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Florestan já logo de início observa que a relação entre negros e brancos naquela
cidade se dá a partir de reminiscências socioculturais do antigo regime (o sistema
escravocrata). A integração desses grupos de indivíduos a sociedade (social, cultural
economicamente) deu-se a partir de recursos econômicos, o que desfavoreceu enormemente
os negros, dado o seu passado de escravizados.
O autor, então, pontua que o regime de castas não desapareceu por completo na
sociedade de classes que surgia, esse persistindo nos comportamentos, nas relações, nos
valores da população. O negro e o mulato foram postos, agora, em uma ambígua condição de
“libertos”. O distanciamento social, cultural e econômico entre brancos e negros e mulatos
assim permaneceu mesmo após a abolição legal da escravidão. Os brancos permaneciam na
sua condição de raça dominante e de privilegiados. Logo, o preconceito de cor e a
discriminação racial presentes ainda hoje na sociedade brasileira foram herdados desta
situação histórica.
Toda esta estrutura levou a raça branca a não se sentir impulsionada a concorrer
com os negros, nem estes com os brancos. A população negra se via enclausurada em uma
situação de passividade e conformismo, aceitando a continuidade daqueles antigos padrões,
alimentando uma ilusão de contribuição para a “paz social”, justiça social e a um futuro de
igualdade com os brancos.