ato de reinclusão ou do ato de reversão. O
as circunstâncias do fato. Esse termo poderá ser lavra- Juiz-Auditor determinará sua juntada aos autos e deles
do por uma praça, especial ou graduada, e será assina- dará vista, por cinco dias, ao procurador que requererá
do pelo comandante e por duas testemunhas idôneas, o arquivamento, ou o que for de direito, ou oferecerá
de preferência oficiais. denúncia, se nenhuma formalidade tiver sido omitida,
ou após o cumprimento das diligências requeridas.
Exclusão do serviço ativo, agregação e remessa
à auditoria Substituição por impedimento

§ 4º Consumada a deserção de praça especial ou praça § 4º Recebida a denúncia, determinará o Juiz-Auditor


sem estabilidade, será ela imediatamente excluída do a citação do acusado, realizando-se em dia e hora pre-
serviço ativo. Se praça estável, será agregada, fazen- viamente designados, perante o Conselho Permanente
do-se, em ambos os casos, publicação, em boletim ou de Justiça, o interrogatório do acusado, ouvindo-se,
documento equivalente, do termo de deserção e reme- na ocasião, as testemunhas arroladas pelo Ministério
tendo-se, em seguida, os autos à auditoria competente. Público. A defesa poderá oferecer prova documental e
requerer a inquirição de testemunhas, até o número de
Arquivamento do têrmo de deserção três, que serão arroladas dentro do prazo de três dias e
ouvidas dentro de cinco dias, prorrogáveis até o dobro
Art. 457. Recebidos do comandante da unidade, ou da pelo conselho, ouvido o Ministério Público.
autoridade competente, o termo de deserção e a cópia
do boletim, ou documento equivalente que o publicou, Nomeação de curador
acompanhados dos demais atos lavrados e dos as-
sentamentos, o Juiz-Auditor mandará autuá-los e dar § 5º Feita a leitura do processo, o presidente do conse-
vista do processo, por cinco dias, ao procurador, que lho dará a palavra às partes, para sustentação oral, pelo
requererá o que for de direito, aguardando-se a captura prazo máximo de trinta minutos, podendo haver réplica
ou apresentação voluntária do desertor, se nenhuma e tréplica por tempo não excedente a quinze minutos,
formalidade tiver sido omitida, ou após o cumprimento para cada uma delas, passando o conselho ao julga-
das diligências requeridas. mento, observando-se o rito prescrito neste código.

Inspeção de saúde Designação de advogado

§ 1º O desertor sem estabilidade que se apresentar ou § 6º Em caso de condenação do acusado, o Juiz-Audi-


for capturado deverá ser submetido à inspeção de saú- tor fará expedir, imediatamente, a devida comunicação
de e, quando julgado apto para o serviço militar, será à autoridade competente, para os devidos fins e efeitos
reincluído. legais.
§ 2º A ata de inspeção de saúde será remetida, com
Audição de testemunhas
urgência, à auditoria a que tiverem sido distribuídos os
autos, para que, em caso de incapacidade definitiva,
seja o desertor sem estabilidade isento da reinclusão § 7º Sendo absolvido o acusado, ou se este já tiver
e do processo, sendo os autos arquivados, após o pro- cumprido a pena imposta na sentença, o Juiz-Auditor
nunciamento do representante do Ministério Público providenciará, sem demora, para que seja posto em
Militar. liberdade, mediante alvará de soltura, se por outro mo-
tivo não estiver preso.
Reinclusão
Vista dos autos

401
§ 8º O curador ou advogado do acusado terá vista dos CAPÍTULO V
autos para examinar suas peças e apresentar, dentro do DO PROCESSO DE CRIME DE INSUBMIS-
prazo de três dias, as razões de defesa.
SÃO
Dia e hora do julgamento
Lavratura de têrmo de insubmissão
§ 9º Voltando os autos ao presidente, designará êste dia
e hora para o julgamento. Art. 463. Consumado o crime de insubmissão, o co-
mandante, ou autoridade correspondente, da unidade
Interrogatório para que fora designado o insubmisso, fará lavrar o
termo de insubmissão, circunstanciadamente, com in-
§ 10. Reunido o Conselho, será o acusado interrogado, dicação, de nome, filiação, naturalidade e classe a que
em presença do seu advogado, ou curador se fôr menor, pertencer o insubmisso e a data em que este deveria
assinando com o advogado ou curador, após os juízes, apresentar-se, sendo o termo assinado pelo referido
o auto de interrogatório, lavrado pelo escrivão. comandante, ou autoridade correspondente, e por duas
testemunhas idôneas, podendo ser impresso ou dati-
Defesa oral lografado.

§ 11. Em seguida, feita a leitura do processo pelo Arquivamento do têrmo


escrivão, o presidente do Conselho dará a palavra ao
advogado ou curador do acusado, para que, dentro do § 1º O termo, juntamente com os demais documentos
prazo máximo de trinta minutos, apresente defesa oral, relativos à insubmissão, tem o caráter de instrução
passando o Conselho a funcionar, desde logo, em ses- provisória, destina-se a fornecer os elementos neces-
são secreta. sários à propositura da ação penal e é o instrumento
legal autorizador da captura do insubmisso, para efeito
Comunicação de sentença condenatória ou da incorporação.
alvará de soltura
Inclusão do insubmisso
§ 12. Terminado o julgamento, se o acusado fôr con-
denado, o presidente do Conselho fará expedir imedia- § 2º O comandante ou autoridade competente que tiver
tamente a devida comunicação à autoridade compe- lavrado o termo de insubmissão remetê-lo-á à audito-
tente; e, se fôr absolvido ou já tiver cumprido o tempo ria, acompanhado de cópia autêntica do documento há-
de prisão que na sentença lhe houver sido impôsto, bil que comprove o conhecimento pelo insubmisso da
providenciará, sem demora, para que o acusado seja, data e local de sua apresentação, e demais documentos.
mediante alvará de soltura, pôsto em liberdade, se por
outro motivo não estiver prêso. O relator, no prazo de Procedimento
quarenta e oito horas, redigirá a sentença, que será as-
sinada por todos os juízes. § 3º Recebido o termo de insubmissão e os documen-
tos que o acompanham, o Juiz-Auditor determinará sua
Art. 458. e 459 (Revogados pela Lei nº 8.236, de atuação e dará vista do processo, por cinco dias, ao
20.9.1991) procurador, que requererá o que for de direito, aguar-
dando-se a captura ou apresentação voluntária do in-
submisso, se nenhuma formalidade tiver sido omitida
CAPÍTULO IV
ou após cumprimento das diligências requeridas.
(Revogado pela Lei nº 8.236, de
20.9.1991) Menagem e inspeção de saúde

Art. 460 a 462 (Revogados pela Lei nº 8.236, de Art. 464. O insubmisso que se apresentar ou for captu-
20.9.1991) rado terá o direito ao quartel por menagem e será sub-
metido à inspeção de saúde. Se incapaz, ficará isento

402
do processo e da inclusão. a) de punição aplicada de acôrdo com os Regulamentos
Disciplinares das Fôrças Armadas;
Remessa ao Conselho da unidade b) de punição aplicada aos oficiais e praças das Polí-
cias e dos Corpos de Bombeiros, Militares, de acôrdo
§ 1º A ata de inspeção de saúde será, pelo comandante com os respectivos Regulamentos Disciplinares;
da unidade, ou autoridade competente, remetida, com
urgência, à auditoria a que tiverem sido distribuídos os c) da prisão administrativa, nos têrmos da legislação
autos, para que, em caso de incapacidade para o ser- em vigor, de funcionário civil responsável para com a
viço militar, sejam arquivados, após pronunciar-se o Fazenda Nacional, perante a administração militar;
Ministério Público Militar. d) da aplicação de medidas que a Constituição do Brasil
autoriza durante o estado de sítio;
Liberdade do insubmisso
e) nos casos especiais previstos em disposição de ca-
ráter constitucional.
§ 2º Incluído o insubmisso, o comandante da unidade,
ou autoridade correspondente, providenciará, com ur-
Abuso de poder e ilegalidade. Existência
gência, a remessa à auditoria de cópia do ato de inclu-
são. O Juiz-Auditor determinará sua juntada aos autos
Art. 467. Haverá ilegalidade ou abuso de poder:
e deles dará vista, por cinco dias, ao procurador, que
poderá requerer o arquivamento, ou o que for de direi- a) quando o cerceamento da liberdade fôr ordenado por
to, ou oferecer denúncia, se nenhuma formalidade tiver quem não tinha competência para tal;
sido omitida ou após o cumprimento das diligências b) quando ordenado ou efetuado sem as formalidades
requeridas. legais;
§ 3º O insubmisso que não for julgado no prazo de ses- c) quando não houver justa causa para a coação ou
senta dias, a contar do dia de sua apresentação volun- constrangimento;
tária ou captura, sem que para isso tenha dado causa,
será posto em liberdade. d) quando a liberdade de ir e vir fôr cerceada fora dos
casos previstos em lei;
Equiparação ao processo de deserção e) quando cessado o motivo que autorizava o cercea-
mento;
Art. 465. Aplica-se ao processo de insubmissão, para
f) quando alguém estiver prêso por mais tempo do que
sua instrução e julgamento, o disposto para o processo
determina a lei;
de deserção, previsto nos §§ 4º, 5º, 6º e 7º do art. 457
deste código.  g) quando alguém estiver processado por fato que não
constitua crime em tese;
CAPÍTULO VI h) quando estiver extinta a punibilidade;
DO “HABEAS CORPUS” i) quando o processo estiver evidentemente nulo.

Cabimento da medida Concessão após sentença condenatória

Art. 466. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém Art. 468. Poderá ser concedido habeas corpus , não
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou co- obstante já ter havido sentença condenatória:
ação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade
a) quando o fato imputado, tal como estiver narrado na
ou abuso de poder.
denúncia, não constituir infração penal;
Exceção b) quando a ação ou condenação já estiver prescrita;
c) quando o processo fôr manifestamente nulo;
Parágrafo único. Excetuam-se, todavia, os casos em
que a ameaça ou a coação resultar: d) quando fôr incompetente o juiz que proferiu a con-
denação.

403
Competência para a concessão ao detentor ou a quem fizer a ameaça, que deverá pres-
tá-las dentro do prazo de cinco dias, contados da data
Art. 469. Compete ao Superior Tribunal Militar o conhe- do recebimento da requisição.
cimento do pedido de habeas corpus.
Prisão por ordem de autoridade superior
Pedido. Concessão de ofício
§ 1º Se o detentor informar que o paciente está prêso
Art. 470. O habeas corpus pode ser impetrado por por determinação de autoridade superior, deverá indicá-
qualquer pessoa em seu favor ou de outrem, bem como -la, para que a esta sejam requisitadas as informações,
pelo Ministério Público. O Superior Tribunal Militar a fim de prestá-las na forma mencionada no preâmbulo
pode concedê-lo de ofício, se, no curso do processo dêste artigo.
submetido à sua apreciação, verificar a existência de
qualquer dos motivos previstos no art. 467. Soltura ou remoção do prêso

Rejeição do pedido § 2º Se informar que não é mais detentor do paciente,


deverá esclarecer se êste já foi sôlto ou removido para
§ 1º O pedido será rejeitado se o paciente a êle se opu- outra prisão. No primeiro caso, dirá em que dia e hora;
ser. no segundo, qual o local da nova prisão.

Competência ad referendum do Superior Tribunal Vista ao procurador-geral


Militar
§ 3º Imediatamente após as informações, o relator, se as
§ 2º (Revogado pela Lei nº 8.457,4.9.1992) julgar satisfatórias, dará vista do processo, por quaren-
ta e oito horas, ao procurador-geral.
Petição. Requisitos
Julgamento do pedido
Art. 471. A petição de habeas corpus conterá:
Art. 473. Recebido de volta o processo, o relator apre-
a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de
sentá-lo-á em mesa, sem demora, para o julgamento,
sofrer violência ou coação e o de quem é responsável
que obedecerá ao disposto no Regimento Interno do
pelo exercício da violência, coação ou ameaça;
Tribunal.
b) a declaração da espécie de constrangimento ou, em
caso de ameaça de coação, as razões em que o impe- Determinação de diligências
trante funda o seu temor;
c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rôgo, Art. 474. O relator ou o Tribunal poderá determinar as
quando não souber ou não puder escrever, e a designa- diligências que entender necessárias, inclusive a requi-
ção das respectivas residências. sição do processo e a apresentação do paciente, em dia
e hora que designar.
Forma do pedido
Apresentação obrigatória do prêso
Parágrafo único. O pedido de habeas corpus pode ser
feito por telegrama, com as indicações enumeradas Art. 475. Se o paciente estiver prêso, nenhum motivo
neste artigo e a transcrição literal do reconhecimento da escusará o detentor de apresentá-lo, salvo:
firma do impetrante, por tabelião. a) enfermidade que lhe impeça a locomoção ou a não
aconselhe, por perigo de agravamento do seu estado
Pedido de informações mórbido;
b) não estar sob a guarda da pessoa a quem se atribui
Art. 472. Despachada a petição e distribuída, serão,
a detenção.
pelo relator, requisitadas imediatamente informações

404
Diligência no local da prisão Promoção da ação penal

Parágrafo único. Se o paciente não puder ser apresen- Parágrafo único. Para êsse fim, o presidente do Tribunal
tado por motivo de enfermidade, o relator poderá ir ao oficiará ao procurador-geral para que êste promova ou
local em que êle se encontrar; ou, por proposta sua, determine a ação penal, nos têrmos do art. 28, letra c.
o Tribunal, mediante ordem escrita, poderá determinar
que ali compareça o seu secretário ou, fora da Circuns- CAPÍTULO VII
crição judiciária de sua sede, o auditor que designar, os DO PROCESSO PARA
quais prestarão as informações necessárias, que cons-
tarão do processo. RESTAURAÇÃO DE AUTOS

Prosseguimento do processo Obrigatoriedade da restauração

Art. 476. A concessão de habeas corpus não obstará o Art. 481. Os autos originais de processo penal militar
processo nem lhe porá têrmo, desde que não conflite extraviados ou destruídos, em primeira ou segunda ins-
com os fundamentos da concessão. tância, serão restaurados.

Renovação do processo Existência de certidão ou cópia autêntica

Art. 477. Se o habeas corpus fôr concedido em virtude § 1º Se existir e fôr exibida cópia autêntica ou certi-
de nulidade do processo, será êste renovado, salvo se dão do processo, será uma ou outra considerada como
do seu exame se tornar evidente a inexistência de crime. original.

Forma da decisão Falta de cópia autêntica ou certidão

Art. 478. As decisões do Tribunal sôbre habeas cor- § 2º Na falta de cópia autêntica ou certidão do processo,
pus serão lançadas em forma de sentença nos autos. o juiz mandará, de ofício ou a requerimento de qualquer
As ordens necessárias ao seu cumprimento serão, pelo das partes, que:
secretário do Tribunal, expedidas em nome do seu pre-
sidente. Certidão do escrivão

Salvo-conduto a) o escrivão certifique o estado do processo, segundo


a sua lembrança, e reproduza o que houver a respeito
Art. 479. Se a ordem de habeas corpus fôr concedida em seus protocolos e registros;
para frustrar ameaça de violência ou coação ilegal, dar-
-se-á ao paciente salvo-conduto, assinado pelo presi- Requisições
dente do Tribunal.
b) sejam requisitadas cópias do que constar a respeito
Sujeição a processo do processo no Instituto Médico Legal, no Instituto de
Identificação e Estatística, ou em estabelecimentos con-
Art. 480. O detentor do prêso ou responsável pela sua gêneres, repartições públicas, penitenciárias, presídios
detenção ou quem quer que, sem justa causa, emba- ou estabelecimentos militares;
race ou procrastine a expedição de ordem de habeas
corpus, as informações sôbre a causa da prisão, a con- Citação das partes
dução, e apresentação do paciente, ou desrespeite sal-
vo-conduto expedido de acôrdo com o artigo anterior, c) sejam citadas as partes pessoalmente ou, se não fo-
ficará sujeito a processo pelo crime de desobediência a rem encontradas, por edital, com o prazo de dez dias,
decisão judicial. para o processo de restauração.

405
Restauração em primeira instância. Execução Parágrafo único. No curso do processo e depois de
subirem os autos conclusos para sentença, o juiz po-
§ 3º Proceder-se-á à restauração em primeira instância, derá, dentro em cinco dias, requisitar de autoridades
ainda que os autos se tenham extraviado na segunda, ou repartições todos os esclarecimentos necessários à
salvo em se tratando de processo originário do Supe- restauração.
rior Tribunal Militar, ou que nêle transite em grau de
recurso. Eficácia probatória

Auditoria competente Art. 485. Julgada a restauração, os autos respectivos


valerão pelos originais.
§ 4º O processo de restauração correrá em primeira ins- Parágrafo único. Se no curso da restauração aparece-
tância perante o auditor, na Auditoria onde se iniciou. rem os autos originais, nestes continuará o processo,
sendo a êles apensos os da restauração.
Audiência das partes
Prosseguimento da execução
Art. 482. No dia designado, as partes serão ouvidas,
mencionando-se em têrmo circunstanciado os pontos Art 486. Até a decisão que julgue restaurados os au-
em que estiverem acordes e a exibição e a conferência tos, a sentença condenatória em execução continuará
das certidões e mais reproduções do processo, apre- a produzir efeito, desde que conste da respectiva guia
sentadas e conferidas. arquivada na prisão onde o réu estiver cumprindo pena,
ou de registro que torne inequívoca a sua existência.
Instrução
Restauração no Superior Tribunal Militar
Art. 483. O juiz determinará as diligências necessárias
para a restauração, observando-se o seguinte: Art. 487. A restauração perante o Superior Tribunal Mi-
a) caso ainda não tenha sido proferida a sentença, rein- litar caberá ao relator do processo em andamento, ou a
quirir-se-ão as testemunhas, podendo ser substituídas ministro que fôr sorteado para aquêle fim, no caso de
as que tiverem falecido ou se encontrarem em lugar não não haver relator.
sabido;
Responsabilidade criminal
b) os exames periciais, quando possível, serão repeti-
dos, e de preferência pelos mesmos peritos;
Art. 488. O causador do extravio ou destruição respon-
c) a prova documental será reproduzida por meio de derá criminalmente pelo fato, nos têrmos do art. 352 e
cópia autêntica ou, quando impossível, por meio de seu parágrafo único, do Código Penal Militar.
testemunhas;
d) poderão também ser inquiridas, sôbre os autos do CAPÍTULO VIII
processo em restauração, as autoridades, os serven- DO PROCESSO DE COMPETÊNCIA
tuários, os peritos e mais pessoas que tenham nêle ORIGINÁRIO DO SUPERIOR TRIBUNAL
funcionado;
MILITAR
e) o Ministério Público e as partes poderão oferecer
testemunhas e produzir documentos, para provar o teor
do processo extraviado ou destruído. SEÇÃO I
Da instrução criminal
Conclusão
Denúncia. Oferecimento
Art. 484. Realizadas as diligências que, salvo motivo de
fôrça maior, deverão terminar dentro em quarenta dias, Art. 489. No processo e julgamento dos crimes da com-
serão os autos conclusos para julgamento. petência do Superior Tribunal Militar, a denúncia será

406
oferecida ao Tribunal e apresentada ao seu presidente SEÇÃO II
para a designação de relator. Do julgamento
Juiz instrutor
Julgamento
Art. 490. O relator será um ministro togado, escolhido
por sorteio, cabendo-lhe as atribuições de juiz instrutor Art. 496. Concluída a instrução, o Tribunal procederá,
do processo. em sessão plenária, ao julgamento do processo, obser-
vando-se o seguinte:
Recurso do despacho do relator
Designação de dia e hora
Art. 491. Caberá recurso do despacho do relator que:
a) por despacho do relator, os autos serão conclusos
a) rejeitar a denúncia; ao presidente, que designará dia e hora para o julga-
b) decretar a prisão preventiva; mento, cientificados o réu, seu advogado e o Ministério
Público;
c) julgar extinta a ação penal;
d) concluir pela incompetência do fôro militar; Resumo do processo
e) conceder ou negar menagem.
b) aberta a sessão, com a presença de todos os minis-
Recebimento da denúncia tros em exercício, será apregoado o réu e, presente êste,
o presidente dará a palavra ao relator, que fará o resumo
das principais peças dos autos e da prova produzida;
Art. 492. Recebida a denúncia, mandará o relator citar o
denunciado e intimar as testemunhas. c) se algum dos ministros solicitar a leitura integral dos
autos ou de parte dêles, poderá o relator ordenar seja
Função do Ministério Público, do escrivão e do ela efetuada pelo escrivão;
oficial de justiça
Acusação e defesa
Art. 493. As funções do Ministério Público serão de-
sempenhadas pelo procurador-geral. As de escrivão d) findo o relatório, o presidente dará, sucessivamente,
por um funcionário graduado da Secretaria, designado a palavra ao procurador-geral e ao acusado, ou a seu
pelo presidente, e as de oficial de justiça, pelo chefe da defensor, para sustentarem oralmente as suas alega-
portaria ou seu substituto legal. ções finais;

Rito da instrução criminal Prazo para as alegações orais

Art. 494. A instrução criminal seguirá o rito estabeleci- e) o prazo tanto para a acusação como para a defesa
do para o processo dos crimes da competência do Con- será de duas horas, no máximo;
selho de Justiça, desempenhando o ministro instrutor
as atribuições conferidas a êsse Conselho. Réplica e tréplica

Despacho saneador f) as partes poderão replicar e treplicar em prazo não


excedente de uma hora;
Art. 495. Findo o prazo para as alegações escritas, o
escrivão fará os autos conclusos ao relator, o qual, Normas a serem observadas para o julgamento
se encontrar irregularidades sanáveis ou falta de dili-
gências que julgar necessárias, mandará saná-las ou g) encerrados os debates, passará o Tribunal a funcio-
preenchê-las. nar em sessão secreta, para proferir o julgamento, cujo
resultado será anunciado em sessão pública;

407
h) o julgamento efetuar-se-á em uma ou mais sessões, CAPÍTULO ÚNICO
a critério do Tribunal; DAS NULIDADES
i) se fôr vencido o relator, o acórdão será lavrado por
um dos ministros vencedores, observada a escala. Sem prejuízo não há nulidade

Revelia Art. 499. Nenhum ato judicial será declarado nulo se


da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou
Parágrafo único. Se o réu sôlto deixar de comparecer, para a defesa.
sem causa legítima ou justificada, será julgado à reve-
lia, independentemente de publicação de edital. Casos de nulidade

Recurso admissível das decisões definitivas ou Art. 500. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:
com força de definitivas
I - por incompetência, impedimento, suspeição ou su-
Art. 497. Das decisões definitivas ou com fôrça de defi- bôrno do juiz;
nitivas, unânimes ou não, proferidas pelo Tribunal, ca- II - por ilegitimidade de parte;
bem embargos, que deverão ser oferecidos dentro em
III - por preterição das fórmulas ou têrmos seguintes:
cinco dias, contados da intimação do acórdão. O réu
revel não pode embargar, sem se apresentar à prisão. a) a denúncia;
b) o exame de corpo de delito nos crimes que deixam
CAPÍTULO IX vestígios, ressalvado o disposto no parágrafo único do
DA CORREIÇÃO PARCIAL art. 328;
c) a citação do acusado para ver-se processar e o seu
Casos de correição parcial interrogatório, quando presente;
d) os prazos concedidos à acusação e à defesa;
Art 498. O Superior Tribunal Militar poderá proceder à
correição parcial: e) a intervenção do Ministério Público em todos os ter-
mos da ação penal;
a) a requerimento das partes, para o fim de ser corri-
gido êrro ou omissão inescusáveis, abuso ou ato tu- f) a nomeação de defensor ao réu presente que não o
multuário, em processo, cometido ou consentido por tiver, ou de curador ao ausente e ao menor de dezoito
juiz, desde que, para obviar tais fatos, não haja recurso anos;
previsto neste Código; g) a intimação das testemunhas arroladas na denúncia;
b) (Vide Resolução Senado Federal nº 27, de 1996) h) o sorteio dos juízes militares e seu compromisso;
§ 1º É de cinco dias o prazo para o requerimento ou a i) a acusação e a defesa nos termos estabelecidos por
representação, devidamente fundamentados, contados este Código;
da data do ato que os motivar.
j) a notificação do réu ou seu defensor para a sessão
de julgamento;
Disposição regimental
l) a intimação das partes para a ciência da sentença ou
§ 2º O Regimento do Superior Tribunal Militar disporá a decisão de que caiba recurso;
respeito do processo e julgamento da correição parcial. IV — por omissão de formalidade que constitua ele-
mento essencial do processo.
LIVRO III
Das Nulidades e Recursos em Geral Impedimento para a argüição da nulidade

Art. 501. Nenhuma das partes poderá argüir a nulidade


TÍTULO I a que tenha dado causa ou para que tenha concorrido,

408
ou referente a formalidade cuja observância só à parte § 2º A decisão que declarar a nulidade indicará os atos
contrária interessa. a que ela se estende.

Nulidade não declarada Revalidação de atos

Art. 502. Não será declarada a nulidade de ato proces- Art. 507. Os atos da instrução criminal, processados
sual que não houver influído na apuração da verdade perante juízo incompetente, serão revalidados, por têr-
substancial ou na decisão da causa. mo, no juízo competente.

Falta ou nulidade da citação, da intimação Anulação dos atos decisórios


ou da notificação. Presença do interessado.
Consequência Art. 508. A incompetência do juízo anula sòmente os
atos decisórios, devendo o processo, quando fôr decla-
Art. 503. A falta ou a nulidade da citação, da intimação rada a nulidade, ser remetido ao juiz competente.
ou notificação ficará sanada com o comparecimento
do interessado antes de o ato consumar-se, embora Juiz irregularmente investido, impedido ou
declare que o faz com o único fim de argüi-la. O juiz suspeito
ordenará, todavia, a suspensão ou adiamento do ato,
quando reconhecer que a irregularidade poderá preju- Art. 509. A sentença proferida pelo Conselho de Justiça
dicar o direito da parte. com juiz irregularmente investido, impedido ou suspei-
to, não anula o processo, salvo se a maioria se consti-
Oportunidade para a arguição tuir com o seu voto.

Art. 504. As nulidades deverão ser arguidas: TÍTULO II


a) as da instrução do processo, no prazo para a apre- DOS RECURSOS
sentação das alegações escritas;
CAPÍTULO I
b) as ocorridas depois do prazo das alegações escritas,
na fase do julgamento ou nas razões de recurso. REGRAS GERAIS
Parágrafo único. A nulidade proveniente de incompe-
tência do juízo pode ser declarada a requerimento da Cabimento dos recursos
parte ou de ofício, em qualquer fase do processo.
Art. 510. Das decisões do Conselho de Justiça ou do
Silêncio das partes auditor poderão as partes interpor os seguintes recur-
sos:
Art. 505. O silêncio das partes sana os atos nulos, se se a) recurso em sentido estrito;
tratar de formalidade de seu exclusivo interesse. b) apelação.

Renovação e retificação Os que podem recorrer

Art. 506. Os atos, cuja nulidade não houver sido sana- Art. 511. O recurso poderá ser interposto pelo Ministé-
da, serão renovados ou retificados. rio Público, ou pelo réu, seu procurador, ou defensor.

Nulidade de um ato e sua consequência Inadmissibilidade por falta de interesse

§ 1° A nulidade de um ato, uma vez declarada, envolve- Parágrafo único Não se admitirá, entretanto, recurso da
rá a dos atos subsequentes. parte que não tiver interesse na reforma ou modificação
da decisão.
Especificação

409
Proibição da desistência e) concluir pela incompetência da Justiça Militar, do
auditor ou do Conselho de Justiça;
Art. 512. O Ministério Público não poderá desistir do f) julgar procedente a exceção, salvo de suspeição;
recurso que haja interposto.
g) julgar improcedente o corpo de delito ou outros exa-
Interposição e prazo mes;
h) decretar, ou não, a prisão preventiva, ou revogá-la;
Art. 513. O recurso será interposto por petição e esta,
i) conceder ou negar a menagem;
com o despacho do auditor, será, até o dia seguinte ao
último do prazo, entregue ao escrivão, que certificará, j) decretar a prescrição, ou julgar, por outro modo, ex-
no têrmo da juntada, a data da entrega; e, na mesma tinta a punibilidade;
data, fará os autos conclusos ao auditor, sob pena de l) indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição
sanção disciplinar. ou de outra causa extintiva da punibilidade;

Êrro na interposição m) conceder, negar, ou revogar o livramento condicio-


nal ou a suspensão condicional da pena;
Art. 514. Salvo a hipótese de má fé, não será a parte n) anular, no todo ou em parte, o processo da instrução
prejudicada pela interposição de um recurso por outro. criminal;
o) decidir sôbre a unificação das penas;
Propriedade do recurso
p) decretar, ou não, a medida de segurança;
Parágrafo único. Se o auditor ou o Tribunal reconhecer q) não receber a apelação ou recurso.
a impropriedade do recurso, mandará processá-lo de
acôrdo com o rito do recurso cabível. Recursos sem efeito suspensivo

Efeito extensivo Parágrafo único. Êsses recursos não terão efeito sus-
pensivo, salvo os interpostos das decisões sôbre ma-
Art. 515. No caso de concurso de agentes, a decisão do téria de competência, das que julgarem extinta a ação
recurso interposto por um dos réus, se fundada em mo- penal, ou decidirem pela concessão do livramento
tivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, condicional.
aproveitará aos outros.
Recurso nos próprios autos
CAPÍTULO II
DOS RECURSOS EM SENTIDO ESTRITO Art. 517. Subirão, sempre, nos próprios autos, os
recursos a que se referem as letras a, b, d, e, i, j, m,
n e p do artigo anterior.
Cabimento
Prazo de interposição
Art. 516. Caberá recurso em sentido estrito da decisão
ou sentença que:
Art. 518. Os recursos em sentido estrito serão interpos-
a) reconhecer a inexistência de crime militar, em tese; tos no prazo de três dias, contados da data da intimação
b) indeferir o pedido de arquivamento, ou a devolução da decisão, ou da sua publicação ou leitura em pública
do inquérito à autoridade administrativa; audiência, na presença das partes ou seus procurado-
res, por meio de requerimento em que se especificarão,
c) absolver o réu no caso do art. 48 do Código Penal se fôr o caso, as peças dos autos de que se pretenda
Militar; traslado para instruir o recurso.
d) não receber a denúncia no todo ou em parte, ou seu
aditamento; Prazo para extração de traslado

410
Parágrafo único. O traslado será extraído, conferido sessões, o colocará em pauta para o julgamento.
e concertado no prazo de dez dias, e dêle constarão,
sempre, a decisão recorrida e a certidão de sua intima- Decisão
ção, se por outra forma não fôr possível verificar-se a
oportunidade do recurso. Art 524. Anunciado o julgamento, será feito o relatório,
sendo facultado às partes usar da palavra pelo prazo de
Prazo para as razões dez minutos. Discutida a matéria, proferirá o Tribunal a
decisão final.
Art 519. Dentro em cinco dias, contados da vista dos
autos, ou do dia em que, extraído o traslado, dêle tiver Devolução para cumprimento do acórdão
vista o recorrente, oferecerá êste as razões do recurso,
sendo, em seguida, aberta vista ao recorrido, em igual Art 525. Publicada a decisão do Tribunal, os autos
prazo. baixarão à instância inferior para o cumprimento do
Parágrafo único. Se o recorrido fôr o réu, será intimado acórdão.
na pessoa de seu defensor.
CAPÍTULO III
Reforma ou sustentação DA APELAÇÃO

Art 520. Com a resposta do recorrido ou sem ela, o au- Admissibilidade da apelação
ditor ou o Conselho de Justiça, dentro em cinco dias,
poderá reformar a decisão secorrida ou mandar juntar
Art. 526. Cabe apelação:
ao recurso o traslado das peças dos autos, que julgar
convenientes para a sustentação dela. a) da sentença definitiva de condenação ou de absol-
vição;
Recurso da parte prejudicada b) de sentença definitiva ou com fôrça de definitiva, nos
casos não previstos no capítulo anterior.
Parágrafo único. Se reformada a decisão recorrida, po-
Parágrafo único. Quando cabível a apelação, não po-
derá a parte prejudicada, por simples petição, recorrer
derá ser usado o recurso em sentido estrito, ainda que
da nova decisão, quando, por sua natureza, dela caiba
sòmente de parte da decisão se recorra.
recurso. Neste caso, os autos subirão imediatamente à
instância superior, assinado o têrmo de recurso inde-
pendentemente de novas razões. Recolhimento à prisão

Prorrogação de prazo Art. 527 - O réu não poderá apelar sem recolher-se à
prisão, salvo se primário e de bons antecedentes, reco-
nhecidas tais circunstâncias na sentença condenatória.
Art 521. Não sendo possível ao escrivão extrair o tras-
lado no prazo legal, poderá o auditor prorrogá-lo até
o dobro. Recurso sobrestado

Prazo para a sustentação Art. 528. Será sobrestado o recurso se, depois de haver
apelado, fugir o réu da prisão.
Art 522. O recurso será remetido ao Tribunal dentro em
cinco dias, contados da sustentação da decisão. Interposição e prazo

Julgamento na instância Art. 529. A apelação será interposta por petição escri-
ta, dentro do prazo de cinco dias, contados da data da
intimação da sentença ou da sua leitura em pública au-
Art 523. Distribuído o recurso, irão os autos com vista
diência, na presença das partes ou seus procuradores.
ao procurador-geral, pelo prazo de oito dias, sendo, a
seguir, conclusos ao relator que, no intervalo de duas

411
Revelia e intimação Distribuição da apelação

§ 1º O mesmo prazo será observado para a interposição Art. 535. Distribuída a apelação, irão os autos imedia-
do recurso de sentença condenatória de réu sôlto ou tamente com vista ao procurador-geral e, em seguida,
revel. A intimação da sentença só se fará, entretanto, passarão ao relator e ao revisor.
depois de seu recolhimento à prisão.
Processo a julgamento
Apelação sustada
§ 1º O recurso será pôsto em pauta pelo relator, depois
§ 2º Se revel, sôlto ou foragido o réu, ficará sustado de restituídos os autos pelo revisor.
o seguimento da apelação do Ministério Público, sem § 2º Anunciado o julgamento pelo presidente, fará o re-
prejuízo de sua interposição no prazo legal. lator a exposição do feito e, depois de ouvido o revisor,
concederá o presidente, pelo prazo de vinte minutos, a
Os que podem apelar palavra aos advogados ou às partes que a solicitarem, e
ao procurador-geral.
Art. 530. Só podem apelar o Ministério Público e o réu,
ou seu defensor. § 3º Discutida a matéria pelo Tribunal, se não fôr orde-
nada alguma diligência, proferirá êle sua decisão.
Razões. Prazo § 4º A decisão será tomada por maioria de votos; no
caso de empate, prevalecerá a decisão mais favorável
Art. 531. Recebida a apelação, será aberta vista dos au- ao réu.
tos, sucessivamente, ao apelante e ao apelado pelo pra-
§ 5º Se o Tribunal anular o processo, mandará submeter
zo de dez dias, a cada um, para oferecimento de razões.
o réu a nôvo julgamento, reformados os têrmos invali-
§ 1º Se houver assistente, poderá êste arrazoar, no prazo dados.
de três dias, após o Ministério Público.
§ 2º Quando forem dois ou mais os apelantes, ou ape- Julgamento secreto
lados, os prazos serão comuns.
§ 6º Será secreto o julgamento da apelação, quando o
Efeitos da sentença absolutória réu estiver sôlto.

Art. 532. A apelação da sentença absolutória não obs- Comunicação de condenação


tará que o réu seja imediatamente pôsto em liberdade,
salvo se a acusação versar sôbre crime a que a lei co- Art. 536. Se fôr condenatória a decisão do Tribunal,
mina pena de reclusão, no máximo, por tempo igual mandará o presidente comunicá-la imediatamente ao
ou superior a vinte anos, e não tiver sido unânime a auditor respectivo, a fim de que seja expedido man-
sentença absolutória. dado de prisão ou tomadas as medidas que, no caso,
couberem.
Sentença condenatória. Efeito suspensivo Parágrafo único. No caso de absolvição, a comunicação
será feita pela via mais rápida, devendo o auditor provi-
Art. 533. A apelação da sentença condenatória terá efeito denciar imediatamente a soltura do réu.
suspensivo, salvo o disposto nos arts. 272, 527 e 606.
Intimação
Subida dos autos à instância superior
Art 537. O diretor-geral da Secretaria do Tribunal re-
Art. 534. Findos os prazos para as razões, com ou sem meterá ao auditor cópia do acórdão condenatório para
elas, serão os autos remetidos ao Superior Tribunal Mi- que ao réu, seu advogado ou curador, conforme o caso,
litar, no prazo de cinco dias, ainda que haja mais de um sejam feitas as devidas intimações.
réu e não tenham sido, todos, julgados.
§ 1º Feita a intimação ao réu e ao seu advogado ou

412
curador, será enviada ao diretor-geral da Secretaria, De declaração
para juntada aos autos, a certidão da intimação passada
pelo oficial de justiça ou por quem tiver sido encarre- Art. 542. Nos embargos de declaração indicará a parte
gado da diligência. os pontos em que entende ser o acórdão ambíguo, obs-
§ 2º O procurador-geral terá ciência nos próprios autos. curo, contraditório ou omisso.
Parágrafo único. O requerimento será apresentado ao
CAPÍTULO IV Tribunal pelo relator e julgado na sessão seguinte à do
DOS EMBARGOS seu recebimento.

Apresentação dos embargos


Cabimento e modalidade
Art. 543. Os embargos deverão ser apresentados na Se-
Art. 538. O Ministério Público e o réu poderão opor cretaria do Tribunal ou no cartório da Auditoria onde foi
embargos de nulidade, infringentes do julgado e de de- feita a intimação.
claração, às sentenças finais proferidas pelo Superior
Tribunal Militar. Parágrafo único Será em cartório a vista dos autos para
oferecimento de embargos.
Inadmissibilidade
Remessa à Secretaria do Tribunal
Art 539. Não caberão embargos de acórdão unânime
ou quando proferido em grau de embargos, salvo os de Art. 544. O auditor remeterá à Secretaria do Tribunal
declaração, nos têrmos do art. 542. os embargos oferecidos, com a declaração da data do
recebimento, e a cópia do acórdão com a intimação do
Restrições réu e seu defensor.

Parágrafo único. Se fôr unânime a condenação, mas Medida contra o despacho de não recebimento
houver divergência quanto à classificação do crime ou à
quantidade ou natureza da pena, os embargos só serão Art. 545. Do despacho do relator que não receber os
admissíveis na parte em que não houve unanimidade. embargos terá ciência a parte, que, dentro em três dias,
poderá requerer serem os autos postos em mesa, para
Prazo confirmação ou reforma do despacho. Não terá voto o
relator.
Art 540. Os embargos serão oferecidos por petição
dirigida ao presidente, dentro do prazo de cinco dias, Juntada aos autos
contados da data da intimação do acórdão.
Art. 546. Recebidos os embargos, serão juntos, por têr-
§ 1º Para os embargos, será designado nôvo relator. mo, aos autos, e conclusos ao relator.

Dispensa de intimação Prazo para impugnação ou sustentação

§ 2º É permitido às partes oferecerem embargos inde- Art. 547. É de cinco dias o prazo para as partes impug-
pendentemente de intimação do acórdão. narem ou sustentarem os embargos.

Infringentes e de nulidade Marcha do julgamento

Art. 541. Os embargos de nulidade ou infringentes do Art. 548. O julgamento dos embargos obedecerá ao rito
julgado serão oferecidos juntamente com a petição, da apelação.
quando articulados, podendo ser acompanhados de
documentos. Recolhimento à prisão

413
Art. 549 - O réu condenado a pena privativa da liberda- Militar.
de não poderá opor embargos infringentes ou de nuli-
dade, sem se recolher à prisão, salvo se atendidos os Processo de revisão
pressupostos do art. 527.
Art. 555. O pedido será dirigido ao presidente do Tribu-
CAPÍTULO V nal e, depois de autuado, distribuído a um relator e a um
DA REVISÃO revisor, devendo funcionar como relator, de preferência,
ministro que não tenha funcionado anteriormente como
relator ou revisor.
Cabimento
§ 1º O requerimento será instruído com certidão de
Art. 550. Caberá revisão dos processos findos em que haver transitado em julgado a sentença condenatória
tenha havido êrro quanto aos fatos, sua apreciação, e com as peças necessárias à comprovação dos fatos
avaliação e enquadramento. arguidos.
§ 2º O relator poderá determinar que se apensem os
Casos de revisão autos originais, se dessa providência não houver difi-
culdade à execução normal da sentença.
Art. 551. A revisão dos processos findos será admitida:
a) quando a sentença condenatória fôr contrária à evi- Vista ao procurador-geral
dência dos autos;
Art. 556. O procurador-geral terá vista do pedido.
b) quando a sentença condenatória se fundar em de-
poimentos, exames ou documentos comprovadamente Julgamento
falsos;
c) quando, após a sentença condenatória, se descobri- Art. 557. No julgamento da revisão serão observadas,
rem novas provas que invalidem a condenação ou que no que fôr aplicável, as normas previstas para o julga-
determinem ou autorizem a diminuição da pena. mento da apelação.

Não exigência de prazo Efeitos do julgamento

Art. 552. A revisão poderá ser requerida a qualquer Art. 558. Julgando procedente a revisão, poderá o Tri-
tempo. bunal absolver o réu, alterar a classificação do crime,
modificar a pena ou anular o processo.
Reiteração do pedido. Condições
Proibição de agravamento da pena
Parágrafo único. Não será admissível a reiteração do
pedido, salvo se baseado em novas provas ou nôvo Parágrafo único. Em hipótese alguma poderá ser agra-
fundamento. vada a pena imposta pela sentença revista.

Os que podem requerer revisão Efeitos da absolvição

Art. 553. A revisão poderá ser requerida pelo próprio Art. 559. A absolvição implicará no restabelecimento de
condenado ou por seu procurador; ou, no caso de mor- todos os direitos perdidos em virtude da condenação,
te, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. devendo o Tribunal, se fôr o caso, impor a medida de
segurança cabível.
Competência
Providência do auditor
Art. 554. A revisão será processada e julgada pelo Su-
perior Tribunal Militar, nos processos findos na Justiça Art. 560. À vista da certidão do acórdão que cassar ou

414
modificar a decisão revista, o auditor providenciará o Art. 566. Recebido o recurso pelo relator, o recorrente
seu inteiro cumprimento. e, depois dêle, o recorrido, terão o prazo de cinco dias
para oferecer razões.
Curador nomeado em caso de morte
Subida do recurso
Art. 561. Quando, no curso da revisão, falecer a pessoa
cuja condenação tiver de ser revista, o presidente no- Parágrafo único. Findo êsse prazo, subirão os autos ao
meará curador para a defesa. Supremo Tribunal Federal.

Recurso. Inadmissibilidade Normas complementares

Art. 562 Não haverá recurso contra a decisão proferida Art. 567. O Regimento Interno do Superior Tribunal
em grau de revisão. Militar estabelecerá normas complementares para o
processo do recurso.
CAPÍTULO VI
DOS RECURSOS DA COMPETÊNCIA CAPÍTULO VIII
DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL DO RECURSO DAS DECISÕES
DENEGATÓRIAS DE HABEAS CORPUS
Cabimento do recurso
Recurso em caso de habeas corpus
Art 563. Cabe recurso para o Supremo Tribunal Federal:
Art. 568. O recurso da decisão denegatória de habeas
a) das sentenças proferidas pelo Superior Tribunal Mili-
corpus é ordinário e deverá ser interposto nos próprios
tar, nos crimes contra a segurança nacional ou as insti-
autos em que houver sido lançada a decisão recorrida.
tuições militares, praticados por civil ou governador de
Estado e seus secretários;
Subida ao Supremo Tribunal Federal
b) das decisões denegatórias de habeas corpus;
c) quando extraordinário. Art. 569. Os autos subirão ao Supremo Tribunal Fede-
ral logo depois de lavrado o têrmo de recurso, com os
CAPÍTULO VII documentos que o recorrente juntar à sua petição, den-
tro do prazo de quinze dias, contado da intimação do
DO RECURSO NOS PROCESSOS despacho, e com os esclarecimentos que ao presidente
CONTRA CIVIS E GOVERNADORES do Superior Tribunal Militar ou ao procurador-geral pa-
DE ESTADO E SEUS SECRETÁRIOS recerem convenientes.

Recurso Ordinário CAPÍTULO IX


DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Art. 564. É ordinário o recurso a que se refere a le-
tra a do art. 563.
Competência
Prazo para a interposição
Art. 570. Caberá recurso extraordinário para o Supremo
Tribunal Federal das decisões proferidas em última ou
Art. 565. O recurso será interposto por petição dirigida única instância pelo Superior Tribunal Militar, nos ca-
ao relator, no prazo de três dias, contados da intimação sos previstos na Constituição.
ou publicação do acórdão, em pública audiência, na
presença das partes.
Interposição
Prazo para as razões
Art. 571. O recurso extraordinário será interposto den-

415
tro em dez dias, contados da intimação da decisão re- rente não apresentar razões dentro do prazo.
corrida ou da publicação das suas conclusões no órgão
oficial. Subida do recurso

A quem deve ser dirigido Art. 577. Apresentadas as razões do recorrente, e findo
o prazo para as do recorrido, os autos serão remetidos,
Art. 572. O recurso será dirigido ao presidente do Su- dentro do prazo de quinze dias, à Secretaria do Supre-
perior Tribunal Militar. mo Tribunal Federal.

Aviso de seu recebimento e prazo para a Efeito


impugnação
Art. 578. O recurso extraordinário não tem efeito sus-
Art. 573. Recebida a petição do recurso, publicar-se-á pensivo.
aviso de seu recebimento. A petição ficará na Secretaria
do Tribunal à disposição do recorrido, que poderá exa- Agravo da decisão denegatória
miná-la e impugnar o cabimento do recurso, dentro em
três dias, contados da publicação do aviso. Art. 579. Se o recurso extraordinário não fôr admitido,
cabe agravo de instrumento da decisão denegatória.
Decisão sôbre o cabimento do recurso
Cabimento do mesmo recurso
Art. 574. Findo o prazo estabelecido no artigo anterior,
os autos serão conclusos ao presidente do Tribunal, Art. 580. Cabe, igualmente, agravo de instrumento da
tenha ou não havido impugnação, para que decida, no decisão que, apesar de admitir o recurso extraordinário,
prazo de cinco dias, do cabimento do recurso. obste a sua expedição ou seguimento.

Motivação Requerimento das peças do agravo

Parágrafo único. A decisão que admitir, ou não, o recur- Art. 581. As peças do agravo, que o recorrente indica-
so, será sempre motivada. rá, serão requeridas ao diretor-geral da Secretaria do
Superior Tribunal Militar, nas quarenta e oito horas se-
Prazo para a apresentação de razões guintes à decisão que denegar o recurso extraordinário.

Art. 575. Admitido o recurso e intimado o recorrido, Prazo para a entrega


mandará o presidente do Tribunal abrir vista dos autos,
sucessivamente, ao recorrente e ao recorrido, para que Art. 582. O diretor-geral dará recibo da petição à parte,
cada um, no prazo de dez dias, apresente razões, por e, no prazo máximo de sessenta dias, fará a entrega das
escrito. peças, devidamente conferidas e concertadas.

Traslado Normas complementares

Parágrafo único. Quando o recurso subir em traslado, Art. 583. O Regimento Interno do Superior Tribunal
dêste constará cópia da denúncia, do acórdão, ou da Militar estabelecerá normas complementares para o
sentença, assim como das demais peças indicadas pelo processamento do agravo.
recorrente, devendo ficar concluído dentro em sessenta
dias. CAPÍTULO X
DA RECLAMAÇÃO
Deserção

Art. 576. O recurso considerar-se-á deserto se o recor- Admissão da reclamação

416
Art 584. O Superior Tribunal Militar poderá admitir re- Art 587. A reclamação será incluída na pauta da primei-
clamação do procurador-geral ou da defesa, a fim de ra sessão do Tribunal que se realizar após a devolução
preservar a integridade de sua competência ou assegu- dos autos, pelo relator, à Secretaria.
rar a autoridade do seu julgado.
Cumprimento imediato
Avocamento do processo
Parágrafo único. O presidente do Tribunal determinará o
Art. 585. Ao Tribunal competirá, se necessário: imediato cumprimento da decisão, lavrando-se depois
o respectivo acórdão.
a) avocar o conhecimento do processo em que se ve-
rifique manifesta usurpação de sua competência, ou
desrespeito de decisão que haja proferido; LIVRO IV
b) determinar lhe sejam enviados os autos de recurso
Da Execução
para êle interposto e cuja remessa esteja sendo indevi-
damente retardada. TÍTULO I
DA EXECUÇÃO DA SENTENÇA
Sustentação do pedido

Art. 586. A reclamação, em qualquer dos casos previs- CAPÍTULO I


tos no artigo anterior, deverá ser instruída com prova DISPOSIÇÕES GERAIS
documental dos requisitos para a sua admissão.
Competência
Distribuição
Art 588. A execução da sentença compete ao auditor da
§ 1º A reclamação, quando haja relator do processo Auditoria por onde correu o processo, ou, nos casos de
principal, será a êste distribuída, incumbindo-lhe requi- competência originária do Superior Tribunal Militar, ao
sitar informações da autoridade, que as prestará dentro seu presidente.
em quarenta e oito horas. Far-se-á a distribuição por
sorteio, se não estiver em exercício o relator do pro- Tempo de prisão
cesso principal.
Art 589. Será integralmente levado em conta, no cum-
Suspensão ou remessa dos autos primento da pena, o tempo de prisão provisória, salvo o
disposto no art. 268.
§ 2º Em face da prova, poderá ser ordenada a suspen-
são do curso do processo, ou a imediata remessa dos Incidentes da execução
autos ao Tribunal.
Art 590. Todos os incidentes da execução serão decidi-
Impugnação pelo interessado dos pelo auditor, ou pelo presidente do Superior Tribu-
nal Militar, se fôr o caso.
§ 3º Qualquer dos interessados poderá impugnar por
escrito o pedido do reclamante. Apelação de réu que já sofreu prisão

Audiência do procurador-geral Art. 591. Verificando nos processos pendentes de ape-


lação, únicamente interposta pelo réu, que êste já sofreu
§ 4º Salvo quando por êle requerida, o procurador-geral prisão por tempo igual ao da pena a que foi condenado,
será ouvido, no prazo de três dias, sôbre a reclamação. mandará o relator pô-lo imediatamente em liberdade.

Inclusão em pauta Quando se torna exeqüível

417
Art. 592. Sòmente depois de passada em julgado, será Retificar-se-á a carta de guia sempre que sobrevenha
exeqüível a sentença. modificação quanto ao início ou ao tempo de duração
da pena.
Comunicação
Conselho Penitenciário
Art 593. O presidente, no caso de sentença proferida
originàriamente pelo Tribunal, e o auditor, nos demais Art. 598. Remeter-se-ão ao Conselho Penitenciário có-
casos, comunicarão à autoridade, sob cujas ordens es- pia da carta de guia e de seus aditamentos, quando o
tiver o réu, a sentença definitiva, logo que transite em réu tiver de cumprir pena em estabelecimento civil.
julgado.
Execução quando impostas penas de reclusão e
CAPÍTULO II de detenção
DA EXECUÇÃO DAS PENAS EM ESPÉCIE
Art. 599. Se impostas cumulativamente penas privativas
da liberdade, será executada primeiro a de reclusão e
Carta de guia depois a de detenção.

Art. 594. Transitando em julgado a sentença que impu- Internação por doença mental
ser pena privativa da liberdade, se o réu já estiver prêso
ou vier a ser prêso, o auditor ordenará a expedição da Art. 600. O condenado a que sobrevier doença mental,
carta de guia, para o cumprimento da pena. verificada por perícia médica, será internado em mani-
cômio judiciário ou, à falta, em outro estabelecimento
Formalidades adequado, onde lhe sejam assegurados tratamento e
custódia.
Art. 595. A carta de guia, extraída pelo escrivão e assi-
nada pelo auditor, que rubricará tôdas as fôlhas, será Parágrafo único. No caso de urgência, o comandante
remetida para a execução da sentença: ou autoridade correspondente, ou o diretor do presídio,
poderá determinar a remoção do sentenciado, comu-
a) ao comandante ou autoridade correspondente da nicando imediatamente a providência ao auditor, que,
unidade ou estabelecimento militar em que tenha de ser tendo em vista o laudo médico, ratificará ou revogará
cumprida a pena, se esta não ultrapassar de dois anos, a medida.
imposta a militar ou assemelhado;
b) ao diretor da penitenciária em que tenha de ser cum- Fuga ou óbito do condenado
prida a pena, quando superior a dois anos, imposta a
militar ou assemelhado ou a civil. Art. 601. A autoridade militar ou o diretor do presídio
comunicará imediatamente ao auditor a fuga, a soltura
Conteúdo ou o óbito do condenado.
Parágrafo único. A certidão de óbito acompanhará a
Art. 596. A carta de guia deverá conter: comunicação.
a) O nome do condenado, naturalidade, filiação, idade,
estado civil, profissão, pôsto ou graduação; Recaptura
b) a data do início e da terminação da pena;
Art. 602. A recaptura do condenado evadido não de-
c) o teor da sentença condenatória. pende de ordem judicial, podendo ser efetuada por
qualquer pessoa.
Início do cumprimento
Cumprimento da pena
Art. 597. Expedida a carta de guia para o cumprimento
da pena, se o réu estiver cumprindo outra, só depois Art. 603. Cumprida ou extinta a pena, o condenado será
de terminada a execução desta será aquela executada.

418
pôsto imediatamente em liberdade, mediante alvará do benefício
auditor, no qual se ressalvará a hipótese de dever o sen-
tenciado continuar na prisão, caso haja outro motivo Art. 606 - O Conselho de Justiça, o Auditor ou o Tri-
legal. bunal poderão suspender, por tempo não inferior a 2
(dois) anos nem superior a 6 (seis) anos, a execução da
Medida de segurança pena privativa da liberdade que não exceda a 2 (dois)
anos, desde que:
Parágrafo único. Se houver sido imposta medida de a) não tenha o sentenciado sofrido, no País ou no es-
segurança detentiva, irá o condenado para estabeleci- trangeiro, condenação irrecorrível por outro crime a
mento adequado. pena privativa da liberdade, salvo o disposto no 1º do
art. 71 do Código Penal Militar;
CAPÍTULO III
b) os antecedentes e a personalidade do sentenciado,
DAS PENAS PRINCIPAIS NÃO PRIVATIVAS os motivos e as circunstâncias do crime, bem como sua
DA LIBERDADE E DAS ACESSÓRIAS conduta posterior, autorizem a presunção de que não
tornará a delinquir.
Comunicação
Restrições
Art. 604. O auditor dará à autoridade administrativa
competente conhecimento da sentença transitada em Parágrafo único. A suspensão não se estende às penas
julgado, que impuser a pena de reforma ou suspensão de reforma, suspensão do exercício do pôsto, gradua-
do exercício do pôsto, graduação, cargo ou função, ou ção ou função, ou à pena acessória, nem exclui a medi-
de que resultar a perda de pôsto, patente ou função, ou da de segurança não detentiva.
a exclusão das fôrças armadas.
Pronunciamento
Inclusão na folha de antecedentes e rol dos
culpados Art. 607 - O Conselho de Justiça, o Auditor ou o Tribu-
nal, na decisão que aplicar pena privativa da liberdade
Parágrafo único. As penas acessórias também serão não superior a 2 (dois) anos, deverão pronunciar-se,
comunicadas a autoridade administrativa militar ou ci- motivadamente, sobre a suspensão condicional, quer a
vil, e figurarão na fôlha de antecedentes do condenado, concedam, quer a deneguem.
sendo mencionadas, igualmente, no rol dos culpados.
Condições e regras impostas ao beneficiário
Comunicação complementar
Art. 608. No caso de concessão do benefício, a senten-
Art. 605. Iniciada a execução das interdições tem- ça estabelecerá as condições e regras a que ficar sujeito
porárias, o auditor, de ofício, ou a requerimento do o condenado durante o prazo fixado, começando êste a
Ministério Público ou do condenado, fará as devidas correr da audiência em que fôr dado conhecimento da
comunicações do seu termo final, em complemento às sentença ao beneficiário.
providências determinadas no artigo anterior. § 1º - As condições serão adequadas ao delito, ao meio
social e à personalidade do condenado.
TÍTULO II § 2º - Poderão ser impostas, como normas de conduta
DOS INCIDENTES DA EXECUÇÃO e obrigações, além das previstas no art. 626 deste Có-
digo, as seguintes condições:
CAPÍTULO I I - freqüentar curso de habilitação profissional ou de
DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA instrução escolar;
II - prestar serviços em favor da comunidade;
Competência e condições para a concessão do III - atender aos encargos de família;

419
IV - submeter-se a tratamento médico. condições, podendo a audiência ser presidida por qual-
quer membro do Tribunal ou por Auditor designado no
§ 3º - Concedida a suspensão, será entregue ao benefi-
acórdão.
ciário um documento similar ao descrito no art. 641 ou
no seu parágrafo único, deste Código, em que conste,
também, o registro da pena acessória a que esteja su- Suspensão sem efeito por ausência do réu
jeito, e haja espaço suficiente para consignar o cumpri-
mento das condições e normas de conduta impostas. Art. 612. Se, intimado pessoalmente ou por edital, com
o prazo de dez dias, não comparecer o réu à audiência,
§ 4º - O Conselho de Justiça poderá fixar, a qualquer a suspensão ficará sem efeito e será executada imedia-
tempo, de ofício ou a requerimento do Ministério Pú- tamente a pena, salvo prova de justo impedimento, caso
blico, outras condições além das especificadas na sen- em que será marcada nova audiência.
tença e das referidas no parágrafo anterior, desde que as
circunstâncias o aconselhem. Suspensão sem efeito em virtude de recurso
§ 5º - A fiscalização do cumprimento das condições
será feita pela entidade assistencial penal competente Art. 613. A suspensão também ficará sem efeito se, em
segundo a lei local, perante a qual o beneficiário de- virtude de recurso interposto pelo Ministério Público,
verá comparecer, periodicamente, para comprovar a fôr aumentada a pena, de modo que exclua a concessão
observância das condições e normas de conduta a que do benefício.
esta sujeito, comunicando, também, a sua ocupação,
os salários ou proventos de que vive, as economias Revogação
que conseguiu realizar e as dificuldades materiais ou
sociais que enfrenta. Art. 614 - A suspensão será revogada se, no curso do
§ 6º - A entidade fiscalizadora deverá comunicar ime- prazo, o beneficiário:
diatamente ao Auditor ou ao representante do Ministé- I - for condenado, na justiça militar ou na comum, por
rio Público Militar, qualquer fato capaz de acarretar a sentença irrecorrível, a pena privativa da liberdade;
revogação do benefício, a prorrogação do prazo ou a
II - não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do
modificação das condições.
dano;
§ 7º - Se for permitido ao beneficiário mudar-se, será
III - sendo militar, for punido por crime próprio ou por
feita comunicação à autoridade judiciária competente e
transgressão disciplinar considerada grave.
à entidade fiscalizadora do local da nova residência, aos
quais deverá apresentar-se imediatamente.
Revogação facultativa
Co-autoria
§ 1º - A suspensão poderá ser revogada, se o bene-
ficiário:
Art. 609. Em caso de co-autoria, a suspensão poderá
ser concedida a uns e negada a outros. a) deixar de cumprir qualquer das obrigações constan-
tes da sentença;
Leitura da sentença b) deixar de observar obrigações inerentes à pena aces-
sória;
Art. 610. O auditor, em audiência prèviamente marcada,
lerá ao réu a sentença que concedeu a suspensão da c) for irrecorrivelmente condenado a pena que não seja
pena, advertindo-o das conseqüências de nova infração privativa da liberdade.
penal e da transgressão das obrigações impostas.
Declaração de prorrogação
Estabelecimento de condição pelo Tribunal
§ 2º - Quando, em caso do parágrafo anterior, o juiz não
Art. 611 - Quando for concedida a suspensão pela revogar a suspensão, deverá:
superior instância, a esta caberá estabelecer-lhe as a) advertir o beneficiário ou;

420
b) exacerbar as condições ou, ainda; CAPÍTULO II
c) prorrogar o período de suspensão até o máximo, se DO LIVRAMENTO CONDICIONAL
esse limite não foi o fixado.
§ 3º - Se o beneficiário estiver respondendo a processo, Condições para a obtenção do livramento
que, no caso de condenação, poderá acarretar a revo- condicional
gação, o juiz declarará, por despacho, a prorrogação do
prazo da suspensão até sentença passada em julgado, Art. 618. O condenado a pena de reclusão ou detenção
fazendo as comunicações necessárias nesse sentido. por tempo igual ou superior a dois anos pode ser libe-
rado condicionalmente, desde que:
Extinção da pena I - tenha cumprido:

Art. 615. Expirado o prazo da suspensão, ou da pror- a) a metade da pena, se primário;


rogação, sem que tenha havido motivo de revogação, a b) dois terços, se reincidente;
pena privativa da liberdade será declarada extinta.
II - tenha reparado, salvo impossibilidade de fazê-lo, o
dano causado pelo crime;
Averbação
III - sua boa conduta durante a execução da pena, sua
Art. 616. A condenação será inscrita, com a nota de adaptação ao trabalho e às circunstâncias atinentes à
suspensão, em livro especial do Instituto de Identifica- sua personalidade, ao meio social e à sua vida pregres-
ção e Estatística ou repartição congênere, civil ou mili- sa permitam supor que não voltará a delinqüir.
tar, averbando-se, mediante comunicação do auditor ou
do Tribunal, a revogação da suspensão ou a extinção Atenção à pena unificada
da pena. Em caso de revogação, será feita averbação
definitiva no Registro Geral. § 1º No caso de condenação por infrações penais em
concurso, deve ter-se em conta a pena unificada.
§ 1º O registro será secreto, salvo para efeito de infor-
mações requisitadas por autoridade judiciária, em caso
Redução do tempo
de nôvo processo.
§ 2º Não se aplicará o disposto no § 1º quando houver § 2º Se o condenado é primário e menor de vinte e um
sido imposta, ou resultar de condenação, pena acessó- ou maior de setenta anos, o tempo de cumprimento da
ria consistente em interdição de direitos. pena pode ser reduzido a um terço.

Crimes que impedem a medida Os que podem requerer a medida

Art. 617. A suspensão condicional da pena não se apli- Art. 619. O livramento condicional poderá ser conce-
ca: dido mediante requerimento do sentenciado, de seu
I — em tempo de guerra; cônjuge ou parente em linha reta, ou por proposta do
diretor do estabelecimento penal, ou por iniciativa do
II — em tempo de paz: Conselho Penitenciário, ou órgão equivalente, incum-
a) por crime contra a segurança nacional, de aliciação bindo a decisão ao auditor, ou ao Tribunal se a sentença
e incitamento, de violência contra superior, oficial de houver sido proferida em única instância.
serviço, sentinela, vigia ou plantão, de desrespeito a § 1º A decisão será fundamentada.
superior e desacato, de insubordinação, insubmissão
ou de deserção; § 2º São indispensáveis a audiência prévia do Minis-
tério Público e a do Conselho Penitenciário, ou órgão
b) pelos crimes previstos nos arts. 160, 161, 162, 235, equivalente, se dêste não fôr a iniciativa.
291 e parágrafo único, nºs I a IV, do Código Penal Mi-
litar. Verificação das condições

421
Art. 620. As condições de admissibilidade, conveniên- § 1º Para emitir parecer, poderá o Conselho Penitenciá-
cia e oportunidade da concessão da medida serão ve- rio requisitar os autos do processo.
rificadas em cada caso pelo Conselho Penitenciário ou § 2º O juiz ou o Tribunal mandará juntar a petição ou a
órgão equivalente, a cujo parecer não ficará, entretanto, proposta com os documentos que acompanharem os
adstrito o juiz ou tribunal. autos do processo, e proferirá a decisão, depois de ou-
vido o Ministério Público.
Relatório do diretor do presídio
Indeferimento in limine
Art. 621. O diretor do estabelecimento penal remeterá
ao Conselho Penitenciário minucioso relatório sôbre: Art. 624. Na ausência de qualquer das condições pre-
a) o caráter do sentenciado, tendo em vista os seus an- vistas no art. 618, será liminarmente indeferido o pe-
tecedentes e a sua conduta na prisão; dido.
b) a sua aplicação ao trabalho, trato com os companhei-
ros e grau de instrução e aptidão profissional; Especificação das condições

c) a sua situação financeira e propósitos quanto ao fu- Art. 625. Sendo deferido o pedido, a decisão especifica-
turo. rá as condições a que ficará subordinado o livramento.

Prazo para a remessa do relatório Normas obrigatórias para obtenção do livramento

Parágrafo único. O relatório será remetido, dentro em Art. 626. Serão normas obrigatórias impostas ao sen-
vinte dias, com o prontuário do sentenciado. Na falta tenciado que obtiver o livramento condicional:
dêste, o Conselho opinará livremente, comunicando à
autoridade competente a omissão do diretor da prisão. a) tomar ocupação, dentro de prazo razoável, se fôr apto
para o trabalho;
Medida de segurança detentiva. Exame para b) não se ausentar do território da jurisdição do juiz,
comprovar a cessação da periculosidade sem prévia autorização;
c) não portar armas ofensivas ou instrumentos capazes
Art. 622. Se tiver sido imposta medida de segurança de ofender;
detentiva, não poderá ser concedido o livramento, sem
que se verifique, mediante exame das condições do d) não freqüentar casas de bebidas alcoólicas ou de
sentenciado; a cessação da periculosidade. tavolagem;
e) não mudar de habitação, sem aviso prévio à autori-
Exame mental no caso de medida de segurança dade competente.
detentiva
Residência do liberado fora da jurisdição do juiz
Parágrafo único. Se consistir a medida de segurança na da execução
internação em casa de custódia e tratamento, proceder-
-se-á a exame mental do sentenciado. Art. 627. Se fôr permitido ao liberado residir fora da
jurisdição do juiz da execução, será remetida cópia da
Petição ou proposta de livramento sentença à autoridade judiciária do local para onde se
houver transferido, ou ao patronato oficial, ou órgão
Art. 623. A petição ou proposta de livramento será re- equivalente.
metida ao auditor ou ao Tribunal pelo Conselho Peni-
tenciário, com a cópia do respectivo parecer e do rela- Vigilância da autoridade policial
tório do diretor da prisão.
Parágrafo único. Na falta de patronato oficial ou órgão
Remessa ao juiz do processo equivalente, ou de particular, dirigido ou inspecionado
pelo Conselho Penitenciário, ficará o liberado sob ob-

422
servação cautelar realizada por serviço social peniten- a) deixar de cumprir quaisquer das obrigações cons-
ciário ou órgão similar. tantes da sentença;
b) fôr irrecorrìvelmente condenado, por motivo de con-
Pagamento de custas e taxas travenção penal, embora a pena não seja privativa da
liberdade;
Art. 628. Salvo em caso de insolvência, o liberado ficará
sujeito ao pagamento de custas e taxas penitenciárias. c) sofrer, se militar, punição por transgressão discipli-
nar considerada grave.
Carta de guia
Novo livramento. Soma do tempo de infrações
Art. 629. Concedido o livramento, será expedida carta
de guia com a cópia de sentença em duas vias, reme- Art. 633. Se o livramento fôr revogado por motivo de
tendo-se uma ao diretor da prisão e a outra ao Conselho infração penal anterior à sua vigência, computar-se-á
Penitenciário, ou órgão equivalente. no tempo da pena o período em que estêve sôlto, sen-
do permitida, para a concessão do nôvo livramento, a
Finalidade da vigilância soma do tempo das duas penas.

Art. 630. A vigilância dos órgãos dela incumbidos, Tempo em que esteve sôlto o liberado
exercer-se-á para o fim de:
Art. 634. No caso de revogação por outro motivo, não
a) proibir ao liberado a residência, estada ou passagem se computará na pena o tempo em que estêve sôlto o li-
nos locais indicados na sentença; berado, e tampouco se concederá, em relação à mesma
b) permitir visitas e buscas necessárias à verificação do pena, nôvo livramento.
procedimento do liberado;
Órgãos e autoridades que podem requerer a
c) deter o liberado que transgredir as condições esta-
revogação
belecidas na sentença, comunicando o fato não só ao
Conselho Penitenciário, como também ao juiz da exe-
Art. 635. A revogação será decretada a requerimento
cução, que manterá, ou não, a detenção.
do Ministério Público ou mediante representação do
Conselho Penitenciário, ou dos patronatos oficiais, ou
Transgressão das condições impostas ao liberado
do órgão a que incumbir a vigilância, ou de ofício, po-
dendo ser ouvido antes o liberado e feitas diligências,
Parágrafo único. Se o liberado transgredir as condi-
permitida a produção de provas, no prazo de cinco dias,
ções que lhe foram impostas na sentença, poderá o
sem prejuízo do disposto no art. 630, letra c.
Conselho Penitenciário representar ao auditor, ou ao
Conselho de Justiça, ou ao Tribunal, para o efeito de
Modificação das condições impostas
ser revogado o livramento.
Art. 636. O auditor ou o Tribunal, a requerimento do
Revogação da medida por condenação durante a
Ministério Público ou do Conselho Penitenciário, dos
sua vigência
patronatos ou órgão de vigilância, poderá modificar
as normas de conduta impostas na sentença, deven-
Art. 631. Se por crime ou contravenção penal vier o li-
do a respectiva decisão ser lida ao liberado por uma
berado a ser condenado a pena privativa da liberdade,
das autoridades ou um dos funcionários indicados no
por sentença irrecorrível, será revogado o livramento
art. 639, letra a, com a observância do disposto nas
condicional.
letras b e c, e §§ 1º e 2º do mesmo artigo.
Revogação por outros motivos
Processo no curso do livramento
Art. 632. Poderá também ser revogado o livramento se
Art. 637. Praticando o liberado nova infração, o auditor
o liberado:
ou o Tribunal poderá ordenar a sua prisão, ouvido o

423
Conselho Penitenciário, ficando suspenso o curso do b) o texto impresso ou datilografado dos artigos do
livramento condicional, cuja revogação, entretanto, de- presente capítulo;
penderá da decisão final do nôvo processo. c) as condições impostas ao liberado.
Extinção de pena Salvo-conduto
Art. 638. O juiz, de ofício ou a requerimento do inte- Parágrafo único. Na falta da caderneta, será entregue
ressado, do Ministério Público ou do Conselho Peni- ao liberado um salvo-conduto, de que constem as con-
tenciário, julgará extinta a pena privativa da liberdade, dições do livramento, podendo substituir-se a ficha de
se expirar o prazo do livramento sem revogação ou, na identidade e o retrato do liberado pela descrição dos
hipótese do artigo anterior, fôr o liberado absolvido por sinais que o identifiquem.
sentença irrecorrível.
Crimes que excluem o livramento condicional
Cerimônia do livramento
Art 642. Não se aplica o livramento condicional ao con-
Art. 639. A cerimônia do livramento condicional será denado por crime cometido em tempo de guerra.
realizada solenemente, em dia marcado pela autoridade
que deva presidi-la, observando-se o seguinte:
Casos especiais
a) a sentença será lida ao liberando, na presença dos
demais presos, salvo motivo relevante, pelo presidente Parágrafo único. Em tempo de paz, pelos crimes refe-
do Conselho Penitenciário, ou por quem o represente ridos no art. 97 do Código Penal Militar, o livramento
junto ao estabelecimento penal, ou na falta, pela autori- condicional só será concedido após o cumprimento de
dade judiciária local; dois terços da pena, observado ainda o disposto no art.
b) o diretor do estabelecimento penal chamará a aten- 618, nºs I, letra c, II e III, e §§ 1º e 2º.
ção do liberando para as condições impostas na sen-
tença que concedeu o livramento; TÍTULO III
c) o prêso deverá, a seguir, declarar se aceita as con- DO INDULTO, DA COMUTAÇÃO DA PENA,
dições. DA ANISTIA E DA REABILITAÇÃO
1º De tudo se lavrará têrmo em livro próprio, subscri-
to por quem presidir a cerimônia, e pelo liberando, ou CAPÍTULO I
alguém a rôgo, se não souber ou não puder escrever. DO INDULTO, DA COMUTAÇÃO
2º Dêsse têrmo se enviará cópia à Auditoria por onde DA PENA E DA ANISTIA
correu o processo, ou ao Tribunal.
Requerimento
Caderneta e conteúdo para o fim de a exibir às
autoridades Art 643. O indulto e a comutação da pena são concedi-
dos pelo presidente da República e poderão ser reque-
Art. 640. Ao deixar a prisão, receberá o liberado, além ridos pelo condenado ou, se não souber escrever, por
do saldo do seu pecúlio e do que lhe pertencer, uma procurador ou pessoa a seu rôgo.
caderneta que exibirá à autoridade judiciária ou admi-
nistrativa, sempre que lhe fôr exigido. Caso de remessa ao ministro da Justiça

Conteúdo da caderneta Art. 644. A petição será remetida ao ministro da Justiça,


por intermédio do Conselho Penitenciário, se o con-
Art. 641. A caderneta conterá: denado estiver cumprindo pena em penitenciária civil.
a) a reprodução da ficha de identidade, com o retrato do
liberado, sua qualificação e sinais característicos; Audiência do Conselho Penitenciário

424
Art. 645. O Conselho Penitenciário, à vista dos autos por iniciativa do interessado ou do Ministério Público,
do processo, e depois de ouvir o diretor do estabeleci- declarará extinta a punibilidade.
mento penal a que estiver recolhido o condenado, fará,
em relatório, a narração do fato criminoso, apreciará as CAPÍTULO II
provas, apontará qualquer formalidade ou circunstância DA REABILITAÇÃO
omitida na petição e exporá os antecedentes do conde-
nado, bem como seu procedimento durante a prisão,
opinando, a final, sôbre o mérito do pedido. Requerimentos e requisitos

Condenado militar. Encaminhamento do pedido Art. 651. A reabilitação poderá ser requerida ao Auditor
da Auditoria por onde correu o processo, após cinco
Art. 646. Em se tratando de condenado militar ou as- anos contados do dia em que fôr extinta, de qualquer
semelhado, recolhido a presídio militar, a petição será modo, a pena principal ou terminar sua execução, ou
encaminhada ao Ministério a que pertencer o conde- do dia em que findar o prazo de suspensão condicio-
nado, por intermédio do comandante, ou autoridade nal da pena ou do livramento condicional, desde que o
equivalente, sob cuja administração estiver o presídio. condenado tenha tido, durante aquêle prazo, domicílio
no País.
Relatório da autoridade militar Parágrafo único. Os prazos para o pedido serão con-
tados em dôbro no caso de criminoso habitual ou por
Parágrafo único. A autoridade militar que encaminhar o tendência.
pedido fará o relatório de que trata o art. 645.
Instrução do requerimento
Faculdade do Presidente da República de
conceder espontaneamente o indulto e a Art. 652. O requerimento será instruído com:
comutação
a) certidões comprobatórias de não ter o requerente
respondido, nem estar respondendo a processo, em
Art. 647. Se o presidente da República decidir, de ini-
qualquer dos lugares em que houver residido durante
ciativa própria, conceder o indulto ou comutar a pena,
o prazo a que se refere o artigo anterior;
ouvirá, antes, o Conselho Penitenciário ou a autoridade
militar a que se refere o art. 646. b) atestados de autoridades policiais ou outros docu-
mentos que comprovem ter residido nos lugares indi-
Modificação da pena ou extinção da punibilidade cados, e mantido, efetivamente, durante êsse tempo,
bom comportamento público e privado;
Art. 648. Concedido o indulto ou comutada a pena, o c) atestados de bom comportamento fornecidos por
juiz de ofício, ou por iniciativa do interessado ou do pessoas a cujo serviço tenha estado;
Ministério Público, mandará juntar aos autos a cópia
do decreto, a cujos têrmos ajustará a execução da pena, d) prova de haver ressarcido o dano causado pelo cri-
para modificá-la, ou declarar a extinção da punibilida- me ou da absoluta impossibilidade de o fazer até o dia
de. do pedido, ou documento que comprove a renúncia da
vítima ou novação da dívida.
Recusa
Ordenação de diligências
Art. 649. O condenado poderá recusar o indulto ou a
comutação da pena. Art. 653. O auditor poderá ordenar as diligências ne-
cessárias para a apreciação do pedido, cercando-as do
sigilo possível e ouvindo, antes da decisão, o Ministé-
Extinção da punibilidade pela anistia
rio Público.
Art. 650. Concedida a anistia, após transitar em jul-
Recurso de ofício
gado a sentença condenatória, o auditor, de ofício, ou

425
Art. 654. Haverá recurso de ofício da decisão que con- Imposição da medida ao agente isento de pena,
ceder a reabilitação. ou perigoso

Comunicação ao Instituto de Identificação e Art. 660. Ainda depois de transitar em julgado a senten-
Estatística ça absolutória, poderá ser imposta medida de seguran-
ça, enquanto não decorrer tempo equivalente ao de sua
Art. 655. A reabilitação, depois da sentença irrecorrível, duração mínima, ao agente absolvido no caso do art. 48
será comunicada ao Instituto de Identificação e Estatís- do Código Penal Militar, ou a que a lei, por outro modo,
tica ou repartição congênere. presuma perigoso.

Menção proibida de condenação Aplicação pelo juiz

Art. 656. A condenação ou condenações anteriores não Art. 661. A aplicação da medida de segurança, nos
serão mencionadas na fôlha de antecedentes do reabili- casos previstos neste capítulo, incumbirá ao juiz da
tado, nem em certidão extraída dos livros do juízo, salvo execução e poderá ser decretada de ofício ou a requeri-
quando requisitadas por autoridade judiciária criminal. mento do Ministério Público.

Renovação do pedido de reabilitação Fatos indicativos de periculosidade

Art. 657. Indeferido o pedido de reabilitação, não po- Parágrafo único. O diretor do estabelecimento que tiver
derá o condenado renová-lo, senão após o decurso de ciência de fatos indicativos de periculosidade do con-
dois anos, salvo se o indeferimento houver resultado de denado a quem não tiver sido imposta medida de segu-
falta ou insuficiência de documentos. rança, deverá logo comunicá-los ao juiz da execução.

Revogação da reabilitação Diligências

Art. 658. A revogação da reabilitação será decretada Art. 662. Depois de proceder às diligências que julgar
pelo auditor, de ofício ou a requerimento do interessa- necessárias, o juiz ouvirá o Ministério Público e o con-
do, ou do Ministério Público, se a pessoa reabilitada fôr denado, concedendo a cada um o prazo de três dias
condenada, por decisão definitiva, ao cumprimento de para alegações.
pena privativa da liberdade. § 1º Será dado defensor ao condenado que o requerer.
§ 2º Se o condenado estiver foragido, o juiz ordenará
TÍTULO IV
as diligências que julgar convenientes, ouvido o Minis-
tério Público, que poderá apresentar provas dentro do
CAPÍTULO ÚNICO prazo que lhe fôr concedido.
DA EXECUÇÃO DAS MEDIDAS § 3º Findos os prazos concedidos ao condenado e ao
DE SEGURANÇA Ministério Público, o juiz proferirá a sua decisão.

Aplicação das medidas de segurança Tempo da internação


durante a execução da pena
Art. 663. A internação, no caso previsto no art. 112 do
Art. 659. Durante a execução da pena ou durante o Código Penal Militar, é por tempo indeterminado, per-
tempo em que a ela se furtar o condenado, poderá ser durando enquanto não fôr averiguada, mediante perícia
imposta medida de segurança, se não a houver decre- médica, a cessação da periculosidade do internado.
tado a sentença, e fatos anteriores, não apreciados no
julgamento, ou fatos subseqüentes, demonstrarem a Perícia médica
sua periculosidade.
§ 1º A perícia médica é realizada no prazo mínimo fixa-

426
do à internação e, não sendo esta revogada, deve ser res será também comunicada à autoridade policial, para
repetida de ano em ano. a devida vigilância.
§ 2º A desinternação é sempre condicional, devendo ser
restabelecida a situação anterior se o indivíduo, dentro Fechamento de estabelecimentos e interdição de
do decurso de um ano, vier a praticar fato indicativo de associações
persistência da periculosidade.
Art. 669. A medida de fechamento de estabelecimento
Internação de indivíduos em estabelecimentos ou interdição de associação será executada pela autori-
adequados dade policial, mediante mandado judicial.

Art. 664. Os condenados que se enquadrem no parágra- Transgressão das medidas de segurança
fo único do art. 48 do Código Penal Militar, bem como
os que forem reconhecidos como ébrios habituais ou Art. 670. O transgressor de qualquer das medidas de
toxicômanos, recolhidos a qualquer dos estabeleci- segurança a que se referem os arts. 667, 668 e 669, será
mentos a que se refere o art. 113 do referido Código, responsabilizado por crime de desobediência contra a
não serão transferidos para a prisão, se sobrevier a administração da Justiça Militar, devendo o juiz, logo
cura. que a autoridade policial lhe faça a devida comunica-
ção, mandá-la juntar aos autos, e dar vista ao Ministério
Nôvo exame mental Público, para os fins de direito.

Art. 665. O juiz, no caso do art. 661, ouvirá o curador Cessação da periculosidade. Verificação
já nomeado ou que venha a nomear, podendo mandar
submeter o paciente a nôvo exame mental, internando- Art. 671. A cessação, ou não, da periculosidade é verifi-
-o, desde logo, em estabelecimento adequado. cada ao fim do prazo mínimo da duração da medida de
segurança, pelo exame das condições da pessoa a que
Regime dos internados tiver sido imposta, observando-se o seguinte:

Art. 666. O trabalho nos estabelecimentos referidos no Relatório


art. 113 do Código Penal Militar será educativo e re-
munerado, de modo a assegurar ao internado meios de a) o diretor do estabelecimento de internação ou a au-
subsistência, quando cessar a internação. toridade incumbida da vigilância, até um mês antes de
expirado o prazo da duração mínima da medida, se não
Exílio local fôr inferior a um ano, ou a quinze dias, nos outros ca-
sos, remeterá ao juiz da execução minucioso relatório
que o habilite a resolver sôbre a cessação ou perma-
Art. 667. O exílio local consiste na proibição ao conde-
nência da medida;
nado de residir ou permanecer, durante um ano, pelo
menos, na comarca, município ou localidade em que o
crime foi praticado. Acompanhamento do laudo

Comunicação b) se o indivíduo estiver internado em manicômio ju-


diciário ou em qualquer dos estabelecimentos a que se
refere o art. 113 do Código Penal Militar, o relatório será
Parágrafo único. Para a execução dessa medida, o juiz
acompanhado do laudo de exame pericial, feito por dois
comunicará sua decisão à autoridade policial do lugar
médicos designados pelo diretor do estabelecimento;
ou dos lugares onde o exilado está proibido de perma-
necer ou residir.
Conveniência ou revogação da medida
Proibição de frequentar determinados lugares
c) o diretor do estabelecimento de internação, ou a
autoridade policial, deverá, no relatório, concluir pela
Art. 668. A proibição de frequentar determinados luga-

427
conveniência, ou não, da revogação da medida de se- Art 674. Aos militares ou assemelhados, que não hajam
gurança; perdido essa qualidade, sòmente são aplicáveis as me-
didas de segurança previstas nos casos dos arts. 112 e
Ordenação de diligências 115 do Código Penal Militar.

d) se a medida de segurança fôr de exílio local, ou LIVRO V


proibição de freqüentar determinados lugares, o juiz da
execução, até um mês ou quinze dias antes de expirado
o prazo mínimo de duração, ordenará as diligências ne- TÍTULO ÚNICO
cessárias, para verificar se desapareceram as causas da DA JUSTIÇA MILITAR EM
aplicação da medida; TEMPO DE GUERRA

Audiência das partes


CAPÍTULO I
e) junto aos autos o relatório, ou realizadas as dili- DO PROCESSO
gências, serão ouvidos, sucessivamente, o Ministério
Público e o curador ou defensor, no prazo de três dias; Remessa do inquérito à Justiça

Ordenação de novas diligências Art. 675. Os autos do inquérito, do flagrante, ou docu-


mentos relativos ao crime serão remetidos à Auditoria,
f) o juiz, de ofício, ou a requerimento de qualquer das pela autoridade militar competente.
partes, poderá determinar novas diligências, ainda que
§ 1º O prazo para a conclusão do inquérito é de cinco
expirado o prazo de duração mínima da medida de se-
dias, podendo, por motivo excepcional, ser prorrogado
gurança;
por mais três dias.
Decisão e prazo § 2º Nos casos de violência praticada contra inferior
para compeli-lo ao cumprimento do dever legal ou em
g) ouvidas as partes ou realizadas as diligências a que repulsa a agressão, os autos do inquérito serão remeti-
se refere o parágrafo anterior, será proferida a decisão dos diretamente ao Conselho Superior, que determinará
no prazo de cinco dias. o arquivamento, se o fato estiver justificado; ou, em
caso contrário, a instauração de processo.
Revogação da licença para direção de veículo
Oferecimento da denúncia o seu conteúdo e
Art 672. A interdição prevista no art. 115 do Código regras
Penal Militar poderá ser revogada antes de expirado
o prazo estabelecido, se fôr averiguada a cessação do Art. 676. Recebidos os autos do inquérito, do flagrante,
perigo condicionante da sua aplicação; se, porém, o pe- ou documentos, o auditor dará vista imediata ao procu-
rigo persiste ao término do prazo, será êste prorrogado rador que, dentro em vinte e quatro horas, oferecerá a
enquanto não cessar aquêle. denúncia, contendo:
a) o nome do acusado e sua qualificação;
Confisco
b) a exposição sucinta dos fatos;
Art 673. O confisco de instrumentos e produtos do c) a classificação do crime;
crime, no caso previsto no art. 119 do Código Penal d) a indicação das circunstâncias agravantes expres-
Militar, será decretado no despacho de arquivamento samente previstas na lei penal e a de todos os fatos e
do inquérito. circunstâncias que devam influir na fixação da pena;

Restrições quanto aos militares e) a indicação de duas a quatro testemunhas.


Parágrafo único. Será dispensado o rol de testemunhas,

428
se a denúncia se fundar em prova documental. Art. 682. Se o procurador não oferecer denúncia, ou se
esta fôr rejeitada, os autos serão remetidos ao Conselho
Recebimento da denúncia e citação Superior de Justiça Militar, que decidirá de forma defi-
nitiva a respeito do oferecimento.
Art. 677. Recebida a denúncia, mandará o auditor ci-
tar  incontinenti o acusado e intimar as testemunhas, Julgamento de praça ou civil
nomeando-lhe defensor o advogado de ofício, que terá
vista dos autos em cartório, pelo prazo de vinte e quatro Art. 683. Sendo praça ou civil o acusado, o auditor
horas, podendo, dentro dêsse prazo, oferecer defesa procederá ao julgamento em outra audiência, dentro em
escrita e juntar documentos. quarenta e oito horas. O procurador e o defensor terão,
cada um, vinte minutos, para fazer oralmente suas ale-
Parágrafo único. O acusado poderá dispensar a assis-
gações.
tência de advogado, se estiver em condições de fazer
sua defesa. Parágrafo único. Após os debates orais, o auditor lavra-
rá a sentença, dela mandando intimar o procurador e o
Julgamento à revelia réu, ou seu defensor.

Art. 678. O réu prêso será requisitado, devendo ser Julgamento de oficiais
processado e julgado à revelia, independentemente de
citação, se se ausentar sem permissão. Art. 684. No processo a que responder oficial até o
pôsto de tenente-coronel, inclusive, proceder-se-á ao
Instrução criminal julgamento pelo Conselho de Justiça, no mesmo dia
da sua instalação.
Art. 679. Na audiência de instrução criminal, que será
iniciada vinte e quatro horas após a citação, qualifi- Lavratura da sentença
cação e interrogatório do acusado, proceder-se-á a
inquirição das testemunhas de acusação, pela forma Parágrafo único. Prestado o compromisso pelos juízes
prescrita neste Código. nomeados, serão lidas pelo escrivão as peças essen-
ciais do processo e, após os debates orais, que não
§ 1º Em seguida, serão ouvidas até duas testemunhas
excederão o prazo fixado pelo artigo anterior, passará
de defesa, se apresentadas no ato.
o Conselho a deliberar em sessão secreta, devendo a
§ 2º As testemunhas de defesa que forem militares po- sentença ser lavrada dentro do prazo de vinte e quatro
derão ser requisitadas, se o acusado o requerer, e fôr horas.
possível o seu comparecimento em juízo.
§ 3º Será na presença do escrivão a vista dos autos às Certidão da nomeação dos juízes militares
partes, para alegações escritas.
Art. 685. A nomeação dos juízes do Conselho constará
Dispensa de comparecimento do réu dos autos do processo, por certidão.
Parágrafo único. O procurador e o acusado, ou seu de-
Art. 680. É dispensado o comparecimento do acusado à fensor, serão intimados da sentença no mesmo dia em
audiência de julgamento, se assim o desejar. que esta fôr assinada.

Questões preliminares Suprimento do extrato da fé de ofício ou dos


assentamentos
Art. 681. As questões preliminares ou incidentes, que
forem suscitadas, serão resolvidas, conforme o caso, Art. 686. A falta do extrato da fé de ofício ou dos as-
pelo auditor ou pelo Conselho de Justiça. sentamentos do acusado poderá ser suprida por outros
meios informativos.
Rejeição da denúncia

429
Classificação do crime Desempenho da função de escrivão

Art. 687. Os órgãos da Justiça Militar, tanto em primeira Art. 692. As funções de escrivão serão desempenhadas
como em segunda instância, poderão alterar a classifi- pelo secretário do Conselho, e as de oficial de justiça
cação do crime, sem todavia inovar a acusação. por uma praça graduada.
Parágrafo único. Havendo impossibilidade de alterar a
classificação do crime, o processo será anulado, de- Processos e julgamento de desertores
vendo ser oferecida nova denúncia.
Art. 693. No processo de deserção observar-se-á o
Julgamento em grupos no mesmo processo seguinte:
I - após o transcurso do prazo de graça, o comandante
Art. 688. Quando, na denúncia, figurarem diversos acu- ou autoridade militar equivalente, sob cujas ordens ser-
sados, poderão ser processados e julgados em grupos, vir o oficial ou praça, fará lavrar um têrmo com tôdas as
se assim o aconselhar o interêsse da Justiça. circunstâncias, assinado por duas testemunhas, equi-
valendo êsse têrmo à formação da culpa;
Procurador em processo originário II - a publicação da ausência em boletim substituirá o
perante o Conselho Superior edital;

Art. 689. Nos processos a que responderem oficiais III - os documentos relativos à deserção serão remeti-
generais, coronéis ou capitães-de-mar-e-guerra, as dos ao auditor, após a apresentação ou captura do acu-
funções do Ministério Público serão desempenhadas sado, e permanecerão em cartório pelo prazo de vinte
pelo procurador que servir junto ao Conselho Superior e quatro horas, com vista ao advogado de ofício, para
de Justiça Militar. apresentar defesa escrita, seguindo-se o julgamento
pelo Conselho de Justiça, conforme o caso.
§ 1º A instrução criminal será presidida pelo auditor
que funcionar naquele Conselho, cabendo-lhe ainda
relatar os processos para julgamento.
CAPÍTULO II
DOS RECURSOS
§ 2º O oferecimento da denúncia, citação do acusado,
intimação de testemunhas, nomeação de defensor, ins-
trução criminal, julgamento e lavratura da sentença, Recurso das decisões do Conselho e do auditor
reger-se-ão, no que lhes fôr aplicável, pelas normas
estabelecidas para os processos da competência do Art 694. Das sentenças de primeira instância caberá re-
auditor e do Conselho de Justiça. curso de apelação para o Conselho Superior de Justiça
Militar.
Crimes de responsabilidade Parágrafo único. Não caberá recurso de decisões sôbre
questões incidentes, que poderão, entretanto, ser reno-
Art 690. Oferecida a denúncia, nos crimes de responsa- vadas na apelação.
bilidade, o auditor mandará intimar o denunciado para
apresentar defesa dentro do prazo de dois dias, findo Prazo para a apelação
o qual decidirá sôbre o recebimento, ou não, da de-
núncia, submetendo o despacho, no caso de rejeição, à Art. 695. A apelação será interposta dentro em vinte e
decisão do Conselho. quatro horas, a contar da intimação da sentença ao pro-
curador e ao defensor do réu, revel ou não.
Recursos das decisões do
Conselho Superior de Justiça Recurso de ofício

Art. 691. Das decisões proferidas pelo Conselho Su- Art. 696. Haverá recurso de ofício:
perior de Justiça, nos processos de sua competência
a) da sentença que impuser pena restritiva da liberdade
originária, sòmente caberá o recurso de embargos.
superior a oito anos;

430
b) quando se tratar de crime a que a lei comina pena Efeitos da apelação
de morte e a sentença fôr absolutória, ou não aplicar
a pena máxima. Art. 704. A apelação do Ministério Público devolve o
pleno conhecimento do feito ao Conselho Superior.
Razões do recurso
Casos de embargos
Art. 697. As razões do recurso serão apresentadas, com
a petição, em cartório. Conclusos os autos ao auditor, Art. 705. O recurso de embargos, nos processos ori-
êste os remeterá, incontinent i, à instância superior. ginários, seguirá as normas estabelecidas para a ape-
lação.
Processo de recurso e seu julgamento
Não cabimento de habeas corpus ou revisão
Art. 698. Os autos serão logo conclusos ao relator,
que mandará abrir vista ao representante do Ministério Art. 706. Não haverá habeas corpus, nem revisão.
Público, a fim de apresentar parecer, dentro em vinte e
quatro horas. CAPÍTULO III
DISPOSIÇÕES ESPECIAIS RELATIVAS À
Estudo dos autos pelo relator
JUSTIÇA MILITAR EM TEMPO DE GUERRA
Art. 699. O relator estudará os autos no intervalo de
duas sessões. Execução da pena de morte

Exposição pelo relator Art. 707. O militar que tiver de ser fuzilado sairá da pri-
são com uniforme comum e sem insígnias, e terá os
Art. 700. Anunciado o julgamento pelo presidente, o olhos vendados, salvo se o recusar, no momento em
relator fará a exposição dos fatos. que tiver de receber as descargas. As vozes de fogo se-
rão substituídas por sinais.
Alegações orais § 1º O civil ou assemelhado será executado nas mes-
mas condições, devendo deixar a prisão decentemente
Art. 701. Findo o relatório, poderão o defensor e o pro- vestido.
curador fazer alegações orais por quinze minutos, cada
um. Socorro espiritual

Decisão pelo Conselho § 2º Será permitido ao condenado receber socorro es-


piritual.
Art. 702. Discutida a matéria, o Conselho Superior pro-
ferirá sua decisão. Data para a execução
§ 1º O relator será o primeiro a votar, sendo o presidente
o último. § 3º A pena de morte só será executada sete dias após
a comunicação ao presidente da República, salvo se
§ 2º O resultado do julgamento constará da ata que será
imposta em zona de operações de guerra e o exigir o
junta ao processo. A decisão será lavrada dentro em
interêsse da ordem e da disciplina.
dois dias, salvo motivo de fôrça maior.
Lavratura de ata
Não cabimento de embargos
Art. 708. Da execução da pena de morte lavrar-se-á ata
Art. 703. As sentenças proferidas pelo Conselho Su-
circunstanciada que, assinada pelo executor e duas tes-
perior, como Tribunal de segunda instância, não são
temunhas, será remetida ao comandante-chefe, para ser
suscetíveis de embargos.
publicada em boletim.

431
Sentido da expressão “fôrças em opera- da. No Superior Tribunal Militar, a requisição será feita
ção de guerra” por intermédio do diretor-geral da Secretaria daquele
Tribunal.

Art. 709. A expressão “fôrças em operação de guerra” Art 715. As penas pecuniárias cominadas neste Có-
abrange qualquer fôrça naval, terrestre ou aérea, des- digo serão cobradas executivamente e, em seguida,
de o momento de seu deslocamento para o teatro das recolhidas ao erário federal. Tratando-se de militares,
operações até o seu regresso, ainda que cessadas as funcionários da Justiça Militar ou dos respectivos
hostilidades. Ministérios, a execução da pena pecuniária será feita
mediante desconto na respectiva fôlha de pagamento. O
Comissionamento em postos militares desconto não excederá, em cada mês, a dez por cento
dos respectivos vencimentos.
Art. 710. Os auditores, procuradores, advogados de ofí-
cio e escrivães da Justiça Militar, que acompanharem Art. 716. O presidente do Tribunal, o procurador-geral
as fôrças em operação de guerra, serão comissionados e o auditor requisitarão diretamente das companhias de
em postos militares, de acôrdo com as respectivas ca- transportes terrestres, marítimos ou aéreos, nos têrmos
tegorias funcionais. da lei e para fins exclusivos do serviço judiciário, que
serão declarados na requisição, passagens para si, juí-
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS zes dos Conselhos, procuradores e auxiliares da Justi-
ça Militar. Terão, igualmente, bem como os procurado-
Art. 711. Nos processos pendentes na data da entrada res, para os mesmos fins, franquia postal e telegráfica.
em vigor dêste Código, observar-se-á o seguinte:
a) aplicar-se-ão à prisão provisória as disposições que Art 717. O serviço judicial pretere a qualquer outro, sal-
forem mais favoráveis ao indiciado ou acusado; vo os casos previstos neste Código.
b) o prazo já iniciado, inclusive o estabelecido para a
Art. 718. Êste Código entrará em vigor a 1º de janeiro de
interposição de recurso, será regulado pela lei anterior,
1970, revogadas as disposições em contrário.
se esta não estatuir prazo menor do que o fixado neste
Código;
Brasília, 21 de outubro de 1969; 148º da Independência
c) se a produção da prova testemunhal tiver sido inicia- e 81º da República.
da, o interrogatório do acusado far-se-á de acôrdo com
as normas da lei anterior; AUGUSTO HAMANN RADEMAKER GRUNEWALD
d) as perícias já iniciadas, bem como os recursos já Aurélio de Lyra Tavares
interpostos, continuarão a reger-se pela lei anterior.
Márcio de Souza e Mello
Art. 712. Os processos da Justiça Militar não são sujei- Luís Antônio da Gama e Silva
tos a custas, emolumentos, selos ou portes de correio,
terrestre, marítimo ou aéreo.

Art. 713. As certidões, em processos findos arquiva-


dos no Superior Tribunal Militar, serão requeridas ao
diretor-geral da sua Secretaria, com a declaração da
respectiva finalidade.

Art. 714. Os juízes e os membros do Ministério Público


poderão requisitar certidões ou cópias autênticas de
peças de processo arquivado, para instrução de pro-
cesso em andamento, dirigindo-se, para aquêle fim, ao
serventuário ou funcionário responsável pela sua guar-

432
DIREITO ELEITORAL

nentes ou suboficiais, sargentos ou alunos das escolas


CÓDIGO ELEITORAL militares de ensino superior para formação de oficiais.

LEI Nº 4.737, DE 15 DE JULHO DE 1965. Art. 6º O alistamento e o voto são obrigatórios para os
brasileiros de um e outro sexo, salvo:
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que san-
I - quanto ao alistamento:
ciono a seguinte Lei, aprovada pelo Congresso Nacio-
nal, nos termos do art. 4º, caput, do Ato Institucional, a) os inválidos;
de 9 de abril de 1964. b) os maiores de setenta anos;
c) os que se encontrem fora do país.
PARTE PRIMEIRA
II - quanto ao voto:
INTRODUÇÃO a) os enfermos;
b) os que se encontrem fora do seu domicílio;
Art. 1º Este Código contém normas destinadas a asse- c) os funcionários civis e os militares, em serviço que
gurar a organização e o exercício de direitos políticos os impossibilite de votar.
precipuamente os de votar e ser votado.
Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral expedirá Art. 7º O eleitor que deixar de votar e não se justifi-
Instruções para sua fiel execução. car perante o juiz eleitoral até 30 (trinta) dias após a
realização da eleição, incorrerá na multa de 3 (três) a
Art. 2º Todo poder emana do povo e será exercido em 10 (dez) por cento sobre o salário-mínimo da região,
seu nome, por mandatários escolhidos, direta e secre- imposta pelo juiz eleitoral e cobrada na forma prevista
tamente, dentre candidatos indicados por partidos polí- no art. 367.
ticos nacionais, ressalvada a eleição indireta nos casos § 1º Sem a prova de que votou na última eleição, pagou
previstos na Constituição e leis específicas. a respectiva multa ou de que se justificou devidamente,
não poderá o eleitor:
Art. 3º Qualquer cidadão pode pretender investidura em
cargo eletivo, respeitadas as condições constitucionais I - inscrever-se em concurso ou prova para cargo ou
e legais de elegibilidade e incompatibilidade. função pública, investir-se ou empossar-se neles;
II - receber vencimentos, remuneração, salário ou pro-
Art. 4º São eleitores os brasileiros maiores de 18 anos ventos de função ou emprego público, autárquico ou
que se alistarem na forma da lei. para estatal, bem como fundações governamentais,
empresas, institutos e sociedades de qualquer nature-
Art. 5º Não podem alistar-se eleitores: za, mantidas ou subvencionadas pelo governo ou que
exerçam serviço público delegado, correspondentes ao
I - os analfabetos;
segundo mês subsequente ao da eleição;
II - os que não saibam exprimir-se na língua nacional;
III - participar de concorrência pública ou administrativa
III - os que estejam privados, temporária ou definitiva- da União, dos Estados, dos Territórios, do Distrito Fe-
mente dos direitos políticos. deral ou dos Municípios, ou das respectivas autarquias;
Parágrafo único - Os militares são alistáveis, desde que IV - obter empréstimos nas autarquias, sociedades de
oficiais, aspirantes a oficiais, guardas-marinha, subte- economia mista, caixas econômicas federais ou estadu-

433
ais, nos institutos e caixas de previdência social, bem de quitação com a Justiça Eleitoral, poderá efetuar o pa-
como em qualquer estabelecimento de crédito mantido gamento perante o Juízo da zona em que estiver.
pelo governo, ou de cuja administração este participe, e § 1º A multa será cobrada no máximo previsto, salvo se
com essas entidades celebrar contratos; o eleitor quiser aguardar que o juiz da zona em que se
V - obter passaporte ou carteira de identidade; encontrar solicite informações sobre o arbitramento ao
Juízo da inscrição.
VI - renovar matrícula em estabelecimento de ensino
oficial ou fiscalizado pelo governo; §. 2º Em qualquer das hipóteses, efetuado o pagamento
través de selos federais inutilizados no próprio requeri-
VII - praticar qualquer ato para o qual se exija quitação
mento, o juiz que recolheu a multa comunicará o fato ao
do serviço militar ou imposto de renda.
da zona de inscrição e fornecerá ao requerente compro-
§ 2º Os brasileiros natos ou naturalizados, maiores de vante do pagamento.
18 anos, salvo os excetuados nos arts. 5º e 6º, nº 1, sem
prova de estarem alistados não poderão praticar os atos PARTE SEGUNDA
relacionados no parágrafo anterior.
DOS ÓRGÃOS DA JUSTIÇA ELEITORAL
§ 3º Realizado o alistamento eleitoral pelo processo ele-
trônico de dados, será cancelada a inscrição do eleitor
Art. 12. São órgãos da Justiça Eleitoral:
que não votar em 3 (três) eleições consecutivas, não
pagar a multa ou não se justificar no prazo de 6 (seis) I - O Tribunal Superior Eleitoral, com sede na Capital da
meses, a contar da data da última eleição a que deveria República e jurisdição em todo o País;
ter comparecido. II - um Tribunal Regional, na Capital de cada Estado, no
§ 4º O disposto no inciso V do § 1º não se aplica ao Distrito Federal e, mediante proposta do Tribunal Supe-
eleitor no exterior que requeira novo passaporte para rior, na Capital de Território;
identificação e retorno ao Brasil. III - juntas eleitorais;

Art. 8º O brasileiro nato que não se alistar até os 19 IV - juizes eleitorais.


anos ou o naturalizado que não se alistar até um ano
depois de adquirida a nacionalidade brasileira, incor- Art. 13. O número de juizes dos Tribunais Regionais
rerá na multa de 3 (três) a 10 (dez) por cento sobre o não será reduzido, mas poderá ser elevado até nove,
valor do salário-mínimo da região, imposta pelo juiz e mediante proposta do Tribunal Superior, e na forma por
cobrada no ato da inscrição eleitoral através de selo fe- ele sugerida.
deral inutilizado no próprio requerimento.
Art. 14. Os juizes dos Tribunais Eleitorais, salvo motivo
Parágrafo único. Não se aplicará a pena ao não alistado
justificado, servirão obrigatoriamente por dois anos, e
que requerer sua inscrição eleitoral até o centésimo pri-
nunca por mais de dois biênios consecutivos.
meiro dia anterior à eleição subseqüente à data em que
completar dezenove anos. § 1º Os biênios serão contados, ininterruptamente, sem
o desconto de qualquer afastamento nem mesmo o de-
Art. 9º Os responsáveis pela inobservância do disposto corrente de licença, férias, ou licença especial, salvo no
nos arts. 7º e 8º incorrerão na multa de 1 (um) a 3 (três) caso do § 3º.
salários-mínimos vigentes na zona eleitoral ou de sus- § 2º Os juizes afastados por motivo de licença férias e
pensão disciplinar até 30 (trinta) dias. licença especial, de suas funções na Justiça comum,
ficarão automaticamente afastados da Justiça Eleitoral
Art. 10. O juiz eleitoral fornecerá aos que não votarem pelo tempo correspondente exceto quando com perío-
por motivo justificado e aos não alistados nos termos dos de férias coletivas, coincidir a realização de eleição,
dos artigos 5º e 6º, nº 1, documento que os isente das apuração ou encerramento de alistamento.
sanções legais.
§ 3º Da homologação da respectiva convenção partidá-
ria até a diplomação e nos feitos decorrentes do pro-
Art. 11. O eleitor que não votar e não pagar a multa, se
cesso eleitoral, não poderão servir como juízes nos Tri-
se encontrar fora de sua zona e necessitar documento

434
bunais Eleitorais, ou como juiz eleitoral, o cônjuge ou o Geral se locomoverá para os Estados e Territórios nos
parente consanguíneo ou afim, até o segundo grau, de seguintes casos:
candidato a cargo eletivo registrado na circunscrição. I - por determinação do Tribunal Superior Eleitoral;
§ 4º No caso de recondução para o segundo biênio ob- II - a pedido dos Tribunais Regionais Eleitorais;
servar-se-ão as mesmas formalidades indispensáveis à
primeira investidura. III - a requerimento de Partido deferido pelo Tribunal
Superior Eleitoral;
Art. 15. Os substitutos dos membros efetivos dos Tri- IV - sempre que entender necessário.
bunais Eleitorais serão escolhidos, na mesma ocasião
e pelo mesmo processo, em número igual para cada § 3º Os provimentos emanados da Corregedoria Geral
categoria. vinculam os Corregedores Regionais, que lhes devem
dar imediato e preciso cumprimento.
TÍTULO I Art. 18. Exercerá as funções de Procurador Geral, junto
DO TRIBUNAL SUPERIOR ao Tribunal Superior Eleitoral, o Procurador Geral da
República, funcionando, em suas faltas e impedimen-
Art. 16. Compõe-se o Tribunal Superior Eleitoral: tos, seu substituto legal.
I - mediante eleição, pelo voto secreto: Parágrafo único. O Procurador Geral poderá designar
outros membros do Ministério Público da União, com
a) de três juizes, dentre os Ministros do Supremo Tri-
exercício no Distrito Federal, e sem prejuízo das respec-
bunal Federal; e
tivas funções, para auxiliá-lo junto ao Tribunal Superior
b) de dois juizes, dentre os membros do Tribunal Fede- Eleitoral, onde não poderão ter assento.
ral de Recursos;
II - por nomeação do Presidente da República, de dois Art. 19. O Tribunal Superior delibera por maioria de vo-
entre seis advogados de notável saber jurídico e idonei- tos, em sessão pública, com a presença da maioria de
dade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal. seus membros.

§ 1º - Não podem fazer parte do Tribunal Superior Elei- Parágrafo único. As decisões do Tribunal Superior,
toral cidadãos que tenham entre si parentesco, ainda assim na interpretação do Código Eleitoral em face da
que por afinidade, até o quarto grau, seja o vínculo le- Constituição e cassação de registro de partidos polí-
gítimo ou ilegítimo, excluindo-se neste caso o que tiver ticos, como sobre quaisquer recursos que importem
sido escolhido por último. anulação geral de eleições ou perda de diplomas, só
poderão ser tomadas com a presença de todos os seus
§ 2º - A nomeação de que trata o inciso II deste artigo membros. Se ocorrer impedimento de algum juiz, será
não poderá recair em cidadão que ocupe cargo público convocado o substituto ou o respectivo suplente.
de que seja demissível ad nutum; que seja diretor, pro-
prietário ou sócio de empresa beneficiada com subven- Art. 20. Perante o Tribunal Superior, qualquer interessa-
ção, privilegio, isenção ou favor em virtude de contrato do poderá argüir a suspeição ou impedimento dos seus
com a administração pública; ou que exerça mandato membros, do Procurador Geral ou de funcionários de
de caráter político, federal, estadual ou municipal. sua Secretaria, nos casos previstos na lei processual
civil ou penal e por motivo de parcialidade partidária,
Art. 17. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá para seu mediante o processo previsto em regimento.
presidente um dos ministros do Supremo Tribunal
Federal, cabendo ao outro a vice-presidência, e para Parágrafo único. Será ilegítima a suspeição quando o
Corregedor Geral da Justiça Eleitoral um dos seus excipiente a provocar ou, depois de manifestada a cau-
membros. sa, praticar ato que importe aceitação do argüido.

§ 1º As atribuições do Corregedor Geral serão fixadas Art. 21 Os Tribunais e juizes inferiores devem dar ime-
pelo Tribunal Superior Eleitoral. diato cumprimento às decisões, mandados, instruções
§ 2º No desempenho de suas atribuições o Corregedor e outros atos emanados do Tribunal Superior Eleitoral.

435
Art. 22. Compete ao Tribunal Superior: I - elaborar o seu regimento interno;
I - Processar e julgar originariamente: II - organizar a sua Secretaria e a Corregedoria Geral,
propondo ao Congresso Nacional a criação ou extinção
a) o registro e a cassação de registro de partidos polí-
dos cargos administrativos e a fixação dos respectivos
ticos, dos seus diretórios nacionais e de candidatos à
vencimentos, provendo-os na forma da lei;
Presidência e vice-presidência da República;
III - conceder aos seus membros licença e férias assim
b) os conflitos de jurisdição entre Tribunais Regionais e
como afastamento do exercício dos cargos efetivos;
juizes eleitorais de Estados diferentes;
IV - aprovar o afastamento do exercício dos cargos efe-
c) a suspeição ou impedimento aos seus membros, ao
tivos dos juizes dos Tribunais Regionais Eleitorais;
Procurador Geral e aos funcionários da sua Secretaria;
V - propor a criação de Tribunal Regional na sede de
d) os crimes eleitorais e os comuns que lhes forem
qualquer dos Territórios;
conexos cometidos pelos seus próprios juizes e pelos
juizes dos Tribunais Regionais; VI - propor ao Poder Legislativo o aumento do número
dos juizes de qualquer Tribunal Eleitoral, indicando a
e) o habeas corpus ou mandado de segurança, em ma-
forma desse aumento;
téria eleitoral, relativos a atos do Presidente da Repúbli-
ca, dos Ministros de Estado e dos Tribunais Regionais; VII - fixar as datas para as eleições de Presidente e
ou, ainda, o habeas corpus, quando houver perigo de Vice-Presidente da República, senadores e deputados
se consumar a violência antes que o juiz competente federais, quando não o tiverem sido por lei:
possa prover sobre a impetração; (Vide suspensão de VIII - aprovar a divisão dos Estados em zonas eleitorais
execução pela RSF nº 132, de 1984) ou a criação de novas zonas;
f) as reclamações relativas a obrigações impostas por IX - expedir as instruções que julgar convenientes à
lei aos partidos políticos, quanto à sua contabilidade e execução deste Código;
à apuração da origem dos seus recursos;
X - fixar a diária do Corregedor Geral, dos Corregedores
g) as impugnações á apuração do resultado geral, pro- Regionais e auxiliares em diligência fora da sede;
clamação dos eleitos e expedição de diploma na eleição
de Presidente e Vice-Presidente da República; XI - enviar ao Presidente da República a lista tríplice
organizada pelos Tribunais de Justiça nos termos do
h) os pedidos de desaforamento dos feitos não deci- ar. 25;
didos nos Tribunais Regionais dentro de trinta dias da
conclusão ao relator, formulados por partido, candidato, XII - responder, sobre matéria eleitoral, às consultas
Ministério Público ou parte legitimamente interessada. que lhe forem feitas em tese por autoridade com juris-
dição, federal ou órgão nacional de partido político;
i) as reclamações contra os seus próprios juizes que, no
prazo de trinta dias a contar da conclusão, não houve- XIII - autorizar a contagem dos votos pelas mesas re-
rem julgado os feitos a eles distribuídos. ceptoras nos Estados em que essa providência for soli-
citada pelo Tribunal Regional respectivo;
j) a ação rescisória, nos casos de inelegibilidade, desde
que intentada dentro de cento e vinte dias de decisão XIV - requisitar a força federal necessária ao cumpri-
irrecorrível, possibilitando-se o exercício do mandato mento da lei, de suas próprias decisões ou das deci-
eletivo até o seu trânsito em julgado. sões dos Tribunais Regionais que o solicitarem, e para
garantir a votação e a apuração;
II - julgar os recursos interpostos das decisões dos Tri-
bunais Regionais nos termos do Art. 276 inclusive os XV - organizar e divulgar a Súmula de sua jurisprudên-
que versarem matéria administrativa. cia;
Parágrafo único. As decisões do Tribunal Superior são XVI - requisitar funcionários da União e do Distrito Fe-
irrecorrível, salvo nos casos do Art. 281. deral quando o exigir o acúmulo ocasional do serviço
de sua Secretaria;
Art. 23 - Compete, ainda, privativamente, ao Tribunal XVII - publicar um boletim eleitoral;
Superior,
XVIII - tomar quaisquer outras providências que julgar

436
convenientes à execução da legislação eleitoral. Regional serão eleitos por este dentre os três desem-
bargadores do Tribunal de Justiça; o terceiro desembar-
Art. 24. Compete ao Procurador Geral, como Chefe do gador será o Corregedor Regional da Justiça Eleitoral.
Ministério Público Eleitoral; § 1º As atribuições do Corregedor Regional serão fixa-
I - assistir às sessões do Tribunal Superior e tomar par- das pelo Tribunal Superior Eleitoral e, em caráter suple-
te nas discussões; tivo ou complementar, pelo Tribunal Regional Eleitoral
perante o qual servir.
II - exercer a ação pública e promovê-la até final, em
todos os feitos de competência originária do Tribunal; § 2º No desempenho de suas atribuições o Corregedor
Regional se locomoverá para as zonas eleitorais nos
III - oficiar em todos os recursos encaminhados ao
seguintes casos:
Tribunal;
I - por determinação do Tribunal Superior Eleitoral ou
IV - manifestar-se, por escrito ou oralmente, em todos
do Tribunal Regional Eleitoral;
os assuntos submetidos à deliberação do Tribunal,
quando solicitada sua audiência por qualquer dos jui- II - a pedido dos juizes eleitorais;
zes, ou por iniciativa sua, se entender necessário; III - a requerimento de Partido, deferido pelo Tribunal
V - defender a jurisdição do Tribunal; Regional;
VI - representar ao Tribunal sobre a fiel observância das IV - sempre que entender necessário.
leis eleitorais, especialmente quanto à sua aplicação
uniforme em todo o País; Art. 27. Servirá como Procurador Regional junto a cada
Tribunal Regional Eleitoral o Procurador da República
VII - requisitar diligências, certidões e esclarecimentos
no respectivo Estado e, onde houver mais de um, aquele
necessários ao desempenho de suas atribuições;
que for designado pelo Procurador Geral da República.
VIII - expedir instruções aos órgãos do Ministério Pú-
§ 1º No Distrito Federal, serão as funções de Procura-
blico junto aos Tribunais Regionais;
dor Regional Eleitoral exercidas pelo Procurador Geral
IX - acompanhar, quando solicitado, o Corregedor Ge- da Justiça do Distrito Federal.
ral, pessoalmente ou por intermédio de Procurador que
§ 2º Substituirá o Procurador Regional, em suas faltas
designe, nas diligências a serem realizadas.
ou impedimentos, o seu substituto legal.
TÍTULO II § 3º Compete aos Procuradores Regionais exercer, pe-
DOS TRIBUNAIS REGIONAIS rante os Tribunais junto aos quais servirem, as atribui-
ções do Procurador Geral.

Art. 25. Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se- § 4º Mediante prévia autorização do Procurador Geral,
-ão: podendo os Procuradores Regionais requisitar, para
auxiliá-los nas suas funções, membros do Ministério
I - mediante eleição, pelo voto secreto: Público local, não tendo estes, porém, assento nas ses-
a) de dois juizes, dentre os desembargadores do Tribu- sões do Tribunal.
nal de Justiça;
Art. 28. Os Tribunais Regionais deliberam por maioria
b) de dois juizes de direito, escolhidos pelo Tribunal
de votos, em sessão pública, com a presença da maio-
de Justiça;
ria de seus membros.
II - do juiz federal e, havendo mais de um, do que for
§ 1º No caso de impedimento e não existindo quo-
escolhido pelo Tribunal Federal de Recursos; e
rum, será o membro do Tribunal substituído por outro
III - por nomeação do Presidente da República de dois da mesma categoria, designado na forma prevista na
dentre seis cidadãos de notável saber jurídico e idonei- Constituição.
dade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça.
§ 2º Perante o Tribunal Regional, e com recurso vo-
luntário para o Tribunal Superior qualquer interessado
Art. 26. O Presidente e o Vice-Presidente do Tribunal poderá argüir a suspeição dos seus membros, do Pro-

437
curador Regional, ou de funcionários da sua Secretaria, a) dos atos e das decisões proferidas pelos juizes e
assim como dos juizes e escrivães eleitorais, nos casos juntas eleitorais.
previstos na lei processual civil e por motivo de par- b) das decisões dos juizes eleitorais que concederem
cialidade partidária, mediante o processo previsto em ou denegarem habeas corpus ou mandado de seguran-
regimento. ça.
§ 3º No caso previsto no parágrafo anterior será obser- Parágrafo único. As decisões dos Tribunais Regionais
vado o disposto no parágrafo único do art. 20. são irrecorríveis, salvo nos casos do Art. 276.
§ 4º As decisões dos Tribunais Regionais sobre quais-
quer ações que importem cassação de registro, anula- Art. 30. Compete, ainda, privativamente, aos Tribunais
ção geral de eleições ou perda de diplomas somente Regionais:
poderão ser tomadas com a presença de todos os seus
I - elaborar o seu regimento interno;
membros.
II - organizar a sua Secretaria e a Corregedoria Regional
§ 5º No caso do § 4º, se ocorrer impedimento de algum
provendo-lhes os cargos na forma da lei, e propor ao
juiz, será convocado o suplente da mesma classe.
Congresso Nacional, por intermédio do Tribunal Supe-
rior a criação ou supressão de cargos e a fixação dos
Art. 29. Compete aos Tribunais Regionais: respectivos vencimentos;
I - processar e julgar originariamente: III - conceder aos seus membros e aos juizes eleitorais
a) o registro e o cancelamento do registro dos diretó- licença e férias, assim como afastamento do exercício
rios estaduais e municipais de partidos políticos, bem dos cargos efetivos submetendo, quanto aqueles, a de-
como de candidatos a Governador, Vice-Governadores, cisão à aprovação do Tribunal Superior Eleitoral;
e membro do Congresso Nacional e das Assembléias IV - fixar a data das eleições de Governador e Vice-Go-
Legislativas; vernador, deputados estaduais, prefeitos, vice-prefeitos,
b) os conflitos de jurisdição entre juizes eleitorais do vereadores e juizes de paz, quando não determinada por
respectivo Estado; disposição constitucional ou legal;
c) a suspeição ou impedimentos aos seus membros ao V - constituir as juntas eleitorais e designar a respectiva
Procurador Regional e aos funcionários da sua Secreta- sede e jurisdição;
ria assim como aos juizes e escrivães eleitorais; VI - indicar ao tribunal Superior as zonas eleitorais ou
d) os crimes eleitorais cometidos pelos juizes eleitorais; seções em que a contagem dos votos deva ser feita pela
mesa receptora;
e) o habeas corpus ou mandado de segurança, em ma-
téria eleitoral, contra ato de autoridades que respondam VII - apurar com os resultados parciais enviados pelas
perante os Tribunais de Justiça por crime de responsa- juntas eleitorais, os resultados finais das eleições de
bilidade e, em grau de recurso, os denegados ou conce- Governador e Vice-Governador de membros do Con-
didos pelos juizes eleitorais; ou, ainda, o habeas corpus gresso Nacional e expedir os respectivos diplomas,
quando houver perigo de se consumar a violência antes remetendo dentro do prazo de 10 (dez) dias após a di-
que o juiz competente possa prover sobre a impetração; plomação, ao Tribunal Superior, cópia das atas de seus
trabalhos;
f) as reclamações relativas a obrigações impostas por
lei aos partidos políticos, quanto a sua contabilidade e VIII - responder, sobre matéria eleitoral, às consultas
à apuração da origem dos seus recursos; que lhe forem feitas, em tese, por autoridade pública
ou partido político;
g) os pedidos de desaforamento dos feitos não decidi-
dos pelos juizes eleitorais em trinta dias da sua conclu- IX - dividir a respectiva circunscrição em zonas eleito-
são para julgamento, formulados por partido candidato rais, submetendo essa divisão, assim como a criação
Ministério Público ou parte legitimamente interessada de novas zonas, à aprovação do Tribunal Superior;
sem prejuízo das sanções decorrentes do excesso de X - aprovar a designação do Ofício de Justiça que deva
prazo. responder pela escrivania eleitoral durante o biênio;
II - julgar os recursos interpostos:

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XI - (Revogado pela Lei nº 8.868, de 1994) cará a respectiva circunscrição eleitoral sob a jurisdição
do Tribunal Regional que o Tribunal Superior designar.
XII - requisitar a força necessária ao cumprimento de
suas decisões solicitar ao Tribunal Superior a requisi-
ção de força federal; TÍTULO III
XIII - autorizar, no Distrito Federal e nas capitais dos
DOS JUIZES ELEITORAIS
Estados, ao seu presidente e, no interior, aos juizes elei-
torais, a requisição de funcionários federais, estaduais Art. 32. Cabe a jurisdição de cada uma das zonas elei-
ou municipais para auxiliarem os escrivães eleitorais, torais a um juiz de direito em efetivo exercício e, na falta
quando o exigir o acúmulo ocasional do serviço; deste, ao seu substituto legal que goze das prerrogati-
vas do Art. 95 da Constituição.
XIV - requisitar funcionários da União e, ainda, no Dis-
trito Federal e em cada Estado ou Território, funcioná- Parágrafo único. Onde houver mais de uma vara o
rios dos respectivos quadros administrativos, no caso Tribunal Regional designara aquela ou aquelas, a que
de acúmulo ocasional de serviço de suas Secretarias; incumbe o serviço eleitoral.
XV - aplicar as penas disciplinares de advertência e de
suspensão até 30 (trinta) dias aos juizes eleitorais; Art. 33. Nas zonas eleitorais onde houver mais de uma
serventia de justiça, o juiz indicará ao Tribunal Regional
XVI - cumprir e fazer cumprir as decisões e instruções a que deve ter o anexo da escrivania eleitoral pelo prazo
do Tribunal Superior; de dois anos.
XVII - determinar, em caso de urgência, providências § 1º Não poderá servir como escrivão eleitoral, sob
para a execução da lei na respectiva circunscrição; pena de demissão, o membro de diretório de partido
XVIII - organizar o fichário dos eleitores do Estado. político, nem o candidato a cargo eletivo, seu cônjuge
e parente consangüíneo ou afim até o segundo grau.
XIX - suprimir os mapas parciais de apuração mandan-
do utilizar apenas os boletins e os mapas totalizadores, § 2º O escrivão eleitoral, em suas faltas e impedimen-
desde que o menor número de candidatos às eleições tos, será substituído na forma prevista pela lei de orga-
proporcionais justifique a supressão, observadas as nização judiciária local.
seguintes normas:
Art. 34. Os juizes despacharão todos os dias na sede da
a) qualquer candidato ou partido poderá requerer ao sua zona eleitoral.
Tribunal Regional que suprima a exigência dos mapas
parciais de apuração;
Art. 35. Compete aos juizes:
b) da decisão do Tribunal Regional qualquer candidato
I - cumprir e fazer cumprir as decisões e determinações
ou partido poderá, no prazo de três dias, recorrer para o
do Tribunal Superior e do Regional;
Tribunal Superior, que decidirá em cinco dias;
II - processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns
c) a supressão dos mapas parciais de apuração só será
que lhe forem conexos, ressalvada a competência ori-
admitida até seis meses antes da data da eleição;
ginária do Tribunal Superior e dos Tribunais Regionais;
d) os boletins e mapas de apuração serão impressos
III - decidir habeas corpus e mandado de segurança,
pelos Tribunais Regionais, depois de aprovados pelo
em matéria eleitoral, desde que essa competência não
Tribunal Superior;
esteja atribuída privativamente a instância superior.
e) o Tribunal Regional ouvira os partidos na elaboração
IV - fazer as diligências que julgar necessárias a ordem
dos modelos dos boletins e mapas de apuração a fim
e presteza do serviço eleitoral;
de que estes atendam às peculiaridade locais, encami-
nhando os modelos que aprovar, acompanhados das V - tomar conhecimento das reclamações que lhe forem
sugestões ou impugnações formuladas pelos partidos, feitas verbalmente ou por escrito, reduzindo-as a termo,
à decisão do Tribunal Superior. e determinando as providências que cada caso exigir;
VI - indicar, para aprovação do Tribunal Regional, a
Art. 31. Faltando num Território o Tribunal Regional, fi- serventia de justiça que deve ter o anexo da escrivania

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eleitoral; do Tribunal Regional, pelo presidente deste, a quem
VII - (Revogado pela Lei nº 8.868, de 1994) cumpre também designar-lhes a sede.

VIII - dirigir os processos eleitorais e determinar a ins- § 2º Até 10 (dez) dias antes da nomeação os nomes
crição e a exclusão de eleitores; das pessoas indicadas para compor as juntas serão pu-
blicados no órgão oficial do Estado, podendo qualquer
IX- expedir títulos eleitorais e conceder transferência de partido, no prazo de 3 (três) dias, em petição fundamen-
eleitor; tada, impugnar as indicações.
X - dividir a zona em seções eleitorais; § 3º Não podem ser nomeados membros das Juntas,
XI mandar organizar, em ordem alfabética, relação dos escrutinadores ou auxiliares:
eleitores de cada seção, para remessa a mesa recepto- I - os candidatos e seus parentes, ainda que por afi-
ra, juntamente com a pasta das folhas individuais de nidade, até o segundo grau, inclusive, e bem assim o
votação; cônjuge;
XII - ordenar o registro e cassação do registro dos can- II - os membros de diretorias de partidos políticos
didatos aos cargos eletivos municiais e comunicá-los devidamente registrados e cujos nomes tenham sido
ao Tribunal Regional; oficialmente publicados;
XIII - designar, até 60 (sessenta) dias antes das eleições III - as autoridades e agentes policiais, bem como os
os locais das seções; funcionários no desempenho de cargos de confiança
XIV - nomear, 60 (sessenta) dias antes da eleição, em do Executivo;
audiência pública anunciada com pelo menos 5 (cinco) IV - os que pertencerem ao serviço eleitoral.
dias de antecedência, os membros das mesas recep-
toras; Art. 37. Poderão ser organizadas tantas Juntas quantas
XV - instruir os membros das mesas receptoras sobre permitir o número de juizes de direito que gozem das
as suas funções; garantias do Art. 95 da Constituição, mesmo que não
sejam juizes eleitorais.
XVI - providenciar para a solução das ocorrências que
se verificarem nas mesas receptoras; Parágrafo único. Nas zonas em que houver de ser or-
ganizada mais de uma Junta, ou quando estiver vago
XVII - tomar todas as providências ao seu alcance para o cargo de juiz eleitoral ou estiver este impedido, o
evitar os atos viciosos das eleições; presidente do Tribunal Regional, com a aprovação des-
XVIII -fornecer aos que não votaram por motivo justi- te, designará juizes de direito da mesma ou de outras
ficado e aos não alistados, por dispensados do alista- comarcas, para presidirem as juntas eleitorais.
mento, um certificado que os isente das sanções legais;
XIX - comunicar, até às 12 horas do dia seguinte a reali- Art. 38. Ao presidente da Junta é facultado nomear,
zação da eleição, ao Tribunal Regional e aos delegados dentre cidadãos de notória idoneidade, escrutinadores
de partidos credenciados, o número de eleitores que e auxiliares em número capaz de atender a boa marcha
votarem em cada uma das seções da zona sob sua ju- dos trabalhos.
risdição, bem como o total de votantes da zona. § 1º É obrigatória essa nomeação sempre que houver
mais de dez urnas a apurar.
TÍTULO IV § 2º Na hipótese do desdobramento da Junta em Tur-
DAS JUNTAS ELEITORAIS mas, o respectivo presidente nomeará um escrutinador
para servir como secretário em cada turma.
Art. 36. Compor-se-ão as juntas eleitorais de um juiz § 3º Além dos secretários a que se refere o parágrafo
de direito, que será o presidente, e de 2 (dois) ou 4 anterior, será designado pelo presidente da Junta um
(quatro) cidadãos de notória idoneidade. escrutinador para secretário-geral competindo-lhe;
§ 1º Os membros das juntas eleitorais serão nomeados I - lavrar as atas;
60 (sessenta) dia antes da eleição, depois de aprovação
II - tomar por termo ou protocolar os recursos, neles

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funcionando como escrivão; Art. 44. O requerimento, acompanhado de 3 (três) retra-
tos, será instruído com um dos seguintes documentos,
III - totalizar os votos apurados.
que não poderão ser supridos mediante justificação:
Art. 39. Até 30 (trinta) dias antes da eleição o presi- I - carteira de identidade expedida pelo órgão compe-
dente da Junta comunicará ao Presidente do Tribunal tente do Distrito Federal ou dos Estados;
Regional as nomeações que houver feito e divulgará a II - certificado de quitação do serviço militar;
composição do órgão por edital publicado ou afixado,
podendo qualquer partido oferecer impugnação motiva- III - certidão de idade extraída do Registro Civil;
da no prazo de 3 (três) dias. IV - instrumento público do qual se infirá, por direito
ter o requerente idade superior a dezoito anos e do qual
Art. 40. Compete à Junta Eleitoral; conste, também, os demais elementos necessários à
I - apurar, no prazo de 10 (dez) dias, as eleições realiza- sua qualificação;
das nas zonas eleitorais sob a sua jurisdição. V - documento do qual se infira a nacionalidade brasi-
II - resolver as impugnações e demais incidentes verifi- leira, originária ou adquirida, do requerente.
cados durante os trabalhos da contagem e da apuração; Parágrafo único. Será devolvido o requerimento que
III - expedir os boletins de apuração mencionados no não contenta os dados constantes do modelo oficial, na
Art. 178; mesma ordem, e em caracteres inequívocos.

IV - expedir diploma aos eleitos para cargos munici- Art. 45. O escrivão, o funcionário ou o preparador rece-
pais. bendo a fórmula e documentos determinará que o alis-
Parágrafo único. Nos municípios onde houver mais de tando date e assine a petição e em ato contínuo atestará
uma junta eleitoral a expedição dos diplomas será feita terem sido a data e a assinatura lançados na sua pre-
pelo que for presidida pelo juiz eleitoral mais antigo, sença; em seguida, tomará a assinatura do requerente
à qual as demais enviarão os documentos da eleição. na folha individual de votação” e nas duas vias do título
eleitoral, dando recibo da petição e do documento.
Art. 41. Nas zonas eleitorais em que for autorizada a § 1º O requerimento será submetido ao despacho do
contagem prévia dos votos pelas mesas receptoras, juiz nas 48 (quarenta e oito), horas seguintes.
compete à Junta Eleitoral tomar as providências men-
cionadas no Art. 195. § 2º Poderá o juiz se tiver dúvida quanto a identidade
do requerente ou sobre qualquer outro requisito para o
alistamento, converter o julgamento em diligência para
PARTE TERCEIRA que o alistando esclareça ou complete a prova ou, se for
DO ALISTAMENTO necessário, compareça pessoalmente à sua presença.
§ 3º Se se tratar de qualquer omissão ou irregularida-
TÍTULO I de que possa ser sanada, fixará o juiz para isso prazo
DA QUALIFICAÇÃO E INSCRIÇÃO razoável.
§ 4º Deferido o pedido, no prazo de cinco dias, o título
Art. 42. O alistamento se faz mediante a qualificação e e o documento que instruiu o pedido serão entregues
inscrição do eleitor. pelo juiz, escrivão, funcionário ou preparador. A entrega
Parágrafo único. Para o efeito da inscrição, é domicílio far-se-á ao próprio eleitor, mediante recibo, ou a quem
eleitoral o lugar de residência ou moradia do requeren- o eleitor autorizar por escrito o recebimento, cance-
te, e, verificado ter o alistando mais de uma, conside- lando-se o título cuja assinatura não for idêntica à do
rar-se-á domicílio qualquer delas. requerimento de inscrição e à do recibo.
O recibo será obrigatoriamente anexado ao processo
Art. 43. O alistando apresentará em cartório ou local eleitoral, incorrendo o juiz que não o fizer na multa de
previamente designado, requerimento em fórmula que um a cinco salários-mínimos regionais na qual incor-
obedecerá ao modelo aprovado pelo Tribunal Superior. rerão ainda o escrivão, funcionário ou preparador, se

441
responsáveis bem como qualquer deles, se entregarem transporte.
ao eleitor o título cuja assinatura não for idêntica à do § 2º As folhas individuais de votação serão conserva-
requerimento de inscrição e do recibo ou o fizerem a das em pastas, uma para cada seção eleitoral; às mesas
pessoa não autorizada por escrito. receptoras serão por estas encaminhadas com a urna e
§ 5º A restituição de qualquer documento não poderá os demais documentos da eleição às juntas eleitorais,
ser feita antes de despachado o pedido de alistamento que as devolverão, findos os trabalhos da apuração, ao
pelo juiz eleitoral. respectivo cartório, onde ficarão guardadas.
§ 6º Quinzenalmente o juiz eleitoral fará publicar pela § 3º O eleitor ficará vinculado permanentemente à seção
imprensa, onde houver ou por editais, a lista dos pe- eleitoral indicada no seu título, salvo:
didos de inscrição, mencionando os deferidos, os in- I - se se transferir de zona ou Município hipótese em
deferidos e os convertidos em diligência, contando-se que deverá requerer transferência.
dessa publicação o prazo para os recursos a que se
refere o parágrafo seguinte. II - se, até 100 (cem) dias antes da eleição, provar, pe-
rante o Juiz Eleitoral, que mudou de residência dentro
§ 7º Do despacho que indeferir o requerimento de do mesmo Município, de um distrito para outro ou para
inscrição caberá recurso interposto pelo alistando, e lugar muito distante da seção em que se acha inscrito,
do que o deferir poderá recorrer qualquer delegado de caso em que serão feitas na folha de votação e no título
partido. eleitoral, para esse fim exibido as alterações corres-
§ 8º Os recursos referidos no parágrafo anterior serão pondentes, devidamente autenticadas pela autoridade
julgados pelo Tribunal Regional Eleitoral dentro de 5 judiciária.
(cinco) dias. § 4º O eleitor poderá, a qualquer tempo requerer ao juiz
§ 9º Findo esse prazo, sem que o alistando se manifes- eleitoral a retificação de seu título eleitoral ou de sua
te, ou logo que seja desprovido o recurso em instância folha individual de votação, quando neles constar erro
superior, o juiz inutilizará a folha individual de votação evidente, ou indicação de seção diferente daquela a que
assinada pelo requerente, a qual ficará fazendo parte in- devesse corresponder a residência indicada no pedido
tegrante do processo e não poderá, em qualquer tempo, de inscrição ou transferência.
se substituída, nem dele retirada, sob pena de incorrer o § 5º O título eleitoral servirá de prova de que o eleitor
responsável nas sanções previstas no Art. 293. está inscrito na seção em que deve votar. E, uma vez
§ 10. No caso de indeferimento do pedido, o Cartório datado e assinado pelo presidente da mesa receptora,
devolverá ao requerente, mediante recibo, as fotografias servirá também de prova de haver o eleitor votado.
e o documento com que houver instruído o seu reque-
rimento. Art. 47. As certidões de nascimento ou casamento,
§ 11. O título eleitoral e a fôlha individual de votação quando destinadas ao alistamento eleitoral, serão for-
sòmente serão assinados pelo juiz eleitoral depois de necidas gratuitamente, segundo a ordem dos pedidos
preenchidos pelo cartório e de deferido o pedido, sob apresentados em cartório pelos alistandos ou delega-
as penas do artigo 293. dos de partido.

§ 12. É obrigatória a remessa ao Tribunal Regional da §1º Os cartórios de Registro Civil farão, ainda, gratui-
ficha do eleitor, após a expedição do seu título. tamente, o registro de nascimento visando ao forneci-
mento de certidão aos alistandos, desde que provem
carência de recursos, ou aos Delegados de Partido,
Art. 46. As folhas individuais de votação e os títulos se-
para fins eleitorais.
rão confeccionados de acordo com o modelo aprovado
pelo Tribunal, Superior Eleitoral. § 2º Em cada Cartório de Registro Civil haverá um livro
especial aberto e rubricado pelo Juiz Eleitoral, onde o
§ 1º Da folha individual de votação e do título eleitoral
cidadão ou o delegado de partido deixará expresso o
constará a indicação da seção em que o eleitor tiver
pedido de certidão para fins eleitorais, datando-o.
sido inscrito a qual será localizada dentro do distrito
judiciário ou administrativo de sua residência e o mais § 3º O escrivão, dentro de quinze dias da data do pedi-
próximo dela, considerados a distância e os meios de do, concederá a certidão, ou justificará, perante o Juiz

442
Eleitoral por que deixa de fazê-lo. via.
§ 4º A infração ao disposto neste artigo sujeitará o es- § 1º O pedido de segunda via será apresentado em
crivão às penas do Art. 293. cartório, pessoalmente, pelo eleitor, instruído o reque-
rimento, no caso de inutilização ou dilaceração, com a
Art. 48. O empregado mediante comunicação com 48 primeira via do título.
(quarenta e oito) horas de antecedência, poderá deixar § 2º No caso de perda ou extravio do título, o juiz, após
de comparecer ao serviço, sem prejuízo do salário e por receber o requerimento de segunda via, fará publicar,
tempo não excedente a 2 (dois) dias, para o fim de se pelo prazo de 5 (cinco) dias, pela imprensa, onde hou-
alistar eleitor ou requerer transferência. ver, ou por editais, a notícia do extravio ou perda e do
requerimento de segunda via, deferindo o pedido, findo
Art. 49. Os cegos alfabetizados pelo sistema “Braille”, este prazo, se não houver impugnação.
que reunirem as demais condições de alistamento, po-
dem qualificar-se mediante o preenchimento da fórmula Art. 53. Se o eleitor estiver fora do seu domicílio elei-
impressa e a aposição do nome com as letras do refe- toral poderá requerer a segunda via ao juiz da zona em
rido alfabeto. que se encontrar, esclarecendo se vai recebê-la na sua
§ 1º De forma idêntica serão assinadas a folha individu- zona ou na em que requereu.
al de votação e as vias do título. § 1º O requerimento, acompanhado de um novo título
§ 2º Esses atos serão feitos na presença também de fun- assinado pelo eleitor na presença do escrivão ou de
cionários de estabelecimento especializado de amparo funcionário designado e de uma fotografia, será enca-
e proteção de cegos, conhecedor do sistema «Braille», minhado ao juiz da zona do eleitor.
que subscreverá, com o Escrivão ou funcionário desig- § 2º Antes de processar o pedido, na forma prevista
nado, o seguinte declaração a ser lançada no modelo no artigo anterior, o juiz determinará que se confira a
de requerimento; «Atestamos que a presente fórmula assinatura constante do novo título com a da folha in-
bem como a folha individual de votação e vias do título dividual de votação ou do requerimento de inscrição.
foram subscritas pelo próprio, em nossa presença».
§ 3º Deferido o pedido, o título será enviado ao juiz
Art. 50. O juiz eleitoral providenciará para que se pro- da Zona que remeteu o requerimento, caso o eleitor
ceda ao alistamento nas próprias sedes dos estabeleci- haja solicitado essa providência, ou ficará em cartório
mentos de proteção aos cegos, marcando previamente, aguardando que o interessado o procure.
dia e hora para tal fim, podendo se inscrever na zona § 4º O pedido de segunda-via formulado nos termos
eleitoral correspondente todos os cegos do município. deste artigo só poderá ser recebido até 60 (sessenta)
§ 1º Os eleitores inscritos em tais condições deverão dias antes do pleito.
ser localizados em uma mesma seção da respectiva
zona. Art. 54. O requerimento de segunda-via, em qualquer
das hipóteses, deverá ser assinado sobre selos fede-
§ 2º Se no alistamento realizado pela forma prevista nos rais, correspondentes a 2% (dois por cento) do salário-
artigos anteriores, o número de eleitores não alcançar o -mínimo da zona eleitoral de inscrição.
mínimo exigido, este se completará com a inclusão de
outros ainda que não sejam cegos. Parágrafo único. Somente será expedida segunda-via
a eleitor que estiver quite com a Justiça Eleitoral, exi-
Art. 51. (Revogado pela Lei nº 7.914, de 1989) gindo-se, para o que foi multado e ainda não liquidou
a dívida, o prévio pagamento, através de sêlo federal
inutilizado nos autos.
CAPÍTULO I
DA SEGUNDA VIA
CAPÍTULO II
DA TRANSFERÊNCIA
Art. 52. No caso de perda ou extravio de seu título, re-
quererá o eleitor ao juiz do seu domicílio eleitoral, até
10 (dez) dias antes da eleição, que lhe expeça segunda Art. 55. Em caso de mudança de domicílio, cabe ao elei-

443
tor requerer ao juiz do novo domicílio sua transferência, rágrafo anterior.
juntando o título anterior. § 4º Só será expedido o nôvo título decorridos os pra-
§ 1º A transferência só será admitida satisfeitas as se- zos previstos neste artigo e respectivos parágrafos.
guintes exigências:
I - entrada do requerimento no cartório eleitoral do novo Art. 58. Expedido o nôvo título o juiz comunicará a
domicílio até 100 (cem) dias antes da data da eleição. transferência ao Tribunal Regional competente, no pra-
zo de 10 (dez) dias, enviando-lhe o título eleitoral, se
II - transcorrência de pelo menos 1 (um) ano da inscri- houver, ou documento a que se refere o § 1º do artigo
ção primitiva; 56.
III - residência mínima de 3 (três) meses no novo domi- § 1º Na mesma data comunicará ao juiz da zona de ori-
cílio, atestada pela autoridade policial ou provada por gem a concessão da transferência e requisitará a «fôlha
outros meios convincentes. individual de votação».
§ 2º O disposto nos nºs II e III, do parágrafo anterior, § 2º Na nova folha individual de votação ficará consig-
não se aplica quando se tratar de transferência de título nado, na coluna destinada a «anotações», que a inscri-
eleitoral de servidor público civil, militar, autárquico, ou ção foi obtida por transferência, e, de acôrdo com os
de membro de sua família, por motivo de remoção ou elementos constantes do título primitivo, qual o ultimo
transferência. pleito em que o eleitor transferido votou. Essa anotação
constará também, de seu título.
Art. 56. No caso de perda ou extravio do título anterior
§ 3º O processo de transferência só será arquivado após
declarado esse fato na petição de transferência, o juiz
o recebimento da fôlha individual de votação da Zona
do novo domicílio, como ato preliminar, requisitará, por
de origem, que dêle ficará constando, devidamente inu-
telegrama, a confirmação do alegado à Zona Eleitoral
tilizada, mediante aposição de carimbo a tinta vermelha.
onde o requerente se achava inscrito.
§ 4º No caso de transferência de município ou distrito
§ 1º O Juiz do antigo domicílio, no prazo de 5 (cinco)
dentro da mesma zona, deferido o pedido, o juiz deter-
dias, responderá por ofício ou telegrama, esclarecendo
minará a transposição da fôlha individual de votação
se o interessado é realmente eleitor, se a inscrição está
para a pasta correspondente ao novo domicílio, a ano-
em vigor, e, ainda, qual o número e a data da inscrição
tação de mudança no título eleitoral e comunicará ao
respectiva.
Tribunal Regional para a necessária averbação na ficha
§ 2º A informação mencionada no parágrafo anterior, do eleitor.
suprirá a falta do título extraviado, ou perdido, para o
efeito da transferência, devendo fazer parte integrante Art. 59. Na Zona de origem, recebida do juiz do nôvo
do processo. domicílio a comunicação de transferência, o juiz tomará
as seguintes providencias:
Art. 57. O requerimento de transferência de domicílio
I - determinará o cancelamento da inscrição do transfe-
eleitoral será imediatamente publicado na imprensa ofi-
rido e a remessa dentro de três dias, da fôlha individual
cial na Capital, e em cartório nas demais localidades,
de votação ao juiz requisitante;
podendo os interessados impugná-lo no prazo de dez
dias. II - ordenará a retirada do fichário da segunda parte do
título;
§ 1º Certificado o cumprimento do disposto neste artigo
o pedido deverá ser desde logo decidido, devendo o III - comunicará o cancelamento ao Tribunal Regional a
despacho do juiz ser publicado pela mesma forma. que estiver subordinado, que fará a devida anotação na
ficha de seus arquivos;
§ 2º Poderá recorrer para o Tribunal Regional Eleitoral,
no prazo de 3 (três) dias, o eleitor que pediu a transfe- IV - se o eleitor havia assinado ficha de registro de par-
rência, sendo-lhe a mesma negada, ou qualquer dele- tido, comunicará ao juiz do novo domicílio e, ainda, ao
gado de partido, quando o pedido for deferido. Tribunal Regional, se a transferência foi concedida para
outro Estado.
§ 3º Dentro de 5 (cinco) dias, o Tribunal Regional Elei-
toral decidirá do recurso interposto nos têrmos do pa-

444
Art. 60. O eleitor transferido não poderá votar no nôvo fotocópias.
domicílio eleitoral em eleição suplementar à que tiver § 1º Perante o juízo eleitoral, cada partido poderá nome-
sido realizada antes de sua transferência. ar 3 (três) delegados.
Art. 61. Somente será concedida transferência ao eleitor § 2º Perante os preparadores, cada partido poderá no-
que estiver quite com a Justiça Eleitoral. mear até 2 (dois) delegados, que assistam e fiscalizem
os seus atos.
§ 1º Se o requerente não instruir o pedido de transfe-
rência com o título anterior, o juiz do nôvo domicílio, ao § 3º Os delegados a que se refere êste artigo serão re-
solicitar informação ao da zona de origem, indagará se gistrados perante os juizes eleitorais, a requerimento do
o eleitor está quite com a Justiça Eleitoral, ou não o es- presidente do Diretório Municipal.
tando, qual a importância da multa imposta e não paga. § 4º O delegado credenciado junto ao Tribunal Regional
§ 2º Instruído o pedido com o título, e verificado que Eleitoral poderá representar o partido junto a qualquer
o eleitor não votou em eleição anterior, o juiz do nôvo juízo ou preparador do Estado, assim como o delegado
domicílio solicitará informações sôbre o valor da mul- credenciado perante o Tribunal Superior Eleitoral po-
ta arbitrada na zona de origem, salvo se o eleitor não derá representar o partido perante qualquer Tribunal
quiser aguardar a resposta, hipótese em que pagará o Regional, juízo ou preparador.
máximo previsto.
§ 3º O pagamento da multa, em qualquer das hipóteses CAPÍTULO V
dos parágrafos anteriores, será comunicado ao juízo de DO ENCERRAMENTO DO ALISTAMENTO
origem para as necessárias anotações.
Art. 67. Nenhum requerimento de inscrição eleitoral ou
CAPÍTULO III de transferência será recebido dentro dos 100 (cem)
DOS PREPARADORES dias anteriores à data da eleição.

Art. 68. Em audiência pública, que se realizará às 14


Art. 62. (Revogado pela Lei nº 8.868, de 1994) (quatorze) horas do 69 (sexagésimo nono) dia anterior
à eleição, o juiz eleitoral declarará encerrada a inscrição
Art. 63. (Revogado pela Lei nº 8.868, de 1994) de eleitores na respectiva zona e proclamará o número
dos inscritos até as 18 (dezoito) horas do dia anterior, o
Art. 64. (Revogado pela Lei nº 8.868, de 1994) que comunicará incontinente ao Tribunal Regional Elei-
toral, por telegrama, e fará público em edital, imedia-
Art. 65. (Revogado pela Lei nº 8.868, de 1994) tamente afixado no lugar próprio do juízo e divulgado
pela imprensa, onde houver, declarando nele o nome
CAPÍTULO IV do último eleitor inscrito e o número do respectivo tí-
DOS DELEGADOS DE PARTIDO tulo, fornecendo aos diretórios municipais dos partidos
PERANTE O ALISTAMENTO cópia autêntica desse edital.
§ 1º Na mesma data será encerrada a transferência de
Art. 66. É licito aos partidos políticos, por seus dele- eleitores, devendo constar do telegrama do juiz eleitoral
gados: ao Tribunal Regional Eleitoral, do edital e da cópia dêste
fornecida aos diretórios municipais dos partidos e da
I - acompanhar os processos de inscrição; publicação da imprensa, os nomes dos 10 (dez) últi-
II - promover a exclusão de qualquer eleitor inscrito mos eleitores, cujos processos de transferência estejam
ilegalmente e assumir a defesa do eleitor cuja exclusão definitivamente ultimados e o número dos respectivos
esteja sendo promovida; títulos eleitorais.
III - examinar, sem perturbação do serviço e em presen- § 2º O despacho de pedido de inscrição, transferência,
ça dos servidores designados, os documentos relativos ou segunda via, proferido após esgotado o prazo legal,
ao alistamento eleitoral, podendo dêles tirar cópias ou sujeita o juiz eleitoral às penas do Art. 291.

445
Art. 69. Os títulos eleitorais resultantes dos pedidos de eleitor votar validamente.
inscrição ou de transferência serão entregues até 30 Parágrafo único. Tratando-se de inscrições contra as
(trinta) dias antes da eleição. quais hajam sido interpostos recursos das decisões
Parágrafo único. A segunda via poderá ser entregue ao que as deferiram, desde que tais recursos venham a ser
eleitor até a véspera do pleito. providos pelo Tribunal Regional ou Tribunal Superior,
serão nulos os votos se o seu número fôr suficiente
Art. 70. O alistamento reabrir-se-á em cada zona, logo para alterar qualquer representação partidária ou clas-
que estejam concluídos os trabalhos da sua junta elei- sificação de candidato eleito pelo princípio maioritário.
toral.
Art. 73. No caso de exclusão, a defesa pode ser feita
TÍTULO II pelo interessado, por outro eleitor ou por delegado de
DO CANCELAMENTO E DA EXCLUSÃO partido.

Art. 74. A exclusão será mandada processar “ex officio”


Art. 71. São causas de cancelamento: pelo juiz eleitoral, sempre que tiver conhecimento de
I - a infração dos artigos. 5º e 42; alguma das causas do cancelamento.
II - a suspensão ou perda dos direitos políticos;
Art. 75. O Tribunal Regional, tomando conhecimento
III - a pluralidade de inscrição; através de seu fichário, da inscrição do mesmo eleitor
IV - o falecimento do eleitor; em mais de uma zona sob sua jurisdição, comunicará
o fato ao juiz competente para o cancelamento, que de
V - deixar de votar em 3 (três) eleições consecutivas. preferência deverá recair:
§ 1º A ocorrência de qualquer das causas enumeradas I - na inscrição que não corresponda ao domicílio elei-
neste artigo acarretará a exclusão do eleitor, que poderá toral;
ser promovida ex officio, a requerimento de delegado
de partido ou de qualquer eleitor. II - naquela cujo título não haja sido entregue ao eleitor;

§ 2º No caso de ser algum cidadão maior de 18 (de- III - naquela cujo título não haja sido utilizado para o
zoito) anos privado temporária ou definitivamente dos exercício do voto na última eleição;
direitos políticos, a autoridade que impuser essa pena IV - na mais antiga.
providenciará para que o fato seja comunicado ao juiz
eleitoral ou ao Tribunal Regional da circunscrição em Art. 76. Qualquer irregularidade determinante de ex-
que residir o réu. clusão será comunicada por escrito e por iniciativa de
§ 3º Os oficiais de Registro Civil, sob as penas do Art. qualquer interessado ao juiz eleitoral, que observará o
293, enviarão, até o dia 15 (quinze) de cada mês, ao processo estabelecido no artigo seguinte.
juiz eleitoral da zona em que oficiarem, comunicação
dos óbitos de cidadãos alistáveis, ocorridos no mês Art. 77. O juiz eleitoral processará a exclusão pela forma
anterior, para cancelamento das inscrições. seguinte:
§ 4º Quando houver denúncia fundamentada de fraude I - mandará autuar a petição ou representação com os
no alistamento de uma zona ou município, o Tribunal documentos que a instruírem:
Regional poderá determinar a realização de correição e, II - fará publicar edital com prazo de 10 (dez) dias para
provada a fraude em proporção comprometedora, orde- ciência dos interessados, que poderão contestar dentro
nará a revisão do eleitorado obedecidas as Instruções de 5 (cinco) dias;
do Tribunal Superior e as recomendações que, subsi-
diariamente, baixar, com o cancelamento de ofício das III - concederá dilação probatória de 5 (cinco) a 10 (dez)
inscrições correspondentes aos títulos que não forem dias, se requerida;
apresentados à revisão. IV - decidirá no prazo de 5 (cinco) dias.

Art. 72. Durante o processo e até a exclusão pode o Art. 78. Determinado, por sentença, o cancelamento, o

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cartório tomará as seguintes providências: governadores, vice-governadores e deputados estadu-
ais far-se-á, simultâneamente, em todo o País.
I - retirará, da respectiva pasta, a fôlha de votação,
registrará a ocorrência no local próprio para “Anota-
ções”e juntá-la-á ao processo de cancelamento; Art. 86. Nas eleições presidenciais, a circunscrição se-
rão País; nas eleições federais e estaduais, o Estado; e
II - registrará a ocorrência na coluna de “observações” nas municipais, o respectivo município.
do livro de inscrição;
III - excluirá dos fichários as respectivas fichas, cole- CAPÍTULO I
cionando-as à parte; DO REGISTRO DOS CANDIDATOS
IV - anotará, de forma sistemática, os claros abertos na
pasta de votação para o oportuno preenchimento dos Art. 87. Somente podem concorrer às eleições candida-
mesmos; tos registrados por partidos.
V - comunicará o cancelamento ao Tribunal Regional Parágrafo único. Nenhum registro será admitido fora do
para anotação no seu fichário. período de 6 (seis) meses antes da eleição.

Art. 79. No caso de exclusão por falecimento, tratando- Art. 88. Não é permitido registro de candidato embora
-se de caso notório, serão dispensadas as formalidades para cargos diferentes, por mais de uma circunscrição
previstas nos nºs. II e III do artigo 77. ou para mais de um cargo na mesma circunscrição.
Parágrafo único. Nas eleições realizadas pelo sistema
Art. 80. Da decisão do juiz eleitoral caberá recurso no
proporcional o candidato deverá ser filiado ao partido,
prazo de 3 (três) dias, para o Tribunal Regional, inter-
na circunscrição em que concorrer, pelo tempo que fôr
posto pelo excluendo ou por delegado de partido.
fixado nos respectivos estatutos.
Art. 81. Cessada a causa do cancelamento, poderá o
Art. 89. Serão registrados:
interessado requerer novamente a sua qualificação e
inscrição. I - no Tribunal Superior Eleitoral os candidatos a presi-
dente e vice-presidente da República;
PARTE QUARTA II - nos Tribunais Regionais Eleitorais os candidatos a
DAS ELEIÇÕES senador, deputado federal, governador e vice-governa-
dor e deputado estadual;
TÍTULO I III - nos Juízos Eleitorais os candidatos a vereador, pre-
DO SISTEMA ELEITORAL feito e vice-prefeito e juiz de paz.

Art. 90. Somente poderão inscrever candidatos os par-


Art. 82. O sufrágio e universal e direto; o voto, obriga- tidos que possuam diretório devidamente registrado na
tório e secreto. circunscrição em que se realizar a eleição.

Art. 83. Na eleição direta para o Senado Federal, para Art. 91. O registro de candidatos a presidente e vice-
Prefeito e Vice-Prefeito, adotar-se-á o princípio majo- -presidente, governador e vice-governador, ou prefeito
ritário. e vice-prefeito, far-se-á sempre em chapa única e in-
divisível, ainda que resulte a indicação de aliança de
Art. 84. A eleição para a Câmara dos Deputados, As- partidos.
sembléias Legislativas e Câmaras Municipais, obe-
decerá ao princípio da representação proporcional na § 1º O registro de candidatos a senador far-se-á com o
forma desta lei. do suplente partidário.

Art. 85. A eleição para deputados federais, senadores § 2º Nos Territórios far-se-á o registro do candidato a
e suplentes, presidente e vice-presidente da República, deputado com o do suplente.

447
Art. 92. (Revogado pela Lei nº 9.504, de 30.9.1997) 4.5.1966)
VI - com declaração de bens, de que constem a origem
Art. 93. O prazo de entrada em cartório ou na Secreta- e as mutações patrimoniais.
ria do Tribunal, conforme o caso, de requerimento de
registro de candidato a cargo eletivo terminará, impror- § 2º A autorização do candidato pode ser dirigida di-
rogavelmente, às dezenove horas do dia 15 de agosto retamente ao órgão ou juiz competente para o registro.
do ano em que se realizarem as eleições.
Art. 95. O candidato poderá ser registrado sem o preno-
§ 1º Até vinte dias antes da data das eleições, todos os me, ou com o nome abreviado, desde que a supressão
requerimentos, inclusive os que tiverem sido impugna- não estabeleça dúvida quanto à sua identidade.
dos, devem estar julgados pelas instâncias ordinárias,
e publicadas as decisões a eles relativas.
Art. 96. Será negado o registro a candidato que, pública
§ 2º As convenções partidárias para a escolha dos can- ou ostensivamente faça parte, ou seja adepto de partido
didatos serão realizadas, no máximo, até 5 de agosto do político cujo registro tenha sido cassado com funda-
ano em que se realizarem as eleições. mento no artigo 141, § 13, da Constituição Federal.
§ 3º Nesse caso, se se tratar de eleição municipal, o
juiz eleitoral deverá apresentar a sentença no prazo de 2 Art. 97. Protocolado o requerimento de registro, o pre-
(dois) dias, podendo o recorrente, nos 2 (dois) dias se- sidente do Tribunal ou o juiz eleitoral, no caso de elei-
guintes, aditar as razões do recurso; no caso de registro ção municipal ou distrital, fará publicar imediatamente
feito perante o Tribunal, se o relator não apresentar o edital para ciência dos interessados.
acórdão no prazo de 2 (dois) dias, será designado ou- § 1º O edital será publicado na Imprensa Oficial, nas
tro relator, na ordem da votação, o qual deverá lavrar o capitais, e afixado em cartório, no local de costume, nas
acórdão do prazo de 3 (três) dias, podendo o recorrente, demais zonas.
nesse mesmo prazo, aditar as suas razões.
§ 2º Do pedido de registro caberá, no prazo de 2 (dois)
dias, a contar da publicação ou afixação do edital, im-
Art. 94.O registro pode ser promovido por delegado de
pugnação articulada por parte de candidato ou de par-
partido, autorizado em documento autêntico, inclusive
tido político.
telegrama de quem responda pela direção partidária e
sempre com assinatura reconhecida por tabelião. § 3º Poderá, também, qualquer eleitor, com fundamento
em inelegibilidade ou incompatibilidade do candidato
§ 1º O requerimento de registro deverá ser instruído:
ou na incidência dêste no artigo 96 impugnar o pedido
I - com a cópia autêntica da ata da convenção que de registro, dentro do mesmo prazo, oferecendo prova
houver feito a escolha do candidato, a qual deverá ser do alegado.
conferida com o original na Secretaria do Tribunal ou
§ 4º Havendo impugnação, o partido requerente do re-
no cartório eleitoral;
gistro terá vista dos autos, por 2 (dois) dias, para falar
II - com autorização do candidato, em documento com sôbre a mesma, feita a respectiva intimação na forma
a assinatura reconhecida por tabelião; do § 1º.
III - com certidão fornecida pelo cartório eleitoral da
zona de inscrição, em que conste que o registrando é Art. 98. Os militares alistáveis são elegíveis, atendidas
eleitor; as seguintes condições:

IV - com prova de filiação partidária, salvo para os I - o militar que tiver menos de 5 (cinco) anos de ser-
candidatos a presidente e vice-presidente, senador e viço, será, ao se candidatar a cargo eletivo, excluído do
respectivo suplente, governador e vice-governador, serviço ativo;
prefeito e vice-prefeito; II - o militar em atividade com 5 (cinco) ou mais anos
V - com fôlha-corrida fornecida pelos cartórios com- de serviço ao se candidatar a cargo eletivo, será afasta-
petentes, para que se verifique se o candidato está no do, temporariamente, do serviço ativo, como agregado,
gozo dos direitos políticos (Art. 132, III, e 135 da Cons- para tratar de interesse particular;
tituição Federal); (Redação dada pela Lei nº 4.961, de III - o militar não excluído e que vier a ser eleito será,

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no ato da diplomação, transferido para a reserva ou re- Estaduais e Vereadores, observando, no que couber,
formado. as normas constantes dos parágrafos anteriores, e de
maneira que a todos os candidatos sejam atribuídos
Parágrafo único. O Juízo ou Tribunal que deferir o re-
sempre número de 4 (quatro) algarismos.
gistro de militar candidato a cargo eletivo comunicará
imediatamente a decisão à autoridade a que o mesmo
estiver subordinado, cabendo igual obrigação ao parti- Art. 101. Pode qualquer candidato requerer, em petição
do, quando lançar a candidatura. com firma reconhecida, o cancelamento do registro do
seu nome.
Art. 99. Nas eleições majoritárias poderá qualquer par- § 1º Desse fato, o presidente do Tribunal ou o juiz, con-
tido registrar na mesma circunscrição candidato já por forme o caso, dará ciência imediata ao partido que te-
outro registrado, desde que o outro partido e o candi- nha feito a inscrição, ao qual ficará ressalvado o direito
dato o consintam por escrito até 10 (dez) dias antes da de substituir por outro o nome cancelado, observadas
eleição, observadas as formalidades do Art. 94. tôdas as formalidades exigidas para o registro e desde
que o nôvo pedido seja apresentado até 60 (sessenta)
Parágrafo único. A falta de consentimento expresso
dias antes do pleito.
acarretará a anulação do registro promovido, podendo
o partido prejudicado requerê-la ou recorrer da resolu- § 2º Nas eleições majoritárias, se o candidato vier a
ção que ordenar o registro. falecer ou renunciar dentro do período de 60 (sessen-
ta) dias mencionados no parágrafo anterior, o partido
Art. 100. Nas eleições realizadas pelo sistema propor- poderá substitui-lo; se o registro do nôvo candidato
cional, o Tribunal Superior Eleitoral, até 6 (seis) meses estiver deferido até 30 (trinta) dias antes do pleito serão
antes do pleito, reservará para cada Partido, por sorteio, utilizadas as já impressas, computando-se para o nôvo
em sessão realizada com a presença dos Delegados de candidato os votos dados ao anteriormente registrado.
Partido, uma série de números a partir de 100 (cem). §3º Considerar-se-á nulo o voto dado ao candidato que
§ 1º A sessão a que se refere o caput deste artigo será haja pedido o cancelamento de sua inscrição salvo na
anunciada aos Partidos com antecedência mínima de 5 hipótese prevista no parágrafo anterior, in fine.
(cinco) dias. § 4º Nas eleições proporcionais, ocorrendo a hipóte-
§ 2º As convenções partidárias para escolha dos can- se prevista neste artigo, ao substituto será atribuído o
didatos sortearão, por sua vez, em cada Estado e mu- número anteriormente dado ao candidato cujo registro
nicípio, os números que devam corresponder a cada foi cancelado.
candidato. § 5º Em caso de morte, renúncia, inelegibilidade e pre-
§ 3º Nas eleições para Deputado Federal, se o núme- enchimento de vagas existentes nas respectivas chapas,
ro de Partidos não for superior a 9 (nove), a cada um tanto em eleições proporcionais quanto majoritárias, as
corresponderá obrigatoriamente uma centena, devendo substituições e indicações se processarão pelas Co-
a numeração dos candidatos ser sorteada a partir da missões Executivas.
unidade, para que ao primeiro candidato do primeiro
Partido corresponda o número 101 (cento e um), ao do Art. 102. Os registros efetuados pelo Tribunal Superior
segundo Partido 201 (duzentos e um), e assim suces- serão imediatamente comunicados aos Tribunais Re-
sivamente. gionais e por estes aos juizes eleitorais.
§ 4º Concorrendo 10 (dez) ou mais Partidos, a cada um
corresponderá uma centena a partir de 1.101 (um mil CAPÍTULO II
cento e um), de maneira que a todos os candidatos se- DO VOTO SECRETO
jam atribuídos sempre 4 (quatro) algarismos, suprimin-
do-se a numeração correspondente à série 2.001 (dois Art. 103. O sigilo do voto é assegurado mediante as
mil e um) a 2.100 (dois mil e cem), para reiniciá-la em seguintes providências:
2.101 (dois mil cento e um), a partir do décimo Partido.
I - uso de cédulas oficiais em todas as eleições, de
§ 5º Na mesma sessão, o Tribunal Superior Eleitoral acôrdo com modêlo aprovado pelo Tribunal Superior;
sorteará as séries correspondentes aos Deputados

449
II - isolamento do eleitor em cabine indevassável para CAPÍTULO IV
o só efeito de assinalar na cédula o candidato de sua DA REPRESENTAÇÃO PROPORCIONAL
escolha e, em seguida, fechá-la;
III - verificação da autenticidade da cédula oficial à vista Art. 105 - Fica facultado a 2 (dois) ou mais Partidos
das rubricas; coligarem-se para o registro de candidatos comuns a
IV - emprego de urna que assegure a inviolabilidade do deputado federal, deputado estadual e vereador.
sufrágio e seja suficientemente ampla para que não se § 1º - A deliberação sobre coligação caberá à Con-
acumulem as cédulas na ordem que forem introduzidas. venção Regional de cada Partido, quando se tratar de
eleição para a Câmara dos Deputados e Assembléias
CAPÍTULO III Legislativas, e à Convenção Municipal, quando se tratar
DA CÉDULA OFICIAL de eleição para a Câmara de Vereadores, e será aprova-
da mediante a votação favorável da maioria, presentes
2/3 (dois terços) dos convencionais, estabelecendo-se,
Art. 104. As cédulas oficiais serão confeccionadas e
na mesma oportunidade, o número de candidatos que
distribuídas exclusivamente pela Justiça Eleitoral, de-
caberá a cada Partido.
vendo ser impressas em papel branco, opaco e pouco
absorvente. A impressão será em tinta preta, com tipos § 2º - Cada Partido indicará em Convenção os seus
uniformes de letra. candidatos e o registro será promovido em conjunto
pela Coligação.
§ 1º Os nomes dos candidatos para as eleições majori-
tárias devem figurar na ordem determinada por sorteio.
Art. 106. Determina-se o quociente eleitoral dividindo-
§ 2º O sorteio será realizado após o deferimento do últi- -se o número de votos válidos apurados pelo de lugares
mo pedido de registro, em audiência presidida pelo juiz a preencher em cada circunscrição eleitoral, desprezada
ou presidente do Tribunal, na presença dos candidatos a fração se igual ou inferior a meio, equivalente a um,
e delegados de partido. se superior.
§ 3º A realização da audiência será anunciada com 3 Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.504, de
(três) dias de antecedência, no mesmo dia em que fôr 30.9.1997)
deferido o último pedido de registro, devendo os dele-
gados de partido ser intimados por ofício sob protocolo. Art. 107 - Determina-se para cada Partido ou coliga-
§ 4º Havendo substituição de candidatos após o sor- ção o quociente partidário, dividindo-se pelo quociente
teio, o nome do novo candidato deverá figurar na cédula eleitoral o número de votos válidos dados sob a mesma
na seguinte ordem: legenda ou coligação de legendas, desprezada a fração.

I - se forem apenas 2 (dois), em último lugar; Art. 108. Estarão eleitos, entre os candidatos registra-
II - se forem 3 (três), em segundo lugar; dos por um partido ou coligação que tenham obtido vo-
tos em número igual ou superior a 10% (dez por cento)
III - se forem mais de 3 (três), em penúltimo lugar;
do quociente eleitoral, tantos quantos o respectivo quo-
IV - se permanecer apenas 1 (um) candidato e forem ciente partidário indicar, na ordem da votação nominal
substituídos 2 (dois) ou mais, aquele ficará em primei- que cada um tenha recebido.
ro lugar, sendo realizado nôvo sorteio em relação aos
Parágrafo único. Os lugares não preenchidos em razão
demais.
da exigência de votação nominal mínima a que se refere
§ 5º Para as eleições realizadas pelo sistema proporcio- o caput serão distribuídos de acordo com as regras do
nal a cédula conterá espaço para que o eleitor escreva art. 109.
o nome ou o número do candidato de sua preferência e
indique a sigla do partido. Art. 109. Os lugares não preenchidos com a aplicação
§ 6º As cédulas oficiais serão confeccionadas de manei- dos quocientes partidários e em razão da exigência de
ra tal que, dobradas, resguardem o sigilo do voto, sem votação nominal mínima a que se refere o art. 108 serão
que seja necessário o emprego de cola para fechá-las. distribuídos de acordo com as seguintes regras.

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I - dividir-se-á o número de votos válidos atribuídos a qualificados e os respectivos títulos prontos para a en-
cada partido ou coligação pelo número de lugares defi- trega, se deferidos pelo juiz eleitoral.
nido para o partido pelo cálculo do quociente partidário Parágrafo único. Será punido nos têrmos do art. 293
do art. 107, mais um, cabendo ao partido ou coligação o juiz eleitoral, o escrivão eleitoral, o preparador ou o
que apresentar a maior média um dos lugares a preen- funcionário responsável pela transgressão do preceitu-
cher, desde que tenha candidato que atenda à exigência ado neste artigo ou pela não entrega do título pronto ao
de votação nominal mínima; (Vide ADIN 5420) eleitor que o procurar.
II - repetir-se-á a operação para cada um dos lugares
a preencher; Art. 115. O s juizes eleitorais, sob pena de responsabi-
III - quando não houver mais partidos ou coligações lidade comunicarão ao Tribunal Regional, até 30 (trin-
com candidatos que atendam às duas exigências do ta) dias antes de cada eleição, o número de eleitores
inciso I, as cadeiras serão distribuídas aos partidos que alistados.
apresentem as maiores médias.
Art. 116. A Justiça Eleitoral fará ampla divulgação atra-
§ 1º O preenchimento dos lugares com que cada par- vés dos comunicados transmitidos em obediência ao
tido ou coligação for contemplado far-se-á segundo a disposto no Art. 250 § 5º pelo rádio e televisão, bem as-
ordem de votação recebida por seus candidatos. sim por meio de cartazes afixados em lugares públicos,
§ 2º Poderão concorrer à distribuição dos lugares todos dos nomes dos candidatos registrados, com indicação
os partidos e coligações que participaram do pleito. do partido a que pertençam, bem como do número sob
que foram inscritos, no caso dos candidatos a deputado
Art. 110. Em caso de empate, haver-se-á por eleito o e a vereador.
candidato mais idoso.
CAPÍTULO I
Art. 111 - Se nenhum Partido ou coligação alcançar o DAS SEÇÕES ELEITORAIS
quociente eleitoral, considerar-se-ão eleitos, até serem
preenchidos todos os lugares, os candidatos mais vo-
Art. 117. As seções eleitorais, organizadas à medida em
tados.
que forem sendo deferidos os pedidos de inscrição, não
terão mais de 400 (quatrocentos) eleitores nas capitais
Art.112. Considerar-se-ão suplentes da representação
e de 300 (trezentos) nas demais localidades, nem me-
partidária:
nos de 50 (cinquenta) eleitores.
I - os mais votados sob a mesma legenda e não eleitos
§ 1º Em casos excepcionais, devidamente justificados,
efetivos das listas dos respectivos partidos;
o Tribunal Regional poderá autorizar que sejam ultra-
II - em caso de empate na votação, na ordem decres- passados os índices previstos neste artigo desde que
cente da idade. essa providência venha facilitar o exercício do voto,
Parágrafo único. Na definição dos suplentes da repre- aproximando o eleitor do local designado para a vo-
sentação partidária, não há exigência de votação nomi- tação.
nal mínima prevista pelo art. 108. § 2º Se em seção destinada aos cegos, o número de
eleitores não alcançar o mínimo exigido êste se com-
Art. 113. Na ocorrência de vaga, não havendo suplente pletará com outros, ainda que não sejam cegos.
para preenchê-la, far-se-á eleição, salvo se faltarem me-
nos de nove meses para findar o período de mandato. Art. 118. Os juizes eleitorais organizarão relação de
eleitores de cada seção a qual será remetida aos pre-
TÍTULO II sidentes das mesas receptoras para facilitação do pro-
DOS ATOS PREPARATÓRIOS DA VOTAÇÃO cesso de votação.

Art. 114. Até 70 (setenta) dias antes da data marcada CAPÍTULO II


para a eleição, todos os que requererem inscrição como DAS MESAS RECEPTORAS
eleitor, ou transferência, já devem estar devidamente

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Art. 119. A cada seção eleitoral corresponde uma mesa e o registro do candidato fôr posterior à nomeação
receptora de votos. do mesário, o prazo para reclamação será contado da
publicação dos nomes dos candidatos registrados. Se
Art. 120. Constituem a mesa receptora um presidente, resultar de qualquer das proibições dos nºs II, III e IV, e
um primeiro e um segundo mesários, dois secretários e em virtude de fato superveniente, o prazo se contará do
um suplente, nomeados pelo juiz eleitoral sessenta dias ato da nomeação ou eleição.
antes da eleição, em audiência pública, anunciado pelo § 3º O partido que não houver reclamado contra a com-
menos com cinco dias de antecedência. posição da mesa não poderá argüir sob esse fundamen-
§ 1º Não podem ser nomeados presidentes e mesários: to, a nulidade da seção respectiva.
I - os candidatos e seus parentes ainda que por afi-
Art. 122. Os juizes deverão instruir os mesários sôbre o
nidade, até o segundo grau, inclusive, e bem assim o
processo da eleição, em reuniões para esse fim convo-
cônjuge;
cadas com a necessária antecedência.
II - os membros de diretórios de partidos desde que
exerça função executiva; Art. 123. Os mesários substituirão o presidente, de
III - as autoridades e agentes policiais, bem como os modo que haja sempre quem responda pessoalmente
funcionários no desempenho de cargos de confiança pela ordem e regularidade do processo eleitoral, e assi-
do Executivo; narão a ata da eleição.
IV - os que pertencerem ao serviço eleitoral. § 1º O presidente deve estar presente ao ato de abertura
e de encerramento da eleição, salvo força maior, comu-
§ 2º Os mesários serão nomeados, de preferência entre nicando o impedimento aos mesários e secretários pelo
os eleitores da própria seção, e, dentre estes, os diplo- menos 24 (vinte e quatro) horas antes da abertura dos
mados em escola superior, os professores e os serven- trabalhos, ou imediatamente, se o impedimento se der
tuários da Justiça. dentro desse prazo ou no curso da eleição.
§ 3º O juiz eleitoral mandará publicar no jornal oficial, § 2º Não comparecendo o presidente até as sete horas
onde houver, e, não havendo, em cartório, as nome- e trinta minutos, assumirá a presidência o primeiro me-
ações que tiver feito, e intimará os mesários através sário e, na sua falta ou impedimento, o segundo mesá-
dessa publicação, para constituírem as mesas no dia e rio, um dos secretários ou o suplente.
lugares designados, às 7 horas.
§ 3º Poderá o presidente, ou membro da mesa que as-
§ 4º Os motivos justos que tiverem os nomeados para sumir a presidência, nomear ad hoc, dentre os eleitores
recusar a nomeação, e que ficarão a livre apreciação do presentes e obedecidas as prescrições do § 1º, do Art.
juiz eleitoral, somente poderão ser alegados até 5 (cin- 120, os que forem necessários para completar a mesa.
co) dias a contar da nomeação, salvo se sobrevindos
depois desse prazo.
Art. 124. O membro da mesa receptora que não com-
§ 5º Os nomeados que não declararem a existência de parecer no local, em dia e hora determinados para a
qualquer dos impedimentos referidos no § 1º incorrem realização de eleição, sem justa causa apresentada ao
na pena estabelecida pelo Art. 310. juiz eleitoral até 30 (trinta) dias após, incorrerá na multa
de 50% (cinqüenta por cento) a 1 (um) salário-mínimo
Art. 121. Da nomeação da mesa receptora qualquer vigente na zona eleitoral cobrada mediante sêlo federal
partido poderá reclamar ao juiz eleitoral, no prazo de inutilizado no requerimento em que fôr solicitado o ar-
2 (dois) dias, a contar da audiência, devendo a decisão bitramento ou através de executivo fiscal.
ser proferida em igual prazo. § 1º Se o arbitramento e pagamento da multa não fôr
§ 1º Da decisão do juiz eleitoral caberá recurso para requerido pelo mesário faltoso, a multa será arbitrada e
o Tribunal Regional, interposto dentro de 3 (três) dias, cobrada na forma prevista no artigo 367.
devendo, dentro de igual prazo, ser resolvido. § 2º Se o faltoso fôr servidor público ou autárquico, a
§ 2º Se o vício da constituição da mesa resultar da in- pena será de suspensão até 15 (quinze) dias.
compatibilidade prevista no nº I, do § 1º, do Art. 120, § 3º As penas previstas neste artigo serão aplicadas em

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dôbro se a mesa receptora deixar de funcionar por culpa e numerá-las nos têrmos das Instruções do Tribunal
dos faltosos. Superior Eleitoral;
§ 4º Será também aplicada em dôbro observado o dis- VII - assinar as fórmulas de observações dos fiscais ou
posto nos §§ 1º e 2º, a pena ao membro da mesa que delegados de partido, sôbre as votações;
abandonar os trabalhos no decurso da votação sem VIII - fiscalizar a distribuição das senhas e, verificando
justa causa apresentada ao juiz até 3 (três) dias após que não estão sendo distribuídas segundo a sua ordem
a ocorrência. numérica, recolher as de numeração intercalada, acaso
retidas, as quais não se poderão mais distribuir.
Art. 125. Não se reunindo, por qualquer motivo, a mesa
receptora, poderão os eleitores pertencentes à respecti- IX - anotar o não comparecimento do eleitor no verso da
va seção votar na seção mais próxima, sob a jurisdição fôlha individual de votação.
do mesmo juiz, recolhendo-se os seus votos à urna da
seção em que deveriam votar, a qual será transportada Art. 128. Compete aos secretários:
para aquela em que tiverem de votar. I - distribuir aos eleitores as senhas de entrada previa-
§ 1º As assinaturas dos eleitores serão recolhidas nas mente rubricadas ou carimbadas segundo a respectiva
fôlhas de votação da seção a que pertencerem, as quais, ordem numérica;
juntamente com as cédulas oficiais e o material restan- II - lavrar a ata da eleição;
te, acompanharão a urna.
III - cumprir as demais obrigações que lhes forem atri-
§ 2º O transporte da urna e dos documentos da seção buídas em instruções.
será providenciado pelo presidente da mesa, mesário
ou secretário que comparecer, ou pelo próprio juiz, ou Parágrafo único. As atribuições mencionadas no n.º 1
pessoa que êle designar para esse fim, acompanhando- serão exercidas por um dos secretários e os constantes
-a os fiscais que o desejarem. dos nºs. II e III pelo outro.

Art. 126. Se no dia designado para o pleito deixarem de Art. 129. Nas eleições proporcionais os presidentes
se reunir tôdas as mesas de um município, o presidente das mesas receptoras deverão zelar pela preservação
do Tribunal Regional determinará dia para se realizar o das listas de candidatos afixadas dentro das cabinas
mesmo, instaurando-se inquérito para a apuração das indevassáveis tomando imediatas providências para a
causas da irregularidade e punição dos responsáveis. colocação de nova lista no caso de inutilização total ou
parcial.
Parágrafo único. Essa eleição deverá ser marcada den-
tro de 15 (quinze) dias, pelo menos, para se realizar no Parágrafo único. O eleitor que inutilizar ou arrebatar as
prazo máximo de 30 (trinta) dias. listas afixadas nas cabinas indevassáveis ou nos edifí-
cios onde funcionarem mesas receptoras, incorrerá nas
Art. 127. Compete ao presidente da mesa receptora, e, penas do artigo 297.
em sua falta, a quem o substituir:
Art. 130. Nos estabelecimentos de internação coletiva
I - receber os votos dos eleitores; de hansenianos os membros das mesas receptoras se-
II - decidir imediatamente tôdas as dificuldades ou dú- rão escolhidos de preferência entre os médicos e fun-
vidas que ocorrerem; cionários sadios do próprio estabelecimento.
III - manter a ordem, para o que disporá de força pública
necessária; CAPÍTULO III
DA FISCALIZAÇÃO PERANTE
IV - comunicar ao juiz eleitoral, que providenciará ime-
diatamente as ocorrências cuja solução deste depen- AS MESAS RECEPTORAS
derem;
Art. 131. Cada partido poderá nomear 2 (dois) delega-
V - remeter à Junta Eleitoral todos os papéis que tive-
dos em cada município e 2 (dois) fiscais junto a cada
rem sido utilizados durante a recepção dos votos;
mesa receptora, funcionando um de cada vez.
VI - autenticar, com a sua rubrica, as cédulas oficiais

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§ 1º Quando o município abranger mais de uma zona cionais;
eleitoral cada partido poderá nomear 2 (dois) delegados III - as fôlhas individuais de votação dos eleitores da
junto a cada uma delas. seção, devidamente acondicionadas;
§ 2º A escolha de fiscal e delegado de partido não po- IV - uma fôlha de votação para os eleitores de outras
derá recair em quem, por nomeação do juiz eleitoral, já seções, devidamente rubricada;
faça parte da mesa receptora.
V - uma urna vazia, vedada pelo juiz eleitoral, com tiras
§ 3º As credenciais expedidas pelos partidos, para os de papel ou pano forte;
fiscais, deverão ser visadas pelo juiz eleitoral.
VI - (Revogado pela Lei nº 4.961, de 4.5.1966)
§ 4º Para esse fim, o delegado do partido encaminhará
as credenciais ao Cartório, juntamente com os títulos VI - sobrecartas maiores para os votos impugnados ou
eleitorais dos fiscais credenciados, para que, verifica- sôbre os quais haja dúvida; (Renumerado do Inciso VII
do pelo escrivão que as inscrições correspondentes as pela Lei nº 4.961, de 4.5.1966)
títulos estão em vigor e se referem aos nomeados, ca- VII - cédulas oficiais; (Renumerado do Inciso VIII pela
rimbe as credenciais e as apresente ao juiz para o visto. Lei nº 4.961, de 4.5.1966)
§ 5º As credenciais que não forem encaminhadas ao VIII - sobrecartas especiais para remessa à Junta Elei-
Cartório pelos delegados de partido, para os fins do toral dos documentos relativos à eleição; (Renumerado
parágrafo anterior, poderão ser apresentadas pelos pró- do Inciso IX pela Lei nº 4.961, de 4.5.1966)
prios fiscais para a obtenção do visto do juiz eleitoral.
IX - senhas para serem distribuídas aos eleitores; (Re-
§ 6º Se a credencial apresentada ao presidente da mesa numerado do Inciso X pela Lei nº 4.961, de 4.5.1966)
receptora não estiver autenticada na forma do § 4º, o
fiscal poderá funcionar perante a mesa, mas o seu voto X - tinta, canetas, penas, lápis e papel, necessários aos
não será admitido, a não ser na seção em que o seu trabalhos; (Renumerado do Inciso XI pela Lei nº 4.961,
nome estiver incluído. de 4.5.1966)

§ 7º O fiscal de cada partido poderá ser substituído por XI - fôlhas apropriadas para impugnação e fôlhas para
outro no curso dos trabalhos eleitorais. observação de fiscais de partidos; (Renumerado do In-
ciso XII pela Lei nº 4.961, de 4.5.1966)
Art. 132. Pelas mesas receptoras serão admitidos a XII - modêlo da ata a ser lavrada pela mesa recepto-
fiscalizar a votação, formular protestos e fazer impug- ra; (Renumerado do Inciso XIII pela Lei nº 4.961, de
nações, inclusive sôbre a identidade do eleitor, os 4.5.1966)
candidatos registrados, os delegados e os fiscais dos
XIII - material necessário para vedar, após a votação, a
partidos.
fenda da urna; (Renumerado do Inciso XIV pela Lei nº
4.961, de 4.5.1966)
TÍTULO III
XIV - um exemplar das Instruções do Tribunal Superior
DO MATERIAL PARA A VOTAÇÃO Eleitoral; (Renumerado do Inciso XV pela Lei nº 4.961,
de 4.5.1966)
Art. 133. Os juizes eleitorais enviarão ao presidente de
XV - material necessário à contagem dos votos quan-
cada mesa receptora, pelo menos 72 (setenta e duas)
do autorizada; (Renumerado do Inciso XVI pela Lei nº
horas antes da eleição, o seguinte material.
4.961, de 4.5.1966)
I - relação dos eleitores da seção que poderá ser dis-
XVI - outro qualquer material que o Tribunal Regional
pensada, no todo ou em parte, pelo respectivo Tribunal
julgue necessário ao regular funcionamento da mesa.
Regional Eleitoral em decisão fundamentada e aprovada
(Renumerado do Inciso XVII pela Lei nº 4.961, de
pelo Tribunal Superior Eleitoral.
4.5.1966)
II - relações dos partidos e dos candidatos registrados,
§ 1º O material de que trata êste artigo deverá ser re-
as quais deverão ser afixadas no recinto das seções
metido por protocolo ou pelo correio acompanhado de
eleitorais em lugar visível, e dentro das cabinas inde-
uma relação ao pé da qual o destinatário declarará o
vassáveis as relações de candidatos a eleições propor-

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que recebeu e como o recebeu, e aporá sua assinatura. localização das seções.
§ 2º Os presidentes da mesa que não tiverem recebido § 6º-A. Os Tribunais Regionais Eleitorais deverão, a
até 48 (quarenta e oito) horas antes do pleito o referido cada eleição, expedir instruções aos Juízes Eleitorais
material deverão diligenciar para o seu recebimento. para orientá-los na escolha dos locais de votação, de
maneira a garantir acessibilidade para o eleitor com
§ 3º O juiz eleitoral, em dia e hora previamente designa-
deficiência ou com mobilidade reduzida, inclusive em
dos em presença dos fiscais e delegados dos partidos,
seu entorno e nos sistemas de transporte que lhe dão
verificará, antes de fechar e lacrar as urnas, se estas
acesso.
estão completamente vazias; fechadas, enviará uma das
chaves, se houver, ao presidente da Junta Eleitoral e a § 6ºB (VETADO)
da fenda, também se houver, ao presidente da mesa re- § 7º Da designação dos lugares de votação poderá
ceptora, juntamente com a urna. qualquer partido reclamar ao juiz eleitoral, dentro de
três dias a contar da publicação, devendo a decisão ser
Art. 134. Nos estabelecimentos de internação coletiva proferida dentro de quarenta e oito horas.
para hansenianos serão sempre utilizadas urnas de
lona. § 8º Da decisão do juiz eleitoral caberá recurso para o
Tribunal Regional, interposto dentro de três dias, de-
vendo no mesmo prazo, ser resolvido.
TÍTULO IV
DA VOTAÇÃO § 9º Esgotados os prazos referidos nos §§ 7º e 8º deste
artigo, não mais poderá ser alegada, no processo elei-
toral, a proibição contida em seu § 5º.
CAPÍTULO I
DOS LUGARES DA VOTAÇÃO Art. 136. Deverão ser instaladas seções nas vilas e
povoados, assim como nos estabelecimentos de inter-
Art. 135. Funcionarão as mesas receptoras nos lugares nação coletiva, inclusive para cegos e nos leprosários
designados pelos juizes eleitorais 60 (sessenta) dias onde haja, pelo menos, 50 (cinqüenta) eleitores.
antes da eleição, publicando-se a designação. Parágrafo único. A mesa receptora designada para
§ 1º A publicação deverá conter a seção com a nume- qualquer dos estabelecimentos de internação coletiva
ração ordinal e local em que deverá funcionar com a deverá funcionar em local indicado pelo respectivo di-
indicação da rua, número e qualquer outro elemento retório mesmo critério será adotado para os estabeleci-
que facilite a localização pelo eleitor. mentos especializados para proteção dos cegos.

§ 2º Dar-se-á preferência aos edifícios públicos, recor- Art.137. Até 10 (dez) dias antes da eleição, pelo me-
rendo-se aos particulares se faltarem aqueles em nú- nos, comunicarão os juizes eleitorais aos chefes das
mero e condições adequadas. repartições públicas e aos proprietários, arrendatários
§ 3º A propriedade particular será obrigatória e gratuita- ou administradores das propriedades particulares a
mente cedida para esse fim. resolução de que serão os respectivos edifícios, ou
parte dêles, utilizados para pronunciamento das mesas
§ 4º É expressamente vedado uso de propriedade per-
receptoras.
tencente a candidato, membro do diretório de partido,
delegado de partido ou autoridade policial, bem como
Art. 138. No local destinado a votação, a mesa ficará em
dos respectivos cônjuges e parentes, consanguíneos ou
recinto separado do público; ao lado haverá uma cabina
afins, até o 2º grau, inclusive.
indevassável onde os eleitores, à medida que compare-
§ 5º Não poderão ser localizadas seções eleitorais em cerem, possam assinalar a sua preferência na cédula.
fazenda sítio ou qualquer propriedade rural privada,
Parágrafo único. O juiz eleitoral providenciará para que
mesmo existindo no local prédio público, incorrendo
nós edifícios escolhidos sejam feitas as necessárias
o juiz nas penas do Art. 312, em caso de infringência.
adaptações.
§ 6º Os Tribunais Regionais, nas capitais, e os juizes
eleitorais, nas demais zonas, farão ampla divulgação da CAPÍTULO II

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DA POLÍCIA DOS TRABALHOS ELEITORAIS Art. 144. O recebimento dos votos começará às 8 (oito)
e terminará, salvo o disposto no Art. 153, às 17 (de-
zessete) horas.
Art. 139. Ao presidente da mesa receptora e ao juiz elei-
toral cabe a polícia dos trabalhos eleitorais.
Art. 145. O presidente, mesários, secretários, suplen-
tes e os delegados e fiscais de partido votarão, perante
Art. 140. Somente podem permanecer no recinto da
as mesas em que servirem, sendo que os delegados e
mesa receptora os seus membros, os candidatos, um
fiscais, desde que a credencial esteja visada na forma
fiscal, um delegado de cada partido e, durante o tempo
do artigo 131, § 3º; quando eleitores de outras seções,
necessário à votação, o eleitor.
seus votos serão tomados em separado.
§ 1º O presidente da mesa, que é, durante os trabalhos,
§ 1º (Revogado pela Lei nº 4.961, de 4.5.1966)
a autoridade superior, fará retirar do recinto ou do edifí-
cio quem não guardar a ordem e compostura devidas e § 2º (Renumerado para parágrafo único (abaixo) pela
estiver praticando qualquer ato atentatório da liberdade Lei nº 4.961, de 4.5.1966)
eleitoral. § 3º (Revogado pela Lei nº 4.961, de 4.5.1966)
§ 2º Nenhuma autoridade estranha a mesa poderá inter- Parágrafo único. Com as cautelas constantes do ar. 147,
vir, sob pretexto algum, em seu funcionamento, salvo § 2º, poderão ainda votar fora da respectiva seção:
o juiz eleitoral.
I - o juiz eleitoral, em qualquer seção da zona sob sua
Art. 141. A força armada conservar-se-á a cem metros jurisdição, salvo em eleições municipais, nas quais
da seção eleitoral e não poderá aproximar-se do lugar poderá votar em qualquer seção do município em que
da votação, ou dêle penetrar, sem ordem do presidente fôr eleitor;
da mesa. II - o Presidente da República, o qual poderá votar em
qualquer seção, eleitoral do país, nas eleições presi-
CAPÍTULO III denciais; em qualquer seção do Estado em que fôr
DO INÍCIO DA VOTAÇÃO eleitor nas eleições para governador, vice-governador,
senador, deputado federal e estadual; em qualquer se-
ção do município em que estiver inscrito, nas eleições
Art. 142. No dia marcado para a eleição, às 7 (sete) ho- para prefeito, vice-prefeito e vereador;
ras, o presidente da mesa receptora os mesários e os
secretários verificarão se no lugar designado estão em III - os candidatos à Presidência da República, em qual-
orem o material remetido pelo juiz e a urna destinada quer seção eleitoral do país, nas eleições presidenciais,
a recolher os votos, bem como se estão presentes os e, em qualquer seção do Estado em que forem eleitores,
fiscais de partido. nas eleições de âmbito estadual;
IV - os governadores, vice-governadores, senadores,
Art. 143. As 8 (oito) horas, supridas as deficiências deputados federais e estaduais, em qualquer seção do
declarará o presidente iniciados os trabalhos, proce- Estado, nas eleições de âmbito nacional e estadual; em
dendo-se em seguida à votação, que começará pelos qualquer seção do município de que sejam eleitores,
candidatos e eleitores presentes. nas eleições municipais;
§ 1º Os membros da mesa e os fiscais de partido de- V - os candidatos a governador, vice-governador, sena-
verão votar no correr da votação, depois que tiverem dor, deputado federal e estadual, em qualquer seção do
votado os eleitores que já se encontravam presentes no Estado de que sejam eleitores, nas eleições de âmbito
momento da abertura dos trabalhos, ou no encerramen- nacional e estadual;
to da votação.
VI - os prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, em qual-
§ 2º Observada a prioridade assegurada aos candida- quer seção de município que representarem, desde que
tos, têm preferência para votar o juiz eleitoral da zona, eleitores do Estado, sendo que, no caso de eleições
seus auxiliares de serviço, os eleitores de idade avan- municipais, nelas somente poderão votar se inscritos
çada os enfermos e as mulheres grávidas. no município;

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VII - os candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador, VII - no caso da omissão da fôlha individual na respec-
em qualquer seção de município, desde que dêle sejam tiva pasta verificada no ato da votação, será o eleitor,
eleitores; ainda, admitido a votar, desde que exiba o seu título
eleitoral e dêle conste que o portador é inscrito na
VIII - os militares, removidos ou transferidos dentro do
seção, sendo o seu voto, nesta hipótese, tomando em
período de 6 (seis) meses antes do pleito, poderão votar
separado e colhida sua assinatura na fôlha de votação
nas eleições para presidente e vice-presidente da Repú-
modêlo 2 (dois). Como ato preliminar da apuração do
blica na localidade em que estiverem servindo.
voto, averiguar-se-á se se trata de eleitor em condições
IX - os policiais militares em serviço. de votar, inclusive se realmente pertence à seção;
VIII - verificada a ocorrência de que trata o número
CAPÍTULO IV anterior, a Junta Eleitoral, antes de encerrar os seus
DO ATO DE VOTAR trabalhos, apurará a causa da omissão. Se tiver havido
culpa ou dolo, será aplicada ao responsável, na primei-
Art. 146. Observar-se-á na votação o seguinte: ra hipótese, a multa de até 2 (dois) salários-mínimos, e,
na segunda, a de suspensão até 30 (trinta) dias;
I - o eleitor receberá, ao apresentar-se na seção, e antes
de penetrar no recinto da mesa, uma senha numerada, IX - na cabina indevassável, onde não poderá permane-
que o secretário rubricará, no momento, depois de ve- cer mais de um minuto, o eleitor indicará os candidatos
rificar pela relação dos eleitores da seção, que o seu de sua preferência e dobrará a cédula oficial, observa-
nome constada respectiva pasta; das as seguintes normas:
II - no verso da senha o secretário anotará o número a) assinalando com uma cruz, ou de modo que torne
de ordem da fôlha individual da pasta, número esse expressa a sua intenção, o quadrilátero correspondente
que constará da relação enviada pelo cartório à mesa ao candidato majoritário de sua preferência;
receptora; b) escrevendo o nome, o prenome, ou o número do
III - admitido a penetrar no recinto da mesa, segundo candidato de sua preferência nas eleições proporcio-
a ordem numérica das senhas, o eleitor apresentará ao nais.
presidente seu título, o qual poderá ser examinado por c) escrevendo apenas a sigla do partido de sua pre-
fiscal ou delegado de partido, entregando, no mesmo ferência, se pretender votar só na legenda; (Revogado
ato, a senha; pela Lei nº 6.989, de 5.5.1982) (Vide restabelecimento
IV - pelo número anotado no verso da senha, o presi- Lei nº 7.332, de 1º.7.1985)
dente, ou mesário, localizará a fôlha individual de vota- X - ao sair da cabina o eleitor depositará na urna a cé-
ção, que será confrontada com o título e poderá também dula;
ser examinada por fiscal ou delegado de partido;
XI - ao depositar a cédula na urna o eleitor deverá fazê-
V - achando-se em ordem o título e a fôlha individual -lo de maneira a mostrar a parte rubricada à mesa e aos
e não havendo dúvida sôbre a identidade do eleitor, o fiscais de partido, para que verifiquem sem nela tocar,
presidente da mesa o convidará a lançar sua assinatura se não foi substituída;
no verso da fôlha individual de votação; em seguida
entregar-lhe-á a cédula única rubricada no ato pelo XII - se a cédula oficial não fôr a mesmo, será o elei-
presidente e mesários e numerada de acôrdo com as tor convidado a voltar à cabina indevessável e a trazer
Instruções do Tribunal Superior instruindo-o sôbre a seu voto na cédula que recebeu; senão quiser tornar à
forma de dobrá-la, fazendo-o passar a cabina indevas- cabina ser-lhe-á recusado a ocorrência na ata e fican-
sável, cuja porta ou cortina será encerrada em seguida; do o eleitor retido pela mesa, e à sua disposição, até o
término da votação ou a devolução da cédula oficial já
VI - o eleitor será admitido a votar, ainda que deixe de rubricada e numerada;
exibir no ato da votação o seu título, desde que seja ins-
crito na seção e conste da respectiva pasta a sua fôlha XIII - se o eleitor, ao receber a cédula ou ao recolher-se
individual de votação; nesse caso, a prova de ter votado à cabia de votação, verificar que a cédula se acha es-
será feita mediante certidão que obterá posteriormente, tragada ou, de qualquer modo, viciada ou assinalada
no juízo competente; ou se êle próprio, por imprudência, imprevidência ou

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ignorância, a inutilizar, estragar ou assinalar errada- § 3º Quando se tratar de candidato, o presidente da
mente, poderá pedir uma outra ao presidente da seção mesa receptora verificará, previamente, se o nome
eleitoral, restituíndo, porém, a primeira, a qual será figura na relação enviada à seção, e quando se tratar
imediatamente inutilizada à vista dos presentes e sem de fiscal de partido, se a credencial está devidamente
quebra do sigilo do que o eleitor haja nela assinalado; visada pelo juiz eleitoral.
XIV - introduzida a sobrecarta na urna, o presidente da § 4º (Revogado pela Lei nº 4.961, de 4.5.1966)
mesa devolverá o título ao eleitor, depois de datá-lo e § 5º (Revogado pela Lei nº 4.961, de 4.5.1966)
assiná-lo; em seguida rubricará, no local próprio, a fô-
lha individual de votação.
Art. 149. Não será admitido recurso contra a votação, se
não tiver havido impugnação perante a mesa receptora,
Art. 147. O presidente da mesa dispensará especial no ato da votação, contra as nulidades argüidas.
atenção à identidade de cada eleitor admitido a votar
Existindo dúvida a respeito, deverá exigir-lhe a exibi-
Art. 150. O eleitor cego poderá:
ção da respectiva carteira, e, na falta desta, interrogá-lo
sôbre os dados constantes do título, ou da fôlha indivi- I - assinar a fôlha individual de votação em letras do
dual de votação, confrontando a assinatura do mesmo alfabeto comum ou do sistema Braille;
com a feita na sua presença pelo eleitor, e mencionando II - assinalar a cédula oficial, utilizando também qual-
na ata a dúvida suscitada. quer sistema;
§ 1º A impugnação à identidade do eleitor, formulada III - usar qualquer elemento mecânico que trouxer con-
pelos membros da mesa, fiscais, delegados, candida- sigo, ou lhe fôr fornecido pela mesa, e que lhe possibi-
tos ou qualquer eleitor, será apresentada verbalmente lite exercer o direito de voto
ou por escrito, antes de ser o mesmo admitido a votar.
§ 2º Se persistir a dúvida ou fôr mantida a impugnação, Art. 151. (Revogado pela Lei nº 7.914, de 7.12.1989)
tomará o presidente da mesa as seguintes providências:
Art. 152. Poderão ser utilizadas máquinas de votar, a
I - escreverá numa sobrecarta branca o seguinte: “Im-
critério e mediante regulamentação do Tribunal Supe-
pugnado por “F”;
rior Eleitoral.
II - entregará ao eleitor a sobrecarta branca, para que
êle, na presença da mesa e dos fiscais, nela coloque a CAPÍTULO V
cédula oficial que assinalou, assim como o seu título, a
fôlha de impugnação e qualquer outro documento ofe-
DO ENCERRAMENTO DA VOTAÇÃO
recido pelo impugnante;
Art. 153. Às 17 (dezessete) horas, o presidente fará en-
III - determinará ao eleitor que feche a sobrecarta branca
tregar as senhas a todos os eleitores presentes e, em
e a deposite na urna;
seguida, os convidará, em voz alta, a entregar à mesa
IV - anotará a impugnação na ata. seus títulos, para que sejam admitidos a votar.
§3º O voto em separado, por qualquer motivo, será Parágrafo único. A votação continuará na ordem numé-
sempre tomado na forma prevista no parágrafo anterior. rica das senhas e o título será devolvido ao eleitor, logo
que tenha votado.
Art. 148. O eleitor somente poderá votar na seção elei-
toral em que estiver incluído o seu nome. Art. 154. Terminada a votação e declarado o seu en-
§ 1º Essa exigência somente poderá ser dispensada nos cerramento elo presidente, tomará estes as seguintes
casos previstos no Art. 145 e seus parágrafos. providências:

§ 2º Aos eleitores mencionados no Art. 145 não será I - vedará a fenda de introdução da cédula na urna, de
permitido votar sem a exibição do título, e nas fôlhas modo a cobri-la inteiramente com tiras de papel ou
de votação modêlo 2 (dois), nas quais lançarão suas pano forte, rubricadas pelo presidente e mesários e,
assinaturas, serão sempre anotadas na coluna própria facultativamente, pelos fiscais presentes, separará to-
as seções mecionadas nos título retidos. das as folhas de votação correspondentes aos eleitores

458
faltosos e fará constar, no verso de cada uma delas na a indicação de hora, devendo aqueles documentos ser
parte destinada à assinatura do eleitor, a falta verificada, encerrados em sobrecartas rubricadas por êle e pelos
por meio de breve registro, que autenticará com a sua fiscais que o quiserem;
assinatura. VII - comunicará em ofício, ou impresso próprio, ao juiz
II - encerrará, com a sua assinatura, a fôlha de votação eleitoral da zona a realização da eleição, o número de
modêlo 2 (dois), que poderá ser também assinada pe- eleitores que votaram e a remessa da urna e dos docu-
los fiscais; mentos à Junta Eleitoral;
III - mandará lavra, por um dos secretários, a ata da VIII - enviará em sobrecarta fechada uma das vias do
eleição, preenchendo o modêlo fornecido pela Justiça recibo do Correio à Junta Eleitoral e a outra ao Tribunal
Eleitoral, para que conste: Regional.
a) os nomes dos membros da mesa que hajam compa- § 1º Os Tribunais Regionais poderão prescrever outros
recido, inclusive o suplente; meios de vedação das urnas.
b) as substituições e nomeações feitas; § 2º No Distrito Federal e nas capitais dos Estados po-
derão os Tribunais Regionais determinar normas diver-
c) os nomes dos fiscais que hajam comparecido e dos
sas para a entrega de urnas e papéis eleitorais, com as
que se retiraram durante a votação;
cautelas destinadas a evitar violação ou extravio.
d) a causa, se houver, do retardamento para o começo
da votação; Art. 155. O presidente da Junta Eleitoral e as agências
e) o número, por extenso, dos eleitores da seção que do Correio tomarão as providências necessárias para
compareceram e votaram e o número dos que deixaram o recebimento da urna e dos documentos referidos no
de comparecer; artigo anterior.
f) o número, por extenso, de eleitores de outras seções §1º Os fiscais e delegados de partidos têm direito de vi-
que hajam votado e cujos votos hajam sido recolhidos giar e acompanhar a urna desde o momento da eleição,
ao invólucro especial; durante a permanência nas agências do Correio e até a
entrega à Junta Eleitoral.
g) o motivo de não haverem votado alguns dos eleitores
que compareceram; § 2º A urna ficará permanentemente à vista dos interes-
sados e sob a guarda de pessoa designada pelo presi-
h) os protestos e as impugnações apresentados pelos dente da Junta Eleitoral.
fiscais, assim como as decisões sôbre eles proferidas,
tudo em seu inteiro teor;
Art. 156. Até as 12 (doze) horas do dia seguinte à
i) a razão de interrupção da votação, se tiver havido, e o realização da eleição, o juiz eleitoral é obrigado, sob
tempo de interrupção; pena de responsabilidade e multa de 1 (um) a 2 (dois)
j) a ressalva das rasuras, emendas e entrelinhas por- salários-mínimos, a comunicar ao Tribunal Regional,
ventura existentes nas folhas de votação e na ata, ou a e aos delegados de partido perante êle credenciados,
declaração de não existirem; o número de eleitores que votaram em cada uma das
seções da zona sob sua jurisdição, bem como o total
IV - mandará, em caso de insuficiência de espaço no de votantes da zona.
modêlo destinado ao preenchimento, prosseguir a ata
em outra fôlha devidamente rubricada por êle, mesá- § 1º Se houver retardamento nas medidas referidas
rios e fiscais que o desejarem, mencionado esse fato no Art. 154, o juiz eleitoral, assim que receba o ofício
na própria ata; constante desse dispositivo, nº VII, fará a comunicação
constante dêste artigo.
V - assinará a ata com os demais membros da mesa,
secretários e fiscais que quiserem; § 2º Essa comunicação será feita por via postal, em ofí-
cios registrados de que o juiz eleitoral guardará cópia
VI - entregará a urna e os documentos do ato eleitoral ao no arquivo da zona, acompanhada do recibo do Correio.
presidente da Junta ou à agência do Correio mais próxi-
ma, ou a outra vizinha que ofereça melhores condições § 3º Qualquer candidato, delegado ou fiscal de parti-
de segurança e expedição, sob recibo em triplicata com do poderá obter, por certidão, o teor da comunicação a

459
que se refere êste artigo, sendo defeso ao juiz eleitoral presidente remeter, imediatamente ao Tribunal Regio-
recusá-la ou procrastinar a sua entrega ao requerente. nal, todo o material relativo à votação.
§ 4º Ocorrendo a hipótese prevista no parágrafo ante-
Art. 157. (Revogado pela Lei nº 7.914, de 7.12.1989) rior, competirá ao Tribunal Regional fazer a apuração.
§ 5º Os membros da Junta Eleitoral responsáveis pela
TÍTULO V
inobservância injustificada dos prazos fixados neste
DA APURAÇÃO artigo estarão sujeitos à multa de dois a dez salários-
-mínimos, aplicada pelo Tribunal Regional.
CAPÍTULO I
DOS ÓRGÃOS APURADORES Art. 160. Havendo conveniência, em razão do número
de urnas a apurar, a Junta poderá subdividir-se em
turmas, até o limite de 5 (cinco), todas presididas por
Art. 158. A apuração compete: algum dos seus componentes.
I - às Juntas Eleitorais quanto às eleições realizadas na Parágrafo único. As dúvidas que forem levantadas em
zona sob sua jurisdição; cada turma serão decididas por maioria de votos dos
II - aos Tribunais Regionais a referente às eleições para membros da Junta.
governador, vice-governador, senador, deputado federal
e estadual, de acôrdo com os resultados parciais envia- Art. 161. Cada partido poderá credenciar perante as
dos pelas Junta Eleitorais; Juntas até 3 (três) fiscais, que se revezem na fiscaliza-
ção dos trabalhos.
III - ao Tribunal Superior Eleitoral nas eleições para
presidente e vice-presidente da República, pelos re- § 1º Em caso de divisão da Junta em turmas, cada
sultados parciais remetidos pelos Tribunais Regionais. partido poderá credenciar até 3 (três) fiscais para cada
turma.
CAPÍTULO II § 2º Não será permitida, na Junta ou turma, a atuação de
DA APURAÇÃO NAS JUNTAS mais de 1 (um) fiscal de cada partido.

Art. 162. Cada partido poderá credenciar mais de 1


SEÇÃO I (um) delegado perante a Junta, mas no decorrer da
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES apuração só funcionará 1 (um) de cada vez.

Art. 159. A apuração começará no dia seguinte ao das Art. 163. Iniciada a apuração da urna, não será a mesma
eleições e, salvo motivo justificado, deverá terminar interrompida, devendo ser concluída.
dentro de 10 (dez) dias. Parágrafo único. Em caso de interrupção por motivo de
§ 1º Iniciada a apuração, os trabalhos não serão in- força maior, as cédulas e as folhas de apuração serão
terrompidos aos sábados, domingos e dias feriados, recolhidas à urna e esta fechada e lacrada, o que cons-
devendo a Junta funcionar das 8 (oito) às 18 (dezoito) tará da ata.
horas, pelo menos.
Art. 164. É vedado às Juntas Eleitorais a divulgação,
§ 2º Em caso de impossibilidade de observância do
por qualquer meio, de expressões, frases ou desenhos
prazo previsto neste artigo, o fato deverá ser imediata-
estranhos ao pleito, apostos ou contidos nas cédulas.
mente justificado perante o Tribunal Regional, mencio-
nando-se as horas ou dias necessários para o adiamen- § 1º Aos membros, escrutinadores e auxiliares das Jun-
to que não poderá exceder a cinco dias. tas que infringirem o disposto neste artigo será aplicada
a multa de 1 (um) a 2 (dois) salários-mínimos vigentes
§ 3º Esgotado o prazo e a prorrogação estipulada neste
na Zona Eleitoral, cobrados através de executivo fiscal
artigo ou não tendo havido em tempo hábil o pedido de
ou da inutilização de sêlos federais no processo em que
prorrogação, a respectiva Junta Eleitoral perde a com-
fôr arbitrada a multa.
petência para prosseguir na apuração devendo o seu

460
§ 2º Será considerada dívida líquida e certa, para efeito IV - se apenas o representante do Ministério Público
de cobrança, a que fôr arbitrada pelo Tribunal Regional entender que a urna foi violada, a Junta decidirá, po-
e inscrita em livro próprio na Secretaria desse órgão. dendo aquêle, se a decisão não fôr unânime, recorrer
imediatamente para o Tribunal Regional;
SEÇÃO II V - não poderão servir de peritos os referidos no Art.
DA ABERTURA DA URNA 36, § 3º, nºs. I a IV.
§ 2º s impugnações fundadas em violação da urna so-
Art. 165. Antes de abrir cada urna a Junta verificará: mente poderão ser apresentadas até a abertura desta.
I - se há indício de violação da urna; § 3º Verificado qualquer dos casos dos nºs. II, III, IV e V
II - se a mesa receptora se constituiu legalmente; do artigo, a Junta anulará a votação, fará a apuração dos
votos em separado e recorrerá de ofício para o Tribunal
III - se as folhas individuais de votação e as folhas mo- Regional.
dêlo 2 (dois) são autênticas;
§ 4º Nos casos dos números VI, VII, VIII, IX e X, a Junta
IV - se a eleição se realizou no dia, hora e local desig- decidirá se a votação é válida, procedendo à apuração
nados e se a votação não foi encerrada antes das 17 definitiva em caso afirmativo, ou na forma do parágrafo
(dezessete) horas; anterior, se resolver pela nulidade da votação.
V - se foram infringidas as condições que resguardam § 5º A junta deixará de apurar os votos de urna que não
o sigilo do voto; estiver acompanhada dos documentos legais e lavrará
VI - se a seção eleitoral foi localizada com infração ao têrmo relativo ao fato, remetendo-a, com cópia da sua
disposto nos §§ 4º e 5º do Art. 135; decisão, ao Tribunal Regional.
VII - se foi recusada, sem fundamento legal, a fiscaliza-
Art. 166. Aberta a urna, a Junta verificará se o número
ção de partidos aos atos eleitorais;
de cédulas oficiais corresponde ao de votantes.
VIII - se votou eleitor excluído do alistamento, sem ser
§ 1º A incoincidência entre o número de votantes e o
o seu voto tomado em separado;
de cédulas oficiais encontradas na urna não constituirá
IX - se votou eleitor de outra seção, a não ser nos casos motivo de nulidade da votação, desde que não resulte
expressamente admitidos; de fraude comprovada.
X - se houve demora na entrega da urna e dos docu- § 2º Se a Junta entender que a incoincidência resulta de
mentos conforme determina o nº VI, do Art. 154. fraude, anulará a votação, fará a apuração em separado
XI - se consta nas folhas individuais de votação dos e recorrerá de ofício para o Tribunal Regional.
eleitores faltosos o devido registro de sua falta.
Art. 167. Resolvida a apuração da urna, deverá a Junta
§ 1º Se houver indício de violação da urna, proceder- inicialmente:
-se-á da seguinte forma:
I - examinar as sobrecartas brancas contidas na urna,
I - antes da apuração, o presidente da Junta indicará anulando os votos referentes aos eleitores que não po-
pessoa idônea para servir como perito e examinar a diam votar;
urna com assistência do representante do Ministério
Público; II - misturar as cédulas oficiais dos que podiam votar
com as demais existentes na urna.
II - se o perito concluir pela existência de violação e
o seu parecer fôr aceito pela Junta, o presidente desta III - (Revogado pela Lei nº 4.961, de 4.5.1966)
comunicará a ocorrência ao Tribunal Regional, para as IV (Revogado pela Lei nº 4.961, de 4.5.1966)
providências de lei;
Art. 168. As questões relativas à existência de rasuras,
III - se o perito e o representante do Ministério Públi- emendas e entrelinhas nas folhas de votação e na ata da
co concluírem pela inexistência de violação, far-se-á a eleição, somente poderão ser suscitadas na fase corres-
apuração; pondente à abertura das urnas.

461
SEÇÃO III e na forma por ele estabelecida.
DAS IMPUGNAÇÕES E DOS RECURSOS
Art. 174. As cédulas oficiais, à medida em que forem
sendo abertas, serão examinadas e lidas em voz alta por
Art. 169. À medida que os votos forem sendo apurados, um dos componentes da Junta.
poderão os fiscais e delegados de partido, assim como
os candidatos, apresentar impugnações que serão de- § 1º Após fazer a declaração dos votos em branco e an-
cididas de plano pela Junta. tes de ser anunciado o seguinte, será aposto na cédula,
no lugar correspondente à indicação do voto, um ca-
§ 1º As Juntas decidirão por maioria de votos as im- rimbo com a expressão «em branco», além da rubrica
pugnações. do presidente da turma.
§ 2º De suas decisões cabe recurso imediato, interposto § 2º O mesmo processo será adaptado para o voto nulo.
verbalmente ou por escrito, que deverá ser fundamen-
tado no prazo de 48 (quarenta e oito) horas para que § 3º Não poderá ser iniciada a apuração dos votos da
tenha seguimento. urna subsequente sob as penas do Art. 345, sem que os
votos em branco da anterior estejam todos registrados
§ 3º O recurso, quando ocorrerem eleições simultâneas, pela forma referida no § 1º.
indicará expressamente eleição a que se refere.
§ 4º As questões relativas às cédulas somente poderão
§ 4º Os recursos serão instruídos de ofício, com certi- ser suscitadas nessa oportunidade.)
dão da decisão recorrida; se interpostos verbalmente,
constará também da certidão o trecho correspondente
Art. 175. Serão nulas as cédulas: I - que não correspon-
do boletim.
derem ao modelo oficial;
Art. 170. As impugnações quanto à identidade do elei- II - que não estiverem devidamente autenticadas;
tor, apresentadas no ato da votação, serão resolvidas III - que contiverem expressões, frases ou sinais que
pelo confronto da assinatura tomada no verso da folha possam identificar o voto.
individual de votação com a existente no anverso; se o
eleitor votou em separado, no caso de omissão da folha § 1º Serão nulos os votos, em cada eleição majoritária: 
individual na respectiva pasta, confrontando-se a assi- I - quando forem assinalados os nomes de dois ou mais
natura da folha modêlo 2 (dois) com a do título eleitoral. candidatos para o mesmo cargo;
II - quando a assinalação estiver colocada fora do qua-
Art. 171 Não será admitido recurso contra a apuração, drilátero próprio, desde que torne duvidosa a manifes-
se não tiver havido impugnação perante a Junta, no ato tação da vontade do eleitor.
apuração, contra as nulidades argüidas.
§ 2º Serão nulos os votos, em cada eleição pelo sistema
Art. 172. Sempre que houver recurso fundado em con- proporcional:
tagem errônea de votos, vícios de cédulas ou de sobre- I - quando o candidato não fôr indicado, através do
cartas para votos em separado, deverão as cédulas ser nome ou do número, com clareza suficiente para dis-
conservadas em invólucro lacrado, que acompanhará o tinguí-lo de outro candidato ao mesmo cargo, mas de
recurso e deverá ser rubricado pelo juiz eleitoral, pelo outro partido, e o eleitor não indicar a legenda;
recorrente e pelos delegados de partido que o deseja-
rem. II - se o eleitor escrever o nome de mais de um candi-
dato ao mesmo cargo, pertencentes a partidos diversos,
SEÇÃO IV ou, indicando apenas os números, o fizer também de
DA CONTAGEM DOS VOTOS candidatos de partidos diferentes;
III - se o eleitor, não manifestando preferência por can-
Art. 173. Resolvidas as impugnações a Junta passará a didato, ou o fazendo de modo que não se possa iden-
apurar os votos. tificar o de sua preferência, escrever duas ou mais le-
gendas diferentes no espaço relativo à mesma eleição.
Parágrafo único. Na apuração, poderá ser utilizado sis-
tema eletrônico, a critério do Tribunal Superior Eleitoral IV- (Incluído pela Lei nº 6.989, de 5.5.1982 e restabele-

462
cido pela Lei nº 7.332, de 1º.7.1985) Art. 178. O voto dado ao candidato a Presidente da
República entender-se-á dado também ao candidato a
§ 3º Serão nulos, para todos os efeitos, os votos dados
vice-presidente, assim como o dado aos candidatos a
a candidatos inelegíveis ou não registrados.
governador, senador, deputado federal nos territórios,
§ 4º O disposto no parágrafo anterior não se aplica prefeito e juiz de paz entender-se-á dado ao respectivo
quando a decisão de inelegibilidade ou de cancelamen- vice ou suplente.
to de registro for proferida após a realização da eleição
a que concorreu o candidato alcançado pela sentença, Art. 179. Concluída a contagem dos votos a Junta ou
caso em que os votos serão contados para o partido turma deverá:
pelo qual tiver sido feito o seu registro.
I - transcrever nos mapas referentes à urna a votação
apurada;
Art. 176. Contar-se-á o voto apenas para a legenda, nas
eleições pelo sistema proporcional: II - expedir boletim contendo o resultado da respectiva
seção, no qual serão consignados o número de votan-
I - se o eleitor escrever apenas a sigla partidária, não
tes, a votação individual de cada candidato, os votos de
indicando o candidato de sua preferência;
cada legenda partidária, os votos nulos e os em branco,
II - se o eleitor escrever o nome de mais de um candi- bem como recursos, se houver.
dato do mesmo Partido;
§ 1º Os mapas, em todas as suas folhas, e os boletins de
III - se o eleitor, escrevendo apenas os números, indicar apuração, serão assinados pelo presidente e membros
mais de um candidato do mesmo Partido; da Junta e pelos fiscais de partido que o desejarem.
IV - se o eleitor não indicar o candidato através do nome § 2º O boletim a que se refere e êste artigo obedecerá a
ou do número com clareza suficiente para distingui-lo modêlo aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral, po-
de outro candidato do mesmo Partido. dendo porém, na sua falta, ser substituído por qualquer
outro expedido por Tribunal Regional ou pela própria
Art. 177. Na contagem dos votos para as eleições reali- Junta Eleitoral.
zadas pelo sistema proporcional observar-se-ão, ainda,
§ 3º Um dos exemplares do boletim de apuração será
as seguintes normas:
imediatamente afixado na sede da Junta, em local que
I - a inversão, omissão ou erro de grafia do nome ou possa ser copiado por qualquer pessoa.
prenome não invalidará o voto, desde que seja possível
§ 4º Cópia autenticada do boletim de apuração será en-
a identificação do candidato;
tregue a cada partido, por intermédio do delegado ou
II - se o eleitor escrever o nome de um candidato e o fiscal presente, mediante recibo.
número correspondente a outro da mesma legenda ou
§ 5º O boletim de apuração ou sua cópia autenticada
não, contar-se-á o voto para o candidato cujo nome foi
com a assinatura do juiz e pelo menos de um dos mem-
escrito, bem como para a legenda a que pertence;
bros da Junta, podendo ser apresentado ao Tribunal
III - se o eleitor escrever o nome ou o número de um Regional, nas eleições federais e estaduais, sempre que
candidato e a legenda de outro Partido, contar-se-á o o número de votos constantes dos mapas recebidos
voto para o candidato cujo nome ou número foi escrito; pela Comissão Apuradora não coincidir com os nele
IV - se o eleitor escrever o nome ou o número de um consignados.
candidato a Deputado Federal na parte da cédula refe- § 6º O partido ou candidato poderá apresentar o boletim
rente a Deputado Estadual ou vice-versa, o voto será na oportunidade concedida pelo Art. 200, quando terá
contado para o candidato cujo nome ou número foi vista do relatório da Comissão Apuradora, ou antes, se
escrito; durante os trabalhos da Comissão tiver conhecimento
V - se o eleitor escrever o nome ou o número de candi- da incoincidência de qualquer resultado.
datos em espaço da cédula que não seja o correspon- § 7º Apresentado o boletim, será aberta vista aos de-
dente ao cargo para o qual o candidato foi registrado, mais partidos, pelo prazo de 2 (dois) dias, os quais
será o voto computado para o candidato e respectiva somente poderão contestar o erro indicado com a
legenda, conforme o registro. apresentação de boletim da mesma urna, revestido das

463
mesmas formalidades. Parágrafo único. O descumprimento do disposto no
presente artigo, sob qualquer pretexto, constitui o crime
§ 8º Se o boletim apresentado na contestação consignar
eleitoral previsto no Art. 314.
outro resultado, coincidente ou não com o que figurar
no mapa enviado pela Junta, a urna será requisitada e
recontada pelo próprio Tribunal Regional, em sessão. Art. 184. Terminada a apuração, a Junta remeterá ao Tri-
bunal Regional no prazo de vinte e quatro horas, todos
§ 9º A não expedição do boletim imediatamente após os papéis eleitorais referentes às eleições estaduais ou
a apuração de cada urna e antes de se passa à subse- federais, acompanhados dos documentos referentes à
quente, sob qualquer pretexto, constitui o crime previs- apuração, juntamente com a ata geral dos seus traba-
to no Art. 313. lhos, na qual serão consignadas as votações apuradas
para cada legenda e candidato e os votos não apurados
Art. 180. O disposto no artigo anterior e em todos os com a declaração dos motivos porque o não foram.
seus parágrafos aplica-se às eleições municipais, ob-
§ 1º Essa remessa será feita em invólucros fechado, la-
servadas somente as seguintes alterações:
crado e rubricado pelos membros da Junta, delegados e
I - o boletim de apuração poderá ser apresentado à fiscais de Partido, por via postal ou sob protocolo, con-
Junta até 3 (três) dia depois de totalizados os resulta- forme fôr mais rápida e segura a chegada ao destino.
dos, devendo os partidos ser cientificados, através de
§ 2º Se a remessa dos papéis eleitorais de que trata
seus delegados, da data em que começará a correr êsse
êste artigo não se verificar no prazo nele estabelecido
prazo;
os membros da Junta estarão sujeitos à multa corres-
II - apresentado o boletim será observado o disposto pondente à metade do salário-mínimo regional por dia
nos §§ 7º e 8º do artigo anterior, devendo a recontagem de retardamento.
ser procedida pela própria Junta.
§ 3º Decorridos quinze dias sem que o Tribunal Regio-
nal tenha recebido os papéis referidos neste artigo ou
Art. 181. Salvo nos casos mencionados nos artigos an-
comunicação de sua expedição, determinará ao Corre-
teriores, a recontagem de votos só poderá ser deferida
gedor Regional ou Juiz Eleitoral mais próximo que os
pelos Tribunais Regionais, em recurso interposto ime-
faça apreender e enviar imediatamente, transferindo-se
diatamente após a apuração de cada urna.
para o Tribunal Regional a competência para decidir
Parágrafo único. Em nenhuma outra hipótese poderá a sôbre os mesmos.
Junta determinar a reabertura de urnas já apuradas para
recontagem de votos. Art. 185. Sessenta dias após o trânsito em julgado da
diplomação de todos os candidatos, eleitos nos pleitos
Art. 182. Os títulos dos eleitores estranhos à seção se- eleitorais realizados simultaneamente e prévia publica-
rão separados, para remessa, depois de terminados os ção de edital de convocação, as cédulas serão retiradas
trabalhos da Junta, ao juiz eleitoral da zona nêles men- das urnas e imediatamente incineradas, na presença
cionadas, a fim de que seja anotado na fôlha individual do Juiz Eleitoral e em ato público, vedado a qualquer
de votação o voto dado em outra seção. pessoa inclusive ao Juiz, o seu exame na ocasião da
Parágrafo único. Se, ao ser feita a anotação, no con- incineração.
fronto do título com a fôlha individual, se verificar in- Parágrafo único. Poderá ainda a Justiça Eleitoral, toma-
coincidência ou outro indício de fraude, serão autuados das as medidas necessárias à garantia do sigilo, auto-
tais documentos e o juiz determinará as providências rizar a reciclagem industrial das cédulas, em proveito
necessárias para apuração do fato e conseqüentes me- do ensino público de primeiro grau ou de instituições
didas legais. beneficentes.

Art. 183. Concluída a apuração, e antes de se passar à Art. 186. Com relação às eleições municipais e distri-
subsequente, as cédulas serão recolhidas à urna, sendo tais, uma vez terminada a apuração de todas as urnas,
esta fechada e lacrada, não podendo ser reaberta senão a Junta resolverá as dúvidas não decididas, verificará o
depois de transitada em julgado a diplomação, salvo total dos votos apurados, inclusive os votos em branco,
nos casos de recontagem de votos. determinará o quociente eleitoral e os quocientes parti-

464
dários e proclamará os candidatos eleitos. SEÇÃO V
§ 1º O presidente da Junta fará lavrar, por um dos se- DA CONTAGEM DOS VOTOS
cretários, a ata geral concernente às eleições referidas PELA MESA RECEPTORA
neste artigo, da qual constará o seguinte:
I - as seções apuradas e o número de votos apurados Art. 188. O Tribunal Superior Eleitoral poderá autorizar
em cada urna; a contagem de votos pelas mesas receptoras, nos Es-
II - as seções anuladas, os motivos por que foram e o tados em que o Tribunal Regional indicar as zonas ou
número de votos não apurados; seções em que esse sistema deva ser adotado.

III- as seções onde não houve eleição e os motivos; Art. 189. Os mesários das seções em que fôr efetuada
IV - as impugnações feitas, a solução que lhes foi dada a contagem dos votos serão nomeados escrutinadores
e os recursos interpostos; da junta.
V - a votação de cada legenda na eleição para vereador;
Art. 190. Não será efetuada a contagem dos votos pela
VI - o quociente eleitoral e os quocientes partidários; mesa se esta não se julgar suficientemente garantida,
VII - a votação dos candidatos a vereador, incluídos em ou se qualquer eleitor houver votado sob impugnação,
cada lista registrada, na ordem da votação recebida; devendo a mesa, em um ou outro caso, proceder na
forma determinada para as demais, das zonas em que a
VIII - a votação dos candidatos a prefeito, vice-prefeito e contagem não foi autorizada.
a juiz de paz, na ordem da votação recebida.
§ 2º Cópia da ata geral da eleição municipal, devida- Art. 191. Terminada a votação, o presidente da mesa
mente autenticada pelo juiz, será enviada ao Tribunal tomará as providências mencionadas nas alíneas II, III,
Regional e ao Tribunal Superior Eleitoral. IV e V do Art. 154.

Art. 187. Verificando a Junta Apuradora que os votos Art. 192. Lavrada e assinada ata, o presidente da mesa,
das seções anuladas e daquelas cujos eleitores foram na presença dos demais membros, fiscais e delegados
impedidos de votar, poderão alterar a representação de do partido, abrirá a urna e o invólucro e verificará se o
qualquer partido ou classificação de candidato eleito número de cédulas oficiais coincide com o de votantes.
pelo princípio majoritário, nas eleições municipais, fará § 1º Se não houver coincidência entre o número de
imediata comunicação do fato ao Tribunal Regional, que votantes e o de cédulas oficiais encontradas na urna
marcará, se fôr o caso, dia para a renovação da votação e no invólucro a mesa receptora não fará a contagem
naquelas seções. dos votos.
§ 1º Nas eleições suplementares municipais observar- § 2º Ocorrendo a hipótese prevista no parágrafo ante-
-se-á, no que couber, o disposto no Art. 201. rior, o presidente da mesa determinará que as cédulas
§ 2º Essas eleições serão realizadas perante novas me- e as sobrecartas sejam novamente recolhidas a urna
sas receptoras, nomeadas pelo juiz eleitoral, e apuradas e ao invólucro, os quais serão fechados e lacrados,
pela própria Junta que, considerando os anteriores e os procedendo, em seguida, na forma recomendada pelas
novos resultados, confirmará ou invalidará os diplomas alíneas VI, VII e VIII e do Art. 54.
que houver expedido.
Art. 193. Havendo coincidência entre o número de
§ 3º Havendo renovação de eleições para os cargos de
cédulas e o de votantes deverá a mesa, inicialmente,
prefeito e vice-prefeito, os diplomas somente serão ex-
misturar as cédulas contidas nas sobrecartas brancas,
pedidos depois de apuradas as eleições suplementares.
da urna e do invólucro, com as demais.
§ 4º Nas eleições suplementares, quando ser referirem
§ 1º Em seguida proceder-se-á à abertura das cédulas
a mandatos de representação proporcional, a votação e
e contagem dos votos, observando-se o disposto nos
a apuração far-se-ão exclusivamente para as legendas
artigos. 169 e seguintes, no que couber.
registradas.
§ 2º Terminada a contagem dos votos será lavrada ata

465
resumida, de acôrdo com modelo aprovado pelo Tribu- uma só vez ou em duas ou mais etapas.
nal Superior e da qual constarão apenas as impugna- Parágrafo único. Nesse caso cada partido poderá cre-
ções acaso apresentadas, figurando os resultados no denciar um fiscal para acompanhar a apuração de cada
boletim que se incorporará à ata, e do qual se dará cópia urna, realizando-se esta sob a supervisão do juiz e dos
aos fiscais dos partidos. demais membros da Junta, aos quais caberá decidir, em
cada caso, as impugnações e demais incidentes verifi-
Art. 194. Após a lavratura da ata, que deverá ser assi- cados durante os trabalhos.
nada pelos membros da mesa e fiscais e delegados de
partido, as cédulas e as sobrecartas serão recolhidas
à urna, sendo esta fechada, lacrada e entregue ao juiz CAPÍTULO III
eleitoral pelo presidente da mesa ou por um dos mesá- DA APURAÇÃO NOS
rios, mediante recibo. TRIBUNAIS REGIONAIS
§ 1º O juiz eleitoral poderá, havendo possibilidade,
designar funcionários para recolher as urnas e demais Art. 197. Na apuração, compete ao Tribunal Regional.
documentos nos próprios locais da votação ou instalar I - resolver as dúvidas não decididas e os recursos in-
postos e locais diversos para o seu recebimento. terpostos sôbre as eleições federais e estaduais e apu-
§ 2º Os fiscais e delegados de partido podem vigiar e rar as votações que haja validado em grau de recurso;
acompanhar a urna desde o momento da eleição, du- II - verificar o total dos votos apurados entre os quais se
rante a permanência nos postos arrecadadores e até a incluem os em branco;
entrega à Junta.
III - Determinar os quocientes, eleitoral e partidário,
Art. 195. Recebida a urna e documentos, a Junta deverá: bem como a distribuição das sobras;

I - examinar a sua regularidade, inclusive quanto ao IV - proclamar os eleitos e expedir os respectivos di-
funcionamento normal da seção; plomas;

II - rever o boletim de contagem de votos da mesa re- V - fazer a apuração parcial das eleições para Presidente
ceptora, a fim de verificar se está aritmeticamente certo, e Vice-presidente da República.
fazendo dêle constar que, conferido, nenhum erro foi
encontrado; Art. 198. A apuração pelo Tribunal Regional começará
no dia seguinte ao em que receber os primeiros resulta-
III - abrir a urna e conferir os votos sempre que a conta- dos parciais das Juntas e prosseguirá sem interrupção,
gem da mesa receptora não permitir o fechamento dos inclusive nos sábados, domingos e feriados, de acôrdo
resultados; com o horário previamente publicado, devendo termi-
IV - proceder à apuração se da ata da eleição constar nar 30 (trinta) dias depois da eleição.
impugnação de fiscal, delegado, candidato ou membro § 1º Ocorrendo motivos relevantes, expostos com a
da própria mesa em relação ao resultado de contagem necessária antecedência, o Tribunal Superior poderá
dos votos; conceder prorrogação desse prazo, uma só vez e por
V - resolver todas as impugnações constantes da ata quinze dias.
da eleição; § 2º Se o Tribunal Regional não terminar a apuração
VI - praticar todos os atos previstos na competência das no prazo legal, seus membros estarão sujeitos à multa
Juntas Eleitorais. correspondente à metade do salário-mínimo regional
por dia de retardamento. (
Art. 196. De acôrdo com as instruções recebidas a
Junta Apuradora poderá reunir os membros das mesas Art. 199. Antes de iniciar a apuração o Tribunal Regio-
receptoras e demais componentes da Junta em local nal constituirá com 3 (três) de seus membros, presidida
amplo e adequado no dia seguinte ao da eleição, em por um destes, uma Comissão Apuradora.
horário previamente fixado, e a proceder à apuração § 1º O Presidente da Comissão designará um funcio-
na forma estabelecida nos artigos. 159 e seguintes, de nário do Tribunal para servir de secretário e para auxi-

466
liarem os seus trabalhos, tantos outros quantos julgar § 2º O Tribunal Regional, antes de aprovar o relatório
necessários. da Comissão Apuradora e, em três dias improrrogáveis,
julgará as impugnações e as reclamações não providas
§ 2º De cada sessão da Comissão Apuradora será la-
pela Comissão Apuradora, e, se as deferir, voltará o re-
vrada ata resumida.
latório à Comissão para que sejam feitas as alterações
§ 3º A Comissão Apuradora fará publicar no órgão resultantes da decisão.
oficial, diariamente, um boletim com a indicação dos
trabalhos realizados e do número de votos atribuídos Art. 201. De posse do relatório referido no artigo an-
a cada candidato. terior, reunir-se-á o Tribunal, no dia seguinte, para o
§ 4º Os trabalhos da Comissão Apuradora poderão ser conhecimento do total dos votos apurados, e, em se-
acompanhados por delegados dos partidos interessa- guida, se verificar que os votos das seções anuladas
dos, sem que, entretanto, neles intervenha com protes- e daquelas cujos eleitores foram impedidos de votar,
tos, impugnações ou recursos. poderão alterar a representação de candidato eleito pelo
princípio majoritário, ordenará a realização de novas
§ 5º Ao final dos trabalhos, a Comissão Apuradora eleições.
apresentará ao Tribunal Regional os mapas gerais da
apuração e um relatório, que mencione: Parágrafo único. As novas eleições obedecerão às se-
guintes normas:
I - o número de votos válidos e anulados em cada Junta
Eleitoral, relativos a cada eleição; I - o Presidente do Tribunal fixará, imediatamente, a
data, para que se realizem dentro de 15 (quinze) dias,
II - as seções apuradas e os votos nulos e anulados de no mínimo, e de 30 (trinta) dias no máximo, a contar
cada uma; do despacho que a fixar, desde que não tenha havido
III - as seções anuladas, os motivos por que o foram e o recurso contra a anulação das seções;
número de votos anulados ou não apurados; II - somente serão admitidos a votar os eleitores da se-
IV - as seções onde não houve eleição e os motivos; ção, que hajam comparecido a eleição anulada, e os de
outras seções que ali houverem votado;
V - as impugnações apresentadas às Juntas e como
foram resolvidas por elas, assim como os recursos que III - nos casos de coação que haja impedido o compa-
tenham sido interposto: recimento dos eleitores às urnas, no de encerramento
da votação antes da hora legal, e quando a votação tiver
VI - a votação de cada partido;
sido realizada em dia, hora e lugar diferentes dos de-
VII - a votação de cada candidato; signados, poderão votar todos os eleitores da seção e
VIII - o quociente eleitoral; somente estes;

IX - os quocientes partidários; IV - nas zonas onde apenas uma seção fôr anulada, o
juiz eleitoral respectivo presidirá a mesa receptora; se
X- a distribuição das sobras. houver mais de uma seção anulada, o presidente do
Tribunal Regional designará os juizes presidentes das
Art. 200. O relatório a que se refere o artigo anterior respectivas mesas receptoras.
ficará na Secretaria do Tribunal, pelo prazo de 3 (três)
dias, para exame dos partidos e candidatos interessa- V - as eleições realizar-se-ão nos mesmos locais ante-
dos, que poderão examinar também os documentos em riormente designados, servindo os mesários e secretá-
que êle se baseou. rios que pelo juiz forem nomeados, com a antecedência
de, pelo menos, cinco dias, salvo se a anulação fôr de-
§ 1º Terminado o prazo supra, os partidos poderão cretada por infração dos §§ 4º e 5º do Art. 135;
apresentar as suas reclamações, dentro de 2 (dois)
dias, sendo estas submetidas a parecer da Comissão VI - as eleições assim realizadas serãoapuradas pelo
Apuradora que, no prazo de 3 (três) dias, apresentará Tribunal Regional.
aditamento ao relatório com a proposta das modifica-
ções que julgar procedentes, ou com a justificação da Art. 202. Da reunião do Tribunal Regional será lavra-
improcedência das argüições. da ata geral, assinada pelos seus membros e da qual
constarão:

467
I - as seções apuradas e o número de votos apurados eleições presidenciais.
em cada uma; § 2º Concluídos os trabalhos da apuração o Tribunal
II - as seções anuladas, as razões por que o foram e o Regional remeterá ao Tribunal Superior os resultados
número de votos não apurados; parciais das eleições para presidente e vice-presidente
da República, acompanhados de todos os papéis que
III - as seções onde não tenha havido eleição e os mo-
lhe digam respeito.
tivos;
IV - as impugnações apresentadas às juntas eleitorais e Art. 204. O Tribunal Regional julgando conveniente,
como foram resolvidas; poderá determinar que a totalização dos resultados de
V - as seções em que se vai realizar ou renovar a elei- cada urna seja realizada pela própria Comissão Apu-
ção; radora.
VI - a votação obtida pelos partidos; Parágrafo único. Ocorrendo essa hipótese serão obser-
vadas as seguintes regras:
VII - o quociente eleitoral e o partidário;
I - a decisão do Tribunal será comunicada, até 30 (trin-
VIII - os nomes dos votados na ordem decrescente dos ta) dias antes da eleição aos juizes eleitorais, aos dire-
votos; tórios dos partidos e ao Tribunal Superior;
IX - os nomes dos eleitos; II - iniciada a apuração os juizes eleitorais remeterão
X - os nomes dos suplentes, na ordem em que devem ao Tribunal Regional, diariamente, sob registro postal
substituir ou suceder. ou por portador, os mapas de todas as urnas apuradas
no dia;
§ 1º Na mesma sessão o Tribunal Regional proclamará
os eleitos e os respectivos suplentes e marcará a data III - os mapas serão acompanhados de ofício sucin-
para a expedição solene dos diplomas em sessão pú- to, que esclareça apenas a que seções correspondem
blica, salvo quanto a governador e vice-governador, se e quantas ainda faltam para completar a apuração da
ocorrer a hipótese prevista na Emenda Constitucional zona;
nº 13. IV - havendo sido interposto recurso em relação a urna
§ 2º O vice-governador e o suplente de senador, consi- correspondente aos mapas enviados, o juiz fará constar
derar-se-ão eleitos em virtude da eleição do governador do ofício, em seguida à indicação da seção, entre parên-
e do senador com os quais se candidatarem. teses, apenas esse esclarecimento - “houve recurso”;
§ 3º Os candidatos a governador e vice-governador so- V - a ata final da junta não mencionará, no seu texto, a
mente serão diplomados depois de realizadas as elei- votação obtida pelos partidos e candidatos, a qual ficará
ções suplementares referentes a esses cargos. constando dos boletins de apuração do Juízo, que dela
ficarão fazendo parte integrante;
§ 4º Um traslado da ata da sessão, autenticado com a
assinatura de todos os membros do Tribunal que as- VI - cópia autenticada da ata, assinada por todos os que
sinaram a ata original, será remetida ao Presidente do assinaram o original, será enviada ao Tribunal Regional
Tribunal Superior. na forma prevista no art. 184;
§ 5º O Tribunal Regional comunicará o resultado da VII - a Comissão Apuradora, à medida em que fôr re-
eleição ao Senado Federal, Câmara dos Deputados e cebendo os mapas, passará a totalizar os votos, aguar-
Assembléia Legislativa. dando, porém, a chegada da cópia autêntica da ata para
encerrar a totalização referente a cada zona;
Art. 203. Sempre que forem realizadas eleições de âm- VIII - no caso de extravio de mapa o juiz eleitoral pro-
bito estadual juntamente com eleições para presidente e videnciará a remessa de 2a.via, preenchida à vista dos
vice-presidente da República, o Tribunal Regional des- delegados de partido especialmente convocados para
dobrará os seus trabalhos de apuração, fazendo tanto esse fim e pelos resultados constantes do boletim de
para aquelas como para esta, uma ata geral. apuração que deverá ficar arquivado no Juízo.
§ 1º A Comissão Apuradora deverá, também, apresentar
relatórios distintos, um dos quais referente apenas às

468
CAPÍTULO IV § 2º Se do julgamento resultarem alterações na apura-
DA APURAÇÃO NO TRIBUNAL SUPERIOR ção efetuada pelo Tribunal Regional, o acórdão determi-
nará que a Secretaria, dentro em 5 (cinco) dias, levante
as fôlhas de apuração parcial das seções cujos resulta-
Art. 205. O Tribunal Superior fará a apuração geral das dos tiverem sido alterados, bem como o mapa geral da
eleições para presidente e vice-presidente da República respectiva circunscrição, de acôrdo com as alterações
pelos resultados verificados pelos Tribunais Regionais decorrentes do julgado, devendo o mapa, após o visto
em cada Estado. do relator, ser publicado na Secretaria.

Art. 206. Antes da realização da eleição o Presidente § 3º A esse mapa admitir-se-á, dentro em 48 (quarenta
do Tribunal sorteará, dentre os juizes, o relator de cada e oito) horas de sua publicação, impugnação fundada
grupo de Estados, ao qual serão distribuídos todos os em erro de conta ou de cálculo, decorrente da própria
recursos e documentos da eleição referentes ao respec- sentença.
tivo grupo.
Art. 210. Os mapas gerais de todas as circunscrições
Art. 207. Recebidos os resultados de cada Estado, e com as impugnações, se houver, e a folha de apuração
julgados os recursos interpostos das decisões dos Tri- final levantada pela secretaria, serão autuados e distri-
bunais Regionais, o relator terá o prazo de 5 (cinco) buídos a um relator geral, designado pelo Presidente.
dias para apresentar seu relatório, com as conclusões Parágrafo único. Recebidos os autos, após a audiência
seguintes: do Procurador Geral, o relator, dentro de 48 (quarenta
I - os totais dos votos válidos e nulos do Estado; e oito) horas, resolverá as impugnações relativas aos
erros de conta ou de cálculo, mandando fazer as corre-
II - os votos apurados pelo Tribunal Regional que de- ções, se fôr o caso, e apresentará, a seguir, o relatório
vem ser anulados; final com os nomes dos candidatos que deverão ser
III - os votos anulados pelo Tribunal Regional que de- proclamados eleitos e os dos demais candidatos, na
vem ser computados como válidos; ordem decrescente das votações.
IV - a votação de cada candidato;
Art. 211. Aprovada em sessão especial a apuração ge-
V - o resumo das decisões do Tribunal Regional sobre ral, o Presidente anunciará a votação dos candidatos,
as dúvidas e impugnações, bem como dos recursos proclamando a seguir eleito presidente da República o
que hajam sido interpostos para o Tribunal Superior, candidato, mais votado que tiver obtido maioria abso-
com as respectivas decisões e indicação das implica- luta de votos, excluídos, para a apuração desta, os em
ções sôbre os resultados. branco e os nulos.

Art. 208. O relatório referente a cada Estado ficará na Art. 212. Verificando que os votos das seções anuladas
Secretaria do Tribunal, pelo prazo de dois dias, para e daquelas cujos eleitores foram impedidos de votar, em
exame dos partidos e candidatos interessados, que po- todo o país, poderão alterar a classificação de candida-
derão examinar também os documentos em que êle se to, ordenará o Tribunal Superior a realização de novas
baseou e apresentar alegações ou documentos sôbre o eleições.
relatório, no prazo de 2 (dois) dias.
§ 1º Essas eleições serão marcadas desde logo pelo
Parágrafo único. Findo esse prazo serão os autos con- Presidente do Tribunal Superior e terão lugar no primei-
clusos ao relator, que, dentro em 2 (dois) dias, os apre- ro domingo ou feriado que ocorrer após o 15º (décimo
sentará a julgamento, que será previamente anunciado. quinto) dia a contar da data do despacho, devendo ser
observado o disposto nos números II a VI do parágrafo
Art. 209. Na sessão designada será o feito chamado a único do Art. 201.
julgamento de preferência a qualquer outro processo.
§ 2º Os candidatos a presidente e vice-presidente da
§ 1º Se o relatório tiver sido impugnado, os partidos República somente serão diplomados depois de rea-
interessados poderão, no prazo de 15 (quinze) minutos, lizadas as eleições suplementares referentes a esses
sustentar oralmente as suas conclusões. cargos.

469
Art. 213. Não se verificando a maioria absoluta, o ou de recurso parcial, será também revista a apuração
Congresso Nacional, dentro de quinze dias após haver anterior, para confirmação ou invalidação de diplomas,
recebido a respectiva comunicação do Presidente do observado o disposto no § 3º do Art. 261.
Tribunal Superior Eleitoral, reunir-se-á em sessão pú-
blica para se manifestar sôbre o candidato mais votado, Art. 218. O presidente de Junta ou de Tribunal que di-
que será considerado eleito se, em escrutínio secreto, plomar militar candidato a cargo eletivo, comunicará
obtiver metade mais um dos votos dos seus membros. imediatamente a diplomação à autoridade a que o mes-
§ 1º Se não ocorrer a maioria absoluta referida no caput mo estiver subordinado, para os fins do Art. 98.
dêste artigo, renovar-se-á, até 30 (trinta) dias depois, a
eleição em todo país, à qual concorrerão os dois can- CAPÍTULO VI
didatos mais votados, cujos registros estarão automati- DAS NULIDADES DA VOTAÇÃO
camente revalidados.
§ 2º No caso de renúncia ou morte, concorrerá à eleição Art. 219. Na aplicação da lei eleitoral o juiz atenderá
prevista no parágrafo anterior o substituto registrado sempre aos fins e resultados a que ela se dirige, abs-
pelo mesmo partido político ou coligação partidária. tendo-se de pronunciar nulidades sem demonstração
de prejuízo.
Art. 214. O presidente e o vice-presidente da República Parágrafo único. A declaração de nulidade não poderá
tomarão posse a 15 (quinze) de março, em sessão do ser requerida pela parte que lhe deu causa nem a ela
Congresso Nacional. aproveitar.
Parágrafo único. No caso do § 1º do artigo anterior, a
posse realizar-se-á dentro de 15 (quinze) dias a con- Art. 220. É nula a votação:
tar da proclamação do resultado da segunda eleição,
I - quando feita perante mesa não nomeada pelo juiz
expirando, porém, o mandato a 15 (quinze) de março
eleitoral, ou constituída com ofensa à letra da lei;
do quarto ano.
II - quando efetuada em folhas de votação falsas;
CAPÍTULO V III - quando realizada em dia, hora, ou local diferentes
DOS DIPLOMAS do designado ou encerrada antes das 17 horas;
IV - quando preterida formalidade essencial do sigilo
Art. 215. Os candidatos eleitos, assim como os suplen- dos sufrágios.
tes, receberão diploma assinado pelo Presidente do Tri- V - quando a seção eleitoral tiver sido localizada com
bunal Regional ou da Junta Eleitoral, conforme o caso. infração do disposto nos §§ 4º e 5º do art. 135.
Parágrafo único. Do diploma deverá constar o nome do Parágrafo único. A nulidade será pronunciada quando o
candidato, a indicação da legenda sob a qual concor- órgão apurador conhecer do ato ou dos seus efeitos e o
reu, o cargo para o qual foi eleito ou a sua classificação encontrar provada, não lhe sendo lícito supri-la, ainda
como suplente, e, facultativamente, outros dados a cri- que haja consenso das partes.
tério do juiz ou do Tribunal.
Art. 221. É anulável a votação:
Art. 216. Enquanto o Tribunal Superior não decidir o
recurso interposto contra a expedição do diploma, I - quando houver extravio de documento reputado es-
poderá o diplomado exercer o mandato em toda a sua sencial;
plenitude. II - quando fôr negado ou sofrer restrição o direito de
fiscalizar, e o fato constar da ata ou de protesto inter-
Art. 217. Apuradas as eleições suplementares o juiz ou posto, por escrito, no momento:
o Tribunal reverá a apuração anterior, confirmando ou
III - quando votar, sem as cautelas do Art. 147, § 2º.
invalidando os diplomas que houver expedido.
a) eleitor excluído por sentença não cumprida por oca-
Parágrafo único. No caso de provimento, após a di-
sião da remessa das folhas individuais de votação à
plomação, de recurso contra o registro de candidato

470
mesa, desde que haja oportuna reclamação de partido; § 2º Ocorrendo qualquer dos casos previstos neste ca-
pítulo o Ministério Público promoverá, imediatamente a
b) eleitor de outra seção, salvo a hipótese do Art. 145;
punição dos culpados.
c) alguém com falsa identidade em lugar do eleitor
§ 3º A decisão da Justiça Eleitoral que importe o indefe-
chamado.
rimento do registro, a cassação do diploma ou a perda
do mandato de candidato eleito em pleito majoritário
Art. 222. É também anulável a votação, quando viciada
acarreta, após o trânsito em julgado, a realização de no-
de falsidade, fraude, coação, uso de meios de que trata
vas eleições, independentemente do número de votos
o Art. 237, ou emprego de processo de propaganda ou
anulados. (Vide ADIN Nº 5.525)
captação de sufrágios vedado por lei.
§ 4º A eleição a que se refere o § 3º correrá a expensas
§ 1º (Revogado pela Lei nº 4.961, de 4.5.1966)
da Justiça Eleitoral e será: (Vide ADIN Nº 5.525)
I - (Revogado pela Lei nº 4.961, de 4.5.1966)
I - indireta, se a vacância do cargo ocorrer a menos de
II - (Revogado pela Lei nº 4.961, de 4.5.1966) seis meses do final do mandato; (Vide ADIN Nº 5.525)
III - (Revogado pela Lei nº 4.961, de 4.5.1966) II - direta, nos demais casos. (Vide ADIN Nº 5.525)
IV - (Revogado pela Lei nº 4.961, de 4.5.1966)
§ 2º (Revogado pela Lei nº 4.961, de 4.5.1966)
CAPÍTULO VII
DO VOTO NO EXTERIOR
Art. 223. A nulidade de qualquer ato, não decretada de
ofício pela Junta, só poderá ser argüida quando de sua Art. 225. Nas eleições para presidente e vice-presidente
prática, não mais podendo ser alegada, salvo se a ar- da República poderá votar o eleitor que se encontrar no
güição se basear em motivo superveniente ou de ordem exterior.
constitucional.
§ 1º Para esse fim serão organizadas seções eleitorais,
§ 1º Se a nulidade ocorrer em fase na qual não pos- nas sedes das Embaixadas e Consulados Gerais.
sa ser alegada no ato, poderá ser argüida na primeira
§ 2º Sendo necessário instalar duas ou mais seções
oportunidade que para tanto se apresente.
poderá ser utilizado local em que funcione serviço do
§ 2º Se se basear em motivo superveniente deverá ser governo brasileiro.
alegada imediatamente, assim que se tornar conhecida,
podendo as razões do recurso ser aditadas no prazo de Art. 226. Para que se organize uma seção eleitoral no
2 (dois) dias. exterior é necessário que na circunscrição sob a jurisdi-
§ 3º A nulidade de qualquer ato, baseada em motivo ção da Missão Diplomática ou do Consulado Geral haja
de ordem constitucional, não poderá ser conhecida em um mínimo de 30 (trinta) eleitores inscritos.
recurso interposto fora do prazo. Perdido o prazo numa Parágrafo único. Quando o número de eleitores não
fase própria, só em outra que se apresentar poderá ser atingir o mínimo previsto no parágrafo anterior, os elei-
argüida. tores poderão votar na mesa receptora mais próxima,
desde que localizada no mesmo país, de acôrdo com a
Art. 224. Se a nulidade atingir a mais de metade dos comunicação que lhes fôr feita.
votos do país nas eleições presidenciais, do Estado nas
eleições federais e estaduais ou do município nas elei- Art. 227. As mesas receptoras serão organizadas pelo
ções municipais, julgar-se-ão prejudicadas as demais Tribunal Regional do Distrito Federal mediante propos-
votações e o Tribunal marcará dia para nova eleição ta dos chefes de Missão e cônsules gerais, que ficarão
dentro do prazo de 20 (vinte) a 40 (quarenta) dias. investidos, no que fôr aplicável, da funções administra-
§ 1º Se o Tribunal Regional na área de sua competência, tivas de juiz eleitoral.
deixar de cumprir o disposto neste artigo, o Procurador Parágrafo único. Será aplicável às mesas receptoras o
Regional levará o fato ao conhecimento do Procurador processo de composição e fiscalização partidária vigen-
Geral, que providenciará junto ao Tribunal Superior te para as que funcionam no território nacional.
para que seja marcada imediatamente nova eleição.

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Art. 228. Até 30 (trinta) dias antes da realização da elei- da República, Governador, Senador, Deputado Federal,
ção todos os brasileiros eleitores, residentes no estran- Deputado Estadual e Deputado Distrital em urnas espe-
geiro, comunicarão à sede da Missão diplomática ou ao cialmente instaladas nas capitais e nos Municípios com
consulado geral, em carta, telegrama ou qualquer outra mais de cem mil eleitores.
via, a sua condição de eleitor e sua residência. § 1º O exercício do direito previsto neste artigo sujeita-
§ 1º Com a relação dessas comunicações e com os da- -se à observância das regras seguintes:
dos do registro consular, serão organizadas as folhas I - para votar em trânsito, o eleitor deverá habilitar-se
de votação, e notificados os eleitores da hora e local perante a Justiça Eleitoral no período de até quarenta e
da votação. cinco dias da data marcada para a eleição, indicando o
§ 2º No dia da eleição só serão admitidos a votar os que local em que pretende votar;
constem da folha de votação e os passageiros e tripu- II - aos eleitores que se encontrarem fora da unidade da
lantes de navios e aviões de guerra e mercantes que, no Federação de seu domicílio eleitoral somente é assegu-
dia, estejam na sede das sessões eleitorais. rado o direito à habilitação para votar em trânsito nas
eleições para Presidente da República;
Art. 229. Encerrada a votação, as urnas serão enviadas
pelos cônsules gerais às sedes das Missões Diplomáti- III - os eleitores que se encontrarem em trânsito dentro
cas. Estas as remeterão, pela mala diplomática, ao Mi- da unidade da Federação de seu domicílio eleitoral po-
nistério das Relações Exteriores, que delas fará entrega derão votar nas eleições para Presidente da República,
ao Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal, a Governador, Senador, Deputado Federal, Deputado Es-
quem competirá a apuração dos votos e julgamento das tadual e Deputado Distrital.
dúvidas e recursos que hajam sido interpostos. § 2º Os membros das Forças Armadas, os integrantes
Parágrafo único. Todo o serviço de transporte do mate- dos órgãos de segurança pública a que se refere o art.
rial eleitoral será feito por via aérea. 144 da Constituição Federal, bem como os integrantes
das guardas municipais mencionados no § 8º do mes-
Art. 230. Todos os eleitores que votarem no exterior mo art. 144, poderão votar em trânsito se estiverem em
terão os seus títulos apreendidos pela mesa receptora. serviço por ocasião das eleições.

Parágrafo único. A todo eleitor que votar no exterior § 3º As chefias ou comandos dos órgãos a que esti-
será concedido comprovante para a comunicação legal verem subordinados os eleitores mencionados no §
ao juiz eleitoral de sua zona. 2º enviarão obrigatoriamente à Justiça Eleitoral, em até
quarenta e cinco dias da data das eleições, a listagem
Art. 231. Todo aquele que, estando obrigado a votar, dos que estarão em serviço no dia da eleição com indi-
não o fizer, fica sujeito, além das penalidades previs- cação das seções eleitorais de origem e destino.
tas para o eleitor que não vota no território nacional, § 4º Os eleitores mencionados no § 2º, uma vez habili-
à proibição de requerer qualquer documento perante a tados na forma do § 3º, serão cadastrados e votarão nas
repartição diplomática a que estiver subordinado, en- seções eleitorais indicadas nas listagens mencionadas
quanto não se justificar. no § 3º independentemente do número de eleitores do
Município.
Art. 232. Todo o processo eleitoral realizado no estran-
geiro fica diretamente subordinado ao Tribunal Regio- PARTE QUINTA
nal do Distrito Federal.
DISPOSIÇÕES VÁRIAS
Art. 233. O Tribunal Superior Eleitoral e o Ministério
das Relações Exteriores baixarão as instruções neces- TÍTULO I
sárias e adotarão as medidas adequadas para o voto no DAS GARANTIAS ELEITORAIS
exterior.
Art. 234. Ninguém poderá impedir ou embaraçar o exer-
Art. 233-A. Aos eleitores em trânsito no território na-
cício do sufrágio.
cional é assegurado o direito de votar para Presidente

472
Art. 235. O juiz eleitoral, ou o presidente da mesa re- Art. 141.
ceptora, pode expedir salvo-conduto com a cominação
de prisão por desobediência até 5 (cinco) dias, em favor Art. 239. Aos partidos políticos é assegurada a prio-
do eleitor que sofrer violência, moral ou física, na sua ridade postal durante os 60 (sessenta) dias anteriores
liberdade de votar, ou pelo fato de haver votado. à realização das eleições, para remessa de material de
Parágrafo único. A medida será válida para o período propaganda de seus candidatos registrados.
compreendido entre 72 (setenta e duas) horas antes até
48 (quarenta e oito) horas depois do pleito. TÍTULO II
DA PROPAGANDA PARTIDÁRIA
Art. 236. Nenhuma autoridade poderá, desde 5 (cinco)
dias antes e até 48 (quarenta e oito) horas depois do Art. 240. A propaganda de candidatos a cargos eletivos
encerramento da eleição, prender ou deter qualquer somente é permitida após o dia 15 de agosto do ano
eleitor, salvo em flagrante delito ou em virtude de sen- da eleição.
tença criminal condenatória por crime inafiançável, ou,
ainda, por desrespeito a salvo-conduto. Parágrafo único. É vedada, desde quarenta e oito horas
antes até vinte e quatro horas depois da eleição, qual-
§ 1º Os membros das mesas receptoras e os fiscais de quer propaganda política mediante radiodifusão, televi-
partido, durante o exercício de suas funções, não po- são, comícios ou reuniões públicas.
derão ser detidos ou presos, salvo o caso de flagrante
delito; da mesma garantia gozarão os candidatos desde
Art. 241. Toda propaganda eleitoral será realizada sob
15 (quinze) dias antes da eleição.
a responsabilidade dos partidos e por eles paga, im-
§ 2º Ocorrendo qualquer prisão o preso será imediata- putando-lhes solidariedade nos excessos praticados
mente conduzido à presença do juiz competente que, se pelos seus candidatos e adeptos.
verificar a ilegalidade da detenção, a relaxará e promo-
Parágrafo único. A solidariedade prevista neste artigo é
verá a responsabilidade do coator.
restrita aos candidatos e aos respectivos partidos, não
alcançando outros partidos, mesmo quando integrantes
Art. 237. A interferência do poder econômico e o desvio de uma mesma coligação.
ou abuso do poder de autoridade, em desfavor da liber-
dade do voto, serão coibidos e punidos.
Art. 242. A propaganda, qualquer que seja a sua forma
§ 1º O eleitor é parte legítima para denunciar os culpa- ou modalidade, mencionará sempre a legenda partidá-
dos e promover-lhes a responsabilidade, e a nenhum ria e só poderá ser feita em língua nacional, não de-
servidor público. Inclusive de autarquia, de entidade vendo empregar meios publicitários destinados a criar,
paraestatal e de sociedade de economia mista, será artificialmente, na opinião pública, estados mentais,
lícito negar ou retardar ato de ofício tendente a esse fim. emocionais ou passionais.
§ 2º Qualquer eleitor ou partido político poderá se diri- Parágrafo único. Sem prejuízo do processo e das penas
gir ao Corregedor Geral ou Regional, relatando fatos e cominadas, a Justiça Eleitoral adotará medidas para
indicando provas, e pedir abertura de investigação para fazer impedir ou cessar imediatamente a propaganda
apurar uso indevido do poder econômico, desvio ou realizada com infração do disposto neste artigo.
abuso do poder de autoridade, em benefício de candi-
dato ou de partido político. Art. 243. Não será tolerada propaganda:
§ 3º O Corregedor, verificada a seriedade da denúncia I - de guerra, de processos violentos para subverter o
procederá ou mandará proceder a investigações, regen- regime, a ordem política e social ou de preconceitos de
do-se estas, no que lhes fôr aplicável, pela Lei nº 1.579 raça ou de classes;
de 18 de março de 1952.
II - que provoque animosidade entre as forças armadas
ou contra elas, ou delas contra as classes e instituições
Art. 238. É proibida, durante o ato eleitoral, a presença
civis;
de força pública no edifício em que funcionar mesa re-
ceptora, ou nas imediações, observado o disposto no III - de incitamento de atentado contra pessoa ou bens;

473
IV - de instigação à desobediência coletiva ao cumpri- fere o nº II dêste artigo não serão permitidos, a menos
mento da lei de ordem pública; de 500 metros:
V - que implique em oferecimento, promessa ou solici- I - das sedes do Executivo Federal, dos Estados, Territó-
tação de dinheiro, dádiva, rifa, sorteio ou vantagem de rios e respectivas Prefeituras Municipais;
qualquer natureza; II - das Câmaras Legislativas Federais, Estaduais e Mu-
VI - que perturbe o sossego público, com algazarra ou nicipais;
abusos de instrumentos sonoros ou sinais acústicos; III - dos Tribunais Judiciais;
VII - por meio de impressos ou de objeto que pessoa IV - dos hospitais e casas de saúde;
inexperiente ou rústica possa confundir com moeda;
V - das escolas, bibliotecas públicas, igrejas e teatros,
VIII - que prejudique a higiene e a estética urbana ou quando em funcionamento;
contravenha a posturas municiais ou a outra qualquer
restrição de direito; VI - dos quartéis e outros estabelecimentos militares.
IX - que caluniar, difamar ou injuriar quaisquer pessoas,
Art. 245. A realização de qualquer ato de propaganda
bem como órgãos ou entidades que exerçam autoridade
partidária ou eleitoral, em recinto aberto, não depende
pública.
de licença da polícia.
§ 1º O ofendido por calúnia, difamação ou injúria, sem
§ 1º Quando o ato de propaganda tiver de realizar-se em
prejuízo e independentemente da ação penal compe-
lugar designado para a celebração de comício, na forma
tente, poderá demandar, no Juízo Civil a reparação do
do disposto no art. 3º da Lei nº 1.207, de 25 de outu-
dano moral respondendo por êste o ofensor e, solida-
bro de 1950, deverá ser feita comunicação à autoridade
riamente, o partido político dêste, quando responsável
policial, pelo menos 24 (vinte e quatro) horas antes de
por ação ou omissão a quem que favorecido pelo crime,
sua realização.
haja de qualquer modo contribuído para êle.
§ 2º Não havendo local anteriormente fixado para a
§ 2º No que couber aplicar-se-ão na reparação do dano
celebração de comício, ou sendo impossível ou difícil
moral, referido no parágrafo anterior, os artigos. 81 a 88
nele realizar-se o ato de propaganda eleitoral, ou ha-
da Lei nº 4.117, de 27 de agôsto de 1962.
vendo pedido para designação de outro local, a comu-
§ 3º É assegurado o direito de resposta a quem fôr, nicação a que se refere o parágrafo anterior será feita,
injuriado difamado ou caluniado através da imprensa no mínimo, com antecedência, de 72 (setenta e duas)
rádio, televisão, ou alto-falante, aplicando-se, no que horas, devendo a autoridade policial, em qualquer des-
couber, os artigos. 90 e 96 da Lei nº 4.117, de 27 de ses casos, nas 24 (vinte e quatro) horas seguintes, de-
agôsto de 1962. signar local amplo e de fácil acesso, de modo que não
impossibilite ou frustre a reunião.
Art. 244. É assegurado aos partidos políticos regis- § 3º Aos órgãos da Justiça Eleitoral compete julgar das
trados o direito de, independentemente de licença da reclamações sôbre a localização dos comícios e provi-
autoridade pública e do pagamento de qualquer con- dências sôbre a distribuição eqüitativa dos locais aos
tribuição: partidos.
I - fazer inscrever, na fachada de suas sedes e depen-
dências, o nome que os designe, pela forma que melhor Art. 246. (Revogado pela Lei nº 9.504, de 30.9.1997)
lhes parecer;
II - instalar e fazer funcionar, normalmente, das quatorze Art. 247. (Revogado pela Lei nº 9.504, de 30.9.1997)
às vinte e duas horas, nos três meses que antecederem
as eleições, alto-falantes, ou amplificadores de voz, nos At. 248. Ninguém poderá impedir a propaganda eleito-
locais referidos, assim como em veículos seus, ou à ral, nem inutilizar, alterar ou perturbar os meios lícitos
sua disposição, em território nacional, com observân- nela empregados.
cia da legislação comum.
Art. 249. O direito de propaganda não importa restrição
Parágrafo único. Os meios de propaganda a que se re- ao poder de polícia quando êste deva ser exercído em

474
benefício da ordem pública. tamente, através de comunicação por ofício, telegrama,
ou, em casos especiais, a critério do presidente do Tri-
Art. 250. (Revogado pela Lei nº 9.504, de 30.9.1997) bunal, através de cópia do acórdão.
§ 2º O recurso ordinário interposto contra decisão pro-
Art. 251. No período destinado à propaganda eleito- ferida por juiz eleitoral ou por Tribunal Regional Eleito-
ral gratuita não prevalecerão quaisquer contratos ou ral que resulte em cassação de registro, afastamento do
ajustes firmados pelas empresas que possam burlar titular ou perda de mandato eletivo será recebido pelo
ou tornar inexeqüível qualquer dispositivo dêste Códi- Tribunal competente com efeito suspensivo.
go ou das instruções baixadas pelo Tribunal Superior
Eleitoral. § 3º O Tribunal dará preferência ao recurso sobre quais-
quer outros processos, ressalvados os de habeas cor-
Art. 252. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.538, de pus e de mandado de segurança.
14.4.1977)
Art. 258. Sempre que a lei não fixar prazo especial, o re-
Art. 253. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.538, de curso deverá ser interposto em três dias da publicação
14.4.1977) do ato, resolução ou despacho.

Art. 254. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.538, de Art. 259. São preclusivos os prazos para interposição
14.4.1977) de recurso, salvo quando neste se discutir matéria
constitucional.
Art. 255. Nos 15 (quinze) dias anteriores ao pleito é Parágrafo único. O recurso em que se discutir matéria
proibida a divulgação, por qualquer forma, de resulta- constitucional não poderá ser interposto fora do prazo.
dos de prévias ou testes pré-eleitorais. Perdido o prazo numa fase própria, só em outra que se
apresentar poderá ser interposto.
Art. 256. As autoridades administrativas federais, es-
taduais e municipais proporcionarão aos partidos, em Art. 260. A distribuição do primeiro recurso que chegar
igualdade de condições, as facilidades permitidas para ao Tribunal Regional ou Tribunal Superior, previnirá a
a respectiva propaganda. competência do relator para todos os demais casos do
§ 1º No período da campanha eleitoral, independente- mesmo município ou Estado.
mente do critério de prioridade, os serviços telefônicos,
oficiais ou concedidos, farão instalar, na sede dos dire- Art. 261. Os recursos parciais, entre os quais não se
tórios devidamente registrados, telefones necessários, incluem os que versarem matéria referente ao registro
mediante requerimento do respectivo presidente e pa- de candidatos, interpostos para os Tribunais Regionais
gamento das taxas devidas. no caso de eleições municipais, e para o Tribunal Su-
perior no caso de eleições estaduais ou federais, serão
§ 2º O Tribunal Superior Eleitoral baixará as instruções julgados à medida que derem entrada nas respectivas
necessárias ao cumprimento do disposto no parágrafo Secretarias.
anterior fixado as condições a serem observadas.
§ 1º Havendo dois ou mais recursos parciais de um
mesmo município ou Estado, ou se todos, inclusive os
TÍTULO III de diplomação já estiverem no Tribunal Regional ou no
DOS RECURSOS Tribunal Superior, serão eles julgados seguidamente,
em uma ou mais sessões.
CAPÍTULO I § 2º As decisões com os esclarecimentos necessários
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES ao cumprimento, serão comunicadas de uma só vez ao
juiz eleitoral ou ao presidente do Tribunal Regional.
Art. 257. Os recursos eleitorais não terão efeito sus- § 3º Se os recursos de um mesmo município ou Esta-
pensivo. do deram entrada em datas diversas, sendo julgados
separadamente, o juiz eleitoral ou o presidente do Tri-
§ 1º A execução de qualquer acórdão será feita imedia-

475
bunal Regional, aguardará a comunicação de todas as CAPÍTULO II
decisões para cumpri-las, salvo se o julgamento dos DOS RECURSOS PERANTE AS
demais importar em alteração do resultado do pleito
JUNTAS E JUÍZOS ELEITORAIS
que não tenha relação com o recurso já julgado.
§ 4º Em todos os recursos, no despacho que determi-
Art. 265. Dos atos, resoluções ou despachos dos jui-
nar a remessa dos autos à instância superior, o juízo «a
zes ou juntas eleitorais caberá recurso para o Tribunal
quo» esclarecerá quais os ainda em fase de processa-
Regional.
mento e, no último, quais os anteriormente remetidos.
Parágrafo único. Os recursos das decisões das Juntas
§ 5º Ao se realizar a diplomação, se ainda houver recur-
serão processados na forma estabelecida pelos artigos.
so pendente de decisão em outra instância, será con-
169 e seguintes.
signado que os resultados poderão sofrer alterações
decorrentes desse julgamento.
Art. 266. O recurso independerá de têrmo e será inter-
§ 6º Realizada a diplomação, e decorrido o prazo para posto por petição devidamente fundamentada, dirigida
recurso, o juiz ou presidente do Tribunal Regional co- ao juiz eleitoral e acompanhada, se o entender o recor-
municará à instância superior se foi ou não interposto rente, de novos documentos.
recurso.
Parágrafo único. Se o recorrente se reportar a coação,
fraude, uso de meios de que trata o art. 237 ou emprego
Art. 262. O recurso contra expedição de diploma caberá
de processo de propaganda ou captação de sufrágios
somente nos casos de inelegibilidade superveniente
vedado por lei, dependentes de prova a ser determina-
ou de natureza constitucional e de falta de condição de
da pelo Tribunal, bastar-lhe-á indicar os meios a elas
elegibilidade.
conducentes.
§ 1º A inelegibilidade superveniente que atrai restrição
à candidatura, se formulada no âmbito do processo de Art. 267. Recebida a petição, mandará o juiz intimar o
registro, não poderá ser deduzida no recurso contra recorrido para ciência do recurso, abrindo-se-lhe vista
expedição de diploma. (Incluído pela Lei nº 13.877, dos autos a fim de, em prazo igual ao estabelecido para
de 2019) a sua interposição, oferecer razões, acompanhadas ou
§ 2º A inelegibilidade superveniente apta a viabilizar o não de novos documentos.
recurso contra a expedição de diploma, decorrente de § 1º A intimação se fará pela publicação da notícia da
alterações fáticas ou jurídicas, deverá ocorrer até a data vista no jornal que publicar o expediente da Justiça
fixada para que os partidos políticos e as coligações Eleitoral, onde houver, e nos demais lugares, pesso-
apresentem os seus requerimentos de registros de can- almente pelo escrivão, independente de iniciativa do
didatos. (Incluído pela Lei nº 13.877, de 2019) recorrente.
§ 3º O recurso de que trata este artigo deverá ser inter- § 2º Onde houver jornal oficial, se a publicação não
posto no prazo de 3 (três) dias após o último dia limite ocorrer no prazo de 3 (três) dias, a intimação se fará
fixado para a diplomação e será suspenso no período pessoalmente ou na forma prevista no parágrafo se-
compreendido entre os dias 20 de dezembro e 20 de ja- guinte.
neiro, a partir do qual retomará seu cômputo. (Incluído
§ 3º Nas zonas em que se fizer intimação pessoal, se
pela Lei nº 13.877, de 2019)
não fôr encontrado o recorrido dentro de 48 (quarenta
e oito) horas, a intimação se fará por edital afixado no
Art. 263. No julgamento de um mesmo pleito eleitoral,
fórum, no local de costume.
as decisões anteriores sôbre questões de direito consti-
tuem prejulgados para os demais casos, salvo se contra § 4º Todas as citações e intimações serão feitas na for-
a tese votarem dois terços dos membros do Tribunal. ma estabelecida neste artigo.
§ 5º Se o recorrido juntar novos documentos, terá o
Art. 264. Para os Tribunais Regionais e para o Tribunal recorrente vista dos autos por 48 (quarenta e oito) horas
Superior caberá, dentro de 3 (três) dias, recurso dos atos, para falar sôbre os mesmos, contado o prazo na forma
resoluções ou despachos dos respectivos presidentes. dêste artigo.

476
§ 6º Findos os prazos a que se referem os parágrafos deliberará a respeito.
anteriores, o juiz eleitoral fará, dentro de 48 (quarenta e § 3º Protocoladas as diligências probatórias, ou com
oito) horas, subir os autos ao Tribunal Regional com a a juntada das justificações ou diligências, a Secretaria
sua resposta e os documentos em que se fundar, sujeito do Tribunal abrirá, sem demora, vista dos autos, por
à multa de dez por cento do salário-mínimo regional vinte e quatro horas, seguidamente, ao recorrente e ao
por dia de retardamento, salvo se entender de reformar recorrido para dizerem a respeito.
a sua decisão.
§ 4º Findo o prazo acima, serão os autos conclusos ao
§ 7º Se o juiz reformar a decisão recorrida, poderá o re- relator.
corrido, dentro de 3 (três) dias, requerer suba o recurso
como se por êle interposto.
Art. 271. O relator devolverá os autos à Secretaria no
prazo improrrogável de 8 (oito) dias para, nas 24 (vinte
CAPÍTULO III e quatro) horas seguintes, ser o caso incluído na pauta
DOS RECURSOS NOS de julgamento do Tribunal.
TRIBUNAIS REGIONAIS § 1º Tratando-se de recurso contra a expedição de di-
ploma, os autos, uma vez devolvidos pelo relator, serão
Art. 268. No Tribunal Regional nenhuma alegação es- conclusos ao juiz imediato em antiguidade como revi-
crita ou nenhum documento poderá ser oferecido por sor, o qual deverá devolvê-los em 4 (quatro) dias.
qualquer das partes, salvo o disposto no art. 270. § 2º As pautas serão organizadas com um número de
processos que possam ser realmente julgados, obe-
Art. 269. Os recursos serão distribuídos a um relator decendo-se rigorosamente a ordem da devolução dos
em 24 (vinte e quatro) horas e na ordem rigorosa da mesmos à Secretaria pelo Relator, ou Revisor, nos re-
antigüidade dos respectivos membros, esta última exi- cursos contra a expedição de diploma, ressalvadas as
gência sob pena de nulidade de qualquer ato ou decisão preferências determinadas pelo regimento do Tribunal.
do relator ou do Tribunal.
§ 1º Feita a distribuição, a Secretaria do Tribunal abrirá Art. 272. Na sessão do julgamento, uma vez feito o rela-
vista dos autos à Procuradoria Regional, que deverá tório pelo relator, cada uma das partes poderá, no prazo
emitir parecer no prazo de 5 (cinco) dias. improrrogável de dez minutos, sustentar oralmente as
suas conclusões.
§ 2º Se a Procuradoria não emitir parecer no prazo fi-
xado, poderá a parte interessada requerer a inclusão do Parágrafo único. Quando se tratar de julgamento de re-
processo na pauta, devendo o Procurador, nesse caso, cursos contra a expedição de diploma, cada parte terá
proferir parecer oral na assentada do julgamento. vinte minutos para sustentação oral.

Art. 270. Se o recurso versar sôbre coação, fraude, uso Art. 273. Realizado o julgamento, o relator, se vitorioso,
de meios de que trata o Art. 237, ou emprego de pro- ou o relator designado para redigir o acórdão, apresen-
cesso de propaganda ou captação de sufrágios vedado tará a redação dêste, o mais tardar, dentro em 5 (cinco)
por lei dependente de prova indicada pelas partes ao dias.
interpô-lo ou ao impugná-lo, o relator no Tribunal Re- § 1º O acórdão conterá uma síntese das questões deba-
gional deferi-la-á em vinte e quatro horas da conclusão, tidas e decididas.
realizado-se ela no prazo improrrogável de cinco dias.
§ 2º Sem prejuízo do disposto no parágrafo anterior, se
§ 1º Admitir-se-ão como meios de prova para aprecia- o Tribunal dispuser de serviço taquigráfico, serão jun-
ção pelo Tribunal as justificações e as perícias proces- tas ao processo as notas respectivas.
sadas perante o juiz eleitoral da zona, com citação dos
partidos que concorreram ao pleito e do representante Art. 274. O acórdão, devidamente assinado, será publi-
do Ministério Público. cado, valendo como tal a inserção da sua conclusão no
§ 2º Indeferindo o relator a prova, serão os autos, a órgão oficial.
requerimento do interessado, nas vinte e quatro horas §1º Se o órgão oficial não publicar o acórdão no prazo
seguintes, presentes à primeira sessão do Tribunal, que

477
de 3 (três) dias, as partes serão intimadas pessoalmente eleições federais e estaduais;
e, se não forem encontradas no prazo de 48 (quarenta b) quando denegarem habeas corpus ou mandado de
e oito) horas, a intimação se fará por edital afixado no segurança.
Tribunal, no local de costume.
§ 1º É de 3 (três) dias o prazo para a interposição do re-
§ 2º O disposto no parágrafo anterior aplicar-se-á a to- curso, contado da publicação da decisão nos casos dos
dos os casos de citação ou intimação. nº I, letras a e b e II, letra b e da sessão da diplomação
no caso do nº II, letra a.
Art. 275. São admissíveis embargos de declaração nas
hipóteses previstas no Código de Processo Civil. § 2º Sempre que o Tribunal Regional determinar a rea-
lização de novas eleições, o prazo para a interposição
§ 1º Os embargos de declaração serão opostos no prazo dos recursos, no caso do nº II, a, contar-se-á da sessão
de 3 (três) dias, contado da data de publicação da de- em que, feita a apuração das sessões renovadas, fôr
cisão embargada, em petição dirigida ao juiz ou relator, proclamado o resultado das eleições suplementares.
com a indicação do ponto que lhes deu causa.
§ 2º Os embargos de declaração não estão sujeitos a Art. 277. Interposto recurso ordinário contra decisão
preparo. do Tribunal Regional, o presidente poderá, na própria
petição, mandar abrir vista ao recorrido para que, no
§ 3º O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias.
mesmo prazo, ofereça as suas razões.
§ 4º Nos tribunais:
Parágrafo único. Juntadas as razões do recorrido, serão
I - o relator apresentará os embargos em mesa na ses- os autos remetidos ao Tribunal Superior.
são subsequente, proferindo voto;
II - não havendo julgamento na sessão referida no inci- Art. 278. Interposto recurso especial contra decisão do
so I, será o recurso incluído em pauta; Tribunal Regional, a petição será juntada nas 48 (qua-
renta e oito) horas seguintes e os autos conclusos ao
III - vencido o relator, outro será designado para lavrar presidente dentro de 24 (vinte e quatro) horas.
o acórdão.
§ 1º O presidente, dentro em 48 (quarenta e oito) horas
§ 5º Os embargos de declaração interrompem o prazo do recebimento dos autos conclusos, proferirá despa-
para a interposição de recurso. cho fundamentado, admitindo ou não o recurso.
§ 6º Quando manifestamente protelatórios os embargos § 2º Admitido o recurso, será aberta vista dos autos ao
de declaração, o juiz ou o tribunal, em decisão funda- recorrido para que, no mesmo prazo, apresente as suas
mentada, condenará o embargante a pagar ao embar- razões.
gado multa não excedente a 2 (dois) salários-mínimos.
§ 3º Em seguida serão os autos conclusos ao presiden-
§ 7º Na reiteração de embargos de declaração mani- te, que mandará remetê-los ao Tribunal Superior.
festamente protelatórios, a multa será elevada a até 10
(dez) salários-mínimos.
Art. 279. Denegado o recurso especial, o recorrente
poderá interpor, dentro em 3 (três) dias, agravo de ins-
Art. 276. As decisões dos Tribunais Regionais são ter- trumento.
minativas, salvo os casos seguintes em que cabe recur-
so para o Tribunal Superior: § 1º O agravo de instrumento será interposto por peti-
çao que conterá:
I - especial:
I - a exposição do fato e do direito;
a) quando forem proferidas contra expressa disposição
de lei; II - as razões do pedido de reforma da decisão;
b) quando ocorrer divergência na interpretação de lei III - a indicação das peças do processo que devem ser
entre dois ou mais tribunais eleitorais. trasladadas.
II - ordinário: § 2º Serão obrigatoriamente trasladadas a decisão re-
corrida e a certidão da intimação.
a) quando versarem sôbre expedição de diplomas nas

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§ 3º Deferida a formação do agravo, será intimado o terpor, dentro de 3 (três) dias, agravo de instrumento,
recorrido para, no prazo de 3 (três) dias, apresentar as observado o disposto no Art. 279 e seus parágrafos,
suas razões e indicar as peças dos autos que serão tam- aplicada a multa a que se refere o § 6º pelo Supremo
bém trasladadas. Tribunal Federal.
§ 4º Concluída a formação do instrumento o presidente
do Tribunal determinará a remessa dos autos ao Tribu- TÍTULO IV
nal Superior, podendo, ainda, ordenar a extração e a DISPOSIÇÕES PENAIS
juntada de peças não indicadas pelas partes.
§ 5º O presidente do Tribunal não poderá negar segui- CAPÍTULO I
mento ao agravo, ainda que interposto fora do prazo DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
legal.
§ 6º Se o agravo de instrumento não fôr conhecido, por- Art. 283. Para os efeitos penais são considerados mem-
que interposto fora do prazo legal, o Tribunal Superior bros e funcionários da Justiça Eleitoral:
imporá ao recorrente multa correspondente a valor do
maior salário-mínimo vigente no país, multa essa que I - os magistrados que, mesmo não exercendo funções
será inscrita e cobrada na forma prevista no art. 367. eleitorais, estejam presidindo Juntas Apuradoras ou se
encontrem no exercício de outra função por designação
§ 7º Se o Tribunal Regional dispuser de aparelhamento de Tribunal Eleitoral;
próprio, o instrumento deverá ser formado com foto-
cópias ou processos semelhantes, pagas as despesas, II - Os cidadãos que temporariamente integram órgãos
pelo preço do custo, pelas partes, em relação às peças da Justiça Eleitoral;
que indicarem. III - Os cidadãos que hajam sido nomeados para as me-
sas receptoras ou Juntas Apuradoras;
CAPÍTULO IV IV - Os funcionários requisitados pela Justiça Eleitoral.
DOS RECURSOS NO TRIBUNAL SUPERIOR
§ 1º Considera-se funcionário público, para os efeitos
penais, além dos indicados no presente artigo, quem,
Art. 280. Aplicam-se ao Tribunal Superior as disposi- embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce
ções dos artigos. 268, 269, 270, 271 (caput), 272, 273, cargo, emprego ou função pública.
274 e 275.
§ 2º Equipara-se a funcionário público quem exerce
cargo, emprego ou função em entidade paraestatal ou
Art. 281. São irrecorríveis as decisões do Tribunal Su-
em sociedade de economia mista.
perior, salvo as que declararem a invalidade de lei ou
ato contrário à Constituição Federal e as denegatórias
Art. 284. Sempre que êste Código não indicar o grau
de “habeas corpus”ou mandado de segurança, das
mínimo, entende-se que será ele de quinze dias para a
quais caberá recurso ordinário para o Supremo Tribunal
pena de detenção e de um ano para a de reclusão.
Federal, interposto no prazo de 3 (três) dias.
§ 1º Juntada a petição nas 48 (quarenta e oito) horas Art. 285. Quando a lei determina a agravação ou atenu-
seguintes, os autos serão conclusos ao presidente do ação da pena sem mencionar o “quantum”, deve o juiz
Tribunal, que, no mesmo prazo, proferirá despacho fun- fixá-lo entre um quinto e um terço, guardados os limites
damentado, admitindo ou não o recurso. da pena cominada ao crime.
§ 2º Admitido o recurso será aberta vista dos autos ao
recorrido para que, dentro de 3 (três) dias, apresente Art. 286. A pena de multa consiste no pagamento ao
as suas razões. Tesouro Nacional, de uma soma de dinheiro, que é fixa-
da em dias-multa. Seu montante é, no mínimo, 1 (um)
§ 3º Findo esse prazo os autos serão remetidos ao Su-
dia-multa e, no máximo, 300 (trezentos) dias-multa.
premo Tribunal Federal.
§ 1º O montante do dia-multa é fixado segundo o pru-
Art. 282. Denegado recurso, o recorrente poderá in- dente arbítrio do juiz, devendo êste ter em conta as con-

479
dições pessoais e econômicas do condenado, mas não Pena - Detenção até dois meses ou pagamento de 30
pode ser inferior ao salário-mínimo diário da região, a 60 dias-multa.
nem superior ao valor de um salário-mínimo mensal.
§ 2º A multa pode ser aumentada até o triplo, embora Art. 296. Promover desordem que prejudique os traba-
não possa exceder o máximo genérico caput, se o juiz lhos eleitorais;
considerar que, em virtude da situação econômica do Pena - Detenção até dois meses e pagamento de 60 a
condenado, é ineficaz a cominada, ainda que no máxi- 90 dias-multa.
mo, ao crime de que se trate.
Art. 297. Impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio:
Art. 287. Aplicam-se aos fatos incriminados nesta lei as
Pena - Detenção até seis meses e pagamento de 60 a
regras gerais do Código Penal.
100 dias-multa.
Art. 288. Nos crimes eleitorais cometidos por meio da
Art. 298. Prender ou deter eleitor, membro de mesa re-
imprensa, do rádio ou da televisão, aplicam-se exclusi-
ceptora, fiscal, delegado de partido ou candidato, com
vamente as normas dêste Código e as remissões a outra
violação do disposto no Art. 236:
lei nele contempladas.
Pena - Reclusão até quatro anos.
CAPÍTULO II
Art. 299. Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para
DOS CRIMES ELEITORAIS
si ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra
vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou
Art. 289. Inscrever-se fraudulentamente eleitor: prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita:
Pena - Reclusão até cinco anos e pagamento de cinco Pena - reclusão até quatro anos e pagamento de cinco
a 15 dias-multa. a quinze dias-multa.

Art. 290 Induzir alguém a se inscrever eleitor com infra- Art. 300. Valer-se o servidor público da sua autoridade
ção de qualquer dispositivo dêste Código. para coagir alguém a votar ou não votar em determina-
Pena - Reclusão até 2 anos e pagamento de 15 a 30 do candidato ou partido:
dias-multa. Pena - detenção até seis meses e pagamento de 60 a
100 dias-multa.
Art. 291. Efetuar o juiz, fraudulentamente, a inscrição
Parágrafo único. Se o agente é membro ou funcionário
de alistando.
da Justiça Eleitoral e comete o crime prevalecendo-se
Pena - Reclusão até 5 anos e pagamento de cinco a do cargo a pena é agravada.
quinze dias-multa.
Art. 301. Usar de violência ou grave ameaça para coagir
Art. 292. Negar ou retardar a autoridade judiciária, sem alguém a votar, ou não votar, em determinado candi-
fundamento legal, a inscrição requerida: dato ou partido, ainda que os fins visados não sejam
Pena - Pagamento de 30 a 60 dias-multa. conseguidos:
Pena - reclusão até quatro anos e pagamento de cinco
Art. 293. Perturbar ou impedir de qualquer forma o a quinze dias-multa.
alistamento:
Pena - Detenção de 15 dias a seis meses ou pagamento Art. 302. Promover, no dia da eleição, com o fim de im-
de 30 a 60 dias-multa. pedir, embaraçar ou fraudar o exercício do voto a con-
centração de eleitores, sob qualquer forma, inclusive o
Art. 294. (Revogado pela Lei nº 8.868, de 14.4.1994) fornecimento gratuito de alimento e transporte coletivo:
Pena - reclusão de quatro (4) a seis (6) anos e paga-
Art. 295. Reter título eleitoral contra a vontade do eleitor: mento de 200 a 300 dias-multa.

480
Art. 303. Majorar os preços de utilidades e serviços ne- mitir, o presidente da mesa receptora, que o voto seja
cessários à realização de eleições, tais como transporte admitido:
e alimentação de eleitores, impressão, publicidade e Pena - detenção até um mês ou pagamento de 5 a 15
divulgação de matéria eleitoral. dias-multa para o eleitor e de 20 a 30 dias-multa para o
Pena - pagamento de 250 a 300 dias-multa. presidente da mesa.

Art. 304. Ocultar, sonegar açambarcar ou recusar no Art. 312. Violar ou tentar violar o sigilo do voto:
dia da eleição o fornecimento, normalmente a todos, de Pena - detenção até dois anos.
utilidades, alimentação e meios de transporte, ou con-
ceder exclusividade dos mesmos a determinado partido
Art. 313. Deixar o juiz e os membros da Junta de expe-
ou candidato:
dir o boletim de apuração imediatamente após a apura-
Pena - pagamento de 250 a 300 dias-multa. ção de cada urna e antes de passar à subseqüente, sob
qualquer pretexto e ainda que dispensada a expedição
Art. 305. Intervir autoridade estranha à mesa receptora, pelos fiscais, delegados ou candidatos presentes:
salvo o juiz eleitoral, no seu funcionamento sob qual- Pena - pagamento de 90 a 120 dias-multa.
quer pretexto:
Parágrafo único. Nas seções eleitorais em que a con-
Pena - detenção até seis meses e pagamento de 60 a tagem fôr procedida pela mesa receptora incorrerão na
90 dias-multa. mesma pena o presidente e os mesários que não expe-
direm imediatamente o respectivo boletim.
Art. 306. Não observar a ordem em que os eleitores de-
vem ser chamados a votar: Art. 314. Deixar o juiz e os membros da Junta de reco-
Pena - pagamento de 15 a 30 dias-multa. lher as cédulas apuradas na respectiva urna, fechá-la e
lacrá-la, assim que terminar a apuração de cada seção e
Art. 307. Fornecer ao eleitor cédula oficial já assinalada antes de passar à subseqüente, sob qualquer pretexto e
ou por qualquer forma marcada: ainda que dispensada a providencia pelos fiscais, dele-
gados ou candidatos presentes:
Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15
dias-multa. Pena - detenção até dois meses ou pagamento de 90 a
120 dias-multa.
Art. 308. Rubricar e fornecer a cédula oficial em outra Parágrafo único. Nas seções eleitorais em que a con-
oportunidade que não a de entrega da mesma ao eleitor. tagem dos votos fôr procedida pela mesa receptora
Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 60 a incorrerão na mesma pena o presidente e os mesários
90 dias-multa. que não fecharem e lacrarem a urna após a contagem.

Art. 309. Votar ou tentar votar mais de uma vez, ou em Art. 315. Alterar nos mapas ou nos boletins de apura-
lugar de outrem: ção a votação obtida por qualquer candidato ou lançar
nesses documentos votação que não corresponda às
Pena - reclusão até três anos.
cédulas apuradas:
Art. 310. Praticar, ou permitir membro da mesa recep- Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15
tora que seja praticada, qualquer irregularidade que dias-
determine a anulação de votação, salvo no caso do Art.
311: Art. 316. Não receber ou não mencionar nas atas da
eleição ou da apuração os protestos devidamente for-
Pena - detenção até seis meses ou pagamento de 90 a
mulados ou deixar de remetê-los à instância superior:
120 dias-multa.
Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15
Art. 311. Votar em seção eleitoral em que não está ins- dias-multa.
crito, salvo nos casos expressamente previstos, e per-

481
Art. 317. Violar ou tentar violar o sigilo da urna ou dos irrecorrível;
invólucros. II - se o fato é imputado ao Presidente da República ou
Pena - reclusão de três a cinco anos. chefe de governo estrangeiro;
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o
Art. 318. Efetuar a mesa receptora a contagem dos vo- ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
tos da urna quando qualquer eleitor houver votado sob
impugnação (art. 190): Art. 325. Difamar alguém, na propaganda eleitoral, ou
Pena - detenção até um mês ou pagamento de 30 a 60 visando a fins de propaganda, imputando-lhe fato ofen-
dias-multa. sivo à sua reputação:
Pena - detenção de três meses a um ano, e pagamento
Art. 319. Subscrever o eleitor mais de uma ficha de re- de 5 a 30 dias-multa.
gistro de um ou mais partidos:
Parágrafo único. A exceção da verdade somente se
Pena - detenção até 1 mês ou pagamento de 10 a 30 admite se ofendido é funcionário público e a ofensa é
dias-multa. relativa ao exercício de suas funções.

Art. 320. Inscrever-se o eleitor, simultaneamente, em Art. 326. Injuriar alguém, na propaganda eleitoral, ou
dois ou mais partidos: visando a fins de propaganda, ofendendo-lhe a digni-
Pena - pagamento de 10 a 20 dias-multa. dade ou o decôro:
Pena - detenção até seis meses, ou pagamento de 30
Art. 321. Colher a assinatura do eleitor em mais de uma a 60 dias-multa.
ficha de registro de partido:
§ 1º O juiz pode deixar de aplicar a pena:
Pena - detenção até dois meses ou pagamento de 20 a
40 dias-multa. I - se o ofendido, de forma reprovável, provocou dire-
tamente a injúria;
Art. 322. (Revogado pela Lei nº 9.504, de 30.9.1997) II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra
injúria.
Art. 323. Divulgar, na propaganda, fatos que sabe inve-
§ 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de fato,
ridicos, em relação a partidos ou candidatos e capazes
que, por sua natureza ou meio empregado, se conside-
de exercerem influência perante o eleitorado:
rem aviltantes:
Pena - detenção de dois meses a um ano, ou pagamen-
Pena - detenção de três meses a um ano e pagamento
to de 120 a 150 dias-multa.
de 5 a 20 dias-multa, além das penas correspondentes
Parágrafo único. A pena é agravada se o crime é come- à violência prevista no Código Penal.
tido pela imprensa, rádio ou televisão.
Art. 326-A. Dar causa à instauração de investigação
Art. 324. Caluniar alguém, na propaganda eleitoral, ou policial, de processo judicial, de investigação adminis-
visando fins de propaganda, imputando-lhe falsamente trativa, de inquérito civil ou ação de improbidade ad-
fato definido como crime: ministrativa, atribuindo a alguém a prática de crime ou
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e pagamen- ato infracional de que o sabe inocente, com finalidade
to de 10 a 40 dias-multa. eleitoral: (Incluído pela Lei nº13.834, de 2019)

§ 1° Nas mesmas penas incorre quem, sabendo falsa a Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
imputação, a propala ou divulga. (Incluído pela Lei nº13.834, de 2019)

§ 2º A prova da verdade do fato imputado exclui o cri- § 1º A pena é aumentada de sexta parte, se o agente
me, mas não é admitida: se serve do anonimato ou de nome suposto. (Incluído
pela Lei nº13.834, de 2019)
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação
privada, o ofendido, não foi condenado por sentença § 2º A pena é diminuída de metade, se a imputação é de

482
prática de contravenção. (Incluído pela Lei nº13.834, Art. 336. Na sentença que julgar ação penal pela in-
de 2019) fração de qualquer dos artigos. 322, 323, 324, 325,
326,328, 329, 331, 332, 333, 334 e 335, deve o juiz
§ 3º (VETADO) (Incluído pela Lei nº13.834, de
verificar, de acôrdo com o seu livre convencionamen-
2019)
to, se diretório local do partido, por qualquer dos seus
membros, concorreu para a prática de delito, ou dela se
Art. 327. As penas cominadas nos artigos. 324, 325 e
beneficiou conscientemente.
326, aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes
é cometido: Parágrafo único. Nesse caso, imporá o juiz ao diretório
responsável pena de suspensão de sua atividade elei-
I - contra o Presidente da República ou chefe de gover-
toral por prazo de 6 a 12 meses, agravada até o dôbro
no estrangeiro;
nas reincidências.
II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que Ar. 337. Participar, o estrangeiro ou brasileiro que não
facilite a divulgação da ofensa. estiver no gôzo dos seus direitos políticos, de ativida-
des partidárias inclusive comícios e atos de propaganda
Art. 328. (Revogado pela Lei nº 9.504, de 30.9.1997) em recintos fechados ou abertos:
Pena - detenção até seis meses e pagamento de 90 a
Art. 329. (Revogado pela Lei nº 9.504, de 30.9.1997) 120 dias-multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorrerá o responsá-
Art. 330. Nos casos dos artigos. 328 e 329 se o agente vel pelas emissoras de rádio ou televisão que autorizar
repara o dano antes da sentença final, o juiz pode re- transmissões de que participem os mencionados neste
duzir a pena. artigo, bem como o diretor de jornal que lhes divulgar
os pronunciamentos.
Art. 331. Inutilizar, alterar ou perturbar meio de propa-
ganda devidamente empregado: Art. 338. Não assegurar o funcionário postal a priorida-
Pena - detenção até seis meses ou pagamento de 90 a de prevista no Art. 239:
120 dias-multa. Pena - Pagamento de 30 a 60 dias-multa.
Art. 332. Impedir o exercício de propaganda: Art. 339 - Destruir, suprimir ou ocultar urna contendo
Pena - detenção até seis meses e pagamento de 30 a votos, ou documentos relativos à eleição:
60 dias-multa. Pena - reclusão de dois a seis anos e pagamento de 5
a 15 dias-multa.
Art. 333. (Revogado pela Lei nº 9.504, de 30.9.1997)
Parágrafo único. Se o agente é membro ou funcionário
Art. 334. Utilizar organização comercial de vendas, da Justiça Eleitoral e comete o crime prevalecendo-se
distribuição de mercadorias, prêmios e sorteios para do cargo, a pena é agravada.
propaganda ou aliciamento de eleitores:
Art. 340. Fabricar, mandar fabricar, adquirir, fornecer,
Pena - detenção de seis meses a um ano e cassação do ainda que gratuitamente, subtrair ou guardar urnas,
registro se o responsável fôr candidato. objetos, mapas, cédulas ou papéis de uso exclusivo da
Justiça Eleitoral:
Art. 335. Fazer propaganda, qualquer que seja a sua
forma, em língua estrangeira: Pena - reclusão até três anos e pagamento de 3 a 15
dias-multa.
Pena - detenção de três a seis meses e pagamento de
30 a 60 dias-multa. Parágrafo único. Se o agente é membro ou funcionário
da Justiça Eleitoral e comete o crime prevalecendo-se
Parágrafo único. Além da pena cominada, a infração ao do cargo, a pena é agravada.
presente artigo importa na apreensão e perda do mate-
rial utilizado na propaganda.

483
Art. 341. Retardar a publicação ou não publicar, o di- Pena - reclusão de dois a seis anos e pagamento de 15
retor ou qualquer outro funcionário de órgão oficial a 30 dias-multa.
federal, estadual, ou municipal, as decisões, citações § 1º Se o agente é funcionário público e comete o crime
ou intimações da Justiça Eleitoral: prevalecendo-se do cargo, a pena é agravada.
Pena - detenção até um mês ou pagamento de 30 a 60 § 2º Para os efeitos penais, equipara-se a documento
dias-multa. público o emanado de entidade paraestatal inclusive
Fundação do Estado.
Art. 342. Não apresentar o órgão do Ministério Público,
no prazo legal, denúncia ou deixar de promover a exe- Ar. 349. Falsificar, no todo ou em parte, documento par-
cução de sentença condenatória: ticular ou alterar documento particular verdadeiro, para
Pena - detenção até dois meses ou pagamento de 60 a fins eleitorais:
90 dias-multa. Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 3 a 10
dias-multa.
Art. 343. Não cumprir o juiz o disposto no § 3º do Art.
357: Art. 350. Omitir, em documento público ou particular,
Pena - detenção até dois meses ou pagamento de 60 a declaração que dêle devia constar, ou nele inserir ou
90 dias-multa. fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia
ser escrita, para fins eleitorais:
Art. 344. Recusar ou abandonar o serviço eleitoral sem Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15
justa causa: dias-multa, se o documento é público, e reclusão até
Pena - detenção até dois meses ou pagamento de 90 a três anos e pagamento de 3 a 10 dias-multa se o docu-
120 dias-multa. mento é particular.
Parágrafo único. Se o agente da falsidade documental é
Art. 345. Não cumprir a autoridade judiciária, ou qual- funcionário público e comete o crime prevalecendo-se
quer funcionário dos órgãos da Justiça Eleitoral, nos do cargo ou se a falsificação ou alteração é de assenta-
prazos legais, os deveres impostos por êste Código, se mentos de registro civil, a pena é agravada.
a infração não estiver sujeita a outra penalidade:
Pena - pagamento de trinta a noventa dias-multa. Art. 351. Equipara-se a documento (348,349 e 350)
para os efeitos penais, a fotografia, o filme cinemato-
Art. 346. Violar o disposto no Art. 377: gráfico, o disco fonográfico ou fita de ditafone a que se
incorpore declaração ou imagem destinada à prova de
Pena - detenção até seis meses e pagamento de 30 a
fato juridicamente relevante.
60 dias-multa.
Parágrafo único. Incorrerão na pena, além da autorida- Ar. 352. Reconhecer, como verdadeira, no exercício da
de responsável, os servidores que prestarem serviços função pública, firma ou letra que o não seja, para fins
e os candidatos, membros ou diretores de partido que eleitorais:
derem causa à infração.
Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15
dias-multa se o documento é público, e reclusão até
Art. 347. Recusar alguém cumprimento ou obediência a
três anos e pagamento de 3 a 10 dias-multa se o docu-
diligências, ordens ou instruções da Justiça Eleitoral ou
mento é particular.
opor embaraços à sua execução:
Pena - detenção de três meses a um ano e pagamento Art. 353. Fazer uso de qualquer dos documentos falsi-
de 10 a 20 dias-multa. ficados ou alterados, a que se referem os artigos. 348
a 352:
Art. 348. Falsificar, no todo ou em parte, documento
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
público, ou alterar documento público verdadeiro, para
fins eleitorais:
Art. 354. Obter, para uso próprio ou de outrem, docu-

484
mento público ou particular, material ou ideologica- § 3º Se o órgão do Ministério Público não oferecer a
mente falso para fins eleitorais: denúncia no prazo legal representará contra êle a auto-
ridade judiciária, sem prejuízo da apuração da respon-
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
sabilidade penal.
Art. 354-A. Apropriar-se o candidato, o administrador § 4º Ocorrendo a hipótese prevista no parágrafo anterior
financeiro da campanha, ou quem de fato exerça essa o juiz solicitará ao Procurador Regional a designação
função, de bens, recursos ou valores destinados ao de outro promotor, que, no mesmo prazo, oferecerá a
financiamento eleitoral, em proveito próprio ou alheio: denúncia.
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. § 5º Qualquer eleitor poderá provocar a representação
contra o órgão do Ministério Público se o juiz, no prazo
CAPÍTULO III de 10 (dez) dias, não agir de ofício.
DO PROCESSO DAS INFRAÇÕES
Art. 358. A denúncia, será rejeitada quando:

Art. 355. As infrações penais definidas neste Código I - o fato narrado evidentemente não constituir crime;
são de ação pública. II - já estiver extinta a punibilidade, pela prescrição ou
outra causa;
Art. 356. Todo cidadão que tiver conhecimento de in- III - fôr manifesta a ilegitimidade da parte ou faltar con-
fração penal dêste Código deverá comunicá-la ao juiz dição exigida pela lei para o exercício da ação penal.
eleitoral da zona onde a mesma se verificou.
Parágrafo único. Nos casos do número III, a rejeição
§ 1º Quando a comunicação fôr verbal, mandará a au- da denúncia não obstará ao exercício da ação penal,
toridade judicial reduzi-la a têrmo, assinado pelo apre- desde que promovida por parte legítima ou satisfeita a
sentante e por duas testemunhas, e a remeterá ao órgão condição.
do Ministério Público local, que procederá na forma
dêste Código.
Art. 359. Recebida a denúncia, o juiz designará dia e
§ 2º Se o Ministério Público julgar necessários maio- hora para o depoimento pessoal do acusado, ordenan-
res esclarecimentos e documentos complementares ou do a citação deste e a notificação do Ministério Público.
outros elementos de convicção, deverá requisitá-los
Parágrafo único. O réu ou seu defensor terá o prazo de
diretamente de quaisquer autoridades ou funcionários
10 (dez) dias para oferecer alegações escritas e arrolar
que possam fornecê-los.
testemunhas.
Art. 357. Verificada a infração penal, o Ministério Pú-
Art. 360. Ouvidas as testemunhas da acusação e da
blico oferecerá a denúncia dentro do prazo de 10 (dez)
defesa e praticadas as diligências requeridas pelo Mi-
dias.
nistério Público e deferidas ou ordenadas pelo juiz,
§ 1º Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apre- abrir-se-á o prazo de 5 (cinco) dias a cada uma das
sentar a denúncia, requerer o arquivamento da comu- partes - acusação e defesa - para alegações finais.
nicação, o juiz, no caso de considerar improcedentes
as razões invocadas, fará remessa da comunicação ao Art. 361. Decorrido esse prazo, e conclusos os autos ao
Procurador Regional, e êste oferecerá a denúncia, de- juiz dentro de quarenta e oito horas, terá o mesmo 10
signará outro Promotor para oferecê-la, ou insistirá no (dez) dias para proferir a sentença.
pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz
obrigado a atender. Art. 362. Das decisões finais de condenação ou ab-
§ 2º A denúncia conterá a exposição do fato criminoso solvição cabe recurso para o Tribunal Regional, a ser
com todas as suas circunstâncias, a qualificação do interposto no prazo de 10 (dez) dias.
acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa iden-
tificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, Art. 363. Se a decisão do Tribunal Regional fôr con-
o rol das testemunhas. denatória, baixarão imediatamente os autos à instância
inferior para a execução da sentença, que será feita no

485
prazo de 5 (cinco) dias, contados da data da vista ao VI - Os recursos cabíveis, nos processos para cobrança
Ministério Público. da dívida decorrente de multa, serão interpostos para a
instância superior da Justiça Eleitoral;
Parágrafo único. Se o órgão do Ministério Público dei-
xar de promover a execução da sentença serão aplica- VII - Em nenhum caso haverá recurso de ofício;
das as normas constantes dos parágrafos 3º, 4º e 5º VIII - As custas, nos Estados, Distrito Federal e Territó-
do Art. 357. rios serão cobradas nos termos dos respectivos Regi-
mentos de Custas;
Art. 364. No processo e julgamento dos crimes eleito-
rais e dos comuns que lhes forem conexos, assim como IX - Os juízes eleitorais comunicarão aos Tribunais Re-
nos recursos e na execução, que lhes digam respeito, gionais, trimestralmente, a importância total das multas
aplicar-se-á, como lei subsidiária ou supletiva, o Códi- impostas, nesse período e quanto foi arrecadado atra-
go de Processo Penal. vés de pagamentos feitos na forma dos números II e III;
X - Idêntica comunicação será feita pelos Tribunais Re-
TÍTULO V gionais ao Tribunal Superior.
DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS § 1º As multas aplicadas pelos Tribunais Eleitorais
serão consideradas líquidas e certas, para efeito de
Art. 365. O serviço eleitoral prefere a qualquer outro, é cobrança mediante executivo fiscal desde que inscritas
obrigatório e não interrompe o interstício de promoção em livro próprio na Secretaria do Tribunal competente.
dos funcionários para êle requisitados. § 2º A multa pode ser aumentada até dez vezes, se o
juiz, ou Tribunal considerar que, em virtude da situação
Art. 366. Os funcionários de qualquer órgão da Justiça econômica do infrator, é ineficaz, embora aplicada no
Eleitoral não poderão pertencer a diretório de partido máximo.
político ou exercer qualquer atividade partidária, sob
pena de demissão. § 3º O alistando, ou o eleitor, que comprovar devida-
mente o seu estado de pobreza, ficará isento do paga-
mento de multa.
Art. 367. A imposição e a cobrança de qualquer multa,
salvo no caso das condenações criminais, obedecerão § 4º Fica autorizado o Tesouro Nacional a emitir sêlos,
às seguintes normas: sob a designação «Selo Eleitoral», destinados ao pa-
gamento de emolumentos, custas, despesas e multas,
I - No arbitramento será levada em conta a condição
tanto as administrativas como as penais, devidas à
econômica do eleitor;
Justiça Eleitoral.
II - Arbitrada a multa, de ofício ou a requerimento do
§ 5º Os pagamentos de multas poderão ser feitos atra-
eleitor, o pagamento será feito através de selo federal
vés de guias de recolhimento, se a Justiça Eleitoral não
inutilizado no próprio requerimento ou no respectivo
dispuser de sêlo eleitoral em quantidade suficiente para
processo;
atender aos interessados.
III - Se o eleitor não satisfizer o pagamento no prazo de
30 (trinta) dias, será considerada dívida líquida e certa, Art. 368. Os atos requeridos ou propostos em tempo
para efeito de cobrança mediante executivo fiscal, a que oportuno, mesmo que não sejam apreciados no prazo
fôr inscrita em livro próprio no Cartório Eleitoral; legal, não prejudicarão aos interessados.
IV - A cobrança judicial da dívida será feita por ação
executiva na forma prevista para a cobrança da dívida Art. 368-A. A prova testemunhal singular, quando ex-
ativa da Fazenda Pública, correndo a ação perante os clusiva, não será aceita nos processos que possam
juízos eleitorais; levar à perda do mandato.
V - Nas Capitais e nas comarcas onde houver mais de
Art. 369. O Governo da União fornecerá, para ser dis-
um Promotor de Justiça, a cobrança da dívida far-se-á
tribuído por intermédio dos Tribunais Regionais, todo
por intermédio do que for designado pelo Procurador
o material destinado ao alistamento eleitoral e às elei-
Regional Eleitoral;
ções.

486
Art. 370. As transmissões de natureza eleitoral, feitas Parágrafo único. Os pedidos de créditos adicionais que
por autoridades e repartições competentes, gozam de se fizerem necessários ao bom andamento dos serviços
franquia postal, telegráfica, telefônica, radiotelegráfica eleitorais, durante o exercício serão encaminhados em
ou radiotelefônica, em linhas oficiais ou nas que sejam relação trimestral à Câmara dos Deputados, por inter-
obrigadas a serviço oficial. médio do Tribunal Superior.

Art. 371. As repartições públicas são obrigadas, no pra- Art. 377. O serviço de qualquer repartição, federal,
zo máximo de 10 (dez) dias, a fornecer às autoridades, estadual, municipal, autarquia, fundação do Estado,
aos representantes de partidos ou a qualquer alistando sociedade de economia mista, entidade mantida ou
as informações e certidões que solicitarem relativas à subvencionada pelo poder público, ou que realiza
matéria eleitoral, desde que os interessados manifestem contrato com êste, inclusive o respectivo prédio e suas
especificamente as razões e os fins do pedido. dependências não poderá ser utilizado para beneficiar
partido ou organização de caráter político.
Art. 372. Os tabeliães não poderão deixar de reconhecer Parágrafo único. O disposto neste artigo será tornado
nos documentos necessários à instrução dos requeri- efetivo, a qualquer tempo, pelo órgão competente da
mentos e recursos eleitorais, as firmas de pessoas de Justiça Eleitoral, conforme o âmbito nacional, regional
seu conhecimento, ou das que se apresentarem com 2 ou municipal do órgão infrator mediante representação
(dois) abonadores conhecidos. fundamentada partidário, ou de qualquer eleitor.

Ar. 373. São isentos de sêlo os requerimentos e todos Art. 378. O Tribunal Superior organizará, mediante
os papéis destinados a fins eleitorais e é gratuito o re- proposta do Corregedor Geral, os serviços da Correge-
conhecimento de firma pelos tabeliães, para os mes- doria, designando para desempenhá-los funcionários
mos fins. efetivos do seu quadro e transformando o cargo de um
Parágrafo único. Nos processos -crimes e nos executi- dêles, diplomado em direito e de conduta moral irrepre-
vos fiscais referente a cobrança de multas serão pagas ensível, no de Escrivão da Corregedoria símbolo PJ - 1,
custas nos têrmos do Regimento de Custas de cada Es- a cuja nomeação serão inerentes, assim na Secretaria
tado, sendo as devidas à União pagas através de sêlos como nas diligências, as atribuições de titular de ofício
federais inutilizados nos autos. de Justiça.

Art. 374. Os membros dos tribunais eleitorais, os juizes Art. 379. Serão considerados de relevância os serviços
eleitorais e os servidores públicos requisitados para prestados pelos mesários e componentes das Juntas
os órgãos da Justiça Eleitoral, que, em virtude de suas Apuradoras.
funções nos mencionados órgãos não tiverem as férias § 1º Tratando-se de servidor público, em caso de pro-
que lhes couberem, poderão gozá-las no ano seguinte, moção a prova de haver prestado tais serviços será
acumuladas ou não. levada em consideração para efeito de desempate, de-
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 4.961, de pois de observados os critérios já previstos em leis ou
4.5.1966) regulamentos.
§ 2º Persistindo o empate de que trata o parágrafo an-
Art. 375. Nas áreas contestadas, enquanto não forem fi- terior, terá preferência, para a promoção, o funcionário
xados definitivamente os limites interestaduais, far-se- que tenha servido maior número de vezes.
-ão as eleições sob a jurisdição do Tribunal Regional da
circunscrição eleitoral em que, do ponto de vista da ad- § 3º O disposto neste artigo não se aplica aos membros
ministração judiciária estadual, estejam elas incluídas. ou servidores de Justiça Eleitoral.

Art. 376. A proposta orçametária da Justiça Eleitoral Art. 380. Será feriado nacional o dia em que se realiza-
será anualmente elaborada pelo Tribunal Superior, de rem eleições de data fixada pela Constituição Federal;
acôrdo com as propostas parciais que lhe forem reme- nos demais casos, serão as eleições marcadas para um
tidas pelos Tribunais Regionais, e dentro das normas domingo ou dia já considerado feriado por lei anterior.
legais vigentes.

487
Art. 381. Esta lei não altera a situação das candidatu-
ras a Presidente ou Vice-Presidente da República e a
Governador ou Vice-Governador de Estado, desde que
resultantes de convenções partidárias regulares e já re-
gistradas ou em processo de registro, salvo a ocorrên-
cia de outros motivos de ordem legal ou constitucional
que as prejudiquem.
Parágrafo único. Se o registro requerido se referir iso-
ladamente a Presidente ou a Vice-Presidente da Repú-
blica e a Governador ou Vice-Governador de Estado, a
validade respectiva dependerá de complementação da
chapa conjunta na firma e nos prazos previstos neste
Código (Constituição, art. 81, com a redação dada
pela Emenda Constitucional nº 9).

Art. 382. Êste Código entrará em vigor 30 dias após a


sua publicação.

Art. 383. Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 15 de julho de 1965. 144º da Independência


e 77º da República

H. CASTELLO BRANCO
Milton Soares Campos

Este texto não substitui o publicado no DOU de


19.7.1965 e retificado em 30.7.1965

488
DIREITO ADMINISTRATIVO

Título II
ESTATUTO DO SERVIDOR
Do Provimento, Vacância, Remoção,
PÚBLICO FEDERAL - Lei nº 8.112, Redistribuição e Substituição
de 11 de dezembro de 1990
Capítulo I
Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores pú-
blicos civis da União, das autarquias e das funda- Do Provimento
ções públicas federais.
Seção I
PUBLICAÇÃO CONSOLIDADA DA LEI Nº 8.112, DE 11 Disposições Gerais
DE DEZEMBRO DE 1990, DETERMINADA PELO ART.
13 DA LEI Nº 9.527, DE 10 DE DEZEMBRO DE 1997.
Art. 5º São requisitos básicos para investidura em cargo
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o público:
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte I - a nacionalidade brasileira;
Lei:
II - o gozo dos direitos políticos;

Título I III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;


IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do
cargo;
Capítulo Único
Das Disposições Preliminares V - a idade mínima de dezoito anos;
VI - aptidão física e mental.
Art. 1º Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servi- § 1º As atribuições do cargo podem justificar a exigên-
dores Públicos Civis da União, das autarquias, inclu- cia de outros requisitos estabelecidos em lei.
sive as em regime especial, e das fundações públicas
federais. § 2º Às pessoas portadoras de deficiência é assegura-
do o direito de se inscrever em concurso público para
Art. 2º Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa provimento de cargo cujas atribuições sejam compatí-
legalmente investida em cargo público. veis com a deficiência de que são portadoras; para tais
pessoas serão reservadas até 20% (vinte por cento) das
vagas oferecidas no concurso.
Art. 3º Cargo público é o conjunto de atribuições e res-
ponsabilidades previstas na estrutura organizacional § 3º As universidades e instituições de pesquisa cientí-
que devem ser cometidas a um servidor. fica e tecnológica federais poderão prover seus cargos
com professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de
Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos
acordo com as normas e os procedimentos desta Lei.
os brasileiros, são criados por lei, com denominação
própria e vencimento pago pelos cofres públicos, para
provimento em caráter efetivo ou em comissão. Art. 6º O provimento dos cargos públicos far-se-á me-
diante ato da autoridade competente de cada Poder.
Art. 4º É proibida a prestação de serviços gratuitos, sal-
vo os casos previstos em lei. Art. 7º A investidura em cargo público ocorrerá com a
posse.

489
Art. 8º São formas de provimento de cargo público: de carreira, condicionada a inscrição do candidato ao
pagamento do valor fixado no edital, quando indis-
I - nomeação; pensável ao seu custeio, e ressalvadas as hipóteses de
isenção nele expressamente previstas.
II - promoção;
III - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 12. O concurso público terá validade de até 2 (dois )
IV - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) anos, podendo ser prorrogado uma única vez, por igual
período.
V - readaptação;
§ 1º O prazo de validade do concurso e as condições
VI - reversão; de sua realização serão fixados em edital, que será pu-
VII - aproveitamento; blicado no Diário Oficial da União e em jornal diário de
grande circulação.
VIII - reintegração;
§ 2º Não se abrirá novo concurso enquanto houver
IX - recondução.
candidato aprovado em concurso anterior com prazo de
validade não expirado.
Seção II
Da Nomeação Seção IV
Da Posse e do Exercício
Art. 9º A nomeação far-se-á:
I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado Art. 13. A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo
de provimento efetivo ou de carreira; termo, no qual deverão constar as atribuições, os de-
II - em comissão, inclusive na condição de interino, veres, as responsabilidades e os direitos inerentes ao
para cargos de confiança vagos. cargo ocupado, que não poderão ser alterados unilate-
ralmente, por qualquer das partes, ressalvados os atos
Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo em co- de ofício previstos em lei.
missão ou de natureza especial poderá ser nomeado
para ter exercício, interinamente, em outro cargo de § 1º A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados
confiança, sem prejuízo das atribuições do que atual- da publicação do ato de provimento.
mente ocupa, hipótese em que deverá optar pela remu- § 2º Em se tratando de servidor, que esteja na data de
neração de um deles durante o período da interinidade. publicação do ato de provimento, em licença prevista
nos incisos I, III e V do art. 81, ou afastado nas hipó-
Art. 10. A nomeação para cargo de carreira ou cargo teses dos incisos I, IV, VI, VIII, alíneas «a», «b», «d»,
isolado de provimento efetivo depende de prévia habi- «e» e «f», IX e X do art. 102, o prazo será contado do
litação em concurso público de provas ou de provas e término do impedimento.
títulos, obedecidos a ordem de classificação e o prazo
§ 3º A posse poderá dar-se mediante procuração es-
de sua validade.
pecífica.
Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso
§ 4º Só haverá posse nos casos de provimento de cargo
e o desenvolvimento do servidor na carreira, mediante
por nomeação.
promoção, serão estabelecidos pela lei que fixar as di-
retrizes do sistema de carreira na Administração Públi- § 5º No ato da posse, o servidor apresentará declara-
ca Federal e seus regulamentos. ção de bens e valores que constituem seu patrimônio e
declaração quanto ao exercício ou não de outro cargo,
Seção III emprego ou função pública.
Do Concurso Público § 6º Será tornado sem efeito o ato de provimento se
a posse não ocorrer no prazo previsto no § 1º deste
Art. 11. O concurso será de provas ou de provas e títu- artigo.
los, podendo ser realizado em duas etapas, conforme
dispuserem a lei e o regulamento do respectivo plano Art. 14. A posse em cargo público dependerá de prévia

490
inspeção médica oficial. § 2º É facultado ao servidor declinar dos prazos estabe-
lecidos no caput.
Parágrafo único. Só poderá ser empossado aquele que
for julgado apto física e mentalmente para o exercício
do cargo. Art. 19. Os servidores cumprirão jornada de trabalho
fixada em razão das atribuições pertinentes aos respec-
tivos cargos, respeitada a duração máxima do trabalho
Art. 15. Exercício é o efetivo desempenho das atribui-
semanal de quarenta horas e observados os limites
ções do cargo público ou da função de confiança.
mínimo e máximo de seis horas e oito horas diárias,
§ 1º É de quinze dias o prazo para o servidor empossa- respectivamente.
do em cargo público entrar em exercício, contados da
§ 1º O ocupante de cargo em comissão ou função de
data da posse.
confiança submete-se a regime de integral dedicação
§ 2º O servidor será exonerado do cargo ou será tor- ao serviço, observado o disposto no art. 120, podendo
nado sem efeito o ato de sua designação para função ser convocado sempre que houver interesse da Admi-
de confiança, se não entrar em exercício nos prazos nistração.
previstos neste artigo, observado o disposto no art. 18.
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica a duração de
§ 3º À autoridade competente do órgão ou entidade para trabalho estabelecida em leis especiais.
onde for nomeado ou designado o servidor compete
dar-lhe exercício. Art. 20. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado
§ 4º O início do exercício de função de confiança coin- para cargo de provimento efetivo ficará sujeito a estágio
cidirá com a data de publicação do ato de designação, probatório por período de 24 (vinte e quatro) meses,
salvo quando o servidor estiver em licença ou afastado durante o qual a sua aptidão e capacidade serão objeto
por qualquer outro motivo legal, hipótese em que recai- de avaliação para o desempenho do cargo, observados
rá no primeiro dia útil após o término do impedimento, os seguinte fatores:
que não poderá exceder a trinta dias da publicação. I - assiduidade;
II - disciplina;
Art. 16. O início, a suspensão, a interrupção e o reinício
do exercício serão registrados no assentamento indivi- III - capacidade de iniciativa;
dual do servidor. IV - produtividade;
Parágrafo único. Ao entrar em exercício, o servidor V- responsabilidade.
apresentará ao órgão competente os elementos neces-
sários ao seu assentamento individual. § 1º 4 (quatro) meses antes de findo o período do es-
tágio probatório, será submetida à homologação da
Art. 17. A promoção não interrompe o tempo de exercí- autoridade competente a avaliação do desempenho do
cio, que é contado no novo posicionamento na carreira servidor, realizada por comissão constituída para essa
a partir da data de publicação do ato que promover o finalidade, de acordo com o que dispuser a lei ou o re-
servidor. gulamento da respectiva carreira ou cargo, sem prejuízo
da continuidade de apuração dos fatores enumerados
Art. 18. O servidor que deva ter exercício em outro mu- nos incisos I a V do caput deste artigo.
nicípio em razão de ter sido removido, redistribuído, § 2º O servidor não aprovado no estágio probatório será
requisitado, cedido ou posto em exercício provisório exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo ante-
terá, no mínimo, dez e, no máximo, trinta dias de pra- riormente ocupado, observado o disposto no parágra-
zo, contados da publicação do ato, para a retomada do fo único do art. 29.
efetivo desempenho das atribuições do cargo, incluído
§ 3º O servidor em estágio probatório poderá exercer
nesse prazo o tempo necessário para o deslocamento
quaisquer cargos de provimento em comissão ou fun-
para a nova sede.
ções de direção, chefia ou assessoramento no órgão
§ 1º Na hipótese de o servidor encontrar-se em licença ou entidade de lotação, e somente poderá ser cedido
ou afastado legalmente, o prazo a que se refere este ar- a outro órgão ou entidade para ocupar cargos de Na-
tigo será contado a partir do término do impedimento. tureza Especial, cargos de provimento em comissão do

491
Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, de vaga.
níveis 6, 5 e 4, ou equivalentes.
Seção VIII
§ 4º Ao servidor em estágio probatório somente po- Da Reversão
derão ser concedidas as licenças e os afastamentos
previstos nos arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem
assim afastamento para participar de curso de formação Art. 25. Reversão é o retorno à atividade de servidor
decorrente de aprovação em concurso para outro cargo aposentado:
na Administração Pública Federal. I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar
§ 5º O estágio probatório ficará suspenso durante as insubsistentes os motivos da aposentadoria; ou
licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § II - no interesse da administração, desde que:
1º, 86 e 96, bem assim na hipótese de participação em
a) tenha solicitado a reversão;
curso de formação, e será retomado a partir do término
do impedimento. b) a aposentadoria tenha sido voluntária;
c) estável quando na atividade;
Seção V
d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos ante-
Da Estabilidade riores à solicitação;
e) haja cargo vago.
Art. 21. O servidor habilitado em concurso público e
empossado em cargo de provimento efetivo adquirirá § 1º A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo
estabilidade no serviço público ao completar 2 (dois) resultante de sua transformação.
anos de efetivo exercício. § 2º O tempo em que o servidor estiver em exercício
será considerado para concessão da aposentadoria.
Art. 22. O servidor estável só perderá o cargo em vir-
tude de sentença judicial transitada em julgado ou de § 3º No caso do inciso I, encontrando-se provido o
processo administrativo disciplinar no qual lhe seja cargo, o servidor exercerá suas atribuições como exce-
assegurada ampla defesa. dente, até a ocorrência de vaga.
§ 4º O servidor que retornar à atividade por interesse
Seção VI da administração perceberá, em substituição aos pro-
Da Transferência ventos da aposentadoria, a remuneração do cargo que
voltar a exercer, inclusive com as vantagens de natureza
pessoal que percebia anteriormente à aposentadoria.
Art. 23. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 5º O servidor de que trata o inciso II somente terá
os proventos calculados com base nas regras atuais se
Seção VII permanecer pelo menos cinco anos no cargo.
Da Readaptação
§ 6º O Poder Executivo regulamentará o disposto neste
artigo.
Art. 24. Readaptação é a investidura do servidor em car-
go de atribuições e responsabilidades compatíveis com Art. 26. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45,
a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física de 4.9.2001)
ou mental verificada em inspeção médica.
§ 1º Se julgado incapaz para o serviço público, o rea- Art. 27. Não poderá reverter o aposentado que já tiver
daptando será aposentado. completado 70 (setenta) anos de idade.
§ 2º A readaptação será efetivada em cargo de atribui-
ções afins, respeitada a habilitação exigida, nível de Seção IX
escolaridade e equivalência de vencimentos e, na hipó- Da Reintegração
tese de inexistência de cargo vago, o servidor exercerá
suas atribuições como excedente, até a ocorrência de Art. 28. A reintegração é a reinvestidura do servidor

492
estável no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo junta médica oficial.
resultante de sua transformação, quando invalidada a
sua demissão por decisão administrativa ou judicial, Capítulo II
com ressarcimento de todas as vantagens. Da Vacância
§ 1º Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor
ficará em disponibilidade, observado o disposto nos Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá de:
arts. 30 e 31.
I - exoneração;
§ 2º Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual
ocupante será reconduzido ao cargo de origem, sem II - demissão;
direito à indenização ou aproveitado em outro cargo, III - promoção;
ou, ainda, posto em disponibilidade.
IV - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Seção X V - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Da Recondução VI - readaptação;
VII - aposentadoria;
Art. 29. Recondução é o retorno do servidor estável ao
VIII - posse em outro cargo inacumulável;
cargo anteriormente ocupado e decorrerá de:
IX - falecimento.
I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro
cargo;
Art. 34. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido
II - reintegração do anterior ocupante. do servidor, ou de ofício.
Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á:
origem, o servidor será aproveitado em outro, observa-
I - quando não satisfeitas as condições do estágio pro-
do o disposto no art. 30.
batório;

Seção XI II - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar


em exercício no prazo estabelecido.
Da Disponibilidade e do Aproveitamento
Art. 35. A exoneração de cargo em comissão e a dispen-
Art. 30. O retorno à atividade de servidor em disponibi- sa de função de confiança dar-se-á:
lidade far-se-á mediante aproveitamento obrigatório em
cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com o I - a juízo da autoridade competente;
anteriormente ocupado. II - a pedido do próprio servidor.
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de
Art. 31. O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil
10.12.97)
determinará o imediato aproveitamento de servidor em
disponibilidade em vaga que vier a ocorrer nos órgãos
ou entidades da Administração Pública Federal. Capítulo III
Da Remoção e da Redistribuição
Parágrafo único. Na hipótese prevista no § 3º do art. 37,
o servidor posto em disponibilidade poderá ser manti-
do sob responsabilidade do órgão central do Sistema Seção I
de Pessoal Civil da Administração Federal - SIPEC, Da Remoção
até o seu adequado aproveitamento em outro órgão ou
entidade.
Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, a pedi-
do ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou
Art. 32. Será tornado sem efeito o aproveitamento e
sem mudança de sede.
cassada a disponibilidade se o servidor não entrar em
exercício no prazo legal, salvo doença comprovada por Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, en-

493
tende-se por modalidades de remoção: § 3º Nos casos de reorganização ou extinção de órgão
ou entidade, extinto o cargo ou declarada sua desne-
I - de ofício, no interesse da Administração;
cessidade no órgão ou entidade, o servidor estável que
III - a pedido, para outra localidade, independentemente não for redistribuído será colocado em disponibilidade,
do interesse da Administração: até seu aproveitamento na forma dos arts. 30 e 31.
a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também § 4º O servidor que não for redistribuído ou colocado
servidor público civil ou militar, de qualquer dos Po- em disponibilidade poderá ser mantido sob responsa-
deres da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos bilidade do órgão central do SIPEC, e ter exercício pro-
Municípios, que foi deslocado no interesse da Admi- visório, em outro órgão ou entidade, até seu adequado
nistração; aproveitamento.
b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, com-
panheiro ou dependente que viva às suas expensas e Capítulo IV
conste do seu assentamento funcional, condicionada à Da Substituição
comprovação por junta médica oficial;
c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipó- Art. 38. Os servidores investidos em cargo ou função de
tese em que o número de interessados for superior ao direção ou chefia e os ocupantes de cargo de Natureza
número de vagas, de acordo com normas preestabele- Especial terão substitutos indicados no regimento in-
cidas pelo órgão ou entidade em que aqueles estejam terno ou, no caso de omissão, previamente designados
lotados. pelo dirigente máximo do órgão ou entidade.
§ 1º O substituto assumirá automática e cumulativa-
Seção II mente, sem prejuízo do cargo que ocupa, o exercício
Da Redistribuição do cargo ou função de direção ou chefia e os de Natu-
reza Especial, nos afastamentos, impedimentos legais
Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de cargo de ou regulamentares do titular e na vacância do cargo,
provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do hipóteses em que deverá optar pela remuneração de um
quadro geral de pessoal, para outro órgão ou entida- deles durante o respectivo período.
de do mesmo Poder, com prévia apreciação do órgão § 2º O substituto fará jus à retribuição pelo exercício
central do SIPEC, observados os seguintes preceitos: do cargo ou função de direção ou chefia ou de cargo
I - interesse da administração; de Natureza Especial, nos casos dos afastamentos ou
impedimentos legais do titular, superiores a trinta dias
II - equivalência de vencimentos; consecutivos, paga na proporção dos dias de efetiva
III - manutenção da essência das atribuições do cargo; substituição, que excederem o referido período.
IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e
Art. 39. O disposto no artigo anterior aplica-se aos titu-
complexidade das atividades;
lares de unidades administrativas organizadas em nível
V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou ha- de assessoria.
bilitação profissional.
VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e as Título III
finalidades institucionais do órgão ou entidade. Dos Direitos e Vantagens
§ 1º A redistribuição ocorrerá ex officio para ajustamen-
to de lotação e da força de trabalho às necessidades Capítulo I
dos serviços, inclusive nos casos de reorganização,
Do Vencimento e da Remuneração
extinção ou criação de órgão ou entidade.
§ 2º A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará
Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo
mediante ato conjunto entre o órgão central do SIPEC
exercício de cargo público, com valor fixado em lei.
e os órgãos e entidades da Administração Pública Fe-
deral envolvidos. Parágrafo único. (Revogado pela Medida Provisória nº

494
431, de 2008). radas como efetivo exercício.

Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, Art. 45. Salvo por imposição legal, ou mandado judi-
acrescido das vantagens pecuniárias permanentes esta- cial, nenhum desconto incidirá sobre a remuneração ou
belecidas em lei. provento.
§ 1º A remuneração do servidor investido em função § 1º Mediante autorização do servidor, poderá haver
ou cargo em comissão será paga na forma prevista no consignação em folha de pagamento em favor de ter-
art. 62. ceiros, a critério da administração e com reposição de
custos, na forma definida em regulamento.
§ 2º O servidor investido em cargo em comissão de
órgão ou entidade diversa da de sua lotação receberá a § 2º O total de consignações facultativas de que trata
remuneração de acordo com o estabelecido no § 1º do o § 1º não excederá a 35% (trinta e cinco por cento)
art. 93. da remuneração mensal, sendo 5% (cinco por cento)
reservados exclusivamente para:
§ 3º O vencimento do cargo efetivo, acrescido das van-
tagens de caráter permanente, é irredutível. I - a amortização de despesas contraídas por meio de
cartão de crédito; ou
§ 4º É assegurada a isonomia de vencimentos para car-
gos de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo II - a utilização com a finalidade de saque por meio do
Poder, ou entre servidores dos três Poderes, ressalva- cartão de crédito.
das as vantagens de caráter individual e as relativas à
natureza ou ao local de trabalho. Art. 46. As reposições e indenizações ao erário, atu-
§ 5º Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao alizadas até 30 de junho de 1994, serão previamente
salário mínimo. comunicadas ao servidor ativo, aposentado ou ao pen-
sionista, para pagamento, no prazo máximo de trinta
dias, podendo ser parceladas, a pedido do interessado.
Art. 42. Nenhum servidor poderá perceber, mensal-
mente, a título de remuneração, importância superior à § 1º O valor de cada parcela não poderá ser inferior ao
soma dos valores percebidos como remuneração, em correspondente a dez por cento da remuneração, pro-
espécie, a qualquer título, no âmbito dos respectivos vento ou pensão.
Poderes, pelos Ministros de Estado, por membros do § 2º Quando o pagamento indevido houver ocorrido no
Congresso Nacional e Ministros do Supremo Tribunal mês anterior ao do processamento da folha, a reposição
Federal. será feita imediatamente, em uma única parcela.
Parágrafo único. Excluem-se do teto de remuneração § 3º Na hipótese de valores recebidos em decorrência
as vantagens previstas nos incisos II a VII do art. 61. de cumprimento a decisão liminar, a tutela antecipada
ou a sentença que venha a ser revogada ou rescindida,
Art. 43. (Revogado pela Lei nº 9.624, de 2.4.98) serão eles atualizados até a data da reposição.

Art. 44. O servidor perderá: Art. 47. O servidor em débito com o erário, que for de-
I - a remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem mitido, exonerado ou que tiver sua aposentadoria ou
motivo justificado; disponibilidade cassada, terá o prazo de sessenta dias
para quitar o débito.
II - a parcela de remuneração diária, proporcional aos
atrasos, ausências justificadas, ressalvadas as conces- Parágrafo único. A não quitação do débito no prazo pre-
sões de que trata o art. 97, e saídas antecipadas, salvo visto implicará sua inscrição em dívida ativa.
na hipótese de compensação de horário, até o mês
subseqüente ao da ocorrência, a ser estabelecida pela Art. 48. O vencimento, a remuneração e o provento não
chefia imediata. serão objeto de arresto, seqüestro ou penhora, exceto
nos casos de prestação de alimentos resultante de de-
Parágrafo único. As faltas justificadas decorrentes de
cisão judicial.
caso fortuito ou de força maior poderão ser compensa-
das a critério da chefia imediata, sendo assim conside- Capítulo II

495
Das Vantagens transporte do servidor e de sua família, compreendendo
passagem, bagagem e bens pessoais.
Art. 49. Além do vencimento, poderão ser pagas ao ser- § 2º À família do servidor que falecer na nova sede são
vidor as seguintes vantagens: assegurados ajuda de custo e transporte para a locali-
dade de origem, dentro do prazo de 1 (um) ano, contado
I - indenizações;
do óbito.
II - gratificações;
§ 3º Não será concedida ajuda de custo nas hipóteses
III - adicionais. de remoção previstas nos incisos II e III do parágrafo
§ 1º As indenizações não se incorporam ao vencimento único do art. 36.
ou provento para qualquer efeito.
Art. 54. A ajuda de custo é calculada sobre a remunera-
§ 2º As gratificações e os adicionais incorporam-se ao ção do servidor, conforme se dispuser em regulamento,
vencimento ou provento, nos casos e condições indi- não podendo exceder a importância correspondente a
cados em lei. 3 (três) meses.

Art. 50. As vantagens pecuniárias não serão compu- Art. 55. Não será concedida ajuda de custo ao servidor
tadas, nem acumuladas, para efeito de concessão de que se afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de
quaisquer outros acréscimos pecuniários ulteriores, mandato eletivo.
sob o mesmo título ou idêntico fundamento.
Art. 56. Será concedida ajuda de custo àquele que, não
Seção I sendo servidor da União, for nomeado para cargo em
Das Indenizações comissão, com mudança de domicílio.
Parágrafo único. No afastamento previsto no inciso I do
Art. 51. Constituem indenizações ao servidor: art. 93, a ajuda de custo será paga pelo órgão cessioná-
rio, quando cabível.
I - ajuda de custo;
II - diárias; Art. 57. O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de
III - transporte. custo quando, injustificadamente, não se apresentar na
nova sede no prazo de 30 (trinta) dias.
IV - auxílio-moradia. (Incluído pela Lei nº 11.355, de
2006)
Subseção II
Art. 52. Os valores das indenizações estabelecidas nos Das Diárias
incisos I a III do art. 51, assim como as condições para
a sua concessão, serão estabelecidos em regulamento.  Art. 58. O servidor que, a serviço, afastar-se da sede em
caráter eventual ou transitório para outro ponto do terri-
Subseção I tório nacional ou para o exterior, fará jus a passagens e
Da Ajuda de Custo diárias destinadas a indenizar as parcelas de despesas
extraordinária com pousada, alimentação e locomoção
urbana, conforme dispuser em regulamento.
Art. 53. A ajuda de custo destina-se a compensar as
despesas de instalação do servidor que, no interesse § 1º A diária será concedida por dia de afastamento,
do serviço, passar a ter exercício em nova sede, com sendo devida pela metade quando o deslocamento não
mudança de domicílio em caráter permanente, vedado exigir pernoite fora da sede, ou quando a União custear,
o duplo pagamento de indenização, a qualquer tempo, por meio diverso, as despesas extraordinárias cobertas
no caso de o cônjuge ou companheiro que detenha por diárias.
também a condição de servidor, vier a ter exercício na § 2º Nos casos em que o deslocamento da sede consti-
mesma sede. tuir exigência permanente do cargo, o servidor não fará
§ 1º Correm por conta da administração as despesas de jus a diárias.

496
§ 3º Também não fará jus a diárias o servidor que se lote edificado sem averbação de construção, nos doze
deslocar dentro da mesma região metropolitana, aglo- meses que antecederem a sua nomeação;
meração urbana ou microrregião, constituídas por IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor
municípios limítrofes e regularmente instituídas, ou receba auxílio-moradia;
em áreas de controle integrado mantidas com países
limítrofes, cuja jurisdição e competência dos órgãos, V - o servidor tenha se mudado do local de residência
entidades e servidores brasileiros considera-se esten- para ocupar cargo em comissão ou função de confiança
dida, salvo se houver pernoite fora da sede, hipóteses do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS,
em que as diárias pagas serão sempre as fixadas para níveis 4, 5 e 6, de Natureza Especial, de Ministro de Es-
os afastamentos dentro do território nacional. tado ou equivalentes .
VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão
Art. 59. O servidor que receber diárias e não se afastar ou função de confiança não se enquadre nas hipóteses
da sede, por qualquer motivo, fica obrigado a restituí- do art. 58, § 3º, em relação ao local de residência ou
-las integralmente, no prazo de 5 (cinco) dias. domicílio do servidor;
Parágrafo único. Na hipótese de o servidor retornar à VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha
sede em prazo menor do que o previsto para o seu afas- residido no Município, nos últimos doze meses, aonde
tamento, restituirá as diárias recebidas em excesso, no for exercer o cargo em comissão ou função de confian-
prazo previsto no caput. ça, desconsiderando-se prazo inferior a sessenta dias
dentro desse período; e
Subseção III
VIII - o deslocamento não tenha sido por força de altera-
Da Indenização de Transporte
ção de lotação ou nomeação para cargo efetivo.
Art. 60. Conceder-se-á indenização de transporte ao IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho
servidor que realizar despesas com a utilização de meio de 2006.
próprio de locomoção para a execução de serviços Parágrafo único. Para fins do inciso VII, não será con-
externos, por força das atribuições próprias do cargo, siderado o prazo no qual o servidor estava ocupando
conforme se dispuser em regulamento. outro cargo em comissão relacionado no inciso V.

Subseção IV Art. 60-C. (Revogado pela Lei nº 12.998, de 2014)


Do Auxílio-Moradia
Art. 60-D. O valor mensal do auxílio-moradia é limitado
Art. 60-A. O auxílio-moradia consiste no ressarcimento a 25% (vinte e cinco por cento) do valor do cargo em
das despesas comprovadamente realizadas pelo servi- comissão, função comissionada ou cargo de Ministro
dor com aluguel de moradia ou com meio de hospeda- de Estado ocupado.
gem administrado por empresa hoteleira, no prazo de § 1º O valor do auxílio-moradia não poderá superar
um mês após a comprovação da despesa pelo servidor. 25% (vinte e cinco por cento) da remuneração de Mi-
nistro de Estado.
Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor
§ 2º Independentemente do valor do cargo em comis-
se atendidos os seguintes requisitos:
são ou função comissionada, fica garantido a todos os
I - não exista imóvel funcional disponível para uso pelo que preencherem os requisitos o ressarcimento até o
servidor; valor de R$ 1.800,00 (mil e oitocentos reais).
II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe § 3º (Incluído pela Medida Provisória nº 805, de 2017)
imóvel funcional; (Vigência encerrada)
III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja § 4º (Incluído pela Medida Provisória nº 805, de 2017)
ou tenha sido proprietário, promitente comprador, ces- (Vigência encerrada)
sionário ou promitente cessionário de imóvel no Muni-
cípio aonde for exercer o cargo, incluída a hipótese de Art. 60-E. No caso de falecimento, exoneração, colo-

497
cação de imóvel funcional à disposição do servidor ou tigo somente estará sujeita às revisões gerais de remu-
aquisição de imóvel, o auxílio-moradia continuará sen- neração dos servidores públicos federais.
do pago por um mês.
Subseção II
Seção II Da Gratificação Natalina
Das Gratificações e Adicionais

Art. 61. Além do vencimento e das vantagens previstas Art. 63. A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um
nesta Lei, serão deferidos aos servidores as seguintes doze avos) da remuneração a que o servidor fizer jus no
retribuições, gratificações e adicionais: mês de dezembro, por mês de exercício no respectivo
ano.
I - retribuição pelo exercício de função de direção, che-
fia e assessoramento; Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15 (quin-
ze) dias será considerada como mês integral.
II - gratificação natalina;
III - (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de Art. 64. A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do
4.9.2001) mês de dezembro de cada ano.
IV - adicional pelo exercício de atividades insalubres, Parágrafo único. (VETADO).
perigosas ou penosas;
Art. 65. O servidor exonerado perceberá sua gratificação
V - adicional pela prestação de serviço extraordinário;
natalina, proporcionalmente aos meses de exercício,
VI - adicional noturno; calculada sobre a remuneração do mês da exoneração.
VII - adicional de férias;
Art. 66. A gratificação natalina não será considerada
VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do tra- para cálculo de qualquer vantagem pecuniária.
balho.
IX - gratificação por encargo de curso ou concurso. Subseção III
Do Adicional por Tempo de Serviço
Subseção I
Da Retribuição pelo Exercício de Função Art. 67. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-
de Direção, Chefia e Assessoramento 45, de 2001, respeitadas as situações constituídas até
8.3.1999)
Art. 62. Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido
em função de direção, chefia ou assessoramento, cargo Subseção IV
de provimento em comissão ou de Natureza Especial é Dos Adicionais de Insalubridade, Pericu-
devida retribuição pelo seu exercício. losidade ou Atividades Penosas
Parágrafo único. Lei específica estabelecerá a remune-
ração dos cargos em comissão de que trata o inciso II Art. 68. Os servidores que trabalhem com habitualidade
do art. 9º. em locais insalubres ou em contato permanente com
substâncias tóxicas, radioativas ou com risco de vida,
Art. 62-A. Fica transformada em Vantagem Pessoal fazem jus a um adicional sobre o vencimento do cargo
Nominalmente Identificada - VPNI a incorporação da efetivo.
retribuição pelo exercício de função de direção, chefia
ou assessoramento, cargo de provimento em comissão § 1º O servidor que fizer jus aos adicionais de insalu-
ou de Natureza Especial a que se referem os arts. 3º e 10 bridade e de periculosidade deverá optar por um deles.
da Lei no 8.911, de 11 de julho de 1994, e o art. 3º da § 2º O direito ao adicional de insalubridade ou pericu-
Lei no 9.624, de 2 de abril de 1998. losidade cessa com a eliminação das condições ou dos
Parágrafo único. A VPNI de que trata o caput deste ar- riscos que deram causa a sua concessão.

498
Art. 69. Haverá permanente controle da atividade de -se cada hora como cinqüenta e dois minutos e trinta
servidores em operações ou locais considerados peno- segundos.
sos, insalubres ou perigosos. Parágrafo único. Em se tratando de serviço extraordiná-
Parágrafo único. A servidora gestante ou lactante será rio, o acréscimo de que trata este artigo incidirá sobre a
afastada, enquanto durar a gestação e a lactação, das remuneração prevista no art. 73.
operações e locais previstos neste artigo, exercendo
suas atividades em local salubre e em serviço não pe- Subseção VII
noso e não perigoso. Do Adicional de Férias
Art. 70. Na concessão dos adicionais de atividades
penosas, de insalubridade e de periculosidade, serão Art. 76. Independentemente de solicitação, será pago ao
observadas as situações estabelecidas em legislação servidor, por ocasião das férias, um adicional corres-
específica. pondente a 1/3 (um terço) da remuneração do período
das férias.
Art. 71. O adicional de atividade penosa será devido aos Parágrafo único. No caso de o servidor exercer função
servidores em exercício em zonas de fronteira ou em de direção, chefia ou assessoramento, ou ocupar cargo
localidades cujas condições de vida o justifiquem, nos em comissão, a respectiva vantagem será considerada
termos, condições e limites fixados em regulamento. no cálculo do adicional de que trata este artigo.

Art. 72. Os locais de trabalho e os servidores que Subseção VIII


operam com Raios X ou substâncias radioativas serão
Da Gratificação por Encargo
mantidos sob controle permanente, de modo que as
doses de radiação ionizante não ultrapassem o nível de Curso ou Concurso
máximo previsto na legislação própria.
Parágrafo único. Os servidores a que se refere este arti- Art. 76-A. A Gratificação por Encargo de Curso ou Con-
go serão submetidos a exames médicos a cada 6 (seis) curso é devida ao servidor que, em caráter eventual:
meses. I - atuar como instrutor em curso de formação, de de-
senvolvimento ou de treinamento regularmente instituí-
Subseção V do no âmbito da administração pública federal;
Do Adicional por Serviço Extraordinário II - participar de banca examinadora ou de comissão
para exames orais, para análise curricular, para corre-
Art. 73. O serviço extraordinário será remunerado com ção de provas discursivas, para elaboração de questões
acréscimo de 50% (cinqüenta por cento) em relação à de provas ou para julgamento de recursos intentados
hora normal de trabalho. por candidatos;
III - participar da logística de preparação e de realização
Art. 74. Somente será permitido serviço extraordinário de concurso público envolvendo atividades de planeja-
para atender a situações excepcionais e temporárias, mento, coordenação, supervisão, execução e avaliação
respeitado o limite máximo de 2 (duas) horas por jor- de resultado, quando tais atividades não estiverem in-
nada. cluídas entre as suas atribuições permanentes;
IV - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas
Subseção VI de exame vestibular ou de concurso público ou super-
Do Adicional Noturno visionar essas atividades
§ 1º Os critérios de concessão e os limites da gratifi-
Art. 75. O serviço noturno, prestado em horário com- cação de que trata este artigo serão fixados em regula-
preendido entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5 mento, observados os seguintes parâmetros:
(cinco) horas do dia seguinte, terá o valor-hora acres-
I - o valor da gratificação será calculado em horas,
cido de 25% (vinte e cinco por cento), computando-
observadas a natureza e a complexidade da atividade

499
exercida; Art. 78. O pagamento da remuneração das férias será
efetuado até 2 (dois) dias antes do início do respectivo
II - a retribuição não poderá ser superior ao equivalente
período, observando-se o disposto no § 1º deste artigo
a 120 (cento e vinte) horas de trabalho anuais, ressalva-
da situação de excepcionalidade, devidamente justifica- § 1° e § 2° (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
da e previamente aprovada pela autoridade máxima do § 3º O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em co-
órgão ou entidade, que poderá autorizar o acréscimo de missão, perceberá indenização relativa ao período das
até 120 (cento e vinte) horas de trabalho anuais férias a que tiver direito e ao incompleto, na proporção
III - o valor máximo da hora trabalhada corresponderá de um doze avos por mês de efetivo exercício, ou fração
aos seguintes percentuais, incidentes sobre o maior superior a quatorze dias.
vencimento básico da administração pública federal: § 4º A indenização será calculada com base na remune-
a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), em ração do mês em que for publicado o ato exoneratório.
se tratando de atividades previstas nos incisos I e II do § 5º Em caso de parcelamento, o servidor receberá o
caput deste artigo; valor adicional previsto no inciso XVII do art. 7º da
b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se Constituição Federal quando da utilização do primeiro
tratando de atividade prevista nos incisos III e IV do período.
caput deste artigo.
§ 2º A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso Art. 79. O servidor que opera direta e permanentemen-
somente será paga se as atividades referidas nos inci- te com Raios X ou substâncias radioativas gozará 20
sos do caput deste artigo forem exercidas sem prejuízo (vinte) dias consecutivos de férias, por semestre de
das atribuições do cargo de que o servidor for titular, atividade profissional, proibida em qualquer hipótese
devendo ser objeto de compensação de carga horária a acumulação.
quando desempenhadas durante a jornada de trabalho, Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de
na forma do § 4º do art. 98 desta Lei. 10.12.97)
§ 3º A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
não se incorpora ao vencimento ou salário do servidor Art. 80. As férias somente poderão ser interrompidas
para qualquer efeito e não poderá ser utilizada como por motivo de calamidade pública, comoção interna,
base de cálculo para quaisquer outras vantagens, inclu- convocação para júri, serviço militar ou eleitoral, ou
sive para fins de cálculo dos proventos da aposentado- por necessidade do serviço declarada pela autoridade
ria e das pensões. máxima do órgão ou entidade.
Parágrafo único. O restante do período interrompido
Capítulo III será gozado de uma só vez, observado o disposto no
Das Férias art. 77.

Art. 77. O servidor fará jus a trinta dias de férias, que


Capítulo IV
podem ser acumuladas, até o máximo de dois períodos, Das Licenças
no caso de necessidade do serviço, ressalvadas as hi-
póteses em que haja legislação específica. Seção I
§ 1º Para o primeiro período aquisitivo de férias serão Disposições Gerais
exigidos 12 (doze) meses de exercício.
§ 2º É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença:
serviço.
I - por motivo de doença em pessoa da família;
§ 3º As férias poderão ser parceladas em até três etapas,
II - por motivo de afastamento do cônjuge ou compa-
desde que assim requeridas pelo servidor, e no interes-
nheiro;
se da administração pública.
III - para o serviço militar;

500
IV - para atividade política; não remuneradas, incluídas as respectivas prorroga-
ções, concedidas em um mesmo período de 12 (doze)
V - para capacitação; (Redação dada pela Lei nº 9.527,
meses, observado o disposto no § 3º, não poderá ul-
de 10.12.97)
trapassar os limites estabelecidos nos incisos I e II do
VI - para tratar de interesses particulares; § 2º. 
VII - para desempenho de mandato classista.
Seção III
§ 1º A licença prevista no inciso I do caput deste artigo Da Licença por Motivo de
bem como cada uma de suas prorrogações serão pre- Afastamento do Cônjuge
cedidas de exame por perícia médica oficial, observado
o disposto no art. 204 desta Lei.
Art. 84. Poderá ser concedida licença ao servidor para
§ 2º (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) acompanhar cônjuge ou companheiro que foi desloca-
§ 3º É vedado o exercício de atividade remunerada do para outro ponto do território nacional, para o exte-
durante o período da licença prevista no inciso I deste rior ou para o exercício de mandato eletivo dos Poderes
artigo. Executivo e Legislativo.
§ 1º A licença será por prazo indeterminado e sem re-
Art. 82. A licença concedida dentro de 60 (sessenta) muneração.
dias do término de outra da mesma espécie será consi- § 2º No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou
derada como prorrogação. companheiro também seja servidor público, civil ou
militar, de qualquer dos Poderes da União, dos Esta-
Seção II dos, do Distrito Federal e dos Municípios, poderá haver
Da Licença por Motivo de exercício provisório em órgão ou entidade da Adminis-
Doença em Pessoa da Família tração Federal direta, autárquica ou fundacional, desde
que para o exercício de atividade compatível com o seu
cargo.
Art. 83. Poderá ser concedida licença ao servidor por
motivo de doença do cônjuge ou companheiro, dos
pais, dos filhos, do padrasto ou madrasta e enteado, ou Seção IV
dependente que viva a suas expensas e conste do seu Da Licença para o Serviço Militar
assentamento funcional, mediante comprovação por
perícia médica oficial. Art. 85. Ao servidor convocado para o serviço militar
§ 1º A licença somente será deferida se a assistência será concedida licença, na forma e condições previstas
direta do servidor for indispensável e não puder ser na legislação específica.
prestada simultaneamente com o exercício do cargo ou Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor
mediante compensação de horário, na forma do dispos- terá até 30 (trinta) dias sem remuneração para reassu-
to no inciso II do art. 44. mir o exercício do cargo.
§ 2º A licença de que trata o caput, incluídas as pror-
rogações, poderá ser concedida a cada período de doze Seção V
meses nas seguintes condições: Da Licença para Atividade Política
I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não,
mantida a remuneração do servidor; e Art. 86. O servidor terá direito a licença, sem remunera-
II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem ção, durante o período que mediar entre a sua escolha
remuneração. em convenção partidária, como candidato a cargo ele-
tivo, e a véspera do registro de sua candidatura perante
§ 3º O início do interstício de 12 (doze) meses será con- a Justiça Eleitoral.
tado a partir da data do deferimento da primeira licença
concedida. § 1º O servidor candidato a cargo eletivo na localidade
onde desempenha suas funções e que exerça cargo de
§ 4º A soma das licenças remuneradas e das licenças direção, chefia, assessoramento, arrecadação ou fisca-

501
lização, dele será afastado, a partir do dia imediato ao ou entidade fiscalizadora da profissão ou, ainda, para
do registro de sua candidatura perante a Justiça Eleito- participar de gerência ou administração em sociedade
ral, até o décimo dia seguinte ao do pleito. cooperativa constituída por servidores públicos para
prestar serviços a seus membros, observado o dis-
§ 2º A partir do registro da candidatura e até o décimo
posto na alínea c do inciso VIII do art. 102 desta Lei,
dia seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença,
conforme disposto em regulamento e observados os
assegurados os vencimentos do cargo efetivo, somente
seguintes limites:
pelo período de três meses.
I - para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados,
Seção VI 2 (dois) servidores;
Da Licença para Capacitação II - para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000
(trinta mil) associados, 4 (quatro) servidores;
Art. 87. Após cada qüinqüênio de efetivo exercício, o III - para entidades com mais de 30.000 (trinta mil) as-
servidor poderá, no interesse da Administração, afas- sociados, 8 (oito) servidores.
tar-se do exercício do cargo efetivo, com a respectiva
§ 1º Somente poderão ser licenciados os servidores
remuneração, por até três meses, para participar de
eleitos para cargos de direção ou de representação nas
curso de capacitação profissional.
referidas entidades, desde que cadastradas no órgão
Parágrafo único. Os períodos de licença de que trata competente.
o caput não são acumuláveis.
§ 2º A licença terá duração igual à do mandato, poden-
do ser renovada, no caso de reeleição.
Art. 88. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

Art. 89. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)


Capítulo V
Dos Afastamentos
Art. 90. (VETADO).
Seção I
Seção VII Do Afastamento para Servir
Da Licença para Tratar de Interesses a Outro Órgão ou Entidade
Particulares
Art. 93. O servidor poderá ser cedido para ter exercício
Art. 91. A critério da Administração, poderão ser conce- em outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos
didas ao servidor ocupante de cargo efetivo, desde que Estados, ou do Distrito Federal e dos Municípios, nas
não esteja em estágio probatório, licenças para o trato seguintes hipóteses:
de assuntos particulares pelo prazo de até três anos
I - para exercício de cargo em comissão ou função de
consecutivos, sem remuneração.
confiança;
Parágrafo único. A licença poderá ser interrompida, a
II - em casos previstos em leis específicas.
qualquer tempo, a pedido do servidor ou no interesse
do serviço. § 1º Na hipótese do inciso I, sendo a cessão para ór-
gãos ou entidades dos Estados, do Distrito Federal ou
Seção VIII dos Municípios, o ônus da remuneração será do órgão
ou entidade cessionária, mantido o ônus para o cedente
Da Licença para o Desempenho nos demais casos.
de Mandato Classista
§ 2º Na hipótese de o servidor cedido a empresa pú-
blica ou sociedade de economia mista, nos termos das
Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença respectivas normas, optar pela remuneração do cargo
sem remuneração para o desempenho de mandato efetivo ou pela remuneração do cargo efetivo acrescida
em confederação, federação, associação de classe de de percentual da retribuição do cargo em comissão, a
âmbito nacional, sindicato representativo da categoria

502
entidade cessionária efetuará o reembolso das despe- muneração.
sas realizadas pelo órgão ou entidade de origem. § 1º No caso de afastamento do cargo, o servidor con-
§ 3º A cessão far-se-á mediante Portaria publicada no tribuirá para a seguridade social como se em exercício
Diário Oficial da União. estivesse.
§ 4º Mediante autorização expressa do Presidente da § 2º O servidor investido em mandato eletivo ou clas-
República, o servidor do Poder Executivo poderá ter sista não poderá ser removido ou redistribuído de ofício
exercício em outro órgão da Administração Federal di- para localidade diversa daquela onde exerce o mandato.
reta que não tenha quadro próprio de pessoal, para fim
determinado e a prazo certo. Seção III
§ 5º Aplica-se à União, em se tratando de empregado Do Afastamento para
ou servidor por ela requisitado, as disposições dos §§ Estudo ou Missão no Exterior
1º e 2º deste artigo.
§ 6º As cessões de empregados de empresa pública ou Art. 95. O servidor não poderá ausentar-se do País para
de sociedade de economia mista, que receba recursos estudo ou missão oficial, sem autorização do Presi-
de Tesouro Nacional para o custeio total ou parcial da dente da República, Presidente dos Órgãos do Poder
sua folha de pagamento de pessoal, independem das Legislativo e Presidente do Supremo Tribunal Federal.
disposições contidas nos incisos I e II e §§ 1º e 2º deste
§ 1º A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda
artigo, ficando o exercício do empregado cedido condi-
a missão ou estudo, somente decorrido igual período,
cionado a autorização específica do Ministério do Pla-
será permitida nova ausência.
nejamento, Orçamento e Gestão, exceto nos casos de
ocupação de cargo em comissão ou função gratificada. § 2º Ao servidor beneficiado pelo disposto neste artigo
não será concedida exoneração ou licença para tratar de
§ 7° O Ministério do Planejamento, Orçamento e Ges-
interesse particular antes de decorrido período igual ao
tão, com a finalidade de promover a composição da
do afastamento, ressalvada a hipótese de ressarcimento
força de trabalho dos órgãos e entidades da Adminis-
da despesa havida com seu afastamento.
tração Pública Federal, poderá determinar a lotação ou
o exercício de empregado ou servidor, independente- § 3º O disposto neste artigo não se aplica aos servido-
mente da observância do constante no inciso I e nos §§ res da carreira diplomática.
1º e 2º deste artigo. § 4º As hipóteses, condições e formas para a autoriza-
ção de que trata este artigo, inclusive no que se refere
Seção II à remuneração do servidor, serão disciplinadas em re-
Do Afastamento para gulamento.
Exercício de Mandato Eletivo
Art. 96. O afastamento de servidor para servir em orga-
nismo internacional de que o Brasil participe ou com o
Art. 94. Ao servidor investido em mandato eletivo apli-
qual coopere dar-se-á com perda total da remuneração.
cam-se as seguintes disposições:
I - tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital, Seção IV
ficará afastado do cargo;
Do Afastamento para Participação em
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do Programa de Pós-Graduação Stricto
cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração; Sensu no País
III - investido no mandato de vereador:
a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as Art. 96-A. O servidor poderá, no interesse da Adminis-
vantagens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração tração, e desde que a participação não possa ocorrer
do cargo eletivo; simultaneamente com o exercício do cargo ou mediante
compensação de horário, afastar-se do exercício do
b) não havendo compatibilidade de horário, será afas-
cargo efetivo, com a respectiva remuneração, para par-
tado do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua re-

503
ticipar em programa de pós-graduação stricto sensu em Art. 97. Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor au-
instituição de ensino superior no País. sentar-se do serviço:
§ 1º Ato do dirigente máximo do órgão ou entidade de- I - por 1 (um) dia, para doação de sangue;
finirá, em conformidade com a legislação vigente, os II - pelo período comprovadamente necessário para
programas de capacitação e os critérios para participa- alistamento ou recadastramento eleitoral, limitado, em
ção em programas de pós-graduação no País, com ou qualquer caso, a 2 (dois) dias;
sem afastamento do servidor, que serão avaliados por
um comitê constituído para este fim. III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de :
§ 2º Os afastamentos para realização de programas de a) casamento;
mestrado e doutorado somente serão concedidos aos b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madras-
servidores titulares de cargos efetivos no respectivo ta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou
órgão ou entidade há pelo menos 3 (três) anos para tutela e irmãos.
mestrado e 4 (quatro) anos para doutorado, incluído
o período de estágio probatório, que não tenham se Art. 98. Será concedido horário especial ao servidor
afastado por licença para tratar de assuntos particulares estudante, quando comprovada a incompatibilidade
para gozo de licença capacitação ou com fundamento entre o horário escolar e o da repartição, sem prejuízo
neste artigo nos 2 (dois) anos anteriores à data da soli- do exercício do cargo.
citação de afastamento.
§ 1º Para efeito do disposto neste artigo, será exigida a
§ 3º Os afastamentos para realização de programas de compensação de horário no órgão ou entidade que tiver
pós-doutorado somente serão concedidos aos servido- exercício, respeitada a duração semanal do trabalho.
res titulares de cargos efetivo no respectivo órgão ou
entidade há pelo menos quatro anos, incluído o período § 2º Também será concedido horário especial ao servi-
de estágio probatório, e que não tenham se afastado por dor portador de deficiência, quando comprovada a ne-
licença para tratar de assuntos particulares ou com fun- cessidade por junta médica oficial, independentemente
damento neste artigo, nos quatro anos anteriores à data de compensação de horário.
da solicitação de afastamento. § 3º As disposições constantes do § 2º são extensivas
§ 4º Os servidores beneficiados pelos afastamentos ao servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente
previstos nos §§ 1º, 2º e 3º deste artigo terão que per- com deficiência.
manecer no exercício de suas funções após o seu retor- § 4º Será igualmente concedido horário especial, vin-
no por um período igual ao do afastamento concedido. culado à compensação de horário a ser efetivada no
§ 5º Caso o servidor venha a solicitar exoneração do prazo de até 1 (um) ano, ao servidor que desempenhe
cargo ou aposentadoria, antes de cumprido o período atividade prevista nos incisos I e II do caput do art. 76-A
de permanência previsto no § 4º deste artigo, deverá desta Lei.
ressarcir o órgão ou entidade, na forma do art. 47 da Lei
no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, dos gastos com Art. 99. Ao servidor estudante que mudar de sede no
seu aperfeiçoamento. interesse da administração é assegurada, na localidade
da nova residência ou na mais próxima, matrícula em
§ 6º Caso o servidor não obtenha o título ou grau que instituição de ensino congênere, em qualquer época,
justificou seu afastamento no período previsto, aplica- independentemente de vaga.
-se o disposto no § 5º deste artigo, salvo na hipótese
comprovada de força maior ou de caso fortuito, a crité- Parágrafo único. O disposto neste artigo estende-se ao
rio do dirigente máximo do órgão ou entidade. cônjuge ou companheiro, aos filhos, ou enteados do
servidor que vivam na sua companhia, bem como aos
§ 7º Aplica-se à participação em programa de pós-gra- menores sob sua guarda, com autorização judicial.
duação no Exterior, autorizado nos termos do art. 95
desta Lei, o disposto nos §§ 1º a 6º deste artigo.
Capítulo VII
Capítulo VI Do Tempo de Serviço
Das Concessões

504
Art. 100. É contado para todos os efeitos o tempo de IX - deslocamento para a nova sede de que trata o art.
serviço público federal, inclusive o prestado às Forças 18;
Armadas. X - participação em competição desportiva nacional
ou convocação para integrar representação desportiva
Art. 101. A apuração do tempo de serviço será feita em nacional, no País ou no exterior, conforme disposto em
dias, que serão convertidos em anos, considerado o lei específica;
ano como de trezentos e sessenta e cinco dias.
XI - afastamento para servir em organismo internacio-
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de nal de que o Brasil participe ou com o qual coopere.
10.12.97)
Art. 103. Contar-se-á apenas para efeito de aposentado-
Art. 102. Além das ausências ao serviço previstas no ria e disponibilidade:
art. 97, são considerados como de efetivo exercício os
afastamentos em virtude de. I - o tempo de serviço público prestado aos Estados,
Municípios e Distrito Federal;
I - férias;
II - a licença para tratamento de saúde de pessoal da
II - exercício de cargo em comissão ou equivalente, em família do servidor, com remuneração, que exceder a 30
órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, (trinta) dias em período de 12 (doze) meses.
Municípios e Distrito Federal;
III - a licença para atividade política, no caso do art.
III - exercício de cargo ou função de governo ou admi- 86, § 2º;
nistração, em qualquer parte do território nacional, por
nomeação do Presidente da República; IV - o tempo correspondente ao desempenho de man-
dato eletivo federal, estadual, municipal ou distrital,
IV - participação em programa de treinamento regu- anterior ao ingresso no serviço público federal;
larmente instituído ou em programa de pós-graduação
stricto sensu no País, conforme dispuser o regulamento V - o tempo de serviço em atividade privada, vinculada
à Previdência Social;
V - desempenho de mandato eletivo federal, estadual,
municipal ou do Distrito Federal, exceto para promoção VI - o tempo de serviço relativo a tiro de guerra;
por merecimento; VII - o tempo de licença para tratamento da própria saú-
VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei; de que exceder o prazo a que se refere a alínea “b” do
inciso VIII do art. 102.
VII - missão ou estudo no exterior, quando autorizado o
afastamento, conforme dispuser o regulamento; § 1º O tempo em que o servidor esteve aposentado será
contado apenas para nova aposentadoria.
VIII - licença:
§ 2º Será contado em dobro o tempo de serviço presta-
a) à gestante, à adotante e à paternidade; do às Forças Armadas em operações de guerra.
b) para tratamento da própria saúde, até o limite de vinte § 3º É vedada a contagem cumulativa de tempo de ser-
e quatro meses, cumulativo ao longo do tempo de ser- viço prestado concomitantemente em mais de um cargo
viço público prestado à União, em cargo de provimento ou função de órgão ou entidades dos Poderes da União,
efetivo; Estado, Distrito Federal e Município, autarquia, funda-
c) para o desempenho de mandato classista ou parti- ção pública, sociedade de economia mista e empresa
cipação de gerência ou administração em sociedade pública.
cooperativa constituída por servidores para prestar ser-
viços a seus membros, exceto para efeito de promoção Capítulo VIII
por merecimento; Do Direito de Petição
d) por motivo de acidente em serviço ou doença pro-
fissional; Art. 104. É assegurado ao servidor o direito de requerer
e) para capacitação, conforme dispuser o regulamento; aos Poderes Públicos, em defesa de direito ou interesse
legítimo.
f) por convocação para o serviço militar;

505
Art. 105. O requerimento será dirigido à autoridade Art. 111. O pedido de reconsideração e o recurso, quan-
competente para decidi-lo e encaminhado por intermé- do cabíveis, interrompem a prescrição.
dio daquela a que estiver imediatamente subordinado
o requerente. Art. 112. A prescrição é de ordem pública, não podendo
ser relevada pela administração.
Art. 106. Cabe pedido de reconsideração à autoridade
que houver expedido o ato ou proferido a primeira deci- Art. 113. Para o exercício do direito de petição, é asse-
são, não podendo ser renovado. gurada vista do processo ou documento, na repartição,
Parágrafo único. O requerimento e o pedido de recon- ao servidor ou a procurador por ele constituído.
sideração de que tratam os artigos anteriores deverão
ser despachados no prazo de 5 (cinco) dias e decididos Art. 114. A administração deverá rever seus atos, a
dentro de 30 (trinta) dias. qualquer tempo, quando eivados de ilegalidade.

Art. 107. Caberá recurso: (Vide Lei nº 12.300, de 2010) Art. 115. São fatais e improrrogáveis os prazos esta-
belecidos neste Capítulo, salvo motivo de força maior.
I - do indeferimento do pedido de reconsideração;
II - das decisões sobre os recursos sucessivamente Título IV
interpostos. Do Regime Disciplinar
§ 1º O recurso será dirigido à autoridade imediatamen-
te superior à que tiver expedido o ato ou proferido a
Capítulo I
decisão, e, sucessivamente, em escala ascendente, às
demais autoridades. Dos Deveres
§ 2º O recurso será encaminhado por intermédio da
Art. 116. São deveres do servidor:
autoridade a que estiver imediatamente subordinado o
requerente. I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do car-
go;
Art. 108. O prazo para interposição de pedido de recon- II - ser leal às instituições a que servir;
sideração ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a contar da
publicação ou da ciência, pelo interessado, da decisão III - observar as normas legais e regulamentares;
recorrida. IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando ma-
nifestamente ilegais;
Art. 109. O recurso poderá ser recebido com efeito sus-
V - atender com presteza:
pensivo, a juízo da autoridade competente.
a) ao público em geral, prestando as informações re-
Parágrafo único. Em caso de provimento do pedido de
queridas, ressalvadas as protegidas por sigilo;
reconsideração ou do recurso, os efeitos da decisão re-
troagirão à data do ato impugnado. b) à expedição de certidões requeridas para defesa de
direito ou esclarecimento de situações de interesse
Art. 110. O direito de requerer prescreve: pessoal;
I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e de c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou que VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em ra-
afetem interesse patrimonial e créditos resultantes das zão do cargo ao conhecimento da autoridade superior
relações de trabalho; ou, quando houver suspeita de envolvimento desta,
II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo ao conhecimento de outra autoridade competente para
quando outro prazo for fixado em lei. apuração;
Parágrafo único. O prazo de prescrição será contado da VII - zelar pela economia do material e a conservação
data da publicação do ato impugnado ou da data da ci- do patrimônio público;
ência pelo interessado, quando o ato não for publicado. VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;

506
IX - manter conduta compatível com a moralidade ad- XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem
ministrativa; de qualquer espécie, em razão de suas atribuições;
X - ser assíduo e pontual ao serviço; XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado
estrangeiro;
XI - tratar com urbanidade as pessoas;
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso
de poder. XV - proceder de forma desidiosa;
Parágrafo único. A representação de que trata o inciso XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da reparti-
XII será encaminhada pela via hierárquica e apreciada ção em serviços ou atividades particulares;
pela autoridade superior àquela contra a qual é formu- XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao
lada, assegurando-se ao representando ampla defesa. cargo que ocupa, exceto em situações de emergência
e transitórias;
Capítulo II
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incom-
Das Proibições patíveis com o exercício do cargo ou função e com o
horário de trabalho;
Art. 117. Ao servidor é proibido:
XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quan-
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem do solicitado.
prévia autorização do chefe imediato;
Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X do
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade compe- caput deste artigo não se aplica nos seguintes casos:
tente, qualquer documento ou objeto da repartição;
I - participação nos conselhos de administração e fis-
III - recusar fé a documentos públicos; cal de empresas ou entidades em que a União detenha,
IV - opor resistência injustificada ao andamento de do- direta ou indiretamente, participação no capital social
cumento e processo ou execução de serviço; ou em sociedade cooperativa constituída para prestar
serviços a seus membros; e
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no
recinto da repartição; II - gozo de licença para o trato de interesses particula-
res, na forma do art. 91 desta Lei, observada a legisla-
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos ção sobre conflito de interesses.
casos previstos em lei, o desempenho de atribuição que
seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado;
Capítulo III
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de fi- Da Acumulação
liarem-se a associação profissional ou sindical, ou a
partido político;
Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Consti-
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou fun- tuição, é vedada a acumulação remunerada de cargos
ção de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até públicos.
o segundo grau civil;
§ 1º A proibição de acumular estende-se a cargos, em-
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de pregos e funções em autarquias, fundações públicas,
outrem, em detrimento da dignidade da função pública; empresas públicas, sociedades de economia mista da
X - participar de gerência ou administração de socieda- União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios
de privada, personificada ou não personificada, exercer e dos Municípios.
o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista § 2º A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica
ou comanditário; condicionada à comprovação da compatibilidade de
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a horários.
repartições públicas, salvo quando se tratar de benefí- § 3º Considera-se acumulação proibida a percepção de
cios previdenciários ou assistenciais de parentes até o vencimento de cargo ou emprego público efetivo com
segundo grau, e de cônjuge ou companheiro; proventos da inatividade, salvo quando os cargos de

507
que decorram essas remunerações forem acumuláveis Art. 124. A responsabilidade civil-administrativa resulta
na atividade. de ato omissivo ou comissivo praticado no desempe-
nho do cargo ou função.
Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de um car-
go em comissão, exceto no caso previsto no parágrafo Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas po-
único do art. 9º, nem ser remunerado pela participação derão cumular-se, sendo independentes entre si.
em órgão de deliberação coletiva.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor
à remuneração devida pela participação em conselhos será afastada no caso de absolvição criminal que negue
de administração e fiscal das empresas públicas e so- a existência do fato ou sua autoria.
ciedades de economia mista, suas subsidiárias e con-
troladas, bem como quaisquer empresas ou entidades Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabili-
em que a União, direta ou indiretamente, detenha parti- zado civil, penal ou administrativamente por dar ciência
cipação no capital social, observado o que, a respeito, à autoridade superior ou, quando houver suspeita de
dispuser legislação específica. envolvimento desta, a outra autoridade competente para
apuração de informação concernente à prática de cri-
Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que mes ou improbidade de que tenha conhecimento, ainda
acumular licitamente dois cargos efetivos, quando in- que em decorrência do exercício de cargo, emprego ou
vestido em cargo de provimento em comissão, ficará função pública.
afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na hipótese
em que houver compatibilidade de horário e local com Capítulo V
o exercício de um deles, declarada pelas autoridades Das Penalidades
máximas dos órgãos ou entidades envolvidos.
Art. 127. São penalidades disciplinares:
Capítulo IV
I - advertência;
Das Responsabilidades
II - suspensão;
Art. 121. O servidor responde civil, penal e administra- III - demissão;
tivamente pelo exercício irregular de suas atribuições. IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;

Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omis- V - destituição de cargo em comissão;


sivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em VI - destituição de função comissionada.
prejuízo ao erário ou a terceiros.
§ 1º A indenização de prejuízo dolosamente causado ao Art. 128. Na aplicação das penalidades serão conside-
erário somente será liquidada na forma prevista no art. radas a natureza e a gravidade da infração cometida, os
46, na falta de outros bens que assegurem a execução danos que dela provierem para o serviço público, as
do débito pela via judicial. circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antece-
dentes funcionais.
§ 2º Tratando-se de dano causado a terceiros, respon-
derá o servidor perante a Fazenda Pública, em ação Parágrafo único. O ato de imposição da penalidade
regressiva. mencionará sempre o fundamento legal e a causa da
sanção disciplinar.
§ 3º A obrigação de reparar o dano estende-se aos su-
cessores e contra eles será executada, até o limite do Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos
valor da herança recebida. casos de violação de proibição constante do art. 117,
incisos I a VIII e XIX, e de inobservância de dever fun-
Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes e cional previsto em lei, regulamentação ou norma inter-
contravenções imputadas ao servidor, nessa qualidade. na, que não justifique imposição de penalidade mais
grave.

508
Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de reinci- Art. 133. Detectada a qualquer tempo a acumulação
dência das faltas punidas com advertência e de violação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas, a au-
das demais proibições que não tipifiquem infração su- toridade a que se refere o art. 143 notificará o servidor,
jeita a penalidade de demissão, não podendo exceder por intermédio de sua chefia imediata, para apresentar
de 90 (noventa) dias. opção no prazo improrrogável de dez dias, contados da
data da ciência e, na hipótese de omissão, adotará pro-
§ 1º Será punido com suspensão de até 15 (quin-
cedimento sumário para a sua apuração e regularização
ze) dias o servidor que, injustificadamente, recusar-se a
imediata, cujo processo administrativo disciplinar se
ser submetido a inspeção médica determinada pela au-
desenvolverá nas seguintes fases:
toridade competente, cessando os efeitos da penalidade
uma vez cumprida a determinação. I - instauração, com a publicação do ato que constituir a
comissão, a ser composta por dois servidores estáveis,
§ 2º Quando houver conveniência para o serviço, a pe-
e simultaneamente indicar a autoria e a materialidade da
nalidade de suspensão poderá ser convertida em multa,
transgressão objeto da apuração;
na base de 50% (cinqüenta por cento) por dia de ven-
cimento ou remuneração, ficando o servidor obrigado a II - instrução sumária, que compreende indiciação, de-
permanecer em serviço. fesa e relatório;
III - julgamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de
Art. 131. As penalidades de advertência e de suspensão 10.12.97)
terão seus registros cancelados, após o decurso de 3
(três) e 5 (cinco) anos de efetivo exercício, respectiva- § 1º A indicação da autoria de que trata o inciso I dar-
mente, se o servidor não houver, nesse período, prati- -se-á pelo nome e matrícula do servidor, e a materiali-
cado nova infração disciplinar. dade pela descrição dos cargos, empregos ou funções
públicas em situação de acumulação ilegal, dos órgãos
Parágrafo único. O cancelamento da penalidade não ou entidades de vinculação, das datas de ingresso, do
surtirá efeitos retroativos. horário de trabalho e do correspondente regime jurí-
dico.
Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos:
§ 2º A comissão lavrará, até três dias após a publicação
I - crime contra a administração pública; do ato que a constituiu, termo de indiciação em que
II - abandono de cargo; serão transcritas as informações de que trata o pará-
grafo anterior, bem como promoverá a citação pessoal
III - inassiduidade habitual;
do servidor indiciado, ou por intermédio de sua chefia
IV - improbidade administrativa; imediata, para, no prazo de cinco dias, apresentar de-
V - incontinência pública e conduta escandalosa, na fesa escrita, assegurando-se-lhe vista do processo na
repartição; repartição, observado o disposto nos arts. 163 e 164.

VI - insubordinação grave em serviço; § 3º Apresentada a defesa, a comissão elaborará rela-


tório conclusivo quanto à inocência ou à responsabili-
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, dade do servidor, em que resumirá as peças principais
salvo em legítima defesa própria ou de outrem; dos autos, opinará sobre a licitude da acumulação em
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos; exame, indicará o respectivo dispositivo legal e reme-
terá o processo à autoridade instauradora, para julga-
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão mento.
do cargo;
§ 4º No prazo de cinco dias, contados do recebimento
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patri- do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua de-
mônio nacional; cisão, aplicando-se, quando for o caso, o disposto no
XI - corrupção; § 3º do art. 167.
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou fun- § 5º A opção pelo servidor até o último dia de prazo
ções públicas; para defesa configurará sua boa-fé, hipótese em que se
converterá automaticamente em pedido de exoneração
XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.
do outro cargo.

509
§ 6º Caracterizada a acumulação ilegal e provada a interpoladamente, durante o período de doze meses.
má-fé, aplicar-se-á a pena de demissão, destituição
ou cassação de aposentadoria ou disponibilidade em Art. 140. Na apuração de abandono de cargo ou inassi-
relação aos cargos, empregos ou funções públicas em duidade habitual, também será adotado o procedimento
regime de acumulação ilegal, hipótese em que os ór- sumário a que se refere o art. 133, observando-se es-
gãos ou entidades de vinculação serão comunicados. pecialmente que:
§ 7º O prazo para a conclusão do processo administra- I - a indicação da materialidade dar-se-á:
tivo disciplinar submetido ao rito sumário não excederá
a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação
trinta dias, contados da data de publicação do ato que
precisa do período de ausência intencional do servidor
constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por
ao serviço superior a trinta dias;
até quinze dias, quando as circunstâncias o exigirem.
b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação
§ 8º O procedimento sumário rege-se pelas disposições
dos dias de falta ao serviço sem causa justificada, por
deste artigo, observando-se, no que lhe for aplicável,
período igual ou superior a sessenta dias interpolada-
subsidiariamente, as disposições dos Títulos IV e V
mente, durante o período de doze meses;
desta Lei.
II - após a apresentação da defesa a comissão elaborará
Art. 134. Será cassada a aposentadoria ou a disponibili- relatório conclusivo quanto à inocência ou à responsa-
dade do inativo que houver praticado, na atividade, falta bilidade do servidor, em que resumirá as peças princi-
punível com a demissão. pais dos autos, indicará o respectivo dispositivo legal,
opinará, na hipótese de abandono de cargo, sobre a in-
Art. 135. A destituição de cargo em comissão exercido tencionalidade da ausência ao serviço superior a trinta
por não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos dias e remeterá o processo à autoridade instauradora
casos de infração sujeita às penalidades de suspensão para julgamento.
e de demissão.
Art. 141. As penalidades disciplinares serão aplicadas:
Parágrafo único. Constatada a hipótese de que trata este
artigo, a exoneração efetuada nos termos do art. 35 será I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das
convertida em destituição de cargo em comissão. Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e
pelo Procurador-Geral da República, quando se tratar
Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em co- de demissão e cassação de aposentadoria ou dispo-
missão, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. nibilidade de servidor vinculado ao respectivo Poder,
132, implica a indisponibilidade dos bens e o ressar- órgão, ou entidade;
cimento ao erário, sem prejuízo da ação penal cabível. II - pelas autoridades administrativas de hierarquia
imediatamente inferior àquelas mencionadas no inciso
Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em co- anterior quando se tratar de suspensão superior a 30
missão, por infringência do art. 117, incisos IX e XI, (trinta) dias;
incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura em
III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na
cargo público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos.
forma dos respectivos regimentos ou regulamentos,
Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço públi- nos casos de advertência ou de suspensão de até 30
co federal o servidor que for demitido ou destituído do (trinta) dias;
cargo em comissão por infringência do art. 132, incisos
IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, quan-
I, IV, VIII, X e XI.
do se tratar de destituição de cargo em comissão.
Art. 138. Configura abandono de cargo a ausência in-
Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:
tencional do servidor ao serviço por mais de trinta dias
consecutivos. I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilida-
Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual a falta de e destituição de cargo em comissão;
ao serviço, sem causa justificada, por sessenta dias, II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;

510
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência. Art. 145. Da sindicância poderá resultar:
§ 1º O prazo de prescrição começa a correr da data em I - arquivamento do processo;
que o fato se tornou conhecido. II - aplicação de penalidade de advertência ou suspen-
§ 2º Os prazos de prescrição previstos na lei penal apli- são de até 30 (trinta) dias;
cam-se às infrações disciplinares capituladas também III - instauração de processo disciplinar.
como crime.
Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicância
§ 3º A abertura de sindicância ou a instauração de pro- não excederá 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado
cesso disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão por igual período, a critério da autoridade superior.
final proferida por autoridade competente.
§ 4º Interrompido o curso da prescrição, o prazo come- Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor
çará a correr a partir do dia em que cessar a interrupção. ensejar a imposição de penalidade de suspensão por
mais de 30 (trinta) dias, de demissão, cassação de apo-
Título V sentadoria ou disponibilidade, ou destituição de cargo
Do Processo Administrativo Disciplinar em comissão, será obrigatória a instauração de proces-
so disciplinar.

Capítulo I Capítulo II
Disposições Gerais Do Afastamento Preventivo

Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregulari- Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o servi-
dade no serviço público é obrigada a promover a sua dor não venha a influir na apuração da irregularidade, a
apuração imediata, mediante sindicância ou processo autoridade instauradora do processo disciplinar poderá
administrativo disciplinar, assegurada ao acusado am- determinar o seu afastamento do exercício do cargo,
pla defesa. pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, sem prejuízo da
§ 1º (Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005) remuneração.
§ 2º (Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005) Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado
por igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos,
§ 3º A apuração de que trata o caput, por solicitação da
ainda que não concluído o processo.
autoridade a que se refere, poderá ser promovida por
autoridade de órgão ou entidade diverso daquele em
que tenha ocorrido a irregularidade, mediante compe- Capítulo III
tência específica para tal finalidade, delegada em caráter Do Processo Disciplinar
permanente ou temporário pelo Presidente da Repúbli-
ca, pelos presidentes das Casas do Poder Legislativo Art. 148. O processo disciplinar é o instrumento desti-
e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral da nado a apurar responsabilidade de servidor por infração
República, no âmbito do respectivo Poder, órgão ou en- praticada no exercício de suas atribuições, ou que tenha
tidade, preservadas as competências para o julgamento relação com as atribuições do cargo em que se encontre
que se seguir à apuração. investido.

Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão ob- Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por co-
jeto de apuração, desde que contenham a identificação missão composta de três servidores estáveis designa-
e o endereço do denunciante e sejam formuladas por dos pela autoridade competente, observado o disposto
escrito, confirmada a autenticidade. no § 3º do art. 143, que indicará, dentre eles, o seu
Parágrafo único. Quando o fato narrado não configurar presidente, que deverá ser ocupante de cargo efetivo
evidente infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolarida-
será arquivada, por falta de objeto. de igual ou superior ao do indiciado.
§ 1º A Comissão terá como secretário servidor designa-

511
do pelo seu presidente, podendo a indicação recair em autos ao Ministério Público, independentemente da
um de seus membros. imediata instauração do processo disciplinar.
§ 2º Não poderá participar de comissão de sindicância
ou de inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do Art. 155. Na fase do inquérito, a comissão promoverá
acusado, consangüíneo ou afim, em linha reta ou cola- a tomada de depoimentos, acareações, investigações
teral, até o terceiro grau. e diligências cabíveis, objetivando a coleta de prova,
recorrendo, quando necessário, a técnicos e peritos, de
modo a permitir a completa elucidação dos fatos.
Art. 150. A Comissão exercerá suas atividades com in-
dependência e imparcialidade, assegurado o sigilo ne-
cessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de acom-
da administração. panhar o processo pessoalmente ou por intermédio de
procurador, arrolar e reinquirir testemunhas, produzir
Parágrafo único. As reuniões e as audiências das co- provas e contraprovas e formular quesitos, quando se
missões terão caráter reservado. tratar de prova pericial.
§ 1º O presidente da comissão poderá denegar pedidos
Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve nas se-
considerados impertinentes, meramente protelatórios,
guintes fases:
ou de nenhum interesse para o esclarecimento dos
I - instauração, com a publicação do ato que constituir fatos.
a comissão;
§ 2º Será indeferido o pedido de prova pericial, quando
II - inquérito administrativo, que compreende instrução, a comprovação do fato independer de conhecimento
defesa e relatório; especial de perito.
III - julgamento.
Art. 157. As testemunhas serão intimadas a depor me-
Art. 152. O prazo para a conclusão do processo dis- diante mandado expedido pelo presidente da comissão,
ciplinar não excederá 60 (sessenta) dias, contados da devendo a segunda via, com o ciente do interessado,
data de publicação do ato que constituir a comissão, ser anexado aos autos.
admitida a sua prorrogação por igual prazo, quando as Parágrafo único. Se a testemunha for servidor público,
circunstâncias o exigirem. a expedição do mandado será imediatamente comuni-
§ 1º Sempre que necessário, a comissão dedicará tem- cada ao chefe da repartição onde serve, com a indicação
po integral aos seus trabalhos, ficando seus membros do dia e hora marcados para inquirição.
dispensados do ponto, até a entrega do relatório final.
Art. 158. O depoimento será prestado oralmente e re-
§ 2º As reuniões da comissão serão registradas em atas duzido a termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo
que deverão detalhar as deliberações adotadas. por escrito.
§ 1º As testemunhas serão inquiridas separadamente.
Seção I
Do Inquérito § 2º Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que
se infirmem, proceder-se-á à acareação entre os depo-
entes.
Art. 153. O inquérito administrativo obedecerá ao prin-
cípio do contraditório, assegurada ao acusado ampla
Art. 159. Concluída a inquirição das testemunhas, a co-
defesa, com a utilização dos meios e recursos admi-
missão promoverá o interrogatório do acusado, obser-
tidos em direito.
vados os procedimentos previstos nos arts. 157 e 158.
Art. 154. Os autos da sindicância integrarão o processo § 1º No caso de mais de um acusado, cada um deles
disciplinar, como peça informativa da instrução. será ouvido separadamente, e sempre que divergirem
em suas declarações sobre fatos ou circunstâncias,
Parágrafo único. Na hipótese de o relatório da sindicân-
será promovida a acareação entre eles.
cia concluir que a infração está capitulada como ilícito
penal, a autoridade competente encaminhará cópia dos § 2º O procurador do acusado poderá assistir ao in-

512
terrogatório, bem como à inquirição das testemunhas, processo e devolverá o prazo para a defesa.
sendo-lhe vedado interferir nas perguntas e respostas, § 2º Para defender o indiciado revel, a autoridade ins-
facultando-se-lhe, porém, reinquiri-las, por intermédio tauradora do processo designará um servidor como de-
do presidente da comissão. fensor dativo, que deverá ser ocupante de cargo efetivo
superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolarida-
Art. 160. Quando houver dúvida sobre a sanidade de igual ou superior ao do indiciado.
mental do acusado, a comissão proporá à autoridade
competente que ele seja submetido a exame por junta Art. 165. Apreciada a defesa, a comissão elaborará rela-
médica oficial, da qual participe pelo menos um médico tório minucioso, onde resumirá as peças principais dos
psiquiatra. autos e mencionará as provas em que se baseou para
Parágrafo único. O incidente de sanidade mental será formar a sua convicção.
processado em auto apartado e apenso ao processo § 1º O relatório será sempre conclusivo quanto à ino-
principal, após a expedição do laudo pericial. cência ou à responsabilidade do servidor.
Art. 161. Tipificada a infração disciplinar, será formu- § 2º Reconhecida a responsabilidade do servidor, a
lada a indiciação do servidor, com a especificação dos comissão indicará o dispositivo legal ou regulamentar
fatos a ele imputados e das respectivas provas. transgredido, bem como as circunstâncias agravantes
ou atenuantes.
§ 1º O indiciado será citado por mandado expedido pelo
presidente da comissão para apresentar defesa escrita, Art. 166. O processo disciplinar, com o relatório da co-
no prazo de 10 (dez) dias, assegurando-se-lhe vista do missão, será remetido à autoridade que determinou a
processo na repartição. sua instauração, para julgamento.
§ 2º Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será co-
mum e de 20 (vinte) dias. Seção II
§ 3º O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo do- Do Julgamento
bro, para diligências reputadas indispensáveis.
§ 4º No caso de recusa do indiciado em apor o ciente Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do rece-
na cópia da citação, o prazo para defesa contar-se-á da bimento do processo, a autoridade julgadora proferirá
data declarada, em termo próprio, pelo membro da co- a sua decisão.
missão que fez a citação, com a assinatura de (2) duas § 1º Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada
testemunhas. da autoridade instauradora do processo, este será en-
caminhado à autoridade competente, que decidirá em
Art. 162. O indiciado que mudar de residência fica obri- igual prazo.
gado a comunicar à comissão o lugar onde poderá ser
encontrado. § 2º Havendo mais de um indiciado e diversidade de
sanções, o julgamento caberá à autoridade competente
Art. 163. Achando-se o indiciado em lugar incerto e para a imposição da pena mais grave.
não sabido, será citado por edital, publicado no Diário § 3º Se a penalidade prevista for a demissão ou cassa-
Oficial da União e em jornal de grande circulação na ção de aposentadoria ou disponibilidade, o julgamento
localidade do último domicílio conhecido, para apre- caberá às autoridades de que trata o inciso I do art. 141.
sentar defesa.
§ 4º Reconhecida pela comissão a inocência do servi-
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o prazo para dor, a autoridade instauradora do processo determinará
defesa será de 15 (quinze) dias a partir da última publi- o seu arquivamento, salvo se flagrantemente contrária à
cação do edital. prova dos autos.

Art. 164. Considerar-se-á revel o indiciado que, regu- Art. 168. O julgamento acatará o relatório da comissão,
larmente citado, não apresentar defesa no prazo legal. salvo quando contrário às provas dos autos.
§ 1º A revelia será declarada, por termo, nos autos do Parágrafo único. Quando o relatório da comissão

513
contrariar as provas dos autos, a autoridade julgadora aduzirem fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de
poderá, motivadamente, agravar a penalidade proposta, justificar a inocência do punido ou a inadequação da
abrandá-la ou isentar o servidor de responsabilidade. penalidade aplicada.
§ 1º Em caso de falecimento, ausência ou desapareci-
Art. 169. Verificada a ocorrência de vício insanável, mento do servidor, qualquer pessoa da família poderá
a autoridade que determinou a instauração do pro- requerer a revisão do processo.
cesso ou outra de hierarquia superior declarará a sua
nulidade, total ou parcial, e ordenará, no mesmo ato, § 2º No caso de incapacidade mental do servidor, a revi-
a constituição de outra comissão para instauração de são será requerida pelo respectivo curador.
novo processo.
Art. 175. No processo revisional, o ônus da prova cabe
§ 1º O julgamento fora do prazo legal não implica nuli- ao requerente.
dade do processo.
§ 2º A autoridade julgadora que der causa à prescrição Art. 176. A simples alegação de injustiça da penalidade
de que trata o art. 142, § 2º, será responsabilizada na não constitui fundamento para a revisão, que requer
forma do Capítulo IV do Título IV. elementos novos, ainda não apreciados no processo
originário.
Art. 170. Extinta a punibilidade pela prescrição, a au-
toridade julgadora determinará o registro do fato nos Art. 177. O requerimento de revisão do processo será
assentamentos individuais do servidor. dirigido ao Ministro de Estado ou autoridade equiva-
lente, que, se autorizar a revisão, encaminhará o pedido
Art. 171. Quando a infração estiver capitulada como ao dirigente do órgão ou entidade onde se originou o
crime, o processo disciplinar será remetido ao Minis- processo disciplinar.
tério Público para instauração da ação penal, ficando Parágrafo único. Deferida a petição, a autoridade com-
trasladado na repartição. petente providenciará a constituição de comissão, na
forma do art. 149.
Art. 172. O servidor que responder a processo discipli-
nar só poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado Art. 178. A revisão correrá em apenso ao processo ori-
voluntariamente, após a conclusão do processo e o ginário.
cumprimento da penalidade, acaso aplicada.
Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente pedirá
Parágrafo único. Ocorrida a exoneração de que trata o dia e hora para a produção de provas e inquirição das
parágrafo único, inciso I do art. 34, o ato será converti- testemunhas que arrolar.
do em demissão, se for o caso.
Art. 179. A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias
Art. 173. Serão assegurados transporte e diárias: para a conclusão dos trabalhos.
I - ao servidor convocado para prestar depoimento fora
da sede de sua repartição, na condição de testemunha, Art. 180. Aplicam-se aos trabalhos da comissão reviso-
denunciado ou indiciado; ra, no que couber, as normas e procedimentos próprios
II - aos membros da comissão e ao secretário, quando da comissão do processo disciplinar.
obrigados a se deslocarem da sede dos trabalhos para
a realização de missão essencial ao esclarecimento dos Art. 181. O julgamento caberá à autoridade que aplicou
fatos. a penalidade, nos termos do art. 141.
Parágrafo único. O prazo para julgamento será de 20
Seção III (vinte) dias, contados do recebimento do processo, no
Da Revisão do Processo curso do qual a autoridade julgadora poderá determinar
diligências.

Art. 174. O processo disciplinar poderá ser revisto, Art. 182. Julgada procedente a revisão, será declarada
a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se

514
sem efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se Art. 184. O Plano de Seguridade Social visa a dar co-
todos os direitos do servidor, exceto em relação à des- bertura aos riscos a que estão sujeitos o servidor e sua
tituição do cargo em comissão, que será convertida em família, e compreende um conjunto de benefícios e
exoneração. ações que atendam às seguintes finalidades:
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá I - garantir meios de subsistência nos eventos de doen-
resultar agravamento de penalidade. ça, invalidez, velhice, acidente em serviço, inatividade,
falecimento e reclusão;
Título VI II - proteção à maternidade, à adoção e à paternidade;
Da Seguridade Social do Servidor III - assistência à saúde.
Parágrafo único. Os benefícios serão concedidos nos
Capítulo I termos e condições definidos em regulamento, obser-
Disposições Gerais vadas as disposições desta Lei.

Art. 183. A União manterá Plano de Seguridade Social Art. 185. Os benefícios do Plano de Seguridade Social
para o servidor e sua família. do servidor compreendem:
§ 1º O servidor ocupante de cargo em comissão que I - quanto ao servidor:
não seja, simultaneamente, ocupante de cargo ou em- a) aposentadoria;
prego efetivo na administração pública direta, autárqui-
ca e fundacional não terá direito aos benefícios do Pla- b) auxílio-natalidade;
no de Seguridade Social, com exceção da assistência c) salário-família;
à saúde.
d) licença para tratamento de saúde;
§ 2º O servidor afastado ou licenciado do cargo efe-
e) licença à gestante, à adotante e licença-paternidade;
tivo, sem direito à remuneração, inclusive para servir
em organismo oficial internacional do qual o Brasil f) licença por acidente em serviço;
seja membro efetivo ou com o qual coopere, ainda que g) assistência à saúde;
contribua para regime de previdência social no exterior,
terá suspenso o seu vínculo com o regime do Plano h) garantia de condições individuais e ambientais de
de Seguridade Social do Servidor Público enquanto trabalho satisfatórias;
durar o afastamento ou a licença, não lhes assistindo, II - quanto ao dependente:
neste período, os benefícios do mencionado regime de
a) pensão vitalícia e temporária;
previdência.
b) auxílio-funeral;
§ 3º Será assegurada ao servidor licenciado ou afastado
sem remuneração a manutenção da vinculação ao regi- c) auxílio-reclusão;
me do Plano de Seguridade Social do Servidor Público, d) assistência à saúde.
mediante o recolhimento mensal da respectiva contri-
buição, no mesmo percentual devido pelos servidores § 1º As aposentadorias e pensões serão concedidas e
em atividade, incidente sobre a remuneração total do mantidas pelos órgãos ou entidades aos quais se en-
cargo a que faz jus no exercício de suas atribuições, contram vinculados os servidores, observado o dispos-
computando-se, para esse efeito, inclusive, as vanta- to nos arts. 189 e 224.
gens pessoais. § 2º O recebimento indevido de benefícios havidos por
§ 4º O recolhimento de que trata o § 3º deve ser efetua- fraude, dolo ou má-fé, implicará devolução ao erário do
do até o segundo dia útil após a data do pagamento das total auferido, sem prejuízo da ação penal cabível.
remunerações dos servidores públicos, aplicando-se
os procedimentos de cobrança e execução dos tributos Capítulo II
federais quando não recolhidas na data de vencimento. Dos Benefícios

515
Seção I diato àquele em que o servidor atingir a idade-limite de
Da Aposentadoria permanência no serviço ativo.

Art. 188. A aposentadoria voluntária ou por invalidez vi-


Art. 186. O servidor será aposentado: ( gorará a partir da data da publicação do respectivo ato.
I - por invalidez permanente, sendo os proventos in- § 1º A aposentadoria por invalidez será precedida de
tegrais quando decorrente de acidente em serviço, licença para tratamento de saúde, por período não ex-
moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou cedente a 24 (vinte e quatro) meses.
incurável, especificada em lei, e proporcionais nos de-
mais casos; § 2º Expirado o período de licença e não estando em
condições de reassumir o cargo ou de ser readaptado,
II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com o servidor será aposentado.
proventos proporcionais ao tempo de serviço;
§ 3º O lapso de tempo compreendido entre o término
III - voluntariamente: da licença e a publicação do ato da aposentadoria será
a) aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, considerado como de prorrogação da licença.
e aos 30 (trinta) se mulher, com proventos integrais; § 4º Para os fins do disposto no § 1º deste artigo, se-
b) aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções rão consideradas apenas as licenças motivadas pela
de magistério se professor, e 25 (vinte e cinco) se pro- enfermidade ensejadora da invalidez ou doenças cor-
fessora, com proventos integrais; relacionadas.
c) aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos 25 § 5º A critério da Administração, o servidor em licença
(vinte e cinco) se mulher, com proventos proporcionais para tratamento de saúde ou aposentado por invalidez
a esse tempo; poderá ser convocado a qualquer momento, para ava-
liação das condições que ensejaram o afastamento ou
d) aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem,
a aposentadoria.
e aos 60 (sessenta) se mulher, com proventos propor-
cionais ao tempo de serviço.
Art. 189. O provento da aposentadoria será calculado
§ 1º Consideram-se doenças graves, contagiosas ou com observância do disposto no § 3º do art. 41, e revis-
incuráveis, a que se refere o inciso I deste artigo, tu- to na mesma data e proporção, sempre que se modificar
berculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, a remuneração dos servidores em atividade.
neoplasia maligna, cegueira posterior ao ingresso no
serviço público, hanseníase, cardiopatia grave, doença Parágrafo único. São estendidos aos inativos quaisquer
de Parkinson, paralisia irreversível e incapacitante, es- benefícios ou vantagens posteriormente concedidas
pondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados aos servidores em atividade, inclusive quando decor-
avançados do mal de Paget (osteíte deformante), Sín- rentes de transformação ou reclassificação do cargo ou
drome de Imunodeficiência Adquirida - AIDS, e outras função em que se deu a aposentadoria.
que a lei indicar, com base na medicina especializada.
Art. 190. O servidor aposentado com provento propor-
§ 2º Nos casos de exercício de atividades consideradas cional ao tempo de serviço se acometido de qualquer
insalubres ou perigosas, bem como nas hipóteses pre- das moléstias especificadas no § 1º do art. 186 desta
vistas no art. 71, a aposentadoria de que trata o inciso Lei e, por esse motivo, for considerado inválido por
III, «a» e «c», observará o disposto em lei específica. junta médica oficial passará a perceber provento inte-
§ 3º Na hipótese do inciso I o servidor será submetido gral, calculado com base no fundamento legal de con-
à junta médica oficial, que atestará a invalidez quando cessão da aposentadoria.
caracterizada a incapacidade para o desempenho das
atribuições do cargo ou a impossibilidade de se aplicar Art. 191. Quando proporcional ao tempo de serviço, o
o disposto no art. 24. provento não será inferior a 1/3 (um terço) da remune-
ração da atividade.
Art. 187. A aposentadoria compulsória será automática,
e declarada por ato, com vigência a partir do dia ime- Art. 192. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

516
Art. 193. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) pensão ou provento da aposentadoria, em valor igual
ou superior ao salário-mínimo.
Art. 194. Ao servidor aposentado será paga a gratifica-
ção natalina, até o dia vinte do mês de dezembro, em Art. 199. Quando o pai e mãe forem servidores públicos
valor equivalente ao respectivo provento, deduzido o e viverem em comum, o salário-família será pago a um
adiantamento recebido. deles; quando separados, será pago a um e outro, de
acordo com a distribuição dos dependentes.
Art. 195. Ao ex-combatente que tenha efetivamente Parágrafo único. Ao pai e à mãe equiparam-se o pa-
participado de operações bélicas, durante a Segunda drasto, a madrasta e, na falta destes, os representantes
Guerra Mundial, nos termos da Lei nº 5.315, de 12 de legais dos incapazes.
setembro de 1967, será concedida aposentadoria com
provento integral, aos 25 (vinte e cinco) anos de serviço Art. 200. O salário-família não está sujeito a qualquer
efetivo. tributo, nem servirá de base para qualquer contribuição,
inclusive para a Previdência Social.
Seção II
Do Auxílio-Natalidade Art. 201. O afastamento do cargo efetivo, sem remu-
neração, não acarreta a suspensão do pagamento do
Art. 196. O auxílio-natalidade é devido à servidora por salário-família.
motivo de nascimento de filho, em quantia equivalente
ao menor vencimento do serviço público, inclusive no Seção IV
caso de natimorto. Da Licença para Tratamento de Saúde
§ 1º Na hipótese de parto múltiplo, o valor será acresci-
do de 50% (cinqüenta por cento), por nascituro. Art. 202. Será concedida ao servidor licença para tra-
§ 2º O auxílio será pago ao cônjuge ou companheiro tamento de saúde, a pedido ou de ofício, com base em
servidor público, quando a parturiente não for servido- perícia médica, sem prejuízo da remuneração a que fizer
ra. jus.

Seção III Art. 203. A licença de que trata o art. 202 desta Lei será
Do Salário-Família concedida com base em perícia oficial.
§ 1º Sempre que necessário, a inspeção médica será re-
Art. 197. O salário-família é devido ao servidor ativo ou alizada na residência do servidor ou no estabelecimento
ao inativo, por dependente econômico. hospitalar onde se encontrar internado.
Parágrafo único. Consideram-se dependentes econô- § 2º Inexistindo médico no órgão ou entidade no local
micos para efeito de percepção do salário-família: onde se encontra ou tenha exercício em caráter perma-
I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive os nente o servidor, e não se configurando as hipóteses
enteados até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se es- previstas nos parágrafos do art. 230, será aceito atesta-
tudante, até 24 (vinte e quatro) anos ou, se inválido, de do passado por médico particular.
qualquer idade; § 3º No caso do § 2º deste artigo, o atestado somente
II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante au- produzirá efeitos depois de recepcionado pela unidade
torização judicial, viver na companhia e às expensas do de recursos humanos do órgão ou entidade.
servidor, ou do inativo; § 4º A licença que exceder o prazo de 120 (cento e
III - a mãe e o pai sem economia própria. vinte) dias no período de 12 (doze) meses a contar do
primeiro dia de afastamento será concedida mediante
avaliação por junta médica oficial.
Art. 198. Não se configura a dependência econômica
quando o beneficiário do salário-família perceber rendi- § 5º A perícia oficial para concessão da licença de que
mento do trabalho ou de qualquer outra fonte, inclusive trata o caput deste artigo, bem como nos demais casos

517
de perícia oficial previstos nesta Lei, será efetuada por § 1º A licença poderá ter início no primeiro dia do nono
cirurgiões-dentistas, nas hipóteses em que abranger o mês de gestação, salvo antecipação por prescrição mé-
campo de atuação da odontologia. dica.
§ 2º No caso de nascimento prematuro, a licença terá
Art. 204. A licença para tratamento de saúde inferior início a partir do parto.
a 15 (quinze) dias, dentro de 1 (um) ano, poderá ser
dispensada de perícia oficial, na forma definida em re- § 3º No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias
gulamento. do evento, a servidora será submetida a exame médico,
e se julgada apta, reassumirá o exercício.
Art. 205. O atestado e o laudo da junta médica não se § 4º No caso de aborto atestado por médico oficial, a
referirão ao nome ou natureza da doença, salvo quando servidora terá direito a 30 (trinta) dias de repouso re-
se tratar de lesões produzidas por acidente em serviço, munerado.
doença profissional ou qualquer das doenças especifi-
cadas no art. 186, § 1º. Art. 208. Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servi-
dor terá direito à licença-paternidade de 5 (cinco) dias
Art. 206. O servidor que apresentar indícios de lesões consecutivos.
orgânicas ou funcionais será submetido a inspeção
médica. Art. 209. Para amamentar o próprio filho, até a idade
de seis meses, a servidora lactante terá direito, duran-
Art. 206-A. O servidor será submetido a exames médi- te a jornada de trabalho, a uma hora de descanso, que
cos periódicos, nos termos e condições definidos em poderá ser parcelada em dois períodos de meia hora.
regulamento.
Parágrafo único. Para os fins do disposto no caput, a Art. 210. À servidora que adotar ou obtiver guarda judi-
União e suas entidades autárquicas e fundacionais po- cial de criança até 1 (um) ano de idade, serão concedi-
derão: dos 90 (noventa) dias de licença remunerada.
I - prestar os exames médicos periódicos diretamente Parágrafo único. No caso de adoção ou guarda judicial
pelo órgão ou entidade à qual se encontra vinculado de criança com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de
o servidor; que trata este artigo será de 30 (trinta) dias.
II - celebrar convênio ou instrumento de cooperação ou
parceria com os órgãos e entidades da administração Seção VI
direta, suas autarquias e fundações; Da Licença por Acidente em Serviço
III - celebrar convênios com operadoras de plano de
assistência à saúde, organizadas na modalidade de au- Art. 211. Será licenciado, com remuneração integral, o
togestão, que possuam autorização de funcionamento servidor acidentado em serviço.
do órgão regulador, na forma do art. 230; ou
Art. 212. Configura acidente em serviço o dano físico
IV - prestar os exames médicos periódicos mediante ou mental sofrido pelo servidor, que se relacione, me-
contrato administrativo, observado o disposto na Lei diata ou imediatamente, com as atribuições do cargo
no 8.666, de 21 de junho de 1993, e demais normas exercido.
pertinentes.
Parágrafo único. Equipara-se ao acidente em serviço o
Seção V dano:
Da Licença à Gestante, I - decorrente de agressão sofrida e não provocada pelo
à Adotante e da Licença-Paternidade servidor no exercício do cargo;
II - sofrido no percurso da residência para o trabalho
Art. 207. Será concedida licença à servidora gestante
e vice-versa.
por 120 (cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo
da remuneração.
Art. 213. O servidor acidentado em serviço que neces-

518
site de tratamento especializado poderá ser tratado em b) seja inválido;
instituição privada, à conta de recursos públicos. c) (Vide Lei nº 13.135, de 2015) (Vigência)
Parágrafo único. O tratamento recomendado por junta d) tenha deficiência intelectual ou mental;
médica oficial constitui medida de exceção e somente
será admissível quando inexistirem meios e recursos V - a mãe e o pai que comprovem dependência econô-
adequados em instituição pública. mica do servidor; e
VI - o irmão de qualquer condição que comprove de-
Art. 214. A prova do acidente será feita no prazo de pendência econômica do servidor e atenda a um dos
10 (dez) dias, prorrogável quando as circunstâncias o requisitos previstos no inciso IV.
exigirem.
§ 1º A concessão de pensão aos beneficiários de que
tratam os incisos I a IV do caput exclui os beneficiários
Seção VII referidos nos incisos V e VI.
Da Pensão
§ 2º A concessão de pensão aos beneficiários de que
trata o inciso V do caput exclui o beneficiário referido
Art. 215. Por morte do servidor, os seus dependentes, no inciso VI.
nas hipóteses legais, fazem jus à pensão por mor-
te, observados os limites estabelecidos no inciso XI § 3º O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho
do caput do art. 37 da Constituição Federal e no art. 2º mediante declaração do servidor e desde que compro-
da Lei nº 10.887, de 18 de junho de 2004. (Redação vada dependência econômica, na forma estabelecida
dada pela Lei nº 13.846, de 2019) em regulamento.
§ 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.846, de
Art. 216. (Revogado pela Lei nº 13.135, de 2015) 2019)

Art. 217. São beneficiários das pensões:  Art. 218. Ocorrendo habilitação de vários titulares à
I - o cônjuge; pensão, o seu valor será distribuído em partes iguais
entre os beneficiários habilitados.
a) (Revogada);
§ 1º (Revogado).
b) (Revogada);
§ 2º (Revogado).
c) (Revogada);
§ 3º (Revogado).
d) (Revogada);
e) (Revogada); Art. 219. A pensão por morte será devida ao conjunto
dos dependentes do segurado que falecer, aposentado
II - o cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou ou não, a contar da data: (Redação dada pela Lei nº
de fato, com percepção de pensão alimentícia estabele- 13.846, de 2019)
cida judicialmente;
I - do óbito, quando requerida em até 180 (cento e oi-
a) (Revogada); tenta dias) após o óbito, para os filhos menores de 16
b) (Revogada); (dezesseis) anos, ou em até 90 (noventa) dias após o
óbito, para os demais dependentes; (Redação dada
c) Revogada);
pela Lei nº 13.846, de 2019)
d) (Revogada);
II - do requerimento, quando requerida após o prazo
III - o companheiro ou companheira que comprove previsto no inciso I do caput deste artigo; ou (Reda-
união estável como entidade familiar; ção dada pela Lei nº 13.846, de 2019)
IV - o filho de qualquer condição que atenda a um dos III - da decisão judicial, na hipótese de morte presumi-
seguintes requisitos: da. (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019)
a) seja menor de 21 (vinte e um) anos; § 1º A concessão da pensão por morte não será protela-
da pela falta de habilitação de outro possível dependen-

519
te e a habilitação posterior que importe em exclusão ou competente;
inclusão de dependente só produzirá efeito a partir da II - desaparecimento em desabamento, inundação, in-
data da publicação da portaria de concessão da pensão cêndio ou acidente não caracterizado como em serviço;
ao dependente habilitado. (Redação dada pela Lei nº
13.846, de 2019) III - desaparecimento no desempenho das atribuições
do cargo ou em missão de segurança.
§ 2º Ajuizada a ação judicial para reconhecimento da
condição de dependente, este poderá requerer a sua Parágrafo único. A pensão provisória será transformada
habilitação provisória ao benefício de pensão por mor- em vitalícia ou temporária, conforme o caso, decorridos
te, exclusivamente para fins de rateio dos valores com 5 (cinco) anos de sua vigência, ressalvado o eventual
outros dependentes, vedado o pagamento da respectiva reaparecimento do servidor, hipótese em que o benefí-
cota até o trânsito em julgado da respectiva ação, res- cio será automaticamente cancelado.
salvada a existência de decisão judicial em contrário.
(Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019) Art. 222. Acarreta perda da qualidade de beneficiário:
§ 3º Nas ações em que for parte o ente público respon- I - o seu falecimento;
sável pela concessão da pensão por morte, este poderá II - a anulação do casamento, quando a decisão ocorrer
proceder de ofício à habilitação excepcional da referida após a concessão da pensão ao cônjuge;
pensão, apenas para efeitos de rateio, descontando-se
os valores referentes a esta habilitação das demais III - a cessação da invalidez, em se tratando de benefi-
cotas, vedado o pagamento da respectiva cota até o ciário inválido, ou o afastamento da deficiência, em se
trânsito em julgado da respectiva ação, ressalvada a tratando de beneficiário com deficiência, respeitados os
existência de decisão judicial em contrário. (Redação períodos mínimos decorrentes da aplicação das alíne-
dada pela Lei nº 13.846, de 2019) as a e b do inciso VII do caput deste artigo; (Redação
dada pela Lei nº 13.846, de 2019)
§ 4º Julgada improcedente a ação prevista no § 2º ou
§ 3º deste artigo, o valor retido será corrigido pelos IV - o implemento da idade de 21 (vinte e um) anos,
índices legais de reajustamento e será pago de forma pelo filho ou irmão;
proporcional aos demais dependentes, de acordo com V - a acumulação de pensão na forma do art. 225;
as suas cotas e o tempo de duração de seus benefícios.
VI - a renúncia expressa; e 
(Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
VII - em relação aos beneficiários de que tratam os inci-
§ 5º Em qualquer hipótese, fica assegurada ao órgão
sos I a III do caput do art. 217:
concessor da pensão por morte a cobrança dos valores
indevidamente pagos em função de nova habilitação. a) o decurso de 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer
(Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) sem que o servidor tenha vertido 18 (dezoito) contri-
buições mensais ou se o casamento ou a união estável
Art. 220. Perde o direito à pensão por morte: tiverem sido iniciados em menos de 2 (dois) anos antes
do óbito do servidor;
I - após o trânsito em julgado, o beneficiário condenado
pela prática de crime de que tenha dolosamente resulta- b) o decurso dos seguintes períodos, estabelecidos de
do a morte do servidor; acordo com a idade do pensionista na data de óbito do
servidor, depois de vertidas 18 (dezoito) contribuições
II - o cônjuge, o companheiro ou a companheira se
mensais e pelo menos 2 (dois) anos após o início do
comprovada, a qualquer tempo, simulação ou fraude
casamento ou da união estável:
no casamento ou na união estável, ou a formalização
desses com o fim exclusivo de constituir benefício pre- 1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos
videnciário, apuradas em processo judicial no qual será de idade;
assegurado o direito ao contraditório e à ampla defesa. 2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis)
anos de idade;
Art. 221. Será concedida pensão provisória por morte
presumida do servidor, nos seguintes casos: 3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e
nove) anos de idade;
I - declaração de ausência, pela autoridade judiciária

520
4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) § 7º O exercício de atividade remunerada, inclusive na
anos de idade; condição de microempreendedor individual, não impe-
de a concessão ou manutenção da cota da pensão de
5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (qua-
dependente com deficiência intelectual ou mental ou
renta e três) anos de idade;
com deficiência grave. (Incluído pela Lei nº 13.846,
6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de 2019)
de idade.
§ 8º No ato de requerimento de benefícios previdenciá-
§ 1º A critério da administração, o beneficiário de pen- rios, não será exigida apresentação de termo de curatela
são cuja preservação seja motivada por invalidez, por de titular ou de beneficiário com deficiência, observa-
incapacidade ou por deficiência poderá ser convocado dos os procedimentos a serem estabelecidos em regu-
a qualquer momento para avaliação das referidas con- lamento. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
dições.
§ 2º Serão aplicados, conforme o caso, a regra con- Art. 223. Por morte ou perda da qualidade de benefici-
tida no inciso III ou os prazos previstos na alínea “b” ário, a respectiva cota reverterá para os cobeneficiários.
do inciso VII, ambos do caput, se o óbito do servidor I - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de
decorrer de acidente de qualquer natureza ou de doen- 2015)
ça profissional ou do trabalho, independentemente do
recolhimento de 18 (dezoito) contribuições mensais ou II - (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de
da comprovação de 2 (dois) anos de casamento ou de 2015)
união estável.
Art. 224. As pensões serão automaticamente atualiza-
§ 3º Após o transcurso de pelo menos 3 (três) anos das na mesma data e na mesma proporção dos reajus-
e desde que nesse período se verifique o incremento tes dos vencimentos dos servidores, aplicando-se o
mínimo de um ano inteiro na média nacional única, disposto no parágrafo único do art. 189.
para ambos os sexos, correspondente à expectativa de
sobrevida da população brasileira ao nascer, poderão Art. 225. Ressalvado o direito de opção, é vedada a per-
ser fixadas, em números inteiros, novas idades para os cepção cumulativa de pensão deixada por mais de um
fins previstos na alínea “b” do inciso VII do caput, em cônjuge ou companheiro ou companheira e de mais de
ato do Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento 2 (duas) pensões.
e Gestão, limitado o acréscimo na comparação com as
idades anteriores ao referido incremento.
Seção VIII
§ 4º O tempo de contribuição a Regime Próprio de Do Auxílio-Funeral
Previdência Social (RPPS) ou ao Regime Geral de Pre-
vidência Social (RGPS) será considerado na contagem
das 18 (dezoito) contribuições mensais referidas nas Art. 226. O auxílio-funeral é devido à família do servidor
alíneas “a” e “b” do inciso VII do caput. falecido na atividade ou aposentado, em valor equiva-
lente a um mês da remuneração ou provento.
§ 5º Na hipótese de o servidor falecido estar, na data
de seu falecimento, obrigado por determinação judicial § 1º No caso de acumulação legal de cargos, o auxílio
a pagar alimentos temporários a ex-cônjuge, ex-com- será pago somente em razão do cargo de maior remu-
panheiro ou ex-companheira, a pensão por morte será neração.
devida pelo prazo remanescente na data do óbito, caso § 2º (VETADO).
não incida outra hipótese de cancelamento anterior do
§ 3º O auxílio será pago no prazo de 48 (quarenta e
benefício. (Redação dada pela Lei nº 13.846, de
oito) horas, por meio de procedimento sumaríssimo, à
2019)
pessoa da família que houver custeado o funeral.
§ 6º O beneficiário que não atender à convocação de
que trata o § 1º deste artigo terá o benefício suspenso, Art. 227. Se o funeral for custeado por terceiro, este será
observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. indenizado, observado o disposto no artigo anterior.
95 da Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. (Redação
dada pela Lei nº 13.846, de 2019)

521
Art. 228. Em caso de falecimento de servidor em ser- de médico ou junta médica oficial, para a sua realização
viço fora do local de trabalho, inclusive no exterior, as o órgão ou entidade celebrará, preferencialmente, con-
despesas de transporte do corpo correrão à conta de vênio com unidades de atendimento do sistema público
recursos da União, autarquia ou fundação pública. de saúde, entidades sem fins lucrativos declaradas de
utilidade pública, ou com o Instituto Nacional do Se-
Seção IX guro Social - INSS.
Do Auxílio-Reclusão § 2º Na impossibilidade, devidamente justificada, da
aplicação do disposto no parágrafo anterior, o órgão ou
Art. 229. À família do servidor ativo é devido o auxílio- entidade promoverá a contratação da prestação de ser-
-reclusão, nos seguintes valores: viços por pessoa jurídica, que constituirá junta médica
especificamente para esses fins, indicando os nomes e
I - dois terços da remuneração, quando afastado por especialidades dos seus integrantes, com a comprova-
motivo de prisão, em flagrante ou preventiva, determi- ção de suas habilitações e de que não estejam respon-
nada pela autoridade competente, enquanto perdurar a dendo a processo disciplinar junto à entidade fiscaliza-
prisão; dora da profissão.
II - metade da remuneração, durante o afastamento, em § 3º Para os fins do disposto no caput deste artigo,
virtude de condenação, por sentença definitiva, a pena ficam a União e suas entidades autárquicas e fundacio-
que não determine a perda de cargo. nais autorizadas a:
§ 1º Nos casos previstos no inciso I deste artigo, o I - celebrar convênios exclusivamente para a prestação
servidor terá direito à integralização da remuneração, de serviços de assistência à saúde para os seus servi-
desde que absolvido. dores ou empregados ativos, aposentados, pensionis-
§ 2º O pagamento do auxílio-reclusão cessará a partir tas, bem como para seus respectivos grupos familiares
do dia imediato àquele em que o servidor for posto em definidos, com entidades de autogestão por elas patro-
liberdade, ainda que condicional. cinadas por meio de instrumentos jurídicos efetivamen-
te celebrados e publicados até 12 de fevereiro de 2006
§ 3º Ressalvado o disposto neste artigo, o auxílio-re- e que possuam autorização de funcionamento do órgão
clusão será devido, nas mesmas condições da pensão regulador, sendo certo que os convênios celebrados
por morte, aos dependentes do segurado recolhido à depois dessa data somente poderão sê-lo na forma da
prisão. regulamentação específica sobre patrocínio de autoges-
tões, a ser publicada pelo mesmo órgão regulador, no
Capítulo III prazo de 180 (cento e oitenta) dias da vigência desta
Da Assistência à Saúde Lei, normas essas também aplicáveis aos convênios
existentes até 12 de fevereiro de 2006;
Art. 230. A assistência à saúde do servidor, ativo ou II - contratar, mediante licitação, na forma da Lei
inativo, e de sua família compreende assistência mé- no 8.666, de 21 de junho de 1993, operadoras de
dica, hospitalar, odontológica, psicológica e farmacêu- planos e seguros privados de assistência à saúde que
tica, terá como diretriz básica o implemento de ações possuam autorização de funcionamento do órgão regu-
preventivas voltadas para a promoção da saúde e será lador;
prestada pelo Sistema Único de Saúde – SUS, direta- III - (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)
mente pelo órgão ou entidade ao qual estiver vinculado
o servidor, ou mediante convênio ou contrato, ou ainda § 4º (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)
na forma de auxílio, mediante ressarcimento parcial do § 5º O valor do ressarcimento fica limitado ao total des-
valor despendido pelo servidor, ativo ou inativo, e seus pendido pelo servidor ou pensionista civil com plano
dependentes ou pensionistas com planos ou seguros ou seguro privado de assistência à saúde.
privados de assistência à saúde, na forma estabelecida
em regulamento.
Capítulo IV
§ 1º Nas hipóteses previstas nesta Lei em que seja exi- Do Custeio
gida perícia, avaliação ou inspeção médica, na ausência

522
Art. 231. (Revogado pela Lei nº 9.783, de 28.01.99) Art. 240. Ao servidor público civil é assegurado, nos
termos da Constituição Federal, o direito à livre asso-
Título VII ciação sindical e os seguintes direitos, entre outros,
dela decorrentes:

Capítulo Único a) de ser representado pelo sindicato, inclusive como


substituto processual;
Da Contratação Temporária de Excepcio-
nal Interesse Público b) de inamovibilidade do dirigente sindical, até um ano
após o final do mandato, exceto se a pedido;

Art. 232. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93) c) de descontar em folha, sem ônus para a entidade sin-
dical a que for filiado, o valor das mensalidades e con-
Art. 233. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93) tribuições definidas em assembléia geral da categoria.
d) (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) 
Art. 234. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93)
e) (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 235. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93)
Art. 241. Consideram-se da família do servidor, além do
cônjuge e filhos, quaisquer pessoas que vivam às suas
Título VIII expensas e constem do seu assentamento individual.
Parágrafo único. Equipara-se ao cônjuge a companhei-
Capítulo Único ra ou companheiro, que comprove união estável como
Das Disposições Gerais entidade familiar.

Art. 242. Para os fins desta Lei, considera-se sede o


Art. 236. O Dia do Servidor Público será comemorado a
município onde a repartição estiver instalada e onde o
vinte e oito de outubro.
servidor tiver exercício, em caráter permanente.
Art. 237. Poderão ser instituídos, no âmbito dos Po-
deres Executivo, Legislativo e Judiciário, os seguintes Título IX
incentivos funcionais, além daqueles já previstos nos
respectivos planos de carreira: Capítulo Único
I - prêmios pela apresentação de idéias, inventos ou Das Disposições Transitórias e Finais
trabalhos que favoreçam o aumento de produtividade e
a redução dos custos operacionais;
Art. 243. Ficam submetidos ao regime jurídico institu-
II - concessão de medalhas, diplomas de honra ao mé- ído por esta Lei, na qualidade de servidores públicos,
rito, condecoração e elogio. os servidores dos Poderes da União, dos ex-Territórios,
das autarquias, inclusive as em regime especial, e das
Art. 238. Os prazos previstos nesta Lei serão contados fundações públicas, regidos pela Lei nº 1.711, de 28
em dias corridos, excluindo-se o dia do começo e in- de outubro de 1952 - Estatuto dos Funcionários Públi-
cluindo-se o do vencimento, ficando prorrogado, para cos Civis da União, ou pela Consolidação das Leis do
o primeiro dia útil seguinte, o prazo vencido em dia em Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de
que não haja expediente. maio de 1943, exceto os contratados por prazo deter-
minado, cujos contratos não poderão ser prorrogados
Art. 239. Por motivo de crença religiosa ou de con- após o vencimento do prazo de prorrogação.
vicção filosófica ou política, o servidor não poderá ser § 1º Os empregos ocupados pelos servidores incluídos
privado de quaisquer dos seus direitos, sofrer discrimi- no regime instituído por esta Lei ficam transformados
nação em sua vida funcional, nem eximir-se do cumpri- em cargos, na data de sua publicação.
mento de seus deveres.
§ 2º As funções de confiança exercidas por pessoas não

523
integrantes de tabela permanente do órgão ou entidade servidores celetistas abrangidos pelo art. 243.
onde têm exercício ficam transformadas em cargos em
comissão, e mantidas enquanto não for implantado o Art. 248. As pensões estatutárias, concedidas até a vi-
plano de cargos dos órgãos ou entidades na forma da gência desta Lei, passam a ser mantidas pelo órgão ou
lei. entidade de origem do servidor.
§ 3º As Funções de Assessoramento Superior - FAS,
exercidas por servidor integrante de quadro ou tabela Art. 249. Até a edição da lei prevista no § 1º do art.
de pessoal, ficam extintas na data da vigência desta Lei. 231, os servidores abrangidos por esta Lei contribuirão
na forma e nos percentuais atualmente estabelecidos
§ 4º (VETADO). para o servidor civil da União conforme regulamento
§ 5º O regime jurídico desta Lei é extensivo aos ser- próprio.
ventuários da Justiça, remunerados com recursos da
União, no que couber. Art. 250. O servidor que já tiver satisfeito ou vier a sa-
tisfazer, dentro de 1 (um) ano, as condições necessárias
§ 6º Os empregos dos servidores estrangeiros com es-
para a aposentadoria nos termos do inciso II do art. 184
tabilidade no serviço público, enquanto não adquirirem
do antigo Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da
a nacionalidade brasileira, passarão a integrar tabela
União, Lei n° 1.711, de 28 de outubro de 1952, aposen-
em extinção, do respectivo órgão ou entidade, sem pre-
tar-se-á com a vantagem prevista naquele dispositivo.
juízo dos direitos inerentes aos planos de carreira aos
(Mantido pelo Congresso Nacional)
quais se encontrem vinculados os empregos.
§ 7º Os servidores públicos de que trata o caput deste Art. 251. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
artigo, não amparados pelo art. 19 do Ato das Disposi-
ções Constitucionais Transitórias, poderão, no interes- Art. 252. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi-
se da Administração e conforme critérios estabelecidos cação, com efeitos financeiros a partir do primeiro dia
em regulamento, ser exonerados mediante indenização do mês subseqüente.
de um mês de remuneração por ano de efetivo exercício
no serviço público federal. Art. 253. Ficam revogadas a Lei nº 1.711, de 28 de ou-
§ 8º Para fins de incidência do imposto de renda na fon- tubro de 1952, e respectiva legislação complementar,
te e na declaração de rendimentos, serão considerados bem como as demais disposições em contrário.
como indenizações isentas os pagamentos efetuados a
título de indenização prevista no parágrafo anterior. Brasília, 11 de dezembro de 1990; 169º da Independên-
cia e 102º da República.
§ 9º Os cargos vagos em decorrência da aplicação do
disposto no § 7º poderão ser extintos pelo Poder Exe-
FERNANDO COLLOR
cutivo quando considerados desnecessários.
Jarbas Passarinho
Art. 244. Os adicionais por tempo de serviço, já con-
cedidos aos servidores abrangidos por esta Lei, ficam Este texto não substitui o publicado no DOU de
transformados em anuênio. 12.12.1990 e republicado em 18.3.1998

Art. 245. A licença especial disciplinada pelo art. 116


da Lei nº 1.711, de 1952, ou por outro diploma legal,
fica transformada em licença-prêmio por assiduidade,
na forma prevista nos arts. 87 a 90.

Art. 246. (VETADO).

Art. 247. Para efeito do disposto no Título VI desta Lei,


haverá ajuste de contas com a Previdência Social, cor-
respondente ao período de contribuição por parte dos

524
IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, de-
LEI DE PROCESSO coro e boa-fé;
ADMINISTRATIVO FEDERAL - Lei nº V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressal-
9.784, de 29 de janeiro de 1999. vadas as hipóteses de sigilo previstas na Constituição;
VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição
Regula o processo administrativo no âmbito da de obrigações, restrições e sanções em medida supe-
Administração Pública Federal. rior àquelas estritamente necessárias ao atendimento
do interesse público;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que
Lei: determinarem a decisão;
VIII – observância das formalidades essenciais à garan-
CAPÍTULO I tia dos direitos dos administrados;
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS IX - adoção de formas simples, suficientes para propi-
ciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos
Art. 1º Esta Lei estabelece normas básicas sobre o direitos dos administrados;
processo administrativo no âmbito da Administração X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação
Federal direta e indireta, visando, em especial, à pro- de alegações finais, à produção de provas e à interposi-
teção dos direitos dos administrados e ao melhor cum- ção de recursos, nos processos de que possam resultar
primento dos fins da Administração. sanções e nas situações de litígio;
§ 1º Os preceitos desta Lei também se aplicam aos XI - proibição de cobrança de despesas processuais,
órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, ressalvadas as previstas em lei;
quando no desempenho de função administrativa.
XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo,
§ 2º Para os fins desta Lei, consideram-se: sem prejuízo da atuação dos interessados;
I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura XIII - interpretação da norma administrativa da forma
da Administração direta e da estrutura da Administração que melhor garanta o atendimento do fim público a que
indireta; se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpre-
II - entidade - a unidade de atuação dotada de perso- tação.
nalidade jurídica;
CAPÍTULO II
III - autoridade - o servidor ou agente público dotado de
poder de decisão. DOS DIREITOS DOS ADMINISTRADOS

Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre Art. 3º O administrado tem os seguintes direitos perante
outros, aos princípios da legalidade, finalidade, a Administração, sem prejuízo de outros que lhe sejam
motivação, razoabilidade, proporcionalidade, assegurados:
moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança
I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servido-
jurídica, interesse público e eficiência.
res, que deverão facilitar o exercício de seus direitos e o
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão cumprimento de suas obrigações;
observados, entre outros, os critérios de:
II - ter ciência da tramitação dos processos administra-
I - atuação conforme a lei e o Direito; tivos em que tenha a condição de interessado, ter vista
II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a re- dos autos, obter cópias de documentos neles contidos
núncia total ou parcial de poderes ou competências, e conhecer as decisões proferidas;
salvo autorização em lei; III - formular alegações e apresentar documentos antes
III - objetividade no atendimento do interesse público, da decisão, os quais serão objeto de consideração pelo
vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades; órgão competente;

525
IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, poderão ser formulados em um único requerimento,
salvo quando obrigatória a representação, por força de salvo preceito legal em contrário.
lei.
CAPÍTULO V
CAPÍTULO III DOS INTERESSADOS
DOS DEVERES DO ADMINISTRADO
Art. 9º São legitimados como interessados no processo
Art. 4º São deveres do administrado perante a Admi- administrativo:
nistração, sem prejuízo de outros previstos em ato I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titu-
normativo: lares de direitos ou interesses individuais ou no exercí-
I - expor os fatos conforme a verdade; cio do direito de representação;
II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé; II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm
direitos ou interesses que possam ser afetados pela
III - não agir de modo temerário;
decisão a ser adotada;
IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e
III - as organizações e associações representativas, no
colaborar para o esclarecimento dos fatos.
tocante a direitos e interesses coletivos;
CAPÍTULO IV IV - as pessoas ou as associações legalmente constituí-
DO INÍCIO DO PROCESSO das quanto a direitos ou interesses difusos.

Art. 5º O processo administrativo pode iniciar-se de Art. 10. São capazes, para fins de processo administra-
ofício ou a pedido de interessado. tivo, os maiores de dezoito anos, ressalvada previsão
especial em ato normativo próprio.
Art. 6º O requerimento inicial do interessado, salvo
casos em que for admitida solicitação oral, deve ser CAPÍTULO VI
formulado por escrito e conter os seguintes dados: DA COMPETÊNCIA
I - órgão ou autoridade administrativa a que se dirige;
Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos
II - identificação do interessado ou de quem o repre- órgãos administrativos a que foi atribuída como pró-
sente; pria, salvo os casos de delegação e avocação legalmen-
III - domicílio do requerente ou local para recebimento te admitidos.
de comunicações;
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão,
IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e se não houver impedimento legal, delegar parte da sua
de seus fundamentos; competência a outros órgãos ou titulares, ainda que
V - data e assinatura do requerente ou de seu repre- estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados,
sentante. quando for conveniente, em razão de circunstâncias de
índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.
Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa
imotivada de recebimento de documentos, devendo o Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo apli-
servidor orientar o interessado quanto ao suprimento ca-se à delegação de competência dos órgãos colegia-
de eventuais falhas. dos aos respectivos presidentes.

Art. 7º Os órgãos e entidades administrativas deverão Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
elaborar modelos ou formulários padronizados para as- I - a edição de atos de caráter normativo;
suntos que importem pretensões equivalentes.
II - a decisão de recursos administrativos;
Art. 8º Quando os pedidos de uma pluralidade de in- III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou
teressados tiverem conteúdo e fundamentos idênticos, autoridade.

526
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser nares.
publicados no meio oficial.
§ 1º O ato de delegação especificará as matérias e po- Art. 20. Pode ser argüida a suspeição de autoridade ou
deres transferidos, os limites da atuação do delegado, servidor que tenha amizade íntima ou inimizade notória
a duração e os objetivos da delegação e o recurso cabí- com algum dos interessados ou com os respectivos
vel, podendo conter ressalva de exercício da atribuição cônjuges, companheiros, parentes e afins até o terceiro
delegada. grau.

§ 2º O ato de delegação é revogável a qualquer tempo Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição po-
pela autoridade delegante. derá ser objeto de recurso, sem efeito suspensivo.
§ 3º As decisões adotadas por delegação devem men-
cionar explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão CAPÍTULO VIII
editadas pelo delegado. DA FORMA, TEMPO E LUGAR
DOS ATOS DO PROCESSO
Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por
motivos relevantes devidamente justificados, a avoca-
ção temporária de competência atribuída a órgão hie- Art. 22. Os atos do processo administrativo não depen-
rarquicamente inferior. dem de forma determinada senão quando a lei expres-
samente a exigir.
Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas divul- § 1º Os atos do processo devem ser produzidos por
garão publicamente os locais das respectivas sedes e, escrito, em vernáculo, com a data e o local de sua reali-
quando conveniente, a unidade fundacional competente zação e a assinatura da autoridade responsável.
em matéria de interesse especial.
§ 2º Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma
somente será exigido quando houver dúvida de auten-
Art. 17. Inexistindo competência legal específica, o
ticidade.
processo administrativo deverá ser iniciado perante a
autoridade de menor grau hierárquico para decidir. § 3º A autenticação de documentos exigidos em cópia
poderá ser feita pelo órgão administrativo.
CAPÍTULO VII § 4º O processo deverá ter suas páginas numeradas
DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO seqüencialmente e rubricadas.

Art. 18. É impedido de atuar em processo administrati- Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em dias
vo o servidor ou autoridade que: úteis, no horário normal de funcionamento da reparti-
ção na qual tramitar o processo.
I - tenha interesse direto ou indireto na matéria;
Parágrafo único. Serão concluídos depois do horário
II - tenha participado ou venha a participar como perito, normal os atos já iniciados, cujo adiamento prejudique
testemunha ou representante, ou se tais situações ocor- o curso regular do procedimento ou cause dano ao in-
rem quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins teressado ou à Administração.
até o terceiro grau;
III - esteja litigando judicial ou administrativamente Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do
com o interessado ou respectivo cônjuge ou compa- órgão ou autoridade responsável pelo processo e dos
nheiro. administrados que dele participem devem ser pratica-
dos no prazo de cinco dias, salvo motivo de força maior.
Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em impe- Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode ser
dimento deve comunicar o fato à autoridade competen- dilatado até o dobro, mediante comprovada justificação.
te, abstendo-se de atuar.
Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o Art. 25. Os atos do processo devem realizar-se prefe-
impedimento constitui falta grave, para efeitos discipli- rencialmente na sede do órgão, cientificando-se o inte-

527
ressado se outro for o local de realização. CAPÍTULO X
DA INSTRUÇÃO
CAPÍTULO IX
DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averi-
guar e comprovar os dados necessários à tomada de
Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o decisão realizam-se de ofício ou mediante impulsão do
processo administrativo determinará a intimação do órgão responsável pelo processo, sem prejuízo do di-
interessado para ciência de decisão ou a efetivação de reito dos interessados de propor atuações probatórias.
diligências. § 1º O órgão competente para a instrução fará constar
§ 1º A intimação deverá conter: dos autos os dados necessários à decisão do processo.
I - identificação do intimado e nome do órgão ou enti- § 2º Os atos de instrução que exijam a atuação dos in-
dade administrativa; teressados devem realizar-se do modo menos oneroso
para estes.
II - finalidade da intimação;
III - data, hora e local em que deve comparecer; Art. 30. São inadmissíveis no processo administrativo
IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou as provas obtidas por meios ilícitos.
fazer-se representar;
Art. 31. Quando a matéria do processo envolver assunto
V - informação da continuidade do processo indepen- de interesse geral, o órgão competente poderá, median-
dentemente do seu comparecimento; te despacho motivado, abrir período de consulta públi-
VI - indicação dos fatos e fundamentos legais pertinen- ca para manifestação de terceiros, antes da decisão do
tes. pedido, se não houver prejuízo para a parte interessada.
§ 2º A intimação observará a antecedência mínima de § 1º A abertura da consulta pública será objeto de divul-
três dias úteis quanto à data de comparecimento. gação pelos meios oficiais, a fim de que pessoas físicas
ou jurídicas possam examinar os autos, fixando-se pra-
§ 3º A intimação pode ser efetuada por ciência no pro-
zo para oferecimento de alegações escritas.
cesso, por via postal com aviso de recebimento, por
telegrama ou outro meio que assegure a certeza da ci- § 2º O comparecimento à consulta pública não confe-
ência do interessado. re, por si, a condição de interessado do processo, mas
confere o direito de obter da Administração resposta
§ 4º No caso de interessados indeterminados, desco-
fundamentada, que poderá ser comum a todas as alega-
nhecidos ou com domicílio indefinido, a intimação deve
ções substancialmente iguais.
ser efetuada por meio de publicação oficial.
§ 5º As intimações serão nulas quando feitas sem ob- Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da autori-
servância das prescrições legais, mas o comparecimen- dade, diante da relevância da questão, poderá ser rea-
to do administrado supre sua falta ou irregularidade. lizada audiência pública para debates sobre a matéria
do processo.
Art. 27. O desatendimento da intimação não importa o
reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a Art. 33. Os órgãos e entidades administrativas, em
direito pelo administrado. matéria relevante, poderão estabelecer outros meios
Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será de participação de administrados, diretamente ou por
garantido direito de ampla defesa ao interessado. meio de organizações e associações legalmente reco-
nhecidas.
Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do pro-
cesso que resultem para o interessado em imposição Art. 34. Os resultados da consulta e audiência pública
de deveres, ônus, sanções ou restrição ao exercício de e de outros meios de participação de administrados
direitos e atividades e os atos de outra natureza, de seu deverão ser apresentados com a indicação do proce-
interesse. dimento adotado.

528
Art. 35. Quando necessária à instrução do processo, a dias úteis, mencionando-se data, hora e local de rea-
audiência de outros órgãos ou entidades administrati- lização.
vas poderá ser realizada em reunião conjunta, com a
participação de titulares ou representantes dos órgãos Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um
competentes, lavrando-se a respectiva ata, a ser juntada órgão consultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo
aos autos. máximo de quinze dias, salvo norma especial ou com-
provada necessidade de maior prazo.
Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que te- § 1º Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de
nha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão ser emitido no prazo fixado, o processo não terá segui-
competente para a instrução e do disposto no art. 37 mento até a respectiva apresentação, responsabilizan-
desta Lei. do-se quem der causa ao atraso.
Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e da- § 2º Se um parecer obrigatório e não vinculante dei-
dos estão registrados em documentos existentes na xar de ser emitido no prazo fixado, o processo poderá
própria Administração responsável pelo processo ou ter prosseguimento e ser decidido com sua dispensa,
em outro órgão administrativo, o órgão competente sem prejuízo da responsabilidade de quem se omitiu
para a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos do- no atendimento.
cumentos ou das respectivas cópias.
Art. 43. Quando por disposição de ato normativo devam
Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes ser previamente obtidos laudos técnicos de órgãos ad-
da tomada da decisão, juntar documentos e pareceres, ministrativos e estes não cumprirem o encargo no prazo
requerer diligências e perícias, bem como aduzir alega- assinalado, o órgão responsável pela instrução deverá
ções referentes à matéria objeto do processo. solicitar laudo técnico de outro órgão dotado de qualifi-
cação e capacidade técnica equivalentes.
§ 1º Os elementos probatórios deverão ser considera-
dos na motivação do relatório e da decisão. Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o
§ 2º Somente poderão ser recusadas, mediante decisão direito de manifestar-se no prazo máximo de dez dias,
fundamentada, as provas propostas pelos interessados salvo se outro prazo for legalmente fixado.
quando sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou
protelatórias. Art. 45. Em caso de risco iminente, a Administração Pú-
blica poderá motivadamente adotar providências acau-
Art. 39. Quando for necessária a prestação de informa- teladoras sem a prévia manifestação do interessado.
ções ou a apresentação de provas pelos interessados
ou terceiros, serão expedidas intimações para esse fim, Art. 46. Os interessados têm direito à vista do processo
mencionando-se data, prazo, forma e condições de e a obter certidões ou cópias reprográficas dos dados
atendimento. e documentos que o integram, ressalvados os dados e
Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, po- documentos de terceiros protegidos por sigilo ou pelo
derá o órgão competente, se entender relevante a ma- direito à privacidade, à honra e à imagem.
téria, suprir de ofício a omissão, não se eximindo de
proferir a decisão. Art. 47. O órgão de instrução que não for competente
para emitir a decisão final elaborará relatório indicando
Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos solici- o pedido inicial, o conteúdo das fases do procedimento
tados ao interessado forem necessários à apreciação de e formulará proposta de decisão, objetivamente justifi-
pedido formulado, o não atendimento no prazo fixado cada, encaminhando o processo à autoridade compe-
pela Administração para a respectiva apresentação im- tente.
plicará arquivamento do processo.
CAPÍTULO XI
Art. 41. Os interessados serão intimados de prova ou DO DEVER DE DECIDIR
diligência ordenada, com antecedência mínima de três

529
Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente DA DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS DE
emitir decisão nos processos administrativos e sobre EXTINÇÃO DO PROCESSO
solicitações ou reclamações, em matéria de sua com-
petência.
Art. 51. O interessado poderá, mediante manifestação
Art. 49. Concluída a instrução de processo administra- escrita, desistir total ou parcialmente do pedido formu-
tivo, a Administração tem o prazo de até trinta dias para lado ou, ainda, renunciar a direitos disponíveis.
decidir, salvo prorrogação por igual período expressa- § 1º Havendo vários interessados, a desistência ou re-
mente motivada. núncia atinge somente quem a tenha formulado.
§ 2º A desistência ou renúncia do interessado, confor-
CAPÍTULO XII me o caso, não prejudica o prosseguimento do pro-
DA MOTIVAÇÃO cesso, se a Administração considerar que o interesse
público assim o exige.
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados,
com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, Art. 52. O órgão competente poderá declarar extinto o
quando: processo quando exaurida sua finalidade ou o objeto da
decisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado por
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; fato superveniente.
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou san-
ções; CAPÍTULO XIV
III - decidam processos administrativos de concurso ou DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO
seleção pública; E CONVALIDAÇÃO
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de pro-
cesso licitatório; Art. 53. A Administração deve anular seus próprios
V - decidam recursos administrativos; atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode re-
vogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade,
VI - decorram de reexame de ofício; respeitados os direitos adquiridos.
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a
questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas Art. 54. O direito da Administração de anular os atos
e relatórios oficiais; administrativos de que decorram efeitos favoráveis para
os destinatários decai em cinco anos, contados da data
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou
em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.
convalidação de ato administrativo.
§ 1º No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo
§ 1º A motivação deve ser explícita, clara e congruente,
de decadência contar-se-á da percepção do primeiro
podendo consistir em declaração de concordância com
pagamento.
fundamentos de anteriores pareceres, informações,
decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte § 2º Considera-se exercício do direito de anular qual-
integrante do ato. quer medida de autoridade administrativa que importe
impugnação à validade do ato.
§ 2º Na solução de vários assuntos da mesma nature-
za, pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os
Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarreta-
fundamentos das decisões, desde que não prejudique
rem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros,
direito ou garantia dos interessados.
os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser
§ 3º A motivação das decisões de órgãos colegiados e convalidados pela própria Administração.
comissões ou de decisões orais constará da respectiva
ata ou de termo escrito. CAPÍTULO XV
DO RECURSO ADMINISTRATIVO
CAPÍTULO XIII E DA REVISÃO

530
Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso
face de razões de legalidade e de mérito. não tem efeito suspensivo.
§ 1º O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de
decisão, a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco difícil ou incerta reparação decorrente da execução, a
dias, o encaminhará à autoridade superior. autoridade recorrida ou a imediatamente superior po-
derá, de ofício ou a pedido, dar efeito suspensivo ao
§ 2º Salvo exigência legal, a interposição de recurso
recurso.
administrativo independe de caução.
§ 3º Se o recorrente alegar que a decisão administrati- Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para
va contraria enunciado da súmula vinculante, caberá à dele conhecer deverá intimar os demais interessados
autoridade prolatora da decisão impugnada, se não a para que, no prazo de cinco dias úteis, apresentem ale-
reconsiderar, explicitar, antes de encaminhar o recurso gações.
à autoridade superior, as razões da aplicabilidade ou
inaplicabilidade da súmula, conforme o caso. Art. 63. O recurso não será conhecido quando inter-
posto:
Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo
por três instâncias administrativas, salvo disposição I - fora do prazo;
legal diversa. II - perante órgão incompetente;
III - por quem não seja legitimado;
Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso admi-
nistrativo: IV - após exaurida a esfera administrativa.
I - os titulares de direitos e interesses que forem parte § 1º Na hipótese do inciso II, será indicada ao recor-
no processo; rente a autoridade competente, sendo-lhe devolvido o
prazo para recurso.
II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indireta-
mente afetados pela decisão recorrida; § 2º O não conhecimento do recurso não impede a Ad-
ministração de rever de ofício o ato ilegal, desde que
III - as organizações e associações representativas, no não ocorrida preclusão administrativa.
tocante a direitos e interesses coletivos;
IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso
interesses difusos. poderá confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou
parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de
Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias sua competência.
o prazo para interposição de recurso administrativo, Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste ar-
contado a partir da ciência ou divulgação oficial da de- tigo puder decorrer gravame à situação do recorrente,
cisão recorrida. este deverá ser cientificado para que formule suas ale-
§ 1º Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso gações antes da decisão.
administrativo deverá ser decidido no prazo máximo de
trinta dias, a partir do recebimento dos autos pelo órgão Art. 64-A. Se o recorrente alegar violação de enunciado
competente. da súmula vinculante, o órgão competente para deci-
§ 2º O prazo mencionado no parágrafo anterior pode- dir o recurso explicitará as razões da aplicabilidade ou
rá ser prorrogado por igual período, ante justificativa inaplicabilidade da súmula, conforme o caso.
explícita.
Art. 64-B. Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a re-
Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de requerimen- clamação fundada em violação de enunciado da súmula
to no qual o recorrente deverá expor os fundamentos do vinculante, dar-se-á ciência à autoridade prolatora e ao
pedido de reexame, podendo juntar os documentos que órgão competente para o julgamento do recurso, que
julgar convenientes. deverão adequar as futuras decisões administrativas em
casos semelhantes, sob pena de responsabilização pes-

531
soal nas esferas cível, administrativa e penal. órgão ou instância, os procedimentos administrativos
em que figure como parte ou interessado:
Art. 65. Os processos administrativos de que resultem I - pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta)
sanções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a anos;
pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou
circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a ina- Ii - pessoa portadora de deficiência, física ou mental;
dequação da sanção aplicada. Iii – (vetado)
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá Iv - pessoa portadora de tuberculose ativa, esclerose
resultar agravamento da sanção. múltipla, neoplasia maligna, hanseníase, paralisia irre-
versível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de
CAPÍTULO XVI parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia
DOS PRAZOS grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença
de paget (osteíte deformante), contaminação por radia-
ção, síndrome de imunodeficiência adquirida, ou outra
Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da data da doença grave, com base em conclusão da medicina es-
cientificação oficial, excluindo-se da contagem o dia do pecializada, mesmo que a doença tenha sido contraída
começo e incluindo-se o do vencimento. após o início do processo.
§ 1º Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro § 1º a pessoa interessada na obtenção do benefício,
dia útil seguinte se o vencimento cair em dia em que juntando prova de sua condição, deverá requerê-lo à
não houver expediente ou este for encerrado antes da autoridade administrativa competente, que determinará
hora normal. as providências a serem cumpridas.
§ 2º Os prazos expressos em dias contam-se de modo § 2º deferida a prioridade, os autos receberão identi-
contínuo. ficação própria que evidencie o regime de tramitação
§ 3º Os prazos fixados em meses ou anos contam-se prioritária.
de data a data. Se no mês do vencimento não houver o § 3º (vetado)
dia equivalente àquele do início do prazo, tem-se como
termo o último dia do mês. § 4º (vetado)

Art. 67. Salvo motivo de força maior devidamente com- Art. 70. Esta lei entra em vigor na data de sua publi-
provado, os prazos processuais não se suspendem. cação.

CAPÍTULO XVII Brasília 29 de janeiro de 1999; 178º da independência


e 111º da república.
DAS SANÇÕES
Fernando Henrique Cardoso
Art. 68. As sanções, a serem aplicadas por autoridade
Renan Calheiros
competente, terão natureza pecuniária ou consistirão
em obrigação de fazer ou de não fazer, assegurado sem- Paulo Paiva
pre o direito de defesa.
Este texto não substitui o publicado no dou de 1.2.1999
CAPÍTULO XVIII e retificado em 11.3.1999 
das disposições finais

Art. 69. Os processos administrativos específicos con-


tinuarão a reger-se por lei própria, aplicando-se-lhes
apenas subsidiariamente os preceitos desta lei.

Art. 69-a. Terão prioridade na tramitação, em qualquer

532
Art. 4° Os agentes públicos de qualquer nível ou hierar-
LEI DE IMPROBIDADE quia são obrigados a velar pela estrita observância dos
ADMINISTRATIVA - Lei nº 8.429, princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade e
publicidade no trato dos assuntos que lhe são afetos.
de 2 de junho de 1992.
Art. 5° Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação
Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes
ou omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de tercei-
públicos nos casos de enriquecimento ilícito no
ro, dar-se-á o integral ressarcimento do dano.
exercício de mandato, cargo, emprego ou função
na administração pública direta, indireta ou fun-
Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito, perderá o
dacional e dá outras providências.
agente público ou terceiro beneficiário os bens ou valo-
res acrescidos ao seu patrimônio.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao
patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito,
CAPÍTULO I caberá a autoridade administrativa responsável pelo
Das Disposições Gerais inquérito representar ao Ministério Público, para a in-
disponibilidade dos bens do indiciado.
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o
agente público, servidor ou não, contra a administração caput deste artigo recairá sobre bens que assegurem o
direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Pode- integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo
res da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos patrimonial resultante do enriquecimento ilícito.
Municípios, de Território, de empresa incorporada ao
patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao patri-
custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais mônio público ou se enriquecer ilicitamente está sujeito
de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anu- às cominações desta lei até o limite do valor da herança.
al, serão punidos na forma desta lei.
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades CAPÍTULO II
desta lei os atos de improbidade praticados contra o pa- Dos Atos de Improbidade Administrativa
trimônio de entidade que receba subvenção, benefício
ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem
como daquelas para cuja criação ou custeio o erário Seção I
haja concorrido ou concorra com menos de cinqüenta Dos Atos de Improbidade Administrativa
por cento do patrimônio ou da receita anual, limitando- que Importam Enriquecimento Ilícito
-se, nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão
do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.
Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa im-
portando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta
vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de
lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente
cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas enti-
ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designa-
dades mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente:
ção, contratação ou qualquer outra forma de investidura
ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem mó-
entidades mencionadas no artigo anterior. vel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica,
direta ou indireta, a título de comissão, percentagem,
Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que gratificação ou presente de quem tenha interesse, direto
couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, ou indireto, que possa ser atingido ou amparado por
induza ou concorra para a prática do ato de improbida- ação ou omissão decorrente das atribuições do agente
de ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou público;
indireta. II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta,

533
para facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem mencionadas no art. 1° desta lei.
móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas
entidades referidas no art. 1° por preço superior ao va- Seção II
lor de mercado; Dos Atos de Improbidade Administrativa
III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, que Causam Prejuízo ao Erário
para facilitar a alienação, permuta ou locação de bem
público ou o fornecimento de serviço por ente estatal
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa
por preço inferior ao valor de mercado;
que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão,
IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, des-
máquinas, equipamentos ou material de qualquer na- vio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos
tureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta
entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como lei, e notadamente:
o trabalho de servidores públicos, empregados ou ter-
I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a in-
ceiros contratados por essas entidades;
corporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou
V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes
direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a práti- do acervo patrimonial das entidades mencionadas no
ca de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de art. 1º desta lei;
contrabando, de usura ou de qualquer outra atividade
II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou
ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem;
jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valo-
VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, res integrantes do acervo patrimonial das entidades
direta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre me- mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância
dição ou avaliação em obras públicas ou qualquer outro das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis
serviço, ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade à espécie;
ou característica de mercadorias ou bens fornecidos a
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente
qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta
despersonalizado, ainda que de fins educativos ou
lei;
assistências, bens, rendas, verbas ou valores do patri-
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mônio de qualquer das entidades mencionadas no art.
mandato, cargo, emprego ou função pública, bens de 1º desta lei, sem observância das formalidades legais e
qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à regulamentares aplicáveis à espécie;
evolução do patrimônio ou à renda do agente público;
IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou loca-
VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade ção de bem integrante do patrimônio de qualquer das
de consultoria ou assessoramento para pessoa física ou entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a pres-
jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido tação de serviço por parte delas, por preço inferior ao
ou amparado por ação ou omissão decorrente das atri- de mercado;
buições do agente público, durante a atividade;
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação
IX - perceber vantagem econômica para intermediar a de bem ou serviço por preço superior ao de mercado;
liberação ou aplicação de verba pública de qualquer
VI - realizar operação financeira sem observância das
natureza;
normas legais e regulamentares ou aceitar garantia in-
X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, suficiente ou inidônea;
direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, provi-
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a
dência ou declaração a que esteja obrigado;
observância das formalidades legais ou regulamentares
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio aplicáveis à espécie;
bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo pa-
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de
trimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei;
processo seletivo para celebração de parcerias com
XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevi-
valores integrantes do acervo patrimonial das entidades damente;

534
IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não quer forma para a sua aplicação irregular.
autorizadas em lei ou regulamento; XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela admi-
X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou nistração pública com entidades privadas sem a estrita
renda, bem como no que diz respeito à conservação do observância das normas pertinentes ou influir de qual-
patrimônio público; quer forma para a sua aplicação irregular.
XI - liberar verba pública sem a estrita observância das
normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a Seção II-A
sua aplicação irregular; Dos Atos de Improbidade Administrativa
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se Decorrentes de Concessão ou Aplicação
enriqueça ilicitamente; Indevida de Benefício Financeiro ou
XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço parti- Tributário
cular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de
qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de Art. 10-A. Constitui ato de improbidade administrativa
qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta qualquer ação ou omissão para conceder, aplicar ou
lei, bem como o trabalho de servidor público, emprega- manter benefício financeiro ou tributário contrário ao
dos ou terceiros contratados por essas entidades. que dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei Com-
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha plementar nº 116, de 31 de julho de 2003.
por objeto a prestação de serviços públicos por meio
da gestão associada sem observar as formalidades pre- Seção III
vistas na lei; Dos Atos de Improbidade Administrativa
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público que Atentam Contra os Princípios da
sem suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem Administração Pública
observar as formalidades previstas na lei.
XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa
incorporação, ao patrimônio particular de pessoa física que atenta contra os princípios da administração públi-
ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores públi- ca qualquer ação ou omissão que viole os deveres de
cos transferidos pela administração pública a entida- honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às
des privadas mediante celebração de parcerias, sem a instituições, e notadamente:
observância das formalidades legais ou regulamentares I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regula-
aplicáveis à espécie; mento ou diverso daquele previsto, na regra de com-
XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou petência;
jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato
públicos transferidos pela administração pública a en- de ofício;
tidade privada mediante celebração de parcerias, sem a
observância das formalidades legais ou regulamentares III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência
aplicáveis à espécie; em razão das atribuições e que deva permanecer em
segredo;
XVIII - celebrar parcerias da administração pública com
entidades privadas sem a observância das formalidades IV - negar publicidade aos atos oficiais;
legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; V - frustrar a licitude de concurso público;
XIX - agir negligentemente na celebração, fiscalização e VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado
análise das prestações de contas de parcerias firmadas a fazê-lo;
pela administração pública com entidades privadas;
VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de
XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela admi- terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de
nistração pública com entidades privadas sem a estrita medida política ou econômica capaz de afetar o preço
observância das normas pertinentes ou influir de qual- de mercadoria, bem ou serviço.

535
VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fis- por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
calização e aprovação de contas de parcerias firmadas majoritário, pelo prazo de três anos.
pela administração pública com entidades privadas. IV - na hipótese prevista no art. 10-A, perda da função
IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de aces- pública, suspensão dos direitos políticos de 5 (cinco) a
sibilidade previstos na legislação. . 8 (oito) anos e multa civil de até 3 (três) vezes o valor do
benefício financeiro ou tributário concedido.
X - transferir recurso a entidade privada, em razão da
prestação de serviços na área de saúde sem a prévia Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta
celebração de contrato, convênio ou instrumento con- lei o juiz levará em conta a extensão do dano causado,
gênere, nos termos do parágrafo único do art. 24 da Lei assim como o proveito patrimonial obtido pelo agente.
nº 8.080, de 19 de setembro de 1990.
CAPÍTULO IV
CAPÍTULO III Da Declaração de Bens
Das Penas
Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam
Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis condicionados à apresentação de declaração dos bens
e administrativas previstas na legislação específica, e valores que compõem o seu patrimônio privado, a fim
está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às de ser arquivada no serviço de pessoal competente.
seguintes cominações, que podem ser aplicadas iso- § 1° A declaração compreenderá imóveis, móveis, se-
lada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade moventes, dinheiro, títulos, ações, e qualquer outra es-
do fato: pécie de bens e valores patrimoniais, localizado no País
I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores ou no exterior, e, quando for o caso, abrangerá os bens
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimen- e valores patrimoniais do cônjuge ou companheiro, dos
to integral do dano, quando houver, perda da função filhos e de outras pessoas que vivam sob a dependência
pública, suspensão dos direitos políticos de oito a dez econômica do declarante, excluídos apenas os objetos
anos, pagamento de multa civil de até três vezes o valor e utensílios de uso doméstico.
do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com § 2º A declaração de bens será anualmente atualizada e
o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fis- na data em que o agente público deixar o exercício do
cais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que mandato, cargo, emprego ou função.
por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
majoritário, pelo prazo de dez anos; § 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do
serviço público, sem prejuízo de outras sanções cabí-
II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do veis, o agente público que se recusar a prestar decla-
dano, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamen- ração dos bens, dentro do prazo determinado, ou que
te ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda a prestar falsa.
da função pública, suspensão dos direitos políticos de
cinco a oito anos, pagamento de multa civil de até duas § 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia
vezes o valor do dano e proibição de contratar com o da declaração anual de bens apresentada à Delegacia da
Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fis- Receita Federal na conformidade da legislação do Im-
cais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que posto sobre a Renda e proventos de qualquer natureza,
por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio com as necessárias atualizações, para suprir a exigên-
majoritário, pelo prazo de cinco anos; cia contida no caput e no § 2° deste artigo .
III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do
dano, se houver, perda da função pública, suspensão CAPÍTULO V
dos direitos políticos de três a cinco anos, pagamento Do Procedimento Administrativo e do
de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração Processo Judicial
percebida pelo agente e proibição de contratar com o
Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fis- Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autorida-
cais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que de administrativa competente para que seja instaurada

536
investigação destinada a apurar a prática de ato de im- bração de acordo de não persecução cível, nos termos
probidade. desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de
2019)
§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida a ter-
mo e assinada, conterá a qualificação do representante, § 2º A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá
as informações sobre o fato e sua autoria e a indicação as ações necessárias à complementação do ressarci-
das provas de que tenha conhecimento. mento do patrimônio público.
§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a representa- § 3º No caso de a ação principal ter sido proposta pelo
ção, em despacho fundamentado, se esta não contiver Ministério Público, aplica-se, no que couber, o dispos-
as formalidades estabelecidas no § 1º deste artigo. A to no § 3º do art. 6º da Lei no 4.717, de 29 de junho
rejeição não impede a representação ao Ministério Pú- de 1965.
blico, nos termos do art. 22 desta lei. § 4º O Ministério Público, se não intervir no processo
§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a auto- como parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei,
ridade determinará a imediata apuração dos fatos que, sob pena de nulidade.
em se tratando de servidores federais, será processada § 5º A propositura da ação prevenirá a jurisdição do
na forma prevista nos arts. 148 a 182 da Lei nº 8.112, juízo para todas as ações posteriormente intentadas que
de 11 de dezembro de 1990 e, em se tratando de servi- possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.
dor militar, de acordo com os respectivos regulamentos
disciplinares. § 6º A ação será instruída com documentos ou justifi-
cação que contenham indícios suficientes da existência
Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao do ato de improbidade ou com razões fundamentadas
Ministério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da impossibilidade de apresentação de qualquer des-
da existência de procedimento administrativo para apu- sas provas, observada a legislação vigente, inclusive as
rar a prática de ato de improbidade. disposições inscritas nos arts. 16 a 18 do Código de
Processo Civil.
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou
Conselho de Contas poderá, a requerimento, designar § 7º Estando a inicial em devida forma, o juiz manda-
representante para acompanhar o procedimento admi- rá autuá-la e ordenará a notificação do requerido, para
nistrativo. oferecer manifestação por escrito, que poderá ser ins-
truída com documentos e justificações, dentro do prazo
Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilida- de quinze dias.
de, a comissão representará ao Ministério Público ou à § 8º Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trin-
procuradoria do órgão para que requeira ao juízo com- ta dias, em decisão fundamentada, rejeitará a ação, se
petente a decretação do seqüestro dos bens do agente convencido da inexistência do ato de improbidade, da
ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou cau- improcedência da ação ou da inadequação da via eleita.
sado dano ao patrimônio público.
§ 9º Recebida a petição inicial, será o réu citado para
§ 1º O pedido de seqüestro será processado de acor- apresentar contestação.
do com o disposto nos arts. 822 e 825 do Código de
§ 10. Da decisão que receber a petição inicial, caberá
Processo Civil.
agravo de instrumento.
§ 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a investiga-
§ 10-A. Havendo a possibilidade de solução consensual,
ção, o exame e o bloqueio de bens, contas bancárias
poderão as partes requerer ao juiz a interrupção do prazo
e aplicações financeiras mantidas pelo indiciado no
para a contestação, por prazo não superior a 90 (noventa)
exterior, nos termos da lei e dos tratados internacionais.
dias. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será § 11. Em qualquer fase do processo, reconhecida a ina-
proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurí- dequação da ação de improbidade, o juiz extinguirá o
dica interessada, dentro de trinta dias da efetivação da processo sem julgamento do mérito.
medida cautelar. § 12. Aplica-se aos depoimentos ou inquirições rea-
§ 1º As ações de que trata este artigo admitem a cele- lizadas nos processos regidos por esta Lei o disposto

537
no art. 221, caput e § 1º, do Código de Processo Penal. Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei in-
depende:
§ 13. Para os efeitos deste artigo, também se considera
pessoa jurídica interessada o ente tributante que figurar I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público,
no polo ativo da obrigação tributária de que tratam o § salvo quanto à pena de ressarcimento;
4º do art. 3º e o art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão
de 31 de julho de 2003. de controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de
Contas.
Art. 17-A. (VETADO): (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019) Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta lei,
I - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) o Ministério Público, de ofício, a requerimento de au-
toridade administrativa ou mediante representação for-
II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
mulada de acordo com o disposto no art. 14, poderá
III - (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) requisitar a instauração de inquérito policial ou proce-
§ 1º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) dimento administrativo.

§ 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) CAPÍTULO VII


§ 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Da Prescrição
§ 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções
§ 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) previstas nesta lei podem ser propostas:
I - até cinco anos após o término do exercício de man-
Art. 18. A sentença que julgar procedente ação civil de
dato, de cargo em comissão ou de função de confiança;
reparação de dano ou decretar a perda dos bens havi-
dos ilicitamente determinará o pagamento ou a reversão II - dentro do prazo prescricional previsto em lei espe-
dos bens, conforme o caso, em favor da pessoa jurídica cífica para faltas disciplinares puníveis com demissão
prejudicada pelo ilícito. a bem do serviço público, nos casos de exercício de
cargo efetivo ou emprego.
CAPÍTULO VI III - até cinco anos da data da apresentação à adminis-
Das Disposições Penais tração pública da prestação de contas final pelas enti-
dades referidas no parágrafo único do art. 1º desta Lei.
Art. 19. Constitui crime a representação por ato de im-
probidade contra agente público ou terceiro beneficiá- CAPÍTULO VIII
rio, quando o autor da denúncia o sabe inocente. Das Disposições Finais

Pena: detenção de seis a dez meses e multa. Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publi-
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denuncian- cação.
te está sujeito a indenizar o denunciado pelos danos
materiais, morais ou à imagem que houver provocado. Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de
junho de 1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e
Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos demais disposições em contrário.
direitos políticos só se efetivam com o trânsito em jul-
gado da sentença condenatória. Rio de Janeiro, 2 de junho de 1992; 171° da Indepen-
dência e 104° da República.
Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa
competente poderá determinar o afastamento do agente
FERNANDO COLLOR
público do exercício do cargo, emprego ou função, sem
prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer ne- Célio Borja
cessária à instrução processual.
Este texto não substitui o publicado no DOU de 3.6.1992

538
processada e julgada em estrita conformidade com os
LEI DE LICITAÇÕES - Lei nº 8.666, princípios básicos da legalidade, da impessoalidade,
de 21 de junho de 1993. da moralidade, da igualdade, da publicidade, da pro-
bidade administrativa, da vinculação ao instrumento
Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes
Federal, institui normas para licitações e contra- são correlatos.
tos da Administração Pública e dá outras provi- § 1º É vedado aos agentes públicos:
dências.
I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convo-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o cação, cláusulas ou condições que comprometam, res-
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte trinjam ou frustrem o seu caráter competitivo, inclusive
Lei: nos casos de sociedades cooperativas, e estabeleçam
preferências ou distinções em razão da naturalidade, da
sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra
Capítulo I circunstância impertinente ou irrelevante para o espe-
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS cífico objeto do contrato, ressalvado o disposto nos §§
5º a 12 deste artigo e no art. 3º da Lei no 8.248, de 23
Seção I de outubro de 1991;
Dos Princípios II - estabelecer tratamento diferenciado de natureza co-
mercial, legal, trabalhista, previdenciária ou qualquer
outra, entre empresas brasileiras e estrangeiras, inclu-
Art. 1º Esta Lei estabelece normas gerais sobre licita-
sive no que se refere a moeda, modalidade e local de
ções e contratos administrativos pertinentes a obras,
pagamentos, mesmo quando envolvidos financiamen-
serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações
tos de agências internacionais, ressalvado o disposto
e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Esta-
no parágrafo seguinte e no art. 3º da Lei no 8.248, de
dos, do Distrito Federal e dos Municípios.
23 de outubro de 1991.
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei,
§ 2º Em igualdade de condições, como critério de de-
além dos órgãos da administração direta, os fundos
sempate, será assegurada preferência, sucessivamente,
especiais, as autarquias, as fundações públicas, as
aos bens e serviços:
empresas públicas, as sociedades de economia mista
e demais entidades controladas direta ou indiretamente I - (Revogado pela Lei nº 12.349, de 2010)
pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. II - produzidos no País;

Art. 2º As obras, serviços, inclusive de publicidade, III - produzidos ou prestados por empresas brasileiras.
compras, alienações, concessões, permissões e loca- IV - produzidos ou prestados por empresas que invis-
ções da Administração Pública, quando contratadas tam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia
com terceiros, serão necessariamente precedidas de no País.
licitação, ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei.
V - produzidos ou prestados por empresas que com-
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se provem cumprimento de reserva de cargos prevista em
contrato todo e qualquer ajuste entre órgãos ou enti- lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da
dades da Administração Pública e particulares, em que Previdência Social e que atendam às regras de acessi-
haja um acordo de vontades para a formação de vínculo bilidade previstas na legislação.
e a estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a
§ 3º A licitação não será sigilosa, sendo públicos e
denominação utilizada.
acessíveis ao público os atos de seu procedimento, sal-
vo quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva
Art. 3º A licitação destina-se a garantir a observância
abertura.
do princípio constitucional da isonomia, a seleção da
proposta mais vantajosa para a administração e a pro- § 4º (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
moção do desenvolvimento nacional sustentável e será § 5º Nos processos de licitação, poderá ser estabeleci-

539
da margem de preferência para: administração pública ou daqueles por ela indicados a
partir de processo isonômico, medidas de compensa-
I - produtos manufaturados e para serviços nacionais
ção comercial, industrial, tecnológica ou acesso a con-
que atendam a normas técnicas brasileiras; e
dições vantajosas de financiamento, cumulativamente
II - bens e serviços produzidos ou prestados por empre- ou não, na forma estabelecida pelo Poder Executivo
sas que comprovem cumprimento de reserva de cargos federal.
prevista em lei para pessoa com deficiência ou para re-
§ 12. Nas contratações destinadas à implantação, ma-
abilitado da Previdência Social e que atendam às regras
nutenção e ao aperfeiçoamento dos sistemas de tecno-
de acessibilidade previstas na legislação.
logia de informação e comunicação, considerados es-
§ 6º A margem de preferência de que trata o § 5º será tratégicos em ato do Poder Executivo federal, a licitação
estabelecida com base em estudos revistos periodica- poderá ser restrita a bens e serviços com tecnologia
mente, em prazo não superior a 5 (cinco) anos, que desenvolvida no País e produzidos de acordo com o
levem em consideração: processo produtivo básico de que trata a Lei no 10.176,
I - geração de emprego e renda; de 11 de janeiro de 2001.

II - efeito na arrecadação de tributos federais, estaduais § 13. Será divulgada na internet, a cada exercício finan-
e municipais; ceiro, a relação de empresas favorecidas em decorrên-
cia do disposto nos §§ 5º, 7º, 10, 11 e 12 deste artigo,
III - desenvolvimento e inovação tecnológica realizados com indicação do volume de recursos destinados a
no País; cada uma delas.
IV - custo adicional dos produtos e serviços; e § 14. As preferências definidas neste artigo e nas de-
V - em suas revisões, análise retrospectiva de resul- mais normas de licitação e contratos devem privilegiar
tados. o tratamento diferenciado e favorecido às microempre-
sas e empresas de pequeno porte na forma da lei.
§ 7º Para os produtos manufaturados e serviços nacio-
nais resultantes de desenvolvimento e inovação tecno- § 15. As preferências dispostas neste artigo prevalecem
lógica realizados no País, poderá ser estabelecido mar- sobre as demais preferências previstas na legislação
gem de preferência adicional àquela prevista no § 5º. quando estas forem aplicadas sobre produtos ou ser-
viços estrangeiros.
§ 8º As margens de preferência por produto, serviço,
grupo de produtos ou grupo de serviços, a que se refe-
Art. 4º Todos quantos participem de licitação promovi-
rem os §§ 5º e 7º, serão definidas pelo Poder Executivo
da pelos órgãos ou entidades a que se refere o art. 1º
federal, não podendo a soma delas ultrapassar o mon-
têm direito público subjetivo à fiel observância do per-
tante de 25% (vinte e cinco por cento) sobre o preço
tinente procedimento estabelecido nesta lei, podendo
dos produtos manufaturados e serviços estrangeiros.
qualquer cidadão acompanhar o seu desenvolvimento,
§ 9º As disposições contidas nos §§ 5º e 7º deste artigo desde que não interfira de modo a perturbar ou impedir
não se aplicam aos bens e aos serviços cuja capacidade a realização dos trabalhos.
de produção ou prestação no País seja inferior:
Parágrafo único. O procedimento licitatório previsto
I - à quantidade a ser adquirida ou contratada; ou nesta lei caracteriza ato administrativo formal, seja ele
II - ao quantitativo fixado com fundamento no § 7º do praticado em qualquer esfera da Administração Pública.
art. 23 desta Lei, quando for o caso.
Art. 5º Todos os valores, preços e custos utilizados
§ 10. A margem de preferência a que se refere o § 5º po- nas licitações terão como expressão monetária a mo-
derá ser estendida, total ou parcialmente, aos bens e eda corrente nacional, ressalvado o disposto no art. 42
serviços originários dos Estados Partes do Mercado desta Lei, devendo cada unidade da Administração, no
Comum do Sul - Mercosul. pagamento das obrigações relativas ao fornecimento
§ 11. Os editais de licitação para a contratação de bens, de bens, locações, realização de obras e prestação de
serviços e obras poderão, mediante prévia justificati- serviços, obedecer, para cada fonte diferenciada de re-
va da autoridade competente, exigir que o contratado cursos, a estrita ordem cronológica das datas de suas
promova, em favor de órgão ou entidade integrante da exigibilidades, salvo quando presentes relevantes ra-

540
zões de interesse público e mediante prévia justificativa dades da Administração, pelos próprios meios;
da autoridade competente, devidamente publicada. VIII - Execução indireta - a que o órgão ou entidade
§ 1º Os créditos a que se refere este artigo terão seus contrata com terceiros sob qualquer dos seguintes re-
valores corrigidos por critérios previstos no ato convo- gimes:
catório e que lhes preservem o valor. a) empreitada por preço global - quando se contrata a
§ 2º A correção de que trata o parágrafo anterior cujo execução da obra ou do serviço por preço certo e total;
pagamento será feito junto com o principal, correrá à b) empreitada por preço unitário - quando se contrata
conta das mesmas dotações orçamentárias que atende- a execução da obra ou do serviço por preço certo de
ram aos créditos a que se referem. unidades determinadas;
§ 3º Observados o disposto no caput, os pagamentos c) (Vetado).
decorrentes de despesas cujos valores não ultrapassem
o limite de que trata o inciso II do art. 24, sem prejuízo d) tarefa - quando se ajusta mão-de-obra para peque-
do que dispõe seu parágrafo único, deverão ser efetu- nos trabalhos por preço certo, com ou sem fornecimen-
ados no prazo de até 5 (cinco) dias úteis, contados da to de materiais;
apresentação da fatura. e) empreitada integral - quando se contrata um empre-
endimento em sua integralidade, compreendendo todas
Art. 5º-A. As normas de licitações e contratos devem as etapas das obras, serviços e instalações necessárias,
privilegiar o tratamento diferenciado e favorecido às sob inteira responsabilidade da contratada até a sua
microempresas e empresas de pequeno porte na forma entrega ao contratante em condições de entrada em
da lei. operação, atendidos os requisitos técnicos e legais para
sua utilização em condições de segurança estrutural e
Seção II operacional e com as características adequadas às fina-
Das Definições lidades para que foi contratada;
IX - Projeto Básico - conjunto de elementos necessá-
Art. 6º Para os fins desta Lei, considera-se:
rios e suficientes, com nível de precisão adequado, para
I - Obra - toda construção, reforma, fabricação, recu- caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou
peração ou ampliação, realizada por execução direta ou serviços objeto da licitação, elaborado com base nas
indireta; indicações dos estudos técnicos preliminares, que as-
II - Serviço - toda atividade destinada a obter determi- segurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento
nada utilidade de interesse para a Administração, tais do impacto ambiental do empreendimento, e que pos-
como: demolição, conserto, instalação, montagem, sibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos
operação, conservação, reparação, adaptação, manu- métodos e do prazo de execução, devendo conter os
tenção, transporte, locação de bens, publicidade, segu- seguintes elementos:
ro ou trabalhos técnico-profissionais; a) desenvolvimento da solução escolhida de forma a
III - Compra - toda aquisição remunerada de bens para fornecer visão global da obra e identificar todos os seus
fornecimento de uma só vez ou parceladamente; elementos constitutivos com clareza;

IV - Alienação - toda transferência de domínio de bens b) soluções técnicas globais e localizadas, suficiente-


a terceiros; mente detalhadas, de forma a minimizar a necessidade
de reformulação ou de variantes durante as fases de ela-
V - Obras, serviços e compras de grande vulto - aque- boração do projeto executivo e de realização das obras
las cujo valor estimado seja superior a 25 (vinte e cin- e montagem;
co) vezes o limite estabelecido na alínea “c” do inciso I
do art. 23 desta Lei; c) identificação dos tipos de serviços a executar e de
materiais e equipamentos a incorporar à obra, bem
VI - Seguro-Garantia - o seguro que garante o fiel cum- como suas especificações que assegurem os melhores
primento das obrigações assumidas por empresas em resultados para o empreendimento, sem frustrar o cará-
licitações e contratos; ter competitivo para a sua execução;
VII - Execução direta - a que é feita pelos órgãos e enti-

541
d) informações que possibilitem o estudo e a dedução XIX - sistemas de tecnologia de informação e comu-
de métodos construtivos, instalações provisórias e nicação estratégicos - bens e serviços de tecnologia
condições organizacionais para a obra, sem frustrar o da informação e comunicação cuja descontinuidade
caráter competitivo para a sua execução; provoque dano significativo à administração pública e
que envolvam pelo menos um dos seguintes requisitos
e) subsídios para montagem do plano de licitação e
relacionados às informações críticas: disponibilidade,
gestão da obra, compreendendo a sua programação, a
confiabilidade, segurança e confidencialidade.
estratégia de suprimentos, as normas de fiscalização e
outros dados necessários em cada caso; XX - produtos para pesquisa e desenvolvimento - bens,
insumos, serviços e obras necessários para atividade
f) orçamento detalhado do custo global da obra, funda-
de pesquisa científica e tecnológica, desenvolvimento
mentado em quantitativos de serviços e fornecimentos
de tecnologia ou inovação tecnológica, discriminados
propriamente avaliados;
em projeto de pesquisa aprovado pela instituição con-
X - Projeto Executivo - o conjunto dos elementos ne- tratante.
cessários e suficientes à execução completa da obra,
de acordo com as normas pertinentes da Associação Seção III
Brasileira de Normas Técnicas - ABNT;
Das Obras e Serviços
XI - Administração Pública - a administração direta e
indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e
Art. 7º As licitações para a execução de obras e para
dos Municípios, abrangendo inclusive as entidades
a prestação de serviços obedecerão ao disposto neste
com personalidade jurídica de direito privado sob con-
artigo e, em particular, à seguinte seqüência:
trole do poder público e das fundações por ele institu-
ídas ou mantidas; I - projeto básico;
XII - Administração - órgão, entidade ou unidade ad- II - projeto executivo;
ministrativa pela qual a Administração Pública opera e III - execução das obras e serviços.
atua concretamente;
§ 1º A execução de cada etapa será obrigatoriamente
XIII - Imprensa Oficial - veículo oficial de divulgação precedida da conclusão e aprovação, pela autoridade
da Administração Pública, sendo para a União o Diário competente, dos trabalhos relativos às etapas anterio-
Oficial da União, e, para os Estados, o Distrito Federal e res, à exceção do projeto executivo, o qual poderá ser
os Municípios, o que for definido nas respectivas leis; desenvolvido concomitantemente com a execução das
XIV - Contratante - é o órgão ou entidade signatária do obras e serviços, desde que também autorizado pela
instrumento contratual; Administração.
XV - Contratado - a pessoa física ou jurídica signatária § 2º As obras e os serviços somente poderão ser lici-
de contrato com a Administração Pública; tados quando:
XVI - Comissão - comissão, permanente ou especial, I - houver projeto básico aprovado pela autoridade
criada pela Administração com a função de receber, competente e disponível para exame dos interessados
examinar e julgar todos os documentos e procedi- em participar do processo licitatório;
mentos relativos às licitações e ao cadastramento de II - existir orçamento detalhado em planilhas que ex-
licitantes. pressem a composição de todos os seus custos uni-
XVII - produtos manufaturados nacionais - produtos tários;
manufaturados, produzidos no território nacional de III - houver previsão de recursos orçamentários que
acordo com o processo produtivo básico ou com as assegurem o pagamento das obrigações decorrentes
regras de origem estabelecidas pelo Poder Executivo de obras ou serviços a serem executadas no exercício
federal; financeiro em curso, de acordo com o respectivo cro-
XVIII - serviços nacionais - serviços prestados no País, nograma;
nas condições estabelecidas pelo Poder Executivo fe- IV - o produto dela esperado estiver contemplado nas
deral; metas estabelecidas no Plano Plurianual de que trata

542
o art. 165 da Constituição Federal, quando for o caso. Art. 9º Não poderá participar, direta ou indiretamente,
da licitação ou da execução de obra ou serviço e do
§ 3º É vedado incluir no objeto da licitação a obtenção
fornecimento de bens a eles necessários:
de recursos financeiros para sua execução, qualquer
que seja a sua origem, exceto nos casos de empre- I - o autor do projeto, básico ou executivo, pessoa física
endimentos executados e explorados sob o regime de ou jurídica;
concessão, nos termos da legislação específica. II - empresa, isoladamente ou em consórcio, responsá-
§ 4º É vedada, ainda, a inclusão, no objeto da licitação, vel pela elaboração do projeto básico ou executivo ou
de fornecimento de materiais e serviços sem previsão da qual o autor do projeto seja dirigente, gerente, acio-
de quantidades ou cujos quantitativos não correspon- nista ou detentor de mais de 5% (cinco por cento) do
dam às previsões reais do projeto básico ou executivo. capital com direito a voto ou controlador, responsável
técnico ou subcontratado;
§ 5º É vedada a realização de licitação cujo objeto inclua
bens e serviços sem similaridade ou de marcas, carac- III - servidor ou dirigente de órgão ou entidade contra-
terísticas e especificações exclusivas, salvo nos casos tante ou responsável pela licitação.
em que for tecnicamente justificável, ou ainda quando § 1º É permitida a participação do autor do projeto ou
o fornecimento de tais materiais e serviços for feito sob da empresa a que se refere o inciso II deste artigo, na
o regime de administração contratada, previsto e discri- licitação de obra ou serviço, ou na execução, como
minado no ato convocatório. consultor ou técnico, nas funções de fiscalização, su-
§ 6º A infringência do disposto neste artigo implica a pervisão ou gerenciamento, exclusivamente a serviço
nulidade dos atos ou contratos realizados e a responsa- da Administração interessada.
bilidade de quem lhes tenha dado causa. § 2º O disposto neste artigo não impede a licitação ou
§ 7º Não será ainda computado como valor da obra contratação de obra ou serviço que inclua a elaboração
ou serviço, para fins de julgamento das propostas de de projeto executivo como encargo do contratado ou
preços, a atualização monetária das obrigações de pa- pelo preço previamente fixado pela Administração.
gamento, desde a data final de cada período de aferi- § 3º Considera-se participação indireta, para fins do
ção até a do respectivo pagamento, que será calculada disposto neste artigo, a existência de qualquer vínculo
pelos mesmos critérios estabelecidos obrigatoriamente de natureza técnica, comercial, econômica, financeira
no ato convocatório. ou trabalhista entre o autor do projeto, pessoa física
§ 8º Qualquer cidadão poderá requerer à Administração ou jurídica, e o licitante ou responsável pelos serviços,
Pública os quantitativos das obras e preços unitários de fornecimentos e obras, incluindo-se os fornecimentos
determinada obra executada. de bens e serviços a estes necessários.
§ 9º O disposto neste artigo aplica-se também, no que § 4º O disposto no parágrafo anterior aplica-se aos
couber, aos casos de dispensa e de inexigibilidade de membros da comissão de licitação.
licitação.
Art. 10. As obras e serviços poderão ser executados nas
Art. 8º A execução das obras e dos serviços deve pro- seguintes formas:
gramar-se, sempre, em sua totalidade, previstos seus I - execução direta;
custos atual e final e considerados os prazos de sua
execução. II - execução indireta, nos seguintes regimes:
Parágrafo único. É proibido o retardamento imotivado a) empreitada por preço global;
da execução de obra ou serviço, ou de suas parcelas, b) empreitada por preço unitário;
se existente previsão orçamentária para sua execução
total, salvo insuficiência financeira ou comprovado c) (Vetado).
motivo de ordem técnica, justificados em despacho d) tarefa;
circunstanciado da autoridade a que se refere o art. 26
e) empreitada integral.
desta Lei.
Parágrafo único. (Vetado).

543
Art. 11. As obras e serviços destinados aos mesmos ção, os contratos para a prestação de serviços técnicos
fins terão projetos padronizados por tipos, categorias profissionais especializados deverão, preferencialmen-
ou classes, exceto quando o projeto-padrão não aten- te, ser celebrados mediante a realização de concurso,
der às condições peculiares do local ou às exigências com estipulação prévia de prêmio ou remuneração.
específicas do empreendimento. § 2º Aos serviços técnicos previstos neste artigo apli-
ca-se, no que couber, o disposto no art. 111 desta Lei.
Art. 12. Nos projetos básicos e projetos executivos de
obras e serviços serão considerados principalmente os § 3º A empresa de prestação de serviços técnicos es-
seguintes requisitos: pecializados que apresente relação de integrantes de
seu corpo técnico em procedimento licitatório ou como
I - segurança; elemento de justificação de dispensa ou inexigibilidade
II - funcionalidade e adequação ao interesse público; de licitação, ficará obrigada a garantir que os referidos
integrantes realizem pessoal e diretamente os serviços
III - economia na execução, conservação e operação;
objeto do contrato.
IV - possibilidade de emprego de mão-de-obra, mate-
riais, tecnologia e matérias-primas existentes no local Seção V
para execução, conservação e operação;
Das Compras
V - facilidade na execução, conservação e operação,
sem prejuízo da durabilidade da obra ou do serviço;
Art. 14. Nenhuma compra será feita sem a adequada ca-
VI - adoção das normas técnicas, de saúde e de segu- racterização de seu objeto e indicação dos recursos or-
rança do trabalho adequadas; çamentários para seu pagamento, sob pena de nulidade
VII - impacto ambiental. do ato e responsabilidade de quem lhe tiver dado causa.

Art. 15. As compras, sempre que possível, deverão:


Seção IV
Dos Serviços Técnicos Profissionais I - atender ao princípio da padronização, que imponha
compatibilidade de especificações técnicas e de desem-
Especializados
penho, observadas, quando for o caso, as condições de
manutenção, assistência técnica e garantia oferecidas;
Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços
II - ser processadas através de sistema de registro de
técnicos profissionais especializados os trabalhos re-
preços;
lativos a:
III - submeter-se às condições de aquisição e pagamen-
I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos
to semelhantes às do setor privado;
ou executivos;
IV - ser subdivididas em tantas parcelas quantas ne-
II - pareceres, perícias e avaliações em geral;
cessárias para aproveitar as peculiaridades do mercado,
III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias visando economicidade;
financeiras ou tributárias;
V - balizar-se pelos preços praticados no âmbito dos
IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras órgãos e entidades da Administração Pública.
ou serviços;
§ 1º O registro de preços será precedido de ampla pes-
V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou admi- quisa de mercado.
nistrativas;
§ 2º Os preços registrados serão publicados trimestral-
VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal; mente para orientação da Administração, na imprensa
VII - restauração de obras de arte e bens de valor his- oficial.
tórico. § 3º O sistema de registro de preços será regulamenta-
VIII - (Vetado). do por decreto, atendidas as peculiaridades regionais,
observadas as seguintes condições:
§ 1º Ressalvados os casos de inexigibilidade de licita-

544
I - seleção feita mediante concorrência; Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública,
subordinada à existência de interesse público devida-
II - estipulação prévia do sistema de controle e atualiza-
mente justificado, será precedida de avaliação e obede-
ção dos preços registrados;
cerá às seguintes normas:
III - validade do registro não superior a um ano.
I - quando imóveis, dependerá de autorização legisla-
§ 4º A existência de preços registrados não obriga a tiva para órgãos da administração direta e entidades
Administração a firmar as contratações que deles po- autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as
derão advir, ficando-lhe facultada a utilização de outros entidades paraestatais, dependerá de avaliação prévia e
meios, respeitada a legislação relativa às licitações, de licitação na modalidade de concorrência, dispensada
sendo assegurado ao beneficiário do registro preferên- esta nos seguintes casos:
cia em igualdade de condições.
a) dação em pagamento;
§ 5º O sistema de controle originado no quadro geral
b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão
de preços, quando possível, deverá ser informatizado.
ou entidade da administração pública, de qualquer
§ 6º Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar esfera de governo, ressalvado o disposto nas alíne-
preço constante do quadro geral em razão de incompa- as f, h e i;
tibilidade desse com o preço vigente no mercado.
c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos
§ 7º Nas compras deverão ser observadas, ainda: constantes do inciso X do art. 24 desta Lei;
I - a especificação completa do bem a ser adquirido sem d) investidura;
indicação de marca;
e) venda a outro órgão ou entidade da administração
II - a definição das unidades e das quantidades a serem pública, de qualquer esfera de governo;
adquiridas em função do consumo e utilização prová-
f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão
veis, cuja estimativa será obtida, sempre que possível,
de direito real de uso, locação ou permissão de uso de
mediante adequadas técnicas quantitativas de estima-
bens imóveis residenciais construídos, destinados ou
ção;
efetivamente utilizados no âmbito de programas habita-
III - as condições de guarda e armazenamento que não cionais ou de regularização fundiária de interesse social
permitam a deterioração do material. desenvolvidos por órgãos ou entidades da administra-
§ 8º O recebimento de material de valor superior ao ção pública;
limite estabelecido no art. 23 desta Lei, para a moda- g) procedimentos de legitimação de posse de que trata
lidade de convite, deverá ser confiado a uma comissão o art. 29 da Lei no 6.383, de 7 de dezembro de 1976,
de, no mínimo, 3 (três) membros. mediante iniciativa e deliberação dos órgãos da Admi-
nistração Pública em cuja competência legal inclua-se
Art. 16. Será dada publicidade, mensalmente, em ór- tal atribuição;
gão de divulgação oficial ou em quadro de avisos de
h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, conces-
amplo acesso público, à relação de todas as compras
são de direito real de uso, locação ou permissão de uso
feitas pela Administração Direta ou Indireta, de maneira
de bens imóveis de uso comercial de âmbito local com
a clarificar a identificação do bem comprado, seu preço
área de até 250 m² (duzentos e cinqüenta metros qua-
unitário, a quantidade adquirida, o nome do vendedor e
drados) e inseridos no âmbito de programas de regula-
o valor total da operação, podendo ser aglutinadas por
rização fundiária de interesse social desenvolvidos por
itens as compras feitas com dispensa e inexigibilidade
órgãos ou entidades da administração pública;
de licitação.
i) alienação e concessão de direito real de uso, gratui-
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica
ta ou onerosa, de terras públicas rurais da União e do
aos casos de dispensa de licitação previstos no inciso
Incra, onde incidam ocupações até o limite de que trata
IX do art. 24.
o § 1º do art. 6º da Lei no 11.952, de 25 de junho de
2009, para fins de regularização fundiária, atendidos os
Seção VI requisitos legais; e
Das Alienações

545
II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de administrativas de zoneamento ecológico-econômico; e
licitação, dispensada esta nos seguintes casos: IV - previsão de rescisão automática da concessão, dis-
a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de pensada notificação, em caso de declaração de utilida-
interesse social, após avaliação de sua oportunidade e de, ou necessidade pública ou interesse social.
conveniência sócio-econômica, relativamente à escolha § 2º-B. A hipótese do inciso II do § 2º deste artigo:
de outra forma de alienação;
I - só se aplica a imóvel situado em zona rural, não
b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou sujeito a vedação, impedimento ou inconveniente a sua
entidades da Administração Pública; exploração mediante atividades agropecuárias;
c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bol- II – fica limitada a áreas de até quinze módulos fiscais,
sa, observada a legislação específica; desde que não exceda mil e quinhentos hectares, veda-
d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente; da a dispensa de licitação para áreas superiores a esse
limite;
e) venda de bens produzidos ou comercializados por
órgãos ou entidades da Administração Pública, em vir- III - pode ser cumulada com o quantitativo de área de-
tude de suas finalidades; corrente da figura prevista na alínea g do inciso I do
caput deste artigo, até o limite previsto no inciso II deste
f) venda de materiais e equipamentos para outros ór-
parágrafo.
gãos ou entidades da Administração Pública, sem utili-
zação previsível por quem deles dispõe. IV – (VETADO)
§ 1º Os imóveis doados com base na alínea «b» do in- § 3º Entende-se por investidura, para os fins desta lei:
ciso I deste artigo, cessadas as razões que justificaram I - a alienação aos proprietários de imóveis lindeiros
a sua doação, reverterão ao patrimônio da pessoa jurí- de área remanescente ou resultante de obra pública,
dica doadora, vedada a sua alienação pelo beneficiário. área esta que se tornar inaproveitável isoladamente, por
§ 2º A Administração também poderá conceder título preço nunca inferior ao da avaliação e desde que esse
de propriedade ou de direito real de uso de imóveis, não ultrapasse a 50% (cinqüenta por cento) do valor
dispensada licitação, quando o uso destinar-se: constante da alínea “a” do inciso II do art. 23 desta lei;
I - a outro órgão ou entidade da Administração Pública, II - a alienação, aos legítimos possuidores diretos ou,
qualquer que seja a localização do imóvel; na falta destes, ao Poder Público, de imóveis para fins
residenciais construídos em núcleos urbanos anexos
II - a pessoa natural que, nos termos de lei, regulamen-
a usinas hidrelétricas, desde que considerados dis-
to ou ato normativo do órgão competente, haja imple-
pensáveis na fase de operação dessas unidades e não
mentado os requisitos mínimos de cultura, ocupação
integrem a categoria de bens reversíveis ao final da
mansa e pacífica e exploração direta sobre área rural,
concessão.
observado o limite de que trata o § 1º do art. 6º da Lei
no 11.952, de 25 de junho de 2009; § 4º A doação com encargo será licitada e de seu ins-
trumento constarão, obrigatoriamente os encargos, o
§ 2º-A. As hipóteses do inciso II do § 2º ficam dispen-
prazo de seu cumprimento e cláusula de reversão, sob
sadas de autorização legislativa, porém submetem-se
pena de nulidade do ato, sendo dispensada a licitação
aos seguintes condicionamentos:
no caso de interesse público devidamente justificado;
I - aplicação exclusivamente às áreas em que a deten-
§ 5º Na hipótese do parágrafo anterior, caso o donatário
ção por particular seja comprovadamente anterior a
necessite oferecer o imóvel em garantia de financia-
1º de dezembro de 2004;
mento, a cláusula de reversão e demais obrigações se-
II - submissão aos demais requisitos e impedimentos rão garantidas por hipoteca em segundo grau em favor
do regime legal e administrativo da destinação e da re- do doador.
gularização fundiária de terras públicas;
§ 6º Para a venda de bens móveis avaliados, isolada ou
III - vedação de concessões para hipóteses de explo- globalmente, em quantia não superior ao limite previsto
ração não-contempladas na lei agrária, nas leis de no art. 23, inciso II, alínea «b» desta Lei, a Administra-
destinação de terras públicas, ou nas normas legais ou ção poderá permitir o leilão.

546
§ 7º (VETADO). ou Municipal, ou do Distrito Federal;
III - em jornal diário de grande circulação no Estado e
Art. 18. Na concorrência para a venda de bens imóveis, também, se houver, em jornal de circulação no Muni-
a fase de habilitação limitar-se-á à comprovação do re- cípio ou na região onde será realizada a obra, presta-
colhimento de quantia correspondente a 5% (cinco por do o serviço, fornecido, alienado ou alugado o bem,
cento) da avaliação. podendo ainda a Administração, conforme o vulto da
Parágrafo único. licitação, utilizar-se de outros meios de divulgação para
ampliar a área de competição.
Art. 19. Os bens imóveis da Administração Pública, § 1º O aviso publicado conterá a indicação do local em
cuja aquisição haja derivado de procedimentos judi- que os interessados poderão ler e obter o texto integral
ciais ou de dação em pagamento, poderão ser aliena- do edital e todas as informações sobre a licitação.
dos por ato da autoridade competente, observadas as
seguintes regras: § 2º O prazo mínimo até o recebimento das propostas
ou da realização do evento será:
I - avaliação dos bens alienáveis;
I - quarenta e cinco dias para:
II - comprovação da necessidade ou utilidade da alie-
nação; a) concurso;

III - adoção do procedimento licitatório, sob a modali- b) concorrência, quando o contrato a ser celebrado
dade de concorrência ou leilão. contemplar o regime de empreitada integral ou quando
a licitação for do tipo “melhor técnica” ou “técnica e
preço”;
Capítulo II
Da Licitação II - trinta dias para:
a) concorrência, nos casos não especificados na alínea
“b” do inciso anterior;
Seção I
Das Modalidades, Limites e Dispensa b) tomada de preços, quando a licitação for do tipo
“melhor técnica” ou “técnica e preço”;
Art. 20. As licitações serão efetuadas no local onde se III - quinze dias para a tomada de preços, nos casos não
situar a repartição interessada, salvo por motivo de in- especificados na alínea “b” do inciso anterior, ou leilão;
teresse público, devidamente justificado. IV - cinco dias úteis para convite.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não impedirá a § 3º Os prazos estabelecidos no parágrafo anterior se-
habilitação de interessados residentes ou sediados em rão contados a partir da última publicação do edital re-
outros locais. sumido ou da expedição do convite, ou ainda da efetiva
disponibilidade do edital ou do convite e respectivos
Art. 21. Os avisos contendo os resumos dos editais das anexos, prevalecendo a data que ocorrer mais tarde.
concorrências, das tomadas de preços, dos concursos
e dos leilões, embora realizados no local da repartição § 4º Qualquer modificação no edital exige divulgação
interessada, deverão ser publicados com antecedência, pela mesma forma que se deu o texto original, rea-
no mínimo, por uma vez: brindo-se o prazo inicialmente estabelecido, exceto
quando, inqüestionavelmente, a alteração não afetar a
I - no Diário Oficial da União, quando se tratar de li- formulação das propostas.
citação feita por órgão ou entidade da Administração
Pública Federal e, ainda, quando se tratar de obras fi- Art. 22. São modalidades de licitação:
nanciadas parcial ou totalmente com recursos federais
ou garantidas por instituições federais; I - concorrência;

II - no Diário Oficial do Estado, ou do Distrito Federal II - tomada de preços;


quando se tratar, respectivamente, de licitação feita por III - convite;
órgão ou entidade da Administração Pública Estadual
IV - concurso;

547
V - leilão. § 9º Na hipótese do parágrafo 2º deste artigo, a admi-
nistração somente poderá exigir do licitante não cadas-
§ 1º Concorrência é a modalidade de licitação entre
trado os documentos previstos nos arts. 27 a 31, que
quaisquer interessados que, na fase inicial de habili-
comprovem habilitação compatível com o objeto da
tação preliminar, comprovem possuir os requisitos mí-
licitação, nos termos do edital.
nimos de qualificação exigidos no edital para execução
de seu objeto.
Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem
§ 2º Tomada de preços é a modalidade de licitação entre os incisos I a III do artigo anterior serão determinadas
interessados devidamente cadastrados ou que atende- em função dos seguintes limites, tendo em vista o valor
rem a todas as condições exigidas para cadastramento estimado da contratação:
até o terceiro dia anterior à data do recebimento das
propostas, observada a necessária qualificação. I - para obras e serviços de engenharia:

§ 3º Convite é a modalidade de licitação entre interes- a) convite - até R$ 150.000,00 (cento e cinqüenta mil
sados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou reais);
não, escolhidos e convidados em número mínimo de b) tomada de preços - até R$ 1.500.000,00 (um milhão
3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em e quinhentos mil reais);
local apropriado, cópia do instrumento convocatório e
c) concorrência: acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão
o estenderá aos demais cadastrados na correspondente
e quinhentos mil reais);
especialidade que manifestarem seu interesse com an-
tecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresen- II - para compras e serviços não referidos no inciso
tação das propostas. anterior:
§ 4º Concurso é a modalidade de licitação entre quais- a) convite - até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais);
quer interessados para escolha de trabalho técnico, b) tomada de preços - até R$ 650.000,00 (seiscentos e
científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios cinqüenta mil reais);
ou remuneração aos vencedores, conforme critérios
constantes de edital publicado na imprensa oficial com c) concorrência - acima de R$ 650.000,00 (seiscentos
antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias. e cinqüenta mil reais).

§ 5º Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer § 1º As obras, serviços e compras efetuadas pela Ad-
interessados para a venda de bens móveis inservíveis ministração serão divididas em tantas parcelas quantas
para a administração ou de produtos legalmente apre- se comprovarem técnica e economicamente viáveis,
endidos ou penhorados, ou para a alienação de bens procedendo-se à licitação com vistas ao melhor apro-
imóveis prevista no art. 19, a quem oferecer o maior veitamento dos recursos disponíveis no mercado e à
lance, igual ou superior ao valor da avaliação. ampliação da competitividade sem perda da economia
de escala.
§ 6º Na hipótese do § 3º deste artigo, existindo na praça
mais de 3 (três) possíveis interessados, a cada novo § 2º Na execução de obras e serviços e nas compras
convite, realizado para objeto idêntico ou assemelhado, de bens, parceladas nos termos do parágrafo anterior,
é obrigatório o convite a, no mínimo, mais um interes- a cada etapa ou conjunto de etapas da obra, serviço ou
sado, enquanto existirem cadastrados não convidados compra, há de corresponder licitação distinta, preserva-
nas últimas licitações. da a modalidade pertinente para a execução do objeto
em licitação.
§ 7º Quando, por limitações do mercado ou manifesto
desinteresse dos convidados, for impossível a obtenção § 3º A concorrência é a modalidade de licitação cabí-
do número mínimo de licitantes exigidos no § 3º deste vel, qualquer que seja o valor de seu objeto, tanto na
artigo, essas circunstâncias deverão ser devidamen- compra ou alienação de bens imóveis, ressalvado o
te justificadas no processo, sob pena de repetição do disposto no art. 19, como nas concessões de direito
convite. real de uso e nas licitações internacionais, admitin-
do-se neste último caso, observados os limites deste
§ 8º É vedada a criação de outras modalidades de licita- artigo, a tomada de preços, quando o órgão ou entidade
ção ou a combinação das referidas neste artigo. dispuser de cadastro internacional de fornecedores ou

548
o convite, quando não houver fornecedor do bem ou III - nos casos de guerra ou grave perturbação da or-
serviço no País. dem;
§ 4º Nos casos em que couber convite, a Administração IV - nos casos de emergência ou de calamidade públi-
poderá utilizar a tomada de preços e, em qualquer caso, ca, quando caracterizada urgência de atendimento de
a concorrência. situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer
a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos
§ 5º É vedada a utilização da modalidade «convite» ou
e outros bens, públicos ou particulares, e somente para
«tomada de preços», conforme o caso, para parcelas de
os bens necessários ao atendimento da situação emer-
uma mesma obra ou serviço, ou ainda para obras e ser-
gencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e ser-
viços da mesma natureza e no mesmo local que possam
viços que possam ser concluídas no prazo máximo de
ser realizadas conjunta e concomitantemente, sempre
180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos,
que o somatório de seus valores caracterizar o caso de
contados da ocorrência da emergência ou calamidade,
«tomada de preços» ou «concorrência», respectiva-
vedada a prorrogação dos respectivos contratos;
mente, nos termos deste artigo, exceto para as parcelas
de natureza específica que possam ser executadas por V - quando não acudirem interessados à licitação ante-
pessoas ou empresas de especialidade diversa daquela rior e esta, justificadamente, não puder ser repetida sem
do executor da obra ou serviço. prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso,
todas as condições preestabelecidas;
§ 6º As organizações industriais da Administração Fe-
deral direta, em face de suas peculiaridades, obedece- VI - quando a União tiver que intervir no domínio eco-
rão aos limites estabelecidos no inciso I deste artigo nômico para regular preços ou normalizar o abasteci-
também para suas compras e serviços em geral, desde mento;
que para a aquisição de materiais aplicados exclusiva- VII - quando as propostas apresentadas consignarem
mente na manutenção, reparo ou fabricação de meios preços manifestamente superiores aos praticados no
operacionais bélicos pertencentes à União. mercado nacional, ou forem incompatíveis com os
§ 7º Na compra de bens de natureza divisível e desde fixados pelos órgãos oficiais competentes, casos em
que não haja prejuízo para o conjunto ou complexo, é que, observado o parágrafo único do art. 48 desta Lei
permitida a cotação de quantidade inferior à demandada e, persistindo a situação, será admitida a adjudicação
na licitação, com vistas a ampliação da competitivida- direta dos bens ou serviços, por valor não superior ao
de, podendo o edital fixar quantitativo mínimo para pre- constante do registro de preços, ou dos serviços;
servar a economia de escala. VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito
§ 8º No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o público interno, de bens produzidos ou serviços presta-
dobro dos valores mencionados no caput deste artigo dos por órgão ou entidade que integre a Administração
quando formado por até 3 (três) entes da Federação, e o Pública e que tenha sido criado para esse fim especí-
triplo, quando formado por maior número. fico em data anterior à vigência desta Lei, desde que o
preço contratado seja compatível com o praticado no
Art. 24. É dispensável a licitação: mercado;
I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% IX - quando houver possibilidade de comprometimen-
(dez por cento) do limite previsto na alínea “a”, do inci- to da segurança nacional, nos casos estabelecidos em
so I do artigo anterior, desde que não se refiram a parce- decreto do Presidente da República, ouvido o Conselho
las de uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras de Defesa Nacional;
e serviços da mesma natureza e no mesmo local que X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao
possam ser realizadas conjunta e concomitantemente; atendimento das finalidades precípuas da administra-
II - para outros serviços e compras de valor até 10% ção, cujas necessidades de instalação e localização
(dez por cento) do limite previsto na alínea “a”, do in- condicionem a sua escolha, desde que o preço seja
ciso II do artigo anterior e para alienações, nos casos compatível com o valor de mercado, segundo avaliação
previstos nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas prévia;
de um mesmo serviço, compra ou alienação de maior XI - na contratação de remanescente de obra, serviço ou
vulto que possa ser realizada de uma só vez; fornecimento, em conseqüência de rescisão contratual,

549
desde que atendida a ordem de classificação da licita- a padronização requerida pela estrutura de apoio lo-
ção anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas gístico dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante
pelo licitante vencedor, inclusive quanto ao preço, de- parecer de comissão instituída por decreto;
vidamente corrigido; XX - na contratação de associação de portadores de
XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros deficiência física, sem fins lucrativos e de comprovada
gêneros perecíveis, no tempo necessário para a realiza- idoneidade, por órgãos ou entidades da Admininistra-
ção dos processos licitatórios correspondentes, realiza- ção Pública, para a prestação de serviços ou forneci-
das diretamente com base no preço do dia; mento de mão-de-obra, desde que o preço contratado
seja compatível com o praticado no mercado.
XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida
regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino XXI - para a aquisição ou contratação de produto para
ou do desenvolvimento institucional, ou de instituição pesquisa e desenvolvimento, limitada, no caso de obras
dedicada à recuperação social do preso, desde que a e serviços de engenharia, a 20% (vinte por cento) do
contratada detenha inquestionável reputação ético-pro- valor de que trata a alínea “b” do inciso I do caput do
fissional e não tenha fins lucrativos; art. 23;
XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento
de acordo internacional específico aprovado pelo Con- de energia elétrica e gás natural com concessionário,
gresso Nacional, quando as condições ofertadas forem permissionário ou autorizado, segundo as normas da
manifestamente vantajosas para o Poder Público; legislação específica;
XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte XXIII - na contratação realizada por empresa pública
e objetos históricos, de autenticidade certificada, desde ou sociedade de economia mista com suas subsidi-
que compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão árias e controladas, para a aquisição ou alienação de
ou entidade. bens, prestação ou obtenção de serviços, desde que o
preço contratado seja compatível com o praticado no
XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formu-
mercado.
lários padronizados de uso da administração, e de edi-
ções técnicas oficiais, bem como para prestação de ser- XXIV - para a celebração de contratos de prestação de
viços de informática a pessoa jurídica de direito público serviços com as organizações sociais, qualificadas no
interno, por órgãos ou entidades que integrem a Ad- âmbito das respectivas esferas de governo, para ativi-
ministração Pública, criados para esse fim específico; dades contempladas no contrato de gestão.
XVII - para a aquisição de componentes ou peças de XXV - na contratação realizada por Instituição Científica
origem nacional ou estrangeira, necessários à manu- e Tecnológica - ICT ou por agência de fomento para a
tenção de equipamentos durante o período de garantia transferência de tecnologia e para o licenciamento de
técnica, junto ao fornecedor original desses equipa- direito de uso ou de exploração de criação protegida.
mentos, quando tal condição de exclusividade for in- XXVI – na celebração de contrato de programa com
dispensável para a vigência da garantia; ente da Federação ou com entidade de sua administra-
XVIII - nas compras ou contratações de serviços para o ção indireta, para a prestação de serviços públicos de
abastecimento de navios, embarcações, unidades aére- forma associada nos termos do autorizado em contrato
as ou tropas e seus meios de deslocamento quando em de consórcio público ou em convênio de cooperação.
estada eventual de curta duração em portos, aeroportos XXVII - na contratação da coleta, processamento e co-
ou localidades diferentes de suas sedes, por motivo de mercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis
movimentação operacional ou de adestramento, quan- ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta sele-
do a exiguidade dos prazos legais puder comprometer tiva de lixo, efetuados por associações ou cooperativas
a normalidade e os propósitos das operações e desde formadas exclusivamente por pessoas físicas de baixa
que seu valor não exceda ao limite previsto na alínea “a” renda reconhecidas pelo poder público como catadores
do inciso II do art. 23 desta Lei: de materiais recicláveis, com o uso de equipamentos
XIX - para as compras de material de uso pelas Forças compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de
Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal e saúde pública.
administrativo, quando houver necessidade de manter

550
XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços, pro- anterior à vigência desta Lei, desde que o preço contra-
duzidos ou prestados no País, que envolvam, cumu- tado seja compatível com o praticado no mercado.
lativamente, alta complexidade tecnológica e defesa XXXV - para a construção, a ampliação, a reforma e o
nacional, mediante parecer de comissão especialmente aprimoramento de estabelecimentos penais, desde que
designada pela autoridade máxima do órgão. configurada situação de grave e iminente risco à segu-
XXIX – na aquisição de bens e contratação de serviços rança pública.
para atender aos contingentes militares das Forças Sin- § 1º Os percentuais referidos nos incisos I e II
gulares brasileiras empregadas em operações de paz no do caput deste artigo serão 20% (vinte por cento) para
exterior, necessariamente justificadas quanto ao preço e compras, obras e serviços contratados por consórcios
à escolha do fornecedor ou executante e ratificadas pelo públicos, sociedade de economia mista, empresa públi-
Comandante da Força. ca e por autarquia ou fundação qualificadas, na forma
XXX - na contratação de instituição ou organização, da lei, como Agências Executivas.
pública ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a § 2º O limite temporal de criação do órgão ou entidade
prestação de serviços de assistência técnica e extensão que integre a administração pública estabelecido no in-
rural no âmbito do Programa Nacional de Assistência ciso VIII do caput deste artigo não se aplica aos órgãos
Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na ou entidades que produzem produtos estratégicos para
Reforma Agrária, instituído por lei federal. o SUS, no âmbito da Lei no 8.080, de 19 de setembro
XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do de 1990, conforme elencados em ato da direção nacio-
disposto nos arts. 3º, 4º, 5º e 20 da Lei no 10.973, de 2 nal do SUS.
de dezembro de 2004, observados os princípios gerais § 3º A hipótese de dispensa prevista no inciso XXI
de contratação dela constantes. do caput, quando aplicada a obras e serviços de enge-
XXXII - na contratação em que houver transferência nharia, seguirá procedimentos especiais instituídos em
de tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema regulamentação específica.
Único de Saúde - SUS, no âmbito da Lei no 8.080, de § 4º Não se aplica a vedação prevista no inciso I
19 de setembro de 1990, conforme elencados em ato do caput do art. 9º à hipótese prevista no inciso XXI
da direção nacional do SUS, inclusive por ocasião da do caput.
aquisição destes produtos durante as etapas de absor-
ção tecnológica.
Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabili-
XXXIII - na contratação de entidades privadas sem fins dade de competição, em especial:
lucrativos, para a implementação de cisternas ou outras
I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou
tecnologias sociais de acesso à água para consumo
gêneros que só possam ser fornecidos por produtor,
humano e produção de alimentos, para beneficiar as
empresa ou representante comercial exclusivo, vedada
famílias rurais de baixa renda atingidas pela seca ou
a preferência de marca, devendo a comprovação de ex-
falta regular de água.
clusividade ser feita através de atestado fornecido pelo
XXXIV - para a aquisição por pessoa jurídica de direito órgão de registro do comércio do local em que se reali-
público interno de insumos estratégicos para a saúde zaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato,
produzidos ou distribuídos por fundação que, regi- Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas
mental ou estatutariamente, tenha por finalidade apoiar entidades equivalentes;
órgão da administração pública direta, sua autarquia ou
II - para a contratação de serviços técnicos enume-
fundação em projetos de ensino, pesquisa, extensão,
rados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com
desenvolvimento institucional, científico e tecnológico
profissionais ou empresas de notória especialização,
e estímulo à inovação, inclusive na gestão administra-
vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade
tiva e financeira necessária à execução desses projetos,
e divulgação;
ou em parcerias que envolvam transferência de tecno-
logia de produtos estratégicos para o Sistema Único de III - para contratação de profissional de qualquer setor
Saúde – SUS, nos termos do inciso XXXII deste artigo, artístico, diretamente ou através de empresário exclusi-
e que tenha sido criada para esse fim específico em data vo, desde que consagrado pela crítica especializada ou
pela opinião pública.

551
§ 1º Considera-se de notória especialização o profissio- 7º da Constituição Federal.
nal ou empresa cujo conceito no campo de sua espe-
cialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, Art. 28. A documentação relativa à habilitação jurídica,
experiências, publicações, organização, aparelhamen- conforme o caso, consistirá em:
to, equipe técnica, ou de outros requisitos relacionados
I - cédula de identidade;
com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho
é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à ple- II - registro comercial, no caso de empresa individual;
na satisfação do objeto do contrato. III - ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vi-
§ 2º Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos gor, devidamente registrado, em se tratando de socie-
de dispensa, se comprovado superfaturamento, res- dades comerciais, e, no caso de sociedades por ações,
pondem solidariamente pelo dano causado à Fazenda acompanhado de documentos de eleição de seus ad-
Pública o fornecedor ou o prestador de serviços e o ministradores;
agente público responsável, sem prejuízo de outras IV - inscrição do ato constitutivo, no caso de sociedades
sanções legais cabíveis. civis, acompanhada de prova de diretoria em exercício;

Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2º e 4º do art. V - decreto de autorização, em se tratando de empresa
17 e no inciso III e seguintes do art. 24, as situações ou sociedade estrangeira em funcionamento no País,
de inexigibilidade referidas no art. 25, necessariamente e ato de registro ou autorização para funcionamento
justificadas, e o retardamento previsto no final do pará- expedido pelo órgão competente, quando a atividade
grafo único do art. 8º desta Lei deverão ser comunica- assim o exigir.
dos, dentro de 3 (três) dias, à autoridade superior, para
ratificação e publicação na imprensa oficial, no prazo de Art. 29. A documentação relativa à regularidade fiscal e
5 (cinco) dias, como condição para a eficácia dos atos. trabalhista, conforme o caso, consistirá em:

Parágrafo único. O processo de dispensa, de inexigibi- I - prova de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas


lidade ou de retardamento, previsto neste artigo, será (CPF) ou no Cadastro Geral de Contribuintes (CGC);
instruído, no que couber, com os seguintes elementos: II - prova de inscrição no cadastro de contribuintes es-
I - caracterização da situação emergencial, calamitosa tadual ou municipal, se houver, relativo ao domicílio ou
ou de grave e iminente risco à segurança pública que sede do licitante, pertinente ao seu ramo de atividade e
justifique a dispensa, quando for o caso; compatível com o objeto contratual;

II - razão da escolha do fornecedor ou executante; III - prova de regularidade para com a Fazenda Federal,
Estadual e Municipal do domicílio ou sede do licitante,
III - justificativa do preço. ou outra equivalente, na forma da lei;
IV - documento de aprovação dos projetos de pesquisa IV - prova de regularidade relativa à Seguridade Social
aos quais os bens serão alocados. e ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS),
demonstrando situação regular no cumprimento dos
Seção II encargos sociais instituídos por lei.
Da Habilitação V – prova de inexistência de débitos inadimplidos pe-
rante a Justiça do Trabalho, mediante a apresentação de
Art. 27. Para a habilitação nas licitações exigir-se-á dos certidão negativa, nos termos do Título VII-A da Conso-
interessados, exclusivamente, documentação relativa a: lidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-
-Lei no 5.452, de 1º de maio de 1943.
I - habilitação jurídica;
II - qualificação técnica; Art. 30. A documentação relativa à qualificação técnica
III - qualificação econômico-financeira; limitar-se-á a:

IV – regularidade fiscal e trabalhista; I - registro ou inscrição na entidade profissional com-


petente;
V – cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art.
II - comprovação de aptidão para desempenho de ativi-

552
dade pertinente e compatível em características, quan- ou de aptidão com limitações de tempo ou de época
tidades e prazos com o objeto da licitação, e indicação ou ainda em locais específicos, ou quaisquer outras
das instalações e do aparelhamento e do pessoal técni- não previstas nesta Lei, que inibam a participação na
co adequados e disponíveis para a realização do objeto licitação.
da licitação, bem como da qualificação de cada um dos § 6º As exigências mínimas relativas a instalações de
membros da equipe técnica que se responsabilizará canteiros, máquinas, equipamentos e pessoal técnico
pelos trabalhos; especializado, considerados essenciais para o cumpri-
III - comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de mento do objeto da licitação, serão atendidas mediante
que recebeu os documentos, e, quando exigido, de que a apresentação de relação explícita e da declaração
tomou conhecimento de todas as informações e das formal da sua disponibilidade, sob as penas cabíveis,
condições locais para o cumprimento das obrigações vedada as exigências de propriedade e de localização
objeto da licitação; prévia.
IV - prova de atendimento de requisitos previstos em lei § 7º (Vetado).
especial, quando for o caso. I - (Vetado).
§ 1º A comprovação de aptidão referida no inciso II do II - (Vetado).
«caput» deste artigo, no caso das licitações pertinentes
a obras e serviços, será feita por atestados fornecidos § 8º No caso de obras, serviços e compras de grande
por pessoas jurídicas de direito público ou privado, vulto, de alta complexidade técnica, poderá a Adminis-
devidamente registrados nas entidades profissionais tração exigir dos licitantes a metodologia de execução,
competentes, limitadas as exigências a: cuja avaliação, para efeito de sua aceitação ou não, an-
tecederá sempre à análise dos preços e será efetuada
I - capacitação técnico-profissional: comprovação do exclusivamente por critérios objetivos.
licitante de possuir em seu quadro permanente, na data
prevista para entrega da proposta, profissional de nível § 9º Entende-se por licitação de alta complexidade téc-
superior ou outro devidamente reconhecido pela enti- nica aquela que envolva alta especialização, como fator
dade competente, detentor de atestado de responsabili- de extrema relevância para garantir a execução do obje-
dade técnica por execução de obra ou serviço de carac- to a ser contratado, ou que possa comprometer a conti-
terísticas semelhantes, limitadas estas exclusivamente nuidade da prestação de serviços públicos essenciais.
às parcelas de maior relevância e valor significativo do § 10. Os profissionais indicados pelo licitante para fins
objeto da licitação, vedadas as exigências de quantida- de comprovação da capacitação técnico-operacional de
des mínimas ou prazos máximos; que trata o inciso I do § 1º deste artigo deverão parti-
II - (Vetado). cipar da obra ou serviço objeto da licitação, admitin-
do-se a substituição por profissionais de experiência
a) (Vetado). equivalente ou superior, desde que aprovada pela ad-
b) (Vetado). ministração.
§ 2º As parcelas de maior relevância técnica e de valor § 11. (Vetado).
significativo, mencionadas no parágrafo anterior, serão § 12. (Vetado).
definidas no instrumento convocatório.
§ 3º Será sempre admitida a comprovação de aptidão Art. 31. A documentação relativa à qualificação econô-
através de certidões ou atestados de obras ou serviços mico-financeira limitar-se-á a:
similares de complexidade tecnológica e operacional
I - balanço patrimonial e demonstrações contábeis do
equivalente ou superior.
último exercício social, já exigíveis e apresentados na
§ 4º Nas licitações para fornecimento de bens, a com- forma da lei, que comprovem a boa situação financeira
provação de aptidão, quando for o caso, será feita da empresa, vedada a sua substituição por balance-
através de atestados fornecidos por pessoa jurídica de tes ou balanços provisórios, podendo ser atualizados
direito público ou privado. por índices oficiais quando encerrado há mais de 3
§ 5º É vedada a exigência de comprovação de atividade (três) meses da data de apresentação da proposta;

553
II - certidão negativa de falência ou concordata expedi- derão ser apresentados em original, por qualquer pro-
da pelo distribuidor da sede da pessoa jurídica, ou de cesso de cópia autenticada por cartório competente ou
execução patrimonial, expedida no domicílio da pessoa por servidor da administração ou publicação em órgão
física; da imprensa oficial.
III - garantia, nas mesmas modalidades e critérios pre- § 1º A documentação de que tratam os arts. 28 a 31
vistos no “caput” e § 1º do art. 56 desta Lei, limitada desta Lei poderá ser dispensada, no todo ou em parte,
a 1% (um por cento) do valor estimado do objeto da nos casos de convite, concurso, fornecimento de bens
contratação. para pronta entrega e leilão.
§ 1º A exigência de índices limitar-se-á à demonstra- § 2º O certificado de registro cadastral a que se refere
ção da capacidade financeira do licitante com vistas o § 1º do art. 36 substitui os documentos enumerados
aos compromissos que terá que assumir caso lhe seja nos arts. 28 a 31, quanto às informações disponibiliza-
adjudicado o contrato, vedada a exigência de valores das em sistema informatizado de consulta direta indi-
mínimos de faturamento anterior, índices de rentabili- cado no edital, obrigando-se a parte a declarar, sob as
dade ou lucratividade. penalidades legais, a superveniência de fato impeditivo
da habilitação.
§ 2º A Administração, nas compras para entrega futura
e na execução de obras e serviços, poderá estabelecer, § 3º A documentação referida neste artigo poderá ser
no instrumento convocatório da licitação, a exigência substituída por registro cadastral emitido por órgão ou
de capital mínimo ou de patrimônio líquido mínimo, ou entidade pública, desde que previsto no edital e o re-
ainda as garantias previstas no § 1º do art. 56 desta Lei, gistro tenha sido feito em obediência ao disposto nesta
como dado objetivo de comprovação da qualificação Lei.
econômico-financeira dos licitantes e para efeito de ga- § 4º As empresas estrangeiras que não funcionem no
rantia ao adimplemento do contrato a ser ulteriormente País, tanto quanto possível, atenderão, nas licitações
celebrado. internacionais, às exigências dos parágrafos anterio-
§ 3º O capital mínimo ou o valor do patrimônio líquido a res mediante documentos equivalentes, autenticados
que se refere o parágrafo anterior não poderá exceder a pelos respectivos consulados e traduzidos por tradutor
10% (dez por cento) do valor estimado da contratação, juramentado, devendo ter representação legal no Brasil
devendo a comprovação ser feita relativamente à data com poderes expressos para receber citação e respon-
da apresentação da proposta, na forma da lei, admitida der administrativa ou judicialmente.
a atualização para esta data através de índices oficiais. § 5º Não se exigirá, para a habilitação de que trata este
§ 4º Poderá ser exigida, ainda, a relação dos com- artigo, prévio recolhimento de taxas ou emolumentos,
promissos assumidos pelo licitante que importem salvo os referentes a fornecimento do edital, quando
diminuição da capacidade operativa ou absorção de solicitado, com os seus elementos constitutivos, limi-
disponibilidade financeira, calculada esta em função tados ao valor do custo efetivo de reprodução gráfica da
do patrimônio líquido atualizado e sua capacidade de documentação fornecida.
rotação. § 6º O disposto no § 4º deste artigo, no § 1º do art. 33 e
§ 5º A comprovação de boa situação financeira da em- no § 2º do art. 55, não se aplica às licitações internacio-
presa será feita de forma objetiva, através do cálculo nais para a aquisição de bens e serviços cujo pagamen-
de índices contábeis previstos no edital e devidamente to seja feito com o produto de financiamento concedido
justificados no processo administrativo da licitação que por organismo financeiro internacional de que o Brasil
tenha dado início ao certame licitatório, vedada a exi- faça parte, ou por agência estrangeira de cooperação,
gência de índices e valores não usualmente adotados nem nos casos de contratação com empresa estrangei-
para correta avaliação de situação financeira suficiente ra, para a compra de equipamentos fabricados e entre-
ao cumprimento das obrigações decorrentes da licita- gues no exterior, desde que para este caso tenha havido
ção. prévia autorização do Chefe do Poder Executivo, nem
nos casos de aquisição de bens e serviços realizada por
§ 6º (Vetado).
unidades administrativas com sede no exterior.
Art. 32. Os documentos necessários à habilitação po- § 7º A documentação de que tratam os arts. 28 a 31 e

554
este artigo poderá ser dispensada, nos termos de re- da Administração Pública que realizem freqüentemen-
gulamento, no todo ou em parte, para a contratação de te licitações manterão registros cadastrais para efeito
produto para pesquisa e desenvolvimento, desde que de habilitação, na forma regulamentar, válidos por, no
para pronta entrega ou até o valor previsto na alínea máximo, um ano.
“a” do inciso II do caput do art. 23.
§ 1º O registro cadastral deverá ser amplamente divul-
gado e deverá estar permanentemente aberto aos inte-
Art. 33. Quando permitida na licitação a participação de ressados, obrigando-se a unidade por ele responsável
empresas em consórcio, observar-se-ão as seguintes a proceder, no mínimo anualmente, através da imprensa
normas: oficial e de jornal diário, a chamamento público para a
I - comprovação do compromisso público ou particular atualização dos registros existentes e para o ingresso
de constituição de consórcio, subscrito pelos consor- de novos interessados.
ciados; § 2º É facultado às unidades administrativas utilizarem-
II - indicação da empresa responsável pelo consórcio -se de registros cadastrais de outros órgãos ou entida-
que deverá atender às condições de liderança, obriga- des da Administração Pública.
toriamente fixadas no edital;
III - apresentação dos documentos exigidos nos arts. 28 Art. 35. Ao requerer inscrição no cadastro, ou atualiza-
a 31 desta Lei por parte de cada consorciado, admitin- ção deste, a qualquer tempo, o interessado fornecerá os
do-se, para efeito de qualificação técnica, o somatório elementos necessários à satisfação das exigências do
dos quantitativos de cada consorciado, e, para efeito de art. 27 desta Lei.
qualificação econômico-financeira, o somatório dos va-
lores de cada consorciado, na proporção de sua respec- Art. 36. Os inscritos serão classificados por categorias,
tiva participação, podendo a Administração estabelecer, tendo-se em vista sua especialização, subdivididas em
para o consórcio, um acréscimo de até 30% (trinta por grupos, segundo a qualificação técnica e econômica
cento) dos valores exigidos para licitante individual, avaliada pelos elementos constantes da documentação
inexigível este acréscimo para os consórcios compos- relacionada nos arts. 30 e 31 desta Lei.
tos, em sua totalidade, por micro e pequenas empresas § 1º Aos inscritos será fornecido certificado, renovável
assim definidas em lei; sempre que atualizarem o registro.
IV - impedimento de participação de empresa consor- § 2º A atuação do licitante no cumprimento de obri-
ciada, na mesma licitação, através de mais de um con- gações assumidas será anotada no respectivo registro
sórcio ou isoladamente; cadastral.
V - responsabilidade solidária dos integrantes pelos
atos praticados em consórcio, tanto na fase de licitação Art. 37. A qualquer tempo poderá ser alterado, sus-
quanto na de execução do contrato. penso ou cancelado o registro do inscrito que deixar
de satisfazer as exigências do art. 27 desta Lei, ou as
§ 1º No consórcio de empresas brasileiras e estran- estabelecidas para classificação cadastral.
geiras a liderança caberá, obrigatoriamente, à empre-
sa brasileira, observado o disposto no inciso II deste
artigo.
Seção IV
Do Procedimento e Julgamento
§ 2º O licitante vencedor fica obrigado a promover, an-
tes da celebração do contrato, a constituição e o regis-
tro do consórcio, nos termos do compromisso referido Art. 38. O procedimento da licitação será iniciado com
no inciso I deste artigo. a abertura de processo administrativo, devidamente au-
tuado, protocolado e numerado, contendo a autorização
respectiva, a indicação sucinta de seu objeto e do re-
Seção III curso próprio para a despesa, e ao qual serão juntados
Dos Registros Cadastrais oportunamente:
I - edital ou convite e respectivos anexos, quando for
Art. 34. Para os fins desta Lei, os órgãos e entidades o caso;

555
II - comprovante das publicações do edital resumido, seqüente tenha uma data anterior a cento e vinte dias
na forma do art. 21 desta Lei, ou da entrega do convite; após o término do contrato resultante da licitação an-
tecedente.
III - ato de designação da comissão de licitação, do
leiloeiro administrativo ou oficial, ou do responsável
pelo convite; Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de or-
dem em série anual, o nome da repartição interessada
IV - original das propostas e dos documentos que as e de seu setor, a modalidade, o regime de execução e
instruírem; o tipo da licitação, a menção de que será regida por
V - atas, relatórios e deliberações da Comissão Julga- esta Lei, o local, dia e hora para recebimento da docu-
dora; mentação e proposta, bem como para início da abertura
dos envelopes, e indicará, obrigatoriamente, o seguinte:
VI - pareceres técnicos ou jurídicos emitidos sobre a
licitação, dispensa ou inexigibilidade; I - objeto da licitação, em descrição sucinta e clara;
VII - atos de adjudicação do objeto da licitação e da sua II - prazo e condições para assinatura do contrato ou re-
homologação; tirada dos instrumentos, como previsto no art. 64 desta
Lei, para execução do contrato e para entrega do objeto
VIII - recursos eventualmente apresentados pelos lici- da licitação;
tantes e respectivas manifestações e decisões;
III - sanções para o caso de inadimplemento;
IX - despacho de anulação ou de revogação da licitação,
quando for o caso, fundamentado circunstanciadamen- IV - local onde poderá ser examinado e adquirido o
te; projeto básico;
X - termo de contrato ou instrumento equivalente, con- V - se há projeto executivo disponível na data da pu-
forme o caso; blicação do edital de licitação e o local onde possa ser
examinado e adquirido;
XI - outros comprovantes de publicações;
VI - condições para participação na licitação, em con-
XII - demais documentos relativos à licitação. formidade com os arts. 27 a 31 desta Lei, e forma de
Parágrafo único. As minutas de editais de licitação, bem apresentação das propostas;
como as dos contratos, acordos, convênios ou ajustes VII - critério para julgamento, com disposições claras e
devem ser previamente examinadas e aprovadas por parâmetros objetivos;
assessoria jurídica da Administração.
VIII - locais, horários e códigos de acesso dos meios
Art. 39. Sempre que o valor estimado para uma licita- de comunicação à distância em que serão fornecidos
ção ou para um conjunto de licitações simultâneas ou elementos, informações e esclarecimentos relativos à
sucessivas for superior a 100 (cem) vezes o limite pre- licitação e às condições para atendimento das obriga-
visto no art. 23, inciso I, alínea “c” desta Lei, o processo ções necessárias ao cumprimento de seu objeto;
licitatório será iniciado, obrigatoriamente, com uma au- IX - condições equivalentes de pagamento entre em-
diência pública concedida pela autoridade responsável presas brasileiras e estrangeiras, no caso de licitações
com antecedência mínima de 15 (quinze) dias úteis da internacionais;
data prevista para a publicação do edital, e divulgada,
X - o critério de aceitabilidade dos preços unitário e
com a antecedência mínima de 10 (dez) dias úteis de
global, conforme o caso, permitida a fixação de preços
sua realização, pelos mesmos meios previstos para a
máximos e vedados a fixação de preços mínimos, crité-
publicidade da licitação, à qual terão acesso e direito
rios estatísticos ou faixas de variação em relação a pre-
a todas as informações pertinentes e a se manifestar
ços de referência, ressalvado o disposto nos parágrafos
todos os interessados.
1º e 2º do art. 48;
Parágrafo único. Para os fins deste artigo, conside-
XI - critério de reajuste, que deverá retratar a variação
ram-se licitações simultâneas aquelas com objetos
efetiva do custo de produção, admitida a adoção de
similares e com realização prevista para intervalos não
índices específicos ou setoriais, desde a data prevista
superiores a trinta dias e licitações sucessivas aquelas
para apresentação da proposta, ou do orçamento a que
em que, também com objetos similares, o edital sub-

556
essa proposta se referir, até a data do adimplemento de § 3º Para efeito do disposto nesta Lei, considera-se
cada parcela; como adimplemento da obrigação contratual a presta-
ção do serviço, a realização da obra, a entrega do bem
XII - (Vetado).
ou de parcela destes, bem como qualquer outro evento
XIII - limites para pagamento de instalação e mobili- contratual a cuja ocorrência esteja vinculada a emissão
zação para execução de obras ou serviços que serão de documento de cobrança.
obrigatoriamente previstos em separado das demais
§ 4º Nas compras para entrega imediata, assim enten-
parcelas, etapas ou tarefas;
didas aquelas com prazo de entrega até trinta dias da
XIV - condições de pagamento, prevendo: data prevista para apresentação da proposta, poderão
a) prazo de pagamento não superior a trinta dias, con- ser dispensadas:
tado a partir da data final do período de adimplemento I - o disposto no inciso XI deste artigo;
de cada parcela;
II - a atualização financeira a que se refere a alínea “c”
b) cronograma de desembolso máximo por período, do inciso XIV deste artigo, correspondente ao período
em conformidade com a disponibilidade de recursos compreendido entre as datas do adimplemento e a
financeiros; prevista para o pagamento, desde que não superior a
c) critério de atualização financeira dos valores a serem quinze dias.
pagos, desde a data final do período de adimplemento §5º A Administração Pública poderá, noseditais de li-
de cada parcela até a data do efetivo pagamento; citação para a contratação de serviços, exigir da con-
d) compensações financeiras e penalizações, por even- tratada que um percentual mínimo de sua mão d-
tuais atrasos, e descontos, por eventuais antecipações e obra seja oriundo ou egresso do sistema prisio-
de pagamentos; nal, com a finalidade de ressocialização do reeducan-
do, na forma estabelecida em regulamento.
e) exigência de seguros, quando for o caso;
XV - instruções e normas para os recursos previstos Art. 41. A Administração não pode descumprir as nor-
nesta Lei; mas e condições do edital, ao qual se acha estritamente
vinculada.
XVI - condições de recebimento do objeto da licitação;
§ 1º Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar
XVII - outras indicações específicas ou peculiares da
edital de licitação por irregularidade na aplicação des-
licitação.
ta Lei, devendo protocolar o pedido até 5 (cinco) dias
§ 1º O original do edital deverá ser datado, rubricado úteis antes da data fixada para a abertura dos envelopes
em todas as folhas e assinado pela autoridade que o de habilitação, devendo a Administração julgar e res-
expedir, permanecendo no processo de licitação, e dele ponder à impugnação em até 3 (três) dias úteis, sem
extraindo-se cópias integrais ou resumidas, para sua prejuízo da faculdade prevista no § 1º do art. 113.
divulgação e fornecimento aos interessados.
§ 2º Decairá do direito de impugnar os termos do edital
§ 2º Constituem anexos do edital, dele fazendo parte de licitação perante a administração o licitante que não
integrante: o fizer até o segundo dia útil que anteceder a abertura
I - o projeto básico e/ou executivo, com todas as suas dos envelopes de habilitação em concorrência, a aber-
partes, desenhos, especificações e outros complemen- tura dos envelopes com as propostas em convite, to-
tos; mada de preços ou concurso, ou a realização de leilão,
as falhas ou irregularidades que viciariam esse edital,
II - orçamento estimado em planilhas de quantitativos hipótese em que tal comunicação não terá efeito de
e preços unitários; recurso.
III - a minuta do contrato a ser firmado entre a Adminis- § 3º A impugnação feita tempestivamente pelo licitante
tração e o licitante vencedor; não o impedirá de participar do processo licitatório até
IV - as especificações complementares e as normas de o trânsito em julgado da decisão a ela pertinente.
execução pertinentes à licitação. § 4º A inabilitação do licitante importa preclusão do seu
direito de participar das fases subseqüentes.

557
Art. 42. Nas concorrências de âmbito internacional, o que não tenha havido recurso ou após sua denegação;
edital deverá ajustar-se às diretrizes da política mone- III - abertura dos envelopes contendo as propostas
tária e do comércio exterior e atender às exigências dos dos concorrentes habilitados, desde que transcorrido
órgãos competentes. o prazo sem interposição de recurso, ou tenha havido
§ 1º Quando for permitido ao licitante estrangeiro cotar desistência expressa, ou após o julgamento dos recur-
preço em moeda estrangeira, igualmente o poderá fazer sos interpostos;
o licitante brasileiro. IV - verificação da conformidade de cada proposta com
§ 2º O pagamento feito ao licitante brasileiro eventual- os requisitos do edital e, conforme o caso, com os pre-
mente contratado em virtude da licitação de que trata o ços correntes no mercado ou fixados por órgão oficial
parágrafo anterior será efetuado em moeda brasileira, à competente, ou ainda com os constantes do sistema de
taxa de câmbio vigente no dia útil imediatamente ante- registro de preços, os quais deverão ser devidamente
rior à data do efetivo pagamento. registrados na ata de julgamento, promovendo-se a
desclassificação das propostas desconformes ou in-
§ 3º As garantias de pagamento ao licitante brasileiro
compatíveis;
serão equivalentes àquelas oferecidas ao licitante es-
trangeiro. V - julgamento e classificação das propostas de acordo
com os critérios de avaliação constantes do edital;
§ 4º Para fins de julgamento da licitação, as propostas
apresentadas por licitantes estrangeiros serão acresci- VI - deliberação da autoridade competente quanto à ho-
das dos gravames conseqüentes dos mesmos tributos mologação e adjudicação do objeto da licitação.
que oneram exclusivamente os licitantes brasileiros § 1º A abertura dos envelopes contendo a documen-
quanto à operação final de venda. tação para habilitação e as propostas será realizada
§ 5º Para a realização de obras, prestação de serviços sempre em ato público previamente designado, do qual
ou aquisição de bens com recursos provenientes de fi- se lavrará ata circunstanciada, assinada pelos licitantes
nanciamento ou doação oriundos de agência oficial de presentes e pela Comissão.
cooperação estrangeira ou organismo financeiro multi- § 2º Todos os documentos e propostas serão rubrica-
lateral de que o Brasil seja parte, poderão ser admitidas, dos pelos licitantes presentes e pela Comissão.
na respectiva licitação, as condições decorrentes de
acordos, protocolos, convenções ou tratados interna- § 3º É facultada à Comissão ou autoridade superior, em
cionais aprovados pelo Congresso Nacional, bem como qualquer fase da licitação, a promoção de diligência
as normas e procedimentos daquelas entidades, inclu- destinada a esclarecer ou a complementar a instrução
sive quanto ao critério de seleção da proposta mais do processo, vedada a inclusão posterior de documento
vantajosa para a administração, o qual poderá contem- ou informação que deveria constar originariamente da
plar, além do preço, outros fatores de avaliação, desde proposta.
que por elas exigidos para a obtenção do financiamento § 4º O disposto neste artigo aplica-se à concorrência
ou da doação, e que também não conflitem com o prin- e, no que couber, ao concurso, ao leilão, à tomada de
cípio do julgamento objetivo e sejam objeto de despa- preços e ao convite.
cho motivado do órgão executor do contrato, despacho
esse ratificado pela autoridade imediatamente superior. § 5º Ultrapassada a fase de habilitação dos concorren-
tes (incisos I e II) e abertas as propostas (inciso III),
§ 6º As cotações de todos os licitantes serão para entre- não cabe desclassificá-los por motivo relacionado com
ga no mesmo local de destino. a habilitação, salvo em razão de fatos supervenientes ou
só conhecidos após o julgamento.
Art. 43. A licitação será processada e julgada com ob-
servância dos seguintes procedimentos: § 6º Após a fase de habilitação, não cabe desistência
de proposta, salvo por motivo justo decorrente de fato
I - abertura dos envelopes contendo a documentação superveniente e aceito pela Comissão.
relativa à habilitação dos concorrentes, e sua aprecia-
ção; Art. 44. No julgamento das propostas, a Comissão le-
II - devolução dos envelopes fechados aos concorrentes vará em consideração os critérios objetivos definidos
inabilitados, contendo as respectivas propostas, desde no edital ou convite, os quais não devem contrariar as

558
normas e princípios estabelecidos por esta Lei. § 3º No caso da licitação do tipo «menor preço», entre
os licitantes considerados qualificados a classificação
§ 1º É vedada a utilização de qualquer elemento, cri-
se dará pela ordem crescente dos preços propostos,
tério ou fator sigiloso, secreto, subjetivo ou reservado
prevalecendo, no caso de empate, exclusivamente o
que possa ainda que indiretamente elidir o princípio da
critério previsto no parágrafo anterior.
igualdade entre os licitantes.
§ 4º Para contratação de bens e serviços de informática,
§ 2º Não se considerará qualquer oferta de vantagem
a administração observará o disposto no art. 3º da Lei
não prevista no edital ou no convite, inclusive finan-
no 8.248, de 23 de outubro de 1991, levando em conta
ciamentos subsidiados ou a fundo perdido, nem preço
os fatores especificados em seu parágrafo 2º e adotan-
ou vantagem baseada nas ofertas dos demais licitantes.
do obrigatoriamente o tipo de licitação «técnica e pre-
§ 3º Não se admitirá proposta que apresente preços ço», permitido o emprego de outro tipo de licitação nos
global ou unitários simbólicos, irrisórios ou de valor casos indicados em decreto do Poder Executivo.
zero, incompatíveis com os preços dos insumos e
§ 5º É vedada a utilização de outros tipos de licitação
salários de mercado, acrescidos dos respectivos en-
não previstos neste artigo.
cargos, ainda que o ato convocatório da licitação não
tenha estabelecido limites mínimos, exceto quando se § 6º Na hipótese prevista no art. 23, § 7º, serão selecio-
referirem a materiais e instalações de propriedade do nadas tantas propostas quantas necessárias até que se
próprio licitante, para os quais ele renuncie a parcela atinja a quantidade demandada na licitação.
ou à totalidade da remuneração.
§ 4º O disposto no parágrafo anterior aplica-se também Art. 46. Os tipos de licitação “melhor técnica” ou “técni-
às propostas que incluam mão-de-obra estrangeira ou ca e preço” serão utilizados exclusivamente para servi-
importações de qualquer natureza. ços de natureza predominantemente intelectual, em es-
pecial na elaboração de projetos, cálculos, fiscalização,
supervisão e gerenciamento e de engenharia consultiva
Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, de-
em geral e, em particular, para a elaboração de estudos
vendo a Comissão de licitação ou o responsável pelo
técnicos preliminares e projetos básicos e executivos,
convite realizá-lo em conformidade com os tipos de
ressalvado o disposto no § 4º do artigo anterior.
licitação, os critérios previamente estabelecidos no ato
convocatório e de acordo com os fatores exclusivamen- § 1º Nas licitações do tipo «melhor técnica» será ado-
te nele referidos, de maneira a possibilitar sua aferição tado o seguinte procedimento claramente explicitado no
pelos licitantes e pelos órgãos de controle. instrumento convocatório, o qual fixará o preço máximo
que a Administração se propõe a pagar:
§ 1º Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de
licitação, exceto na modalidade concurso: I - serão abertos os envelopes contendo as propostas
técnicas exclusivamente dos licitantes previamente
I - a de menor preço - quando o critério de seleção da
qualificados e feita então a avaliação e classificação
proposta mais vantajosa para a Administração deter-
destas propostas de acordo com os critérios pertinentes
minar que será vencedor o licitante que apresentar a
e adequados ao objeto licitado, definidos com clareza e
proposta de acordo com as especificações do edital ou
objetividade no instrumento convocatório e que consi-
convite e ofertar o menor preço;
derem a capacitação e a experiência do proponente, a
II - a de melhor técnica; qualidade técnica da proposta, compreendendo meto-
III - a de técnica e preço. dologia, organização, tecnologias e recursos materiais
a serem utilizados nos trabalhos, e a qualificação das
IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de aliena- equipes técnicas a serem mobilizadas para a sua exe-
ção de bens ou concessão de direito real de uso. cução;
§ 2º No caso de empate entre duas ou mais propostas, e II - uma vez classificadas as propostas técnicas, proce-
após obedecido o disposto no § 2º do art. 3º desta Lei, der-se-á à abertura das propostas de preço dos licitantes
a classificação se fará, obrigatoriamente, por sorteio, que tenham atingido a valorização mínima estabelecida
em ato público, para o qual todos os licitantes serão no instrumento convocatório e à negociação das condi-
convocados, vedado qualquer outro processo. ções propostas, com a proponente melhor classificada,

559
com base nos orçamentos detalhados apresentados e total e completo conhecimento do objeto da licitação.
respectivos preços unitários e tendo como referência o
limite representado pela proposta de menor preço entre Art. 48. Serão desclassificadas:
os licitantes que obtiveram a valorização mínima;
I - as propostas que não atendam às exigências do ato
III - no caso de impasse na negociação anterior, proce- convocatório da licitação;
dimento idêntico será adotado, sucessivamente, com os
II - propostas com valor global superior ao limite esta-
demais proponentes, pela ordem de classificação, até a
belecido ou com preços manifestamente inexeqüiveis,
consecução de acordo para a contratação;
assim considerados aqueles que não venham a ter
IV - as propostas de preços serão devolvidas intactas demonstrada sua viabilidade através de documentação
aos licitantes que não forem preliminarmente habilita- que comprove que os custos dos insumos são coeren-
dos ou que não obtiverem a valorização mínima estabe- tes com os de mercado e que os coeficientes de produ-
lecida para a proposta técnica. tividade são compatíveis com a execução do objeto do
§ 2º Nas licitações do tipo «técnica e preço» será ado- contrato, condições estas necessariamente especifica-
tado, adicionalmente ao inciso I do parágrafo anterior, das no ato convocatório da licitação.
o seguinte procedimento claramente explicitado no ins- § 1º Para os efeitos do disposto no inciso II deste artigo
trumento convocatório: consideram-se manifestamente inexeqüíveis, no caso
I - será feita a avaliação e a valorização das propostas de licitações de menor preço para obras e serviços de
de preços, de acordo com critérios objetivos preestabe- engenharia, as propostas cujos valores sejam inferio-
lecidos no instrumento convocatório; res a 70% (setenta por cento) do menor dos seguintes
valores:
II - a classificação dos proponentes far-se-á de acordo
com a média ponderada das valorizações das propostas a) média aritmética dos valores das propostas superio-
técnicas e de preço, de acordo com os pesos preesta- res a 50% (cinqüenta por cento) do valor orçado pela
belecidos no instrumento convocatório. administração, ou

§ 3º Excepcionalmente, os tipos de licitação previstos b) valor orçado pela administração.


neste artigo poderão ser adotados, por autorização § 2º Dos licitantes classificados na forma do parágrafo
expressa e mediante justificativa circunstanciada da anterior cujo valor global da proposta for inferior a 80%
maior autoridade da Administração promotora cons- (oitenta por cento) do menor valor a que se referem as
tante do ato convocatório, para fornecimento de bens e alíneas «a» e «b», será exigida, para a assinatura do
execução de obras ou prestação de serviços de grande contrato, prestação de garantia adicional, dentre as mo-
vulto majoritariamente dependentes de tecnologia niti- dalidades previstas no § 1º do art. 56, igual a diferença
damente sofisticada e de domínio restrito, atestado por entre o valor resultante do parágrafo anterior e o valor
autoridades técnicas de reconhecida qualificação, nos da correspondente proposta.
casos em que o objeto pretendido admitir soluções
§ 3º Quando todos os licitantes forem inabilitados ou
alternativas e variações de execução, com repercus-
todas as propostas forem desclassificadas, a adminis-
sões significativas sobre sua qualidade, produtividade,
tração poderá fixar aos licitantes o prazo de oito dias
rendimento e durabilidade concretamente mensuráveis,
úteis para a apresentação de nova documentação ou de
e estas puderem ser adotadas à livre escolha dos li-
outras propostas escoimadas das causas referidas nes-
citantes, na conformidade dos critérios objetivamente
te artigo, facultada, no caso de convite, a redução deste
fixados no ato convocatório.
prazo para três dias úteis.
§ 4º (Vetado).
Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do
Art. 47. Nas licitações para a execução de obras e ser- procedimento somente poderá revogar a licitação por
viços, quando for adotada a modalidade de execução razões de interesse público decorrente de fato super-
de empreitada por preço global, a Administração deverá veniente devidamente comprovado, pertinente e sufi-
fornecer obrigatoriamente, junto com o edital, todos os ciente para justificar tal conduta, devendo anulá-la por
elementos e informações necessários para que os lici- ilegalidade, de ofício ou por provocação de terceiros,
tantes possam elaborar suas propostas de preços com mediante parecer escrito e devidamente fundamentado.

560
§ 1º A anulação do procedimento licitatório por motivo em exame, servidores públicos ou não.
de ilegalidade não gera obrigação de indenizar, ressal-
vado o disposto no parágrafo único do art. 59 desta Lei. Art. 52. O concurso a que se refere o § 4º do art. 22 des-
§ 2º A nulidade do procedimento licitatório induz à do ta Lei deve ser precedido de regulamento próprio, a ser
contrato, ressalvado o disposto no parágrafo único do obtido pelos interessados no local indicado no edital.
art. 59 desta Lei. § 1º O regulamento deverá indicar:
§ 3º No caso de desfazimento do processo licitatório, I - a qualificação exigida dos participantes;
fica assegurado o contraditório e a ampla defesa.
II - as diretrizes e a forma de apresentação do trabalho;
§ 4º O disposto neste artigo e seus parágrafos aplica-se
III - as condições de realização do concurso e os prê-
aos atos do procedimento de dispensa e de inexigibili-
mios a serem concedidos.
dade de licitação.
§ 2º Em se tratando de projeto, o vencedor deverá
Art. 50. A Administração não poderá celebrar o contrato autorizar a Administração a executá-lo quando julgar
com preterição da ordem de classificação das propos- conveniente.
tas ou com terceiros estranhos ao procedimento licita-
tório, sob pena de nulidade. Art. 53. O leilão pode ser cometido a leiloeiro oficial ou
a servidor designado pela Administração, procedendo-
Art. 51. A habilitação preliminar, a inscrição em registro -se na forma da legislação pertinente.
cadastral, a sua alteração ou cancelamento, e as pro- § 1º Todo bem a ser leiloado será previamente avaliado
postas serão processadas e julgadas por comissão per- pela Administração para fixação do preço mínimo de
manente ou especial de, no mínimo, 3 (três) membros, arrematação.
sendo pelo menos 2 (dois) deles servidores qualifica-
dos pertencentes aos quadros permanentes dos órgãos § 2º Os bens arrematados serão pagos à vista ou no
da Administração responsáveis pela licitação. percentual estabelecido no edital, não inferior a 5%
(cinco por cento) e, após a assinatura da respectiva ata
§ 1º No caso de convite, a Comissão de licitação, ex- lavrada no local do leilão, imediatamente entregues ao
cepcionalmente, nas pequenas unidades administra- arrematante, o qual se obrigará ao pagamento do res-
tivas e em face da exigüidade de pessoal disponível, tante no prazo estipulado no edital de convocação, sob
poderá ser substituída por servidor formalmente desig- pena de perder em favor da Administração o valor já
nado pela autoridade competente. recolhido.
§ 2º A Comissão para julgamento dos pedidos de ins- § 3º Nos leilões internacionais, o pagamento da parcela
crição em registro cadastral, sua alteração ou cance- à vista poderá ser feito em até vinte e quatro horas.
lamento, será integrada por profissionais legalmente
habilitados no caso de obras, serviços ou aquisição de § 4º O edital de leilão deve ser amplamente divulgado,
equipamentos. principalmente no município em que se realizará.

§ 3º Os membros das Comissões de licitação res-


Capítulo III
ponderão solidariamente por todos os atos praticados
pela Comissão, salvo se posição individual divergente DOS CONTRATOS
estiver devidamente fundamentada e registrada em ata
lavrada na reunião em que tiver sido tomada a decisão. Seção I
§ 4º A investidura dos membros das Comissões perma- Disposições Preliminares
nentes não excederá a 1 (um) ano, vedada a recondução
da totalidade de seus membros para a mesma comissão Art. 54. Os contratos administrativos de que trata esta
no período subseqüente. Lei regulam-se pelas suas cláusulas e pelos preceitos
§ 5º No caso de concurso, o julgamento será feito por de direito público, aplicando-se-lhes, supletivamente,
uma comissão especial integrada por pessoas de repu- os princípios da teoria geral dos contratos e as disposi-
tação ilibada e reconhecido conhecimento da matéria ções de direito privado.

561
§ 1º Os contratos devem estabelecer com clareza e § 2º Nos contratos celebrados pela Administração Pú-
precisão as condições para sua execução, expressas blica com pessoas físicas ou jurídicas, inclusive aque-
em cláusulas que definam os direitos, obrigações e las domiciliadas no estrangeiro, deverá constar neces-
responsabilidades das partes, em conformidade com sariamente cláusula que declare competente o foro da
os termos da licitação e da proposta a que se vinculam. sede da Administração para dirimir qualquer questão
contratual, salvo o disposto no § 6º do art. 32 desta Lei.
§ 2º Os contratos decorrentes de dispensa ou de inexi-
gibilidade de licitação devem atender aos termos do ato § 3º No ato da liquidação da despesa, os serviços de
que os autorizou e da respectiva proposta. contabilidade comunicarão, aos órgãos incumbidos da
arrecadação e fiscalização de tributos da União, Estado
Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as ou Município, as características e os valores pagos, se-
que estabeleçam: gundo o disposto no art. 63 da Lei no 4.320, de 17 de
março de 1964.
I - o objeto e seus elementos característicos;
II - o regime de execução ou a forma de fornecimento; Art. 56. A critério da autoridade competente, em cada
III - o preço e as condições de pagamento, os critérios, caso, e desde que prevista no instrumento convocató-
data-base e periodicidade do reajustamento de preços, rio, poderá ser exigida prestação de garantia nas con-
os critérios de atualização monetária entre a data do tratações de obras, serviços e compras.
adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamen- § 1º Caberá ao contratado optar por uma das seguintes
to; modalidades de garantia:
IV - os prazos de início de etapas de execução, de con- I - caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública,
clusão, de entrega, de observação e de recebimento devendo estes ter sido emitidos sob a forma escritural,
definitivo, conforme o caso; mediante registro em sistema centralizado de liquida-
V - o crédito pelo qual correrá a despesa, com a in- ção e de custódia autorizado pelo Banco Central do
dicação da classificação funcional programática e da Brasil e avaliados pelos seus valores econômicos, con-
categoria econômica; forme definido pelo Ministério da Fazenda;

VI - as garantias oferecidas para assegurar sua plena II - seguro-garantia;


execução, quando exigidas; III - fiança bancária.
VII - os direitos e as responsabilidades das partes, as § 2º A garantia a que se refere o caput deste artigo não
penalidades cabíveis e os valores das multas; excederá a cinco por cento do valor do contrato e terá
VIII - os casos de rescisão; seu valor atualizado nas mesmas condições daquele,
ressalvado o previsto no parágrafo 3º deste artigo.
IX - o reconhecimento dos direitos da Administração,
em caso de rescisão administrativa prevista no art. 77 § 3º Para obras, serviços e fornecimentos de grande
desta Lei; vulto envolvendo alta complexidade técnica e riscos
financeiros consideráveis, demonstrados através de
X - as condições de importação, a data e a taxa de câm- parecer tecnicamente aprovado pela autoridade compe-
bio para conversão, quando for o caso; tente, o limite de garantia previsto no parágrafo anterior
XI - a vinculação ao edital de licitação ou ao termo que poderá ser elevado para até dez por cento do valor do
a dispensou ou a inexigiu, ao convite e à proposta do contrato.
licitante vencedor; § 4º A garantia prestada pelo contratado será liberada
XII - a legislação aplicável à execução do contrato e ou restituída após a execução do contrato e, quando em
especialmente aos casos omissos; dinheiro, atualizada monetariamente.
XIII - a obrigação do contratado de manter, durante toda § 5º Nos casos de contratos que importem na entrega
a execução do contrato, em compatibilidade com as de bens pela Administração, dos quais o contratado
obrigações por ele assumidas, todas as condições de ficará depositário, ao valor da garantia deverá ser acres-
habilitação e qualificação exigidas na licitação. cido o valor desses bens.
§ 1º (Vetado).

562
Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei sanções legais aplicáveis aos responsáveis.
ficará adstrita à vigência dos respectivos créditos orça- § 2º Toda prorrogação de prazo deverá ser justificada
mentários, exceto quanto aos relativos: por escrito e previamente autorizada pela autoridade
I - aos projetos cujos produtos estejam contemplados competente para celebrar o contrato.
nas metas estabelecidas no Plano Plurianual, os quais § 3º É vedado o contrato com prazo de vigência inde-
poderão ser prorrogados se houver interesse da Admi- terminado.
nistração e desde que isso tenha sido previsto no ato
convocatório; § 4º Em caráter excepcional, devidamente justificado e
mediante autorização da autoridade superior, o prazo de
II - à prestação de serviços a serem executados de for- que trata o inciso II do caput deste artigo poderá ser
ma contínua, que poderão ter a sua duração prorrogada prorrogado por até doze meses.
por iguais e sucessivos períodos com vistas à obtenção
de preços e condições mais vantajosas para a adminis-
Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos
tração, limitada a sessenta meses;
instituído por esta Lei confere à Administração, em re-
III - (Vetado). lação a eles, a prerrogativa de:
IV - ao aluguel de equipamentos e à utilização de pro- I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequa-
gramas de informática, podendo a duração estender-se ção às finalidades de interesse público, respeitados os
pelo prazo de até 48 (quarenta e oito) meses após o direitos do contratado;
início da vigência do contrato.
II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos especifica-
V - às hipóteses previstas nos incisos IX, XIX, XXVIII dos no inciso I do art. 79 desta Lei;
e XXXI do art. 24, cujos contratos poderão ter vigência
III - fiscalizar-lhes a execução;
por até 120 (cento e vinte) meses, caso haja interesse
da administração. IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou
parcial do ajuste;
§ 1º Os prazos de início de etapas de execução, de
conclusão e de entrega admitem prorrogação, mantidas V - nos casos de serviços essenciais, ocupar provi-
as demais cláusulas do contrato e assegurada a manu- soriamente bens móveis, imóveis, pessoal e serviços
tenção de seu equilíbrio econômico-financeiro, desde vinculados ao objeto do contrato, na hipótese da ne-
que ocorra algum dos seguintes motivos, devidamente cessidade de acautelar apuração administrativa de faltas
autuados em processo: contratuais pelo contratado, bem como na hipótese de
rescisão do contrato administrativo.
I - alteração do projeto ou especificações, pela Admi-
nistração; § 1º As cláusulas econômico-financeiras e monetárias
dos contratos administrativos não poderão ser alteradas
II - superveniência de fato excepcional ou imprevisível,
sem prévia concordância do contratado.
estranho à vontade das partes, que altere fundamental-
mente as condições de execução do contrato; § 2º Na hipótese do inciso I deste artigo, as cláusulas
econômico-financeiras do contrato deverão ser revistas
III - interrupção da execução do contrato ou diminui-
para que se mantenha o equilíbrio contratual.
ção do ritmo de trabalho por ordem e no interesse da
Administração;
Art. 59. A declaração de nulidade do contrato adminis-
IV - aumento das quantidades inicialmente previstas no trativo opera retroativamente impedindo os efeitos jurí-
contrato, nos limites permitidos por esta Lei; dicos que ele, ordinariamente, deveria produzir, além de
V - impedimento de execução do contrato por fato ou desconstituir os já produzidos.
ato de terceiro reconhecido pela Administração em do- Parágrafo único. A nulidade não exonera a Administra-
cumento contemporâneo à sua ocorrência; ção do dever de indenizar o contratado pelo que este
VI - omissão ou atraso de providências a cargo da houver executado até a data em que ela for declarada
Administração, inclusive quanto aos pagamentos pre- e por outros prejuízos regularmente comprovados,
vistos de que resulte, diretamente, impedimento ou re- contanto que não lhe seja imputável, promovendo-se a
tardamento na execução do contrato, sem prejuízo das responsabilidade de quem lhe deu causa.

563
Seção II § 3º Aplica-se o disposto nos arts. 55 e 58 a 61 desta
Da Formalização dos Contratos Lei e demais normas gerais, no que couber:
I - aos contratos de seguro, de financiamento, de lo-
Art. 60. Os contratos e seus aditamentos serão lavrados cação em que o Poder Público seja locatário, e aos
nas repartições interessadas, as quais manterão arquivo demais cujo conteúdo seja regido, predominantemente,
cronológico dos seus autógrafos e registro sistemático por norma de direito privado;
do seu extrato, salvo os relativos a direitos reais sobre II - aos contratos em que a Administração for parte
imóveis, que se formalizam por instrumento lavrado em como usuária de serviço público.
cartório de notas, de tudo juntando-se cópia no proces-
§ 4º É dispensável o «termo de contrato» e facultada a
so que lhe deu origem.
substituição prevista neste artigo, a critério da Admi-
Parágrafo único. É nulo e de nenhum efeito o contrato nistração e independentemente de seu valor, nos casos
verbal com a Administração, salvo o de pequenas com- de compra com entrega imediata e integral dos bens
pras de pronto pagamento, assim entendidas aquelas adquiridos, dos quais não resultem obrigações futuras,
de valor não superior a 5% (cinco por cento) do limite inclusive assistência técnica.
estabelecido no art. 23, inciso II, alínea “a” desta Lei,
feitas em regime de adiantamento. Art. 63. É permitido a qualquer licitante o conhecimento
dos termos do contrato e do respectivo processo lici-
Art. 61. Todo contrato deve mencionar os nomes das tatório e, a qualquer interessado, a obtenção de cópia
partes e os de seus representantes, a finalidade, o ato autenticada, mediante o pagamento dos emolumentos
que autorizou a sua lavratura, o número do processo da devidos.
licitação, da dispensa ou da inexigibilidade, a sujeição
dos contratantes às normas desta Lei e às cláusulas Art. 64. A Administração convocará regularmente o
contratuais. interessado para assinar o termo de contrato, aceitar
Parágrafo único. A publicação resumida do instrumento ou retirar o instrumento equivalente, dentro do prazo
de contrato ou de seus aditamentos na imprensa oficial, e condições estabelecidos, sob pena de decair o direito
que é condição indispensável para sua eficácia, será à contratação, sem prejuízo das sanções previstas no
providenciada pela Administração até o quinto dia útil art. 81 desta Lei.
do mês seguinte ao de sua assinatura, para ocorrer no § 1º O prazo de convocação poderá ser prorrogado uma
prazo de vinte dias daquela data, qualquer que seja o vez, por igual período, quando solicitado pela parte
seu valor, ainda que sem ônus, ressalvado o disposto durante o seu transcurso e desde que ocorra motivo
no art. 26 desta Lei. justificado aceito pela Administração.
§ 2º É facultado à Administração, quando o convoca-
Art. 62. O instrumento de contrato é obrigatório nos ca-
do não assinar o termo de contrato ou não aceitar ou
sos de concorrência e de tomada de preços, bem como
retirar o instrumento equivalente no prazo e condições
nas dispensas e inexigibilidades cujos preços estejam
estabelecidos, convocar os licitantes remanescentes,
compreendidos nos limites destas duas modalidades
na ordem de classificação, para fazê-lo em igual pra-
de licitação, e facultativo nos demais em que a Admi-
zo e nas mesmas condições propostas pelo primeiro
nistração puder substituí-lo por outros instrumentos
classificado, inclusive quanto aos preços atualizados
hábeis, tais como carta-contrato, nota de empenho de
de conformidade com o ato convocatório, ou revogar a
despesa, autorização de compra ou ordem de execução
licitação independentemente da cominação prevista no
de serviço.
art. 81 desta Lei.
§ 1º A minuta do futuro contrato integrará sempre o edi-
§ 3º Decorridos 60 (sessenta) dias da data da entrega
tal ou ato convocatório da licitação.
das propostas, sem convocação para a contratação,
§ 2º Em «carta contrato», «nota de empenho de despe- ficam os licitantes liberados dos compromissos assu-
sa», «autorização de compra», «ordem de execução de midos.
serviço» ou outros instrumentos hábeis aplica-se, no
que couber, o disposto no art. 55 desta Lei. Seção III

564
Da Alteração dos Contratos os limites estabelecidos no parágrafo anterior, salvo:
I - (VETADO)
Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser II - as supressões resultantes de acordo celebrado entre
alterados, com as devidas justificativas, nos seguintes os contratantes.
casos:
§ 3º Se no contrato não houverem sido contemplados
I - unilateralmente pela Administração: preços unitários para obras ou serviços, esses serão
a) quando houver modificação do projeto ou das es- fixados mediante acordo entre as partes, respeitados os
pecificações, para melhor adequação técnica aos seus limites estabelecidos no § 1º deste artigo.
objetivos; § 4º No caso de supressão de obras, bens ou serviços,
b) quando necessária a modificação do valor contratual se o contratado já houver adquirido os materiais e posto
em decorrência de acréscimo ou diminuição quantita- no local dos trabalhos, estes deverão ser pagos pela
tiva de seu objeto, nos limites permitidos por esta Lei; Administração pelos custos de aquisição regularmente
comprovados e monetariamente corrigidos, podendo
II - por acordo das partes:
caber indenização por outros danos eventualmente
a) quando conveniente a substituição da garantia de decorrentes da supressão, desde que regularmente
execução; comprovados.
b) quando necessária a modificação do regime de § 5º Quaisquer tributos ou encargos legais criados,
execução da obra ou serviço, bem como do modo de alterados ou extintos, bem como a superveniência de
fornecimento, em face de verificação técnica da inapli- disposições legais, quando ocorridas após a data da
cabilidade dos termos contratuais originários; apresentação da proposta, de comprovada repercussão
c) quando necessária a modificação da forma de pa- nos preços contratados, implicarão a revisão destes
gamento, por imposição de circunstâncias superve- para mais ou para menos, conforme o caso.
nientes, mantido o valor inicial atualizado, vedada a § 6º Em havendo alteração unilateral do contrato que
antecipação do pagamento, com relação ao cronograma aumente os encargos do contratado, a Administração
financeiro fixado, sem a correspondente contrapresta- deverá restabelecer, por aditamento, o equilíbrio econô-
ção de fornecimento de bens ou execução de obra ou mico-financeiro inicial.
serviço;
§ 7º (VETADO)
d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram
§ 8º A variação do valor contratual para fazer face ao
inicialmente entre os encargos do contratado e a retri-
reajuste de preços previsto no próprio contrato, as atu-
buição da administração para a justa remuneração da
alizações, compensações ou penalizações financeiras
obra, serviço ou fornecimento, objetivando a manu-
decorrentes das condições de pagamento nele previs-
tenção do equilíbrio econômico-financeiro inicial do
tas, bem como o empenho de dotações orçamentárias
contrato, na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis,
suplementares até o limite do seu valor corrigido, não
ou previsíveis porém de conseqüências incalculáveis,
caracterizam alteração do mesmo, podendo ser regis-
retardadores ou impeditivos da execução do ajustado,
trados por simples apostila, dispensando a celebração
ou, ainda, em caso de força maior, caso fortuito ou fato
de aditamento.
do príncipe, configurando álea econômica extraordiná-
ria e extracontratual.
Seção IV
§ 1º O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas
Da Execução dos Contratos
condições contratuais, os acréscimos ou supressões
que se fizerem nas obras, serviços ou compras, até
25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado Art. 66. O contrato deverá ser executado fielmente pe-
do contrato, e, no caso particular de reforma de edifício las partes, de acordo com as cláusulas avençadas e as
ou de equipamento, até o limite de 50% (cinqüenta por normas desta Lei, respondendo cada uma pelas conse-
cento) para os seus acréscimos. qüências de sua inexecução total ou parcial.
§ 2º Nenhum acréscimo ou supressão poderá exceder
Art. 66-A. As empresas enquadradas no inciso V do §

565
2º e no inciso II do § 5º do art. 3º desta Lei deverão restringir a regularização e o uso das obras e edifica-
cumprir, durante todo o período de execução do con- ções, inclusive perante o Registro de Imóveis.
trato, a reserva de cargos prevista em lei para pessoa § 2º A Administração Pública responde solidariamente
com deficiência ou para reabilitado da Previdência So- com o contratado pelos encargos previdenciários resul-
cial, bem como as regras de acessibilidade previstas tantes da execução do contrato, nos termos do art. 31
na legislação. da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991.
Parágrafo único. Cabe à administração fiscalizar o cum- § 3º (Vetado).
primento dos requisitos de acessibilidade nos serviços
e nos ambientes de trabalho.
Art. 72. O contratado, na execução do contrato, sem
prejuízo das responsabilidades contratuais e legais,
Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanha- poderá subcontratar partes da obra, serviço ou for-
da e fiscalizada por um representante da Administração necimento, até o limite admitido, em cada caso, pela
especialmente designado, permitida a contratação de Administração.
terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de informações
pertinentes a essa atribuição.
Art. 73. Executado o contrato, o seu objeto será rece-
§ 1º O representante da Administração anotará em re- bido:
gistro próprio todas as ocorrências relacionadas com a
I - em se tratando de obras e serviços:
execução do contrato, determinando o que for necessá-
rio à regularização das faltas ou defeitos observados. a) provisoriamente, pelo responsável por seu acompa-
nhamento e fiscalização, mediante termo circunstancia-
§ 2º As decisões e providências que ultrapassarem a
do, assinado pelas partes em até 15 (quinze) dias da
competência do representante deverão ser solicitadas
comunicação escrita do contratado;
a seus superiores em tempo hábil para a adoção das
medidas convenientes. b) definitivamente, por servidor ou comissão designada
pela autoridade competente, mediante termo circuns-
Art. 68. O contratado deverá manter preposto, aceito tanciado, assinado pelas partes, após o decurso do
pela Administração, no local da obra ou serviço, para prazo de observação, ou vistoria que comprove a ade-
representá-lo na execução do contrato. quação do objeto aos termos contratuais, observado o
disposto no art. 69 desta Lei;
Art. 69. O contratado é obrigado a reparar, corrigir, re- II - em se tratando de compras ou de locação de equi-
mover, reconstruir ou substituir, às suas expensas, no pamentos:
total ou em parte, o objeto do contrato em que se ve-
rificarem vícios, defeitos ou incorreções resultantes da a) provisoriamente, para efeito de posterior verificação
execução ou de materiais empregados. da conformidade do material com a especificação;
b) definitivamente, após a verificação da qualidade e
Art. 70. O contratado é responsável pelos danos causa- quantidade do material e conseqüente aceitação.
dos diretamente à Administração ou a terceiros, decor- § 1º Nos casos de aquisição de equipamentos de gran-
rentes de sua culpa ou dolo na execução do contrato, de vulto, o recebimento far-se-á mediante termo cir-
não excluindo ou reduzindo essa responsabilidade a cunstanciado e, nos demais, mediante recibo.
fiscalização ou o acompanhamento pelo órgão interes-
sado. § 2º O recebimento provisório ou definitivo não exclui
a responsabilidade civil pela solidez e segurança da
Art. 71. O contratado é responsável pelos encargos obra ou do serviço, nem ético-profissional pela perfeita
trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resul- execução do contrato, dentro dos limites estabelecidos
tantes da execução do contrato. pela lei ou pelo contrato.

§ 1º A inadimplência do contratado, com referência aos § 3º O prazo a que se refere a alínea «b» do inciso I des-
encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transfe- te artigo não poderá ser superior a 90 (noventa) dias,
re à Administração Pública a responsabilidade por seu salvo em casos excepcionais, devidamente justificados
pagamento, nem poderá onerar o objeto do contrato ou e previstos no edital.

566
§ 4º Na hipótese de o termo circunstanciado ou a verifi- IV - o atraso injustificado no início da obra, serviço ou
cação a que se refere este artigo não serem, respectiva- fornecimento;
mente, lavrado ou procedida dentro dos prazos fixados, V - a paralisação da obra, do serviço ou do forneci-
reputar-se-ão como realizados, desde que comunica- mento, sem justa causa e prévia comunicação à Admi-
dos à Administração nos 15 (quinze) dias anteriores à nistração;
exaustão dos mesmos.
VI - a subcontratação total ou parcial do seu objeto,
Art. 74. Poderá ser dispensado o recebimento provisó- a associação do contratado com outrem, a cessão ou
rio nos seguintes casos: transferência, total ou parcial, bem como a fusão, cisão
ou incorporação, não admitidas no edital e no contrato;
I - gêneros perecíveis e alimentação preparada;
VII - o desatendimento das determinações regulares da
II - serviços profissionais; autoridade designada para acompanhar e fiscalizar a
III - obras e serviços de valor até o previsto no art. 23, sua execução, assim como as de seus superiores;
inciso II, alínea “a”, desta Lei, desde que não se com- VIII - o cometimento reiterado de faltas na sua execu-
ponham de aparelhos, equipamentos e instalações su- ção, anotadas na forma do § 1º do art. 67 desta Lei;
jeitos à verificação de funcionamento e produtividade.
IX - a decretação de falência ou a instauração de insol-
Parágrafo único. Nos casos deste artigo, o recebimento vência civil;
será feito mediante recibo.
X - a dissolução da sociedade ou o falecimento do con-
Art. 75. Salvo disposições em contrário constantes do tratado;
edital, do convite ou de ato normativo, os ensaios, tes- XI - a alteração social ou a modificação da finalidade
tes e demais provas exigidos por normas técnicas ofi- ou da estrutura da empresa, que prejudique a execução
ciais para a boa execução do objeto do contrato correm do contrato;
por conta do contratado.
XII - razões de interesse público, de alta relevância e
amplo conhecimento, justificadas e determinadas pela
Art. 76. A Administração rejeitará, no todo ou em parte,
máxima autoridade da esfera administrativa a que está
obra, serviço ou fornecimento executado em desacordo
subordinado o contratante e exaradas no processo ad-
com o contrato.
ministrativo a que se refere o contrato;

Seção V XIII - a supressão, por parte da Administração, de


obras, serviços ou compras, acarretando modificação
Da Inexecução e da
do valor inicial do contrato além do limite permitido no
Rescisão dos Contratos § 1º do art. 65 desta Lei;
XIV - a suspensão de sua execução, por ordem escrita
Art. 77. A inexecução total ou parcial do contrato enseja da Administração, por prazo superior a 120 (cento e
a sua rescisão, com as conseqüências contratuais e as vinte) dias, salvo em caso de calamidade pública, grave
previstas em lei ou regulamento. perturbação da ordem interna ou guerra, ou ainda por
repetidas suspensões que totalizem o mesmo prazo,
Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato: independentemente do pagamento obrigatório de inde-
I - o não cumprimento de cláusulas contratuais, especi- nizações pelas sucessivas e contratualmente imprevis-
ficações, projetos ou prazos; tas desmobilizações e mobilizações e outras previstas,
assegurado ao contratado, nesses casos, o direito de
II - o cumprimento irregular de cláusulas contratuais,
optar pela suspensão do cumprimento das obrigações
especificações, projetos e prazos;
assumidas até que seja normalizada a situação;
III - a lentidão do seu cumprimento, levando a Admi-
XV - o atraso superior a 90 (noventa) dias dos paga-
nistração a comprovar a impossibilidade da conclusão
mentos devidos pela Administração decorrentes de
da obra, do serviço ou do fornecimento, nos prazos
obras, serviços ou fornecimento, ou parcelas destes,
estipulados;
já recebidos ou executados, salvo em caso de calami-

567
dade pública, grave perturbação da ordem interna ou Art. 80. A rescisão de que trata o inciso I do artigo ante-
guerra, assegurado ao contratado o direito de optar pela rior acarreta as seguintes conseqüências, sem prejuízo
suspensão do cumprimento de suas obrigações até que das sanções previstas nesta Lei:
seja normalizada a situação; I - assunção imediata do objeto do contrato, no estado
XVI - a não liberação, por parte da Administração, de e local em que se encontrar, por ato próprio da Admi-
área, local ou objeto para execução de obra, serviço ou nistração;
fornecimento, nos prazos contratuais, bem como das II - ocupação e utilização do local, instalações, equipa-
fontes de materiais naturais especificadas no projeto; mentos, material e pessoal empregados na execução do
XVII - a ocorrência de caso fortuito ou de força maior, contrato, necessários à sua continuidade, na forma do
regularmente comprovada, impeditiva da execução do inciso V do art. 58 desta Lei;
contrato. III - execução da garantia contratual, para ressarcimento
XVIII – descumprimento do disposto no inciso V do art. da Administração, e dos valores das multas e indeniza-
27, sem prejuízo das sanções penais cabíveis. ções a ela devidos;
Parágrafo único. Os casos de rescisão contratual serão IV - retenção dos créditos decorrentes do contrato até o
formalmente motivados nos autos do processo, asse- limite dos prejuízos causados à Administração.
gurado o contraditório e a ampla defesa. § 1º A aplicação das medidas previstas nos incisos I e II
deste artigo fica a critério da Administração, que poderá
Art. 79. A rescisão do contrato poderá ser: dar continuidade à obra ou ao serviço por execução
I - determinada por ato unilateral e escrito da Adminis- direta ou indireta.
tração, nos casos enumerados nos incisos I a XII e XVII § 2º É permitido à Administração, no caso de concordata
do artigo anterior; do contratado, manter o contrato, podendo assumir
II - amigável, por acordo entre as partes, reduzida a o controle de determinadas atividades de serviços
termo no processo da licitação, desde que haja conve- essenciais.
niência para a Administração; § 3º Na hipótese do inciso II deste artigo, o ato deverá
III - judicial, nos termos da legislação; ser precedido de autorização expressa do Ministro
de Estado competente, ou Secretário Estadual ou
IV - (Vetado).
Municipal, conforme o caso.
§ 1º A rescisão administrativa ou amigável deverá ser
§ 4º A rescisão de que trata o inciso IV do artigo anterior
precedida de autorização escrita e fundamentada da
permite à Administração, a seu critério, aplicar a medida
autoridade competente.
prevista no inciso I deste artigo.
§ 2º Quando a rescisão ocorrer com base nos incisos
XII a XVII do artigo anterior, sem que haja culpa Capítulo IV
do contratado, será este ressarcido dos prejuízos
regularmente comprovados que houver sofrido, tendo
DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS
ainda direito a: E DA TUTELA JUDICIAL
I - devolução de garantia;
Seção I
II - pagamentos devidos pela execução do contrato até
a data da rescisão; Disposições Gerais
III - pagamento do custo da desmobilização.
Art. 81. A recusa injustificada do adjudicatário em as-
§ 3º (Vetado). sinar o contrato, aceitar ou retirar o instrumento equi-
§ 4º (Vetado). valente, dentro do prazo estabelecido pela Administra-
ção, caracteriza o descumprimento total da obrigação
§ 5º Ocorrendo impedimento, paralisação ou sustação assumida, sujeitando-o às penalidades legalmente
do contrato, o cronograma de execução será prorrogado estabelecidas.
automaticamente por igual tempo.

568
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se ta no instrumento convocatório ou no contrato.
aplica aos licitantes convocados nos termos do art. § 1º A multa a que alude este artigo não impede que
64, § 2º desta Lei, que não aceitarem a contratação,
a Administração rescinda unilateralmente o contrato e
nas mesmas condições propostas pelo primeiro
aplique as outras sanções previstas nesta Lei.
adjudicatário, inclusive quanto ao prazo e preço.
§ 2º A multa, aplicada após regular processo
Art. 82. Os agentes administrativos que praticarem atos administrativo, será descontada da garantia do
em desacordo com os preceitos desta Lei ou visando a respectivo contratado.
frustrar os objetivos da licitação sujeitam-se às sanções § 3º Se a multa for de valor superior ao valor da garantia
previstas nesta Lei e nos regulamentos próprios, sem prestada, além da perda desta, responderá o contratado
prejuízo das responsabilidades civil e criminal que seu pela sua diferença, a qual será descontada dos
ato ensejar. pagamentos eventualmente devidos pela Administração
ou ainda, quando for o caso, cobrada judicialmente.
Art. 83. Os crimes definidos nesta Lei, ainda que sim-
plesmente tentados, sujeitam os seus autores, quando Art. 87. Pela inexecução total ou parcial do contrato a
servidores públicos, além das sanções penais, à perda Administração poderá, garantida a prévia defesa, aplicar
do cargo, emprego, função ou mandato eletivo. ao contratado as seguintes sanções:
I - advertência;
Art. 84. Considera-se servidor público, para os fins
desta Lei, aquele que exerce, mesmo que transitoria- II - multa, na forma prevista no instrumento convocató-
mente ou sem remuneração, cargo, função ou emprego rio ou no contrato;
público. III - suspensão temporária de participação em licitação
§ 1º Equipara-se a servidor público, para os fins desta e impedimento de contratar com a Administração, por
Lei, quem exerce cargo, emprego ou função em entidade prazo não superior a 2 (dois) anos;
paraestatal, assim consideradas, além das fundações, IV - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar
empresas públicas e sociedades de economia mista, as com a Administração Pública enquanto perdurarem os
demais entidades sob controle, direto ou indireto, do motivos determinantes da punição ou até que seja pro-
Poder Público. movida a reabilitação perante a própria autoridade que
§ 2º A pena imposta será acrescida da terça parte, aplicou a penalidade, que será concedida sempre que
quando os autores dos crimes previstos nesta Lei forem o contratado ressarcir a Administração pelos prejuízos
ocupantes de cargo em comissão ou de função de resultantes e após decorrido o prazo da sanção aplicada
confiança em órgão da Administração direta, autarquia, com base no inciso anterior.
empresa pública, sociedade de economia mista, § 1º Se a multa aplicada for superior ao valor da
fundação pública, ou outra entidade controlada direta garantia prestada, além da perda desta, responderá o
ou indiretamente pelo Poder Público. contratado pela sua diferença, que será descontada dos
pagamentos eventualmente devidos pela Administração
Art. 85. As infrações penais previstas nesta Lei pertinem ou cobrada judicialmente.
às licitações e aos contratos celebrados pela União, Es-
tados, Distrito Federal, Municípios, e respectivas au- § 2º As sanções previstas nos incisos I, III e IV deste
tarquias, empresas públicas, sociedades de economia artigo poderão ser aplicadas juntamente com a do
mista, fundações públicas, e quaisquer outras entida- inciso II, facultada a defesa prévia do interessado, no
des sob seu controle direto ou indireto. respectivo processo, no prazo de 5 (cinco) dias úteis.
§ 3º A sanção estabelecida no inciso IV deste artigo é
Seção II de competência exclusiva do Ministro de Estado, do
Das Sanções Administrativas Secretário Estadual ou Municipal, conforme o caso,
facultada a defesa do interessado no respectivo pro-
cesso, no prazo de 10 (dez) dias da abertura de vista,
Art. 86. O atraso injustificado na execução do contrato podendo a reabilitação ser requerida após 2 (dois) anos
sujeitará o contratado à multa de mora, na forma previs- de sua aplicação.

569
Art. 88. As sanções previstas nos incisos III e IV do arti- pagar fatura com preterição da ordem cronológica de
go anterior poderão também ser aplicadas às empresas sua exigibilidade, observado o disposto no art. 121
ou aos profissionais que, em razão dos contratos regi- desta Lei: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
dos por esta Lei: Pena - detenção, de dois a quatro anos, e multa.
I - tenham sofrido condenação definitiva por pratica- Parágrafo único. Incide na mesma pena o contratado
rem, por meios dolosos, fraude fiscal no recolhimento que, tendo comprovadamente concorrido para a consu-
de quaisquer tributos; mação da ilegalidade, obtém vantagem indevida ou se
II - tenham praticado atos ilícitos visando a frustrar os beneficia, injustamente, das modificações ou prorroga-
objetivos da licitação; ções contratuais.
III - demonstrem não possuir idoneidade para contratar
com a Administração em virtude de atos ilícitos pra- Art. 93. Impedir, perturbar ou fraudar a realização de
ticados. qualquer ato de procedimento licitatório:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
Seção III multa.
Dos Crimes e das Penas
Art. 94. Devassar o sigilo de proposta apresentada em
procedimento licitatório, ou proporcionar a terceiro o
Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóte- ensejo de devassá-lo:
ses previstas em lei, ou deixar de observar as formali-
dades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade: Pena - detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, e multa.

Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa. Art. 95. Afastar ou procura afastar licitante, por meio
Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de
tendo comprovadamente concorrido para a consuma- vantagem de qualquer tipo:
ção da ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou ine- Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa,
xigibilidade ilegal, para celebrar contrato com o Poder além da pena correspondente à violência.
Público.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se abs-
Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combina- tém ou desiste de licitar, em razão da vantagem ofere-
ção ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo cida.
do procedimento licitatório, com o intuito de obter, para
si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação Art. 96. Fraudar, em prejuízo da Fazenda Pública, lici-
do objeto da licitação: tação instaurada para aquisição ou venda de bens ou
mercadorias, ou contrato dela decorrente:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
I - elevando arbitrariamente os preços;
Art. 91. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse II - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria
privado perante a Administração, dando causa à ins- falsificada ou deteriorada;
tauração de licitação ou à celebração de contrato, cuja
III - entregando uma mercadoria por outra;
invalidação vier a ser decretada pelo Poder Judiciário:
IV - alterando substância, qualidade ou quantidade da
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
mercadoria fornecida;
multa.
V - tornando, por qualquer modo, injustamente, mais
Art. 92. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer onerosa a proposta ou a execução do contrato:
modificação ou vantagem, inclusive prorrogação con- Pena - detenção, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
tratual, em favor do adjudicatário, durante a execução
dos contratos celebrados com o Poder Público, sem Art. 97. Admitir à licitação ou celebrar contrato com
autorização em lei, no ato convocatório da licitação ou empresa ou profissional declarado inidôneo:
nos respectivos instrumentos contratuais, ou, ainda,

570
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e definidos nesta Lei, remeterão ao Ministério Público as
multa. cópias e os documentos necessários ao oferecimento
da denúncia.
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que,
declarado inidôneo, venha a licitar ou a contratar com
a Administração. Art. 103. Será admitida ação penal privada subsidiária
da pública, se esta não for ajuizada no prazo legal, apli-
cando-se, no que couber, o disposto nos arts. 29 e 30
Art. 98. Obstar, impedir ou dificultar, injustamente, a
do Código de Processo Penal.
inscrição de qualquer interessado nos registros cadas-
trais ou promover indevidamente a alteração, suspen-
são ou cancelamento de registro do inscrito: Art. 104. Recebida a denúncia e citado o réu, terá este
o prazo de 10 (dez) dias para apresentação de defesa
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e escrita, contado da data do seu interrogatório, podendo
multa. juntar documentos, arrolar as testemunhas que tiver, em
número não superior a 5 (cinco), e indicar as demais
Art. 99. A pena de multa cominada nos arts. 89 a 98 provas que pretenda produzir.
desta Lei consiste no pagamento de quantia fixada na
sentença e calculada em índices percentuais, cuja base Art. 105. Ouvidas as testemunhas da acusação e da de-
corresponderá ao valor da vantagem efetivamente obti- fesa e praticadas as diligências instrutórias deferidas ou
da ou potencialmente auferível pelo agente. ordenadas pelo juiz, abrir-se-á, sucessivamente, o pra-
§ 1º Os índices a que se refere este artigo não poderão zo de 5 (cinco) dias a cada parte para alegações finais.
ser inferiores a 2% (dois por cento), nem superiores a
5% (cinco por cento) do valor do contrato licitado ou Art. 106. Decorrido esse prazo, e conclusos os au-
celebrado com dispensa ou inexigibilidade de licitação. tos dentro de 24 (vinte e quatro) horas, terá o juiz 10
(dez) dias para proferir a sentença.
§ 2º O produto da arrecadação da multa reverterá, con-
forme o caso, à Fazenda Federal, Distrital, Estadual ou
Art. 107. Da sentença cabe apelação, interponível no
Municipal.
prazo de 5 (cinco) dias.

Seção IV Art. 108. No processamento e julgamento das infrações


Do Processo e do Procedimento Judicial penais definidas nesta Lei, assim como nos recursos e
nas execuções que lhes digam respeito, aplicar-se-ão,
Art. 100. Os crimes definidos nesta Lei são de ação subsidiariamente, o Código de Processo Penal e a Lei
penal pública incondicionada, cabendo ao Ministério de Execução Penal.
Público promovê-la.
Capítulo V
Art. 101. Qualquer pessoa poderá provocar, para os DOS RECURSOS ADMINISTRATIVOS
efeitos desta Lei, a iniciativa do Ministério Público,
fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato
Art. 109. Dos atos da Administração decorrentes da
e sua autoria, bem como as circunstâncias em que se
aplicação desta Lei cabem:
deu a ocorrência.
I - recurso, no prazo de 5 (cinco) dias úteis a contar da
Parágrafo único. Quando a comunicação for verbal,
intimação do ato ou da lavratura da ata, nos casos de:
mandará a autoridade reduzi-la a termo, assinado pelo
apresentante e por duas testemunhas. a) habilitação ou inabilitação do licitante;
b) julgamento das propostas;
Art. 102. Quando em autos ou documentos de que co-
nhecerem, os magistrados, os membros dos Tribunais c) anulação ou revogação da licitação;
ou Conselhos de Contas ou os titulares dos órgãos d) indeferimento do pedido de inscrição em registro
integrantes do sistema de controle interno de qual- cadastral, sua alteração ou cancelamento;
quer dos Poderes verificarem a existência dos crimes

571
e) rescisão do contrato, a que se refere o inciso I do art. Art. 110. Na contagem dos prazos estabelecidos nesta
79 desta Lei; Lei, excluir-se-á o dia do início e incluir-se-á o do ven-
cimento, e considerar-se-ão os dias consecutivos, ex-
f) aplicação das penas de advertência, suspensão tem-
ceto quando for explicitamente disposto em contrário.
porária ou de multa;
Parágrafo único. Só se iniciam e vencem os prazos re-
II - representação, no prazo de 5 (cinco) dias úteis da
feridos neste artigo em dia de expediente no órgão ou
intimação da decisão relacionada com o objeto da licita-
na entidade.
ção ou do contrato, de que não caiba recurso hierárquico;
III - pedido de reconsideração, de decisão de Ministro Art. 111. A Administração só poderá contratar, pagar,
de Estado, ou Secretário Estadual ou Municipal, confor- premiar ou receber projeto ou serviço técnico especia-
me o caso, na hipótese do § 4º do art. 87 desta Lei, no lizado desde que o autor ceda os direitos patrimoniais a
prazo de 10 (dez) dias úteis da intimação do ato. ele relativos e a Administração possa utilizá-lo de acor-
§ 1º A intimação dos atos referidos no inciso I, alíneas do com o previsto no regulamento de concurso ou no
«a», «b», «c» e «e», deste artigo, excluídos os relati- ajuste para sua elaboração.
vos a advertência e multa de mora, e no inciso III, será Parágrafo único. Quando o projeto referir-se a obra
feita mediante publicação na imprensa oficial, salvo imaterial de caráter tecnológico, insuscetível de privi-
para os casos previstos nas alíneas «a» e «b», se pre- légio, a cessão dos direitos incluirá o fornecimento de
sentes os prepostos dos licitantes no ato em que foi todos os dados, documentos e elementos de informa-
adotada a decisão, quando poderá ser feita por comuni- ção pertinentes à tecnologia de concepção, desenvolvi-
cação direta aos interessados e lavrada em ata. mento, fixação em suporte físico de qualquer natureza
§ 2º O recurso previsto nas alíneas «a» e «b» do inciso e aplicação da obra.
I deste artigo terá efeito suspensivo, podendo a autori-
dade competente, motivadamente e presentes razões de Art. 112. Quando o objeto do contrato interessar a mais
interesse público, atribuir ao recurso interposto eficácia de uma entidade pública, caberá ao órgão contratante,
suspensiva aos demais recursos. perante a entidade interessada, responder pela sua boa
execução, fiscalização e pagamento.
§ 3º Interposto, o recurso será comunicado aos demais
licitantes, que poderão impugná-lo no prazo de 5 (cin- § 1º Os consórcios públicos poderão realizar licitação
co) dias úteis. da qual, nos termos do edital, decorram contratos ad-
ministrativos celebrados por órgãos ou entidades dos
§ 4º O recurso será dirigido à autoridade superior,
entes da Federação consorciados.
por intermédio da que praticou o ato recorrido, a qual
poderá reconsiderar sua decisão, no prazo de 5 (cin- § 2º É facultado à entidade interessada o acompanha-
co) dias úteis, ou, nesse mesmo prazo, fazê-lo subir, mento da licitação e da execução do contrato.
devidamente informado, devendo, neste caso, a decisão
ser proferida dentro do prazo de 5 (cinco) dias úteis, Art. 113. O controle das despesas decorrentes dos con-
contado do recebimento do recurso, sob pena de res- tratos e demais instrumentos regidos por esta Lei será
ponsabilidade. feito pelo Tribunal de Contas competente, na forma da
legislação pertinente, ficando os órgãos interessados
§ 5º Nenhum prazo de recurso, representação ou pe-
da Administração responsáveis pela demonstração da
dido de reconsideração se inicia ou corre sem que os
legalidade e regularidade da despesa e execução, nos
autos do processo estejam com vista franqueada ao
termos da Constituição e sem prejuízo do sistema de
interessado.
controle interno nela previsto.
§ 6º Em se tratando de licitações efetuadas na moda-
§ 1º Qualquer licitante, contratado ou pessoa física ou
lidade de «carta convite» os prazos estabelecidos nos
jurídica poderá representar ao Tribunal de Contas ou
incisos I e II e no parágrafo 3º deste artigo serão de
aos órgãos integrantes do sistema de controle interno
dois dias úteis.
contra irregularidades na aplicação desta Lei, para os
fins do disposto neste artigo.
Capítulo VI
§ 2º Os Tribunais de Contas e os órgãos integrantes
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

572
do sistema de controle interno poderão solicitar para VII - se o ajuste compreender obra ou serviço de enge-
exame, até o dia útil imediatamente anterior à data de nharia, comprovação de que os recursos próprios para
recebimento das propostas, cópia de edital de licitação complementar a execução do objeto estão devidamente
já publicado, obrigando-se os órgãos ou entidades da assegurados, salvo se o custo total do empreendimento
Administração interessada à adoção de medidas cor- recair sobre a entidade ou órgão descentralizador.
retivas pertinentes que, em função desse exame, lhes § 2º Assinado o convênio, a entidade ou órgão repassa-
forem determinadas. dor dará ciência do mesmo à Assembléia Legislativa ou
à Câmara Municipal respectiva.
Art. 114. O sistema instituído nesta Lei não impede a
pré-qualificação de licitantes nas concorrências, a ser § 3º As parcelas do convênio serão liberadas em estrita
procedida sempre que o objeto da licitação recomende conformidade com o plano de aplicação aprovado, ex-
análise mais detida da qualificação técnica dos interes- ceto nos casos a seguir, em que as mesmas ficarão re-
sados. tidas até o saneamento das impropriedades ocorrentes:
§ 1º A adoção do procedimento de pré-qualificação I - quando não tiver havido comprovação da boa e regu-
será feita mediante proposta da autoridade competente, lar aplicação da parcela anteriormente recebida, na for-
aprovada pela imediatamente superior. ma da legislação aplicável, inclusive mediante procedi-
mentos de fiscalização local, realizados periodicamente
§ 2º Na pré-qualificação serão observadas as exigên- pela entidade ou órgão descentralizador dos recursos
cias desta Lei relativas à concorrência, à convocação ou pelo órgão competente do sistema de controle inter-
dos interessados, ao procedimento e à analise da do- no da Administração Pública;
cumentação.
II - quando verificado desvio de finalidade na aplicação
Art. 115. Os órgãos da Administração poderão expedir dos recursos, atrasos não justificados no cumprimento
normas relativas aos procedimentos operacionais a se- das etapas ou fases programadas, práticas atentatórias
rem observados na execução das licitações, no âmbito aos princípios fundamentais de Administração Pública
de sua competência, observadas as disposições desta nas contratações e demais atos praticados na execução
Lei. do convênio, ou o inadimplemento do executor com re-
lação a outras cláusulas conveniais básicas;
Parágrafo único. As normas a que se refere este artigo,
após aprovação da autoridade competente, deverão ser III - quando o executor deixar de adotar as medidas
publicadas na imprensa oficial. saneadoras apontadas pelo partícipe repassador dos
recursos ou por integrantes do respectivo sistema de
Art. 116. Aplicam-se as disposições desta Lei, no que controle interno.
couber, aos convênios, acordos, ajustes e outros instru- § 4º Os saldos de convênio, enquanto não utilizados,
mentos congêneres celebrados por órgãos e entidades serão obrigatoriamente aplicados em cadernetas de
da Administração. poupança de instituição financeira oficial se a previsão
§ 1º A celebração de convênio, acordo ou ajuste pelos de seu uso for igual ou superior a um mês, ou em fundo
órgãos ou entidades da Administração Pública depende de aplicação financeira de curto prazo ou operação de
de prévia aprovação de competente plano de trabalho mercado aberto lastreada em títulos da dívida pública,
proposto pela organização interessada, o qual deverá quando a utilização dos mesmos verificar-se em prazos
conter, no mínimo, as seguintes informações: menores que um mês.

I - identificação do objeto a ser executado; § 5º As receitas financeiras auferidas na forma do pa-
rágrafo anterior serão obrigatoriamente computadas a
II - metas a serem atingidas; crédito do convênio e aplicadas, exclusivamente, no
III - etapas ou fases de execução; objeto de sua finalidade, devendo constar de demons-
trativo específico que integrará as prestações de contas
IV - plano de aplicação dos recursos financeiros; do ajuste.
V - cronograma de desembolso; § 6º Quando da conclusão, denúncia, rescisão ou ex-
VI - previsão de início e fim da execução do objeto, bem tinção do convênio, acordo ou ajuste, os saldos finan-
assim da conclusão das etapas ou fases programadas; ceiros remanescentes, inclusive os provenientes das

573
receitas obtidas das aplicações financeiras realizadas, patrimônio da União continuam a reger-se pelas dis-
serão devolvidos à entidade ou órgão repassador dos posições do Decreto-lei no 9.760, de 5 de setembro de
recursos, no prazo improrrogável de 30 (trinta) dias do 1946, com suas alterações, e os relativos a operações
evento, sob pena da imediata instauração de tomada de crédito interno ou externo celebrados pela União ou
de contas especial do responsável, providenciada pela a concessão de garantia do Tesouro Nacional conti-
autoridade competente do órgão ou entidade titular dos nuam regidos pela legislação pertinente, aplicando-se
recursos. esta Lei, no que couber.

Art. 117. As obras, serviços, compras e alienações re- Art. 122. Nas concessões de linhas aéreas, observar-
alizados pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judi- -se-á procedimento licitatório específico, a ser estabe-
ciário e do Tribunal de Contas regem-se pelas normas lecido no Código Brasileiro de Aeronáutica.
desta Lei, no que couber, nas três esferas administra-
tivas. Art. 123. Em suas licitações e contratações administra-
tivas, as repartições sediadas no exterior observarão as
Art. 118. Os Estados, o Distrito Federal, os Municípios peculiaridades locais e os princípios básicos desta Lei,
e as entidades da administração indireta deverão adap- na forma de regulamentação específica.
tar suas normas sobre licitações e contratos ao dispos-
to nesta Lei. Art. 124. Aplicam-se às licitações e aos contratos para
permissão ou concessão de serviços públicos os dis-
Art. 119. As sociedades de economia mista, empresas positivos desta Lei que não conflitem com a legislação
e fundações públicas e demais entidades controladas específica sobre o assunto.
direta ou indiretamente pela União e pelas entidades Parágrafo único. As exigências contidas nos incisos II
referidas no artigo anterior editarão regulamentos pró- a IV do § 2º do art. 7º serão dispensadas nas licita-
prios devidamente publicados, ficando sujeitas às dis- ções para concessão de serviços com execução prévia
posições desta Lei. de obras em que não foram previstos desembolso por
Parágrafo único. Os regulamentos a que se refere este parte da Administração Pública concedente.
artigo, no âmbito da Administração Pública, após apro- Art. 125. Esta Lei entra em vigor na data de sua pu-
vados pela autoridade de nível superior a que estiverem blicação.
vinculados os respectivos órgãos, sociedades e entida-
des, deverão ser publicados na imprensa oficial.
Art. 126. Revogam-se as disposições em contrário,
especialmente os Decretos-leis nos 2.300, de 21 de no-
Art. 120. Os valores fixados por esta Lei poderão ser vembro de 1986, 2.348, de 24 de julho de 1987, 2.360,
anualmente revistos pelo Poder Executivo Federal, que de 16 de setembro de 1987, a Lei no 8.220, de 4 de
os fará publicar no Diário Oficial da União, observando setembro de 1991, e o art. 83 da Lei no 5.194, de 24 de
como limite superior a variação geral dos preços do dezembro de 1966.(Renumerado por força do disposto
mercado, no período. no art. 3º da Lei nº 8.883, de 1994)
Art. 121. O disposto nesta Lei não se aplica às licitações Brasília, 21 de junho de 1993, 172º da Independência e
instauradas e aos contratos assinados anteriormente à 105º da República.
sua vigência, ressalvado o disposto no art. 57, nos
parágrafos 1º, 2º e 8º do art. 65, no inciso XV do art.
ITAMAR FRANCO
78, bem assim o disposto no «caput» do art. 5º, com
relação ao pagamento das obrigações na ordem crono- Rubens Ricupero
lógica, podendo esta ser observada, no prazo de noven- Romildo Canhim
ta dias contados da vigência desta Lei, separadamente
para as obrigações relativas aos contratos regidos por Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de
legislação anterior à Lei no 8.666, de 21 de junho de 22.6.1993 e republicado em 6.7.1994 e retificado em
1993. de 6.7.1994
Parágrafo único. Os contratos relativos a imóveis do

574
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

§ 2º O trabalho é facultativo, se a pena aplicada, não


LEI DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS excede a quinze dias.
Decreto-lei nº 3.688, de 3 de
Art. 7º Verifica-se a reincidência quando o agente pra-
outubro de 1941. tica uma contravenção depois de passar em julgado a
sentença que o tenha condenado, no Brasil ou no es-
Lei das Contravenções Penais.
trangeiro, por qualquer crime, ou, no Brasil, por motivo
de contravenção.
O Presidente da República, usando das atribuições
que lhe confere o artigo 180 da Constituição,
Art. 8º No caso de ignorância ou de errada compreen-
são da lei, quando escusaveis, a pena pode deixar de
DECRETA:
ser aplicada.

LEI DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS Art. 9º A multa converte-se em prisão simples, de acor-
do com o que dispõe o Código Penal sobre a conversão
PARTE GERAL de multa em detenção.
Parágrafo único. Se a multa é a única pena cominada, a
Art. 1º Aplicam-se as contravenções às regras gerais do conversão em prisão simples se faz entre os limites de
Código Penal, sempre que a presente lei não disponha quinze dias e três meses.
de modo diverso.
Art. 10. A duração da pena de prisão simples não pode,
Art. 2º A lei brasileira só é aplicável à contravenção pra- em caso algum, ser superior a cinco anos, nem a im-
ticada no território nacional. portância das multas ultrapassar cinquenta contos.

Art. 3º Para a existência da contravenção, basta a ação Art. 11. Desde que reunidas as condições legais, o juiz
ou omissão voluntária. Deve-se, todavia, ter em conta pode suspender por tempo não inferior a um ano nem
o dolo ou a culpa, se a lei faz depender, de um ou de superior a três, a execução da pena de prisão simples,
outra, qualquer efeito jurídico. bem como conceder livramento condicional.

Art. 4º Não é punível a tentativa de contravenção. Art. 12. As penas acessórias são a publicação da sen-
tença e as seguintes interdições de direitos:
Art. 5º As penas principais são: I – a incapacidade temporária para profissão ou ativi-
I – prisão simples. dade, cujo exercício dependa de habilitação especial,
licença ou autorização do poder público;
II – multa.
lI – a suspensão dos direitos políticos.
Art. 6º A pena de prisão simples deve ser cumprida, Parágrafo único. Incorrem:
sem rigor penitenciário, em estabelecimento especial
a) na interdição sob nº I, por um mês a dois anos, o
ou seção especial de prisão comum, em regime semi-
condenado por motivo de contravenção cometida com
-aberto ou aberto.
abuso de profissão ou atividade ou com infração de de-
§ 1º O condenado a pena de prisão simples fica sem- ver a ela inerente;
pre separado dos condenados a pena de reclusão ou
b) na interdição sob nº II, o condenado a pena privativa
de detenção.

575
de liberdade, enquanto dure a execução do pena ou a tivamente, se o fato não constitue crime contra a ordem
aplicação da medida de segurança detentiva. política ou social.
Art. 13. Aplicam-se, por motivo de contravenção, os
medidas de segurança estabelecidas no Código Penal, Art. 19. Trazer consigo arma fora de casa ou de depen-
à exceção do exílio local. dência desta, sem licença da autoridade:
Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses,
Art. 14. Presumem-se perigosos, alem dos indivíduos a ou multa, de duzentos mil réis a três contos de réis, ou
que se referem os ns. I e II do art. 78 do Código Penal: ambas cumulativamente.
I – o condenado por motivo de contravenção cometido, § 1º A pena é aumentada de um terço até metade, se o
em estado de embriaguez pelo álcool ou substância de agente já foi condenado, em sentença irrecorrivel, por
efeitos análogos, quando habitual a embriaguez; violência contra pessoa.
II – o condenado por vadiagem ou mendicância; § 2º Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias
a três meses, ou multa, de duzentos mil réis a um conto
III – Revogado;
de réis, quem, possuindo arma ou munição:
IV – Revogado;
a) deixa de fazer comunicação ou entrega à autoridade,
quando a lei o determina;
Art. 15. São internados em colônia agrícola ou em insti-
tuto de trabalho, de reeducação ou de ensino profissio- b) permite que alienado menor de 18 anos ou pessoa
nal, pelo prazo mínimo de um ano: inexperiente no manejo de arma a tenha consigo;
I – o condenado por vadiagem (art. 59); c) omite as cautelas necessárias para impedir que dela
se apodere facilmente alienado, menor de 18 anos ou
II – o condenado por mendicância (art. 60 e seu pa-
pessoa inexperiente em manejá-la.
rágrafo);
III – Revogado. Art. 20. Anunciar processo, substância ou objeto desti-
nado a provocar aborto:
Art. 16. O prazo mínimo de duração da internação em
Pena - multa de hum mil cruzeiros a dez mil cruzeiros.
manicômio judiciário ou em casa de custódia e trata-
mento é de seis meses.
Art. 21. Praticar vias de fato contra alguem:
Parágrafo único. O juiz, entretanto, pode, ao invés de
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou
decretar a internação, submeter o indivíduo a liberdade
multa, de cem mil réis a um conto de réis, se o fato não
vigiada.
constitue crime.
Art. 17. A ação penal é pública, devendo a autoridade Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço)
proceder de ofício. até a metade se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.

PARTE ESPECIAL Art. 22. Receber em estabelecimento psiquiátrico, e


nele internar, sem as formalidades legais, pessoa apre-
sentada como doente mental:
CAPÍTULO I
Pena – multa, de trezentos mil réis a três contos de réis.
DAS CONTRAVENÇÕES
REFERENTES À PESSOA § 1º Aplica-se a mesma pena a quem deixa de comuni-
car a autoridade competente, no prazo legal, internação
que tenha admitido, por motivo de urgência, sem as
Art. 18. Fabricar, importar, exportar, ter em depósito ou formalidades legais.
vender, sem permissão da autoridade, arma ou muni-
ção: § 2º Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias
a três meses, ou multa de quinhentos mil réis a cinco
Pena – prisão simples, de três meses a um ano, ou contos de réis, aquele que, sem observar as prescrições
multa, de um a cinco contos de réis, ou ambas cumula- legais, deixa retirar-se ou despede de estabelecimento

576
psiquiátrico pessoa nele, internada. quinze dias a dois meses, ou multa, de duzentos mil
réis a dois contos de réis, quem, em lugar habitado ou
Art. 23. Receber e ter sob custódia doente mental, fora em suas adjacências, em via pública ou em direção a
do caso previsto no artigo anterior, sem autorização de ela, sem licença da autoridade, causa deflagração pe-
quem de direito: rigosa, queima fogo de artifício ou solta balão aceso.
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou
Art. 29. Provocar o desabamento de construção ou, por
multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis.
erro no projeto ou na execução, dar-lhe causa:
CAPÍLULO II Pena – multa, de um a dez contos de réis, se o fato não
DAS CONTRAVENÇÕES constitue crime contra a incolumidade pública.
REFERENTES AO PATRIMÔNIO Art. 30. Omitir alguem a providência reclamada pelo
Estado ruinoso de construção que lhe pertence ou cuja
Art. 24. Fabricar, ceder ou vender gazua ou instrumento conservação lhe incumbe:
empregado usualmente na prática de crime de furto:
Pena – multa, de um a cinco contos de réis.
Pena – prisão simples, de seis meses a dois anos, e
multa, de trezentos mil réis a três contos de réis. Art. 31. Deixar em liberdade, confiar à guarda de pes-
soa inexperiente, ou não guardar com a devida cautela
Art. 25. Ter alguem em seu poder, depois de condena- animal perigoso:
do, por crime de furto ou roubo, ou enquanto sujeito à
Pena – prisão simples, de dez dias a dois meses, ou
liberdade vigiada ou quando conhecido como vadio ou
multa, de cem mil réis a um conto de réis.
mendigo, gazuas, chaves falsas ou alteradas ou instru-
mentos empregados usualmente na prática de crime de Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
furto, desde que não prove destinação legítima: a) na via pública, abandona animal de tiro, carga ou
Pena – prisão simples, de dois meses a um ano, e multa corrida, ou o confia à pessoa inexperiente;
de duzentos mil réis a dois contos de réis. b) excita ou irrita animal, expondo a perigo a segurança
alheia;
Art. 26. Abrir alguem, no exercício de profissão de
serralheiro ou oficio análogo, a pedido ou por incum- c) conduz animal, na via pública, pondo em perigo a
bência de pessoa de cuja legitimidade não se tenha segurança alheia.
certificado previamente, fechadura ou qualquer outro
aparelho destinado à defesa de lugar nu objeto: Art. 32. Dirigir, sem a devida habilitação, veículo na via
pública, ou embarcação a motor em aguas públicas:
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou
multa, de duzentos mil réis a um conto de réis. Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de
réis.
Art. 27 – Revogado.
Art. 33. Dirigir aeronave sem estar devidamente licen-
ciado:
CAPÍTULO III
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, e
multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
INCOLUMIDADE PÚBLICA
Art. 34. Dirigir veículos na via pública, ou embarca-
Art. 28. Disparar arma de fogo em lugar habitado ou em ções em águas públicas, pondo em perigo a segurança
suas adjacências, em via pública ou em direção a ela: alheia:
Pena – prisão simples, de um a seis meses, ou multa, Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou
de trezentos mil réis a três contos de réis. multa, de trezentos mil réis a dois contos de réis.
Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples, de

577
Art. 35. Entregar-se na prática da aviação, a acrobacias de prédio que o cede, no todo ou em parte, para reunião
ou a vôos baixos, fora da zona em que a lei o permite, de associação que saiba ser de carater secreto.
ou fazer descer a aeronave fora dos lugares destinados § 2º O juiz pode, tendo em vista as circunstâncias,
a esse fim: deixar de aplicar a pena, quando lícito o objeto da as-
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou sociação.
multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis.
Art. 40. Provocar tumulto ou portar-se de modo in-
Art. 36. Deixar do colocar na via pública, sinal ou obstá- conveniente ou desrespeitoso, em solenidade ou ato
culo, determinado em lei ou pela autoridade e destinado oficial, em assembléia ou espetáculo público, se o fato
a evitar perigo a transeuntes: não constitue infração penal mais grave;
Pena – prisão simples, de dez dias a dois meses, ou Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou
multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
Art. 41. Provocar alarma, anunciando desastre ou peri-
a) apaga sinal luminoso, destrói ou remove sinal de go inexistente, ou praticar qualquer ato capaz de produ-
outra natureza ou obstáculo destinado a evitar perigo zir pânico ou tumulto:
a transeuntes;
Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou
b) remove qualquer outro sinal de serviço público. multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.

Art. 37. Arremessar ou derramar em via pública, ou em Art. 42. Perturbar alguem o trabalho ou o sossego
lugar de uso comum, ou do uso alheio, coisa que possa alheios:
ofender, sujar ou molestar alguem:
I – com gritaria ou algazarra;
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de
réis. II – exercendo profissão incômoda ou ruidosa, em de-
sacordo com as prescrições legais;
Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que,
sem as devidas cautelas, coloca ou deixa suspensa III – abusando de instrumentos sonoros ou sinais acús-
coisa que, caindo em via pública ou em lugar de uso ticos;
comum ou de uso alheio, possa ofender, sujar ou mo- IV – provocando ou não procurando impedir barulho
lestar alguem. produzido por animal de que tem a guarda:
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou
Art. 38. Provocar, abusivamente, emissão de fumaça, multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
vapor ou gás, que possa ofender ou molestar alguem:
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de CAPÍTULO V
réis. DAS CONTRAVENÇÕES
REFERENTES À FÉ PÚBLICA
CAPÍTULO IV
DAS CONTRAVENÇÕES
Art. 43. Recusar-se a receber, pelo seu valor, moeda de
REFERENTES À PAZ PÚBLICA curso legal no país:
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de
Art. 39. Participar de associação de mais de cinco pes- réis.
soas, que se reunam periodicamente, sob compromisso
de ocultar à autoridade a existência, objetivo, organiza-
Art. 44. Usar, como propaganda, de impresso ou obje-
ção ou administração da associação:
to que pessoa inexperiente ou rústica possa confundir
Pena – prisão simples, de um a seis meses, ou multa, com moeda:
de trezentos mil réis a três contos de réis.
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de
§ 1º Na mesma pena incorre o proprietário ou ocupante réis.

578
Art. 45. Fingir-se funcionário público: os empregados ou participa do jogo pessoa menor de
dezoito anos.
Pena – prisão simples, de um a três meses, ou multa,
de quinhentos mil réis a três contos de réis. § 2º Incorre na pena de multa, de R$ 2.000,00 (dois
mil reais) a R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), quem
Art 46. Usar, publicamente, de uniforme, ou distintivo é encontrado a participar do jogo, ainda que pela inter-
de função pública que não exerce; usar, indevidamente, net ou por qualquer outro meio de comunicação, como
de sinal, distintivo ou denominação cujo emprêgo seja ponteiro ou apostador.
regulado por lei § 3º Consideram-se, jogos de azar:
Pena – multa, de duzentos a dois mil cruzeiros, se o fato a) o jogo em que o ganho e a perda dependem exclusiva
não constitui infração penal mais grave. ou principalmente da sorte;
b) as apostas sobre corrida de cavalos fora de hipódro-
CAPÍTULO VI
mo ou de local onde sejam autorizadas; c) as apostas
DAS CONTRAVENÇÕES RELATIVAS sobre qualquer outra competição esportiva.
À ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
§ 4º Equiparam-se, para os efeitos penais, a lugar aces-
sivel ao público:
Art. 47. Exercer profissão ou atividade econômica ou
anunciar que a exerce, sem preencher as condições a a) a casa particular em que se realizam jogos de azar,
que por lei está subordinado o seu exercício: quando deles habitualmente participam pessoas que
não sejam da família de quem a ocupa;
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou
multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis. b) o hotel ou casa de habitação coletiva, a cujos hóspe-
des e moradores se proporciona jogo de azar;
Art. 48. Exercer, sem observância das prescrições le- c) a sede ou dependência de sociedade ou associação,
gais, comércio de antiguidades, de obras de arte, ou de em que se realiza jogo de azar;
manuscritos e livros antigos ou raros: d) o estabelecimento destinado à exploração de jogo de
Pena – prisão simples de um a seis meses, ou multa, de azar, ainda que se dissimule esse destino.
um a dez contos de réis.
Art. 51. Promover ou fazer extrair loteria, sem autori-
Art. 49. Infringir determinação legal relativa à matrícula zação legal:
ou à escrituração de indústria, de comércio, ou de outra Pena – prisão simples, de seis meses a dois anos, e
atividade: multa, de cinco a dez contos de réis, estendendo-se os
Pena – multa, de duzentos mil réis a cinco contos de efeitos da condenação à perda dos moveis existentes
réis. no local.
§ 1º Incorre na mesma pena quem guarda, vende ou
CAPÍTULO VII expõe à venda, tem sob sua guarda para o fim de ven-
DAS CONTRAVENÇÕES RELATIVAS da, introduz ou tenta introduzir na circulação bilhete de
À POLÍCIA DE COSTUMES loteria não autorizada.
§ 2º Considera-se loteria toda operação que, mediante
Art. 50. Estabelecer ou explorar jogo de azar em lugar a distribuição de bilhete, listas, cupões, vales, sinais,
público ou acessivel ao público, mediante o pagamento símbolos ou meios análogos, faz depender de sorteio
de entrada ou sem ele: a obtenção de prêmio em dinheiro ou bens de outra
natureza.
Pena – prisão simples, de três meses a um ano, e mul-
ta, de dois a quinze contos de réis, estendendo-se os § 3º Não se compreendem na definição do parágrafo
efeitos da condenação à perda dos moveis e objetos de anterior os sorteios autorizados na legislação especial.
decoração do local.
Art. 52. Introduzir, no país, para o fim de comércio, bi-
§ 1º A pena é aumentada de um terço, se existe entre

579
lhete de loteria, rifa ou tômbola estrangeiras: Art. 58. Explorar ou realizar a loteria denominada jogo
do bicho, ou praticar qualquer ato relativo à sua realiza-
Pena – prisão simples, de quatro meses a um ano, e
ção ou exploração:
multa, de um a cinco contos de réis.
Pena – prisão simples, de quatro meses a um ano, e
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende,
multa, de dois a vinte contos de réis.
expõe à venda, tem sob sua guarda. para o fim de ven-
da, introduz ou tenta introduzir na circulação, bilhete de Parágrafo único. Incorre na pena de multa, de duzentos
loteria estrangeira. mil réis a dois contos de réis, aquele que participa da
loteria, visando a obtenção de prêmio, para si ou para
Art. 53. Introduzir, para o fim de comércio, bilhete de terceiro.
loteria estadual em território onde não possa legalmen-
te circular: Art. 59. Entregar-se alguem habitualmente à ociosida-
de, sendo válido para o trabalho, sem ter renda que lhe
Pena – prisão simples, de dois a seis meses, e multa,
assegure meios bastantes de subsistência, ou prover à
de um a três contos de réis.
própria subsistência mediante ocupação ilícita:
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende,
Parágrafo único. A aquisição superveniente de renda,
expõe à venda, tem sob sua guarda, para o fim de ven-
que assegure ao condenado meios bastantes de sub-
da, introduz ou tonta introduzir na circulação, bilhete
sistência, extingue a pena.
de loteria estadual, em território onde não possa legal-
mente circular.
Art. 60 – (Revogado pela Lei nº 11.983, de 2009
Art. 54. Exibir ou ter sob sua guarda lista de sorteio de Parágrafo único - (Revogado pela Lei nº 11.983, de
loteria estrangeira: 2009
Pena – prisão simples, de um a três meses, e multa, de a) (Revogado pela Lei nº 11.983, de 2009)
duzentos mil réis a um conto de réis. b) (Revogado pela Lei nº 11.983, de 2009)
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem exibe ou c) (Revogado pela Lei nº 11.983, de 2009)
tem sob sua guarda lista de sorteio de loteria estadual,
em território onde esta não possa legalmente circular.
Art. 61. (Revogado pela Lei nº 13.718, de 2018)
Art. 55. Imprimir ou executar qualquer serviço de feitura Pena –(Revogado pela Lei nº 13.718, de 2018)
de bilhetes, lista de sorteio, avisos ou cartazes relati-
vos a loteria, em lugar onde ela não possa legalmente Art. 62. Apresentar-se publicamente em estado de em-
circular: briaguez, de modo que cause escândalo ou ponha em
perigo a segurança própria ou alheia:
Pena – prisão simples, de um a seis meses, e multa, de
duzentos mil réis a dois contos de réis. Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou
multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Art. 56. Distribuir ou transportar cartazes, listas de sor- Parágrafo único. Se habitual a embriaguez, o contra-
teio ou avisos de loteria, onde ela não possa legalmente ventor é internado em casa de custódia e tratamento.
circular:
Pena – prisão simples, de um a três meses, e multa, de Art. 63. Servir bebidas alcoólicas:
cem a quinhentos mil réis. I- (Revogado pela Lei nº 13.106, de 2015)

Art. 57. Divulgar, por meio de jornal ou outro impresso, II – a quem se acha em estado de embriaguez;
de rádio, cinema, ou qualquer outra forma, ainda que III – a pessoa que o agente sabe sofrer das faculdades
disfarçadamente, anúncio, aviso ou resultado de extra- mentais;
ção de loteria, onde a circulação dos seus bilhetes não
IV – a pessoa que o agente sabe estar judicialmente
seria legal:
proibida de frequentar lugares onde se consome bebida
Pena – multa, de um a dez contos de réis. de tal natureza:

580
Pena – prisão simples, de dois meses a um ano, ou réis.
multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis. Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples, de
um a seis meses, e multa, de duzentos mil réis a dois
Art. 64. Tratar animal com crueldade ou submetê-lo a contos de réis, se o fato não constitue infração penal
trabalho excessivo: mais grave, quem, nas mesmas circunstâncias, f’az
Pena – prisão simples, de dez dias a um mês, ou multa, declarações inverídicas a respeito de sua identidade
de cem a quinhentos mil réis. pessoal, estado, profissão, domicílio e residência.
§ 1º Na mesma pena incorre aquele que, embora para
Art. 69. (Revogado pela Lei nº 6.815, de 19.8.1980)
fins didáticos ou científicos, realiza em lugar público
ou exposto ao publico, experiência dolorosa ou cruel Pena – (Revogado pela Lei nº 6.815, de 19.8.1980)
em animal vivo.
§ 2º Aplica-se a pena com aumento de metade, se o ani- Art. 70. Praticar qualquer ato que importe violação do
mal é submetido a trabalho excessivo ou tratado com monopólio postal da União:
crueldade, em exibição ou espetáculo público. Pena – prisão simples, de três meses a um ano, ou
multa, de três a dez contos de réis, ou ambas cumu-
Art. 65. Molestar alguem ou perturbar-lhe a tranquilida- lativamente.
de, por acinte ou por motivo reprovavel:
Pena – prisão simples, de quinze dias a dois meses, ou DISPOSIÇÕES FINAIS
multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Art. 71. Ressalvada a legislação especial sobre flo-
CAPÍTULO VIII restas, caça e pesca, revogam-se as disposições em
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES contrário.
À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 72. Esta lei entrará em vigor no dia 1º de janeiro
de 1942.
Art. 66. Deixar de comunicar à autoridade competente:
I – crime de ação pública, de que teve conhecimento no Rio de Janeiro, 3 de outubro de 1941; 120º da Indepen-
exercício de função pública, desde que a ação penal não dência e 58º da República.
dependa de representação;
GETULIO VARGAS.
II – crime de ação pública, de que teve conhecimento no
exercício da medicina ou de outra profissão sanitária, Francisco Campos.
desde que a ação penal não dependa de representação
e a comunicação não exponha o cliente a procedimento Este texto não substitui o publicado no DOU de
criminal: 3.10.1941
Pena – multa, de trezentos mil réis a três contos de réis.

Art. 67. Inumar ou exumar cadaver, com infração das


disposições legais:
Pena – prisão simples, de um mês a um ano, ou multa,
de duzentos mil réis a dois contos de réis.

Art. 68. Recusar à autoridade, quando por esta, justi-


ficadamente solicitados ou exigidos, dados ou indica-
ções concernentes à própria identidade, estado, profis-
são, domicílio e residência:
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de

581
dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da data
LEI DE IDENTIFICAÇÃO PESSOAL de sua publicação.
Lei nº 5.553, de 6 de dezembro
Art. 5º Revogam-se as disposições em contrário.
de 1968.
Brasília, 6 de dezembro de 1968; 147º da Independên-
Dispõe sobre a apresentação e uso de documen-
cia e 80º da República.
tos de identificação pessoal.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA. Faço saber que o LEI DE EXECUÇÃO PENAL


Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
Lei: Lei nº 7.210, de 11 de julho de
1984
Art. 1º A nenhuma pessoa física, bem como a nenhuma
pessoa jurídica, de direito público ou de direito privado, Institui a Lei de Execução Penal.
é lícito reter qualquer documento de identificação pes-
soal, ainda que apresentado por fotocópia autenticada O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o
ou pública-forma, inclusive comprovante de quitação Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
com o serviço militar, título de eleitor, carteira profis- Lei:
sional, certidão de registro de nascimento, certidão de
casamento, comprovante de naturalização e carteira de TÍTULO I
identidade de estrangeiro.
Do Objeto e da Aplicação
Art. 2º Quando, para a realização de determinado ato, da Lei de Execução Penal
for exigida a apresentação de documento de identifica-
ção, a pessoa que fizer a exigência fará extrair, no prazo Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as
de até 5 (cinco) dias, os dados que interessarem devol- disposições de sentença ou decisão criminal e propor-
vendo em seguida o documento ao seu exibidor. cionar condições para a harmônica integração social do
§ 1º - Além do prazo previsto neste artigo, somente por condenado e do internado.
ordem judicial poderá ser retido qualquer documento
de identificação pessoal. Art. 2º A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da
Justiça ordinária, em todo o Território Nacional, será
§ 2º - Quando o documento de identidade for indispen- exercida, no processo de execução, na conformidade
sável para a entrada de pessoa em órgãos públicos ou desta Lei e do Código de Processo Penal.
particulares, serão seus dados anotados no ato e devol-
vido o documento imediatamente ao interessado. Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á igualmente ao
preso provisório e ao condenado pela Justiça Eleitoral
Art. 3º Constitui contravenção penal, punível com pena ou Militar, quando recolhido a estabelecimento sujeito
de prisão simples de 1 (um) a 3 (três) meses ou multa à jurisdição ordinária.
de NCR$ 0,50 (cinqüenta centavos) a NCR$ 3,00 (três
cruzeiros novos), a retenção de qualquer documento a Art. 3º Ao condenado e ao internado serão assegurados
que se refere esta Lei. todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela
lei.
Parágrafo único. Quando a infração for praticada por
preposto ou agente de pessoa jurídica, considerar-se-á Parágrafo único. Não haverá qualquer distinção de na-
responsável quem houver ordenado o ato que ensejou tureza racial, social, religiosa ou política.
a retenção, a menos que haja, pelo executante, deso-
bediência ou inobservância de ordens ou instruções Art. 4º O Estado deverá recorrer à cooperação da comu-
expressas, quando, então, será este o infrator. nidade nas atividades de execução da pena e da medida
de segurança.
Art. 4º O Poder Executivo regulamentará a presente Lei

582
TÍTULO II no 8.072, de 25 de julho de 1990, serão submetidos,
Do Condenado e do Internado obrigatoriamente, à identificação do perfil genético,
mediante extração de DNA - ácido desoxirribonucleico,
por técnica adequada e indolor.
CAPÍTULO I
§ 1º-A. A regulamentação deverá fazer constar garantias
Da Classificação mínimas de proteção de dados genéticos, observando
as melhores práticas da genética forense.
Art. 5º Os condenados serão classificados, segundo § 2º A autoridade policial, federal ou estadual, poderá
os seus antecedentes e personalidade, para orientar a requerer ao juiz competente, no caso de inquérito ins-
individualização da execução penal. taurado, o acesso ao banco de dados de identificação
de perfil genético.
Art. 6º A classificação será feita por Comissão Técnica
de Classificação que elaborará o programa individuali- § 3º Deve ser viabilizado ao titular de dados genéticos o
zador da pena privativa de liberdade adequada ao con- acesso aos seus dados constantes nos bancos de perfis
denado ou preso provisório. genéticos, bem como a todos os documentos da cadeia
de custódia que gerou esse dado, de maneira que possa
Art. 7º A Comissão Técnica de Classificação, existente ser contraditado pela defesa.
em cada estabelecimento, será presidida pelo diretor e § 4º O condenado pelos crimes previstos no caput des-
composta, no mínimo, por 2 (dois) chefes de serviço, 1 te artigo que não tiver sido submetido à identificação do
(um) psiquiatra, 1 (um) psicólogo e 1 (um) assistente perfil genético por ocasião do ingresso no estabeleci-
social, quando se tratar de condenado à pena privativa mento prisional deverá ser submetido ao procedimento
de liberdade. durante o cumprimento da pena. (Incluído pela Lei nº
Parágrafo único. Nos demais casos a Comissão atuará 13.964, de 2019)
junto ao Juízo da Execução e será integrada por fiscais § 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
do serviço social.
§ 6º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena privati- § 7º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
va de liberdade, em regime fechado, será submetido a § 8º Constitui falta grave a recusa do condenado em
exame criminológico para a obtenção dos elementos submeter-se ao procedimento de identificação do perfil
necessários a uma adequada classificação e com vistas genético. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
1à individualização da execução.
Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo po- CAPÍTULO II
derá ser submetido o condenado ao cumprimento da Da Assistência
pena privativa de liberdade em regime semi-aberto.

Art. 9º A Comissão, no exame para a obtenção de da- SEÇÃO I


dos reveladores da personalidade, observando a ética Disposições Gerais
profissional e tendo sempre presentes peças ou infor-
mações do processo, poderá: Art. 10. A assistência ao preso e ao internado é dever
I - entrevistar pessoas; do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o
retorno à convivência em sociedade.
II - requisitar, de repartições ou estabelecimentos pri-
vados, dados e informações a respeito do condenado; Parágrafo único. A assistência estende-se ao egresso.
III - realizar outras diligências e exames necessários.
Art. 11. A assistência será:
Art. 9º-A. Os condenados por crime praticado, dolosa- I - material;
mente, com violência de natureza grave contra pessoa, II - à saúde;
ou por qualquer dos crimes previstos no art. 1º da Lei

583
III -jurídica; estrutural, pessoal e material à Defensoria Pública, no
exercício de suas funções, dentro e fora dos estabele-
IV - educacional;
cimentos penais.
V - social;
§ 2º Em todos os estabelecimentos penais, haverá local
VI - religiosa. apropriado destinado ao atendimento pelo Defensor
Público.
SEÇÃO II § 3º Fora dos estabelecimentos penais, serão imple-
Da Assistência Material mentados Núcleos Especializados da Defensoria Pú-
blica para a prestação de assistência jurídica integral e
Art. 12. A assistência material ao preso e ao internado gratuita aos réus, sentenciados em liberdade, egressos
consistirá no fornecimento de alimentação, vestuário e e seus familiares, sem recursos financeiros para cons-
instalações higiênicas. tituir advogado.

Art. 13. O estabelecimento disporá de instalações e SEÇÃO V


serviços que atendam aos presos nas suas necessi- Da Assistência Educacional
dades pessoais, além de locais destinados à venda de
produtos e objetos permitidos e não fornecidos pela
Art. 17. A assistência educacional compreenderá a ins-
Administração.
trução escolar e a formação profissional do preso e do
internado.
SEÇÃO III
Da Assistência à Saúde Art. 18. O ensino de 1º grau será obrigatório, integran-
do-se no sistema escolar da Unidade Federativa.
Art. 14. A assistência à saúde do preso e do internado
de caráter preventivo e curativo, compreenderá atendi- Art. 18-A. O ensino médio, regular ou supletivo, com
mento médico, farmacêutico e odontológico. formação geral ou educação profissional de nível mé-
dio, será implantado nos presídios, em obediência ao
§ 1º (Vetado).
preceito constitucional de sua universalização.
§ 2º Quando o estabelecimento penal não estiver apare-
§ 1º O ensino ministrado aos presos e presas integrar-
lhado para prover a assistência médica necessária, esta
-se-á ao sistema estadual e municipal de ensino e será
será prestada em outro local, mediante autorização da
mantido, administrativa e financeiramente, com o apoio
direção do estabelecimento.
da União, não só com os recursos destinados à educa-
§ 3º Será assegurado acompanhamento médico à mu- ção, mas pelo sistema estadual de justiça ou adminis-
lher, principalmente no pré-natal e no pós-parto, exten- tração penitenciária.
sivo ao recém-nascido.
§ 2º Os sistemas de ensino oferecerão aos presos e
às presas cursos supletivos de educação de jovens e
SEÇÃO IV adultos.
Da Assistência Jurídica § 3º A União, os Estados, os Municípios e o Distrito
Federal incluirão em seus programas de educação à
Art. 15. A assistência jurídica é destinada aos presos e distância e de utilização de novas tecnologias de ensi-
aos internados sem recursos financeiros para constituir no, o atendimento aos presos e às presas.
advogado.
Art. 19. O ensino profissional será ministrado em nível
Art. 16. As Unidades da Federação deverão ter serviços de iniciação ou de aperfeiçoamento técnico.
de assistência jurídica, integral e gratuita, pela Defenso-
Parágrafo único. A mulher condenada terá ensino pro-
ria Pública, dentro e fora dos estabelecimentos penais.
fissional adequado à sua condição.
§ 1º As Unidades da Federação deverão prestar auxílio

584
Art. 20. As atividades educacionais podem ser objeto de SEÇÃO VII
convênio com entidades públicas ou particulares, que Da Assistência Religiosa
instalem escolas ou ofereçam cursos especializados.

Art. 21. Em atendimento às condições locais, dotar-se-á Art. 24. A assistência religiosa, com liberdade de culto,
cada estabelecimento de uma biblioteca, para uso de será prestada aos presos e aos internados, permitindo-
todas as categorias de reclusos, provida de livros ins- -se-lhes a participação nos serviços organizados no
trutivos, recreativos e didáticos. estabelecimento penal, bem como a posse de livros de
instrução religiosa.
Art. 21-A. O censo penitenciário deverá apurar: § 1º No estabelecimento haverá local apropriado para
os cultos religiosos.
I - o nível de escolaridade dos presos e das presas;
§ 2º Nenhum preso ou internado poderá ser obrigado a
II - a existência de cursos nos níveis fundamental e mé-
participar de atividade religiosa.
dio e o número de presos e presas atendidos;
III - a implementação de cursos profissionais em nível SEÇÃO VIII
de iniciação ou aperfeiçoamento técnico e o número de
presos e presas atendidos;
Da Assistência ao Egresso
IV - a existência de bibliotecas e as condições de seu
Art. 25. A assistência ao egresso consiste:
acervo;
I - na orientação e apoio para reintegrá-lo à vida em
V - outros dados relevantes para o aprimoramento edu-
liberdade;
cacional de presos e presas.
II - na concessão, se necessário, de alojamento e ali-
SEÇÃO VI mentação, em estabelecimento adequado, pelo prazo de
2 (dois) meses.
Da Assistência Social
Parágrafo único. O prazo estabelecido no inciso II po-
derá ser prorrogado uma única vez, comprovado, por
Art. 22. A assistência social tem por finalidade amparar
declaração do assistente social, o empenho na obten-
o preso e o internado e prepará-los para o retorno à
ção de emprego.
liberdade.
Art. 26. Considera-se egresso para os efeitos desta Lei:
Art. 23. Incumbe ao serviço de assistência social:
I - o liberado definitivo, pelo prazo de 1 (um) ano a
I - conhecer os resultados dos diagnósticos ou exames;
contar da saída do estabelecimento;
II - relatar, por escrito, ao Diretor do estabelecimento, os
II - o liberado condicional, durante o período de prova.
problemas e as dificuldades enfrentadas pelo assistido;
III - acompanhar o resultado das permissões de saídas Art. 27.O serviço de assistência social colaborará com
e das saídas temporárias; o egresso para a obtenção de trabalho.
IV - promover, no estabelecimento, pelos meios dispo-
níveis, a recreação; CAPÍTULO III
V - promover a orientação do assistido, na fase final Do Trabalho
do cumprimento da pena, e do liberando, de modo a
facilitar o seu retorno à liberdade; SEÇÃO I
VI - providenciar a obtenção de documentos, dos be- Disposições Gerais
nefícios da Previdência Social e do seguro por acidente
no trabalho;
Art. 28. O trabalho do condenado, como dever social e
VII - orientar e amparar, quando necessário, a família do condição de dignidade humana, terá finalidade educa-
preso, do internado e da vítima. tiva e produtiva.

585
§ 1º Aplicam-se à organização e aos métodos de tra- ocupação adequada à sua idade.
balho as precauções relativas à segurança e à higiene. § 3º Os doentes ou deficientes físicos somente exerce-
§ 2º O trabalho do preso não está sujeito ao regime da rão atividades apropriadas ao seu estado.
Consolidação das Leis do Trabalho.
Art. 33. A jornada normal de trabalho não será inferior
Art. 29. O trabalho do preso será remunerado, mediante a 6 (seis) nem superior a 8 (oito) horas, com descanso
prévia tabela, não podendo ser inferior a 3/4 (três quar- nos domingos e feriados.
tos) do salário mínimo. Parágrafo único. Poderá ser atribuído horário especial
§ 1° O produto da remuneração pelo trabalho deverá de trabalho aos presos designados para os serviços de
atender: conservação e manutenção do estabelecimento penal.
a) à indenização dos danos causados pelo crime, desde
que determinados judicialmente e não reparados por Art. 34. O trabalho poderá ser gerenciado por fundação,
outros meios; ou empresa pública, com autonomia administrativa, e
terá por objetivo a formação profissional do condenado.
b) à assistência à família;
§ 1º. Nessa hipótese, incumbirá à entidade gerenciado-
c) a pequenas despesas pessoais; ra promover e supervisionar a produção, com critérios e
d) ao ressarcimento ao Estado das despesas realizadas métodos empresariais, encarregar-se de sua comercia-
com a manutenção do condenado, em proporção a ser lização, bem como suportar despesas, inclusive paga-
fixada e sem prejuízo da destinação prevista nas letras mento de remuneração adequada.
anteriores. § 2º Os governos federal, estadual e municipal poderão
§ 2º Ressalvadas outras aplicações legais, será depo- celebrar convênio com a iniciativa privada, para im-
sitada a parte restante para constituição do pecúlio, em plantação de oficinas de trabalho referentes a setores
Caderneta de Poupança, que será entregue ao condena- de apoio dos presídios.
do quando posto em liberdade.
Art. 35. Os órgãos da Administração Direta ou Indireta
Art. 30. As tarefas executadas como prestação de servi- da União, Estados, Territórios, Distrito Federal e dos
ço à comunidade não serão remuneradas. Municípios adquirirão, com dispensa de concorrência
pública, os bens ou produtos do trabalho prisional,
sempre que não for possível ou recomendável realizar-
SEÇÃO II
-se a venda a particulares.
Do Trabalho Interno
Parágrafo único. Todas as importâncias arrecadadas
com as vendas reverterão em favor da fundação ou em-
Art. 31. O condenado à pena privativa de liberdade está
presa pública a que alude o artigo anterior ou, na sua
obrigado ao trabalho na medida de suas aptidões e ca-
falta, do estabelecimento penal.
pacidade.
Parágrafo único. Para o preso provisório, o trabalho SEÇÃO III
não é obrigatório e só poderá ser executado no interior Do Trabalho Externo
do estabelecimento.

Art. 32. Na atribuição do trabalho deverão ser levadas Art. 36. O trabalho externo será admissível para os pre-
em conta a habilitação, a condição pessoal e as neces- sos em regime fechado somente em serviço ou obras
sidades futuras do preso, bem como as oportunidades públicas realizadas por órgãos da Administração Direta
oferecidas pelo mercado. ou Indireta, ou entidades privadas, desde que tomadas
as cautelas contra a fuga e em favor da disciplina.
§ 1º Deverá ser limitado, tanto quanto possível, o ar-
tesanato sem expressão econômica, salvo nas regiões § 1º O limite máximo do número de presos será de 10%
de turismo. (dez por cento) do total de empregados na obra.

§ 2º Os maiores de 60 (sessenta) anos poderão solicitar § 2º Caberá ao órgão da administração, à entidade ou

586
à empresa empreiteira a remuneração desse trabalho. couber, o disposto neste artigo.
§ 3º A prestação de trabalho à entidade privada depende
do consentimento expresso do preso. SEÇÃO II
Dos Direitos
Art. 37. A prestação de trabalho externo, a ser autori-
zada pela direção do estabelecimento, dependerá de Art. 40 - Impõe-se a todas as autoridades o respeito à
aptidão, disciplina e responsabilidade, além do cum- integridade física e moral dos condenados e dos presos
primento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena. provisórios.
Parágrafo único. Revogar-se-á a autorização de traba-
lho externo ao preso que vier a praticar fato definido Art. 41 - Constituem direitos do preso:
como crime, for punido por falta grave, ou tiver com- I - alimentação suficiente e vestuário;
portamento contrário aos requisitos estabelecidos neste
artigo. II - atribuição de trabalho e sua remuneração;
III - Previdência Social;
CAPÍTULO IV IV - constituição de pecúlio;
Dos Deveres, dos Direitos e da Disciplina
V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o
trabalho, o descanso e a recreação;
SEÇÃO I VI - exercício das atividades profissionais, intelectuais,
Dos Deveres artísticas e desportivas anteriores, desde que compatí-
veis com a execução da pena;
Art. 38. Cumpre ao condenado, além das obrigações VII - assistência material, à saúde, jurídica, educacio-
legais inerentes ao seu estado, submeter-se às normas nal, social e religiosa;
de execução da pena.
VIII - proteção contra qualquer forma de sensaciona-
Art. 39. Constituem deveres do condenado: lismo;

I - comportamento disciplinado e cumprimento fiel da IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado;


sentença; X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e
II - obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa amigos em dias determinados;
com quem deva relacionar-se; XI - chamamento nominal;
III - urbanidade e respeito no trato com os demais con- XII - igualdade de tratamento salvo quanto às exigên-
denados; cias da individualização da pena;
IV - conduta oposta aos movimentos individuais ou co- XIII - audiência especial com o diretor do estabeleci-
letivos de fuga ou de subversão à ordem ou à disciplina; mento;
V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens re- XIV - representação e petição a qualquer autoridade, em
cebidas; defesa de direito;
VI - submissão à sanção disciplinar imposta; XV - contato com o mundo exterior por meio de cor-
VII - indenização à vitima ou aos seus sucessores; respondência escrita, da leitura e de outros meios de
informação que não comprometam a moral e os bons
VIII - indenização ao Estado, quando possível, das costumes.
despesas realizadas com a sua manutenção, mediante
desconto proporcional da remuneração do trabalho; XVI – atestado de pena a cumprir, emitido anualmente,
sob pena da responsabilidade da autoridade judiciária
IX - higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento; competente.
X - conservação dos objetos de uso pessoal. Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V, X e
Parágrafo único. Aplica-se ao preso provisório, no que XV poderão ser suspensos ou restringidos mediante ato

587
motivado do diretor do estabelecimento. 118, inciso I, 125, 127, 181, §§ 1º, letra d, e 2º desta
Lei.
Art. 42 - Aplica-se ao preso provisório e ao submetido
à medida de segurança, no que couber, o disposto nesta SUBSEÇÃO II
Seção. Das Faltas Disciplinares
Art. 43 - É garantida a liberdade de contratar médico
de confiança pessoal do internado ou do submetido a Art. 49. As faltas disciplinares classificam-se em leves,
tratamento ambulatorial, por seus familiares ou depen- médias e graves. A legislação local especificará as leves
dentes, a fim de orientar e acompanhar o tratamento. e médias, bem assim as respectivas sanções.

Parágrafo único. As divergências entre o médico oficial Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a sanção cor-
e o particular serão resolvidas pelo Juiz da execução. respondente à falta consumada.

Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privati-


SEÇÃO III
va de liberdade que:
Da Disciplina
I - incitar ou participar de movimento para subverter a
ordem ou a disciplina;
SUBSEÇÃO I
II - fugir;
Disposições Gerais
III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofen-
der a integridade física de outrem;
Art. 44. A disciplina consiste na colaboração com a or-
dem, na obediência às determinações das autoridades e IV - provocar acidente de trabalho;
seus agentes e no desempenho do trabalho. V - descumprir, no regime aberto, as condições impos-
Parágrafo único. Estão sujeitos à disciplina o condena- tas;
do à pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V,
e o preso provisório. do artigo 39, desta Lei.

Art. 45. Não haverá falta nem sanção disciplinar sem VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho
expressa e anterior previsão legal ou regulamentar. telefônico, de rádio ou similar, que permita a comuni-
cação com outros presos ou com o ambiente externo.
§ 1º As sanções não poderão colocar em perigo a inte-
gridade física e moral do condenado. VIII - recusar submeter-se ao procedimento de iden-
tificação do perfil genético. (Incluído pela Lei nº
§ 2º É vedado o emprego de cela escura. 13.964, de 2019)
§ 3º São vedadas as sanções coletivas. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, no
que couber, ao preso provisório.
Art. 46. O condenado ou denunciado, no início da
execução da pena ou da prisão, será cientificado das Art. 51. Comete falta grave o condenado à pena restri-
normas disciplinares. tiva de direitos que:

Art. 47. O poder disciplinar, na execução da pena pri- I - descumprir, injustificadamente, a restrição imposta;
vativa de liberdade, será exercido pela autoridade ad- II - retardar, injustificadamente, o cumprimento da obri-
ministrativa conforme as disposições regulamentares. gação imposta;
III - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V,
Art. 48. Na execução das penas restritivas de direitos, do artigo 39, desta Lei.
o poder disciplinar será exercido pela autoridade admi-
nistrativa a que estiver sujeito o condenado.
Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso
Parágrafo único. Nas faltas graves, a autoridade repre- constitui falta grave e, quando ocasionar subversão da
sentará ao Juiz da execução para os fins dos artigos ordem ou disciplina internas, sujeitará o preso provisó-

588
rio, ou condenado, nacional ou estrangeiro, sem preju- de 2019)
ízo da sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado, § 3º Existindo indícios de que o preso exerce liderança
com as seguintes características: (Redação dada pela em organização criminosa, associação criminosa ou
Lei nº 13.964, de 2019) milícia privada, ou que tenha atuação criminosa em 2
I - duração máxima de até 2 (dois) anos, sem prejuízo (dois) ou mais Estados da Federação, o regime disci-
de repetição da sanção por nova falta grave de mes- plinar diferenciado será obrigatoriamente cumprido em
ma espécie; (Redação dada pela Lei nº 13.964, de estabelecimento prisional federal. (Incluído pela Lei
2019) nº 13.964, de 2019)
II - recolhimento em cela individual; (Redação dada § 4º Na hipótese dos parágrafos anteriores, o regime
pela Lei nº 13.964, de 2019) disciplinar diferenciado poderá ser prorrogado suces-
sivamente, por períodos de 1 (um) ano, existindo in-
III - visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por vez,
dícios de que o preso: (Incluído pela Lei nº 13.964,
a serem realizadas em instalações equipadas para
de 2019)
impedir o contato físico e a passagem de objetos, por
pessoa da família ou, no caso de terceiro, autorizado ju- I - continua apresentando alto risco para a ordem e a
dicialmente, com duração de 2 (duas) horas; (Redação segurança do estabelecimento penal de origem ou da
dada pela Lei nº 13.964, de 2019) sociedade; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - direito do preso à saída da cela por 2 (duas) horas II - mantém os vínculos com organização criminosa,
diárias para banho de sol, em grupos de até 4 (qua- associação criminosa ou milícia privada, considerados
tro) presos, desde que não haja contato com presos do também o perfil criminal e a função desempenhada por
mesmo grupo criminoso; (Redação dada pela Lei nº ele no grupo criminoso, a operação duradoura do gru-
13.964, de 2019) po, a superveniência de novos processos criminais e os
resultados do tratamento penitenciário. (Incluído pela
V - entrevistas sempre monitoradas, exceto aquelas
Lei nº 13.964, de 2019)
com seu defensor, em instalações equipadas para im-
pedir o contato físico e a passagem de objetos, salvo § 5º Na hipótese prevista no § 3º deste artigo, o re-
expressa autorização judicial em contrário; (Incluído gime disciplinar diferenciado deverá contar com alta
pela Lei nº 13.964, de 2019) segurança interna e externa, principalmente no que diz
respeito à necessidade de se evitar contato do preso
VI - fiscalização do conteúdo da correspondência; (In-
com membros de sua organização criminosa, associa-
cluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
ção criminosa ou milícia privada, ou de grupos rivais.
VII - participação em audiências judiciais preferencial- (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
mente por videoconferência, garantindo-se a participa-
§ 6º A visita de que trata o inciso III do caput deste
ção do defensor no mesmo ambiente do preso. (Inclu-
artigo será gravada em sistema de áudio ou de áudio
ído pela Lei nº 13.964, de 2019)
e vídeo e, com autorização judicial, fiscalizada por
§ 1º O regime disciplinar diferenciado também será agente penitenciário. (Incluído pela Lei nº 13.964,
aplicado aos presos provisórios ou condenados, na- de 2019)
cionais ou estrangeiros: (Redação dada pela Lei nº
§ 7º Após os primeiros 6 (seis) meses de regime disci-
13.964, de 2019)
plinar diferenciado, o preso que não receber a visita de
I - que apresentem alto risco para a ordem e a seguran- que trata o inciso III do caput deste artigo poderá, após
ça do estabelecimento penal ou da sociedade; (Incluí- prévio agendamento, ter contato telefônico, que será
do pela Lei nº 13.964, de 2019) gravado, com uma pessoa da família, 2 (duas) vezes
II - sob os quais recaiam fundadas suspeitas de en- por mês e por 10 (dez) minutos. (Incluído pela Lei nº
volvimento ou participação, a qualquer título, em or- 13.964, de 2019)
ganização criminosa, associação criminosa ou milícia
privada, independentemente da prática de falta grave. SUBSEÇÃO III
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Das Sanções e das Recompensas
§ 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.964,

589
Art. 53. Constituem sanções disciplinares: Art. 58. O isolamento, a suspensão e a restrição de di-
reitos não poderão exceder a trinta dias, ressalvada a
I - advertência verbal;
hipótese do regime disciplinar diferenciado.
II - repreensão;
Parágrafo único. O isolamento será sempre comunica-
III - suspensão ou restrição de direitos (artigo 41, pa- do ao Juiz da execução.
rágrafo único);
IV - isolamento na própria cela, ou em local adequado, SUBSEÇÃO V
nos estabelecimentos que possuam alojamento coleti- Do Procedimento Disciplinar
vo, observado o disposto no artigo 88 desta Lei.
V - inclusão no regime disciplinar diferenciado. Art. 59. Praticada a falta disciplinar, deverá ser instaura-
do o procedimento para sua apuração, conforme regu-
Art. 54. As sanções dos incisos I a IV do art. 53 se- lamento, assegurado o direito de defesa.
rão aplicadas por ato motivado do diretor do estabe-
Parágrafo único. A decisão será motivada.
lecimento e a do inciso V, por prévio e fundamentado
despacho do juiz competente.
Art. 60. A autoridade administrativa poderá decretar o
§ 1º A autorização para a inclusão do preso em regime isolamento preventivo do faltoso pelo prazo de até dez
disciplinar dependerá de requerimento circunstanciado dias. A inclusão do preso no regime disciplinar diferen-
elaborado pelo diretor do estabelecimento ou outra au- ciado, no interesse da disciplina e da averiguação do
toridade administrativa. fato, dependerá de despacho do juiz competente.
§ 2º A decisão judicial sobre inclusão de preso em Parágrafo único. O tempo de isolamento ou inclusão
regime disciplinar será precedida de manifestação do preventiva no regime disciplinar diferenciado será
Ministério Público e da defesa e prolatada no prazo má- computado no período de cumprimento da sanção dis-
ximo de quinze dias. ciplinar.

Art. 55. As recompensas têm em vista o bom compor- TÍTULO III


tamento reconhecido em favor do condenado, de sua
Dos Órgãos da Execução Penal
colaboração com a disciplina e de sua dedicação ao
trabalho.
CAPÍTULO I
Art. 56. São recompensas: Disposições Gerais
I - o elogio;
II - a concessão de regalias. Art. 61. São órgãos da execução penal:

Parágrafo único. A legislação local e os regulamentos I - o Conselho Nacional de Política Criminal e Peni-
estabelecerão a natureza e a forma de concessão de tenciária;
regalias. II - o Juízo da Execução;
III - o Ministério Público;
SUBSEÇÃO IV
IV - o Conselho Penitenciário;
Da Aplicação das Sanções
V - os Departamentos Penitenciários;
Art. 57. Na aplicação das sanções disciplinares, levar- VI - o Patronato;
-se-ão em conta a natureza, os motivos, as circunstân-
VII - o Conselho da Comunidade.
cias e as conseqüências do fato, bem como a pessoa do
faltoso e seu tempo de prisão. VIII - a Defensoria Pública.
Parágrafo único. Nas faltas graves, aplicam-se as san-
ções previstas nos incisos III a V do art. 53 desta Lei. CAPÍTULO II
Do Conselho Nacional de

590
Política Criminal e Penitenciária mas referentes à execução penal;
X - representar à autoridade competente para a inter-
Art. 62. O Conselho Nacional de Política Criminal e dição, no todo ou em parte, de estabelecimento penal.
Penitenciária, com sede na Capital da República, é su-
bordinado ao Ministério da Justiça. CAPÍTULO III
Do Juízo da Execução
Art. 63. O Conselho Nacional de Política Criminal e Pe-
nitenciária será integrado por 13 (treze) membros de-
signados através de ato do Ministério da Justiça, dentre Art. 65. A execução penal competirá ao Juiz indicado na
professores e profissionais da área do Direito Penal, lei local de organização judiciária e, na sua ausência,
Processual Penal, Penitenciário e ciências correlatas, ao da sentença.
bem como por representantes da comunidade e dos
Ministérios da área social. Art. 66. Compete ao Juiz da execução:

Parágrafo único. O mandato dos membros do Conselho I - aplicar aos casos julgados lei posterior que de qual-
terá duração de 2 (dois) anos, renovado 1/3 (um terço) quer modo favorecer o condenado;
em cada ano. II - declarar extinta a punibilidade;
III - decidir sobre:
Art. 64. Ao Conselho Nacional de Política Criminal e
Penitenciária, no exercício de suas atividades, em âm- a) soma ou unificação de penas;
bito federal ou estadual, incumbe: b) progressão ou regressão nos regimes;
I - propor diretrizes da política criminal quanto à pre- c) detração e remição da pena;
venção do delito, administração da Justiça Criminal e
execução das penas e das medidas de segurança; d) suspensão condicional da pena;

II - contribuir na elaboração de planos nacionais de e) livramento condicional;


desenvolvimento, sugerindo as metas e prioridades da f) incidentes da execução.
política criminal e penitenciária;
IV - autorizar saídas temporárias;
III - promover a avaliação periódica do sistema criminal
V - determinar:
para a sua adequação às necessidades do País;
a) a forma de cumprimento da pena restritiva de direitos
IV - estimular e promover a pesquisa criminológica;
e fiscalizar sua execução;
V - elaborar programa nacional penitenciário de forma-
b) a conversão da pena restritiva de direitos e de multa
ção e aperfeiçoamento do servidor;
em privativa de liberdade;
VI - estabelecer regras sobre a arquitetura e construção
c) a conversão da pena privativa de liberdade em res-
de estabelecimentos penais e casas de albergados;
tritiva de direitos;
VII - estabelecer os critérios para a elaboração da esta-
d) a aplicação da medida de segurança, bem como a
tística criminal;
substituição da pena por medida de segurança;
VIII - inspecionar e fiscalizar os estabelecimentos pe-
e) a revogação da medida de segurança;
nais, bem assim informar-se, mediante relatórios do
Conselho Penitenciário, requisições, visitas ou outros f) a desinternação e o restabelecimento da situação
meios, acerca do desenvolvimento da execução penal anterior;
nos Estados, Territórios e Distrito Federal, propondo às g) o cumprimento de pena ou medida de segurança em
autoridades dela incumbida as medidas necessárias ao outra comarca;
seu aprimoramento;
h) a remoção do condenado na hipótese prevista no §
IX - representar ao Juiz da execução ou à autoridade 1º, do artigo 86, desta Lei.
administrativa para instauração de sindicância ou pro-
cedimento administrativo, em caso de violação das nor- i) (VETADO);

591
VI - zelar pelo correto cumprimento da pena e da medi- Art. 69. O Conselho Penitenciário é órgão consultivo e
da de segurança; fiscalizador da execução da pena.
VII - inspecionar, mensalmente, os estabelecimentos § 1º O Conselho será integrado por membros nomea-
penais, tomando providências para o adequado funcio- dos pelo Governador do Estado, do Distrito Federal e
namento e promovendo, quando for o caso, a apuração dos Territórios, dentre professores e profissionais da
de responsabilidade; área do Direito Penal, Processual Penal, Penitenciário
e ciências correlatas, bem como por representantes da
VIII - interditar, no todo ou em parte, estabelecimento
comunidade. A legislação federal e estadual regulará o
penal que estiver funcionando em condições inadequa-
seu funcionamento.
das ou com infringência aos dispositivos desta Lei;
§ 2º O mandato dos membros do Conselho Penitenciá-
IX - compor e instalar o Conselho da Comunidade.
rio terá a duração de 4 (quatro) anos.
X – emitir anualmente atestado de pena a cumprir.
Art. 70. Incumbe ao Conselho Penitenciário:
CAPÍTULO IV I - emitir parecer sobre indulto e comutação de pena,
Do Ministério Público excetuada a hipótese de pedido de indulto com base no
estado de saúde do preso;
Art. 67. O Ministério Público fiscalizará a execução da II - inspecionar os estabelecimentos e serviços penais;
pena e da medida de segurança, oficiando no processo
executivo e nos incidentes da execução. III - apresentar, no 1º (primeiro) trimestre de cada ano,
ao Conselho Nacional de Política Criminal e Peniten-
Art. 68. Incumbe, ainda, ao Ministério Público: ciária, relatório dos trabalhos efetuados no exercício
anterior;
I - fiscalizar a regularidade formal das guias de recolhi-
mento e de internamento; IV - supervisionar os patronatos, bem como a assistên-
cia aos egressos.
II - requerer:
a) todas as providências necessárias ao desenvolvi- CAPÍTULO VI
mento do processo executivo; Dos Departamentos Penitenciários
b) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio
de execução; SEÇÃO I
c) a aplicação de medida de segurança, bem como a Do Departamento Penitenciário Nacional
substituição da pena por medida de segurança;
d) a revogação da medida de segurança; Art. 71. O Departamento Penitenciário Nacional, su-
e) a conversão de penas, a progressão ou regressão bordinado ao Ministério da Justiça, é órgão executivo
nos regimes e a revogação da suspensão condicional da Política Penitenciária Nacional e de apoio adminis-
da pena e do livramento condicional; trativo e financeiro do Conselho Nacional de Política
Criminal e Penitenciária.
f) a internação, a desinternação e o restabelecimento da
situação anterior. Art. 72. São atribuições do Departamento Penitenciário
III - interpor recursos de decisões proferidas pela auto- Nacional:
ridade judiciária, durante a execução. I - acompanhar a fiel aplicação das normas de execução
Parágrafo único. O órgão do Ministério Público visitará penal em todo o Território Nacional;
mensalmente os estabelecimentos penais, registrando a II - inspecionar e fiscalizar periodicamente os estabele-
sua presença em livro próprio. cimentos e serviços penais;
III - assistir tecnicamente as Unidades Federativas na
CAPÍTULO V implementação dos princípios e regras estabelecidos
Do Conselho Penitenciário

592
nesta Lei; ciso VII do caput do art. 72 desta Lei e encaminharão
ao Departamento Penitenciário Nacional os resultados
IV - colaborar com as Unidades Federativas mediante
obtidos.
convênios, na implantação de estabelecimentos e ser-
viços penais; SEÇÃO III
V - colaborar com as Unidades Federativas para a re- Da Direção e do Pessoal dos
alização de cursos de formação de pessoal penitenci- Estabelecimentos Penais
ário e de ensino profissionalizante do condenado e do
internado.
Art. 75. O ocupante do cargo de diretor de estabeleci-
VI – estabelecer, mediante convênios com as unidades mento deverá satisfazer os seguintes requisitos:
federativas, o cadastro nacional das vagas existentes
I - ser portador de diploma de nível superior de Direito,
em estabelecimentos locais destinadas ao cumprimento
ou Psicologia, ou Ciências Sociais, ou Pedagogia, ou
de penas privativas de liberdade aplicadas pela justiça
Serviços Sociais;
de outra unidade federativa, em especial para presos
sujeitos a regime disciplinar. II - possuir experiência administrativa na área;
VII - acompanhar a execução da pena das mulheres III - ter idoneidade moral e reconhecida aptidão para o
beneficiadas pela progressão especial de que trata o § desempenho da função.
3º do art. 112 desta Lei, monitorando sua integração Parágrafo único. O diretor deverá residir no estabeleci-
social e a ocorrência de reincidência, específica ou não, mento, ou nas proximidades, e dedicará tempo integral
mediante a realização de avaliações periódicas e de es- à sua função.
tatísticas criminais.
§ 1º Incumbem também ao Departamento a coorde- Art. 76. O Quadro do Pessoal Penitenciário será orga-
nação e supervisão dos estabelecimentos penais e de nizado em diferentes categorias funcionais, segundo as
internamento federais. necessidades do serviço, com especificação de atribui-
ções relativas às funções de direção, chefia e assesso-
§ 2º Os resultados obtidos por meio do monitoramen-
ramento do estabelecimento e às demais funções.
to e das avaliações periódicas previstas no inciso VII
do caput deste artigo serão utilizados para, em função
da efetividade da progressão especial para a ressocia- Art. 77. A escolha do pessoal administrativo, especia-
lização das mulheres de que trata o § 3º do art. 112 lizado, de instrução técnica e de vigilância atenderá a
desta Lei, avaliar eventual desnecessidade do regime vocação, preparação profissional e antecedentes pes-
fechado de cumprimento de pena para essas mulheres soais do candidato.
nos casos de crimes cometidos sem violência ou grave § 1° O ingresso do pessoal penitenciário, bem como
ameaça. a progressão ou a ascensão funcional dependerão de
cursos específicos de formação, procedendo-se à reci-
SEÇÃO II clagem periódica dos servidores em exercício.
Do Departamento Penitenciário Local § 2º No estabelecimento para mulheres somente se per-
mitirá o trabalho de pessoal do sexo feminino, salvo
Art. 73. A legislação local poderá criar Departamento quando se tratar de pessoal técnico especializado.
Penitenciário ou órgão similar, com as atribuições que
estabelecer. CAPÍTULO VII
Do Patronato
Art. 74. O Departamento Penitenciário local, ou órgão
similar, tem por finalidade supervisionar e coordenar Art. 78. O Patronato público ou particular destina-se a
os estabelecimentos penais da Unidade da Federação prestar assistência aos albergados e aos egressos (ar-
a que pertencer. tigo 26).
Parágrafo único. Os órgãos referidos no caput deste
artigo realizarão o acompanhamento de que trata o in- Art. 79. Incumbe também ao Patronato:

593
I - orientar os condenados à pena restritiva de direitos; b) a aplicação aos casos julgados de lei posterior que
de qualquer modo favorecer o condenado;
II - fiscalizar o cumprimento das penas de prestação de
serviço à comunidade e de limitação de fim de semana; c) a declaração de extinção da punibilidade;
III - colaborar na fiscalização do cumprimento das con- d) a unificação de penas;
dições da suspensão e do livramento condicional. e) a detração e remição da pena;

CAPÍTULO VIII f) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio


de execução;
Do Conselho da Comunidade
g) a aplicação de medida de segurança e sua revoga-
ção, bem como a substituição da pena por medida de
Art. 80. Haverá, em cada comarca, um Conselho da
segurança;
Comunidade composto, no mínimo, por 1 (um) repre-
sentante de associação comercial ou industrial, 1 (um) h) a conversão de penas, a progressão nos regimes, a
advogado indicado pela Seção da Ordem dos Advoga- suspensão condicional da pena, o livramento condicio-
dos do Brasil, 1 (um) Defensor Público indicado pelo nal, a comutação de pena e o indulto;
Defensor Público Geral e 1 (um) assistente social esco- i) a autorização de saídas temporárias;
lhido pela Delegacia Seccional do Conselho Nacional
de Assistentes Sociais. j) a internação, a desinternação e o restabelecimento da
situação anterior;
Parágrafo único. Na falta da representação prevista nes-
te artigo, ficará a critério do Juiz da execução a escolha k) o cumprimento de pena ou medida de segurança em
dos integrantes do Conselho. outra comarca;
l) a remoção do condenado na hipótese prevista no §
Art. 81. Incumbe ao Conselho da Comunidade: 1º do art. 86 desta Lei;
I - visitar, pelo menos mensalmente, os estabelecimen- II - requerer a emissão anual do atestado de pena a
tos penais existentes na comarca; cumprir;
II - entrevistar presos; III - interpor recursos de decisões proferidas pela auto-
III - apresentar relatórios mensais ao Juiz da execução e ridade judiciária ou administrativa durante a execução;
ao Conselho Penitenciário; IV - representar ao Juiz da execução ou à autoridade
IV - diligenciar a obtenção de recursos materiais e hu- administrativa para instauração de sindicância ou pro-
manos para melhor assistência ao preso ou internado, cedimento administrativo em caso de violação das nor-
em harmonia com a direção do estabelecimento. mas referentes à execução penal;
V - visitar os estabelecimentos penais, tomando pro-
CAPÍTULO IX vidências para o adequado funcionamento, e requerer,
DA DEFENSORIA PÚBLICA quando for o caso, a apuração de responsabilidade;
VI - requerer à autoridade competente a interdição, no
Art. 81-A. A Defensoria Pública velará pela regular exe- todo ou em parte, de estabelecimento penal.
cução da pena e da medida de segurança, oficiando, Parágrafo único. O órgão da Defensoria Pública visitará
no processo executivo e nos incidentes da execução, periodicamente os estabelecimentos penais, registran-
para a defesa dos necessitados em todos os graus e do a sua presença em livro próprio.
instâncias, de forma individual e coletiva.
TÍTULO IV
Art. 81-B. Incumbe, ainda, à Defensoria Pública:
Dos Estabelecimentos Penais
I - requerer:
a) todas as providências necessárias ao desenvolvi- CAPÍTULO I
mento do processo executivo; Disposições Gerais

594
Art. 82. Os estabelecimentos penais destinam-se ao como todas as atividades que exijam o exercício do po-
condenado, ao submetido à medida de segurança, ao der de polícia, e notadamente:
preso provisório e ao egresso. I - classificação de condenados;
§ 1° A mulher e o maior de sessenta anos, separada- II - aplicação de sanções disciplinares;
mente, serão recolhidos a estabelecimento próprio e
adequado à sua condição pessoal. III - controle de rebeliões;
§ 2º - O mesmo conjunto arquitetônico poderá abrigar IV - transporte de presos para órgãos do Poder Judici-
estabelecimentos de destinação diversa desde que de- ário, hospitais e outros locais externos aos estabeleci-
vidamente isolados. mentos penais.

Art. 83. O estabelecimento penal, conforme a sua natu- Art. 84. O preso provisório ficará separado do condena-
reza, deverá contar em suas dependências com áreas e do por sentença transitada em julgado.
serviços destinados a dar assistência, educação, traba- § 1º Os presos provisórios ficarão separados de acordo
lho, recreação e prática esportiva. com os seguintes critérios:
§ 1º Haverá instalação destinada a estágio de estudan- I - acusados pela prática de crimes hediondos ou equi-
tes universitários. parados;
§ 2º Os estabelecimentos penais destinados a mulheres II - acusados pela prática de crimes cometidos com vio-
serão dotados de berçário, onde as condenadas pos- lência ou grave ameaça à pessoa;
sam cuidar de seus filhos, inclusive amamentá-los, no
mínimo, até 6 (seis) meses de idade. III - acusados pela prática de outros crimes ou contra-
venções diversos dos apontados nos incisos I e II.
§ 3º Os estabelecimentos de que trata o § 2º deste ar-
tigo deverão possuir, exclusivamente, agentes do sexo § 2° O preso que, ao tempo do fato, era funcionário da
feminino na segurança de suas dependências internas. Administração da Justiça Criminal ficará em dependên-
cia separada.
§ 4º Serão instaladas salas de aulas destinadas a cursos
do ensino básico e profissionalizante. § 3º Os presos condenados ficarão separados de acor-
do com os seguintes critérios:
§ 5º Haverá instalação destinada à Defensoria Pública.
I - condenados pela prática de crimes hediondos ou
Art. 83-A. Poderão ser objeto de execução indireta equiparados;
as atividades materiais acessórias, instrumentais ou II - reincidentes condenados pela prática de crimes co-
complementares desenvolvidas em estabelecimentos metidos com violência ou grave ameaça à pessoa;
penais, e notadamente:
III - primários condenados pela prática de crimes come-
I - serviços de conservação, limpeza, informática, co- tidos com violência ou grave ameaça à pessoa;
peiragem, portaria, recepção, reprografia, telecomuni-
IV - demais condenados pela prática de outros crimes
cações, lavanderia e manutenção de prédios, instala-
ou contravenções em situação diversa das previstas
ções e equipamentos internos e externos;
nos incisos I, II e III.
II - serviços relacionados à execução de trabalho pelo
§ 4º O preso que tiver sua integridade física, moral ou
preso.
psicológica ameaçada pela convivência com os demais
§ 1º A execução indireta será realizada sob supervisão e presos ficará segregado em local próprio.
fiscalização do poder público.
§ 2º Os serviços relacionados neste artigo poderão Art. 85. O estabelecimento penal deverá ter lotação
compreender o fornecimento de materiais, equipamen- compatível com a sua estrutura e finalidade.
tos, máquinas e profissionais. Parágrafo único. O Conselho Nacional de Política Cri-
minal e Penitenciária determinará o limite máximo de
Art. 83-B. São indelegáveis as funções de direção, capacidade do estabelecimento, atendendo a sua natu-
chefia e coordenação no âmbito do sistema penal, bem reza e peculiaridades.

595
Art. 86. As penas privativas de liberdade aplicadas pela creche referidas neste artigo:
Justiça de uma Unidade Federativa podem ser execu- I – atendimento por pessoal qualificado, de acordo com
tadas em outra unidade, em estabelecimento local ou as diretrizes adotadas pela legislação educacional e em
da União. unidades autônomas; e
§ 1º A União Federal poderá construir estabelecimento II – horário de funcionamento que garanta a melhor as-
penal em local distante da condenação para recolher os sistência à criança e à sua responsável.
condenados, quando a medida se justifique no interes-
se da segurança pública ou do próprio condenado.
Art. 90. A penitenciária de homens será construída, em
§ 2° Conforme a natureza do estabelecimento, nele po- local afastado do centro urbano, à distância que não
derão trabalhar os liberados ou egressos que se dedi- restrinja a visitação.
quem a obras públicas ou ao aproveitamento de terras
ociosas. CAPÍTULO III
§ 3º Caberá ao juiz competente, a requerimento da Da Colônia Agrícola, Industrial ou Similar
autoridade administrativa definir o estabelecimento
prisional adequado para abrigar o preso provisório ou
Art. 91. A Colônia Agrícola, Industrial ou Similar desti-
condenado, em atenção ao regime e aos requisitos es-
na-se ao cumprimento da pena em regime semi-aberto.
tabelecidos.
Art. 92. O condenado poderá ser alojado em comparti-
CAPÍTULO II mento coletivo, observados os requisitos da letra a, do
Da Penitenciária parágrafo único, do artigo 88, desta Lei.
Parágrafo único. São também requisitos básicos das
Art. 87. A penitenciária destina-se ao condenado à pena dependências coletivas:
de reclusão, em regime fechado.
a) a seleção adequada dos presos;
Parágrafo único. A União Federal, os Estados, o Distrito
b) o limite de capacidade máxima que atenda os objeti-
Federal e os Territórios poderão construir Penitenciá-
vos de individualização da pena.
rias destinadas, exclusivamente, aos presos provisórios
e condenados que estejam em regime fechado, sujeitos
ao regime disciplinar diferenciado, nos termos do art. CAPÍTULO IV
52 desta Lei. Da Casa do Albergado

Art. 88. O condenado será alojado em cela individual Art. 93. A Casa do Albergado destina-se ao cumprimen-
que conterá dormitório, aparelho sanitário e lavatório. to de pena privativa de liberdade, em regime aberto, e
Parágrafo único. São requisitos básicos da unidade da pena de limitação de fim de semana.
celular:
Art. 94. O prédio deverá situar-se em centro urbano, se-
a) salubridade do ambiente pela concorrência dos fa-
parado dos demais estabelecimentos, e caracterizar-se
tores de aeração, insolação e condicionamento térmico
pela ausência de obstáculos físicos contra a fuga.
adequado à existência humana;
b) área mínima de 6,00m2 (seis metros quadrados). Art. 95. Em cada região haverá, pelo menos, uma Casa
do Albergado, a qual deverá conter, além dos aposentos
Art. 89. Além dos requisitos referidos no art. 88, a para acomodar os presos, local adequado para cursos
penitenciária de mulheres será dotada de seção para e palestras.
gestante e parturiente e de creche para abrigar crianças
Parágrafo único. O estabelecimento terá instalações
maiores de 6 (seis) meses e menores de 7 (sete) anos,
para os serviços de fiscalização e orientação dos con-
com a finalidade de assistir a criança desamparada cuja
denados.
responsável estiver presa.
Parágrafo único. São requisitos básicos da seção e da

596
CAPÍTULO V Art. 104. O estabelecimento de que trata este Capítulo
Do Centro de Observação será instalado próximo de centro urbano, observando-
-se na construção as exigências mínimas referidas no
artigo 88 e seu parágrafo único desta Lei.
Art. 96. No Centro de Observação realizar-se-ão os exa-
mes gerais e o criminológico, cujos resultados serão
encaminhados à Comissão Técnica de Classificação.
TÍTULO V
Da Execução das Penas em Espécie
Parágrafo único. No Centro poderão ser realizadas pes-
quisas criminológicas.
CAPÍTULO I
Art. 97. O Centro de Observação será instalado em uni- Das Penas Privativas de Liberdade
dade autônoma ou em anexo a estabelecimento penal.
SEÇÃO I
Art. 98. Os exames poderão ser realizados pela Co-
missão Técnica de Classificação, na falta do Centro de Disposições Gerais
Observação.
Art. 105. Transitando em julgado a sentença que aplicar
CAPÍTULO VI pena privativa de liberdade, se o réu estiver ou vier a ser
Do Hospital de Custódia e preso, o Juiz ordenará a expedição de guia de recolhi-
mento para a execução.
Tratamento Psiquiátrico
Art. 106. A guia de recolhimento, extraída pelo escrivão,
Art. 99. O Hospital de Custódia e Tratamento Psiqui- que a rubricará em todas as folhas e a assinará com o
átrico destina-se aos inimputáveis e semi-imputáveis Juiz, será remetida à autoridade administrativa incum-
referidos no artigo 26 e seu parágrafo único do Código bida da execução e conterá:
Penal.
I - o nome do condenado;
Parágrafo único. Aplica-se ao hospital, no que couber,
II - a sua qualificação civil e o número do registro geral
o disposto no parágrafo único, do artigo 88, desta Lei.
no órgão oficial de identificação;
Art. 100. O exame psiquiátrico e os demais exames ne- III - o inteiro teor da denúncia e da sentença condenató-
cessários ao tratamento são obrigatórios para todos os ria, bem como certidão do trânsito em julgado;
internados. IV - a informação sobre os antecedentes e o grau de
instrução;
Art. 101. O tratamento ambulatorial, previsto no artigo
97, segunda parte, do Código Penal, será realizado no V - a data da terminação da pena;
Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico ou em VI - outras peças do processo reputadas indispensáveis
outro local com dependência médica adequada. ao adequado tratamento penitenciário.
§ 1º Ao Ministério Público se dará ciência da guia de
CAPÍTULO VII recolhimento.
Da Cadeia Pública
§ 2º A guia de recolhimento será retificada sempre que
sobrevier modificação quanto ao início da execução ou
Art. 102. A cadeia pública destina-se ao recolhimento ao tempo de duração da pena.
de presos provisórios.
§ 3° Se o condenado, ao tempo do fato, era funcionário
da Administração da Justiça Criminal, far-se-á, na guia,
Art. 103. Cada comarca terá, pelo menos 1 (uma) cadeia
menção dessa circunstância, para fins do disposto no §
pública a fim de resguardar o interesse da Administra-
2°, do artigo 84, desta Lei.
ção da Justiça Criminal e a permanência do preso em
local próximo ao seu meio social e familiar.
Art. 107. Ninguém será recolhido, para cumprimento de

597
pena privativa de liberdade, sem a guia expedida pela reincidente em crime cometido sem violência à pessoa
autoridade judiciária. ou grave ameaça; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
§ 1° A autoridade administrativa incumbida da execu-
ção passará recibo da guia de recolhimento para jun- III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o ape-
tá-la aos autos do processo, e dará ciência dos seus nado for primário e o crime tiver sido cometido com
termos ao condenado. violência à pessoa ou grave ameaça; (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º As guias de recolhimento serão registradas em
livro especial, segundo a ordem cronológica do recebi- IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for
mento, e anexadas ao prontuário do condenado, aditan- reincidente em crime cometido com violência à pessoa
do-se, no curso da execução, o cálculo das remições e ou grave ameaça; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
de outras retificações posteriores. 2019)
V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for
Art. 108. O condenado a quem sobrevier doença mental condenado pela prática de crime hediondo ou equipa-
será internado em Hospital de Custódia e Tratamento rado, se for primário; (Incluído pela Lei nº 13.964,
Psiquiátrico. de 2019)

Art. 109. Cumprida ou extinta a pena, o condenado será VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado
posto em liberdade, mediante alvará do Juiz, se por ou- for: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
tro motivo não estiver preso. a) condenado pela prática de crime hediondo ou equi-
parado, com resultado morte, se for primário, vedado o
SEÇÃO II livramento condicional; (Incluído pela Lei nº 13.964,
Dos Regimes de 2019)
b) condenado por exercer o comando, individual ou
Art. 110. O Juiz, na sentença, estabelecerá o regime no coletivo, de organização criminosa estruturada para a
qual o condenado iniciará o cumprimento da pena pri- prática de crime hediondo ou equiparado; ou (Incluído
vativa de liberdade, observado o disposto no artigo 33 pela Lei nº 13.964, de 2019)
e seus parágrafos do Código Penal. c) condenado pela prática do crime de constituição
de milícia privada; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
Art. 111. Quando houver condenação por mais de um 2019)
crime, no mesmo processo ou em processos distintos,
VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado
a determinação do regime de cumprimento será feita
for reincidente na prática de crime hediondo ou equipa-
pelo resultado da soma ou unificação das penas, ob-
rado; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
servada, quando for o caso, a detração ou remição.
VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado
Parágrafo único. Sobrevindo condenação no curso da
for reincidente em crime hediondo ou equiparado com
execução, somar-se-á a pena ao restante da que está
resultado morte, vedado o livramento condicional. (In-
sendo cumprida, para determinação do regime.
cluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada § 1º Em todos os casos, o apenado só terá direito à pro-
em forma progressiva com a transferência para regime gressão de regime se ostentar boa conduta carcerária,
menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o comprovada pelo diretor do estabelecimento, respei-
preso tiver cumprido ao menos: (Redação dada pela tadas as normas que vedam a progressão. (Redação
Lei nº 13.964, de 2019) dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado § 2º A decisão do juiz que determinar a progressão de
for primário e o crime tiver sido cometido sem violên- regime será sempre motivada e precedida de manifesta-
cia à pessoa ou grave ameaça; (Incluído pela Lei nº ção do Ministério Público e do defensor, procedimento
13.964, de 2019) que também será adotado na concessão de livramento
condicional, indulto e comutação de penas, respeitados
II - 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for

598
os prazos previstos nas normas vigentes. (Redação as pessoas referidas no artigo 117 desta Lei.
dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe ou Art. 115. O Juiz poderá estabelecer condições especiais
responsável por crianças ou pessoas com deficiência, para a concessão de regime aberto, sem prejuízo das
os requisitos para progressão de regime são, cumula- seguintes condições gerais e obrigatórias:
tivamente: I - permanecer no local que for designado, durante o
I - não ter cometido crime com violência ou grave ame- repouso e nos dias de folga;
aça a pessoa; II - sair para o trabalho e retornar, nos horários fixados;
II - não ter cometido o crime contra seu filho ou de- III - não se ausentar da cidade onde reside, sem auto-
pendente; rização judicial;
III - ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no IV - comparecer a Juízo, para informar e justificar as
regime anterior; suas atividades, quando for determinado.
IV - ser primária e ter bom comportamento carcerário,
comprovado pelo diretor do estabelecimento; Art. 116. O Juiz poderá modificar as condições esta-
belecidas, de ofício, a requerimento do Ministério Pú-
V - não ter integrado organização criminosa. blico, da autoridade administrativa ou do condenado,
§ 4º O cometimento de novo crime doloso ou falta gra- desde que as circunstâncias assim o recomendem.
ve implicará a revogação do benefício previsto no § 3º
deste artigo. Art. 117. Somente se admitirá o recolhimento do be-
neficiário de regime aberto em residência particular
§ 5º Não se considera hediondo ou equiparado, para os
quando se tratar de:
fins deste artigo, o crime de tráfico de drogas previsto
no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de I - condenado maior de 70 (setenta) anos;
2006. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) II - condenado acometido de doença grave;
§ 6º O cometimento de falta grave durante a execução III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou
da pena privativa de liberdade interrompe o prazo para a mental;
obtenção da progressão no regime de cumprimento da
pena, caso em que o reinício da contagem do requisito IV - condenada gestante.
objetivo terá como base a pena remanescente. (Incluí-
do pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade
ficará sujeita à forma regressiva, com a transferência
§ 7º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o
2019) condenado:

Art. 113. O ingresso do condenado em regime aberto I - praticar fato definido como crime doloso ou falta
supõe a aceitação de seu programa e das condições grave;
impostas pelo Juiz. II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena,
somada ao restante da pena em execução, torne incabí-
Art. 114. Somente poderá ingressar no regime aberto o vel o regime (artigo 111).
condenado que:
§ 1° O condenado será transferido do regime aberto
I - estiver trabalhando ou comprovar a possibilidade de se, além das hipóteses referidas nos incisos anteriores,
fazê-lo imediatamente; frustrar os fins da execução ou não pagar, podendo, a
II - apresentar, pelos seus antecedentes ou pelo resulta- multa cumulativamente imposta.
do dos exames a que foi submetido, fundados indícios § 2º Nas hipóteses do inciso I e do parágrafo anterior,
de que irá ajustar-se, com autodisciplina e senso de deverá ser ouvido previamente o condenado.
responsabilidade, ao novo regime.
Parágrafo único. Poderão ser dispensadas do trabalho Art. 119. A legislação local poderá estabelecer normas
complementares para o cumprimento da pena privativa

599
de liberdade em regime aberto (artigo 36, § 1º, do Có- do pela Lei nº 13.964, de 2019)
digo Penal).
Art. 123. A autorização será concedida por ato motivado
SEÇÃO III do Juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a
Das Autorizações de Saída administração penitenciária e dependerá da satisfação
dos seguintes requisitos:
I - comportamento adequado;
SUBSEÇÃO I
Da Permissão de Saída II - cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena, se
o condenado for primário, e 1/4 (um quarto), se rein-
cidente;
Art. 120. Os condenados que cumprem pena em regime
fechado ou semi-aberto e os presos provisórios pode- III - compatibilidade do benefício com os objetivos da
rão obter permissão para sair do estabelecimento, me- pena.
diante escolta, quando ocorrer um dos seguintes fatos:
Art. 124. A autorização será concedida por prazo não
I - falecimento ou doença grave do cônjuge, compa- superior a 7 (sete) dias, podendo ser renovada por mais
nheira, ascendente, descendente ou irmão; 4 (quatro) vezes durante o ano.
II - necessidade de tratamento médico (parágrafo único § 1º Ao conceder a saída temporária, o juiz imporá ao
do artigo 14). beneficiário as seguintes condições, entre outras que
Parágrafo único. A permissão de saída será concedi- entender compatíveis com as circunstâncias do caso e
da pelo diretor do estabelecimento onde se encontra o a situação pessoal do condenado:
preso. I - fornecimento do endereço onde reside a família a ser
visitada ou onde poderá ser encontrado durante o gozo
Art. 121. A permanência do preso fora do estabeleci- do benefício;
mento terá a duração necessária à finalidade da saída.
II - recolhimento à residência visitada, no período no-
turno;
SUBSEÇÃO II
Da Saída Temporária III - proibição de frequentar bares, casas noturnas e es-
tabelecimentos congêneres.
Art. 122. Os condenados que cumprem pena em regime § 2º Quando se tratar de frequência a curso profissio-
semi-aberto poderão obter autorização para saída tem- nalizante, de instrução de ensino médio ou superior, o
porária do estabelecimento, sem vigilância direta, nos tempo de saída será o necessário para o cumprimento
seguintes casos: das atividades discentes.
I - visita à família; § 3º Nos demais casos, as autorizações de saída so-
mente poderão ser concedidas com prazo mínimo de 45
II - freqüência a curso supletivo profissionalizante, bem (quarenta e cinco) dias de intervalo entre uma e outra.
como de instrução do 2º grau ou superior, na Comarca
do Juízo da Execução;
Art. 125. O benefício será automaticamente revogado
III - participação em atividades que concorram para o quando o condenado praticar fato definido como crime
retorno ao convívio social. doloso, for punido por falta grave, desatender as condi-
§ 1º A ausência de vigilância direta não impede a uti- ções impostas na autorização ou revelar baixo grau de
lização de equipamento de monitoração eletrônica pelo aproveitamento do curso.
condenado, quando assim determinar o juiz da execu- Parágrafo único. A recuperação do direito à saída tem-
ção. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) porária dependerá da absolvição no processo penal, do
§ 2º Não terá direito à saída temporária a que se refere cancelamento da punição disciplinar ou da demonstra-
o caput deste artigo o condenado que cumpre pena por ção do merecimento do condenado.
praticar crime hediondo com resultado morte. (Incluí-

600
SEÇÃO IV Art. 128. O tempo remido será computado como pena
Da Remição cumprida, para todos os efeitos.

Art. 129. A autoridade administrativa encaminhará


Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime mensalmente ao juízo da execução cópia do registro
fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou de todos os condenados que estejam trabalhando ou
por estudo, parte do tempo de execução da pena. estudando, com informação dos dias de trabalho ou das
§ 1º A contagem de tempo referida no caput será feita horas de frequência escolar ou de atividades de ensino
à razão de: de cada um deles.
I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequ- § 1º O condenado autorizado a estudar fora do esta-
ência escolar - atividade de ensino fundamental, médio, belecimento penal deverá comprovar mensalmente, por
inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de meio de declaração da respectiva unidade de ensino, a
requalificação profissional - divididas, no mínimo, em frequência e o aproveitamento escolar.
3 (três) dias; § 2º Ao condenado dar-se-á a relação de seus dias re-
II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho. midos.
§ 2º As atividades de estudo a que se refere o § 1º deste
artigo poderão ser desenvolvidas de forma presencial Art. 130. Constitui o crime do artigo 299 do Código Pe-
ou por metodologia de ensino a distância e deverão ser nal declarar ou atestar falsamente prestação de serviço
certificadas pelas autoridades educacionais competen- para fim de instruir pedido de remição.
tes dos cursos frequentados.
SEÇÃO V
§ 3º Para fins de cumulação dos casos de remição, as
horas diárias de trabalho e de estudo serão definidas de Do Livramento Condicional
forma a se compatibilizarem.
Art. 131. O livramento condicional poderá ser conce-
§ 4º O preso impossibilitado, por acidente, de prosse-
dido pelo Juiz da execução, presentes os requisitos do
guir no trabalho ou nos estudos continuará a beneficiar-
artigo 83, incisos e parágrafo único, do Código Penal,
-se com a remição.
ouvidos o Ministério Público e Conselho Penitenciário.
§ 5º O tempo a remir em função das horas de estudo
será acrescido de 1/3 (um terço) no caso de conclusão Art. 132. Deferido o pedido, o Juiz especificará as con-
do ensino fundamental, médio ou superior durante o dições a que fica subordinado o livramento.
cumprimento da pena, desde que certificada pelo órgão
competente do sistema de educação. § 1º Serão sempre impostas ao liberado condicional as
obrigações seguintes:
§ 6º O condenado que cumpre pena em regime aberto
ou semiaberto e o que usufrui liberdade condicional a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for
poderão remir, pela frequência a curso de ensino re- apto para o trabalho;
gular ou de educação profissional, parte do tempo de b) comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação;
execução da pena ou do período de prova, observado o
c) não mudar do território da comarca do Juízo da exe-
disposto no inciso I do § 1º deste artigo.
cução, sem prévia autorização deste.
§ 7º O disposto neste artigo aplica-se às hipóteses de
§ 2° Poderão ainda ser impostas ao liberado condicio-
prisão cautelar.
nal, entre outras obrigações, as seguintes:
§ 8º A remição será declarada pelo juiz da execução,
a) não mudar de residência sem comunicação ao Juiz
ouvidos o Ministério Público e a defesa.
e à autoridade incumbida da observação cautelar e de
proteção;
Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar
até 1/3 (um terço) do tempo remido, observado o dis- b) recolher-se à habitação em hora fixada;
posto no art. 57, recomeçando a contagem a partir da c) não freqüentar determinados lugares.
data da infração disciplinar.

601
d) (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010) a) a identificação do liberado;
b) o texto impresso do presente Capítulo;
Art. 133. Se for permitido ao liberado residir fora da
comarca do Juízo da execução, remeter-se-á cópia da c) as condições impostas.
sentença do livramento ao Juízo do lugar para onde ele § 2º Na falta de caderneta, será entregue ao liberado um
se houver transferido e à autoridade incumbida da ob- salvo-conduto, em que constem as condições do livra-
servação cautelar e de proteção. mento, podendo substituir-se a ficha de identificação
ou o seu retrato pela descrição dos sinais que possam
Art. 134. O liberado será advertido da obrigação de identificá-lo.
apresentar-se imediatamente às autoridades referidas
§ 3º Na caderneta e no salvo-conduto deverá haver es-
no artigo anterior.
paço para consignar-se o cumprimento das condições
referidas no artigo 132 desta Lei.
Art. 135. Reformada a sentença denegatória do livra-
mento, os autos baixarão ao Juízo da execução, para as
Art. 139. A observação cautelar e a proteção realizadas
providências cabíveis.
por serviço social penitenciário, Patronato ou Conselho
da Comunidade terão a finalidade de:
Art. 136. Concedido o benefício, será expedida a carta
de livramento com a cópia integral da sentença em 2 I - fazer observar o cumprimento das condições especi-
(duas) vias, remetendo-se uma à autoridade adminis- ficadas na sentença concessiva do benefício;
trativa incumbida da execução e outra ao Conselho II - proteger o beneficiário, orientando-o na execução
Penitenciário. de suas obrigações e auxiliando-o na obtenção de ati-
vidade laborativa.
Art. 137. A cerimônia do livramento condicional será
realizada solenemente no dia marcado pelo Presidente Parágrafo único. A entidade encarregada da observação
do Conselho Penitenciário, no estabelecimento onde cautelar e da proteção do liberado apresentará relatório
está sendo cumprida a pena, observando-se o seguinte: ao Conselho Penitenciário, para efeito da representação
prevista nos artigos 143 e 144 desta Lei.
I - a sentença será lida ao liberando, na presença dos
demais condenados, pelo Presidente do Conselho Pe- Art. 140. A revogação do livramento condicional dar-
nitenciário ou membro por ele designado, ou, na falta, -se-á nas hipóteses previstas nos artigos 86 e 87 do
pelo Juiz; Código Penal.
II - a autoridade administrativa chamará a atenção do Parágrafo único. Mantido o livramento condicional, na
liberando para as condições impostas na sentença de hipótese da revogação facultativa, o Juiz deverá advertir
livramento; o liberado ou agravar as condições.
III - o liberando declarará se aceita as condições.
Art. 141. Se a revogação for motivada por infração penal
§ 1º De tudo em livro próprio, será lavrado termo subs-
anterior à vigência do livramento, computar-se-á como
crito por quem presidir a cerimônia e pelo liberando,
tempo de cumprimento da pena o período de prova,
ou alguém a seu rogo, se não souber ou não puder
sendo permitida, para a concessão de novo livramento,
escrever.
a soma do tempo das 2 (duas) penas.
§ 2º Cópia desse termo deverá ser remetida ao Juiz da
execução. Art. 142. No caso de revogação por outro motivo, não
se computará na pena o tempo em que esteve solto o li-
Art. 138. Ao sair o liberado do estabelecimento penal, berado, e tampouco se concederá, em relação à mesma
ser-lhe-á entregue, além do saldo de seu pecúlio e do pena, novo livramento.
que lhe pertencer, uma caderneta, que exibirá à autori-
dade judiciária ou administrativa, sempre que lhe for Art. 143. A revogação será decretada a requerimento do
exigida. Ministério Público, mediante representação do Con-
§ 1º A caderneta conterá: selho Penitenciário, ou, de ofício, pelo Juiz, ouvido o

602
liberado. II - abster-se de remover, de violar, de modificar, de da-
nificar de qualquer forma o dispositivo de monitoração
Art. 144. O Juiz, de ofício, a requerimento do eletrônica ou de permitir que outrem o faça;
Ministério Público, da Defensoria Pública ou III - (VETADO);
mediante representação do Conselho Peniten-
ciário, e ouvido o liberado, poderá modificar as Parágrafo único. A violação comprovada dos deveres
condições especificadas na sentença, devendo previstos neste artigo poderá acarretar, a critério do juiz
o respectivo ato decisório ser lido ao liberado da execução, ouvidos o Ministério Público e a defesa:
por uma das autoridades ou funcionários indi- I - a regressão do regime;
cados no inciso I do caput do art. 137 desta
Lei, observado o disposto nos incisos II e III II - a revogação da autorização de saída temporária;
e §§ 1º e 2º do mesmo artigo. III - (VETADO);
IV - (VETADO);
Art. 145. Praticada pelo liberado outra infração penal, o
Juiz poderá ordenar a sua prisão, ouvidos o Conselho V - (VETADO);
Penitenciário e o Ministério Público, suspendendo o VI - a revogação da prisão domiciliar;
curso do livramento condicional, cuja revogação, en-
tretanto, ficará dependendo da decisão final. VII - advertência, por escrito, para todos os casos em
que o juiz da execução decida não aplicar alguma das
medidas previstas nos incisos de I a VI deste parágrafo.
Art. 146. O Juiz, de ofício, a requerimento do interes-
sado, do Ministério Público ou mediante representação
do Conselho Penitenciário, julgará extinta a pena priva- Art. 146-D. A monitoração eletrônica poderá ser revo-
tiva de liberdade, se expirar o prazo do livramento sem gada:
revogação. I - quando se tornar desnecessária ou inadequada;
II - se o acusado ou condenado violar os deveres a que
Seção VI estiver sujeito durante a sua vigência ou cometer falta
Da Monitoração Eletrônica grave.

Art. 146-A. (VETADO). CAPÍTULO II


Das Penas Restritivas de Direitos
Art. 146-B. O juiz poderá definir a fiscalização por meio
da monitoração eletrônica quando:
SEÇÃO I
I - (VETADO); Disposições Gerais
II - autorizar a saída temporária no regime semiaberto;
III - (VETADO); Art. 147. Transitada em julgado a sentença que aplicou
a pena restritiva de direitos, o Juiz da execução, de ofí-
IV - determinar a prisão domiciliar;
cio ou a requerimento do Ministério Público, promove-
V - (VETADO); rá a execução, podendo, para tanto, requisitar, quando
Parágrafo único. (VETADO). necessário, a colaboração de entidades públicas ou
solicitá-la a particulares.
Art. 146-C. O condenado será instruído acerca dos cui-
dados que deverá adotar com o equipamento eletrônico Art. 148. Em qualquer fase da execução, poderá o Juiz,
e dos seguintes deveres: motivadamente, alterar, a forma de cumprimento das
penas de prestação de serviços à comunidade e de li-
I - receber visitas do servidor responsável pela monito- mitação de fim de semana, ajustando-as às condições
ração eletrônica, responder aos seus contatos e cumprir pessoais do condenado e às características do estabe-
suas orientações; lecimento, da entidade ou do programa comunitário ou
estatal.

603
SEÇÃO II mensalmente, ao Juiz da execução, relatório, bem as-
Da Prestação de Serviços à Comunidade sim comunicará, a qualquer tempo, a ausência ou falta
disciplinar do condenado.

Art. 149. Caberá ao Juiz da execução:


SEÇÃO IV
I - designar a entidade ou programa comunitário ou es- Da Interdição Temporária de Direitos
tatal, devidamente credenciado ou convencionado, jun-
to ao qual o condenado deverá trabalhar gratuitamente,
de acordo com as suas aptidões; Art. 154. Caberá ao Juiz da execução comunicar à au-
toridade competente a pena aplicada, determinada a
II - determinar a intimação do condenado, cientifican- intimação do condenado.
do-o da entidade, dias e horário em que deverá cumprir
a pena; § 1º Na hipótese de pena de interdição do artigo 47,
inciso I, do Código Penal, a autoridade deverá, em 24
III - alterar a forma de execução, a fim de ajustá-la às (vinte e quatro) horas, contadas do recebimento do
modificações ocorridas na jornada de trabalho. ofício, baixar ato, a partir do qual a execução terá seu
§ 1º o trabalho terá a duração de 8 (oito) horas sema- início.
nais e será realizado aos sábados, domingos e feriados, § 2º Nas hipóteses do artigo 47, incisos II e III, do Códi-
ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a jornada go Penal, o Juízo da execução determinará a apreensão
normal de trabalho, nos horários estabelecidos pelo dos documentos, que autorizam o exercício do direito
Juiz. interditado.
§ 2º A execução terá início a partir da data do primeiro
comparecimento. Art. 155. A autoridade deverá comunicar imediatamente
ao Juiz da execução o descumprimento da pena.
Art. 150. A entidade beneficiada com a prestação de Parágrafo único. A comunicação prevista neste artigo
serviços encaminhará mensalmente, ao Juiz da execu- poderá ser feita por qualquer prejudicado.
ção, relatório circunstanciado das atividades do con-
denado, bem como, a qualquer tempo, comunicação
sobre ausência ou falta disciplinar.
CAPÍTULO III
Da Suspensão Condicional
SEÇÃO III
Da Limitação de Fim de Semana Art. 156. O Juiz poderá suspender, pelo período de 2
(dois) a 4 (quatro) anos, a execução da pena privativa
de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, na forma
Art. 151. Caberá ao Juiz da execução determinar a in- prevista nos artigos 77 a 82 do Código Penal.
timação do condenado, cientificando-o do local, dias e
horário em que deverá cumprir a pena. Art. 157. O Juiz ou Tribunal, na sentença que aplicar
Parágrafo único. A execução terá início a partir da data pena privativa de liberdade, na situação determinada no
do primeiro comparecimento. artigo anterior, deverá pronunciar-se, motivadamente,
sobre a suspensão condicional, quer a conceda, quer
Art. 152. Poderão ser ministrados ao condenado, du- a denegue.
rante o tempo de permanência, cursos e palestras, ou
atribuídas atividades educativas. Art. 158. Concedida a suspensão, o Juiz especificará as
condições a que fica sujeito o condenado, pelo prazo
Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica
fixado, começando este a correr da audiência prevista
contra a mulher, o juiz poderá determinar o compareci-
no artigo 160 desta Lei.
mento obrigatório do agressor a programas de recupe-
ração e reeducação. § 1° As condições serão adequadas ao fato e à situação
pessoal do condenado, devendo ser incluída entre as
Art. 153. O estabelecimento designado encaminhará, mesmas a de prestar serviços à comunidade, ou limi-

604
tação de fim de semana, salvo hipótese do artigo 78, § sem efeito e será executada imediatamente a pena.
2º, do Código Penal.
§ 2º O Juiz poderá, a qualquer tempo, de ofício, a re- Art. 162. A revogação da suspensão condicional da
querimento do Ministério Público ou mediante propos- pena e a prorrogação do período de prova dar-se-ão na
ta do Conselho Penitenciário, modificar as condições e forma do artigo 81 e respectivos parágrafos do Código
regras estabelecidas na sentença, ouvido o condenado. Penal.

§ 3º A fiscalização do cumprimento das condições, re- Art. 163. A sentença condenatória será registrada, com
guladas nos Estados, Territórios e Distrito Federal por a nota de suspensão em livro especial do Juízo a que
normas supletivas, será atribuída a serviço social peni- couber a execução da pena.
tenciário, Patronato, Conselho da Comunidade ou ins-
tituição beneficiada com a prestação de serviços, inspe- § 1º Revogada a suspensão ou extinta a pena, será o
cionados pelo Conselho Penitenciário, pelo Ministério fato averbado à margem do registro.
Público, ou ambos, devendo o Juiz da execução suprir, § 2º O registro e a averbação serão sigilosos, salvo para
por ato, a falta das normas supletivas. efeito de informações requisitadas por órgão judiciá-
§ 4º O beneficiário, ao comparecer periodicamente à rio ou pelo Ministério Público, para instruir processo
entidade fiscalizadora, para comprovar a observância penal.
das condições a que está sujeito, comunicará, também,
a sua ocupação e os salários ou proventos de que vive. CAPÍTULO IV
§ 5º A entidade fiscalizadora deverá comunicar imedia- Da Pena de Multa
tamente ao órgão de inspeção, para os fins legais, qual-
quer fato capaz de acarretar a revogação do benefício, a Art. 164. Extraída certidão da sentença condenatória
prorrogação do prazo ou a modificação das condições. com trânsito em julgado, que valerá como título execu-
§ 6º Se for permitido ao beneficiário mudar-se, será tivo judicial, o Ministério Público requererá, em autos
feita comunicação ao Juiz e à entidade fiscalizadora do apartados, a citação do condenado para, no prazo de
local da nova residência, aos quais o primeiro deverá 10 (dez) dias, pagar o valor da multa ou nomear bens
apresentar-se imediatamente. à penhora.
§ 1º Decorrido o prazo sem o pagamento da multa, ou
Art. 159. Quando a suspensão condicional da pena for o depósito da respectiva importância, proceder-se-á à
concedida por Tribunal, a este caberá estabelecer as penhora de tantos bens quantos bastem para garantir
condições do benefício. a execução.
§ 1º De igual modo proceder-se-á quando o Tribunal § 2º A nomeação de bens à penhora e a posterior exe-
modificar as condições estabelecidas na sentença re- cução seguirão o que dispuser a lei processual civil.
corrida.
§ 2º O Tribunal, ao conceder a suspensão condicional Art. 165. Se a penhora recair em bem imóvel, os autos
da pena, poderá, todavia, conferir ao Juízo da execução apartados serão remetidos ao Juízo Cível para prosse-
a incumbência de estabelecer as condições do bene- guimento.
fício, e, em qualquer caso, a de realizar a audiência
admonitória. Art. 166. Recaindo a penhora em outros bens, dar-se-
-á prosseguimento nos termos do § 2º do artigo 164,
Art. 160. Transitada em julgado a sentença condenató- desta Lei.
ria, o Juiz a lerá ao condenado, em audiência, advertin-
do-o das conseqüências de nova infração penal e do Art. 167. A execução da pena de multa será suspensa
descumprimento das condições impostas. quando sobrevier ao condenado doença mental (artigo
52 do Código Penal).
Art. 161. Se, intimado pessoalmente ou por edital com
prazo de 20 (vinte) dias, o réu não comparecer injustifi- Art. 168. O Juiz poderá determinar que a cobrança da
cadamente à audiência admonitória, a suspensão ficará multa se efetue mediante desconto no vencimento ou

605
salário do condenado, nas hipóteses do artigo 50, § 1º, guia para a execução.
do Código Penal, observando-se o seguinte:
I - o limite máximo do desconto mensal será o da quarta Art. 172. Ninguém será internado em Hospital de Cus-
parte da remuneração e o mínimo o de um décimo; tódia e Tratamento Psiquiátrico, ou submetido a trata-
mento ambulatorial, para cumprimento de medida de
II - o desconto será feito mediante ordem do Juiz a segurança, sem a guia expedida pela autoridade judi-
quem de direito; ciária.

III - o responsável pelo desconto será intimado a reco- Art. 173. A guia de internamento ou de tratamento am-
lher mensalmente, até o dia fixado pelo Juiz, a impor- bulatorial, extraída pelo escrivão, que a rubricará em to-
tância determinada. das as folhas e a subscreverá com o Juiz, será remetida
à autoridade administrativa incumbida da execução e
Art. 169. Até o término do prazo a que se refere o artigo conterá:
164 desta Lei, poderá o condenado requerer ao Juiz o
pagamento da multa em prestações mensais, iguais e I - a qualificação do agente e o número do registro geral
sucessivas. do órgão oficial de identificação;

§ 1° O Juiz, antes de decidir, poderá determinar diligên- II - o inteiro teor da denúncia e da sentença que tiver
cias para verificar a real situação econômica do conde- aplicado a medida de segurança, bem como a certidão
nado e, ouvido o Ministério Público, fixará o número do trânsito em julgado;
de prestações. III - a data em que terminará o prazo mínimo de interna-
§ 2º Se o condenado for impontual ou se melhorar de ção, ou do tratamento ambulatorial;
situação econômica, o Juiz, de ofício ou a requerimento IV - outras peças do processo reputadas indispensáveis
do Ministério Público, revogará o benefício executan- ao adequado tratamento ou internamento.
do-se a multa, na forma prevista neste Capítulo, ou
§ 1° Ao Ministério Público será dada ciência da guia de
prosseguindo-se na execução já iniciada.
recolhimento e de sujeição a tratamento.
Art. 170. Quando a pena de multa for aplicada cumu- § 2° A guia será retificada sempre que sobrevier modi-
lativamente com pena privativa da liberdade, enquanto ficações quanto ao prazo de execução.
esta estiver sendo executada, poderá aquela ser cobra-
da mediante desconto na remuneração do condenado Art. 174. Aplicar-se-á, na execução da medida de segu-
(artigo 168). rança, naquilo que couber, o disposto nos artigos 8° e
9° desta Lei.
§ 1º Se o condenado cumprir a pena privativa de li-
berdade ou obtiver livramento condicional, sem haver
resgatado a multa, far-se-á a cobrança nos termos deste CAPÍTULO II
Capítulo. Da Cessação da Periculosidade
§ 2º Aplicar-se-á o disposto no parágrafo anterior aos
casos em que for concedida a suspensão condicional Art. 175. A cessação da periculosidade será averiguada
da pena. no fim do prazo mínimo de duração da medida de segu-
rança, pelo exame das condições pessoais do agente,
observando-se o seguinte:
TÍTULO VI
Da Execução das Medidas de Segurança I - a autoridade administrativa, até 1 (um) mês antes de
expirar o prazo de duração mínima da medida, remeterá
ao Juiz minucioso relatório que o habilite a resolver so-
CAPÍTULO I bre a revogação ou permanência da medida;
Disposições Gerais II - o relatório será instruído com o laudo psiquiátrico;
III - juntado aos autos o relatório ou realizadas as dili-
Art. 171. Transitada em julgado a sentença que aplicar
gências, serão ouvidos, sucessivamente, o Ministério
medida de segurança, será ordenada a expedição de

606
Público e o curador ou defensor, no prazo de 3 (três) Art. 181. A pena restritiva de direitos será convertida
dias para cada um; em privativa de liberdade nas hipóteses e na forma do
artigo 45 e seus incisos do Código Penal.
IV - o Juiz nomeará curador ou defensor para o agente
que não o tiver; § 1º A pena de prestação de serviços à comunidade será
convertida quando o condenado:
V - o Juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer das
partes, poderá determinar novas diligências, ainda que a) não for encontrado por estar em lugar incerto e não
expirado o prazo de duração mínima da medida de se- sabido, ou desatender a intimação por edital;
gurança; b) não comparecer, injustificadamente, à entidade ou
VI - ouvidas as partes ou realizadas as diligências a que programa em que deva prestar serviço;
se refere o inciso anterior, o Juiz proferirá a sua decisão, c) recusar-se, injustificadamente, a prestar o serviço
no prazo de 5 (cinco) dias. que lhe foi imposto;
Art. 176. Em qualquer tempo, ainda no decorrer do d) praticar falta grave;
prazo mínimo de duração da medida de segurança, po- e) sofrer condenação por outro crime à pena privativa
derá o Juiz da execução, diante de requerimento funda- de liberdade, cuja execução não tenha sido suspensa.
mentado do Ministério Público ou do interessado, seu
procurador ou defensor, ordenar o exame para que se § 2º A pena de limitação de fim de semana será con-
verifique a cessação da periculosidade, procedendo-se vertida quando o condenado não comparecer ao esta-
nos termos do artigo anterior. belecimento designado para o cumprimento da pena,
recusar-se a exercer a atividade determinada pelo Juiz
ou se ocorrer qualquer das hipóteses das letras «a»,
Art. 177. Nos exames sucessivos para verificar-se a
«d» e «e» do parágrafo anterior.
cessação da periculosidade, observar-se-á, no que lhes
for aplicável, o disposto no artigo anterior. § 3º A pena de interdição temporária de direitos será
convertida quando o condenado exercer, injustificada-
Art. 178. Nas hipóteses de desinternação ou de libera- mente, o direito interditado ou se ocorrer qualquer das
ção (artigo 97, § 3º, do Código Penal), aplicar-se-á o hipóteses das letras «a» e «e», do § 1º, deste artigo.
disposto nos artigos 132 e 133 desta Lei.
Art. 182. (Revogado pela Lei nº 9.268, de 1996)
Art. 179. Transitada em julgado a sentença, o Juiz expe-
dirá ordem para a desinternação ou a liberação. Art. 183. Quando, no curso da execução da pena priva-
tiva de liberdade, sobrevier doença mental ou perturba-
TÍTULO VII ção da saúde mental, o Juiz, de ofício, a requerimento
do Ministério Público, da Defensoria Pública ou da
Dos Incidentes de Execução
autoridade administrativa, poderá determinar a substi-
tuição da pena por medida de segurança.
CAPÍTULO I
Das Conversões Art. 184. O tratamento ambulatorial poderá ser converti-
do em internação se o agente revelar incompatibilidade
com a medida.
Art. 180. A pena privativa de liberdade, não superior a
2 (dois) anos, poderá ser convertida em restritiva de Parágrafo único. Nesta hipótese, o prazo mínimo de
direitos, desde que: internação será de 1 (um) ano.
I - o condenado a esteja cumprindo em regime aberto;
CAPÍTULO II
II - tenha sido cumprido pelo menos 1/4 (um quarto)
Do Excesso ou Desvio
da pena;
III - os antecedentes e a personalidade do condenado
Art. 185. Haverá excesso ou desvio de execução sempre
indiquem ser a conversão recomendável.
que algum ato for praticado além dos limites fixados na

607
sentença, em normas legais ou regulamentares. Art. 193. Se o sentenciado for beneficiado por indulto
coletivo, o Juiz, de ofício, a requerimento do interessa-
Art. 186. Podem suscitar o incidente de excesso ou do, do Ministério Público, ou por iniciativa do Conse-
desvio de execução: lho Penitenciário ou da autoridade administrativa, pro-
videnciará de acordo com o disposto no artigo anterior.
I - o Ministério Público;
II - o Conselho Penitenciário; TÍTULO VIII
III - o sentenciado; Do Procedimento Judicial
IV - qualquer dos demais órgãos da execução penal.
Art. 194. O procedimento correspondente às situações
CAPÍTULO III previstas nesta Lei será judicial, desenvolvendo-se pe-
Da Anistia e do Indulto rante o Juízo da execução.

Art. 195. O procedimento judicial iniciar-se-á de ofício,


Art. 187. Concedida a anistia, o Juiz, de ofício, a reque- a requerimento do Ministério Público, do interessado,
rimento do interessado ou do Ministério Público, por de quem o represente, de seu cônjuge, parente ou des-
proposta da autoridade administrativa ou do Conselho cendente, mediante proposta do Conselho Penitenciá-
Penitenciário, declarará extinta a punibilidade. rio, ou, ainda, da autoridade administrativa.

Art. 188. O indulto individual poderá ser provocado Art. 196. A portaria ou petição será autuada ouvindo-se,
por petição do condenado, por iniciativa do Ministério em 3 (três) dias, o condenado e o Ministério Público,
Público, do Conselho Penitenciário, ou da autoridade quando não figurem como requerentes da medida.
administrativa.
§ 1º Sendo desnecessária a produção de prova, o Juiz
Art. 189. A petição do indulto, acompanhada dos do- decidirá de plano, em igual prazo.
cumentos que a instruírem, será entregue ao Conselho § 2º Entendendo indispensável a realização de prova
Penitenciário, para a elaboração de parecer e posterior pericial ou oral, o Juiz a ordenará, decidindo após a
encaminhamento ao Ministério da Justiça. produção daquela ou na audiência designada.

Art. 190. O Conselho Penitenciário, à vista dos autos do Art. 197. Das decisões proferidas pelo Juiz caberá re-
processo e do prontuário, promoverá as diligências que curso de agravo, sem efeito suspensivo.
entender necessárias e fará, em relatório, a narração do
ilícito penal e dos fundamentos da sentença condena- TÍTULO IX
tória, a exposição dos antecedentes do condenado e do
procedimento deste depois da prisão, emitindo seu pa-
Das Disposições Finais e Transitórias
recer sobre o mérito do pedido e esclarecendo qualquer
formalidade ou circunstâncias omitidas na petição. Art. 198. É defesa ao integrante dos órgãos da execução
penal, e ao servidor, a divulgação de ocorrência que
Art. 191. Processada no Ministério da Justiça com perturbe a segurança e a disciplina dos estabelecimen-
documentos e o relatório do Conselho Penitenciário, tos, bem como exponha o preso à inconveniente noto-
a petição será submetida a despacho do Presidente da riedade, durante o cumprimento da pena.
República, a quem serão presentes os autos do proces-
so ou a certidão de qualquer de suas peças, se ele o Art. 199. O emprego de algemas será disciplinado por
determinar. decreto federal.

Art. 192. Concedido o indulto e anexada aos autos Art. 200. O condenado por crime político não está obri-
cópia do decreto, o Juiz declarará extinta a pena ou gado ao trabalho.
ajustará a execução aos termos do decreto, no caso de
comutação. Art. 201. Na falta de estabelecimento adequado, o cum-

608
primento da prisão civil e da prisão administrativa se
efetivará em seção especial da Cadeia Pública. LEI DOS CRIMES CONTRA O
SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
Art. 202. Cumprida ou extinta a pena, não constarão da
folha corrida, atestados ou certidões fornecidas por au-
Lei nº 7.492, de 16 de junho de
toridade policial ou por auxiliares da Justiça, qualquer 1986.
notícia ou referência à condenação, salvo para instruir
processo pela prática de nova infração penal ou outros Define os crimes contra o sistema financeiro na-
casos expressos em lei. cional, e dá outras providências.

Art. 203. No prazo de 6 (seis) meses, a contar da pu- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o
blicação desta Lei, serão editadas as normas comple- Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
mentares ou regulamentares, necessárias à eficácia dos lei:
dispositivos não auto-aplicáveis.
Art. 1º Considera-se instituição financeira, para efeito
§ 1º Dentro do mesmo prazo deverão as Unidades Fe-
desta lei, a pessoa jurídica de direito público ou priva-
derativas, em convênio com o Ministério da Justiça,
do, que tenha como atividade principal ou acessória,
projetar a adaptação, construção e equipamento de
cumulativamente ou não, a captação, intermediação ou
estabelecimentos e serviços penais previstos nesta Lei.
aplicação de recursos financeiros (Vetado) de terceiros,
§ 2º Também, no mesmo prazo, deverá ser providen- em moeda nacional ou estrangeira, ou a custódia, emis-
ciada a aquisição ou desapropriação de prédios para são, distribuição, negociação, intermediação ou admi-
instalação de casas de albergados. nistração de valores mobiliários.
§ 3º O prazo a que se refere o caput deste artigo po- Parágrafo único. Equipara-se à instituição financeira:
derá ser ampliado, por ato do Conselho Nacional de
I - a pessoa jurídica que capte ou administre seguros,
Política Criminal e Penitenciária, mediante justificada
câmbio, consórcio, capitalização ou qualquer tipo de
solicitação, instruída com os projetos de reforma ou de
poupança, ou recursos de terceiros;
construção de estabelecimentos.
II - a pessoa natural que exerça quaisquer das ativida-
§ 4º O descumprimento injustificado dos deveres es-
des referidas neste artigo, ainda que de forma eventual.
tabelecidos para as Unidades Federativas implicará na
suspensão de qualquer ajuda financeira a elas destina-
da pela União, para atender às despesas de execução DOS CRIMES CONTRA O
das penas e medidas de segurança. SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

Art. 204. Esta Lei entra em vigor concomitantemente Art. 2º Imprimir, reproduzir ou, de qualquer modo, fa-
com a lei de reforma da Parte Geral do Código Penal, bricar ou pôr em circulação, sem autorização escrita
revogadas as disposições em contrário, especialmente da sociedade emissora, certificado, cautela ou outro
a Lei nº 3.274, de 2 de outubro de 1957. documento representativo de título ou valor mobiliário:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
Brasília, 11 de julho de 1984; 163º da Independência e Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem impri-
96º da República. me, fabrica, divulga, distribui ou faz distribuir pros-
pecto ou material de propaganda relativo aos papéis
JOÃO FIGUEIREDO referidos neste artigo.
Ibrahim Abi-Ackel
Art. 3º Divulgar informação falsa ou prejudicialmente
Este texto não substitui o publicado no DOU de
incompleta sobre instituição financeira:
13.7.1984
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

Art. 4º Gerir fraudulentamente instituição financeira:

609
Pena - Reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa. Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único. Se a gestão é temerária:
Art. 10. Fazer inserir elemento falso ou omitir elemento
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. exigido pela legislação, em demonstrativos contábeis
de instituição financeira, seguradora ou instituição in-
Art. 5º Apropriar-se, quaisquer das pessoas mencio- tegrante do sistema de distribuição de títulos de valores
nadas no art. 25 desta lei, de dinheiro, título, valor ou mobiliários:
qualquer outro bem móvel de que tem a posse, ou des-
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
viá-lo em proveito próprio ou alheio:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Art. 11. Manter ou movimentar recurso ou valor parale-
Parágrafo único. Incorre na mesma pena qualquer das lamente à contabilidade exigida pela legislação:
pessoas mencionadas no art. 25 desta lei, que negociar Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
direito, título ou qualquer outro bem móvel ou imóvel
de que tem a posse, sem autorização de quem de di- Art. 12. Deixar, o ex-administrador de instituição fi-
reito. nanceira, de apresentar, ao interventor, liqüidante, ou
síndico, nos prazos e condições estabelecidas em lei
Art. 6º Induzir ou manter em erro, sócio, investidor ou as informações, declarações ou documentos de sua
repartição pública competente, relativamente a opera- responsabilidade:
ção ou situação financeira, sonegando-lhe informação
ou prestando-a falsamente: Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Art. 13. Desviar (Vetado) bem alcançado pela indispo-
nibilidade legal resultante de intervenção, liqüidação
Art. 7º Emitir, oferecer ou negociar, de qualquer modo, extrajudicial ou falência de instituição financeira.
títulos ou valores mobiliários:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
I - falsos ou falsificados;
Parágrafo único. Na mesma pena incorra o interven-
II - sem registro prévio de emissão junto à autoridade tor, o liqüidante ou o síndico que se apropriar de bem
competente, em condições divergentes das constantes abrangido pelo caput deste artigo, ou desviá-lo em pro-
do registro ou irregularmente registrados; veito próprio ou alheio.
III - sem lastro ou garantia suficientes, nos termos da
legislação; Art. 14. Apresentar, em liquidação extrajudicial, ou em
falência de instituição financeira, declaração de crédi-
IV - sem autorização prévia da autoridade competente,
to ou reclamação falsa, ou juntar a elas título falso ou
quando legalmente exigida:
simulado:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
Art. 8º Exigir, em desacordo com a legislação (Vetado), Parágrafo único. Na mesma pena incorre o ex-admi-
juro, comissão ou qualquer tipo de remuneração so- nistrador ou falido que reconhecer, como verdadeiro,
bre operação de crédito ou de seguro, administração crédito que não o seja.
de fundo mútuo ou fiscal ou de consórcio, serviço de
corretagem ou distribuição de títulos ou valores mo- Art. 15. Manifestar-se falsamente o interventor, o liqüi-
biliários: dante ou o síndico, (Vetado) à respeito de assunto re-
lativo a intervenção, liquidação extrajudicial ou falência
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
de instituição financeira:
Art. 9º Fraudar a fiscalização ou o investidor, inserindo Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
ou fazendo inserir, em documento comprobatório de
investimento em títulos ou valores mobiliários, declara- Art. 16. Fazer operar, sem a devida autorização, ou com
ção falsa ou diversa da que dele deveria constar: autorização obtida mediante declaração (Vetado) falsa,

610
instituição financeira, inclusive de distribuição de valo- Art. 22. Efetuar operação de câmbio não autorizada,
res mobiliários ou de câmbio: com o fim de promover evasão de divisas do País:
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, a qual-
Art. 17. Tomar ou receber crédito, na qualidade de qual- quer título, promove, sem autorização legal, a saída de
quer das pessoas mencionadas no art. 25, ou deferir moeda ou divisa para o exterior, ou nele mantiver depó-
operações de crédito vedadas, observado o disposto sitos não declarados à repartição federal competente.
no art. 34 da Lei no 4.595, de 31 de dezembro de 1964:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Art. 23. Omitir, retardar ou praticar, o funcionário pú-
blico, contra disposição expressa de lei, ato de ofício
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
necessário ao regular funcionamento do sistema finan-
I - em nome próprio, como controlador ou na condição ceiro nacional, bem como a preservação dos interesses
de administrador da sociedade, conceder ou receber e valores da ordem econômico-financeira:
adiantamento de honorários, remuneração, salário ou
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
qualquer outro pagamento, nas condições referidas
neste artigo;
Art. 24. (VETADO).
II - de forma disfarçada, promover a distribuição ou re-
ceber lucros de instituição financeira. DA APLICAÇÃO E DO PROCEDIMENTO CRIMINAL

Art. 18. Violar sigilo de operação ou de serviço prestado Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos des-
por instituição financeira ou integrante do sistema de ta lei, o controlador e os administradores de instituição
distribuição de títulos mobiliários de que tenha conhe- financeira, assim considerados os diretores, gerentes
cimento, em razão de ofício: (Vetado).
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. § 1º Equiparam-se aos administradores de instituição
financeira (Vetado) o interventor, o liqüidante ou o sín-
Art. 19. Obter, mediante fraude, financiamento em ins- dico.
tituição financeira:
§ 2º Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em qua-
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. drilha ou co-autoria, o co-autor ou partícipe que através
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) de confissão espontânea revelar à autoridade policial
se o crime é cometido em detrimento de instituição fi- ou judicial toda a trama delituosa terá a sua pena redu-
nanceira oficial ou por ela credenciada para o repasse zida de um a dois terços.
de financiamento.
Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei,
Art. 20. Aplicar, em finalidade diversa da prevista em será promovida pelo Ministério Público Federal, peran-
lei ou contrato, recursos provenientes de financiamento te a Justiça Federal.
concedido por instituição financeira oficial ou por insti- Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no art. 268
tuição credenciada para repassá-lo: do Código de Processo Penal, aprovado pelo Decreto-
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. -lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941, será admitida a
assistência da Comissão de Valores Mobiliários - CVM,
Art. 21. Atribuir-se, ou atribuir a terceiro, falsa identida- quando o crime tiver sido praticado no âmbito de ativi-
de, para realização de operação de câmbio: dade sujeita à disciplina e à fiscalização dessa Autar-
quia, e do Banco Central do Brasil quando, fora daquela
Pena - Detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. hipótese, houver sido cometido na órbita de atividade
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, para o sujeita à sua disciplina e fiscalização.
mesmo fim, sonega informação que devia prestar ou
presta informação falsa. Art. 27. Quando a denúncia não for intentada no prazo
legal, o ofendido poderá representar ao Procurador-Ge-

611
ral da República, para que este a ofereça, designe outro Art. 34. Esta lei entra em vigor na data de sua publi-
órgão do Ministério Público para oferecê-la ou determi- cação.
ne o arquivamento das peças de informação recebidas.
Art. 35. Revogam-se as disposições em contrário.
Art. 28. Quando, no exercício de suas atribuições le-
gais, o Banco Central do Brasil ou a Comissão de Valo- Brasília, 16 de junho de 1986; 165º da Independência
res Mobiliários - CVM, verificar a ocorrência de crime 98º da República.
previsto nesta lei, disso deverá informar ao Ministério
Público Federal, enviando-lhe os documentos necessá- JOSÉ SARNEY
rios à comprovação do fato.
Paulo Brossard
Parágrafo único. A conduta de que trata este artigo
será observada pelo interventor, liqüidante ou síndico Este texto não substitui o publicado no DOU de
que, no curso de intervenção, liqüidação extrajudicial 18.6.1986
ou falência, verificar a ocorrência de crime de que trata
esta lei.
LEI DOS CRIMES RESULTANTES
Art. 29. O órgão do Ministério Público Federal, sempre DE PRECONCEITO DE RAÇA OU
que julgar necessário, poderá requisitar, a qualquer au-
toridade, informação, documento ou diligência, relativa DE COR - Lei nº 7.716, de 5 de
à prova dos crimes previstos nesta lei. janeiro de 1989.
Parágrafo único O sigilo dos serviços e operações fi-
nanceiras não pode ser invocado como óbice ao aten- Define os crimes resultantes de preconceito de
dimento da requisição prevista no caput deste artigo. raça ou de cor.

Art. 30. Sem prejuízo do disposto no art. 312 do Có- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o
digo de Processo Penal, aprovado pelo Decreto-lei nº Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
3.689, de 3 de outubro de 1941, a prisão preventiva do Lei:
acusado da prática de crime previsto nesta lei poderá
ser decretada em razão da magnitude da lesão causada Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes
(Vetado). resultantes de discriminação ou preconceito de raça,
cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Art. 31. Nos crimes previstos nesta lei e punidos com
pena de reclusão, o réu não poderá prestar fiança, nem Art. 2º (Vetado).
apelar antes de ser recolhido à prisão, ainda que pri-
mário e de bons antecedentes, se estiver configurada Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, devida-
situação que autoriza a prisão preventiva. mente habilitado, a qualquer cargo da Administração
Direta ou Indireta, bem como das concessionárias de
Art. 32. (VETADO). serviços públicos.
§ 1º (VETADO). Pena: reclusão de dois a cinco anos.
§ 2º (VETADO). Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por
motivo de discriminação de raça, cor, etnia, religião ou
§ 3º (VETADO). procedência nacional, obstar a promoção funcional.

Art. 33. Na fixação da pena de multa relativa aos crimes Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa privada. 
previstos nesta lei, o limite a que se refere o § 1º do
art. 49 do Código Penal, aprovado pelo Decreto-lei nº Pena: reclusão de dois a cinco anos.
2.848, de 7 de dezembro de.1940, pode ser estendido § 1º Incorre na mesma pena quem, por motivo de dis-
até o décuplo, se verificada a situação nele cogitada. criminação de raça ou de cor ou práticas resultantes do

612
preconceito de descendência ou origem nacional ou Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento em
étnica: salões de cabeleireiros, barbearias, termas ou casas de
massagem ou estabelecimento com as mesmas finali-
I - deixar de conceder os equipamentos necessários ao
dades.
empregado em igualdade de condições com os demais
trabalhadores; Pena: reclusão de um a três anos.
II - impedir a ascensão funcional do empregado ou obs-
tar outra forma de benefício profissional; Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em edifí-
cios públicos ou residenciais e elevadores ou escada de
III - proporcionar ao empregado tratamento diferencia- acesso aos mesmos:
do no ambiente de trabalho, especialmente quanto ao
salário. Pena: reclusão de um a três anos.

§ 2º Ficará sujeito às penas de multa e de prestação Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes públi-
de serviços à comunidade, incluindo atividades de cos, como aviões, navios barcas, barcos, ônibus, trens,
promoção da igualdade racial, quem, em anúncios ou metrô ou qualquer outro meio de transporte concedido.
qualquer outra forma de recrutamento de trabalhadores,
exigir aspectos de aparência próprios de raça ou etnia Pena: reclusão de um a três anos.
para emprego cujas atividades não justifiquem essas
exigências. Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao servi-
ço em qualquer ramo das Forças Armadas.
Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabelecimento Pena: reclusão de dois a quatro anos.
comercial, negando-se a servir, atender ou receber
cliente ou comprador. Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma,
Pena: reclusão de um a três anos. o casamento ou convivência familiar e social.
Pena: reclusão de dois a quatro anos.
Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingres-
so de aluno em estabelecimento de ensino público ou Art. 15. (Vetado).
privado de qualquer grau.
Pena: reclusão de três a cinco anos. Art. 16. Constitui efeito da condenação a perda do cargo
ou função pública, para o servidor público, e a suspen-
Parágrafo único. Se o crime for praticado contra menor são do funcionamento do estabelecimento particular
de dezoito anos a pena é agravada de 1/3 (um terço). por prazo não superior a três meses.

Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem em Art. 17. (Vetado).


hotel, pensão, estalagem, ou qualquer estabelecimento
similar.
Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 desta
Pena: reclusão de três a cinco anos. Lei não são automáticos, devendo ser motivadamente
declarados na sentença.
Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em
restaurantes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes Art. 19. (Vetado).
abertos ao público.
Pena: reclusão de um a três anos. Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou
preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência
Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendimento em nacional.
estabelecimentos esportivos, casas de diversões, ou Pena: reclusão de um a três anos e multa.
clubes sociais abertos ao público.
§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular sím-
Pena: reclusão de um a três anos. bolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propa-
ganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins

613
de divulgação do nazismo. quérito policial;
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa. II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não
fornecer elementos necessários ao esclarecimento de
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é come-
sua identidade;
tido por intermédio dos meios de comunicação social
ou publicação de qualquer natureza: III - quando houver fundadas razões, de acordo com
qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.
ou participação do indiciado nos seguintes crimes:
§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá deter-
a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°);
minar, ouvido o Ministério Público ou a pedido deste,
ainda antes do inquérito policial, sob pena de desobe- b) seqüestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus
diência:  §§ 1° e 2°);
I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
exemplares do material respectivo; d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°);
II - a cessação das respectivas transmissões radiofô- e) extorsão mediante seqüestro (art. 159, caput, e seus
nicas, televisivas, eletrônicas ou da publicação por §§ 1°, 2° e 3°);
qualquer meio;
f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art.
III - a interdição das respectivas mensagens ou páginas 223, caput, e parágrafo único);
de informação na rede mundial de computadores.
g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua
§ 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da condena- combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único);
ção, após o trânsito em julgado da decisão, a destruição
do material apreendido. h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art.
223 caput, e parágrafo único);
Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi- i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°);
cação.
j) envenenamento de água potável ou substância ali-
mentícia ou medicinal qualificado pela morte (art. 270,
Art. 22. Revogam-se as disposições em contrário.
caput, combinado com art. 285);
Brasília, 5 de janeiro de 1989; 168º da Independência e l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal;
101º da República. m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de
outubro de 1956), em qualquer de sua formas típicas;
Este texto não substitui o publicado no DOU de
6.1.1989 e retificada em 9.1.1989 n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de
outubro de 1976);
o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de
LEI DE PRISÃO TEMPORÁRIA 16 de junho de 1986).
Lei nº 7.960, de 21 de dezembro p) crimes previstos na Lei de Terrorismo.
de 1989.
Art. 2° A prisão temporária será decretada pelo Juiz,
Dispõe sobre prisão temporária. em face da representação da autoridade policial ou de
requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o (cinco) dias, prorrogável por igual período em caso de
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte extrema e comprovada necessidade.
Lei: § 1° Na hipótese de representação da autoridade po-
licial, o Juiz, antes de decidir, ouvirá o Ministério Pú-
Art. 1° Caberá prisão temporária: blico.
I - quando imprescindível para as investigações do in- § 2° O despacho que decretar a prisão temporária deve-

614
rá ser fundamentado e prolatado dentro do prazo de 24 verá um plantão permanente de vinte e quatro horas do
(vinte e quatro) horas, contadas a partir do recebimento Poder Judiciário e do Ministério Público para aprecia-
da representação ou do requerimento. ção dos pedidos de prisão temporária.
§ 3° O Juiz poderá, de ofício, ou a requerimento do Mi- Art. 6° Esta Lei entra em vigor na data de sua publi-
nistério Público e do Advogado, determinar que o preso cação.
lhe seja apresentado, solicitar informações e esclareci-
mentos da autoridade policial e submetê-lo a exame de Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário.
corpo de delito.
§ 4° Decretada a prisão temporária, expedir-se-á man- Brasília, 21 de dezembro de 1989; 168° da Independên-
dado de prisão, em duas vias, uma das quais será entre- cia e 101° da República.
gue ao indiciado e servirá como nota de culpa.
JOSÉ SARNEY
§ 4º-A O mandado de prisão conterá necessariamente
o período de duração da prisão temporária estabelecido J. Saulo Ramos
no caput deste artigo, bem como o dia em que o preso
deverá ser libertado. (Incluído pela Lei nº 13.869. de Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de
2019) 22.12.1989
§ 5° A prisão somente poderá ser executada depois da
expedição de mandado judicial. CÓDIGO DE DEFESA DO
§ 6° Efetuada a prisão, a autoridade policial informará o CONSUMIDOR - Lei nº 8.078, de
preso dos direitos previstos no art. 5° da Constituição
Federal.
11 de setembro de 1990.
§ 7º Decorrido o prazo contido no mandado de prisão, a Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá ou-
autoridade responsável pela custódia deverá, indepen- tras providências.
dentemente de nova ordem da autoridade judicial, pôr
imediatamente o preso em liberdade, salvo se já tiver O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o
sido comunicada da prorrogação da prisão temporária Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
ou da decretação da prisão preventiva. (Incluído pela lei:
Lei nº 13.869. de 2019)
§ 8º Inclui-se o dia do cumprimento do mandado de TÍTULO I
prisão no cômputo do prazo de prisão temporária. (Re- Dos Direitos do Consumidor
dação dada pela Lei nº 13.869. de 2019)

Art. 3° Os presos temporários deverão permanecer, CAPÍTULO I


obrigatoriamente, separados dos demais detentos. Disposições Gerais

Art. 4° O art. 4° da Lei n° 4.898, de 9 de dezembro de Art. 1° O presente código estabelece normas de pro-
1965, fica acrescido da alínea i, com a seguinte reda- teção e defesa do consumidor, de ordem pública e in-
ção: teresse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII,
170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas
“Art. 4° ............................................................... Disposições Transitórias.

i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que
ou de medida de segurança, deixando de expedir em adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário
tempo oportuno ou de cumprir imediatamente ordem final.
de liberdade;”
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletivi-
dade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja
Art. 5° Em todas as comarcas e seções judiciárias ha-

615
intervindo nas relações de consumo. IV - educação e informação de fornecedores e consumi-
dores, quanto aos seus direitos e deveres, com vistas à
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pú- melhoria do mercado de consumo;
blica ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios efi-
entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de cientes de controle de qualidade e segurança de produ-
produção, montagem, criação, construção, transforma- tos e serviços, assim como de mecanismos alternativos
ção, importação, exportação, distribuição ou comercia- de solução de conflitos de consumo;
lização de produtos ou prestação de serviços.
VI - coibição e repressão eficientes de todos os abu-
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material sos praticados no mercado de consumo, inclusive a
ou imaterial. concorrência desleal e utilização indevida de inventos
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado e criações industriais das marcas e nomes comerciais
de consumo, mediante remuneração, inclusive as de e signos distintivos, que possam causar prejuízos aos
natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, consumidores;
salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos;
VIII - estudo constante das modificações do mercado
CAPÍTULO II
de consumo.
Da Política Nacional de
Relações de Consumo Art. 5° Para a execução da Política Nacional das Re-
lações de Consumo, contará o poder público com os
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo seguintes instrumentos, entre outros:
tem por objetivo o atendimento das necessidades dos I - manutenção de assistência jurídica, integral e gratui-
consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e se- ta para o consumidor carente;
gurança, a proteção de seus interesses econômicos, a
melhoria da sua qualidade de vida, bem como a trans- II - instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do
parência e harmonia das relações de consumo, atendi- Consumidor, no âmbito do Ministério Público;
dos os seguintes princípios: III - criação de delegacias de polícia especializadas no
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor atendimento de consumidores vítimas de infrações pe-
no mercado de consumo; nais de consumo;

II - ação governamental no sentido de proteger efetiva- IV - criação de Juizados Especiais de Pequenas Cau-
mente o consumidor: sas e Varas Especializadas para a solução de litígios
de consumo;
a) por iniciativa direta;
V - concessão de estímulos à criação e desenvolvimen-
b) por incentivos à criação e desenvolvimento de asso- to das Associações de Defesa do Consumidor.
ciações representativas;
§ 1° (Vetado).
c) pela presença do Estado no mercado de consumo;
§ 2º (Vetado).
d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões
adequados de qualidade, segurança, durabilidade e de-
CAPÍTULO III
sempenho.
Dos Direitos Básicos do Consumidor
III - harmonização dos interesses dos participantes das
relações de consumo e compatibilização da proteção
do consumidor com a necessidade de desenvolvimento Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os prin- I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os ris-
cípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, cos provocados por práticas no fornecimento de pro-
da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé dutos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
e equilíbrio nas relações entre consumidores e forne-
II - a educação e divulgação sobre o consumo adequa-
cedores;
do dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de

616
escolha e a igualdade nas contratações; Da Qualidade de Produtos e Serviços, da
III - a informação adequada e clara sobre os diferen- Prevenção e da Reparação dos Danos
tes produtos e serviços, com especificação correta de
quantidade, características, composição, qualidade,
SEÇÃO I
tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos
que apresentem; Da Proteção à Saúde e Segurança
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abu-
siva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado
como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas de consumo não acarretarão riscos à saúde ou seguran-
no fornecimento de produtos e serviços; ça dos consumidores, exceto os considerados normais
e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição,
V - a modificação das cláusulas contratuais que estabe- obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese,
leçam prestações desproporcionais ou sua revisão em a dar as informações necessárias e adequadas a seu
razão de fatos supervenientes que as tornem excessiva- respeito.
mente onerosas;
§ 1º Em se tratando de produto industrial, ao fabricante
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimo- cabe prestar as informações a que se refere este artigo,
niais e morais, individuais, coletivos e difusos; através de impressos apropriados que devam acompa-
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos nhar o produto.
com vistas à prevenção ou reparação de danos patri- § 2º O fornecedor deverá higienizar os equipamentos
moniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, e utensílios utilizados no fornecimento de produtos ou
assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica serviços, ou colocados à disposição do consumidor, e
aos necessitados; informar, de maneira ostensiva e adequada, quando for
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive o caso, sobre o risco de contaminação.
com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no pro-
cesso civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a Art. 9° O fornecedor de produtos e serviços poten-
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as cialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança
regras ordinárias de experiências; deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a
respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem pre-
IX - (Vetado); juízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada
X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos caso concreto.
em geral.
Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de
do caput deste artigo deve ser acessível à pessoa com consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber
deficiência, observado o disposto em regulamento. apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à
saúde ou segurança.
Art. 7° Os direitos previstos neste código não excluem § 1° O fornecedor de produtos e serviços que, poste-
outros decorrentes de tratados ou convenções interna- riormente à sua introdução no mercado de consumo,
cionais de que o Brasil seja signatário, da legislação tiver conhecimento da periculosidade que apresentem,
interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas au- deverá comunicar o fato imediatamente às autoridades
toridades administrativas competentes, bem como dos competentes e aos consumidores, mediante anúncios
que derivem dos princípios gerais do direito, analogia, publicitários.
costumes e eqüidade. § 2° Os anúncios publicitários a que se refere o pa-
Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, rágrafo anterior serão veiculados na imprensa, rádio
todos responderão solidariamente pela reparação dos e televisão, às expensas do fornecedor do produto ou
danos previstos nas normas de consumo. serviço.
§ 3° Sempre que tiverem conhecimento de periculosi-
CAPÍTULO IV dade de produtos ou serviços à saúde ou segurança dos

617
consumidores, a União, os Estados, o Distrito Federal e Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao
os Municípios deverão informá-los a respeito. prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra
os demais responsáveis, segundo sua participação na
Art. 11. (Vetado). causação do evento danoso.

SEÇÃO II Art. 14. O fornecedor de serviços responde, indepen-


Da Responsabilidade pelo Fato do Produ- dentemente da existência de culpa, pela reparação dos
danos causados aos consumidores por defeitos relati-
to e do Serviço vos à prestação dos serviços, bem como por informa-
ções insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional riscos.
ou estrangeiro, e o importador respondem, indepen-
§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segu-
dentemente da existência de culpa, pela reparação dos
rança que o consumidor dele pode esperar, levando-se
danos causados aos consumidores por defeitos decor-
em consideração as circunstâncias relevantes, entre as
rentes de projeto, fabricação, construção, montagem,
quais:
fórmulas, manipulação, apresentação ou acondiciona-
mento de seus produtos, bem como por informações I - o modo de seu fornecimento;
insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se
riscos. esperam;
§ 1° O produto é defeituoso quando não oferece a se- III - a época em que foi fornecido.
gurança que dele legitimamente se espera, levando-se
em consideração as circunstâncias relevantes, entre as § 2º O serviço não é considerado defeituoso pela ado-
quais: ção de novas técnicas.

I - sua apresentação; § 3° O fornecedor de serviços só não será responsabi-


lizado quando provar:
II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se es-
peram; I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;

III - a época em que foi colocado em circulação. II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

§ 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato § 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais libe-
de outro de melhor qualidade ter sido colocado no mer- rais será apurada mediante a verificação de culpa.
cado.
Art. 15. (Vetado).
§ 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importa-
dor só não será responsabilizado quando provar: Art. 16. (Vetado).
I - que não colocou o produto no mercado;
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos
o defeito inexiste; consumidores todas as vítimas do evento.

III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.


SEÇÃO III
Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos
Da Responsabilidade por
termos do artigo anterior, quando: Vício do Produto e do Serviço
I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador
não puderem ser identificados; Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo
duráveis ou não duráveis respondem solidariamente
II - o produto for fornecido sem identificação clara do pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tor-
seu fabricante, produtor, construtor ou importador; nem impróprios ou inadequados ao consumo a que se
III - não conservar adequadamente os produtos pere- destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por
cíveis. aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações

618
constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou inadequados ao fim a que se destinam.
mensagem publicitária, respeitadas as variações decor-
rentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente
substituição das partes viciadas. pelos vícios de quantidade do produto sempre que,
§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de respeitadas as variações decorrentes de sua natureza,
trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente seu conteúdo líquido for inferior às indicações cons-
e à sua escolha: tantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de
mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir,
I - a substituição do produto por outro da mesma espé- alternativamente e à sua escolha:
cie, em perfeitas condições de uso;
I - o abatimento proporcional do preço;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetaria-
mente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e II - complementação do peso ou medida;
danos; III - a substituição do produto por outro da mesma es-
III - o abatimento proporcional do preço. pécie, marca ou modelo, sem os aludidos vícios;

§ 2° Poderão as partes convencionar a redução ou IV - a restituição imediata da quantia paga, monetaria-


ampliação do prazo previsto no parágrafo anterior, não mente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e
podendo ser inferior a sete nem superior a cento e oi- danos.
tenta dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo § 1° Aplica-se a este artigo o disposto no § 4° do artigo
deverá ser convencionada em separado, por meio de anterior.
manifestação expressa do consumidor.
§ 2° O fornecedor imediato será responsável quando
§ 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das al- fizer a pesagem ou a medição e o instrumento utilizado
ternativas do § 1° deste artigo sempre que, em razão não estiver aferido segundo os padrões oficiais.
da extensão do vício, a substituição das partes viciadas
puder comprometer a qualidade ou características do Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios
produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto de qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou
essencial. lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decor-
§ 4° Tendo o consumidor optado pela alternativa do rentes da disparidade com as indicações constantes da
inciso I do § 1° deste artigo, e não sendo possível a oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumi-
substituição do bem, poderá haver substituição por dor exigir, alternativamente e à sua escolha:
outro de espécie, marca ou modelo diversos, mediante I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e
complementação ou restituição de eventual diferença de quando cabível;
preço, sem prejuízo do disposto nos incisos II e III do
II - a restituição imediata da quantia paga, monetaria-
§ 1° deste artigo.
mente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e
§ 5° No caso de fornecimento de produtos in natura, danos;
será responsável perante o consumidor o fornecedor
III - o abatimento proporcional do preço.
imediato, exceto quando identificado claramente seu
produtor. § 1° A reexecução dos serviços poderá ser confiada a
terceiros devidamente capacitados, por conta e risco do
§ 6° São impróprios ao uso e consumo:
fornecedor.
I - os produtos cujos prazos de validade estejam ven-
§ 2° São impróprios os serviços que se mostrem ina-
cidos;
dequados para os fins que razoavelmente deles se es-
II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, peram, bem como aqueles que não atendam as normas
avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, noci- regulamentares de prestabilidade.
vos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em
desacordo com as normas regulamentares de fabrica- Art. 21. No fornecimento de serviços que tenham por
ção, distribuição ou apresentação; objetivo a reparação de qualquer produto considerar-
III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem -se-á implícita a obrigação do fornecedor de empregar

619
componentes de reposição originais adequados e no- § 2° Obstam a decadência:
vos, ou que mantenham as especificações técnicas do I - a reclamação comprovadamente formulada pelo con-
fabricante, salvo, quanto a estes últimos, autorização sumidor perante o fornecedor de produtos e serviços
em contrário do consumidor. até a resposta negativa correspondente, que deve ser
transmitida de forma inequívoca;
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas,
concessionárias, permissionárias ou sob qualquer ou- II - (Vetado).
tra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer III - a instauração de inquérito civil, até seu encerra-
serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos mento.
essenciais, contínuos.
§ 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total inicia-se no momento em que ficar evidenciado o de-
ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão feito.
as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a repa-
rar os danos causados, na forma prevista neste código. Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à repa-
ração pelos danos causados por fato do produto ou do
Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os vícios de serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-
qualidade por inadequação dos produtos e serviços não -se a contagem do prazo a partir do conhecimento do
o exime de responsabilidade. dano e de sua autoria.
Parágrafo único. (Vetado).
Art. 24. A garantia legal de adequação do produto ou
serviço independe de termo expresso, vedada a exone-
ração contratual do fornecedor. SEÇÃO V
Da Desconsideração da
Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula Personalidade Jurídica
que impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de
indenizar prevista nesta e nas seções anteriores.
Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade
§ 1° Havendo mais de um responsável pela causação jurídica da sociedade quando, em detrimento do con-
do dano, todos responderão solidariamente pela repa- sumidor, houver abuso de direito, excesso de poder,
ração prevista nesta e nas seções anteriores. infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos es-
§ 2° Sendo o dano causado por componente ou peça tatutos ou contrato social. A desconsideração também
incorporada ao produto ou serviço, são responsáveis será efetivada quando houver falência, estado de insol-
solidários seu fabricante, construtor ou importador e o vência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica
que realizou a incorporação. provocados por má administração.
§ 1° (Vetado).
SEÇÃO IV § 2° As sociedades integrantes dos grupos societários
Da Decadência e da Prescrição e as sociedades controladas, são subsidiariamente res-
ponsáveis pelas obrigações decorrentes deste código.
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou § 3° As sociedades consorciadas são solidariamente
de fácil constatação caduca em: responsáveis pelas obrigações decorrentes deste có-
I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e digo.
de produtos não duráveis; § 4° As sociedades coligadas só responderão por cul-
II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de servi- pa.
ço e de produtos duráveis. § 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurí-
§ 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir dica sempre que sua personalidade for, de alguma for-
da entrega efetiva do produto ou do término da execu- ma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados
ção dos serviços. aos consumidores.

620
CAPÍTULO V Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é solida-
Das Práticas Comerciais riamente responsável pelos atos de seus prepostos ou
representantes autônomos.

SEÇÃO I Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recu-


Das Disposições Gerais sar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade,
o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equi- escolha:
param-se aos consumidores todas as pessoas determi- I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos ter-
náveis ou não, expostas às práticas nele previstas. mos da oferta, apresentação ou publicidade;
II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equi-
SEÇÃO II valente;
Da Oferta III - rescindir o contrato, com direito à restituição de
quantia eventualmente antecipada, monetariamente atu-
Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficiente- alizada, e a perdas e danos.
mente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio
de comunicação com relação a produtos e serviços SEÇÃO III
oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a
Da Publicidade
fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que
vier a ser celebrado.
Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma
Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique
devem assegurar informações corretas, claras, pre- como tal.
cisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus
características, qualidades, quantidade, composição, produtos ou serviços, manterá, em seu poder, para in-
preço, garantia, prazos de validade e origem, entre ou- formação dos legítimos interessados, os dados fáticos,
tros dados, bem como sobre os riscos que apresentam técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem.
à saúde e segurança dos consumidores.
Parágrafo único. As informações de que trata este arti- Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abu-
go, nos produtos refrigerados oferecidos ao consumi- siva.
dor, serão gravadas de forma indelével. § 1° É enganosa qualquer modalidade de informação
ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou par-
Art. 32. Os fabricantes e importadores deverão asse- cialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo
gurar a oferta de componentes e peças de reposição por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a
enquanto não cessar a fabricação ou importação do respeito da natureza, características, qualidade, quanti-
produto. dade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros
Parágrafo único. Cessadas a produção ou importação, a dados sobre produtos e serviços.
oferta deverá ser mantida por período razoável de tem- § 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discrimi-
po, na forma da lei. natória de qualquer natureza, a que incite à violência,
explore o medo ou a superstição, se aproveite da defi-
Art. 33. Em caso de oferta ou venda por telefone ou ciência de julgamento e experiência da criança, desres-
reembolso postal, deve constar o nome do fabricante peita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir
e endereço na embalagem, publicidade e em todos os o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou
impressos utilizados na transação comercial. perigosa à sua saúde ou segurança.
Parágrafo único. É proibida a publicidade de bens e § 3° Para os efeitos deste código, a publicidade é en-
serviços por telefone, quando a chamada for onerosa ganosa por omissão quando deixar de informar sobre
ao consumidor que a origina. dado essencial do produto ou serviço.

621
§ 4° (Vetado). viços.
XI - Dispositivo incluído pela MPV nº 1.890-67, de
Art. 38. O ônus da prova da veracidade e correção da 22.10.1999, transformado em inciso XIII, quando da
informação ou comunicação publicitária cabe a quem conversão na Lei nº 9.870, de 23.11.1999
as patrocina.
XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento de
sua obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial a
SEÇÃO IV
seu exclusivo critério.
Das Práticas Abusivas
 XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do
legal ou contratualmente estabelecido.
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou servi-
ços, dentre outras práticas abusivas: XIV - permitir o ingresso em estabelecimentos comer-
ciais ou de serviços de um número maior de consumi-
I - condicionar o fornecimento de produto ou de servi- dores que o fixado pela autoridade administrativa como
ço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem máximo.
como, sem justa causa, a limites quantitativos;
Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos
II - recusar atendimento às demandas dos consumi- remetidos ou entregues ao consumidor, na hipótese
dores, na exata medida de suas disponibilidades de prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis,
estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e inexistindo obrigação de pagamento.
costumes;
III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação Art. 40. O fornecedor de serviço será obrigado a entre-
prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço; gar ao consumidor orçamento prévio discriminando o
IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consu- valor da mão-de-obra, dos materiais e equipamentos a
midor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento serem empregados, as condições de pagamento, bem
ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou como as datas de início e término dos serviços.
serviços; § 1º Salvo estipulação em contrário, o valor orçado terá
V - exigir do consumidor vantagem manifestamente validade pelo prazo de dez dias, contado de seu recebi-
excessiva; mento pelo consumidor.

VI - executar serviços sem a prévia elaboração de or- § 2° Uma vez aprovado pelo consumidor, o orçamento
çamento e autorização expressa do consumidor, res- obriga os contraentes e somente pode ser alterado me-
salvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as diante livre negociação das partes.
partes; § 3° O consumidor não responde por quaisquer ônus
VII - repassar informação depreciativa, referente a ato ou acréscimos decorrentes da contratação de serviços
praticado pelo consumidor no exercício de seus direi- de terceiros não previstos no orçamento prévio.
tos;
Art. 41. No caso de fornecimento de produtos ou de ser-
VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer pro- viços sujeitos ao regime de controle ou de tabelamento
duto ou serviço em desacordo com as normas expedi- de preços, os fornecedores deverão respeitar os limites
das pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas oficiais sob pena de não o fazendo, responderem pela
específicas não existirem, pela Associação Brasileira de restituição da quantia recebida em excesso, monetaria-
Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo mente atualizada, podendo o consumidor exigir à sua
Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qua- escolha, o desfazimento do negócio, sem prejuízo de
lidade Industrial (Conmetro); outras sanções cabíveis.
IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços,
diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante SEÇÃO V
pronto pagamento, ressalvados os casos de intermedia- Da Cobrança de Dívidas
ção regulados em leis especiais;
X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou ser- Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadim-

622
plente não será exposto a ridículo, nem será submetido veis, inclusive para a pessoa com deficiência, mediante
a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça. solicitação do consumidor.
Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia
indevida tem direito à repetição do indébito, por valor Art. 44. Os órgãos públicos de defesa do consumidor
igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de manterão cadastros atualizados de reclamações funda-
correção monetária e juros legais, salvo hipótese de mentadas contra fornecedores de produtos e serviços,
engano justificável. devendo divulgá-lo pública e anualmente. A divulgação
indicará se a reclamação foi atendida ou não pelo for-
necedor.
Art. 42-A. Em todos os documentos de cobrança de dé-
bitos apresentados ao consumidor, deverão constar o § 1° É facultado o acesso às informações lá constantes
nome, o endereço e o número de inscrição no Cadastro para orientação e consulta por qualquer interessado.
de Pessoas Físicas – CPF ou no Cadastro Nacional de § 2° Aplicam-se a este artigo, no que couber, as mes-
Pessoa Jurídica – CNPJ do fornecedor do produto ou mas regras enunciadas no artigo anterior e as do pará-
serviço correspondente. grafo único do art. 22 deste código.

SEÇÃO VI Art. 45. (Vetado).


Dos Bancos de Dados e
Cadastros de Consumidores CAPÍTULO VI
Da Proteção Contratual
Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do disposto no art.
86, terá acesso às informações existentes em cadastros,
SEÇÃO I
fichas, registros e dados pessoais e de consumo arqui-
vados sobre ele, bem como sobre as suas respectivas Disposições Gerais
fontes.
§ 1° Os cadastros e dados de consumidores devem ser Art. 46. Os contratos que regulam as relações de con-
objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem de fácil sumo não obrigarão os consumidores, se não lhes for
compreensão, não podendo conter informações negati- dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de
vas referentes a período superior a cinco anos. seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem
redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu
§ 2° A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pes- sentido e alcance.
soais e de consumo deverá ser comunicada por escrito
ao consumidor, quando não solicitada por ele. Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de
§ 3° O consumidor, sempre que encontrar inexatidão maneira mais favorável ao consumidor.
nos seus dados e cadastros, poderá exigir sua imediata
correção, devendo o arquivista, no prazo de cinco dias Art. 48. As declarações de vontade constantes de es-
úteis, comunicar a alteração aos eventuais destinatários critos particulares, recibos e pré-contratos relativos às
das informações incorretas. relações de consumo vinculam o fornecedor, ensejando
inclusive execução específica, nos termos do art. 84 e
§ 4° Os bancos de dados e cadastros relativos a con-
parágrafos.
sumidores, os serviços de proteção ao crédito e congê-
neres são considerados entidades de caráter público.
Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no
§ 5° Consumada a prescrição relativa à cobrança de prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de
débitos do consumidor, não serão fornecidas, pelos recebimento do produto ou serviço, sempre que a con-
respectivos Sistemas de Proteção ao Crédito, quaisquer tratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer
informações que possam impedir ou dificultar novo fora do estabelecimento comercial, especialmente por
acesso ao crédito junto aos fornecedores. telefone ou a domicílio.
§ 6º Todas as informações de que trata o caput deste Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de
artigo devem ser disponibilizadas em formatos acessí- arrependimento previsto neste artigo, os valores even-

623
tualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente,
reflexão, serão devolvidos, de imediato, monetariamen- variação do preço de maneira unilateral;
te atualizados. XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato uni-
lateralmente, sem que igual direito seja conferido ao
Art. 50. A garantia contratual é complementar à legal e consumidor;
será conferida mediante termo escrito.
XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de
Parágrafo único. O termo de garantia ou equivalente cobrança de sua obrigação, sem que igual direito lhe
deve ser padronizado e esclarecer, de maneira adequada seja conferido contra o fornecedor;
em que consiste a mesma garantia, bem como a for-
ma, o prazo e o lugar em que pode ser exercitada e os XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateral-
ônus a cargo do consumidor, devendo ser-lhe entregue, mente o conteúdo ou a qualidade do contrato, após sua
devidamente preenchido pelo fornecedor, no ato do celebração;
fornecimento, acompanhado de manual de instrução, XIV - infrinjam ou possibilitem a violação de normas
de instalação e uso do produto em linguagem didática, ambientais;
com ilustrações.
XV - estejam em desacordo com o sistema de proteção
ao consumidor;
SEÇÃO II
Das Cláusulas Abusivas XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização
por benfeitorias necessárias.

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as § 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a van-
cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de pro- tagem que:
dutos e serviços que: I - ofende os princípios fundamentais do sistema jurí-
I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsa- dico a que pertence;
bilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza II - restringe direitos ou obrigações fundamentais ine-
dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou rentes à natureza do contrato, de tal modo a ameaçar
disposição de direitos. Nas relações de consumo entre seu objeto ou equilíbrio contratual;
o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indeni-
III - se mostra excessivamente onerosa para o con-
zação poderá ser limitada, em situações justificáveis;
sumidor, considerando-se a natureza e conteúdo do
II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias
quantia já paga, nos casos previstos neste código; peculiares ao caso.
III - transfiram responsabilidades a terceiros; § 2° A nulidade de uma cláusula contratual abusiva
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, não invalida o contrato, exceto quando de sua ausên-
abusivas, que coloquem o consumidor em desvanta- cia, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus
gem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé excessivo a qualquer das partes.
ou a eqüidade; § 3° (Vetado).
V - (Vetado); § 4° É facultado a qualquer consumidor ou entidade
VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo que o represente requerer ao Ministério Público que
do consumidor; ajuíze a competente ação para ser declarada a nulidade
de cláusula contratual que contrarie o disposto neste
VII - determinem a utilização compulsória de arbitra- código ou de qualquer forma não assegure o justo equi-
gem; líbrio entre direitos e obrigações das partes.
VIII - imponham representante para concluir ou realizar
outro negócio jurídico pelo consumidor; Art. 52. No fornecimento de produtos ou serviços que
envolva outorga de crédito ou concessão de financia-
IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o
mento ao consumidor, o fornecedor deverá, entre outros
contrato, embora obrigando o consumidor;
requisitos, informá-lo prévia e adequadamente sobre:

624
I - preço do produto ou serviço em moeda corrente ao consumidor, ressalvando-se o disposto no § 2° do
nacional; artigo anterior.
II - montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual § 3º Os contratos de adesão escritos serão redigidos em
de juros; termos claros e com caracteres ostensivos e legíveis,
cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo doze,
III - acréscimos legalmente previstos;
de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor.
IV - número e periodicidade das prestações;
§ 4° As cláusulas que implicarem limitação de direito
V - soma total a pagar, com e sem financiamento. do consumidor deverão ser redigidas com destaque,
§ 1° As multas de mora decorrentes do inadimplemento permitindo sua imediata e fácil compreensão.
de obrigações no seu termo não poderão ser superiores § 5° (Vetado)
a dois por cento do valor da prestação.
§ 2º É assegurado ao consumidor a liquidação anteci- CAPÍTULO VII
pada do débito, total ou parcialmente, mediante redu- Das Sanções Administrativas
ção proporcional dos juros e demais acréscimos. (Vide Lei nº 8.656, de 1993)
§ 3º (Vetado).
Art. 55. A União, os Estados e o Distrito Federal, em
Art. 53. Nos contratos de compra e venda de móveis ou caráter concorrente e nas suas respectivas áreas de
imóveis mediante pagamento em prestações, bem como atuação administrativa, baixarão normas relativas à
nas alienações fiduciárias em garantia, consideram-se produção, industrialização, distribuição e consumo de
nulas de pleno direito as cláusulas que estabeleçam a produtos e serviços.
perda total das prestações pagas em benefício do credor
que, em razão do inadimplemento, pleitear a resolução § 1° A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
do contrato e a retomada do produto alienado. nicípios fiscalizarão e controlarão a produção, indus-
trialização, distribuição, a publicidade de produtos e
§ 1° (Vetado). serviços e o mercado de consumo, no interesse da pre-
§ 2º Nos contratos do sistema de consórcio de produtos servação da vida, da saúde, da segurança, da informa-
duráveis, a compensação ou a restituição das parcelas ção e do bem-estar do consumidor, baixando as normas
quitadas, na forma deste artigo, terá descontada, além que se fizerem necessárias.
da vantagem econômica auferida com a fruição, os § 2° (Vetado).
prejuízos que o desistente ou inadimplente causar ao
grupo. § 3° Os órgãos federais, estaduais, do Distrito Federal e
municipais com atribuições para fiscalizar e controlar o
§ 3° Os contratos de que trata o caput deste artigo serão mercado de consumo manterão comissões permanen-
expressos em moeda corrente nacional. tes para elaboração, revisão e atualização das normas
referidas no § 1°, sendo obrigatória a participação dos
SEÇÃO III consumidores e fornecedores.
Dos Contratos de Adesão § 4° Os órgãos oficiais poderão expedir notificações
aos fornecedores para que, sob pena de desobediência,
Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas prestem informações sobre questões de interesse do
tenham sido aprovadas pela autoridade competente consumidor, resguardado o segredo industrial.
ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de
produtos ou serviços, sem que o consumidor possa Art. 56. As infrações das normas de defesa do consumi-
discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo.  dor ficam sujeitas, conforme o caso, às seguintes san-
ções administrativas, sem prejuízo das de natureza civil,
§ 1° A inserção de cláusula no formulário não desfigura
penal e das definidas em normas específicas:
a natureza de adesão do contrato.
I - multa;
§ 2° Nos contratos de adesão admite-se cláusula re-
solutória, desde que a alternativa, cabendo a escolha II - apreensão do produto;

625
III - inutilização do produto; mediante procedimento administrativo, assegurada am-
pla defesa, quando o fornecedor reincidir na prática das
IV - cassação do registro do produto junto ao órgão
infrações de maior gravidade previstas neste código e
competente;
na legislação de consumo.
V - proibição de fabricação do produto;
§ 1° A pena de cassação da concessão será aplicada à
VI - suspensão de fornecimento de produtos ou serviço; concessionária de serviço público, quando violar obri-
VII - suspensão temporária de atividade; gação legal ou contratual.

VIII - revogação de concessão ou permissão de uso; § 2° A pena de intervenção administrativa será aplicada
sempre que as circunstâncias de fato desaconselharem
IX - cassação de licença do estabelecimento ou de ati- a cassação de licença, a interdição ou suspensão da
vidade; atividade.
X - interdição, total ou parcial, de estabelecimento, de § 3° Pendendo ação judicial na qual se discuta a impo-
obra ou de atividade; sição de penalidade administrativa, não haverá reinci-
XI - intervenção administrativa; dência até o trânsito em julgado da sentença.
XII - imposição de contrapropaganda.
Art. 60. A imposição de contrapropaganda será comina-
Parágrafo único. As sanções previstas neste artigo se- da quando o fornecedor incorrer na prática de publici-
rão aplicadas pela autoridade administrativa, no âmbito dade enganosa ou abusiva, nos termos do art. 36 e seus
de sua atribuição, podendo ser aplicadas cumulativa- parágrafos, sempre às expensas do infrator.
mente, inclusive por medida cautelar, antecedente ou
§ 1º A contrapropaganda será divulgada pelo responsá-
incidente de procedimento administrativo.
vel da mesma forma, freqüência e dimensão e, preferen-
cialmente no mesmo veículo, local, espaço e horário,
Art. 57. A pena de multa, graduada de acordo com a
de forma capaz de desfazer o malefício da publicidade
gravidade da infração, a vantagem auferida e a condi-
enganosa ou abusiva.
ção econômica do fornecedor, será aplicada mediante
procedimento administrativo, revertendo para o Fundo § 2° (Vetado)
de que trata a Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, os § 3° (Vetado).
valores cabíveis à União, ou para os Fundos estaduais
ou municipais de proteção ao consumidor nos demais
casos.
TÍTULO II
Das Infrações Penais
Parágrafo único. A multa será em montante não infe-
rior a duzentas e não superior a três milhões de vezes o
valor da Unidade Fiscal de Referência (Ufir), ou índice Art. 61. Constituem crimes contra as relações de con-
equivalente que venha a substituí-lo. sumo previstas neste código, sem prejuízo do disposto
no Código Penal e leis especiais, as condutas tipifica-
Art. 58. As penas de apreensão, de inutilização de das nos artigos seguintes.
produtos, de proibição de fabricação de produtos, de
suspensão do fornecimento de produto ou serviço, Art. 62. (Vetado).
de cassação do registro do produto e revogação da
concessão ou permissão de uso serão aplicadas pela Art. 63. Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a
administração, mediante procedimento administrativo, nocividade ou periculosidade de produtos, nas embala-
assegurada ampla defesa, quando forem constatados gens, nos invólucros, recipientes ou publicidade:
vícios de quantidade ou de qualidade por inadequação Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa.
ou insegurança do produto ou serviço.
§ 1° Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de aler-
tar, mediante recomendações escritas ostensivas, sobre
Art. 59. As penas de cassação de alvará de licença, de
a periculosidade do serviço a ser prestado.
interdição e de suspensão temporária da atividade, bem
como a de intervenção administrativa, serão aplicadas § 2° Se o crime é culposo:

626
Pena Detenção de um a seis meses ou multa. científicos que dão base à publicidade:
Pena Detenção de um a seis meses ou multa.
Art. 64. Deixar de comunicar à autoridade competente
e aos consumidores a nocividade ou periculosidade de Art. 70. Empregar na reparação de produtos, peça ou
produtos cujo conhecimento seja posterior à sua colo- componentes de reposição usados, sem autorização do
cação no mercado: consumidor:
Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa. Pena Detenção de três meses a um ano e multa.
Parágrafo único. Incorrerá nas mesmas penas quem
deixar de retirar do mercado, imediatamente quando Art. 71. Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça,
determinado pela autoridade competente, os produtos coação, constrangimento físico ou moral, afirmações
nocivos ou perigosos, na forma deste artigo. falsas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro
procedimento que exponha o consumidor, injustifica-
Art. 65. Executar serviço de alto grau de periculosidade, damente, a ridículo ou interfira com seu trabalho, des-
contrariando determinação de autoridade competente: canso ou lazer:
Pena Detenção de seis meses a dois anos e multa. Pena Detenção de três meses a um ano e multa.
§ 1º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo
das correspondentes à lesão corporal e à morte. Art. 72. Impedir ou dificultar o acesso do consumidor
às informações que sobre ele constem em cadastros,
§ 2º A prática do disposto no inciso XIV do art. 39 desta banco de dados, fichas e registros:
Lei também caracteriza o crime previsto no caput deste
artigo. Pena Detenção de seis meses a um ano ou multa.

Art. 66. Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir Art. 73. Deixar de corrigir imediatamente informação
informação relevante sobre a natureza, característica, sobre consumidor constante de cadastro, banco de
qualidade, quantidade, segurança, desempenho, du- dados, fichas ou registros que sabe ou deveria saber
rabilidade, preço ou garantia de produtos ou serviços: ser inexata:

Pena - Detenção de três meses a um ano e multa. Pena Detenção de um a seis meses ou multa.

§ 1º Incorrerá nas mesmas penas quem patrocinar a Art. 74. Deixar de entregar ao consumidor o termo de
oferta. garantia adequadamente preenchido e com especifica-
§ 2º Se o crime é culposo; ção clara de seu conteúdo;
Pena Detenção de um a seis meses ou multa. Pena Detenção de um a seis meses ou multa.

Art. 67. Fazer ou promover publicidade que sabe ou Art. 75. Quem, de qualquer forma, concorrer para os
deveria saber ser enganosa ou abusiva: crimes referidos neste código, incide as penas a esses
cominadas na medida de sua culpabilidade, bem como
Pena Detenção de três meses a um ano e multa.
o diretor, administrador ou gerente da pessoa jurídica
Parágrafo único. (Vetado). que promover, permitir ou por qualquer modo aprovar o
fornecimento, oferta, exposição à venda ou manutenção
Art. 68. Fazer ou promover publicidade que sabe ou em depósito de produtos ou a oferta e prestação de ser-
deveria saber ser capaz de induzir o consumidor a se viços nas condições por ele proibidas.
comportar de forma prejudicial ou perigosa a sua saúde
ou segurança: Art. 76. São circunstâncias agravantes dos crimes tipi-
Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa: ficados neste código:

Parágrafo único. (Vetado). I - serem cometidos em época de grave crise econômica


ou por ocasião de calamidade;
Art. 69. Deixar de organizar dados fáticos, técnicos e II - ocasionarem grave dano individual ou coletivo;

627
III- dissimular-se a natureza ilícita do procedimento; TÍTULO III
IV - quando cometidos: Da Defesa do Consumidor em Juízo
a) por servidor público, ou por pessoa cuja condição
econômico-social seja manifestamente superior à da CAPÍTULO I
vítima; Disposições Gerais
b) em detrimento de operário ou rurícola; de menor de
dezoito ou maior de sessenta anos ou de pessoas porta- Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumi-
doras de deficiência mental interditadas ou não; dores e das vítimas poderá ser exercida em juízo indivi-
V - serem praticados em operações que envolvam ali- dualmente, ou a título coletivo.
mentos, medicamentos ou quaisquer outros produtos Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando
ou serviços essenciais . se tratar de:
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos,
Art. 77. A pena pecuniária prevista nesta Seção será
para efeitos deste código, os transindividuais, de natu-
fixada em dias-multa, correspondente ao mínimo e ao
reza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeter-
máximo de dias de duração da pena privativa da liber-
minadas e ligadas por circunstâncias de fato;
dade cominada ao crime. Na individualização desta
multa, o juiz observará o disposto no art. 60, §1° do II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos,
Código Penal. para efeitos deste código, os transindividuais, de na-
tureza indivisível de que seja titular grupo, categoria
Art. 78. Além das penas privativas de liberdade e de ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte
multa, podem ser impostas, cumulativa ou alternada- contrária por uma relação jurídica base;
mente, observado odisposto nos arts. 44 a 47, do Có- III - interesses ou direitos individuais homogêneos, as-
digo Penal: sim entendidos os decorrentes de origem comum.
I - a interdição temporária de direitos;
Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são
II - a publicação em órgãos de comunicação de grande
legitimados concorrentemente: (Redação dada pela Lei
circulação ou audiência, às expensas do condenado, de
nº 9.008, de 21.3.1995)
notícia sobre os fatos e a condenação;
I - o Ministério Público,
III - a prestação de serviços à comunidade.
II - a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Fe-
Art. 79. O valor da fiança, nas infrações de que trata deral;
este código, será fixado pelo juiz, ou pela autoridade III - as entidades e órgãos da Administração Pública,
que presidir o inquérito, entre cem e duzentas mil vezes direta ou indireta, ainda que sem personalidade jurídi-
o valor do Bônus do Tesouro Nacional (BTN), ou índice ca, especificamente destinados à defesa dos interesses
equivalente que venha a substituí-lo. e direitos protegidos por este código;
Parágrafo único. Se assim recomendar a situação eco- IV - as associações legalmente constituídas há pelo me-
nômica do indiciado ou réu, a fiança poderá ser: nos um ano e que incluam entre seus fins institucionais
a) reduzida até a metade do seu valor mínimo; a defesa dos interesses e direitos protegidos por este
código, dispensada a autorização assemblear.
b) aumentada pelo juiz até vinte vezes.
§ 1° O requisito da pré-constituição pode ser dispensa-
Art. 80. No processo penal atinente aos crimes previs- do pelo juiz, nas ações previstas nos arts. 91 e seguin-
tos neste código, bem como a outros crimes e contra- tes, quando haja manifesto interesse social evidenciado
venções que envolvam relações de consumo, poderão pela dimensão ou característica do dano, ou pela rele-
intervir, como assistentes do Ministério Público, os le- vância do bem jurídico a ser protegido.
gitimados indicados no art. 82, inciso III e IV, aos quais § 2° (Vetado).
também é facultado propor ação penal subsidiária, se a
denúncia não for oferecida no prazo legal. § 3° (Vetado).

628
Art. 83. Para a defesa dos direitos e interesses protegi- prejuízo da responsabilidade por perdas e danos.
dos por este código são admissíveis todas as espécies
de ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva Art. 88. Na hipótese do art. 13, parágrafo único des-
tutela. te código, a ação de regresso poderá ser ajuizada em
Parágrafo único. (Vetado). processo autônomo, facultada a possibilidade de pros-
seguir-se nos mesmos autos, vedada a denunciação da
lide.
Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento
da obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a
tutela específica da obrigação ou determinará providên- Art. 89. (Vetado)
cias que assegurem o resultado prático equivalente ao
do adimplemento. Art. 90. Aplicam-se às ações previstas neste título as
normas do Código de Processo Civil e da Lei n° 7.347,
§ 1° A conversão da obrigação em perdas e danos so- de 24 de julho de 1985, inclusive no que respeita ao
mente será admissível se por elas optar o autor ou se inquérito civil, naquilo que não contrariar suas dispo-
impossível a tutela específica ou a obtenção do resulta- sições.
do prático correspondente.
§ 2° A indenização por perdas e danos se fará sem pre- CAPÍTULO II
juízo da multa (art. 287, do Código de Processo Civil). Das Ações Coletivas Para a Defesa de
§ 3° Sendo relevante o fundamento da demanda e ha- Interesses Individuais Homogêneos
vendo justificado receio de ineficácia do provimento
final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou
Art. 91. Os legitimados de que trata o art. 82 poderão
após justificação prévia, citado o réu.
propor, em nome próprio e no interesse das vítimas ou
§ 4° O juiz poderá, na hipótese do § 3° ou na senten- seus sucessores, ação civil coletiva de responsabili-
ça, impor multa diária ao réu, independentemente de dade pelos danos individualmente sofridos, de acordo
pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a com o disposto nos artigos seguintes.
obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento
do preceito. Art. 92. O Ministério Público, se não ajuizar a ação, atu-
§ 5° Para a tutela específica ou para a obtenção do ará sempre como fiscal da lei.
resultado prático equivalente, poderá o juiz determinar Parágrafo único. (Vetado).
as medidas necessárias, tais como busca e apreensão,
remoção de coisas e pessoas, desfazimento de obra, Art. 93. Ressalvada a competência da Justiça Federal, é
impedimento de atividade nociva, além de requisição competente para a causa a justiça local:
de força policial.
I - no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o
dano, quando de âmbito local;
Art. 85. (Vetado).
II - no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Fe-
Art. 86. (Vetado). deral, para os danos de âmbito nacional ou regional,
aplicando-se as regras do Código de Processo Civil
Art. 87. Nas ações coletivas de que trata este código aos casos de competência concorrente.
não haverá adiantamento de custas, emolumentos,
honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem Art. 94. Proposta a ação, será publicado edital no órgão
condenação da associação autora, salvo comprovada oficial, a fim de que os interessados possam intervir no
má-fé, em honorários de advogados, custas e despesas processo como litisconsortes, sem prejuízo de ampla
processuais. divulgação pelos meios de comunicação social por par-
te dos órgãos de defesa do consumidor.
Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a as-
sociação autora e os diretores responsáveis pela pro-
Art. 95. Em caso de procedência do pedido, a conde-
positura da ação serão solidariamente condenados em
nação será genérica, fixando a responsabilidade do réu
honorários advocatícios e ao décuplo das custas, sem

629
pelos danos causados. cedor de Produtos e Serviços
Art. 96. (Vetado).
Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do fornece-
dor de produtos e serviços, sem prejuízo do disposto
Art. 97. A liquidação e a execução de sentença poderão nos Capítulos I e II deste título, serão observadas as
ser promovidas pela vítima e seus sucessores, assim seguintes normas:
como pelos legitimados de que trata o art. 82.
I - a ação pode ser proposta no domicílio do autor;
Parágrafo único. (Vetado).
II - o réu que houver contratado seguro de responsabi-
Art. 98. A execução poderá ser coletiva, sendo promovi- lidade poderá chamar ao processo o segurador, vedada
da pelos legitimados de que trata o art. 82, abrangendo a integração do contraditório pelo Instituto de Resse-
as vítimas cujas indenizações já tiveram sido fixadas em guros do Brasil. Nesta hipótese, a sentença que julgar
sentença de liquidação, sem prejuízo do ajuizamento de procedente o pedido condenará o réu nos termos do art.
outras execuções. 80 do Código de Processo Civil. Se o réu houver sido
declarado falido, o síndico será intimado a informar a
§ 1° A execução coletiva far-se-á com base em certidão existência de seguro de responsabilidade, facultan-
das sentenças de liquidação, da qual deverá constar a do-se, em caso afirmativo, o ajuizamento de ação de
ocorrência ou não do trânsito em julgado. indenização diretamente contra o segurador, vedada a
§ 2° É competente para a execução o juízo: denunciação da lide ao Instituto de Resseguros do Bra-
sil e dispensado o litisconsórcio obrigatório com este.
I - da liquidação da sentença ou da ação condenatória,
no caso de execução individual;
Art. 102. Os legitimados a agir na forma deste código
II - da ação condenatória, quando coletiva a execução. poderão propor ação visando compelir o Poder Público
competente a proibir, em todo o território nacional, a
Art. 99. Em caso de concurso de créditos decorrentes produção, divulgação distribuição ou venda, ou a deter-
de condenação prevista na Lei n.° 7.347, de 24 de julho minar a alteração na composição, estrutura, fórmula ou
de 1985 e de indenizações pelos prejuízos individuais acondicionamento de produto, cujo uso ou consumo
resultantes do mesmo evento danoso, estas terão prefe- regular se revele nocivo ou perigoso à saúde pública e
rência no pagamento. à incolumidade pessoal.
Parágrafo único. Para efeito do disposto neste artigo, § 1° (Vetado).
a destinação da importância recolhida ao fundo criado
§ 2° (Vetado)
pela Lei n°7.347 de 24 de julho de 1985, ficará sus-
tada enquanto pendentes de decisão de segundo grau
as ações de indenização pelos danos individuais, salvo CAPÍTULO IV
na hipótese de o patrimônio do devedor ser manifesta- Da Coisa Julgada
mente suficiente para responder pela integralidade das
dívidas. Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a
sentença fará coisa julgada:
Art. 100. Decorrido o prazo de um ano sem habilitação
de interessados em número compatível com a gravida- I - erga omnes, exceto se o pedido for julgado impro-
de do dano, poderão os legitimados do art. 82 promo- cedente por insuficiência de provas, hipótese em que
ver a liquidação e execução da indenização devida. qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com
idêntico fundamento valendo-se de nova prova, na hi-
Parágrafo único. O produto da indenização devida re- pótese do inciso I do parágrafo único do art. 81;
verterá para o fundo criado pela Lei n.° 7.347, de 24
de julho de 1985. II - ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria
ou classe, salvo improcedência por insuficiência de
provas, nos termos do inciso anterior, quando se tratar
CAPÍTULO III da hipótese prevista no inciso II do parágrafo único do
Das Ações de Responsabilidade do Forne- art. 81;

630
III - erga omnes, apenas no caso de procedência do II - receber, analisar, avaliar e encaminhar consultas,
pedido, para beneficiar todas as vítimas e seus suces- denúncias ou sugestões apresentadas por entidades
sores, na hipótese do inciso III do parágrafo único do representativas ou pessoas jurídicas de direito público
art. 81. ou privado;
§ 1° Os efeitos da coisa julgada previstos nos incisos I III - prestar aos consumidores orientação permanente
e II não prejudicarão interesses e direitos individuais dos sobre seus direitos e garantias;
integrantes da coletividade, do grupo, categoria ou classe. IV - informar, conscientizar e motivar o consumidor
§ 2° Na hipótese prevista no inciso III, em caso de através dos diferentes meios de comunicação;
improcedência do pedido, os interessados que não V - solicitar à polícia judiciária a instauração de inquéri-
tiverem intervindo no processo como litisconsortes to policial para a apreciação de delito contra os consu-
poderão propor ação de indenização a título individual. midores, nos termos da legislação vigente;
§ 3° Os efeitos da coisa julgada de que cuida o art. VI - representar ao Ministério Público competente para
16, combinado com o art. 13 da Lei n° 7.347, de 24 fins de adoção de medidas processuais no âmbito de
de julho de 1985, não prejudicarão as ações de inde- suas atribuições;
nização por danos pessoalmente sofridos, propostas
individualmente ou na forma prevista neste código, VII - levar ao conhecimento dos órgãos competentes
mas, se procedente o pedido, beneficiarão as vítimas e as infrações de ordem administrativa que violarem os
seus sucessores, que poderão proceder à liquidação e à interesses difusos, coletivos, ou individuais dos con-
execução, nos termos dos arts. 96 a 99. sumidores;
§ 4º Aplica-se o disposto no parágrafo anterior à sen- VIII - solicitar o concurso de órgãos e entidades da
tença penal condenatória. União, Estados, do Distrito Federal e Municípios, bem
como auxiliar a fiscalização de preços, abastecimento,
Art. 104. As ações coletivas, previstas nos incisos I e quantidade e segurança de bens e serviços;
II e do parágrafo único do art. 81, não induzem litis- IX - incentivar, inclusive com recursos financeiros e ou-
pendência para as ações individuais, mas os efeitos da tros programas especiais, a formação de entidades de
coisa julgada erga omnes ou ultra partes a que aludem defesa do consumidor pela população e pelos órgãos
os incisos II e III do artigo anterior não beneficiarão os públicos estaduais e municipais;
autores das ações individuais, se não for requerida sua
suspensão no prazo de trinta dias, a contar da ciência X - (Vetado).
nos autos do ajuizamento da ação coletiva. XI - (Vetado).
XII - (Vetado)
TÍTULO IV
XIII - desenvolver outras atividades compatíveis com
Do Sistema Nacional de suas finalidades.
Defesa do Consumidor
Parágrafo único. Para a consecução de seus objetivos,
o Departamento Nacional de Defesa do Consumidor
Art. 105. Integram o Sistema Nacional de Defesa do poderá solicitar o concurso de órgãos e entidades de
Consumidor (SNDC), os órgãos federais, estaduais, do notória especialização técnico-científica.
Distrito Federal e municipais e as entidades privadas de
defesa do consumidor. TÍTULO V
Da Convenção Coletiva de Consumo
Art. 106. O Departamento Nacional de Defesa do Con-
sumidor, da Secretaria Nacional de Direito Econômico Art. 107. As entidades civis de consumidores e as as-
(MJ), ou órgão federal que venha substituí-lo, é orga- sociações de fornecedores ou sindicatos de categoria
nismo de coordenação da política do Sistema Nacional econômica podem regular, por convenção escrita, re-
de Defesa do Consumidor, cabendo-lhe: lações de consumo que tenham por objeto estabelecer
I - planejar, elaborar, propor, coordenar e executar a po- condições relativas ao preço, à qualidade, à quantida-
lítica nacional de proteção ao consumidor; de, à garantia e características de produtos e serviços,

631
bem como à reclamação e composição do conflito de § 5.° Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo
consumo. entre os Ministérios Públicos da União, do
Distrito Federal e dos Estados na defesa dos
§ 1° A convenção tornar-se-á obrigatória a partir do
interesses e direitos de que cuida esta lei.
registro do instrumento no cartório de títulos e docu-
mentos. § 6° Os órgãos públicos legitimados pode-
rão tomar dos interessados compromisso de
§ 2° A convenção somente obrigará os filiados às enti-
ajustamento de sua conduta às exigências le-
dades signatárias.
gais, mediante combinações, que terá eficácia
§ 3° Não se exime de cumprir a convenção o fornecedor de título executivo extrajudicial».
que se desligar da entidade em data posterior ao regis-
tro do instrumento. Art. 114. O art. 15 da Lei n° 7.347, de 24 de julho de
1985, passa a ter a seguinte redação:
Art. 108. (Vetado).
“Art. 15. Decorridos sessenta dias do trânsito
TÍTULO VI em julgado da sentença condenatória, sem que
Disposições Finais a associação autora lhe promova a execução,
deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada
igual iniciativa aos demais legitimados».
Art. 109. (Vetado).
Art. 115. Suprima-se o caput do art. 17 da Lei n° 7.347,
Art. 110. Acrescente-se o seguinte inciso IV ao art. 1°
de 24 de julho de 1985, passando o parágrafo único a
da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985:
constituir o caput, com a seguinte redação:
“IV - a qualquer outro interesse difuso ou
“Art. 17. “Art. 17. Em caso de litigância de
coletivo”.
má-fé, a associação autora e os diretores
responsáveis pela propositura da ação serão
Art. 111. O inciso II do art. 5° da Lei n° 7.347, de 24 de solidariamente condenados em honorários
julho de 1985, passa a ter a seguinte redação: advocatícios e ao décuplo das custas, sem
“II - inclua, entre suas finalidades institucio- prejuízo da responsabilidade por perdas e
nais, a proteção ao meio ambiente, ao con- danos”.
sumidor, ao patrimônio artístico, estético, his-
tórico, turístico e paisagístico, ou a qualquer Art. 116. Dê-se a seguinte redação ao art. 18 da Lei n°
outro interesse difuso ou coletivo”. 7.347, de 24 de julho de 1985:
«Art. 18. Nas ações de que trata esta lei, não
Art. 112. O § 3° do art. 5° da Lei n° 7.347, de 24 de haverá adiantamento de custas, emolumentos,
julho de 1985, passa a ter a seguinte redação: honorários periciais e quaisquer outras despe-
“§ 3° Em caso de desistência infundada ou sas, nem condenação da associação autora,
abandono da ação por associação legitimada, salvo comprovada má-fé, em honorários de
o Ministério Público ou outro legitimado as- advogado, custas e despesas processuais».
sumirá a titularidade ativa».
Art. 117. Acrescente-se à Lei n° 7.347, de 24 de julho
Art. 113. Acrescente-se os seguintes §§ 4°, 5° e 6° ao de 1985, o seguinte dispositivo, renumerando-se os
art. 5º. da Lei n.° 7.347, de 24 de julho de 1985: seguintes:
“§ 4.° O requisito da pré-constituição po- «Art. 21. Aplicam-se à defesa dos direitos e
derá ser dispensado pelo juiz, quando haja interesses difusos, coletivos e individuais,
manifesto interesse social evidenciado pela no que for cabível, os dispositivos do Título
dimensão ou característica do dano, ou pela III da lei que instituiu o Código de Defesa do
relevância do bem jurídico a ser protegido. Consumidor».

632
Art. 118. Este código entrará em vigor dentro de cento e condição econômica, ambiente social, região e local de
oitenta dias a contar de sua publicação. moradia ou outra condição que diferencie as pessoas,
as famílias ou a comunidade em que vivem.
Art. 119. Revogam-se as disposições em contrário.
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade
Brasília, 11 de setembro de 1990; 169° da Independên- em geral e do poder público assegurar, com absoluta
cia e 102° da República. prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à
saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à
Este texto não substitui o publicado no DOU de profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
12.9.1990 - Retificado em 10.1.2007 liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer
circunstâncias;
ADOLESCENTE - Lei nº 8.069,
b) precedência de atendimento nos serviços públicos
de 13 de julho de 1990. ou de relevância pública;
Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adoles- c) preferência na formulação e na execução das políti-
cente e dá outras providências. cas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o
áreas relacionadas com a proteção à infância e à ju-
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
ventude.
Lei:
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de
Título I qualquer forma de negligência, discriminação, explora-
Das Disposições Preliminares ção, violência, crueldade e opressão, punido na forma
da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à crian- direitos fundamentais.
ça e ao adolescente.
Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem
a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adoles- comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e
cente aquela entre doze e dezoito anos de idade. a condição peculiar da criança e do adolescente como
pessoas em desenvolvimento.
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se
excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoi-
to e vinte e um anos de idade. Título II
Dos Direitos Fundamentais
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os
direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem Capítulo I
prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, asse-
gurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as
Do Direito à Vida e à Saúde
oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o de-
senvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção
em condições de liberdade e de dignidade. à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas so-
ciais públicas que permitam o nascimento e o desen-
Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei
volvimento sadio e harmonioso, em condições dignas
aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem
de existência.
discriminação de nascimento, situação familiar, idade,
sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência,
Art. 8º É assegurado a todas as mulheres o acesso
condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem,

633
aos programas e às políticas de saúde da mulher e de filho, em articulação com o sistema de ensino compe-
planejamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição ade- tente, visando ao desenvolvimento integral da criança.
quada, atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao
puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal Art. 8º-A. Fica instituída a Semana Nacional de Preven-
integral no âmbito do Sistema Único de Saúde. ção da Gravidez na Adolescência, a ser realizada anual-
§ 1 o O atendimento pré-natal será realizado por profis- mente na semana que incluir o dia 1º de fevereiro, com
sionais da atenção primária. o objetivo de disseminar informações sobre medidas
preventivas e educativas que contribuam para a redução
§ 2 o Os profissionais de saúde de referência da ges- da incidência da gravidez na adolescência. (Incluído
tante garantirão sua vinculação, no último trimestre da pela Lei nº 13.798, de 2019)
gestação, ao estabelecimento em que será realizado o
parto, garantido o direito de opção da mulher. Parágrafo único. As ações destinadas a efetivar o dis-
posto no caput deste artigo ficarão a cargo do poder
§ 3 o Os serviços de saúde onde o parto for realizado público, em conjunto com organizações da sociedade
assegurarão às mulheres e aos seus filhos recém-nas- civil, e serão dirigidas prioritariamente ao público ado-
cidos alta hospitalar responsável e contrarreferência na lescente. (Incluído pela Lei nº 13.798, de 2019)
atenção primária, bem como o acesso a outros serviços
e a grupos de apoio à amamentação. Art. 9º O poder público, as instituições e os emprega-
§ 4 o Incumbe ao poder público proporcionar assis- dores propiciarão condições adequadas ao aleitamento
tência psicológica à gestante e à mãe, no período pré e materno, inclusive aos filhos de mães submetidas a
pós-natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar medida privativa de liberdade.
as consequências do estado puerperal. § 1 o Os profissionais das unidades primárias de saú-
§ 5 o A assistência referida no § 4 o deste artigo deverá de desenvolverão ações sistemáticas, individuais ou
ser prestada também a gestantes e mães que manifes- coletivas, visando ao planejamento, à implementação
tem interesse em entregar seus filhos para adoção, bem e à avaliação de ações de promoção, proteção e apoio
como a gestantes e mães que se encontrem em situação ao aleitamento materno e à alimentação complementar
de privação de liberdade. saudável, de forma contínua.
§ 6 o A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) § 2 o Os serviços de unidades de terapia intensiva
acompanhante de sua preferência durante o período do neonatal deverão dispor de banco de leite humano ou
pré-natal, do trabalho de parto e do pós-parto imediato. unidade de coleta de leite humano.
§ 7 o A gestante deverá receber orientação sobre alei-
Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de
tamento materno, alimentação complementar saudável
atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares,
e crescimento e desenvolvimento infantil, bem como
são obrigados a:
sobre formas de favorecer a criação de vínculos afetivos
e de estimular o desenvolvimento integral da criança. I - manter registro das atividades desenvolvidas, através
de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos;
§ 8 o A gestante tem direito a acompanhamento saudá-
vel durante toda a gestação e a parto natural cuidadoso, II - identificar o recém-nascido mediante o registro de
estabelecendo-se a aplicação de cesariana e outras in- sua impressão plantar e digital e da impressão digital
tervenções cirúrgicas por motivos médicos. da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas
pela autoridade administrativa competente;
§ 9 o A atenção primária à saúde fará a busca ativa da
gestante que não iniciar ou que abandonar as consultas III - proceder a exames visando ao diagnóstico e tera-
de pré-natal, bem como da puérpera que não compare- pêutica de anormalidades no metabolismo do recém-
cer às consultas pós-parto. -nascido, bem como prestar orientação aos pais;
§ 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e IV - fornecer declaração de nascimento onde constem
à mulher com filho na primeira infância que se encon- necessariamente as intercorrências do parto e do de-
trem sob custódia em unidade de privação de liberdade, senvolvimento do neonato;
ambiência que atenda às normas sanitárias e assisten- V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neo-
ciais do Sistema Único de Saúde para o acolhimento do

634
nato a permanência junto à mãe. órgãos do Sistema de Garantia de Direitos da Criança
e do Adolescente deverão conferir máxima prioridade
VI - acompanhar a prática do processo de amamenta-
ao atendimento das crianças na faixa etária da primeira
ção, prestando orientações quanto à técnica adequada,
infância com suspeita ou confirmação de violência de
enquanto a mãe permanecer na unidade hospitalar, uti-
qualquer natureza, formulando projeto terapêutico sin-
lizando o corpo técnico já existente.
gular que inclua intervenção em rede e, se necessário,
acompanhamento domiciliar.
Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de cui-
dado voltadas à saúde da criança e do adolescente, por
Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá progra-
intermédio do Sistema Único de Saúde, observado o
mas de assistência médica e odontológica para a pre-
princípio da equidade no acesso a ações e serviços para
venção das enfermidades que ordinariamente afetam a
promoção, proteção e recuperação da saúde.
população infantil, e campanhas de educação sanitária
§ 1 o A criança e o adolescente com deficiência serão para pais, educadores e alunos.
atendidos, sem discriminação ou segregação, em suas
§ 1º É obrigatória a vacinação das crianças nos casos
necessidades gerais de saúde e específicas de habilita-
recomendados pelas autoridades sanitárias.
ção e reabilitação.
§ 2º O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção
§ 2 o Incumbe ao poder público fornecer gratuitamen-
à saúde bucal das crianças e das gestantes, de forma
te, àqueles que necessitarem, medicamentos, órteses,
transversal, integral e intersetorial com as demais li-
próteses e outras tecnologias assistivas relativas ao
nhas de cuidado direcionadas à mulher e à criança.
tratamento, habilitação ou reabilitação para crianças e
adolescentes, de acordo com as linhas de cuidado vol- § 3º A atenção odontológica à criança terá função edu-
tadas às suas necessidades específicas. cativa protetiva e será prestada, inicialmente, antes de o
bebê nascer, por meio de aconselhamento pré-natal, e,
§ 3 o Os profissionais que atuam no cuidado diário ou
posteriormente, no sexto e no décimo segundo anos de
frequente de crianças na primeira infância receberão
vida, com orientações sobre saúde bucal.
formação específica e permanente para a detecção de
sinais de risco para o desenvolvimento psíquico, bem § 4º A criança com necessidade de cuidados odonto-
como para o acompanhamento que se fizer necessário. lógicos especiais será atendida pelo Sistema Único de
Saúde.
Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde, § 5º É obrigatória a aplicação a todas as crianças, nos
inclusive as unidades neonatais, de terapia intensiva e seus primeiros dezoito meses de vida, de protocolo ou
de cuidados intermediários, deverão proporcionar con- outro instrumento construído com a finalidade de faci-
dições para a permanência em tempo integral de um litar a detecção, em consulta pediátrica de acompanha-
dos pais ou responsável, nos casos de internação de mento da criança, de risco para o seu desenvolvimento
criança ou adolescente. psíquico. 

Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo


físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-
Capítulo II
-tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoria- Do Direito à Liberdade,
mente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva ao Respeito e à Dignidade
localidade, sem prejuízo de outras providências legais.
§ 1 o As gestantes ou mães que manifestem interesse Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberda-
em entregar seus filhos para adoção serão obrigatoria- de, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas
mente encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça em processo de desenvolvimento e como sujeitos de
da Infância e da Juventude. direitos civis, humanos e sociais garantidos na Cons-
tituição e nas leis.
§ 2 o Os serviços de saúde em suas diferentes portas
de entrada, os serviços de assistência social em seu
Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes
componente especializado, o Centro de Referência Es-
aspectos:
pecializado de Assistência Social (Creas) e os demais

635
I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços os responsáveis, os agentes públicos executores de
comunitários, ressalvadas as restrições legais; medidas socioeducativas ou qualquer pessoa encarre-
gada de cuidar de crianças e de adolescentes, tratá-los,
II - opinião e expressão;
educá-los ou protegê-los que utilizarem castigo físico
III - crença e culto religioso; ou tratamento cruel ou degradante como formas de
IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; correção, disciplina, educação ou qualquer outro pre-
texto estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções
V - participar da vida familiar e comunitária, sem dis- cabíveis, às seguintes medidas, que serão aplicadas de
criminação; acordo com a gravidade do caso:
VI - participar da vida política, na forma da lei; I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário
VII - buscar refúgio, auxílio e orientação. de proteção à família;
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psi-
Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade quiátrico;
da integridade física, psíquica e moral da criança e do
adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da III - encaminhamento a cursos ou programas de orien-
identidade, da autonomia, dos valores, idéias e crenças, tação;
dos espaços e objetos pessoais. IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento
especializado;
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança
V - advertência.
e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer trata-
mento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo se-
constrangedor. rão aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de
outras providências legais.
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de
ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico Capítulo III
ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de Do Direito à Convivência
correção, disciplina, educação ou qualquer outro pre-
Familiar e Comunitária
texto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada,
pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores
de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa Seção I
encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou Disposições Gerais
protegê-los.
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se: Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou puniti- e educado no seio de sua família e, excepcionalmente,
va aplicada com o uso da força física sobre a criança ou em família substituta, assegurada a convivência familiar
o adolescente que resulte em: e comunitária, em ambiente que garanta seu desenvol-
vimento integral.
a) sofrimento físico; ou
§ 1º Toda criança ou adolescente que estiver inserido
b) lesão; em programa de acolhimento familiar ou institucional
II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma terá sua situação reavaliada, no máximo, a cada 3 (três)
cruel de tratamento em relação à criança ou ao ado- meses, devendo a autoridade judiciária competente,
lescente que: com base em relatório elaborado por equipe interpro-
fissional ou multidisciplinar, decidir de forma funda-
a) humilhe; ou 
mentada pela possibilidade de reintegração familiar ou
b) ameace gravemente; ou  pela colocação em família substituta, em quaisquer das
c) ridicularize. modalidades previstas no art. 28 desta Lei.
§ 2º A permanência da criança e do adolescente em
Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, programa de acolhimento institucional não se prolon-

636
gará por mais de 18 (dezoito meses), salvo comprova- institucional.
da necessidade que atenda ao seu superior interesse, § 5º Após o nascimento da criança, a vontade da mãe
devidamente fundamentada pela autoridade judiciária. ou de ambos os genitores, se houver pai registral ou
§ 3º A manutenção ou a reintegração de criança ou pai indicado, deve ser manifestada na audiência a que
adolescente à sua família terá preferência em relação se refere o § 1 o do art. 166 desta Lei, garantido o sigilo
a qualquer outra providência, caso em que será esta sobre a entrega.
incluída em serviços e programas de proteção, apoio § 6º Na hipótese de não comparecerem à audiência
e promoção, nos termos do § 1 o do art. 23, dos in- nem o genitor nem representante da família extensa
cisos I e IV do caput do art. 101 e dos incisos I a IV para confirmar a intenção de exercer o poder familiar
do caput do art. 129 desta Lei. ou a guarda, a autoridade judiciária suspenderá o poder
§ 4º Será garantida a convivência da criança e do ado- familiar da mãe, e a criança será colocada sob a guarda
lescente com a mãe ou o pai privado de liberdade, por provisória de quem esteja habilitado a adotá-la.
meio de visitas periódicas promovidas pelo responsá- § 7º Os detentores da guarda possuem o prazo de 15
vel ou, nas hipóteses de acolhimento institucional, pela (quinze) dias para propor a ação de adoção, contado
entidade responsável, independentemente de autoriza- do dia seguinte à data do término do estágio de con-
ção judicial. vivência.
§ 5º Será garantida a convivência integral da criança § 8º Na hipótese de desistência pelos genitores - mani-
com a mãe adolescente que estiver em acolhimento festada em audiência ou perante a equipe interprofissio-
institucional. nal - da entrega da criança após o nascimento, a criança
§ 6º A mãe adolescente será assistida por equipe espe- será mantida com os genitores, e será determinado pela
cializada multidisciplinar. Justiça da Infância e da Juventude o acompanhamento
familiar pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias.
Art. 19-A. A gestante ou mãe que manifeste interesse § 9º É garantido à mãe o direito ao sigilo sobre o nasci-
em entregar seu filho para adoção, antes ou logo após mento, respeitado o disposto no art. 48 desta Lei.
o nascimento, será encaminhada à Justiça da Infância
e da Juventude. § 10. Serão cadastrados para adoção recém-nascidos
e crianças acolhidas não procuradas por suas famílias
§ 1º A gestante ou mãe será ouvida pela equipe inter- no prazo de 30 (trinta) dias, contado a partir do dia do
profissional da Justiça da Infância e da Juventude, que acolhimento.
apresentará relatório à autoridade judiciária, conside-
rando inclusive os eventuais efeitos do estado gesta- Art. 19-B. A criança e o adolescente em programa de
cional e puerperal. acolhimento institucional ou familiar poderão participar
§ 2º De posse do relatório, a autoridade judiciária po- de programa de apadrinhamento.
derá determinar o encaminhamento da gestante ou mãe, § 1º O apadrinhamento consiste em estabelecer e pro-
mediante sua expressa concordância, à rede pública de porcionar à criança e ao adolescente vínculos externos
saúde e assistência social para atendimento especia- à instituição para fins de convivência familiar e comu-
lizado. nitária e colaboração com o seu desenvolvimento nos
§ 3º A busca à família extensa, conforme definida nos aspectos social, moral, físico, cognitivo, educacional e
termos do parágrafo único do art. 25 desta Lei, respei- financeiro.
tará o prazo máximo de 90 (noventa) dias, prorrogável § 2º Podem ser padrinhos ou madrinhas pessoas maio-
por igual período. res de 18 (dezoito) anos não inscritas nos cadastros
§ 4º Na hipótese de não haver a indicação do genitor de adoção, desde que cumpram os requisitos exigidos
e de não existir outro representante da família extensa pelo programa de apadrinhamento de que fazem parte.
apto a receber a guarda, a autoridade judiciária compe- § 3º Pessoas jurídicas podem apadrinhar criança ou
tente deverá decretar a extinção do poder familiar e de- adolescente a fim de colaborar para o seu desenvolvi-
terminar a colocação da criança sob a guarda provisória mento.
de quem estiver habilitado a adotá-la ou de entidade
que desenvolva programa de acolhimento familiar ou § 4º O perfil da criança ou do adolescente a ser apa-

637
drinhado será definido no âmbito de cada programa de condenação por crime doloso sujeito à pena de re-
de apadrinhamento, com prioridade para crianças ou clusão contra outrem igualmente titular do mesmo po-
adolescentes com remota possibilidade de reinserção der familiar ou contra filho, filha ou outro descendente.
familiar ou colocação em família adotiva.
§ 5º Os programas ou serviços de apadrinhamento Art. 24. A perda e a suspensão do pátrio poder poder
apoiados pela Justiça da Infância e da Juventude pode- familiar serão decretadas judicialmente, em procedi-
rão ser executados por órgãos públicos ou por organi- mento contraditório, nos casos previstos na legisla-
zações da sociedade civil. ção civil, bem como na hipótese de descumprimento
injustificado dos deveres e obrigações a que alude o
§ 6º Se ocorrer violação das regras de apadrinhamen- art. 22. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010,
to, os responsáveis pelo programa e pelos serviços de de 2009) 
acolhimento deverão imediatamente notificar a autori-
dade judiciária competente.
Seção II
Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do ca- Da Família Natural
samento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e
qualificações, proibidas quaisquer designações discri-
minatórias relativas à filiação. Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade
formada pelos pais ou qualquer deles e seus descen-
dentes.
Art. 21. O pátrio poder poder familiar será exercido, em
igualdade de condições, pelo pai e pela mãe, na forma Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou am-
do que dispuser a legislação civil, assegurado a qual- pliada aquela que se estende para além da unidade pais
quer deles o direito de, em caso de discordância, recor- e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes
rer à autoridade judiciária competente para a solução próximos com os quais a criança ou adolescente convi-
da divergência. Expressão substituída pela Lei nº ve e mantém vínculos de afinidade e afetividade.
12.010, de 2009) Vigência
Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamen-
e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no te, no próprio termo de nascimento, por testamento,
interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir mediante escritura ou outro documento público, qual-
as determinações judiciais. quer que seja a origem da filiação.
Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o
direitos iguais e deveres e responsabilidades compar- nascimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se
tilhados no cuidado e na educação da criança, devendo deixar descendentes.
ser resguardado o direito de transmissão familiar de
suas crenças e culturas, assegurados os direitos da Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito
criança estabelecidos nesta Lei. personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo
ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem
Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não qualquer restrição, observado o segredo de Justiça.
constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão
do pátrio poder poder familiar . (Expressão substituí- Seção III
da pela Lei nº 12.010, de 2009) Da Família Substituta
§ 1 o Não existindo outro motivo que por si só autori-
ze a decretação da medida, a criança ou o adolescente
será mantido em sua família de origem, a qual deverá
Subseção I
obrigatoriamente ser incluída em serviços e programas Disposições Gerais
oficiais de proteção, apoio e promoção.
§ 2º A condenação criminal do pai ou da mãe não impli- Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á me-
cará a destituição do poder familiar, exceto na hipótese diante guarda, tutela ou adoção, independentemente da
situação jurídica da criança ou adolescente, nos termos

638
desta Lei. te familiar adequado.
§ 1 o Sempre que possível, a criança ou o adolescente
será previamente ouvido por equipe interprofissional, Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá
respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de transferência da criança ou adolescente a terceiros ou
compreensão sobre as implicações da medida, e terá a entidades governamentais ou não-governamentais,
sua opinião devidamente considerada. sem autorização judicial.

§ 2 o Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira
será necessário seu consentimento, colhido em audi- constitui medida excepcional, somente admissível na
ência. modalidade de adoção.
§ 3 o Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o
grau de parentesco e a relação de afinidade ou de afe- Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável
tividade, a fim de evitar ou minorar as consequências prestará compromisso de bem e fielmente desempenhar
decorrentes da medida. o encargo, mediante termo nos autos.
§ 4 o Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção,
tutela ou guarda da mesma família substituta, ressalva- Subseção II
da a comprovada existência de risco de abuso ou outra Da Guarda
situação que justifique plenamente a excepcionalidade
de solução diversa, procurando-se, em qualquer caso, Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência
evitar o rompimento definitivo dos vínculos fraternais. material, moral e educacional à criança ou adolescente,
§ 5º A colocação da criança ou adolescente em família conferindo a seu detentor o direito de opor-se a tercei-
substituta será precedida de sua preparação gradativa ros, inclusive aos pais.
e acompanhamento posterior, realizados pela equipe § 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato,
interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos
Juventude, preferencialmente com o apoio dos técnicos procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção
responsáveis pela execução da política municipal de por estrangeiros.
garantia do direito à convivência familiar.
§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos
§ 6 o Em se tratando de criança ou adolescente indí- casos de tutela e adoção, para atender a situações pecu-
gena ou proveniente de comunidade remanescente de liares ou suprir a falta eventual dos pais ou responsável,
quilombo, é ainda obrigatório: podendo ser deferido o direito de representação para a
I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade prática de atos determinados.
social e cultural, os seus costumes e tradições, bem § 3º A guarda confere à criança ou adolescente a con-
como suas instituições, desde que não sejam incompa- dição de dependente, para todos os fins e efeitos de
tíveis com os direitos fundamentais reconhecidos por direito, inclusive previdenciários.
esta Lei e pela Constituição Federal;
§ 4 o Salvo expressa e fundamentada determinação
II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no em contrário, da autoridade judiciária competente, ou
seio de sua comunidade ou junto a membros da mesma quando a medida for aplicada em preparação para ado-
etnia; ção, o deferimento da guarda de criança ou adolescente
III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão a terceiros não impede o exercício do direito de visitas
federal responsável pela política indigenista, no caso de pelos pais, assim como o dever de prestar alimentos,
crianças e adolescentes indígenas, e de antropólogos, que serão objeto de regulamentação específica, a pedi-
perante a equipe interprofissional ou multidisciplinar do do interessado ou do Ministério Público.
que irá acompanhar o caso.
Art. 34. O poder público estimulará, por meio de assis-
Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta tência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o acolhi-
a pessoa que revele, por qualquer modo, incompatibili- mento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescen-
dade com a natureza da medida ou não ofereça ambien- te afastado do convívio familiar.

639
§ 1 o A inclusão da criança ou adolescente em progra- outra pessoa em melhores condições de assumi-la.
mas de acolhimento familiar terá preferência a seu aco-
lhimento institucional, observado, em qualquer caso, o Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto no
caráter temporário e excepcional da medida, nos termos art. 24.
desta Lei.
§ 2 o Na hipótese do § 1 o deste artigo a pessoa ou Subseção IV
casal cadastrado no programa de acolhimento familiar Da Adoção
poderá receber a criança ou adolescente mediante guar-
da, observado o disposto nos arts. 28 a 33 desta Lei. Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á
segundo o disposto nesta Lei.
§ 3 o A União apoiará a implementação de serviços de
acolhimento em família acolhedora como política pú- § 1 o A adoção é medida excepcional e irrevogável,
blica, os quais deverão dispor de equipe que organize o à qual se deve recorrer apenas quando esgotados os
acolhimento temporário de crianças e de adolescentes recursos de manutenção da criança ou adolescente na
em residências de famílias selecionadas, capacitadas e família natural ou extensa, na forma do parágrafo único
acompanhadas que não estejam no cadastro de adoção.  do art. 25 desta Lei.
§ 4 o Poderão ser utilizados recursos federais, esta- § 2 o É vedada a adoção por procuração.
duais, distritais e municipais para a manutenção dos § 3 o Em caso de conflito entre direitos e interesses
serviços de acolhimento em família acolhedora, facul- do adotando e de outras pessoas, inclusive seus pais
tando-se o repasse de recursos para a própria família biológicos, devem prevalecer os direitos e os interesses
acolhedora. do adotando.

Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tem- Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, de-
po, mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Mi- zoito anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a
nistério Público. guarda ou tutela dos adotantes.

Subseção III Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado,


Da Tutela com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessó-
rios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e pa-
rentes, salvo os impedimentos matrimoniais.
Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a
pessoa de até 18 (dezoito) anos incompletos. § 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o fi-
lho do outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre
Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a
o adotado e o cônjuge ou concubino do adotante e os
prévia decretação da perda ou suspensão do pátrio po-
respectivos parentes.
der poder familiar e implica necessariamente o dever
de guarda. § 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado,
seus descendentes, o adotante, seus ascendentes, des-
Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer cendentes e colaterais até o 4º grau, observada a ordem
documento autêntico, conforme previsto no parágrafo de vocação hereditária.
único do art. 1.729 da Lei n o 10.406, de 10 de janeiro
de 2002 - Código Civil , deverá, no prazo de 30 (trinta) Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos,
dias após a abertura da sucessão, ingressar com pedi- independentemente do estado civil.
do destinado ao controle judicial do ato, observando o § 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do
procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei. adotando.
Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão ob- § 2 o Para adoção conjunta, é indispensável que os
servados os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta adotantes sejam casados civilmente ou mantenham
Lei, somente sendo deferida a tutela à pessoa indicada união estável, comprovada a estabilidade da família.
na disposição de última vontade, se restar comprovado
que a medida é vantajosa ao tutelando e que não existe § 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos

640
mais velho do que o adotando. § 2 o -A. O prazo máximo estabelecido no caput deste
artigo pode ser prorrogado por até igual período, me-
§ 4 o Os divorciados, os judicialmente separados e
diante decisão fundamentada da autoridade judiciária.
os ex-companheiros podem adotar conjuntamente,
contanto que acordem sobre a guarda e o regime de § 3 o Em caso de adoção por pessoa ou casal residente
visitas e desde que o estágio de convivência tenha sido ou domiciliado fora do País, o estágio de convivência
iniciado na constância do período de convivência e que será de, no mínimo, 30 (trinta) dias e, no máximo, 45
seja comprovada a existência de vínculos de afinidade (quarenta e cinco) dias, prorrogável por até igual perío-
e afetividade com aquele não detentor da guarda, que do, uma única vez, mediante decisão fundamentada da
justifiquem a excepcionalidade da concessão. autoridade judiciária.
§ 5 o Nos casos do § 4 o deste artigo, desde que de- § 3 o -A. Ao final do prazo previsto no § 3 o deste artigo,
monstrado efetivo benefício ao adotando, será assegu- deverá ser apresentado laudo fundamentado pela equi-
rada a guarda compartilhada, conforme previsto no art. pe mencionada no § 4 o deste artigo, que recomendará
1.584 da Lei n o 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - ou não o deferimento da adoção à autoridade judiciária.
Código Civil . § 4 o O estágio de convivência será acompanhado pela
§ 6 o A adoção poderá ser deferida ao adotante que, equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância
após inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer e da Juventude, preferencialmente com apoio dos técni-
no curso do procedimento, antes de prolatada a sen- cos responsáveis pela execução da política de garantia
tença. do direito à convivência familiar, que apresentarão rela-
tório minucioso acerca da conveniência do deferimento
Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar re- da medida.
ais vantagens para o adotando e fundar-se em motivos § 5 o O estágio de convivência será cumprido no terri-
legítimos. tório nacional, preferencialmente na comarca de resi-
dência da criança ou adolescente, ou, a critério do juiz,
Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração em cidade limítrofe, respeitada, em qualquer hipótese,
e saldar o seu alcance, não pode o tutor ou o curador a competência do juízo da comarca de residência da
adotar o pupilo ou o curatelado. criança.

Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por senten-
ou do representante legal do adotando. ça judicial, que será inscrita no registro civil mediante
§ 1º. O consentimento será dispensado em relação à mandado do qual não se fornecerá certidão.
criança ou adolescente cujos pais sejam desconheci- § 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes
dos ou tenham sido destituídos do pátrio poder poder como pais, bem como o nome de seus ascendentes.
familiar .
§ 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará
§ 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos o registro original do adotado.
de idade, será também necessário o seu consentimento.
§ 3 o A pedido do adotante, o novo registro poderá ser
Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convi- lavrado no Cartório do Registro Civil do Município de
vência com a criança ou adolescente, pelo prazo máxi- sua residência.
mo de 90 (noventa) dias, observadas a idade da criança § 4 o Nenhuma observação sobre a origem do ato po-
ou adolescente e as peculiaridades do caso. derá constar nas certidões do registro.
§ 1 o O estágio de convivência poderá ser dispensado § 5 o A sentença conferirá ao adotado o nome do ado-
se o adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do tante e, a pedido de qualquer deles, poderá determinar
adotante durante tempo suficiente para que seja possí- a modificação do prenome.
vel avaliar a conveniência da constituição do vínculo.
§ 6 o Caso a modificação de prenome seja requerida
§ 2 o A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a pelo adotante, é obrigatória a oitiva do adotando, ob-
dispensa da realização do estágio de convivência. servado o disposto nos §§ 1 o e 2 o do art. 28 desta Lei.

641
§ 7 o A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito § 4 o Sempre que possível e recomendável, a prepa-
em julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese ração referida no § 3 o deste artigo incluirá o contato
prevista no § 6 o do art. 42 desta Lei, caso em que terá com crianças e adolescentes em acolhimento familiar
força retroativa à data do óbito. ou institucional em condições de serem adotados, a ser
realizado sob a orientação, supervisão e avaliação da
§ 8 o O processo relativo à adoção assim como outros
equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude,
a ele relacionados serão mantidos em arquivo, admitin-
com apoio dos técnicos responsáveis pelo programa de
do-se seu armazenamento em microfilme ou por outros
acolhimento e pela execução da política municipal de
meios, garantida a sua conservação para consulta a
garantia do direito à convivência familiar.
qualquer tempo.
§ 5 o Serão criados e implementados cadastros estadu-
§ 9º Terão prioridade de tramitação os processos de
ais e nacional de crianças e adolescentes em condições
adoção em que o adotando for criança ou adolescente
de serem adotados e de pessoas ou casais habilitados
com deficiência ou com doença crônica.
à adoção.
§ 10. O prazo máximo para conclusão da ação de ado-
§ 6 o Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais
ção será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável uma
residentes fora do País, que somente serão consultados
única vez por igual período, mediante decisão funda-
na inexistência de postulantes nacionais habilitados
mentada da autoridade judiciária.
nos cadastros mencionados no § 5 o deste artigo.
Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem § 7 o As autoridades estaduais e federais em matéria de
biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao pro- adoção terão acesso integral aos cadastros, incumbin-
cesso no qual a medida foi aplicada e seus eventuais do-lhes a troca de informações e a cooperação mútua,
incidentes, após completar 18 (dezoito) anos. para melhoria do sistema.
Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção § 8 o A autoridade judiciária providenciará, no prazo de
poderá ser também deferido ao adotado menor de 18 48 (quarenta e oito) horas, a inscrição das crianças e
(dezoito) anos, a seu pedido, assegurada orientação e adolescentes em condições de serem adotados que não
assistência jurídica e psicológica. tiveram colocação familiar na comarca de origem, e das
pessoas ou casais que tiveram deferida sua habilitação
Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o pátrio à adoção nos cadastros estadual e nacional referidos no
poder poder familiar dos pais naturais. (Expressão § 5 o deste artigo, sob pena de responsabilidade.
substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) § 9 o Compete à Autoridade Central Estadual zelar pela
manutenção e correta alimentação dos cadastros, com
Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada co- posterior comunicação à Autoridade Central Federal
marca ou foro regional, um registro de crianças e ado- Brasileira.
lescentes em condições de serem adotados e outro de
pessoas interessadas na adoção. § 10. Consultados os cadastros e verificada a ausên-
cia de pretendentes habilitados residentes no País com
§ 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia perfil compatível e interesse manifesto pela adoção de
consulta aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Mi- criança ou adolescente inscrito nos cadastros existen-
nistério Público. tes, será realizado o encaminhamento da criança ou
§ 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não adolescente à adoção internacional.
satisfizer os requisitos legais, ou verificada qualquer § 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal inte-
das hipóteses previstas no art. 29. ressado em sua adoção, a criança ou o adolescente,
§ 3 o A inscrição de postulantes à adoção será precedi- sempre que possível e recomendável, será colocado
da de um período de preparação psicossocial e jurídica, sob guarda de família cadastrada em programa de aco-
orientado pela equipe técnica da Justiça da Infância e da lhimento familiar.
Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos § 12. A alimentação do cadastro e a convocação crite-
responsáveis pela execução da política municipal de riosa dos postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo
garantia do direito à convivência familiar. Ministério Público.

642
§ 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor de art. 28 desta Lei.
candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previa- § 2 o Os brasileiros residentes no exterior terão prefe-
mente nos termos desta Lei quando: rência aos estrangeiros, nos casos de adoção interna-
I - se tratar de pedido de adoção unilateral; cional de criança ou adolescente brasileiro.
II - for formulada por parente com o qual a criança ou § 3 o A adoção internacional pressupõe a intervenção
adolescente mantenha vínculos de afinidade e afetivi- das Autoridades Centrais Estaduais e Federal em maté-
dade; ria de adoção internacional.
III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda § 4º (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
legal de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente,
desde que o lapso de tempo de convivência comprove Art. 52. A adoção internacional observará o procedi-
a fixação de laços de afinidade e afetividade, e não seja mento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as
constatada a ocorrência de má-fé ou qualquer das situ- seguintes adaptações:
ações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei.
I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em ado-
§ 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o tar criança ou adolescente brasileiro, deverá formular
candidato deverá comprovar, no curso do procedimen- pedido de habilitação à adoção perante a Autoridade
to, que preenche os requisitos necessários à adoção, Central em matéria de adoção internacional no país de
conforme previsto nesta Lei. acolhida, assim entendido aquele onde está situada sua
§ 15. Será assegurada prioridade no cadastro a pesso- residência habitual;
as interessadas em adotar criança ou adolescente com II - se a Autoridade Central do país de acolhida consi-
deficiência, com doença crônica ou com necessidades derar que os solicitantes estão habilitados e aptos para
específicas de saúde, além de grupo de irmãos. ( adotar, emitirá um relatório que contenha informações
sobre a identidade, a capacidade jurídica e adequação
Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na dos solicitantes para adotar, sua situação pessoal, fa-
qual o pretendente possui residência habitual em país- miliar e médica, seu meio social, os motivos que os
-parte da Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, animam e sua aptidão para assumir uma adoção inter-
Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em nacional;
Matéria de Adoção Internacional, promulgada pelo De- III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará o
creto n o 3.087, de 21 junho de 1999 , e deseja adotar relatório à Autoridade Central Estadual, com cópia para
criança em outro país-parte da Convenção. a Autoridade Central Federal Brasileira;
§ 1 o A adoção internacional de criança ou adolescente IV - o relatório será instruído com toda a documentação
brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar necessária, incluindo estudo psicossocial elaborado
quando restar comprovado: por equipe interprofissional habilitada e cópia autenti-
I - que a colocação em família adotiva é a solução ade- cada da legislação pertinente, acompanhada da respec-
quada ao caso concreto; tiva prova de vigência;
II - que foram esgotadas todas as possibilidades de co- V - os documentos em língua estrangeira serão devida-
locação da criança ou adolescente em família adotiva mente autenticados pela autoridade consular, observa-
brasileira, com a comprovação, certificada nos autos, dos os tratados e convenções internacionais, e acom-
da inexistência de adotantes habilitados residentes no panhados da respectiva tradução, por tradutor público
Brasil com perfil compatível com a criança ou adoles- juramentado;
cente, após consulta aos cadastros mencionados nesta VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigên-
Lei; cias e solicitar complementação sobre o estudo psicos-
III - que, em se tratando de adoção de adolescente, este social do postulante estrangeiro à adoção, já realizado
foi consultado, por meios adequados ao seu estágio de no país de acolhida;
desenvolvimento, e que se encontra preparado para a VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade
medida, mediante parecer elaborado por equipe inter- Central Estadual, a compatibilidade da legislação es-
profissional, observado o disposto nos §§ 1 o e 2 o do trangeira com a nacional, além do preenchimento por

643
parte dos postulantes à medida dos requisitos objetivos provada formação ou experiência para atuar na área de
e subjetivos necessários ao seu deferimento, tanto à luz adoção internacional, cadastradas pelo Departamento
do que dispõe esta Lei como da legislação do país de de Polícia Federal e aprovadas pela Autoridade Central
acolhida, será expedido laudo de habilitação à adoção Federal Brasileira, mediante publicação de portaria do
internacional, que terá validade por, no máximo, 1 (um) órgão federal competente;
ano; III - estar submetidos à supervisão das autoridades
VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado competentes do país onde estiverem sediados e no país
será autorizado a formalizar pedido de adoção perante de acolhida, inclusive quanto à sua composição, fun-
o Juízo da Infância e da Juventude do local em que se cionamento e situação financeira;
encontra a criança ou adolescente, conforme indicação IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira,
efetuada pela Autoridade Central Estadual. a cada ano, relatório geral das atividades desenvolvi-
§ 1 o Se a legislação do país de acolhida assim o au- das, bem como relatório de acompanhamento das ado-
torizar, admite-se que os pedidos de habilitação à ado- ções internacionais efetuadas no período, cuja cópia
ção internacional sejam intermediados por organismos será encaminhada ao Departamento de Polícia Federal; 
credenciados. V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a Auto-
§ 2 o Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira o ridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade
credenciamento de organismos nacionais e estrangei- Central Federal Brasileira, pelo período mínimo de 2
ros encarregados de intermediar pedidos de habilitação (dois) anos. O envio do relatório será mantido até a
à adoção internacional, com posterior comunicação às juntada de cópia autenticada do registro civil, estabe-
Autoridades Centrais Estaduais e publicação nos ór- lecendo a cidadania do país de acolhida para o adotado; 
gãos oficiais de imprensa e em sítio próprio da internet. VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os
§ 3 o Somente será admissível o credenciamento de adotantes encaminhem à Autoridade Central Federal
organismos que: Brasileira cópia da certidão de registro de nascimento
estrangeira e do certificado de nacionalidade tão logo
I - sejam oriundos de países que ratificaram a Conven-
lhes sejam concedidos.
ção de Haia e estejam devidamente credenciados pela
Autoridade Central do país onde estiverem sediados e § 5 o A não apresentação dos relatórios referidos no
no país de acolhida do adotando para atuar em adoção § 4 o deste artigo pelo organismo credenciado poderá
internacional no Brasil; acarretar a suspensão de seu credenciamento.
II - satisfizerem as condições de integridade moral, § 6 o O credenciamento de organismo nacional ou es-
competência profissional, experiência e responsabili- trangeiro encarregado de intermediar pedidos de ado-
dade exigidas pelos países respectivos e pela Autorida- ção internacional terá validade de 2 (dois) anos.
de Central Federal Brasileira; § 7 o A renovação do credenciamento poderá ser con-
III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua cedida mediante requerimento protocolado na Autori-
formação e experiência para atuar na área de adoção dade Central Federal Brasileira nos 60 (sessenta) dias
internacional; anteriores ao término do respectivo prazo de validade.
IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamen- § 8 o Antes de transitada em julgado a decisão que
to jurídico brasileiro e pelas normas estabelecidas pela concedeu a adoção internacional, não será permitida a
Autoridade Central Federal Brasileira. saída do adotando do território nacional.
§ 4 o Os organismos credenciados deverão ainda: § 9 o Transitada em julgado a decisão, a autorida-
de judiciária determinará a expedição de alvará com
I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas con-
autorização de viagem, bem como para obtenção de
dições e dentro dos limites fixados pelas autoridades
passaporte, constando, obrigatoriamente, as caracterís-
competentes do país onde estiverem sediados, do país
ticas da criança ou adolescente adotado, como idade,
de acolhida e pela Autoridade Central Federal Brasileira;
cor, sexo, eventuais sinais ou traços peculiares, assim
II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualifi- como foto recente e a aposição da impressão digital
cadas e de reconhecida idoneidade moral, com com- do seu polegar direito, instruindo o documento com

644
cópia autenticada da decisão e certidão de trânsito em nea “c” do Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a
julgado. sentença ser homologada pelo Superior Tribunal de
Justiça.
§ 10. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a
qualquer momento, solicitar informações sobre a situa- § 2 o O pretendente brasileiro residente no exterior em
ção das crianças e adolescentes adotados país não ratificante da Convenção de Haia, uma vez
reingressado no Brasil, deverá requerer a homologa-
§ 11. A cobrança de valores por parte dos organismos
ção da sentença estrangeira pelo Superior Tribunal de
credenciados, que sejam considerados abusivos pela
Justiça.
Autoridade Central Federal Brasileira e que não estejam
devidamente comprovados, é causa de seu descreden-
ciamento. Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o Brasil
for o país de acolhida, a decisão da autoridade compe-
§ 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem tente do país de origem da criança ou do adolescente
ser representados por mais de uma entidade credencia- será conhecida pela Autoridade Central Estadual que
da para atuar na cooperação em adoção internacional. tiver processado o pedido de habilitação dos pais adoti-
§ 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou domi- vos, que comunicará o fato à Autoridade Central Federal
ciliado fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) e determinará as providências necessárias à expedição
ano, podendo ser renovada. do Certificado de Naturalização Provisório.
§ 14. É vedado o contato direto de representantes de § 1 o A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministé-
organismos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com rio Público, somente deixará de reconhecer os efeitos
dirigentes de programas de acolhimento institucional daquela decisão se restar demonstrado que a adoção é
ou familiar, assim como com crianças e adolescentes manifestamente contrária à ordem pública ou não aten-
em condições de serem adotados, sem a devida auto- de ao interesse superior da criança ou do adolescente.
rização judicial. § 2 o Na hipótese de não reconhecimento da adoção,
§ 15. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá prevista no § 1 o deste artigo, o Ministério Público de-
limitar ou suspender a concessão de novos creden- verá imediatamente requerer o que for de direito para
ciamentos sempre que julgar necessário, mediante ato resguardar os interesses da criança ou do adolescente,
administrativo fundamentado. comunicando-se as providências à Autoridade Central
Estadual, que fará a comunicação à Autoridade Central
Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabilidade e Federal Brasileira e à Autoridade Central do país de
descredenciamento, o repasse de recursos provenien- origem.
tes de organismos estrangeiros encarregados de inter-
mediar pedidos de adoção internacional a organismos Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o Brasil
nacionais ou a pessoas físicas. for o país de acolhida e a adoção não tenha sido deferi-
da no país de origem porque a sua legislação a delega
Parágrafo único. Eventuais repasses somente poderão ao país de acolhida, ou, ainda, na hipótese de, mesmo
ser efetuados via Fundo dos Direitos da Criança e do com decisão, a criança ou o adolescente ser oriundo de
Adolescente e estarão sujeitos às deliberações do res- país que não tenha aderido à Convenção referida, o pro-
pectivo Conselho de Direitos da Criança e do Adoles- cesso de adoção seguirá as regras da adoção nacional. 
cente

Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exterior


Capítulo IV
em país ratificante da Convenção de Haia, cujo proces- Do Direito à Educação,
so de adoção tenha sido processado em conformidade à Cultura, ao Esporte e ao Lazer
com a legislação vigente no país de residência e aten-
dido o disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da referida Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educa-
Convenção, será automaticamente recepcionada com o ção, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa,
reingresso no Brasil. preparo para o exercício da cidadania e qualificação
§ 1 o Caso não tenha sido atendido o disposto na Alí- para o trabalho, assegurando-se-lhes:

645
I - igualdade de condições para o acesso e permanência sabilidade da autoridade competente.
na escola; § 3º Compete ao poder público recensear os educandos
II - direito de ser respeitado por seus educadores; no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar,
junto aos pais ou responsável, pela freqüência à escola.
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo
recorrer às instâncias escolares superiores;
Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de
IV - direito de organização e participação em entidades matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de
estudantis; ensino.
V - acesso à escola pública e gratuita, próxima de sua
residência, garantindo-se vagas no mesmo estabeleci- Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino
mento a irmãos que frequentem a mesma etapa ou ciclo fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os ca-
de ensino da educação básica. sos de:
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter I - maus-tratos envolvendo seus alunos;
ciência do processo pedagógico, bem como participar II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão esco-
da definição das propostas educacionais. lar, esgotados os recursos escolares;

Art. 53-A. É dever da instituição de ensino, clubes e III - elevados níveis de repetência.
agremiações recreativas e de estabelecimentos congê-
neres assegurar medidas de conscientização, preven- Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experi-
ção e enfrentamento ao uso ou dependência de drogas ências e novas propostas relativas a calendário, seria-
ilícitas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) ção, currículo, metodologia, didática e avaliação, com
vistas à inserção de crianças e adolescentes excluídos
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao ado- do ensino fundamental obrigatório.
lescente:
Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os va-
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive lores culturais, artísticos e históricos próprios do con-
para os que a ele não tiveram acesso na idade própria; texto social da criança e do adolescente, garantindo-se
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuida- a estes a liberdade da criação e o acesso às fontes de
de ao ensino médio; cultura.
III - atendimento educacional especializado aos porta-
Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da
dores de deficiência, preferencialmente na rede regular
União, estimularão e facilitarão a destinação de recur-
de ensino;
sos e espaços para programações culturais, esportivas
IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças de e de lazer voltadas para a infância e a juventude.
zero a cinco anos de idade;
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pes- Capítulo V
quisa e da criação artística, segundo a capacidade de Do Direito à Profissionalização
cada um; e à Proteção no Trabalho
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às con-
dições do adolescente trabalhador; Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de
VII - atendimento no ensino fundamental, através de quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz.
programas suplementares de material didático-escolar,
transporte, alimentação e assistência à saúde. Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regu-
lada por legislação especial, sem prejuízo do disposto
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito
nesta Lei.
público subjetivo.
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação téc-
poder público ou sua oferta irregular importa respon- nico-profissional ministrada segundo as diretrizes e

646
bases da legislação de educação em vigor. Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização
e à proteção no trabalho, observados os seguintes as-
Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos pectos, entre outros:
seguintes princípios: I - respeito à condição peculiar de pessoa em desen-
I - garantia de acesso e freqüência obrigatória ao ensino volvimento;
regular; II - capacitação profissional adequada ao mercado de
II - atividade compatível com o desenvolvimento do trabalho.
adolescente;
III - horário especial para o exercício das atividades. Título III
Da Prevenção
Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é
assegurada bolsa de aprendizagem.
Capítulo I
Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze
Disposições Gerais
anos, são assegurados os direitos trabalhistas e pre-
videnciários. Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de amea-
ça ou violação dos direitos da criança e do adolescente.
Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é asse-
gurado trabalho protegido. Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios deverão atuar de forma articulada na elabo-
Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regi- ração de políticas públicas e na execução de ações des-
me familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assis- tinadas a coibir o uso de castigo físico ou de tratamento
tido em entidade governamental ou não-governamental, cruel ou degradante e difundir formas não violentas de
é vedado trabalho: educação de crianças e de adolescentes, tendo como
principais ações:
I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um
dia e as cinco horas do dia seguinte; I - a promoção de campanhas educativas permanentes
para a divulgação do direito da criança e do adolescente
II - perigoso, insalubre ou penoso;
de serem educados e cuidados sem o uso de castigo
III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e físico ou de tratamento cruel ou degradante e dos ins-
ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social; trumentos de proteção aos direitos humanos;
IV - realizado em horários e locais que não permitam a II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do
freqüência à escola. Ministério Público e da Defensoria Pública, com o Con-
selho Tutelar, com os Conselhos de Direitos da Criança
Art. 68. O programa social que tenha por base o tra- e do Adolescente e com as entidades não governamen-
balho educativo, sob responsabilidade de entidade tais que atuam na promoção, proteção e defesa dos
governamental ou não-governamental sem fins lucrati- direitos da criança e do adolescente;
vos, deverá assegurar ao adolescente que dele participe
III - a formação continuada e a capacitação dos profis-
condições de capacitação para o exercício de atividade
sionais de saúde, educação e assistência social e dos
regular remunerada.
demais agentes que atuam na promoção, proteção e
§ 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade la- defesa dos direitos da criança e do adolescente para o
boral em que as exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento das competências necessárias à pre-
desenvolvimento pessoal e social do educando preva- venção, à identificação de evidências, ao diagnóstico e
lecem sobre o aspecto produtivo. ao enfrentamento de todas as formas de violência con-
§ 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo tra- tra a criança e o adolescente;
balho efetuado ou a participação na venda dos produtos IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução
de seu trabalho não desfigura o caráter educativo. pacífica de conflitos que envolvam violência contra a
criança e o adolescente;

647
V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações que Seção I
visem a garantir os direitos da criança e do adoles- Da informação, Cultura, Lazer,
cente, desde a atenção pré-natal, e de atividades junto
Esportes, Diversões e Espetáculos
aos pais e responsáveis com o objetivo de promover a
informação, a reflexão, o debate e a orientação sobre
alternativas ao uso de castigo físico ou de tratamento Art. 74. O poder público, através do órgão competente,
cruel ou degradante no processo educativo; (Incluído regulará as diversões e espetáculos públicos, informan-
pela Lei nº 13.010, de 2014) do sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se
recomendem, locais e horários em que sua apresenta-
VI - a promoção de espaços intersetoriais locais para
ção se mostre inadequada.
a articulação de ações e a elaboração de planos de
atuação conjunta focados nas famílias em situação de Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e es-
violência, com participação de profissionais de saúde, petáculos públicos deverão afixar, em lugar visível e de
de assistência social e de educação e de órgãos de pro- fácil acesso, à entrada do local de exibição, informação
moção, proteção e defesa dos direitos da criança e do destacada sobre a natureza do espetáculo e a faixa etária
adolescente. especificada no certificado de classificação.
Parágrafo único. As famílias com crianças e adolescen-
Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às
tes com deficiência terão prioridade de atendimento nas
diversões e espetáculos públicos classificados como
ações e políticas públicas de prevenção e proteção.
adequados à sua faixa etária.
Art. 70-B. As entidades, públicas e privadas, que atuem Parágrafo único. As crianças menores de dez anos so-
nas áreas a que se refere o art. 71, dentre outras, devem mente poderão ingressar e permanecer nos locais de
contar, em seus quadros, com pessoas capacitadas a apresentação ou exibição quando acompanhadas dos
reconhecer e comunicar ao Conselho Tutelar suspeitas pais ou responsável.
ou casos de maus-tratos praticados contra crianças e
adolescentes. Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente exi-
birão, no horário recomendado para o público infanto
Parágrafo único. São igualmente responsáveis pela
juvenil, programas com finalidades educativas, artísti-
comunicação de que trata este artigo, as pessoas en-
cas, culturais e informativas.
carregadas, por razão de cargo, função, ofício, ministé-
rio, profissão ou ocupação, do cuidado, assistência ou Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresentado
guarda de crianças e adolescentes, punível, na forma ou anunciado sem aviso de sua classificação, antes de
deste Estatuto, o injustificado retardamento ou omis- sua transmissão, apresentação ou exibição.
são, culposos ou dolosos.
Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e funcioná-
Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a infor- rios de empresas que explorem a venda ou aluguel de
mação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos fitas de programação em vídeo cuidarão para que não
e produtos e serviços que respeitem sua condição pe- haja venda ou locação em desacordo com a classifica-
culiar de pessoa em desenvolvimento. ção atribuída pelo órgão competente.
Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo deve-
Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem rão exibir, no invólucro, informação sobre a natureza da
da prevenção especial outras decorrentes dos princí- obra e a faixa etária a que se destinam.
pios por ela adotados.
Art. 78. As revistas e publicações contendo material
Art. 73. A inobservância das normas de prevenção im- impróprio ou inadequado a crianças e adolescentes de-
portará em responsabilidade da pessoa física ou jurídi- verão ser comercializadas em embalagem lacrada, com
ca, nos termos desta Lei. a advertência de seu conteúdo.
Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as capas
Capítulo II que contenham mensagens pornográficas ou obscenas
Da Prevenção Especial sejam protegidas com embalagem opaca.

648
Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao público a) tratar-se de comarca contígua à da residência da
infanto-juvenil não poderão conter ilustrações, fotogra- criança ou do adolescente menor de 16 (dezesseis)
fias, legendas, crônicas ou anúncios de bebidas alcoó- anos, se na mesma unidade da Federação, ou incluída
licas, tabaco, armas e munições, e deverão respeitar os na mesma região metropolitana; (Redação dada pela
valores éticos e sociais da pessoa e da família. Lei nº 13.812, de 2019)
b) a criança ou o adolescente menor de 16 (dezesseis)
Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que anos estiver acompanhado: (Redação dada pela Lei
explorem comercialmente bilhar, sinuca ou congênere nº 13.812, de 2019)
ou por casas de jogos, assim entendidas as que rea-
lizem apostas, ainda que eventualmente, cuidarão para 1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau,
que não seja permitida a entrada e a permanência de comprovado documentalmente o parentesco;
crianças e adolescentes no local, afixando aviso para 2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai,
orientação do público. mãe ou responsável.
§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais
Seção II ou responsável, conceder autorização válida por dois
Dos Produtos e Serviços anos.

Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autori-
de: zação é dispensável, se a criança ou adolescente:
I - armas, munições e explosivos; I - estiver acompanhado de ambos os pais ou respon-
sável;
II - bebidas alcoólicas;
II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado
III - produtos cujos componentes possam causar de-
expressamente pelo outro através de documento com
pendência física ou psíquica ainda que por utilização
firma reconhecida.
indevida;
IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, ne-
que pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de nhuma criança ou adolescente nascido em território na-
provocar qualquer dano físico em caso de utilização cional poderá sair do País em companhia de estrangeiro
indevida; residente ou domiciliado no exterior.
V - revistas e publicações a que alude o art. 78;
Parte Especial
VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.

Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou ado- Título I


lescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento Da Política de Atendimento
congênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos
pais ou responsável.
Capítulo I
Seção III Disposições Gerais
Da Autorização para Viajar
Art. 86. A política de atendimento dos direitos da crian-
ça e do adolescente far-se-á através de um conjunto
Art. 83. Nenhuma criança ou adolescente menor de 16
articulado de ações governamentais e não-governa-
(dezesseis) anos poderá viajar para fora da comarca
mentais, da União, dos estados, do Distrito Federal e
onde reside desacompanhado dos pais ou dos respon-
dos municípios.
sáveis sem expressa autorização judicial. (Redação
dada pela Lei nº 13.812, de 2019)
Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento:
§ 1º A autorização não será exigida quando:
I - políticas sociais básicas;

649
II - serviços, programas, projetos e benefícios de as- atendimento de crianças e de adolescentes inseridos
sistência social de garantia de proteção social e de em programas de acolhimento familiar ou institucional,
prevenção e redução de violações de direitos, seus com vista na sua rápida reintegração à família de ori-
agravamentos ou reincidências; gem ou, se tal solução se mostrar comprovadamente
inviável, sua colocação em família substituta, em quais-
III - serviços especiais de prevenção e atendimento
quer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei;
médico e psicossocial às vítimas de negligência, maus-
-tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão; VII - mobilização da opinião pública para a indispensá-
vel participação dos diversos segmentos da sociedade.
IV - serviço de identificação e localização de pais, res-
ponsável, crianças e adolescentes desaparecidos; VIII - especialização e formação continuada dos profis-
sionais que trabalham nas diferentes áreas da atenção
V - proteção jurídico-social por entidades de defesa dos
à primeira infância, incluindo os conhecimentos sobre
direitos da criança e do adolescente.
direitos da criança e sobre desenvolvimento infantil;
VI - políticas e programas destinados a prevenir ou
IX - formação profissional com abrangência dos diver-
abreviar o período de afastamento do convívio familiar
sos direitos da criança e do adolescente que favoreça a
e a garantir o efetivo exercício do direito à convivência
intersetorialidade no atendimento da criança e do ado-
familiar de crianças e adolescentes;
lescente e seu desenvolvimento integral;
VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma
X - realização e divulgação de pesquisas sobre desen-
de guarda de crianças e adolescentes afastados do con-
volvimento infantil e sobre prevenção da violência.
vívio familiar e à adoção, especificamente inter-racial,
de crianças maiores ou de adolescentes, com neces-
sidades específicas de saúde ou com deficiências e de Art. 89. A função de membro do conselho nacional e
grupos de irmãos. dos conselhos estaduais e municipais dos direitos da
criança e do adolescente é considerada de interesse
público relevante e não será remunerada.
Art. 88. São diretrizes da política de atendimento:
I - municipalização do atendimento; Capítulo II
II - criação de conselhos municipais, estaduais e na- Das Entidades de Atendimento
cional dos direitos da criança e do adolescente, órgãos
deliberativos e controladores das ações em todos os
níveis, assegurada a participação popular paritária por Seção I
meio de organizações representativas, segundo leis fe- Disposições Gerais
deral, estaduais e municipais;
III - criação e manutenção de programas específicos, Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis
observada a descentralização político-administrativa; pela manutenção das próprias unidades, assim como
pelo planejamento e execução de programas de prote-
IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e muni-
ção e sócio-educativos destinados a crianças e adoles-
cipais vinculados aos respectivos conselhos dos direi-
centes, em regime de:
tos da criança e do adolescente;
I - orientação e apoio sócio-familiar;
V - integração operacional de órgãos do Judiciário,
Ministério Público, Defensoria, Segurança Pública e II - apoio sócio-educativo em meio aberto;
Assistência Social, preferencialmente em um mesmo III - colocação familiar;
local, para efeito de agilização do atendimento inicial
a adolescente a quem se atribua autoria de ato infra- IV - acolhimento institucional;
cional; V - prestação de serviços à comunidade;
VI - integração operacional de órgãos do Judiciário, VI - liberdade assistida;
Ministério Público, Defensoria, Conselho Tutelar e en-
VII - semiliberdade; e 
carregados da execução das políticas sociais básicas
e de assistência social, para efeito de agilização do VIII - internação.

650
§ 1 o As entidades governamentais e não governamen- d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas.
tais deverão proceder à inscrição de seus programas, e) não se adequar ou deixar de cumprir as resoluções
especificando os regimes de atendimento, na forma de- e deliberações relativas à modalidade de atendimento
finida neste artigo, no Conselho Municipal dos Direitos prestado expedidas pelos Conselhos de Direitos da
da Criança e do Adolescente, o qual manterá registro Criança e do Adolescente, em todos os níveis.
das inscrições e de suas alterações, do que fará comu-
nicação ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária. § 2 o O registro terá validade máxima de 4 (quatro)
anos, cabendo ao Conselho Municipal dos Direitos da
§ 2 o Os recursos destinados à implementação e ma- Criança e do Adolescente, periodicamente, reavaliar o
nutenção dos programas relacionados neste artigo se- cabimento de sua renovação, observado o disposto no
rão previstos nas dotações orçamentárias dos órgãos § 1 o deste artigo.
públicos encarregados das áreas de Educação, Saúde
e Assistência Social, dentre outros, observando-se o
Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de
princípio da prioridade absoluta à criança e ao ado-
acolhimento familiar ou institucional deverão adotar os
lescente preconizado pelo caput do art. 227 da Cons-
seguintes princípios:
tituição Federal e pelo caput e parágrafo único do art.
4 o desta Lei. I - preservação dos vínculos familiares e promoção da
reintegração familiar;
§ 3 o Os programas em execução serão reavaliados
pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do II - integração em família substituta, quando esgotados
Adolescente, no máximo, a cada 2 (dois) anos, cons- os recursos de manutenção na família natural ou ex-
tituindo-se critérios para renovação da autorização de tensa;
funcionamento: III - atendimento personalizado e em pequenos grupos;
I - o efetivo respeito às regras e princípios desta Lei, IV - desenvolvimento de atividades em regime de co-
bem como às resoluções relativas à modalidade de -educação;
atendimento prestado expedidas pelos Conselhos de
Direitos da Criança e do Adolescente, em todos os ní- V - não desmembramento de grupos de irmãos;
veis; VI - evitar, sempre que possível, a transferência para
II - a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvido, outras entidades de crianças e adolescentes abrigados;
atestadas pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério Públi- VII - participação na vida da comunidade local;
co e pela Justiça da Infância e da Juventude;
VIII - preparação gradativa para o desligamento;
III - em se tratando de programas de acolhimento ins-
IX - participação de pessoas da comunidade no pro-
titucional ou familiar, serão considerados os índices
cesso educativo.
de sucesso na reintegração familiar ou de adaptação à
família substituta, conforme o caso. § 1 o O dirigente de entidade que desenvolve programa
de acolhimento institucional é equiparado ao guardião,
Art. 91. As entidades não-governamentais somente para todos os efeitos de direito.
poderão funcionar depois de registradas no Conselho § 2 o Os dirigentes de entidades que desenvolvem pro-
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, gramas de acolhimento familiar ou institucional reme-
o qual comunicará o registro ao Conselho Tutelar e à terão à autoridade judiciária, no máximo a cada 6 (seis)
autoridade judiciária da respectiva localidade. meses, relatório circunstanciado acerca da situação de
§ 1 o Será negado o registro à entidade que: cada criança ou adolescente acolhido e sua família, para
fins da reavaliação prevista no § 1 o do art. 19 desta Lei.
a) não ofereça instalações físicas em condições ade-
quadas de habitabilidade, higiene, salubridade e segu- § 3 o Os entes federados, por intermédio dos Poderes
rança; Executivo e Judiciário, promoverão conjuntamente a
permanente qualificação dos profissionais que atuam
b) não apresente plano de trabalho compatível com os
direta ou indiretamente em programas de acolhimen-
princípios desta Lei;
to institucional e destinados à colocação familiar de
c) esteja irregularmente constituída; crianças e adolescentes, incluindo membros do Poder

651
Judiciário, Ministério Público e Conselho Tutelar. objeto de restrição na decisão de internação;
§ 4 o Salvo determinação em contrário da autoridade III - oferecer atendimento personalizado, em pequenas
judiciária competente, as entidades que desenvolvem unidades e grupos reduzidos;
programas de acolhimento familiar ou institucional, IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de res-
se necessário com o auxílio do Conselho Tutelar e dos peito e dignidade ao adolescente;
órgãos de assistência social, estimularão o contato da
criança ou adolescente com seus pais e parentes, em V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da pre-
cumprimento ao disposto nos incisos I e VIII do caput servação dos vínculos familiares;
deste artigo. VI - comunicar à autoridade judiciária, periodicamente,
§ 5 o As entidades que desenvolvem programas de aco- os casos em que se mostre inviável ou impossível o
lhimento familiar ou institucional somente poderão re- reatamento dos vínculos familiares;
ceber recursos públicos se comprovado o atendimento VII - oferecer instalações físicas em condições adequa-
dos princípios, exigências e finalidades desta Lei. das de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança
§ 6 o O descumprimento das disposições desta Lei e os objetos necessários à higiene pessoal;
pelo dirigente de entidade que desenvolva programas VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e ade-
de acolhimento familiar ou institucional é causa de sua quados à faixa etária dos adolescentes atendidos;
destituição, sem prejuízo da apuração de sua responsa-
bilidade administrativa, civil e criminal. IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos, odonto-
lógicos e farmacêuticos;
§ 7 o Quando se tratar de criança de 0 (zero) a 3 (três)
anos em acolhimento institucional, dar-se-á especial X - propiciar escolarização e profissionalização;
atenção à atuação de educadores de referência estáveis XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer;
e qualitativamente significativos, às rotinas específicas
XII - propiciar assistência religiosa àqueles que deseja-
e ao atendimento das necessidades básicas, incluindo
rem, de acordo com suas crenças;
as de afeto como prioritárias.
XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
Art. 93. As entidades que mantenham programa de XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo
acolhimento institucional poderão, em caráter excep- máximo de seis meses, dando ciência dos resultados à
cional e de urgência, acolher crianças e adolescentes autoridade competente;
sem prévia determinação da autoridade competente,
fazendo comunicação do fato em até 24 (vinte e quatro) XV - informar, periodicamente, o adolescente internado
horas ao Juiz da Infância e da Juventude, sob pena de sobre sua situação processual;
responsabilidade. XVI - comunicar às autoridades competentes todos os
Parágrafo único. Recebida a comunicação, a autoridade casos de adolescentes portadores de moléstias infec-
judiciária, ouvido o Ministério Público e se necessá- to-contagiosas;
rio com o apoio do Conselho Tutelar local, tomará as XVII - fornecer comprovante de depósito dos pertences
medidas necessárias para promover a imediata reinte- dos adolescentes;
gração familiar da criança ou do adolescente ou, se por
XVIII - manter programas destinados ao apoio e acom-
qualquer razão não for isso possível ou recomendável,
panhamento de egressos;
para seu encaminhamento a programa de acolhimento
familiar, institucional ou a família substituta, observado XIX - providenciar os documentos necessários ao exer-
o disposto no § 2 o do art. 101 desta Lei. cício da cidadania àqueles que não os tiverem;
XX - manter arquivo de anotações onde constem data e
Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de circunstâncias do atendimento, nome do adolescente,
internação têm as seguintes obrigações, entre outras: seus pais ou responsável, parentes, endereços, sexo,
I - observar os direitos e garantias de que são titulares idade, acompanhamento da sua formação, relação de
os adolescentes; seus pertences e demais dados que possibilitem sua
identificação e a individualização do atendimento.
II - não restringir nenhum direito que não tenha sido

652
§ 1 o Aplicam-se, no que couber, as obrigações cons- autoridade judiciária competente para as providências
tantes deste artigo às entidades que mantêm programas cabíveis, inclusive suspensão das atividades ou disso-
de acolhimento institucional e familiar. lução da entidade.
§ 2º No cumprimento das obrigações a que alude este § 2 o As pessoas jurídicas de direito público e as orga-
artigo as entidades utilizarão preferencialmente os re- nizações não governamentais responderão pelos danos
cursos da comunidade. que seus agentes causarem às crianças e aos adoles-
centes, caracterizado o descumprimento dos princípios
Art. 94-A. As entidades, públicas ou privadas, que norteadores das atividades de proteção específica.
abriguem ou recepcionem crianças e adolescentes,
ainda que em caráter temporário, devem ter, em seus Título II
quadros, profissionais capacitados a reconhecer e re- Das Medidas de Proteção
portar ao Conselho Tutelar suspeitas ou ocorrências de
maus-tratos.
Capítulo I
Seção II
Disposições Gerais
Da Fiscalização das Entidades
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adoles-
Art. 95. As entidades governamentais e não-gover- cente são aplicáveis sempre que os direitos reconheci-
namentais referidas no art. 90 serão fiscalizadas pelo dos nesta Lei forem ameaçados ou violados:
Judiciário, pelo Ministério Público e pelos Conselhos
Tutelares. I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou respon-
Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de sável;
contas serão apresentados ao estado ou ao município,
III - em razão de sua conduta.
conforme a origem das dotações orçamentárias.

Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de atendi- Capítulo II


mento que descumprirem obrigação constante do art. Das Medidas Específicas de Proteção
94, sem prejuízo da responsabilidade civil e criminal de
seus dirigentes ou prepostos: Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão
I - às entidades governamentais: ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como
substituídas a qualquer tempo.
a) advertência;
b) afastamento provisório de seus dirigentes; Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em con-
c) afastamento definitivo de seus dirigentes; ta as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas
que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e
d) fechamento de unidade ou interdição de programa. comunitários.
II - às entidades não-governamentais: Parágrafo único. São também princípios que regem a
a) advertência; aplicação das medidas:
b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas pú- I - condição da criança e do adolescente como sujeitos
blicas; de direitos: crianças e adolescentes são os titulares dos
direitos previstos nesta e em outras Leis, bem como na
c) interdição de unidades ou suspensão de programa; Constituição Federal;
d) cassação do registro. II - proteção integral e prioritária: a interpretação e apli-
§ 1 o Em caso de reiteradas infrações cometidas por cação de toda e qualquer norma contida nesta Lei deve
entidades de atendimento, que coloquem em risco os ser voltada à proteção integral e prioritária dos direitos
direitos assegurados nesta Lei, deverá ser o fato comu- de que crianças e adolescentes são titulares;
nicado ao Ministério Público ou representado perante

653
III - responsabilidade primária e solidária do poder responsável ou de pessoa por si indicada, bem como
público: a plena efetivação dos direitos assegurados a os seus pais ou responsável, têm direito a ser ouvidos
crianças e a adolescentes por esta Lei e pela Constitui- e a participar nos atos e na definição da medida de pro-
ção Federal, salvo nos casos por esta expressamente moção dos direitos e de proteção, sendo sua opinião
ressalvados, é de responsabilidade primária e solidária devidamente considerada pela autoridade judiciária
das 3 (três) esferas de governo, sem prejuízo da muni- competente, observado o disposto nos §§ 1 o e 2 o do
cipalização do atendimento e da possibilidade da exe- art. 28 desta Lei.
cução de programas por entidades não governamentais;
IV - interesse superior da criança e do adolescente: a in- Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas
tervenção deve atender prioritariamente aos interesses no art. 98, a autoridade competente poderá determinar,
e direitos da criança e do adolescente, sem prejuízo da dentre outras, as seguintes medidas:
consideração que for devida a outros interesses legíti- I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante
mos no âmbito da pluralidade dos interesses presentes termo de responsabilidade;
no caso concreto;
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;
V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção da
III - matrícula e freqüência obrigatórias em estabeleci-
criança e do adolescente deve ser efetuada no respeito
mento oficial de ensino fundamental;
pela intimidade, direito à imagem e reserva da sua vida
privada; IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou co-
munitários de proteção, apoio e promoção da família,
VI - intervenção precoce: a intervenção das autoridades
da criança e do adolescente;
competentes deve ser efetuada logo que a situação de
perigo seja conhecida; V - requisição de tratamento médico, psicológico ou
psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;
VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser exerci-
da exclusivamente pelas autoridades e instituições cuja VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de
ação seja indispensável à efetiva promoção dos direitos auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicô-
e à proteção da criança e do adolescente; manos;
VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção VII - acolhimento institucional;
deve ser a necessária e adequada à situação de perigo VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar;
em que a criança ou o adolescente se encontram no
momento em que a decisão é tomada; IX - colocação em família substituta.

IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser § 1 o O acolhimento institucional e o acolhimento fami-
efetuada de modo que os pais assumam os seus deve- liar são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis
res para com a criança e o adolescente; como forma de transição para reintegração familiar ou,
não sendo esta possível, para colocação em família
X - prevalência da família: na promoção de direitos e substituta, não implicando privação de liberdade.
na proteção da criança e do adolescente deve ser dada
prevalência às medidas que os mantenham ou reinte- § 2 o Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais
grem na sua família natural ou extensa ou, se isso não para proteção de vítimas de violência ou abuso sexu-
for possível, que promovam a sua integração em família al e das providências a que alude o art. 130 desta Lei,
adotiva; o afastamento da criança ou adolescente do convívio
familiar é de competência exclusiva da autoridade ju-
XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o ado- diciária e importará na deflagração, a pedido do Minis-
lescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e tério Público ou de quem tenha legítimo interesse, de
capacidade de compreensão, seus pais ou responsável procedimento judicial contencioso, no qual se garanta
devem ser informados dos seus direitos, dos motivos aos pais ou ao responsável legal o exercício do contra-
que determinaram a intervenção e da forma como esta ditório e da ampla defesa.
se processa;
§ 3 o Crianças e adolescentes somente poderão ser
XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o ado- encaminhados às instituições que executam programas
lescente, em separado ou na companhia dos pais, de de acolhimento institucional, governamentais ou não,

654
por meio de uma Guia de Acolhimento, expedida pela o responsável pelo programa de acolhimento familiar
autoridade judiciária, na qual obrigatoriamente consta- ou institucional fará imediata comunicação à autorida-
rá, dentre outros: de judiciária, que dará vista ao Ministério Público, pelo
prazo de 5 (cinco) dias, decidindo em igual prazo.
I - sua identificação e a qualificação completa de seus
pais ou de seu responsável, se conhecidos; § 9 o Em sendo constatada a impossibilidade de rein-
tegração da criança ou do adolescente à família de ori-
II - o endereço de residência dos pais ou do responsá-
gem, após seu encaminhamento a programas oficiais
vel, com pontos de referência;
ou comunitários de orientação, apoio e promoção so-
III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados cial, será enviado relatório fundamentado ao Ministério
em tê-los sob sua guarda; Público, no qual conste a descrição pormenorizada
IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao das providências tomadas e a expressa recomendação,
convívio familiar. subscrita pelos técnicos da entidade ou responsáveis
pela execução da política municipal de garantia do di-
§ 4 o Imediatamente após o acolhimento da criança ou reito à convivência familiar, para a destituição do poder
do adolescente, a entidade responsável pelo programa familiar, ou destituição de tutela ou guarda.
de acolhimento institucional ou familiar elaborará um
plano individual de atendimento, visando à reintegra- § 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá o
ção familiar, ressalvada a existência de ordem escrita prazo de 15 (quinze) dias para o ingresso com a ação
e fundamentada em contrário de autoridade judiciária de destituição do poder familiar, salvo se entender ne-
competente, caso em que também deverá contemplar cessária a realização de estudos complementares ou de
sua colocação em família substituta, observadas as re- outras providências indispensáveis ao ajuizamento da
gras e princípios desta Lei. demanda.

§ 5 o O plano individual será elaborado sob a respon- § 11. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca
sabilidade da equipe técnica do respectivo programa ou foro regional, um cadastro contendo informações
de atendimento e levará em consideração a opinião atualizadas sobre as crianças e adolescentes em re-
da criança ou do adolescente e a oitiva dos pais ou do gime de acolhimento familiar e institucional sob sua
responsável. responsabilidade, com informações pormenorizadas
sobre a situação jurídica de cada um, bem como as
§ 6 o Constarão do plano individual, dentre outros: providências tomadas para sua reintegração familiar
I - os resultados da avaliação interdisciplinar; ou colocação em família substituta, em qualquer das
modalidades previstas no art. 28 desta Lei.
II - os compromissos assumidos pelos pais ou respon-
sável; e § 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o
Conselho Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social
III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas
e os Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e
com a criança ou com o adolescente acolhido e seus
do Adolescente e da Assistência Social, aos quais in-
pais ou responsável, com vista na reintegração familiar
cumbe deliberar sobre a implementação de políticas
ou, caso seja esta vedada por expressa e fundamentada
públicas que permitam reduzir o número de crianças e
determinação judicial, as providências a serem tomadas
adolescentes afastados do convívio familiar e abreviar o
para sua colocação em família substituta, sob direta su-
período de permanência em programa de acolhimento.
pervisão da autoridade judiciária.
§ 7 o O acolhimento familiar ou institucional ocorre- Art. 102. As medidas de proteção de que trata este Ca-
rá no local mais próximo à residência dos pais ou do pítulo serão acompanhadas da regularização do regis-
responsável e, como parte do processo de reintegra- tro civil.
ção familiar, sempre que identificada a necessidade, a
§ 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o
família de origem será incluída em programas oficiais
assento de nascimento da criança ou adolescente será
de orientação, de apoio e de promoção social, sendo
feito à vista dos elementos disponíveis, mediante requi-
facilitado e estimulado o contato com a criança ou com
sição da autoridade judiciária.
o adolescente acolhido.
§ 2º Os registros e certidões necessários à regulari-
§ 8 o Verificada a possibilidade de reintegração familiar,

655
zação de que trata este artigo são isentos de multas, ção dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser
custas e emolumentos, gozando de absoluta prioridade. informado acerca de seus direitos.
§ 3 o Caso ainda não definida a paternidade, será de-
flagrado procedimento específico destinado à sua ave- Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local
riguação, conforme previsto pela Lei n o 8.560, de 29 onde se encontra recolhido serão incontinenti comuni-
de dezembro de 1992. cados à autoridade judiciária competente e à família do
apreendido ou à pessoa por ele indicada.
§ 4 o Nas hipóteses previstas no § 3 o deste artigo,
é dispensável o ajuizamento de ação de investigação Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena
de paternidade pelo Ministério Público se, após o não de responsabilidade, a possibilidade de liberação ime-
comparecimento ou a recusa do suposto pai em assu- diata.
mir a paternidade a ele atribuída, a criança for encami-
nhada para adoção. Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser de-
terminada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias.
§ 5 o Os registros e certidões necessários à inclusão,
a qualquer tempo, do nome do pai no assento de nas- Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e
cimento são isentos de multas, custas e emolumentos, basear-se em indícios suficientes de autoria e materiali-
gozando de absoluta prioridade. dade, demonstrada a necessidade imperiosa da medida.

§ 6 o São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação re- Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será
querida do reconhecimento de paternidade no assento submetido a identificação compulsória pelos órgãos
de nascimento e a certidão correspondente.  policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de
confrontação, havendo dúvida fundada.
Título III
Da Prática de Ato Infracional Capítulo III
Das Garantias Processuais
Capítulo I
Disposições Gerais Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua li-
berdade sem o devido processo legal.
Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descri-
ta como crime ou contravenção penal. Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras,
as seguintes garantias:
Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato
dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei. infracional, mediante citação ou meio equivalente;
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser con- II - igualdade na relação processual, podendo confron-
siderada a idade do adolescente à data do fato. tar-se com vítimas e testemunhas e produzir todas as
provas necessárias à sua defesa;
Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança cor- III - defesa técnica por advogado;
responderão as medidas previstas no art. 101.
IV - assistência judiciária gratuita e integral aos neces-
sitados, na forma da lei;
Capítulo II
Dos Direitos Individuais V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade
competente;
Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua li- VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou res-
berdade senão em flagrante de ato infracional ou por ponsável em qualquer fase do procedimento.
ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária
competente. Capítulo IV
Parágrafo único. O adolescente tem direito à identifica- Das Medidas Sócio-Educativas

656
Seção I Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos
Disposições Gerais patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o
caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o
ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a au- o prejuízo da vítima.
toridade competente poderá aplicar ao adolescente as
seguintes medidas: Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade,
a medida poderá ser substituída por outra adequada.
I - advertência;
II - obrigação de reparar o dano; Seção IV
III - prestação de serviços à comunidade; Da Prestação de Serviços à Comunidade
IV - liberdade assistida;
Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste
V - inserção em regime de semi-liberdade;
na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por
VI - internação em estabelecimento educacional; período não excedente a seis meses, junto a entidades
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. assistenciais, hospitais, escolas e outros estabeleci-
mentos congêneres, bem como em programas comu-
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta nitários ou governamentais.
a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a
gravidade da infração. Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme
as aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será durante jornada máxima de oito horas semanais, aos
admitida a prestação de trabalho forçado. sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiên- modo a não prejudicar a freqüência à escola ou à jorna-
cia mental receberão tratamento individual e especiali- da normal de trabalho.
zado, em local adequado às suas condições.
Seção V
Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. Da Liberdade Assistida
99 e 100.
Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre
Art. 114. A imposição das medidas previstas nos inci-
que se afigurar a medida mais adequada para o fim de
sos II a VI do art. 112 pressupõe a existência de provas
acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.
suficientes da autoria e da materialidade da infração,
ressalvada a hipótese de remissão, nos termos do art. § 1º A autoridade designará pessoa capacitada para
127. acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada
por entidade ou programa de atendimento.
Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada
sempre que houver prova da materialidade e indícios § 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo
suficientes da autoria. de seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorroga-
da, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o
Seção II orientador, o Ministério Público e o defensor.
Da Advertência
Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a su-
pervisão da autoridade competente, a realização dos
Art. 115. A advertência consistirá em admoestação ver- seguintes encargos, entre outros:
bal, que será reduzida a termo e assinada.
I - promover socialmente o adolescente e sua família,
fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se neces-
Seção III sário, em programa oficial ou comunitário de auxílio e
Da Obrigação de Reparar o Dano assistência social;
II - supervisionar a freqüência e o aproveitamento es-

657
colar do adolescente, promovendo, inclusive, sua ma- derá ser revista a qualquer tempo pela autoridade ju-
trícula; diciária.
III - diligenciar no sentido da profissionalização do
adolescente e de sua inserção no mercado de trabalho; Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada
quando:
IV - apresentar relatório do caso.
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave
ameaça ou violência a pessoa;
Seção VI
Do Regime de Semi-liberdade II - por reiteração no cometimento de outras infrações
graves;

Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determi- III - por descumprimento reiterado e injustificável da
nado desde o início, ou como forma de transição para medida anteriormente imposta.
o meio aberto, possibilitada a realização de atividades § 1 o O prazo de internação na hipótese do inciso III
externas, independentemente de autorização judicial. deste artigo não poderá ser superior a 3 (três) meses,
§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionali- devendo ser decretada judicialmente após o devido
zação, devendo, sempre que possível, ser utilizados os processo legal.
recursos existentes na comunidade. § 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação,
§ 2º A medida não comporta prazo determinado apli- havendo outra medida adequada.
cando-se, no que couber, as disposições relativas à
internação. Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade
exclusiva para adolescentes, em local distinto daque-
le destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação
Seção VII
por critérios de idade, compleição física e gravidade da
Da Internação infração.
Parágrafo único. Durante o período de internação, in-
Art. 121. A internação constitui medida privativa da clusive provisória, serão obrigatórias atividades peda-
liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, excep- gógicas.
cionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa
em desenvolvimento. Art. 124. São direitos do adolescente privado de liber-
§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, dade, entre outros, os seguintes:
a critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do
determinação judicial em contrário. Ministério Público;
§ 2º A medida não comporta prazo determinado, deven- II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;
do sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão
fundamentada, no máximo a cada seis meses. III - avistar-se reservadamente com seu defensor;
§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de inter- IV - ser informado de sua situação processual, sempre
nação excederá a três anos. que solicitada;
§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo ante- V - ser tratado com respeito e dignidade;
rior, o adolescente deverá ser liberado, colocado em VI - permanecer internado na mesma localidade ou
regime de semi-liberdade ou de liberdade assistida. naquela mais próxima ao domicílio de seus pais ou
§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos responsável;
de idade. VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;
§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será pre- VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;
cedida de autorização judicial, ouvido o Ministério
Público. IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e as-
seio pessoal;
§ 7 o A determinação judicial mencionada no § 1 o po-

658
X - habitar alojamento em condições adequadas de hi- poderá ser revista judicialmente, a qualquer tempo,
giene e salubridade; mediante pedido expresso do adolescente ou de seu
representante legal, ou do Ministério Público.
XI - receber escolarização e profissionalização;
XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer: Título IV
XIII - ter acesso aos meios de comunicação social; Das Medidas Pertinentes
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua cren- aos Pais ou Responsável
ça, e desde que assim o deseje;
XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou respon-
de local seguro para guardá-los, recebendo compro- sável:
vante daqueles porventura depositados em poder da I - encaminhamento a serviços e programas oficiais ou
entidade; comunitários de proteção, apoio e promoção da família;
XVI - receber, quando de sua desinternação, os docu- II - inclusão em programa oficial ou comunitário de
mentos pessoais indispensáveis à vida em sociedade. auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicô-
§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade. manos;
§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender tempora- III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psi-
riamente a visita, inclusive de pais ou responsável, se quiátrico;
existirem motivos sérios e fundados de sua prejudicia- IV - encaminhamento a cursos ou programas de orien-
lidade aos interesses do adolescente. tação;

Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompa-
e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas nhar sua freqüência e aproveitamento escolar;
adequadas de contenção e segurança. VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente
a tratamento especializado;
Capítulo V VII - advertência;
Da Remissão
VIII - perda da guarda;
IX - destituição da tutela;
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para
apuração de ato infracional, o representante do Minis- X - suspensão ou destituição do pátrio poder poder
tério Público poderá conceder a remissão, como forma familiar .
de exclusão do processo, atendendo às circunstâncias Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas
e conseqüências do fato, ao contexto social, bem como nos incisos IX e X deste artigo, observar-se-á o dispos-
à personalidade do adolescente e sua maior ou menor to nos arts. 23 e 24.
participação no ato infracional.
Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão
da remissão pela autoridade judiciária importará na ou abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a
suspensão ou extinção do processo. autoridade judiciária poderá determinar, como medida
cautelar, o afastamento do agressor da moradia comum.
Art. 127. A remissão não implica necessariamente o Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda, a
reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, fixação provisória dos alimentos de que necessitem a
nem prevalece para efeito de antecedentes, podendo criança ou o adolescente dependentes do agressor.
incluir eventualmente a aplicação de qualquer das me-
didas previstas em lei, exceto a colocação em regime de
semi-liberdade e a internação. Título V
Do Conselho Tutelar
Art. 128. A medida aplicada por força da remissão

659
Capítulo I Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:
Disposições Gerais I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses
previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas pre-
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e au- vistas no art. 101, I a VII;
tônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade II - atender e aconselhar os pais ou responsável, apli-
de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do cando as medidas previstas no art. 129, I a VII;
adolescente, definidos nesta Lei.
III - promover a execução de suas decisões, podendo
para tanto:
Art. 132. Em cada Município e em cada Região Admi-
nistrativa do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde,
Conselho Tutelar como órgão integrante da adminis- educação, serviço social, previdência, trabalho e se-
tração pública local, composto de 5 (cinco) membros, gurança;
escolhidos pela população local para mandato de 4 b) representar junto à autoridade judiciária nos casos
(quatro) anos, permitida recondução por novos proces- de descumprimento injustificado de suas deliberações.
sos de escolha. (Redação dada pela Lei nº 13.824,
de 2019) IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato
que constitua infração administrativa ou penal contra
Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho os direitos da criança ou adolescente;
Tutelar, serão exigidos os seguintes requisitos:
V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua
I - reconhecida idoneidade moral; competência;
II - idade superior a vinte e um anos; VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade
III - residir no município. judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para
o adolescente autor de ato infracional;
Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre o lo- VII - expedir notificações;
cal, dia e horário de funcionamento do Conselho Tu-
telar, inclusive quanto à remuneração dos respectivos VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de
membros, aos quais é assegurado o direito a: criança ou adolescente quando necessário;

I - cobertura previdenciária; IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração


da proposta orçamentária para planos e programas de
II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente;
1/3 (um terço) do valor da remuneração mensal;
X - representar, em nome da pessoa e da família, contra
III - licença-maternidade; a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso
IV - licença-paternidade; II, da Constituição Federal ;
V - gratificação natalina. XI - representar ao Ministério Público para efeito das
ações de perda ou suspensão do poder familiar, após
Parágrafo único. Constará da lei orçamentária muni-
esgotadas as possibilidades de manutenção da criança
cipal e da do Distrito Federal previsão dos recursos
ou do adolescente junto à família natural.
necessários ao funcionamento do Conselho Tutelar e à
remuneração e formação continuada dos conselheiros XII - promover e incentivar, na comunidade e nos gru-
tutelares. pos profissionais, ações de divulgação e treinamento
para o reconhecimento de sintomas de maus-tratos em
Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro crianças e adolescentes.
constituirá serviço público relevante e estabelecerá pre- Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições,
sunção de idoneidade moral.  o Conselho Tutelar entender necessário o afastamento
do convívio familiar, comunicará incontinenti o fato ao
Capítulo II Ministério Público, prestando-lhe informações sobre
Das Atribuições do Conselho os motivos de tal entendimento e as providências to-
madas para a orientação, o apoio e a promoção social

660
da família. Título VI
Do Acesso à Justiça
Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente po-
derão ser revistas pela autoridade judiciária a pedido de
quem tenha legítimo interesse. Capítulo I
Disposições Gerais
Capítulo III
Da Competência Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou ado-
lescente à Defensoria Pública, ao Ministério Público e
ao Poder Judiciário, por qualquer de seus órgãos.
Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de com-
petência constante do art. 147. § 1º. A assistência judiciária gratuita será prestada aos
que dela necessitarem, através de defensor público ou
Capítulo IV advogado nomeado.
Da Escolha dos Conselheiros § 2º As ações judiciais da competência da Justiça da
Infância e da Juventude são isentas de custas e emo-
Art. 139. O processo para a escolha dos membros do lumentos, ressalvada a hipótese de litigância de má-fé.
Conselho Tutelar será estabelecido em lei municipal
e realizado sob a responsabilidade do Conselho Mu- Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão repre-
nicipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, e a sentados e os maiores de dezesseis e menores de vinte
fiscalização do Ministério Público. ( e um anos assistidos por seus pais, tutores ou curado-
res, na forma da legislação civil ou processual.
§ 1 o O processo de escolha dos membros do Conselho
Tutelar ocorrerá em data unificada em todo o território Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador
nacional a cada 4 (quatro) anos, no primeiro domingo especial à criança ou adolescente, sempre que os in-
do mês de outubro do ano subsequente ao da eleição teresses destes colidirem com os de seus pais ou
presidencial. responsável, ou quando carecer de representação ou
assistência legal ainda que eventual.
§ 2 o A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no
dia 10 de janeiro do ano subsequente ao processo de Art. 143. E vedada a divulgação de atos judiciais, poli-
escolha. ciais e administrativos que digam respeito a crianças e
§ 3 o No processo de escolha dos membros do Conse- adolescentes a que se atribua autoria de ato infracional.
lho Tutelar, é vedado ao candidato doar, oferecer, pro- Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato não
meter ou entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal poderá identificar a criança ou adolescente, vedando-se
de qualquer natureza, inclusive brindes de pequeno fotografia, referência a nome, apelido, filiação, paren-
valor.  tesco, residência e, inclusive, iniciais do nome e so-
brenome.
Capítulo V
Dos Impedimentos Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a
que se refere o artigo anterior somente será deferida
pela autoridade judiciária competente, se demonstrado
Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conselho
o interesse e justificada a finalidade.
marido e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e
genro ou nora, irmãos, cunhados, durante o cunhadio,
tio e sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado. Capítulo II
Parágrafo único. Estende-se o impedimento do conse-
Da Justiça da Infância e da Juventude
lheiro, na forma deste artigo, em relação à autoridade
judiciária e ao representante do Ministério Público com Seção I
atuação na Justiça da Infância e da Juventude, em exer- Disposições Gerais
cício na comarca, foro regional ou distrital.

661
Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão criar em entidades de atendimento, aplicando as medidas
varas especializadas e exclusivas da infância e da ju- cabíveis;
ventude, cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de
proporcionalidade por número de habitantes, dotá-las infrações contra norma de proteção à criança ou ado-
de infra-estrutura e dispor sobre o atendimento, inclu- lescente;
sive em plantões.
VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho
Seção II Tutelar, aplicando as medidas cabíveis.
Do Juiz Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou adoles-
cente nas hipóteses do art. 98, é também competente a
Justiça da Infância e da Juventude para o fim de:
Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é o Juiz
da Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce essa a) conhecer de pedidos de guarda e tutela;
função, na forma da lei de organização judiciária local. b) conhecer de ações de destituição do pátrio poder po-
der familiar , perda ou modificação da tutela ou guar-
Art. 147. A competência será determinada: da; (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de
I - pelo domicílio dos pais ou responsável; 2009)
II - pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescen- c) suprir a capacidade ou o consentimento para o ca-
te, à falta dos pais ou responsável. samento;
§ 1º. Nos casos de ato infracional, será competente a d) conhecer de pedidos baseados em discordância
autoridade do lugar da ação ou omissão, observadas as paterna ou materna, em relação ao exercício do pátrio
regras de conexão, continência e prevenção. poder poder familiar; (Expressão substituída pela
Lei nº 12.010, de 2009)
§ 2º A execução das medidas poderá ser delegada à
autoridade competente da residência dos pais ou res- e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil,
ponsável, ou do local onde sediar-se a entidade que quando faltarem os pais;
abrigar a criança ou adolescente. f) designar curador especial em casos de apresentação
§ 3º Em caso de infração cometida através de transmis- de queixa ou representação, ou de outros procedimen-
são simultânea de rádio ou televisão, que atinja mais tos judiciais ou extrajudiciais em que haja interesses de
de uma comarca, será competente, para aplicação da criança ou adolescente;
penalidade, a autoridade judiciária do local da sede g) conhecer de ações de alimentos;
estadual da emissora ou rede, tendo a sentença eficá-
cia para todas as transmissoras ou retransmissoras do h) determinar o cancelamento, a retificação e o supri-
respectivo estado. mento dos registros de nascimento e óbito.

Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é com- Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar,
petente para: através de portaria, ou autorizar, mediante alvará:

I - conhecer de representações promovidas pelo Minis- I - a entrada e permanência de criança ou adolescente,


tério Público, para apuração de ato infracional atribuído desacompanhado dos pais ou responsável, em:
a adolescente, aplicando as medidas cabíveis; a) estádio, ginásio e campo desportivo;
II - conceder a remissão, como forma de suspensão ou b) bailes ou promoções dançantes;
extinção do processo;
c) boate ou congêneres;
III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes;
d) casa que explore comercialmente diversões eletrô-
IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses nicas;
individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao
e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televi-
adolescente, observado o disposto no art. 209;
são.
V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades

662
II - a participação de criança e adolescente em: Seção I
a) espetáculos públicos e seus ensaios; Disposições Gerais
b) certames de beleza.
Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei apli-
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade
cam-se subsidiariamente as normas gerais previstas na
judiciária levará em conta, dentre outros fatores:
legislação processual pertinente.
a) os princípios desta Lei;
§ 1º É assegurada, sob pena de responsabilidade, prio-
b) as peculiaridades locais; ridade absoluta na tramitação dos processos e procedi-
c) a existência de instalações adequadas; mentos previstos nesta Lei, assim como na execução
dos atos e diligências judiciais a eles referentes.
d) o tipo de freqüência habitual ao local;
§ 2º Os prazos estabelecidos nesta Lei e aplicáveis aos
e) a adequação do ambiente a eventual participação ou seus procedimentos são contados em dias corridos, ex-
freqüência de crianças e adolescentes; cluído o dia do começo e incluído o dia do vencimento,
f) a natureza do espetáculo. vedado o prazo em dobro para a Fazenda Pública e o
Ministério Público.
§ 2º As medidas adotadas na conformidade deste artigo
deverão ser fundamentadas, caso a caso, vedadas as Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não cor-
determinações de caráter geral. responder a procedimento previsto nesta ou em outra
lei, a autoridade judiciária poderá investigar os fatos e
Seção III ordenar de ofício as providências necessárias, ouvido o
Dos Serviços Auxiliares Ministério Público.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica
Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de para o fim de afastamento da criança ou do adolescente
sua proposta orçamentária, prever recursos para manu- de sua família de origem e em outros procedimentos
tenção de equipe interprofissional, destinada a asses- necessariamente contenciosos.
sorar a Justiça da Infância e da Juventude.
Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214.
Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre
outras atribuições que lhe forem reservadas pela le- Seção II
gislação local, fornecer subsídios por escrito, mediante
Da Perda e da Suspensão do Pátrio Po-
laudos, ou verbalmente, na audiência, e bem assim
desenvolver trabalhos de aconselhamento, orientação, der Poder Familiar (Expressão substituída
encaminhamento, prevenção e outros, tudo sob a ime- pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
diata subordinação à autoridade judiciária, assegurada
a livre manifestação do ponto de vista técnico. Art. 155. O procedimento para a perda ou a suspensão
Parágrafo único. Na ausência ou insuficiência de ser- do  pátrio poder poder familiar terá início por provo-
vidores públicos integrantes do Poder Judiciário res- cação do Ministério Público ou de quem tenha legí-
ponsáveis pela realização dos estudos psicossociais timo interesse. (Expressão substituída pela Lei nº
ou de quaisquer outras espécies de avaliações técnicas 12.010, de 2009)
exigidas por esta Lei ou por determinação judicial, a
autoridade judiciária poderá proceder à nomeação de Art. 156. A petição inicial indicará:
perito, nos termos do art. 156 da Lei no 13.105, de 16 I - a autoridade judiciária a que for dirigida;
de março de 2015 (Código de Processo Civil) . (Incluí-
do pela Lei nº 13.509, de 2017) II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência
do requerente e do requerido, dispensada a qualificação
em se tratando de pedido formulado por representante
Capítulo III do Ministério Público;
Dos Procedimentos

663
III - a exposição sumária do fato e o pedido; Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade de
constituir advogado, sem prejuízo do próprio sustento
IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, desde
e de sua família, poderá requerer, em cartório, que lhe
logo, o rol de testemunhas e documentos.
seja nomeado dativo, ao qual incumbirá a apresentação
de resposta, contando-se o prazo a partir da intimação
Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a autorida-
do despacho de nomeação.
de judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar a
suspensão do pátrio poder poder familiar , liminar ou Parágrafo único. Na hipótese de requerido privado
incidentalmente, até o julgamento definitivo da causa, de liberdade, o oficial de justiça deverá perguntar, no
ficando a criança ou adolescente confiado a pessoa idô- momento da citação pessoal, se deseja que lhe seja
nea, mediante termo de responsabilidade. (Expressão nomeado defensor.
substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)
Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária
§ 1 o Recebida a petição inicial, a autoridade judici-
requisitará de qualquer repartição ou órgão público a
ária determinará, concomitantemente ao despacho de
apresentação de documento que interesse à causa, de
citação e independentemente de requerimento do inte-
ofício ou a requerimento das partes ou do Ministério
ressado, a realização de estudo social ou perícia por
Público.
equipe interprofissional ou multidisciplinar para com-
provar a presença de uma das causas de suspensão ou
destituição do poder familiar, ressalvado o disposto no Art. 161. Se não for contestado o pedido e tiver sido
§ 10 do art. 101 desta Lei, e observada a Lei n o 13.431, concluído o estudo social ou a perícia realizada por
de 4 de abril de 2017 . equipe interprofissional ou multidisciplinar, a autorida-
de judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público,
§ 2 o Em sendo os pais oriundos de comunidades por 5 (cinco) dias, salvo quando este for o requerente, e
indígenas, é ainda obrigatória a intervenção, junto à decidirá em igual prazo.
equipe interprofissional ou multidisciplinar referida no
§ 1 o deste artigo, de representantes do órgão federal § 1º A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento
responsável pela política indigenista, observado o dis- das partes ou do Ministério Público, determinará a oiti-
posto no § 6 o do art. 28 desta Lei. va de testemunhas que comprovem a presença de uma
das causas de suspensão ou destituição do poder fami-
liar previstas nos arts. 1.637 e 1.638 da Lei n o 10.406,
Art. 158. O requerido será citado para, no prazo de dez
de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil) , ou no art. 24
dias, oferecer resposta escrita, indicando as provas a
desta Lei.
serem produzidas e oferecendo desde logo o rol de tes-
temunhas e documentos. § 2 o (Revogado) . (Redação dada pela Lei nº 13.509,
de 2017)
§ 1 o A citação será pessoal, salvo se esgotados todos
os meios para sua realização. § 3 o Se o pedido importar em modificação de guarda,
será obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva
§ 2 o O requerido privado de liberdade deverá ser citado
da criança ou adolescente, respeitado seu estágio de
pessoalmente.
desenvolvimento e grau de compreensão sobre as im-
§ 3 o Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça plicações da medida.
houver procurado o citando em seu domicílio ou re-
§ 4º É obrigatória a oitiva dos pais sempre que eles
sidência sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de
forem identificados e estiverem em local conhecido,
ocultação, informar qualquer pessoa da família ou, em
ressalvados os casos de não comparecimento perante
sua falta, qualquer vizinho do dia útil em que voltará
a Justiça quando devidamente citados.
a fim de efetuar a citação, na hora que designar, nos
termos do art. 252 e seguintes da Lei n o 13.105, de 16 § 5 o Se o pai ou a mãe estiverem privados de liberda-
de março de 2015 (Código de Processo Civil) . de, a autoridade judicial requisitará sua apresentação
para a oitiva.
§ 4 o Na hipótese de os genitores encontrarem-se em
local incerto ou não sabido, serão citados por edital no
prazo de 10 (dez) dias, em publicação única, dispensa- Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judiciária
do o envio de ofícios para a localização. dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco

664
dias, salvo quando este for o requerente, designando, II - indicação de eventual parentesco do requerente e
desde logo, audiência de instrução e julgamento. de seu cônjuge, ou companheiro, com a criança ou
adolescente, especificando se tem ou não parente vivo;
§ 1º (Revogado) . (Redação dada pela Lei nº 13.509,
de 2017) III - qualificação completa da criança ou adolescente e
de seus pais, se conhecidos;
§ 2 o Na audiência, presentes as partes e o Ministério
Público, serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se IV - indicação do cartório onde foi inscrito nascimento,
oralmente o parecer técnico, salvo quando apresentado anexando, se possível, uma cópia da respectiva certi-
por escrito, manifestando-se sucessivamente o reque- dão;
rente, o requerido e o Ministério Público, pelo tempo V - declaração sobre a existência de bens, direitos ou
de 20 (vinte) minutos cada um, prorrogável por mais rendimentos relativos à criança ou ao adolescente.
10 (dez) minutos.
Parágrafo único. Em se tratando de adoção, observar-
§ 3 o A decisão será proferida na audiência, podendo a -se-ão também os requisitos específicos.
autoridade judiciária, excepcionalmente, designar data
para sua leitura no prazo máximo de 5 (cinco) dias.
Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido des-
§ 4 o Quando o procedimento de destituição de poder tituídos ou suspensos do poder familiar, ou houverem
familiar for iniciado pelo Ministério Público, não haverá aderido expressamente ao pedido de colocação em fa-
necessidade de nomeação de curador especial em favor mília substituta, este poderá ser formulado diretamente
da criança ou adolescente. em cartório, em petição assinada pelos próprios reque-
rentes, dispensada a assistência de advogado.
Art. 163. O prazo máximo para conclusão do proce- § 1 o Na hipótese de concordância dos pais, o juiz:
dimento será de 120 (cento e vinte) dias, e caberá ao
juiz, no caso de notória inviabilidade de manutenção do I - na presença do Ministério Público, ouvirá as partes,
poder familiar, dirigir esforços para preparar a criança devidamente assistidas por advogado ou por defensor
ou o adolescente com vistas à colocação em família público, para verificar sua concordância com a adoção,
substituta. no prazo máximo de 10 (dez) dias, contado da data do
protocolo da petição ou da entrega da criança em juízo,
Parágrafo único. A sentença que decretar a perda ou a tomando por termo as declarações; e 
suspensão do poder familiar será averbada à margem
do registro de nascimento da criança ou do adolescen- II - declarará a extinção do poder familiar.
te.  § 2 o O consentimento dos titulares do poder familiar
será precedido de orientações e esclarecimentos pres-
Seção III tados pela equipe interprofissional da Justiça da Infân-
Da Destituição da Tutela cia e da Juventude, em especial, no caso de adoção,
sobre a irrevogabilidade da medida.
Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o § 3 o São garantidos a livre manifestação de vontade
procedimento para a remoção de tutor previsto na lei dos detentores do poder familiar e o direito ao sigilo
processual civil e, no que couber, o disposto na seção das informações.
anterior. § 4 o O consentimento prestado por escrito não terá va-
lidade se não for ratificado na audiência a que se refere
Seção IV o § 1 o deste artigo.
Da Colocação em Família Substituta § 5 o O consentimento é retratável até a data da reali-
zação da audiência especificada no § 1 o deste artigo,
Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos de e os pais podem exercer o arrependimento no prazo de
colocação em família substituta: 10 (dez) dias, contado da data de prolação da sentença
de extinção do poder familiar.
I - qualificação completa do requerente e de seu even-
tual cônjuge, ou companheiro, com expressa anuência § 6 o O consentimento somente terá valor se for dado
deste; após o nascimento da criança.

665
§ 7 o A família natural e a família substituta receberão Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem
a devida orientação por intermédio de equipe técnica judicial será, desde logo, encaminhado à autoridade
interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da judiciária.
Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos
responsáveis pela execução da política municipal de Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato
garantia do direito à convivência familiar.  infracional será, desde logo, encaminhado à autoridade
policial competente.
Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a requeri- Parágrafo único. Havendo repartição policial especiali-
mento das partes ou do Ministério Público, determinará zada para atendimento de adolescente e em se tratando
a realização de estudo social ou, se possível, perícia por de ato infracional praticado em co-autoria com maior,
equipe interprofissional, decidindo sobre a concessão prevalecerá a atribuição da repartição especializada,
de guarda provisória, bem como, no caso de adoção, que, após as providências necessárias e conforme o
sobre o estágio de convivência. caso, encaminhará o adulto à repartição policial pró-
Parágrafo único. Deferida a concessão da guarda provi- pria.
sória ou do estágio de convivência, a criança ou o ado-
lescente será entregue ao interessado, mediante termo Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional come-
de responsabilidade. tido mediante violência ou grave ameaça a pessoa, a
autoridade policial, sem prejuízo do disposto nos arts.
Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo pe- 106, parágrafo único, e 107, deverá:
ricial, e ouvida, sempre que possível, a criança ou o I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e
adolescente, dar-se-á vista dos autos ao Ministério Pú- o adolescente;
blico, pelo prazo de cinco dias, decidindo a autoridade
judiciária em igual prazo. II - apreender o produto e os instrumentos da infração;
III - requisitar os exames ou perícias necessários à
Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da tutela, comprovação da materialidade e autoria da infração.
a perda ou a suspensão do pátrio poder poder fami-
liar constituir pressuposto lógico da medida principal Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a
de colocação em família substituta, será observado o lavratura do auto poderá ser substituída por boletim de
procedimento contraditório previsto nas Seções II e III ocorrência circunstanciada.
deste Capítulo. (Expressão substituída pela Lei nº
12.010, de 2009) Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou respon-
sável, o adolescente será prontamente liberado pela
Parágrafo único. A perda ou a modificação da guarda autoridade policial, sob termo de compromisso e res-
poderá ser decretada nos mesmos autos do procedi- ponsabilidade de sua apresentação ao representante do
mento, observado o disposto no art. 35. Ministério Público, no mesmo dia ou, sendo impossí-
vel, no primeiro dia útil imediato, exceto quando, pela
Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-se-á gravidade do ato infracional e sua repercussão social,
o disposto no art. 32, e, quanto à adoção, o contido deva o adolescente permanecer sob internação para
no art. 47. garantia de sua segurança pessoal ou manutenção da
Parágrafo único. A colocação de criança ou adolescente ordem pública.
sob a guarda de pessoa inscrita em programa de aco-
lhimento familiar será comunicada pela autoridade judi- Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade poli-
ciária à entidade por este responsável no prazo máximo cial encaminhará, desde logo, o adolescente ao repre-
de 5 (cinco) dias.  sentante do Ministério Público, juntamente com cópia
do auto de apreensão ou boletim de ocorrência.
Seção V § 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a auto-
Da Apuração de Ato Infracional ridade policial encaminhará o adolescente à entidade de
Atribuído a Adolescente atendimento, que fará a apresentação ao representante
do Ministério Público no prazo de vinte e quatro horas.

666
§ 2º Nas localidades onde não houver entidade de Público, mediante termo fundamentado, que conterá o
atendimento, a apresentação far-se-á pela autoridade resumo dos fatos, os autos serão conclusos à autorida-
policial. À falta de repartição policial especializada, o de judiciária para homologação.
adolescente aguardará a apresentação em dependência § 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a
separada da destinada a maiores, não podendo, em autoridade judiciária determinará, conforme o caso, o
qualquer hipótese, exceder o prazo referido no parágra- cumprimento da medida.
fo anterior.
§ 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remessa
Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade dos autos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante
policial encaminhará imediatamente ao representante despacho fundamentado, e este oferecerá representa-
do Ministério Público cópia do auto de apreensão ou ção, designará outro membro do Ministério Público
boletim de ocorrência. para apresentá-la, ou ratificará o arquivamento ou a
remissão, que só então estará a autoridade judiciária
Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver obrigada a homologar.
indícios de participação de adolescente na prática de
ato infracional, a autoridade policial encaminhará ao Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do
representante do Ministério Público relatório das in- Ministério Público não promover o arquivamento ou
vestigações e demais documentos. conceder a remissão, oferecerá representação à auto-
ridade judiciária, propondo a instauração de procedi-
Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de ato mento para aplicação da medida sócio-educativa que
infracional não poderá ser conduzido ou transportado se afigurar a mais adequada.
em compartimento fechado de veículo policial, em con- § 1º A representação será oferecida por petição, que
dições atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem conterá o breve resumo dos fatos e a classificação do
risco à sua integridade física ou mental, sob pena de ato infracional e, quando necessário, o rol de testemu-
responsabilidade. nhas, podendo ser deduzida oralmente, em sessão diá-
ria instalada pela autoridade judiciária.
Art. 179. Apresentado o adolescente, o representan-
§ 2º A representação independe de prova pré-constituí-
te do Ministério Público, no mesmo dia e à vista do
da da autoria e materialidade.
auto de apreensão, boletim de ocorrência ou relatório
policial, devidamente autuados pelo cartório judicial e
Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a con-
com informação sobre os antecedentes do adolescente,
clusão do procedimento, estando o adolescente inter-
procederá imediata e informalmente à sua oitiva e, em
nado provisoriamente, será de quarenta e cinco dias.
sendo possível, de seus pais ou responsável, vítima e
testemunhas.
Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade ju-
Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o re- diciária designará audiência de apresentação do ado-
presentante do Ministério Público notificará os pais ou lescente, decidindo, desde logo, sobre a decretação ou
responsável para apresentação do adolescente, poden- manutenção da internação, observado o disposto no
do requisitar o concurso das polícias civil e militar. art. 108 e parágrafo.
§ 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão
Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo
cientificados do teor da representação, e notificados a
anterior, o representante do Ministério Público poderá:
comparecer à audiência, acompanhados de advogado.
I - promover o arquivamento dos autos;
§ 2º Se os pais ou responsável não forem localizados,
II - conceder a remissão; a autoridade judiciária dará curador especial ao ado-
III - representar à autoridade judiciária para aplicação lescente.
de medida sócio-educativa. § 3º Não sendo localizado o adolescente, a autorida-
de judiciária expedirá mandado de busca e apreensão,
Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou determinando o sobrestamento do feito, até a efetiva
concedida a remissão pelo representante do Ministério apresentação.

667
§ 4º Estando o adolescente internado, será requisitada a Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou sus-
sua apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais pensão do processo, poderá ser aplicada em qualquer
ou responsável. fase do procedimento, antes da sentença.

Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela auto- Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer
ridade judiciária, não poderá ser cumprida em estabe- medida, desde que reconheça na sentença:
lecimento prisional. I - estar provada a inexistência do fato;
§ 1º Inexistindo na comarca entidade com as carac- II - não haver prova da existência do fato;
terísticas definidas no art. 123, o adolescente deverá
ser imediatamente transferido para a localidade mais III - não constituir o fato ato infracional;
próxima. IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido
§ 2º Sendo impossível a pronta transferência, o ado- para o ato infracional.
lescente aguardará sua remoção em repartição policial, Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o
desde que em seção isolada dos adultos e com insta- adolescente internado, será imediatamente colocado
lações apropriadas, não podendo ultrapassar o prazo em liberdade.
máximo de cinco dias, sob pena de responsabilidade.
Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida
Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou de internação ou regime de semi-liberdade será feita:
responsável, a autoridade judiciária procederá à oitiva
dos mesmos, podendo solicitar opinião de profissional I - ao adolescente e ao seu defensor;
qualificado. II - quando não for encontrado o adolescente, a seus
§ 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a re- pais ou responsável, sem prejuízo do defensor.
missão, ouvirá o representante do Ministério Público, § 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far-se-
proferindo decisão. -á unicamente na pessoa do defensor.
§ 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de me- § 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescente,
dida de internação ou colocação em regime de semi- deverá este manifestar se deseja ou não recorrer da
-liberdade, a autoridade judiciária, verificando que o sentença.
adolescente não possui advogado constituído, nomeará
defensor, designando, desde logo, audiência em conti- Seção V-A
nuação, podendo determinar a realização de diligências Da Infiltração de Agentes de Polícia para a
e estudo do caso. Investigação de Crimes contra a Dignidade
§ 3º O advogado constituído ou o defensor nomeado, Sexual de Criança e de Adolescente”
no prazo de três dias contado da audiência de apresen-
tação, oferecerá defesa prévia e rol de testemunhas. Art. 190-A. A infiltração de agentes de polícia na in-
ternet com o fim de investigar os crimes previstos nos
§ 4º Na audiência em continuação, ouvidas as teste- arts. 240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei
munhas arroladas na representação e na defesa prévia, e nos arts. 154-A, 217-A, 218, 218-A e 218-B do De-
cumpridas as diligências e juntado o relatório da equipe creto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
interprofissional, será dada a palavra ao representante Penal), obedecerá às seguintes regras:
do Ministério Público e ao defensor, sucessivamente,
pelo tempo de vinte minutos para cada um, prorrogável I – será precedida de autorização judicial devidamente
por mais dez, a critério da autoridade judiciária, que em circunstanciada e fundamentada, que estabelecerá os
seguida proferirá decisão. limites da infiltração para obtenção de prova, ouvido o
Ministério Público;
Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado, não II – dar-se-á mediante requerimento do Ministério Pú-
comparecer, injustificadamente à audiência de apre- blico ou representação de delegado de polícia e conterá
sentação, a autoridade judiciária designará nova data, a demonstração de sua necessidade, o alcance das ta-
determinando sua condução coercitiva. refas dos policiais, os nomes ou apelidos das pessoas

668
investigadas e, quando possível, os dados de conexão Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro público
ou cadastrais que permitam a identificação dessas pes- poderão incluir nos bancos de dados próprios, median-
soas; te procedimento sigiloso e requisição da autoridade
judicial, as informações necessárias à efetividade da
III – não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias,
identidade fictícia criada.
sem prejuízo de eventuais renovações, desde que o to-
tal não exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e seja Parágrafo único. O procedimento sigiloso de que trata
demonstrada sua efetiva necessidade, a critério da au- esta Seção será numerado e tombado em livro espe-
toridade judicial. cífico.
§ 1 º A autoridade judicial e o Ministério Público pode-
rão requisitar relatórios parciais da operação de infiltra- Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os atos ele-
ção antes do término do prazo de que trata o inciso II trônicos praticados durante a operação deverão ser re-
do § 1 º deste artigo. gistrados, gravados, armazenados e encaminhados ao
juiz e ao Ministério Público, juntamente com relatório
§ 2 º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1 º deste circunstanciado.
artigo, consideram-se
Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados
I – dados de conexão: informações referentes a hora, no caput deste artigo serão reunidos em autos aparta-
data, início, término, duração, endereço de Protocolo de dos e apensados ao processo criminal juntamente com
Internet (IP) utilizado e terminal de origem da conexão o inquérito policial, assegurando-se a preservação da
II – dados cadastrais: informações referentes a nome identidade do agente policial infiltrado e a intimidade
e endereço de assinante ou de usuário registrado ou das crianças e dos adolescentes envolvidos. 
autenticado para a conexão a quem endereço de IP,
identificação de usuário ou código de acesso tenha sido Seção VI
atribuído no momento da conexão. Da Apuração de Irregularidades
§ 3 º A infiltração de agentes de polícia na internet não em Entidade de Atendimento
será admitida se a prova puder ser obtida por outros
meios. Art. 191. O procedimento de apuração de irregularida-
des em entidade governamental e não-governamental
Art. 190-B. As informações da operação de infiltração terá início mediante portaria da autoridade judiciária ou
serão encaminhadas diretamente ao juiz responsável representação do Ministério Público ou do Conselho
pela autorização da medida, que zelará por seu sigilo. Tutelar, onde conste, necessariamente, resumo dos
Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o fatos.
acesso aos autos será reservado ao juiz, ao Ministé- Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a auto-
rio Público e ao delegado de polícia responsável pela ridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar
operação, com o objetivo de garantir o sigilo das in- liminarmente o afastamento provisório do dirigente da
vestigações. entidade, mediante decisão fundamentada.

Art. 190-C. Não comete crime o policial que oculta a Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no
sua identidade para, por meio da internet, colher indí- prazo de dez dias, oferecer resposta escrita, podendo
cios de autoria e materialidade dos crimes previstos juntar documentos e indicar as provas a produzir.
nos arts. 240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta
Lei e nos arts. 154-A, 217-A, 218, 218-A e 218-B do Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo ne-
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Códi- cessário, a autoridade judiciária designará audiência de
go Penal). (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) instrução e julgamento, intimando as partes.
Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar § 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o
de observar a estrita finalidade da investigação respon- Ministério Público terão cinco dias para oferecer alega-
derá pelos excessos praticados. ções finais, decidindo a autoridade judiciária em igual
prazo.

669
§ 2º Em se tratando de afastamento provisório ou de- Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo
finitivo de dirigente de entidade governamental, a au- legal, a autoridade judiciária dará vista dos autos do
toridade judiciária oficiará à autoridade administrativa Ministério Público, por cinco dias, decidindo em igual
imediatamente superior ao afastado, marcando prazo prazo.
para a substituição.
§ 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a autori- Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade judiciá-
dade judiciária poderá fixar prazo para a remoção das ria procederá na conformidade do artigo anterior, ou,
irregularidades verificadas. Satisfeitas as exigências, o sendo necessário, designará audiência de instrução e
processo será extinto, sem julgamento de mérito. julgamento.

§ 4º A multa e a advertência serão impostas ao dirigente Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-se-ão
da entidade ou programa de atendimento. sucessivamente o Ministério Público e o procurador do
requerido, pelo tempo de vinte minutos para cada um,
prorrogável por mais dez, a critério da autoridade judi-
Seção VII ciária, que em seguida proferirá sentença.
Da Apuração de Infração Administrativa
às Normas de Proteção à Criança e ao Seção VIII
Adolescente Da Habilitação de Pretendentes à Adoção

Art. 194. O procedimento para imposição de penalida- Art. 197-A. Os postulantes à adoção, domiciliados no
de administrativa por infração às normas de proteção à Brasil, apresentarão petição inicial na qual conste:
criança e ao adolescente terá início por representação I - qualificação completa;
do Ministério Público, ou do Conselho Tutelar, ou auto
II - dados familiares;
de infração elaborado por servidor efetivo ou voluntá-
rio credenciado, e assinado por duas testemunhas, se III - cópias autenticadas de certidão de nascimento ou
possível. casamento, ou declaração relativa ao período de união
estável;
§ 1º No procedimento iniciado com o auto de infração,
poderão ser usadas fórmulas impressas, especificando- IV - cópias da cédula de identidade e inscrição no Ca-
-se a natureza e as circunstâncias da infração. dastro de Pessoas Físicas;
§ 2º Sempre que possível, à verificação da infração se- V - comprovante de renda e domicílio;
guir-se-á a lavratura do auto, certificando-se, em caso VI - atestados de sanidade física e mental
contrário, dos motivos do retardamento.
VII - certidão de antecedentes criminais;
Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para apre- VIII - certidão negativa de distribuição cível.
sentação de defesa, contado da data da intimação, que
será feita: Art. 197-B. A autoridade judiciária, no prazo de 48
I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for lavra- (quarenta e oito) horas, dará vista dos autos ao Minis-
do na presença do requerido; tério Público, que no prazo de 5 (cinco) dias poderá:

II - por oficial de justiça ou funcionário legalmente ha- I - apresentar quesitos a serem respondidos pela equipe
bilitado, que entregará cópia do auto ou da representa- interprofissional encarregada de elaborar o estudo téc-
ção ao requerido, ou a seu representante legal, lavrando nico a que se refere o art. 197-C desta Lei;
certidão; II - requerer a designação de audiência para oitiva dos
III - por via postal, com aviso de recebimento, se não postulantes em juízo e testemunhas;
for encontrado o requerido ou seu representante legal; III - requerer a juntada de documentos complementares
IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou e a realização de outras diligências que entender ne-
não sabido o paradeiro do requerido ou de seu repre- cessárias.
sentante legal.
Art. 197-C. Intervirá no feito, obrigatoriamente, equipe

670
interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da ordem cronológica de habilitação e conforme a dispo-
Juventude, que deverá elaborar estudo psicossocial, nibilidade de crianças ou adolescentes adotáveis.
que conterá subsídios que permitam aferir a capacidade § 1 o A ordem cronológica das habilitações somente
e o preparo dos postulantes para o exercício de uma poderá deixar de ser observada pela autoridade judi-
paternidade ou maternidade responsável, à luz dos re- ciária nas hipóteses previstas no § 13 do art. 50 desta
quisitos e princípios desta Lei. Lei, quando comprovado ser essa a melhor solução no
§ 1 o É obrigatória a participação dos postulantes em interesse do adotando.
programa oferecido pela Justiça da Infância e da Ju- § 2 o A habilitação à adoção deverá ser renovada no
ventude, preferencialmente com apoio dos técnicos res- mínimo trienalmente mediante avaliação por equipe
ponsáveis pela execução da política municipal de ga- interprofissional.
rantia do direito à convivência familiar e dos grupos de
apoio à adoção devidamente habilitados perante a Jus- § 3 o Quando o adotante candidatar-se a uma nova
tiça da Infância e da Juventude, que inclua preparação adoção, será dispensável a renovação da habilitação,
psicológica, orientação e estímulo à adoção inter-racial, bastando a avaliação por equipe interprofissional.
de crianças ou de adolescentes com deficiência, com § 4 o Após 3 (três) recusas injustificadas, pelo habili-
doenças crônicas ou com necessidades específicas de tado, à adoção de crianças ou adolescentes indicados
saúde, e de grupos de irmãos. dentro do perfil escolhido, haverá reavaliação da habi-
§ 2 o Sempre que possível e recomendável, a etapa litação concedida.
obrigatória da preparação referida no § 1 o deste arti- § 5 o A desistência do pretendente em relação à guarda
go incluirá o contato com crianças e adolescentes em para fins de adoção ou a devolução da criança ou do
regime de acolhimento familiar ou institucional, a ser adolescente depois do trânsito em julgado da senten-
realizado sob orientação, supervisão e avaliação da ça de adoção importará na sua exclusão dos cadastros
equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude e de adoção e na vedação de renovação da habilitação,
dos grupos de apoio à adoção, com apoio dos técnicos salvo decisão judicial fundamentada, sem prejuízo das
responsáveis pelo programa de acolhimento familiar e demais sanções previstas na legislação vigente.
institucional e pela execução da política municipal de
garantia do direito à convivência familiar. Art. 197-F. O prazo máximo para conclusão da habilita-
§ 3 o É recomendável que as crianças e os adolescentes ção à adoção será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogá-
acolhidos institucionalmente ou por família acolhedora vel por igual período, mediante decisão fundamentada
sejam preparados por equipe interprofissional antes da da autoridade judiciária. 
inclusão em família adotiva.
Capítulo IV
Art. 197-D. Certificada nos autos a conclusão da parti- Dos Recursos
cipação no programa referido no art. 197-C desta Lei,
a autoridade judiciária, no prazo de 48 (quarenta e oito)
horas, decidirá acerca das diligências requeridas pelo Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da Infân-
Ministério Público e determinará a juntada do estudo cia e da Juventude, inclusive os relativos à execução
psicossocial, designando, conforme o caso, audiência das medidas socioeducativas, adotar-se-á o sistema re-
de instrução e julgamento. cursal da Lei n o 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Có-
digo de Processo Civil) , com as seguintes adaptações:
Parágrafo único. Caso não sejam requeridas diligên-
cias, ou sendo essas indeferidas, a autoridade judiciária I - os recursos serão interpostos independentemente de
determinará a juntada do estudo psicossocial, abrindo preparo;
a seguir vista dos autos ao Ministério Público, por 5 II - em todos os recursos, salvo nos embargos de decla-
(cinco) dias, decidindo em igual prazo. ração, o prazo para o Ministério Público e para a defesa
será sempre de 10 (dez) dias;
Art. 197-E. Deferida a habilitação, o postulante será ins- III - os recursos terão preferência de julgamento e dis-
crito nos cadastros referidos no art. 50 desta Lei, sendo pensarão revisor;
a sua convocação para a adoção feita de acordo com

671
IV - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência bilidades se constatar o descumprimento das providên-
cias e do prazo previstos nos artigos anteriores. 
V - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
VI - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Capítulo V
VII - antes de determinar a remessa dos autos à superior Do Ministério Público
instância, no caso de apelação, ou do instrumento, no
caso de agravo, a autoridade judiciária proferirá despa-
Art. 200. As funções do Ministério Público previstas
cho fundamentado, mantendo ou reformando a decisão,
nesta Lei serão exercidas nos termos da respectiva lei
no prazo de cinco dias;
orgânica.
VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o escrivão
remeterá os autos ou o instrumento à superior instância Art. 201. Compete ao Ministério Público:
dentro de vinte e quatro horas, independentemente de
novo pedido do recorrente; se a reformar, a remessa dos I - conceder a remissão como forma de exclusão do
autos dependerá de pedido expresso da parte interes- processo;
sada ou do Ministério Público, no prazo de cinco dias, II - promover e acompanhar os procedimentos relativos
contados da intimação. às infrações atribuídas a adolescentes;
III - promover e acompanhar as ações de alimentos e
Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no art. os procedimentos de suspensão e destituição do pátrio
149 caberá recurso de apelação. poder poder familiar , nomeação e remoção de tutores,
curadores e guardiães, bem como oficiar em todos os
Art. 199-A. A sentença que deferir a adoção produz demais procedimentos da competência da Justiça da
efeito desde logo, embora sujeita a apelação, que será Infância e da Juventude; (Expressão substituída pela
recebida exclusivamente no efeito devolutivo, salvo se Lei nº 12.010, de 2009)
se tratar de adoção internacional ou se houver perigo
de dano irreparável ou de difícil reparação ao adotando. IV - promover, de ofício ou por solicitação dos interes-
sados, a especialização e a inscrição de hipoteca legal
Art. 199-B. A sentença que destituir ambos ou qualquer e a prestação de contas dos tutores, curadores e quais-
dos genitores do poder familiar fica sujeita a apelação, quer administradores de bens de crianças e adolescen-
que deverá ser recebida apenas no efeito devolutivo. tes nas hipóteses do art. 98;
V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para
Art. 199-C. Os recursos nos procedimentos de adoção a proteção dos interesses individuais, difusos ou co-
e de destituição de poder familiar, em face da relevância letivos relativos à infância e à adolescência, inclusive
das questões, serão processados com prioridade abso- os definidos no art. 220, § 3º inciso II, da Constituição
luta, devendo ser imediatamente distribuídos, ficando Federal ;
vedado que aguardem, em qualquer situação, oportuna
VI - instaurar procedimentos administrativos e, para
distribuição, e serão colocados em mesa para julga-
instruí-los:
mento sem revisão e com parecer urgente do Ministério
Público. a) expedir notificações para colher depoimentos ou
esclarecimentos e, em caso de não comparecimento
Art. 199-D. O relator deverá colocar o processo em injustificado, requisitar condução coercitiva, inclusive
mesa para julgamento no prazo máximo de 60 (sessen- pela polícia civil ou militar;
ta) dias, contado da sua conclusão. b) requisitar informações, exames, perícias e documen-
Parágrafo único. O Ministério Público será intimado da tos de autoridades municipais, estaduais e federais, da
data do julgamento e poderá na sessão, se entender ne- administração direta ou indireta, bem como promover
cessário, apresentar oralmente seu parecer. inspeções e diligências investigatórias;
c) requisitar informações e documentos a particulares e
Art. 199-E. O Ministério Público poderá requerer a ins- instituições privadas;
tauração de procedimento para apuração de responsa-
VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências inves-

672
tigatórias e determinar a instauração de inquérito poli- dos ou acertados;
cial, para apuração de ilícitos ou infrações às normas de c) efetuar recomendações visando à melhoria dos ser-
proteção à infância e à juventude; viços públicos e de relevância pública afetos à criança e
VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias ao adolescente, fixando prazo razoável para sua perfeita
legais assegurados às crianças e adolescentes, promo- adequação.
vendo as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis;
IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e ha- Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não
beas corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal, for parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público
na defesa dos interesses sociais e individuais indispo- na defesa dos direitos e interesses de que cuida esta
níveis afetos à criança e ao adolescente; Lei, hipótese em que terá vista dos autos depois das
partes, podendo juntar documentos e requerer diligên-
X - representar ao juízo visando à aplicação de pe- cias, usando os recursos cabíveis.
nalidade por infrações cometidas contra as normas
de proteção à infância e à juventude, sem prejuízo da Art. 203. A intimação do Ministério Público, em qual-
promoção da responsabilidade civil e penal do infrator, quer caso, será feita pessoalmente.
quando cabível;
XI - inspecionar as entidades públicas e particulares de Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público
atendimento e os programas de que trata esta Lei, ado- acarreta a nulidade do feito, que será declarada de ofício
tando de pronto as medidas administrativas ou judiciais pelo juiz ou a requerimento de qualquer interessado.
necessárias à remoção de irregularidades porventura
verificadas; Art. 205. As manifestações processuais do represen-
tante do Ministério Público deverão ser fundamentadas.
XII - requisitar força policial, bem como a colaboração
dos serviços médicos, hospitalares, educacionais e de
assistência social, públicos ou privados, para o desem- Capítulo VI
penho de suas atribuições. Do Advogado
§ 1º A legitimação do Ministério Público para as ações
cíveis previstas neste artigo não impede a de terceiros, Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou
nas mesmas hipóteses, segundo dispuserem a Consti- responsável, e qualquer pessoa que tenha legítimo in-
tuição e esta Lei. teresse na solução da lide poderão intervir nos proce-
dimentos de que trata esta Lei, através de advogado, o
§ 2º As atribuições constantes deste artigo não excluem
qual será intimado para todos os atos, pessoalmente ou
outras, desde que compatíveis com a finalidade do Mi-
por publicação oficial, respeitado o segredo de justiça.
nistério Público.
Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária
§ 3º O representante do Ministério Público, no exercício
integral e gratuita àqueles que dela necessitarem.
de suas funções, terá livre acesso a todo local onde se
encontre criança ou adolescente.
Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a prá-
§ 4º O representante do Ministério Público será respon- tica de ato infracional, ainda que ausente ou foragido,
sável pelo uso indevido das informações e documentos será processado sem defensor.
que requisitar, nas hipóteses legais de sigilo.
§ 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á no-
§ 5º Para o exercício da atribuição de que trata o inciso meado pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo,
VIII deste artigo, poderá o representante do Ministério constituir outro de sua preferência.
Público:
§ 2º A ausência do defensor não determinará o adia-
a) reduzir a termo as declarações do reclamante, ins- mento de nenhum ato do processo, devendo o juiz no-
taurando o competente procedimento, sob sua presi- mear substituto, ainda que provisoriamente, ou para o
dência; só efeito do ato.
b) entender-se diretamente com a pessoa ou autoridade § 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando se
reclamada, em dia, local e horário previamente notifica- tratar de defensor nomeado ou, sido constituído, tiver

673
sido indicado por ocasião de ato formal com a presença cação aos órgãos competentes, que deverão comunicar
da autoridade judiciária. o fato aos portos, aeroportos, Polícia Rodoviária e com-
panhias de transporte interestaduais e internacionais,
Capítulo VII fornecendo-lhes todos os dados necessários à identi-
Da Proteção Judicial dos Interesses ficação do desaparecido.
Individuais, Difusos e Coletivos
Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão pro-
Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as postas no foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a
ações de responsabilidade por ofensa aos direitos as- ação ou omissão, cujo juízo terá competência absoluta
segurados à criança e ao adolescente, referentes ao não para processar a causa, ressalvadas a competência da
oferecimento ou oferta irregular: Justiça Federal e a competência originária dos tribunais
superiores.
I - do ensino obrigatório;
II - de atendimento educacional especializado aos por- Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses
tadores de deficiência; coletivos ou difusos, consideram-se legitimados con-
correntemente:
III – de atendimento em creche e pré-escola às crianças
de zero a cinco anos de idade; I - o Ministério Público;
IV - de ensino noturno regular, adequado às condições II - a União, os estados, os municípios, o Distrito Fede-
do educando; ral e os territórios;
V - de programas suplementares de oferta de material III - as associações legalmente constituídas há pelo me-
didático-escolar, transporte e assistência à saúde do nos um ano e que incluam entre seus fins institucionais
educando do ensino fundamental; a defesa dos interesses e direitos protegidos por esta
Lei, dispensada a autorização da assembléia, se houver
VI - de serviço de assistência social visando à proteção
prévia autorização estatutária.
à família, à maternidade, à infância e à adolescência,
bem como ao amparo às crianças e adolescentes que § 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os
dele necessitem; Ministérios Públicos da União e dos estados na defesa
dos interesses e direitos de que cuida esta Lei.
VII - de acesso às ações e serviços de saúde;
§ 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por
VIII - de escolarização e profissionalização dos adoles-
associação legitimada, o Ministério Público ou outro
centes privados de liberdade.
legitimado poderá assumir a titularidade ativa.
IX - de ações, serviços e programas de orientação,
apoio e promoção social de famílias e destinados ao Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão to-
pleno exercício do direito à convivência familiar por mar dos interessados compromisso de ajustamento de
crianças e adolescentes. sua conduta às exigências legais, o qual terá eficácia de
X - de programas de atendimento para a execução das título executivo extrajudicial.
medidas socioeducativas e aplicação de medidas de
proteção. Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses protegi-
dos por esta Lei, são admissíveis todas as espécies de
XI - de políticas e programas integrados de atendimen- ações pertinentes.
to à criança e ao adolescente vítima ou testemunha de
violência. § 1º Aplicam-se às ações previstas neste Capítulo as
normas do Código de Processo Civil.
§ 1 o As hipóteses previstas neste artigo não excluem
da proteção judicial outros interesses individuais, difu- § 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade
sos ou coletivos, próprios da infância e da adolescên- pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
cia, protegidos pela Constituição e pela Lei. atribuições do poder público, que lesem direito líquido
e certo previsto nesta Lei, caberá ação mandamental,
§ 2 o A investigação do desaparecimento de crianças ou que se regerá pelas normas da lei do mandado de se-
adolescentes será realizada imediatamente após notifi- gurança.

674
Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumprimento midade do § 4º do art. 20 da Lei n.º 5.869, de 11 de ja-
de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a neiro de 1973 (Código de Processo Civil) , quando re-
tutela específica da obrigação ou determinará providên- conhecer que a pretensão é manifestamente infundada.
cias que assegurem o resultado prático equivalente ao Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a as-
do adimplemento. sociação autora e os diretores responsáveis pela pro-
§ 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e ha- positura da ação serão solidariamente condenados ao
vendo justificado receio de ineficácia do provimento décuplo das custas, sem prejuízo de responsabilidade
final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou por perdas e danos.
após justificação prévia, citando o réu.
§ 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior Art. 219. Nas ações de que trata este Capítulo, não ha-
ou na sentença, impor multa diária ao réu, independen- verá adiantamento de custas, emolumentos, honorários
temente de pedido do autor, se for suficiente ou com- periciais e quaisquer outras despesas.
patível com a obrigação, fixando prazo razoável para o
cumprimento do preceito. Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor públi-
co deverá provocar a iniciativa do Ministério Público,
§ 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito em prestando-lhe informações sobre fatos que constituam
julgado da sentença favorável ao autor, mas será devida objeto de ação civil, e indicando-lhe os elementos de
desde o dia em que se houver configurado o descum- convicção.
primento.
Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos
Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo ge- e tribunais tiverem conhecimento de fatos que possam
rido pelo Conselho dos Direitos da Criança e do Ado- ensejar a propositura de ação civil, remeterão peças ao
lescente do respectivo município. Ministério Público para as providências cabíveis.
§ 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o
trânsito em julgado da decisão serão exigidas através Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado
de execução promovida pelo Ministério Público, nos poderá requerer às autoridades competentes as certi-
mesmos autos, facultada igual iniciativa aos demais dões e informações que julgar necessárias, que serão
legitimados. fornecidas no prazo de quinze dias.
§ 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o di-
Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob sua
nheiro ficará depositado em estabelecimento oficial de
presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer
crédito, em conta com correção monetária.
pessoa, organismo público ou particular, certidões, in-
formações, exames ou perícias, no prazo que assinalar,
Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos
o qual não poderá ser inferior a dez dias úteis.
recursos, para evitar dano irreparável à parte.
§ 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas
Art. 216. Transitada em julgado a sentença que impu- as diligências, se convencer da inexistência de funda-
ser condenação ao poder público, o juiz determinará a mento para a propositura da ação cível, promoverá o
remessa de peças à autoridade competente, para apura- arquivamento dos autos do inquérito civil ou das peças
ção da responsabilidade civil e administrativa do agente informativas, fazendo-o fundamentadamente.
a que se atribua a ação ou omissão. § 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de informa-
ção arquivados serão remetidos, sob pena de se incor-
Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em jul- rer em falta grave, no prazo de três dias, ao Conselho
gado da sentença condenatória sem que a associação Superior do Ministério Público.
autora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Mi-
nistério Público, facultada igual iniciativa aos demais § 3º Até que seja homologada ou rejeitada a promoção
legitimados. de arquivamento, em sessão do Conselho Superior do
Ministério público, poderão as associações legitimadas
apresentar razões escritas ou documentos, que serão
Art. 218. O juiz condenará a associação autora a pagar
juntados aos autos do inquérito ou anexados às peças
ao réu os honorários advocatícios arbitrados na confor-

675
de informação. Dos Crimes em Espécie
§ 4º A promoção de arquivamento será submetida a
exame e deliberação do Conselho Superior do Ministé- Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente
rio Público, conforme dispuser o seu regimento. de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de
§ 5º Deixando o Conselho Superior de homologar a manter registro das atividades desenvolvidas, na forma
promoção de arquivamento, designará, desde logo, e prazo referidos no art. 10 desta Lei, bem como de for-
outro órgão do Ministério Público para o ajuizamento necer à parturiente ou a seu responsável, por ocasião da
da ação. alta médica, declaração de nascimento, onde constem
as intercorrências do parto e do desenvolvimento do
Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que cou- neonato:
ber, as disposições da Lei n.º 7.347, de 24 de julho de Pena - detenção de seis meses a dois anos.
1985 .
Parágrafo único. Se o crime é culposo:

Título VII Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.


Dos Crimes e Das Infrações
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de
Administrativas estabelecimento de atenção à saúde de gestante de
identificar corretamente o neonato e a parturiente, por
Capítulo I ocasião do parto, bem como deixar de proceder aos
Dos Crimes exames referidos no art. 10 desta Lei:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Seção I Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Disposições Gerais Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.

Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua li-
contra a criança e o adolescente, por ação ou omissão, berdade, procedendo à sua apreensão sem estar em
sem prejuízo do disposto na legislação penal. flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita
da autoridade judiciária competente:
Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as Pena - detenção de seis meses a dois anos.
normas da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que pro-
processo, as pertinentes ao Código de Processo Penal.
cede à apreensão sem observância das formalidades
legais.
Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pú-
blica incondicionada.
Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela
apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata
Art. 227-A Os efeitos da condenação prevista no inci-
comunicação à autoridade judiciária competente e à fa-
so I do caput do art. 92 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7
mília do apreendido ou à pessoa por ele indicada:
de dezembro de 1940 (Código Penal), para os crimes
previstos nesta Lei, praticados por servidores públicos Pena - detenção de seis meses a dois anos.
com abuso de autoridade, são condicionados à ocor-
rência de reincidência. (Incluído pela Lei nº 13.869. Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua
de 2019) autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a cons-
trangimento:
Parágrafo único. A perda do cargo, do mandato ou da
função, nesse caso, independerá da pena aplicada na Pena - detenção de seis meses a dois anos.
reincidência. (Incluído pela Lei nº 13.869. de 2019)
Art. 233. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 :
Seção II

676
Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa ridas no caput deste artigo, ou ainda quem com esses
causa, de ordenar a imediata liberação de criança ou contracena.
adolescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalida- § 2 o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente
de da apreensão: comete o crime:
Pena - detenção de seis meses a dois anos. I – no exercício de cargo ou função pública ou a pre-
texto de exercê-la;
Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado
nesta Lei em benefício de adolescente privado de liber- II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabi-
dade: tação ou de hospitalidade; ou 
Pena - detenção de seis meses a dois anos. III – prevalecendo-se de relações de parentesco con-
sangüíneo ou afim até o terceiro grau, ou por adoção,
Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade ju- de tutor, curador, preceptor, empregador da vítima ou de
diciária, membro do Conselho Tutelar ou representante quem, a qualquer outro título, tenha autoridade sobre
do Ministério Público no exercício de função prevista ela, ou com seu consentimento.
nesta Lei:
Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou
Pena - detenção de seis meses a dois anos. outro registro que contenha cena de sexo explícito ou
pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de
quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
judicial, com o fim de colocação em lar substituto:
Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir,
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa. distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, in-
clusive por meio de sistema de informática ou telemá-
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pu- tico, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha
pilo a terceiro, mediante paga ou recompensa: cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo
Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa. criança ou adolescente:
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem ofere- Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
ce ou efetiva a paga ou recompensa. § 1 o Nas mesmas penas incorre quem:

Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato desti- I – assegura os meios ou serviços para o armazena-
nado ao envio de criança ou adolescente para o exterior mento das fotografias, cenas ou imagens de que trata
com inobservância das formalidades legais ou com o o caput deste artigo;
fito de obter lucro: II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa. computadores às fotografias, cenas ou imagens de que
trata o caput deste artigo.
Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave
ameaça ou fraude: § 2 o As condutas tipificadas nos incisos I e II do §
1 o deste artigo são puníveis quando o responsável le-
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da gal pela prestação do serviço, oficialmente notificado,
pena correspondente à violência. deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que
trata o caput deste artigo.
Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar
ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qual-
ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente: quer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica
envolvendo criança ou adolescente:
§ 1 o Incorre nas mesmas penas quem agencia, facili-
ta, recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
participação de criança ou adolescente nas cenas refe- § 1 o A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços)

677
se de pequena quantidade o material a que se refere compreende qualquer situação que envolva criança ou
o caput deste artigo. adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou
simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma
§ 2 o Não há crime se a posse ou o armazenamento tem
criança ou adolescente para fins primordialmente se-
a finalidade de comunicar às autoridades competentes
xuais.
a ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241,
241-A e 241-C desta Lei, quando a comunicação for
feita por: Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou
entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente
I – agente público no exercício de suas funções; arma, munição ou explosivo:
II – membro de entidade, legalmente constituída, que Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos.
inclua, entre suas finalidades institucionais, o recebi-
mento, o processamento e o encaminhamento de notí- Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar,
cia dos crimes referidos neste parágrafo; ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a criança
III – representante legal e funcionários responsáveis de ou a adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa,
provedor de acesso ou serviço prestado por meio de outros produtos cujos componentes possam causar de-
rede de computadores, até o recebimento do material pendência física ou psíquica:
relativo à notícia feita à autoridade policial, ao Ministé- Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa,
rio Público ou ao Poder Judiciário. se o fato não constitui crime mais grave.
§ 3 o As pessoas referidas no § 2 o deste artigo deverão
manter sob sigilo o material ilícito referido. Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou
entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente
Art. 241-C. Simular a participação de criança ou ado- fogos de estampido ou de artifício, exceto aqueles que,
lescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por pelo seu reduzido potencial, sejam incapazes de provo-
meio de adulteração, montagem ou modificação de car qualquer dano físico em caso de utilização indevida:
fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de represen- Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa.
tação visual:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais
definidos no caput do art. 2 o desta Lei, à prostituição
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem ven-
ou à exploração sexual:
de, expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou
divulga por qualquer meio, adquire, possui ou armaze- Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da
na o material produzido na forma do caput deste artigo. perda de bens e valores utilizados na prática criminosa
em favor do Fundo dos Direitos da Criança e do Ado-
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, lescente da unidade da Federação (Estado ou Distrito
por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim Federal) em que foi cometido o crime, ressalvado o
de com ela praticar ato libidinoso: direito de terceiro de boa-fé.
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. § 1 o Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o ge-
rente ou o responsável pelo local em que se verifique a
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre que
submissão de criança ou adolescente às práticas referi-
I – facilita ou induz o acesso à criança de material con- das no caput deste artigo.
tendo cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim
§ 2 o Constitui efeito obrigatório da condenação a cas-
de com ela praticar ato libidinoso;
sação da licença de localização e de funcionamento do
II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo estabelecimento.
com o fim de induzir criança a se exibir de forma por-
nográfica ou sexualmente explícita. Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de me-
nor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração
Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, penal ou induzindo-o a praticá-la:
a expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica”
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

678
§ 1 o Incorre nas penas previstas no caput deste artigo Art. 248. (Revogado pela Lei nº 13.431, de 2017)
quem pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se
de quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de ba- Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os de-
te-papo da internet. veres inerentes ao pátrio poder poder familiar ou decor-
§ 2 o As penas previstas no caput deste artigo são rente de tutela ou guarda, bem assim determinação da
aumentadas de um terço no caso de a infração come- autoridade judiciária ou Conselho Tutelar: (Expressão
tida ou induzida estar incluída no rol do art. 1 o da Lei substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)
n o 8.072, de 25 de julho de 1990 .  Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli-
cando-se o dobro em caso de reincidência.
Capítulo II
Das Infrações Administrativas Art. 250. Hospedar criança ou adolescente desacom-
panhado dos pais ou responsável, ou sem autorização
Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por escrita desses ou da autoridade judiciária, em hotel,
estabelecimento de atenção à saúde e de ensino funda- pensão, motel ou congênere:
mental, pré-escola ou creche, de comunicar à autorida- Pena – multa. (Redação dada pela Lei nº 12.038, de
de competente os casos de que tenha conhecimento, 2009).
envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos
contra criança ou adolescente: § 1 º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de
multa, a autoridade judiciária poderá determinar o fe-
Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli- chamento do estabelecimento por até 15 (quinze) dias.
cando-se o dobro em caso de reincidência.
§ 2 º Se comprovada a reincidência em período inferior
Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de enti- a 30 (trinta) dias, o estabelecimento será definitivamen-
dade de atendimento o exercício dos direitos constantes te fechado e terá sua licença cassada.
nos incisos II, III, VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei:
Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qual-
Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli- quer meio, com inobservância do disposto nos arts. 83,
cando-se o dobro em caso de reincidência. 84 e 85 desta Lei:

Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autoriza- Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli-
ção devida, por qualquer meio de comunicação, nome, cando-se o dobro em caso de reincidência.
ato ou documento de procedimento policial, adminis-
trativo ou judicial relativo a criança ou adolescente a Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetá-
que se atribua ato infracional: culo público de afixar, em lugar visível e de fácil acesso,
à entrada do local de exibição, informação destacada
Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli- sobre a natureza da diversão ou espetáculo e a faixa
cando-se o dobro em caso de reincidência. etária especificada no certificado de classificação:
§ 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou par- Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli-
cialmente, fotografia de criança ou adolescente envol- cando-se o dobro em caso de reincidência.
vido em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe
diga respeito ou se refira a atos que lhe sejam atribu-
Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer
ídos, de forma a permitir sua identificação, direta ou
representações ou espetáculos, sem indicar os limites
indiretamente.
de idade a que não se recomendem:
§ 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou
Pena - multa de três a vinte salários de referência, du-
emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista
plicada em caso de reincidência, aplicável, separada-
neste artigo, a autoridade judiciária poderá determinar a
mente, à casa de espetáculo e aos órgãos de divulgação
apreensão da publicação ou a suspensão da programa-
ou publicidade.
ção da emissora até por dois dias, bem como da publi-
cação do periódico até por dois números. (Expressão
Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, espe-
declarada inconstitucional pela ADIN 869).
táculo em horário diverso do autorizado ou sem aviso

679
de sua classificação: (Expressão declarada inconsti- pessoas ou casais habilitados à adoção e de crianças
tucional pela ADI 2.404). e adolescentes em regime de acolhimento institucional
ou familiar.
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; du-
plicada em caso de reincidência a autoridade judiciária
poderá determinar a suspensão da programação da Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de
emissora por até dois dias. estabelecimento de atenção à saúde de gestante de efe-
tuar imediato encaminhamento à autoridade judiciária
de caso de que tenha conhecimento de mãe ou gestante
Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congê-
interessada em entregar seu filho para adoção:
nere classificado pelo órgão competente como ina-
dequado às crianças ou adolescentes admitidos ao Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00
espetáculo: (três mil reais).
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na Parágrafo único. Incorre na mesma pena o funcionário
reincidência, a autoridade poderá determinar a suspen- de programa oficial ou comunitário destinado à garantia
são do espetáculo ou o fechamento do estabelecimento do direito à convivência familiar que deixa de efetuar a
por até quinze dias. comunicação referida no caput deste artigo.

Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no
de programação em vídeo, em desacordo com a classi- inciso II do art. 81:
ficação atribuída pelo órgão competente: Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em 10.000,00 (dez mil reais);
caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá Medida Administrativa - interdição do estabelecimento
determinar o fechamento do estabelecimento por até comercial até o recolhimento da multa aplicada.
quinze dias.

Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 Disposições Finais e Transitórias
e 79 desta Lei:
Art. 259. A União, no prazo de noventa dias contados
Pena - multa de três a vinte salários de referência, du-
da publicação deste Estatuto, elaborará projeto de lei
plicando-se a pena em caso de reincidência, sem preju-
dispondo sobre a criação ou adaptação de seus órgãos
ízo de apreensão da revista ou publicação.
às diretrizes da política de atendimento fixadas no art.
88 e ao que estabelece o Título V do Livro II.
Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou
o empresário de observar o que dispõe esta Lei sobre o Parágrafo único. Compete aos estados e municípios
acesso de criança ou adolescente aos locais de diver- promoverem a adaptação de seus órgãos e programas
são, ou sobre sua participação no espetáculo: às diretrizes e princípios estabelecidos nesta Lei.
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em
Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações aos
caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá
Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente na-
determinar o fechamento do estabelecimento por até
cional, distrital, estaduais ou municipais, devidamente
quinze dias.
comprovadas, sendo essas integralmente deduzidas do
imposto de renda, obedecidos os seguintes limites:
Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de provi-
denciar a instalação e operacionalização dos cadastros I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devido
previstos no art. 50 e no § 11 do art. 101 desta Lei: apurado pelas pessoas jurídicas tributadas com base no
lucro real; e 
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00
(três mil reais). II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apura-
do pelas pessoas físicas na Declaração de Ajuste Anual,
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a autorida-
observado o disposto no art. 22 da Lei n o 9.532, de 10
de que deixa de efetuar o cadastramento de crianças e
de dezembro de 1997 .
de adolescentes em condições de serem adotadas, de

680
§ 1º - (Revogado pela Lei nº 9.532, de 1997) 2012) (Vide)
§ 1 o -A. Na definição das prioridades a serem aten- III - 3% (três por cento) a partir do exercício de
didas com os recursos captados pelos fundos nacio- 2012. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
nal, estaduais e municipais dos direitos da criança e § 2 o A dedução de que trata o caput :
do adolescente, serão consideradas as disposições do
Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Di- I - está sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do im-
reito de Crianças e Adolescentes à Convivência Fami- posto sobre a renda apurado na declaração de que trata
liar e Comunitária e as do Plano Nacional pela Primeira o inciso II do caput do art. 260;
Infância. II - não se aplica à pessoa física que:
§ 2 o Os conselhos nacional, estaduais e municipais a) utilizar o desconto simplificado;
dos direitos da criança e do adolescente fixarão crité-
rios de utilização, por meio de planos de aplicação, das b) apresentar declaração em formulário; ou 
dotações subsidiadas e demais receitas, aplicando ne- c) entregar a declaração fora do prazo;
cessariamente percentual para incentivo ao acolhimen-
III - só se aplica às doações em espécie; e 
to, sob a forma de guarda, de crianças e adolescentes e
para programas de atenção integral à primeira infância IV - não exclui ou reduz outros benefícios ou deduções
em áreas de maior carência socioeconômica e em situ- em vigor.
ações de calamidade. § 3 o O pagamento da doação deve ser efetuado até a
§ 3º O Departamento da Receita Federal, do Ministério data de vencimento da primeira quota ou quota única do
da Economia, Fazenda e Planejamento, regulamentará imposto, observadas instruções específicas da Secreta-
a comprovação das doações feitas aos fundos, nos ter- ria da Receita Federal do Brasil.
mos deste artigo. § 4 o O não pagamento da doação no prazo estabele-
§ 4º O Ministério Público determinará em cada comarca cido no § 3 o implica a glosa definitiva desta parcela
a forma de fiscalização da aplicação, pelo Fundo Mu- de dedução, ficando a pessoa física obrigada ao reco-
nicipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, dos lhimento da diferença de imposto devido apurado na
incentivos fiscais referidos neste artigo. Declaração de Ajuste Anual com os acréscimos legais
previstos na legislação.
§ 5 o Observado o disposto no § 4 o do art. 3 o da Lei
n o 9.249, de 26 de dezembro de 1995 , a dedução de § 5 o A pessoa física poderá deduzir do imposto apu-
que trata o inciso I do caput : rado na Declaração de Ajuste Anual as doações feitas,
no respectivo ano-calendário, aos fundos controlados
I - será considerada isoladamente, não se submetendo
pelos Conselhos dos Direitos da Criança e do Ado-
a limite em conjunto com outras deduções do imposto;
lescente municipais, distrital, estaduais e nacional

concomitantemente com a opção de que trata o caput ,
II - não poderá ser computada como despesa operacio- respeitado o limite previsto no inciso II do art. 260.
nal na apuração do lucro real.
Art. 260-B. A doação de que trata o inciso I do art. 260
Art. 260-A. A partir do exercício de 2010, ano-calendá- poderá ser deduzida:
rio de 2009, a pessoa física poderá optar pela doação
I - do imposto devido no trimestre, para as pessoas jurí-
de que trata o inciso II do caput do art. 260 diretamente
dicas que apuram o imposto trimestralmente; e 
em sua Declaração de Ajuste Anual.
II - do imposto devido mensalmente e no ajuste anual,
§ 1 o A doação de que trata o caput poderá ser de-
para as pessoas jurídicas que apuram o imposto anu-
duzida até os seguintes percentuais aplicados sobre o
almente.
imposto apurado na declaração: (Incluído pela Lei nº
12.594, de 2012) (Vide) Parágrafo único. A doação deverá ser efetuada dentro
do período a que se refere a apuração do imposto.
I - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.594, de
2012) (Vide)
Art. 260-C. As doações de que trata o art. 260 desta Lei
II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.594, de podem ser efetuadas em espécie ou em bens.

681
Parágrafo único. As doações efetuadas em espécie de- Art. 260-F. Os documentos a que se referem os arts.
vem ser depositadas em conta específica, em instituição 260-D e 260-E devem ser mantidos pelo contribuinte
financeira pública, vinculadas aos respectivos fundos por um prazo de 5 (cinco) anos para fins de compro-
de que trata o art. 260. vação da dedução perante a Receita Federal do Brasil.

Art. 260-D. Os órgãos responsáveis pela administração Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela administração
das contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do das contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do
Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais
devem emitir recibo em favor do doador, assinado por devem:
pessoa competente e pelo presidente do Conselho cor- I - manter conta bancária específica destinada exclusi-
respondente, especificando: vamente a gerir os recursos do Fundo;
I - número de ordem; II - manter controle das doações recebidas; e 
II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) III - informar anualmente à Secretaria da Receita Federal
e endereço do emitente; do Brasil as doações recebidas mês a mês, identifican-
III - nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) do os seguintes dados por doador:
do doador; a) nome, CNPJ ou CPF;
IV - data da doação e valor efetivamente recebido; e  b) valor doado, especificando se a doação foi em espé-
V - ano-calendário a que se refere a doação. cie ou em bens.
§ 1 o O comprovante de que trata o caput deste artigo
pode ser emitido anualmente, desde que discrimine os Art. 260-H. Em caso de descumprimento das obriga-
valores doados mês a mês. ções previstas no art. 260-G, a Secretaria da Receita
Federal do Brasil dará conhecimento do fato ao Minis-
§ 2 o No caso de doação em bens, o comprovante deve tério Público.
conter a identificação dos bens, mediante descrição em
campo próprio ou em relação anexa ao comprovante, Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do
informando também se houve avaliação, o nome, CPF Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais
ou CNPJ e endereço dos avaliadores. divulgarão amplamente à comunidade:

Art. 260-E. Na hipótese da doação em bens, o doador I - o calendário de suas reuniões;


deverá: II - as ações prioritárias para aplicação das políticas de
I - comprovar a propriedade dos bens, mediante docu- atendimento à criança e ao adolescente;
mentação hábil; III - os requisitos para a apresentação de projetos a
II - baixar os bens doados na declaração de bens e di- serem beneficiados com recursos dos Fundos dos Di-
reitos, quando se tratar de pessoa física, e na escritura- reitos da Criança e do Adolescente nacional, estaduais,
ção, no caso de pessoa jurídica; e  distrital ou municipais;

III - considerar como valor dos bens doados: IV - a relação dos projetos aprovados em cada ano-ca-
lendário e o valor dos recursos previstos para imple-
a) para as pessoas físicas, o valor constante da última mentação das ações, por projeto;
declaração do imposto de renda, desde que não exceda
o valor de mercado; V - o total dos recursos recebidos e a respectiva des-
tinação, por projeto atendido, inclusive com cadastra-
b) para as pessoas jurídicas, o valor contábil dos bens. mento na base de dados do Sistema de Informações
Parágrafo único. O preço obtido em caso de leilão não sobre a Infância e a Adolescência; e 
será considerado na determinação do valor dos bens VI - a avaliação dos resultados dos projetos beneficia-
doados, exceto se o leilão for determinado por autori- dos com recursos dos Fundos dos Direitos da Criança
dade judiciária. e do Adolescente nacional, estaduais, distrital e muni-
cipais.

682
Art. 260-J. O Ministério Público determinará, em cada arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar
Comarca, a forma de fiscalização da aplicação dos in- imediato socorro à vítima, não procura dimi-
centivos fiscais referidos no art. 260 desta Lei. nuir as conseqüências do seu ato, ou foge
para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso
Parágrafo único. O descumprimento do disposto nos
o homicídio, a pena é aumentada de um terço,
arts. 260-G e 260-I sujeitará os infratores a responder
se o crime é praticado contra pessoa menor
por ação judicial proposta pelo Ministério Público, que
de catorze anos.
poderá atuar de ofício, a requerimento ou representação
de qualquer cidadão.
2) Art. 129 ....................................................
...........
Art. 260-K. A Secretaria de Direitos Humanos da Pre-
sidência da República (SDH/PR) encaminhará à Secre- § 7º Aumenta-se a pena de um terço, se ocor-
taria da Receita Federal do Brasil, até 31 de outubro de rer qualquer das hipóteses do art. 121, § 4º.
cada ano, arquivo eletrônico contendo a relação atuali- § 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no
zada dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adoles- § 5º do art. 121.
cente nacional, distrital, estaduais e municipais, com
a indicação dos respectivos números de inscrição no
3) Art. 136.....................................................
CNPJ e das contas bancárias específicas mantidas em
............
instituições financeiras públicas, destinadas exclusiva-
mente a gerir os recursos dos Fundos. § 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o
crime é praticado contra pessoa menor de
Art. 260-L. A Secretaria da Receita Federal do Brasil catorze anos.
expedirá as instruções necessárias à aplicação do dis-
posto nos arts. 260 a 260-K. 4) Art. 213 ....................................................
..............
Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos direitos Parágrafo único. Se a ofendida é menor de
da criança e do adolescente, os registros, inscrições e catorze anos:
alterações a que se referem os arts. 90, parágrafo único,
e 91 desta Lei serão efetuados perante a autoridade ju- Pena - reclusão de quatro a dez anos.
diciária da comarca a que pertencer a entidade.
5) Art. 214.....................................................
Parágrafo único. A União fica autorizada a repassar aos ..............
estados e municípios, e os estados aos municípios, os
recursos referentes aos programas e atividades previs- Parágrafo único. Se o ofendido é menor de
tos nesta Lei, tão logo estejam criados os conselhos catorze anos:
dos direitos da criança e do adolescente nos seus res- Pena - reclusão de três a nove anos.»
pectivos níveis.
Art. 264. O art. 102 da Lei n.º 6.015, de 31 de dezembro
Art. 262. Enquanto não instalados os Conselhos Tute- de 1973 , fica acrescido do seguinte item:
lares, as atribuições a eles conferidas serão exercidas
“Art. 102 .......................................................
pela autoridade judiciária.
.............
Art. 263. O Decreto-Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de 6º) a perda e a suspensão do pátrio poder. “
1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes
alterações: Art. 265. A Imprensa Nacional e demais gráficas da
União, da administração direta ou indireta, inclusive
1) Art. 121 ....................................................
fundações instituídas e mantidas pelo poder público fe-
........
deral promoverão edição popular do texto integral deste
§ 4º No homicídio culposo, a pena é au- Estatuto, que será posto à disposição das escolas e das
mentada de um terço, se o crime resulta de entidades de atendimento e de defesa dos direitos da
inobservância de regra técnica de profissão, criança e do adolescente.

683
Art. 265-A. O poder público fará periodicamente ampla I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às au-
divulgação dos direitos da criança e do adolescente nos toridades fazendárias;
meios de comunicação social.
II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos
Parágrafo único. A divulgação a que se refere inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza,
o  caput será veiculada em linguagem clara, compre- em documento ou livro exigido pela lei fiscal;
ensível e adequada a crianças e adolescentes, especial-
III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata,
mente às crianças com idade inferior a 6 (seis) anos.
nota de venda, ou qualquer outro documento relativo
à operação tributável;
Art. 266. Esta Lei entra em vigor noventa dias após sua
publicação. IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar docu-
mento que saiba ou deva saber falso ou inexato;
Parágrafo único. Durante o período de vacância deverão
ser promovidas atividades e campanhas de divulgação V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório,
e esclarecimentos acerca do disposto nesta Lei. nota fiscal ou documento equivalente, relativa a venda
de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente re-
Art. 267. Revogam-se as Leis n.º 4.513, de 1964 , alizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação.
e 6.697, de 10 de outubro de 1979 (Código de Meno- Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
res), e as demais disposições em contrário.
Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência
da autoridade, no prazo de 10 (dez) dias, que poderá
Brasília, 13 de julho de 1990; 169º da Independência e
ser convertido em horas em razão da maior ou menor
102º da República.
complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao
atendimento da exigência, caracteriza a infração previs-
Este texto não substitui o publicado no DOU 16.7.1990
ta no inciso V.
e retificado em 27.9.1990
Art. 2° Constitui crime da mesma natureza:
LEI DOS CRIMES CONTRA A I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre ren-
ORDEM TRIBUTÁRIA - Lei nº 8.137, das, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para exi-
mir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo;
de 27 de dezembro de 1990.
II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo
Define crimes contra a ordem tributária, econômi- ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na
ca e contra as relações de consumo, e dá outras qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria
providências. recolher aos cofres públicos;
III - exigir, pagar ou receber, para si ou para o contri-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o buinte beneficiário, qualquer percentagem sobre a par-
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte cela dedutível ou deduzida de imposto ou de contribui-
lei: ção como incentivo fiscal;
IV - deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o
CAPÍTULO I estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto libe-
Dos Crimes Contra a Ordem Tributária radas por órgão ou entidade de desenvolvimento;
V - utilizar ou divulgar programa de processamento
Seção I de dados que permita ao sujeito passivo da obrigação
Dos crimes praticados por particulares tributária possuir informação contábil diversa daquela
que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública.
Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária supri- Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
mir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer multa.
acessório, mediante as seguintes condutas:
Seção II

684
Dos crimes praticados b) ao controle regionalizado do mercado por empresa
por funcionários públicos ou grupo de empresas;
c) ao controle, em detrimento da concorrência, de rede
Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tri- de distribuição ou de fornecedores.
butária, além dos previstos no Decreto-Lei n° 2.848, Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e multa.
de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal (Título XI,
III - (revogado);
Capítulo I):
IV - (revogado);
I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer
documento, de que tenha a guarda em razão da função; V - (revogado);
sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou parcialmente, acar- VI - (revogado);
retando pagamento indevido ou inexato de tributo ou
contribuição social; VII - (revogado).
II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem,
Art. 5º - Revogado.
direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, van-
Art. 6º - Revogado.
tagem indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem,
para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição
Art. 7° Constitui crime contra as relações de consumo:
social, ou cobrá-los parcialmente. Pena - reclusão, de 3
(três) a 8 (oito) anos, e multa. I - favorecer ou preferir, sem justa causa, comprador ou
freguês, ressalvados os sistemas de entrega ao consu-
III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse priva-
mo por intermédio de distribuidores ou revendedores;
do perante a administração fazendária, valendo-se da
qualidade de funcionário público. Pena - reclusão, de 1 II - vender ou expor à venda mercadoria cuja embala-
(um) a 4 (quatro) anos, e multa. gem, tipo, especificação, peso ou composição esteja
em desacordo com as prescrições legais, ou que não
CAPÍTULO II corresponda à respectiva classificação oficial;
Dos crimes Contra a Economia III - misturar gêneros e mercadorias de espécies di-
e as Relações de Consumo ferentes, para vendê-los ou expô-los à venda como
puros; misturar gêneros e mercadorias de qualidades
desiguais para vendê-los ou expô-los à venda por pre-
Art. 4° Constitui crime contra a ordem econômica:
ço estabelecido para os demais mais alto custo;
I - abusar do poder econômico, dominando o mercado
IV - fraudar preços por meio de:
ou eliminando, total ou parcialmente, a concorrência
mediante qualquer forma de ajuste ou acordo de em- a) alteração, sem modificação essencial ou de qua-
presas; lidade, de elementos tais como denominação, sinal
externo, marca, embalagem, especificação técnica, des-
a) (revogada);
crição, volume, peso, pintura ou acabamento de bem
b) (revogada); ou serviço;
c) (revogada); b) divisão em partes de bem ou serviço, habitualmente
d) (revogada); oferecido à venda em conjunto;

e) (revogada); c) junção de bens ou serviços, comumente oferecidos à


venda em separado;
f) (revogada);
d) aviso de inclusão de insumo não empregado na pro-
II - formar acordo, convênio, ajuste ou aliança entre dução do bem ou na prestação dos serviços;
ofertantes, visando:
V - elevar o valor cobrado nas vendas a prazo de bens
a) à fixação artificial de preços ou quantidades vendidas ou serviços, mediante a exigência de comissão ou de
ou produzidas; taxa de juros ilegais;

685
VI - sonegar insumos ou bens, recusando-se a ven- CAPÍTULO IV
dê-los a quem pretenda comprá-los nas condições Das Disposições Gerais
publicamente ofertadas, ou retê-los para o fim de es-
peculação;
Art. 11. Quem, de qualquer modo, inclusive por meio de
VII - induzir o consumidor ou usuário a erro, por via pessoa jurídica, concorre para os crimes definidos nes-
de indicação ou afirmação falsa ou enganosa sobre a ta lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida
natureza, qualidade do bem ou serviço, utilizando-se de sua culpabilidade.
de qualquer meio, inclusive a veiculação ou divulgação
publicitária; Parágrafo único. Quando a venda ao consumidor for
efetuada por sistema de entrega ao consumo ou por
VIII - destruir, inutilizar ou danificar matéria-prima ou intermédio de outro em que o preço ao consumidor é
mercadoria, com o fim de provocar alta de preço, em estabelecido ou sugerido pelo fabricante ou conceden-
proveito próprio ou de terceiros; te, o ato por este praticado não alcança o distribuidor
IX - vender, ter em depósito para vender ou expor à ou revendedor.
venda ou, de qualquer forma, entregar matéria-prima
ou mercadoria, em condições impróprias ao consumo; Art. 12. São circunstâncias que podem agravar de 1/3
(um terço) até a metade as penas previstas nos arts. 1°,
Pena - detenção, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou multa.
2° e 4° a 7°:
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II, III e IX
I - ocasionar grave dano à coletividade;
pune-se a modalidade culposa, reduzindo-se a pena e a
detenção de 1/3 (um terço) ou a de multa à quinta parte. II - ser o crime cometido por servidor público no exer-
cício de suas funções;
CAPÍTULO III III - ser o crime praticado em relação à prestação de servi-
Das Multas ços ou ao comércio de bens essenciais à vida ou à saúde.

Art. 13. (Vetado).
Art. 8° Nos crimes definidos nos arts. 1° a 3° desta lei,
a pena de multa será fixada entre 10 (dez) e 360 (trezen-
tos e sessenta) dias-multa, conforme seja necessário e Art. 14. (Revogado pela Lei nº 8.383, de 30.12.1991)
suficiente para reprovação e prevenção do crime.
Art. 15. Os crimes previstos nesta lei são de ação penal
Parágrafo único. O dia-multa será fixado pelo juiz em pública, aplicando-se-lhes o disposto no art. 100 do
valor não inferior a 14 (quatorze) nem superior a 200 Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Có-
(duzentos) Bônus do Tesouro Nacional BTN. digo Penal.

Art. 9° A pena de detenção ou reclusão poderá ser con- Art. 16. Qualquer pessoa poderá provocar a iniciativa
vertida em multa de valor equivalente a: do Ministério Público nos crimes descritos nesta lei,
I - 200.000 (duzentos mil) até 5.000.000 (cinco mi- fornecendo-lhe por escrito informações sobre o fato e
lhões) de BTN, nos crimes definidos no art. 4°; a autoria, bem como indicando o tempo, o lugar e os
elementos de convicção.
II - 5.000 (cinco mil) até 200.000 (duzentos mil) BTN,
nos crimes definidos nos arts. 5° e 6°; Parágrafo único. Nos crimes previstos nesta Lei, co-
metidos em quadrilha ou co-autoria, o co-autor ou
III - 50.000 (cinqüenta mil) até 1.000.000 (um milhão
partícipe que através de confissão espontânea revelar
de BTN), nos crimes definidos no art. 7°.
à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa
terá a sua pena reduzida de um a dois terços.
Art. 10. Caso o juiz, considerado o ganho ilícito e a si-
tuação econômica do réu, verifique a insuficiência ou
Art. 17. Compete ao Departamento Nacional de Abaste-
excessiva onerosidade das penas pecuniárias previstas
cimento e Preços, quando e se necessário, providenciar
nesta lei, poderá diminuí-las até a décima parte ou ele-
a desapropriação de estoques, a fim de evitar crise no
vá-las ao décuplo.
mercado ou colapso no abastecimento.

686
Art. 18. (Revogado pela Lei nº 8.176, de 8.2.1991)
LEI DOS CRIMES HEDIONDOS - Lei
Art. 19. O caput do art. 172 do Decreto-Lei n° 2.848, de nº 8.072, de 25 de julho de 1990.
7 de dezembro de 1940 - Código Penal, passa a ter a
seguinte redação: Dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do
“Art. 172. Emitir fatura, duplicata ou nota de art. 5º, inciso XLIII, da Constituição Federal, e de-
venda que não corresponda à mercadoria termina outras providências.
vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao
serviço prestado. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, lei:
e multa”.
Art. 1º São considerados hediondos os seguintes cri-
Art. 20. O § 1° do art. 316 do Decreto-Lei n° 2 848, mes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7
de 7 de dezembro de 1940 Código Penal, passa a ter a de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou
seguinte redação: tentados:

“Art. 316. ..................................................... I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade


....... típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por
um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º,
§ 1° Se o funcionário exige tributo ou con- incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII); (Redação dada
tribuição social que sabe ou deveria saber pela Lei nº 13.964, de 2019)
indevido, ou, quando devido, emprega na
cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art.
não autoriza; 129, § 2º) e lesão corporal seguida de morte (art. 129,
§ 3º), quando praticadas contra autoridade ou agente
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal,
e multa”. integrantes do sistema prisional e da Força Nacional
de Segurança Pública, no exercício da função ou em
Art. 21. O art. 318 do Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro
dezembro de 1940 Código Penal, quanto à fixação da ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão
pena, passa a ter a seguinte redação: dessa condição;
II - roubo: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de
“Art. 318. .....................................................
2019)
.......
a) circunstanciado pela restrição de liberdade da ví-
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos,
tima (art. 157, § 2º, inciso V); (Incluído pela Lei nº
e multa”.
13.964, de 2019)
Art. 22. Esta lei entra em vigor na data de sua publi- b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art.
cação. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de arma de fogo
de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B); (Incluído
Art. 23. Revogam-se as disposições em contrário e, em pela Lei nº 13.964, de 2019)
especial, o art. 279 do Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou
dezembro de 1940 - Código Penal. morte (art. 157, § 3º); (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)
Brasília, 27 de dezembro de 1990; 169° da Independên-
cia e 102° da República. III - extorsão qualificada pela restrição da liberdade da
vítima, ocorrência de lesão corporal ou morte (art. 158,
§ 3º); (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
Este texto não substitui o publicado no DOU de
28.12.1990 IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada

687
(art. 159, caput, e §§ lo, 2º e 3º); da inicialmente em regime fechado.
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1º e 2º); § 2º (Revogado pela Lei nº 13.964, de 2019)
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1º, § 3º Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá
2º, 3º e 4º); fundamentadamente se o réu poderá apelar em liber-
dade.
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º).
§ 4º A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei
VII-A – (VETADO)
no 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias,
de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais prorrogável por igual período em caso de extrema e
(art. 273, caput e § 1º, § 1º-A e § 1º-B, com a redação comprovada necessidade.
dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998).
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma Art. 3º A União manterá estabelecimentos penais, de
de exploração sexual de criança ou adolescente ou de segurança máxima, destinados ao cumprimento de pe-
vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º). nas impostas a condenados de alta periculosidade, cuja
permanência em presídios estaduais ponha em risco a
IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de ordem ou incolumidade pública.
artefato análogo que cause perigo comum (art. 155, §
4º-A). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 4º (Vetado).
Parágrafo único. Consideram-se também hediondos,
tentados ou consumados: (Redação dada pela Lei nº Art. 5º Ao art. 83 do Código Penal é acrescido o se-
13.964, de 2019) guinte inciso:
I - o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da “Art. 83. ........................................................
Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956; (Incluído pela
V - cumprido mais de dois terços da pena,
Lei nº 13.964, de 2019)
nos casos de condenação por crime hedion-
II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de do, prática da tortura, tráfico ilícito de entor-
uso proibido, previsto no art. 16 da Lei nº 10.826, de 22 pecentes e drogas afins, e terrorismo, se o
de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, apenado não for reincidente específico em
de 2019) crimes dessa natureza.”
III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo, pre-
visto no art. 17 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de Art. 6º Os arts. 157, § 3º; 159, caput e seus §§ 1º, 2º
2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) e 3º; 213; 214; 223, caput e seu parágrafo único; 267,
caput e 270; caput, todos do Código Penal, passam a
IV - o crime de tráfico internacional de arma de fogo, vigorar com a seguinte redação:
acessório ou munição, previsto no art. 18 da Lei nº
10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela “Art. 157. ......................................................
Lei nº 13.964, de 2019) § 3º Se da violência resulta lesão corporal
V - o crime de organização criminosa, quando direcio- grave, a pena é de reclusão, de cinco a quinze
nado à prática de crime hediondo ou equiparado. (In- anos, além da multa; se resulta morte, a re-
cluído pela Lei nº 13.964, de 2019) clusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo
da multa.
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfi- Art. 159. .........................................................
co ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
são insuscetíveis de:
§ 1º ..............................................................
I - anistia, graça e indulto;
Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
II - fiança.
§ 2º .............................................................
§ 1º A pena por crime previsto neste artigo será cumpri-
....

688
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro § 4º Se o crime é cometido por quadrilha ou
anos. bando, o co-autor que denunciá-lo à autori-
dade, facilitando a libertação do seqüestrado,
§ 3º .............................................................
terá sua pena reduzida de um a dois terços.»
....
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena pre-
anos. vista no art. 288 do Código Penal, quando se tratar de
.................................................................... crimes hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de
.... entorpecentes e drogas afins ou terrorismo.
Art. 213. ...................................................... Parágrafo único. O participante e o associado que de-
......... nunciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibili-
tando seu desmantelamento, terá a pena reduzida de um
Pena - reclusão, de seis a dez anos. a dois terços.
Art. 214. ......................................................
......... Art. 9º As penas fixadas no art. 6º para os crimes ca-
Pena - reclusão, de seis a dez anos. pitulados nos arts. 157, § 3º, 158, § 2º, 159, caput e
seus §§ 1º, 2º e 3º, 213, caput e sua combinação com
.................................................................... o art. 223, caput e parágrafo único, 214 e sua combi-
.... nação com o art. 223, caput e parágrafo único, todos
Art. 223. ...................................................... do Código Penal, são acrescidas de metade, respeitado
......... o limite superior de trinta anos de reclusão, estando
a vítima em qualquer das hipóteses referidas no art.
Pena - reclusão, de oito a doze anos. 224 também do Código Penal.
Parágrafo único. ...........................................
............. Art. 10. O art. 35 da Lei nº 6.368, de 21 de
outubro de 1976, passa a vigorar acrescido
Pena - reclusão, de doze a vinte e cinco anos.
de parágrafo único, com a seguinte redação:
....................................................................
“Art. 35. .......................................................
....
.........
Art. 267. ......................................................
Parágrafo único. Os prazos procedimentais
.........
deste capítulo serão contados em dobro
Pena - reclusão, de dez a quinze anos. quando se tratar dos crimes previstos nos
.................................................................... arts. 12, 13 e 14.”
....
Art. 11. (Vetado).
Art. 270. ......................................................
.........
Art. 12. Esta lei entra em vigor na data de sua publi-
Pena - reclusão, de dez a quinze anos. cação.
....................................................................
...” Art. 13. Revogam-se as disposições em contrário.

Art. 7º Ao art. 159 do Código Penal fica acrescido o Brasília, 25 de julho de 1990; 169º da Independência e
seguinte parágrafo: 102º da República.

“Art. 159. ..................................................... Este texto não substitui o publicado no DOU de


......... 26.7.1990
....................................................................
....

689
II - dos títulos executivos extrajudiciais, no valor de até
LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS quarenta vezes o salário mínimo, observado o disposto
CÍVEIS E CRIMINAIS - Lei nº 9.099, no § 1º do art. 8º desta Lei.
de 26 de setembro de 1995. § 2º Ficam excluídas da competência do Juizado Espe-
cial as causas de natureza alimentar, falimentar, fiscal e
Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Cri- de interesse da Fazenda Pública, e também as relativas
minais e dá outras providências. a acidentes de trabalho, a resíduos e ao estado e capa-
cidade das pessoas, ainda que de cunho patrimonial.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o § 3º A opção pelo procedimento previsto nesta Lei
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte importará em renúncia ao crédito excedente ao limite
Lei: estabelecido neste artigo, excetuada a hipótese de con-
ciliação.
CAPÍTULO I
Disposições Gerais Art. 4º É competente, para as causas previstas nesta Lei,
o Juizado do foro:
Art. 1º Os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, ór- I - do domicílio do réu ou, a critério do autor, do local
gãos da Justiça Ordinária, serão criados pela União, onde aquele exerça atividades profissionais ou eco-
no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, nômicas ou mantenha estabelecimento, filial, agência,
para conciliação, processo, julgamento e execução, nas sucursal ou escritório;
causas de sua competência. II - do lugar onde a obrigação deva ser satisfeita;

Art. 2º O processo orientar-se-á pelos critérios da ora- III - do domicílio do autor ou do local do ato ou fato,
lidade, simplicidade, informalidade, economia proces- nas ações para reparação de dano de qualquer natureza.
sual e celeridade, buscando, sempre que possível, a Parágrafo único. Em qualquer hipótese, poderá a ação
conciliação ou a transação. ser proposta no foro previsto no inciso I deste artigo.

Capítulo II Seção II
Dos Juizados Especiais Cíveis Do Juiz, dos Conciliadores
e dos Juízes Leigos
Seção I
Da Competência Art. 5º O Juiz dirigirá o processo com liberdade para
determinar as provas a serem produzidas, para apreci-
á-las e para dar especial valor às regras de experiência
Art. 3º O Juizado Especial Cível tem competência para
comum ou técnica.
conciliação, processo e julgamento das causas cíveis
de menor complexidade, assim consideradas:
Art. 6º O Juiz adotará em cada caso a decisão que re-
I - as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o putar mais justa e equânime, atendendo aos fins sociais
salário mínimo; da lei e às exigências do bem comum.
II - as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de
Processo Civil; Art. 7º Os conciliadores e Juízes leigos são auxiliares
da Justiça, recrutados, os primeiros, preferentemente,
III - a ação de despejo para uso próprio; entre os bacharéis em Direito, e os segundos, entre ad-
IV - as ações possessórias sobre bens imóveis de valor vogados com mais de cinco anos de experiência.
não excedente ao fixado no inciso I deste artigo. Parágrafo único. Os Juízes leigos ficarão impedidos
§ 1º Compete ao Juizado Especial promover a execução: de exercer a advocacia perante os Juizados Especiais,
enquanto no desempenho de suas funções.
I - dos seus julgados;

690
Seção III de intervenção de terceiro nem de assistência. Admitir-
Das Partes -se-á o litisconsórcio.

Art. 11. O Ministério Público intervirá nos casos pre-


Art. 8º Não poderão ser partes, no processo instituído vistos em lei.
por esta Lei, o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas
de direito público, as empresas públicas da União, a
massa falida e o insolvente civil. Seção IV
Dos atos processuais
§ 1º Somente serão admitidas a propor ação perante o
Juizado Especial:
Art. 12. Os atos processuais serão públicos e poderão
I - as pessoas físicas capazes, excluídos os cessioná- realizar-se em horário noturno, conforme dispuserem
rios de direito de pessoas jurídicas; as normas de organização judiciária.
II - as pessoas enquadradas como microempreendedo-
res individuais, microempresas e empresas de pequeno Art. 12-A. Na contagem de prazo em dias, estabeleci-
porte na forma da Lei Complementar no 123, de 14 de do por lei ou pelo juiz, para a prática de qualquer ato
dezembro de 2006; processual, inclusive para a interposição de recursos,
computar-se-ão somente os dias úteis.
III - as pessoas jurídicas qualificadas como Organiza-
ção da Sociedade Civil de Interesse Público, nos ter-
mos da Lei no 9.790, de 23 de março de 1999; Art. 13. Os atos processuais serão válidos sempre que
preencherem as finalidades para as quais forem reali-
IV - as sociedades de crédito ao microempreendedor, zados, atendidos os critérios indicados no art. 2º desta
nos termos do art. 1º da Lei no 10.194, de 14 de feve- Lei.
reiro de 2001.
§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que
§ 2º O maior de dezoito anos poderá ser autor, inde- tenha havido prejuízo.
pendentemente de assistência, inclusive para fins de
conciliação. § 2º A prática de atos processuais em outras comarcas
poderá ser solicitada por qualquer meio idôneo de co-
municação.
Art. 9º Nas causas de valor até vinte salários mínimos,
as partes comparecerão pessoalmente, podendo ser § 3º Apenas os atos considerados essenciais serão re-
assistidas por advogado; nas de valor superior, a assis- gistrados resumidamente, em notas manuscritas, dati-
tência é obrigatória. lografadas, taquigrafadas ou estenotipadas. Os demais
atos poderão ser gravados em fita magnética ou equi-
§ 1º Sendo facultativa a assistência, se uma das par-
valente, que será inutilizada após o trânsito em julgado
tes comparecer assistida por advogado, ou se o réu for
da decisão.
pessoa jurídica ou firma individual, terá a outra parte,
se quiser, assistência judiciária prestada por órgão ins- § 4º As normas locais disporão sobre a conservação
tituído junto ao Juizado Especial, na forma da lei local. das peças do processo e demais documentos que o
instruem.
§ 2º O Juiz alertará as partes da conveniência do pa-
trocínio por advogado, quando a causa o recomendar.
Seção V
§ 3º O mandato ao advogado poderá ser verbal, salvo
quanto aos poderes especiais.
Do pedido
§ 4º O réu, sendo pessoa jurídica ou titular de firma
Art. 14. O processo instaurar-se-á com a apresentação
individual, poderá ser representado por preposto cre-
do pedido, escrito ou oral, à Secretaria do Juizado.
denciado, munido de carta de preposição com poderes
para transigir, sem haver necessidade de vínculo em- § 1º Do pedido constarão, de forma simples e em lin-
pregatício. guagem acessível:
I - o nome, a qualificação e o endereço das partes;
Art. 10. Não se admitirá, no processo, qualquer forma

691
II - os fatos e os fundamentos, de forma sucinta; Art. 19. As intimações serão feitas na forma prevista
para citação, ou por qualquer outro meio idôneo de
III - o objeto e seu valor.
comunicação.
§ 2º É lícito formular pedido genérico quando não for
§ 1º Dos atos praticados na audiência, considerar-se-ão
possível determinar, desde logo, a extensão da obriga-
desde logo cientes as partes.
ção.
§ 2º As partes comunicarão ao juízo as mudanças de
§ 3º O pedido oral será reduzido a escrito pela Secre-
endereço ocorridas no curso do processo, reputando-
taria do Juizado, podendo ser utilizado o sistema de
-se eficazes as intimações enviadas ao local anterior-
fichas ou formulários impressos.
mente indicado, na ausência da comunicação.
Art. 15. Os pedidos mencionados no art. 3º desta Lei
poderão ser alternativos ou cumulados; nesta última Seção VII
hipótese, desde que conexos e a soma não ultrapasse o Da Revelia
limite fixado naquele dispositivo.
Art. 20. Não comparecendo o demandado à sessão de
Art. 16. Registrado o pedido, independentemente de conciliação ou à audiência de instrução e julgamento,
distribuição e autuação, a Secretaria do Juizado desig- reputar-se-ão verdadeiros os fatos alegados no pedido
nará a sessão de conciliação, a realizar-se no prazo de inicial, salvo se o contrário resultar da convicção do
quinze dias. Juiz.

Art. 17. Comparecendo inicialmente ambas as partes,


Seção VIII
instaurar-se-á, desde logo, a sessão de conciliação,
dispensados o registro prévio de pedido e a citação. Da Conciliação e do Juízo Arbitral
Parágrafo único. Havendo pedidos contrapostos, pode-
rá ser dispensada a contestação formal e ambos serão Art. 21. Aberta a sessão, o Juiz togado ou leigo escla-
apreciados na mesma sentença. recerá as partes presentes sobre as vantagens da con-
ciliação, mostrando-lhes os riscos e as conseqüências
do litígio, especialmente quanto ao disposto no § 3º do
Seção VI art. 3º desta Lei.
Das Citações e Intimações
Art. 22. A conciliação será conduzida pelo Juiz togado
Art. 18. A citação far-se-á: ou leigo ou por conciliador sob sua orientação.
I - por correspondência, com aviso de recebimento em Parágrafo único – Revogado.
mão própria; § 1º Obtida a conciliação, esta será reduzida a escri-
II - tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, to e homologada pelo Juiz togado mediante sentença
mediante entrega ao encarregado da recepção, que será com eficácia de título executivo. (Incluído pela Lei nº
obrigatoriamente identificado; 13.994, de 2020).
III - sendo necessário, por oficial de justiça, indepen- § 2º É cabível a conciliação não presencial conduzida
dentemente de mandado ou carta precatória. pelo Juizado mediante o emprego dos recursos tecno-
lógicos disponíveis de transmissão de sons e imagens
§ 1º A citação conterá cópia do pedido inicial, dia e hora
em tempo real, devendo o resultado da tentativa de con-
para comparecimento do citando e advertência de que,
ciliação ser reduzido a escrito com os anexos pertinen-
não comparecendo este, considerar-se-ão verdadeiras
tes. (Incluído pela Lei nº 13.994, de 2020).
as alegações iniciais, e será proferido julgamento, de
plano.
Art. 23. Se o demandado não comparecer ou recusar-se
§ 2º Não se fará citação por edital. a participar da tentativa de conciliação não presencial,
§ 3º O comparecimento espontâneo suprirá a falta ou o Juiz togado proferirá sentença. (Redação dada pela
nulidade da citação. Lei nº 13.994, de 2020)

692
Art. 24. Não obtida a conciliação, as partes poderão ou impedimento do Juiz, que se processará na forma da
optar, de comum acordo, pelo juízo arbitral, na forma legislação em vigor.
prevista nesta Lei.
§ 1º O juízo arbitral considerar-se-á instaurado, inde- Art. 31. Não se admitirá a reconvenção. É lícito ao réu,
pendentemente de termo de compromisso, com a esco- na contestação, formular pedido em seu favor, nos limi-
lha do árbitro pelas partes. Se este não estiver presente, tes do art. 3º desta Lei, desde que fundado nos mesmos
o Juiz convocá-lo-á e designará, de imediato, a data fatos que constituem objeto da controvérsia.
para a audiência de instrução. Parágrafo único. O autor poderá responder ao pedido
§ 2º O árbitro será escolhido dentre os juízes leigos. do réu na própria audiência ou requerer a designação
da nova data, que será desde logo fixada, cientes todos
Art. 25. O árbitro conduzirá o processo com os mesmos os presentes.
critérios do Juiz, na forma dos arts. 5º e 6º desta Lei,
podendo decidir por eqüidade. Seção XI
Das Provas
Art. 26. Ao término da instrução, ou nos cinco dias sub-
seqüentes, o árbitro apresentará o laudo ao Juiz togado Art. 32. Todos os meios de prova moralmente legítimos,
para homologação por sentença irrecorrível. ainda que não especificados em lei, são hábeis para
provar a veracidade dos fatos alegados pelas partes.
Seção IX
Da Instrução e Julgamento Art. 33. Todas as provas serão produzidas na audiência
de instrução e julgamento, ainda que não requeridas
previamente, podendo o Juiz limitar ou excluir as que
Art. 27. Não instituído o juízo arbitral, proceder-se-á
considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias.
imediatamente à audiência de instrução e julgamento,
desde que não resulte prejuízo para a defesa.
Art. 34. As testemunhas, até o máximo de três para
Parágrafo único. Não sendo possível a sua realização cada parte, comparecerão à audiência de instrução e
imediata, será a audiência designada para um dos quin- julgamento levadas pela parte que as tenha arrolado,
ze dias subseqüentes, cientes, desde logo, as partes e independentemente de intimação, ou mediante esta, se
testemunhas eventualmente presentes. assim for requerido.
§ 1º O requerimento para intimação das testemunhas
Art. 28. Na audiência de instrução e julgamento serão
será apresentado à Secretaria no mínimo cinco dias an-
ouvidas as partes, colhida a prova e, em seguida, pro-
tes da audiência de instrução e julgamento.
ferida a sentença.
§ 2º Não comparecendo a testemunha intimada, o Juiz
Art. 29. Serão decididos de plano todos os inciden- poderá determinar sua imediata condução, valendo-se,
tes que possam interferir no regular prosseguimento se necessário, do concurso da força pública.
da audiência. As demais questões serão decididas na
sentença. Art. 35. Quando a prova do fato exigir, o Juiz poderá
inquirir técnicos de sua confiança, permitida às partes a
Parágrafo único. Sobre os documentos apresentados
apresentação de parecer técnico.
por uma das partes, manifestar-se-á imediatamente a
parte contrária, sem interrupção da audiência. Parágrafo único. No curso da audiência, poderá o Juiz,
de ofício ou a requerimento das partes, realizar inspe-
Seção X ção em pessoas ou coisas, ou determinar que o faça
Da Resposta do Réu pessoa de sua confiança, que lhe relatará informalmen-
te o verificado.

Art. 30. A contestação, que será oral ou escrita, conterá Art. 36. A prova oral não será reduzida a escrito, deven-
toda matéria de defesa, exceto argüição de suspeição do a sentença referir, no essencial, os informes trazidos

693
nos depoimentos. desta Lei, correndo por conta do requerente as despe-
sas respectivas.
Art. 37. A instrução poderá ser dirigida por Juiz leigo,
sob a supervisão de Juiz togado. Art. 45. As partes serão intimadas da data da sessão
de julgamento.
Seção XII
Da Sentença Art. 46. O julgamento em segunda instância constará
apenas da ata, com a indicação suficiente do processo,
fundamentação sucinta e parte dispositiva. Se a sen-
Art. 38. A sentença mencionará os elementos de con- tença for confirmada pelos próprios fundamentos, a
vicção do Juiz, com breve resumo dos fatos relevantes súmula do julgamento servirá de acórdão.
ocorridos em audiência, dispensado o relatório.
Parágrafo único. Não se admitirá sentença condenatória Art. 47. (VETADO)
por quantia ilíquida, ainda que genérico o pedido.
Seção XIII
Art. 39. É ineficaz a sentença condenatória na parte que Dos Embargos de Declaração
exceder a alçada estabelecida nesta Lei.

Art. 40. O Juiz leigo que tiver dirigido a instrução pro- Art. 48. Caberão embargos de declaração contra sen-
ferirá sua decisão e imediatamente a submeterá ao Juiz tença ou acórdão nos casos previstos no Código de
togado, que poderá homologá-la, proferir outra em Processo Civil.
substituição ou, antes de se manifestar, determinar a Parágrafo único. Os erros materiais podem ser corrigi-
realização de atos probatórios indispensáveis. dos de ofício.

Art. 41. Da sentença, excetuada a homologatória de Art. 49. Os embargos de declaração serão interpostos
conciliação ou laudo arbitral, caberá recurso para o por escrito ou oralmente, no prazo de cinco dias, conta-
próprio Juizado. dos da ciência da decisão.
§ 1º O recurso será julgado por uma turma composta
por três Juízes togados, em exercício no primeiro grau Art. 50. Os embargos de declaração interrompem o pra-
de jurisdição, reunidos na sede do Juizado. zo para a interposição de recurso.

§ 2º No recurso, as partes serão obrigatoriamente re-


Seção XIV
presentadas por advogado.
Da Extinção do Processo
Art. 42. O recurso será interposto no prazo de dez dias, Sem Julgamento do Mérito
contados da ciência da sentença, por petição escrita,
da qual constarão as razões e o pedido do recorrente. Art. 51. Extingue-se o processo, além dos casos pre-
§ 1º O preparo será feito, independentemente de intima- vistos em lei:
ção, nas quarenta e oito horas seguintes à interposição, I - quando o autor deixar de comparecer a qualquer das
sob pena de deserção. audiências do processo;
§ 2º Após o preparo, a Secretaria intimará o recorrido II - quando inadmissível o procedimento instituído por
para oferecer resposta escrita no prazo de dez dias. esta Lei ou seu prosseguimento, após a conciliação;
III - quando for reconhecida a incompetência territorial;
Art. 43. O recurso terá somente efeito devolutivo, po-
dendo o Juiz dar-lhe efeito suspensivo, para evitar dano IV - quando sobrevier qualquer dos impedimentos pre-
irreparável para a parte. vistos no art. 8º desta Lei;
V - quando, falecido o autor, a habilitação depender de
Art. 44. As partes poderão requerer a transcrição da sentença ou não se der no prazo de trinta dias;
gravação da fita magnética a que alude o § 3º do art. 13

694
VI - quando, falecido o réu, o autor não promover a ci- VII - na alienação forçada dos bens, o Juiz poderá au-
tação dos sucessores no prazo de trinta dias da ciência torizar o devedor, o credor ou terceira pessoa idônea a
do fato. tratar da alienação do bem penhorado, a qual se aper-
feiçoará em juízo até a data fixada para a praça ou leilão.
§ 1º A extinção do processo independerá, em qualquer
Sendo o preço inferior ao da avaliação, as partes serão
hipótese, de prévia intimação pessoal das partes.
ouvidas. Se o pagamento não for à vista, será oferecida
§ 2º No caso do inciso I deste artigo, quando comprovar caução idônea, nos casos de alienação de bem móvel,
que a ausência decorre de força maior, a parte poderá ou hipotecado o imóvel;
ser isentada, pelo Juiz, do pagamento das custas.
VIII - é dispensada a publicação de editais em jornais,
quando se tratar de alienação de bens de pequeno valor;
Seção XV
Da Execução IX - o devedor poderá oferecer embargos, nos autos da
execução, versando sobre:

Art. 52. A execução da sentença processar-se-á no a) falta ou nulidade da citação no processo, se ele cor-
próprio Juizado, aplicando-se, no que couber, o dis- reu à revelia;
posto no Código de Processo Civil, com as seguintes b) manifesto excesso de execução;
alterações:
c) erro de cálculo;
I - as sentenças serão necessariamente líquidas, con-
d) causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obri-
tendo a conversão em Bônus do Tesouro Nacional -
gação, superveniente à sentença.
BTN ou índice equivalente;
II - os cálculos de conversão de índices, de honorários, Art. 53. A execução de título executivo extrajudicial, no
de juros e de outras parcelas serão efetuados por ser- valor de até quarenta salários mínimos, obedecerá ao
vidor judicial; disposto no Código de Processo Civil, com as modifi-
III - a intimação da sentença será feita, sempre que pos- cações introduzidas por esta Lei.
sível, na própria audiência em que for proferida. Nessa § 1º Efetuada a penhora, o devedor será intimado a
intimação, o vencido será instado a cumprir a sentença comparecer à audiência de conciliação, quando poderá
tão logo ocorra seu trânsito em julgado, e advertido dos oferecer embargos (art. 52, IX), por escrito ou verbal-
efeitos do seu descumprimento (inciso V); mente.
IV - não cumprida voluntariamente a sentença transita- § 2º Na audiência, será buscado o meio mais rápido e
da em julgado, e tendo havido solicitação do interessa- eficaz para a solução do litígio, se possível com dispen-
do, que poderá ser verbal, proceder-se-á desde logo à sa da alienação judicial, devendo o conciliador propor,
execução, dispensada nova citação; entre outras medidas cabíveis, o pagamento do débito
V - nos casos de obrigação de entregar, de fazer, ou a prazo ou a prestação, a dação em pagamento ou a
de não fazer, o Juiz, na sentença ou na fase de execu- imediata adjudicação do bem penhorado.
ção, cominará multa diária, arbitrada de acordo com as § 3º Não apresentados os embargos em audiência, ou
condições econômicas do devedor, para a hipótese de julgados improcedentes, qualquer das partes poderá
inadimplemento. Não cumprida a obrigação, o credor requerer ao Juiz a adoção de uma das alternativas do
poderá requerer a elevação da multa ou a transforma- parágrafo anterior.
ção da condenação em perdas e danos, que o Juiz de
§ 4º Não encontrado o devedor ou inexistindo bens
imediato arbitrará, seguindo-se a execução por quantia
penhoráveis, o processo será imediatamente extinto,
certa, incluída a multa vencida de obrigação de dar,
devolvendo-se os documentos ao autor.
quando evidenciada a malícia do devedor na execução
do julgado;
Seção XVI
VI - na obrigação de fazer, o Juiz pode determinar o
Das Despesas
cumprimento por outrem, fixado o valor que o devedor
deve depositar para as despesas, sob pena de multa
diária; Art. 54. O acesso ao Juizado Especial independerá, em

695
primeiro grau de jurisdição, do pagamento de custas, Dos Juizados Especiais Criminais
taxas ou despesas.
Parágrafo único. O preparo do recurso, na forma do Disposições Gerais
§ 1º do art. 42 desta Lei, compreenderá todas as des-
pesas processuais, inclusive aquelas dispensadas em Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes
primeiro grau de jurisdição, ressalvada a hipótese de togados ou togados e leigos, tem competência para a
assistência judiciária gratuita. conciliação, o julgamento e a execução das infrações
penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as re-
Art. 55. A sentença de primeiro grau não condenará o gras de conexão e continência.
vencido em custas e honorários de advogado, ressalva-
Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o ju-
dos os casos de litigância de má-fé. Em segundo grau,
ízo comum ou o tribunal do júri, decorrentes da aplica-
o recorrente, vencido, pagará as custas e honorários de
ção das regras de conexão e continência, observar-se-
advogado, que serão fixados entre dez por cento e vin-
-ão os institutos da transação penal e da composição
te por cento do valor de condenação ou, não havendo
dos danos civis.
condenação, do valor corrigido da causa.
Parágrafo único. Na execução não serão contadas cus- Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor
tas, salvo quando: potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as con-
I - reconhecida a litigância de má-fé; travenções penais e os crimes a que a lei comine pena
máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não
II - improcedentes os embargos do devedor; com multa.
III - tratar-se de execução de sentença que tenha sido
objeto de recurso improvido do devedor. Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orien-
tar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade,
Seção XVII informalidade, economia processual e celeridade, ob-
jetivando, sempre que possível, a reparação dos danos
Disposições Finais
sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa
de liberdade.
Art. 56. Instituído o Juizado Especial, serão implanta-
das as curadorias necessárias e o serviço de assistência Seção I
judiciária.
Da Competência e dos Atos Processuais
Art. 57. O acordo extrajudicial, de qualquer natureza
ou valor, poderá ser homologado, no juízo competente, Art. 63. A competência do Juizado será determinada
independentemente de termo, valendo a sentença como pelo lugar em que foi praticada a infração penal.
título executivo judicial.
Art. 64. Os atos processuais serão públicos e poderão
Parágrafo único. Valerá como título extrajudicial o
realizar-se em horário noturno e em qualquer dia da se-
acordo celebrado pelas partes, por instrumento escri-
mana, conforme dispuserem as normas de organização
to, referendado pelo órgão competente do Ministério
judiciária.
Público.
Art. 65. Os atos processuais serão válidos sempre que
Art. 58. As normas de organização judiciária local po-
preencherem as finalidades para as quais foram reali-
derão estender a conciliação prevista nos arts. 22 e 23
zados, atendidos os critérios indicados no art. 62 desta
a causas não abrangidas por esta Lei.
Lei.
Art. 59. Não se admitirá ação rescisória nas causas su- § 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que
jeitas ao procedimento instituído por esta Lei. tenha havido prejuízo.
§ 2º A prática de atos processuais em outras comar-
Capítulo III cas poderá ser solicitada por qualquer meio hábil de

696
comunicação. liminar, será designada data próxima, da qual ambos
sairão cientes.
§ 3º Serão objeto de registro escrito exclusivamente os
atos havidos por essenciais. Os atos realizados em au-
diência de instrução e julgamento poderão ser gravados Art. 71. Na falta do comparecimento de qualquer dos
em fita magnética ou equivalente. envolvidos, a Secretaria providenciará sua intimação e,
se for o caso, a do responsável civil, na forma dos arts.
67 e 68 desta Lei.
Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Jui-
zado, sempre que possível, ou por mandado.
Art. 72. Na audiência preliminar, presente o represen-
Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser tante do Ministério Público, o autor do fato e a vítima
citado, o Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo e, se possível, o responsável civil, acompanhados por
comum para adoção do procedimento previsto em lei. seus advogados, o Juiz esclarecerá sobre a possibili-
dade da composição dos danos e da aceitação da pro-
Art. 67. A intimação far-se-á por correspondência, com posta de aplicação imediata de pena não privativa de
aviso de recebimento pessoal ou, tratando-se de pes- liberdade.
soa jurídica ou firma individual, mediante entrega ao
encarregado da recepção, que será obrigatoriamente Art. 73. A conciliação será conduzida pelo Juiz ou por
identificado, ou, sendo necessário, por oficial de justi- conciliador sob sua orientação.
ça, independentemente de mandado ou carta precatória,
ou ainda por qualquer meio idôneo de comunicação. Parágrafo único. Os conciliadores são auxiliares da
Justiça, recrutados, na forma da lei local, preferente-
Parágrafo único. Dos atos praticados em audiência mente entre bacharéis em Direito, excluídos os que
considerar-se-ão desde logo cientes as partes, os in- exerçam funções na administração da Justiça Criminal.
teressados e defensores.
Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a
Art. 68. Do ato de intimação do autor do fato e do man- escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença ir-
dado de citação do acusado, constará a necessidade de recorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo
seu comparecimento acompanhado de advogado, com civil competente.
a advertência de que, na sua falta, ser-lhe-á designado
defensor público. Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa
privada ou de ação penal pública condicionada à repre-
sentação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao
Seção II direito de queixa ou representação.
Da Fase Preliminar
Art. 75. Não obtida a composição dos danos civis,
Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento será dada imediatamente ao ofendido a oportunidade
da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o enca- de exercer o direito de representação verbal, que será
minhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato reduzida a termo.
e a vítima, providenciando-se as requisições dos exa- Parágrafo único. O não oferecimento da representação
mes periciais necessários. na audiência preliminar não implica decadência do di-
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura reito, que poderá ser exercido no prazo previsto em lei.
do termo, for imediatamente encaminhado ao juizado
ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime
imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em de ação penal pública incondicionada, não sendo caso
caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, de arquivamento, o Ministério Público poderá propor
como medida de cautela, seu afastamento do lar, domi- a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou
cílio ou local de convivência com a vítima. multas, a ser especificada na proposta.
§ 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única apli-
Art. 70. Comparecendo o autor do fato e a vítima, e não cável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade.
sendo possível a realização imediata da audiência pre-

697
§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado: 66 desta Lei.
I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática § 3º Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá ser
de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença oferecida queixa oral, cabendo ao Juiz verificar se a
definitiva; complexidade e as circunstâncias do caso determinam
a adoção das providências previstas no parágrafo único
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no pra-
do art. 66 desta Lei.
zo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou
multa, nos termos deste artigo;
Art. 78. Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida a
III - não indicarem os antecedentes, a conduta social termo, entregando-se cópia ao acusado, que com ela fi-
e a personalidade do agente, bem como os motivos e cará citado e imediatamente cientificado da designação
as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção de dia e hora para a audiência de instrução e julgamen-
da medida. to, da qual também tomarão ciência o Ministério Públi-
§ 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu de- co, o ofendido, o responsável civil e seus advogados.
fensor, será submetida à apreciação do Juiz. § 1º Se o acusado não estiver presente, será citado na
§ 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita forma dos arts. 66 e 68 desta Lei e cientificado da data
pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva da audiência de instrução e julgamento, devendo a ela
de direitos ou multa, que não importará em reincidên- trazer suas testemunhas ou apresentar requerimento
cia, sendo registrada apenas para impedir novamente o para intimação, no mínimo cinco dias antes de sua
mesmo benefício no prazo de cinco anos. realização.
§ 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a § 2º Não estando presentes o ofendido e o responsável
apelação referida no art. 82 desta Lei. civil, serão intimados nos termos do art. 67 desta Lei
para comparecerem à audiência de instrução e julga-
§ 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste mento.
artigo não constará de certidão de antecedentes crimi-
nais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositi- § 3º As testemunhas arroladas serão intimadas na for-
vo, e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados ma prevista no art. 67 desta Lei.
propor ação cabível no juízo cível.
Art. 79. No dia e hora designados para a audiência de
Seção III instrução e julgamento, se na fase preliminar não tiver
havido possibilidade de tentativa de conciliação e de
Do Procedimento Sumariíssimo oferecimento de proposta pelo Ministério Público, pro-
ceder-se-á nos termos dos arts. 72, 73, 74 e 75 desta
Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não Lei.
houver aplicação de pena, pela ausência do autor do
fato, ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art. Art. 80. Nenhum ato será adiado, determinando o Juiz,
76 desta Lei, o Ministério Público oferecerá ao Juiz, de quando imprescindível, a condução coercitiva de quem
imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de deva comparecer.
diligências imprescindíveis.
§ 1º Para o oferecimento da denúncia, que será ela- Art. 81. Aberta a audiência, será dada a palavra ao de-
borada com base no termo de ocorrência referido no fensor para responder à acusação, após o que o Juiz
art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial, receberá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo re-
prescindir-se-á do exame do corpo de delito quando a cebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de
materialidade do crime estiver aferida por boletim mé- acusação e defesa, interrogando-se a seguir o acusado,
dico ou prova equivalente. se presente, passando-se imediatamente aos debates
orais e à prolação da sentença.
§ 2º Se a complexidade ou circunstâncias do caso não
permitirem a formulação da denúncia, o Ministério Pú- § 1º Todas as provas serão produzidas na audiência
blico poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das de instrução e julgamento, podendo o Juiz limitar ou
peças existentes, na forma do parágrafo único do art. excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou
protelatórias.

698
§ 2º De todo o ocorrido na audiência será lavrado ter- Art. 85. Não efetuado o pagamento de multa, será feita a
mo, assinado pelo Juiz e pelas partes, contendo breve conversão em pena privativa da liberdade, ou restritiva
resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência e de direitos, nos termos previstos em lei.
a sentença.
§ 3º A sentença, dispensado o relatório, mencionará os Art. 86. A execução das penas privativas de liberdade
elementos de convicção do Juiz. e restritivas de direitos, ou de multa cumulada com es-
tas, será processada perante o órgão competente, nos
termos da lei.
Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa
e da sentença caberá apelação, que poderá ser julgada
por turma composta de três Juízes em exercício no pri- Seção V
meiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado. Das Despesas Processuais
§ 1º A apelação será interposta no prazo de dez dias,
contados da ciência da sentença pelo Ministério Públi- Art. 87. Nos casos de homologação do acordo civil e
co, pelo réu e seu defensor, por petição escrita, da qual aplicação de pena restritiva de direitos ou multa (arts.
constarão as razões e o pedido do recorrente. 74 e 76, § 4º), as despesas processuais serão reduzi-
das, conforme dispuser lei estadual.
§ 2º O recorrido será intimado para oferecer resposta
escrita no prazo de dez dias.
Seção VI
§ 3º As partes poderão requerer a transcrição da gra-
vação da fita magnética a que alude o § 3º do art. 65
Disposições Finais
desta Lei.
Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da le-
§ 4º As partes serão intimadas da data da sessão de
gislação especial, dependerá de representação a ação
julgamento pela imprensa.
penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e
§ 5º Se a sentença for confirmada pelos próprios fun- lesões culposas.
damentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão.
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for
Art. 83. Cabem embargos de declaração quando, em igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta
sentença ou acórdão, houver obscuridade, contradição Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, pode-
ou omissão. rá propor a suspensão do processo, por dois a quatro
§ 1º Os embargos de declaração serão opostos por es- anos, desde que o acusado não esteja sendo proces-
crito ou oralmente, no prazo de cinco dias, contados da sado ou não tenha sido condenado por outro crime,
ciência da decisão. presentes os demais requisitos que autorizariam a sus-
pensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
§ 2º Os embargos de declaração interrompem o prazo
para a interposição de recurso. § 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na
presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá
§ 3º Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício. suspender o processo, submetendo o acusado a perío-
do de prova, sob as seguintes condições:
Seção IV I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;
Da Execução
II - proibição de freqüentar determinados lugares;

Art. 84. Aplicada exclusivamente pena de multa, seu III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside,
cumprimento far-se-á mediante pagamento na Secre- sem autorização do Juiz;
taria do Juizado. IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo,
Parágrafo único. Efetuado o pagamento, o Juiz declara- mensalmente, para informar e justificar suas atividades.
rá extinta a punibilidade, determinando que a condena- § 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que
ção não fique constando dos registros criminais, exceto fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao
para fins de requisição judicial. fato e à situação pessoal do acusado.

699
§ 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, Parágrafo único. No prazo de 6 (seis) meses, contado
o beneficiário vier a ser processado por outro crime da publicação desta Lei, serão criados e instalados os
ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do Juizados Especiais Itinerantes, que deverão dirimir,
dano. prioritariamente, os conflitos existentes nas áreas ru-
rais ou nos locais de menor concentração populacional.
§ 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier
a ser processado, no curso do prazo, por contravenção,
ou descumprir qualquer outra condição imposta. Art. 96. Esta Lei entra em vigor no prazo de sessenta
dias após a sua publicação.
§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará
extinta a punibilidade. Art. 97. Ficam revogadas a Lei nº 4.611, de 2 de abril
§ 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de sus- de 1965 e a Lei nº 7.244, de 7 de novembro de 1984.
pensão do processo.
Brasília, 26 de setembro de 1995; 174º da Independên-
§ 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste
cia e 107º da República.
artigo, o processo prosseguirá em seus ulteriores termos.
Este texto não substitui o publicado no DOU de
Art. 90. As disposições desta Lei não se aplicam aos
27.9.1995
processos penais cuja instrução já estiver iniciada.

Art. 90-A. As disposições desta Lei não se aplicam no LEI DE INTERCEPTAÇÃO


âmbito da Justiça Militar. (Artigo incluído pela Lei nº
9.839, de 27.9.1999) TELEFÔNICA - Lei nº 9.296, de 24
de julho de 1996.
Art. 91. Nos casos em que esta Lei passa a exigir re-
presentação para a propositura da ação penal pública, o Regulamenta o inciso XII, parte final, do art. 5º da
ofendido ou seu representante legal será intimado para Constituição Federal.
oferecê-la no prazo de trinta dias, sob pena de deca-
dência. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
Art. 92. Aplicam-se subsidiariamente as disposições Lei:
dos Códigos Penal e de Processo Penal, no que não
forem incompatíveis com esta Lei. Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de
qualquer natureza, para prova em investigação criminal
Capítulo IV e em instrução processual penal, observará o disposto
Disposições Finais Comuns nesta Lei e dependerá de ordem do juiz competente da
ação principal, sob segredo de justiça.

Art. 93. Lei Estadual disporá sobre o Sistema de Jui- Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à in-
zados Especiais Cíveis e Criminais, sua organização, terceptação do fluxo de comunicações em sistemas de
composição e competência. informática e telemática.

Art. 94. Os serviços de cartório poderão ser prestados, Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunica-
e as audiências realizadas fora da sede da Comarca, em ções telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes
bairros ou cidades a ela pertencentes, ocupando insta- hipóteses:
lações de prédios públicos, de acordo com audiências I - não houver indícios razoáveis da autoria ou partici-
previamente anunciadas. pação em infração penal;
II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;
Art. 95. Os Estados, Distrito Federal e Territórios criarão
e instalarão os Juizados Especiais no prazo de seis me- III - o fato investigado constituir infração penal punida,
ses, a contar da vigência desta Lei. no máximo, com pena de detenção.

700
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita de serviço público.
com clareza a situação objeto da investigação, inclusive
com a indicação e qualificação dos investigados, salvo Art. 8° A interceptação de comunicação telefônica, de
impossibilidade manifesta, devidamente justificada. qualquer natureza, ocorrerá em autos apartados, apen-
sados aos autos do inquérito policial ou do processo
Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas criminal, preservando-se o sigilo das diligências, gra-
poderá ser determinada pelo juiz, de ofício ou a reque- vações e transcrições respectivas.
rimento: Parágrafo único. A apensação somente poderá ser rea-
I - da autoridade policial, na investigação criminal; lizada imediatamente antes do relatório da autoridade,
quando se tratar de inquérito policial (Código de Pro-
II - do representante do Ministério Público, na investi-
cesso Penal, art.10, § 1°) ou na conclusão do processo
gação criminal e na instrução processual penal.
ao juiz para o despacho decorrente do disposto nos arts.
407, 502 ou 538 do Código de Processo Penal.
Art. 4° O pedido de interceptação de comunicação tele-
fônica conterá a demonstração de que a sua realização é
Art. 8º-A. Para investigação ou instrução criminal,
necessária à apuração de infração penal, com indicação
poderá ser autorizada pelo juiz, a requerimento da
dos meios a serem empregados.
autoridade policial ou do Ministério Público, a capta-
§ 1° Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o ção ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou
pedido seja formulado verbalmente, desde que estejam acústicos, quando: (Incluído pela Lei nº 13.964, de
presentes os pressupostos que autorizem a intercepta- 2019)
ção, caso em que a concessão será condicionada à sua
I - a prova não puder ser feita por outros meios dispo-
redução a termo.
níveis e igualmente eficazes; e (Incluído pela Lei nº
§ 2° O juiz, no prazo máximo de vinte e quatro horas, 13.964, de 2019)
decidirá sobre o pedido.
II - houver elementos probatórios razoáveis de autoria
e participação em infrações criminais cujas penas má-
Art. 5° A decisão será fundamentada, sob pena de
ximas sejam superiores a 4 (quatro) anos ou em infra-
nulidade, indicando também a forma de execução da
ções penais conexas. (Incluído pela Lei nº 13.964,
diligência, que não poderá exceder o prazo de quinze
de 2019)
dias, renovável por igual tempo uma vez comprovada a
indispensabilidade do meio de prova. § 1º O requerimento deverá descrever circunstanciada-
mente o local e a forma de instalação do dispositivo
Art. 6° Deferido o pedido, a autoridade policial condu- de captação ambiental. (Incluído pela Lei nº 13.964,
zirá os procedimentos de interceptação, dando ciência de 2019)
ao Ministério Público, que poderá acompanhar a sua § 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de
realização. 2019)
§ 1° No caso de a diligência possibilitar a gravação § 3º A captação ambiental não poderá exceder o prazo
da comunicação interceptada, será determinada a sua de 15 (quinze) dias, renovável por decisão judicial por
transcrição. iguais períodos, se comprovada a indispensabilidade
§ 2° Cumprida a diligência, a autoridade policial en- do meio de prova e quando presente atividade criminal
caminhará o resultado da interceptação ao juiz, acom- permanente, habitual ou continuada. (Incluído pela
panhado de auto circunstanciado, que deverá conter o Lei nº 13.964, de 2019)
resumo das operações realizadas. § 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de
§ 3° Recebidos esses elementos, o juiz determinará a 2019)
providência do art. 8°, ciente o Ministério Público. § 5º Aplicam-se subsidiariamente à captação ambiental
as regras previstas na legislação específica para a inter-
Art. 7° Para os procedimentos de interceptação de que ceptação telefônica e telemática. (Incluído pela Lei nº
trata esta Lei, a autoridade policial poderá requisitar 13.964, de 2019)
serviços e técnicos especializados às concessionárias

701
Art. 9° A gravação que não interessar à prova será
inutilizada por decisão judicial, durante o inquérito, a CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
instrução processual ou após esta, em virtude de reque- Lei nº 9.503, de 23 de setembro de
rimento do Ministério Público ou da parte interessada.
1997.
Parágrafo único. O incidente de inutilização será assis-
tido pelo Ministério Público, sendo facultada a presen- Institui o Código de Trânsito Brasileiro.
ça do acusado ou de seu representante legal.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comuni- Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
cações telefônicas, de informática ou telemática, promo- Lei:
ver escuta ambiental ou quebrar segredo da Justiça, sem
autorização judicial ou com objetivos não autorizados em CAPÍTULO I
lei: (Redação dada pela Lei nº 13.869. de 2019)
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e mul-
ta. (Redação dada pela Lei nº 13.869. de 2019)
Art. 1º O trânsito de qualquer natureza nas vias terres-
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade tres do território nacional, abertas à circulação, rege-se
judicial que determina a execução de conduta prevista por este Código.
no caput deste artigo com objetivo não autorizado em
§ 1º Considera-se trânsito a utilização das vias por
lei. (Incluído pela Lei nº 13.869. de 2019)
pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos,
conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, es-
Art. 10-A. Realizar captação ambiental de sinais eletro-
tacionamento e operação de carga ou descarga.
magnéticos, ópticos ou acústicos para investigação ou
instrução criminal sem autorização judicial, quando esta § 2º O trânsito, em condições seguras, é um direito de
for exigida: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) todos e dever dos órgãos e entidades componentes do
Sistema Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no âm-
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
bito das respectivas competências, adotar as medidas
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
destinadas a assegurar esse direito.
§ 1º Não há crime se a captação é realizada por um
§ 3º Os órgãos e entidades componentes do Sistema
dos interlocutores. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
Nacional de Trânsito respondem, no âmbito das respec-
2019)
tivas competências, objetivamente, por danos causados
§ 2º A pena será aplicada em dobro ao funcionário pú- aos cidadãos em virtude de ação, omissão ou erro na
blico que descumprir determinação de sigilo das inves- execução e manutenção de programas, projetos e ser-
tigações que envolvam a captação ambiental ou revelar viços que garantam o exercício do direito do trânsito
o conteúdo das gravações enquanto mantido o sigilo seguro.
judicial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 4º (VETADO)
Art. 11. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. § 5º Os órgãos e entidades de trânsito pertencentes ao
Sistema Nacional de Trânsito darão prioridade em suas
Art. 12. Revogam-se as disposições em contrário. ações à defesa da vida, nela incluída a preservação da
saúde e do meio-ambiente.
Brasília, 24 de julho de 1996; 175º da Independência e
108º da República. Art. 2º São vias terrestres urbanas e rurais as ruas, as
avenidas, os logradouros, os caminhos, as passagens,
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO as estradas e as rodovias, que terão seu uso regula-
mentado pelo órgão ou entidade com circunscrição
Nelson A. Jobim sobre elas, de acordo com as peculiaridades locais e as
circunstâncias especiais.
Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de
25.7.1996 Parágrafo único. Para os efeitos deste Código, são con-

702
sideradas vias terrestres as praias abertas à circulação Sistema Nacional de Trânsito
pública, as vias internas pertencentes aos condomínios
constituídos por unidades autônomas e as vias e áreas
Art. 7º Compõem o Sistema Nacional de Trânsito os
de estacionamento de estabelecimentos privados de
seguintes órgãos e entidades:
uso coletivo.
I - o Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, co-
Art. 3º As disposições deste Código são aplicáveis a ordenador do Sistema e órgão máximo normativo e
qualquer veículo, bem como aos proprietários, condu- consultivo;
tores dos veículos nacionais ou estrangeiros e às pes- II - os Conselhos Estaduais de Trânsito - CETRAN e o
soas nele expressamente mencionadas. Conselho de Trânsito do Distrito Federal - CONTRAN-
DIFE, órgãos normativos, consultivos e coordenadores;
Art. 4º Os conceitos e definições estabelecidos para os
efeitos deste Código são os constantes do Anexo I. III - os órgãos e entidades executivos de trânsito da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
pios;
CAPÍTULO II
DO SISTEMA NACIONAL DE TRÂNSITO IV - os órgãos e entidades executivos rodoviários da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
pios;
Seção I
V - a Polícia Rodoviária Federal;
Disposições Gerais
VI - as Polícias Militares dos Estados e do Distrito Fe-
deral; e
Art. 5º O Sistema Nacional de Trânsito é o conjunto de
órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito VII - as Juntas Administrativas de Recursos de Infra-
Federal e dos Municípios que tem por finalidade o exer- ções - JARI.
cício das atividades de planejamento, administração,
normatização, pesquisa, registro e licenciamento de ve- Art. 7º-A. A autoridade portuária ou a entidade conces-
ículos, formação, habilitação e reciclagem de conduto- sionária de porto organizado poderá celebrar convênios
res, educação, engenharia, operação do sistema viário, com os órgãos previstos no art. 7º, com a interveniência
policiamento, fiscalização, julgamento de infrações e de dos Municípios e Estados, juridicamente interessados,
recursos e aplicação de penalidades. para o fim específico de facilitar a autuação por des-
cumprimento da legislação de trânsito.
Art. 6º São objetivos básicos do Sistema Nacional de § 1º O convênio valerá para toda a área física do porto
Trânsito: organizado, inclusive, nas áreas dos terminais alfan-
I - estabelecer diretrizes da Política Nacional de Trânsi- degados, nas estações de transbordo, nas instalações
to, com vistas à segurança, à fluidez, ao conforto, à de- portuárias públicas de pequeno porte e nos respectivos
fesa ambiental e à educação para o trânsito, e fiscalizar estacionamentos ou vias de trânsito internas.
seu cumprimento; § 2º (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.058, de 2009)
II - fixar, mediante normas e procedimentos, a padroni- § 3º (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.058, de 2009)
zação de critérios técnicos, financeiros e administrati-
vos para a execução das atividades de trânsito; Art. 8º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
III - estabelecer a sistemática de fluxos permanentes de organizarão os respectivos órgãos e entidades executi-
informações entre os seus diversos órgãos e entidades, vos de trânsito e executivos rodoviários, estabelecendo
a fim de facilitar o processo decisório e a integração os limites circunscricionais de suas atuações.
do Sistema.
Art. 9º O Presidente da República designará o ministé-
Seção II rio ou órgão da Presidência responsável pela coorde-
nação máxima do Sistema Nacional de Trânsito, ao qual
Da Composição e da Competência do estará vinculado o CONTRAN e subordinado o órgão

703
máximo executivo de trânsito da União. § 3º (VETADO)

Art. 10. O Conselho Nacional de Trânsito (Contran), Art. 11. (VETADO)


com sede no Distrito Federal e presidido pelo dirigente
do órgão máximo executivo de trânsito da União, tem a Art. 12. Compete ao CONTRAN:
seguinte composição:
I - estabelecer as normas regulamentares referidas neste
I - (VETADO) Código e as diretrizes da Política Nacional de Trânsito;
II - (VETADO) II - coordenar os órgãos do Sistema Nacional de Trânsi-
III - um representante do Ministério da Ciência e Tec- to, objetivando a integração de suas atividades;
nologia; III - (VETADO)
IV - um representante do Ministério da Educação e do IV - criar Câmaras Temáticas;
Desporto;
V - estabelecer seu regimento interno e as diretrizes
V - um representante do Ministério do Exército; para o funcionamento dos CETRAN e CONTRANDIFE;
VI - um representante do Ministério do Meio Ambiente VI - estabelecer as diretrizes do regimento das JARI;
e da Amazônia Legal;
VII - zelar pela uniformidade e cumprimento das nor-
VII - um representante do Ministério dos Transportes; mas contidas neste Código e nas resoluções comple-
VIII - (VETADO) mentares;

IX - (VETADO) VIII - estabelecer e normatizar os procedimentos para a


aplicação das multas por infrações, a arrecadação e o
X - (VETADO) repasse dos valores arrecadados;
XI - (VETADO) IX - responder às consultas que lhe forem formuladas,
XII - (VETADO) relativas à aplicação da legislação de trânsito;
XIII - (VETADO) X - normatizar os procedimentos sobre a aprendizagem,
habilitação, expedição de documentos de condutores, e
XIV - (VETADO) registro e licenciamento de veículos;
XV - (VETADO) XI - aprovar, complementar ou alterar os dispositivos
XVI - (VETADO) de sinalização e os dispositivos e equipamentos de
trânsito;
XVII - (VETADO)
XII - apreciar os recursos interpostos contra as deci-
XVIII - (VETADO)
sões das instâncias inferiores, na forma deste Código;
XIX - (VETADO)
XIII - avocar, para análise e soluções, processos sobre
XX - um representante do ministério ou órgão coorde- conflitos de competência ou circunscrição, ou, quando
nador máximo do Sistema Nacional de Trânsito; necessário, unificar as decisões administrativas; e
XXI - (VETADO) XIV - dirimir conflitos sobre circunscrição e competên-
XXII - um representante do Ministério da Saúde. cia de trânsito no âmbito da União, dos Estados e do
Distrito Federal.
XXIII - 1 (um) representante do Ministério da Justiça.
XV - normatizar o processo de formação do candidato
 XXIV - 1 (um) representante do Ministério do Desen- à obtenção da Carteira Nacional de Habilitação, esta-
volvimento, Indústria e Comércio Exterior; belecendo seu conteúdo didático-pedagógico, carga
XXV - 1 (um) representante da Agência Nacional de horária, avaliações, exames, execução e fiscalização.
Transportes Terrestres (ANTT).
Art. 13. As Câmaras Temáticas, órgãos técnicos vincu-
§ 1º (VETADO)
lados ao CONTRAN, são integradas por especialistas
§ 2º (VETADO)

704
e têm como objetivo estudar e oferecer sugestões e física à habilitação para conduzir veículos automotores;
embasamento técnico sobre assuntos específicos para VII - (VETADO)
decisões daquele colegiado.
VIII - acompanhar e coordenar as atividades de admi-
§ 1º Cada Câmara é constituída por especialistas repre- nistração, educação, engenharia, fiscalização, policia-
sentantes de órgãos e entidades executivos da União, mento ostensivo de trânsito, formação de condutores,
dos Estados, ou do Distrito Federal e dos Municípios, registro e licenciamento de veículos, articulando os
em igual número, pertencentes ao Sistema Nacional órgãos do Sistema no Estado, reportando-se ao CON-
de Trânsito, além de especialistas representantes dos TRAN;
diversos segmentos da sociedade relacionados com o
trânsito, todos indicados segundo regimento específico IX - dirimir conflitos sobre circunscrição e competência
definido pelo CONTRAN e designados pelo ministro ou de trânsito no âmbito dos Municípios; e
dirigente coordenador máximo do Sistema Nacional de X - informar o CONTRAN sobre o cumprimento das exi-
Trânsito. gências definidas nos §§ 1º e 2º do art. 333.
§ 2º Os segmentos da sociedade, relacionados no pa- XI - designar, em caso de recursos deferidos e na hi-
rágrafo anterior, serão representados por pessoa jurídi- pótese de reavaliação dos exames, junta especial de
ca e devem atender aos requisitos estabelecidos pelo saúde para examinar os candidatos à habilitação para
CONTRAN. conduzir veículos automotores.
§ 3º Os coordenadores das Câmaras Temáticas serão Parágrafo único. Dos casos previstos no inciso V, jul-
eleitos pelos respectivos membros. gados pelo órgão, não cabe recurso na esfera adminis-
§ 4º (VETADO) trativa.
I - (VETADO)
Art. 15. Os presidentes dos CETRAN e do CONTRAN-
II - (VETADO) DIFE são nomeados pelos Governadores dos Estados
III - (VETADO) e do Distrito Federal, respectivamente, e deverão ter
reconhecida experiência em matéria de trânsito.
IV - (VETADO)
§ 1º Os membros dos CETRAN e do CONTRANDIFE
são nomeados pelos Governadores dos Estados e do
Art. 14. Compete aos Conselhos Estaduais de Trânsito
Distrito Federal, respectivamente.
- CETRAN e ao Conselho de Trânsito do Distrito Federal
- CONTRANDIFE: § 2º Os membros do CETRAN e do CONTRANDIFE
deverão ser pessoas de reconhecida experiência em
I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de
trânsito.
trânsito, no âmbito das respectivas atribuições;
§ 3º O mandato dos membros do CETRAN e do CON-
II - elaborar normas no âmbito das respectivas com-
TRANDIFE é de dois anos, admitida a recondução.
petências;
III - responder a consultas relativas à aplicação da le- Art. 16. Junto a cada órgão ou entidade executivos de
gislação e dos procedimentos normativos de trânsito; trânsito ou rodoviário funcionarão Juntas Administrati-
IV - estimular e orientar a execução de campanhas edu- vas de Recursos de Infrações - JARI, órgãos colegiados
cativas de trânsito; responsáveis pelo julgamento dos recursos interpostos
contra penalidades por eles impostas.
V - julgar os recursos interpostos contra decisões:
Parágrafo único. As JARI têm regimento próprio, ob-
a) das JARI; servado o disposto no inciso VI do art. 12, e apoio ad-
b) dos órgãos e entidades executivos estaduais, nos ca- ministrativo e financeiro do órgão ou entidade junto ao
sos de inaptidão permanente constatados nos exames qual funcionem.
de aptidão física, mental ou psicológica;
VI - indicar um representante para compor a comissão Art. 17. Compete às JARI:
examinadora de candidatos portadores de deficiência I - julgar os recursos interpostos pelos infratores;

705
II - solicitar aos órgãos e entidades executivos de trân- X - organizar a estatística geral de trânsito no território
sito e executivos rodoviários informações complemen- nacional, definindo os dados a serem fornecidos pelos
tares relativas aos recursos, objetivando uma melhor demais órgãos e promover sua divulgação;
análise da situação recorrida; XI - estabelecer modelo padrão de coleta de informa-
III - encaminhar aos órgãos e entidades executivos de ções sobre as ocorrências de acidentes de trânsito e as
trânsito e executivos rodoviários informações sobre estatísticas do trânsito;
problemas observados nas autuações e apontados em XII - administrar fundo de âmbito nacional destinado à
recursos, e que se repitam sistematicamente. segurança e à educação de trânsito;
Art. 18. (VETADO) XIII - coordenar a administração do registro das in-
frações de trânsito, da pontuação e das penalidades
Art. 19. Compete ao órgão máximo executivo de trân- aplicadas no prontuário do infrator, da arrecadação de
sito da União: multas e do repasse de que trata o § 1º do art. 320;

I - cumprir e fazer cumprir a legislação de trânsito e XIV - fornecer aos órgãos e entidades do Sistema Na-
a execução das normas e diretrizes estabelecidas pelo cional de Trânsito informações sobre registros de veí-
CONTRAN, no âmbito de suas atribuições; culos e de condutores, mantendo o fluxo permanente de
informações com os demais órgãos do Sistema;
II - proceder à supervisão, à coordenação, à correição
dos órgãos delegados, ao controle e à fiscalização da XV - promover, em conjunto com os órgãos competen-
execução da Política Nacional de Trânsito e do Progra- tes do Ministério da Educação e do Desporto, de acordo
ma Nacional de Trânsito; com as diretrizes do CONTRAN, a elaboração e a imple-
mentação de programas de educação de trânsito nos
III - articular-se com os órgãos dos Sistemas Nacio- estabelecimentos de ensino;
nais de Trânsito, de Transporte e de Segurança Pública,
objetivando o combate à violência no trânsito, promo- XVI - elaborar e distribuir conteúdos programáticos
vendo, coordenando e executando o controle de ações para a educação de trânsito;
para a preservação do ordenamento e da segurança do XVII - promover a divulgação de trabalhos técnicos so-
trânsito; bre o trânsito;
IV - apurar, prevenir e reprimir a prática de atos de im- XVIII - elaborar, juntamente com os demais órgãos e
probidade contra a fé pública, o patrimônio, ou a ad- entidades do Sistema Nacional de Trânsito, e submeter
ministração pública ou privada, referentes à segurança à aprovação do CONTRAN, a complementação ou alte-
do trânsito; ração da sinalização e dos dispositivos e equipamentos
V - supervisionar a implantação de projetos e progra- de trânsito;
mas relacionados com a engenharia, educação, ad- XIX - organizar, elaborar, complementar e alterar os
ministração, policiamento e fiscalização do trânsito e manuais e normas de projetos de implementação da si-
outros, visando à uniformidade de procedimento; nalização, dos dispositivos e equipamentos de trânsito
VI - estabelecer procedimentos sobre a aprendizagem e aprovados pelo CONTRAN;
habilitação de condutores de veículos, a expedição de XX – expedir a permissão internacional para conduzir
documentos de condutores, de registro e licenciamento veículo e o certificado de passagem nas alfândegas me-
de veículos; diante delegação aos órgãos executivos dos Estados e
VII - expedir a Permissão para Dirigir, a Carteira Nacio- do Distrito Federal ou a entidade habilitada para esse
nal de Habilitação, os Certificados de Registro e o de fim pelo poder público federal;
Licenciamento Anual mediante delegação aos órgãos XXI - promover a realização periódica de reuniões re-
executivos dos Estados e do Distrito Federal; gionais e congressos nacionais de trânsito, bem como
VIII - organizar e manter o Registro Nacional de Cartei- propor a representação do Brasil em congressos ou
ras de Habilitação - RENACH; reuniões internacionais;

IX - organizar e manter o Registro Nacional de Veículos XXII - propor acordos de cooperação com organismos
Automotores - RENAVAM; internacionais, com vistas ao aperfeiçoamento das

706
ações inerentes à segurança e educação de trânsito; Art. 20. Compete à Polícia Rodoviária Federal, no âmbi-
to das rodovias e estradas federais:
XXIII - elaborar projetos e programas de formação,
treinamento e especialização do pessoal encarregado I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de
da execução das atividades de engenharia, educação, trânsito, no âmbito de suas atribuições;
policiamento ostensivo, fiscalização, operação e admi- II - realizar o patrulhamento ostensivo, executando ope-
nistração de trânsito, propondo medidas que estimulem rações relacionadas com a segurança pública, com o
a pesquisa científica e o ensino técnico-profissional de objetivo de preservar a ordem, incolumidade das pes-
interesse do trânsito, e promovendo a sua realização; soas, o patrimônio da União e o de terceiros;
XXIV - opinar sobre assuntos relacionados ao trânsito III - aplicar e arrecadar as multas impostas por infrações
interestadual e internacional; de trânsito, as medidas administrativas decorrentes e
XXV - elaborar e submeter à aprovação do CONTRAN as os valores provenientes de estada e remoção de veí-
normas e requisitos de segurança veicular para fabrica- culos, objetos, animais e escolta de veículos de cargas
ção e montagem de veículos, consoante sua destinação; superdimensionadas ou perigosas;
XXVI - estabelecer procedimentos para a concessão do IV - efetuar levantamento dos locais de acidentes de
código marca-modelo dos veículos para efeito de regis- trânsito e dos serviços de atendimento, socorro e sal-
tro, emplacamento e licenciamento; vamento de vítimas;
XXVII - instruir os recursos interpostos das decisões V - credenciar os serviços de escolta, fiscalizar e adotar
do CONTRAN, ao ministro ou dirigente coordenador medidas de segurança relativas aos serviços de remo-
máximo do Sistema Nacional de Trânsito; ção de veículos, escolta e transporte de carga indivi-
sível;
XXVIII - estudar os casos omissos na legislação de
trânsito e submetê-los, com proposta de solução, ao VI - assegurar a livre circulação nas rodovias federais,
Ministério ou órgão coordenador máximo do Sistema podendo solicitar ao órgão rodoviário a adoção de
Nacional de Trânsito; medidas emergenciais, e zelar pelo cumprimento das
normas legais relativas ao direito de vizinhança, pro-
XXIX - prestar suporte técnico, jurídico, administrativo
movendo a interdição de construções e instalações não
e financeiro ao CONTRAN.
autorizadas;
XXX - organizar e manter o Registro Nacional de Infra-
VII - coletar dados estatísticos e elaborar estudos so-
ções de Trânsito (Renainf).
bre acidentes de trânsito e suas causas, adotando ou
§ 1º Comprovada, por meio de sindicância, a deficiência indicando medidas operacionais preventivas e encami-
técnica ou administrativa ou a prática constante de atos nhando-os ao órgão rodoviário federal;
de improbidade contra a fé pública, contra o patrimônio
VIII - implementar as medidas da Política Nacional de
ou contra a administração pública, o órgão executivo de
Segurança e Educação de Trânsito;
trânsito da União, mediante aprovação do CONTRAN,
assumirá diretamente ou por delegação, a execução IX - promover e participar de projetos e programas de
total ou parcial das atividades do órgão executivo de educação e segurança, de acordo com as diretrizes es-
trânsito estadual que tenha motivado a investigação, até tabelecidas pelo CONTRAN;
que as irregularidades sejam sanadas. X - integrar-se a outros órgãos e entidades do Sistema
§ 2º O regimento interno do órgão executivo de trânsito Nacional de Trânsito para fins de arrecadação e com-
da União disporá sobre sua estrutura organizacional e pensação de multas impostas na área de sua compe-
seu funcionamento. tência, com vistas à unificação do licenciamento, à
simplificação e à celeridade das transferências de veí-
§ 3º Os órgãos e entidades executivos de trânsito e exe-
culos e de prontuários de condutores de uma para outra
cutivos rodoviários da União, dos Estados, do Distrito
unidade da Federação;
Federal e dos Municípios fornecerão, obrigatoriamente,
mês a mês, os dados estatísticos para os fins previstos XI - fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruído
no inciso X. produzidos pelos veículos automotores ou pela sua car-
ga, de acordo com o estabelecido no art. 66, além de
§ 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)

707
dar apoio, quando solicitado, às ações específicas dos XIII - fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruí-
órgãos ambientais. do produzidos pelos veículos automotores ou pela sua
carga, de acordo com o estabelecido no art. 66, além de
Art. 21. Compete aos órgãos e entidades executivos ro- dar apoio às ações específicas dos órgãos ambientais
doviários da União, dos Estados, do Distrito Federal e locais, quando solicitado;
dos Municípios, no âmbito de sua circunscrição: XIV - vistoriar veículos que necessitem de autoriza-
I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de ção especial para transitar e estabelecer os requisitos
trânsito, no âmbito de suas atribuições; técnicos a serem observados para a circulação desses
veículos.
II - planejar, projetar, regulamentar e operar o trânsito
de veículos, de pedestres e de animais, e promover o Parágrafo único. (VETADO)
desenvolvimento da circulação e da segurança de ci-
clistas; Art. 22. Compete aos órgãos ou entidades executivos
de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, no âmbito
III - implantar, manter e operar o sistema de sinalização,
de sua circunscrição:
os dispositivos e os equipamentos de controle viário;
I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de
IV - coletar dados e elaborar estudos sobre os acidentes
trânsito, no âmbito das respectivas atribuições;
de trânsito e suas causas;
II - realizar, fiscalizar e controlar o processo de for-
V - estabelecer, em conjunto com os órgãos de poli-
mação, aperfeiçoamento, reciclagem e suspensão de
ciamento ostensivo de trânsito, as respectivas diretrizes
condutores, expedir e cassar Licença de Aprendizagem,
para o policiamento ostensivo de trânsito;
Permissão para Dirigir e Carteira Nacional de Habilita-
VI - executar a fiscalização de trânsito, autuar, aplicar ção, mediante delegação do órgão federal competente;
as penalidades de advertência, por escrito, e ainda as
III - vistoriar, inspecionar quanto às condições de se-
multas e medidas administrativas cabíveis, notificando
gurança veicular, registrar, emplacar, selar a placa, e
os infratores e arrecadando as multas que aplicar;
licenciar veículos, expedindo o Certificado de Registro
VII - arrecadar valores provenientes de estada e remo- e o Licenciamento Anual, mediante delegação do órgão
ção de veículos e objetos, e escolta de veículos de car- federal competente;
gas superdimensionadas ou perigosas;
IV - estabelecer, em conjunto com as Polícias Militares,
VIII - fiscalizar, autuar, aplicar as penalidades e medi- as diretrizes para o policiamento ostensivo de trânsito;
das administrativas cabíveis, relativas a infrações por
V - executar a fiscalização de trânsito, autuar e aplicar
excesso de peso, dimensões e lotação dos veículos,
as medidas administrativas cabíveis pelas infrações
bem como notificar e arrecadar as multas que aplicar;
previstas neste Código, excetuadas aquelas relaciona-
IX - fiscalizar o cumprimento da norma contida no art. das nos incisos VI e VIII do art. 24, no exercício regular
95, aplicando as penalidades e arrecadando as multas do Poder de Polícia de Trânsito;
nele previstas;
VI - aplicar as penalidades por infrações previstas neste
X - implementar as medidas da Política Nacional de Código, com exceção daquelas relacionadas nos in-
Trânsito e do Programa Nacional de Trânsito; cisos VII e VIII do art. 24, notificando os infratores e
XI - promover e participar de projetos e programas de arrecadando as multas que aplicar;
educação e segurança, de acordo com as diretrizes es- VII - arrecadar valores provenientes de estada e remo-
tabelecidas pelo CONTRAN; ção de veículos e objetos;
XII - integrar-se a outros órgãos e entidades do Sis- VIII - comunicar ao órgão executivo de trânsito da
tema Nacional de Trânsito para fins de arrecadação e União a suspensão e a cassação do direito de dirigir
compensação de multas impostas na área de sua com- e o recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação;
petência, com vistas à unificação do licenciamento, à
IX - coletar dados estatísticos e elaborar estudos sobre
simplificação e à celeridade das transferências de veí-
acidentes de trânsito e suas causas;
culos e de prontuários de condutores de uma para outra
unidade da Federação; X - credenciar órgãos ou entidades para a execução de

708
atividades previstas na legislação de trânsito, na forma Art. 24. Compete aos órgãos e entidades executivos de
estabelecida em norma do CONTRAN; trânsito dos Municípios, no âmbito de sua circunscri-
ção:
XI - implementar as medidas da Política Nacional de
Trânsito e do Programa Nacional de Trânsito; I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de
trânsito, no âmbito de suas atribuições;
XII - promover e participar de projetos e programas
de educação e segurança de trânsito de acordo com as II - planejar, projetar, regulamentar e operar o trânsito
diretrizes estabelecidas pelo CONTRAN; de veículos, de pedestres e de animais, e promover o
desenvolvimento da circulação e da segurança de ci-
XIII - integrar-se a outros órgãos e entidades do Sis-
clistas;
tema Nacional de Trânsito para fins de arrecadação e
compensação de multas impostas na área de sua com- III - implantar, manter e operar o sistema de sinalização,
petência, com vistas à unificação do licenciamento, à os dispositivos e os equipamentos de controle viário;
simplificação e à celeridade das transferências de veí- IV - coletar dados estatísticos e elaborar estudos sobre
culos e de prontuários de condutores de uma para outra os acidentes de trânsito e suas causas;
unidade da Federação;
V - estabelecer, em conjunto com os órgãos de polícia
XIV - fornecer, aos órgãos e entidades executivos de ostensiva de trânsito, as diretrizes para o policiamento
trânsito e executivos rodoviários municipais, os dados ostensivo de trânsito;
cadastrais dos veículos registrados e dos condutores
habilitados, para fins de imposição e notificação de pe-  VI - executar a fiscalização de trânsito em vias terres-
nalidades e de arrecadação de multas nas áreas de suas tres, edificações de uso público e edificações privadas
competências; de uso coletivo, autuar e aplicar as medidas administra-
tivas cabíveis e as penalidades de advertência por escri-
XV - fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruí- to e multa, por infrações de circulação, estacionamento
do produzidos pelos veículos automotores ou pela sua e parada previstas neste Código, no exercício regular
carga, de acordo com o estabelecido no art. 66, além de do poder de polícia de trânsito, notificando os infratores
dar apoio, quando solicitado, às ações específicas dos e arrecadando as multas que aplicar, exercendo iguais
órgãos ambientais locais; atribuições no âmbito de edificações privadas de uso
XVI - articular-se com os demais órgãos do Sistema coletivo, somente para infrações de uso de vagas reser-
Nacional de Trânsito no Estado, sob coordenação do vadas em estacionamentos;
respectivo CETRAN. VII - aplicar as penalidades de advertência por escrito
e multa, por infrações de circulação, estacionamento e
Art. 23. Compete às Polícias Militares dos Estados e do parada previstas neste Código, notificando os infratores
Distrito Federal: e arrecadando as multas que aplicar;
I - (VETADO) VIII - fiscalizar, autuar e aplicar as penalidades e me-
II - (VETADO) didas administrativas cabíveis relativas a infrações por
excesso de peso, dimensões e lotação dos veículos,
III - executar a fiscalização de trânsito, quando e con-
bem como notificar e arrecadar as multas que aplicar;
forme convênio firmado, como agente do órgão ou en-
tidade executivos de trânsito ou executivos rodoviários, IX - fiscalizar o cumprimento da norma contida no art.
concomitantemente com os demais agentes credencia- 95, aplicando as penalidades e arrecadando as multas
dos; nele previstas;
IV - (VETADO) X - implantar, manter e operar sistema de estaciona-
mento rotativo pago nas vias;
V - (VETADO)
XI - arrecadar valores provenientes de estada e remoção
VI - (VETADO)
de veículos e objetos, e escolta de veículos de cargas
VII - (VETADO) superdimensionadas ou perigosas;
Parágrafo único. (VETADO) XII - credenciar os serviços de escolta, fiscalizar e
adotar medidas de segurança relativas aos serviços

709
de remoção de veículos, escolta e transporte de carga gando as atividades previstas neste Código, com vistas
indivisível; à maior eficiência e à segurança para os usuários da via.
XIII - integrar-se a outros órgãos e entidades do Sis- Parágrafo único. Os órgãos e entidades de trânsito po-
tema Nacional de Trânsito para fins de arrecadação e derão prestar serviços de capacitação técnica, assesso-
compensação de multas impostas na área de sua com- ria e monitoramento das atividades relativas ao trânsito
petência, com vistas à unificação do licenciamento, à durante prazo a ser estabelecido entre as partes, com
simplificação e à celeridade das transferências de ve- ressarcimento dos custos apropriados.
ículos e de prontuários dos condutores de uma para
outra unidade da Federação; CAPÍTULO III
XIV - implantar as medidas da Política Nacional de DAS NORMAS GERAIS DE
Trânsito e do Programa Nacional de Trânsito; CIRCULAÇÃO E CONDUTA
XV - promover e participar de projetos e programas de
educação e segurança de trânsito de acordo com as di- Art. 26. Os usuários das vias terrestres devem:
retrizes estabelecidas pelo CONTRAN;
I - abster-se de todo ato que possa constituir perigo
XVI - planejar e implantar medidas para redução da ou obstáculo para o trânsito de veículos, de pessoas
circulação de veículos e reorientação do tráfego, com ou de animais, ou ainda causar danos a propriedades
o objetivo de diminuir a emissão global de poluentes; públicas ou privadas;
XVII - registrar e licenciar, na forma da legislação, veí- II - abster-se de obstruir o trânsito ou torná-lo perigoso,
culos de tração e propulsão humana e de tração animal, atirando, depositando ou abandonando na via objetos
fiscalizando, autuando, aplicando penalidades e arreca- ou substâncias, ou nela criando qualquer outro obstá-
dando multas decorrentes de infrações; culo.
XVIII - conceder autorização para conduzir veículos de
propulsão humana e de tração animal; Art. 27. Antes de colocar o veículo em circulação nas
vias públicas, o condutor deverá verificar a existência
XIX - articular-se com os demais órgãos do Sistema e as boas condições de funcionamento dos equipa-
Nacional de Trânsito no Estado, sob coordenação do mentos de uso obrigatório, bem como assegurar-se
respectivo CETRAN; da existência de combustível suficiente para chegar ao
XX - fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruí- local de destino.
do produzidos pelos veículos automotores ou pela sua
carga, de acordo com o estabelecido no art. 66, além de Art. 28. O condutor deverá, a todo momento, ter domí-
dar apoio às ações específicas de órgão ambiental local, nio de seu veículo, dirigindo-o com atenção e cuidados
quando solicitado; indispensáveis à segurança do trânsito.
XXI - vistoriar veículos que necessitem de autoriza-
ção especial para transitar e estabelecer os requisitos Art. 29. O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas
técnicos a serem observados para a circulação desses à circulação obedecerá às seguintes normas:
veículos. I - a circulação far-se-á pelo lado direito da via, admi-
§ 1º As competências relativas a órgão ou entidade tindo-se as exceções devidamente sinalizadas;
municipal serão exercidas no Distrito Federal por seu II - o condutor deverá guardar distância de segurança
órgão ou entidade executivos de trânsito. lateral e frontal entre o seu e os demais veículos, bem
§ 2º Para exercer as competências estabelecidas neste como em relação ao bordo da pista, considerando-se,
artigo, os Municípios deverão integrar-se ao Sistema no momento, a velocidade e as condições do local, da
Nacional de Trânsito, conforme previsto no art. 333 circulação, do veículo e as condições climáticas;
deste Código. III - quando veículos, transitando por fluxos que se
cruzem, se aproximarem de local não sinalizado, terá
Art. 25. Os órgãos e entidades executivos do Sistema preferência de passagem:
Nacional de Trânsito poderão celebrar convênio dele-
a) no caso de apenas um fluxo ser proveniente de rodo-

710
via, aquele que estiver circulando por ela; identificados na forma estabelecida pelo CONTRAN;
 b) no caso de rotatória, aquele que estiver circulando IX - a ultrapassagem de outro veículo em movimento
por ela; deverá ser feita pela esquerda, obedecida a sinalização
regulamentar e as demais normas estabelecidas neste
c) nos demais casos, o que vier pela direita do con-
Código, exceto quando o veículo a ser ultrapassado es-
dutor;
tiver sinalizando o propósito de entrar à esquerda;
IV - quando uma pista de rolamento comportar várias
X - todo condutor deverá, antes de efetuar uma ultra-
faixas de circulação no mesmo sentido, são as da di-
passagem, certificar-se de que:
reita destinadas ao deslocamento dos veículos mais
lentos e de maior porte, quando não houver faixa es- a) nenhum condutor que venha atrás haja começado
pecial a eles destinada, e as da esquerda, destinadas uma manobra para ultrapassá-lo;
à ultrapassagem e ao deslocamento dos veículos de b) quem o precede na mesma faixa de trânsito não haja
maior velocidade; indicado o propósito de ultrapassar um terceiro;
V - o trânsito de veículos sobre passeios, calçadas c) a faixa de trânsito que vai tomar esteja livre numa
e nos acostamentos, só poderá ocorrer para que se extensão suficiente para que sua manobra não ponha
adentre ou se saia dos imóveis ou áreas especiais de em perigo ou obstrua o trânsito que venha em sentido
estacionamento; contrário;
VI - os veículos precedidos de batedores terão priori- XI - todo condutor ao efetuar a ultrapassagem deverá:
dade de passagem, respeitadas as demais normas de
circulação; a) indicar com antecedência a manobra pretendida,
acionando a luz indicadora de direção do veículo ou por
VII - os veículos destinados a socorro de incêndio e meio de gesto convencional de braço;
salvamento, os de polícia, os de fiscalização e opera-
ção de trânsito e as ambulâncias, além de prioridade de b) afastar-se do usuário ou usuários aos quais ultra-
trânsito, gozam de livre circulação, estacionamento e passa, de tal forma que deixe livre uma distância lateral
parada, quando em serviço de urgência e devidamente de segurança;
identificados por dispositivos regulamentares de alar- c) retomar, após a efetivação da manobra, a faixa de
me sonoro e iluminação vermelha intermitente, obser- trânsito de origem, acionando a luz indicadora de dire-
vadas as seguintes disposições: ção do veículo ou fazendo gesto convencional de braço,
a) quando os dispositivos estiverem acionados, indi- adotando os cuidados necessários para não pôr em pe-
cando a proximidade dos veículos, todos os condutores rigo ou obstruir o trânsito dos veículos que ultrapassou;
deverão deixar livre a passagem pela faixa da esquerda, XII - os veículos que se deslocam sobre trilhos terão
indo para a direita da via e parando, se necessário; preferência de passagem sobre os demais, respeitadas
b) os pedestres, ao ouvir o alarme sonoro, deverão as normas de circulação.
aguardar no passeio, só atravessando a via quando o XIII - (VETADO).
veículo já tiver passado pelo local;
§ 1º As normas de ultrapassagem previstas nas alíne-
c) o uso de dispositivos de alarme sonoro e de ilumina- as a e b do inciso X e a e b do inciso XI aplicam-se
ção vermelha intermitente só poderá ocorrer quando da à transposição de faixas, que pode ser realizada tanto
efetiva prestação de serviço de urgência; pela faixa da esquerda como pela da direita.
d) a prioridade de passagem na via e no cruzamento de- § 2º Respeitadas as normas de circulação e conduta
verá se dar com velocidade reduzida e com os devidos estabelecidas neste artigo, em ordem decrescente, os
cuidados de segurança, obedecidas as demais normas veículos de maior porte serão sempre responsáveis pela
deste Código; segurança dos menores, os motorizados pelos não mo-
VIII - os veículos prestadores de serviços de utilidade torizados e, juntos, pela incolumidade dos pedestres.
pública, quando em atendimento na via, gozam de livre
parada e estacionamento no local da prestação de ser- Art. 30. Todo condutor, ao perceber que outro que o se-
viço, desde que devidamente sinalizados, devendo estar gue tem o propósito de ultrapassá-lo, deverá:

711
I - se estiver circulando pela faixa da esquerda, deslo- nos locais apropriados e, onde estes não existirem, o
car-se para a faixa da direita, sem acelerar a marcha; condutor deverá aguardar no acostamento, à direita,
para cruzar a pista com segurança.
II - se estiver circulando pelas demais faixas, manter-se
naquela na qual está circulando, sem acelerar a marcha.
Art. 38. Antes de entrar à direita ou à esquerda, em outra
Parágrafo único. Os veículos mais lentos, quando em via ou em lotes lindeiros, o condutor deverá:
fila, deverão manter distância suficiente entre si para
permitir que veículos que os ultrapassem possam se I - ao sair da via pelo lado direito, aproximar-se o má-
intercalar na fila com segurança. ximo possível do bordo direito da pista e executar sua
manobra no menor espaço possível;
Art. 31. O condutor que tenha o propósito de ultrapas- II - ao sair da via pelo lado esquerdo, aproximar-se o
sar um veículo de transporte coletivo que esteja parado, máximo possível de seu eixo ou da linha divisória da
efetuando embarque ou desembarque de passageiros, pista, quando houver, caso se trate de uma pista com
deverá reduzir a velocidade, dirigindo com atenção re- circulação nos dois sentidos, ou do bordo esquerdo,
dobrada ou parar o veículo com vistas à segurança dos tratando-se de uma pista de um só sentido.
pedestres. Parágrafo único. Durante a manobra de mudança de
direção, o condutor deverá ceder passagem aos pedes-
Art. 32. O condutor não poderá ultrapassar veículos em tres e ciclistas, aos veículos que transitem em sentido
vias com duplo sentido de direção e pista única, nos contrário pela pista da via da qual vai sair, respeitadas
trechos em curvas e em aclives sem visibilidade sufi- as normas de preferência de passagem.
ciente, nas passagens de nível, nas pontes e viadutos
e nas travessias de pedestres, exceto quando houver Art. 39. Nas vias urbanas, a operação de retorno de-
sinalização permitindo a ultrapassagem. verá ser feita nos locais para isto determinados, quer
por meio de sinalização, quer pela existência de locais
Art. 33. Nas interseções e suas proximidades, o condu- apropriados, ou, ainda, em outros locais que ofereçam
tor não poderá efetuar ultrapassagem. condições de segurança e fluidez, observadas as carac-
terísticas da via, do veículo, das condições meteoroló-
Art. 34. O condutor que queira executar uma manobra gicas e da movimentação de pedestres e ciclistas.
deverá certificar-se de que pode executá-la sem perigo
para os demais usuários da via que o seguem, prece- Art. 40. O uso de luzes em veículo obedecerá às seguin-
dem ou vão cruzar com ele, considerando sua posição, tes determinações:
sua direção e sua velocidade.
I - o condutor manterá acesos os faróis do veículo, uti-
Art. 35. Antes de iniciar qualquer manobra que implique lizando luz baixa, durante a noite e durante o dia nos
um deslocamento lateral, o condutor deverá indicar seu túneis providos de iluminação pública e nas rodovias;
propósito de forma clara e com a devida antecedência, II - nas vias não iluminadas o condutor deve usar luz
por meio da luz indicadora de direção de seu veículo, alta, exceto ao cruzar com outro veículo ou ao segui-lo;
ou fazendo gesto convencional de braço.
III - a troca de luz baixa e alta, de forma intermitente e
Parágrafo único. Entende-se por deslocamento lateral por curto período de tempo, com o objetivo de advertir
a transposição de faixas, movimentos de conversão à outros motoristas, só poderá ser utilizada para indicar a
direita, à esquerda e retornos. intenção de ultrapassar o veículo que segue à frente ou
para indicar a existência de risco à segurança para os
Art. 36. O condutor que for ingressar numa via, pro- veículos que circulam no sentido contrário;
cedente de um lote lindeiro a essa via, deverá dar pre-
IV - o condutor manterá acesas pelo menos as luzes
ferência aos veículos e pedestres que por ela estejam
de posição do veículo quando sob chuva forte, neblina
transitando.
ou cerração;
Art. 37. Nas vias providas de acostamento, a conversão V - O condutor utilizará o pisca-alerta nas seguintes
à esquerda e a operação de retorno deverão ser feitas situações:

712
a) em imobilizações ou situações de emergência; de preferência.
b) quando a regulamentação da via assim o determinar;
Art. 45. Mesmo que a indicação luminosa do semáforo
VI - durante a noite, em circulação, o condutor manterá lhe seja favorável, nenhum condutor pode entrar em
acesa a luz de placa; uma interseção se houver possibilidade de ser obrigado
VII - o condutor manterá acesas, à noite, as luzes de a imobilizar o veículo na área do cruzamento, obstruin-
posição quando o veículo estiver parado para fins de do ou impedindo a passagem do trânsito transversal.
embarque ou desembarque de passageiros e carga ou
descarga de mercadorias. Art. 46. Sempre que for necessária a imobilização
temporária de um veículo no leito viário, em situação
Parágrafo único. Os veículos de transporte coletivo re-
de emergência, deverá ser providenciada a imediata
gular de passageiros, quando circularem em faixas pró-
sinalização de advertência, na forma estabelecida pelo
prias a eles destinadas, e os ciclos motorizados deverão
CONTRAN.
utilizar-se de farol de luz baixa durante o dia e a noite.
Art. 47. Quando proibido o estacionamento na via, a
Art. 41. O condutor de veículo só poderá fazer uso de
parada deverá restringir-se ao tempo indispensável
buzina, desde que em toque breve, nas seguintes si-
para embarque ou desembarque de passageiros, desde
tuações:
que não interrompa ou perturbe o fluxo de veículos ou a
I - para fazer as advertências necessárias a fim de evitar locomoção de pedestres.
acidentes;
Parágrafo único. A operação de carga ou descarga será
II - fora das áreas urbanas, quando for conveniente regulamentada pelo órgão ou entidade com circunscri-
advertir a um condutor que se tem o propósito de ul- ção sobre a via e é considerada estacionamento.
trapassá-lo.
Art. 48. Nas paradas, operações de carga ou descarga e
Art. 42. Nenhum condutor deverá frear bruscamente seu nos estacionamentos, o veículo deverá ser posicionado
veículo, salvo por razões de segurança. no sentido do fluxo, paralelo ao bordo da pista de rola-
mento e junto à guia da calçada (meio-fio), admitidas as
Art. 43. Ao regular a velocidade, o condutor deverá ob- exceções devidamente sinalizadas.
servar constantemente as condições físicas da via, do § 1º Nas vias providas de acostamento, os veículos pa-
veículo e da carga, as condições meteorológicas e a in- rados, estacionados ou em operação de carga ou des-
tensidade do trânsito, obedecendo aos limites máximos carga deverão estar situados fora da pista de rolamento.
de velocidade estabelecidos para a via, além de:
§ 2º O estacionamento dos veículos motorizados de
I - não obstruir a marcha normal dos demais veículos duas rodas será feito em posição perpendicular à guia
em circulação sem causa justificada, transitando a uma da calçada (meio-fio) e junto a ela, salvo quando houver
velocidade anormalmente reduzida; sinalização que determine outra condição.
II - sempre que quiser diminuir a velocidade de seu ve- § 3º O estacionamento dos veículos sem abandono do
ículo deverá antes certificar-se de que pode fazê-lo sem condutor poderá ser feito somente nos locais previstos
risco nem inconvenientes para os outros condutores, a neste Código ou naqueles regulamentados por sinali-
não ser que haja perigo iminente; zação específica.
III - indicar, de forma clara, com a antecedência neces-
sária e a sinalização devida, a manobra de redução de Art. 49. O condutor e os passageiros não deverão abrir
velocidade. a porta do veículo, deixá-la aberta ou descer do veículo
sem antes se certificarem de que isso não constitui pe-
Art. 44. Ao aproximar-se de qualquer tipo de cruzamen- rigo para eles e para outros usuários da via.
to, o condutor do veículo deve demonstrar prudência Parágrafo único. O embarque e o desembarque devem
especial, transitando em velocidade moderada, de for- ocorrer sempre do lado da calçada, exceto para o con-
ma que possa deter seu veículo com segurança para dar dutor.
passagem a pedestre e a veículos que tenham o direito

713
Art. 50. O uso de faixas laterais de domínio e das áreas Art. 57. Os ciclomotores devem ser conduzidos pela di-
adjacentes às estradas e rodovias obedecerá às condi- reita da pista de rolamento, preferencialmente no centro
ções de segurança do trânsito estabelecidas pelo órgão da faixa mais à direita ou no bordo direito da pista sem-
ou entidade com circunscrição sobre a via. pre que não houver acostamento ou faixa própria a eles
destinada, proibida a sua circulação nas vias de trânsito
Art. 51. Nas vias internas pertencentes a condomínios rápido e sobre as calçadas das vias urbanas.
constituídos por unidades autônomas, a sinalização de Parágrafo único. Quando uma via comportar duas ou
regulamentação da via será implantada e mantida às mais faixas de trânsito e a da direita for destinada ao
expensas do condomínio, após aprovação dos projetos uso exclusivo de outro tipo de veículo, os ciclomotores
pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre a via. deverão circular pela faixa adjacente à da direita.

Art. 52. Os veículos de tração animal serão conduzidos Art. 58. Nas vias urbanas e nas rurais de pista dupla,
pela direita da pista, junto à guia da calçada (meio-fio) a circulação de bicicletas deverá ocorrer, quando não
ou acostamento, sempre que não houver faixa especial houver ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento, ou quando
a eles destinada, devendo seus condutores obedecer, não for possível a utilização destes, nos bordos da pista
no que couber, às normas de circulação previstas neste de rolamento, no mesmo sentido de circulação regula-
Código e às que vierem a ser fixadas pelo órgão ou en- mentado para a via, com preferência sobre os veículos
tidade com circunscrição sobre a via. automotores.

Art. 53. Os animais isolados ou em grupos só podem Parágrafo único. A autoridade de trânsito com circuns-
circular nas vias quando conduzidos por um guia, ob- crição sobre a via poderá autorizar a circulação de
servado o seguinte: bicicletas no sentido contrário ao fluxo dos veículos
automotores, desde que dotado o trecho com ciclofaixa.
I - para facilitar os deslocamentos, os rebanhos deverão
ser divididos em grupos de tamanho moderado e sepa- Art. 59. Desde que autorizado e devidamente sinalizado
rados uns dos outros por espaços suficientes para não pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre a via,
obstruir o trânsito; será permitida a circulação de bicicletas nos passeios.
II - os animais que circularem pela pista de rolamento
deverão ser mantidos junto ao bordo da pista. Art. 60. As vias abertas à circulação, de acordo com sua
utilização, classificam-se em:
Art. 54. Os condutores de motocicletas, motonetas e I - vias urbanas:
ciclomotores só poderão circular nas vias:
a) via de trânsito rápido;
I - utilizando capacete de segurança, com viseira ou
óculos protetores; b) via arterial;
II - segurando o guidom com as duas mãos; c) via coletora;
III - usando vestuário de proteção, de acordo com as d) via local;
especificações do CONTRAN. II - vias rurais:
a) rodovias;
Art. 55. Os passageiros de motocicletas, motonetas e
ciclomotores só poderão ser transportados: b) estradas.
I - utilizando capacete de segurança;
Art. 61. A velocidade máxima permitida para a via será
II - em carro lateral acoplado aos veículos ou em assen- indicada por meio de sinalização, obedecidas suas ca-
to suplementar atrás do condutor; racterísticas técnicas e as condições de trânsito.
III - usando vestuário de proteção, de acordo com as § 1º Onde não existir sinalização regulamentadora, a
especificações do CONTRAN. velocidade máxima será de:
I - nas vias urbanas:
Art. 56. (VETADO)

714
a) oitenta quilômetros por hora, nas vias de trânsito ser realizadas mediante prévia permissão da autoridade
rápido: de trânsito com circunscrição sobre a via e dependerão
de:
b) sessenta quilômetros por hora, nas vias arteriais;
I - autorização expressa da respectiva confederação
c) quarenta quilômetros por hora, nas vias coletoras;
desportiva ou de entidades estaduais a ela filiadas;
d) trinta quilômetros por hora, nas vias locais;
II - caução ou fiança para cobrir possíveis danos ma-
II - nas vias rurais: teriais à via;
a) nas rodovias de pista dupla: III - contrato de seguro contra riscos e acidentes em
1. 110 km/h (cento e dez quilômetros por favor de terceiros;
hora) para automóveis, camionetas e moto- IV - prévio recolhimento do valor correspondente aos
cicletas; custos operacionais em que o órgão ou entidade per-
2. 90 km/h (noventa quilômetros por hora) missionária incorrerá.
para os demais veículos; Parágrafo único. A autoridade com circunscrição sobre
3. (revogado); a via arbitrará os valores mínimos da caução ou fiança e
do contrato de seguro. 
b) nas rodovias de pista simples:
1. 100 km/h (cem quilômetros por hora) para
CAPÍTULO III-A
automóveis, camionetas e motocicletas; DA CONDUÇÃO DE VEÍCULOS
POR MOTORISTAS PROFISSIONAIS
2. 90 km/h (noventa quilômetros por hora)
para os demais veículos;
Art. 67-A. O disposto neste Capítulo aplica-se aos mo-
c) nas estradas: 60 km/h (sessenta quilômetros por
toristas profissionais:
hora).
I - de transporte rodoviário coletivo de passageiros;
§ 2º O órgão ou entidade de trânsito ou rodoviário com
circunscrição sobre a via poderá regulamentar, por II - de transporte rodoviário de cargas.
meio de sinalização, velocidades superiores ou inferio- § 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.103, de
res àquelas estabelecidas no parágrafo anterior. 2015) (Vigência)

Art. 62. A velocidade mínima não poderá ser inferior à § 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.103, de
metade da velocidade máxima estabelecida, respeitadas 2015) (Vigência)
as condições operacionais de trânsito e da via. § 3º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.103, de
2015) (Vigência)
Art. 63. (VETADO)  § 4º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.103, de
2015) (Vigência)
Art. 64. As crianças com idade inferior a dez anos de-
vem ser transportadas nos bancos traseiros, salvo ex- § 5º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.103, de
ceções regulamentadas pelo CONTRAN. 2015) (Vigência)
§ 6º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.103, de
Art. 65. É obrigatório o uso do cinto de segurança para 2015) (Vigência)
condutor e passageiros em todas as vias do território
§ 7º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.103, de
nacional, salvo em situações regulamentadas pelo
2015) (Vigência)
CONTRAN.
§ 8º (VETADO). (Incluído Lei nº 12.619, de 2012) (Vi-
Art. 66. (VETADO) gência)

Art. 67. As provas ou competições desportivas, inclusi- Art 67-B. VETADO). (Incluído Lei nº 12.619, de
ve seus ensaios, em via aberta à circulação, só poderão 2012) (Vigência)

715
Art. 67-C. É vedado ao motorista profissional dirigir por Art. 67-E. O motorista profissional é responsável por
mais de 5 (cinco) horas e meia ininterruptas veículos controlar e registrar o tempo de condução estipulado no
de transporte rodoviário coletivo de passageiros ou de art. 67-C, com vistas à sua estrita observância.
transporte rodoviário de cargas. § 1º A não observância dos períodos de descanso esta-
§ 1º Serão observados 30 (trinta) minutos para des- belecidos no art. 67-C sujeitará o motorista profissional
canso dentro de cada 6 (seis) horas na condução de às penalidades daí decorrentes, previstas neste Código.
veículo de transporte de carga, sendo facultado o seu § 2º O tempo de direção será controlado mediante re-
fracionamento e o do tempo de direção desde que não gistrador instantâneo inalterável de velocidade e tem-
ultrapassadas 5 (cinco) horas e meia contínuas no exer- po e, ou por meio de anotação em diário de bordo, ou
cício da condução. papeleta ou ficha de trabalho externo, ou por meios
§ 1º-A. Serão observados 30 (trinta) minutos para des- eletrônicos instalados no veículo, conforme norma do
canso a cada 4 (quatro) horas na condução de veículo Contran.
rodoviário de passageiros, sendo facultado o seu fra- § 3º O equipamento eletrônico ou registrador deverá
cionamento e o do tempo de direção. funcionar de forma independente de qualquer interfe-
§ 2º Em situações excepcionais de inobservância jus- rência do condutor, quanto aos dados registrados.
tificada do tempo de direção, devidamente registradas, § 4º A guarda, a preservação e a exatidão das informa-
o tempo de direção poderá ser elevado pelo período ções contidas no equipamento registrador instantâneo
necessário para que o condutor, o veículo e a carga inalterável de velocidade e de tempo são de responsa-
cheguem a um lugar que ofereça a segurança e o aten- bilidade do condutor.
dimento demandados, desde que não haja comprome-
timento da segurança rodoviária..
CAPÍTULO IV
§ 3º O condutor é obrigado, dentro do período de 24 DOS PEDESTRES E CONDUTORES DE
(vinte e quatro) horas, a observar o mínimo de 11 (onze)
horas de descanso, que podem ser fracionadas, usufru- VEÍCULOS NÃO MOTORIZADOS
ídas no veículo e coincidir com os intervalos mencio-
nados no § 1º, observadas no primeiro período 8 (oito) Art. 68. É assegurada ao pedestre a utilização dos pas-
horas ininterruptas de descanso. seios ou passagens apropriadas das vias urbanas e dos
acostamentos das vias rurais para circulação, podendo
§ 4º Entende-se como tempo de direção ou de condu-
a autoridade competente permitir a utilização de parte
ção apenas o período em que o condutor estiver efetiva-
da calçada para outros fins, desde que não seja prejudi-
mente ao volante, em curso entre a origem e o destino.
cial ao fluxo de pedestres.
§ 5º Entende-se como início de viagem a partida do
§ 1º O ciclista desmontado empurrando a bicicleta
veículo na ida ou no retorno, com ou sem carga, consi-
equipara-se ao pedestre em direitos e deveres.
derando-se como sua continuação as partidas nos dias
subsequentes até o destino. § 2º Nas áreas urbanas, quando não houver passeios
ou quando não for possível a utilização destes, a circu-
§ 6º O condutor somente iniciará uma viagem após o
lação de pedestres na pista de rolamento será feita com
cumprimento integral do intervalo de descanso previsto
prioridade sobre os veículos, pelos bordos da pista, em
no § 3º deste artigo.
fila única, exceto em locais proibidos pela sinalização e
§ 7º Nenhum transportador de cargas ou coletivo de nas situações em que a segurança ficar comprometida.
passageiros, embarcador, consignatário de cargas,
§ 3º Nas vias rurais, quando não houver acostamento
operador de terminais de carga, operador de transporte
ou quando não for possível a utilização dele, a circula-
multimodal de cargas ou agente de cargas ordenará a
ção de pedestres, na pista de rolamento, será feita com
qualquer motorista a seu serviço, ainda que subcon-
prioridade sobre os veículos, pelos bordos da pista, em
tratado, que conduza veículo referido no caput sem a
fila única, em sentido contrário ao deslocamento de
observância do disposto no § 6º.
veículos, exceto em locais proibidos pela sinalização e
nas situações em que a segurança ficar comprometida.
Art. 67-D. (VETADO).
§ 4º (VETADO)

716
§ 5º Nos trechos urbanos de vias rurais e nas obras de liberando a passagem dos veículos.
arte a serem construídas, deverá ser previsto passeio
destinado à circulação dos pedestres, que não deverão, Art. 71. O órgão ou entidade com circunscrição sobre a
nessas condições, usar o acostamento. via manterá, obrigatoriamente, as faixas e passagens de
§ 6º Onde houver obstrução da calçada ou da passagem pedestres em boas condições de visibilidade, higiene,
para pedestres, o órgão ou entidade com circunscrição segurança e sinalização.
sobre a via deverá assegurar a devida sinalização e pro-
teção para circulação de pedestres. CAPÍTULO V
DO CIDADÃO
Art. 69. Para cruzar a pista de rolamento o pedestre
tomará precauções de segurança, levando em conta, Art. 72. Todo cidadão ou entidade civil tem o direito de
principalmente, a visibilidade, a distância e a velocida- solicitar, por escrito, aos órgãos ou entidades do Sis-
de dos veículos, utilizando sempre as faixas ou passa- tema Nacional de Trânsito, sinalização, fiscalização e
gens a ele destinadas sempre que estas existirem numa implantação de equipamentos de segurança, bem como
distância de até cinqüenta metros dele, observadas as sugerir alterações em normas, legislação e outros as-
seguintes disposições: suntos pertinentes a este Código.
I - onde não houver faixa ou passagem, o cruzamento
da via deverá ser feito em sentido perpendicular ao de Art. 73. Os órgãos ou entidades pertencentes ao Sis-
seu eixo; tema Nacional de Trânsito têm o dever de analisar as
II - para atravessar uma passagem sinalizada para pe- solicitações e responder, por escrito, dentro de prazos
destres ou delimitada por marcas sobre a pista: mínimos, sobre a possibilidade ou não de atendimento,
esclarecendo ou justificando a análise efetuada, e, se
a) onde houver foco de pedestres, obedecer às indica- pertinente, informando ao solicitante quando tal evento
ções das luzes; ocorrerá.
b) onde não houver foco de pedestres, aguardar que o Parágrafo único. As campanhas de trânsito devem es-
semáforo ou o agente de trânsito interrompa o fluxo de clarecer quais as atribuições dos órgãos e entidades
veículos; pertencentes ao Sistema Nacional de Trânsito e como
III - nas interseções e em suas proximidades, onde não proceder a tais solicitações.
existam faixas de travessia, os pedestres devem atra-
vessar a via na continuação da calçada, observadas as CAPÍTULO VI
seguintes normas: DA EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO
a) não deverão adentrar na pista sem antes se certificar
de que podem fazê-lo sem obstruir o trânsito de veí- Art. 74. A educação para o trânsito é direito de todos
culos; e constitui dever prioritário para os componentes do
b) uma vez iniciada a travessia de uma pista, os pedes- Sistema Nacional de Trânsito.
tres não deverão aumentar o seu percurso, demorar-se § 1º É obrigatória a existência de coordenação educa-
ou parar sobre ela sem necessidade. cional em cada órgão ou entidade componente do Sis-
tema Nacional de Trânsito.
Art. 70. Os pedestres que estiverem atravessando a via
§ 2º Os órgãos ou entidades executivos de trânsito de-
sobre as faixas delimitadas para esse fim terão priori-
verão promover, dentro de sua estrutura organizacional
dade de passagem, exceto nos locais com sinalização
ou mediante convênio, o funcionamento de Escolas Pú-
semafórica, onde deverão ser respeitadas as disposi-
blicas de Trânsito, nos moldes e padrões estabelecidos
ções deste Código.
pelo CONTRAN.
Parágrafo único. Nos locais em que houver sinaliza-
ção semafórica de controle de passagem será dada Art. 75. O CONTRAN estabelecerá, anualmente, os te-
preferência aos pedestres que não tenham concluído mas e os cronogramas das campanhas de âmbito na-
a travessia, mesmo em caso de mudança do semáforo cional que deverão ser promovidas por todos os órgãos

717
ou entidades do Sistema Nacional de Trânsito, em espe- - SUS, sendo intensificadas nos períodos e na forma
cial nos períodos referentes às férias escolares, feriados estabelecidos no art. 76.
prolongados e à Semana Nacional de Trânsito.
§ 1º Os órgãos ou entidades do Sistema Nacional de Art. 77-A. São assegurados aos órgãos ou entidades
Trânsito deverão promover outras campanhas no âm- componentes do Sistema Nacional de Trânsito os me-
bito de sua circunscrição e de acordo com as peculia- canismos instituídos nos arts. 77-B a 77-E para a vei-
ridades locais. culação de mensagens educativas de trânsito em todo
o território nacional, em caráter suplementar às campa-
§ 2º As campanhas de que trata este artigo são de cará- nhas previstas nos arts. 75 e 77.
ter permanente, e os serviços de rádio e difusão sonora
de sons e imagens explorados pelo poder público são Art. 77-B. Toda peça publicitária destinada à divulgação
obrigados a difundi-las gratuitamente, com a freqüên- ou promoção, nos meios de comunicação social, de
cia recomendada pelos órgãos competentes do Sistema produto oriundo da indústria automobilística ou afim,
Nacional de Trânsito. incluirá, obrigatoriamente, mensagem educativa de
trânsito a ser conjuntamente veiculada.
Art. 76. A educação para o trânsito será promovida na
pré-escola e nas escolas de 1º, 2º e 3º graus, por meio § 1º Para os efeitos dos arts. 77-A a 77-E, conside-
de planejamento e ações coordenadas entre os órgãos ram-se produtos oriundos da indústria automobilística
e entidades do Sistema Nacional de Trânsito e de Edu- ou afins:
cação, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos I – os veículos rodoviários automotores de qualquer
Municípios, nas respectivas áreas de atuação. espécie, incluídos os de passageiros e os de carga;
Parágrafo único. Para a finalidade prevista neste arti- II – os componentes, as peças e os acessórios utiliza-
go, o Ministério da Educação e do Desporto, mediante dos nos veículos mencionados no inciso I.
proposta do CONTRAN e do Conselho de Reitores das
§ 2º O disposto no caput deste artigo aplica-se à pro-
Universidades Brasileiras, diretamente ou mediante
paganda de natureza comercial, veiculada por iniciativa
convênio, promoverá:
do fabricante do produto, em qualquer das seguintes
I - a adoção, em todos os níveis de ensino, de um currí- modalidades: (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009).
culo interdisciplinar com conteúdo programático sobre
I – rádio; (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009).
segurança de trânsito;
II – televisão; (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009).
II - a adoção de conteúdos relativos à educação para o
trânsito nas escolas de formação para o magistério e o III – jornal; (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009).
treinamento de professores e multiplicadores; IV – revista; (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009).
III - a criação de corpos técnicos interprofissionais para V – outdoor. (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009).
levantamento e análise de dados estatísticos relativos
ao trânsito; § 3º Para efeito do disposto no § 2º, equiparam-se ao
fabricante o montador, o encarroçador, o importador e o
IV - a elaboração de planos de redução de acidentes de revendedor autorizado dos veículos e demais produtos
trânsito junto aos núcleos interdisciplinares universitá- discriminados no § 1º deste artigo.
rios de trânsito, com vistas à integração universidades-
-sociedade na área de trânsito. Art. 77-C. Quando se tratar de publicidade veiculada
em outdoor instalado à margem de rodovia, dentro ou
Art. 77. No âmbito da educação para o trânsito caberá fora da respectiva faixa de domínio, a obrigação prevista
ao Ministério da Saúde, mediante proposta do CON- no art. 77-B estende-se à propaganda de qualquer tipo
TRAN, estabelecer campanha nacional esclarecendo de produto e anunciante, inclusive àquela de caráter
condutas a serem seguidas nos primeiros socorros em institucional ou eleitoral.
caso de acidente de trânsito.
Parágrafo único. As campanhas terão caráter per- Art. 77-D. O Conselho Nacional de Trânsito (Contran)
manente por intermédio do Sistema Único de Saúde especificará o conteúdo e o padrão de apresentação
das mensagens, bem como os procedimentos envol-

718
vidos na respectiva veiculação, em conformidade com da via, sinalização prevista neste Código e em legisla-
as diretrizes fixadas para as campanhas educativas de ção complementar, destinada a condutores e pedestres,
trânsito a que se refere o art. 75. vedada a utilização de qualquer outra.
§ 1º A sinalização será colocada em posição e condi-
Art. 77-E. A veiculação de publicidade feita em desa- ções que a tornem perfeitamente visível e legível du-
cordo com as condições fixadas nos arts. 77-A a 77-D rante o dia e a noite, em distância compatível com a
constitui infração punível com as seguintes sanções: segurança do trânsito, conforme normas e especifica-
I – advertência por escrito; ções do CONTRAN.
II – suspensão, nos veículos de divulgação da publici- § 2º O CONTRAN poderá autorizar, em caráter experi-
dade, de qualquer outra propaganda do produto, pelo mental e por período prefixado, a utilização de sinaliza-
prazo de até 60 (sessenta) dias; ção não prevista neste Código.
III - multa de R$ 1.627,00 (mil, seiscentos e vinte e sete § 3º A responsabilidade pela instalação da sinalização
reais) a R$ 8.135,00 (oito mil, cento e trinta e cinco nas vias internas pertencentes aos condomínios cons-
reais), cobrada do dobro até o quíntuplo em caso de tituídos por unidades autônomas e nas vias e áreas de
reincidência. estacionamento de estabelecimentos privados de uso
coletivo é de seu proprietário.
§ 1º As sanções serão aplicadas isolada ou cumulativa-
mente, conforme dispuser o regulamento.
Art. 81. Nas vias públicas e nos imóveis é proibido
§ 2º Sem prejuízo do disposto no caput deste artigo, colocar luzes, publicidade, inscrições, vegetação e
qualquer infração acarretará a imediata suspensão da mobiliário que possam gerar confusão, interferir na
veiculação da peça publicitária até que sejam cumpri- visibilidade da sinalização e comprometer a segurança
das as exigências fixadas nos arts. 77-A a 77-D. do trânsito.

Art. 78. Os Ministérios da Saúde, da Educação e do Art. 82. É proibido afixar sobre a sinalização de trânsito
Desporto, do Trabalho, dos Transportes e da Justiça, e respectivos suportes, ou junto a ambos, qualquer tipo
por intermédio do CONTRAN, desenvolverão e imple- de publicidade, inscrições, legendas e símbolos que
mentarão programas destinados à prevenção de aci- não se relacionem com a mensagem da sinalização.
dentes.
Parágrafo único. O percentual de dez por cento do total Art. 83. A afixação de publicidade ou de quaisquer le-
dos valores arrecadados destinados à Previdência So- gendas ou símbolos ao longo das vias condiciona-se à
cial, do Prêmio do Seguro Obrigatório de Danos Pesso- prévia aprovação do órgão ou entidade com circunscri-
ais causados por Veículos Automotores de Via Terrestre ção sobre a via.
- DPVAT, de que trata a Lei nº 6.194, de 19 de dezembro
de 1974, serão repassados mensalmente ao Coorde- Art. 84. O órgão ou entidade de trânsito com circunscri-
nador do Sistema Nacional de Trânsito para aplicação ção sobre a via poderá retirar ou determinar a imediata
exclusiva em programas de que trata este artigo. retirada de qualquer elemento que prejudique a visibi-
lidade da sinalização viária e a segurança do trânsito,
Art. 79. Os órgãos e entidades executivos de trânsito com ônus para quem o tenha colocado.
poderão firmar convênio com os órgãos de educação
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu- Art. 85. Os locais destinados pelo órgão ou entidade
nicípios, objetivando o cumprimento das obrigações de trânsito com circunscrição sobre a via à travessia de
estabelecidas neste capítulo. pedestres deverão ser sinalizados com faixas pintadas
ou demarcadas no leito da via.
CAPÍTULO VII
Art. 86. Os locais destinados a postos de gasolina,
DA SINALIZAÇÃO DE TRÂNSITO
oficinas, estacionamentos ou garagens de uso coletivo
deverão ter suas entradas e saídas devidamente identifi-
Art. 80. Sempre que necessário, será colocada ao longo cadas, na forma regulamentada pelo CONTRAN.

719
Art. 86-A. As vagas de estacionamento regulamentado OPERAÇÃO, DA FISCALIZAÇÃO E DO
de que trata o inciso XVII do art. 181 desta Lei deverão POLICIAMENTO OSTENSIVO DE TRÂNSITO
ser sinalizadas com as respectivas placas indicativas de
destinação e com placas informando os dados sobre a
infração por estacionamento indevido. Art. 91. O CONTRAN estabelecerá as normas e regula-
mentos a serem adotados em todo o território nacional
Art. 87. Os sinais de trânsito classificam-se em: quando da implementação das soluções adotadas pela
Engenharia de Tráfego, assim como padrões a serem
I - verticais; praticados por todos os órgãos e entidades do Sistema
II - horizontais; Nacional de Trânsito.
III - dispositivos de sinalização auxiliar;
Art. 92. (VETADO)
IV - luminosos;
V - sonoros; Art. 93. Nenhum projeto de edificação que possa trans-
formar-se em pólo atrativo de trânsito poderá ser apro-
VI - gestos do agente de trânsito e do condutor. vado sem prévia anuência do órgão ou entidade com
circunscrição sobre a via e sem que do projeto conste
Art. 88. Nenhuma via pavimentada poderá ser entregue área para estacionamento e indicação das vias de aces-
após sua construção, ou reaberta ao trânsito após a so adequadas.
realização de obras ou de manutenção, enquanto não
estiver devidamente sinalizada, vertical e horizontal- Art. 94. Qualquer obstáculo à livre circulação e à segu-
mente, de forma a garantir as condições adequadas de rança de veículos e pedestres, tanto na via quanto na
segurança na circulação. calçada, caso não possa ser retirado, deve ser devida e
Parágrafo único. Nas vias ou trechos de vias em obras imediatamente sinalizado.
deverá ser afixada sinalização específica e adequada. Parágrafo único. É proibida a utilização das ondula-
ções transversais e de sonorizadores como redutores
Art. 89. A sinalização terá a seguinte ordem de preva- de velocidade, salvo em casos especiais definidos pelo
lência: órgão ou entidade competente, nos padrões e critérios
I - as ordens do agente de trânsito sobre as normas de estabelecidos pelo CONTRAN.
circulação e outros sinais;
Art. 95. Nenhuma obra ou evento que possa perturbar
II - as indicações do semáforo sobre os demais sinais; ou interromper a livre circulação de veículos e pedes-
III - as indicações dos sinais sobre as demais normas tres, ou colocar em risco sua segurança, será iniciada
de trânsito. sem permissão prévia do órgão ou entidade de trânsito
com circunscrição sobre a via.
Art. 90. Não serão aplicadas as sanções previstas neste § 1º A obrigação de sinalizar é do responsável pela exe-
Código por inobservância à sinalização quando esta for cução ou manutenção da obra ou do evento.
insuficiente ou incorreta.
§ 2º Salvo em casos de emergência, a autoridade de
§ 1º O órgão ou entidade de trânsito com circunscrição trânsito com circunscrição sobre a via avisará a co-
sobre a via é responsável pela implantação da sinaliza- munidade, por intermédio dos meios de comunicação
ção, respondendo pela sua falta, insuficiência ou incor- social, com quarenta e oito horas de antecedência, de
reta colocação. qualquer interdição da via, indicando-se os caminhos
§ 2º O CONTRAN editará normas complementares no alternativos a serem utilizados.
que se refere à interpretação, colocação e uso da si- § 3º O descumprimento do disposto neste artigo será
nalização. punido com multa de R$ 81,35 (oitenta e um reais e
trinta e cinco centavos) a R$ 488,10 (quatrocentos e
CAPÍTULO VIII oitenta e oito reais e dez centavos), independentemente
DA ENGENHARIA DE TRÁFEGO, DA das cominações cíveis e penais cabíveis, além de multa

720
diária no mesmo valor até a regularização da situação, a b) de carga:
partir do prazo final concedido pela autoridade de trân- 1 - motoneta;
sito, levando-se em consideração a dimensão da obra
ou do evento e o prejuízo causado ao trânsito. 2 - motocicleta;
§ 4º Ao servidor público responsável pela inobservân- 3 - triciclo;
cia de qualquer das normas previstas neste e nos arts. 4 - quadriciclo;
93 e 94, a autoridade de trânsito aplicará multa diária
na base de cinqüenta por cento do dia de vencimento 5 - caminhonete;
ou remuneração devida enquanto permanecer a irregu- 6 - caminhão;
laridade.
7 - reboque ou semi-reboque;

CAPÍTULO IX 8 - carroça;
DOS VEÍCULOS 9 - carro-de-mão;

c) misto:
Seção I
Disposições Gerais 1 - camioneta;
2 - utilitário;
Art. 96. Os veículos classificam-se em: 3 - outros;
I - quanto à tração:
d) de competição;
a) automotor;
b) elétrico; e) de tração:
c) de propulsão humana; 1 - caminhão-trator;
d) de tração animal; 2 - trator de rodas;
e) reboque ou semi-reboque; 3 - trator de esteiras;
4 - trator misto;
II - quanto à espécie:
a) de passageiros: f) especial;
1 - bicicleta;
g) de coleção;
2 - ciclomotor;
3 - motoneta; III - quanto à categoria:
4 - motocicleta;
a) oficial;
5 - triciclo;
6 - quadriciclo; b) de representação diplomática, de repartições consu-
lares de carreira ou organismos internacionais acredi-
7 - automóvel; tados junto ao Governo brasileiro;
8 - microônibus;
c) particular;
9 - ônibus;
10 - bonde; d) de aluguel;
11 - reboque ou semi-reboque;
e) de aprendizagem.
12 - charrete;
Art. 97. As características dos veículos, suas especifica-

721
ções básicas, configuração e condições essenciais para zado no transporte de carga indivisível, que não se en-
registro, licenciamento e circulação serão estabelecidas quadre nos limites de peso e dimensões estabelecidos
pelo CONTRAN, em função de suas aplicações. pelo CONTRAN, poderá ser concedida, pela autoridade
com circunscrição sobre a via, autorização especial
Art. 98. Nenhum proprietário ou responsável poderá, de trânsito, com prazo certo, válida para cada viagem,
sem prévia autorização da autoridade competente, fazer atendidas as medidas de segurança consideradas ne-
ou ordenar que sejam feitas no veículo modificações de cessárias.
suas características de fábrica. § 1º A autorização será concedida mediante requeri-
Parágrafo único. Os veículos e motores novos ou usa- mento que especificará as características do veículo ou
dos que sofrerem alterações ou conversões são obri- combinação de veículos e de carga, o percurso, a data e
gados a atender aos mesmos limites e exigências de o horário do deslocamento inicial.
emissão de poluentes e ruído previstos pelos órgãos § 2º A autorização não exime o beneficiário da respon-
ambientais competentes e pelo CONTRAN, cabendo à sabilidade por eventuais danos que o veículo ou a com-
entidade executora das modificações e ao proprietário binação de veículos causar à via ou a terceiros.
do veículo a responsabilidade pelo cumprimento das
exigências. § 3º Aos guindastes autopropelidos ou sobre cami-
nhões poderá ser concedida, pela autoridade com cir-
Art. 99. Somente poderá transitar pelas vias terrestres cunscrição sobre a via, autorização especial de trânsito,
o veículo cujo peso e dimensões atenderem aos limites com prazo de seis meses, atendidas as medidas de
estabelecidos pelo CONTRAN. segurança consideradas necessárias.

§ 1º O excesso de peso será aferido por equipamento Art. 102. O veículo de carga deverá estar devidamente
de pesagem ou pela verificação de documento fiscal, na equipado quando transitar, de modo a evitar o derrama-
forma estabelecida pelo CONTRAN. mento da carga sobre a via.
§ 2º Será tolerado um percentual sobre os limites de Parágrafo único. O CONTRAN fixará os requisitos míni-
peso bruto total e peso bruto transmitido por eixo de mos e a forma de proteção das cargas de que trata este
veículos à superfície das vias, quando aferido por equi- artigo, de acordo com a sua natureza.
pamento, na forma estabelecida pelo CONTRAN.
§ 3º Os equipamentos fixos ou móveis utilizados na pe- Seção II
sagem de veículos serão aferidos de acordo com a me- Da Segurança dos Veículos
todologia e na periodicidade estabelecidas pelo CON-
TRAN, ouvido o órgão ou entidade de metrologia legal.
Art. 103. O veículo só poderá transitar pela via quando
Art. 100. Nenhum veículo ou combinação de veículos atendidos os requisitos e condições de segurança es-
poderá transitar com lotação de passageiros, com peso tabelecidos neste Código e em normas do CONTRAN.
bruto total, ou com peso bruto total combinado com § 1º Os fabricantes, os importadores, os montadores
peso por eixo, superior ao fixado pelo fabricante, nem e os encarroçadores de veículos deverão emitir certi-
ultrapassar a capacidade máxima de tração da unidade ficado de segurança, indispensável ao cadastramento
tratora. no RENAVAM, nas condições estabelecidas pelo CON-
§ 1º Os veículos de transporte coletivo de passageiros TRAN.
poderão ser dotados de pneus extralargos. § 2º a periodicidade para que os fabricantes, os impor-
§ 2º O Contran regulamentará o uso de pneus extralar- tadores, os montadores e os encarroçadores compro-
gos para os demais veículos. vem o atendimento aos requisitos de segurança veicu-
lar, devendo, para isso, manter disponíveis a qualquer
§ 3º É permitida a fabricação de veículos de transporte tempo os resultados dos testes e ensaios dos sistemas
de passageiros de até 15 m (quinze metros) de compri- e componentes abrangidos pela legislação de seguran-
mento na configuração de chassi 8x2. ça veicular.

Art. 101. Ao veículo ou combinação de veículos utili-

722
Art. 104. Os veículos em circulação terão suas condi- VI - para as bicicletas, a campainha, sinalização noturna
ções de segurança, de controle de emissão de gases dianteira, traseira, lateral e nos pedais, e espelho retro-
poluentes e de ruído avaliadas mediante inspeção, que visor do lado esquerdo.
será obrigatória, na forma e periodicidade estabelecidas VII - equipamento suplementar de retenção - air
pelo CONTRAN para os itens de segurança e pelo CO- bag frontal para o condutor e o passageiro do banco
NAMA para emissão de gases poluentes e ruído. dianteiro.
§ 1º (VETADO) § 1º O CONTRAN disciplinará o uso dos equipamentos
§ 2º (VETADO) obrigatórios dos veículos e determinará suas especifi-
cações técnicas.
§ 3º (VETADO)
§ 2º Nenhum veículo poderá transitar com equipamen-
§ 4º (VETADO)
to ou acessório proibido, sendo o infrator sujeito às
§ 5º Será aplicada a medida administrativa de retenção penalidades e medidas administrativas previstas neste
aos veículos reprovados na inspeção de segurança e na Código.
de emissão de gases poluentes e ruído.
§ 3º Os fabricantes, os importadores, os montadores,
§ 6º Estarão isentos da inspeção de que trata o caput, os encarroçadores de veículos e os revendedores de-
durante 3 (três) anos a partir do primeiro licenciamento, vem comercializar os seus veículos com os equipa-
os veículos novos classificados na categoria particular, mentos obrigatórios definidos neste artigo, e com os
com capacidade para até 7 (sete) passageiros, desde demais estabelecidos pelo CONTRAN.
que mantenham suas características originais de fábrica
§ 4º O CONTRAN estabelecerá o prazo para o atendi-
e não se envolvam em acidente de trânsito com danos
mento do disposto neste artigo.
de média ou grande monta.
§ 5º A exigência estabelecida no inciso VII do caput des-
§ 7º Para os demais veículos novos, o período de que
te artigo será progressivamente incorporada aos novos
trata o § 6º será de 2 (dois) anos, desde que mante-
projetos de automóveis e dos veículos deles derivados,
nham suas características originais de fábrica e não se
fabricados, importados, montados ou encarroçados,
envolvam em acidente de trânsito com danos de média
a partir do 1º (primeiro) ano após a definição pelo
ou grande monta.
Contran das especificações técnicas pertinentes e do
respectivo cronograma de implantação e a partir do
Art. 105. São equipamentos obrigatórios dos veículos,
5º (quinto) ano, após esta definição, para os demais
entre outros a serem estabelecidos pelo CONTRAN:
automóveis zero quilômetro de modelos ou projetos já
I - cinto de segurança, conforme regulamentação espe- existentes e veículos deles derivados.
cífica do CONTRAN, com exceção dos veículos destina-
§ 6º A exigência estabelecida no inciso VII do caput des-
dos ao transporte de passageiros em percursos em que
te artigo não se aplica aos veículos destinados à expor-
seja permitido viajar em pé;
tação.
II - para os veículos de transporte e de condução esco-
lar, os de transporte de passageiros com mais de dez Art. 106. No caso de fabricação artesanal ou de modifi-
lugares e os de carga com peso bruto total superior cação de veículo ou, ainda, quando ocorrer substituição
a quatro mil, quinhentos e trinta e seis quilogramas, de equipamento de segurança especificado pelo fabri-
equipamento registrador instantâneo inalterável de ve- cante, será exigido, para licenciamento e registro, cer-
locidade e tempo; tificado de segurança expedido por instituição técnica
III - encosto de cabeça, para todos os tipos de veícu- credenciada por órgão ou entidade de metrologia legal,
los automotores, segundo normas estabelecidas pelo conforme norma elaborada pelo CONTRAN.
CONTRAN;
Art. 107. Os veículos de aluguel, destinados ao trans-
IV - (VETADO) porte individual ou coletivo de passageiros, deverão
V - dispositivo destinado ao controle de emissão de satisfazer, além das exigências previstas neste Código,
gases poluentes e de ruído, segundo normas estabele- às condições técnicas e aos requisitos de segurança,
cidas pelo CONTRAN. higiene e conforto estabelecidos pelo poder competente

723
para autorizar, permitir ou conceder a exploração dessa rentes de falhas oriundas de projetos e da qualidade
atividade. dos materiais e equipamentos utilizados na sua fabri-
cação.
Art. 108. Onde não houver linha regular de ônibus, a
autoridade com circunscrição sobre a via poderá auto- Seção III
rizar, a título precário, o transporte de passageiros em Da Identificação do Veículo
veículo de carga ou misto, desde que obedecidas as
condições de segurança estabelecidas neste Código e
pelo CONTRAN. Art. 114. O veículo será identificado obrigatoriamente
por caracteres gravados no chassi ou no monobloco,
Parágrafo único. A autorização citada no caput não reproduzidos em outras partes, conforme dispuser o
poderá exceder a doze meses, prazo a partir do qual CONTRAN.
a autoridade pública responsável deverá implantar o
serviço regular de transporte coletivo de passageiros, § 1º A gravação será realizada pelo fabricante ou mon-
em conformidade com a legislação pertinente e com os tador, de modo a identificar o veículo, seu fabricante e
dispositivos deste Código. as suas características, além do ano de fabricação, que
não poderá ser alterado.
Art. 109. O transporte de carga em veículos destinados § 2º As regravações, quando necessárias, dependerão
ao transporte de passageiros só pode ser realizado de de prévia autorização da autoridade executiva de trân-
acordo com as normas estabelecidas pelo CONTRAN. sito e somente serão processadas por estabelecimento
por ela credenciado, mediante a comprovação de pro-
Art. 110. O veículo que tiver alterada qualquer de suas priedade do veículo, mantida a mesma identificação
características para competição ou finalidade análoga anterior, inclusive o ano de fabricação.
só poderá circular nas vias públicas com licença es-
§ 3º Nenhum proprietário poderá, sem prévia permissão
pecial da autoridade de trânsito, em itinerário e horário
da autoridade executiva de trânsito, fazer, ou ordenar
fixados.
que se faça, modificações da identificação de seu ve-
ículo.
Art. 111. É vedado, nas áreas envidraçadas do veículo:
I - (VETADO) Art. 115. O veículo será identificado externamente por
II - o uso de cortinas, persianas fechadas ou similares meio de placas dianteira e traseira, sendo esta lacrada
nos veículos em movimento, salvo nos que possuam em sua estrutura, obedecidas as especificações e mo-
espelhos retrovisores em ambos os lados. delos estabelecidos pelo CONTRAN.

III - aposição de inscrições, películas refletivas ou não, § 1º Os caracteres das placas serão individualizados
painéis decorativos ou pinturas, quando comprometer para cada veículo e o acompanharão até a baixa do re-
a segurança do veículo, na forma de regulamentação gistro, sendo vedado seu reaproveitamento.
do CONTRAN. § 2º As placas com as cores verde e amarela da Ban-
Parágrafo único. É proibido o uso de inscrição de ca- deira Nacional serão usadas somente pelos veículos de
ráter publicitário ou qualquer outra que possa desviar representação pessoal do Presidente e do Vice-Presi-
a atenção dos condutores em toda a extensão do pára- dente da República, dos Presidentes do Senado Fede-
-brisa e da traseira dos veículos, salvo se não colocar ral e da Câmara dos Deputados, do Presidente e dos
em risco a segurança do trânsito. Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos Ministros
de Estado, do Advogado-Geral da União e do Procura-
dor-Geral da República.
Art. 112. (Revogado pela Lei nº 9.792, de 1999)
§ 3º Os veículos de representação dos Presidentes dos
Art. 113. Os importadores, as montadoras, as encar- Tribunais Federais, dos Governadores, Prefeitos, Se-
roçadoras e fabricantes de veículos e autopeças são cretários Estaduais e Municipais, dos Presidentes das
responsáveis civil e criminalmente por danos causados Assembléias Legislativas, das Câmaras Municipais,
aos usuários, a terceiros, e ao meio ambiente, decor- dos Presidentes dos Tribunais Estaduais e do Distrito
Federal, e do respectivo chefe do Ministério Público e

724
ainda dos Oficiais Generais das Forças Armadas terão veículo oficial.
placas especiais, de acordo com os modelos estabele-
cidos pelo CONTRAN. Art. 117. Os veículos de transporte de carga e os coleti-
§ 4º Os aparelhos automotores destinados a puxar ou vos de passageiros deverão conter, em local facilmente
a arrastar maquinaria de qualquer natureza ou a exe- visível, a inscrição indicativa de sua tara, do peso bruto
cutar trabalhos de construção ou de pavimentação são total (PBT), do peso bruto total combinado (PBTC) ou
sujeitos ao registro na repartição competente, se tran- capacidade máxima de tração (CMT) e de sua lotação,
sitarem em via pública, dispensados o licenciamento e vedado o uso em desacordo com sua classificação.
o emplacamento.
CAPÍTULO X
§ 4º-A. Os tratores e demais aparelhos automotores
destinados a puxar ou a arrastar maquinaria agrícola DOS VEÍCULOS EM CIRCULAÇÃO
ou a executar trabalhos agrícolas, desde que faculta- INTERNACIONAL
dos a transitar em via pública, são sujeitos ao registro
único, sem ônus, em cadastro específico do Ministério Art. 118. A circulação de veículo no território nacional,
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, acessível aos independentemente de sua origem, em trânsito entre o
componentes do Sistema Nacional de Trânsito. Brasil e os países com os quais exista acordo ou tra-
§ 5º O disposto neste artigo não se aplica aos veículos tado internacional, reger-se-á pelas disposições deste
de uso bélico. Código, pelas convenções e acordos internacionais
ratificados.
§ 6º Os veículos de duas ou três rodas são dispensados
da placa dianteira.
Art. 119. As repartições aduaneiras e os órgãos de
§ 7º Excepcionalmente, mediante autorização específica controle de fronteira comunicarão diretamente ao RE-
e fundamentada das respectivas corregedorias e com NAVAM a entrada e saída temporária ou definitiva de
a devida comunicação aos órgãos de trânsito compe- veículos.
tentes, os veículos utilizados por membros do Poder
§ 1º Os veículos licenciados no exterior não poderão
Judiciário e do Ministério Público que exerçam compe-
sair do território nacional sem o prévio pagamento ou
tência ou atribuição criminal poderão temporariamente
o depósito, judicial ou administrativo, dos valores cor-
ter placas especiais, de forma a impedir a identificação
respondentes às infrações de trânsito cometidas e ao
de seus usuários específicos, na forma de regulamento
ressarcimento de danos que tiverem causado ao patri-
a ser emitido, conjuntamente, pelo Conselho Nacional
mônio público ou de particulares, independentemente
de Justiça - CNJ, pelo Conselho Nacional do Ministério
da fase do processo administrativo ou judicial envol-
Público - CNMP e pelo Conselho Nacional de Trânsito
vendo a questão.
- CONTRAN.
§ 2º Os veículos que saírem do território nacional sem o
§ 8º Os veículos artesanais utilizados para trabalho
cumprimento do disposto no § 1º e que posteriormente
agrícola (jericos), para efeito do registro de que trata
forem flagrados tentando ingressar ou já em circulação
o § 4º-A, ficam dispensados da exigência prevista no
no território nacional serão retidos até a regularização
art. 106.
da situação.
§ 9º As placas que possuírem tecnologia que permita
a identificação do veículo ao qual estão atreladas são CAPÍTULO XI
dispensadas da utilização do lacre previsto no caput, DO REGISTRO DE VEÍCULOS
na forma a ser regulamentada pelo Contran.

Art. 116. Os veículos de propriedade da União, dos Art. 120. Todo veículo automotor, elétrico, articulado,
Estados e do Distrito Federal, devidamente registrados reboque ou semi-reboque, deve ser registrado perante
e licenciados, somente quando estritamente usados o órgão executivo de trânsito do Estado ou do Distrito
em serviço reservado de caráter policial, poderão usar Federal, no Município de domicílio ou residência de
placas particulares, obedecidos os critérios e limites seu proprietário, na forma da lei.
estabelecidos pela legislação que regulamenta o uso de § 1º Os órgãos executivos de trânsito dos Estados e

725
do Distrito Federal somente registrarão veículos ofi- ciamento Anual.
ciais de propriedade da administração direta, da União, § 3º A expedição do novo certificado será comunicada
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de ao órgão executivo de trânsito que expediu o anterior e
qualquer um dos poderes, com indicação expressa, por ao RENAVAM.
pintura nas portas, do nome, sigla ou logotipo do órgão
ou entidade em cujo nome o veículo será registrado,
Art. 124. Para a expedição do novo Certificado de Re-
excetuando-se os veículos de representação e os pre-
gistro de Veículo serão exigidos os seguintes docu-
vistos no art. 116.
mentos:
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica ao veículo
I - Certificado de Registro de Veículo anterior;
de uso bélico.
II - Certificado de Licenciamento Anual;
Art. 121. Registrado o veículo, expedir-se-á o Certifica- III - comprovante de transferência de propriedade,
do de Registro de Veículo - CRV de acordo com os mo- quando for o caso, conforme modelo e normas estabe-
delos e especificações estabelecidos pelo CONTRAN, lecidas pelo CONTRAN;
contendo as características e condições de invulnerabi-
lidade à falsificação e à adulteração. IV - Certificado de Segurança Veicular e de emissão de
poluentes e ruído, quando houver adaptação ou altera-
Art. 122. Para a expedição do Certificado de Registro ção de características do veículo;
de Veículo o órgão executivo de trânsito consultará o V - comprovante de procedência e justificativa da pro-
cadastro do RENAVAM e exigirá do proprietário os se- priedade dos componentes e agregados adaptados ou
guintes documentos: montados no veículo, quando houver alteração das ca-
I - nota fiscal fornecida pelo fabricante ou revendedor, racterísticas originais de fábrica;
ou documento equivalente expedido por autoridade VI - autorização do Ministério das Relações Exteriores,
competente; no caso de veículo da categoria de missões diplomá-
II - documento fornecido pelo Ministério das Relações ticas, de repartições consulares de carreira, de repre-
Exteriores, quando se tratar de veículo importado por sentações de organismos internacionais e de seus
membro de missões diplomáticas, de repartições con- integrantes;
sulares de carreira, de representações de organismos VII - certidão negativa de roubo ou furto de veículo, ex-
internacionais e de seus integrantes. pedida no Município do registro anterior, que poderá
ser substituída por informação do RENAVAM;
Art. 123. Será obrigatória a expedição de novo Certifi- VIII - comprovante de quitação de débitos relativos a
cado de Registro de Veículo quando: tributos, encargos e multas de trânsito vinculados ao
I - for transferida a propriedade; veículo, independentemente da responsabilidade pelas
infrações cometidas;
II - o proprietário mudar o Município de domicílio ou
residência; IX - (Revogado pela Lei nº 9.602, de 1998)
III - for alterada qualquer característica do veículo; X - comprovante relativo ao cumprimento do disposto
no art. 98, quando houver alteração nas características
IV - houver mudança de categoria.
originais do veículo que afetem a emissão de poluentes
§ 1º No caso de transferência de propriedade, o prazo e ruído;
para o proprietário adotar as providências necessárias à
XI - comprovante de aprovação de inspeção veicular e
efetivação da expedição do novo Certificado de Registro
de poluentes e ruído, quando for o caso, conforme re-
de Veículo é de trinta dias, sendo que nos demais casos
gulamentações do CONTRAN e do CONAMA.
as providências deverão ser imediatas.
Parágrafo único. O disposto no inciso VIII do caput des-
§ 2º No caso de transferência de domicílio ou residên-
te artigo não se aplica à regularização de bens apreen-
cia no mesmo Município, o proprietário comunicará o
didos ou confiscados na forma da Lei nº 11.343, de 23
novo endereço num prazo de trinta dias e aguardará o
de agosto de 2006. (Incluído pela Lei nº 13.886, de
novo licenciamento para alterar o Certificado de Licen-

726
2019) ado, sem ônus, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento, diretamente ou mediante convênio.
Art. 125. As informações sobre o chassi, o monobloco,
os agregados e as características originais do veículo CAPÍTULO XII
deverão ser prestadas ao RENAVAM: DO LICENCIAMENTO
I - pelo fabricante ou montadora, antes da comercializa-
ção, no caso de veículo nacional; Art. 130. Todo veículo automotor, elétrico, articulado,
II - pelo órgão alfandegário, no caso de veículo impor- reboque ou semi-reboque, para transitar na via, deve-
tado por pessoa física; rá ser licenciado anualmente pelo órgão executivo de
trânsito do Estado, ou do Distrito Federal, onde estiver
III - pelo importador, no caso de veículo importado por
registrado o veículo.
pessoa jurídica.
§ 1º O disposto neste artigo não se aplica a veículo de
Parágrafo único. As informações recebidas pelo RENA-
uso bélico.
VAM serão repassadas ao órgão executivo de trânsito
responsável pelo registro, devendo este comunicar ao § 2º No caso de transferência de residência ou domi-
RENAVAM, tão logo seja o veículo registrado. cílio, é válido, durante o exercício, o licenciamento de
origem.
Art. 126. O proprietário de veículo irrecuperável, ou
destinado à desmontagem, deverá requerer a baixa do Art. 131. O Certificado de Licenciamento Anual será ex-
registro, no prazo e forma estabelecidos pelo Contran, pedido ao veículo licenciado, vinculado ao Certificado
vedada a remontagem do veículo sobre o mesmo chassi de Registro, no modelo e especificações estabelecidos
de forma a manter o registro anterior. pelo CONTRAN.
Parágrafo único. A obrigação de que trata este artigo é § 1º O primeiro licenciamento será feito simultanea-
da companhia seguradora ou do adquirente do veículo mente ao registro.
destinado à desmontagem, quando estes sucederem ao § 2º O veículo somente será considerado licenciado
proprietário. estando quitados os débitos relativos a tributos, encar-
gos e multas de trânsito e ambientais, vinculados ao
Art. 127. O órgão executivo de trânsito competente só veículo, independentemente da responsabilidade pelas
efetuará a baixa do registro após prévia consulta ao ca- infrações cometidas.
dastro do RENAVAM.
§ 3º Ao licenciar o veículo, o proprietário deverá com-
Parágrafo único. Efetuada a baixa do registro, deverá provar sua aprovação nas inspeções de segurança vei-
ser esta comunicada, de imediato, ao RENAVAM. cular e de controle de emissões de gases poluentes e de
ruído, conforme disposto no art. 104.
Art. 128. Não será expedido novo Certificado de Re-
gistro de Veículo enquanto houver débitos fiscais e de Art. 132. Os veículos novos não estão sujeitos ao li-
multas de trânsito e ambientais, vinculadas ao veículo, cenciamento e terão sua circulação regulada pelo CON-
independentemente da responsabilidade pelas infra- TRAN durante o trajeto entre a fábrica e o Município
ções cometidas. de destino.

Art. 129. O registro e o licenciamento dos veículos de § 1º O disposto neste artigo aplica-se, igualmente, aos
propulsão humana e dos veículos de tração animal obe- veículos importados, durante o trajeto entre a alfândega
decerão à regulamentação estabelecida em legislação ou entreposto alfandegário e o Município de destino.
municipal do domicílio ou residência de seus proprie- § 2º (Revogado pela Lei nº 13.154, de 2015)
tários.
Art. 133. É obrigatório o porte do Certificado de Licen-
Art. 129-A. O registro dos tratores e demais aparelhos ciamento Anual.
automotores destinados a puxar ou a arrastar maquina-
Parágrafo único. O porte será dispensado quando, no
ria agrícola ou a executar trabalhos agrícolas será efetu-
momento da fiscalização, for possível ter acesso ao de-

727
vido sistema informatizado para verificar se o veículo VI - cintos de segurança em número igual à lotação;
está licenciado. VII - outros requisitos e equipamentos obrigatórios es-
tabelecidos pelo CONTRAN.
Art. 134. No caso de transferência de propriedade, o
proprietário antigo deverá encaminhar ao órgão execu- Art. 137. A autorização a que se refere o artigo anterior
tivo de trânsito do Estado dentro de um prazo de trinta deverá ser afixada na parte interna do veículo, em local
dias, cópia autenticada do comprovante de transferên- visível, com inscrição da lotação permitida, sendo ve-
cia de propriedade, devidamente assinado e datado, dada a condução de escolares em número superior à
sob pena de ter que se responsabilizar solidariamente capacidade estabelecida pelo fabricante.
pelas penalidades impostas e suas reincidências até a
data da comunicação.
Art. 138. O condutor de veículo destinado à condução
Parágrafo único. O comprovante de transferência de de escolares deve satisfazer os seguintes requisitos:
propriedade de que trata o caput poderá ser substituí-
I - ter idade superior a vinte e um anos;
do por documento eletrônico, na forma regulamentada
pelo Contran. II - ser habilitado na categoria D;
III - (VETADO)
Art. 135. Os veículos de aluguel, destinados ao trans-
porte individual ou coletivo de passageiros de linhas IV - não ter cometido nenhuma infração grave ou gra-
regulares ou empregados em qualquer serviço remune- víssima, ou ser reincidente em infrações médias duran-
rado, para registro, licenciamento e respectivo empla- te os doze últimos meses;
camento de característica comercial, deverão estar de- V - ser aprovado em curso especializado, nos termos da
vidamente autorizados pelo poder público concedente. regulamentação do CONTRAN.

CAPÍTULO XIII Art. 139. O disposto neste Capítulo não exclui a com-
DA CONDUÇÃO DE ESCOLARES petência municipal de aplicar as exigências previstas
em seus regulamentos, para o transporte de escolares.
Art. 136. Os veículos especialmente destinados à con-
dução coletiva de escolares somente poderão circular
CAPÍTULO XIII-A
nas vias com autorização emitida pelo órgão ou enti- DA CONDUÇÃO DE MOTO-FRETE
dade executivos de trânsito dos Estados e do Distrito
Federal, exigindo-se, para tanto: Art. 139-A. As motocicletas e motonetas destinadas ao
I - registro como veículo de passageiros; transporte remunerado de mercadorias – moto-frete
– somente poderão circular nas vias com autorização
II - inspeção semestral para verificação dos equipamen- emitida pelo órgão ou entidade executivo de trânsito
tos obrigatórios e de segurança; dos Estados e do Distrito Federal, exigindo-se, para
III - pintura de faixa horizontal na cor amarela, com tanto:
quarenta centímetros de largura, à meia altura, em toda I – registro como veículo da categoria de aluguel;
a extensão das partes laterais e traseira da carroçaria,
com o dístico ESCOLAR, em preto, sendo que, em caso II – instalação de protetor de motor mata-cachorro, fixa-
de veículo de carroçaria pintada na cor amarela, as co- do no chassi do veículo, destinado a proteger o motor
res aqui indicadas devem ser invertidas; e a perna do condutor em caso de tombamento, nos
termos de regulamentação do Conselho Nacional de
IV - equipamento registrador instantâneo inalterável de Trânsito – Contran;
velocidade e tempo;
III – instalação de aparador de linha antena corta-pipas,
V - lanternas de luz branca, fosca ou amarela dispostas nos termos de regulamentação do Contran;
nas extremidades da parte superior dianteira e lanternas
de luz vermelha dispostas na extremidade superior da IV – inspeção semestral para verificação dos equipa-
parte traseira; mentos obrigatórios e de segurança.

728
§ 1º A instalação ou incorporação de dispositivos para gorias de A a E, obedecida a seguinte gradação:
transporte de cargas deve estar de acordo com a regu- I - Categoria A - condutor de veículo motorizado de
lamentação do Contran. duas ou três rodas, com ou sem carro lateral;
§ 2º É proibido o transporte de combustíveis, produ- II - Categoria B - condutor de veículo motorizado, não
tos inflamáveis ou tóxicos e de galões nos veículos de abrangido pela categoria A, cujo peso bruto total não
que trata este artigo, com exceção do gás de cozinha exceda a três mil e quinhentos quilogramas e cuja lota-
e de galões contendo água mineral, desde que com o ção não exceda a oito lugares, excluído o do motorista;
auxílio de side-car, nos termos de regulamentação do
Contran. III - Categoria C - condutor de veículo motorizado uti-
lizado em transporte de carga, cujo peso bruto total
Art. 139-B. O disposto neste Capítulo não exclui a com- exceda a três mil e quinhentos quilogramas;
petência municipal ou estadual de aplicar as exigências IV - Categoria D - condutor de veículo motorizado utili-
previstas em seus regulamentos para as atividades de zado no transporte de passageiros, cuja lotação exceda
moto-frete no âmbito de suas circunscrições. a oito lugares, excluído o do motorista;
V - Categoria E - condutor de combinação de veículos
CAPÍTULO XIV em que a unidade tratora se enquadre nas categorias B,
DA HABILITAÇÃO C ou D e cuja unidade acoplada, reboque, semirrebo-
que, trailer ou articulada tenha 6.000 kg (seis mil qui-
Art. 140. A habilitação para conduzir veículo automotor logramas) ou mais de peso bruto total, ou cuja lotação
e elétrico será apurada por meio de exames que deverão exceda a 8 (oito) lugares.
ser realizados junto ao órgão ou entidade executivos do § 1º Para habilitar-se na categoria C, o condutor deverá
Estado ou do Distrito Federal, do domicílio ou residên- estar habilitado no mínimo há um ano na categoria B e
cia do candidato, ou na sede estadual ou distrital do não ter cometido nenhuma infração grave ou gravíssi-
próprio órgão, devendo o condutor preencher os se- ma, ou ser reincidente em infrações médias, durante os
guintes requisitos: últimos doze meses.
I - ser penalmente imputável; § 2º São os condutores da categoria B autorizados a
II - saber ler e escrever; conduzir veículo automotor da espécie motor-casa, de-
finida nos termos do Anexo I deste Código, cujo peso
III - possuir Carteira de Identidade ou equivalente. não exceda a 6.000 kg (seis mil quilogramas), ou cuja
Parágrafo único. As informações do candidato à habili- lotação não exceda a 8 (oito) lugares, excluído o do
tação serão cadastradas no RENACH. motorista.
§ 3º Aplica-se o disposto no inciso V ao condutor da
Art. 141. O processo de habilitação, as normas relativas combinação de veículos com mais de uma unidade tra-
à aprendizagem para conduzir veículos automotores e cionada, independentemente da capacidade de tração
elétricos e à autorização para conduzir ciclomotores ou do peso bruto total.
serão regulamentados pelo CONTRAN.
§ 1º A autorização para conduzir veículos de propulsão Art. 144. O trator de roda, o trator de esteira, o trator
humana e de tração animal ficará a cargo dos Muni- misto ou o equipamento automotor destinado à movi-
cípios. mentação de cargas ou execução de trabalho agrícola,
de terraplenagem, de construção ou de pavimentação
§ 2º (VETADO)
só podem ser conduzidos na via pública por condutor
habilitado nas categorias C, D ou E.
Art. 142. O reconhecimento de habilitação obtida em
outro país está subordinado às condições estabelecidas Parágrafo único. O trator de roda e os equipamentos
em convenções e acordos internacionais e às normas automotores destinados a executar trabalhos agrícolas
do CONTRAN. poderão ser conduzidos em via pública também por
condutor habilitado na categoria B.
Art. 143. Os candidatos poderão habilitar-se nas cate-

729
Art. 145. Para habilitar-se nas categorias D e E ou para CH.
conduzir veículo de transporte coletivo de passageiros, § 2º O exame de aptidão física e mental será preliminar
de escolares, de emergência ou de produto perigoso, e renovável a cada cinco anos, ou a cada três anos para
o candidato deverá preencher os seguintes requisitos: condutores com mais de sessenta e cinco anos de ida-
I - ser maior de vinte e um anos; de, no local de residência ou domicílio do examinado.
II - estar habilitado: § 3º O exame previsto no § 2º incluirá avaliação psico-
lógica preliminar e complementar sempre que a ele se
a) no mínimo há dois anos na categoria B, ou no míni-
submeter o condutor que exerce atividade remunerada
mo há um ano na categoria C, quando pretender habili-
ao veículo, incluindo-se esta avaliação para os demais
tar-se na categoria D; e
candidatos apenas no exame referente à primeira ha-
b) no mínimo há um ano na categoria C, quando preten- bilitação.
der habilitar-se na categoria E;
§ 4º Quando houver indícios de deficiência física,
III - não ter cometido nenhuma infração grave ou gra- mental, ou de progressividade de doença que possa
víssima ou ser reincidente em infrações médias durante diminuir a capacidade para conduzir o veículo, o prazo
os últimos doze meses; previsto no § 2º poderá ser diminuído por proposta do
IV - ser aprovado em curso especializado e em curso perito examinador.
de treinamento de prática veicular em situação de risco, § 5º O condutor que exerce atividade remunerada ao
nos termos da normatização do CONTRAN. veículo terá essa informação incluída na sua Carteira
Parágrafo único. A participação em curso especializado Nacional de Habilitação, conforme especificações do
previsto no inciso IV independe da observância do dis- Conselho Nacional de Trânsito – Contran.
posto no inciso III.
Art. 147-A. Ao candidato com deficiência auditiva é
§ 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015) assegurada acessibilidade de comunicação, mediante
emprego de tecnologias assistivas ou de ajudas téc-
Art. 145-A. Além do disposto no art. 145, para conduzir nicas em todas as etapas do processo de habilitação.
ambulâncias, o candidato deverá comprovar treinamen-
to especializado e reciclagem em cursos específicos a § 1º O material didático audiovisual utilizado em aulas
cada 5 (cinco) anos, nos termos da normatização do teóricas dos cursos que precedem os exames previstos
Contran. no art. 147 desta Lei deve ser acessível, por meio de
subtitulação com legenda oculta associada à tradução
Art. 146. Para conduzir veículos de outra categoria o simultânea em Libras.
condutor deverá realizar exames complementares exigi- § 2º É assegurado também ao candidato com deficiên-
dos para habilitação na categoria pretendida. cia auditiva requerer, no ato de sua inscrição, os servi-
ços de intérprete da Libras, para acompanhamento em
Art. 147. O candidato à habilitação deverá submeter-se aulas práticas e teóricas.
a exames realizados pelo órgão executivo de trânsito,
na seguinte ordem: Art. 148. Os exames de habilitação, exceto os de dire-
I - de aptidão física e mental; ção veicular, poderão ser aplicados por entidades pú-
blicas ou privadas credenciadas pelo órgão executivo
II - (VETADO) de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, de acordo
III - escrito, sobre legislação de trânsito; com as normas estabelecidas pelo CONTRAN.
IV - de noções de primeiros socorros, conforme regula- § 1º A formação de condutores deverá incluir, obriga-
mentação do CONTRAN; toriamente, curso de direção defensiva e de conceitos
básicos de proteção ao meio ambiente relacionados
V - de direção veicular, realizado na via pública, em
com o trânsito.
veículo da categoria para a qual estiver habilitando-se.
§ 2º Ao candidato aprovado será conferida Permissão
§ 1º Os resultados dos exames e a identificação dos
para Dirigir, com validade de um ano.
respectivos examinadores serão registrados no RENA-

730
§ 3º A Carteira Nacional de Habilitação será conferida pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1º de maio de 1943.
ao condutor no término de um ano, desde que o mesmo § 7º O exame será realizado, em regime de livre concor-
não tenha cometido nenhuma infração de natureza gra- rência, pelos laboratórios credenciados pelo Departa-
ve ou gravíssima ou seja reincidente em infração média. mento Nacional de Trânsito - DENATRAN, nos termos
§ 4º A não obtenção da Carteira Nacional de Habilita- das normas do Contran, vedado aos entes públicos:
ção, tendo em vista a incapacidade de atendimento do I - fixar preços para os exames;
disposto no parágrafo anterior, obriga o candidato a
reiniciar todo o processo de habilitação. II - limitar o número de empresas ou o número de locais
em que a atividade pode ser exercida; e
§ 5º O Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN
poderá dispensar os tripulantes de aeronaves que III - estabelecer regras de exclusividade territorial.
apresentarem o cartão de saúde expedido pelas Forças
Armadas ou pelo Departamento de Aeronáutica Civil, Art. 149. (VETADO)
respectivamente, da prestação do exame de aptidão
física e mental. Art. 150. Ao renovar os exames previstos no artigo an-
terior, o condutor que não tenha curso de direção defen-
Art. 148-A. Os condutores das categorias C, D e E de- siva e primeiros socorros deverá a eles ser submetido,
verão submeter-se a exames toxicológicos para a habi- conforme normatização do CONTRAN.
litação e renovação da Carteira Nacional de Habilitação. Parágrafo único. A empresa que utiliza condutores con-
§ 1º O exame de que trata este artigo buscará aferir o tratados para operar a sua frota de veículos é obrigada a
consumo de substâncias psicoativas que, comprovada- fornecer curso de direção defensiva, primeiros socorros
mente, comprometam a capacidade de direção e deverá e outros conforme normatização do CONTRAN.
ter janela de detecção mínima de 90 (noventa) dias, nos
termos das normas do Contran. Art. 151. No caso de reprovação no exame escrito sobre
legislação de trânsito ou de direção veicular, o candi-
§ 2º Os condutores das categorias C, D e E com Carteira
dato só poderá repetir o exame depois de decorridos
Nacional de Habilitação com validade de 5 (cinco) anos
quinze dias da divulgação do resultado.
deverão fazer o exame previsto no § 1º no prazo de 2
(dois) anos e 6 (seis) meses a contar da realização do
Art. 152. O exame de direção veicular será realizado
disposto no caput.
perante comissão integrada por 3 (três) membros de-
§ 3º Os condutores das categorias C, D e E com Carteira signados pelo dirigente do órgão executivo local de
Nacional de Habilitação com validade de 3 (três) anos trânsito.
deverão fazer o exame previsto no § 1º no prazo de 1
§ 1º Na comissão de exame de direção veicular, pelo
(um) ano e 6 (seis) meses a contar da realização do
menos um membro deverá ser habilitado na categoria
disposto no caput.
igual ou superior à pretendida pelo candidato.
§ 4º É garantido o direito de contraprova e de recur-
§ 2º Os militares das Forças Armadas e os policiais e
so administrativo no caso de resultado positivo para o
bombeiros dos órgãos de segurança pública da União,
exame de que trata o caput, nos termos das normas do
dos Estados e do Distrito Federal que possuírem curso
Contran.
de formação de condutor ministrado em suas corpo-
§ 5º A reprovação no exame previsto neste artigo terá rações serão dispensados, para a concessão do docu-
como consequência a suspensão do direito de dirigir mento de habilitação, dos exames aos quais se hou-
pelo período de 3 (três) meses, condicionado o levan- verem submetido com aprovação naquele curso, desde
tamento da suspensão ao resultado negativo em novo que neles sejam observadas as normas estabelecidas
exame, e vedada a aplicação de outras penalidades, pelo Contran.
ainda que acessórias.
§ 3º O militar, o policial ou o bombeiro militar inte-
§ 6º O resultado do exame somente será divulgado para ressado na dispensa de que trata o § 2º instruirá seu
o interessado e não poderá ser utilizado para fins es- requerimento com ofício do comandante, chefe ou dire-
tranhos ao disposto neste artigo ou no § 6º do art. 168 tor da unidade administrativa onde prestar serviço, do
da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada

731
qual constarão o número do registro de identificação, gão executivo de trânsito;
naturalidade, nome, filiação, idade e categoria em que II - acompanhado o aprendiz por instrutor autorizado.
se habilitou a conduzir, acompanhado de cópia das atas
dos exames prestados. § 1º Além do aprendiz e do instrutor, o veículo utiliza-
do na aprendizagem poderá conduzir apenas mais um
§ 4º (VETADO) acompanhante.
Art. 153. O candidato habilitado terá em seu prontuário § 2º Parte da aprendizagem será obrigatoriamente reali-
a identificação de seus instrutores e examinadores, que zada durante a noite, cabendo ao CONTRAN fixar-lhe a
serão passíveis de punição conforme regulamentação a carga horária mínima correspondente.
ser estabelecida pelo CONTRAN.
Art. 159. A Carteira Nacional de Habilitação, expedida
Parágrafo único. As penalidades aplicadas aos instru- em modelo único e de acordo com as especificações do
tores e examinadores serão de advertência, suspensão CONTRAN, atendidos os pré-requisitos estabelecidos
e cancelamento da autorização para o exercício da ativi- neste Código, conterá fotografia, identificação e CPF do
dade, conforme a falta cometida. condutor, terá fé pública e equivalerá a documento de
identidade em todo o território nacional.
Art. 154. Os veículos destinados à formação de con-
dutores serão identificados por uma faixa amarela, de § 1º É obrigatório o porte da Permissão para Dirigir ou
vinte centímetros de largura, pintada ao longo da car- da Carteira Nacional de Habilitação quando o condutor
roçaria, à meia altura, com a inscrição AUTO-ESCOLA estiver à direção do veículo.
na cor preta. § 2º (VETADO)
Parágrafo único. No veículo eventualmente utilizado § 3º A emissão de nova via da Carteira Nacional de Ha-
para aprendizagem, quando autorizado para servir a bilitação será regulamentada pelo CONTRAN.
esse fim, deverá ser afixada ao longo de sua carroçaria,
à meia altura, faixa branca removível, de vinte centíme- § 4º (VETADO)
tros de largura, com a inscrição AUTO-ESCOLA na cor § 5º A Carteira Nacional de Habilitação e a Permissão
preta. para Dirigir somente terão validade para a condução de
veículo quando apresentada em original.
Art. 155. A formação de condutor de veículo automotor § 6º A identificação da Carteira Nacional de Habilitação
e elétrico será realizada por instrutor autorizado pelo expedida e a da autoridade expedidora serão registra-
órgão executivo de trânsito dos Estados ou do Distrito das no RENACH.
Federal, pertencente ou não à entidade credenciada.
§ 7º A cada condutor corresponderá um único registro
Parágrafo único. Ao aprendiz será expedida autorização no RENACH, agregando-se neste todas as informações.
para aprendizagem, de acordo com a regulamentação
do CONTRAN, após aprovação nos exames de aptidão § 8º A renovação da validade da Carteira Nacional de
física, mental, de primeiros socorros e sobre legislação Habilitação ou a emissão de uma nova via somente será
de trânsito. realizada após quitação de débitos constantes do pron-
tuário do condutor.
Art. 156. O CONTRAN regulamentará o credenciamento § 9º (VETADO)
para prestação de serviço pelas auto-escolas e outras
§ 10. A validade da Carteira Nacional de Habilitação
entidades destinadas à formação de condutores e às
está condicionada ao prazo de vigência do exame de
exigências necessárias para o exercício das atividades
aptidão física e mental.
de instrutor e examinador.
§ 11. A Carteira Nacional de Habilitação, expedida na
Art. 157. (VETADO) vigência do Código anterior, será substituída por oca-
sião do vencimento do prazo para revalidação do exame
Art. 158. A aprendizagem só poderá realizar-se: de aptidão física e mental, ressalvados os casos espe-
ciais previstos nesta Lei.
I - nos termos, horários e locais estabelecidos pelo ór-

732
Art. 160. O condutor condenado por delito de trânsito cumento de habilitação e retenção do veículo
deverá ser submetido a novos exames para que possa até a apresentação de condutor habilitado;
voltar a dirigir, de acordo com as normas estabelecidas
pelo CONTRAN, independentemente do reconheci- III - com Carteira Nacional de Habilitação ou Permissão
mento da prescrição, em face da pena concretizada na para Dirigir de categoria diferente da do veículo que
sentença. esteja conduzindo:
§ 1º Em caso de acidente grave, o condutor nele envol-
vido poderá ser submetido aos exames exigidos neste Infração - gravíssima;
artigo, a juízo da autoridade executiva estadual de trân- Penalidade - multa (duas vezes);
sito, assegurada ampla defesa ao condutor.
Medida administrativa - retenção do veículo
§ 2º No caso do parágrafo anterior, a autoridade execu- até a apresentação de condutor habilitado;
tiva estadual de trânsito poderá apreender o documento
de habilitação do condutor até a sua aprovação nos IV - (VETADO)
exames realizados.
V - com validade da Carteira Nacional de Habilitação
CAPÍTULO XV vencida há mais de trinta dias:
DAS INFRAÇÕES Infração - gravíssima;
Penalidade - multa;
Art. 161. Constitui infração de trânsito a inobservância
de qualquer preceito deste Código, da legislação com- Medida administrativa - recolhimento da
plementar ou das resoluções do CONTRAN, sendo o in- Carteira Nacional de Habilitação e retenção
frator sujeito às penalidades e medidas administrativas do veículo até a apresentação de condutor
indicadas em cada artigo, além das punições previstas habilitado;
no Capítulo XIX.
VI - sem usar lentes corretoras de visão, aparelho au-
Parágrafo único. As infrações cometidas em relação xiliar de audição, de prótese física ou as adaptações do
às resoluções do CONTRAN terão suas penalidades e veículo impostas por ocasião da concessão ou da reno-
medidas administrativas definidas nas próprias reso- vação da licença para conduzir:
luções.
Infração - gravíssima;
Art. 162. Dirigir veículo: Penalidade - multa;
I - sem possuir Carteira Nacional de Habilitação, Per- Medida administrativa - retenção do veículo
missão para Dirigir ou Autorização para Conduzir Ci- até o saneamento da irregularidade ou apre-
clomotor: sentação de condutor habilitado.
Infração - gravíssima;
Art. 163. Entregar a direção do veículo a pessoa nas
Penalidade - multa (três vezes); condições previstas no artigo anterior:
Medida administrativa - retenção do veículo Infração - as mesmas previstas no artigo an-
até a apresentação de condutor habilitado; terior;

II - com Carteira Nacional de Habilitação, Permissão Penalidade - as mesmas previstas no artigo


para Dirigir ou Autorização para Conduzir Ciclomotor anterior;
cassada ou com suspensão do direito de dirigir Medida administrativa - a mesma prevista no
inciso III do artigo anterior.
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (três vezes); Art. 164. Permitir que pessoa nas condições referidas
nos incisos do art. 162 tome posse do veículo automo-
Medida administrativa - recolhimento do do- tor e passe a conduzi-lo na via:

733
Infração - as mesmas previstas nos incisos cinto de segurança, conforme previsto no art. 65:
do art. 162; Infração - grave;
Penalidade - as mesmas previstas no art. 162; Penalidade - multa;
Medida administrativa - a mesma prevista no Medida administrativa - retenção do veículo
inciso III do art. 162. até colocação do cinto pelo infrator.
Art. 165. Dirigir sob a influência de álcool ou de qual- Art. 168. Transportar crianças em veículo automotor
quer outra substância psicoativa que determine depen- sem observância das normas de segurança especiais
dência: estabelecidas neste Código:
Infração - gravíssima; Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão Penalidade - multa;
do direito de dirigir por 12 (doze) meses.
Medida administrativa - retenção do veículo
Medida administrativa - recolhimento do do- até que a irregularidade seja sanada.
cumento de habilitação e retenção do veículo,
observado o disposto no § 4º do art. 270 da
Art. 169. Dirigir sem atenção ou sem os cuidados indis-
Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997 - do
pensáveis à segurança:
Código de Trânsito Brasileiro.
Infração - leve;
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista Penalidade - multa.
no caput em caso de reincidência no período de até 12
(doze) meses. Art. 170. Dirigir ameaçando os pedestres que estejam
atravessando a via pública, ou os demais veículos:
Art. 165-A. Recusar-se a ser submetido a teste, exame
clínico, perícia ou outro procedimento que permita cer- Infração - gravíssima;
tificar influência de álcool ou outra substância psicoati- Penalidade - multa e suspensão do direito de
va, na forma estabelecida pelo art. 277: dirigir;
Infração - gravíssima; Medida administrativa - retenção do veículo
Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão e recolhimento do documento de habilitação.
do direito de dirigir por 12 (doze) meses;
Art. 171. Usar o veículo para arremessar, sobre os pe-
Medida administrativa - recolhimento do do- destres ou veículos, água ou detritos:
cumento de habilitação e retenção do veículo,
observado o disposto no § 4º do art. 270. Infração - média;
Penalidade - multa.
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista
no  caput em caso de reincidência no período de até Art. 172. Atirar do veículo ou abandonar na via objetos
12 (doze) meses ou substâncias:
Infração - média;
Art. 166. Confiar ou entregar a direção de veículo a
pessoa que, mesmo habilitada, por seu estado físico Penalidade - multa.
ou psíquico, não estiver em condições de dirigi-lo com
segurança:  Art. 173. Disputar corrida:
Infração - gravíssima; Infração - gravíssima;
Penalidade - multa. Penalidade - multa (dez vezes), suspensão do
direito de dirigir e apreensão do veículo;
Art. 167. Deixar o condutor ou passageiro de usar o Medida administrativa - recolhimento do documento de

734
habilitação e remoção do veículo. local, quando determinadas por policial ou agente da
autoridade de trânsito;
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista
no caput em caso de reincidência no período de 12 V - de identificar-se ao policial e de lhe prestar informa-
(doze) meses da infração anterior. ções necessárias à confecção do boletim de ocorrência:
Infração - gravíssima;
Art. 174. Promover, na via, competição, eventos organi-
zados, exibição e demonstração de perícia em manobra Penalidade - multa (cinco vezes) e suspensão
de veículo, ou deles participar, como condutor, sem do direito de dirigir;
permissão da autoridade de trânsito com circunscrição Medida administrativa - recolhimento do do-
sobre a via: cumento de habilitação.
Infração - gravíssima;
Art. 177. Deixar o condutor de prestar socorro à vítima
Penalidade - multa (dez vezes), suspensão do de acidente de trânsito quando solicitado pela autorida-
direito de dirigir e apreensão do veículo; de e seus agentes:
Medida administrativa - recolhimento do do- Infração - grave;
cumento de habilitação e remoção do veículo.
Penalidade - multa.
§ 1º As penalidades são aplicáveis aos promotores e
aos condutores participantes. Art. 178. Deixar o condutor, envolvido em acidente sem
vítima, de adotar providências para remover o veículo
§ 2º Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em do local, quando necessária tal medida para assegurar
caso de reincidência no período de 12 (doze) meses da a segurança e a fluidez do trânsito:
infração anterior.
Infração - média;
Art. 175. Utilizar-se de veículo para demonstrar ou Penalidade - multa.
exibir manobra perigosa, mediante arrancada brusca,
derrapagem ou frenagem com deslizamento ou arras- Art. 179. Fazer ou deixar que se faça reparo em veículo
tamento de pneus: na via pública, salvo nos casos de impedimento abso-
Infração - gravíssima; luto de sua remoção e em que o veículo esteja devida-
mente sinalizado:
Penalidade - multa (dez vezes), suspensão do
direito de dirigir e apreensão do veículo; I - em pista de rolamento de rodovias e vias de trânsito
rápido:
Medida administrativa - recolhimento do do-
cumento de habilitação e remoção do veículo. Infração - grave;
Penalidade - multa;
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista
no caput em caso de reincidência no período de 12 Medida administrativa - remoção do veículo;
(doze) meses da infração anterior.
II - nas demais vias:
Art. 176. Deixar o condutor envolvido em acidente com Infração - leve;
vítima:
Penalidade - multa.
I - de prestar ou providenciar socorro à vítima, podendo
fazê-lo; Art. 180. Ter seu veículo imobilizado na via por falta de
II - de adotar providências, podendo fazê-lo, no sentido combustível:
de evitar perigo para o trânsito no local;
Infração - média;
III - de preservar o local, de forma a facilitar os traba-
lhos da polícia e da perícia; Penalidade - multa;

IV - de adotar providências para remover o veículo do Medida administrativa - remoção do veículo.

735
Art. 181. Estacionar o veículo: Infração - leve;
I - nas esquinas e a menos de cinco metros do bordo do Penalidade - multa;
alinhamento da via transversal: Medida administrativa - remoção do veículo;
Infração - média;
Penalidade - multa; VIII - no passeio ou sobre faixa destinada a pedestre,
sobre ciclovia ou ciclofaixa, bem como nas ilhas, refú-
Medida administrativa - remoção do veículo; gios, ao lado ou sobre canteiros centrais, divisores de
pista de rolamento, marcas de canalização, gramados
II - afastado da guia da calçada (meio-fio) de cinqüenta ou jardim público:
centímetros a um metro:
Infração - grave;
Infração - leve;
Penalidade - multa;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo;
Medida administrativa - remoção do veículo;
IX - onde houver guia de calçada (meio-fio) rebaixada
III - afastado da guia da calçada (meio-fio) a mais de destinada à entrada ou saída de veículos:
um metro:
Infração - média;
Infração - grave;
Penalidade - multa;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo;
Medida administrativa - remoção do veículo;
X - impedindo a movimentação de outro veículo:
IV - em desacordo com as posições estabelecidas neste
Infração - média;
Código:
Penalidade - multa;
Infração - média;
Medida administrativa - remoção do veículo;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo; XI - ao lado de outro veículo em fila dupla:
Infração - grave;
V - na pista de rolamento das estradas, das rodovias,
das vias de trânsito rápido e das vias dotadas de acos- Penalidade - multa;
tamento: Medida administrativa - remoção do veículo;
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa; XII - na área de cruzamento de vias, prejudicando a cir-
culação de veículos e pedestres:
Medida administrativa - remoção do veículo;
Infração - grave;
VI - junto ou sobre hidrantes de incêndio, registro de Penalidade - multa;
água ou tampas de poços de visita de galerias subter- Medida administrativa - remoção do veículo;
râneas, desde que devidamente identificados, conforme
especificação do CONTRAN:
XIII - onde houver sinalização horizontal delimitadora
Infração - média; de ponto de embarque ou desembarque de passageiros
Penalidade - multa; de transporte coletivo ou, na inexistência desta sinaliza-
ção, no intervalo compreendido entre dez metros antes
Medida administrativa - remoção do veículo; e depois do marco do ponto:
Infração - média;
VII - nos acostamentos, salvo motivo de força maior:
Penalidade - multa;

736
Medida administrativa - remoção do veículo; Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo.
XIV - nos viadutos, pontes e túneis:
Infração - grave; § 1º Nos casos previstos neste artigo, a autoridade de
trânsito aplicará a penalidade preferencialmente após a
Penalidade - multa;
remoção do veículo.
Medida administrativa - remoção do veículo;
§ 2º No caso previsto no inciso XVI é proibido abando-
nar o calço de segurança na via.
XV - na contramão de direção:
Infração - média; Art. 182. Parar o veículo:
Penalidade - multa; I - nas esquinas e a menos de cinco metros do bordo do
alinhamento da via transversal:
XVI - em aclive ou declive, não estando devidamente
Infração - média;
freado e sem calço de segurança, quando se tratar de
veículo com peso bruto total superior a três mil e qui- Penalidade - multa;
nhentos quilogramas:
II - afastado da guia da calçada (meio-fio) de cinqüenta
Infração - grave;
centímetros a um metro:
Penalidade - multa;
Infração - leve;
Medida administrativa - remoção do veículo;
Penalidade - multa;
XVII - em desacordo com as condições regulamentadas
III - afastado da guia da calçada (meio-fio) a mais de
especificamente pela sinalização (placa - Estaciona-
um metro:
mento Regulamentado):
Infração - média;
Infração – grave;
Penalidade - multa;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo; IV - em desacordo com as posições estabelecidas neste
Código:
XVIII - em locais e horários proibidos especificamente
Infração - leve;
pela sinalização (placa - Proibido Estacionar):
Penalidade - multa;
Infração - média;
Penalidade - multa; V - na pista de rolamento das estradas, das rodovias,
Medida administrativa - remoção do veículo; das vias de trânsito rápido e das demais vias dotadas
de acostamento:
XIX - em locais e horários de estacionamento e para- Infração - grave;
da proibidos pela sinalização (placa - Proibido Parar
Penalidade - multa;
e Estacionar):
Infração - grave; VI - no passeio ou sobre faixa destinada a pedestres,
Penalidade - multa; nas ilhas, refúgios, canteiros centrais e divisores de
pista de rolamento e marcas de canalização:
Medida administrativa - remoção do veículo.
Infração - leve;
XX - nas vagas reservadas às pessoas com deficiência Penalidade - multa;
ou idosos, sem credencial que comprove tal condição:
Infração - gravíssima; VII - na área de cruzamento de vias, prejudicando a cir-

737
culação de veículos e pedestres: Medida Administrativa - remoção do veículo.
Infração - média;
Art. 185. Quando o veículo estiver em movimento, dei-
Penalidade - multa; xar de conservá-lo:
I - na faixa a ele destinada pela sinalização de regula-
VIII - nos viadutos, pontes e túneis:
mentação, exceto em situações de emergência;
Infração - média;
II - nas faixas da direita, os veículos lentos e de maior
Penalidade - multa; porte:
Infração - média;
IX - na contramão de direção:
Penalidade - multa.
Infração - média;
Penalidade - multa; Art. 186. Transitar pela contramão de direção em:
I - vias com duplo sentido de circulação, exceto para
X - em local e horário proibidos especificamente pela
ultrapassar outro veículo e apenas pelo tempo necessá-
sinalização (placa - Proibido Parar):
rio, respeitada a preferência do veículo que transitar em
Infração - média; sentido contrário:
Penalidade - multa. Infração - grave;
Penalidade - multa;
Art. 183. Parar o veículo sobre a faixa de pedestres na
mudança de sinal luminoso:
II - vias com sinalização de regulamentação de sentido
Infração - média; único de circulação:
Penalidade - multa. Infração - gravíssima;
Penalidade - multa.
Art. 184. Transitar com o veículo:
I - na faixa ou pista da direita, regulamentada como de Art. 187. Transitar em locais e horários não permitidos
circulação exclusiva para determinado tipo de veículo, pela regulamentação estabelecida pela autoridade com-
exceto para acesso a imóveis lindeiros ou conversões petente: 
à direita:
I - para todos os tipos de veículos:
Infração - leve;
Infração - média;
Penalidade - multa;
Penalidade - multa;
II - na faixa ou pista da esquerda regulamentada como
II - (Revogado pela Lei nº 9.602, de 1998)
de circulação exclusiva para determinado tipo de ve-
ículo:
Art. 188. Transitar ao lado de outro veículo, interrom-
Infração - grave; pendo ou perturbando o trânsito:
Penalidade - multa. Infração - média;
Penalidade - multa.
III - na faixa ou via de trânsito exclusivo, regulamentada
com circulação destinada aos veículos de transporte
Art. 189. Deixar de dar passagem aos veículos precedi-
público coletivo de passageiros, salvo casos de força
dos de batedores, de socorro de incêndio e salvamento,
maior e com autorização do poder público competente:
de polícia, de operação e fiscalização de trânsito e às
Infração - gravíssima; ambulâncias, quando em serviço de urgência e devi-
Penalidade - multa e apreensão do veículo; damente identificados por dispositivos regulamentados
de alarme sonoro e iluminação vermelha intermitentes:

738
Infração - gravíssima; dade competente de trânsito ou de seus agentes:
Penalidade - multa. Infração - grave;
Penalidade - multa.
Art. 190. Seguir veículo em serviço de urgência, es-
tando este com prioridade de passagem devidamente Art. 196. Deixar de indicar com antecedência, mediante
identificada por dispositivos regulamentares de alarme gesto regulamentar de braço ou luz indicadora de di-
sonoro e iluminação vermelha intermitentes: reção do veículo, o início da marcha, a realização da
Infração - grave; manobra de parar o veículo, a mudança de direção ou
de faixa de circulação:
Penalidade - multa.
Infração - grave;
Art. 191. Forçar passagem entre veículos que, transi- Penalidade - multa.
tando em sentidos opostos, estejam na iminência de
passar um pelo outro ao realizar operação de ultrapas- Art. 197. Deixar de deslocar, com antecedência, o veícu-
sagem: lo para a faixa mais à esquerda ou mais à direita, dentro
Infração - gravíssima; da respectiva mão de direção, quando for manobrar
para um desses lados:
Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão
do direito de dirigir. Infração - média;
Penalidade - multa.
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista
no caput em caso de reincidência no período de até 12 Art. 198. Deixar de dar passagem pela esquerda, quan-
(doze) meses da infração anterior. do solicitado:
Art. 192. Deixar de guardar distância de segurança Infração - média;
lateral e frontal entre o seu veículo e os demais, bem Penalidade - multa.
como em relação ao bordo da pista, considerando-se,
no momento, a velocidade, as condições climáticas do Art. 199. Ultrapassar pela direita, salvo quando o veícu-
local da circulação e do veículo: lo da frente estiver colocado na faixa apropriada e der
Infração - grave; sinal de que vai entrar à esquerda:
Penalidade - multa. Infração - média;
Penalidade - multa.
Art. 193. Transitar com o veículo em calçadas, passeios,
passarelas, ciclovias, ciclofaixas, ilhas, refúgios, ajar- Art. 200. Ultrapassar pela direita veículo de transpor-
dinamentos, canteiros centrais e divisores de pista de te coletivo ou de escolares, parado para embarque ou
rolamento, acostamentos, marcas de canalização, gra- desembarque de passageiros, salvo quando houver
mados e jardins públicos: refúgio de segurança para o pedestre:
Infração - gravíssima; Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (três vezes). Penalidade - multa.

Art. 194. Transitar em marcha à ré, salvo na distância Art. 201. Deixar de guardar a distância lateral de um
necessária a pequenas manobras e de forma a não cau- metro e cinqüenta centímetros ao passar ou ultrapassar
sar riscos à segurança: bicicleta:
Infração - grave; Infração - média;
Penalidade - multa. Penalidade - multa.

Art. 195. Desobedecer às ordens emanadas da autori- Art. 202. Ultrapassar outro veículo:

739
I - pelo acostamento; mento, refúgios e faixas de pedestres e nas de veículos
não motorizados;
II - em interseções e passagens de nível;
IV - nas interseções, entrando na contramão de direção
Infração - gravíssima;
da via transversal;
Penalidade - multa (cinco vezes).
V - com prejuízo da livre circulação ou da segurança,
ainda que em locais permitidos:
Art. 203. Ultrapassar pela contramão outro veículo:
Infração - gravíssima;
I - nas curvas, aclives e declives, sem visibilidade su-
ficiente; Penalidade - multa.
II - nas faixas de pedestre;
Art. 207. Executar operação de conversão à direita ou à
III - nas pontes, viadutos ou túneis; esquerda em locais proibidos pela sinalização:
IV - parado em fila junto a sinais luminosos, porteiras, Infração - grave;
cancelas, cruzamentos ou qualquer outro impedimento
Penalidade - multa.
à livre circulação;
V - onde houver marcação viária longitudinal de divisão Art. 208. Avançar o sinal vermelho do semáforo ou o de
de fluxos opostos do tipo linha dupla contínua ou sim- parada obrigatória:
ples contínua amarela:
Infração - gravíssima;
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa.
Penalidade - multa (cinco vezes).
Art. 209. Transpor, sem autorização, bloqueio viário
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista com ou sem sinalização ou dispositivos auxiliares,
no caput em caso de reincidência no período de até 12 deixar de adentrar às áreas destinadas à pesagem de
(doze) meses da infração anterior. veículos ou evadir-se para não efetuar o pagamento do
pedágio:
Art. 204. Deixar de parar o veículo no acostamento à
Infração - grave;
direita, para aguardar a oportunidade de cruzar a pista
ou entrar à esquerda, onde não houver local apropriado Penalidade - multa.
para operação de retorno:
Infração - grave; Art. 210. Transpor, sem autorização, bloqueio viário
policial:
Penalidade - multa.
Infração - gravíssima;
Art. 205. Ultrapassar veículo em movimento que integre Penalidade - multa, apreensão do veículo e
cortejo, préstito, desfile e formações militares, salvo suspensão do direito de dirigir;
com autorização da autoridade de trânsito ou de seus Medida administrativa - remoção do veículo
agentes: e recolhimento do documento de habilitação.
Infração - leve;
Penalidade - multa. Art. 211. Ultrapassar veículos em fila, parados em razão
de sinal luminoso, cancela, bloqueio viário parcial ou
qualquer outro obstáculo, com exceção dos veículos
Art. 206. Executar operação de retorno:
não motorizados:
I - em locais proibidos pela sinalização;
Infração - grave;
II - nas curvas, aclives, declives, pontes, viadutos e
Penalidade - multa.
túneis;
III - passando por cima de calçada, passeio, ilhas, ajar- Art. 212. Deixar de parar o veículo antes de transpor
dinamento ou canteiros de divisões de pista de rola-

740
linha férrea: Penalidade - multa.
Infração - gravíssima;
Art. 216. Entrar ou sair de áreas lindeiras sem estar ade-
Penalidade - multa. quadamente posicionado para ingresso na via e sem as
precauções com a segurança de pedestres e de outros
Art. 213. Deixar de parar o veículo sempre que a respec- veículos:
tiva marcha for interceptada:
Infração - média;
I - por agrupamento de pessoas, como préstitos, passe-
Penalidade - multa.
atas, desfiles e outros:
Infração - gravíssima; Art. 217. Entrar ou sair de fila de veículos estacionados
Penalidade - multa. sem dar preferência de passagem a pedestres e a outros
veículos:
II - por agrupamento de veículos, como cortejos, forma- Infração - média;
ções militares e outros:
Penalidade - multa.
Infração - grave;
Penalidade - multa. Art. 218. Transitar em velocidade superior à máxima
permitida para o local, medida por instrumento ou
Art. 214. Deixar de dar preferência de passagem a pe- equipamento hábil, em rodovias, vias de trânsito rápi-
destre e a veículo não motorizado: do, vias arteriais e demais vias:

I - que se encontre na faixa a ele destinada; I - quando a velocidade for superior à máxima em até
20% (vinte por cento):
II - que não haja concluído a travessia mesmo que ocor-
ra sinal verde para o veículo; Infração - média;

III - portadores de deficiência física, crianças, idosos Penalidade - multa;


e gestantes:
II - quando a velocidade for superior à máxima em mais
Infração - gravíssima; de 20% (vinte por cento) até 50% (cinqüenta por cen-
Penalidade - multa. to):
Infração - grave;
IV - quando houver iniciado a travessia mesmo que não
haja sinalização a ele destinada; Penalidade - multa;

V - que esteja atravessando a via transversal para onde III - quando a velocidade for superior à máxima em mais
se dirige o veículo: de 50% (cinquenta por cento):
Infração - grave; Infração – gravíssima;
Penalidade - multa. Penalidade - multa [3 (três) vezes], suspensão
imediata do direito de dirigir e apreensão do
Art. 215. Deixar de dar preferência de passagem: documento de habilitação.
I - em interseção não sinalizada:
Art. 219. Transitar com o veículo em velocidade inferior
a) a veículo que estiver circulando por rodovia ou ro-
à metade da velocidade máxima estabelecida para a via,
tatória;
retardando ou obstruindo o trânsito, a menos que as
b) a veículo que vier da direita; condições de tráfego e meteorológicas não o permitam,
II - nas interseções com sinalização de regulamentação salvo se estiver na faixa da direita:
de Dê a Preferência: Infração - média;
Infração - grave; Penalidade - multa.

741
Art. 220. Deixar de reduzir a velocidade do veículo de Medida administrativa - retenção do veículo para regu-
forma compatível com a segurança do trânsito: larização e apreensão das placas irregulares.
I - quando se aproximar de passeatas, aglomerações, Parágrafo único. Incide na mesma penalidade aquele
cortejos, préstitos e desfiles: que confecciona, distribui ou coloca, em veículo pró-
prio ou de terceiros, placas de identificação não autori-
Infração - gravíssima;
zadas pela regulamentação.
Penalidade - multa;
Art. 222. Deixar de manter ligado, nas situações de
II - nos locais onde o trânsito esteja sendo controlado atendimento de emergência, o sistema de iluminação
pelo agente da autoridade de trânsito, mediante sinais vermelha intermitente dos veículos de polícia, de socor-
sonoros ou gestos; ro de incêndio e salvamento, de fiscalização de trânsito
III - ao aproximar-se da guia da calçada (meio-fio) ou e das ambulâncias, ainda que parados:
acostamento; Infração - média;
IV - ao aproximar-se de ou passar por interseção não Penalidade - multa.
sinalizada;
V - nas vias rurais cuja faixa de domínio não esteja Art. 223. Transitar com o farol desregulado ou com o
cercada; facho de luz alta de forma a perturbar a visão de outro
condutor:
VI - nos trechos em curva de pequeno raio;
Infração - grave;
VII - ao aproximar-se de locais sinalizados com adver-
tência de obras ou trabalhadores na pista; Penalidade - multa;
VIII - sob chuva, neblina, cerração ou ventos fortes; Medida administrativa - retenção do veículo
para regularização.
IX - quando houver má visibilidade;
X - quando o pavimento se apresentar escorregadio, Art. 224. Fazer uso do facho de luz alta dos faróis em
defeituoso ou avariado; vias providas de iluminação pública:
XI - à aproximação de animais na pista; Infração - leve;
XII - em declive; Penalidade - multa.
XIII - ao ultrapassar ciclista:
Art. 225. Deixar de sinalizar a via, de forma a prevenir
Infração - grave; os demais condutores e, à noite, não manter acesas as
Penalidade - multa; luzes externas ou omitir-se quanto a providências ne-
cessárias para tornar visível o local, quando:
XIV - nas proximidades de escolas, hospitais, estações I - tiver de remover o veículo da pista de rolamento ou
de embarque e desembarque de passageiros ou onde permanecer no acostamento;
haja intensa movimentação de pedestres:
II - a carga for derramada sobre a via e não puder ser
Infração - gravíssima; retirada imediatamente:
Penalidade - multa. Infração - grave;
Penalidade - multa.
Art. 221. Portar no veículo placas de identificação em
desacordo com as especificações e modelos estabele-
cidos pelo CONTRAN: Art. 226. Deixar de retirar todo e qualquer objeto que
tenha sido utilizado para sinalização temporária da via:
Infração - média;
Infração - média;
Penalidade - multa;
Penalidade - multa.

742
Art. 227. Usar buzina: Infração - gravíssima;
I - em situação que não a de simples toque breve como Penalidade - multa e apreensão do veículo;
advertência ao pedestre ou a condutores de outros ve- Medida administrativa - remoção do veículo;
ículos;
II - prolongada e sucessivamente a qualquer pretexto; VII - com a cor ou característica alterada;
III - entre as vinte e duas e as seis horas; VIII - sem ter sido submetido à inspeção de segurança
IV - em locais e horários proibidos pela sinalização; veicular, quando obrigatória;

V - em desacordo com os padrões e freqüências estabe- IX - sem equipamento obrigatório ou estando este ine-
lecidas pelo CONTRAN: ficiente ou inoperante;

Infração - leve; X - com equipamento obrigatório em desacordo com o


estabelecido pelo CONTRAN;
Penalidade - multa.
XI - com descarga livre ou silenciador de motor de ex-
plosão defeituoso, deficiente ou inoperante;
Art. 228. Usar no veículo equipamento com som em
volume ou frequência que não sejam autorizados pelo XII - com equipamento ou acessório proibido;
CONTRAN: XIII - com o equipamento do sistema de iluminação e de
Infração - grave; sinalização alterados;
Penalidade - multa; XIV - com registrador instantâneo inalterável de velo-
cidade e tempo viciado ou defeituoso, quando houver
Medida administrativa - retenção do veículo
exigência desse aparelho;
para regularização.
XV - com inscrições, adesivos, legendas e símbolos de
Art. 229. Usar indevidamente no veículo aparelho de caráter publicitário afixados ou pintados no pára-brisa
alarme ou que produza sons e ruído que perturbem o e em toda a extensão da parte traseira do veículo, exce-
sossego público, em desacordo com normas fixadas tuadas as hipóteses previstas neste Código;
pelo CONTRAN: XVI - com vidros total ou parcialmente cobertos por
Infração - média; películas refletivas ou não, painéis decorativos ou pin-
turas;
Penalidade - multa e apreensão do veículo;
XVII - com cortinas ou persianas fechadas, não autori-
Medida administrativa - remoção do veículo.
zadas pela legislação;
Art. 230. Conduzir o veículo: XVIII - em mau estado de conservação, comprometendo
a segurança, ou reprovado na avaliação de inspeção de
I - com o lacre, a inscrição do chassi, o selo, a placa
segurança e de emissão de poluentes e ruído, prevista
ou qualquer outro elemento de identificação do veículo
no art. 104;
violado ou falsificado;
XIX - sem acionar o limpador de pára-brisa sob chuva:
II - transportando passageiros em compartimento de
carga, salvo por motivo de força maior, com permissão Infração - grave;
da autoridade competente e na forma estabelecida pelo Penalidade - multa;
CONTRAN;
Medida administrativa - retenção do veículo
III - com dispositivo anti-radar; para regularização;
IV - sem qualquer uma das placas de identificação;
XX - sem portar a autorização para condução de escola-
V - que não esteja registrado e devidamente licenciado;
res, na forma estabelecida no art. 136:
VI - com qualquer uma das placas de identificação sem
Infração – gravíssima; (Redação dada pela
condições de legibilidade e visibilidade:
Lei nº 13.855, de 2019)

743
Penalidade – multa (cinco vezes); (Redação III - produzindo fumaça, gases ou partículas em níveis
dada pela Lei nº 13.855, de 2019) superiores aos fixados pelo CONTRAN;
Medida administrativa – remoção do veícu- IV - com suas dimensões ou de sua carga superiores
lo; (Redação dada pela Lei nº 13.855, de aos limites estabelecidos legalmente ou pela sinaliza-
2019) ção, sem autorização:
Infração - grave;
XXI - de carga, com falta de inscrição da tara e demais
inscrições previstas neste Código; Penalidade - multa;
XXII - com defeito no sistema de iluminação, de sinali- Medida administrativa - retenção do veículo
zação ou com lâmpadas queimadas: para regularização;
Infração - média; V - com excesso de peso, admitido percentual de tole-
Penalidade - multa. rância quando aferido por equipamento, na forma a ser
estabelecida pelo CONTRAN:
XXIII - em desacordo com as condições estabelecidas Infração - média;
no art. 67-C, relativamente ao tempo de permanência
do condutor ao volante e aos intervalos para descanso, Penalidade - multa acrescida a cada duzentos
quando se tratar de veículo de transporte de carga ou quilogramas ou fração de excesso de peso
coletivo de passageiros: apurado, constante na seguinte tabela:
Infração - média; a) até 600 kg (seiscentos quilogramas) - R$ 5,32 (cinco
Penalidade - multa; reais e trinta e dois centavos);
Medida administrativa - retenção do veículo b) de 601 (seiscentos e um) a 800 kg (oitocentos qui-
para cumprimento do tempo de descanso logramas) - R$ 10,64 (dez reais e sessenta e quatro
aplicável. centavos);
c) de 801 (oitocentos e um) a 1.000 kg (mil quilogra-
XXIV- (VETADO). mas) - R$ 21,28 (vinte e um reais e vinte e oito cen-
§ 1º Se o condutor cometeu infração igual nos últimos tavos);
12 (doze) meses, será convertida, automaticamente, a d) de 1.001 (mil e um) a 3.000 kg (três mil quilogramas)
penalidade disposta no inciso XXIII em infração grave. - R$ 31,92 (trinta e um reais e noventa e dois centavos);
§ 2º Em se tratando de condutor estrangeiro, a liberação e) de 3.001 (três mil e um) a 5.000 kg (cinco mil quilo-
do veículo fica condicionada ao pagamento ou ao depó- gramas) - R$ 42,56 (quarenta e dois reais e cinquenta
sito, judicial ou administrativo, da multa. e seis centavos);

Art. 231. Transitar com o veículo: f) acima de 5.001 kg (cinco mil e um quilogramas) - R$
53,20 (cinquenta e três reais e vinte centavos);
I - danificando a via, suas instalações e equipamentos;
Medida administrativa - retenção do veículo e
II - derramando, lançando ou arrastando sobre a via: transbordo da carga excedente;
a) carga que esteja transportando;
VI - em desacordo com a autorização especial, expedida
b) combustível ou lubrificante que esteja utilizando;
pela autoridade competente para transitar com dimen-
c) qualquer objeto que possa acarretar risco de aciden- sões excedentes, ou quando a mesma estiver vencida:
te:
Infração - grave;
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa e apreensão do veículo;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo;
Medida administrativa - retenção do veículo
para regularização;

744
VII - com lotação excedente; Infração - grave;
VIII - efetuando transporte remunerado de pessoas ou Penalidade - multa;
bens, quando não for licenciado para esse fim, salvo Medida administrativa - retenção do veículo
casos de força maior ou com permissão da autoridade para regularização.
competente:
Infração – gravíssima; (Redação dada pela Lei Art. 234. Falsificar ou adulterar documento de habilita-
nº 13.855, de 2019) ção e de identificação do veículo:
Penalidade – multa; (Redação dada pela Lei nº Infração - gravíssima;
13.855, de 2019)
Penalidade - multa e apreensão do veículo;
Medida administrativa – remoção do veículo;
Medida administrativa - remoção do veículo.
(Redação dada pela Lei nº 13.855, de 2019)
Art. 235. Conduzir pessoas, animais ou carga nas par-
IX - desligado ou desengrenado, em declive:
tes externas do veículo, salvo nos casos devidamente
Infração - média; autorizados:
Penalidade - multa; Infração - grave;
Medida administrativa - retenção do veículo; Penalidade - multa;
Medida administrativa - retenção do veículo
X - excedendo a capacidade máxima de tração: para transbordo.
Infração - de média a gravíssima, a depender
da relação entre o excesso de peso apurado e Art. 236. Rebocar outro veículo com cabo flexível ou
a capacidade máxima de tração, a ser regula- corda, salvo em casos de emergência:
mentada pelo CONTRAN;
Infração - média;
Penalidade - multa;
Penalidade - multa.
Medida Administrativa - retenção do veículo e
transbordo de carga excedente. Art. 237. Transitar com o veículo em desacordo com as
especificações, e com falta de inscrição e simbologia
Parágrafo único. Sem prejuízo das multas previstas nos necessárias à sua identificação, quando exigidas pela
incisos V e X, o veículo que transitar com excesso de legislação:
peso ou excedendo à capacidade máxima de tração, não
Infração - grave;
computado o percentual tolerado na forma do disposto
na legislação, somente poderá continuar viagem após Penalidade - multa;
descarregar o que exceder, segundo critérios estabele- Medida administrativa - retenção do veículo
cidos na referida legislação complementar. para regularização.

Art. 232. Conduzir veículo sem os documentos de porte Art. 238. Recusar-se a entregar à autoridade de trânsito
obrigatório referidos neste Código: ou a seus agentes, mediante recibo, os documentos de
Infração - leve; habilitação, de registro, de licenciamento de veículo e
outros exigidos por lei, para averiguação de sua auten-
Penalidade - multa;
ticidade:
Medida administrativa - retenção do veículo
Infração - gravíssima;
até a apresentação do documento.
Penalidade - multa e apreensão do veículo;
 Art. 233. Deixar de efetuar o registro de veículo no pra- Medida administrativa - remoção do veículo.
zo de trinta dias, junto ao órgão executivo de trânsito,
ocorridas as hipóteses previstas no art. 123: Art. 239. Retirar do local veículo legalmente retido para

745
regularização, sem permissão da autoridade competen- em uma roda;
te ou de seus agentes: IV - com os faróis apagados;
Infração - gravíssima; V - transportando criança menor de sete anos ou que
Penalidade - multa e apreensão do veículo; não tenha, nas circunstâncias, condições de cuidar de
sua própria segurança:
Medida administrativa - remoção do veículo.
Infração - gravíssima;
Art. 240. Deixar o responsável de promover a baixa Penalidade - multa e suspensão do direito de
do registro de veículo irrecuperável ou definitivamente dirigir;
desmontado:
Medida administrativa - Recolhimento do do-
Infração - grave; cumento de habilitação;
Penalidade - multa;
VI - rebocando outro veículo;
Medida administrativa - Recolhimento do
Certificado de Registro e do Certificado de VII - sem segurar o guidom com ambas as mãos, salvo
Licenciamento Anual. eventualmente para indicação de manobras;
VIII – transportando carga incompatível com suas espe-
Art. 241. Deixar de atualizar o cadastro de registro do cificações ou em desacordo com o previsto no § 2º do
veículo ou de habilitação do condutor: art. 139-A desta Lei;
Infração - leve; IX – efetuando transporte remunerado de mercadorias
Penalidade - multa. em desacordo com o previsto no art. 139-A desta Lei
ou com as normas que regem a atividade profissional
Art. 242. Fazer falsa declaração de domicílio para fins dos mototaxistas:
de registro, licenciamento ou habilitação: Infração – grave;
Infração - gravíssima; Penalidade – multa; (
Penalidade - multa. Medida administrativa – apreensão do veículo
para regularização.
Art. 243. Deixar a empresa seguradora de comunicar ao
órgão executivo de trânsito competente a ocorrência de § 1º Para ciclos aplica-se o disposto nos incisos III, VII
perda total do veículo e de lhe devolver as respectivas e VIII, além de:
placas e documentos:
a) conduzir passageiro fora da garupa ou do assento
Infração - grave; especial a ele destinado;
Penalidade - multa; b) transitar em vias de trânsito rápido ou rodovias,
Medida administrativa - Recolhimento das salvo onde houver acostamento ou faixas de rolamento
placas e dos documentos. próprias;
c) transportar crianças que não tenham, nas circuns-
Art. 244. Conduzir motocicleta, motoneta e ciclomotor: tâncias, condições de cuidar de sua própria segurança.
I - sem usar capacete de segurança com viseira ou ócu- § 2º Aplica-se aos ciclomotores o disposto na alí-
los de proteção e vestuário de acordo com as normas e nea b do parágrafo anterior:
especificações aprovadas pelo CONTRAN;
Infração - média;
II - transportando passageiro sem o capacete de segu-
rança, na forma estabelecida no inciso anterior, ou fora Penalidade - multa.
do assento suplementar colocado atrás do condutor ou § 3º A restrição imposta pelo inciso VI do caput deste
em carro lateral; artigo não se aplica às motocicletas e motonetas que
III - fazendo malabarismo ou equilibrando-se apenas tracionem semi-reboques especialmente projetados

746
para esse fim e devidamente homologados pelo órgão descarga de mercadorias:
competente. Infração - média;
Art. 245. Utilizar a via para depósito de mercadorias, Penalidade - multa.
materiais ou equipamentos, sem autorização do órgão
ou entidade de trânsito com circunscrição sobre a via:
Art. 250. Quando o veículo estiver em movimento:
Infração - grave;
I - deixar de manter acesa a luz baixa:
Penalidade - multa;
a) durante a noite;
Medida administrativa - remoção da merca-
b) de dia, nos túneis providos de iluminação pública e
doria ou do material.
nas rodovias;
Parágrafo único. A penalidade e a medida administrativa c) de dia e de noite, tratando-se de veículo de transporte
incidirão sobre a pessoa física ou jurídica responsável. coletivo de passageiros, circulando em faixas ou pistas
a eles destinadas;
Art. 246. Deixar de sinalizar qualquer obstáculo à livre d) de dia e de noite, tratando-se de ciclomotores;
circulação, à segurança de veículo e pedestres, tanto no
leito da via terrestre como na calçada, ou obstaculizar a II - deixar de manter acesas pelo menos as luzes de
via indevidamente: posição sob chuva forte, neblina ou cerração;

Infração - gravíssima; III - deixar de manter a placa traseira iluminada, à noite;

Penalidade - multa, agravada em até cinco Infração - média;


vezes, a critério da autoridade de trânsito, Penalidade - multa.
conforme o risco à segurança.
Parágrafo único. A penalidade será aplicada à pessoa Art. 251. Utilizar as luzes do veículo:
física ou jurídica responsável pela obstrução, devendo I - o pisca-alerta, exceto em imobilizações ou situações
a autoridade com circunscrição sobre a via providenciar de emergência;
a sinalização de emergência, às expensas do responsá-
II - baixa e alta de forma intermitente, exceto nas se-
vel, ou, se possível, promover a desobstrução.
guintes situações:
Art. 247. Deixar de conduzir pelo bordo da pista de a) a curtos intervalos, quando for conveniente advertir a
rolamento, em fila única, os veículos de tração ou pro- outro condutor que se tem o propósito de ultrapassá-lo;
pulsão humana e os de tração animal, sempre que não b) em imobilizações ou situação de emergência, como
houver acostamento ou faixa a eles destinados: advertência, utilizando pisca-alerta;
Infração - média; c) quando a sinalização de regulamentação da via deter-
Penalidade - multa. minar o uso do pisca-alerta:
Infração - média;
Art. 248. Transportar em veículo destinado ao transpor-
te de passageiros carga excedente em desacordo com o Penalidade - multa.
estabelecido no art. 109:
Art. 252. Dirigir o veículo:
Infração - grave;
I - com o braço do lado de fora;
Penalidade - multa;
II - transportando pessoas, animais ou volume à sua
Medida administrativa - retenção para o trans- esquerda ou entre os braços e pernas;
bordo.
III - com incapacidade física ou mental temporária que
Art. 249. Deixar de manter acesas, à noite, as luzes de comprometa a segurança do trânsito;
posição, quando o veículo estiver parado, para fins de IV - usando calçado que não se firme nos pés ou que
embarque ou desembarque de passageiros e carga ou comprometa a utilização dos pedais;

747
V - com apenas uma das mãos, exceto quando deva I - permanecer ou andar nas pistas de rolamento, exceto
fazer sinais regulamentares de braço, mudar a marcha para cruzá-las onde for permitido;
do veículo, ou acionar equipamentos e acessórios do II - cruzar pistas de rolamento nos viadutos, pontes, ou
veículo; túneis, salvo onde exista permissão;
VI - utilizando-se de fones nos ouvidos conectados a III - atravessar a via dentro das áreas de cruzamento,
aparelhagem sonora ou de telefone celular; salvo quando houver sinalização para esse fim;
Infração - média; IV - utilizar-se da via em agrupamentos capazes de per-
Penalidade - multa. turbar o trânsito, ou para a prática de qualquer folgue-
do, esporte, desfiles e similares, salvo em casos espe-
VII - realizando a cobrança de tarifa com o veículo em ciais e com a devida licença da autoridade competente;
movimento: V - andar fora da faixa própria, passarela, passagem
Infração - média; aérea ou subterrânea;
Penalidade - multa. VI - desobedecer à sinalização de trânsito específica;
Parágrafo único. A hipótese prevista no inciso V ca- Infração - leve;
racterizar-se-á como infração gravíssima no caso de Penalidade - multa, em 50% (cinqüenta por
o condutor estar segurando ou manuseando telefone cento) do valor da infração de natureza leve.
celular.
VII - (VETADO).
Art. 253. Bloquear a via com veículo:
§ 1º (VETADO).
Infração - gravíssima;
§ 2º (VETADO).
Penalidade - multa e apreensão do veículo;
§ 3º (VETADO).
Medida administrativa - remoção do veículo.
Art. 255. Conduzir bicicleta em passeios onde não seja
Art. 253-A. Usar qualquer veículo para, deliberadamen- permitida a circulação desta, ou de forma agressiva, em
te, interromper, restringir ou perturbar a circulação na desacordo com o disposto no parágrafo único do art.
via sem autorização do órgão ou entidade de trânsito 59:
com circunscrição sobre ela:
Infração - média;
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa;
Penalidade - multa (vinte vezes) e suspensão
do direito de dirigir por 12 (doze) meses; Medida administrativa - remoção da bicicleta,
mediante recibo para o pagamento da multa.
Medida administrativa - remoção do veículo.

§ 1º Aplica-se a multa agravada em 60 (sessenta) vezes


CAPÍTULO XVI
aos organizadores da conduta prevista no caput. DAS PENALIDADES
§ 2º Aplica-se em dobro a multa em caso de reincidên-
cia no período de 12 (doze) meses. Art. 256. A autoridade de trânsito, na esfera das compe-
tências estabelecidas neste Código e dentro de sua cir-
§ 3º As penalidades são aplicáveis a pessoas físicas ou cunscrição, deverá aplicar, às infrações nele previstas,
jurídicas que incorram na infração, devendo a autorida- as seguintes penalidades:
de com circunscrição sobre a via restabelecer de ime-
diato, se possível, as condições de normalidade para a I - advertência por escrito;
circulação na via. II - multa;
III - suspensão do direito de dirigir;
Art. 254. É proibido ao pedestre:
IV - (Revogado pela Lei nº 13.281, de 2016)

748
V - cassação da Carteira Nacional de Habilitação; responsáveis pela infração relativa ao excesso de peso
bruto total, se o peso declarado na nota fiscal, fatura ou
VI - cassação da Permissão para Dirigir;
manifesto for superior ao limite legal.
VII - freqüência obrigatória em curso de reciclagem.
§ 7º Não sendo imediata a identificação do infrator, o
§ 1º A aplicação das penalidades previstas neste Códi- principal condutor ou o proprietário do veículo terá
go não elide as punições originárias de ilícitos penais quinze dias de prazo, após a notificação da autuação,
decorrentes de crimes de trânsito, conforme disposi- para apresentá-lo, na forma em que dispuser o Conse-
ções de lei. lho Nacional de Trânsito (Contran), ao fim do qual, não
§ 2º (VETADO) o fazendo, será considerado responsável pela infração o
principal condutor ou, em sua ausência, o proprietário
§ 3º A imposição da penalidade será comunicada aos do veículo.
órgãos ou entidades executivos de trânsito respon-
sáveis pelo licenciamento do veículo e habilitação do § 8º Após o prazo previsto no parágrafo anterior, não
condutor. havendo identificação do infrator e sendo o veículo
de propriedade de pessoa jurídica, será lavrada nova
Art. 257. As penalidades serão impostas ao condutor, multa ao proprietário do veículo, mantida a originada
ao proprietário do veículo, ao embarcador e ao trans- pela infração, cujo valor é o da multa multiplicada pelo
portador, salvo os casos de descumprimento de obriga- número de infrações iguais cometidas no período de
ções e deveres impostos a pessoas físicas ou jurídicas doze meses.
expressamente mencionados neste Código. § 9º O fato de o infrator ser pessoa jurídica não o exime
§ 1º Aos proprietários e condutores de veículos serão do disposto no § 3º do art. 258 e no art. 259.
impostas concomitantemente as penalidades de que § 10. O proprietário poderá indicar ao órgão executivo
trata este Código toda vez que houver responsabilida- de trânsito o principal condutor do veículo, o qual, após
de solidária em infração dos preceitos que lhes couber aceitar a indicação, terá seu nome inscrito em campo
observar, respondendo cada um de per si pela falta em próprio do cadastro do veículo no Renavam.
comum que lhes for atribuída.
§ 11. O principal condutor será excluído do Renavam:
§ 2º Ao proprietário caberá sempre a responsabilidade
I - quando houver transferência de propriedade do ve-
pela infração referente à prévia regularização e preen-
ículo;
chimento das formalidades e condições exigidas para
o trânsito do veículo na via terrestre, conservação e II - mediante requerimento próprio ou do proprietário
inalterabilidade de suas características, componentes, do veículo;
agregados, habilitação legal e compatível de seus con- III - a partir da indicação de outro principal condutor.
dutores, quando esta for exigida, e outras disposições
que deva observar. Art. 258. As infrações punidas com multa classificam-
§ 3º Ao condutor caberá a responsabilidade pelas in- -se, de acordo com sua gravidade, em quatro catego-
frações decorrentes de atos praticados na direção do rias:
veículo. I - infração de natureza gravíssima, punida com multa
§ 4º O embarcador é responsável pela infração relativa no valor de R$ 293,47 (duzentos e noventa e três reais
ao transporte de carga com excesso de peso nos eixos e quarenta e sete centavos
ou no peso bruto total, quando simultaneamente for o II - infração de natureza grave, punida com multa no
único remetente da carga e o peso declarado na nota valor de R$ 195,23 (cento e noventa e cinco reais e vinte
fiscal, fatura ou manifesto for inferior àquele aferido. e três centavos);
§ 5º O transportador é o responsável pela infração re- III - infração de natureza média, punida com multa no
lativa ao transporte de carga com excesso de peso nos valor de R$ 130,16 (cento e trinta reais e dezesseis cen-
eixos ou quando a carga proveniente de mais de um tavos);
embarcador ultrapassar o peso bruto total.
IV - infração de natureza leve, punida com multa no
§ 6º O transportador e o embarcador são solidariamente valor de R$ 88,38 (oitenta e oito reais e trinta e oito

749
centavos). § 3º (Revogado pela Lei nº 9.602, de 1998)
§ 1º (Revogado). § 4º Quando a infração for cometida com veículo licen-
ciado no exterior, em trânsito no território nacional, a
§ 2º Quando se tratar de multa agravada, o fator mul-
multa respectiva deverá ser paga antes de sua saída do
tiplicador ou índice adicional específico é o previsto
País, respeitado o princípio de reciprocidade.
neste Código.
§ 3º (VETADO) Art. 261. A penalidade de suspensão do direito de diri-
§ 4º (VETADO) gir será imposta nos seguintes casos:
I - sempre que o infrator atingir a contagem de 20 (vin-
Art. 259. A cada infração cometida são computados os te) pontos, no período de 12 (doze) meses, conforme a
seguintes números de pontos: pontuação prevista no art. 259;
I - gravíssima - sete pontos; II - por transgressão às normas estabelecidas neste Có-
II - grave - cinco pontos; digo, cujas infrações preveem, de forma específica, a
penalidade de suspensão do direito de dirigir.
III - média - quatro pontos;
§ 1º Os prazos para aplicação da penalidade de suspen-
IV - leve - três pontos. são do direito de dirigir são os seguintes.
§ 1º (VETADO) I - no caso do inciso I do caput: de 6 (seis) meses a 1
§ 2º (VETADO) (um) ano e, no caso de reincidência no período de 12
(doze) meses, de 8 (oito) meses a 2 (dois) anos;
§ 3º (VETADO).
II - no caso do inciso II do caput: de 2 (dois) a 8 (oito)
§ 4º Ao condutor identificado no ato da infração será
meses, exceto para as infrações com prazo descrito no
atribuída pontuação pelas infrações de sua respon-
dispositivo infracional, e, no caso de reincidência no
sabilidade, nos termos previstos no § 3º do art. 257,
período de 12 (doze) meses, de 8 (oito) a 18 (dezoito)
excetuando-se aquelas praticadas por passageiros
meses, respeitado o disposto no inciso II do art. 263.
usuários do serviço de transporte rodoviário de pas-
sageiros em viagens de longa distância transitando § 2º Quando ocorrer a suspensão do direito de dirigir,
em rodovias com a utilização de ônibus, em linhas a Carteira Nacional de Habilitação será devolvida a seu
regulares intermunicipal, interestadual, internacional e titular imediatamente após cumprida a penalidade e o
aquelas em viagem de longa distância por fretamento curso de reciclagem.
e turismo ou de qualquer modalidade, excetuadas as § 3º A imposição da penalidade de suspensão do direito
situações regulamentadas pelo Contran a teor do art. 65 de dirigir elimina os 20 (vinte) pontos computados para
da Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997 - Código fins de contagem subsequente.
de Trânsito Brasileiro.
§ 4º (VETADO).
Art. 260. As multas serão impostas e arrecadadas pelo § 5º O condutor que exerce atividade remunerada em
órgão ou entidade de trânsito com circunscrição sobre veículo, habilitado na categoria C, D ou E, poderá optar
a via onde haja ocorrido a infração, de acordo com a por participar de curso preventivo de reciclagem sem-
competência estabelecida neste Código. pre que, no período de 1 (um) ano, atingir 14 (quatorze)
§ 1º As multas decorrentes de infração cometida em pontos, conforme regulamentação do Contran.
unidade da Federação diversa da do licenciamento do § 6º Concluído o curso de reciclagem previsto no § 5º,
veículo serão arrecadadas e compensadas na forma es- o condutor terá eliminados os pontos que lhe tiverem
tabelecida pelo CONTRAN. sido atribuídos, para fins de contagem subsequente.
§ 2º As multas decorrentes de infração cometida em § 7º O motorista que optar pelo curso previsto no §
unidade da Federação diversa daquela do licencia- 5º não poderá fazer nova opção no período de 12 (doze)
mento do veículo poderão ser comunicadas ao órgão meses.
ou entidade responsável pelo seu licenciamento, que
§ 8º A pessoa jurídica concessionária ou permissioná-
providenciará a notificação.

750
ria de serviço público tem o direito de ser informada vamente, as respectivas penalidades.
dos pontos atribuídos, na forma do art. 259, aos mo-
toristas que integrem seu quadro funcional, exercendo Art. 267. Poderá ser imposta a penalidade de advertên-
atividade remunerada ao volante, na forma que dispuser cia por escrito à infração de natureza leve ou média,
o Contran. passível de ser punida com multa, não sendo reinci-
§ 9º Incorrerá na infração prevista no inciso II do art. dente o infrator, na mesma infração, nos últimos doze
162 o condutor que, notificado da penalidade de que meses, quando a autoridade, considerando o prontu-
trata este artigo, dirigir veículo automotor em via pú- ário do infrator, entender esta providência como mais
blica. educativa.

§ 10. O processo de suspensão do direito de dirigir § 1º A aplicação da advertência por escrito não elide
referente ao inciso II do caput deste artigo deverá ser o acréscimo do valor da multa prevista no § 3º do art.
instaurado concomitantemente com o processo de apli- 258, imposta por infração posteriormente cometida.
cação da penalidade de multa. § 2º O disposto neste artigo aplica-se igualmente aos
§ 11. O Contran regulamentará as disposições deste pedestres, podendo a multa ser transformada na par-
artigo. ticipação do infrator em cursos de segurança viária, a
critério da autoridade de trânsito.
Art. 262. (Revogado pela Lei nº 13.281, de 2016)
Art. 268. O infrator será submetido a curso de recicla-
gem, na forma estabelecida pelo CONTRAN:
Art. 263. A cassação do documento de habilitação dar-
-se-á: I - quando, sendo contumaz, for necessário à sua re-
educação;
I - quando, suspenso o direito de dirigir, o infrator con-
duzir qualquer veículo; II - quando suspenso do direito de dirigir;
II - no caso de reincidência, no prazo de doze meses, III - quando se envolver em acidente grave para o qual
das infrações previstas no inciso III do art. 162 e nos haja contribuído, independentemente de processo ju-
arts. 163, 164, 165, 173, 174 e 175; dicial;
III - quando condenado judicialmente por delito de trân- IV - quando condenado judicialmente por delito de
sito, observado o disposto no art. 160. trânsito;
§ 1º Constatada, em processo administrativo, a irregu- V - a qualquer tempo, se for constatado que o condutor
laridade na expedição do documento de habilitação, a está colocando em risco a segurança do trânsito;
autoridade expedidora promoverá o seu cancelamento. VI - em outras situações a serem definidas pelo CON-
§ 2º Decorridos dois anos da cassação da Carteira TRAN.
Nacional de Habilitação, o infrator poderá requerer
sua reabilitação, submetendo-se a todos os exames CAPÍTULO XVII
necessários à habilitação, na forma estabelecida pelo DAS MEDIDAS ADMINISTRATIVAS
CONTRAN.

Art. 264. (VETADO) Art. 269. A autoridade de trânsito ou seus agentes, na


esfera das competências estabelecidas neste Código e
Art. 265. As penalidades de suspensão do direito de di- dentro de sua circunscrição, deverá adotar as seguintes
rigir e de cassação do documento de habilitação serão medidas administrativas:
aplicadas por decisão fundamentada da autoridade de I - retenção do veículo;
trânsito competente, em processo administrativo, asse-
II - remoção do veículo;
gurado ao infrator amplo direito de defesa.
III - recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação;
Art. 266. Quando o infrator cometer, simultaneamente, IV - recolhimento da Permissão para Dirigir;
duas ou mais infrações, ser-lhe-ão aplicadas, cumulati-
V - recolhimento do Certificado de Registro;

751
VI - recolhimento do Certificado de Licenciamento § 4º Não se apresentando condutor habilitado no local
Anual; da infração, o veículo será removido a depósito, apli-
cando-se neste caso o disposto no art. 271.
VII - (VETADO)
§ 5º A critério do agente, não se dará a retenção ime-
VIII - transbordo do excesso de carga;
diata, quando se tratar de veículo de transporte coletivo
IX - realização de teste de dosagem de alcoolemia ou transportando passageiros ou veículo transportando
perícia de substância entorpecente ou que determine produto perigoso ou perecível, desde que ofereça con-
dependência física ou psíquica; dições de segurança para circulação em via pública.
X - recolhimento de animais que se encontrem soltos § 6º Não efetuada a regularização no prazo a que se re-
nas vias e na faixa de domínio das vias de circulação, fere o § 2º, será feito registro de restrição administrativa
restituindo-os aos seus proprietários, após o pagamen- no Renavam por órgão ou entidade executivo de trânsi-
to de multas e encargos devidos. to dos Estados e do Distrito Federal, que será retirada
XI - realização de exames de aptidão física, mental, de após comprovada a regularização.
legislação, de prática de primeiros socorros e de dire- § 7º O descumprimento das obrigações estabelecidas
ção veicular. no § 2º resultará em recolhimento do veículo ao depó-
§ 1º A ordem, o consentimento, a fiscalização, as me- sito, aplicando-se, nesse caso, o disposto no art. 271.
didas administrativas e coercitivas adotadas pelas au-
toridades de trânsito e seus agentes terão por objetivo Art. 271. O veículo será removido, nos casos previstos
prioritário a proteção à vida e à incolumidade física da neste Código, para o depósito fixado pelo órgão ou en-
pessoa. tidade competente, com circunscrição sobre a via.
§ 2º As medidas administrativas previstas neste artigo § 1º A restituição do veículo removido só ocorrerá me-
não elidem a aplicação das penalidades impostas por diante prévio pagamento de multas, taxas e despesas
infrações estabelecidas neste Código, possuindo cará- com remoção e estada, além de outros encargos previs-
ter complementar a estas. tos na legislação específica.
§ 3º São documentos de habilitação a Carteira Nacional § 2º A liberação do veículo removido é condicionada
de Habilitação e a Permissão para Dirigir. ao reparo de qualquer componente ou equipamento
obrigatório que não esteja em perfeito estado de fun-
§ 4º Aplica-se aos animais recolhidos na forma do in- cionamento.
ciso X o disposto nos arts. 271 e 328, no que couber.
§ 3º Se o reparo referido no § 2º demandar providência
Art. 270. O veículo poderá ser retido nos casos expres- que não possa ser tomada no depósito, a autoridade
sos neste Código. responsável pela remoção liberará o veículo para repa-
ro, na forma transportada, mediante autorização, assi-
§ 1º Quando a irregularidade puder ser sanada no local nalando prazo para reapresentação.
da infração, o veículo será liberado tão logo seja regu-
larizada a situação. § 4º Os serviços de remoção, depósito e guarda de
veículo poderão ser realizados por órgão público, di-
§ 2º Não sendo possível sanar a falha no local da infra- retamente, ou por particular contratado por licitação
ção, o veículo, desde que ofereça condições de segu- pública, sendo o proprietário do veículo o responsável
rança para circulação, poderá ser liberado e entregue pelo pagamento dos custos desses serviços.
a condutor regularmente habilitado, mediante recolhi-
mento do Certificado de Licenciamento Anual, contra § 5º O proprietário ou o condutor deverá ser notificado,
apresentação de recibo, assinalando-se prazo razoável no ato de remoção do veículo, sobre as providências
ao condutor para regularizar a situação, para o que se necessárias à sua restituição e sobre o disposto no art.
considerará, desde logo, notificado. 328, conforme regulamentação do CONTRAN.

§ 3º O Certificado de Licenciamento Anual será devol- § 6º Caso o proprietário ou o condutor não esteja pre-
vido ao condutor no órgão ou entidade aplicadores das sente no momento da remoção do veículo, a autoridade
medidas administrativas, tão logo o veículo seja apre- de trânsito, no prazo de 10 (dez) dias contado da data da
sentado à autoridade devidamente regularizado. remoção, deverá expedir ao proprietário a notificação

752
prevista no § 5º, por remessa postal ou por outro meio II - se o prazo de licenciamento estiver vencido;
tecnológico hábil que assegure a sua ciência, e, caso III - no caso de retenção do veículo, se a irregularidade
reste frustrada, a notificação poderá ser feita por edital. não puder ser sanada no local.
§ 7º A notificação devolvida por desatualização do en-
dereço do proprietário do veículo ou por recusa desse Art. 275. O transbordo da carga com peso excedente é
de recebê-la será considerada recebida para todos os condição para que o veículo possa prosseguir viagem
efeitos e será efetuado às expensas do proprietário do veículo,
§ 8º Em caso de veículo licenciado no exterior, a notifi- sem prejuízo da multa aplicável.
cação será feita por edital. Parágrafo único. Não sendo possível desde logo aten-
§ 9º Não caberá remoção nos casos em que a irregulari- der ao disposto neste artigo, o veículo será recolhido ao
dade puder ser sanada no local da infração. depósito, sendo liberado após sanada a irregularidade
e pagas as despesas de remoção e estada.
§ 10. O pagamento das despesas de remoção e estada
será correspondente ao período integral, contado em Art. 276. Qualquer concentração de álcool por litro de
dias, em que efetivamente o veículo permanecer em sangue ou por litro de ar alveolar sujeita o condutor às
depósito, limitado ao prazo de 6 (seis) meses. penalidades previstas no art. 165.
§ 11. Os custos dos serviços de remoção e estada pres- Parágrafo único. O Contran disciplinará as margens de
tados por particulares poderão ser pagos pelo proprie- tolerância quando a infração for apurada por meio de
tário diretamente ao contratado. aparelho de medição, observada a legislação metroló-
§ 12. O disposto no § 11 não afasta a possibilidade de gica.
o respectivo ente da Federação estabelecer a cobrança
por meio de taxa instituída em lei. Art. 277. O condutor de veículo automotor envolvido
em acidente de trânsito ou que for alvo de fiscalização
§ 13. No caso de o proprietário do veículo objeto do re-
de trânsito poderá ser submetido a teste, exame clínico,
colhimento comprovar, administrativa ou judicialmente,
perícia ou outro procedimento que, por meios técnicos
que o recolhimento foi indevido ou que houve abuso
ou científicos, na forma disciplinada pelo Contran, per-
no período de retenção em depósito, é da responsabi-
mita certificar influência de álcool ou outra substância
lidade do ente público a devolução das quantias pagas
psicoativa que determine dependência.
por força deste artigo, segundo os mesmos critérios da
devolução de multas indevidas. § 1º (Revogado).
§ 2º A infração prevista no art. 165 também poderá ser
Art. 272. O recolhimento da Carteira Nacional de Habi- caracterizada mediante imagem, vídeo, constatação de
litação e da Permissão para Dirigir dar-se-á mediante sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Con-
recibo, além dos casos previstos neste Código, quando tran, alteração da capacidade psicomotora ou produção
houver suspeita de sua inautenticidade ou adulteração. de quaisquer outras provas em direito admitidas.

Art. 273. O recolhimento do Certificado de Registro dar- § 3º Serão aplicadas as penalidades e medidas admi-
-se-á mediante recibo, além dos casos previstos neste nistrativas estabelecidas no art. 165-A deste Código ao
Código, quando: condutor que se recusar a se submeter a qualquer dos
procedimentos previstos no caput deste artigo.
I - houver suspeita de inautenticidade ou adulteração;
II - se, alienado o veículo, não for transferida sua pro- Art. 278. Ao condutor que se evadir da fiscalização, não
priedade no prazo de trinta dias. submetendo veículo à pesagem obrigatória nos pontos
de pesagem, fixos ou móveis, será aplicada a penalida-
Art. 274. O recolhimento do Certificado de Licencia- de prevista no art. 209, além da obrigação de retornar
mento Anual dar-se-á mediante recibo, além dos casos ao ponto de evasão para fim de pesagem obrigatória.
previstos neste Código, quando: Parágrafo único. No caso de fuga do condutor à ação
I - houver suspeita de inautenticidade ou adulteração; policial, a apreensão do veículo dar-se-á tão logo seja
localizado, aplicando-se, além das penalidades em que

753
incorre, as estabelecidas no art. 210. V - identificação do órgão ou entidade e da autoridade
ou agente autuador ou equipamento que comprovar a
Art. 278-A. O condutor que se utilize de veículo para a infração;
prática do crime de receptação, descaminho, contraban- VI - assinatura do infrator, sempre que possível, valen-
do, previstos nos arts. 180, 334 e 334-A do Decreto-Lei do esta como notificação do cometimento da infração.
nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal),
condenado por um desses crimes em decisão judicial § 1º (VETADO)
transitada em julgado, terá cassado seu documento de § 2º A infração deverá ser comprovada por declaração
habilitação ou será proibido de obter a habilitação para da autoridade ou do agente da autoridade de trânsito,
dirigir veículo automotor pelo prazo de 5 (cinco) anos. por aparelho eletrônico ou por equipamento audiovisu-
(Incluído pela Lei nº 13.804, de 2019) al, reações químicas ou qualquer outro meio tecnolo-
§ 1º O condutor condenado poderá requerer sua reabili- gicamente disponível, previamente regulamentado pelo
tação, submetendo-se a todos os exames necessários à CONTRAN.
habilitação, na forma deste Código. (Incluído pela Lei § 3º Não sendo possível a autuação em flagrante, o
nº 13.804, de 2019) agente de trânsito relatará o fato à autoridade no pró-
§ 2º No caso do condutor preso em flagrante na prática prio auto de infração, informando os dados a respeito
dos crimes de que trata o caput deste artigo, poderá o do veículo, além dos constantes nos incisos I, II e III,
juiz, em qualquer fase da investigação ou da ação penal, para o procedimento previsto no artigo seguinte.
se houver necessidade para a garantia da ordem públi- § 4º O agente da autoridade de trânsito competente para
ca, como medida cautelar, de ofício, ou a requerimento lavrar o auto de infração poderá ser servidor civil, esta-
do Ministério Público ou ainda mediante representação tutário ou celetista ou, ainda, policial militar designado
da autoridade policial, decretar, em decisão motivada, a pela autoridade de trânsito com jurisdição sobre a via
suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir no âmbito de sua competência.
veículo automotor, ou a proibição de sua obtenção. (In-
cluído pela Lei nº 13.804, de 2019)
Seção II
Art. 279. Em caso de acidente com vítima, envolvendo
Do Julgamento das
veículo equipado com registrador instantâneo de velo- Autuações e Penalidades
cidade e tempo, somente o perito oficial encarregado do
levantamento pericial poderá retirar o disco ou unidade Art. 281. A autoridade de trânsito, na esfera da compe-
armazenadora do registro. tência estabelecida neste Código e dentro de sua cir-
cunscrição, julgará a consistência do auto de infração e
CAPÍTULO XVIII aplicará a penalidade cabível.
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO Parágrafo único. O auto de infração será arquivado e
seu registro julgado insubsistente:
Seção I I - se considerado inconsistente ou irregular;
Da Autuação II - se, no prazo máximo de trinta dias, não for expedida
a notificação da autuação.
Art. 280. Ocorrendo infração prevista na legislação de
trânsito, lavrar-se-á auto de infração, do qual constará: Art. 282. Aplicada a penalidade, será expedida notifica-
ção ao proprietário do veículo ou ao infrator, por remes-
I - tipificação da infração;
sa postal ou por qualquer outro meio tecnológico hábil,
II - local, data e hora do cometimento da infração; que assegure a ciência da imposição da penalidade.
III - caracteres da placa de identificação do veículo, sua § 1º A notificação devolvida por desatualização do
marca e espécie, e outros elementos julgados necessá- endereço do proprietário do veículo será considerada
rios à sua identificação; válida para todos os efeitos.
IV - o prontuário do condutor, sempre que possível; § 2º A notificação a pessoal de missões diplomáticas,

754
de repartições consulares de carreira e de representa- § 2º O recolhimento do valor da multa não implica re-
ções de organismos internacionais e de seus integran- núncia ao questionamento administrativo, que pode ser
tes será remetida ao Ministério das Relações Exteriores realizado a qualquer momento, respeitado o disposto
para as providências cabíveis e cobrança dos valores, no § 1º.
no caso de multa. § 3º Não incidirá cobrança moratória e não poderá ser
§ 3º Sempre que a penalidade de multa for imposta a aplicada qualquer restrição, inclusive para fins de licen-
condutor, à exceção daquela de que trata o § 1º do art. ciamento e transferência, enquanto não for encerrada a
259, a notificação será encaminhada ao proprietário do instância administrativa de julgamento de infrações e
veículo, responsável pelo seu pagamento. penalidades.
§ 4º Da notificação deverá constar a data do término do § 4º Encerrada a instância administrativa de julgamento
prazo para apresentação de recurso pelo responsável de infrações e penalidades, a multa não paga até o ven-
pela infração, que não será inferior a trinta dias conta- cimento será acrescida de juros de mora equivalentes à
dos da data da notificação da penalidade. taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de
Custódia (Selic) para títulos federais acumulada men-
§ 5º No caso de penalidade de multa, a data estabeleci-
salmente, calculados a partir do mês subsequente ao
da no parágrafo anterior será a data para o recolhimento
da consolidação até o mês anterior ao do pagamento, e
de seu valor.
de 1% (um por cento) relativamente ao mês em que o
pagamento estiver sendo efetuado.
Art. 282-A. O proprietário do veículo ou o condutor
autuado poderá optar por ser notificado por meio ele-
Art. 285. O recurso previsto no art. 283 será interposto
trônico se o órgão do Sistema Nacional de Trânsito res-
perante a autoridade que impôs a penalidade, a qual re-
ponsável pela autuação oferecer essa opção.
metê-lo-á à JARI, que deverá julgá-lo em até trinta dias.
§ 1º O proprietário ou o condutor autuado que optar
§ 1º O recurso não terá efeito suspensivo.
pela notificação por meio eletrônico deverá manter seu
cadastro atualizado no órgão executivo de trânsito do § 2º A autoridade que impôs a penalidade remeterá o
Estado ou do Distrito Federal. recurso ao órgão julgador, dentro dos dez dias úteis
subseqüentes à sua apresentação, e, se o entender
§ 2º Na hipótese de notificação por meio eletrônico, o
intempestivo, assinalará o fato no despacho de enca-
proprietário ou o condutor autuado será considerado
minhamento.
notificado 30 (trinta) dias após a inclusão da informa-
ção no sistema eletrônico. § 3º Se, por motivo de força maior, o recurso não for jul-
gado dentro do prazo previsto neste artigo, a autoridade
§ 3º O sistema previsto no caput será certificado di-
que impôs a penalidade, de ofício, ou por solicitação
gitalmente, atendidos os requisitos de autenticidade,
do recorrente, poderá conceder-lhe efeito suspensivo.
integridade, validade jurídica e interoperabilidade da
Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil
Art. 286. O recurso contra a imposição de multa poderá
ser interposto no prazo legal, sem o recolhimento do
Art. 283. (VETADO)
seu valor.
Art. 284. O pagamento da multa poderá ser efetuado § 1º No caso de não provimento do recurso, aplicar-se-
até a data do vencimento expressa na notificação, por -á o estabelecido no parágrafo único do art. 284.
oitenta por cento do seu valor. § 2º Se o infrator recolher o valor da multa e apresentar
§ 1º Caso o infrator opte pelo sistema de notificação recurso, se julgada improcedente a penalidade, ser-lhe-
eletrônica, se disponível, conforme regulamentação do -á devolvida a importância paga, atualizada em UFIR ou
Contran, e opte por não apresentar defesa prévia nem por índice legal de correção dos débitos fiscais.
recurso, reconhecendo o cometimento da infração, po-
derá efetuar o pagamento da multa por 60% (sessenta Art. 287. Se a infração for cometida em localidade di-
por cento) do seu valor, em qualquer fase do processo, versa daquela do licenciamento do veículo, o recurso
até o vencimento da multa. poderá ser apresentado junto ao órgão ou entidade de
trânsito da residência ou domicílio do infrator.

755
Parágrafo único. A autoridade de trânsito que receber aplicadas nos termos deste Código serão cadastradas
o recurso deverá remetê-lo, de pronto, à autoridade no RENACH.
que impôs a penalidade acompanhado das cópias dos
prontuários necessários ao julgamento. CAPÍTULO XIX
DOS CRIMES DE TRÂNSITO
Art. 288. Das decisões da JARI cabe recurso a ser in-
terposto, na forma do artigo seguinte, no prazo de trinta
dias contado da publicação ou da notificação da deci- Seção I
são. Disposições Gerais
§ 1º O recurso será interposto, da decisão do não provi-
mento, pelo responsável pela infração, e da decisão de Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos
provimento, pela autoridade que impôs a penalidade. automotores, previstos neste Código, aplicam-se as
§ 2º (Revogado pela Lei nº 12.249, de 2010) (Vide normas gerais do Código Penal e do Código de Pro-
ADIN 2998) cesso Penal, se este Capítulo não dispuser de modo
diverso, bem como a Lei nº 9.099, de 26 de setembro
Art. 289. O recurso de que trata o artigo anterior será de 1995, no que couber.
apreciado no prazo de trinta dias: § 1º Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão cor-
I - tratando-se de penalidade imposta pelo órgão ou poral culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei
entidade de trânsito da União: no 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o
agente estiver:
a) em caso de suspensão do direito de dirigir por mais
de seis meses, cassação do documento de habilitação I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substân-
ou penalidade por infrações gravíssimas, pelo CON- cia psicoativa que determine dependência;
TRAN; II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou
b) nos demais casos, por colegiado especial integrado competição automobilística, de exibição ou demonstra-
pelo Coordenador-Geral da JARI, pelo Presidente da ção de perícia em manobra de veículo automotor, não
Junta que apreciou o recurso e por mais um Presidente autorizada pela autoridade competente;
de Junta; III - transitando em velocidade superior à máxima per-
II - tratando-se de penalidade imposta por órgão ou mitida para a via em 50 km/h (cinqüenta quilômetros
entidade de trânsito estadual, municipal ou do Distrito por hora).
Federal, pelos CETRAN E CONTRANDIFE, respectiva- § 2º Nas hipóteses previstas no § 1º deste artigo, deverá
mente. ser instaurado inquérito policial para a investigação da
Parágrafo único. No caso da alínea b do inciso I, quan- infração penal.
do houver apenas uma JARI, o recurso será julgado por § 3º (VETADO).
seus próprios membros.
§ 4º O juiz fixará a pena-base segundo as diretrizes
previstas no art. 59 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
Art. 290. Implicam encerramento da instância adminis- dezembro de 1940 (Código Penal), dando especial
trativa de julgamento de infrações e penalidades: atenção à culpabilidade do agente e às circunstâncias
I - o julgamento do recurso de que tratam os arts. 288 e consequências do crime.
e 289;
II - a não interposição do recurso no prazo legal; e Art. 292. A suspensão ou a proibição de se obter a per-
missão ou a habilitação para dirigir veículo automotor
III - o pagamento da multa, com reconhecimento da in- pode ser imposta isolada ou cumulativamente com ou-
fração e requerimento de encerramento do processo na tras penalidades.
fase em que se encontra, sem apresentação de defesa
ou recurso. Art. 293. A penalidade de suspensão ou de proibição
Parágrafo único. Esgotados os recursos, as penalidades de se obter a permissão ou a habilitação, para dirigir

756
veículo automotor, tem a duração de dois meses a cinco § 3º Na indenização civil do dano, o valor da multa re-
anos. paratória será descontado.
§ 1º Transitada em julgado a sentença condenatória,
o réu será intimado a entregar à autoridade judiciária, Art. 298. São circunstâncias que sempre agravam as
em quarenta e oito horas, a Permissão para Dirigir ou a penalidades dos crimes de trânsito ter o condutor do
Carteira de Habilitação. veículo cometido a infração:

§ 2º A penalidade de suspensão ou de proibição de se I - com dano potencial para duas ou mais pessoas ou
obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo com grande risco de grave dano patrimonial a terceiros;
automotor não se inicia enquanto o sentenciado, por II - utilizando o veículo sem placas, com placas falsas
efeito de condenação penal, estiver recolhido a estabe- ou adulteradas;
lecimento prisional.
III - sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de
Habilitação;
Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou da ação
penal, havendo necessidade para a garantia da ordem IV - com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilita-
pública, poderá o juiz, como medida cautelar, de ofí- ção de categoria diferente da do veículo;
cio, ou a requerimento do Ministério Público ou ainda V - quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados
mediante representação da autoridade policial, decretar, especiais com o transporte de passageiros ou de carga;
em decisão motivada, a suspensão da permissão ou da
habilitação para dirigir veículo automotor, ou a proibi- VI - utilizando veículo em que tenham sido adultera-
ção de sua obtenção. dos equipamentos ou características que afetem a sua
segurança ou o seu funcionamento de acordo com os
Parágrafo único. Da decisão que decretar a suspensão limites de velocidade prescritos nas especificações do
ou a medida cautelar, ou da que indeferir o requerimen- fabricante;
to do Ministério Público, caberá recurso em sentido
estrito, sem efeito suspensivo. VII - sobre faixa de trânsito temporária ou permanente-
mente destinada a pedestres.
Art. 295. A suspensão para dirigir veículo automotor ou
a proibição de se obter a permissão ou a habilitação Art. 299. (VETADO)
será sempre comunicada pela autoridade judiciária ao
Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, e ao órgão Art. 300. (VETADO)
de trânsito do Estado em que o indiciado ou réu for do-
miciliado ou residente. Art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de aciden-
tes de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a
Art. 296. Se o réu for reincidente na prática de crime prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar
previsto neste Código, o juiz aplicará a penalidade de pronto e integral socorro àquela.
suspensão da permissão ou habilitação para dirigir
veículo automotor, sem prejuízo das demais sanções Seção II
penais cabíveis. Dos Crimes em Espécie
Art. 297. A penalidade de multa reparatória consiste no
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de ve-
pagamento, mediante depósito judicial em favor da víti-
ículo automotor:
ma, ou seus sucessores, de quantia calculada com base
no disposto no § 1º do art. 49 do Código Penal, sempre Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão
que houver prejuízo material resultante do crime. ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação
para dirigir veículo automotor.
§ 1º A multa reparatória não poderá ser superior ao va-
lor do prejuízo demonstrado no processo. § 1º No homicídio culposo cometido na direção de ve-
ículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço)
§ 2º Aplica-se à multa reparatória o disposto nos arts.
à metade, se o agente,
50 a 52 do Código Penal.
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de

757
Habilitação; Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;
Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo psicomotora alterada em razão da influência de álcool
sem risco pessoal, à vítima do acidente; ou de outra substância psicoativa que determine de-
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver pendência:
conduzindo veículo de transporte de passageiros. Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e
V - (Revogado pela Lei nº 11.705, de 2008) suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor.
§ 2º (Revogado pela Lei nº 13.281, de 2016)
§ 1º As condutas previstas no caput serão constatadas
§ 3º Se o agente conduz veículo automotor sob a influ- por:
ência de álcool ou de qualquer outra substância psico-
ativa que determine dependência: I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de
álcool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3
Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou
ou proibição do direito de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor. II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo
Contran, alteração da capacidade psicomotora.
Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de § 2º A verificação do disposto neste artigo poderá ser
veículo automotor: obtida mediante teste de alcoolemia ou toxicológico,
Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspen- exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou ou-
são ou proibição de se obter a permissão ou a habilita- tros meios de prova em direito admitidos, observado o
ção para dirigir veículo automotor. direito à contraprova.

§ 1º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, § 3º O Contran disporá sobre a equivalência entre os
se ocorrer qualquer das hipóteses do § 1º do art. 302. distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos para
efeito de caracterização do crime tipificado neste artigo.
§ 2º A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois
a cinco anos, sem prejuízo das outras penas previstas § 4º Poderá ser empregado qualquer aparelho homolo-
neste artigo, se o agente conduz o veículo com capa- gado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e
cidade psicomotora alterada em razão da influência de Tecnologia - INMETRO - para se determinar o previsto
álcool ou de outra substância psicoativa que determine no caput. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
dependência, e se do crime resultar lesão corporal de
natureza grave ou gravíssima. Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter
a permissão ou a habilitação para dirigir veículo auto-
Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do motor imposta com fundamento neste Código:
acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, com
podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de nova imposição adicional de idêntico prazo de suspen-
solicitar auxílio da autoridade pública: são ou de proibição.
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o conde-
se o fato não constituir elemento de crime mais grave. nado que deixa de entregar, no prazo estabelecido no
Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste ar- § 1º do art. 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira
tigo o condutor do veículo, ainda que a sua omissão de Habilitação.
seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com
morte instantânea ou com ferimentos leves. Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em
via pública, de corrida, disputa ou competição automo-
Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do bilística ou ainda de exibição ou demonstração de pe-
acidente, para fugir à responsabilidade penal ou civil rícia em manobra de veículo automotor, não autorizada
que lhe possa ser atribuída: (Vide ADC 35) pela autoridade competente, gerando situação de risco
à incolumidade pública ou privada:

758
Penas - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo,
multa e suspensão ou proibição de se obter a permis- ainda que não iniciados, quando da inovação, o pro-
são ou a habilitação para dirigir veículo automotor. cedimento preparatório, o inquérito ou o processo aos
quais se refere.
§ 1º Se da prática do crime previsto no caput resultar
lesão corporal de natureza grave, e as circunstâncias
demonstrarem que o agente não quis o resultado nem Art. 312-A. Para os crimes relacionados nos arts. 302 a
assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de li- 312 deste Código, nas situações em que o juiz aplicar
berdade é de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, sem a substituição de pena privativa de liberdade por pena
prejuízo das outras penas previstas neste artigo. restritiva de direitos, esta deverá ser de prestação de
serviço à comunidade ou a entidades públicas, em uma
§ 2º Se da prática do crime previsto no caput resultar das seguintes atividades:
morte, e as circunstâncias demonstrarem que o agente
não quis o resultado nem assumiu o risco de produ- I - trabalho, aos fins de semana, em equipes de resgate
zi-lo, a pena privativa de liberdade é de reclusão de 5 dos corpos de bombeiros e em outras unidades móveis
(cinco) a 10 (dez) anos, sem prejuízo das outras penas especializadas no atendimento a vítimas de trânsito;
previstas neste artigo. II - trabalho em unidades de pronto-socorro de hospi-
tais da rede pública que recebem vítimas de acidente de
Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem trânsito e politraumatizados;
a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ain- III - trabalho em clínicas ou instituições especializadas
da, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de na recuperação de acidentados de trânsito;
dano:
IV - outras atividades relacionadas ao resgate, atendi-
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. mento e recuperação de vítimas de acidentes de trân-
sito.
Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de
veículo automotor a pessoa não habilitada, com habi-
litação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, CAPÍTULO XX
ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde, física ou DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de
conduzi-lo com segurança: Art. 313. O Poder Executivo promoverá a nomeação dos
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. membros do CONTRAN no prazo de sessenta dias da
publicação deste Código.
Art. 310-A. (VETADO)
Art. 314. O CONTRAN tem o prazo de duzentos e qua-
Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível com a renta dias a partir da publicação deste Código para ex-
segurança nas proximidades de escolas, hospitais, pedir as resoluções necessárias à sua melhor execução,
estações de embarque e desembarque de passageiros, bem como revisar todas as resoluções anteriores à sua
logradouros estreitos, ou onde haja grande movimen- publicação, dando prioridade àquelas que visam a di-
tação ou concentração de pessoas, gerando perigo de minuir o número de acidentes e a assegurar a proteção
dano: de pedestres.

Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. Parágrafo único. As resoluções do CONTRAN, existen-
tes até a data de publicação deste Código, continuam
Art. 312. Inovar artificiosamente, em caso de acidente em vigor naquilo em que não conflitem com ele.
automobilístico com vítima, na pendência do respectivo
procedimento policial preparatório, inquérito policial Art. 315. O Ministério da Educação e do Desporto,
ou processo penal, o estado de lugar, de coisa ou de mediante proposta do CONTRAN, deverá, no prazo de
pessoa, a fim de induzir a erro o agente policial, o pe- duzentos e quarenta dias contado da publicação, esta-
rito, ou juiz: belecer o currículo com conteúdo programático relativo
à segurança e à educação de trânsito, a fim de atender o
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. disposto neste Código.

759
Art. 316. O prazo de notificação previsto no inciso II do Art. 322. (VETADO)
parágrafo único do art. 281 só entrará em vigor após
duzentos e quarenta dias contados da publicação desta Art. 323. O CONTRAN, em cento e oitenta dias, fixará a
Lei. metodologia de aferição de peso de veículos, estabele-
cendo percentuais de tolerância, sendo durante este pe-
Art. 317. Os órgãos e entidades de trânsito concederão ríodo suspensa a vigência das penalidades previstas no
prazo de até um ano para a adaptação dos veículos de inciso V do art. 231, aplicando-se a penalidade de vinte
condução de escolares e de aprendizagem às normas UFIR por duzentos quilogramas ou fração de excesso.
do inciso III do art. 136 e art. 154, respectivamente. Parágrafo único. Os limites de tolerância a que se refere
este artigo, até a sua fixação pelo CONTRAN, são aque-
Art. 318. (VETADO) les estabelecidos pela Lei nº 7.408, de 25 de novembro
de 1985.
Art. 319. Enquanto não forem baixadas novas normas
pelo CONTRAN, continua em vigor o disposto no art. Art. 324. (VETADO)
92 do Regulamento do Código Nacional de Trânsito -
Decreto nº 62.127, de 16 de janeiro de 1968. Art. 325. As repartições de trânsito conservarão por, no
mínimo, 5 (cinco) anos os documentos relativos à habi-
Art. 319-A. Os valores de multas constantes deste Có- litação de condutores, ao registro e ao licenciamento de
digo poderão ser corrigidos monetariamente pelo Con- veículos e aos autos de infração de trânsito.
tran, respeitado o limite da variação do Índice Nacional
de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no exercício § 1º Os documentos previstos no caput poderão ser
anterior. gerados e tramitados eletronicamente, bem como ar-
quivados e armazenados em meio digital, desde que
Parágrafo único. Os novos valores decorrentes do dis- assegurada a autenticidade, a fidedignidade, a confia-
posto no caput serão divulgados pelo Contran com, bilidade e a segurança das informações, e serão válidos
no mínimo, 90 (noventa) dias de antecedência de sua para todos os efeitos legais, sendo dispensada, nesse
aplicação. caso, a sua guarda física.

Art. 320. A receita arrecadada com a cobrança das mul- § 2º O Contran regulamentará a geração, a tramitação, o
tas de trânsito será aplicada, exclusivamente, em sina- arquivamento, o armazenamento e a eliminação de do-
lização, engenharia de tráfego, de campo, policiamento, cumentos eletrônicos e físicos gerados em decorrência
fiscalização e educação de trânsito. da aplicação das disposições deste Código.

§ 1º O percentual de cinco por cento do valor das mul- § 3º Na hipótese prevista nos §§ 1º e 2º, o sistema
tas de trânsito arrecadadas será depositado, mensal- deverá ser certificado digitalmente, atendidos os requi-
mente, na conta de fundo de âmbito nacional destinado sitos de autenticidade, integridade, validade jurídica e
à segurança e educação de trânsito. interoperabilidade da Infraestrutura de Chaves Públicas
Brasileira (ICP-Brasil).
§ 2º O órgão responsável deverá publicar, anualmente,
na rede mundial de computadores (internet), dados so- Art. 326. A Semana Nacional de Trânsito será comemo-
bre a receita arrecadada com a cobrança de multas de rada anualmente no período compreendido entre 18 e
trânsito e sua destinação. 25 de setembro.

Art. 320-A. Os órgãos e as entidades do Sistema Nacio- Art. 326-A. A atuação dos integrantes do Sistema Na-
nal de Trânsito poderão integrar-se para a ampliação e o cional de Trânsito, no que se refere à política de segu-
aprimoramento da fiscalização de trânsito, inclusive por rança no trânsito, deverá voltar-se prioritariamente para
meio do compartilhamento da receita arrecadada com a o cumprimento de metas anuais de redução de índice
cobrança das multas de trânsito. de mortos por grupo de veículos e de índice de mortos
por grupo de habitantes, ambos apurados por Estado e
Art. 321. (VETADO) por ano, detalhando-se os dados levantados e as ações
realizadas por vias federais, estaduais e municipais.

760
§ 1º O objetivo geral do estabelecimento de metas é, ao § 9º Os dados estatísticos coletados em cada Estado
final do prazo de dez anos, reduzir à metade, no míni- e no Distrito Federal serão tratados e consolidados
mo, o índice nacional de mortos por grupo de veículos pelo respectivo órgão ou entidade executivos de trân-
e o índice nacional de mortos por grupo de habitantes, sito, que os repassará ao órgão máximo executivo de
relativamente aos índices apurados no ano da entrada trânsito da União até o dia 1º de março, por meio do
em vigor da lei que cria o Plano Nacional de Redução sistema de registro nacional de acidentes e estatísticas
de Mortes e Lesões no Trânsito (Pnatrans). de trânsito.
§ 2º As metas expressam a diferença a menor, em base § 10. Os dados estatísticos sujeitos à consolidação pelo
percentual, entre os índices mais recentes, oficialmente órgão ou entidade executivos de trânsito do Estado ou
apurados, e os índices que se pretende alcançar. do Distrito Federal compreendem os coletados naquela
circunscrição:
§ 3º A decisão que fixar as metas anuais estabelecerá as
respectivas margens de tolerância. I - pela Polícia Rodoviária Federal e pelo órgão executi-
vo rodoviário da União;
§ 4º As metas serão fixadas pelo Contran para cada
um dos Estados da Federação e para o Distrito Fede- II - pela Polícia Militar e pelo órgão ou entidade exe-
ral, mediante propostas fundamentadas dos Cetran, do cutivos rodoviários do Estado ou do Distrito Federal;
Contrandife e do Departamento de Polícia Rodoviária III - pelos órgãos ou entidades executivos rodoviários
Federal, no âmbito das respectivas circunscrições. e pelos órgãos ou entidades executivos de trânsito dos
§ 5º Antes de submeterem as propostas ao Contran, Municípios.
os Cetran, o Contrandife e o Departamento de Polícia § 11. O cálculo dos índices, para cada Estado e para o
Rodoviária Federal realizarão consulta ou audiência pú- Distrito Federal, será feito pelo órgão máximo execu-
blica para manifestação da sociedade sobre as metas a tivo de trânsito da União, ouvidos o Departamento de
serem propostas. Polícia Rodoviária Federal e demais órgãos do Sistema
§ 6º As propostas dos Cetran, do Contrandife e do De- Nacional de Trânsito.
partamento de Polícia Rodoviária Federal serão enca- § 12. Os índices serão divulgados oficialmente até o dia
minhadas ao Contran até o dia 1º de agosto de cada 31 de março de cada ano.
ano, acompanhadas de relatório analítico a respeito do
cumprimento das metas fixadas para o ano anterior e § 13. Com base em índices parciais, apurados no de-
de exposição de ações, projetos ou programas, com os correr do ano, o Contran, os Cetran e o Contrandife po-
respectivos orçamentos, por meio dos quais se preten- derão recomendar aos integrantes do Sistema Nacional
de cumprir as metas propostas para o ano seguinte. de Trânsito alterações nas ações, projetos e programas
em desenvolvimento ou previstos, com o fim de atingir
§ 7º As metas fixadas serão divulgadas em setembro, as metas fixadas para cada um dos Estados e para o
durante a Semana Nacional de Trânsito, assim como Distrito Federal.
o desempenho, absoluto e relativo, de cada Estado e
do Distrito Federal no cumprimento das metas vigentes § 14. A partir da análise de desempenho a que se refe-
no ano anterior, detalhados os dados levantados e as re o § 7º deste artigo, o Contran elaborará e divulgará,
ações realizadas por vias federais, estaduais e munici- também durante a Semana Nacional de Trânsito:
pais, devendo tais informações permanecer à disposi- I - duas classificações ordenadas dos Estados e do Dis-
ção do público na rede mundial de computadores, em trito Federal, uma referente ao ano analisado e outra que
sítio eletrônico do órgão máximo executivo de trânsito considere a evolução do desempenho dos Estados e do
da União. Distrito Federal desde o início das análises;
§ 8º O Contran, ouvidos o Departamento de Polícia Ro- II - relatório a respeito do cumprimento do objetivo ge-
doviária Federal e demais órgãos do Sistema Nacional ral do estabelecimento de metas previsto no § 1º deste
de Trânsito, definirá as fórmulas para apuração dos artigo.
índices de que trata este artigo, assim como a meto-
dologia para a coleta e o tratamento dos dados estatís- Art. 327. A partir da publicação deste Código, somen-
ticos necessários para a composição dos termos das te poderão ser fabricados e licenciados veículos que
fórmulas. obedeçam aos limites de peso e dimensões fixados na

761
forma desta Lei, ressalvados os que vierem a ser regu- rência legal.
lamentados pelo CONTRAN. § 7º Sendo insuficiente o valor arrecadado para quitar
Parágrafo único. (VETADO) os débitos incidentes sobre o veículo, a situação será
comunicada aos credores.
Art. 328. O veículo apreendido ou removido a qualquer § 8º Os órgãos públicos responsáveis serão comu-
título e não reclamado por seu proprietário dentro do nicados do leilão previamente para que formalizem a
prazo de sessenta dias, contado da data de recolhi- desvinculação dos ônus incidentes sobre o veículo no
mento, será avaliado e levado a leilão, a ser realizado prazo máximo de dez dias.
preferencialmente por meio eletrônico.
§ 9º Os débitos incidentes sobre o veículo antes da
§ 1º Publicado o edital do leilão, a preparação poderá alienação administrativa ficam dele automaticamente
ser iniciada após trinta dias, contados da data de reco- desvinculados, sem prejuízo da cobrança contra o pro-
lhimento do veículo, o qual será classificado em duas prietário anterior.
categorias:
§ 10. Aplica-se o disposto no § 9º inclusive ao débito
I – conservado, quando apresenta condições de segu- relativo a tributo cujo fato gerador seja a propriedade, o
rança para trafegar; e domínio útil, a posse, a circulação ou o licenciamento
II – sucata, quando não está apto a trafegar. de veículo.
§ 2º Se não houver oferta igual ou superior ao valor § 11. Na hipótese de o antigo proprietário reaver o ve-
da avaliação, o lote será incluído no leilão seguinte, ículo, por qualquer meio, os débitos serão novamente
quando será arrematado pelo maior lance, desde que vinculados ao bem, aplicando-se, nesse caso, o dis-
por valor não inferior a cinquenta por cento do avaliado. posto nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 271.
§ 3º Mesmo classificado como conservado, o veículo § 12. Quitados os débitos, o saldo remanescente será
que for levado a leilão por duas vezes e não for arrema- depositado em conta específica do órgão responsável
tado será leiloado como sucata. pela realização do leilão e ficará à disposição do antigo
proprietário, devendo ser expedida notificação a ele, no
§ 4º É vedado o retorno do veículo leiloado como sucata
máximo em trinta dias após a realização do leilão, para
à circulação.
o levantamento do valor no prazo de cinco anos, após
§ 5º A cobrança das despesas com estada no depósito os quais o valor será transferido, definitivamente, para
será limitada ao prazo de seis meses. o fundo a que se refere o parágrafo único do art. 320.
§ 6º Os valores arrecadados em leilão deverão ser utili- § 13. Aplica-se o disposto neste artigo, no que couber,
zados para custeio da realização do leilão, dividindo-se ao animal recolhido, a qualquer título, e não reclamado
os custos entre os veículos arrematados, proporcio- por seu proprietário no prazo de sessenta dias, a contar
nalmente ao valor da arrematação, e destinando-se os da data de recolhimento, conforme regulamentação do
valores remanescentes, na seguinte ordem, para: CONTRAN.
I – as despesas com remoção e estada; § 14. Se identificada a existência de restrição policial ou
II – os tributos vinculados ao veículo, na forma do § 10; judicial sobre o prontuário do veículo, a autoridade res-
ponsável pela restrição será notificada para a retirada
III – os credores trabalhistas, tributários e titulares de do bem do depósito, mediante a quitação das despesas
crédito com garantia real, segundo a ordem de prefe- com remoção e estada, ou para a autorização do leilão
rência estabelecida no art. 186 da Lei no 5.172, de 25 nos termos deste artigo.
de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional);
§ 15. Se no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da no-
IV – as multas devidas ao órgão ou à entidade respon- tificação de que trata o § 14, não houver manifestação
sável pelo leilão; da autoridade responsável pela restrição judicial ou po-
V – as demais multas devidas aos órgãos integrantes licial, estará o órgão de trânsito autorizado a promover
do Sistema Nacional de Trânsito, segundo a ordem o leilão do veículo nos termos deste artigo.
cronológica; e § 16. Os veículos, sucatas e materiais inservíveis de
VI – os demais créditos, segundo a ordem de prefe- bens automotores que se encontrarem nos depósitos

762
há mais de 1 (um) ano poderão ser destinados à reci- sendo que, no primeiro caso, conterão termo de abertu-
clagem, independentemente da existência de restrições ra e encerramento lavrados pelo proprietário e rubrica-
sobre o veículo. dos pela repartição de trânsito, enquanto, no segundo,
todas as folhas serão autenticadas pela repartição de
§ 17. O procedimento de hasta pública na hipótese do
trânsito.
§ 16 será realizado por lote de tonelagem de material
ferroso, observando-se, no que couber, o disposto § 3º A entrada e a saída de veículos nos estabelecimen-
neste artigo, condicionando-se a entrega do material tos referidos neste artigo registrar-se-ão no mesmo dia
arrematado aos procedimentos necessários à des- em que se verificarem assinaladas, inclusive, as horas a
caracterização total do bem e à destinação exclusiva, elas correspondentes, podendo os veículos irregulares
ambientalmente adequada, à reciclagem siderúrgica, lá encontrados ou suas sucatas ser apreendidos ou re-
vedado qualquer aproveitamento de peças e partes. tidos para sua completa regularização.
§ 18. Os veículos sinistrados irrecuperáveis queima- § 4º As autoridades de trânsito e as autoridades poli-
dos, adulterados ou estrangeiros, bem como aqueles ciais terão acesso aos livros sempre que o solicitarem,
sem possibilidade de regularização perante o órgão de não podendo, entretanto, retirá-los do estabelecimento.
trânsito, serão destinados à reciclagem, independente- § 5º A falta de escrituração dos livros, o atraso, a fraude
mente do período em que estejam em depósito, respei- ao realizá-lo e a recusa de sua exibição serão punidas
tado o prazo previsto no caput deste artigo, sempre que com a multa prevista para as infrações gravíssimas,
a autoridade responsável pelo leilão julgar ser essa a independente das demais cominações legais cabíveis.
medida apropriada.
§ 6º Os livros previstos neste artigo poderão ser subs-
Art. 329. Os condutores dos veículos de que tratam os tituídos por sistema eletrônico, na forma regulamentada
arts. 135 e 136, para exercerem suas atividades, deve- pelo Contran.
rão apresentar, previamente, certidão negativa do regis-
tro de distribuição criminal relativamente aos crimes de Art. 331. Até a nomeação e posse dos membros que
homicídio, roubo, estupro e corrupção de menores, re- passarão a integrar os colegiados destinados ao julga-
novável a cada cinco anos, junto ao órgão responsável mento dos recursos administrativos previstos na Seção
pela respectiva concessão ou autorização. II do Capítulo XVIII deste Código, o julgamento dos re-
cursos ficará a cargo dos órgãos ora existentes.
Art. 330. Os estabelecimentos onde se executem re-
formas ou recuperação de veículos e os que comprem, Art. 332. Os órgãos e entidades integrantes do Sistema
vendam ou desmontem veículos, usados ou não, são Nacional de Trânsito proporcionarão aos membros do
obrigados a possuir livros de registro de seu movimen- CONTRAN, CETRAN e CONTRANDIFE, em serviço, to-
to de entrada e saída e de uso de placas de experiên- das as facilidades para o cumprimento de sua missão,
cia, conforme modelos aprovados e rubricados pelos fornecendo-lhes as informações que solicitarem, per-
órgãos de trânsito. mitindo-lhes inspecionar a execução de quaisquer ser-
viços e deverão atender prontamente suas requisições.
§ 1º Os livros indicarão:
I - data de entrada do veículo no estabelecimento; Art. 333. O CONTRAN estabelecerá, em até cento e
II - nome, endereço e identidade do proprietário ou vinte dias após a nomeação de seus membros, as
vendedor; disposições previstas nos arts. 91 e 92, que terão de
ser atendidas pelos órgãos e entidades executivos de
III - data da saída ou baixa, nos casos de desmontagem; trânsito e executivos rodoviários para exercerem suas
IV - nome, endereço e identidade do comprador; competências.
V - características do veículo constantes do seu certifi- § 1º Os órgãos e entidades de trânsito já existentes te-
cado de registro; rão prazo de um ano, após a edição das normas, para
se adequarem às novas disposições estabelecidas pelo
VI - número da placa de experiência. CONTRAN, conforme disposto neste artigo.
§ 2º Os livros terão suas páginas numeradas tipogra- § 2º Os órgãos e entidades de trânsito a serem criados
ficamente e serão encadernados ou em folhas soltas, exercerão as competências previstas neste Código em

763
cumprimento às exigências estabelecidas pelo CON- 10 de dezembro de 1990, os arts. 1º a 6º e 11 do De-
TRAN, conforme disposto neste artigo, acompanhados creto-lei nº 237, de 28 de fevereiro de 1967, e os De-
pelo respectivo CETRAN, se órgão ou entidade muni- cretos-leis nºs 584, de 16 de maio de 1969, 912, de 2
cipal, ou CONTRAN, se órgão ou entidade estadual, de outubro de 1969, e 2.448, de 21 de julho de 1988.
do Distrito Federal ou da União, passando a integrar o
Sistema Nacional de Trânsito. Brasília, 23 de setembro de 1997; 176º da Independên-
cia e 109º da República.
Art. 334. As ondulações transversais existentes deverão
ser homologadas pelo órgão ou entidade competente FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
no prazo de um ano, a partir da publicação deste Códi-
Iris Rezende
go, devendo ser retiradas em caso contrário.
Eliseu Padilha
Art. 335. (VETADO)
Este texto não substitui o publicado no DOU de
Art. 336. Aplicam-se os sinais de trânsito previstos no 24.9.1997 e retificado em 25.9.1997
Anexo II até a aprovação pelo CONTRAN, no prazo de
trezentos e sessenta dias da publicação desta Lei, após ANEXO I
a manifestação da Câmara Temática de Engenharia, de DOS CONCEITOS E DEFINIÇÕES
Vias e Veículos e obedecidos os padrões internacionais.
Para efeito deste Código adotam-se as seguintes de-
Art. 337. Os CETRAN terão suporte técnico e financeiro
finições:
dos Estados e Municípios que os compõem e, o CON-
TRANDIFE, do Distrito Federal.
ACOSTAMENTO - parte da via diferenciada da pista
de rolamento destinada à parada ou estacionamento
Art. 338. As montadoras, encarroçadoras, os importa-
de veículos, em caso de emergência, e à circulação de
dores e fabricantes, ao comerciarem veículos automo-
pedestres e bicicletas, quando não houver local apro-
tores de qualquer categoria e ciclos, são obrigados a
priado para esse fim.
fornecer, no ato da comercialização do respectivo veí-
culo, manual contendo normas de circulação, infrações,
penalidades, direção defensiva, primeiros socorros e AGENTE DA AUTORIDADE DE TRÂNSITO - pessoa,
Anexos do Código de Trânsito Brasileiro. civil ou policial militar, credenciada pela autoridade de
trânsito para o exercício das atividades de fiscalização,
operação, policiamento ostensivo de trânsito ou patru-
Art. 339. Fica o Poder Executivo autorizado a abrir cré-
lhamento.
dito especial no valor de R$ 264.954,00 (duzentos e
sessenta e quatro mil, novecentos e cinqüenta e quatro
reais), em favor do ministério ou órgão a que couber a AR ALVEOLAR - ar expirado pela boca de um indivíduo,
coordenação máxima do Sistema Nacional de Trânsito, originário dos alvéolos pulmonares.
para atender as despesas decorrentes da implantação
deste Código. AUTOMÓVEL - veículo automotor destinado ao trans-
porte de passageiros, com capacidade para até oito
Art. 340. Este Código entra em vigor cento e vinte dias pessoas, exclusive o condutor.
após a data de sua publicação.
AUTORIDADE DE TRÂNSITO - dirigente máximo de
Art. 341. Ficam revogadas as Leis nºs 5.108, de órgão ou entidade executivo integrante do Sistema
21 de setembro de 1966, 5.693, de 16 de agosto de Nacional de Trânsito ou pessoa por ele expressamente
1971, 5.820, de 10 de novembro de 1972, 6.124, de credenciada.
25 de outubro de 1974, 6.308, de 15 de dezembro de
1975, 6.369, de 27 de outubro de 1976, 6.731, de 4 BALANÇO TRASEIRO - distância entre o plano vertical
de dezembro de 1979, 7.031, de 20 de setembro de passando pelos centros das rodas traseiras extremas e
1982, 7.052, de 02 de dezembro de 1982, 8.102, de o ponto mais recuado do veículo, considerando-se to-

764
dos os elementos rigidamente fixados ao mesmo. CARROÇA - veículo de tração animal destinado ao
transporte de carga.
BICICLETA - veículo de propulsão humana, dotado de
duas rodas, não sendo, para efeito deste Código, simi-  CATADIÓPTRICO - dispositivo de reflexão e refração
lar à motocicleta, motoneta e ciclomotor. da luz utilizado na sinalização de vias e veículos (olho-
-de-gato).
BICICLETÁRIO - local, na via ou fora dela, destinado ao
estacionamento de bicicletas. CHARRETE - veículo de tração animal destinado ao
transporte de pessoas.
BONDE - veículo de propulsão elétrica que se move
sobre trilhos. CICLO - veículo de pelo menos duas rodas a propulsão
humana.
BORDO DA PISTA - margem da pista, podendo ser
demarcada por linhas longitudinais de bordo que deli- CICLOFAIXA - parte da pista de rolamento destinada à
neiam a parte da via destinada à circulação de veículos. circulação exclusiva de ciclos, delimitada por sinaliza-
ção específica.
CALÇADA - parte da via, normalmente segregada e em
nível diferente, não destinada à circulação de veículos, CICLOMOTOR - veículo de duas ou três rodas, provido
reservada ao trânsito de pedestres e, quando possível, de um motor de combustão interna, cuja cilindrada não
à implantação de mobiliário urbano, sinalização, vege- exceda a cinqüenta centímetros cúbicos (3,05 polega-
tação e outros fins. das cúbicas) e cuja velocidade máxima de fabricação
não exceda a cinqüenta quilômetros por hora.
CAMINHÃO-TRATOR - veículo automotor destinado a
tracionar ou arrastar outro. CICLOVIA - pista própria destinada à circulação de ci-
clos, separada fisicamente do tráfego comum.
CAMINHONETE - veículo destinado ao transporte de
carga com peso bruto total de até três mil e quinhentos CONVERSÃO - movimento em ângulo, à esquerda ou
quilogramas. à direita, de mudança da direção original do veículo.

CAMIONETA - veículo misto destinado ao transporte de CRUZAMENTO - interseção de duas vias em nível.
passageiros e carga no mesmo compartimento.
DISPOSITIVO DE SEGURANÇA - qualquer elemento
CANTEIRO CENTRAL - obstáculo físico construído que tenha a função específica de proporcionar maior se-
como separador de duas pistas de rolamento, eventual- gurança ao usuário da via, alertando-o sobre situações
mente substituído por marcas viárias (canteiro fictício). de perigo que possam colocar em risco sua integridade
física e dos demais usuários da via, ou danificar seria-
CAPACIDADE MÁXIMA DE TRAÇÃO - máximo peso mente o veículo.
que a unidade de tração é capaz de tracionar, indica-
do pelo fabricante, baseado em condições sobre suas ESTACIONAMENTO - imobilização de veículos por
limitações de geração e multiplicação de momento tempo superior ao necessário para embarque ou de-
de força e resistência dos elementos que compõem a sembarque de passageiros.
transmissão.
ESTRADA - via rural não pavimentada.
CARREATA - deslocamento em fila na via de veículos
automotores em sinal de regozijo, de reivindicação, de ETILÔMETRO - aparelho destinado à medição do teor
protesto cívico ou de uma classe. alcoólico no ar alveolar.

CARRO DE MÃO - veículo de propulsão humana utiliza- FAIXAS DE DOMÍNIO - superfície lindeira às vias rurais,
do no transporte de pequenas cargas. delimitada por lei específica e sob responsabilidade do

765
órgão ou entidade de trânsito competente com circuns- go de Trânsito, do Conselho Nacional de Trânsito e a
crição sobre a via. regulamentação estabelecida pelo órgão ou entidade
executiva do trânsito.
FAIXAS DE TRÂNSITO - qualquer uma das áreas longi-
tudinais em que a pista pode ser subdividida, sinalizada INTERSEÇÃO - todo cruzamento em nível, entronca-
ou não por marcas viárias longitudinais, que tenham mento ou bifurcação, incluindo as áreas formadas por
uma largura suficiente para permitir a circulação de ve- tais cruzamentos, entroncamentos ou bifurcações.
ículos automotores.
INTERRUPÇÃO DE MARCHA - imobilização do veículo
FISCALIZAÇÃO - ato de controlar o cumprimento das para atender circunstância momentânea do trânsito.
normas estabelecidas na legislação de trânsito, por
meio do poder de polícia administrativa de trânsito, no LICENCIAMENTO - procedimento anual, relativo a
âmbito de circunscrição dos órgãos e entidades exe- obrigações do proprietário de veículo, comprovado por
cutivos de trânsito e de acordo com as competências meio de documento específico (Certificado de Licencia-
definidas neste Código. mento Anual).

FOCO DE PEDESTRES - indicação luminosa de permis- LOGRADOURO PÚBLICO - espaço livre destinado pela
são ou impedimento de locomoção na faixa apropriada. municipalidade à circulação, parada ou estacionamento
de veículos, ou à circulação de pedestres, tais como
FREIO DE ESTACIONAMENTO - dispositivo destinado a calçada, parques, áreas de lazer, calçadões.
manter o veículo imóvel na ausência do condutor ou, no
caso de um reboque, se este se encontra desengatado. LOTAÇÃO - carga útil máxima, incluindo condutor e
passageiros, que o veículo transporta, expressa em
FREIO DE SEGURANÇA OU MOTOR - dispositivo des- quilogramas para os veículos de carga, ou número de
tinado a diminuir a marcha do veículo no caso de falha pessoas, para os veículos de passageiros.
do freio de serviço.
LOTE LINDEIRO - aquele situado ao longo das vias ur-
FREIO DE SERVIÇO - dispositivo destinado a provocar banas ou rurais e que com elas se limita.
a diminuição da marcha do veículo ou pará-lo.
LUZ ALTA - facho de luz do veículo destinado a iluminar
GESTOS DE AGENTES - movimentos convencionais a via até uma grande distância do veículo.
de braço, adotados exclusivamente pelos agentes de
autoridades de trânsito nas vias, para orientar, indicar LUZ BAIXA - facho de luz do veículo destinada a ilumi-
o direito de passagem dos veículos ou pedestres ou nar a via diante do veículo, sem ocasionar ofuscamento
emitir ordens, sobrepondo-se ou completando outra ou incômodo injustificáveis aos condutores e outros
sinalização ou norma constante deste Código. usuários da via que venham em sentido contrário.

GESTOS DE CONDUTORES - movimentos conven- LUZ DE FREIO - luz do veículo destinada a indicar aos
cionais de braço, adotados exclusivamente pelos con- demais usuários da via, que se encontram atrás do ve-
dutores, para orientar ou indicar que vão efetuar uma ículo, que o condutor está aplicando o freio de serviço.
manobra de mudança de direção, redução brusca de
velocidade ou parada. LUZ INDICADORA DE DIREÇÃO (pisca-pisca) - luz do
veículo destinada a indicar aos demais usuários da via
ILHA - obstáculo físico, colocado na pista de rolamento, que o condutor tem o propósito de mudar de direção
destinado à ordenação dos fluxos de trânsito em uma para a direita ou para a esquerda.
interseção.
LUZ DE MARCHA À RÉ - luz do veículo destinada a
INFRAÇÃO - inobservância a qualquer preceito da iluminar atrás do veículo e advertir aos demais usuários
legislação de trânsito, às normas emanadas do Códi- da via que o veículo está efetuando ou a ponto de efetu-
ar uma manobra de marcha à ré.

766
LUZ DE NEBLINA - luz do veículo destinada a aumentar imediatos e informações aos pedestres e condutores.
a iluminação da via em caso de neblina, chuva forte ou
nuvens de pó. PARADA - imobilização do veículo com a finalidade e
pelo tempo estritamente necessário para efetuar embar-
LUZ DE POSIÇÃO (lanterna) - luz do veículo destinada que ou desembarque de passageiros.
a indicar a presença e a largura do veículo.
PASSAGEM DE NÍVEL - todo cruzamento de nível entre
MANOBRA - movimento executado pelo condutor para uma via e uma linha férrea ou trilho de bonde com pista
alterar a posição em que o veículo está no momento em própria.
relação à via.
PASSAGEM POR OUTRO VEÍCULO - movimento de
MARCAS VIÁRIAS - conjunto de sinais constituídos de passagem à frente de outro veículo que se desloca no
linhas, marcações, símbolos ou legendas, em tipos e mesmo sentido, em menor velocidade, mas em faixas
cores diversas, apostos ao pavimento da via. distintas da via.

MICROÔNIBUS - veículo automotor de transporte cole- PASSAGEM SUBTERRÂNEA - obra de arte destinada à
tivo com capacidade para até vinte passageiros. transposição de vias, em desnível subterrâneo, e ao uso
de pedestres ou veículos.
MOTOCICLETA - veículo automotor de duas rodas,
com ou sem side-car, dirigido por condutor em posição PASSARELA - obra de arte destinada à transposição de
montada. vias, em desnível aéreo, e ao uso de pedestres.

MOTONETA - veículo automotor de duas rodas, dirigido PASSEIO - parte da calçada ou da pista de rolamento,
por condutor em posição sentada. neste último caso, separada por pintura ou elemento
físico separador, livre de interferências, destinada à
MOTOR-CASA (MOTOR-HOME) - veículo automotor circulação exclusiva de pedestres e, excepcionalmente,
cuja carroçaria seja fechada e destinada a alojamento, de ciclistas.
escritório, comércio ou finalidades análogas.
PATRULHAMENTO - função exercida pela Polícia Ro-
NOITE - período do dia compreendido entre o pôr-do- doviária Federal com o objetivo de garantir obediência
-sol e o nascer do sol. às normas de trânsito, assegurando a livre circulação e
evitando acidentes.
ÔNIBUS - veículo automotor de transporte coletivo com
capacidade para mais de vinte passageiros, ainda que, PERÍMETRO URBANO - limite entre área urbana e área
em virtude de adaptações com vista à maior comodida- rural.
de destes, transporte número menor.
PESO BRUTO TOTAL - peso máximo que o veículo
OPERAÇÃO DE CARGA E DESCARGA - imobilização do transmite ao pavimento, constituído da soma da tara
veículo, pelo tempo estritamente necessário ao carre- mais a lotação.
gamento ou descarregamento de animais ou carga, na
forma disciplinada pelo órgão ou entidade executivo de PESO BRUTO TOTAL COMBINADO - peso máximo
trânsito competente com circunscrição sobre a via. transmitido ao pavimento pela combinação de um ca-
minhão-trator mais seu semi-reboque ou do caminhão
OPERAÇÃO DE TRÂNSITO - monitoramento técnico mais o seu reboque ou reboques.
baseado nos conceitos de Engenharia de Tráfego, das
condições de fluidez, de estacionamento e parada na PISCA-ALERTA - luz intermitente do veículo, utilizada
via, de forma a reduzir as interferências tais como ve- em caráter de advertência, destinada a indicar aos de-
ículos quebrados, acidentados, estacionados irregu- mais usuários da via que o veículo está imobilizado ou
larmente atrapalhando o trânsito, prestando socorros em situação de emergência.

767
PISTA - parte da via normalmente utilizada para a cir- tos de controle luminosos, dispositivos auxiliares, api-
culação de veículos, identificada por elementos separa- tos e gestos, destinados exclusivamente a ordenar ou
dores ou por diferença de nível em relação às calçadas, dirigir o trânsito dos veículos e pedestres.
ilhas ou aos canteiros centrais.
SINALIZAÇÃO - conjunto de sinais de trânsito e dispo-
PLACAS - elementos colocados na posição vertical, fi- sitivos de segurança colocados na via pública com o
xados ao lado ou suspensos sobre a pista, transmitindo objetivo de garantir sua utilização adequada, possibili-
mensagens de caráter permanente e, eventualmente, tando melhor fluidez no trânsito e maior segurança dos
variáveis, mediante símbolo ou legendas pré-reconhe- veículos e pedestres que nela circulam.
cidas e legalmente instituídas como sinais de trânsito.
SONS POR APITO - sinais sonoros, emitidos exclusi-
POLICIAMENTO OSTENSIVO DE TRÂNSITO - função vamente pelos agentes da autoridade de trânsito nas
exercida pelas Polícias Militares com o objetivo de vias, para orientar ou indicar o direito de passagem dos
prevenir e reprimir atos relacionados com a segurança veículos ou pedestres, sobrepondo-se ou completando
pública e de garantir obediência às normas relativas à sinalização existente no local ou norma estabelecida
segurança de trânsito, assegurando a livre circulação e neste Código.
evitando acidentes.
TARA - peso próprio do veículo, acrescido dos pesos
PONTE - obra de construção civil destinada a ligar mar- da carroçaria e equipamento, do combustível, das ferra-
gens opostas de uma superfície líquida qualquer. mentas e acessórios, da roda sobressalente, do extintor
de incêndio e do fluido de arrefecimento, expresso em
REBOQUE - veículo destinado a ser engatado atrás de quilogramas.
um veículo automotor.
TRAILER - reboque ou semi-reboque tipo casa, com
REGULAMENTAÇÃO DA VIA - implantação de sinali- duas, quatro, ou seis rodas, acoplado ou adaptado à
zação de regulamentação pelo órgão ou entidade com- traseira de automóvel ou camionete, utilizado em geral
petente com circunscrição sobre a via, definindo, entre em atividades turísticas como alojamento, ou para ati-
outros, sentido de direção, tipo de estacionamento, vidades comerciais.
horários e dias.
TRÂNSITO - movimentação e imobilização de veículos,
REFÚGIO - parte da via, devidamente sinalizada e prote- pessoas e animais nas vias terrestres.
gida, destinada ao uso de pedestres durante a travessia
da mesma. TRANSPOSIÇÃO DE FAIXAS - passagem de um veículo
de uma faixa demarcada para outra.
RENACH - Registro Nacional de Condutores Habilitados.
TRATOR - veículo automotor construído para realizar
RENAVAM - Registro Nacional de Veículos Automotores. trabalho agrícola, de construção e pavimentação e tra-
cionar outros veículos e equipamentos.
RETORNO - movimento de inversão total de sentido da
direção original de veículos. ULTRAPASSAGEM - movimento de passar à frente de
outro veículo que se desloca no mesmo sentido, em
RODOVIA - via rural pavimentada. menor velocidade e na mesma faixa de tráfego, necessi-
tando sair e retornar à faixa de origem.
SEMI-REBOQUE - veículo de um ou mais eixos que se
apóia na sua unidade tratora ou é a ela ligado por meio UTILITÁRIO - veículo misto caracterizado pela versatili-
de articulação. dade do seu uso, inclusive fora de estrada.

SINAIS DE TRÂNSITO - elementos de sinalização viária VEÍCULO ARTICULADO - combinação de veículos aco-
que se utilizam de placas, marcas viárias, equipamen- plados, sendo um deles automotor.

768
VEÍCULO AUTOMOTOR - todo veículo a motor de pro- o trânsito que tenha necessidade de entrar ou sair das
pulsão que circule por seus próprios meios, e que serve vias de trânsito rápido ou arteriais, possibilitando o
normalmente para o transporte viário de pessoas e coi- trânsito dentro das regiões da cidade.
sas, ou para a tração viária de veículos utilizados para
o transporte de pessoas e coisas. O termo compreende VIA LOCAL - aquela caracterizada por interseções em
os veículos conectados a uma linha elétrica e que não nível não semaforizadas, destinada apenas ao acesso
circulam sobre trilhos (ônibus elétrico). local ou a áreas restritas.

VEÍCULO DE CARGA - veículo destinado ao transporte VIA RURAL - estradas e rodovias.


de carga, podendo transportar dois passageiros, exclu-
sive o condutor. VIA URBANA - ruas, avenidas, vielas, ou caminhos e
similares abertos à circulação pública, situados na área
VEÍCULO DE COLEÇÃO - aquele que, mesmo tendo urbana, caracterizados principalmente por possuírem
sido fabricado há mais de trinta anos, conserva suas imóveis edificados ao longo de sua extensão.
características originais de fabricação e possui valor
histórico próprio. VIAS E ÁREAS DE PEDESTRES - vias ou conjunto de
vias destinadas à circulação prioritária de pedestres.
VEÍCULO CONJUGADO - combinação de veículos,
sendo o primeiro um veículo automotor e os demais VIADUTO - obra de construção civil destinada a trans-
reboques ou equipamentos de trabalho agrícola, cons- por uma depressão de terreno ou servir de passagem
trução, terraplenagem ou pavimentação. superior.

VEÍCULO DE GRANDE PORTE - veículo automotor des-


tinado ao transporte de carga com peso bruto total má- LEI DOS CRIMES DE TORTURA E
ximo superior a dez mil quilogramas e de passageiros, DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS - Lei
superior a vinte passageiros.
nº 9.455, de 7 de abril de 1997.
VEÍCULO DE PASSAGEIROS - veículo destinado ao
transporte de pessoas e suas bagagens. Define os crimes de tortura e dá outras providên-
cias.
VEÍCULO MISTO - veículo automotor destinado ao
transporte simultâneo de carga e passageiro. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
Lei:
VIA - superfície por onde transitam veículos, pessoas e
animais, compreendendo a pista, a calçada, o acosta-
mento, ilha e canteiro central. Art. 1º Constitui crime de tortura:
I - constranger alguém com emprego de violência ou
VIA DE TRÂNSITO RÁPIDO - aquela caracterizada por grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
acessos especiais com trânsito livre, sem interseções a) com o fim de obter informação, declaração
em nível, sem acessibilidade direta aos lotes lindeiros e ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;
sem travessia de pedestres em nível.
b) para provocar ação ou omissão de natureza
VIA ARTERIAL - aquela caracterizada por interseções criminosa;
em nível, geralmente controlada por semáforo, com c) em razão de discriminação racial ou reli-
acessibilidade aos lotes lindeiros e às vias secundárias giosa;
e locais, possibilitando o trânsito entre as regiões da
cidade. II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autori-
dade, com emprego de violência ou grave ameaça, a in-
tenso sofrimento físico ou mental, como forma de apli-
VIA COLETORA - aquela destinada a coletar e distribuir
car castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

769
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
LEI DOS CRIMES AMBIENTAIS
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa pre-
sa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro
ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto de 1998.
em lei ou não resultante de medida legal.
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, Dispõe sobre as sanções penais e administrativas
quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre derivadas de condutas e atividades lesivas ao
na pena de detenção de um a quatro anos. meio ambiente, e dá outras providências.

§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gra- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
víssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos. Lei:
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
I - se o crime é cometido por agente público; CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
II – se o crime é cometido contra criança, gestante,
portador de deficiência, adolescente ou maior de 60
(sessenta) anos; Art. 1º (VETADO)
III - se o crime é cometido mediante sequestro.
Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a prá-
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função tica dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a
ou emprego público e a interdição para seu exercício estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem
pelo dobro do prazo da pena aplicada. como o diretor, o administrador, o membro de conselho
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou
graça ou anistia. mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da condu-
ta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática,
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo quando podia agir para evitá-la.
a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em
regime fechado. Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas
administrativa, civil e penalmente conforme o disposto
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida
crime não tenha sido cometido em território nacional, por decisão de seu representante legal ou contratual,
sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício
em local sob jurisdição brasileira. da sua entidade.

Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publi- Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurí-
cação. dicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-au-
toras ou partícipes do mesmo fato.
Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de
julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente. Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica
sempre que sua personalidade for obstáculo ao res-
Brasília, 7 de abril de 1997; 176º da Independência e sarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio
109º da República. ambiente.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Art. 5º (VETADO)

Nelson A. Jobim CAPÍTULO II


Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de
DA APLICAÇÃO DA PENA
8.4.1997

770
Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a au- Art. 12. A prestação pecuniária consiste no pagamento
toridade competente observará: em dinheiro à vítima ou à entidade pública ou privada
com fim social, de importância, fixada pelo juiz, não in-
I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da
ferior a um salário mínimo nem superior a trezentos e
infração e suas conseqüências para a saúde pública e
sessenta salários mínimos. O valor pago será deduzido
para o meio ambiente;
do montante de eventual reparação civil a que for con-
II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento denado o infrator.
da legislação de interesse ambiental;
III - a situação econômica do infrator, no caso de multa. Art. 13. O recolhimento domiciliar baseia-se na auto-
disciplina e senso de responsabilidade do condenado,
Art. 7º As penas restritivas de direitos são autônomas e que deverá, sem vigilância, trabalhar, freqüentar curso
substituem as privativas de liberdade quando: ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhi-
do nos dias e horários de folga em residência ou em
I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena qualquer local destinado a sua moradia habitual, con-
privativa de liberdade inferior a quatro anos; forme estabelecido na sentença condenatória.
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e
a personalidade do condenado, bem como os motivos Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena:
e as circunstâncias do crime indicarem que a substitui- I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;
ção seja suficiente para efeitos de reprovação e preven-
ção do crime. II - arrependimento do infrator, manifestado pela espon-
tânea reparação do dano, ou limitação significativa da
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a que degradação ambiental causada;
se refere este artigo terão a mesma duração da pena
privativa de liberdade substituída. III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente
de degradação ambiental;
Art. 8º As penas restritivas de direito são: IV - colaboração com os agentes encarregados da vigi-
I - prestação de serviços à comunidade; lância e do controle ambiental.

II - interdição temporária de direitos; Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quan-
III - suspensão parcial ou total de atividades; do não constituem ou qualificam o crime:
IV - prestação pecuniária; I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;
V - recolhimento domiciliar. II - ter o agente cometido a infração:
a) para obter vantagem pecuniária;
Art. 9º A prestação de serviços à comunidade consiste
na atribuição ao condenado de tarefas gratuitas junto a b) coagindo outrem para a execução material da infra-
parques e jardins públicos e unidades de conservação, ção;
e, no caso de dano da coisa particular, pública ou tom- c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a
bada, na restauração desta, se possível. saúde pública ou o meio ambiente;
d) concorrendo para danos à propriedade alheia;
Art. 10. As penas de interdição temporária de direito são
a proibição de o condenado contratar com o Poder Pú- e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas
blico, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial
benefícios, bem como de participar de licitações, pelo de uso;
prazo de cinco anos, no caso de crimes dolosos, e de f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos
três anos, no de crimes culposos. humanos;

Art. 11. A suspensão de atividades será aplicada quando g) em período de defeso à fauna;
estas não estiverem obedecendo às prescrições legais. h) em domingos ou feriados;

771
i) à noite; Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença
condenatória, a execução poderá efetuar-se pelo valor
j) em épocas de seca ou inundações;
fixado nos termos do caput, sem prejuízo da liquidação
l) no interior do espaço territorial especialmente pro- para apuração do dano efetivamente sofrido.
tegido;
m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou al-
captura de animais; ternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com o
disposto no art. 3º, são:
n) mediante fraude ou abuso de confiança;
I - multa;
o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou
autorização ambiental; II - restritivas de direitos;
p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou III - prestação de serviços à comunidade.
parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por
incentivos fiscais; Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa ju-
rídica são:
q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios
oficiais das autoridades competentes; I - suspensão parcial ou total de atividades;
r) facilitada por funcionário público no exercício de II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou
suas funções. atividade;
III - proibição de contratar com o Poder Público, bem
Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão como dele obter subsídios, subvenções ou doações.
condicional da pena pode ser aplicada nos casos de
condenação a pena privativa de liberdade não superior § 1º A suspensão de atividades será aplicada quando
a três anos. estas não estiverem obedecendo às disposições legais
ou regulamentares, relativas à proteção do meio am-
biente.
Art. 17. A verificação da reparação a que se refere o § 2º
do art. 78 do Código Penal será feita mediante laudo de § 2º A interdição será aplicada quando o estabeleci-
reparação do dano ambiental, e as condições a serem mento, obra ou atividade estiver funcionando sem a
impostas pelo juiz deverão relacionar-se com a prote- devida autorização, ou em desacordo com a concedida,
ção ao meio ambiente. ou com violação de disposição legal ou regulamentar.
§ 3º A proibição de contratar com o Poder Público e
Art. 18. A multa será calculada segundo os critérios do dele obter subsídios, subvenções ou doações não po-
Código Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada derá exceder o prazo de dez anos.
no valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes,
tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida. Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela pes-
soa jurídica consistirá em:
Art. 19. A perícia de constatação do dano ambiental,
sempre que possível, fixará o montante do prejuízo I - custeio de programas e de projetos ambientais;
causado para efeitos de prestação de fiança e cálculo II - execução de obras de recuperação de áreas degra-
de multa. dadas;
Parágrafo único. A perícia produzida no inquérito civil III - manutenção de espaços públicos;
ou no juízo cível poderá ser aproveitada no processo
penal, instaurando-se o contraditório. IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais
públicas.
Art. 20. A sentença penal condenatória, sempre que
possível, fixará o valor mínimo para reparação dos da- Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada,
nos causados pela infração, considerando os prejuízos preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar
sofridos pelo ofendido ou pelo meio ambiente. ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá
decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será

772
considerado instrumento do crime e como tal perdido do dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei,
em favor do Fundo Penitenciário Nacional. salvo em caso de comprovada impossibilidade.

CAPÍTULO III Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei nº 9.099, de 26


DA APREENSÃO DO PRODUTO E de setembro de 1995, aplicam-se aos crimes de menor
potencial ofensivo definidos nesta Lei, com as seguin-
DO INSTRUMENTO DE INFRAÇÃO tes modificações:
ADMINISTRATIVA OU DE CRIME
I - a declaração de extinção de punibilidade, de que
trata o § 5° do artigo referido no caput, dependerá de
Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidos seus laudo de constatação de reparação do dano ambiental,
produtos e instrumentos, lavrando-se os respectivos ressalvada a impossibilidade prevista no inciso I do §
autos. 1° do mesmo artigo;
§ 1º Os animais serão prioritariamente libertados em II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar
seu habitat ou, sendo tal medida inviável ou não reco- não ter sido completa a reparação, o prazo de suspen-
mendável por questões sanitárias, entregues a jardins são do processo será prorrogado, até o período máximo
zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, previsto no artigo referido no caput, acrescido de mais
para guarda e cuidados sob a responsabilidade de téc- um ano, com suspensão do prazo da prescrição;
nicos habilitados.
III - no período de prorrogação, não se aplicarão as
§ 2º Até que os animais sejam entregues às instituições condições dos incisos II, III e IV do § 1° do artigo men-
mencionadas no § 1º deste artigo, o órgão autuante cionado no caput;
zelará para que eles sejam mantidos em condições ade-
quadas de acondicionamento e transporte que garantam IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à la-
o seu bem-estar físico. vratura de novo laudo de constatação de reparação do
dano ambiental, podendo, conforme seu resultado, ser
§ 3º Tratando-se de produtos perecíveis ou madeiras, novamente prorrogado o período de suspensão, até o
serão estes avaliados e doados a instituições científi- máximo previsto no inciso II deste artigo, observado o
cas, hospitalares, penais e outras com fins beneficen- disposto no inciso III;
tes.
V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a decla-
§ 4° Os produtos e subprodutos da fauna não perecí- ração de extinção de punibilidade dependerá de laudo
veis serão destruídos ou doados a instituições científi- de constatação que comprove ter o acusado tomado as
cas, culturais ou educacionais. providências necessárias à reparação integral do dano.
§ 5º Os instrumentos utilizados na prática da infração
CAPÍTULO V
serão vendidos, garantida a sua descaracterização por
meio da reciclagem. DOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE

CAPÍTULO IV Seção I
DA AÇÃO E DO PROCESSO PENAL Dos Crimes contra a Fauna

Art. 26. Nas infrações penais previstas nesta Lei, a ação Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espéci-
penal é pública incondicionada. mes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória,
Parágrafo único. (VETADO) sem a devida permissão, licença ou autorização da au-
toridade competente, ou em desacordo com a obtida:
Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.
ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena res- § 1º Incorre nas mesmas penas:
tritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº
9.099, de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser I - quem impede a procriação da fauna, sem licença,
formulada desde que tenha havido a prévia composição autorização ou em desacordo com a obtida;

773
II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mu-
criadouro natural; tilar animais silvestres, domésticos ou domesticados,
nativos ou exóticos:
III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire,
guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou trans- Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
porta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nati- § 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiên-
va ou em rota migratória, bem como produtos e objetos cia dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para
dela oriundos, provenientes de criadouros não autoriza- fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos
dos ou sem a devida permissão, licença ou autorização alternativos.
da autoridade competente.
§ 1º-A Quando se tratar de cão ou gato, a pena para as
§ 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre condutas descritas no caput deste artigo será de reclu-
não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, são, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, multa e proibição da
considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a guarda. (Incluído pela Lei nº 14.064, de 2020)
pena.
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se
§ 3° São espécimes da fauna silvestre todos aqueles ocorre morte do animal.
pertencentes às espécies nativas, migratórias e quais-
quer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo
Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou carre-
ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos
amento de materiais, o perecimento de espécimes da
limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais
fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes, lago-
brasileiras.
as, baías ou águas jurisdicionais brasileiras:
§ 4º A pena é aumentada de metade, se o crime é pra-
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas
ticado:
cumulativamente.
I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de ex-
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas:
tinção, ainda que somente no local da infração;
I - quem causa degradação em viveiros, açudes ou es-
II - em período proibido à caça;
tações de aqüicultura de domínio público;
III - durante a noite;
II - quem explora campos naturais de invertebrados
IV - com abuso de licença; aquáticos e algas, sem licença, permissão ou autoriza-
V - em unidade de conservação; ção da autoridade competente;

VI - com emprego de métodos ou instrumentos capazes III - quem fundeia embarcações ou lança detritos de
de provocar destruição em massa. qualquer natureza sobre bancos de moluscos ou corais,
devidamente demarcados em carta náutica.
§ 5º A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre
do exercício de caça profissional. Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proi-
§ 6º As disposições deste artigo não se aplicam aos bida ou em lugares interditados por órgão competente:
atos de pesca. Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou
ambas as penas cumulativamente.
Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de anfí-
bios e répteis em bruto, sem a autorização da autorida- Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem:
de ambiental competente: I - pesca espécies que devam ser preservadas ou espé-
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. cimes com tamanhos inferiores aos permitidos;
II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou me-
Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem pa- diante a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e
recer técnico oficial favorável e licença expedida por métodos não permitidos;
autoridade competente: III - transporta, comercializa, beneficia ou industriali-
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. za espécimes provenientes da coleta, apanha e pesca
proibidas.

774
Art. 35. Pescar mediante a utilização de: reduzida à metade.
I - explosivos ou substâncias que, em contato com a
água, produzam efeito semelhante; Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada de pre-
servação permanente, sem permissão da autoridade
II - substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela competente:
autoridade competente:
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas
Pena - reclusão de um ano a cinco anos. as penas cumulativamente.

Art. 36. Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca Art. 40. Causar dano direto ou indireto às Unidades de
todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apre- Conservação e às áreas de que trata o art. 27 do Decreto
ender ou capturar espécimes dos grupos dos peixes, nº 99.274, de 6 de junho de 1990, independentemente
crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis de sua localização:
ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas as
espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas Pena - reclusão, de um a cinco anos.
oficiais da fauna e da flora. § 1º Entende-se por Unidades de Conservação de
Proteção Integral as Estações Ecológicas, as Reservas
Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando rea- Biológicas, os Parques Nacionais, os Monumentos Na-
lizado: turais e os Refúgios de Vida Silvestre.
I - em estado de necessidade, para saciar a fome do § 2º A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas
agente ou de sua família; de extinção no interior das Unidades de Conservação
de Proteção Integral será considerada circunstância
II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação
agravante para a fixação da pena.
predatória ou destruidora de animais, desde que legal e
expressamente autorizado pela autoridade competente; § 3º Se o crime for culposo, a pena será reduzida à
metade.
III – (VETADO)
IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracte- Art. 40-A. (VETADO)
rizado pelo órgão competente.
§ 1º Entende-se por Unidades de Conservação de Uso
Sustentável as Áreas de Proteção Ambiental, as Áreas
Seção II de Relevante Interesse Ecológico, as Florestas Nacio-
Dos Crimes contra a Flora nais, as Reservas Extrativistas, as Reservas de Fauna,
as Reservas de Desenvolvimento Sustentável e as Re-
Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de servas Particulares do Patrimônio Natural.
preservação permanente, mesmo que em formação, ou § 2º A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas
utilizá-la com infringência das normas de proteção: de extinção no interior das Unidades de Conservação
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas de Uso Sustentável será considerada circunstância
as penas cumulativamente. agravante para a fixação da pena.
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será § 3º Se o crime for culposo, a pena será reduzida à
reduzida à metade. metade.

Art. 38-A. Destruir ou danificar vegetação primária ou Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta:
secundária, em estágio avançado ou médio de regene- Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa.
ração, do Bioma Mata Atlântica, ou utilizá-la com infrin-
gência das normas de proteção: Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de de-
tenção de seis meses a um ano, e multa.
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa, ou
ambas as penas cumulativamente. Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será que possam provocar incêndios nas florestas e demais

775
formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer seis meses, ou multa.
tipo de assentamento humano:
Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas Art. 50. Destruir ou danificar florestas nativas ou planta-
as penas cumulativamente. das ou vegetação fixadora de dunas, protetora de man-
gues, objeto de especial preservação:
Art. 43. (VETADO) Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Art. 44. Extrair de florestas de domínio público ou Art. 50-A. Desmatar, explorar economicamente ou
consideradas de preservação permanente, sem prévia degradar floresta, plantada ou nativa, em terras de do-
autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de mínio público ou devolutas, sem autorização do órgão
minerais: competente:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa.
§ 1º Não é crime a conduta praticada quando necessária
Art. 45. Cortar ou transformar em carvão madeira de à subsistência imediata pessoal do agente ou de sua
lei, assim classificada por ato do Poder Público, para família.
fins industriais, energéticos ou para qualquer outra
exploração, econômica ou não, em desacordo com as § 2º Se a área explorada for superior a 1.000 ha (mil
determinações legais: hectares), a pena será aumentada de 1 (um) ano por
milhar de hectare.
Pena - reclusão, de um a dois anos, e multa.
Art. 51. Comercializar motosserra ou utilizá-la em flo-
Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou restas e nas demais formas de vegetação, sem licença
industriais, madeira, lenha, carvão e outros produtos ou registro da autoridade competente:
de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do
vendedor, outorgada pela autoridade competente, e sem Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
munir-se da via que deverá acompanhar o produto até
final beneficiamento: Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação condu-
zindo substâncias ou instrumentos próprios para caça
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. ou para exploração de produtos ou subprodutos flores-
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem tais, sem licença da autoridade competente:
vende, expõe à venda, tem em depósito, transporta ou Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
guarda madeira, lenha, carvão e outros produtos de
origem vegetal, sem licença válida para todo o tempo
Art. 53. Nos crimes previstos nesta Seção, a pena é au-
da viagem ou do armazenamento, outorgada pela auto-
mentada de um sexto a um terço se:
ridade competente.
I - do fato resulta a diminuição de águas naturais, a
Art. 47. (VETADO) erosão do solo ou a modificação do regime climático;
II - o crime é cometido:
Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de
florestas e demais formas de vegetação: a) no período de queda das sementes;

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. b) no período de formação de vegetações;


c) contra espécies raras ou ameaçadas de extinção, ain-
Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qual- da que a ameaça ocorra somente no local da infração;
quer modo ou meio, plantas de ornamentação de lo- d) em época de seca ou inundação;
gradouros públicos ou em propriedade privada alheia:
e) durante a noite, em domingo ou feriado.
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou
ambas as penas cumulativamente.
Seção III
Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de um a Da Poluição e outros Crimes Ambientais

776
Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis § 1º Nas mesmas penas incorre quem:
tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde I - abandona os produtos ou substâncias referidos
humana, ou que provoquem a mortandade de animais no caput ou os utiliza em desacordo com as normas
ou a destruição significativa da flora: ambientais ou de segurança;
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. II - manipula, acondiciona, armazena, coleta, transpor-
§ 1º Se o crime é culposo: ta, reutiliza, recicla ou dá destinação final a resíduos
perigosos de forma diversa da estabelecida em lei ou
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
regulamento.
§ 2º Se o crime:
§ 2º Se o produto ou a substância for nuclear ou radioa-
I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a tiva, a pena é aumentada de um sexto a um terço.
ocupação humana;
§ 3º Se o crime é culposo:
II - causar poluição atmosférica que provoque a retira-
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
da, ainda que momentânea, dos habitantes das áreas
afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da po-
pulação; Art. 57. (VETADO)

III - causar poluição hídrica que torne necessária a in- Art. 58. Nos crimes dolosos previstos nesta Seção, as
terrupção do abastecimento público de água de uma penas serão aumentadas:
comunidade;
I - de um sexto a um terço, se resulta dano irreversível à
IV - dificultar ou impedir o uso público das praias; flora ou ao meio ambiente em geral;
V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líqui- II - de um terço até a metade, se resulta lesão corporal
dos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleo- de natureza grave em outrem;
sas, em desacordo com as exigências estabelecidas em
leis ou regulamentos: III - até o dobro, se resultar a morte de outrem.

Pena - reclusão, de um a cinco anos. Parágrafo único. As penalidades previstas neste artigo
somente serão aplicadas se do fato não resultar crime
§ 3º Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo mais grave.
anterior quem deixar de adotar, quando assim o exigir a
autoridade competente, medidas de precaução em caso Art. 59. (VETADO)
de risco de dano ambiental grave ou irreversível.
Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer
Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de recur- funcionar, em qualquer parte do território nacional,
sos minerais sem a competente autorização, permissão, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente
concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida: poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos am-
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. bientais competentes, ou contrariando as normas legais
e regulamentares pertinentes:
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem dei-
xa de recuperar a área pesquisada ou explorada, nos Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou am-
termos da autorização, permissão, licença, concessão bas as penas cumulativamente.
ou determinação do órgão competente.
Art. 61. Disseminar doença ou praga ou espécies que
Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar, possam causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna,
comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, à flora ou aos ecossistemas:
ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio am-
biente, em desacordo com as exigências estabelecidas
em leis ou nos seus regulamentos:
Seção IV
Dos Crimes contra o Ordenamento
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

777
Urbano e o Patrimônio Cultural detenção e multa.
§ 2º Não constitui crime a prática de grafite realizada
Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar: com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou
privado mediante manifestação artística, desde que
I - bem especialmente protegido por lei, ato administra-
consentida pelo proprietário e, quando couber, pelo
tivo ou decisão judicial;
locatário ou arrendatário do bem privado e, no caso de
II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, bem público, com a autorização do órgão competente
instalação científica ou similar protegido por lei, ato e a observância das posturas municipais e das normas
administrativo ou decisão judicial: editadas pelos órgãos governamentais responsáveis
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. pela preservação e conservação do patrimônio histórico
e artístico nacional.
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena é de
seis meses a um ano de detenção, sem prejuízo da
Seção V
multa.
Dos Crimes contra a
Art. 63. Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou Administração Ambiental
local especialmente protegido por lei, ato administrati-
vo ou decisão judicial, em razão de seu valor paisagísti- Art. 66. Fazer o funcionário público afirmação falsa ou
co, ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural, re- enganosa, omitir a verdade, sonegar informações ou
ligioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem dados técnico-científicos em procedimentos de autori-
autorização da autoridade competente ou em desacordo zação ou de licenciamento ambiental:
com a concedida:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Art. 67. Conceder o funcionário público licença, autori-
Art. 64. Promover construção em solo não edificável, zação ou permissão em desacordo com as normas am-
ou no seu entorno, assim considerado em razão de seu bientais, para as atividades, obras ou serviços cuja re-
valor paisagístico, ecológico, artístico, turístico, histó- alização depende de ato autorizativo do Poder Público:
rico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
monumental, sem autorização da autoridade competen-
te ou em desacordo com a concedida: Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três
meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa.
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Art. 68. Deixar, aquele que tiver o dever legal ou con-
Art. 65. Pichar, grafitar ou por outro meio conspurcar
tratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante
edificação ou monumento urbano:
interesse ambiental:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Parágrafo único. Se o ato for realizado em monumento
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três
ou coisa tombada em virtude do seu valor artístico, ar-
meses a um ano, sem prejuízo da multa.
queológico ou histórico, a pena é de seis meses a um
ano de detenção, e multa.
Art. 69. Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Po-
der Público no trato de questões ambientais:
Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar edificação
ou monumento urbano: Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e
multa. Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no licenciamento,
concessão florestal ou qualquer outro procedimento
§ 1º Se o ato for realizado em monumento ou coisa tom- administrativo, estudo, laudo ou relatório ambiental
bada em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou total ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive por
histórico, a pena é de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de omissão:

778
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. denatória à instância superior do Sistema Nacional do
Meio Ambiente - SISNAMA, ou à Diretoria de Portos
§ 1º Se o crime é culposo:
e Costas, do Ministério da Marinha, de acordo com o
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos. tipo de autuação;
§ 2º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois IV – cinco dias para o pagamento de multa, contados da
terços), se há dano significativo ao meio ambiente, em data do recebimento da notificação.
decorrência do uso da informação falsa, incompleta ou
enganosa. Art. 72. As infrações administrativas são punidas com
as seguintes sanções, observado o disposto no art. 6º:
CAPÍTULO VI I - advertência;
DA INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA
II - multa simples;

Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental III - multa diária;


toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da
uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos
ambiente. ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração;
§ 1º São autoridades competentes para lavrar auto de V - destruição ou inutilização do produto;
infração ambiental e instaurar processo administrativo
VI - suspensão de venda e fabricação do produto;
os funcionários de órgãos ambientais integrantes do
Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, de- VII - embargo de obra ou atividade;
signados para as atividades de fiscalização, bem como VIII - demolição de obra;
os agentes das Capitanias dos Portos, do Ministério da
Marinha. IX - suspensão parcial ou total de atividades;
§ 2º Qualquer pessoa, constatando infração ambiental, X – (VETADO)
poderá dirigir representação às autoridades relaciona- XI - restritiva de direitos.
das no parágrafo anterior, para efeito do exercício do
seu poder de polícia. § 1º Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou
mais infrações, ser-lhe-ão aplicadas, cumulativamente,
§ 3º A autoridade ambiental que tiver conhecimento de as sanções a elas cominadas.
infração ambiental é obrigada a promover a sua apu-
ração imediata, mediante processo administrativo pró- § 2º A advertência será aplicada pela inobservância
prio, sob pena de co-responsabilidade. das disposições desta Lei e da legislação em vigor, ou
de preceitos regulamentares, sem prejuízo das demais
§ 4º As infrações ambientais são apuradas em processo sanções previstas neste artigo.
administrativo próprio, assegurado o direito de ampla
defesa e o contraditório, observadas as disposições § 3º A multa simples será aplicada sempre que o agen-
desta Lei. te, por negligência ou dolo:
I - advertido por irregularidades que tenham sido pra-
Art. 71. O processo administrativo para apuração de ticadas, deixar de saná-las, no prazo assinalado por
infração ambiental deve observar os seguintes prazos órgão competente do SISNAMA ou pela Capitania dos
máximos: Portos, do Ministério da Marinha;
I - vinte dias para o infrator oferecer defesa ou impug- II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SIS-
nação contra o auto de infração, contados da data da NAMA ou da Capitania dos Portos, do Ministério da
ciência da autuação; Marinha.
II - trinta dias para a autoridade competente julgar o § 4° A multa simples pode ser convertida em serviços
auto de infração, contados da data da sua lavratura, de preservação, melhoria e recuperação da qualidade
apresentada ou não a defesa ou impugnação; do meio ambiente.
III - vinte dias para o infrator recorrer da decisão con- § 5º A multa diária será aplicada sempre que o cometi-

779
mento da infração se prolongar no tempo. tará, no que concerne ao meio ambiente, a necessária
cooperação a outro país, sem qualquer ônus, quando
§ 6º A apreensão e destruição referidas nos incisos IV e
solicitado para:
V do caput obedecerão ao disposto no art. 25 desta Lei.
I - produção de prova;
§ 7º As sanções indicadas nos incisos VI a IX
do caput serão aplicadas quando o produto, a obra, a II - exame de objetos e lugares;
atividade ou o estabelecimento não estiverem obede- III - informações sobre pessoas e coisas;
cendo às prescrições legais ou regulamentares.
IV - presença temporária da pessoa presa, cujas decla-
§ 8º As sanções restritivas de direito são: rações tenham relevância para a decisão de uma causa;
I - suspensão de registro, licença ou autorização; V - outras formas de assistência permitidas pela legis-
II - cancelamento de registro, licença ou autorização; lação em vigor ou pelos tratados de que o Brasil seja
parte.
III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais;
§ 1° A solicitação de que trata este artigo será dirigida
IV - perda ou suspensão da participação em linhas de
ao Ministério da Justiça, que a remeterá, quando ne-
financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito;
cessário, ao órgão judiciário competente para decidir
V - proibição de contratar com a Administração Pública, a seu respeito, ou a encaminhará à autoridade capaz de
pelo período de até três anos. atendê-la.
§ 2º A solicitação deverá conter:
Art. 73. Os valores arrecadados em pagamento de mul-
tas por infração ambiental serão revertidos ao Fundo I - o nome e a qualificação da autoridade solicitante;
Nacional do Meio Ambiente, criado pela Lei nº 7.797, II - o objeto e o motivo de sua formulação;
de 10 de julho de 1989, Fundo Naval, criado pelo De-
creto nº 20.923, de 8 de janeiro de 1932, fundos esta- III - a descrição sumária do procedimento em curso no
duais ou municipais de meio ambiente, ou correlatos, país solicitante;
conforme dispuser o órgão arrecadador. IV - a especificação da assistência solicitada;
V - a documentação indispensável ao seu esclareci-
Art. 74. A multa terá por base a unidade, hectare, me-
mento, quando for o caso.
tro cúbico, quilograma ou outra medida pertinente, de
acordo com o objeto jurídico lesado. Art. 78. Para a consecução dos fins visados nesta Lei
e especialmente para a reciprocidade da cooperação
Art. 75. O valor da multa de que trata este Capítulo será internacional, deve ser mantido sistema de comunica-
fixado no regulamento desta Lei e corrigido periodica- ções apto a facilitar o intercâmbio rápido e seguro de
mente, com base nos índices estabelecidos na legisla- informações com órgãos de outros países.
ção pertinente, sendo o mínimo de R$ 50,00 (cinqüenta
reais) e o máximo de R$ 50.000.000,00 (cinqüenta CAPÍTULO VIII
milhões de reais). DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 76. O pagamento de multa imposta pelos Estados,
Municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a Art. 79. Aplicam-se subsidiariamente a esta Lei as dis-
multa federal na mesma hipótese de incidência. posições do Código Penal e do Código de Processo
Penal.
CAPÍTULO VII Art. 79-A. Para o cumprimento do disposto nesta Lei,
DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL PARA os órgãos ambientais integrantes do SISNAMA, res-
A PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE ponsáveis pela execução de programas e projetos e
pelo controle e fiscalização dos estabelecimentos e
Art. 77. Resguardados a soberania nacional, a ordem das atividades suscetíveis de degradarem a qualidade
pública e os bons costumes, o Governo brasileiro pres- ambiental, ficam autorizados a celebrar, com força de
título executivo extrajudicial, termo de compromisso

780
com pessoas físicas ou jurídicas responsáveis pela trumento, a aplicação de sanções administrativas contra
construção, instalação, ampliação e funcionamento de a pessoa física ou jurídica que o houver firmado.
estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos § 4º A celebração do termo de compromisso de que tra-
ambientais, considerados efetiva ou potencialmente ta este artigo não impede a execução de eventuais mul-
poluidores. tas aplicadas antes da protocolização do requerimento.
§ 1º O termo de compromisso a que se refere este artigo § 5º Considera-se rescindido de pleno direito o termo
destinar-se-á, exclusivamente, a permitir que as pes- de compromisso, quando descumprida qualquer de
soas físicas e jurídicas mencionadas no caput possam suas cláusulas, ressalvado o caso fortuito ou de força
promover as necessárias correções de suas atividades, maior.
para o atendimento das exigências impostas pelas au-
toridades ambientais competentes, sendo obrigatório § 6º O termo de compromisso deverá ser firmado em
que o respectivo instrumento disponha sobre: até noventa dias, contados da protocolização do reque-
rimento.
I - o nome, a qualificação e o endereço das partes com-
promissadas e dos respectivos representantes legais; § 7º O requerimento de celebração do termo de com-
promisso deverá conter as informações necessárias à
II - o prazo de vigência do compromisso, que, em verificação da sua viabilidade técnica e jurídica, sob
função da complexidade das obrigações nele fixadas, pena de indeferimento do plano.
poderá variar entre o mínimo de noventa dias e o má-
ximo de três anos, com possibilidade de prorrogação § 8º Sob pena de ineficácia, os termos de compromisso
por igual período; deverão ser publicados no órgão oficial competente,
mediante extrato.
III - a descrição detalhada de seu objeto, o valor do in-
vestimento previsto e o cronograma físico de execução
Art. 80. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no
e de implantação das obras e serviços exigidos, com
prazo de noventa dias a contar de sua publicação.
metas trimestrais a serem atingidas;
IV - as multas que podem ser aplicadas à pessoa física Art. 81. (VETADO)
ou jurídica compromissada e os casos de rescisão, em
decorrência do não-cumprimento das obrigações nele Art. 82. Revogam-se as disposições em contrário.
pactuadas;
V - o valor da multa de que trata o inciso IV não poderá Brasília, 12 de fevereiro de 1998; 177º da Independên-
ser superior ao valor do investimento previsto; cia e 110º da República.
VI - o foro competente para dirimir litígios entre as
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
partes.
Gustavo Krause
§ 2º No tocante aos empreendimentos em curso até o
dia 30 de março de 1998, envolvendo construção, ins-
Este texto não substitui o publicado no DOU de
talação, ampliação e funcionamento de estabelecimen-
13.2.1998 e retificado em 17.2.1998
tos e atividades utilizadores de recursos ambientais,
considerados efetiva ou potencialmente poluidores, a
assinatura do termo de compromisso deverá ser reque- LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS
rida pelas pessoas físicas e jurídicas interessadas, até
o dia 31 de dezembro de 1998, mediante requerimento CÍVEIS E CRIMINAIS NO ÂMBITO
escrito protocolizado junto aos órgãos competentes do DA JUSTIÇA FEDERAL - Lei nº
SISNAMA, devendo ser firmado pelo dirigente máximo
do estabelecimento.
10.259, de 12 de julho de 2001.
§ 3º Da data da protocolização do requerimento previsto Dispõe sobre a instituição dos Juizados Especiais
no § 2º e enquanto perdurar a vigência do correspon- Cíveis e Criminais no âmbito da Justiça Federal.
dente termo de compromisso, ficarão suspensas, em
relação aos fatos que deram causa à celebração do ins- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o

781
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte partes, deferir medidas cautelares no curso do proces-
Lei: so, para evitar dano de difícil reparação.

Art. 1º São instituídos os Juizados Especiais Cíveis Art. 5º Exceto nos casos do art. 4º, somente será admi-
e Criminais da Justiça Federal, aos quais se aplica, tido recurso de sentença definitiva.
no que não conflitar com esta Lei, o disposto na Lei
no 9.099, de 26 de setembro de 1995. Art. 6º Podem ser partes no Juizado Especial Federal
Cível:
Art. 2º Compete ao Juizado Especial Federal Criminal I – como autores, as pessoas físicas e as microem-
processar e julgar os feitos de competência da Justiça presas e empresas de pequeno porte, assim definidas
Federal relativos às infrações de menor potencial ofen- na Lei no 9.317, de 5 de dezembro de 1996;
sivo, respeitadas as regras de conexão e continência.
II – como rés, a União, autarquias, fundações e empre-
Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o sas públicas federais.
juízo comum ou o tribunal do júri, decorrente da aplica-
ção das regras de conexão e continência, observar-se-
Art. 7º As citações e intimações da União serão feitas na
-ão os institutos da transação penal e da composição
forma prevista nos arts. 35 a 38 da Lei Complementar
dos danos civis.
no 73, de 10 de fevereiro de 1993.
Art. 3º Compete ao Juizado Especial Federal Cível Parágrafo único. A citação das autarquias, fundações e
processar, conciliar e julgar causas de competência da empresas públicas será feita na pessoa do representan-
Justiça Federal até o valor de sessenta salários míni- te máximo da entidade, no local onde proposta a causa,
mos, bem como executar as suas sentenças. quando ali instalado seu escritório ou representação; se
não, na sede da entidade.
§ 1º Não se incluem na competência do Juizado Espe-
cial Cível as causas:
Art. 8º As partes serão intimadas da sentença, quando
I - referidas no art. 109, incisos II, III e XI, da Consti- não proferida esta na audiência em que estiver presente
tuição Federal, as ações de mandado de segurança, de seu representante, por ARMP (aviso de recebimento em
desapropriação, de divisão e demarcação, populares, mão própria).
execuções fiscais e por improbidade administrativa e as
§ 1º As demais intimações das partes serão feitas na
demandas sobre direitos ou interesses difusos, coleti-
pessoa dos advogados ou dos Procuradores que ofi-
vos ou individuais homogêneos;
ciem nos respectivos autos, pessoalmente ou por via
II - sobre bens imóveis da União, autarquias e funda- postal.
ções públicas federais;
§ 2º Os tribunais poderão organizar serviço de inti-
III - para a anulação ou cancelamento de ato adminis- mação das partes e de recepção de petições por meio
trativo federal, salvo o de natureza previdenciária e o de eletrônico.
lançamento fiscal;
IV - que tenham como objeto a impugnação da pena Art. 9º Não haverá prazo diferenciado para a prática
de demissão imposta a servidores públicos civis ou de de qualquer ato processual pelas pessoas jurídicas de
sanções disciplinares aplicadas a militares. direito público, inclusive a interposição de recursos,
devendo a citação para audiência de conciliação ser
§ 2º Quando a pretensão versar sobre obrigações vin- efetuada com antecedência mínima de trinta dias.
cendas, para fins de competência do Juizado Especial,
a soma de doze parcelas não poderá exceder o valor Art. 10. As partes poderão designar, por escrito, repre-
referido no art. 3º, caput. sentantes para a causa, advogado ou não.
§ 3º No foro onde estiver instalada Vara do Juizado Es- Parágrafo único. Os representantes judiciais da União,
pecial, a sua competência é absoluta. autarquias, fundações e empresas públicas federais,
bem como os indicados na forma do caput, ficam auto-
Art. 4º O Juiz poderá, de ofício ou a requerimento das rizados a conciliar, transigir ou desistir, nos processos

782
da competência dos Juizados Especiais Federais. formização, em questões de direito material, contrariar
súmula ou jurisprudência dominante no Superior Tribu-
Art. 11. A entidade pública ré deverá fornecer ao Jui- nal de Justiça -STJ, a parte interessada poderá provocar
zado a documentação de que disponha para o esclare- a manifestação deste, que dirimirá a divergência.
cimento da causa, apresentando-a até a instalação da § 5º No caso do § 4º, presente a plausibilidade do direi-
audiência de conciliação. to invocado e havendo fundado receio de dano de difícil
Parágrafo único. Para a audiência de composição dos reparação, poderá o relator conceder, de ofício ou a re-
danos resultantes de ilícito criminal (arts. 71, 72 e 74 querimento do interessado, medida liminar determinan-
da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995), o repre- do a suspensão dos processos nos quais a controvérsia
sentante da entidade que comparecer terá poderes para esteja estabelecida.
acordar, desistir ou transigir, na forma do art. 10. § 6º Eventuais pedidos de uniformização idênticos,
recebidos subseqüentemente em quaisquer Turmas
Art. 12. Para efetuar o exame técnico necessário à con- Recursais, ficarão retidos nos autos, aguardando-se
ciliação ou ao julgamento da causa, o Juiz nomeará pronunciamento do Superior Tribunal de Justiça.
pessoa habilitada, que apresentará o laudo até cinco
dias antes da audiência, independentemente de intima- § 7º Se necessário, o relator pedirá informações ao Pre-
ção das partes. sidente da Turma Recursal ou Coordenador da Turma de
Uniformização e ouvirá o Ministério Público, no prazo
§ 1º Os honorários do técnico serão antecipados à de cinco dias. Eventuais interessados, ainda que não
conta de verba orçamentária do respectivo Tribunal e, sejam partes no processo, poderão se manifestar, no
quando vencida na causa a entidade pública, seu valor prazo de trinta dias.
será incluído na ordem de pagamento a ser feita em fa-
vor do Tribunal. § 8º Decorridos os prazos referidos no § 7º, o relator
incluirá o pedido em pauta na Seção, com preferência
§ 2º Nas ações previdenciárias e relativas à assistência sobre todos os demais feitos, ressalvados os processos
social, havendo designação de exame, serão as partes com réus presos, os habeas corpus e os mandados de
intimadas para, em dez dias, apresentar quesitos e in- segurança.
dicar assistentes.
§ 9º Publicado o acórdão respectivo, os pedidos reti-
Art. 13. Nas causas de que trata esta Lei, não haverá dos referidos no § 6º serão apreciados pelas Turmas
reexame necessário. Recursais, que poderão exercer juízo de retratação ou
declará-los prejudicados, se veicularem tese não aco-
Art. 14. Caberá pedido de uniformização de interpre- lhida pelo Superior Tribunal de Justiça.
tação de lei federal quando houver divergência entre § 10. Os Tribunais Regionais, o Superior Tribunal de
decisões sobre questões de direito material proferidas Justiça e o Supremo Tribunal Federal, no âmbito de
por Turmas Recursais na interpretação da lei. suas competências, expedirão normas regulamentando
§ 1º O pedido fundado em divergência entre Turmas da a composição dos órgãos e os procedimentos a serem
mesma Região será julgado em reunião conjunta das adotados para o processamento e o julgamento do pe-
Turmas em conflito, sob a presidência do Juiz Coor- dido de uniformização e do recurso extraordinário.
denador.
Art. 15. O recurso extraordinário, para os efeitos desta
§ 2º O pedido fundado em divergência entre decisões Lei, será processado e julgado segundo o estabelecido
de turmas de diferentes regiões ou da proferida em nos §§ 4º a 9º do art. 14, além da observância das nor-
contrariedade a súmula ou jurisprudência dominante mas do Regimento.
do STJ será julgado por Turma de Uniformização, inte-
grada por juízes de Turmas Recursais, sob a presidência Art. 16. O cumprimento do acordo ou da sentença, com
do Coordenador da Justiça Federal. trânsito em julgado, que imponham obrigação de fazer,
§ 3º A reunião de juízes domiciliados em cidades diver- não fazer ou entrega de coisa certa, será efetuado me-
sas será feita pela via eletrônica. diante ofício do Juiz à autoridade citada para a causa,
com cópia da sentença ou do acordo.
§ 4º Quando a orientação acolhida pela Turma de Uni-

783
Art. 17. Tratando-se de obrigação de pagar quantia cer- serão instalados Juizados com competência exclusiva
ta, após o trânsito em julgado da decisão, o pagamento para ações previdenciárias.
será efetuado no prazo de sessenta dias, contados da
entrega da requisição, por ordem do Juiz, à autoridade Art. 20. Onde não houver Vara Federal, a causa poderá
citada para a causa, na agência mais próxima da Caixa ser proposta no Juizado Especial Federal mais próxi-
Econômica Federal ou do Banco do Brasil, independen- mo do foro definido no art. 4º da Lei no 9.099, de 26
temente de precatório. de setembro de 1995, vedada a aplicação desta Lei no
§ 1º Para os efeitos do § 3º do art. 100 da Constituição juízo estadual.
Federal, as obrigações ali definidas como de pequeno
valor, a serem pagas independentemente de precatório, Art. 21. As Turmas Recursais serão instituídas por de-
terão como limite o mesmo valor estabelecido nesta Lei cisão do Tribunal Regional Federal, que definirá sua
para a competência do Juizado Especial Federal Cível composição e área de competência, podendo abranger
(art. 3º, caput). mais de uma seção.

§ 2º Desatendida a requisição judicial, o Juiz determi- § 1º – Revogado.


nará o seqüestro do numerário suficiente ao cumpri- § 2º - Revogado.
mento da decisão.
§ 3º São vedados o fracionamento, repartição ou quebra Art. 22. Os Juizados Especiais serão coordenados por
do valor da execução, de modo que o pagamento se Juiz do respectivo Tribunal Regional, escolhido por
faça, em parte, na forma estabelecida no § 1º deste ar- seus pares, com mandato de dois anos.
tigo, e, em parte, mediante expedição do precatório, e a Parágrafo único. O Juiz Federal, quando o exigirem as
expedição de precatório complementar ou suplementar circunstâncias, poderá determinar o funcionamento do
do valor pago. Juizado Especial em caráter itinerante, mediante autori-
§ 4º Se o valor da execução ultrapassar o estabelecido zação prévia do Tribunal Regional Federal, com antece-
no § 1º, o pagamento far-se-á, sempre, por meio do dência de dez dias.
precatório, sendo facultado à parte exeqüente a renún-
cia ao crédito do valor excedente, para que possa optar Art. 23. O Conselho da Justiça Federal poderá limitar,
pelo pagamento do saldo sem o precatório, da forma por até três anos, contados a partir da publicação des-
lá prevista. ta Lei, a competência dos Juizados Especiais Cíveis,
atendendo à necessidade da organização dos serviços
Art. 18. Os Juizados Especiais serão instalados por de- judiciários ou administrativos.
cisão do Tribunal Regional Federal. O Juiz presidente
do Juizado designará os conciliadores pelo período de Art. 24. O Centro de Estudos Judiciários do Conselho
dois anos, admitida a recondução. O exercício dessas da Justiça Federal e as Escolas de Magistratura dos
funções será gratuito, assegurados os direitos e prer- Tribunais Regionais Federais criarão programas de
rogativas do jurado (art. 437 do Código de Processo informática necessários para subsidiar a instrução das
Penal). causas submetidas aos Juizados e promoverão cursos
de aperfeiçoamento destinados aos seus magistrados
Parágrafo único. Serão instalados Juizados Especiais e servidores.
Adjuntos nas localidades cujo movimento forense não
justifique a existência de Juizado Especial, cabendo ao
Art. 25. Não serão remetidas aos Juizados Especiais as
Tribunal designar a Vara onde funcionará.
demandas ajuizadas até a data de sua instalação.
Art. 19. No prazo de seis meses, a contar da publicação
Art. 26. Competirá aos Tribunais Regionais Federais
desta Lei, deverão ser instalados os Juizados Especiais
prestar o suporte administrativo necessário ao funcio-
nas capitais dos Estados e no Distrito Federal.
namento dos Juizados Especiais.
Parágrafo único. Na capital dos Estados, no Distrito
Federal e em outras cidades onde for necessário, neste Art. 27. Esta Lei entra em vigor seis meses após a data
último caso, por decisão do Tribunal Regional Federal, de sua publicação.

784
Brasília, 12 de julho de 2001; 180o da Independência e junto aos órgãos públicos e privados prestadores de
113º da República. serviços à população;
II – preferência na formulação e na execução de políti-
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO cas sociais públicas específicas;
Paulo de Tarso Tamos Ribeiro III – destinação privilegiada de recursos públicos nas
Roberto Brant áreas relacionadas com a proteção ao idoso;
Gilmar Ferreira Mendes IV – viabilização de formas alternativas de participação,
ocupação e convívio do idoso com as demais gerações;
Este texto não substitui o publicado no DOU de V – priorização do atendimento do idoso por sua pró-
13.7.2001 pria família, em detrimento do atendimento asilar, exce-
to dos que não a possuam ou careçam de condições de
manutenção da própria sobrevivência;
ESTATUTO DO IDOSO
VI – capacitação e reciclagem dos recursos humanos
Lei nº 10.741, de 1º de outubro nas áreas de geriatria e gerontologia e na prestação de
de 2003. serviços aos idosos;
VII – estabelecimento de mecanismos que favoreçam a
Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras pro-
divulgação de informações de caráter educativo sobre
vidências.
os aspectos biopsicossociais de envelhecimento;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o VIII – garantia de acesso à rede de serviços de saúde e
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte de assistência social locais.
Lei: IX – prioridade no recebimento da restituição do Im-
posto de Renda.
TÍTULO I § 2º Dentre os idosos, é assegurada prioridade espe-
Disposições Preliminares cial aos maiores de oitenta anos, atendendo-se suas
necessidades sempre preferencialmente em relação aos
Art. 1º É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a demais idosos.
regular os direitos assegurados às pessoas com idade Parágrafo único - Revogado.
igual ou superior a 60 (sessenta) anos.
Art. 4º Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de
Art. 2º O idoso goza de todos os direitos fundamentais negligência, discriminação, violência, crueldade ou
inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação
integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por ou omissão, será punido na forma da lei.
lei ou por outros meios, todas as oportunidades e faci-
lidades, para preservação de sua saúde física e mental § 1º É dever de todos prevenir a ameaça ou violação aos
e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e direitos do idoso.
social, em condições de liberdade e dignidade. § 2º As obrigações previstas nesta Lei não excluem da
prevenção outras decorrentes dos princípios por ela
Art. 3º É obrigação da família, da comunidade, da socie- adotados.
dade e do Poder Público assegurar ao idoso, com abso-
luta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à Art. 5º A inobservância das normas de prevenção im-
alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, portará em responsabilidade à pessoa física ou jurídica
ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao nos termos da lei.
respeito e à convivência familiar e comunitária.
§ 1º A garantia de prioridade compreende: Art. 6º Todo cidadão tem o dever de comunicar à auto-
ridade competente qualquer forma de violação a esta
I – atendimento preferencial imediato e individualizado Lei que tenha testemunhado ou de que tenha conhe-

785
cimento. preservação da imagem, da identidade, da autonomia,
de valores, idéias e crenças, dos espaços e dos objetos
Art. 7º Os Conselhos Nacional, Estaduais, do Distri- pessoais.
to Federal e Municipais do Idoso, previstos na Lei § 3º É dever de todos zelar pela dignidade do idoso,
no 8.842, de 4 de janeiro de 1994, zelarão pelo cumpri- colocando-o a salvo de qualquer tratamento desumano,
mento dos direitos do idoso, definidos nesta Lei. violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.

TÍTULO II CAPÍTULO III


Dos Direitos Fundamentais Dos Alimentos

Art. 11. Os alimentos serão prestados ao idoso na forma


CAPÍTULO I
da lei civil.
Do Direito à Vida
Art. 12. A obrigação alimentar é solidária, podendo o
Art. 8º O envelhecimento é um direito personalíssimo e idoso optar entre os prestadores.
a sua proteção um direito social, nos termos desta Lei e
da legislação vigente. Art. 13. As transações relativas a alimentos poderão ser
celebradas perante o Promotor de Justiça ou Defensor
Art. 9º É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa a Público, que as referendará, e passarão a ter efeito de
proteção à vida e à saúde, mediante efetivação de políti- título executivo extrajudicial nos termos da lei proces-
cas sociais públicas que permitam um envelhecimento sual civil.
saudável e em condições de dignidade.
Art. 14. Se o idoso ou seus familiares não possuírem
CAPÍTULO II condições econômicas de prover o seu sustento, im-
Do Direito à Liberdade, põe-se ao Poder Público esse provimento, no âmbito
da assistência social.
ao Respeito e à Dignidade
CAPÍTULO IV
Art. 10. É obrigação do Estado e da sociedade, assegu-
rar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dignidade,
Do Direito à Saúde
como pessoa humana e sujeito de direitos civis, políti-
cos, individuais e sociais, garantidos na Constituição Art. 15. É assegurada a atenção integral à saúde do ido-
e nas leis. so, por intermédio do Sistema Único de Saúde – SUS,
garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em con-
§ 1º O direito à liberdade compreende, entre outros, os
junto articulado e contínuo das ações e serviços, para a
seguintes aspectos:
prevenção, promoção, proteção e recuperação da saú-
I – faculdade de ir, vir e estar nos logradouros públi- de, incluindo a atenção especial às doenças que afetam
cos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições preferencialmente os idosos.
legais;
§ 1º A prevenção e a manutenção da saúde do idoso
II – opinião e expressão; serão efetivadas por meio de:
III – crença e culto religioso; I – cadastramento da população idosa em base terri-
IV – prática de esportes e de diversões; torial;

V – participação na vida familiar e comunitária; II – atendimento geriátrico e gerontológico em ambu-


latórios;
VI – participação na vida política, na forma da lei;
III – unidades geriátricas de referência, com pessoal es-
VII – faculdade de buscar refúgio, auxílio e orientação. pecializado nas áreas de geriatria e gerontologia social;
§ 2º O direito ao respeito consiste na inviolabilidade IV – atendimento domiciliar, incluindo a internação,
da integridade física, psíquica e moral, abrangendo a

786
para a população que dele necessitar e esteja impossi- dade, justificá-la por escrito.
bilitada de se locomover, inclusive para idosos abriga-
dos e acolhidos por instituições públicas, filantrópicas Art. 17. Ao idoso que esteja no domínio de suas facul-
ou sem fins lucrativos e eventualmente conveniadas dades mentais é assegurado o direito de optar pelo tra-
com o Poder Público, nos meios urbano e rural; tamento de saúde que lhe for reputado mais favorável.
V – reabilitação orientada pela geriatria e gerontologia, Parágrafo único. Não estando o idoso em condições de
para redução das seqüelas decorrentes do agravo da proceder à opção, esta será feita:
saúde.
I – pelo curador, quando o idoso for interditado;
§ 2º Incumbe ao Poder Público fornecer aos idosos,
II – pelos familiares, quando o idoso não tiver curador
gratuitamente, medicamentos, especialmente os de
ou este não puder ser contactado em tempo hábil;
uso continuado, assim como próteses, órteses e outros
recursos relativos ao tratamento, habilitação ou reabi- III – pelo médico, quando ocorrer iminente risco de vida
litação. e não houver tempo hábil para consulta a curador ou
familiar;
§ 3º É vedada a discriminação do idoso nos planos de
saúde pela cobrança de valores diferenciados em razão IV – pelo próprio médico, quando não houver curador
da idade. ou familiar conhecido, caso em que deverá comunicar o
fato ao Ministério Público.
§ 4º Os idosos portadores de deficiência ou com limita-
ção incapacitante terão atendimento especializado, nos
Art. 18. As instituições de saúde devem atender aos
termos da lei.
critérios mínimos para o atendimento às necessidades
§ 5º É vedado exigir o comparecimento do idoso enfer- do idoso, promovendo o treinamento e a capacitação
mo perante os órgãos públicos, hipótese na qual será dos profissionais, assim como orientação a cuidadores
admitido o seguinte procedimento: familiares e grupos de auto-ajuda.
I - quando de interesse do poder público, o agente
promoverá o contato necessário com o idoso em sua Art. 19. Os casos de suspeita ou confirmação de vio-
residência; ou lência praticada contra idosos serão objeto de notifi-
cação compulsória pelos serviços de saúde públicos e
II - quando de interesse do próprio idoso, este se fará privados à autoridade sanitária, bem como serão obri-
representar por procurador legalmente constituído. gatoriamente comunicados por eles a quaisquer dos
§ 6º É assegurado ao idoso enfermo o atendimento seguintes órgãos:
domiciliar pela perícia médica do Instituto Nacional do I – autoridade policial;
Seguro Social - INSS, pelo serviço público de saúde ou
pelo serviço privado de saúde, contratado ou convenia- II – Ministério Público;
do, que integre o Sistema Único de Saúde - SUS, para III – Conselho Municipal do Idoso;
expedição do laudo de saúde necessário ao exercício de
IV – Conselho Estadual do Idoso;
seus direitos sociais e de isenção tributária.
V – Conselho Nacional do Idoso.
§ 7º Em todo atendimento de saúde, os maiores de oi-
tenta anos terão preferência especial sobre os demais § 1º Para os efeitos desta Lei, considera-se violência
idosos, exceto em caso de emergência. contra o idoso qualquer ação ou omissão praticada em
local público ou privado que lhe cause morte, dano ou
Art. 16. Ao idoso internado ou em observação é as- sofrimento físico ou psicológico.
segurado o direito a acompanhante, devendo o órgão § 2º Aplica-se, no que couber, à notificação compul-
de saúde proporcionar as condições adequadas para a sória prevista no caput deste artigo, o disposto na Lei
sua permanência em tempo integral, segundo o critério no 6.259, de 30 de outubro de 1975. (Incluído pela Lei
médico. nº 12.461, de 2011)
Parágrafo único. Caberá ao profissional de saúde res-
ponsável pelo tratamento conceder autorização para o CAPÍTULO V
acompanhamento do idoso ou, no caso de impossibili-

787
Da Educação, Cultura, Esporte e Lazer CAPÍTULO VI
Da Profissionalização e do Trabalho
Art. 20. O idoso tem direito a educação, cultura, espor-
te, lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviços Art. 26. O idoso tem direito ao exercício de atividade
que respeitem sua peculiar condição de idade. profissional, respeitadas suas condições físicas, inte-
lectuais e psíquicas.
Art. 21. O Poder Público criará oportunidades de acesso
do idoso à educação, adequando currículos, metodolo- Art. 27. Na admissão do idoso em qualquer trabalho
gias e material didático aos programas educacionais a ou emprego, é vedada a discriminação e a fixação de
ele destinados. limite máximo de idade, inclusive para concursos, res-
§ 1º Os cursos especiais para idosos incluirão conte- salvados os casos em que a natureza do cargo o exigir.
údo relativo às técnicas de comunicação, computação Parágrafo único. O primeiro critério de desempate em
e demais avanços tecnológicos, para sua integração à concurso público será a idade, dando-se preferência ao
vida moderna. de idade mais elevada.
§ 2º Os idosos participarão das comemorações de ca-
ráter cívico ou cultural, para transmissão de conheci- Art. 28. O Poder Público criará e estimulará programas
mentos e vivências às demais gerações, no sentido da de:
preservação da memória e da identidade culturais. I – profissionalização especializada para os idosos,
aproveitando seus potenciais e habilidades para ativi-
Art. 22. Nos currículos mínimos dos diversos níveis dades regulares e remuneradas;
de ensino formal serão inseridos conteúdos voltados
ao processo de envelhecimento, ao respeito e à valori- II – preparação dos trabalhadores para a aposentadoria,
zação do idoso, de forma a eliminar o preconceito e a com antecedência mínima de 1 (um) ano, por meio de
produzir conhecimentos sobre a matéria. estímulo a novos projetos sociais, conforme seus inte-
resses, e de esclarecimento sobre os direitos sociais e
de cidadania;
Art. 23. A participação dos idosos em atividades cultu-
rais e de lazer será proporcionada mediante descontos III – estímulo às empresas privadas para admissão de
de pelo menos 50% (cinqüenta por cento) nos ingres- idosos ao trabalho.
sos para eventos artísticos, culturais, esportivos e de
lazer, bem como o acesso preferencial aos respectivos CAPÍTULO VII
locais. Da Previdência Social
Art. 24. Os meios de comunicação manterão espaços
ou horários especiais voltados aos idosos, com fina- Art. 29. Os benefícios de aposentadoria e pensão do
lidade informativa, educativa, artística e cultural, e ao Regime Geral da Previdência Social observarão, na sua
público sobre o processo de envelhecimento. concessão, critérios de cálculo que preservem o valor
real dos salários sobre os quais incidiram contribuição,
Art. 25. As instituições de educação superior ofertarão nos termos da legislação vigente.
às pessoas idosas, na perspectiva da educação ao lon- Parágrafo único. Os valores dos benefícios em manu-
go da vida, cursos e programas de extensão, presen- tenção serão reajustados na mesma data de reajuste do
ciais ou a distância, constituídos por atividades formais salário-mínimo, pro rata, de acordo com suas respec-
e não formais. tivas datas de início ou do seu último reajustamento,
Parágrafo único. O poder público apoiará a criação de com base em percentual definido em regulamento, ob-
universidade aberta para as pessoas idosas e incenti- servados os critérios estabelecidos pela Lei no 8.213,
vará a publicação de livros e periódicos, de conteúdo de 24 de julho de 1991.
e padrão editorial adequados ao idoso, que facilitem a
leitura, considerada a natural redução da capacidade Art. 30. A perda da condição de segurado não será con-
visual. siderada para a concessão da aposentadoria por idade,

788
desde que a pessoa conte com, no mínimo, o tempo de § 2º O Conselho Municipal do Idoso ou o Conselho
contribuição correspondente ao exigido para efeito de Municipal da Assistência Social estabelecerá a forma
carência na data de requerimento do benefício. de participação prevista no § 1º, que não poderá ex-
ceder a 70% (setenta por cento) de qualquer benefício
Parágrafo único. O cálculo do valor do benefício pre-
previdenciário ou de assistência social percebido pelo
visto no caput observará o disposto no caput e § 2º do
idoso.
art. 3º da Lei no 9.876, de 26 de novembro de 1999,
ou, não havendo salários-de-contribuição recolhidos § 3º Se a pessoa idosa for incapaz, caberá a seu re-
a partir da competência de julho de 1994, o disposto presentante legal firmar o contrato a que se refere
no art. 35 da Lei no 8.213, de 1991. o caput deste artigo.

Art. 31. O pagamento de parcelas relativas a benefícios, Art. 36. O acolhimento de idosos em situação de risco
efetuado com atraso por responsabilidade da Previdên- social, por adulto ou núcleo familiar, caracteriza a de-
cia Social, será atualizado pelo mesmo índice utilizado pendência econômica, para os efeitos legais. (Vigência)
para os reajustamentos dos benefícios do Regime Geral
de Previdência Social, verificado no período compreen- CAPÍTULO IX
dido entre o mês que deveria ter sido pago e o mês do Da Habitação
efetivo pagamento.

Art. 32. O Dia Mundial do Trabalho, 1º de Maio, é a Art. 37. O idoso tem direito a moradia digna, no seio
data-base dos aposentados e pensionistas. da família natural ou substituta, ou desacompanhado de
seus familiares, quando assim o desejar, ou, ainda, em
instituição pública ou privada.
CAPÍTULO VIII
Da Assistência Social § 1º A assistência integral na modalidade de entidade
de longa permanência será prestada quando verificada
inexistência de grupo familiar, casa-lar, abandono ou
Art. 33. A assistência social aos idosos será prestada, carência de recursos financeiros próprios ou da família.
de forma articulada, conforme os princípios e diretrizes
previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, na Po- § 2º Toda instituição dedicada ao atendimento ao idoso
lítica Nacional do Idoso, no Sistema Único de Saúde e fica obrigada a manter identificação externa visível, sob
demais normas pertinentes. pena de interdição, além de atender toda a legislação
pertinente.
Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) § 3º As instituições que abrigarem idosos são obriga-
anos, que não possuam meios para prover sua subsis- das a manter padrões de habitação compatíveis com
tência, nem de tê-la provida por sua família, é assegu- as necessidades deles, bem como provê-los com ali-
rado o benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos mentação regular e higiene indispensáveis às normas
termos da Lei Orgânica da Assistência Social – Loas. sanitárias e com estas condizentes, sob as penas da lei.
(Vide Decreto nº 6.214, de 2007)
Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer Art. 38. Nos programas habitacionais, públicos ou
membro da família nos termos do caput não será com- subsidiados com recursos públicos, o idoso goza de
putado para os fins do cálculo da renda familiar per prioridade na aquisição de imóvel para moradia pró-
capita a que se refere a Loas. pria, observado o seguinte:
I - reserva de pelo menos 3% (três por cento) das uni-
Art. 35. Todas as entidades de longa permanência, ou dades habitacionais residenciais para atendimento aos
casa-lar, são obrigadas a firmar contrato de prestação idosos;
de serviços com a pessoa idosa abrigada. 
II – implantação de equipamentos urbanos comunitá-
§ 1º No caso de entidades filantrópicas, ou casa-lar, é rios voltados ao idoso;
facultada a cobrança de participação do idoso no cus-
III – eliminação de barreiras arquitetônicas e urbanísti-
teio da entidade.
cas, para garantia de acessibilidade ao idoso;

789
IV – critérios de financiamento compatíveis com os ren- Art. 42. São asseguradas a prioridade e a segurança do
dimentos de aposentadoria e pensão. idoso nos procedimentos de embarque e desembarque
nos veículos do sistema de transporte coletivo.
Parágrafo único. As unidades residenciais reservadas
para atendimento a idosos devem situar-se, preferen-
cialmente, no pavimento térreo. TÍTULO III
Das Medidas de Proteção
CAPÍTULO X
Do Transporte CAPÍTULO I
Das Disposições Gerais
Art. 39. Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos
fica assegurada a gratuidade dos transportes coletivos Art. 43. As medidas de proteção ao idoso são aplicáveis
públicos urbanos e semi-urbanos, exceto nos serviços sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem
seletivos e especiais, quando prestados paralelamente ameaçados ou violados:
aos serviços regulares.
I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
§ 1º Para ter acesso à gratuidade, basta que o idoso
apresente qualquer documento pessoal que faça prova II – por falta, omissão ou abuso da família, curador ou
de sua idade. entidade de atendimento;

§ 2º Nos veículos de transporte coletivo de que trata III – em razão de sua condição pessoal.
este artigo, serão reservados 10% (dez por cento) dos
assentos para os idosos, devidamente identificados CAPÍTULO II
com a placa de reservado preferencialmente para ido- Das Medidas Específicas de Proteção
sos.
§ 3º No caso das pessoas compreendidas na faixa etária Art. 44. As medidas de proteção ao idoso previstas
entre 60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco) anos, ficará nesta Lei poderão ser aplicadas, isolada ou cumulati-
a critério da legislação local dispor sobre as condições vamente, e levarão em conta os fins sociais a que se
para exercício da gratuidade nos meios de transporte destinam e o fortalecimento dos vínculos familiares e
previstos no caput deste artigo. comunitários.

Art. 40. No sistema de transporte coletivo interestadual Art. 45. Verificada qualquer das hipóteses previstas no
observar-se-á, nos termos da legislação específica: art. 43, o Ministério Público ou o Poder Judiciário, a re-
I – a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo querimento daquele, poderá determinar, dentre outras,
para idosos com renda igual ou inferior a 2 (dois) sa- as seguintes medidas:
lários-mínimos; I – encaminhamento à família ou curador, mediante ter-
II – desconto de 50% (cinqüenta por cento), no míni- mo de responsabilidade;
mo, no valor das passagens, para os idosos que exce- II – orientação, apoio e acompanhamento temporários;
derem as vagas gratuitas, com renda igual ou inferior a
III – requisição para tratamento de sua saúde, em regi-
2 (dois) salários-mínimos.
me ambulatorial, hospitalar ou domiciliar;
Parágrafo único. Caberá aos órgãos competentes defi-
IV – inclusão em programa oficial ou comunitário de
nir os mecanismos e os critérios para o exercício dos
auxílio, orientação e tratamento a usuários dependen-
direitos previstos nos incisos I e II.
tes de drogas lícitas ou ilícitas, ao próprio idoso ou à
pessoa de sua convivência que lhe cause perturbação;
Art. 41. É assegurada a reserva, para os idosos, nos
termos da lei local, de 5% (cinco por cento) das va- V – abrigo em entidade;
gas nos estacionamentos públicos e privados, as quais VI – abrigo temporário.
deverão ser posicionadas de forma a garantir a melhor
comodidade ao idoso.
TÍTULO IV

790
Da Política de Atendimento ao Idoso de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança;
II – apresentar objetivos estatutários e plano de trabalho
CAPÍTULO I compatíveis com os princípios desta Lei;
Disposições Gerais III – estar regularmente constituída;
IV – demonstrar a idoneidade de seus dirigentes.
Art. 46. A política de atendimento ao idoso far-se-á por
meio do conjunto articulado de ações governamentais e Art. 49. As entidades que desenvolvam programas de
não-governamentais da União, dos Estados, do Distrito institucionalização de longa permanência adotarão os
Federal e dos Municípios. seguintes princípios:
I – preservação dos vínculos familiares;
Art. 47. São linhas de ação da política de atendimento:
II – atendimento personalizado e em pequenos grupos;
I – políticas sociais básicas, previstas na Lei no 8.842,
de 4 de janeiro de 1994; III – manutenção do idoso na mesma instituição, salvo
em caso de força maior;
II – políticas e programas de assistência social, em ca-
ráter supletivo, para aqueles que necessitarem; IV – participação do idoso nas atividades comunitárias,
de caráter interno e externo;
III – serviços especiais de prevenção e atendimento às
vítimas de negligência, maus-tratos, exploração, abuso, V – observância dos direitos e garantias dos idosos;
crueldade e opressão; VI – preservação da identidade do idoso e oferecimento
IV – serviço de identificação e localização de parentes de ambiente de respeito e dignidade.
ou responsáveis por idosos abandonados em hospitais Parágrafo único. O dirigente de instituição prestadora
e instituições de longa permanência; de atendimento ao idoso responderá civil e criminal-
V – proteção jurídico-social por entidades de defesa mente pelos atos que praticar em detrimento do idoso,
dos direitos dos idosos; sem prejuízo das sanções administrativas.
VI – mobilização da opinião pública no sentido da
Art. 50. Constituem obrigações das entidades de aten-
participação dos diversos segmentos da sociedade no
dimento:
atendimento do idoso.
I – celebrar contrato escrito de prestação de serviço
CAPÍTULO II com o idoso, especificando o tipo de atendimento, as
obrigações da entidade e prestações decorrentes do
Das Entidades de Atendimento ao Idoso contrato, com os respectivos preços, se for o caso;
II – observar os direitos e as garantias de que são titu-
Art. 48. As entidades de atendimento são responsáveis
lares os idosos;
pela manutenção das próprias unidades, observadas
as normas de planejamento e execução emanadas do III – fornecer vestuário adequado, se for pública, e ali-
órgão competente da Política Nacional do Idoso, con- mentação suficiente;
forme a Lei no 8.842, de 1994. IV – oferecer instalações físicas em condições adequa-
Parágrafo único. As entidades governamentais e não- das de habitabilidade;
-governamentais de assistência ao idoso ficam sujeitas V – oferecer atendimento personalizado;
à inscrição de seus programas, junto ao órgão com-
petente da Vigilância Sanitária e Conselho Municipal VI – diligenciar no sentido da preservação dos vínculos
da Pessoa Idosa, e em sua falta, junto ao Conselho familiares;
Estadual ou Nacional da Pessoa Idosa, especificando VII – oferecer acomodações apropriadas para recebi-
os regimes de atendimento, observados os seguintes mento de visitas;
requisitos:
VIII – proporcionar cuidados à saúde, conforme a ne-
I – oferecer instalações físicas em condições adequadas cessidade do idoso;

791
IX – promover atividades educacionais, esportivas, cul- Art. 54. Será dada publicidade das prestações de contas
turais e de lazer; dos recursos públicos e privados recebidos pelas enti-
dades de atendimento.
X – propiciar assistência religiosa àqueles que deseja-
rem, de acordo com suas crenças;
Art. 55. As entidades de atendimento que descumpri-
XI – proceder a estudo social e pessoal de cada caso; rem as determinações desta Lei ficarão sujeitas, sem
XII – comunicar à autoridade competente de saúde toda prejuízo da responsabilidade civil e criminal de seus
ocorrência de idoso portador de doenças infecto-con- dirigentes ou prepostos, às seguintes penalidades, ob-
tagiosas; servado o devido processo legal:
XIII – providenciar ou solicitar que o Ministério Público I – as entidades governamentais:
requisite os documentos necessários ao exercício da a) advertência;
cidadania àqueles que não os tiverem, na forma da lei;
b) afastamento provisório de seus dirigentes;
XIV – fornecer comprovante de depósito dos bens mó-
veis que receberem dos idosos; c) afastamento definitivo de seus dirigentes;

XV – manter arquivo de anotações onde constem data d) fechamento de unidade ou interdição de programa;
e circunstâncias do atendimento, nome do idoso, res- II – as entidades não-governamentais:
ponsável, parentes, endereços, cidade, relação de seus
a) advertência;
pertences, bem como o valor de contribuições, e suas
alterações, se houver, e demais dados que possibilitem b) multa;
sua identificação e a individualização do atendimento; c) suspensão parcial ou total do repasse de verbas pú-
XVI – comunicar ao Ministério Público, para as pro- blicas;
vidências cabíveis, a situação de abandono moral ou d) interdição de unidade ou suspensão de programa;
material por parte dos familiares;
e) proibição de atendimento a idosos a bem do inte-
XVII – manter no quadro de pessoal profissionais com resse público.
formação específica.
§ 1º Havendo danos aos idosos abrigados ou qualquer
Art. 51. As instituições filantrópicas ou sem fins lucra- tipo de fraude em relação ao programa, caberá o afas-
tivos prestadoras de serviço ao idoso terão direito à tamento provisório dos dirigentes ou a interdição da
assistência judiciária gratuita. unidade e a suspensão do programa.
§ 2º A suspensão parcial ou total do repasse de verbas
CAPÍTULO III públicas ocorrerá quando verificada a má aplicação ou
Da Fiscalização das Entidades desvio de finalidade dos recursos.
de Atendimento § 3º Na ocorrência de infração por entidade de aten-
dimento, que coloque em risco os direitos assegura-
dos nesta Lei, será o fato comunicado ao Ministério
Art. 52. As entidades governamentais e não-governa-
Público, para as providências cabíveis, inclusive para
mentais de atendimento ao idoso serão fiscalizadas pe-
promover a suspensão das atividades ou dissolução da
los Conselhos do Idoso, Ministério Público, Vigilância
entidade, com a proibição de atendimento a idosos a
Sanitária e outros previstos em lei.
bem do interesse público, sem prejuízo das providên-
cias a serem tomadas pela Vigilância Sanitária.
Art. 53. O art. 7º da Lei no 8.842, de 1994, passa a
vigorar com a seguinte redação: § 4º Na aplicação das penalidades, serão consideradas
a natureza e a gravidade da infração cometida, os da-
“Art. 7º Compete aos Conselhos de que trata o art.
nos que dela provierem para o idoso, as circunstâncias
6º desta Lei a supervisão, o acompanhamento, a fis-
agravantes ou atenuantes e os antecedentes da entida-
calização e a avaliação da política nacional do idoso,
de.
no âmbito das respectivas instâncias político-adminis-
trativas.» (NR)

792
CAPÍTULO IV guir-se-á a lavratura do auto, ou este será lavrado den-
Das Infrações Administrativas tro de 24 (vinte e quatro) horas, por motivo justificado.

Art. 61. O autuado terá prazo de 10 (dez) dias para a


Art. 56. Deixar a entidade de atendimento de cumprir as apresentação da defesa, contado da data da intimação,
determinações do art. 50 desta Lei: que será feita:
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ I – pelo autuante, no instrumento de autuação, quando
3.000,00 (três mil reais), se o fato não for caracterizado for lavrado na presença do infrator;
como crime, podendo haver a interdição do estabeleci-
mento até que sejam cumpridas as exigências legais. II – por via postal, com aviso de recebimento.
Parágrafo único. No caso de interdição do estabele-
Art. 62. Havendo risco para a vida ou à saúde do idoso,
cimento de longa permanência, os idosos abrigados
a autoridade competente aplicará à entidade de aten-
serão transferidos para outra instituição, a expensas do
dimento as sanções regulamentares, sem prejuízo da
estabelecimento interditado, enquanto durar a interdi-
iniciativa e das providências que vierem a ser adotadas
ção.
pelo Ministério Público ou pelas demais instituições
legitimadas para a fiscalização.
Art. 57. Deixar o profissional de saúde ou o responsável
por estabelecimento de saúde ou instituição de longa
Art. 63. Nos casos em que não houver risco para a
permanência de comunicar à autoridade competente
vida ou a saúde da pessoa idosa abrigada, a autoridade
os casos de crimes contra idoso de que tiver conhe-
competente aplicará à entidade de atendimento as san-
cimento:
ções regulamentares, sem prejuízo da iniciativa e das
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ providências que vierem a ser adotadas pelo Ministério
3.000,00 (três mil reais), aplicada em dobro no caso Público ou pelas demais instituições legitimadas para
de reincidência. a fiscalização.

Art. 58. Deixar de cumprir as determinações desta Lei CAPÍTULO VI


sobre a prioridade no atendimento ao idoso: Da Apuração Judicial de Irregularidades
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ em Entidade de Atendimento
1.000,00 (um mil reais) e multa civil a ser estipulada
pelo juiz, conforme o dano sofrido pelo idoso.
Art. 64. Aplicam-se, subsidiariamente, ao procedimento
administrativo de que trata este Capítulo as disposições
CAPÍTULO V das Leis nos 6.437, de 20 de agosto de 1977, e 9.784,
Da Apuração Administrativa de Infração de 29 de janeiro de 1999.
às Normas de Proteção ao Idoso
Art. 65. O procedimento de apuração de irregularida-
Art. 59. Os valores monetários expressos no Capítulo IV de em entidade governamental e não-governamental
serão atualizados anualmente, na forma da lei. de atendimento ao idoso terá início mediante petição
fundamentada de pessoa interessada ou iniciativa do
Ministério Público.
Art. 60. O procedimento para a imposição de penalida-
de administrativa por infração às normas de proteção ao
idoso terá início com requisição do Ministério Público Art. 66. Havendo motivo grave, poderá a autoridade
ou auto de infração elaborado por servidor efetivo e as- judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar li-
sinado, se possível, por duas testemunhas. minarmente o afastamento provisório do dirigente da
entidade ou outras medidas que julgar adequadas, para
§ 1º No procedimento iniciado com o auto de infração evitar lesão aos direitos do idoso, mediante decisão
poderão ser usadas fórmulas impressas, especificando- fundamentada.
-se a natureza e as circunstâncias da infração.
§ 2º Sempre que possível, à verificação da infração se- Art. 67. O dirigente da entidade será citado para, no pra-

793
zo de 10 (dez) dias, oferecer resposta escrita, podendo decidir o feito, que determinará as providências a serem
juntar documentos e indicar as provas a produzir. cumpridas, anotando-se essa circunstância em local
visível nos autos do processo.
Art. 68. Apresentada a defesa, o juiz procederá na con- § 2º A prioridade não cessará com a morte do bene-
formidade do art. 69 ou, se necessário, designará au- ficiado, estendendo-se em favor do cônjuge supérsti-
diência de instrução e julgamento, deliberando sobre a te, companheiro ou companheira, com união estável,
necessidade de produção de outras provas. maior de 60 (sessenta) anos.
§ 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o § 3º A prioridade se estende aos processos e procedi-
Ministério Público terão 5 (cinco) dias para oferecer mentos na Administração Pública, empresas prestado-
alegações finais, decidindo a autoridade judiciária em ras de serviços públicos e instituições financeiras, ao
igual prazo. atendimento preferencial junto à Defensoria Publica da
§ 2º Em se tratando de afastamento provisório ou defi- União, dos Estados e do Distrito Federal em relação aos
nitivo de dirigente de entidade governamental, a autori- Serviços de Assistência Judiciária.
dade judiciária oficiará a autoridade administrativa ime- § 4º Para o atendimento prioritário será garantido ao
diatamente superior ao afastado, fixando-lhe prazo de idoso o fácil acesso aos assentos e caixas, identificados
24 (vinte e quatro) horas para proceder à substituição. com a destinação a idosos em local visível e caracteres
§ 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a autori- legíveis.
dade judiciária poderá fixar prazo para a remoção das § 5º Dentre os processos de idosos, dar-se-á prioridade
irregularidades verificadas. Satisfeitas as exigências, o especial aos maiores de oitenta anos. (Incluído pela Lei
processo será extinto, sem julgamento do mérito. nº 13.466, de 2017).
§ 4º A multa e a advertência serão impostas ao diri-
gente da entidade ou ao responsável pelo programa de CAPÍTULO II
atendimento. Do Ministério Público
TÍTULO V
Art. 72. (VETADO)
Do Acesso à Justiça
Art. 73. As funções do Ministério Público, previstas
CAPÍTULO I nesta Lei, serão exercidas nos termos da respectiva Lei
Disposições Gerais Orgânica.

Art. 74. Compete ao Ministério Público:


Art. 69. Aplica-se, subsidiariamente, às disposições
deste Capítulo, o procedimento sumário previsto no I – instaurar o inquérito civil e a ação civil pública para
Código de Processo Civil, naquilo que não contrarie os a proteção dos direitos e interesses difusos ou coleti-
prazos previstos nesta Lei. vos, individuais indisponíveis e individuais homogêne-
os do idoso;
Art. 70. O Poder Público poderá criar varas especializa- II – promover e acompanhar as ações de alimentos, de
das e exclusivas do idoso. interdição total ou parcial, de designação de curador
especial, em circunstâncias que justifiquem a medida e
Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos oficiar em todos os feitos em que se discutam os direi-
processos e procedimentos e na execução dos atos e tos de idosos em condições de risco;
diligências judiciais em que figure como parte ou in-
III – atuar como substituto processual do idoso em situ-
terveniente pessoa com idade igual ou superior a 60
ação de risco, conforme o disposto no art. 43 desta Lei;
(sessenta) anos, em qualquer instância.
IV – promover a revogação de instrumento procuratório
§ 1º O interessado na obtenção da prioridade a que
do idoso, nas hipóteses previstas no art. 43 desta Lei,
alude este artigo, fazendo prova de sua idade, reque-
quando necessário ou o interesse público justificar;
rerá o benefício à autoridade judiciária competente para

794
V – instaurar procedimento administrativo e, para ins- cias e produção de outras provas, usando os recursos
truí-lo: cabíveis.
a) expedir notificações, colher depoimentos ou esclare-
cimentos e, em caso de não comparecimento injustifi- Art. 76. A intimação do Ministério Público, em qualquer
cado da pessoa notificada, requisitar condução coerci- caso, será feita pessoalmente.
tiva, inclusive pela Polícia Civil ou Militar;
Art. 77. A falta de intervenção do Ministério Público
b) requisitar informações, exames, perícias e documen- acarreta a nulidade do feito, que será declarada de ofício
tos de autoridades municipais, estaduais e federais, da pelo juiz ou a requerimento de qualquer interessado.
administração direta e indireta, bem como promover
inspeções e diligências investigatórias;
CAPÍTULO III
c) requisitar informações e documentos particulares de Da Proteção Judicial dos Interesses
instituições privadas;
Difusos, Coletivos e Individuais
VI – instaurar sindicâncias, requisitar diligências inves- Indisponíveis ou Homogêneos
tigatórias e a instauração de inquérito policial, para a
apuração de ilícitos ou infrações às normas de proteção
ao idoso; Art. 78. As manifestações processuais do representante
do Ministério Público deverão ser fundamentadas.
VII – zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias
legais assegurados ao idoso, promovendo as medidas Art. 79. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações
judiciais e extrajudiciais cabíveis; de responsabilidade por ofensa aos direitos assegura-
VIII – inspecionar as entidades públicas e particulares dos ao idoso, referentes à omissão ou ao oferecimento
de atendimento e os programas de que trata esta Lei, insatisfatório de:
adotando de pronto as medidas administrativas ou ju- I – acesso às ações e serviços de saúde;
diciais necessárias à remoção de irregularidades por-
ventura verificadas; II – atendimento especializado ao idoso portador de
deficiência ou com limitação incapacitante;
IX – requisitar força policial, bem como a colaboração
dos serviços de saúde, educacionais e de assistência III – atendimento especializado ao idoso portador de
social, públicos, para o desempenho de suas atribui- doença infecto-contagiosa;
ções; IV – serviço de assistência social visando ao amparo
X – referendar transações envolvendo interesses e di- do idoso.
reitos dos idosos previstos nesta Lei. Parágrafo único. As hipóteses previstas neste artigo
§ 1º A legitimação do Ministério Público para as ações não excluem da proteção judicial outros interesses di-
cíveis previstas neste artigo não impede a de terceiros, fusos, coletivos, individuais indisponíveis ou homogê-
nas mesmas hipóteses, segundo dispuser a lei. neos, próprios do idoso, protegidos em lei.

§ 2º As atribuições constantes deste artigo não excluem Art. 80. As ações previstas neste Capítulo serão propos-
outras, desde que compatíveis com a finalidade e atri- tas no foro do domicílio do idoso, cujo juízo terá com-
buições do Ministério Público. petência absoluta para processar a causa, ressalvadas
§ 3º O representante do Ministério Público, no exercício as competências da Justiça Federal e a competência
de suas funções, terá livre acesso a toda entidade de originária dos Tribunais Superiores.
atendimento ao idoso.
Art. 81. Para as ações cíveis fundadas em interesses
Art. 75. Nos processos e procedimentos em que não difusos, coletivos, individuais indisponíveis ou homo-
for parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público gêneos, consideram-se legitimados, concorrentemente:
na defesa dos direitos e interesses de que cuida esta I – o Ministério Público;
Lei, hipóteses em que terá vista dos autos depois das
partes, podendo juntar documentos, requerer diligên- II – a União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
nicípios;

795
III – a Ordem dos Advogados do Brasil; Parágrafo único. As multas não recolhidas até 30 (trin-
ta) dias após o trânsito em julgado da decisão serão
IV – as associações legalmente constituídas há pelo
exigidas por meio de execução promovida pelo Mi-
menos 1 (um) ano e que incluam entre os fins insti-
nistério Público, nos mesmos autos, facultada igual
tucionais a defesa dos interesses e direitos da pessoa
iniciativa aos demais legitimados em caso de inércia
idosa, dispensada a autorização da assembléia, se hou-
daquele.
ver prévia autorização estatutária.
§ 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Mi- Art. 85. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos
nistérios Públicos da União e dos Estados na defesa recursos, para evitar dano irreparável à parte.
dos interesses e direitos de que cuida esta Lei.
§ 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por Art. 86. Transitada em julgado a sentença que impuser
associação legitimada, o Ministério Público ou outro condenação ao Poder Público, o juiz determinará a re-
legitimado deverá assumir a titularidade ativa. messa de peças à autoridade competente, para apura-
ção da responsabilidade civil e administrativa do agente
Art. 82. Para defesa dos interesses e direitos protegidos a que se atribua a ação ou omissão.
por esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ação
pertinentes. Art. 87. Decorridos 60 (sessenta) dias do trânsito em
julgado da sentença condenatória favorável ao idoso
Parágrafo único. Contra atos ilegais ou abusivos de
sem que o autor lhe promova a execução, deverá fazê-
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
-lo o Ministério Público, facultada, igual iniciativa aos
exercício de atribuições de Poder Público, que lesem
demais legitimados, como assistentes ou assumindo o
direito líquido e certo previsto nesta Lei, caberá ação
pólo ativo, em caso de inércia desse órgão.
mandamental, que se regerá pelas normas da lei do
mandado de segurança.
Art. 88. Nas ações de que trata este Capítulo, não haverá
adiantamento de custas, emolumentos, honorários pe-
Art. 83. Na ação que tenha por objeto o cumprimento
riciais e quaisquer outras despesas.
de obrigação de fazer ou não-fazer, o juiz concederá a
tutela específica da obrigação ou determinará providên- Parágrafo único. Não se imporá sucumbência ao Mi-
cias que assegurem o resultado prático equivalente ao nistério Público.
adimplemento.
Art. 89. Qualquer pessoa poderá, e o servidor deverá,
§ 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e ha-
provocar a iniciativa do Ministério Público, prestando-
vendo justificado receio de ineficácia do provimento
-lhe informações sobre os fatos que constituam objeto
final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou
de ação civil e indicando-lhe os elementos de convic-
após justificação prévia, na forma do art. 273 do Código
ção.
de Processo Civil.
§ 2º O juiz poderá, na hipótese do § 1º ou na senten- Art. 90. Os agentes públicos em geral, os juízes e tri-
ça, impor multa diária ao réu, independentemente do bunais, no exercício de suas funções, quando tiverem
pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a conhecimento de fatos que possam configurar crime
obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento de ação pública contra idoso ou ensejar a propositura
do preceito. de ação para sua defesa, devem encaminhar as peças
§ 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito em pertinentes ao Ministério Público, para as providências
julgado da sentença favorável ao autor, mas será devida cabíveis.
desde o dia em que se houver configurado.
Art. 91. Para instruir a petição inicial, o interessado po-
Art. 84. Os valores das multas previstas nesta Lei rever- derá requerer às autoridades competentes as certidões
terão ao Fundo do Idoso, onde houver, ou na falta deste, e informações que julgar necessárias, que serão forne-
ao Fundo Municipal de Assistência Social, ficando vin- cidas no prazo de 10 (dez) dias.
culados ao atendimento ao idoso.
Art. 92. O Ministério Público poderá instaurar sob sua

796
presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pública incondicionada, não se lhes aplicando os arts.
pessoa, organismo público ou particular, certidões, in- 181 e 182 do Código Penal.
formações, exames ou perícias, no prazo que assinalar,
o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) dias. Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou difi-
§ 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas cultando seu acesso a operações bancárias, aos meios
as diligências, se convencer da inexistência de funda- de transporte, ao direito de contratar ou por qualquer
mento para a propositura da ação civil ou de peças in- outro meio ou instrumento necessário ao exercício da
formativas, determinará o seu arquivamento, fazendo-o cidadania, por motivo de idade:
fundamentadamente. Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
§ 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de infor- § 1º Na mesma pena incorre quem desdenhar, humilhar,
mação arquivados serão remetidos, sob pena de se menosprezar ou discriminar pessoa idosa, por qualquer
incorrer em falta grave, no prazo de 3 (três) dias, ao motivo.
Conselho Superior do Ministério Público ou à Câmara
§ 2º A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a víti-
de Coordenação e Revisão do Ministério Público.
ma se encontrar sob os cuidados ou responsabilidade
§ 3º Até que seja homologado ou rejeitado o arquiva- do agente.
mento, pelo Conselho Superior do Ministério Público
ou por Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Art. 97. Deixar de prestar assistência ao idoso, quan-
Público, as associações legitimadas poderão apresen- do possível fazê-lo sem risco pessoal, em situação de
tar razões escritas ou documentos, que serão juntados iminente perigo, ou recusar, retardar ou dificultar sua
ou anexados às peças de informação. assistência à saúde, sem justa causa, ou não pedir, nes-
§ 4º Deixando o Conselho Superior ou a Câmara de ses casos, o socorro de autoridade pública:
Coordenação e Revisão do Ministério Público de ho- Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
mologar a promoção de arquivamento, será designado
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da
outro membro do Ministério Público para o ajuizamen-
omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e tri-
to da ação.
plicada, se resulta a morte.

TÍTULO VI Art. 98. Abandonar o idoso em hospitais, casas de saú-


Dos Crimes de, entidades de longa permanência, ou congêneres, ou
não prover suas necessidades básicas, quando obriga-
CAPÍTULO I do por lei ou mandado:
Disposições Gerais Pena – detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e
multa.
Art. 93. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as
Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saúde, física
disposições da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985.
ou psíquica, do idoso, submetendo-o a condições de-
sumanas ou degradantes ou privando-o de alimentos
Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxi-
e cuidados indispensáveis, quando obrigado a fazê-lo,
ma privativa de liberdade não ultrapasse 4 (quatro) anos,
ou sujeitando-o a trabalho excessivo ou inadequado:
aplica-se o procedimento previsto na Lei no 9.099, de
26 de setembro de 1995, e, subsidiariamente, no que Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e
couber, as disposições do Código Penal e do Código multa.
de Processo Penal. (Vide ADI 3.096-5 - STF) § 1º Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
CAPÍTULO II
Dos Crimes em Espécie § 2º Se resulta a morte:
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
Art. 95. Os crimes definidos nesta Lei são de ação penal

797
Art. 100. Constitui crime punível com reclusão de 6 tração de bens ou deles dispor livremente:
(seis) meses a 1 (um) ano e multa: Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
I – obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público
por motivo de idade; Art. 107. Coagir, de qualquer modo, o idoso a doar,
II – negar a alguém, por motivo de idade, emprego ou contratar, testar ou outorgar procuração:
trabalho; Pena – reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
III – recusar, retardar ou dificultar atendimento ou dei-
xar de prestar assistência à saúde, sem justa causa, a Art. 108. Lavrar ato notarial que envolva pessoa idosa
pessoa idosa; sem discernimento de seus atos, sem a devida repre-
sentação legal:
IV – deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo
motivo, a execução de ordem judicial expedida na ação Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
civil a que alude esta Lei;
V – recusar, retardar ou omitir dados técnicos indis-
TÍTULO VII
pensáveis à propositura da ação civil objeto desta Lei, Disposições Finais e Transitórias
quando requisitados pelo Ministério Público.
Art. 109. Impedir ou embaraçar ato do representante do
Art. 101. Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem Ministério Público ou de qualquer outro agente fisca-
justo motivo, a execução de ordem judicial expedida lizador:
nas ações em que for parte ou interveniente o idoso:
Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
Art. 110. O Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de
Art. 102. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, 1940, Código Penal, passa a vigorar com as seguintes
pensão ou qualquer outro rendimento do idoso, dando- alterações:
-lhes aplicação diversa da de sua finalidade:
“Art. 61. .....................................
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa.
II - ............................................................
Art. 103. Negar o acolhimento ou a permanência do h) contra criança, maior de 60 (sessenta)
idoso, como abrigado, por recusa deste em outorgar anos, enfermo ou mulher grávida; ...............
procuração à entidade de atendimento: ..............................” (NR)
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
“Art. 121.
Art. 104. Reter o cartão magnético de conta bancária § 4º No homicídio culposo, a pena é aumen-
relativa a benefícios, proventos ou pensão do idoso, tada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de
bem como qualquer outro documento com objetivo de inobservância de regra técnica de profissão,
assegurar recebimento ou ressarcimento de dívida: arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar
imediato socorro à vítima, não procura dimi-
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e nuir as conseqüências do seu ato, ou foge
multa. para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso
o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um
Art. 105. Exibir ou veicular, por qualquer meio de co- terço) se o crime é praticado contra pessoa
municação, informações ou imagens depreciativas ou menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (ses-
injuriosas à pessoa do idoso: senta) anos.
Pena – detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.
“Art. 133. ....................................
Art. 106. Induzir pessoa idosa sem discernimento de § 3º .........................................
seus atos a outorgar procuração para fins de adminis-
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta)

798
anos.» (NR) Art. 111. O O art. 21 do Decreto-Lei no 3.688, de 3 de
outubro de 1941, Lei das Contravenções Penais, passa
“Art. 140. .................................... a vigorar acrescido do seguinte parágrafo único:
§ 3º Se a injúria consiste na utilização de ele- “Art. 21..........................................................
mentos referentes a raça, cor, etnia, religião, ..................
origem ou a condição de pessoa idosa ou .....................................................................
portadora de deficiência: ............................ .......
(NR)
Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3
“Art. 141. ............................. (um terço) até a metade se a vítima é maior de
60 (sessenta) anos.” (NR)
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta)
anos ou portadora de deficiência, exceto no Art. 112. O inciso II do § 4º do art. 1º da Lei no 9.455,
caso de injúria. de 7 de abril de 1997, passa a vigorar com a seguinte
................................................................ redação:
(NR) “Art. 1º ..........................

“Art. 148. ...................................... § 4º ........................................

§ 1º................................... II – se o crime é cometido contra criança, ges-


tante, portador de deficiência, adolescente ou
I – se a vítima é ascendente, descendente, maior de 60 (sessenta) anos;
cônjuge do agente ou maior de 60 (sessenta)
anos............................................................... .....................................................................
..............» (NR) ..” (NR)

“Art. 159................................................. Art. 113. O inciso III do art. 18 da Lei no 6.368, de 21


de outubro de 1976, passa a vigorar com a seguinte
§ 1º Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e redação:
quatro) horas, se o seqüestrado é menor de
18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, “Art. 18...................................
ou se o crime é cometido por bando ou qua- III – se qualquer deles decorrer de associação
drilha........................................ “ (NR) ou visar a menores de 21 (vinte e um) anos
ou a pessoa com idade igual ou superior a
“Art. 183........................................................ 60 (sessenta) anos ou a quem tenha, por
.................... qualquer causa, diminuída ou suprimida a
III – se o crime é praticado contra pessoa capacidade de discernimento ou de autode-
com idade igual ou superior a 60 (sessenta) terminação:
anos.» (NR)
Art. 114. O art 1º da Lei no 10.048, de 8 de novembro de
«Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover 2000, passa a vigorar com a seguinte redação:
a subsistência do cônjuge, ou de filho menor “Art. 1º As pessoas portadoras de deficiência,
de 18 (dezoito) anos ou inapto para o traba- os idosos com idade igual ou superior a 60
lho, ou de ascendente inválido ou maior de (sessenta) anos, as gestantes, as lactantes e
60 (sessenta) anos, não lhes proporcionando as pessoas acompanhadas por crianças de
os recursos necessários ou faltando ao paga- colo terão atendimento prioritário, nos termos
mento de pensão alimentícia judicialmente desta Lei.” (NR)
acordada, fixada ou majorada; deixar, sem
justa causa, de socorrer descendente ou as- Art. 115. O Orçamento da Seguridade Social destina-
cendente, gravemente enfermo: rá ao Fundo Nacional de Assistência Social, até que o
Fundo Nacional do Idoso seja criado, os recursos ne-

799
cessários, em cada exercício financeiro, para aplicação Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
em programas e ações relativos ao idoso. Lei:

Art. 116. Serão incluídos nos censos demográficos da- CAPÍTULO I


dos relativos à população idosa do País. DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAS
Art. 117. O Poder Executivo encaminhará ao Congresso
Nacional projeto de lei revendo os critérios de conces- Art. 1º O Sistema Nacional de Armas – Sinarm, institu-
são do Benefício de Prestação Continuada previsto na ído no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Fe-
Lei Orgânica da Assistência Social, de forma a garantir deral, tem circunscrição em todo o território nacional.
que o acesso ao direito seja condizente com o estágio
de desenvolvimento sócio-econômico alcançado pelo Art. 2º Ao Sinarm compete:
País. I – identificar as características e a propriedade de ar-
mas de fogo, mediante cadastro;
Art. 118. Esta Lei entra em vigor decorridos 90 (no-
II – cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas
venta) dias da sua publicação, ressalvado o disposto
e vendidas no País;
no caput do art. 36, que vigorará a partir de 1º de janeiro
de 2004. III – cadastrar as autorizações de porte de arma de fogo
e as renovações expedidas pela Polícia Federal;
Brasília, 1º de outubro de 2003; 182º da Independência IV – cadastrar as transferências de propriedade, extra-
e 115º da República. vio, furto, roubo e outras ocorrências suscetíveis de
alterar os dados cadastrais, inclusive as decorrentes
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA de fechamento de empresas de segurança privada e de
Márcio Thomaz Bastos transporte de valores;
Antonio Palocci Filho V – identificar as modificações que alterem as caracte-
rísticas ou o funcionamento de arma de fogo;
Rubem Fonseca Filho
VI – integrar no cadastro os acervos policiais já exis-
Humberto Sérgio Costa LIma
tentes;
Guido Mantega
VII – cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclusi-
Ricardo José Ribeiro Berzoini ve as vinculadas a procedimentos policiais e judiciais;
Benedita Souza da Silva Sampaio VIII – cadastrar os armeiros em atividade no País, bem
Álvaro Augusto Ribeiro Costa como conceder licença para exercer a atividade;
IX – cadastrar mediante registro os produtores, ataca-
Este texto não substitui o publicado no DOU de distas, varejistas, exportadores e importadores autori-
3.10.2003. zados de armas de fogo, acessórios e munições;
X – cadastrar a identificação do cano da arma, as ca-
ESTATUTO DO DESARMAMENTO racterísticas das impressões de raiamento e de micro-
estriamento de projétil disparado, conforme marcação e
Lei nº 10.826, de 22 de testes obrigatoriamente realizados pelo fabricante;
dezembro de 2003. XI – informar às Secretarias de Segurança Pública dos
Estados e do Distrito Federal os registros e autorizações
Dispõe sobre registro, posse e comercialização de porte de armas de fogo nos respectivos territórios,
de armas de fogo e munição, sobre o Sistema bem como manter o cadastro atualizado para consulta.
Nacional de Armas – Sinarm, define crimes e dá
Parágrafo único. As disposições deste artigo não alcan-
outras providências.
çam as armas de fogo das Forças Armadas e Auxiliares,
bem como as demais que constem dos seus registros
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o

800
próprios. 1º será concedida, ou recusada com a devida funda-
mentação, no prazo de 30 (trinta) dias úteis, a contar da
CAPÍTULO II data do requerimento do interessado.
DO REGISTRO § 7º O registro precário a que se refere o § 4º prescin-
de do cumprimento dos requisitos dos incisos I, II e III
Art. 3º É obrigatório o registro de arma de fogo no órgão deste artigo.
competente. § 8º Estará dispensado das exigências constantes do
Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito serão inciso III do caput deste artigo, na forma do regula-
registradas no Comando do Exército, na forma do regu- mento, o interessado em adquirir arma de fogo de uso
lamento desta Lei. permitido que comprove estar autorizado a portar arma
com as mesmas características daquela a ser adquirida.
Art. 4º Para adquirir arma de fogo de uso permitido o
interessado deverá, além de declarar a efetiva necessi- Art. 5º O certificado de Registro de Arma de Fogo, com
dade, atender aos seguintes requisitos: validade em todo o território nacional, autoriza o seu
proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no
I - comprovação de idoneidade, com a apresentação de interior de sua residência ou domicílio, ou dependência
certidões negativas de antecedentes criminais forneci- desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que
das pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e seja ele o titular ou o responsável legal pelo estabeleci-
de não estar respondendo a inquérito policial ou a pro- mento ou empresa.
cesso criminal, que poderão ser fornecidas por meios
eletrônicos; § 1º O certificado de registro de arma de fogo será ex-
pedido pela Polícia Federal e será precedido de autori-
II – apresentação de documento comprobatório de ocu- zação do Sinarm.
pação lícita e de residência certa;
§ 2º Os requisitos de que tratam os incisos I, II e III
III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão do art. 4º deverão ser comprovados periodicamente, em
psicológica para o manuseio de arma de fogo, atestadas período não inferior a 3 (três) anos, na conformidade do
na forma disposta no regulamento desta Lei. estabelecido no regulamento desta Lei, para a renova-
§ 1º O Sinarm expedirá autorização de compra de arma ção do Certificado de Registro de Arma de Fogo.
de fogo após atendidos os requisitos anteriormente § 3º O proprietário de arma de fogo com certificados
estabelecidos, em nome do requerente e para a arma de registro de propriedade expedido por órgão estadual
indicada, sendo intransferível esta autorização. ou do Distrito Federal até a data da publicação desta
§ 2º A aquisição de munição somente poderá ser feita Lei que não optar pela entrega espontânea prevista no
no calibre correspondente à arma registrada e na quan- art. 32 desta Lei deverá renová-lo mediante o pertinente
tidade estabelecida no regulamento desta Lei. registro federal, até o dia 31 de dezembro de 2008, ante
a apresentação de documento de identificação pessoal
§ 3º A empresa que comercializar arma de fogo em e comprovante de residência fixa, ficando dispensado
território nacional é obrigada a comunicar a venda à do pagamento de taxas e do cumprimento das demais
autoridade competente, como também a manter banco exigências constantes dos incisos I a III do caput do art.
de dados com todas as características da arma e cópia 4º desta Lei.
dos documentos previstos neste artigo.
§ 4º Para fins do cumprimento do disposto no § 3º deste
§ 4º A empresa que comercializa armas de fogo, aces- artigo, o proprietário de arma de fogo poderá obter, no
sórios e munições responde legalmente por essas mer- Departamento de Polícia Federal, certificado de registro
cadorias, ficando registradas como de sua propriedade provisório, expedido na rede mundial de computadores
enquanto não forem vendidas. - internet, na forma do regulamento e obedecidos os
§ 5º A comercialização de armas de fogo, acessórios e procedimentos a seguir:
munições entre pessoas físicas somente será efetivada I - emissão de certificado de registro provisório pela
mediante autorização do Sinarm. internet, com validade inicial de 90 (noventa) dias; e
§ 6º A expedição da autorização a que se refere o § II - revalidação pela unidade do Departamento de Po-

801
lícia Federal do certificado de registro provisório pelo XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos no art.
prazo que estimar como necessário para a emissão de- 92 da Constituição Federal e os Ministérios Públicos
finitiva do certificado de registro de propriedade. da União e dos Estados, para uso exclusivo de servi-
dores de seus quadros pessoais que efetivamente este-
§ 5º Aos residentes em área rural, para os fins do dis-
jam no exercício de funções de segurança, na forma de
posto no caput deste artigo, considera-se residência ou
regulamento a ser emitido pelo Conselho Nacional de
domicílio toda a extensão do respectivo imóvel rural.
Justiça - CNJ e pelo Conselho Nacional do Ministério
(Incluído pela Lei nº 13.870, de 2019)
Público - CNMP.
CAPÍTULO III § 1º As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI
DO PORTE do  caput deste artigo terão direito de portar arma de
fogo de propriedade particular ou fornecida pela res-
pectiva corporação ou instituição, mesmo fora de servi-
Art. 6º É proibido o porte de arma de fogo em todo o ço, nos termos do regulamento desta Lei, com validade
território nacional, salvo para os casos previstos em em âmbito nacional para aquelas constantes dos inci-
legislação própria e para: sos I, II, V e
I – os integrantes das Forças Armadas; VI. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
II- os integrantes de órgãos referidos nos incisos I, II, § 1º-A (Revogado pela Lei nº 11.706, de 2008)
III, IV e V do caput do art. 144 da Constituição Federal
e os da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP); § 1º-B. Os integrantes do quadro efetivo de agentes
e guardas prisionais poderão portar arma de fogo de
III – os integrantes das guardas municipais das capitais propriedade particular ou fornecida pela respectiva cor-
dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000 poração ou instituição, mesmo fora de serviço, desde
(quinhentos mil) habitantes, nas condições estabeleci- que estejam:
das no regulamento desta Lei;
I - submetidos a regime de dedicação exclusiva;
IV - os integrantes das guardas municipais dos Mu-
nicípios com mais de 50.000 (cinqüenta mil) e menos II - sujeitos à formação funcional, nos termos do re-
de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em gulamento; e
serviço; III - subordinados a mecanismos de fiscalização e de
V – os agentes operacionais da Agência Brasileira de controle interno.
Inteligência e os agentes do Departamento de Seguran- § 1º-C. (VETADO).
ça do Gabinete de Segurança Institucional da Presidên-
§ 2º A autorização para o porte de arma de fogo aos
cia da República;
integrantes das instituições descritas nos incisos V,
VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos VI, VII e X do caput deste artigo está condicionada à
no art. 51, IV, e no art. 52, XIII, da Constituição Federal; comprovação do requisito a que se refere o inciso III
VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e do caput do art. 4º desta Lei nas condições estabeleci-
guardas prisionais, os integrantes das escoltas de pre- das no regulamento desta Lei.
sos e as guardas portuárias; § 3º A autorização para o porte de arma de fogo das
VIII – as empresas de segurança privada e de transpor- guardas municipais está condicionada à formação fun-
te de valores constituídas, nos termos desta Lei; cional de seus integrantes em estabelecimentos de en-
sino de atividade policial, à existência de mecanismos
IX – para os integrantes das entidades de desporto de fiscalização e de controle interno, nas condições
legalmente constituídas, cujas atividades esportivas estabelecidas no regulamento desta Lei, observada a
demandem o uso de armas de fogo, na forma do re- supervisão do Ministério da Justiça.
gulamento desta Lei, observando-se, no que couber, a
legislação ambiental. § 4º Os integrantes das Forças Armadas, das polícias
federais e estaduais e do Distrito Federal, bem como
 X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita os militares dos Estados e do Distrito Federal, ao exer-
Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, car- cerem o direito descrito no art. 4º, ficam dispensados
gos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário.

802
do cumprimento do disposto nos incisos I, II e III do § 3º A listagem dos empregados das empresas referidas
mesmo artigo, na forma do regulamento desta Lei. neste artigo deverá ser atualizada semestralmente junto
ao Sinarm.
§ 5º Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 (vin-
te e cinco) anos que comprovem depender do emprego
de arma de fogo para prover sua subsistência alimentar Art. 7º-A. As armas de fogo utilizadas pelos servidores
familiar será concedido pela Polícia Federal o porte de das instituições descritas no inciso XI do art. 6º serão
arma de fogo, na categoria caçador para subsistência, de propriedade, responsabilidade e guarda das res-
de uma arma de uso permitido, de tiro simples, com 1 pectivas instituições, somente podendo ser utilizadas
(um) ou 2 (dois) canos, de alma lisa e de calibre igual quando em serviço, devendo estas observar as con-
ou inferior a 16 (dezesseis), desde que o interessado dições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo
comprove a efetiva necessidade em requerimento ao órgão competente, sendo o certificado de registro e a
qual deverão ser anexados os seguintes documentos: autorização de porte expedidos pela Polícia Federal em
nome da instituição
I - documento de identificação pessoal;
§ 1º A autorização para o porte de arma de fogo de que
II - comprovante de residência em área rural; e trata este artigo independe do pagamento de taxa.
III - atestado de bons antecedentes. § 2º O presidente do tribunal ou o chefe do Ministé-
§ 6º O caçador para subsistência que der outro uso à rio Público designará os servidores de seus quadros
sua arma de fogo, independentemente de outras tipifi- pessoais no exercício de funções de segurança que po-
cações penais, responderá, conforme o caso, por porte derão portar arma de fogo, respeitado o limite máximo
ilegal ou por disparo de arma de fogo de uso permitido. de 50% (cinquenta por cento) do número de servidores
que exerçam funções de segurança.
§ 7º Aos integrantes das guardas municipais dos Muni-
cípios que integram regiões metropolitanas será autori- § 3º O porte de arma pelos servidores das instituições
zado porte de arma de fogo, quando em serviço. de que trata este artigo fica condicionado à apresenta-
ção de documentação comprobatória do preenchimen-
Art. 7º As armas de fogo utilizadas pelos empregados to dos requisitos constantes do art. 4º desta Lei, bem
das empresas de segurança privada e de transporte como à formação funcional em estabelecimentos de en-
de valores, constituídas na forma da lei, serão de pro- sino de atividade policial e à existência de mecanismos
priedade, responsabilidade e guarda das respectivas de fiscalização e de controle interno, nas condições
empresas, somente podendo ser utilizadas quando em estabelecidas no regulamento desta Lei.
serviço, devendo essas observar as condições de uso e § 4º A listagem dos servidores das instituições de que
de armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, trata este artigo deverá ser atualizada semestralmente
sendo o certificado de registro e a autorização de porte no Sinarm.
expedidos pela Polícia Federal em nome da empresa.
§ 5º As instituições de que trata este artigo são obri-
§ 1º O proprietário ou diretor responsável de empresa gadas a registrar ocorrência policial e a comunicar à
de segurança privada e de transporte de valores respon- Polícia Federal eventual perda, furto, roubo ou outras
derá pelo crime previsto no parágrafo único do art. 13 formas de extravio de armas de fogo, acessórios e mu-
desta Lei, sem prejuízo das demais sanções adminis- nições que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24
trativas e civis, se deixar de registrar ocorrência policial (vinte e quatro) horas depois de ocorrido o fato.
e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou
outras formas de extravio de armas de fogo, acessórios Art. 8º As armas de fogo utilizadas em entidades des-
e munições que estejam sob sua guarda, nas primeiras portivas legalmente constituídas devem obedecer às
24 (vinte e quatro) horas depois de ocorrido o fato. condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo
§ 2º A empresa de segurança e de transporte de va- órgão competente, respondendo o possuidor ou o au-
lores deverá apresentar documentação comprobatória torizado a portar a arma pela sua guarda na forma do
do preenchimento dos requisitos constantes do art. regulamento desta Lei.
4º desta Lei quanto aos empregados que portarão arma
de fogo. Art. 9º Compete ao Ministério da Justiça a autorização
do porte de arma para os responsáveis pela seguran-

803
ça de cidadãos estrangeiros em visita ou sediados no § 2º São isentas do pagamento das taxas previstas nes-
Brasil e, ao Comando do Exército, nos termos do re- te artigo as pessoas e as instituições a que se referem
gulamento desta Lei, o registro e a concessão de porte os incisos I a VII e X e o § 5º do art. 6º desta Lei.
de trânsito de arma de fogo para colecionadores, ati-
radores e caçadores e de representantes estrangeiros Art. 11-A. O Ministério da Justiça disciplinará a forma e
em competição internacional oficial de tiro realizada no as condições do credenciamento de profissionais pela
território nacional. Polícia Federal para comprovação da aptidão psicoló-
gica e da capacidade técnica para o manuseio de arma
Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de de fogo.
uso permitido, em todo o território nacional, é de com- § 1º Na comprovação da aptidão psicológica, o valor
petência da Polícia Federal e somente será concedida cobrado pelo psicólogo não poderá exceder ao valor
após autorização do Sinarm. médio dos honorários profissionais para realização de
§ 1º A autorização prevista neste artigo poderá ser con- avaliação psicológica constante do item 1.16 da tabela
cedida com eficácia temporária e territorial limitada, do Conselho Federal de Psicologia.
nos termos de atos regulamentares, e dependerá de o § 2º Na comprovação da capacidade técnica, o valor
requerente: cobrado pelo instrutor de armamento e tiro não poderá
I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício exceder R$ 80,00 (oitenta reais), acrescido do custo da
de atividade profissional de risco ou de ameaça à sua munição.
integridade física; § 3º A cobrança de valores superiores aos previstos nos
II – atender às exigências previstas no art. 4º desta Lei; §§ 1º e 2º deste artigo implicará o descredenciamento
do profissional pela Polícia Federal.
III – apresentar documentação de propriedade de arma
de fogo, bem como o seu devido registro no órgão
competente. CAPÍTULO IV
§ 2º A autorização de porte de arma de fogo, prevista
DOS CRIMES E DAS PENAS
neste artigo, perderá automaticamente sua eficácia caso
o portador dela seja detido ou abordado em estado de Posse irregular de arma de fogo de uso permitido
embriaguez ou sob efeito de substâncias químicas ou
alucinógenas. Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de
fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em de-
Art. 11. Fica instituída a cobrança de taxas, nos valores sacordo com determinação legal ou regulamentar, no
constantes do Anexo desta Lei, pela prestação de ser- interior de sua residência ou dependência desta, ou,
viços relativos: ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular
ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa:
I – ao registro de arma de fogo;
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
II – à renovação de registro de arma de fogo;
III – à expedição de segunda via de registro de arma Omissão de cautela
de fogo;
IV – à expedição de porte federal de arma de fogo; Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para
impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa
V – à renovação de porte de arma de fogo; portadora de deficiência mental se apodere de arma
VI – à expedição de segunda via de porte federal de de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua
arma de fogo. propriedade:
§ 1º Os valores arrecadados destinam-se ao custeio Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
e à manutenção das atividades do Sinarm, da Polícia Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o pro-
Federal e do Comando do Exército, no âmbito de suas prietário ou diretor responsável de empresa de segu-
respectivas responsabilidades. rança e transporte de valores que deixarem de registrar

804
ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal do ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer
perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz;
arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato ex-
sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas de- plosivo ou incendiário, sem autorização ou em desa-
pois de ocorrido o fato. cordo com determinação legal ou regulamentar;
Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer
arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em sinal de identificação raspado, suprimido ou adultera-
depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, do;
emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuita-
ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso mente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo
permitido, sem autorização e em desacordo com deter- a criança ou adolescente; e
minação legal ou regulamentar:
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou ex-
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafian- plosivo.
çável, salvo quando a arma de fogo estiver registrada § 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste
em nome do agente. artigo envolverem arma de fogo de uso proibido, a pena
é de reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. (Incluído
Disparo de arma de fogo pela Lei nº 13.964, de 2019)

Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em Comércio ilegal de arma de fogo
lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública
ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir,
como finalidade a prática de outro crime: ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar,
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma
utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafian- atividade comercial ou industrial, arma de fogo, aces-
çável. (Vide Adin 3.112-1) sório ou munição, sem autorização ou em desacordo
com determinação legal ou regulamentar:
Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso
restrito Pena - reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, e multa.
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, § 1º Equipara-se à atividade comercial ou industrial,
ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuita- para efeito deste artigo, qualquer forma de prestação
mente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clan-
guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição destino, inclusive o exercido em residência. (Redação
de uso restrito, sem autorização e em desacordo com dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
determinação legal ou regulamentar: (Redação dada
§ 2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega
pela Lei nº 13.964, de 2019)
arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. ou em desacordo com a determinação legal ou regula-
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: (Redação dada mentar, a agente policial disfarçado, quando presentes
pela Lei nº 13.964, de 2019) elementos probatórios razoáveis de conduta criminal
preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer
sinal de identificação de arma de fogo ou artefato; Tráfico internacional de arma de fogo
II – modificar as características de arma de fogo, de for-
ma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibi- Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saí-

805
da do território nacional, a qualquer título, de arma de entre outras informações definidas pelo regulamento
fogo, acessório ou munição, sem autorização da auto- desta Lei.
ridade competente: § 2º Para os órgãos referidos no art. 6º, somente serão
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 16 (dezesseis) anos, e expedidas autorizações de compra de munição com
multa. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) identificação do lote e do adquirente no culote dos pro-
jéteis, na forma do regulamento desta Lei.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende
ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, em § 3º As armas de fogo fabricadas a partir de 1 (um) ano
operação de importação, sem autorização da autori- da data de publicação desta Lei conterão dispositivo
dade competente, a agente policial disfarçado, quando intrínseco de segurança e de identificação, gravado no
presentes elementos probatórios razoáveis de conduta corpo da arma, definido pelo regulamento desta Lei,
criminal preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.964, exclusive para os órgãos previstos no art. 6º.
de 2019) § 4º As instituições de ensino policial e as guardas mu-
nicipais referidas nos incisos III e IV do caput do art.
Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena 6º desta Lei e no seu § 7º poderão adquirir insumos e
é aumentada da metade se a arma de fogo, acessório ou máquinas de recarga de munição para o fim exclusivo
munição forem de uso proibido ou restrito. de suprimento de suas atividades, mediante autorização
concedida nos termos definidos em regulamento.
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e
18, a pena é aumentada da metade se: (Redação dada Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere o art.
pela Lei nº 13.964, de 2019) 2º desta Lei, compete ao Comando do Exército autorizar
I - forem praticados por integrante dos órgãos e empre- e fiscalizar a produção, exportação, importação, desem-
sas referidas nos arts. 6º, 7º e 8º desta Lei; ou (Incluído baraço alfandegário e o comércio de armas de fogo e
pela Lei nº 13.964, de 2019) demais produtos controlados, inclusive o registro e o
porte de trânsito de arma de fogo de colecionadores,
II - o agente for reincidente específico em crimes dessa
atiradores e caçadores.
natureza. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 25. As armas de fogo apreendidas, após a elabora-
Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18
ção do laudo pericial e sua juntada aos autos, quando
são insuscetíveis de liberdade provisória. (Vide Adin
não mais interessarem à persecução penal serão enca-
3.112-1)
minhadas pelo juiz competente ao Comando do Exér-
cito, no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas, para
CAPÍTULO V destruição ou doação aos órgãos de segurança pública
DISPOSIÇÕES GERAIS ou às Forças Armadas, na forma do regulamento desta
Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.886, de 2019)
Art. 22. O Ministério da Justiça poderá celebrar convê- § 1º As armas de fogo encaminhadas ao Comando do
nios com os Estados e o Distrito Federal para o cumpri- Exército que receberem parecer favorável à doação,
mento do disposto nesta Lei. obedecidos o padrão e a dotação de cada Força Armada
ou órgão de segurança pública, atendidos os critérios
Art. 23. A classificação legal, técnica e geral bem como de prioridade estabelecidos pelo Ministério da Justiça e
a definição das armas de fogo e demais produtos con- ouvido o Comando do Exército, serão arroladas em re-
trolados, de usos proibidos, restritos, permitidos ou latório reservado trimestral a ser encaminhado àquelas
obsoletos e de valor histórico serão disciplinadas em instituições, abrindo-se-lhes prazo para manifestação
ato do chefe do Poder Executivo Federal, mediante pro- de interesse.
posta do Comando do Exército.
§ 1º-A. As armas de fogo e munições apreendidas em
§ 1º Todas as munições comercializadas no País deve- decorrência do tráfico de drogas de abuso, ou de qual-
rão estar acondicionadas em embalagens com sistema quer forma utilizadas em atividades ilícitas de produção
de código de barras, gravado na caixa, visando pos- ou comercialização de drogas abusivas, ou, ainda, que
sibilitar a identificação do fabricante e do adquirente, tenham sido adquiridas com recursos provenientes do

806
tráfico de drogas de abuso, perdidas em favor da União de validade superior a 90 (noventa) dias poderá reno-
e encaminhadas para o Comando do Exército, devem vá-la, perante a Polícia Federal, nas condições dos arts.
ser, após perícia ou vistoria que atestem seu bom esta- 4º, 6º e 10 desta Lei, no prazo de 90 (noventa) dias após
do, destinadas com prioridade para os órgãos de segu- sua publicação, sem ônus para o requerente.
rança pública e do sistema penitenciário da unidade da
federação responsável pela apreensão. (Incluído pela Art. 30. Os possuidores e proprietários de arma de fogo
Lei nº 13.886, de 2019) de uso permitido ainda não registrada deverão solicitar
§ 2º O Comando do Exército encaminhará a relação seu registro até o dia 31 de dezembro de 2008, median-
das armas a serem doadas ao juiz competente, que te apresentação de documento de identificação pessoal
determinará o seu perdimento em favor da instituição e comprovante de residência fixa, acompanhados de
beneficiada. nota fiscal de compra ou comprovação da origem lícita
da posse, pelos meios de prova admitidos em direito,
§ 3º O transporte das armas de fogo doadas será de res- ou declaração firmada na qual constem as característi-
ponsabilidade da instituição beneficiada, que procederá cas da arma e a sua condição de proprietário, ficando
ao seu cadastramento no Sinarm ou no Sigma. este dispensado do pagamento de taxas e do cumpri-
§ 4º (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) mento das demais exigências constantes dos incisos I a
III do caput do art. 4º desta Lei.
§ 5º O Poder Judiciário instituirá instrumentos para o
encaminhamento ao Sinarm ou ao Sigma, conforme Parágrafo único. Para fins do cumprimento do disposto
se trate de arma de uso permitido ou de uso restrito, no caput deste artigo, o proprietário de arma de fogo
semestralmente, da relação de armas acauteladas em poderá obter, no Departamento de Polícia Federal, cer-
juízo, mencionando suas características e o local onde tificado de registro provisório, expedido na forma do §
se encontram. 4º do art. 5º desta Lei.

Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a comer- Art. 31. Os possuidores e proprietários de armas de
cialização e a importação de brinquedos, réplicas e si- fogo adquiridas regularmente poderão, a qualquer
mulacros de armas de fogo, que com estas se possam tempo, entregá-las à Polícia Federal, mediante recibo
confundir. e indenização, nos termos do regulamento desta Lei.
Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as réplicas
Art. 32. Os possuidores e proprietários de arma de fogo
e os simulacros destinados à instrução, ao adestramen-
poderão entregá-la, espontaneamente, mediante recibo,
to, ou à coleção de usuário autorizado, nas condições
e, presumindo-se de boa-fé, serão indenizados, na for-
fixadas pelo Comando do Exército.
ma do regulamento, ficando extinta a punibilidade de
eventual posse irregular da referida arma.
Art. 27. Caberá ao Comando do Exército autorizar, ex-
cepcionalmente, a aquisição de armas de fogo de uso Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 11.706, de
restrito. 2008)
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica
Art. 33. Será aplicada multa de R$ 100.000,00 (cem mil
às aquisições dos Comandos Militares.
reais) a R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), conforme
especificar o regulamento desta Lei:
Art. 28. É vedado ao menor de 25 (vinte e cinco) anos
adquirir arma de fogo, ressalvados os integrantes das I – à empresa de transporte aéreo, rodoviário, ferroviá-
entidades constantes dos incisos I, II, III, V, VI, VII e X rio, marítimo, fluvial ou lacustre que deliberadamente,
do caput do art. 6º desta Lei. (Redação dada pela Lei nº por qualquer meio, faça, promova, facilite ou permita o
11.706, de 2008) transporte de arma ou munição sem a devida autoriza-
ção ou com inobservância das normas de segurança;
Art. 29. As autorizações de porte de armas de fogo já II – à empresa de produção ou comércio de armamen-
concedidas expirar-se-ão 90 (noventa) dias após a pu- tos que realize publicidade para venda, estimulando o
blicação desta Lei. (Vide Lei nº 10.884, de 2004) uso indiscriminado de armas de fogo, exceto nas publi-
Parágrafo único. O detentor de autorização com prazo cações especializadas.

807
Art. 34. Os promotores de eventos em locais fechados, Art. 35. É proibida a comercialização de arma de fogo
com aglomeração superior a 1000 (um mil) pessoas, e munição em todo o território nacional, salvo para as
adotarão, sob pena de responsabilidade, as providên- entidades previstas no art. 6º desta Lei.
cias necessárias para evitar o ingresso de pessoas ar- § 1º Este dispositivo, para entrar em vigor, dependerá de
madas, ressalvados os eventos garantidos pelo inciso aprovação mediante referendo popular, a ser realizado
VI do art. 5º da Constituição Federal. em outubro de 2005.
Parágrafo único. As empresas responsáveis pela pres- § 2º Em caso de aprovação do referendo popular, o
tação dos serviços de transporte internacional e interes- disposto neste artigo entrará em vigor na data de publi-
tadual de passageiros adotarão as providências neces- cação de seu resultado pelo Tribunal Superior Eleitoral.
sárias para evitar o embarque de passageiros armados.
Art. 36. É revogada a Lei no 9.437, de 20 de fevereiro
Art. 34-A. Os dados relacionados à coleta de registros de 1997.
balísticos serão armazenados no Banco Nacional de
Perfis Balísticos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
Art. 37. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi-
2019)
cação.
§ 1º O Banco Nacional de Perfis Balísticos tem como
objetivo cadastrar armas de fogo e armazenar carac- Este texto não substitui o publicado no DOU de
terísticas de classe e individualizadoras de projéteis e 23.12.2003
de estojos de munição deflagrados por arma de fogo.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Ato Administrativo R$
§ 2º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será cons-
tituído pelos registros de elementos de munição defla-
I - Registro de arma de fogo:
grados por armas de fogo relacionados a crimes, para
subsidiar ações destinadas às apurações criminais Gratuito
federais, estaduais e distritais. (Incluído pela Lei nº - Até 31 de dezembro de 2008
(art. 30)
13.964, de 2019)
§ 3º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será gerido - A partir de 1º de janeiro de 2009 60,00
pela unidade oficial de perícia criminal. (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019) II - Renovação do certificado de
registro de arma de fogo:
§ 4º Os dados constantes do Banco Nacional de Perfis
Balísticos terão caráter sigiloso, e aquele que permi- Gratuito
tir ou promover sua utilização para fins diversos dos - Até 31 de dezembro de 2008
(art. 5º, § 3º)
previstos nesta Lei ou em decisão judicial responderá
civil, penal e administrativamente. (Incluído pela Lei - A partir de 1º de janeiro de 2009 60,00
nº 13.964, de 2019)
§ 5º É vedada a comercialização, total ou parcial, da
III - Registro de arma de fogo para empresa de
base de dados do Banco Nacional de Perfis Balísticos.
segurança privada e de transporte
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 6º A formação, a gestão e o acesso ao Banco Nacio- 60,00
nal de Perfis Balísticos serão regulamentados em ato
do Poder Executivo federal. (Incluído pela Lei nº
IV - Renovação do certificado de registro de
13.964, de 2019)
arma de fogo para empresa de segurança
privada e de transporte de valores:
CAPÍTULO VI
DISPOSIÇÕES FINAIS - Até 30 de junho de 2008 30,00

808
nal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e
- De 1º de julho de 2008 a 31 de
45,00 dá outras providências.
outubro de 2008
- A partir de 1º de novembro de O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
60,00
2008 Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
Lei:
V - Expedição de porte de arma de fogo
TÍTULO I
1.000,00 DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

VI - Renovação de porte de arma de fogo Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir
a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos
termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da
1.000,00
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Violência contra a Mulher, da Convenção Interamerica-
VII - Expedição de segunda via de
na para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a
certificado de registro de arma de fogo
Mulher e de outros tratados internacionais ratificados
pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a
60,00 criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar
contra a Mulher; e estabelece medidas de assistência e
VIII - Expedição de segunda via proteção às mulheres em situação de violência domés-
de porte de arma de fogo tica e familiar.

Art. 2º Toda mulher, independentemente de classe, raça,


60,00 etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacio-
nal, idade e religião, goza dos direitos fundamentais
Brasília, 22 de dezembro de 2003; 182º da Independên- inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as
cia e 115º da República. oportunidades e facilidades para viver sem violência,
preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoa-
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA mento moral, intelectual e social.
Márcio Thomaz Bastos
Art. 3º Serão asseguradas às mulheres as condições
José Viegas Filho para o exercício efetivo dos direitos à vida, à segurança,
Marina Silva à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à mora-
dia, ao acesso à justiça, ao esporte, ao lazer, ao traba-
lho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e
LEI MARIA DA PENHA - Lei nº à convivência familiar e comunitária.
11.340, de 7 de agosto de 2006 § 1º O poder público desenvolverá políticas que visem
garantir os direitos humanos das mulheres no âmbito
Cria mecanismos para coibir a violência domésti- das relações domésticas e familiares no sentido de res-
ca e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º guardá-las de toda forma de negligência, discrimina-
do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção ção, exploração, violência, crueldade e opressão.
sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discri- § 2º Cabe à família, à sociedade e ao poder público criar
minação contra as Mulheres e da Convenção In- as condições necessárias para o efetivo exercício dos
teramericana para Prevenir, Punir e Erradicar a direitos enunciados no caput.
Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação
dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar Art. 4º Na interpretação desta Lei, serão considerados
contra a Mulher; altera o Código de Processo Pe- os fins sociais a que ela se destina e, especialmente,

809
as condições peculiares das mulheres em situação de ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante
violência doméstica e familiar. ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação,
isolamento, vigilância constante, perseguição contu-
TÍTULO II maz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade,
DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E ridicularização, exploração e limitação do direito de ir
e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à
FAMILIAR CONTRA A MULHER saúde psicológica e à autodeterminação;
III - a violência sexual, entendida como qualquer con-
CAPÍTULO I duta que a constranja a presenciar, a manter ou a parti-
DISPOSIÇÕES GERAIS cipar de relação sexual não desejada, mediante intimi-
dação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua
doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou sexualidade, que a impeça de usar qualquer método
omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez,
sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chanta-
ou patrimonial: gem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o
exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida
como o espaço de convívio permanente de pessoas, IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer
com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadica- conduta que configure retenção, subtração, destruição
mente agregadas; parcial ou total de seus objetos, instrumentos de traba-
lho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou
II - no âmbito da família, compreendida como a comu- recursos econômicos, incluindo os destinados a satis-
nidade formada por indivíduos que são ou se conside- fazer suas necessidades;
ram aparentados, unidos por laços naturais, por afini-
dade ou por vontade expressa; V - a violência moral, entendida como qualquer conduta
que configure calúnia, difamação ou injúria.
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o
agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida,
independentemente de coabitação.
TÍTULO III
DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste
DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
artigo independem de orientação sexual.

Art. 6º A violência doméstica e familiar contra a mu- CAPÍTULO I


lher constitui uma das formas de violação dos direitos DAS MEDIDAS INTEGRADAS
humanos. DE PREVENÇÃO
CAPÍTULO II Art. 8º A política pública que visa coibir a violência
DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA doméstica e familiar contra a mulher far-se-á por meio
E FAMILIAR CONTRA A MULHER de um conjunto articulado de ações da União, dos Es-
tados, do Distrito Federal e dos Municípios e de ações
Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar não-governamentais, tendo por diretrizes:
contra a mulher, entre outras: I - a integração operacional do Poder Judiciário, do Mi-
I - a violência física, entendida como qualquer conduta nistério Público e da Defensoria Pública com as áreas
que ofenda sua integridade ou saúde corporal; de segurança pública, assistência social, saúde, educa-
ção, trabalho e habitação;
II - a violência psicológica, entendida como qualquer
conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e
autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno de- outras informações relevantes, com a perspectiva de
senvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas gênero e de raça ou etnia, concernentes às causas, às

810
conseqüências e à freqüência da violência doméstica e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei
familiar contra a mulher, para a sistematização de da- Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de
dos, a serem unificados nacionalmente, e a avaliação Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre
periódica dos resultados das medidas adotadas; outras normas e políticas públicas de proteção, e emer-
gencialmente quando for o caso.
III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos
valores éticos e sociais da pessoa e da família, de for- § 1º O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da
ma a coibir os papéis estereotipados que legitimem ou mulher em situação de violência doméstica e familiar
exacerbem a violência doméstica e familiar, de acordo no cadastro de programas assistenciais do governo fe-
com o estabelecido no inciso III do art. 1º, no inciso IV deral, estadual e municipal.
do art. 3º e no inciso IV do art. 221 da Constituição § 2º O juiz assegurará à mulher em situação de violên-
Federal ; cia doméstica e familiar, para preservar sua integridade
IV - a implementação de atendimento policial especiali- física e psicológica:
zado para as mulheres, em particular nas Delegacias de I - acesso prioritário à remoção quando servidora públi-
Atendimento à Mulher; ca, integrante da administração direta ou indireta;
V - a promoção e a realização de campanhas educativas II - manutenção do vínculo trabalhista, quando neces-
de prevenção da violência doméstica e familiar contra a sário o afastamento do local de trabalho, por até seis
mulher, voltadas ao público escolar e à sociedade em meses.
geral, e a difusão desta Lei e dos instrumentos de pro-
teção aos direitos humanos das mulheres;  III - encaminhamento à assistência judiciária, quando
for o caso, inclusive para eventual ajuizamento da ação
VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, ter- de separação judicial, de divórcio, de anulação de casa-
mos ou outros instrumentos de promoção de parceria mento ou de dissolução de união estável perante o juízo
entre órgãos governamentais ou entre estes e entidades competente. (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019)
não-governamentais, tendo por objetivo a implementa-
ção de programas de erradicação da violência domésti- § 3º A assistência à mulher em situação de violência
ca e familiar contra a mulher; doméstica e familiar compreenderá o acesso aos be-
nefícios decorrentes do desenvolvimento científico e
VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Mi- tecnológico, incluindo os serviços de contracepção
litar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e de emergência, a profilaxia das Doenças Sexualmente
dos profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiên-
enunciados no inciso I quanto às questões de gênero cia Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos
e de raça ou etnia; necessários e cabíveis nos casos de violência sexual.
VIII - a promoção de programas educacionais que dis- § 4º Aquele que, por ação ou omissão, causar lesão,
seminem valores éticos de irrestrito respeito à dignida- violência física, sexual ou psicológica e dano moral ou
de da pessoa humana com a perspectiva de gênero e patrimonial a mulher fica obrigado a ressarcir todos os
de raça ou etnia; danos causados, inclusive ressarcir ao Sistema Único
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os de Saúde (SUS), de acordo com a tabela SUS, os custos
níveis de ensino, para os conteúdos relativos aos direi- relativos aos serviços de saúde prestados para o total
tos humanos, à eqüidade de gênero e de raça ou etnia tratamento das vítimas em situação de violência domés-
e ao problema da violência doméstica e familiar contra tica e familiar, recolhidos os recursos assim arrecada-
a mulher. dos ao Fundo de Saúde do ente federado responsável
pelas unidades de saúde que prestarem os serviços.
CAPÍTULO II § 5º Os dispositivos de segurança destinados ao uso
DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO em caso de perigo iminente e disponibilizados para o
DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR monitoramento das vítimas de violência doméstica ou
familiar amparadas por medidas protetivas terão seus
custos ressarcidos pelo agressor.
Art. 9º A assistência à mulher em situação de violência
doméstica e familiar será prestada de forma articulada e § 6º O ressarcimento de que tratam os §§ 4º e 5º deste

811
artigo não poderá importar ônus de qualquer natureza testemunhas terão contato direto com investigados ou
ao patrimônio da mulher e dos seus dependentes, nem suspeitos e pessoas a eles relacionadas;
configurar atenuante ou ensejar possibilidade de subs- III - não revitimização da depoente, evitando sucessivas
tituição da pena aplicada. inquirições sobre o mesmo fato nos âmbitos criminal,
§ 7º A mulher em situação de violência doméstica e cível e administrativo, bem como questionamentos so-
familiar tem prioridade para matricular seus dependen- bre a vida privada.
tes em instituição de educação básica mais próxima de § 2º Na inquirição de mulher em situação de violência
seu domicílio, ou transferi-los para essa instituição, doméstica e familiar ou de testemunha de delitos de que
mediante a apresentação dos documentos comproba- trata esta Lei, adotar-se-á, preferencialmente, o seguin-
tórios do registro da ocorrência policial ou do processo te procedimento:
de violência doméstica e familiar em curso. (Incluído
pela Lei nº 13.882, de 2019) I - a inquirição será feita em recinto especialmente pro-
jetado para esse fim, o qual conterá os equipamentos
§ 8º Serão sigilosos os dados da ofendida e de seus próprios e adequados à idade da mulher em situação de
dependentes matriculados ou transferidos conforme o violência doméstica e familiar ou testemunha e ao tipo
disposto no § 7º deste artigo, e o acesso às informa- e à gravidade da violência sofrida;
ções será reservado ao juiz, ao Ministério Público e aos
órgãos competentes do poder público. (Incluído pela II - quando for o caso, a inquirição será intermediada
Lei nº 13.882, de 2019) por profissional especializado em violência doméstica
e familiar designado pela autoridade judiciária ou po-
CAPÍTULO III licial;
DO ATENDIMENTO PELA III - o depoimento será registrado em meio eletrônico
AUTORIDADE POLICIAL ou magnético, devendo a degravação e a mídia integrar
o inquérito.

Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de vio- Art. 11. No atendimento à mulher em situação de vio-
lência doméstica e familiar contra a mulher, a autori- lência doméstica e familiar, a autoridade policial deverá,
dade policial que tomar conhecimento da ocorrência entre outras providências:
adotará, de imediato, as providências legais cabíveis.
I - garantir proteção policial, quando necessário, comu-
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste nicando de imediato ao Ministério Público e ao Poder
artigo ao descumprimento de medida protetiva de ur- Judiciário;
gência deferida.
II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saú-
Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência de e ao Instituto Médico Legal;
doméstica e familiar o atendimento policial e pericial III - fornecer transporte para a ofendida e seus depen-
especializado, ininterrupto e prestado por servidores dentes para abrigo ou local seguro, quando houver
- preferencialmente do sexo feminino - previamente risco de vida;
capacitados.
IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegu-
§ 1º A inquirição de mulher em situação de violência rar a retirada de seus pertences do local da ocorrência
doméstica e familiar ou de testemunha de violência ou do domicílio familiar;
doméstica, quando se tratar de crime contra a mulher,
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos
obedecerá às seguintes diretrizes:
nesta Lei e os serviços disponíveis, inclusive os de as-
I - salvaguarda da integridade física, psíquica e emocio- sistência judiciária para o eventual ajuizamento perante
nal da depoente, considerada a sua condição peculiar o juízo competente da ação de separação judicial, de
de pessoa em situação de violência doméstica e fami- divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução
liar; de união estável. (Redação dada pela Lei nº 13.894,
II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher em de 2019)
situação de violência doméstica e familiar, familiares e
Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e

812
familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrência, tos de saúde.
deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os se-
guintes procedimentos, sem prejuízo daqueles previs- Art. 12-A. Os Estados e o Distrito Federal, na formu-
tos no Código de Processo Penal: lação de suas políticas e planos de atendimento à
I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e mulher em situação de violência doméstica e familiar,
tomar a representação a termo, se apresentada; darão prioridade, no âmbito da Polícia Civil, à criação
de Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher
II - colher todas as provas que servirem para o esclare- (Deams), de Núcleos Investigativos de Feminicídio e de
cimento do fato e de suas circunstâncias; equipes especializadas para o atendimento e a investi-
III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, gação das violências graves contra a mulher.
expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida,
para a concessão de medidas protetivas de urgência; Art. 12-B. (VETADO).
IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de § 1º (VETADO).
delito da ofendida e requisitar outros exames periciais § 2º (VETADO.
necessários;
§ 3º A autoridade policial poderá requisitar os serviços
V - ouvir o agressor e as testemunhas; públicos necessários à defesa da mulher em situação de
VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar violência doméstica e familiar e de seus dependentes.
aos autos sua folha de antecedentes criminais, indican-
do a existência de mandado de prisão ou registro de Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou
outras ocorrências policiais contra ele; iminente à vida ou à integridade física da mulher em
situação de violência doméstica e familiar, ou de seus
VI-A - verificar se o agressor possui registro de porte
dependentes, o agressor será imediatamente afastado
ou posse de arma de fogo e, na hipótese de existência,
do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendi-
juntar aos autos essa informação, bem como notificar a
da: (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
ocorrência à instituição responsável pela concessão do
registro ou da emissão do porte, nos termos da Lei nº I - pela autoridade judicial; (Incluído pela Lei nº
10.826, de 22 de dezembro de 2003 (Estatuto do Desar- 13.827, de 2019)
mamento); (Incluído pela Lei nº 13.880, de 2019) II - pelo delegado de polícia, quando o Município não
VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito poli- for sede de comarca; ou (Incluído pela Lei nº 13.827,
cial ao juiz e ao Ministério Público. de 2019)
§ 1º O pedido da ofendida será tomado a termo pela III - pelo policial, quando o Município não for sede de
autoridade policial e deverá conter: comarca e não houver delegado disponível no momento
da denúncia. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
I - qualificação da ofendida e do agressor;
§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste
II - nome e idade dos dependentes;
artigo, o juiz será comunicado no prazo máximo de 24
III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas (vinte e quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre
solicitadas pela ofendida. a manutenção ou a revogação da medida aplicada, de-
IV - informação sobre a condição de a ofendida ser pes- vendo dar ciência ao Ministério Público concomitante-
soa com deficiência e se da violência sofrida resultou mente. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
deficiência ou agravamento de deficiência preexistente. § 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida
(Incluído pela Lei nº 13.836, de 2019) ou à efetividade da medida protetiva de urgência, não
será concedida liberdade provisória ao preso. (Incluí-
§ 2º A autoridade policial deverá anexar ao documento do pela Lei nº 13.827, de 2019)
referido no § 1º o boletim de ocorrência e cópia de to-
dos os documentos disponíveis em posse da ofendida. TÍTULO IV
§ 3º Serão admitidos como meios de prova os laudos DOS PROCEDIMENTOS
ou prontuários médicos fornecidos por hospitais e pos-

813
CAPÍTULO I antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministé-
DISPOSIÇÕES GERAIS rio Público.

Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência


Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução das doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta
causas cíveis e criminais decorrentes da prática de vio- básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a
lência doméstica e familiar contra a mulher aplicar-se- substituição de pena que implique o pagamento isolado
-ão as normas dos Códigos de Processo Penal e Pro- de multa.
cesso Civil e da legislação específica relativa à criança,
ao adolescente e ao idoso que não conflitarem com o
estabelecido nesta Lei. CAPÍTULO II
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA
Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Fami-
liar contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com Seção I
competência cível e criminal, poderão ser criados pela
Disposições Gerais
União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Es-
tados, para o processo, o julgamento e a execução das
causas decorrentes da prática de violência doméstica e Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofen-
familiar contra a mulher. dida, caberá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito)
horas:
Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-
-se em horário noturno, conforme dispuserem as nor- I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre
mas de organização judiciária. as medidas protetivas de urgência;
II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão
Art. 14-A. A ofendida tem a opção de propor ação de de assistência judiciária, quando for o caso, inclusive
divórcio ou de dissolução de união estável no Juizado para o ajuizamento da ação de separação judicial, de
de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. (In- divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução
cluído pela Lei nº 13.894, de 2019) de união estável perante o juízo competente; (Redação
§ 1º Exclui-se da competência dos Juizados de Violên- dada pela Lei nº 13.894, de 2019)
cia Doméstica e Familiar contra a Mulher a pretensão III - comunicar ao Ministério Público para que adote as
relacionada à partilha de bens. (Incluído pela Lei nº providências cabíveis.
13.894, de 2019)
IV - determinar a apreensão imediata de arma de
§ 2º Iniciada a situação de violência doméstica e fa- fogo sob a posse do agressor. (Incluído pela Lei nº
miliar após o ajuizamento da ação de divórcio ou de 13.880, de 2019)
dissolução de união estável, a ação terá preferência no
juízo onde estiver. (Incluído pela Lei nº 13.894, de Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser
2019) concedidas pelo juiz, a requerimento do Ministério Pú-
blico ou a pedido da ofendida.
Art. 15. É competente, por opção da ofendida, para os
processos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado: § 1º As medidas protetivas de urgência poderão ser
concedidas de imediato, independentemente de audiên-
I - do seu domicílio ou de sua residência; cia das partes e de manifestação do Ministério Público,
II - do lugar do fato em que se baseou a demanda; devendo este ser prontamente comunicado.
III - do domicílio do agressor. § 2º As medidas protetivas de urgência serão aplicadas
isolada ou cumulativamente, e poderão ser substituídas
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à re- a qualquer tempo por outras de maior eficácia, sempre
presentação da ofendida de que trata esta Lei, só será que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaça-
admitida a renúncia à representação perante o juiz, em dos ou violados.
audiência especialmente designada com tal finalidade, § 3º Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Públi-

814
co ou a pedido da ofendida, conceder novas medidas servar a integridade física e psicológica da ofendida;
protetivas de urgência ou rever aquelas já concedidas, IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes
se entender necessário à proteção da ofendida, de seus menores, ouvida a equipe de atendimento multidiscipli-
familiares e de seu patrimônio, ouvido o Ministério nar ou serviço similar;
Público.
V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da VI – comparecimento do agressor a programas de recu-
instrução criminal, caberá a prisão preventiva do agres- peração e reeducação; e (Incluído pela Lei nº 13.984,
sor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do de 2020)
Ministério Público ou mediante representação da au-
toridade policial. VII – acompanhamento psicossocial do agressor, por
meio de atendimento individual e/ou em grupo de
Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preven- apoio. (Incluído pela Lei nº 13.984, de 2020)
tiva se, no curso do processo, verificar a falta de motivo
para que subsista, bem como de novo decretá-la, se § 1º As medidas referidas neste artigo não impedem a
sobrevierem razões que a justifiquem. aplicação de outras previstas na legislação em vigor,
sempre que a segurança da ofendida ou as circunstân-
cias o exigirem, devendo a providência ser comunicada
Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos pro-
ao Ministério Público.
cessuais relativos ao agressor, especialmente dos per-
tinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo § 2º Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-
da intimação do advogado constituído ou do defensor -se o agressor nas condições mencionadas no caput e
público. incisos do art. 6º da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro
de 2003, o juiz comunicará ao respectivo órgão, corpo-
Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar inti-
ração ou instituição as medidas protetivas de urgência
mação ou notificação ao agressor .
concedidas e determinará a restrição do porte de armas,
ficando o superior imediato do agressor responsável
Seção II pelo cumprimento da determinação judicial, sob pena
Das Medidas Protetivas de de incorrer nos crimes de prevaricação ou de desobedi-
Urgência que Obrigam o Agressor ência, conforme o caso.
§ 3º Para garantir a efetividade das medidas protetivas
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e de urgência, poderá o juiz requisitar, a qualquer mo-
familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz mento, auxílio da força policial.
poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto § 4º Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no
ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de que couber, o disposto no caput e nos §§ 5º e 6º do art.
urgência, entre outras: 461 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, de Processo Civil).
com comunicação ao órgão competente, nos termos
da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 ; Seção III
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivên- Das Medidas Protetivas
cia com a ofendida; de Urgência à Ofendida
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais:
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo
testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre de outras medidas:
estes e o agressor; I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a pro-
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemu- grama oficial ou comunitário de proteção ou de aten-
nhas por qualquer meio de comunicação; dimento;

c) freqüentação de determinados lugares a fim de pre- II - determinar a recondução da ofendida e a de seus


dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento

815
do agressor; outras sanções cabíveis.
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem
prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos CAPÍTULO III
e alimentos; DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
IV - determinar a separação de corpos.
Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando não for
V - determinar a matrícula dos dependentes da ofendida
parte, nas causas cíveis e criminais decorrentes da vio-
em instituição de educação básica mais próxima do seu
lência doméstica e familiar contra a mulher.
domicílio, ou a transferência deles para essa instituição,
independentemente da existência de vaga. (Incluído
pela Lei nº 13.882, de 2019) Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de
outras atribuições, nos casos de violência doméstica e
familiar contra a mulher, quando necessário:
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da so-
ciedade conjugal ou daqueles de propriedade particular I - requisitar força policial e serviços públicos de saú-
da mulher, o juiz poderá determinar, liminarmente, as de, de educação, de assistência social e de segurança,
seguintes medidas, entre outras: entre outros;
I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e particula-
agressor à ofendida; res de atendimento à mulher em situação de violência
doméstica e familiar, e adotar, de imediato, as medidas
II - proibição temporária para a celebração de atos e
administrativas ou judiciais cabíveis no tocante a quais-
contratos de compra, venda e locação de propriedade
quer irregularidades constatadas;
em comum, salvo expressa autorização judicial;
III - cadastrar os casos de violência doméstica e familiar
III - suspensão das procurações conferidas pela ofen-
contra a mulher.
dida ao agressor;
IV - prestação de caução provisória, mediante depósito CAPÍTULO IV
judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da
prática de violência doméstica e familiar contra a ofen-
DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
dida.
Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis e crimi-
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório com-
nais, a mulher em situação de violência doméstica e
petente para os fins previstos nos incisos II e III deste
familiar deverá estar acompanhada de advogado, res-
artigo.
salvado o previsto no art. 19 desta Lei.

Seção IV Art. 28. É garantido a toda mulher em situação de vio-


(Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018) lência doméstica e familiar o acesso aos serviços de
Do Crime de Descumprimento de Medidas Defensoria Pública ou de Assistência Judiciária Gratui-
Protetivas de Urgência Descumprimento ta, nos termos da lei, em sede policial e judicial, me-
de Medidas Protetivas de Urgência diante atendimento específico e humanizado.

TÍTULO V
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medi-
das protetivas de urgência previstas nesta Lei: DA EQUIPE DE ATENDIMENTO
MULTIDISCIPLINAR
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.
§ 1º A configuração do crime independe da competên- Art. 29. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar
cia civil ou criminal do juiz que deferiu as medidas. contra a Mulher que vierem a ser criados poderão con-
§ 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a auto- tar com uma equipe de atendimento multidisciplinar, a
ridade judicial poderá conceder fiança. ser integrada por profissionais especializados nas áreas
psicossocial, jurídica e de saúde.
§ 3º O disposto neste artigo não exclui a aplicação de

816
Art. 30. Compete à equipe de atendimento multidisci- de violência doméstica e familiar;
plinar, entre outras atribuições que lhe forem reserva- II - casas-abrigos para mulheres e respectivos depen-
das pela legislação local, fornecer subsídios por escrito dentes menores em situação de violência doméstica e
ao juiz, ao Ministério Público e à Defensoria Pública, familiar;
mediante laudos ou verbalmente em audiência, e de-
senvolver trabalhos de orientação, encaminhamento, III - delegacias, núcleos de defensoria pública, serviços
prevenção e outras medidas, voltados para a ofendida, de saúde e centros de perícia médico-legal especializa-
o agressor e os familiares, com especial atenção às dos no atendimento à mulher em situação de violência
crianças e aos adolescentes. doméstica e familiar;
IV - programas e campanhas de enfrentamento da vio-
Art. 31. Quando a complexidade do caso exigir ava- lência doméstica e familiar;
liação mais aprofundada, o juiz poderá determinar a
manifestação de profissional especializado, mediante V - centros de educação e de reabilitação para os agres-
a indicação da equipe de atendimento multidisciplinar. sores.

Art. 32. O Poder Judiciário, na elaboração de sua pro- Art. 36. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
posta orçamentária, poderá prever recursos para a cria- nicípios promoverão a adaptação de seus órgãos e de
ção e manutenção da equipe de atendimento multidis- seus programas às diretrizes e aos princípios desta Lei.
ciplinar, nos termos da Lei de Diretrizes Orçamentárias.
Art. 37. A defesa dos interesses e direitos transindivi-
duais previstos nesta Lei poderá ser exercida, concor-
TÍTULO VI rentemente, pelo Ministério Público e por associação
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS de atuação na área, regularmente constituída há pelo
menos um ano, nos termos da legislação civil.
Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de Vio- Parágrafo único. O requisito da pré-constituição poderá
lência Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas ser dispensado pelo juiz quando entender que não há
criminais acumularão as competências cível e criminal outra entidade com representatividade adequada para o
para conhecer e julgar as causas decorrentes da prática ajuizamento da demanda coletiva.
de violência doméstica e familiar contra a mulher, ob-
servadas as previsões do Título IV desta Lei, subsidiada Art. 38. As estatísticas sobre a violência doméstica e
pela legislação processual pertinente. familiar contra a mulher serão incluídas nas bases de
Parágrafo único. Será garantido o direito de preferência, dados dos órgãos oficiais do Sistema de Justiça e Se-
nas varas criminais, para o processo e o julgamento das gurança a fim de subsidiar o sistema nacional de dados
causas referidas no caput. e informações relativo às mulheres.
Parágrafo único. As Secretarias de Segurança Pública
TÍTULO VII dos Estados e do Distrito Federal poderão remeter suas
DISPOSIÇÕES FINAIS informações criminais para a base de dados do Minis-
tério da Justiça.
Art. 34. A instituição dos Juizados de Violência Domés-
tica e Familiar contra a Mulher poderá ser acompanha- Art. 38-A. O juiz competente providenciará o registro
da pela implantação das curadorias necessárias e do da medida protetiva de urgência. (Incluído pela Lei nº
serviço de assistência judiciária. 13.827, de 2019)
Parágrafo único. As medidas protetivas de urgência
Art. 35. A União, o Distrito Federal, os Estados e os serão registradas em banco de dados mantido e regula-
Municípios poderão criar e promover, no limite das res- mentado pelo Conselho Nacional de Justiça, garantido
pectivas competências: o acesso do Ministério Público, da Defensoria Pública
e dos órgãos de segurança pública e de assistência
I - centros de atendimento integral e multidisciplinar
social, com vistas à fiscalização e à efetividade das
para mulheres e respectivos dependentes em situação
medidas protetivas. (Incluído pela Lei nº 13.827, de

817
2019) Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três)
anos.
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu- ..................................................................
nicípios, no limite de suas competências e nos termos
das respectivas leis de diretrizes orçamentárias, pode- § 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena
rão estabelecer dotações orçamentárias específicas, em será aumentada de um terço se o crime for
cada exercício financeiro, para a implementação das cometido contra pessoa portadora de defici-
medidas estabelecidas nesta Lei. ência.” (NR)

Art. 40. As obrigações previstas nesta Lei não excluem Art. 45. O art. 152 da Lei nº 7.210, de 11 de julho de
outras decorrentes dos princípios por ela adotados. 1984 (Lei de Execução Penal), passa a vigorar com a
seguinte redação:
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica “Art. 152. ...................................................
e familiar contra a mulher, independentemente da pena
Parágrafo único. Nos casos de violência
prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de setembro
doméstica contra a mulher, o juiz poderá
de 1995.
determinar o comparecimento obrigatório do
agressor a programas de recuperação e ree-
Art. 42. O art. 313 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de
ducação.” (NR)
outubro de 1941 (Código de Processo Penal), passa a
vigorar acrescido do seguinte inciso IV:
Art. 46. Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e cinco)
“Art. 313. ................................................. dias após sua publicação.
IV - se o crime envolver violência doméstica
e familiar contra a mulher, nos termos da lei Brasília, 7 de agosto de 2006; 185º da Independência e
específica, para garantir a execução das me- 118º da República.
didas protetivas de urgência.” (NR)
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Art. 43. A alínea f do inciso II do art. 61 do Decreto-Lei Dilma Rousseff
nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal),
passa a vigorar com a seguinte redação: Este texto não substitui o publicado no DOU de
“Art. 61. .................................................. 8.8.2006
II - ............................................................
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo- LEI DE DROGAS - Lei nº 11.343,
-se de relações domésticas, de coabitação ou de 23 de agosto de 2006
de hospitalidade, ou com violência contra a
mulher na forma da lei específica; ” (NR) Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas
sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para
Art. 44. O art. 129 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção
dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com social de usuários e dependentes de drogas; es-
as seguintes alterações: tabelece normas para repressão à produção não
“Art. 129. .................................................. autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define
crimes e dá outras providências.
§ 9º Se a lesão for praticada contra ascenden-
te, descendente, irmão, cônjuge ou compa- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
nheiro, ou com quem conviva ou tenha con- Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
vivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente Lei:
das relações domésticas, de coabitação ou de
hospitalidade:
TÍTULO I

818
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES co de Saúde - SUS, e com o Sistema Único de Assis-
tência Social - SUAS. (Incluído pela Lei nº 13.840,
de 2019)
Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas
Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas
para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção CAPÍTULO I
social de usuários e dependentes de drogas; estabelece DOS PRINCÍPIOS E DOS OBJETIVOS
normas para repressão à produção não autorizada e ao DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS
tráfico ilícito de drogas e define crimes. PÚBLICAS SOBRE DROGAS
Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se
como drogas as substâncias ou os produtos capazes Art. 4º São princípios do Sisnad:
de causar dependência, assim especificados em lei ou
relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo I - o respeito aos direitos fundamentais da pessoa hu-
Poder Executivo da União. mana, especialmente quanto à sua autonomia e à sua
liberdade;
Art. 2º Ficam proibidas, em todo o território nacional, as II - o respeito à diversidade e às especificidades popu-
drogas, bem como o plantio, a cultura, a colheita e a ex- lacionais existentes;
ploração de vegetais e substratos dos quais possam ser
III - a promoção dos valores éticos, culturais e de cida-
extraídas ou produzidas drogas, ressalvada a hipótese
dania do povo brasileiro, reconhecendo-os como fato-
de autorização legal ou regulamentar, bem como o que
res de proteção para o uso indevido de drogas e outros
estabelece a Convenção de Viena, das Nações Unidas,
comportamentos correlacionados;
sobre Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a respeito
de plantas de uso estritamente ritualístico-religioso. IV - a promoção de consensos nacionais, de ampla
participação social, para o estabelecimento dos funda-
Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio, a cul-
mentos e estratégias do Sisnad;
tura e a colheita dos vegetais referidos no caput deste
artigo, exclusivamente para fins medicinais ou científi- V - a promoção da responsabilidade compartilhada en-
cos, em local e prazo predeterminados, mediante fis- tre Estado e Sociedade, reconhecendo a importância da
calização, respeitadas as ressalvas supramencionadas. participação social nas atividades do Sisnad;
VI - o reconhecimento da intersetorialidade dos fatores
TÍTULO II correlacionados com o uso indevido de drogas, com a
DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS sua produção não autorizada e o seu tráfico ilícito;
PÚBLICAS SOBRE DROGAS VII - a integração das estratégias nacionais e interna-
cionais de prevenção do uso indevido, atenção e rein-
Art. 3º O Sisnad tem a finalidade de articular, integrar, serção social de usuários e dependentes de drogas e
organizar e coordenar as atividades relacionadas com: de repressão à sua produção não autorizada e ao seu
tráfico ilícito;
I - a prevenção do uso indevido, a atenção e a reinser-
ção social de usuários e dependentes de drogas; VIII - a articulação com os órgãos do Ministério Público
e dos Poderes Legislativo e Judiciário visando à coope-
II - a repressão da produção não autorizada e do tráfico ração mútua nas atividades do Sisnad;
ilícito de drogas.
IX - a adoção de abordagem multidisciplinar que re-
§ 1º Entende-se por Sisnad o conjunto ordenado de conheça a interdependência e a natureza complementar
princípios, regras, critérios e recursos materiais e hu- das atividades de prevenção do uso indevido, atenção e
manos que envolvem as políticas, planos, programas, reinserção social de usuários e dependentes de drogas,
ações e projetos sobre drogas, incluindo-se nele, por repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito
adesão, os Sistemas de Políticas Públicas sobre Drogas de drogas;
dos Estados, Distrito Federal e Municípios. (Incluído
pela Lei nº 13.840, de 2019) X - a observância do equilíbrio entre as atividades de
prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social
§ 2º O Sisnad atuará em articulação com o Sistema Úni- de usuários e dependentes de drogas e de repressão

819
à sua produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito, Seção II
visando a garantir a estabilidade e o bem-estar social; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
XI - a observância às orientações e normas emanadas Das Competências
do Conselho Nacional Antidrogas - Conad.
Art. 8º-A. Compete à União: (Incluído pela Lei nº
Art. 5º O Sisnad tem os seguintes objetivos: 13.840, de 2019)
I - contribuir para a inclusão social do cidadão, visando I - formular e coordenar a execução da Política Nacio-
a torná-lo menos vulnerável a assumir comportamentos nal sobre Drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de
de risco para o uso indevido de drogas, seu tráfico ilíci- 2019)
to e outros comportamentos correlacionados;
II - elaborar o Plano Nacional de Políticas sobre Drogas,
II - promover a construção e a socialização do conheci- em parceria com Estados, Distrito Federal, Municípios e
mento sobre drogas no país; a sociedade; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
III - promover a integração entre as políticas de pre- III - coordenar o Sisnad; (Incluído pela Lei nº 13.840,
venção do uso indevido, atenção e reinserção social de de 2019)
usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua
produção não autorizada e ao tráfico ilícito e as políti- IV - estabelecer diretrizes sobre a organização e fun-
cas públicas setoriais dos órgãos do Poder Executivo cionamento do Sisnad e suas normas de referência;
da União, Distrito Federal, Estados e Municípios; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
IV - assegurar as condições para a coordenação, a in- V - elaborar objetivos, ações estratégicas, metas, prio-
tegração e a articulação das atividades de que trata o ridades, indicadores e definir formas de financiamento
art. 3º desta Lei. e gestão das políticas sobre drogas; (Incluído pela Lei
nº 13.840, de 2019)
CAPÍTULO II VI – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.840, de
(Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
2019) DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTI- VII – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.840, de
CAS PÚBLICAS SOBRE DROGAS 2019)
VIII - promover a integração das políticas sobre drogas
Seção I com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; (In-
cluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Da Composição do Sistema Nacional de IX - financiar, com Estados, Distrito Federal e Municí-
Políticas Públicas sobre Drogas pios, a execução das políticas sobre drogas, observa-
das as obrigações dos integrantes do Sisnad; (Incluído
pela Lei nº 13.840, de 2019)
Art. 6º (VETADO)
X - estabelecer formas de colaboração com Estados,
Art. 7º A organização do Sisnad assegura a orientação Distrito Federal e Municípios para a execução das polí-
central e a execução descentralizada das atividades re- ticas sobre drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de
alizadas em seu âmbito, nas esferas federal, distrital, 2019)
estadual e municipal e se constitui matéria definida no XI - garantir publicidade de dados e informações sobre
regulamento desta Lei. repasses de recursos para financiamento das políti-
cas sobre drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de
Art. 7º-A. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, 2019)
de 2019) XII - sistematizar e divulgar os dados estatísticos nacio-
nais de prevenção, tratamento, acolhimento, reinserção
Art. 8º (VETADO) social e econômica e repressão ao tráfico ilícito de dro-
gas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

820
XIII - adotar medidas de enfretamento aos crimes 13.840, de 2019)
transfronteiriços; e (Incluído pela Lei nº 13.840, de
V - promover o acesso do usuário ou dependente de
2019)
drogas a todos os serviços públicos; (Incluído pela
XIV - estabelecer uma política nacional de controle de Lei nº 13.840, de 2019)
fronteiras, visando a coibir o ingresso de drogas no
VI - estabelecer diretrizes para garantir a efetividade dos
País. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
programas, ações e projetos das políticas sobre drogas;
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Art. 8º-B . (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840,
de 2019) VII - fomentar a criação de serviço de atendimento te-
lefônico com orientações e informações para apoio aos
Art. 8º-C. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, usuários ou dependentes de drogas; (Incluído pela
de 2019) Lei nº 13.840, de 2019)
VIII - articular programas, ações e projetos de incentivo
CAPÍTULO II-A ao emprego, renda e capacitação para o trabalho, com
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) objetivo de promover a inserção profissional da pessoa
que haja cumprido o plano individual de atendimento
DA FORMULAÇÃO DAS POLÍTICAS SOBRE
nas fases de tratamento ou acolhimento; (Incluído
DROGAS pela Lei nº 13.840, de 2019)
IX - promover formas coletivas de organização para o
Seção I trabalho, redes de economia solidária e o cooperativis-
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) mo, como forma de promover autonomia ao usuário ou
Do Plano Nacional de Políticas sobre dependente de drogas egresso de tratamento ou aco-
Drogas lhimento, observando-se as especificidades regionais;
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

Art. 8º-D. São objetivos do Plano Nacional de Políticas X - propor a formulação de políticas públicas que con-
sobre Drogas, dentre outros: (Incluído pela Lei nº duzam à efetivação das diretrizes e princípios previstos
13.840, de 2019) no art. 22; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

I - promover a interdisciplinaridade e integração dos XI - articular as instâncias de saúde, assistência social


programas, ações, atividades e projetos dos órgãos e e de justiça no enfrentamento ao abuso de drogas; e
entidades públicas e privadas nas áreas de saúde, edu- (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
cação, trabalho, assistência social, previdência social, XII - promover estudos e avaliação dos resultados das
habitação, cultura, desporto e lazer, visando à preven- políticas sobre drogas. (Incluído pela Lei nº 13.840,
ção do uso de drogas, atenção e reinserção social dos de 2019)
usuários ou dependentes de drogas; (Incluído pela
§ 1º O plano de que trata o caput terá duração de 5
Lei nº 13.840, de 2019)
(cinco) anos a contar de sua aprovação.
II - viabilizar a ampla participação social na formulação,
§ 2º O poder público deverá dar a mais ampla divulga-
implementação e avaliação das políticas sobre drogas;
ção ao conteúdo do Plano Nacional de Políticas sobre
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Drogas.
III - priorizar programas, ações, atividades e projetos
articulados com os estabelecimentos de ensino, com Seção II
a sociedade e com a família para a prevenção do uso
de drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Dos Conselhos de Políticas sobre Drogas
IV - ampliar as alternativas de inserção social e econô-
mica do usuário ou dependente de drogas, promovendo
programas que priorizem a melhoria de sua escolariza- Art. 8º-E. Os conselhos de políticas sobre drogas,
ção e a qualificação profissional; (Incluído pela Lei nº constituídos por Estados, Distrito Federal e Municípios,
terão os seguintes objetivos: (Incluído pela Lei nº

821
13.840, de 2019) Art. 13. (VETADO)
I - auxiliar na elaboração de políticas sobre drogas; (In-
cluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Art. 14. (VETADO)

II - colaborar com os órgãos governamentais no pla-


CAPÍTULO IV
nejamento e na execução das políticas sobre drogas,
visando à efetividade das políticas sobre drogas; (In- (Redação dada pela Lei nº 13.840, de
cluído pela Lei nº 13.840, de 2019) 2019)
III - propor a celebração de instrumentos de coopera-
DO ACOMPANHAMENTO E DA AVALIAÇÃO
ção, visando à elaboração de programas, ações, ativi- DAS POLÍTICAS SOBRE DROGAS
dades e projetos voltados à prevenção, tratamento, aco-
lhimento, reinserção social e econômica e repressão ao Art. 15. (VETADO)
tráfico ilícito de drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840,
de 2019) Art. 16. As instituições com atuação nas áreas da aten-
IV - promover a realização de estudos, com o objetivo ção à saúde e da assistência social que atendam usu-
de subsidiar o planejamento das políticas sobre drogas; ários ou dependentes de drogas devem comunicar ao
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) órgão competente do respectivo sistema municipal de
saúde os casos atendidos e os óbitos ocorridos, preser-
V - propor políticas públicas que permitam a integração vando a identidade das pessoas, conforme orientações
e a participação do usuário ou dependente de drogas no emanadas da União.
processo social, econômico, político e cultural no res-
pectivo ente federado; e (Incluído pela Lei nº 13.840, Art. 17. Os dados estatísticos nacionais de repressão ao
de 2019) tráfico ilícito de drogas integrarão sistema de informa-
VI - desenvolver outras atividades relacionadas às ções do Poder Executivo.
políticas sobre drogas em consonância com o Sisnad
e com os respectivos planos. (Incluído pela Lei nº TÍTULO III
13.840, de 2019) DAS ATIVIDADES DE PREVENÇÃO DO
USO INDEVIDO, ATENÇÃO E REINSERÇÃO
Seção III
SOCIAL DE USUÁRIOS E DEPENDENTES
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
DE DROGAS
Dos Membros dos Conselhos de
Políticas sobre Drogas
CAPÍTULO I
Art. 8º-F. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de
DA PREVENÇÃO
2019)
Seção I
CAPÍTULO III (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
(VETADO) Das Diretrizes

Art. 9º (VETADO) Art. 18. Constituem atividades de prevenção do uso


indevido de drogas, para efeito desta Lei, aquelas dire-
Art. 10. (VETADO) cionadas para a redução dos fatores de vulnerabilidade
e risco e para a promoção e o fortalecimento dos fatores
Art. 11. (VETADO) de proteção.

Art. 12. (VETADO) Art. 19. As atividades de prevenção do uso indevido


de drogas devem observar os seguintes princípios e

822
diretrizes: XIII - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle
social de políticas setoriais específicas.
I - o reconhecimento do uso indevido de drogas como
fator de interferência na qualidade de vida do indivíduo Parágrafo único. As atividades de prevenção do uso
e na sua relação com a comunidade à qual pertence; indevido de drogas dirigidas à criança e ao adolescente
deverão estar em consonância com as diretrizes emana-
II - a adoção de conceitos objetivos e de fundamentação
das pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e
científica como forma de orientar as ações dos serviços
do Adolescente - Conanda.
públicos comunitários e privados e de evitar preconcei-
tos e estigmatização das pessoas e dos serviços que
as atendam; Seção II
III - o fortalecimento da autonomia e da responsabili-
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
dade individual em relação ao uso indevido de drogas; Da Semana Nacional de Políticas Sobre
IV - o compartilhamento de responsabilidades e a co-
Drogas
laboração mútua com as instituições do setor privado e
com os diversos segmentos sociais, incluindo usuários Art. 19-A. Fica instituída a Semana Nacional de Políti-
e dependentes de drogas e respectivos familiares, por cas sobre Drogas, comemorada anualmente, na quarta
meio do estabelecimento de parcerias; semana de junho. (Incluído pela Lei nº 13.840, de
2019)
V - a adoção de estratégias preventivas diferenciadas
e adequadas às especificidades socioculturais das di- § 1º No período de que trata o caput , serão intensifi-
versas populações, bem como das diferentes drogas cadas as ações de: (Incluído pela Lei nº 13.840, de
utilizadas; 2019)
VI - o reconhecimento do “não-uso”, do “retardamento I - difusão de informações sobre os problemas de-
do uso” e da redução de riscos como resultados dese- correntes do uso de drogas; (Incluído pela Lei nº
jáveis das atividades de natureza preventiva, quando da 13.840, de 2019)
definição dos objetivos a serem alcançados; II - promoção de eventos para o debate público sobre as
VII - o tratamento especial dirigido às parcelas mais políticas sobre drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840,
vulneráveis da população, levando em consideração as de 2019)
suas necessidades específicas; III - difusão de boas práticas de prevenção, tratamento,
VIII - a articulação entre os serviços e organizações que acolhimento e reinserção social e econômica de usu-
atuam em atividades de prevenção do uso indevido de ários de drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de
drogas e a rede de atenção a usuários e dependentes de 2019)
drogas e respectivos familiares; IV - divulgação de iniciativas, ações e campanhas de
IX - o investimento em alternativas esportivas, cultu- prevenção do uso indevido de drogas; (Incluído pela
rais, artísticas, profissionais, entre outras, como forma Lei nº 13.840, de 2019)
de inclusão social e de melhoria da qualidade de vida; V - mobilização da comunidade para a participação nas
X - o estabelecimento de políticas de formação conti- ações de prevenção e enfrentamento às drogas; (Inclu-
nuada na área da prevenção do uso indevido de drogas ído pela Lei nº 13.840, de 2019)
para profissionais de educação nos 3 (três) níveis de VI - mobilização dos sistemas de ensino previstos
ensino; na Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 - Lei de
XI - a implantação de projetos pedagógicos de pre- Diretrizes e Bases da Educação Nacional , na realização
venção do uso indevido de drogas, nas instituições de de atividades de prevenção ao uso de drogas. (Incluído
ensino público e privado, alinhados às Diretrizes Cur- pela Lei nº 13.840, de 2019)
riculares Nacionais e aos conhecimentos relacionados
CAPÍTULO II
a drogas;
(Redação dada pela Lei nº 13.840, de
XII - a observância das orientações e normas emanadas
2019)
do Conad;

823
DAS ATIVIDADES DE PREVENÇÃO, TRATA- VIII - efetivação de políticas de reinserção social vol-
MENTO, ACOLHIMENTO E DE REINSER- tadas à educação continuada e ao trabalho; (Incluído
pela Lei nº 13.840, de 2019)
ÇÃO SOCIAL E ECONÔMICA DE USUÁRIOS
OU DEPENDENTES DE DROGAS IX - observância do plano individual de atendimento
na forma do art. 23-B desta Lei; (Incluído pela Lei nº
13.840, de 2019)
Seção I
X - orientação adequada ao usuário ou dependente de
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) drogas quanto às consequências lesivas do uso de
Disposições Gerais drogas, ainda que ocasional. (Incluído pela Lei nº
13.840, de 2019)
Art. 20. Constituem atividades de atenção ao usuário
e dependente de drogas e respectivos familiares, para Seção II
efeito desta Lei, aquelas que visem à melhoria da quali- (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
dade de vida e à redução dos riscos e dos danos asso-
Da Educação na Reinserção Social e
ciados ao uso de drogas.
Econômica
Art. 21. Constituem atividades de reinserção social
do usuário ou do dependente de drogas e respectivos Art. 22-A. As pessoas atendidas por órgãos integrantes
familiares, para efeito desta Lei, aquelas direcionadas do Sisnad terão atendimento nos programas de educa-
para sua integração ou reintegração em redes sociais. ção profissional e tecnológica, educação de jovens e
adultos e alfabetização. (Incluído pela Lei nº 13.840,
Art. 22. As atividades de atenção e as de reinserção de 2019)
social do usuário e do dependente de drogas e respec-
tivos familiares devem observar os seguintes princípios Seção III
e diretrizes: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
I - respeito ao usuário e ao dependente de drogas, inde- Do Trabalho na Reinserção Social e
pendentemente de quaisquer condições, observados os Econômica
direitos fundamentais da pessoa humana, os princípios
e diretrizes do Sistema Único de Saúde e da Política
Nacional de Assistência Social; Art. 22-B. (VETADO).

II - a adoção de estratégias diferenciadas de atenção e


Seção IV
reinserção social do usuário e do dependente de drogas
e respectivos familiares que considerem as suas pecu- (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
liaridades socioculturais; Do Tratamento do Usuário ou Dependente
III - definição de projeto terapêutico individualizado,
de Drogas
orientado para a inclusão social e para a redução de
riscos e de danos sociais e à saúde; Art. 23. As redes dos serviços de saúde da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios desenvol-
IV - atenção ao usuário ou dependente de drogas e aos
verão programas de atenção ao usuário e ao dependen-
respectivos familiares, sempre que possível, de forma
te de drogas, respeitadas as diretrizes do Ministério da
multidisciplinar e por equipes multiprofissionais;
Saúde e os princípios explicitados no art. 22 desta Lei,
V - observância das orientações e normas emanadas obrigatória a previsão orçamentária adequada.
do Conad;
VI - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle Art. 23-A. O tratamento do usuário ou dependente de
social de políticas setoriais específicas. drogas deverá ser ordenado em uma rede de atenção
à saúde, com prioridade para as modalidades de tra-
VII - estímulo à capacitação técnica e profissional; (In- tamento ambulatorial, incluindo excepcionalmente for-
cluído pela Lei nº 13.840, de 2019) mas de internação em unidades de saúde e hospitais

824
gerais nos termos de normas dispostas pela União e 13.840, de 2019)
articuladas com os serviços de assistência social e em I - deverá ser precedida de declaração escrita da pessoa
etapas que permitam: (Incluído pela Lei nº 13.840, solicitante de que optou por este regime de tratamento;
de 2019) (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
I - articular a atenção com ações preventivas que atin- II - seu término dar-se-á por determinação do médico
jam toda a população; (Incluído pela Lei nº 13.840, responsável ou por solicitação escrita da pessoa que
de 2019) deseja interromper o tratamento. (Incluído pela Lei nº
II - orientar-se por protocolos técnicos predefinidos, 13.840, de 2019)
baseados em evidências científicas, oferecendo aten- § 5º A internação involuntária: (Incluído pela Lei nº
dimento individualizado ao usuário ou dependente de 13.840, de 2019)
drogas com abordagem preventiva e, sempre que in-
dicado, ambulatorial; (Incluído pela Lei nº 13.840, I - deve ser realizada após a formalização da decisão por
de 2019) médico responsável; (Incluído pela Lei nº 13.840,
de 2019)
III - preparar para a reinserção social e econômica, res-
peitando as habilidades e projetos individuais por meio II - será indicada depois da avaliação sobre o tipo de
de programas que articulem educação, capacitação para droga utilizada, o padrão de uso e na hipótese compro-
o trabalho, esporte, cultura e acompanhamento indivi- vada da impossibilidade de utilização de outras alterna-
dualizado; e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) tivas terapêuticas previstas na rede de atenção à saúde;
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
IV - acompanhar os resultados pelo SUS, Suas e
Sisnad, de forma articulada. (Incluído pela Lei nº III - perdurará apenas pelo tempo necessário à desinto-
13.840, de 2019) xicação, no prazo máximo de 90 (noventa) dias, tendo
seu término determinado pelo médico responsável; (In-
§ 1º Caberá à União dispor sobre os protocolos técni- cluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
cos de tratamento, em âmbito nacional. (Incluído pela
Lei nº 13.840, de 2019) IV - a família ou o representante legal poderá, a qual-
quer tempo, requerer ao médico a interrupção do trata-
§ 2º A internação de dependentes de drogas somente mento. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
será realizada em unidades de saúde ou hospitais ge-
rais, dotados de equipes multidisciplinares e deverá ser § 6º A internação, em qualquer de suas modalidades,
obrigatoriamente autorizada por médico devidamente só será indicada quando os recursos extra-hospitala-
registrado no Conselho Regional de Medicina - CRM res se mostrarem insuficientes. (Incluído pela Lei nº
do Estado onde se localize o estabelecimento no qual 13.840, de 2019)
se dará a internação. (Incluído pela Lei nº 13.840, § 7º Todas as internações e altas de que trata esta Lei
de 2019) deverão ser informadas, em, no máximo, de 72 (seten-
§ 3º São considerados 2 (dois) tipos de internação: (In- ta e duas) horas, ao Ministério Público, à Defensoria
cluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Pública e a outros órgãos de fiscalização, por meio de
sistema informatizado único, na forma do regulamento
I - internação voluntária: aquela que se dá com o con- desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
sentimento do dependente de drogas; (Incluído pela
Lei nº 13.840, de 2019) § 8º É garantido o sigilo das informações disponíveis
no sistema referido no § 7º e o acesso será permitido
II - internação involuntária: aquela que se dá, sem o apenas às pessoas autorizadas a conhecê-las, sob pena
consentimento do dependente, a pedido de familiar ou de responsabilidade. (Incluído pela Lei nº 13.840,
do responsável legal ou, na absoluta falta deste, de ser- de 2019)
vidor público da área de saúde, da assistência social
ou dos órgãos públicos integrantes do Sisnad, com § 9º É vedada a realização de qualquer modalidade de
exceção de servidores da área de segurança pública, internação nas comunidades terapêuticas acolhedoras.
que constate a existência de motivos que justifiquem (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
a medida. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) § 10. O planejamento e a execução do projeto tera-
§ 4º A internação voluntária: (Incluído pela Lei nº pêutico individual deverão observar, no que couber, o

825
previsto na Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001 , que II - os objetivos declarados pelo atendido; (Incluído
dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas por- pela Lei nº 13.840, de 2019)
tadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo III - a previsão de suas atividades de integração social
assistencial em saúde mental. (Incluído pela Lei nº ou capacitação profissional; (Incluído pela Lei nº
13.840, de 2019) 13.840, de 2019)

Seção V IV - atividades de integração e apoio à família; (Incluí-


do pela Lei nº 13.840, de 2019)
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Do Plano Individual de Atendimento V - formas de participação da família para efetivo cum-
primento do plano individual; (Incluído pela Lei nº
13.840, de 2019)
Art. 23-B . O atendimento ao usuário ou dependente de
drogas na rede de atenção à saúde dependerá de: (In- VI - designação do projeto terapêutico mais adequado
cluído pela Lei nº 13.840, de 2019) para o cumprimento do previsto no plano; e (Incluído
pela Lei nº 13.840, de 2019)
I - avaliação prévia por equipe técnica multidisciplinar
e multissetorial; e (Incluído pela Lei nº 13.840, de VII - as medidas específicas de atenção à saúde do
2019) atendido. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

II - elaboração de um Plano Individual de Atendimento - § 6º O PIA será elaborado no prazo de até 30 (trinta)
PIA. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) dias da data do ingresso no atendimento. (Incluído
pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 1º A avaliação prévia da equipe técnica subsidiará a
elaboração e execução do projeto terapêutico individual § 7º As informações produzidas na avaliação e as re-
a ser adotado, levantando no mínimo: (Incluído pela gistradas no plano individual de atendimento são con-
Lei nº 13.840, de 2019) sideradas sigilosas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de
2019)
I - o tipo de droga e o padrão de seu uso; e (Incluído
pela Lei nº 13.840, de 2019) Art. 24. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
II - o risco à saúde física e mental do usuário ou depen- Municípios poderão conceder benefícios às instituições
dente de drogas ou das pessoas com as quais convive. privadas que desenvolverem programas de reinserção
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) no mercado de trabalho, do usuário e do dependente de
drogas encaminhados por órgão oficial.
§ 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de
2019)
Art. 25. As instituições da sociedade civil, sem fins lu-
§ 3º O PIA deverá contemplar a participação dos fami- crativos, com atuação nas áreas da atenção à saúde e
liares ou responsáveis, os quais têm o dever de contri- da assistência social, que atendam usuários ou depen-
buir com o processo, sendo esses, no caso de crianças dentes de drogas poderão receber recursos do Funad,
e adolescentes, passíveis de responsabilização civil, condicionados à sua disponibilidade orçamentária e
administrativa e criminal, nos termos da Lei nº 8.069, financeira.
de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Ado-
lescente . (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Art. 26. O usuário e o dependente de drogas que, em
§ 4º O PIA será inicialmente elaborado sob a responsa- razão da prática de infração penal, estiverem cumprindo
bilidade da equipe técnica do primeiro projeto terapêu- pena privativa de liberdade ou submetidos a medida de
tico que atender o usuário ou dependente de drogas e segurança, têm garantidos os serviços de atenção à sua
será atualizado ao longo das diversas fases do atendi- saúde, definidos pelo respectivo sistema penitenciário.
mento. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 5º Constarão do plano individual, no mínimo: (Inclu- Seção VI
ído pela Lei nº 13.840, de 2019) (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
I - os resultados da avaliação multidisciplinar; (Incluí-
Do Acolhimento em Comunidade
do pela Lei nº 13.840, de 2019) Terapêutica Acolhedora

826
Art. 26-A. O acolhimento do usuário ou dependente de substituídas a qualquer tempo, ouvidos o Ministério
drogas na comunidade terapêutica acolhedora caracte- Público e o defensor.
riza-se por: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
I - oferta de projetos terapêuticos ao usuário ou depen- Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito,
dente de drogas que visam à abstinência; (Incluído transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal,
pela Lei nº 13.840, de 2019) drogas sem autorização ou em desacordo com deter-
minação legal ou regulamentar será submetido às se-
II - adesão e permanência voluntária, formalizadas por guintes penas:
escrito, entendida como uma etapa transitória para a
reinserção social e econômica do usuário ou depen- I - advertência sobre os efeitos das drogas;
dente de drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de II - prestação de serviços à comunidade;
2019)
III - medida educativa de comparecimento a programa
III - ambiente residencial, propício à formação de vín- ou curso educativo.
culos, com a convivência entre os pares, atividades
§ 1º Às mesmas medidas submete-se quem, para seu
práticas de valor educativo e a promoção do desen-
consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas des-
volvimento pessoal, vocacionada para acolhimento ao
tinadas à preparação de pequena quantidade de subs-
usuário ou dependente de drogas em vulnerabilidade
tância ou produto capaz de causar dependência física
social; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
ou psíquica.
IV - avaliação médica prévia; (Incluído pela Lei nº
§ 2º Para determinar se a droga destinava-se a consu-
13.840, de 2019)
mo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade
V - elaboração de plano individual de atendimento na da substância apreendida, ao local e às condições em
forma do art. 23-B desta Lei; e (Incluído pela Lei nº que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais
13.840, de 2019) e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes
VI - vedação de isolamento físico do usuário ou de- do agente.
pendente de drogas. (Incluído pela Lei nº 13.840, § 3º As penas previstas nos incisos II e III do caput
de 2019) deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5
§ 1º Não são elegíveis para o acolhimento as pessoas (cinco) meses.
com comprometimentos biológicos e psicológicos de § 4º Em caso de reincidência, as penas previstas nos
natureza grave que mereçam atenção médico-hospitalar incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo
contínua ou de emergência, caso em que deverão ser prazo máximo de 10 (dez) meses.
encaminhadas à rede de saúde. (Incluído pela Lei nº
§ 5º A prestação de serviços à comunidade será cum-
13.840, de 2019)
prida em programas comunitários, entidades educa-
§ 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de cionais ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos
2019) congêneres, públicos ou privados sem fins lucrativos,
§ 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do
2019) consumo ou da recuperação de usuários e dependentes
de drogas.
§ 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de
2019) § 6º Para garantia do cumprimento das medidas edu-
cativas a que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a
§ 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz
2019) submetê-lo, sucessivamente a:
I - admoestação verbal;
CAPÍTULO III
DOS CRIMES E DAS PENAS II - multa.
§ 7º O juiz determinará ao Poder Público que coloque à
Art. 27. As penas previstas neste Capítulo poderão disposição do infrator, gratuitamente, estabelecimento
ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como de saúde, preferencialmente ambulatorial, para trata-

827
mento especializado. rias à proteção ao meio ambiente, o disposto no De-
creto nº 2.661, de 8 de julho de 1998, no que couber,
Art. 29. Na imposição da medida educativa a que se dispensada a autorização prévia do órgão próprio do
refere o inciso II do § 6º do art. 28, o juiz, atendendo Sistema Nacional do Meio Ambiente - Sisnama.
à reprovabilidade da conduta, fixará o número de dias- § 4º As glebas cultivadas com plantações ilícitas se-
-multa, em quantidade nunca inferior a 40 (quarenta) rão expropriadas, conforme o disposto no art. 243 da
nem superior a 100 (cem), atribuindo depois a cada um, Constituição Federal, de acordo com a legislação em
segundo a capacidade econômica do agente, o valor de vigor.
um trinta avos até 3 (três) vezes o valor do maior salário
mínimo.
CAPÍTULO II
Parágrafo único. Os valores decorrentes da imposição DOS CRIMES
da multa a que se refere o § 6º do art. 28 serão credita-
dos à conta do Fundo Nacional Antidrogas.
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir,
Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em
execução das penas, observado, no tocante à interrup- depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescre-
ção do prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do ver, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas,
Código Penal. ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desa-
cordo com determinação legal ou regulamentar:
TÍTULO IV Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e paga-
DA REPRESSÃO À PRODUÇÃO NÃO mento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos)
dias-multa.
AUTORIZADA E AO TRÁFICO ILÍCITO
DE DROGAS § 1º Nas mesmas penas incorre quem:
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire,
CAPÍTULO I vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósi-
to, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratui-
DISPOSIÇÕES GERAIS tamente, sem autorização ou em desacordo com deter-
minação legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo
Art. 31. É indispensável a licença prévia da autoridade ou produto químico destinado à preparação de drogas;
competente para produzir, extrair, fabricar, transformar,
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou
preparar, possuir, manter em depósito, importar, ex-
em desacordo com determinação legal ou regulamentar,
portar, reexportar, remeter, transportar, expor, oferecer,
de plantas que se constituam em matéria-prima para a
vender, comprar, trocar, ceder ou adquirir, para qualquer
preparação de drogas;
fim, drogas ou matéria-prima destinada à sua prepara-
ção, observadas as demais exigências legais. III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que
tem a propriedade, posse, administração, guarda ou
Art. 32. As plantações ilícitas serão imediatamente vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda
destruídas pelo delegado de polícia na forma do art. que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo
50-A, que recolherá quantidade suficiente para exame com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico
pericial, de tudo lavrando auto de levantamento das ilícito de drogas.
condições encontradas, com a delimitação do local, as- IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo
seguradas as medidas necessárias para a preservação ou produto químico destinado à preparação de drogas,
da prova. sem autorização ou em desacordo com a determinação
§ 1º (Revogado). legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado,
quando presentes elementos probatórios razoáveis de
§ 2º (Revogado). conduta criminal preexistente. (Incluído pela Lei nº
§ 3º Em caso de ser utilizada a queimada para destruir 13.964, de 2019)
a plantação, observar-se-á, além das cautelas necessá- § 2º Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido

828
de droga: (Vide ADI nº 4.274) desta Lei:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e paga-
100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa. mento de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) dias-multa.
§ 3º Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de
lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, dro-
consumirem: gas, sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em
doses excessivas ou em desacordo com determinação
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pa- legal ou regulamentar:
gamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos)
dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
pagamento de 50 (cinqüenta) a 200 (duzentos) dias-
§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste -multa.
artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a
dois terços, desde que o agente seja primário, de bons Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao
antecedentes, não se dedique às atividades criminosas Conselho Federal da categoria profissional a que per-
nem integre organização criminosa. tença o agente.

Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o con-
vender, distribuir, entregar a qualquer título, possuir, sumo de drogas, expondo a dano potencial a incolumi-
guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquiná- dade de outrem:
rio, aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além
à fabricação, preparação, produção ou transformação da apreensão do veículo, cassação da habilitação res-
de drogas, sem autorização ou em desacordo com de- pectiva ou proibição de obtê-la, pelo mesmo prazo da
terminação legal ou regulamentar: pena privativa de liberdade aplicada, e pagamento de
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e paga- 200 (duzentos) a 400 (quatrocentos) dias-multa.
mento de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas
dias-multa. cumulativamente com as demais, serão de 4 (quatro)
a 6 (seis) anos e de 400 (quatrocentos) a 600 (seis-
Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o centos) dias-multa, se o veículo referido no caput deste
fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos cri- artigo for de transporte coletivo de passageiros.
mes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e paga- Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei
mento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) são aumentadas de um sexto a dois terços, se:
dias-multa. I - a natureza, a procedência da substância ou do produ-
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste ar- to apreendido e as circunstâncias do fato evidenciarem
tigo incorre quem se associa para a prática reiterada do a transnacionalidade do delito;
crime definido no art. 36 desta Lei. II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função
pública ou no desempenho de missão de educação, po-
Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos der familiar, guarda ou vigilância;
crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou
Lei: imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e paga- ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, so-
mento de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro mil) ciais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes,
dias-multa. de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se reali-
zem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de
Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, orga- serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de
nização ou associação destinados à prática de qualquer reinserção social, de unidades militares ou policiais ou
dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 em transportes públicos;

829
IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal
ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer proces- praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter
so de intimidação difusa ou coletiva; ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.
V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação
ou entre estes e o Distrito Federal; Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhe-
cendo, por força pericial, que este apresentava, à época
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou
do fato previsto neste artigo, as condições referidas no
adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, di-
caput deste artigo, poderá determinar o juiz, na sen-
minuída ou suprimida a capacidade de entendimento e
tença, o seu encaminhamento para tratamento médico
determinação;
adequado.
VII - o agente financiar ou custear a prática do crime.
Art. 46. As penas podem ser reduzidas de um terço a
Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar volun- dois terços se, por força das circunstâncias previstas
tariamente com a investigação policial e o processo no art. 45 desta Lei, o agente não possuía, ao tempo da
criminal na identificação dos demais co-autores ou ação ou da omissão, a plena capacidade de entender
partícipes do crime e na recuperação total ou parcial o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
do produto do crime, no caso de condenação, terá pena com esse entendimento.
reduzida de um terço a dois terços.
Art. 47. Na sentença condenatória, o juiz, com base em
Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com avaliação que ateste a necessidade de encaminhamento
preponderância sobre o previsto no art. 59 do Código do agente para tratamento, realizada por profissional
Penal, a natureza e a quantidade da substância ou do de saúde com competência específica na forma da lei,
produto, a personalidade e a conduta social do agente. determinará que a tal se proceda, observado o disposto
no art. 26 desta Lei.
Art. 43. Na fixação da multa a que se referem os arts.
33 a 39 desta Lei, o juiz, atendendo ao que dispõe o CAPÍTULO III
art. 42 desta Lei, determinará o número de dias-multa,
atribuindo a cada um, segundo as condições econômi-
DO PROCEDIMENTO PENAL
cas dos acusados, valor não inferior a um trinta avos
nem superior a 5 (cinco) vezes o maior salário-mínimo. Art. 48. O procedimento relativo aos processos por
crimes definidos neste Título rege-se pelo disposto
Parágrafo único. As multas, que em caso de concurso
neste Capítulo, aplicando-se, subsidiariamente, as
de crimes serão impostas sempre cumulativamente,
disposições do Código de Processo Penal e da Lei de
podem ser aumentadas até o décuplo se, em virtude da
Execução Penal.
situação econômica do acusado, considerá-las o juiz
ineficazes, ainda que aplicadas no máximo. § 1º O agente de qualquer das condutas previstas no art.
28 desta Lei, salvo se houver concurso com os crimes
Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, será processado
e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis e julgado na forma dos arts. 60 e seguintes da Lei nº
de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisó- 9.099, de 26 de setembro de 1995, que dispõe sobre os
ria, vedada a conversão de suas penas em restritivas Juizados Especiais Criminais.
de direitos. § 2º Tratando-se da conduta prevista no art. 28 desta
Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste Lei, não se imporá prisão em flagrante, devendo o autor
artigo, dar-se-á o livramento condicional após o cum- do fato ser imediatamente encaminhado ao juízo com-
primento de dois terços da pena, vedada sua concessão petente ou, na falta deste, assumir o compromisso de
ao reincidente específico. a ele comparecer, lavrando-se termo circunstanciado e
providenciando-se as requisições dos exames e perí-
Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da cias necessários.
dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso for- § 3º Se ausente a autoridade judicial, as providências
tuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou

830
previstas no § 2º deste artigo serão tomadas de ime- auto circunstanciado pelo delegado de polícia, certifi-
diato pela autoridade policial, no local em que se en- cando-se neste a destruição total delas. (Incluído pela
contrar, vedada a detenção do agente. (Vide ADIN 3807) Lei nº 12.961, de 2014)
§ 4º Concluídos os procedimentos de que trata o § 2º
deste artigo, o agente será submetido a exame de corpo Art. 50-A. A destruição das drogas apreendidas sem a
de delito, se o requerer ou se a autoridade de polícia ocorrência de prisão em flagrante será feita por incine-
judiciária entender conveniente, e em seguida liberado. ração, no prazo máximo de 30 (trinta) dias contados da
data da apreensão, guardando-se amostra necessária à
§ 5º Para os fins do disposto no art. 76 da Lei nº 9.099, realização do laudo definitivo. (Redação dada pela
de 1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Cri- Lei nº 13.840, de 2019)
minais, o Ministério Público poderá propor a aplicação
imediata de pena prevista no art. 28 desta Lei, a ser es- Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de
pecificada na proposta. 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90
(noventa) dias, quando solto.
Art. 49. Tratando-se de condutas tipificadas nos arts.
33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei, o juiz, sempre que Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo
as circunstâncias o recomendem, empregará os ins- podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério
trumentos protetivos de colaboradores e testemunhas Público, mediante pedido justificado da autoridade de
previstos na Lei nº 9.807, de 13 de julho de 1999. polícia judiciária.

Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta


Seção I Lei, a autoridade de polícia judiciária, remetendo os au-
Da Investigação tos do inquérito ao juízo:
I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato,
Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de justificando as razões que a levaram à classificação do
polícia judiciária fará, imediatamente, comunicação ao delito, indicando a quantidade e natureza da substância
juiz competente, remetendo-lhe cópia do auto lavrado, ou do produto apreendido, o local e as condições em
do qual será dada vista ao órgão do Ministério Público, que se desenvolveu a ação criminosa, as circunstâncias
em 24 (vinte e quatro) horas. da prisão, a conduta, a qualificação e os antecedentes
§ 1º Para efeito da lavratura do auto de prisão em fla- do agente; ou
grante e estabelecimento da materialidade do delito, é II - requererá sua devolução para a realização de dili-
suficiente o laudo de constatação da natureza e quan- gências necessárias.
tidade da droga, firmado por perito oficial ou, na falta
deste, por pessoa idônea. Parágrafo único. A remessa dos autos far-se-á sem pre-
juízo de diligências complementares:
§ 2º O perito que subscrever o laudo a que se refere o
§ 1º deste artigo não ficará impedido de participar da I - necessárias ou úteis à plena elucidação do fato, cujo
elaboração do laudo definitivo. resultado deverá ser encaminhado ao juízo competente
até 3 (três) dias antes da audiência de instrução e jul-
§ 3º Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o gamento;
juiz, no prazo de 10 (dez) dias, certificará a regularidade
formal do laudo de constatação e determinará a des- II - necessárias ou úteis à indicação dos bens, direitos e
truição das drogas apreendidas, guardando-se amostra valores de que seja titular o agente, ou que figurem em
necessária à realização do laudo definitivo. seu nome, cujo resultado deverá ser encaminhado ao
juízo competente até 3 (três) dias antes da audiência de
§ 4º A destruição das drogas será executada pelo de- instrução e julgamento.
legado de polícia competente no prazo de 15 (quinze)
dias na presença do Ministério Público e da autoridade Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal re-
sanitária. lativa aos crimes previstos nesta Lei, são permitidos,
§ 5º O local será vistoriado antes e depois de efetivada além dos previstos em lei, mediante autorização judicial
a destruição das drogas referida no § 3º, sendo lavrado e ouvido o Ministério Público, os seguintes procedi-

831
mentos investigatórios: § 5º Se entender imprescindível, o juiz, no prazo má-
ximo de 10 (dez) dias, determinará a apresentação do
I - a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de
preso, realização de diligências, exames e perícias.
investigação, constituída pelos órgãos especializados
pertinentes;
Art. 56. Recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora
II - a não-atuação policial sobre os portadores de para a audiência de instrução e julgamento, ordenará a
drogas, seus precursores químicos ou outros produ- citação pessoal do acusado, a intimação do Ministério
tos utilizados em sua produção, que se encontrem no Público, do assistente, se for o caso, e requisitará os
território brasileiro, com a finalidade de identificar e laudos periciais.
responsabilizar maior número de integrantes de ope-
rações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação § 1º Tratando-se de condutas tipificadas como infração
penal cabível. do disposto nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 des-
ta Lei, o juiz, ao receber a denúncia, poderá decretar o
Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo, afastamento cautelar do denunciado de suas atividades,
a autorização será concedida desde que sejam conhe- se for funcionário público, comunicando ao órgão res-
cidos o itinerário provável e a identificação dos agentes pectivo.
do delito ou de colaboradores.
§ 2º A audiência a que se refere o caput deste artigo
será realizada dentro dos 30 (trinta) dias seguintes ao
Seção II recebimento da denúncia, salvo se determinada a reali-
Da Instrução Criminal zação de avaliação para atestar dependência de drogas,
quando se realizará em 90 (noventa) dias.
Art. 54. Recebidos em juízo os autos do inquérito poli-
cial, de Comissão Parlamentar de Inquérito ou peças de Art. 57. Na audiência de instrução e julgamento, após
informação, dar-se-á vista ao Ministério Público para, o interrogatório do acusado e a inquirição das teste-
no prazo de 10 (dez) dias, adotar uma das seguintes munhas, será dada a palavra, sucessivamente, ao
providências: representante do Ministério Público e ao defensor do
acusado, para sustentação oral, pelo prazo de 20 (vinte)
I - requerer o arquivamento;
minutos para cada um, prorrogável por mais 10 (dez),
II - requisitar as diligências que entender necessárias; a critério do juiz.
III - oferecer denúncia, arrolar até 5 (cinco) testemunhas Parágrafo único. Após proceder ao interrogatório, o juiz
e requerer as demais provas que entender pertinentes. indagará das partes se restou algum fato para ser escla-
recido, formulando as perguntas correspondentes se o
Art. 55. Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notifica- entender pertinente e relevante.
ção do acusado para oferecer defesa prévia, por escrito,
no prazo de 10 (dez) dias. Art. 58. Encerrados os debates, proferirá o juiz sentença
§ 1º Na resposta, consistente em defesa preliminar e ex- de imediato, ou o fará em 10 (dez) dias, ordenando que
ceções, o acusado poderá argüir preliminares e invocar os autos para isso lhe sejam conclusos.
todas as razões de defesa, oferecer documentos e justi- § 1º (Revogado pela Lei nº 12.961, de 2014)
ficações, especificar as provas que pretende produzir e,
§ 2º (Revogado pela Lei nº 12.961, de 2014)
até o número de 5 (cinco), arrolar testemunhas.
§ 2º As exceções serão processadas em apartado, nos Art. 59. Nos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º,
termos dos arts. 95 a 113 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 e 34 a 37 desta Lei, o réu não poderá apelar sem reco-
de outubro de 1941 - Código de Processo Penal. lher-se à prisão, salvo se for primário e de bons ante-
§ 3º Se a resposta não for apresentada no prazo, o juiz cedentes, assim reconhecido na sentença condenatória.
nomeará defensor para oferecê-la em 10 (dez) dias,
concedendo-lhe vista dos autos no ato de nomeação. CAPÍTULO IV
§ 4º Apresentada a defesa, o juiz decidirá em 5 (cinco) DA APREENSÃO, ARRECADAÇÃO E
dias. DESTINAÇÃO DE BENS DO ACUSADO

832
Art. 60. O juiz, a requerimento do Ministério Público 13.886, de 2019)
ou do assistente de acusação, ou mediante representa-
§ 4º Os valores relativos às apreensões feitas antes da
ção da autoridade de polícia judiciária, poderá decretar,
data de entrada em vigor da Medida Provisória nº 885,
no curso do inquérito ou da ação penal, a apreensão e
de 17 de junho de 2019, e que estejam custodiados
outras medidas assecuratórias nos casos em que haja
nas dependências do Banco Central do Brasil devem
suspeita de que os bens, direitos ou valores sejam pro-
ser transferidos à Caixa Econômica Federal, no prazo
duto do crime ou constituam proveito dos crimes pre-
de 360 (trezentos e sessenta) dias, para que se proceda
vistos nesta Lei, procedendo-se na forma dos arts. 125
à alienação ou custódia, de acordo com o previsto nesta
e seguintes do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro
Lei. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
de 1941 - Código de Processo Penal . (Redação dada
pela Lei nº 13.840, de 2019)
Art. 61. A apreensão de veículos, embarcações, aero-
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.840, naves e quaisquer outros meios de transporte e dos
de 2019) maquinários, utensílios, instrumentos e objetos de
§ 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.840, qualquer natureza utilizados para a prática dos crimes
de 2019) definidos nesta Lei será imediatamente comunicada
pela autoridade de polícia judiciária responsável pela
§ 3º Na hipótese do art. 366 do Decreto-Lei nº 3.689, investigação ao juízo competente. (Redação dada
de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal , pela Lei nº 13.840, de 2019)
o juiz poderá determinar a prática de atos necessários à
conservação dos bens, direitos ou valores. (Redação § 1º O juiz, no prazo de 30 (trinta) dias contado da co-
dada pela Lei nº 13.840, de 2019) municação de que trata o caput, determinará a aliena-
ção dos bens apreendidos, excetuadas as armas, que
§ 4º A ordem de apreensão ou sequestro de bens, di- serão recolhidas na forma da legislação específica.
reitos ou valores poderá ser suspensa pelo juiz, ouvido (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
o Ministério Público, quando a sua execução imediata
puder comprometer as investigações. (Redação dada § 2º A alienação será realizada em autos apartados, dos
pela Lei nº 13.840, de 2019) quais constará a exposição sucinta do nexo de instru-
mentalidade entre o delito e os bens apreendidos, a
Art. 60-A. Se as medidas assecuratórias de que trata descrição e especificação dos objetos, as informações
o art. 60 desta Lei recaírem sobre moeda estrangeira, sobre quem os tiver sob custódia e o local em que se
títulos, valores mobiliários ou cheques emitidos como encontrem. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
ordem de pagamento, será determinada, imediatamen- § 3º O juiz determinará a avaliação dos bens apreendi-
te, a sua conversão em moeda nacional. (Incluído pela dos, que será realizada por oficial de justiça, no prazo
Lei nº 13.886, de 2019) de 5 (cinco) dias a contar da autuação, ou, caso sejam
§ 1º A moeda estrangeira apreendida em espécie deve necessários conhecimentos especializados, por ava-
ser encaminhada a instituição financeira, ou equipa- liador nomeado pelo juiz, em prazo não superior a 10
rada, para alienação na forma prevista pelo Conselho (dez) dias. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Monetário Nacional. (Incluído pela Lei nº 13.886, § 4º Feita a avaliação, o juiz intimará o órgão gestor
de 2019) do Funad, o Ministério Público e o interessado para se
§ 2º Na hipótese de impossibilidade da alienação a manifestarem no prazo de 5 (cinco) dias e, dirimidas
que se refere o § 1º deste artigo, a moeda estrangeira eventuais divergências, homologará o valor atribuído
será custodiada pela instituição financeira até decisão aos bens. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
sobre o seu destino. (Incluído pela Lei nº 13.886, § 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
de 2019)
§ 6º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.886, de
§ 3º Após a decisão sobre o destino da moeda estran- 2019)
geira a que se refere o § 2º deste artigo, caso seja veri-
§ 7º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.886, de
ficada a inexistência de valor de mercado, seus espéci-
2019)
mes poderão ser destruídos ou doados à representação
diplomática do país de origem. (Incluído pela Lei nº § 8º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.886, de

833
2019) § 1º-A. O juízo deve cientificar o órgão gestor do Fu-
nad para que, em 10 (dez) dias, avalie a existência do
§ 9º O Ministério Público deve fiscalizar o cumprimento
interesse público mencionado no caput deste artigo
da regra estipulada no § 1º deste artigo. (Incluído pela
e indique o órgão que deve receber o bem. (Incluído
Lei nº 13.886, de 2019)
pela Lei nº 13.886, de 2019)
§ 10. Aplica-se a todos os tipos de bens confiscados a
§ 1º-B. Têm prioridade, para os fins do § 1º-A deste ar-
regra estabelecida no § 1º deste artigo. (Incluído pela
tigo, os órgãos de segurança pública que participaram
Lei nº 13.886, de 2019)
das ações de investigação ou repressão ao crime que
§ 11. Os bens móveis e imóveis devem ser vendidos deu causa à medida. (Incluído pela Lei nº 13.886,
por meio de hasta pública, preferencialmente por meio de 2019)
eletrônico, assegurada a venda pelo maior lance, por
§ 2º A autorização judicial de uso de bens deverá conter
preço não inferior a 50% (cinquenta por cento) do valor
a descrição do bem e a respectiva avaliação e indicar o
da avaliação judicial. (Incluído pela Lei nº 13.886,
órgão responsável por sua utilização. (Redação dada
de 2019)
pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 12. O juiz ordenará às secretarias de fazenda e aos ór-
§ 3º O órgão responsável pela utilização do bem deverá
gãos de registro e controle que efetuem as averbações
enviar ao juiz periodicamente, ou a qualquer momen-
necessárias, tão logo tenha conhecimento da apreen-
to quando por este solicitado, informações sobre seu
são. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
estado de conservação. (Redação dada pela Lei nº
§ 13. Na alienação de veículos, embarcações ou aero- 13.840, de 2019)
naves, a autoridade de trânsito ou o órgão congênere
§ 4º Quando a autorização judicial recair sobre veículos,
competente para o registro, bem como as secretarias
embarcações ou aeronaves, o juiz ordenará à autorida-
de fazenda, devem proceder à regularização dos bens
de ou ao órgão de registro e controle a expedição de
no prazo de 30 (trinta) dias, ficando o arrematante
certificado provisório de registro e licenciamento em fa-
isento do pagamento de multas, encargos e tributos
vor do órgão ao qual tenha deferido o uso ou custódia,
anteriores, sem prejuízo de execução fiscal em relação
ficando este livre do pagamento de multas, encargos e
ao antigo proprietário. (Incluído pela Lei nº 13.886,
tributos anteriores à decisão de utilização do bem até o
de 2019)
trânsito em julgado da decisão que decretar o seu per-
§ 14. Eventuais multas, encargos ou tributos pendentes dimento em favor da União. (Redação dada pela Lei
de pagamento não podem ser cobrados do arrematante nº 13.840, de 2019)
ou do órgão público alienante como condição para re-
§ 5º Na hipótese de levantamento, se houver indicação
gularização dos bens. (Incluído pela Lei nº 13.886,
de que os bens utilizados na forma deste artigo sofre-
de 2019)
ram depreciação superior àquela esperada em razão do
§ 15. Na hipótese de que trata o § 13 deste artigo, a au- transcurso do tempo e do uso, poderá o interessado
toridade de trânsito ou o órgão congênere competente requerer nova avaliação judicial. (Redação dada pela
para o registro poderá emitir novos identificadores dos Lei nº 13.840, de 2019)
bens. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
§ 6º Constatada a depreciação de que trata o § 5º, o ente
federado ou a entidade que utilizou o bem indenizará
Art. 62. Comprovado o interesse público na utilização
o detentor ou proprietário dos bens. (Redação dada
de quaisquer dos bens de que trata o art. 61, os órgãos
pela Lei nº 13.840, de 2019)
de polícia judiciária, militar e rodoviária poderão deles
fazer uso, sob sua responsabilidade e com o objetivo § 7º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.840,
de sua conservação, mediante autorização judicial, ou- de 2019)
vido o Ministério Público e garantida a prévia avaliação § 8º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.840,
dos respectivos bens. (Redação dada pela Lei nº de 2019)
13.840, de 2019)
§ 9º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.840,
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.886, de 2019)
de 2019)
§ 10. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº

834
13.840, de 2019) § 1º Os bens, direitos ou valores apreendidos em de-
corrência dos crimes tipificados nesta Lei ou objeto
§ 11. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
de medidas assecuratórias, após decretado seu perdi-
13.840, de 2019)
mento em favor da União, serão revertidos diretamente
ao Funad. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de
Art. 62-A. O depósito, em dinheiro, de valores referen-
2019)
tes ao produto da alienação ou a numerários apreendi-
dos ou que tenham sido convertidos deve ser efetuado § 2º O juiz remeterá ao órgão gestor do Funad relação
na Caixa Econômica Federal, por meio de documento dos bens, direitos e valores declarados perdidos, indi-
de arrecadação destinado a essa finalidade. (Incluído cando o local em que se encontram e a entidade ou o
pela Lei nº 13.886, de 2019) órgão em cujo poder estejam, para os fins de sua des-
tinação nos termos da legislação vigente. (Redação
§ 1º Os depósitos a que se refere o caput deste artigo
dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
devem ser transferidos, pela Caixa Econômica Federal,
para a conta única do Tesouro Nacional, independente- § 3º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.886,
mente de qualquer formalidade, no prazo de 24 (vinte de 2019)
e quatro) horas, contado do momento da realização do § 4º Transitada em julgado a sentença condenatória, o
depósito, onde ficarão à disposição do Funad. (Incluí- juiz do processo, de ofício ou a requerimento do Mi-
do pela Lei nº 13.886, de 2019) nistério Público, remeterá à Senad relação dos bens,
§ 2º Na hipótese de absolvição do acusado em decisão direitos e valores declarados perdidos em favor da
judicial, o valor do depósito será devolvido a ele pela União, indicando, quanto aos bens, o local em que se
Caixa Econômica Federal no prazo de até 3 (três) dias encontram e a entidade ou o órgão em cujo poder es-
úteis, acrescido de juros, na forma estabelecida pelo § tejam, para os fins de sua destinação nos termos da
4º do art. 39 da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de legislação vigente.
1995. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) § 4º-A. Antes de encaminhar os bens ao órgão gestor
§ 3º Na hipótese de decretação do seu perdimento em do Funad, o juíz deve: (Incluído pela Lei nº 13.886,
favor da União, o valor do depósito será transformado de 2019)
em pagamento definitivo, respeitados os direitos de I – ordenar às secretarias de fazenda e aos órgãos de
eventuais lesados e de terceiros de boa-fé. (Incluído registro e controle que efetuem as averbações neces-
pela Lei nº 13.886, de 2019) sárias, caso não tenham sido realizadas quando da
§ 4º Os valores devolvidos pela Caixa Econômica Fe- apreensão; e (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
deral, por decisão judicial, devem ser efetuados como II – determinar, no caso de imóveis, o registro de pro-
anulação de receita do Funad no exercício em que priedade em favor da União no cartório de registro de
ocorrer a devolução. (Incluído pela Lei nº 13.886, imóveis competente, nos termos do caput e do pará-
de 2019) grafo único do art. 243 da Constituição Federal, afas-
§ 5º A Caixa Econômica Federal deve manter o controle tada a responsabilidade de terceiros prevista no inciso
dos valores depositados ou devolvidos. (Incluído pela VI do caput do art. 134 da Lei nº 5.172, de 25 de ou-
Lei nº 13.886, de 2019) tubro de 1966 (Código Tributário Nacional), bem como
determinar à Secretaria de Coordenação e Governança
Art. 63. Ao proferir a sentença, o juiz decidirá sobre: do Patrimônio da União a incorporação e entrega do
(Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019) imóvel, tornando-o livre e desembaraçado de quais-
quer ônus para sua destinação. (Incluído pela Lei nº
I - o perdimento do produto, bem, direito ou valor apre-
13.886, de 2019)
endido ou objeto de medidas assecuratórias; e (Incluí-
do pela Lei nº 13.840, de 2019) § 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de
2019)
II - o levantamento dos valores depositados em con-
ta remunerada e a liberação dos bens utilizados nos § 6º Na hipótese do inciso II do caput, decorridos 360
termos do art. 62. (Incluído pela Lei nº 13.840, de (trezentos e sessenta) dias do trânsito em julgado e do
2019) conhecimento da sentença pelo interessado, os bens
apreendidos, os que tenham sido objeto de medidas

835
assecuratórias ou os valores depositados que não fo- maior lance, por preço não inferior a 50% (cinquenta
rem reclamados serão revertidos ao Funad. (Incluído por cento) do valor da avaliação. (Incluído pela Lei nº
pela Lei nº 13.840, de 2019) 13.886, de 2019)
§ 2º O edital do leilão a que se refere o § 1º deste artigo
Art. 63-A. Nenhum pedido de restituição será conhe- será amplamente divulgado em jornais de grande circu-
cido sem o comparecimento pessoal do acusado, po- lação e em sítios eletrônicos oficiais, principalmente no
dendo o juiz determinar a prática de atos necessários Município em que será realizado, dispensada a publi-
à conservação de bens, direitos ou valores. (Incluído cação em diário oficial. (Incluído pela Lei nº 13.886,
pela Lei nº 13.840, de 2019) de 2019)

Art. 63-B. O juiz determinará a liberação total ou par- § 3º Nas alienações realizadas por meio de sistema ele-
cial dos bens, direitos e objeto de medidas assecura- trônico da administração pública, a publicidade dada
tórias quando comprovada a licitude de sua origem, pelo sistema substituirá a publicação em diário oficial e
mantendo-se a constrição dos bens, direitos e valores em jornais de grande circulação. (Incluído pela Lei nº
necessários e suficientes à reparação dos danos e ao 13.886, de 2019)
pagamento de prestações pecuniárias, multas e custas § 4º Na alienação de imóveis, o arrematante fica livre
decorrentes da infração penal. (Incluído pela Lei nº do pagamento de encargos e tributos anteriores, sem
13.840, de 2019) prejuízo de execução fiscal em relação ao antigo pro-
prietário. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
Art. 63-C. Compete à Senad, do Ministério da Justiça
§ 5º Na alienação de veículos, embarcações ou aerona-
e Segurança Pública, proceder à destinação dos bens
ves deverão ser observadas as disposições dos §§ 13 e
apreendidos e não leiloados em caráter cautelar, cujo
15 do art. 61 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.886,
perdimento seja decretado em favor da União, por meio
de 2019)
das seguintes modalidades: (Incluído pela Lei nº
13.886, de 2019) § 6º Aplica-se às alienações de que trata este artigo a
proibição relativa à cobrança de multas, encargos ou
I – alienação, mediante: (Incluído pela Lei nº 13.886,
tributos prevista no § 14 do art. 61 desta Lei. (Incluído
de 2019)
pela Lei nº 13.886, de 2019)
a) licitação; (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
§ 7º A Senad, do Ministério da Justiça e Segurança
b) doação com encargo a entidades ou órgãos públi- Pública, pode celebrar convênios ou instrumentos con-
cos, bem como a comunidades terapêuticas acolhedo- gêneres com órgãos e entidades da União, dos Estados,
ras que contribuam para o alcance das finalidades do do Distrito Federal ou dos Municípios, bem como com
Funad; ou (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) comunidades terapêuticas acolhedoras, a fim de dar
c) venda direta, observado o disposto no inciso II imediato cumprimento ao estabelecido neste artigo.
do caput do art. 24 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
1993; (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) § 8º Observados os procedimentos licitatórios previs-
II – incorporação ao patrimônio de órgão da adminis- tos em lei, fica autorizada a contratação da iniciativa
tração pública, observadas as finalidades do Funad; privada para a execução das ações de avaliação, de ad-
(Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) ministração e de alienação dos bens a que se refere esta
Lei. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
III – destruição; ou (Incluído pela Lei nº 13.886, de
2019) Art. 63-D. Compete ao Ministério da Justiça e Segu-
IV – inutilização. (Incluído pela Lei nº 13.886, de rança Pública regulamentar os procedimentos relativos
2019) à administração, à preservação e à destinação dos re-
cursos provenientes de delitos e atos ilícitos e estabe-
§ 1º A alienação por meio de licitação deve ser realiza-
lecer os valores abaixo dos quais se deve proceder à
da na modalidade leilão, para bens móveis e imóveis,
sua destruição ou inutilização. (Incluído pela Lei nº
independentemente do valor de avaliação, isolado ou
13.886, de 2019)
global, de bem ou de lotes, assegurada a venda pelo

836
Art. 63-E. O produto da alienação dos bens apreendidos programas relacionados à questão das drogas.
ou confiscados será revertido integralmente ao Funad,
nos termos do parágrafo único do art. 243 da Consti- TÍTULO V
tuição Federal, vedada a sub-rogação sobre o valor da DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
arrematação para saldar eventuais multas, encargos ou
tributos pendentes de pagamento. (Incluído pela Lei
nº 13.886, de 2019) Art. 65. De conformidade com os princípios da não-in-
tervenção em assuntos internos, da igualdade jurídica e
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo não do respeito à integridade territorial dos Estados e às leis
prejudica o ajuizamento de execução fiscal em relação e aos regulamentos nacionais em vigor, e observado o
aos antigos devedores. (Incluído pela Lei nº 13.886, espírito das Convenções das Nações Unidas e outros
de 2019) instrumentos jurídicos internacionais relacionados à
questão das drogas, de que o Brasil é parte, o gover-
Art. 63-F. Na hipótese de condenação por infrações às no brasileiro prestará, quando solicitado, cooperação
quais esta Lei comine pena máxima superior a 6 (seis) a outros países e organismos internacionais e, quando
anos de reclusão, poderá ser decretada a perda, como necessário, deles solicitará a colaboração, nas áreas de:
produto ou proveito do crime, dos bens corresponden-
tes à diferença entre o valor do patrimônio do conde- I - intercâmbio de informações sobre legislações, expe-
nado e aquele compatível com o seu rendimento lícito. riências, projetos e programas voltados para atividades
(Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) de prevenção do uso indevido, de atenção e de reinser-
ção social de usuários e dependentes de drogas;
§ 1º A decretação da perda prevista no caput des-
te artigo fica condicionada à existência de elementos II - intercâmbio de inteligência policial sobre produção
probatórios que indiquem conduta criminosa habitual, e tráfico de drogas e delitos conexos, em especial o
reiterada ou profissional do condenado ou sua vincu- tráfico de armas, a lavagem de dinheiro e o desvio de
lação a organização criminosa. (Incluído pela Lei nº precursores químicos;
13.886, de 2019) III - intercâmbio de informações policiais e judiciais
§ 2º Para efeito da perda prevista no caput deste arti- sobre produtores e traficantes de drogas e seus precur-
go, entende-se por patrimônio do condenado todos os sores químicos.
bens: (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
I – de sua titularidade, ou sobre os quais tenha domínio
TÍTULO V-A
e benefício direto ou indireto, na data da infração penal, (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
ou recebidos posteriormente; e (Incluído pela Lei nº DO FINANCIAMENTO DAS POLÍTICAS
13.886, de 2019) SOBRE DROGAS
II – transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante
contraprestação irrisória, a partir do início da atividade Art. 65-A. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840,
criminal. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) de 2019)
§ 3º O condenado poderá demonstrar a inexistência da
incompatibilidade ou a procedência lícita do patrimô- TÍTULO VI
nio. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 64. A União, por intermédio da Senad, poderá fir- Art. 66. Para fins do disposto no parágrafo único do
mar convênio com os Estados, com o Distrito Federal art. 1º desta Lei, até que seja atualizada a terminologia
e com organismos orientados para a prevenção do uso da lista mencionada no preceito, denominam-se drogas
indevido de drogas, a atenção e a reinserção social de substâncias entorpecentes, psicotrópicas, precursoras
usuários ou dependentes e a atuação na repressão à e outras sob controle especial, da Portaria SVS/MS nº
produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas, 344, de 12 de maio de 1998.
com vistas na liberação de equipamentos e de recursos
por ela arrecadados, para a implantação e execução de
Art. 67. A liberação dos recursos previstos na Lei nº

837
7.560, de 19 de dezembro de 1986, em favor de Esta- § 3º Figurando entre o praceado e não arrematadas es-
dos e do Distrito Federal, dependerá de sua adesão e pecialidades farmacêuticas em condições de emprego
respeito às diretrizes básicas contidas nos convênios terapêutico, ficarão elas depositadas sob a guarda do
firmados e do fornecimento de dados necessários à atu- Ministério da Saúde, que as destinará à rede pública
alização do sistema previsto no art. 17 desta Lei, pelas de saúde.
respectivas polícias judiciárias.
Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes previs-
Art. 67-A. Os gestores e entidades que recebam recur- tos nos arts. 33 a 37 desta Lei, se caracterizado ilícito
sos públicos para execução das políticas sobre drogas transnacional, são da competência da Justiça Federal.
deverão garantir o acesso às suas instalações, à docu- Parágrafo único. Os crimes praticados nos Municípios
mentação e a todos os elementos necessários à efetiva que não sejam sede de vara federal serão processados
fiscalização pelos órgãos competentes. (Incluído pela e julgados na vara federal da circunscrição respectiva.
Lei nº 13.840, de 2019)
Art. 71. (VETADO)
Art. 68. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios poderão criar estímulos fiscais e outros,
Art. 72. Encerrado o processo criminal ou arquivado o
destinados às pessoas físicas e jurídicas que colabo-
inquérito policial, o juiz, de ofício, mediante represen-
rem na prevenção do uso indevido de drogas, atenção
tação da autoridade de polícia judiciária, ou a requeri-
e reinserção social de usuários e dependentes e na re-
mento do Ministério Público, determinará a destruição
pressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito
das amostras guardadas para contraprova, certificando
de drogas.
nos autos. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de
2019)
Art. 69. No caso de falência ou liquidação extrajudi-
cial de empresas ou estabelecimentos hospitalares, de
Art. 73. A União poderá estabelecer convênios com os
pesquisa, de ensino, ou congêneres, assim como nos
Estados e o com o Distrito Federal, visando à preven-
serviços de saúde que produzirem, venderem, adquiri-
ção e repressão do tráfico ilícito e do uso indevido de
rem, consumirem, prescreverem ou fornecerem drogas
drogas, e com os Municípios, com o objetivo de pre-
ou de qualquer outro em que existam essas substâncias
venir o uso indevido delas e de possibilitar a atenção e
ou produtos, incumbe ao juízo perante o qual tramite
reinserção social de usuários e dependentes de drogas.
o feito:
I - determinar, imediatamente à ciência da falência ou Art. 74. Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e cinco)
liquidação, sejam lacradas suas instalações; dias após a sua publicação.
II - ordenar à autoridade sanitária competente a urgen-
te adoção das medidas necessárias ao recebimento e Art. 75. Revogam-se a Lei nº 6.368, de 21 de outubro
guarda, em depósito, das drogas arrecadadas; de 1976, e a Lei nº 10.409, de 11 de janeiro de 2002.

III - dar ciência ao órgão do Ministério Público, para Brasília, 23 de agosto de 2006; 185º da Independência
acompanhar o feito. e 118º da República.
§ 1º Da licitação para alienação de substâncias ou
produtos não proscritos referidos no inciso II do caput LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
deste artigo, só podem participar pessoas jurídicas re-
Márcio Thomaz Bastos
gularmente habilitadas na área de saúde ou de pesquisa
científica que comprovem a destinação lícita a ser dada Guido Mantega
ao produto a ser arrematado. Jorge Armando Felix
§ 2º Ressalvada a hipótese de que trata o § 3º deste
artigo, o produto não arrematado será, ato contínuo à Este texto não substitui o publicado no DOU de
hasta pública, destruído pela autoridade sanitária, na 24.8.2006
presença dos Conselhos Estaduais sobre Drogas e do
Ministério Público.

838
frações penais praticadas.
LEI DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de
Lei nº 12.850, de 2 de agosto de qualquer forma, embaraça a investigação de infração
2013 penal que envolva organização criminosa.
§ 2º As penas aumentam-se até a metade se na atuação
Define organização criminosa e dispõe sobre a da organização criminosa houver emprego de arma de
investigação criminal, os meios de obtenção da fogo.
prova, infrações penais correlatas e o procedi-
mento criminal; altera o Decreto-Lei nº 2.848, de § 3º A pena é agravada para quem exerce o comando,
7 de dezembro de 1940 (Código Penal); revoga a individual ou coletivo, da organização criminosa, ainda
Lei nº 9.034, de 3 de maio de 1995; e dá outras que não pratique pessoalmente atos de execução.
providências. § 4º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois
terços):
A  PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o
I - se há participação de criança ou adolescente;
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
Lei: II - se há concurso de funcionário público, valendo-se
a organização criminosa dessa condição para a prática
CAPÍTULO I de infração penal;
DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA III - se o produto ou proveito da infração penal destinar-
-se, no todo ou em parte, ao exterior;
Art. 1º Esta Lei define organização criminosa e dispõe IV - se a organização criminosa mantém conexão com
sobre a investigação criminal, os meios de obtenção outras organizações criminosas independentes;
da prova, infrações penais correlatas e o procedimento V - se as circunstâncias do fato evidenciarem a transna-
criminal a ser aplicado. cionalidade da organização.
§ 1º Considera-se organização criminosa a associação § 5º Se houver indícios suficientes de que o funcionário
de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente orde- público integra organização criminosa, poderá o juiz
nada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que determinar seu afastamento cautelar do cargo, empre-
informalmente, com objetivo de obter, direta ou indi- go ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a
retamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a medida se fizer necessária à investigação ou instrução
prática de infrações penais cujas penas máximas sejam processual.
superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter
transnacional. § 6º A condenação com trânsito em julgado acarretará
ao funcionário público a perda do cargo, função, em-
§ 2º Esta Lei se aplica também: prego ou mandato eletivo e a interdição para o exercício
I - às infrações penais previstas em tratado ou conven- de função ou cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos
ção internacional quando, iniciada a execução no País, subsequentes ao cumprimento da pena.
o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangei- § 7º Se houver indícios de participação de policial nos
ro, ou reciprocamente; crimes de que trata esta Lei, a Corregedoria de Polícia
II - às organizações terroristas, entendidas como aque- instaurará inquérito policial e comunicará ao Ministério
las voltadas para a prática dos atos de terrorismo legal- Público, que designará membro para acompanhar o fei-
mente definidos. to até a sua conclusão.
§ 8º As lideranças de organizações criminosas armadas
Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar, pes- ou que tenham armas à disposição deverão iniciar o
soalmente ou por interposta pessoa, organização cri- cumprimento da pena em estabelecimentos penais de
minosa: segurança máxima. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, 2019)
sem prejuízo das penas correspondentes às demais in- § 9º O condenado expressamente em sentença por inte-

839
grar organização criminosa ou por crime praticado por Da Colaboração Premiada
meio de organização criminosa não poderá progredir (Redação dada pela Lei nº 13.964, de
de regime de cumprimento de pena ou obter livramento
2019)
condicional ou outros benefícios prisionais se houver
elementos probatórios que indiquem a manutenção do
vínculo associativo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de Art. 3º-A. O acordo de colaboração premiada é negócio
2019) jurídico processual e meio de obtenção de prova, que
pressupõe utilidade e interesse públicos. (Incluído
CAPÍTULO II pela Lei nº 13.964, de 2019)
DA INVESTIGAÇÃO E DOS MEIOS
Art. 3º-B. O recebimento da proposta para formalização
DE OBTENÇÃO DA PROVA de acordo de colaboração demarca o início das nego-
ciações e constitui também marco de confidencialidade,
Art. 3º Em qualquer fase da persecução penal, serão configurando violação de sigilo e quebra da confiança
permitidos, sem prejuízo de outros já previstos em lei, e da boa-fé a divulgação de tais tratativas iniciais ou
os seguintes meios de obtenção da prova: de documento que as formalize, até o levantamento
de sigilo por decisão judicial. (Incluído pela Lei nº
I - colaboração premiada;
13.964, de 2019)
II - captação ambiental de sinais eletromagnéticos, óp-
§ 1º A proposta de acordo de colaboração premiada po-
ticos ou acústicos;
derá ser sumariamente indeferida, com a devida justifi-
III - ação controlada; cativa, cientificando-se o interessado. (Incluído pela
IV - acesso a registros de ligações telefônicas e tele- Lei nº 13.964, de 2019)
máticas, a dados cadastrais constantes de bancos de § 2º Caso não haja indeferimento sumário, as partes
dados públicos ou privados e a informações eleitorais deverão firmar Termo de Confidencialidade para pros-
ou comerciais; seguimento das tratativas, o que vinculará os órgãos
V - interceptação de comunicações telefônicas e tele- envolvidos na negociação e impedirá o indeferimen-
máticas, nos termos da legislação específica; to posterior sem justa causa. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fis-
cal, nos termos da legislação específica; § 3º O recebimento de proposta de colaboração para
análise ou o Termo de Confidencialidade não implica,
VII - infiltração, por policiais, em atividade de investiga- por si só, a suspensão da investigação, ressalvado
ção, na forma do art. 11; acordo em contrário quanto à propositura de medidas
VIII - cooperação entre instituições e órgãos federais, processuais penais cautelares e assecuratórias, bem
distritais, estaduais e municipais na busca de provas como medidas processuais cíveis admitidas pela legis-
e informações de interesse da investigação ou da ins- lação processual civil em vigor. (Incluído pela Lei nº
trução criminal. 13.964, de 2019)
§ 1º Havendo necessidade justificada de manter sigilo § 4º O acordo de colaboração premiada poderá ser
sobre a capacidade investigatória, poderá ser dispen- precedido de instrução, quando houver necessidade
sada licitação para contratação de serviços técnicos de identificação ou complementação de seu objeto,
especializados, aquisição ou locação de equipamentos dos fatos narrados, sua definição jurídica, relevância,
destinados à polícia judiciária para o rastreamento e ob- utilidade e interesse público. (Incluído pela Lei nº
tenção de provas previstas nos incisos II e V. 13.964, de 2019)
§ 2º No caso do § 1º, fica dispensada a publicação de § 5º Os termos de recebimento de proposta de cola-
que trata o parágrafo único do art. 61 da Lei nº 8.666, de boração e de confidencialidade serão elaborados pelo
21 de junho de 1993, devendo ser comunicado o órgão celebrante e assinados por ele, pelo colaborador e pelo
de controle interno da realização da contratação. advogado ou defensor público com poderes específi-
cos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Seção I

840
§ 6º Na hipótese de não ser celebrado o acordo por IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do
iniciativa do celebrante, esse não poderá se valer de proveito das infrações penais praticadas pela organi-
nenhuma das informações ou provas apresentadas pelo zação criminosa;
colaborador, de boa-fé, para qualquer outra finalidade. V - a localização de eventual vítima com a sua integri-
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) dade física preservada.
Art. 3º-C. A proposta de colaboração premiada deve § 1º Em qualquer caso, a concessão do benefício levará
estar instruída com procuração do interessado com em conta a personalidade do colaborador, a natureza, as
poderes específicos para iniciar o procedimento de circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do
colaboração e suas tratativas, ou firmada pessoalmente fato criminoso e a eficácia da colaboração.
pela parte que pretende a colaboração e seu advogado § 2º Considerando a relevância da colaboração pres-
ou defensor público. (Incluído pela Lei nº 13.964, tada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o de-
de 2019) legado de polícia, nos autos do inquérito policial, com
§ 1º Nenhuma tratativa sobre colaboração premiada a manifestação do Ministério Público, poderão requerer
deve ser realizada sem a presença de advogado cons- ou representar ao juiz pela concessão de perdão judicial
tituído ou defensor público. (Incluído pela Lei nº ao colaborador, ainda que esse benefício não tenha sido
13.964, de 2019) previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que cou-
ber, o art. 28 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro
§ 2º Em caso de eventual conflito de interesses, ou de de 1941 (Código de Processo Penal).
colaborador hipossuficiente, o celebrante deverá soli-
citar a presença de outro advogado ou a participação § 3º O prazo para oferecimento de denúncia ou o pro-
de defensor público. (Incluído pela Lei nº 13.964, cesso, relativos ao colaborador, poderá ser suspenso
de 2019) por até 6 (seis) meses, prorrogáveis por igual período,
até que sejam cumpridas as medidas de colaboração,
§ 3º No acordo de colaboração premiada, o colaborador suspendendo-se o respectivo prazo prescricional.
deve narrar todos os fatos ilícitos para os quais concor-
reu e que tenham relação direta com os fatos investiga- § 4º Nas mesmas hipóteses do caput deste artigo, o Mi-
dos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) nistério Público poderá deixar de oferecer denúncia se a
proposta de acordo de colaboração referir-se a infração
§ 4º Incumbe à defesa instruir a proposta de colabora- de cuja existência não tenha prévio conhecimento e o
ção e os anexos com os fatos adequadamente descritos, colaborador: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de
com todas as suas circunstâncias, indicando as provas 2019)
e os elementos de corroboração. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019) I - não for o líder da organização criminosa;
II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos ter-
Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conce- mos deste artigo.
der o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a
§ 4º-A. Considera-se existente o conhecimento prévio
pena privativa de liberdade ou substituí-la por restriti-
da infração quando o Ministério Público ou a autori-
va de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e
dade policial competente tenha instaurado inquérito ou
voluntariamente com a investigação e com o processo
procedimento investigatório para apuração dos fatos
criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou
apresentados pelo colaborador. (Incluído pela Lei nº
mais dos seguintes resultados:
13.964, de 2019)
I - a identificação dos demais coautores e partícipes da
§ 5º Se a colaboração for posterior à sentença, a pena
organização criminosa e das infrações penais por eles
poderá ser reduzida até a metade ou será admitida a
praticadas;
progressão de regime ainda que ausentes os requisitos
II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de objetivos.
tarefas da organização criminosa;
§ 6º O juiz não participará das negociações realizadas
III - a prevenção de infrações penais decorrentes das entre as partes para a formalização do acordo de co-
atividades da organização criminosa; laboração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o
investigado e o defensor, com a manifestação do Minis-

841
tério Público, ou, conforme o caso, entre o Ministério § 9º Depois de homologado o acordo, o colaborador
Público e o investigado ou acusado e seu defensor. poderá, sempre acompanhado pelo seu defensor, ser
ouvido pelo membro do Ministério Público ou pelo
§ 7º Realizado o acordo na forma do § 6º deste artigo,
delegado de polícia responsável pelas investigações.
serão remetidos ao juiz, para análise, o respectivo ter-
mo, as declarações do colaborador e cópia da investi- § 10. As partes podem retratar-se da proposta, caso
gação, devendo o juiz ouvir sigilosamente o colabora- em que as provas autoincriminatórias produzidas pelo
dor, acompanhado de seu defensor, oportunidade em colaborador não poderão ser utilizadas exclusivamente
que analisará os seguintes aspectos na homologação: em seu desfavor.
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) § 10-A Em todas as fases do processo, deve-se garantir
I - regularidade e legalidade; (Incluído pela Lei nº ao réu delatado a oportunidade de manifestar-se após
13.964, de 2019) o decurso do prazo concedido ao réu que o delatou.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - adequação dos benefícios pactuados àqueles pre-
vistos no caput e nos §§ 4º e 5º deste artigo, sendo § 11. A sentença apreciará os termos do acordo homo-
nulas as cláusulas que violem o critério de definição logado e sua eficácia.
do regime inicial de cumprimento de pena do art. 33 § 12. Ainda que beneficiado por perdão judicial ou não
do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 denunciado, o colaborador poderá ser ouvido em juízo
(Código Penal), as regras de cada um dos regimes pre- a requerimento das partes ou por iniciativa da autori-
vistos no Código Penal e na Lei nº 7.210, de 11 de ju- dade judicial.
lho de 1984 (Lei de Execução Penal) e os requisitos de
progressão de regime não abrangidos pelo § 5º deste § 13. O registro das tratativas e dos atos de colaboração
artigo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) deverá ser feito pelos meios ou recursos de gravação
magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclu-
III - adequação dos resultados da colaboração aos re- sive audiovisual, destinados a obter maior fidelidade
sultados mínimos exigidos nos incisos I, II, III, IV e V das informações, garantindo-se a disponibilização de
do caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº 13.964, cópia do material ao colaborador. (Redação dada
de 2019) pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - voluntariedade da manifestação de vontade, es- § 14. Nos depoimentos que prestar, o colaborador re-
pecialmente nos casos em que o colaborador está ou nunciará, na presença de seu defensor, ao direito ao
esteve sob efeito de medidas cautelares. (Incluído pela silêncio e estará sujeito ao compromisso legal de dizer
Lei nº 13.964, de 2019) a verdade.
§ 7º-A O juiz ou o tribunal deve proceder à análise fun- § 15. Em todos os atos de negociação, confirmação e
damentada do mérito da denúncia, do perdão judicial e execução da colaboração, o colaborador deverá estar
das primeiras etapas de aplicação da pena, nos termos assistido por defensor.
do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
(Código Penal) e do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outu- § 16. Nenhuma das seguintes medidas será decretada
bro de 1941 (Código de Processo Penal), antes de con- ou proferida com fundamento apenas nas declarações
ceder os benefícios pactuados, exceto quando o acordo do colaborador: (Redação dada pela Lei nº 13.964,
prever o não oferecimento da denúncia na forma dos §§ de 2019)
4º e 4º-A deste artigo ou já tiver sido proferida sentença. I - medidas cautelares reais ou pessoais; (Incluído
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 7º-B. São nulas de pleno direito as previsões de re- II - recebimento de denúncia ou queixa-crime; (Incluí-
núncia ao direito de impugnar a decisão homologatória. do pela Lei nº 13.964, de 2019)
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - sentença condenatória. (Incluído pela Lei nº
§ 8º O juiz poderá recusar a homologação da proposta 13.964, de 2019)
que não atender aos requisitos legais, devolvendo-a
às partes para as adequações necessárias. (Redação § 17. O acordo homologado poderá ser rescindido em
dada pela Lei nº 13.964, de 2019) caso de omissão dolosa sobre os fatos objeto da co-
laboração. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

842
§ 18. O acordo de colaboração premiada pressupõe defensor, no interesse do representado, amplo acesso
que o colaborador cesse o envolvimento em conduta aos elementos de prova que digam respeito ao exercício
ilícita relacionada ao objeto da colaboração, sob pena do direito de defesa, devidamente precedido de autori-
de rescisão. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) zação judicial, ressalvados os referentes às diligências
em andamento.
Art. 5º São direitos do colaborador: § 3º O acordo de colaboração premiada e os depoi-
I - usufruir das medidas de proteção previstas na legis- mentos do colaborador serão mantidos em sigilo até
lação específica; o recebimento da denúncia ou da queixa-crime, sen-
do vedado ao magistrado decidir por sua publicidade
II - ter nome, qualificação, imagem e demais informa-
em qualquer hipótese. (Redação dada pela Lei nº
ções pessoais preservados;
13.964, de 2019)
III - ser conduzido, em juízo, separadamente dos de-
mais coautores e partícipes; Seção II
IV - participar das audiências sem contato visual com Da Ação Controlada
os outros acusados;
V - não ter sua identidade revelada pelos meios de co- Art. 8º Consiste a ação controlada em retardar a inter-
municação, nem ser fotografado ou filmado, sem sua venção policial ou administrativa relativa à ação pra-
prévia autorização por escrito; ticada por organização criminosa ou a ela vinculada,
VI - cumprir pena ou prisão cautelar em estabelecimen- desde que mantida sob observação e acompanhamento
to penal diverso dos demais corréus ou condenados. para que a medida legal se concretize no momento mais
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) eficaz à formação de provas e obtenção de informações.
§ 1º O retardamento da intervenção policial ou adminis-
Art. 6º O termo de acordo da colaboração premiada de- trativa será previamente comunicado ao juiz competente
verá ser feito por escrito e conter: que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e comu-
I - o relato da colaboração e seus possíveis resultados; nicará ao Ministério Público.

II - as condições da proposta do Ministério Público ou § 2º A comunicação será sigilosamente distribuída de


do delegado de polícia; forma a não conter informações que possam indicar a
operação a ser efetuada.
III - a declaração de aceitação do colaborador e de seu
defensor; § 3º Até o encerramento da diligência, o acesso aos
autos será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao
IV - as assinaturas do representante do Ministério Pú- delegado de polícia, como forma de garantir o êxito das
blico ou do delegado de polícia, do colaborador e de investigações.
seu defensor;
§ 4º Ao término da diligência, elaborar-se-á auto cir-
V - a especificação das medidas de proteção ao colabo- cunstanciado acerca da ação controlada.
rador e à sua família, quando necessário.
Art. 9º Se a ação controlada envolver transposição de
Art. 7º O pedido de homologação do acordo será sigilo- fronteiras, o retardamento da intervenção policial ou
samente distribuído, contendo apenas informações que administrativa somente poderá ocorrer com a coope-
não possam identificar o colaborador e o seu objeto. ração das autoridades dos países que figurem como
§ 1º As informações pormenorizadas da colaboração provável itinerário ou destino do investigado, de modo
serão dirigidas diretamente ao juiz a que recair a dis- a reduzir os riscos de fuga e extravio do produto, objeto,
tribuição, que decidirá no prazo de 48 (quarenta e oito) instrumento ou proveito do crime.
horas.
§ 2º O acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Minis- Seção III
tério Público e ao delegado de polícia, como forma de Da Infiltração de Agentes
garantir o êxito das investigações, assegurando-se ao

843
Art. 10. A infiltração de agentes de polícia em tarefas de § 2º Na hipótese de representação do delegado de polí-
investigação, representada pelo delegado de polícia ou cia, o juiz competente, antes de decidir, ouvirá o Minis-
requerida pelo Ministério Público, após manifestação tério Público. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
técnica do delegado de polícia quando solicitada no § 3º Será admitida a infiltração se houver indícios de
curso de inquérito policial, será precedida de circuns- infração penal de que trata o art. 1º desta Lei e se as
tanciada, motivada e sigilosa autorização judicial, que provas não puderem ser produzidas por outros meios
estabelecerá seus limites. disponíveis. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Na hipótese de representação do delegado de po- § 4º A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6
lícia, o juiz competente, antes de decidir, ouvirá o Mi- (seis) meses, sem prejuízo de eventuais renovações,
nistério Público. mediante ordem judicial fundamentada e desde que o
§ 2º Será admitida a infiltração se houver indícios de total não exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e seja
infração penal de que trata o art. 1º e se a prova não comprovada sua necessidade. (Incluído pela Lei nº
puder ser produzida por outros meios disponíveis. 13.964, de 2019)
§ 3º A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 § 5º Findo o prazo previsto no § 4º deste artigo, o re-
(seis) meses, sem prejuízo de eventuais renovações, latório circunstanciado, juntamente com todos os atos
desde que comprovada sua necessidade. eletrônicos praticados durante a operação, deverão ser
registrados, gravados, armazenados e apresentados ao
§ 4º Findo o prazo previsto no § 3º, o relatório circuns-
juiz competente, que imediatamente cientificará o Mi-
tanciado será apresentado ao juiz competente, que ime-
nistério Público. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
diatamente cientificará o Ministério Público.
2019)
§ 5º No curso do inquérito policial, o delegado de polí-
§ 6º No curso do inquérito policial, o delegado de polí-
cia poderá determinar aos seus agentes, e o Ministério
cia poderá determinar aos seus agentes, e o Ministério
Público poderá requisitar, a qualquer tempo, relatório
Público e o juiz competente poderão requisitar, a qual-
da atividade de infiltração.
quer tempo, relatório da atividade de infiltração. (Inclu-
ído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 10-A. Será admitida a ação de agentes de polícia in-
filtrados virtuais, obedecidos os requisitos do caput do § 7º É nula a prova obtida sem a observância do dis-
art. 10, na internet, com o fim de investigar os crimes posto neste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
previstos nesta Lei e a eles conexos, praticados por 2019)
organizações criminosas, desde que demonstrada sua
necessidade e indicados o alcance das tarefas dos po- Art. 10-B. As informações da operação de infiltração
liciais, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas serão encaminhadas diretamente ao juiz responsável
e, quando possível, os dados de conexão ou cadastrais pela autorização da medida, que zelará por seu sigilo.
que permitam a identificação dessas pessoas. (Incluí- (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
do pela Lei nº 13.964, de 2019) Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o
§ 1º Para efeitos do disposto nesta Lei, consideram-se: acesso aos autos será reservado ao juiz, ao Ministério
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Público e ao delegado de polícia responsável pela ope-
ração, com o objetivo de garantir o sigilo das investiga-
I - dados de conexão: informações referentes a hora,
ções. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
data, início, término, duração, endereço de Protocolo de
Internet (IP) utilizado e terminal de origem da conexão;
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 10-C. Não comete crime o policial que oculta a sua
identidade para, por meio da internet, colher indícios
II - dados cadastrais: informações referentes a nome de autoria e materialidade dos crimes previstos no art.
e endereço de assinante ou de usuário registrado ou 1º desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
autenticado para a conexão a quem endereço de IP,
identificação de usuário ou código de acesso tenha sido Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar
atribuído no momento da conexão. (Incluído pela Lei de observar a estrita finalidade da investigação respon-
nº 13.964, de 2019) derá pelos excessos praticados. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)

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Art. 10-D. Concluída a investigação, todos os atos Art. 13. O agente que não guardar, em sua atuação, a
eletrônicos praticados durante a operação deverão ser devida proporcionalidade com a finalidade da investi-
registrados, gravados, armazenados e encaminhados gação, responderá pelos excessos praticados.
ao juiz e ao Ministério Público, juntamente com rela- Parágrafo único. Não é punível, no âmbito da infiltra-
tório circunstanciado. (Incluído pela Lei nº 13.964, ção, a prática de crime pelo agente infiltrado no curso
de 2019) da investigação, quando inexigível conduta diversa.
Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados
no caput deste artigo serão reunidos em autos aparta- Art. 14. São direitos do agente:
dos e apensados ao processo criminal juntamente com
I - recusar ou fazer cessar a atuação infiltrada;
o inquérito policial, assegurando-se a preservação da
identidade do agente policial infiltrado e a intimidade II - ter sua identidade alterada, aplicando-se, no que
dos envolvidos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de couber, o disposto no art. 9º da Lei nº 9.807, de 13 de
2019) julho de 1999, bem como usufruir das medidas de pro-
teção a testemunhas;
Art. 11. O requerimento do Ministério Público ou a re- III - ter seu nome, sua qualificação, sua imagem, sua
presentação do delegado de polícia para a infiltração voz e demais informações pessoais preservadas duran-
de agentes conterão a demonstração da necessidade da te a investigação e o processo criminal, salvo se houver
medida, o alcance das tarefas dos agentes e, quando decisão judicial em contrário;
possível, os nomes ou apelidos das pessoas investiga-
das e o local da infiltração. IV - não ter sua identidade revelada, nem ser fotografa-
do ou filmado pelos meios de comunicação, sem sua
Parágrafo único. Os órgãos de registro e cadastro pú- prévia autorização por escrito.
blico poderão incluir nos bancos de dados próprios,
mediante procedimento sigiloso e requisição da autori-
Seção IV
dade judicial, as informações necessárias à efetividade
da identidade fictícia criada, nos casos de infiltração de Do Acesso a Registros, Dados Cadastrais,
agentes na internet. (Incluído pela Lei nº 13.964, de Documentos e Informações
2019)
Art. 15. O delegado de polícia e o Ministério Público te-
Art. 12. O pedido de infiltração será sigilosamente dis- rão acesso, independentemente de autorização judicial,
tribuído, de forma a não conter informações que pos- apenas aos dados cadastrais do investigado que infor-
sam indicar a operação a ser efetivada ou identificar o mem exclusivamente a qualificação pessoal, a filiação
agente que será infiltrado. e o endereço mantidos pela Justiça Eleitoral, empresas
§ 1º As informações quanto à necessidade da operação telefônicas, instituições financeiras, provedores de in-
de infiltração serão dirigidas diretamente ao juiz com- ternet e administradoras de cartão de crédito.
petente, que decidirá no prazo de 24 (vinte e quatro)
horas, após manifestação do Ministério Público na Art. 16. As empresas de transporte possibilitarão, pelo
hipótese de representação do delegado de polícia, de- prazo de 5 (cinco) anos, acesso direto e permanente do
vendo-se adotar as medidas necessárias para o êxito juiz, do Ministério Público ou do delegado de polícia
das investigações e a segurança do agente infiltrado. aos bancos de dados de reservas e registro de viagens.
§ 2º Os autos contendo as informações da operação
Art. 17. As concessionárias de telefonia fixa ou móvel
de infiltração acompanharão a denúncia do Ministério
manterão, pelo prazo de 5 (cinco) anos, à disposição
Público, quando serão disponibilizados à defesa, as-
das autoridades mencionadas no art. 15, registros de
segurando-se a preservação da identidade do agente.
identificação dos números dos terminais de origem e
§ 3º Havendo indícios seguros de que o agente infiltra- de destino das ligações telefônicas internacionais, in-
do sofre risco iminente, a operação será sustada me- terurbanas e locais.
diante requisição do Ministério Público ou pelo delega-
do de polícia, dando-se imediata ciência ao Ministério Seção V
Público e à autoridade judicial.

845
Dos Crimes Ocorridos na celeridade e da eficácia das diligências investigatórias,
Investigação e na Obtenção da Prova assegurando-se ao defensor, no interesse do represen-
tado, amplo acesso aos elementos de prova que digam
respeito ao exercício do direito de defesa, devidamente
Art. 18. Revelar a identidade, fotografar ou filmar o cola- precedido de autorização judicial, ressalvados os refe-
borador, sem sua prévia autorização por escrito: rentes às diligências em andamento.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. Parágrafo único. Determinado o depoimento do inves-
tigado, seu defensor terá assegurada a prévia vista dos
Art. 19. Imputar falsamente, sob pretexto de colabora- autos, ainda que classificados como sigilosos, no prazo
ção com a Justiça, a prática de infração penal a pessoa mínimo de 3 (três) dias que antecedem ao ato, podendo
que sabe ser inocente, ou revelar informações sobre a ser ampliado, a critério da autoridade responsável pela
estrutura de organização criminosa que sabe inverídi- investigação.
cas:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 24. O art. 288 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com
Art. 20. Descumprir determinação de sigilo das inves- a seguinte redação:
tigações que envolvam a ação controlada e a infiltração “ Associação Criminosa
de agentes:
Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pes-
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. soas, para o fim específico de cometer crimes:

Art. 21. Recusar ou omitir dados cadastrais, registros, Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
documentos e informações requisitadas pelo juiz, Mi- Parágrafo único. A pena aumenta-se até a me-
nistério Público ou delegado de polícia, no curso de tade se a associação é armada ou se houver a
investigação ou do processo: participação de criança ou adolescente.” (NR)
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa. Art. 25. O art. 342 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, de for- a seguinte redação:
ma indevida, se apossa, propala, divulga ou faz uso dos
dados cadastrais de que trata esta Lei. “Art. 342. .......................................................
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos,
CAPÍTULO III e multa.
DISPOSIÇÕES FINAIS .......................................................................
...........................” (NR)
Art. 22. Os crimes previstos nesta Lei e as infrações
penais conexas serão apurados mediante procedimento Art. 26. Revoga-se a Lei nº 9.034, de 3 de maio de 1995.
ordinário previsto no Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de ou-
tubro de 1941 (Código de Processo Penal), observado Art. 27. Esta Lei entra em vigor após decorridos 45
o disposto no parágrafo único deste artigo. (quarenta e cinco) dias de sua publicação oficial.
Parágrafo único. A instrução criminal deverá ser en-
Brasília, 2 de agosto de 2013; 192º da Independência e
cerrada em prazo razoável, o qual não poderá exceder
125º da República.
a 120 (cento e vinte) dias quando o réu estiver preso,
prorrogáveis em até igual período, por decisão funda-
DILMA ROUSSEFF
mentada, devidamente motivada pela complexidade da
causa ou por fato procrastinatório atribuível ao réu. José Eduardo Cardozo

Art. 23. O sigilo da investigação poderá ser decretado Este texto não substitui o publicado no DOU de
pela autoridade judicial competente, para garantia da 5.8.2013 - Edição extra

846
IV - membros do Poder Judiciário;
LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE
V - membros do Ministério Público;
Lei nº 13.869, de 5 de setembro
VI - membros dos tribunais ou conselhos de contas.
de 2019
Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os
Dispõe sobre os crimes de abuso de autoridade; efeitos desta Lei, todo aquele que exerce, ainda que
altera a Lei nº 7.960, de 21 de dezembro de 1989, transitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
a Lei nº 9.296, de 24 de julho de 1996, a Lei nº nomeação, designação, contratação ou qualquer ou-
8.069, de 13 de julho de 1990, e a Lei nº 8.906, de tra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo,
4 de julho de 1994; e revoga a Lei nº 4.898, de 9 emprego ou função em órgão ou entidade abrangidos
de dezembro de 1965, e dispositivos do Decreto- pelo caput deste artigo.
-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal). CAPÍTULO III
DA AÇÃO PENAL
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o Con-
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal
pública incondicionada.
CAPÍTULO I
§ 1º Será admitida ação privada se a ação penal pública
DISPOSIÇÕES GERAIS não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério
Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia
Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de autoridade, substitutiva, intervir em todos os termos do processo,
cometidos por agente público, servidor ou não, que, no fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo
exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las, tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a
abuse do poder que lhe tenha sido atribuído. ação como parte principal.
§ 1º As condutas descritas nesta Lei constituem crime § 2º A ação privada subsidiária será exercida no prazo
de abuso de autoridade quando praticadas pelo agente de 6 (seis) meses, contado da data em que se esgotar o
com a finalidade específica de prejudicar outrem ou be- prazo para oferecimento da denúncia.
neficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero
capricho ou satisfação pessoal. CAPÍTULO IV
§ 2º A divergência na interpretação de lei ou na ava- DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO E DAS
liação de fatos e provas não configura abuso de auto- PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS
ridade.

CAPÍTULO II Seção I
DOS SUJEITOS DO CRIME Dos Efeitos da Condenação

Art. 4º São efeitos da condenação:


Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade
qualquer agente público, servidor ou não, da adminis- I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado
tração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos pelo crime, devendo o juiz, a requerimento do ofendido,
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos da-
Municípios e de Território, compreendendo, mas não nos causados pela infração, considerando os prejuízos
se limitando a: por ele sofridos;
I - servidores públicos e militares ou pessoas a eles II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou
equiparadas; função pública, pelo período de 1 (um) a 5 (cinco) anos;
II - membros do Poder Legislativo; III - a perda do cargo, do mandato ou da função pública.
III - membros do Poder Executivo; Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III

847
do caput deste artigo são condicionados à ocorrência Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
de reincidência em crime de abuso de autoridade e não Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade
são automáticos, devendo ser declarados motivada- judiciária que, dentro de prazo razoável, deixar de:
mente na sentença.
I - relaxar a prisão manifestamente ilegal;
Seção II II - substituir a prisão preventiva por medida cautelar
Das Penas Restritivas de Direitos diversa ou de conceder liberdade provisória, quando
manifestamente cabível;
Art. 5º As penas restritivas de direitos substitutivas das III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quan-
privativas de liberdade previstas nesta Lei são: do manifestamente cabível.’
I - prestação de serviços à comunidade ou a entidades
Art. 10. Decretar a condução coercitiva de testemunha
públicas;
ou investigado manifestamente descabida ou sem pré-
II - suspensão do exercício do cargo, da função ou do via intimação de comparecimento ao juízo:
mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) meses, com a
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
perda dos vencimentos e das vantagens;
III - (VETADO). Art. 11. (VETADO).
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos podem
ser aplicadas autônoma ou cumulativamente. Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar prisão
em flagrante à autoridade judiciária no prazo legal:
CAPÍTULO V Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
DAS SANÇÕES DE NATUREZA CIVIL multa.
E ADMINISTRATIVA Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
I - deixa de comunicar, imediatamente, a execução de
Art. 6º As penas previstas nesta Lei serão aplicadas prisão temporária ou preventiva à autoridade judiciária
independentemente das sanções de natureza civil ou que a decretou;
administrativa cabíveis.
II - deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de
Parágrafo único. As notícias de crimes previstos nesta qualquer pessoa e o local onde se encontra à sua famí-
Lei que descreverem falta funcional serão informadas à lia ou à pessoa por ela indicada;
autoridade competente com vistas à apuração.
III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte e
quatro) horas, a nota de culpa, assinada pela autorida-
Art. 7º As responsabilidades civil e administrativa são de, com o motivo da prisão e os nomes do condutor e
independentes da criminal, não se podendo mais ques- das testemunhas;
tionar sobre a existência ou a autoria do fato quando es-
sas questões tenham sido decididas no juízo criminal. IV - prolonga a execução de pena privativa de liberdade,
de prisão temporária, de prisão preventiva, de medida
Art. 8º Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como de segurança ou de internação, deixando, sem moti-
no administrativo-disciplinar, a sentença penal que re- vo justo e excepcionalíssimo, de executar o alvará de
conhecer ter sido o ato praticado em estado de neces- soltura imediatamente após recebido ou de promover
sidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de a soltura do preso quando esgotado o prazo judicial ou
dever legal ou no exercício regular de direito. legal.

CAPÍTULO VI Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante


violência, grave ameaça ou redução de sua capacidade
DOS CRIMES E DAS PENAS de resistência, a:
I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à
Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em
curiosidade pública;
manifesta desconformidade com as hipóteses legais:

848
II - submeter-se a situação vexatória ou a constrangi- Parágrafo único. Incorre na mesma pena o magistrado
mento não autorizado em lei; que, ciente do impedimento ou da demora, deixa de to-
mar as providências tendentes a saná-lo ou, não sendo
III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro:
competente para decidir sobre a prisão, deixa de enviar
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, o pedido à autoridade judiciária que o seja.
sem prejuízo da pena cominada à violência.
Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e
Art. 14. (VETADO). reservada do preso com seu advogado:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de prisão,
pessoa que, em razão de função, ministério, ofício ou Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem impede
profissão, deva guardar segredo ou resguardar sigilo: o preso, o réu solto ou o investigado de entrevistar-se
pessoal e reservadamente com seu advogado ou defen-
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
sor, por prazo razoável, antes de audiência judicial, e de
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem prosse- sentar-se ao seu lado e com ele comunicar-se durante a
gue com o interrogatório: audiência, salvo no curso de interrogatório ou no caso
I - de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao de audiência realizada por videoconferência.
silêncio; ou
Art. 21. Manter presos de ambos os sexos na mesma
II - de pessoa que tenha optado por ser assistida por cela ou espaço de confinamento:
advogado ou defensor público, sem a presença de seu
patrono. Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem mantém,
Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se falsa- na mesma cela, criança ou adolescente na companhia
mente ao preso por ocasião de sua captura ou quando de maior de idade ou em ambiente inadequado, ob-
deva fazê-lo durante sua detenção ou prisão: servado o disposto na Lei nº 8.069, de 13 de julho de
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
multa.
Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosa-
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, como mente, ou à revelia da vontade do ocupante, imóvel
responsável por interrogatório em sede de procedimen- alheio ou suas dependências, ou nele permanecer nas
to investigatório de infração penal, deixa de identificar- mesmas condições, sem determinação judicial ou fora
-se ao preso ou atribui a si mesmo falsa identidade, das condições estabelecidas em lei:
cargo ou função.
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 17. (VETADO). § 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista
no caput deste artigo, quem:
Art. 18. Submeter o preso a interrogatório policial du-
I - coage alguém, mediante violência ou grave ameaça,
rante o período de repouso noturno, salvo se capturado
a franquear-lhe o acesso a imóvel ou suas dependên-
em flagrante delito ou se ele, devidamente assistido,
cias;
consentir em prestar declarações:
II - (VETADO);
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa. III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar
após as 21h (vinte e uma horas) ou antes das 5h (cinco
Art. 19. Impedir ou retardar, injustificadamente, o envio horas).
de pleito de preso à autoridade judiciária competente § 2º Não haverá crime se o ingresso for para prestar
para a apreciação da legalidade de sua prisão ou das socorro, ou quando houver fundados indícios que indi-
circunstâncias de sua custódia: quem a necessidade do ingresso em razão de situação
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. de flagrante delito ou de desastre.

849
Art. 23. Inovar artificiosamente, no curso de diligência, Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
de investigação ou de processo, o estado de lugar, de
coisa ou de pessoa, com o fim de eximir-se de respon- Art. 29. Prestar informação falsa sobre procedimento
sabilidade ou de responsabilizar criminalmente alguém judicial, policial, fiscal ou administrativo com o fim de
ou agravar-lhe a responsabilidade: prejudicar interesse de investigado: (Vide ADIN 6234)
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Vide ADIN 6240)

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem pratica a Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
conduta com o intuito de: multa.

I - eximir-se de responsabilidade civil ou administrativa Parágrafo único. (VETADO).


por excesso praticado no curso de diligência;
Art. 30. Dar início ou proceder à persecução penal, ci-
II - omitir dados ou informações ou divulgar dados ou vil ou administrativa sem justa causa fundamentada ou
informações incompletos para desviar o curso da in- contra quem sabe inocente:
vestigação, da diligência ou do processo.
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 24. Constranger, sob violência ou grave ameaça,
funcionário ou empregado de instituição hospitalar pú- Art. 31. Estender injustificadamente a investigação, pro-
blica ou privada a admitir para tratamento pessoa cujo crastinando-a em prejuízo do investigado ou fiscaliza-
óbito já tenha ocorrido, com o fim de alterar local ou do: (Vide ADIN 6234) (Vide ADIN 6240)
momento de crime, prejudicando sua apuração: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, multa.
além da pena correspondente à violência. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, inexis-
tindo prazo para execução ou conclusão de procedi-
Art. 25. Proceder à obtenção de prova, em procedimen- mento, o estende de forma imotivada, procrastinando-o
to de investigação ou fiscalização, por meio manifesta- em prejuízo do investigado ou do fiscalizado.
mente ilícito:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou advo-
gado acesso aos autos de investigação preliminar, ao
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem faz uso termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer outro
de prova, em desfavor do investigado ou fiscalizado, procedimento investigatório de infração penal, civil ou
com prévio conhecimento de sua ilicitude. administrativa, assim como impedir a obtenção de có-
pias, ressalvado o acesso a peças relativas a diligências
Art. 26. (VETADO). em curso, ou que indiquem a realização de diligências
futuras, cujo sigilo seja imprescindível:
Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar procedi-
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
mento investigatório de infração penal ou administra-
multa.
tiva, em desfavor de alguém, à falta de qualquer indício
da prática de crime, de ilícito funcional ou de infração
administrativa: (Vide ADIN 6234) (Vide ADIN 6240) Art. 33. Exigir informação ou cumprimento de obriga-
ção, inclusive o dever de fazer ou de não fazer, sem
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. expresso amparo legal:
Parágrafo único. Não há crime quando se tratar de Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
sindicância ou investigação preliminar sumária, devi- multa.
damente justificada.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se uti-
liza de cargo ou função pública ou invoca a condição
Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de gravação sem
de agente público para se eximir de obrigação legal ou
relação com a prova que se pretenda produzir, expondo
para obter vantagem ou privilégio indevido.
a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a
imagem do investigado ou acusado:
Art. 34. (VETADO).

850
Art. 35. (VETADO). dem da autoridade judicial, pôr imediatamen-
te o preso em liberdade, salvo se já tiver sido
Art. 36. Decretar, em processo judicial, a indisponibi- comunicada da prorrogação da prisão tempo-
lidade de ativos financeiros em quantia que extrapole rária ou da decretação da prisão preventiva.
exacerbadamente o valor estimado para a satisfação da § 8º Inclui-se o dia do cumprimento do man-
dívida da parte e, ante a demonstração, pela parte, da dado de prisão no cômputo do prazo de pri-
excessividade da medida, deixar de corrigi-la: são temporária.” (NR)
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 41. O art. 10 da Lei nº 9.296, de 24 de julho de
Art. 37. Demorar demasiada e injustificadamente no 1996, passa a vigorar com a seguinte redação:
exame de processo de que tenha requerido vista em “Art. 10. Constitui crime realizar interceptação
órgão colegiado, com o intuito de procrastinar seu an- de comunicações telefônicas, de informática
damento ou retardar o julgamento: ou telemática, promover escuta ambiental ou
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e quebrar segredo da Justiça, sem autorização
multa. judicial ou com objetivos não autorizados em
lei:
Art. 38. Antecipar o responsável pelas investigações, Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos,
por meio de comunicação, inclusive rede social, atri- e multa.
buição de culpa, antes de concluídas as apurações e
formalizada a acusação: Parágrafo único. Incorre na mesma pena a
autoridade judicial que determina a execução
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e de conduta prevista no caput deste artigo com
multa. objetivo não autorizado em lei.” (NR)

CAPÍTULO VII Art. 42. A Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto


DO PROCEDIMENTO da Criança e do Adolescente), passa a vigorar acrescida
do seguinte art. 227-A:
Art. 39. Aplicam-se ao processo e ao julgamento dos “Art. 227-A Os efeitos da condenação prevista
delitos previstos nesta Lei, no que couber, as dispo- no inciso I do caput do art. 92 do Decreto-Lei
sições do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
1941 (Código de Processo Penal), e da Lei nº 9.099, de Penal), para os crimes previstos nesta Lei,
26 de setembro de 1995. praticados por servidores públicos com abu-
so de autoridade, são condicionados à ocor-
CAPÍTULO VIII rência de reincidência.
DISPOSIÇÕES FINAIS Parágrafo único. A perda do cargo, do manda-
to ou da função, nesse caso, independerá da
Art. 40. O art. 2º da Lei nº 7.960, de 21 de dezembro de pena aplicada na reincidência.”
1989, passa a vigorar com a seguinte redação:
Art. 43. A Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994, passa a
“Art.2º ....................... vigorar acrescida do seguinte art. 7º-B:
§ 4º-A O mandado de prisão conterá neces- ‘Art. 7º-B Constitui crime violar direito ou
sariamente o período de duração da prisão prerrogativa de advogado previstos nos inci-
temporária estabelecido no caput deste arti- sos II, III, IV e V do caput do art. 7º desta Lei:
go, bem como o dia em que o preso deverá
ser libertado. Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um)
ano, e multa.’”
§ 7º Decorrido o prazo contido no mandado
de prisão, a autoridade responsável pela cus- Art. 44. Revogam-se a Lei nº 4.898, de 9 de dezembro
tódia deverá, independentemente de nova or- de 1965, e o § 2º do art. 150 e o art. 350, ambos do

851
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Có- direitos humanos e das liberdades fundamentais; Con-
digo Penal). siderando que uma concepção comum destes direitos
e liberdades é da mais alta importância para dar plena
Art. 45. Esta Lei entra em vigor após decorridos 120 satisfação a tal compromisso:
(cento e vinte) dias de sua publicação oficial.
A Assembleia Geral proclama a presente Declaração
Brasília, 5 de setembro de 2019; 198º da Independência Universal dos Direitos humanos como ideal comum a
e 131º da República. atingir por todos os povos e todas as nações, a fim de
que todos os indivíduos e todos os órgãos da socie-
JAIR MESSIAS BOLSONARO dade, tendo-a constantemente no espírito, se esforcem,
pelo ensino e pela educação, por desenvolver o respeito
Este texto não substitui o publicado no DOU de desses direitos e liberdades e por promover, por me-
5.9.2019 - Edição extra-A e retificado em 18.9.2019 didas progressivas de ordem nacional e internacional,
o seu reconhecimento e a sua aplicação universais e
efetivos tanto entre as populações dos próprios Estados
Declaração Universal membros como entre as dos territórios colocados sob
dos Direitos Humanos a sua jurisdição.

Preâmbulo Artigo 1° Todos os seres humanos nascem livres e


iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e
Considerando que o reconhecimento da dignidade ine- de consciência, devem agir uns para com os outros em
rente a todos os membros da família humana e dos seus espírito de fraternidade.
direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da
liberdade, da justiça e da paz no mundo; Artigo 2° Todos os seres humanos podem invocar os
direitos e as liberdades proclamados na presente De-
Considerando que o desconhecimento e o desprezo claração, sem distinção alguma, nomeadamente de
dos direitos humanos conduziram a atos de barbárie raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião
que revoltam a consciência da Humanidade e que o política ou outra, de origem nacional ou social, de
advento de um mundo em que os seres humanos sejam fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação.
livres de falar e de crer, libertos do terror e da miséria, Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada
foi proclamado como a mais alta inspiração humanos; no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou
Considerando que é essencial a proteção dos direitos do território da naturalidade da pessoa, seja esse país
humanos através de um regime de direito, para que o ou território independente, sob tutela, autónomo ou su-
homem não seja compelido, em supremo recurso, à jeito a alguma limitação de soberania.
revolta contra a tirania e a opressão;
Artigo 3° Todo o indivíduo tem direito à vida, à liberda-
Considerando que é essencial encorajar o desenvolvi- de e à segurança pessoal.
mento de relações amistosas entre as nações; Consi-
derando que, na Carta, os povos das Nações Unidas Artigo 4° Ninguém será mantido em escravatura ou em
proclamam, de novo, a sua fé nos direitos fundamentais servidão; a escravatura e o trato dos escravos, sob to-
humanos, na dignidade e no valor da pessoa humana, das as formas, são proibidos.
na igualdade de direitos dos homens e das mulheres e
se declararam resolvidos a favorecer o progresso social Artigo 5° Ninguém será submetido a tortura nem a pe-
e a instaurar melhores condições de vida dentro de uma nas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes.
liberdade mais ampla;
Artigo 6° Todos os indivíduos têm direito ao reconhe-
Considerando que os Estados membros se comprome- cimento, em todos os lugares, da sua personalidade
teram a promover, em cooperação com a Organização jurídica.
das Nações Unidas, o respeito universal e efetivo dos

852
Artigo 7° Todos são iguais perante a lei e, sem dis- 2. Este direito não pode, porém, ser invocado no caso
tinção, têm direito a igual proteção da lei. Todos têm de processo realmente existente por crime de direito
direito a proteção igual contra qualquer discriminação comum ou por atividades contrárias aos fins e aos prin-
que viole a presente Declaração e contra qualquer inci- cípios das Nações Unidas.
tamento a tal discriminação.
Artigo 15° 1. Todo o indivíduo tem direito a ter uma
Artigo 8° Toda a pessoa tem direito a recurso efetivo nacionalidade.
para as jurisdições nacionais competentes contra os 2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua na-
atos que violem os direitos fundamentais reconhecidos cionalidade nem do direito de mudar de nacionalidade.
pela Constituição ou pela lei.
Artigo 16° 1. A partir da idade núbil, o homem e a mu-
Artigo 9° Ninguém pode ser arbitrariamente preso, de- lher têm o direito de casar e de constituir família, sem
tido ou exilado. restrição alguma de raça, nacionalidade ou religião.
Durante o casamento e na altura da sua dissolução,
Artigo 10° Toda a pessoa tem direito, em plena igual- ambos têm direitos iguais.
dade, a que a sua causa seja equitativa e publicamente
julgada por um tribunal independente e imparcial que 2. O casamento não pode ser celebrado sem o livre e
decida dos seus direitos e obrigações ou das razões de pleno consentimento dos futuros esposos.
qualquer acusação em matéria penal que contra ela seja 3. A família é o elemento natural e fundamental da so-
deduzida. ciedade e tem direito à proteção desta e do Estado. Ar-
tigo 17° 1. Toda a pessoa, individual ou coletivamente,
Artigo 11° 1. Toda a pessoa acusada de um ato delitu- tem direito à propriedade.
oso presume-se inocente até que a sua culpabilidade
2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua
fique legalmente provada no decurso de um processo
propriedade.
público em que todas as garantias necessárias de defe-
sa lhe sejam asseguradas.
Artigo 18° Toda a pessoa tem direito à liberdade de
2. Ninguém será condenado por ações ou omissões pensamento, de consciência e de religião; este direito
que, no momento da sua prática, não constituíam ato implica a liberdade de mudar de religião ou de convic-
delituoso à face do direito interno ou internacional. Do ção, assim como a liberdade de manifestar a religião
mesmo modo, não será infligida pena mais grave do ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público
que a que era aplicável no momento em que o ato deli- como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto
tuoso foi cometido. e pelos ritos.

Artigo 12° Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias Artigo 19° Todo o indivíduo tem direito à liberdade
na sua vida privada, na sua família, no seu domicílio de opinião e de expressão, o que implica o direito de
ou na sua correspondência, nem ataques à sua honra não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procu-
e reputação. Contra tais intromissões ou ataques toda a rar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras,
pessoa tem direito a proteção da lei. informações e idéias por qualquer meio de expressão.

Artigo 13° 1. Toda a pessoa tem o direito de livremente Artigo 20° 1. Toda a pessoa tem direito à liberdade de
circular e escolher a sua residência no interior de um reunião e de associação pacíficas.
Estado.
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma
2. Toda a pessoa tem o direito de abandonar o país em associação.
que se encontra, incluindo o seu, e o direito de regres-
sar ao seu país. Artigo 21° 1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte
na direção dos negócios, públicos do seu país, quer
Artigo 14° 1. Toda a pessoa sujeita a perseguição tem diretamente, quer por intermédio de representantes li-
o direito de procurar e de beneficiar de asilo em outros vremente escolhidos.
países.

853
2. Toda a pessoa tem direito de acesso, em condições dente ao ensino elementar fundamental. O ensino ele-
de igualdade, às funções públicas do seu país. mentar é obrigatório. O ensino técnico e profissional
dever ser generalizado; o acesso aos estudos superio-
3. A vontade do povo é o fundamento da autoridade dos
res deve estar aberto a todos em plena igualdade, em
poderes públicos: e deve exprimir-se através de elei-
função do seu mérito.
ções honestas a realizar periodicamente por sufrágio
universal e igual, com voto secreto ou segundo pro- 2. A educação deve visar à plena expansão da persona-
cesso equivalente que salvaguarde a liberdade de voto. lidade humana e ao reforço dos direitos humanos e das
liberdades fundamentais e deve favorecer a compreen-
Artigo 22° Toda a pessoa, como membro da sociedade, são, a tolerância e a amizade entre todas as nações e
tem direito à segurança social; e pode legitimamente todos os grupos raciais ou religiosos, bem como o de-
exigir a satisfação dos direitos económicos, sociais e senvolvimento das atividades das Nações Unidas para
culturais indispensáveis, graças ao esforço nacional e à a manutenção da paz.
cooperação internacional, de harmonia com a organiza- 3. Aos pais pertence a prioridade do direito de escolher
ção e os recursos de cada país. o género de educação a dar aos filhos.

Artigo 23° 1. Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à li- Artigo 27° 1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte
vre escolha do trabalho, a condições equitativas e satis- livremente na vida cultural da comunidade, de fruir as
fatórias de trabalho e à proteção contra o desemprego. artes e de participar no progresso científico e nos bene-
2. Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salá- fícios que deste resultam.
rio igual por trabalho igual. 2. Todos têm direito à proteção dos interesses morais e
3. Quem trabalha tem direito a uma remuneração equi- materiais ligados a qualquer produção científica, literá-
tativa e satisfatória, que lhe permita e à sua família ria ou artística da sua autoria.
uma existência conforme com a dignidade humana, e
completada, se possível, por todos os outros meios de Artigo 28° Toda a pessoa tem direito a que reine, no
proteção social. plano social e no plano internacional, uma ordem capaz
de tornar plenamente efetivos os direitos e as liberda-
4. Toda a pessoa tem o direito de fundar com outras
des enunciadas na presente Declaração.
pessoas sindicatos e de se filiar em sindicatos para de-
fesa dos seus interesses.
Artigo 29° 1. O indivíduo tem deveres para com a co-
munidade, fora da qual não é possível o livre e pleno
Artigo 24° Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos
desenvolvimento da sua personalidade.
lazeres, especialmente, a uma limitação razoável da du-
ração do trabalho e as férias periódicas pagas. 2. No exercício destes direitos e no gozo destas liber-
dades ninguém está sujeito senão às limitações estabe-
Artigo 25° 1. Toda a pessoa tem direito a um nível de lecidas pela lei com vista exclusivamente a promover o
vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saú- reconhecimento e o respeito dos direitos e liberdades
de e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, dos outros e a fim de satisfazer as justas exigências da
ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e moral, da ordem pública e do bem-estar numa socieda-
ainda quanto aos serviços sociais necessários, e tem de democrática.
direito à segurança no desemprego, na doença, na in- 3. Em caso algum estes direitos e liberdades poderão
validez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda ser exercidos contrariamente aos fins e aos princípios
de meios de subsistência por circunstâncias indepen- das Nações Unidas.
dentes da sua vontade.
2. A maternidade e a infância têm direito a ajuda e a as- Artigo 30° Nenhuma disposição da presente Declara-
sistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ção pode ser interpretada de maneira a envolver para
ou fora do matrimônio, gozam da mesma proteção social. qualquer Estado, agrupamento ou indivíduo o direito
de se entregar a alguma atividade ou de praticar algum
Artigo 26° 1. Toda a pessoa tem direito à educação. A ato destinado a destruir os direitos e liberdades aqui
educação deve ser gratuita, pelo menos a correspon- enunciados.

854
LEGISLAÇÃO DE GOIÁS

c) os componentes da reserva remunerada quando con-


ESTATUTO DOS POLICIAIS- vocados, e
MILITARES DO ESTADO DE GOIÁS d) os alunos de órgãos de formação de Policiais-Mili-
Lei nº 8.033, de 02 dezembro de tares da ativa.
1975. II - na inatividade:
a) na reserva remunerada, quando pertencem à reser-
Dispõe sobre o Estatuto dos Policiais-Militares do va da Corporação e percebem remuneração do Estado,
Estado de Goiás e dá outras providências. porém sujeitos, ainda, à prestação de serviço na ativa,
mediante convocação;
ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE GOIÁS
decreta e eu sanciono a seguinte lei: b) reformados, quando, tendo passado por uma das
situações anteriores, estão dispensados, definitivamen-
te, da prestação de serviço na ativa, mas continuam a
TÍTULO I perceber remuneração do Estado.
Generalidades
§ 2º - Os Policiais-Militares de carreira são os que, no
desempenho voluntário e permanente do serviço Poli-
Art. 1º - O presente Estatuto regula a situação, as obri- cial-Militar, tem vitaliciedade assegurada ou presumida.
gações, os deveres, direitos e prerrogativas dos Poli-
ciais Militares do Estado de Goiás. Art. 4º - O serviço Policial-Militar consiste no exercício
de atividades inerentes à Polícia Militar e compreende
Art. 2º - A Polícia Militar é uma instituição permanente todos os encargos previstos na legislação específica e
e regular, destinada à manutenção da ordem pública relacionados com a manutenção da ordem pública no
do Estado, sendo considerada força auxiliar reserva do Estado.
Exército. A sua subordinação ao Secretário da Seguran-
ça Pública é estritamente operacional, nos termos do Art. 5º - A carreira Policial-Militar é caracterizada por
artigo 4º do Decreto-Lei Federal nº 667, de 2 de julho atividade continuada e inteiramente devotada às fina-
de 1969, e do Regulamento para as Polícias Militares e lidades da Polícia Militar, denominada atividade Poli-
Corpos de Bombeiros Militares (R-200), aprovado pelo cial-Militar.
Decreto Federal nº 66.862, de 8 de julho de 1970.
§ 1º - A carreira Policial-Militar é privativa do pessoal
Art. 3º - Os integrantes da Polícia Militar do Estado de da ativa. Inicia-se com o ingresso na Polícia Militar e
Goiás, em razão da destinação constitucional da Cor- obedece à seqüência de graus hierárquicos.
poração e em decorrência das leis vigentes, constituem § 2º - É privativa de brasileiro nato a carreira de Oficial
uma categoria especial de servidores públicos estadu- na Polícia Militar.
ais e são denominados Policiais-Militares.
§ 1º - Os Policiais-Militares encontram-se em uma das Art. 6º (Revogado)
seguintes situações:
Art. 7º - São equivalentes as expressões na ativa, da
I - na ativa: ativa, em serviço ativo, em serviço na ativa, em serviço,
a) os Policiais-Militares de carreira; em atividade ou em atividade Policial-Militar, conferi-
das aos Policiais-Militares no desempenho de cargo,
b) os incluídos na Polícia Militar voluntariamente du-
comissão, encargo, incumbência ou missão, serviço ou
rante os prazos a que se obrigarem a servir;
atividade Policial-Militar ou considerada de natureza

855
Policial-Militar, nas organizações Policiais-Militares, conveniada ou contratada, com duração mínima de 2
bem como em outros órgãos do Estado, quando previs- (dois) anos;
tos em lei ou regulamento. VI – Revogado.
Art. 8º - A condição jurídica dos Policiais-Militares é VII - não tenha exercido atividades prejudiciais ou peri-
definida pelos dispositivos constitucionais que lhes fo- gosas à Segurança Nacional.
rem aplicáveis, por este Estatuto e pela legislação que § 1º O candidato realizará o curso de formação a que se
lhes outorgam direitos e prerrogativas e lhes impõem refere o inciso VI na condição de Cadete.
deveres e obrigações.
§ 2º O ingresso no Quadro de Oficiais da Polícia Mili-
tar - QOPM far-se-á no Posto de 2º (segundo) Tenente.
Art. 9º - O disposto neste Estatuto aplica-se, no que
couber: § 3º Não se aplica o limite máximo de idade a que se
refere o inciso V do caput deste artigo aos policiais mi-
I - aos Policiais-Militares da reserva remunerada e con-
litares da ativa da Corporação.
vocados; e
II - aos Capelães Policiais-Militares. CAPÍTULO II
Da Hierarquia e da Disciplina
CAPÍTULO I
Do Ingresso na Polícia Militar
Art. 12 - A hierarquia e a disciplina são a base institu-
cional da Polícia Militar. A autoridade e a responsabili-
Art. 10 - O ingresso na Polícia Militar é facultado a dade crescem com o grau hierárquico.
todos os brasileiros, sem distinção de raça, sexo ou
§ 1º - A hierarquia Policial-Militar é a ordenação da
crença religiosa, mediante inclusão, matrícula ou no-
autoridade em níveis diferentes, dentro da estrutura da
meação, observadas as condições prescritas em lei e
Polícia Militar. A ordenação se faz por postos ou gradu-
nos regulamentos da Corporação. 
ações; dentro de um mesmo posto ou de uma mesma
graduação se faz pela antigüidade no posto ou na gra-
Art. 11 - Para ingresso no Quadro de Oficiais da Polícia
duação. O respeito à hierarquia é consubstanciado no
Militar - QOPM do Estado de Goiás exigir-se-á que o
espírito de acatamento à seqüência de autoridade.
candidato:
§ 2º - Disciplina é a rigorosa observância e o acata-
I - tenha sido previamente aprovado em concurso pú-
mento integral das leis, regulamentos, normas e dis-
blico de provas ou de provas e títulos, ao qual somente
posições que fundamentam organismo Policial-Militar
poderão inscrever-se bacharéis em Direito, conforme
e coordenam seu funcionamento regular e harmônico,
dispuser o edital;
traduzindo-se pelo perfeito cumprimento do dever por
II - seja considerado habilitado em exames de capaci- parte de todos e de cada um dos componentes desse
dade física e de avaliação psicológica, ambos de caráter organismo.
eliminatório;
III - tenha comportamento irrepreensível e conduta Art. 13 - Círculos hierárquicos são âmbitos de convi-
ilibada, comprovados através de investigação social, vência entre os Policiais-Militares da mesma categoria
conforme definido no edital do concurso; e tem a finalidade de desenvolver o espírito de camara-
dagem em ambiente de estima e confiança, sem prejuí-
IV - goze de saúde física e mental, comprovada por Jun- zo do respeito mútuo.
ta Médica Oficial;
V – tenha idade não superior a 32 (trinta e dois) anos Art. 14. Os círculos hierárquicos e a escala hierárquica
completados até o último dia previsto para a inscrição da Polícia Militar são fixados neste artigo:
no respectivo concurso público; I – Círculo de Oficiais Superiores: Coronel PM, Tenen-
VI – logre aprovação e classificação em curso de for- te-Coronel PM e Major PM;
mação de oficiais ministrado pelo Comando da Acade- II – Círculo de Oficiais Intermediários: Capitão PM;
mia Policial Militar ou por órgão ou entidade pública

856
III – Círculo de Oficiais Subalternos: 1º e 2º Tenentes PM; III - entre os alunos de um mesmo órgão de formação
IV – Círculo de Praças Especiais: frequenta o círculo de Policiais-Militares, de acordo como o regulamento
de subalternos: ASP OF PM e, excepcionalmente, ou do respectivo órgão, se não estiverem especificamente
em reuniões sociais, tem acesso ao Círculo de Oficiais enquadrados nos itens I e II deste parágrafo.
o CAD PM; § 3º - Em igualdade de posto ou graduação, os Poli-
V – Círculo de Praças: Subtenente, 1º, 2º e 3º Sargen- ciais-Militares da ativa tem precedência sobre os da
tos, Cabo e Soldado; inatividade:
VI – Praças: excepcionalmente ou em reuniões § 4º - Em igualdade de posto ou graduação a prece-
sociais, o AL e SGT PM têm acesso ao Círcu- dência entre os Policiais-Militares de carreira na ativa
lo de Subtenentes e Sargentos, e o AL, CB, AL e e os da reserva remunerada que estiverem convocados
SD frequentam o círculo de Cabos e Soldados. é definida pelo tempo de efetivo serviço no posto ou
§ 1º - Posto é o grau hierárquico do Oficial, conferido graduação.
por ato do Governador do Estado.
§ 2º - Graduação é o grau hierárquico da Praça, conferi- Art. 16 - A precedência entre as Praças Especiais e as
do pelo Comandante-Geral da Polícia Militar. demais Praças é assim regulada:

§ 3º Os Aspirantes a Oficial PM e os Cadetes PM rece- I – os Cadetes PM são hierarquicamente superiores às


bem a denominação de Praças Especiais. demais Praças;

§ 4º - Os graus hierárquicos inicial e final dos diversos II – os Aspirantes a Oficial PM são hierarquicamente
quadros e qualificações são fixados, separadamente, superiores às Praças e demais Praças Especiais.
para cada caso, em lei de fixação de efetivo.
Art. 17 - A Polícia Militar manterá um registro de todos
§ 5º - Sempre que o Policial Militar da reserva remune- os dados referentes ao seu pessoal da ativa e da reserva
rada ou reformado fizer o uso do posto ou graduação, remunerada, dentro das respectivas escalas numéricas,
deverá fazê-lo mencionando a abreviatura respectiva de segundo as instruções baixadas pelo Comandante-Ge-
sua situação. ral da Corporação.

Art. 15 - A precedência entre Policiais-Militares da Art. 18. Os Cadetes PM são declarados Aspirantes a
ativa, do mesmo grau hierárquico, é assegurada pela Oficial PM por ato do Comandante-Geral da Corpora-
antigüidade no posto ou na graduação, salvo nos casos ção.
de precedência funcional estabelecida em lei ou regu-
lamento.
CAPÍTULO III
§ 1º - A antigüidade em cada posto ou graduação é con- Do Cargo e Função Policiais-Militares
tada a partir da data da assinatura do ato da respectiva
promoção, nomeação, declaração ou inclusão, salvo
quando estiver taxativamente fixada outra data. Art. 19 - Cargo Policial-Militar é aquele que só pode ser
exercido por Policial-Militar em serviço ativo.
§ 2º - No caso de ser igual a antigüidade referida no
parágrafo anterior, a antigüidade é estabelecida: § 1º - O Cargo Policial-Militar a que se refere este artigo
é o que se encontra especificado nos Quadros de Or-
I - entre Policiais-Militares do mesmo quadro, pela po- ganização ou previsto, caracterizado ou definido, como
sição nas respectivas escalas numéricas ou registros de tal, em outras disposições legais.
que trata o artigo 17;
§ 2º - A cada cargo Policial-Militar corresponde um
II - nos demais casos, pela antigüidade no posto ou na conjunto de atribuições, deveres e responsabilidades
graduação anterior. Se, ainda assim, subsistir a igual- que se constituem em obrigações do respectivo titular.
dade de antigüidade, recorrer-se-á, sucessivamente,
aos graus hierárquicos anteriores, à data de inclusão § 3º - As obrigações inerentes ao cargo Policial Militar
e à data de nascimento para definir a precedência e, devem ser compatíveis com o correspondente grau hie-
neste último caso, o mais velho será considerado mais rárquico e definidas em legislação ou regulamentação
antigo; específicas.

857
- Vide Decreto nº 843, de 10-03-76, D.O. 17-03-76. incumbência, comissão, serviço ou atividade Policial-
-Militar ou de natureza Policial-Militar, o disposto neste
Art. 20 - Os cargos Policiais-Militares são providos Capítulo para cargo Policial-Militar.
com pessoal que satisfaça aos requisitos de grau hie-
rárquico e de qualificação exigidos para o seu desem- TÍTULO II
penho. Das Obrigações e dos Deveres Policiais-
Parágrafo Único - O provimento de cargo Policial-Mili- -Militares
tar se faz por ato de nomeação, de designação ou deter-
minação expressa de autoridade competente. 
CAPÍTULO I
Art. 21 - O cargo Policial-Militar é considerado vago a Das Obrigações Policiais-Militares
partir de sua criação e até que um Policial-Militar tome
posse ou desde o momento em que o Policial-Militar Seção I
exonerado, dispensado ou que tenha recebido determi-
nação expressa de autoridade competente, o deixe ou
Do Valor Policial-Militar
até que outro Policial-Militar tome posse, de acordo
com as normas de provimento previstas no parágrafo Art. 26 - São manifestações essenciais do valor Poli-
único do artigo 20. cial-Militar:
Parágrafo Único - Consideram-se também vagos ou I - o sentimento de servir à comunidade estadual, tra-
cargos Policiais-Militares cujos ocupantes: duzido pela vontade inabalável de cumprir o dever Po-
licial-Militar e pelo integral devotamento à manutenção
I - tenha falecido;
da ordem pública, mesmo com o risco da própria vida;
II - tenham sido considerados extraviados; e
II - o civismo e o culto das tradições históricas;
III - tenham sido considerados desertores.
III - a fé na elevada missão da Polícia Militar;
Art. 22 - Função Policial-Militar é o exercício das obri- IV - o espírito de corpo, orgulho do Policial-Militar pela
gações inerentes ao cargo Policial-Militar. organização onde serve;
V - o amor à profissão Policial-Militar e o entusiasmo
Art. 23 - Dentro de uma mesma organização Policial- com que é exercido; e
-Militar, a seqüência de substituições, bem como as
normas, atribuições e responsabilidades relativas, são VI - o aprimoramento técnico-profissional.
estabelecidas na legislação específica, respeitadas a
precedência e qualificações exigidas para o cargo ou Seção II
para o exercício da função. Da Ética Policial-Militar

Art. 24 - O Policial-Militar ocupante de cargo provido Art. 27 - O sentimento do dever, o denodo Policial-Mi-
em caráter efetivo ou interino, de acordo com o parágra- litar e o decoro da classe impõem, a cada um dos inte-
fo único do artigo 20, faz jus às gratificações e a outros grantes da Polícia Militar, conduta moral e profissional
direitos correspondentes ao cargo, conforme previsto irrepreensível, com observância dos seguintes precei-
em lei. tos da ética Policial-Militar.
Art. 25 - As obrigações que, pela generalidade, peculia- I - amar a verdade e a responsabilidade como funda-
ridade, duração, vulto ou natureza não são catalogadas mento da dignidade pessoal;
como posições tituladas em Quadro de Organização ou II - exercer com autoridade, eficiência e probidade as
dispositivo legal são cumpridas como encargo, incum- funções que lhe couberem em decorrência do cargo;
bência, comissão, serviço ou atividade Policial-Militar
ou de natureza Policial-Militar. III - respeitar a dignidade da pessoa humana;

Parágrafo Único - Aplica-se, no que couber, ao encargo, IV - cumprir e fazer cumprir as leis, os regulamentos,

858
as instruções e as ordens das autoridades competentes; Art. 28 - Ao Policial-Militar da ativa, ressalvando o
disposto no § 2º, é vedado comerciar ou tomar parte
V - ser justo e imparcial no julgamento dos atos e na
na administração ou gerência de sociedade ou dela ser
apreciação do mérito dos subordinados;
sócio ou participar, exceto como acionista ou quotista
VI - zelar pelo preparo próprio, moral, intelectual, físico em sociedade anônima ou por quotas de responsabili-
e, também, pelo dos subordinados, tendo em vista o dade limitada.
cumprimento da missão comum;
§ 1º - Os Policiais-Militares na reserva remunerada,
VII - empregar todas as suas energias em benefício do quando convocados, ficam proibidos de tratar, nas or-
serviço; ganizações Policiais-Militares e nas repartições públi-
VIII - praticar a camaradagem e desenvolver permanen- cas civis, dos interesses de organizações ou empresas
temente o espírito de cooperação; privadas de qualquer natureza.

IX - ser discreto em suas atitudes, maneiras e em sua § 2º - Os Policiais-Militares da ativa podem exercer,
linguagem escrita e falada; diretamente, a gestão de seus bens, desde que não in-
frinjam o disposto no presente artigo.
X - abster-se de tratar, fora do âmbito apropriado, de
matéria sigilosa relativa à Segurança Nacional; § 3º - No intuito de desenvolver a prática profissional
dos integrantes do Quadro de Saúde, é-lhes permitido
XI - acatar as autoridades civis; o exercício da atividade técnico-profissional, no meio
XII - cumprir seus deveres de cidadão; civil, desde que tal prática não prejudique o serviço.
XIII - proceder de maneira ilibada na vida pública e na
Art. 29 - O Comandante-Geral da Polícia Militar poderá
particular;
determinar aos Policiais-Militares da ativa que, no inte-
XIV - observar as normas da boa educação; resse da salvaguarda da dignidade dos mesmos, infor-
XV - garantir assistência social moral e material ao seu mem sobre a origem e natureza dos seus bens, sempre
lar e conduzir-se como chefe de família modelar; que houver razões que recomendem tal medida.

XVI - conduzir-se, mesmo fora do serviço ou na ina-


tividade, de modo que não sejam prejudicados os
CAPÍTULO II
princípios da disciplina, do respeito e do decoro Po- Dos Deveres Policiais-Militares
licial-Militar;
XVII - abster-se de fazer uso do posto ou da graduação Art. 30 - Os deveres Policiais-Militares emanam de vín-
para obter facilidades pessoais de qualquer natureza ou culos racionais e morais que ligam o Policial-Militar à
para encaminhar negócios particulares ou de terceiros; comunidade estadual e à sua segurança, e compreen-
dem, essencialmente:
XVIII - abster-se o Policial-Militar na inatividade do uso
das designações hierárquicas quando: I - a dedicação integral ao serviço Policial-Militar e a
fidelidade à instituição a que pertence, mesmo com o
a) em atividades político-partidárias; sacrifício da própria vida;
b) em atividades comerciais; II - o culto aos símbolos nacionais;
c) em atividades industriais; III - a probidade e a lealdade em todas as circunstân-
d) para discutir ou provocar discussões pela imprensa cias;
a respeito de assuntos políticos ou Policiais-Militares, IV - a disciplina e o respeito à hierarquia;
excetuando-se os de natureza exclusivamente técnica,
se devidamente autorizado; e V - o rigoroso cumprimento das obrigações e ordens; e

e) no exercício de funções de natureza não Policial-Mi- VI - a obrigação de tratar o subordinado dignamente e


litar, mesmo oficiais. com urbanidade.

XIX - zelar pelo bom nome da Polícia Militar e de cada Parágrafo Único - A dedicação integral a que ser refere
um dos seus integrantes, obedecendo e fazendo obede- o item I deste artigo sujeita o Policial-Militar à jornada
cer aos preceitos da ética Policial-Militar. mínima de 40 (quarenta) horas semanais de trabalho”.

859
Acrescido pela Lei nº 10.623, de 24-8-88, DO. de 1-9- Do Comando e da Subordinação
88.
Art. 33 - Comando é a soma de autoridade, deveres e
CAPÍTULO III responsabilidade de que o Policial-Militar é investido
legalmente, quando conduz homens ou dirige uma or-
Seção I ganização Policial-Militar. O Comando é vinculado ao
grau hierárquico e constitui uma prerrogativa impesso-
Do Compromisso Policial-Militar
al, em cujo exercício o Policial-Militar se define e se
caracteriza como chefe.
Art. 31 - Todo cidadão após ingressar na Polícia Militar
Parágrafo Único - Aplica-se à Direção e à Chefia de
mediante inclusão, matrícula ou nomeação, prestará
Organização Policial-Militar, no que couber, o estabe-
compromisso de honra, no qual afirmará a sua aceita-
lecimento para o Comando.
ção consciente das obrigações e dos deveres Policiais-
-Militares e manifestará a sua firme disposição de bem
cumpri-los. Art. 34 - A subordinação não afeta, de modo algum, a
dignidade pessoal do Policial-Militar e decorre, exclu-
sivamente, da estrutura hierarquizada da Polícia Militar.
Art. 32 - O compromisso a que se refere o artigo anterior
terá caráter solene e será prestado na presença de tropa,
tão logo o Policial-Militar tenha adquirido um grau de Art. 35 - O Oficial é preparado, ao longo da carreira,
instrução compatível com o perfeito entendimento de para o exercício do Comando, da Chefia e da Direção
seus deveres como integrante da Polícia Militar, confor- das organizações Policiais-Militares.
me os seguintes dizeres: “Ao ingressar na Polícia Mili-
tar do Estado de Goiás, prometo regular a minha con- Art. 36 - Os subtenentes e sargentos auxiliam e com-
duta pelos preceitos da moral, cumprir rigorosamente plementam as atividades dos oficiais, quer no adestra-
as ordens das autoridades a que estiver subordinado mento e no emprego dos meios, quer na instrução e
e dedicar-me inteiramente ao serviço Policial-Militar, à na administração, podendo, também, ser empregados
manutenção da ordem pública e à segurança da comu- na execução de atividades de policiamento ostensivo
nidade, mesmo com o risco da própria vida”. peculiares à Polícia Militar.

§ 1º - O compromisso do Aspirante-a-Oficial PM será Parágrafo Único - No exercício das atividades mencio-


prestado no estabelecimento de formação de oficiais, nadas neste artigo e no comando de elementos subor-
de acordo com o cerimonial constante do regulamento dinados, os subtenentes e sargentos deverão impor-se
daquele estabelecimento de ensino. Este compromisso pela lealdade, pelo exemplo e pela capacidade profis-
obedecerá aos seguintes dizeres: «Ao ser declarado sional e técnica, incumbindo-lhes assegurar a obser-
Aspirante-a-Oficial da Polícia Militar, assumo o com- vância minuciosa e ininterrupta as ordens, das regras
promisso de cumprir rigorosamente as ordens das au- de serviço e as normas operativas pelas Praças que lhes
toridades a que estiver subordinado e de me dedicar estiverem diretamente subordinadas e a manutenção da
inteiramente ao serviço Policial-Militar, à manutenção coesão e do moral das mesmas Praças em todas as
da ordem pública e à segurança da comunidade, mes- circunstâncias.
mo com o risco da própria vida».
Art. 37 - Os cabos e soldados são, essencialmente, os
§ 2º - Ao ser promovido ao primeiro posto, o Oficial elementos de execução.
PM prestará compromisso de oficial, em solenidade
especialmente programada, de acordo com os seguin- Art. 38 - Às Praças Especiais cabe a rigorosa observân-
tes dizeres: «Perante a Bandeira do Brasil e pela minha cia das prescrições dos regulamentos que lhes são per-
honra prometo cumprir os deveres de oficial da Polícia tinentes, exigindo-se-lhes inteira dedicação ao estudo e
Militar do Estado de Goiás e dedicar-me inteiramente ao aprendizado técnico-profissional.
ao seu serviço».
Art. 39 - Cabe ao Policial-Militar a responsabilidade in-
Seção II tegral pelas decisões que tomar, pelas ordens que emitir

860
e pelos atos que praticar. Seção I
Dos Crimes Militares
CAPÍTULO III
Da Violação das Obrigações Art. 44 - A Justiça Militar Estadual é o órgão compe-
e dos Deveres tente para processar e julgar os Policiais-Militares nos
crimes definidos em lei como militares.
Art. 40 - A violação das obrigações ou dos deveres
Policiais-Militares constituirá crime ou transgressão Art. 45 - Aplicam-se aos Policiais-Militares, no que
disciplinar, na conformidade da legislação ou regula- couber, as disposições estabelecidas no Código Penal
mentação específica.  Militar e Código de Processo Penal Militar.
Parágrafo Único - A violação dos preceitos da ética Po-
licial-Militar é tão mais grave quanto mais elevado for o
Seção II
grau hierárquico de quem a cometer. Das Transgressões Disciplinares
-Vide Decreto nº 4.717, de 7-10-96, DO.
Art. 41 - A inobservância dos deveres especificados de 10-10-96.
nas leis e regulamentos ou a falta de execução no cum-
primento dos mesmos, acarreta para o Policial-Militar
Art. 46 - O Regulamento Disciplinar da Polícia Militar
responsabilidade funcional, pecuniária, disciplinar ou
especificará e classificará as transgressões discipli-
penal, consoante a legislação específica.
nares e estabelecerá as normas relativas à amplitude
Parágrafo Único - A apuração da responsabilidade fun- e à aplicação das penas disciplinares, à classificação
cional, pecuniária, disciplinar ou penal poderá concluir do comportamento Policial-Militar e à interposição de
pela incompatibilidade do Policial-Militar com o cargo recursos contra as penas disciplinares.
e pela incapacidade para o exercício das funções Poli-
§ 1º - As penas disciplinares de detenção ou prisão não
ciais-Militares a ele inerentes.
podem ultrapassar de trinta (30) dias.
Art. 42 - O Policial-Militar que, por sua atuação, se § 2º Ao Cadete PM aplicam-se, também, as disposições
tornar incompatível com o cargo ou demonstrar inca- disciplinares previstas em normas do estabelecimento
pacidade no exercício das funções Policiais-Militares a de ensino onde estiver matriculado.
ele inerentes, será afastado do cargo.
§ 1º - São competentes para determinar o imediato Seção III
afastamento do cargo ou o impedimento do exercício Dos Conselhos de Justificação e de
da função: Disciplina
I - o Governador do Estado;
Art. 47 - O Oficial presumivelmente incapaz de perma-
II - o Comandante-Geral da Polícia Militar; e
necer em atividade VETADO, será submetido a Conse-
III - os Comandantes, os Chefes e os Diretores de OPM, lhos de Justificação, na forma da legislação específica.
na conformidade da legislação ou regulamentação da
§ 1º - O Oficial, ao ser submetido a Conselho de Justifi-
Corporação.
cação, poderá ser afastado do exercício de suas funções
§ 2º - O Policial-Militar afastado do cargo, nas con- automaticamente ou a critério do Comandante-Geral da
dições mencionadas neste artigo, ficará privado do Polícia Militar, conforme estabelecido em lei específica.
exercício de qualquer função Policial-Militar, até a so-
§ 2º - Compete ao Tribunal de Justiça do Estado de
lução final do processo ou das providências legais que
Goiás julgar os processos oriundos dos Conselhos de
couberem no caso.
Justificação, na forma estabelecida em lei específica.
Art. 43 - São proibidas quaisquer manifestações coleti- § 3º - O Conselho de Justificação também poderá ser
vas, tanto sobre atos de superiores, quanto às de caráter aplicado aos oficiais reformados e na reserva remune-
reivindicatório. rada.

861
Art. 48 - O Aspirante-a-Oficial PM, bem como as Praças f) a constituição de pensão Policial-Militar;
com estabilidade assegurada, presumivelmente incapa- g) a promoção;
zes de permanecerem como Policiais-Militares da ativa,
serão submetidos a Conselho de Disciplina, na forma h) a transferência para a reserva remunerada, a pedido,
da legislação específica. ou a reforma;
§ 1º - O Aspirante-a-Oficial PM e as Praças com esta- i) as férias, os afastamentos temporários do serviço e
bilidade assegurada, ao serem submetidos a Conselho as licenças;
de Disciplina, serão afastados das atividades que esti- j) a demissão e o licenciamento voluntário;
verem exercendo.
l) o porte de arma, em serviço ativo ou inatividade,
§ 2º - Compete ao Comandante-Geral da Polícia Militar salvo aqueles em inatividade por alienação mental ou
julgar, em última instância, os processos oriundos dos por atividade que o impeçam ou desaconselhem aquele
Conselhos de Disciplina, convocados no âmbito da porte; 
Corporação.
m) VETADA; 
§ 3º - O Conselho de Disciplina também poderá ser
aplicado às Praças reformadas e na reserva remune- n) tratamento de saúde por conta integral do IPASGO,
rada. nas enfermidades contraídas em serviço ou em razão
da função.
TÍTULO III Parágrafo Único - A percepção da remuneração ou
Dos direitos e das prerrogativas melhoria da mesma, de que trata o item II deste artigo,
obedecerá ao seguinte: 
dos Policiais Militares
§ 1º - Revogado. 
CAPÍTULO I a) o Oficial PM que contar mais de trinta (30) anos de
Dos Direitos serviço, após ingressar na inatividade, terá seus pro-
ventos calculados sobre o soldo correspondente ao
posto imediato, se na Corporação existir posto superior
Art. 49 - São Direitos dos Policiais-Militares: ao seu mesmo que de outro quadro; se ocupante do
I - garantia da patente, em toda a sua plenitude, com último posto da hierarquia da Corporação, terá os pro-
as vantagens, prerrogativas e deveres a ela inerentes, ventos calculados com base no soldo do próprio posto,
quando Oficial; acrescido de percentual fixado em legislação específica; 
II - a percepção de remuneração correspondente ao a) VETADA;
grau hierárquico imediato ou melhoria da mesma, ao b) os subtenentes, quando transferidos para a inativida-
ser transferido para a inatividade, quando contar mais de, terão os proventos calculados sobre o soldo corres-
de trinta (30) anos de serviço; pondente ao posto de Segundo-Tenente PM, desde que
III - nas condições ou nas limitações impostas na legis- contem mais de trinta (30) anos de serviço; e
lação e regulamentação específicas: c) as demais praças que contem mais de trinta (30)
a) a estabilidade, quando Praça, com dez (10) ou mais anos de serviço, ao serem transferidas para a inativida-
anos de tempo de efetivo serviço; de, terão os proventos calculados sobre o soldo corres-
pondente à graduação imediatamente superior.
b) o uso das designações hierárquicas;
§ 2º - VETADO.
c) a ocupação de cargo correspondente ao posto ou à
graduação;
Art. 50 - O Policial-Militar que se julgar prejudicado ou
d) a percepção de remuneração; ofendido por qualquer ato administrativo ou discipli-
e) outros direitos previstos na lei específica que trata nar de superior hierárquico poderá recorrer ou interpor
da remuneração dos Policiais-Militares do Estado de pedido de reconsideração, queixa ou representação,
Goiás; segundo legislação vigente na Corporação.
§ 1º - O de recorrer na esfera administrativa prescreverá:

862
I - em quinze (15) dias corridos, a contar do recebimen- § 2º - Os Policiais-Militares em inatividade percebem
to da comunicação oficial, quanto a ato que decorra da remuneração, constituída pelas seguintes parcelas:
composição de Quadro de Acesso; e I - mensalmente:
II - em cento e vinte (120) dia corridos, nos demais a) proventos, compreendendo soldo ou quotas do sol-
casos. do, gratificações e indenizações incorporáveis; e
§ 2º - O pedido de reconsideração a queixa e a repre- b) adicional de inatividade.
sentação não podem ser feitos coletivamente.
II - eventualmente, auxílio-invalidez.
§ 3º - O Policial-Militar da ativa que, nos casos cabí-
veis, se dirigir ao Poder Judiciário, deverá participar, § 3º - Os Policiais-Militares receberão salário-família
antecipadamente, esta iniciativa à autoridade à qual de conformidade com a lei que a rege.
estiver subordinado.
Art. 53 - O auxílio-invalidez, atendidas as condições es-
Art. 51 - Os Policiais-Militares são alistáveis como elei- tipuladas na lei específica que trata da remuneração dos
tores, desde que oficiais, Aspirantes-a-Oficial, subte- Policiais-Militares, será concedido ao Policial-Militar
nentes, sargentos ou alunos de curso de nível superior que, quando em serviço ativo, tenha sido ou venha a
para formação de oficiais. ser reformado por incapacidade definitiva, e considera-
do inválido, isto é, impossibilitado, total e permanente-
Parágrafo Único - Os Policiais-Militares alistáveis são mente, para qualquer trabalho, não podendo prover os
elegíveis, atendidas as seguintes condições: meio de subsistência.
I - o Policial-Militar que tiver menos de cinco (05) anos
de efetivo serviço será, ao se candidatar a cargo eletivo, Art. 54 - O soldo é irredutível e não está sujeito a pe-
excluído do serviço ativo, mediante demissão ou licen- nhora, seqüestro ou arresto, exceto nos casos previstos
ciamento “ex officio”; e em lei.
II - o Policial-Militar em atividade, com cinco (5) ou
mais anos de efetivo serviço, ao se candidatar a cargo Art. 55 - O valor do soldo é igual para o Policial-Militar
eletivo, será afastado, temporariamente do serviço ativo da ativa, da reserva remunerada ou reformado de um
e agregado, considerado em licença para tratar de inte- mesmo graus hierárquico, ressalvado o disposto no
resse particular. Se eleito, será, no ato da diplomação, item II do artigo 49.
transferido para a reserva remunerada, percebendo a
remuneração a que fizer jus, em função do seu tempo Art. 56 - É proibido acumular remuneração de inativi-
de serviço. dade.
Parágrafo Único - O disposto neste artigo não se apli-
Seção I ca aos Policiais-Militares da reserva remunerada e aos
Da Remuneração reformados, quanto ao exercício de mandato eletivo,
quanto ao de função de magistério ou cargo em comis-
são ou quanto ao contrato para a prestação de serviços
Art. 52 - A remuneração dos Policiais-Militares com- técnicos ou especializados.
preende vencimentos ou proventos, indenizações e
outros direitos e é devida em bases estabelecidas em
Art. 57 - Os proventos da inatividade serão revistos
lei específica.
sempre que, por motivo de alteração do poder aqui-
§ 1º - Os Policiais-Militares na ativa percebem remune- sitivo da moeda, se modificarem os vencimentos dos
ração constituída pelas seguintes parcelas: Policiais-Militares em serviço ativo, VETADO.
I - mensalmente: Parágrafo Único - Ressalvados os casos previstos em
a) vencimentos, compreendendo soldo e gratificações; lei, os proventos da inatividade não poderão exceder a
remuneração percebida pelo Policial-Militar da ativa no
b) indenizações. posto ou na graduação correspondente aos dos seus
II - eventualmente, outras indenizações. proventos.

863
Seção II § 1º - Compete ao Comandante-Geral da Polícia Militar
Da Promoção a regulamentação da concessão das férias anuais.
§ 2º - A concessão de férias não é prejudicada pelo
Art. 58 - O acesso na hierarquia Policial-Militar é sele- gozo anterior de licenças para tratamento de saúde, por
tivo, gradual e sucessivo e será feito mediante promo- punição anterior decorrente de transgressão disciplinar,
ções, de conformidade com o disposto na legislação e pelo estado de guerra ou para que sejam cumpridos
regulamentação de promoções de Oficiais e de Praças, aos de serviço, bem como não anula o direito àquelas
de modo a obter-se um fluxo regular e equilibrado de licenças.
carreira para os Policiais-Militares a que esses dispo- § 3º - Somente em casos de interesse da Segurança
sitivos se referem. Nacional, de manutenção da ordem de extrema neces-
§ 1º - O planejamento da carreira dos Oficiais e das sidade de serviço ou de transferência para a inatividade,
Praças, obedecidas as disposições da legislação e re- os Policiais-Militares terão interrompido ou deixarão
gulamentação a que se refere este artigo, é atribuição do de gozar, na época prevista, o período de férias a que
Comando-Geral da Polícia Militar. tiverem direito, registrando-se então o fato em seus
assentamentos.
§ 2º - A promoção é um ato administrativo e tem como
finalidade básica a seleção dos Policiais-Militares para § 4º - Na impossibilidade absoluta do gozo de férias
o exercício de funções pertinentes ao grau hierárquico no ano seguinte ou no caso de sua interrupção pelos
superior. motivos previstos, o período de férias não gozado será
computado dia a dia, pelo dobro, no momento da pas-
§ 3º - A promoção de Praças será feita de conformida- sagem do Policial-Militar para a inatividade e somente
de com o disposto em regulamento a ser baixado pelo para esse fim.
Chefe do Poder Executivo. 
Art. 62 - Os Policiais-Militares têm direito, ainda, aos
Art. 59 - As promoções serão efetuadas pelos critérios seguintes períodos de afastamento total do serviço,
de antigüidade e merecimento ou, ainda, por bravura e obedecidas as disposições legais e regulamentares por
“post mortem”. motivo de:
§ 1º - Em casos extraordinários, poderá haver promo- I - núpcias: oito (8) dias;
ção em ressarcimento de preterição.
II - luto: oito (8) dias;
§ 2º - A promoção de Policial-Militar feita em ressar-
cimento de preterição será efetuada segundo os prin- III - instalação: até dez (10) dias;
cípios de antigüidade ou merecimento, recebendo ele IV - trânsito: até trinta (30) dias.
o número que lhe competir na escala hierárquica, como
Parágrafo Único - O afastamento do serviço por motivo
se houvesse sido promovido na época devida pelo prin-
de núpcias ou luto será concedido, no primeiro caso,
cípio em que ora é feita sua promoção.
se solicitado por antecipação à data do evento e, no se-
gundo caso, tão logo a autoridade a que estiver subor-
Art. 60 - Não haverá promoção de Policial-Militar por
dinado o Policial-Militar tenha conhecimento do óbito.
ocasião de sua transferência para a reserva remunerada
ou por ocasião de sua reforma.
Art. 63 - As férias e outros afastamentos menciona-
dos nesta Seção são concedidos com a remuneração
Seção III prevista na legislação específica e computados como
Das Férias e Outros Afastamentos tempo de efetivo serviço para todos os efeitos legais.
Temporários do Serviço
Art. 63-A. As férias anuais, remuneradas com um terço
Art. 61 - As férias são afastamentos totais do serviço, a mais do que o estipêndio normal, devidas e não goza-
anual e obrigatoriamente concedidas aos Policiais-Mi- das, integrais ou proporcionais, serão indenizadas nos
litares para descanso, a partir do último mês do ano a casos de passagem do policial militar para a inatividade
que se referem e durante todo o ano seguinte. ou de seu desligamento, voluntário ou não, das fileiras

864
da corporação. § 6º - A concessão da licença especial é regulada pelo
Comandante-Geral da Polícia Militar, de acordo com o
Seção IV interesse do serviço.
Das Licenças
Art. 66 - A licença para tratar de interesse particular é a
autorização para afastaemnto total do serviço, concedi-
Art. 64 - Licença é a autorização para o afastamento da ao policial miltar com mais de 5 (cinco) anos efetivo
total do serviço, em caráter temporário concedida ao serviço, que requerer com aquela finalidade. 
Policial-Militar, obedecidas as disposições legais e
regulamentares. § 1º - A licença será sempre concedida com prejuízo
da remuneração e da contagem do tempo de efetivo
§ 1º - A licença pode ser: serviço.
I - especial; § 2º - A concessão de licença para tratar de interesse
II - para tratar de interesse particular; particular é regulada pelo Comandante-Geral da Polícia
Militar, de acordo com o interesse do serviço.
III - para tratamento de saúde de pessoa da família; e
IV - pra tratamento de saúde própria. Art. 67 - As licenças poderão ser interrompidas a pedi-
V – à gestante, por 180 (cento e oitenta) dias, mediante do ou nas condições estabelecidas neste artigo.
inspeção médica; § 1º - A interrupção da licença especial ou de licença
VI – maternidade de 180 (cento e oitenta) dias à ado- para tratar de interesse particular poderá ocorrer:
tante ou à que obtenha a guarda judicial de criança de I - em caso de mobilização e estado de guerra;
até 1 (um) ano de idade, mediante apresentação de do-
II - em caso de decretação de estado de sítio;
cumento oficial comprobatório da adoção ou da guarda.
III - para cumprimento de sentença que importe em res-
§ 2º - A remuneração do Policial-Militar, quando no
trição da liberdade individual;
gozo de qualquer das licenças constantes do parágrafo
anterior, será regulada em legislação específica. IV - para cumprimento de punição disciplinar, conforme
regulado pelo Comandante-Geral da Polícia Militar; e
Art. 65 - A licença especial é a autorização para afas- V - em caso de pronúncia em processo criminal ou in-
tamento total do serviço, relativa a cada quinquênio de dicação em inquérito Policial-Militar, a juízo da autori-
tempo efetivo serviço prestado, concedida ao policial dade que efetivar a pronúncia ou a indicação.
militar que a requerer sem que implique em qualquer
restrinção para sua carreira.  § 2º - A interrupção da licença para tratamento de pes-
soa da família, para cumprimento de pena disciplinar
§ 1°- A licença especial tem a duração de 3 (três) me- que importe em restrição da liberdade individual, será
ses.  regulada na legislação da Polícia Militar.
§ 2º - O período de licença especial não interrompe a
contagem do tempo de efetivo serviço. CAPÍTULO II
§ 3º - Revogada pela Lei nº 20.946, de 30-12- Das Prerrogativas
2020.
§ 4º - A licença especial não é prejudicada pelo gozo Art. 68 - As prerrogativas dos Policiais-Militares são
anterior de qualquer licença para tratamento de saúde e constituídas pelas honras, dignidades e distinções de-
para que sejam cumpridos atos de serviço, bem como vidas aos graus hierárquicos e cargos.
não anula o direito àquelas licenças. Parágrafo Único - São prerrogativas dos Policiais-Mi-
§ 5º - Uma vez concedida a licença especial, o Poli- litares:
cial-Militar será exonerado do cargo ou dispensado do I - uso de títulos, uniformes, distintivos, insígnias e
exercício das funções que exerce e ficará à disposição emblemas Policiais-Militares da Polícia Militar, corres-
do órgão de pessoal da Polícia Militar. pondentes ao posto ou à graduação;

865
II - honras, tratamentos e sinais de respeito que lhes composição, peças acessórias e outras disposições são
sejam asseguradas em leis ou regulamentos; estabelecidos na regulamentação específica da Polícia
Militar.
III - cumprimento de pena de prisão ou detenção so-
mente em organização Policial-Militar, cujo Coman- § 1º - É proibido ao Policial-Militar o uso de uniformes:
dante, Chefe ou Diretor tenha precedência hierárquica I - em reuniões, propaganda ou qualquer outra manifes-
sobre o preso ou detido; e tação de caráter político-partidário;
IV - julgamento em foro especial, nos crimes militares. II - na inatividade, salvo para exercer as funções de
Chefe do Gabinete Militar da Governadoria Estadual;
Art. 69 - Somente em caso de flagrante delito, o Po- para comparecer a solenidades militares e policiais-
licial-Militar poderá ser preso por autoridade policial, -militares e, quando autorizado, a cerimônias cívicas
ficando esta obrigada a entregá-lo imediatamente à comemorativas de datas nacionais ou a atos sociais
autoridade Policial-Militar mais próxima, só podendo solenes de caráter particular; e
retê-lo na delegacia ou posto policial durante o tempo
necessário à lavratura do flagrante. III - no estrangeiro, quando em atividades não rela-
cionadas com a missão Policial-Militar, salvo quando
§ 1º - Cabe ao Comandante-Geral da Polícia Militar a expressamente determinado ou autorizado.
iniciativa de responsabilizar a autoridade policial que
não cumprir o disposto neste artigo e que maltratar ou § 2º - Os Policiais-Militares na inatividade, cuja con-
consentir que seja maltratado qualquer preso Policial- duta possa ser considerada como ofensiva à dignidade
-Militar ou não lhe der o tratamento devido ao seu posto da classe, poderão ser definitivamente proibidos de
ou à sua graduação. usar uniformes, por decisão do Comandante-Geral da
Polícia Militar.
§ 2º - Se, durante o processo em julgamento no foro
civil, houver perigo de vida para qualquer preso Poli- Art. 73 - O Policial-Militar fardado tem as obrigações
cial-Militar, o Comandante-Geral da Polícia Militar pro- correspondentes ao uniforme que usa e aos distintivos,
videnciará, junto ao Secretário da Segurança Pública, emblemas ou às insígnias que ostente.
os entendimentos com a autoridade judiciária visando
à guarda dos pretórios ou tribunais por força Policial-
Art. 74 - É vedado a qualquer elemento civil ou orga-
-Militar.
nizações civis usar uniformes ou ostentar distintivos,
equipamentos, insígnias ou emblemas que possam ser
Art. 70 - Os Policiais-Militares da ativa no exercício de confundidos com os adotados na Polícia Militar.
funções Policiais-Militares são dispensados do serviço
de júri na justiça civil e do serviço na justiça eleitoral. Parágrafo Único - São responsáveis pela infração das
disposições deste artigo os diretores ou chefes de re-
Seção única partições, organizações de qualquer natureza, firma ou
empregadores, empresas e institutos ou departamentos
Do Uso dos Uniformes da Polícia Militar que tenham adotado ou consentido sejam usados uni-
formes ou ostentados distintivos, equipamentos, insíg-
Art. 71 - Os uniformes da Polícia Militar, com seus nias ou emblemas que possam ser confundidos com os
distintivos, insígnias e emblemas são privativos dos adotados na Polícia Militar.
Policiais-Militares e representam o símbolo da autori-
dade Policial-Militar com as prerrogativas que lhes são TÍTULO IV
inerentes.
Das Disposições Diversas
Parágrafo Único - Constituem crimes previstos na le-
gislação específica o desrespeito aos uniformes, dis-
tintivos, insígnias e emblemas Policiais-Militares, bem CAPÍTULO I
como seu uso por quem a eles não tiver direito. Das Situações Especiais

Art. 72 - O uso de uniformes com seus distintivos, in- Seção I


sígnias e emblemas, bem como os modelos, descrição,

866
Da Agregação de outro órgão do Estado, da União, dos Estados, Mu-
nicípios, para exercer função de natureza civil;
n) ter sido nomeado para qualquer cargo público ci-
Art. 75 - A agregação é a situação na qual o Policial-Mi- vil temporário, não eletivo, inclusive da administração
litar da ativa deixa de ocupar vaga na escala hierárquica indireta;
do seu Quadro, nela permanecendo sem número. o) ter-se candidatado a cargo eletivo, desde que conte
§ 1º - O Policial-Militar deve ser agregado quando: cinco (5) ou mais anos de efetivo serviço;

I - for nomeado para cargo Policial-Militar ou consi- p) ter sido condenado à pena de suspensão do exercício
derado de natureza Policial-Militar, estabelecido em lei do posto, graduação, cargo ou função prevista no Có-
ou decreto não previsto nos quadros de organização da digo Penal Militar.
Polícia Militar; § 2º - O Policial-Militar agregado de conformidade com
II - aguardar transferência “ex officio” para a reserva os itens I e II do § 1º continua a ser considerado, para
remunerada, por ter sido enquadrado em quaisquer dos todos os efeitos, em serviço ativo.
requisitos que o motivam; e § 3º - A agregação do Policial-Militar, a que se referem
III - for afastado temporariamente do serviço ativo por o item I e as alíneas «m» e «n» do item III do § 1º, é
motivo de: contada a partir da data da posse do novo cargo até
o regresso à Corporação ou transferência «ex officio»
a) ter sido julgado incapaz temporariamente, após um para a reserva remunerada.
(1) ano contínuo de tratamento;
§ 4º - A agregação do Policial-Militar a que se referem
b) ter sido julgado incapaz definitivamente, enquanto as alíneas «a», «c», «d», «e» e «j» do item III do § 1º,
tramita o processo de reforma; é contada a partir do primeiro dia após os respectivos
c) haver ultrapassado um (1) ano contínuo de licença prazos e enquanto durar o respectivo evento.
para tratamento de saúde própria; § 5º - A agregação do Policial-Militar, a que se referem
d) haver ultrapassado seis (6) meses contínuos de li- o item II e as alíneas «b», «f», «g», «h», «j» e «p» do item
cença para tratar de interesse particular; III do § 1º, é contada a partir da data indicada no ato que
torna público o respectivo evento.
e) haver ultrapassado seis (6) meses contínuos em li-
cença para tratamento de saúde de pessoa da família; § 6º - A agregação do Policial-Militar, a que se refere a
alínea «o» do item III do § 1º e contada a partir da data
f) ter sido considerado oficialmente extraviado;
do registro como candidato até sua diplomação ou seu
g) haver sido esgotado o prazo que caracteriza o crime regresso à Corporação, se não houver sido eleito.
de deserção previsto no Código Penal Militar, se Oficial
§ 7º - O Policial-Militar agregado fica sujeito às obriga-
ou Praça com estabilidade assegurada;
ções disciplinares concernentes às suas relações com
h) como desertor, ter-se apresentado voluntariamente, outros Policiais-Militares e autoridades civis, salvo
ou ter sido capturado e reincluído a fim de se ver pro- quando titular de cargo que lhe dê precedência funcio-
cessar; nal sobre outros Policiais-Militares mais graduados ou
i) se ver processar, após ficar exclusivamente à dispo- mais antigos.
sição da justiça civil;
Art. 76 - O Policial-Militar agregado ficará adido, para
j) haver ultrapassado seis (6) meses contínuos sujeito a efeito de alterações e remuneração à organização Poli-
processo no foro militar; cial-Militar que lhe for designada, continuando a figurar
l) ter sido condenado a pena restritiva de liberdade no respectivo registro, sem número, no lugar que até
superior a seis (6) meses, em sentença passada em então ocupava, com a abreviatura “Ag” e anotações es-
julgado, enquanto durar a execução ou até ser decla- clarecedoras de sua situação.
rado indigno de pertencer à Polícia Militar ou com ela
incompatível; Art. 77 - A agregação se faz por ato do Governador do
Estado ou de autoridade à qual tenham sido delegados
m) ter passado à disposição de Secretaria de Governo

867
poderes para isso. § 2º - O Policial-Militar, cuja situação é a de exceden-
te, é considerado como efetivo serviço para todos os
Seção II efeitos e concorre, respeitados os requisitos legais, em
Da Reversão igualdade de condições e sem nenhuma restrição, a
qualquer cargo Policial-Militar, bem como à promoção.

Art. 78 - Reversão é o ato pelo qual o Policial-Militar § 3º - O Policial-Militar promovido por bravura, sem
agregado retorna ao respectivo Quadro, tão logo cesse haver vaga, ocupará a primeira vaga aberta, deslocan-
o motivo que determinou a sua agregação, voltando a do o princípio de promoção a ser seguido para a vaga
ocupar o lugar que lhe competir na respectiva escala seguinte.
numérica, na primeira vaga que ocorrer. § 4º - O Policial-Militar promovido indevidamente só
Parágrafo Único - A qualquer tempo poderá ser deter- contará antigüidade e receberá o número que lhe com-
minada a reversão do Policial-Militar agregado, exceto petir na escala hierárquica, quando a vaga que deverá
nos casos previstos nas alíneas “a”, “b”, “c”, “f”, “g”, preencher corresponder ao princípio pelo qual deveria
“h”, “l”, “o” e “p” do item III do § 1º do artigo 75. ter sido promovido, desde que satisfaça os requisitos
para a promoção.
Art. 79 - A reversão será efetuada mediante ato do Go-
vernador do Estado ou de autoridade à qual tenham Seção IV
sido delegados poderes para isso. Do Ausente e do Desertor

Seção III Art. 81 - É considerado ausente o Policial-Militar que


Do Excedente por mais de vinte e quatro (24) horas consecutivas:
I - deixar de comparecer à sua Organização Policial-Mi-
Art. 80 - Excedente é a situação transitória a que, auto- litar, sem comunicar qualquer motivo de impedimento;
maticamente, passa o Policial-Militar que: e
I - tenha cessado o motivo que determinou a sua agre- II - ausentar-se, sem licença, da organização Policial-
gação, reverte ao respectivo Quadro, estando este com -Militar onde serve ou local onde deve permanecer.
seu efetivo completo; Parágrafo Único - Decorrido o prazo mencionado neste
II - aguarda a colocação a que faz jus na escala hierár- artigo, serão observadas as formalidades previstas em
quica após haver sido transferido de Quadro, estando o legislação específica.
mesmo com seu efetivo completo;
III - e promovido por ato de bravura, sem haver vaga; Art. 82 - O Policial-Militar é considerado desertor nos
casos previstos na legislação penal militar.
IV - e promovido indevidamente;
V - sendo o mais moderno da respectiva escala hierár- Seção
quica, ultrapassa o efetivo de seu Quadro, em virtude Do Desaparecimento e do Extravio
de promoção de outro Policial-Militar em ressarcimen-
to de preterição; e
Art. 83 - É considerado desaparecido o Policial-Militar
VI - tendo cessado o motivo que determinou sua re- da ativa que, no desempenho de qualquer serviço, em
forma por incapacidade definitiva, retorna ao respectivo viagem, em operações Policiais-Militares ou em caso
Quadro, estando este com seu efetivo completo. de calamidade pública, tiver paradeiro ignorado por
§ 1º - O Policial-Militar cuja situação é a de excedente, mais de oito (8) dias.
salvo o indevidamente promovido, ocupa a mesma po- Parágrafo Único - A situação de desaparecido só será
sição relativa em antigüidade, que lhe cabe, na escala considerada quando não houver indício de deserção.
hierárquica, com a abreviatura «Excd» e receberá o
número que lhe competir em consequência da primeira Art. 84 - O Policial-Militar que, na forma do artigo an-
vaga que se verificar. terior, permanecer desaparecido por mais de trinta (30)

868
dias, será oficialmente considerado extraviado. nerada

CAPÍTULO II Art. 88 a 91- - Revogado pela Lei nº 20.946, de 30-


Do Desligamento ou Exclusão 12-2020.
do Serviço Ativo
Art. 92 - O Oficial da reserva remunerada poderá ser
Art. 85 - O desligamento ou exclusão do serviço ativo convocado para o serviço ativo por ato do Governador
da Polícia Militar é feito em consequência de: do Estado para compor Conselho de Justificação, para
ser encarregado de Inquérito Policial-Militar ou incum-
I - transferência para a reserva remunerada; bido de outros procedimentos administrativos, na falta
II - reforma; de Oficial da ativa em situação hierárquica compatível
com a do Oficial envolvido. 
III - demissão;
§ 1º - O Oficial convocado nos termos deste artigo terá
IV - perda do posto ou patente; os direitos e deveres dos da ativa de igual situação hie-
V - licenciamento; rárquica, exceto quanto à promoção a que não concor-
rerá e contará, como acréscimo, esse tempo de serviço.
VI - exclusão a bem da disciplina;
§ 2º - A convocação de que trata este artigo terá a dura-
VII - deserção;
ção necessária ao cumprimento da atividade que a ela
VIII - falecimento; e deu origem, não devendo ser superior ao prazo de doze
IX - extravio. (12) meses, dependerá da anuência do convocado e
será precedida de inspeção de saúde.
Parágrafo Único - O desligamento ou a exclusão do
serviço ativo da Polícia Militar será processado por ato:
Seção II
a) do Governador do Estado, quanto aos oficiais supe- Da Reforma
riores; e
b) do Comandante-Geral da Polícia Militar, nos demais Art. 93 a 97 - Revogado pela Lei nº 20.946, de 30-
casos. 12-2020.

Art. 86 - A transferência para a reserva remunerada ou Art. 98 - O Policial-Militar da ativa, julgado incapaz
a reforma não isenta o Policial-Militar da indenização definitivamente por um dos motivos constantes dos
dos prejuízos causados à Fazenda Estadual ou a ter- itens I e II do Art. 96, será reformado com os proventos
ceiros nem do pagamento das pensões decorrentes de calculados com base no soldo correspondente ao grau
sentença judicial. hierárquico imediato ao que possuir na ativa.

Art. 87 - O Policial-Militar da ativa, enquadrado em um Parágrafo Único - Considera-se, para efeito deste arti-
dos itens I, II e V do artigo 85 ou demissionário a pedi- go, grau hierárquico imediato:
do, continuará no exercício de suas funções até ser des- I - o de Segundo Tenente PM para o Aspirante-a-Oficial
ligado da Organização Policial-Militar em que serve. PM e o Subtenente PM;
Parágrafo Único - O desligamento da Organização Poli- II - o de Subtenente PM para o Primeiro Sargento PM;
cial-Militar em que serve deverá ser feita após a publi-
III - o de Primeiro Sargento;
cação em Diário Oficial ou em Boletim da Corporação
do ato oficial correspondente, e não poderá exceder de IV - o de Segundo Sargento PM para o Terceiro Sar-
quarenta e cinco (45) dias da data da primeira publi- gento PM; 
cação oficial. IV - o de Terceiro Sargento PM para o Cabo PM; e. 
VI - o de Cabo PM para o Soldado PM.
Seção I
Da Transferência para a Reserva Remu- Art. 99 - Revogado pela Lei nº 20.946, de 30-12-

869
2020. II - “ex officio”.
Art. 100 - Revogado pela Lei nº 20.946, de 30-12-
2020. Art. 104 - A demissão a pedido será concedida, me-
diante requerimento do interessado:
Art. 101 - O Policial-Militar reformado por alienação I - sem indenização aos cofres públicos, quando contar
mental, enquanto não ocorrer a designação judicial do mais de cinco (5) anos de oficialato; e
curador, terá sua remuneração paga aos seus benefici- II - com indenização das despesas feitas pelo Estado,
ários, desde que o tenham sob sua guarda e responsa- com a sua preparação e formação, quando contar me-
bilidade e lhe dispensem tratamento humano condigno. nos de cinco (5) anos de oficialato.
§ 1º - A interdição judicial do Policial-Militar reformado § 1º - No caso do Oficial ter feito qualquer curso ou
por alienação mental deverá ser providenciada junto ao estágio de duração igual ou superior a seis (6) meses
Ministério Público, por iniciativa de beneficiários, pa- e inferior ou igual a dezoito (18 meses, por conta do
rentes ou responsáveis, até sessenta (60) dias a contar Estado, e não tendo decorrido mais de três (3) anos do
da data do ato da reforma. seu término, a demissão só será concedida mediante
§ 2º - A interdição do Policial-Militar e seu internamen- indenização de todas as despesas correspondentes ao
to em instituição apropriada, Policial-Militar ou não, referido curso ou estágio, acrescidas, se for o caso,
deverão ser providenciados pela Corporação, quando: das previstas no item II deste artigo e das diferenças
de vencimento.
I - não houver beneficiários, parentes ou responsáveis;
ou § 2º - No caso do Oficial ter feito qualquer curso ou
estágio de duração superior a dezoito (18) meses, por
II - não forem satisfeitas as condições de tratamento
conta do Estado, aplicar-se-á o disposto no parágrafo
exigidas neste artigo.
anterior, se ainda não houver decorrido mais de cinco
§ 3º - Os processos e os atos de registro de interdi- (5) anos de seu término.
ção do Policial-Militar terão andamento sumário, serão
§ 3º - O Oficial demissionário, a pedido, não terá direito
instruídos com laudo proferido por Junta de Saúde e
a qualquer remuneração, sendo a sua situação militar
isentos de custas.
definida pela Lei do Serviço Militar.
Art. 102 - Para os fins previstos na presente Seção, as § 4º - O direito à demissão, a pedido, pode ser suspen-
Praças constantes do Quadro a que se refere o artigo 14 so, na vigência de estado de guerra, calamidade públi-
são consideradas: ca, perturbação da ordem interna, estado de sítio ou em
caso de mobilização.
I - segundo Tenente PM: os Aspirantes-a-Oficial PM;
II – Aspirante a Oficial PM: os Cadetes PM; Art. 105 - O Oficial da ativa empossado em cargo pú-
III - terceiro Sargento PM: os Alunos do Curso de For- blico permanente, estranho à sua carreira e cuja função
mação de Sargentos; e não seja de magistério, será imediatamente, mediante
demissão “ex officio” por esse motivo, transferido para
IV - cabo PM: os Alunos do Curso de Formação de Ca- a reserva, onde ingressará com o posto que possuía
bos PM e Soldados PM. na ativa, não podendo acumular qualquer provento de
inatividade com a remuneração do cargo público per-
Seção III manente.
Da Demissão, da Perda do Posto e da
Patente e da Declaração de Indignidade Art. 106 - O Oficial que houver perdido o posto e a pa-
ou Incompatibilidade com o Oficialato tente será demitido “ex officio”, sem direito a qualquer
remuneração ou indenização e terá a sua situação defi-
nida pela Lei do Serviço Militar.
Art. 103 - A demissão da Polícia Militar, aplicada exclu-
sivamente aos Oficiais se efetua:  Art. 107 - O Oficial perderá o posto e a patente se for
I - a pedido; e declarado indigno do oficialato ou com ele incompatível

870
por decisão do Tribunal de Justiça do Estado, em de- § 4º - O licenciado “ex officio” a bem da disciplina rece-
corrência do julgamento a que for submetido. berá o certificado de isenção previsto na Lei do Serviço
Militar.
Parágrafo Único - O Oficial declarado indigno do ofi-
cialato, ou com ele incompatível, e condenado à per-
da de posto e patente só poderá readquirir a situação Art. 110 - O Aspirante-a-Oficial PM e as demais Praças
Policial-Militar anterior por outra sentença do Tribunal empossados em cargo público permanente, estranho à
mencionado e nas condições nela estabelecidas. sua carreira e cuja função não seja de magistério, serão
imediatamente licenciados “ex officio”, sem remune-
ração e terão sua situação militar definida pela Lei do
Art. 108 - Fica sujeito à declaração de indignidade para
Serviço Militar.
o oficialato, ou de incompatibilidade com o mesmo por
julgamento do Tribunal de Justiça do Estado, o Oficial
que: Art. 111 - O direito ao licenciamento a pedido poderá
ser suspenso na vigência do estado de guerra, calami-
I - for condenado por tribunal civil ou militar à pena res- dade pública, perturbação da ordem interna, estado de
tritiva de liberdade individual superior a dois (2) anos, sítio ou em caso de mobilização.
em decorrência de sentença condenatória passada em
julgado;
Seção V
II - for condenado por sentença passada em julgado por Da Exclusão da Praça a Bem da Disciplina
crimes para os quais o Código Penal Militar comina
essas penas acessórias e por crimes previstos na legis-
lação concernentes à Segurança Nacional; Art. 112 - A exclusão a bem da disciplina será aplicada
“ex officio” ao Aspirante-a-Oficial PM ou às Praças com
III - incidir nos casos previstos em lei especifica que estabilidade assegurada:
motivam o julgamento por Conselho de Justificação e
neste for considerado culpado; e I - sobre os quais houver pronunciado tal sentença o
Conselho Permanente de Justiça, por haverem sido
IV - tiver perdido a nacionalidade brasileira. condenados em sentença passada em julgado por
aquele conselho ou tribunal civil à pena restritiva de
Seção IV liberdade individual superior a dois (2) anos ou, nos
Do Licenciamento crimes previstos na legislação especial concernente à
Segurança Nacional, à pena de qualquer duração;
Art. 109 - O licenciamento do serviço ativo, aplicado II - sobre os quais houver pronunciado tal sentença o
somente às Praças, se efetua: Conselho Permanente de Justiça, por haverem perdido
a nacionalidade brasileira; e
I - a pedido; e
III - que incidirem nos casos que motivarem o julga-
II - “ex officio”. mento pelo Conselho de Disciplina previsto no artigo
§ 1º - O licenciamento a pedido poderá ser concedido, 48 e neste forem considerados culpados.
desde que não haja prejuízo para o serviço, à Praça en- Parágrafo único - O Aspirante-a-Oficial PM ou a Praça
gajada ou reengajada que conte, no mínimo, a metade com estabilidade assegurada que houver sido excluído
do tempo de serviço a que se obrigou. a bem da disciplina só poderá readquirir a situação Po-
§ 2º - O licenciamento «ex officio» será feito na forma licial-Militar anterior:
da legislação específica: I - por outra sentença do Conselho Permanente de Jus-
I - por conclusão de tempo de serviço; tiça e nas condições nela estabelecidas, se a exclusão
for consequência de sentença daquele Conselho; e
II - por conveniência do serviço; e
II - por decisão do Comandante-Geral da Polícia Militar,
III - a bem da disciplina.
se a exclusão for consequência de haver sido julgado
§ 3º - O Policial-Militar licenciado não tem direito a culpado em Conselho de Disciplina.
qualquer remuneração e terá sua situação militar defini-
da pela Lei do Serviço Militar.

871
Art. 113 - É da competência do Comandante-Geral da interrupção do serviço Policial-Militar, com o conse-
Polícia Militar o ato de exclusão a bem da disciplina qüente afastamento temporário do serviço ativo, a partir
do Aspirante-a-Oficial PM, bem como das Praças com da data em que o mesmo for oficialmente considerado
estabilidade assegurada. extraviado.
§ 1º - O desligamento do serviço ativo será feito seis (6)
Art. 114 - A exclusão da Praça a bem da disciplina acar- meses após a agregação por motivo de extravio.
reta a perda do seu grau hierárquico e não a isenta das
indenizações dos prejuízos causados à Fazenda Esta- § 2º - Em caso de naufrágio, sinistro aéreo, catástrofe,
dual ou a terceiros, nem das pensões decorrentes de calamidade pública ou outros acidentes oficialmente
sentença judicial. reconhecidos, o extravio ou o desaparecimento do Po-
licial-Militar da ativa será considerado como falecimen-
Parágrafo Único - A Praça excluída a bem da disciplina to, para fins deste Estatuto, tão logo sejam esgotados os
não terá direito a qualquer remuneração ou indenização prazos máximos de possível sobrevivência ou quando
e sua situação militar será definida pela Lei do Serviço se dêem por encerradas as providências de salvamento.
Militar.
Art. 118 - O reaparecimento de Policial-Militar extra-
Seção VI viado ou desaparecido, já desligado do serviço ativo,
Da Deserção resulta em sua reinclusão e nova agregação, enquanto
se apuram as causas que deram origem ao seu afas-
Art. 115 - A deserção do Policial-Militar acarreta uma tamento.
interrupção de serviço Policial-Militar, com a conse- Parágrafo Único - O Policial-Militar reaparecido será
qüente demissão “ex officio” para o Oficial ou exclusão submetido a Conselho de justificação ou a Conselho de
do serviço ativo para a Praça. Disciplina, por decisão do Comandante-Geral da Polí-
§ 1º - A demissão do Oficial ou a exclusão da Praça cia Militar, se assim for julgado necessário.
com estabilidade assegurada processar-se-á após um
(1) ano de agregação, se não houver captura ou apre- CAPÍTULO III
sentação voluntária antes deste prazo. Do Tempo de Serviço
§ 2º - A Praça sem estabilidade assegurada será au-
tomaticamente excluída após oficialmente declarada Art. 119 - Os Policiais-Militares começam a contar
desertora. tempo de serviço na Polícia Militar a partir da data de
§ 3º - O Policial-Militar desertor, que for capturado ou sua inclusão, matrícula em órgão de formação de Poli-
que se apresentar voluntariamente depois de haver sido ciais-Militares ou nomeação para posto ou graduação
demitido ou excluído, será reincluido no serviço ativo e na Polícia Militar.
a seguir agregado para se ver processar. § 1º - Considera-se como data de inclusão, para fins
§ 4º - A reinclusão em definitivo do Policial-Militar, de deste artigo:
que trata o parágrafo anterior, dependerá da sentença do I - a data do ato em que o Policial-Militar é considerado
Conselho Permanente de Justiça. incluído em uma Organização Policial-Militar;
II - a data de matrícula em órgão de formação de Poli-
Seção VII ciais-Militares; e
Do Falecimento e do Extravio III - a data de apresentação pronto para o serviço no
caso de nomeação.
Art. 116 - O falecimento do Policial-Militar da ativa
§ 2º - O Policial-Militar reincluído recomeça a contar
acarreta interrupção do serviço Policial-Militar, com o
tempo de serviço na data de reinclusão.
conseqüente desligamento ou exclusão do serviço ativo
a partir da data da ocorrência do óbito. § 3º - Quando, por motivo de força maior oficialmente
reconhecido (inundação, naufrágio, incêndio, sinistro
Art. 117 - O extravio do Policial-Militar da ativa acarreta aéreo e outras calamidades), faltarem dados para con-

872
tagem de tempo de serviço, caberá ao Comandante-Ge- cia de ferimentos recebidos em acidentes quando em
ral da Polícia Militar arbitrar o tempo a ser computado, serviço, na manutenção da ordem pública ou de molés-
para cada caso particular, de acordo com os elementos tia adquirida no exercício de qualquer função Policial-
disponíveis. -Militar, será computado como se ele o tivesse passado
no exercício daquelas funções.
Art. 120 - Na apuração do tempo de serviço do Policial-
-Militar será feita a distinção entre: Art. 124 - O tempo de serviço passado pelo Policial-
-Militar no exercício de atividades decorrentes ou de-
I - tempo de efetivo serviço; e
pendentes de operações de guerra será regulado em
II - anos de Serviço. legislação específica.

Art. 121 - Tempo de efetivo serviço é o espaço de tem- Art. 125 - O tempo de serviço dos Policiais-Militares
po, computado dia a dia, entre a data de inclusão e a beneficiados por anistia será contado como estabelecer
data limite estabelecida para a contagem ou a data do o ato legal que a conceder.
desligamento do serviço ativo, mesmo que tal espaço
de tempo seja parcelado. Art. 126 - Revogado pela Lei nº 20.946, de 30-12-
§1º - Revogado pela Lei nº 20.946, de 30-12-2020. 2020.
§ 2º - Não serão deduzidos do tempo do efetivo servi- Parágrafo único. Revogado pela Lei nº 20.946, de
ço, além dos afastamentos previstos no artigo 63, os 30-12-2020.
períodos em que o Policial-Militar estiver afastado do
exercício de suas funções em gozo de licença especial. Art. 127 - Revogado pela Lei nº 20.946, de 30-12-
2020.
§ 3º - Ao tempo de serviço de que trata este artigo e pa-
rágrafos anteriores, apurado e totalizado em dias, será
aplicado o divisor trezentos e sessenta e cinco (365), CAPÍTULO IV
para a correspondente obtenção dos anos de efetivo Do Casamento
serviço. Revogado pela Lei nº 20.131, de 15-06-
2018.
Art. 122 - Anos de Serviços é a expressão que designa
o tempo de efetivo serviço a que se refere o artigo 121 e
Art.128 e 129 – Revogados.
seus parágrafos, com os seguintes acréscimos:
I - tempo de serviço público federal, estadual ou muni- CAPÍTULO V
cipal, prestado pelo Policial-Militar anteriormente à sua
inclusão, matrícula, nomeação ou reinclusão na Polícia
Das Recompensas e das
Militar. Dispensas do Serviço
II - Revogado pela Lei nº 20.946, de 30-12-2020.
Art. 130 - As recompensas constituem reconhecimento
III - Revogado pela Lei nº 20.946, de 30-12-2020. dos bons serviços prestados pelos Policiais-Militares. 
IV - Revogado pela Lei nº 20.946, de 30-12-2020. § 1º - São recompensas Policiais-Militares:
§ 1º - Revogado pela Lei nº 20.946, de 30-12-2020. I - prêmios de honra ao mérito;
§ 2º - Revogado pela Lei nº 20.946, de 30-12-2020. II - condecorações por serviços prestados;
§ 3º - Revogado pela Lei nº 20.946, de 30-12-2020. III - elogios, louvores e referências elogiosas; e
§ 4º e incisos - Revogados pela Lei nº 20.946, de 30- IV - dispensa do serviço.
12-2020.
§ 2º - As recompensas serão concedidas de acordo
Art. 123 - O tempo que o Policial-Militar vier a passar com as normas estabelecidas nas leis e regulamentos
afastado do exercício de suas funções, em conseqüên- da Polícia Militar.

873
Art. 131 - As dispensas do serviço são autorizações Art. 139 - Esta lei entrará em vigor no dia 1º de janeiro
concedidas aos Policiais-Militares para afastamento de 1976, revogados o Decreto-Lei nº 25, de 28 de julho
total do serviço, em caráter temporário. de 1969, e as demais disposições em contrário.

Art. 132 - As dispensas de serviço podem ser concedi- PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DE GOIÁS, em
das aos Policiais-Militares: Goiânia, 2 de dezembro de 1975, 87º da República.
I - como recompensa;
IRAPUAN COSTA JÚNIOR
II - para desconto em férias; e
Danilo Darcy de Sá da Cunha Mello
III - em decorrência de prescrição médica.
Parágrafo Único - As dispensas de serviço serão conce- (D.O. de 18-12-1975)
didas com a remuneração integral e computadas como
tempo de efetivo serviço. Este texto não substitui o publicado no D.O. de 18-
12-1975.
TÍTULO V
Disposições Finais e Transitórias ESTATUTO DOS BOMBEIROS
MILITARES DO CORPO DE
Art. 133 - A assistência religiosa à Polícia Militar será
regulada por lei específica. BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO
DE GOIÁS - Lei nº 11.416, de 05
Art. 134 - É vedado o uso, por parte de organização ci-
vil, de designações que possam sugerir sua vinculação
de fevereiro de 1991.
à Polícia Militar.
Baixa o Estatuto dos Bombeiros Militares do Es-
Parágrafo Único - Excetuam-se das prescrições deste tado.
artigo as associações, clubes, círculos e outros que
congregam membros da Polícia Militar e que se desti- A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE GOIÁS
nam, exclusivamente, a promover intercâmbio social e decreta e eu sanciono a seguinte lei:
assistencial entre Policiais-Militares e seus familiares e
entre esses e a sociedade civil local. ESTATUTO DOS BOMBEIROS MILITARES DO CORPO
DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS.
Art. 135 - Os Policiais-Militares, integrantes da Polícia
Militar do Estado, além de contribuintes obrigatórios do TÍTULO I
Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores
do Estado de Goiás (IPASGO) o serão, também, da Cai-
GENERALIDADES
xa Beneficente da Polícia Militar.
CAPÍTULO I
Art. 136 - São adotados na Polícia Militar do Estado em DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
matéria não regulada na legislação estadual, as leis e
regulamentos em vigor no Exército Brasileiro, no que
lhe for pertinente. Art. 1° - O presente Estatuto regula a situação, as obri-
gações e os deveres, os direitos e as prerrogativas dos
bombeiros militares do Corpo de Bombeiros Militar do
Art. 137 - Os direitos relativos à Pensão Policial-Militar,
Estado de Goiás.
destinada a amparar os beneficiários do Policial-Militar
extraviado serão estabelecidos em lei.
Art. 2° - O Corpo de Bombeiros Militar do Estado é uma
instituição permanente e regular, organizada com base
Art. 138 - Após a vigência do presente Estatuto, serão a
na hierarquia e na disciplina, força auxiliar e reserva
ele ajustados todos os dispositivos legais e regulamen-
do Exército, destinando-se à execução de serviços de
tares que com ele tenham pertinência.

874
perícia, prevenção e combate a incêndios; de busca e Art. 5° - A carreira de bombeiro militar é caracterizada
salvamento; de prestação de socorros nos casos de pela atividade continuada e inteiramente devotada às
inundações e desabamentos, catástrofes e calamidades finalidades do Corpo de Bombeiros.
públicas, bem assim, à execução de outros serviços § 1° - A carreira de bombeiro militar, estruturada em
que se fizerem necessários à proteção da comunidade, graus hierárquicos, é privativa de bombeiro militar em
inclusive atividades de defesa civil. atividade e inicia-se com o ingresso no Corpo de Bom-
beiros Militar do Estado.
Art. 3° - Os integrantes do Corpo de Bombeiros Militar,
à vista da natureza e destinação a que se refere o artigo § 2° - A carreira de oficial do Corpo de Bombeiros Mi-
anterior, constituem uma categoria especial de servido- litar é privativa de brasileiro.
res militares estaduais, a dos bombeiros militares.
Art. 6° - São equivalentes as expressões “na ativa”, “da
§ 1° - Os bombeiros militares encontram-se em uma ativa”, “em serviço ativo”, “em serviço na ativa”, “em
das seguintes situações: serviço”, “em atividade” e “em atividade de bombeiro
a) na ativa: militar”, conferidas aos bombeiros militares no desem-
penho de cargo, comissão, encargo, incumbência ou
1 - os da carreira;
missão, serviço ou exercício de função considerada de
2 - os incluídos no Corpo de Bombeiros Mili- natureza de bombeiro militar, nas organizações do Cor-
tar, voluntariamente, durante o tempo em que po de Bombeiros Militar do Estado.
se obriguem a servir;
3 - os componentes da reserva remunerada Art. 7° - A condição jurídica dos bombeiros militares
do Corpo de Bombeiros Militar, convocados do Estado é definida pelos dispositivos constitucionais
ou designados para o serviço ativo; e que lhos forem aplicáveis, pelos deste Estatuto e pelos
das leis e regulamentos que lhes outorguem direitos e
4 - os alunos de órgãos de formação de bom- prerrogativas e lhes imponham deveres e obrigações.
beiros militares;
Art. 8° - O disposto neste Estatuto aplica-se, no que
b) na inatividade: couber, aos bombeiros militares reformados e aos da
1 - os da reserva remunerada, percebendo reserva remunerada.
remuneração do Estado e sujeitos à prestação
de serviços na ativa, mediante convocação; e Art. 9°- Revogado pela Lei nº 20.763, de 30-01-
2 - os reformados, quando, tendo passado 2020.
por uma das situações previstas neste arti- Parágrafo único.- Revogado pela Lei nº 20.763, de
go, estejam dispensados, definitivamente, da 30-01-2020.
prestação de serviço na ativa, continuando,
entretanto, a perceber remuneração do Esta- CAPÍTULO II
do.
Do Ingresso no Corpo
§ 2° - Os bombeiros militares de carreira são os que,
de Bombeiros Militar
no desempenho voluntário e permanente do serviço de
bombeiro militar, têm estabilidade assegurada ou pre- Art. 10. O ingresso no Corpo de Bombeiros Militar é
sumida. facultado a todos os brasileiros, após aprovação prévia
em concurso público de provas ou de provas e títulos e
Art. 4° - O serviço de bombeiro militar consiste no obedecerá ao seguinte:
exercício de atividade inerente ao Corpo de Bombeiros I – tratando-se de oficiais de comando, cuja carreira é
e compreende todos os encargos previstos na legisla- precedida de conclusão de curso de formação:
ção específica, relacionados com as missões da Cor-
poração. a) o candidato aprovado dentro dos critérios estabe-
lecidos no edital de concurso público será incluído,
mediante matrícula, no Curso de Formação de Oficiais

875
–CFO–, com carga horária e grade curricular defini- oficiais e praças, é necessário cumprir as condições
das pelo órgão de ensino da Corporação, recebendo, relativas à nacionalidade, idade, aptidão intelectual,
na ocasião, um número de registro provisório, porém, capacidade física e idoneidade moral.
se reprovado por inaproveitamento ou contraindicado § 1º No ato da matrícula no Curso de Formação de
por conselho disciplinar ou de ensino, será excluído da Oficiais – Quadro de Oficiais do Corpo de Bombeiros
tropa; Militar do Estado de Goiás, além do atendimento das
b) a matrícula no Curso de Formação de Oficiais – condições estabelecidas por este Estatuto e pelo res-
CFO–, devidamente autorizada pelo Governador do Es- pectivo edital, o candidato deverá:
tado, será feita por ato do Comandante-Geral do Corpo Parágrafo único – Revogado.
de Bombeiros Militar;
I – ter sido aprovado em concurso público de
c) durante a realização do Curso de Formação de Ofi- provas ou de provas e títulos promovido pela
ciais –CFO–, o aluno matriculado será identificado instituição, ou através de convênio com enti-
como Cadete BM ou Aluno-Oficial BM, não ocupando dades especializadas;
ele vaga em cargo público e fazendo jus à remuneração
prevista em lei específica; II – possuir diploma de conclusão de curso
superior específico das áreas de atuação da
d) após a conclusão do Curso de Formação de Oficial Corporação, devidamente expedido por esta-
–CFO– com aproveitamento, o Cadete BM (Aluno-Ofi- belecimento de ensino superior, reconhecido
cial) será declarado Aspirante-a-Oficial BM, por ato do pelo Governo Federal, como exigido no edital
Comandante-Geral da Corporação, para fins de sub- do concurso;
missão ao estágio probatório final que antecede a sua
investidura no cargo inicial da carreira; III – ter idade máxima de 32 (trinta e dois)
anos na data de inscrição no concurso pú-
e) enquanto perdurar o estágio probatório, o Aspiran- blico;
te-a-Oficial BM não ocupará vaga no efetivo da Cor-
poração, fazendo jus à remuneração prevista em lei IV – ter altura mínima de 1,65m (um metro
específica; e sessenta e cinco centímetros), se do sexo
masculino, e 1,60m (um metro e sessenta
f) aprovado no estágio probatório, o Aspirante-a-Ofi- centímetros), se do sexo feminino.
cial, desde que atendidos os demais requisitos legais,
estará apto a ser nomeado ao Posto de 2º Tenente BM
§ 2º O disposto neste artigo e no anterior aplica-se aos
por ato do Governador do Estado, passando, assim, a
candidatos ao ingresso nos quadros de oficiais, de
ocupar, efetivamente, vaga na Corporação;
saúde e especialistas, para os quais é exigido diploma
II – no caso de oficiais de saúde, cuja carreira não é expedido por estabelecimento de ensino superior, reco-
precedida de frequência ao curso de formação: nhecido pelo Governo Federal.
a) o candidato aprovado em concurso público realizado § 3º Não se aplica o limite máximo de idade exigido no
pelo Corpo de Bombeiros Militar será nomeado ao Pos- inciso III do § 1º deste artigo aos bombeiros militares
to de 2º Tenente BM, por ato do Governador do Estado; da ativa da Corporação.
b) o Oficial de Saúde investido no cargo mencionado
na alínea “a” deste inciso será submetido ao estágio de Art. 12 - A inclusão nos quadros do Corpo de Bom-
adaptação ao meio militar, com grade curricular e carga beiros obedecerá ao voluntariado, de acordo com este
horária definidas pelo órgão de comando de ensino da Estatuto e regulamentos da Corporação, respeitadas as
Corporação; prescrições da Lei do Serviço Militar e seu Regulamen-
to.
III – relativamente à carreira de Praças BM, a forma e os
critérios de ingresso nas fileiras da Corporação cons- Art. 13 - VETADO.
tam de lei específica.
Parágrafo único - VETADO.
Art. 11 - Para a matrícula nos estabelecimentos de en-
sino de bombeiros militares destinados à formação de CAPÍTULO III

876
Da Hierarquia e da Disciplina
CÍRCULOS
DE OFICIAIS ORDENAÇÃO
Art. 14 - A hierarquia e a disciplina são a base insti- HIERARQUIZAÇÃO
tucional do Corpo de Bombeiros Militar, crescendo a
autoridade e a responsabilidade com a elevação do grau CIRCULOS DE OFICIAIS
hierárquico.
§ 1° - Hierarquia é a ordenação da autoridade, em níveis Coronel BM
diferentes, na estrutura do Corpo de Bombeiros Militar,
por postos e graduações. Dentro de um mesmo posto CÍRCULOS DE OFICIAIS
Tenente Coronel BM
ou graduação, a ordenação faz-se pela antiguidade no SUPERIORES
posto ou graduação, sendo o respeito à hierarquia con- Major BM
substanciado no espírito de acatamento à seqüência da
autoridade.
CÍRCULOS DE OFICIAIS
§ 2° - Disciplina é a rigorosa observância e o integral Capitão BM
INTERMEDIÁRIOS
acatamento da legislação que fundamenta o organismo
de bombeiro militar e coordena seu funcionamento re-
gular e harmônico, traduzindo-se pelo perfeito cumpri- Primeiro-Tenente BM
CÍRCULOS DE OFICIAIS
mento do dever por parte de todos e de cada um dos
SUBALTERNOS
componentes desse organismo. Segundo-Tenente BM

Art. 15 - Círculos hierárquicos são âmbitos de convi- CÍRCULOS DE PRAÇAS


vência entre os bombeiros militares da mesma cate-
goria e têm a finalidade de desenvolver o espírito de
camaradagem, em ambiente de estima e confiança, sem Subtenente BM
prejuízo do respeito mútuo.
CÍRCULOS DE Primeiro-Sargento BM
Art. 16 - Os círculos hierárquicos e a escala hierárquica SUBTENENTES E
no Corpo de Bombeiros Militar são fixados nos pará- SARGENTOS Segundo-Sargento BM
grafos e quadros seguintes:
§ 1° - Posto é o grau hierárquico do oficial, conferi- Terceiro-Sargento BM
do mediante ato do Governador e confirmado em carta
patente.
Cabo BM
§ 2° - Graduação é o grau hierárquico da praça, conferi- CÍRCULOS DE CABOS
do mediante ato do Comandante-Geral da Corporação. E SOLDADOS
Soldado BM
§ 3° - Os aspirantes-a-oficial BM, e os alunos do Curso
de Formação de Oficiais Bombeiros Militares, são de- PRAÇAS ESPECIAIS
nominados praças especiais. FREQUENTAM O
Aspirante-a-oficial BM
§ 4° - Os graus hierárquicos inicial e final dos diversos CÍRCULO DE OFICIAIS
quadros de oficiais e praças são fixados, separadamen- SUBALTERNOS
te, para cada caso, em lei de fixação de efetivo.
§ 5° - Sempre que o bombeiro militar, da reserva remu- EXCEPCIONALMENTE
nerada ou reformado, fizer uso do posto ou graduação, OU EM REUNIÕES
deverá fazê-lo mencionando a abreviatura respectiva de SOCIAIS, TÊM ACESSO Aluno-Oficial BM
sua situação. AOS CÍRCULOS DOS
§ 6° - Os círculos e a escala hierárquica no Corpo de OFICIAIS
Bombeiros Militar do Estado são as seguintes:

877
Art. 17 - A precedência entre os bombeiros militares § 1° - Os almanaques, um para os oficiais e aspiran-
da ativa, do mesmo grau hierárquico, é assegurada tes-a-oficial e outro para subtenentes e sargentos do
pela antigüidade no posto ou na graduação, salvo nos Corpo de Bombeiros, conterão, respectivamente, a
casos de precedência funcional estabelecida em lei ou relação nominal de todos os oficiais e aspirantes-a-ofi-
regulamento. cial, subtenentes e sargentos em atividade, distribuídos
pelos respectivos quadros de acordo com seus postos,
§ 1° - A antigüidade em cada posto ou graduação é
graduações e antiguidade.
contada a partir da data de assinatura do ato da res-
pectiva promoção, nomeação, declaração ou inclusão, § 2° - O Corpo de Bombeiros Militar manterá um regis-
salvo quando estiver expressamente fixada outra data. tro de todos os dados referentes ao pessoal da ativa e
da reserva remunerada, dentro das respectivas escalas
§ 2° - No caso de ser igual a antigüidade, referida no
numéricas, segundo instruções baixadas pelo Coman-
parágrafo anterior, é ela estabelecida.
dante-Geral.
a) entre os bombeiros militares do mesmo quadro, pela
posição nas respectivas escalas numéricas ou registros Art. 20 - O aluno-a-oficial BM por conclusão do curso
existentes na Corporação; será declarado aspirante-a-oficial BM, mediante ato do
b) nos demais casos, pela antigüidade no posto ou gra- Comandante-Geral, na forma determinada em regula-
duação anterior, se, ainda assim, subsistir igualdade de mento.
antigüidade, recorrer-se-á, sucessivamente, aos graus
hierárquicos anteriores à data de praça e a data de nas- Art. 21 - O ingresso na carreira de oficial será por pro-
cimento para definir a precedência e, neste último caso, moção do aspirante-a-oficial BM para: o quadro de
o mais idoso será considerado o mais antigo; oficiais bombeiros militares, e mediante concurso entre
os diplomados por faculdades civis reconhecidas pelo
c) entre os alunos de um mesmo órgão de formação
Governo Federal, quando se tratar de ingresso nos qua-
de bombeiros militares, de acordo com o regulamento
dros que exijam este requisito.
do respectivo órgão, se não estiverem especificamente
enquadrados nas letras “a” e “b”. Parágrafo Único - Para os demais quadros, o ingresso
será regulado por legislação específica ou peculiar.
§ 3° - Em igualdade de posto ou graduação, os bom-
beiros militares em atividade têm precedência sobre os
da inatividade. CAPÍTULO IV
Do cargo e da função de bombeiro militar
§ 4° - Em igualdade de posto ou graduação, a pre-
cedência entre os bombeiros militares de carreira na
ativa e os da reserva remunerada, quando estiverem Art. 22 - Cargo de bombeiro militar é o conjunto de
estes convocados ou designados para o serviço ativo, deveres e responsabilidades cometidos ao bombeiro
é definida pelo tempo de efetivo serviço no posto ou militar em serviço ativo.
graduação. § 1° - O cargo a que se refere este artigo é o que se
encontra especificado ou previsto nos quadros de Or-
Art. 18 - A precedência entre as praças especiais e as ganização caracterizado ou definido como tal em outras
demais praças é assim regulada: disposições legais.
I - os aspirantes-a-oficial BM são hierarquicamente su- § 2° - As atribuições e obrigações inerentes ao cargo de
periores às demais praças e freqüentam o Círculo dos bombeiro militar devem ser compatíveis com o corres-
Oficiais Subalternos; pondente grau hierárquico.
II - os alunos do Curso de Formação de Oficiais são
hierarquicamente superiores aos subtenentes BM. Art. 23 - Os cargos de bombeiro militar são providos
com pessoal que satisfaça os requisitos de grau hie-
Art. 19 - No Corpo de Bombeiros Militar será organi- rárquico e de qualificação exigidos para o seu desem-
zado o registro de todos os oficiais e graduados em penho.
atividade, e os respectivos resumos constarão dos al- Parágrafo Único - O provimento de cargo de bombei-
manaques da Corporação. ro militar faz-se mediante ato de nomeação, ou por

878
designação ou determinação expressa da autoridade BOMBEIROS MILITARES
competente.

Art. 24 - O cargo de bombeiro militar é considerado Capítulo I


vago a partir de sua criação ou desde o momento em Das Obrigações dos bombeiros militares
que o deixe o bombeiro militar exonerado, dispensa-
do ou que tenha recebido determinação expressa da SEÇÃO I
autoridade competente, e assim ficará até que outro
bombeiro militar nele tome posse, de acordo com a
DO VALOR DO BOMBEIRO MILITAR
norma de provimento prevista no parágrafo único do
artigo anterior. Art. 29 - São manifestações essenciais do valor do
bombeiro militar:
Parágrafo Único - Considera-se também vago o cargo
de bombeiro militar cujo ocupante haja: I - o sentimento de servir à comunidade, traduzido pela
vontade inabalável de cumprir o dever, mesmo com ris-
a) falecido;
co da própria vida;
b) sido considerado extraviado, ou
II - o civismo e o culto das tradições históricas;
c) sido considerado desertor.
III - a fé na missão elevada do Corpo de Bombeiros
Militar;
Art. 25 - Função de bombeiro militar é toda atividade
inerente ao cargo de bombeiro militar. IV - o aprimoramento técnico-profissional;
V - o amor à profissão e o entusiasmo com que a exer-
Art. 26 - Dentro de uma mesma Organização do Corpo ce;
de Bombeiros Militar, a seqüência de substituição para
assumir cargo ou responder por função, bem assim as VI - o espírito-de-corpo e o orgulho pela Corporação.
normas, atribuições e responsabilidades relativas, são
estabelecidas na legislação específica, respeitadas a SEÇÃO II
precedência e a qualificação exigidas para o exercício DA ÉTICA DO BOMBEIRO MILITAR
do cargo ou para o desempenho da função.
Art. 30 - O sentimento do dever, o brio do bombeiro
Art. 27 - O bombeiro militar ocupante de cargo provido militar e o decoro da classe impõem a cada um dos
em caráter efetivo ou interino faz jus aos direitos corres- integrantes da Corporação conduta moral e profissio-
pondentes ao cargo, conforme previsto em lei. nal irrepreensíveis, com a observância dos seguintes
preceitos da ética;
Art. 28 - As atribuições que, pela generalidade, peculia-
ridade, duração, vulto ou natureza não são catalogadas I - amar a verdade e a responsabilidade como funda-
como posições tituladas em quadro de Organização ou mentos da dignidade pessoal;
dispositivo legal, são cumpridas como encargo, incum- II - exercer com autoridade, eficiência e probidade as
bência, comissão, serviço ou exercício de função de funções que lhe couberem em decorrência do cargo;
bombeiro militar ou consideradas de natureza própria
de bombeiro militar. III - respeitar a dignidade e defender os direitos da pes-
soa humana;
Parágrafo Único - Aplica-se, no que couber, a encargo,
incumbência, comissão, serviço ou exercício de função IV - cumprir e fazer cumprir as leis, os regulamentos,
de bombeiro militar, ou de natureza própria de bom- as instruções e as ordens das autoridades competentes;
beiro militar, o disposto neste Capítulo para cargo de V - ser justo e imparcial nos julgamentos dos atos e na
bombeiro militar. apreciação do mérito dos subordinados;
VI - zelar pelo preparo próprio, moral, intelectual e
TÍTULO II físico, assim também pelo preparo dos subordinados,
DAS OBRIGAÇÕES E DOS DEVERES DOS tendo em vista o cumprimento da missão comum;

879
VII - praticar a camaradagem e desenvolver permanen- § 1° - Os integrantes da reserva remunerada, quando
temente o espírito de cooperação; convocados ou designados para o serviço ativo, ficam
proibidos de tratar, nas Organizações de Bombeiros-
VIII - empregar todas as suas energias em benefício do
-Militares e nas repartições civis, de interesse de enti-
serviço;
dades ou empresas privadas de qualquer natureza.
IX - ser discreto em suas atitudes e maneiras e em sua
§ 2° - Os bombeiros militares em atividade podem
linguagem escrita e falada;
exercer diretamente a gestão de seus bens, desde que
X - abster-se de tratar, fora do âmbito apropriado, de não infrinjam o disposto no presente artigo.
matéria sigilosa de qualquer natureza;
§ 3° - No intuito de desenvolver a prática profissional,
XI - acatar as autoridades civis; é permitido aos oficiais titulados no Quadro de Saúde
XII - cumprir seus deveres de cidadão; o exercício de atividade técnico-profissional no meio
civil, desde que tal prática não prejudique o serviço e
XIII - proceder de maneira ilibada na vida pública e na não infrinja o disposto neste artigo.
particular;
XIV - garantir a assistência moral e material ao seu lar e Art. 32 - O Comandante-Geral poderá determinar aos
conduzir-se como chefe-de-família modelar; bombeiros militares da ativa que, no interesse e salva-
guarda da dignidade própria, informem sobre a origem
XV - conduzir-se, mesmo fora do serviço ou na inativi-
e natureza de seus bens, sempre que haja razão que
dade, de modo que não sejam prejudicados os princí-
recomende tal medida.
pios da disciplina, do respeito e do decoro de bombeiro
militar;
Capítulo II
XVI - observar as normas de boa educação;
Dos deveres dos bombeiros militares
XVII - abster-se de fazer uso do posto ou graduação
para obter facilidades pessoais de qualquer natureza ou
para encaminhar negócios particulares ou de terceiros; SEÇÃO I
DA CONCEITUAÇÃO
XVIII - abster-se, na situação de inatividade, do uso das
designações hierárquicas quando:
Art. 33 - Os deveres dos bombeiros militares emanam
a) em atividade político-partidária;
de vínculos racionais e morais que os ligam à comu-
b) em atividade comercial, nidade e ao trabalho, compreendendo essencialmente:
c) em atividade industrial; I - a dedicação integral ao serviço e a fidelidade à Ins-
d) para discutir ou provocar discussões pela imprensa tituição a que pertencem, mesmo com sacrifício da
a respeito de assuntos políticos ou referentes à Cor- própria vida;
poração, excetuando-se os de natureza exclusivamente II - o culto aos símbolos nacionais;
técnica, se devidamente autorizado; e
III - a probidade e a lealdade em todas as circunstân-
e) no exercício de cargo ou função de natureza civil, cias;
mesmo que seja da administração pública;
IV - a disciplina e o respeito à hierarquia;
XIX - zelar pelo bom nome do Corpo de Bombeiros Mi-
V - o rigoroso cumprimento das obrigações e ordens;
litar e de cada um de seus integrantes, obedecendo e
fazendo obedecer aos preceitos da ética. VI - a obrigação de tratar o subordinado dignamente e
com urbanidade;
Art. 31 - Ao bombeiro militar da ativa é vedado comer- VII - o trato urbano, cordial e educado para com cida-
ciar ou tomar parte na administração ou gerência de dãos; e
sociedade ou dela ser sócio ou participar, exceto como
acionista ou quotista em sociedade anônima ou por VIII - a segurança da comunidade.
quotas de responsabilidade limitada.
SEÇÃO II

880
DO COMPROMISSO Art. 37 - A subordinação não afeta, de modo algum,
DO BOMBEIRO MILITAR a dignidade pessoal do bombeiro militar e decorre ex-
clusivamente da estrutura hierarquizada do Corpo de
Bombeiros Militar.
Art. 34 - Após sua admissão no Corpo de Bombeiros
mediante inclusão, matrícula, ou nomeação, o bombei- Art. 38 - O oficial BM é preparado, ao longo da carreira,
ro militar prestará compromisso de honra, no qual afir- para o exercício do comando, da chefia e da direção das
mará a sua aceitação consciente das obrigações e dos Organizações de Bombeiros Militares.
deveres inerentes aos serviços profissionais que lhe
foram confiados e manifestará a sua firme disposição
Art. 39 - Os subtenentes e os sargentos BM auxiliam
de bem cumprí-los.
ou completam as atividades dos oficiais, quer no ades-
tramento e emprego de meios, quer na instrução de
Art. 35 - O compromisso a que se refere o artigo an- pessoal e na administração geral.
terior terá caráter solene e será prestado na presença
de tropa, tão logo o bombeiro militar tenha adquirido Parágrafo Único - No exercício das atividades men-
o grau de instrução compatível com perfeito entendi- cionadas neste artigo e no comando de elementos
mento de seus deveres como integrante do Corpo de subordinados, os subtenentes e os sargentos deverão
Bombeiros, então fazendo a seguinte declaração: “Ao impor-se pela lealdade, pelo exemplo e pela capacida-
ingressar no Corpo de Bombeiros Militar do Estado de de técnico-profissional, incumbindo-lhes assegurar a
Goiás, prometo regular minha conduta pelos preceitos observância minuciosa e ininterrupta das ordens, das
da moral, cumprir rigorosamente as ordens das auto- normas do serviço e das operativas, pelas praças que
ridades à que estiver subordinado e dedicar-me intei- lhes estiverem diretamente subordinadas, empenhan-
ramente aos serviços profissionais e à segurança da do-se na manutenção da coesão e do moral delas em
comunidade, mesmo com o sacrifício da própria vida”. todas as circunstâncias.
§ 1° - o compromisso do aspirante-a-oficial é prestado
Art. 40 - Os cabos e os soldados são essencialmente os
na solenidade de declaração de aspirante-a-oficial, de
elementos de execução.
acordo com o cerimonial prescrito em disposição regu-
lamentar do estabelecimento de ensino.
Art. 41 - Às praças especiais cabe a rigorosa observân-
§ 2° - O compromisso do oficial BM será proferido com cia das prescrições dos regulamentos que lhes são per-
a seguinte declaração: «Perante a Bandeira do Brasil e tinentes, exigindo-se delas inteira dedicação ao estudo
pela minha honra, prometo cumprir os deveres de ofi- e ao aprendizado técnico-profissional.
cial do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás,
dedicando-me inteiramente ao seu serviço». Art. 42 - Ao bombeiro militar cabe a responsabilidade
integral pelas decisões que tomar, pelas ordens que
SEÇÃO III emitir e pelos atos que praticar.
DO COMANDO E DA SUA SUBORDINAÇÃO
Capítulo III
Art. 36 - Comando é a soma de autoridade, deveres e Da violação das obrigações e dos
responsabilidades de que o bombeiro militar é investi- deveres dos bombeiros militares
do legalmente quando conduz homens ou dirige uma
Organização do Corpo de Bombeiros, sendo o coman-
SEÇÃO I
do vinculado ao grau hierárquico e constituindo uma
prerrogativa impessoal, em cujo exercício o bombeiro DA CONCEITUAÇÃO
militar se define e se caracteriza como chefe.
Parágrafo Único - Aplica-se à direção e à chefia de Art. 43 - A violação das obrigações ou dos deveres dos
Organização, no que couber, o estabelecido para o co- bombeiros militares constituirá crime ou transgressão
mando. disciplinar, conforme dispuser a legislação ou regula-
mentação específica ou peculiar.

881
§ 1° - A violação dos preceitos da ética imposto ao classificação do comportamento do bombeiro militar,
bombeiro militar é tanto mais grave quanto mais eleva- regulando afinal a interposição de recursos, no que não
do for o grau hierárquico de quem a cometer. colidir com a legislação federal pertinente.
§ 2° - No concurso de crime militar e de transgressão § 1° - VETADO
disciplinar, será aplicada somente a pena relativa ao
§ 2° - À praça especial aplicam-se também as disposi-
crime.
ções disciplinares previstas no regulamento da institui-
ção de ensino onde estiver matriculada.
Art. 44 - A inobservância das leis e regulamentos, ou
a falta de exatidão no cumprimento dos deveres ne-
les especificados, acarretará, para o bombeiro militar, SEÇÃO IV
responsabilidade funcional, pecuniária, disciplinar ou DOS CONSELHOS DE
penal, consoante a legislação específica ou peculiar. JUSTIFICAÇÃO E DE DISCIPLINA
Parágrafo Único - A apuração da responsabilidade fun-
cional, pecuniária, disciplinar ou penal poderá concluir Art. 48 - O oficial presumivelmente incapaz de perma-
pela incompatibilidade do bombeiro militar com o car- necer como bombeiro militar da ativa será, na forma da
go, ou pela incapacidade do exercício das funções a ele legislação específica, submetido a Conselho de Justi-
inerentes. ficação.
§ 1° - Ao ser submetido a Conselho de Justificação,
Art. 45 - O Bombeiro militar que por sua atuação, se o oficial poderá ser afastado do exercício de suas fun-
tornar incompatível com o cargo ou demonstrar inca- ções, conforme estabelecido em legislação específica.
pacidade no exercício das funções a ele inerentes, será
afastado daquele ou impedido de continuar exercendo § 2° - Compete ao Tribunal de Justiça do Estado julgar
estas últimas. os processos oriundos dos Conselhos de justificação,
na forma estabelecida em lei específica.
§ 1° - São competentes para determinar o imediato
afastamento do cargo ou o impedimento do exercício § 3° - A conselho de justificação poderá também ser
da função: submetido o oficial da reserva remunerada ou o oficial
reformado, presumivelmente incapaz de permanecer na
a) o Governador; situação de inatividade em que se encontra.
b) o Comandante-Geral.
Art. 49 - O aspirante-a-oficial BM, bem assim praças
§ 2° - O bombeiro militar afastado do cargo nas con-
com estabilidade assegurada, quando presumivelmente
dições mencionadas neste artigo ficará privado do
incapazes de permanecer na ativa, serão submetidos a
exercício de qualquer função na instituição, até que seja
Conselho de Disciplina e afastados das atividades que
decidido o processo contra ele instaurado.
estiverem exercendo, na forma da legislação específica.

SEÇÃO II § 1° - Compete ao Tribunal de Justiça a homologação


prévia dos processos oriundos do Conselho de Dis-
DOS CRIMES MILITARES
ciplina, cujo parecer seja pela exclusão ou perda da
graduação.
Art. 46 - Aos bombeiros militares aplicam-se, no que
§ 2° - Ao Conselho de Disciplina poderá ser submetida
couber, as disposições da Legislação Penal Militar.
a praça da reserva de inatividade em que se encontra.

SEÇÃO III § 3° - A Conselho de Disciplina poderá também ser


submetida a praça da reserva remunerada ou reforma-
DAS TRANSGRESSÕES DISCIPLINARES
da, quando presumivelmente incapaz de permanecer na
situação de inatividade em que se encontra.
Art. 47 - O Regulamento Disciplinar do Corpo de Bom-
beiros Militar especificará e classificará as transgres- TÍTULO III
sões disciplinares e estabelecerá as normas relativas
à amplitude e aplicação das penas disciplinares, a
DOS DIREITOS E DAS PRERROGATIVAS

882
DOS BOMBEIROS MILITARES g) a alimentação, assim entendida como o conjunto das
refeições que devem ser fornecidas aos bombeiros mi-
litares em atividade;
Capítulo I
h) VETADO;
Dos direitos
i) a moradia para o bombeiro militar em atividade, com-
preendendo:
SEÇÃO I
DA ENUMERAÇÃO 1 - alojamento em Organização do Corpo de Bombei-
ros;

Art. 50 - São direitos dos bombeiros militares, além de 2 - habitação para si e seus dependentes, em imóveis
outros previstos em legislação específica ou peculiar: sob a responsabilidade da Corporação, de acordo com
as disponibilidades existentes;
I - a garantia da patente em toda a sua plenitude quando
oficial, com as vantagens, prerrogativas e deveres a ela j) o transporte, assim entendido como qualquer dos
inerentes; meios que devam ser fornecidos ao Bombeiro-Militar
para os seus deslocamentos no interesse do serviço,
II - a promoção ao posto ou graduação imediatamen- compreendendo, também, quando o deslocamento im-
te superior quando contar pelo menos trinta anos de plicar mudança de sede ou de moradia, as passagens
serviço; para os dependentes e a translação das respectivas ba-
III - a percepção de remuneração correspondente ao gagens, de residência a residência;
grau hierárquico imediatamente superior, ou a melhoria l) a constituição de pensão de bombeiro militar;
dela, quando ao serem transferidos para a inatividade
contarem mais de trinta anos de serviço; m) a promoção;

IV - a remuneração calculada com base no soldo in- n) as férias, os afastamentos temporários do serviço e
tegral do posto ou graduação, quando, não contando as licenças;
trinta anos de serviço, forem transferidos para a reserva o) a transferência para a reserva remunerada a pedido,
remunerada de ofício, por terem atingido a idade-limite ou a reforma;
de permanência na atividade no posto ou na graduação;
p) a demissão e o licenciamento voluntários;
V - nas condições ou limitações impostas na legislação
q) o porte de arma, quando se tratar de oficial em
e regulamentação específica ou peculiar:
serviço ativo ou na inatividade, salvo se a inatividade
a) o uso das designações hierárquicas; resultar de alienação mental ou condenação por crime
b) a ocupação de cargo correspondente ao posto ou à contra a segurança do Estado, ou por outra atividade
graduação; que desaconselhe aquele porte;

c) a estabilidade, quando praças, com dois anos ou r) o porte de arma, pelas praças com as restrições regu-
mais de tempo de efetivo serviço, ladas pelo Comandante-Geral.

d) a percepção de remuneração, § 1° - A percepção de remuneração e a melhoria dela,


tratadas no item III, obedecerá ao seguinte:
e) a assistência médico-hospitalar para si e seus de-
pendentes, assim entendida a assistência como o a) o oficial que contar mais de trinta anos de serviço,
conjunto de atividades relacionadas com a prevenção, quando transferido para a inatividade, terá seus proven-
conservação ou recuperação da saúde, abrangendo tos calculados sobre o soldo correspondente ao posto
serviços profissionais médicos, farmacêuticos e odon- imediato, se no Corpo de Bombeiros existir posto su-
tológicos, bem assim o fornecimento e a aplicação de perior ao seu, mesmo que de outro quadro; se for ocu-
meios, cuidados e demais atos médicos e paramédicos pante do último posto do Corpo de Bombeiros, terá os
necessários;- . proventos calculados tomando-se por base o soldo de
seu posto, acrescido de percentual fixado em legislação
f) o funeral para si, conforme dispuser a legislação per- específica ou peculiar;
tinente.
b) os subtenentes, quando transferidos para a inativida-

883
de, terão os proventos calculados sobre o soldo corres- f) a irmã, a cunhada e a sobrinha solteiras, viúvas, se-
pondente ao posto de segundo-tenente BM, desde que paradas judicialmente ou divorciadas, desde que não
contem mais de trinta anos de serviço; recebam remuneração;
c) as demais praças que contem mais de trinta anos de g) o neto órfão, menor, inválido ou interdito;
serviço, ao serem transferidas para a inatividade, terão h) a pessoa que vive no mínimo há cinco anos sob sua
os proventos calculados sobre o soldo correspondente exclusiva dependência econômica, comprovada esta
à graduação imediatamente superior. em justificação judicial;
§ 2° - São considerados dependentes do bombeiro i) a companheira, desde que viva em sua companhia há
militar: mais de cinco anos, comprovada a condição em justi-
a) a esposa; ficação judicial;
b) o filho menor de vinte e um anos, e o inválido ou j) o menor que esteja sob sua guarda, sustento e res-
interdito de qualquer idade; ponsabilidade mediante autorização judicial.
c) a filha solteira, desde que não perceba remuneração; § 4° - Para efeito do disposto nos §§ 2° e 3° deste arti-
go não serão considerados remuneração os rendimen-
d) o filho estudante, menor de vinte e quatro anos;
tos não provenientes de trabalho assalariado, ainda que
e) a mãe viúva, que não perceba remuneração; recebidos dos cofres públicos, nem a remuneração que,
f) o enteado, o filho adotivo e o tutelado, nas mesmas mesmo resultante de relação de trabalho, não enseje ao
condições das letras “b”, “c” e “d”; dependente do bombeiro militar qualquer direito à as-
sistência previdenciária oficial.
g) a viúva do bombeiro-militar, enquanto permanecer
em estado de viuvez, e os demais dependentes mencio- Art. 51 - O bombeiro militar que se julgar prejudicado
nados nas letras “b”, “c”, “d”, “e” e “f” desde que vivam ou ofendido por qualquer ato administrativo ou disci-
sob a responsabilidade da viúva; plinar de superior hierárquico poderá recorrer ou inter-
h) a ex-esposa com direito a pensão alimentícia esta- por pedido de reconsideração, segundo o regulamento
belecida por sentença transitada em julgado, enquanto específico ou peculiar.
não contrair novo matrimônio. § 1° - O direito de recorrer na esfera administrativa
§ 3° - São ainda considerados dependentes do bom- prescreve: - Julgado Constitucional, com interpre-
beiro militar, desde que vivam sob a sua dependência tação conforme a Constituição; onde se lê “pres-
econômica e sob o mesmo teto e quando expressamen- creve”, entenda-se “exercita-se em”, pela ADIN
te declarada a dependência na Organização do Corpo de nº 299-3/200 (200530270525), decisão publicada
Bombeiros competente: na página 09 do Diário da Justiça nº 15.138, de
28-11-2007.
a) a filha, a enteada e a tutelada, nas condições de viú-
vas, separadas judicialmente ou divorciadas, desde que a) em quinze dias corridos, a contar do recebimento da
não recebam remuneração; comunicação oficial, quanto a ato de composição de
Quadro de Acesso;
b) a mãe solteira, a madrasta viúva, a sogra viúva ou
solteira, bem assim quando separadas judicialmente ou b) nas questões disciplinares, segundo o que
divorciadas, desde que em qualquer dessas situações dispuser o regulamento específico ou peculiar;
não recebam remuneração; - Ausência de prazo suprida pela decisão na ADIN
nº 299-3/200 (200503270525), publicada no DJ nº
c) os avós e os pais, quando inválidos ou interditos, e
15.133, de 28-11-2007, que deu interpretação confor-
os respectivos cônjuges, estes enquanto não percebe-
me a Constituição, a fim de fixar, para esta hipótese, o
rem remuneração;
mesmo prazo contido na alínea “a”.
d) o pai com mais de 60 (sessenta) anos e seu cônjuge,
c) em cento e vinte dias corridos, nos demais casos.
desde que não recebam remuneração;
§ 2° - Excetuando-se os casos de crime não militar, o
e) o irmão, o cunhado e o sobrinho, quando menores
bombeiro militar só poderá recorrer ao Poder Judiciário
ou interditos, sem outro arrimo;
depois de esgotados os recursos administrativos, e de-

884
verá participar à autoridade à qual estiver subordinado, Art. 56 - REVOGADO.- Redação dada pela Lei nº
o fato de estar recorrendo. - Declarado inconstitucio- 12.043, de 22-7-1993, D.O. de 30-7-1993.
nal, com efeitos ex tunc, pela ADIN nº 299-3/200 Parágrafo Único - Nenhum soldo poderá ter valor infe-
(200503270525), publicada no DJ nº 15.133, de rior ao salário mínimo vigente.
28-11-2007.
Art. 57 - É proibido acumular remuneração de inativi-
Art. 52 - O bombeiro militar é elegível, atendidas as dade.
seguintes condições:
Parágrafo Único - O disposto neste artigo não se aplica
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afas- aos bombeiros militares da reserva remunerada e aos
tar-se da atividade; reformados, quanto ao exercício de mandato eletivo,
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agrega- quanto ao desempenho de função de magistério ou de
do pela autoridade superior e, se eleito, passará auto- cargo em comissão, ou quanto ao contrato para presta-
maticamente, no ato da diplomação, para a inatividade. ção de serviços técnicos ou especializados.

SEÇÃO II Art. 58 - Os proventos da inatividade serão revistos


DA REMUNERAÇÃO sempre que se modificarem os vencimentos dos bom-
beiros militares em serviço ativo.

Art. 53 – REVOGADO. Parágrafo Único - Ressalvados os casos previstos em


lei, os proventos da inatividade não poderão exceder
§ 1° - Os bombeiros militares na ativa percebem remu- a remuneração percebida pelo bombeiro militar da ati-
neração, compreendendo: va, no posto ou graduação correspondente ao de seus
a) vencimentos, constituídos de soldo e gratificação de proventos.
tempo de serviço,
Art. 59 – REVOGADO. - Redação dada pela Lei nº
b) indenizações.
12.043, de 22-7-1993, D.O. de 30-7-1993.
§ 2° - Os bombeiros militares em inatividade percebem
Parágrafo único - Para efeito de contagem das quotas, a
remuneração compreendendo:
fração de tempo igual ou superior a cento e oitenta dias
a) proventos, constituídos de soldo ou quotas de soldo será considerada um ano.
e gratificação incorporável;
b) indenizações incorporáveis. SEÇÃO III
§ 3° - Os bombeiros militares receberão salário-família, DA PROMOÇÃO
de conformidade com o que dispuser a lei reguladora
de tal direito. Art. 60 - O acesso na hierarquia do Corpo de Bombei-
§ 4° - Os bombeiros militares terão ainda outros direi- ros é seletivo, gradual e sucessivo e será feito mediante
tos pecuniários, em casos especiais. promoção, de conformidade com o disposto na legis-
lação e regulamentação de promoções de oficiais e de
praças, de modo a obter-se um fluxo regular e equili-
Art. 54 - O auxílio-invalidez, atendidas as condições
brado da carreira.
estipuladas na lei específica, será concedido ao bom-
beiro militar que, enquanto em serviço ativo, haja sido § 1° - O planejamento da carreira dos oficiais e das
ou venha a ser reformado por incapacidade definitiva praças, obedecidas as disposições da legislação e re-
e considerado inválido, total e permanentemente, para gulamentação a que se refere este artigo, é atribuição
qualquer trabalho que o impossibilite de prover à pró- do Comando-Geral.
pria subsistência. § 2° - A promoção tem como finalidade básica a sele-
ção de bombeiros militares para o exercício de funções
Art. 55 – REVOGADO.- Redação dada pela Lei nº pertinentes ao grau hierárquico superior.
12.043, de 22-7-1993, D.O. de 30-7-1993.

885
Art. 61 - As promoções serão efetuadas pelos critérios previsto no caput deste artigo pelos motivos constantes
de antigüidade e merecimento, ou, ainda, por bravura do parágrafo anterior, ressalvados os casos de trans-
e post mortem. gressão disciplinar de natureza grave, o período de fé-
rias não gozado será computado dia a dia pelo dobro,
§ 1° - Em casos extraordinários, poderá haver promo-
no momento de passagem do bombeiro militar para a
ção em ressarcimento de preterição, independentemen-
inatividade e somente para esse fim.
te de vaga.
§ 2° - A promoção de bombeiro militar feita em res- Art. 65 - Os bombeiros militares têm direito, ainda, aos
sarcimento de preterição será efetuada segundo critério seguintes períodos de afastamento total do serviço,
de antigüidade ou de merecimento, atribuindo-se-lhe obedecidas as disposições legais e regulamentares,
o número que lhe competiria na escala hierárquica se por motivo de:
houvesse sido promovido na época devida pelo critério
em que se efetivou a sua promoção. I - núpcias: oito dias;
II - luto: oito dias;
Art. 62 e incisos - Revogado pela Lei nº 20.946, de III - paternidade: cinco dias;
30-12-2020.
IV - instalação: até dez dias;
Art. 63 - VETADO. V - trânsito: até trinta dias.
Parágrafo único - VETADO.
Art. 66 - As férias e os afastamentos mencionados nesta
SEÇÃO IV seção sempre são concedidos com a remuneração pre-
vista na legislação específica, computados como tempo
DAS FÉRIAS E DE OUTROS de efetivo serviço para todos os efeitos.
AFASTAMENTOS TEMPORÁRIOS
DO SERVIÇO Art. 66-A. As férias anuais, remuneradas com um ter-
ço a mais do que o estipêndio normal, devidas e não
Art. 64 - Férias são afastamentos totais do serviço, gozadas, integrais ou proporcionais, serão indenizadas
anual e obrigatoriamente concedidos aos bombeiros nos casos de passagem do bombeiro militar para a ina-
militares para o descanso destes. tividade ou de seu desligamento, voluntário ou não, das
fileiras da corporação.
§ 1° - Compete ao Comandante-Geral a regulamenta-
ção da concessão das férias anuais e de outros afasta-
mentos temporários.
SEÇÃO V
DAS LICENÇAS
§ 2° - A concessão de férias não é prejudicada pelo
gozo anterior de licença para tratamento de saúde ou de
licença especial, nem por punição anterior decorrente Art. 67 - Licença é a autorização para afastamento to-
de transgressão disciplinar, ou por estado de guerra ou tal do serviço, em caráter temporário, concedida ao
para que sejam cumpridos atos de serviço, não anulan- bombeiro militar, obedecidas as disposições legais e
do o direito a qualquer dessas licenças. regulamentares.

§ 3° - Somente em casos de interesse da segurança § 1° - A licença pode ser:


nacional, da manutenção da ordem, de extrema neces- a) especial;
sidade do serviço, de transferência para a inatividade,
b) para tratar de interesse particular;
para cumprimento de punição decorrente de trans-
gressão de natureza grave ou de baixa ao hospital, os c) para tratamento de saúde de pessoa da família;
bombeiros militares terão interrompido ou deixado de d) para tratamento de saúde própria.
gozar, na época prevista, o período de férias a que ti-
verem direito, na hipótese se registrando a modificação e) à gestante, por 180 (cento e oitenta) dias, mediante
em seus assentamentos. inspeção;
§ 4° - Na impossibilidade do gozo de férias no período f) maternidade de 180 (cento e oitenta) dias à adotante

886
ou à que obtenha a guarda judicial de criança de até d) para cumprimento de punição disciplinar;
1 (um) ano de idade, mediante apresentação de docu- e) em caso de denúncia, pronúncia em processo crimi-
mento oficial comprobatório da adoção ou da guarda. nal ou indiciação em inquérito policial militar, a juízo da
§ 2° - A remuneração do bombeiro militar, quando em autoridade que subscrever a denúncia, ou que propôs a
qualquer das situações de licença que estão previstas pronúncia ou a indiciação.
no parágrafo anterior, será regulada em legislação es- § 2° - A interrupção de licença para tratar de interesse
pecífica. particular será definitiva, quando o bombeiro militar for
§ 3° - A concessão de licença é regulada pelo Coman- reformado ou transferido para a reserva remunerada.
dante-Geral. § 3° - A interrupção das licenças de que tratam as alí-
neas do § 1° poderá vir a ser disciplinada em legislação
Art. 68 - A licença especial é a autorização para o afas- específica ou peculiar, ou em lei ou regulamento esta-
tamento total do serviço depois de cada qüinqüênio de dual, respeitada a lei federal.
efetivo serviço prestado, concedida ao bombeiro militar
que a requerer, sem que implique qualquer restrição
para a sua carreira. Capítulo II
Das Prerrogativas
§ 1° - A licença especial tem a duração de três meses.
§ 2° - O período de licença especial não interrompe a
SEÇÃO I
contagem de tempo de efetivo serviço.
DA CONSTITUIÇÃO E ENUMERAÇÃO
§ 3° - Revogado pela Lei nº 20.946, de 30-12-2020.
§ 4° - A licença especial não é prejudicada pelo gozo Art. 71 - As prerrogativas dos bombeiros militares in-
anterior de qualquer licença para tratamento de saúde cluem as honras, dignidades e distinções devidas aos
ou para que sejam cumpridos atos de serviço, nem anu- graus hierárquicos e cargos.
la o direito àquelas licenças.
Parágrafo Único - São prerrogativas:
§ 5° - Uma vez concedida a licença especial, o bombei-
ro militar será exonerado do cargo ou dispensado do a) o uso de títulos, uniformes, distintivos, insígnias e
exercício das funções que exerce e ficará à disposição emblemas correspondentes ao posto ou graduação;
do órgão de pessoal da Corporação. b) as honras, o tratamento e os sinais de respeito asse-
gurados em leis e regulamentos;
Art. 69 - A licença para tratar de interesse particular é a
c) o cumprimento de pena de prisão ou detenção so-
autorização para afastamento total do serviço concedida
mente em Organização de Bombeiro-Militar da Corpo-
ao bombeiro militar que contar mais de cinco anos de
ração, cujo comandante, chefe ou diretor tenha prece-
efetivo serviço, e que a requerer com aquela finalidade.
dência hierárquica sobre o preso;
Parágrafo único - A licença de que trata este artigo será
d) o julgamento em foro especial, por crimes militares.
concedida com prejuízo da remuneração e da contagem
do tempo de efetivo serviço.
Art. 72 - Somente em casos de flagrante delito o bom-
beiro militar poderá ser preso por autoridade policial,
Art. 70 - As licenças poderão ser interrompidas a pedi-
ficando esta obrigada a entregá-lo imediatamente à
do, ou nas condições estabelecidas neste artigo.
autoridade do Corpo de Bombeiro Militar mais próxi-
§ 1° - A interrupção da licença especial e da licença ma, só podendo retê-lo na delegacia ou posto policial
para tratar de interesse particular poderá ocorrer: durante o tempo necessário à lavratura do flagrante.
a) em caso de mobilização e estado de guerra; § 1° - Cabe ao Comandante-Geral da Corporação a
b) em decorrência da decretação de estado de emergên- iniciativa de responsabilizar a autoridade policial que
cia ou de sítio; não cumprir o disposto neste artigo ou que maltratar
ou consentir seja maltratado qualquer bombeiro militar
c) para cumprimento de sentença que importe restrição preso, ou que não lhe der o tratamento devido em razão
da liberdade individual; de seu posto ou graduação.

887
§ 2° - Se, durante o processo e julgamento no foro civil, civil, usar uniformes ou ostentar distintivos, insígnias
houver perigo de vida para qualquer bombeiro militar ou emblemas que possam ser confundidos com os
preso, o Comandante-Geral providenciará os entendi- adotados no Corpo de Bombeiros Militar.
mentos com o juiz de feito visando à guarda dos pretó- Parágrafo único - São responsáveis pela infração das
rios ou tribunais por força policial-militar. disposições deste artigo, além dos indivíduos que a te-
nham cometido diretamente, os diretores ou chefes de
Art. 73 - Os bombeiros militares da ativa que não esti- repartições, organizações de qualquer natureza, firmas
verem no exercício de suas funções serão dispensados ou empregadores, empresas, institutos ou departamen-
de servir no júri. tos, que tenham adotado ou consentido sejam usados
uniformes ou ostentados distintivos, insígnias ou em-
SEÇÃO II blemas que possam ser confundidos com os adotados
DO USO DOS UNIFORMES no Corpo de Bombeiros Militar.

Art. 74 - Os uniformes do Corpo de Bombeiros Militar, TÍTULO IV


com seus distintivos, insígnias e emblemas, são priva- DISPOSIÇÕES DIVERSAS
tivos dos bombeiros militares, com as prerrogativas a
estes inerentes.
Capítulo I
Parágrafo Único - Constituem crimes previstos na le- Das situações especiais
gislação específica o desrespeito aos uniformes, distin-
tivos, insígnias e emblemas, bem assim o seu uso por
parte de quem a eles não tiver direito. SEÇÃO I
DA AGREGAÇÃO
Art. 75 - O uso dos uniformes, com seus distintivos, in-
sígnias e emblemas, bem assim os modelos, descrição, Art. 78 - A agregação é a situação na qual o bombeiro
composição e peças acessórias, são estabelecidos em militar da ativa deixa de ocupar vaga na escala hierár-
legislação peculiar. quica do seu quadro, nela permanecendo sem número.
§ 1° - É proibido ao bombeiro militar o uso dos uni- § 1° - O bombeiro militar deve ser agregado quando:
formes:
a) for nomeado para cargo considerado no exercício de
a) em manifestação de caráter político-partidário; função de natureza bombeiro-militar ou de interesse
b) no estrangeiro, quando em atividade não relacionada bombeiro-militar, estabelecido em lei, não previsto nos
co m a missão de bombeiro militar, salvo quando ex- quadros de organização do Corpo de Bombeiros Militar
pressamente determinado ou autorizado; (QO);
c) na inatividade, salvo para comparecer a solenidades b) aguardar transferência de ofício para a reserva re-
bombeiro-militares, cerimônias cívico-comemorativas munerada, por ter sido enquadrado em qualquer dos
das grandes datas nacionais ou a atos sociais solenes, requisitos que a motivam;
quando devidamente autorizado. c) for afastado, temporariamente, do serviço ativo por
§ 2° - Os bombeiros militares na inatividade, cuja con- motivo de:
duta possa ser considerada como ofensiva à dignidade 1 - haver sido julgado incapaz, temporaria-
da classe, poderão ser definitivamente proibidos de mente, após um ano contínuo de tratamento
usar uniformes por decisão do Comandante-Geral. de saúde própria;

Art. 76 - O bombeiro militar fardado tem as obrigações 2 - haver sido julgado incapaz definitivamen-
correspondentes ao uniforme que use e aos distintivos, te, enquanto tramita o processo de reforma;
emblemas ou às insígnias que ostente. 3 - haver ultrapassado um ano contínuo de
licença para tratamento de saúde própria;
Art. 77 - É vedado a qualquer civil, ou a organização
4 - haver ultrapassado seis meses contínuos

888
em licença para tratar de interesse particular; a letra «a» e os n°s 11 e 12 da letra «c» do § 1° é
contada a partir da data de posse no novo cargo até o
5 - haver ultrapassado seis meses contínuos
regresso à Corporação ou transferência de ofício para a
em licença para tratamento de saúde de pes-
reserva remunerada.
soa da família;
§ 4° - A agregação do bombeiro militar a que se referem
6 - haver sido considerado oficialmente ex-
os n°s 1, 3, 4 e 5 da letra «c» do § 1° é contada a partir
traviado;
do primeiro dia que se seguir ao do término dos respec-
7 - haver sido esgotado o prazo que caracte- tivos prazos, e enquanto durar o evento.
riza o crime de deserção previsto no Código
§ 5° - A agregação do bombeiro militar a que se referem
Penal Militar, se oficial ou praça com estabili-
a letra «b» e os n°s. 2, 6, 7, 8, 9, 10 e 14 da letra «c»
dade assegurada;
do § 1° é contada a partir da data indicada no ato que
8 - como desertor, ter-se apresentado volun- torna público o respectivo evento.
tariamente ou ter sido capturado e reincluído
§ 6° - A agregação do bombeiro militar a que se refere o
a fim de se ver processar;
n° 13 da letra «c» do § 1° é contada a partir do registro
9 - se ver processar, após ficar exclusivamen- como candidato, até a diplomação, ou até o regresso à
te à disposição da Justiça Comum; Corporação se não houver sido eleito.
10 - haver sido condenado a pena restritiva § 7° - O bombeiro militar agregado fica sujeito às obri-
de liberdade superior a seis meses, em sen- gações disciplinares concernentes às suas relações
tença passada em julgado, enquanto durar a com outros bombeiros militares e autoridades civis e
execução, excluído o período de sua suspen- militares, salvo quando ocupar cargo que lhe dê prece-
são condicional, se concedida esta ou até ser dência funcional sobre os outros bombeiros militares
declarado indígno de pertencer ao Corpo de mais graduados ou mais antigos.
Bombeiros Militar, ou incompatível com este;
§ 8° - Caracteriza a posse (§ 3°) a entrada em exercício
11 - haver passado à disposição de outro no cargo ou na função.
órgão público do Estado, da União, de outro
§ 9º Na hipótese prevista na alínea “d” do § 1º deste
Estado ou Território, para exercer função de
artigo, a agregação é condicionada à prévia autorização
natureza civil;
do Comandante-Geral, que decidirá sobre a efetivação
12 - haver sido nomeado para qualquer cargo da medida segundo os critérios de conveniência e
público civil temporário, não eletivo, inclusive oportunidade do serviço e da administração do Corpo
da administração indireta; de Bombeiros Militar.
13 - haver-se candidatado a cargo eletivo, § 10. Se concedida a autorização, a modalidade de
desde que conte dez anos ou mais de efetivo agregação prevista na alínea “d” do § 1º deste artigo
serviço; será contada da data de sua concessão.
14 - haver sido condenado a pena de suspen- § 11. Na hipótese da alínea “d” do § 1º deste artigo, po-
são do exercício do posto, graduação, cargo derão ser agregados somente bombeiros militares elei-
ou função, prevista no Código Penal Militar. tos para cargos na Diretoria Executiva de associações
representativas da classe de oficiais ou de praças do
d) for eleito em assembleia geral de associados para o Corpo de Bombeiros Militar do Estado, ficando limitado
exercício de mandato em associação representativa de em dois o número de bombeiros militares por classe,
categoria de oficiais ou de praças do Corpo de Bombei- sendo assegurada a remuneração de seus postos ou
ros Militar do Estado de Goiás, desde que atendidos os graduações.
critérios de conveniência e oportunidade.
§ 12. O bombeiro militar ocupante de comando, car-
§ 2º O bombeiro militar agregado em conformidade go de provimento em comissão, chefia ou função de
com o disposto nas alíneas “a”, “b” e “d” do § 1º é con- confiança, deverá exonerar-se do cargo ou função, por
siderado, para todos os efeitos, como em serviço ativo. incompatibilidade com o afastamento previsto na alínea
§ 3° - A agregação do bombeiro militar a que se referem “d” do § 1º deste artigo.

889
Art. 79 - O bombeiro militar agregado fica adido, para § 1° - O bombeiro militar cuja situação é a de exceden-
efeito de alterações e remuneração, à diretoria de pes- te, salvo o indevidamente promovido, ocupa a mesma
soal, continuando a figurar no lugar que então ocupava posição relativa, em antigüidade, que lhe cabe na escala
no almanaque ou escala numérica, com a abreviatura hierárquica, com a abreviatura «Excd..», e receberá o
“Ag” e anotações esclarecedoras de sua situação. número que lhe competir em conseqüência da primeira
vaga que se verificar.
Art. 80 - A agregação se faz mediante ato do Coman- § 2° - O bombeiro militar cuja situação é a de excedente
dante-Geral. é considerado como em efetivo serviço para todos os
efeitos, e concorre, respeitados os requisitos legais e
SEÇÃO II em igualdade de condições e sem nenhuma restrição,
DA REVERSÃO a qualquer cargo de bombeiro militar, bem assim à
promoção.
Art. 81 - Reversão é o ato pelo qual o bombeiro militar § 3° - O bombeiro militar promovido por bravura sem
agregado retorna ao respectivo quadro, tão logo cesse haver vaga ocupará a primeira que se abrir, descolo-
o motivo que determinou a sua agregação, voltando a cando para a vaga seguinte o critério da promoção a
ocupar o lugar que lhe competir no respectivo almana- ser seguido.
que ou escala numérica, na primeira vaga que ocorrer. § 4° - O bombeiro militar promovido indevidamente só
Parágrafo Único - Em qualquer tempo, poderá ser de- contará antigüidade e receberá o número que lhe com-
terminada a reversão do bombeiro militar agregado, petir, na escala hierárquica, quando a vaga que deverá
exceto nos casos previstos nos n°s 1, 2, 3, 6, 7, 8, 10, preencher corresponder ao critério pelo qual deveria ter
13 e 14 da letra “c” do § 1° do art. 78. sido promovido, desde que satisfaça os requisitos para
a promoção.
Art. 82 - A reversão se faz mediante ato do Comandan-
te-Geral. SEÇÃO IV
DO AUSENTE E DO DESERTOR
SEÇÃO III
DO EXCEDENTE Art. 84 - É considerado ausente o bombeiro militar da
ativa que, por mais de vinte e quatro horas consecu-
Art. 83 - Excedente é a situação transitória a que, auto- tivas:
maticamente, passa o bombeiro militar que: I - deixar de comparecer à sua Organização do Corpo
I - cessado o motivo que determinou sua agregação, de Bombeiros, sem comunicar qualquer motivo de im-
reverte ao respectivo quadro, estando este com o efetivo pedimento;
completo; II - deixar, sem licença, a Organização do Corpo de
II - aguarda a colocação a que se faz jus na escala hie- Bombeiros onde serve, ou o local onde deve perma-
rárquica após haver sido transferido do quadro, estando necer.
ele com o seu efetivo completo; Parágrafo Único - Decorrido o prazo mencionado neste
III - é promovido por bravura, sem haver vaga; artigo, serão observadas as formalidades previstas em
legislação específica.
IV - é promovido indevidamente, mesmo havendo vaga;
V - sendo o mais moderno da respectiva escala hierár- Art. 85 - O bombeiro militar é considerado desertor nos
quica, ultrapassa o efetivo de seu quadro, em virtude de casos previstos na Legislação Penal Militar.
promoção de outro bombeiro militar em ressarcimento
de preterição; SEÇÃO V
VI - tendo cessado o motivo que determinou sua re- DO DESAPARECIMENTO E DO EXTRAVIO
forma por incapacidade definitiva, retorna ao respectivo
quadro, estando este com seu efetivo completo .
Art. 86 - É considerado desaparecido o bombeiro mili-

890
tar da ativa que, no desempenho de qualquer serviço, missionário a pedido, continuará no exercício de suas
em viagem, em atividade de busca e salvamento, de funções até ser desligado.
combate a incêndio, em casos de inundações, desaba-
mentos, catástrofes ou calamidade pública, tiver para- SEÇÃO II
deiro ignorado por mais de oito dias. DA TRANSFERÊNCIA PARA
Parágrafo Único - A situação de desaparecimento só A RESERVA REMUNERADA
será considerada quando não houver indício de deser-
ção.
Art. 91 a 101 - Revogado pela Lei nº 20.946, de 30-
12-2020.
Art. 87 - O bombeiro militar que, na forma do artigo an-
terior, permanecer desaparecido por mais de trinta dias
Art. 102 - O bombeiro militar reformado por alienação
será oficialmente considerado extraviado.
mental, enquanto não ocorrer a designação judicial do
curador, terá remuneração paga aos seus beneficiários,
CAPÍTULO II desde que estes o tenham sob sua guarda e responsa-
DA EXCLUSÃO DO SERVIÇO ATIVO bilidade e lhe dispensem tratamento humano condigno.
§ 1° - A interdição judicial do bombeiro militar reforma-
SEÇÃO I do por alienação mental deverá ser providenciada junto
DA OCORRÊNCIA ao Ministério Público, por iniciativa dos beneficiários,
parentes ou responsáveis, até sessenta dias a contar da
data do ato da reforma.
Art. 88 - A exclusão do serviço ativo do Corpo de
Bombeiros Militar e o conseqüente desligamento da § 2° - A interdição judicial do bombeiro militar e seu in-
Organização a que estiver vinculado o bombeiro militar ternamento em instituição apropriada deverão ser pro-
decorrem dos seguintes motivos: videnciados pelo Corpo de Bombeiros Militar, quando:
I - transferência para a reserva remunerada; a) não houver beneficiários, parentes ou responsáveis;
II - reforma; b) não forem satisfeitas as condições de tratamento exi-
gidas neste artigo.
III - demissão;
§ 3° - Os processos e os atos de registros de interdição
IV - perda do posto e patente;
do bombeiro militar terão andamento sumário, serão
V - licenciamento; instruídos com laudo proferido por junta de saúde do
VI - exclusão a bem da disciplina; Corpo de Bombeiros Militar e isentos de custas.

VII - deserção; Art. 103 - Para os fins do previsto na presente Seção,


VIII - falecimento; as praças constantes do quadro a que se refere o artigo
16 são consideradas:
IX - extravio.
I - segundo-tenente BM: os aspirantes-a-oficial BM;
Parágrafo Único - O desligamento do serviço ativo dar-
-se-á por ato do Governador do Estado, quando oficial, II - aspirantes-a-oficial BM; os alunos do Curso de For-
ou pelo Comandante-Geral, quando praça. mação de Oficiais BM, qualquer que seja o ano;
III - terceiro-sargento BM; os alunos dos Cursos de
Art. 89 - A transferência para a reserva remunerada ou Formação de Sargentos BM;
reforma não isenta o bombeiro militar de indenizar os
prejuízos causados à Fazenda do Estado ou a terceiros, IV - cabo BM; os alunos dos Cursos de Formação de
nem dos pagamentos das pensões decorrentes de sen- Soldados BM.
tença judicial.
SEÇÃO IV
Art. 90 - O bombeiro militar da ativa, se enquadrado em DA DEMISSÃO
um dos itens I, II e V do art. 88, ou na situação de de-

891
Art. 104 - A demissão do Corpo de Bombeiros Militar a patente se for declarado indigno do oficialato ou com
aplicada exclusivamente aos oficiais, efetuar-se-á: ele incompatível, por decisão do Tribunal de Justiça do
Estado, em julgamento a que for submetido.
I - a pedido;
Parágrafo Único - O oficial bombeiro militar declarado
II - de ofício.
indigno do oficialato ou com ele incompatível, conde-
nado que for à perda de posto e patente, só poderá rea-
Art. 105 - A demissão a pedido será concedida median-
dquirir a situação anterior de bombeiro militar por outra
te requerimento do interessado:
sentença judiciária.
I - sem indenização aos cofres públicos, quando o
requerente contar mais de cinco anos de oficialato no Art. 108 - O oficial bombeiro militar que houver perdido
Corpo de Bombeiros Militar; o posto e a patente será demitido de ofício, sem direito
II - com indenização das despesas relativas à sua pre- a qualquer remuneração ou indenização e terá a sua si-
paração e formação, quando contar menos de cinco tuação militar definida pela lei do Serviço Militar.
anos de oficialato.
Art. 109 - Fica sujeito à declaração de indignidade para
§ 1° - No caso de o oficial ter feito qualquer curso ou o oficialato, ou de incompatibilidade com ele, o oficial
estágio de duração igual ou superior a seis meses e que:
inferior ou igual a dezoito, por conta do Estado, e não
tendo decorrido mais de três anos do seu término, a I - for condenado, por tribunal civil ou militar, à pena
demissão só será concedida mediante indenização de restritiva de liberdade individual superior a dois anos,
todas as despesas correspondentes ao referido curso em decorrência de sentença condenatória transitada em
ou estágio, acrescidas, se for o caso, das previstas no julgado;
item II deste artigo e das diferenças de vencimentos. II - for condenado, por sentença transitada em julgado,
§ 2° - No caso de o oficial ter feito qualquer curso ou por crime para o qual o Código Penal Militar cominar
estágio de duração superior a dezoito meses por conta esta pena acessória ou por crime previsto na legislação
do Estado, aplicar-se-á o disposto no parágrafo ante- concernente à segurança do Estado;
rior, se ainda não ho militar agregadais de cinco anos III - incidir nos casos previstos em leis específicas, mo-
de seu término. tivadores de julgamento por Conselho de Justificação,
§ 3° - O oficial demissionário a pedido não terá direito e for por este considerado culpado;
a qualquer remuneração, sendo a sua situação militar IV - houver perdido a nacionalidade brasileira.
definida pela lei do Serviço Militar.
§ 4° - O direito à demissão a pedido pode ser suspenso SEÇÃO VI
na vigência de estado de guerra, calamidade pública, DO LICENCIAMENTO
estado de sítio, estado de emergência, em caso de
mobilização ou, ainda, quando a legislação específica
determinar. Art. 110 - O licenciamento do serviço ativo, aplicado
somente às praças, efetuar-se-á:
Art. 106 - O oficial da ativa que passar a exercer cargo I - a pedido;
ou emprego público permanente estranho à sua carrei- II - de ofício.
ra, ou função que não seja a de magistério, será demi-
tido de ofício e transferido para a reserva, sem direito § 1° - O licenciamento a pedido poderá ser concedido
a qualquer remuneração ou indenização, ficando a sua às praças de acordo com normas baixadas pelo Co-
situação militar definida pela lei do Serviço Militar. mandante-Geral.
§ 2° - O licenciamento de ofício será aplicado:
SEÇÃO V a) por conveniência do serviço;
DA PERDA DO POSTO E DA PATENTE
b) a bem da disciplina;

Art. 107 - O oficial bombeiro militar perderá o posto e c) por conclusão de tempo de serviço.

892
§ 3° - O bombeiro militar licenciado não tem direito a Art. 115 - A exclusão da praça a bem da disciplina
qualquer remuneração e terá a sua situação militar defi- acarreta a perda do seu grau hierárquico e não isenta o
nida pela lei do Serviço Militar. excluído de indenizar os prejuízos causados à Fazenda
do Estado, ou a terceiros, nem das pensões decorrentes
Art. 111 - O aspirante-a-oficial BM e as demais praças de sentença judicial.
que passarem a exercer cargo ou emprego público per- Parágrafo Único - A praça excluída a bem da disciplina
manente, estranho à sua carreira, com função que não não terá direito a qualquer indenização ou remunera-
seja a de magistério, serão imediatamente licenciados ção, e sua situação militar será definida pela Lei do
de ofício, sem remuneração, e terão sua situação defini- Serviço Militar.
da pela Lei do Serviço Militar.

Art. 112 - O direito ao licenciamento a pedido poderá


SEÇÃO VIII
ser suspenso na vigência de estado de guerra, calami- DA DESERÇÃO
dade pública, perturbação da ordem interna, estado de
sítio, estado de emergência, em caso de mobilização, Art. 116 - A deserção do bombeiro militar acarreta uma
ou ainda quando a legislação específica o permitir. interrupção do serviço, com a conseqüente demissão
de oficio aplicada ao oficial, ou com a exclusão do ser-
SEÇÃO VII viço ativo imposta ao aspirante-oficial ou à praça.
DA EXCLUSÃO DAS PRAÇAS § 1° - A demissão do oficial ou a exclusão do aspirante-
A BEM DA DISCIPLINA -a-oficial ou da praça com estabilidade assegurada pro-
cessar-se-á após um ano de agregação, se não houver
captura ou apresentação voluntária antes desse prazo.
Art. 113 - A exclusão a bem da disciplina será aplicada
de ofício aos aspirantes-a-oficial BM e às praças com § 2° - A praça sem estabilidade assegurada será au-
estabilidade assegurada: tomaticamente excluída, após oficialmente declarada
desertora.
I – contra os quais houver pronunciado tal sentença o
Conselho Permanente de Justiça, por motivo de con- § 3° - O bombeiro militar desertor que for capturado ou
denação, em sentença transitada em julgado, oriunda que se apresentar voluntariamente depois de ter sido
daquele Conselho ou de Tribunal Civil, a pena privativa demitido ou excluído será reincluído no serviço ativo, e
de liberdade, superior a 2 (dois) anos ou, nos crimes a seguir agregado para se ver processar.
previstos na legislação concernente à segurança nacio- § 4°- A reinclusão em definitivo do bombeiro militar
nal, a pena de qualquer duração; dependerá de sentença do Conselho Permanente de
II – contra os quais houver pronunciado tal sentença o Justiça. 
Conselho Permanente de Justiça, por motivo de perda
da nacionalidade; SEÇÃO IX
III – que incidirem nos casos que motivarem o julga- DO FALECIMENTO, DO EXTRAVIO
mento previsto no art. 49 pelo Conselho de Disciplina E DO REAPARECIMENTO
e, neste, forem considerados culpados, após homolo-
gação pelo Tribunal de Justiça.
Art. 117 - O falecimento do bombeiro militar na ativa
Parágrafo Único – O aspirante a oficial BM ou a praça acarreta, automaticamente, exclusão do serviço ativo e
com estabilidade assegurada que houver sido excluído desligamento da Organização do Corpo de Bombeiro
a bem da disciplina só poderá readquirir a situação de Militar a que esteve o falecido vinculado até a ocorrên-
bombeiro militar por outra sentença do Conselho Per- cia do óbito.
manente de Justiça, e nas condições nela estabelecidas.
Art. 118 - O extravio do bombeiro militar que estiver
Art. 114 - É da competência do Comandante-Geral a na ativa acarreta interrupção do serviço, com o conse-
exclusão, a bem da disciplina, do aspirante-oficial BM qüente afastamento temporário a partir da data em que
e das praças com estabilidade assegurada. for oficialmente considerado extraviado.

893
§ 1° - O desligamento do serviço ativo será feito seis ro militar será feita a distinção entre:
meses após a agregação por motivo de extravio. I - tempo de efetivo serviço;
§ 2° - Em caso de naufrágio, sinistro aéreo, catástrofe, II - anos de serviço.
calamidade pública ou outro acidente oficialmente re-
conhecido, o extravio ou o desaparecimento será con-
Art. 122 - Tempo de efetivo serviço é o espaço de tem-
siderado como falecimento, para os fins deste Estatuto,
po computado dia a dia, entre a data de inclusão e a
tão logo sejam esgotados os prazos máximos de possí-
data-limite estabelecida para contagem ou até a data do
vel sobrevivência ou quando se dêem por encerradas as
desligamento em conseqüência da exclusão do serviço
providências do salvamento.
ativo, mesmo que tal espaço de tempo seja parcelado.
Art. 119 - O reaparecimento do bombeiro militar extra- § 1° - Será computado como de efetivo serviço:
viado ou desaparecido, já desligado do serviço ativo, a) o tempo de serviço prestado na Polícia Mi-
resulta em sua reinclusão e nova agregação, enquanto litar do Estado de Goiás, desde que a opção
se apuram as causas que deram origem ao seu afas- pelo Corpo de Bombeiros Militar tenha se
tamento. dado até 11 de abril de 1990;
Parágrafo Único - O bombeiro militar reaparecido será b) Revogado;
submetido a Conselho de Justificação ou a Conselho
de Disciplina, por decisão do Governador, ou do Co- § 2° - Revogado.
mandante-Geral quando for o caso, se assim for julga- § 3° - Revogado.
do necessário.
Art. 123 - Anos de serviço é a expressão que designa
Capítulo III tempo de efetivo serviço a que se refere o art. 122, com
Do Tempo de Serviço os seguintes acréscimos:
I – Revogado pela Lei nº 20.946, de 30-12-2020.
Art. 120 - Os bombeiros militares começam a contar o II - tempo de serviço de atividade privada contado na
tempo de seu serviço no Corpo de Bombeiros Militar a forma da Lei n° 6.226, de 14 de julho de 1975, alterada
partir da data de sua inclusão, matrícula em órgão de pela Lei n° 6.864, de 1° de dezembro de 1980;
formação ou nomeação para o posto ou graduação.
III - Revogado pela Lei nº 20.946, de 30-12-2020.
§ 1° - Considera-se como data de inclusão, para os fins
deste artigo, a do ato de inclusão em uma Organização IV - Revogado pela Lei nº 20.946, de 30-12-2020.
do Corpo de Bombeiros, a da matrícula em qualquer V - Revogado pela Lei nº 20.946, de 30-12-2020.
órgão de formação de oficiais ou praças ou ainda a de
§ 1º - Revogado pela Lei nº 20.946, de 30-12-
apresentação para o serviço em caso de nomeação.
2020.
§ 2° - O bombeiro militar reincluído recomeça a contar
§ 2º - Revogado pela Lei nº 20.946, de 30-12-
tempo de serviço na data de sua reinclusão.
2020.
§ 3° - Quando, por motivo de força maior, oficialmente
§ 3º - Revogado pela Lei nº 20.946, de 30-12-
reconhecido, decorrente de incêndio, inundação, sinis-
2020.
tro aéreo e outras calamidades, faltarem dados para a
contagem do tempo de serviço, caberá ao Comandante- § 4° - Não é computável, para nenhum efeito, o tempo:
-Geral arbitrar o tempo a ser computado para cada caso a) que ultrapassar de um ano, contínuo ou
particular, de acordo com os elementos disponíveis. não, em licença para tratamento de saúde de
§ 4° - Os períodos de tempo de serviço, prestados pe- pessoa da família;
las praças, serão regulados em normas baixadas pelo b) referente a licença para tratar de interesse
Comandante-Geral. particular;

Art. 121 - Na apuração do tempo de serviço do bombei- c) passado como desertor;

894
d) decorrido em cumprimento de pena de Art. 131 - Revogado pela Lei nº 20.946, de 30-12-
suspensão do exercício do posto, graduação, 2020.
cargo ou função por sentença transitada em
julgado; Capítulo V
e) decorrido em cumprimento de pena restri- Das recompensas e das
tiva da liberdade imposta por sentença tran- dispensas do serviço
sitada em julgado, desde que não tenha sido
concedida a suspensão condicional da pena,
Art. 132 - As recompensas constituem reconhecimento
quando, então, o tempo que exceder o período
dos bons serviços prestados pelos bombeiros militares.
da pena será computado para todos os efeitos
caso as condições estipuladas na sentença § 1° - São recompensas:
não o impeçam. a) os prêmios de honra ao mérito;
Art. 124 - O tempo que o bombeiro militar passou ou b) as condecorações;
vier a passar afastado do exercício de suas funções em c) os elogios.
conseqüência de ferimento recebido em acidente quan-
do em serviço em operações específicas de bombeiro § 2° - As recompensas serão concedidas de acordo
militar, ou em razão de moléstia adquirida em exercício, com as normas estabelecidas na legislação especifica
será computado como se ele o tivesse passado no efe- ou peculiar.
tivo desempenho daquelas funções.
Art. 133 - As dispensas do serviço são autorizações
Art. 125 - Tempo de serviço em campanha, para o bom- concedidas aos bombeiros militares para afastamento
beiro militar, é o período em que ele esteja em opera- total do serviço em caráter temporário.
ções de guerra.
Art. 134 - As dispensas do serviço são autorizações
Parágrafo Único - A participação do bombeiro militar concedidas aos bombeiros militares:
em atividades dependentes ou decorrentes das opera-
ções de guerra será definida e regulada em legislação I - como recompensa;
específica. II - para desconto em férias;
III - em decorrência de prescrição médica.
Art. 126 - O tempo de serviço dos bombeiros militares
beneficiados por anistia será contado com obediência à Parágrafo Único - As dispensas do serviço serão con-
legislação que a conceder. cedidas com a remuneração integral e computadas
como tempo de efetivo serviço.
Art. 127 - Revogado pela Lei nº 20.946, de 30-12-
2020. TÍTULO V
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 128 - Revogado pela Lei nº 20.946, de 30-12-
2020.
Art. 135 - A assistência religiosa aos bombeiros mili-
tares é regulada em legislação específica ou peculiar.
Art. 129 - Revogado pela Lei nº 20.946, de 30-12-
2020.
Art. 136 - Será reformado (art. 95, II) o bombeiro militar
já na situação de inatividade remunerada, que venha a
Capítulo IV ser julgado inválido, impossibilitado total e permanen-
Do casamento temente para qualquer trabalho, ainda que sem relação
de causa e efeito como o exercício de suas funções en-
Art. 130 - Revogado pela Lei nº 20.946, de 30-12- quanto esteve na ativa.
2020.
Art. 137 - O bombeiro militar que em inspeção de saú-

895
de, for julgado incapaz para o serviço e vier a falecer
antes da efetivação de sua reforma será considerado CÓDICO DE ÉTICA E DISCIPLINA
reformado, para os efeitos legais, a contar da data do DOS MILITARES DO ESTADO DE
óbito.
GOIÁS - Lei nº 19.969, de 11 de
Art. 138 - É vedado o uso, por organização civil de de- janeiro de 2018
signações que possam sugerir sua vinculação ao Corpo
de Bombeiros Militar. Institui o Código de Ética e Disciplina dos Militares
do Estado de Goiás e dá outras providências.
Parágrafo Único - Excetuam-se das prescrições deste
artigo as associações, clubes, círculos e outras entida-
A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE GOI-
des que congreguem membros do Corpo de Bombeiro
ÁS, nos termos do art. 10 da Constituição Estadual,
Militar e que se destinem exclusivamente a promover
decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
intercâmbio social e assistencial entre os bombeiros
militares e seus familiares e entre esses e a sociedade
civil . TÍTULO I
CÓDICO DE ÉTICA E DISCIPLINA DOS
Art. 139 – Será excluída a bem da disciplina, sem di- MILITARES DO ESTADO DE GOIÁS
reito a qualquer remuneração, a praça BM submetida ao
julgamento previsto no §3° do art. 49 e nele for consi-
derada incapaz de permanecer na situação de inativida- CAPÍTULO I
de em que se encontra. DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 140 - As disposições deste Estatuto não alcançam Art. 1° Esta Lei dispõe sobre a instituição do Código de
as situações definitivamente constituídas em data ante- Ética e Disciplina dos Militares do Estado de Goiás –
rior à de publicação desta lei. CEDIME/GOF– com a finalidade de:
I – definir, especificar, graduar e classificar as trans-
Art. 141 - Esta lei entra em vigor no dia de sua publi-
gressões disciplinares passíveis de punição;
cação.
II – estabelecer normas relativas a sanções disciplina-
Art. 142 - Revogam-se as disposições em contrário. res, conceitos e recompensas previstos em lei.
§ 1º O CEDIME/GO, instituído por este artigo, prima-se
PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DE GOIÁS, em pelo respeito ao Estado Democrático de Direito e pelos
Goiânia, 05 de fevereiro de 1991, 103° da República. direitos individuais garantidos pelo art. 5º da Consti-
tuição Federal, inclusive os relativos à liberdade de
HENRIQUE ANTÔNIO SANTILLO expressão e de manifestação do pensamento.
§ 2º Os atos administrativos praticados no Processo
(D.O. de 13-02-1991)
Administrativo Disciplinar – PAD – serão elaborados
com fiel respeito aos princípios da hierarquia, legalida-
Este texto não substitui o publicado no D.O. de 13-
de, moralidade, publicidade, impessoalidade, motiva-
02-1991.
ção, informalismo e da economia processual. 
§ 3º São assegurados aos acusados em geral o con-
traditório e a ampla defesa, com os meios e recursos
a ela inerentes.

Art. 2º Sujeitar-se-ão aos efeitos deste Código quan-


do no meio civil ou militar se conduzirem de modo a
desrespeitar e ofender os princípios da hierarquia, da
disciplina e da ética militar:

896
I – os militares da ativa e os da inatividade remunerada; coro da classe impõem a cada um dos integrantes das
II – os alunos dos cursos de formação, aperfeiçoamen- Corporações conduta moral e profissional irrepreensí-
to, especialização e estágios, ainda que pertencentes a veis, com observância dos seguintes preceitos éticos
outra corporação militar. militares:

§ 1º Tratando-se de militar da reserva remunerada po- I – considerar a verdade e a responsabilidade como


derão ser aplicadas as sanções disciplinares previstas fundamentos da dignidade pessoal;
nos incisos I, II, III, VII e VIII do art. 25, desta Lei. II – exercer com autoridade, eficiência e probidade as
§ 2º Tratando-se de militar reformado a sanção discipli- funções que lhe couberem em decorrência do cargo;
nar a ser aplicada, quando cabível, limitar-se-á à perda III – respeitar a dignidade da pessoa humana;
das prerrogativas militares.
IV – cumprir e fazer cumprir leis, regulamentos, instru-
§ 3º Tratando-se de militar convocado só poderão ser ções e ordens emanadas das autoridades competentes;
aplicadas as sanções disciplinares previstas nos inci-
V – ser justo e imparcial nos julgamentos dos atos e na
sos I, II, III, IV, V, VII e VIII do art. 25, desta Lei.
apreciação do mérito dos subordinados;
Art. 3° Para os efeitos desta Lei são estabelecidos os VI – zelar pelos preparos próprio, moral, intelectual,
seguintes conceitos: físico e, também, pelos dos subordinados, tendo em
vista o cumprimento da missão comum;
I – denominar-se-ão “OPM” ou “OBM” todas as orga-
nizações militares, corpo de tropa, repartição, estabele- VII – empregar todas as suas energias em benefício do
cimento ou qualquer outra unidade administrativa, tais serviço;
como: Comando de Correições e Disciplina, Quartel da VIII – praticar a camaradagem e desenvolver permanen-
Ajudância-Geral, Comandos Regionais e de Adminis- temente o espírito de cooperação;
tração, Estabelecimento de Ensino, Unidade Operacio-
nal e outras; IX – ser discreto em suas atitudes, maneiras e em lin-
guagem escrita e falada;
II – será denominado Comandante ou Chefe aquele
que, investido de autoridade decorrente de lei ou regu- X – abster-se de tratar, fora do âmbito apropriado, de
lamento, for responsável por comando, administração, matéria sigilosa relativa à Segurança Pública;
emprego, instrução e disciplina de uma Organização XI – respeitar as autoridades civis, militares e eclesi-
Militar.  ásticas;
XII – cumprir corretamente seus deveres de cidadão;
CAPÍTULO II
XIII – proceder de maneira ilibada na vida pública e
DA ÉTICA, DA HIERARQUIA privada;
E DA DISCIPLINA
XIV – observar as normas da boa educação;

Art. 4° A camaradagem, como norma de convivência XV – garantir assistência social, moral e material ao seu
solidária e prestimosa, torna-se indispensável à forma- lar e conduzir-se como chefe de família exemplar;
ção e ao convívio da família miliciana, propiciando a XVI – comportar-se, mesmo fora do serviço ou na
existência de boas relações sociais entre os militares. inatividade, de modo que não sejam prejudicados os
Parágrafo único. Incumbe ao superior hierárquico in- princípios da disciplina, do respeito e do decoro militar;
centivar e manter a harmonia, solidariedade e amizade XVII – abster-se de fazer uso do posto ou da graduação
entre seus subordinados. para obter facilidades pessoais de qualquer natureza ou
encaminhar negócios particulares ou de terceiros;
Seção I XVIII – abster-se do uso das designações hierárquicas
Da Ética Militar com o fim de obter vantagem pessoal ou causar, mes-
mo que não intencionalmente, prejuízo à administração
Art. 5° O sentimento do dever, o denodo militar e o de- militar quando:

897
a) em atividades político-partidárias; tado, também devem ser dispensadas aos das Forças
Armadas e de outras Corporações.
b) em atividades empresariais;
c) discutir ou provocar discussões por qualquer meio Art. 9º Hierarquia militar é a ordenação da autoridade
de comunicação a respeito de assuntos políticos ou em níveis distintos, dentro da estrutura militar, por pos-
militares, excetuando-se os de natureza exclusivamente tos e graduações.
técnica, se devidamente autorizado;
Parágrafo único. A ordenação dos postos e graduações
d) no exercício de funções de natureza não-militar; militares se faz conforme preceituam os Estatutos das
XIX – zelar pelo bom nome da Corporação a que perten- Corporações e as normas legais pertinentes. 
cer e de cada um dos seus integrantes, obedecendo e
fazendo obedecer aos preceitos da ética militar. Art. 10. Disciplina militar é a rigorosa observância e
o acatamento integral das leis, dos regulamentos, e
Art. 6º Ao militar da ativa é vedado tomar parte na ad- princípios militares, traduzindo-se pelo perfeito cum-
ministração ou gerência de sociedade empresária, po- primento do dever por parte de todos os componentes
dendo, no entanto, dela participar como acionista ou da respectiva Corporação Militar.
quotista. § 1º São manifestações essenciais de disciplina:
§ 1º Os militares da reserva remunerada, quando con- I – a correção de atitudes;
vocados, ficam proibidos de tratar, nas organizações
militares e nas repartições públicas civis, dos interes- II – a rigorosa observância das prescrições regulamen-
ses de organizações ou empresas privadas de qualquer tares;
natureza. III – a obediência às ordens dos superiores hierárqui-
§ 2º Os militares da ativa podem exercer, diretamente, a cos;
gestão de seus bens, desde que não infrinjam o dispos- IV – a dedicação integral ao serviço;
to no caput deste artigo.
V – a colaboração espontânea à disciplina coletiva e à
eficiência da Instituição.
Art. 7° O Comandante-Geral da Corporação poderá
determinar aos militares da ativa que, no interesse da § 2º A disciplina e a hierarquia devem ser mantidas per-
salvaguarda da dignidade destes e da administração manentemente pelos militares da ativa e da inatividade
militar, informem sobre a origem e natureza dos seus remunerada.
bens, sempre que houver razões que recomendem tal
medida. Art. 11. As ordens devem ser prontamente obedecidas,
exceto as manifestamente ilegais.
Seção II § 1º Cabe ao superior hierárquico a inteira responsabi-
Da Hierarquia e da Disciplina Militar lidade pelas ordens que emitir e pelas consequências
que delas advierem.
Art. 8° A hierarquia e a disciplina são as bases da orga- § 2º Cabe ao subordinado, quando receber uma ordem,
nização das Corporações Militares. solicitar os esclarecimentos necessários ao total enten-
dimento e compreensão, inclusive, por escrito.
§ 1º A cidadania é parte da educação militar e vital para
a disciplina consciente. § 3º O militar que exorbitar no cumprimento de ordem
recebida será responsabilizado pelos excessos e abu-
§ 2° O superior deve tratar os subordinados com urba-
sos que cometer. 
nidade e justiça, interessando-se pelo seu bem-estar.
§ 3° O subordinado se sujeita às provas de respeito e CAPÍTULO III
deferência para com seus superiores, de conformidade
DA COMPETÊNCIA PARA APLICAÇÃO
com os regulamentos e as tradições militares.
DAS NORMAS DESTA LEI
§ 4° As demonstrações de camaradagem, cortesia e
consideração, obrigatórias entre os militares deste Es-

898
Art. 12. São autoridades para efeito desta Lei: deste artigo, devendo haver informação sobre esta ação
disciplinar ao Comando a que estiver subordinado o
I – o Governador do Estado;
militar.
II – o Secretário de Estado de Segurança Pública e Ad-
§ 6º Quando duas autoridades de níveis hierárquicos
ministração Penitenciária;
diferentes, com competência disciplinar sobre o trans-
III – o Comandante-Geral; gressor, conhecerem do processo, à de nível mais ele-
IV – o Subcomandante-Geral; vado competirá punir, salvo se entender que a punição
esteja dentro dos limites de competência da autoridade
V – o Chefe do Estado-Maior-Geral Estratégico; inferior. 
VI – o Secretário de Estado Chefe da Casa Militar da § 7º Quando uma autoridade, ao julgar uma transgres-
Governadoria; são, concluir que a punição a ser aplicada está além do
VII – o Subchefe da Casa Militar da Governadoria; limite máximo que lhe é autorizado, cabe à mesma so-
licitar à autoridade superior, com competência discipli-
VIII – o Comandante de Correições e Disciplina;
nar sobre o transgressor, a aplicação da punição devida.
IX – os Comandantes Regionais e comandos privativos
§ 8º A autoridade que instaurar o processo administra-
do posto de Coronel;
tivo disciplinar, na esfera dos limites de sua competên-
X – os Comandantes de Áreas Específicas de Adminis- cia, também o será para solucionar o feito e aplicar a
tração; sanção cabível. 
XI – o Comandante de Gestão e Finanças; § 9º Caso a autoridade instauradora não tenha mais
XII – o Comandante de Batalhão; competência para aplicar a sanção, os autos do pro-
cesso disciplinar serão encaminhados àquela a que o
XIII – o Comandante de Companhia Independente; militar punido esteja subordinado para o fim de cum-
XIV – os Oficiais em funções de comando e de chefia.  primento da punição.
§ 1º As autoridades mencionadas nos incisos I e III
Art. 13. O militar que tiver conhecimento de um fato
deste artigo são competentes para aplicar qualquer das
contrário à disciplina deverá levar a ocorrência ao co-
sanções disciplinares previstas nesta Lei, inclusive aos
nhecimento, por escrito ou verbalmente, em tempo há-
inativos.
bil, ao seu Comandante ou Chefe imediato.
§ 2º Tratando-se de perda do posto e da patente, so-
Parágrafo único. A informação deve ser clara, conci-
mente após o julgamento previsto no § 3º, inciso VI, do
sa, precisa e conter os dados capazes de identificar as
art. 142 da Constituição Federal e no § 5º do art. 100 da
pessoas ou coisas envolvidas, o local, a data e hora da
Constituição Estadual, a competência para a aplicação
ocorrência e caracterizar as circunstâncias do fato.
da sanção será exclusiva do Governador do Estado.
§ 3° As autoridades indicadas nos incisos IV a X deste Art. 14. No caso de ocorrência com transgressão dis-
artigo são competentes para aplicar qualquer das san- ciplinar envolvendo militares de mais de uma OPM ou
ções disciplinares previstas nos incisos I a V do art. OBM, caberá à autoridade que primeiro tomar conheci-
25 desta Lei. mento comunicar ao comandante regional comum aos
§ 4° As autoridades mencionadas nos incisos X a XIV militares ou, se não houver, ao Comando de Correições
deste artigo são competentes para aplicar qualquer das e Disciplina da Corporação, cabendo a este a apuração
sanções disciplinares previstas nos incisos I a IV do dos fatos.
art. 25 desta Lei. Parágrafo único. No caso de ocorrência envolvendo mi-
§ 5º As competências constantes dos §§ 1º a 4º refe- litares de forças diversas, a autoridade militar compe-
rem-se ao cargo e não ao grau hierárquico da autori- tente deverá tomar as medidas disciplinares referentes
dade, restringindo-se aos militares que servirem sob o àqueles sob sua subordinação, informando ao escalão
comando do aplicador da pena disciplinar, exceto no superior o que foi por ela apurado, devendo ele dar ci-
caso de atos de disciplina do Comandante de Correi- ência do fato ao Comandante Militar interessado.
ções e Disciplina que se estendem a partir do item X

899
CAPÍTULO IV a) os antecedentes do transgressor;
DAS TRANSGRESSÕES DISCIPLINARES b) as causas determinantes;
c) a natureza dos fatos ou atos que as envolveram;
Seção I d) as consequências que delas possam advir;
Da Especificação e Apuração das Trans-
II – na segunda fase deverão incidir nas penas-bases,
gressões Disciplinares caso existam, causas que justifiquem ou circunstâncias
que as atenuem ou agravem.
Art. 15. Transgressão disciplinar é toda violação do de-
ver, da ética e das obrigações militares. Art. 21. A transgressão poderá ser justificada quando
cometida:
Art. 16. São transgressões disciplinares sancionáveis
I – na prática de ação meritória, no interesse do serviço
por esta Lei todas as ações ou omissões contrárias à
ou da ordem pública;
disciplina e à ética militar nela especificadas.
II – em legítima defesa, própria ou de outrem;
Art. 17. A apuração da prática, circunstância, amplitude III – em obediência a ordem de superior não manifes-
e autoria de transgressões disciplinares cometidas por tamente ilegal;
integrantes das Corporações seguirão os ritos proce-
dimentais e/ou processuais estabelecidos por esta Lei. IV – a fim de compelir o subordinado a cumprir rigo-
rosamente o seu dever, em caso de perigo iminente,
necessidade urgente, calamidade pública, bem como
Seção II preservar a ordem e a disciplina;
Da Classificação das Transgressões
V – por motivo de força maior, plenamente comprovada;
Disciplinares
VI – no caso de ignorância plenamente comprovada,
desde que não atente contra os sentimentos normais de
Art. 18. A transgressão disciplinar classifica-se, segun-
patriotismo, humanidade e probidade.
do sua intensidade, desde que não haja causas atenu-
antes, em: Parágrafo único. Não haverá punição quando for reco-
nhecida qualquer outra causa de justificação ou exclu-
I – leve (L);
dente de ilicitude prevista no Código Penal Militar.
II – média (M);
III – grave (G). Art. 22. São circunstâncias atenuantes da transgressão
disciplinar:
Art. 19. A superveniência de circunstâncias atenuantes I – estar o imputado no excepcional ou ótimo compor-
ou agravantes não modifica a classificação da trans- tamento;
gressão.
II – relevante serviço prestado e registrado em ficha
funcional;
Seção III
III – ter sido cometida para evitar mal maior;
Da Dosimetria da Sanção
Administrativa Disciplinar IV – ter sido cometida em defesa própria, de direito
próprio ou de outrem, desde que não constitua causa
de justificação;
Art. 20. Sem prejuízo do previsto no art. 37 desta Lei,
quando do julgamento do PAD instaurado para apura- V – falta de prática no serviço;
ção de transgressões, a sanção administrativa deve ser VI – ação de solidariedade humana plenamente com-
dosada em duas fases, sendo: provada.
I – na primeira fase deve-se estabelecer a sanção admi-
nistrativa disciplinar-base, considerando: Art. 23. São circunstâncias agravantes da transgressão
disciplinar:

900
I – estar o imputado no mau ou insuficiente compor- Parágrafo único. A sanção disciplinar de prestação de
tamento; serviço de natureza preferencialmente operacional será
regulada por ato do Comandante-Geral e obedecerá aos
II – a prática simultânea ou conexão de duas ou mais
princípios da dignidade da pessoa humana e de prote-
transgressões;
ção do trabalhador.
III – a reincidência;
IV – o conluio de duas ou mais pessoas; Art. 26. A sanção de advertência é a forma mais branda
de punir e sempre que possível deve ser precedida de
V – ter sido cometida durante o serviço; processo administrativo sumário, quando a transgres-
VI – ter sido cometida em presença de subordinado, são cometida for de natureza leve.
tropa ou em público; Parágrafo único. A advertência poderá, no entanto,
VII – ter abusado o transgressor de sua autoridade hie- consistir numa admoestação verbal ao transgressor,
rárquica; feita em caráter particular ou ostensivamente, preferível,
neste caso, que seja na presença de superiores, no cír-
VIII – a premeditação.
culo de seus pares, ou na presença de tropa e, por ser
Parágrafo único. Na aplicação de uma ou mais circuns- verbal, não deve constar dos assentamentos pessoais
tâncias agravantes, a sanção disciplinar não poderá do transgressor.
ultrapassar o limite máximo previsto no art. 41, inciso I,
alíneas “b” e “c”, desta Lei. Art. 27. A sanção de repreensão deve ser precedida de
processo administrativo sumário e constar dos assen-
TÍTULO II tamentos pessoais do transgressor, sendo aplicada às
DA SANÇÃO DISCIPLINAR faltas de natureza leve.

Art. 28. A sanção de reprimenda, destinada à aplicação


CAPÍTULO I nas faltas de natureza média, deverá ser anotada nos
DA GRADAÇÃO E EXECUÇÃO DA PENA assentamentos pessoais do transgressor.

Art. 24. A sanção disciplinar objetiva o fortalecimento Art. 29. A sanção de prestação de serviço de natureza
da disciplina, bem como o benefício educativo ao puni- preferencialmente operacional, destinada à aplicação
do e à coletividade a que pertence. nas faltas de natureza grave, deverá ser anotada nos
assentamentos pessoais do transgressor. 
Parágrafo único. A sanção disciplinar tem duas funções
básicas: uma preventiva, outra repressiva. Art. 30. A sanção disciplinar de transferência a bem
da ética e disciplina deverá constar dos assentamen-
Art. 25. As sanções disciplinares a que estão sujeitos os tos pessoais do transgressor e será aplicada ao militar
militares, segundo a classificação resultante do julga- da ativa que se tornar incompatível com a comunidade
mento das transgressões, são as seguintes: local em que serve.
I – advertência;
Art. 31. A exclusão a bem da ética e disciplina consiste
II – repreensão;
na perda da graduação da Praça da ativa, importando
III – reprimenda; em seu afastamento definitivo, devendo constar de seus
IV – prestação de serviço de natureza preferencialmente assentamentos pessoais e estes arquivados na Corpo-
operacional; ração.

V – transferência a bem da ética e disciplina; Art. 32. A sanção disciplinar de perda do posto e da
VI – exclusão a bem da ética e disciplina; patente destina-se aos oficiais da ativa e da inatividade,
na forma da legislação específica.
VII – perda das prerrogativas militares;
Parágrafo único. No caso de oficiais da inatividade ou
VIII – perda do posto e da patente.
convocados para o serviço ativo, a aplicação da perda

901
do posto ou patente não alcançará os proventos, limi- Da Aplicação da Pena
tando-se às prerrogativas militares.
Art. 36. A aplicação da sanção disciplinar compreende
Art. 33. No caso de o militar contar com mais de 20
o ato ou efeito de tornar pública, oficialmente, a decisão
(vinte) anos de efetivo serviço, a sanção de exclusão a
devidamente formalizada ou o pronunciamento verbal e
bem da disciplina, assim como a perda do posto e da
devidamente transcrito em documento próprio, no caso
patente poderão cingir-se apenas à perda das prerroga-
de advertência.
tivas militares com proventos proporcionais ao tempo
de serviço, quando:
Art. 37. A decisão no processo disciplinar conterá a
I – o Oficial for julgado incompatível com o oficialato ou descrição da transgressão e de outros detalhes rela-
profissionalmente indigno dele, após sentença transita- cionados com o comportamento do transgressor e a
da em julgado do tribunal competente; sanção aplicada, com observância da seguinte ordem:
II – o Oficial ou a Praça se tornar incompatível com a I – relatório, com a síntese das principais ocorrências
função militar em razão de decisão judicial ou o seu ato do processo;
tiver ocorrido durante o serviço.
II – fundamentação, com a descrição do fato apurado e
Parágrafo único. Para se enquadrar neste artigo o mili- o direito a ser aplicado;
tar deverá ter conceito favorável do Comandante-Geral
III – conclusão, que conterá a decisão da autoridade;
de sua Corporação.
IV – dispositivo, o qual, não sendo reconhecida a ino-
Art. 34. Ressalvada a competência do Poder Judiciário, cência ou incidência de qualquer excludente de ilicitu-
aplica-se a exclusão a bem da ética e disciplina quando: de, terá a sanção básica dosada na conformidade do
previsto no inciso I do art. 20 desta Lei;
I – a transgressão for atentatória às instituições milita-
res e, como repressão imediata, tornar-se essa penali- V – encontrada a sanção básica, sobre ela serão apli-
dade absolutamente necessária à preservação da ética cadas as circunstancias atenuantes e agravantes, se
e disciplina; houver e as previstas no inciso II do art. 20 desta Lei;
II – houver condenação transitada em julgado, por in- VI – tornada definitiva a sanção, se for o caso, serão
fração penal, excluídas as culposas, com pena privativa estabelecidos a forma e o local do cumprimento da
de liberdade superior a dois anos, desde que se enqua- punição;
dre no inciso I. VII – a classificação do comportamento militar em que
Parágrafo único. A aplicação da exclusão a bem da ética a Praça punida permanece nas fileiras da Corporação
e disciplina será precedida de julgamento por Conselho ou nelas ingressada;
de Ética e Disciplina. VIII – a comunicação da decisão ao transgressor para,
querendo, apresentar recurso;
Art. 35. A sanção administrativa de perda das prerro-
gativas militares é aplicável aos militares da reserva IX – a determinação para posterior cumprimento, se o
remunerada e aos reformados. punido estiver baixado, afastado do serviço ou à dispo-
sição de outra autoridade;
Parágrafo único. Aplicam-se as regras da sanção disci-
plinar de exclusão a bem da ética e disciplina à sanção X – a ordem de publicação do ato de disciplina em bo-
disciplinar de perda das prerrogativas militares. letim ou diário oficial da Corporação.

Art. 38. A anotação da sanção imposta nos assenta-


CAPÍTULO II mentos pessoais do militar deverá ocorrer após findar
DA APLICAÇÃO E DO CUMPRIMENTO o prazo para interposição de recurso administrativo e
DAS SANÇÕES DISCIPLINARES este, quando houver, for julgado em definitivo pela ad-
ministração, após o militar ser notificado pessoalmente.
Seção I
Art. 39. A sanção disciplinar tem como princípio o de-

902
ver de ser aplicada com serenidade, imparcialidade e Seção II
justiça. Da Prescrição da Ação Disciplinar
Art. 40. Em obediência aos princípios da hierarquia e
disciplina, a aplicação da sanção disciplinar imposta a Art. 43. A ação disciplinar prescreve em 04 (quatro)
Oficial ou Aspirante a Oficial deve ser feita em boletim anos contados da data da prática da transgressão dis-
ou diário reservado, podendo ser em boletim geral se ciplinar.
as circunstâncias ou a natureza da transgressão assim o § 1º A punibilidade da transgressão disciplinar também
recomendar, tendo em vista o interesse da Corporação. prevista como crime prescreve nos prazos previstos na
legislação penal, salvo se tal prescrição ocorrer em pra-
Art. 41. A aplicação da sanção disciplinar deverá: zo inferior ao previsto no caput deste artigo.
I - ser proporcional à gravidade da transgressão, sen- § 2º Interrompem a contagem do prazo prescricional o
do que a transferência a bem da ética e disciplina, a ato de instauração do processo administrativo discipli-
exclusão a bem da ética e disciplina ou a perda das nar e a interposição de recursos previstos nesta Lei.
prerrogativas militares serão destinadas às transgres- § 3º Suspende-se o prazo prescricional enquanto so-
sões graves, ressalvada as hipóteses previstas no art. brestado o processo administrativo disciplinar para: 
83 desta Lei, e as demais aos seguintes limites:
I – aguardar decisão judicial;
a) transgressão leve: de advertência a repreensão;
II – aguardar solução de incidente de insanidade mental
b) transgressão média: reprimenda; requerido pelo militar, nos termos do art. 75 e 92, § 3º
c) transgressão grave: prestação de serviços de nature- e § 4º, desta Lei.
za preferencialmente operacional; § 4º Transitada em julgado a decisão de mérito:
II – a sanção disciplinar não pode atingir o máximo I – quando improcedente a ação judicial, a Corporação
previsto nas alíneas “b” e “c” do inciso I deste artigo, prosseguirá com o procedimento administrativo disci-
quando ocorrerem apenas circunstâncias atenuantes; plinar e, a partir de então, a contagem do prazo prescri-
III – por uma única transgressão não deve ser aplicada cional será suspensa nos termos do § 3º deste artigo;
mais de uma sanção disciplinar; II – tratando-se de decisão que determinar a anulação
IV – na ocorrência de mais de uma transgressão dis- do procedimento, reabrir-se-á, a partir de então, prazo
ciplinar, sem conexão entre si, a cada uma deverá ser integral para realizar novo procedimento.
imposta a sanção correspondente, com apuração em § 5º Para efeito deste artigo:
processos ou procedimentos distintos, do contrário as
de menor gravidade serão consideradas como circuns- I – interrupção da contagem do prazo prescricional é
tâncias agravantes da transgressão principal; a solução de continuidade do cômputo desse prazo,
diante das ocorrências previstas no § 2º deste artigo,
V – a transgressão disciplinar será apreciada indepen- iniciando-se, a partir de então, nova contagem;
dente da existência de eventual ação judicial que guar-
dar relação com aquela. II – suspensão da contagem do prazo prescricional é a
paralisação temporária do cômputo desse prazo, a par-
Art. 42. As determinações para apuração ou delegação tir do início da ocorrência prevista no § 3º deste artigo,
de apuração das transgressões disciplinares cometidas sendo ele retomado quando da cessação daquela.
por militar da inatividade remunerada são de competên-
cia das autoridades constantes dos incisos I, III, IV e VII CAPÍTULO III
do art. 12 desta Lei. DO COMPORTAMENTO
Parágrafo único. A decisão das apurações de que trata DO POLICIAL MILITAR
este artigo, em relação ao militar reformado, é restrita
às autoridades previstas nos incisos I e III do art. 12
Seção Única
desta Lei.
Da Classificação, Reclassificação

903
e Melhoria do Comportamento partir da data em que for publicada a punição.

Art. 48. Para efeito de classificação, reclassificação e


Art. 44. O comportamento militar das Praças espelha
melhoria do comportamento de que trata este capítulo,
a sua atuação como militares e civis, sob o ponto de
fica estabelecida a seguinte correlação:
vista disciplinar.
I - 2 (duas) repreensões equivalem a 1(uma) reprimen-
§ 1º Os atos de classificação, reclassificação e de reco-
da;
nhecimento da melhoria de comportamento do militar
são da competência das autoridades previstas nos in- II - 2 (duas) reprimendas equivalem a 1(uma) prestação
cisos II a XIV do art. 12 desta Lei, obedecendo-se ao de serviço de natureza preferencialmente operacional;
disposto neste Capítulo e, necessariamente, publicados III - 1 (uma) transferência a bem da disciplina equivale
em boletim ou diário. a 1 (uma) prestação de serviço de natureza preferencial-
§ 2º Ao ser incluída na Corporação a Praça será classi- mente operacional.
ficada no comportamento BOM. Parágrafo único. Tão-somente para efeito de classifi-
cação do comportamento, fica estabelecida a seguinte
Art. 45. O comportamento militar da Praça deve ser equivalência, no caso de as Praças tiverem sido conde-
classificado em: nadas na Justiça Militar ou Comum, por crime doloso,
I - EXCEPCIONAL - quando, no período de 7 (sete) culposo ou contravenção, a qualquer pena transitada
anos de efetivo serviço, não tenha sofrido qualquer em julgado, inclusive aquelas em substituição, salvo se
sanção disciplinar; por fato ocorrido em consequência do serviço, desde
que não seja considerado ofensivo à honra e ao pun-
II - ÓTIMO - quando, no período de 5 (cinco) anos de
donor militar:
efetivo serviço, tenha sido punida com até 1 (uma) re-
primenda; I - crime doloso equivale a uma prestação de serviço de
natureza preferencialmente operacional;
III - BOM - quando, no período de 2 (dois) anos de
efetivo serviço, tenha sido punida com até 1 (uma) II - crime culposo equivale a uma reprimenda; 
prestação de serviços de natureza preferencialmente III - contravenção penal equivale a uma repreensão.
operacional;
IV - INSUFICIENTE - quando, no período de 1 (um) CAPÍTULO IV
ano de efetivo serviço, tenha sido punida com 2 (duas) DAS RECOMPENSAS
prestações de serviço de natureza preferencialmente
operacional ou, no período de 2 (dois) anos, com mais
de 2 (duas) prestações de serviço de natureza preferen- Art. 49. Recompensa constitui o reconhecimento dos
cialmente operacional; bons serviços prestados pelos militares à Corporação.

V - MAU - quando, no período de 1 (um) ano de efetivo Art. 50. Além de outras previstas em leis e regulamen-
serviço, tenha sido punido com mais de 2 (duas) pres- tos especiais, são recompensas militares:
tações de serviço preferencialmente operacional. 
I – elogio;
Art. 46. A Praça que se encontra posicionada no com- II – dispensa do serviço;
portamento excepcional ou ótimo neles permanecerá,
III – dispensa da revista de recolher e do pernoite.
ainda que seja punida com até 1 (uma) repreensão, in-
gressando, porém, no comportamento ótimo ou bom,
respectivamente, se for punida com 1 (uma) reprimenda Art. 51. O elogio pode ser individual ou coletivo.
ou 1 (uma) prestação de serviço de natureza preferen- § 1º O elogio individual, que coloca em relevo as qua-
cialmente operacional. lidades morais e profissionais, somente poderá ser
atribuído a militar que haja se destacado dos demais
Art. 47. A contagem de tempo para melhoria de com- da tropa na execução de ato, serviço ou ação meritória.
portamento será feita automaticamente, começando a § 2º Os aspectos principais que devem ser abordados

904
são os referentes ao caráter e desprendimento, à in- art. 50, sendo a dispensa do serviço até 15 (quinze) dias
teligência, às condutas civis e militares, à capacidade no período de um ano;
como comandante e administrador e à capacidade fí- III – o Subcomandante-Geral, o Chefe do Estado-Maior
sica. Estratégico, o Secretário de Estado Chefe da Casa Mili-
§ 3° Só serão registrados nos assentamentos do mili- tar da Governadoria, o Subchefe da Casa Militar da Go-
tar os elogios individuais obtidos no desempenho de vernadoria, o Comandante de Correição e Disciplina, os
funções próprias e concedidos por autoridades com Comandantes dos grandes comandos: as recompensas
atribuições para fazê-lo. previstas no art. 50, sendo a dispensa do serviço até 10
(dez) dias no período de 1 (um) ano;
§ 4º O elogio coletivo visa reconhecer e ressaltar um
grupo de militares ao cumprir destacadamente uma de- IV – demais autoridades previstas no art. 12: as re-
terminada missão.  compensas previstas no art. 50, sendo a dispensa do
serviço até 5 (cinco) dias, no período de 1 (um) ano.
§ 5º A iniciativa de apreciação do ato a ser elogiado não
deve partir do próprio militar a ser elogiado. Parágrafo único. As autoridades referidas neste artigo
são competentes para anular, restringir ou ampliar as
§ 6º A autoridade que elogiar militar deve publicar o ato
recompensas concedidas dentro do limite legal, deven-
em boletim ou diário.
do tais decisões ser motivadas e publicadas em Boletim
ou Diário Oficial da Corporação.
Art. 52. A dispensa do serviço, como recompensa, pode
ser:
TÍTULO III
I – dispensa total do serviço: que isenta de todos os
trabalhos da OPM ou OBM, inclusive os de instrução;
DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO
II – dispensa parcial do serviço: de alguns trabalhos,
que devem ser especificados na concessão. CAPÍTULO ÚNICO
DA SINDICÂNCIA
§ 1º A dispensa total do serviço não deve ultrapassar a
15 (quinze) dias, considerando todas aquelas já conce-
didas no decorrer de 1 (um) ano civil. Art. 55. Havendo indícios de materialidade e autoria de
transgressão disciplinar, a autoridade militar indicada
§ 2º A dispensa total do serviço é regulada por perío- num dos incisos do art. 12 desta Lei deverá instaurar
do de 24 (vinte e quatro) horas contado do horário do Sindicância prévia ou delegar suas atribuições inves-
início do expediente, até o mesmo horário no dia sub- tigativas a Oficial sob suas ordens ou comando, para
sequente. A sua publicação deve ser feita, no mínimo que proceda à apuração dos fatos, devolvendo-a àquela
24 (vinte e quatro) horas antes do início, salvo motivo autoridade delegante, devidamente concluída, para de-
de força maior. cisão. 
§ 3º A dispensa de que trata este artigo não invalida a Parágrafo único. Se o investigado for Oficial, a delega-
concessão de outros direitos de afastamento previstos ção de que trata este artigo não poderá recair em Oficial
nos Estatutos Militares. de patente ou antiguidade inferior à daquele.
Art. 53. As dispensas da revista de recolher e de per- Art. 56. A Sindicância é procedimento investigativo e
noitar no quartel podem ser incluídas em uma mesma visa apurar a autoria e materialidade de transgressão
concessão e não autorizam a ausência ao serviço para o disciplinar militar e, por ser de natureza inquisitorial,
qual o militar estiver ou for escalado, nem à instrução a seguirá as mesmas regras e rito procedimental do In-
que deve comparecer. quérito Policial Militar –IPM–, exceto quanto à nomea-
ção e atuação do escrivão e ao arquivamento dos autos,
Art. 54. São competentes para conceder recompensas: que serão facultativos.
I – o Governador do Estado: elogio e as que lhe são
atribuídas em leis e regulamentos; Art. 57. A Sindicância deverá ser concluída em 40
(quarenta) dias, podendo este prazo ser prorrogado por
II – o Comandante-Geral: as recompensas previstas no
mais 20 (vinte) dias.

905
Art. 58. Se da Sindicância concluir-se pela existência de Art. 62. Deverá ser nomeado escrivão no Processo Ad-
infração penal militar cumulada com infração adminis- ministrativo Disciplinar – PAD –, não podendo recair a
trativa, dentro dos limites de competência prevista no escolha em Praça, quando o acusado for Oficial.
Código de Processo Penal Militar, será esta anexada ao Art. 63. No caso de exame de insanidade mental, caso
PAD e extraída cópia para instruir o Inquérito Policial se conclua pela semi-imputabilidade ou inimputabili-
Militar –IPM–, sem prejuízo do processo administra- dade do acusado, o processo prosseguirá com a pre-
tivo disciplinar. sença de curador do acusado, que será nomeado pela
§ 1º No caso de se concluir por existência de infração autoridade militar ou seu delegado, podendo ser indi-
penal comum, cópia dos autos deverá ser remetida à cado por seus familiares.
autoridade policial competente. Parágrafo único. O curador será nomeado na conformi-
§ 2º No ato de encaminhar cópia da Sindicância para dade do Código de Processo Penal Militar e poderá ser
instauração de Inquérito Policial Militar, a autoridade o próprio defensor do acusado. 
deverá determinar, em autos apartados, a instauração
do processo administrativo disciplinar. Art. 64. Guardadas as devidas adequações, o acusado
poderá interpor exceção de suspeição ou impedimento
Art. 59. Em qualquer caso, concluindo-se pela existên- da autoridade administrativa ou de seu delegado, na
cia de transgressão disciplinar militar, cumulada ou não forma do previsto no Código de Processo Penal Militar,
com infração penal, os autos originais ou suas cópias diretamente à autoridade que estiver à frente do feito.
servirão de justa causa para instauração de Processo
Administrativo Disciplinar – PAD. Art. 65. Recebida a exceção, o exceto deverá suspender
Parágrafo único. A justa causa são os indícios de auto- o feito, apresentar seu relatório em 24 (vinte e quatro)
ria e prova de materialidade de transgressão disciplinar horas, juntá-lo aos autos e remetê-lo à autoridade ime-
militar. diatamente superior ou delegante para que esta decida
nas 48 (quarenta e oito) horas seguintes.
TÍTULO IV Art. 66. A exceção apresentada contra ato do Governa-
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO dor ou do Comandante-Geral será por eles decidida.
DISCIPLINAR
Art. 67. Decidida a exceção, os autos voltarão a ser mo-
CAPÍTULO I vimentados imediatamente para ser dada continuidade
ao processo, perante a mesma ou outra autoridade na
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS conformidade da decisão.

Art. 60. O processo administrativo disciplinar será su- Art. 68. No caso de a testemunha ou a vítima se sentir
mário, ordinário ou especial e só instaurado se presente constrangida com a presença do acusado na audiência
a justa causa. de instrução e/ou julgamento, o presidente ou delegado
do feito poderá pedir que o acusado se retire, prosse-
Art. 61. A Autoridade militar poderá delegar suas atri- guindo-a com a presença do advogado ou defensor
buições processuais a Oficial que serve sob seu co- dativo.
mando, exceto quando a autoridade for o Corregedor
militar e o subordinado estiver sob comando de outra CAPÍTULO II
autoridade, desde que esta seja de patente ou posto
DO PROCESSO SUMÁRIO
inferior.
Parágrafo único. De conformidade com o disposto no Art. 69. O processo administrativo disciplinar sumário
parágrafo único do art. 55 não poderá recair delegação é para o caso de a transgressão disciplinar militar ser
em Oficial de patente ou antiguidade inferior à do even- de natureza leve, bem como para as de natureza média
tual Oficial processado. e grave, quando praticadas por militar matriculado nos
diversos cursos de formação realizados pela Polícia Mi-

906
litar ou Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás.  Art. 72. A autoridade competente ou aquela a quem esta
delegar suas atribuições processuais, guardadas as
§ 1º A autoridade militar ou aquela a quem ela delegar
devidas adequações, citará o acusado, na forma do pre-
suas atribuições processuais citará o militar infrator
visto no § 1º do art. 92 desta Lei, para que ofereça ale-
para comparecer em dia e hora marcados para audi-
gações preliminares dentro do prazo de 03 (três) dias,
ência de instrução e julgamento, sendo-lhe facultado
podendo ele constituir defensor para que o represente.
comparecer com defensor e testemunhas.
§ 1º Válida a citação, o acusado deverá comparecer a
§ 2º A citação deverá conter o nome do acusado e da
todos os atos do processo e, quando for citado por edi-
autoridade militar, o histórico e a capitulação da im-
tal e não comparecer, será julgado à revelia, em que a
putação e deverá ser feita pessoalmente, com antece-
autoridade deverá dar-lhe defensor.
dência mínima de 72 (setenta e duas) horas da data da
audiência. § 2º A qualquer tempo, o acusado revel poderá se
apresentar, recebendo o processo na fase em que se
§ 3º Não comparecendo o acusado à audiência de
encontre.
instrução e julgamento, ou então verificada a comple-
xidade e as circunstâncias do caso, o feito poderá ser § 3º Nas alegações preliminares o acusado ou seu
convertido em rito ordinário ou especial. defensor poderá suscitar qualquer matéria de defesa,
inclusive competência, suspeição ou impedimento da
§ 4° Aberta a audiência, será dada a palavra ao acusado
autoridade processante ou investigante, bem como pe-
para apresentar suas alegações orais, em seguida, às
dir diligências ou perícias e arrolar testemunhas até o
eventuais testemunhas e novamente ao acusado para
limite de 05 (cinco).
apresentar alegações finais, também orais.
§ 4º O eventual incidente de insanidade mental do acu-
Art. 70. A autoridade ou seu delegado poderá oferecer sado será processado na conformidade do estabelecido
transação ao acusado, dando-lhe a oportunidade de pelo art. 156 do Código de Processo Penal Militar –
substituir a sanção prevista por prestação de serviços CPPM.
alternativos proporcionais ao gravame causado, caso
em que, sendo frutífera, poderá tornar a pena alternativa Art. 73. Citado o acusado, com ou sem as alegações
definitiva. preliminares, a autoridade marcará prazo de 05 (cinco)
dias, o local e a hora para a audiência una de instru-
§ 1º Em último ato, a autoridade que dirigir o feito por
ção e julgamento, dela notificando o acusado e/ou seu
delegação deverá fazer conclusos os autos para a au-
defensor.
toridade delegante, emitindo relatório ou parecer para
que esta profira decisão nas 24 (vinte e quatro) horas
seguintes, ou, se for o caso, no mesmo prazo deter- Art. 74. Presente o acusado e/ou seu defensor, a autori-
minará a transformação do rito do feito para ordinário dade ouvirá e reduzirá a termo as declarações das tes-
ou especial. temunhas arroladas na instauração do feito, até o limite
de 05 (cinco), em seguida ouvirá da mesma forma as
§ 2° De todo o ocorrido, será lavrada ata, que, depois declarações das testemunhas arroladas pela defesa, se-
de assinada por todos os presentes, será juntada à de- guido de eventuais peritos ou diligências, e, por último,
cisão da autoridade para ser publicada em boletim ou reduzirá a termo o interrogatório do acusado, quando
diário. este não for revel.

CAPÍTULO III Art. 75. A audiência de instrução e julgamento poderá


DO PROCESSO DE RITO ORDINÁRIO ser suspensa fora dos casos previstos nos §§ 3º e 4º do
art. 92 por período suficiente para realização da diligên-
cia necessária à solução do feito.
Art. 71. O processo administrativo disciplinar ordinário
é escrito e será observado sempre que a transgressão
Art. 76. Terminada a instrução do feito, a autorida-
disciplinar militar for de natureza média e grave, mas
de dará a palavra ao acusado ou seu defensor por 20
que não se vislumbre de início a sanção de exclusão
(vinte) minutos, prorrogáveis por mais 10 (dez), para
a bem da disciplina ou de perda das prerrogativas mi-
apresentação de alegações orais, que serão reduzidas a
litares.

907
termo pelo escrivão, ou, considerando a complexidade Art. 82. São competentes para designar e fazer funcio-
do caso, concederá prazo máximo de 05 (cinco) dias nar o Conselho de Ética e Disciplina as autoridades
para apresentação de memoriais. previstas nos incisos I a XIII do art. 12 desta Lei. 

Art. 77. A autoridade poderá apresentar sua decisão na Art. 83. Ficam ainda sujeitos à declaração de incapa-
mesma audiência, ou, considerando a complexidade do cidade para permanecerem como militares, e, conse-
caso, apresentá-la em 05 (cinco) dias, após as alega- quentemente, à sanção de exclusão a bem da disciplina
ções orais ou apresentação dos memoriais. ou perda das prerrogativas militares, as Praças que:
Parágrafo único. Se a autoridade que dirigir o feito for I - estiverem no comportamento MAU e vierem a come-
por delegação, nesta fase deverá fazer conclusos os au- ter nova falta disciplinar grave;
tos para a autoridade delegante, emitindo parecer para II - forem condenadas por sentença penal definitiva na
que ela proceda à decisão no prazo de 5 (cinco) dias.  forma prevista no art. 34, II, desta Lei;
Art. 78. Todos os atos realizados em audiência serão III - demonstrarem incapacidade profissional para o
registrados em ata a ser assinada por todos e autuada exercício de função policial ou bombeiro militar;
juntamente com a documentação produzida na audiên- IV – forem consideradas moralmente inidôneas para
cia. promoção pela Comissão de Promoção de sua insti-
tuição. 
Art. 79. O processo administrativo disciplinar ordinário
Parágrafo único. No caso do inciso I, o Conselho veri-
deverá ser solucionado no máximo em 30 (trinta) dias,
ficará se a Praça está efetivamente no comportamento
permitida prorrogação por mais 10 (dez) dias em ca-
MAU e examinará sua capacidade para permanecer no
sos excepcionais, a critério da autoridade competente,
serviço ativo.
contados de sua instauração, mas poderá, a qualquer
momento, ser transformado em processo administrati-
vo disciplinar especial. Art. 84. O disciplinando poderá ser afastado de suas
funções pela autoridade convocante, por sua iniciativa
ou por solicitação do Conselho de Ética e Disciplina.
CAPÍTULO IV
Art. 85. O Conselho de Ética e Disciplina será composto
Seção I por três Oficiais, sendo um Major ou um Capitão e dois
Do Processo Especial Tenentes.
§ 1º A Presidência do Conselho será exercida por Major
Art. 80. O processo administrativo disciplinar especial ou por Capitão, cabendo ao Tenente mais antigo atuar
será cabível quando a Praça ofender a ética militar ou como relator e o de menos tempo de serviço como es-
cometer outra transgressão disciplinar militar cumulada crivão.
ou não com aquela, ainda que estiver ou ingressar na § 2º O Presidente dirigirá e policiará os trabalhos do
situação de desertor por prazo superior a 06 (seis) me- Conselho. 
ses e sejam, por isso, recomendadas a exclusão a bem
da disciplina, a reforma ou a perda das prerrogativas Art. 86. Todos os membros do Conselho, bem como o
militares do transgressor. defensor, poderão fazer perguntas para as testemunhas
Parágrafo único. Os militares da ativa que forem refor- e o disciplinando.
mados em razão de submissão a Conselho de Ética e
Disciplina perderão, igualmente, o gozo das prerrogati- Art. 87. A autoridade que determinar a instauração do
vas inerentes ao militar. Conselho de Ética e Disciplina poderá, a qualquer tem-
po, em ato fundamentado, dissolvê-lo ou modificar sua
Art. 81. O processo administrativo disciplinar especial composição.
será dirigido por Conselho de Ética e Disciplina, mes-
mo estando a Praça na atividade ou inatividade. Art. 88. A presença de todos os membros do Conselho
às audiências é obrigatória e sua inobservância dá cau-

908
sa a nulidade absoluta. V – dia, hora e local do comparecimento para a audi-
ência de instalação e prestação do compromisso dos
Art. 89. Em todas as audiências do Conselho será lavra- conselheiros;
da ata que conterá as principais ocorrências do proces- VI – informação de que é facultado ao disciplinando
so e as assinaturas dos presentes. comparecer pessoalmente às audiências ou constituir
defensor para acompanhá-las. 
Art. 90. Deverá ser concedida a suspensão condicional
do processo de Conselho de Ética e Disciplina pelo pe- § 2° A data a ser marcada para a audiência de instalação
ríodo de 01 (um) ano ao processado que satisfizer os e compromisso do Conselho não poderá ultrapassar 05
seguintes requisitos: (cinco) dias da citação do acusado. 

I – não estiver classificada no mau comportamento; § 3º No caso de o disciplinando não ser encontrado
para citação, deverá o presidente fazer nova citação
II – não ser reincidente em faltas da mesma natureza; pessoal nas próximas 72 (setenta e duas) horas. Não
III – não constituírem os fatos de que é acusado in- sendo ainda encontrado, determinará que o disciplinan-
frações penais dolosas injustificáveis comuns ou mi- do seja citado por edital publicado em boletim ou diário
litares, independentemente do deslinde da ação penal por duas vezes, em intervalos de 5 (cinco) dias entre
correspondente; as publicações.
IV – seus antecedentes e conduta social o recomenda- § 4º Válida a citação, é facultado ao acusado compare-
rem. cer a todos os atos do processo.
Parágrafo único. O período da suspensão é considerado § 5º Quando a citação for válida, inclusive por edital, e
de coleta de provas, devendo o disciplinando não se o acusado não comparecer, o julgamento ocorrerá à sua
envolver em nova infração disciplinar ou infração penal revelia, sendo-lhe nomeado defensor pela autoridade.
dolosa injustificável durante esse lapso, independente- § 6º A qualquer tempo, o disciplinando revel poderá
mente do desfecho da ação penal correspondente, sob se apresentar, recebendo o processo na fase em que se
pena de revogação obrigatória do benefício e da conti- encontrar.
nuidade do feito. 
Art. 92. Na audiência de instalação do Conselho os
Seção II conselheiros prestarão compromisso de processar e
Do Rito do Processo Especial julgar os autos com imparcialidade e probidade.
§ 1º Após o compromisso dos membros do Conselho,
Art. 91. Recebendo a determinação para designação será o disciplinando ou seu defensor notificado para
do Conselho de Ética e Disciplina, o seu Presidente apresentar alegações preliminares no prazo de 03 (três)
convocará os membros do colegiado para se reunirem dias e a comparecer, não sendo revel, no máximo nos
em local, dia e hora determinados para a autuação da 03 (três) dias seguintes à notificação, perante a Junta
documentação recebida e nela mandará que o escrivão Central de Saúde da Corporação, a fim de ser avaliado.
proceda à citação pessoal do disciplinando nos próxi- § 2º Nas alegações preliminares o acusado ou seu de-
mos 3 (três) dias úteis. fensor poderá suscitar toda matéria de defesa, inclusive
§ 1º A citação deve conter: competência, suspeição ou impedimento da autoridade
processante ou investigante, pedir diligências ou pe-
I – o nome da autoridade convocante e os dos membros
rícias e arrolar testemunhas até o limite de 08 (oito). 
do Conselho;
§ 3º Se nas alegações preliminares for requerido e de-
II – qualificação do acusado;
ferido incidente de insanidade mental do disciplinando,
III – cópia dos principais documentos que levaram à o presidente suspenderá o feito e mandará realizá-lo na
convocação do colegiado; forma prevista no Código de Processo Penal Militar,
IV – descrição dos fatos imputados ao acusado com a reabrindo os trabalhos ao final do prazo ali fixado, com
respectiva capitulação; ou sem o resultado do exame, porém não poderá a au-
toridade militar emitir decisão sem ele.

909
§ 4º O exame de insanidade mental, quando necessário tempo de serviço militar proferirá seu voto oral, seguido
e deferido, será realizado pelas Juntas Médicas de qual- do voto do relator e, por último, do voto do Presidente.
quer das Corporações militares do Estado e, na falta de § 1º O Conselho poderá concluir por:
especialistas, poderá ser realizado pela Junta Médica
Oficial do Estado ou do Tribunal de Justiça. I – considerar o disciplinando culpado das acusações
que lhe pesam e opinar por sua exclusão a bem da dis-
§ 5° Sendo o disciplinando considerado semi-imputá- ciplina ou pela perda das prerrogativas militares;
vel ou inimputável, ser-lhe-á nomeado curador, dando-
-se seguimento ao processo. II – considerar o disciplinando parcialmente culpado
das acusações que lhe pesam e opinar por outra sanção
Art. 93. Apresentadas ou não as alegações preliminares disciplinar mais branda, prevista nesta Lei;
e resolvidos as eventuais exceções ou incidentes inter- III – considerar o disciplinando parcialmente culpado
postos, o presidente do Conselho notificará o discipli- das acusações que lhe pesam e opinar pela concessão
nando e o seu defensor para comparecerem à audiência da suspensão condicional do processo, na forma desta
de instrução, que será marcada para o prazo máximo de Lei; 
05 (cinco) dias.
IV – considerar o disciplinando inocente das acusações
que lhe pesam, dando-o por apto a permanecer na ativa
Art. 94. Aberta a audiência de instrução, presentes os
ou continuar gozando das prerrogativas militares.
membros do Conselho, o disciplinando ou seu de-
fensor, no caso de revelia, as eventuais testemunhas § 2º O disciplinando é isento de sanção por transgres-
arroladas pela a acusação, até o limite de 08 (oito), e são militar, se, por doença mental, era, ao tempo da
as da defesa, o presidente determinará a oitiva destas, ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender
reduzindo-se a termo suas declarações. o caráter ilícito do fato, seja na esfera penal, seja na ad-
ministrativa militar ou de determinar-se de acordo com
Art. 95. A seguir serão ouvidas as opiniões de especia- esse entendimento.
listas eventualmente arrolados nas alegações prelimi-
nares e analisados os resultados da Junta Central de Art. 99. Encerrada a audiência de julgamento, seu Pre-
Saúde ou do incidente de insanidade mental, seguin- sidente fará relatório do processo, exporá a conclusão
do-se do interrogatório do disciplinando, caso não seja a que chegaram os membros do Conselho e intimará o
julgado à revelia e tenha condições de ser interrogado. disciplinando da decisão.
§ 1° A autoridade que tenha convocado o Conselho po-
Art. 96. Finda a instrução, o presidente do Conselho derá concordar ou discordar da decisão do colegiado,
notificará o disciplinando ou seu defensor, no caso de acatando ou não a defesa, em decisão fundamentada.
revelia, a apresentar alegações finais escritas, no prazo
de 05 (cinco) dias. § 2º Caberá recurso da decisão referida no § 1º, no pra-
zo de 08 (oito) dias, sendo facultado à autoridade a sua
Art. 97. Apresentadas as alegações finais o Presidente reconsideração.
notificará o disciplinando e seu defensor para compa- § 3º Não sendo o Governador a autoridade convocadora
recerem à audiência de julgamento a ser realizada no do Conselho, deverão os autos ser remetidos ao Co-
máximo de 03 (três) dias. mandante-Geral para homologar ou não o julgado em
Parágrafo único. Não sendo apresentadas as alegações decisão fundamentada, efetivar a publicação do ato e a
finais, o Presidente do Conselho nomeará defensor intimação do disciplinando e ou de seu defensor.
para fazê-lo no prazo do art. 96 desta Lei. § 4º Dessa decisão, se sucumbente o disciplinando,
caberá recurso dentro do prazo de 5 (cinco) dias.
Art. 98. No dia da audiência, presentes o disciplinando
§ 5º Antes da homologação, a autoridade poderá deter-
e/ou seu defensor, no caso de revelia, o Presidente dará
minar prazo não superior a 30 (trinta) dias para que o
a sessão por aberta, fará leitura das principais peças do
Conselho realize novas diligências. 
processo e, a seguir, facultará ao defensor a sustentação
oral pelo prazo máximo de 20 (vinte) minutos, prorro-
Art. 100. O prazo de tramitação do processo no Conse-
gável por mais 10 (dez) e, a seguir, o membro de menos

910
lho de Ética e Disciplina, que vai da sua instalação até
a conclusão dos seus trabalhos, não poderá ultrapassar
a 40 (quarenta) dias, excluindo-se o prazo de eventual Art. 105. A atenuação da sanção disciplinar consiste na
incidente de insanidade mental do acusado e das dili- sua transformação em uma menos rigorosa, se assim
gências previstas no § 5º do art. 99 desta Lei. recomendar o interesse da hierarquia e disciplina.

TÍTULO V Art. 106. A agravação de sanção disciplinar consiste na


sua transformação em outra mais rigorosa, fundamen-
tada nas mesmas razões do art. 105.
CAPÍTULO I
Parágrafo único. A agravação só poderá ser efetivada no
DA MODIFICAÇÃO DA PUNIÇÃO APLICADA
ato da aplicação da sanção disciplinar.

Art. 101. Depois de aplicada, a sanção disciplinar pode- Art. 107. A competência para anular, relevar, atenuar ou
rá ser modificada pela autoridade que a aplicou ou por agravar as sanções disciplinares impostas é da autori-
outra, superior e competente, quando surgirem fatos dade julgadora ou da superior a esta, devendo a decisão
que recomendem tal procedimento. ser justificada e publicada em boletim. 
Parágrafo único. São as seguintes as modificações da
sanção disciplinar aplicada: CAPÍTULO II
I – anulação; DO CANCELAMENTO DAS
II – relevação da falta de natureza leve;
SANÇÕES DISCIPLINARES
III – atenuação;
Art. 108. Cancelamento de sanção disciplinar é o direi-
IV – agravação. to concedido ao militar de tê-la excluída, bem como a
averbação e outras notas a ela relacionadas, em seus
Art. 102. A anulação da sanção disciplinar consiste em assentamentos funcionais.
torná-la sem efeito.
§ 1º De ofício ou a requerimento do ofendido, a anula- Art. 109. O cancelamento da pena disciplinar dar-se-á,
ção deverá ser concedida a qualquer tempo pelo Gover- automaticamente, ao militar apenado que tenha com-
nador ou Comandante-Geral, quando ficar comprovado pletado, sem qualquer outra punição, as seguintes
abuso ou ilegalidade na sua aplicação. condições:

§ 2º VETADO. I - 05 (cinco) anos de efetivo serviço, no caso de a


sanção disciplinar ser prestação de serviço de natureza
Art. 103. A anulação deverá eliminar toda e qualquer preferencialmente operacional ou transferência a bem
anotação nos assentamentos funcionais do militar, rela- da disciplina;
tiva à pena aplicada. II - 04 (quatro) anos de efetivo serviço, quando a sanção
disciplinar for reprimenda ou repreensão.
Art. 104. A relevação consiste na suspensão do cumpri-
mento da sanção imposta. Art. 110. Não sendo o ato disciplinar de autoria do
Parágrafo único. A relevação poderá ser concedida: Governador do Estado ou do Comandante-Geral, o
Subcomandante-Geral poderá cancelar uma ou todas
I – quando, embora não cumprida, ficar comprovado as sanções disciplinares aplicadas ao militar que tenha
que foram atingidos os objetivos visados com a aplica- prestado, comprovadamente, relevantes serviços à Cor-
ção da sanção disciplinar; poração.
II – por motivo de passagem de comando, Parágrafo único. Excetuadas as condições estabeleci-
data nacional ou data comemorativa de ani- das neste artigo, a solução do requerimento de can-
versário da OPM ou OBM, quando tiver sido celamento de sanção disciplinar em outros casos é da
cumprida pelo menos a metade da punição. competência do Comandante-Geral.

911
Art. 111. As sanções escolares aplicadas aos alunos dade superior, que poderá ou não homologar a medida
dos cursos de formação poderão ser canceladas por por meio de ato fundamentado.
ocasião da conclusão do curso, a critério do Coman- § 3º Uma vez cessadas as circunstâncias geradoras do
dante da Academia do Corpo de Bombeiros Militar ou afastamento cautelar das funções ou da localidade, a
do Comando da Academia de Polícia Militar, indepen- autoridade militar poderá determinar o fim da medida
dentemente de requerimento. cautelar.
Art. 112. As anotações de punições canceladas deverão § 4º Se a permanência do militar na função ou na lo-
ser excluídas da ficha virtual do militar e, não se tra- calidade for inviável, independente da existência de
tando desta, todas as anotações relacionadas com as transgressão disciplinar, a transferência por interesse
sanções disciplinares canceladas deverão ser apaga- do serviço poderá ser determinada pela autoridade
das de maneira que não seja possível a sua leitura. Em competente.
todo caso, na margem onde for feito o cancelamento,
deverão ser anotados o número e a data do boletim da CAPÍTULO II
autoridade que concedeu o cancelamento, com rubri-
ca da autoridade competente que assinar as folhas de
alterações. 
Seção Única
Dos Recursos Disciplinares
TÍTULO VI
Art. 114. Recurso disciplinar é o direito concedido ao
militar que se julgue prejudicado, injustiçado ou ofen-
CAPÍTULO I dido por superiores hierárquicos, na esfera disciplinar.
DAS CAUTELAS ADMINISTRATIVAS
Parágrafo único. São recursos disciplinares:
I – reconsideração de ato;
Seção I
Do Afastamento Cautelar das Funções ou II – recurso disciplinar.
do Local onde Serve o Militar 
Art. 115. Reconsideração de ato é o recurso por meio do
qual o militar que se julgue prejudicado ou injustiçado
Art. 113. Dar-se-á o afastamento cautelar das funções solicita à autoridade que o proferiu que reexamine sua
ou da localidade onde serve o militar, antes ou durante decisão e a reconsidere.
a instauração de procedimento ou processo administra-
§ 1º O pedido de reconsideração de ato deverá ser en-
tivo disciplinar, se houver indício suficiente de autoria e
caminhado pela autoridade a quem o requerente estiver
prática de transgressão disciplinar e quando se presu-
diretamente subordinado, no prazo máximo de 08 (oito)
mir pelo menos uma das seguintes situações:
dias, a contar da data em que o militar for cientificado
I – a permanência possa interferir na convivência har- formalmente da decisão punitiva.
mônica da Unidade;
§ 2º A autoridade autora do ato disciplinar deverá deci-
II – possa prejudicar a expedição de ordens; dir se o reconsidera ou o mantém, no prazo máximo de
III – quando ocorra incompatibilidade do exercício fun- 15 (quinze) dias, por meio de ato motivado, com indi-
cional do militar com a comunidade ou sociedade.  cação dos fatos e fundamentos jurídicos.

§ 1º Entende-se como afastamento cautelar das funções Art. 116. O recurso disciplinar é interposto pelo militar
ou da localidade o impedimento temporário do militar que se julgue prejudicado, injustiçado ou ofendido, di-
afastado de atuar na função em que esteja regularmente rigido diretamente ao superior imediato da autoridade
designado ou em determinada localidade. contra quem é apresentado.
§ 2º A autoridade militar que determinar o afastamento § 1º O recurso disciplinar só é cabível após a decisão
cautelar das funções ou da localidade deverá funda- do pedido de reconsideração do ato atacado ser publi-
mentar sua decisão e encaminhar os originais à autori- cada em boletim ou diário, dando ciência ao recorrente

912
ou, ainda, quando não for observado o prazo de que fala DOS TIPOS DE TRANSGRESSÃO
o § 2º do art. 115 deste Código.
§ 2º O recurso disciplinar deverá ser interposto perante CAPÍTULO I
a autoridade mencionada no caput deste artigo, no pra-
DAS TRANSGRESSÕES
zo de até 08 (oito) dias, a contar da data em que o mi-
litar foi cientificado formalmente da decisão recorrida. DISCIPLINARES LEVES (L)
§ 3º A autoridade recorrida poderá emitir pronuncia-
mento e juntar documentos ao recurso interposto, en- Art. 118. São transgressões disciplinares leves:
caminhando-o com toda a documentação à autoridade I – deixar de comunicar ao superior hierárquico a exe-
competente para julgar a súplica, no prazo máximo de cução de ordem dele recebida, tão logo seja possível
05 (cinco) dias, a contar da data em que foi cientificada fazê-lo;
formalmente.
II – chegar atrasado ou faltar a qualquer evento, serviço
§ 4º A autoridade deverá decidir o recurso disciplinar ou instrução em que deva tomar parte ou assistir;
no prazo máximo de 20 (vinte) dias, computado o prazo
III – deixar de comunicar em tempo hábil os motivos do
do § 3º deste artigo, por ato motivado, com indicação
atraso ou da falta ao serviço ou local onde deva com-
dos fatos e fundamentos jurídicos.
parecer; 
§ 5º Recebido o recurso disciplinar, a autoridade com-
IV – permutar serviços sem permissão da autoridade
petente para solucioná-lo deverá decidir pelo afasta-
competente;
mento temporário do recorrente da subordinação direta
da autoridade recorrida, desde que requerido e devida- V – afastar-se, injustificadamente, o motorista, da via-
mente fundamentado. tura sob sua responsabilidade, durante o serviço militar
ou durante outros afazeres da profissão;
Art. 117. A apresentação dos recursos disciplinares de- VI – deixar de devolver, ao final do serviço ou do pra-
verá ser feita individualmente, e tratar de caso especí- zo fixado, o armamento e equipamento que lhe tenham
fico, cingir-se aos fatos que motivaram o recurso, bem sido entregues;
como fundamentar-se em novos argumentos, provas ou
documentos comprobatórios e elucidativos. VII – comparecer a qualquer solenidade, festividade ou
reunião social, com fardamento diferente do conven-
§ 1º O prazo para apresentação de recurso pelo mili- cionado ou em trajes civis, quando deveria comparecer
tar que se encontra executando serviço ou ordem que fardado;
impeçam a sua apresentação, ou que se encontre cum-
prindo sanção disciplinar de detenção antes aplicada, VIII – deixar o superior de determinar a retirada, seja
começa a ser contado depois de cessada tais situações. de solenidade militar ou civil, de subordinado que a ela
compareça com uniforme diferente do convencionado;
§ 2º O recurso disciplinar que contrariar as prescrições
desta Lei será considerado prejudicado pela autoridade IX – deixar o superior, deliberadamente, de correspon-
a quem for destinado, cabendo-lhe mandar publicar der a cumprimento de subordinado;
sua decisão em boletim, fundamentadamente, e após, X – sobrepor ao uniforme insígnia, distintivo, condeco-
arquivá-lo. ração ou medalha não-regulamentar, bem como usá-los
§ 3º A interposição de um recurso disciplinar por outro indevidamente;
não impedirá seu exame, salvo se comprovada má-fé. XI – fumar em lugar proibido ou em momento não au-
§ 4º À tramitação de recurso deverá ser atribuído regime torizado;
de urgência, em todos os escalões. XII – faltar com o asseio próprio ou da tropa que co-
§ 5º Para cada decisão disciplinar admitir-se-ão um mandar ou chefiar;
pedido de reconsideração de decisão e um recurso dis- XIII – conversar ou fazer ruído em ocasiões, locais ou
ciplinar correspondente.  horários em desacordo com regulamentação ou con-
venção social;
TÍTULO VII XIV – entrar ou permanecer o subordinado em depen-

913
dência de OPM ou OBM, sem conhecimento ou con- alheios as suas funções que possam causar prejuízo à
sentimento da autoridade competente;  execução das tarefas sob sua responsabilidade;
XV – usar, quando uniformizado, barba, cabelos, bigo- XI – deixar de cumprir as prescrições regulamentares
de ou costeletas em desacordo com regulamentação ou no âmbito de suas atribuições;
convenção; XII – apresentar-se com uniforme desabotoado, desfal-
XVI – usar a militar, quando fardada, piercing visíveis cado de peças, sujo ou desalinhado;
ou acessórios similares, cabelos soltos e/ou unhas em XIII – prestar informação a superior hierárquico, indu-
desacordo com os regulamentos específicos, salvo por zindo-o a erro, deliberada ou intencionalmente;
recomendação médica;
XIV – içar ou arriar bandeira ou insígnia sem ordem
XVII – usar jóias, correntes, peças de vestimentas e ou- legal ou superior;
tros adereços que prejudiquem a apresentação pessoal
ou descaracterize o fardamento; XV – omitir e/ou acrescentar indevidamente, em nota
de ocorrência, relatório ou qualquer documento, dados
XVIII – deixar de prestar a seu superior hierárquico as indispensáveis ao esclarecimento dos fatos; 
continências, honras, sinais de respeito e cerimônias
regulamentares; XVI – não ter o cuidado devido como instrutor ou moni-
tor na preparação das matérias a serem ministradas ao
XIX – praticar fato doloso definido como contravenção corpo discente, ou de faltar às aulas sem justo motivo;
penal. 
XVII – receber ou permitir que seu subordinado receba,
CAPÍTULO II injustificadamente, e em razão de sua função, quaisquer
objetos de valor, mesmo a título de doação;
DAS TRANSGRESSÕES
DISCIPLINARES MÉDIAS (M) XVIII – executar atividade que envolva acentuados peri-
gos, sem autorização superior, salvo nos casos de com-
petições ou demonstrações esportivas legais;
Art. 119. São transgressões disciplinares médias:
XIX – adentrar em alojamento estranho ao seu, depois
I – retardar, injustificadamente, a execução de qualquer da revista do recolher, salvo se no desempenho de suas
ordem; funções;
II – dificultar ao subordinado a apresentação de qual- XX – adentrar, sem permissão ou ordem superior, em
quer recurso administrativo disciplinar; lugar onde lhe seja vedado;
III – deixar, injustificadamente, de encaminhar à auto- XXI – deixar de receber, sem justificativa, remuneração,
ridade competente, dentro do prazo fixado em lei, re- alimentação, fardamento, equipamento ou material que
gulamento ou convenção, recurso ou documento que lhe seja destinado ou deva ficar em seu poder ou sob
receber, não estando a solução em sua alçada;  sua responsabilidade;
IV – deixar, dentro do prazo legal ou regulamentar, de XXII – maltratar ou não ter o devido cuidado com ani-
informar à autoridade competente falta ou irregularida- mais ou a flora;
de que presenciar ou tiver ciência de sua ocorrência;
XXIII – aceitar manifestação coletiva de seus subordi-
V – deixar de ter compostura em lugar público; nados, salvo as que demonstrem íntima, boa e sã ca-
VI – portar ou expor arma de fogo sem estar devida- maradagem;
mente autorizado ou em desconformidade com a legis- XXIV – perder ou retardar a corrida para o incêndio,
lação vigente; salvamento ou qualquer outro tipo de ocorrência, ou
VII – frequentar lugares incompatíveis com o decoro da ainda atrasar ou contribuir para seu atraso;
classe; XXV – resistir ou oferecer resistência ao cumprimento
VIII – desrespeitar convenções sociais; de ordem de superior hierárquico concernente à rea-
lização de quaisquer procedimentos operacionais em
IX – desconsiderar ou desrespeitar autoridades civis;
ocorrência, desde que previstos em norma operacional;
X – envolver-se, durante o serviço, com assuntos

914
XXVI – praticar ilícito doloso definido como crime pu- XIV – dar, por escrito ou verbalmente, ordem não mani-
nível com detenção.  festamente ilegal ou claramente inexequível, que possa
acarretar ao subordinado responsabilidade penal ou
CAPÍTULO III civil, ainda que não chegue a ser cumprida;
DAS TRANSGRESSÕES XV – aconselhar ou concorrer para não ser cumprida
DISCIPLINARES GRAVES (G) qualquer ordem de autoridade competente, ou para re-
tardar a sua execução;
Art. 120. São transgressões disciplinares graves: XVI – deixar de atender a ocorrência na esfera de suas
atribuições ou outros atendimentos de urgência ou
I – ofender, provocar, desafiar, desacreditar, dirigir-se,
emergência quando possível fazê-lo;
referir-se, ou responder de maneira desatenciosa ao
superior hierárquico ou funcional, por atos, gestos ou XVII – desrespeitar membros do executivo, legislativo e
palavras; judiciário ou companheiro de farda;
II – desconsiderar, censurar, desdenhar, desacreditar, XVIII – abandonar serviço, plantão ou função de sua
ofender, maltratar, injuriar, caluniar, difamar militar responsabilidade;
pessoalmente ou na presença de amigos ou familiares; XIX – simular doença para esquivar-se ao cumprimento
III – espalhar, injustificadamente, notícias ou informa- de qualquer dever funcional;
ções que levem a injúria, difamação ou calúnia; XX – trabalhar mal, intencionalmente ou por falta de
IV - publicar, compartilhar ou divulgar ofensas a supe- atenção, em qualquer atividade, função ou instrução;
riores hierárquicos, pares e subordinados na internet; XXI – permutar ou autorizar a troca de serviço mediante
V - publicar, compartilhar ou divulgar ofensas à Polícia pagamento ou vantagem;
Militar ou ao Corpo de Bombeiros Militar na internet; XXII – afastar-se de qualquer lugar em que deva estar
VI – utilizar ou autorizar o emprego de subordinados por força de disposição legal ou ordem superior;
para execução de serviços pessoais ou não previstos XXIII – representar a OPM ou OBM ou a Corporação
em lei, regulamento ou convenção; em qualquer ato, sem estar devidamente autorizado,
VII – concorrer para a discórdia ou desarmonia entre bem como manifestar-se publicamente a respeito de
os militares; assuntos funcionais, de segurança pública ou político,
estando fardado ou apresentando-se como militar;
VIII – editar ato administrativo faltando qualquer de
seus requisitos básicos, com o fim de causar prejuízos XXIV – assumir compromisso pela OPM ou OBM sob
a militar ou à Corporação; seu comando ou em que serve, sem comunicar à auto-
ridade superior;
IX – fazer uso do anonimato para a prática de atos que
levem a instauração injustificada de procedimento ou XXV – esquivar-se de satisfazer compromissos de or-
processo administrativo ou judicial contra militar; dem judicial ou administrativa que houver assumido;
X – deixar de cumprir ou de fazer cumprir normas regu- XXVI – deixar, sem justificativa, de atender à obrigação
lamentares na esfera de suas atribuições; de dar assistência a sua família ou dependentes legais;
XI – deixar de atender, retardar ou prejudicar, injusti- XXVII – fazer diretamente, ou por intermédio de outrem,
ficadamente, as medidas ou ações de ordem judicial, transações pecuniárias indevidas, envolvendo assuntos
administrativa, policial ou regras de trânsito; de serviço;
XII – deixar de comunicar, injustificadamente, ao su- XXVIII – realizar ou propor transações pecuniárias
perior imediato ocorrência policial, administrativa ou envolvendo superior, igual ou subordinado, visando à
de interesse da segurança pública, no âmbito de suas obtenção de vantagem indevida;
atribuições; XXIX – tomar parte em jogos proibidos, ou jogar a
XIII – deixar de cumprir ordem não manifestamente dinheiro os permitidos, em área sob a administração
ilegal; militar; 

915
XXX – manter relações de amizades com pessoas de XLIII – publicar ou contribuir para que sejam publica-
notórios e desabonadores antecedentes ou apresentar- dos fatos, documentos ou assuntos da Corporação Mi-
-se publicamente com elas, salvo por motivo de ser- litar que possam concorrer para o seu desprestígio ou
viço; ferir a hierarquia, a disciplina ou a ética militar;
XXXI – retirar ou tentar retirar, de qualquer lugar sob XLIV – travar ou incitar discussão pessoalmente ofensi-
administração militar, material, viatura ou animal, ou va, rixa ou luta corporal, com outro militar; 
deles servir-se indevidamente, sem autorização do res- XLV – abrir ou tentar abrir, injustificadamente ou sem
ponsável; autorização, qualquer dependência de OPM ou OBM
XXXII – deixar de zelar, danificar, ou extraviar, por ne- fora do horário de expediente;
gligência ou desobediência às regras ou normas de XLVI – ter em seu poder, introduzir, distribuir, usar
serviço, materiais pertencentes às Fazendas Nacional, ou consumir, em área militar ou sob a administração
Estadual e Municipal que estejam sob sua responsa- militar, substância inflamável, explosiva, alcoólica ou
bilidade direta; entorpecente, em desacordo com leis, regulamentos ou
XXXIII – usar de força desnecessária no ato de efetuar regimentos internos;
detenção ou prisão; XLVII – embriagar-se, apresentar-se embriagado ou in-
XXXIV – maltratar ou permitir que se maltrate detido ou duzir outrem a fazê-lo em área sujeita à administração
preso sob sua guarda ou de outrem; militar ou durante o horário de serviço;
XXXV – deixar ou concorrer para que presos sob sua XLVIII – violar, deixar de preservar ou afastar-se, injus-
guarda conservem em seu poder instrumentos ou obje- tificadamente, de local de crime ou sinistros;
tos não permitidos; XLIX– utilizar ou trazer consigo materiais, anotações,
XXXVI – deixar pessoas conversarem ou se entenderem publicações ou objetos não permitidos em lei ou re-
com preso, sem autorização da autoridade competente; gulamento, ou, ainda, utilizar ou possibilitar o uso de
meios fraudulentos em provas e testes de instrução e
XXXVII – soltar preso ou detido ou não concluir devi-
ensino militar;
damente a ocorrência, sem ordem de autoridade com-
petente; L– trazer consigo ou utilizar material ou equipamento
capaz de provocar tortura;
XXXVIII – fazer, injustificadamente, disparo de arma de
fogo; LI – ofender, injustificadamente, qualquer dos preceitos
da ética, da disciplina ou hierarquia militar previstos
XXXIX – introduzir, divulgar ou distribuir, individual ou
em lei;
coletivamente, em área militar ou pública, publicação,
fotografia, desenho, estampa, ou qualquer outro meio LII – ostentar tatuagem que deponha contra o decoro e a
de divulgação, escrito ou falado, no rádio, na televisão, ética militar, ou faça apologia a crime ou contravenção;
internet, ou em qualquer outro meio de comunicação LIII – usar, o militar do sexo masculino, brincos, pier-
que atente contra a disciplina, a hierarquia ou a ética cing ou acessórios similares visíveis ao uniforme ou
militar; farda;
XL – autorizar, promover, ou tomar parte em qualquer LIV – praticar fato doloso definido como crime punível
manifestação individual ou coletiva em área submetida com reclusão;
à administração militar;
LV – influir para que terceiros intervenham para propi-
XLI – deixar de apresentar ou de tomar providências ciar ou impedir sua promoção, lotação, remoção, des-
para apresentação de militar sob sua subordinação na tacamento ou transferência. 
Unidade para qual foi transferido ou classificado, nos
prazos legais ou determinados;
CAPÍTULO IV
XLII – autorizar, elaborar ou assinar petição, individual DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
ou coletiva, atentatória à ética, dirigida a qualquer auto-
ridade civil ou militar;
Art. 121. A punição disciplinar do militar não o exime

916
da responsabilidade civil e penal pelo ato ilícito pra-
ticado. ESTATUTO DOS SERVIDORES
PÚBLICOS CIVIS DO ESTADO
Art. 122. Aplicam-se, subsidiariamente, a este, no que
couber, o Código de Processo Penal Militar –CPPM– e
DE GOIÁS, DAS AUTARQUIAS
o Código Penal Militar - CPM. E FUNDAÇÕES PÚBLICAS
ESTADUAIS - Lei nº 20.756,
Art. 123. A contagem de prazo nesta Lei é contínua e pe-
remptória, iniciando-se no primeiro dia após a prática de 28 de janeiro de 2020.
do ato, ainda que o dia recaia em sábado, domingo ou
feriado, encerrando-se sempre em dia útil, no término Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores
do expediente administrativo. públicos civis do Estado de Goiás, das autarquias
e fundações públicas estaduais, e dá outras pro-
Parágrafo único. Os atos processuais serão praticados vidências.
em dias e horários de expediente administrativo e os
atos e procedimentos administrativos, urgentes ou não, A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE GOI-
que se relacionem com os de disciplina, poderão ser ÁS, nos termos do art. 10 da Constituição Estadual,
realizados em dias e horários que a necessidade e efi- decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
ciência exigirem.
TÍTULO I
Art. 124. Para efeitos desta Lei, os prazos, a classifi-
cação, a reclassificação, a melhoria de comportamento
e equivalência com crime e contravenção penal, para CAPÍTULO ÚNICO
prisão e detenção previstos nos Decretos nº 4.717, de DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
07 de outubro de 1996, e nº 4.681, de 03 de junho de
1996, correspondem, respectivamente, às sanções dis-
ciplinares de prestação de serviço de natureza preferen- Art. 1º Esta Lei institui o regime jurídico dos servido-
cialmente operacional e reprimenda previstas nesta Lei. res públicos civis da administração direta, autárquica e
fundacional do Estado de Goiás.
Art. 125. Esta Lei entra em vigor na data de sua pu- Parágrafo único. - Revogado pela Lei nº 20.943, de
blicação. 29-12-2020.

PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DE GOIÁS, em Art. 2º Para os efeitos desta Lei, servidor público é a


Goiânia, 11 de janeiro de 2018, 130º da República.  pessoa legalmente investida em cargo público.

MARCONI FERREIRA PERILLO JÚNIOR Art. 3º Cargo público é o conjunto de atribuições e res-
ponsabilidades previstas na estrutura organizacional e
RICARDO BRISOLLA BALESTRERI cometidas a um servidor público.
Parágrafo único. Os cargos públicos são criados por
(D.O. de 17-01-2018)  lei, com denominação própria e subsídios ou venci-
mentos pagos pelos cofres públicos, para provimento
Este texto não substitui o publicado no o D.O. de 17- em caráter efetivo ou em comissão.
01-2018.
Art. 4º É vedado cometer ao funcionário atribuições di-
ferentes das de seu cargo, bem como a prestação de
serviços gratuitos.
Parágrafo único. Não se incluem nas proibições a que
se refere este artigo o desempenho de função transitória
de natureza especial e a participação em comissões ou

917
grupos de trabalho, para elaboração de estudos ou pro- e projetos;
jetos de interesse público. II - chefia: conjunto de atribuições que, desempenha-
das na posição hierárquica mais elevada de unidade
TÍTULO II administrativa integrante da estrutura básica ou com-
DOS CARGOS PÚBLICOS E DAS FUNÇÕES plementar, dizem respeito ao cumprimento de ativida-
DE CONFIANÇA des de dirigir, coordenar, controlar equipes, processos
e projetos;

CAPÍTULO I III - assessoramento: conjunto de atribuições concer-


nentes à aptidão para auxiliar, em razão de determinado
DO PROVIMENTO
conhecimento ou qualificação, na execução de ativida-
des administrativas.
Seção I §2º A posição hierárquica e o símbolo remuneratório
Das disposições gerais são atribuídos a cada cargo de provimento em comis-
são, tendo em consideração, entre outros, os seguintes
Art. 5º São requisitos básicos para investidura em cargo critérios:
público: I - a complexidade das funções exercidas e o corres-
I - nacionalidade brasileira; pondente poder decisório;
II - gozo dos direitos políticos; II - o grau de responsabilidade atribuído ao titular;
III - quitação com as obrigações militares e eleitorais; III - o número de unidades administrativas e servidores
subordinados;
IV - nível de escolaridade ou habilitação legal exigidos
para o exercício do cargo; IV - o volume de processos administrativos em tramita-
ção na respectiva unidade; e
V - idade mínima de dezoito anos;
V - o contingente de usuários diretamente atendidos.
VI - aptidão física e mental.
§3º Além do vínculo de confiança com o superior hie-
§1º As atribuições do cargo podem justificar a exigên- rárquico imediato, a escolha para a ocupação de cargo
cia de outros requisitos estabelecidos em lei. de provimento em comissão deverá considerar a quali-
§2º Os requisitos para investidura em cargo público ficação técnica e a experiência profissional.
devem ser comprovados por ocasião da posse. §4º Ato do Chefe do Poder Executivo poderá estipular
§3º À pessoa com deficiência é assegurado o direito exigências específicas para o preenchimento de cargos
de candidatar-se ao ingresso no serviço público para de provimento em comissão de chefia e assessoramen-
exercício de cargos cujas atribuições sejam compatí- to, quando a necessidade do serviço justificar que no
veis com a deficiência que possui. recrutamento seja considerado certo tipo de qualifica-
ção profissional.
Art. 6º A investidura em cargo de provimento efetivo
depende de prévia aprovação em concurso público. Art. 8º As funções de confiança são privativas de servi-
dor ocupante de cargo de provimento efetivo.
Art. 7º Os cargos em comissão, destinados exclusiva-
mente às atribuições de direção, chefia e assessora- Art. 9º São formas de provimento de cargo público:
mento, são de livre nomeação e exoneração pela auto- I - nomeação;
ridade competente.
II - readaptação;
§1º Para os fins desta Lei, considera-se:
III - reversão;
I - direção: conjunto de atribuições que, desempenha-
das nas posições hierárquicas mais elevadas de órgão IV - reintegração;
ou entidade, dizem respeito ao cumprimento de ativida- V - recondução;
des de dirigir, coordenar, controlar equipes, processos

918
VI - aproveitamento; e estabelecido no edital do certame será automaticamente
suspenso, voltando a correr, depois de cessada a causa
VII - promoção.
de suspensão, por tempo igual ao que faltava para sua
complementação, respeitado o prazo máximo estabele-
Art. 10. É vedado editar atos de nomeação, posse ou
cido no caput deste artigo
exercício com efeito retroativo.
Art. 14. A convocação do candidato aprovado em con-
Art. 11. O ato de provimento de cargo público compete
curso público será efetivada mediante publicação do
ao Chefe do Poder Executivo, mediante decreto.
ato no Diário Oficial do Estado e sítio eletrônico oficial
do Órgão Central de Gestão de Pessoal.
Seção II
Do concurso público Art. 15. Ao candidato matriculado em curso de for-
mação profissional previsto como etapa de concurso
Art. 12. As normas gerais sobre concurso público são público para provimento de cargo efetivo no respectivo
as fixadas em lei específica. edital é atribuída uma bolsa de estudo mensal em valor
correspondente a 60% (sessenta por cento) do venci-
Art. 13. O concurso público terá validade de até dois mento ou subsídio do cargo a que concorrer.
anos, podendo ser prorrogado, dentro desse prazo, § 1º Sendo servidor ocupante de cargo de provimento
uma única vez, por igual período, a critério da Admi- efetivo ser - lhe - ão facultados o afastamento do cargo,
nistração. nas hipóteses de que trata o art. 173, e a opção pela
§ 1º Aos candidatos aprovados em concurso público, bolsa a que alude o caput.
no limite das vagas anunciadas no edital e consoante § 2º Ao militar matriculado em curso de formação pro-
obediência rigorosa à ordem de classificação, é asse- fissional previsto como etapa de concurso público para
gurado o direito de nomeação no período de validade provimento de cargo efetivo também é assegurada a
do concurso, compreendida eventual prorrogação de opção pela bolsa.
prazo, conforme cronograma previamente elaborado
§ 3º Caso o candidato do curso de formação a que se
pela Administração.
refere o caput deste artigo seja servidor estadual sub-
§ 2º É assegurado ao candidato, mediante requerimento metido a estágio probatório em outro cargo, suspensa
realizado antes da nomeação ou convocação, o direito será a contagem do prazo a ele referente.
de ser reclassificado para o final da lista de aprovados
§4º O período relativo ao curso de formação de que trata
do concurso, desde que o edital preveja essa possibi-
o caput não configura qualquer vínculo funcional com a
lidade.
Administração Pública.
§ 3º Em havendo cadastro reserva considerar-se-á o
final da lista a posição posterior ao último colocado no Art. 16. Na hipótese do art. 15, se aprovado e nomea-
cadastro. do, o candidato prestará, obrigatoriamente, ressalvado
§4º O exercício, pelo candidato, da faculdade de que o interesse público em contrário, pelo menos o tempo
trata o §2º deste artigo não lhe garante o direito à no- de serviço igual ao da duração do curso de formação,
meação. sob pena de restituir a importância percebida dos cofres
públicos a título de bolsa.
§ 5º A Administração Pública poderá ficar impedida de
realizar a nomeação dos aprovados em concurso pú-
Art. 17. Os concursos para provimento de cargos na
blico homologado quando os limites da despesa total
administração direta, autárquica e fundacional do Po-
com pessoal forem atingidos, na forma definida em
der Executivo serão realizados diretamente pelo Órgão
lei complementar, ou ainda com fundamento em outra
Central de Gestão de Pessoal, ou indiretamente, manti-
restrição temporária estabelecida em lei ou emenda à
dos sua supervisão e controle, cabendo ao titular deste
constituição estadual, comprometendo a capacidade
a decisão sobre a respectiva homologação, no prazo de
financeira do Estado de Goiás.
60 (sessenta) dias a contar da publicação do resultado
§ 6º Na situação de que trata o § 5º o prazo de validade final dos mesmos.

919
§ 1º Para os efeitos do disposto neste artigo, incumbirá terinamente, por até 90 (noventa) dias, em outro cargo
ao Órgão Central de Gestão de Pessoal: em comissão de chefia ou direção, sem prejuízo das
atribuições do que atualmente ocupa, hipótese em que
I - publicar a relação das vagas;
deverá optar pela remuneração de um deles durante o
II - elaborar os editais que deverão conter os critérios, período da interinidade.
programas e demais elementos indispensáveis;
Seção IV
III - publicar a relação dos candidatos concorrentes,
cujas inscrições foram deferidas ou indeferidas;
Da posse e do exercício
IV - decidir, em primeira instância, questões relativas
Art. 20. Posse é a aceitação formal de atribuições, di-
às inscrições;
reitos, deveres e responsabilidades inerentes ao cargo
V - publicar a relação dos candidatos aprovados, obe- público, que ocorre com a assinatura do respectivo ter-
decida a ordem de classificação. mo pelo servidor.
§ 2º Em casos especiais, sem prejuízo de sua supervi- § 1º A posse deve ocorrer no prazo de 30 (trinta) dias
são e homologação, a competência para a realização de contados da publicação do ato de nomeação no Diário
concursos públicos poderá ser delegada. Oficial do Estado, podendo tal prazo ser prorrogado por
§ 3º Os concursos para provimento de cargos que, pela mais 15 (quinze) dias, a requerimento do interessado
especificidade de suas atribuições, com as exceções ou no interesse da Administração, desde que devida-
previstas em lei, sejam privativos de determinado órgão mente justificado.
serão realizados sob a direção do respectivo titular, com § 2º Na hipótese de se tratar de servidor público, o pra-
a supervisão e homologação do titular do Órgão Central zo de que trata o § 1º pode ser prorrogado para ter início
de Gestão de Pessoal. após o término dos seguintes eventos:
I - licença para tratamento de saúde;
Seção III
II - licença - maternidade;
Da nomeação
III - licença - paternidade;
Art. 18. A nomeação será feita: IV - licença para o serviço militar;
I - em caráter efetivo, para os cargos dessa natureza; V - licença por motivo de doença em pessoa da família;
II - em comissão, para os cargos de livre nomeação e VI - férias.
exoneração; § 3º A posse pode ocorrer mediante procuração com
§ 1º A nomeação para cargo de provimento efetivo de- poderes específicos.
pende de prévia habilitação em concurso público de § 4º Só há posse nos casos de provimento por nome-
provas ou de provas e títulos e deve observar à ordem ação.
de classificação e ao prazo de validade do concurso
público. § 5º Será sem efeito o ato de nomeação se a posse não
ocorrer no prazo previsto neste artigo.
§ 2º O candidato aprovado no número de vagas previsto
no edital do concurso tem direito à nomeação no cargo Art. 21. A posse em cargo público dependerá de prévia
para o qual concorreu, observado o disposto no §4º do inspeção pela Junta Médica Oficial do Estado em que
art. 12 desta Lei. sejam atestadas as aptidões física e mental do nomeado
§ 3º É vedada a convocação de candidato aprovado em para o exercício do cargo.
novo concurso público para cujos cargos existam ou- Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo de pro-
tros aprovados e remanescentes de concurso anterior vimento efetivo nomeado para cargo de provimento
com prazo de validade ainda não expirado. em comissão fica dispensado da inspeção de que trata
o caput.
Art. 19. O servidor ocupante de cargo de provimento
em comissão pode ser nomeado para ter exercício, in- Art. 22. São competentes para dar posse:

920
I - o Governador do Estado, às autoridades que lhe se- § 5º A promoção e a readaptação não interrompem o
jam diretamente subordinadas; exercício.
II - o titular do Órgão Central de Gestão de Pessoal, aos § 6º O servidor que não entrar em exercício no prazo
demais servidores do Poder Executivo e das autarquias previsto no § 2º deve ser exonerado do cargo.
e fundações públicas estaduais.
Art. 25. O servidor nomeado terá exercício na repartição
Art. 23. Por ocasião da posse, é exigido do nomeado em que houver claro de lotação.
apresentar: Parágrafo único. Lotação é o número de servidores que
I - os comprovantes de satisfação dos requisitos previs- devem ter exercício em cada repartição ou serviço.
tos no art. 5º desta Lei e nas normas específicas para a
investidura no cargo; Art. 26. O servidor com deficiência terá exercício prefe-
II - declaração: rencialmente na repartição mais próxima de seu domi-
cílio em que houver claro de lotação, quando compro-
a) anual do imposto de renda de pessoa física; vada a necessidade pela Junta Médica Oficial.
b) sobre acumulação ou não de cargo ou emprego
público, bem como de provento de aposentadoria de Art. 27. Ao entrar em exercício, o servidor tem de apre-
regime próprio de previdência social; sentar ao órgão competente os documentos necessá-
rios à abertura do assentamento individual.
c) sobre a existência ou não de impedimento para o
exercício de cargo público;
Art. 28. O início, a suspensão, a interrupção e o reinício
III - prova de quitação com a Fazenda Pública. do exercício são registrados nos assentamentos indivi-
§ 1º É nulo o ato de posse realizado sem a apresentação duais do servidor.
dos documentos a que se refere este artigo.
Art. 29. O servidor que deva ter exercício em outro
§ 2º A exigência prevista na alínea “a” do inciso II município ou Distrito Federal em razão de haver sido
do caput poderá ser substituída por declaração feita em removido ou colocado à disposição terá no máximo 30
formulário elaborado pelo Órgão Central de Gestão de (trinta) dias de prazo contado da publicação do ato, para
Pessoal, na forma do regulamento. a retomada do efetivo desempenho das atribuições do
cargo, incluído o tempo necessário para o deslocamen-
Art. 24. Exercício é o efetivo desempenho das atribui- to para a nova sede.
ções do cargo público.
§ 1º Na hipótese de já editado o ato de remoção ou dis-
§ 1º O servidor não pode entrar em exercício: posição e o servidor vier a se afastar por licença para
I - se ocupar cargo acumulável, sem comprovar a com- tratamento de saúde, por motivo de doença em pessoa
patibilidade de horários; da família, maternidade ou paternidade, o prazo a que
se refere este artigo será contado a partir do término
II - se ocupar cargo inacumulável, sem comprovar pedi- do impedimento.
do de exoneração ou vacância;
§ 2º É facultado ao servidor declinar dos prazos estabe-
III - se receber proventos de aposentadoria inacumu- lecidos no caput.
láveis com a remuneração ou subsídio do cargo efe-
tivo, sem comprovar a opção por uma das formas de
Art. 30. Considera-se como de efetivo exercício, além
pagamento.
dos dias feriados ou em que o ponto for facultativo:
§ 2º É de 15 (quinze) dias o prazo para o servidor entrar
I - férias;
em exercício, contado da data da posse.
II - casamento ou união estável, por 8 (oito) dias con-
§ 3º Compete ao titular da unidade administrativa onde
secutivos;
for lotado o servidor dar - lhe exercício.
III - luto, pelo falecimento de cônjuge, companheiro ou
§ 4º Com o exercício, inicia-se a contagem do tempo
companheira, filho, enteado, menor sob guarda ou tute-
efetivo de serviço.
la, pais, madrasta ou padrasto, e irmão, por 8 (oito) dias

921
consecutivos, bem como de avós e netos, por 4 (quatro) XXII - participação em competição esportiva, por até 30
dias consecutivos; (trinta) dias;
IV - convocação para o serviço militar; XXIII - doação de sangue, desde que devidamente com-
provada e limitada a quatro ocorrências por ano;
V - júri e outros serviços obrigatórios por lei;
XXIV - abono de faltas.
VI - exercício de cargo de provimento em comissão na
administração direta ou autárquica ou em fundações Parágrafo único. Considera-se ainda como de efetivo
instituídas pelo Estado de Goiás; exercício o período em que o servidor estiver em dis-
ponibilidade.
VII - exercício de cargo ou função de governo ou admi-
nistração, em qualquer parte do território nacional, por
nomeação do Governador do Estado ou do Presidente Art. 31. A autoridade que irregularmente der exercício a
da República; servidor estadual responderá civil e criminalmente por
tal ato e ficará pessoalmente responsável por quaisquer
VIII - exercício do cargo de Secretário de Município pagamentos que se fizerem em decorrência dessa si-
ou de Estado em outras Unidades da Federação, com tuação.
prévia e expressa autorização do Chefe do Poder Exe-
cutivo;
Seção V
IX - desempenho de mandato diretivo em empresa Da substituição
pública e sociedade de economia mista sob o controle
acionário do Estado de Goiás;
Art. 32. Os ocupantes de cargo de direção, chefia ou
X - licença para capacitação; assessoramento superior terão substitutos indicados
XI - licença-maternidade; no regimento interno ou, no caso de omissão, previa-
mente designados pelo dirigente máximo do órgão ou
XII - licença-paternidade; da entidade.
XIII - licença para tratamento de saúde até o limite má- § 1º O substituto assumirá automática e cumulativa-
ximo de 24(vinte e quatro) meses; mente, sem prejuízo daquele que ocupa, o exercício do
XIV - licença por motivo de doença em pessoa da famí- cargo de direção, chefia e assessoramento integrante da
lia, enquanto remunerada; estrutura básica ou complementar, nos afastamentos e
impedimentos legais ou regulamentares do titular e fará
XV - licença ao servidor acidentado em serviço ou aco-
jus à retribuição pelo exercício do mesmo, paga na pro-
metido de doença profissional;
porção dos dias de efetiva substituição, em detrimento
XVI - missão no País ou no exterior, quando o afasta- da contraprestação pelo cargo definitivamente ocupa-
mento for remunerado; do pelo substituto, sendo - lhe facultada a opção pela
XVII - doença de notificação compulsória; remuneração ou subsídio apenas do cargo que ocupa.

XVIII - afastamento para participação em programa de § 2º Nos afastamentos e impedimentos legais ou regu-
treinamento regularmente instituído ou em programa lamentares dos titulares dos órgãos ou das entidades
de pós-graduação sensu stricto, conforme dispuser o o ato de substituição, na forma do § 1º, competirá ao
regulamento; Chefe do Poder Executivo.

XIX - trânsito do servidor que passar a ter exercício em


Seção VI
nova sede;
Do estágio probatório
XX - exercício de mandato eletivo federal, estadual, dis-
trital ou municipal;
Art. 33. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado
XXI - exercício de mandato em confederação, federação, para cargo de provimento efetivo fica sujeito ao estágio
associação e sindicato representativo de categoria de probatório pelo prazo de três anos de efetivo exercício,
servidores públicos estaduais, ou entidade fiscalizado- com o objetivo de apurar os requisitos necessários à
ra da profissão; sua confirmação no cargo para o qual foi nomeado.

922
§ 1º São requisitos básicos a serem apurados no está- Art. 35. O não atendimento de quaisquer dos requisitos
gio probatório: estabelecidos para o estágio probatório implicará ins-
tauração do processo administrativo de exoneração do
I - iniciativa;
servidor pelo titular do órgão ou da entidade onde ele
II - assiduidade e pontualidade; tem exercício, na forma da lei específica que regula o
III - relacionamento interpessoal; processo administrativo estadual, com observância do
contraditório e da ampla defesa, bem como do procedi-
IV - eficiência; mento previsto em regulamento.
V - comprometimento com o trabalho. § 1º A apuração dos requisitos de que trata o art. 33
§ 2º A verificação dos requisitos do estágio probató- desta Lei deverá ser processada de modo que o proces-
rio será efetuada por comissão permanente designada so administrativo de exoneração seja instaurado antes
pelo titular do órgão ou da entidade em que o servidor de findo o período de estágio, sob pena de responsabi-
nomeado tiver exercício e far-se-á mediante apuração lidade da autoridade.
semestral de avaliação individual de desempenho até § 2º Uma vez encerrada a fase instrutória do processo
o 30º (trigésimo) mês de efetivo exercício, sendo os administrativo de exoneração, com a apresentação do
últimos seis meses do período do estágio probatório relatório final da comissão processante, será ele enca-
também destinados à conclusão do respectivo processo minhado, com a manifestação conclusiva do titular do
de avaliação, sem prejuízo da continuidade de apuração órgão ou da entidade de origem do servidor, à decisão
dos requisitos enumerados no §1º deste artigo. final do Chefe do Poder Executivo.
§ 3º Para o cumprimento da semestralidade a que se re-
fere o § 2º deste artigo, o 31º (trigésimo primeiro) mês Art. 36. O servidor público não aprovado no estágio
de efetivo exercício deverá ser utilizado para o alcance probatório será exonerado ou, se estável, reconduzido
de cinco avaliações. ao cargo anteriormente ocupado.
§ 4º A chefia imediata do servidor avaliado, ou a media-
ta em sua ausência, enviará à comissão de que trata o § Art. 37. Na hipótese de acumulação lícita de cargos, o
2º deste artigo registros sobre o desempenho do servi- estágio probatório é cumprido em relação a cada cargo
dor no exercício do cargo, nos termos do regulamento. em cujo exercício esteja o servidor, vedado o aproveita-
mento de prazo ou pontuação.
§ 5º Na avaliação especial de desempenho dos ser-
vidores ocupantes de cargos que possuam requisitos Art. 38. O servidor pode desistir do estágio probató-
e procedimentos próprios estabelecidos em lei espe- rio e ser reconduzido ao cargo de provimento efetivo
cífica, serão observados, de modo complementar, os anteriormente ocupado no qual já possuía estabilidade,
requisitos previstos nos incisos do § 1º deste artigo. observado o disposto no art. 53 desta Lei.
§ 6º Na hipótese de disposição de servidor em estágio Parágrafo único. Não pode desistir do estágio probató-
probatório, a contagem do respectivo prazo e a sua ava- rio o servidor que responda a processo administrativo
liação serão suspensas quando ele assumir atribuições disciplinar.
diversas das do cargo de provimento efetivo.
Art. 39. É vedado à administração pública conceder
Art. 34. Durante o ano civil, as avaliações serão rea- licença não remunerada ou autorizar afastamento sem
lizadas em meses prefixados, conforme definido em remuneração ao servidor em estágio probatório.
regulamento.
§ 1º Excetua-se do disposto neste artigo o afastamento
Parágrafo único. Excepcionalmente, na 1ª (primeira) para o serviço militar ou para o exercício de mandato
avaliação e nos casos de afastamentos que resultarem eletivo.
em suspensão da contagem do tempo de estágio pro-
batório, as avaliações poderão ser realizadas em inters- § 2º Na hipótese de o cônjuge também servidor público
tício inferior a 6 (seis) meses, desde que observado o deste Estado ter sido removido de ofício, poderá excep-
mínimo de 90 (noventa) dias de efetivo exercício. cionalmente ser concedida ao servidor em estágio pro-
batório a licença por motivo de afastamento do cônjuge,
caso em que o estágio probatório será suspenso.

923
Art. 40. O servidor em estágio probatório pode: § 1º Nos demais casos previstos no art. 30, que exce-
dam a 30 (trinta) dias, suspensa será a contagem do
I - exercer qualquer cargo em comissão ou função de
prazo do estágio probatório a partir do 31º (trigésimo
confiança no órgão ou na entidade de origem;
primeiro) dia.
II - ser colocado à disposição de outro órgão ou enti-
§ 2º Nos casos de suspensão do estágio probatório, ele
dade da administração direta, autárquica e fundacional
será retomado a partir do término do impedimento.
desde que mantidas as mesmas atribuições do cargo de
provimento efetivo para o qual nomeado ou para ocupar Seção VII
cargo de provimento em comissão de direção e chefia; Da estabilidade
III - desempenhar mandato diretivo em empresa pública
e sociedade de economia mista sob o controle acioná- Art. 43. O servidor ocupante de cargo de provimento
rio do Estado de Goiás. efetivo regularmente aprovado no estágio probatório
adquire estabilidade no serviço público ao completar
Art. 41. Ao servidor em estágio probatório não poderão três anos de efetivo exercício.
ser concedidos:
I - as licenças: Art. 44. O servidor estável só perde o cargo nas hipóte-
ses previstas na Constituição Federal.
a) para capacitação;
Parágrafo único. Extinto o cargo ou declarada a sua
b) para tratar de interesses particulares;
desnecessidade, o servidor estável ficará em disponi-
c) por motivo de afastamento do cônjuge, excetuada a bilidade remunerada, com vencimento proporcional ao
hipótese disciplinada no §2º do art. 39 desta Lei; tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em
II - o afastamento para participar de programa de pós- outro cargo.
-graduação stricto sensu.
Seção VIII
Art. 42. O estágio probatório será imediatamente sus- Da readaptação
penso durante a fruição de:
I - licença, motivada por: Art. 45. Readaptação é a investidura do servidor efetivo
em cargo de atribuições e responsabilidades compatí-
a) doença em pessoa da família;
veis com a limitação que tenha sofrido em sua capaci-
b) maternidade; dade física ou mental verificada em inspeção realizada
c) afastamento do cônjuge, na forma do § 2º do art. 39; pela Junta Médica Oficial do Estado.

d) convocação para o serviço militar; § 1º A readaptação será efetivada em atividades compa-


tíveis com a limitação sofrida, respeitados a habilitação
e) atividade política; exigida no concurso público, o nível de escolaridade e
f) mandato classista; a equivalência de vencimentos e, na hipótese de inexis-
tência de cargo vago, o servidor exercerá suas atribui-
II - afastamento, motivado por:
ções como excedente, até a ocorrência de vaga.
a) exercício de mandato eletivo federal, estadual, distri-
§ 2º A readaptação será precedida, sempre que neces-
tal ou municipal;
sário, de reabilitação profissional e social do servidor,
b) exercício de cargo de provimento em comissão em de forma a recuperar sua habilidade profissional para
órgão ou entidade da administração direta, autárquica o exercício de atividade produtiva no serviço público
e fundacional, que implique a assunção de atribuições estadual, bem como a sua integração ou reintegração
diversas das do cargo de provimento efetivo; social.
c) desempenho de mandato diretivo em empresa pú- § 3º A readaptação, que se dará sem prejuízo da remu-
blica e sociedade de economia mista sob o controle neração ou do subsídio do servidor, implica inspeção
acionário do Estado de Goiás. periódica pela Junta Médica Oficial do Estado.

924
§ 4º Constatada a cessação da limitação física ou men- Da reintegração
tal que originou a readaptação, o servidor retornará
às atribuições e responsabilidades integrais do cargo
Art. 52. A reintegração é a reinvestidura do servidor no
ocupado.
cargo anteriormente ocupado, ou naquele resultante
§ 5º Se julgado definitivamente incapaz para o serviço da respectiva transformação, quando invalidada a sua
público, o readaptando será aposentado. demissão por decisão administrativa ou judicial, com o
restabelecimento dos direitos que deixou de auferir no
Seção IX
período em que esteve demitido.
Da reversão
§ 1º Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor
ficará em disponibilidade, observado o disposto nos
Art. 46. Reversão é o retorno à atividade do servidor arts. 54 a 56 desta Lei.
aposentado por invalidez, quando insubsistentes os
motivos determinantes da aposentadoria, dependendo § 2º Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual
sempre da existência de vaga. ocupante deve ser reconduzido ao cargo de origem,
sem direito a indenização, ou aproveitado em outro car-
§ 1º A reversão dar-se-á a requerimento do interessado go ou, ainda, posto em disponibilidade.
ou de ofício.
§ 3º É de 15 (quinze) dias o prazo para o servidor re-
§ 2º Em nenhum caso poderá reverter à atividade o tornar ao exercício do cargo, contados da data em que
aposentado que, em inspeção médica, não comprovar tomou ciência do ato de reintegração.
a capacidade para o exercício do cargo.

Art. 47. A reversão dar-se-á no mesmo cargo ou no re-


Seção XI
sultante de sua transformação. Da Recondução
Parágrafo único. Em hipótese alguma a reversão poderá
ser decretada em cargo de vencimento ou remuneração Art. 53. A recondução é o retorno do servidor estável ao
inferior ao provento da inatividade, excluídas, para este cargo anteriormente ocupado e decorre de:
efeito, as vantagens já incorporadas por força de legis- I - reprovação em estágio probatório relativo a outro
lação anterior. cargo;
II - reintegração do anterior ocupante;
Art. 48. A reversão do servidor aposentado dará direito,
em caso de nova aposentadoria, à contagem do tempo III - desistência de estágio probatório relativo a outro
de serviço computado para a concessão da anterior. cargo, em caso de vacância do anteriormente ocupado.
§ 1º Encontrando-se provido o cargo de origem, o ser-
Art. 49. O servidor revertido não será aposentado nova- vidor tem de ser aproveitado em outro cargo, observado
mente, sem que tenha cumprido pelo menos 5 (cinco) o disposto nos arts. 54 a 56.
anos de efetivo exercício no cargo em que se deu o seu
retorno à atividade, salvo se a aposentadoria for por § 2º O servidor tem de retornar ao exercício do cargo
motivo de saúde ou compulsória pelo atingimento da até o dia seguinte ao da ciência do ato de recondução.
idade limite para a permanência no serviço público. § 3º Na hipótese do inciso III deste artigo, o pedido de
recondução somente poderá ser apresentado enquanto
Art. 50. Será tornada sem efeito a reversão do servi- o servidor não for confirmado no cargo objeto de está-
dor que deixar de entrar em exercício no prazo de 15 gio probatório.
(quinze) dias.
Seção XII
Art. 51. Não poderá reverter o aposentado que já tiver Da disponibilidade e do aproveitamento
atingido a idade da aposentadoria compulsória.

Art. 54. O servidor só pode ser posto em disponibili-


Seção X
dade nos casos previstos na Constituição Federal, com

925
remuneração proporcional ao respectivo tempo de ser- III - aposentadoria;
viço. IV - falecimento;
§ 1º O período relativo à disponibilidade será consi- V - promoção;
derado como de efetivo exercício para efeito de apo-
sentadoria. VI - readaptação;
§ 2º O servidor posto em disponibilidade será mantido VII - posse em outro cargo inacumulável;
sob responsabilidade do Órgão Central de Gestão de VIII - perda do cargo, nos demais casos previstos na
Pessoal. Constituição Federal.

Art. 55. O retorno à atividade de servidor em disponibi- Art. 59. A exoneração de cargo de provimento efetivo
lidade é feito mediante aproveitamento: dá-se a pedido do servidor ou de ofício.
I - no mesmo cargo; Parágrafo único. A exoneração de ofício ocorre, exclusi-
II - em cargo resultante da transformação do anterior- vamente, quando o servidor:
mente ocupado; I - for reprovado no estágio probatório;
III - em outro cargo, observados a compatibilidade de II - depois de tomar posse, não entrar em exercício no
atribuições, a escolaridade e os vencimentos ou o sub- prazo estabelecido;
sídio do cargo anteriormente ocupado.
III - for investido em cargo, emprego ou função pública
Art. 56. É obrigatório o imediato aproveitamento de incompatível com o de que é ocupante, exceto na hipó-
servidor em disponibilidade, assim que houver vaga. tese de vacância do primeiro;

§ 1º É de 15 (quinze) dias o prazo para o servidor re- IV - na hipótese de abandono de cargo, quando extinta
tornar ao exercício, contados da data em que tomou a punibilidade por prescrição.
ciência do aproveitamento.
Art. 60. A exoneração de cargo em comissão dar-se-á:
§ 2º Deve ser tornado sem efeito o aproveitamento e
cassada a disponibilidade, se o servidor não retornar I - a critério da autoridade competente para o respectivo
ao exercício no prazo do § 1º, salvo se por doença com- provimento;
provada pela Junta Médica Oficial. II - a pedido do servidor.

Seção XIII Art. 61. A exoneração a pedido será precedida de re-


Da promoção querimento escrito do próprio interessado e encontra-
-se vedada àquele que estiver respondendo a processo
administrativo disciplinar ou cumprindo penalidade.
Art. 57. Os requisitos para o desenvolvimento do ser-
vidor na carreira, mediante promoção, serão estabeleci- Art. 62. É vedada a concessão de aposentadoria vo-
dos nas leis que disciplinam cada categoria funcional e luntária a servidor que esteja respondendo a processo
respectivos regulamentos. administrativo disciplinar ou cumprindo penalidade
Parágrafo único. A promoção não interrompe o tempo disciplinar.
de exercício no cargo. Parágrafo único. (VETADO)

CAPÍTULO II Art. 63. Ao ser nomeado e tomar posse em outro cargo


DA VACÂNCIA inacumulável, o servidor estável pode pedir a vacân-
cia do cargo efetivo por ele ocupado, observando-se o
Art. 58. A vacância do cargo público decorre de: seguinte:

I - exoneração; I - durante o prazo de estágio probatório do novo cargo,


ele pode retornar ao cargo anteriormente ocupado, me-
II - demissão; diante recondução;

926
II - o cargo para o qual se pediu vacância pode ser pro- Seção II
vido pela Administração Pública. Da remoção
Parágrafo único. É vedada a vacância a servidor que es-
teja respondendo a processo administrativo disciplinar Art. 67. Remoção é a alteração do local de exercício do
ou cumprindo penalidade disciplinar. servidor, exclusivamente de uma para outra unidade in-
tegrante do mesmo órgão ou entidade da Administração
CAPÍTULO III Pública, com ou sem mudança de sede.
DAS MOVIMENTAÇÕES § 1º Para os fins do disposto neste artigo, entende-se
por modalidades de remoção:
Seção I I - de ofício, no interesse da Administração;
Das disposições gerais II - a pedido, a critério da Administração;
III - a pedido, independentemente do interesse da Ad-
Art. 64. O servidor poderá, a pedido ou de ofício, con- ministração:
tanto que no interesse da Administração pública esta-
dual, ter alterado o seu local de exercício nas situações a) para acompanhar cônjuge ou companheiro também
de: servidor público civil ou militar de qualquer dos Po-
deres da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
I - remoção; Municípios, que foi deslocado no interesse da Admi-
II - disposição; nistração;
III - cessão. b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, com-
panheiro ou dependente que viva a suas expensas e
§ 1º A movimentação de que trata o caput deste artigo
conste do seu assentamento funcional, condicionada à
não implica qualquer modificação da relação jurídica
comprovação por Junta Médica Oficial.
funcional do servidor, que tem garantidos todos os di-
reitos referentes ao exercício do cargo, na forma da lei. § 2º Sendo ambos servidores estaduais, a remoção de
ofício de um dos cônjuges assegurará a do outro à mes-
§ 2º Não haverá movimentação de servidor que encon-
ma localidade.
trar-se em licença ou afastado legalmente.
Art. 68. A remoção de que tratam os incisos I e II do art.
Art. 65. A alteração do local de exercício do servidor
67 somente poderá ser feita mediante preenchimento
não pode configurar desvio de função, sob pena de nu-
de claro de lotação.
lidade do ato.
Parágrafo único. À remoção de que trata o inciso III do
Art. 66. A competência para movimentação do servidor art. 67 não se aplica o requisito do caput deste artigo,
será: sendo exigida tão somente a existência de repartição
estadual na localidade.
I - do titular do órgão ou entidade em que o servidor
estiver em exercício para os casos de remoção;
Seção III
II - do titular do Órgão Central de Gestão de Pessoal
Da disposição
para os casos de disposição;
III - do Chefe do Poder Executivo estadual para os casos
Art. 69. Disposição é a mudança de exercício do servi-
de cessão, ou da autoridade a quem por ele delegada.
dor para outro órgão ou entidade integrante da admi-
§ 1º Regulamento específico definirá demais critérios e nistração direta e indireta, incluindo empresas públicas
condições para a movimentação de pessoal. e sociedades de economia mista, do Estado de Goiás,
§ 2º Cabe ao Órgão Central de Gestão de Pessoal o con- observado o que segue:
trole das movimentações de servidor realizadas sob a § 1º A O requisitante assumirá diretamente em sua folha
forma de disposição e cessão. de pagamento o ônus da remuneração ou subsídio do
servidor ou empregado público, assim como seus en-

927
cargos sociais e trabalhistas. b) com atrasos superiores a 60 (sessenta) dias no
ressarcimento, a cessão será revogada e o servidor se
§ 2º Somente os cargos de provimento em comissão
reapresentará ao seu órgão, à autarquia ou à fundação
que não integram a estrutura básica ou a comple-
de origem;
mentar poderão ser objeto de disposição nos termos
do caput deste artigo. c) o encerramento da cessão não desobriga o cessioná-
rio do ressarcimento dos valores das parcelas despen-
Art. 70. A disposição de servidor estadual finaliza: didas pelo cedente durante a vigência;
I - com o término do período pactuado entre os órgãos d) o cessionário efetuará diretamente o pagamento da
ou entidades; retribuição do cargo em comissão ou outra vantagem
por ele concedida ao servidor cedido;
II - com a revogação pela autoridade cedente, por ini-
ciativa dela ou da autoridade cessionária. II - no caso do inciso II do art. 71, em conformidade
com a legislação específica existente;
Parágrafo único. Finalizada a disposição, o servidor
tem de apresentar-se ao órgão, à autarquia ou funda- III - no caso do inciso III do art. 71, com ônus para o
ção de origem até o dia seguinte ao da sua ciência da cedente, limitado a 03 (três) servidores por Gabinete de
revogação ou do encerramento da vigência do ato, in- Deputado Estadual e a 08 (oito) servidores para atender
dependentemente de comunicação entre o requisitado ao Gabinete do Presidente da Assembleia.
e o requisitante.
Art. 73. A cessão de servidor estadual finaliza com:
Seção IV I - a exoneração do cargo para o qual o servidor foi ce-
Da cessão dido, salvo se houver nova nomeação na mesma data;
II - a revogação pela autoridade cedente; e
Art. 71. Cessão é a transferência temporária de exercício
III - o término do período pactuado entre os órgãos ou
do servidor para órgão ou entidade que não integre o
entidades.
Poder Executivo estadual, inclusive para os Poderes da
União, do Estado de Goiás ou de outros estados, do Parágrafo único. Finalizada a cessão, o servidor tem
Distrito Federal ou dos municípios, para órgãos cons- que apresentar-se ao órgão, à autarquia ou à fundação
titucionais autônomos, para consórcio público do qual de origem até o dia seguinte ao da exoneração, revo-
o Estado de Goiás faça parte, ou ainda para entidades gação ou do encerramento da vigência do ato, inde-
e organizações sociais, e poderá ocorrer nas seguintes pendentemente de comunicação entre o cessionário e
hipóteses: o cedente.
I - para exercício de cargo em comissão;
CAPÍTULO IV
II - em casos previstos em leis específicas, em con-
DO REGIME DE TRABALHO
vênios e noutros ajustes congêneres celebrados pela
Administração Pública; ou
III - para a Assembleia Legislativa do Estado. Seção I
Da jornada de trabalho
Art. 72. As cessões de servidor estadual ocorrerão:
I - no caso do inciso I do art. 71, com ônus para o ces- Art. 74. Salvo disposição legal em contrário, o servidor
sionário, que ressarcirá o cedente dos valores da remu- cumprirá jornada de trabalho de, no máximo, 8 (oito)
neração ou do subsídio, acrescidos dos encargos so- horas diárias, 40 (quarenta) horas semanais e 200 (du-
ciais e trabalhistas, observados os seguintes critérios: zentas) horas mensais, assegurado descanso semanal
remunerado mínimo de vinte e quatro horas consecu-
a) o órgão ou entidade cedente tem que apresentar ao tivas.
cessionário, mensalmente, a fatura com os valores dis-
criminados por parcelas remuneratórias ou por subsí- § 1º O período diário normal de trabalho do servidor é
dio, mais os encargos sociais e trabalhistas; de 8 (oito) horas a serem cumpridas em dois turnos, de
preferência de segunda a sexta - feira, das 8 (oito) às 12

928
(doze) e das 14 (quatorze) às 18 (dezoito) horas. § 9º É vedada a prorrogação da jornada de trabalho
nas atividades de teleatendimento, telefonista ou tele-
§ 2º Os titulares de cargos de direção e chefia, mediante
marketing, salvo por motivo de força maior, necessi-
aprovação de Secretário de Estado ou autoridade equi-
dade imperiosa ou realização ou conclusão de servi-
valente, poderão alterar o horário de que trata este arti-
ços inadiáveis, cuja execução possa acarretar prejuízo
go, observado o limite ali estabelecido, sempre que as
manifesto, com respeito ao limite de 36 (trinta e seis)
necessidades do serviço exigirem.
horas semanais.
§ 3º Ao servidor que seja pessoa com deficiência, na
§ 10. Em caso de prorrogação da jornada normal de tra-
forma da lei, e exija cuidados especiais ou tenha, sob
balho de teleatendimento, telefonista ou telemarketing,
seus cuidados, cônjuge, companheiro, filho ou depen-
será obrigatória a concessão de descanso mínimo de
dente, nessa mesma condição, poderá ser concedida
15 (quinze) minutos antes do início do período extraor-
redução de jornada de trabalho para o equivalente a 6
dinário de trabalho.
(seis) horas diárias, 30 (trinta) semanais e 150 (cento e
cinquenta) horas mensais, observado o seguinte:
Art. 75. Fica o Chefe do Poder Executivo autorizado a
I - a redução da jornada não implica redução proporcio- implantar o sistema de teletrabalho no âmbito da Ad-
nal da remuneração; ministração Pública direta, autárquica e fundacional
II - a concessão depende de prévia avaliação da Junta do Estado de Goiás, que consiste em modalidade de
Médica Oficial. trabalho a ser prestada de forma remota por agente pú-
blico ocupante de cargo de provimento efetivo ou em
§ 4º O disposto neste artigo não se aplica à duração de comissão, pela utilização de recursos tecnológicos, fora
trabalho estabelecida em leis estaduais especiais. das dependências físicas de seu órgão ou entidade de
§ 5º Aplica-se a jornada de trabalho fixada no caput no lotação e cuja atividade, não se constituindo, por sua
caso de omissão nas leis estaduais específicas, manti- natureza, em trabalho externo, possa ter os seus resul-
dos os vencimentos nelas previstos. tados efetivamente mensuráveis, com efeitos jurídicos
equiparados àqueles decorrentes da atuação presencial,
§ 6º É vedado aplicar ao regime de trabalho interpreta-
nos termos do regulamento.
ção por analogia, extensão ou semelhança de atribui-
ções. Parágrafo único. O sistema de teletrabalho não se aplica
aos ocupantes dos cargos de provimento em comissão
§ 7º O tempo de trabalho em efetiva atividade de telea-
de chefia e direção.
tendimento, telefonista ou telemarketing é de, no máxi-
mo, 6 (seis) horas diárias, nele incluídos os seguintes
intervalos para repouso e alimentação, sem qualquer Art. 76. O servidor da administração direta, autárquica
prejuízo remuneratório: e fundacional do Poder Executivo, sujeito, em razão do
seu cargo de provimento efetivo, a 8 (oito) horas diárias
I - dois intervalos de 10 (dez) minutos contínuos após de trabalho, poderá ter sua carga reduzida de ¼ (um
os primeiros e antes dos últimos 60 (sessenta) minutos quarto), mediante termo de opção em que manifeste a
de trabalho; intenção de aderir à jornada de 6 (seis) horas diárias
II - um intervalo de 20 (vinte) minutos contínuos duran- e declare estar de acordo com a aplicação de idênti-
te a 4ª (quarta) hora de trabalho. co redutor de ¼ (um quarto) sobre a sua remuneração
ou subsídio, enquanto perdurar o seu novo regime de
§ 8º Para os fins do disposto no § 7º deste artigo, trabalho.
entende-se como trabalho de teleatendimento, telefo-
nista ou telemarketing aquele cuja comunicação com § 1º O termo de opção será autuado no órgão ou na
interlocutores internos e externos seja realizada, pre- entidade de lotação do servidor e o processo, no prazo
dominantemente, à distância, por intermédio de voz e/ de 5 (cinco) dias úteis, encaminhado, devidamente ins-
ou mensagens eletrônicas, com a utilização simultânea truído, inclusive com manifestação do respectivo titular,
de equipamentos de audição/escuta e fala telefônica, ao Órgão Central de Gestão de Pessoal.
bem como sistemas informatizados ou manuais de pro- § 2º A opção de que trata este artigo, uma vez deferi-
cessamento de dados, em ambiente no qual a principal da pelo titular do Órgão Central de Gestão de Pessoal,
atividade se faça via telefone e/ou rádio. implicará a sujeição do servidor optante à jornada de 6

929
(seis) horas diárias de trabalho e ao correspondente re- decreto do Governador do Estado poderão deixar de
dutor de ¼ (um quarto) da remuneração ou do subsídio funcionar as repartições integrantes do Poder Executivo
a que fizer jus, pelos prazos mínimo de 6 (seis) meses e ou ser suspensos seus trabalhos.
máximo de 18 (dezoito) meses consecutivos, podendo
ela, todavia, ser objeto de retratação, a seu juízo exclu- Art. 82. Fica o Chefe do Poder Executivo autorizado a
sivo, após o decurso do primeiro prazo. instituir o sistema de compensação de horas, por meio
§ 3º A jornada de trabalho de 6 (seis) horas será corrida, do Banco de Horas, a ser disciplinado em regulamento.
com intervalo previsto em lei, e cumprida, preferencial-
mente, das 12 (doze) às 18 (dezoito) horas, a juízo do Seção I
titular do órgão ou da entidade de lotação do servidor. Da frequência
§ 4º A aplicação do redutor de que trata o § 2º não po-
derá alcançar patamar remuneratório ou de subsídio Art. 83. Frequência é o comparecimento obrigatório do
inferior ao valor do salário - mínimo. servidor ao serviço dentro do horário fixado em lei ou
regulamento do órgão de sua lotação, para cabal de-
Art. 77. Os órgãos cujos serviços se fizerem necessá- sempenho dos deveres inerentes ao cargo ou à função,
rios diuturnamente e/ou aos sábados, domingos e fe- observadas a natureza e as condições do trabalho.
riados civis ou religiosos funcionarão nesses dias em Parágrafo único. Apura-se a frequência:
regime de plantão fixado pelos respectivos dirigentes,
assegurados aos seus servidores o descanso semanal I - pelo ponto;
remunerado de no mínimo 24 (vinte e quatro) horas II - pela forma determinada em regimentos, quanto aos
consecutivas. servidores que, em virtude das atribuições que desem-
penham, não estão sujeitos a ponto.
Art. 78. Os servidores ocupantes de cargos de provi-
mento em comissão ou designados para função comis- Art. 84. Ponto é o registro pelo qual se verificarão, dia-
sionada estão sujeitos, qualquer que seja seu cargo ou riamente, a entrada e a saída do servidor em serviço.
emprego de origem, à jornada de 8 (oito) horas diárias
de trabalho, regime de integral dedicação ao serviço, § 1º Nos registros de ponto deverão ser lançados todos
podendo ser convocados sempre que houver interesse os elementos necessários à apuração da frequência.
da Administração. § 2º A frequência do servidor da administração direta,
Parágrafo único. Aos servidores abrangidos autárquica e fundacional será apurada por meio do sis-
pelo caput aplica-se a redução de jornada prevista no tema de ponto eletrônico em que serão registradas, dia-
§ 3º do art. 74. riamente e a cada turno, a entrada e a saída do servidor
em seu local de trabalho, salvo as hipóteses previstas
em regulamento.
Art. 79. Os servidores sujeitos à jornada de 6 (seis) ho-
ras diárias de trabalho farão jus a intervalo diário para § 3º Salvo nos casos expressamente previstos em lei e
descanso de 15 (quinze) minutos consecutivos ao lon- regulamento, é vedado dispensar o servidor do registro
go dela, sem qualquer prejuízo remuneratório. do ponto e abonar faltas ao serviço.
Parágrafo único. O intervalo do caput não poderá ser § 4º As autoridades e os servidores que, de qualquer
utilizado para compensação em caso de atraso ou saída forma, contribuírem para o descumprimento do dispos-
antecipada. to no parágrafo anterior, serão obrigados a repor aos
cofres públicos as importâncias indevidamente pagas
Art. 80. O servidor que não cumprir integralmente a aos servidores faltosos, sem prejuízo da responsabili-
jornada diária a que está sujeito, em virtude de atrasos zação disciplinar cabível.
ou saídas antecipadas, terá descontado de sua remu- § 5º Em cada mês civil poderão ser abonadas até 3
neração ou subsídio diário o valor proporcional a tais (três) faltas do servidor, desde que devidamente justi-
ocorrências, na forma do regulamento. ficadas por atestado médico e não excedam a 24 (vinte
e quatro) horas no mês e a 18 (dezoito) faltas em cada
Art. 81. Nos dias úteis, por determinação contida em exercício.

930
§ 6º Ultrapassado o limite de que trata o §5º deste na unidade administrativa, de modo a cumprir integral-
artigo, os atestados médicos particulares deverão ser mente a carga horária semanal de trabalho.
submetidos à Junta Médica Oficial do Estado, na forma § 2º O servidor estudante deve comprovar, mensalmen-
do art. 136 desta Lei. te, a sua frequência escolar.
§ 7º Poderão ser também abonadas, desde que justi-
ficadas e devidamente comprovadas, as ausências do TÍTULO III
servidor na forma do regulamento. DOS DIREITOS E VANTAGENS
§ 8º A dispensa da marcação do ponto, quando assim o
exigir o serviço, não desobriga o servidor por ela atin- CAPÍTULO I
gido do cumprimento de suas obrigações funcionais. DO SISTEMA REMUNERATÓRIO
Art. 85. Excetuados os ocupantes de cargos em co-
missão de direção, chefia e assessoramento superior Seção I
da estrutura básica todos os servidores estão sujeitos à Das Disposições Gerais
prova de pontualidade e frequência mediante o sistema
de marcação de ponto. Art. 88. A retribuição pecuniária mensal pelo exercício
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica de cargo público é fixada em lei, sob a forma de:
ao servidor que, necessariamente, desempenhe suas I - subsídio, fixado em parcela única; ou
atividades em serviços externos, bem assim ao que,
pela natureza de suas atribuições, quando comprova- II - vencimentos ou remuneração, consistentes na soma
damente no exercício delas, tenha de deslocar-se da do vencimento do cargo efetivo acrescido das vanta-
repartição em que estiver lotado, os quais terão frequ- gens pecuniárias permanentes, estabelecidas em lei.
ência apurada conforme regulamento. § 1º Vencimento é a retribuição pecuniária paga pelo
exercício de cargo público, com valor fixado em lei.
Art. 86. São consideradas faltas injustificadas, sem pre- § 2º O valor diário da remuneração ou subsídio ob-
juízo de outras, as ausências decorrentes de: tém-se dividindo-se o valor da retribuição pecuniária
I - não retorno ao exercício, no prazo fixado nesta Lei, mensal por 30(trinta).
em caso de reversão, reintegração, recondução ou § 3º O valor horário da remuneração ou subsídio ob-
aproveitamento; tém-se dividindo-se a retribuição pecuniária mensal
II - não apresentação imediata para exercício no órgão, pelo quíntuplo da carga horária semanal.
autarquia ou fundação, em caso de remoção ou término § 4º Na retribuição pecuniária mensal não se incluem
de afastamento ou licença, salvo prorrogação; o décimo terceiro salário, o adicional de férias, o adi-
III - interstício entre: cional noturno, o adicional por serviço extraordinário,
as vantagens de natureza eventual e/nem as de caráter
a) o afastamento do órgão, da autarquia ou fundação de
indenizatório.
origem e o exercício no órgão ou na entidade a que o
servidor foi cedido ou de que colocado à disposição; § 5º Fica vedado o pagamento de qualquer parcela ou
vantagem remuneratória aos servidores da administra-
b) o término da cessão ou da disposição de que trata a
ção direta, autárquica e fundacional do Poder Executivo
alínea “a” e o reinício do exercício no órgão, na autar-
sem o respectivo processamento no sistema oficial de
quia ou fundação de origem.
folha de pagamento do Órgão Central de Gestão de
Pessoal.
Art. 87. Aos servidores que estiverem cursando estabe-
lecimentos de ensino oficiais ou reconhecidos poderá
Art. 89. Ao subsídio é vedado o acréscimo de qualquer
ser concedido horário especial, quando comprovada a
gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de repre-
incompatibilidade entre o horário escolar e o da repar-
sentação ou outra espécie remuneratória, à exceção das
tição.
parcelas indenizatórias, na forma do § 4º do art. 39 da
§ 1º É exigida do servidor a compensação de horário Constituição Federal.

931
Art. 90. O vencimento ou o subsídio são irredutíveis. Parágrafo único. O crédito em conta bancária não des-
caracteriza a natureza jurídica do subsídio ou da remu-
Art. 91. Na fixação do subsídio ou dos padrões do ven- neração.
cimento e das demais parcelas do sistema remunerató-
rio, devem ser observados: Art. 96. O pagamento efetuado pela administração
pública em desacordo com a legislação não aproveita
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexi-
ao servidor beneficiado, ainda que ele não tenha dado
dade dos cargos componentes de cada carreira;
causa ao erro.
II - os requisitos para investidura;
Parágrafo único. É vedado exigir reposição de valor em
III - as peculiaridades dos cargos. virtude de aplicação retroativa de nova interpretação da
norma de regência.
Seção II
Dos descontos e da indenização Art. 97. Os valores indevidamente auferidos bem como
ao erário estadual as indenizações ao erário serão previamente comunica-
dos ao servidor ativo, aposentado ou pensionista, para
pagamento, no prazo máximo de 30 (trinta) dias, po-
Art. 92. Salvo por imposição legal, ou mandado judi- dendo ser parcelados, a pedido do interessado.
cial, nenhum desconto incidirá sobre a remuneração ou
subsídio. § 1º O servidor será intimado, preferencialmente por
meio eletrônico, para, em até 10 (dez) dias, apresentar
Parágrafo único. Mediante autorização do servidor, defesa, pagar o valor apurado ou solicitar parcelamen-
poderá haver consignação em folha de pagamento em to, cujo valor de cada parcela não poderá ser inferior
favor de terceiros, a critério da Administração e com re- ao correspondente a dez por cento da remuneração, do
posição de custos, na forma definida em regulamento. subsídio, dos proventos ou da pensão.

Art. 93. O subsídio ou a remuneração total do servidor § 2º Escoado o prazo fixado no § 1º sem o pagamento
não podem ser inferiores ao salário - mínimo. espontâneo ou manifestação do servidor, o valor devi-
do, atualizado, a partir da data do evento, pelo índice
§ 1º O valor do subsídio ou da remuneração deve ser oficial de inflação, será descontado da remuneração, do
complementado, sempre que ficar abaixo do salário - subsídio ou dos proventos dele.
mínimo.
§ 3º Quando o pagamento indevido houver ocorrido no
§ 2º O cálculo de gratificações e outras vantagens pecu- mês anterior ao do processamento da folha, a reposi-
niárias não incide sobre o complemento pago na forma ção será feita imediatamente, mediante desconto numa
do §1º . única parcela.
§ 4º Na hipótese de valores recebidos em decorrência
Art. 94. O servidor que não cumprir integralmente a
de cumprimento de decisão liminar, tutela provisória
jornada diária a que está sujeito, em virtude de ausên-
ou outra decisão judicial que venha a ser revogada ou
cias injustificadas, atrasos ou saídas antecipadas, terá
rescindida, serão eles atualizados pelo índice oficial de
descontado de sua remuneração ou subsídio o valor
inflação até a data da reposição.
proporcional correspondente a tais ocorrências, ressal-
vados a compensação e o abono de faltas, na forma do § 5º O servidor que se aposentar ou passar à condição
regulamento. de disponível continuará a responder pelas parcelas re-
manescentes da indenização ou restituição, na mesma
Parágrafo único. As faltas consecutivas iguais ou supe-
proporção.
riores a 30 (trinta) dias também redundarão na perda do
descanso semanal remunerado. § 6º O saldo devedor do servidor demitido, exonerado
ou que tiver cassada a sua disponibilidade será resga-
Art. 95. O subsídio, a remuneração ou qualquer de tado de uma só vez, no prazo de 60 (sessenta) dias,
suas parcelas têm natureza alimentar e não são objeto respondendo da mesma forma o espólio, em caso de
de arresto, sequestro ou penhora, exceto nos casos de morte.
prestação de alimentos resultantes de decisão judicial.

932
§ 7º Após o prazo previsto no parágrafo anterior, o saldo CAPÍTULO II
remanescente será inscrito na dívida ativa e cobrado por DAS VANTAGENS
ação executiva.
§ 8º Fica autorizada a compensação dos valores in- Art. 101. Além do vencimento, podem ser pagas ao ser-
devidamente auferidos pelo servidor, bem como das vidor, como vantagens, as seguintes parcelas:
indenizações ao erário com créditos líquidos, certos e
exigíveis que tenha em virtude do cargo ocupado, sen- I - indenizações;
do vedado o aproveitamento de diferenças que sejam II - gratificações;
objeto de litígio judicial.
III - adicionais.
§ 9º Os procedimentos de conciliação e mediação serão
Parágrafo único. As vantagens pecuniárias não são
utilizados de maneira prioritária para o ressarcimento e
computadas nem acumuladas para efeito de concessão
indenização ao erário, atendidos os parâmetros legais
de qualquer outro acréscimo pecuniário ulterior.
sobre autocomposição.

Art. 98. O débito do servidor com o erário ou o crédito Seção I


que venha a ser reconhecido administrativamente deve Das Indenizações
ser atualizado, a partir da data do evento, pelo índice
oficial de inflação. Art. 102. Tem caráter indenizatório o valor das parcelas
relativas a:
Art. 99. Em caso de demissão, exoneração, aposenta-
doria ou vacância, o servidor tem direito de receber os I - diária;
créditos a que faz jus até a data do evento. II - transporte;
§ 1º O disposto neste artigo aplica-se, inclusive, aos III - ajuda de custo;
casos de dispensa da função comissionada ou exone-
IV - alimentação;
ração de cargo em comissão, quando:
V - créditos decorrentes de demissão, exoneração e
I - seguidos de nomeações sucessivas;
aposentadoria relativos a férias ou adicional de férias;
II - se tratar de servidor efetivo, hipótese em que faz jus
VI - assistência pré - escolar;
à percepção proporcional dos créditos daí decorrentes,
inclusive o décimo terceiro salário e as férias. VII - auxílio - funeral.
§ 2º Nas hipóteses deste artigo, havendo débito do
Art. 103. Os valores das indenizações, assim como as
servidor com o erário, tem ele de ser deduzido integral-
condições para a sua concessão, são estabelecidos em
mente dos créditos que tenha em virtude do cargo.
lei ou regulamento, e não podem ser:
§ 3º Sendo insuficientes os créditos, o débito não dedu-
I - incorporados à remuneração, ao subsídio ou aos
zido tem de ser quitado na forma do art. 97.
proventos;
§ 4º Os créditos a que o ex-servidor faz jus devem ser
II - computados na base de cálculo para fins de inci-
quitados no prazo de até 60 (sessenta) dias, salvo nos
dência da contribuição previdenciária e de quaisquer
casos de insuficiência de dotação orçamentária, obser-
outros tributos;
vado o regulamento.
III - computados para o cálculo de qualquer outra van-
Art. 100. Em caso de falecimento do servidor e após tagem pecuniária.
apuração dos valores e dos procedimentos de que trata
o art. 97, o saldo remanescente deve ser: Subseção I
I - pago aos beneficiários da pensão e, na falta desses, Das diárias e passagens
aos sucessores judicialmente habilitados;
II - cobrado na forma da lei civil, se negativo. Art. 104. O servidor que, a serviço, afastar-se da sede
de lotação em caráter eventual ou transitório para outro

933
ponto do território nacional fará jus a passagens e diá- IV - à família do servidor movimentado com mudança
rias destinadas a indenizar as despesas com pousada, de sede, que vier a falecer no novo local de exercício,
alimentação e locomoção urbana, conforme disposto com o retorno para a localidade de origem, dentro do
em regulamento. prazo de 1 (um) ano contado do óbito, quando a movi-
mentação tiver ocorrido:
§1º A diária será concedida por dia de afastamento,
sendo devida pela metade quando o deslocamento a) por remoção, nos casos do inciso I do art. 67;
não exigir pernoite fora da sede, ou quando o Estado b) por disposição, ficando o ônus para o requisitante;
custear, por meio diverso, as despesas extraordinárias
cobertas por ela. c) nos casos de cessão, sendo o ônus do cessionário,
mediante ressarcimento ao cedente.
§ 2º Não fará jus à diária o servidor que se deslocar
dentro da mesma região metropolitana, aglomeração § 1º No caso da ajuda de custo paga com fundamento
urbana ou microrregião, constituídas por municípios no inciso I aplicam-se as seguintes regras:
limítrofes e regularmente instituídas, salvo se houver I - é vedado o duplo pagamento de indenização, a qual-
pernoite fora da sede. quer tempo, na hipótese de cônjuge ou companheiro,
também servidor que vir a ter exercício na mesma sede;
Art. 105. O servidor que receber diária ou passagem e,
por qualquer motivo, não se afastar da sede, fica obri- II - correm por conta da Administração as despesas de
gado a restituição integral, no prazo de 15 (quinze) dias transporte do servidor e de sua família, compreendendo
contados da data em que deveria ter viajado. bagagem e bens pessoais;

Parágrafo único. Na hipótese de o servidor retornar à III - não será concedida ajuda de custo na remoção a
sede em prazo menor do que o previsto para o seu afas- pedido;
tamento, restituirá ele as diárias recebidas em excesso IV - é calculada sobre a remuneração ou subsídio do
no prazo previsto no caput. servidor, conforme disposto em regulamento, não po-
dendo exceder a importância correspondente a 3 (três)
Subseção II meses;
Da indenização de transporte V - não será concedida ao servidor que se afastar do
cargo, ou reassumi - lo, em virtude de mandato eletivo;
Art. 106. O servidor que realizar despesas com a utili- VI - poderá ser concedida àquele que, não sendo ser-
zação de meio próprio de locomoção para a execução vidor do Estado de Goiás, for nomeado para cargo de
de serviços externos, por força das atribuições próprias Secretário de Estado ou autoridade equivalente, com
do cargo, faz jus à indenização de transporte, na forma mudança de domicílio.
do regulamento.
§ 2º À ajuda de custo de que trata o inciso IV
Subseção III do  caput aplicam-se as regras dispostas nos incisos
Da ajuda de custo II e IV do § 1º .

Art. 108. O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda


Art. 107. A ajuda de custo destina-se a compensar as de custo quando:
despesas:
I - injustificadamente não se apresentar na nova sede
I - de instalação do servidor que, no interesse do servi- no prazo legal;
ço, passar a ter exercício em nova sede, com mudança
de domicílio em caráter permanente; II - por qualquer motivo, não se afastar da sede.
II - com pousada, alimentação e locomoção urbana do § 1º Na hipótese de o servidor retornar à sede do exte-
servidor que, a serviço, afastar-se da sede de lotação rior em prazo menor do que o previsto para o seu afas-
em caráter eventual ou transitório para o exterior, na tamento, ele restituirá os valores recebidos em excesso.
forma do regulamento; § 2º A restituição da ajuda de custo deverá ser efetiva-
III - Revogado pela Lei nº 20.943, de 29-12-2020. da no prazo de 15 (quinze) dias, contados da seguinte
forma:

934
a) no caso do inciso I, da data em que deveria ter se Da assistência pré - escolar
apresentado na nova sede;
b) no caso do inciso II, da data em que deveria ter se Art. 111. A assistência pré - escolar é devida ao servi-
afastado da sede; dor com remuneração ou subsídio no valor de até R$
c) no caso do § 1º, da data de seu retorno do exterior. 5. 500,00 (cinco mil e quinhentos reais), que possua
dependente:
Subseção IV I - na faixa etária de 6 (seis) meses a 5 (cinco) anos
Do auxílio - alimentação de idade; ou
II - que seja pessoa com deficiência.
Art. 109. É devido ao servidor, mensalmente, o auxílio § 1º O valor mensal da assistência pré - escolar é fixado
- alimentação, com os parâmetros e nos valores fixados em R$ 200,00 (duzentos reais) por dependente matri-
na forma da lei. culado em instituição educacional regular ou dedicada
a pessoa com deficiência, devidamente autorizadas a
Art. 110. O auxílio - alimentação se sujeita aos seguin- funcionar.
tes critérios:
§ 2º Consideram-se dependentes o filho de qualquer
I - seu pagamento é feito em pecúnia, sem contrapar- natureza e o menor sob guarda ou tutela do servidor,
tida; comprovadas mediante apresentação dos respectivos
II - não pode ser acumulado com outro benefício da termos.
mesma espécie, ainda que pago in natura; § 3º No caso de dependente que seja pessoa com defi-
III - no caso de servidor cedido por outro órgão ou enti- ciência, não será considerada a idade cronológica, des-
dade que não integre a administração direta, autárquica de que seu desenvolvimento biológico, psicossocial e
e fundacional, depende de requerimento do interessa- motor corresponda à idade mental relativa à faixa etária
do, no qual declare não receber benefício de mesma prevista no caput deste artigo, com a devida comprova-
natureza; ção pela Junta Médica Oficial do Estado.

IV - não é devido ao servidor em caso de: § 4º Na hipótese de ambos os genitores serem servi-
dores estaduais, o benefício será pago somente a um
a) licença ou afastamento; deles.
b) férias; § 5º Havendo acumulação legal de cargos, o benefício
c) suspensão em virtude de penalidade disciplinar; será pago em correspondência a apenas um dos cargos
ocupados pelo servidor, sem prejuízo da aplicação do
d) falta injustificada; disposto no § 4º .
V - terá caráter indenizatório; e § 6º Para a concessão do benefício deverão ser apre-
VI - não será incorporado ao vencimento, à remunera- sentadas pelo servidor:
ção, aos proventos ou à pensão. I - cópia da Certidão do seu Registro Civil e do seu
§ 1º O valor diário do benefício, utilizado para descon- CPF;
tos e pagamentos proporcionais, será obtido com a di- II - cópia da Certidão de Nascimento, do Termo de
visão do valor mensal por 22 (vinte e dois).- Redação Guarda ou Tutela, se necessário, e do cartão de vacina-
dada pela Lei nº 20.943, de 29-12-2020. ção do dependente;
§ 2º As diárias sofrerão desconto correspondente ao III - cópia do laudo médico, no caso de dependente que
auxílio - alimentação a que fizer jus o servidor, exceto seja pessoa com deficiência, emitido por Junta Médica
aquelas eventualmente pagas em finais de semana e Oficial;
feriados, que não corresponderem à jornada habitual,
observada a proporcionalidade prevista no § 1º . IV - declaração em papel timbrado da creche, institui-
ção educacional regularmente autorizada a funcionar,
Subseção V ou da instituição dedicada a pessoas com deficiência

935
de que o dependente esteja ali matriculado; Art. 113. Se o funeral for custeado por terceiro, ele será
indenizado, observado o disposto no art. 112.
V - declaração de que o dependente não seja favorecido
por benefício de igual natureza em outro órgão da ad-
ministração direta, autárquica ou fundacional, empresa Art. 114. Em caso de falecimento de servidor em ser-
pública, sociedade de economia mista, inclusive suas viço fora do local de trabalho, inclusive no exterior,
subsidiárias, ou sociedade controlada, direta ou indi- ao invés do auxílio de que trata o art. 112, será a sua
retamente pelo poder público, bem como na iniciativa família indenizada das despesas com as providências
privada. decorrentes do evento, inclusive transporte do corpo e
gastos de viagem de uma pessoa, a expensas do órgão
§ 7º A declaração a que se refere o inciso V do § 6° será ou entidade de lotação.
emitida pelo órgão ou pela entidade ou empresa em que
o cônjuge exerça suas atividades.
Seção II
§ 8º Na hipótese de divórcio ou separação judicial, o Das gratificações e dos adicionais
benefício será pago ao servidor que mantiver o depen-
dente sob sua guarda ou tutela ou, no caso de guarda
compartilhada, aplica-se o disposto no § 4º . Art. 115. Além do vencimento e das vantagens previstas
nesta Lei, serão deferidos aos servidores as retribui-
§ 9º A assistência pré - escolar não será devida ao ser- ções, gratificações e os adicionais seguintes:
vidor:
I - retribuição pelo exercício de função comissionada;
I - que estiver em gozo de qualquer licença ou afasta-
mento não remunerado; II - retribuição por cargo em comissão;

II - quando de sua passagem para inatividade; III - décimo terceiro salário;

III - na hipótese de seu falecimento. IV - adicional de insalubridade e periculosidade;

§ 10. O valor de que trata o caput poderá ser atualizado, V - adicional por serviço extraordinário;
em ato do Chefe do Poder Executivo estadual, pelo ín- VI - adicional noturno;
dice oficial de inflação.
VII - adicional de férias;

Subseção VI VIII - gratificação por encargo de curso ou concurso;


Do auxílio - funeral IX - outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho,
estabelecidos em lei específica.
Art. 112. À família do servidor que falecer, ainda que
aposentado ou em disponibilidade, será pago o auxílio Subseção I
- funeral em valor correspondente a 5 (cinco) vezes o Da retribuição pelo exercício
menor vencimento de cargo de provimento efetivo dos de função comissionada
Quadros estaduais com carga horária de40 (quarenta)
horas semanais.
Art. 116. Sem prejuízo da remuneração ou subsídio do
§ 1º No caso de acumulação legal de cargos, o auxílio cargo efetivo, ao servidor a quem tenha sido atribuída
será pago somente uma vez. função comissionada é devida retribuição sob a forma
§ 2º No caso de servidor aposentado, o auxílio - fune- de gratificação pelo seu exercício.
ral é pago pelo regime próprio de previdência social, Parágrafo único. Lei específica estabelecerá os requisi-
mediante ressarcimento dos valores pelo Tesouro do tos gerais e valores de retribuição das funções comis-
Estado de Goiás. sionadas.
§ 3º O auxílio será pago, por meio de procedimento
sumaríssimo, à pessoa da família que houver custeado Subseção II
o funeral. Da retribuição por cargo em comissão

936
Art. 117. Os cargos em comissão são remunerados por relação ao valor da remuneração ou subsídio da hora
subsídio, conforme lei específica. normal de trabalho;
II - por hora de trabalho antecipado ou prorrogado, cal-
Subseção III culada na mesma base percebida pelo servidor por hora
Do décimo terceiro salário de período normal de expediente.
Parágrafo único. Somente será permitido serviço ex-
Art. 118. O décimo terceiro salário será pago ao servi- traordinário para atender a situações excepcionais e
dor público da administração direta, autárquica e fun- temporárias, respeitado o limite máximo de 2 (duas)
dacional do Poder Executivo, na forma da lei específica. horas por jornada.- Acrescido pela Lei nº 20.943, de
29-12-2020.
Subseção IV
Dos adicionais de insalubridade Art. 123. As horas trabalhadas mediante o sistema de
compensação não serão consideradas como prestação
e periculosidade
de serviços extraordinários.

Art. 119. Os servidores que trabalhem com habituali- Art. 124. É vedado conceder adicional por serviço extra-
dade em locais e atividades insalubres ou em contato ordinário com o objetivo de remunerar outros serviços,
permanente com substâncias tóxicas, radioativas ou encargos ou a título de complementação remuneratória.
consideradas de risco de vida fazem jus a um adicional
de insalubridade ou periculosidade. § 1º O servidor que receber importância relativa a
serviço extraordinário que não prestou será obrigado
§ 1º O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubri- a restituí - la de uma só vez, ficando, ainda, sujeito a
dade e periculosidade deverá optar por um deles. punição disciplinar.
§ 2º O direito ao adicional de insalubridade ou pericu- § 2º Será igualmente responsabilizada, pessoal e disci-
losidade cessa com a eliminação das condições ou dos plinarmente, a autoridade que infringir o disposto neste
riscos que deram causa a sua concessão. artigo.

Art. 120. Haverá permanente controle da atividade de Subseção VI


servidores em operações ou locais considerados insa-
lubres ou perigosos.
Do adicional noturno
Parágrafo único. A servidora gestante ou lactante será
Art. 125. O serviço noturno, prestado em horário com-
afastada, enquanto durarem a gestação e a lactação,
preendido entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5
das operações e locais previstos neste artigo, exercen-
(cinco) horas do dia seguinte, terá o valor - hora acres-
do suas atividades em local salubre e em serviço não
cido de 20% (vinte por cento), computando-se cada
perigoso.
hora como cinquenta e dois minutos e trinta segundos.
Art. 121. Na concessão dos adicionais de insalubrida- Parágrafo único. Em se tratando de serviço extraordiná-
de e de periculosidade serão observados as situações, rio, o acréscimo de que trata este artigo incidirá sobre o
regras e os percentuais estabelecidos em legislação adicional de serviço extraordinário.
específica.
Subseção VII
Subseção V Do adicional de férias
Do adicional por serviço extraordinário
Art. 126. Independentemente de solicitação, será pago
Art. 122. O serviço extraordinário, a ser prestado ex- ao servidor, por ocasião das férias, um adicional cor-
clusivamente no interesse da Administração, será re- respondente a 1/3 (um terço) da remuneração ou do
munerado: subsídio do mês em que as férias forem iniciadas.
I - com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) em Parágrafo único. No caso de o servidor exercer função

937
comissionada ou ocupar cargo em comissão de dire- em até 12 (doze) meses, quando desempenhadas du-
ção, chefia ou assessoramento, a respectiva vantagem rante a jornada de trabalho, na forma do regulamento.
será considerada no cálculo do adicional de que trata § 4º A gratificação por encargo de curso ou concurso
este artigo. não se incorpora ao subsídio ou remuneração do ser-
vidor para qualquer efeito e não poderá ser utilizada
Subseção VIII como base de cálculo para quaisquer outras vantagens,
Da gratificação por encargo inclusive para fins de cálculo dos proventos de aposen-
de curso ou concurso tadoria e das pensões.
§ 5º A retribuição não poderá ser superior ao equivalente
Art. 127. A gratificação por encargo de curso ou con- a 120 (cento e vinte) horas de trabalho anuais, ressalva-
curso é devida ao servidor que, em caráter eventual: da situação de excepcionalidade, devidamente justifica-
da e previamente aprovada pela autoridade máxima do
I - atuar como instrutor em curso de formação, de de-
órgão ou da entidade, que poderá autorizar o acréscimo
senvolvimento ou de treinamento regularmente instituí-
de até 120 (cento e vinte) horas de trabalho anuais.
do no âmbito da Administração pública estadual;
- Acrescido pela Lei nº 20.943, de 29-12-2020.
II - participar de banca examinadora ou de comissão
para elaboração de editais, questões de provas, exames CAPÍTULO III
orais, para análise curricular, para correção de provas
DAS FÉRIAS
discursivas ou para julgamento de recursos intentados
por candidatos;
Art. 128. O servidor fará jus a 30 (trinta) dias de férias,
III - participar da logística de preparação e realização que podem ser acumuladas, até o máximo de 2 (dois)
de concurso público envolvendo atividades de planeja- períodos, no caso de necessidade do serviço, sob pena
mento, coordenação, supervisão, execução e avaliação de serem concedidas de ofício, ressalvadas as hipóte-
de resultado, quando tais atividades não estiverem in- ses previstas em legislação específica.
cluídas entre as suas atribuições permanentes;
§ 1º Para o primeiro período aquisitivo de férias serão
IV - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas exigidos 12 (doze) meses de exercício, computado o
de exame vestibular ou de concurso público, bem como tempo de serviço prestado anteriormente à Administra-
supervisionar essas atividades. ção estadual direta, autárquica e fundacional, desde que
§ 1º O valor da gratificação será calculado em horas entre os períodos não haja interrupção de exercício por
e fixado pelo titular do Órgão Central de Gestão de prazo superior a 30 (trinta) dias.
Pessoal, observadas a natureza e a complexidade da § 2º É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao
atividade exercida. serviço.
§ 2º O valor máximo da hora trabalhada corresponderá § 3º As férias poderão ser parceladas em até 3 (três)
aos seguintes percentuais, incidentes sobre o maior períodos, desde que assim requeridas pelo servidor e
vencimento da Administração pública estadual: no interesse da Administração pública, contanto que
a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), nenhum deles seja inferior a 5 (cinco) dias.
em se tratando de atividades previstas no inciso I
do caput deste artigo; Art. 129. O pagamento do adicional de férias será in-
b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se cluído na folha de pagamento do mês imediatamente
tratando de atividade prevista nos incisos II, III e IV anterior ao início da fruição na proporção do período
do caput deste artigo. a ser gozado.

§ 3º A gratificação por encargo de curso ou concurso Parágrafo único. Após o processamento do adicional
somente será paga se as atividades referidas nos inci- de férias em folha de pagamento não é dado ao servidor
sos do caput deste artigo forem exercidas sem prejuízo desistir da fruição do período solicitado.
das atribuições do cargo de que o servidor for titular,
devendo ser objeto de compensação de carga horária Art. 130. Em caso de demissão, vacância ou exonera-

938
ção de cargo de provimento efetivo ou em comissão, IX - para tratar de interesses particulares;
ou aposentadoria, as férias não gozadas são indeniza- X - para desempenho de mandato classista.
das pelo valor da remuneração ou subsídio devido no
mês da ocorrência do evento, acrescido do adicional Parágrafo único. As licenças de que tratam os incisos V
de férias. a X deste artigo são de competência do titular do órgão
ou entidade de origem do servidor, devendo, em caso
§ 1º O período de férias incompleto é indenizado na de disposição ou cessão, o titular do órgão ou entidade
proporção de um doze avos por mês de efetivo exer- requisitante ou cessionário remeter a solicitação à ori-
cício. gem com manifestação prévia.
§ 2º Para os efeitos do § 1º, a fração superior a 14 (qua-
torze) dias é considerada como mês integral. Art. 134. Ao servidor exclusivamente ocupante de cargo
de provimento em comissão poderão ser concedidas as
Art. 131. O servidor que opera direta e permanente- seguintes licenças:
mente com raios x ou substâncias radioativas gozará I - para tratamento de saúde;
20 (vinte) dias consecutivos de férias, por semestre de
atividade profissional, proibida em qualquer hipótese a II - por motivo de doença em pessoa da família;
acumulação. III - maternidade;

Art. 132. As férias poderão ser suspensas somente por IV - paternidade.


motivo de calamidade pública, comoção interna, con-
vocação para júri, serviço militar ou eleitoral, licença Art. 135. O servidor deverá aguardar em exercício a
para tratamento de saúde, licença - maternidade e li- concessão da licença, salvo no caso de doença com-
cença - paternidade. provada que o impeça de comparecer ao serviço, hi-
pótese em que o prazo da licença começará a correr a
Parágrafo único. O restante do período suspenso será partir do impedimento.
gozado de uma só vez, imediatamente após a cessação
do evento que tenha dado causa à suspensão. Parágrafo único. As licenças deverão ser devidamente
registradas nos assentos funcionais do servidor, bem
como no sistema de gestão de pessoas oficial do Es-
CAPÍTULO IV tado.
DAS LICENÇAS
Art. 136. A licença dependente de inspeção médica:
Seção I I - concedida dentro de 60 (sessenta) dias do térmi-
Das disposições gerais no de outra da mesma espécie será considerada como
prorrogação;
Art. 133. Ao servidor ocupante de cargo de provimento II - será deferida pelo prazo indicado pela Junta Mé-
efetivo poderão ser concedidas as seguintes licenças: dica Oficial do Estado, a partir de cuja data terá início
I - para tratamento de saúde; o afastamento, ressalvada a hipótese prevista na parte
final do inciso I;
II - por motivo de doença em pessoa da família;
III - poderá ser prorrogada de ofício ou a requerimento
III - maternidade; do servidor.
IV - paternidade; § 1º O pedido de prorrogação deverá ser apresentado
V - por motivo de afastamento de cônjuge ou compa- pelo menos 10 (dez) dias antes de findo o prazo da li-
nheiro; cença e, se indeferido, contar-se-á como de licença o
período compreendido entre seu término e a data do
VI - para o serviço militar; conhecimento do despacho denegatório.
VII - para atividade política; § 2º A critério da Administração, o servidor em licen-
VIII - para capacitação; ça para tratamento de saúde poderá ser convocado a
qualquer momento, para avaliação das condições que

939
ensejaram o afastamento. § 5º Sempre que as circunstâncias o exigirem, a ins-
peção médica será realizada na residência do servidor
Art. 137. O servidor em gozo de licença comunicará à ou no estabelecimento hospitalar onde se encontrar
unidade administrativa responsável pela gestão de pes- internado.
soas do seu órgão de lotação o local onde poderá ser
encontrado. Art. 141. O atestado e o laudo da Junta Médica Oficial
não se referirão ao nome ou natureza da doença, salvo
Parágrafo único. É vedado o exercício de atividade re-
quando se tratar de lesões produzidas por acidente em
munerada durante o período das licenças previstas nos
serviço, doença profissional ou qualquer das doenças
incisos I e II do art. 133 e I e II do art. 134 desta Lei.
incapacitantes, graves, contagiosas ou incuráveis que
ensejam aposentadoria integral na forma da legislação
Art. 138. Terminada a licença, o servidor reassumirá
previdenciária estadual.
imediatamente o exercício do cargo, salvo pedido de
prorrogação.
Art. 142. O servidor que apresentar indícios de lesões
Parágrafo único. O não cumprimento do disposto orgânicas ou funcionais será submetido à inspeção
no caput configurará falta ao serviço para todos os efei- médica.
tos, inclusive disciplinar.
Art. 143. O servidor será submetido a exames médicos
Art. 139. Durante a fruição de licença remunerada o ser- periódicos, nos termos e condições definidos em lei
vidor fará jus ao subsídio ou à remuneração, na forma específica e regulamento.
do art. 88 desta Lei.
Art. 144. O servidor acidentado no exercício de suas
Seção I atribuições ou acometido de doença profissional terá
Da licença para tratamento de saúde direito a licença com subsídio ou vencimento e vanta-
gens do cargo pelo prazo de até 24 (vinte e quatro) me-
ses, podendo, porém, a Junta Médica Oficial concluir,
Art. 140. A licença para tratamento de saúde será con-
desde logo, pela aposentadoria.
cedida de ofício ou a pedido do servidor, com base em
perícia médica oficial, por período não excedente a 24 § 1º Entende-se por acidente em serviço aquele que
(vinte e quatro) meses. acarrete dano físico ou mental e tenha relação mediata
ou imediata com o exercício do cargo, inclusive o:
§ 1º Para licença até 90 (noventa) dias, nos casos em
que for inviável a inspeção médica oficial de forma I - sofrido pelo servidor no percurso da residência ao
presencial, será excepcionalmente admitida a avaliação trabalho ou vice - versa;
da Junta Médica Oficial por videoconferência ou outro II - decorrente de agressão física sofrida no exercício
meio eletrônico de comunicação. do cargo, salvo se comprovadamente provocada pelo
§ 2º A avaliação com recurso de videoconferência pre- servidor.
vista no § 1º será realizada nas dependências de órgão § 2º A prova do acidente será feita no prazo de 10 (dez)
ou entidade estadual, na forma do regulamento. dias, prorrogável quando as circunstâncias o exigirem.
§ 3º Nas situações do § 1º em que não for possível a § 3º Entende-se por doença profissional a que se deva
realização de videoconferência, o servidor deverá en- atribuir, com relação de causa e efeito, a condições ine-
caminhar por meio eletrônico, o atestado de médico rentes ao serviço ou fatos nele ocorridos.
particular, acompanhado de exames e documentos que
demonstrem de forma inequívoca o seu adoecimento e § 4º O servidor acidentado em serviço ou acometido
a necessidade de afastamento do trabalho. de doença profissional que necessite de tratamento es-
pecializado, mediante recomendação da Junta Médica
§ 4º A licença que exceder o prazo de 90 (noventa) dias Oficial e quando inexistirem meios e recursos adequa-
no período de 12(doze) meses a contar do primeiro dia dos em instituição pública, poderá, excepcionalmente,
de afastamento será concedida somente mediante ava- ser tratado em instituição privada, à conta de recursos
liação presencial pela Junta Médica Oficial. públicos.

940
Art. 145. Decorrido o prazo de 24 (vinte e quatro) me- Seção III
ses de licença para tratamento de saúde, o servidor será Da licença - maternidade
submetido a nova inspeção médica e aposentado, caso
julgado total e definitivamente inválido para o serviço
público. Art. 147. À servidora gestante e àquela que adotar ou
obtiver a guarda judicial para fins de adoção de criança
§ 1º O lapso de tempo compreendido entre o término ou adolescente será concedida licença remunerada de
da licença e a publicação do ato da aposentadoria será 180 (cento e oitenta) dias, mediante apresentação de
considerado prorrogação da licença. documento oficial comprobatório do nascimento ou
§ 2º Nos casos em que, após o decurso de 24 (vinte e termo oficial de adoção ou guarda.
quatro) meses de licença para tratamento de saúde, o § 1º Salvo prescrição médica em contrário, caso em que
servidor não seja julgado total e definitivamente inváli- poderá ser antecipada em até 28 (vinte e oito) dias do
do para o serviço público, nova licença para tratamento parto, a licença será concedida a partir da 36ª (trigésima
de saúde deverá ser concedida e o respectivo tempo sexta) semana gestacional, por prescrição médica.
será contado apenas para efeito de aposentadoria e
disponibilidade. § 2º No caso de natimorto ou de nascimento com vida
seguido de óbito, a servidora reassumirá suas funções
depois de decorridos 30 (trinta) dias do evento, caso
Seção II seja julgada apta.
Da licença por motivo de
§ 3º No caso de aborto ocorrido entre a 1ª (primeira) e a
doença em pessoa da família
20ª (vigésima) semana gestacional atestado pela Junta
Médica do Estado, a servidora terá direito a 30 (trinta)
Art. 146. Poderá ser concedida licença ao servidor por dias do benefício de que trata este artigo.
motivo de doença do cônjuge ou companheiro, dos
§ 4º O período remanescente da licença remunerada de
pais, do padrasto ou madrasta, dos filhos e enteado, ou
que trata o caput deste artigo será deferido ao servidor,
dependente que viva a suas expensas e conste do seu
mediante solicitação e comprovação documental, em
assentamento funcional, mediante comprovação pela
caso de morte da mãe da criança ou de abandono da
Junta Médica Oficial do Estado.
criança por sua mãe.
§ 1º A licença será deferida somente se a assistência
§ 5º No caso de adoção ou obtenção de guarda judicial
direta do servidor for indispensável e não puder ser
de criança ou adolescente, o benefício será deferido
prestada simultaneamente com o exercício do cargo.
somente mediante apresentação de termo judicial de
§ 2º A licença de que trata o caput, incluídas as pror- guarda à adotante ou guardiã, expedido pela autoridade
rogações, poderá ser concedida pelo prazo máximo de judiciária competente.
150 (cento e cinquenta) dias, a cada período de 365
(trezentos e sessenta e cinco) dias, nas seguintes con- Art. 148. No caso de adoção ou obtenção de guarda
dições: judicial de criança ou adolescente por cônjuges ou
I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, companheiros, ambos servidores públicos estaduais
mantida a remuneração ou o subsídio do cargo; e ou sendo um policial ou bombeiro militar e o outro
servidor público estadual, as licenças de que tratam
II - a partir de 61 (sessenta e um) dias, consecutivos ou o caput deste artigo e o art. 153 serão concedidas da
não, sem remuneração ou subsídio. seguinte forma:
§ 3º O início do interstício de que trata o § 2º será con- I - 180 (cento e oitenta) dias ao servidor adotante que
tado a partir da data de deferimento da primeira licença assim o requerer;
concedida.
II - 20 (vinte dias) ao outro servidor ou militar, cônjuge
§ 4º Aplicam-se a licença por motivo de doença em ou companheiro adotante, que assim o requerer.
pessoa da família os §§ 1º a 4º do art. 140 desta Lei,
ressalvado o prazo do § 4º, que será, nesse caso, 60 Art. 149. No caso de servidora comissionada, sem vín-
(sessenta) dias. culo efetivo com a Administração, as despesas relativas

941
aos últimos 60 (sessenta) dias da licença - maternidade Art. 156. O servidor deverá comunicar imediatamente
correrão à conta dos recursos do tesouro do Estado de eventual revogação da guarda judicial, cessando a frui-
Goiás. ção da licença - paternidade.
Art. 150. Na hipótese de o período da licença - mater- Parágrafo único. A falta de comunicação acarretará a
nidade coincidir com o da fruição de férias, este será cassação da licença - paternidade, com a perda total da
automaticamente alterado pela Administração para a remuneração ou do subsídio a partir da data da revoga-
data imediatamente posterior ao término da licença - ção da guarda judicial, sem prejuízo da aplicação das
maternidade. penalidades disciplinares cabíveis.

Art. 151. A servidora deverá comunicar imediatamente Art. 157. No caso de o período da licença - paterni-
eventual revogação da guarda judicial, cessando a frui- dade coincidir com o da fruição de férias, este será
ção da licença. automaticamente alterado pela Administração para a
data imediatamente posterior ao término da licença -
Parágrafo único. A falta de comunicação acarretará a
paternidade.
cassação da licença - maternidade, com a perda total da
remuneração ou subsídio a partir da data da revogação
da guarda judicial, sem prejuízo da aplicação das pena- Seção V
lidades disciplinares cabíveis. Da licença por motivo de
afastamento do cônjuge
Art. 152. Após o término da licença, a servidora disporá
de uma hora por dia, que poderá ser parcelada em 2
Art. 158. Poderá ser concedida licença ao servidor para
(dois) períodos de 30 (trinta) minutos cada, para ama-
acompanhar cônjuge ou companheiro que foi desloca-
mentação do filho, até os 12 (doze) meses de idade.
do para outro ponto do território estadual ou mesmo
fora dele, ou para o exercício de mandato eletivo dos
Seção IV Poderes Executivo e Legislativo.
Da licença - paternidade
§ 1º A licença será concedida mediante pedido devi-
damente instruído, que deverá ser renovado anualmen-
Art. 153. Ao servidor será concedida licença remunera- te mediante comprovação dos requisitos dispostos
da de 20 (vinte) dias, com a remuneração ou o subsí- no caput deste artigo.
dio do cargo, em razão de nascimento de filho, adoção
§ 2º A licença de que trata o caput é concedida sem
conjunta ou obtenção de guarda judicial para fins de
remuneração ou subsídio.
adoção conjunta de criança ou adolescente, mediante
apresentação de documento oficial comprobatório do § 3º Existindo, no novo local da residência, repartição
nascimento ou termo oficial de adoção ou guarda. estadual, o servidor poderá ser ali lotado, se houver
vaga, em caráter temporário, desde que para o exercício
Parágrafo único. A licença - paternidade será concedida
de atividade compatível com o seu cargo.
inclusive em casos de natimorto.

Art. 154. Ao servidor poderá ser concedido afastamento Seção VI


na forma do inciso III do art. 30 desta Lei em caso de Da licença para o serviço militar
aborto de filho.
Art. 159. Ao servidor convocado para o serviço militar
Art. 155. Ao servidor será concedida licença remune- será concedida licença na forma e nas condições pre-
rada de 180 (cento e oitenta) dias, em razão de adoção vistas na legislação específica.
uniparental ou obtenção de guarda judicial para fins de
adoção, quando ele for o único responsável pela crian- § 1º Concluído o serviço militar, o servidor terá até 15
ça ou adolescente, mediante apresentação de documen- (quinze) dias sem remuneração para reassumir o exer-
to oficial comprobatório da adoção ou guarda, expedido cício do cargo.
pela autoridade judiciária competente. § 2º A licença será concedida mediante apresentação de
documento oficial que comprove a incorporação.

942
§ 3º A licença será remunerada, descontando-se, po- do, a depender da duração da capacitação.
rém, a importância que o servidor perceber, na quali- § 2º Os períodos de licença de que trata o caput não são
dade de incorporado, salvo se optar pelas vantagens acumuláveis, sendo vedada sua conversão em pecúnia.
remuneratórias do serviço militar, o que implicará a
perda do vencimento ou subsídio. § 3º Para apuração do quinquênio computar-se-á, tam-
bém, o tempo de serviço prestado anteriormente em
Seção VII outro cargo estadual, desde que entre um e outro não
Da licença para a atividade política haja interrupção de exercício por prazo superior a 30
(trinta) dias.
Art. 160. O servidor tem direito a licença para atividade § 4º Em caso de acumulação de cargos, a licença para
política, mediante requerimento, nos períodos compre- capacitação será concedida em relação a cada um deles
endidos entre: simultânea ou separadamente, sendo sempre indepen-
I - a data de sua escolha em convenção partidária como dente o cômputo do quinquênio em relação a cada um
candidato a cargo eletivo e a véspera do registro da can- dos cargos.
didatura perante a Justiça Eleitoral;
Seção IX
II - o registro da candidatura perante a Justiça Eleitoral e
até 10 (dez) dias após a data da eleição à qual concorre. Da licença para tratar de
interesses particulares
§ 1º No caso do inciso I, a licença é sem remuneração
ou subsídio; no caso do inciso II, é com remuneração
ou subsídio. Art. 163. A critério da Administração, poderá ser conce-
dida ao servidor estável licença para tratar de assuntos
§ 2º Negado o registro ou havendo desistência da can- particulares pelo prazo de 3 (três) anos consecutivos,
didatura, o servidor tem de reassumir o cargo em até 5 sem remuneração, desde que:
(cinco) dias.
I - não possua débito com o erário relacionado com sua
§ 3º O servidor candidato a cargo eletivo que exerça situação funcional; e
cargo em comissão ou função de confiança, dele deve
ser exonerado ou dispensado, na forma da legislação II - não se encontre respondendo a processo disciplinar
eleitoral. ou cumprindo penalidade disciplinar.
§ 1º A licença poderá ser interrompida, a qualquer tem-
Art. 161. O servidor efetivo que pretenda ser candidato po, a pedido do servidor ou a critério da Administração.
deve ficar afastado de suas atribuições habituais, quan-
do assim o exigir a legislação eleitoral e conforme os § 2º O servidor não pode exercer cargo ou emprego
critérios ali previstos, sem prejuízo da remuneração ou público inacumulável durante a licença de que trata este
do subsídio. artigo.
§ 3º Nova licença só poderá ser concedida após o de-
Seção VIII curso de 12 (doze) meses de efetivo exercício no cargo,
Da licença para capacitação contados do retorno do afastamento anterior.
§ 4º Na hipótese de interrupção da licença a pedido do
Art. 162. Após cada quinquênio de efetivo exercício servidor, seu retorno deverá ser imediato.
prestado ao Estado de Goiás, na condição de titular § 5º Na hipótese de interrupção da licença a critério da
de cargo de provimento efetivo, o servidor poderá, no Administração, o servidor deverá se apresentar em até
interesse da Administração, afastar-se do exercício do 15 (quinze) dias improrrogáveis.
cargo efetivo, com a respectiva remuneração ou subsí-
dio, por 90 (noventa) dias, para participar de curso de Seção X
capacitação profissional, que deverá visar a seu melhor Da licença para desempenho
aproveitamento no serviço público. de mandato classista
§ 1º O período de que trata o caput poderá ser fraciona-

943
Art. 164. É assegurado ao servidor estável o direi- III - para participação em programa de pós-gradua-
to à licença sem remuneração para desempenho ção stricto sensu;
de mandato em central sindical, confederação, fe- IV - para frequência em curso de formação;
deração, associação de classe de âmbito estadual,
sindicato representativo da categoria de servidores V - para participação em competição esportiva.
públicos estaduais ou entidade fiscalizadora da pro- § 1º Os afastamentos dos servidores estaduais são da
fissão, regularmente registrados no órgão competente.  competência do titular do órgão de origem e serão pre-
- Redação dada pela Lei nº 20.943, de 29-12- cedidos de comunicação ao Órgão Central de Gestão
2020. de Pessoal.
§ 1º O servidor ocupante de cargo de provimento em § 2º Compete ao titular do Órgão Central de Gestão de
comissão ou designado para função comissionada de- Pessoal, por solicitação do titular do órgão ou entidade
verá desincompatibilizar-se do cargo ou da função para de lotação do servidor, conceder o afastamento para
usufruir a licença de que trata o caput deste artigo. participação em programas de pós-graduação stricto
§ 2º Poderão ser licenciados somente os servidores sensu.
eleitos para cargos de presidente ou diretor das refe- § 3º O afastamento para participação em competição
ridas entidades. esportiva é da competência do titular do órgão ou da
§ 3º A licença terá duração igual à do mandato, poden- entidade de lotação do servidor.
do ser renovada, no caso de reeleição. § 4º No caso de afastamento remunerado será devido
§ 4º A licença de que trata o caput é considerada como o subsídio ou a remuneração, na forma do artigo 88
de efetivo exercício, exceto para efeito de promoção por desta Lei.
merecimento.
Art. 169. O servidor, quando no exercício de cargo de
Art. 165. (VETADO): provimento em comissão, fica afastado das atribuições
do seu cargo de provimento efetivo.
I - (VETADO):
§ 1º O disposto neste artigo aplica-se ao servidor que
a) (VETADO); acumular licitamente dois cargos efetivos, dos quais
b) (VETADO); deve se afastar, na forma do caput, salvo na hipótese
em que houver compatibilidade de horário e local com
c) (VETADO);
o exercício de um deles.
II - (VETADO).
§ 2º No caso do § 1º, a remuneração do segundo car-
go efetivo depende da contraprestação de serviço e da
Art. 166. A licença para desempenho de mandato em
compatibilidade de horário com o cargo de provimento
entidade fiscalizadora da profissão exige pertinência
em comissão.
com as atribuições do cargo efetivo por ele ocupado.
§ 3º A contraprestação de serviço e a compatibilidade
Art. 167. O servidor investido em mandato classista não de horário com o cargo de provimento em comissão de
poderá ser removido de ofício para localidade diversa que trata o § 2º devem ser declaradas pelas autoridades
daquela onde exerça o mandato. máximas dos órgãos ou das entidades envolvidos.

CAPÍTULO V Seção I
DOS AFASTAMENTOS Do afastamento para exercício
de mandato eletivo
Art. 168. Ao servidor poderão ser concedidos os se-
guintes afastamentos: Art. 170. Ao servidor ocupante de cargo de provimento
I - para exercício de mandato eletivo; efetivo investido em mandato eletivo aplicam-se as se-
guintes disposições:
II - para missão oficial no exterior;
I - tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital,

944
ficará afastado do cargo; cio do cargo efetivo, com a respectiva remuneração ou
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do subsídio, para participar em programa de pós-gradua-
cargo, sendo - lhe facultado optar por sua remuneração ção stricto sensu em instituição de ensino superior no
ou subsídio do cargo; País ou no exterior.

III - investido no mandato de vereador: §1º O afastamento de que trata o caput deste artigo
deverá visar o melhor aproveitamento do servidor no
a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as serviço público.
vantagens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração
do cargo eletivo; § 2º Os afastamentos para realização de programas de
pós-graduação somente serão concedidos aos ser-
b) não havendo compatibilidade de horário, será afasta- vidores titulares de cargos de provimento efetivo da
do do cargo, sendo - lhe facultado optar por sua remu- Administração Pública estadual que tenham adquirido
neração ou subsídio. a estabilidade.
§ 1º Durante o mandato, o servidor investido em man- § 3º Ao servidor que tiver usufruído licença para tratar
dato eletivo não poderá ser removido de ofício para de assuntos particulares poderá ser concedido o afasta-
localidade diversa daquela onde o exerça. mento de que trata o caput somente após decorridos 2
§ 2º O servidor tem garantidos todos os direitos re- (dois) anos de efetivo exercício de seu retorno.
ferentes ao exercício do cargo de provimento efetivo § 4º O servidor beneficiado pelos afastamentos previs-
durante o período em que estiver em cargo eletivo, na tos no caput tem de permanecer no efetivo exercício
forma da lei. de seu cargo após o retorno por um período igual ou
superior ao do afastamento concedido.
Seção II § 5º Realizando-se o curso de pós-graduação na mes-
Do afastamento para ma localidade da lotação do servidor, ou em outra de fá-
missão oficial no exterior cil acesso, em lugar do afastamento previsto no caput,
poderá ser concedida simples dispensa do expediente,
Art. 171. O servidor pode ausentar-se do Estado para: nos dias e horários necessários à frequência regular do
curso, mediante ato do titular do órgão ou entidade de
I - missão oficial, com a remuneração ou o subsídio lotação do servidor solicitante.
do cargo;
§ 6º Ao servidor em estágio probatório apenas poderá
II - serviço em organismo internacional de que o Brasil ser concedida a dispensa do expediente de que trata o
participe ou com o qual coopere, sem remuneração. § 5º .
§ 1º O afastamento de que trata o inciso II só poderá § 7º À pós-graduação lato sensu aplica-se tão somente
ser concedido a servidor estável, por período de até 4 a dispensa do expediente de que trata o § 5º .
(quatro) anos, podendo ser renovado apenas depois
decorridos de 12 (doze) meses do término do último. § 8º O servidor beneficiado pelo afastamento previsto
no  caput, bem como pela dispensa de expediente do
§ 2º As hipóteses, condições e formas para a autoriza- § 5º deverá:
ção de que trata este artigo, inclusive no que se refere
à remuneração do servidor, serão disciplinadas em re- I - apresentar à Gerência de Gestão e Desenvolvimento
gulamento. de Pessoas ou unidade equivalente de seu órgão ou
entidade de lotação o título ou grau obtido com o cur-
Seção III so que justificou seu afastamento ou sua dispensa de
Do afastamento para participação em expediente;
programa de pós-graduação stricto sensu II - compartilhar os conhecimentos adquiridos no cur-
so, na forma do regulamento;
Art. 172. O servidor estável poderá, no interesse da III - permanecer no efetivo exercício de suas atribuições
Administração e desde que a participação não seja con- após o seu retorno por um período igual ao do afasta-
ciliável com o exercício do cargo, afastar-se do exercí- mento concedido.

945
§ 9º O servidor beneficiado pelo disposto no caput ou Do Afastamento para participação
no § 5º tem de ressarcir a despesa havida com seu afas- em competição esportiva
tamento, incluídos a remuneração ou o subsídio e os
encargos sociais, da forma seguinte:
Art. 174. Ao servidor inscrito em competição desportiva
I - proporcional, em caso de exoneração a pedido, de- local, regional, nacional ou internacional será conce-
missão, aposentadoria voluntária, licença para tratar de dido afastamento remunerado do serviço, por até 30
interesses particulares ou vacância em razão de posse (trinta) dias, durante o período de traslado e competição
em outro cargo inacumulável, antes de decorrido perío- devidamente comprovada.
do igual ao do afastamento;
§ 1º A não comprovação da efetiva participação na com-
II - integral, em caso de não obtenção do título ou grau petição implicará falta ao serviço durante o período de
que justificou seu afastamento, salvo na hipótese com- afastamento.
provada de força maior ou de caso fortuito, a critério
do dirigente máximo do órgão ou entidade de origem. § 2º O afastamento para participação em competição
esportiva gera como única despesa para o órgão, au-
§ 10. O afastamento para participação em programa de tarquia ou fundação de lotação do servidor a prevista
pós-graduação stricto sensu em instituição de ensino no caput.
superior no exterior deverá ser autorizado pelo Chefe
do Poder Executivo estadual.
CAPÍTULO VI
§ 11. O titular do Órgão Central de Gestão de Pessoal DO APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL
poderá expedir normas complementares para a con-
cessão de licença para participação em programas de
pós-graduação. Art. 175. É dever do servidor diligenciar para o seu
constante aperfeiçoamento profissional, devendo fre-
quentar, salvo motivos relevantes que o impeçam, cur-
Seção IV sos de treinamento e aperfeiçoamento profissional, para
Do afastamento para frequência os quais seja expressamente designado ou convocado.
em curso de formação
Art. 176. Para que o servidor possa ampliar sua capaci-
Art. 173. O servidor pode afastar-se do cargo ocupado dade profissional, o Estado promoverá cursos de espe-
para participar de curso de formação previsto como eta- cialização e aperfeiçoamento, conferências, congressos
pa de concurso público, desde que haja: e publicações de trabalhos referentes ao serviço públi-
co e viagens de estudo.
I - expressa previsão do curso no edital do concurso;
Parágrafo único. - Revogado pela Lei nº 20.943, de
II - incompatibilidade entre os horários das aulas e os 29-12-2020.
da repartição de lotação.
§ 1º Havendo incompatibilidade entre os horários das Art. 177. O Estado manterá, na esfera do Poder Exe-
aulas e os da repartição, o servidor fica afastado: cutivo, através da unidade responsável pela educação
corporativa do Órgão Central de Gestão de Pessoal bem
I - com a remuneração ou o subsídio, nos casos de cur-
como das unidades próprias de educação corporativa
so de formação para cargo efetivo de órgão, autarquia
dos demais órgãos e entidades, cursos de graduação,
ou fundação do Poder Executivo estadual;
pós-graduação, aperfeiçoamento e desenvolvimento
II - sem remuneração, nos casos de curso de formação para os servidores regidos por esta Lei.
para cargo não contemplado no inciso I deste parágrafo.
Parágrafo único. O Estado poderá celebrar ajustes com
§ 2º O servidor pode optar por eventual ajuda financeira outras entidades de ensino para a oferta de cursos de
paga em razão do curso de formação, com prejuízo da graduação, pós-graduação, aperfeiçoamento e desen-
remuneração ou do subsídio de seu cargo. volvimento para os servidores regidos por esta Lei.

Seção V CAPÍTULO VII

946
DO TEMPO DE SERVIÇO III - à contagem cumulativa de tempo de serviço presta-
do concomitantemente:
Art. 178. Será feita em dias a apuração do tempo de a) em diferentes cargos do serviço público;
serviço. b) em cargo do serviço público e em emprego na admi-
Parágrafo único. O número de dias será convertido em nistração indireta ou na iniciativa privada;
anos, considerado o ano como de 365 (trezentos e ses- IV - à contagem do tempo de serviço já computado:
senta e cinco) dias.
a) em órgão ou entidade em que o servidor acumule
Art. 179. A apuração é a liquidação do tempo de serviço cargo público;
público à vista dos assentamentos do servidor, arqui- b) para concessão de aposentadoria em qualquer regi-
vados no órgão de pessoal responsável pela guarda de me de previdência social pelo qual o servidor receba
documentos. proventos.
Parágrafo único. Quando os assentamentos não ofe-
recerem dados suficientes que permitam uma segura Art. 181. Não será computado, para qualquer efeito, o
apuração do tempo de serviço prestado, o órgão res- tempo:
ponsável pelo levantamento deverá recorrer, subsi- I - da licença por motivo de doença em pessoa da famí-
diariamente, ao registro da frequência ou à folha de lia do servidor quando não remunerada;
pagamento.
II - da licença para tratar de interesses particulares;
Art. 180. Será contado para efeito de disponibilidade o III - da licença por motivo de afastamento do cônjuge;
tempo de serviço prestado: IV - de qualquer afastamento não remunerado, ressal-
I - sob qualquer forma de admissão, desde que remune- vado o disposto no inciso XXI do art. 30 desta Lei;
rado pelos cofres estaduais; V - de faltas injustificadas ao serviço;
II - a instituição de caráter privado que tiver sido en- VI - em que o servidor estiver cumprindo sanção disci-
campada ou transformada em estabelecimento de ser- plinar de suspensão;
viço público;
VII - decorrido entre:
III - à União, ao Estado, ao Território, ao Município ou
ao Distrito Federal; a) a exoneração e o exercício em outro cargo de provi-
mento efetivo;
IV - às autarquias, fundações, empresas públicas e so-
ciedade de economia mista sob o controle acionário do b) a concessão de aposentadoria voluntária e a rever-
Estado; são;
V - às Forças Armadas; c) a data de publicação do ato de reversão, reintegração,
recondução ou aproveitamento e o retorno ao exercício
VI - em atividades vinculadas ao regime geral de pre- do cargo.
vidência.
§ 1º O tempo de serviço será contado somente uma vez Art. 182. O cômputo de tempo de serviço público, à me-
para cada efeito. dida que flui, será feito somente no momento em que
dele necessitar o servidor para comprovação de direitos
§ 2º Não será contado o tempo de serviço que já tenha
assegurados em lei.
sido base para concessão de aposentadoria por regime
previdenciário. Parágrafo único. A contagem de tempo de serviço pú-
blico reger-se-á pela lei em vigor à ocasião em que o
§ 3º É vedado proceder:
serviço haja sido prestado.
I - ao arredondamento de dias faltantes para comple-
mentar período; Art. 183. Faz-se na forma da legislação previdenciária a
II - a qualquer forma de contagem de tempo de serviço contagem do tempo:
fictício; I - de contribuição;

947
II - no serviço público; II - 120 (cento e vinte dias) nos demais casos, salvo
quando outro prazo for estabelecido em lei.
III - de serviço no cargo efetivo;
Parágrafo único. O prazo de prescrição contar-se-á da
IV - de serviço na carreira.
data da publicação oficial ou da efetiva ciência do inte-
ressado do ato impugnado.
CAPÍTULO VIII
DO DIREITO DE PETIÇÃO Art. 189. O pedido de reconsideração e o recurso, quan-
do cabíveis, interrompem a prescrição.
Art. 184. Serão assegurados ao servidor o direito de
requerer e o de representar. Art. 190. Os prazos para a prática dos diversos atos de
mero expediente, interlocutórios ou finais, serão fixa-
Parágrafo único. Para o exercício do direito de petição,
dos em regulamento específico.
será assegurada vista do processo ou documento, na
sede da repartição, ao servidor ou procurador especial-
mente constituído. TÍTULO IV
DA ATIVIDADE CORRECIONAL
Art. 185. O requerimento é cabível para defesa de direito
ou de interesse legítimo e a representação, contra abuso CAPÍTULO ÚNICO
de autoridade ou desvio de poder.
DO SISTEMA DE CORREIÇÃO
§ 1º O direito de requerer será exercido perante a au-
toridade competente em razão da matéria e sempre por
Art. 191. O Sistema de Correição do Poder Executivo do
intermédio daquela a que estiver imediatamente subor-
Estado de Goiás - SISCOR - GO - consiste no conjunto
dinado o servidor.
de estruturas, processos, ações e sistemas informatiza-
§ 2º A representação deve ser encaminhada pela via dos objetivando a organização, coordenação e harmo-
hierárquica e será obrigatoriamente apreciada pela au- nização das atividades de correição no âmbito do Poder
toridade superior àquela contra a qual é interposta. Executivo do Estado de Goiás, com a finalidade de
prevenir e apurar irregularidades por meio do controle,
Art. 186. Sob pena de responsabilidade, serão assegu- acompanhamento, orientação, instauração e condução
rados ao servidor: de procedimentos correcionais.
I - o rápido andamento dos processos de seu interesse, § 1º Integram o SISCOR - GO:
nas repartições públicas;
I - a Controladoria - Geral do Estado de Goiás, como
II - a ciência das informações, dos pareceres e despa- Órgão Central do Sistema de Correição;
chos dados em processos que a ele se refiram;
II - as unidades e comissões responsáveis pelas ativi-
III - a obtenção de certidões requeridas para defesa de dades de correição dos órgãos e das entidades, subor-
seus direitos e esclarecimentos de situações, salvo se o dinadas tecnicamente ao Órgão Central do Sistema de
interesse público impuser sigilo. Correição.
§ 2º Ato do Chefe do Poder Executivo regulamentará o
Art. 187. O requerimento inicial do servidor não preci-
SISCOR - GO.
sará vir acompanhado dos elementos comprobatórios
do direito pleiteado, desde que constem do assenta-
mento individual do requerente. TÍTULO V
DO REGIME DISCIPLINAR
Art. 188. O direito de petição na esfera administrativa
prescreverá em: CAPÍTULO I
I - 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão, cassa- DOS DEVERES
ção de aposentadoria ou disponibilidade e aos referen-
tes a matéria patrimonial;
Art. 192. São deveres do servidor:

948
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do car- VII - a destituição de cargo em comissão.
go; § 1º A penalidade de advertência, que será sempre
II - observar as normas legais e regulamentares; aplicada por escrito e deverá constar do assentamento
individual do servidor, destina-se à punição pela prática
III - cumprir as ordens superiores, exceto quando ma-
de transgressão disciplinar de natureza leve.
nifestamente ilegais;
§ 2º A penalidade de suspensão, que não excederá a 90
IV - atender com presteza:
(noventa) dias, será aplicada em caso de transgressão
a) o público em geral, prestando as informações reque- disciplinar de natureza média ou de reincidência em
ridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; quaisquer das infrações disciplinares de natureza leve,
b) à expedição de certidões requeridas para defesa de observado o seguinte:
direito ou esclarecimento de situações de interesse I - o servidor, enquanto durar a suspensão, perderá to-
pessoal; das as vantagens e direitos decorrentes do exercício do
c) às requisições para a defesa da Administração Pú- cargo, exceto na hipótese do inciso II deste parágrafo;
blica; II - quando a ausência do servidor trouxer gravíssimo
V - zelar pela economia do material e conservação do prejuízo ao serviço pela impossibilidade de sua subs-
patrimônio público; tituição, a penalidade de suspensão poderá, mediante
ato fundamentado, ser convertida em multa, na base
VI - abster-se de revelar informação sobre a qual deva de 50% (cinquenta por cento) do valor diário da re-
guardar sigilo; muneração, do vencimento ou do subsídio, por dia de
VII - manter conduta compatível com a moralidade ad- suspensão, devendo o servidor, nesse caso, cumprir in-
ministrativa; tegralmente a jornada de trabalho a que está submetido.
VIII - ser assíduo e pontual ao serviço; § 3º A penalidade de multa será aplicada ao servidor
inativo ou em disponibilidade que houver praticado, na
IX - tratar com urbanidade as pessoas;
atividade, transgressão disciplinar média e correspon-
X - representar contra irregularidades, ilegalidade, derá ao valor diário dos proventos de aposentadoria ou
omissão ou abuso de poder; da remuneração ou do subsídio da disponibilidade por
XI - expor aos chefes imediatos as dúvidas e dificulda- dia de suspensão.
des que encontrar no desempenho de suas atribuições. § 4º A demissão será aplicada no caso de transgressão
Parágrafo único. A representação de que trata o inciso X disciplinar grave, observadas as circunstâncias pre-
será encaminhada por via hierárquica e apreciada pela ponderantes no caso concreto, bem como na hipótese
autoridade superior àquela contra a qual é formulada, de contumácia, observado o seguinte:
assegurando-se ao representando ampla defesa. I - entende-se por contumácia a prática de 4 (quatro)
transgressões disciplinares de natureza média, no pe-
CAPÍTULO II ríodo de 5 (cinco) anos contados da data da primei-
DAS PENALIDADES ra transgressão, e será declarada no julgamento do
processo administrativo disciplinar referente à quarta
transgressão, caso em que a penalidade efetivamente
Art. 193. São penalidades disciplinares: aplicada será a de demissão;
I - a advertência; II - a demissão também se aplica no caso de trans-
II - a suspensão; gressão disciplinar grave cometida por servidor esta-
dual que esteja em exercício em outro Poder ou ente
III - a multa;
federativo, hipótese em que o processo administrativo
IV - a demissão; disciplinar será instaurado e conduzido no órgão ou na
V - a cassação de aposentadoria; entidade de origem do servidor, podendo-se utilizar dos
elementos apurados onde foi praticada a transgressão;
VI - a cassação de disponibilidade;
III - se o servidor efetivo já tiver sido exonerado quando

949
da aplicação da penalidade prevista neste parágrafo, a dinação hierárquica ou a vinculação do servidor, é da
exoneração será convertida em demissão; competência:
IV - converte-se também em demissão a vacância em I - do Chefe do Poder Executivo, para demissão, desti-
decorrência de posse em outro cargo inacumulável tuição de cargo em comissão e cassação de aposenta-
ocorrida antes da aplicação da sanção prevista neste doria ou disponibilidade;
parágrafo; II - do secretário de Estado ou autoridade equivalente,
V - se o servidor houver praticado transgressão disci- quando se tratar de advertência, suspensão e multa.
plinar e ocupar 2 (dois) cargos acumuláveis no âmbito § 1º A competência descrita no inciso I deste artigo
da administração pública do Estado de Goiás, a aplica- poderá ser delegada aos secretários de Estado ou au-
ção da demissão incidirá sobre o vínculo em que se deu toridade equivalente.
a transgressão;
§ 2º A competência descrita no inciso II deste artigo
VI - a prática de transgressão grave no exercício de car- poderá ser objeto de delegação pelo seu titular à auto-
go em comissão implicará a demissão do cargo efetivo. ridade administrativa de hierarquia imediatamente infe-
§ 5º A cassação de aposentadoria é a penalidade pela rior ou ao chefe de unidade administrativa correcional,
prática de transgressão disciplinar grave punível com nos casos de advertência ou de suspensão de até 30
demissão cometida pelo servidor quando em atividade. (trinta) dias.
§ 6º A cassação de disponibilidade é a penalidade pela § 3º A competência para aplicar a penalidade será do
prática de transgressão disciplinar grave que houver titular do órgão ou da entidade de origem do servidor,
sido cometida em atividade, pela qual se impõe a perda verificada na data do julgamento, ainda que outro tenha
do cargo público ocupado e dos direitos decorrentes da sido o local de instauração e tramitação do processo
disponibilidade. administrativo disciplinar.
§ 7º A destituição do cargo em comissão é a penalida- § 4º Na hipótese de transgressão disciplinar de acúmu-
de por infração disciplinar média ou grave, pela qual lo ilícito de cargos, empregos, funções ou proventos
se impõe ao servidor sem vínculo efetivo com o Poder de aposentadoria no âmbito da administração pública
Executivo Estadual a perda do cargo em comissão por do Estado de Goiás, a competência para a aplicação da
ele ocupado. penalidade será do titular do órgão ou da entidade do
vínculo mais recente do servidor.
§ 8º No caso do parágrafo anterior, se o servidor já tiver
sido exonerado quando da aplicação da penalidade, a
exoneração é convertida em destituição do cargo em Art. 196. Na aplicação das penalidades disciplinares
comissão, aplicando-se a inabilitação para investidura serão sempre mencionados o fundamento legal e as
em novo cargo ou emprego público, na forma do art. causas preponderantes da sanção disciplinar imposta,
199 desta Lei. demonstrando-se a compatibilidade entre a falta come-
tida e a penalidade adotada.
Art. 194. Os registros das penalidades serão cance- § 1º A autoridade julgadora, conforme seja necessário e
lados se o servidor não houver praticado nova trans- suficiente para reprovação e prevenção da transgressão
gressão disciplinar igual ou diversa da anteriormente disciplinar, estabelecerá, preliminarmente, a penali-
cometida, nos seguintes prazos, contados a partir da dade aplicável dentre as cominadas, bem como a sua
sua aplicação: quantidade, se for o caso, dentro dos limites previstos,
considerando-se o seguinte:
I - 3 (três) anos para advertência;
I - a gravidade da transgressão e as circunstâncias em
II - 5 (cinco) anos para:
que foi praticada;
a) suspensão; ou
II - os danos para o serviço público;
b) multa.
III - a repercussão do fato;
Art. 195. Salvo disposição legal em contrário, a im- IV - os antecedentes disciplinares do servidor;
posição de penalidade disciplinar, observada a subor- V - a reincidência;

950
VI - a intenção do servidor; apurada;
VII - a culpabilidade. f) prestação de bons serviços à administração pública
estadual;
§ 2º Na hipótese de a transgressão disciplinar contem-
plar a aplicabilidade de mais de uma penalidade, caberá g) desconhecimento justificável da norma administra-
à autoridade julgadora, considerando o disposto no § tiva;
1º deste artigo, motivadamente indicar aquela que será h) estado físico, psicológico, mental ou emocional aba-
aplicável. lado, que influencie ou seja decisivo para a prática da
§ 3º Na sequência, serão consideradas as circunstân- infração disciplinar;
cias atenuantes e agravantes, se existentes, da seguinte i) procurar, por espontânea vontade e com eficiência,
forma: logo após a infração disciplinar, evitar ou minorar as
I - são circunstâncias que agravam a penalidade: suas consequências;
a) a prática de transgressão para assegurar execução j) reparar o dano causado, por espontânea vontade e
ou ocultação, a impunidade ou vantagem decorrente de antes do julgamento.
outra transgressão; § 4º Na hipótese de a infração ter sido cometida du-
b) o abuso de autoridade ou de poder; rante o período de vigência de Termo de Ajustamento
de Conduta - TAC, previsto no art. 248 e seguintes, a
c) a coação, instigação, indução ou o uso de influên-
penalidade será aumentada nos seguintes termos:
cia sobre outro servidor para a prática de transgressão
disciplinar; I - se a que tiver de ser aplicada for a de advertência, ela
será convertida em suspensão de 30 (trinta) dias;
d) a execução ou participação de transgressão discipli-
nar mediante paga ou promessa de recompensa; II - se a que tiver de ser aplicada for a de suspensão, ela
será aumentada pela metade, não podendo ser inferior
e) a promoção, direção ou organização de atividades
a 30 (trinta) dias e não superior a 90 (noventa) dias.
voltadas para a prática de transgressão disciplinar;
§ 5º Considera-se reincidente o servidor que, no prazo
f) a prática de transgressão disciplinar com o concurso
de 5 (cinco) anos, após ter sido condenado em decisão
de duas ou mais pessoas;
de que não caiba mais recurso administrativo, venha a
g) a prática de mais de uma transgressão disciplinar praticar a mesma ou outra transgressão na forma do §
decorrente da mesma ação ou omissão; 2º do art. 193 desta Lei.
h) a prática reiterada ou continuada da mesma trans-
gressão; Art. 197. Não será punido o servidor que, ao tempo da
transgressão disciplinar, era inteiramente incapaz de
i) o cometimento da transgressão disciplinar em prejuí- entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
zo de criança, adolescente, idoso, pessoa com deficiên- acordo com esse entendimento, comprovado por laudo
cia, pessoa incapaz de se defender, ou pessoa sob seus médico oficial.
cuidados por força das respectivas atribuições;
Parágrafo único. Se o servidor, em virtude de pertur-
II - são circunstâncias que atenuam a penalidade: bação de saúde mental ou por desenvolvimento mental
a) a confissão; incompleto ou retardado, devidamente comprovado por
laudo médico oficial, não era inteiramente capaz de en-
b) a coação resistível para a prática da transgressão
tender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
disciplinar;
acordo com esse entendimento, a penalidade de:
c) a prática da transgressão disciplinar em cumprimen-
I - demissão será substituída pela de suspensão de 61
to de ordem não manifestamente ilegal de autoridade
(sessenta e um) a 90 (noventa) dias;
superior;
II - suspensão será reduzida em 1/3 (um terço);
d) motivo de relevante valor social ou moral;
III - advertência será aplicada sem a inabilitação de que
e) a colaboração efetiva do servidor para a descober-
trata o inciso I do art. 199 desta Lei.
ta de coautor ou partícipe da transgressão disciplinar

951
Art. 198. Extingue-se a punibilidade das transgressões nhecida a prática de transgressão disciplinar durante o
disciplinares definidas nesta Lei: vínculo com a administração, aplicar-se-á inabilitação
prevista neste artigo.
I - na ocorrência de prescrição da pretensão punitiva;
II - em caso de óbito do servidor; Art. 200. A aplicação de penalidade por transgressão
III - pelo adimplemento integral do Termo de Ajus- disciplinar constante deste Estatuto não afasta:
tamento de Conduta - TAC, nos termos do art. 248 e I - o ressarcimento ao erário dos valores correspon-
seguintes. dentes aos danos e prejuízos causados à administração
§ 1º A extinção da punibilidade será reconhecida e de- pública;
clarada de ofício pela autoridade instauradora. II - a devolução ao erário do valor desviado ou do bem,
§ 2º Na hipótese dos incisos I e III deste artigo, a deci- nas mesmas condições em que se encontravam quando
são que declarar extinta a punibilidade produzirá efei- da ocorrência do fato, facultada sua substituição por
tos somente após sua homologação pela autoridade a outro igual ou superior;
quem compete a aplicação da penalidade em abstrato, III - eventual ação penal ou civil.
que terá o prazo de 60 (sessenta) dias para efetivar tal
homologação, sob pena de a decisão que declarar ex- Art. 201. A prescrição verifica-se:
tinta a punibilidade surtir todos os efeitos legais.
I - em 3 (três) anos, quanto às infrações puníveis com
Art. 199. A aplicação de penalidade por transgressão advertência, suspensão e multa;
disciplinar acarreta a inabilitação do servidor apena-
do para sua promoção ou nova investidura em cargo II - em 6 (seis) anos, quanto às infrações puníveis com
efetivo ou em comissão, mandato ou emprego público demissão, destituição de cargo em comissão, cassação
estadual pelos seguintes prazos, contados da data de de aposentadoria ou disponibilidade.
publicação do ato punitivo: § 1º Aplicam-se às transgressões disciplinares defini-
das como crime, os prazos prescricionais previstos na
I - no caso de advertência, 120 (cento e vinte) dias; lei penal.
II - tratando-se de suspensão, ainda que convertida em § 2º O prazo de prescrição começa a correr da data
multa, 15 (quinze) dias por cada dia de suspensão, não em que o fato se tornou conhecido pela administração
podendo ser inferior a 180 (cento e oitenta) dias; pública e regula-se pela maior sanção abstratamente
III - no caso da multa prevista no § 3º do art. 193 desta prevista para a transgressão.
Lei, 180 (cento e oitenta) dias; § 3º A prescrição verificada de forma induvidosa antes
IV - no caso de demissão, destituição de cargo em co- da instauração do processo administrativo disciplinar
missão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade, será imediatamente declarada pela autoridade compe-
10 (dez) anos, salvo nos casos fundamentados nos tente, mediante ato fundamentado.
incisos LVIII, LXIX, LXX, LXXIII e LXXIV do art. 202 e § 4º A decisão que reconhecer a existência de pres-
XXXVII do art. 204, para os quais a inabilitação será de crição deverá determinar, desde logo, as providências
20 (vinte) anos. necessárias à apuração da responsabilidade pela sua
§ 1º Na hipótese de o punido ressarcir integralmente o ocorrência, se houver indício de dolo ou culpa.
dano, os prazos de que trata este artigo serão reduzidos § 5º Na hipótese de desclassificação da conduta para
em 1/3 (um terço). tipo diverso daquele constante da portaria instauradora,
§ 2º A superveniência de qualquer transgressão come- o prazo prescricional será regulado pela transgressão
tida no curso do período fixado neste artigo implicará disciplinar efetivamente imputada ao servidor, observa-
majoração do prazo de inabilitação correspondente a do o disposto no § 1º deste artigo.
50% (cinquenta por cento) do período previsto para a § 6º Interrompe a contagem do prazo prescricional a
nova penalidade aplicada. publicação do ato de instauração do processo adminis-
§ 3º Em sede de processo administrativo disciplinar trativo disciplinar, na forma do inciso I do § 9º deste
instaurado em face de ex-servidor efetivo, caso reco- artigo.

952
§ 7º Suspendem a contagem do prazo prescricional: IV - permutar processo, tarefa ou qualquer serviço que
lhe tenha sido atribuído, sem expressa permissão da
I - o sobrestamento do processo administrativo disci-
autoridade competente:
plinar ou da sindicância pela autoridade instauradora
para aguardar decisão administrativa ou judicial da qual penalidade: advertência;
necessariamente dependa o processo; V - abrir ou fechar qualquer dependência da repartição
II - a manifestação expressa da Junta Médica Oficial fora do horário de funcionamento, salvo mediante ex-
pela impossibilidade de o servidor acompanhar o pro- pressa autorização da autoridade competente:
cesso administrativo disciplinar, quando da concessão penalidade: advertência;
de licença para tratamento de saúde;
VI - perturbar a ordem e a tranquilidade no recinto da
III - a celebração do Termo de Ajustamento de Conduta repartição:
- TAC.
penalidade: advertência;
§ 8º A autoridade instauradora deve, após a ciência
da decisão judicial concessiva de medida liminar ou VII - usar indevidamente identificação funcional ou
equivalente que suspender a eficácia do procedimento, qualquer outro meio que o vincule a cargo público ou
avaliar, motivadamente, desde logo, a conveniência de a função de confiança, em benefício próprio ou de ter-
produzir provas que julgar urgentes, sanar as nulidades ceiro:
para dar continuidade aos trabalhos ou instaurar novo penalidade: advertência;
processo administrativo disciplinar.
VIII - promover manifestação de apreço ou desapreço
§ 9º Para os efeitos deste artigo: no recinto da repartição ou em meio eletrônico da ad-
I - interrupção da contagem do prazo prescricional é ministração:
a solução de continuidade do cômputo desse prazo, penalidade: advertência ou suspensão de até 30 (trinta)
diante da ocorrência prevista no § 6º deste artigo, ini- dias;
ciando-se a partir de então a nova contagem do referido
prazo; IX - deixar de adotar providência a respeito de ocor-
rência no âmbito de suas atribuições, salvo no caso de
II - suspensão da contagem do prazo prescricional é a impedimento comunicado em tempo hábil:
paralisação temporária do cômputo desse prazo, a partir
do início das ocorrências previstas no § 7º deste artigo, penalidade: advertência ou suspensão de até 30 (trinta)
sendo ele retomado quando da cessação das mesmas. dias;
X - simular fato ou condição para esquivar-se do cum-
CAPÍTULO III primento de obrigação funcional:
DAS PROIBIÇÕES penalidade: advertência ou suspensão de até 30 (trinta)
dias;
Art. 202. Constitui transgressão disciplinar e ao servi- XI - faltar com a urbanidade no atendimento a qualquer
dor é proibido: pessoa do público:
I - lançar, em qualquer meio oficial de registro, anota- penalidade: advertência ou suspensão de até 30 (trinta)
ções, reclamações, reivindicações ou quaisquer outras dias;
matérias estranhas às suas finalidades:
XII - incitar servidor contra superior hierárquico ou
penalidade: advertência; provocar, velada ou ostensivamente, animosidade entre
II - entreter-se, nos locais e horários de trabalho, em seus pares:
atividades estranhas às suas atribuições: penalidade: advertência ou suspensão de até 30 (trinta)
penalidade: advertência; dias;

III - sair antecipadamente ou chegar atrasado ao servi- XIII - praticar ato incompatível com a moralidade ad-
ço, salvo motivo justo: ministrativa:

penalidade: advertência; penalidade: advertência ou suspensão de até 30 (trinta)

953
dias; penalidade: suspensão de até 30 (trinta) dias;
XIV - faltar ao serviço, sem comunicar com antecedên- XXII - faltar à verdade no exercício de suas funções:
cia à autoridade imediatamente superior a impossibili- penalidade: suspensão de até 30 (trinta) dias;
dade de comparecer à repartição, salvo motivo justo:
XXIII - recusar-se, sem justa causa, a submeter-se a
penalidade: advertência ou suspensão de até 30 (trinta) avaliação periódica de desempenho ou perícia médica
dias; prevista em lei:
XV - cometer a servidor público atribuições estranhas penalidade: suspensão de até 30 (trinta) dias;
às do cargo por ele ocupado:
XXIV - recusar o exercício das atribuições ou da jornada
penalidade: advertência ou suspensão de até 30 (trinta) do cargo, em razão da localidade onde reside:
dias;
penalidade: suspensão de até 30 (trinta) dias;
XVI - deixar, culposamente, de observar prazos legais,
administrativos ou judiciais: XXV - ofender, provocar, desafiar ou tentar desacreditar
qualquer servidor ou autoridade superior, com palavras,
penalidade: advertência ou suspensão de até 30 (trinta) gestos ou ações:
dias;
penalidade: suspensão de até 30 (trinta) dias;
XVII - trabalhar mal, culposa ou dolosamente:
XXVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da admi-
penalidade: advertência ou suspensão de até 30 (trinta) nistração pública para fins particulares:
dias, se a conduta foi praticada culposamente, ou sus-
pensão de 31 (trinta e um) a 60 (sessenta) dias, se a penalidade: suspensão de até 30 (trinta) dias;
conduta foi praticada dolosamente; XXVII - deixar de prestar, ou prestar falsamente, quando
XVIII - dificultar ou deixar de levar ao conhecimento da sob sua responsabilidade, informações sobre servidor
autoridade competente, por via hierárquica e com a ur- em avaliação de estágio probatório, promoção, pro-
gência devida, denúncia, representação, petição, recur- gressão ou outra informação de qualquer natureza:
so ou documento que houver recebido, se não estiver penalidade: suspensão de até 30 (trinta) dias, se a
na sua alçada resolver: conduta foi praticada culposamente, ou suspensão de
penalidade: advertência ou suspensão de até 30 (trinta) 31 (trinta e um) a 60 (sessenta) dias, se a conduta foi
dias, se a conduta foi praticada culposamente, ou sus- praticada dolosamente;
pensão de 31 (trinta e um) a 60 (sessenta) dias, se a XXVIII - captar cliente para pessoa física ou jurídica que
conduta foi praticada dolosamente; atue em área relacionada às suas atribuições ou do ór-
XIX - descumprir, desrespeitar ou retardar, culposa ou gão ou da entidade de seu exercício:
intencionalmente, o cumprimento de qualquer ordem penalidade: suspensão de 31 (trinta e um) a 60 (ses-
legítima, administrativa ou judicial, lei ou regulamento: senta) dias;
penalidade: advertência ou suspensão de até 30 (trinta) XXIX - divulgar ou permitir a divulgação de imagem,
dias, se a conduta foi praticada culposamente, ou sus- áudio ou informação de ocorrência ou de local de crime,
pensão de 31 (trinta e um) a 60 (sessenta) dias, se a sem a devida autorização da autoridade competente:
conduta foi praticada dolosamente;
penalidade: suspensão de 31 (trinta e um) a 60 (ses-
XX - causar ou possibilitar danificação ou extravio de senta) dias;
documento ou objeto pertencente à repartição ou que
esteja sob responsabilidade da Administração: XXX - manifestar-se de modo depreciativo ou des-
respeitoso em documento público, podendo, porém,
penalidade: advertência ou suspensão de até 30 (trinta) proferir críticas do ponto de vista doutrinário ou da
dias, se a conduta foi praticada culposamente, ou sus- organização do serviço:
pensão de 31 (trinta e um) a 60 (sessenta) dias, se a
conduta foi praticada dolosamente; penalidade: suspensão de 31 (trinta e um) a 60 (ses-
senta) dias;
XXI - retirar, sem prévia autorização da autoridade com-
petente, qualquer documento ou objeto da repartição: XXXI - participar, de fato ou de direito, de gerência ou

954
administração de sociedade empresária ou empresa senta) dias;
individual de responsabilidade limitada, personificada XL - praticar ofensa física, em serviço, contra servidor
ou não: ou qualquer pessoa, salvo em legítima defesa própria
penalidade: suspensão de 31 (trinta e um) a 60 (ses- ou de outrem:
senta) dias; penalidade: suspensão de 31 (trinta e um) a 60 (ses-
XXXII - atuar como empresário durante a jornada de senta) dias;
trabalho, mediante o exercício profissional de atividade XLI - retardar ou deixar de praticar ato necessário à
econômica organizada para a produção ou circulação apuração de transgressão disciplinar ou dar causa à
de bens ou de serviços, na caracterização determinada prescrição em procedimento disciplinar:
na legislação civil, e observadas as exceções ali postas:
penalidade: suspensão, de 31 (trinta e um) a 60 (ses-
penalidade: suspensão de 31 (trinta e um) a 60 (ses- senta) dias;
senta) dias;
XLII - recusar-se, injustificadamente, a integrar co-
XXXIII - praticar usura na repartição: missão ou grupo de trabalho, ou deixar de atender a
penalidade: suspensão de 31 (trinta e um) a 60 (ses- designação para compor comissão, grupo de trabalho
senta) dias; ou deixar de atuar como sindicante, gestor e/ou fiscal
de contrato, fundo rotativo ou outra atribuição indivi-
XXXIV - receber presentes ou vantagens, fora dos limi-
dualizada, perito, assistente técnico ou defensor dativo
tes e condições estabelecidos em regulamento:
em processo administrativo ou judicial de interesse do
penalidade: suspensão de 31 (trinta e um) a 60 (ses- Estado:
senta) dias;
penalidade: suspensão de 31 (trinta e um) a 60 (ses-
XXXV - opor resistência injustificada ou retardar sem senta) dias;
justa causa o andamento de documento, processo ou
XLIII - acumular cargos, funções e empregos públicos
execução de serviço:
ou proventos de aposentadoria, ressalvadas as exce-
penalidade: suspensão de 31 (trinta e um) a 60 (ses- ções constitucionalmente previstas:
senta) dias;
penalidade: suspensão de 31 (trinta e um) a 60 (sessen-
XXXVI - apresentar falsamente denúncia ou representa- ta) dias, se o servidor fizer a opção prevista nos incisos
ção sobre fato ou pessoa: I e II do art. 239 desta Lei, ou demissão, se ele não fizer
penalidade: suspensão de 31 (trinta e um) a 60 (ses- tal opção;
senta) dias; XLIV - deixar de cumprir ou abandonar o serviço para o
XXXVII - aconselhar ou concorrer para não ser cum- qual tenha sido designado, salvo motivo justo:
prida qualquer ordem legítima, ou para ser retardada penalidade: suspensão de até 30 (trinta) dias, na hi-
a sua execução: pótese de dano menor ou de baixa repercussão para
penalidade: suspensão de 31 (trinta e um) a 60 (ses- o serviço público, ou suspensão de 31 (trinta e um) a
senta) dias; 60 (sessenta), na hipótese de dano maior ou de grave
repercussão para o serviço público;
XXXVIII - receber gratificação, indenização, diária,
vencimento, subsídio, remuneração ou qualquer outra XLV - usar, durante o serviço, mesmo que em quan-
vantagem pecuniária que saiba ser indevida, salvo se tidade insignificante, bebida alcoólica ou droga ilícita
providenciar o ressarcimento antes da adoção de qual- ou apresentar-se em serviço em estado de embriaguez
quer medida pela Administração: alcoólica ou de entorpecimento causado pelo uso de
droga ilícita:
penalidade: suspensão de 31 (trinta e um) a 60 (ses-
senta) dias; penalidade: suspensão de 31 (trinta e um) a 60 (sessen-
ta) dias, na hipótese de bebida alcoólica, ou suspensão
XXXIX - fazer uso de veículo oficial em desacordo com de 61 (sessenta e um) a 90 (noventa) dias, na hipótese
sua destinação: de droga ilícita;
penalidade: suspensão de 31 (trinta e um) a 60 (ses-

955
XLVI - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal venta) dias;
indevido para si ou para outrem: LIV - usar recursos de tecnologia da informação da ad-
penalidade: suspensão de 61 (sessenta e um) a 90 (no- ministração pública para exercer atividades impróprias
venta) dias; ou prejudiciais a sistemas ou sítios eletrônicos públi-
cos ou privados:
XLVII - coagir ou aliciar subordinado ou servidor com o
objetivo de natureza político - partidária: penalidade: suspensão de 61 (sessenta e um) a 90 (no-
venta) dias;
penalidade: suspensão de 61 (sessenta e um) a 90 (no-
venta) dias; LV - exercer atividades incompatíveis com o gozo de
licença para tratamento de saúde, licença por motivo
XLVIII - cometer a pessoa estranha à repartição, fora
de doença em pessoa da família ou para capacitação:
dos casos previstos em lei, o desempenho de encargo
que lhe competir ou a seus subordinados: penalidade: suspensão de 61 (sessenta e um) a 90 (no-
venta) dias;
penalidade: suspensão de 61 (sessenta e um) a 90 (no-
venta) dias; LVI - fraudar o próprio registro de frequência ou de
outrem:
XLIX - deixar de executar penalidades disciplinares re-
gularmente aplicadas: penalidade: suspensão de 61 (sessenta e um) a 90 (no-
venta) dias ou demissão;
penalidade: suspensão de 61 (sessenta e um) a 90 (no-
venta) dias; LVII - cometer insubordinação grave em serviço:
L - exercer advocacia administrativa, patrocinando in- penalidade: suspensão de 61 (sessenta e um) a 90 (no-
teresse legítimo, direta ou indiretamente, valendo-se da venta) dias ou demissão;
qualidade de servidor perante a administração pública, LVIII - aplicar verba pública em desacordo com lei ou
exceto quando o interesse recair sobre a administração regulamento:
fazendária, hipótese em que a conduta será tipificada
no inciso LXIX: penalidade: suspensão de 61 (sessenta e um) a 90 (no-
venta) dias ou demissão;
penalidade: suspensão de 61 (sessenta e um) a 90 (no-
venta) dias; LIX - revelar ou utilizar informação protegida por sigilo,
da qual tem ciência em razão do cargo ou função, salvo
LI - praticar, culposamente, ato definido em lei como de nos casos autorizados por lei:
improbidade administrativa:
penalidade: suspensão de 61 (sessenta e um) a 90 (no-
penalidade: suspensão de 61 (sessenta e um) a 90 (no- venta) dias ou demissão;
venta) dias;
LX - praticar culposamente ato definido em lei como
LII - discriminar, no recinto da repartição ou no exer- crime contra a administração pública, bem como qual-
cício do cargo, qualquer pessoa em virtude de sua ori- quer outro em que ela figure como sujeito passivo:
gem, idade, etnia, cor, gênero, estado civil, profissão,
religião, convicção filosófica ou política, orientação se- penalidade: suspensão de 61 (sessenta e um) a 90 (no-
xual, doença, condição física, estado mental, situação venta) dias ou demissão;
de apenado ou qualquer outra qualidade ou particula- LXI - praticar ato definido em lei como assédio sexual:
ridade pessoal:
penalidade: suspensão de 61 (sessenta e um) a 90 (no-
penalidade: suspensão de 61 (sessenta e um) a 90 (no- venta) dias ou demissão;
venta) dias;
LXII - praticar ato definido em lei como assédio moral:
LIII - acessar, armazenar, enviar ou transferir material
com conteúdo pornográfico, erótico, violento ou dis- penalidade: suspensão de 61 (sessenta e um) a 90 (no-
criminatório, utilizando recursos eletrônicos ou de co- venta) dias ou demissão;
municação postos à sua disposição pela administração LXIII - praticar ato em situação de conflito de interesses,
pública: assim definido em lei, ressalvada a hipótese de adequa-
penalidade: suspensão de 61 (sessenta e um) a 90 (no- ção em outros tipos disciplinares:

956
penalidade: suspensão de 61 (sessenta e um) a 90 (no- dente a 30 (trinta) dias consecutivos ou o equivalente
venta) dias ou demissão; para os servidores submetidos ao regime de trabalho
em escala ou plantão:
LXIV - retirar, modificar, extinguir, acrescentar ou subs-
tituir indevidamente qualquer registro, com o fim de al- penalidade: demissão;
terar a verdade dos fatos ou facilitar que outrem o faça: LXXII - incorrer em inassiduidade habitual, faltando
penalidade: suspensão de 61 (sessenta e um) a 90 (no- intencionalmente ao exercício de suas funções por 45
venta) dias ou demissão; (quarenta e cinco) dias interpolados, durante o período
de 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias ou o equi-
LXV - usar recursos de tecnologia da informação da ad-
valente para os servidores submetidos ao regime de
ministração pública para violar sistemas ou disseminar
trabalho em escala ou plantão:
vírus ou programas nocivos:
penalidade: demissão;
penalidade: suspensão de 61 (sessenta e um) a 90 (no-
venta) dias ou demissão; LXXIII - praticar, dolosamente, ato definido em lei como
de improbidade administrativa:
LXVI - permitir ou facilitar o acesso de pessoa não au-
torizada, mediante atribuição ou fornecimento de senha penalidade: demissão;
ou qualquer outro meio, a sistemas de informações, LXXIV - ser condenado, por decisão de que não caiba
banco de dados da administração pública ou a locais mais recurso por crime doloso contra a vida, hediondo,
de acesso restrito: tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins,
penalidade: suspensão, de 61 (sessenta e um) a 90 (no- terrorismo ou qualquer outro crime cuja pena aplicada
venta) dias ou demissão; seja de reclusão superior a 4 (quatro) anos:
LXVII - usar conhecimentos e informações para violar penalidade: demissão.
ou tornar vulneráveis a segurança, os sistemas de in-
formática, sítios eletrônicos ou qualquer outra rotina ou Art. 203. Constitui, ainda, transgressão disciplinar,
equipamento da repartição: quanto ao servidor ocupante de cargo do Magistério
penalidade: suspensão de 61 (sessenta e um) a 90 (no- Público Estadual:
venta) dias ou demissão; I - adquirir, para revender a aluno, livros e materiais de
LXVIII - fazer uso de qualquer documento falsificado ensino ou quaisquer outras mercadorias:
ou alterado para obtenção de vantagens ou ingresso no penalidade: advertência;
serviço público:
II - coagir ou aliciar aluno com objetivo de natureza
penalidade: suspensão, de 61 (sessenta e um) a 90 político - partidária:
(noventa) dias, na hipótese de uso do documento fal-
penalidade: advertência ou suspensão de até 30 (trinta)
sificado ou alterado, ou demissão, na hipótese de uso
dias;
para ingresso no serviço público;
III - lançar, em qualquer meio oficial de registro, anota-
LXIX - praticar, dolosamente, ato definido em lei como
ções, reclamações, reivindicações ou quaisquer outras
crime contra a administração pública, a fé pública, a or-
informações, quando não sejam do interesse do ensino:
dem tributária, o assim definido na lei de licitação, o de
lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores, bem penalidade: advertência ou suspensão de até 30 (trinta)
como qualquer outro em que a Administração figure dias;
como sujeito passivo: IV - demonstrar parcialidade nas informações de sua
penalidade: demissão; responsabilidade, para benefício de servidor, aluno ou
terceiro:
LXX - lesar os cofres públicos ou dilapidar o patrimônio
estadual: penalidade: advertência ou suspensão de até 30 (trinta)
dias;
penalidade: demissão;
V - extraviar ou danificar artigos de uso escolar:
LXXI - abandonar o cargo, faltando intencionalmente ao
exercício de suas funções durante o período correspon- penalidade: advertência ou suspensão de até 30 (trinta)

957
dias, se a conduta foi praticada culposamente, ou sus- tíveis com o decoro da função policial ou da adminis-
pensão de 31 (trinta e um) a 60 (sessenta) dias, se ela tração penitenciária:
foi praticada dolosamente; penalidade: suspensão de até 30 (trinta) dias;
VI - propor transação ou negócio a aluno, com a finali- VIII - deixar de comunicar imediatamente ao juiz com-
dade de obtenção de lucro: petente a prisão de qualquer pessoa:
penalidade: suspensão de até 30 (trinta) dias; penalidade: suspensão de até 30 (trinta) dias;
VII - praticar atos incompatíveis com a função de ma- IX - ser desligado, por falta de assiduidade, de curso de
gistério: formação ou capacitação do respectivo órgão, em que
penalidade: suspensão de 31 (trinta e um) a 60 (ses- tenha sido matriculado compulsoriamente:
senta) dias. penalidade: suspensão de até 30 (trinta) dias;
Art. 204. Constitui, ainda, transgressão disciplinar, X - deixar de cumprir ou de fazer cumprir, na esfera de
quanto aos servidores ocupantes de cargos da Polícia suas atribuições, as leis e os regulamentos:
Civil e do órgão gestor do Sistema de Execução Penal penalidade: suspensão de até 30 (trinta) dias, se a
do Estado de Goiás: conduta foi praticada culposamente, ou suspensão de
I - transitar por logradouro público portando arma de 31 (trinta e um) a 60 (sessenta) dias, se a conduta foi
fogo, sem a respectiva identificação funcional: praticada dolosamente;
penalidade: advertência; XI - causar ou possibilitar a danificação ou extravio de
arma de fogo, acessório ou munição pertencente à re-
II - dar conhecimento, por qualquer modo, de ocorrên- partição ou que esteja sob sua responsabilidade:
cia do serviço policial ou da administração penitenciá-
ria a quem não tenha atribuições para nela intervir: penalidade: suspensão de até 30 (trinta) dias, se a
conduta foi praticada culposamente, ou suspensão de
penalidade: advertência ou suspensão de até 30 (trinta) 31 (trinta e um) a 60 (sessenta) dias, se a conduta foi
dias; praticada dolosamente;
III - discutir ou provocar discussões, pela imprensa, XII - deixar de guardar, em público, a devida compostu-
a respeito de assuntos policiais ou da administração ra, de modo a comprometer a função pública:
penitenciária, excetuando-se os de natureza exclusiva-
mente técnica, quando devidamente autorizados: penalidade: suspensão de 31 (trinta e um) a 60 (ses-
senta) dias;
penalidade: advertência ou suspensão de até 30 (trinta)
dias; XIII - irrogar sua qualidade de policial ou de servidor da
administração penitenciária fora dos casos necessários
IV - referir-se de modo depreciativo ou desrespeitoso ou convenientes ao serviço:
a autoridades hierarquicamente superiores e a atos da
administração pública, qualquer que seja o meio em- penalidade: suspensão de 31 (trinta e um) a 60 (ses-
pregado para esse fim: senta) dias;
penalidade: suspensão de até 30 (trinta) dias; XIV - divulgar ou concorrer para a divulgação, por in-
termédio da imprensa falada, escrita, digital ou televi-
V - manter relações de amizade ou exibir-se em público sionada, de fatos ocorridos no âmbito da administração
com pessoas de notórios e desabonadores anteceden- pública, que possam prejudicar ou interferir no bom
tes criminais, sem razão de serviço: andamento do serviço policial ou do serviço de admi-
penalidade: suspensão de até 30 (trinta) dias; nistração penitenciaria:
VI - atribuir-se a qualidade de representante de qual- penalidade: suspensão de 31 (trinta e um) a 60 (ses-
quer órgão ou de autoridade da respectiva Secretaria de senta) dias;
Estado ou entidade, sem a devida autorização: XV - deixar de concluir, nos prazos legais, sem motivo
penalidade: suspensão de até 30 (trinta) dias; justo, inquéritos policiais ou disciplinares ou, quanto a
estes últimos, como membro da respectiva comissão,
VII - frequentar, sem razão de serviço, lugares incompa-

958
negligenciar no cumprimento das obrigações que lhe justo motivo:
são inerentes: penalidade: suspensão de 31 (trinta e um) a 60 (ses-
penalidade: suspensão de 31 (trinta e um) a 60 (ses- senta) dias;
senta) dias; XXV - publicar, sem ordem expressa da autoridade
XVI - prevalecer-se abusivamente da condição de servi- competente, documentos oficiais, embora não reserva-
dor policial ou da administração penitenciária: dos, ou ensejar a divulgação de seu conteúdo, no todo
ou em parte:
penalidade: suspensão de 31 (trinta e um) a 60 (ses-
senta) dias; penalidade: suspensão de 31 (trinta e um) a 60 (ses-
senta) dias;
XVII - indicar ou insinuar nome de advogado para as-
sistir pessoa que se encontre respondendo a processo XXVI - praticar ato que importe em escândalo ou que
ou investigada em inquérito policial, salvo nos casos concorra para comprometer a função policial ou da ad-
em que couber à autoridade nomear defensor: ministração penitenciária:
penalidade: suspensão de 31 (trinta e um) a 60 (ses- penalidade: suspensão de 61 (sessenta e um) a 90 (no-
senta) dias; venta) dias;
XVIII - impedir ou dificultar, por qualquer meio, na fase XXVII - fazer uso indevido de arma, bem como portá - la
de inquérito policial ou durante interrogatório, a pre- ostensivamente em público:
sença de advogado, salvo por motivo justo: penalidade: suspensão de 61 (sessenta e um) a 90 (no-
penalidade: suspensão de 31 (trinta e um) a 60 (ses- venta) dias;
senta) dias; XXVIII - maltratar preso sob sua guarda ou usar de vio-
XIX - levar à prisão ou nela conservar quem quer que lência desnecessária, no exercício da função policial ou
se proponha a prestar fiança, quando admitida em lei: de segurança prisional, desde que não importe infração
mais grave:
penalidade: suspensão de 31 (trinta e um) a 60 (ses-
senta) dias; penalidade: suspensão de 61 (sessenta e um) a 90 (no-
venta) dias;
XX - atentar, com abuso de autoridade ou prevalecendo-
-se dela, contra a inviolabilidade do domicílio: XXIX - ordenar ou executar medida privativa da liberda-
de individual sem as formalidades legais ou com abuso
penalidade: suspensão de 31 (trinta e um) a 60 (ses-
do poder:
senta) dias;
penalidade: suspensão de 61 (sessenta e um) a 90 (no-
XXI - submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a
venta) dias;
vexame ou constrangimento:
XXX - espalhar falsas notícias em prejuízo ou despres-
penalidade: suspensão de 31 (trinta e um) a 60 (ses-
tígio da ordem policial ou da administração penitenci-
senta) dias;
ária:
XXII - deixar alguém conversar ou entender-se com pre-
penalidade: suspensão de 61 (sessenta e um) a 90 (no-
so, sem autorização de quem tenha a competência para
venta) dias;
tanto, salvo nas hipóteses do inciso XVIII deste artigo:
XXXI - introduzir bebidas alcoólicas na repartição, para
penalidade: suspensão de 31 (trinta e um) a 60 (ses-
uso próprio ou de terceiros:
senta) dias;
penalidade: suspensão de 61 (sessenta e um) a 90 (no-
XXIII - conversar ou entender-se com preso, sem estar
venta) dias;
autorizado por sua função ou autoridade competente:
XXXII - omitir-se no zelo da integridade física ou moral
penalidade: suspensão de 31 (trinta e um) a 60 (ses-
dos presos sob sua guarda:
senta) dias;
penalidade: suspensão de 61 (sessenta e um) a 90 (no-
XXIV - recusar-se a executar ou executar deficientemen-
venta) dias;
te qualquer serviço para evitar perigo pessoal, salvo por

959
XXXIII - exercer advocacia ou jornalismo no recinto ou § 1º A proibição de acumular estende-se a cargos,
relativamente às atividades do respectivo órgão: empregos e funções e abrange autarquias, fundações,
penalidade: suspensão de 61 (sessenta e um) a 90 (no- empresas públicas, sociedades de economia mista,
venta) dias; suas subsidiárias e sociedades controladas, direta ou
indiretamente, pelo Poder Público.
XXXIV - introduzir material inflamável ou explosivo na
repartição, salvo se em obediência a ordem de serviço: § 2º Na hipótese de o servidor estadual ter interesse
de ingressar em outro cargo público, deverá, prévia e
penalidade: suspensão de 61 (sessenta e um) a 90 (no- formalmente, comunicar este fato ao Órgão Central de
venta) dias ou demissão; Gestão de Pessoal que, em caso de dúvidas, consultará
XXXV - permitir que preso conserve em seu poder a Procuradoria-Geral do Estado quanto a sua legalida-
instrumento que possa causar dano nas dependências de, sem prejuízo do disposto no § 5º deste artigo.
em que esteja recolhido, ferir-se ou produzir lesões em § 3º É vedada a percepção simultânea de proventos
terceiros: de aposentadoria com a remuneração ou o subsídio
penalidade: suspensão de 61 (sessenta e um) a 90 (no- de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os
venta) dias ou demissão; acumuláveis na forma da Constituição Federal, os eleti-
vos e aqueles em comissão, declarados em lei como de
XXXVI - cobrar carceragem, custas, emolumentos ou livre nomeação e exoneração.
qualquer outra despesa sem autorização legal:
§ 4º A demonstração da compatibilidade de horários é
penalidade: demissão; imprescindível para a regularidade da acumulação.
XXXVII - praticar dolosamente ato definido em lei como § 5º O servidor vinculado ao regime desta Lei, que
crime contra o patrimônio, crime doloso contra a vida, acumular licitamente 2 (dois) cargos efetivos, quando
hediondo, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, investido em cargo de provimento em comissão, ficará
terrorismo, contra a liberdade sexual, participar ou inte- afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na hipótese
grar associação ou organização criminosa e outros que em que houver compatibilidade de horário e local com
por sua gravidade os incompatibilizem com o exercício o exercício de um deles.
da função policial e da administração penitenciária:
§ 6º Detectada a qualquer tempo suposta acumulação
penalidade: demissão; ilegal de cargos, empregos ou funções públicas, ou de
XXXVIII - submeter preso a tortura, permitir ou mandar proventos da inatividade com remuneração ou subsí-
que o façam: dio de cargo, emprego ou função públicos, o titular do
órgão ou da entidade submeterá o caso à orientação
penalidade: demissão;
jurídica da Procuradoria-Geral do Estado.
XXXIX - adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir,
§ 7º Caso a acumulação ilegal de cargos, empregos ou
ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar,
funções públicos seja confirmada, a autoridade a que
adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma
se refere o § 6º instaurará o processo administrativo
utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de
disciplinar para a apuração da transgressão.
atividade comercial ou industrial, arma de fogo, aces-
sório ou munição, sem autorização ou em desacordo § 8º O servidor poderá fazer a opção por um dos víncu-
com determinação legal ou regulamentar: los acumulados em qualquer momento que anteceda o
término do prazo previsto no inciso II do art. 239 desta
penalidade: demissão.
Lei.

CAPÍTULO IV
CAPÍTULO V
DA ACUMULAÇÃO
DAS RESPONSABILIDADES
Art. 205. Ressalvados os casos previstos na Consti-
Art. 206. O servidor responde civil, penal e administra-
tuição Federal, é vedada a acumulação remunerada de
tivamente pelo exercício irregular de suas atribuições.
cargos públicos.

960
Art. 207. A responsabilidade civil decorre de conduta CAPÍTULO I
omissiva ou comissiva, dolosa ou culposa, que importe DISPOSIÇÕES GERAIS
em prejuízo ao erário ou a terceiro.
§ 1º A indenização de prejuízo causado ao erário poderá  Art. 212. Os responsáveis pelos órgãos e as demais
ser liquidada nos termos do art. 97 deste Estatuto, sem autoridades do Poder Público Estadual, bem como os
prejuízo de outros bens que respondam pela indeniza- servidores que nele exercem suas funções, que tiverem
ção, salvo disposição legal em contrário. conhecimento de prática de ato de improbidade admi-
§ 2º Tratando-se de dano causado a terceiro, responde o nistrativa ou qualquer outra irregularidade, imputados
servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva. a servidor público estadual, ficam obrigados, sob pena
de responsabilidade funcional, a noticiar ou representar
Art. 208. A responsabilidade penal abrange os crimes o fato à autoridade competente para as devidas provi-
e as contravenções imputados ao servidor, nesta qua- dências.
lidade. Parágrafo único. As irregularidades praticadas por
servidor público estadual serão apuradas em processo
Art. 209. A responsabilidade administrativa resulta da administrativo disciplinar regulado por esta Lei.
prática, omissiva ou comissiva, dolosa ou culposa, de
qualquer uma das transgressões disciplinares previstas CAPÍTULO II
nos arts. 202, 203 e 204 desta Lei, bem como em leis
especiais.
DA SINDICÂNCIA
§ 1º As infrações disciplinares classificam-se, para efei-
Art. 213. Como medida preparatória, a autoridade
to de cominação da sanção, em leves, médias e graves.
competente para instaurar o processo administrativo
§ 2º A alteração da situação jurídico-funcional do ser- disciplinar poderá, se necessário, determinar a realiza-
vidor, observado o prazo prescricional, não impede a ção de sindicância preliminar ou se valer da apuração
instauração de processo administrativo disciplinar, preliminar investigatória com a finalidade de investigar
aplicação de penalidade disciplinar e/ou da inabilitação irregularidade funcional, oportunidade em que serão
de que trata o art. 199 desta Lei: realizadas as diligências necessárias à obtenção de
I - após exoneração ou demissão; informações, inclusive de natureza patrimonial, con-
sideradas úteis ao esclarecimento do fato, das suas
II - após aposentadoria ou disponibilidade; circunstâncias e da respectiva autoria.
III - após vacância em razão de posse em outro cargo § 1º Os Secretários de Estado ou autoridades equiva-
inacumulável. lentes deverão instituir comissões permanentes de sin-
§ 3º O servidor será punido por conduta prevista como dicância ou designar sindicante junto aos respectivos
transgressão disciplinar desde que praticada dolosa- órgãos ou entidades.
mente, salvo os casos expressos nesta Lei. § 2º A sindicância terá natureza inquisitorial e será con-
duzida por servidor ou comissão para esse fim desig-
Art. 210. As sanções civis, penais e administrativas po- nado, assegurando-se no seu curso a informalidade, a
derão acumular-se, sendo independentes entre si. discricionariedade e o sigilo necessários à elucidação
dos fatos ou exigidos pelo interesse da Administração.
Art. 211. A responsabilidade administrativa e civil do
servidor será afastada no caso de sentença penal abso- § 3º O sindicante ou a comissão apresentará seu rela-
lutória quanto ao mesmo fato, fundada na sua inexis- tório à autoridade que o designou, competindo a esta:
tência material ou na negativa de sua autoria. I - instaurar o processo administrativo disciplinar;
II - determinar, visando ao melhor esclarecimento dos
TÍTULO VI fatos, que o mesmo ou outro sindicante ou comissão
DO PROCESSO DISCIPLINAR realize novas diligências que entender necessárias, de-
vendo ser especificadas;

961
III - arquivar a sindicância, podendo reabri - la, me- Art. 214. Diante de fundados indícios de enriqueci-
diante a notícia de fato novo, observado o prazo pres- mento ilícito de servidor ou de evolução patrimonial
cricional; incompatível com a remuneração ou subsídio por ele
percebido, pode ser determinada a instauração de sin-
IV - encaminhar cópia dos autos ao Ministério Público,
dicância patrimonial.
na hipótese de existirem indícios da prática de ato de
improbidade administrativa ou de ilícito penal; § 1º São competentes para determinar a instauração
de sindicância patrimonial o Chefe do Poder Executivo
V - designar servidor integrante da unidade correcional
Estadual ou o Titular do Órgão Central do Sistema de
setorial para conduzir a celebração de Termo de Ajusta-
mento de Conduta - TAC. Correição.

§ 4º O relatório de sindicância que propuser a instau- § 2º A sindicância patrimonial constitui-se em proce-


dimento sigiloso com caráter exclusivamente investi-
ração de processo administrativo disciplinar conterá a
exposição da infração disciplinar, com todas as suas gativo.
circunstâncias, a qualificação do acusado, classificação § 3º O procedimento de sindicância patrimonial é con-
do ilícito disciplinar e, quando necessário, indicação duzido por comissão composta de 3 (três) servidores
das provas a serem produzidas durante a instrução e estáveis.
das testemunhas, observado o limite estabelecido para
§ 4º O prazo para conclusão do procedimento de sin-
o respectivo rito. dicância patrimonial é de 30 (trinta) dias, prorrogável
§ 5º O relatório de sindicância que propuser o arquiva- por igual período, a critério da autoridade instauradora.
mento demonstrará a ausência de indícios suficientes
§ 5º Concluídos os trabalhos da sindicância patrimo-
de autoria e materialidade. nial, a comissão responsável por sua condução deve
§ 6º O relatório de sindicância que propuser a cele- elaborar relatório sobre os fatos apurados, concluindo
bração de Termo de Ajustamento de Conduta conterá pelo arquivamento ou pela instauração de processo ad-
a exposição da infração disciplinar, com todas as suas ministrativo disciplinar.
circunstâncias, a qualificação do acusado, a classifica- § 6º Ato do Chefe do Poder Executivo Estadual regula-
ção do ilícito disciplinar, bem como a demonstração da mentará a sindicância patrimonial.
presença dos requisitos dispostos no art. 252 desta Lei.
§ 7º Quando for designado mais de um sindicante, CAPÍTULO IV
qualquer deles poderá realizar os atos pertinentes à DAS RESTRIÇÕES AO AFASTAMENTO
apuração preliminar.
E DO AFASTAMENTO PREVENTIVO
§ 8º A designação de servidor para conduzir sindicân-
cia constitui encargo de natureza obrigatória, exceto
Art. 215. Antes da concessão de licença ou qualquer
nos casos de impedimento ou suspeição legalmente
outra forma de afastamento a servidor acusado em pro-
admitidos.
cesso administrativo disciplinar, ouvir-se-á a autorida-
§ 9º O sindicante, durante a apuração dos fatos apon- de competente, que se manifestará sobre a conveniên-
tados no ato de instauração da sindicância, poderá, cia e/ou oportunidade da concessão.
dentre outras medidas, realizar diligências e requisitar
§ 1º Excepcionam-se da manifestação referida
documentos e informações necessários à instrução da
no caput deste artigo as hipóteses previstas no art. 30,
sindicância.
incisos I, II, III, IV, V, VI, IX, XI, XII, XIII, XIV, XV, XVII,
§ 10. O prazo para conclusão da sindicância não exce- XIX, XX e XXIII desta Lei.
derá 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado por igual
§ 2º Quando a autoridade instauradora julgar necessá-
período, a critério da autoridade instauradora.
rio à instrução de processo administrativo disciplinar
e ao cumprimento de penalidades aplicadas poderá
CAPÍTULO III determinar a interrupção ou suspensão de licença ou
DA SINDICÂNCIA PATRIMONIAL afastamento já concedido, excetuadas as hipóteses ar-
roladas no § 1º .

962
§ 3º A concessão de licença para tratamento de saúde Seção I
não obsta a instauração e continuidade do processo ad- Da instauração do processo
ministrativo disciplinar, exceto se houver manifestação
administrativo disciplinar
expressa da Junta Médica Oficial nesse sentido, com o
consequente sobrestamento do processo administrati-
vo disciplinar e suspensão da prescrição, na forma do Art. 218. Salvo disposição em contrário, são compe-
inciso II do § 7º do art. 201 desta Lei. tentes para determinar a instauração do processo admi-
nistrativo disciplinar, no âmbito de suas atribuições, o
Art. 216. A autoridade instauradora do processo admi- chefe do Poder Executivo e os Secretários de Estado ou
nistrativo disciplinar poderá, excepcionalmente e de autoridades equivalentes, independente da penalidade
forma motivada, adotar medida cautelar consistente disciplinar abstratamente cominada à infração apurada.
no afastamento preventivo do acusado do exercício § 1º A competência descrita neste artigo poderá ser ob-
de suas funções, com a finalidade de fazer cessar a jeto de delegação pelo seu titular à autoridade adminis-
sua influência na apuração da ilicitude imputada, sem trativa de hierarquia imediatamente inferior ou ao chefe
prejuízo de seu subsídio ou remuneração, observado o de unidade administrativa correcional.
seguinte:
§ 2º Na hipótese de acúmulo ilegal de cargos públicos,
I - o período de afastamento não poderá ser superior a havendo mais de uma autoridade competente no âm-
180 (cento e oitenta) dias, consecutivos ou não, findo o bito da administração pública estadual para instaurar
qual o servidor reassumirá suas funções, ainda que não o processo administrativo disciplinar, a competência
concluído o processo; é definida em favor daquela que primeiro instaurar o
II - durante o período de afastamento, o servidor deve processo.
manter atualizado endereço certo e sabido, que lhe § 3º O processo administrativo disciplinar será instau-
permita pronto atendimento a todas as requisições rado no órgão ou na entidade onde foi praticado o fato,
processuais. resguardada a competência para o julgamento.
§ 1º A medida referida no caput só será efetivada na hi- § 4º O incidente de incompetência não acatado pela
pótese em que a movimentação do servidor para outro autoridade instauradora será remetido àquela imedia-
local e/ou horário de trabalho não se mostre suficiente tamente superior para decisão.
para fazer cessar sua influência.
§ 5º Quando for conveniente em razão de circunstâncias
§ 2º O afastamento preventivo constitui medida de inte- de ordem técnica, social, econômica, jurídica ou terri-
resse processual e não será considerado para efeito de torial, poderá o Órgão Central do Sistema de Correição
compensação com a penalidade eventualmente aplica- motivadamente avocar a instauração e o julgamento de
da ao servidor, nem suspende ou interrompe contagem processo administrativo disciplinar.
de tempo de serviço para qualquer efeito.
Art. 219. O processo administrativo disciplinar será ins-
CAPÍTULO V taurado por meio de portaria que conterá, no mínimo:
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO I - a identificação e qualificação funcional do servidor;
DISCIPLINAR
II - a descrição dos fatos imputados ao servidor;
III - a capitulação legal das supostas transgressões
Art. 217. O processo administrativo disciplinar desen-
disciplinares;
volve-se em:
IV - a definição do rito;
I - instauração;
V - o nome e a função de cada membro da comissão
II - instrução;
processante; e
III - defesa;
VI - o local onde a comissão desenvolverá os trabalhos
IV - relatório; e de apuração.
V - julgamento. § 1º Deverá ser publicado o extrato da portaria de ins-

963
tauração do processo administrativo disciplinar, sem a § 3º Ocorrendo, no curso do processo administrativo
identificação e qualificação funcional do servidor acu- disciplinar, motivo de força maior ou qualquer outra
sado. circunstância que impossibilite ou torne inconveniente
a permanência de qualquer de seus membros, a auto-
§ 2º Aos autos do processo administrativo disciplinar
ridade instauradora providenciará a sua substituição,
serão apensados os da sindicância preliminar, se hou-
dando-se continuidade aos trabalhos apuratórios.
ver.
§ 4º É impedido de atuar em comissão processante o
Art. 220. O processo administrativo disciplinar será servidor que:
instruído por uma comissão composta de 3 (três) I - for cônjuge ou companheiro do acusado, ou de seu
servidores ocupantes de cargo de provimento efetivo, defensor;
preferencialmente estáveis, submetidos ao regime desta
Lei, instituída pela autoridade que o houver instaurado, II - for parente consanguíneo ou afim, em linha reta
dentre os quais designará seu presidente, que deverá ou colateral, até o terceiro grau, do acusado ou de seu
ser ocupante de cargo de escolaridade superior ou de defensor;
mesmo nível que o do cargo do acusado. III - tenha sofrido punição disciplinar, cujo cancela-
§ 1º A comissão poderá funcionar e deliberar com a mento ainda não tenha ocorrido, nos termos do art. 194
presença mínima de 2 (dois) de seus membros. desta Lei;
§ 2º Os Secretários de Estado ou autoridades equiva- IV - esteja respondendo a processo administrativo dis-
lentes deverão instituir comissões permanentes de pro- ciplinar ou criminal;
cesso administrativo disciplinar junto aos respectivos V - participe como perito ou testemunha no processo;
órgãos ou entidades.
VI - tenha se manifestado anteriormente na causa que
§ 3º Havendo suspeição ou impedimento ou qualquer constitui objeto de apuração do processo, inclusive na
outra circunstância que impossibilite ou torne inconve- condição de noticiante ou autor da representação;
niente a atuação dos membros da comissão permanen-
te, instaurar-se-á uma comissão especial, nos termos VII - tenha atuado em sindicância preliminar, auditoria,
do caput deste artigo. investigação ou procedimento de que resultou a instau-
ração do processo;
§ 4º Os atos processuais serão realizados preferencial-
mente na sede do órgão ou da entidade processante, VIII - atue como defensor do acusado em qualquer pro-
permitidas as diligências externas julgadas convenien- cesso administrativo ou judicial;
tes à instrução probatória, como também o desloca- IX - tenha celebrado Termo de Ajustamento de Conduta,
mento da autoridade processante a qualquer parte do até o efetivo cumprimento das obrigações avençadas.
território nacional, verificada a necessidade.
§ 5º É suspeito para atuar em comissão processante o
servidor que:
Art. 221. Sempre que necessário, a comissão dedicará
todo o seu tempo de trabalho ao processo administra- I - seja amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das
tivo disciplinar, ficando os seus membros, em tal caso, partes ou de seus defensores;
dispensados do serviço normal da repartição até a en- II - tenha interesse no resultado do processo;
trega do relatório final.
III - tenha interesse em decisão administrativa a ser to-
§ 1º A comissão processante exercerá suas atividades mada pelo acusado;
com independência e imparcialidade, assegurado o
acesso às repartições, informações e aos documentos IV - seja credor ou devedor do acusado ou de seu de-
necessários à elucidação dos fatos em apuração. fensor, ou com eles mantenha relação de negócio.

§ 2º A designação de servidor para conduzir processo § 6º Os incidentes de impedimento e suspeição serão


administrativo disciplinar constitui encargo de natureza decididos pela autoridade instauradora no prazo de 5
obrigatória, sob pena de a recusa configurar transgres- (cinco) dias.
são disciplinar capitulada no inciso XLII do art. 202
desta Lei. Seção II

964
Da instrução do processo de 2 (dois) dias, formular seus quesitos e, caso quei-
administrativo disciplinar ram, indicar assistente.

Art. 223. As informações relativas a sindicâncias e pro-


Art. 222. Na instrução do processo administrativo dis- cessos administrativos disciplinares são restritas, na
ciplinar a comissão processante poderá motivadamente forma da Lei de Acesso à Informação:
promover oitivas, acareações e diligências, recorrendo,
quando necessário, a técnicos e peritos, de modo a per- I - aos membros da comissão processante;
mitir a completa elucidação dos fatos. II - ao acusado ou ao seu defensor;
§ 1º A comissão processante pode, de ofício ou a re- III - aos agentes públicos que devam atuar no processo,
querimento do acusado, dentre outras medidas: quando estritamente necessário o acesso.
I - tomar o depoimento de testemunha;
Art. 224. O depoimento da testemunha será prestado
II - coletar prova documental;
oralmente, inclusive a distância, sob compromisso, e
III - solicitar ou requerer prova emprestada de processo reduzido a termo, podendo ser adotado recurso de gra-
administrativo ou judicial; vação audiovisual, obedecidas as seguintes regras:
IV - proceder à reconstituição simulada do fato, desde I - as testemunhas serão inquiridas separadamente;
que não ofenda a moral ou os bons costumes;
II - as perguntas serão formuladas pelas partes direta-
V - solicitar, diretamente ou, quando necessário, por mente às testemunhas;
intermédio da autoridade competente:
III - a comissão não poderá interferir nas perguntas da
a) realização de busca e apreensão; parte, salvo se não tiverem relação com o processo ou
b) informação à Fazenda Pública, na forma autorizada importarem repetição de outra já respondida;
na legislação; IV - na hipótese de depoimentos contraditórios ou que
c) transferência de informações protegidas por sigilo se infirmem, poderá ser realizada acareação entre os
bancário, fiscal ou telefônico; depoentes;

d) acesso a relatório de uso, pelo acusado, de sistema V - a testemunha, quando servidor público estadual,
informatizado ou a ato que ele tenha praticado; será intimada a depor mediante mandado expedido pela
comissão;
e) exame de sanidade mental do acusado;
VI - não sendo encontrado o servidor público estadual
VI - determinar a realização de perícia; arrolado como testemunha ou havendo recusa reiterada
VII - proceder ao interrogatório do acusado. a ser intimado, será concedido, no prazo fixado pela
comissão, direito à sua substituição;
§ 2º O presidente da comissão processante, por des-
pacho fundamentado, poderá indeferir, dentre outros VII - na hipótese de a testemunha não ser servidor
pedidos: público estadual, incumbe a quem a arrolar o ônus de
trazê - la à audiência de inquirição, caso em que não se
I - os considerados impertinentes, meramente protela- procederá à sua intimação;
tórios, ou de nenhum interesse para o esclarecimento
dos fatos; VIII - a comissão processante poderá convidar teste-
munha não servidora pública estadual quando o de-
II - os de prova pericial, quando a comprovação do fato poimento for necessário para a elucidação dos fatos
independer de conhecimento especial. apurados;
§ 3º O requerimento de prova pericial deverá ser acom- IX - quando for necessária a presença de pessoa não
panhado dos quesitos, e, caso queira, da indicação do servidora pública estadual, com a finalidade de prestar
assistente, sob pena de indeferimento pelo presidente informação relevante para a instrução processual, ana-
da comissão. lisadas a conveniência e oportunidade pela autoridade
§ 4º Deferido o pedido de prova pericial e havendo mais instauradora, poderá ser concedida por quem de direito
de um acusado, os demais serão intimados a, no prazo indenização em valor não superior ao da diária, com

965
a finalidade de ressarcir eventuais despesas de loco- relativos à apuração da infração.
moção;
X - o acusado poderá desistir do depoimento de quais- Art. 227. Aplicam-se ao processo administrativo dis-
quer das testemunhas por ele arroladas, se considerar ciplinar os princípios gerais de direito e, subsidiária e
suficientes as provas que possam ser ou tenham sido supletivamente, as normas de direito penal, direito pro-
produzidas; cessual penal e direito processual civil.

XI - não é causa de nulidade do ato processual a ausên-


Seção III
cia do acusado ou de seu defensor na oitiva de testemu-
nha, desde que previamente intimados. Do rito processual

Art. 225. O interrogatório do acusado observará, no que Art. 228. A comissão receberá o processo administrati-
couber, as disposições do art. 224. vo disciplinar em até 5 (cinco) dias após a instauração
e iniciará a apuração, observado o rito, que será de-
Parágrafo único. O não comparecimento do acusado
terminado pela maior penalidade em abstrato prevista
ao interrogatório ou a sua recusa em ser interrogado
para o tipo:
não obsta o prosseguimento do processo, tampouco é
causa de nulidade. I - ordinário, quando se tratar de transgressão discipli-
nar punível com demissão, destituição de cargo em co-
Art. 226. Quando houver dúvida sobre a integridade missão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
mental do acusado, a autoridade instauradora do pro- II - sumário, quando se tratar de transgressão discipli-
cesso administrativo disciplinar determinará, de ofício nar punível com suspensão ou multa;
ou a requerimento daquele, do seu defensor ou da co-
missão processante, que o acusado seja submetido a III - sumaríssimo, quando se tratar de transgressão dis-
exame por Junta Médica Oficial, com a participação de ciplinar punível com advertência.
ao menos um médico psiquiatra. § 1º O rito ordinário atenderá ao seguinte:
§ 1º O pedido de exame de insanidade mental deverá I - o acusado será citado para, no prazo de 10 (dez)
ser instruído com os elementos suficientes a demons- dias, tomar conhecimento da imputação que lhe é feita,
trar a dúvida e os quesitos a serem respondidos pela acompanhar o processo pessoalmente ou por meio de
perícia, sob pena de indeferimento. defensor, ou manifestar sua intenção de não o consti-
§ 2º Antes de encaminhar o pedido para a decisão da tuir, bem como requerer a produção de provas e oitiva
autoridade instauradora, a comissão deverá instruí-lo de até 5 (cinco) testemunhas;
com os demais quesitos formulados pelas outras par- II - encerrado o prazo do inciso I, caso não tenha sido
tes, inclusive com os da própria comissão. constituído defensor, a autoridade competente nomea-
§ 3º A decisão da autoridade competente que instaurar rá defensor dativo e intimará o servidor sobre tal fato,
o incidente de insanidade sobrestará o processo admi- competindo ao defensor dativo nomeado, no prazo de
nistrativo disciplinar e dará início à suspensão da pres- 10 (dez) dias, requerer a produção das provas necessá-
crição, na forma do inciso II do § 7º do art. 201. rias à defesa do servidor;

§ 4º Na hipótese de o incidente de insanidade ter sido III - proceder-se-á, sucessivamente, à inquirição das
solicitado pelo acusado ou seu defensor, deverá aquele testemunhas arroladas pela comissão e pela defesa;
comparecer à Junta Médica Oficial no prazo de até 10 IV - concluída a fase de inquirição das testemunhas,
(dez) dias contados da decisão referida no § 3º deste serão realizadas as diligências necessárias e produzi-
artigo, sob pena de extinção do incidente e consequente das as provas deferidas, bem como as de interesse da
retomada do processo administrativo disciplinar. comissão;
§ 5º O incidente deverá esclarecer se o acusado apre- V - concluída a fase de produção de provas, serão
senta condição de sanidade mental que permita o designados dia, hora e local para o interrogatório do
acompanhamento do processo administrativo disci- acusado, procedendo-se à sua intimação pessoalmente
plinar, bem como responder os quesitos formulados ou por meio de seu defensor, com antecedência mínima

966
de 5 (cinco) dias; VII - procedido o indiciamento do servidor acusado,
ele deverá ser intimado pessoalmente ou por meio de
VI - encerrada a instrução, a comissão processante tipi-
seu defensor, por mandado expedido por membro da
ficará a transgressão disciplinar, devendo ser formulado
comissão processante, para apresentar defesa escrita,
o indiciamento do servidor, com a especificação dos fa-
no prazo de 7 (sete) dias;
tos a ele imputados e das respectivas provas;
VIII - concluída a instrução e apresentada a defesa es-
VII - procedido o indiciamento do servidor acusado,
crita, a comissão processante elaborará o relatório final,
este deverá ser intimado pessoalmente ou por meio de
podendo, antes de concluí - lo, sanear eventuais nulida-
seu defensor, por mandado expedido por membro da
des, sendo admitida a realização de diligências para di-
comissão processante, para apresentar defesa escrita,
rimir dúvidas sobre ponto relevante ou suprir falta que
no prazo de 10 (dez) dias;
prejudique o esclarecimento dos fatos, hipótese em que
VIII - concluída a instrução e apresentada a defesa es- será concedido prazo para nova defesa escrita.
crita, a comissão processante elaborará o relatório final,
§ 3º O rito sumaríssimo orientar-se-á pelos critérios da
podendo, antes de concluí-lo, sanear eventuais nulida-
oralidade, simplicidade, economia processual e celeri-
des, sendo admitida a realização de diligências para di-
dade e atenderá ao seguinte:
rimir dúvidas sobre ponto relevante ou suprir falta que
prejudique o esclarecimento dos fatos, hipótese em que I - o acusado será citado para, no prazo de 5 (cinco)
será concedido prazo para nova defesa escrita. dias, tomar conhecimento da imputação que lhe é feita,
acompanhar o processo pessoalmente ou por meio de
§ 2º O rito sumário atenderá ao seguinte:
defensor, ou manifestar sua intenção de não o consti-
I - o acusado será citado para, no prazo de 7 (sete) tuir, bem como requerer a produção de provas e oitiva
dias, tomar conhecimento da imputação que lhe é feita, de até 2 (duas) testemunhas;
acompanhar o processo pessoalmente ou por meio de
II - encerrado o prazo do inciso I, caso não tenha sido
defensor, ou manifestar sua intenção de não o consti-
constituído defensor, a autoridade competente nomea-
tuir, bem como requerer a produção de provas e oitiva
rá defensor dativo e intimará o servidor sobre tal fato,
de até 3 (três) testemunhas;
competindo ao defensor dativo nomeado, no prazo de 5
II - encerrado o prazo do inciso I, caso não tenha sido (cinco) dias, requerer a produção das provas necessá-
constituído defensor, a autoridade competente nomea- rias à defesa do servidor;
rá defensor dativo e intimará o servidor sobre tal fato,
III - após a produção das provas, proceder-se-á à inti-
competindo ao defensor dativo nomeado, no prazo de 7
mação do acusado pessoalmente ou por meio de seu
(sete) dias, requerer a produção das provas necessárias
defensor, com antecedência mínima de 3 (três) dias,
à defesa do servidor;
para a audiência una de oitiva das testemunhas e in-
III - proceder-se-á, sucessivamente, à inquirição das terrogatório;
testemunhas arroladas pela comissão e pela defesa;
IV - proceder-se-á, em audiência una, sucessivamente,
IV - concluída a fase de inquirição das testemunhas, à inquirição das testemunhas arroladas pela comissão
serão realizadas as diligências necessárias e produzi- processante, se houver, e daquelas indicadas pela de-
das as provas deferidas, bem como as de interesse da fesa, interrogando-se, a seguir, o acusado, se presente;
comissão;
V - concluídos a inquirição de testemunhas, a produção
V - concluída a fase de produção de provas, serão de provas e o interrogatório do acusado, a comissão
designados dia, hora e local para o interrogatório do processante, se for o caso, indiciá - lo - á na audiência,
acusado, procedendo-se à sua intimação pessoalmente intimando - o juntamente com seu defensor para apre-
ou por meio de seu defensor, com antecedência mínima sentar a defesa escrita no prazo de 5 (cinco) dias;
de 3 (três) dias;
VI - apresentada a defesa escrita, a comissão proces-
VI - encerrada a instrução, a comissão processante tipi- sante elaborará seu relatório final, podendo, antes de
ficará a transgressão disciplinar, devendo ser formulado concluí - lo, sanear eventuais nulidades, hipótese em
o indiciamento do servidor, com a especificação dos fa- que será concedido prazo para nova defesa.
tos a ele imputados e das respectivas provas;
§ 4º O indiciamento consiste na delimitação dos fatos

967
e das provas produzidas, bem como na indicação da Art. 231. O acusado será citado pessoalmente por meio
transgressão disciplinar imputada ao servidor. de mandado expedido por membro da comissão para
ter conhecimento da imputação e:
§ 5º Não cabe o indiciamento do servidor se, com as
provas colhidas, ficar comprovado que: I - nos ritos ordinário e sumário, para tomar conheci-
mento da imputação que lhe é feita, acompanhar o pro-
I - não houve a infração disciplinar;
cesso pessoalmente ou por meio de defensor e requerer
II - o servidor acusado não foi o autor da infração dis- a produção de provas e oitiva de testemunhas;
ciplinar;
II - no rito sumaríssimo, para requerer a produção de
III - a punibilidade esteja extinta. provas e arrolar testemunhas.
§ 6º Ocorrendo a hipótese do parágrafo anterior, a co- § 1º O mandado de citação deverá:
missão processante deve elaborar o seu relatório, con-
I - conter a identificação e qualificação funcional do
cluindo pelo arquivamento do processo administrativo
acusado, número do telefone, meio eletrônico para co-
disciplinar.
municação e endereço da comissão processante;
Art. 229. A comissão processante deve remeter à autori- II - cientificar o acusado:
dade instauradora os autos do processo administrativo a) do seu direito de obter cópia das peças processuais,
disciplinar, com o respectivo relatório, na forma do art. ter vista dos autos no local de funcionamento da comis-
235 desta Lei. são processante e fazer o seu acompanhamento, pesso-
almente ou por intermédio de defensor que constituir;
Seção IV
b) do seu direito de constituir um defensor e de, caso
Dos atos e termos processuais abra mão deste direito, nomeação de defensor dativo,
que deverá ser bacharel em direito;
Art. 230. Os atos e termos do processo administrativo c) de dia, hora e local para requerer provas e arrolar tes-
disciplinar não dependem de forma determinada, senão temunhas, nos processos sujeitos ao rito sumaríssimo;
quando a lei expressamente o exigir, reputando-se váli-
dos os que, realizados de outro modo, preencham sua d) das consequências da revelia;
finalidade essencial e não prejudiquem a defesa. e) da prerrogativa de opção por um dos vínculos acu-
Parágrafo único. A comunicação dos atos processuais mulados, em se tratando de transgressão disciplinar de
será preferencialmente realizada de forma pessoal, as- acumulação de cargos, na forma do § 8º do art. 205
sim compreendidas: desta Lei;
I - a intimação do acusado ou de seu defensor, em au- III - ser acompanhado de uma cópia do ato de instaura-
diência; ção do processo administrativo disciplinar.
II - a intimação do acusado na repartição, mediante § 2º No caso de recusa do acusado em apor seu ciente,
recibo; considerar-se-á válida a citação mediante o registro de
tal fato, no próprio mandado, pelo responsável pela ci-
III - a intimação via postal do acusado, do seu defensor tação, com a assinatura de uma testemunha.
e das testemunhas; e
§ 3º Quando, por duas vezes, a comissão processante
IV - a utilização de meio eletrônico previamente infor- houver procurado o acusado em seu domicílio, sem o
mado à comissão processante, se confirmado o recebi- encontrar, deverá, havendo fundada suspeita de que o
mento pelo destinatário para: mesmo se oculte para não ser citado, intimar qualquer
a) a entrega de petição à comissão processante; e pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho, de
que voltará em dia e hora designados, a fim de efetuar a
b) a intimação sobre atos do processo administrativo
citação, momento em que o membro da comissão pro-
disciplinar, salvo a citação inicial.
cessante comparecerá ao domicílio do acusado a fim
de citá - lo, devendo, se o servidor acusado não estiver
Seção V presente:
Da citação e da revelia

968
I - informar-se das razões da ausência e dar por feita a estado em que se encontrar.
citação, lavrando-se a respectiva certidão; § 4º A revelia não implica confissão e não exime a
II - deixar cópia do mandado de citação com pessoa da comissão processante de realizar adequada instrução
família do acusado ou com qualquer vizinho, conforme processual.
o caso, registrando - lhe o nome, mediante identifica-
ção. Seção VI
§ 4º A citação com hora certa será efetivada mesmo que Da defesa
a pessoa da família ou o vizinho que houver sido inti-
mado esteja ausente ou, embora presente, recusar-se Art. 233. Ao acusado é facultado:
a recebê - la.
I - arguir a incompetência, o impedimento ou a sus-
§ 5º Achando-se o acusado em local ignorado, incerto peição;
ou inacessível, a citação se fará por edital publicado
uma vez no Diário Oficial do Estado e observado o se- II - constituir defensor;
guinte: III - acompanhar depoimento de testemunha, pessoal-
I - a citação por edital será realizada somente quando mente, salvo exceção legal, ou por meio de seu defen-
frustradas as tentativas de citação pessoal do acusado, sor;
devidamente certificadas nos autos; IV - arrolar testemunhas, até o limite estabelecido para
II - a comissão juntará aos autos cópia da publicação; o respectivo rito;
III - o prazo para acompanhar o processo, requerer pro- V - inquirir testemunha;
vas e arrolar testemunhas, nos termos dos ritos ordiná- VI - contraditar testemunha;
rio e sumário, terá início a partir da juntada de cópia da
publicação aos autos; VII - requerer ou produzir provas;

IV - no rito sumaríssimo, a data fixada para requerer VIII - formular quesitos, no caso de prova pericial, e
provas e arrolar testemunhas deverá constar do edital indicar assistente;
e não poderá ser inferior a 30 (trinta) dias contados da IX - ter acesso às peças dos autos; e
assinatura do mandado.
X - apresentar recurso.
Art. 232. Considera-se revel o servidor regularmente Parágrafo único. É do acusado o custo de perícia ou
citado que: exame por ele requerido, se não houver técnico habi-
litado nos quadros da Administração pública estadual.
I - nos ritos ordinário e sumário, não constituir defensor
dentro do respectivo prazo e deixar de realizar os atos
Art. 234. A defesa técnica do acusado em processo ad-
de acompanhamento, produção de provas, indicação de
ministrativo disciplinar, exceto os casos de autodefesa,
testemunhas;
será exercida por bacharel em Direito.
II - no rito sumaríssimo, não apresentar requerimento
de provas, rol de testemunhas ou deixar de constituir Seção VII
defensor até a data designada para tal ato. Do relatório final
§ 1º A revelia será declarada por termo nos autos do
processo, a partir de quando o servidor não será mais Art. 235. Concluída a instrução e apresentada a defesa
intimado da realização dos atos processuais. escrita, a comissão processante elaborará o relatório
final, no qual deverão constar:
§ 2º Para defender o acusado revel, o presidente da
comissão convocará o defensor dativo, nomeado na I - as informações sobre a instauração do processo;
portaria de instauração, dando-se prosseguimento ao II - o resumo das peças principais dos autos, com es-
processo. pecificação objetiva dos fatos apurados, das provas co-
§ 3° O servidor revel poderá, a qualquer momento, letadas e dos fundamentos jurídicos de sua convicção;
assumir a sua defesa no processo, recebendo - o no III - a conclusão sobre a inocência ou responsabiliza-

969
ção do acusado, com a indicação do dispositivo legal Art. 237. O processo administrativo disciplinar deverá
infringido; ser concluído nos seguintes prazos, contados da data
da instauração:
IV - a indicação das penalidades aplicáveis, bem como
as circunstâncias agravantes ou atenuantes e de au- I - 120 (cento e vinte) dias, quando adotado o rito or-
mento de penalidade, no caso de conclusão pela res- dinário;
ponsabilização do acusado. II - 60 (sessenta) dias, quando adotado o rito sumário;
Parágrafo único. O processo administrativo disciplinar, III - 45 (quarenta e cinco) dias, quando adotado o rito
com o relatório final da comissão, será remetido à au- sumaríssimo.
toridade que determinou a sua instauração para julga-
mento ou envio à autoridade competente. Parágrafo único. Na impossibilidade de conclusão dos
trabalhos nos prazos fixados nos incisos deste artigo,
Seção VIII a comissão processante deverá comunicar o fato à au-
toridade instauradora para que ela adote as providên-
Do julgamento cias cabíveis, inclusive quanto à concessão de prazo
adicional para o término da instrução processual, não
Art. 236. Recebido o processo, a autoridade que deter- podendo o somatório de prazos exceder a 180 (cento e
minou sua instauração o julgará no prazo de 30 (trinta) oitenta) dias, 90 (noventa) dias ou 60 (sessenta) dias,
dias a contar de seu recebimento, ou o remeterá, no nos casos previstos respectivamente nos incisos I, II e
prazo de 5 (cinco) dias, à autoridade competente para III deste artigo.
o julgamento.
§ 1º A autoridade referida neste artigo solicitará, antes Art. 238. Havendo mais de um servidor acusado e
do julgamento, manifestação jurídica da Procuradoria- diversidade de sanções propostas no relatório da co-
-Geral do Estado sobre a legalidade do processo. missão processante, o julgamento caberá à autoridade
competente para a imposição da penalidade mais grave.
§ 2º A autoridade julgadora poderá devolver o processo
à comissão para produção de novas provas, quando Art. 239. No julgamento do processo administrativo
necessária para a elucidação dos fatos, ou para o refa- disciplinar que apure o acúmulo irregular de cargos,
zimento de atos processuais, caso identificada alguma funções ou empregos públicos ou proventos de apo-
nulidade, observados o contraditório e a ampla defesa. sentadoria, caso a autoridade julgadora confirme a
§ 3º O julgamento deverá conter: ilicitude do acúmulo, serão observadas também as se-
guintes disposições:
I - o histórico do processo, com o resumo das princi-
pais peças, a descrição objetiva dos fatos apurados e I - demonstrado nos autos que o servidor fez a opção
das provas coletadas; por um dos vínculos, com o consequente desfazimento
do acúmulo, a autoridade seguirá com o julgamento;
II - a decisão sobre a extinção da punibilidade, a ino-
cência ou a responsabilização do acusado com a in- II - caso o acúmulo não tenha sido desfeito, a autori-
dicação do dispositivo legal infringido, bem como a dade intimará o servidor da decisão relativa à ilicitude,
exposição dos fundamentos fáticos e jurídicos de sua abrindo o prazo de 10 (dez) dias para que este opte,
convicção; caso queira, por um dos vínculos;
III - a dosimetria da penalidade de acordo com o dis- III - decorrido o prazo previsto no inciso II deste artigo,
posto no art. 196 e parágrafos, além da aplicação da o julgamento deverá ser concluído.
inabilitação, na forma do art. 199 desta Lei, no caso de Parágrafo único. A penalidade disciplinar aplicável
decisão condenatória. deverá incidir sobre o vínculo com o Estado de Goiás
§ 4º Após o julgamento, a autoridade promoverá a mais recente.
expedição dos atos dele decorrentes e, na hipótese de
decisão condenatória, adotará as providências necessá- Art. 240. O ato de julgamento será publicado no órgão
rias à execução da penalidade. oficial, devendo o acusado e seu defensor serem inti-
mados do seu teor.

970
§ 1º O presidente da comissão processante deverá ser dade que houver imposto a penalidade disciplinar.
cientificado do teor do ato de julgamento do processo § 1º A revisão será apensada aos autos do processo
administrativo disciplinar. administrativo disciplinar.
§ 2º A comissão, quando não permanente, uma vez § 2º Na inicial, o requerente fará uma exposição dos fa-
cientificada do ato de julgamento, dissolver-se-á, mas tos e circunstâncias ainda não apreciados no processo
os seus membros prestarão, a qualquer tempo, à auto- originário, capazes de modificar o julgamento e pedirá
ridade competente os esclarecimentos que lhes forem a designação do dia e hora para inquirição das teste-
solicitados a respeito do processo. munhas que arrolar.
Art. 241. O prazo para oposição de recurso é de 10 (dez) § 3º No processo revisional, o ônus da prova cabe ao
dias, contado a partir da intimação do acusado ou de requerente.
seu defensor ou divulgação oficial da decisão recorrida.
Art. 244. Recebido o requerimento, a autoridade desig-
§ 1º O recurso será dirigido à autoridade que proferiu nará comissão revisora, composta de 3 (três) membros,
a decisão, a qual, se não a reconsiderar no prazo de 5 um dos quais desde logo designado como presidente,
(cinco) dias, encaminhá - lo - á à autoridade imedia- não podendo integrá - la qualquer dos membros da co-
tamente superior, a quem caberá decidir o recurso em missão do processo administrativo disciplinar originá-
caráter definitivo, no prazo de 30 (trinta) dias. rio ou da sindicância.
§ 2º O recurso interposto em face de decisão conde-
natória na qual tenha sido aplicada penalidade de Art. 245. A comissão concluirá os seus trabalhos em
suspensão, multa, demissão, destituição de cargo em 60 (sessenta) dias permitida a prorrogação, a critério
comissão ou cassação de aposentadoria ou de disponi- da autoridade a que se refere o artigo anterior, por mais
bilidade será recebido com efeito suspensivo. 30 (trinta) dias, e remeterá o processo a este, com re-
§ 3º Observado o disposto neste artigo, o processa- latório.
mento do recurso obedecerá ao disposto em lei especí- Parágrafo único. Aplicam-se aos trabalhos da comissão
fica que regule o processo administrativo no âmbito da revisora, no que couber, as normas e procedimentos
Administração Pública do Estado de Goiás. próprios do processo administrativo disciplinar.

CAPÍTULO VI Art. 246. O prazo para julgamento do pedido de revisão


DA REVISÃO será de 30 (trinta) dias, podendo antes a autoridade de-
terminar diligências.

Art. 242. A qualquer tempo poderá ser requerida a Parágrafo único. Caberá ao Chefe do Poder Executivo
revisão do processo administrativo disciplinar de que o julgamento, quando do processo revisto houver re-
resultou aplicação de penalidade, desde que se aduzam sultado penalidade de demissão, destituição de cargo
fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de justificar a em comissão, cassação de aposentadoria e de dispo-
inocência do requerente. nibilidade.

§ 1º Não constitui fundamento para a revisão a simples Art. 247. A decisão do pedido de revisão do processo
alegação de injustiça da penalidade, ou a arguição de administrativo disciplinar poderá:
nulidade suscitada no curso de processo originário,
bem como a que, nele invocada, tenha sido conside- I - julgar procedente a revisão, tornando sem efeito a
rada improcedente. penalidade imposta e restabelecendo todos os direitos
por ela atingidos;
§ 2º Tratando-se de servidor falecido ou desaparecido,
a revisão poderá ser requerida por qualquer dos seus II - julgar parcialmente procedente a revisão, desclassi-
sucessores ou dos familiares constantes do seu assen- ficando a infração para outro tipo disciplinar de penali-
tamento funcional. dade mais branda;
III - julgar improcedente a revisão, mantendo o julga-
Art. 243. O requerimento será dirigido à mesma autori- mento anterior.

971
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá Art. 252. Para a celebração do termo de ajustamento
resultar agravamento de penalidade. de conduta, a autoridade competente deverá constatar a
presença cumulativa dos seguintes requisitos:
CAPÍTULO VII I - reconhecimento pelo servidor da responsabilidade
DA RESOLUÇÃO CONSENSUAL DE CON- pela prática da transgressão disciplinar;
FLITOS II - compromisso do servidor perante a administração
de ajustar sua conduta aos deveres e às proibições pre-
Art. 248. O Termo de Ajustamento de Conduta - TAC vistos na legislação e a ressarcir os danos e prejuízos
consiste em instrumento de resolução consensual de porventura causados ao erário;
conflitos, utilizado de forma alternativa a processos dis- III - penalidade aplicável, em tese, de advertência ou
ciplinares que envolvam transgressões disciplinares de de suspensão de até 30 (trinta) dias, indicando obje-
menor potencial ofensivo. tivamente, no caso de suspensão, o prazo em dias
§ 1º Para os fins deste artigo, considera-se transgres- da penalidade, baseada em nota técnica emitida pela
são disciplinar de menor potencial ofensivo a conduta unidade correcional do órgão ou entidade da prática
punível com advertência ou suspensão de até 30 (trinta) do fato, pela Comissão Permanente de Sindicância e
dias, nos termos desta Lei. de Processo Administrativo Disciplinar ou pelo Órgão
Central do Sistema de Correição;
§ 2º O termo de ajustamento de conduta não possui
caráter punitivo e poderá ser realizado, de ofício, a par- IV - inexistência de processo administrativo disciplinar
tir do conhecimento pela administração da prática de em curso relativo a prática de outra infração disciplinar;
suposta infração disciplinar, ou a pedido do servidor, V - primariedade do servidor;
até 5 (cinco) dias contados da sua citação em processo
administrativo disciplinar já instaurado. VI - inexistência de TAC celebrado nos últimos 3 (três)
anos, para as transgressões disciplinares apenadas
Art. 249. O TAC será celebrado pela autoridade com- com advertência;
petente para a instauração do processo administrativo VII - inexistência de TAC celebrado nos últimos 5 (cin-
disciplinar e homologado, no prazo máximo de 10 (dez) co) anos, para as transgressões disciplinares apenadas
dias, contado da celebração, pela autoridade compe- com suspensão de até 30 (trinta) dias;
tente para o julgamento do processo administrativo
VIII - ausência de circunstâncias agravantes ou que jus-
disciplinar.
tifiquem a majoração da penalidade, previstas no inciso
I do §3º, ou §4º, do art. 196 desta Lei.
Art. 250. Por meio do TAC, que terá eficácia de título
executivo administrativo, o servidor assumirá a res- Parágrafo único. O TAC firmado sem o preenchimen-
ponsabilidade pela prática da transgressão disciplinar, to dos requisitos previstos neste artigo será declarado
comprometer-se-á a ajustar sua conduta, observar os nulo, devendo-se realizar a apuração da responsabili-
deveres e proibições previstos na legislação vigente, dade do agente público, na forma da legislação apli-
bem como ressarcir os danos e prejuízos porventura cável.
causados ao erário.
Art. 253. Nos casos em que da conduta do servidor
Art. 251. O ajustamento de conduta será proposto e houver resultado dano ou extravio de bem público, o
conduzido no órgão ou na entidade onde foi praticado ressarcimento, após a apuração do montante devido,
o fato: poderá ocorrer:
I - pelo titular da respectiva unidade correcional seto- I - por meio do seu pagamento integral em parcela
rial; única;
II - pelo Presidente da Comissão Permanente de Sin- II - por meio de parcelamento do valor devido, nos limi-
dicância e de Processo Administrativo Disciplinar; ou tes estabelecidos no art. 97 deste Estatuto;
III - pelo Órgão Central do Sistema de Correição, con- III - pela entrega de um bem de característica igual ou
forme o caso. superior ao danificado ou extraviado; ou

972
IV - com a reparação do bem danificado que o restitua Art. 259. O TAC deverá ser registrado em sistema in-
às condições anteriores. formatizado do Órgão Central do Sistema de Correição,
no prazo máximo de 5 (cinco) dias, a contar da data de
§ 1º Caberá à autoridade competente, no momento da
sua celebração.
celebração do TAC, aferir os termos avençados para o
ressarcimento.
Art. 260. O TAC poderá ser celebrado nos processos
§ 2º O ressarcimento de que trata este artigo se dará disciplinares em curso, na data da publicação desta Lei,
em favor do órgão ou da entidade em que ocorreu a caso constatada a presença cumulativa dos requisitos
transgressão disciplinar. necessários à sua celebração, desde que não tenha ha-
vido decisão condenatória.
Art. 254. O TAC:
I - não será publicado; e Art. 261. Em caso de extravio ou dano a bem público,
que implicar em prejuízo de pequeno valor, poderá a
II - constará do assentamento individual do servidor e apuração do fato ser realizada por intermédio de Termo
terá vigência de 2 (dois) anos contados a partir da sua Circunstanciado Administrativo - TCA.
celebração.
§ 1º Para os fins deste artigo, considera-se prejuízo de
Art. 255. O acompanhamento do efetivo adimplemento pequeno valor, aquele não superior ao previsto no art.
dos termos do TAC durante seu prazo de vigência será 24, inciso II, da Lei federal nº 8. 666, de 21 de junho
realizado pela chefia imediata do servidor, sem preju- de 1993.
ízo das competências próprias da unidade correcional § 2º A celebração do TCA constitui ato voluntário do
setorial, Comissão Permanente de Sindicância e de servidor, não cabendo à Administração a imposição de
Processo Administrativo Disciplinar do órgão ou da tal instituto.
entidade onde foi praticado o fato ou do Órgão Central
do Sistema de Correição. Art. 262. O Órgão Central do Sistema de Correição
poderá expedir normas complementares à aplicação e
Art. 256. O adimplemento integral do TAC, até o térmi- celebração do Termo de Ajustamento de Conduta - TAC,
no da vigência prevista no inciso II do art. 254 desta bem como do Termo Circunstanciado Administrativo -
Lei, resulta na extinção da punibilidade da transgressão TCA.
disciplinar.
TÍTULO VII
Art. 257. O descumprimento das condições firmadas no
TAC, declarado pela autoridade de que trata o art. 249,
DA SEGURIDADE SOCIAL DO SERVIDOR
importará na aplicação imediata da penalidade objetiva-
mente definida em seu instrumento. Art. 263. A seguridade social do servidor público es-
tadual compreende um conjunto integrado de ações
Parágrafo único. A aplicação da penalidade de que trata
destinadas a assegurar direitos relativos à saúde, à
o caput:
previdência e à assistência social.
I - não afasta a obrigação de ressarcimento ao erário ou
restituição do bem; Art. 264. A previdência social destina-se exclusivamen-
II - acarreta a inabilitação do servidor, nos termos do te aos servidores ocupantes de cargo de provimento
art. 199 desta Lei; e efetivo, na forma prevista na Constituição Federal e em
lei complementar específica.
III - terá seu registro cancelado consoante o art. 194
desta Lei. Art. 265. Caberá à unidade gestora do Regime Próprio
de Previdência dos Servidores a concessão, a manuten-
Art. 258. Em caso de cometimento de nova infração ção, o pagamento e o custeio dos benefícios previden-
disciplinar durante o período de vigência do TAC, o seu ciários conferidos aos servidores efetivos e respectivos
julgamento levará em consideração a causa de aumento dependentes, na forma prevista em lei específica.
de penalidade prevista no § 4º do art. 196 desta Lei.

973
Art. 266. A assistência social deve ser prestada na for- c) 28 de outubro, consagrado ao servidor público;
ma da legislação específica e segundo os programas d) 2 de novembro, dedicado ao culto dos mortos.
patrocinados pelo órgão, autarquia ou fundação.
§ 1º Fica o Chefe do Poder Executivo autorizado a trans-
Art. 267. A assistência à saúde do servidor ativo ou ferir os feriados de que tratam as alíneas “a” e “c” do
inativo, de seu cônjuge, companheiro, dependentes e inciso II deste artigo para outro dia útil próximo, prefe-
do pensionista compreende a assistência médica, hos- rencialmente na semana do respectivo evento.
pitalar, odontológica, psicológica e farmacêutica e será § 2º A data de 15 de outubro, Dia do Professor, é consi-
prestada na forma da lei. derada ponto facultativo para os professores em regên-
cia de classe, não se lhes aplicando, de consequência,
TÍTULO VIII o estabelecido no disposto na alínea “c” do inciso II
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E FINAIS deste artigo.

Art. 270. Salvo disposição legal em contrário, aos pra-


CAPÍTULO I zos previstos nesta Lei aplica-se o seguinte:
DISPOSIÇÕES GERAIS
I - na contagem de prazos processuais, computar-se -
ão somente os dias úteis;
Art. 268. O Dia do Servidor Público será comemorado a
II - a contagem dos demais prazos é feita em dias cor-
vinte e oito de outubro.
ridos.
Art. 269. Além dos sábados e domingos, da terça - feira § 1º Para os fins dos incisos I e II a contagem dar-se-
de carnaval, da Sexta - feira Santa e de outros dias que -á excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o do
forem especialmente considerados de festa popular, vencimento, ficando prorrogado para o primeiro dia útil
não haverá expediente em nenhuma repartição ou ser- seguinte o começo ou o vencimento do prazo que cair
viço do Estado, ressalvadas as unidades que desenvol- em dia:
vam atividades que, por sua natureza ou em razão do a) sem expediente;
interesse público, tornem indispensável a continuidade
do serviço, nos seguintes feriados: b) de ponto facultativo;

I - nacionais: c) em que a repartição ficou fechada;

a) 1º de janeiro; d) cujo expediente foi encerrado antes do horário ha-


bitual.
b) 21 de abril;
§ 2º Salvo disposição legal em contrário, os prazos são
c) 1º de maio; contínuos, não se interrompem, não se suspendem,
d) 7 de setembro; nem se prorrogam.
e) 12 de outubro; § 3º Na hipótese de interrupção, extingue-se a con-
tagem do prazo já feita e reinicia-se nova contagem a
f) 15 de novembro;
partir da data em que o prazo foi interrompido.
g) 25 de dezembro;
§ 4º Na suspensão, a contagem do prazo fica paralisa-
h) o dia em que se realizarem eleições gerais; da, devendo ser retomada de onde parou na data em
i) o dia de eleições, mas apenas nas localidades onde que cessar a causa suspensiva.
as mesmas se realizarem; § 5º Os prazos fixados em meses ou anos contam-se
II - estaduais: de data a data.

a) 26 de julho, consagrado à fundação da cidade de § 6º Se no mês do vencimento não houver o dia equi-
Goiás; valente ao do começo do prazo, tem-se como termo o
último dia do mês.
b) 24 de outubro, comemorativo ao lançamento da pe-
dra fundamental de Goiânia; Art. 271. Respeitadas as restrições constitucionais, a

974
prática dos atos previstos neste Estatuto é delegável. § 1º O servidor pode requerer o registro em seus assen-
tamentos funcionais de qualquer pessoa de sua família.
Art. 272. A competência para a concessão das vanta- § 2º A dependência econômica deve ser comprovada,
gens pecuniárias e benefícios em geral não especificada por ocasião do pedido, e a sua comprovação deve ser
neste Estatuto será determinada, nas esferas da admi- renovada anualmente, na forma do regulamento.
nistração direta, autárquica e fundacional, por ato do
Chefe do Poder Executivo. Art. 278. Quando designado ou eleito, o servidor so-
mente poderá participar de um órgão de deliberação
Art. 273. Em razão de nacionalidade, naturalidade, con- coletiva.
dição social, física, imunológica, sensorial ou mental,
nascimento, idade, escolaridade, estado civil, etnia, § 1º O disposto no caput não se aplica a Secretários de
raça, cor, sexo, orientação sexual, convicção religiosa, Estado e dirigentes de autarquias e fundações.
política ou filosófica, de ter cumprido pena ou de qual- § 2º O servidor que, por força de lei ou regulamento, for
quer particularidade ou condição, o servidor não pode: membro nato de mais de um órgão de deliberação cole-
I - ser privado de qualquer de seus direitos; tiva, poderá deles participar, facultando - lhe a escolha
por uma das remunerações ou vantagens.
II - ser prejudicado em seus direitos ou em sua vida
funcional;
CAPÍTULO II
III - sofrer discriminação em sua vida funcional ou pes- DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
soal;
E TRANSITÓRIAS
IV - eximir-se do cumprimento de seus deveres.
Art. 279. As disposições desta Lei não extinguem direi-
Art. 274. Ao servidor público civil é assegurado, nos
tos adquiridos, nem direitos ou deveres previstos em
termos da Constituição Federal, o direito à livre asso-
lei especial.
ciação sindical e os seguintes direitos, entre outros,
dela decorrentes:
Art. 280. Fica mantido, com os respectivos efeitos, o
a) de ser representado pelo sindicato, inclusive como tempo de serviço regularmente averbado na forma da
substituto processual; legislação anterior à publicação desta Lei.
b) de inamovibilidade do dirigente sindical, até um ano
após o final do mandato, exceto se a pedido; e Art. 281. O Chefe do Poder Executivo baixará os regu-
lamentos que se fizerem necessários à execução deste
c) de descontar em folha, sem ônus para a entidade sin- Estatuto.
dical a que for filiado, o valor das mensalidades e con-
tribuições definidas em assembleia geral da categoria. Parágrafo único. Ficam mantidas, até sua adequação às
disposições desta Lei, as normas regulamentares expe-
Art. 275. É vedada a remoção de ofício do servidor in- didas com base na legislação anterior naquilo que não
vestido em mandato eletivo, a partir do dia da diploma- forem incompatíveis com os preceitos deste Estatuto.
ção até o término do mandato.
Art. 281-A. Observados os parâmetros desta Lei, é
Art. 276. Para os fins desta Lei, considera-se sede o assegurada a autonomia normativa, funcional e admi-
município onde a repartição estiver instalada e onde o nistrativa dos Poderes e dos órgãos autônomos para
servidor tiver exercício, em caráter permanente. legislar, apreciar e decidir assuntos relacionados a sua
organização e seu funcionamento.- Acrescido pela
Art. 277. Para os efeitos desta Lei, consideram-se da Lei nº 20.943, de 29-12-2020.
família do servidor o cônjuge ou o companheiro, os fi-
lhos e, na forma da legislação federal sobre imposto de Art. 282. As remissões feitas na legislação estadual a
renda da pessoa física, os que forem seus dependentes dispositivo da Lei estadual nº 10. 460, de 22 de feve-
econômicos. reiro de 1988, ou a dispositivos das leis revogadas por
esta Lei, consideram-se feitas às disposições corres-

975
pondentes deste Estatuto. § 1º Fica resguardado o direito ao cômputo do tempo
de serviço residual para efeitos de concessão da licença
Art. 283. Os processos administrativos iniciados antes para capacitação.
da vigência desta Lei reger-se - ão pela legislação an- § 2º Considera-se como de efetivo exercício o afas-
terior. tamento motivado pela fruição de licença - prêmio na
forma do caput.
Art. 284. A decretação de luto oficial não determinará
a paralisação dos trabalhos nas repartições públicas § 3º Aos períodos de licença - prêmio adquiridos até 16
estaduais. de dezembro de 1998 fica assegurada a possibilidade
de contagem em dobro.
Art. 285. Aplicam-se as disposições desta Lei sobre ati-
vidade correcional (Título IV), regime disciplinar (Título Art. 291. Ficam mantidas as licenças para tratar de inte-
V) e processo disciplinar (Título VI) aos professores resses particulares já concedidas até a data da vigência
integrantes do Magistério Público Estadual. desta Lei, nos termos do respectivo ato concessivo.
Parágrafo único. As licenças de que trata o caput não
Art. 286. Entende-se por autoridade equivalente o di- serão objeto de prorrogação.
rigente máximo de autarquia e fundação do Estado de
Goiás. Art. 292. Ficam mantidas as licenças para mandato
classista já concedidas até a data da vigência desta Lei,
Art. 287. Aplica-se aos Secretários de Estado ou auto- nos termos do respectivo ato concessivo, até o término
ridade equivalente: do respectivo mandato.
I - o disposto nos arts. 128 a 130 e 132 desta Lei, ca-
bendo àquelas autoridades dar ciência prévia ao Chefe Art. 293. Ficam mantidas as cessões de servidores sem
do Poder Executivo de cada período a ser utilizado; ônus para o Estado já concedidas até a data da vigência
desta Lei, nos termos dos respectivos atos concessi-
II - as licenças arroladas nos incisos do art. 134 desta vos, independentemente de investidura em cargo de
Lei. provimento em comissão em órgão ou entidade que
Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no inciso I, não integre o Poder Executivo Estadual, até 31 de de-
ato do Chefe do Poder Executivo poderá autorizar, nos zembro de 2022, sem prejuízo do disposto no inciso II
primeiros 12 (doze) meses de exercício, afastamento do art. 73.
sem remuneração por até 15 (quinze) dias.
Art. 294. A concessão de ofício das férias do servidor
Art. 288. Fica extinta a Gratificação por Hora de Voo que se abstiver de formular solicitação na forma do art.
dos pilotos de aeronaves, ressalvados os efeitos da Lei 128 será realizada após 36 (trinta e seis) meses da vi-
nº 15. 163, de 02 de maio de 2005, aos respectivos gência desta Lei, obedecido o seguinte:
beneficiários. I - durante o prazo de que trata o caput o servidor po-
derá requerer o usufruto dos períodos de férias já acu-
Art. 289. Ficam mantidos os adicionais por tempo de mulados ou dos que venham a ser adquiridos ao longo
serviço já concedidos até a data da vigência desta Lei. daquele lapso;
Parágrafo único. Ficam assegurados os direitos adqui- II - decorridos 36 (trinta e seis) meses da vigência desta
ridos, observada a legislação previdenciária pertinente, Lei, os períodos de férias acumulados e não usufruídos
quanto ao adicional por tempo de serviço aos que, até a na forma do inciso I serão objeto da concessão de ofício
data da vigência desta Lei, tenham cumprido os requi- prevista no art. 128 desta Lei.
sitos para a obtenção daquela vantagem, com base nos
critérios legais então vigentes. Art. 295. O servidor que tiver período remanescente de
férias adquiridas a ser usufruído poderá parcelar o gozo
Art. 290. Os períodos de licença - prêmio adquiridos até restante na forma do § 3º do art. 128 desta Lei.
a vigência desta Lei poderão ser usufruídos, assegurada
a remuneração ou o subsídio integral do cargo.

976
Art. 296. Revogam-se:

I - a Lei nº 10.460, de 22 de fevereiro de 1988;


II - o inciso I do art. 21-A da Lei nº 13.266, de 16 de
abril de 1998;
III - o §4º do art. 125 e os arts. 157 a 202 da Lei nº
13.909, de 25 de setembro de 2001;
IV - a Lei nº 19.019, de 25 de setembro de 2015;
V - o inciso IV do art. 1º da Lei nº 19.574, de 29 de
dezembro de 2016;
VI - o parágrafo único do art. 78 da Lei nº 19.587, de 10
de janeiro de 2017;
VII - a Lei nº 17.511, de 22 de dezembro de 2011.

Art. 297. Esta Lei entra em vigor após decorridos 180


(cento e oitenta) dias após a data de sua publicação.
Parágrafo único. Durante o período referido no caput,
os Poderes e órgãos abrangidos por esta Lei realizarão
cursos, oficinas e eventos congêneres, a fim de explicar,
em linguagem fácil e acessível, o conteúdo desta Lei.

PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DE GOIÁS, em


Goiânia, 28 de janeiro de 2020, 132º da República.

RONALDO RAMOS CAIADO

(D. O. de 29-01-2020)

Este texto não substitui o publicado no D. O. de 29-


01-2020.

977
SÚMULAS DO STF E STJ

Compilação de Súmulas do STJ e STF em matéria Pe- regime no cumprimento de pena por crime hediondo,
nal e Processual Penal. ou equiparado, o juízo da execução observará a incons-
titucionalidade do art. 2º da Lei n. 8.072, de 25 de julho
de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado pre-
Supremo Tribunal Federal enche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do
benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo
fundamentado, a realização de exame criminológico.
Súmulas Vinculantes
Súmula Vinculante 35: A homologação da transação
Súmula Vinculante 5: A falta de defesa técnica por penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz
advogado no processo administrativo disciplinar não coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas,
ofende a Constituição retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao Mi-
nistério Público a continuidade da persecução penal
Súmula Vinculante 9: O disposto no artigo 127 da mediante oferecimento de denúncia ou requisição de
Lei nº 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) foi recebido inquérito policial.
pela ordem constitucional vigente, e não se lhe aplica o
limite temporal previsto no caput do artigo 58. Súmula Vinculante 36: Compete à Justiça Federal co-
mum processar e julgar civil denunciado pelos crimes
Súmula Vinculante 11: Só é lícito o uso de algemas de falsificação e de uso de documento falso quando se
em casos de resistência e de fundado receio de fuga tratar de falsificação da Caderneta de Inscrição e Re-
ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por gistro (CIR) ou de Carteira de Habilitação de Amador
parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcio- (CHA), ainda que expedidas pela Marinha do Brasil.
nalidade por escrito, sob pena de responsabilidade dis-
ciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de Súmula Vinculante 45: A competência constitucional
nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerroga-
sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. tiva de função estabelecido exclusivamente pela cons-
tituição estadual.
Súmula Vinculante 14: É direito do defensor, no inte-
resse do representado, ter acesso amplo aos elementos Súmula Vinculante 46: A definição dos crimes de
de prova que, já documentados em procedimento in- responsabilidade e o estabelecimento das respectivas
vestigatório realizado por órgão com competência de normas de processo e julgamento são da competência
polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito legislativa privativa da União.
de defesa.
Súmula Vinculante 56: A falta de estabelecimento
Súmula Vinculante 24: Não se tipifica crime material penal adequado não autoriza a manutenção do conde-
contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I nado em regime prisional mais gravoso, devendo-se
a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo observar, nessa hipótese, os parâmetros fixados no RE
do tributo. 641.320/RS.

Súmula Vinculante 25: É ilícita a prisão civil de de- Súmulas


positário infiel, qualquer que seja a modalidade do
depósito.
Súmula 1, STF: É vedada a expulsão de estrangeiro
Súmula Vinculante 26: Para efeito de progressão de casado com Brasileira, ou que tenha filho Brasileiro,

978
dependente da economia paterna. Proc. Penal.

Súmula 2, STF: Concede-se liberdade vigiada ao ex- Súmula 211, STF: Contra a decisão proferida sobre o
traditando que estiver prêso por prazo superior a ses- agravo no auto do processo, por ocasião do julgamento
senta dias. da apelação, não se admitem embargos infringentes ou
de nulidade.
Súmula 18, STF: Pela falta residual, não compreen-
dida na absolvição pelo juízo criminal, é admissível a Súmula 245, STF: A imunidade parlamentar não se
punição administrativa do servidor público. estende ao co-réu sem essa prerrogativa.

Súmula 145, STF: Não há crime, quando a preparação Súmula 246, STF: Comprovado não ter havido fraude,
do flagrante pela polícia torna impossível a sua consu- não se configura o crime de emissão de cheque sem
mação. fundos.

Súmula 146, STF: A prescrição da ação penal regula- Súmula 279, STF: Para simples reexame de prova não
-se pela pena concretizada na sentença, quando não há cabe recurso extraordinário.
recurso da acusação.
Súmula 280, STF: Por ofensa a direito local não cabe
Súmula 147, STF: A prescrição de crime falimentar recurso extraordinário.
começa a correr da data em que deveria estar encerrada
a falência, ou do trânsito em julgado da sentença que a Súmula 281, STF: É inadmissível o recurso extraor-
encerrar ou que julgar cumprida a concordata. dinário, quando couber na Justiça de origem, recurso
ordinário da decisão impugnada.
Súmula 155, STF: É relativa a nulidade do processo
criminal por falta de intimação da expedição de preca- Súmula 282, STF: É inadmissível o recurso extraor-
tória para inquirição de testemunha. dinário, quando não ventilada, na decisão recorrida, a
questão federal suscitada.
Súmula 156, STF: É absoluta a nulidade do julgamen-
to, pelo júri, por falta de quesito obrigatório. Súmula 283, STF: É inadmissível o recurso extraor-
dinário, quando a decisão recorrida assenta em mais
Súmula 160, STF: É nula a decisão do Tribunal que de um fundamento suficiente e o recurso não abrange
acolhe, contra o réu, nulidade não arguida no recurso todos êles.
da acusação, ressalvados os casos de recurso de ofício.
Súmula 284, STF: É inadmissível o recurso extraordi-
Súmula 162, STF: É absoluta a nulidade do julgamen- nário, quando a deficiência na sua fundamentação não
to pelo júri, quando os quesitos da defesa não prece- permitir a exata compreensão da controvérsia.
dem aos das circunstâncias agravantes.
Súmula 286, STF: Não se conhece do recurso extraor-
Súmula 206, STF: É nulo o julgamento ulterior pelo dinário fundado em divergência jurisprudencial, quan-
júri com a participação de jurado que funcionou em do a orientação do plenário do Supremo Tribunal Fede-
julgamento anterior do mesmo processo. ral já se firmou no mesmo sentido da decisão recorrida.

Súmula 208, STF: O assistente do Ministério Público Súmula 287, STF: Nega-se provimento ao agravo,
não pode recorrer, extraordinariamente, de decisão con- quando a deficiência na sua fundamentação, ou na do
cessiva de habeas corpus. recurso extraordinário, não permitir a exata compreen-
são da controvérsia.
Súmula 210, STF: O assistente do Ministério Público
pode recorrer, inclusive extraordinariamente, na ação Súmula 288, STF: Nega-se provimento a agravo
penal, nos casos dos arts. 584, § 1º, e 598 do Cód. de para subida de recurso extraordinário, quando faltar

979
no traslado o despacho agravado, a decisão recorrida, deputado ou senador acusado de crime.
a petição de recurso extraordinário ou qualquer peça
essencial à compreensão da controvérsia. Súmula 420, STF: Não se homologa sentença profe-
rida no estrangeiro sem prova do trânsito em julgado.
Súmula 310, STF: Quando a intimação tiver lugar na
sexta-feira, ou a publicação com efeito de intimação fôr Súmula 421, STF: Não impede a extradição a circuns-
feita nesse dia, o prazo judicial terá início na segunda- tância de ser o extraditando casado com brasileira ou
-feira imediata, salvo se não houver expediente, caso ter filho brasileiro.
em que começará no primeiro dia útil que se seguir.
Súmula 422, STF: A absolvição criminal não preju-
Súmula 344, STF: Sentença de primeira instância dica a medida de segurança, quando couber, ainda que
concessiva de habeas corpus, em caso de crime prati- importe privação da liberdade.
cado em detrimento de bens, serviços ou interesses da
União, está sujeita a recurso ex officio. Súmula 423, STF: Não transita em julgado a sentença
por haver omitido o recurso ex officio, que se considera
Súmula 351, STF: É nula a citação por edital de réu interposto ex lege.
prêso na mesma unidade da Federação em que o juiz
exerce a sua jurisdição. Súmula 431, STF: É nulo o julgamento de recurso cri-
minal, na segunda instância, sem prévia intimação, ou
Súmula 352: Não é nulo o processo penal por falta de publicação da pauta, salvo em habeas corpus.
nomeação de curador ao réu menor que teve a assistên-
cia de defensor dativo. Súmula 453, STF: Não se aplicam à segunda instân-
cia o art. 384 e parágrafo único do Código de Processo
Súmula 361, STF: No processo penal, é nulo o exame Penal, que possibilitam dar nova definição jurídica ao
realizado por um só perito, considerando-se impedido fato delituoso, em virtude de circunstância elementar
o que tiver funcionado, anteriormente, na diligência de não contida, explícita ou implicitamente, na denúncia
apreensão. ou queixa.

Súmula 366, STF: Não é nula a citação por edital que Súmula 497, STF: Quando se tratar de crime conti-
indica o dispositivo da lei penal, embora não transcreva nuado, a prescrição regula-se pela pena imposta na
a denúncia ou queixa, ou não resuma os fatos em que sentença, não se computando o acréscimo decorrente
se baseia. da continuação.

Súmula 393, STF: Para requerer revisão criminal, o Súmula 498, STF: Compete à Justiça dos Estados, em
condenado não é obrigado a recolher-se à prisão. ambas as instâncias, o processo e o julgamento dos
crimes contra a economia popular.
Súmula 395, STF: Não se conhece de recurso de
habeas corpus cujo objeto seja resolver sobre o ônus Súmula 499, STF: Não obsta à concessão do «sur-
das custas, por não estar mais em causa a liberdade sis» condenação anterior à pena de multa.
de locomoção.
Súmula 521, STF: O foro competente para o processo
Súmula 397, STF: O poder de polícia da Câmara dos e julgamento dos crimes de estelionato, sob a moda-
Deputados e do Senado Federal, em caso de crime co- lidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de
metido nas suas dependências, compreende, consoante fundos, é o do local onde se deu a recusa do pagamento
o regimento, a prisão em flagrante do acusado e a rea- pelo sacado.
lização do inquérito.
Súmula 522, STF: Salvo ocorrência de tráfico para o
Súmula 398, STF: O Supremo Tribunal Federal não Exterior, quando, então, a competência será da Justiça
é competente para processar e julgar, originariamente, Federal, compete à Justiça dos Estados o processo e

980
julgamento dos crimes relativos a entorpecentes. Súmula 602, STF: Nas causas criminais, o prazo de
interposição de Recurso Extraordinário é de 10 (dez)
Súmula 523, STF: No processo penal, a falta da defe- dias.
sa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só
o anulará se houver prova de prejuízo para o réu. Súmula 603, STF: A competência para o processo e
julgamento de latrocínio é do Juiz singular e não do
Súmula 524, STF: Arquivado o inquérito policial, Tribunal do Júri.
por despacho do juiz, a requerimento do promotor de
justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas Súmula 604, STF: A prescrição pela pena em concreto
provas. é somente da pretensão executória da pena privativa de
liberdade.
Súmula 554, STF: O pagamento de cheque emitido
sem provisão de fundos, após o recebimento da denún- Súmula 605, STF: Não se admite continuidade deliti-
cia, não obsta ao prosseguimento da ação penal. va nos crimes contra a vida.

Súmula 560, STF: A extinção de punibilidade, pelo Súmula 606, STF: Não cabe habeas corpus originá-
pagamento do tributo devido, estende-se ao crime de rio para o Tribunal Pleno de decisão de Turma, ou do
contrabando ou descaminho, por força do art. 18, § 2º, Plenário, proferida em habeas corpus ou no respectivo
do Decreto-lei 157/67. recurso.

Súmula 568, STF: A identificação criminal não cons- Súmula 607, STF: Na ação penal regida pela Lei nº
titui constrangimento ilegal, ainda que o indiciado já 4611/65, a denúncia, como substitutivo da Portaria,
tenha sido identificado civilmente. não interrompe a prescrição.

Súmula 592, STF: Nos crimes falimentares, aplicam- Súmula 608, STF: No crime de estupro, praticado
-se as causas interruptivas da prescrição, previstas no mediante violência real, a ação penal é pública incon-
Código Penal. dicionada.

Súmula 594, STF: Os direitos de queixa e de repre- Súmula 609, STF: É pública incondicionada a ação
sentação podem ser exercidos, independentemente, penal por crime de sonegação fiscal.
pelo ofendido ou por seu representante legal.
Súmula 610, STF: Há crime de latrocínio, quando o
Súmula 597, STF: Não cabem embargos infringentes homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a
de acórdão que, em mandado de segurança decidiu, por subtração de bens da vítima.
maioria de votos, a apelação.
Súmula 611, STF: Transitada em julgado a sentença
Súmula 598, STF: Nos embargos de divergência não condenatória, compete ao Juízo das execuções a apli-
servem como padrão de discordância os mesmos pa- cação de lei mais benigna.
radigmas invocados para demonstrá-la, mas repelidos
como não dissidentes no julgamento do recurso extra- Súmula 691, STF: Não compete ao Supremo Tribunal
ordinária. Federal conhecer de habeas corpus impetrado contra
decisão do Relator que, em habeas corpus requerido a
Súmula 601, STF: Os arts. 3º, II, e 55 da Lei Comple- tribunal superior, indefere a liminar.
mentar nº 40/81 (Lei Orgânica do Ministério Público)
não revogaram a legislação anterior que atribui a inicia- Súmula 692, STF: Não se conhece de habeas corpus
tiva para a ação penal pública, no processo sumário, ao contra omissão de relator de extradição, se fundado em
juiz ou à autoridade policial, mediante Portaria ou Auto fato ou direito estrangeiro cuja prova não constava dos
de Prisão em Flagrante. autos, nem foi ele provocado a respeito.

981
Súmula 693, STF: Não cabe habeas corpus contra não impede a instauração de processo pela prática dos
decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a crimes previstos no art. 1º do Dl. 201/67.
processo em curso por infração penal a que a pena pe-
cuniária seja a única cominada. Súmula 704, STF: Não viola as garantias do juiz
natural, da ampla defesa e do devido processo legal
Súmula 694, STF: Não cabe habeas corpus contra a a atração por continência ou conexão do processo do
imposição da pena de exclusão de militar ou de perda co-réu ao foro por prerrogativa de função de um dos
de patente ou de função pública. denunciados.

Súmula 695, STF: Não cabe habeas corpus quando já Súmula 705, STF: A renúncia do réu ao direito de
extinta a pena privativa de liberdade. apelação, manifestada sem a assistência do defensor,
não impede o conhecimento da apelação por este in-
Súmula 696, STF: Reunidos os pressupostos legais terposta.
permissivos da suspensão condicional do processo,
mas se recusando o Promotor de Justiça a propô-la, Súmula 706, STF: É relativa a nulidade decorrente da
o Juiz, dissentindo, remeterá a questão ao Procurador- inobservância da competência penal por prevenção.
-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código
de Processo Penal. Súmula 707, STF: Constitui nulidade a falta de inti-
mação do denunciado para oferecer contra-razões ao
Súmula 697, STF: A proibição de liberdade provisória recurso interposto da rejeição da denúncia, não a su-
nos processos por crimes hediondos não veda o relaxa- prindo a nomeação de defensor dativo.
mento da prisão processual por excesso de prazo.
Súmula 708, STF: É nulo o julgamento da apelação
Súmula 698, STF: Não se estende aos demais crimes se, após a manifestação nos autos da renúncia do úni-
hediondos a admissibilidade de progressão no regime co defensor, o réu não foi previamente intimado para
de execução da pena aplicada ao crime de tortura. constituir outro.

Súmula 699, STF: O prazo para interposição de agra- Súmula 709, STF: Salvo quando nula a decisão de
vo, em processo penal, é de cinco dias, de acordo com primeiro grau, o acórdão que provê o recurso contra
a Lei 8.038/90, não se aplicando o disposto a respeito a rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo recebi-
nas alterações da Lei 8.950/94 ao Código de Processo mento dela.
Civil.
Súmula 710, STF: No processo penal, contam-se os
Súmula 700, STF: É de cinco dias o prazo para inter- prazos da data da intimação, e não da juntada aos autos
posição de agravo contra decisão do juiz da execução do mandado ou da carta precatória ou de ordem.
penal.
Súmula 711, STF: A lei penal mais grave aplica-se
Súmula 701, STF: No mandado de segurança impe- ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua
trado pelo Ministério Público contra decisão proferida vigência é anterior à cessação da continuidade ou da
em processo penal, é obrigatória a citação do réu como permanência.
litisconsorte passivo.
Súmula 712, STF: É nula a decisão que determina o
Súmula 702, STF: A competência do Tribunal de desaforamento de processo da competência do júri sem
Justiça para julgar prefeitos restringe-se aos crimes de audiência da defesa.
competência da Justiça comum estadual; nos demais
casos, a competência originária caberá ao respectivo Súmula 713, STF: O efeito devolutivo da apelação
tribunal de segundo grau. contra decisões do Júri é adstrito aos fundamentos da
sua interposição.
Súmula 703, STF: A extinção do mandato do prefeito

982
Súmula 714, STF: É concorrente a legitimidade do
ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, Supremo Tribunal de Justiça
condicionada à representação do ofendido, para a ação
penal por crime contra a honra de servidor público em Súmula 6, STJ: Compete a Justiça Comum Estadu-
razão do exercício de suas funções. al processar e julgar delito decorrente de acidente de
trânsito envolvendo viatura de polícia militar, salvo se
Súmula 715, STF: A pena unificada para atender ao autor e vítima forem policiais militares em situação de
limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo atividade.
art. 75 do Código Penal, não é considerada para a con-
Súmula 9, STJ: A exigência da prisão provisória, para
cessão de outros benefícios, como o livramento condi-
apelar, não ofende a garantia constitucional da presun-
cional ou regime mais favorável de execução.
ção de inocência.
Súmula 716, STF: Admite-se a progressão de regime Súmula 17, STJ: Quando o falso se exaure no este-
de cumprimento da pena ou a aplicação imediata de re- lionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este
gime menos severo nela determinada, antes do trânsito absorvido.
em julgado da sentença condenatória. Súmula 18, STJ: A sentença concessiva do perdão
judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não
Súmula 717, STF: Não impede a progressão de re- subsistindo qualquer efeito condenatório.
gime de execução da pena, fixada em sentença não
transitada em julgado, o fato de o réu se encontrar em Súmula 21, STJ: Pronunciado o réu, fica superada a
prisão especial. alegação do constrangimento ilegal da prisão por ex-
cesso de prazo na instrução.
Súmula 718, STF: A opinião do julgador sobre a gra- Súmula 24, STJ: Aplica-se ao crime de estelionato,
vidade em abstrato do crime não constitui motivação em que figure como vítima entidade autárquica da pre-
idônea para a imposição de regime mais severo do que vidência social, a qualificadora do § 3º, do art. 171 do
o permitido segundo a pena aplicada. Código Penal.
Súmula 38, STJ: Compete a Justiça Estadual Comum,
Súmula 719, STF: A imposição do regime de cum- na vigência da Constituição de 1988, o processo por
primento mais severo do que a pena aplicada permitir contravenção penal, ainda que praticada em detrimen-
exige motivação idônea. to de bens, serviços ou interesse da União ou de suas
entidades.
Súmula 720, STF: O art. 309 do Código de Trânsito
Brasileiro, que reclama decorra do fato perigo de dano, Súmula 40, STJ: Para obtenção dos benefícios de saí-
derrogou o art. 32 da Lei das Contravenções Penais no da temporária e trabalho externo, considera-se o tempo
tocante à direção sem habilitação em vias terrestres. de cumprimento da pena no regime fechado.
Súmula 42, STJ: Compete a Justiça Comum Estadual
Súmula 721, STF: A competência constitucional do processar e julgar as causas cíveis em que é parte so-
Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa ciedade de economia mista e os crimes praticados em
de função estabelecido exclusivamente pela Constitui- seu detrimento.
ção estadual.
Súmula 47, STJ: Compete a Justiça Militar processar
e julgar crime cometido por militar contra civil, com
Súmula 722, STF: São da competência legislativa da
emprego de arma pertencente a corporação, mesmo
União a definição dos crimes de responsabilidade e o
não estando em serviço.
estabelecimento das respectivas normas de processo e
julgamento. Súmula 48, STJ: Compete ao juízo do local da ob-
tenção da vantagem ilícita processar e julgar crime de
Súmula 723, STF: Não se admite a suspensão con- estelionato cometido mediante falsificação de cheque.
dicional do processo por crime continuado, se a soma Súmula 51, STJ: A punição do intermediador, no jogo
da pena mínima da infração mais grave com o aumento do bicho, independe da identificação do “apostador” ou
mínimo de um sexto for superior a um ano.

983
do “banqueiro”. mediante falsificação das guias de recolhimento das
contribuições previdenciárias, quando não ocorrente
Súmula 52, STJ: Encerrada a instrução criminal, fica
lesão à autarquia federal.
superada a alegação de constrangimento por excesso
de prazo. Súmula 108, STJ: A aplicação de medidas socio-edu-
cativas ao adolescente, pela prática de ato infracional, é
Súmula 53, STJ: Compete a Justiça Comum Estadu-
da competência exclusiva do juiz.
al processar e julgar civil acusado de prática de crime
contra instituições militares estaduais. Súmula 122, STJ: Compete a justiça federal o proces-
so e julgamento unificado dos crimes conexos de com-
Súmula 59, STJ: Não há conflito de competência se já
petência federal e estadual, não se aplicando a regra do
existe sentença com trânsito em julgado, proferida por
art. 78, II, “a”, do Código de Processo Penal.
um dos juízos conflitantes.
Súmula 140, STJ: Compete a Justiça Comum Esta-
Súmula 62, STJ: Compete a Justiça Estadual proces-
dual processar e julgar crime em que o indígena figure
sar e julgar o crime de falsa anotação na carteira de tra-
como autor ou vítima.
balho e previdência social, atribuído a empresa privada.
Súmula 147, STJ: Compete a Justiça Federal proces-
Súmula 64, STJ: Não constitui constrangimento ile-
sar e julgar os crimes praticados contra funcionário
gal o excesso de prazo na instrução, provocado pela
público federal, quando relacionados com o exercício
defesa.
da função.
Súmula 73, STJ: A utilização de papel moeda gros-
Súmula 151, STJ: A competência para o processo e
seiramente falsificado configura, em tese, o crime de
julgamento por crime de contrabando ou descaminho
estelionato, da competência da Justiça Estadual.
define-se pela prevenção do Juízo Federal do lugar da
Súmula 74, STJ: Para efeitos penais, o reconhecimen- apreensão dos bens.
to da menoridade do réu requer prova por documento
Súmula 164, STJ: O prefeito municipal, após a extin-
hábil.
ção do mandato, continua sujeito a processo por crime
Súmula 75, STJ: Compete a Justiça Comum Estadual previsto no art. 1. do Decreto-lei n. 201, de 27/02/67.
processar e julgar o policial militar por crime de pro-
Súmula 165, STJ: Compete à justiça federal processar
mover ou facilitar a fuga de preso de estabelecimento
e julgar crime de falso testemunho cometido no proces-
penal.
so trabalhista.
Súmula 78, STJ: Compete a Justiça Militar processar
Súmula 171, STJ: Cominadas cumulativamente, em
e julgar policial de corporação estadual, ainda que o
lei especial, penas privativas de liberdade e pecuniária,
delito tenha sido praticado em outra unidade federativa.
é defeso a substituição da prisão por multa.
Súmula 81, STJ: Não se concede fiança quando, em
Súmula 172, STJ: Compete a Justiça Comum proces-
concurso material, a soma das penas mínimas comina-
sar e julgar militar por crime de abuso de autoridade,
das for superior a dois anos de reclusão.
ainda que praticado em serviço.
Súmula 90, STJ: Compete a Justiça Estadual Militar
Súmula 191, STJ: A pronúncia é causa interruptiva da
processar e julgar o policial militar pela prática do cri-
prescrição, ainda que o Tribunal do Júri venha a des-
me militar, e a comum pela prática do crime comum
classificar o crime.
simultâneo aquele.
Súmula 192, STJ: Compete ao Juízo das Execuções
Súmula 96, STJ: O crime de extorsão consuma-se
Penais do Estado a execução das penas impostas a
independentemente da obtenção da vantagem indevida.
sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral,
Súmula 104, STJ: Compete a Justiça Estadual o pro- quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos a Admi-
cesso e julgamento dos crimes de falsificação e uso de nistração Estadual.
documento falso relativo a estabelecimento particular
Súmula 200, STJ: O juízo federal competente para
de ensino.
processar e julgar acusado de crime de uso de passa-
Súmula 107, STJ: Compete à Justiça Comum Esta- porte falso é o do lugar onde o delito se consumou.
dual processar e julgar crime de estelionato praticado

984
Súmula 208, STJ: Compete a Justiça Federal proces- carta precatória, torna-se desnecessária intimação da
sar e julgar prefeito municipal por desvio de verba su- data da audiência no juízo deprecado.
jeita a prestação de contas perante órgão federal. Súmula 330, STJ: É desnecessária a resposta preli-
Súmula 209, STJ: Compete a Justiça Estadual pro- minar de que trata o artigo 514 do Código de Processo
cessar e julgar prefeito por desvio de verba transferida e Penal, na ação penal instruída por inquérito policial.
incorporada ao patrimônio municipal. Súmula 337, STJ: É cabível a suspensão condicional
Súmula 220, STJ: A reincidência não influi no prazo do processo na desclassificação do crime e na proce-
da prescrição da pretensão punitiva. dência parcial da pretensão punitiva.
Súmula 224, STJ: Excluído do feito o ente federal, Súmula 338, STJ: A prescrição penal é aplicável nas
cuja presença levara o Juiz Estadual a declinar da com- medidas scio-educativas.
petência, deve o Juiz Federal restituir os autos e não Súmula 341, STJ: A freqüência a curso de ensino for-
suscitar conflito. mal é causa de remição de parte do tempo de execução
Súmula 231, STJ: A incidência da circunstância ate- de pena sob regime fechado ou semi-aberto.
nuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do Súmula 342, STJ: No procedimento para aplicação de
mínimo legal. medida sócio-educativa, é nula a desistência de outras
Súmula 234, STJ: A participação de membro do provas em face da confissão do adolescente.
Ministério Público na fase investigatória criminal não Súmula 347, STJ: O conhecimento de recurso de ape-
acarreta o seu impedimento ou suspeição para o ofere- lação do réu independe de sua prisão.
cimento da denúncia.
Súmula 376, STJ: Compete a turma recursal pro-
Súmula 235, STJ: A conexão não determina a reunião cessar e julgar o mandado de segurança contra ato de
dos processos, se um deles já foi julgado. juizado especial.
Súmula 241, STJ: A reincidência penal não pode ser Súmula 415, STJ: O período de suspensão do prazo
considerada como circunstância agravante e, simulta- prescricional é regulado pelo máximo da pena comi-
neamente, como circunstância judicial. nada.
Súmula 243, STJ: O benefício da suspensão do pro- Súmula 428, STJ: Compete ao Tribunal Regional
cesso não é aplicável em relação às infrações penais Federal decidir os conflitos de competência entre jui-
cometidas em concurso material, concurso formal ou zado especial federal e juízo federal da mesma seção
continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, judiciária.
seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante,
ultrapassar o limite de um (01) ano. Súmula 438, STJ: É inadmissível a extinção da pu-
nibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com
Súmula 244, STJ: Compete ao foro do local da recusa fundamento em pena hipotética, independentemente da
processar e julgar o crime de estelionato mediante che- existência ou sorte do processo penal.
que sem provisão de fundos.
Súmula 439, STJ: Admite-se o exame criminológico
Súmula 265, STJ: É necessária a oitiva do menor pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão
infrator antes de decretar-se a regressão da medida motivada.
sócio-educativa.
Súmula 440, STJ: Fixada a pena-base no mínimo
Súmula 267, STJ: A interposição de recurso, sem efei- legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional
to suspensivo, contra decisão condenatória não obsta a mais gravoso do que o cabível em razão da sanção im-
expedição de mandado de prisão. posta, com base apenas na gravidade abstrata do delito.
Súmula 269, STJ: É admissível a adoção do regime Súmula 441, STJ: A falta grave não interrompe o prazo
prisional semi-aberto aos reincidentes condenados a para obtenção de livramento condicional.
pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as
circunstâncias judiciais. Súmula 442, STJ: É inadmissível aplicar, no furto
qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do
Súmula 273, STJ: Intimada a defesa da expedição da roubo.

985
Súmula 443, STJ: O aumento na terceira fase de apli- posse de arma de fogo de uso permitido com nume-
cação da pena no crime de roubo circunstanciado exige ração, marca ou qualquer outro sinal de identificação
fundamentação concreta, não sendo suficiente para a raspado, suprimido ou adulterado, praticado somente
sua exasperação a mera indicação do número de ma- até 23/10/2005.
jorantes. Súmula 520, STJ: O benefício de saída temporária no
Súmula 444, STJ: É vedada a utilização de inquéri- âmbito da execução penal é ato jurisdicional insuscetí-
tos policiais e ações penais em curso para agravar a vel de delegação à autoridade administrativa do estabe-
pena-base. lecimento prisional.
Súmula 455, STJ: A decisão que determina a produ- Súmula 521, STJ: A legitimidade para a execução
ção antecipada de provas com base no art. 366 do CPP fiscal de multa pendente de pagamento imposta em
deve ser concretamente fundamentada, não a justifican- sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da
do unicamente o mero decurso do tempo. Fazenda Pública.
Súmula 471, STJ: Os condenados por crimes hedion- Súmula 522, STJ: A conduta de atribuir-se falsa iden-
dos ou assemelhados cometidos antes da vigência da tidade perante autoridade policial é típica, ainda que em
Lei n. 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 situação de alegada autodefesa.
da Lei n. 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a Súmula 526, STJ: O reconhecimento de falta grave
progressão de regime prisional. decorrente do cometimento de fato definido como crime
Súmula 491, STJ: É inadmissível a chamada progres- doloso no cumprimento da pena prescinde do trânsito
são per saltum de regime prisional. em julgado de sentença penal condenatória no proces-
so penal instaurado para apuração do fato.
Súmula 492, STJ: O ato infracional análogo ao tráfico
de drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente à Súmula 527, STJ: O tempo de duração da medida de
imposição de medida socioeducativa de internação do segurança não deve ultrapassar o limite máximo da
adolescente. pena abstratamente cominada ao delito praticado.
Súmula 493, STJ: É inadmissível a fixação de pena Súmula 528, STJ: Compete ao juiz federal do local da
substitutiva (art. 44 do CP) como condição especial ao apreensão da droga remetida do exterior pela via postal
regime aberto. processar e julgar o crime de tráfico internacional.
Súmula 500, STJ: A configuração do crime do art. Súmula 533, STJ: Para o reconhecimento da prática
244-B do ECA independe da prova da efetiva corrupção de falta disciplinar no âmbito da execução penal, é
do menor, por se tratar de delito formal. imprescindível a instauração de procedimento adminis-
trativo pelo diretor do estabelecimento prisional, asse-
Súmula 501, STJ: É cabível a aplicação retroativa da
gurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado
Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da incidên-
constituído ou defensor público nomeado.
cia das suas disposições, na íntegra, seja mais favo-
rável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n. Súmula 534, STJ: A prática de falta grave interrompe
6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis. a contagem do prazo para a progressão de regime de
cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do co-
Súmula 502, STJ: Presentes a materialidade e a au-
metimento dessa infração.
toria, afigura-se típica, em relação ao crime previsto no
art. 184, § 2º, do CP, a conduta de expor à venda CDs Súmula 535, STJ: A prática de falta grave não in-
e DVDs piratas. terrompe o prazo para fim de comutação de pena ou
indulto.
Súmula 511, STJ: É possível o reconhecimento do
privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos Súmula 536, STJ: A suspensão condicional do pro-
de crime de furto qualificado, se estiverem presentes a cesso e a transação penal não se aplicam na hipótese de
primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.
qualificadora for de ordem objetiva. Súmula 542, STJ: A ação penal relativa ao crime de
Súmula 513, STJ: A ‘abolitio criminis’ temporária lesão corporal resultante de violência doméstica contra
prevista na Lei n. 10.826/2003 aplica-se ao crime de a mulher é pública incondicionada.

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Súmula 545, STJ: Quando a confissão for utilizada Súmula 589, STJ: É inaplicável o princípio da insigni-
para a formação do convencimento do julgador, o réu ficância nos crimes ou contravenções penais praticados
fará jus à atenuante prevista no art. 65, III, d, do Código contra a mulher no âmbito das relações domésticas.
Penal. Súmula 593, STJ: O crime de estupro de vulnerável
Súmula 546, STJ: A competência para processar e se configura com a conjunção carnal ou prática de ato
julgar o crime de uso de documento falso é firmada em libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante
razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o eventual consentimento da vítima para a prática do ato,
documento público, não importando a qualificação do sua experiência sexual anterior ou existência de relacio-
órgão expedidor. namento amoroso com o agente.
Súmula 562, STJ: É possível a remição de parte do Súmula 599, STJ: O princípio da insignificância é
tempo de execução da pena quando o condenado, em inaplicável aos crimes contra a administração pública.
regime fechado ou semiaberto, desempenha atividade Súmula 600, STJ: Para a configuração da violência
laborativa, ainda que extramuros. doméstica e familiar prevista no artigo 5º da Lei n.
Súmula 567, STJ: Sistema de vigilância realizado por 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) não se exige a coa-
monitoramento eletrônico ou por existência de segu- bitação entre autor e vítima.
rança no interior de estabelecimento comercial, por si Súmula 604, STJ: O mandado de segurança não se
só, não torna impossível a configuração do crime de presta para atribuir efeito suspensivo a recurso criminal
furto. interposto pelo Ministério Público.
Súmula 574, STJ: Para a configuração do delito de Súmula 605, STJ: A superveniência da maioridade
violação de direito autoral e a comprovação de sua ma- penal não interfere na apuração de ato infracional nem
terialidade, é suficiente a perícia realizada por amostra- na aplicabilidade de medida socioeducativa em curso,
gem do produto apreendido, nos aspectos externos do inclusive na liberdade assistida, enquanto não atingida
material, e é desnecessária a identificação dos titulares a idade de 21 anos.
dos direitos autorais violados ou daqueles que os re-
presentem. Súmula 606, STJ: Não se aplica o princípio da insig-
nificância a casos de transmissão clandestina de sinal
Súmula 575, STJ: Constitui crime a conduta de per- de internet via radiofrequência, que caracteriza o fato
mitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor típico previsto no art. 183 da Lei n. 9.472/1997.
a pessoa que não seja habilitada, ou que se encontre em
qualquer das situações previstas no art. 310 do CTB, Súmula 607, STJ: A majorante do tráfico transnacio-
independentemente da ocorrência de lesão ou de perigo nal de drogas (art. 40, I, da Lei n. 11.343/2006) confi-
de dano concreto na condução do veículo. gura-se com a prova da destinação internacional das
drogas, ainda que não consumada a transposição de
Súmula 582, STJ: Consuma-se o crime de roubo com fronteiras.
a inversão da posse do bem mediante emprego de vio-
lência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e Súmula 617, STJ: A ausência de suspensão ou revo-
em seguida à perseguição imediata ao agente e recu- gação do livramento condicional antes do término do
peração da coisa roubada, sendo prescindível a posse período de prova enseja a extinção da punibilidade pelo
mansa e pacífica ou desvigiada. integral cumprimento da pena.
Súmula 587, STJ: Para a incidência da majorante pre- Súmula 630, STJ: A incidência da atenuante da con-
vista no art. 40, V, da Lei n. 11.343/2006, é desnecessá- fissão espontânea no crime de tráfico ilícito de entor-
ria a efetiva transposição de fronteiras entre estados da pecentes exige o reconhecimento da traficância pelo
Federação, sendo suficiente a demonstração inequívoca acusado, não bastando a mera admissão da posse ou
da intenção de realizar o tráfico interestadual. propriedade para uso próprio.
Súmula 588, STJ: A prática de crime ou contravenção Súmula 631, STJ: O indulto extingue os efeitos pri-
penal contra a mulher com violência ou grave ameaça mários da condenação (pretensão executória), mas não
no ambiente doméstico impossibilita a substituição da atinge os efeitos secundários, penais ou extrapenais.
pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. Súmula 636, STJ: A folha de antecedentes criminais é

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documento suficiente a comprovar os maus anteceden-
tes e a reincidência.
Súmula 639, STJ: Não fere o contraditório e o devido
processo decisão que, sem ouvida prévia da defesa, de-
termine transferência ou permanência de custodiado em
estabelecimento penitenciário federal.

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